curso de graduação em enfermagem da faculdade de …disciplinas.famerp.br/tcc/documents/defesas...

32
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP Bruna Oliveira Sanches EDUCAÇÃO CONTINUADA: OCORRÊNCIA DOS TREINAMENTOS EM UM HOSPITAL GERAL E ESPECIALIZADO São José do Rio Preto SP 2016

Upload: dangxuyen

Post on 25-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto

Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade

de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP

Bruna Oliveira Sanches

EDUCAÇÃO CONTINUADA: OCORRÊNCIA DOS

TREINAMENTOS EM UM HOSPITAL GERAL E ESPECIALIZADO

São José do Rio Preto – SP

2016

Bruna Oliveira Sanches

EDUCAÇÃO CONTINUADA: OCORRÊNCIA DOS TREINAMENTOS EM UM

HOSPITAL GERAL E ESPECIALIZADO

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado à

Faculdade de Medicina de

São José do Rio Preto para

obtenção do grau de

Enfermeira.

Orientadora: Profª Ms. Daise Laís Machado Ferreira

Co-orientadora: Prof.ª Drª Marli de Carvalho Jericó

São José do Rio Preto – SP

2016

Ficha Catalográfica

Sanches, Bruna Oliveira

Educação Continuada: Ocorrência dos treinamentos em um

hospital geral e especializado/ Bruna Oliveira Sanches

São José do Rio Preto, 2016

19p.

Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do Rio

Preto – FAMERP

Orientadora: Profa. Ms. Daise Lais Machado Ferreira

1. Educação continuada; 2.capacitação em serviço; 3.educação

em enfermagem.

Bruna Oliveira Sanches

FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

AUTARQUIA ESTADUAL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM ESPECIALIZADA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

DATA: 06/12/2016

Orientadora: Profª. Ms Daise Lais Machado Ferreira

Co-orientadora: Profª. Dra. Marli de Carvalho Jericó

1º Examinador: Enfa. Katia Luciana Franca Pereira Candido

2º Examinador: Enfa. Juliana Dane Brachine

Suplente: Enfa. Kamila da Silva Rola Fachola

Sumário

Dedicatória ........................................................................................................... i

Agradecimentos .................................................................................................. ii

Epígrafe ............................................................................................................. iii

Lista de figuras ................................................................................................... iv

Lista de Tabelas .................................................................................................. v

Lista de abreviaturas .......................................................................................... vi

Resumo ............................................................................................................. vii

Abstract ............................................................................................................ viii

1. Introdução ..................................................................................................... 1

2. Objetivo ......................................................................................................... 4

3. Método .......................................................................................................... 5

4. Resultados .................................................................................................... 7

5. Discussão ................................................................................................... 11

6. Conclusão ................................................................................................... 15

Referências ..................................................................................................... 16

Anexo .............................................................................................................. 19

i

DEDICATÓRIA

À todos que contribuíram para a

minha formação e para a

elaboração deste trabalho.

ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por permitir que essa experiência maravilhosa

que é a faculdade fizesse parte da minha vida e permitir também a

construção deste trabalho;

Aos meus pais por cuidarem sempre de mim da melhor forma possível,

visando meu crescimento e amadurecimento, e não me deixando

desistir, sem eles nada faria sentido;

Às minhas amigas Juliana, Monays e Thaís que sempre me apoiaram

nessa jornada e aquelas que mesmo de longe por nunca se afastarem

da minha vida;

Ao meu namorado José Paulo por todo amor, carinho, paciência e

atenção;

Às minhas orientadoras Daise Lais Machado Ferreira e Marli de

Carvalho Jericó pelos ensinamentos que vou levar pra toda vida;

À todos os meus professores da graduação que me passaram

conhecimento;

À Bruna Cury por me auxiliar na escolha do tema, na coleta de dados e

construção deste trabalho;

À Katia Pereira por disponibilizar seu tempo, me ajudar com a coleta de

dados e conselhos.

iii

EPÍGRAFE

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”

Arthur Schopenhauer

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fórmula para cálculo do índice de treinamento segundo CQH/2012. . 6

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Capacitações realizadas para equipe de enfermagem no hospital

geral(2013) e no especializado(2015) segundo os meses do ano. São José do

Rio Preto, 2016 .................................................................................................. 8

Tabela 2. Participação das equipes de enfermagem da pediatria e

ginecologia/obstetrícia nas capacitações realizadas no hospital geral (2013) e

no especializado (2015). São José do Rio Preto, 2016 .................................. 10

vi

LISTA DE ABREVIATURAS

CEP - Centro de Educação Permanente

CIEPS - Centro Integrado de Educação Permanente em Saúde

CQH - Compromisso com a Qualidade Hospitalar

EC - Educação Continuada

GO - Ginecologia e Obstetrícia

NAGEH - Núcleo de Apoio à Gestão Hospitalar

OMS - Organização Mundial da Saúde

PED – Pediatria

PCR - Parada Cardio-Respiratória

vii

RESUMO

Introdução: A educação continuada vem se mostrando cada vez mais

presente e necessária no cotidiano das instituições de saúde, motivada pelo

desenvolvimento tecnológico e científico. A ausência dessa prática pode

comprometer a qualidade da assistência ao paciente. Objetivo: Investigar a

ocorrência dos treinamentos aplicados às equipes de enfermagem no serviço

de pediatria, ginecologia e obstetrícia em uma instituição hospitalar geral e

especializada. Método: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório e de

abordagem quantitativa foi realizado em um hospital geral e o outro

especializado na saúde da criança e da mulher. Para caracterizar a ocorrência

dos treinamentos foram utilizados registros do Centro Integrado de Educação

Permanente em Saúde (CIEPS) dos anos de 2013 e 2015. A análise dos dados

foi realizada segundo a estatística descritiva básica e o teste de qui quadrado.

Resultados: No hospital geral foram realizadas 30 capacitações, com índice

de treinamento/horas/técnicos e auxiliares de 0,6h e para enfermeiros - 0,4h.

No hospital especializado foram 46 capacitações e o índice de

treinamento/horas/técnicos e auxiliares 2,0h e enfermeiros de 1,0h. Entre os

anos de 2013 e 2015 houve aumento de 53,3% das capacitações realizadas.

Conclusão: Os resultados contribuíram para identificar e verificar que houve

aumento no índice de treinamento para equipe de enfermagem no período

investigado, contudo ainda distante de outros serviços de referência, havendo

ainda espaço para melhorias.

Descritores: educação continuada, capacitação em serviço, educação em

enfermagem.

viii

ABSTRACT

Introduction: Continuing education is becoming more and more present and

necessary in the daily life of health institutions, motivated by technical and

scientific updates. The absence of this practice may compromise the quality of

patient care. Objective: Investigating the occurrence, participation and themes

of the training applied to the nursing teams in the pediatrics, gynecology and

obstetrics service in a general and specialized hospital institution. Method: This

is a descriptive-exploratory study and a quantitative approach that was

performed in a general hospital and specialized in the health of children and

women. To characterize the occurrence of the trainings, the records of the

Integrated Center of Permanent Education in Health (CIEPS) in the years of

2013 and 2015 were used. To the data analysis, a database was constructed in

Excel, analyzed according to the basic descriptive statistics and the test of chi

square. Results: In the general hospital, 30 training sessions were carried out,

with training index / hours / technicians and auxiliaries of 0.6h and for nurses -

0.4h. At the specialized hospital there were 46 training and training index /

hours / technicians and auxiliary 2.0h and for nurses 1.0h. Between the years of

2013 and 2015 there was a 53.3% increase in training. Conclusion: The

results found to identify and verify that there was an increase in the training

index for the nursing staff in the period investigated, yet far from other reference

services, with room for improvement.

Keywords: continuing education, in-service training, nursing education.

1

1. INTRODUÇÃO

A educação é a construção do conhecimento de forma individualizada,

que busca autonomia intelectual, valorização das vivências e criatividade,

descobrindo novas maneiras de se trabalhar, trazendo responsabilidade social,

além de contribuir para formação do ser crítico e reflexivo1.

A educação em saúde pode ser classificada em três formas de ensino:

educação em serviço, educação permanente e educação continuada. A

educação em serviço é entendida como ações educacionais no ambiente de

trabalho, sempre relacionado com os interesses da instituição2. Ela pode trazer

ao colaborador um incentivo à reciprocidade e também a obtenção de

conhecimento, suprindo carências3. A educação permanente é realizada no

dia-a-dia dentro da instituição, construída a partir das dificuldades encontradas

ao longo da jornada diária de trabalho, valorizando, também o conhecimento e

experiências que o colaborador da equipe de enfermagem já possui2.

Dessa forma, o ápice é a reflexão crítica sobre a prática, assim, é vista

como uma das principais ferramentas da transformação e aperfeiçoamento do

atendimento em saúde1. O conceito de educação continuada (EC) é baseado

na atualização de processos tecnológicos e científicos que tem como objetivo

melhorar o desenvolvimento do profissional, gerando reflexão sobre suas

práticas, elevando a auto-estima e também o desempenho na prática da

assistência. Esta tem sido vista de um modo mais amplo, passando a valorizar

o ser humano, buscando metodologias diferenciadas4. Para a Organização

Mundial da Saúde (OMS), é todo conhecimento que o indivíduo pode adquirir

após a sua formação inicial, permitindo ao colaborador, melhorar suas

habilidades e adquirir experiências, levando ao desenvolvimento de suas

2

potencialidades5. A EC busca também ser uma ação reflexiva, fazendo com

que o colaborador possa pensar antes do agir. Partindo deste princípio

entende-se que a educação em saúde pode influenciar na melhora da prática

da qualidade assistencial, baseando-se nas necessidades individuais e

grupais6.

A Portaria nº 198/GM/MS, aprovada em 13 de fevereiro de 2004, que

instituiu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, propõe que a

educação dos trabalhadores da saúde seja realizada a partir dos problemas de

saúde da população. A educação dos profissionais é uma estratégia que tem

sido usada para solucionar os problemas que aparecem no desenvolvimento

dos serviços e práticas de saúde, essa educação vem por meio de

capacitações, definida como práticas intencionadas e planejadas que tem como

objetivo atualizar os conhecimentos e habilidades dos colaboradores7. Também

tem sido utilizada como um indicador de qualidade da assistência, como

instrumento de avaliação8. O enfermeiro além de cuidar, gerenciar, pesquisar e

atuar politicamente, também tem como função ser multiplicador de

conhecimento para seus clientes, sua equipe e para a comunidade.

Atualmente, observa-se com frequência nas organizações de saúde o

enfermeiro como responsável pelo serviço de EC9. A enfermagem é uma área

da saúde onde os profissionais lidam com elevada carga de trabalho, longas

jornadas, estresse, cansaço físico e mental, onde as capacitações têm sido de

grande importância no cotidiano, trazendo ao colaborador desenvolvimento

profissional e auto-realização. Desenvolver essa prática nos dias de hoje

3

requer tempo, conhecimento, metodologia adequada, recursos financeiros

(físicos, materiais e humanos) 10.

A falta das práticas que envolvem educação dentro da enfermagem

compromete a qualidade da assistência e satisfação dos colaboradores, que

devem também ser incentivados a ter atitude proativa na busca do

conhecimento fora do ambiente de trabalho6. Investigação sugere que os

colaboradores sejam consultados sobre o que desejam aprender e sobre a

forma com que será passado o aprendizado 8.

No hospital especializado em estudo, a estratégia utilizada para realizar

as capacitações é baseada nas necessidades individuais de cada unidade de

internação, de preferência realizados in loco pela enfermeira responsável do

serviço de educação ou pelos enfermeiros supervisores. Contudo, para atingir

todos os profissionais da equipe de enfermagem e proporcionar conhecimento

de forma efetiva, muitos são os desafios para realizar as ações educativas e a

adesão dos colaboradores. Diante desse contexto esse estudo visa responder

a seguinte questão de pesquisa: Quais foram os treinamentos realizados pelos

serviços de educação permanente do hospital geral e do especializado para a

equipe de enfermagem nos serviços de pediatria e ginecologia/obstetrícia?

4

2. OBJETIVO

Investigar a ocorrência dos treinamentos aplicados às equipes de

enfermagem no serviço de pediatria, ginecologia e obstetrícia em uma

instituição hospitalar geral e outra especializada.

5

3. MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório com abordagem

quantitativa, realizado nos serviços de pediatria, obstetrícia e ginecologia(G.O.)

de um hospital geral e outro especializado na saúde da criança e da mulher,

referente aos treinamentos realizados no período de 2013 e 2015.

Em 2013 esses serviços estavam alocados em um hospital geral, de

abrangência quaternária, capacidade extra (708 leitos). Posteriormente, houve

a mudança desses serviços com a inauguração do hospital especializado na

saúde da criança e da mulher, de grande porte (174 leitos), nível terciário, onde

os dados de 2015 foram coletados. Destaca-se que, ambos, são hospitais

localizados no sudeste do Brasil, de ensino, prestam atendimento

principalmente ao Sistema Único de Saúde (SUS), também a convênios e

seguradoras de planos de saúde e a particulares.

Os dados foram disponibilizados pelo Centro Integrado de Educação

Permanente em Saúde (CIEPS) e departamento de pessoal do hospital geral

(2013) e Centro de Educação Permanente (CEP) do hospital especializado. O

estudo somente foi conduzido após aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa (parecer n° 1.688.374).

Para o cálculo do indicador de treinamento de pessoal de enfermagem

foi utilizada a fórmula proposta pelo Núcleo de Apoio à Gestão

Hospitalar(NAGEH) ligado ao Compromisso com a Qualidade Hospitalar

(CQH) (22).

6

Figura 1. Fórmula para cálculo do índice de treinamento segundo

CQH/2012.

Para análise dos dados quantitativos foi construído um banco de dados

em uma planilha do programa Microsoft Excel e analisados segundo estatística

descritiva básica. Para o teste de qui quadrado foi utilizado o Software Prisma

6.01 e considerado p significante 0,05. Após análise, os resultados foram

apresentados em tabelas.

7

4. RESULTADOS

Nos hospitais em estudo, foram realizadas 76 capacitações destinadas

às equipes de enfermagem de pediatria e G.O. durante os dois anos

investigados – 2013 e 2015 com aumento de 53,3% de capacitações, onde a

carga horária variou de 0,5 a 5 h/treinamento (tabela 1).

No hospital geral as equipes de enfermagem estudadas eram compostas

de 250 auxiliares e técnicos de enfermagem e 70 enfermeiros. No hospital

especializado havia nas equipes de enfermagem, 268 auxiliares e técnicos e 93

enfermeiros, ambos com carga horária semanal de trabalho de 36 horas.

Aplicando-se a fórmula para todas as capacitações realizadas

destinadas as equipes de enfermagem de pediatria e G.O. dos dois hospitais

em estudo, encontrou-se 0,4 h para profissionais enfermeiros e 0,6 h para

profissionais de enfermagem de nível técnico do hospital geral e no

especializado o índice foi de 2,0 h para profissionais enfermeiros e 1,0 h para

os de nível técnico.

8

Tabela 1. Capacitações realizadas para equipe de enfermagem no hospital

geral(2013) e no especializado(2015) segundo os meses do ano. São José do

Rio Preto, 2016

MÊS H. Geral H.Especializado

N CH N CH

Janeiro 0 0,0 2 1,0

Fevereiro 1 1,0 8 7,0

Março 2 2,0 5 3,0

Abril 3 3,0 2 1,5

Maio 1 1,0 1 5,0

Junho 4 4,0 3 2,5

Julho 2 2,0 4 3,5

Agosto 5 5,0 6 8,0

Setembro 5 5,0 1 1,5

Outubro 3 3,0 6 7,0

Novembro 5 5,0 4 4,0

Dezembro 0 0,0 2 2,5

Média (DP) 2,6(DP-1,9) 2,6(DP-1,9) 3,7(DP-2,2) 3,9(DP2,4)

TOTAL 31 31,0 44 46,5

TC 250 aux./téc. 70 enf.

268 aux./téc. 93 enf.

CH – Carga Horária; DP – Desvio Padrão; TC – Total de Colaboradores

Observa-se que os temas no hospital geral foram destinados ao

paciente adulto e pediátrico (técnicas), aos profissionais (inserção na instituição

e segurança) e ambiente (descarte de resíduos). Enquanto que, no hospital

especializado as capacitações foram voltadas às necessidades individuais do

paciente (coleta de leite humano, aferir a pressão sanguínea da criança,

técnica terapêutica assistida com animais) e profissionais (manuseio

tecnológico que auxilia na parada cardiorrespiratória de recém-nascidos).

Em 2013, no hospital geral, a participação dos técnicos e auxiliares de

enfermagem da equipe de G.O. foi maior em três temas – PCR(parada

cardiorrespiratória) em neonatal e pediatria (76,9%); Posturas no ambiente de

9

trabalho (29,3%) e descarte de resíduos hospitalares (26,7%). Também, foi

possível observar maior presença dos enfermeiros - 76,9% em PCR neonatal e

pediatria, captação de órgãos - 30,8% e em descarte de resíduos hospitalares -

23,1%.

Em 2015, no hospital especializado, a participação de técnicos e

auxiliares da pediatria foi relevante em quatro temas - técnicas de curativo

(14,7%), coleta de leite humano (16,8%), projeto cão afeto (11,6%) e

desfibrilador cardioversor portátil (14,7%) que foi o único a apresentar valor de

p significante 0,0509. Os enfermeiros de ginecologia e obstetrícia estiveram

mais presentes em todos os treinamentos realizados (tabela 2).

10

Tabela 2. Participação das equipes de enfermagem da pediatria e ginecologia/obstetrícia nas capacitações realizadas no

hospital geral (2013) e no especializado (2015). São José do Rio Preto, 2016

Período Tema G.O. PED.

p Enf.(n=13) Aux./Téc.(n=75) Enf.(n=57) Aux./Téc.(n=175)

2013 N(%) N(%) N(%) N(%)

Abril Descarte de resíduos hospitalares 3(23,1) 20(26,7) 6(10,5) 12(6,9) 0,2473

Julho PCR em neonatal e pediatria 10(76,9) 26(34,7) 4(7,0) 39(22,3) 0,9928

Agosto Posturas no ambiente de trabalho 2(15,4) 22(29,3) 2(3,5) 12(6,9) 0,015

Outubro Captação de órgãos 4(30,8) 9(12,0) 6(10,5) 17(9,7) 0,6037

Novembro Programa de integração 2(15,4) 10(13,3) 4(7,0) 24(13,7) 0,5296

2015 Enf. (n=18) Aux./Téc.(n=78) Enf.(n=75) Aux./Téc.(n=190)

Janeiro Aferição da pressão sanguínea em pediatria 8(44,4) 23(29,5) 8(10,7) 40(21,1) 0,6144

Abril Técnicas de curativo 3(16,7) 7(9,0) 6(8,0) 28(14,7) 0,8111

Agosto Coleta de leite humano 7(38,9) 4(5,1) 9(12,0) 32(16,8) 0,9824

Desfibrilador cardioversor portátil 7(38,9) 4(5,1) 9(12,0) 28(14,7) 0,0509

Outubro Projeto cão afeto 2(11,1) 2(2,6) 1(1,3) 22(11,6) 0,0763

11

5. DISCUSSÃO

As ações de educação continuada possibilitam melhorias no processo

de trabalho, na qualificação dos profissionais e na qualidade da assistência ao

paciente. 12

Especificamente nos treinamentos foco desse estudo encontrou-se

aumento significativo de 50% da carga horária de 2013 (31h) para 2015

(46,5h). Enquanto que um estudo quantitativo realizado no mesmo hospital

geral desta pesquisa, apresentou diminuição de 54,4% do total de carga

horária das capacitações realizadas entre os anos de 2012 e 201313, porém,

foram destinadas a toda equipe multiprofissional do hospital totalizando 2.664

profissionais.

Levando em conta que as ações educativas aumentam a qualidade na

assistência ao paciente e condicionam segurança aos colaboradores, é

interessante para o enfermeiro avaliar o quanto esse processo é efetivo. O

indicador tem sido uma importante ferramenta utilizada para mensurar a

qualidade da assistência prestada 14.

Os indicadores são utilizados para avaliar o desempenho dos recursos

humanos e a qualidade do serviço prestado, são quantificáveis e importantes

para saber se o objetivo traçado foi alcançado, auxiliam na identificação de

problemas no processo de trabalho, sendo de grande relevância para verificar

a necessidade de novas capacitações. 14-15.

O NAGEH juntamente com o CQH, sistematizou desde 1990 indicadores

para se mensurar a qualidade da assistência e dos recursos humanos, entre

eles pode-se encontrar o índice de treinamento de enfermagem, que avalia a

12

relação entre o número de horas dos colaboradores ouvintes nas ações

educativas e o número de horas homem trabalhadas, multiplicado por 1.000 11.

Os achados deste estudo mostraram que o índice de treinamentos

realizados para as equipes de pediatria e G.O. de enfermagem do hospital

geral foi de 0,4 h para enfermeiros e 0,6 h para auxiliares e técnicos de

enfermagem, em contrapartida, no hospital especializado obteve-se o índice de

1,0 h para profissionais enfermeiros e 2,0 h para técnicos e auxiliares. Em

2013, investigação em 27 hospitais gerais credenciados no CQH esse

indicador mostrou mediana de 5,54 h/treinamento/enfermagem e em 2015 de

5,17h/treinamento/enfermagem em análise de 36 hospitais16. No Paraná, um

hospital de ensino, em 2014, utilizou o mesmo indicador e encontrou 16,20

h/treinamento/enfermeiro e 3,98h/treinamento/técnicos e auxiliares, porém o

calculo foi realizado baseando-se nos treinamentos realizados para todas as

equipes de enfermagem do hospital14. Assim, neste estudo, observou-se o

aumento do índice de treinamento entre os anos de 2013 e 2015, porém, o

valor encontrado está aquém do desejável em relação a outros estudos

brasileiros.

Apesar do indicador ser importante, o enfermeiro não deve se abster

somente a ele, mas utilizar de outros indicadores de recursos humanos para

melhor avaliar sua equipe17.

Para que o aprendizado tenha eficácia sobre o colaborador, as ações

educativas precisam ser planejadas de acordo com os desafios do dia-a-dia do

profissional, pois além de trazer mais conhecimento para este, proporciona

superação das dificuldades, podendo colaborar com a satisfação no trabalho18 .

13

No hospital especializado o diagnóstico de necessidades das

capacitações é elaborado de acordo com as dificuldades encontradas

diariamente entre os colaboradores, e as intervenções educativas são

realizadas in loco, de forma assertiva, de encontro a atender a essas

necessidades especificas, onde a enfermeira responsável do serviço de

educação permanente se desloca até a unidade a ser trabalhada para evitar

que os colaboradores se ausentem dos seus serviços.

O enfermeiro do CEP também assessora o enfermeiro supervisor na

impossibilidade de sua presença, disponibilizando os recursos necessários e

orientando a supervisora e esta delega ao enfermeiro com perfil adequado para

ministrar a aula ao colaborador de forma individualizada que apresentou

necessidade para determinada temática.

Pesquisa realizada em hospital público do município de São Paulo

aponta que, as ações desenvolvidas na instituição, são pautadas nas

dificuldades percebidas durante o processo de trabalho e também nas

necessidades dos usuários do serviço de saúde19.

Em contrapartida, as capacitações realizadas no hospital geral são

baseadas nas necessidades da instituição como um todo, levando os

colaboradores a se retirarem do local de trabalho, o que por vezes, pode

comprometer a participação da equipe com temas gerais ou não direcionados

as necessidades especificas desses colaboradores. Destaca-se que a

participação da equipe é maior quando o colaborador já tem conhecimento

prévio sobre o assunto a ser ministrado12. Estudo quantitativo mostra que a

participação da equipe de enfermagem foi baixa nos treinamentos realizados

em hospital de ensino e associa a não participação com a sobrecarga de

14

trabalho, pois para participar dos treinamentos, o profissional tem de se

ausentar dos seus serviços13. O que corrobora com outro estudo onde os

colaboradores não tem disponibilidade para sair de seus serviços para

participarem de treinamentos devido a insuficiência de recursos humanos 12.

O conhecimento e o estímulo que o profissional tem sobre determinado

tema pode influenciar de forma positiva ou negativa em sua participação nas

capacitações. É necessário ressaltar os benefícios do treinamento sobre a

qualidade na assistência e para o crescimento profissional. Sem o estímulo por

parte de quem oferece a EC, a participação dos colaboradores será

diretamente afetada, podendo diminuir o número de participantes nas ações

educativas18.

Dentre as capacitações específicas realizadas no hospital especializado,

a do projeto cão afeto foi um dos destaques de um estudo realizado na mesma

cidade desta pesquisa, onde mostrou a relevância da terapia com animais para

a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e profissionais20, o que

corrobora com este trabalho, pois mostra que as capacitações realizadas no

hospital especializado são voltadas para temas de interesse da área com efeito

significativo sobre os pacientes e colaboradores.

15

6. CONCLUSÃO

Os resultados contribuíram para identificar e verificar que houve

aumento no índice de treinamento para equipe de enfermagem no período de

2013 e 2015, contudo ainda distante de outros serviços de referência, havendo

ainda espaço para melhorias.

16

REFERÊNCIAS

1. De Azevedo, IC et al. Educação Continuada em Enfermagem no Âmbito da

Educação Permanente em Saúde: Revisão Integrativa de Literatura. Saúde e

Pesquisa.2015; 8(1):131-40.

2. Simões, TR et al. Educação continuada: concepção de enfermeiros em

hospital filantrópico de alta complexidade. Rev. enferm. UERJ. 2013;21(1): 642-

47

3. Peixoto, LS et al. Percepção de enfermeiros em relação ao treinamento em

serviço oferecido pelo serviço de educação permanente.Rev. pesqui. cuid.

fundam.(Online).2015;7(2):2323-335.

4. Antunes Cortez, E. Educação permanente, continuada e em serviço:

desvendando seus conceitos. Enfermería global. 2013;12(1):307-22

5. Organización Mundial de la Salud. Continuando la educación de los

trabajadores de salud: principio e guias para el desarrolo de um sistema.

Genebra; 1982.

6. Valente, GSC et al. Continuing/Permanent Education as a strategy for

managing of nursing in the Unique Health System: An Integrative Review.

Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online.2013;5(3):85-93.

7.Brasil. Portaria nº 198/GM/MS, 13 de fevereiro de 2004. Política Nacional de

Educação Permanente em Saúde. Ministério da Saúde,2009.

8.Marcondes, FL et al. Capacitação profissional de enfermagem na atenção

primária à saúde: revisão integrativa. Revista Pró-UniverSUS.2015;6(3):09-15.

9. Siqueira, V. T. A., & Kurcgant, P. Satisfação no trabalho: indicador de

qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem. Rev. Esc.

Enferm. USP.2012;46(1):151-57.

10. Correia JN, Souza MFG. A aprendizagem baseada em problemas na

promoção da educação continuada com a equipe de enfermagem. Acta

Scientiarum. Education. 2011;33(2):257-63

17

11. Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) Manual de indicadores de

enfermagem NAGEH / Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH). -2.ed.

São Paulo : APM/CREMESP, 2012. 60p

12. Cunha PF, Magajewski F. Gestão participativa e valorização dos

trabalhadores: avanços no âmbito do SUS. Saúde Soc. 2012;21(1):71-9.

13. P.B.V., Renata; et al Medication Errors: Management of the Medication

Error Indicator. Journal of Nursing UFPE on line, 2015; 10(1):119-27.

14. de Oliveira, J. L. C., Nicola, A. L., & de Souza, A. E. B. R.. Índice de

treinamento de enfermagem enquanto indicador de qualidade de gestão de

recursos humanos. Revista de Enfermagem da UFSM, 2014; 4(1), 181-188.

15. . Rossaneis, M. A., Gabriel, C. S., Haddad, M. D. C. L., da Costa Melo, M.

R. A., & Bernardes, A.. Indicadores de qualidade da assistência: opinião de

enfermeiros gerentes de hospitais de ensino. Cogitare Enfermagem, 2015;

20(4).

16. Compromisso com a Qualidade Hospitalar – CQH[homepage da internet]

2013[acesso em 2016, Novembro 20] Comparativo de Indicadores

Hospitalares; [aproximadamente 6 telas] Disponível em:

http://www.cqh.org.br/icqh/estat/ind/web_ind.php

17. P.B.V., Renata; et al. Uso de Indicadores em Centro de Material e

Esterilização em um Hospital de Ensino. Cuidarte Enfermagem, 2011; janeiro-

junho ; 5(1):16-23. Leonor, V. D.. As contribuições da educação continuada

em disfagia para a assistência de enfermagem pediátrica em um hospital de

ensino. Rev. CEFAC. 2015 Set-Out; 17(5):1531-1540

18. Weykamp, J. M., Cecagno, D., Vieira, F. P., & de Siqueira, H. C. H. (2016).

Educação permanente em saúde na atenção básica: percepção dos

profissionais de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFSM, 6(2), 281-

289.

18

19., D. M. R. Tronchin, et al. Educação permanente de profissionais de saúde

em instituições públicas hospitalares. Revista da Escola de Enfermagem da

USP, 2009; 43(spe2), 1210-1215 .

20.. Santos, A. R. O. D., & Silva, C. D. J. (2016). Os projetos de terapia

assistida por animais no estado de São Paulo. Revista da SBPH, 19(1), 133-

146.

19

ANEXO