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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE GEOGRAFIA DIEGO MORETT FERREIRA LUANE RUBIM MACHADO POR UM CONSUMO SUSTENTÁVEL E UMA GERAÇÃO CONSCIENTE: A Questão Ambiental e sua transversalidade no ensino de Geografia Campos dos Goytacazes – RJ 2010

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE GEOGRAFIA

DIEGO MORETT FERREIRALUANE RUBIM MACHADO

POR UM CONSUMO SUSTENTÁVEL E UMA GERAÇÃO CONSCIENTE: A Questão Ambiental e sua transversalidade no ensino de Geografia

Campos dos Goytacazes – RJ2010

POR UM CONSUMO SUSTENTÁVEL E UMA GERAÇÃO CONSCIENTE: A Questão Ambiental e sua transversalidade no ensino de

Geografia.

DIEGO MORETT FERREIRALUANE RUBIM MACHADO

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem do consumo e sua relação com os recursos naturais tendo a educação escolar como principal veículo de conscientização. Serão analisadas e discutidas as principais características e diferenças entre consumo e consumismo a fim de estabelecer uma relação com o consumo consciente pensando nas futuras gerações. Apresenta ainda, uma proposta de aplicabilidade desta conscientização na escola com um projeto interdisciplinar voltado para alunos do terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, que poderá ser desenvolvido ao longo de um ano letivo, reunindo temas referentes à sustentabilidade, juntamente com seus objetivos, atividades, materiais, metodologia e avaliação.

Palavras-chaves: Consumismo, Educação ambiental, Justiça Intergeracional, Consumo Consciente,

ABSTRACT

Este trabajo tiene como objetivo presentar un enfoque del consumo y su relación con los recursos naturales y la educación escolar como el principal vehículo para la conciencia. Será analizado y debatido las principales características y diferencias entre el consumo y el consumismo con el fin de establecer una relación con el pensamiento de los consumidores conscientes de las futuras generaciones. También se presenta una propuesta de aplicación de este conocimiento en la escuela con un proyecto interdisciplinario dirigido a estudiantes de ciclos tercero y cuarto de la educación básica, que podría ser desarrollado a lo largo de un año académico, que reúne a las cuestiones relacionadas con la sostenibilidad, junto con sus objetivos, actividades , materiales, metodología y evaluación.

INTRODUÇÃO

As relação que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza, de caráter econômico, político, cultural, produzem modos de vida e comportamento necessários ao bem-estar, traduzidos a partir de uma série de bens e serviços produzidos por toda a sociedade que serão usufruídos. Tais bens e serviços, são materializados em objetos de consumo, produtos e bens materiais ou simbólicos. Assim, as relações existentes entre os homens em sociedade podem ser analisadas a partir das relações de trabalhos e consumo.

O consumo é algo indispensável para que a economia se movimente e os países se desenvolvam. No entanto, quando desenfreado acaba se tornando uma grave doença, com ínumeras consequências para a sociedade e o ambiente, gerando demandas que devem ser atendidas pelas indústrias, aumentando a produção e, por conseguinte, alterando a natureza.

A exploração dos recursos naturais intensificou-se bastante a partir das revoluções industriais e do desenvolvimento de novas tecnologias, soma-se a isso o processo de formação de um mercado mundial que transforma as demandas também em demandas mundiais.

A lógica que permeia a nossa sociedade é aquela em que o ser humano é reduzido ao seu poder de compra. A sociedade do consumo vende a satisfação de desejos individuais, porém desperta nos consumidores a cada momento, novos desejos, o que nos leva a consumir sempre mais.

O consumo adquiriu uma dimensão tamanha na sociedade moderna, que tornou-se necessário vê-lo como uma prática social e cultural, e, junto com a cidadania, passam a ser inseparáveis, já que os mesmos criam e fortalecem o sentimento de pertencimento a um determinado grupo social.

Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento humano em relação a natureza, no sentido de promover, sob o modelo de desenvolvimento sustentável, a união das práticas econômicas com os reflexos positivos evidentes junto a qualidade de vida.

A fim de se fazer uma abordagem do consumo e sua relação com os recursos naturais, o presente trabalho considera a “educação escolar” como um importante veiculo para conscientizar as gerações sobre a necessidade de se proteger, cuidar do meio ambiente e como fazê-lo. Constituindo-se assim, a Educação Ambiental, numa forma abrangente de educação que propõe atingir todos os cidadãos, por meio de um processo pedagógico participativo permanente.

É feita uma análise e discussão acerca das características e especificidades do consumo e do consumismo, bem como a diferenciação entre ambos, para posteriormente, compreender as relações de consumo na pós-modernidade, tendo como base o papel da mídia na padronização e no estímulo ao consumo e o consumo de massas como forma de integração e aceitação social. Destaca-se ainda a discussão pautada nos adolescentes e jovens, que se constituem num público-alvo do consumo de massas.

Visando discutir os efeitos do consumo sobre os recursos naturais, é feita uma relação entre consumo e sustentabilidade a fim de evidenciar os hábitos do presente e projetar possibilidades para o futuro, cogitando-se, assim, sobre possíveis ações que possam permitir uma convivência harmônica entre esses dois fatores.

Pensando nas futuras gerações, trata-se do consumo sustentável, identificando-se os hábitos e atitudes que podem gerar uma relação responsável com os recursos naturais. Busca-se analisar de forma particular o tratamento dado à educação ambiental pela geografia, enquanto ciência que estuda o espaço e as relações humanas nele inseridas.

Com o objetivo de apresentar uma proposta de aplicabilidade desta conscientização na escola, é apresentado um projeto interdisciplinar voltado para alunos do terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, que poderá ser desenvolvido ao longo de um ano letivo,

reunindo temas referentes à sustentabilidade a serem ser trabalhados ao longo de cada bimestre, juntamente com seus objetivos, atividades, materiais, metodologia e avaliação.

1- CONSUMO E CONSUMISMO: Análise e discussão

A lógica do consumo nos traz uma ilusão de busca de felicidade plena e rápida, onde o produto acaba suprindo algo que está fazendo falta em nossas vidas. Há uma supervalorização da mercadoria posta à venda, e diante do nosso poder de compra, nos rendemos a este estímulo do capital. Em muitos casos, o desejo de consumir e o baixo poder de compra, acabam gerando uma frustração diante daquilo que não se pode “ter”, sendo que nem sempre precisamos, mas acima de tudo queremos. A imagem de inúmeros produtos nos leva a criar necessidades que na verdade não existem.

“Nos primórdios da humanidade, o ser humano dependia quase que exclusivamente dos determinismos genético e geográfico, a natureza era soberana e todos eram nômades, os recursos naturais estavam em constante renovação. Porem, com o surgimento do Homo habilis e sua capacidade de construir instrumentos, iniciou-se um processo de transformação do meio natural, o homem passou a ser um verdadeiro demiurgo, embora produto e elemento integrante da biosfera, ele tornou-se capaz de interferir na geração e sobrevivência de todas as espécies vivas dessa mesma biosfera” (SOLLBERG, 2008, sp)

Ao tratar de um histórico do consumo, Barbosa (2004) assinala que, no século XVI, surgiram novos produtos oferecidos a todos os segmentos sociais, com isso houve uma alteração na extensão cultural e novas formas de consumo. “ Passagem do consumo familiar para o consumo individual e a transformação do consumo de pátina ao consumo da moda” ( BARBOSA, 2004, p.19).

O consumo familiar era constituído por grupos com estilo de vida definido e visível pelas roupas, padrões alimentares, ou seja, havia um padrão de consumo pertinente a determinado grupo social. Posteriormente o que predomina é a individualidade no âmbito das escolhas de consumo. Observa-se uma fluidez e efemeridade nas identidades, que deixam de consumir segundo os costumes e tradições para seguir a moda.

O avanço acelerado do saber tecnológico e científico permitiu ao homem interagir e interferir de forma contínua, tanto positivamente quanto negativamente no meio ambiente, ou seja, transformando tudo a seu redor.

O consumo é o lugar onde os conflitos entre as classes, originados pela participação desigual na estrutura produtiva ganham continuidade, através das desigualdades na distribuição e apropriação dos bens. Assim, consumir é participar de um cenário de disputas pelo que a sociedade produz e pelos modos de usá-lo. Sob certas condições, o consumo pode se tornar uma transação politizada, na medida em que incorpora a consciência das relações de classe envolvidas nas relações de produção e promove ações coletivas na esfera pública. (MANUAL DE EDUCAÇÃO, 2005, p. 15).

Conforme salienta Bauman (2007) a vida de consumo é uma vida de paradoxos. A sociedade do consumo acaba regulando e controlando a vida das pessoas, que por sua vez, são interpretadas de acordo com sua capacidade de compra. Percebe-se que é cobrada uma

autonomia ao sujeito, ao mesmo tempo em que ele está inserido numa lógica de submissão.

Até mesmo o Estado se insere nesta lógica, alterando fatores referentes à sua soberania política e à politização da vida social. Para Bauman (2007) dentre os fatores responsáveis pelo processo de transformação dos sujeitos em produtos, pode-se citar o papel desempenhado pelos meios de comunicação ao analisar o impacto do consumismo1 em diversos aspectos da vida social, política, produção, dentre outros.

“Consumismo e competitividade levam ao aparecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do mundo, convidando, também a esquecer a oposição fundamental entre a figura do consumidor e a figura do cidadão.” (SANTOS, 2004, p.49).

Como argumentam Lipovetsky & Charles (2004), a lógica da moda acaba se impondo sobre os discursos ideológicos, fazendo com que a vida social e individual de cada um se organize a partir da lógica do consumo. Até mesmo a religião e os valores culturais tradicionais estariam sendo impregnados por tal lógica.

Bauman (2008) analisa as relações humanas a partir da sociedade de consumidores, constituída de mercadoria (como centro das práticas cotidianas) e de uma orientação constante para que o modelo de conduta seja sempre articulado através do ato de consumir. O que torna o consumo peculiar nas sociedades contemporâneas é o seu adensamento como fenômeno que regulamenta as ações sociais, políticas e cotidianas (Bauman. 2008).

Pode-se apresentar sinteticamente três diferentes abordagens acerca da sociedade do consumo (Portilho, 2005):

• A primeira apresenta a perspectiva do consumo que depende da produção industrial, numa sociedade capitalista e subordinada à luta de classes, onde predomina a mercadoria e o lucro.

• A segunda abordagem, diferente da primeira, considera a sociedade de consumo como a ratificação da racionalidade e a consumação do utilitarismo, ou seja, como o indivíduo teria autonomia ao escolher, o consumo seria um ato racional, assim o consumidor pode ser visto como racional, soberano, dotado do direito de escolha e poder.

• A terceira e última abordagem destaca-se como pós-moderno, apresentando um olhar múltiplo da sociedade de consumo, mas exige um consenso quanto à perspectiva material e simbólica. A diferenciada aquisição de bens acaba por fortalecer os laços e relacionamentos sociais, daí o consumidor é visto pela ótica do poder, decisão, identidade e escolha.

O mercado passa a ser o novo espaço modelador da vida e, como destaca Bauman, é através de suas leis que as relações em disputa pelo poder, identidade e inclusão/exclusão passam a ser reconfiguradas. Dentre elas, destaca a desregulamentação, a produção incessante de desejos materializados em produtos e, em conseqüência, o desperdício.

O autor indica que o mercado possui três regras: a primeira diz que todo produto é vendável e visa ser consumido; a segunda, que esse consumo se vincula à satisfação de desejos; por fim, o valor a ser pago é dependente direto da confiabilidade da “promessa de 1 Ao tratar do tema “consumismo”, Bauman (2007) destaca ainda que além de um direito, é também uma obrigação, um dever. Seria uma tarefa a ser realizada por cada um e que se não for cumprida, acaba indicando exclusão, não–pertencimento, e até mesmo “invalidez social”

satisfação” e “intensidade de desejos”. Assim, o autor diz “a sociedade dos consumidores se distingue por uma reconstrução das relações humanas a partir das relações entre os consumidores e os objetos de consumo” (BAUMAN, 2008, p.19).

Cada satisfação de necessidade implica a criação de uma nova. Assim temos uma sociedade em que a economia se sustenta pela promoção, desvalorização e criação de novos anseios. E neste sentido, Bauman (2008) conclui que o consumo se constitui numa atividade solitária, que não possui vínculos duradouros, considera ainda que o que antes era interpretado como valor (investimento no futuro) nas sociedades de produtores, passa a ser gasto rápido nas sociedades de consumidores. Então o sujeito se transforma em mercadoria:

A subjetividade do sujeito, e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável ( BAUMAN, 2008, p.20).

O mercado é visto por Bauman (2008) como a instância central e as relações de inclusão/exclusão pelas suas regras. O consumo é entendido como cultura, visto que possui uma dimensão simbólica e pedagógica. Para o autor esta cultura se formula na passagem de uma sociedade de produtores para uma de consumidores, cujo marco de transformação teria ocorrido em 1980, época de mudanças econômicas e políticas que transformaram a retórica do capitalismo e assim a do consumo.

Milton Santos (2004) traz uma abordagem acerca do despotismo do consumo, a existência de um consumo e informação ideologizados. O autor vê o consumo como um veículo do narcisismo, já que possui estímulos estéticos, morais e também sociais.

“Falava-se antes, de autonomia da produção, para significar que uma empresa, ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via de publicidade. Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção.” (SANTOS, 2004, p.48)

Assim, o autor considera que no momento atual as empresas criam consumidores antes mesmo de criarem os produtos. O que Santos (2004) denomina despotismo do consumo é o fato de a produção do consumidor ocorrer antes da produção de bens de serviços, então a “autonomia da produção” cede lugar ao “despotismo do consumo”. É portanto, a partir daí que se destaca o poder da informação e da publicidade.

2 – CONSUMO NA PÓS-MODERNIDADE: Mídia e consumo de massas

O “contemporâneo” é a fase em que as formas de satisfação são sempre momentâneas e o comportamento dos consumidores é arquitetado pelo tempo presente. Lipovetsky (2007) considera que o capitalismo do consumo se dividiria em três fases:

A primeira, entre os anos de 1880 e a segunda guerra mundial, que se constituiu pela transformação dos mercados de consumo, visando uma produção em larga escala, denominado por ele como “mercados de massa”. A segunda, entre os anos de 1950 e 1980, marcada pela predominância de um “turboconsumo” no qual o que está em foco é o fetiche da subjetividade, transformando o consumismo em um modo central pelo qual as experiências são adquiridas.

Assim, o autor trata do adensamento de um consumo em que o prazer momentâneo torna-se a principal estratégia de venda.

Para Nunes (2008) sociedade de consumo é um termo referente a uma sociedade própria do mundo desenvolvido em que a oferta normalmente é maior que a procura, em que os padrões de consumo são massificados. Ele define a sociedade do consumo a partir das características citadas abaixo:

Este excesso de oferta, aliado a uma enorme profusão de bens colocados no mercado, levou ao desenvolvimento de estratégias de marketing extremamente agressivas e sedutoras e às facilidades de créditos quer dessas empresas industriais e de distribuição, quer do sistema financeiro. (...) A maioria dos produtos e serviços estão normalizados, os seus métodos de fabrico baseiam-se na produção em série e recorre-se a estratégias de obsolescência programada que permita o escoamento permanente do produto e serviços. (...) Os padrões de consumo estão massificados e o consumo assume as características de consumo de massas, em que se consome o que está na moda apenas como forma de integração social. (...) e existe uma tendência ao consumismo. (NUNES, 2008, sp.)

A terceira fase é dos anos de 1980 aos dias atuais, em que a pós-modernidade caracteriza-se por um momento histórico marcado pelas manifestações de desejos individuais subjetivos, no qual, o âmbito social passa a ser um prolongamento do privado. Assim, o que teria possibilitado a passagem para a pós-modernidade seria o consumo de massa2 e os valores que traz consigo. “A era do hiperconsumo e da hipermodernidade assinalou o declínio das grandes estruturas tradicionais de sentido e a recuperação destas pela lógica da moda e do consumo.” (LIPOVETSKY & CHARLES, 2004, p.29).

De um modo geral, pode-se dizer que o estímulo ao consumo está presente em todas as faixas etárias, sendo que cada uma, possui um foco específico de produtos considerados atraentes e desejados. No entanto, os adolescentes e jovens, que se constituem no público alvo do trabalho docente, apresentam-se como uma categoria bastante vulnerável ao consumo e seus prazeres. Os mesmos possuem certas expectativas em relação ao consumo de produtos que são idealizados e desejados por seu grupo etário. De um modo geral, lutam para conquistar o direito de usufruir de bens e serviços produzidos socialmente.

Os adolescentes e jovens, cada vez mais, vivenciam a juventude como tempo presente. São diversas mudanças vivenciadas no corpo, novas competências e maior liberdade, tudo isso amplia sua visão de mundo. A juventude está constantemente na busca de um status, que na maioria das vezes é adquirido a partir do consumo. Criam-se símbolos de identificação e projetos de vida.

“Na contemporaneidade, cada vez mais, a singularidade de cada indivíduo aparece como um valor e a construção da identidade se apresenta então, como um processo que envolve a ação do próprio indivíduo” (PCN’s, 2001, p.108).

Pensar na identidade do adolescente e do jovem demanda entender quais esferas da vida que se tornam significativas, assim como compreender o significado de cada uma delas na construção da sua auto-imagem.

2 De acordo com Nunes (2008), o termo “consumo de massas” é utilizado para designar um tipo de comportamento e atitudes próprios das modernas sociedades de consumo e sua principal característica é a questão de os padrões de consumo estarem massificados e a maioria dos produtos e serviços estarem acessíveis a grande numero de pessoas. Nunes (2008) complementa ainda que muitas vezes o consumo de massas pode levar a comportamentos de consumo muito perigosos, o “consumismo”, marcado pela impulsividade, descontrole, irresponsabilidade e irracionalidade.

Principalmente nos centros urbanos, percebe-se a proliferação de grupos de jovens que se articulam a partir de determinadas preferências, ligadas a fatores como gosto musical e consumo. Assim, tais grupos constroem uma identidade a partir de vários elementos que compõem o “estilo”.

Os adolescentes e jovens participam de grupos que não precisam estar ligados a um território local ou nacional, é possível pertencer mesmo à distância, um jovem pode “usar vestimentas características da tribo internacional do rock, fazer parte de um grêmio estudantil, de uma torcida organizada ...” (PCN’s, 2001, p.119).

A rapidez no fluxo e propagação de informações diversas, inclusive de culturas por diferentes lugares do mundo, fazem com que muitos jovens distantes geograficamente partilhem de um mesmo universo cultural. No entanto, os PCN’s (2001) chamam atenção para o fato de que essa cultura universal não anula as diferenças e particularidades socioculturais, os jovens apropriam-se dela de diferentes formas, o que origina uma multiplicidade de vivencias culturais.

Atualmente, cada indivíduo dispõe de uma gama bastante ampla de informações que apresentam diferentes modos de ser, diferentes modos de viver. Por meio da intensificação da velocidade das informações, adolescentes e jovens entram em contato e de alguma forma interagem, simultaneamente, com as dimensões locais e globais, que se determinam mutuamente, mesclando singularidades e universalidades, interferindo diretamente nos processos de identificação dos jovens.” (PCN’s, 2001, p.108)

Os jovens, assim como a humanidade de um modo geral, possuem referências socioculturais locais e globais, assim amplia-se cada vez mais a esfera da liberdade pessoal e o exercício da decisão voluntária.

Ao tratar do paradoxo do quarto poder, Lipovetsky & Charles (2004) consideram que a moral é imposta de fora, veiculada pela mídia e não mais determinada por dentro. Atribui-se a mídia o papel fundamental na questão, considerando que ela tem um grande poder, (embora o mesmo não seja absoluto), de induzir e favorecer certos comportamentos perante as massas. Apesar de reconhecerem o papel da mídia na veiculação do consumo, consideram que a mesma não tem total controle sobre o comportamento das pessoas. Para eles, a lógica da moda e do consumo tornou muitas pessoas indiferentes às mensagens publicitárias e aos objetos industriais, fazendo com que as pessoas tivessem mais autonomia, pois há um maior leque de opções para escolha e um acesso maior às informações.

Portanto, a mídia possui este aspecto dual: favorece a liberdade de escolha, o acesso a informações e por outro lado, muitas vezes padroniza o pensamento e faz a reflexão dar lugar à emoção. A mídia contribui para atitudes responsáveis e irresponsáveis.

(...) emocional e individualista, a sociedade de consumo de massa permite que um espírito de responsabilidade, dotado de geometria variável, coabite com um espírito de irresponsabilidade incapaz de resistir tanto às solicitações exteriores quanto aos impulsos interiores.” (LIPOVETSKY & CHARLES, 2004, p. 45)

É certo que a mídia possui inúmeras informações tendenciosas, que incentivam um consumo desenfreado. Porém os próprios PCN’s (2001) destacam que ela oferece a cada um, inclusive aos jovens, a possibilidade de informar-se.

“Por isso, a estratégia de alguns educadores de tratar a mídia como adversária acaba funcionando como um distanciamento entre esses e os alunos. A mídia pode ser uma grande aliada no processo educacional, é importante aproveitar o conhecimento que ela propicia e propor trabalhos de reflexão sobre as programações, incentivando um olhar crítico. Do ponto de vista educativo, o problema não está no consumo, mas no consumo passivo de tudo que é veiculado”. (PCN’s, 2001, p.120).

Seja de forma crítica ou passiva, a humanidade habituou-se a consumir não apenas, com intuito de satisfazer suas necessidades, mas também seus desejos de estar “na moda” e pertencer a grupos com determinados “estilos”. O modo capitalista de produção exige um nível e tipo de produção e consumo que são ambientalmente insustentáveis. A tomada de responsabilidade coletiva é a “pedra angular do futuro de nossas democracias” (Lipovetsky & Charles, 2004, p. 46). Assim como as atitudes conscientes, a tomada de responsabilidade deve partir do âmbito individual, no qual cada um deve se conscientizar e assumir a autonomia legada pela modernidade.

3 – CONSUMO versus SUSTENTABILIDADE

Acreditando na abundância dos recursos naturais e na capacidade de sua exploração de modo desenfreado, o homem criou e manteve um estilo de vida baseado numa relação predatória com o meio ambiente. É certa a existência de sinais de alerta manifestados pelo planeta através de inúmeros fenômenos naturais, porém, o desperdício e consumo excessivo permanecem como um grave problema social.

Cerca de 20% da população mundial, que habita principalmente os países afluentes do hemisfério Norte, produz 80% da poluição e da degradação dos ecossistemas. Enquanto isso, 80% da população mundial, que habita principalmente os países pobres do hemisfério sul, fica com apenas 20% dos recursos naturais. Para reduzir essas disparidades sociais, permitindo aos habitantes dos países do sul atingirem o mesmo padrão de consumo material médio de um habitante do Norte, seriam necessários, pelo menos, mais dois planetas Terra”. (MANUAL DE EDUCAÇÃO, 2005, p.15).

Por volta da década de 50 e 60 o homem ampliou sua capacidade de alterar o meio ambiente nos países em maior grau de desenvolvimento, impulsionado pelos avanços tecnológicos e na década seguinte os efeitos desastrosos na qualidade de vida começaram a se manifestar e então as questões ambientais passaram a ser oficialmente encaradas como questões globais e de governo. Desde então vêm ocorrendo inúmeras conferências e encontros em prol da defesa e uso racional dos recursos naturais. Dentre os quais, pode-se referir a Conferencia de Estocolmo em 1972 que marcou o inicio dos compromissos mundiais em busca da diminuição dos impactos da ocupação humana sobre o meio ambiente e desde os movimento iniciais, a educação foi considerada instrumento fundamental. Portilho

(2005),destaca que como conseqüência da conferência de 1972 foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente3 (PNUMA). Pode-se citar ainda a ECO- 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Cúpula da Terra, na cidade do Rio de Janeiro.

Para Portilho (2005), esta foi a reunião internacional de mais alto nível até então: participaram 172 países e um número inédito de 107 chefes de Estado e de governo, junto a dezenas de milhares de delegados e representantes da sociedade civil (TIERRAMERICA). Eles assistiram à assinatura de uma série de compromissos, sendo o mais importante deles a Agenda 21 ou Programa 21, que propõe um plano de ação para conseguir um desenvolvimento compatível com a conservação do meio ambiente. Dentre outros, destacam-se a “Rio +10” na Africa do Sul, visando analisar os progressos feitos a partir da reunião “Eco 92” em relação às questões ambientais e a Conferência de Copenhague (COP-15), visando criar novos acordos que possam substituir o Protocolo de Quioto, já que este se encerra em 2012.

A crise ambiental nos mostra que não é possível a participação de todos no universo do consumo devido a finitude dos recursos naturais. Destaca ainda que se o consumo ostensivo já indicava uma desigualdade entre pessoas de uma mesma geração (intrageracional), o movimento denominado “ambientalismo” mostrou que o consumismo também envolve uma desigualdade intergeracional, visto que o estilo de vida desigual e desenfreado seguido por muitos, pode impedir a garantia de serviços ambientais equivalentes para as gerações futuras.

As duas dimensões, exploração excessiva dos recursos naturais e desigualdade inter e intrageracional na distribuição de benefícios oriundos dessa exploração, nos leva à refletir acerca da insustentabilidade ambiental e social dos atuais padrões de consumo vigentes na sociedade, bem como seus pressupostos éticos. Ou seja, torna-se emergente a necessidade da humanidade associar o reconhecimento das limitações físicas da Terra ao reconhecimento do princípio universal de igualdade na distribuição e acesso dos recursos naturais, necessários à vida humana, associando a insustentabilidade ambiental aos conflitos sociais.

Partindo desse pressuposto, pode-se considerar que para reduzir as desigualdades sociais e econômicas, seria necessária a criação de limites relativa ao consumo de cada país. Quanto a essa limitação, pode-se referir ao conceito utilizado por Brakel (1999) de Espaço Ambiental:

Espaço ambiental é um indicador que mede a quantidade total de matéria-prima não-renovável, terras para a agricultura e florestas que nós podemos usar em escala mundial. O conceito inclui também a quantidade de poluição que pode ser permitida sem comprometer o direito das gerações futuras ao uso destes mesmos recursos naturais.(...) A partir da estimativa da oferta global

3 Segundo a ONU, o PNUMA, principal autoridade global em meio ambiente, é a agência do Sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável. O PNUMA tem entre seus principais objetivos manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças e recomendar medidas para aumentar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das futuras gerações.Com sede em Nairóbi, no Quênia, dispõe de uma rede de escritórios regionais para apoiar instituições e processos de governança ambiental e, por intermédio desta rede, engaja uma ampla gama de parceiros dos setores governamental, não-governamental, acadêmico e privado em torno de acordos ambientais multilaterais e de programas e projetos de sustentabilidade.

destes recursos, dividida pelo conjunto dos seres humanos, é possível calcular o quanto de espaço ambiental cada país está consumindo além do aceitável. Este conceito é útil, pois evidencia as implicações ambientais dos padrões e níveis desiguais de consumo de diferentes países e grupos sociais. Neste sentido, introduz uma reflexão sobre a necessidade de equidade e de alternativas ao crescimento econômico, considerando o meio ambiente como um direito de todos. (Brakel, 1999 apud. Manual de Educação, 2005, p. 19).

No consumo sustentável, o que importa na verdade não é exatamente o impacto ambiental do consumo, mas antes o impacto social e ambiental da distribuição desigual do acesso aos recursos naturais, uma vez que tanto o “superconsumo” quanto o “subconsumo” causam a degradação social e ambiental.

A nova forma de percepção e definição da questão ambiental estimulou a criação de inúmeras estratégias, como o “consumo verde”, “consumo ético”, “consumo responsável”, e “consumo consciente”. Surgiu então uma nova proposta de política ambiental, que seria o “consumo sustentável”.

Ao tratar do “consumidor verde”, Portilho (2005) diz que o mesmo se multiplica e prioriza produtos que levam em consideração a dimensão ambiental. Assim, o consumo verde é aquele em que o consumidor, além de buscar melhor qualidade e preço, leva em consideração também a questão ambiental, preferindo os produtos e serviços que não prejudiquem o meio ambiente. A eco-rotulagem, ou rotulagem ambiental pode facilitar as ações do consumidor verde.

As expressões “consumo ético, responsável ou consciente” por sua vez, demonstram uma preocupação com os aspectos sociais e não apenas ecológicos, nas atividades de consumo. Devendo incluir em suas escolhas um compromisso quanto aos impactos sociais e ambientais que determinado produto ou serviço podem causar ao ecossistema e a outros grupos sociais, mesmo que estes estejam geograficamente distantes.

O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta, lembrando que a sustentabilidade implica em um modelo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Reflete a respeito de seus atos e como eles irão ecoar sobre si e sobre as relações sociais, a economia e a natureza. O consumo consciente faz com que pequenos gestos realizados por um número muito grande de pessoas promovam grandes transformações.Ao adquirirmos algo, movimentamos a máquina de produção e distribuição. Na sociedade, ocorrem a produção, as trocas e as transformações geradas pelo consumo.

Com o objetivo de lutar contra esta tendência surgida nas sociedades ocidentais, têm vindo a surgir diversos tipos de organizações que procuram promover a educação e conscientização dos consumidores para um consumo mais responsável e racional, isto é, para aquilo que se chama o Consumerismo. ( NUNES, 2008, sp.).

O termo “consumerismo” abordado por Nunes (2008) volta-se para um tipo de atitude oposta ao consumismo, caracterizada por um consumo responsável e controlado, que leva em consideração as conseqüências econômicas, sociais, culturais e ambientais do consumo realizado. Como Nunes (2008) destaca, desde meados do séc. XX têm surgido em várias partes do mundo vários movimentos e organizações em prol da defesa do consumidor que procuram legitimar seus direitos e contribuir para uma melhor qualidade dos produtos e serviços, visando, paralelamente a isso promover o desenvolvimento sustentável.

O consumo sustentável é uma proposta que visa ser mais ampla que as outras, pois além de envolver inovações tecnológicas e mudanças nas escolhas individuais de consumo, fora ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e níveis de consumo, tornem-se sustentáveis. Seria portanto uma meta a ser atingida, envolve o processo de formulação e implementação de políticas públicas e o fortalecimento dos movimentos sociais. Portilho (2005) considera que promover uma política de consumo sustentável deve levar em conta alguns eixos: a realidade dos limites ecológicos da terra e a promoção de uma justiça social politicamente viável.

A crise ambiental vivenciada nos dias atuais estaria relacionada à esfera do consumo. E este, juntamente com os impactos sobre os recursos naturais, estão correlacionados com a questão social, a cidadania e a continuidade da existência das desigualdades sociais.

As propostas de consumo sustentável restritas à esfera individual são limitadas, limitantes e desagregadoras. As ações de caráter coletivo podem ampliar as possibilidades de ambientalização e politização das relações de consumo, contribuindo para a construção da sustentabilidade e para a participação na esfera pública ( PORTILHO, 2005, p.36)

Buscam-se meios de assimilar a agenda de mudanças que a urgência da agenda ambiental exige. É necessário, para tanto, rever as novas condições e possibilidades da ação política na sociedade contemporânea.

É necessário saber como a politização do consumo vai se desenvolver no sentido de produzir alternativas efetivas à degradação e devastação dos recursos naturais. E como não abandonar a perspectiva dialética, compreendendo cada circunstância através da conjugação de fatores que permitem desvendar a influência mútua entre produção e consumo, entre o consumo e cidadania, entre a dimensão individual e social, entre sustentabilidade econômica e sustentabilidade sócio-ambiental.

4 – A BUSCA DE UM CONSUMO SUSTENTÁVEL E CONSCIENTIZAÇÃO DE NOVAS GERAÇÕES

Diante dos diversos problemas ambientais decorrentes dos hábitos de consumo utilizados em nossa sociedade ao longo do tempo, torna-se evidente a necessidade de se reverter todo o processo de exploração e degradação realizadas. Uma maneira de se combater a ameaça de estagnação dos recursos naturais é o emprego de um consumo consciente a nível coletivo e individual.

Na escala global, os países desenvolvidos devem prontamente estabelecer metas, como por exemplo, procurar fontes de energia alternativa menos poluidoras, controlar o desperdício de água e luz, diminuir a quantidade de lixo e reciclar o máximo possível, e ainda, fiscalizar a qualidade dos produtos, criando selos e certificados, em prol do bem-estar mundial. Os países emergentes devem evitar os erros cometidos pelos países desenvolvidos, planejar um crescimento ordenado e investir em informação e de maneira nenhuma perpetuar o binômio crescimento econômico/degradação ambiental. (SOLLBERG, 2008, sp).

Por outro lado, está o consumidor consciente e com ele um incrível poder de escolha, que deve ser compreendido como verdadeiro dever social, porém, para a maioria das pessoas, o ato de consumir tornou-se uma atividade cotidiana, na qual a idéia inicial de satisfazer necessidades é substituída por uma prática impulsiva, quase que inconsciente. Existe uma

complexidade muito grande em relacionar nossos hábitos de consumo aos problemas ambientais. Esse ideário deve ser modificado, substituído por uma nova “consciência coletiva ou comum”.

O consumo tornou-se um lugar onde é difícil “pensar” por causa da sua subordinação às forças do mercado. Mas os consumidores não são necessariamente alienados e manipulados. Ao contrário, o consumidor também pode ser crítico, “virando o feitiço contra o feiticeiro”. O consumidor “ também pensa” e pode optar por ser um cidadão ético, consciente e responsável. Podemos atuar de forma subordinada aos interesses do mercado, ou podemos ser insubmissos às regras impostas de fora, erguendo-nos como cidadãos e desafiando os mandamentos do mercado. Se o consumo pode nos levar a um desinteresse pelos problemas coletivos, pode nos levar também a novas formas de associação , de ação política, de lutas sociais e reivindicação de novos direitos. ( Manual de educação, 2005,p.21).

Praticar o consumo consciente consiste numa tomada de posição clara, democrática e ética. De maneira inevitável irá gerar uma reflexão pelos consumidores que deverá promover uma cadeia de estímulos que poderá contribuir positivamente com as empresas e seus funcionários, sua família, colegas e amigos. Pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de gestos simples que levem em conta os impactos, incluindo o uso e descarte de recursos naturais como a água, a compra, uso e descarte dos diversos produtos ou serviços, e a escolha das empresas das quais comprar, em função de sua responsabilidade sócio-ambiental, tornando-se uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. Segundo o Instituto Akatu (2010), podem-se citar 12 princípios do consumo consciente:

Planeje suas compras. Compre menos e melhor; Avalie os impactos de seu consumo no meio ambiente e na sociedade;Consuma só o necessário. Reflita sobre suas reais necessidades e tente viver com menos; Reutilize produtos.Não compre outra vez o que você pode consertar e transformar; Separe seu lixo. Reciclar ajuda a economizar recursos naturais e a gerar empregos; Use crédito com responsabilidade. Pense bem se você poderá pagar as prestações; Informe-se e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas; Não compre produtos piratas. Assim você contribui para gerar empregos e combater o crime organizado; Contribua para a melhoria dos produtos e serviços. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas; Divulgue o consumo consciente. Levante essa bandeira para amigos e familiares; Cobre dos políticos. Exija ações que viabilizem a prática do consumo consciente; Reflita sobre seus valores. Avalie os princípios que guiam suas escolhas e hábitos de consumo”

Analisando os mecanismos e o comportamento da população consumista, levanta-se a hipótese de que o consumo consciente é desconhecido por grande parte da mesma, apesar de ser um conceito fundamental à organização econômica do consumidor e, em quesitos

mais amplos, uma proposta de cultura e prática de total relevância e possível interferência em todo o planeta. De acordo com MASCARENHAS & REIS:

Um dos públicos estratégicos tanto do consumo consciente quanto do consumo excessivo é o infanto-juvenil, futuros profissionais, cidadãos e, certamente, consumidores dos produtos a serem produzidos e comercializados. É preciso, portanto conscientizá-lo de que a prática de um consumo racional, analítico e coerente pode gerar-lhes diversos benefícios econômicos e sociais.

De um lado temos o consumo excessivo, incitando o público a teórica necessidade do “ter” excessivamente e sempre mais, mesmo não existindo justificativas reais para a grande maioria das obtenções. Como afirmação dessa forma de consumo, a comunicação também incitando os pais e condutores de educação a, mesmo inconscientemente, alavancarem a afirmativa de que as posses de determinados produtos garantem seu posicionamento e ascensão social. Do outro lado, temos o consumo consciente, buscando ampliar seu espaço diante do consumidor, visando prepará-lo para o consumo saudável, necessário e racional, e não ideológico e injustificável.

Diversas experiências mostram como a educação do consumidor torna-se importante para a construção da cidadania, atuando na conquista ou na manutenção de níveis adequados de equidade social, visto que estimula a defesa do direito à saúde, moradia, dentre outros. Assim, poderá contribuir para a formação de consumidores conscientes e comprometidos com a defesa dos recursos naturais.

O modelo de desenvolvimento que veio se implantando na sociedade, tem como marcas, a exclusão, a desigualdade, destruição dos recursos naturais e da biodiversidade. Os recursos naturais têm sido tratados, como mercadorias (França, 2006). Neste contexto, a educação formal continua sendo um espaço importante para o desenvolvimento de valores e atitudes comprometidos com a sustentabilidade ecológica e social.

4.1- EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM GEOGRAFIA

A partir dos anos 70, período de advento da educação ambiental, a geografia e as demais ciências colocam a questão da natureza e sociedade no centro da discussão. Conforme destaca Mendonça e Kozel (2002), o debate se pauta na análise do mundo, construído sob as perspectivas que se denominavam “modernidade” e que provocaram um processo progressivo de separação entre o homem e a natureza, uma compreensão desta, como recurso a suprir as necessidades humanas inatas e mesmo criadas culturalmente.

Ate meados da década de 90, não havia sido definida no Brasil uma política nacional de educação ambiental. As características e as responsabilidades do poder publico e dos cidadãos com relação a educação ambiental, fixaram-se por lei no Congresso Nacional e cabe ao Conselho Nacional do Meio Ambiente, definir os objetivos, as estratégias e os meios para a efetivação de uma política de educação ambiental no país.

Em 1998 o tema Educação Ambiental passou a ser abordado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, como um tema transversal4, no qual foi indicada a metodologia

4 A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabalecer, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender na realidade e da realidade). E a uma forma de sistematizar este trabalho é incluí-lo explícita e estruturalmente na organização curricular, garantindo sua continuidade e aprofundamento ao longo da escolaridade.” (PCN’s, 1998, p.30)

adequada para que seja bem trabalhado nas escolas. São estabelecidos, na constituição brasileira, uma série de princípios básicos e objetivos fundamentais à Educação Ambiental. Sendo demonstrada, portanto, a necessidade de se superar a fragmentação do saber nas situações de ensino e as estratégias que devem ser utilizadas para se obter um bom resultado e desenvolver um interesse e motivação nos alunos .

Pode-se considerar que independentemente da presença de sua exigência em nível das diretrizes curriculares, a questão ambiental deve, por expressa previsão legal, obrigatoriamente integrar todos os níveis e modalidades do processo educacional, inclusive o Ensino Fundamental (PCN’s,1998). Tudo isto para que estes alunos, possam construir conhecimento com conscientização e quando chegarem ao Ensino Médio, já tenham conhecimentos consolidados.

O trabalho pedagógico com a questão ambiental centra-se no desenvolvimento de atitudes e posturas éticas, e no domínio de procedimentos, mais do que na aprendizagem estrita de conceitos.

Concebendo-se a educação escolar como uma prática que tem a possibilidade de criar condições para que os alunos desenvolvam suas capacidades, é papel da escola discutir como poderá atuar na educação das crianças e jovens buscando uma participação destes nas relações sociais, políticas e culturais de forma ampla, tal fato é algo fundamental para a construção de uma sociedade democrática.

A discussão acerca do consumo dentro da escola busca explicitar as relações sociais nas quais se produzem as necessidades e os desejos, e os produtos que irão satisfazê-los.

A geografia, assim como as demais áreas convencionais deve acolher os temas transversais e trabalhá-los de acordo com as possibilidades de seu conteúdo e do projeto a que se propõe a escola. Deste modo, as várias disciplinas irão inserir em seu conteúdo programático, temas comuns a serem abordados a partir de diferentes perspectivas.

Quando se discute a conquista da cidadania, os aspectos ligados aos direitos do consumidor também podem ser estudados por meio da geografia para serem mais bem compreendidos: analisar como e para quem o mercado se organiza, a diversidade e qualidade dos produtos e avaliar seu impacto sobre a saúde e meio ambiente, o efeito da mídia sobre as necessidades de consumo, o papel da propaganda na formação da mentalidade consumidora. Habituar-se a analisar essas situações é fundamental para que os alunos possam reconhecer e criar formas de proteção contra propaganda enganosa e contra estratagemas de marketing a que são submetidos os potenciais consumidores. (PCNs Geografia, 2001, p.48).

No caso da Educação ambiental, eixo no qual se insere a temática de “Consumo consciente dos Recursos naturais”, pode-se destacar a importância da contribuição da disciplina de geografia. Uma vez que se volta para uma leitura do mundo e sua escrita por meio de uma capacidade de apreensão da realidade, daquilo que se apresenta no espaço.

A geografia pode se utilizar da imagem visual através da leitura de mapas, paisagens, construções, dentre outros.

De acordo com Cavalcanti (2005) todo aprendizado exige uma interação com o objeto de estudo, o aluno por exemplo deve estar inserido no contexto que está sendo estudado.

Ao se tratar do ensino de geografia, Cavalcanti (2005), diz que na relação cognitiva com o mundo, é necessário desenvolver o raciocínio espacial, visto que nossas ações cotidianas possuem dimensão espacial. A geografia torna-se, portanto uma ciência que contribui para a construção de noções espaciais por parte do aluno, para que o mesmo reconheça que é modificado pelo espaço e o modifica a todo momento. O aluno deve ser capaz de interpretar e reconhecer a ação humana na reorganização do espaço e a ação do

espaço em sua vida. O professor, por sua vez, deve ser um mediador no processo de aprendizagem.

A geografia é uma ciência que estuda o espaço, na sua manifestação global e nas singulares. Sendo assim, os conteúdos geográficos precisam ser “apresentados” para serem trabalhados pelos alunos nessa dupla: a global e a local”. (CAVALCANTI, 2005, p.204)

O professor, sobretudo na disciplina de geografia, deve se manter atualizado frente aos acontecimentos locais e mundiais, buscando socializar as informações, sem que para isso perca de foco os objetivos almejados.

O documento de geografia próprio um trabalho pedagógico que visa à ampliação das capacidades dos alunos no ensino fundamental de observar, conhecer, explicar comparar e representar as características do lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaços geográficos.” (PCN’s, p.15)

Como destacam os PCN’s , o espaço é colocado como o objeto central de estudo da geografia, podendo podendo ser desdobrado em categorias: “território, região, Paisagem e lugar”. Assim, esta disciplina se constitui num campo privilegiado de análise e discussão de temas próprios da temática ambiental e seus impactos, sendo de grande importância seu diálogo com as demais disciplinas, sobretudo, no tratamento de um dos temas transversais propostos pelos PCN’s (1998).

A formulação e aplicação de “Projetos” é uma importante estratégia de se organizar o trabalho didático, envolvendo todos os professores e articulando as diferentes disciplinas em torno de uma única área.

4.2 – PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO TECEIRO E QUARTO CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

De forma direta ou indireta, as práticas escolares são permeadas por determinadas concepções e posicionamentos e valores sobre o consumo. De um modo geral, os alunos, já possuem imagens construídas e atitudes prévias assim como sua tradução na posse ou não de objetos, que possuem elevado valor simbólico. Estas questões permeiam a dinâmica escolar, interferindo de forma direta no ensino e aprendizagem dos alunos. De acordo com os PCNs (2001), o papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades volta-se para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos.

Para que a escola possa ser um lugar privilegiado na construção de referências para os alunos, é preciso que ela compreenda onde e como eles vêm construindo suas identidades para, a partir daí, ampliar seu campo de possibilidades e propor reflexões.” (PCN’s, 2001, p.19).

Assim, é de fundamental importância que a escola esteja em sintonia com os jovens e adolescentes e seu contexto social. A escola deve proporcionar uma ambiente escolar saudável e coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos aprendam, para que possa, de fato, contribuir para a formação da identidade como cidadãos conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e capazes de atitudes de proteção e melhorias em relação a ele.

Deve-se, no entanto, atentar para o fato de que a escola não é o único agente educativo e que os padrões de comportamento da família e as informações veiculadas pela mídia possuem grande influência sobre o adolescentes e jovens.

Reconhecendo a emergência da questão ambiental apresentada em linhas anteriores a partir dos hábitos de consumo e o papel da escola frente a formação dos alunos enquanto cidadãos conscientes, busca-se apresentar uma proposta de aplicação prática de um projeto que consiste em conscientizar os alunos sobre seu poder transformador, disseminando esse conceito através da comunidade escolar, por meio de palestras e pesquisas. Buscar-se-á descobrir como os recursos naturais podem ser cuidados e protegidos para as gerações futuras, baseando-se num consumo responsável.

A proposta baseia-se na aplicação de um projeto voltado para alunos do terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, cujo foco é conscientizá-los acerca de um consumo sustentável e ensinar-lhes a transformar o que é descartado todo dia pela comunidade em matéria prima para confecção de novos produtos.

Reconhecendo a geografia como uma ciência que se utiliza muito da imagem,uma das estratégias utilizadas, seria levar os alunos para “saídas de campo”, mantê-los em contato com o espaço em que vivem, observando sua organização e a realidade social e ambiental a sua volta.

Objetivos: Dar subsídios para que os alunos possam:

• Perceber a nossa dependência em relação à energia elétrica• Buscar soluções de âmbito pessoal e comunitário a fim de avançar para o uso

eficiente e para um consumo sustentável.• Compreender os impactos ambientais provocados pelos diferentes tipos de

consumo.• Diferenciar fontes de energia renováveis e não renováveis• Compreender a importância da água para a sobrevivência de todas as espécies que

habitam o planeta.• Compreender as possíveis conseqüências da contaminação da água na vida das

atuais e futuras gerações.• Procurar soluções em nível pessoal e comunitário que caminhem no sentido do

consumo responsável da água.• Informar-se sobre a importância da agricultura sustentável e seus benefícios para

produção de alimentos, inclusive em relação à saúde dos indivíduos e ambientes.• Compreender que o lixo gerado em nossos lares pode ser reduzido • Compreender que o lixo contém elementos reutilizáveis ou recicláveis.• Identificar que o manejo inadequado dos resíduos tóxicos representam perigo para

a saúde humana e para o ambiente.• Descobrir a relação entre o manejo de lixo, a saúde pública e a qualidade de vida.• Buscar soluções de âmbito pessoal e comunitário a fim de contribuir para um

consumo sustentável e um manejo adequado dos resíduos.• Aproveitar o material que seria jogado fora para produzir materiais diversos e

brinquedos.

Atividades a serem desenvolvidas:

• Entrevistas e pesquisas no entorno da escola a fim de descobrir as demandas em relação aos problemas ambientais existentes.

• Organizar-se e encaminhar a proposta de coleta seletiva na localidade aos órgãos responsáveis.

• Orientar a comunidade no armazenamento e lavagem das embalagens que serão coletadas, para evitar o aparecimento de insetos e a disseminação de mau cheiro.

• Coletar garrafa pet e construir um aquecedor de água solar para ser utilizado no vestiário da escola e fazer a demonstração aos pais e comunidade de como economizar energia.

• Construir no quintal da escola um espaço destinado à compostagem orgânica e usar esse composto na adubação da horta.

• Organizar teatros com as turmas para melhor exemplificar as questões ambientais.• Construção de paródias e poesias relacionadas ao planeta sustentável.

Recursos a serem utilizados:

• Vídeos, internet, livros, revistas e jornais para realizar as pesquisas.• Palestras em parceria com a Emater e a Secretaria de Meio Ambiente Municipal

sobre os agrotóxicos utilizados no município.• Palestra com representantes do Projeto Consciência Ampla, a fim de discutir sobre

fornecimento de energia elétrica e as formas de redução de consumo.• Materiais recicláveis recolhidos nas casas dos alunos, na escola e na comunidade.

Metodologia:

A proposta, cujo tema central é o consumo sustentável, seria dividida ao longo dos quatro bimestres do ano letivo, sendo que, em cada um deles, seria trabalhado um assunto específico de forma interdisciplinar, baseado nos objetivos, atividades e materiais expostos anteriormente no âmbito geral. A divisão se daria da seguinte forma:• 1º Bimestre: Água• 2º Bimestre: Energia• 3º Bimestre: Lixo Doméstico• 4º Bimestre: Poluição (resíduos tóxicos)

Avaliação:

Medida a partir do nível de participação e engajamento dos alunos em cada uma das etapas do projeto e na confecção das atividades propostas, tais como pesquisas, teatros, reciclagem, dentre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da finitude dos recursos naturais torna-se fundamental a formação de consumidores informados e conscientizados, para que se possa alcançar uma mudança nos hábitos e um controle do consumo desenfreado. As empresas devem buscar uma produção sustentável, o Estado por sua vez, exercer funções regulatórias, envolvendo inclusive as políticas de consumo sustentável.

Torna-se necessária, portanto, uma ação conjunta entre empresas, Estado, consumidor, mídia e Organizações Não-Governamentais (ONGs), para que a atividade do consumo possa oferecer grandes possibilidades de ação política e exercício da cidadania

Quanto ao papel da educação escolar, pode-se dizer que os PCNs trazem ferramentas com objetivo de ajudar professores e alunos do 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental a tornarem-se parte integrante e transformadora da máquina chamada globalização. As escolas não são soluções para todos os problemas ambientais, mas podem ajudar a formar cidadãos mais comprometidos com futuro desse planeta. Para se falar em Educação Ambiental é necessário que o processo educacional permita o conhecimento integral dos problemas atinentes ao meio ambiente.

Uma importante estratégia, mais simples que promover a “mudança de hábito” dos cidadãos de “hoje”, seria a conscientização e formação adequadas das crianças e adolescentes, que serão os adultos de “amanhã”. Muito mais eficaz que criar medidas de correção e reeducação, seria a utilização de recursos preventivos, inseridos nas próprias insituições de ensino. Uma ação conjunta entre os profissionais da educação, familia e comunidade de um modo geral, através da organização e aplicação de projetos interdisciplinares, tal como foi proposto em linhas anteriores, para a formação de cidadãos conscientes, engajados com os aspectos referentes à proteção ambiental e preocupados com um consumo consciente, que garanta a qualidade de vida das gerações futuras.

O consumidor pode, por meio de suas escolhas, buscar maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos dos seus atos, e desta forma contribuir com seu poder de consumo para construir um mundo melhor. Em resumo, é um consumo com consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade.

Cabe ao homem transformar o atual modelo de sociedade para um novo, que substitua antigos valores e comportamentos dos consumidores por uma nova base de consumo consciente, enfocando a já mencionada sustentabilidade do meio ambiente, equilíbrio da prosperidade econômica e a justiça social. Além disso, o cidadão, deve abandonar a velha idéia de que complexos problemas devem ser solucionados por órgãos dos Estados ou agências multilaterais, permanecendo inerte e esquivando-se de sua responsabilidade perante a sociedade, abdicando de seus direitos, se omitindo dos deveres, sem perceber que o poder de transformação lhe é pertencente.

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