curso de integração pessoal - primeira parte (1)

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    CURSO DE INTEGRAO PESSOAL

    UM APLOGO PARA MEDITARESCerta vez, um jovem, ansioso de conhecimentos, procurou um

    sbio que vivia isolado dos homens. Senhor, disse o jovem vim vossa procura, porque s vs sereiscapaz de resolver o problema que me aflige.

    O sbio olhou o jovem com simpatia, e disse-lhe: Fala que eu te ouvirei. Senhor, por mais que procure Deus, eu no o encontro.

    Estive nos templos que os homens construram, atravessei pases,conheci diversas crenas, interroguei o cu, as estrelas, as nuvens,essas mensageiras meigas e suaves, o vento que embala as folhas dasrvores, e no o encontrei. Creio que s vs sois capaz de responder minha pergunta...

    Meu filho, no crs que Deus seja o Bem? Naturalmente, Senhor. Admitirias que fosse ele mau? Como admitir tal coisa? No ele o Bem supremo de tudo?

    Assim o creio; mas onde est?O Sbio fez um gesto para det-lo, e continuou: Vs aquela planta que se desenvolve sob aquele carvalho?

    No estende ela as suas razes no cho em busca da gua e doalimento? E no a gua e o alimento da terra o seu bem?

    , senhor. E quando ela estira os ramos em busca do sol, do ar, no procura

    ela o seu bem?

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    MRIO FERREIRA DOS SANTOS

    Procura, senhor.E aquele pssaro que canta naquele carvalho... Olha, ele desce.

    Vem at o cho. Vs como bica, aqui e ali... Que busca ele? O seu mal?

    No, senhor, o seu bem. E no busca tudo o seu bem? Busca, senhor. E tu, quando me vieste procurar, procuravas o Mal? No, senhor, eu procurava o Bem. E saber onde est Deus, seria para ti um mal, ou um bem? Um bem, senhor. Ento, ao achares Deus, acharias um bem, que o teu bem,

    no verdade?Pois no Deus um bem? E ao acha-lo, no conhecerias umbem, por tua vez?

    verdade, senhor. E achas que o teu bem seria um mal para Deus? No, senhor, pois ele, que ordenou o mundo, deu-me o anseio

    do bem.O sbio sorriu satisfeito, e disse-lhe pausada e paternalmente: Pois, meu filho, respondeste admiravelmente. Deus, que o

    Bem, ordenou o universo. E da lei do universo que todas as coisasbusquem o seu bem. Mas o homem livre, e pode procurar o prpriomal. Tu no queres o teu mal....

    Nunca, senhor. ... queres o teu bem. E ao quer-lo, cumpres a lei de Deus, e ao

    busca-lo, buscas Deus, porque Deus o bem.Fez uma pausa e prosseguiu: Meu Filho, olha para dentro de ti. Realiza o teu Bem. Ele no

    necessita do mal de teu semelhante. Ama o teu Bem. Ele nonecessita do mal de teu semelhante. Ama o teu bem, respeita-o, comodeves respeitar e amar o teu semelhante. E proporo que realizesem ti, e tua volta, o Bem, Deus h de aparecer cada vez mais ntidopara ti, pois Deus o bem, o supremo bem que todas as coisasanseiam.

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    CURSO DE INTEGRAO PESSOAL

    Pai, respondeu o jovem com um terno sorriso agoracompreendo. O meu mpeto de procurar Deus era um sinal de quedeveria procurar o meu bem e, ao realiza-lo, Deus se revelaria

    totalmente para mim.Obrigado, senhor, sei agora o que devo fazer. No precisarei

    mais buscar longe de mim o que mora em mim. No irei a terrasdistantes para encontrar o que j trago em meu corao. Agora sei,agora sei que Deus estar sempre comigo toda vez que eu lutar pelarealizao do meu bem... Obrigado, senhor!

    ***

    Depois de ouvires este aplogo, medita alguns minutos, e eleste sero proveitosos. O aplogo nos ensina que s conhecem overdadeiro amor aqueles que tem confiana e uma grande esperanano Bem. Tudo o que desejamos encontrar nele, ns nele encontramosrealmente, e muito mais. Pois tem ele acaso um limite? No ele umaeterna fonte de gua cristalina e fresca?

    No d o Bem o Bem? No ele o eterno criador de si mesmo?Nunca amaremos demais o bem. Quanto mais o amarmos, mais

    dele nos aproximamos. Nunca deixou de acompanhar aqueles que

    nele tiveram grande confiana; tambm nunca nos abandonou. Atquando nos transviamos, quando seguimos o caminho do Mal, nsprocuramos no Mal, um bem. Nossos olhos esto sempre voltadospara o maior de todos os valores, para o supremo de todos ossupremos.

    Poderias tu, mesmo que o quisesses, lutar contra ele? No seriaproclamares de incio a tua derrota?

    Ento j sabes qual o caminho da vitria. Luta por ele. No

    temas os empecilhos, os entraves, as dificuldades. Ele jamais teabandonar. Confia nele, e ters dentro de ti aquela fortaleza ante aqual se aniquilaro todas as foras contrrias.

    Cr em ti, e crer em ti crer em teu bem.Podes agora admitir que algum te desvie do teu caminho?

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    MRIO FERREIRA DOS SANTOS

    O MTODO DESTA OBRA

    Leitor amigo, seguiremos juntos. Serei teu companheiro solcitonesta jornada. Quero seguir ao teu lado, indicando este velhocaminho que muitos esqueceram. No posso deixar de contar com atua boa vontade e um desejo, por pequeno que seja, de te libertaresdos desvios que te afastam da meta desejada.

    Sofres, ests nervoso, amarguram-te preocupaes, angustiam-te terrores que no sabes de onde vem. Teus dias so amargos e osfrutos de tua vida tm sido cidos. Desejas que tudo seja diferente,que teus olhos brilhem com outra luz? Tens-me ao teu lado. Vamosjuntos procurar o que nos parece perdido.

    -Mas que poderia eu fazer?Se te indicar o caminho, a estrada que leva meta desejada,

    ters que ir pelos teus passos. longa a jornada, mas vale a pena o

    esforo. No te vou pedir nada que no possas fazer, nem te vouoferecer palavras. Vou oferecer-te ao. Tu irs fazer, pouco a pouco,o que te vou pedir.

    Mas, antes de tudo, quero fazer-te uma pergunta da qual nodeves te espantar:

    -Conheces a ti mesmo?A resposta a esta velha, milenar pergunta, o primeiro passo.

    E se a julgares ociosa, no primeiro momento, no demorars muitopara considera-la to significativa para ti. Mas como responde-la?

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    CURSO DE INTEGRAO PESSOAL

    Esta pergunta, que parece-me ver j nitidamente nos teus olhos,tem uma resposta: podes conhecer-te, se comigo quiseres trilhar ocaminho que te vou indicar.

    Conhecer libertar-se. No h excesso nessa afirmativa tosimples e to categrica. J o sabiam os grandes sbios de todos ostempos. Conhecer saber suas possibilidades, e o que somos, jlatente em ns.

    Portanto, o caminho que te vou oferecer o seguinte:Iniciaremos juntos o estudo da caracterologia, para que ela te

    permita conhecer o que s e o que os outros so.Ao mesmo tempo que leias estas pginas, e nelas te procures,

    deves cuidar e seguir o que te proponho nos Primeiros Exerccios.L encontrars as razes que os justificam. E cada dia, sem que odesfalecimento te domine, conduzirs os teus passos por onde teindico. Levars contigo uma confiana que crescer cada vez mais.

    Pelo-te, por enquanto, apenas uma pequenina coisa: tu desejasreintegrar-te, libertar-te de tuas angstias. Tens certeza de que tenseste desejo? Pelo menos, ele aflora em ti algumas vezes.

    Peo-te que creias no teu desejo. Ele a voz do teu bem que lutapor ti. J no ests s. Algum dentro de ti, o teu mais verdadeiro eu,

    acompanha-te. J somos trs.E confiante apenas nessa amizade de dois amigos, que no te

    abandonaro mais, l estas pginas, medita sobre elas. Se algumasvezes o cansao te dominar, no faz mal. Deixe-as de lado. Mas,retorna depois.

    E ao mesmo tempo comea esses pequenos exerccios, tofceis, que te indico.

    Lers, deste modo, este livro; do princpio ao meio, e do meio

    ao fim, conjuntamente. A parte da Caracterologia deve ser lida,captulo por captulo, mas acompanhada pela leitura, de captulo porcaptulo, da Parte Especial. E, como tenho a certeza de que tudo serpara ti cada vez melhor, s te peo um favor.

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    MRIO FERREIRA DOS SANTOS

    Quando te sentires melhor, e a alegria j estiver brilhando em teurosto, escreve-me algumas linhas, e conta-me quanto o bem j estcontigo.

    Tuas palavras sero para mim uma boa paga, e elas alimentaroa minha f na alegria, e me daro foras para que eu tambm possaajudar, cada vez mais, a outros que, como tu, esperam que algumlhes indique o caminho do bem. Prometes?

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    PARTE GERALCARACTEROLOGIA

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    CARACTEROLOGIA

    O estudo da caracterologia imensamente til, pois pensam muitos

    que o conhecimento de uma de nossas fraquezas o bastante paradela nos libertarmos, como o conhecimento de uma virtude suficiente para termos mais confiana em ns mesmos.

    Entretanto, no basta apenas o conhecimento. S a tcnicasligada ao conhecimento nos levaria libertao.

    Na neurose (doena nervosa) por exemplo, o doente temconscincia de si; j na psicose (doena psquica), tal no se d, hperda parcial de ou total da conscincia do eu. O tratamento do

    neurtico pode ser grandemente auxiliado pela caracterologia,enquanto o psictico, por apresentar, alm do desequilbrio psquico,outros de ordem fsica, necessita mais da ao clnica, e no podecurar-se por meios apenas hbeis ao neurtico.

    So tais aspectos que nos mostram quo til o estudo dapsicologia, pois somos seres munidos de um psiquismo, pelo qualdevemos velar, para que no sofra perturbaes que ponham emrisco a nossa integridade. E poucos meios so to proveitosos, dentrodo campo da psicologia, como o a disciplina, que cincia e prtica,

    da Caracterologia.A Caracterologia, (vem de Charakter, em grego, marca, sinal

    caracterstico, e logos, cincia, o saber) a cincia que tem por objetoo estudo do carcter. Os seres humanos se diferenciam uns dosoutros, mas tambm apresentam semelhanas, e a fim de estuda-losmelhor, foram classificados em di-

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    versos tipos, que revelam em comum certo nmero de aspectos. Acincia que estuda os tipos humanos chama-se Tipologia, e tem elaum importante papel nos estudos caracterolgicos.

    A caracterologia no se interessa apenas pelos caracteres. Ouve-se muitas vezes falar em um homem de carcter e um homemsem carter. Que se pretende dizer com tais expresses? Que umhomem atua segundo normas inviolveis, princpios mais ou menosrgidos, e de tal forma, que podemos saber como proceder em talcaso ou em tal outro. No admitir nada que ofenda a tais princpios.E nisso revela o seu carter. Enquanto outro se deixa levar pelascircunstncias, procede hoje deste modo, amanh daquele. Nunca se

    pode saber ao certo qual a sua atitude. Diz-se que esse homem notem carter.Um exame tambm superficial das crianas nos mostra, desde

    logo, que umas revelam, cedo, possuir um carter, enquanto outrasapenas esboam alguns traos. E todos encontramos pais quepretendem imprimirno filho um carterdigno, dar-lhe aquela marcade distino, que o no confunda com qualquer outro.

    Ouve-se ainda falar em pessoas de bom carter, mas detemperamento intolervel. E aqui temos uma distino entre

    temperamento e carter, pois o temperamentorefere-se mais ao corpo, eo carter mais ao esprito. O temperamento herda-se, e o carteradquire-se. O temperamento fsico, e o carter espiritual, porquese refere ao esprito humano.

    Desta forma, torna-se claro o papel da caracterologia, pois elaestuda o temperamento e o carter. Por isso, ela nos ensina a penetrarno nosso ntimo, e saber porque procedemos assim ou de outramaneira, bem como poderemos agir para vencer uma fraqueza ou

    adquirir uma fora que nos falta.Duas posies so tomadas em face do temperamento e docarter. Uns afirmam que o carter apenas o temperamento; outrosque o temperamento e o carter so aspectos distintos do psiquismohumano.

    No se pode definir o que temperamento, mas sabe-se que elese refere ao somtico (do grego soma, que quer dizer

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    corpo), portanto, ao nosso corpo, parte material de nossa vida, aofsico. O carterest ligado, no propriamente parte fsica, mas aoque se chama alma, parte psquica, e toma comumente o nome de

    personalidade. Mas o carter o que caracteriza, marca apersonalidade de algum. Para os materialistas, a parte materialexplica a espiritual; para os espiritualistas, a parte espiritual explicaa material; para os espiritualistas, o esprito serve-se do corpo paraexpressar-se, embora no deixem de considerar a influncia que osomtico exerce sobre o psquico. Desta forma, o que o corpo revelaso apenas sinais que indicam, que apontam uma manifestaoanmica.

    A caracterologia no toma nenhuma das duas posies. Como aposio materialista ou a espiritualista pertencem ao campo dafilosofia, e como a caracterologia pretende apenas ser uma cinciaprtica, funda-se em alguns postulados que lhe tem sido muito teis.So os seguintes:

    1. Reconhece a caracterologia a reciprocidade (isto , ainteratuao, portanto atuao mtua) do psquico e dofsico. Assim como o psquico pode adoecer de males deorigem fsica, tambm o fsico pode sofrer de males de

    origem psquica. Assim como uma grave enfermidade podeabalar o esprito, uma imaginao descontrolada pode afetaro fsico.

    2. A reciprocidade contempornea, isto , d-sesimultaneamente. No h fato fsico, somtico, que nointeresse ao psquico; nem psquico que no interesse aofsico. Desta forma, tudo quanto sucede na vida humana,sucede no homem. Podemos no ter conscincia, mas no

    deixa de nele colaborar o nosso psiquismo.3. Eis porque a caracterologia se interessa cuidadosamentepelo estudo do fsico como do psquico, e aceita o princpioeugnico mens sana in corpore sano como um ideal deteraputica caracterolgica.

    4. Reconhece a caracterologia que podemos partir, tanto dopsquico como do fsico para alcanar este ideal. Assim,como vemos pessoas de temperamento doentio e de umcarter forte, outras de temperamento so, mas de carter

    dbil, re

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    conhece a caracterologia que, apesar da interatuao dosdois aspectos, que podemos chamar de Corpo e Alma, ouTemperamento e Carter, pode haver, nessa reciprocidade,

    maior acentuao de um ou de outro.5. Desta maneira, reconhece, a caracterologia que o papel da

    educao importantssimo na teraputica caracterolgica,e deseja cooperar para que os seus ensinamentos sejam teisao progresso humano, individual e coletivo.

    H homens valentes por carter, mas que tem medo fsico, eeste natural; mas h pessoas valentes fisicamente, por

    temperamento, que afrontam o perigo com naturalidade. Overdadeiro valente o que o pelo carter sem querermosdesmerecer o que o pelo temperamento.

    Muitas vezes o temperamento e o carter entram em choque.Temos mpetos de fazer o que no devemos fazer, o que o nosso carternos probe. E, nessas lutas, podem surgir choques dos mais violentos.Como dominar o temperamento pelo carter? Como construir umbom carter quando o temperamento frgil? Perguntas como taisinteressam Caracterologia. E vamos ver como sero respondidas.

    Podemos dividir as principais funes de nosso esprito em:

    sensibilidade

    afetividade intelectualidade

    A sensibilidade da parte somtica, o corpo, e nela que sefunda o temperamento, que hereditrio. Herdamos otemperamento da raa ou raas a que pertencemos, de nossos pais eavs. A intelectualidade a parte do nosso esprito que realiza afuno do conhecimento ordenado do mundo objetivo.

    Nossa sensibilidade munida de sentidos (viso, tato, audio,olfato e sabor) que nos pem em contato com o mundo exterior. Pormeio deles, intumos sensivelmente o acontecer. (Intuir, vem do latim,de intus, dentro, e ire, ir, penetrar nas coisas). por meio dos sentidosque intumos sensivelmente as coisas. Mas, quando procedemos aessa intuio sensvel, percebemos que os fatos nos mostram apec-

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    tos semelhantes e aspectos diferentes, simultaneamente. Pois, naverdade, este livro, bem como esta folha de papel so semelhantes; oprimeiro quele livro e o segundo a esta e outra folha de papel. Mas,

    ao mesmo tempo que observamos tais semelhanas, tambmobservamos diferenas.

    A intelectualidade a funo que capta semelhanas ediferenas. Chame-se intuio intelectual a intuio quando captasemelhanas e diferenas. (Intelecto vem de intere lec. Intersignificaentre, e lec um radical que significa tomar, captar. Da temos: ler,que vem de legere, eleger, de e-lec, tirar para fora, separar; assimcolecionar, selecionar).

    por meio da intelectualidade que o ser humano pe ordem aocaos de acontecimentos de fatos, que formam o existir.Pelas semelhanas construmos os conceitos. Assim, o conceito

    rvore encerra as semelhanas que tais seres tem entre si, o que nelesse repete.

    Mas os fatos que sucedem nos causam simpatia ou antipatia,isto , nos atraem ou nos repugnam. Sentimos afeio por este ouaquele ser. A afetividade a parte do nosso esprito que funciona comos afetos, com os sentimentos simpatticos ou antipatticos .

    Na sensibilidade, temos os instintos, os hbitos sensveis, otemperamento que herdamos.

    com a intelectualidade e a afetividade, que tem suas razes nasensibilidade, que construmos a nossa personalidade, cuja marcasaliente o nosso carter.

    O esprito humano est impresso em suas obras e em suacultura. A cultura humana reflete o carter e o temperamento dospovos. No que a cultura egpcia realizou, com seus grandes templos,

    sua vida, sua escultura, sua administrao e sua histria, sentimos otemperamento e o carter egpcios.Da mesma forma, hindus e gregos nos revelam o seu

    temperamento e seu carter.Observamos uma rvore, um animal, um ser do mundo

    exterior. Vemos nessa rvore um tronco forte, rugoso, amplosgalhos, cobertos de espessas folhas. Ali vemos, naquele ani-

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    mal, uma expresso feroz, cujas garras nos mostram agressividade.Cada fato vivo do mundo exterior deixa-nos ver, atravs do queexterioriza, muito do que lhe prprio. Todos os fatos do existir so

    sinais do que lhes interior. Sinais porque apontam, indicam, do-nos alguma informao sobre a interioridade dos seres.

    Tudo tem uma expresso (ex, fora, portanto, presso para fora).Tudo indica o que . Saber ler atravs de desses sinais penetrar noque h de mais profundo das coisas. Pois a caracterologia nos ensinaa penetrar no profundo da alma humana, atravs das expresses, dossinais expressos no corpo humano.

    Caracterologia e Fisiognomnica

    Os estudos caracterolgicos j eram conhecidos da antiguidade.Os povos da ndia, do Egito e da Mesopotmia a estudavam. Entreos gregos, Aristteles dedicou-se ao seu estudo, e so dele estaspalavras: O que durvel na forma expressa o que durvel nanatureza do ser; o que mvel e fugaz expressa o que nesta natureza contingente e varivel.

    Durante a Idade Mdia, os estudos caracterolgicos foram

    descuidados. Foi com Lavater, Porta, Carus, Letamendi e Goethe queesses estudos se desenvolveram. Com Duchenne, Darwin, Klages,Lange, Sigaud, Corman, Toulemonde, etc., a caracterologia penetrounum terreno genuinamente cientfico.

    As observaes feitas sobre a fisionomia humana, e o reexamesob bases cientficas dos estudos da fisiognomnica , palavraformada de fisionomia e nomos, disciplina que estuda as leis dafisionomia, permitem caracterologia penetrar em campos mais

    amplos. preciso, no entanto, estabelecer que ela conhece limites. No uma reveladora do que vai acontecer. No nos ensinar a saber setal fato benfico ou malfico nos suceder. A caracterologia ensina-nos a conhecer o nosso temperamento e o nosso carter, bem comoos dos nossos semelhantes. Ensinar quais as tendncias que temosou tem eles. Como pode-

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    ro proceder nesta ou naquela circunstncia. uma cinciadescritiva e normativa: descritiva por descrever, explanar o que nssomos, atravs de mtodos que ela torna hbeis; e normativa, porque

    nos oferece regras prticas para que venamos os nossos defeitos, epossamos salientar as nossas virtudes.

    * * *Hipcrates, pai da medicina ocidental, dividiu os

    temperamentos em quatro, segundo os humores, classificao que setornou clssica.

    Essa classificao perdurou at o sculo XIX, quando foi posta margem, por insuficiente. No entanto, caracterlogos modernosreconhecem que tem ela muito mais valor do que julgavam oshomens daquele sculo, razo pela qual volta a ser usada, poisoferece uma til base de classificao e de compreenso dos tiposhumanos.

    A classificao dos tipos, segundo os humores, de Hipcrates, a seguinte:

    1. O linfticopredominante a linfa;2. O sanguneo predominante o sangue (glbulos vermelhos);3. O biliosopredominante a blis;4. O nervoso predominante o humor nervoso (tambm

    chamado de melanclico).Para Hipcrates, cada uma dessas funes seria caracterizada

    pela predominncia pela predominncia de um desses humores, oramais abundantes ora menos, e conforme o seu fluxo se caracteriza otipo humano.

    Como em todos ns h os quatro humores, esta classificaoseria apenas ideal, pois os seres humanos poderiam ter vriascombinaes e graus, sendo por exemplo: predominantementebilioso, a seguir nervoso, sanguneo, depois linftico. Ascombinaes e graus seriam as mais diversas.

    Assim, o nosso temperamento, dependeria das nossassecrees.

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    Modernamente, Priot, depois de ter sido abandonada aclassificao de Hipcrates, deu-lhe novo valor.

    Verificou que h quatro funes essenciais, que so:

    a) A nutrio;b) A funo sexual-sangunea;c) A receptividade;d) A reactividade.A nutrio realiza-se pela alimentao. A receptividade a

    capacidade de ser impressionado, e a reatividade a de atuar porestmulos exteriores (reaes).

    A predominncia de qualquer uma dessas funes sobre as

    outras marca o tipo de temperamento. impossvel um equilbrioperfeito entre todas, pois a intensidade delas diferente uma daoutra.

    As funes de nutrio e a funo sexual-sangunea referem-semais ao somtico (ao corpo). Os dois ltimos (receptividade ereatividade) so mais complexos. Marcaria o temperamento apredominncia de uma dessas funes.

    Examinemos os tipos:O tipo linftico aquele no qual predomina a nutritividade (de

    nutrio). O sangue, sabemos, composto de dois tipos de glbulos:os brancos e os vermelhos. A linfa um humoramarelado, e, as vezes,incolor, que contm em suspenso glbulos brancos, e que circulanos vasos linfticos.

    So linfticos aqueles nos quais h certa predominncia dosglbulos brancos.

    Para o linftico, as funes digestivas so as mais importantes.Morfologicamente (segundo a forma exterior; em grego, morph):

    manifesta-se o linftico pela espessura dos lbios e pela distenso doventre. Quando a linfa muito abundante, tende para a adiposidade.So eles de talhe elevado, mas de musculatura fraca.

    Embora no paream, so fracos. Gostam de descansar; sopouco ativos.

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    Aparecem muitas vezes, nas pessoas linfticas, manchasbrancas pelo corpo. Elas tem os membros moles e a pele mida e fria,bem como as mos e os ps tambm frios.

    Psicologicamente, so fracos. H pases, como o Brasil, em queo seu nmero muito grande. Trabalham pouco e desejam atranquilidade fsica. Gostam das conversaes prolongadas pelanoite a dentro. O tipo linftico mais comum entre as mulheres queentre os homens, considerando-se aquelas como normalmentelinfticas.

    Em geral, tem pouca capacidade de observao. No gostamdos perigos, e quando alcanam a idade de 40 anos tomam ares de

    velhos, e do conselhos aos jovens. So, como estudiosos, aplicadose precisos. Gostam de economizar foras e no querem gast-las emexerccios.

    No tem a vida fsica nem a moral muito fortes. Evitam, assim,os sofrimentos, mas tambm se privam de alegria e de entusiasmo.

    Para terem facilidade de palavra precisam tomar alguma coisa,como lcool, etc. Em ambientes fechados falam mais. Tem averso atoda ao viva e imediata. Tambm no gostam de mudar de hbitos.No tem foras para superar os obstculos e no se espantam muito

    facilmente.H dois tipos de linfticos:

    1) O linftico aptico;2) O linftico amorfo.Os primeiros caracterizam-se pela apatia, pela incapacidade

    maior ou menor, mas j de um elevado grau, de sentirem afetos(pathos, em grego, afecto, a-ptico, sem afeio).

    Amorfos (de morph, forma; portanto sem forma) so os

    linfticos que no apresentam nitidez nas formas psquicas e sedeixam facilmente modelar, por passividade, pelos outros, semcapacidade, no entanto, de conservar a forma adquirida. So aquelesque, por no terem forma, nunca sabemos o que so.

    H, no entanto, um tipo de linftico bem positivo que o

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    que j revela atividade. So perseverantes, tenazes, de um otimismofrio. Temos um exemplo desse tipo nos ingleses, que sopreponderantemente linfticos, mas fleumticos (a fleugma dos

    ingleses). So metdicos, egostas. So bastante pontuais e formais.Gostam das cincias fsicas e no so muito tendentes s mutaes.

    Tendem para as sistematizaes abstratas (reunir ideias emconjuntos fechados), por isso se tornam sectrios (secta, de seccare,cortar, separar por corte, da seita). So de grande fora passiva, tembastante sangue frio, tenacidade muitas vezes extraordinria.

    Conselhos importantes. Queremos salientar, neste ponto, queestas explicaes so ainda analticas e abstratas. No h o tipo do

    linftico puro, nem do bilioso puro, etc. Precisamos, de incio,estudar separadamente os temperamentos para depois, aprender acoordenar os traos para a construo de um retrato seguro.

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    O TEMPERAMENTO SANGUNEO

    Tem o sanguneo o temperamento dominado pela associaodas funes sexual e sangunea, o que influi poderosamente sobre arespirao e a circulao. As narinas so dilatadas, o peito largo ede grande capacidade respiratria. Pode respirar cerca de 5 a 7 litrosde ar por minuto, que em ritmo acelerado chega a muitssimo mais.A circulao do sangue fcil e o corao bem forte. As artrias so

    de calibre superior ao normal. A hemoglobina do sangue conserva ooxignio, por isso o enrubescimento constante lhes peculiar. uma vantagem na juventude ser sanguneo, mas uma

    desvantagem na velhice.O abuso do alimento ameaa-o de apoplexia precoce. Os

    sanguneos so eufricos, por isso malgastam suas foras, e estosujeitos a uma decrepitude prematura.

    J os nervosos, que em breve estudaremos, por serem maisprecavidos, conhecem a longevidade. Como os sanguneos, tem

    sempre apetite e uma digesto fcil, tem tendncia a entregar-se aabusos.

    Psicologicamente, os sanguneos so otimistas, muitoextrovertidos (vertidos para fora); vivem o momento que passa. Noguardam recordaes amargas, por isso perdoam facilmente.Gostam de acordar cedo e de deitar cedo em geral. Deixam-searrebatar pelo entusiasmo, e como so de grande vivacidade mentaltem bastante confiana em si mesmos e no futuro. Por isso, realizam

    e vencem.

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    So muito dados aos prazeres, gozadores at. Mas, graas fora de que dispem so altrustas, sorridentes, felizes da vida. Soaqueles para os quais o povo diz que tudo est azul. So desejosos

    de aventuras, conversadores, gesticuladores, eloquentes, falammuito bem. So atrativos, irresistveis at.

    Por serem excessivamente confiantes em si mesmos, chegam acair no ridculo. Tem facilidade de prometer e s vezes prometem oque no podem cumprir. So sociveis, gostam de prestar servios,tem tantos amigos quantas pessoas conhecem. So bem sinceros emsuas amizades. Aparecem para muitos como egostas, mas taldepende da educao recebida dos pais, pois so levados facilmente

    abnegao e ao sacrifcio.So dominados pelos instintos, por isso so muitas vezesarrastados pelos impulsos.

    Classificam-se em:a) Positivos, quando combinam o sanguneo com o

    bilioso e demonstram energia muscular e muita forade vontade;

    b) Negativos quando o sanguneo se combina com onervoso. Como este mais sujeito ao linfatismo, tende

    a ser mais receptivo, mas com perigo de apatia.O temperamento normal no homem :

    Bilioso-nervoso-sanguneo-linfticoA mulher em geral:

    Nervosa-linftica-sangunea-biliosa.Essas ordens, so, no entanto, muito raras de encontrar-se.

    O TEMPERAMENTO BILIOSO

    Excetuando certas violncias que so prprias dotemperamento bilioso, este muito til ao homem. O bilioso revelauma cor baa, amarelada, oliva. Os olhos so profundos, negros,penetrantes, expressivos, nariz agudo e enrgico, narinas abertas,

    lbios comumente finos. Os cabelos so duros. seco de corpo,msculos bem desenhados, pele quente, veias

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    aparentes, pulsos alongados. o tipo atltico. Em geral gosta muitode acar, de alimentos feculentos, aveia, po, batatas, etc., poisprecisa muito de glicognio para o sangue. Gosta de legumes frescos,

    ricos em vitaminas. No abusa muito da carne.Psicologicamente, caracteriza-se pela reatividade, pelo furor de

    agir e de dominar. ativo, empreendedor, ambicioso. Himportantes exemplos histricos desse tipo, como Miguel ngelo,Napoleo, Richelieu, etc., os quais eram biliosos. Em geral, nogostam de perder tempo. Esto sujeitos a cleras sbitas; sovingativos, desconfiados. Quando dotados de inteligncia superior,tornam-se dominadores. So pouco diplomatas, ambiciosos, mas,

    para alcanar altos postos, chegam humildade e at adulao dosque os possam servir.

    O TEMPERAMENTO NERVOSOOs nervosos so em geral enfraquecidos e sujeitos

    perversidade por debilidade. Podem ser divididos em:1) Astnicosdbeis, incurveis, anmicos ou pr-tuberculosos,

    cuja astenia tende a progredir. A fisionomia expressiva emvel, o pescoo delicado e longo. O rosto toma a forma

    V, o que indica primazia das funes cerebrais. (No futuroestuda-los-emos entre os retrados de base). So maisemotivos que ativos. A cor plida, os olhos ocultados nasrbitas, porte pequeno, nariz estreito, lbios finos, queixopontudo, pescoo longo de pssaro, membros esquelticos.

    2) Estnicos em geral intoxicados, embora dotados de vigor,facilmente se fatigam.

    Tem o sono leve, agitado de sonhos, e sofrem de insnia. Toda

    atividade os abate. So muito agitados, com tiques nervosos.Resistem, no entanto, s epidemias, s intoxicaes microbianas. Sodisfricos (eufrico, sempre revela alegria, disfrico, predomintementeabatido, triste, melanclico). Tendem misantropia (averso aohomem, ao seu semelhante). So aptos ao trabalho reflexivo.

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    Psicologicamente, so insociveis, taciturnos (tacere, calar),pensam muito. Quando atletas, esto sujeitos a momentosdecepcionantes, e inesperadamente malogram. So muito

    receptveis, mas reagem, volvendo-se para dentro de si mesmos.Esto sujeitos a emoes violentas; muito apreensivos, o que

    leva os outros a julg-los covardes ( o sanguneo julgaria a apreensodo nervoso covardia). Toda espera os prostra. Se vo ao dentista, etem de esperar, sofrem terrivelmente. Mas, no perigo, so seguros,reflexivos, bravos, esticos, cheios de sangue-frio, aptos defesa.Sofrem muito com a imaginao. So, em geral, doentes imaginrios.Sofrem mais com o que imaginam do que com a realidade. Do em

    geral jornalistas, romancistas, escritores, artistas, etc. Alternamperodos de logorria (falarmuito, de logos palavra e rh, fluir) e demutismo obstinado. So escravos da lgica e dominados pelas ideias.

    * * *A nossa vida nos d exemplos dos temperamentos:Somos marcantemente linfticos na infncia; sanguneos-sexuais

    na juventude; na maturidade, biliosos, e nervosos na velhice, bemcomo bem o mostra o dr. Priot.

    Esta classificao revela dois grupos:1) O grupo de sangue-puro;

    a) Com falta de hemoglobina, temos o linftico;b) Rico em hemoglobina, e consequentemente em oxignio,

    temos o sanguneo.2) O grupo de sangue intoxicado: os biliosos e os nervosos.

    So estes os predominantes entre os homens. O bilioso podejuntar-se facilmente ao sanguneo. J o sanguneo junto ao

    linftico um contra-senso.* * *

    Vejamos uma classificao que se tornou famosa: a deKrestschemer, notvel psiquiatra, ao qual tanto deve a caracterologiamoderna.

    Dois so os tipos classificados:

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    1) Os ciclotmicos. So estes bem alimentados, redondos, de corpoespesso, membros curtos, musculosos, nariz pouco acusado, semponta, narinas dilatadas, cabelos finos e ameaados de calvcie

    precoce. Os gestos so ondulados, envolventes como carcias,toda agilidade se manifesta em curvas.So chamados pcnicos (espessos), quando ventrudos. So

    comiles, beberres, muito sociveis, dados, expansivos,benevolentes, joviais, agradveis. So abertos, calorosos, um poucosem-modos. Oscilam entre a alegria e a tristeza (ciclos de alegria etristeza). Ora, esto exaltados, ora oprimidos.

    Moralmente, so extremados. So prticos, realizadores,

    enrgicos, empreendedores, e sabem conduzir os homens; sabemmandar.Nota-se, desde logo, grande semelhana entre eles e os

    sanguneos.2) Os esquizotmicos so o inverso dos primeiros. Magros,

    alongados, angulosos.Os primeiros atuam em curvas; os esquizotmicos em ngulos.

    A cabea deles oval, a testa larga, os maxilares reduzidos, commanifesta predominncia das funes cerebrais. As faces so

    cavadas, as mas salientes, os olhos retrados nas rbitas. O crebro projetado para a frente.

    So rudes. Simulam frieza, domnio de si. Assemelham-se aosnervosos.

    So subdivididos em trs grupos:a) Os astnicos ou leptsomos: fracos, de peito estreito,

    perfil anguloso, nariz amplo. Cansam-se facilmente eso inaptos ao exerccios do corpo. Preferem os

    exerccios do esprito. Tornam-se intelectuais;b) os atlticos (estnicos) so musculosos, slidos, massujeitos a fadigas fsicas. Assemelham-se muito aosbiliosos;

    c) Os displsticos (ou mal-vindos) os que sofrem deinsuficincia glandular essencial ou por excesso defuncionamento.

    Moralmente, os esquizotmicos, que so to angulosos, so de

    pouca comunicabilidade, irritveis, muito emotivos, mas tem o ladopositivo da profundidade, da delicadeza, embora muito suscetveis.

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    So lgubres e melanclicos. Fecham-se em si mesmos, poucoadaptveis e antipatizam com os meios sociais.

    primeira vista parecem brutais, insensveis. Mas, na verdade,

    so hiperemotivos, profundos, de carter difcil de penetrar-se. Somuito anlogos aos nervosos. Napoleo, por exemplo, quandojovem, era esquizotmico, mas quando vitorioso tornou-seciclotmico.

    A classificao de Kretschmer de grande valor, sem dvida.Mas como deu demasiada importncia ao anormal, mais que aonormal, de valor complementar nas classificaes caracterolgicas.No deixaremos, porm, de aproveitar as suas contribuies, que so

    deveras importantes.

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    A TEORIA DE FREUD

    A filosofia de Freud uma teoria montona. No h, para ele,propriamente, seres normais. Um homem normal seria uma estranhacriatura num mundo freudiano, tempestuoso mundo de forasobscuras, penumbrosas. Uma censura indormida e cruel vela nosolar da conscincia, repelindo impulsos associais, rechaando-os

    para os antros mais escuros do insconsciente. Mas, l, eles pervivem,revoltados, fomentando complots, elaborando complexos mrbidos,que surgem ao solar da conscincia e burlam a vigilncia extremadada censura, travestindo-se de smbolos para sabotarem, depois, aunidade do ego, dando nascimento s neuroses ou explodindo, briosde vitria, nas grandes arrancadas destrutivas das psicoses.

    Fixemos a sua influncia na caracterologia. O desenvolvimentoda libido (em Freud, sexual) tem sua influncia na formao posteriordo carter.

    So trs as fases da libido, 1) a oral; 2) a anal; 3) a genital.Na primeira, toda frustrao satisfao dos desejos provoca a

    agressividade geral.Na segunda, reteno das fezes e seu carter hednico,

    prazeiroso, fixam a obstinao, na teimosia e, tambm, a ordem. Orelaxamento leva ao carter generoso, prdigo e desordenado.

    Na terceira, manifestam-se os primeiros sinais de masturbao,com o perigo do complexo de castrao, em certos casos provocado

    pelas ameaas inconsideradas de pais, e outros, que

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    propem o castigo da castrao. A fixao deste estado leva necessidade de ser amado!

    Entre os complexos, temos o de dipo (amor genital me) e o

    de Electra (ao pai). Alm desses, o de inveja e de dio aos irmosmais moos (complexo de Caim). H perigo de homossexualidade,devido falta de soluo do complexo de dipo, e o de Diana (nasjovens), com manifestaes viris e averso ao casamento.

    Notam-se, desde logo, os excessos de interpretao freudiana,pela acentuao exclusiva dos impulsos destrutivos, e negao totaldos construtivos e benvolos.

    * * *Carl Gustav Jung, famoso mdico suo, foi discpulo de Freud,de quem tambm se afastou.

    No estudo dos caracteres humanos, apresentou umaclassificao, considerada como das melhores, e que tem grandevalor para os nossos estudos.

    Ante a vida, os homens tomam duas atitudes:1) A atitude de introverso (os introvertidos) prpria dos

    temerosos do conflito com o mundo exterior, e que se vertem

    para dentro (intra);2) A atitude de extroverso (os extrovertidos) dos que, temerosos

    do conflito interior, vertem-se para fora (extra).A inesttica teoria freudiana reduz o homem ao animal; a deAdler, com sua vontade de potncia, tambm tem um poucode fel. J Jung, no entanto, reconhece no homem, alm dosimpulsos malevolentes, to acentuados na poca atual,impulsos benevolentes, altrustas, que tem sua origem nas

    camadas inconscientes do ser humano, onde uma das maisprofundas a do inconsciente coletivo, herdado peloindivduo, de seus antepassados.

    Como as principais funes psicolgicas so a sensao, aintuio a afetividade e a intelectualidade, os introvertidoscomo os extrovertidos podem revelar uma acentuaodessas funes.

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    Assim, h introvertidos dos sentidos , como h intuitivos,intelectuais e afetivos. Um introvertidos sensualizado guardapara si suas sensaes, goza em si mesmo, oculto. Um

    extrovertido gostaria da presena de outros. Um introvertido,que tivesse prazer na mesa, recolher-se-ia na solido, enquantoum extrovertido sentir-se-ia bem em companhia de outros.

    Um extrovertido intelectual, com a presena de outros,discutiria temas, com mais ardor. Aqueles que gostam deestudar junto com outros revelam uma extroverso intelectual.Um extrovertido afetivo manifesta logo suas paixes; enquantoum introvertido afetivo guardaria seus sentimentos.

    No difcil compreender que, por essa classificao de Jung,

    poderamos construir inmeros grupos, pois um introvertidointelectual poderia ser um extrovertido sensual, etc.

    Mas em linhas gerais, quanto s atitudes, os extrovertidos eintrovertidos apresentam os aspectos que passaremos adescrever.

    Convm ainda ponderar que Jung considera os introvertidose os extrovertidos como positivos ou negativos.

    Os introvertidos positivos so os que, embora se vertam paradentro, so criadores, como certos artistas, intelectuais, etc.

    Negativos, quando sua introverso destruidora, negadora.Os extrovertidos positivos so criadores, ativos, enquanto os

    extrovertidos negativos perdem-se numa atividadeexteriorizada ineficiente.

    Esta classificao, no futuro, ser aproveitada para a anlisedos tipos caracterolgicos, pois tanto esta como a deKretschmer e a de Hipcrates se completam, e permitem umaviso clara do tipo caracterolgico, como ainda teremosoportunidade de mostrar.

    Extrovertido Introvertido

    Socivel e amigo. Pouco socivel.

    Confiante em si, nas suaspossibilidades, na sua sorte Pouco confiante em si e nassuas aptides ao sucesso.

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    Sensibilidade e reao viva, massuperficial.

    Sensibilidade lenta, masprofunda e prolongada.

    Vive no presente, adapta-se ao

    momento.

    Vive no passado.

    Dispe do futuro e desconta-o Apreende o futuro, prepara-separa os golpes do destino.

    Deixa para amanh o que oaborrece.

    Aborrece-se do que viramanh.

    Otimista e inquieto. Aborrecido e pessimista.Pronto a prometer, inapto aexecutar.

    Avaro de promessas, mas fiel sua palavra.

    Prdigo e dilapidador; gasta ocapital guardado por outro.

    Parcimonioso, economiza ocapital social.

    Pede emprestado, paga suasdvidas muito tarde, ou nunca. Inimigo de pedir emprestado, edas dvidas.Contente de si mesmo, cheio deconfiana.

    Inquieto, concentrado.

    Exuberante, alegre, jovial. Srio, triste com acessosexplosivos de alegria.

    Imprevidente, reflete pouco. Reflete bastante, previdente ecalculador.

    Audacioso e empreendedor. Tmido e prudente.Excitado, v aumentada a

    excitao ante os outros.

    Aniquilado pelo pblico.

    Instvel a todo instante. Estvel.Mitmano, contador dementiras, mitos, palrador.

    Brutalmente sincero.

    Servil, acolhedor. Pouco servidor, severo nas suasapreciaes.

    Formas de orgulho, derivadosdo complexo de superioridade(fatuidade, vaidade, segurana).Orgulhoso, expansivo.

    Formas de orgulho derivadasdo complexo de inferioridade(orgulho defensivo).

    Cede aos seus instintos.Age antes de refletir.

    Resiste aos instintos porque sedefende dos desejos.

    Impulsivo e ativo. Reflete antes da ao, e muitasvezes se abstm dela.Hesitante; impulsivo somentena exasperao da paixo.Muito depois, aps muitassolicitaes, nas quais refletiubastante, que age.

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    A POSIO DE ADLER

    Para Adler, discpulo, a princpio, de Freud, de quem depois se

    afastou, a humanidade compe-se de fortes e fracos. Todos somosfracos em algum instante ao menos. Sentimos nossa inferioridade edela sofremos. Somos obrigados a recalcar nossos impulsos, esubmetemo-nos ao mais forte, mas nossa humilhao nos leva aafirmaes viris compensadoras. Eu quero ser um homemcompleto... muitas vezes o caminho da neurose, diz Adler. Masreconhece que o complexo de inferioridade s se fixa se houver umainferioridade concomitante ao aparelho genital.

    O protesto viril um brado, um gesto de agressividade e delibertao; o filho quer ser como o pai. Tem pressa em ser homem;da seu desapego pelas mulheres na poca da puberdade, e tambmsua recusa em obedec-las. Quando eu for grande como papai...quem no ouviu ainda tais frases?

    A mulher jovenzinha sofre tambm desta fascinao (observemas manifestaes do feminismo, bem como o desejo de ser homem,desejos de emancipao feminina, a busca dos esportes, o desprezopelo pudor). Manifesta-se o complexo de inferioridade, segundo

    Adler, quando tais impulsos encontram o obstculo de um defeitofsico.

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    PARTE PRTICA

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    PARTE PRTICA

    Compendiaremos daqui por diante as lies de Charles Sigaud,desenvolvidas pelo caracterologista dr. Louis Corman, para que,com as contribuies de outras fontes, possamos oferecer umapanhado mais completo do estudo que ora empreendemos.

    So ainda valiosas as velhas regras oferecidas, as quaisaproveitadas por Louis Corman, permitem-nos estabelecer uma

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    ordem analtica, fundamental para a compreenso dos tipos que eleclassificou.

    A fisionomia humana apresenta trs planos:Tendo frente um rosto humano, (uma fotografia, por

    exemplo) trace-se uma linha que corte horizontalmente acima dolbio superior. Outra, logo acima dos olhos, pela plpebra superior.Teremos ento dois outros planos: um que contm os olhos e o nariz,e o outro que inclui a parte frontal.

    Analisemos:1 Plano Pode ser dividido em trs regies principais: boca,

    queixo e maxilar. o plano da instintividade, o que se refere nossavida sensvel e vegetativa. o plano dos instintos, da sensualidade,no sentido puro da palavra.

    2 Plano Pode ser dividido em trs regies: nariz, olhos e face. o plano da afetividade, dos nossos sentimentos.

    3 Plano Pode ser dividido em trs regies: a superciliar, ondeesto as sobrancelhas, incluindo as tmporas; a regio central, quecorta ao meio a testa, e, finalmente, a regio cerebral, parte superior. o plano da intelectualidade, da inteligncia humana.

    A clssica fisiognomonia, cujas lies mais importantes soaproveitadas para os novos estudos da caracterologia, oferecia umaclassificao dos tipos fisionmicos, opondo-os, segundo ascaractersticas contraditrias.

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    Essa classificao era fundada na classificao dos planetas, quesimbolizam os tipos gerais do temperamento do carter humano.

    Opunham-se assim: Marte x Vnus; Terra x Mercrio; Jpiter x

    Saturno; Sol x Lua.

    Anlise dos tipos:Marte um tipo instintivo-afetivo (com predominncia dos

    dois planos inferiores). essencialmente caracterizado pelo grandedesenvolvimento de seu instinto combativo. Ama a ao, a aventura,a luta. Grande energia fsica, excede-se nos esportes. sempreapaixonado, violento, impulsivo, colrico.

    Obedece ao seu primeiro sentimento, e tem pouca reflexo. homem de movimento, empreendedor, cheio de iniciativa, semprevoltado para o futuro e impaciente por realizar o que h no esprito.

    Vnus instintivo-afetivo (predominncia dos planosinferiores). Tem o instinto da famlia e da maternidade. Mulher naforma feliz, melhor adaptada sua misso fisiolgica. Ama a vidacalma, os prazeres aprazveis da casa. Amvel para com todos,conciliante, cheia de compaixo para com os que sofrem.

    No conquista pela fora, como Marte, mas pela doura, pelaternura. No feita para mandar, mas, pela docilidade,

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    sutileza e sentido da realidade prtica, realiza muito em todos osdomnios.

    sensvel aos objetos que a rodeiam, s belezas visveis e

    palpveis. Sua atividade incessante, mas calma, de ritmo lento.No intelectual, mas o juzo seguro e tem uma intuio justa

    das coisas.Terratipo instintivo (predominncia do plano inferior). Sente-

    se bem no terreno da matria, dos objetos.Dotado de poder fsico, sem o dinamismo do marciano; ritmo

    lento, atividade paciente, infatigvel, realiza obras slidas edurveis. No sensvel beleza de um objeto, mas v sempre o lado

    til. Tem a sensibilidade obtusa, hbitos grosseiros. Ligado aos bensdeste mundo, famlia, s tradies, s suas propriedades. Temapenas uma ideia, mas uma ideia concreta, til, de cada vez, da qualpode tirar matria para realizaes prticas.

    Mercriotipo intelectual (predominncia do plano superior). Sente-se vontade entre as coisas do esprito.

    Sensibilidade viva, ritmo rpido. Tem mais sutileza ehabilidade do que poder. Mos hbeis, delicadas, no ousamdestruir a matria, mas so excelentes para manejar instrumentos.

    No se prendem profundamente aos outros. Carter

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    frvolo e mutvel. Inteligncia viva, brilhante, curiosa de tudo e deassimilao fcil.

    No se atm demoradamente em nada, dispersa-se facilmente,malgasta o esforo, e no empreende nenhuma busca emprofundidade, de forma que no realiza nunca uma obra durvel.

    Jpitertipo instintivo-afetivo-intelectual (equivalncia dos trsplanos). Adaptado vida social prtica, ligado aos bens materiais,mas sob forma menos primitiva, que o tipo Terra.

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    Ama a opulncia, a riqueza, as honras, as funes sociais e oficiais,tudo o que provoca a estima alheia.

    Expansivo, volve-se para a vida exterior; de humor

    benevolente, otimista. Tem muitos amigos, gosta de companhias, de inteligncia positiva, prtica, clara, ordenada, adaptada aosnegcios. um comerciante nato, bom poltico. Sabe dirigir comhabilidade.

    Saturno tipo instintivo-afetivo-intelectual (equivalncia dostrs planos). Homem, cujos instintos sofreram um recalque, interiorizado. Enquanto os outros valem por sua vida exterior, elevale por sua vida interior. A sensibilidade

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    rica, inquieta e atormentada. Tem poder de reflexo, originalidade,tendncia s especulaes abstratas.

    No se adapta vida prtica. de lenta deciso, afasta-se dos

    homens, solitrio de uma independncia ferozmente defendida.Sol tipo intelectual (predominncia do plano cerebral).

    Dotado, como Mercrio, de uma sensibilidade delicada e debrilhantes dons de assimilao, mais rico que este ltimo, mais aptopara aprofundar o pensamento. Imaginao esttica, de grandepoder de sntese, que o torna um criador no domnio literrio oumusical.

    Lua tipo dotado de muita imaginao (predominncia doplano cerebral). Mas, enquanto a imaginao do tipo Sol ativa ecriadora, a do tipo Lua passiva. Vive um sonho sem fim, suas vises

    so brumosas. Comumente indolente, tmido; diante dos obstculos,deixa-se levar pelas circunstncias. incapaz de persistncia emqualquer direo. Sua tendncia imaginativa confere-lhe, contudo,certos dons na poesia ou na pintura. Necessita do apoio de um tipomais ativo para realizar seus dons latentes.

    Oposio Marte-Vnus (repete-se sob certos aspectos em Sol-Lua). ligado a uma importante diferena na textura das

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    fibras vivas. Todo organismo, cujas fibras so moles, estendidas,deixa-se facilmente marcar pelos seres e coisas que o cercam; plstico, malevel, dcil s ordens que recebe.

    Vnus doura, ternura, graa, intuio, dons de assimilao.As formas arredondadas; o rosto oval ou em crculo; as linhascurvas dominam. o tipo feminino por excelncia.

    Quando um organismo , ao contrrio, composto de fibrasduras, tensas, ele que marca os seres e as coisas; ativo, dominador.Firmeza, vigor, vontade, inteligncia lgica, so o apangio deMarte. Tem formas angulosas; rosto quadrado ou retangular; aslinhas retas dominam. um tipo masculino.

    Terra-Mercrio Antagonismo entre o pesado e o leve. Asformas finas e delicadas correspondem a uma sensibilidade viva e aum ritmo, rpido, enquanto as formas pesadas e grosseiras soligadas a uma sensibilidade obtusa e a um ritmo lento. Decorremdessa lei os seguintes corolrios:

    1) Que a estabilidade das impresses est na razo inversa dasua vivacidade.

    2) Que essa mesma vivacidade, funo de uma sensibilidadeaguda, a fonte habitual de todas as curiosidades do

    esprito.Mercrio, de ps geis, tem formas grceis e elegantes.Rosto triangular, queixo afinado, traos finos e delicados.Vivacidade das impresses, mobilidade, frivolidade, disperso

    da atividade, diletantismo, curiosidade pelas coisas do esprito emmuitos domnios, gostos intelectuais.

    Terra tem ps pesados, formas corporais macias. Rostosolidamente encravado, com largo maxilar; traos grosseiros. Pouca

    sensibilidade, lentido, estabilidade de sentimentos, adaptao sfunes montonas, gostos manuais, poucas ideias, mas solidamenteancoradas no esprito, reflexo e juzo em maior dose do queimaginao.

    A oposio Jpiter-Saturno (oposio descoberta L. Corman)permitiu a formao da morfo-psicologia. A oposio Jpiter-Saturno a oposio entre o Dilatado e o Retrado.

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    Dilatao e retrao expressam o movimento da vida: instintode expanso e instinto de conservao. H gestos de expanso e deretrao. O tipo dilatado em geral utilitrio, ligado ao mundo,

    despreza os sistemas, os ideais. No se afasta dos fatos. falho deimaginao e de esprito inventivo.

    Analisemos o tipo retrado: o rosto longo. So indivduos quenecessitam de meios especiais para seu desabrochamento. Nocedem s influncias do meio. So independentes, autodidatas edominam seus impulsos. Querem dominar a si mesmos. So difceisde escolher, mas ligam-se fundamente ao que escolhem. Tem poucosamigos, mas so bem ligados aos amigos que tem. No so to ativos

    como os dilatados, mas so mais precisos. A inteligncia eletiva.Gostam das especulaes intelectuais mais profundas. So inquietos,tmidos, cheios de manias, de dificuldades de adaptao. Vivemmais no passado ou no futuro. So pouco prticos. No do bonscomerciantes. Constroem castelos no ar. Em geral, misantropos,amam, no fundo, a humanidade.

    Para que se tenha uma viso clara do dilatado, podemosimaginar um balozinho de borracha, no qual tivssemos pintadouma fisionomia humana, com sobrancelhas, olhos, nariz, boca, etc.

    Teramos o tipo dilatado perfeito. Seria aquele cujo rosto fosse umabola, completamente dilatada em todas as direes.

    Mas, ao examinarmos um rosto humano, logo vemos que noh tal dilatado perfeito, pois h sempre retraimentos.

    Dessa maneira, pode caracterizar-se como:a) Dilatadoaquele em que predominam as expanses;b) Retradoaquele em que predominam os retraimentos.H ainda os tipos complementares.

    So aqueles que nos revelam um equilbrio entre a expanso eo retraimento. H maior nmero de complementares do queretrados e dilatados.

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    No entanto, em nosso pas, o nmero de retrados muitogrande, devido ao estado de sub-alimentao em que vive a maioriados habitantes deste pas riqussimo em possibilidades.

    Para a caracterologia no h separabilidade entre Corpo eAlma, como se v nas concepes de Aristteles e de Toms deAquino.

    A frequente calnia aos nossos instintos, como se fossem elesmanifestaes do mal, errnea. Nossos instintos so vitais enecessrios ao nosso equilbrio e nossa defesa. Por outro lado, no o corpo nosso inimigo, mas um amigo, ao qual devemos a mximaateno. Vivemos esta vida e nada adiantaria, nem pureza do

    prprio esprito, se nosso corpo fosse por sua vez desprezado porns. Nem tampouco caberia aqui atendssemos apenas s injunesdo corpo sob pena, tambm, de afastarmo-nos da sade do esprito.S um equilbrio saudvel entre ambos nos pode ser proveitoso.

    O organismo inseparvel do meio. O ser humano alimenta-secom os bens que o meio exterior oferece. E temos de tomar aqui otermo alimento em seu sentido amplo. So alimentos o ar, o sol e ata presena estimulante dos nossos semelhantes.

    O dilatado um ser que se adapta bem ao meio ambiente. Por

    isso, desabrocha-se plenamente. J o retrado revela um movimentode recuo, de defesa.

    A criana, quando nasce, geralmente dilatada. Com o decorrerda vida ela se retrair. Pode dizer-se at que todo retraimento sinalde um movimento de defesa do organismo em face do mundoexterior.

    Expandimo-nos onde encontramos ambiente favorvel;retramo-nos onde encontramos oposio exagerada ou uma

    oposio muito forte.O dilatado oferece um rosto com ausncia de salincias sseas,um rosto amplo. Tem ele facilidade de trocas com o ambiente.

    Vejamos as caractersticasgerais dos dilatados:

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    1) Facilidade de aceitao das circunstncias e boaacomodao; alegres, otimistas. Tomam tudo pelo lado bom.

    2) Espontneos em sua ao. O gesto fcil e bem adaptado.Tendncia para o automatismo. So impulsivos.

    3) Expansivos, exteriorizados. Pensar deixar de falar e agirdizia Bain, um dilatado.

    Os dilatados tem dificuldade de pensar. Refletem pouco.Comparam as novas situaes a uma situao antiga e anloga. Suaatividade mental no vai alm das necessidades quotidianas. Soconcertos e prticos (no sentido vulgar dos termos). No gostam desistemas nem de ideias intelectuais.

    Anlise: O dilatado, quando criana, tem um desenvolvimentofcil. Come muito, dorme bem, expansivo e sorridente. Crescefacilmente; o carter manso e dcil. amvel para com todos, aceitafacilmente as carcias dos estranhos; afetuoso.

    Na idade escolar: Bom aluno, disciplinado, dcil. Estudioso pordisciplina, sem muita curiosidade. Aprende tudo facilmente,sobretudo o que pode servir-lhe. Retm facilmente se lhe mostram.Tem a palavra fcil.

    Na adolescncia: Avana alm dos outros. Manifesta maturidade

    fsica, corpulncia, despertar precoce do instinto sexual, natural, semperverses. Casa cedo. Atinge logo a maturidade intelectual, que no ultrapassada. Como a, a ficar. Sabe bem cedo o que quer. Levaa bom fim o que empreende, porque s empreende o que sabe quepode fazer.

    Na sociedade: povo, multido. Gosta da sociedade. Vale quantovale o seu grupo social. Venera o passado, mas vive o presente. Napoltica oportunista e conservador. Na ordem moral: Observa as

    regras do maior nmero, por isso pode ser honesto ou desonesto,segundo o ambiente. No muito delicado na escolha dos meios deenriquecer. Ser virtuoso num mundo onde se pratique a virtude.Dificilmente ser um assaltante... mo armada.

    Na ordem religiosa: Ser fiel f ensinada; no conhece dvidas.

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    Na amizade: Necessidade de presena humana. Familiariza-sefacilmente. Todos so seus amigos. generoso, humano, coraoaberto, compassivo. Gosta da alegria. Julga que so infelizes apenas

    os que querem ser.Na famlia: Casa cedo. No separa a sensualidade da vida

    afetiva. Ciumento, no perdoa qualquer falta da mulher. Em geraltem muitos filhos. Quando surge um filho retrado, h grandesaborrecimentos, pois pai e filho no se entendem.

    Na vida pessoal: S acredita no que pode sentir. um intuitivosensvel. Reflete pouco, tem boa memria, mas fraca imaginao semoriginalidade; incapaz de criar. Prtico na vida quotidiana, incapaz

    de perceber o defeito de uma ideia. Nele no h nada, na inteligncia,que no tenha estado pri-

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    meiro nos sentidos. Aqui a mxima filosfica dos realistas se aplicabem.

    Lembremo-nos de Leibnitz que a modificou, aceitando algo

    antes da experincia. Leibnitz era um retrado.Vida profissional: Podemos encontra-lo em todas as profisses.

    Boa adaptao. Gosta das profisses dos pais. Todo trabalhoautomatista lhe fcil, pois aprende vendo. Tem capacidade para osservios pesados. Excelente comerciante, bom vendedor, pracista,bom gerente.

    Como mdico: muito prtico, graas sua fidelidade aos fatos.Prefere a observao direta teoria, e sabe reconfortar os

    doentes.Bom advogado, porque fala bem. um conteur pitoresco. Nacincia, um colecionador de fatos. Escravo dos fatos. Em filosofia, emgeral, pragmtico e sensualista. Em sociologia, afirma que somos oreflexo do mundo, e que a vida material dos povos que determina

    a sua forma de vida. (1)

    (1) Os desenhos reproduzidos so de A. Protopazzi, considerados por Corman como

    os mais genunos.

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    CLASSIFICAO DOS DILATADOS

    Podemos classificar os dilatados em dois tipos:a) Dilatados astnicosos astnicos no so totalmente

    privados de atividade, mas sopreponderantementepouco ativos, cansados, lentos, moles (em gerallinfticos).

    b) Dilatados estnicosNo so, por sua vez, totalmenteativos, maspreponderantemente ativos (em geral,sanguneos).

    Os momentos de passividade so frequentes nos primeiros.

    Os momentos de passividade so mais raros nos segundos.Morfologicamente, segundo as lies de Sigaud e Corman,podemos distinguir os astnicos dos estnicos.

    Anlise do Dilatado.Dilatado Astnico Dilatado Estnico

    Corpo volumoso, pesadamentecarregado de graxa, carnes

    flcidas.

    Corpo volumoso, gordo, mastambm musculoso, um tanto

    nervoso.Movimentos lentos e raros,nonchalance.

    Movimentos prontos efrequentes ao rpida. Gostade movimento, fala muito ecom voz forte.

    Cabea arredondada, pescoocurto.

    Idem.

    Rosto arredondado, cara de lua

    cheia, com duplo queixo.

    Rosto arredondado com covas.

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    Carnes moles, abatendo-se quandoo sujeito emagrece. Relevosmusculares pouco acusados.

    Carnes firmes. Relevosmusculares bem acusados.

    Pele graxenta de poros largos, decontato frio (plido). Pele graxenta, de poros largos,mas de contato quente (rosado).Aparelho piloso poucodesenvolvido; barba rara,sobrancelhas espessas, calvciefrequente.

    Aparelho piloso bemdesenvolvido; barba forte,sobrancelhas largas; calvcie,tambm frequente.

    Queixo mole, destacando-se mal dapapada que o envolve, muitasvezes retrada, recuada.

    Queixo firme, bem destacado.

    Testa vasta, hemisfrica semnenhuma diferenciao.

    Testa vasta, arredondada,levemente inclinada para trs,apresentando zona discreta dediferenciao, covas laterais.

    Vestbulos tonos, boca larga,constantemente entreaberta, lbiosplidos e moles, comissuradescendente.

    Vestbulos tnicos, boca larga,entreabre-se em sorriso, lbiosvermelhos, comissura elevada.

    Nariz pequeno, cncavo, muitocarnudo, asas espessas e sem

    mobilidade.

    Nariz pequeno, cncavo,medianamente carnudo, asas

    finas e vibrteis.Olhos claros (verdes ou azuislavados) globulosos, flor dorosto, muitas vezes mopes. Aexpresso vaga, no fixamnenhum objeto prximo e soperdidos na lonjura. Plpebrassuperiores se abaixam como umacortina.

    Olhos bastante claros (azul fracoou castanho claro) salientes.Expresso franca e risonha; olhospousados sobre o objeto prximo.A fenda palpebral oblqua parao alto e para fora; e a sobrancelhasegue em seu movimento.

    CARTER GERAL DOS DILATADOS ASTNICOS

    O carter dos astnicos revela passividade quanto adaptaoao meio. O ambiente atua sobre eles e marca-lhes o carter.

    Querem gozar as coisas sem fazer esforo. So linfticos naclassificao de Hipcrates. Gostam de comer muito, bebembastante. So pouco afetivos. Gostam de receber e no muito de dar.Precisam que os outros os estimulem, os animem, porque, por si

    mesmos, so em geral vencidos.

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    Se no so de uma afetividade quente, so ao menos ternos. Sobenevolentes, mas como so passivos, so pouco ativos em suabondade.

    A vontade fraca. No gostam de fazer esforo e por isso nomantm domnio de si mesmos. Tem todas as caractersticas dotemperamento linftico.

    So preguiosos at para pensar. A imaginao viva, cheia devises, mas tem pouca capacidade de refletir.

    No so muito comuns os tipos de dilatados astnicos.

    CARTER GERAL DOS DILATADOS ESTNICOS

    So caracteristicamente ativos em sua adaptao ao meioambiente. So totalmente vertidos para o mundo exterior

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    (extrovertidos). So de grande atividade e de uma sensibilidade viva.No so originais, mas onde estejam so sempre ativos. So de

    uma afetividade ativa, expansiva. Cheios de ardor. E a imaginao

    os impulsiona sempre ao.Entusiasmam-se facilmente. O humor jovial (so sanguneos,

    na classificao de Hipcrates).So alegres, mas levados facilmente clera.No se lhes pode pedir que guardem um segredo, porque este

    deixar logo de ser segredo. Podem prometer, mas logo esquecero.Ao inverso dos astnicos, so cheios de vontade e sobretudo

    vontade de ao.

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    No so capazes de reflexo muito prolongada. A inteligncia intuitiva, pronta. No tem imaginao inventiva. Tem bastanteiniciativa, so prticos, pragmticos. Do em geral bons

    comerciantes, industriais, vendedores, etc.Entre os dilatados e os estnicos, temos os dilatados mdios.Os caracteres so equilibrados. Entre os dilatados, os tipos

    mdios so os predominantes, sendo raros os tipos extremos deastnicos e estnicos.

    OS RETRADOS

    Os retrados, cujos aspectos gerais j conhecemos, so formadospor aqueles que tiveram perodos difceis na vida. Revelam, desdelogo, uma adaptao penosa.

    So obrigados a manter o mximo cuidado na alimentao, aescolher os alimentos. Esto sujeitos a perturbaes digestivas.Revelam momentos de fadiga, de insnia frequente.

    So geralmente doentes, mas em grau menor, de doenas muitograves.

    Necessitam muito de defesa. Caracterizam-se por apresentar

    uma individualidade mais pronunciada que os dilatados.

    ASPECTOS GERAIS

    Morfologicamente: rosto longo, ou curto em casos extremos,preponderncia das foras de conservao sobre as de expanso.Estreitamento do rosto, de estrutura ossosa, de ctis plida ou oliva. Os vestbulos sensoriais so pouco abertos no meio; lbios finos;narinas semifechadas, olhos encovados em rbitas profundas,parecendo pequenos. Achatamento lateral do rosto; boca estreita,nariz e forma de lmina; olhos muito prximos um do outro.

    Tem defeitos e virtudes como os dilatados (tipos favorveis edesfavorveis) Dotados de viva sensibilidade Eletivos poressncia, por isso percebem numerosas diferenas. So

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    autoditadas, querem dominar a si mesmos. Dois rostos, umexpansivo e sorridente para os familiares, e outro srio, distante,secreto para os desconhecidos. Gostam das especulaes

    intelectuais, mas sujeitos ao abstracionismo, ao sistematismo. Poucootimistas, srios sempre, severos, at tristes. Em geral pessimistas.Veem tudo pelo pior. Malevolentes muitas vezes, falta-lhesespontaneidade nas aes. No se deixam conduzir pelas emoesdo momento. Detm-se entre a ao e a reao; freiam os instintos.Refletem antes de agir. Deles o pensamento liberta-te da ao.Tem muitas manias, so inquietos, sujeitos a ressentimentos.

    Podemos distinguir os retrados emRetrados ricos Retrados pobres

    Atitude de combate ante o meio. Atitude passiva de defesa.Otimismo de ao; querem criarum mundo sua medida.

    Pessimismo: renunciam a todaluta.

    Vivem sempre no futuro. Vivem sempre no passado.Revolucionrios. Desejo de mudar, sem fora para

    realizar o desejo.Independncia de carter e deopinio. Contudo so capazes deaceitar uma disciplina.

    Independncia, indisciplina.

    Voluntrios. Cheios de veleidades.Carter muitas vezes refletido,sempre decidido.

    Carter indeciso; ruminaomental, perplexidade.

    Orgulhosos DissimuladosDuros consigo mesmos e para comos outros.

    Duros mais para os outros do quepara si mesmos.

    Vida interior: retirada de fortes. Vida interior: refgio de fracos.Apegam-se pouco, masfortemente.

    No sabem apegar-se.

    Espritos crticos. Espritos criticadores.Espritos metdicos. Espritos sistemticos.Abstratos. Abstratores de quintessncia.

    Das contradies entre os tipos dilatados e os retrados, temosos exemplos de Don Quixote e Sancho Pana, e, no cinema, O Gordo

    e o Magro.

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    Os retrados podem ser classificados em:1) retrados laterais;2) retrados de fronte;3) retrados de base;4) retrados bossuados.Esses tipos estudaremos a seguir.

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    OS RETRADOS

    Trs so os principais tipos de retrados que vamos estudar:1) Retrado lateral que se caracteriza pela ao;

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    2) Retrado de fronte, pelo pensamento reflexivo e agente;3) Retrado de base, pelo pensamento especulativo.1) Retrado lateral: um homem de ao.O retrado lateral aparenta-se ao dilatado por certa largura no

    contorno, certa espessura de carnes e pela abertura dos vestbulossensoriais.

    Muito prximo ao dilatado estnico, sua mmica expressiva ede grande vivacidade.

    A atividade fsica sempre abundante, e o interesse pelosestudos sempre subordinado.

    No adolescente, desenha-se a combatividade, o gosto pelosesportes e pelas aventuras, que caracterizaro muito bem amaturidade.

    O dilatado adquire a personalidade moral desde cedo, mas oretrado lateral s a adquire bem mais tarde.

    preciso evitar a confuso com o retrado extremo.As crianas retradas laterais necessitam de muito ar, muito

    espao livre, muitas horas de folga, muita liberdade de ao.Instintivamente. So exteriorizados, mas ativos. Gostam da

    mudana, desprezam o repouso, e o instinto de nutrio poucodesenvolvido.

    s vezes tem grande apetite, e vo aos excessos. Habitualmentese satisfazem com refeies frugais.

    forte neles a sensualidade. pouco desenvolvido neles o instinto de propriedade. Falta-

    lhes o senso comercial dos dilatados. So, no entanto, dinmicos eaudaciosos.

    Fisicamente: So bem desenvolvidos, vigorosos, fortes,diferentes dos retrados de base. No temem as imtempries.Tem excelente circulao e afluxo de sangue. Gostam dos

    animais, sobretudo dos cavalos.Gostariam de ser marinheiros, viajantes, e do bons

    missionrios, soldados, exploradores.Afetivamente: A sensibilidade mais viva que a do dilatado, mas

    influda ainda no exterior.

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    Manifestam amplamente a sua simpatia e a sai antipatia. Sofrancos, mas leais, o corao na mo. No gostam da vidasolitria. Tem necessidade de presena humana, de camaradas com

    quem possam confiar seus pensamentos. Precisam confessar, equando o fazem, sentem-se aliviados.

    So colricos, gritam, mas se acalmam logo. Gostam de reunir-se aos amigos para excurses, caa, esporte.

    A alegria barulhenta e comunicativa. So generosos, bravos,apaixonados, entusiastas. O quadro familiar sempre estreito paraeles.

    Tem tendncias progressistas.

    Intelectualmente: So intuitivos. Os sentidos esto abertos aosfatos exteriores. So impulsivos, respondem sem meditar, incapazesde se concentrarem. Quando lhes submetido um problema, oucompreendem desde logo ou no compreendem mais.

    Tendem para o concreto. Pouca a sua vida interior. Suas ideiasso empestadas aos que admiram.

    A inteligncia serve ao. So pessoas de movimento, e asideias vem quando caminham.

    Profissionalmente: No gostam de estar sentados. Adquirem

    facilmente profisses manuais. So bons chefes.No comrcio so maus pracistas, mas bons viajantes, e quanto

    mais longe melhor.Necessitam da aventura para estimular-se. Do bons atores.

    Mas abandonam o que comeam.

    2) OS RETRADOS DE FRONTE: A AO REFLETIDA

    Os dilatados tem os vestbulos abertos, mas nos retrados defronte eles se fecham. Os olhos afundam-se nas rbitas, os vestbulosse abrigam, e a boca se fecha.

    Os retrados de fronte tem duas atitudes diferentes ante oambiente: em face de um meio favorvel expanso, comportam-secomo dilatados, e abrem-se amplamente a todas as influncias; nummeio nocivo, retraem-se, fecham-se.

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    Os vestbulos nos revelam sua dupla maneira de agir.A boca larga e bem carnuda (expanso), o tonos dos lbios

    revela uma ocluso perfeita (retraimento).O pensamento uma atividade de luxo, para muitos.No o para o retrado de fronte, que no separa nunca o sinal

    do objeto, no rompe o seu contato com a natureza.

    O pensamento no se separa da ao. uma ser de aorefletida, mas com certo equilbrio.

    Temos os seguintes tipos. O prtico, que se parece com odilatado, devido ao seu praticismo.

    Na vida social, assemelha-se ao dilatado-extrovertido.Familiarmente, bom chefe de famlia. Em geral tem muitos filhos, bondoso.

    Na vida pessoal, fecha-se um pouco, introverte-se, defende-se

    contra certas impresses. objetivo e de grande capacidade de sntese.Profissionalmente, bom patro, tem qualidades de sociabilidade.Torna-se industrial, e prospera nos negcios. Sabe organizar. aptopara carreiras liberais, prtico, ligado realidade concreta. Comosbio inovador, excelente professor. Falta-lhe mais imaginaopara realizar invenes novas, iniciativas ousadas.

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    O homem equilibrado: Na infncia s consegue o equilbrio nummeio de eleio. necessrio um equilbrio entre as foras internas(individualidade) e as do meio (adaptao).

    Tem a fronte em p, regularmente sinuosa. O olhar quente,luminoso, ardente e contido. O nariz reto quase, asas delicadas,sem fragilidade. Boca pouco saliente, lbios fechados, bemdesenhados. Temos um exemplo desse tipo no desenho 3 do tipoSaturno, que se acha na pgina 52.

    Queixo reto e levemente saliente. o ideal antigo. Guarda a

    justa medida. Senhor de si. Os impulsos afetivos so moderados pelarazo. Tem senso prtico e est ligado s

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    ideias gerais. possuidor de vasta cultura, ou tem possibilidade deobt-la.

    Na vida social, nunca povo. S se expande em meios de seleo.

    Suas apreciaes so moderadas. Sabe conciliar os opostos, eapaziguar discrdias.

    pacfico e avesso violncia. No mente. Sabe calar. Defendeencarniadamente a sua independncia. No tem a pretenso de quepode dispensar-se dos semelhantes. Toma posio pelas causasjustas. Aceita a disciplina, quando no imposta pela fora. Bomchefe, sem despotismo; firme, sem rigidez.

    Com os amigos familiar, ntimo. Introverte-se com os outros.

    Parece frio por isso. Na famlia, sabe controlar os instintos. Nada defrivolidades. Gosta dos dignos. Ama com profundidade. Aceita osdireitos do corao, mas tambm os da razo.

    Medita para casar e cumpre a sua palavra. No usa da violncia.No avaro, mas sabe gastar com cuidado. Gosta do equilbrio emtudo. Cuida da educao dos filhos, respeita-lhe a personalidade.Mas sabe, tambm, que uma liberdade sem freios gera escravos.Concilia a liberdade com a necessidade.

    Sua vida social diferente da interior.

    profissionalmente apto, capaz de assumir postos deenvergadura. Tem iniciativas felizes. Na arte, alia a sensibilidade aomtier. Em cincia, sabe fazer snteses e tende para a cinciaexperimental. Na filosofia, repele a rigidez sistemtica. Sempreaberto s novas ideias.

    3) O doutrinrio: Fechado, saturnino, ciumento.No aceita conselhos, quando jovem. Consegue boas notas em

    certos estudos e em outros no. Tipo do solitrio na vida familiar.

    Falta-lhe corao. No sofre a dor dos outros. Pode viver emisolamento. glacial e mantm todos distncia. Fala pouco, por isso

    chamam-no de taciturno. Usa s monosslabos.

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    A dissimulao muito forte. Em geral, ressentido. Dominaas paixes e no colrico.

    premeditado quando se vinga. Tem tendncias nihilistas.

    Quando puritano, fantico. Temos um exemplo no desenho 2 doTipo Saturno, pg. 52.

    suspeitoso e ciumento. Se se separar de um amigo, no oprocurar mais. Quer transformar os amigos em adeptos. Na famlia, pouco carinhoso.

    Costuma dizer que as afeies mais slidas no so as que setraduzem por manifestaes exteriores.

    Quando casa, no incio conhece um momento de abandodo e de

    expanso, mas depois... desptico.Tirano em casa, rigorista, econmico, avarento at.Os filhos temem a sua tirania. severo e pune com excesso. Abre abismo entre si e os seus.

    Mata a individualidade e a personalidade nascente nos filhos. E teimoso.

    No trabalho, um carrasco. O que decide, faz. No aceita apalavra impossvel.

    refletivo. S aqui paciente. Pode levar os estudos em

    profundidade. Tem dificuldades para guardar nomes prprios enmeros. Homem de frmulas. Bom para trabalhos solitrios: comomecnico, ajustador, tcnico. No tem aptido para profissescomerciais.

    Reflete antes de agir. Como magistrado o homem da Dura lex,sed lex. No laboratrio, pode estudar os segredos das doenas. Comoprtico, muito medocre.

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    OS RETRADOS DE BASE

    Como j vimos, o pensamento especulativo o que caracterizao retrado de base.

    Neste predomina o instinto de conservao, que muito forte.A adaptao ao meio se torna mais difcil. mais um espectador queum ator no mundo.

    Refugia-se na vida interior e seus pensamentos marcam umacerta independncia. um introvertido refletivo.

    J na infncia vemos os traos do retrado de base. Seucrescimento difcil, seu sono irregular. So crianas sofredoras,pequenas, miudinhas.

    E ficaro midos atravs do tempo. uma criana que poucosorri. Sua expresso sria, e d a impresso de ter mais idade doque realmente tem.

    uma criana que pergunta semprepor que?

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    Na fase escolar, estudiosa. Gosta de estar cercada de livros.Est constantemente doente. Na puberdade, o perodo bem

    difcil. Nem sempre pode levantar-se pela manh. Precisa descansar

    durante o dia. Por isso, nesse perodo, o progresso escolar bemmedocre. Atinge a maturidade bem cedo. Quando adulto, o talhe pequeno, a ossatura bem visvel.

    Ope-se ao dilatado em todos os traos. Enquanto este tem tudoem expanso, o retrado de base s tem a parte superior (o plano daintelectualidade).

    Magro, testa ampla, as mas pouco salientes, nariz em lminamaxilar estreito e em geral em retraimento (rosto dos caipiras, em

    geral).Tambm esto em retraimento os vestbulos sensoriais.Vive em ambientes artificialmente construdos.So misantropos (averso aos outros); no gostam de

    frequentar reunies; calados, desconfiados. No gostam de ir abanquetes.

    Quando so olhados, fogem com o olhar. No fitam os outrosnos olhos.

    Quando convidados a uma festa, tem sempre uma razo para

    no ir e uma desculpa para justificar a falta.Se os pais so religiosos, tornam-se carolas. Se os pais tem

    maneiras corteses, tornam-se maneirosos, cheios de preciosismo.No formam boas amizades, quase no tem amigos.Se deixados parte, logo retornam para dentro de si.No tem arrebatamentos passionais; acham que a paixo

    loucura.Buscam no casamento um pouco de proteo. No veem as

    coisas belas, porque procuram o Belo abstratamente. Amam sempretudo quanto abstrato.Tem muita tendncia para certas funes intelectuais, como

    gramticos, revisores, rebuscadores de fatos, guarda-livros,contadores, etc. Perdem-se nas palavras e nas ideias.

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    So pouco ativos. Leem muito. No gostam de aventuras, mas leemromances de aventuras.

    Tem medo do amor, mas leem romances e histrias de amor.

    Preferem os livros natureza. Preferem herbrios, animaisempalhados, etc. Tem grande memria e aprendem com facilidade oque leem. Tornam-se facilmente eruditos. So comumente crebrosenciclopdicos.

    Se entre eles surgem muitos homens medocres, tambmsurgem muitos homens de valor.

    Tem, assim, seu lado positivo e seu lado negativo.

    RETRADOS ESTNICOS E ASTNICOS

    So estnicos os retrados ativos, que os h em nmero bemgrande.

    Os astnicos, de pouca atividade, tambm so comuns,sobretudo entre ns, onde grande parte de nossa populao docentro do pas oferece um grande contingente de retrados de base.Em parte, esse retraimento tem sua origem na sub-alimentao de 35milhes de brasileiros, quase famintos, que esto espera de um

    milagre nacional de recuperao.

    Astnicos Estnicos

    Corpo longo e estreito, msculosflcidos, articulaes relaxadas,nonchalance, gestos moles.

    Corpo longo e estreito, msculosnervosos, articulaes rgidas,atitude enrgica -gestos firmes.

    Rosto longo, achatadolateralmente. Modelado, feito decurvas moles, desenhando umoval.

    Rosto longo, achatadolateralmente modelado, feito delinhas angulosas, desenhando umretngulo.

    Fronte elevada, em forma deogiva, uniformementearredondadas; tmporasachatadas.

    Fronte elevada, em forma deretngulo acidentado e oco e debossas tmporas encovadas,tmporas de contorno saliente.

    Nariz longo, de desenho mole,continuando com a fronte por umacurva regular.

    Nariz longo, de desenho firme,separado da fronte por umacavidade em sua raiz.

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    Maxilar alto; com a borda inferiordesenhada em forma de curva,contnua, da orelha ao queixo, com

    o ngulo mandibular meio curvo.

    Maxilar alto, ngulo bemdelineado, marcado.

    Queixo mole, em recuo muitasvezes.

    Queixo anguloso, reto ou saliente.

    Vestbulos estreitos e tonos. Aboca estreita, mas entreaberta;lbios moles e a comissura labialabaixa-se de cada lado.

    Vestbulos estreitos e tnicos. Aboca estreita, bem fechada, e oslbios finos, fortementepressionados um contra o outro acomissura reta.

    O nariz estreito; suas asas soflcidas, sem vida.

    O nariz estreito, em lmina, asasfinas, animadas de muita vida.

    Os olhos so prximos, em rbitas,plpebras cadas, olharembaciado, expresso sonhadora.Sobrancelhas esparsas, desenham distncia do olho uma curvaarredondada.

    Olhos prximos encovados, olhoscheios de acuidade. Sobrancelhasespessas, desenhadas, ao lado doolho uma reta.

    Astnicos Psicologicamente, so fracos, so retrados fracos,infecundos. So instintivamente fracos tambm.

    Ignoram as paixes do amor, e tendem para perverses sexuais.Tem pouca combatividade; so acovardados. Emotivamente

    fracos, incapazes de lutar, temerosos de responsabilidade, invejososdos sucessos alheios.

    Quando mstica que muitos lhe atribuem, deve considerar-seque a verdadeira mstica aquela que nos pe em contato com ospoderes sobrenaturais e no as manifestaes nervosas de ummisticismo mrbido, cheio de dores.

    Os astnicos s podem conhecer desta ltima espcie j viciosada mstica.Intelectualmente, tem dificuldade de penetrar na realidade e

    refugiam-se no sonho. pouca a atividade intelectual. A memria sem preciso.

    Refletem mal e tem dificuldade de um raciocnio lgico. No temforte bom senso nem senso prtico.

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    Profissionalmente, s aptos para certos trabalhos manuais enervam-se facilmente, cansam-se logo. Malogram onde hnecessidade de qualquer espcie de iniciativa. A sensibilidade e a

    plasticidade conferem-lhe alguma disposio artstica. Podem darbons atores.

    EstnicosJ os estudamos morfologicamente. So srios, riempouco, so calados, de corao seco, so autodidatas, ativos,dinmicos, e realizam muitas vezes seu meio de eleio. So fieis emsuas afeies e so sbrios. No tem aptides comerciais. A vidaafetiva solitria; julgam injustamente porque julgam por si, temtendncia para a crtica. So pouco adaptveis vida social. Tendem

    a sair cedo de casa e a viver solitrios. No mudam seus hbitosquando casam. So em geral dirigidos pelo meio, exagerados namoral, puritanos, sectrios, intolerantes, tanto no bem como no mal.Refugiando-se em mundos artificiais, criados por eles mesmos,mundo de abstraes. So espritos sistemticos.

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    OS RETRADOS DE BOSSA (OS BOSSUADOS)

    O que caracteriza este tipo a dilatao das bossas com o

    retraimento das concavidades (covas).Ele revela assim esta contradio: retraimento dilatao.Essas bossas so verificveis entre as diversas zonas do rosto,

    as quais permitem construir uma subclassificao.Psicologicamente, para a morfo-psicologia de Corman, revela

    essa contradio a contradio psicolgica, uma personalidade feitade oposies. Expanso-retrao indica uma pessoa que tende aexpandir-se, mas que se retrai, ou que conhece ciclos de expanso ede retraimento, no tocante vida exterior.

    Na vida interior, temos uma contradio entre a adaptao aomeio e uma fuga ao real.

    So pessoas que se balanam entre atos de egosmo e dealtrusmo. Revelam reaes inesperadas, pois quando julgamos que

    procedero deste modo, procedem de modo totalmente

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    Contrrio. So cicloides em sua atividade. So dotados de umaafetividade apaixonada, de grande sensibilidade. Ou so amigos ouno. No h nelas lugar para meio termo.

    A vida desses tipos humanos cheia de reviravoltas. Conhecemperodos que de desmesuram. Ao lado de perodos de ascetismo eausteridade.

    Podem ser classificados, segundo os seguintes aspectos:1) Quando as bossas so muito salientes, o retraimento

    dinamizante, e revelam capacidade de ao, eficincia,realizaes exteriores.

    2) Quando os vestbulos so abertos (olhos, narinas, boca) sodinmicos.3) Quando os vestbulos so fechados, abrigados, o dinamismotoma uma direo interi