curso regular de direito administrativo cespe aula 00 24534

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    Curso Terico de Direito Administrativo para CESPE

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    AULA DEMO - Direito Administrativo: Notas Iniciais

    SUMRIO PGINA

    1. Apresentao 2 a 4

    2. Cronograma e Programa 5 e 6

    3. Metodologia e Orientaes 7 e 8

    4. Teoria 9 a 62

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    APRESENTAO

    Concursandos de todo o Brasil,

    Como a ilustre organizadora CESPE elabora as provas deconcursos pblicos? Ser que com base em nica literatura? Aresposta um sonoro no!

    As provas do Cespe so diferentes de todas as provas aplicadas pelasdemais competentes organizadoras. As questes so construdas comalicerce em slida jurisprudncia do STF e STJ e TCU, bem como 10 oumais robustos livros doutrinrios. As provas so, realmente,cyonistras.

    Mas o grau de dificuldade, longe de ser motivo para pavor,

    positivo, para aqueles que estudam seriamente. No h espao, nomundo dos concursos, para os(as) preguiosos(as). Se pensar em tirarum soninho, a fila anda, ou melhor, atropela!

    E, quanto mais difceis so os certames, maior a necessidade de nosprepararmos, tomando por base, obviamente, excelentes materiais(livros, apostilas, PDFs, vdeos).

    E, por falar em materiais para concursos, nos fruns da vida, vemosposts de que seria premente adquirir livros. Amigas(os), ledo engano,pois, como sobredito, as provas do Cespe serem pautadas com base em 8

    ou mais literaturas especializadas, e, sobretudo, base da jurisprudnciado STJ e do STF, e, por vezes, do Tribunal de Contas da Unio. Enfim,haveria a necessidade de aquisio de, pelo menos, 5 livros deDOUTRINA, e leitura de mais de 2 mil folhas de orientaesjurisprudncias.

    certo que, com esse manancial de informaes, a(o) amiga(o)concursando vai se safar em Direito Administrativo, e estar pronto paraser Professor de cursinho... Mas tambm certo que no haver tempopara nenhuma outra matria!

    E o material PDF? suficiente?

    Nem sempre! E a lgica tambm simples de compreender. Os alunos,infelizmente, prezam materiais mais resumidos, sintticos, direto aoponto. E, dentro de uma lgica empresarial, os Professores acabamtraduzindo no PDF a tendncia (passada) das ilustres organizadoras, commateriais objetivos, pragmticos. Se a tendncia se perpetuar, oProfessor se consagra entre os concursandos. Se a biruta tomar vento deSudoeste, o PDF do Professor no ser suficiente, e, portanto, perder asgraas dos concursandos.

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    O bom do PDF no ter limitao de folhas. Ns, Professores,podemos avanar por doutrina, jurisprudncia, questes de fixao. Prater ideia, nos materiais em PDF, temos conseguido 70 ou mais por centodas provas de Direito Administrativo de qualquer ilustre organizadora,incluindo a ilustre organizadora Cespe. O problema que as aulas

    ficam gigantescas, cansativas, e at enfadonhas.

    As aulas deste curso so preparadas de acordo com mais de 15bons livros doutrinrios de Direito Administrativo, alm dealgumas teses de Mestrado/Doutorado, e jurisprudncias do STF,STJ e TCU. Ressalte-se que a ideia no criar o Direito, mas simorganiz-lo, para simplificar os seus estudos.

    Ento, amigas(os), se voc procura estratgia, no perca tempo, vempara o curso estratgia. Aqui no stio do curso on-line estratgia voc vai

    encontrar os melhores Professores, os melhores materiais.Com relao banca Cespe, reforo que, sem sombra de dvidas, umadas melhores organizadoras de concursos pblicos. A banca tem prezadopela qualidade dos certames, porm nem sempre preza pela novidade, oque um lado positivo para os Professores de cursinhos preparatrios,afinal sempre acertamos na mosca! Esse ser o caso deste curso, claro!Temos uma novidade!Seguinte.

    O site www.tecconcursos.com.br um site especializado em questescatalogadas de concursos pblicos, com muitas questes j comentadas,sobretudo do Cespe. Eu, Cyonil, sou comentador de questes de DireitoAdministrativo de l do TECCONCURSOS.

    Em contato com o curso TEC, consegui duas coisas:1) implementar ferramenta para criar cadernos direcionados

    conforme o edital do concurso

    2) acesso gratuito a esses cadernos para meus alunos. Naverdade, no existe almoo grtis, quem vai custear o acessosou eu mesmo. Em contrapartida, espero poder aumentar asvendas do presente curso, para no ter prejuzo.A grande vantagem que, por meio do TEC, consigo com muita facilidadee rapidez selecionar uma quantidade muito grande de questes de provae, imediatamente, coloc-las a disposio de vocs. Como as questes j

    esto comentadas e catalogadas, suficiente um clique e eu seleciono a

    http://www.tecconcursos.com.br/http://www.tecconcursos.com.br/
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    questo para vocs resolverem. Desse modo, vocs podero treinarexaustivamente a teoria, at cansarem.

    Por exemplo: se o presente curso estiver sendo vendido para a turma doMPU, meus alunos tero acesso a um intensivo, s de exerccios

    comentados do Cespe (ou outras, acaso exguo o nmero dequestes). Se o concurso do TCU, os alunos do Tribunal tero acesso acadernos para o TCU.

    Nesse caso, perceba que todos os meus alunos tero acesso ao cadernode exerccios e respectivos comentrios.

    Detalhe! E importante! O TECONCURSOS no tem qualquer ligaojurdica com o curso Estratgia Concursos (so apenas cursosparceiros). O acesso aos exerccios um plus para os meusalunos do Curso Estratgia.

    Forte abrao a todos,

    Cyonil Borges.

    Observao: os cadernos direcionados (Editais em Exerccios) esto emfase de implementao. No entanto, no h qualquer prejuzo para osalunos, pois, como falei, a assinatura um plus em relao ao que jfao regularmente aqui no curso Estratgia. Tenho a mania de postarmuitas questes de fixao!

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    PROGRAMA E CRONOGRAMA

    A seguir, vejamos a distribuio do nosso curso, tomando por base umacoletnea de Editais.

    O cronograma, abaixo, atende 99% de qualquer concurso organizadopelo Cespe, e, no caso, das 23 aulas, 20 esto presentes em mais de90% dos concursos pblicos organizados pelo Cespe:

    AULA 00: DEMONSTRATIVA: Noes de Direito. Direito administrativocomo direito pblico. Objeto do direito administrativo. Conceito deadministrao pblica sob os aspectos orgnico, formal e material. Fontesdo direito administrativo: doutrina e jurisprudncia na formao do direitoadministrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos eregimentos; instrues; princpios gerais; tratados internacionais;

    costume.AULA 01 (27/3): Regime Jurdico Administrativo (Princpios daAdministrao).

    AULA 02 (3/4): Poderes da Administrao e Uso e Abuso de Poder.

    AULA 03 (10/4): Fatos da administrao pblica: atos da administraopblica e fatos administrativos. Formao do ato administrativo:elementos; procedimento administrativo. Atributos ou requisitos.

    Aula 04 (20/4): Ato administrativo: validade, eficcia eautoexecutoriedade. Classificao. Mrito do ato administrativo:discricionariedade. Teoria das nulidades no direito administrativo. Vciosdo ato administrativo. Ato administrativo nulo, anulvel e inexistente.Teoria dos motivos determinantes. Revogao, anulao e convalidaodo ato administrativo.

    AULA 05 (30/4): Servios pblicos: conceito, princpios, formas deprestao, classificao; concesso, permisso e autorizao.

    AULA 06 (7/5): Parcerias Pblico-Privadas e Consrcios Pblicos.

    AULA 07 (15/5): Responsabilidade civil do Estado e dos prestadores deservios pblicos: evoluo, conceito e teorias. Ao e omisso.Responsabilidade civil, penal e administrativa do servidor.

    AULA 08 (25/5): Centralizao e descentralizao da atividadeadministrativa do Estado. Administrao pblica direta e indireta.

    AULA 09 (30/5): Agncias Reguladoras e Executivas. Regimes deParceria.

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    AULA 10 (7/6): Bens pblicos: classificao e caracteres jurdicos.Natureza jurdica do domnio pblico. Utilizao dos bens pblicos:autorizao, permisso e concesso de uso.

    AULA 11 (14/6): Licitaes Pblicas (Lei 8.666, de 1993).

    AULA 12 (20/6): Lei 10.520, de 2002 (Lei do Prego). Sistema deRegistro de Preos. Regime Diferenciado de Contrataes Pblicas (RDC).

    AULA 13 (27/6): Contratos Administrativos (Lei 8.666, de 1993).Regime de contratao afeto s microempresas e empresas de pequenoporte.

    AULA 14 (6/7): Convnios. Decreto n 6.170, de 25/07/2007.

    AULA 15 (13/7): Agentes Pblicos: aspectos constitucionais.

    AULA 16 (20/7): Agentes Pblicos: Lei 8.112, de 1990, e alteraesposteriores.

    AULA 17 (27/7): Processo Administrativo Federal (Lei 9.784, de 1999).

    AULA 18 (7/8): Controle interno e externo da administrao pblica.Tribunal de Contas da Unio e suas atribuies Procedimentoadministrativo. Instncia administrativa. Representao e reclamaoadministrativas. Pedido de reconsiderao e recurso hierrquico prprio eimprprio. Prescrio administrativa.

    AULA 19 (10/8): Improbidade administrativa.

    AULA 20 (15/8): Interveno do Estado na Propriedade.

    AULA 21 (20/8): Lei de Acesso Informao.

    AULA 22 (25/8): tica Profissional do Servidor Pblico Civil do PoderExecutivo Federal (exclusivamente em Exerccios).

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    METODOLOGIA

    A metodologia deste curso est baseada, essencialmente, em trspilares:

    I) Objetividade: os assuntos sero tratados de forma direta, sempirotecnias jurdicas", buscando o que h de mais importante para serdestacado em cada questo, sem, obviamente, perder de vista os pontoscruciais (mais cobrados em concurso) de to rica disciplina que o DireitoAdministrativo;

    II) Conciso: este curso visa ser claro e preciso, sem incorrer naprolixidade to comum dos estudos acadmicos, a qual, apesar de serimportante nas discusses doutrinrias, muitas vezes acaba por afastar oaluno do foco pretendido, qual seja: a indicao da posio correta

    que est sendo adotada pelas principais bancas examinadoras,especialmente CESPE, por razes bvias; e

    III) Abordagem da matria sem perda de contedo: a objetividade ea conciso almejadas no foram pensadas com sacrifico do contedonecessrio.

    ORIENTAES FINAIS1

    A seguir, algumas breves consideraes acerca da preparao necessria,

    baseadas na experincia como professores de cursos preparatrios,somada prpria trajetria como concursandos.

    No h um mtodo nico para a aprovao em concurso. No existe umareceita de bolo infalvel que possa ser utilizada por todas as pessoas.Tambm no h como pr-determinar de forma generalizada um nmerode horas mnimo ou mximo por dia que o aluno deve se dedicar aosestudos, como se fosse a chave do sucesso. No se pode dizer, ainda,que est certo ou errado estudar somente uma matria (ou mais de uma)numa semana. Em sntese, o segredo : crie a sua prpria estratgia.

    Claro que, a partir de experincia prpria, como estudante e, sobretudo,como colaborador na preparao de alunos para concursos,principalmente, os realizados pela Cespe, Esaf e FCC, algumas conclusespodem ser tiradas:

    1. Planejamento: preciso que se estabelea um ciclo de estudos. Nociclo, independentemente do nmero de horas de estudo que for definidopara cada dia da semana, o importante estudar TODOS os dias, aindaque apenas meia hora. Aqui vale o ditado de que o hbito faz o monge.

    1 As dicas so sintticas, fruto de minha experincia colhida no magistrio, especialmente em minhas turmasde Tribunal de Contas da Unio, que tive o prazer de orientar nos ciclos de estudo no ano 2003 em Braslia.Para um maior aprofundamento, recomendo a excelente e criativa obra do autor Alexandre Meirelles.Simplesmente adorvel.

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    Pode ser uma matria de cada vez, mais de uma, ou todas numa semana.Mas preciso, fundamentalmente, uma rotina, um mtodo, algopadronizado. importante informar aos candidatos que,independentemente do concurso, so sempre trs os requisitos para aaprovao PLANEJAMENTO (a tal da rotina), DISCIPLINA (cumprir o

    planejado) e DISPOSIO (cumprir o planejado, com todo afincopossvel);

    2. Seu projeto pode durar seis meses, um ano, ou mais anos . Detodo modo, o caminho ser mais curto se voc no perder o foco noconcurso desejado. preciso que voc ponha algo em sua cabea: noposso esmorecer. De fato, necessrio continuar entusiasmado,avanando sobre a matria, pois como j diz um velho almirante fuzileironaval, um corpo que no vibra um esqueleto que se arrasta, ou seja,se voc no quer ser um esqueleto se arrastando sobre a disciplina ento

    vibre com cada tpico novo que voc aprende de cada matria que ircair na sua prova;

    3. No escolha cursinhos preparatrios por grife. Informe-se sobreas qualidades dos professores, analisando se atendem s suasnecessidades. Verifique com ex-alunos do curso que pretende fazer se asaulas esto em sintonia fina com o que h de mais recente najurisprudncia dos Tribunais Superiores;

    4. Tenha f! O candidato a concurso pblico deve ter f, deve crer queno dia D far a sua melhor prova, deve crer que durante a sua

    preparao no medir esforos para estudar todos os itens do edital e,principalmente, deve crer que capaz de ocupar aquele to sonhadocargo pblico!

    Outra coisa, jamais acredite nas LENDAS que so contadas noscorredores dos cursinhos de que Fulano de tal passou noconcurso sem estudar porque muito inteligente. No caia nessa.Passar em concurso exige: DISCIPLINA e DEDICAO. No h glria semsofrimento, mesmo para o Fulano de tal (o Sr. Inteligncia).

    Assim, com voc imbudo desse nimo de confiana ficar mais fcil paraassimilarmos os conceitos constantes dos tpicos sobre DireitoAdministrativo.

    Bom, passemos aula-demo. Espero que se deliciem com o assunto.

    Abrao a todos,

    Cyonil Borges.

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    Parte 1 Noes gerais

    1.1. Estado: conceito, elementos, classificao

    Essa primeira aula bastante conceitual, porm, no suficiente paranos angustiar. Vamos passear um pouco nas linhas introdutrias doDireito Constitucional, para garantirmos a completa compreenso dosdetalhes do nosso querido Direito Administrativo.

    De fato, o conceito de Estado no fixo no tempo e sequer no espao. Oprprio signo Estado recente, aparecendo, com o sentido que ora seutiliza, pela primeira vez na obra O Prncipe, de Maquiavel (sc. XVI).Apesar disso, alguns elementos ditos constitutivos costumam serconstantes: o humano, o geogrfico, e o poltico-administrativo. Com

    outras palavras, e respeitadas as posies doutrinrias divergentes,a figura do Estado s se faz presente a partir da constituio, nessaordem, por um povo, por um territrio, e por um governo soberano.

    Sinteticamente, cada um desses pode assim ser definido:

    POVO elemento humano, a base DEMOGRFICA.

    TERRITRIO so os limites do Estado, sua base GEOGRFICA.

    GOVERNO SOBERANO diz respeito ao elemento condutor, responsvel

    pela organizao do Estado, afinal no h Estado real sem soberania!Ao lado desses, h bons autores que acrescentam o elementofinalidade como informador do Estado, verdadeiro elemento teleolgico leia-se: finalstico, como nosso Jos Afonso da Silva. Isso porque nose pode pensar a figura do Estado sem um projeto para o futuro. A leiturado art. 3 do texto constitucional esclarece bem esse sentido, ao ilustraras normas constitucionais programticas.

    Muitos autores fazem questo de destacar que os elementos acima soINDISSOCIVEIS, ou seja, precisam andar juntospara que se chegue noo conceitual que se tem, atualmente, de Estado.

    Um breve exemplo permite-nos chegar a tal concluso: imaginemos umEstado sem um governo soberano, ou cuja soberania no reconhecidapelos demais Estados. Imaginou?

    Nessa hiptese, o que teremos no um Estado, mas problemas, comono caso do Estado palestino frente a Israel.

    Como Israel no reconhece, de regra, a soberania do Estado palestino, h

    o entendimento de que tem legitimidade para, por exemplo, prenderministros e outras autoridades palestinas, se descumprirem leis

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    israelenses, dentro da Faixa de Gaza. Faixa essa entendida por Israelcomo parte de seu territrio, e, portanto, lugar de aplicao de suas leis.

    Se ainda no caiu a ficha, pensa rapidamente se existe o Estado daAtlntida! Se considerssemos a descoberta desta ilha perdida, mesmo

    assim no poderamos encaix-la na qualidade de Estado, pois, no lugarde POVO, encontraramos POLVO, o qual no nos parece ser elementoconstitutivo do Estado!

    Alm disso, registre-se que a uniformidade lingustica no elementode formao dos Estados, apesar de excelente para que se d identidadea um povo e facilite a formao de um grande Estado.

    Nosso pas, por exemplo, de grande extenso territorial, sendo aintegrao bastante facilitada por conta da presena de um nico idioma,o portugus. De outro lado, h pases em que se fala mais de um idiomae nem por isso deixam de ser vistos como Estado. Exemplos disso,apenas para ilustrar, a Blgica, Sua e Canad. No precisa nem dizerque h pases da frica com variados dialetos, e, nem por isso, deixam deser considerados Estados.

    Nesse instante, alguns dos leitores logo pensam: entendi! O Estado formado pelos elementos POVO, TERRITRIO E GOVERNO SOBERANO.Mas por que aqui no Brasil existe Unio, Estados, Distrito Federale Municpios? O que esse pessoal todo ? E os Territrios, como sesituam?

    Antes de responder a tal quesito, o concursando deve ter mente quediversas so as formas de Estado, a depender da poca, do territrio, ede razes histricas.

    Entre as formas de organizao do poder poltico, destacam-se: aConfederao, o Estado Unitrio, e o Estado Federal. NaConfederao, h a reunio de Estados Soberanos. No Estado Unitrio(puro e impuro) existe um nico centro de poder, responsvel portodas as atribuies polticas, por exemplo: a Frana. J no Estado

    Federal, h diferentes polos de poder, os quais atuam de formaautnoma entre si, por exemplo: o Brasil.

    Retornemos ao quesito (mas por que aqui no Brasil existe Unio, Estados,Distrito Federal e Municpios?).

    Vamos resposta.

    A Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpiosso as pessoas integrantes da Federao, ou seja, so entespolticos/federados componentes da Federao Brasileira. So pessoas

    jurdicas de direito pblico INTERNO. A Federao a FORMA DEESTADO, portanto, adotada aqui no Brasil.

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    Os destaques no constam do texto original. Todos aqueles que integrama Federao so entes polticos ou federados, com capacidade detrplice autonomia (legislar, administrar e se autogovernar). Para Josdos Santos, autonomia, no sentido tcnico-poltico, significa ter aentidade integrante da federao capacidade de auto-organizao,

    autogoverno e autoadministrao. No primeiro caso, a entidade podecriar seu diploma constitutivo; no segundo, pode organizar seugoverno e eleger seus dirigentes; no terceiro, pode ela organizarseus prprios servios.

    Esses traos, por exemplo, diferenciam as pessoas polticas dasentidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas,sociedades de economia mista e empresas pblicas), pois essas sopessoas jurdicas exclusivamente administrativas.

    Por exemplo: o Banco Central como autarquia no edita leis autolegislao; a Caixa Econmica como empresa pblica noelege governador, prefeito, ou Presidente autogoverno.

    Pois bem. Autnomo deriva de AUTOS (prprio), mais NOMOS (regras -donde deriva, tambm, o termo normas). Assim, dizer que os entesfederativos so autnomos significa dizer que podem estabelecer asprprias regras, ou seja, legislam, produzindo normas prprias.

    Linhas acima, houve a citao de que o Estado Brasileiro RepblicaFederativa e Estado Democrtico de Direito. Dois novos conceitos para

    agruparmos ao rol j existente: o que Repblica? O que ser de Direitoe Democrtico?

    O que Repblica? Na viso do autor Jos Afonso, a Repblica (a coisado povo para o povo) forma de governo, ao lado da Monarquia, masdesta distinta, referindo-se maneira como se d a instituio do poderna sociedade e como se d a relao entre governantes e governados.Responde questo de quem deve exercer o poder e como este seexerce.

    Obviamente, o exerccio de tal poder no vitalcio. No vigenteordenamento republicano e democrtico brasileiro, por exemplo, oscargos polticos de chefia do Poder Executivo, alm de eletivos, no soexercidos nem ocupados em carter permanente, por serem osmandatos temporrios e seus ocupantes, transitrios.

    Em sntese, podem ser apresentadas as seguintes caractersticas daforma de governo - Repblica:

    Legitimidade popular dos Chefes dos Executivos(Presidente, Governadores, e Prefeitos) e das Casas

    Legislativas;

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    Temporariedade dos mandatos eletivos (contraponto davitaliciedade monrquica);

    Prestao de contas pelos gestores pblicos.Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direitointernacional, apenas a Repblica Federativa do Brasil temcompetncia para a formalizao de tratados, dela no dispondo aUnio, os Estados-membros ou os Municpios. Nesse particular, oPresidente da Repblica no subscreve os tratados como Chefe deGoverno, mas como Chefe de Estado. Sobre o tema, vejamosprecedente do STF:

    Recepo pela CR de 1988 do acordo geral de tarifas e comrcio.Iseno de tributo estadual prevista em tratado internacionalfirmado pela Repblica Federativa do Brasil. Art. 151, III, da CF.Art. 98 do CTN. No caracterizao de iseno heternoma. (...) Aiseno de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas eComrcio para as mercadorias importadas dos pases signatrios,quando o similar nacional tiver o mesmo benefcio, foi recepcionadapela CR de 1988. O art. 98 do CTN possui carter nacional, comeficcia para a Unio, os Estados e os Municpios (voto do eminenteMin. Ilmar Galvo). No direito internacional apenas a RepblicaFederativa do Brasil tem competncia para firmar tratados (art. 52, 2, da CR), dela no dispondo a Unio, os Estados-membros ouos Municpios. O presidente da Repblica no subscreve tratados

    como chefe de Governo, mas como chefe de Estado, o quedescaracteriza a existncia de uma iseno heternoma, vedadapelo art. 151, III, da Constituio.(RE 229.096, Rel. p/ o ac. Min. Crmen Lcia, julgamento em16-8-2007, Plenrio, DJE de 11-4-2008.)

    O que Estado de Direito?

    Para respondermos ao quesito, vejamos, inicialmente, o que diz art. 1 daConstituio Federal de 1988:

    A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unioindissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal,constitui-se em Estado Democrtico de Direito e temcomo fundamentos: (...).

    Do trecho, pode ser destacado Estado de Direito, que,abreviadamente, pode ser assim traduzida: O Estado cria as leis (emsentido amplo a norma) para que a todos sejam impostas, inclusive asi mesmo. O Estado no se afasta de cumprir a norma que cria, dado

    que, como diria um educador famoso: educar dar exemplo.

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    De que valeria o Estado criar a norma para v-la cumprida por todos, seno fosse o Estado o primeiro cumpridor?

    A ideia de Estado de Direito baseia-se na imposio de freios atividadedo prprio Estado. A Lei diz respeito vontade geral, a qual, obviamente,

    significa a vontade do povo, a conteno do Estado pelo povo, e noo inverso (pargrafo nico do art. 1 - todo poder emana do povo,que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,nos termos desta Constituio).

    Com efeito, o Estado de Direito surgiu, essencialmente, para fazer frenteao Estado Absolutista, cujo poder de base divina e contratualista porvezes centrava-se na figura do soberano (rei, prncipe). No Estado deDireito a conteno do poder feita pela lei. Aplica-se a frmulaocidentalizada do rule of law(o Estado que cria as regras, mas a estas

    deve se sujeitar).De se destacar que esse primado da lei no Estado de Direito gera umapresuno para todo e qualquer ato que provenha do Estado: apresuno de legitimidade dos atos estatais.

    De fato, se o Estado de Direito e, assim, pressupe-se que cumpra alei, todo e qualquer ato proveniente do Estado produzido,presumidamente, de acordo com a ordem jurdica, legtimo,portanto.

    Nesse instante alguns amigos devem estar pensando: ento todos osatos do Estado, no s os administrativos,possuem a caractersticada presuno de legitimidade?Resposta: SIM! Mas, ento, por serempresumidos legtimos, tornam-se inquestionveis?Resposta: NO!

    A presuno de legitimidade uma presuno relativa (oujuris tantum,para aqueles que gostam de latim), ou seja, pode ser questionada, com anecessidade de produo de provas invertida em desfavor dosadministrados.

    Isso ocorre porque o Estado, ao fim, composto por seres humanos. Porexemplo, o servidor da Receita Federal o Estado quando atua, assimcomo boa parte dos amigos leitores tambm o sero, logo depois dosrespectivos concursos e do derradeiro ato de posse.

    Sabemos que servidores so seres falveis. Logo, os atos falhos dosagentes pblicos, porventura produzidos nessa qualidade, podem serquestionados por terceiros, uma vez que tais atos contam compresuno relativa de legitimidade.

    E voc se pergunta: em que o conceito de Estado de Direito importa para

    o Direito Administrativo? A resposta : em tudo! Isso porque o DireitoAdministrativo nasceu com o Estado de Direito. Como sinaliza Dirley

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    Cunha, o Direito, ao qual o Estado passou a se submeter, que regula asrelaes entre a Administrao Pblica e os administrados, assegurando acorreta e legtima gesto do interesse pblico e garantindo os direitos dosadministrados.

    Por fim, o que vem a ser Estado Democrtico? A Constituio, aomencionar Estado Democrtico de Direito, deixa evidente que no setrata de reunio meramente formal de elementos,e que os termosDemocrtico e Direito, portanto, tm alcances diferenciados, sendo ademocracia mais abrangente do que o direito.

    Por exemplo: o Estado da Venezuela de Direito? Acredito que sim,o problema saber como so feitas tais leis, ser que com a realparticipao dos cidados ou meramente semntica ou formal,como ensinou, certa vez, Karl Lowenstein.

    Exatamente por isso que nosso texto constitucional se preocupou eminserir expressamente o termo Democrtico, para afastar, de vez, aideia de que a Constituio meramente garantia (negativa ouliberdade, como o caso da Norte-americana), assumindo ocompromisso formal de evoluo para a ideia de Constituio Dirigente(leia-se: preocupada com os direitos sociais de 2 gerao e noto-somente os de 1 geraocivis e polticos).

    Parte II Origens histricas do Direito Administrativo; conceito;objeto; e fontes do Direito Administrativo.

    2.1. Consideraes gerais

    No tpico anterior, aprendemos que o Estado Brasileiro tem FOrma deGOverno a REPBLICA e Forma de Estado a FEderao.

    Vamos agora, distinguir as trs principais funes do Estado: legislar,julgar, e administrar, as quais, inclusive, do origem aos Poderesconstitudos, tal qual escrito na Constituio (art. 2):

    So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, oLegislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Diversos pensadores, modernos e clssicos, ocuparam-se da abordagemde quais e quantas seriam as principais funes a serem desempenhadaspelo Estado. Apenas para citar alguns mais conhecidos, Aristteles,Hobbes, Locke e Rosseau, com textos bastante difundidos no campo dafilosofia jurdica.

    Contudo, modernamente, o autor mais influente e discutido a respeito da

    repartio das atividades de Estado , muito provavelmente, Charles-Louis de Secondat, o Baro de Montesquieu.

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    No seu clssico O Esprito das Leis, Montesquieu registrou que asmisses fundamentais do Estado, de legislar (funo legislativa: criar oDireito novo), de julgar (funo judicial ou jurisdicional: aplicar o Direitoaos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e de administrar(funo administrativa ou executiva: usar a norma jurdica criada, para,

    aplicando-a, dar atendimento s demandas concretas da coletividade)deveriam ser exercidas por rgos diferentes, independentes.

    Desse modo, quem julgasse, no administraria; quem administrasse, nolegislaria, e assim sucessivamente. Esta ideia rodeia quase todo o direitoocidental moderno, tal como no Brasil, que, como dito, consagra essatripartio de poderes no art. 2 da CF/1988.

    Acontece que, tecnicamente, a abordagem inicial de Montesquieu nofalava de Poderes, mas sim de rgos distintos, exercentes do

    Poder. Decorre da o entendimento de que o Poder UNO, havendoapenas uma distribuio funcional aquilo que os constitucionalistaschamam de princpio da especializao.

    De fato, o Poder do Estado, que um s, indivisvel, exercido emdiversas frentes. A diviso do Poder entre rgos diferentes possibilita aosrgos constitucionalmente estabelecidos controlar-se entre si,constituindo o que se reconhece na doutrina constitucionalista comosistema de Freios e Contrapesos (ou checks and balances, para osmais chegados lngua inglesa).

    Todavia, diferentemente da tripartio de Montesquieu (consideradargida), o exerccio dos Poderes no Brasil d-se por precipuidade(preponderncia, especializao) de funo, enfim, no hexclusividade. Tome-se como exemplo a ordem jurdica brasileira.Vejamos, a seguir, a representao grfica da tripartio brasileira, comono poderia deixar de ser, em forma de pizza:

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    Veja os ensinamentos do autor Carvalho Filho, que sintetiza a referidadistribuio de funes:

    Os Poderes estatais, embora tenham suas funes normais(funes tpicas), desempenham tambm funes que

    materialmente deveriam pertencer a Poder diverso (funesatpicas), sempre, bvio, que a Constituio o autorize.

    O Legislativo, por exemplo, alm da funo normativa, exerce aFUNO JURISDISCIONAL quando o Senado processa e julga oPresidente da Repblica nos CRIMES DE RESPONSABILIDADE (art.52, I, CF) ou os Ministros do Supremo Tribunal Federal pelosmesmos crimes (art. 52, II, CF). Exerce tambm a FUNOADMINISTRATIVA quando organiza seus servios internos (arts.51, IV, e 52, XIII, CF).

    O Judicirio, afora sua funo tpica (funo jurisdicional), praticaatos no exerccio de FUNO NORMATIVA, como na elaboraodos regimentos internos dos Tribunais (art. 96, I, "a", CF), e deFUNO ADMINISTRATIVA, quando organiza os seus servios(art. 96, I, "a", "b", "c"; art. 96, II, "a", "b" etc.).

    Por fim, o Poder Executivo, ao qual incumbe precipuamente afuno administrativa, desempenha tambm FUNO ATPICANORMATIVA, quando produz, por exemplo, normas gerais eabstratas atravs de seu poder regulamentar (art. 84, IV, CF), ou,

    ainda, quando edita medidas provisrias (art. 62, CF) ou leisdelegadas (art. 68, CF). Quanto FUNO JURISDICIONAL, osistema constitucional ptrio vigente no deu margem a que

    pudesse ser exercida pelo Executivo.*

    *Referncia doutrinria

    A discusso sobre a possibilidade de ser exercida funojurisdicional pelo Executivo, atravs do sistema do contenciosoadministrativo, foi superada pelo advento da nova Constituio. ACarta anterior ainda abria certa fenda para essa possibilidade noart. 205, que, na verdade, nunca chegou a ser aplicado comefetividade. A nova, todavia, ao contrrio da anterior, sequer aludequela expresso. Enfatizo, ainda, que nossa afirmao feita luzdo ordenamento jurdico ptrio. DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRANETO ("Contencioso Administrativo", p. 23) admite que o Executivoexera jurisdio, contudo, sem definitividade. Ousamosdiscordar do ilustre professor. Para ns, o fato de existiremcontendas na via administrativa suscetveis de deciso no implica oexerccio da funo jurisdicional tpica, esta sim, a nica que produz

    a res iudicata (por Jos dos Santos Carvalho Filho).

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    Portanto, no Brasil, a funo administrativa de Estado exercida,essencialmente, pelo Poder Executivo. Contudo, no h como se negarque a mesma funo desempenhada por todos os demais Poderes. Aquesto seria identificar a quem outorgada a funo de forma tpica ouatipicamente. Vejamos.

    A misso tpica do Poder Judicirio aplicar o direito aos casoslitigiosos que lhes sejam submetidos. Contudo, atipicamente,o mesmoPoder pode deflagrar o processo legislativo, quando encaminhanormas para apreciao do Poder Legislativo.

    Da mesma forma, o Judicirio faz licitaes (administrao de compras,obras, servios) e concursos pblicos para seleo de servidores(administrao de pessoas), no que o Judicirio est, de maneira atpica,exercendo funes administrativas.

    Essa mesma funo administrativa pode ser percebida com relao aoPoder Legislativo, o qual tambm exerce atipicamente funesadministrativas, quando abre procedimentos administrativos e realizaconcursos pblicos para acesso aos cargos pblicos. O Legislativo tambmdesempenha a atividade jurisdicional quando, por exemplo, o Senadoprocessa e julga o Presidente da Repblica nos crimes deresponsabilidade (inc. I do art. 52 da Constituio Federal).

    O Poder Executivo, cuja misso tpica a atividade administrativa,tambm exerce, atipicamente, a misso legislativa. O melhor exemplo

    disso a possibilidade de edio por parte de seu chefe de medidasprovisrias, que, no caso federal, o Presidente da Repblica, medidasestas que possuem fora de lei desde sua edio (art. 62 da CF/1988).Em havendo previso na Constituio dos Estados e nas LeisOrgnicas, tanto os Governadores como os Prefeitos ficam autorizados aeditarem medidas provisrias.

    Contudo, como bem informado por Jos dos Santos, ao Poder Executivono dado o exerccio da atividade jurisdicional (em seu sentidoestrito), com o sentido que esta deve ser vista, ou seja, com fora de

    definitividade. Ainda que o Executivo adote decises em processosadministrativos de sua competncia, estas no constituiro coisajulgada material ou definitiva, em sentido estrito, como a decisoproveniente do Judicirio.

    Por isso, podem seus atos ser levados apreciao do rgo judiciriocompetente, em razo do princpio da inafastabilidade de jurisdio,contido no inc. XXXV do art. 5 da Constituio Federal. Transcreva-se: alei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa adireito. Obviamente, essa apreciao judicial no ilimitada,conforme se ver no devido momento.

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    Mas, de antemo, adiante-se: h limites para apreciao de atosadministrativos pelo Poder Judicirio, como o mrito da decisoadministrativa, que no pode ser invadido pelos rgos judiciais.

    A Jurisdio quase que monopolizada pelo Poder Judicirio e apenas

    em casos excepcionais pode ser exercida pelo Legislativo. Essa aposio da doutrina majoritria e que devemos levar para a prova.H quem defenda que o Poder Executivo exerce atividade jurisdicional,porm sem definitividade (sem o colorido jurisdicional), como o casodo autor Diogo Figueiredo, que, no entanto, tem sido voz vencida,tratando-se, claro, de concursos pblicos, porque, como sobredito, oExecutivo no exerce atividade jurisdicional em sentido formal.

    Mas, Professor, o Poder Executivo no julga?!

    No h duvida que a questo tormentosa. No mundo dos concursos,no h verdades absolutas. E, nesse ponto, h forte divergnciadoutrinria, de modo que as bancas no deveriam formular quesitosdessa natureza. Entretanto, a organizadora Cespe j formulou diversositens sobre a atividade judicante a ser levada a efeito pelo PoderExecutivo. Normalmente, estes itens se referem s funes exercidaspelas Comisses de Processo Administrativo Disciplinar. A bancaconsidera, nesses casos, o conceito material de jurisdio,fundamentado pela resoluo das lides (conflitos) e no o conceitoformal de jurisdio, em que se exige a formao da coisa julgadamaterial(trao da definitividade).

    Em relao tipicidade ou atipicidade das funes, Carvalho Filho informaque pode suceder que determinada funo se enquadre, em certomomento, como tpica e o direito positivo venha a convert-la comoatpica, e vice-versa. Por exemplo: com a Lei 11.441, de 2007, o divrcioconsensual funo jurisdicional atpica (jurisdio voluntria) , que eraprocessado pelo juiz, passou a ser realizado por escritura pblica emOfcio de Notas (funo administrativa tpica).

    Quanto tripartio de Poderes, ressalta-se que no h verdades

    absolutas, especialmente tratando-se de concursos pblicos. Para parteda doutrina, no h distino entre atividade administrativa ejurisdicional. H, de um lado, a funo de estabelecer normas gerais eabstratas (a funo legislativa); de outro, a aplicao da lei (abstrata egeral) aos casos concretos (funes judicante e administrativa).

    Por fim, valem os ensinamentos de Alexandre Santos Arago, paraagregar na carga mental de vocs novos conceitos. Analisemos.

    Para o autor, atipicamente os Poderes Legislativo e Judicirio exercemcompetncias administrativas em duas situaes bsicas:

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    O ramo da ordem social sui generis, afinal citado por literaturaespecializada. um ramo responsvel pelos Direitos concernentesaos hipossuficientes, como o caso do Direito Acidentrio eAssistencial. A citao ao referido ramo apenas demonstrativa, issoporque, at hoje, constitui tema raro em concursos pblicos.

    Como sub-ramos do Direito Privado, h o Direito Civil e o Comercial,sendo este, parcialmente, positivado no prprio Cdigo Civil. So sub-ramos em que o predomnio o interesse individual. ResgatandoOrlando Gomes, o Direito Privado pode ser entendido como aquele queregula as relaes entre os homens, tendo em vista o interesse particulardos indivduos, ou a ordem privada (Direito Civil e Comercial).

    J o Direito Pblico se encarrega da disciplina dos interesses coletividade,do interesse pblico e social, competindo-lhe a organizao do Estado

    (por exemplo: o Direito Constitucional); a atividade financeira(arrecadatria) do Estado (por exemplo: o Direito Tributrio); a disciplinada hierarquia entre seus rgos, das relaes com seus servidores (como o caso do Direito Administrativo).

    Nessa passagem, percebemos, claramente, que o Direito Administrativo sub-ramo do direito pblico interno, uma vez que regula as relaesem que predominam os interesses do Estado, em posio deverticalidade, de supremacia, e porque em pelo menos um dos polosda relao disciplinada por ele est a Administrao Pblica.

    Por fim, cabe alertar que essa dicotomia (pblico e privado) meramentedidtica. Por exemplo: h normas do direito privado que defendeminteresses pblicos (por exemplo: direito de famlia), o chamadodirigismo estatal; por outro lado, existem normas de direitoadministrativo para a defesa de interesses dos particulares (leia-se: dos administrados), como so as normas de segurana e osdireitos fundamentais.

    Fixao

    2011/Cespe

    Julgue o prximo item, que se refere ao conceito, ao objeto e sfontes do direito administrativo.

    Segundo a doutrina administrativista, o direito administrativo oramo do direito privado que tem por objeto os rgos, os agentes eas pessoas jurdicas administrativas que integram a administraopblica, a atividade jurdica no contenciosa que esta exerce e osbens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de naturezapblica.

    Comentrios:

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    O Direito Administrativo exteriorizado, por exemplo, pelo Poder de Polcia doEstado. A relao entre a Administrao e o Administrado, nesse caso, deverticalidade. No h, portanto, consensualidade. A unilateralidade marca doDireito Pblico, da a incorreo do quesito.

    Gabarito: ERRADO.

    2.3. Origem do Direito Administrativo

    Como ilustre a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta, a formaodo Direito Administrativo como ramo autnomo, dotado de princpios eobjeto prprios, teve incio, juntamente com o direito constitucional eoutros ramos do direito pblico, a partir do momento em que comeou adesenvolver-se j na fase do Estado Moderno o conceito deEstadode Direito, estruturado sobre o princpio da legalidade (emdecorrncia do qual at mesmo os governantes se submetem lei, em

    especial lei fundamental que a Constituio) e sobre o princpio daseparao de poderes, que tem por objetivo assegurar a proteo dosdireitos individuais, no apenas nas relaes entre particulares, mastambm entre estes e o Estado.

    O Direito Administrativo Brasileiro certamente no brotou antes doDireito Romano, do Germnico, do Francs, do Italiano, o que, de certaforma, para ser visto com bons olhos. O que mais fcil: criticar umlivro de um grande autor ou fazer um livro de igual quilate? Criticar,obviamente, porque podemos aprimor-lo e no simplesmente partir do

    zero.Com o Direito Administrativo Brasileiro no foi diferente, pois, tendo ascontribuies dos diversos direitos nacionais (francs, ingls, italiano,alemo, e outros), o nosso Direito pode captar os traos positivos ereproduzi-los de acordo com a nossa realidade histrica.

    Dos direitos nacionais, provavelmente, foi do francs (de baseromanstica), bero do direito administrativo, que o nosso sistema sefartou. So exemplos de contribuies francesas:

    - Responsabilidade civil objetiva do Estado: existente, entrens, desde a Constituio de 1946. encontrada, atualmente, no6 do art. 37 da CF/1988, traduzida na ideia de que o Estado serresponsvel pelos atos lcitos ou ilcitos dos agentes;

    - Presena de clusulas exorbitantes nos contratosadministrativos: clusulas que garantem a posio desupremacia do Estado sobre os particulares, como, porexemplo, o Estado ficar sem pagar pelos servios e o contratado tera obrigao de execut-los;

    - Insero do princpio da moralidade administrativa de forma

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    expressa no texto da Constituio;

    - Regime legal dos servidores (Lei 8.112/1990, na esferafederal): com a finalidade de se evitar o sistema de despojos(spoil system), que, com a entrada de novo Governante, todo o

    corpo de servidores era despojado para a colocao de novosagraciados.

    bem verdade que existem outras contribuies, todavia, tendo em contao objetivo deste curso (concursos pblicos), penso ser suficiente essaapresentao. E mais: nas provas, as ilustres bancas organizadorasinsistem em cobrar a contribuio advinda de fora da Frana!Vejamos.

    Na Frana, as decises administrativas so definitivas, ou seja, nocabe a reapreciao pelo Poder Judicirio. o que a doutrinadenomina contencioso administrativo. Portanto, na Frana, no temosapenas uma jurisdio, mas sim duas: a administrativa e a judiciria.Nesse contexto, as decises geradas pelo Estado-administrador sodefinitivas e, assim, no sindicveis pelo Poder Judicirio

    Ento responda: no Brasil,ser que existe a separao das autoridadesadministrativa e judiciria? Ser que as decises adotadas por umMinistrio ou por Tribunais de Contas no podero sersindicveis/controlveis pelo Poder Judicirio?

    A resposta simples. No entanto, primeiro passemos leitura doart. 5, XXXV, da CF/1988:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquernatureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeirosresidentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ouameaa a direito;

    A partir da leitura do texto, desvendamos que no vigora entre ns aexistncia de duas jurisdies (como na Frana) o sistemacontencioso; houve para a formao do nosso sistema de jurisdio acontribuio do sistema ingls, em que a definitividade trao formaldo Judicirio (sistema de jurisdio UNA ou NICA).

    Em concluso, as decises adotadas pelas instncias administrativas(ressalvado o mrito administrativo) podem ser sindicadas (princpio dasindicabilidade) pelo Poder Judicirio.

    Mas, Professor, e o tal contencioso administrativo? No existe noBrasil, afinal j ouvi Professor de Direito Tributrio mencionando,

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    expressamente, sobre contencioso administrativo Tributrio?Abaixo explico detalhadamente. Vejamos.

    Essa tal coisa julgada estudada, mais enfaticamente, nas aulas deDireito Processual, e, quando muito, em Direito Constitucional. A razo

    lgica. porque o instituto tpico da funo jurisdicional, naturalmente aresponsvel por dar definitividade s decises, pela pacificao social. Ojuiz, nas lides (demandas, litgios), atua de forma imparcial, no sendoparte no processo, em si. Portanto, a relao estabelecida noscontenciosos judiciais costuma ser trilateral (de um lado as partes autore ru, e, em outro, o juiz). Da no ser criticvel a formao de coisajulgada.

    Por outro lado, os litgios que surgem no interior do Estado-administrador (da Administrao Pblica) tm de um lado oadministrado (particulares ou servidores, conforme o caso), e de outro a

    prpria Administrao. Curioso, no verdade? A Administrao parte na relao, agindo, por conseguinte, de forma parcial. E, por isso, adoutrina registra que a deciso administrativa no pode serdefinitiva, afinal ningum pode ser juiz e parte ao mesmo tempo. Abre-se, dessa forma, a possibilidade de o prejudicado bater s portas doPoder Judicirio para suscitar a reviso da deciso.

    Legal, mas no existe coisa julgada?

    Existe sim! Com um pequeno detalhe. A expresso coisa julgada, noDireito Administrativo, no tem o mesmo sentido que no Direito

    Judicirio. Ela significa apenas que a deciso se tomou irretratvelpela prpria Administrao, ensina Maria Sylvia.

    Dois exemplos podem ser citados de coisa julgada administrativa. Aprimeira situao a de exaurimento (esgotamento) da viaadministrativa, quando no h mais recursos cabveis. A segunda, eser mais a batida em nossas aulas, so os atos irrevogveis. Porexemplo: os atos vinculados os praticados dentro dos limites da lei, semqualquer flexibilidade so, de regra, irrevogveis, fazendo coisa julgadaadministrativa.

    Tambm existe litgio (contenda, contencioso) na esfera administrativo.Cite-se, por exemplo, o processo administrativo tributrio, em que aFazenda forma contencioso com o particular, na qualidade de contribuinteou responsvel. Para compreendermos melhor a existncia do contenciosono Direito Administrativo Brasileiro (inconfundvel, reforo, com ocontencioso do modelo Francs), imperioso que tracemos algumasconsideraes sobre os institutos da precluso e coisa julgadaadministrativa.

    Como registra Maral Justen Filho, os institutos da coisa julgada e

    precluso, apesar de deterem pontos em comum, no se identificam demodo perfeito.

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    A precluso administrativa consiste na restrio a uma faculdadeprocessual originariamente assegurada ao sujeito, em virtude dos eventosverificados ao longo do processo administrativo. H trs formas deprecluso: temporal, consumativa e lgica. A temporal, como o nome jdenuncia, a perda da faculdade em face do decurso do prazo, como, por

    exemplo, deixar de interpor o recurso no prazo legal. A consumativa,por sua vez, d-se pela exausto da prerrogativa uma vez exercida,como, por exemplo, a impossibilidade de o administrativo rever ocontedo da proposta apresentada em procedimento de licitao. Por fim,a precluso lgica d-se quando o administrado, por ato omissivo oucomissivo, adota posio incompatvel com outra dentro do procedimento,como, por exemplo, o prazo decadencial para impugnar o Edital deLicitao.

    Para o autor, a coisa julgada formal administrativa o efeito jurdico

    acarretado pelo encerramento de um procedimento administrativo, emvirtude do qual se torna vedado rever a deciso nele adotada sem ainstaurao de um procedimento especfico e distinto.

    Antes de avanarmos, oportuna a distino entre a coisa julgadamaterial e formal.

    A coisa julgada material acarreta a impossibilidade (imutabilidade)de as decises serem revistas no prprio processo objeto da deciso,bem assim, em outros processos em que haja identidade de partes,

    causa de pedir e pedido. E, bem por isso, conclui-se que no h, comoregra, no Brasil, a formao de coisa julgada administrativa em suaacepo material, afinal as decises administrativas podem ser sindicveispelo Poder Judicirio.

    A coisa julgada formal, por sua vez, a impossibilidade de asentena ser alterada dentro do prprio processo. E nessecontexto que podemos concluir pela existncia de coisa julgadaadministrativa.

    Para Dirley Cunha, a coisa julgada administrativa torna os atos ou

    decises da Administrao Pblica definitivos e imutveis, mas apenasinternamente, ou seja, to-somente para a Administrao Pblica,impedindo-a de alterar suas prprias decises. Exatamente por isso, noh impedimento de as decises serem revistas pelo Poder Judicirio, oque significa dizer que a coisa julgada administrativa no oponvel aoJudicirio.

    Como registra Carvalho Filho, a coisa julgada administrativa a situaojurdica pela qual determinada deciso firmada pela Administrao nomais pode ser modificada na via administrativa. A irretrabilidade, pois, se

    d apenas nas instncias da Administrao, ou seja, a definitividade dadeciso administrativa relativa, isso porque o administrado poder

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    socorrer-se do Poder Judicirio, e este poder decidir em sentido contrrioao decidido pela Administrao.

    Ficamos assim: a coisa julgada administrativa ocorre apenas dentroda Administrao Pblica, ora porque a deciso tornou-se irrecorrvel

    (a Lei de Processo Administrativo Federal - Lei 9.784, de 1999, fala em,no mximo, trs instncias), ora porque se est diante de atosirrevogveis.

    Perfeito Professor. E se a deciso da Administrao for ilegal? Issovai ficar de graa?

    Opa. Agora mudou de figura! Em casos de ilegalidade, permanece oPoder Judicirio livre para a apreciao do ato, vista do princpioda inafastabilidade da tutela jurisdicional (sistema de jurisdiouma). E a Administrao tambm deve rever o ato, com aplicao do

    princpio da autotutela administrativa, com o detalhe de que s podefazer isso enquanto no houver a prescrio/decadncia. Sobre o tema,vejamos o disposto no art. 54 da Lei 9.784, de 1999:

    Art. 54. O direito da Administrao de anular os atosadministrativos de que decorram efeitos favorveis para osdestinatrios decai em cinco anos, contados da data em que forampraticados, salvo comprovada m-f.

    1o No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo dedecadncia contar-se- da percepo do primeiro pagamento.

    2o

    Considera-se exerccio do direito de anular qualquer medida deautoridade administrativa que importe impugnao validade doato.

    Entendeu essa histria de coisa julgada? Ento mata asquestes abaixo.QUESTO 44

    Fixao(2005/FUNIVERSA/PREF.TO TCI) Quanto Coisa JulgadaAdministrativa, analise as assertivas abaixo:

    I - uma precluso de efeitos internos, e tem o alcance da coisajulgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administrao deixade ser um simples ato administrativo decisrio.

    II - O que ocorre nas decises administrativas finais atinge e afetadireitos de terceiros.

    III - No se limita ao caso apreciado e nem se extingue com oencerramento deste, pela permanncia de seus efeitos.

    (A) Apenas I verdadeira.

    (B) Apenas I e II so verdadeiras.

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    (C) Apenas III verdadeira.

    (D) Apenas I e III so verdadeiras.

    (E) Todas so falsas.2

    (2007/CESPE/TJ-PI/Juiz) A jurisprudncia e a doutrinamajoritria admitem a coisa julgada administrativa, o que impede areapreciao administrativa da matria decidida, mesmo nahiptese de ilegalidade (CERTO/ERRADO).3

    (2009/CESPE/TCE-AC) A Em face do princpio daindeclinabilidade da jurisdio (CF, art. 5, inciso XXXV), no seadmite a existncia da chamada coisa julgada administrativa, uma

    vez que sempre dado ao jurisdicionado recorrer ao PoderJudicirio contra ato da administrao. (CERTO/ERRADO).4

    (2009/CESPE TCE-ES Procurador) A deciso do TCU fazcoisa julgada administrativa, no cabendo ao Poder Judicirioexamin-la e julg-la. (CERTO/ERRADO)5

    (2010/FCC TCM/PA Tcnico) A expresso coisa julgadaadministrativa significa que a deciso tornou-se irretratvel pela

    prpria Administrao, no impedindo que seja apreciada peloPoder Judicirio se causar leso ou ameaa de leso(Certo/Errado)6.

    Que tal passarmos, agora, sobre a instncia administrativa decurso forado?

    Apesar de as portas do Poder Judicirio permanecerem abertas tuteladas ameaas e leses a direito, oportuno salientar que, por vezes, oparticular deve, primeiramente, vencer a esfera administrativa. o que a

    doutrina chama de instncia administrativa de curso forado.

    2Item I FALSO (a deciso no tem o mesmo alcance, isso porque s geram efeitos internos, podendo o

    particular socorrer-se ao Judicirio). Item II FALSO (os efeitos da deciso so internos, logo no afetaro a

    terceiros). Item III FALSO (limita-se ao caso concreto, sem que estenda seus efeitos fora do processo).3

    ERRADO. Em caso de ilegalidade, o Poder Judicirio, se provocado, poder rever os atos. E, como sobredito,

    enquanto no houver a decadncia do direito, deve a Administrao tambm suscitar a nulidade do ato.4

    ERRADO. Ao menos para parte da doutrina, existe, no Brasil, a coisa julgada administrativa, mas, como vimos,

    no tem o mesmo colorido da coisa julgada na atividade jurisdicional.5

    ERRADO. O TCU rgo administrativo, logo suas decises so administrativas. E, como no vigora o

    contencioso no modelo francs entre ns, as decises do Tribunal de Contas so sim sindicveis (controlveis),em parte, perante o Poder Judicirio.6

    O item est CERTO.

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    Ento, h ou no necessidade de exaurimento das vias administrativaspara batermos s portasdo Judicirio? Ser a instncia administrativade curso forado regra ou exceo? Vejamos.

    O Brasil adota o sistema ingls, de jurisdio una, para controle judicial

    de atos jurdicos. No entanto, a adoo da jurisdio una no impedeque a Administrao Pblica instaure processos administrativos visandotomar as decises dessa natureza. Com o detalhe de que tais decisesno sero dotadas da definitividade tpica das decises judiciais, em razoda unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdio do Poder Judicirio.

    No mximo, como pr-falado, a formao de coisa julgada administrativa (formal, no definitiva), entenda: a matria torna-se irrecorrvel para a prpria Administrao, que fica proibida derever o ato administrativo, porm, no o Judicirio.

    Pergunta instigante diz respeito ao momento em que um eventual

    interessado pode socorrer-se do Judicirio, j tendo sido instaurado umprocesso administrativo.

    A regra que a qualquer instante uma matria pode ser levada apreciao judicial, ainda que j instaurado ou j decidido oprocesso administrativo. Isso se d em razo da unicidade dejurisdio, prpria do Poder Judicirio. Mas a questo merecetemperamentos...

    Fixao

    2012/TRT 10R CespeEstar em conformidade com a CF lei que condicione o acesso aoPoder Judicirio ao esgotamento das vias administrativas, pois a CFautorizou a existncia da jurisdio condicionada ou instnciaadministrativa de cunho forado.

    Comentrios:

    Como sobredito, a CF no autorizou a instncia administrativa de curso forado.Na atual CF, h apenas uma exceo, e diz respeito Justia Desportiva.

    Gabarito: ERRADO.

    Por exceo, h situaes em que s depois de esgotada ainstncia administrativa,um assunto poderia ser levado apreciaode um juiz. Os casosclssicos para fins de concurso pblico so:

    I) Processos administrativos referentes JustiaDesportiva. Com relao a essa, o Judicirio s aceitar aesjudiciais referentes a competies desportivas depois de seesgotarem as instncias desportivas (1 do art. 217 da CF, de1988);

    II)Reclamao a ser interposta perante o STF em razo dodescumprimento do teor da Smula Vinculante. Vejamos o 1do art. 7 da Lei 11.417/2006:

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    Art. 7o Da deciso judicial ou do ato administrativo que contrariarenunciado de smula vinculante, negar-lhe vigncia ou aplic-loindevidamente caber reclamao ao Supremo Tribunal Federal,sem prejuzo dos recursos ou outros meios admissveis deimpugnao.

    1o Contra omisso ou ato da administrao pblica, o uso dareclamao s ser admitido aps esgotamento das viasadministrativas.

    III) Art. 5, I, da Lei 12.016, de 2009 (nova Lei do Mandado deSegurana), disps-se que o MS no cabvel se houver recursoadministrativo com efeito suspensivo, independentemente decauo;

    IV) Smula Vinculante 24 - No se tipifica crime materialcontra a ordem tributria, previsto no art. 1, incisos I a IV, da Lein 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo. A atividadede lanamento privativa da autoridade tributria, sendo, portanto,atribuio administrativa. H a necessidade de exaurimento davia administrativa, para a tipificao de crime material contra aordem tributria;

    V) Por reforo, acrescente-se que h doutrinadores que defendemser o juzo arbitral (a arbitragem) e o habeas data formas deesgotamento prvio ou de condio de acesso ao Judicirio.

    O argumento bastante razovel, sendo foroso reconhec-lo, ,

    isso porque, em havendo a presena de clusula compromissria(leia-se: acordo prvio entre as partes de que futuros conflitosseriam resolvidos nas cmaras de arbitragem), as partes devemlevar a resoluo dos conflitos surgidos primeiro para o rbitro,responsvel por dizer o direito entre as partes ( leia-se: de formaextrajudicial).

    Quanto ao habeas data, a organizadora FCC, em prova de DireitoConstitucional, para APO-SP, considerou o instrumento comoinstncia administrativa de curso forado. Talvez devido ao teor daSmula 2 do STJ, em que se exige a negativa da via administrativa,como condio de acesso ao Poder Judicirio. Penso que a CESPEpossa trilhar idntica linha de raciocnio. De olho, portanto.

    2.4. Codificao

    Acaba de ser lanado o primeiro Cdigo Administrativo no Brasil! Osamigos foram ao lanamento? Aconteceu no salo nobre da livrariaCultura. Cdigo com 200 mil folhas, sistematizando, de forma metdica,do tipo livro esquematizado, toda a legislao de mais de cinco milMunicpios, 26 Estados, DF e Unio.

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    Brincadeirinha! O Direito Administrativo ressente-se de codificaolegal. No entanto, ao vasculharmos os manuais de Direito Administrativo,percebemos trs correntes a favor ou contra a reunio de formaharmnica das normas administrativas, assim distribudas:

    1 O Direito Administrativo no pode ser codificado: em sendo oDireito Administrativo bastante dinmico, seus defensores apontam parao perigo de petrificar o direito, tornando-o inerte s evolues, stransformaes do mundo, como ocorrido com o Cdigo Civil de 1916alterado, to-somente, em 2002;

    2 O Direito Administrativo deve ser codificado totalmente:segundo seus defensores, haveria facilitao na compreenso e aplicaodas normas, garantindo-se aos administrados maior segurana jurdica;

    3 O Direito Administrativo passvel de codificao parcial: dascorrentes, essa parece ser a menos extremada, no defende ainexistncia de qualquer cdigo ou a existncia de um cdigo totalizante.So exemplos de codificaes parciais: Cdigo de guas; CdigoFlorestal; Lei 8.112/1990; Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal); Lei8.745/1995 (Lei de Concesses de Servios Pblicos).

    2.5. Conceito e Objeto do Direito Administrativo

    A definio de Direito Administrativo no das tarefas a mais fcil, isso

    porque, a cada livro consultado, temos um leque considervel de opes,o que demonstra certa impreciso em torno do conceito e objeto doDireito Administrativo.

    Ao longo da histria do Direito Administrativo, vrios foram os critriosutilizados na tentativa de esmiu-lo, de detalh-lo. Se lhe perguntam,hoje: o critrio para a definio do Direito Administrativo do incio do sc.XIX igual ao do incio do sc. XX ou do sc. XXI? Com outras palavras,os critrios utilizados em distintos pases e datas podem ser aplicadosindistintamente nos dias atuais? Em razo do prprio dinamismo eevoluo do Direito Administrativo, a resposta um sonoro no.

    De todo modo, vamos juntos estudar alguns dos critrios existentes, paraa definio do Direito Administrativo:

    1 Legalista, exegtico, emprico, catico, ou francs

    Com a revoluo francesa, e imprio da burguesia, houve grandepreocupao de se consolidar, codificar, o direito que andava espalhadopela natureza em papel (leia-se: positivao do direito natural emnormas), com a finalidade, entre outras, de se garantir aos cidadosmaior segurana em suas liberdades e, sobretudo, propriedades.

    Nessa poca, o Direito Administrativo teve por objeto a interpretaodas normas jurdicas administrativas e atos complementares (leia-

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    se: direito positivo). Assim, estruturou-se a partir da interpretao detextos legais, proporcionada pelos Tribunais Administrativos.

    Crtica: a palavra direito no pode (no deve) se resumir a umamontoado de leis. O direito no deve se resumir interpretao

    de leis e de regulamentos administrativos. Muito mais que leis, oDireito Administrativo deve levar em considerao a carga valorativados princpios, sem falar da doutrina, da jurisprudncia, e doscostumes.

    Pensemos juntos: h um cartaz na entrada do metr que diz proibidoentrada com ces; outro na entrada de um Parque que diz proibido entrada com veculos automotores. De acordo com ocritrio exegtico (legalista), a soluo seria de se admitir a entrada comcobras (so rpteis) e baleias (so mamferos, mas no so ces) e a deno autorizar a entrada da ambulncia, a fim de socorrer pessoas dentro

    do Parque, por exemplo. Porm, nos dias atuais, isso no seria possvel,tendo, por exemplo, o princpio da razoabilidade.

    Fixao(2007/ESAF Procurador do DF) Na evoluo histrica doDireito Administrativo, encontramos a Escola Exegtica, que tinhapor objeto a interpretao das leis administrativas, a qual tambmdefendia o postulado da carga normativa dos princpios aplicveis atividade da Administrao Pblica. (CERTO/ERRADO)

    Comentrios:

    O Direito Administrativo no se resume a um amontoado de leis, ao lado das quais o

    intrprete deve levar em considerao a carga normativa dos princpios. E, na verdade,

    veremos que a ofensa a princpios , costumeiramente, mais grave do que o descumprimento

    das leis, porque, induvidosamente, os princpios contam com funo normogentica (servem

    para construir e balizar as leis, alicerando-nas).

    Gabarito: ERRADO.

    CESPE - PMP (INSS)/2010Acerca do direito administrativo, julgue o item a seguir.

    Segundo a Escola Legalista, o direito administrativo pode serconceituado como o conjunto de leis administrativas vigentes emdeterminado pas, em dado momento. (Certo/Errado)

    Comentrios:

    Segundo o critrio exegtico ou Francs, o Direito Administrativo resume-se a um amontoado

    de leis. A interpretao, poca, desprezou a carga normativa dos princpios.

    Gabarito: CERTO.

    2 Do Poder Executivo ou Italiano

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    Segundo seus defensores o Direito Administrativo conjunto de princpiosregentes da organizao e das atividades do Poder Executivo, includas asentidades da Administrao Indireta (autarquias e fundaes, porexemplo).

    A crtica bem simples. O Direito Administrativo no se resume disciplina do Poder Executivo, afinal, todos os Poderesadministram, embora, para alguns, isso constitua misso atpica. Emais: no Poder Executivo, nem tudo objeto do Direito Administrativo,como so as funes de governo, regidas que so pelo DireitoConstitucional.

    Fixao

    (2006/Cespe TCE-AC Analista) O direito administrativo podeser conceituado de acordo com vrios critrios. Desses, o queprepondera, para a melhor doutrina, o critrio do Poder Executivo,segundo o qual o direito administrativo o conjunto de regras eprincpios jurdicos que disciplina a organizao e a atividade dessepoder. (Certo/Errado)

    Comentrios:

    O critrio que prepondera o da Administrao Pblica. O critrio do Poder Executivo no

    totalmente aplicvel porque, no Brasil, a separao de poderes moderada, permitindo-se

    que, ao lado de uma funo tpica, haja ou possa haver o exerccio de uma atpica. No caso,

    todos os Poderes estruturais do Estado administram.

    Gabarito: ERRADO.

    3 Relaes jurdicas

    Para seus defensores, o Direito Administrativo responsvel pelorelacionamento da Administrao Pblica com os administrados.

    O critrio vlido, porm, no imune de crticas. O que fazer com oDireito Tributrio, Penal, Eleitoral, Processual, e outros, que mantmrelao com os administrados? Enfim, no o Direito Administrativo onico, entre os ramos, a manter relao com os administrados.

    Fixao

    (2009/Cespe AGU) Pelo critrio teleolgico, o DireitoAdministrativo considerado como o conjunto de normas queregem as relaes entre a administrao e os administrados. Talcritrio leva em conta, necessariamente, o carter residual ounegativo do Direito Administrativo. (Certo/Errado)

    Comentrios:

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    A banca misturou trs critrios. O que estabelece as normas entre o administrao e a

    Administrao o critrio das relaes jurdicas. Por sua vez, o direito administrativo

    enquanto atividade distinta da judicante e legiferante o critrio negativista ou residual.

    Gabarito: ERRADO.

    4 Do servio pblicoEssa escola de pensamento inspirou-se, basicamente, na jurisprudnciado conselho de Estado francs, mais precisamente quando do julgamentoda responsabilidade civil do Estado (atropelamento de menina AgnsBlanco por prestadora de servios pblicos).

    Para seus defensores, o Direito Administrativo regula a instituio, aorganizao, e o funcionamento dos servios pblicos, bem como aprestao aos administrados. Enfim, todas as atividades do Estado seresumem a servios pblicos.

    A definio do que servio pblico encontrou terreno frtil,especialmente na Frana do sc. XIX, tendo tal critrio contado comfortes defensores, entre eles: Leon Duguite Gaston Jze.

    No entanto, tais autores diferiram quanto ao alcance do servio pblico,como objeto do Direito Administrativo: Duguit (sentido amplo) e Jze(sentido estrito).

    Para Duguit, servios pblicos incluem todas as atividades Estatais,de direito constitucional a atividade econmica (sentido amplo),deixando, portanto, de distinguir a atividade jurdica do Estado e aatividade material, a ser prestada aos cidados.

    J Jze considerou servio pblico to-somente a atividade materialdo Estado (leia-se: aquela de dentro para fora, com a finalidade desatisfao das necessidades coletivas) (sentido estrito), cercada deprerrogativas de direito pblico, excluindo, portanto, os serviosadministrativos (internos) e os servios industriais e comerciais(predominantemente privados).

    No entanto, essa escola encontra severas crticas, isso porque, ao ladodos servios pblicos, o Estado realizava, por exemplo, Poder de Polcia, oqual, como de conhecimento, uma atividade eminentemente negativa,

    da inconfundvel com os servios pblicos (atividade positiva do Estado).

    Fixao(2007/ESAF Procurador do DF) Na evoluo do conceito de DireitoAdministrativo, surge a Escola do Servio Pblico, que sedesenvolveu em torno de duas concepes. Na concepo de LeonDuguit, o Servio Pblico deveria ser entendido em sentido estrito,abrangendo toda a atividade material, submetida a regime

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    exorbitante do direito comum, desenvolvida pelo Estado para asatisfao de necessidades da coletividade. (Certo/Errado).7

    Comentrios:

    A concepo restrita de Gaston Jze e no Duguit. Pura maldade da banca.

    Gabarito: ERRADO.

    5 Teleolgico

    Tambm chamado de finalista, segundo o qual o Direito Administrativo um conjunto harmnico de princpios que disciplinam a atividade doEstado para o alcance de seus fins.

    O critrio vlido, mas, assim como o das relaes jurdicas, no isentode crticas. O que so os fins do Estado? No h uma resposta precisa,matemtica, para o que sejam finalidades do Estado. Na verdade, oDireito Administrao no se destina propriamente aos fins do Estado,

    mas sim ao atendimento dos interesses da coletividade.Na viso de Dirley Cunha, no o Direito Administrativo que estabeleceos fins do Estado. a Constituio que fixa esses fins, notadamentequando o texto constitucional apresenta-se como Constituio dirigente,composta por normas que estabelecem fins, metas, programas ediretrizes vinculantes e obrigatrias para o Estado. Cumpre to-somenteao Direito Administrativo realiz-los, com as caractersticas de serconcreta, direta e imediata a sua atuao.

    6 Da hierarquia orgnica

    Bem curtinho: o Direito Administrativo rege os rgos inferiores doEstado, enquanto o Direito Constitucional estuda os rgos superiores.

    O critrio parcialmente vlido, porque, igualmente, recebe crticas,vejamos: a Presidncia da Republica objeto de estudo do DireitoAdministrativo e no rgo inferior, mas sim independente eindispensvel estrutura do Estado (leia-se: rgo superior).

    (2006/Esaf AFC/CGU) O Direito Administrativo

    considerado como sendo o conjunto harmonioso de normas eprincpios, que regem o exerccio das funesadministrativas estatais e

    a) os rgos inferiores, que as desempenham.

    b) os rgos dos Poderes Pblicos.

    c) os poderes dos rgos pblicos.

    d) as competncias dos rgos pblicos.

    e) as garantias individuais.8

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    7 Residual

    Tambm denominado de negativista. As funes do Estado so emnmero de trs: judicial, legislativa, e administrativa. Assim, o que no

    judicial, no legislativo, s pode ser (por sobra, residualmente)administrativo. Com outras palavras, o Direito Administrativo ramo dodireito pblico que disciplina todas as atividades estatais que no sejamjudiciais ou legislativas.

    No um critrio isento de crticas. A primeira que as definiesservem para dizer o que as coisas so e no o que no so. Asegunda que dentro do Poder Executivo nem tudo regulamentadopelo Direito Administrativo, exemplo disso a atividade poltica,disciplinada essencialmente pelo Direito Constitucional.

    Apesar da crtica, o critrio residual ou negativista relevante paraencontrarmos o objeto do Direito Administrativo. Para a doutrina, OEstado sobrevive sem leis e sem juzes, mas um Estado semAdministrao anarquia. Nesse contexto, a Administrao , entre asfunes estatais, a mais compreensiva (abrangente).

    8 Da Administrao Pblica

    De acordo com esse critrio, o Direito Administrativo constitui o ramo dodireito que rege a Administrao Pblica como forma de atividade; definesuas pessoas administrativas, organizao e agentes; regula, enfim, osseus direitos e obrigaes, umas com as outras e com os particulares, por

    ocasio do desempenho da atividade administrativa.Ainda que se possa criticar o conceito, pode-se afirmar que no direitobrasileiro, hoje, o mais aceito pela doutrina, utilizado por autores depeso para traar a definio de Direito Administrativo.

    A expresso Administrao Pblica pode assumir sentidos diversos,conforme o contexto em que esteja inserida. A expresso AdministraoPblica pode assumir sentidos diversos, conforme o contexto em queesteja inserida. Vejamos:

    Administrao Pblica

    Sentido

    AMPLO RESTRITO

    Subjetivo, Orgnicoe Formal

    rgosGovernamentais

    e

    Apenas rgosadministrativos

    8Letra A.

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    Administrativos

    Objetivo, Materialou Funcional

    Funes polticase

    administrativas

    Apenas funesadministrativas

    Perceba que o termo Administrao Pblica envolve, em sentido amplo,alm dos rgos e funes administrativas, os rgos e funes polticas.Que tal separarmos, desde logo, as funes polticas (de Governo) dasfunes administrativas?

    As funes administrativas so complementares s leis. So realizadasde forma, basicamente, vinculada, visando o atendimento concreto edireto do interesse da coletividade. O concreto ponto distintivo da

    funo legislativa, tipicamente abstrata. O direto tem como contrapontoa funo judicante, em que o exerccio d-se por provocao do particular(princpio da inrcia ou demanda).

    J as funes do Governo so as realizadas pela alta cpula daAdministrao. So de extrao constitucional, como, por exemplo, o atode declarao de Guerra pelo chefe do Executivo Federal. So chamadastambm de funes polticas, em que os traos marcantes so: acoordenao, a direo, o planejamento. So os ncleos do Estado,marcados pela maior discricionariedade, definidores das polticas pblicas.

    Acrescente-se que as funes polticas ou de governo concentram-se,

    primariamente, nos Poderes Executivo e Legislativo. Isso mesmo.Primariamente. Afinal, no Brasil, segundo o STF, o Judicirio, ainda queindiretamente, pode contribuir para a implementao de polticaspblicas. Sobre o tema, fiquem de olho no voto do Ministro Celso de Mellona ADPF 45/DF (reserva do possvel), do qual se extrai que o PoderJudicirio tem, igualmente, misso poltica, conquanto indireta. Brevetrecho do voto, a seguir:

    (...) no se mostrar lcito, no entanto, ao Poder Pblico, medianteindevida manipulao de sua atividade financeira e/ou poltico-administrativa, criar obstculo artificial que revele o ilegtimo,arbitrrio e censurvel propsito de fraudar, de frustrar e deinviabilizar o estabelecimento e a preservao, em favor da pessoae dos cidados, de condies mnimas de existncia (...) a clusulada reserva do possvel, ressalvada a ocorrncia de justo motivo, nopoder ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-sedo cumprimento de suas obrigaes constitucionais, notadamentequando, dessa conduta governamental negativa, puder resultarnulificao ou, at mesmo, aniquilao de direitos constitucionaisimpregnados de um sentido de essencial fundamentalidade.

    Referncia doutrinria (Hely Lopes Meirelles):

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    A atividade administrativa concreta, para diferenci-la da atividadeabstrata do Estado, exercida pelo Poder Legislativo, que elaborar leis. ,ademais, direta, para distingui-la da atividade indireta do Estado,desempenhada pelo Poder Judicirio, que, como um terceiro

    desinteressado e substituindo-se s partes, compe, nos casos concretos,os conflitos de interesse. No exerccio da funo administrativa no existeo carter de substitutividade, pois havendo controvrsia em seu mbito, a prpria Administrao que torna a deciso para dirimi-la. Finalmente, imediata para separ-la da atividade social do Estado, que mediata.

    Referncia doutrinria (Dirley Cunha):

    As funes de governo so aquelas que se relacionam com a superiorgesto da vida poltica do Estado e indispensveis sua prpriaexistncia. So funes que implicam uma atividade de ordem superior

    referida direo suprema e geral do Estado em seu conjunto e em suaunidade, dirigida a determinar os fins da ao do Estado, a assinalar asdiretrizes para as outras funes, buscando a unidade da soberaniaestatal. So exemplos: a iniciativa de leis pelo chefe do Executivo, asano, o veto, a decretao de interveno federal, bem assim asdecises polticas que fixam diretrizes ou planos governamentais, que soexecutadas pela Administrao Pblica no desempenho da funoadministrativa.As funes administrativas so aquelas predispostas gesto dosinteresses da coletividade, atravs de comandos infralegais ouinfraconstitucionais.

    Fixao(2010/ESAF CVM Analista outras reas) Partindo-se dopressuposto de que a funo poltica ou de governo difere da funoadministrativa, correto afirmar que esto relacionadas(os) funopoltica, exceto:a) comandob) coordenaoc) execuod) direoe) planejamento

    Comentrios:

    A funo de execuo realizada pelas camadas mais tcnicas da Administrao Pblica. Os

    rgos polticos traam as diretrizes, mas a execuo fica por conta dos rgos

    administrativos.

    Gabarito: alternativa C.

    Retomando o nosso quadro-resumo, perceba que a Administrao Pblicapode assumir o sentido subjetivo e o objetivo.

    Em um primeiro sentido, subjetivo, orgnico ou formal, a expressodiz respeito aos sujeitos, aos entes que exercem a atividadeadministrativa (pessoas jurdicas, rgos e agentes pblicos). Para

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    identificar o aspecto orgnico, suficiente a seguinte pergunta: quemexerce a atividade?

    J o sentido objetivo, material ou funcional designa a natureza daatividade, as funes exercidas pelos entes, caracterizando, portanto, a

    prpria funo administrativa, exercida predominantemente peloPoder Executivo. Pergunta chave, para identificao do sentido: qual aatividade (funo) exercida?

    No Brasil, se levssemos em considerao apenas o critriosubjetivo, incidiramos no critrio do Poder Executivo ou Italiano, ouseja, na corrente que defende que apenas o Executivo quemadministrativa. Com o critrio objetivo ou funcional, supera-se oaspecto meramente formal, levando-se em conta o contedo do ato, detal sorte a abranger, inclusive, os atos praticados por particulares quefaam as vezes do Estado, como, por exemplo, as concessionrias de

    servios pblicos.Apesar de ser bvio para os(as) amigos(as), vale reforar: no to-so Poder Executivo que edita atos administrativos. Todos osPoderes editam atos administrativos quando, por exemplo, abremsindicncia, efetuam aquisio de bens, nomeiam um funcionrio ou,mesmo, concedem frias.

    A diferena bsica que compete tipicamente ao Poder Executivoadministrar, ao passo que os outros Poderes, ao exercerematividades administrativas, encontram-se no desempenho deatribuies atpicas.

    Registre-se, ainda, que o Poder Executivo exerce, alm da sua tpicafuno administrativa, as funes de governo, que no constituemobjeto de estudo do Direito Administrativo.

    O Direito Administrativo, portanto, rege toda e qualquer atividade deadministrao, provenha esta do Executivo, do Legislativo ou doJudicirio. Isso porque o ato administrativo no se desnatura pelo s fatode ser aplicado no mbito do Legislativo ou do Judicirio, desde que seusrgos estejam atuando como administradores de seus servios, de seusbens, ou de seu pessoal.

    Assim, no sentido subjetivo (ou formal ou orgnico, que so vocbulossinnimos), a expresso Administrao Pblica abrange rgos,entidades ou agentes, que tenham por papel desempenhar tarefasadministrativas do Estado.

    Em reforo: para encontrarmos o sentido subjetivo deAdministrao Pblica, basta perguntar: quem exerce a funo?Jpara o sentido material, vale a pergunta: quais so as atividadesexercidas?

    Fixao

    ESAF AFRFB/2005

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    Em seu sentido subjetivo, o estudo da Administrao Pblicaabrange:

    a) a atividade administrativa.

    b) o poder de polcia administrativa.c) as entidades e rgos que exercem as funes administrativas.

    d) o servio pblico.

    e) a interveno do Estado nas atividades privadas.9

    CESPE OTI (ABIN)/2010

    No que concerne administrao pblica, julgue o item a seguir.

    A administrao pblica caracterizada, do ponto de vista objetivo,pela prpria atividade administrativa exercida pelo Estado, por meiode seus agentes e rgos.10

    CESPE AUFC/2011

    Julgue o prximo item, que se refere ao conceito, ao objeto e sfontes do direito administrativo.

    O direito administrativo tem como objeto atividades de

    administrao pblica em sentido formal e material, englobando,inclusive, atividades exercidas por particulares, no integrantes daadministrao pblica, no exerccio de delegao de serviospblicos.11

    CESPE PPF/1997

    Considerando as noes de Estado, governo e administraopblica, julgue o item a seguir.

    Em um sentido formal, a expresso administrao pblica pode ser

    entendida como o conjunto dos rgos e entidades voltados realizao dos objetivos governamentais: de um ponto de vistamaterial, pode ser compreendida como o conjunto das funes queconstituem os servios pblicos.12

    INSTITUTO CIDADES DP AM/2011

    9A resposta letra C. Subjetivo sujeito. Sujeito aquele que pratica. No caso, os rgos, agentes e as

    pessoas administrativas.10

    O item est CERTO.11O item est CERTO.

    12O item est CERTO.

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    De acordo com a doutrina nacional, os rgos e agentes pblicosesto compreendidos no sentido de Administrao Publica:

    a) subjetivo

    b) objetivoc) de atividade administrativa

    d) de atividade poltica

    e) de atividade poltica e administrativa

    Comentrios:

    Para identificar o sentido subjetivo, voc deve se perguntar: quem edita? E, o aspecto

    objetivo: o que foi editado?

    Quem edita so as pessoas, rgos e agentes. So os sujeitos da ao.

    O que edita a matria, o contedo do Direito Administrativo, que, segundo a concepo

    majoritria, distribui-se em quatro centro de atuao: servios pblicos, poder de polcia,

    interveno e fomento.

    Gabarito: alternativa A.

    Vejamos o se