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CURSO PARA
EMPREGADOS FORENSES DE
AGENTES DE EXECUÇÃO
Câmara dos Solicitadores
Abril de 2012
Introdução
O Direito Processual Civil é o ramo do Direito Público, funcionalmente destinado a integrar o Direito Civil e o Direito Comercial, ou seja, este ramo do Direito destina-se a regular a forma através da qual os particulares podem exercer os direitos substantivos que o Direito Civil e o Direito Comercial lhes confere.
O Processo Civil é um Processo, do latim “procedere”, que significa um caminhar para a frente, um avançar.
Processo Civil no sentido restrito ou técnico do termo significa a sequência de atos destinados à justa composição de um litígio, mediante a intervenção de um órgão imparcial da autoridade – o tribunal.
Podemos também definir Processo Civil como sendo um rito ou coordenação de atos tendentes a propor e a fazer seguir a marcha da ação em juízo.
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Tipos de ações e formas de processo
Tipo de ações
Executivo
Declarativo
- ordinário
- sumário
- sumaríssimo
- pagamento de quantia
certa
- entrega de coisa certa
- prestação de Facto
Processo
especial
Processo
comum
Processo
comum
Processo
especial
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Na ação executiva:
Disposições a ter em conta na ação executiva:
Normas próprias da acção executiva;
Normas constantes da parte geral e comum do CPC;
Na falta das normas próprias e comuns aplica-se ao processo de execução, subsidiariamente, as normas próprias da acção declarativa (art. 466º n.º 1 do CPC).
Disposições próprias da ação executiva:
Art. 45º a 60º : pressupostos específicos da ação executiva
Art. 90º a 95º : Pressupostos relativos à competência do Tribunal
Art. 801º a 943º: Tramitação das várias formas do processo executivo.
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Tipos de providências:
A) Ação declarativa: destina-se a obter a declaração da existência de um direito;
B) Ação executiva: destina-se a obter a reparação efetiva e coerciva do direito violado, direito este que já está previamente declarado.
“Dizem-se ações executivas aquelas em que o autor requer as providências adequadas à reparação efetiva do direito violado.” (Art. 4º n.º 3 CPC);
C) Procedimento cautelar: destina-se a acautelar certo direito, contra o perigo que o ameaça; é um procedimento e não uma ação porque não tem autonomia, ou seja, depende de uma ação já proposta ou que deve ser seguidamente proposta pelo requerente.
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Formas de processo comum de
declaração atendendo ao valor da causa:
Ordinário – quando o valor da causa é superior à alçada do
Tribunal da Relação: > € 30.000,00
Sumário – quando o valor da causa estiver compreendido
entre o valor da alçada do tribunal da Comarca (€ 5000,00),
e o valor da alçada do tribunal da Relação (€ 30.000,00)
inclusive. Porém, também se empregará o processo sumário
se o valor da causa for igual ou inferior a € 5.000,00 e a
ação não se destinar ao cumprimento de obrigações
pecuniárias, à indemnização por dano, à entrega de coisas
móveis e ao caso não se aplicar procedimento especial – Cf.
art.º 462º parte final do CPC.
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Formas de processo comum de declaração
atendendo ao valor da causa: (cont.)
Sumaríssimo – Se não ultrapassar o valor da alçada do
Tribunal de comarca, ou seja € 5000,00, e a ação se
destinar ao cumprimento de obrigações pecuniárias, à
indemnização por dano e à entrega de coisas móveis.
Nota: alçada é o limite de valor da ação dentro do qual
um tribunal julga sem que das suas decisões caiba recurso
ordinário.
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Procedimento Cautelar
são processos de jurisdição provisória em que o juiz profere uma decisão de caráter provisório, decisão esta que se destina a produzir efeitos até ao momento em que se forme a decisão definitiva.
pretende-se evitar o chamado “periculum in mora”, isto é, o prejuízo da demora inevitável do processo.
processo judicial instaurado como preliminar a uma ação ou na pendência desta destinada a prevenir ou afastar o perigo resultante da demora a que está sujeito o processo principal.
através de uma indagação rápida e sumária o juiz assegura-se da existência provável do direito do requerente e emite uma decisão de carácter provisório destinada a produzir efeitos até ao momento em que se forme a decisão definitiva.
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Cabe ao juiz verificar o seguinte:
se é provável que o direito do requerente exista, não se
exigindo a prova concreta da existência do direito,
bastando que haja uma probabilidade séria desse direito
existir;
se o direito do requerente corre o risco de, com a
demora da acção propriamente dita, perder o seu efeito
útil.
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Procedimento Cautelar (cont.)
Citação – noção
Nos termos do disposto no nº1 do art.º. 808º, cabe ao
agente de execução efetuar todas as diligências do
processo de execução, incluindo citações, notificação e
publicações.
“A citação é o acto através do qual se vai dar conhecimento ao
réu de que foi proposta contra ele determinada ação e se chama
ao processo para se defender. Emprega-se ainda para chamar,
pela primeira vez ao processo alguma pessoa interessada na
causa.” (Cf. Art.º. 228º n.º 1 CPC)
(Nota: a citação nunca é feita ao autor, nem pode haver duas
citações feitas na mesma pessoa, durante o mesmo processo )
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Efeitos da citação - Efeitos materiais
Efeitos materiais - são os efeitos que a citação origina a nível de direito substantivo que está em discussão na ação judicial.
E são eles os seguintes:
1. Faz cessar a boa-fé do possuidor - Cf. art.481º al. a) do C.P.C.;
Neste caso, a partir da citação, o possuidor toma conhecimento de que está a lesar direito de outrem. Se a ação vier a ser julgada procedente, a posição de possuidor de má-fé consolida-se, não apenas desde o trânsito em julgado da decisão, mas desde a data em que a citação foi efetuada.
2. Interrompe a prescrição - Cf. art.323º do C.C. A prescrição é uma forma de extinção de um direito pelo seu não
exercício por um lapso de tempo estabelecido na lei, e variável de caso para caso - Cf. Arts. 300º e segts do C.C.
3. Constitui o devedor em mora - Cf. art.º 805º do C.C.
A citação do réu constitui-o em mora nas obrigações não dependentes de prazo certo designadas por obrigações puras. Mora é sinónimo de incumprimento temporário.
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Efeitos da citação - Efeitos processuais
Efeitos processuais - são os efeitos que a citação produz ao nível da tramitação processual da ação judicial.
E são eles os seguintes:
1. Estabilizam-se os elementos essenciais da causa - Cf. Arts.º 481º al. b) e art.º 268º do C.P.C.
São elementos essenciais da causa: os sujeitos (autor/exequente e réu/executado), o pedido (pretensão formulada pelo autor/exequente), e a causa de pedir (facto concreto que serve de fundamento ao pedido).
2. O réu/executado fica inibido de propor contra o autor outra ação destinada à apreciação da mesma questão jurídica - Cf. art.º 481º do C.P.C.; Caso tal suceda verifica-se a litispendência (Cf. art.º 498º do C.P.C.
Nota: Litispendência é a situação que se verifica quando, no mesmo ou em tribunais diferentes, se encontram pendentes duas causas entre as mesmas partes e a respeito de um mesmo conflito de interesses ou da mesma relação jurídica controvertida.
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Notificação
“A notificação serve para, em quaisquer outros casos, chamar alguém a juízo ou dar
conhecimento de um facto.” (Cf. Art.º 228º n.º 2 CPC)
A notificação tanto é feita ao autor/exequente como ao réu/executado ou até a
qualquer outra pessoa, desde que para o ato não seja exigida citação.
A notificação pode ser:
para comparência: quando se pretende chamar alguém a juízo como por
exemplo as testemunhas;
para conhecimento: quando se pretende dar a conhecer a alguém um certo
ato ou facto, desde que não se exija a citação.
Atenção: as notificações incluídas na subsecção da penhora de direitos cf.
arts. 856.º e segts. do CPC, designadamente as notificações para penhora de
créditos, vencimentos, rendas e saldos bancários, são verdadeiros atos de
penhora e como tal estão excluídas das competências do empregado forense
- cf. art.º 808.º, n.º 10 do CPC.
Nota: a notificação obedece a requisitos menos rigorosos que a citação.
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Modalidades da Citação
A citação pessoal pode ser realizada das seguintes formas: (Cf. Art.º 233.º do C.P.C.)
1. Transmissão eletrónica de dados;
2. Carta registada com aviso de receção;
3. Pelo depósito da carta registada;
4. Pelo certificado da recusa do recebimento;
5. Pelo agente de execução , funcionário judicial, funcionário forense mediante contato pessoal com o citando;
6. Pelo mandatário judicial.
Citação
Pessoal
Citação
Edital
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Elementos a transmitir ao citando e
local da realização do ato de citação
A carta deve conter todos os elementos a que alude o art.º 235º, ou
seja:
Duplicado da petição inicial e cópia de todos os documentos
que a acompanham;
Comunicação de que fica citado para a ação em causa, a que o
duplicado se refere;
Indicação do juízo, vara e secção onde corre o processo, caso
este já tenha sido distribuído;
Indicação do prazo dentro do qual pode o citado oferecer a sua
defesa;
Informação sobre a necessidade de patrocínio judiciário;
Indicação das consequências da falta de oposição.
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Quanto ao lugar onde pode ocorrer a citação feita por agente de
execução, funcionário judicial ou promovida por mandatário judicial,
a regra é a de que pode efetuar-se em qualquer lugar onde seja
encontrado o destinatário do ato, designadamente, quando se trate
de pessoa singular, na sua residência ou local de trabalho, salvo as
seguintes exceções: ninguém pode ser citado dentro dos templos
ou enquanto estiver ocupado em ato de serviço público que não
deva ser interrompido - Cf. art.º 232º nº2 do CPC.
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Elementos a transmitir ao citando e local da realização do ato de citação (cont.)
Fazem parte dos elementos a transmitir ao citando o
Documento de Identificação do Agente de Execução (DIAE)
impresso pelo SISAE nos termos do art.º 808.º, n.º 11 CPC e
art.º 6.º da Portaria 331-B/2009, de 30 de Março.
No caso de citação efetuada após penhora, há ainda a
necessidade de juntar o Auto de Penhora - cf. Arts. 836.º e 864.º,
n.º 6 do CPC
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Elementos a transmitir ao citando e local da realização do ato de citação (cont.)
1. Transmissão eletrónica de dados
A citação da Fazenda Pública e da Segurança Social passa a ser obrigatoriamente feita através da plataforma SISAE/GPESE, através dos modelos ali constantes.
A citação da Fazenda Pública e da Segurança Social (assim como a dos demais credores) só deve ser feita após a realização da última penhora, ou seja,
Após a realização da penhora de todos os bens encontrados suscetíveis de penhora, caso não sejam suficientes para a garantia do crédito exequendo acrescido dos valores a acautelar pela venda dos mesmos, ou
Após a realização da penhora de bens suficientes para a garantia do crédito exequendo acrescido dos valores a acautelar pela venda dos mesmos, tendo em consideração os artigos 834.º e 835.º do CPC.
Nota: as citações de credores públicos por via eletrónica são feitas em todos os processos, mesmos os anteriores a Março de 2009, conforme resulta do nº 2 do artigo 14º da Portaria 331-A/2009.
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2. Carta registada com aviso de receção
A citação por via postal registada obedece aos formalismos previstos
no art.º 236º do C.P.C;
Esta tem de ser feita por carta registada com aviso de receção (cf. 236º
nº1), de modelo oficialmente aprovado, dirigida ao citando e endereçada
para a sua residência ou local de trabalho ou, tratando-se de pessoa
coletiva ou sociedade, para a respetiva sede ou para o local onde
funciona normalmente a administração;
A carta deve conter todos os elementos a que alude o art.º235º;
A carta deve ainda mencionar a advertência, dirigida ao terceiro que
eventualmente a receba, de que a sua não entrega ao citando, logo que
possível, o fará incorrer em responsabilidade, em termos equiparados aos
da litigância de má fé, cujas consequências se encontram previstas nos
artsº 456º e 457º do C.P.C.
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2. Carta registada com aviso de receção (cont.)
Tratando-se de pessoa singular a carta pode ser entregue, após a
assinatura do aviso de receção, ao citando ou a qualquer pessoa que se
encontre na sua residência ou local de trabalho e que declare encontrar-
se em condições de a entregar prontamente ao citando; Antes da
assinatura do aviso de receção, o distribuidor do serviço postal procede à
identificação do citando ou do terceiro a quem a carta seja entregue,
anotando os elementos constantes do bilhete de identidade ou de
qualquer outro documento oficial que permita a identificação. Quando a
carta seja entregue a terceiro, cabe ao distribuidor do serviço postal
adverti-lo expressamente do dever de pronta entrega ao citando.
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Se o citando ou qualquer das pessoas que se encontrem na sua residência ou local de trabalho recusar a assinatura do aviso de receção ou o recebimento da carta, o distribuidor do serviço postal lavra nota do incidente, antes de a devolver, e considera-se frustrada a citação por via postal. Neste caso, deverá proceder-se à citação nos termos do art.º 239º do CPC, ou seja, através de agente de execução ou funcionário judicial.
Caso não seja possível a entrega da carta, será deixado aviso ao destinatário, identificando-se o tribunal de onde provém e o processo a que respeita, indicando-se os motivos da impossibilidade da entrega e permanecendo a carta durante 8 dias à sua disposição em estabelecimento postal devidamente identificado. Se o citando levantar a carta, o mesmo ficará citado; caso a carta não seja levantada, a citação não se efetuou, pelo que se deverá proceder à citação nos termos do art.º 239º do CPC., ou seja, através de agente de execução.
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2. Carta registada com aviso de receção (cont.)
Quanto à citação por via postal de pessoa coletiva ou sociedade na
sede ou local onde normalmente funciona a administração, por aí não se
encontrar nem o representante legal nem empregado ao seu serviço, o
art.º 237º do CPC. estabelece a possibilidade de a citação ser efetuada
ao representante da mesma, mediante carta registada com aviso de
receção a enviar para a sua residência ou local de trabalho, nos termos
previstos no art.º 236º do CPC.
A citação postal registada efetuada ao abrigo do art.º 236º considera-se feita no
dia em que se mostrar assinado o aviso de receção e tem-se por efetuada na
própria pessoa do citando, mesmo quando o aviso de receção haja sido assinado
por terceiro, presumindo-se, salvo demonstração em contrário, que a carta foi
oportunamente entregue ao destinatário - Cf. art.º 238º nº1
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2. Carta registada com aviso de receção (cont.)
3. Depósito da carta registada
O art.º 237º-A regulamenta a citação nos casos em que haja domicílio
convencionado.
Nos termos do disposto no art.º. 237º-A nº4 do CPC, pode acontecer que a
carta registada de citação seja devolvida por o destinatário não ter procedido, no
prazo legal, ao seu levantamento no estabelecimento postal, ou ter o aviso de
receção ou o recebimento da carta sido recusado por pessoa diversa do citando
(Cf. art.º 236º nº2 do CPC).
Nestes casos é repetida a citação, enviando-se nova carta registada com aviso de
receção ao citando e advertindo-o das consequências previstas no nº2 do art.º
238º do CPC, ou seja, neste caso será deixada a própria carta, de modelo oficial,
contendo cópia de todos os elementos referidos no art.º 235º do CPC, bem
como a advertência de que a citação se considera efetuada na data certificada
pelo distribuidor postal, presumindo-se que o destinatário teve oportuno
conhecimento dos elementos que lhe foram deixados – cf. art.º 237º-A nº5 do
CPC - devendo o distribuidor do serviço postal certificar a data e o local exato
em que depositou o expediente e remeter de imediato a certidão ao tribunal.
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Assim, nos termos do art.º 237º-A nº5 do CPC, a citação considera-
-se efetuada:
– ou na data certificada pelo distribuidor do serviço postal;
– ou, no caso de ter sido deixado o aviso (por não ter sido
possível o seu depósito), no 8º dia posterior a essa data - Cf.
art.º 238º nº2 do CPC.
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3. Depósito da carta registada
(cont.)
4. Citação pelo certificado da recusa de
recebimento
Ainda no âmbito do art.º 237º-A do CPC é possível proceder-se à
citação pessoal – cf. Art.º 233.º n.º 2 al. B) 2.ª parte do CPC.
Nos termos do disposto no nº 3 do citado art.º 237º-A do CPC,
quando o citando recuse a assinatura do aviso de receção ou o
recebimento da carta, o distribuidor postal deve lavrar nota do
incidente, antes de a devolver e a citação considera-se efetuada
face à certificação da ocorrência
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5. Citação por contato pessoal com o
citando
A citação é efectuada mediante contacto pessoal do agente de
execução, quando se tenha frustrado a citação por via postal – cf.
Art.º 239.º n.º 1 do CPC.
O Agente de execução elabora obrigatoriamente dois documentos:
Certidão de citação do ato de entrega da nota de citação
ao citando, destinada a ser assinada por este e pelo agente de
execução, a qual será depois entregue na secretaria do tribunal, e
que comprova a citação efetuada;
Nota de citação onde se especificará os elementos
constantes do art.º 235º e destinada a ser entregue ao citando,
juntamente com cópia da petição inicial e documentos que a
acompanham.
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Caso o citando se recuse a assinar a certidão ou a receber o
duplicado, o agente de execução dá-lhe conhecimento de que o
mesmo fica à sua disposição na secretaria judicial, mencionando tais
ocorrências na certidão do ato.
A citação considera-se efetuada neste preciso momento.
Nesta situação, a secretaria notifica ainda o citado enviando-lhe
carta registada com a indicação de que o duplicado ali se encontra
à sua disposição – cf. Art.º 239.º n.º 5 do CPC.
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5. Citação por contato pessoal com o citando (cont.)
Citação com hora certa
Se, das diligências efetuadas pelo agente de execução ou funcionário judicial, resultar que a citação não foi possível de realizar, por não ter sido encontrado o citando, mas tenha sido confirmado que o citando reside ou trabalha efetivamente no local indicado, deverá ser deixada nota com indicação de hora certa para a realização da diligência na pessoa encontrada que estiver em melhores condições de a transmitir ao citando. Se nenhuma pessoa estiver nestas circunstâncias, deverá ser afixado o respectivo aviso no local mais indicado – cf. art.º 240º nº1 do CPC;
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No dia e hora designados, uma de três situações podem ocorrer:
1. o agente de execução ou funcionário encontra o citando e efetua a citação na sua pessoa;
2. ou o citando não é encontrado e, neste caso, a citação é efetuada na pessoa capaz que esteja em melhores condições de a transmitir ao citando, a qual é incumbida de comunicar o ato ao destinatário, devendo igualmente assinar a certidão de citação.
3. não se encontrando o citando nem sendo possível obter a colaboração de terceiros, a citação é efetuada mediante afixação, no local mais indicado e na presença de duas testemunhas, da nota de citação, com indicação dos elementos referidos no art.º 235º do CPC, declarando-se que o duplicado e os documentos anexos ficam à disposição do citando na secretaria judicial - cf. art.º 240º nº2 e 4 do CPC.
A citação considera-se efetuada no momento da afixação da nota de citação.
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Citação com hora certa (cont.)
Segundo o disposto no nº6 do art.º 240º do CPC, considera-se pessoal a citação efetuada nos termos dos nº2 e 3 do mesmo artigo.
E neste caso, será ainda enviada, pelo agente de execução, no prazo de dois dias úteis, carta registada ao citando, comunicando-lhe a data e o modo por que o ato se considera realizado, o prazo para o oferecimento da contestação e as cominações aplicáveis à falta desta, o destino dado ao duplicado e a identidade da pessoa em quem a citação foi realizada - cf. art.º 241º do CPC.
Aquele que viva em economia comum com o citando e tenha recebido a citação, deve ser advertido de que a sua não entrega logo que possível ao citando dos elementos deixados, constitui a prática de crime de desobediência - cf. art.º 240º n.º 5 do CPC.
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Citação com hora certa (cont.)
Citação promovida pelo mandatário
judicial.
A citação pode ainda ser promovida por mandatário
judicial; Nestes casos a mesma deverá obedecer às
formalidades previstas nos artigos 245º e 246º do C.P.C.
Com vista a prevenir uma eventual demora na realização da
citação, os mandatários judiciais podem requerer logo na
petição inicial o recurso a esta modalidade de citação ou,
reagindo a uma demora na citação, podem requerer que a
citação se faça por seu intermédio.
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Citação Edital
A citação edital é aquela que tem lugar nos casos do art.º 233º nº6 do
CPC, portanto, quando o citando se encontre em parte incerta ou
quando sejam incertas as pessoas a citar.
Neste caso, a secretaria deve começar por diligenciar no sentido de
obter informação sobre o último paradeiro ou residência conhecida
junto de quaisquer entidades ou serviços, designadamente, mediante
prévio despacho do juiz, nas bases de dados dos serviços de identificação
civil, da segurança social, da Direcção-Geral dos Impostos e da Direcção-
Geral de Viação e, a fim de habilitar o juiz a decidir da necessidade de
realização da citação edital, junto das autoridades policiais, quando o
considere absolutamente indispensável - cf. art.º 244º nº1 do CPC.
A citação edital faz-se pela afixação de editais e publicação de anúncios,
nos termos do disposto nos artigos 248º e 249º do CPC, considerando-
se a citação efetuada no dia em que se publique o último anúncio, nos
termos do disposto no art.º 250º nº1 do CPC, devendo o edital e os
anúncios serem juntos ao processo –cf. art.º 252º do CPC.
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•A publicação de anúncios só é efetuada pelo agente de execução no
âmbito do processo executivo, por força do disposto no nº1 do art.º
808º do CPC.
• No processo declarativo, a publicação dos anúncios será efetuada pelo
próprio autor, por força do disposto no nº5 do art.º 248º.
•A citação edital por incerteza das pessoas, faz-se nos termos do
disposto no art.º 251º do CPC.
• No âmbito da ação executiva só é possível citar editalmente o
executado – cf. Art.º 864.º n.º 1 do CPC.
• A citação edital considera-se efetuada no dia em que se publique o
último anúncio, devendo o edital e os anúncios ser juntos ao processo.
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Citação Edital (cont.)
Citação efetuada por empregado forense
O agente de execução pode, sob sua responsabilidade, promover a
citação por um seu empregado credenciado pela Câmara dos
Solicitadores, nos termos do disposto no nº 4 do art. 161º do CPC.
Se a citação for promovida por empregado forense do agente de
execução, a mesma só será válida se o citando assinar a certidão, que
o agente de execução posteriormente também tem que assinar.
Assim, nestas circunstâncias, não pode a citação considerar-se
efetuada quando a certidão seja assinada por terceiro, ou quando o
citando recuse assiná-la.
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Citação efetuada por empregado forense
A citação efetuada nos termos do art.º 240.º CPC também pode ser
promovida por empregado forense desde que o citando ou terceira
pessoa assine a certidão de citação que o agente de execução
posteriormente também assina (art.º 239.º, n.º 6 e 7 ex vi art.º 240, n.º
3, CPC). Fora destas situações, a citação, designadamente aquela que
ocorre por afixação de nota de citação, só é válida se promovida pelo
agente de execução.
O cumprimento do disposto no art.º 241.º só é da competência do
agente de execução quando diga respeito a citação promovida no
âmbito da ação executiva. No âmbito da ação declarativa, a
comunicação efetuada nos termos do art.º 241.º do CPC é da
competência da secretaria.
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Prazos / dilações
Regra da continuidade dos prazos - cf. Art.º 144.º do C.P.C.;
Modalidades de prazo - cf. Art.º 145.º do C.P.C.;
Dilações – quanto às citações - cf. Art.º 252.º-A. do C.P.C.;
- dilação consiste num acréscimo de um prazo ou a atribuição de um
prazo suplementar;
- a dilação pode ser de 5, 15 ou 30 dias consoante os casos -Vide Art.º
252.º-A. do C.P.C.;
- nos procedimentos cautelares, seja qual for a situação, a dilação não
pode exceder os 10 dias -Vide Art.º 385-º do C.P.C.;
- nas ações para o cumprimento de obrigações pecuniárias (DL n.º
269/98, de 1 de Setembro) não existe qualquer dilação;
- nas ações tramitadas de acordo com o DL 108/2006, de 8 de Junho
(Regime processual Civil Experimental), há lugar à dilação.
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Citação - quando? onde? e quem? Quando se praticam os atos – cf. Art.º 143.º C.P.C.
Regra geral, não se praticam atos processuais nos dias em que os
tribunais se encontrem encerrados nem durante o período de férias
judiciais. Excetuam-se as citações, as notificações e os atos destinados a
evitar dano irreparável - vide n.º 2 do 143.º C.P.C.
Onde? as citações e as notificações podem efetuar-se em qualquer lugar
onde seja encontrado o destinatário do ato, designadamente, quando se
trate de pessoas singulares, na sua residência ou local de trabalho - vide
n.º 1 do 232.º C.P.C.
Ninguém pode ser citado ou notificado dentro dos templos ou enquanto
estiver ocupado em ato de serviço público que não deva ser
interrompido. Vide n.º 2
Quem pode ser citado? Só pode ser citado quem tiver personalidade
judiciária que consiste na suscetibilidade de ser parte – n.º 1 do art.º 5.º
do CPC) isto é, na suscetibilidade de estar, por si, em juízo - n.º 1 do
art.º 9 do CPC)
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Consequências da falta ou nulidade da citação
A falta de citação verifica-se nos casos indicados no art.º 195.º do
CPC
De acordo com o disposto no art.º 194.º do CPC é nulo tudo tudo
o que se processe depois da petição inicial, salvando-se apenas esta:
-Quando o réu não tenha sido citado;
-Quando não tenha sido citado, logo no início do processo, o
Ministério Público, nos casos em que deva intervir como parte
principal.
Sem prejuízo do disposto no art.º 195.º do CPC, é nula a citação
quando não hajam sido, na sua realização, observados as formalidades
prescritas na lei – vide art.º 198.º do CPC
ver ainda arts.º 771.º e) (recurso de revisão), 814.º, n.º 1, al. d), 864.º,
n.º 11, 909.º, n.º 1, alíneas a) e b) e 921.º CPC.
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Notificação judicial avulsa
A notificação judicial avulsa é um processo usado para uma pessoa, comunicar a outra certo facto, através do tribunal.
É requerida ao tribunal, sendo feita na própria pessoa do notificando, a quem é entregue duplicado do requerimento e facultada a leitura dos documentos que acompanham aquele.
A notificação avulsa não é um meio de fazer valer direitos, pois estes só podem ser defendidos nas ações competentes - cf. art.º 262 nº1 do C.P.C.
Não é admissível qualquer oposição à notificação avulsa.
O tribunal competente é o da área de residência da pessoa a notificar – cf. Art.º 84.º do CPC,
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Pressupostos processuais gerais ou
comuns à ação declarativa e executiva:
a) Personalidade judiciária;
b) Capacidade judiciária;
c) Legitimidade;
d) Patrocínio judiciário;
e) Competência do tribunal;
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Pressupostos processuais gerais:
a) Personalidade judiciária;
b) Capacidade judiciária;
c) Legitimidade;
d) Patrocínio judiciário;
e) Competência do tribunal;
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Pressupostos processuais específicos
da ação executiva
Pressupostos processuais específicos
da ação executiva:
a) Título executivo;
b) Certeza;
c) Exigibilidade ;
d) Liquidez.
42
Título executivo
É o documento ao qual a lei confere força jurídica necessária para
que o titular do direito possa pedir em juízo as providências
adequadas à realização efetiva e coerciva do direito.
O título executivo é condição necessária e suficiente da ação
executiva.
condição necessária porque não há execução sem título, devendo
este ou a sua cópia acompanhar sempre o requerimento inicial.
condição suficiente porque a existência do título dispensa
qualquer averiguação prévia sobre a existência efetiva do direito
ou a sua subsistência no momento em que a execução é
proposta.
43
a) As sentenças condenatórias;
b) Os documentos elaborados ou autenticados, por notário ou por
outras entidades ou profissionais com competência para tal, que
importem constituição ou reconhecimento de qualquer
obrigação;
c) Os documentos particulares;
d) Títulos executivos especiais.
Cf. art.º 46º CPC
Juros: consideram-se abrangidos pelo título executivo os juros de
mora, à taxa legal, da obrigação dele constante.
44
Espécies de títulos executivos
Ação executiva para pagamento de
quantia certa
Ação executiva para pagamento de quantia certa pode comportar
sete fases a saber:
1º A fase inicial ou introdutória;
2º A fase da oposição à execução;
3º A fase da penhora;
4º A fase da convocação dos credores;
5º A venda executiva;
6º O pagamento aos credores;
7º A extinção da ação executiva.
45
Ação executiva para pagamento de
quantia certa
Nota:
a) rigorosamente, a fase da oposição à execução e a fase do
concurso de credores não são fases da ação executiva
propriamente dita, por revestirem uma natureza essencialmente
declarativa;
b) no processo executivo não existe uma sucessão de fases
estanques e perfeitamente definidas entre si;
c) a fase da penhora comporta um eventual procedimento de
natureza declarativa que é o incidente de embargos de terceiro.
46
A fase inicial ou introdutória
O requerimento inicial e os documentos que o acompanhem devem
ser apresentados ao tribunal por via eletrónica e enviados pelo
mesmo meio ao agente de execução designado, nos termos e de
acordo com o modelo referido da portaria n.º 114/2008, de 6 de
Fevereiro, não havendo lugar à autuação da execução - cfr. Art.º 810.º,
n.º 7 do CPC.
A ação executiva considera-se proposta logo que seja recebida na
secretaria o respetivo requerimento inicial - cfr. Art.º 267º nº1) do
CPC.
Apresentado o requerimento inicial, segue-se a sua distribuição, não
havendo lugar à sua autuação. Porém, não há lugar à distribuição
quando a execução corre por apenso ao processo declarativo onde a
sentença foi proferida.
47
A fase inicial ou introdutória (cont.)
Requisitos do requerimento executivo – cfr. Art.º 810.º do CPC;
A análise do requerimento executivo é efetuado pelo Agente de
Execução o qual poderá aceitar ou recusar o requerimento quando
não conste do modelo aprovado, omita alguns dos requisitos
obrigatórios previstos no nº1 do art.º. 810º, quando não seja
apresentada a cópia ou o título executivo ou seja manifesta a
insuficiência do título apresentado, ou se verifique a omissão prevista
nas alíneas f, g e h do n.º 1 do art.º. 474.º - cfr. art.º. 811º nº1 do CPC;
Quando o agente de execução recuse o recebimento do
requerimento executivo com os fundamentos acima expostos, pode o
exequente reclamar de tal recusa para o juiz, decidindo este se essa
recusa deve ou não ser mantida.
48
A decisão do juiz nesta matéria é irrecorrível, salvo quando se funde na insuficiência do título ou na falta de exposição dos factos. Nestes casos, por a recusa ter como fundamento questões de natureza jurídica de particular importância, entende-se que se justifica a possibilidade de recurso para o tribunal hierarquicamente superior, e desde que o valor da causa o permita - Cfr. art.º 678º do CPC.
Quando o agente de execução recusa o recebimento da ação, ou quando esta recusa é confirmada por decisão judicial, a lei confere ao exequente a possibilidade de apresentar novo requerimento executivo, com a falta devidamente corrigida, no prazo de 10 dias a contar da recusa ou da notificação da decisão judicial que a confirma, considerando-se neste caso como data de entrada da execução a data em que o primeiro requerimento tenha sido apresentado em juízo (Cfr. art. 811º nº3).
49
A fase inicial ou introdutória (cont.)
Cabe ao agente de execução designado, depois do recebimento do
requerimento inicial, identificar os casos em que o processo deve
ser concluso ao juiz para despacho, e aqueles em que tal despacho
é dispensado, iniciando-se então a intervenção do agente de
execução no processo para penhora imediata de bens ou citação
prévia do executado.
Importa, assim, distinguir três situações possíveis:
– ou o juiz profere despacho liminar (de citação, aperfeiçoamento
ou indeferimento liminar),
– ou não há lugar a este despacho, mas o executado deve ser
previamente citado em relação ao ato de penhora de bens,
sendo-o oficiosamente pelo agente de execução, sem
necessidade de despacho do juiz neste sentido,
– ou a penhora é efetuada sem que o executado seja citado.
50
A fase inicial ou introdutória (cont.)
A natureza do título executivo, o valor da execução, a natureza
do bem a penhorar e a prévia notificação judicial avulsa do
executado constituem fatores que, em regra, dispensam o
despacho liminar e a citação prévia do executado, dando lugar à
imediata penhora de bens.
51
A fase inicial ou introdutória (cont.)
A regra geral é a da realização da penhora sem necessidade de prévio
despacho judicial, quando a execução se funda em sentença ou
requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a
fórmula executória, documento exarado ou autenticado por
notário, ou documento particular com reconhecimento
presencial da assinatura do devedor desde que: - O montante
da dívida não exceda a alçada do tribunal da relação e seja
apresentado documento comprovativo da interpelação do devedor,
quando tal se mostre necessário ao vencimento da obrigação; -
Excedendo o montante da dívida a alçada da relação, o exequente
mostre ter exigido o cumprimento por notificação judicial avulsa; Em
qualquer título de obrigação pecuniária vencida de montante
não superior à alçada do tribunal da Relação, desde que a
penhora não recaia sobre estabelecimento comercial, direito
real menor que sobre eles incida ou quinhão em património
que os inclua.
52
A fase inicial ou introdutória (cont.)
Pode, além disso, o juiz dispensar a citação prévia do executado
quando se justifique o receio da perda da garantia patrimonial do
crédito, o que, com economia processual, permite enxertar na
execução um juízo de natureza cautelar.
Em todos os casos agora indicados a execução começa pela
penhora de bens sem prejuízo de o agente de execução dever
suscitar a intervenção do juiz nas situações em que é admissível o
indeferimento liminar ou despacho de aperfeiçoamento.
53
A fase inicial ou introdutória (cont.)
Consultas prévias ou iniciais
Registo informático de execuções;
Base de dados da Segurança Social;
Instituto de Registos e Notariado: registo automóvel,
registo civil, registo predial, registo comercial e registo
Nacional de Pessoas Coletivas
Finanças;
Caixa Geral de Aposentações
54
A fase da oposição à execução
A oposição do executado constitui uma verdadeira ação declarativa, que corre por apenso ao processo executivo. destina-se a extinguir a execução mediante:
- o reconhecimento da inexistência da obrigação exequenda, por existir desconformidade entre o título e a obrigação que o mesmo consubstancia;
- ou a alegação da falta de um pressuposto processual específico ou geral da ação executiva, e que se traduz na alegação de um vício processual.
A oposição à execução consiste numa verdadeira ação declarativa estruturalmente autónoma da ação executiva, estando porém instrumental e funcionalmente ligada a ela.
E é uma contra-acção do executado à ação executiva movida pelo exequente, através da qual aquele pretende impedir a produção dos efeitos do título ou destruir os seus efeitos suscitando assim a intervenção do juiz na apreciação da relação material controvertida.
55
A fase da oposição à execução -
fundamentos os fundamentos da oposição variam consoante a
espécie de título que está subjacente à execução.
A lei distingue os casos em que:
o título executivo é uma decisão judicial proferida por um tribunal permanente ou requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória - cfr. art.º 814º do CPC – sistema restrito de fundamentos;
o título é uma sentença proferida por um tribunal arbitral - cfr. art.º 815º do CPC - sistema intermédio de fundamentos;
os casos em que a execução se baseia em título diverso de decisão judicial - cfr. art.º 816º - títulos extrajudiciais - sistema amplo de fundamentos.
56
Prazo para a oposição à execução – art.º 813 do CPC
Nos termos do disposto no art.º 813º nº1 do C.P.C., a oposição deve ser
deduzida no prazo de 20 dias a contar da citação, seja esta efetuada antes ou
depois da penhora.
Assim, uma de duas situações se podem verificar:
- o executado é citado antes da realização da penhora, e neste caso é citado
para, no prazo de 20 dias, pagar ou opor-se à penhora - cfr. art.º 812º-E nº5.
E será no prazo de 20 dias a contar dessa citação que o executado deverá
opor-se à execução;
ou a penhora é previamente efetuada, e só depois da sua concretização é o
executado citado para, no prazo de 20 dias, opor-se à execução - cfr. art.º
813º nº1.
Por força do nº2 do art.º 813º, quando a penhora tenha sido realizada antes
da citação do executado, e quando este pretenda deduzir oposição à
execução e à penhora efetuada com os fundamentos previstos no art.º
863º-A, deve o executado cumular na mesma peça processual a oposição à
penhora e a oposição à execução, o que se justifica em obediência ao
princípio da economia e da celeridade processual.
57
Oposição à execução - efeitos
O efeito do recebimento da oposição à execução é diferente,
consoante tenha ou não havido citação prévia do executado - vide
art.º 818º do CPC.
Se o executado tiver sido previamente citado, resulta do art.º 818º
nº1 que a oposição que deduza contra a execução não tem efeito
suspensivo, salvo se o opoente prestar caução ou se o juiz
entender que deve ordenar a suspensão, atendendo aos motivos
invocados; Caso contrário, se o executado não tiver sido
previamente citado, significa que a execução se iniciou com a
penhora dos seus bens. Neste caso, a oposição que o executado
deduza tem efeito suspensivo da execução, pois neste caso a
penhora já efetuada garantirá, à partida, a quantia exequenda - sem
prejuízo do reforço ou da substituição da penhora - Cfr. art.º 818º
nº2 do CPC
58
Oposição à execução – efeitos (cont.)
De acordo com o disposto no art.º 817º nº4, a procedência da
oposição extingue a execução, no todo ou em parte.
Da sentença que conhecer do mérito da oposição à execução cabe
recurso de apelação - cfr. art.º 922º e art.º 691º nº1 do CPC.
59
A fase da penhora
a penhora é o ato executivo através do qual se apreendem os bens
a ele sujeitos, privando-se o executado do pleno exercício dos
poderes sobre esses bens, a fim de os mesmos satisfazerem o
direito do exequente, através da venda desses bens, da adjudicação
ou da consignação de rendimentos.
A função da penhora é a de:
– especificar e determinar os bens ou direitos que serão
apreendidos, para que possam mais tarde ser transmitidos para
outrem;
– conservar os bens apreendidos, impedindo que possam ser
ocultados, deteriorados, onerados ou alienados, em prejuízo do
exequente.
60
A fase da penhora (cont.)
Nos termos do disposto no art.º 821º do C.P.C., estão sujeitos à
execução todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos
termos da lei substantiva, respondem pela dívida exequenda e, nos
casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de
terceiros, desde que a execução tenha sido movida contra eles.
Por outro lado, a penhora deve limitar-se aos bens necessários ao
pagamento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da execução
- cfr. art.º 821º nº3 do CPC.
Contudo o nosso ordenamento jurídico contempla uma série de
exceções à regra da exequibilidade de todo o património do devedor.
Estas exceções destinam-se a proteger certos bens da penhorabilidade
na ação executiva, bens esses que a lei entende preservar por
representarem valores que prevalecem sobre o direito do credor.
A impenhorabilidade de certos bens provem da lei substantiva ou da
lei processual.
61
A fase da penhora - oposição à
penhora
O art.º 863.º A do CPC enuncia como fundamentos de oposição à penhora de bens pertencentes ao executado, a “inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão com que ela foi realizada”, “a imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida exequenda, a “ incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida(…), não deviam ter sido atingidos pela diligência, já quando a oposição se fundamente na existência de patrimónios separados, o executado deve indicar logo os bens integrados no património autónomo “que tenha em seu poder e estejam sujeitos à penhora”.
De acordo com o art.º 863.º-B do CPC, a oposição é apresentada no prazo de 20 dias contados da citação, “quando esta é efetuada após a penhora”, ou no prazo de 10 dias a contar da notificação da penhora, quando a citação a anteceda”.
62
A fase da convocação dos credores
Os arts.º 864º e ss. do CPC regulamentam a forma como é efetuada
a citação do executado e como se processa o chamamento do
cônjuge e dos credores do executado que detenham garantias reais
sobre os bens penhorados.
No esquema da nossa lei processual civil, só são convocados os
credores que gozam de garantia real sobre os bens penhorados - cfr.
art.º 864º nº3 al. b e 865º nº1.
Uma vez que a penhora será, normalmente, seguida da transmissão
dos direitos do executado, livres de todos os direitos reais de
garantia que o limitam - cfr. art.º 824º nº2 do Código Civil - os
credores veem ao processo, não tanto para fazerem valer os seus
direitos de crédito e obterem o pagamento, mas sim para fazerem
valer os seus direitos de garantia sobre os bens penhorados.
Reclamação de créditos – cf. Art.º 865.º do CPC.
63
A verificação e graduação dos créditos
O concurso de credores é processado por apenso ao processo de
execução - cfr. art.º 865º nº8 do CPC.
Trata-se de mais um processo declarativo de estrutura autónoma,
mas funcionalmente subordinado ao processo executivo.
A ação de verificação e graduação de créditos comporta as
seguintes fases:
1. os articulados;
2. a verificação dos créditos;
3. a graduação dos créditos.
A convocação destes credores é feita nos autos do processo
executivo, e só com as reclamações é que tem inicio o apenso da
ação declarativa.
Cabe ao Juiz verificar e graduar os créditos - cf. Art.º 868.º do CPC.
64
A venda executiva
Depois de findo o prazo para a reclamação de créditos, a execução
prossegue, sem prejuízo de correr paralelamente ao apenso de
verificação e graduação - cfr. art.º 873º nº1 do CPC.
Pode assim acontecer que, a par do apenso de verificação e
graduação de créditos, decorram as fases subsequentes da
execução, nomeadamente, a venda dos bens penhorados.
E será com o produto da venda dos bens penhorados que se
efetuará o pagamento da obrigação exequenda e das verificadas no
apenso de verificação e graduação.
65
A venda executiva (cont.)
O art. 886º nº1 prevê quais as modalidades que a venda pode
revestir e que são:
a) venda mediante proposta em carta fechada;
b) venda em bolsas de capitais ou mercadorias;
c) venda direta a pessoas ou entidades que tenham direito a
adquirir os bens;
d) venda por negociação particular;
e) venda em estabelecimento de leilão;
f) venda em depósito público ou equiparado;
g) venda em leilão eletrónico.
66
A venda executiva (cont.)
A forma de venda que constitui a regra no que respeita aos bens
imóveis é a venda por proposta em carta fechada, sendo as demais
formas subsidiárias ou excecionais e que apenas são admissíveis em
determinadas circunstâncias - cf. art.º 889º nº1 e art.º 895º nº2 do
CPC.
A decisão sobre a venda cabe ao agente de execução, ouvidos o
exequente, o executado e os credores com garantia real sobre os
bens a vender, devendo a decisão ter como objeto as seguintes
questões - cf. art.º 886º-A nº1 e 2:
1. A modalidade da venda;
2. O valor base dos bens a vender;
3. A eventual formação de lotes, com vista à venda em conjunto
dos bens penhorados.
67
O valor base dos bens imóveis é, nos termos do n.º3 do art.º 886.º-A:
a) a) Igual ao seu valor patrimonial tributário, nos termos de avaliação
efetuada à menos de 3 anos;
b) b) Igual ao seu valor de mercado, nos restantes casos
Em relação aos bens não referidos no número anterior, o agente de
execução fixa o seu valor de base de acordo com o valor de mercado,
podendo promover as diligências necessárias à determinação desse
valor, se o achar vantajoso ou algum dos interessados o pretenda.
A sua decisão deve ser notificada ao exequente, executado e aos
credores reclamantes de créditos com garantia sobre os bens a vender.
Se algum deles discordar da decisão, cabe ao juiz decidir, sem
possibilidade de recurso da decisão que o mesmo venha a tomar - cf.
art.º 886º-A nº6 do CPC.
68
A venda executiva (cont.)
O pagamento aos credores –
a adjudicação
Nem sempre a venda é necessária para se atingir o fim último da
execução, ou seja, o pagamento ao exequente.
De acordo com o disposto no art.º 872.º do CPC, há outras
formas de se conseguir o mesmo fim através da adjudicação de
bens, da consignação de rendimentos e do pagamento a prestações.
A adjudicação consiste na possibilidade que o exequente e os
credores reclamantes têm de pedir que, dos bens penhorados não
compreendidos nos arts.º 902º e 903º, lhes sejam adjudicados os
que forem suficientes para o seu pagamento.
69
O pagamento aos credores –
a adjudicação (cont.)
A adjudicação funciona para o credor/exequente como uma
espécie de dação em pagamento (art.º 837 do CC) e portanto
exige-se o acordo do interessado a quem os bens são adjudicados,
mas sujeita a um regime especial decorrente do disposto nos art.
875º , 876º, 877º e 878º do CPC.
A adjudicação de bens é, enquanto forma de pagamento do
exequente e dos credores reclamantes, uma venda executiva, uma
vez que o requerimento de adjudicação pode dar origem a um
específico tipo de venda, mediante proposta em carta fechada, de
preço superior ao oferecido pelo requerente - vide art.º 876º do
CPC.
70
O pagamento aos credores –
consignação de rendimentos
A consignação de rendimentos só pode ter lugar enquanto os bens
penhorados não tiverem sido vendidos ou adjudicados e quando se
trate de imóveis, móveis sujeitos a registo ou títulos de crédito
nominativos - cf. art.º 879º nº1 e 881º nº3 do CPC, e deve ser
requerida pelo exequente - e não por credor reclamante - ao agente
de execução, sendo diferida desde que o executado não requeira a
venda – cf. art.º 879º nº1 e 2 do CPC.
a consignação de rendimentos de imóveis ou móveis sujeitos a
registo visa colocar o exequente na posição de beneficiário das
rendas provenientes da locação daqueles bens – vide art.º 880º nº1 e
2), como também de prestações pecuniárias convencionadas pagas
por titular de direito real de gozo menor, como acontece com o
usufrutuário - vide art.º 1440º e 1445º do Código Civil
71
O pagamento aos credores –
consignação de rendimentos (cont.)
Se os bens penhorados produzirem rendimentos, são estes
entregues ao exequente, que fica na posição jurídica de locador,
embora com poderes limitados - cf. art.º 880º nº4 CPC
Quando diferida, a consignação origina a extinção da execução, de
acordo com o art.º 881º nº1, salvaguardada a possibilidade de os
credores a pretenderem fazer renascer, nos termos do art.º 920º
nº2 prosseguindo a execução que estava na eminência de se
extinguir.
Quando a consignação de rendimentos seja diferida antes de iniciada
a fase de convocação de credores, esta não se realiza – cf. art.º 879º
nº3 do CPC - dado que os bens não são transmitidos.
72
O pagamento aos credores –
pagamento em prestações
É admissível o pagamento em prestações da dívida exequenda, nos
termos do disposto nos artigos 882º a 885º do CPC.
Necessário é que o exequente e o executado, até transmissão do
bem penhorado ou, no caso de venda mediante proposta em carta
fechada, até à aceitação da proposta apresentada, manifestem o seu
acordo mediante um plano de pagamento e requeiram ao agente
de execução a suspensão da instância executiva
Salvo convenção em contrário e sem prejuízo da constituição de
outras garantias, a penhora já realizada mantém-se até integral
pagamento vide art.º 883º do CPC
73
O pagamento aos credores –
pagamento em prestações (cont.)
Perante a falta de pagamento de qualquer das prestações acordadas,
pode desde logo o exequente requerer o prosseguimento da
execução - vide art.º 884º do CPC, mas a partir da admissão da
reclamação de créditos - art.º 866º nº1CPC, ou da reclamação de
crédito garantido por penhora posterior sobre os mesmos bens -
art.º 871ºCPC - há que atender também ao interesse dos credores
reclamantes.
Assim, o art.º 885º nº1 confere ao credor admitido cujo crédito
esteja vencido, o direito de prosseguir com a execução para
satisfação dos seus créditos – cf. art.º 885º nº1 do CPC.
74
A extinção da execução
Normalmente a execução extingue-se através do pagamento coercivo
mas também se pode extinguir por causas diferentes. Por exemplo,
pode extinguir-se por qualquer outra causa prevista na lei civil como a
dação em cumprimento, consignação em depósito, compensação,
confusão, etc.
Ocorrida extrajudicialmente a extinção da execução, porque por
exemplo o executado procede ao pagamento diretamente ao
exequente, é junto ao processo documento que a comprove,
procedendo-se depois à liquidação da responsabilidade do executado,
nomeadamente quanto a custas e a subsequente extinção da execução.
Se o pagamento for efetuado diretamente ao agente de execução,
deverá este proceder ao depósito dessa quantia à ordem da secretaria
ou na conta cliente, consoante o caso.
O agente de execução deverá elaborar nota de despesas e honorários
para serem levados em consideração na liquidação final.
75
A extinção da execução (cont.)
A execução pode ainda extinguir-se:
– Se a sentença que serve de título à execução for revogada, em
sede de recurso;
– Se for julgada procedente a oposição à execução;
– Se o exequente desistir da instância ou do pedido – vide art.º
918º do CPC;
– Por transação.
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Execução para entrega de coisa certa
A ação executiva para entrega de coisa certa tem lugar sempre que o
objeto da obrigação, tal como o título a configura, é a prestação de
uma coisa.
Sempre que o título configure uma obrigação de prestação de coisa,
deve usar-se o processo de execução para entrega de coisa certa,
ainda que esta não exista ou não venha a ser encontrada.
Assim, a execução é sempre para entrega de coisa certa mesmo
quando haja lugar há subsequente conversão da execução para
entrega de coisa certa em execução para pagamento de quantia certa.
A execução para entrega de coisa certa não se traduz na efetivação
de direitos sobre o património do devedor pelo que não há lugar à
penhora de bens. Também não há concurso de credores nem venda
da coisa apreendida.
Nesta ação o exequente requer a entrega judicial da coisa devida –
vide art.º 827º do Código Civil.
77
Execução para prestação de facto
A ação executiva para prestação de facto tem lugar sempre que o
objeto da obrigação, tal como o título a configura, é uma prestação
de facto, seja este de natureza positiva (obrigação de facere) ou
negativa (obrigação de non facere) cf. art.º 828º e 829º do Código
Civil.
Para determinar o tipo de ação executiva há que recorrer ao título
executivo, ainda que o exequente venha a obter, em vez da
prestação de facto que lhe é devida, um seu equivalente pecuniário,
ou porque, sendo o facto infungível, não é possível obter de
terceiro a sua prestação, ou porque, sendo fungível, o exequente
vem a optar pela resolução do contrato e a indemnização por
perdas e danos, face ao incumprimento e nos termos da lei civil.
78