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Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - TJMG Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes - EJEF Programa de Educação a Distância do TJMG – EAD - EJEF Programa EAD-EJEF Curso Atos de Comunicação para Oficiais de Justiça

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demonstrar a forma de realização dos atos com tranqüilidade esegurança, visando também à integridade do Oficial de Justiça, exemplificando com possíveis incidentes que ocorrem na prática do ato e sua correspondente solução. No estado de direito em que nos encontramos, os atos processuaisdeverão ser praticados em estrita consonância com as garantias fundamentais constitucionais, razão pela qual vamos observar, por exemplo, a inviolabilidade do domicílio, que, no sentido constitucional, ganhou maior amplitude com a Constituição de 1988.

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Page 1: Curso Oficial de Justiça

Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - TJMG

Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes - EJEF

Programa de Educação a Distância do TJMG – EAD - EJEF

Programa EAD-EJEF

Curso Atos de Comunicação

para Oficiais de Justiça

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ATOS DE COMUNICAÇÃO PARA OFICIAIS DE JUSTIÇA

Sumário Como utilizar este material........................................................................................................ 4

1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4

1.1. Nosso objetivo ................................................................................................................. 4

2 – ATOS DE COMUNICAÇÃO ............................................................................................... 5

2.1. Conceito ........................................................................................................................... 5

2.2. Tipos de atos de comunicação ..................................................................................... 6

2.3 Elementos formadores dos atos de comunicação ...................................................... 7

3. 1ª PARTE: ASPECTOS GERAIS SOBRE OS ATOS DE COMUNICAÇÃO ................ 9

3.1. Dia e horário para a realização dos atos processuais .............................................. 9

3.2. Lugar para a realização dos atos processuais ........................................................ 17

3.3. Capacidade para a prática dos atos processuais .................................................... 23

3.4. Assinaturas .................................................................................................................... 33

3.5. Prazos para a realização dos atos processuais ...................................................... 36

4. 2ª PARTE: ASPECTOS ESPECÍFICOS SOBRE OS ATOS DE COMUNICAÇÃO .. 40

4.1. Citação ........................................................................................................................... 40

4.2. Intimação ........................................................................................................................ 54

4.3. Notificação (arts. 867/873 da Seção X, do Capítulo II (Dos Procedimentos Cautelares Específicos), do Código de Processo Civil. ................................................. 60

4.4. Cientificação .................................................................................................................. 62

4.5. Ofício............................................................................................................................... 63

5. 3ª PARTE: CUMPRIMENTO DO MANDADO PELO OFICIAL DE JUSTIÇA ............. 68

5.1. Mandado ........................................................................................................................ 68

5.2. Requisitos legais ........................................................................................................... 77

5.3. Momento da diligência ................................................................................................. 80

5.4. Medidas complementares ........................................................................................... 82

5.5. Número de diligências a serem realizadas para cumprimento de cada mandado ................................................................................................................................................. 86

5.6. Presença de testemunhas no ato da diligência ....................................................... 88

5.7. Incidentes inerentes ao cumprimento de mandados .............................................. 89

5.8. Conteúdo da certidão exarada pelo Oficial de Justiça ........................................... 95

5.9. Cumprimento dos atos de comunicação com data aprazada ............................... 98

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6. SITUAÇÕES RELEVANTES ENVOLVENDO OS ATOS DE COMUNICAÇÃO ........ 99

6.1. Pessoa física ................................................................................................................. 99

6.2. Pessoa jurídica .............................................................................................................. 99

6.3. Representante legal de empresa ............................................................................. 101

6.4. Pessoa jurídica de direito público ............................................................................ 101

6.5. Falecimento da pessoa indicada para a diligência ................................................ 102

6. 6. Interditando ................................................................................................................. 103

6. 7. Funcionário público em local de trabalho .............................................................. 104

6. 8. Militar em serviço ....................................................................................................... 105

6.9. Réu / Réu preso .......................................................................................................... 106

6.10. Procedimento sumário ............................................................................................. 106

6.11. Citação em medida cautelar ou liminar ................................................................. 107

6.12 . Citação no Processo de Execução Fiscal ........................................................... 108

6.13. Cumprimento de mandados com adolescente e menor infrator ....................... 109

6.14. Cumprimento de atos de comunicação envolvendo Juizados Especiais ........ 113

7. PESSOAS LEGALMENTE APONTADAS PARA RECEBER E ASSINAR OS MANDADOS ............................................................................................................................ 114

8. MATERIAIS DE APOIO .................................................................................................... 119

Legislação pertinente aos Oficiais de Justiça Avaliadores .............................. 122

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Como utilizar este material

A utilização e impressão dos materiais do curso somente serão permitidas para uso pessoal do aluno, visando facilitar o aprendizado dos temas tratados, sendo proibida sua reprodução e distribuição sem prévia autorização da EJEF e de seus autores, Izabel Alves de Macedo Girardelli e Juarez Antônio da Silva, orientadores no Serviço de Apoio aos Oficiais de Justiça.

1 – INTRODUÇÃO

1.1. Nosso objetivo

O presente estudo tem por objetivo conhecer, trazer maiores informações e abordar a materialização no cumprimento dos atos de comunicação executados pelo Oficial de Justiça, por via de mandados, seja de forma escrita ou verbal, no último caso, como ocorre em determinadas ocasiões nos Juizados Especiais e Tribunais do Júri.

Tratando-se de atos indispensáveis ao início e movimentação do processo, observaremos a forma adequada de acordo com os preceitos, formalidades e cautelas previstas em lei para cada ato, a fim de que não seja requerida a sua nulidade.

Buscaremos demonstrar a forma de realização dos atos com tranqüilidade e segurança, visando também à integridade do Oficial de Justiça, exemplificando com possíveis incidentes que ocorrem na prática do ato e sua correspondente solução. No estado de direito em que nos encontramos, os atos processuais deverão ser praticados em estrita consonância com as garantias fundamentais constitucionais, razão pela qual vamos observar, por exemplo, a inviolabilidade do domicílio, que, no sentido constitucional, ganhou maior amplitude com a Constituição de 1988.

Será feita uma análise acerca do cumprimento de mandados pelo Oficial de Justiça e o momento de realização das diligências, verificando o dia, horário e o lugar para sua execução, visto que são requisitos indispensáveis à validade do ato processual.

Os atos deverão ser praticados sempre com pessoas com capacidade civil, razão pela qual faremos o estudo relacionado à integração da capacidade no caso dos menores, que são representados ou assistidos, bem como dos curatelados e tutorados.

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Como o trabalho do Oficial de Justiça relaciona-se diretamente com solução de conflitos, a possibilidade de resistência, em razão do ato processual a ser praticado, é visível, o que ensejou observação sobre o tema.

Abordaremos pontos polêmicos sobre a implementação do cumprimento da ordem judicial quanto à finalização do mandado, ou seja, a forma de recebimento do mandado pelo analfabeto; por pessoa impossibilitada de receber ou assinar o mandado; ou por pessoa que, ao ouvir a leitura do mandado se recusa a assinar e receber a contrafé; enfim, situações que dificultam ou impossibilitam o cumprimento da ordem judicial.

Além da apresentação sobre normas gerais e ocorrências comuns, pertinentes aos atos de comunicação, analisaremos os atos de Citação, Intimação, Notificação, Cientificação e o Ofício, quando realizados pelo Oficial de Justiça.

2 – ATOS DE COMUNICAÇÃO

2.1. Conceito

São atos que têm por objeto a transmissão de uma mensagem, vinculada a um ato passado ou futuro necessário à movimentação de um processo. Essa vinculação ocorre devido à publicidade interna ou externa necessária aos atos do processo.

Cabe ressaltar que os atos de comunicação têm por fundamento os princípios da publicidade, da ampla defesa, do devido processo legal, do contraditório, da motivação das decisões e o princípio democrático do direito.

Segundo o doutrinador Eugênio Pacelli:

"Enquanto por meio da citação se leva ao conhecimento do acusado a existência de uma ação penal contra ele instaurada, bem como a designação de determinado ato processual (o interrogatório), pela intimação se dá conhecimento da prática dos demais atos processuais realizados e a serem realizados no processo, bem como da necessidade ou da possibilidade (ou faculdade) da participação, tanto das partes quanto das pessoas (terceiros) que, eventualmente, devam ou possam a eles estar presentes. A intimação é, portanto, o meio procedimental que noticia a existência de ato processual e que possibilita o exercício das faculdades e ônus processuais reservados às partes, bem como viabiliza o efetivo cumprimento do dever legal de comparecimento e participação de terceiros no processo penal". [1]

[1] PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 4ª edição, Belo Horizonte: Ed. Del Rey, p. 459.

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2.2. Tipos de atos de comunicação

Os atos de comunicação são as citações, intimações, notificações, cientificações e ofícios, realizados em função do processo conforme a necessidade. Os atos de intimação podem ser realizados em alguns casos pelo Escrivão, estando o intimando na secretaria, ou pelo ,Juiz no momento da audiência, quando houver necessidade, a exemplo da marcação de nova data para audiência quando ocorre adiamento por falta de uma das partes.

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:

I leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;

II declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior.

( . . . )

§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º.

Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o Juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. [2]

No caso da citação, notificação e cientificação, não encontramos registros de ocorrências desse procedimento, mas, segundo alguns doutrinadores, também podem ser realizadas pelo Escrivão ou chefe de Secretaria. Está expresso na Constituição Federal que a Administração deve ter por princípio a economia dos atos administrativos, a celeridade e a eficácia. Impedir que o Escrivão realize, dentro das Secretarias, esses atos seria um contra-senso, mesmo porque, quando o citando comparece à Secretaria e se dá por citado, quem realiza e certifica o ato é o Escrivão.

No presente trabalho iremos tratar dos atos de comunicação realizados pelo Oficial de Justiça.

[2] Código de Processo Penal

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2.3 Elementos formadores dos atos de comunicação

ELEMENTOS

TIPO DE ATO

(Resposta ao Juiz)

A) EMISSOR

B) RECEPTOR C) INFORMAÇÃO

(conteúdo expresso no meio de comunicação)

D) INSTRUMENTO

(meio utilizado para comunicação)

CITAÇÃO

(citei)

Estado-Juiz Réu ou qualquer outra pessoa que

interesse ao processo

Alegações feitas pelo autor, de fato ou ato passado e atos a serem realizados no processo, pelo destinatário.

Mandado de Citação

INTIMAÇÃO

(intimei)

Estado-Juiz Réu, autor, perito testemunha, intérprete, advogado, defensor público ou outra pessoa que interesse ao processo.

Dar conhecimento de fato ou ato passado e/ou atos a serem realizados dentro, ou fora, do processo, pelo destinatário.

Mandado de Intimação

NOTIFICAÇÃO

(notifiquei)

Estado-Juiz Somente a parte ocupante do polo passivo no processo

Dar conhecimento de fato ou ato passado e/ou atos a serem realizados dentro, ou fora, do processo, pelo destinatário.

Mandado de Notificação

CIENTIFICAÇÃO

(cientifiquei)

Estado-Juiz Pessoa estranha ao processo que poderá ou não tomar providências em razão de atos realizados dentro ou fora do processo.

Dar conhecimento de fato ou ato passado e/ou atos a serem realizados dentro do processo, pelo destinatário, mas, a não realização, não enseja penalidade ou perda de direitos diretamente ao cientificado.

Mandado de Cientificação

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OFÍCIO

(oficiei)

Estado-Juiz Autoridade coatora em mandado de segurança, o responsável por estabelecimento penitenciário, o responsável por instituição para internação de menores, dentre outros.

Dar conhecimento de fato ou ato passado e/ou atos a serem realizados em função do processo.

Ofício de Mandado de Segurança, Ofício requisitório de réus presos, Ofício para realização de exames, dentre outros.

Os atos pertinentes à função do Oficial de Justiça Avaliador estão enumerados no art. 143 do Código de Processo Civil, dentre eles: Atos de Comunicação e Atos de Execução, conforme transcrito abaixo. Essa função consiste em cumprir ordens judiciais por meio de documentos escritos, ou não, denominados mandados, conforme abordado no item Mandado, deste trabalho.

Incumbe ao Oficial de Justiça:

I fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção do lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar se á na presença de duas (2) testemunhas;

II executar as ordens do Juiz a que estiver subordinado;

III entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido;

IV estar presente às audiências e coadjuvar o Juiz na manutenção da ordem;

V - efetuar avaliações. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). [3]

[3] Código de Processo Civil.

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3. 1ª PARTE: ASPECTOS GERAIS SOBRE OS ATOS DE COMUNICAÇÃO

3.1. Dia e horário para a realização dos atos processuais

A maioria das Leis de Organizações Judiciárias estabelece que sábados, domingos, feriados não são considerados dias úteis e, portanto, neles não poderiam ser praticados atos processuais. Todavia os atos podem ser praticados normalmente, aos sábados, porém reputar-se-ão realizados no primeiro dia útil seguinte a sua realização, porque a lei não proíbe expressamente a sua prática, como o faz para domingos e feriados (art. 175 do CPC).

Conforme art. 313 da nossa Lei de Organização e Divisão Judiciárias, são dias úteis somente aqueles em que há expediente forense, de segunda a sexta-feira.

"Art. 313. Haverá expediente nos tribunais e nos órgãos de primeira instância nos dias úteis, de segunda a sexta-feira, conforme horário fixado pelos respectivos órgãos diretivos. “Caput” com a redação dada pelo art. 2º da L.C. nº. 85, de 2005

§ 1º Nos dias não úteis, haverá, no Tribunal e nos órgãos de primeira instância, Juiz e servidor designados para apreciar e processar as medidas de natureza urgente, conforme dispuser o Regimento Interno e resolução da Corte Superior, com direito a compensação ou indenização. Parágrafo com a redação dada pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008.

§ 2º O plantonista é autorizado a avaliar urgência que mereça atendimento, mesmo fora do rol que se tenha estabelecido das matérias passíveis de apreciação no plantão, necessariamente consistentes em tutelas ou medidas prementes, e, logo que examinadas, serão remetidas ao Juiz natural. Parágrafo acrescentado pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008.

§ 3º O Tribunal fará prévia e periódica divulgação, inclusive com inserção em sua página oficial, na internet, dos locais de funcionamento do plantão, da forma de acesso e contato com o plantonista da escala de plantão, elaborada com base em critérios objetivos e impessoais. Parágrafo acrescentado pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008.

§ 4º A divulgação prevista no § 3º deste artigo incluirá comunicação ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil, à Defensoria Pública, à Secretaria de Estado de Defesa Social e à Chefia de Polícia, sem prejuízo de solicitação da participação respectiva, quando for o caso. Parágrafo acrescentado pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008.

§ 5º Além dos fixados em lei federal, estadual ou municipal, são feriados na Justiça do Estado:

I – o dia 8 de dezembro (Dia da Justiça);

II – os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, inclusive;

III – os dias da Semana Santa, compreendidos entre a quarta-feira e o domingo de Páscoa;

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IV – os dias de segunda e terça-feira de carnaval e quarta-feira de cinzas. Parágrafo com a redação dada pelo art. 2º da L.C. nº. 85, de 2005, renumerado pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008.

§ 6º Por motivo relevante, o Presidente do Tribunal de Justiça poderá suspender o expediente forense. Parágrafo com a redação dada pelo art. 2º da L.C. nº. 85, de 2005, renumerado pelo art. 46 da L.C. nº. 105, de 2008." 1

Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por lei.

Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação.

Parágrafo único. As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. (Incluído pela Lei nº 8.079, de 1990)

O art.172 do CPC determina que os atos processuais sejam executados em dias úteis, de 6 às 20 horas, mas em casos excepcionais e com autorização expressa do Juiz, poderão realizar-se em domingos e feriados e nos dia úteis fora desse horário, a citação e a penhora. Vale lembrar que, atualmente, é realizado nessa modalidade qualquer ato processual, desde que autorizado, após comprovada sua necessidade, o que é feito pelo autor na inicial ou pelo Oficial de Justiça, quando da lavratura da certidão.

Esta prática pode ser observada e comprovada, mediante os mandados recebidos pelos Oficiais de Justiça desta instituição, principalmente aqueles lotados nos Juizados Especiais, onde a observação autorizando os benefícios do art. 172, § 2º, do CPC, está presente em todos os mandados. Os arts. 12 e 64 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, o art. 14 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, Lei Maria da Penha, prevêem a realização de atos em horário noturno, benefício este a ser utilizado conforme dispuser as normas de organização judiciária de cada Estado. Já o art. 797 do Código de Processo Penal, informa que os atos poderão ser praticados em período de férias, em domingos e dias feriados, mas nada fala acerca do horário de realização desses atos.

“Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 1º Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2º A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do Juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso Xl, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 3º Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de

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petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 2

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 3

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 4

Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou domingo. 5

O § 2º do art. 172 do CPC, diz que "mediante autorização expressa do Juiz", a citação e a penhora poderão ser cumpridos em qualquer dia e horário, mas não menciona quem poderá pedir esta autorização. Dessa forma, podemos entender que o próprio Oficial de Justiça, constatando que a pessoa indicada para a diligência será encontrada no referido endereço apenas em dia de domingo, feriado ou em dias úteis fora do horário permitido, poderá pedir autorização ao Juiz para realizar a diligência de forma concreta. Segundo dispõe o art. 172, § 3º do CPC, "Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local".

"ATO POR PETIÇÃO. Pelo novo sistema, o horário do protocolo pode ser fixado por norma de organização judiciária. Se o ato processual tiver de ser praticado por petição (interposição de recurso, contestação etc.) deve sê-lo até o último dia do prazo, dentro do expediente do protocolo fixado por norma local de organização judiciária". 6

Portanto, para os trabalhos internos, as Leis de Organização Judiciária estabelecem horários especiais, como para audiências, protocolos, distribuição, funcionamento dos Juizados Especiais, dentre outros. Dentro do horário limite, fixado pelo art. 172, caput, do CPC, os Estados podem fixar o horário de expediente, conforme a norma local de organização judiciária adotada. Como exemplo, podemos citar o art. 55, § 1º do Provimento nº. 161/CGJ/2006, que fixa o horário de, no mínimo, 12 às 18 horas para atendimento às partes na Secretaria de Juízo e nos Serviços Auxiliares. Todavia, para os atos externos, deverá ser obedecido estritamente o contido no caput do art.172 do CPC, que fixou o período entre seis e vinte horas para a prática de atos processuais, norma processual esta que deverá ser obedecida por todos os Estados.

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Na parte final do artigo 172, menciona que para o cumprimento de mandados fora dos prazos nele estabelecido, deve-se observar o artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, sob pena de caracterizar a inviolabilidade do domicílio, conforme depreende do mesmo.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;” 7 (grifo nosso)

A inviolabilidade de domicílio, no sentido constitucional, tem amplitude maior do que no direito privado ou no senso comum, não sendo somente a residência, ou ainda, a habitação com intenção definitiva de estabelecimento. "Considera-se, pois, domicílio todo local, delimitado e separado, que alguém ocupa com exclusividade, a qualquer título, inclusive profissionalmente, pois nessa relação entre pessoa e espaço, preserva-se, mediatamente, a vida privada do sujeito".8 Como já pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, domicílio, numa extensão conceitual mais larga, abrange até mesmo o local onde se exerce a profissão ou atividade, desde que constitua um ambiente fechado ou de acesso restrito ao público, como é o caso típico dos escritórios profissionais. Portanto, domicílio no sentido constitucional, deve ser interpretado com a maior extensão possível e não como faz o Código Civil, referindo-se à "residência com ânimo definitivo". Assim, o art.150 do CP, quando define em seu § 4º, o que a expressão casa compreende, está inserido no escopo constitucional.

“Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.” 9

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

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§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - qualquer compartimento habitado;

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 10

Equipara-se pois, domicílio a casa ou habitação, isto é, o local onde a pessoa vive, ocupando-se de assuntos particulares ou profissionais, os cômodos de um prédio, abrangendo o quintal, bem como envolve o quarto de hotel, regularmente ocupado, o escritório do advogado ou de outro profissional, o consultório do médico, o quarto de pensão ocupado, entre outros lugares fechados destinados à morada de alguém.

Portanto, para a prática do ato processual fora do horário estabelecido no caput do artigo 172, deverá a parte, a quem é dirigido o ato processual, receber o Oficial de Justiça, pois o acesso à casa somente poderá ser obtido com o consentimento do morador. Deverá haver determinação judicial expressa no despacho judicial, para os casos de ordem de arrombamento, nos termos do art. 5º, XI da CF, podendo ser realizado apenas durante o dia. Portanto, sendo noite, mesmo com determinação judicial para o arrombamento, não poderá o Oficial de Justiça praticar o ato, devendo aguardar dia para então entrar na casa, sob pena de caracterizar-se violação de domicílio.

Como aponta o inciso XI do artigo 5º da CF, a entrada na casa de uma pessoa só pode ocorrer com o consentimento do morador, caso contrário, somente por determinação judicial e durante o dia. Neste aspecto, o que caracteriza dia? DE PLÁCIDO E SILVA, define dia:

"No sentido jurídico, o vocábulo exprime o espaço de tempo encarado sob o aspecto natural e sob o aspecto jurídico. Por dia natural, assim, também dito de dia artificial, entende-se o espaço de tempo que vai de sol a sol: é o período assinalado pela luz solar, desde o nascimento do sol a seu ocaso. Verdade que,

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no sentido astronômico, costumam defini-lo como o período de 24 horas, que leva a terra a dar a volta em torno de seu eixo." 11

No sistema jurídico brasileiro, dia compreende o período em que os atos processuais poderão ser realizados, conforme traduz o art. 172, do Código Processo Civil, em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas, que poderão, em casos excepcionais ser estendidos, mediante autorização expressa do Juiz e realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, nos termos da legislação processual civil, pois a legislação processual penal tem regra própria no art. 797. Vários doutrinadores enfrentam o que caracteriza dia, dentre eles:

Conforme Júlio Fabbrini Mirabete, dia "em processo penal é o período que vai das 6 às 18 horas". 12

Guilherme de Souza Nucci - "do alvorecer ao anoitecer, sem a especificação de um horário, devendo variar conforme a situação natural." 13 José Afonso da Silva - "dia é o período das 06:00horas da manhã às 18:00horas ou seja "sol alto, isto é das seis às dezoito" 14 Celso Mello - Ministro do STF - "deve ser levado em conta o critério fisico-astronômico, com o intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo."15

Guilherme de Souza Nucci, também define noite, afirmando que "é o período que vai do anoitecer ao alvorecer, pouco importando o horário, bastando que o sol se ponha e depois se levante no horizonte" 16

Alexandre de Moraes - entende "que a aplicação conjunta de ambos os critérios alcança a finalidade constitucional de maior proteção da casa durante a noite, resguardando a possibilidade de invasão domiciliar com autorização judicial mesmo após às 18:00horas, desde que, ainda não seja noite (por exemplo no horário verão)". 17

Assevera ainda Alexandre de Moraes, que esse critério misto compatibiliza com a razão constitucional, no sentido de proteção da casa durante o período noturno, possibilitando um descanso seguro a seus moradores, bem como diminuindo a possibilidade de arbitrariedade que estariam melhor acobertadas pelo manto da escuridão.

Mas como se verifica deste inciso XI, há também previsão com relação à exceção à inviolabilidade, como nos casos de flagrante delito, desastre, prestar socorro, nestes casos a qualquer horário e como mencionado, na parte final, durante o dia, por determinação judicial.

O nosso Tribunal de Justiça na Apelação Criminal nº 1.0024.00.093193-1, julgada na 4ª CÂMARA CRIMINAL - Relator do Acordão: DESEMBARGADOR WILLIAM SILVESTRINI, aderiu as teses dos doutrinadores acima.

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Os casos mencionados no artigo 174 do Código de Processo Civil, processam-se normalmente durante as férias forenses, não havendo suspensão de prazos.

No entanto, se algum outro mandado for cumprido em dia que não houve expediente forense, reputar-se-ão praticados no primeiro dia útil seguinte ao seu cumprimento. Os mandados cujo cumprimento iniciou antes das 20 (vinte) horas, poderão ser concluídos após este horário, do mesmo dia a fim de resguardar o direito do autor.

Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento; II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275; III - todas as causas que a lei federal determinar.

Para cumprimento de atos de comunicação no Processo Penal, devemos observar o art. 797 das Disposições Gerais do Código de Processo Penal retro mencionado.

Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou domingo. 18

No art. 797, diferentemente do que diz o artigo 172 do Código de Processo Civil, os atos de ofício criminais podem ser cumpridos em qualquer dia, mas não informa o horário em que poderão ser cumpridos. No entanto, como estamos em um Estado de Direito, onde a lei deve ser cumprida, utilizaremos o art. 172, § 2º do CPC, quando houver necessidade de cumprir mandados fora do horário legalmente permitido. Isso é permitido devido à previsão do artigo 3º do Código de Processo Penal, onde expressa que a lei processual penal admite a aplicação analógica. A analogia é um processo de integração do direito, utilizado para suprir lacunas, aplicando uma norma existente, para uma determinada situação a um caso concreto semelhante, para o qual não há qualquer previsão legal.

“Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”

Portanto, sábado não é considerado feriado forense, razão pela qual poderá praticar todos atos processuais externos. No entanto é considerado dia não útil para efeito de contagem de prazo, uma vez que nele, normalmente, não há expediente forense. O mesmo ocorre no caso da suspensão do expediente forense numa segunda-feira, em razão de feriado na terça-feira, considera-se dia útil para cumprimento de mandado, aplicando analogicamente o que ocorre no dia de sábado.

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Como se percebe, os atos de ofício criminais, com exceção das sessões de julgamento no Tribunal do Júri, podem ser cumpridos em qualquer dia, nos termos do art. 797 do CPP ou no horário legalmente previsto no art. 172, § 2º do CPC, este, mediante despacho judicial. O mesmo procedimento pode ser adotado em razão da previsão contida art. 14, parágrafo único, da Lei 11.340/2006, (Lei Maria da Penha) e nos arts. 12 e 64 da Lei 9.099/95, (Lei dos Juizados Especiais), onde traduzem que os atos processuais poderão ser praticados no período noturno, conforme dispuser a Lei de Organização e Divisão Judiciárias local. Não obstante as previsões para cumprimento de mandados em horário noturno, deve-se observar as regras acerca da inviolabilidade do domicílio.

Finalmente, cabe observar-se que, quando tratar-se de pontos facultativos, os atos poderão ser praticados e não serão nulos nem anuláveis, visto que, sendo facultativo, ficará a critério do Oficial de Justiça, praticá-los ou não. Ficou claro, portanto, que, legalmente e independente de autorização do Juiz, poderão ser cumpridos qualquer tipo de mandado, em dias onde for declarado ponto facultativo e aos sábados, não podendo a mesma prática ser adotada quando tratar-se de domingos e feriados.

___________________________________________________________

1 - Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado de Minas Gerais

2 - Código de Processo Civil

3 - Lei nº 9.099/95

4 - Lei nº 11.340/2006

5 - Código de Processo Penal

6 - NERY JÚNIOR, Nelson, NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado, 7 ed., Revista dos Tribunais, p. 568.

7 - Constituição da República Federativa do Brasil

8 - MORAES, Alexandre, Direito Constitucional - l3ª ed. - São Paulo: Atlas - 2003. P. 81

9 - Código Civil

10 - Código Penal

11 - SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico / atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004, 24ª edição, p. 456.

12 - MIRABETE, Júlio Fabbrini, Processo Penal, São Paulo: Atlas, 1997, 7ª edição, p.359.

13 - NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, 2ª edição, p. 283.

14 - MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2003. 13ª edição, p. 82.

15 - Idem

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16 - Idem

17 - Idem

18 - Código de Processo Penal

3.2. Lugar para a realização dos atos processuais

O lugar para a realização dos atos processuais deve ser aquele da jurisdição de cada Juiz, a qual está limitada ao território de sua circunscrição, observando-se ainda os casos envolvendo as comarcas contíguas, exceto nos casos legalmente permitidos. Nos demais casos, os atos a serem realizados fora da jurisdição serão feitos por carta precatória. Cabe ressaltar que nos casos de atos cumpridos por via postal, não prevalecem os limites territoriais do juízo.

Art. 221. A citação far se á:

I pelo correio;

II por oficial de justiça;

III por edital.

IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº.11.419, de 2006).

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)1

Para definir o lugar para a realização dos atos processuais, precisamos primeiro falar sobre o que é Jurisdição, Circunscrição e Comarca contígua.

_______________________________________________________

1- Código de Processo Civil

3.2.1. Jurisdição

Jurisdição é o poder de aplicar o direito conferido aos Magistrados. Somente estes possuem tal poder e, por isso, a jurisdição não se confunde com a circunscrição, peculiar a certos órgãos, como as autoridades policiais. A jurisdição contenciosa ou inter nolentes, cuja finalidade é dirimir litígios, não se confunde com a jurisdição

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graciosa ou voluntária, também denominada inter volentes, a qual, como a própria denominação faz ver, refere se à homologação de pedidos que não impliquem litígio.[1]

É uma atividade exercida pelo Estado para aplicação de normas jurídicas ao caso concreto, dentro dos limites da competência outorgada. A jurisdição voluntária visa tutelar direitos subjetivos juridicamente protegidos e, a contenciosa, resolver conflitos de interesses entre partes adversas.

[1] http://www.dji.com.br/processo_civil/jurisdicao.htm

3.2.2. Circunscrição

Circunscrição é a delimitação territorial dentro da qual o Juiz de uma comarca exerce sua jurisdição; e a Polícia Judiciária, sua autoridade, porque tem circunscrição, mas não a jurisdição, sendo que nossa Lei de Organização e Divisão Judiciárias, previa duas circunscrições, situação esta alterada pela Lei Complementar nº. 105, de 2008. Compare os artigos abaixo e veja as alterações inseridas pela nova lei.

Art. 8º As comarcas se classificam como:

I de segunda entrância, aquelas com menos de duzentos e cinquenta mil habitantes e duas ou mais varas;

II de primeira entrância, aquelas com um só Juiz.

§ 1º Para efeito de comunicação dos atos processuais, duas ou mais comarcas distantes até 100km (cem quilômetros) da sede cujas vias de comunicação estejam em bom estado poderão, mediante lei, constituir uma circunscrição judiciária ou comarca integrada, da entrância da mesma sede.

§ 2º As Comarcas de Belo Horizonte, Contagem, Betim e Santa Luzia, classificadas como de entrância especial, com sede na primeira, constituem a Circunscrição Judiciária Metropolitana de Belo Horizonte.

§ 3º As Comarcas de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, classificadas como de entrância especial, com sede na primeira, constituem a Circunscrição Judiciária Metropolitana do Vale do Aço. [1]

O art.6º da Lei Complementar nº. 105, de 2008 deu nova redação ao art. 8º da Lei Complementar nº. 59, de 18 de janeiro de 2001, acerca da terminologia circunscrição:

Art. 8º As comarcas classificam-se como:

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I – de entrância especial as que têm cinco ou mais varas instaladas, nelas compreendidas as dos Juizados Especiais, e população igual ou superior a cento e trinta mil habitantes;

II – de primeira entrância as que têm apenas uma vara instalada; e

III – de segunda entrância as que não se enquadram nos incisos I e II deste artigo.

Parágrafo único. Para fins de classificação da comarca, nos termos do inciso I do “caput”, a comprovação do número de habitantes se dará por estimativa anual, publicada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, nos termos do art. 102 da Lei Federal nº. 8.443, de 16 de julho de 1992.[2]

A Circunscrição Judiciária Metropolitana de Belo Horizonte e a Circunscrição Judiciária do Vale do Aço, bem como a supressão dos quadros do Anexo I a elas relativos foram suprimidos nos termos do art. 54 da Lei Complementar nº. 105, de 2008, que alterou a Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado de Minas Gerais.

A partir de 1º de janeiro 2009, várias comarcas passarão a classificar-se como de entrância especial, são elas: Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Patos de Minas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Ribeirão das Neves, São João Del-Rei, Sete Lagoas, Teófilo Otôni e Varginha, nos termos do art. 70 da Lei Complementar nº. 105, de 2008.

As comarcas de Coronel Fabriciano, Santa Luzia e Timóteo, embora não preencham os requisitos previstos no inciso I do art. 8º da L.C. nº. 59, de 2001, ficam mantidas como de entrância especial, conforme determina o art. 6º da L.C. 105, de 2008

[1] Lei Complementar nº 59, de 18 de janeiro de 2001.

[2] Lei Complementar nº. 59, de 18 de janeiro de 2001, alterado pela L.C. nº. 105, de 2008

3.2.3. Comarca contígua

Comarca contígua é aquela que faz confrontações, que limita com a comarca em questão. As comarcas contíguas a Belo Horizonte são: Vespasiano, Nova Lima, Ibirité, Ribeirão das Neves, Sabará e Contagem.

De acordo com o art. 230 do CPC: "Nas Comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o Oficial de Justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas".

Ficou claro que penhoras, buscas e apreensões ou qualquer ato que não seja citação e intimação não poderão ser realizados. Nas comarcas contíguas,

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mesmo a intimação da penhora, ainda não se formou posição segura entre os Tribunais se poderá, ou não, ser realizada, por tratar-se de parte de ato de execução.

Cabe ressaltar que, nos termos do art. 222, caput, do CPP, as intimações de testemunhas em comarcas contíguas serão efetivadas por meio de cartas precatórias, não utilizando, portanto, o previsto no art. 230 do CPC, o mesmo ocorrendo com citação e prisão no processo penal, conforme expresso nos arts. 289 e 353, do CPP, e, as intimações de modo geral, conforme estabelece o art. 370 do CPP, que menciona que “será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior”, qual seja, Capítulo sobre a citação.

Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do Juiz será inquirida pelo Juiz do lugar de sua residência, expedindo se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.

( . . . )

Art. 289. Quando o réu estiver no território nacional, em lugar estranho ao da jurisdição, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado.

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do Juiz processante, será citado mediante precatória. [1]

Sobre o lugar para a realização dos atos processuais, as exceções legalmente permitidas para que o possa realizar diligências fora da sede do Prédio do Fórum, onde habitualmente as audiências acontecem, são:

a) Pelo critério da Deferência, o Presidente da República e demais pessoas mencionadas no art. 411 do CPC são inquiridas em sua residência, ou onde exercem a sua função.

Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:

I o Presidente e o Vice Presidente da República;

II o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;

III os ministros de Estado;

IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; (Redação dada pela Lei nº. 11.382, de 2006).

V o procurador geral da República;

Vl os senadores e deputados federais;

Vll os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;

Vlll os deputados estaduais;

IX os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de Alçada, os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;

X o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa ao agente diplomático do Brasil.

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Parágrafo único. O Juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela parte, que arrolou como testemunha.

O art. 411, IX, ainda inclui os Tribunais de Alçada, no entanto foi extinto pela EC-45/04 da CF.

b) No interesse da justiça, de acordo com o art. 440 do CPC, o Juiz, de ofício ou a requerimento da parte, poderá inspecionar pessoas ou coisas, no lugar onde se encontrarem, sempre que se fizer necessário, para esclarecimento de situações no processo.

Art. 440. O Juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.

Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o Juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos.

Art. 442. O Juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:

I julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;

II a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades;

Ill determinar a reconstituição dos fatos.

Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443. Concluída a diligência, o Juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) [2]

c) No caso de testemunha enferma, o ato poderá ser realizado em lugar diferente à sede do Juízo, o mesmo ocorrendo com o interditando incapaz de se locomover.

Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem. [3]

Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser produzidas em audiência.

Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, o Juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.[4]

Nos demais casos de atos a serem realizados fora da jurisdição, serão feitos por carta precatória, para que o ato se realize sob a jurisdição do local adequado.

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Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca. [5]

A Carta Precatória é o meio utilizado quando o Juiz de uma Comarca precisa da atuação de outro Juiz de Comarca diversa em virtude de atos a serem realizados fora de sua jurisdição.

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do Juiz processante, será citado mediante precatória. [6]

No caso de atos cumpridos por via postal, não prevalecem os limites territoriais do juízo, independente da comarca (art. 222, CPC).

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

a) nas ações de estado;

b) quando for ré pessoa incapaz;

c) quando for ré pessoa de direito público;

d) nos processos de execução;

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;

f) quando o autor a requerer de outra forma. [7]

[1] Código de Processo Penal.

[2] Código de Processo Civil.

[3] Código de Processo Penal.

[4] Código de Processo Civil.

[5] Código de Processo Civil.

[6] Código de Processo Penal.

[7] Código de Processo Civil.

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3.3. Capacidade para a prática dos atos processuais

Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo.

Art. 8º Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. [1]

[1] Código de Processo Civil.

3.3.1. Da integração da capacidade

A representação de menores é feita pelo pai, mãe ou tutor que representa os menores absolutamente incapazes, na forma dos arts. 3º, 4º e 5º do Código Civil.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. [1]

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica

habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do Juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II pelo casamento;

III pelo exercício de emprego público efetivo;

IV pela colação de grau em curso de ensino superior;

V pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. [2]

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Nas Disposições Preliminares constantes do Estatuto da Criança e do Adolescente podemos observar norma diversa:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi liberdade ou de liberdade assistida.

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual. [3]

A menoridade aos 18 (dezoito) anos já era tratada desde 11 de julho de 1984 pelo Código Penal.

Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) [4]

Portanto, os menores de 16 (dezesseis) anos serão representados pelos pais, quando têm o poder familiar (antigo pátrio poder). Se estiverem sob tutela de terceiros, serão representados pelos tutores nomeados pelo Juiz, que poderá ser um parente próximo ou terceiros. Nesse caso, o mandado de citação será assinado pelo representante legal naquela oportunidade.

Os maiores de 16 (dezesseis) anos e menores de 18 (dezoito) serão assistidos pelos pais ou tutores que acompanham o ato e assinam em conjunto o mandado.

Vale lembrar que o Oficial de Justiça deverá observar o tipo de mandado que está em suas mãos para saber o limite de idade com o qual irá trabalhar, ou seja, se com a maioridade de 18 (dezoito) anos para os mandados das Varas cíveis e criminais, ou 21 (vinte e um) anos para os mandados das Varas da Infância e Juventude.

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Cabe esclarecer que a integração da capacidade não se aplica aos procedimentos realizados nas Varas da Infância e Juventude, relacionados à apuração de ato infracional praticado pelo adolescente, pessoa entre doze e dezoito anos de idade, que deverão receber e assinar pessoalmente os mandados, além de seus pais ou responsáveis, art. 184 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

[1] Código Civil.

[2] Ob. Cit.

[3] Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990.

[4] Código Penal.

3.3.1.1. Pessoa assistida

A assistência ao relativamente incapaz, o menor de 18 (dezoito) e maior que 16 (dezesseis) anos, é realizada pela pessoa do pai, da mãe ou do tutor que irá assinar o mandado junto com o menor. Havendo recusa do assistente ou do menor em assinar o mandado, o Oficial de Justiça certificará que cumpriu o mandado e que houve recusa em assiná-lo. É diferente do absolutamente incapaz, menor de dezesseis anos, em que o mandado será assinado somente pelo representante legal.

Na terminologia processual assistência significa auxílio, intervenção de alguém numa causa, para a defesa de interesses de pessoa que esteja sob sua guarda ou de seus próprios interesses. Quando a assistência é essencial à integração da capacidade processual do incapaz, diz se legal. Assim, a assistência aos relativamente incapazes é dada pelo curador, pelo pai ou pelo tutor. A assistência não se confunde com o litisconsórcio porque, enquanto aquela indica auxílio, complemento, este implica integrar a lide na qualidade de parte . [1]

Sobre assistência, o Oficial de Justiça, em cumprimento aos mandados originados das Varas da Infância e Juventude, vai encontrar situações especiais, em razão de o art. 2º, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente determinar sua aplicação, nos casos expressos em lei, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, como o faz no art. 121 do mesmo diploma.

A entrada em vigor do novo Código Civil não revogou o referido Estatuto, motivo pelo qual os mandados envolvendo menores serão cumpridos obedecendo o limite de idade para assistência em juízo até 21 anos, nos termos do art. 142 do referido Estatuto, bem como para os casos do art. 121, quando se tratar de menores em cumprimento de medidas sócio-educativas, casos em que o limite de idade para aplicação de referidas medidas é também 21 anos de idade. No entanto, essa assistência não é semelhante àquela

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estabelecida para os atos da vida civil. Na área específica da infância e juventude, tem alcance especial de proteção da criança e do adolescente, inclusive quando tratar-se de atos infracionais, ao passo que, na área civil, está vinculada ao fato do adolescente estar apto a adquirir direitos, contrair obrigações, celebrar contratos, dentre outros atos.

Veja item 6.13. Cumprimento de mandados com adolescente e menor infrator.

[1] http://www.dji.com.br/processo_civil/assistencia.htm

3.3.1.2. Pessoa tutorada

Tutela é um instituto substitutivo do poder familiar, que, no Código Civil anterior, era denominado pátrio poder. É uma situação que protege o menor não emancipado e seus bens, tendo em vista o falecimento dos pais, a destituição do poder familiar, dentre outros. O tutor tem o dever de administrar os bens e representar ou assistir o menor, inclusive de receber os mandados a eles direcionados, estando sempre sob inspeção judicial.

É uma imposição estatal para atender o interesse público que é a defesa do menor, caracterizada e comprovada pelo termo de tutela. A tutela pode ser exercida por determinação judicial, em virtude de lei ou de testamento. A saber:

1- Testamentária: Exercida pelo pai, mãe e avós

2- Legítima: Parentes e consangüíneo, após ouvido o menor

3- Dativa: Por decisão judicial

4- Irregular: Sem nomeação de forma regular, legal.

O encargo de tutor não pode ser delegado e seu poder cessa somente quando expirar o termo, ou por justificativa legítima, ou se for removido, ou permitir que o tutorado trabalhe em local insalubre, ou se o maltratar. Nesses casos a ação poderá ser proposta pelo Ministério Público ou por quem tiver interesse.

A tutela cessa quando o tutorado alcançar a maioridade; se for legitimado, adotado ou reconhecido; se alistar e for sorteado para o serviço militar ou se falecer.

Obs: Os bens do tutorado só podem ser vendidos em hasta pública.

3.3.1.3. Pessoa curatelada

São pessoas maiores de 18 (dezoito) anos que no entanto, não se encontram em condições definitivas ou provisórias de administrar seus bens e a si mesma

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em razão de enfermidade ou doença mental. Curatela é um encargo público que a Lei comete a alguém para reger a vida de uma pessoa e administrar-lhe os bens. Essa incapacidade advém:

1-dos deficientes mentais;

2- dos cegos, surdos e mudos;

3- dos ébrios habituais;

4- dos viciados em tóxicos;

5- dos enfermos;

6- dos retardados mentalmente;

7- dos ausentes;

8- do incapaz que não tem representante legal;

9- do réu preso;

10- do revel citado por edital ou com hora certa;

11- acidentados com incapacidade provisória, dentre outros.

Se o curatelado tiver filhos menores sob sua responsabilidade, ocorre ainda deles serem tutelados, por decisão judicial, pelo seu curador. É a chamada curatela por extensão. Nesse caso, a autoridade do curador se estende à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado até a aquisição da maioridade, com 18 anos completos.

Curador é, portanto, quem recebe judicialmente o encargo de reger a pessoa de pródigos ou interditados, impossibilitados de qualquer forma de manifestar sua vontade, sendo um procedimento decorrente, sempre, de um processo de interdição.

Uma situação especial ocorre quando o Oficial de Justiça se depara com pessoas cegas, surdas ou mudas, destinatárias do mandado, que não são tutoradas nem curateladas.

Os cegos, surdos e mudos podem se apresentar capazes ou incapazes para compreenderem e executarem as ordens judiciais, levando em conta seu grau de instrução. Sendo capazes, em razão de educação especializada, ou instrução, que lhes permita a compreensão do ato, poderão receber o mandado judicial e executar as ordens nele contidas. No entanto, sendo incapazes, o Oficial de Justiça não cumprirá o mandado, informando ao MM. Juiz os motivos da sua não realização, dentro do que permitem os arts. 218 do CPC e 3º do CC, principais fundamentos a serem analisados nesta situação, abaixo transcritos.

Art. 218.Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la.

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§ 1º O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.

§ 2º Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.

§ 3º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Ademais, podemos analisar, de forma exemplificativa, alguns artigos específicos, pertinentes ao assunto, quais sejam: 1º- Artigos do Código de Processo Civil

Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.(Redação dada pela Lei nº. 5.925, de 1973)

§ 1º São incapazes (Redação dada pela Lei nº. 5.925, de 1973)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam. (Incluído pela Lei nº. 5.925, de 1973)

Art. 151. O juiz nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

III - traduzir a linguagem mímica dos surdos-mudos, que não puderem transmitir a sua vontade por escrito.

Art. 152. Não pode ser intérprete quem:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

II - for arrolado como testemunha ou serve como perito no processo;

III - estiver inabilitado ao exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquanto durar o seu efeito.

Art. 153. O intérprete, oficial ou não, é obrigado a prestar o seu ofício, aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 146 e 147.

Art. 1.184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.

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Art. 1.185. Obedecerá às disposições dos artigos antecedentes, no que for aplicável, a interdição do pródigo, a do surdo-mudo sem educação que o habilite a enunciar precisamente a sua vontade e a dos viciados pelo uso de substâncias entorpecentes quando acometidos de perturbações mentais.

2º- Artigos do Código Civil

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam;

Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.

Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.

3º- Artigos do Código de Processo Penal

Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas. (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas. Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.

Como se observa, o Juiz nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para a execução dos atos processuais, quando estas pessoas não puderem transmitir a sua vontade por escrito, por mímica ou oralmente. Este intérprete poderá ser oficial ou não, no entanto, não poderá ser intérprete a pessoa arrolada como testemunha dentro do processo de origem do mandado. Quando houver necessidade de um intérprete, ou seja, de uma pessoa para ler o mandado ao destinatário, no ato do cumprimento do mandado, o Oficial de Justiça deverá questionar desta pessoa se é testemunha, ou não, no mesmo

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processo. Concluindo, de modo geral, o cego, o mudo e o surdo, somente estarão impedidos de receberem mandados, quando a ciência do ato a ser praticado ou fato de que deva tomar conhecimento, depender dos sentidos que Ihes faltam ou não dispor de educação que o habilite a enunciar precisamente seu entendimento e sua vontade.

3.3.1. 4. Curatela provisória

É aquela concedida até que se resolva o procedimento de interdição. É válida por tempo determinado, situação esta substituída pela curatela definitiva.

Tanto na curatela simples, como na especial e na provisória, ao proceder a citação, o Oficial de Justiça deverá solicitar ao curador que apresente o termo de curatela para que o ato seja efetivado. Na curatela extensiva, deverá haver a sentença do Juiz determinando que o curador seja também tutor dos filhos menores do curatelado.

A nomeação de curador provisório poderá ocorrer em duas situações, ou seja, quando há risco de dano em razão da demora da sentença definitiva ou quando há remota previsão de recuperação da capacidade mental da pessoa em questão. Em ambos os casos, é de se admitir a nomeação de curador provisório, desde que haja comprovação inequívoca da incapacidade mental e comprovação dos alegados riscos de dano.

3.3.1. 5. Curador especial

Curador especial é aquele que, na ação penal, zela pelo direito do ofendido incapaz, de quem seus direitos colidirem com os de seu representante legal.

Na ação cível, o curador especial é nomeado ao incapaz que não tem representante legal ou que o tenha, mas com interesses iguais aos seus; ao réu que se encontra preso e contra ele corre uma ação e ao revel que foi citado com hora certa ou por edital e não respondeu à ordem judicial. O curador especial será nomeado no decorrer da ação.

Art. 9º O Juiz dará curador especial:

I ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;

lI ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial. [1]

[1] Código de Processo Civil.

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3.3.1. 6. Pessoa ausente

Presume-se que toda pessoa tem sua residência civil, significando que ela pode ser encontrada habitualmente em certo local.

No caso do ausente, são pessoas que possuem residência, mas saíram de casa sem deixar qualquer meio para contato com a família. Não há informações de que se mudou, ou de que se mudou mas a família não tem endereço ou nem mesmo um número de telefone.

Esta ausência poderá ser simplesmente por estar desaparecida sem qualquer explicação da família ou em virtude de a pessoa estar "jurada de morte" no local onde tem residência própria, situação esta cada vez mais freqüente em locais onde a violência é latente. Nesse caso, a pessoa não poderá ali retornar nem deixar meios para contatos, mas apenas fazer contato. Nessas situações ocorre uma prática incomum, qual seja o Oficial de Justiça realizar a citação em local público, diverso daquele contido no mandado, a pedido da família do réu, visando sua segurança, fato que deverá ser mencionado na certidão.

A doutrina denomina essa pessoa como ausente de direito material. Nessa situação a pessoa não tem representante legal constituído, não havendo possibilidade de o Oficial de Justiça realizar o cumprimento de mandados direcionados ao ausente, mas sim imputar-lhe a condição de estar em local incerto e não sabido. Ao certificar que uma pessoa se encontra em local incerto e não sabido, o Oficial de Justiça deve ter a certeza de que esgotou todos os meios, ao seu alcance, para encontrar a parte ou interessado, porque as conseqüências implicam perdas de direitos e ações.

Certificado pelo Oficial como estando em local incerto e não sabido, o procurado será citado por edital e, não comparecendo, será nomeado curador especial, com o qual serão cumpridas as citações, intimações, notificações e cientificações.

3.3.2. Representante legal

É aquele que age por força de dispositivo legal, seja em função da capacidade para os atos da vida civil, seja em função de relações comerciais ou de atos administrativos exercidos frente aos entes da federação.

Quando é realizado o ato na pessoa de seu representante legal, está realizando diretamente com o réu ou interessado. Vige aqui o princípio da pessoalidade no cumprimento dos mandados, daí a necessidade da representação se dar exatamente nos moldes que a Lei determina.

Exemplo: O advogado do réu, nas ações cíveis, não pode receber citação em seu nome se não dispuser de procuração com especificação da cláusula especial para recebê-la. A procuração geral que o habilita a praticar todos os atos no processo não é suficiente.

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Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. (Redação dada pela Lei nº. 8.952, de 1994)

Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica. (Incluído pela Lei nº. 11.419, de 2006) [1]

A procuração pode ser por instrumento público ou particular. Em ambos os casos traduz a transferência de poderes para administrar interesses ou praticar atos. Por instrumento particular, ou seja, preparada pelos próprios interessados, denominados outorgante e outorgado, não há necessidade de reconhecimento de firma. Como exemplo podemos citar as procurações para inscrições em concursos, matrícula de faculdade, representar alguém em uma reunião, casos previstos no art. 38 do CPC, dentre outros.

No caso da procuração por instrumento público, os usuários deverão se dirigir ao tabelionato, porque a lei assim exige. Como exemplo podemos citar as movimentações em contas bancárias, representação em sociedade anônima, recebimento de benefícios da Previdência, administração de imóveis, administração de empresas, casos previstos no art. 38 do CPC, dentre outros.

A representação de pessoas físicas capazes ou de empresas, sejam elas públicas ou particulares, será nos termos do art. 12 do CPC, observando que, para segurança e validade do ato, no caso de pessoas físicas deverá ser apresentada uma procuração com poderes especiais para o ato e para pessoas jurídicas, exibido o contrato social a fim de confirmar a razão social e o nome do representante legal.

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;

III - a massa falida, pelo síndico;

IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

V - o espólio, pelo inventariante;

VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;

VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;

VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);

IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

§ 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.

§ 2º - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.

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§ 3º O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. [2]

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Civil.

3.4. Assinaturas

Ao concluirmos o cumprimento de uma ordem judicial, na maioria das vezes, as pessoas assinam o mandado e autos indispensáveis a sua realização, apondo no documento assinatura de próprio punho, comum à maioria das pessoas, ou por digital ou a rogo, conforme se tratar de analfabetos ou impossibilitados de assinar. No entanto, existem aqueles que se recusam a assinar por desconhecimento total sobre o que é um mandado, ou porque, segundo informam, seus advogados os orientam a não assinar nenhum documento em sua ausência, ou simplesmente por não concordarem com a ordem judicial em questão. Nesse caso deve-se observar o disposto no art. 14, V, do CPC e art. 173, § 1º, VI, do Provimento nº 161/CGJ/2006.

Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo. (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

(...)

V cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. (Inciso incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

Art. 600. Considera se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 173. As certidões citatória ou de intimação devem ser firmadas da forma mais completa possível, observados os requisitos legais e os atos administrativos pertinentes.

§ 1º Na certidão positiva, o Oficial de Justiça deverá:

( . . .)

VI - mencionar a obtenção da nota de ciência e, se analfabeto o réu, demonstrar que o ato foi assistido por uma ou mais testemunhas e que a assinatura no mandado foi lançada a seu rogo, com resumo do ocorrido;

Sendo analfabeto, pessoa que não sabe ler nem escrever, deve o Oficial de Justiça colher assinatura de forma especial, conforme mencionado neste trabalho, ou seja, a rogo ou por digital.

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Para o impossibilitado de assinar, e sendo pessoa incapaz apenas fisicamente, em razão de um acidente, por exemplo, procede-se na modalidade a rogo, sendo desnecessárias as duas testemunhas, quando se tratar de pessoa alfabetizada.

A recusa em assinar o mandado, auto ou receber a contrafé não é motivo que justifique o não-cumprimento da ordem. Nesse caso, o Oficial de Justiça deverá cumprir o ato e certificar que a pessoa se recusou a assinar ou receber a contrafé. Deverá ainda explicar, sempre que possível, os motivos alegados no momento da diligência e arrolar as testemunhas que presenciaram o ato, se for o caso. O fato de não existirem testemunhas no momento da diligência não deve ser motivo para o não-cumprimento do mandado, mas é importante descrever fisicamente a pessoa envolvida no ato. Os procedimentos mencionados se justificam em razão da fé pública conferida ao Oficial de Justiça.

3.4.1.Tipos de assinaturas

3.4.1.1. Assinatura de próprio punho

3.4.1.2. Assinatura a rogo

3.4.1.3. Assinatura por impressão datiloscópica

3.4.1.1. Assinatura de próprio punho

É a modalidade comum à maioria das pessoas com as quais são cumpridos os mandados, tratando-se de pessoas capazes e alfabetizadas.

3.4.1.2. Assinatura a rogo

Sendo analfabeta ou estando impossibilitada de assinar, a pessoa destinatária do mandado, a assinatura é aposta por terceira pessoa, a seu pedido, a rogo. Neste caso, deverá o ato ser acompanhado por duas testemunhas além da que assina pelo analfabeto. No entanto, não existindo qualquer pessoa para assinar como testemunha, o Oficial de Justiça realizará o ato e certificará ao Juiz o ocorrido.

Cabe observar que a pessoa que está assinando a rogo deverá apor no documento a sua assinatura e não o nome de quem solicitou o ato.

Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo Juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos. [1]

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Sobre assinaturas à rogo, encontramos ainda observações nos arts. 578, § 1º, 654, § 1º, “c”, 723, § 1º do CPP e art.1120 do CPC, para os casos em que forem realizados pelo Oficial de Justiça.

[1] Código de Processo Penal.

3.4.1.3. Assinatura por impressão datiloscópica

Não existindo qualquer pessoa para assinar à rogo pelo analfabeto, o Oficial colherá a impressão digital da pessoa utilizando seu polegar direito, apondo ao lado sua rubrica e número de matrícula, descrevendo de forma clara o conteúdo em Certidão. Para facilitar a coleta da impressão digital, deverá o Oficial de Justiça portar almofada, destinada para o ato ou pincel atômico de cor azul ou roxo, e ainda, não portando tais objetos na oportunidade, faz-se com a tinta da caneta.

Identificamos em algumas oportunidades, confusão acerca da modalidade de assinatura utilizando a aposição da impressão digital com a assinatura digital ou eletrônica.

A modalidade assinatura digital ou eletrônica não é trabalhada pelo Oficial de Justiça em cumprimento de mandados, mas sim no processo eletrônico, nos termos da Lei nº. 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Sobre a terminologia “digital”, é utilizada sempre que precisamos colher a impressão digital de pessoas analfabetas ou em situações especiais.

“Existem casos, no entanto, isolados, podendo citar de imediato, o do oficial de Justiça no exercício da sua função, que ao citar ou intimar um cidadão que não saiba ler e escrever, e após ler o teor do "Mandado Judicial", colhe a digital do polegar da mão direita, certificando em seguida ter cumprido aquela ordem judicial de conformidade com a lei.

. . . . . . . . . . após o depoimento de "uma das partes" ou mesmo da testemunha, que não sabia ler e escrever, determinar que fosse colhida a sua digital, e em seguida mandar que alguém assinasse a rogo por ela“. [1]

Como exemplo de assinatura utilizando a aposição de impressão digital podemos citar os modelos de certidão utilizados para cumprimento de mandados com réus presos, adotados pela Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, em 2001, onde traz a terminologia ”digital” se referindo à assinatura aposta por digital, colhida do preso, quando necessário.

Embora não seja matéria trabalhada pelos Oficiais de Justiça, as informações sobre assinatura digital ou eletrônica podem ser encontradas nos arts. 38, 154, 169 e 202 do Código de Processo Civil, na Lei nº. 11. 280, de 2006 e Lei nº. 11.419, de 19 de dezembro de 2006, sobre a implantação e utilização da assinatura digital nos Tribunais de Justiça.

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Como material de pesquisa sobre esta modalidade de assinatura podemos verificar também a Medida Provisória nº. 2.200-2/2001, que trata dentre outros assuntos, de prolação, armazenamento, assinaturas de atos processuais eletrônicas, utilizando recurso tecnológico de assinatura digital, por meio do sistema assimétrico de criptografia e certificado digital expedido por autoridade credenciada.

A PORTARIA-CONJUNTA Nº. 107/2007, dispõe sobre a regulamentação da assinatura digital e o meio eletrônico de tramitação de processos judiciais nos recursos ordinário, especial e extraordinário e dos agravos contra suas decisões, interpostos para os tribunais superiores no âmbito da 2ª Instância do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

___________________________________

1- Artigo escrito pelo MM. Juiz de Direito da 26ª Vara Cível de Salvador, Dr. Phídias Martins Júnior.

3.5. Prazos para a realização dos atos processuais

Os prazos para a realização dos atos processuais estão prescritos em lei, mas, em sua falta, o Juiz determinará o prazo, levando em conta as partes e o pedido em questão. Os prazos a serem praticados por todos os envolvidos no processo, independentemente de serem prazos legais, judiciais ou convencionais, devem ser fielmente observados, sob pena da perda do direito de praticar o ato.

Os serventuários da Justiça que excederem o prazo no cumprimento dos atos de sua competência, sem motivo legítimo, serão responsabilizados, após instauração de processo administrativo, na forma que a Lei de Organização e Divisão Judiciárias determinar.

Quanto à parte, se perder o prazo por justa causa, o Juiz verificará a procedência de suas alegações e permitirá a prática do ato no prazo que lhe assinar.

Art. 161. Os Oficiais de Justiça deverão comparecer diariamente à Central de Mandados, no horário compreendido entre 8 e16 horas, para recebimento e devolução de mandados, quando, então, providenciarão o registro de seu ponto diário.

Parágrafo único. Os mandados deverão ser cumpridos e devolvidos à Central de Mandados no prazo máximo de 20(vinte) dias, contados do seu recebimento pelo Oficial de Justiça.” (Parágrafo único do art. 161 do Provimento nº. 161, de 1ª de setembro de 2006, com redação determinada pelo Provimento n.º 211, de 4 de março de 2011).

Art. 162. Os mandados de intimação de partes, testemunhas e auxiliares da Justiça deverão ser cumpridos e devolvidos até 5 (cinco) dias antes da audiência.

§ 1º Em casos excepcionais, para evitar o cancelamento da audiência, a intimação poderá ser entregue até a data de sua realização, hipótese em que o Oficial de

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Justiça deverá comunicar tal circunstância à Central de Mandados, a fim de que o processamento do mandado e a sua entrega à respectiva Secretaria de Juízo ocorra em caráter de urgência. (Redação dada pelo Provimento nº 165/CGJ/2007)

§ 2º Nos casos de feitos de procedimento sumário, os mandados deverão ser cumpridos e devolvidos à Central de Mandados até 15 (quinze) dias antes da audiência. (Redação dada pelo Provimento nº 165/CGJ/2007) [1]

Art. 37 O Auxiliar de Justiça que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, prejudicar a execução, será responsabilizado, civil, penal e administrativamente. Parágrafo Único O Oficial de Justiça deverá efetuar, em 10 (dez) dias, as diligências que lhe forem ordenadas, salvo motivo de força maior devidamente justificado perante o Juízo. [2]

Conforme o art. 313 da nossa Lei de Organização e Divisão Judiciárias, "Haverá expediente nos tribunais e nos órgãos de primeira instância nos dias úteis, de segunda a sexta feira, conforme horário fixado pelos respectivos órgãos diretivos". Além dessa norma, para analisarmos as expressões "contar", "correr" e "computar" prazos devemos, obrigatoriamente, observar determinados artigos do CPC e CPP:

Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar se ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º Considera se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I for determinado o fechamento do fórum;

II o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

§ 2º Os prazos somente começam a correr a partir do primeiro dia útil após a intimação (art. 240). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 13.09.1990)

Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar se ão da intimação. Parágrafo único. As intimações consideram se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. (Incluído pela Lei nº 8.079, de 13.09.1990)

Art. 241. Começa a correr o prazo: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

I quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

II quando a citação ou intimação for por Oficial de Justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

III quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

IV quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

V quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo Juiz. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

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Art. 172. Os atos processuais realizar se ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 1º Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2º A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do Juiz, realizar se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso Xl, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3º Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam se:

I a produção antecipada de provas (art. 846);

II a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.

Art. 174. Processam se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

II as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275;

III todas as causas que a lei federal determinar.

Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por lei.

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo Juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados.

Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo Juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

Art. 188. Computar se á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. [3]

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.

§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo se, porém, o do vencimento.

§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.

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§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar se á prorrogado até o dia útil imediato.

§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do Juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.

§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão:

a) da intimação;

b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;

c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. [4]

Ver item "Jurisprudência" - Prazos

[1] Provimento nº 161/CGJ/2006.

[2] Lei nº 6830/80.

[3] Código de Processo Civil.

[4] Código de Processo Penal.

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4. 2ª PARTE: ASPECTOS ESPECÍFICOS SOBRE OS ATOS DE COMUNICAÇÃO

Apresentação

Os atos de comunicação são cinco, possuem características específicas e cada um tem aplicação em momento oportuno. A citação é ato inicial que se destina a completar a relação jurídico processual; a intimação, se realiza somente com o processo já instaurado; a notificação visa a garantir direitos, dentro de um processo ou antes de se instaurar, a cientificação visa apenas dar ciência e ocorre somente dentro de processo já instaurado, e o ofício ocorre com processo instaurado, visto que é sempre em razão do processo que surge a necessidade desta comunicação.

Os atos de comunicação serão cumpridos pessoalmente junto à pessoa indicada no mandado, na pessoa de seu representante legal ou procurador com exigência de instrumento público ou particular com firma reconhecida, concedendo poderes especiais para recebê-la, conforme previsão legal. A cópia da procuração poderá ser juntada ao mandado ou apresentada ao Oficial de Justiça, que transcreverá os dados, certificando o ocorrido. Cabe ressaltar que a procuração geral que a parte confere ao advogado não o habilita a todos os atos processuais.

Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. (Redação dada pela Lei nº. 8.952, de 1994)

Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica. (Incluído pela Lei nº. 11.419, de 2006) [1]

[1] Código de Processo Civil.

4.1. Citação

Para que o processo alcance seu fim, terá que se desenvolver por via de procedimentos em que se praticam os denominados atos de comunicação processual, de suma importância para o processo. O primeiro e mais importante é o ato de citação, quando se dá conhecimento à pessoa do processo para que a mesma promova sua defesa, nos termos do art. 213 do CPC.

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Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Conforme observa o ilustre processualista, Fernando da Costa Tourinho Filho, "citação é o ato processual pelo qual se leva ao conhecimento do réu a notícia de que contra ele foi recebida denúncia ou queixa, para que possa defender se". [1]

Não obstante o art. 213 do CPC definir o ato de citação como uma comunicação ao destinatário para apresentar defesa, outras obrigações também podem ser determinadas nos mandados, tais como a citação do destinatário apenas para exercer opção de escolha, para efetuar um pagamento, para comparecer a uma audiência ou contestação uma ação, as quais destacamos a seguir.

O art. 571 do CPC determina que quando tratar-se de obrigações alternativas e a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção de escolha da obrigação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado.

O art. 652 do CPC traz de forma expressa que o executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida sob penhora em seus bens.

Já o art. 928, também do CPC, diz que não havendo justificativa para expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o Juiz determinará, após a justificação prévia do autor, a citação o réu simplesmente para comparecer à audiência que for designada.

Por fim, o art. 930 do CPC prevê que, concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor deverá promover, dentro dos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para contestar a ação, contados da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.

Seria simples trabalhar diretamente com o citando, caso ele quisesse receber a contrafé, lendo e assinando o mandado e não se furtasse com tanta freqüência quando do seu cumprimento pelo Oficial de Justiça, razão pela qual vamos desenvolver nosso trabalho demonstrando os caminhos que precisamos percorrer para realizar a citação válida.

Além dos procedimentos específicos acerca da citação, abordados neste item, deve-se observar primeiro aqueles de ordem geral, destinados a todos os atos de comunicação, tratados na primeira parte deste trabalho.

[1] TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 26ª ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2004, Vol. 3. p. 168.

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4.1.1. Princípio da pessoalidade

A obediência a este princípio é o ponto de partida para a validade do ato de citação. O art. 215, caput, do CPC, traduz de forma clara quem pode receber a comunicação na pessoa do citando em qualquer área do direito, bem como as exceções, conforme quadro-resumo abaixo.

Art. 215. Far se á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.

§ 1º Estando o réu ausente, a citação far se á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.

§ 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis.

A citação real ou pessoal era a regra geral no processo penal, depois a realizada por edital, sendo que a modalidade com hora certa era vedada. Por ser considerado ato pessoal, a citação dentro processo penal não podia ser executada em outra pessoa que não fosse o réu. No entanto, a Lei nº. 11.719, de 20 de junho de 2008, publicada no DOU de 23.6.2008, alterou o art. 362 do CPP, determinando a citação com hora certa, quando o réu se ocultar para não ser citado.

“Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº. 11.719, de 2008).

Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº. 11.719, de 2008).”

Referida lei foi publicada no DOU de 23.6.2008, com entrada em vigor após 60 (sessenta) dias da publicação, ou seja, dia 22 de agosto de 2008. Portanto, estando presentes os requisitos subjetivos e objetivos, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 do Código de Processo Civil, os Oficiais de Justiça poderão executar os atos de citação com hora certa.

Já no processo civil, tratando-se de réu demente, admite se a citação na pessoa do curador especial a ele nomeado. Porém se a situação for notada pelo Oficial de Justiça quando do cumprimento do mandado, este descreverá o fato em certidão, devolvendo o ao juízo, permitindo assim ser lhe nomeado curador e promovida a citação adequada.

Art. 9º O Juiz dará curador especial:

I ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;

II ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.

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Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: ( . . .)

IV aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Inciso V renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê la.

§ 1º O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O Juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.

§ 2º Reconhecida a impossibilidade, o Juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.

§ 3º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu.

PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE NOS ATOS DE CITAÇÃO

Réu ou interessado Pessoa legalmente indicada para receber a citação

Observação:

Todas estas pessoas poderão ainda ser citadas na pessoa de seus representantes legalmente autorizados.

Capaz Sua própria pessoa

Relativamente incapaz Suas próprias pessoas

Absolutamente incapaz Representante legal

Assistido Seu assistente

Pessoa jurídica Representante legal

Réu ausente

Exceção ao princípio da pessoalidade

Mandatário, administrador, feitor ou gerente.

Citação indireta - Exceção

Não é procurador, nem convencional, nem legal.

Locador ausente do País Exceção ao princípio da pessoalidade

Administrador do imóvel

Citação indireta - Exceção

Não é procurador, nem convencional, nem legal.

Ato de Citação fictício, realizado por edital ou com hora certa é exceção ao princípio da pessoalidade. Cabe lembrar que a citação com hora certa, desde 22 de agosto de 2008, passou a ser aplicada também no Processo Penal.

Não exige procurador, nem convencional, nem legal.

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4.1.2. Classificação

A citação pode ser real ou ficta. A real, também denominada pessoal, quando é realizada na pessoa do próprio acusado, réu, autor do fato, requerido, executado ou confinante, ou, ainda, na pessoa de seu representante legal, quando permitido. A citação ficta ou presumida é aquela realizada por meio de edital ou com hora certa, dentro dos casos legalmente permitidos.

Cabe lembrar que, em ambas as modalidades, em razão da pessoa e do tipo de ação em questão, há casos em que não é permitida a citação com hora certa, como nas ações de execução; ou por edital, como ocorre nos Juizados Especiais; ou ainda, a representação legal, como nas ações criminais.

Ver "Jurisprudência selecionada", "Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avalia

4.1.3. Das diversas modalidades de citações

O artigo 221 do Código de Processo Civil dispõe que:

Art. 221. A citação far-se-á:

I - pelo correio;

II - por oficial de justiça;

III - por edital.

IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº.11.419, de 2006).

4.1.3. 1. Citação pelo correio

A citação, via de regra, será realizada pelo correio, podendo ser feita para qualquer comarca do País, ou seja, não se observam os limites territoriais nesta modalidade de citação. Sua execução será feita nos moldes do art. 223 do CPC e seu parágrafo único, com as exceções previstas nos incisos do art. 222.

Art.222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

a) nas ações de estado;

b) quando for ré pessoa incapaz;

c) quando for ré pessoa de direito público;

d) nos processos de execução;

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;

f) quando o autor a requerer de outra forma.

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Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do Juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

Como se observa do parágrafo único do art. 223, a carta de citação será registrada e entregue em mão própria do citando, mas, sendo pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração, não é necessária a entrega na pessoa do representante legal da empresa.

4.1.3. 2. Citação pelo Oficial de Justiça

Se a realização da citação pelo correiro foi frustrada, será feita por mandado pelo Oficial de Justiça, que realizará também aquelas mencionadas no art. 222 do CPC.

O mandado para cumprimento do ato de citação deverá conter todos os requisitos mencionados no arts. 225 do CPC e 352 do CPP, também chamados requisitos intrínsecos ao mandado.

O art. 225 do Código de Processo Civil menciona que o mandado que o Oficial de Justiça tiver de cumprir deverá conter:

I os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências;

II o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;

III a cominação, se houver;

IV o dia, hora e lugar do comparecimento;

V a cópia do despacho;

VI o prazo para defesa;

VII a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do Juiz.

Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado.

O art. 352 do Código de Processo Penal determina que o mandado de citação indicará:

I o nome do Juiz;

II o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

III o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

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IV a residência do réu, se for conhecida;

V o fim para que é feita a citação;

VI o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;

VII a subscrição do escrivão e a rubrica do Juiz.

Cabe ao Oficial verificar no ato do recebimento do mandado, se este foi expedido corretamente. Caso contrário, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas do recebimento, devolverá o mandado na Central de Mandados, que o encaminhará às Secretarias para as correções que se fizerem necessárias, conforme prevê o parágrafo único do art. 157 do Provimento nº. 161/CGJ/2006.

Ao cumprir o mandado, o Oficial de Justiça procurará o réu onde quer que esteja e o citará (art. 216, CPC), salvo quando se tratar das exceções mencionadas no art. 217 do CPC, que só se realizarão para evitar o perecimento do direito, ou ainda nos casos do art. 218 do CPC, visando a integridade da pessoa.

Após a conclusão da diligência e tendo sido encontrado o réu, o mandado será devolvido com certidão positiva e, se não o encontrar, com certidão negativa.

Ver item “Conteúdo da certidão do Oficial de Justiça”.

Art.216. A citação efetuar se á em qualquer lugar em que se encontre o réu.

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; (Inciso II renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

II ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; (Inciso III renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

III aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; (Inciso IV renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

IV aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Inciso V renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê la.

§ 1º O Oficial de Justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O Juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.

§ 2º Reconhecida a impossibilidade, o Juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.

§ 3º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu. [1]

[1] Código de Processo Civil.

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4.1.3.2.1. Citação com hora certa

A citação com hora certa é permitida quando o Oficial de Justiça por três vezes procurar o réu em seu domicílio ou residência e suspeitar de que o mesmo está se ocultando para evitar receber a citação. Essa modalidade de citação decorre única e exclusivamente da iniciativa do Oficial de Justiça, que tem no momento das diligências a faculdade de aferir o comportamento da pessoa procurada, que vai caracterizar a suspeita de ocultação, não havendo necessidade da certeza.

A existência da suspeita deve ser relatada de forma clara na certidão, pois é requisito para a prática do ato.

Não pode ser entendida como suspeita de ocultação, o fato da pessoa procurada estar viajando, sem data para retorno, ou simplesmente estar para o trabalho quando da realização das diligências.

No entanto, receber a mesma resposta em três dias distintos pela esposa do réu, informando que ele está viajando sem data para retorno pode ser ou não ocultação. Nesse caso, o Oficial deverá se informar com porteiros ou vizinhos, se for possível, a fim de colher dados e se convencer da situação da suspeita da ocultação.

Em outra situação, os empregados da casa atendem o interfone e informam que o réu está dormindo. No mesmo momento, ao falar com a esposa do réu, esta informa que ele está viajando ou saiu muito cedo. E ainda, o porteiro do prédio dá outra informação, ou seja, haverá sempre contradições nas informações obtidas no local, o que leva o Oficial de Justiça a se convencer da suspeita de ocultação do réu.

O mesmo não ocorre quando as informações são de que o réu está viajando sem data marcada para retorno, porque sua profissão é representante comercial e tanto os vizinhos, quanto os porteiros, confirmam o fato.

Existem ainda aqueles casos em que os porteiros informam que o morador procurado para ser citado não atende Oficial de Justiça. Os porteiros ficam em situação difícil, pois são proibidos de interfonar e anunciar a presença do Oficial de Justiça, que é atendido na calçada, não permitindo sequer sua entrada no prédio por determinação do referido morador. Normalmente são pessoas com muitos processos. Este é um caso típico de ocultação e não de suspeita.

Também pode caracterizar suspeita de ocultação quando o Oficial comparece à residência, é atendido por pessoa que diz ser a empregada, retorna em diligência mais tarde, onde é atendido pela empregada e comenta sua ida ali mais cedo e que conversou com ela, momento em que ela diz que não, então possivelmente quem atendeu o interfone possa ser a pessoa a ser citada.

Ocorrem ainda casos mais claros de ocultação. São aqueles em que a pessoa determinada para a diligência já foi citada pelo próprio Oficial de Justiça em

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outros processos e, ao ser abordada, diz simplesmente que não é o réu, evadindo-se do local.

Tendo em vista os fatos ocorridos no local da diligência, somente o Oficial de Justiça é que poderá avaliar e, se for o caso e a ordem determinada permitir, cumprir a citação com hora certa, não dependendo, portanto, de autorização judicial, como previsto no art. 227 do CPC.

Há casos em que a lei não admite citação com hora certa, a saber: - Varas de Família - artigo 155, II, CPC - Estes processos correm em segredo de justiça, e nesta modalidade de citação, ao entregar o mandado, acompanhado da inicial, terceiro tomará conhecimento do conteúdo da ação que, normalmente, traduz problemas íntimos havidos na constância do casamento. - Ações de execução - artigo 653 CPC - A lei prevê que não encontrando o devedor o Oficial de Justiça arrestar-lhe-a tantos quantos bastem para garantir a execução.

- Juizados Especiais - O art. 66, parágrafo único, da Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995, informa que não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. Da mesma forma, O Enunciado 64 - O processo será remetido ao Juízo Comum após a denúncia, havendo impossibilidade de citação pessoal no Juizado Especial Criminal, com base em certidão negativa do Oficial de Justiça, ainda que anterior à denúncia. (Aprovado no XV Encontro – Florianópolis/SC. O Enunciado nº. 2, que integra os Enunciados dos Encontros realizados na sede do Juizado Especial do Gutierrez - 2000/2001/2002), opina de forma expressa, “Não se admite citação por hora certa nos Juizados Especiais Cíveis”.

- Varas de Falência - Nos processos de falência, cujas ações foram iniciadas na vigência do Decreto-Lei 7.661/45, porque prevê, em seu art. 11, a modalidade de edital.

Art. 11. (...)

1º Deferindo a petição, o Juiz mandará citar o devedor para, dentro de vinte e quatro horas, apresentar defesa. Feita a citação, será o requerimento apresentado ao escrivão, que certificará, imediatamente, a hora da sua entrada, de que se conta o referido prazo. Se o devedor não for encontrado, far-se-á a citação por edital, com o prazo de três dias para a defesa.

Além disso, a nova lei de falências, Lei n ° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, prevê, em seu art. 192, que "a nova lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizados anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Decreto Lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945".

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É bom lembrar que não há necessidade de ter certeza da ocultação, mas suspeita baseada em indícios, como nos exemplos acima. O Oficial de Justiça deve usar de sua habilidade, verificando junto a vizinhos ou porteiros, no intuito de colher dados para melhor se convencer da suspeita de ocultação.

Há sempre contradições nas informações obtidas, o que leva a convencer da ocultação, isso porque somente o Oficial de Justiça é que poderá avaliar se é caso de citação com hora certa.

Art. 227. Quando, por três vezes, o Oficial de Justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Art. 228. No dia e hora designados, o Oficial de Justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.

§ 1º Se o citando não estiver presente, o Oficial de Justiça procurará informar se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.

§ 2º Da certidão da ocorrência, o Oficial de Justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando lhe o nome.

Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando lhe de tudo ciência. [1]

Como se verifica, nas três tentativas em que o Oficial procurar o réu, não o encontrando e havendo suspeita de ocultação fará a citação com hora certa nos termos do art. 227 do CPC, ou seja, intimará a qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar, sendo que, independentemente de novo despacho, retornará no dia marcado; não estando presente o citando, procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. Caso não seja encontrada a pessoa com quem marcou a hora certa, poderá ser substituída por outra, para a concretização do ato.

Como se observa do artigo acima mencionado, na terceira diligência o Oficial de Justiça marcará a diligência, informando que retornará no dia imediato, ou seja, no dia seguinte, sendo passível de nulidade a citação que não for cumprida dentro dos moldes previstos neste artigo.

Efetivada a citação, o Escrivão enviará ao réu carta, dando-lhe de tudo ciência.

Todavia poderá ocorrer de, no dia marcado, o Oficial de Justiça não encontrar qualquer pessoa na residência ou vizinhança, conforme o caso. Esta situação tornará prejudicado o ato, pois a finalidade é que a pessoa intimada do ato tenha comunicado ao citando da marcação do ato com hora certa e da presença do Oficial de Justiça no local, dia e hora marcados.

[1] Código de Processo Civil.

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4.1.3. 3. Citação por edital

Contrário ao procedimento aceito pelo CPC, a citação por edital era a única modalidade presumida aceita no processo penal. Todavia, desde o dia 22 de agosto de 2008, a citação com hora certa poderá ser realizada, também, no processo penal. É o último meio que deve lançar mão o Juiz para que se efetue a citação. Previamente são realizadas buscas no endereço fornecido pelo réu ou verificações nos cadastros junto à Justiça Eleitoral, dentre outros.

A citação por edital é terceira modalidade e vem prevista no art. 231 do Código Processo Civil e ocorrerá quando desconhecido ou incerto o réu (inciso I); quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar (inciso II); nos casos expressos em lei (inciso III).

No Processo Civil, o art. 232, I, do CPC, informa que são requisitos da citação por edital a afirmação do autor, ou a certidão do Oficial, quanto às circunstâncias previstas nos incisos I e II do artigo antecedente, ou seja, de estar o citando em local incerto e não sabido, que é uma condição imputada a uma pessoa, feita pelo Oficial de Justiça, que não é encontrada em sua residência ou local de trabalho, de quem familiares, vizinhos ou amigos não têm notícias ou informações, que não responde à Justiça quando a chamam por edital nem está representada por advogado. Essa condição também poderá ser afirmada pelo autor nos termos do art. 232, I, do CPC. Realizada a citação por edital e passado o período do prazo fixado no mesmo, a citação será considerada efetiva, havendo então o julgamento do processo cível, com nomeação de curador especial quando for o caso.

No processo penal, uma certidão do Oficial de Justiça atribuindo ao citando a condição de estar em local incerto e não sabido abre o precedente para a realização de citação por edital. Após sua realização e sem resposta do interessado, entende se que o réu não tomou conhecimento sobre a tramitação do processo contra sua pessoa, ficando suspenso o processo até que o acusado tome conhecimento.

Determinada a citação por edital, se o réu ou acusado não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. Se o Juiz entender necessário, poderá requerer a produção antecipada de provas e, sendo o caso, decretar a prisão preventiva.

A certidão negativa, nesse caso, deverá conter os nomes dos informantes, datas e horários das diligências, bem como as informações obtidas no local, de forma a transmitir ao Juiz a realidade dos fatos. Ao final da certidão negativa o Oficial de Justiça deverá fazer constar a expressão: "Certifico assim que, com relação ao presente mandado, endereço fornecido e informações obtidas no local, o sr(a). (...), se encontra em local incerto e não sabido".

Ver item "Local incerto e não sabido".

Art. 231. Far se á a citação por edital:

I quando desconhecido ou incerto o réu;

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II quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;

III nos casos expressos em lei.

§ 1º Considera se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.

§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

Art. 232. São requisitos da citação por edital: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos nºs I e II do artigo antecedente; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV a determinação, pelo Juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

V a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis. (Inciso acrescentado pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º Juntar se á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do anúncio, de que trata o nº II deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973 e parágrafo único renumerado pela Lei nº 7.359, de 10.09.1985)

§ 2º A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for beneficiária da Assistência Judiciária. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.359, de 10.09.1985)

Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo.

Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. [1]

Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº. 11.719, de 2008).

. . . . . . . . . . . . . . .

§ 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. (Incluído pela Lei nº. 11.719, de 2008).

. . . . . . . . . . . . . . .

§ 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído pela Lei nº. 11.719, de 2008).

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº. 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº. 11.719, de 2008)[2]

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Ver "Jurisprudência selecionada", "Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador", "Citação por edital".

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Penal.

4.1.3. 4. Citação por meio de carta

4.1.3. 4. 1. Citação por carta precatória

4.1.3. 4. 2. Citação por carta rogatória

4.1.3. 4. 3. Citação por carta de ordem

4.1.3. 4. 1. Citação por carta precatória

A carta precatória é um instrumento pelo qual se permite que o ato processual se realize fora dos limites territoriais da comarca, fora dos limites da jurisdição do Juiz deprecante. A carta deverá acompanhar o mandado quando de seu cumprimento, caso contrário, deverá ser devolvido à Secretaria para ser anexada. (arts. 200/209, 224/230, 241, IV, e 738 do CPC e arts. 222 e 353/356 do CPP).

Realizada a citação por carta precatória, nos termos do art. 241, IV, o prazo para resposta começa a correr da data da juntada aos autos da carta precatória cumprida. Para o caso de citações, envolvendo execuções por carta precatória, conta-se o prazo para embargos à execução, a partir da juntada aos autos da comunicação feita ao Juiz deprecante pelo Juiz deprecado, do cumprimento do mandado, nos termos do § 2º do art. 738 do CPC, incluído pela Lei nº. 11.382, de 2006.

Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação. (Redação dada pela Lei nº. 11.382, de 2006).

. . . . . . . . . . . . . . .

§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo tratando se de cônjuges. (Incluído pela Lei nº. 11.382, de 2006).

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§ 2º Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos, contando se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. (Incluído pela Lei nº. 11.382, de 2006).

§ 3º Aos embargos do executado não se aplica o disposto no art. 191 desta Lei. (Incluído pela Lei nº. 11.382, de 2006). [1]

A finalidade da carta precatória é colaborar com o Juiz deprecante na execução de mandados a serem cumpridos fora da sua jurisdição, tendo em vista a limitação territorial de seu poder. O mandado é expedido pelo Juízo Deprecado, ou seja, aquele que recebeu a carta precatória para dar-lhe cumprimento. A exceção se dá apenas nos casos de mandado de prisão, alvará de soltura, prisão de réu preso e contramandado de prisão, que deverão ser assinados pelo Juiz deprecante.

Na Vara de Precatórias Cíveis, são processadas as cartas precatórias relativas a processos da área de Família, da Fazenda Pública, Empresariais, de Sucessões e Ausência, de Conflitos Agrários, de Feitos Tributários, de Execuções Fiscais, de Registros Públicos, do Juizado da Infância e da Juventude, do Juizado Especial Cível e Cível propriamente dito.

Nas Varas de Precatórias Criminais, são processadas as cartas precatórias relativas a crimes de ação penal pública e de ação penal privada. De acordo com o art. 222, § 1º, do CPP, a expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal.

No caso de julgamentos, serão realizados no final do prazo determinado para o cumprimento da carta, mas poderão realizar se a qualquer tempo, a partir do momento que a carta retornar cumprida. A carta precatória poderá servir de mandado quando necessário, mas o mandado não poderá ser cumprido sem a cópia da carta precatória.

Tratando se do cumprimento de carta precatória, e verificando-se que o réu reside em outra comarca, havendo tempo hábil entre o ato de citação e a data da ordem expressa no mandado, o Juízo deprecado pode enviar a carta diretamente a outra comarca sem prévia comunicação com o Juízo deprecante, em razão do caráter itinerante da carta precatória.

[1] Código de Processo Civil

4.1.3. 4. 2. Citação por carta rogatória

É um pedido feito por autoridade judicial estrangeira para que seja cumprida uma diligência no Brasil, como citação, interrogatório de testemunhas, prestação de informações, entre outras. As cartas rogatórias, em sua maioria,

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chegam ao STJ por via diplomática, encaminhadas pelo Ministério da Justiça ou pelo Ministério das Relações Exteriores. Contudo, elas também podem ser diretamente requeridas pela parte interessada que tenha um processo no tribunal estrangeiro. Podem da mesma forma ser solicitadas por Juiz brasileiro, por via diplomática, a uma autoridade judiciária estrangeira, quando o réu ou interessado esteja no exterior. Dá se o mesmo nome para os pedidos de juízes estrangeiros ou de juízes brasileiros.

4.1.3. 4. 3. Citação por carta de ordem

Ato pelo qual uma autoridade judiciária determina a outra, de hierarquia inferior, a prática de um ato processual, contanto que seja da mesma Justiça e do mesmo Estado. Normalmente, são ordens expedidas pelo STF, STJ, TSE, TREs, TRFs ou Tribunais de Justiça Estaduais, pelos processos onde suas competências são originárias.

4.1.3. 5. Citação por meio de requisição

É quando o preso é citado para comparecer em juízo para interrogatório, mas deve acontecer com razoável antecedência, uma vez que o réu preso tem dificuldade para cuidar de sua defesa. Sendo requisitado, o réu é imediatamente ouvido, independentemente de ter apresentado defesa. A citação por requisição sem o devido prazo para defesa fere o princípio do contraditório e da ampla defesa, sendo nula a citação por meio de requisição que não prevê prazo legalmente estabelecido para que o réu apresente sua defesa antes ou na data da primeira audiência.

4.2. Intimação

Os procedimentos sobre dia, horário, lugar e prazos para a realização das intimações são aqueles já mencionados na primeira parte deste trabalho, comuns aos demais atos de comunicação.

Intimação é ato pelo qual cientificam se as partes, testemunhas, procuradores ou terceiros para que façam ou deixem de fazer alguma coisa, fora ou dentro do processo, ou, ainda, para que tomem conhecimento de movimentações pertinentes ao processo e tomem as medidas necessárias se assim desejarem, sob pena de perda de algum direito. As intimações serão feitas preferencialmente pelo correio, mas, quando frustradas, serão realizadas pelos Oficiais de Justiça.

A intimação é, portanto, o meio procedimental que noticia a existência de ato processual e que possibilita o exercício das faculdades e ônus processuais reservados às partes, bem como viabiliza o efetivo cumprimento do dever legal de comparecimento e participação de terceiros no processo penal. [1]

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As intimações também podem ser realizadas pelo Escrivão ou chefe de secretaria, mas, fora das Secretarias, são realizadas somente pelo Oficial de Justiça Avaliador.

Quando da realização do ato pelo Oficial de Justiça, será lavrada certidão contendo o nome da pessoa intimada, endereço, data e hora da intimação, assim como sua identificação. Deverá conter, ainda, a declaração de entrega da contrafé, a nota de ciente ou informação de que o intimando não a apôs no mandado, e o motivo, se for declarado. Portando por fé, o Oficial deverá datar, assinar e se identificar na certidão. As intimações realizadas sem a observância das prescrições legais serão nulas.

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Intimação”.

[1] PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal, 4ª ed., Ed. Del Rey, p. 459.

4.2. 1. Intimação no Processo Civil

Os mandados de intimação no processo civil, diferentemente do previsto no processo penal, poderão ser cumpridos por meio de procuração.

Os arts. 184, 240 e 241 do CPC dizem que o prazo das intimações começa a contar da data da intimação, e a correr da juntada do mandado cumprido aos autos. Vale lembrar que, pelo art. 240, o prazo para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público começa a contar da intimação, e, da mesma forma, para opor embargos à penhora na execução fiscal, intimação de tutores e curadores, dentre outros, observando sempre, quando se tratar de norma expressa. Devemos observar que a lei faz distinção entre contar e correr prazos. Pela análise dos três artigos mencionados, primeiro começa a correr o prazo para depois se contar ou se computar o prazo.

Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

(. .)

III da intimação da penhora. [1]

Art. 1.187. O tutor ou curador será intimado a prestar compromisso no prazo de 5 (cinco) dias contados:

( . . .)

II da intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou o instrumento público que o houver instituído.

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Art. 1.192. O tutor ou curador poderá eximir se do encargo, apresentando escusa ao Juiz no prazo de 5 (cinco) dias. Contar se á o prazo:

( . . . )

I antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso; [2]

Uma vez intimado, se o réu não comparecer à audiência de instrução e julgamento, será considerado revel. Contra o revel correrão todos os prazos independentemente de futura intimação.

No caso da oitiva das testemunhas, não comparecendo, o Juiz analisará a necessidade de serem inquiridas e, se for o caso, expedirá mandado de intimação e condução coercitiva de testemunha pelo Oficial de Justiça.

Poderá haver suspeita de ocultação quando da realização das diligências para proceder à intimação. No entanto o Oficial de Justiça, de ofício, não poderá realizá-la com hora certa, por não haver previsão legal, porém deverá fundamentar na certidão a suspeita. Alguns Juízes entendem que a intimação, como ato mais simples que a citação, também pode ser realizada com hora certa, e determinam a expedição do mandado, após verificado o conteúdo da certidão lavrada pelo Oficial de Justiça.

[1] Lei nº 6.830/80.

[2] Código de Processo Civil.

4.2. 1. 1. Intimação de leilão

É o aviso ao executado, interessados e ao autor, da venda pública de bens móveis, realizada por leiloeiro oficial, de acordo com determinação judicial contida, onde tem curso o processo de execução.

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

( . . . )

IV o dia, o lugar e a hora da praça ou do leilão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e hora de realização do leilão, se bem móvel; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). [1]

Súmula: 121 do STJ: "Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da realização do leilão".

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[1] Código de Processo Civil.

4.2. 1. 2. Intimação de praça

É a comunicação ao credor, executado e interessados de que o bem imóvel penhorado será vendido, conforme determinação judicial, para satisfação do débito do credor. A Lei 6.830 de 22 de setembro de 1980, em seu art. 23, menciona que a alienação de quaisquer bens penhorados será feita mediante leilão público, deixando entender que os imóveis também o serão. Tratando-se de credor hipotecário, este deverá ser intimado 10 dias antes da realização da praça.

Vale lembrar que, tratando-se de mandado com data aprazada, deve-se observar a data do leilão para que a devolução se dê em tempo hábil.

4.2. 1. 3. Intimação e condução coercitiva de testemunha

Quando, regularmente intimada, a testemunha não comparecer e nem justificar sua ausência, o Juiz determinará sua condução e a responsabilizará pelas despesas do adiamento.

O Juiz poderá determinar que a condução seja efetuada no ato da audiência, quando suspenderá os trabalhos, mandando que o Oficial a conduza naquele momento. Poderá ainda adiar a audiência, requisitando à autoridade policial a sua apresentação ou determinar que um Oficial de Justiça a conduza para nova audiência com data aprazada. A resposta ao mandado será uma certidão positiva simples de condução coercitiva de testemunha ou com reforço policial, quando for o caso, lavrando se o respectivo auto, ou ainda, uma certidão negativa se o Oficial não encontrar a pessoa a ser conduzida.

Se o mandado for de intimação e condução de testemunha para audiência com data aprazada, o mais correto e seguro é que o Oficial a intime anteriormente à audiência, colhendo seu ciente no mandado, marcando lhe para o dia da audiência o horário no qual retornará para conduzi la. Dessa forma, não há risco de não encontrá la no dia da condução para a audiência.

É muito comum restarem infrutíferas as conduções realizadas nas primeiras horas do dia, na data da audiência e sem prévia intimação, principalmente aquelas realizadas na periferia, pelo fato de as pessoas saírem muito cedo de suas residências para chegarem ao trabalho.

São poucos os casos nos quais a testemunha realmente não quis depor. Na maioria das vezes o não-comparecimento ocorre por esquecimento ou por entenderem que não se tratava de ato tão importante, fato este que torna

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pacífica a condução pelo Oficial de Justiça. A linguagem utilizada pelo Oficial de Justiça ao comunicar um ato à pessoa é que determina o sucesso no cumprimento do mandado, mesmo que seja apenas uma intimação de testemunha. Nesse caso, deve esclarecê-la da sua importância no processo, e que, não comparecendo injustificadamente, será conduzida.

Cabe ressaltar que a prática de intimar previamente e marcar o dia e horário da condução tem sido mais eficiente do que aquela realizada nas primeiras horas, no dia da audiência. Em qualquer caso, será dada uma certidão positiva de intimação e condução coercitiva de testemunha.

4.2. 2. Intimação no Processo Penal (arts. 351 /372 do CPP)

Os mandados de intimação no processo penal, diferentemente do previsto no processo civil, não poderão ser cumpridos por meio de procuração, visto que são atos personalíssimos.

As intimações criminais obedecerão, de acordo com o art. 370 do CPP, o que dispõe o Capítulo I do Título X do mesmo Código, que trata da citação. Deverá ser observado para expedição do mandado o contido no art. 352 do CPP, a jurisdição a ser realizada e, ainda, se é o caso de intimação especial, como a do militar, do funcionário público, do menor assistido ou do preso.

No rol de pessoas capazes de testemunhar encontramos, dentre outros, os menores, insanos, enfermos, silvícolas, parentes da vítima. No entanto, o menor de dezoito anos e maior de quatorze anos poderá ser intimado e compromissado, nos termos do art. 218 do CPP. Já o menor de quatorze anos poderá ser intimado, mas não compromissado.

Da mesma forma que nas citações, as certidões negativas de intimação deverão retratar de forma segura os motivos pelos quais a pessoa não foi intimada, pois isso mudará completamente o curso do processo. Esta nova situação acarretará inicialmente uma intimação por edital, em que, não comparecendo o acusado, o processo seguirá sem a sua presença. O processo poderá ainda ficar suspenso, assim como o prazo prescricional. Além disso, o Juiz poderá determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva da pessoa em questão. Este mandado será respondido com uma certidão positiva ou negativa, obedecendo a todos os requisitos legais, sob pena de nulidade.

Ver item “local incerto e não sabido”, neste trabalho.

4.2.2.1. Intimação de sentença (art. 392 do CPP)

Intimar da sentença é informar o réu da decisão proferida pelo Juiz. É a conseqüência natural, o direito do sentenciado de autodefesa, em que o réu,

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preso ou solto, tem a possibilidade de recorrer ou não. A pessoa indicada no mandado será intimada da sentença pessoalmente se estiver presa; pessoalmente ou na pessoa do seu defensor, se estiver solta; ou na pessoa de seu defensor se estiver desaparecida e o Oficial assim certificar. O prazo para recurso é de cinco dias. Com a publicação da Resolução Conjunta nº 6.715, de 11 de novembro de 2003, da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, na Comarca de Belo Horizonte, as intimações de sentença passaram a ser cumpridas pelos Oficiais de Justiça nos estabelecimentos prisionais e deverão ser respondidos em certidões especiais para esse fim, anexo ao mandado, quando da sua expedição. Após intimação da sentença o Oficial de Justiça colherá do preso a resposta, se deseja ou não recorrer.

Atualmente segue, anexo ao mandado, formulário para que o réu intimado da sentença se manifeste sobre o interesse, ou não, de recorrer, cuja resposta será devolvida junto com a certidão da intimação. No entanto, não raro surge dúvida do réu como proceder, situação em que o Oficial deverá certificar os motivos da referida recusa.

4.2. 2.2. Intimação de jurado

O art. 429, § 2º do CPP trazia uma forma especial para intimação do jurado.

“Art. 429. Concluído o sorteio, o juiz mandará expedir, desde logo, o edital a que se refere o art. 427, dele constando o dia em que o júri se reunirá e o convite nominal aos jurados sorteados para comparecerem, sob as penas da lei, e determinará também as diligências necessárias para intimação dos jurados, dos réus e das testemunhas.

§ 1º O edital será afixado à porta do edifício do tribunal e publicado pela imprensa, onde houver.

§ 2º Entender-se-á feita a intimação quando o oficial de justiça deixar cópia do mandado na residência do jurado não encontrado, salvo se este se achar fora do município.”

A Lei nº 11.689, de 2008, que deu nova redação ao art. 429 do CPP, revogou o texto anterior, nada mencionando acerca da intimação de jurado pelo Oficial de Justiça, mas apenas a convocação pelo correio.

Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora designados para a reunião, sob as penas da lei. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

Portanto, com a revogação do texto anterior do art. 429, do CPP e, não havendo nova orientação com relação à intimação feita pelo Oficial de Justiça, entende-se que a intimação do jurado, realizada via Oficial de Justiça, deverá ser efetivada na forma convencional adotada para os demais atos de intimação.

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4.3. Notificação (arts. 867/873 da Seção X, do Capítulo II (Dos Procedimentos Cautelares Específicos), do Código de Processo Civil.

Os procedimentos sobre dia, horário, lugar e prazos para a realização das notificações são os já mencionados na primeira parte deste trabalho, comuns aos demais atos de comunicação.

Notificar é fazer prova de recebimento de uma comunicação, é dar ciência a alguém sobre algum fato, para que, mediante este aviso, deixe de exercer referida conduta. No entanto, não admite contestação, mas o notificado poderá fazer uso de seu direito autônomo de ação. A notificação não cria, nem tira o direito de um em função do outro, mas apenas força a solução de algum impasse. Ela obriga o notificado a pensar se deve ou não correr o risco de uma demanda judicial. A notificação feita por mandado é decorrente de uma ordem judicial, mas também pode ser feita extrajudicialmente, como acontece com a interpelação e o protesto. Com a notificação extrajudicial, muitos processos deixam de ser instaurados. Acontece, às vezes, de o direito não estar claro para as partes, e, com a notificação, a solução aparece antes de se chegar às vias judiciais. Um exemplo comum de notificação é aquela feita em função dos contratos de locação.

Vencido um contrato da locação, com prazo superior a trinta meses, após prazo superior a trinta dias, sem que o locador proponha a "ação de despejo" a locação em questão passa a viger por prazo indeterminado. Nessa situação a mencionada ação só poderá ser proposta após notificação, que é a comunicação feita pelo locador ao locatário, por escrito, de seu interesse em retomar o imóvel. O locador somente poderá usar do seu direito de retomada pela "denúncia vazia" depois da notificação, concedendo-lhe um prazo de trinta dias para a desocupação. A comunicação toma o nome de Notificação e funciona como um aviso a quem é direcionada.

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Notificação”.

4.3.1. Notificação Judicial

A notificação judicial é um procedimento cautelar que visa, entre outros fins, prevenir responsabilidade, prover a conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. O interessado poderá fazer por escrito em petição dirigida ao Juiz, e requerer a intimação de quem de direito.

O objetivo é que o notificado tome ciência formal dos direitos sobre os quais o Notificante julga se prejudicado, deixando clara sua intenção de intentar ação futura e que de imediato a parte contrária seja constituída em mora.

Esta medida é amplamente utilizada como medida cautelar que precede o ajuizamento de ações de preceito cominatório, como para obrigar que uma pessoa abstenha se de praticar determinado ato ou em ações de despejo com

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contratos firmados por prazo indeterminado, ou então por denúncia vazia, dentre outras.

Art. 55. Oferecida a denúncia, o Juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.

§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 Código de Processo Penal.

§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o Juiz nomeará defensor para oferecê la em 10 (dez) dias, concedendo lhe vista dos autos no ato de nomeação.

§ 4º Apresentada a defesa, o Juiz decidirá em 5 (cinco) dias.

§ 5º Se entender imprescindível, o Juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e perícias. [1]

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva. [2]

A Súmula 361 do Superior Tribunal de Justiça, publicada em 22/09/2008, com referência legislativa nos arts. 94, §3º da Lei nº. 11.101 de 2005, que dispõe sobre a recuperação judicial de empresas e o art. 11 do Decreto-lei nº. 7661 de 1.945, sobre falência, trazem a seguinte informação: “A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu”. Referido conteúdo indica que o mandado de notificação de protesto para requerimento de falência da empresa devedora poderá ser recebido por terceira pessoa que não seu representante legal. Assim, quando realizadas, sem êxito, as três diligências necessárias ao cumprimento de um mandado, o Oficial de Justiça poderá entregar o mandado a quem o atender no local determinado para a diligência, colhendo, porém, o nome e identificação de quem o recebeu.

[1] Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

[2] Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

4.3.2. Notificação Extrajudicial (art. 160 da Lei Federal de Registros Públicos - Lei nº 6.015/73)

A notificação extrajudicial tem por objetivo comprovar que o notificado recebeu o documento ou carta que lhe foi enviado e tomou ciência de seu teor e para que apresente resposta no prazo estipulado. Não sendo apresentada, abre para o notificante a faculdade de fazê la de forma judicial.

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É uma forma incontestável de provar que o conteúdo ou teor de qualquer documento, registrado perante o Cartório de Títulos e Documentos, foi entregue a qualquer das partes ou a terceiros por intermédio do oficial do registro, detentor de fé pública.

O ato de notificação tem caráter preventivo, destinado a evitar responsabilidades, prover conservação, resguardar direitos ou, ainda, manifestar de modo formal qualquer intenção, mesmo que o notificado não tenha exarado a sua nota de ciente no documento.

4.4. Cientificação

Os procedimentos sobre dia, horário, lugar e prazos para a realização das cientificações são os mencionados na primeira parte deste trabalho, comuns aos demais atos de comunicação.

A função deste mandado é dar ciência ao interessado do conteúdo da ação proposta e que a ele possa interessar, ou ainda para tomar conhecimento ou ser avisado de um ato ou fato do processo. Não exige providências a serem tomadas, participação em processos ou cominação de penas, como ocorre nas diversas modalidades de citações e intimações.

O locador, por exemplo, tem a faculdade de requerer a cientificação dos fiadores em razão da propositura da ação de despejo por falta de pagamento, no intuito de resguardar seus direitos quando da futura execução, se for o caso, cientificação esta legalmente permitida.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado.

§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.

§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.

§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. [1]

Art. 698. Não se efetuará a adjudicação ou alienação de bem do executado sem que da execução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o senhorio direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada, que não seja de qualquer modo parte na execução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). [2]

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Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Cientificação”.

[1] Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

[2] Código de Processo Civil.

4.5. Ofício

Os procedimentos sobre dia, horário, lugar e prazos para entrega e cumprimento de ofícios, com a participação do Oficial de Justiça, são os mencionados na primeira parte deste trabalho, comuns aos demais atos de comunicação.

O ofício é sempre enviado diretamente ao órgão competente para diligência, mas existem ainda algumas modalidades que são cumpridas pelos Oficiais de Justiça Avaliadores, a exemplo dos Ofícios de mandado de segurança, Ofício requisitório de adolescente infrator, Ofícios requisitórios de réus presos e de funcionários públicos na função de testemunhas.

Os ofícios requisitórios têm o fim de preservar o bom andamento do serviço público, sem provocar interrupções, dando possibilidade à autoridade requisitada de tomar as medidas cabíveis quanto à ausência da pessoa requisitada, seja parte ou testemunha daquele estabelecimento, ou ainda, transportar pessoas que estão sob a guarda do Estado, como os casos do preso e de menores internados em instituições de recuperação.

4.5.1.Ofício de Mandado de Segurança

O Mandado de Segurança, a partir de 07 de agosto de 2009, passou a ser regido pela Lei nº 12.016, que revogou as Leis de nº. 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3º da Lei nº 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1º da Lei nº 6.071, de 3 de julho de 1974, o art.12 da Lei nº 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2º da Lei nº 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

No Mandado de Segurança, a autoridade coatora é aquela que pratica, ou se omite de praticar, o ato impugnado, lesivo de direito líquido e certo, e ao mesmo tempo detém poderes para corrigi-lo.

A autoridade coatora é notificada do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10

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(dez) dias, preste as informações (art. 7º, I). O órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada deverá ser cientificado, para que, querendo, ingresse no feito (art. 7º, II).

Pode ocorrer de o documento necessário à prova do alegado se encontrar em repartição ou estabelecimento público, ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão, ou de terceiro. Neste caso o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias (§ 1º do art. 6º). Mas, se a autoridade que tiver procedido desta forma for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento de notificação (§ 2º do art. 6º).

Por meio de oficio, contendo o inteiro teor da sentença, o juiz transmitirá, por intermédio do oficial do juízo, a concessão do mandado de segurança à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada (art. 13).

Como se verifica, mais de um destes atos poderão estar contidos no mesmo documento, seja ele uma notificação ou ofício de mandado de segurança.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, afim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. [...]

Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá ojuiz observar o disposto no art. 4o desta Lei.

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Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

Como se observa, a nova lei do Mandado de Segurança, Lei nº. 12.016, de 7 de agosto de 2009, continua tratando dos atos de comunicação, sendo a notificação e ofício à autoridade coatora e, traz como novidade, a cientificação do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada. No entanto, na prática forense, há expedição de mandado sob o título "Ofício de Mandado de Segurança", onde no despacho judicial a determinação é para notificar a autoridade coatora, neste caso, o termo utilizado na certificação será "notifiquei". Em se tratando de ordem para oficiar, utilizará o termo "oficiei".

Ocorre ainda de determinadas Secretarias expedirem "Mandado de notificação" específico para o ato. De outra forma, poderá ainda ser expedido o "Ofício Mandado de Segurança", apenas nos termos do art. 13, qual seja dar conhecimento do inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. Nestes casos o Oficial de Justiça obedecerá o determinado pelo Juiz.

O art. 11 trata de forma geral que será endereçado ao coator ofícios, ao que indica implica o título destes virem sob denominação de Ofício de Mandado de Segurança, mesmo tratando-se da notificação em algumas situações.

Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ouda sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o

desta Lei, a comprovação da remessa.

4.5. 2. Ofício Requisitório de adolescente infrator

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

( . . . )

§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. [1]

[1] Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

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4.5. 3. Ofício Requisitório de réu preso

A requisição se dá sempre que o Juiz precisar ouvir uma pessoa que se encontra sob a responsabilidade do Estado ou a este prestando serviço.

Atualmente, na Comarca de Belo Horizonte, os ofícios requisitórios podem ser levados aos estabelecimentos prisionais pelos Oficiais de Justiça, além do fax utilizado pelas Secretarias. O cumprimento desses ofícios deverá obedecer ao disposto na Resolução Conjunta nº 6.715 de 11 de novembro de 2003 da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Os ofícios requisitórios, mandados de citação e intimação, mandados de prisão de réu preso e contramandados de prisão não serão acompanhados de CI - Comunicação Interna. CI é expediente por meio do qual as Secretarias encaminham à Central de Mandados as ordens judiciais que, anteriormente, eram cumpridas com a presença do preso dentro das Secretarias. Esse procedimento foi adotado pelo Tribunal de Justiça para evitar, sempre que possível, o transporte de presos até o Fórum.

O cumprimento de mandado em Unidades Prisionais se dará somente em local seguro e apropriado, com o réu devidamente escoltado, conforme menciona o art. 4º, § 3º, da mencionada Resolução-Conjunta. De outra forma, o Oficial deverá devolver o mandado com certidão negativa de cumprimento, utilizando modelo de certidão criada especialmente para esse fim. O Oficial não deverá entrar na carceragem, por motivo de segurança.

Os mandados de citação e intimação serão entregues aos Oficiais de Justiça, acompanhados do formulário para certidão positiva a ser preenchida no momento da diligência. Os formulários para certidões negativas e positiva simples serão fornecidos pela Central de Mandados. Da mesma forma, o formulário para certidão, que permitirá ao Oficial de Justiça dirigir se a outros estabelecimentos prisionais, quando o preso não se encontrar naquele estabelecimento inicialmente mencionado no mandado.

Todos os mandados a serem cumpridos com réus presos têm, para cada um deles, uma certidão ou auto, criado de acordo com a necessidade e especialidade que o ato requer. Da mesma forma, existem certidões negativas específicas e uma geral e outra positiva geral para qualquer eventualidade, estas a serem fornecidas pela Central de Mandados.

Os mandados enviados à Central de forma incompleta serão devolvidos às secretarias para que sejam expedidos corretamente. Objetivamos, dessa forma, evitar o transtorno causado atualmente tanto para o Oficial de Justiça que muitas vezes tem que providenciar a cópia do mandado, quanto para a Central de Mandados.

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4.5.4. Ofício Requisitório de testemunhas

É a participação ou comunicação em forma de carta expedida por determinação judicial, encaminhada pelo Escrivão ao responsável pelo estabelecimento prisional, ou instituição de internação de menores ou outra instituição pública onde se encontrar a pessoa requisitada, a fim de que esta seja encaminhada e compareça em juízo no dia e hora marcados para ser ouvida na função de testemunha.

O ato de testemunhar é uma função pública, bem como a função que o servidor exerce nos órgãos públicos, daí a necessidade de requisição desse servidor e a preparação para que outro assuma seu lugar enquanto estiver ausente.

Art. 221. O Presidente e o Vice Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão i nquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o Juiz. (Redação dada pela Lei nº 3.653, de 04.11.1959)

( . . .)

§ 2º Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)

( . . .)

§ 3º Aos funcionários públicos aplicar se á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977) [1]

Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

( . . . )

§ 2º Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o Juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) [2]

( . . . )

[1] Código de Processo Penal.

[2] Código de Processo Civil.

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5. 3ª PARTE: CUMPRIMENTO DO MANDADO PELO OFICIAL DE JUSTIÇA

5.1. Mandado

É uma ordem emanada do Juiz nos autos de um processo, escrita ou não, subscrita pelo Juiz ou pelo Escrivão ou Chefe de Secretaria, a ser cumprida, em regra pelo Oficial de Justiça, visando a realização de uma diligência necessária à movimentação processual.

Os mandados não são dirigidos somente aos Oficiais de Justiça Avaliadores, mas também a Agentes Públicos de cartórios para realizar atos como os de Averbação de Registro Civil, a Oficiais de Registros Públicos para se alterar, suprimir ou incluir uma anotação de livro público.

As ordens judiciais, sendo elas determinadas na forma escrita ou verbal, são originadas das Secretarias de Juízo da Justiça Comum, dos Juizados Especiais Criminais e Cíveis, envolvendo as relações de consumo, acidentes de trânsito e as Varas da Infância e da Juventude. Sendo ordens escritas, após a expedição são encaminhados à Central de Mandados e distribuídos, com carga e em pasta própria, a cada Oficial de Justiça para efetivo cumprimento. Os mandados podem ser desde uma simples intimação a uma busca e apreensão de bens, pessoas ou documentos.

Os atos de comunicação na forma escrita é o que habitualmente acontece e será trabalhado de forma detalhada neste curso. No entanto não podemos deixar de falar brevemente sobre o cumprimento de atos de comunicação na forma verbal.

Estes atos, não obstante se apresentarem de forma não escrita, no momento de sua realização são, obrigatoriamente, reduzidos a termo, após a realização do ato, para que fiquem documentados no processo.

Cabe ressaltar que não existe norma especificando que atos poderão ser realizados, nesta modalidade, pelos Oficiais de Justiça, nem são utilizadas frequentemente, motivo pelo qual, além das formas gerais de cumprimento de atos na forma verbal, transcrevemos alguns exemplos concretos trabalhados pelo Serviço de Apoio aos Oficiais de Justiça no Estado de Minas Gerais. Acerca dos atos de comunicação na forma verbal, os mais conhecidos são aqueles realizados para condução de testemunhas nos Tribunais do Júri e Varas Criminais, alguns casos na área civil e a maioria nos Juizados Especiais. No caso dos Tribunais do Júri e varas criminais, encontramos a ordem para cumprimento de um ato comunicação na forma verbal pelo Oficial de Justiça, onde o MM. Juiz determinou o cumprimento de um mandado de condução de testemunha imediatamente, no ato do julgamento, conforme expresso no art. 461, § 1º, do CPP, abaixo transcrito. Este procedimento raramente ocorre em

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Belo Horizonte, sendo mais freqüente em comarcas do interior, onde as distâncias são menores, permitindo ao Juiz, suspender o julgamento ou audiência, mandar buscar a testemunha, sem mandado, e aguardar a condução da testemunha pelo Oficial de Justiça.

“Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização. (Redação dada pela Lei nº. 11.689, de 2008)

§ 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução. (Incluído pela Lei nº. 11.689, de 2008). . . . . . . . . . . . . . . ”

Como exemplo concreto de ordem verbal na área cível ocorreu quando o MM. Juiz, durante uma audiência em uma vara de família, determinou que o Oficial de Justiça realizasse uma diligência no endereço do requerido a fim de verificar, aparentemente, se tinha ou não capacidade para compreender e receber um mandado de citação, elaborando, ao final, um relatório sobre o ocorrido. Isso, em razão de informações contraditórias sobre referida capacidade nos autos.

Também nas Varas Cíveis, o Oficial de Justiça realiza o ato de intimação, utilizando a comunicação verbal, quando intima a qualquer pessoa da família, ou vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de cumprir o mandado de citação com hora certa, conforme permitido pelo art. 227 do CPC, abaixo transcrito. Neste caso o terceiro é intimado, de ofício, pelo Oficial de Justiça, sem mandado específico, inclusive certificando o nome e qualificação da pessoa intimada, documentando tal ato por meio da certidão de ocorrência.

Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Ainda nas Varas Cíveis, podemos citar o exemplo do Escrivão ou Chefe de secretaria que, utilizando o meio de comunicação verbal, realiza o ato de intimação da parte em cartório, sem mandado, certificando nos autos a referida comunicação, nos termos do art. 238 do CPC, abaixo transcrito.

Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.(Redação dada pela Lei nº. 8.710, de 24.9.1993)

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Nos Juizados Especiais, quando o jurisdicionado chega na recepção, com ou sem a presença do advogado, narra seu problema e solicita do Estado uma providência, esta situação é atermada. Dessa atermação, não havendo solução imediata, os envolvidos poderão sair dali com uma audiência agendada. A intimação ou citação para esta audiência, que é um ato de comunicação, é feita de forma verbal e reduzida a termo. O serventuário/ atendente, nos Juizados Especiais, que não é um Oficial de Justiça, tem a responsabilidade por explicar o ato de intimação, dando por intimados ou citados as pessoas presentes, conforme o caso. Toda esta situação deverá ser registrada, reduzida a termo, no processo. Veja abaixo, alguns exemplos de situações gerais, envolvendo os Juizados Especiais, em que são utilizadas a comunicação verbal. 1º- Ato de Citação ou intimação realizado, via Oficial de Justiça, na modalidade verbal, sem mandado. Este ato poderá ocorrer no momento da audiência, em razão de uma situação provocada pelas partes ou percepção do Juiz acerca de fatos relatados, mas sempre por determinação judicial.

Art. 18. A citação far-se-á:

. . . . . . . . . . . . .

III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

Art. 67. A intimação far-se-á .......... ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.

. . . . . . . . . . . . .

2º- Ato de intimação e citação é realizado na modalidade verbal, no ato da audiência, atendendo os princípios norteadores dos Juizados Especiais, conforme transcrição abaixo.

“Art. 19.. . . . . . . . . . . . . § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.

. . . . . . . . . . . . .”

“Art. 52. . . . . . . . . . . . . . III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que for proferida. . . . . . . . . . . . . .;”

“Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.

. . . . . . . . . . . . .”

“Art. 67. A intimação far-se-á . . . . . . ., ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória,..........

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Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.”

“Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.”

“Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.”

. . . . . . . . . . . . .

3º- Além de intimações e citações, outros atos podem ser realizados na modalidade verbal, por determinação judicial, no momento da audiência, atendendo os princípios norteadores dos Juizados Especiais:

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico. Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

Como podemos observar, os atos de comunicação verbal acontecem sempre em situações de urgência, ou ainda, em razão dos princípios que norteiam a criação dos Juizados Especiais.

Importante ressaltar que, não constando de forma expressa na lei, a permissão para utilizar os atos de comunicação de forma verbal, como o faz no caso de citação com hora certa, somente o MM. Juiz, analisando os princípios que norteiam a execução dos atos processuais, e, adequando-os à necessidade do processo em desenvolvimento, têm a faculdade de determinar a utilização da modalidade de comunicação verbal para realização dos atos processuais.

Algumas expressões, tais como: Contrafé, "Confere com o original. Dou fé" e "O referido é verdade. Dou fé", fazem parte do cumprimento de qualquer mandado pelo Oficial de Justiça, traduzindo a verdade que deve estar presente em todos os atos por ele executados. É a denominada fé pública atribuída ao Oficial de Justiça.

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5.1.1. Contrafé

É a cópia do mandado onde o Oficial de Justiça apõe: "CONTRAFÉ - Confere com o original. Dou fé", datando, assinando e se identificando. Antes desse procedimento é somente cópia do mandado.

A definição de contrafé não foi encontrada nos institutos jurídicos, como os legisladores o fazem com relação à citação, intimação, dentre outros. A referência sobre contrafé, consta que deverá ser declarado na certidão pelo Oficial de Justiça a entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa, quando do cumprimento da ordem judicial (art. 357, I e II do CPP e art. 226, I, II e III do CPC). DE PLÁCIDO E SILVA, em seu dicionário jurídico, 24ª edição, atualizado por Nagib Slaibi e Gláucia Carvalho, define contrafé:

"Expressão em uso na terminologia forense, para indicar a cópia de todo teor do instrumento da citação (mandado), da notificação ou intimação feita a uma pessoa pelo oficial de justiça. Não se pode asseverar, com segurança, a razão da locução. Mas, compreendidos os vocábulos contra, como em frente, e fé, como a verdade, de que advém a autenticidade afirmada pelo oficial de justiça, tem-se que a expressão quer significar que a cópia fornecida possui a autenticidade do original, por ser a verdade afirmada pelo oficial de justiça, conforme a ela se porta a fé. Na notificação ou na intimação não é obrigatória a extração da contrafé. Mas, se pedida, dever ser atendido o desejo do notificado ou intimado. Na citação inicial, para a ação ou para a execução, o oferecimento da contrafé faz parte da regra. E deve ser a circunstância anotada na certidão ou certificado lavrado pelo oficial de justiça, com a declaração se foi aceita ou se foi recusada. Mas, é falha sanável: se o citado comparece a juízo, supre a omissão. A contrafé deve ser datada e assinada pelo oficial de justiça que a extraiu."

Do conceito, depreende que contrafé é "...cópia de todo teor do instrumento da citação (mandado)..., "...deve ser datada e assinada pelo oficial de justiça que a extraiu". Os Códigos Processo Penal (CPP) e Processo Civil (CPC), trazem regras com relação à contrafé. O art. 357 do CPP, que trata dos requisitos do ato de citação prevê em seus incisos I e II:

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:

I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;

II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

Como se observa do inciso I, do art. 357 do CPP, dentre os requisitos da citação estão a leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação. Assim, o ato de citação praticado pelo Oficial de Justiça, tem entre os seus requisitos de validade "...leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação".

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No que diz respeito a intimação o art. 370 do CPP, prescreve:

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

O capítulo anterior mencionado na parte final do art. 370, relaciona-se com o procedimento da citação. Assim, no que diz respeito à contrafé na intimação, deverá ser observado o mesmo para a citação.

O Código de Processo Civil prevê os mesmos requisitos do Código de Processo Penal com relação à citação, no que diz respeito à contrafé, mas não menciona sobre informar dia e horário na mesma. No entanto, sabemos que para sua validade, o ato praticado por funcionário público deverá ser datado, assinado e informado sua identificação.

Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:

I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;

II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;

III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.

Com relação à intimação, o CPC tem regra para a contrafé no parágrafo único do art. 239, II, onde também não faz menção em ter que indicar dia e horário:

Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando frustrada a realização pelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;

II - a declaração de entrega da contrafé;

III - a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no mandado. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

O Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, introduzido pelo Provimento nº. 161/CGJ/2006, dispõe no art.173, V:

Art. 173. As certidões citatórias ou de intimação devem ser firmadas da forma mais completa possível, observados os requisitos legais e os atos administrativos pertinentes.

[...]

V - comprovar a entrega da contrafé, com sua aceitação ou recusa;

[...]

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Como se verifica, estamos tratando a contrafé somente como a cópia do mandado onde o Oficial de Justiça autentica e porta a fé, nos termos: "CONTRAFÉ. Confere com o original. Dou fé", datando, assinando e se identificando. Mas a contrafé compõe-se de todas as cópias dos documentos que são juntados ao mandado que instrumentalizam o ato a ser praticado.

Como se observa, o Código de Processo Civil, determina que o mandado de citação deverá ser instrumentalizado com a petição inicial e demais documentos indicados no despacho judicial:

Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - a cominação, se houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - a cópia do despacho; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VI - o prazo para defesa; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

O Provimento 161/CGJ/2006, também dispõe sobre esta situação:

Art. 143. As cópias necessárias ao cumprimento dos mandados deverão ser anexadas, tantas quantas forem os interessados, especialmente:

I - a cópia da petição inicial aos mandados de citação cível;

II - a cópia da denúncia aos mandados de citação criminal;

III - a cópia da Certidão de Dívida Ativa CDA, nos mandados expedidos pela Varas de Execução Fiscal, nos termos do § 1º, art. 6º da Lei Federal nº. 6.830, de 22 de setembro de 1980, que dispõe sobre a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública;

IV - a cópia da carta precatória no caso das Varas de Precatórias, bem como a documentação completa em relação ao solicitado pelo deprecante, caso contrário, devolvê-las para que sejam complementadas; e

V - a cópia dos autos de penhora ou arresto realizados, quando for o caso de substituição, reforço, ampliação ou modificação dos atos de constrição.

No mandado de intimação serão juntados documentos descritos no despacho judicial, por indicar essencial ao ato.

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No processo penal, o mandado de citação, deverá vir acompanhado pela cópia da denúncia ou queixa-crime, esta, quando ação penal privada (art. 406). No mandado de intimação, deverá ser juntado cópias indicadas no despacho judicial.

Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Feitos os procedimentos acima, estará formado o instrumento dos atos de comunicação que integram a contrafé expedida pelo Oficial de Justiça. Portanto, recomenda-se ao Oficial de Justiça fazer a conferência da juntada destes documentos ao receber o mandado, para que sua ausência não seja percebida no momento da diligência, quando a mesma ficará prejudicada.

Desta forma, sendo a ordem praticada pelo Oficial de Justiça, somente a ele cabe autenticar a cópia do mandado e portar a fé pública, que se afirma na verdade do ato praticado.

Portanto, o Oficial de Justiça ao apor, na cópia do mandado, o inscrito "CONTRAFÉ, confere com o original. Dou fé", datando, assinando e se identificando (art. 357, I, CPP) é para demonstrar à parte que aquele documento é a contrafé e trata-se da cópia integral do mandado original, acompanhada dos documentos que o integram e se originam de um processo judicial. Este procedimento é requisito de validade do ato que está sendo praticado, sob pena de nulidade.

É importante frisar, que a lei não exige a assinatura no original do mandado e nem obriga a aceitar a contrafé (art. 357, II, CPP), razão pela qual, havendo a recusa da pessoa a qual está destinada a ordem judicial em exarar o seu ciente no mandado original e receber a contrafé, não desnatura o ato praticado, portanto, válido em razão da pessoa ter tomado conhecimento da ação ou do ato a ser praticado, que é a finalidade da ordem judicial.

O CPC no art. 247 prescreve que "As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem observância das prescrições legais."

Desta forma, o registro na cópia do mandado pelo Oficial de Justiça, "CONTRAFÉ. Confere com o original. Dou fé", datando, assinando e se identificando, é que revela a contrafé e deve ser observado pelos Oficiais de Justiça, pois, como demonstrado nos institutos e norma acima, é prescrição legal e deve ser atendida, sob pena de nulidade do ato.

5.1. 2. "Confere com o original. Dou fé"

Esta expressão deverá ser aposta pelo Oficial de Justiça Avaliador na cópia do mandado que deverá ser datada e assinada. Após este ato se transforma na

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contrafé, que será entregue à pessoa com a qual será cumprida a diligência, após conferir o mandado e cumprir a ordem judicial. Esse procedimento do Oficial de Justiça tem como objetivo confirmar que a cópia, agora contrafé, é exatamente igual ao original do mandado.

5.1.3. "O referido é verdade. Dou fé."

Significa que o Oficial de Justiça está atestando a veracidade do ocorrido no momento da diligência, tanto em relação a sua atuação como em relação à resposta da pessoa com quem foi cumprido o mandado. É por meio da fé pública que o Juiz tem como verdadeiros os fatos praticados, presenciados e certificados pelo Oficial de Justiça Avaliador. Por tratar-se de presunção de veracidade, admite prova em contrário, mas deverá demonstrar que o Oficial realmente cumpriu o ato de forma diversa da realidade. É a denominada presunção relativa ou juris tantum.

5.1.4. Fé pública

O Oficial de Justiça Avaliador tem fé pública. Nelson Nery Júnior em seu "Código de Processo Civil Comentado" explica:

Uma vez inexistindo testemunhas quando da intimação da penhora, e verificada a recusa em lançar o ciente pelo devedor, basta a fé pública do Oficial de Justiça para validar o ato, posto que a exigência de constar o nome de testemunhas do ato somente se impõe quando há testemunhas, não sendo o serventuário obrigado a convocá las ou procurá las alhures, o que nem seria possível, porquanto dificilmente o devedor ficaria aguardando tal providência.

A fé pública consiste na presunção de veracidade atribuída aos atos realizados pelo servidor, em razão da função que ocupa, aos quais são conferidos esta prerrogativa. Assim, todos os atos por ele praticados e suas afirmações, quando documentados e certificados são tidos como verdadeiros, somente cedendo diante de prova em contrário que deve ser cabal e convincente, de forma a demonstrar a falsidade ideológica.

Para o mestre Wilson Bussada:

O funcionário, cujos documentos fazem fé, assevera o que ocorreu ante ele, representa o no documento e essa representação é tida por certa dentro dos limites que determina o direito positivo. Dessa forma, a certeza prevalece até prova em contrário. Por conseqüência, fé pública é a qualidade e autoridade de uma atestação.

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Falta de ciente no mandado” e “Fé pública do Oficial de Justiça”.

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5.2. Requisitos legais

Os requisitos intrínsecos são aqueles decorrentes da expedição do mandado e são pressupostos para sua validade. Os extrínsecos são aqueles pertinentes ao cumprimento do mandado e dizem respeito à função do Oficial de Justiça no momento da diligência. Ambos são a base para a efetivação da ordem judicial, e, conseqüentemente, indispensáveis ao cumprimento pelo Oficial de Justiça. Portanto, ao receber o mandado, o Oficial deverá observar se o mandado foi expedido em conformidade com os artigos 202 e 225 do CPC; 285, 352, 354 e 660 do CPP, 141/143, 157 e 265 do Provimento nº. 161/CGJ/2006, e Ofício-Circular nº. 009/CGJ/2007, transcritos ao longo deste item:

O art. 225 do CPC, traz os requisitos gerais do mandado.

Art. 225. O mandado, que o Oficial de Justiça tiver de cumprir, deverá conter: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências;

II o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;

III a cominação, se houver;

IV o dia, hora e lugar do comparecimento;

V a cópia do despacho;

VI o prazo para defesa;

VII a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do Juiz.

Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado.[1]

A expressão "A(O) Escrivã(o), por ordem do(a) MM(a). Juiz(a) de Direito", mencionada no art. 225 do CPC deverá estar presente ao final do mandado, deixando claro que a ordem ali contida é determinação do Juiz e não do Escrivão.

Os mandados são ordens emanadas do Juiz, porém, não é possível ao Juiz assinar, pessoalmente, todos os documentos. Somente os mandados de prisão é que serão assinados pelo Juiz. É o que determinam os arts. 285 e 660, § 4º, do CPP e 142, IV e 265 do Provimento nº 161/CGJ/2006, abaixo transcritos. Todavia, embora não haja determinação expressa, os Contramandados de prisão e os Alvarás de soltura, habitualmente, também são assinados pelo Juiz. Os demais serão assinados pelo Escrivão, mas por determinação judicial. A ordem de salvo-conduto é expedida com o objetivo de impedir a expedição do mandado de prisão, de preservar o direito fundamental da liberdade física do impetrante, diferente do Contramandado de Prisão, em que o mandado já foi expedido.

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Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.

Parágrafo único. O mandado de prisão:

a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;

b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;

c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;

d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;

e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar lhe execução.

Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o Juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.

§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar se á ao paciente salvo conduto assinado pelo Juiz.[2]

Art. 142. Como requisito específico, deverá constar do mandado, de forma expressa ou equivalente, quando for o caso:

(. . . )

IV - a assinatura do Escrivão e a menção de que o faz por ordem do Juiz de Direito, exceto os mandados de prisão.

Art. 265. O Escrivão assinará, sempre mencionando que o faz por ordem do Juiz de Direito, os seguintes expedientes:

I - os mandados, exceto os de prisão; [3]

O art. 352 traz os requisitos do mandado de citação no Processo Penal:

Art. 352. O mandado de citação indicará:

I o nome do Juiz;

II o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

III o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

IV a residência do réu, se for conhecida;

V o fim para que é feita a citação;

VI o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;

VII a subscrição do escrivão e a rubrica do Juiz.

Se o réu estiver fora do território da jurisdição do Juiz processante, será citado mediante Carta Precatória, a qual deverá se realizar nos termos do art. 354 do CPP.

Art. 354. A precatória indicará:

I o Juiz deprecado e o Juiz deprecante;

II a sede da jurisdição de um e de outro;

Ill o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;

IV o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.

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Já o CPC, em seu art. 202, dispõe sobre os requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória:

Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória:

I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;

II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado;

III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto;

IV - o encerramento com a assinatura do juiz.

§ 1o O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou testemunhas.

§ 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica.

§ 3o A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória pode ser expedida por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº. 11.419, de 2006). [4]

Além da legislação codificada e extravagantes, o Provimento nº 161/CGJ/2006 estabelece alguns requisitos a serem observados pelo Oficial de Justiça quanto ao recebimento, conferência e cumprimento de mandados.

Art. 141. Os mandados, como regra geral, serão expedidos em 2 (duas) vias, salvo nos casos de prisão e alvarás de soltura, que serão expedidos em 3 (três) vias.

Art. 142. Como requisito específico, deverá constar do mandado, de forma expressa ou equivalente, quando for o caso:

I - o valor da execução ou do débito;

II - o conteúdo do despacho judicial transcrito no mandado, em anexo ou feito por remissão à petição inicial;

III - a menção ao representante legal, nas ações envolvendo pessoas jurídicas; e

IV - a assinatura do Escrivão e a menção de que o faz por ordem do Juiz de Direito, exceto os mandados de prisão.

Art. 143. As cópias necessárias ao cumprimento dos mandados deverão ser anexadas, tantas quantas forem os interessados, especialmente:

I - a cópia da petição inicial aos mandados de citação cível;

II - a cópia da denúncia aos mandados de citação criminal;

III - a cópia da Certidão de Dívida Ativa - CDA, nos mandados expedidos pela Varas de Execução Fiscal, nos termos do § 1º, art. 6º da Lei Federal nº. 6.830, de 22 de setembro de 1980, que dispõe sobre a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública;

IV - a cópia da carta precatória no caso das Varas de Precatórias, bem como a documentação completa em relação ao solicitado pelo deprecante, caso contrário, devolvê-las para que sejam complementadas; e

V - a cópia dos autos de penhora ou arresto realizados, quando for o caso de substituição, reforço, ampliação ou modificação dos atos de constrição.

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O Ofício-Circular nº 009/CGJ/2007, determina que nos termos da Lei nº 11.382/2006, envolvendo execução de título extrajudicial, os Mandados de “Citação , penhora e avaliação” deverão ser expedidos em 4 (quatro) vias, para que se cumpra o determinado no art. 652 do CPC.

Art. 157. Caberá ao Oficial de Justiça verificar, dentro de 24 (vinte e quatro) horas do recebimento do mandado:

I - se está dentro dos limites de sua região de atuação;

II - se contém os documentos que devam acompanhá-lo;

III - se expedido em conformidade com o art. 165 deste Provimento;

IV - se contém os requisitos apresentados nos incisos I a IV do art. 142 deste Provimento; e

V - se consta o prazo para defesa e se foi expedido nos termos do art. 225 e do art. 285 do Código de Processo Civil.

Parágrafo único. Na ocorrência de desconformidade aos incisos I a V do caput deste artigo, o Oficial de Justiça devolverá o mandado à Central, mencionando o ocorrido, dentro do mesmo prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de ser responsabilizado disciplinarmente. [5]

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Penal.

[3] Provimento nº 161/CGJ/2006.

[4] Código de Processo Civil.

[5] Provimento nº 161/CGJ/2006.

5.3. Momento da diligência

A primeira atitude do Oficial de Justiça ao chegar ao local da diligência é se identificar com sua carteira funcional e pedir que a pessoa se identifique da mesma forma, conforme os arts. 163, 168, §1º, do Provimento nº 161/CGJ/2006 e 226 do CPC.

Art. 163. Quando do cumprimento de mandados, os Oficiais de Justiça deverão entregar cópia do mandado expedido, colhendo assinatura e exarando a respectiva certidão.

Parágrafo único. Os Oficiais de Justiça deverão identificar-se com a carteira funcional quando se apresentarem às partes no momento do cumprimento dos mandados.

Art. 168. O servidor responsável pela solicitação dos mandados deverá proceder com a devida atenção, verificando a existência de identificação das partes

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devidamente cadastradas no SISCOM, evitando-se, ainda, a indicação errônea dos endereços.

§ 1º Em caso de inexistência de dados de identificação da parte, o mandado será expedido contendo a determinação de que os Oficiais de Justiça, no momento de se proceder à citação da parte ou cumprir a diligência correspondente, deverá fazer constar de sua certidão os dados relativos à qualificação de tais pessoas, mencionando-se o número do registro do CPF, o número da Carteira de Identidade ou qualquer outro documento válido como prova de identidade no território nacional. [1]

Em seguida, lerá o mandado à pessoa, entregando lhe para ser lido, colhendo sua assinatura e oferecendo lhe a contrafé. Deverá, ainda, explicar à pessoa o que for necessário em relação à resposta à ordem judicial.

Art. 226. Incumbe ao Oficial de Justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá lo:

I lendo lhe o mandado e entregando lhe a contrafé;

II portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;

III obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado. [2]

O resultado da diligência muitas vezes depende da habilidade do Oficial de Justiça em abordar a pessoa para a qual o mandado é dirigido. É sabido que, só o fato de ser um Oficial de Justiça muitas vezes já causa especulação e espanto. Então é muito importante o Oficial de Justiça saber ouvir, relevar e continuar o cumprimento do mandado com calma e paciência, e, somente em caso de necessidade, tomar as providências cabíveis a cada situação.

Não basta apenas a leitura do mandado. Para algumas pessoas, é preciso fazer um pouco mais. A explicação de forma clara e com palavras apropriadas ao seu entendimento fará com que o resultado seja realmente aquele esperado na ordem judicial. Ao contrário, se for feita apenas uma simples leitura, usando o vocabulário jurídico e específico contido no mandado, não serão atingidos os objetivos almejados.

O Oficial de Justiça deve ter sempre em mente que cada pessoa tem um nível de entendimento, uns mais outros menos desenvolvidos. Portanto, usar um meio de comunicação diferente e conveniente, levando sempre em conta a pessoa com quem está sendo cumprida a diligência, é o recomendável.

[1] Provimento nº 161/CGJ/2006.

[2] Código de Processo Civil.

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5.4. Medidas complementares

Para todos os tipos de mandados, quando não for possível o cumprimento da ordem na forma que o Juiz determinar, o Oficial de Justiça tem o dever de solicitar o necessário à conclusão do mandado por ele iniciado, ou seja, permissão para utilizar o benefício do art. 172, § 2º, do CPC, proceder arrombamento e solicitar acompanhamento de força policial. No caso de cartas precatórias será solicitado ao Juízo deprecado para concessão e posterior efetivação da ordem ou devolução ao Juízo deprecante para complementação da carta, quando for o caso.

5.4.1. Art. 172, § 2º do CPC

Se houver necessidade de utilização deste benefício, deverá ser solicitado ao Juiz. Quando, na primeira diligência, detectar que a pessoa procurada não é encontrada no local nos horários permitidos para cumprimento de mandados, o Oficial de Justiça deverá solicitar ao Juiz permissão para utilizar o benefício do art. 172, § 2º, do CPC, para o efetivo cumprimento do mandado. Cabe ressaltar que a liberação de horário para cumprimento de mandado em nosso ordenamento jurídico é encontrada somente no art. 172, § 2º, do CPC.

5.4.2. Ordem de arrombamento (arts. 660/663 e 842/843 do CPC; 245/248 e 293 do CPP; art. 150 do CP e art. 5º, XI, da Constituição da República Federativa do Brasil).

É a diligência efetuada, quando necessária, e será praticada por dois Oficiais de Justiça, no caso dos arts. 660/663 e 842/843 do CPC, e, pela autoridade policial e seus agentes no caso dos arts. 245/248 e 293 do CPP, precedente ao cumprimento de outro mandado judicial. O Juiz autorizará a requisição do auxílio de força policial sempre que for necessário ao cumprimento da ordem (art. 662 do CPC). A ordem de arrombamento é expedida quando há impedimento da parte em permitir que se cumpra a ordem judicial, ou o imóvel em questão se encontra fechado sem qualquer informação sobre seu morador e há diligências de verificação a serem cumpridas naquele imóvel. A presença policial faz-se necessária tanto para proteção do Oficial quanto para conclusão da medida.

As formalidades legais deverão ser observadas quanto ao horário para cumprimento do mandado, presença de dois Oficiais e de duas testemunhas e autorização judicial para requisitar força policial, se for o caso. Cabe ressaltar que o ato de arrombamento somente se realizará durante o dia, conforme demonstrado no presente trabalho e nos termos do art. 5º, XI, da Constituição Federal.

Ver sobre dia para cumprimento de mandados, no item 3.1 deste curso.

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Art. 660. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o Oficial de Justiça comunicará o fato ao Juiz, solicitando lhe ordem de arrombamento.

Art. 661. Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência.

Art. 662. Sempre que necessário, o Juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.

Art. 663. Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto de resistência, entregando uma via ao escrivão do processo para ser junta aos autos e a outra à autoridade policial, a quem entregarão o preso.

Parágrafo único. Do auto de resistência constará o rol de testemunhas, com a sua qualificação.

Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá ao morador, intimando-o a abrir as portas.

§ 1º Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem como as internas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa procurada.

§ 2º Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas testemunhas.

§ 3º Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do artista, intérprete ou executante, produtores de fonogramas e organismos de radiodifusão, o Juiz designará, para acompanharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a apreensão.

Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado, assinando-o com as testemunhas. 1

Art. 245.As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.

§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.

§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.

§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.

§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.

§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.

Art. 246.Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.

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Art. 247.Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 248.Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Art. 293.Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.2

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.3

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;4 (grifo nosso)

É imprescindível a autorização expressa do Juiz da ação para realizar o arrombamento, salvo nos casos onde há despacho com determinação para cumprimento dos mandados nos termos dos arts. 842/843 do CPC, onde a liberação consta de forma expressa nestes dispositivos.

Portanto, o Oficial de Justiça somente poderá realizar arrombamento com ordem judicial a ser observada da seguinte forma:

1 - Expressa no campo “Despacho Judicial / Complemento”;

2 - Por remissão, após solicitado na petição inicial, com despacho expresso no mandado determinando “cumpra-se conforme solicitado” ou “na forma do requerido” ou “ conforme petição inicial anexa”, dentre outros.

3 - Com a cópia do despacho judicial anexa ao mandado.

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Art. 142. Como requisito específico, deverá constar do mandado, de forma expressa ou equivalente, quando for o caso:

. . . . . . . . . . . . . . .

II - o conteúdo do despacho judicial transcrito no mandado, em anexo ou feito por remissão à petição inicial; 5

. . . . . . . . . . . . . . .

No ato da diligência será lavrado um auto de arrombamento contendo a íntegra dos acontecimentos, os nomes, assinaturas e identificações de todos os intervenientes no cumprimento do mandado, inclusive do chaveiro que fez a abertura do imóvel. Independente deste, será lavrado outro auto ou certidão necessária ao cumprimento da medida que sucederá ao arrombamento, que poderá ser uma intimação, busca e apreensão, penhora, reintegração de posse, despejo, etc.

Deverá ser esclarecido, no próprio auto, em que condições foi deixado o bem onde houve o arrombamento, quando saíram do local, e, ainda, se foi mudado o segredo da fechadura, quem ficou com as chaves, se ficou vazio ou habitado, ou então, cumprir o que o Juiz determinar.

1 - Código de Processo Civil.

2 - Código de Processo Penal

3 - Código Penal

4 - Constituição da República Federativa do Brasil

5 - Provimento nº 161/CGJ/2006

6 - Idem.

5.4.3. Requisição de força policial (arts. 662 e 825 do CPC, art. 329 do CP e art.172, § 2º do Provimento nº 161/CGJ/2006 )

Sempre que houver resistência da parte em permitir que se cumpra a ordem judicial, seja qual for a natureza, o Oficial de Justiça comunicará o fato ao Juiz solicitando o auxílio da força policial, quando a lei assim determinar. Autorizada a requisição de força policial, por meio de Ofício, o Oficial de Justiça retornará ao local acompanhado dos policiais e cumprirá o mandado.

Quando o mandado for cumprido com auxílio da força policial e resultar em prisão da parte resistente, o Oficial de Justiça lavrará, em duplicata, o auto de resistência, prisão, condução e entrega, anexando uma via do auto ao mandado e entregando outra à autoridade policial a quem for entregue o preso. Esse auto deverá conter os requisitos indispensáveis à validade do ato.

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A autorização para solicitação de acompanhamento ou auxílio de força policial poderá ser dada pelo Juiz, em despacho judicial. Todavia, o Oficial de Justiça também poderá solicitá-la independentemente de autorização do Juiz, principalmente se for para resguardar sua integridade física durante o cumprimento do ato, mas deverá ser precedida de certidão que justifique a medida, nos termos do Provimento nº 161/CGJ/2006, em que constam as normas sobre o Oficial de Justiça e cumprimento de mandados.

Art. 172. É dever do Oficial de Justiça envidar o máximo de empenho para efetuar a diligência e firmar a certidão correspondente da forma mais completa e esclarecedora. ( . . . )

§ 2º O Oficial de Justiça poderá, quando necessário, requisitar força policial para cumprimento dos mandados. [1]

[1] Provimento nº 161/CGJ/2006.

5.5. Número de diligências a serem realizadas para cumprimento de cada mandado

A lei não diz expressamente o número de diligências que o Oficial de Justiça deve realizar antes de devolver o mandado com certidão negativa. Todavia o entendimento da Jurisprudência é o de que deve ser utilizado o critério da razoabilidade, e ainda, fazendo analogia com os artigos 227, parágrafo único, e 653, parágrafo único, do CPC, que mencionam o número de três diligências. Veja o exemplo abaixo:

Consoante se observa da certidão constante do verso do mandado de intimação de fl. 73, como de práxis, o oficial de justiça tentou comunicar o réu de seu interrogatório por três vezes e em três horários distintos, durante os meses de julho e agosto de 2004. Entretanto, em nenhuma delas logrou êxito em localizar Carlos Eduardo, sendo informado pelo Sr. Rubens de Oliveira que seria muito difícil encontrá lo, pois o mesmo se encontrava trabalhando no Barreiro. Ou seja, as tentativas de intimação para interrogatório foram devidamente efetivadas no mesmo endereço em que o acusado fora citado e, logo, cientificado dos termos da acusação contra si erigida.

(...)

Com a devida citação do réu e, posteriormente, com a realização das três tentativas de intimá lo para interrogatório, o Estado cumpriu seu dever de convocá lo a se defender. E, se Carlos Eduardo não se defendeu, foi exclusivamente por desinteresse, sendo inadmissível a anulação de um processo a essa altura da marcha por desídia da parte acusada. [1]

Cabe ressaltar que poderá ocorrer de o Oficial de Justiça realizar apenas uma diligência e obter as informações necessárias à lavratura de uma certidão

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negativa, ou necessitar realmente das três diligências, a exemplo das situações abaixo:

1º Caso: Situação de "local incerto e não sabido", configurado na primeira diligência, momento em que o Oficial de Justiça colhe 3 (três) informações, de pessoas diferentes, número bastante para devolver um mandado com segurança. Aqui, na primeira e única diligência restou apurado que a pessoa procurada não residia mais no endereço indicado, não havendo, portanto, a necessidade de retornar àquele endereço para tentar encontrar a pessoa procurada.

2º Caso: Situação em que pessoas que não são encontradas em suas residências nas três diligências realizadas pelo Oficial de Justiça por estarem trabalhando ou viajando, pode não configurar, portanto, a suspeita de ocultação, mas lavrar se á também a certidão negativa contendo o relato das 3 (três) diligências, horários, informações obtidas no local, mencionando nomes das pessoas que prestaram as informações. Nesse segundo caso a pessoa procurada residia no endereço indicado, dai a necessidade de 3 (três) diligências para tentar encontrá-la.

Vimos assim que o número de 3 (três) diligências, 3 (três) informações e 3 (três) dias e horários diferentes deverá ser utilizado sempre que se fizer necessário para devolver um mandado cumprido com certidão negativa, porém terminativa, conforme o segundo exemplo. Todavia, em muitos casos, uma diligência com três informações permite devolver o mandado com a mesma segurança, como demonstra o primeiro exemplo.

Não podemos confundir 3 (três) diligências com 3 (três) informações, que são procedimentos totalmente diferentes, mas objeto de constante consulta pelos Oficiais de Justiça. Quanto às 3 (três) informações, o Oficial de Justiça pode obtê-las em um única diligência, mas 3 (três) diligências, têm que ser realizadas dentro de 20 (vinte) dias, que é o prazo previsto para o Oficial diligenciar e cumprir um mandado.

Não obstante a falta de normas positivadas sobre o assunto, além do entendimento jurisprudencial, o Provimento nº 161/2006, em seu art. 167, menciona que o Oficial de Justiça "deverá buscar informações na vizinhança". O termo "informações" nos transmite a idéia de pelo menos duas, que, junto àquela obtida no endereço indicado para a diligência, perfaz um mínimo de três informações. Dentro desse pensamento devemos atentar ainda para o fato de encontrarmos, no endereço em questão, um imóvel desabitado, o que nos permitiria, na interpretação desse Provimento, devolver com apenas duas informações.

Para os casos de devolução de mandados em que o resultado é a certificação de que "com relação ao presente mandado, endereço fornecido e informações obtidas no local, o Sr(a)....... se encontra em local incerto e não sabido", o cuidado deve ser ainda maior, tendo em vista as conseqüências decorrentes dessa imputação, responsabilidade apenas da parte ao propor uma ação ou do Oficial de Justiça ao cumprir um mandado.

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Ver item ”Local incerto e não sabido” neste curso.

Art. 167. O Oficial de Justiça, ao dar cumprimento aos mandados, não encontrando a pessoa física ou jurídica, e, neste último caso, não encontrando o seu representante legal, deverá buscar informações na vizinhança e certificar o ocorrido, identificando a pessoa que tenha prestado ditas informações.

Parágrafo único. Verificando a Central de Mandados, ao receber o mandado do Oficial de Justiça, que não foi cumprido o disposto no caput deste artigo, restitui lo á ao Oficial de Justiça para que complemente a diligência, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

[1] Apelação Criminal nº 1.0024.03.893631 6/001 Comarca de Belo Horizonte 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Relatora: Exmª. Srª. Desª. Márcia Milanez.

5.6. Presença de testemunhas no ato da diligência

Antes da modificação inserida pela Lei 8.952/94, as certidões em resposta aos atos de comunicação realizados pelo Oficial de Justiça deviam conter o nome das testemunhas que presenciavam o ato. Isso, quando houvesse recusa de aposição de assinatura na nota de ciência ou em receber a contrafé pela pessoa indicada para a diligência. Com a alteração, essa prática tornou se desnecessária, passando a exigir que da certidão constasse a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu; a declaração de entrega da contrafé; a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no mandado.

Sobre a presença de testemunhas devemos observar que os artigos 143 e 239 não obrigam a presença de testemunhas, mas os artigos 660/663 e 842 e 843 exigem a presença de testemunhas em razão da realização do ato de arrombamento.

Art. 143. Incumbe ao Oficial de Justiça:

I fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar se á na presença de duas testemunhas;

( . . . )

Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de Oficial de Justiça quando frustrada a realização pelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993) Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)

I a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;

II a declaração de entrega da contrafé;

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III a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no mandado. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Ver transcrição dos arts. 660/663 do CPC no item “Arrombamento”

Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá ao morador, intimando o a abrir as portas.

§ 1º Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem como as internas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa procurada.

§ 2º Os oficiais de justiça far se ão acompanhar de duas testemunhas.

§ 3º Tratando se de direito autoral ou direito conexo do artista, intérprete ou executante, produtores de fonogramas e organismos de radiodifusão, o Juiz designará, para acompanharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a apreensão.

Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado, assinando o com as testemunhas.

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Conteúdo da certidão do Oficial de Justiça”, sobre a presente matéria.

5.7. Incidentes inerentes ao cumprimento de mandados

5.7.1. Recusa em exarar a assinatura e receber a contrafé

5.7. 2. Resistência

5.7.3. Local incerto e não sabido

5.7.4. Suspeita de ocultação

5.7.1. Recusa em exarar a assinatura e receber a contrafé

Na recusa, a parte ao ouvir a leitura do mandado e demais peças se nega a assinar o mandado e receber a contrafé, enfim, dificulta o cumprimento da ordem judicial. Neste caso, o Oficial certificará ao Juiz que cumpriu o mandado, mas que houve a recusa da pessoa em relação a determinado ato. Se houver no momento testemunhas que presenciaram o fato, deverá mencionar seus nomes e identificações, se possível. Deverá, ainda, anotar as características físicas da pessoa, para resguardar-se de futuras alegações. O fato de a parte se recusar a assinar ou receber a contrafé não é motivo de não-cumprimento de mandados em razão da fé pública, mas obrigatoriamente deve constar na certidão.

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A recusa poderá se dar, inclusive, da parte em não querer nem receber o Oficial de Justiça, o que não permite, sequer, a leitura do mandado.

Todavia, existe uma exceção quando se tratar de citação com hora certa, em que a recusa em receber o mandado impedirá, sim, o cumprimento da ordem, visto que nesta modalidade de citação necessitamos de um intermediário para entregar o mandado ao citando.

A conscientização da parte, pelo Oficial de Justiça, em relação às conseqüências oriundas de recusas injustificadas, tem produzido efeitos positivos, na maioria das vezes.

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Falta de ciente no mandado” e “Fé pública do Oficial de Justiça”.

5.7.2. Resistência

A situação de resistência poderá ser caracterizada tanto por ação como por omissão da pessoa indicada no mandado ou de terceiros, porém, em qualquer caso, deverá restar prejudicado o cumprimento do mandado no momento da diligência.

Sempre que houver resistência da parte em permitir que se cumpra a ordem judicial, o Oficial de Justiça comunicará o fato ao Juiz, por meio de Certidão, e solicitará o auxílio da força policial e ordem de arrombamento se for o caso. Autorizadas as medidas, o Oficial de Justiça retornará ao local acompanhado do Oficial Companheiro e da força pública, representada pelos policiais.

Diante dos casos de resistência, o Oficial de Justiça procederá à prisão da pessoa resistente, se, para esse ato, não houver necessidade de arrombamento. Isso, em razão de o ato de arrombamento exigir a autorização judicial expressa, bem como a presença da parte contrária para arcar com o custo do chaveiro responsável pelo ato de arrombamento.

Quando o mandado for cumprido com auxílio da força policial e ordem de arrombamento e resultar em prisão da parte resistente, o Oficial de Justiça lavrará, em duplicata, o Auto de Resistência, Prisão, Condução e Entrega de preso. Será encaminhada uma via para a autoridade policial a quem for entregue o preso e a outra será anexada ao mandado, para juntada no processo pelo Escrivão. Este auto deverá conter os requisitos indispensáveis à validade do ato, conforme modelo de “Auto de Resistência, Prisão, Condução e Entrega de Preso”, elaborado pela Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.

O auto de prisão deverá conter a íntegra dos acontecimentos, os nomes, assinaturas e identificações de todos os intervenientes no cumprimento do mandado. Efetivada a prisão de quem se opõe ao cumprimento da ordem judicial, será lavrado auto de arrombamento, se necessário, e executado o

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mandado de origem, que sucederá ao arrombamento. O outro mandado poderá ser uma intimação, busca e apreensão, penhora, reintegração de posse, despejo, etc.

Ver arts. 660/663 do CPC e conteúdo no item “Arrombamento”.

5.7.3. Local incerto e não sabido (arts. 72, 231, 232 e 408, lll do CPC, arts. 247, 361/ 363, §1º, 391, 392, 411, §7º, 420, parágrafo único, 461 e 543, I do CPP e art. 173, § 2º, I, do Provimento nº. 161/CGJ/2006. Encontrar se em local incerto e não sabido é uma condição imputada a uma pessoa que não é encontrada em sua residência ou local de trabalho, e cujos familiares, vizinhos ou amigos não têm notícias ou informações suas. Vale ressaltar que esse ato é de responsabilidade apenas da parte ao propor uma ação ou do Oficial de Justiça ao cumprir um mandado.

Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.

§ 1º A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far se á:

( . . . )

b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.

( . . . )

Art. 231. Far se á a citação por edital:

I quando desconhecido ou incerto o réu;

II quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;

Art. 232. São requisitos da citação por edital: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos nos I e II do artigo antecedente; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)[1]

Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode substituir a testemunha:

. . . . . . . . . . . . . .

III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.[1]

O Oficial, ao certificar que a pessoa se encontra em local incerto e não sabido, deverá ter certeza absoluta de seu ato, porque dele acarretará a realização de citação por edital ou providências mais sérias, como a expedição de mandado de prisão.

No caso das ações penais, determinada sua citação por edital, se ele não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. Se o Juiz entender necessário, poderá requerer a

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produção antecipada de provas e, sendo o caso, decretar a prisão preventiva. Nos demais casos, sendo requerente a pessoa em questão, o Juiz poderá extinguir o processo pela falta de movimentação e interesse.

No caso de testemunha, poderá intimar a parte para substituí la ou dar ciência ao advogado para fornecer novo endereço. Se for arrolada com cláusula de imprescindibilidade, ou seja, se a testemunha é indispensável na Sessão do Tribunal de Júri e reside na comarca de origem do julgamento e, devidamente intimada, não comparece, a sessão será suspensa, determinando o Juiz a sua condução coercitiva. Veja ementa abaixo:

JÚRI – NULIDADE – TESTEMUNHA – Cláusula de imprescindibilidade – (...) omissis ... – A cláusula de imprescindibilidade só vigora quando a testemunha reside na comarca, no endereço fornecido pela parte. Se já não mora mais na comarca e está em lugar incerto e não sabido, não há como adiar se o julgamento na expectativa de que a parte possa substituí la por outra. (TJMG - 1ª Câmara Criminal – ACr nº 22.336/1 – Rel. Des. Gudesteu Bíber – Julg. de 20.02.90 – Unânime – in RT 652/316)

Sendo empresas, poderá oficiar à Junta Comercial ou Receita Federal para obter informações e, sendo ato de citação, determinar que se faça por edital. Enfim, em qualquer um desses casos o objetivo é dar o devido andamento no processo, daí a necessidade de uma certidão clara e fundamentada na realidade apurada no local da diligência.

Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº. 11.719, de 2008).

Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº. 11.719, de 2008).

Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº. 11.719, de 2008).

. . . . . . . . . . . . . . . .

§ 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. (Incluído pela Lei nº. 11.719, de 2008). Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume.

Art. 392. A intimação da sentença será feita:

I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;

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II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;

III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;

IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;

V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;

VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.

§ 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. § 2o O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo.

Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. (Redação dada pela Lei nº. 11.689, de 2008).

. . . . . . . . . . . . . . . .

§ 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. (Incluído pela Lei nº. 11.689, de 2008)

. . . . . . . . . . . . . . . .

Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação dada pela Lei nº. 11.689, de 2008)

. . . . . . . . . . . . . . . .

Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado.’ (NR) (Incluído pela Lei nº. 11.689, de 2008) Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização.(Redação dada pela Lei nº. 11.689, de 2008)

§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução.(Incluído pela Lei nº. 11.689, de 2008)

§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certificado por oficial de justiça.’ (NR) (Incluído pela Lei nº. 11.689, de 2008). Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a restauração, observando-se o seguinte:

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I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não sabido;.[2]

. . . . . . . . . . . . . . . .

A declaração de que o réu se encontra em local incerto e não sabido muda completamente o curso do processo, daí a necessidade do máximo de cuidado ao cumprir o ato e certificar tal situação.

A certidão negativa, nesse caso, deverá conter os nomes dos informantes, ou relatar a impossibilidade de obter informações, datas e horários das diligências, bem como as informações obtidas no local, de forma a transmitir ao Juiz a realidade dos fatos. Ao final da certidão negativa o Oficial de Justiça deverá fazer constar a expressão: "Certifico assim que, com relação ao presente mandado, endereço fornecido e informações obtidas no local, o(a) Sr(a) (...) se encontra em local incerto e não sabido".

É necessário que o Oficial de Justiça certifique especificando o endereço pesquisado, ou dados constantes do mandado, porque muitas vezes, principalmente nas ações criminais, não há endereço completo da pessoa procurada. Esse fato enseja a expedição de mandados para vários endereços, a fim de registrar qual daqueles constantes dos autos é realmente o endereço, para que o Poder Judiciário possa se comunicar com a pessoa em questão.

Art. 173. As certidões citatórias ou de intimação devem ser firmadas da forma mais completa possível, observados os requisitos legais e os atos administrativos pertinentes.

§ 2º Na certidão negativa, o Oficial de Justiça deverá constar, além dos requisitos alinhados nos incisos I, VII, e IX do § 1º desde artigo:

I - não ter sido o réu localizado;[3]

Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Local incerto e não sabido”.

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Penal.

[3] Provimento nº 161/CGJ/2006.

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5.7.4. Suspeita de ocultação (arts. 227/229 do CPC, arts. 355, § 2º e 362 do CPP).

Havendo suspeita de ocultação, o Oficial de Justiça deverá cumprir o mandado nos termos do art. 227 do CPC, conforme procedimento especial para citação com hora certa constante deste trabalho.

5.8. Conteúdo da certidão exarada pelo Oficial de Justiça

Certidão é a forma de resposta dada em cumprimento aos atos de comunicação ou de intercâmbio processual. Nesse documento o Oficial de Justiça declara tudo o que ocorreu no ato, ou seja: dia, local, horário, número do documento apresentado, aposição ou não de assinatura, recebimento ou não da contrafé após ciência e demais informações úteis; encerrando a certidão com a expressão: "O referido é verdade. Dou fé", confirmando a validade do ato. Em seguida, coloca se a data, cargo, nome e matrícula do Oficial de Justiça Avaliador que cumpriu o ato. A certidão deve ser um breve relato, em que se declara apenas o indispensável às suas finalidades, sem deixar dúvidas ou lacunas.

Se a certidão for negativa, o Oficial deverá certificar a impossibilidade da prática do ato após esgotados todos os meios para sua concretização, especificando detalhadamente as diligências realizadas, a fim de evitar qualquer prejuízo às partes e dar certeza ao Juiz do que realmente ocorreu na diligência.

Do mesmo modo ensina o Prof. Wilson Bussada:

(...) a certidão do Oficial de Justiça merece fé, evidentemente, se contiver todas as formalidades e cautelas exigíveis; mesmo que o interessado não prove a falsidade (seria quase impossível fazê lo), aquela certidão poderá ser anulada, se houver dúvida fundada sobre o valor probante respectivo.

Para os atos de execução o Oficial de Justiça elabora um auto, que é a resposta dada em cumprimento aos referidos atos. Nesse documento o Oficial faz a descrição escrita e minuciosa do que ocorreu no momento da diligência. Essa descrição tem que ser autêntica e circunstanciada. É o resultado do cumprimento da ordem judicial, envolvendo pessoas, bens ou situações, lavrada por um serventuário da justiça, de expediente externo, em que se relata ao Juiz da ação a realidade do ato, mencionando dia, local, hora, partes, testemunhas, nome do serventuário com sua matrícula, assinaturas e identificações de todos os intervenientes, isso, para total validade do ato.

Todo mandado deverá ser respondido ao Juiz de quem emanou a ordem. A resposta deve ser escrita, clara, completa e convincente, de forma a dar subsídios ao Juiz nas decisões seguintes ao ato, nos termos dos arts. 154, 169 e 171 do CPC.

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Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial.

Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios e letrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra Estrutura de Chaves Públicas Brasileira ICP Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com tinta escura e indelével, assinando os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência.

Parágrafo único. É vedado usar abreviaturas.

Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas. [1]

A redação deve ser estritamente dentro dos limites legais, de forma a transmitir a realidade e inteireza dos acontecimentos ao Juiz. O Oficial de Justiça não deve certificar além do que é sua função, mas apenas relatar minuciosamente os fatos ocorridos nas diligências.

Os mandados, cujo cumprimento resultar em providências finais especiais, para diligência a ser concluída, como o pedido de força policial, declaração de que o réu se encontra em local incerto e não sabido, resistência ao cumprimento da ordem judicial e pedido de autorização para uso do benefício concedido no art. 172, § 2º, deverão transmitir a certeza absoluta e indispensável da medida.

Tanto a forma de cumprimento de uma ordem judicial, quanto as declarações prestadas pelo Oficial de Justiça, refletem no direito e interesse das partes, bem como no andamento processual, pois, na maioria das vezes, o Juiz decide baseando se nessas informações. A inobservância às normas pode causar prejuízos desnecessários ou irreversíveis.

Os atos realizados pelo Oficial de Justiça serão respondidos no idioma nacional, pois seu conteúdo deve ser acessível a todos os interessados dentro de nossos limites territoriais, atendendo a uma exigência que decorre de razões vinculadas à própria soberania nacional.

Não se admitem espaços em branco, rasuras, emendas sem ressalvas, bem como neles não se usarão abreviaturas ou números, devendo ser por extenso qualquer dado, assim como a data em que o ato foi realizado. Caso seja manuscrita, a letra deve ser legível. Faz parte ainda da resposta, a identificação e assinatura dos intervenientes no ato, na medida em que for possível. O Oficial de Justiça só não o fará se a pessoa não portar documentos, ou se se recusar a assinar o mandado, auto ou certidão.

É indispensável para tornar válida e existente essa resposta o nome, a assinatura e a matrícula em todo ato emanado pelo Oficial de Justiça. Tanto os

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autos quanto as certidões deverão conter os requisitos legais, sob pena de nulidade.

Art. 143. Incumbe ao Oficial de Justiça:

I fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar se á na presença de duas testemunhas;

( . . . )

Art. 226. Incumbe ao Oficial de Justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá lo:

I lendo lhe o mandado e entregando lhe a contrafé;

II portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;

III obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado. [2]

Art. 173. As certidões citatórias ou de intimação devem ser firmadas da forma mais completa possível, observados os requisitos legais e os atos administrativos pertinentes.

§ 1º Na certidão positiva, o Oficial de Justiça deverá:

I - mencionar o endereço, o horário e a data da realização da diligência;

II - qualificar o citado ou intimado, nominando-o, e, se for pessoa jurídica, mencionando a sua razão social e nominando o seu representante legal;

III - fazer constar das suas certidões os dados relativos à qualificação das pessoas que figurem no pólo passivo, cujas identificações não constam registradas nos autos do processo, mencionando número do registro do CPF, o número da Carteira de Identidade ou qualquer outro documento válido como prova de identidade no território nacional;

IV - fazer referência da leitura do mandado e da documentação que o integra;

V - comprovar a entrega da contrafé, com sua aceitação ou recusa;

VI - mencionar a obtenção da nota de ciência e, se analfabeto o réu, demonstrar que o ato foi assistido por uma ou mais testemunhas e que a assinatura no mandado foi lançada a seu rogo, com resumo do ocorrido;

VII - evitar entrelinhas, emendas, espaços em branco e rasuras, sem a devida ressalva;

VIII - juntar, nos atos praticados através de procurador, cópia da procuração ou menção dos dados identificadores se passada por instrumento público, exceto no processo penal, onde os atos são personalíssimos; e

IX - assinar a certidão, fazendo constar em letra de forma, à máquina ou por carimbo, o nome e a função do signatário.

§ 2º Na certidão negativa, o Oficial de Justiça deverá constar, além dos requisitos alinhados nos incisos I, VII, e IX do § 1º deste artigo:

I - não ter sido o réu localizado;

II - os meios empregados para a localização do réu; e

III - o número de diligências negativas realizadas, com suas datas e horários, bem como o nome e a qualificação de pessoa que possa confirmar as circunstâncias do fato que impossibilitou o cumprimento do mandado, inclusive o local onde o réu possa ser encontrado, se for o caso. [3]

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Ver em “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”,“Falta de ciente no mandado”, “Fé pública do Oficial de Justiça”, “Local incerto e não sabido” e “Conteúdo da certidão do Oficial de Justiça Avaliador”.

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Civil.

[3] Provimento nº 161/CGJ/2006.

5.9. Cumprimento dos atos de comunicação com data aprazada

O Oficial de Justiça deve dar preferência para o cumprimento de mandados, quando o Juiz determinar data para a realização dos atos, tais como os de intimação de testemunha, de citação e intimação para audiência de conciliação, de intimação para leilão ou praça de bens, de intimação para realização de perícia, dentre outros.

A observação se faz necessária em virtude de o cancelamento de uma audiência envolver um número expressivo de pessoas, sejam servidores ou interessados, além de tempo destinado à sua realização.

Conforme se vê, o cancelamento de uma audiência pode causar prejuízo aos envolvidos, tais como a repetição de atos pelos servidores, demora na prestação jurisdicional e o tempo reservado ao ato, que, sabemos, é insuficiente para a realização do número de audiências na forma que o Tribunal necessita. O art. 162 do Provimento nº 161/2006 da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, transcrito no item 3.5, traz as observações a serem seguidas quanto aos mandados expedidos com data aprazada e o art. 29 do CPC, sobre o adiamento dos atos.

Art. 29. As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir se, ficarão a cargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do Juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.

Ver item "Prazos para a realização dos atos processuais".

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6. SITUAÇÕES RELEVANTES ENVOLVENDO OS ATOS DE COMUNICAÇÃO

6.1. Pessoa física

Pessoa física é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações, seja pessoalmente, representado ou assistido legalmente.

A citação é feita diretamente à pessoa indicada no mandado. Essa pessoa deve ser plenamente capaz, ter entendimento para a realização dos atos da vida civil, ler o mandado, receber a contrafé e assinar os documentos necessários à conclusão do ato. Não sendo possível a realização do ato nesses termos, será representada ou assistida legalmente, como mencionado anteriormente.

6.2. Pessoa jurídica

Pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais e de patrimônios, que visa a consecução de certos fins, legalmente constituída, sempre representada por uma pessoa natural, também sujeito de direitos e obrigações.

É ficção legal, criada por determinação da lei, que se personaliza, toma individualidade própria, para constituir uma entidade jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem, sendo que sua representação é feita por pessoa natural, indicada nos seus estatutos ou contratos. A localização/instalação das pessoas jurídicas denomina-se estabelecimento.

A citação da pessoa jurídica se dará na pessoa de seu representante legal, conforme determina o art. 12 CPC e os arts. 18, II e 67, caput da Lei nº. 9.099 de 1995, para os mandados originados dos Juizados Especiais.

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;

III - a massa falida, pelo síndico;

IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

V - o espólio, pelo inventariante;

VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;

VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;

VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);

IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

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§ 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.

§ 2º - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.

§ 3º O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. [1]

“Art. 18. A citação far-se-á:

. . . . . . . . . . . . . . .

II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado;

. . . . . . . . . . . . . . .

Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.2 . . . . . . . . . . . . . .

Ao diligenciar no endereço determinado no mandado, muitas vezes o Oficial de Justiça se depara com uma empresa instalada com nome diverso daquele constante no mandado.

Isso ocorre porque nem sempre o Título do Estabelecimento é o mesmo constante do Nome Empresarial. Título do estabelecimento é o nome de fantasia, é o apelido do empresário. Nome empresarial é a expressão pela qual o empresário se apresenta no mercado a fim de contrair obrigações e exercer direitos.

Essas empresas são as mesmas, porém, ao fornecerem o nome na inicial o fazem pelo Título do Estabelecimento. Independentemente do nome constante no mandado, o Oficial de Justiça deve conferir o número do CNPJ e, sendo o mesmo mencionado no mandado, realizar o ato determinado pelo Juiz. Muitas vezes nem o empregado sabe qual é o nome empresarial, apenas o título do estabelecimento.

No entanto, se não constar no mandado o CNPJ, não terá como conferir os dados e por conseqüência também não será cumprido o mandado. Daí a importância de o autor fornecer na inicial os dados completos da executada.

O Oficial deverá, nesse caso, certificar que citou a EMPRESA na pessoa de seu representante legal, solicitando no ato da diligência o nome completo e sua qualificação.

Ver art. 167 do Provimento nº 161/CGJ/2006, no item “Número de diligências a serem realizadas para cumprimento de cada .mandado”

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Ver “Jurisprudência selecionada”, “Atos de Comunicação e o Oficial de Justiça Avaliador”, “Citação de pessoa jurídica”.

[1] Código de Processo Civil.

[2] Lei nº. 9.099 de 1995

6.3. Representante legal de empresa

Ao determinar a citação do representante legal de uma empresa, o que interessa para o Juiz é a posição daquela pessoa e não da empresa. O Oficial deverá, nesse caso, certificar que citou o representante legal da empresa.

6.4. Pessoa jurídica de direito público Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; (....)

A Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, que institui a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União, em seu art. 35 e seguintes prevê na pessoa de quem será citada a União:

Art. 35. A União é citada nas causas em que seja interessada, na condição de autora, ré, assistente, oponente, recorrente ou recorrida, na pessoa:

I - do Advogado-Geral da União, privativamente, nas hipóteses de competência do Supremo Tribunal Federal;

II - do Procurador-Geral da União, nas hipóteses de competência dos tribunais superiores;

III - do Procurador-Regional da União, nas hipóteses de competência dos demais tribunais;

IV - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da União, nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau.

Art. 36. Nas causas de que trata o art. 12, a União será citada na pessoa:

I - (Vetado);

II - do Procurador-Regional da Fazenda Nacional, nas hipóteses de competência dos demais tribunais;

III - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da Fazenda Nacional nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau.

Art. 37. Em caso de ausência das autoridades referidas nos arts. 35 e 36, a citação se dará na pessoa do substituto eventual.

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Art. 38. As intimações e notificações são feitas nas pessoas do Advogado da União ou do Procurador da Fazenda Nacional que oficie nos respectivos autos. [1]

O art. 75 do Código Civil informa o domicílio das pessoas jurídicas:

I - da União, o Distrito Federal;

II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; [2]

[1] Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União.

[2] Código Civil.

6.5. Falecimento da pessoa indicada para a diligência Art. 6º. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. [1]

Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar se á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265.

Art. 265. Suspende se o processo:

I pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; [2]

A capacidade jurídica da pessoa termina com a cessação da vida humana, ou seja, a personalidade jurídica, adquirida com o nascimento, termina com a morte. Morrendo, o indivíduo perde também sua aptidão para ser titular de direitos, e seus bens são transmitidos, no mesmo ato, aos seus herdeiros. Todavia alguns deveres ainda persistirão e serão cobradas do espólio, do qual o inventariante será o representante legal.

O espólio é o conjunto de bens que integra o patrimônio deixado pelo falecido, representado em juízo, ativa e passivamente, pelo inventariante. O espólio responde pelas dívidas do de cujus e por todas as decisões condenatórias que tenham por fundamento atos de responsabilidade do falecido.

Tratando-se de ação penal, a morte do réu é causa da extinção de sua punibilidade, pois, diferente da área cível, no espólio nem mesmo os herdeiros respondem pelo crime praticado pela pessoa falecida, e ainda, se existe o crime mas não existe ação penal contra o indiciado, esta não mais poderá ser interposta.

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Assim, em ambos os casos, diante da notícia de falecimento da pessoa com a qual seria cumprido o mandado, o Oficial de Justiça deverá solicitar cópia da certidão de óbito ou colher dados desta e informar ao Juiz, para que as devidas providências sejam tomadas em função do espólio ou dos herdeiros. Os dados são: o nome do Cartório em que foi realizado o registro, números da certidão, do livro, da folha, a data e a hora do falecimento, e, ainda, solicitar o número do processo de inventário e o nome do inventariante, se houver.

Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe coube. [3]

Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. [4]

Art. 991. Incumbe ao inventariante:

I representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando se, quanto ao dativo, o disposto no art. 12, § 1º; [5]

[1] Código Civil.

[2] Código de Processo Civil.

[3] Código de Processo Civil.

[4] Código Civil.

[5] Código de Processo Civil.

6. 6. Interditando

O art. 1.181 do Código de Processo Civil determina a citação do interditando para:

em dia designado, comparecer perante o Juiz, que o examinará, interrogando o minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens e do mais que Ihe parecer necessário para ajuizar do seu estado mental, reduzidas a auto as perguntas e respostas.

Todavia, pode ocorrer de o Oficial de Justiça constatar a impossibilidade do citando ou intimando de receber o mandado por situações aparentes de demência, ausências ou impossibilidade de manter diálogo e entender o conteúdo da ordem judicial.

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O art. 218 do CPC é bastante claro quando diz que “não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê la”. “Demente” é caso de interdição e versa sobre estado da pessoa procurada, e, “ou está impossibilitado de receber”, mencionado no caput deste artigo pode ser qualquer causa que impossibilite a compreensão do ato ou que inviabilize o citando de providenciar sua defesa, motivos pelos quais a lei ordena, no § 1º, que “o Oficial de Justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência”.

Tendo em vista a finalidade do processo de interdição, e o contido no art. 218 do CPC, o Oficial de Justiça deverá certificar o ocorrido de forma detalhada, descrevendo, aparentemente, o estado da pessoa interditanda, informando ao Juiz se será ou não possível seu comparecimento à audiência na data aprazada.

Havendo nomeação de curador provisório, a citação poderá ser realizada na sua pessoa, verificando, porém, a data de validade do termo. A curatela provisória pode ser requerida, quando há risco de dano vinculado à demora da sentença definitiva e quando há previsão remota de recuperação da capacidade mental. Em ambos os casos deverá ser comprovada a previsão de riscos de dano.

Alguns Doutrinadores e Juristas entendem que por tratar-se de jurisdição voluntária a citação ou intimação do interditando poderia realizar-se independentemente de entendimento do ato pelo citando ou intimando, mas não encontramos legislação expressa nem jurisprudência que validasse o entendimento. Existem Secretarias que expedem o mandado, trazendo no despacho judicial a determinação de que o Oficial de Justiça deverá citar a pessoa, independentemente de seu estado e de entender ou não o conteúdo da ordem judicial.

Cabe ressaltar que esse entendimento é minoria; além disso, nosso ordenamento jurídico orienta o procedimento da citação de forma geral e não traz qualquer exceção acerca de uma ou outra modalidade de citação.

6. 7. Funcionário público em local de trabalho

A lei excepciona apenas o caso do militar, no que se refere ao local de trabalho. Portanto a citação do funcionário público pode ser realizada em qualquer lugar que se encontrar, após revogação do inciso I, do art. 217 do CPC, pela Lei nº 8.952/94.

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - (Revogado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Texto original: ao funcionário público, na repartição em que trabalhar;

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A notificação ao chefe da repartição acerca da citação e seu comparecimento perante o juízo objetiva preservar o andamento do serviço público, possibilitando ao chefe da repartição tomar as medidas necessárias quanto à ausência de um serventuário, visando a continuidade do serviço público.

6. 8. Militar em serviço Art. 216. A citação efetuar se á em qualquer lugar em que se encontre o réu. Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado. [1]

Esta modalidade de citação ocorrerá apenas estando o militar em serviço. A intenção do legislador foi de resguardar a segurança pública, uma vez que o militar sendo citado quando em serviço externo, não tivesse que abandonar o posto para cuidar dos objetos da comunicação recebida, sem que seu chefe tivesse conhecimento. Nesse caso, o Oficial de Justiça, não encontrando o militar na primeira diligência, se informará do próximo dia de sua escala naquele estabelecimento e retornará para concluir o cumprimento do mandado.

Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. [2]

Cabe ressaltar que a expressão “por intermédio do chefe do respectivo serviço” significa que o chefe será apenas o intermediário para efetivação do ato, não podendo receber o mandado, porque não é representante legal do militar.

No caso de intimação do militar na função de testemunha, o ato será realizado por meio de Ofício requisitório. Recebido o ofício, a autoridade militar certificará ao juízo e encaminhará a intimação ao subordinado, desde que prestando serviço na comarca do Juiz requisitante. De outra forma caberá ao Juiz expedir carta precatória para que o juízo deprecado oficie a autoridade militar daquela comarca para a realização da intimação.

A requisição tem o fim de preservar o bom andamento do serviço público, sem interrupções, dando possibilidade à autoridade militar tomar as medidas cabíveis quanto à ausência da testemunha naquele estabelecimento.

[1] Código de Processo Civil.

[2] Código de Processo Penal.

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6.9. Réu / Réu preso

O art. 360 do CPP, previa que o réu preso era requisitado para ser apresentado em juízo, sem previsão da sua citação, mas a Lei nº 10.792/2003 alterou essa previsão, determinando sua citação pessoal antes da requisição para interrogatório.

Atualmente a citação é feita pessoalmente ao réu preso, por mandado. Todavia, além do mandado de citação, o Oficial de Justiça leva, também, o ofício requisitório ao diretor do Estabelecimento Penitenciário para que o acusado compareça em juízo no dia e hora marcados, permitindo ao diretor organizar o transporte de presos ao Fórum. Tratando-se de preso em outra comarca, o juízo deprecado encaminhará o mandado de citação e o ofício requisitório ao réu e ao diretor do presídio naquela comarca.

Art. 360. Se o réu estiver preso, será requisitada a sua apresentação em juízo, no dia e hora designados. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) [1]

Art. 56. Recebida a denúncia, o Juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.

§ 1º Tratando se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o Juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo.

§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias. [2]

[1] Código de Processo Penal.

[2] Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

6.10. Procedimento sumário

A citação no procedimento sumário deve ocorrer 10 (dez) dias antes da audiência de conciliação, nos termos do art. 277 do CPC.

Art. 277. O Juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. (Retificado)

O art. 275 do CPC define as causas julgadas no procedimento sumário.

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Art. 275. Observar se á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)

I nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

II nas causas, qualquer que seja o valor (Retificado) (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;

b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;

c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;

d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;

e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;

f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;

g) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) [1]

Art. 162. (...).

§ 2º Nos casos de feitos de procedimento sumário, os mandados deverão ser cumpridos e devolvidos à Central de Mandados até 15 (quinze) dias antes da audiência. [2]

[1] Código de Processo Civil.

[2] Provimento nº 165/CGJ/2007.

6.11. Citação em medida cautelar ou liminar

A medida cautelar tem por fim assegurar a conservação de bens, integridade de pessoas e resguardar provas. Não tem um fim em si mesma, mas apenas afasta uma situação de perigo, visando o fim real que é a prestação jurisdicional definitiva. Essa medida não está vinculada a uma outra principal, como a liminar.

Medida liminar é medida urgente e provisória, mas que não dispensa a instrução sumária posterior. É concedida quando as circunstâncias do fato evidenciam que a citação do réu poderá tornar sem efeito a presente medida, mas ao mesmo tempo garantindo o direito de defesa do requerido. O requerente deverá interpor a ação principal dentro de 30 dias.

A liminar pode ser concedida em medida cautelar e ser preparatória desta.

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Tanto na cautelar quanto na liminar, o requerido será citado para contestar o pedido após o cumprimento da medida, sendo no prazo de 05 dias nos termos do art. 802 do CPC e 15 dias de acordo com o art. 8º da Lei 8397 de 06/01/92, medida cautelar fiscal referente a credito tributário.

O que acontece na prática é o cumprimento da medida preventiva e logo em seguida a citação do réu, tudo por meio de um único mandado. No entanto, não encontrando o bem objeto da ação, não será realizada a citação.

Exemplo:

1 - Mandado de busca e apreensão e citação

2 - Mandado de arrolamento de bens e citação

3 - Mandado de seqüestro e citação

No entanto o Juiz poderá determinar, no mesmo mandado, a intimação para audiência. Nesse caso, encontrando o requerido e não encontrando o bem, o Oficial de Justiça deverá realizar a intimação para a audiência, certificando o ocorrido ao Juiz. Esse procedimento faz parte do projeto de conciliação iniciado nas Varas Cíveis. A intenção aqui é a de resolver o litígio antes mesmo do início do processo.

Quanto à citação com hora certa, envolvendo intimação para audiência, poderá ser realizada nas cautelares, por tratar-se de 2 (dois) atos no mesmo mandado, desde que haja possibilidade de aproveitar a audiência aprazada. Todavia deverá ser observado que o Escrivão tem 3 (três) dias para confirmar a citação realizada com hora certa e o prazo para defesa nas cautelares comuns é de 5 dias, conforme determina o art. 802 do CPC.

Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir.

6.12 . Citação no Processo de Execução Fiscal

A Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, que dispõe sobre a execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias prevê aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Os arts. 7º e 8º tratam da citação do executado mas não mencionam sobre a contagem do prazo de cinco dias da realização da citação. Assim, deixou claro que a contagem do prazo será a mesma adotada pelo art. 184 do CPC.

Cabe ressaltar que o mandado, após realizada a citação, permanece nas mãos do Oficial de Justiça durante os 5 (cinco) dias destinados ao pagamento pelo executado, para, ao final, verificar em cartório e efetivar a penhora, se for o caso.

Art. 7º O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para:

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I citação, pelas sucessivas modalidades previstas no artigo 8º;

II penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito ou fiança;

III arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar; IV registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no artigo 14; e V avaliação dos bens penhorados ou arrestados . Art. 8º O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas: I a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma; II a citação pelo correio considera se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal; III se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital; IV o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exeqüente, o nome do devedor e dos co responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo. § 1º O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias. § 2º O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição. [1]

[1] Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980.

6.13. Cumprimento de mandados com adolescente e menor infrator

Os mandados originados das Varas da Infância e Juventude, cível e criminal, abordando os atos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, ensejam cumprimento dos atos com o menor de forma diferenciada, especialmente quando se tratar de atos infracionais. Ver artigos 2º, 121 e 142 da Lei nº 8.069/90 no item “Da integração da capacidade”.

O Código Civil de 2002 não revogou o Estatuto da Criança e do Adolescente, motivo pelo qual os mandados envolvendo menores serão cumpridos obedecendo ao limite de idade para assistência em juízo até 21 anos, nos termos do art. 142 do referido Estatuto, bem como para os casos do art. 121, quando se tratar de menores em cumprimento de medidas sócio-educativas, casos em que o limite de idade para aplicação de referidas medidas é, também, 21 anos de idade. No entanto, essa assistência não é semelhante àquela estabelecida para os atos da vida civil. Na área específica da infância e juventude, tem alcance especial de proteção da criança e do adolescente, inclusive quando se tratar de atos infracionais, ao passo que, na área civil, está vinculada ao fato de o adolescente estar apto a adquirir direitos, contrair obrigações, celebrar contratos, dentre outros atos.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente é lei especial e como tal não foi revogada, o que se pode comprovar, observando o disposto no art. 2 ° , § 2 ° , da Lei de Introdução ao Código Civil: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.

Para que haja revogação é preciso que a disposição nova, geral ou especial, modifique expressamente ou insitamente a antiga, dispondo sobre a mesma matéria diversamente. Logo, lei nova geral revoga a geral anterior, se com ela conflitar. A norma geral não revoga a especial, nem a nova especial revoga a geral, podendo com ela coexistir (...), exceto se disciplinar de modo diverso a matéria normada, ou se a revogar expressamente.[1]

Não podemos confundir a capacidade civil plena aos 21 anos, adotada no Código Civil de 1973 e a aplicação excepcional de medidas sócio educativas adotada pelo ECA também até 21 anos em seu art. 121. A primeira foi revogada expressamente, sendo hoje esse limite de 18 anos e está vinculada ao fato da pessoa estar apto a adquirir direitos, contrair obrigações, celebrar contratos, dentre outros, com ou sem a necessidade de assistência. A segunda não, a pessoa entre 18 e 21 anos poderá estar sendo assistido em razão de estar cumprindo uma medida sócio-educativa iniciada ainda quando contava com 18 anos incompletos, onde a vontade do infrator não é levada em conta, mesmo porque a imposição judicial é aplicada de forma contrária à vontade do menor. Os limites etários são os mesmos, porém adotados e determinados por motivos diferentes, levando em conta a capacidade e a área do Direito trabalhadas em determinado momento da vida da pessoa envolvida no ato em questão.

Isso vem provar que o adolescente, com 17 anos e 11 meses, considerado autor de ato infracional, poderá, em cumprimento a medida de internação aplicada pelo juiz, permanecer privado de sua liberdade até completar 21 anos, vencendo o triênio estipulado pelo § 3 ° acima citado [2] , art. 121 do ECA.

O art. 228 da Constituição Federal, o art. 27 do Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, por razões de política criminal, determinam de forma expressa que os adolescentes, ou seja, maiores de 12 e menores de 18 anos, são penalmente inimputáveis, respondendo pelos seus atos com medida de cunho educativo, não restando livres de sanção.

Para os delitos praticados pelo menor, denominamos atos infracionais, são aplicadas medidas sócio-educativas, por meio de procedimento especial contido no próprio Estatuto. Referida medida sócio educativa tem aplicação inicial ao maior de 18 anos que cometeu o ato infracional quando ainda era inimputável, com termo final, obrigatório, quando o jovem completar 21 anos. Tal procedimento não significa que estamos aplicando uma medida sócio educativa destinada a pessoas ainda em desenvolvimento para uma pessoa que já chegou à maioridade civil, mas tão somente estar cumprindo o que determina uma lei especial para pessoa em situação especial.

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Cabe ressaltar que o novo Código Civil não alterou também a maioridade criminal, que continua com o limite de 18 anos.

Como se vê, o Oficial de Justiça poderá cumprir mandados de comunicação com pessoa maior de 18 e menor de 21 anos assistida por seus pais, em razão de ter praticado o ato infracional ou iniciado o cumprimento de uma medida sócio-educativa nas vésperas de completar 18 anos, portanto ainda menor e inimputável. Nesses casos as ordens judiciais serão cumpridas com o menor, ou com este e seus pais, quando assim forem determinadas, devendo ambos assinarem os mandados. Observe os exemplos que ensejam dúvidas para os Oficiais de Justiça:

1º Exemplo: Mandado com ordem de intimação destinada ao menor e notificação de seus pais, sobre determinado ato, expedido para seu endereço residencial, quando, na realidade, esse menor se encontra internado em razão da prática de outro ato.

Explicação: Neste caso não podemos intimar o menor na pessoa de seus pais, por tratar-se de ato infracional, caso em que não cabe representação, mas apenas assistência no sentido de proteção ao menor. No caso de ato infracional não cabe execução do ato, por representação ou em conjunto, como ocorre na área cível.

Resultado no cumprimento do mandado: Certidão positiva de notificação dos pais se forem encontrados e negativa de intimação do menor, informando o local onde se encontra internado, para que seja oficiada sua requisição.

2º Exemplo: Mandado de intimação destinado ao menor e cientificação de seu responsável legal sobre determinado ato, expedido para seu endereço residencial.

Explicação: O menor reside no local, porém nunca é encontrado pelo Oficial de Justiça. Neste caso não podemos intimar o menor na pessoa de seu representante legal. Por tratar-se de ato infracional, não cabe representação, mas apenas assistência no sentido de proteção ao menor. No caso de ato infracional não cabe execução do ato, por representação ou em conjunto, como ocorre na área cível.

Resultado no cumprimento do mandado: Certidão positiva de cientificação do representante legal e negativa de intimação do menor, informando o ocorrido nas diligências realizadas no local.

3º Exemplo: Mandado de intimação para audiência de apresentação do menor e notificação de seus pais ou representante legal a comparecerem à audiência, acompanhados de advogado.

Explicação: O menor é representado ou assistido no sentido de proteção ao menor, mas deverá, também, estar presente, assinar e receber pessoalmente o mandado. No caso de ato infracional não cabe execução do ato, por representação ou em conjunto, como ocorre na área cível.

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Resultado no cumprimento do mandado: Certidão positiva de intimação do menor e notificação de seus pais ou representante legal a comparecerem à audiência, acompanhados de advogado, ou certidão negativa, informando o ocorrido nas diligências realizadas.

4º Exemplo: Mandado de intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semi liberdade destinada ao adolescente, devendo este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

Explicação: O menor é intimado pessoalmente e deve assinar o mandado, e não representado ou assistido, como ocorre na área cível.

Resultado no cumprimento do mandado: Certidão positiva de intimação do menor. O Oficial de Justiça não encontrando o adolescente, após as cautelas de praxe, deverá imputar-lhe a condição de estar em local incerto e não sabido, lavrando certidão minuciosa, de forma a permitir a intimação por edital, conforme a lei prevê para o caso.

5º Exemplo: Mandado de intimação e condução coercitiva do menor para audiência.

Explicação: A condução coercitiva do adolescente poderá ser determinada com a presença de um servidor pertencente ao quadro do Juizado da Infância e Juventude. Assim, para cumprimento desses mandados, o Oficial de Justiça deverá entrar em contato com o Juizado da Infância e Juventude para efetivação da condução de menores, e, em qualquer caso de mandados envolvendo condução, para seu transporte, seja como testemunha ou parte no processo.

Resultado no cumprimento do mandado: Certidão positiva de intimação e condução de pessoas, a ser devolvida na Central de Mandados na data e hora da audiência, após a entrega da pessoa conduzida na Secretaria, ou certidão negativa, informando o ocorrido nas diligências realizadas. Para ambos os casos, o Oficial de Justiça deverá informar sobre as pessoas que participaram do ato.

Cabe ressaltar que, esta prática de imputar ao menor a condição de estar em local incerto e não sabido, deverá ser adotada para qualquer mandado, em cujo cumprimento o menor não for localizado.

Esta forma de cumprimento de mandados com o menor se justifica, a fim de assegurar a ampla defesa, especialmente a pessoal e o contraditório. Ao menor infrator deve ser dado pleno conhecimento da atribuição da infração, procedendo se sua citação ou cientificação e entregando lhe pessoalmente a cópia da representação.

O adolescente aqui não é propriamente um "réu", tanto é que a lei não visa puni-lo, mas auxiliá-lo com as medidas de internação que visam a sua recuperação. Ao menor infrator é dado o direito de produzir todas as espécies de provas legais e legítimas, e ainda, a defesa técnica que é um direito

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indisponível do adolescente. Ele deve estar presente na audiência de apresentação com advogado, e se não puder contratar, deverá ser-lhe nomeado um defensor dativo ou público.

O direito de defesa pessoal se confirma pela obrigatoriedade em ser ouvido pessoalmente, com acompanhamento permanente por seus pais ou responsável, cujas presenças na audiência de apresentação não têm a mesma função que aquela da assistência ou representação praticada no direito civil. Aqui estamos tratando de ato infracional, onde os atos são perssonalíssimos, razão pela qual o mandado não pode simplesmente ser entregue a seus pais ou responsáveis.

[1] DINIZ, Maria Helena. Lei de introdução ao Código Civil Brasileiro interpretada, 4ª ed., Saraiva, 1998, p.75.

[2] LIBERATI Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente, 4ª ed., Malheiros Editores, 1999 p. 96.

6.14. Cumprimento de atos de comunicação envolvendo Juizados Especiais

O Juizado Especial Cível tem competência para causas cíveis de menor complexidade, orientando-se pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. O Juizado Especial Criminal tem competência para tratar das infrações penais de menor potencial ofensivo, orientando-se pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

Em ambos os casos, e em razão dos Enunciados editados pelos Estados ou pelo FONAJE - Fórum Nacional dos Juizados Especiais do Brasil, os mandados deverão ser cumpridos, conforme prevê a Lei de Organização e Divisão Judiciárias local.

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.

§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais

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atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

Art. 18. A citação far-se-á:

I por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;

II tratando se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado;

III sendo necessário, por Oficial de Justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, considerar se ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.

§ 2º Não se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar se ão desde logo cientes as partes.

§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.

7. PESSOAS LEGALMENTE APONTADAS PARA RECEBER E ASSINAR OS MANDADOS

PESSOA INDICADA PARA

CUMPRIMENTO DO MANDADO

PESSOA LEGALMENTE INDICADA PARA

ASSINAR O MANDADO

OBSERVAÇÕES PERTINENTES

Pessoa física A pessoa, de próprio punho, ou seu procurador legalmente constituído, com poderes especiais.

É o tipo de citação que mais acontece, desde que no momento da diligência não haja nenhum impedimento.

Pessoa jurídica O seu representante legal documentado - art. 12,VI, CPC.

O representante deverá ser indicado pelo autor na petição inicial, ou ser apresentada cópia do contrato social no momento da diligência

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ou certificação de recusa na apresentação de documentos, após afirmar ser o representante legal.

Menor impúbere - menor de 16 anos

Representado por seus pais - art. 8º CPC. Art. 3º do CC.

O mandado será assinado pelo pai ou mãe, independente da presença do menor, mas nos casos das varas da infância e juventude, o adolescente também assina o mandado, bem como seu pai e sua mãe, por tratar-se de ato infracional.

Incapaz Representante legal ou curador - art. 8º e 9º, I, CPC.

Art. 3º do CC.

Gravemente enfermo Inicialmente, não faz a citação, mas poderá fazê-la se houver procurador para o caso - art. 217, IV, e 218, CPC. Art. 3º do CC.

Sendo impossível, o Oficial informará ao Juiz, por meio de certidão minuciosa, aparentemente, o estado da pessoa no momento em que foi realizada a diligência e devolverá o mandado. Art. 3º do CC.

Interditando O curador provisório. Se não houver, o Oficial não fará a citação.- art. 218, CPC. Art. 3º do CC.

Sendo impossível, o Oficial certificará, de forma minuciosa, aparentemente, o estado da pessoa no momento em que foi realizada a diligência.

Deficientes mentais O curador. Sem o curador, não fará citação - art. 218, CPC. Art. 3º do CC.

Sendo impossível, o Oficial certificará, de forma minuciosa, aparentemente, o estado da pessoa no momento em que foi realizada a diligência.

Surdo-mudo O surdo-mudo se tiver educação especializada que permita a compreensão do ato - art. 218, CPC.

Sendo impossível, o Oficial de Justiça não fará a citação, informando os motivos da sua não- realização.

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Analfabeto O próprio analfabeto ou com assinatura a rogo, na presença de duas testemunhas ou colhendo dele a assinatura por meio de impressão datiloscópica - art. 3º do CC.

Não havendo testemunhas, realizará o ato, de tudo certificando.

Cego O cego se tiver educação especializada que permita a compreensão do ato. - art. 218, CPC. Art. 3º do CC.

O Oficial de Justiça não fará a citação, informando ao Juiz os motivos da sua não-realização.

Espólio Inventariante - art. 12, V, CPC.

No caso de investigação de paternidade, respondem todos os herdeiros.

Condomínio Síndico ou administrador - art. 12, IX, CPC.

Síndico eleito em assembléia geral, comprovado pela ata que o elegeu.

Massa falida Síndico da massa falida - art, 12, III, CPC, ou, se for o caso, administrador pela nova Lei de Falências.

A representação se inicia com a nomeação feita pelo Juiz e aceitação pelo nomeado.

Fazenda Pública Municipal

Procurador ou prefeito - art. 12, II, CPC.

O chefe do Poder Executivo ou o procurador do ente político, nomeados para o cargo.

Fazenda Pública Estadual

Procurador-geral - art. 12, I, CPC.

Chefe do Poder Executivo ou procurador do ente político, nomeados para o cargo.

Funcionário público O próprio funcionário se acusado, e, no ato, será dada ciência a seu chefe de repartição - art. 359 do CPP.

Será dada ciência ao chefe imediato no caso de ser o funcionário o acusado, quando o endereço indicado para citação tratar-se de uma repartição pública.

Estrangeiro residente no Brasil, que não sabe falar o idioma do país.

Não fará a citação, mesmo que compreenda o idioma do estrangeiro, porque o Oficial de

O oficial devolverá o mandado, mencionando em certidão minuciosa o ocorrido na diligência

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Justiça não é tradutor juramentado.

para futuras providências.

Curatelado O curador - art. 9º, CPC. Nesta situação, já tem a definição quanto ao nome do seu curador.

Interditado O curador - art. 9º, CPC. O interditado tem como representante o curador e, nesta situação, tem a definição do seu nome.

Idoso O idoso, se tiver a compreensão do ato. - art. 218, CPC.

Suspeitando de incapacidade, não citará, mas passará certidão, descrevendo, aparentemente, a situação presenciada na diligência. Conforme o entendimento do Juiz da ação, serão inquiridos onde se encontrarem - art. 3º do CC.

Réu preso O réu preso - ver sistemática adotada pelo TJMG - Resolução Conjunta nº 6.715/2003.

Se o réu não contestar ou alegar dificuldades, a ele será dado curador especial.

Réu ausente de direito material (absolutamente incapaz)

Não se faz a citação de pessoa absolutamente incapaz - art. 8º, CPC. Art. 3º do CC.

O novo CC prevê para esse procedimento a declaração de ausência e nomeação de curador especial, se for o caso.

Réus ausentes de direito processual (considerados, assim, revéis).

Mandatário, feitor, gerente ou administrador - art. 215, § 1º, CPC.

Quando a ação se originar de atos por eles praticados.

Locador em local incerto e não sabido

Na pessoa do administrador do imóvel responsável pelo recebimento dos aluguéis.

Esta situação ocorre quando o locador se ausenta sem cientificar o locatário e informar o nome de seu procurador.

Instituição bancária O representante legal ou gerente da filial, com poderes especiais.

A autorização tem que mencionar expressamente poderes especiais para o representante legal receber a citação.

Réu revel O revel, normalmente, não tem procurador.

Nesse caso, o réu já é revel em processo

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Assim, não sendo feita a citação, será nomeado curador especial - art. 9º do CPC.

anterior e será citado por edital nas ações criminais ou com hora certa quando tratar-se de ações cíveis.

Menor relativamente incapaz - com idade entre 16 e 18 anos - menor-púbere

Art. 4º do CC.

O próprio menor assistido no momento pelos seus pais ou representante legal, art. 8º, CPC, e art.171, I, CC.

Não se faz a citação somente na pessoa de seus pais ou representante legal. Tanto o menor como o assistente têm que assinar o mandado. Pode ser o pai, a mãe ou representante legal.

Policial militar Art. 221, § 2º, e 358 do CPP Art. 216, CPC.

A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço, esclarecendo que o chefe não representa o militar, mas apenas vai informar a escala de lotação para que seja aprazada a diligência.

Ausente O procedimento se dará conforme o art. 215, § 1º, CPC.

Normalmente, nesses casos especiais, o Juiz determina a quem será feita a citação .

Adolescente

infrator

Adolescente

infrator

Não sendo localizado, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão para o adolescente. Não se aplica aqui o procedimento da assistência como ocorre no processo civil, por tratar-se de ato infracional.

Observação: Para qualquer mandado, quando o Oficial verificar incapacidade da pessoa para concluir o ato e, havendo no local procurador constituído para o ato e legalmente documentado, este poderá se realizar na pessoa desse procurador, exceto nos casos em que se pede o depoimento pessoal. Todavia, não havendo no mandado nem na inicial, quando for o caso, nome do representante legal, mas alguém se apresentar como tal, sem documento que comprove o fato, o Oficial de Justiça poderá realizar o ato, mas deverá fazer a ressalva na certidão que lavrar.

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8. MATERIAIS DE APOIO

Enunciados dos Juizados Especiais Pertinentes aos Atos de Comunicação

Os enunciados são o entendimento de juristas que se reúnem para estudar temas polêmicos, razão pela qual são objetos de estudos e proposições. O resultado são propostas de interpretação dos dispositivos que geram repercussão no meio jurídico e entendimento para futuras decisões, quando aprovadas por maioria.

Os enunciados aprovados não representam a opinião da Justiça no País ou Estado, mas são utilizados como instrumento de interpretação seguindo o entendimento de juristas, servindo, portanto como importante fonte orientadora das decisões judiciais.

A influência que os enunciados do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais do Brasil) e os Enunciados elaborados pelos Estados, exercem, é responsável pelos avanços na aplicação da Lei 9.099/95, gozando de merecido prestígio na jurisprudência e na doutrina.

Cabe ressaltar que os enunciados não podem ser aplicados de ofício pelos Oficiais de Justiça, mas tão somente cumprir o mandado utilizando-os se constarem do mesmo ou for adotado pelo MM. Juiz responsável pelo Juizado Especial de origem do mandado. Isso, porque a análise é feita pelos Juízes, que aplicarão ou não, os enunciados, como se depreende da observação abaixo, disposta no ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, destinado aos Juizados Especiais Cíveis e criminais.

Segue abaixo os Enunciados pertinentes aos atos de comunicação realizados pelos Oficiais de Justiça Avaliadores, atualizados até outubro de 2008

Súmulas do STF Pertinentes aos Atos de Comunicação

Súmula é enunciado de tribunais de última e de instâncias intermediárias, onde os colegiados (turmas e/ou câmaras, reunidas em sessão conjunta de todo tribunal) têm por pacificada determinada matéria. O critério de pacificação é a ocorrência de diversos julgamentos reiterados, precedentes, repetitivos e, principalmente, uníssonos. A partir desta conclusão de pacificação, o Tribunal, por este órgão colegiado, de regra, por deliberação unânime, estabelecer de fórmula prévia, um critério único de julgamento quanto à respectiva matéria, conduzindo o pensamento do Tribunal para que passe a julgar sempre no sentido que a súmula passou a designar. [1]

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Súmula nº 263

O possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.

Súmula nº 351

É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o Juiz exerce a sua jurisdição.

Súmula nº 366

Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

Súmula nº 391

O confinante certo deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.

Súmula nº 155

É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.

Súmula nº 216

Para decretação da absolvição de instância pela paralisação do processo por mais de trinta dias, é necessário que o autor, previamente intimado, não promova o andamento da causa.

Súmula nº 310

Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.

Súmula nº 710

No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

Súmula nº 109

É devida a multa prevista no art. 15, § 6º, da Lei 1.300, de 28/12/1950, ainda que a desocupação do imóvel tenha resultado da notificação e não haja sido proposta ação de despejo.

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Súmula nº 174

Para a retomada do imóvel alugado, não é necessária a comprovação dos requisitos legais na notificação prévia. [2]

[1] Home page: www.edisonsiqueira.com.br

[2] www.stf.gov.br

Súmulas do STJ Pertinentes aos Atos de Comunicação

Súmula nº 282

Cabe a citação por edital em ação monitória.

Súmula nº 277

Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação.

Súmula nº 204

Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida.

Súmula nº 196

Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

Súmula nº 121

Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da realização do leilão.

Súmula nº 25

Nas ações da Lei de Falências o prazo para a interposição de recurso conta se da intimação da parte.

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Súmula nº 312

No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

Súmula nº 245

A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito.

Súmula nº 127

E ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.

Súmula nº 361

A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu”. [1]

[1] www.sfj.gov.br

Legislação pertinente aos Oficiais de Justiça Avaliadores

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/principal.htm CÓDIGO CIVIL - Lei nº 10.406, 10.1.2002 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm CÓDIGO PENAL - Del nº 2.848, 7.12.1940 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - Del nº 3.689, 3.10.1941 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - Lei nº 5.172, 25.10.1966 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - Lei nº 5.869, 11.1.1973 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - Lei nº 8.069, 13.7.1990 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm IMPENHORABILIDADE - BEM DE FAMÍLIA - LEI Nº 8.009, DE 29 DE MARÇO DE 1990

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8009.htm JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS - LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm LEI No 6.830, DE 22 DE SETEMBRO DE 1980 - EXECUÇÃO FISCAL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6830.htm LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991- LOCAÇÕES DOS IMÓVEIS URBANOS http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8245.htm LEI Nº 1.533, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1951 - LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1533.htm LEI Nº 1.060, DE 5 DE FEVEREIRO DE 1950 - LEI DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1060.htm LEI No 5.741, DE 1 DE DEZEMBRO DE 1971 - SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5741.htm REGULA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL, A EXTRAJUDICIAL E A FALÊNCIA DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA - LEI No 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 - LEI DE DROGAS http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11343.htm ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - DECRETO-LEI Nº 911, DE 1º DE OUTUBRO DE 1969 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0911.htm LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm

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PROVIMENTO Nº 161/CGJ/2006, QUE CODIFICA OS ATOS NORMATIVOS DA CORREGEDORIA- GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS http://www.tjmg.gov.br/info/pdf/index.jsp?uri=/corregedoria/codigo_normas/codificacao.pdf RESOLUÇÃO-CONJUNTA Nº 6.715/2003 - CUMPRIMENTO DE MANDADOS COM RÉUS PRESOS

http://www.tjmg.gov.br/info/pdf/index.jsp?uri=/corregedoria/codigo_normas/resolucaocj.pdf PROVIMENTO-CONJUNTO Nº 7/2007

http://www.tjmg.gov.br/info/pdf/index.jsp?uri=/corregedoria/codigo_normas/provimentoscj.pdf LEI COMPLEMENTAR Nº 59, DE 18 DE JANEIRO DE 2001- Lei de Organização e divisão Judiciárias do Estado de Minas Gerais (Com as alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 85, de 28 de dezembro de 2005) http://www.tjmg.gov.br/info/pdf/index.jsp?uri=/institucional/org_div_judi/orgdiv.pdf LEI Nº 14939 /20032003 - LEI DE CUSTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS http://www.alemg.gov.br/index.asp?grupo=legislacao&diretorio=njmg&arquivo=legislacao_mineira