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U NIVERSIDADE DE É VORA C URSO DE C IÊNCIAS DO A MBIENTE R AMO Q UALIDADE DO A MBIENTE A VALIAÇÃO DO P ROGRAMA DE C OMPOSTAGEM D OMÉSTICA NO C ONCELHO DE O EIRAS E C ONTRIBUIÇÃO PARA UM P ROJECTO DE C ENTRAL DE C OMPOSTAGEM DE R ESÍDUOS V ERDES T RABALHO DE F IM DE C URSO R EALIZADO POR C ARLOS J ORGE F ERREIRA É VORA , S ETEMBRO DE 2005

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Page 1: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

U N I V E R S I D A D E D E É V O R A

C U R S O D E C I Ê N C I A S D O A M B I E N T E – R A M O Q U A L I D A D E D O A M B I E N T E –

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C A R L O S J O R G E F E R R E I R A

É V O R A , S E T E M B R O D E 2 0 0 5

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U N I V E R S I D A D E D E É V O R A ______________________________________________________________________________________

C U R S O D E C I Ê N C I A S D O A M B I E N T E – R A M O Q U A L I D A D E D O A M B I E N T E –

A V A L I A Ç Ã O D O P R O G R A M A D E

C O M P O S T A G E M D O M É S T I C A N O

C O N C E L H O D E O E I R A S E

C ONTRIBUIÇÃO PARA UM P R O J E C T O D E

C E N T R A L D E C O M P O S T A G E M D E

R E S Í D U O S V E R D E S

T R A B A L H O D E F I M D E C URSO REALIZADO PO R

C A R L O S J O R G E F E R R E I R A

C O N T A C T O T E L E F Ó N I C O : ( + 3 5 1 ) 9 6 5 5 1 0 5 0 0

E - M A I L : C A R L O S J O R G E F E R R E I R A @ Y A H O O . C O M . B R

______________________________________________________________________________________

É V O R A , S E T E M B R O D E 2 0 0 5

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

iii

“Este trabalho não inclui as observações e críticas feitas pelo júri”

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

iv

AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

Este trabalho teve um contributo essencial por parte de várias pessoas e instituições que, pelo seu

apoio, disponibilidade, colaboração, partilha de informação e incentivo permitiram a sua realização.

Desta forma, quero expressar os meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma

forma tenham contribuído para o desenrolar deste trabalho, e aqui reconhecer o seu importante

auxílio.

Quero agradecer desde já à Câmara Municipal de Oeiras, em particular, ao seu Departamento de

Ambiente e Equipamento, pela oportunidade de realização deste trabalho, e por todos os meios

colocados à disposição.

À minha orientadora, a Eng.ª Sofia Gomes, do Departamento de Ambiente e Equipamento, da

Câmara Municipal de Oeiras, pela orientação prestada, acompanhamento, disponibilidade e simpatia

demonstradas ao longo do período de estágio, assim como a objectividade e experiência dos seus

conselhos e observações, além do incentivo e interesse demonstrados.

Ao Professor Alexandre Bettencourt, do Departamento de Ecologia, da Universidade de Évora, por

ter aceite co-orientar o meu trabalho de fim de curso, pelas suas observações/reflexões, críticas

construtivas e sugestões apresentadas.

À Dra. Selma Rodrigues, também do Departamento de Ambiente e Equipamento do município de

Oeiras, pela simpatia, pelo auxílio prestado e pela disponibilidade demonstrada.

Ao Eng.º Machado, da Câmara Municipal de Oeiras, pelas sugestões, opiniões, conselhos, informações

e conhecimentos transmitidos ao longo do período de estágio, assim como com o seu dinamismo

permitiu desenvolver a minha capacidade de trabalho, estimulando o gosto pelo que estava a efectuar.

Agradeço também à Eng.ª Paula Pedro, da mesma entidade, pela ajuda concedida na parte

experimental do trabalho.

À Sr.ª D. Fernanda, funcionária dos Viveiros Municipais, da Câmara Municipal de Oeiras, pela

solicitude com que sempre me atendeu, pela disponibilidade e pelo acompanhamento e apoio técnico

prestado na experiência prática, além dos bons momentos de conversa. O mesmo se aplica a todos os

demais funcionários dos Viveiros Municipais.

À Eng.ª Elsa Oliveira, da Divisão de Ambiente e Salubridade, da Câmara Municipal do Seixal, pela

informação fornecida relativamente ao projecto “Compostagem no Seixal”, nas suas duas vertentes,

doméstica e municipal. O meu apreço também à Eng.ª Ana Raquel pela atenção e informação cedida

no Espaço de Pesquisa Ambiental, da mesma entidade.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

v

À Eng.ª Olga Marina, da Câmara Municipal de Penafiel e responsável pela Estação de Compostagem

do município pela informação disponibilizada relativa ao projecto.

Ao Eng.º Miguel Nunes, responsável pelo subsistema do Sotavento Algarvio da ALGAR – Valorização

e Tratamento de Resíduos Sólidos, SA, pela cedência de dados relevantes para a realização deste trabalho,

relativos à Estação de Compostagem de Resíduos Verdes, assim como ao Encarregado desse mesmo

subsistema, Marco Ferreira, pela visita guiada à Estação de Compostagem, mostrando

pormenorizadamente todo o desenrolar do processo e abertura para eventuais esclarecimentos.

Ao Eng.º Frederico e em particular ao Eng.º Carlos Mota, ambos da RESIOESTE – Valorização e

Tratamento de Resíduos Sólidos, SA, pela atenção dispensada na exposição das actividades desenvolvidas

pela entidade que representam.

À Eng.ª Ana Teresa Henriques, da AMARSUL – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, SA, pelo

acolhimento que prestou na visita à Estação de Compostagem, em Setúbal, sendo importante para

clarificação relativo ao tratamento físico, mecânico e biológico dos resíduos aí processados. À Doutora

Maria José Sebastião da mesma empresa pela informação cedida relativa ao funcionamento da referida

estação.

À Cláudia Mamede, da VALORLIS – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, SA, pela cedência de

informação relativa às comunicações apresentadas nas 4ªs Jornadas Técnicas Internacionais sobre

Resíduos que decorreram em Leiria, em 2003.

À TratoLixo, empresa responsável pelo tratamento dos resíduos da AMTRES – Associação de Municípios

de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra para o Tratamento de Resíduos Sólidos, pela visita guiada à central de

compostagem de resíduos sólidos indiferenciados e pela disponibilidade evidenciada para cedência de

informação.

Ao Instituto de Resíduos, por me ter recebido e disponibilizado bibliografia para a realização do

trabalho.

À Eng.ª Mafalda Mota pela informação fornecida e pela disponibilidade demonstrada no

esclarecimento de dúvidas.

À equipa EcoProjectos, designadamente à designer Telma Veríssimo, pela presteza e disponibilidade na

facultação dos dados requeridos.

Ao amigo Francisco Clérigo pela disponibilidade demonstrada para efectuar em laboratório a análise

ao teor em humidade dos compostos obtidos experimentalmente.

A todas os munícipes de Oeiras com quem tive o prazer de contactar e inquirir, pelo seu interesse e,

sobretudo, pela disponibilidade evidenciada.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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O meu muito obrigado também à Belinda Santos, Carla Romeiro, Celina Mareco, David Afonso, Inês

Costa, Joana Salgado, Mónica Monteiro e Patrícia Nunes pelo fornecimento de informação,

bibliografia e fontes bibliográficas que foram extremamente importantes para a execução do trabalho.

Quanto aos contactos que realizei com empresas que me apoiaram e forneceram informações, destaco

a informação facultada pelo Sr. Hans Hanseler, da MoviControl – Sistemas de Accionamento e Automação, SA

e pelo Sr. Filipe Cascão, da BBF – Tecnologias do Ambiente, Lda. relativa a equipamento necessário, suas

características e seus custos, para a implementação de uma central de compostagem.

A todos os meus amigos que, de uma maneira ou de outra, me acompanharam, apoiaram e estiveram

sempre disponíveis durante o decorrer do estágio, mas essencialmente ao longo destes excelentes anos

de vida académica. Para recordar…!!!

Por fim, não podia deixar de evidenciar e agradecer aos meus pais, pelos seus sábios conselhos e

orientações que muito me ajudaram, não só na elaboração deste trabalho, como também, ao longo da

minha vida.

Mais uma vez, a todos, um sincero OBRIGADA.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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ÍÍNNDDIICCEE GGEERRAALL

AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS| ________________________________________________________________________________________________________________________________ ¡¡¡¡¡¡

ÍÍNNDDIICCEE GGEERRAALL ____________________________________________________________________________________________________________________________________ VV¡¡ ¡¡

ÍÍNNDDIICCEE DDEE FFIIGGUURRAASS ____________________________________________________________________________________________________________________________ XX¡¡ ¡¡

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RREESSUUMMOO______________________________________________________________________________________________________________________________________________XXXX¡¡

|CCAAPPÍÍTTUULLOO II __________________________________________________________________________________________________________________________________ 11

PROBLEMÁTICA DA GESTÃO E DO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 1

I. 1. – ENQUADRAMENTO DO TEMA _____________________________________________________________ 1 I. 2. – RESÍDUOS, RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA ______________________________ 4

I. 2.1. – CONCEITOS E CARACTERIZAÇÃO – RESÍDUO E RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS________________________ 4 I. 3. – GESTÃO DE RESÍDUOS __________________________________________________________________ 5

I. 3.1. – SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA ____________________________________________________________ 5 I. 3.2. – A ACTUALIDADE RECENTE ___________________________________________________________ 7

I. 4. – GESTÃO DE RESÍDUOS EM PORTUGAL À LUZ DE UMA PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL ______________________ 9 I. 4.1. – GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM PORTUGAL _____________________________________ 10

I. 5. – SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS _______________________________ 11 I. 6. – METAS/CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM PORTUGAL, PARTICULARIZANDO PARA O

CONCELHO DE OEIRAS _________________________________________________________________ 12 I. 7. – RESÍDUOS URBANOS BIODEGRADÁVEIS – “OS RUB`S” __________________________________________ 16

I. 7.1. – SUA DEFINIÇÃO____________________________________________________________________ 16 I. 7.2. – POLÍTICA PARA OS RUB – PARTICULAR ATENÇÃO AO MATERIAL ORGÂNICO _______________________ 17 I. 7.3. – DOCUMENTO RELATIVO AO TRATAMENTO BIOLÓGICO DE RESÍDUOS BIODEGRADÁVEIS ______________ 21 I. 7.4. – VALORIZAÇÃO ORGÂNICA DE RSU EM PORTUGAL – A ACTUALIDADE ____________________________ 22

I. 8. – BREVE REFERÊNCIA À DIGESTÃO ANAERÓBIA (BIOMETANIZAÇÃO) ________________________________ 23 I. 9. – ACTIVIDADES A DESENVOLVER___________________________________________________________ 24

|CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII ________________________________________________________________________________________________________________________________ 2255

A COMPOSTAGEM. PRINCÍPIOS E PRÁTICA _____________________________________ 25

II. 1. – DECOMPOSIÇÃO AERÓBIA DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS _________________________________________ 25 II. 1.1. – DECOMPOSIÇÃO NATURAL ESPONTÂNEA DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM MEIO NATURAL _____________ 25 II. 1.2. – DECOMPOSIÇÃO CONTROLADA OU COMPOSTAGEM _________________________________________ 25

II. 2. – A COMPOSTAGEM. SUA DEFINIÇÃO _______________________________________________________ 26

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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II. 3. – A COMPOSTAGEM. CARACTERIZAÇÃO GERAL, REPRESENTAÇÃO QUÍMICA E AS DIFERENTES ETAPAS DO

PROCESSO ___________________________________________________________________________ 29 II. 4. – SUBSTRATOS “COMPOSTÁVEIS” – PARTICULAR ATENÇÃO AOS RESÍDUOS VERDES______________________ 35

II. 4.1. – RESÍDUOS VERDES _________________________________________________________________ 36 II. 4.1.1. – CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS VERDES _____________________________________________ 36 II. 4.2. – PROBLEMAS DOS SUBSTRATOS SECOS E HÚMIDOS___________________________________________ 38

II. 5. – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. FACTORES E PARÂMETROS CONDICIONANTES DA COMPOSTAGEM___________ 39 II. 5.1. – ASPECTOS BIOLÓGICOS/MICROBIOLÓGICOS DO PROCESSO ___________________________________ 39 II. 5.1.2. – POPULAÇÕES MICROBIANAS E A SUA DINÂMICA NO PROCESSO ______________________________ 40 II. 5.1.3. – MICRORGANISMOS INTERVENIENTES _________________________________________________ 42 II. 5.1.3.1. – BACTÉRIAS __________________________________________________________________ 42 II. 5.1.3.2. – FUNGOS ____________________________________________________________________ 43 II. 5.1.3.3. – ACTINOMICETES ______________________________________________________________ 44 II. 5.1.3.4. – PROTOZOÁRIOS E OUTROS PROTISTAS _______________________________________________ 45 II. 5.1.4. – A CADEIA ALIMENTAR E OS OUTROS ORGANISMOS – O EXEMPLO DOS INVERTEBRADOS___________ 46 II. 5.1.5. – MICRORGANISMOS PATOGÉNICOS ___________________________________________________ 47 II. 5.1.5.1. – MECANISMOS DE ELIMINAÇÃO/INACTIVAÇÃO _______________________________________ 47 II. 5.1.6. – ORGANISMOS INDICADORES DE HIGIENIZAÇÃO DO PRODUTO FINAL _________________________ 49 II. 5.2. – FACTORES AMBIENTAIS, QUÍMICOS E FÍSICOS QUE INFLUENCIAM O PROCESSO COMPOSTAGEM_________ 50 II. 5.2.1. – EVOLUÇÃO DOS PARÂMETROS AO LONGO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM____________________ 51 II. 5.2.1.1. – AREJAMENTO/TAXA DE OXIGENAÇÃO _____________________________________________ 51 II. 5.2.1.2. – TEOR DE HUMIDADE___________________________________________________________ 55 II. 5.2.1.3. – TEMPERATURA _______________________________________________________________ 59 II. 5.2.1.4. – PH ________________________________________________________________________ 64 II. 5.2.1.5. – CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES – PARTICULAR ATENÇÃO À RAZÃO CARBONO: AZOTO (C/N) ___ 67 II. 5.2.1.6. – DIMENSÃO DAS PARTÍCULAS, POROSIDADE E ESTRUTURA _______________________________ 72 II. 5.2.2. – QUADRO RESUMO E RELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS ______________________________________ 75

II. 6. – DIFERENTES ESCALAS DE COMPOSTAGEM __________________________________________________ 76 II. 7. – TECNOLOGIAS/SISTEMAS DE COMPOSTAGEM________________________________________________ 77

II. 7.1. – SUA EVOLUÇÃO ___________________________________________________________________ 77 II. 7.2. – CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM__________________________________________ 78 II. 7.2.1. – SISTEMAS NÃO ENVOLVENDO REACTOR ______________________________________________ 79 II. 7.2.1.1. – SISTEMAS DE PILHAS REVOLVIDAS OU SISTEMA “WINDROW” _____________________________ 80 II. 7.2.1.1.1. – SISTEMA LESA – UMA VARIANTE______________________________________________ 83 II. 7.2.1.2. – SISTEMAS DE PILHAS ESTÁTICAS AREJADAS (PEA) ____________________________________ 84 II. 7.2.1.3. – OUTROS SISTEMAS NÃO REACTOR _________________________________________________ 88 II. 7.2.1.3.1. – CONTENÇÃO DA MASSA DOS RSU EM BAIAS _______________________________________ 88 II. 7.2.1.3.2. – SISTEMA BRIKOLLARE _______________________________________________________ 88 II. 7.2.2. – SISTEMAS ENVOLVENDO REACTOR___________________________________________________ 88 II. 7.2.3. – COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE COMPOSTAGEM ______________________________________ 89 II. 7.2.4. – VANTAGENS E LIMITAÇÕES DAS VÁRIAS CLASSES DE SISTEMAS DE COMPOSTAGEM _______________ 90

II. 8. – CONTROLO/MONITORIZAÇÃO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM _________________________________ 91 II. 9. – CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DO TÉRMINO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM/ DETERMINAÇÃO DO GRAU

DE ESTABILIDADE DO COMPOSTO _________________________________________________________ 92 II. 10. – A COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA DE GESTÃO DE RESÍDUOS _______________________________ 93

II. 10.1. – ÂMBITO E APLICAÇÃO ______________________________________________________________ 93 II. 10.2. – ESTRUTURA DE GESTÃO ____________________________________________________________ 93 II. 10.3. – VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM ________________________________ 94

|CCAAPPÍÍTTUULLOO IIIIII ______________________________________________________________________________________________________________________________ 9966

O COMPOSTO OBTIDO _______________________________________________________ 96

III. 1. – O COMPOSTO OBTIDO ________________________________________________________________ 96 III. 1.1. – QUANTIDADE DO COMPOSTO PRODUZIDO_______________________________________________ 96 III. 1.2. – O USO DO COMPOSTO – SUAS VANTAGENS E POSSÍVEIS PROBLEMAS____________________________ 96 III. 1.2.1. – CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO ___________________________________________ 96

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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III. 1.2.2. – QUALIDADE DO COMPOSTO FINAL __________________________________________________ 98 III. 1.2.2.1. – METAIS PESADOS E PROBLEMAS DE CONTAMINAÇÃO _________________________________ 101 III. 1.2.2.2. – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS___________________________________________________ 102

|CCAAPPÍÍTTUULLOO IIVV______________________________________________________________________________________________________________________________ 110033

A COMPOSTAGEM A NÍVEL DOMÉSTICO_______________________________________ 103

IV. 1. – A COMPOSTAGEM DOMÉSTICA _________________________________________________________ 103 IV. 1.1. – O GUIA DE COMPOSTAGEM DOMÉSTICA – POSSÍVEIS DADOS E SUGESTÕES______________________ 104 IV. 1.1.1. – INTRODUÇÃO AO TEMA E DEFINIÇÃO DE COMPOSTAGEM ________________________________ 104 IV. 1.1.2. – ESCOLHA DO TIPO DE COMPOSTOR E SUAS CARACTERÍSTICAS _____________________________ 105 IV. 1.1.3. – ESCOLHA DO LOCAL____________________________________________________________ 107 IV. 1.1.4. – RESÍDUOS QUE PODEM SER PROCESSADOS E SUAS CARACTERÍSTICAS ________________________ 108 IV. 1.1.5. – COMO REALIZAR A COMPOSTAGEM E PARÂMETROS CONDICIONANTES ______________________ 110 IV. 1.1.6. – COMPOSTO FINAL E SUA UTILIZAÇÃO _______________________________________________ 112 IV. 1.1.7. – PROBLEMAS E SOLUÇÕES ________________________________________________________ 113

IV. 2. – O PROGRAMA DE COMPOSTAGEM DOMÉSTICA NO MUNICÍPIO DE OEIRAS _________________________ 113 IV. 2.1. – FASES DO PROJECTO ______________________________________________________________ 114 IV. 2.1.1. – 1ª FASE – FASE EXPERIMENTAL ____________________________________________________ 114 IV. 2.1.2. – 2ª FASE – APLICAÇÃO PLENA EM TODO O CONCELHO ___________________________________ 115 IV. 2.1.3. – 3ª FASE – APLICAÇÃO FOCADA EM ZONAS DO CONCELHO COM MORADIAS____________________ 116 IV. 2.1.4. – MEIOS DE DIVULGAÇÃO ENTRE 1999 E 2004 E COMPOSTORES ADQUIRIDOS ___________________ 116 IV. 2.1.5. – PROGRAMA DE “COMPOSTAGEM DOMÉSTICA EM MORADIAS” – A SITUAÇÃO EM 2004 ____________ 117

|CCAAPPÍÍTTUULLOO VV ________________________________________________________________________________________________________________________________111188

TRABALHO PRÁTICO_________________________________________________________118

PARTE I – INQUÉRITO REALIZADO AOS MUNÍCIPES PARTICIPANTES ________________________________118 V. 1. – INTRODUÇÃO ______________________________________________________________________ 118 V. 2. – METODOLOGIA ADOPTADA ____________________________________________________________ 118

V. 2.1. – OPTIMIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DA BASE DE DADOS ________________________________________ 119 V. 2.2. – PREPARAÇÃO DO INQUÉRITO ________________________________________________________ 120 V. 2.3. – REALIZAÇÃO DO INQUÉRITO_________________________________________________________ 121

V. 3. – RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO _________________________________________________________ 122 V. 3.1. – BASE DE DADOS REMODELADA_______________________________________________________ 122 V. 3.1.1. – EVOLUÇÃO EM TERMOS DE NÚMEROS DO PROGRAMA “COMPOSTAGEM DOMÉSTICA NAS MORADIAS” 122

V. 4. – AVALIAÇÃO AO INQUÉRITO REALIZADO POR TELEFONE RELATIVO AO PROGRAMA “COMPOSTAGEM DOMÉSTICA

NAS MORADIAS” _____________________________________________________________________ 125 V. 5. – CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________________________________ 132

PARTE II – EXPERIÊNCIA EFECTUADA COM OS COMPOSTORES_____________________________________134 V. 1. – INTRODUÇÃO ______________________________________________________________________ 134 V. 2. – METODOLOGIA ADOPTADA ____________________________________________________________ 134

V. 2.1. – LOCALIZAÇÃO DO ESPAÇO ONDE FOI EFECTUADA A EXPERIÊNCIA ____________________________ 135 V. 2.1.1. – LOCALIZAÇÃO ESPECÍFICA DA EXPERIÊNCIA __________________________________________ 136 V. 2.2. – MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA (RESÍDUOS VERDES) E SUA DIFERENCIAÇÃO _______________________ 137 V. 2.3. – RECOLHA DE RESÍDUOS VERDES ______________________________________________________ 137 V. 2.4. – PROCESSAMENTO/SELECÇÃO DOS RESÍDUOS VERDES ______________________________________ 138 V. 2.5. – ADIÇÃO DOS RESÍDUOS AOS COMPOSTORES______________________________________________ 139 V. 2.6. – MATERIAL UTILIZADO _____________________________________________________________ 139 V. 2.6.1. – COMPOSTORES_________________________________________________________________ 139 V. 2.6.2. – INSTRUMENTOS DE MEDIDA_______________________________________________________ 141 V. 2.6.3. – RESTANTE MATERIAL UTILIZADO___________________________________________________ 142 V. 2.7. – CONTROLO/ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM ___________________________ 142

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

x

V. 2.8. – MONITORIZAÇÃO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM _______________________________________ 143 V. 2.9. – RECOLHA DE AMOSTRAS DO COMPOSTO OBTIDO _________________________________________ 146 V. 2.10. – ANÁLISES E DETERMINAÇÕES EFECTUADAS_____________________________________________ 147 V. 2.11. – MÉTODOS ANALÍTICOS ____________________________________________________________ 147

V. 3. – RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO _________________________________________________________ 148 V. 3.1. – CÁLCULOS NECESSÁRIOS EFECTUAR ANTES DE DAR INÍCIO À EXPERIÊNCIA______________________ 148 V. 3.2. – EVOLUÇÃO E ANÁLISE AOS PARÂMETROS MONITORIZADOS AO LONGO DA EXPERIÊNCIA____________ 149 V. 3.3. – CÁLCULO DA PERCENTAGEM DA REDUÇÃO DE VOLUME E REDUÇÃO DA MASSA ___________________ 162 V. 3.4. – CÁLCULO DO TEOR EM HUMIDADE E DO PESO ESPECÍFICO DO COMPOSTO ANTES E DEPOIS DE IR À ESTUFA,

A 105ºC ____________________________________________________________________________ 166 V. 4. – QUALIDADE DO COMPOSTO FINAL_______________________________________________________ 168 V. 5. – ÍNDICE DE QUALIDADE PARA OS COMPOSTORES_____________________________________________ 170 V. 6. – OUTROS FACTORES A CONSIDERAR ______________________________________________________ 172 V. 7. – CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________________________________ 173

PARTE III – EXPERIÊNCIA EFECTUADA PARA AVALIAR A QUALIDADE DO COMPOSTO OBTIDO ____________175 V. 1. – INTRODUÇÃO ______________________________________________________________________ 175

V. 1.1. – NUTRIÇÃO MINERAL – NUTRIENTES ESSENCIAIS, SUA DISPONIBILIDADE E SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS

MINERAIS __________________________________________________________________________ 175 V. 2. – METODOLOGIA ADOPTADA ____________________________________________________________ 177 V. 3. – RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO _________________________________________________________ 179

V. 3.1. – REGISTO DO COMPRIMENTO DO HIPOCÓTILO E CÁLCULO DO ÍNDICE DE GERMINAÇÃO_____________ 179 V. 3.2. – OBSERVAÇÃO DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA E SUA ANÁLISE ________________________________ 180 V. 3.3. – EVOLUÇÃO GLOBAL DA EXPERIÊNCIA__________________________________________________ 183

V. 4. – CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________________________________ 184

|CCAAPPÍÍTTUULLOO VVII______________________________________________________________________________________________________________________________ 118877

CONTRIBUTOS PARA O PROJECTO “CENTRAL DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS

VERDES” ___________________________________________________________________ 187

VI. 1. – INTRODUÇÃO______________________________________________________________________ 187 VI. 2. – DADOS NECESSÁRIOS AO PROJECTO _____________________________________________________ 188

VI. 2.1. – ENQUADRAMENTO NA REALIDADE DO CONCELHO _______________________________________ 188 VI. 2.2. – LOCALIZAÇÃO DO CENTRO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS VERDES _________________________ 189 VI. 2.3. – ESCOLHA DO SISTEMA DE COMPOSTAGEM A INSTALAR E TIPO DE RESÍDUOS VERDES UTILIZADOS_____ 192 VI. 2.4. – EQUIPAMENTO NECESSÁRIO E INFRA-ESTRUTURAS DE APOIO _______________________________ 195 VI. 2.5. – MODO DE FUNCIONAMENTO/DESCRIÇÃO DO PROCESSO ___________________________________ 196 VI. 2.5.1. – QUANTIDADE DE RESÍDUOS VERDES A TRATAR________________________________________ 196 VI. 2.5.2. – RECOLHA DOS RESÍDUOS VERDES__________________________________________________ 196 VI. 2.5.3. – RECEPÇÃO E PRÉ-PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS _____________________________________ 196 VI. 2.5.4. – ADIÇÃO E MISTURA DOS RESÍDUOS VERDES __________________________________________ 198 VI. 2.5.5. – CONSTRUÇÃO DAS PILHAS NO PARQUE DE COMPOSTAGEM _______________________________ 198 VI. 2.5.6. – CONTROLO E MONITORIZAÇÃO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM__________________________ 200 VI. 2.5.6.1. – FREQUÊNCIA DO REVOLVIMENTO E JUNÇÃO DE PILHAS DURANTE PROCESSO_______________ 200 VI. 2.5.6.2. – REGA DA PILHA ____________________________________________________________ 201 VI. 2.5.6.3. – MONITORIZAÇÃO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM ___________________________________ 201 VI. 2.6. – PARQUE DE MATURAÇÃO/CRIVAGEM/ANÁLISE E ARMAZENAMENTO DO COMPOSTO ______________ 202

VI. 3. – ESTUDO DE DIMENSIONAMENTO E CÁLCULOS JUSTIFICATIVOS _________________________________ 204 VI. 3.1. – DADOS BASE PARA OS CÁLCULOS _____________________________________________________ 204 VI. 3.1.1. – PORTARIA/EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO/ARMAZÉM DE MANUTENÇÃO/ ARRUAMENTOS/ ESPAÇOS

VERDES/PARQUEAMENTO______________________________________________________________ 205 VI. 3.1.2. – ÁREA DE RECEPÇÃO E PRÉ-TRATAMENTO____________________________________________ 205 VI. 3.1.3. – CÁLCULO DAS DIMENSÕES DA PILHA DE COMPOSTAGEM E DA ÁREA PARA COMPOSTAGEM________ 205 VI. 3.1.4. – PARQUE DE MATURAÇÃO/CRIVAGEM E ARMAZENAMENTO DO COMPOSTO ___________________ 207 VI. 3.2. – FUNCIONAMENTO DO CCRV ________________________________________________________ 207 VI. 3.3. – ETAPAS DO PROCESSO _____________________________________________________________ 208

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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VI. 3.4. – INVESTIGAÇÃO E EXPERIÊNCIAS PARA PREPARAÇÃO DO PROJECTO. ESTUDOS DE VIABILIDADE. ______ 209 VI. 3.5. – DADOS GLOBAIS RESUMIDOS________________________________________________________ 209

VI. 4. – CONSIDERAÇÕES FINAIS______________________________________________________________ 211

|CCAAPPÍÍTTUULLOO VVIIII ____________________________________________________________________________________________________________________________ 221122

CONSIDERAÇÕES FINAIS/ SUGESTÕES________________________________________ 212

|RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS __________________________________________________________________________________________ 222277

|CCOOMM UUNNIICCAAÇÇ ÕÕEESS PP EESSSSOOAAIISS ____________________________________________________________________________________________________ 224477

|EENN DDEE RREEÇÇ OOSS EE LLEECCTT RRÓÓNN IICCOOSS CCOONNSSUU LLTTAADD OOSS ____________________________________________________________________ 224488

|BBIIBB LLIIOO GGRRAAFF IIAA CCOO NNSSUULLTTAADDAA ________________________________________________________________________________________________ 224499

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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ÍÍNNDDIICCEE ddee FFIIGGUURRAASS

Figura I.1 – Processo de gestão de resíduos sólidos. _________________________________________________ 11 Figura I. 2 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU. (Fonte: http://www.inresiduos.pt)_________________ 13 Figura I.3 – Produção e capitação de RSU em Portugal Continental. (Fonte: Instituto do Ambiente, 2003)._________ 14 Figura I.4 – Evolução da quantidade de RSU produzidos no Concelho de Oeiras desde 1994 até 2002. (Fonte:

http://www.cm-oeiras.pt) _______________________________________________________________ 14 Figura I.5 – Evolução prevista para a produção de resíduos orgânicos em Portugal no horizonte considerado. (Adaptado:

INR, 2003) __________________________________________________________________________ 20 Figura I.6 – Principais medidas de acção a desenvolver. (Fonte: http://www.inresiduos.pt) ____________________ 21 Figura I.7 – Fluxograma dos Resíduos Urbanos Biodegradáveis. (Adaptado: EEA, 2002a) _____________________ 21

Figura II.1 – Esquema das principais transformações que ocorrem numa pilha em compostagem. (Fonte: Batista & Batista, 2003)_________________________________________________________________________ 31

Figura II.2 – Transformações microbiológicas e perfis de temperatura e pH durante um processo de compostagem devidamente controlado. (Fonte: Martinho & Gonçalves, 2000) ____________________________________ 31

Figura II.3 – Resíduos orgânicos potencialmente utilizáveis em compostagem. (Fonte: Cunha Queda, 1999) ________ 35 Figura II.4 – Curvas de crescimento de microrganismos heterotróficos aeróbios mesófilos e termófilos durante o

processo de compostagem. O gráfico à esquerda refere-se às bactérias e à direita aos fungos. (Fonte: Bertoldi et al., 1988 fide Reis, 1997) ____________________________________________________________________ 41

Figura II.5 – Curvas de crescimento de bactérias e fungos celulíticos durante o processo de compostagem. O gráfico à esquerda refere-se às bactérias e fungos celulíticos e à direita aos actinomicetes. (Fonte: Bertoldi & Zucconi, 1980 fide Silveira, 1987)______________________________________________________________________ 41

Figura II.6 – Fotografia de um fungo obtida aquando do realizar da experiência com os compostores na Fábrica da Pólvora (ver Capítulo V. PARTE II). (Fotografia por: Carlos Ferreira) ______________________________ 43

Figura II.7 – Exemplo de cadeias alimentares no processo de decomposição da matéria orgânica (Consumidores de 1º nível; Consumidores de 2º nível; Consumidores de 3º nível). (Fonte: Dindal, 1978 fide Batista & Batista, 2003). __ 46

Figura II.8 – Curva teórica de consumo de oxigénio no decurso do processo de compostagem. (Adaptado: Mustin, 1987)________________________________________________________________________________________ 52 Figura II.9 – Relação entre o teor em humidade e a porosidade. (Fonte: Mustin, 1987)________________________ 55 Figura II.10 – Perfil típico de temperatura numa pilha aeróbia. (Fonte: Russo, 2003) _________________________ 61 Figura II.11 – Evolução típica da temperatura durante a compostagem. (Fonte: Gonçalves, 1999)________________ 62 Figura II.12 – Curva das principais variações de pH durante a compostagem. (Fonte: Mustin, 1987). _____________ 65 Figura II.13 e II.14 – Evolução teórica de diferentes compostos bioquímicos durante a decomposição, à esquerda, e à

direita, está representado a biodegradabilidade de diferentes biomassas em processos biológicos. (Fonte: Mustin, 1987)_______________________________________________________________________________ 70

Figura II.15 – Efeito da Trituração na Taxa de Decomposição. Comparação de Material Triturado (Curva A) com Material Não Triturado (Curva B). (Fonte: Silveira, 1987)_________________________________________ 73

Figura II.16 – Principais factores que influenciam o processo de compostagem e sua ligação. (Adaptado: Cunha Queda, 1999)_______________________________________________________________________________ 76

Figura II.17 – Forma da pilha de compostagem para um valor máximo (forma côncava, retendo a água (à esquerda)) e um valor mínimo (forma de cone, escorrendo a água (à direita)) de absorção de água. (Fonte: EPA, 1994) ________ 80

Figura II.18 – À esquerda, esquema figurativo de revolvimento recorrendo a um tractor com pá carregadora. (Fonte: Rynk et al., 1992) ______________________________________________________________________ 81

Figura II.19 – À direita, esquema figurativo de revolvimento recorrendo a um volteador. (Fonte: Rynk et al., 1992) ___ 81 Figura II.20 – Processo de reconstrução de uma pilha. Transferência de materiais durante a operação de revolvimento.

(Fonte: Gonçalves, 1999) ________________________________________________________________ 82 Figura II.21 – Esquema de pilhas estáticas com ventilação forçada por sucção (1) e por insuflação de ar (2). (Fonte:

Gonçalves, 1999) ______________________________________________________________________ 86 Figura II.22 – Distribuição das temperaturas na secção recta de pilhas estáticas. À esquerda, ventilação por insuflação e à

direita, ventilação por sucção. (Fonte: Stentiford et al., 1985 fide Gonçalves, 1999) _______________________ 86 Figura II.23 – Estação piloto de compostagem (com sistema PEA) do Horto de Química Agrícola do Departamento de

Química Agrícola e Ambiental, ISA. (Fonte: Cunha Queda, 2003)___________________________________ 87

Figura IV.1 – Em primeiro plano, o compostor plástico verde, no meio o compostor de madeira e ao fundo, o compostor de plástico preto. (Fotografia por: Carlos Ferreira) _____________________________________________ 105

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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Figura IV.2, IV.3, IV.4, IV.5 e IV.6 – Em cima, à esquerda (2) e ao centro (3) temos dois exemplos de compostores de “plástico” e à direita (4), o esquema de um compostor em polipropileno injectado. Já em baixo, à direita (6), está uma simples pilha de resíduos e à esquerda (5) um buraco na terra que deverá ter um diâmetro de 60 cm e 25 a 50 cm de profundidade. (Fonte: http://www.zero-2-land.ndo.co.uk/ (2,3); EcoProjectos (2003) (4); CDC (2005) (5 e 6))________________________________________________________________________________ 105

Figura IV.7 – À esquerda, um compostor feito apenas com uma rede, e à direita um feito com blocos de cimento. (CDC, 2005). _____________________________________________________________________________ 106

Figura IV.8 – Esquema de um compostor com alavanca alavanca e seu modo de funcionamento. (Fonte: http://www.composters.com) ___________________________________________________________ 107

Figura IV.9 – Tipo de compostor de forma piramidal. (Fonte: EcoProjectos, 2004) _________________________ 107

Figura V.1 – Número de residentes por freguesia do concelho de Oeiras que aderiu ao Programa “Compostagem Doméstica

nas Moradias”. ________________________________________________________________________ 123 Figura V.2 – Visualização do mapa do concelho de Oeiras tendo em conta as suas freguesias e o número de residentes

por freguesia aderentes, em percentagem, ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”. ______________ 123 Figura V.3 – Número de compostores adquiridos por ano pelos residentes desde 1995. ______________________ 124 Figura V.4 – Número de compostores adquiridos por semestre pelos residentes desde 1998. __________________ 124 Figura V.5 – Número de kits de compostagem adquiridos por trimestre pelos residentes desde 1998. ____________ 125 Figura V.6 – Número de munícipes por freguesia inquiridos por telefone. ________________________________ 125 Figura V.7 – Faixas etárias respeitantes às famílias aderentes. _________________________________________ 125 Figura V.8 – Principais razões que levaram os munícipes a aderir ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”. _ 126 Figura V.9 – Tempo médio necessário para a obtenção do composto. ___________________________________ 129 Figura V.10 – Principais desvantagens no processo de compostagem ou nos compostores referenciadas pelos munícipes.

__________________________________________________________________________________ 131 Figura V.11 – Apreciação global dos munícipes ao processo de compostagem doméstica._____________________ 131 Figura V.12 – Opinião dos munícipes sobre as actividades desenvolvidas pela C.M. Oeiras no Programa “Compostagem

Doméstica nas Moradias”._________________________________________________________________ 131 Figura V.13 – Localização geográfica do local da experiência prática com os três tipos diferentes de compostores

domésticos, sendo que na primeira figura se encontra a localização do local da experiência no concelho de Oeiras, mais precisamente na freguesia de Barcarena, e em concreto na Fábrica da Pólvora (2ª figura – Entrada Principal), que está dividida em vários sectores, onde um deles é os Viveiros Municipais que está sinalizada na 3ª imagem. Na 4ª imagem está assinalada mais em detalhe o lugar exacto onde se desenvolveu a experiência. (Fonte: http://www.cm-oeiras.pt). ______________________________________________________________ 135

Figura V.14 – Localização exacta do local onde foi efectuada a experiência. (Fotografia por: Carlos Ferreira)_______ 136 Figura V.15 e V.16 – Em cima (15), o local preciso onde foi efectuada a experiência com uma foto próxima dos

compostores (12 Julho de 2004), e à direita (16), o local visto de um outro panorama, na fase final do processo de compostagem (Novembro 2004), verificando-se que a árvore onde foram colocados os compostores, nesta altura do ano já está caduca, comprovado pela presença das folhas no solo em redor dos compostores. _____________ 137

Figura V.17 – Selhas onde eram depositados resíduos verdes resultantes dos cortes de relva e podas. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ______________________________________________________________________ 138

Figura V.18 e V.19 – Mais à esquerda (18), o compostor de madeira visto de frente, e à direita (19), vista de cima. (Fotografias por: Carlos Ferreira) _________________________________________________________ 140

Figura V.20 e V.21 – À esquerda (20), o compostor de plástico de cor esverdeada, visto de cima, e à direita (21), vista de frente. (Fotografias por: Carlos Ferreira) ____________________________________________________ 140

Figura V.22 e V.23 – À esquerda (22), o compostor de plástico de cor preta, visto de frente, e à direita (23), vista de cima. (Fotografias por: Carlos Ferreira) _________________________________________________________ 140

Figura V.24, V.25, V.26 e V.27 – Mais à direita (27) temos uma figura onde mostra os 3 instrumentos de medição utilizados. À sua esquerda (26), encontra-se o termómetro de solo. Em baixo, à esquerda (25), temos o medidor de humidade. À direita, encontra-se o medidor de pH. ____________________________________________ 141

Figura V.28, V.29 e V.30 – Material utilizado (forquilha e ancinho) para fazer o revolvimento periódico dos resíduos verdes, na figura à esquerda (28). À direita (29), a fita métrica utilizada. Ao centro (30), está um exemplo de um regador.____________________________________________________________________________ 142

Figura V.31 e V.32 – Monitorização de um dos parâmetros no decorrer da experiência, em pontos diferentes. (Fotografias por: Carlos Ferreira)___________________________________________________________________ 144

Figura V.33 – Esquema representativo das diferentes etapas antes e durante o processo de compostagem. (Adaptado: CMMN, 2003) _______________________________________________________________________ 146

Figuras V.34, V.35, V.36 e V.37 – Evolução dos valores de temperatura nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (34) e à direita, em cima, a evolução no CPP (35). Em baixo, à esquerda a evolução da temperatura no CPV (36). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores de temperatura nos três compostores (37).___________________________________ 150

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Figura V.38 – Exemplo da libertação de vapor de água após revolvimento numa pilha de compostagem. (Fonte: Mota, 2004). _____________________________________________________________________________ 152

Figura V.39 – Comparação da evolução dos valores de temperatura nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência. ________________________ 152

Figuras V.40, V.41, V.42 e V.43 – Evolução dos valores de humidade nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (40) e à direita, em cima, a evolução no CPP (41). Em baixo, à esquerda a evolução do teor em humidade no CPV (42). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores de humidade nos três compostores (43). ____________________________________ 155

Figura V.44 – Composto obtido no compostor de plástico preto. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ______________ 155 Figura V.45 – Comparação da evolução dos valores de humidade nos três compostores a partir do momento que se

deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência. ________________________ 156 Figuras V.46, V.47, V.48 e V.49 – Evolução dos valores de pH nos três compostores ao longo dos 121 dias de

experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (46) e à direita, em cima, a evolução no CPP (47). Em baixo, à esquerda a evolução do pH no CPV (48). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores de pH três compostores (49). ______________________________________________________ 156

Figura V.50 – Comparação da evolução dos valores de pH nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.________________________________ 158

Figura V.51 e V.52 – Imagens de organismos encontrados na fase final da experiência. (Fotografias por: Carlos Ferreira)__________________________________________________________________________________ 159

Figuras V.53, V.54, V.55 e V.56 – Evolução dos valores de altura dos resíduos nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (53) e à direita, em cima, a evolução no CPP (54). Em baixo, à esquerda a evolução d altura de resíduos no CPV (55). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores da altura dos resíduos nos três compostores (56). __________________ 160

Figura V.57 – Comparação da evolução dos valores de altura nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.________________________________ 160

Figuras V.58, V.59 e V.60 – Evolução dos valores percentuais de compostor preenchido com resíduos verdes nos três compostores ao longo dos 121 dias. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (58) e à direita, a evolução no CPP (59). Em baixo, à esquerda a evolução de altura de resíduos no CPV (60). ____________________________ 161

Figura V.61 – Acumular da redução de altura, em percentagem, nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.______________________________ 161

Figura V.62 – Esquema de imagens que mostra a evolução do processo, assim como o produto final. (Fotografias por: Carlos Ferreira) ______________________________________________________________________ 162

Figuras V.63, V.64 e V.65 – À esquerda (63), composto obtido no CM. Ao centro (64), o composto obtido no CPP e à direita (65), o composto do CPV. (Fotografias por: Carlos Ferreira) ________________________________ 169

Figura V.66 – Funcionalidade do compostor de plástico preto devido a uma abertura na parte inferior. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ______________________________________________________________________ 172

Figura V.67 – Fotografia do compostor de madeira atacado por uma colónia de fungos (possível apodrecimento). (Fotografia por: Carlos Ferreira) __________________________________________________________ 172

Figura V.68 – Lixiviados no processo de compostagem no CPV. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ______________ 172 Figura V.69 e V.70 – Resíduos “castanhos” adicionados na figura à direita, e folhagem caída no CM que evita a

precipitação directa sobre os resíduos, à esquerda. (Fotografias por: Carlos Ferreira) ____________________ 173 Figura V.71 – Embalagem onde se encontravam as sementes utilizadas. _________________________________ 177 Figura V.72 – Tabuleiro onde foram semeadas as sementes de pepino. (Fotografia por: Carlos Ferreira) __________ 178 Figura V.73 – Localização do hipocótilo na planta em estudo. (Esquema por: Carlos Ferreira) _________________ 178 Figura V.74 – Folhagem e ramagem dos pepinos. (Fotografia por: Carlos Ferreira) _________________________ 180 Figura V.75 – Malformação das folhas devido a carência em fósforo. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ___________ 181 Figura V.76, V.77, V.78 e V.79 – À esquerda (76), folhas mais velhas secas com crescimento reduzido, devido à carência

em fósforo, ao centro do lado esquerdo (77), clorose marginal nas folhas assim como clorose intervenal, sendo que ambas ocorrem primeiro nas folhas mais jovens. Encarquilhamento das folhas mais velhas devido à escassez de potássio, ao centro (direita) (78), enquanto à direita (79), temos uma folha com uma pequena mancha necrótica na margem. (Fotografias por: Carlos Ferreira) __________________________________________________ 182

Figura V.80, V.81, V.82, V.83, V.84 – Em cima, à esquerda (80) e ao centro (81) manchas necróticas e cloróticas, aparecendo nas folhas mais jovens devido à carência em cálcio. Em cima, à direita (82) e em baixo também à direita (84), as folhas mais velhas perdendo a sua cor verde. Em baixo, à esquerda (83) apresenta-se tanto uma folha com clorose na margem da folha, como uma folha com provável carência em cálcio (com pintas esbranquiçadas). (Fotografias por: Carlos Ferreira) _________________________________________________________ 183

Figura V.85 – Esquema de imagens que mostra a evolução das plantas de pepino ao longo dos três meses de experiência. (Fotografias por: Carlos Ferreira) _________________________________________________________ 184

Figura V.86 – Exemplo de um pepino proveniente da experiência efectuada. (Fotografia por: Carlos Ferreira)______ 186

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Figura VI.1 – Quantidade de resíduos de jardim recolhidos na limpeza urbana em 2001 e 2002. (Fonte: http://www.cm-oeiras.pt). __________________________________________________________________________ 188

Figura VI.2, VI.3 e VI.4 – À esquerda (12), o solo pavimentado com canais de drenagem à volta das pilhas de resíduos (Estação de Compostagem da C.M. Penafiel) (2). Ao centro (3), as pilhas de resíduos em solo solto que com a chuva dá origem a lama, dificultando o processo (3). À direita (4), os lixiviados de uma pilha de resíduos, em solo pavimentado e com canais de drenagem para armazenamento e futura aplicação nas pilhas (Estação de Compostagem de Verdes da ALGAR, SA (Tavira). (Fonte: CMMN, 2003 (2), http://www.traymaster.co.uk/wmswindrowcs.htm (3), e Fotografia por: Carlos Ferreira (4)) ______________ 190

Figura VI.5 – Localização geográfica do possível centro de compostagem de resíduos verdes, que se situa na freguesia de Carnaxide, próxima da Portela/Outorela, na zona Norte do Alto do Montijo. (Fonte: http://www.cm-oeiras.pt). 191

Figura VI.6 – Proposta de esquema de funcionamento da central de compostagem de resíduos verdes. (Adaptado: CMMN, 2003). ______________________________________________________________________ 193

F i g u r a V I . 7 – Exemplo de utilização da tela nas pilhas de resíduos. (Fonte: http://cs.wikipedia.org/wiki/%C5%A0ar%C5%BEe_kompostu) _________________________________ 193

Figura VI.8, VI.9 e VI.10 – Triturador utilizado nas estações de compostagem da ALGAR S.A. (à esquerda (8)), assim como no centro onde se encontra um pormenor do equipamento (9). Por fim, à direita (10), está o triturador adquirido pela C.M Seixal com capacidade para 30 a 40 m3/h. (Fotografias por: Carlos Ferreira (8,9) e Breves (2004b) (10)) ________________________________________________________________________ 198

Figura VI.11 e VI.12 – À direita (11), volteador utilizado nas estações de compostagem de resíduos verdes da ALGAR S.A., enquanto à esquerda, apresenta-se um pormenor do mesmo equipamento (12). (Fotografias por: Carlos Ferreira) ___________________________________________________________________________ 199

Figura VI.13 – Distancia mínima mantida na estação de compostagem de resíduos verdes da ALGAR S.A., entre as pilhas de compostagem. (Fotografia por: Carlos Ferreira)_____________________________________________ 200

Figura VI.14 e VI.15 – Em baixo, à esquerda (15), o composto obtido sob abrigo na Estação de Compostagem da ALGAR S.A. Sotavento, em Tavira, depois de ter sido submetido à crivagem com um crivo (em cima, à esquerda) (14). (Fonte: http://www.pezzolato.it (14) e Fotografia por: Carlos Ferreira (15)) ______________________ 203

Figura VI.16 – Dimensões das pilhas de compostagem da Estação de Compostagem da ALGAR S.A. do Sotavento Algarvio. (Fotografia por: Carlos Ferreira) ___________________________________________________ 206

Figura VI.17 – Ciclo do processo de compostagem, desde a recolha dos resíduos verdes até à posterior aplicação do composto obtido com esses mesmos resíduos. (Fonte: http://www.cm-seixal.pt/compostagem) ___________ 208

Figura VI.18 e VI.19 – Mais à direita (18), o exemplo de uma CCRV nos E.U.A. e à esquerda (19), um caso em Portugal, na ALGAR S.A. (Portimão). (Fonte: http://www.edmonton.ca (18) e ALGAR, 2004 (19)) _______________ 209

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ÍÍNNDDIICCEE ddee QQUUAADDRROOSS

Quadro I. 1 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU. (Fonte: http://www.inresiduos.pt) _______________ 12 Quadro I. 2 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU para 2005 comparando com os valores mais recentes de

2003 relativos a Portugal Continental. (Fonte: http://www.inresiduos.pt) _____________________________ 13 Quadro I.3 – Evolução da quantidade de RSU produzidos em Portugal Continental entre 1999 e 2003. (Adaptado: INR,

2003; http://www.inresiduos.pt). __________________________________________________________ 13 Quadro I.4 – Caracterização dos RSU produzidos em 2000. (Adaptado: INR, 2003) _________________________ 15 Quadro I.5 – Quantitativos de RUB admissíveis em aterro. (Fonte: INR, 2003; CCE, 2005) ____________________ 18 Quadro I.6 – Dados de base necessários para o cálculo dos RUB admissíveis em aterro (1995). (Fonte: INR, 2003)___ 18 Quadro I.7 – Quantitativos de RUB admissíveis em aterro.____________________________________________ 18 Quadro I.8 – Perspectivas de evolução de acordo com a Directiva n.º 1999/31/CE. (Fonte: INR, 2003)___________ 18 Quadro I.9 – Quantidade de RUB recolhida em 2002 no Continente e Regiões Autónomas. (Adaptado: INR, 2003) __ 19 Quadro I.10 – Evolução da taxa de aumento da produção de resíduos no período em análise. (Fonte: INR, 2003)____ 19

Quadro II.1 – Comparação dos tempos de compostagem com os diferentes métodos. (Fonte: CMMN, 2003)_______ 34 Quadro II.2 – Densidade típica dos diferentes tipos de resíduos de jardim, em diferentes condições. (Adaptado: Herbert,

1993)_______________________________________________________________________________ 37 Quadro II.3 – Temperaturas e tempos de exposição necessários à inactivação de alguns microrganismos patogénicos e

parasitas na compostagem. (Adaptado: Tchobanoglous et al., 1993)__________________________________ 49 Quadro II.4 – Níveis máximos de humidade admissíveis em diferentes tipos de resíduos a submeter a compostagem.

(Adaptado: Mustin, 1987) ________________________________________________________________ 56 Quadro II.5 – Teores óptimos de humidade. (Fonte: Silveira, 1987 fide Gray et al., 1971)_______________________ 57 Quadro II.6 – Relação C/N de vários resíduos. (Adaptado: Tchobanoglous et al., 1993;Golueke, 1991; EPA, 1994)___ 71 Quadro II.7 – Relação entre carbono: azoto inicial e o tempo de compostagem. (Fonte: Gotaas, 1956 fide Silveira, 1987)71 Quadro II.8 – Principais factores que influenciam o processo de compostagem e que necessitam de controlo operacional

e valores esperados ao longo do processo. (Adaptado: CMMN, 2003)________________________________ 75 Quadro II.9 – Diferenças entre os sistemas de compostagem Rutgers e Beltsville. (Fonte: Finstein et al., 1992 fide Gonçalves,

1999)_______________________________________________________________________________ 86 Quadro II.10 – Comparação entre diversas classes de sistemas de compostagem. (Adaptado: Gonçalves, 1999)______ 90

Quadro III.1 – Composição do composto e do resíduo estabilizado. (Fonte: European Comission – DG ENV.A.2 (2001)) 99

Quadro IV.1 – Materiais “castanhos”, materiais “verdes” e os que não podem ser decompostos. (Adaptado: CDC, 2005; CMSeixal, 2003a; CMO, 1993; CMH, 2003; CMS, 2001; Navarro, 2003; Marques, 1998; CDC, 2000; AP, 2004; OTTO Portugal, 2002)_________________________________________________________________ 109

Quadro IV.2 – Problemas frequentes, causas possíveis e soluções possíveis que ocorrem durante o processo de compostagem. (Adaptado: CDC, 2005) _____________________________________________________ 113

Quadro V.1 – Dados relativos às características físicas dos compostores._________________________________ 140 Quadro V.2 – Plano de rega efectuado. _________________________________________________________ 142 Quadro V.3 – Plano de monitorização adoptado durante a experiência.__________________________________ 145 Quadro V.4 – Volume de cada um dos três compostores.____________________________________________ 149 Quadro V.5 – Cálculo da percentagem da redução de volume. ________________________________________ 163 Quadro V.6 – Cálculo da percentagem da redução da massa. _________________________________________ 164 Quadro V.7 – Razão do volume entre os três compostores. __________________________________________ 165 Quadro V.8 – Valores registados e valores obtidos antes das amostras dos três compostores serem levados à estufa, a

105ºC, tendo como objectivo o cálculo do peso específico. ______________________________________ 166 Quadro V.9 – Valores registados e valores obtidos depois das amostras dos três compostores serem levados à estufa, a

105ºC, tendo como objectivo o cálculo do peso específico. ______________________________________ 167 Quadro V.10 – Humidade do composto obtido em cada um dos compostores. ____________________________ 167 Quadro V.11 – Comparação dos valores de humidade final do composto obtidos com o medidor de humidade e obtidos

experimentalmente. ___________________________________________________________________ 167 Quadro V.12 – Razão entre peso específico do composto (amostra intacta) antes e depois de ir à estufa, a 105ºC e o peso

específico médio total dos resíduos verdes adicionados. _________________________________________ 168

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__________________________________________________________

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xvii

Quadro V.13 – Índice de qualidade dos compostores tendo em conta 9 parâmetros e o factor de importância atribuído a cada um deles. _______________________________________________________________________ 171

Quadro V.14 – Registo do comprimento do hipocótilo (pepino), após os três meses de experiência, com os três compostos obtidos nos diferentes compostores e com o estrume “natural”, e o seu valor médio e desvio padrão.179

Quadro V.15 – Observação dos sintomas efectuados sobre cada um dos vasos com os diferentes compostos obtidos nos compostores e com o estrume “natural”.____________________________________________________ 181

Quadro VI.1 – Equipamento necessário à implementação e monitorização do processo de compostagem e suas funções e características respectivas. (Adaptado: Nunes com. pess., 2004; Oliveira, com. pess., 2004; Henseler com. pess., 2004; Cascão com. pess., 2004; CMSeixal, 2004; CMP, s.d.; EPDRS, 2005; CMMN, 2003) ______________________ 195

Quadro VI.2 – Valor teórico previsto para o peso específico dos resíduos verdes produzidos no concelho de Oeiras e valores da percentagem de redução de volume e de massa (antes) obtidos experimentalmente. _____________ 204

Quadro VI.3 – Cálculo do volume de resíduos verdes e também do peso específico do composto obtido._________ 204 Quadro VI.4 – Quantidade e volume de resíduos verdes e composto obtido por período de tempo. _____________ 205 Quadro VI.5 – Dados necessários para a área de processamento do CCRV._______________________________ 207 Quadro VI.6 – Procedimentos a tomar durante as várias semanas do processo no que diz respeito à montagem das pilhas.

_______________________________________________________________________________________208

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xviii

ÍNNDDIICCEE ddee AANNEEXXOOSS

|AANNEEXXOOSS____________________________________________________________________________________________________________________________________________ II

|AANNEEXXOO AA ________________________________________________________________________________________________________________________________________ IIII

|AANNEEXXOO BB ________________________________________________________________________________________________________________________________________ XXII

|AANNEEXXOO CC ______________________________________________________________________________________________________________________________________ XXVV

|AANNEEXXOO DD__________________________________________________________________________________________________________________________________ XXVVIIIIII

|AANNEEXXOO EE ______________________________________________________________________________________________________________________________________ XXXX

|AANNEEXXOO FF __________________________________________________________________________________________________________________________________ XXXXVVII

|AANNEEXXOO GG________________________________________________________________________________________________________________________________ XXXXXXIIIIII

|AANNEEXXOO HH______________________________________________________________________________________________________________________________ XXXXXXVVIIII

|AANNEEXXOO II ______________________________________________________________________________________________________________________________________ XXLLII

|AANNEEXXOO JJ __________________________________________________________________________________________________________________________________ XXLLVVIIII

|AANNEEXXOO LL ______________________________________________________________________________________________________________________________________ LLVV

|AANNEEXXOO MM____________________________________________________________________________________________________________________________________ LLXXVV

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xix

ABREVIATURAS e SIGLAS UTLIZADAS

3 R`s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar

A.C. – Antes de Cristo Art.º – Artigo

BRS – BioReactores

C.M. – Câmara Municipal C/N – Relação Carbono/Azoto CBO – Carência Bioquímica de Oxigénio CCE – Comissão das Comunidades Europeias CCRV – Central (ou Centro/Estação) de Compostagem de Resíduos Verdes CDC – Centro de Demonstração de Compostagem CM – Compostor de Madeira COCM – Composto Obtido no Compostor de Madeira COCPP – Composto Obtido no Compostor de Plástico de Cor Verde COCPV – Composto Obtido no Compostor de Plástico de Cor Preta COV`s – Compostos Orgânicos Voláteis CQO – Carência Química de Oxigénio CPP – Compostor de Plástico de Cor Preta CPV – Compostor de Plástico de Cor Verde

d – diâmetro

E. Coli – Escherichia coli EEA – Environmental European Agency (ou Agência Europeia do Ambiente (AEA)) EPA – Environmental Protection Agency ENRRUBDA – Estratégia Nacional de Redução dos Resíduos Urbanos Biodegradáveis Destinados a Aterro

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais EUA – Estados Unidos da América

h – Altura

IG – Índice de Germinação INR – Instituto dos Resíduos ISA – Instituto Superior de Agronomia

JA – Junta de Andaluzia

L – Largura LER – Lista Europeia de Resíduos LQARS/INIA – Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva/Instituto Nacional de Investigação Agrária

MO – Matéria Orgânica

N/P – Relação Azoto/ Fósforo NIMBY – “Not In My BackYard” PAH`s – Hidrocarbonetos Aromáticos Policiclícos PCB`s – Hidrocarbonetos Aromáticos Clorados (Bifenilos Policlorados) PEA – Pilhas Estáticas Arejadas PERSU – Plano Estratégico e Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos r – Raio r.p.m. – Rotações por Minuto R.A. – Região Autónoma ROB – Resíduos Orgânicos Biodegradáveis RSU – Resíduos Sólidos Urbanos RUB – Resíduos Urbanos Biodegradáveis

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xx

NOTAS PRÉVIAS

Para que se consiga consultar da melhor forma o trabalho, começa-se por se apresentar a organização

do mesmo.

Assim, o relatório está dividido em pontos distintos:

Resumo sobre o trabalho desenvolvido e dos resultados que se obtiveram;

Capítulo I, em que se fala da problemática da gestão e do tratamento dos resíduos sólidos

urbanos;

Capítulo II, em que o objectivo é falar concretamente do processo de compostagem, com

detalhes técnicos e teóricos;

Capítulo III, com destaque para a quantidade, qualidade e condições de utilização do

composto obtido durante o processo de compostagem;

Capítulo IV, que está ligado à compostagem doméstica e dados que poderão ser incluídos

num Pequeno Guia de Compostagem Doméstica, para além de fazer uma pequena resenha

histórica ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, no concelho de Oeiras;

Capítulo V, que está ligada à parte prática do trabalho e está dividida em três pontos distintos:

Ø Parte I : Avaliação do Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias” através da

realização de um inquérito;

Ø Parte II : Experiência com o objectivo de avaliar a evolução do processo, e

principalmente a qualidade de cada um dos compostores cedidos pelo município;

Ø Parte III: Avaliação da qualidade do composto obtido na Parte II;

Capítulo VI, que avança com dados necessários para a implementação de um projecto para

uma Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Capítulo VII, que apresenta sugestões e expõe as considerações finais;

Referências Bibliográficas

Anexos, que incluem informação adicional, apresentação pormenorizada de resultados e

cálculos auxiliares.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xxi

RESUMO

A gestão dos resíduos é cada vez mais relevante na sociedade actual, pois constitui um problema por

resolver. Face à crescente capitação de resíduos sólidos urbanos registada em Portugal, e na tentativa

de minimizar a quantidade de resíduos depositados em aterro, pretende-se encontrar alternativas para

a fracção orgânica constituinte, visto ser esta uma das fracções maioritárias. A compostagem surge

assim como uma solução adequada, permitindo alcançar os objectivos estabelecidos pelo Decreto-Lei

n.º 152/2002, de 23 de Maio, sendo que para tal se terão de cumprir as medidas de acção retratadas na

Estratégia Nacional para a Redução dos Resíduos Urbanos Biodegradáveis destinados aos Aterros. Por

outro lado, a compostagem é uma tecnologia facilmente adaptável, havendo diversas opções

tecnológicas disponíveis, desde pequenos compostores domésticos a unidades de compostagem

centralizadas, podendo ser realizada, quer á escala municipal quer intermunicipal. Geralmente, este

tipo de sistemas de tratamento são bem aceites pelas populações, ao contrário da resistência observada

quando se tratam de outros sistemas, tais como a incineração ou a deposição em aterro. A

compostagem tem ainda uma vantagem acrescida, relacionada com o facto de se obter um produto

final com elevado valor agronómico que pode ser aplicado e comercializado, permitindo, deste modo,

tanto benefícios ambientais como económicos.

O município de Oeiras aposta forte neste tema, tendo já desde 1992 o programa denominado

“Compostagem Doméstica em Moradias”. Foi efectuada uma avaliação, realizada através de inquérito,

registando-se opiniões bastante favoráveis tanto ao programa como ao processo em si, assim como ao

produto resultante do processo, o composto. Também foi efectuada uma experiência com os três

compostores que a C.M. Oeiras tem para disponibilizar aos seus munícipes com o objectivo final de

averiguar qual destes apresenta maiores vantagens. Os resultados do estudo comparativo, realizado

com a adição de resíduos de jardim aos três compostores em proporções semelhantes, demonstraram

que o grau de decomposição dos resíduos verdes nos três compostores é bastante elevado, com

valores bastante próximos entre si. Através do cálculo da percentagem de redução em volume,

chegou-se a valores na ordem dos 85-90% de redução, valores bastante significativos. No que diz

respeito à percentagem de redução em massa, os valores são mais baixos, mais ainda muito elevados,

situando-se na ordem dos 70%. Durante a experiência, o acompanhamento permanente dos

parâmetros temperatura e do teor em humidade demonstrou-se fundamental para a optimização do

processo. Mas para além do grau de decomposição dos resíduos verdes obtido nos compostores,

existem também outros factores que são considerados importantes para os munícipes. Deste modo,

foi elaborado um índice de qualidade para os compostores, tendo-se considerado 9 parâmetros, cada

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xxii

um deles com o seu coeficiente de importância. Deste estudo, foi o CPP que obteve o resultado mais

significativo com 7.52, numa escala de 0 a 10, seguido do CPV com 7.26 e finalmente o CM com 5.91.

O cálculo do peso específico do composto obtido nos três compostores foi também efectuado, sendo

que os seus valores (entre os 437.68 e os 626.43 Kg/m3) se situam dentro dos considerados como

óptimos. Os compostos finais apresentam uma cor normal (cor de terra), com odor a terra e

granulometria razoável. Na experiência efectuada para se saber da qualidade dos compostos em

termos de nutrientes, os resultados foram razoáveis, embora se possa afirmar que o composto obtido

no compostor de plástico verde seja aquele em que a deficiência nutritiva é menor.

Neste trabalho também se obteve uma boa base de informação (dados) para que possa ser utilizada

como apoio e incentivo sólido, e que contribua para a implementação, a nível municipal, de um centro

de compostagem de resíduos verdes.

Fazendo uma avaliação no seu global pode-se afirmar que a compostagem na sua vertente doméstica é

um processo bastante eficaz, o que faz ver que é uma área onde os municípios deverão apostar de

forma a minimizar os depósitos em aterros, e também para obtenção de um bom fertilizante, que

possa ser aplicado no solo para melhorar as suas características sem causar danos à saúde publica e

impactos no meio ambiente. O mesmo se aplica à compostagem a nível municipal de resíduos verdes.

Há ainda a referir a importância da introdução de sistemas de recolha selectiva de materiais

biodegradáveis como medida fundamental para a optimização do processo de compostagem,

nomeadamente do composto obtido.

No final deste trabalho, pretende-se que se perceba perfeitamente a problemática dos resíduos sólidos

urbanos nos dias de hoje e a importância da compostagem nas suas diferentes escalas para o

aproveitamento da sua fracção biodegradável. Para além disso, também se ambiciona saber e perceber

quais as possíveis linhas de acção a tomar para que tanto a continuidade do programa “Compostagem

Doméstica nas Moradias” como a instalação de uma Central de Compostagem de Resíduos Verdes

possam ser levadas a cabo com sucesso.

Este trabalho, no âmbito da conclusão da licenciatura em Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do

Ambiente, desenvolvido na Câmara Municipal de Oeiras, no Departamento do Ambiente e

Equipamento, permitiu também uma maior aproximação com a realidade da problemática dos RSU no

nosso país, e a constatação, de que é imperativa a adopção de uma estratégia a nível nacional.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

xxiii

“Na Natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”,

Antoine Lavoisier (1743-1794)

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 1

CCAAPPÍÍTTUULLOO II

PROBLEMÁTICA DA GESTÃO E DO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS

I. 1. – Enquadramento do Tema

“Num mundo cada vez mais industrializado, a salvaguarda do Ambiente assume uma progressiva importância, porque

afinal a Qualidade de Vida passa pela Qualidade Ambiental”

Desta forma, a tomada de consciência de que o Ambiente, visto como um todo, é um sistema de

resiliência e resistência limitadas, ambas dependentes da conjugação de uma multiplicidade de factores,

é uma situação que fragiliza a sociedade humana. Esta fragilização advém da influência que o

Ambiente exerce no Homem e, por sua vez, que este último exerce no Ambiente.

A capacidade adulteradora das acções antropogénicas, relativamente ao entorno natural, manifesta-se

em atentados à integridade das várias componentes ambientais. Os níveis de degradação que o

ambiente tem atingido devido ao crescimento industrial e populacional, com a utilização mais

exaustiva de recursos naturais, cada vez maior e mais intensiva utilização do solo, bem como o

aumento do nível de vida das populações, tem levado a que comecem a ter maiores exigências no que

respeita ao ambiente, tendo-se tornado um direito fundamental dos cidadãos consignado na Lei Básica

dos Países Desenvolvidos, como é exemplo, o constante na Constituição da República Portuguesa[61]

no art. 9º alínea d) e e), em que o Estado “…deve promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo…dos seus

direitos económicos, sociais, culturais e ambientais…; … proteger e valorizar o ambiente e recursos naturais…” ou no

art. 66º n.º 1 onde se refere que “… todos os cidadãos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e

ecologicamente equilibrado…”, reafirmado no Princípio Geral (art. 2º) da Lei de Bases do Ambiente[131].

E à medida que se avança no sentido da construção de uma sociedade tecnologicamente evoluída, a

ciência alerta para os sinais bem evidentes de quebra do equilíbrio natural dos ecossistemas. Este

desequilíbrio ambiental acarreta graves consequências ao nível da sustentabilidade da ecosfera, e

consequentemente da antroposfera. Com isto, não se pretende afirmar que tal evolução seja

insustentável, mas é sim insustentável a forma como tal evolução tem sido levada a cabo ao longo de

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 2

décadas, fruto essencialmente de uma política de desenvolvimento afastada das questões ambientais. O

Ambiente não surge assim como entrave ao desenvolvimento, mas sim como uma componente

indissociável do mesmo, que necessita por isso de ser integrada de forma concreta e objectiva.

Esta visão integracionista do Ambiente necessita do suporte de informação científica válida e objectiva

que permita ajuizar as acções antropogénicas, tendo como finalidade o desenvolvimento sustentável

através do desenvolvimento “económico, social e político de forma a assegurar a satisfação das necessidades do

presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras darem resposta às suas próprias necessidades”[97], algo

que foi deveras salientado na Cimeira da Terra ou Eco 92, que teve lugar no Rio de Janeiro, numa

perspectiva de respeito pelo Ser Humano, pelo Ambiente e pela Conservação da Natureza, e do qual

saiu um documento de acção Agenda 21, que traduz de uma forma clara, a profunda preocupação

relativa à degradação ambiental nas suas variadas origens, entre as quais se encontram os resíduos.

E um dos temas que está actualmente na voga é a problemática dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU),

visto ser esta uma das componentes mais visíveis e das mais desagradáveis, e que tem vindo ao longo

dos séculos a estar profundamente ligada à vida das comunidades, ao seu bem-estar e qualidade de

vida, atingindo nos últimos anos aspectos verdadeiramente preocupantes e que necessitam de medidas

adequadas com vista à sua resolução. Para comprovar tal facto, cite-se um trecho do Decreto-Lei n.º

239/97, de 9 de Setembro[75] onde se refere que “…a gestão adequada dos resíduos representa um desafio

inadiável para as sociedades modernas”.

Apesar da história revelar que o problema dos resíduos tem acompanhado de perto a evolução da

civilização, foi na segunda metade do século XX que os resíduos tomaram uma dimensão totalmente

diferente, devido aos volumes cada vez maiores envolvidos (o Homem produz nas suas actividades

diárias um conjunto diversificado de resíduos), transformando-se num fenómeno social e num dos

grandes dilemas das sociedades contemporâneas, com largo espectro psicossocial, económico,

tecnológico, político, ambiental e, nos tempos mais recentes, jurídico.

Hoje, considera-se a gestão dos RSU fundamental, tratando-se de um dos quatro domínios prioritários

contemplados no 6º Programa Comunitário de Acção em Matéria de Ambiente 2001-2010, em que se

refere que a prevenção e redução de produção de RSU, a reutilização e reciclagem são os objectivos

prioritários[160], mais conhecida como a Política dos 3 R`s.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 3

No entanto, tem sido evidente a difícil tarefa de inversão da tendência de crescimento de RSU,

passando esta por uma mudança de atitudes e comportamentos quer a nível do cidadão comum quer a

nível empresarial e de mercado, exigindo o envolvimento dos diferentes agentes económicos e sociais

em políticas consertadas e baseadas nos princípios da responsabilidade partilhada, com o objectivo

final de encontrar soluções sustentáveis, com uma base cientifica sólida e actualizada. De facto, a

prevenção, redução de RSU e respectiva valorização, requerem a produção de bens mais duradouros,

com componentes de menor perigosidade, recicláveis e indutores de menores impactes negativos para

o meio ambiente. É também fundamental repensar a atitude consumista dos nossos dias e a opção por

atitudes que, embora menos cómodas, levem a subtrair ao universo dos RSU, um quantitativo que

possa ter uma valorização mais racional ou um conjunto de bens, cujo o tempo de vida possa ser

prolongado pela sua reutilização. O Ambiente agradece!!!

Foi neste contexto que surgiu uma iniciativa inovadora em Portugal, em 1992, no concelho de Oeiras,

e que teve como objectivo principal a transformação de resíduos orgânicos produzidos pelo agregado

familiar (restos alimentares e resíduos de jardim), num produto designado por composto, destinado à

fertilização do solo do respectivo quintal ou jardim.

Assim, este trabalho tem como finalidade, para além de fazer uma análise à história recente da

evolução dos RSU e às políticas levadas a cabo a nível europeu e a nível nacional, com particular

atenção aos Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) e ao processo compostagem que os transforma

em composto, efectuar também uma avaliação ao programa levado a cabo pelo município de Oeiras

“Compostagem Doméstica nas Moradias”. Neste contexto, efectuou-se tanto um inquérito para avaliar a

opinião dos munícipes aderentes ao programa, assim como uma experiência prática onde se pretende

aquilatar o grau de decomposição dos resíduos orgânicos, isto é, a eficácia nos diferentes compostores

cedidos pelo município. Também foi efectuada uma pequena experiência para avaliar a qualidade do

produto obtido durante o processo de compostagem. Para além da compostagem doméstica, o

município de Oeiras também pretende efectuar compostagem dos resíduos verdes produzidos no

concelho. Para tal foi realizado uma pesquisa de dados que possa dar o contributo para a instalação de

uma Central de Compostagem de Resíduos Verdes (CCRV). Por fim, foi feita uma avaliação global,

em que se salienta as possíveis linhas de acção a tomar para que tanto o Programa “Compostagem

Doméstica nas Moradias” e a Central de Compostagem possam ser levadas a cabo com sucesso.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 4

I. 2. – Resíduos, Resíduos Sólidos Urbanos e Sua Evolução Histórica

Antes de passar mais propriamente ao assunto central do trabalho, à que definir o que é resíduo e

resíduo sólido urbano, assim como contar a evolução dos mesmos ao longo dos últimos milénios.

I. 2.1. – Conceitos e Caracterização – Resíduo e Resíduos Sólidos Urbanos

Mas antes de passar mais ao pormenor, entende-se por bem definir primeiramente o que se entende

por Resíduo e também por Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). No que se refere ao conceito de resíduo,

este tem enquadramento legal na alínea a) do art. 3º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro[75] e

resulta da transposição da legislação comunitária para o direito nacional, onde resíduo é “…qualquer

substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer”. Por ser um conceito

demasiado amplo houve a necessidade de elaborar uma lista onde constam substâncias e objectos que

correspondem à definição de resíduo. Esta lista entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2002 e foi

incluída nas Decisões n.º 2001/118/CE, de 16 de Janeiro, na 2001/119/CE, de 22 de Janeiro, e

2001/573/CE, de 23 de Julho, da Comissão que adopta a nova Lista Europeia de Resíduos (LER) e as

características de perigo atribuíveis aos resíduos[176].

Já a designação RSU é um termo abrangente respeitante à mistura de materiais e objectos que tem

como referência os de origem doméstica. Engloba ainda resíduos provenientes do sector de serviços

ou de estabelecimentos comerciais ou industriais e de unidades prestadoras de cuidados de saúde com

uma natureza ou composição afim dos domésticos. Os resíduos provenientes da limpeza pública,

originados pela actividade humana, por causas naturais (folhas de árvores, excrementos de animais,

etc.) ou por resíduos resultantes do tratamento de jardins e parques públicos e outras árvores verdes

também se inserem no grupo de RSU. Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro[75], desde

que não seja ultrapassado o limiar de produção diária de 1100 litros, todos estes resíduos caem dentro

dos RSU. Em termos práticos são objecto de recolha municipal. Aos RSU corresponde o código n.º

20 00 00 da LER (lista publicada no Anexo I da Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março[176]).

Semelhante definição é apresentada no Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio[76] onde resíduos urbanos

são definidos como sendo os resíduos provenientes das habitações bem como outros resíduos que,

pela sua natureza e composição, sejam semelhantes aos resíduos provenientes das habitações,

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 5

enquanto no PERSU[172], de acordo com a sua origem, consideram-se RSU os resíduos produzidos em

qualquer espaço urbano e que sejam gerados pela actividade humana nas tarefas do dia-a-dia.

Para conhecer as características específicas de uma determinada massa de RSU é necessário proceder à

respectiva caracterização, identificando quais as fracções presentes e o peso relativo de cada uma

delas[205], para que assim, conhecendo a produção e os tipos de resíduos por sector, seja possível

determinar o conjunto de medidas de prevenção, reutilização ou valorização que poderão ser mais

facilmente aplicáveis. Na composição física típica dos RSU, os materiais mais significativos distribuem-

se pelas seguintes categorias:

Matéria orgânica (MO);

Papel e cartão;

Vidro;

Têxteis;

Metais ferrosos;

Metais não ferrosos

Plásticos;

Finos;

Outros

Uma gestão adequada dos RSU requer um conhecimento sistemático e consistente das suas

características, quer quantitativas quer qualitativas. Desde logo, o cumprimento do legalmente disposto

assim o requer. É o caso da obrigatoriedade da entrega anual do mapa de registo dos resíduos

produzidos[75] ou do estabelecimento de objectivos quantificados de gestão (caso das embalagens), e da

limitação do envio dos resíduos biodegradáveis para aterro[76]. Por outro lado, a

concepção/implementação/exploração de qualquer operação de gestão de resíduos deve

inevitavelmente ter em consideração a natureza dos resíduos em causa.

I. 3. – Gestão de Resíduos

I. 3.1. – Sua Evolução Histórica

A problemática da gestão de resíduos é um assunto que tem acompanhado a evolução da sociedade

humana, desde a transição do nomadismo para o sedentarismo. A primeira lixeira municipal surgiu em

Atenas, por volta do ano 500 A.C., de acordo com a historiadora americana Melosi[147], onde os

“varredores de ruas” eram obrigados a depositar os resíduos a pelo menos uma milha das fronteiras da

cidade. De igual modo, a compostagem, que será mais à frente o tema central de discussão, como

forma de tratar/reconverter os resíduos orgânicos em fertilizantes, é uma prática bastante antiga. Há

evidências de que este método foi utilizado em Knossos, Creta, há cerca de 4 000 anos[178]. Este

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 6

mesmo autor[178] refere que o arqueólogo C.W. Blegen ao estudar a Idade do Bronze na cidade de

Tróia constatou que os resíduos produzidos no dia-a-dia eram deixados no chão das habitações e

periodicamente cobertos com camadas de terra. Por essa mesma razão, o nível do chão, em muitas

delas, atingiu tal altura que foi necessário aumentar o telhado e reconstruir a porta de entrada. Mas em

Tróia, como em outros locais, os resíduos orgânicos de maior dimensão também eram lançados para

as ruas e aproveitados por animais semi-domesticados, como porcos e cães, além de poderem de uma

forma natural serem decompostos e integrados no ecossistema envolvente, desde que não em demasia.

A prática de lançar os resíduos porta fora tornou-se um lugar comum e permaneceu até à actualidade.

A consequência mais dramática desta prática foi uma epidemia, a Peste Negra, causada pela pulga dos

ratos que proliferou nos aglomerados populacionais, responsável pela morte de metade da população

da Europa no século XIV[199]. Contudo, foi com a Revolução Industrial que os problemas com os

resíduos atingiram níveis sem precedentes. A grande concentração de pessoas em cidades, primeiro na

Europa e alguns anos mais tarde, nos Estados Unidos da América (EUA), deu origem a graves

problemas de poluição. O nível mais sério de preocupações despontou quando se começaram a

relacionar as doenças com a presença abundante de resíduos. A degradação das condições higiénicas,

obrigou o Homem, como um ser insatisfeito, a tentar procurar a solução para o problema que eram os

graves problemas de origem sanitária e ambiental. E foi em meados do século XIX que o mundo

ocidental entrou na “Idade do Saneamento”. As descobertas científicas, a pressão da opinião pública

levou a que os governantes tomassem medidas de saneamento, desenvolvendo-se assim sistemas de

gestão de resíduos sólidos como, por exemplo, os serviços municipais com recolha de lixo, limpeza de

ruas, etc.. Russo[184] recorda que na Inglaterra, devido às más condições de salubridade em que se vivia,

foi aplicada uma lei em 1888 que proibia deitar-se lixos em rios, diques e águas. No entanto, os

métodos de eliminação continuaram a ser rudimentares, sendo a prática mais frequente a deposição

indiscriminada em lixeiras a céu aberto. Nos finais do século XIX e ao longo do século XX foram

abordadas diferentes formas de minimizar os problemas associados aos resíduos. A incineração, os

aterros sanitários e a reciclagem são apenas exemplos de opções técnicas para a gestão de RSU.

Mas foi após a 2ª Guerra Mundial que as montanhas de lixo começaram a crescer com o “boom”

económico, um período de prosperidade, nunca visto na história da humanidade, que trouxe consigo

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 7

uma mudança radical nos padrões de produção e consumo, bem como na mentalidade e atitude das

pessoas. Lançar coisas para o lixo passou a ser uma forma de viver. E foi a partir dos anos 70 do

século passado que se deu uma marcante revolução científica e tecnológica nas tecnologias e práticas

de gestão de resíduos, embora, ainda hoje em muitos países, a queima a céu aberto nas lixeiras e/ou

eliminação nos oceanos seja um método corrente.

I. 3.2. – A Actualidade Recente

O desenvolvimento após a 2ª Grande Guerra Mundial nos países desenvolvidos e, em Portugal,

essencialmente, no pós 25 Abril de 1974, não foi acompanhado por uma gestão adequada dos resíduos.

Apesar de ter havido avanços significativos ao nível do tratamento e destino final dos resíduos, pouco

esforço houve ao nível da gestão integrada, continuando ainda muito baixos os indicadores de

produção limpa, redução da quantidade e perigosidade dos resíduos, redução da quantidade de

material de embalagem, reutilização, reciclagem e compostagem.

A pressão legislativa, social e ambiental, levou a que a normal deposição de resíduos nas vulgares

lixeiras a céu aberto, passasse a ser efectuada em condições mais adequadas, designadamente, em

aterros sanitários escolhidos com rigor, estudando o seu impacto ambiental e com exploração

controlada. Porém, face a um volume cada vez maior de resíduos, esta solução exige cada vez maiores

áreas disponíveis (o que é incompatível com a crescente ocupação do solo) e tem custos já não

desprezáveis, para além do facto de cada novo local de instalação destas estruturas contar

habitualmente com o descontentamento das populações, face à memória dos locais destinados a esse fim.

Perante esta situação e à maior racionalização do desenvolvimento, as soluções apontadas como

preferenciais para o problema dos resíduos são:

A prevenção/redução na fonte (alteração de processos de fabrico e compostagem em pequena

escala;

A v alorização (recolha selectiva/reciclagem (separação entre matéria orgânica (MO) e

papel/cartão, recolha porta-a-porta, colocação de ecopontos e ecocentros e pré-tratamento

mecânico) ou então a valorização orgânica e/ou valorização energética ( processos aeróbios,

processos anaeróbios e pré-tratamento mecânico));

E só por fim o destino final numa incineradora ou aterro sanitário.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 8

No caso dos RSU, e face às suas características, a reciclagem assume um papel importante na redução

dos volumes a colocar em aterro sanitário, na protecção do ambiente e na poupança energética. Nesta

perspectiva, é hoje vulgar ouvir falar de reciclagem de vidro, papel, cartão, plásticos e metais, etc. Quanto

à fracção orgânica dos RSU são fundamentalmente duas as soluções de valorização apontadas, sendo

elas a compostagem e a valorização energética através da incineração com reaproveitamento de energia.

A incineração apesar das vantagens que tem nomeadamente na redução drástica do volume de

resíduos destinados a aterro (cinzas resultantes) e do reaproveitamento energético, apresenta

inconvenientes que se mostram cada vez maiores nos países desenvolvidos que optaram por esta

solução há alguns anos atrás, como seja a poluição que provocam, com emissões de dioxinas e metais

pesados para a atmosfera (isto quando a pressão sobre a atmosfera também já é elevada), bem como

os elevados custos de investimento e operação que apresentam.

Por outro lado, é inegável que a fracção orgânica continua a ser a de maior expressão no conjunto dos

resíduos produzidos, sugerindo um tratamento adequado, que passa pela sua valorização biológica.

Nesta perspectiva, a compostagem (ver Capítulo II) constitui a solução apropriada por permitir

redução de custos com tratamentos de aterro, bem como pelo facto de produzir um condicionador e

fertilizante com valor na recuperação de solos com baixo teor de MO e nutrientes. A este respeito,

refira-se que segundo a Food and Agricultural Organization (FAO) – Nações Unidas as necessidades de MO

dos solos no solo do nosso país, em 1960, se cifravam em cerca de 200×106 toneladas, de modo a

repor a produtividade e evitar a erosão dos solos mais esqueléticos. Marmo[140] acrescenta que segundo

estimativas efectuadas, 74% do solo do Sul da Europa contem menos de 2% de carbono orgânico

(menos de 3.4% de MO) na camada superior do solo (0-30cm), sendo assim definido pelos agrónomos

de solo em estado de pré-desertificação. Este problema é também bem evidente no nosso país em que

uma larga faixa dos solos agrícolas, nomeadamente das Beiras, Alentejo e Algarve são muito pobres

em MO encontrando-se muitos deles em risco de desertificação, para os quais os muitos incêndios dos

últimos anos acentuam tal facto.

Porém, esta perspectiva de reciclar não se tem traduzido na instalação de unidades com capacidade de

converter esta fracção dos RSU em composto de qualidade. Se por um lado há desconfiança

relativamente à qualidade dos produtos resultantes do processo, por outro lado, a menor qualidade

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 9

dos compostos fruto do mau desenvolvimento das unidades de compostagem existentes,

nomeadamente, não atingindo, normalmente, a maturação necessária. Estes aspectos justificam que se

proceda à investigação dos processos operacionais da compostagem que tornem possível a reciclagem

da MO visando obter um produto final de qualidade (composto) susceptível de ser utilizado no solo.

I. 4. – Gestão de Resíduos em Portugal à Luz de uma Perspectiva Sustentável

Numa visão global de ocupação do território, Portugal é um país de contrastes, onde a forte

urbanização, industrialização, crescimento económico e consequente aumento da densidade

populacional do litoral, contrastam com a paisagem rural, ligada ao sector primário, à desertificação e

ao fraco desenvolvimento do interior, salvo raras excepções. Isto leva a concluir que quando se pensa

na gestão de RSU, à luz de uma perspectiva sustentável, tem que se adaptar cada sistema à realidade

regional e local, para que os sistemas de tratamento não se transformem em mais um problema a

resolver. É necessário para isso que cada município se responsabilize e interactue com os outros

municípios da região, para juntos trabalharem numa solução integrada, atendendo às suas

especificidades relativamente às condições físicas, económicas, sociais e políticas do local. O Plano

Estratégico Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos[172] refere que só uma gestão integrada de

resíduos, que assenta na interligação/observação/maximização de sinergias entre os diferentes

sistemas de gestão de resíduos urbanos, industriais, florestais e agrícolas permitirá a existência de

economias de escala e uma boa sustentabilidade das soluções técnicas e económicas encontradas. No

território nacional, para além das diferenças entre o Litoral e o Interior, existem outros factores

condicionantes que são importantes considerar no domínio de uma solução integrada e sustentável

dos RSU. E são eles:

Uma economia débil sugere sistemas pouco automatizados onde se aposte na reciclagem e

compostagem, cujos custos de infra-estruturas e tecnologias, não são dos mais exigentes;

Portugal apresenta uma grande percentagem de solos pobres em MO de vocação

predominantemente florestal, com a agravante de a taxa de erosão ser extremamente elevada;

A ruralidade que existe no Interior favorece sistemas de tratamento pouco automatizados e

com incidência especial para o tratamento de materiais fermentáveis através da compostagem,

com a vantagem de o produto final poder ser utilizado na agricultura como correctivo

orgânico dos solos;

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 10

As características hidrológicas do país, a par da sua fraca economia, tornam o aterro sanitário

numa opção pouco viável como solução primordial para a problemática dos RSU. Deve por

isso ser considerado como uma solução complementar, onde sejam confinados apenas os

materiais cuja valorização é impraticável;

Para uma aposta na gestão de RSU, á luz de uma perspectiva sustentável, é necessário criar

empresas nesta área que para além da criação de novos postos de trabalho, sejam viáveis

economicamente;

“A experiência prática demonstra que a publicação de leis não é suficiente para o bom desempenho dos serviços.

É necessário criar “Códigos de Boa Prática” ou “Regulamentos” específicos cuja aplicação seja devidamente

controlada e fiscalizada, pelo que é também é necessário criar disponibilidades técnicas, logísticas e financeiras

que garantam o controlo e a fiscalização das intervenções”[172];

A já demonstrada ineficácia da publicação legislativa nesta área, para um bom funcionamento

do sistema, leva obrigatoriamente á adopção de novas técnicas, em que a Educação Ambiental

tem o papel fundamental, a par de uma fiscalização cada vez mais eficaz;

Poder chegar a toda a população com o mesmo nível de rapidez e qualidade é uma tarefa

impossível para um país com recursos financeiros limitados. Agravando-se ainda mais esta

situação quando fundos comunitários são subaproveitados;

Há uma falta de consciência e desresponsabilização por parte da população quanto aos custos

reais do tratamento dos seus resíduos e o seu destino final. Este tipo de comportamento

subvaloriza a questão ambiental neste domínio;

“…a valorização/tratamento dos RSU e a sua deposição exigem um enorme esforço financeiro aos Municípios,

e têm que ser os utentes, inclusive ao abrigo da aplicação dos princípios do Poluidor-Pagador ou do Utilizador-

Pagador, a assegurar o pagamento de todos os serviços que garantem o correcto saneamento RSU” [172].

I. 4.1. – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos em Portugal

Em Portugal, a gestão de resíduos constituiu-se numa prioridade apenas na década de 90, registando-

se actualmente uma franca melhoria de todo o panorama do sector, que poucos anos antes era

terceiro-mundista. O levantamento dos locais de tratamento/destino final de resíduos urbanos

efectuado pelas Direcções Regionais do Ambiente em 1996 contabilizou cerca de 300 lixeiras, 13

aterros e 5 unidades de compostagem[121]. Diagnosticou-se ainda que a percentagem de população

abrangida por serviços de remoção de resíduos sólidos àquela data era relativamente elevada, sendo o

tratamento/destino final dos mesmos o passo limitante da cadeia da gestão de resíduos, visto que

apenas 23% dos resíduos gerados neste fluxo tinham tratamento aceitável[160].

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 11

Após a tomada de importantes políticas e no enquadramento de normas europeias partiu-se para a

elaboração e aprovação de um plano. Como é conhecido, o PERSU, previsto no Decreto-Lei n.º

310/95, de 20 de Novembro (entretanto revogado pelo Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro[75]),

aprovado em 1997, e reimpresso com pequenas adaptações em 1999, constitui um instrumento de

planeamento de referência para esta área. O PERSU[172] traduz a política então definida relativamente

aos RSU e aponta para as seguintes linhas de acção principais:

Dotar o país de infra-estruturas adequadas de gestão de RSU, tais como centrais de valorização

orgânica e de incineração, estações de transferência e aterros;

Lançar a rede de recolha selectiva, baseada na instalação de ecopontos e ecocentros, por todo

o país, e na construção de estações de triagem;

Encerrar as lixeiras existentes.

A filosofia do PERSU baseia-se na Estratégia Comunitária de Gestão de Resíduos[180], a qual tem por

orientação a aplicação de uma hierarquia de princípios com a prevenção (com especial incidência para

a responsabilização do produtor de bens) em primeiro lugar, seguida da recuperação (reutilização,

reciclagem, compostagem, recuperação energética) e, finalmente da eliminação ou confinamento

seguro, sendo que as lixeiras são para banir totalmente (figura I.1).

Figura I.1 – Processo de gestão de resíduos sólidos.

I. 5. – Sistemas de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos

A gestão dos resíduos sólidos em Portugal, tem vindo a ser encarada progressivamente como um

factor de preservação ambiental que deve centrar as preocupações políticas dos responsáveis. O

resultado desta situação reflecte-se, já, nas estruturas em construção e em projecto. As condições

institucionais e os fundos comunitários visam permitir a resolução desta problemática por parte de

todos os municípios.

Recuperação de energia

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 12

A níve l de Portugal Continental, o destino final dos RSU passa pelos 29 sistemas de gestão

existentes [247], que se dividem em 15 Sistemas Municipais, cuja gestão, intermunicipal, pode ser

efectuada directamente pelos municípios ou atribuída, mediante contrato de concessão precedida de

concurso, a entidade publica ou privada de natureza empresarial, e 14 Sistemas Multimunicipais, em

que a gestão e exploração é concessionada, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 294/94, de 16 de Novembro,

a empresas resultantes da associação de entidades do sector publico em posição obrigatoriamente

maioritária no capital social, designadamente a Empresa Geral de Fomento e as autarquias[122] (no

Anexo B mais informação relativa aos Sistemas Multimunicipais e Municipais). Em ambos os sistemas

processam-se os resíduos provenientes da recolha selectiva, efectuada junto do consumidor através

dos ecopontos e recolha porta-a-porta, e em ecocentros também, que depois de devidamente triados,

são encaminhados para as empresas recicladoras. Os resíduos provenientes da recolha indiferenciada

são tratados a nível dos próprios sistemas pelas infra-estruturas construídas para o efeito.

I. 6. – Metas/Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos em Portugal, particularizando

para o Concelho de Oeiras

Além dos princípios orientadores, o PERSU[172] também apontava metas de gestão de RSU para 2000 e

2005, tendo como ano de referência 1995, que estão definidas no quadro I.1. Também na figura I.2 se

mostra o que está referido no quadro I.1.

Quadro I. 1 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU. (Fonte: http://www.inresiduos.pt)

Redução

(%) Reciclagem

(%)

Aterros Sanitários e Confinamento

Técnico (%)

Lixeiras (%)

Incineração (%)

Compostagem (%)

Situação em 1995 (Ano Referencia)

0 4 14 73 0 9

Metas para 2000 Preconizadas no PERSU

2,5 15 42 0 26 15

Metas para 2005 Preconizadas no PERSU

5 25 23 0 22 25

Até ao momento apenas se pode comparar os valores reais de resíduos produzidos em 2000 com os

apontados como meta no PERSU. Fazendo a comparação dos valores previstos pelo PERSU e os

valores obtidos em 2000, pode-se referir que os objectivos ficaram longe do pretendido. Dos 15%

pretendidos para a reciclagem apenas se atingiu os 6%, tendo a compostagem também ficado longe do

objectivo, estando ainda mais longe que em 1995. A incineração ficou próximo do valor com os seus

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 13

22%. Já as lixeiras receberam cerca de 12% dos resíduos quando nesse mesmo horizonte já não

deveriam existir. Os aterros sanitários e confinamento técnico receberam mais que o pretendido,

muito provavelmente por não se ter apostado na

compostagem e na reciclagem[122]. Não podendo comparar

já com os valores de 2005, pode-se afirmar que irá ser

extremamente difícil alcançá-los, visto que em 2003 os

valores ainda se encontram muito longe do pretendido

(quadro I.2).

Figura I. 2 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU. (Fonte: http://www.inresiduos.pt)

Quadro I. 2 – Metas de gestão de RSU apontadas no PERSU para 2005 comparando com os valores mais recentes de 2003

relativos a Portugal Continental. (Fonte: http://www.inresiduos.pt)

Redução

(%) Reciclagem

(%)

Aterros Sanitários e Confinamento

Técnico (%)

Lixeiras (%)

Incineração (%)

Compostagem (%)

Valores de 2003 --- 4 69 0 20 7 Metas para 2005

Preconizadas no PERSU 5 25 23 0 22 25

Além dos valores atrás referidos, o PERSU[172] também indicava que os valores de 1995 atingiam um

volume anual de 3.34*106 toneladas, fazendo estimativas de 3.87*106 e 4.49*106 toneladas para 2000 e

2005, respectivamente. Fazendo uma análise breve ao quadro I.3 e aos seus valores, constata-se que a

estimativa fica por baixo (saliente-se que os valores do quadro I.3, não entram em linha de conta com

os valores obtidos nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, que juntos rondam entre as 2*105 e

3*105 t/ano), como se pode depreender através da comparação dos RSU produzidos no ano 2000 com

os previstos no PERSU para o mesmo ano, sendo estes em cerca de 10% inferiores. Tendo em conta a

evolução nos últimos 5 anos, provavelmente a diferença de valores em 2005 não será assim tão

elevado. A comparação que foi atrás efectuada pode ser observado na figura I.3 onde se vê tanto a

evolução da quantidade de resíduos produzidos e capitação de RSU desde 1990, assim como as metas

estabelecidas no PERSU[172].

Quadro I.3 – Evolução da quantidade de RSU produzidos em Portugal Continental entre 1999 e 2003. (Adaptado: INR,

2003; http://www.inresiduos.pt).

RSU produzidos (t) 1999 2000 2001 2002 2003

Total Continente 4 152 589 4 294 851 4 246 358 4 383 068 4 421 178

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 14

Tendo em conta os valores do quadro I.3, no ano de 2003, apenas para a fracção de materiais

orgânicos e papel/cartão, as percentagens

são de 70.6% para a deposição em aterro,

22.4% para a incineração e apenas 7.0%

para a compostagem.

Figura I.3 – Produção e capitação de RSU em Portugal Continental. (Fonte: Instituto do

Ambiente, 2003).

Depois de efectuada uma análise aos RSU produzidos a nível nacional é também importante fazer uma

breve referência à evolução dos RSU, mas agora em específico no concelho de Oeiras. O concelho de

Oeiras, situado entre os concelhos de Lisboa, Sintra e Cascais, com os quais faz fronteira e que se

encontra limitado também pelo Oceano Atlântico, é constituído por nove freguesias, Algés, Barcarena,

Carnaxide, Cruz-Quebrada/Dafundo, Linda-a-Velha, Oeiras, Paço D`Arcos, Porto Salvo e Queijas,

ocupando uma área total de 45.84 Km2 [43], com uma população de 162 128 habitantes [123].

É um concelho com características marcadamente urbanos, com elevado desenvolvimento socio-

económico, pelo que, em termos de quantidades de RSU produzidas, os valores são bastante elevados,

apresentando uma capitação média de 1.5 Kg hab.-1 dia-1, superior à média nacional de 1.2 Kg hab.-1

dia-1 (figura I.3), sendo que a população servida

com recolha atinge os 100% [43].

Figura I.4 – Evolução da quantidade de RSU produzidos no Concelho de Oeiras desde 1994 até 2002. (Fonte:

http://www.cm-oeiras.pt)

Assim, na figura I.4 pode-se ver a evolução da

quantidade de RSU produzidos nos anos mais recentes. Verificou-se que entre 1994 e 1999 houve um

aumento da quantidade de RSU produzidos sendo que a partir de 1999 até 2002 os valores sofreram

um decréscimo mantendo-se mais ou menos constantes desde o ano 2000, para o qual em muito

contribui as diversas acções de sensibilização promovidas pelo município. A recolha porta-a-porta é

também, embora de uma forma indirecta, fundamental para este sucesso.

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

Qu

anti

dad

e d

e R

SU

(t)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Ano

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 15

Um outro facto que é de referir é que desde 1994 até 2002 se tem verificado uma redução significativa

no peso médio anual dos resíduos. Em 1994, o peso médio anual era de 320 Kg/m3 sendo que em

2002 os valores não chegavam aos 200 Kg/m3, mostrando que o peso médio anual ao longo dos anos

apresenta uma tendência para diminuir. Este facto poderá estar relacionado com o acréscimo de

resíduos de embalagem, que ocupam bastante volume, mas cujo peso é reduzido.

A capitação, isto é, o peso por habitante dia tem sofrido um aumento ao longo dos anos. Em 1994

situava-se próximo dos 1.2 Kg hab.-1 dia-1, enquanto que em 1999 atingiu o valor mais alto com 1.52

Kg hab.-1 dia-1 e, mais recentemente, em 2002, encontra-se um pouco abaixo dos 1.5 Kg hab.-1 dia-1.

Todos estes valores encontram-se acima dos valores médios nacionais que também se apresentam na

figura I.3. Especificamente para o ano mais recente do qual se tem valores (2002), a capitação é cerca

de 20% superior ao valor médio a nível nacional.

Relativamente à caracterização dos resíduos pode-se afirmar que a composição física dos RSU

produzidos em Portugal é extremamente importante, podendo ser um excelente indicador, visto variar

de zona para zona do país (essencialmente comparando o litoral com o interior do país), de acordo

com a época do ano, com o nível socio-económico e com os hábitos da população. Assim, apresenta-

se no quadro I.4 a caracterização dos RSU produzidos no ano de 2000. Estes valores são também

semelhantes aos valores obtidos entre 2000 e 2003 por Branco & Cabeças[27] em diferentes sistemas

multimunicipais (dos sistemas da Empresa Geral de

Fomento), assim como, com os valores referenciados

no estudo efectuado entre 1996 e 2001, que caracteriza

a situação nacional[121].

Quadro I.4 – Caracterização dos RSU produzidos em 2000. (Adaptado: INR, 2003)

Comparando os valores apresentados no quadro I.4 com os valores da composição física média anual,

em percentagem, dos RSU produzidos no município de Oeiras (são valores relativamente antigos, isto

é, entre 1994 e 1998) pode-se afirmar que a maioria dos valores dos diferentes componentes são

relativamente semelhantes sendo as principais diferenças entre os valores de materiais fermentáveis e

Componente % em Peso no Total

dos RSU

Matéria Orgânica 35,9 Papel/Cartão 23,7

Plástico 11,1 Vidro 5,6

Têxteis 3,4 Metal 2,4

Madeira 0,3 Finos 12,0

Outros 5,7 Total 100,0

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 16

os de papel e cartão. Comparativamente aos valores médios, já referenciados no quadro I.4, e

considerando a média dos anos entre 1994 e 1998, observa-se que o teor em materiais orgânicos é

cerca de 11% inferior ao valor para Portugal. Provavelmente, por esse facto, o valor de papel e cartão

é aqui muito superior com valores na ordem dos 33%. Este valor estará com certeza associado aos

hábitos e tipo de população, inerentes ao concelho em estudo.

Da análise apresentada é possível verificar que a fracção biodegradável corresponde a 59.6% em peso

no total dos RSU, um pouco superior aos 54.22% inventariados por Branco & Cabeças[27] e aos

56.05% obtidos durante o estudo entre 1996 e 2001 pelo INR[121], o que evidencia que a gestão dos

resíduos biodegradáveis contidos nos RSU reveste-se de grande prioridade. E é de seguida que se irá

aprofundar a questão da fracção biodegradável, que representam uma significativa parte (50 a 60%) dos

RSU, também denominados por Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB). Mas o que são “os RUB`s”?

I. 7. – Resíduos Urbanos Biodegradáveis – “Os RUB`s”

I. 7.1. – Sua Definição

Definição para resíduo e para RSU já foi exposto no ponto I. 2.1., faltando a definição para RUB que

são aqueles cuja composição compreende essencialmente material orgânico. No Decreto-Lei n.º

152/2002, de 23 de Maio[76], que transpõe a Directiva Deposição de Resíduos em Aterro[80], define

resíduos biodegradáveis como os “resíduos urbanos que podem ser sujeitos a decomposição anaeróbia ou aeróbia,

como por exemplo, os resíduos alimentares e de jardim, o papel e o cartão”. Semelhante definição é apresentada

pelo INR[122] para RUB, bem como no documento de trabalho da Comissão Europeia[88] para “biowaste

(biodegradable waste)”.

Existem também os Resíduos Orgânicos Biodegradáveis (ROB), sendo estes compostos

maioritariamente por MO e que podem ser degradados por processos bioenergéticos aeróbios ou

anaeróbios[67]. Os ROB abrangem outros tipos de resíduos biodegradáveis que não sejam apenas de

origem urbana, como são os resíduos agrícolas[161]. As características físicas e químicas dos ROB, na

maioria das situações, e desde que seja realizada a separação na fonte e recolha selectiva dos mesmos,

permitem o seu tratamento/valorização com vista à reciclagem da MO, conduzindo à obtenção de

produtos finais ricos em MO estabilizada e que podem ser utilizados para fins agrícolas.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 17

I. 7.2. – Política para os RUB – Particular Atenção ao Material Orgânico

Os RUB, até muito recentemente, eram depositados em aterros sem que assim se pudesse reaproveitá-

los. De facto, a deposição em aterro é normalmente a opção mais barata, tanto em termos de custos

de operação, como em custos de investimento[70]. No entanto, o aumento de produção de resíduos,

principalmente em áreas com elevada concentração demográfica, faz com que as áreas disponíveis para

implantação de infra-estruturas escasseiem, causando o aumento de custos. Neste contexto, importa

diminuir a quantidade de resíduos direccionados para aterro, em especial os resíduos susceptíveis de

serem submetidos a outro processo de tratamento, como é o caso dos RUB, que são das fracções mais

representativas na caracterização física dos RSU. Para dar mais ênfase a este pensamento é de referir

que os resíduos biodegradáveis apresentam, segundo o INR[122], implicações ao nível da exploração de

aterros, tais como:

A produção de biogás, incluindo, na sua constituição, compostos com impactes ao nível de

efeito de estufa e de produção de odores; o biogás pode ainda em determinadas proporções de

mistura com oxigénio, apresentar risco de explosão;

A produção de lixiviados com elevada carga orgânica, com potencial impacte ao nível da

qualidade das águas superficiais e subterrâneas;

A utilização de espaço destinado à deposição de resíduos;

A ocorrência de assentamentos da massa de resíduos.

Trata-se ainda de um recurso valorizável através de reciclagem, no caso do papel e cartão, e da

produção de um composto e/ou de energia. Para contrariar a tendência do envio de RUB para aterro

e incentivar o seu aproveitamento foram tomadas medidas. Estas passam tanto por estratégias de

sensibilização, bem como de instrumentos económicos e financeiros para a construção de unidades.

Assim, segundo o INR[122] para:

As unidades de valorização orgânica a comparticipação é até 75%;

As unidades de valorização orgânica a instalar em sistemas que disponham/em que esteja

prevista a instalação de unidades de incineração a comparticipação poderá alcançar os 50%;

As unidades de incineração (com recuperação de energia) a comparticipação é até 25%.

Esta diferença no valor da comparticipação é com intuito de incentivar essencialmente a valorização

orgânica e evitar as unidades de incineração.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 18

O Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio[76] refere no seu artigo 7º a necessidade de definição de

uma estratégia nacional para a redução dos resíduos urbanos biodegradáveis destinados aos aterros,

impondo metas quantitativas a alcançar, faseadamente, em 2006, 2009 e 2016 (quadro I.5), evitando e

reduzindo assim, os efeitos negativos sobre o ambiente da sua deposição em aterro.

Quadro I.5 – Quantitativos de RUB admissíveis em aterro. (Fonte: INR, 2003; CCE, 2005)

Data % Admissível (*)

16 Julho 2006 75 16 Julho 2009 50 16 Julho 2016 35

(*) Em peso, relativamente ao quantitativo de RUB produzidos em 1995

Mas para se proceder ao cálculo da quantidade dos RUB admissíveis em aterro em 2006, 2009 e 2016,

é necessário ter os valores dados de base relativos à caracterização de RSU em 1995, os quais se

apresentam no quadro I.6.

Quadro I.6 – Dados de base necessários para o cálculo dos RUB admissíveis em aterro (1995). (Fonte: INR, 2003)

Tendo em conta os pressupostos atrás indicados, apresentam-se no quadro I.7, os quantitativos de

RUB admissíveis em aterro.

Quadro I.7 – Quantitativos de RUB admissíveis em aterro.

Data % Admissível (*) Quantitativo Admissível (t)

16 Julho 2006 75 1 689 540 16 Julho 2009 50 1 126 360 16 Julho 2016 35 788 452

Já no quadro I.8 encontram-se indicadas as perspectivas de acordo a Directiva Europeia n.º

1999/31/CE.

Quadro I.8 – Perspectivas de evolução de acordo com a Directiva n.º 1999/31/CE. (Fonte: INR, 2003)

Ano Produção RSU (t)

Produção RUB (t)

RUB Admissíveis em Aterro (t)

Reciclagem Papel e

Cartão (t)

Capacidade Valorização RUB

Instalada (t)

Capacidade Valorização RUB

a Instalar (t)

1995 3 884 000 2 252 720 2006 5 029 952 2 997 852 1 689 540 311 857 992 816 3 639 2009 5 228 636 3 116 267 1 126 360 372 976 992 816 624 115 2016 5 119 319 3 051 114 788 452 511 932 992 816 767 914

Dados de Base Total

RSU produzidos (t) 3 884 000 Caracterização dos RSU (%) - Resíduos alimentares e de jardim (1) - Papel e cartão (2)

35,0 23,0

Resíduos Urbanos Biodegradáveis (%) = (1)+(2) 58,0 RUB produzidos (t) 2 252 720

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 19

Para cumprir com os objectivos celebrados, em Julho de 2003, foi definida e apresentada pelo

Instituto dos Resíduos a “Estratégia Nacional de Redução de Resíduos Urbanos Biodegradáveis Destinados a

Aterro” (ENRRUBDA), a qual abrange o Continente, bem como as Regiões Autónomas dos Açores e

da Madeira. Segundo o INR[122] esta estratégia pretende efectuar:

O diagnóstico da situação actual em termos de caracterização dos RSU produzidos, bem como

das infra-estruturas de tratamento disponíveis;

A quantificação dos objectivos a alcançar, considerando determinados dados e pressupostos de

base para o período em análise, nomeadamente no que concerne, à evolução da produção de

resíduos e da sua caracterização;

A definição de princípios orientadores e de medidas de acção destinadas a atingir os objectivos

propostos, incluindo uma previsão do investimento e financiamento necessários para esse efeito.

Relativamente ao diagnóstico da situação actual tem vindo ao longo deste capítulo a ser dada

informação. No que se refere ao segundo ponto, está no quadro I.9 informação relativa à quantidade

de RSU e de RUB recolhida em Portugal, em 2002. Esta informação foi tida como base para a

previsão da evolução da quantidade de RUB ao longo do período referido no Decreto-Lei n.º

152/2002, de 23 de Maio[76] (até 2016). Para esta previsão considerou-se a população nacional

constante, a taxa de aumento da produção de resíduos variável[122] (quadro I.10), considerando-se

também constante a percentagem de RUB, MO nos RSU (35.9% - quadro I.4).

Quadro I.9 – Quantidade de RUB recolhida em 2002 no Continente e Regiões Autónomas. (Adaptado: INR, 2003)

Quantidade de RSU Recolhidos (t/ano)

% de RUB nos RSU * Quantidade de RUB Recolhidos (t/ano)

4 642 365 59,6 2 766 850

* Utilizou-se a caracterização de RSU referente a Portugal Continental no ano de 2000 (ver quadro I.4)

Quadro I.10 – Evolução da taxa de aumento da produção de resíduos no período em análise. (Fonte: INR, 2003)

Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% 2,2 2,1 2,0 1,8 1,6 1,3 1,0 0,6 0,2 -0,1 -0,4 -0,6 -0,8 -1,0

Apesar do aumento da quantidade de RSU produzidos prevê-se que a taxa de crescimento anual de

RUB seja progressivamente menor, tomando valores negativos a partir do ano de 2011 (figura I.5), ou

seja, a partir dessa data prevê-se um decréscimo de RUB incorporados no sistema de tratamento de

resíduos. Esta situação resultará do aumento da compostagem em pequena escala (exemplo é a

compostagem doméstica, em escolas, a nível municipal) e também da diminuição da produção de

resíduos de embalagens.

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 20

Figura I.5 – Evolução prevista para a produção de resíduos orgânicos em Portugal no horizonte

considerado. (Adaptado: INR, 2003)

Já quanto à definição de princípios

orientadores a ENRRUBDA refere a

recolha selectiva da MO, a construção de novas unidades de valorização, a optimização das unidades

existentes ou a construir, a produção gradual de composto a partir da recolha selectiva da MO, a

garantia da qualidade do composto e a minimização da deposição de RUB em aterro.

Ainda segundo a mesma fonte[122] as principais medidas de acção a desenvolver são ilustradas na figura

I.6, sendo referidos e salientados os seguintes aspectos:

Associação/reorganização dos sistemas de gestão dos resíduos urbanos existentes de modo a

optimizar a gestão de resíduos, minimizando a dispersão de unidades de tratamento, o que

permitirá tirar partido de economias de escala;

Possibilidades de alguns sistemas funcionarem como utilizadores de capacidades excedentárias

de tratamento disponíveis noutros sistemas;

Possibilidade de adopção de parcerias entre sectores públicos e privados para a, gestão de RSU

e, em particular, de RUB;

Adopção, sempre que possível de sistemas integrados de tratamento dos RUB que permitam

minimizar o quantitativo a enviar para aterro;

Optimização dos processos de tratamento utilizando as melhores tecnologias disponíveis;

Introdução de objectivos faseados de recolha selectiva de resíduos alimentares e de jardim;

Aposta em soluções flexíveis em termos de componentes e linhas de tratamento de modo a

minimizar o risco de ruptura das mesmas;

Identificação e avaliação do destino e mercado dos produtos e materiais resultantes das

operações de tratamento (composto, papel e cartão, electricidade);

Articulação com outras entidades, estruturas técnico-científicas e operadores, das unidades de

valorização, no que concerne à caracterização e utilização de composto.

Na figura I.7 também se referem quais os passos a executar nas diferentes fases desde a produção até

ao destino final.

2600

2700

2800

2900

3000

3100

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Ano

Res

ídu

os

Bo

od

egra

dáv

eis

(t)

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 21

Figura I.6 – Principais medidas de acção a desenvolver. (Fonte: http://www.inresiduos.pt)

Figura I.7 – Fluxograma dos Resíduos Urbanos Biodegradáveis. (Adaptado: EEA, 2002a)

Segundo o INR[122] está prevista a construção de 13 novas unidades de valorização orgânica, por

compostagem ou digestão anaeróbia, bem como a reconversão/adaptação e ampliação de unidades de

compostagem existentes (ver Anexo C) e ainda a construção de uma nova central de incineração com

aproveitamento energético. Para a concretização das medidas de acção preconizadas até 2006, o

INR[122] refere que se prevê, na globalidade, um investimento e um, financiamento de cerca de 309 e

123 milhões de Euros, respectivamente.

I. 7.3. – Documento relativo ao Tratamento Biológico de Resíduos Biodegradáveis

Não obstante a preocupação com o tratamento biológico de resíduos biodegradáveis, ainda não foram

definidas regras a nível europeu. Neste momento existe um documento que poderá constituir a base

de uma proposta de directiva relativamente a este assunto. O documento ao procurar definir regras

harmonizadas para a qualidade do composto tem como objectivos a protecção da saúde, bem como

do ambiente em geral e, em particular, dos solos. São igualmente apresentadas preocupações ao nível

do funcionamento do mercado interno no contexto da União Europeia, onde actualmente se verificam

diferentes abordagens e padrões de exigência na produção e utilização do composto[122]. Em Portugal,

tal não se verifica, estando a qualidade do composto dependente apenas da entidade que o obtém. Dos

diversos aspectos abordados no documento[122], destacam-se os seguintes:

A definição de composto, como o material resultante de um processo de compostagem de

resíduos biodegradáveis recolhidos separadamente. Encontram-se previstas duas classes de

composto, assim como critérios relativos à avaliação da sua qualidade e utilização;

A definição de resíduo biodegradável estabilizado, como o resíduo resultante de tratamento

mecânico/biológico de resíduos recolhidos indiferenciadamente. A sua utilização não deverá

envolver a produção de alimentos;

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

22

A obrigatoriedade de implementação de sistemas de recolha selectiva de resíduos

biodegradáveis em aglomerados urbanos com população superior a 100 000 e 2000 habitantes,

respectivamente no prazo de três e cinco anos.

É subjacente à elaboração do documento o facto de a qualidade do composto produzido ser função da

natureza dos resíduos admitidos a tratamento. Assim, os resíduos biodegradáveis provenientes de

recolha selectiva apresentam, à partida, um maior potencial de valorização orgânica tendo em vista a

obtenção de composto de elevada qualidade, compatível com a sua utilização na agricultura.

I. 7.4. – Valorização Orgânica de RSU em Portugal – A Actualidade

Encontram-se actualmente em funcionamento seis unidades centralizadas de valorização orgânica de

RSU por compostagem, inseridas nos sistemas de gestão de RSU. A capacidade de tratamento

instalada é de cerca de 5*105 t/ano[122, 247], apresentando-se em Anexo (D) uma breve descrição das

referidas unidades. Um aspecto importante de salientar da análise do Anexo D é que os resíduos

processados nas instalações de valorização orgânica actualmente em funcionamento são, em maioria,

provenientes da recolha indiferenciada de RSU. Este facto leva a que os custos envolvidos na triagem

sejam elevados, a taxa de refugos a enviar para aterro elevada, sendo o rendimento das unidades, em

termos de produção de composto, relativamente baixa. Para evitar que tais inconvenientes aconteçam,

tem-se verificado que nos anos mais recentes se tem dado primazia à abertura a novas unidades apenas

para tratamento de resíduos provenientes dos sistemas de recolha selectiva implementados, junto de

grandes produtores de RUB[122]. Para comprovar tal facto, salienta-se a previsão de 13 novas unidades

de valorização orgânica (já referidas), maioritariamente de resíduos provenientes de recolha selectiva.

Mas a valorização orgânica não se faz apenas a nível industrial. Actualmente está a começar-se a

pensar em apostar forte na compostagem doméstica em moradias, com especial evidência para os

casos práticos dos municípios de Oeiras e Seixal. Para além destes, existem inúmeros municípios do

país que apoiam a divulgação da compostagem a nível doméstico nas escolas, isto é, promovendo a

sensibilização e educação ambiental. Também alguns municípios estão fazendo, ou pensando fazer

estudos para apostar na valorização dos seus resíduos verdes, agrícolas e/ou das lamas de ETAR[235,

244].

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

23

Para além da valorização orgânica através da compostagem ou digestão anaeróbia também se efectua

em Portugal, com especial atenção aos grandes centros urbanos (Lisboa e Porto, e na Madeira

também), a incineração de resíduos biodegradáveis, provenientes de recolha indiferenciada, com

aproveitamento energético. Neste momento a capacidade instalada é na ordem das 1.186*106 t /ano,

mais do dobro da capacidade em relação à valorização orgânica.

I. 8. – Breve Referência à Digestão Anaeróbia (Biometanização)

Como já foi referido, existem diferentes alternativas para o tratamento dos RUB. O desenvolvimento

de um sistema optimizado envolve um processo de avaliação das diferentes opções, devendo o

enfoque ser dado às mais adequadas. Parâmetros tais como a composição dos RUB, características

demográficas, clima, entre outros, têm um papel muito importante no processo de decisão e na

escolha da alternativa mais adequada tendo como objectivo a valorização dos RUB.

Os processos bioenergéticos aplicados à valorização de RUB são cada vez mais importantes para a

reciclagem/valorização da MO. Contudo, para proceder ao tratamento dos RUB estes devem ser

sujeitos a processos de selecção, através da separação em casa, da recolha selectiva, ou em locais

centralizados de armazenamento, ou numa unidade especializada de recuperação de materiais[67]. Um

dos processos bioenergéticos aplicáveis à valorização de RUB é a compostagem, o qual vai ser tratado

no capítulo seguinte mais em pormenor. Um outro processo bioenergético aplicável ao tratamento de

RUB é a digestão anaeróbia (biometanização), o qual é definido por Almeida Duarte[4] como sendo um

processo biológico, pelo qual a MO é degradada, na ausência de oxigénio, com produção de metano e

de dióxido de carbono. O objectivo principal é produzir um gás cuja proporção de metano seja

elevada devido ao seu elevado poder calorífico. O processo de digestão anaeróbia dos RUB é, muitas

vezes, denominado biometanização com elevado teor de sólidos ou digestão seca, denominações estas

relacionadas com as características dos substratos que compõem aqueles resíduos, que se caracterizam

por conterem um elevado teor de sólidos, quando comparados com outros substratos, normalmente

utilizados em processos de biometanização como, por exemplo, chorumes, efluentes de aviários, entre

outros[5] .

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________ CAPÍTULO I - Problemática dos Resíduos

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

24

Um sistema inovador de valorização dos RUB, é o que integra um processo de biometanização

(anaeróbio), com elevado teor de sólidos (digestão seca), combinado com o processo de compostagem

(aeróbio), e que pode ser considerado como uma solução tecnológica bastante interessante para

processar os RUB[5]. Como se pode verificar no Anexo D, a VALORSUL já tem em funcionamento

uma unidade que apresenta estas duas vertentes. Almeida Duarte[5] refere que a principais vantagens

desta tecnologia integrada, na abordagem do tratamento dos RUB são:

Recuperação de biogás, que pode ser utilizado como fonte de energia alternativa;

Produção de composto, que pode ser utilizado como correctivo orgânico de elevada qualidade

ou, como combustível para ser utilizado numa caldeira;

Inexistência de produção de efluentes líquidos no processo combinado, o que evita a

necessidade de tratamentos posteriores.

I. 9. – Actividades a Desenvolver

Tendo em conta tudo o que foi referenciado até ao momento, é evidente que a gestão dos resíduos é

uma disciplina complexa e cada vez mais relevante na sociedade actual, que conjuga diversas vertentes,

que vai desde a implementação de uma rede de informação eficaz que permita conhecer

aprofundadamente os resíduos gerados, até à definição do esquema de tratamento mais adequado para

cada um dos tipos de resíduos, tendo em consideração dois aspectos fundamentais, os impactes

ambientais e económicos. Assim, em relação ao tratamento e destino final dos RSU, a situação tem

vindo a melhorar ao longo dos últimos anos, com o encerramento das lixeiras, adequação das redes de

infra-estruturas de eliminação e aumento da valorização. E é neste último que é necessário encontrar

métodos alternativos, mais especificamente para a deposição da fracção orgânica e que combinem as

vantagens para o meio ambiente com custos acessíveis. É aí que a compostagem entra visto ser um

método eficaz, podendo ser efectuada numa central ou em compostores domésticos, que permite

converter os resíduos de cozinha e jardins num fertilizante orgânico. Mas em que é que consiste a

Compostagem???

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_______ CAPÍTULO II - Processo de Compostagem

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 25

CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII

A COMPOSTAGEM. PRINCÍPIOS E PRÁTICA

II. 1. – Decomposição Aeróbia dos Resíduos Orgânicos

II. 1.1. – Decomposição Natural Espontânea de Resíduos Orgânicos em Meio Natural

A degradação biológica de MO ocorreu sempre na Natureza. Esta degradação envolve vegetação

morta (folhas caídas de arvores, plantas secas, restos de arvores, etc.), dejectos de animais e animais

mortos. Devido à sua riqueza em substâncias energéticas (e elementos nutritivos), os resíduos

orgânicos são rapidamente colonizados por microrganismos que, em condições ambientais favoráveis,

procedem à sua decomposição. Na presença do oxigénio (dissolvido na água), a decomposição tem

uma evolução natural, por acção de microrganismos de diversos grupos taxionómicos. Estes utilizam o

oxigénio para degradar a MO, através de reacções de oxidação-redução, obtendo deste modo a energia

necessária às suas funções vitais. Os diversos grupos taxionómicos, em permanente competição,

sucedem-se no decurso do processo bioxidativo dominando, em sequência do mesmo, os que melhor

se adaptam às características nutricionais do substrato e aos factores ambientais[104]. A este processo

natural e espontâneo de decomposição de MO deu-se o nome de “compostagem natural” [53].

II. 1.2. – Decomposição Controlada ou Compostagem

A ciência da compostagem utiliza os conhecimentos resultantes do estudo da evolução do processo de

decomposição/humificação da MO para, numa perspectiva industrial mas também municipal e

doméstica, e visando objectivos de natureza ambiental e agronómica também, criar condições na

massa de resíduos que permitam o pleno desenvolvimento dos microrganismos responsáveis pela

decomposição aeróbia, controlando todos os parâmetros (factores nutricionais e ambientais), por

forma a assegurar a optimização das condições de vida daqueles microrganismos.

A compostagem ou decomposição controlada não é uma técnica recente, tendo vindo a ser praticada

pelos agricultores e jardineiros ao longo dos séculos. Matéria vegetal, restos de cozinha e outros tipos

de resíduos orgânicos são amontoados em pilhas num local conveniente e deixados a decompor e a

estabilizar até estarem prontos para serem devolvidos ao solo ou até que o agricultor necessitasse de

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_______ CAPÍTULO II - Processo de Compostagem

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

26

fertilizar o solo. A recente preocupação com a redução de resíduos e a produção de alimentos

biológicos levou a um renovado interesse na compostagem doméstica, de pequena escala, bem como

em sistemas de compostagem centralizadas e de larga escala, quer municipais quer comerciais. No

Anexo E encontra-se relatada um pouco da perspectiva histórica da compostagem.

II. 2. – A Compostagem. Sua Definição

A compostagem é pois o processo de reciclagem da fracção fermentável (MO) dos RSU. Este permite

a recuperação de uma parte considerável dos RSU, dando um destino útil aos resíduos orgânicos,

evitando a sua acumulação em aterro, possibilitando ainda a melhoria progressiva da estrutura do solo,

devolvendo à terra os nutrientes de que necessita, aumentando a sua capacidade de retenção de água,

permitindo o controlo da erosão e diminuição da utilização de fertilizantes sintéticos. Várias têm sido

as definições propostas para o termo “compostagem”, não existindo ainda uma definição única e

universal para tal. Desta forma, irão ser citadas algumas definições segundo diferentes autores.

Assim, começando pela Legislação Portuguesa, na já revogada Portaria n.º 15/96, de 23 de Janeiro[175]

definia-se compostagem como “processo de reciclagem onde se dá a degradação biológica, aeróbia ou anaeróbia de

resíduos orgânicos, de modo a proceder à sua estabilização, produzindo uma substancia húmica, utilizável em algumas

circunstâncias como condicionador do solo”. Contudo, esta definição de compostagem não é das mais

universalmente aceites, uma vez que a maioria dos autores define compostagem, acima de tudo, como

um processo aeróbio controlado.

Uma definição simplista é também muitas vezes apresentada em Pequenos Guias para efectuar

Compostagem Doméstica como é o caso da definição apresentada pela CMH[38] em que afirma que a

compostagem é um processo natural de transformação dos resíduos provenientes do jardim e da

cozinha (resíduos orgânicos) numa substância rica em MO, chamada composto, ideal para ser usada

nos vasos ou canteiros, em substituição dos adubos químicos. Semelhantes definições são

apresentadas pela CMSeixal[46], CMS[49], Silveira[195], Silveira[194], LIPOR[138], entre outros.

Damião[69] define compostagem como um sistema ecológico que permite a reciclagem de todos os

resíduos orgânicos, transformando-os num composto rico em elementos nutritivos que poderão ser

reaproveitados como fertilizante natural, indo de encontro à estratégia dos 3 R`s.

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_______ CAPÍTULO II - Processo de Compostagem

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

27

Em termos mais científicos, Haug[113] define compostagem como uma decomposição e estabilização

biológica de MO sob condições que permitam o desenvolvimento de temperaturas termofílicas,

originadas pelo calor produzido na actividade biológica, com a obtenção de um produto final

suficientemente estável, isento de microrganismos patogénicos e sementes de plantas [114; 194], para ser

armazenado e que, quando aplicado ao solo, não tenha efeitos adversos para o ambiente. Portanto,

para Haug [113] a compostagem é uma forma de estabilização de resíduos, mas que exige condições

especiais de composição e arejamento para permitir o desenvolvimento de temperaturas termofílicas.

Segundo o mesmo autor, compostagem aeróbia é a decomposição de substratos orgânicos na presença

de oxigénio, obtendo como subprodutos resultantes principalmente dióxido de carbono, água e calor.

Zucconi & De Bertoldi[206] definem compostagem como sendo um processo bioxidante controlado de

substratos orgânicos, no qual ocorre uma fase termófila e a libertação temporária de fitotoxinas, e do

qual resultam dióxido de carbono, vapor de água, elementos minerais e MO estabilizada (“composto”).

Já Pereira Neto & Mesquita[169] definem compostagem como um processo aeróbio controlado, onde se

desenvolvem sucessivas populações de microrganismos, combinando etapas de actividade mesofílicas

e termofílicas, compreendendo duas fases: uma primeira de intensas reacções bioquímicas de

degradação onde a taxa de arejamento é muito importante (fase activa), seguida de outra onde os

processos de humificação ocorrem (fase de maturação), permitindo assim a obtenção de um produto

final estável e seguro semelhante ao húmus.

No documento relativo ao Projecto PIGS levado a cabo pela CMMN[39] a compostagem é definida

como um processo de degradação da MO em condições aeróbias e controladas, efectuada por uma

população heterogénea de microrganismos aeróbios naturalmente associados aos substratos (como

bactérias, fungos e alguns protozoários), que actuam em várias etapas até à estabilização da MO,

produzindo uma substância final estável (não susceptível de repentina degradação biológica),

higienizada (livre de microrganismos patogénicos) e homogénea – o composto, que pode ser utilizada

como correctivo ou fertilizante de solos, com vantagens relativamente a fertilizantes de síntese.

Vallini[201] define o processo, no âmbito da biotecnologia ambiental, como sendo um processo

bioxidante, exotérmico, promovido por microrganismos (bactérias, actinomicetes, fungos),

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naturalmente associados aos substratos a compostar, no qual a biomassa heterogénea putrescível sofre,

em tempo relativamente breve (algumas semanas), profundas transformações físico-químicas

(“maturação”), com perda da putrescibilidade (estabilização), ocorrendo paralelamente a mineralização

e a humificação parciais da MO, sendo que o processo deverá ocorrer sobre condições controladas. O

conceito “condições controladas” é um termo fundamental para a definição de compostagem. De

facto, apesar de ocorrer espontaneamente uma elevação da temperatura em materiais orgânicos

dispostos em pilhas, esta situação não corresponde a uma verdadeira compostagem, mas apenas à

obtenção de produtos utilizados na agricultura, vulgarmente designados estrumes.

Em todas as definições são encontradas expressões que são muito importantes para a definição de

compostagem. Fazendo uma conjunção de todas elas pode-se afirmar que a compostagem é:

Um processo controlado de bioxidação de substratos heterogéneos biodegradáveis, resultante

da acção dos microrganismos (bactérias, actinomicetes e fungos) naturalmente associados ao

substrato (sucessivas populações microbiológicas), durante o qual ocorre uma fase termófila,

a libertação temporária de substâncias com efeito fitotóxico e a biomassa sofre profundas

transformações (mineralização e humificação parciais), sendo o principal produto final,

designado “composto”, estável, higienizado e homogéneo [64; 179].

A escolha das expressões utilizadas justifica-se pelo facto de, por exemplo, no caso da expressão

“processo bioxidante”, esta distinguir a compostagem de outros tratamentos, por exemplo físicos e físico-

químicos, e restringir o processo às condições aeróbias, enquanto a expressão “decomposição biológica”

pode ou não corresponder às condições aeróbias. A preferência fica pela expressão “processo bioxidante”.

No caso das expressões “processo biológico controlado” e “condições controladas”, estas distinguem a

compostagem de outros processos que ocorrem espontaneamente, tal como a putrefacção (processo

de degradação natural), já que pelo controlo das condições do processo (composição da biomassa,

humidade, pH, temperatura e arejamento), as actividades bioquímicas e microbianas durante a

compostagem serão previsíveis. A expressão “tempo relativamente breve” está também associada às

condições controladas. Assim, é fundamental, na definição de compostagem, referir que se trata de um

“processo controlado”. Já as expressões “matéria orgânica”, “materiais orgânicos”, “substratos orgânicos”, “substratos

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biodegradáveis” e “biomassa heterogénea putrescível”, realçam a diversidade dos resíduos susceptíveis de serem

estabilizados biologicamente através da compostagem, separadamente ou em conjunto. As expressões

“temperaturas termófilas”, “exotérmico” e “fase termófila” estão relacionadas com o processo bioxidante que é

termogéneo. No entanto, a expressão “fase termófila” diz respeito a uma das fases características do

processo, sendo por isso, preferível a sua utilização. A existência desta fase é fundamental para a

higienização da biomassa, ou seja, a destruição de microrganismos patogénicos presentes nos materiais

orgânicos a compostar. A expressão “microrganismos naturalmente associados aos substratos” é muito

importante já que são estes os responsáveis pelo processo biológico aeróbio, e “sucessivas populações

microbiológicas” significa que está limitado na celeridade e resultados às particularidades dos processos

biológicos que se desenvolvem. A “libertação temporária de fitotoxinas” está associada à produção

metabólica de substâncias com efeito fitotóxico que ocorre na fase inicial de decomposição da MO.

Esta produção de toxinas é, no entanto, menos intensa e de menor duração em condições aeróbias[206].

As expressões “perda de putrescibilidade” e “estabilização de substratos orgânicos”, dizem respeito às alterações

que ocorrem ao longo do processo e a sua ocorrência origina “profundas transformações físico-químicas” e a

“mineralizacão e humificacão parciais” dos substratos orgânicos heterogéneos, com a consequente

“estabilização da matéria orgânica”. As expressões “matéria orgânica estabilizada”, “produto final estável e seguro”

e “composto” são utilizadas para designar o principal produto da compostagem, sendo que quando se

refere ao produto final seguro está ligado aos aspectos epidemiológicos do processo, uma vez que o

processo lida frequentemente com lixos associados a doenças infecciosas. A expressão “dióxido de

carbono, vapor de água e elementos minerais” refere-se a alguns dos produtos libertados (dióxido de carbono

e vapor de água) durante o processo de bioxidação. Relativamente aos elementos minerais, a sua

referência diz respeito ao aumento aparente da sua concentração por efeito da oxidação da MO ao

longo do processo.

II. 3. – A Compostagem. Caracterização Geral, Representação Química e as Diferentes

Etapas do Processo

Depois de feito uma avaliação em que consiste a compostagem, é também importante referir qual a

sua representação em termos químicos representada através da equação (Adaptada: [94; 114]):

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Matéria Orgânica (RSU) + O2 + Nutrientes + Microrganismos Novas células (Húmus) + Matéria Orgânica resistente + CO2 + H2O + NH 3 + SO4

2- + COV`s +….+ calor (Equação II.1)

Mas além desta equação, que pretende ser generalista, existem equações que tentam traduzir os

fundamentos da compostagem em casos concretos, desde as mais simples (Equação II.2), a outras mais

complexas (introduzindo o elemento azoto) como, por exemplo, a Equação II.3, que pretende

representar a decomposição aeróbia da fracção orgânica total dos RSU [114].

C6H10O5 + 6 O2 6 CO2 + 5 H2O + calor (Equação II.2)

C64H104O37N + 283 / 2 O 2 64 CO2 + 101/2 H2O + NH3 + calor (Equação II.3)

Mas não ocorre apenas o representado nas equações. A aparente simplicidade destas equações não

reflecte, a complexidade e globalidade do processo, uma vez que:

Os substratos a compostar têm uma decomposição heterogénea e complexa;

Não têm em conta as reacções que ocorrem durante a fase de maturação, as quais são, ainda,

mal conhecidas;

Não têm em consideração a presença de elementos, tais como o enxofre, fósforo, entre outros.

A representação do processo bioxidativo, perante tal complexidade não é assim, possível representar

minuciosamente e de forma explícita, embora seja conveniente reter os seus aspectos fundamentais,

conforme representado na figura II.1. No que se refere á cinética da compostagem (avaliada pela taxa

de decomposição dos resíduos orgânicos), tendo em conta o referido, será determinada pela:

Quantidade e diversidade de microrganismos actuantes no processo;

Factores ambientais que vigoram à partida e no decurso do processo, que influenciam as

condições de vida desses microrganismos;

Características do substrato que constitui o suporte físico do processo, retendo a água e

promovendo as trocas gasosas, fornecendo energia e nutriente essenciais aos microrganismos

envolvidos e conservando o calor.

Como pode ser observado nas equações, durante o processo há produção de calor, o que se traduz por

um aquecimento da massa em decomposição. Este aquecimento é benéfico, uma vez que provoca a

aceleração do processo, permitindo ainda a pasteurização do produto final.

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Figura II.1 – Esquema das principais transformações

que ocorrem numa pilha em compostagem. (Fonte: Batista & Batista, 2003)

Pode-se afirmar que a figura II.1 representa de forma esquemática o processo de compostagem. Os

microrganismos existentes nos resíduos a compostar, consomem oxigénio e água e desenvolvem-se à

custa dos substratos orgânicos, originando a libertação de CO2, vapor de água e calor, obtendo-se no

final do processo, o composto. Este é constituído por uma biomassa higienizada (livre de

microrganismos patogénicos que foram eliminados durante o processo), com uma certa humidade,

constituída por elementos minerais e compostos húmicos, com odor a terra ou sem odor.

Outro aspecto a realçar é poder-se equacionar a compostagem como sendo um sistema “substrato-

microrganismos”, em que o substrato se apresenta na fase sólida, constituída por partículas insolúveis

de materiais diversos, sendo a fase aquosa, indispensável ao desenvolvimento microbiano, limitada à

camada de água envolvente das partículas. Os microrganismos exercem a sua actividade metabólica na

interface sólido-líquido, ou seja, na superfície de separação das fases sólida e líquida[104]. Decorrendo

todas as reacções bioquímicas em meio aquoso, uma redução da quantidade de água disponível para

níveis críticos afectará, podendo mesmo comprometer, a decomposição. Se, pelo contrário, existir

água em excesso, os espaços entre as partículas do substrato ficarão preenchidos, inviabilizando a

circulação do oxigénio do ar que não atinge, por isso, as células. Neste caso, criar-se-ão condições de

anaerobiose e, concomitantemente, outro tipo de processo, que não o bioxidativo, ocorrerá[114; 174].

O processo de compostagem em si compreende três fases sendo elas a fase mesófila, a fase termófila e

a fase de arrefecimento/maturação. O processo

normalmente caracteriza-se por um perfil típico

de temperatura (figura II.2).

Figura II.2 – Transformações microbiológicas e perfis de temperatura e pH durante um processo de compostagem devidamente controlado. (Fonte: Martinho & Gonçalves,

2000)

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A fase mesófila compreende o período de adaptação (fase “lag”) e o período de crescimento

exponencial (fase “log”) da população microbiana (essencialmente bactérias). O período de adaptação

corresponde ao tempo necessário (bastante curto) para os microrganismos colonizarem o meio, sendo

o trabalho microbiológico bastante intenso. Ocorre então uma rápida decomposição da fracção

facilmente biodegradável da MO (glúcidos solúveis e hidrolisáveis, lípidos, proteínas, etc.) através da

hidrólise das macromoléculas referidas por intermédio de enzimas extracelulares com formação de

moléculas mais elementares (açúcares, aminoácidos, ácidos gordos voláteis, etc.), que desenrolam um

papel fundamental como alimentos microbiológicos necessários ao período de crescimento. Neste

período ocorre a multiplicação dos microrganismos (bactérias e fungos mesofílicos e termotolerantes),

face à abundância de alimento disponível. Durante este período, que dura cerca de 2 a 3 dias, há

libertação de energia que provoca o aumento da temperatura do meio, atingindo aproximadamente

40ºC, em pH ácido, o que permite a proliferação de espécies características da fase seguinte, assim

como promove a destruição de microrganismos patogénicos.

Na fase termófila (degradação activa), a temperatura continua a aumentar o que causa a morte da

população mesófila, promovendo o surgimento de bactérias termófilas/termotolerantes, fungos e

actinomicetes que são activos até cerca dos 70ºC, em pH básico. Em consequência desta acção

microbiana, na presença de oxigénio e água, são produzidos dióxido de carbono, água e amoníaco

(este último disponível como fonte de azoto para a constituição de novas células) e outros metabolitos

intermédios, b em como elevada quantidade de calor. Esta fase caracteriza-se por valores de

temperatura entre os 40-45ºC até aos 65-70ºC, resultando na libertação de energia sob a forma de

calor. Mantendo a temperatura por volta dos 60ºC durante alguns dias (normalmente cerca de 7 a 21

dias), permite destruir uma percentagem elevada de microrganismos patogénicos, e outros

constituintes como sementes de ervas daninhas, ovos de parasitas, larvas de insectos, entre outros. Já

temperaturas superiores a 65-70ºC reduzem consideravelmente a população microbiana, permitindo

apenas o desenvolvimento de algumas bactérias termofílicas. Mas é na fase termófila que se verificam

acentuadas mudanças no material em compostagem. Nesta fase, a fracção orgânica dos resíduos é

quase totalmente degradada, com excepção parcial da celulose, lenhina e materiais mais resistentes[54],

devido à sua estabilidade estrutural e à dificuldade na sua hidrólise (só possível por microrganismos

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muito específicos, essencialmente os fungos e actinomicetes). Esgotadas as fontes de carbono mais

facilmente degradáveis, verifica-se uma diminuição da actividade microbiana, a qual conduz a uma

diminuição lenta da temperatura, conduzindo ao aparecimento novamente de uma fase mesófila.

Por fim, após um primeiro ciclo de metabolização da MO, dá-se um decréscimo lento e progressivo da

temperatura (fase de arrefecimento, visto nesta fase as perdas de calor excederem a energia que é

gerada) (figura II.2), dando início à fase de maturação, completando-se as reacções e ocorrendo a

degradação da MO residual mais resistente, assim como a síntese de substâncias húmicas. Nesta fase

ocorre também um repovoamento do material em compostagem. Desenvolve-se assim uma nova e

diversificada população microbiana (fungos, actinomicetes e bactérias), em substituição da população

responsável pela fase anterior que, entretanto, se vai decompondo, libertando CO2, H2O e energia, e

permitindo a reciclagem dos nutrientes (nomeadamente do azoto). Fungos e actinomicetes

mesofílicos/termotolerantes e posteriormente bactérias (diversidade menor que em relação às outras

fases) atacam a fracção lentamente biodegradável dos resíduos orgânicos (hemicelulose, celulose,

quitina) e, ainda a fracção mais resistente (lenhina e linhocelulose), decompondo-se parcialmente.

Segundo Mustin[152], a maioria dos autores referem que a lenhina parcialmente decomposta constitui a

estrutura base das substâncias húmicas. Libertam-se igualmente nesta fase CO2 e H2O bem como NH3

e outros metabolitos fitotóxicos, mas em concentrações relativamente reduzidas, sendo igualmente

reduzida a produção de calor. Em consequência da contínua reciclagem do azoto e do consumo de

carbono, a relação C/N reduz-se, atingindo valores inferiores a 20, dando-se a maturação[184]. A

população microbiana atinge um equilíbrio dinâmico, embora se reduza substancialmente, em número.

Esta última fase poderá variar de 1 a 5 meses, sendo que na sua fase terminal a evolução se deve mais

ao desencadeamento de complexos processos químicos de condensação e polimerização do que à

acção dos microrganismos, caracterizada pela formação de polímeros estáveis. A produção de CO2 é

reduzida, acentuando-se a mineralização do azoto e de outros elementos. Quando se atinge um valor de

temperatura próximo da temperatura ambiente indica que se está próximo do término do processo.

Embora tenham sido referidos períodos de tempo necessário para cada uma das fases do processo, a

sua duração em muitos casos poderá variar (quadro II.1), dependendo da constituição inicial da

mistura de compostagem, da tecnologia de compostagem aplicada, do controlo do processo, e das

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condições meteorológicas existente no local. A título exemplificativo, refere-se os casos práticos de

compostagem por pilhas revolvidas em pátio aberto, desenvolvidos em Portugal, inseridos no

Programa Life-Ambiente desenvolvidos tanto na Central de Compostagem de Penafiel (Projecto LIFE

99/ENV/P/000658), o qual apontou para um período de 6 a 7 meses[45], até se atingir o final do

processo, assim como no município de Montemor-o-Novo “Unidade Piloto de Co-Compostagem”

(Projecto LIFE 00 ENV/P/00829), em que o processo demorou entre 4 a 5 meses[39].

Quadro II.1 – Comparação dos tempos de compostagem com os diferentes métodos. (Fonte: CMMN, 2003)

Método Período Típico Tempo de Maturação

Gama Típico Natural 2 – 3 Anos 2 Anos ---

Pilha (com revolvimento) 1 – 4 Meses 2 Meses 1 – 2 Meses Pilha (com arejamento forçado) 3 – 5 Semanas 4 Semanas 1 – 2 Meses Reactor (tipo tambor rotativo) 3 – 8 Dias 3 Dias 2 Meses

Reactor (vertical) 1 – 2 Semanas --- 2 Meses

Assim, pode-se afirmar que o processo de compostagem tem como objectivo principal a obtenção de

um produto estável (composto), que não seja susceptível de repentina evolução biológica, maturado, e

que seja compatível (não fitotóxico), por exemplo, com o emprego na agricultura como correctivo

orgânico dos solos. O processo deve também permitir a eliminação de maus odores, a redução do

volume e de massa, e a desactivação de microrganismos patogénicos (higienização). A perda de

humidade que ocorre ao longo do processo de compostagem traduz-se numa redução dos custos de

manuseamento e de transporte, bem como na facilidade de aplicação dos compostos. Durante o

processo também são eliminados agentes que provocam doenças nas plantas, sementes de infestantes,

insectos e seus ovos[113]. O mesmo autor[113] refere que a compostagem é um processo flexível. Haug[113]

e Vallini[201 referem que o processo de compostagem pode ser considerado segundo duas perspectivas:

como um processo orientado para a produção de compostos com interesse agrícola de forma a

promover uma melhoria das condições do solo em termos de estrutura, porosidade, fertilidade,

capacidade de retenção da água, arejamento e actividade microbiana, e como um processo orientado

para o tratamento de resíduos orgânicos, ou simplesmente estabilizados e desidratados parcialmente,

de forma a serem depositados em aterro. Haug[113] também afirma que o conteúdo em nutrientes dos

compostos está relacionado com a qualidade dos substratos orgânicos utilizados, embora, no entanto,

muitos tipos de compostos tenham baixo teor de nutrientes e a sua principal utilização será como

correctivos orgânicos, condicionadores de solo ou como protectores quando usados em superfície.

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Por outro lado, alguns nutrientes como o azoto encontram-se em formas que não são directamente

assimiláveis pelas plantas, o que se traduz numa menor disponibilidade mas, por outro lado, faz com

que ocorram perdas menores por lixiviação quando os comparamos com os fertilizantes tradicionais.

II. 4. – Substratos “Compostáveis” – Particular Atenção aos Resíduos Verdes

A quantidade de substratos que potencialmente poderão ser decompostos é bastante ampla, e inclui os

resíduos urbanos, os restos alimentares, os resíduos lenhosos, os resíduos verdes, os resíduos

industriais e agro-pecuários, lamas municipais e industriais, entre outros. Assim, a sua diversidade é

enorme, tal como a sua quantidade e complexidade. Na figura II.3 apresenta-se algumas das potenciais

fontes de substratos “compostáveis” nas diversas áreas de actividade.

Figura II.3 – Resíduos orgânicos potencialmente utilizáveis em compostagem. (Fonte: Cunha Queda, 1999)

Tendo em conta que um dos objectivos do trabalho é o de realizar uma experiência prática, aplicando

o processo de compostagem com resíduos verdes e uma outra a de obter informação para uma

possível Estação de Compostagem de Resíduos Verdes no Concelho de Oeiras, viu-se necessário

proceder a uma pesquisa mais aprofundada a este tipo específico de resíduos.

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II. 4.1. – Resíduos Verdes

Os resíduos verdes, ou de jardim, são constituídos pelas folhas, aparas de relva e desperdícios

lenhosos, nomeadamente galhos e ramos de árvores, desbastes, talos e raízes. No fundo, são todos os

resíduos resultantes da limpeza e cortes de jardins, públicos ou privados. Haug[114] afirma que duma

maneira geral, cerca de 70 % dos resíduos verdes consistem em aparas de relva, 25 % são folhas e os

restantes 5 % constituem uma miscelânea de galhos e ramos de árvores e arbustos.

A produção de resíduos verdes é bastante influenciada pela localização, clima, tipo de

desenvolvimento (urbano, suburbano ou rural), maturidade da área (recentemente construída com

pequenas árvores e relvados imaturos ou árvores grandes e relvados já estabelecidos) e condições

meteorológicas locais. Muito importantes são também as variações sazonais, que apresentam

diferenças, consoante a região, o clima e o tempo[116]. Nas regiões temperadas a produção de resíduos

verdes segue um padrão sazonal típico, onde Janeiro e Fevereiro apresentam um mínimo de produção,

uma vez que o crescimento vegetal se encontra num estado de dormência. Em Março e Abril, com o

início do tempo mais quente, ocorrem as limpezas de Primavera e começa o crescimento da relva,

constituindo as aparas de relva, até meados de Outubro, a maior componente dos resíduos verdes. No

entanto, é de esperar um decréscimo na produção de relva, durante Julho e Agosto, devido ao tempo

seco característico destes meses. Em regiões com Invernos frios, as aparas de relva são tipicamente

geradas de Maio a Setembro e as folhas caducas são recolhidas entre Setembro e Dezembro e depois

mais tarde, no início da Primavera, enquanto as podas (ramos e galhos) aparecem no fluxo no início da

Primavera e no Outono.

II. 4.1.1. – Características dos Resíduos Verdes

Os resíduos de jardim podem agrupar-se em quatro grupos distintos que importa considerar, quando

se pretende implementar um sistema de recolha, gestão e deposição destes resíduos. Assim, temos:

Folhas (especialmente de arbustos e árvores caducas);

Plantas herbáceas rejeitadas e/ou provenientes do seu desbaste (podas);

Podas e ramos de arbustos, plantas e árvores;

Aparas de relva.

Estes componentes diferem entre si nas propriedades físicas e químicas e quanto à biodegradabilidade.

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A estrutura natural das plantas herbáceas verdes, recém cortadas, conduzem a uma rápida

decomposição, enquanto que as mais maduras não o são tanto. O conteúdo em azoto dos resíduos de

jardim depende da quantidade dos diferentes componentes presentes na massa total de resíduos a tratar.

Segundo Haug[114], as folhas e a relva, apresentam normalmente um elevado conteúdo em humidade e

têm um carácter sazonal. As folhas recolhidas no Outono são altamente carbonáceas e pobres em

azoto. A relva tem um elevado conteúdo em azoto e poderá ser responsável pela emissão de óxidos de

azoto, se misturada com outros resíduos, em projectos de recuperação de energia.

O conhecimento das densidades dos vários constituintes dos resíduos verdes é também bastante

importante uma vez que estes resíduos são muitas vezes medidos em volume. No quadro II.2

mostram-se as densidades de alguns componentes dos resíduos de jardim.

Quadro II.2 – Densidade típica dos diferentes tipos de resíduos de jardim, em diferentes condições. (Adaptado:

Herbert, 1993)

As causas da grande variação de densidade devem-se ao conteúdo de humidade e ao método de

recolha e transporte. Folhas húmidas compactadas são mais densas que as folhas recolhidas por vácuo

sendo que a relva húmida é mais pesada que a relva cortada durante o tempo seco.

Uma vez que, por exemplo, nos resíduos resultantes das varreduras dos espaços públicos é muito

provável a presença de materiais objectáveis, tais como cápsulas de garrafas, vários tipos de plásticos,

pedaços de vidros, entre outros, não é aconselhável a mistura desta fracção com os resíduos verdes

destinados à compostagem. No entanto, mais preocupante que estes materiais, são as poeiras e

sujidades existentes nessas varreduras[78]. As poeiras e lamas são também potenciais transportadores de

substâncias perigosas, orgânicas e inorgânicas. No entanto, deve salientar-se que, em termos de

conteúdo e origem, as poeiras das varreduras de rua apenas variam ligeiramente das que se acumulam

na folhagem das plantas, árvores e arbustos das margens e passeios, particularmente onde o tráfego

automóvel é mais intenso. Assim, o afluxo de folhas durante o Outono poderá incluir uma quantidade

Componente Condição Densidade Típica

Folhas Soltas e Secas 0,06 – 0,15 Folhas Partidas e Secas 0,15 – 0,21 Folhas Compactadas e Húmidas 0,24 – 0,30

Relva Verde Cortada e Seca 0,18 – 0,24 Relva Verde Compactada e Húmida 0,30 – 0,47

Resíduos de Jardim Recolhido 0,21 – 0,55 Resíduos de Jardim Fragmentado 0,27 – 0,36

Galhos e Folhas Soltos e Secos 0,06 – 0,18 Composto Acabado e Peneirado 0,42 – 0,71

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apreciável de poeiras contaminadas.

Todas estas características afectam o bom funcionamento do processo de compostagem e o conteúdo

físico e químico global dos resíduos verdes, a serem processados.

II. 4.2. – Problemas dos Substratos Secos e Húmidos

Os substratos demasiado húmidos apresentam problemas relacionados com o elevado teor em

humidade, podendo esta atingir valores entre os 70 e 80 %. Este problema, normalmente, não sucede

com os resíduos de jardim, sendo a excepção mais evidente o caso da relva húmida. O problema está

sem dúvida associado às lamas. A presença de tanta água poderá provocar a redução das temperaturas

de compostagem tornando ineficiente todo o processo se a humidade não for controlada[114]. Como

regra, quanto maior for o conteúdo em humidade do material orgânico, maior é a necessidade de

manter um grande volume dos vazios para se assegurar um arejamento adequado. O elevado conteúdo

em humidade, a falta de porosidade, a tendência para compactar e a necessidade de secar as lamas

durante a compostagem, tornam a compostagem destes materiais bastante complicada.

Segundo Haug[114], os substratos secos, tais como os resíduos agrícolas e, particularmente, os resíduos

de jardim, são materiais heterogéneos e poderão requerer a análise de quais os que se deverão colocar

e a sua proporção, de modo a que se produza um produto final desejável. Este tipo de resíduos,

apresentam geralmente deficiências a nível de nutrientes, nomeadamente de azoto que poderá ter que

ser adicionado para que se evitem situações limitantes. A trituração do material é muitas vezes

necessária para reduzir o tamanho das partículas e, assim, aumentar as taxas de decomposição. Poderá

ser necessário adicionar água à mistura para evitar limitações bioquímicas devido ao deficit de humidade.

A relva e as folhas são muitas vezes recolhidas e decompostas juntas, mas estes dois substratos são

completamente diferentes um do outro. As folhas são bastante quebradiças e fazem uma boa mistura

estrutural, caracterizando-se por apresentarem taxas de decomposição relativamente baixas e,

normalmente, permanecerem frescas, mesmo quando armazenadas por períodos de tempo curtos,

antes de serem recolhidas. No entanto, as folhas apresentam um baixo conteúdo em nutrientes,

requerendo, por isso, uma adição suplementar de azoto e, em complemento, alguma trituração, que

permite a redução da razão C/N. Contrariamente, a relva não é quebradiça, tendendo antes a

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compactar sobre si mesma, caracterizando-se por uma alta taxa de decomposição, resultando daí que,

muitas vezes, caso não se coloque logo a compostar, já possa apresentar decomposição anaeróbia e

odorífica. Não pode ser armazenada sem que se gerem odores e deverá ser imediatamente incorporada

no processo de compostagem. No entanto, este problema poderá ser evitado misturando totalmente

as aparas de relva com outros componentes. Se correctamente manuseadas, as aparas de relva aumentam

o processo devido ao seu elevado grau de decomposição e ao seu elevado conteúdo em azoto.

Como se pode inferir, cada tipo de substrato apresenta as suas próprias características e desafios e,

como tal, para que o processo de compostagem funcione na perfeição, é necessário o conhecimento

do tipo de material a compostar, assim como o seu comportamento durante todo o processo.

II. 5. – Princípios Fundamentais. Factores e Parâmetros Condicionantes da Compostagem

II. 5.1. – Aspectos Biológicos/Microbiológicos do Processo

A compostagem é um processo biológico onde intervêm microrganismos diversos. Dentro destes, os

mais importantes são as bactérias, os fungos e os actinomicetes, que desempenham um papel

fundamental, colonizando os resíduos orgânicos (posicionam-se na película de água que envolve as

partículas sólidas do substrato, exercendo a sua actividade metabólica na periferia destas) e

participando em numerosas transformações químicas que ocorrem no solo (e.g., a mineralização dos

compostos de azoto e a síntese da amónia e nitratos, ambos nutrientes vitais para as plantas, são

realizados por determinadas bactérias). Todos os outros grupos, como é o caso dos protozoários, são

de menor importância, mas também podendo contribuir indirectamente no processo[2]. A importância

dos actinomicetes nos processos de compostagem revela-se porque são particularmente activos na

degradação de moléculas orgânicas insolúveis de elevado peso molecular como a celulose, lignina,

proteínas, ceras, entre outros.

Os microrganismos estão presentes nos resíduos orgânicos em quantidades elevadas que variam entre

os vários milhares e milhões por grama de resíduos, dependendo da natureza destes. Para se ter um

factor de comparação, um solo fértil apresenta até alguns milhões de microrganismos em apenas 1 cm3

que dependem da própria MO do solo para a sua nutrição [189]. Mas os vários grupos taxionómicos

estão em permanente competição pelos nutrientes disponíveis e vão-se sucedendo ao longo do

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processo, dominando ou deixando-se dominar consoante a composição química do substrato e

condições ambientais no seio da pilha (temperatura, e.g.)[112]. É também de salientar que os diferentes

microrganismos responsáveis pela compostagem podem estar presentes, à partida, nos resíduos

orgânicos ou serem para este veiculados por poeiras, solo, água, entre outros. A população de

microrganismos existente nos resíduos, normalmente é suficiente para desencadear o processo de

degradação, desde que as condições sejam favoráveis. Testes provaram que não é necessário inocular

as pilhas para efectivar a compostagem de resíduos verdes ou outros resíduos orgânicos[84; 186].

II. 5.1.2. – Populações Microbianas e a Sua Dinâmica no Processo

A temperatura é o principal factor responsável pelo sucessivo domínio dos diferentes grupos de

microrganismos ao longo do processo[166], embora a sucessão microbiológica também seja determinada

pelas características nutritivas do meio (em permanente evolução), e por outros factores ambientais

além da temperatura, nomeadamente a humidade, disponibilidade de oxigénio e o pH.

As bactérias, as primeiras a actuar, são predominantes na massa a compostar. As bactérias mesófilas

são geralmente as principais responsáveis pelo desencadeamento do processo (exceptuando as

situações em que os resíduos são de natureza linho-celulósica, em que os fungos e actinomicetes

mesófilos assumem protagonismo). Em condições nutricionais e ambientais apropriadas ao seu

metabolismo, multiplicam-se rapidamente (figura II.4) e atacam a MO mais rapidamente biodegradável

(glúcidos solúveis ou facilmente hidrolisáveis, prótidos mais simples), com a consequente produção de

ácidos orgânicos. Da sua acção resulta também um drástico aumento da temperatura que irá potenciar

a acção dos microrganismos termófilos que as sucedem[101]. Tendo em conta que no início do processo

o teor em humidade é normalmente elevado, torna-se mais propício às bactérias[104]. Segundo

Mustin[152], a actividade microbiana aumenta consideravelmente entre os 35 e 45ºC. Por sua vez, o

aumento da temperatura (acima dos 40-45ºC) tem como consequência um efeito selectivo a favor de

um grupo restrito de microrganismos heterotróficos, aeróbios e termófilos. Durante este período de

temperaturas termófilas, o número de bactérias e de fungos mesófilos decresce, aumentando o número

de bactérias e de fungos termófilos (figura II.4). A maioria dos actinomicetes são inibidos pelas

temperaturas elevadas mas, após o arrefecimento para temperaturas mesófilas, crescem rapidamente.

Finstein et al. [93] e o CDC[56] referem que acima dos 70-80ºC cessa praticamente toda a actividade

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microbiana, resistindo apenas algumas bactérias.

Figura II.4 – Curvas de crescimento de microrganismos heterotróficos aeróbios

mesófilos e termófilos durante o processo de compostagem. O gráfico à esquerda refere-se

às bactérias e à direita aos fungos. (Fonte: Bertoldi et al., 1988 fide Reis, 1997)

Os polímeros naturais de cadeia longa (celulose) ou outras moléculas (amido, pectina e lenhina) são

atacadas posteriormente por outros grupos de microrganismos, como fungos e actinomicetes. A

degradação da celulose ocorre durante todo o processo, mas é mais intensa na fase final, sendo

responsáveis pela sua degradação os fungos celulíticos e os actinomicetes. Na fase final do processo

verifica-se, portanto, um decréscimo do número de bactérias celulíticas e um aumento de fungos

celulíticos. Os fungos beneficiam do decréscimo da temperatura, do pH e da humidade que ocorrem

ao longo do processo e que também favorecem os actinomicetes, intensificando assim o ataque à

celulose e linho-celulose e outros compostos resistentes à biodegradação (figura II.5).

O decréscimo da temperatura da massa para valores abaixo dos 40° C, faz com que os microrganismos

mesófilos não destruídos pelo calor (porque na fase termófila da compostagem tinham esporulado ou

mantido na camada superficial) reinvadem a pilha, iniciando a maturação da massa de resíduos. Dá-se

igualmente a invasão da micro e macrofauna, desenvolvendo-se fortes relações de antagonismo e

predação. É igualmente nesta fase que ocorrem as reacções secundárias de condensação e

polimerização através das quais se

formam os ácidos húmicos.

Figura II.5 – Curvas de crescimento de bactérias e fungos celulíticos durante o processo de compostagem. O gráfico à esquerda refere-se às bactérias e fungos celulíticos e à direita aos actinomicetes. (Fonte: Bertoldi & Zucconi, 1980 fide

Silveira, 1987)

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II. 5.1.3. – Microrganismos Intervenientes

II. 5.1.3.1. – Bactérias

As bactérias são os organismos vivos conhecidos de menores dimensões. São tipicamente unicelulares

ocorrendo também associações multicelulares de células individuais, sendo a sua estrutura celular do

tipo procarióticas. Assumem várias formas morfológicas cujas dimensões variam entre os 0.5 µm e 10

µm. Devido a este facto, a sua superfície específica é muito grande o que permite uma rápida

transferência de substratos solúveis para a célula e uma elevada actividade metabólica[114],

principalmente se a humidade do substrato for elevada e a relação C/N reduzida (10-20), uma vez que

o seu protoplasma apresenta uma relação C/N média de valor 5. Através de um estudo efectuado

chegou-se à composição elementar das bactérias aeróbias e anaeróbias que foi descrita como C5H7O2N

até C5H9O3N. Comparando com a composição dos fungos, C10H17O6N, mostra que as bactérias são

mais exigentes em azoto que os fungos[145], fazendo com que os estes últimos possam metabolizar

substratos muitos mais pobres em humidade que as bactérias.

As bactérias, assim como os fungos e actinomicetes, podem classificar-se, segundo as suas

temperaturas térmicas, em psicrofílicas, mesófilas e termófilas que atingem as mais elevadas taxas de

crescimento a temperaturas inferiores a 15ºC, de 15 a 45ºC e de 45ºC a 65ºC, respectivamente [2].

Algumas espécies têm a particularidade de assumirem formas resistentes (esporuladas), o que lhes

permite resistirem a condições adversas do meio (e.g., temperaturas elevadas), assumindo de novo a

forma vegetativa logo que as condições do meio se modifiquem[34].

A maior parte das bactérias heterotróficas são aeróbias, desenvolvendo-se melhor a pH próximo da

neutralidade e são sensíveis à acidez (razão pela qual os fungos dominam a pH mais reduzido).

Contudo, a existência de vários grupos fisiológicos destes microrganismos (bactérias amonificantes,

desnitrificantes, fixadoras de azoto, etc.) e a tolerância a temperaturas elevadas de algumas espécies

(nomeadamente dos géneros Thermus e Bacillus)[20], justifica o facto de estarem permanentemente

activas ao longo da compostagem, muitas vezes metabolizando desde compostos mais simples

resultantes do ataque dos fungos e actinomicetes a polímeros complexos[24]. As bactérias mesofílicas

dominam as fases iniciais, sendo substituídas por bactérias termofílicas à medida que a temperatura

aumenta para valores superiores a 40-45°C[112]. Espécies do tipo dos actinomicetes podem observar-se

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nos processos de compostagem, tornando-se mesmo visíveis a olho nu, as suas colónias (de aspecto

esbranquiçado) em pilhas de compostagem, a distâncias de 10 a 40 cm da superfície das mesmas. Os

actinomicetes predominam fundamentalmente na fase termofílica do processo.

Golueke[100] estimou que 80-90% da actividade microbiológica na compostagem é dominado pelas bactérias.

II. 5.1.3.2. – Fungos

Os fungos têm uma estrutura celular do tipo eucariótica e dividem-se em dois grupos: os bolores e as

leveduras. Os bolores são estritamente aeróbios, observando-se uma tendência para formar estruturas

filamentosas (figura II.6). As leveduras apresentam metabolismos aeróbios e anaeróbios e tendem a

ocorrer nas formas unicelulares. Da sua maior dimensão comparativamente às bactérias e

actinomicetes resulta que a sua biomassa no composto maturado seja superior à soma da biomassa

destes dois últimos grupos taxionómicos. Os fungos são muito

similares às bactérias organoheterotróficas, pois utilizam

muitos substratos orgânicos idênticos.

Figura II.6 – Fotografia de um fungo obtida aquando do realizar da experiência com os compostores na Fábrica da Pólvora (ver Capítulo V.

PARTE II). (Fotografia por: Carlos Ferreira)

Como utilizam substratos idênticos a competição entre estes microrganismos é comum, contudo,

como os fungos são menos afectados por substratos com elevadas relações C/N, baixo teor de

humidade, maiores amplitudes de pH (desenvolvem-se melhor a pH neutro ou ligeiramente alcalino

sendo mais tolerante à acidez do que as bactérias e actinomicetes, pelo que assumem protagonismo

quando o pH do substrato é relativamente baixo[2]) e têm menores exigências de azoto que as

bactérias, conseguem tornar-se suficientemente competitivos em muitas circunstâncias em que as

bactérias não têm condições de crescer rapidamente (a maior parte é também capaz de utilizar a

amónia ou nitratos como fontes de azoto).

Mas caso exista um excesso de humidade e/ou deficiência de oxigénio são os primeiros a sofrer. Por

isso, tal como os actinomicetes, colonizam frequentemente as zonas mais arejadas e secas das pilhas de

resíduos, podendo as suas colónias de aspecto pulverulento e cor acinzentada ou amarelada, ser

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observadas na camada superficial da pilha até aos 10-40 cm de profundidade, principalmente quando

não se procede a um assíduos revolvimento da mesma. Quando a pilha está mais seca, as colónias

podem ser detectadas em todo o seu volume[100].

A maior parte dos fungos são mesófilos, registando-se o seu máximo desenvolvimento a temperaturas

dos 20-22ºC[2]. Apesar da sua resistência, estudos realizados mostraram que parecem não se reproduzir

em muito boas condições para temperaturas a partir dos 60-65°C, pelo que temperaturas elevadas e

condições de anaerobiose podem limitar as populações de fungos em processos de compostagem,

fazendo com que estejam pouco activos na fase termófila do processo bioxidativo. Nesta etapa do

processo, os fungos termófilos e mesófilos sobrevivem mais na periferia da pilha enquanto as

temperaturas se manterem muito elevadas. Já na fase de decréscimo das temperaturas assumem o

protagonismo em que, após o consumo dos compostos rapidamente biodegradáveis, só se encontram

praticamente presentes no substrato polímeros de elevada razão C/N. Nesta altura o processo situa-se

entre os 55-60ºC e os 40ºC, fazendo com que os fungos termófilos se multipliquem e procedam ao

ataque ao substrato de elevada razão C/N, verificando-se que é nesta fase que a sua acção atinge maior

rendimento. A sua aptidão para atacar este tipo de polímeros resulta principalmente do facto de o seu

protoplasma apresentar uma relação C/N mais elevada do que a das bactérias (cerca de 10).

II. 5.1.3.3. – Actinomicetes

Os actinomicetes são um grupo de microrganismos que apresentam características morfológicas e

fisiológicas que os situam entre os fungos e as bactérias. Em relação aos fungos, diferem no facto de

serem menos filamentosos e melhor adaptados ao crescimento no solo. O seu papel é particularmente

importante na degradação de substratos semi-secos na compostagem[162]. São mais proeminente em

estágios avançados do processo de compostagem, tornando-se mais abundantes e mesmo dominantes,

por vezes aparecendo junto à superfície das pilhas de compostagem, observáveis pelo aparecimento de

colónias que assumem uma cor esbranquiçada ou cinzento claro, com aspecto pulverulento[104], devido

ao pleno desenvolvimento dos seus micélios, típica destes organismos[2]. A presença pode ser

igualmente detectada pelo cheiro a “terra fértil, recentemente revolvida” que é resultante da presença do

metabolito geosmina, produzido por actinomicetes mesófilos que assumem um papel preponderante

na fase de humidificação do processo. Os actinomicetes têm também a capacidade de metabolizar uma

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ampla gama de compostos orgânicos, tal como a celulose, lignina, ácidos azotados, amido, proteínas e

hemicelulose que convertem em húmus[2].

Alguns actinomicetes são mesófilos, outros termófilos obrigatórios ou facultativos. A temperatura

óptima deste grupo de microrganismos ronda os 65°C, reduzindo o seu metabolismo a temperaturas

próximas dos 75°C (a que só resistem algumas bactérias termófilas), surgindo contudo mais tarde que

as populações de bactérias e fungos. Alexander[2] refere que as populações de actinomicetes são mais

abundantes em ambientes com pH entre 6.5 e 8.0 (sendo muito sensíveis à acidez) e que a sua

temperatura óptima será de 55 a 60°C. Os actinomicetes são mais tolerantes à secura do que as

bactérias e fungos e mais resistentes ao excesso de humidade do que estes últimos, desde que se

verifique um suficiente arejamento do substrato. Devido à sua grande exigência de oxigénio, os

actinomicetes, tal como os fungos, desenvolvem-se nas camadas superficiais das pilhas, pois

caracterizam-se por terem muita dificuldade de se desenvolverem em ambientes com baixo teor de

oxigénio[95]. Várias estirpes têm a capacidade de produzir antibióticos, contribuindo para a eliminação

dos patogénicos. Os actinomicetes são, ainda, os principais responsáveis pela mineralização do húmus.

II. 5.1.3.4. – Protozoários e Outros Protistas

Os protozoários e outros protistas (vírus), por diferentes motivos, praticamente não aparecem nos

processos de compostagem, face às suas principais características, a dependência de MO pronta, boas

condições de arejamento e temperaturas de 7 a l3° C[2]. O s protozoários constituem um grupo

heterogéneo de protistas eucariotas não fotossintéticos, de metabolismo organoheterotrófico, dotados

de mobilidade, exibindo também uma tendência para um crescimento unicelular com complexa

organização multicelular. Desenvolvem-se à custa de compostos orgânicos solúveis ou predando sobre

outros microrganismos. Acredita-se que actuam de forma indirecta no processo de compostagem

promovendo, através da mobilidade e acção predatória, a coabitação de bactérias competitivas e a

disseminação dos esporos fúngicos, ingerindo-os e libertando-os em locais distintos da massa de

resíduos[19]. Contudo, um vasto número de protozoários é agente de doenças como a desinteria,

giardíase, malária, doença do sono africana, etc. Estes têm também a capacidade de segregarem uma

espessa camada de revestimento, perder humidade e limitar ou mesmo parar o seu metabolismo,

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criando condições (normalmente um cisto), que os protege dos ambientes adversos ao seu

desenvolvimento, o que os torna mais resistentes a ambientes com carência de humidade,

temperaturas elevadas, permitindo-lhes resistir até que as condições lhes sejam mais favoráveis[2].

Como tal, o processo de compostagem deve garantir as condições para assegurar a sua destruição. Já

os vírus são parasitas obrigatórios, utilizando células hospedeiras para obter os mecanismos

bioquímicos de que necessitam. Não têm qualquer papel construtivo no processo de compostagem,

sendo a única preocupação o seu potencial de transmissão de doenças, tal como com os protozoários,

pelo que o processo deve garantir as condições necessárias à sua destruição.

II. 5.1.4. – A Cadeia Alimentar e Os Outros Organismos – O Exemplo dos Invertebrados

Embora a acção dos microrganismos seja preponderante em qualquer sistema de compostagem, visto

serem responsáveis por cerca de 95%[19] das alterações provocadas à MO inicial, a acção de outros

organismos, nomeadamente a dos invertebrados, não é negligenciável. As minhocas, por exemplo,

constituem um dos invertebrados que assumem um papel importante no processo de decomposição.

Alguns invertebrados como miriápodes, nemátodes, caracóis, lesmas e minhocas, também se

alimentam dos resíduos orgânicos que formam a base do composto[56]. Estes consumidores primários

servem de alimento a consumidores secundários, grupo nos quais se incluem algumas espécies

predadoras de nemátodes, ácaros e escaravelhos[19], e assim sucessivamente ( figura II.7). De facto, é

difícil identificar um determinado grupo de organismos como responsável por qualquer das fases de

decomposição, uma vez que se verificam várias interacções entre todos os intervenientes. De entre a

macrofauna, podemos encontrar larvas de

insectos e anelídeos, escaravelhos, moscas,

formas larvares de formigas, térmitas, entre

outras, que se desenvolvem muito bem em

materiais orgânicos.

Figura II.7 – Exemplo de cadeias alimentares no processo de decomposição da matéria orgânica (Consumidores de 1º

nível; Consumidores de 2º nível; Consumidores de 3º nível). (Fonte: Dindal, 1978 fide Batista & Batista, 2003).

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II. 5.1.5. – Microrganismos Patogénicos

II. 5.1.5.1. – Mecanismos de Eliminação/Inactivação

A generalidade dos microrganismos são inofensivos ou até mesmo úteis para o homem. Contudo, os

resíduos orgânicos a submeter à compostagem apresentam habitualmente microrganismos patogénicos

e parasitas, cuja quantidade e diversidade depende da origem e natureza daqueles resíduos, podendo

provocar doenças no homem. Os microrganismos patogénicos podem ser bactérias, protozoários,

vírus ou nemátodes. Ocorrem geralmente em fezes do homem ou de animais, pelo que podem ser

encontrados com maior predominância em lamas de ETAR's (esgotos) e surgirem nos processos de

compostagem dessas lamas ou de RSU. Um dos principais objectivos é a destruição destes patogénicos.

As lamas de esgotos e fossas sépticas conterão, certamente, elevadas concentrações de agentes

patogénicos de origem fecal e, nos resíduos de natureza vegetal, os microrganismos patogénicos serão,

obviamente, os que afectam as plantas. Nos RSU, pressupor-se-á a presença de uma diversificada

gama de microrganismos e outros capazes de provocar doenças no homem, animais e nas plantas, uma

vez que podem integrar resíduos das mais diversas proveniências. Mas o processo de compostagem

permite a esterilização ou higienização da massa de resíduos a ela submetida. Diversos estudos

concluíram que a inactivação de patogénicos se consegue em processos de compostagem

correctamente operados[95; 99 ; 159], apontando como principais mecanismos de destruição de patogénicos

durante os processos de compostagem, a temperatura, competição entre microrganismos, quebra de

nutrientes e o tempo de exposição[104]. Estes factores são característicos de determinadas fases da

compostagem como resultado do conjunto complexo de populações microbiológicas envolvidas e das

condições ambientais do sistema biológico[159]. Destes mecanismos, a competição é difícil de

monitorizar diariamente, enquanto a temperatura/tempo de exposição são os parâmetros mais fáceis

de acompanhar e controlar ao longo do processo.

A eliminação/inactivação dos patogénicos durante o processo de compostagem, à escala real, poderá

revestir-se de algumas dificuldades. Pereira Neto & Mesquita[169] mencionam que nos sistemas abertos

envolvendo pilhas revolvidas, os patogénicos podem sobreviver nas camadas superficiais da pilha,

embora no interior desta se registem temperaturas letais. Convirá, por isso, proceder-se a um

frequente e criterioso revolvimento para que todas as fracções da massa de resíduos possam, durante a

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fase termófila, permanecer durante o espaço de tempo apropriado nas zonas mais quentes da pilha.

Mas as dificuldades não se restringem apenas aos sistemas de compostagem tradicionais. Os mesmos

autores salientam que se deverão colocar algumas reticências ao discurso promissor dos interessados

na comercialização de sistemas mecanizados, porque nem sempre a propaganda, ainda que alicerçada

em bases teóricas credíveis, se comprova no terreno.

Tipicamente as temperaturas obtidas em processos de compostagem correctamente operados rondam

os 50 a 65°C, considerando-se valores próximos da temperatura limite de sobrevivência da maioria dos

microrganismos patogénicos[169]. Assim, a exposição a temperaturas adequadas durante determinados

períodos, é um dos principais mecanismos de higienização. E a higienização foi demonstrada em

laboratório, numa situação totalmente controlada. A Salmonella resistiu durante 60 minutos a

temperaturas da ordem dos 55-60ºC. Mas os valores à escala real poderão ser diferentes. A Salmonella

poderá persistir durante várias semanas às mesmas temperaturas nas pilhas[169], assim como outros

microrganismos patogénicos (caso do Estreptococcus fecais)[168]. Nestes casos, será aconselhável manter as

zonas mais quentes das mesmas a temperaturas próximas dos 65ºC durante uma semana e, pelo

menos, mais três semanas consecutivas a 55-60ºC[206]. Elorrieta et al. [83] comprovaram a necessidade de

um período não tão longo como os atrás referenciados mas não tão curto como os citados por

Tchobanoglous et al. [199] no quadro II.3.

É por esta razão que um dos requisitos referidos pela Environmental Protection Agency (EPA) para a

redução significativa de organismos patogénicos é a de que, em qualquer sistema, o material seja

mantido a 40ºC, por um período mínimo de 5 dias, e que se atinja os 55ºC durante um período de 4

horas. Uma redução adicional de patogénicos pode ser conseguida mantendo a 55ºC durante 3 dias,

nos sistemas ventilados abertos ou fechados, sendo que no caso de pilhas estáticas os resíduos devem

ser mantidos a 55ºC, durante 15 dias, com um mínimo de 5 agitações[83; 199]. O tempo assim terá,

igualmente, que ser considerado um factor de eliminação dos patogénicos. Com efeito, qualquer

mecanismo de eliminação dos patogénicos necessita de um maior ou menor espaço temporal para que

os seus resultados se observem. Haug[114] também refere que para manter o processo de compostagem

também se deverá manter uma população activa de bactérias não patogénicas para prevenir um

possível “ressurgimento” de bactérias patogénicas.

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A temperatura é o factor de maior efeito letal nos microrganismos patogénicos e o de melhor controlo

durante o processo bioxidativo. A sua acção tem sido amplamente estudada, conhecendo-se as

temperaturas mínimas letais para uma ampla gama de espécies, em função do tempo de exposição a

tais temperaturas[26; 114]. No quadro II.3 apresentam-se as condições de inactivação de parasitas e

microrganismos patogénicos (em termos de temperatura/tempo de exposição) na compostagem,

resultantes de diversos estudos acerca do assunto[199].

Quadro II.3 – Temperaturas e tempos de exposição necessários à inactivação de alguns microrganismos patogénicos e

parasitas na compostagem. (Adaptado: Tchobanoglous et al., 1993)

Microorganismo/Parasita Observações

Salmonella thiphosa Nenhum crescimento para além de 46ºC; morte em 30 min. a 55-60ºC e em 20 min. a 60ºC; destruição em pouco tempo com o composto no meio ambiente

Salmonella sp. Morte em 1h a 55ºC e em 15-20 min. a 60ºC Shigela sp. Morte em 1h a 55ºC

Escherichia coli A maioria morre em 1h a 55ºC e em 15-20 min. a 60ºC Entamoeba histolytica cysts Morte em poucos minutos a 45ºC e em poucos segundos a 55ºC

Taenia saginata Morte em poucos minutos a 55ºC Trichinella spiralis, larva Morte rápida a 55ºC; morte instantânea a 60ºC

Bricella abortus ou Br. suis Morte em 3 minutos a 62-63ºC e em 1h a 55ºC Micrococcus pyogenes var. aureus Morte em 10 min. a 50ºC

Streptococcus pyogenes Morte em 10 min. a 54ºC Mycobacterium tuberculosis var. hominis Morte em 15-20 min. a 66ºC ou após aquecimento momentâneo a 67ºC

Corynebacterium diphtheriae Morte em 45 min. a 55ºC Necator americanus Morte em 50 min. a 45ºC

Ovos de Ascaris lumbricoides* Morte em menos de 1h a temperaturas superiores a 50ºC

* Diferentes valores encontrados por diversos autores que variam entre os 50 a 70ºC e a 1h e as 43h

II. 5.1.6. – Organismos Indicadores de Higienização do Produto Final

Com a compostagem pretende-se conseguir um produto que não veicule para o solo agentes de

doenças que possam afectar as plantas, os animais e o homem. O recurso a tratamento complementar

do composto não é economicamente exequível, a não ser que o mesmo se destine a ser utilizado na

formulação de suportes de culturas (dado o reduzido preço dos correctivos orgânicos). Deste modo,

pretende-se que a carga em patogénicos e ou parasitas seja de tal modo reduzida que a sua eventual

multiplicação no solo não seja viável face aos sistemas de controlo do solo e à competição com os

microrganismos indígenas.

Dada a diversidade dos patogénicos presentes nos substratos a compostar, não é possível quantificar

todos os indivíduos de todos os grupos taxionómicos, nomeadamente em análises microbiológicas de

rotina. Assim, os níveis de sobrevivência dos patogénicos são expressos através de quantificação de

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alguns grupos considerados como indicadores do grau de higienização do composto. Assim,

relativamente aos patogénicos e parasitas do homem, utilizam-se geralmente como indicadores, os

grupos dos coliformes totais e dos Estreptococos fecais, o género Salmonella, entre outros[169].

II. 5.2. – Factores Ambientais, Químicos e Físicos que Influenciam o Processo Compostagem

Tratando-se a compostagem de um processo biológico, os principais factores que podem influenciá-lo

são os que possam condicionar a actividade dos microrganismos envolvidos na degradação da MO, e

consequentemente, a velocidade e o curso do processo. Assim, é fundamental assegurar que esses

mesmos factores sejam os ideais, não se tornando limitantes do processo, optimizando-o assim. Vários

autores[78; 114; 169] referem que dentro destes se destacam, por serem os mais importantes, os seguintes:

Arejamento/Taxa de Oxigenação (Oxigénio)

Teor em Humidade

Temperatura

pH

Concentração de Nutrientes – Razão Carbono/Azoto (C/N)

Características Físicas – Granulometria (ou Dimensão das Partículas), Porosidade e Estrutura

Os três primeiros são passíveis de controlo durante todo o processo bioxidativo. Para tal é necessário

ter em consideração a sua interacção no desenvolvimento da actividade microbiana ao longo dos

diversos estágios daquele processo. Assim, o oxigénio serve para suprir a demanda biológica, a

temperatura afecta a velocidade das reacções bioquímicas e a água (expressa em termos de humidade),

permite que se processem as actividades metabólicas. Além destes factores ambientais, também é

preciso nutrientes, expressos pela relação C/N, em quantidade adequadas para que os microrganismos

possam exercer a sua actividade. Outro factor que afecta o processo é de ordem operacional, a

dimensão das partículas, ou seja, a granulometria influência o arejamento e a estabilidade geométrica

das pilhas ou leiras. O pH não é considerado fundamental mas é algo que pode ser facilmente

monitorizado e que permite também verificar se tudo ocorre como é esperado.

Quanto mais próximo estiverem todos os factores das condições óptimas para os microrganismos,

maior é a taxa de degradação dos resíduos orgânicos. É importante que tal se verifique em relação a

todos os factores, porque os sistemas biológicos operam, fundamentalmente, segundo o princípio do

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factor limitante, ou seja, a taxa de actividade dos microrganismos é determinada pelo factor que estiver

mais afastado do valor óptimo (Lei do Mínimo de Liebig) [193].

II. 5.2.1. – Evolução dos Parâmetros ao Longo do Processo de Compostagem

II. 5.2.1.1. – Arejamento/Taxa de Oxigenação

O arejamento é, segundo Silveira[193], o principal mecanismo capaz de evitar valores excessivos de

temperatura/calor (principalmente por evaporação da água) durante o processo, que permite aumentar

a velocidade de oxidação do material orgânico, isto é, uma rápida decomposição e estabilização da

MO, visto assim se poder suprir as necessidades de oxigénio de modo a assegurar uma população

diversificada de microrganismos aeróbios, diminuir a emanação de odores e permitir a remoção dos

gases resultantes da decomposição (CO2, NH3, etc.) no interior da pilha de compostagem, evitando ainda

microrganismos patogénicos. A remoção do vapor de água também permite a secagem do material.

Teoricamente, a taxa de arejamento óptima seria a capaz de satisfazer os microrganismos aeróbios

durante as diversas fases do processo. Entretanto, alguns factores de ordem prático-operacional e as

influências exercidas pela temperatura, teor de humidade, natureza do material a ser decomposto,

dimensão das partículas, modo de arejamento, tamanho da pilha de compostagem, entre outros,

inviabilizam tal objectivo.

A eficiência dos processos aeróbios tem sido cientificamente comprovada ao longo dos anos, e é

particularmente evidente nos processos de compostagem. Vários trabalhos de investigação utilizando

diferentes resíduos orgânicos, concluíram que o consumo máximo de oxigénio ocorre quando a

temperatura da pilha está em torno dos 55ºC, fase em que se torna necessário encontrar um

mecanismo de arejamento capaz de satisfazer a carência em oxigénio. Em termos de intervalos de

temperatura, é entre os 28-55ºC que se regista maior actividade microbiológica[113].

Também é importante referir que a maior parte do oxigénio é requerido no início da decomposição,

quando as moléculas mais simples estão a ser decompostas rapidamente e o crescimento da população

microbiana segue um modelo exponencial. Ribeiro[181] sustenta tal facto dizendo que a utilização de

oxigénio durante a compostagem é directamente proporcional à actividade microbiana, existindo

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também uma relação directa entre o seu consumo e a temperatura. No início da actividade dos

microrganismos, a concentração de oxigénio nos poros é aproximadamente 15-20% (semelhante à

composição do ar que é de 21%) e a concentração de dióxido de carbono é cerca de 0.5-5%[184]. Com o

decorrer da decomposição a concentração de oxigénio diminui e a concentração de CO2 aumenta,

correspondentemente. Após a fase termófila, as necessidades de oxigénio vão-se gradualmente

reduzindo, como se pode comprovar pela figura II.8. Caso o oxigénio esteja em excesso durante a

última fase conduz a um consumo do húmus e a uma rápida mineralização[181]. Concentrações de O2

inferiores a 5% dão origem a zonas anaeróbias. Para que o

processo se mantenha aeróbio o ideal é um mínimo de

10% de oxigénio[56]. Poincelot [173] diz que durante a fase

activa do processo exige-se um valor de oxigénio total de

500 a 1500 L ar/Kg MO por dia.

Figura II.8 – Curva teórica de consumo de oxigénio no decurso do processo de compostagem. (Adaptado: Mustin, 1987)

Se o nível de oxigénio não for suficiente, a comunidade anaeróbia vai dominar o processo com

consequente atraso na decomposição e produção de gases voláteis responsáveis pelos maus odores

(gás sulfídrico, aminas e ácidos voláteis) usualmente associados a estes sistemas. Desde que a

actividade anaeróbia seja mínima, o composto actua como um biofiltro que retêm e degrada os

compostos orgânicos voláteis responsáveis pelos maus odores antes que estes escapem para o exterior.

Contudo, acima de um certo valor de actividade anaeróbia, os odores desagradáveis podem ser

sentidos à volta da pilha. É muito difícil eliminar completamente cheiros desagradáveis, mesmo com

uma boa operação do sistema. Deste modo, não dispensam de um sistema de prevenção de odores,

como os filtros biológicos.

Um facto interessante de constatar foi o obtido num estudo efectuado por Finstein et al. [94] que

calculou que na oxidação completa da MO em dióxido de carbono e água são necessários nove vezes

mais ar para remover o calor do que para fornecer o oxigénio exigido pelo processo biológico. Deste

modo, o arejamento comandado pela temperatura garante condições aeróbias. No início do processo

de compostagem, pretende-se fornecer oxigénio e arrefecer o mínimo pelo que, nesta fase, o controlo

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do arejamento através da concentração de oxigénio permite optimizar o funcionamento do processo.

A degradação de MO e a redução de humidade são mais acentuadas quando o arejamento é

controlado pela temperatura, ou então pela temperatura e pela concentração de oxigénio do que

quando o processo é auto-limitado pela produção de calor[193].

A transferência de oxigénio ocorre por mecanismos de difusão e convecção, havendo diferentes

formas de manter um nível adequado de oxigénio, tais como, o arejamento forçado por insuflação ou

sucção, revolvendo o material periodicamente, recorrendo a tubos perfurados ou uma combinação

destes mecanismos. O coeficiente de difusão de oxigénio através do espaço intersticial preenchido

com gases é cerca de 10 000 vezes maior do que se o mesmo for preenchido com água[109]. Dadas as

elevadas taxas de consumo de oxigénio pelos microrganismos poderá acontecer, mesmo que o oxigénio

esteja presente a níveis acima dos críticos nos macroporos, que a presença de um excesso de água

nestes impeça que o oxigénio chegue com a celeridade necessária às células microbianas, afectando o

processo. Daqui se infere que o grau de humidade da massa de resíduos submetidos a compostagem

deve ser de tal ordem que, por um lado, promova a actividade metabólica dos microrganismos e, por

outro, não interfira com o fluxo de oxigénio, através da ocupação dos macroporos. Quanto mais

elevada for a percentagem de vazios ocupada, maior é a probabilidade de a taxa de transferência de

oxigénio se tornar insuficiente para suprir as necessidades metabólicas dos microrganismos.

Mas Haug [113] descobriu o fenómeno de ventilação natural1, que é um mecanismo que aumenta o

volume de vazios entre os resíduos, facilitando a difusão de O2, mas que é insuficiente para que a

degradação se dê per si. A ventilação natural é favorecida pelo tamanho das partículas porque, deste

modo, serão maiores os espaços entre elas. Por outro lado, a difusão dentro das partículas decresce, à

medida que aumenta a respectiva espessura, conduzindo à diminuição da taxa de degradação. As

partículas devem, por isso, ter uma dimensão que permita um equilíbrio entre estes dois efeitos

contraditórios[113]. Os materiais mais fibrosos e filamentosos podem reter maiores quantidades de água,

mantendo um maior espaçamento e, consequentemente, arejamento. Portanto, materiais diferentes

podem absorver diferentes quantidades de água, mantendo o mesmo espaço entre partículas.

1 Ventilação natural é o movimento da massa de ar do interior da pilha de resíduos para o exterior, em resposta a um gradiente de energia; o ar interior da pilha, quente e húmido, é menos denso do que o ar ambiente (ar exterior) e ascende, originando-se assim uma corrente de ar exterior no sentido do ar menos denso.

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Assim, a taxa de arejamento deve ser tal que permita manter níveis de oxigénio na massa de

compostagem de 15 a 20% para que não ocorram processos de anaerobiose, permitindo a

decomposição do carbono em dióxido de carbono em vez de causar um ambiente redutor, obtendo-se

como resultado compostos incompletamente oxidados[32] com os inconvenientes já apontados.

Um estudo mencionado em Mustin[152] é deveras interessante, mostrando que numa pilha de resíduos

em compostagem com 1.30 m de altura, apresenta à superfície valores de 21% de oxigénio, e um valor

igual ou muito próximo de 0% quando a 0.80 m de profundidade, evidenciando a necessidade de

revolvimento e consequentemente arejamento dos resíduos, para além de esse mesmo estudo

demonstrar o comportamento contrário da temperatura, visto esta ser a temperatura ambiente à

superfície e ir aumentando gradualmente até sensivelmente ao mesmo ponto onde o oxigénio é mínimo.

Em forma de resumo, pode-se afirmar que para níveis de arejamento muito baixos as disponibilidades

de oxigénio são limitadas e a decomposição é anaeróbia, a digestão é relativamente lenta e a produção

de calor é pequena. Com o aumento do arejamento o processo passa a aeróbio e a temperatura

aumenta até atingir níveis que restringem a actividade microbiana; a capacidade do ar para remover o

excesso de calor é insuficiente e o processo torna-se limitado pela temperatura. Com o abaixamento da

temperatura, a água passa a ser removida mais rapidamente do que é produzida e a decomposição é

limitada pela disponibilidade de nutrientes. Se o arejamento aumentar excessivamente, o calor será

removido mais rapidamente do que é produzido, provocando uma diminuição da temperatura para

valores abaixo da gama termófila, originando-se a limitação do processo pela temperatura. Desta

forma, para se conseguir um máximo rendimento (em termos de rapidez) do processo é necessário

acompanhá-lo. Propõem-se que sejam feitos períodos de revolvimento de 3 em 3 dias durante a fase

activa do processo de compostagem, pois mostram-se os mais adequados a suprir as necessidades de

oxigenação dos microrganismos, ao mesmo tempo que permitem a manutenção de temperaturas

adequadas e outros parâmetros[169; 170]. Para além disso, o revolvimento das partículas permite a mistura

dos materiais mais frios e secos da periferia com os das zonas centrais, mais quentes e húmidos,

acelerando o processo de decomposição levando também esta a ser homogénea. Saber atender às

necessidades de arejamento da massa em compostagem, (independentemente do material, sua

estrutura e do processo utilizado), é factor imprescindível para definir criteriosamente o ciclo de

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arejamento a ser fornecido durante o processo. É fundamental no controlo de dois dos parâmetros

mais importantes que são a temperatura e a concentração de oxigénio.

II. 5.2.1.2. – Teor de Humidade

A água é, naturalmente, indispensável para os seres vivos que intervêm no processo. A decomposição

de MO é dependente da presença de humidade que suporte a actividade microbiológica, com a função

de servir de meio de transporte de substratos solúveis utilizados pelos microrganismos e dos

resultados das reacções bioquímicas de degradação dos mesmos substratos. Os microrganismos só são

capazes de assimilar o oxigénio e nutrientes quando estes estão presentes na solução aquosa. Por outro

lado, os microrganismos são compostos por cerca de 70 a 90% de água[2; 169], pelo que para a produção de

novas células, necessitam de obter água do ambiente que os rodeia, logo de material em compostagem.

Teoricamente infere-se que o grau de humidade ideal do substrato em compostagem deveria

aproximar-se dos 100%[53; 169]. Porém, este valor levaria à colmatação dos poros, impedindo a

oxigenação, com os consequentes riscos de redução da velocidade de degradação, anaerobiose e

produção de odores desagradáveis. Durante o processo, devido a aspectos de ordem prática e

operacional, o grau de humidade do substrato deverá assim, ser elevado (não superior a 65-70%), mas

condicionado pela necessidade de se garantir que uma percentagem adequada do conjunto dos

macroporos esteja ocupada por ar, fazendo com que se restrinja a valores limites mínimos e máximos

(figura II.9). Brito[33] menciona que valores superiores a 70% de humidade poderão limitar o arranque

do processo devido a necessidade de mais tempo para que se atinja valores na ordem dos 50-60%.

Assim, o teor de humidade, por um lado, aumenta devido à produção de água originada pela

degradação da MO em presença de oxigénio e, por outro, diminui sob a acção conjugada do aumento

da temperatura e do arejamento e/ou revolvimento, que originam perdas na forma de vapor de água.

Figura II.9 – Relação entre o teor em humidade e a

porosidade. (Fonte: Mustin, 1987)

No quadro II.4 encontram-se quais os níveis máximos de humidade admissíveis em diferentes tipos de

resíduos a submeter a compostagem.

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Quadro II.4 – Níveis máximos de humidade admissíveis em

diferentes tipos de resíduos a submeter a compostagem. (Adaptado: Mustin, 1987)

A capacidade de retenção de água também é muito importante no que se refere à diminuição do teor

de humidade, como é o exemplo de biomassa com reduzida capacidade de retenção de água tender a

perder água na forma de drenados, o que contribui para a redução do teor de humidade. No caso de

biomassa com elevados teores em humidade, esta perda de água é benéfica, já que estes resíduos, ao

apresentarem um elevado teor de humidade libertam facilmente a água, o que reduz a humidade para

valores mais convenientes para o processo, havendo a desvantagem de se perderem nutrientes

(lixiviação de nutrientes). Estes podem, no entanto, ser recuperados pela adição posterior dos

drenados à biomassa tomando as devidas precauções.

No decorrer do processo as necessidades de água variam ao longo da compostagem e são maiores

durante a fase de degradação da MO facilmente biodegradável (termófila), na qual as bactérias

dominam, reduzindo-se gradualmente a partir da fase de arrefecimento e humificação, uma vez que os

actinomicetes e, principalmente os fungos, que se tornam dominantes, exercem a sua actividade a

níveis mais reduzidos de humidade[100].

Ao longo do processo bioxidativo, os teores de humidade do substrato sofrem uma natural evolução

que resulta dos seguintes mecanismos de efeitos antagónicos: a vaporização da água, resultante do

calor gerado pela decomposição da MO e da actividade respiratória dos microrganismos, a qual,

segundo Wiley[204], origina cerca de 0.63g de água por cada grama de MO de RSU decomposta. Por sua

vez, a partir da mesma quantidade de MO podem-se perder por vaporização 10.2 g de água[93].

Verifica-se assim que o balanço de ganhos e perdas de água ao longo da compostagem é

acentuadamente negativo, pelo que o substrato tende a secar com o avanço do processo. É assim

imprescindível recorrer-se a adições periódicas de água à massa em compostagem, quando necessário,

em valores adequados, as quais deverão ser mais frequentes nos sistemas de compostagem envolvendo

pilhas revolvidas. As regas, neste caso, deverão ser feitas durante a operação de revolvimento[197]. A

Tipo de Resíduos Teor em Humidade

(% em peso)

Palha 75-85 Madeira (Serradura, Aparas) 85-90

Resíduos Húmidos (Resíduos de Jardim e de Alimentação) 50-55 RSU 50-55

Papel (celulose) 55-65 Estrume sem Palhas 55-65

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excepção será na fase final de arrefecimento e/ou estabilização do composto[193] onde não será

necessário adicionar água, visto aqui predominarem os fungos e actinomicetes, e os teores de

humidade já serem menores. Uma outra forma de comprovar que o teor de humidade é factor

limitante da compostagem foi estudado por Silveira[193] que afirma que o composto fresco com 45% de

humidade, requer 263 mm3/grama hora de oxigénio, e o mesmo tipo de material, com 60% de

humidade, consome 306 mm3/grama hora de oxigénio. Estes valores fazem ver que humidade

deficiente diminui a taxa de decomposição porque limita o transporte de substâncias solúveis, embora

a humidade excessiva faça de igual modo diminuir a taxa porque limita o transporte de oxigénio [114].

O grau de humidade ideal dos RSU no início do processo de compostagem deverá ser da ordem dos

50-60%[19; 152; 167; 169; 199], embora Ribeiro [181] aconselhe os 65-70%. Nesta fase, onde predominam as

bactérias, é necessária uma quantidade de água elevada, caso contrário a actividade microbiana é

inibida, retardando o processo. Para a maioria dos autores[134; 192], não convirá que o grau de humidade

do substrato atinja valores abaixo dos 40-45%, uma vez que níveis da ordem dos 30% já afectam a

actividade de alguns grupos microbianos, levando em perdas de rendimento e baixa taxa de

estabilização, sendo que abaixo dos 25% só ocorre uma mínima actividade microbiana[113; 189], cessando

toda a actividade microbiológica quando se atinge os 8 -12%[78], embora Golueke[100] diga que tal só

sucede entre 12 e 15%. Apesar de tudo o referido, Pereiro Neto & Lelis[167] detectaram actividade devido

à redução de sólidos voláteis com humidade inferior a 10%, embora com actividade muito lenta.

De uma forma grosseira a humidade no início do processo deverá andar entre os 40 e 65-70%[39; 56].

Hoornweg et al. [118] referem que se deve situar entre os 50 e 60%. Pereira Neto & Stentiford[170]

sugerem valores de 45 a 55%. Um outro exemplo para comprovar as inúmeras opiniões é o facto que

Haug[114] propõe um valor óptimo de humidade da ordem de 45 a 50% para a compostagem de lamas

de águas residuais com aparas de madeira, enquanto Batista & Batista[19] propõem valores da ordem

dos 55 a 65% para o mesmo material. Mas a tipologia do arejamento das pilhas de compostagem

também podem influenciar o teor óptimo de humidade como é referido no quadro II.5.

Quadro II.5 – Teores óptimos de humidade. (Fonte: Silveira, 1987

fide Gray et al., 1971)

Tipologia do Arejamento das Pilhas Teor Óptimo de Humidade (em %)

Estáticas 50 Revolvidas com Periodicidade 50

Com injecção de Ar 70

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Atendendo aos inúmeros trabalhos de investigação sobre compostagem de diferentes materiais, usando

diferentes processos, pode-se afirmar que o teor de humidade deve situar-se em torno de 55%[199].

Um outro facto que ocorre com frequência nos processos de compostagem desenvolvidos sem

controlo é o decréscimo do teor de humidade, que ao atingir valores baixos reduz a velocidade de

estabilização, causando uma diminuição brusca da temperatura. Esta queda, quando erradamente

interpretada como o fim do processo (exaustão do carbono disponível), ocasiona a produção de

compostos fisicamente estabilizados mas biologicamente instáveis[181]. Mas o parâmetro está também

dependente de aspectos ambientais, como a precipitação[51]. Mas quando os factores externos

ambientais são suprimidos, o teor de humidade decresce, como já foi referido e comprovado também

por Liao[134] e Sesay et al. [192], entre outros.

Vallini[201] afirma que no processo de compostagem verifica-se uma redução do volume da biomassa

inicial de 25 a 50%, a qual se deve em grande parte à evaporação de água, mas também é devida à

transformação da matriz constituída por partículas grosseiras em partículas finas. A diminuição do teor

em humidade é o principal factor responsável pela diminuição de massa dos materiais, que podem

perder entre 40 a 80 % da massa original, também contribuindo para esta redução a libertação de CO2

devida à mineralização parcial da MO.

O balanço global é normalmente no sentido da redução do teor de humidade ao longo do processo.

No entanto, este teor não deve limitar o desenvolvimento dos microrganismos, em especial para as

bactérias, sendo mais importante a sua disponibilidade do que a quantidade presente. Assim, será

aconselhável a adição de água quando necessário, embora esta deverá ocorrer durante a operação de

revolvimento da pilha de resíduos, não sendo suficiente o espalhamento superficial, quando os

resíduos estão em pilha[193]. Já na fase final de arrefecimento do composto não é aconselhável adicionar

água no composto visto que não há interesse em que a degradação da matéria residual continue[193] e

que o teor de humidade no composto final ultrapasse os 30%[156; 193].

Liang et al. [133] referem que não se registaram diferenças significativas no consumo de oxigénio com

teores de humidade entre 50 e 70%, mas comparativamente com teores de humidade de 40%, já se

registou valores diferentes, e com valores na ordem dos 30%, os valores são ainda muito mais

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díspares. Assim, o teor de humidade é controlado, na prática, com base na capacidade de arejamento

da massa de compostagem, mas também pelas características físicas do material a compostar

(estrutura, dimensão das partículas) e na necessidade de satisfazer à demanda microbiológica[164]. Todos

estes aspectos tornam impossível apontar um valor óptimo de humidade. Em termos práticos, para

avaliar grosseiramente o excesso ou deficiência do composto é usado a sua aparência. Quando em

excesso, a água escorre. Quando em défice, torna o aspecto de terra solta [193].

II. 5.2.1.3. – Temperatura

A temperatura é o factor mais indicativo do equilíbrio biológico e o que melhor reflecte a eficiência do

processo compostagem[72; 78; 166], permitindo determinar se a operação se processa como desejável. A

produção de calor de um material é indicativa de actividade biológica nesse material e, por isso,

indirectamente, do seu grau de decomposição[25]. Mais do que condicionada pelo ambiente exterior, a

evolução da temperatura ao longo do processo no seio da pilha de resíduos é determinada pelas

propriedades isoladoras da própria pilha que lhe permitem conservar o calor, nomeadamente o

resultante da decomposição da MO facilmente biodegradável, o que faz considerar que o auto-

aquecimento é o aspecto mais relevante do processo de compostagem[95]. Para o auto-aquecimento

muito contribui as características dos resíduos, visto estes serem um fraco condutor térmico[117].

Os processos de compostagem modernos estão mais associados às temperaturas das fases termofílicas.

As temperaturas mesofílicas ocorrem mais no arranque do processo (primeiros 3 dias do processo) e

no final (fase de maturação), existindo ainda temperaturas nesta gama nas zonas periféricas das pilhas

de compostagem, cantos e na base das pilhas, mesmo durante a fase de degradação activa

(predominantemente termofílica).

De modo a obter um processo eficiente, deve existir um controlo da temperatura, de modo a mantê-la

o mais possível na fase termofílica, durante toda a fase activa de degradação[170]. Uma forma de

controlo da temperatura é através do revolvimento dos resíduos, misturando as camadas interiores,

mais quentes, com as exteriores, mais frias (figura II.9). Também deve ser neste momento que é

adicionada água, que para além de compensar as perdas por evaporação, contribui para a diminuição

de temperatura, dado o seu comportamento como bom condutor térmico. O revolvimento também

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contribui para criar condições que facilitem a infiltração de oxigénio, essencial para a acção dos

microrganismos aeróbios e a libertação de CO2 e H2O resultantes da actividade respiratória. Nestas

condições, perante a renovação do fornecimento de oxigénio e água, os microrganismos retomam a

sua actividade em pleno, o que provoca um novo aumento da temperatura no seio da pilha. Uma pilha

de compostagem, num processo correctamente operado e em que o ecossistema na pilha se mostre

equilibrado, deverá atingir temperaturas termofílicas (50 a 60ºC) nos primeiros 2 a 5 dias[189]. A

importância de se atingirem temperaturas termofílicas durante a fase de degradação activa do processo

é sustentada por diversas razões de que se podem destacar as seguintes[95; 169]:

Desenvolvimento de uma população microbiana mais diversificada;

Aumenta a taxa de decomposição da MO;

Actua como o mais importante mecanismo de inactivação de microrganismos patogénicos;

Permite a eliminação de sementes de ervas daninhas, ovos de parasitas, larvas de insectos, etc.

As temperaturas termofílicas são uma consequência natural da actividade microbiológica aeróbia, que

gera calor resultante das reacções de decomposição da MO. Pesquisas observaram que a temperatura

máxima atingida em processos de compostagem com condições favoráveis facilmente atinge os

80ºC[165]. Importa, contudo, referir que a acumulação de calor na pilha só se verifica quando a

produção excede as perdas por radiação, condução, convecção e evaporação da água, o que só ocorre

quando o volume da pilha for superior a 1m3 [19]. Pequenos volumes perdem calor mais rapidamente,

por processos de condução e convecção, dificilmente atingindo temperaturas superiores a 30-35ºC.

Assim, quando uma biomassa é condicionada de forma a poder ocorrer a decomposição aeróbia, a

temperatura começa a aumentar devido à acumulação de calor e, desde que esteja compreendida entre

a temperatura ambiente e os 40ºC (fase mesófila inicial), os microrganismos mesófilos predominam.

Schliemann[189] refere que esta fase vai até aos 45ºC. Da sua actividade é produzido calor, o que causa o

aumento da temperatura da biomassa para valores entre os 40 e 60-70ºC (fase termófila) e, por auto-

limitação, os microrganismos mesófilos dão lugar aos microrganismos termófilos que, por sua vez, por

acção da sua própria actividade acabam por ser inibidos, provocando um decréscimo de temperatura,

sendo que quando esta atinge novamente valores abaixo dos 40ºC, voltam a predominar os

microrganismos mesófilos (fase mesófila final). Assim, a evolução da temperatura no processo de

compostagem é caracterizada pela existência de três fases:

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Fase Mesófila Inicial

Fase Termófila

Fase Mesófila Final (Arrefecimento Gradual)

A duração e a evolução de cada uma destas fases dependem das características físicas e químicas da

matriz inicial, do método de compostagem utilizado e do controlo dos parâmetros operacionais.

Com efeito, a diferente disponibilidade do carbono e do azoto presentes na biomassa em

compostagem conduzem a curvas de evolução da temperatura diversas. Durante a compostagem de

materiais constituídos por moléculas orgânicas facilmente degradáveis ( açucares, ácidos orgânicos,

proteínas e lípidos, etc.), estas são completamente biodegradadas, sendo a fase mesófila inicial breve, e

atingidas temperaturas muito elevadas na fase termófila. Se os materiais são maioritariamente

constituídos por moléculas mais complexas (lenhina, celulose, quitinas, etc.), estas são só parcialmente

hidrolisadas, podendo ocorrer uma fase mesófila inicial maior e a fase termófila ser também mais

prolongada, atingindo-se uma temperatura máxima mais baixa[152].

Na figura II.10 está o perfil típico de temperatura numa secção duma pilha de compostagem, que caso

seja correctamente operada, é geralmente decrescente do interior para o exterior, sendo também

necessário que essa mesma pilha tenha o volume mínimo necessário para tal. Pereira Neto[165] apresenta

semelhante perfil de temperatura para uma pilha

de compostagem (obtido por computador),

durante a fase activa do processo.

Figura II.10 – Perfil típico de temperatura numa pilha aeróbia. (Fonte: Russo, 2003)

A evolução da temperatura está directamente relacionada com o consumo de oxigénio e também com

a taxa de actividade enzimática que duplica por cada acréscimo de 10ºC de temperatura até se

atingirem os níveis de inactivação microbiana[149]. O mesmo refere ainda que em processos

correctamente operados, quando se observa um decréscimo da temperatura para a fase mesofílica, se

inicia a fase de maturação do processo de compostagem, devendo-se reduzir e até interromper o

revolvimento.

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Da interacção entre os organismos e a temperatura (a actividade microbiana origina o aumento de

temperatura que, por sua vez, determina as condições de vida dos microrganismos) resultam 3 fases

distintas no processo de compostagem (já referidas), apresentadas na figura II.11. De destacar, numa

primeira fase, o acréscimo nos valores de temperatura, com consequente multiplicação a uma escala

logarítmica dos microrganismos. A actividade microbiana é favorecida quando a temperatura do

substrato é superior a 20ºC. Quando muito inferior, o arranque do processo reveste-se de dificuldades,

arrastando-se a fase inicial por um largo período de tempo. Da actividade metabólica dos

microrganismos mesófilos resulta um aumento da temperatura, a qual, a partir de valores da ordem

dos 40-45ºC, determina o declínio destes microrganismos e a proliferação dos termófilos, prosseguindo

com a decomposição da MO facilmente biodegradável, com os consequentes acréscimos de temperatura.

Os substratos de elevada biodegradabilidade poderão atingir valores na ordem dos 80ºC[165], enquanto

resíduos relativamente biodegradáveis e pouco fermentáveis atingem valores de 60-70ºC e 40-50ºC[152],

respectivamente. A partir deste último valor a actividade microbiológica e, consequentemente, a

produção de calor, diminuem[94], aumentando o período de compostagem[56], além de interferir na

qualidade do composto. As temperaturas mais altas encontram-se normalmente a 20-40 cm abaixo da

superfície da pilha, onde surge uma camada esbranquiçada bastante densa, composta por

actinomicetes termofílicos indicadora de altas temperaturas causada por um bom arejamento[189].

Figura II.11 – Evolução típica da temperatura durante a compostagem.

(Fonte: Gonçalves, 1999)

Já na fase seguinte verificam-se

tempera turas constantes .

Enquanto se mantiver o

equilíbrio entre o calor

produzido na pilha de resíduos

e o dissipado por evaporação

ou condução, as temperaturas

mantêm-se constantes, a níveis tanto mais elevados quanto maior for a presença de materiais

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biodegradáveis e a temperatura ambiente. Não se deverá permitir que a temperatura na pilha atinja

valores muito elevados (maiores do que 60-65°C) [164], uma vez que afecta a taxa de decomposição da

MO, ocorrendo então uma interacção negativa entre o calor produzido pelos microrganismos e a

temperatura referida[93], para além de a temperaturas elevadas (> 65ºC), associadas a meio alcalino (pH

7.5), favorecerem a perda de azoto do sistema por volatilização da amónia. Esta fase do processo

requer maior intervenção, uma vez que se torna necessário encontrar um compromisso limitando os

valores máximos de temperatura a valores que, por um lado, permitam optimizar a taxa de

decomposição e, por outro, tornem possível a eliminação dos microrganismos patogénicos (muitos

resistentes a temperaturas superiores a 55-60ºC), para assegurar a higienização. O CDC[56] e LIPOR[138]

referem como valores óptimos de temperatura para a obtenção da taxa máxima de biodegradação o

intervalo entre os 45 e os 55ºC, embora outros autores sugiram valores um pouco mais elevados, entre

os 50 e 60ºC [182; 202]. O problema torna-se ainda mais complexo pelo facto de as temperaturas

assumirem, no interior da pilha, valores localmente distintos (figura II.10), influenciadas pela

temperatura ambiente e pela humidade, que se acumula habitualmente na base da pilha. A opção será

privilegiar a eliminação/inibição dos patogénicos sem, contudo, prejudicar a acção de uma população

microbiana diversificada. Tal facto foi comprovado com estudos realizados[191], envolvendo a

compostagem de RSU em pilhas revolvidas, à escala real, que evidencia que a condução do processo

na fase termófila a temperaturas da ordem dos 65-70°C não conduziam a maior lentidão do mesmo.

Também é proposto uma gama de temperaturas de 55 a 65ºC [162; 169; 170]. O teor adequado de humidade

e o intenso arejamento foram fundamentais para que os processos decorressem sem problemas. Não

existe consenso e provavelmente não poderá haver uma uniformização de um valor óptimo de

temperatura devido aos factores que influenciam igualmente a degradação.

Um facto interessante de referir foi o estudo efectuado por Crook et al . [63] que verificou que na

compostagem de resíduos orgânicos de origem doméstica, a 55ºC, ao fim de um mês, os fungos

duplicaram 400 vezes e as bactérias termofílicas duplicam 4700 vezes.

Finalmente, dá-se a fase final onde se dá o decréscimo de temperatura e onde, as populações mesófilas

(essencialmente, actinomicetes mesofílicos e os fungos, não havendo muita diversidade de bactérias),

que tinham assumido a forma de esporos ou migrado para as zonas periféricas da pilha, regressam à

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forma vegetativa, proliferando e invadindo a pilha[104]. Com o consumo da MO facilmente

biodegradável, a quantidade de energia resultante da actividade respiratória dos microrganismos reduz-

se, pelo que o calor que se perde por evaporação e por condução, ultrapassa o que é produzido no seio

da pilha. Em consequência, a temperatura da massa em compostagem decresce gradualmente. O

decréscimo das temperaturas assinala o predomínio da humificação da MO (figura II.11). Com o

avanço da fase de humificação, a massa de resíduos vai ganhando cada vez maior estabilidade, pelo

que a temperatura da pilha tende a igualar a temperatura ambiente. Muitas vezes, contudo, a

insuficiência de humidade, motivada por excessiva evaporação e não compensada com água, poderá

levar à redução da actividade microbiana, levando a que se dê um drástico abaixamento da temperatura

da massa em decomposição. Tal facto poderá levar a pensar que se tem um composto maturado e

pronto a utilizar como fertilizante, o que não é verdade. O processo final é a maturação, a fim de que

continue o seu processo de estabilização (essencialmente através de reacções químicas), permitindo

que o restante carbono seja mineralizado. O produto final estará maduro e apropriado para aplicação

no solo quando a sua temperatura se mantiver constante durante a movimentação do material[127].

Outro facto a referir é que o teor de humidade interage com a temperatura. Como a água tem um

calor específico superior à maior parte dos materiais, as misturas mais secas têm tendência para

aquecer e arrefecer mais depressa do que misturas mais húmidas.

Finalmente, para se proceder à medição da temperatura é preciso uma sonda que consiga atingir

pontos suficientemente fundos da pilha, para além de proceder à sua medição a diferentes profundidades.

I. 5.2.1.4. – pH

O pH nos processos de compostagem não é um parâmetro considerado crítico pelo facto de as

populações microbiológicas envolvidas conseguirem existir numa gama alargada de pH[169], fazendo

com que sejam passíveis de serem decompostos substratos orgânicos cujo pH varie entre 3.0 e 11.0,

embora os valores óptimos para a comunidade biológica se situam próximos da neutralidade, isto é,

entre os 5.5 e os 8.0[152], comprovado pela figura II.12.

As bactérias preferem um pH entre os 6 e 7.5, enquanto os fungos proliferam numa amplitude entre

5.5 e 8.0[100]. Por este motivo, os fungos dominam nos níveis limite de concentração hidrogeniónica

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habitualmente registados durante a compostagem. Se o pH cai para valores inferiores a 6, os

microrganismos, especialmente as bactérias, morrem e a decomposição diminui. Se o pH atingir o valor

9, o azoto converte-se em amónia e deixa de estar disponível para os organismos, retardando também

o processo[84]. Na figura II.12 apresenta-se uma curva típica de evolução do pH durante o processo.

Figura II.12 – Curva das principais variações de pH durante a compostagem. (Fonte: Mustin, 1987).

Como se observa nesta figura, são consideradas quatro

fases principais na evolução do pH[152].

Na Fase I, regista-se um decréscimo do valor do pH[114],

de 6 para 5 ou um pouco menos, sendo assim uma fase de acidificação, ocorrendo a produção intensa

de CO2 devido à respiração microbiana (e posterior dissolução do CO2 em água - formação de ácido

carbónico) e também de ácidos orgânicos (RCOOH). A formação destes últimos é principalmente

consequência da actividade de bactérias, as quais decompõem os hidratos de carbono de elevado peso

molecular. O abaixamento do valor de pH, por sua vez, é benéfico, para que se dê o crescimento de

fungos, tolerantes aos ácidos, e que graças à sua capacidade enzimática são capazes de degradar a

celulose e a lenhina. Caso o sistema se torne anaeróbio, a acumulação dos ácidos orgânicos poderá

baixar drasticamente o pH e reduzir a actividade biológica. O aumento do arejamento é suficiente para

que o pH retome valores adequados. Na Fase I os microrganismos que predominam são os mesófilos.

Embora a figura II.12 indique um decréscimo no valor de pH no início do processo, outros estudos

demonstraram que nem sempre isso sucede. Sesay et al. [192] avaliando com RSU, Liao et al. [134] com

restos de comida e Michel et al. [148] com resíduos de jardim obtiveram resultados em que o valor de pH

não registou este decréscimo inicial, embora os valores seguintes vão de encontro ao esperado.

Um facto constatado por Smårs et al. [196] é que poderá ser poupado tempo na actividade do processo

pelo controlo da temperatura mesofílica, durante o normal valor baixo de pH no início do processo,

isto é, não convirá apressar no início com temperaturas demasiado elevadas.

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Após o processo de acidificação, dá-se a Fase II, com o aumento do pH. A tolerância dos fungos aos

ácidos desempenha um papel importante na decomposição desses mesmos ácidos, permitindo que

neste período se dê o aumento do valor do pH, para valores mais neutros ou atingindo mesmo os 8.5

valores. Este aumento explica-se devido à produção de azoto na forma amoniacal proveniente da

hidrólise do azoto orgânico por intermédio de microrganismos heterotróficos aminizantes e

amonificantes, com a consequente produção de amónia, podendo assim ser denominada como a fase

de alcalização. Já esta fase dá proeminência aos microrganismos termófilos.

A Fase III caracteriza-se pelo início da estabilização do pH. A amónia produzida na fase anterior

diminui, quer devido à sua estabilização quando as condições assim a favorecem (temperatura e pH

elevados), quer por acção das bactérias nitrificantes que o oxidam da forma amoniacal à forma de

nitrito e, posteriormente, à forma de nitrato. O azoto também é utilizado pelos microrganismos para a

biossíntese das substâncias húmicas.

Já na Fase IV, denominada de maturação, o valor de pH estabiliza ou poderá baixar ligeiramente,

tendendo para a neutralidade. Este facto deve-se às reacções de maturação, resultado da fixação do

azoto amoniacal pelos microrganismos e ao poder tampão do húmus. Caso se mantenham as

condições aeróbias no meio, o pH manterá o seu valor. Se, pelo contrário, se instalarem condições de

anaerobiose, baixará acentuadamente para níveis próximos de 4.5.

Ao contrário do que sucede com os outros factores ambientais condicionantes do processo de

compostagem, não é prático nem aconselhável efectuar correcções do pH no decurso do processo. A

adição de compostos alcalinos, tais como, hidróxido ou carbonato de cálcio, provoca a libertação de

azoto, sob a forma amoniacal, o que a todo o custo será de evitar [100]. Quando o pH no início da

compostagem é elevado, associado a altas temperaturas, causa a perda de azoto por volatilização da

amónia[84]. Vários autores referem que o controlo do pH durante o processo é de difícil concretização.

No entanto, Pereira Neto & Mesquita[169] afirmam que o pH é auto-regulado nos processos de

compostagem, pelo que não se assume como um parâmetro com necessidade de ser controlado ao

longo da compostagem. Também devido a essa razão, é com dificuldade que em termos práticos o pH

pode ser alterado por factores externos operacionais.

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II. 5.2.1.5. – Concentração de Nutrientes – Particular Atenção à Razão Carbono: Azoto (C/N)

Os nutrientes têm três funções fundamentais nos processos biológicos que são o fornecimento de

produtos necessários à síntese celular, o fornecimento de energia necessário ao crescimento e

desenvolvimento das células e a sua função como receptores de electrões nos processos de oxidação

de MO que libertam para os organismos[91].

O crescimento e diversidade biológica nos processos de compostagem devem-se genericamente à

diversidade de nutrientes no material de compostagem, estando também directamente relacionada

com a sua concentração. Quanto mais diversificados forem os compostos orgânicos a tratar, mais

diversificados serão os nutrientes disponíveis para as populações microbiológicas e, como

consequência, mais eficaz será o processo162].

A maioria esmagadora dos elementos químicos é assimilada pelos microrganismos, embora possam

existir nutrientes presentes no substrato em concentrações elevadas que poderão ser apenas utilizados

pelos microrganismos se se encontrarem numa forma que possa ser assimilada por estes. Devido à

diversidade do conjunto de resíduos produzidos pelo Homem, a compostagem dos diferentes resíduos

têm geralmente a concentração adequada de micronutrientes, como o magnésio, ferro, cobalto,

manganês, cobre e molibdénio e de muitos macronutrientes, como fósforo e potássio[78], cálcio e

enxofre. Dado que estes elementos se encontram disponíveis em quantidades suficientes nos materiais

a compostar, não é necessário um controlo significativo. Um exemplo é o fósforo, que não é

normalmente limitante, já que os microrganismos consomem este elemento numa proporção cerca de

5000 vezes menor que o azoto (N/P 5000). O hidrogénio, o oxigénio, o carbono e azoto são os

principais constituintes do protoplasma microbiano fazendo com que sejam assimilados em

quantidades relativamente maiores. De todos os nutrientes, dois dos macronutrientes, como são o

carbono e o azoto, assumem particular importância devido ao facto da sua relação ser um dos factores

críticos dos processos de compostagem[113]. Estes dois são os nutrientes assimilados em quantidades

relativamente maiores. O carbono tem como funções principais fazer parte da constituição do material

celular e funcionar como dador de electrões em reacções de oxidação aeróbias. O azoto, por sua vez,

tem como função principal fazer parte da constituição do material celular (ácido nucleico), proteínas,

enzimas, co-enzimas e aminoácidos necessárias ao crescimento e funcionamento celular[56].

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68

Sabe-se que o carbono fornece energia e constitui cerca de 50% da matéria celular e cerca de 25% é

libertado sob a forma de CO2 na respiração, razão pela qual é o macronutriente necessário em maior

quantidade[99]. Durante a compostagem verifica-se uma diminuição da taxa de produção de CO2 em

consequência da redução, quer da actividade metabólica, quer do carbono disponível. Esta necessidade

de carbono é muito superior à de azoto, existindo contudo um limite a partir do qual a actividade

microbiológica tende a reduzir-se[113]. É essencial que os nutrientes, nomeadamente o carbono e o

azoto, possam ser assimilados pelos microrganismos segundo determinadas concentrações relativas,

que estão relacionadas com a proporção em que estes existem nas suas células. Este facto assume uma

primordial importância quando a concentração no substrato de alguns destes nutrientes se torna, face

ao equilíbrio nutritivo requerido pelos microrganismos, factor limitante, podendo condicionar

fortemente a cinética do processo bioxidativo ou mesmo comprometer o seu desenvolvimento.

Assim, quando a relação C/N dos resíduos em compostagem é relativamente elevada, como é o caso

da palha de trigo e da serradura (quadro II.6) ou qualquer mistura de resíduos cuja relação C/N

ultrapassa 45-50, a taxa de decomposição é lenta (quadro II.7), devido à tendência da actividade

biológica diminuir por carência de azoto. Caso não seja adicionado azoto à pilha em compostagem, a

assimilação do carbono é realizada em função do azoto disponível (na proporção de 30 partes de

carbono e 1 de azoto), pelo que só parte do substrato é metabolizado, sendo a fracção remanescente

atacada gradualmente à medida que o azoto vai sendo reciclado, levando a que sejam necessários mais

ciclos de vida microbiana para processar a MO enquanto existirem fontes de carbono disponíveis. Isto

leva também a que o material celular se torne como a única fonte de azoto, aumentando o período de

compostagem, e aumentando a acidez do sistema por dissolução do excesso de CO2 libertado[23]. A

relação C/N vai diminuindo conforme o carbono é consumido (libertado sob a forma de CO2)[93] e o

azoto reciclado, tendendo para valores próximos de 10 (MO bem estabilizada ou o húmus do solo)[198].

Na compostagem industrial, os condicionalismos do ponto de vista económico e operacional não

permitem que o que é decomposto atinja tais níveis de maturação (pretendo-se apenas que o produto

final esteja higienizado e livre de fitotoxinas). Assim, considera-se que o composto está suficientemente

maturado quando a relação C/N for inferior a 17 (caso no início do processo a razão C/N não seja

inferior a 25-30).

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Quando a relação C/N é relativamente baixa, na ordem de 10:1, os microrganismos utilizam todo o

carbono disponível, desperdiçando o excesso de azoto (que seria reciclado se existissem fontes de

carbono no substrato), o qual se liberta por volatilização de amónia de modo a restabelecer o

equilíbrio[100]. Esta perda é prejudicial pois, noutras condições, o azoto seria oxidado para nitrato e a

existência deste no produto final traduz-se num incremento de qualidade do composto para uso

agrícola. De um modo geral os RSU apresentam uma relação C/N próxima da ideal ou ligeiramente

inferior[105]. Quando se pretende compostar outros resíduos cujas relações C/N se afastem muito das

óptimas, dever-se-ão constituir misturas, adicionando outros resíduos que os complementem. As

perdas de azoto são tanto maiores quanto mais elevadas forem as temperaturas e o pH, e mais intenso

o arejamento dos resíduos em decomposição. Geralmente, quando o valor da razão C/N é inferior a 25

poderá haver problemas de odor devido a condições anaeróbias e libertação de amónia. Resumindo,

pode-se concluir que se a relação C/N inicial for elevada, a população de microrganismos irá manter-

se, consumindo carbono e reciclando azoto. Se a relação C/N for demasiado baixa, os microrganismos

recorrem ao azoto de acordo com a quantidade de carbono disponível, e eliminam o excesso de azoto,

sob a forma de amónia, que em quantidades excessivas pode tornar-se tóxico.

Através da análise anterior, pode-se afirmar que a relação do substrato mais apropriada para o pleno

desenvolvimento do processo bioxidativo situasse, em termos práticos entre 25 e 35 [5; 114; 189], embora

Pereira Neto & Mesquita[169] apontem um valor entre 30 e 40:1. Russo et al. [185] sugerem a utilização do

rácio 40:1. De forma geral, aceitam-se valores entre os 20 e os 40:1 [145; 171]. Alexander[2] justifica a

primeira gama de valores da seguinte forma. Em termos médios, o protoplasma da maior parte dos

microrganismos envolvidos na compostagem contém 50% de carbono e 5% de azoto, apresentando

assim uma relação C/N próximo de 10. É pois nesta proporção que eles são integrados nas células

microbianas. Do carbono e azoto assimilados, os microrganismos utilizam todo o azoto para a

formação de novas células, mas somente cerca de 1/3 do carbono, sendo os restantes 2/3 utilizados

para a obtenção da energia necessária às susas funções vitais. Metade desta energia é utilizada na

respiração (com consequente produção de CO2 e H2O) e a restante dissipada sob a forma de calor.

Nesta conformidade, a assimilação de carbono e azoto pelos microrganismos é realizada na proporção

30:1, daí que se atinja a maximização da taxa de decomposição dos resíduos em compostagem quando

a relação C/N é próxima de 30.

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70

Silveira[193] refere que a relação máxima aceitável depende das características do material a compostar,

isto é, do grau de resistência dos componentes carbonados presentes ao ataque microbiano. Se o

carbono está em formas menos disponíveis (lenhina, celulose e hemicelulose), relações C/N mais

elevadas, da ordem dos 3 5 -40:1, são permitidas. Nestes casos poderá elevar-se o ataque dos

microrganismos às celuloses e lenhinas triturando o material, e misturando-o com material proveniente

de instalações pecuárias, ricos em azoto, baixando assim o valor. Já se o carbono está na sua maior

parte disponível, relações C/N aceitáveis devem estar mais próximas do valor óptimo que ronda os

30:1. Para demonstrar a maior ou menor disponibilidade do carbono mostra-se nas figuras II.13 e

II.14 a evolução teórica de alguns compostos bioquímicos durante a decomposição aeróbia[152],

determinando a sua utilização por parte dos microrganismos.

Figura II.13 e II.14 – Evolução teórica de diferentes compostos bioquímicos durante a decomposição, à esquerda, e à direita, está representado a biodegradabilidade de diferentes biomassas em processos biológicos. (Fonte: Mustin, 1987)2

No quadro II.6 lê-se na primeira e terceira coluna “Os Castanhos” e “Os Verdes”, respectivamente.

Estes termos aplicam-se numa das vertentes da compostagem, a compostagem doméstica, sendo que

existe uma designação própria para os materiais rico em azoto, a que se chamam “Materiais Verdes”, e

outra para os materiais ricos em Carbono, os quais se denominam de “Materiais Castanhos”.

Um outro facto a considerar, é que o valor inicial elevado na razão C/N afecta a temperatura, sendo

esta de características essencialmente mesofílicas, o que implica um processo de decomposição mais

lento[19]. Isto faz com que a relação C/N inicial esteja também interligada com o tempo necessário à

estabilização do composto. Gotaas[107] provou tal facto, através de uma experiência efectuada

2 • As biomassas que contêm carbono são classificadas em dois grupos: biodegradáveis (açucares + hemicelulose) e dificilmente biodegradáveis (celulose + lenhina); • Quanto mais elevada é a relação (celulose + lenhina)/MO, mais difícil é a degradação do substrato; • As relações não atingem valores de 100% se a MO contiver lípidos e proteínas.

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71

(resultados no quadro II.7) em que refere qual o tempo necessário para a estabilização de compostos

originados a partir de resíduos sólidos. Analisando o quadro II.7 conclui-se que à medida que se vai

baixando a relação C/N inicial vai diminuindo também o tempo necessário para se dar o processo.

Quadro II.6 – Relação C/N de vários resíduos. (Adaptado: Tchobanoglous et al., 1993;Golueke, 1991; EPA, 1994)

Resíduos Ricos em Carbono “Os Castanhos”

Relação C:N Resíduos Ricos em Azoto

“Os Verdes” Relação C:N

Folhas Secas 30-80:1 Esgotos 6.3-15.7:1 Palha 40-100:1 Estrume de Galinha 10-18:1

Folhas Mortas (Recentes) 40-60:1 Vegetais 12-20:1 Mistura RSU 50-60:1 Aparas de Relva 12-25:1

Espigas de Milho 60:1 Restos de Comida 15:1 Ervas (Secas) 90:1 Lamas de ETAR 16:1

Folhas Secas Partidas 90:1 Estrume de bovino 18:1 Cortiça 100-130:1 Estrume de Vaca 20:1

Palha de Trigo 127-150:1 Café 20:1 Papel 150-200:1 Ervas (Frescas) 25:1

Aparas de Madeira e Serradura 100-500:1 Folhas (Verdes) 30-40:1 Madeira 700:1 Restos Fruta 35:1

Composto Final 10-15:1

Húmus 10:1

Quadro II.7 – Relação entre carbono: azoto inicial e o tempo de compostagem. (Fonte: Gotaas, 1956 fide Silveira, 1987)

Relação C/N Inicial Tempo de Compostagem (dias)

20 9-12 30-60 10-16

78 21

É importante evitar que se obtenha um valor demasiado elevado de relação C/N no composto final

(valor ideal no quadro II.6). Caso suceda, poderá levar a que o composto “roube” azoto do solo, após

a aplicação[93; 145]. Isto explica-se devido à formação de metabolismos intermédios da degradação, os

quais não são compatíveis com o normal crescimento das plantas, devido também à competição pelo

azoto, entre os microrganismos e as raízes, afectando a nutrição das plantas[179]. Já uma relação baixa

pode favorecer o desenvolvimento das plantas.

Assim, o equilíbrio C/N é um factor de importância fundamental na compostagem, já que o principal

objectivo é criar condições para fixar os nutrientes, para que possam ser posteriormente reciclados

aquando da utilização do composto. Também é utilizado como bom indicador da estabilidade

biológica do composto[150], definindo a qualidade do produto resultante da compostagem. Este

parâmetro também não dispensa uma interpretação com base nas características iniciais do produto,

constituindo melhor avaliação a análise dos valores C/N inicial e final[162].

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Finalmente, uma pequena observação que poderá ser útil em sistemas de compostagem de pequena

escala é que se pode assumir que a relação C/N se aproxima do adequado quando o rácio dos resíduos

verdes para os resíduos mais secos (“castanhos”) for, volumetricamente, cerca de ¼ [78].

II. 5.2.1.6. – Dimensão das Partículas, Porosidade e Estrutura

Na compostagem, a característica física mais importante que pode afectar o processo é a dimensão das

partículas[78], porque influência as restantes condições em que este irá decorrer. Os dois principais

aspectos a salientar são o facto de, por um lado, quanto menor forem as partículas, maior será a sua

superfície específica, facilitando às populações microbiológicas o ataque e degradação da MO[23; 78], ou

seja, a taxa de decomposição dos resíduos é directamente proporcional à superfície específica e, por

outro, se as partículas são de muita pequena dimensão reduz a porosidade da massa em compostagem,

favorecendo uma excessiva compactação do material, o que dificulta a percolação do ar pelos

interstícios[23], tornando-se prejudicial em termos de difusão de oxigénio (oxigenação/arejamento),

aumentando o risco de aparecimento de zonas de anaerobiose.

Partículas mais pequenas numa pilha de compostagem permitem uma mistura mais homogénea

permitindo aumentar o isolamento térmico que , por sua vez, ajuda a que se mantenham as

temperaturas óptimas no interior da pilha, levando também a que haja uma maior homogeneização do

material em termos de densidade e composição[56], permitindo assim acelerar e uniformizar a

decomposição. Um facto também a registar é o que partículas com pequeno tamanho têm uma grande

superfície de contacto em comparação com o seu volume[84], diminuindo assim a resistência natural à

sua degradação. Mas a dimensão óptima das partículas depende muito do processo tecnológico

utilizado na compostagem, devendo procurar-se face à tecnologia utilizada, uma dimensão de

compromisso entre as necessidades de arejamento e a superfície específica exposta ao ataque dos

microrganismos[78], visto que os microrganismos responsáveis pelo processo de compostagem

posicionam-se na película de água que envolve as partículas sólidas do substrato, exercendo a sua

actividade metabólica na periferia destas.

A manutenção depende da resistência estrutural das partículas sendo que material rígido, resistente ao

esmagamento, permite a conservação da integridade intersticial, mesmo em partículas de tamanho

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mais reduzido. Quanto aos materiais mais frescos tendem a comprimir-se numa massa compacta, com

um nível de porosidade muito baixo. É por essa razão que Diaz et al.[78] referem que nos substratos

constituídos por materiais predominantemente linho-celulósicos, que conservam a sua integridade,

permitindo a circulação de ar entre partículas, a granulometria poderá variar entre 12 e 70 mm. Quanto

aos constituídos por materiais brandos (como a maior parte dos resíduos vegetais verdes e papel), que

tem tendência para a formação de uma massa compacta, a granulometria nunca deverá ser inferior a 50

mm, podendo atingir os 150 mm ou mais, dependendo da sua biodegradabilidade[78]. Mas outros

autores sugerem outros valores. Bons resultados foram obtidos com valores entre os 3 e 50 mm[111; 114].

Pereira Neto & Mesquita[169] e Epstein[86] recomendam uma granulometria entre os 20 e 50 mm para a

compostagem de RSU. O município de Montemor-o-Novo também testou a viabilidade de uma

Unidade de Co-Compostagem tende optado por utilizar resíduos com diâmetro de 25 a 75 mm[39: 40].

Estes valores também são sugeridos pelo CDC[56], Tchobanoglous et al. [199] e muitos outros autores.

Russo[184] apenas enuncia que para as partículas demasiado finas, menores que 2 mm, o arejamento é

bastante complicado, enquanto que acima de 16 mm, esse processo já facilita o arejamento natural,

sem necessidade de revolvimentos constantes. Assim, de um modo geral, o valor óptimo para o

processo é entre os 20 e os 70 mm, por facilitar a oxigenação ao formar uma massa porosa.

Arditi, citado por Silveira[193] estudou o efeito do tamanho das partículas na taxa de decomposição

(figura II.15). Esta experiência demonstra bem a

importância de um tamanho adequado das partículas.

Figura II.15 – Efeito da Trituração na Taxa de Decomposição. Comparação de Material Triturado (Curva A) com Material Não

Triturado (Curva B). (Fonte: Silveira, 1987)

Essa importância é traduzida através da análise da figura II.15 onde se fica a saber que a taxa de

decomposição duplica a 55ºC, quando os resíduos são triturados. Estudos retratados por Tynes[200]

demonstram que pilhas construídas com partículas que rondam os 25 m m de diâmetro atingem

temperaturas de 70ºC, enquanto que pilhas construídas com partículas de aproximadamente 50 mm já

atingem valores na ordem dos 60ºC. Já as pilhas montadas com partículas com 150 mm de diâmetro

chegam apenas aos 38ºC.

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Normalmente, a fracção orgânica dos resíduos, devido ao seu grau de humidade e tipo de resíduo, não

justifica a necessidade de redução do seu tamanho (como é o caso dos resíduos verdes frescos) que

implique a aquisição de uma máquina específica para trituração. A trituração é uma operação onerosa e

também tem limitações, pois é necessário conservar um número suficiente de interstícios para a

circulação de ar[23]. A sua aquisição justifica-se apenas caso exista bastantes resíduos lenhosos ou

fibrosos[48] de modo a reduzir a partículas com tamanhos entre 50 a 100 mm[78]. O tamanho das

partículas poderá limitar também qual a dimensão da pilha, tendo particular atenção à sua altura,

devido à possibilidade de compactação[154].

Quanto ao sistema utilizado, o CDC[56] enuncia que as partículas mais pequenas são mais adequadas a

sistemas de arejamento forçado ou sistemas revolvidos frequentemente e as partículas maiores para

pilhas e sistemas de arejamento passivo. Se o material a compostar for constituído em grande parte

por partículas de pequenas dimensões ou apresentar características favoráveis à compactação (altos

teores de humidade, e.g., lamas de ETAR), deverá misturar-se um agente estruturante[151], tal como

palha, aparas de madeira ou caruma de pinheiro seca, de forma a fornecer um suporte estrutural e

conferir uma certa porosidade quando adicionado, visto a porosidade estar directamente relacionado

também com a granulometria. Epstein[86] e Jeris & Regan[126] referem que a porosidade ideal para um

processo de compostagem situasse entre os 30 e 36%, valores que também são aceites por Mustin[152].

Matos & Pereira[145] por sua vez referem que para salvaguardar o movimento de ar através da massa em

compostagem, ela deve apresentar 30% v/v de vazios. Assim, tendo em conta os valores atrás

referidos, o intervalo mínimo de segurança para evitar situações de anaerobiose por insuficiência de

arejamento, a percentagem, em volume de ar retido na massa em compostagem, nunca deverá ser

inferior a 30-40%.

Quando os vazios estão completamente preenchidos com água, o material apresenta um

comportamento plástico, comportando-se como uma lama. Nestas circunstâncias, a transferência de

oxigénio é extremamente restrita, e a compostagem é impraticável na ausência de agitação constante.

Para obviar a este problema é essencial manter espaços vazios (com ar) abertos, o que é difícil de

manter quando a humidade é elevada e o material pouco estruturante.

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Assim, ao avaliar estes dois parâmetros físicos que estão interligados, pode-se afirmar que estes

influem em diversos parâmetros, designadamente o arejamento, a humidade e a temperatura. Outra

vantagem do corte das partículas, é reduzir o volume da pilha, aumentando assim a sua capacidade.

II. 5.2.2. – Quadro Resumo e Relação entre Parâmetros

Após ter sido feita a análise aos factores mais importantes num processo de compostagem convém

fazer uma retrospectiva do que foi falado, estando referido no quadro II.8 quais os valores

recomendados, para atingir elevadas eficiências, para cada um dos parâmetros estudados, assim como

os cuidados a ter durante o processo.

Quadro II.8 – Principais factores que influenciam o processo de compostagem e que necessitam de controlo operacional e

valores esperados ao longo do processo. (Adaptado: CMMN, 2003)

Parâmetros de Controlo Gamas Adequadas e Valores Esperados Forma de Controlo

Oxigénio Garante condições aeróbias,

permitindo aumentar a degradação da MO, controle de odores, da

temperatura e da humidade

Gama óptima: > 10-17% No início: 15-20 % (semelhante à composição do ar). Ao longo do tempo, as necessidades de oxigénio diminuem, mas este não deve ser inferior a 5-10%.

Revolvimentos e sistemas de

oxigenação forçada

Humidade Garante a actividade dos

microrganismos na degradação da MO

Gama óptima: cerca de 55 %, mas pode variar entre 40 e 60-65%. Altos teores de humidade (> 65%): água ocupa os espaços vazios da matéria orgânica, impedindo a circulação do O

2 (zonas

de anaerobiose) Baixos teores de humidade ( < 40%): actividade biológica inibida è menor temperatura è interpretação errada de que o processo está a finalizar è produção de composto não maturado

Adição de água e revolvimentos

Temperatura Reflecte a eficiência do processo e a

sua higienização

Gama óptima: 45-65/70ºC (difere de autor para autor) Fase termófila: temperatura alcança 70º C ou até mais. A temperatura deve atingir os 55ºC pelo menos durante 1 mês. Fase mesófila: temperatura diminui até aos 40-45º C , identificando o fim da bioestabilização e o início da humificação. Última fase: temperatura próxima da temperatura ambiente (composto está humificado)

Revolvimentos e ajustamento das

dimensões das pilhas

pH

Fase mesófila: pH 4.5 a 6.0 Fase termófila: pH 7.5 a 8.5

Final: pH 7.5 a 8.0 No geral do processo: pH 5.5 a 8.5

Auto-Regulado

Relação C/N Garante condições metabólicas e

nutricionais não limitantes

Gama óptima no início do processo: 25 – 40/1 C/N no final do processo: 10 – 15 /1

Mistura de resíduos com diferentes razões

C/N de forma a obter uma mistura

final com razão C/N adequada

Granulometria, Porosidade e Estrutura

Partículas pequena para permitir o ataque dos microrganismos (25 a 75 mm), mas não demasiado pequenas que tenham tendência a compactar e a impedir a circulação do oxigénio. Para tal, o material deve também ter alguma resistência no sentido de evitar a compactação dos resíduos

Trituração de resíduos

Mistura de resíduos com maiores dimensões

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76

Mas os parâmetros estão

interligados, isto é, uns são

influenciados por outros,

estando assim dependentes.

Na figura II.16 encontra-se

um esquema que pretende

representar sinteticamente

a ligação entre parâmetros.

Figura II.16 – Principais factores que influenciam o processo de compostagem e sua ligação. (Adaptado: Cunha Queda, 1999)

II. 6. – Diferentes Escalas de Compostagem

No que respeita às dimensões e objectivos, a compostagem pode ser levada a cabo de formas distintas:

Compostagem Industrial (em grandes instalações centralizadas) – os resíduos

biodegradáveis são recolhidos e transportados para unidades especializadas de compostagem

industrial. Dentro da unidade, os resíduos são triados para separar os materiais inertes (alguns

são recuperados para reciclagem) do material orgânico (caso da AMARSUL, AMTRES, entre

outros), sendo este transformado em composto no parque de maturação, ou então, como é

aposta recente, está a fazer-se a recolha selectiva da fracção orgânica dos resíduos (LIPOR,

R.A. Madeira, VALORSUL, etc.).

Compostagem Municipal ou Compostagem em Explorações Agrícolas ou Agro-

Pecuárias – compostagem realizada pelo próprio município, reduzindo os custos de

deposição em aterro e dando um destino adequado a resíduos que normalmente já são

recolhidos selectivamente (resíduos verdes, objectivo do município de Oeiras), e a outros que

poderão passar a ser recolhidos através de recolha selectiva, como é o caso da fracção orgânica

dos RSU em Esposende e Penafiel, por exemplo. O produto final obtido pode ser aplicado

nos espaços verdes dos municípios, reduzindo os custos inerentes à aquisição de fertilizantes e

correctivos de solos. Tendo em conta que nas explorações agrícolas e pecuárias existe uma

grande produção de resíduos orgânicos estes resíduos poderão ser compostados com feno,

palha, aparas de madeira e originar um fertilizante natural para posterior utilização (entre 1 de

Fevereiro de 2002 e 31 de Janeiro de 2005 foi feito o estudo a uma situação similar através do

Programa AGRO, Acção DE&D, Projecto 70[151]).

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Compostagem D oméstica – realizada em pequenas unidades de carácter familiar, em

compostores ou pilhas no quintal ou jardins. Esta apresenta as vantagens da diminuição dos

custos com a recolha de resíduos, sensibilização das populações e produção de compostos de

grande qualidade, quando o processo é devidamente acompanhado (o caso mais antigo e

conhecido a nível nacional é o da C.M. Oeiras, sendo o caso recente de maior sucesso, o do

município do Seixal, embora noutros municípios do país, esteja a ser levada a cabo programas

de compostagem doméstica em zonas piloto, assim como em muitas escolas do país também).

II. 7. – Tecnologias/Sistemas de Compostagem

Qualquer sistema de compostagem deve ter em conta três objectivos fundamentais[15]:

Que seja o mais rápido possível e consuma pouca energia;

Que ocupe o menor espaço possível e seja pouco dispendioso (equipamento utilizado, mão-

de-obra, custos de manutenção);

Que garanta um produto final com boas propriedades normalizadas para uso agrícola (sem

microrganismos patogénicos nem contaminantes para evitar riscos na sua utilização).

Para alcançar parte destes objectivos é necessário criar as melhores condições na pilha de material,

constituindo o arejamento, o parâmetro que pode tecnologicamente ser controlado com maior facilidade.

II. 7.1. – Sua Evolução

O primeiro sistema de compostagem que ganhou notoriedade foi o patenteado por Sir Albert Howard,

tendo ficado conhecido por processo Indore (ver Anexo E). Este processo consistia basicamente, na

justaposição de camadas, alternando diferentes tipos de resíduos de origem animal e vegetal, de forma

a construir uma pilha com cerca de 1.5 m de altura. O arejamento da massa a compostar era

conseguido através do revolvimento periódico da pilha. Desde então, e até aos nossos dias, vários

sistemas de compostagem foram comercializados, alguns deles publicitando serem capazes de produzir

um composto de elevado grau de higienização e de maturação num curto espaço de tempo. Devido à

grande diversidade em termos de concepção, nomeadamente, quanto ao tipo de confinação da massa

de resíduos ou ausência desta (ao ar livre, sob coberto, contido em baias, contida em reactor fechado),

existência ou não da mecanização e de agitação do leito de resíduos (massa de resíduos estática, massa

revolvida, fluxo contínuo), tipo de arejamento (natural e forçado) e tipo de reactor (estático ou

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78

dinâmico, vertical ou horizontal, de secção poliédrica ou circular), não é possível conceber uma base

para a classificação dos vários sistemas que não seja isenta de crítica[78; 114; 149].

II. 7.2. – Classificação dos Sistemas de Compostagem

Os processos de compostagem têm sido classificados segundo três grandes características[78].:

Disponibilidade de oxigénio (aeróbios e anaeróbios);

Temperatura (mesofílicos e termofílicos);

Tecnologia adoptada (abertos ou sistemas fechados).

Segundo Haug [113], esta última classificação tende a gerar alguma confusão devendo, para o mesmo

autor, ser adoptada antes uma classificação segundo sistemas reactor e não reactor. Os sistemas reactor

são aqueles em que o material em compostagem se encontra encerrado num reactor, sendo

popularmente classificado de mecânicos ou fechados, como são o caso dos dispositivos especiais

bioestabilizadores, digestores, torres e células de fermentação. Os sistemas não reactor são aqueles em

que o material em compostagem não se encontra encerrado em reactores, sendo popularmente

designados de sistemas abertos ou tradicionais. Neste caso, a compostagem é realizada ao ar livre, em

pátios de maturação, em pilhas revolvidas ou pilhas estáticas arejadas (“windrow”).

Deste modo, é preferível utilizar a classificação em sistemas reactor e sistemas não reactor[114],

colocando em evidência os sistemas não reactor. Assim, os sistemas classificam-se em:

Sistemas Não Reactor:

Ø Pilhas (leiras ou medas) Revolvidas ou Sistema “windrow”

ü Sistema LESA – Uma variante

Ø Pilhas Estáticas Arejadas (PEA)

ü Insuflação de ar (ou de baixo para cima, arejamento positivo)

ü Sucção de ar (ou fluxo inverso, arejamento negativo)

ü Ventilação alternada (sucção e insuflação) ou híbrido

ü Insuflação de ar conjugada com controlo da temperatura

Ø Outros

ü Contenção dos resíduos em baias

ü Sistema Brikollare

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Sistemas Reactor:

Ø Reactores Verticais

ü Contínuos

ü Descontínuos

Ø Reactores Horizontais ou Inclinados

ü Estáticos (com revolvimento esporádico)

ü Dinâmicos ou Rotativos (com revolvimento contínuo)

Bertoldi et al. [23], entre outros, consideram a disponibilidade de oxigénio o principal factor que é

influenciado pela tecnologia do processo de compostagem, enquanto Cardenas & Wang[53] p referem

uma classificação segundo a temperatura e a biologia do processo. Quanto à temperatura, podem ser

mesofílicos e termofílicos, consoante a temperatura do processo. Quanto à biologia do processo

diversos autores classificam em aeróbios, anaeróbios e mistos, dependendo do tipo de microrganismos

presentes no processo operarem com oxigénio, na sua ausência ou facultativamente. No entanto,

considera-se que quanto a este último aspecto, a compostagem só pode ser um processo aeróbio

controlado, como definido e entendido modernamente.

Mas, analisando os sistemas disponíveis, verifica-se que esta classificação pode conduzir a equívocos,

designadamente nos sistemas de revolvimento que utilizam pavilhões fechados (como a unidade da

AMTRES) e não são sistemas reactor, ou os sistemas tipo Dano, em que a maior parte do tempo o

material é disposto num pátio para degradação e maturação. Só pelo facto de o equipamento ser a

componente de custo mais importante se dá, igualmente, relevância ao sistema, quando efectivamente

sem a fase de degradação e maturação no pátio, não poderá ser produzido composto.

Pelas razões atrás justificadas será utilizada a classificação referida por Haug[114]. Neste trabalho serão

particularmente evidenciados os sistemas não envolvendo reactores.

II. 7.2.1. – Sistemas Não Envolvendo Reactor

Como já foi referido, e o próprio nome indica, estes sistemas são aqueles em que as operações do

processo de compostagem não se encontram encerradas em reactores, englobando assim técnicas com

menor grau de complexidade que os sistemas fechados, e representando também menores custos de

investimento e de exploração. Normalmente, as pilhas são montadas em pátios abertos de

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compostagem, ao ar livre ou parcialmente cobertos (particularmente, em regiões onde ocorram fortes

precipitações, sendo conveniente abrigá-las sob telhado). Estas técnicas de compostagem são mais

utilizados para a compostagem de resíduos florestais, agrícolas[190], sendo que recentemente alguns

municípios em Portugal adoptaram estes sistemas, mais em particular, o sistema “windrow” para a

compostagem dos seus resíduos de jardim e também das lamas produzidas nas suas ETAR`s.

II. 7.2.1.1. – Sistemas de Pilhas Revolvidas ou Sistema “windrow”

A pilha revolvida constitui o sistema de compostagem tecnologicamente menos evoluído e destaca-se

como um dos mais económicos (sem necessitar de grandes investimentos em maquinaria ou

tecnologia), apresentar uma elevada flexibilidade operacional e poder ser utilizado no tratamento dos

mais diversos resíduos orgânicos. Este sistema caracteriza-se por um processo em que o material a

compostar é normalmente colocado em pilhas de secção transversal grosseiramente cónica, triangular

ou trapezoidal (figura II.17), consoante a natureza do material que as constitui e as características do

clima. As pilhas tendo secção transversal trapezoidal requerem menos espaço e menor tempo de

processamento, uma vez que esta forma facilita o arejamento de mais material, com menos espaço de

ocupação[84]. No entanto, sob condições especiais, a forma da secção poderá ser ajustada a essas

mesmas condições (com particular atenção à humidade). Durante períodos secos e ventosos, uma

forma arredondada, quase achatada, será a mais indicada, uma vez que a relação entre a área superficial

exposta e o volume é menor, nesta configuração. Também o volume da zona quente é maior do que

numa forma cónica ou triangular. No entanto, esta forma mais achatada, no topo, torna-se

desvantajosa durante os períodos chuvosos, pois neste caso a água é absorvida em vez de escorrer ao

longo da pilha. Assim, a forma cónica é neste período aconselhada, visto não promover tão facilmente

a entrada da água, adiando ou prevenindo a

saturação (figura II.17) [84].

Figura II.17 – Forma da pilha de compostagem para um valor máximo (forma côncava, retendo a água (à esquerda)) e um valor mínimo (forma de cone, escorrendo a água (à

direita)) de absorção de água. (Fonte: EPA, 1994)

A escolha do local de compostagem também é importante visto que as leiras não devem ficar expostas

directamente ao sol ou ao vento, para que não seque, nem à chuva, para não ficar sujeita à lixiviação de

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nutrientes. Um local levemente ensombrado e com cortinas contra o vento pode ser conveniente para

não deixar secar demasiado a pilha[31].

Para o normal desenvolvimento do processo, as pilhas deverão ser construídas com uma altura

aproximada de 1.2 a 1.8 m de altura. A altura da pilha é o parâmetro mais importante a considerar na

construção da pilha, visto determinar os níveis de arejamento num grau muito superior que a largura.

Mas a temperatura também é influenciada pela altura, sendo que caso a pilha seja muito baixa não

“composta” bem, não aquecendo rapidamente. Por isso, nos locais muito frios, pode ser preferível

pilhas mais altas que 1.5 m. Pelo contrário, as pilhas demasiado altas, com 2.5 m a 3 m, podem tornar-

se demasiado quentes e matar os microrganismos responsáveis pela compostagem, assim como ficar

muito compactas, diminuindo o arejamento no seu interior. A largura da pilha, normalmente é o

dobro da altura (L 2h) [84], não tendo o comprimento qualquer influência, podendo este variar [53; 162].

Contudo, nas estações de compostagem, as dimensões das pilhas são condicionadas pelas

características do equipamento destinado ao revolvimento, pelas dimensões do parque e experiência na

condução do processo, podendo apresentar pequenos desvios em relação às medidas aconselháveis. É

prática corrente, após a construção da pilha com a largura e altura adequadas, aumentar gradualmente

as dimensões das medas no sentido do comprimento, empilhando os resíduos orgânicos recebidos

diariamente numa das extremidades da pilha já constituída.

O revolvimento das leiras pode ser feito mecanicamente por diversos processos mais ou menos

onerosos e dependentes do tamanho e quantidade de material nas pilhas. Pode assim, ser feito em

instalações de pequena dimensão através de revolvimento manual por operários, em instalações de

média dimensão recorrendo a tractores com pás carregadoras (figura II.18), ou em instalações de

maior dimensão, através de máquinas especialmente concebidas para o efeito, o volteador (figura II.19).

Figura II.18 – À esquerda, esquema figurativo de revolvimento recorrendo a

um tractor com pá carregadora. (Fonte: Rynk et al., 1992)

Figura II.19 – À direita, esquema figurativo

de revolvimento recorrendo a um volteador. (Fonte: Rynk et al., 1992)

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82

Estes volteadores facilitam e tornam mais eficaz a operação de revolvimento visto que são dotadas de

mecanismos de apanha, elevação, esmiuçamento e projecção dos resíduos, revolvendo, oxigenando e

reconstruindo as pilhas no mesmo local, permitindo deste modo uma operação mais rápida com

economia de espaço. Algumas são mesmo dotadas de equipamento de cominuição. A maioria dos

volteadores efectua a movimentação da massa em compostagem no sentido antero-posterior. Evita-se

a ocupação de uma área muito grande com os volteadores em comparação com as pás carregadoras,

visto que estas implicam o desmantelamento de uma meda e a construção de outra que se dispõe

paralelamente à primeira, transpondo lateralmente o material, e ser assim necessária uma maior área.

Contudo, também existem volteadores que efectuam tal movimentação lateralmente, erigindo nova

pilha a partir de uma já existente, como se verifica quando se utiliza a pá carregadora. Quando se

efectua esta acção, também se terá de ter o cuidado de colocar no interior da nova meda as camadas

superficiais da pilha original[98]. Esta prática permitirá que, ao longo do ciclo da compostagem, todas as

partículas possam, durante o período de tempo adequado, ficar submetidas a temperaturas que

permitam eliminar os microrganismos patogénicos (figura II.20).

Figura II.20 – Processo de reconstrução de uma pilha. Transferência de materiais durante a operação de

revolvimento. (Fonte: Gonçalves, 1999)

Enquanto à frequência com que se revolve, está

dependente da actividade microbiana na pilha em compostagem. Como é óbvio, será maior na fase

termófila, uma vez que durante esta fase torna-se imprescindível um revolvimento períodico)[169], para

não só fornecer oxigénio aos microrganismos, mas também controlar a temperatura dentro de limites

que favoreçam a decomposição aeróbia, diminuindo no final do processo. Na fase de maturação as

necessidades de arejamento são mínimas, ou mesmo desnecessárias. O fornecimento de água à pilha,

quando necessária, deve igualmente ser efectuada durante o revolvimento, uma vez que a agitação da

massa melhora a miscibilidade entre a fase sólida e fase líquida.

Mas o processo também apresenta algumas desvantagens, sendo sensível a fortes chuvadas e emissão

de odores quando os ciclos de revolvimento ultrapassam os 5 dias, bem como maior tempo de

compostagem. Outra desvantagem prende-se com as áreas necessárias para permitir o revolvimento e

trânsito dos tractores e máquinas[208].

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83

Mas para que se possa ultrapassar o problema atrás referido relativo às fortes chuvadas foi

desenvolvido uma tela especialmente para a compostagem, com microporos de tamanho 0.2 µm, para

que deixe sair o vapor de água para fora da pilha e deixe entrar o ar, não deixando penetrar a chuva.

Esta tela também reduz os problemas com os odores desagradáveis e possíveis ventos fortes. Também

está comprovado na prática que em locais onde os valores de temperatura não atinjam os mínimos

necessários para se dar processo de compostagem, caso se recorra ao uso da tela é possível que o

processo ocorra[98], visto permitir que a pilha alcance um valor de temperatura suficiente. A tela

também permite que no Verão, nos períodos mais quentes e secos, conserve a humidade[35].

Também é natural que no decorrer da fase inicial, o volume da pilha diminua significativamente. Desta

forma, será aconselhável que após esta primeira fase de degradação, de forma a evitar que a pilha se

torne demasiado pequena, se adicione esta a uma outra pilha, de forma a poder continuar o processo

(procedimento efectuado nas duas estações de compostagem da ALGAR SA[208]). Caso não seja

efectuada esta operação, poderá fazer com que a taxa de calor perdido seja superior à taxa de calor

produzido pela pilha, o que fará com que o processo possa ser interrompido[98].

Mas a temperatura e o oxigénio também podem ser controlados formando pilhas de determinadas

dimensões. Quanto mais larga a pilha, maior a área superficial exposta ao sol, tendo como resultado o

atingir de temperaturas mais elevadas na pilha. Mas quanto maior a pilha, maior a dificuldade do

oxigénio penetrar, levando a que se dê com maior facilidade condições anaeróbias no centro da pilha[84].

O sistema de pilhas revolvidas é presentemente utilizado na ALGAR SA, em duas estações de

compostagem, com capacidade cada uma delas para aproximadamente 5000 t/ano. A C.M. do Seixal

também tem no presente momento um centro de compostagem e o município de Montemor-o-Novo

fez recentemente um estudo nesta área. Os municípios de Penafiel e Estarreja também têm uma

estação de compostagem.

II. 7.2.1.1.1. – Sistema LESA – Uma Variante

O sistema LESA é uma variante do sistema “windrow”, tendo sido desenvolvido no final dos anos 80,

pelo Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA), da Universidade Federal de Viçosa, no

Brasil. A metodologia resumida do processo LESA é a seguinte[170]:

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84

O revolvimento deve ser feito a cada 3 dias no primeiro mês, para oferecer uma maior

actividade microbiológica inicial, garantir a oxigenação do meio e, consequentemente, uma

actividade termofílica, atenuando também com este procedimento a forte emanação de odores;

A cada revolvimento devem ser observadas a manutenção do teor de humidade na faixa de 45

a 55% e a capacidade de prolongar, o mais possível, temperaturas termofílicas controladas (45

a 65ºC), para que seja obtida uma maior velocidade de degradação da MO;

A manutenção de temperaturas termofílicas controladas pode ser conseguida através de

sucessivas adaptações da configuração geométrica da pilha, a fim de propiciar maior ou menor

perda de calor, produzido na massa de compostagem;

A compostagem deve ser desenvolvida em duas fases, considerando que o fim da primeira fase

ocorre, quando não forem registadas temperaturas superiores a 40ºC, nos dias subsequentes ao

revolvimento; a segunda fase corresponde à fase de maturação;

O material só deve ser considerado composto (propício à utilização agrícola), após ser

submetidos à primeira e segunda fase de compostagem.

Quanto à eficiência do arejamento, o sistema das PEA é superior devido à adição constante de oxigénio.

II. 7.2.1.2. – Sistemas de Pilhas Estáticas Arejadas (PEA)

No sistema de PEA, o material a compostar é colocado criteriosamente sobre um ou mais tubos

perfurados, em pilhas com a forma idêntica às do sistema “windrow”, sendo as tubagens ligadas a uma

bomba de ar, de modo a garantir a oxigenação necessária e a distribuir o mais uniformemente a

temperatura por todo o material. A principal diferença relativamente ao sistema “windrow” é a forma de

arejamento que, neste caso, passa a ser efectuada pela percolação de ar através da pilha, forçada pelo

uso de uma bomba de ar[162]. Existem três formas de arejamento consoante o modo de operação do

ventilador, não se procedendo a qualquer tipo de agitação da massa em compostagem, e são eles:

O modo positivo de arejamento por insuflação de ar;

O modo negativo de arejamento por sucção de ar;

O modo híbrido de arejamento por uma combinação dos dois processos anteriores.

Para se obter uma melhor distribuição do ar pela massa e prevenir o entupimento, nas três formas de

arejamento, é colocada uma camada de material de estrutura resistente (aparas de madeira, palha) ou

constituída uma base porosa, entre a tubagem perfurada (estando abertas ao ar nas duas extremidades)

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85

e o material a compostar. A tubagem é, por sua vez, ligada a uma bomba de ar. As pilhas são ainda

cobertas integralmente com uma camada de composto maturado de 15 a 30 cm de espessura, com o

duplo objectivo de filtrar os maus cheiros, evitando assim também a atracção de moscas e minorar as

perdas de calor e humidade. Quando o arejamento é efectuado por sucção, os gases produzidos pelos

resíduos em compostagem são conduzidos para o seio da outra pilha mais pequena de composto

maturado ou turfa, que actua igualmente como filtro biológico (figura II.21). Esta cobertura mostra-se

também importante como forma de evitar que a água das chuvas humedeça em excesso o material em

compostagem, evitando assim a entrada em anaerobiose e a produção de lixiviados[162].

O sistema de sucção foi desenvolvido em Beltsville (EUA) [199], como método específico para o

tratamento de lamas de águas residuais, desidratadas, digeridas ou não. A mistura das lamas com o

agente de porosidade era na ordem de 1:2 e 1:3 (v/v). Já o sistema por insuflação de ar foi

desenvolvido pela Universidade de Rutgers (EUA), em 1980, seguindo a mesma linha de pesquisa de

Beltsville. Porém, a taxa de arejamento passava a ser utilizada como factor de controlo de temperatura,

além da actividade microbiológica e da perda de humidade. O sistema Beltsville recomenda a

manutenção durante todo o processo de níveis de O2 da ordem dos 5-15%, independentemente das

modificações das características da massa em compostagem e das temperaturas atingidas pela mesma,

enquanto o designado de sistema Rutgers, fixa um tecto para os valores da temperatura da pilha, de

forma a garantir a maximização da taxa de decomposição e possibilitar a inactivação dos

microrganismos patogénicos. Este tecto é da ordem dos 55-60°C. Para tal, o sistema inclui um

termóstato que coloca o ventilador em operação sempre que a temperatura, medida nos sensores

colocados na zona mais quente da pilha, atinge aquele limiar. As diferenças fundamentais entre estes

dois sistemas estão sintetizadas no quadro II.9.

A estratégia Rutgers alicerça-se numa criteriosa aplicação dos princípios da compostagem, permitindo

um razoável controlo de alguns factores condicionantes do processo, sendo ainda um sistema de baixo

custo. Os inúmeros estudos desenvolvidos pretendem avaliar a eficácia do sistema para um amplo

leque de resíduos, pretendendo aperfeiçoar os ciclos e modos de arejamento, controlar o teor de

humidade e introduzir tecnologias de controlo mais sofisticadas[94].

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Quadro II.9 – Diferenças entre os sistemas de compostagem Rutgers e Beltsville. (Fonte: Finstein et al., 1992 fide Gonçalves, 1999)

Estratégia de Controlo do Processo Item

Rutgers Beltsville

Objectivo Operacional

Manutenção de um tecto aos 60ºC Manutenção dos teores de O2 entre 5 e 15%

Ventilação Selecção de um ciclo de arejamento inicial,

posteriormente corrigido consoante as temperaturas de massa em compostagem

Ciclo de arejamento fixo durante todo o processo

Potência de Ventilação

Capacidade de remover o excesso de calor nos picos de temperatura

Prevê uma potência de 1/3 hp para uma pilha de 50 t

Modo de Operação

Insuflação Sucção

Efeitos

Elevadas taxas de geração de calor e de vaporização; a secagem inerente poderá inibir a actividade microbiana, caso não haja o cuidado

de evitar esta situação; elevados índices de eliminação dos microrganismos patogénicos

A temperatura atinge picos da ordem dos 80ºC, que inibem a acção dos microrganismos

responsáveis pela compostagem; baixas taxas de geração de calor; elevados índices de eliminação

dos microrganismos patogénicos

Na figura II.21 apresenta-se um esboço de pilhas estáticas arejadas por sucção (1) e por insuflação (2).

Já na figura II.22 representa-se, esquematicamente, a distribuição típica das temperaturas registadas nas

pilhas submetidas aos valores de

ventilação referidos.

Figura II.21 – Esquema de pilhas estáticas com ventilação forçada por sucção (1) e por

insuflação de ar (2). (Fonte: Gonçalves, 1999)

O ventilador actua intermitentemente, comandado por um sistema de relógio, com os ciclos de

arejamento previamente seleccionados, accionando-se o sistema de arejamento sempre que alguns

parâmetros, nomeadamente a temperatura, atinjam valores considerados críticos, capazes de afectar a

taxa de decomposição.

Figura II.22 – Distribuição das temperaturas na secção recta de pilhas estáticas. À esquerda,

ventilação por insuflação e à direita, ventilação por sucção. (Fonte: Stentiford et al., 1985 fide

Gonçalves, 1999)

O modo positivo de arejamento usa o ventilador para “puxar” o ar para a pilha. O ar atravessa a pilha

e sai pela área superficial da mesma. Por causa do sentido do ar, o controlo do odor é difícil devido ao

modo positivo de arejamento. A ausência de um filtro para o odor, todavia, implica uma menor perca

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de pressão com este sistema, o que resulta num maior fluxo de ar do mesmo ventilador. Portanto, o

modo positivo de arejamento poderá ser mais efectivo em arrefecer a pilha, sendo assim preferível

aplicá-lo em climas em que as temperaturas elevadas possam vir a ser um problema[84; 186]. A fase de

arejamento tem uma duração de 3 a 4 semanas, sendo de seguida o material colocado em pilhas de

maturação por um período de 1 a 4 meses, para a fase de humidificação do composto.

Todas as variações do sistema PEA (figura II.23), quando bem operado, promovem uma boa

distribuição da temperatura na faixa termofílica (± 55ºC) por toda a pilha, criando assim condições

para uma correcta higienização do produto final, quando devidamente completados com a fase de

maturação. Apesar disso, o controlo de temperatura é mais eficiente no sistema por insuflação de ar

quando comparado com a sucção de ar, apresentando portanto uma maior eficiência, para além de

promover a evaporação, permitindo assim a obtenção de um produto final com menor teor de

humidade e melhor estabilidade[104]. Geralmente, o método de PEA é mais ajustado para material

granulado e relativamente seco que tenha um tamanho de partículas uniforme e de diâmetro menor

que 20 mm, isto porque material maior ou húmido e material de diversos tamanhos têm uma

tendência para compactar. O compactar constringe o movimento do ar por entre as partículas, o que

leva a que o ar não flua em toda a pilha, com consequente produção de

zonas anaeróbias, baixando assim a taxa de decomposição. Mesmo

assim, as PEA são usualmente usadas para a compostagem de material

húmido. O problema da porosidade e do teor em humidade poderá ser

evitado ou minimizado caso se adicione material estruturante[84].

Figura II.23 – Estação piloto de compostagem (com sistema PEA) do Horto de Química Agrícola do Departamento de Química Agrícola e Ambiental, ISA. (Fonte:

Cunha Queda, 2003)

Comparando o sistema de pilhas revolvidas com o sistema de PEA, conclui-se que quanto à eficiência

do arejamento, no sistema PEA a eficiência é superior devido à adição de oxigénio de forma

constante. Um outro pormenor a destacar é que no sistema PEA as pilhas normalmente têm uma

altura superior em relação ao sistema “windrow”[186]. Já os valores de temperatura alcançados no sistema

de PEA são inferiores[18].

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88

O sistema híbrido, alternando adequadamente o modo positivo e negativo de arejamento, permite

ainda um melhor controlo da humidade e temperatura e sua homogeneização na pilha de

compostagem, conseguindo-se assim atingir eficiências superiores aos outros modos de arejamento[16],

com as consequências inerentes de permitir a obtenção de um produto final correctamente higienizado

e de qualidade. Um excelente exemplo deste sistema é a central de compostagem em Bangkok[16].

II. 7.2.1.3. – Outros Sistemas Não Reactor

II. 7.2.1.3.1. – Contenção da Massa dos RSU em Baias

No sentido de maximizar a taxa de decomposição e, deste modo, reduzir o tempo de compostagem,

alguns sistemas mecanizados (totalmente ao ar livre ou sob cobertura) têm vindo a ser implementados.

Nos finais do século XX, registavam maior penetração no mercado os sistemas que se baseavam na

contenção dos RSU em baias e assentes numa estrutura de cimento armado poroso, através do qual é

injectado ar, complementando-se o arejamento das pilhas por revolvimento. Este equipamento

promove ainda a progressão da massa de RSU em compostagem desde a sua admissão. Sistemas deste

tipo são também utilizados em reactores.

II. 7.2.1.3.2. – Sistema Brikollare

Tem vindo a ser utilizado em algumas estações de compostagem na Alemanha e Suiça, para

tratamento de RSU conjuntamente com lamas de depuração. Aconselha-se a trituração da fracção

orgânica dos RSU (recolhida separadamente), a qual é posteriormente comprimida com uma prensa de

forma a constituir blocos com cerca de 150×25×15 cm, os quais se empilham em oito camadas

sucessivas sobre palha, permitindo que o ar circule naturalmente entre eles. A massa em compostagem

é submetida a uma fase termófila de 5 semanas seguida de maturação ao longo de 4 a 12 semanas[104].

II. 7.2.2. – Sistemas Envolvendo Reactor

Nestes sistemas, os resíduos para compostagem são encaminhados para reactores dos mais diversos

tipos, em ambiente fechado (ao abrigo das condições atmosféricas), onde os diversos parâmetros do

processo como a temperatura, oxigenação, humidade e até adição de nutrientes (quando necessários),

são controlados[53; 162], de forma a optimizar a eficácia do processo.

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89

Por se tratar de processo de alto controlo, é possível a obtenção de velocidades de decomposição

superiores e tempos de retenção no biodigestor, em geral bastante baixos, da ordem dos cinco dias

para a fase activa[104]. Contudo, e se atendermos aos processos de natureza biológica, não é possível

obter-se a sucessão adequada de diferentes microrganismos de modo a garantir o grau de estabilização

e maturação desejáveis em tão curto espaço de tempo, pelo que se recomenda um período mínimo de

degradação de um mês[104]. Caso isso não suceda, será necessário um período de maturação do

composto mais longo, de forma a garantir a estabilização completa, e geralmente efectuado em

parques cobertos. Comparativamente com os sistemas abertos é reduzido o tempo de tratamento

(duração média de 6 a 8 semanas), o que se traduz em menores áreas de implantação[121].

Segundo Pereira Neto[162], os sistemas reactor apresentam como principais vantagens um elevado nível

de controlo do processo, reduzido espaço de instalação (quando comparados com sistemas não

reactor) e, por serem sistemas fechados, permitirem um bom controlo de odores, tendo como

inconvenientes os maiores custos de implementação e de manutenção, para além de necessitarem de

mão-de-obra especializada. Mas os custos inerentes às tecnologias variam com o tipo de concepção da

instalação e, em particular, com o tipo de arejamento, com o método de revolvimento do composto e

com o sistema de controlo da humidade na nave de compostagem[121].

Cardenas & Wang[53] classificam os reactores para compostagem em reactores de fluxo vertical (usados

mais frequentemente para lamas de ETAR), fluxo horizontal ou inclinado, podendo ainda ser de fluxo

contínuo ou intermitente, sendo que no Anexo F estão alguns exemplos destes sistemas. No Anexo

G está um caso específico (estação de compostagem de resíduos indiferenciados da AMARSUL). Os

sistemas reactores foram os que originaram até hoje mais patentes.

II. 7.2.3. – Comparação entre Sistemas de Compostagem

Após ser feita uma análise tanto aos sistemas não reactor como aos sistemas reactor, apresenta-se no

quadro II.10 a comparação, à luz de vários critérios, das diversas classes de sistemas de compostagem

(pilha revolvida, pilha estática., contenção dos RSU em baias e sistemas envolvendo reactores),

focando as suas principais vantagens e limitações.

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Quadro II.10 – Comparação entre diversas classes de sistemas de compostagem. (Adaptado: Gonçalves, 1999)

Sistemas Não Envolvendo Reactor Sistemas Envolvendo Reactor

Critérios Pilhas ou Medas

Revolvidas

Pilha estática c/ Ventilação

Forçada

RSU Contido em Baias

Massa de RSU não Agitada

Massa de RSU Revolvida ou

Agitada Custos de

investimento em equipamento

Reduzidos Reduzidos Médios Elevados Elevados

Necessidade de mão-de-obra

Elevada Média Reduzida Reduzida Reduzida

Controlo do arejamento

Reduzido Total Médio Total Total

Área requerida Elevada Elevada Reduzida Reduzida Reduzida

Factores que podem ser submetidos a

controlo ao longo do processo

Frequência do revolvimento;

incorporação de água

Arejamento; incorporação

de água c/ limitações

Arejamento; incorporação de

água

Arejamento; incorporação de água c/ limitações

Frequência do revolvimento; arejamento;

incorporação de água

Necessidade de maturação

suplementar

Geralmente não necessita

Necessita Necessita Necessita Necessita na

maior parte dos casos

Sensibilidade às alterações climáticas

Muito sensível às fortes

precipitações e baixas

temperaturas

Sensível

Pouco sensível (quando o

processo decorre sob telhado)

Pouco sensível Pouco sensível

Controlo de cheiros Difícil Por vezes

complicado Por vezes

complicado

Bom (c/ funcionamento

normal)

Bom (c/ funcionamento

normal) Higienização da

Massa Nem sempre

eficiente Eficiente Eficiente

Geralmente eficiente

Eficiente

Adaptação a variações das quantidades de RSU recebidas para

tratamento

Boa adaptabilidade

Boa adaptabilidade

Fraca adaptabilidade

Fraca adaptabilidade

Fraca adaptabilidade

Controle de lixiviados Difícil Geralmente

eficiente

Eficiente (c/ normal

funcionamento)

Eficiente (c/ normal

funcionamento)

Eficiente (c/ normal

funcionamento) Período de duração do

processo 5-6 meses

Cerca de 4 meses

3-3.5 meses Inferior a 2.5

meses Inferior a 2.5

meses

II. 7.2.4. – Vantagens e Limitações das Várias Classes de Sistemas de Compostagem

Face à grande diversidade dos sistemas de compostagem, cada qual apresentando vantagens e

limitações de natureza vária, torna-se complicado seleccionar qual o sistema que melhor se adapta a

determinada estação de tratamento. A sua escolha deverá assentar numa análise ponderada dos

factores relevantes dos quais se enumera:

As condições relacionadas com o local onde a estação irá ser instalada, nomeadamente a área

disponível e a proximidade de aglomerados populacionais;

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91

Quantidade e características dos resíduos a tratar, incluindo as suas variações sazonais;

Capacidade financeira;

Disponibilidade e tipo de mão-de-obra e respectivo custo;

Tipo de utilização do produto final e respectivos critérios de qualidade;

Susceptibilidade do sistema a intervenções no processo bioxidativo, maximizando a eficácia;

Tempo de retenção dos resíduos na estação até à obtenção do produto final.

Convirá ainda reter que a apreciação da eficiência dos diversos sistemas em análise (nomeadamente

nos integralmente mecanizados) não se deverá limitar à eficácia do processo de compostagem

propriamente dito (avaliada, nomeadamente, pela taxa de decomposição da fracção orgânica dos RSU

e pelo índice de redução dos microrganismos patogénicos indicados). É também importante

considerar as tecnologias utilizadas nas fases de pré-tratamento (que deverão possibilitar uma boa

homogeneização da massa e a cominuição da fracção orgânica dos RSU sem afectar o tamanho das

partículas de inertes e, na medida do possível, retirar da massa a submeter a tratamento os materiais

passíveis de veicular contaminantes, orgânicos e minerais) e pós-tratamento.

II. 8. – Controlo/Monitorização do Processo de Compostagem

Conforme atrás se referiu, é essencialmente através do controlo da temperatura e humidade dos

resíduos orgânicos em decomposição que se poderá decidir sobre a necessidade de intervenção no

processo de compostagem. É pois necessário estabelecer um esquema para a monitorização destes

parâmetros, nomeadamente quando se está em presença de um sistema não mecanizado nem

automatizado, como é o caso das pilhas revolvidas. Nestes casos, as temperaturas deverão ser medidas

diariamente, utilizando-se para tal sondas equipadas de termopares que se introduzem em locais

estratégicos da pilha a várias profundidades. Já as determinações da humidade poderão ser efectuadas

semanalmente ou duas vezes por semana, caso as condições atmosféricas sejam de molde a intensificar

a secagem dos resíduos em compostagem. Uma vez que não existe equipamento que permita efectuar

com rigor esta determinação directamente na pilha, será necessário efectuar-se a colheita de amostras

representativas e analisá-las em laboratório. Para além da temperatura e da humidade, caso exista

possibilidades, também se deverá proceder à monitorização de outros parâmetros relevantes para a

avaliação da evolução do processo, cuja determinação é relativamente simples e expedita, tais como,

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Matéria Orgânica Total (MOT), também designada por sólidos voláteis, determinada através da perda

por calcinação a 550°C; da massa volúmica; do O2 intersticial (medição “in situ” por intermédio de uma

sonda acoplada a um medidor de gases) e da relação C/N = Ntotal

MOT )8.1/(, entre outros.

II. 9. – Critérios para a Determinação do Término do Processo de Compostagem/

Determinação do Grau de Estabilidade do Composto

Na compostagem municipal e, ainda mais, na compostagem doméstica é possível a obtenção de um

composto completamente estabilizado, visto a pressão do factor tempo não ser tão evidente. Mas com

a compostagem a nível industrial, tal já não acontece, pretendendo-se apenas que o produto final atinja

graus de maturação e de higienização que permitam a sua segura utilização para fins agrícolas (sem que

daí advenham problemas de fitotoxicidade devido à sua introdução na cadeia alimentar). Assim, os

critérios para definir o término do processo são, em princípio, determinados pelos fins a que o

composto se destina. Por exemplo, se o produto final se destina à incorporação no solo com alguma

antecedência relativamente à implantação das culturas, as exigências quanto ao seu grau de maturação

serão menores do que se o mesmo se destinar à formulação de suportes de culturas. Os elementos

necessários para uma eventual decisão sobre o término do processo poderão ser obtidos mediante

uma mera apreciação sensitiva (cor, brilho, cheiro, temperatura, textura, consistência, humidade), o

que requer experiência. O abaixamento da temperatura é um dos melhores indicadores de estabilidade

do composto, isto porque, o decréscimo de temperatura ocorre devido à diminuição do material

rapidamente decomponível. Outros métodos, mais ou menos expeditos e com vários graus de

fiabilidade, podem ser utilizados, que poderão incluir segundo Tchobanoglous e t a l . [199] e Pereira

Neto[165] os testes semi-quantitativos (pesquisa de ião nitrato e ião amónio), as determinações físico-

químicas várias (MOT, pH, azoto total, nítrico e amoniacal, taxa de humificação, teste de amido-iodo,

concentração de ácidos húmicos, razão C/N), as determinações microbiológicas (crescimento de

fungos Chaetomium gracilis) e os ensaios biológicos (testes de auto aquecimento, testes respirométricos,

ensaios de germinação). Também a análise laboratorial da carência química de oxigénio (CQO) e o

teste da lenhina fornecem uma rápida indicação do grau de decomposição[165]. Um baixo valor de CQO

e uma alta percentagem de lenhina (maior que 30%) é indicativo de um composto estabilizado[199].

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93

II. 10. – A Compostagem como Alternativa de Gestão de Resíduos

II. 10.1. – Âmbito e aplicação

Uma das alternativas que se colocam para um adequado encaminhamento dos resíduos biodegradáveis

é o processo de compostagem, sendo uma das tecnologias eleitas para fazer parte das estratégias de

gestão de resíduos. O processo de compostagem permite transformar os resíduos biodegradáveis num

produto que pode adquirir um valor económico e agronómico, o composto. E assim, estimula-se a

prevenção e redução da produção de resíduos orgânicos, estabelecendo limites para a sua deposição

em aterro, atingindo os objectivos propostos na directiva aterros.

II. 10.2. – Estrutura de gestão

A compostagem permite desviar a fracção orgânica dos resíduos dos circuitos tradicionais de

eliminação como a incineração e a deposição em aterro. Contudo, para tentar minimizar as

desvantagens inerentes do processo, e também com vista à produção de um produto final de

qualidade, é fundamental que o material a tratar seja proveniente de recolha selectiva. Para tal, é

necessária uma forte sensibilização da população relativamente à importância da separação da fracção

orgânica dos resíduos na origem. É necessário assegurar uma frequência de recolha da fracção

orgânica que evite a sua acumulação. Caso a frequência de recolha não seja suficientemente elevada, a

fracção orgânica pode decompor-se, originar odores e surgir vectores de propagação (moscas, ratos,

etc.). O sistema de recolha selectiva da fracção orgânica deveria ser rigoroso, levando também a uma

redução na frequência do circuito de recolha de outros resíduos. Apesar de não ser possível evitar as

despesas de investimento e operação, existem oportunidades para diminuir os custos e que devem ser

exploradas. Por exemplo, a organização de novos circuitos de recolha e a possibilidade de se efectuar a

compostagem doméstica onde seja possível, o que racionaliza a utilização de contentores de deposição

dos RSU, bem como a extensão dos números de contentores para a recolha diferenciada. A separação

da fracção orgânica deveria efectuada em contentores específicos devidamente identificados e

instalados na via pública. A recolha do conteúdo dos mesmos seria feita por circuitos específicos.

Deveriam ser também recolhidos os resíduos vegetais dos jardins municipais e mercados, assim como

os resíduos provenientes das podas, que poderiam ser adicionados à fracção orgânica, desempenhando

papel de agente de porosidade.

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II. 10.3. – Vantagens e Limitações do Processo de Compostagem

A compostagem apresenta nítidas vantagens em relação às outras soluções de tratamento dos RSU,

nomeadamente para regiões cujos solos se encontram empobrecidos em MO. Os sistemas de

compostagem, especialmente os baseados em sistemas não reactor, apresentam como principais

vantagens as seguintes[162; 163; 169]:

Uma rápida decomposição e oxidação da MO putrescível para um estado estável, com uma

produção de odores mínima ou insignificante;

A produção de calor (biológico) durante a decomposição permite uma correcta higienização

com consequente destruição de microrganismos patogénicos (desde que se atinja o tempo e a

temperatura adequados);

Utilização de pouca ou nenhuma energia externa para o seu funcionamento, quando

comparada com outros sistemas de tratamento, dado que a maior parte da energia utilizada é

oriunda do próprio processo metabólico;

Economicamente viável visto apresentar custos reduzidos comparando com outras técnicas de

tratamento, quando se entra em consideração com os ganhos ambientais resultantes;

Exigência de equipamento simples aliada a uma grande flexibilidade de operação;

Permitir a obtenção de um produto passível de ser utilizado na agricultura como fertilizante

natural (ou condicionador de solos, como forma de restituir nutrientes ao solo, como meio de

cultura na horticultura) (boa estabilização da MO), que não apresenta quaisquer impactos

ambientais em termos de contaminação de águas subterrâneas e superficiais ao contrário dos

fertilizantes químicos.

Haug[114] afirma também que a compostagem tem imensas vantagens no tratamento de resíduos

sólidos. Além de algumas das vantagens salientadas, também faz salientar o facto de o processo

promover a desidratação de substâncias altamente húmidas como as lamas de ETAR, e possível

reaproveitamento, caso sejam convenientemente tratadas. Mas no caso de o composto obtido não ser

produzido a partir da fracção orgânica biodegradável dos RSU recolhida separadamente na fonte,

poderá levar a que possa conter níveis relativamente elevados de metais pesados, contaminantes

orgânicos e inertes, o que pode restringir ou mesmo desaconselhar a sua utilização, sendo difícil a sua

comercialização, constituindo-se assim num problema que poderá acarretar consequências graves em

termos de saúde pública/ambiental. Uma outra vantagem é a redução significativa (de ordem dos 30-

40%) no volume dos RSU tratados, valorizando a fracção orgânica biodegradável dos RSU e

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_______ CAPÍTULO II - Processo de Compostagem

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

95

reduzindo assim o seu potencial poluente. Esta vantagem está associada a uma outra que é muito

relevante, que é a não deposição dos resíduos da fracção orgânica em aterro, aumentando assim o seu

tempo de vida ou então, vendo de uma outra perspectiva, reduzindo a área necessária para esse aterro

sanitário. Já quando se faz compostagem doméstica faz também com que se diminua os custos de

tratamento e recolha dos resíduos levando a que a população, também seja sensibilizada para com o

problema que assola a vida quotidiana. A flexibilidade para implementação da compostagem é também

um ponto forte visto que tanto poderá ser efectuada em nossas casas, a nível municipal bem como a

grande escala[118]. Todas as vantagens salientadas levam a que se possa melhorar a qualidade de vida.

As principais limitações ou desvantagens do processo é a necessidade de maiores áreas de terreno

disponível que outros processos de tratamento, a exigência de mais tempo para a obtenção de um

produto final adequado e o facto de ser um processo que exige mais trabalho e mão-de-obra (em

certas circunstâncias poderá não ser uma desvantagem visto absorver mão-de-obra) do que os outros

métodos de tratamento. Também se deverá ter um cuidado especial durante o processo bioxidativo,

em que se produz CO2 e, se o controle não for rigoroso, CH4 e maus cheiros. A emissão de odores

atrai potenciais vectores de propagação (ratos, insectos, aves, etc.) o que proporciona más relações

com a vizinhança das instalações. A solução para estes factos é a escolha do processo adequado em

termos da tecnologia, projecto e operação, isto para evitar apenas vantagens parciais, como é o caso de

se poder obter um composto de má qualidade ou este não se encontrar completamente estabilizado.

Embora os últimos três itens (CO2, CH4 e maus cheiros) sejam prejudiciais, são em muito menor

dimensão quando comparados com o aterro, verificando-se assim uma redução significativa na

emissão de gases com potencial efeito de aquecimento global. Num processo correctamente

conduzido o principal impacte negativo a considerar é o odor gerado pelo processo[85; 137], embora não

possa ser completamente eliminado, pode no entanto ser tecnicamente controlado a limites aceitáveis.

Também se menciona o problema de ruído, essencialmente com compostagem pelo sistema “windrow”[118].

Na compostagem doméstica, os problemas enunciados não tem tanta importância, tornando-se

praticamente insignificantes, já que a natureza dos resíduos utilizados são maioritariamente de origem

vegetal e a libertação de odores desagradáveis é mínima, podendo obter-se um composto de grande

qualidade para aplicação nas suas pequenas hortas, jardins ou quintais.

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 96

CCAAPPÍÍTTUULLOO IIIIII

O COMPOSTO OBTIDO

III. 1. – O Composto Obtido

III. 1.1. – Quantidade do Composto Produzido

A diminuição de peso e volume causada pela compostagem da MO resulta num aumento da

concentração de nutrientes e reduz a necessidade em espaço para armazenamento e transporte. Durante

a compostagem, metade ou mais de metade do volume da pilha será perdido com a decomposição dos

materiais. Pelo menos metade do carbono da pilha é perdida principalmente na forma de dióxido de

carbono. O azoto é perdido por volatilização do amoníaco e por lixiviação e desnitrificação dos nitratos.

III. 1.2. – O Uso do Composto – Suas Vantagens e Possíveis Problemas

III. 1.2.1. – Condições de Utilização do Composto

O composto orgânico pode ser comercializado e utilizado em várias actividades, tais como,

componente de suporte de culturas e na florestação, como correctivo orgânico (restituindo ou

preservando quer macro (N, P, K, Ca, Mg) quer micronutrientes (Fe, Mn, Cu, Zn, etc…) ao solo),

utilizado na bio-recuperação de solos contaminados, combate à erosão e constituir uma excelente

matéria-prima para a produção de adubos organo-minerais. A utilização de composto na actividade

agrícola depende principalmente da qualidade do composto, especialmente do conteúdo em MO, da

sua maturidade, da concentração em nutrientes e na presença ou ausência de substâncias

potencialmente perigosas e indesejáveis ao solo. Para além do composto fornecer nutrientes ao solo, o

que mais interessa é o teor de MO que este possui[104]. As vantagens são segundo Pereira Neto &

Mesquita[169] e Pereira Neto[163; 165]:

Melhora as características físicas e estruturais do solo, através do aumento da capacidade de

agregação, estabilidade e permeabilidade (porosidade) dos solos (facilitando o arejamento e a

percolação das águas da chuva, reduzindo assim o escoamento superficial e erosão), capacidade

de retenção de água (na ordem dos 300-500%, facilitando a sobrevivência do coberto vegetal

nos períodos de seca), e indirectamente, os danos causados aos solos cultivados, a poluição e o

assoreamento de mananciais hídricos;

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

97

Elevada área de superfície e capacidade de troca catiónica exercendo efeito tampão no solo,

actuando como reservatório de catiões (Ca2++, K +, etc.) e aniões (PO42-, SO 4

2-), assumindo

grande importância na recuperação de solos, além de formar húmus - argilo-minerais;

Reduz o arraste dos fertilizantes pela água das chuvas, retendo estes; outra forma de retenção

de N e P é conseguida à custa da conversão, pela MO, das suas formas solúveis numa forma

orgânica incorporada no tecido celular dos microrganismos, que após a sua morte, deixam

aqueles dois nutrientes disponíveis no solo para as raízes;

Acelera a actividade biológica essencial ao crescimento das raízes, assim como aumenta a

absorção do calor no solo, o que por sua vez aumenta a actividade enzimática e a fotossíntese

dos vegetais, além de actuar como antibiótico no controle de inúmeras doenças de plantas;

Solubiliza sais minerais inorgânicos (e.g., os fosfatos), tornando-os acessíveis às raízes;

Exerce acção protectora e actua como fonte de nutrientes para os microrganismos do solo

agindo como um tampão biológico no solo;

Actua como agente de complexação e quelatação na retenção de elementos metálicos (metais

pesados) e moléculas de pesticidas;

Apresenta menor necessidade de utilização de pesticidas, herbicidas e fertilizantes químicos,

diminuindo também a poluição por nitritos e nitratos nos cursos de água;

Aumento da estabilidade do pH.

Todos estes aspectos levam a que haja uma melhoria da qualidade e estrutura do solo sendo de

salientar que alguns estudos demonstraram que o uso do composto diminuiu a ocorrência de

determinadas pragas, neste caso de plantas[56].

Não sendo o composto adubo mineral, mas sim um adubo biológico, faz com que a sua aplicação

permita aumentar o rendimento da adubação mineral de 30 a 70% [136]. Mas também poderá acontecer

usar o composto obtido sem que este esteja estabilizado. Na agricultura, tal facto poderá ter efeitos

negativos como a libertação de amónia que leva a danificar as raízes das culturas, uma elevada razão

C/N (característica dos produtos não-maturados) que poderá ocasionar redução bioquímica do azoto

do solo, em consequência da utilização do carbono residual por microrganismos e também a

ocorrência de produção de substancias tóxicas inibidoras do metabolismo das plantas e da germinação

das sementes[169]. Tal facto é evidenciado por Pereira Neto[165] que mostra que à medida que o

composto avança no estágio de humificação, ocorre uma diminuição (ou até a total eliminação) da

fitotoxicidade, além de em testes de germinação aumentar também o seu índice.

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

98

III. 1.2.2. – Qualidade do Composto Final

A qualidade do produto obtido a partir da compostagem depende das características físico-químicas,

químicas e biológicas das biomassas utilizadas e da evolução e condução do processo. É de salientar

que o conceito de qualidade dos compostos tem de ser abrangente visto que para a avaliação da

qualidade deste não existe um único parâmetro que reflicta por si só a sua qualidade[6].

Assim, para obter produtos de qualidade deve-se partir de resíduos putrescíveis com qualidade, pelo

que a separação na fonte e a recolha selectiva constituem práticas essenciais, obviando assim as

contaminações que os processos não poderão remover. Actualmente, não existe legislação europeia ou

nacional específica, no que respeita à produção de compostos orgânicos fertilizantes. À semelhança de

Portugal, outros países europeus também não têm legislação nacional específica nesta matéria. Mas a

maior ia dos países possui regulamentação interna, variando os padrões de qualidade,

consideravelmente, dependendo dos estádios de desenvolvimento, dos sistemas de recolha e

tratamento de resíduos. Alguns dos parâmetros mais comuns são os metais pesados, a condutividade

eléctrica, a MO, a razão C/N, os macronutrientes, bem como os contaminantes físicos (plásticos,

vidro, metais)[65]. Esta também refere que alguns países, como a Áustria e a Holanda possuem

regulamentação distinta consoante a matéria-prima utilizada na produção do composto (e.g., para

composto obtido a partir de resíduos verdes, resíduos horto-frutícolas e de parques e jardins). De

facto, esta é a abordagem defendida, no aspecto em que permite definir padrões de qualidade de acordo

com o tipo de resíduos iniciais, definindo o uso final do produto com base na classificação do composto.

Em Portugal, em Março de 2001, foi apresentada pelo LQARS/INIA[106] uma proposta de

regulamentação sobre qualidade de composto para utilização na agricultura, na qual foram

apresentados os limites de metais pesados para compostos e a classificação dos mesmos em função

desses teores. Já em 2004 foi elaborado um documento, baseado na proposta de regulamentação de

2001 e no 2nd Draft, designado “Proposta de Norma Técnica sobre Qualidade e Utilizações do Composto”, na

qual são estabelecidas especificações para o composto, definidas classes de qualidade em função dos

principais parâmetros e fixados os critérios para a sua utilização. Também são sugeridas restrições para

evitar efeitos indesejáveis, para o solo, água, plantas, animais e seres humanos, tendo em conta as

classes definidas e o tipo de utilização, sendo também igualmente indicados os resíduos que podem ser

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

99

utilizados para a produção de composto.

A proposta de directiva relativa ao tratamento biológico define compostagem como um processo que

tem por objectivo a transformação de resíduos orgânicos num composto que esteja em conformidade

com uma das classes de qualidade referidas no Anexo III (quadro III.1) da mesma proposta[88]. As

classes de qualidade entram em linha de conta com os limites de concentrações de metais pesados e de

microrganismos patogénicos. No anexo deste documento (“Biological Treatment of Biowaste – 2nd Draft”)

refere que no final da compostagem, podem obter-se dois tipos de resultado final: o composto e o

resíduo estabilizado. No quadro III.1 e s t á descriminada a diferença entre ambos, quanto à

composição, podendo verificar-se a presença de metais pesados nos produtos da valorização.

Enquanto que o resíduo estabilizado, de menor qualidade e com maior teor de metais de pesados,

pode ser usado em estabilização de taludes, já o composto pode ser utilizado como fertilizante na

agricultura, isto é, o resíduo estabilizado está condicionado no seu uso.

Quadro III.1 – Composição do composto e do resíduo estabilizado. (Fonte: European Comission – DG ENV.A.2 (2001))

Composto Parâmetro

Classe 1* Classe 2** Resíduo Estabilizado

Cd (mg/kg.dm) 0,7 1,5 5 Cr (mg/kg.dm) 100 150 600 Cu (mg/kg.dm) 100 150 600 Hg (mg/kg.dm) 0,5 1 5 Ni (mg/kg.dm) 50 75 150 Pb (mg/kg.dm) 100 150 500 Zn (mg/kg.dm) 200 400 1500

PCBs (mg/kg.dm) — — 0,4 PAHs (mg/kg.dm) — — 3 Impurezas > 2 mm < 0,5% < 0,5% < 3%

Gravilha e pedras > 5 mm < 5% < 5% —

*Classe 1 – Pode ser utilizado sem quaisquer restrições de acordo com o Código de Boas Práticas Agrícolas **Classe 2 – Pode ser utilizado em quantidades que não excedam as 30 t. matéria seca/ha numa média de 3 anos

O composto de classe superior deverá resultar de um processo de compostagem que inclua a recolha

selectiva dos resíduos e a sua utilização deverá consistir num benefício para a agricultura ou benefício

ecológico. Já os produtos obtidos de recolha indiferenciada não poderão ser designados compostos,

mas apenas resíduos biodegradáveis estabilizados e serão de classe inferior. O processo de

compostagem deve ser realizado tendo em conta a necessidade de minimizar os impactes negativos no

ambiente em termos de emissões atmosféricas e contaminação da água superficial e subterrânea, bem

como minimizar os impactes na saúde do homem e das plantas, devendo assegurar o cumprimento

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

100

das condições de higienização referidas no Anexo II da mesma proposta[88], as quais deverão ser

garantidas da seguinte forma:

Mantendo temperaturas superiores a 55º C durante 2 semanas, sendo realizados nesse intervalo

de tempo 5 revolvimentos;

Mantendo temperaturas superiores a 65ºC durante uma semana, sendo realizados nesse

intervalo de tempo 2 revolvimentos.

Já Gonçalves & Baptista[106], na sua proposta de regulamentação, recomendam que para além da

necessidade do controlo da temperatura, também se tenha em atenção o teor em humidade devendo

este ser superior a 40%. A temperatura e o teor em humidade deverão ficar acima dos 55ºC e 40%,

respectivamente, por um período de pelo menos 4 semanas, com um mínimo de 3 revolvimentos. Esta

proposta é efectuada nos sistemas de pilha revolvida sendo que para os sistemas de pilha estática com

arejamento forçado as exigências são um pouco diferentes, mas não muito distantes destas. Tudo isto

tem como objectivo a obtenção de um composto totalmente higienizado.

A Decisão da Comissão 2001/688/CE, de 28 de Agosto[73] (com prolongamento de data pela Decisão

2005/384/CE, de 12 de Maio de 2005[74]), relativa à atribuição de rótulo ecológico europeu aos

compostos obtidos em tratamentos biológicos, discrimina as características do composto que devem

ser cumpridas de forma a poder aderir ao rótulo ecológico, nomeadamente:

Ingredientes orgânicos (não deve conter lamas de depuração);

Substâncias perigosas (os limites de metais pesados exigidos são mais restritivos do que os

constantes da antiga Directiva 86/278/EC, de 12 de Junho, para lamas biológicas e os resíduos

iniciais não podem conter cascas tratadas com pesticidas),

Contaminantes físicos (metal, vidro, plástico < 0.5%);

Nutrientes (as concentrações de azoto no produto não devem ultrapassar 2% do N total (de

matéria seca) e o azoto inorgânico não deve exceder 20% do azoto total);

Comportamento do produto (devem conter pelo menos 25 %, em massa, de matéria seca e

20% de MO, em relação à matéria seca, o produto não deve originar maus odores ou ter

efeitos negativos na germinação e crescimento de plantas);

Saúde e segurança (Salmonella ausente em 50g e E. coli <1000 MPN/g);

Sementes (sementes infestantes < 2 unidades/L);

Condutividade eléctrica (< 1.5 dS/m).

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

101

Tendo em conta os objectivos da Directiva Aterros, nomeadamente, no que respeita à redução da MO

depositada em aterro, é de prever um incrementado nos sistemas biológicos de tratamento dos

resíduos orgânicos. Associado a este incremento, deverão surgir normativas de qualidade do composto

produzido (sendo todos os documentos referidos anteriormente ferramentas úteis), bem como normas

para instalação das unidades de tratamento. De mencionar que nalguns países da União Europeia

existem associações de produtores de “compostos” com rótulos de qualidade garantida[64].

Em termos de aspecto o composto deverá apresentar uma coloração típica de terra, com cheiro a

húmus e quimicamente estável, sem ser um foco potencial de insectos e odores desagradáveis[129].

III. 1.2.2.1. – Metais Pesados e Problemas de Contaminação

Estudos levados a efeito por Garcia et al. [96], especificamente para avaliar a contaminação de metais

pesados na compostagem de resíduos orgânicos, permitiram concluir que a mobilidade de todos os

metais pesados decresce com o decorrer do processo de compostagem, atingindo valores mínimos na

fase de maturação. Egreja Filho[82] menciona que a diminuição da mobilidade está associada à

formação de quelatos de alta estabilidade, havendo casos tão extremos como para o cobre e zinco, em

que nem o DTPA, que é um forte agente quelante conseguiu extrair os metais complexados. Garcia et

al. [96] referem também que o conteúdo de metais pesados aumenta durante o processo, mas que o teor

de metais pesados extraíveis diminui, comprovando a teoria atrás defendida. Tal facto, permite

concluir que a utilização de compostos orgânicos devidamente maturados e humificados, diminui

muito o risco de contaminação ambiental por metais pesados presentes nos resíduos orgânicos, além

da possibilidade de utilização do próprio composto como agente atenuante de poluição por metais

provenientes de outras fontes. Grimes et al. [110] confirmam tal facto.

Para além destas conclusões, também é mencionado que a operação onde se observa maior

contaminação é na fase de degradação activa da compostagem, concluindo-se ainda que essa

contaminação é maior nos sistemas reactores do que nos sistemas não reactores, devido a um maior

contacto entre os metais pesados e a fracção orgânica dos RSU no primeiro sistema, associada à maior

agressividade do processo, que provoca a trituração e contacto directo da MO e das fontes inorgânicas

de metais presentes na massa de compostagem. Assim, a contaminação é fortemente condicionada

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______________ __ CAPÍTULO III – O Composto

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

102

pelo método de triagem do material, sendo muito difícil evitar essa contaminação através de processos

mecanizados de separação dos RSU. Por outro lado, a recolha selectiva permite reduzir bastante os

níveis de contaminação, enquanto que, quando tal não é possível, a escolha adequada do sistema de

compostagem pode minimizar os efeitos dessa contaminação.

III. 1.2.2.2. – Aspectos Epidemiológicos

Na moderna compostagem, o objectivo principal é a maximização da actividade microbiana durante a

fase termofílica do processo[162], com benefícios na estabilização da MO e na higienização da massa de

compostagem, tornando o produto final seguro e livre de microrganismos patogénicos.

Na massa de material orgânico em compostagem encontra-se uma população diversificada de

microrganismos (ver II. 5.1), alguns deles patogénicos, causadores de doenças e infecções no homem

e animais. É esta presença que levanta as preocupações sob o ponto de vista epidemiológico na

compostagem e utilização do composto orgânico. O composto orgânico, correctamente estabilizado, é

um produto praticamente inócuo e não causa incómodos. Contudo, durante o seu processamento é

passível de causar diversos incómodos, especialmente quando mal operado, não só à vizinhança (maus

odores), como aos trabalhadores da unidade de compostagem. A patogenicidade não se resume à

exposição directa a que poderão estar submetidos os trabalhadores, como também ao modo indirecto

através da utilização de compostos orgânicos no solo. Com efeito, estudos referentes à adição de

material orgânico ao solo, como lamas de ETAR e material orgânico fresco, comprovaram que para

reduzir o potencial fitotóxico era imperativo que ambos fossem sujeitos a operações de compostagem

prévias[159]. No entanto, não são apenas os microrganismos patogénicos que levantam preocupações de

saúde pública, pois devido às características dos RSU, é possível a contaminação com elementos

físicos e químicos. É possível, por exemplo, encontrar produtos orgânicos tóxicos (PCB`s e dioxinas)

e metais pesados (Pb, Hg, Cr, etc.) que causam grandes preocupações devido ao facto de serem bio-

acumuláveis no homem, animais e plantas.

No entanto, os aspectos relacionados com estas questões já foram tratados em pontos anteriores,

podendo ser claramente desprezáveis quando se operam correctamente os processos de compostagem

e quando o produto final se encontra com grau de humificação adequado.

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_________CAPÍTULO IV – Compostagem Doméstica

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 103

CCAAPPÍÍTTUULLOO IIVV

A COMPOSTAGEM A NÍVEL DOMÉSTICO

IV. 1. – A Compostagem Doméstica

Uma das abordagens da compostagem já referenciado em II. 6., j á bastante utilizado pelos nossos

antepassados, e que actualmente, devido aos imensos problemas que os RSU têm provocado às

instituições que têm o seu domínio (e, consequentemente a cada um de nós), se está a voltar a utilizar,

é a compostagem a nível doméstico. Como o próprio nome indica a compostagem doméstica,

representa uma forma de compostagem, concretizada em pequenas unidades familiares através de

compostores ou pilhas no quintal de suas moradias, isto é, é um processo de valorização de resíduos

biodegradáveis muito útil na actualidade no âmbito da gestão de RSU, uma vez que permite reduzir na

fonte a produção de RSU, evitando assim a acumulação destes nos aterros e devolvendo à terra os

nutrientes de que necessita, transformando um problema numa solução. E é uma das hipóteses para o

tratamento dos lixos orgânicos, sendo uma solução sustentável para este tipo de resíduos.

Actualmente, além da compostagem doméstica em moradias, esta iniciativa é levada a cabo por muitas

escolas, apoiadas na maioria dos casos pelos municípios (em 2000, estavam contabilizados 25

municípios[8]), possibilitando diversos estudos, e constituindo um excelente exemplo de Educação

Ambiental, promovendo a Política dos 3 R`s.

Ao nível da gestão de RSU este processo é bastante útil uma vez que permite reduzir na fonte a

quantidade de MO fermentável que entra no circuito dos RSU, traduzindo-se automaticamente numa

redução dos custos com a recolha de resíduos, visto que a entidade de recolha não chega a contabilizá-

los. Para além disso, evita os impactos ambientais resultantes do manuseamento e transporte de

resíduos. Este processo leva ainda à produção de um fertilizante natural de excelente qualidade, sem

adição de químicos, nem custos, óptimo para enriquecer o solo em MO, tendo ainda associadas as

vantagens para o ambiente ao evitar a utilização de outros produtos. A compostagem de resíduos

domésticos proporciona também uma produção contínua de composto, que vai sendo utilizado de

acordo com as necessidades. Esta forma de compostagem tem também a grande vantagem de permitir

um envolvimento da população na questão do tratamento de resíduos, contribuindo desta forma para

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_________CAPÍTULO IV – Compostagem Doméstica

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

104

a formação de uma consciência ambiental. Para além disso, existe ainda outra grande virtude deste

processo relacionada com o facto de representar um incentivo à reciclagem de outros materiais uma

vez que, retirando a MO, a separação dos restantes resíduos é extremamente simples. A compostagem

doméstica apenas tem a desvantagem de exigir algum empenho por parte dos cidadãos e também

alguma formação. A sua aplicação é particularmente adaptada a zonas rurais ou moradias com espaço

para transformar os resíduos orgânicos em composto, apesar de, em zonas densamente povoadas, sem

acesso a espaços exteriores, também ser possível o aproveitamento (e.g., através de uma outra vertente

da compostagem – a vermicompostagem).

Na compostagem doméstica a maioria dos resíduos utilizados são os provenientes da limpeza dos

jardins (relva cortada, folhas, etc.), pequenos pomares e/ou hortas, assim como de determinados

restos alimentares. Para promover este tipo de iniciativas, e para a consecução de tais objectivos

normalmente são elaborados pequenos manuais com instruções para a construção dos recipientes,

proporção e disposição dos vários tipos de resíduos a compostar nos mesmos e, ainda técnicas de

produção de composto, complementadas com apoio técnico especializado, entre outros aspectos mais.

O manual deverá permitir não só uma leitura rápida, mas também que seja facilmente compreensível a

aderentes ao programa.

Por esse facto, abordar-se-á de seguida, de uma forma sintética, o que foi descrito, com informação

que pode estar perfeitamente incluída em qualquer Guia de Compostagem Doméstica.

IV. 1.1. – O Guia de Compostagem Doméstica – Possíveis Dados e Sugestões

IV. 1.1.1. – Introdução ao Tema e Definição de Compostagem

Primeiramente à que efectuar uma nota introdutória resumida à problemática dos RSU, mencionado

números e evidências. Depois disto, é necessário particular para a questão dos resíduos biodegradáveis,

referindo o seu contributo e importância nesta mesma problemática. Com tal facto, é o momento de

mencionar a existência de um processo denominado compostagem e defini-la, referindo a extrema

importância de efectuar este processo em suas casas de forma a contribuir para o preservar do nosso

planeta e ao mesmo tempo salientar a possibilidade de obtenção de um fertilizante natural de extrema

qualidade.

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_________CAPÍTULO IV – Compostagem Doméstica

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

105

IV. 1.1.2. – Escolha do Tipo de Compostor e Suas Características

Primeiro que tudo, há que considerar o tipo de compostor[188] e a sua dimensão. O volume

recomendado para o compostor é de pelo menos 1m3 (1×1×1) [13; 38; 41; 42; 49; 139], embora os normalmente

existentes no mercado tenham, de forma grosseira, 1/3 dessa capacidade[158]. Além dos compostores

que estão nas figuras IV.1 (fornecidos pelo município de Oeiras aos seus munícipes), também estão

nas figuras IV.2 até IV.4 alguns outros exemplos de compostores. No entanto, no processo de

compostagem não implica a existência de um compostor. Esta poderá ser efectuada directamente

sobre o solo do jardim, apenas mediante a construção de uma pilha de compostagem ou fazendo um

buraco no solo[38; 49; 56] (figura IV.5 e IV.6, respectivamente).

Figura IV.1 – Em primeiro plano, o compostor plástico verde, no meio o compostor de madeira e ao fundo, o compostor de plástico preto. (Fotografia por:

Carlos Ferreira)

Figura IV.2, IV.3, IV.4, IV.5 e IV.6 – Em cima, à esquerda (2) e ao centro (3) temos dois exemplos de compostores de “plástico” e à direita (4), o esquema de um compostor em polipropileno injectado. Já em baixo, à direita (6), está uma simples pilha de resíduos e à esquerda (5) um buraco na terra que deverá ter um diâmetro de 60 cm e 25 a 50 cm de

profundidade. (Fonte: http://www.zero-2-land.ndo.co.uk/ (2,3); EcoProjectos (2003) (4); CDC (2005) (5 e 6))

Mas os compostores também podem ser construídos artesanalmente (figura IV.7). Se a opção for

construir o seu próprio compostor, ficam aqui algumas ideias para tornar o trabalho mais simples e

barato. Os compostores podem ser construídos dos mais variados materiais, desde paletes, tijolos,

plásticos, metal ou arame[38; 57; 245]. É preferível escolher materiais que já não tem uso, do que comprar

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_________CAPÍTULO IV – Compostagem Doméstica

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

106

materiais novos. Existem, no entanto, materiais que não são aconselháveis, pelas suas características

que são o caso de redes muito finas que são facilmente deformáveis, a madeira prensada porque tem

no seu tratamento vestígios de arsénio, que pode passar para o composto e algumas madeiras tratadas

que também tem vestígios de cobre e crómio[154], entre outros problemas mais. Os recipientes de

arame ou metal também têm os seus problemas, pois existe o risco da água contida no composto

reagir com o metal, originando pequenas quantidades de metais pesados, nocivos para os

microrganismos, e consequentemente para o Homem. Marques [141] também menciona que os

compostores com madeira e rede também não são

aconselhados devido a não serem suficientemente

resistentes.

Figura IV.7 – À esquerda, um compostor feito apenas com uma rede, e à direita um feito com blocos de cimento. (CDC,

2005).

Embora a montagem de um compostor seja opcional visto que se pode efectuar compostagem sem ser

com um recipiente. O compostor tem também um papel decorativo. Protege dos impactes negativos

do vento e chuva, contribui para o controlo de possíveis pestes, sendo que num espaço diminuto, a

ajuda de um compostor pode ser imperativa. O compostor também deverá estar preparado para reter

o calor[49].

Provavelmente, o factor mais importante será a facilidade ou não de manuseamento do compostor,

isto é, será necessário que este seja prático. Este factor influência, de forma indirecta, o processo visto

que caso seja prático, levará a que haja uma maior facilidade por parte de quem trata do processo de

efectuar as operações necessárias, e assim, melhorar as condições para que decorra o processo. A

facilidade para adição de resíduos é importante. Um exemplo, é o caso de um compostor que tiver

uma tampa, constituindo um possível problema, caso essa for de difícil abertura e fecho, o que pode

desencorajar a continuação do processo. O tamanho da abertura ou tampa pode constituir um outro

problema. A facilidade de revolvimento da pilha é uma outra questão importante ( caso se opte por

revolver os resíduos ao longo do processo). Existem compostores no mercado internacional com uma

alavanca para revolver os resíduos, sem que se entre em contacto directo com o produto (figura IV.8).

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Figura IV.8 – Esquema de um compostor com alavanca alavanca e seu modo de funcionamento. (Fonte: http://www.composters.com)

No caso do compostor não possuir alavanca, existem outras

formas de o efectuar, sendo o mais usado e prático a utilização de uma forquilha e ancinho, e se o

compostor tiver uma parte amovível, tanto melhor. Existem outros que para se revolver o composto

podem ser movidos, tendo para tal uma forma de pirâmide (figura IV.9).

No caso de se optar pela construção do compostor, apenas depende da

arte e engenho de cada um.

Figura IV.9 – Tipo de compostor de forma piramidal. (Fonte: EcoProjectos, 2004)

Tal como a adição de resíduos, a remoção do composto também é extremamente relevante. No

método em que não se revolve os resíduos – método “estático” – o composto forma-se na parte basal

da pilha, e ao fim de 1 a 2 anos o composto pode ser retirado[141; 153], na parte inferior da pilha, sendo

por isso importante a atenção na escolha do compostor. Outros manuais de compostagem doméstica

dão um período de 8 a 10 meses para o mesmo processo[38; 41; 49]. O tempo necessário para o realizar do

processo também está dependente do material colocado a compostar. No método “activo”, em que

existe adição de material, revolvimento e por fim uma quantidade considerável de composto a retirar, a

atenção na escolha de um compostor, terá de ser ainda maior. Nestes casos, o período para obtenção

de produto final é de cerca de 2 a 6 meses[46]. Os compostores de plástico fornecidos pela C.M. Oeiras

tem a vantagem em relação ao compostor de madeira de ter locais de onde se pode retirar o composto.

A aparência do compostor é um factor secundário para o processo, já que depende do gosto de cada

um e do local onde irá ser colocado.

IV. 1.1.3. – Escolha do Local

O compostor pode ser colocado nos mais diversos locais, mas existem determinadas recomendações a

respeitar, que podem melhorar o processo e evitar efeitos indesejáveis. São os casos dalguns factos

sugeridos em CMO[41]:

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Deixar pelo menos a 50 cm de estruturas como casas ou vedações (especialmente se feitas

em madeira);

Próximo de casa e fácil acesso – sendo os resíduos colocados no recipiente, quase todos os

dias, fará com que seja aconselhável que o trajecto até ao compostor seja curto e confortável

em todas as épocas do ano;

Abrigado do vento norte para evitar a secagem e o arrefecimento do composto –

próximo de uma parede, muro vedação ou árvore, com função de quebra vento, ficando assim

a pilha protegida de ventos fortes; a humidade e o calor são vitais para que o processo de

compostagem se desenvolva;

Com sol e sombra – o compostor deve estar próximo, de preferência, de uma árvore de folha

caduca, pois poderá receber sol no Inverno e alguma sombra no Verão, tornando as condições

mais favoráveis;

Esteticamente protegido das vistas principais – o compostor deve ser colocado num

ponto discreto no quintal/jardim, podendo também ser plantadas algumas plantas ou arbustos

em seu redor para o camuflar;

Espaço amplo – suficiente para instalar o compostor, guardar ramos de podas ou arrumar

instrumentos de trabalho;

Terreno natural – o compostor não deve ser colocado sobre betão, asfalto ou qualquer outra

superfície impermeável à água e sem contacto directo com o solo. O recipiente deve estar

sobre a terra (com superfície nivelada) para permitir a mais fácil entrada de microrganismos

decompositores existentes no solo (e.g., as minhocas) e a saída de água (boa drenagem);

Água nas proximidades – é prático enxaguar o balde dos resíduos depois de o despejar na

pilha de composto e no Verão, com o tempo seco, pode ser necessário humedecer o

composto.

IV. 1.1.4. – Resíduos que Podem Ser Processados e Suas Características

A preparação do material não é fundamental para a realização do processo, mas é uma mais valia, visto

que tem grande influência quanto ao tempo necessário para a produção de composto. A preparação

do material resume-se em juntar elementos, “verdes” e/ou “castanhos” – denominação utilizada na

compostagem doméstica nos resíduos ricos em azoto e ricos em carbono, respectivamente – para

garantir o necessário equilíbrio de nutrientes na pilha. Será também aconselhável cortar os materiais

castanhos visto degradarem-se lentamente, e assim, aumentando a sua área de superfície, irá haver uma

maior exposição ao ataque dos microrganismos e uma degradação mais rápida. Aconselha-se a cortar

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estes materiais para que fiquem a apresentar medidas entre os 25 mm e 75 mm. Os materiais “verdes”,

por sua vez, não necessitam de ser cortados em tamanhos tão reduzidos porque também são

decompostos com maior facilidade. A mistura de materiais “verdes” e “castanhos” convirá ser

efectuada em proporções de igual peso, e não tendo em conta se é de igual volume.

Como já se vem referindo, os resíduos podem ser diferenciados em materiais “castanhos” e materiais

“verdes”. Dos muitos elementos necessários à decomposição microbiológica, o carbono e o azoto são

os mais importantes.

Importa salientar que para obtenção de um composto de boa qualidade, é necessário separar

convenientemente os materiais biodegradáveis dos não biodegradáveis (e.g., vidro, plástico e metal). A

compostagem será tanto mais eficaz consoante a diversidade de resíduos introduzidos durante o

decorrer do processo.

No quadro IV.1 apresenta-se um exemplo típico dos quadros existentes em manuais de compostagem

doméstica relativo à classificação dos dois tipos de resíduos existentes e os resíduos que não deverão

ser decompostos.

Quadro IV.1 – Materiais “castanhos”, materiais “verdes” e os que não podem ser decompostos. (Adaptado: CDC, 2005; CMSeixal, 2003a; CMO, 1993; CMH, 2003; CMS, 2001; Navarro, 2003; Marques, 1998; CDC, 2000; AP, 2004; OTTO

Portugal, 2002)

Resíduos “Verdes” Sim Colocar em

Quantidades Reduzidas

Resíduos “Castanhos” Sim Colocar em

Quantidades Reduzidas

Aparas de Relva Recém-Cortada

× Palha e Feno Pequenos Pedaços

Folhas Verdes × Aparas de Madeira × Ervas Verde × Serradura ×

Flores × Aparas de Relva e Erva Seca × Restos de

Hortaliça/Legumes × Folhas Secas ×

Restos e Cascas de Fruta × Pequenos Ramos de Arbustos × Cascas de Ovos Esmagadas Cinzas de Lenha ×

Folhas/Sacos de Chá × Caruma ×

Cascas de Batatas × Papel e Cartão Cortado e Molhado

Restos de Pão × Borras de Café ×

Resíduos que Não Podem Ser “Compostados”

Restos de Comida Cozinhada (Carne, Peixe, Ossos e Espinhas), Cascas de frutos secos (amêndoa e noz, etc.), Excremento de Animais, Cortiça, Cinzas de Cigarro, Beatas e Carvão, Resíduos Verdes Tratados com Produtos Químicos, Produtos

Químicos, Papel Colorido, Pó de Aspiradores ou lixo de varrer o chão, Plásticos, Metais, Vidro, Têxteis, Produtos Lácteos, Tintas, Óleos, Entulhos.

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Para facilitar a deposição dos resíduos poderá existir, na cozinha, um recipiente destinado unicamente

para depositar no compostor existente no quintal.

Aquando da construção da pilha tem que ser ter bem presentes os aspectos fundamentais do processo

compostagem (arejamento, temperatura, humidade, relação C/N, granulometria, dimensões da pilha,

pH). Manipulando-os pode-se aumentar ou diminuir o tempo necessário para concluir o processo.

IV. 1.1.5. – Como Realizar a Compostagem e Parâmetros Condicionantes

A construção de uma pilha pode ser feita de duas maneiras básicas. A primeira consiste na construção

por camadas de MO alternada (materiais “verdes” e materiais “castanhos”)[17; 38; 49; 56], e de uma só vez.

A pilha é completa formando uma unidade, sendo que este modo facilita o controlo de factores que

influenciam directamente o processo. A outra forma é ir adicionando os resíduos à medida que estes

são produzidos[41]. A OTTO Portugal[158] aconselha a mistura de resíduos, evitando as camadas espessas.

Segue-se uma lista de passos que poderão ser úteis, para de alguma forma acelerar o processo.

Começasse por, antes de construir a pilha, humedecer o solo, evitando assim que este absorva a

humidade dos materiais constituintes da pilha e ao mesmo tempo, encorajar alguns microrganismos, a

“visitarem” a pilha de compostagem[41]. No início, coloca-se no fundo do compostor uma camada de

palha ou materiais “castanhos” de maiores dimensões (pequenos ramos, e.g.) (5 a 10 cm de altura)[37; 41;

141], para permitir que o ar penetre nas camadas inferiores do composto e para haver drenagem de

modo a evitar que o composto fique encharcado. De seguida, pode-se alternar uma camada de verdes

e uma de castanhos, caso não se revolva o material, ou então misturar, caso se revolva. Um cuidado

que se deve tomar ao despejar os restos de comida é evitar que estes sejam misturados e cobertos com

os resíduos provenientes do quintal, preferencialmente, materiais “castanhos”, a fim de garantir que as

moscas não sejam atraídas[41]. Os materiais “castanhos” devem sempre ficar por cima. Assim, é

aconselhável que os restos de podas, as folhas e outros resíduos mais, sejam colocados ao lado do

compostor para serem, posteriormente, misturados com os resíduos de cozinha.

Para se dar início ao processo, convém, quando necessário, adicionar água para que no final a pilha

esteja como que uma esponja bem exprimida ( 50 a 60%)[41; 56]. Logo que os resíduos orgânicos sejam

colocados no compostor, inicia-se o processo de decomposição através da acção de microrganismos,

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sem que seja necessária intervenção humana, embora de forma a aumentar a rapidez do processo se

possa revolver os resíduos e controlar certos parâmetros.

Pode-se cobrir a pilha de compostagem (ou compostor, caso não tenha tampa) ou não, consoante o

clima. Em países como Portugal, de Inverno, normalmente, chuvoso e de baixas temperaturas e de

Verões secos, cobrir a pilha é uma opção a considerar, já que estando coberto previne o

encharcamento no Inverno e conserva a humidade no Verão.

Avaliar e monitorizar o processo pode ser optativo, existindo três factores que são os mais

importantes e mais fáceis de monitorizar que são a temperatura, a humidade e o oxigénio.

Começando pelo oxigénio, convirá que para evitar problemas que o compostor utilizado disponha de

aberturas laterais, que não esteja sempre completamente tapado (quando for possível). O revolvimento

é conveniente para garantir o oxigénio, evitando também comprimir os resíduos, sendo que é também

de evitar o excesso de água, visto este preencher os espaços normalmente ocupados pelo ar. A

humidade, para tal, convém ser controlada, devendo situar-se nos 40 a 65% [39]. É prudente vigiar o

composto durante os períodos mais secos, para que este não seque por completo. A rega ligeira com

uma mangueira ou com a água de enxaguar o balde dos resíduos orgânicos é uma hipótese, devendo

esta ser aplicada na “forma de chuveiro” ao mesmo tempo que se revolve os resíduos, pois não se

consegue irrigar perfeitamente sem os revolver, para além do facto que água colocada apenas na

superfície escorrerá e formará lixiviados. O excesso de água, também é prejudicial, dificultando a

circulação do ar. A técnica mais divulgada na área da compostagem doméstica é o teste da esponja,

que consiste em pegar numa amostra de composto e com a mão apertar, não devendo pingar água,

mas apenas deixar a mão húmida. A temperatura é também um factor condicionante e depende do

equilíbrio entre o calor produzido e o calor perdido para o exterior. Quando se constrói a pilha de

resíduos no compostor, é aconselhável que na primeira semana a temperatura atinja no centro da

pilha, valores na ordem dos 60ºC, sinal de que o processo está a decorrer conforme o esperado[56]. Se a

pilha não atingir valores acima dos 45ºC, a razão mais provável é de não haver materiais “verdes” em

quantidade suficiente para começar o processo[56]. Para o controlo é utilizado um termómetro

apropriado, embora o uso simplesmente das mãos tocando nos resíduos orgânicos, possa indicar se

estes apresentam os valores pretendidos.

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Depois de iniciado o processo e, na eventualidade de se verificar o arrefecimento do composto,

revolvê-lo e arejá-lo são, normalmente, duas combinações que vão potenciar o aumento da

temperatura, visto que provoca a “entrada” de oxigénio e, consequentemente, a decomposição de MO

que ainda não sofreu transformação. A questão de revolver a pilha é importante visto que com isso faz

com que todo o material passe pela fase termófila, que possibilite repor as condições de arejamento e

humidade e encurtar o tempo necessário para produzir o desejado composto. A forma mais eficaz e

correcta de revolver a pilha seria incorporar todo o material dos extremos para o centro, e vice-versa.

Para facilitar tal acção muito contribui a funcionalidade do compostor.

Também poderão ser colocados exemplos práticos de estudos, tornando mais elucidativo a parte

teórica. Por exemplo, Nunes[154] indica que uma pilha quando revolvida de 3 em 3 dias atinge

temperaturas próximo dos 70ºC, sendo que num intervalo de 10 em 10 dias chegam aos 60ºC, e por

fim, caso seja apenas de 30 em 30 dias, verificam-se valores na ordem dos 50ºC. Este facto demonstra

a necessidade de revolver, caso se queira compostar os resíduos no menor tempo possível.

IV. 1.1.6. – Composto Final e Sua Utilização

O processo quando acabado faz com que o composto não se degrade mais, mesmo depois de

revolvido. É necessário praticamente um ano ou mais para se obter o composto caso não se revolva

constantemente os resíduos[17] e cerca de 2 a 6 meses caso se tenha um cuidado extremo durante o

processo[158]. Há sinais que indicam que o composto está pronto, como seja o cheiro a terra, o aspecto

granular do material e o eventual aparecimento de minhocas[41]. O composto pode ser usado em

relvados, jardins, quintais, canteiros, floreiras e caldeiras de árvores. Pode-se usar um crivo para

separar o material que ainda não foi degradado e convém deixá-lo repousar 2 a 4 semanas antes da sua

aplicação. Posteriormente, deve ser espalhado em camadas de 1 a 2 cm de espessura misturado com o

solo[41; 56; 188]. O Pequeno Guia da CMO[41] também refere que o composto pode ser utilizado como

cobertura orgânica caso se misture com restos de jardim triturados, o chamado “mulch” ou cobertura,

evitando o crescimento de ervas daninhas e prevenindo a erosão. Se o objectivo é usar o composto em

plantas envasadas é conveniente não colocar mais do que 1/3 do composto por vaso[38; 56; 138]. Se

utilizar o “composto” antes do tempo devido, este deverá ser enterrado 2 a 3 meses antes de se plantar

a cultura[56].

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IV. 1.1.7. – Problemas e Soluções

No decorrer do processo de compostagem poderão surgir alguns problemas, pelo que, no quadro

IV.2, se resumem os mais frequentes, as suas causas possíveis e quais as soluções a adoptar.

Quadro IV.2 – Problemas frequentes, causas possíveis e soluções possíveis que ocorrem durante o processo de

compostagem. (Adaptado: CDC, 2005)

Problema Causa Possível Solução

Liberta-se fumo da pilha

Pilha muito quente e seca Revolva a pilha e adicione água

Processo lento Demasiados castanhos Adicione verdes e revire a pilha.

Humidade em excesso Revire a pilha, adicione materiais secos e porosos como folhas secas, serradura, aparas de madeira ou palha.

Cheiro a podre Compactação

Revire a pilha ou diminua o seu tamanho. Evite colocar grandes quantidades de óleos ou cinzas na pilha.

Cheiro a amónia Demasiados materiais

verdes (excesso de azoto) Adicione materiais castanhos (ricos em carbono), como folhas, aparas de madeira ou palha.

Pilha demasiado pequena Aumente o tamanho da pilha ou isole-a lateralmente Humidade insuficiente Adicione água quando revirar ou cubra a parte superior da pilha. Arejamento insuficiente Revire a pilha. Falta de materiais verdes

(falta de azoto) Adicione materiais verdes, como aparas de relva, estrume ou restos de comida.

Temperatura muito baixa

(< 35ºC) Clima frio

Aumente o tamanho da pilha ou isole-a com um material como por exemplo, palha.

Pilha demasiado grande Diminua o tamanho da pilha. Temperatura muito alta (> 65ºC) Pouca oxigenação Revire a pilha.

Pragas Presença de restos de carne ou de restos de

comida gordurosa

Retire este tipo de alimentos da pilha e cubra com uma camada de solo, folhas ou serradura, alternativamente use um compostor à prova de roedores ou revire a pilha para aumentar a temperatura.

IV. 2. – O Programa de Compostagem Doméstica no Município de Oeiras

Os municípios são as entidades mais próximas da população, estando por isso em posição privilegiada

para actuar junto dos cidadãos, alterando comportamentos, atitudes e decisões diárias que possuem

um enorme significado ambiental, nomeadamente pelo efeito cumulativo gerado.

Com vista a atingir estes objectivos a Câmara de Oeiras implementou um projecto na área da

compostagem doméstica, denominado “O Projecto de Compostagem no Quintal das Moradias”, que teve o

seu início, numa fase experimental, em Dezembro de 1992. Tratou-se de um projecto pioneiro na

Europa, tendo sido distinguido pela “Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e do

Trabalho” [62]. E ainda hoje é novidade em Portugal!!!

Os seus objectivos ligavam-se sobretudo, aos aspectos sociais numa tentativa de avaliar as

possibilidade de implementação de um projecto desta natureza, assim como também, ter a percepção

de quais as dificuldades e soluções para a viabilidade deste projecto. Outro dos objectivos é tentar

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desta forma diminuir o fluxo de MO depositada nos contentores, contribuindo assim para diminuir os

custos de recolha e posterior deposição em aterro, aumentando assim a duração do aterro sanitário.

IV. 2.1. – Fases do Projecto

IV. 2.1.1. – 1ª Fase – Fase Experimental

Para a implementação deste projecto fizeram-se várias acções concertadas, nomeadamente a

constituição de uma equipa técnica, a elaboração de um Folheto Convite contendo a explicação do

projecto e fazendo um convite, distribuído a elevada percentagem de residentes em moradias no

concelho de Oeiras, para participar na iniciativa. Seguidamente, fizeram-se reuniões explicativas do

projecto com alguns grupos interessados e elaborou-se um Folheto de Informações Práticas, o qual foi

distribuído a todos os participantes. Foi também instalado, desde o início do projecto, um sistema de

atendimento e aconselhamento telefónico, permitindo um contacto directo dos participantes e do

público em geral com os técnicos do projecto. Em caso de dúvida ou de eventual dificuldade a equipa

técnica podia deslocar-se gratuitamente ao local. Um aspecto fundamental deste projecto residia na

facilidade de comunicação entre o público e equipa técnica[62].

Costa & Gomes[62] também salientam que inicialmente estava previsto admitir o máximo de 60

participantes, sobretudo por razões de precaução e de limites logísticos da equipa técnica. Porém, com

o evoluir do projecto tornou-se claro que não existiam razões para uma actuação defensiva, pelo que

nessa altura estavam inscritos cerca de 150 agregados familiares, embora, apenas cerca de metade

iniciaram realmente o processo.

As principais dificuldades encontradas no projecto foram a inércia inicial da população menos

empenhada na preservação do ambiente, a falta de tempo disponível, o eventual receio de

consequências negativas, a não disponibilidade imediata de um recipiente no mercado a preços

acessíveis (visto estarem apenas para ceder por parte da C.M. Oeiras um número limitado de

conjuntos de madeira cortada - os compostores de madeira (CM) - com as respectivas instruções de

montagem (30)) e o facto da taxa dos resíduos sólidos não estar associada directamente ao volume de

resíduos produzidos por cada agregado familiar. De referir que das dificuldades encontradas nenhuma

se referiu directamente ao processo de compostagem[62].

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Dos vários ensinamentos e factores de sucesso do projecto salientou-se a enorme importância da

divulgação deste, e do relacionamento entre a equipa do projecto e o público potencialmente

participante. O apoio na obtenção do compostor e a simplificação do processo de compostagem são

igualmente factores chave de todo o processo. A orientação técnico-prática foi também muito importante

para evitar qualquer possibilidade de ocorrência de maus cheiros ou de outros problemas mais.

IV. 2.1.2. – 2ª Fase – Aplicação Plena em Todo o Concelho

Em 1994, e após a fase experimental, seguiu-se a fase de Aplicação Plena que abrangeu três vertentes,

a compostagem nas moradias do concelho, compostagem nas moradias (da povoação experiência da

freguesia de Queijas) e a compostagem nas escolas do concelho[62].

Na vertente de compostagem no quintal das moradias optou-se por efectuar uma divulgação alargada

através do envio de um convite de participação a todas as moradias do concelho[177]. Tendo em conta

os factores de sucesso observados na fase experimental, manteve-se a existência de uma equipa técnica

disponível para aconselhamento telefónico e deslocação ao local. Na povoação experiência na

freguesia de Queijas foi adoptada uma outra estratégia de divulgação do programa. Foram organizadas

reuniões de divulgação aos escuteiros e seus familiares e associados da cooperativa, assim como

também houve a permanência de uma equipa técnica de atendimento durante um dia da semana[62].

Uma primeira avaliação foi que fazendo a comparação entre o método de divulgação por convite e por

interacção directa (com demonstração prática e resultados possíveis) com os munícipes, esta última se

mostrou muito mais eficaz em termos de obtenção de novos aderentes.

Por último, também foi feita a divulgação do projecto nas escolas, inserido no Projecto de Educação

Ambiental nas Escolas do Concelho, em Outubro de 1994[62]. O objectivo seria chamar à atenção da

problemática, através de uma intervenção directa por parte dos alunos na operação de montagem do

compostor e sua evolução. Em todas as escolas distribuíram-se aos professores e alunos folhetos com

informações práticas e convites para aderir, pretendendo-se atingir dois objectivos que eram

disponibilizar informação escrita sobre a forma de efectuar correctamente o processo e também atingir

os pais e outros familiares dos alunos.

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A cedência gratuita da totalidade dos compostores aos munícipes aderentes ao projecto também foi

uma vantagem evidente, com o intuito de evitar “desculpas” por parte dos munícipes de que os

compostores são caros e que o gasto na sua compra não seria recompensado.

IV. 2.1.3. – 3ª Fase – Aplicação Focada em Zonas do Concelho com Moradias

Com base na experiência obtida nas etapas anteriores, procedeu-se em 1997 ao relançamento do

projecto, dirigido apenas a áreas do concelho com moradias, com um quintal que apresentasse

características apropriadas à implementação do processo. Tendo em conta as conclusões a que se

chegaram na 2ª fase do projecto em que se constatou que a informação directa porta-a-porta eleva o

nível de adesão em relação ao por convite, optou-se então, nesta fase, pela vertente preferencial de

contacto personalizado, porta-a-porta, com os moradores de moradias com quintal, de modo a

sensibilizar para as vantagens, os procedimentos correctos e distribuição de informação prática. Nesta

fase, por meados de 1999, estimava-se que, em todo o concelho existiriam no total, cerca de 250

moradias e escolas participantes[62].

IV. 2.1.4. – Meios de Divulgação entre 1999 e 2004 e Compostores Adquiridos

Desde então até aos dias de hoje, o programa continua a decorrer normalmente, com a divulgação do

programa, através de Folhetos Informativos elaborados pela Divisão de Serviços Urbanos, com a

possibilidade de obtenção de informação através do “Telefone do Ambiente”, através da visualização da

página electrónica oficial da C.M. Oeiras, pela exposição em espaços públicos comerciais como o

Oeiras Parque[210], e também, com particular atenção para esta última, através das Feiras que

anualmente se efectuam por altura do aniversário do município.

Desde o início do programa sempre foram cedidos compostores de madeira (CM), inicialmente em

número limitado, e posteriormente, na 2ª fase do projecto, para todos os interessados em aderir, desde

que reunissem as condições necessárias para efectuar o processo em suas casas. Mais recentemente, na

Primavera/Verão do ano 2002, começaram a ser cedidos compostores de plástico de cor verde (CPV),

adquiridos pelo município de Oeiras, a uma empresa do ramo. Ainda mais recente é a aquisição de

compostores de plástico de cor preta (CPP), a uma outra empresa. Assim, neste momento a Câmara

Municipal de Oeiras tem três possibilidades de escolha para os munícipes.

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IV. 2.1.5. – Programa de “Compostagem Doméstica em Moradias” – A Situação em 2004

Tendo em conta o programa levado a cabo pelo município de Oeiras, iniciado em 1992, em fase

experimental, e que neste momento se encontra consolidado, passando para tal por diversas fases,

com especial evidência para a que se deu início em 1997, dirigido apenas a áreas do concelho com

moradias, com um quintal que apresentasse características apropriadas à implementação do

processo[62], pretende-se agora, em meados de 2004, fazer uma avaliação do programa.

Com este estudo, realizado através de um inquérito aos munícipes participantes, pretende-se saber qual

a sua opinião sobre o processo de compostagem, quais as vantagens e desvantagens inerentes ao

processo, se os compostores fornecidos se “encaixam” nas necessidades dos munícipes, entre outros

aspectos mais, de forma a posteriormente fazer uma avaliação, concluindo se irá ser necessário adoptar

ou não uma nova estratégia de acção, ou então, corrigir pormenores no actual programa.

No aspecto referente ao facto de neste momento a C.M. Oeiras ter para ceder aos munícipes três tipos

diferentes de compostores, também se pretende avaliar este facto. O objectivo é tomar conhecimento

de qual o compostor que apresenta mais vantagens em termos de grau de valorização orgânica, mas

também tendo em conta outros pormenores técnicos. E estes aspectos não estão directamente ligados

ao processo de compostagem em si, mas sim com aspectos que os munícipes consideraram

importantes para que se faça compostagem em suas moradias, e salientadas no inquérito que lhes foi

efectuado. A questão estética, o espaço ocupado nos seus quintais, o ser prático para quem cuida da

manutenção do processo, e outros mais, foram alguns dos detalhes referidos, tendo sido levados em

linha de conta na experiência efectuada, o que levou, posteriormente, a elaborar um índice de

qualidade para os compostores.

Tal como o inquérito, a experiência realizada tem também como fim perceber se os compostores são

práticos e eficientes, tentando também julgar se são delineados e adequados ao clima específico de

Portugal e do concelho de Oeiras, avaliando para além disso, os parâmetros referidos no parágrafo

anterior, de forma a retirar as conclusões que se possam considerar mais adequadas para continuar a

promover o programa de uma forma ainda mais eficaz e convincente, minimizando os possíveis

problemas que possam surgir e os que foram focados pelos munícipes.

Os estudos salientados nos parágrafos anteriores foram efectuados, e ncontrando-se no capítulo

seguinte, todos os passos efectuados, descritos em pormenor.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 118

CCAAPPÍÍTTUULLOO VV

TRABALHO PRÁTICO

Como já foi referido em IV. 2.1.5, neste capítulo irá ser feito a análise ao inquérito realizado, assim

como a experiência prática levada a cabo com os três compostores, para além da avaliação à qualidade

do composto obtido. Deste modo, este capítulo estará dividido em três partes.

PARTE I – Inquérito Realizado aos Munícipes Participantes

V. 1. – Introdução

Após 12 anos desde o início do projecto, e tendo sido efectuado à 5 anos atrás uma avaliação ao

programa, considerou-se ser importante uma reapreciação do mesmo, com o objectivo de identificar,

não só o grau de aderência dos munícipes, como também, avaliar se está, ou não, a decorrer com uma

boa aceitação dos intervenientes, detectando quais os pontos positivos e quais os que vêm acarretando

algumas dificuldades, de forma a poder evitar e/ou melhorar esses inconvenientes.

Para além dos prós e contras do processo também se solicita, por exemplo, a opinião sobre os

compostores fornecidos, qual a quantidade de resíduos periodicamente colocada no compostor, quais

os tipos de resíduos aí depositados, a periodicidade com que coloca esse mesmos resíduos, a qualidade

do produto final, e outras considerações mais. Também foram solicitadas sugestões que pudessem, na

opinião dos participantes no programa, melhorá-lo, com o intuito de perspectivar acções futuras.

Outro interesse foi o de perceber qual a motivação e sensibilidade dos munícipes participantes em

relação ao Meio Ambiente e seus problemas actuais. Assim, com o intento de obtenção da opinião dos

munícipes participantes no Programa “Compostagem Doméstica em Moradias”, procedeu-se à elaboração

de um inquérito, cuja metodologia se descreve de seguida.

V. 2. – Metodologia Adoptada

Para se efectivar a realização do inquérito, teve-se que proceder a algumas etapas. Antes de mais,

depois de fornecida a base de dados que a C.M. Oeiras dispunha em relação aos munícipes aderentes

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

119

ao programa, teve-se que tratar essa mesma base de dados, de forma a torná-la mais acessível e clara,

isto é, optimizá-la. Após este primeiro estádio, o objectivo incidiu para a elaboração do inquérito a

realizar aos participantes no programa. Neste ponto, optou-se por preparar dois inquéritos. Um

inquérito foi utilizado para ser feito via telefone, sendo que um outro foi para ser posteriormente

efectuado por carta endereçada aos participantes. Em termos genéricos, os dois inquéritos são

semelhantes. Procedeu-se à realização do inquérito via telefone, tendo este sido realizado nos dias úteis

entre 28 de Junho e 9 de Julho de 2004 (não foi possível, por motivos logísticos, proceder ao inquérito

via carta). Numa última fase, procedeu-se à sua análise e principais conclusões.

Nos pontos seguintes vão ser aprofundados cada uma das fases salientadas no parágrafo anterior.

V. 2.1. – Optimização e Preparação da Base de Dados

O município de Oeiras dispõe de uma base de dados, em Microsoft Excel, inteiramente dedicada ao

Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, na qual estão referidos dados relativos aos munícipes

participantes sendo estes dados, a localidade do concelho de Oeiras onde residem, o nome do

munícipe aderente ao programa, a sua morada, o seu número telefone ou telemóvel para contacto, a

data de entrega do compostor, as observações que foram registadas no inquérito de 1999 e por fim, a

última coluna, onde estão assinaladas notas adicionais, encontrando-se no Anexo H um extracto da

base de dados inicial.

A base de dados estava ordenada por colunas sendo que a primeira era aquela, pela qual a base de

dados se regia, que neste caso, era a localidade do concelho de Oeiras onde residiam. Estas localidades

encontravam-se ordenadas por ordem alfabética, havendo alguns casos em que isso não acontecia na

totalidade, levando a que a base de dados se tornasse confusa e difícil de analisar. Também existiam

alguns munícipes “repetidos” devido a terem pedido um novo kit de compostagem ou por uma outra

razão, sendo assim inseridos numa nova linha. Por isso, levou-se a cabo uma reorganização da base de

dados usando os princípios básicos da folha de cálculo do Excel, tornando-a mais agradável e fácil de

manejar, com o objectivo de uma pesquisa mais rápida. No Anexo H também se encontra a base de

dados remodelada relativo ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

120

Após esta primeira fase, organizou-se a base de dados tendo em conta diferentes objectivos.

Primeiramente, numa outra folha de cálculo, colocou-se por ordem cronológica de requisição,

pretendendo-se com isso avaliar qual o período e qual o ano em que se registaram um maior número

de munícipes aderentes ao programa, entre outros aspectos. Seguidamente, numa nova folha, colocou-

se apenas as escolas e associações que se associaram ao projecto. Também se preencheu uma folha de

cálculo apenas com os munícipes inquiridos nos fins de 1998, princípios de 1999, período em que foi

realizado uma avaliação ao programa, dirigido apenas a áreas do concelho com moradias,

implementado no ano de 1997, como já foi referido em IV. 2.1.3. Além destas, também se utilizaram

mais algumas folhas de cálculo com o objectivo de seleccionar os munícipes a quem se realizaria o

inquérito por telefone visto terem cedido o seu contacto telefónico e a quem se enviaria o inquérito

por carta visto que na base de dados, em muitos casos, não estar indicado qual o contacto telefónico.

Para não inquirir telefonicamente quem já tinha sido inquirido nos anos de 1998 e 1999, sobrepôs-se

as folhas de cálculo respectivas, abrindo uma nova folha apenas com os munícipes de quem se tinha o

seu contacto telefónico e que não tinham respondido na altura da primeira avaliação ao programa. Por

último, foi preparada uma folha de cálculo onde se encontram apenas os munícipes a quem se faria o

inquérito por carta e a quem não se conseguiu contactar telefonicamente, para que, com recurso a um

programa apropriado se tornasse mais fácil a impressão nos envelopes do destinatário da carta.

V. 2.2. – Preparação do Inquérito

O “desenhar” do inquérito, o tentar perceber quais seriam as questões que melhor se adequariam,

quais as perguntas mais relevantes e menos interessantes, foi uma das fases mais delicadas e em que

lógica, a imaginação e, também antever as respostas dos aderentes ao programa foram preponderantes.

Um inquérito para que seja credível necessita de se reger por determinados critérios, determinadas

normas. O pensamento associado a quem elabora inquéritos é “Confirmar depois o que foi respondido antes”,

de forma a retirar todas as dúvidas, caso elas existam, em relação às respostas. Para além disso, todas

as questões tem de ter uma sequência lógica para que o inquirido possa responder mais facilmente e

interessadamente ao inquérito. Tendo em conta todos estes factores, acabou-se por chegar a uma base

para o inquérito final, estando este dividido em seis partes distintas, e são elas:

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

121

Parte I – Dados Pessoais

Parte II – Enquadramento

Parte III – Utilização do Compostor

Parte IV – Obtenção do Composto

Parte V – Avaliação Global

Sugestões

Depois de obtida a base para o inquérito, foram elaborados dois inquéritos, com algumas questões

diferentes, mas que assentam na mesma ideia. O inquérito elaborado para ser realizado por telefone e

por carta, eram compostos, respectivamente, por 39 e 40 questões, sendo que ambos apresentavam no

final, um espaço para serem efectuadas sugestões que poderiam levar, na óptica dos munícipes

aderentes, os melhores conhecedores da causa, a uma melhoria do programa.

Os questionários que se encontram em Anexo (I) são caracterizados maioritariamente por perguntas

fechadas, isto é, em que o inquirido escolhe a resposta de uma lista que lhe é apresentada, com

excepção de uma pergunta que é aberta, a nº 10 (em ambos os questionários). Nesta questão, o

inquirido teria que justificar qual a principal razão que o levou a aderir ao programa, de forma a

averiguar o conhecimento sobre a problemática dos RSU, e ao mesmo tempo saber qual o papel da

compostagem doméstica na moradia de cada munícipe, como solução para esse problema.

V. 2.3. – Realização do Inquérito

A partir da base de dados, seleccionou-se os munícipes a quem se poderia realizar o inquérito por

telefone. Dos contactos apresentados na base de dados, mais precisamente 421, entre munícipes,

instituições, escolas e associações, apenas se tinha o contacto telefónico de 252. De entre esses

contactos, alguns já tinham respondido ao inquérito realizado em 1999, alguns pertenciam a escolas,

instituições ou associações, outros tinham adquirido o seu kit de compostagem à relativamente pouco

tempo e houve munícipes com os quais não se conseguiu entrar em contacto por telefone ( mais

concretamente 13), ou que prefeririam responder ao inquérito em suas casas, solicitando assim que

lhes enviassem o inquérito (neste caso 18). Aos munícipes a quem não foi feito o inquérito por

telefone seria enviado posteriormente o inquérito por carta (inquérito por administração directa (ou

auto-administrados)[7], em que o próprio inquirido regista as suas respostas. Após esta análise, acabou-

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

122

se por efectuar o inquérito por telefone (inquérito por administração indirecta, nos quais é o inquiridor

quem formula as perguntas e regista as respostas do inquirido (semelhante a entrevista)[7])) a 79

participantes no programa, isto é, a 18.76% dos residentes participantes.

Este inquérito realizou-se entre os dias 28 de Junho e 9 de Julho de 2004, de segunda a sexta-feira,

entre as 10 e as 18h00m, sendo que num dos dias se fez o inquérito apenas das 17 às 20h00m.

V. 3. – Resultados e Sua Discussão

Neste ponto de trabalho irão ser apresentados os resultados obtidos, sendo que primeiramente

apresenta-se a nova “cara” da base de dados relativa ao programa e depois sim, os resultados obtidos

através do inquérito.

V. 3.1. – Base de Dados Remodelada

O objectivo de uma base de dados é facilitar o acesso à informação. Foi com esse intuito que se

remodelou a base de dados, sendo que no Anexo H está uma apresentação desta. Tal como na base

de dados inicial, na 1ª coluna encontra-se a localidade onde reside o munícipe participante. De seguida,

aparece o seu nome, a sua morada e o seu bairro/zona, com o respectivo código postal. Ao contacto

telefónico, junta-se também o seu contacto via correio electrónico. A data de entrega também se

mantém. Nas colunas seguintes está a quantidade de compostores cedidos, com a identificação do

material e cor do compostor cedido. Caso o mesmo munícipe tenha requerido um outro compostor

ou a substituição do primeiro as três colunas seguintes destinam-se a tal, com a data de substituição do

kit de compostagem, e qual o compostor cedido. Na última coluna, encontram-se notas adicionais.

Também se apresenta numa outra folha de cálculo a súmula do inquérito realizado em 1999 e 2004.

V. 3.1.1. – Evolução em Termos de Números do Programa “Compostagem Doméstica nas

Moradias”

Depois de remodelada a base de dados, e feita uma primeira avaliação somente à base de dados, chega-

se à conclusão que em princípios de Junho de 2004, encontravam-se a participar no programa cerca de

400 agregados familiares e cerca de 25 escolas e instituições.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

123

Através da análise da figura V.1 pode-se verificar qual o número de residentes por freguesia do

concelho de Oeiras aderente ao programa. Pela sua visualização, constata-se que cerca de 1/3 dos

munícipes aderentes residem na freguesia de Oeiras (144), sendo que as freguesias de Caxias, Paço D`

Arcos e Porto Salvo apresentam valores

entre os 11 e 15% e as restantes freguesias

valores inferiores a 10%.

Figura V.1 – Número de residentes por freguesia do concelho de Oeiras que aderiu ao Programa

“Compostagem Doméstica nas Moradias”.

O que também é de realçar neste ponto é o facto de ser bastante evidente que as freguesias que

apresentam um maior número de aderentes serem aquelas que se encontram próximas da freguesia de

Oeiras, localizada mais a Oeste do concelho (figura V.2). À medida que nos deslocamos para Este, e

consequentemente mais longe da freguesia de Oeiras, o número de aderentes é menor, como se pode

constatar com o caso de Algés, que apenas apresenta o valor que não chega a 1% (figura V.2). Este

facto também é justificado com o facto de a região Este do concelho de Oeiras se encontrar “colada”

ao concelho de Lisboa, que é uma área de maior concentração populacional, em muito, devido a ser

uma zona com bastantes prédios, isto é, com

construções em altura, o que faz com que existam

menos moradias, logo menos possibilidades de

efectuar compostagem.

Figura V.2 – Visualização do mapa do concelho de Oeiras tendo em conta as suas freguesias e o número de residentes por

freguesia aderentes, em percentagem, ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”.

De forma a se perceber como tem evoluído o programa, procedeu-se a uma avaliação do número de

compostores adquiridos pelos munícipes, associações e escolas ao longo dos anos, mais precisamente

desde 1995 até aos dias de hoje. Como se pode depreender da análise da figura V.3, os anos de maior

adesão foram os de 1997, 1999, 2002 e 2003, com valores superiores a 50 compostores/ano. O ano de

2003 atingiu o valor de 97. Os valores de 1997 estarão com certeza associados às acções desenvolvidas

6; 1% 34; 8%20; 5%

63; 15%

8; 2%19; 5%

144; 33%

53; 13%

46; 11%28; 7%

Algés Barcarena Carnaxide Caxias Cruz Quebrada

Linda-a-Velha Oeiras Paço D'Arcos Porto Salvo Queijas

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

124

directamente junto da população residente em moradias, durante a 3ª fase do programa referida em

IV. 2.1.3. É de ter também em atenção que nos últimos anos (2002, 2003 e também 2004) se tem

notado um maior número de aderentes ao

programa, com certeza também devido à

tomada de consciência por parte da

população que são os próprios que tem de

zelar pelo ambiente.

Figura V.3 – Número de compostores adquiridos por ano pelos residentes desde 1995.

(Nota: os valores de 2004 dizem respeito apenas ao 1º semestre.)

Ao fazer a avaliação do número de compostores adquiridos por semestre, a partir de 1998, um pouco

depois do início da 3ª fase do programa, apenas se pode concluir que nos últimos dois anos, o 1º

semestre ter sido aquele em que se registou um maior número de aderentes, assim como ter sido logo

após o início da 3ª fase que os compostores cedidos também foram em maior número (figura V.4).

Nos restantes semestres, o número de aderentes ao programa foram em menor número, estando as

excepções associadas, com certeza, a iniciativas tomadas pela C.M. Oeiras na divulgação do programa.

Figura V.4 – Número de compostores adquiridos por semestre pelos residentes desde 1998.

(Nota: os valores do 2º semestre de 2004 são zero visto não se terem entrada em linha de conta com eles.)

Fazendo também um estudo mais

pormenorizado aos kits distribuídos,

através da sua análise por trimestres,

também não se pode assumir qual ou quais os trimestres do ano em que os munícipes adquiriram mais

compostores (figura V.5). Fazendo somente uma análise aos anos de 2002, 2003 e 2004, pode-se

constatar que é no 2º trimestre do ano que são requisitados mais kits de compostagem, para o qual

muito contribuirá as acções de divulgação desenvolvidas, nesta altura, nos diferentes espaços públicos,

devido às Festas de Oeiras que acontecem na primeira quinzena de Junho. Tendo em conta que

0 20 40 60 80 100

Nº de Compostores Cedidos

Ano 1995

Ano 1996

Ano 1997

Ano 1998

Ano 1999

Ano 2000

Ano 2001

Ano 2002

Ano 2003

Ano 2004

0 10 20 30 40 50 60

Nº de Compostores Cedidos

1º Semestre 1998

2º Semestre 98

1º Semestre 1999

2º Semestre 99

1º Semestre 2000

2º Semestre 00

1º Semestre 2001

2º Semestre 01

1º Semestre 2002

2º Semestre 02

1º Semestre 2003

2º Semestre 03

1º Semestre 2004

2º Semestre 04

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

125

normalmente nessa altura os munícipes

também estão mais atentos às acções

desenvolvidas pelo seu município, junta-se

o útil ao agradável.

Figura V.5 – Número de kits de compostagem adquiridos por trimestre pelos residentes desde

1998.

V. 4. – Avaliação ao Inquérito Realizado por Telefone Relativo ao Programa “Compostagem

Doméstica nas Moradias”

A Parte I do inquérito diz respeito aos Dados Pessoais. Primeiramente é apresentado na figura V.6 o

número de munícipes por freguesia inquiridos por telefone.

Figura V.6 – Número de munícipes por freguesia

inquiridos por telefone.

Dos 79 munícipes inquiridos cerca de 75%

dos munícipes cederam os seus dados

respeitantes às suas faixas etárias, sendo que

28% dos referidos já se encontram reformados, facto que é de certa forma de ter em conta.

Uma outra questão colocada foi quais as faixas etárias das famílias aderentes ao programa. Verifica-se

que 28% dos munícipes têm entre os 18 e 45 anos, 37% encontra-se entre os 45 e 65 anos e 21%

apresenta mais de 65 anos (figura V.7). A menor percentagem diz respeito aos menores de 18 anos

com cerca de 14%. Em relação ao inquérito elaborado em 1998/1999, pode-se afirmar, embora não

sendo de uma forma peremptória, que os munícipes aderentes apresentam uma média de idades

inferior a 1999, o que comprova um maior interesse

pelo ambiente. Gomes[210] sustenta também a mesma

opinião.

Figura V.7 – Faixas etárias respeitantes às famílias aderentes.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Nº de Compostores Cedidos

1º Trimestre 982º Trim. 98

3º Trimestre 984º Trim. 98

1º Trimestre 992º Trim. 99

3º Trimestre 994º Trim. 99

1º Trimestre 002º Trim. 00

3º Trimestre 004º Trim. 00

1º Trimestre 012º Trim. 01

3º Trimestre 014º Trim. 01

1º Trimestre 022º Trim. 02

3º Trimestre 024º Trim. 02

1º Trimestre 032º Trim. 03

3º Trimestre 034º Trim. 03

1º Trimestre 042º Trim. 04

3º Trimestre 044º Trim. 04

1; 1%13; 16%

5; 6%

9; 11%

4; 5%7; 9%

17; 23%

5; 6%

10; 13%

8; 10%

Algés Barcarena Carnaxide Caxias Cruz Quebrada

Linda-a-Velha Oeiras Paço D'Arcos Porto Salvo Queijas

28; 14%

55; 28%

71; 37%

40; 21%

0 - 18 Anos 18 - 45 Anos

45 - 65 Anos Mais de 65 Anos

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126

Também se questionou os inquiridos de qual a sua profissão. O objectivo seria de tentar perceber a

sua qualificação académica e sua classe social. Sendo uma questão de difícil avaliação, poder-se-á

afirmar, de uma forma grosseira, que se encontram numa classe média-alta. Para esta conclusão

também contribuiu, os censos realizados em 2001, e citados em “Oeiras, Factos e Números” [43] que refere

que 26.28% da população residente no concelho tem o ensino superior como qualificação académica,

muito superior aos 16.24% da Área Metropolitana de Lisboa e aos 10.75% de Portugal.

No que diz respeito à 2ª parte do inquérito, tem como objectivo fazer o Enquadramento com o

programa. A ssim, foi colocada a única questão no inquérito que é de resposta aberta, querendo-se

saber qual ou quais as principais razões que levaram os munícipes a aderir ao programa. Na figura V.8

estão o s motivos apresentados sendo eles bastante diversificados, mas todos eles interligados. A

questão de reaproveitar e reciclar foi a mais focada (37%), seguida de evitar depósito de lixo em aterro,

minimizando assim possíveis impactes (28%). A questão de preservar, evitando poluir foi também

evidenciada (15%). O objectivo de obter um adubo natural também foi focado em 17% dos casos.

A l g u n s d o s inquiridos

referiram-se a um pouco de

todos os pontos.

Figura V.8 – Principais razões que levaram os munícipes a

aderir ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”.

Antes de mais, de entre os inquiridos, apenas 9% não desenvolvem o processo de compostagem em

sua casa visto não terem chegado a iniciá-lo. Este valor é bastante mais baixo em relação ao valor

obtido em 1999 que foi de 27% [154], demonstrando cada vez mais uma maior preocupação e interesse

pelo tema resíduos. Um grande número iniciou a compostagem logo após a cedência do compostor

(74%), demonstrativo do interesse por parte da população aderente. Cerca de 13% dos munícipes já

tinham essa preocupação antes da sua aquisição, facto esse que se poderá considerar relevante. Apenas

4%, iniciaram o processo algum tempo depois. Já estes valores são em muito semelhantes aos de 1999

[154].

32; 28%

17; 15%42; 37%

19; 17%3; 3%

Evitar Depositar Lixo em Aterros/Minimizar Impactes Evitar Poluir Ambiente/Preservar/Sensibilização Ambiental

Reaproveitar/Reciclar Adubo Natural

Outros

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

127

Em relação à informação relativa ao processo de compostagem, a quase totalidade dos munícipes

participantes (96%) considera-se minimamente informada, sendo de referir o destaque dado pelos

munícipes ao pequeno manual cedido pelo município de Oeiras “Compostagem no Quintal da Sua Moradia

– Informações Práticas”.

No que se refere ao objectivo a dar ao jardim, a maioria tem apenas como intuito tratar o seu jardim

como passatempo (63%), sendo que ¼ tem como objectivo o cultivo doméstico de produtos agrícolas

e em alguns casos utilizam o jardim/quintal para os dois fins. 10% dos jardins são tratados por

jardineiros, sendo importante referir que, em alguns casos relatados pelos munícipes, os jardineiros

não têm bem a noção do que é a compostagem, mostrando-se surpreendidos com tal facto. Assim,

seria um factor importante a acrescentar na sua formação. Apenas num caso o objectivo do

compostor não é nenhuma das alternativas anteriores. A curiosidade é de a sua utilização ser num

café/restaurante, evitando assim a deposição de desperdícios alimentares nos vulgares contentores.

Nota-se uma maior utilização dos compostores por parte de pessoas de maior idade ou que se

encontram na idade de pré-reforma ou mesmo já reformadas, 53 e 24%, respectivamente. Uma

possibilidade para tal facto será pela disponibilidade de tempo e, sobretudo, como forma de ocupar os

seus tempos livres. É de relembrar que em tempos, não muito distantes, a compostagem era algo

muito vulgar para obtenção de estrume/adubo. Mas também é de salientar cada vez mais o interesse

por parte dos mais jovens por esta problemática (23%), em muito devido às inúmeras acções de

sensibilização ambiental nas escolas de Oeiras.

A 3ª parte do inquérito está mais direccionada para o compostor em si e sua utilização. Os

compostores mais utilizados, como seria evidente, são os fornecidos pelo município de Oeiras (90%),

embora, em alguns casos, o CM tenha sido alterado (5%), quer para maior (1 caso), quer para menor

dimensão (3 casos). Também é utilizado a compostagem em pilha “ao natural” por 3 munícipes (4%).

Existe um caso em que o munícipe depois de lhe terem fornecido um CM, optou por adquirir um

compostor existente no mercado ( 1%) .

De entre os kits de compostagem cedidos, 41 eram de madeira, sendo que 13 deles, aproximadamente

1/3 apodreceram. O que é também de notar é que os CM que apodreceram terem durado entre os três

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

128

anos e meio e os sete anos. Esta variação de tempo estará associada de certa forma ao local onde

estará colocado o compostor, protegido ou não do sol e da chuva. Ao fazer a média, chega-se a um

tempo médio de vida para o CM na ordem dos cinco anos.

A divulgação das actividades é também fundamental de forma a fazer chegar às pessoas o que se está a

fazer. Pode-se constatar que cerca de metade dos munícipes tomaram conhecimento através dos

folhetos informativos. Aproximadamente 15% soube da existência em Feiras ou Exposições,

destacando-se as Festas de Oeiras, embora também tenham tomado conhecimento através de

exposições num espaço comercial (Oeiras Parque). Através do portal electrónico oficial da C.M.

Oeiras ( http://www.cm-oeiras.pt) apenas uma percentagem mínima, 3%. É de evidenciar que 31%

dos munícipes tomaram conhecimento da iniciativa através de amigos ou vizinhos.

Ao colocar-se a questão de qual a frequência com que os munícipes depositam resíduos de jardim no

seu compostor, 79% respondeu que é usual ser semanalmente enquanto 13% disseram ser, em média,

de quinze em quinze dias. Apenas 8% reconheceu ser normalmente num período maior, que pode ir

até aos 4 meses de intervalo. Relativamente aos restos de cozinha, o intervalo de tempo é muito

menor, sendo que 66% afirma ser diariamente, enquanto 30% afirma ser de 2 em 2 ou 3 em 3 dias. As

respostas dadas compreendem-se, sendo bastante evidente a explicação para tais valores.

Em relação aos depósitos de restos de jardim é importante de salientar que dos inquiridos, quase todos

colocam os resíduos verdes (aparas de relva, folhas, ervas, restos de plantas, etc.). Dentro deste tipo de

resíduos, os pequenos ramos de árvores são os que são menos colocados. Já os restos de cozinha são

colocados em muito menor proporção, sendo que cerca de 2/3 colocam os restos de vegetais e cascas

de fruta. Os restos de alimentos cozinhados são colocados apenas por uma ínfima parte dos

munícipes. No inquérito também foi colocado um outro grupo de resíduos que foi classificado como

Outros Itens, onde se encontravam as hipóteses cinzas e papel, que tal como os restos de alimentos

cozinhados também obteve um valor irrelevante.

Nesta questão é de realçar o receio por parte dos munícipes em colocar os restos de cozinha,

evidenciando os restos de alimentos cozinhados, devido ao problema do surgimento de maior número

de insectos e possível atracção de roedores.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

129

Já no que diz respeito às dimensões dos compostores a opinião dos munícipes é bastante favorável.

71% considera a dimensão do seu compostor ideal, 14% vê como ser demasiado pequeno, enquanto

outros 14% pensa ser demasiado grande. Estes 28% estão com certeza associados ao facto de terem

um pequeno ou grande quintal/jardim. Tendo em conta esse facto, 1/5 dos munícipes que

consideraram as dimensões impróprias para as suas necessidades, alteraram a dimensão do seu CM.

Três das alterações registadas foram para cerca de metade do volume normal do CM, e uma delas para

um pouco menos do dobro.

A parte IV do inquérito pretendia obter informação relativa à Obtenção do Composto. Para a obtenção

deste é necessário algum tempo para que a “Mãe Natureza” faça o seu trabalho, embora o contributo

por parte de quem cuida do processo se possa revelar muito importante para que o processo se dê

correctamente e ainda mais rápido que o habitual. Começou-se por colocar aos inquiridos a questão

relacionada com o facto de já terem ou não obtido o composto final, isto é, o adubo orgânico natural.

79% afirma que já obteve composto para aplicar no seu quintal/jardim, enquanto que 7% diz que

ainda não houve o tempo suficiente para se dar o processo, sendo que os restantes 14% diz que não

obteve. As razões apontadas para a não obtenção do composto (uma percentagem relativamente

pequena), são em 14% a falta de informação, outros 14% apresentando a razão de terem surgido

problemas técnicos, em 43% o desinteresse pela actividade e 29% um outro problema que está em

grande maioria associado ao tamanho demasiado grande do compostor.

Como se pode inferir da análise da figura V.9, 47% dos munícipes afirma que obtêm composto em

cerca de 3 a 6 meses, enquanto outros 47% diz que o obteve em 6 a 12 meses. Apenas 3% assegura

que obteve o seu adubo orgânico em menos de 3

meses. Os restantes 3% desconhecem o tempo

necessário para se obter o produto final.

Figura V.9 – Tempo médio necessário para a obtenção do composto.

O período de tempo referido pelos munícipes pode ser considerado normal estando, por exemplo,

dependente de quais os componentes que coloca nos compostor, onde está colocado o compostor no

seu quintal/jardim, se revolve ou não os resíduos no compostor, entre outros factores.

3%

47%47%

3%

1 a 3 meses 3 a 6 meses 6 a 12 meses Desconhece

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

130

Uma outra questão levantada foi o número de vezes que até ao momento tinham obtido composto

final. Cerca de 11% asseveraram que apenas tinham obtido uma vez o adubo pretendido. Já 28% dos

munícipes afirmaram ter obtido duas vezes o fertilizante natural, enquanto que 49% asseguraram

terem obtido composto mais do que duas vezes sendo o número bastante variável, desde as 3 até n

vezes. Os demais munícipes desconhecem o número de vezes que o obtiveram.

Relativamente à utilização dada por parte dos munícipes ao composto por eles obtido é

essencialmente a mistura com terra (71%), sendo que apenas 29% o utiliza directamente. Este

acontecimento deve-se em muito ao facto de nem sempre o munícipe esperar o tempo necessário para

se formar o composto final, o que em certa parte explica os 3 e os 47% (referentes ao período inferior

a seis meses) apresentados na figura V.9. Provavelmente, nesses casos, o composto não estará

completamente maturado, levando a que os munícipes o misturassem com terra.

Já na Parte V do inquérito pretendia-se obter uma percepção geral sobre a opinião dos munícipes

aderentes. Uma das questões colocadas foi de qual ou quais seriam os principais benefícios do

processo de compostagem doméstica. Houve uma igualdade nesta questão visto que 49%

mencionaram que a redução da quantidade de lixo produzida e depositada nos vulgares contentores

era a questão primordial e outros 49% referiram que a obtenção de um fertilizante natural era o mais

importante. É de realçar que cerca de 2/3 dos inquiridos realçaram que ambos os factos eram

importantes e consequentemente benéficos. Apenas 2% apresentaram uma outra razão, sendo que

uma delas era o facto de reduzir o trabalho, e consequentemente as despesas para o município de

Oeiras, e outra, que era o enaltecer da importância para a Natureza e naturalmente para o Homem,

tentando prevenir males maiores.

De acordo com os munícipes a compostagem doméstica nas suas moradias não apresenta

desvantagens em 84% dos casos, sendo que em apenas 16% referem que surgiram alguns problemas

durante o processo. Dentro destes 16%, as desvantagens praticamente se igualam, e são elas, a

atracção de insectos, os maus cheiros, a atracção de ratos, a dimensão do compostor e o facto de o

processo se dar muito lentamente (figura V.10).

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

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131

Figura V.10 – Principais desvantagens no processo de compostagem ou nos compostores referenciadas pelos munícipes.

Numa questão em que se pedia uma apreciação global ao processo de compostagem doméstica, 28%

afirmaram que a sua opinião era Muito Boa em relação ao processo, 59% referiram que era Boa, o

Razoável apresentava valor na ordem dos 8%, 1%

consideravam o processo Mau enquanto os restantes 4%

não tinham opinião formada (figura V.11).

Figura V.11 – Apreciação global dos munícipes ao processo de compostagem doméstica.

Em relação às actividades desenvolvidas no programa a opinião também é extremamente favorável.

Cerca de 12% consideram que a sua actuação é Muito Boa, 46% afirmam ser Boa, 30% acham-na

Razoável e apenas 8% consideram-na Deficiente (figura V.12). É de registar que estes 30% Razoável e

8% Deficiente estão mais ligados à ideia por parte dos munícipes que embora o que está feito é bom, se

deveria apostar muito mais nesta temática, para que num futuro próximo os problemas não fossem tão

alarmantes. É como que um cartão amarelo!!!

Figura V.12 – Opinião dos munícipes sobre as actividades desenvolvidas pela C.M. Oeiras no Programa

“Compostagem Doméstica nas Moradias”.

Foi também pedida a opinião sobre a

possibilidade de implementação por parte do município de Oeiras de uma Unidade Demonstrativa de

Compostagem. A opinião por parte dos munícipes é de quase total concordância mencionando que

seria uma hipótese a considerar (96%), embora ressalvassem a ideia de que teria que ser num local de

bastante afluência por parte da população. Apenas 4% se mostraram indiferentes ao facto. Não houve

opinião contrária à possibilidade da sua implementação.

25%

25%17%

33%

Atracção de Insectos Mau cheiro Atracção de Roedores Outro

28%

59%

8%1% 4%

Muito Bom Bom Razoável Deficiente Não sabe

12; 16%

34; 46%

22; 30%

6; 8%

Muito Bom Bom Razoável Deficiente

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

132

Por último, na questão de a C.M. Oeiras apostar ou não no processo de compostagem a opinião dos

munícipes aderentes à compostagem doméstica é bem elucidativa, visto 99% concordar com tal ideia e

apenas 1% pensar que não é nada de relevante.

V. 5. – Considerações Finais

Fazendo a análise ao inquérito realizado depreende-se intuitivamente que os munícipes participantes

têm uma ideia bastante favorável ao programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”. Dando “azo à

imaginação” sugeriram ideias para que o município possa levar a cabo o programa de uma forma mais

efectiva, ainda mais eficiente e mais apaixonada. A sua preocupação com o tema dos resíduos e ,

consequentemente, com o Meio Ambiente é deveras evidente. Todas as ideias são importantes!!!

Fazendo um breve apanhado dos problemas evidenciados pelos inquiridos, destaca-se a questão de os

CM não serem minimamente práticos levando, por exemplo, a que os participantes não retirem o

composto formado na parte inferior, esperando o tempo suficiente, que acaba por ser muito, para que

todo o volume seja decomposto. É assim salientado a necessidade de uma pequena abertura na parte

inferior do recipiente de forma a retirá-lo para aplicação nos seus jardins e quintais. O problema de os

CM ao fim de algum tempo apodrecerem também é referido, o que poderá levar a que o participante

no programa perca a motivação para continuar a sua participação. Um outro problema supracitado é a

dimensão dos compostores. Alguns munícipes consideram que a dimensão dos compostores é

demasiado grande para o seu espaço. Esta é uma questão difícil, se não mesmo impossível de resolver,

visto que caso os compostores de plástico, que são de entre todos os mais pequenos, ainda fossem

menos volumosos, não teriam as condições ideais para se dar o processo.

Os benefícios que os munícipes consideram importantes são tanto a r edução da quantidade de lixo

produzida e depositada nos contentores, assim como a possibilidade de obtenção de um fertilizante

natural útil para o seu jardim/quintal, embora a maioria dos munícipes dêem mais importância ao facto

de poderem contribuir para o evitar do degradar do ambiente. Já as desvantagens salientadas são, sem

dúvida, o problema que poderá surgir com os insectos, o cheiro, assim como poder surgir problemas

com a atracção de roedores. Mas as desvantagens são uma ínfima parte, acontecendo apenas em raros

casos.

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133

A opinião é bastante favorável tanto no caso do processo de compostagem em si, assim como na

avaliação que fazem das acções desenvolvidas pelo município na área do ambiente.

Aquando da realização do inquérito também foram apresentadas sugestões/propostas pelos munícipes.

Dentro destas, destacavam-se a divulgação do programa porta-a-porta, o elaborar de um folheto

somente dedicado à compostagem, entre outros mais. Foram dados também exemplos práticos

conhecidos por parte dos inquiridos e colocadas também algumas questões sobre o programa e sobre o

processo em si.

Algo que é muito importante de realçar é o facto de existirem algumas ruas, avenidas ou alamedas do

concelho de Oeiras que apresentam um razoável número de participantes aderentes, o que indica que se

fala muitas vezes sobre compostagem. Um nota também a referir foi o facto de os habitantes de um

prédio terem aderido em conjunto à compostagem, fazendo o processo na área próxima ao edifício.

Por último, à que referir como curiosidade que o facto de um jovem ter participado na iniciativa

“Jovens em Movimento”, levada a cabo por parte da C.M. Oeiras, e ter tomado conhecimento da cedência

por parte do município do compostor e ter acesso à informação de qual o seu objectivo, ter sugerido à

sua mãe a sua aquisição. A resposta foi negativa, mas por insistência e fazendo ver quais seriam as

vantagens de adquirir o compostor, levou a bom porto a sua iniciativa. É de louvar a iniciativa,

demonstrativa do interesse por parte dos mais jovens na preservação do seu Ambiente!!!

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134

PARTE II – Experiência Efectuada com os Compostores

V. 1. – Introdução

O programa experimental centrou-se essencialmente na comparação dos três tipos de compostores

(um de madeira e dois de plástico), que actualmente o município de Oeiras cede gratuitamente aos

seus munícipes, com o objectivo fundamental de avaliação da eficiência dos três compostores. Para

além da avaliação do grau de valorização orgânica dos resíduos verdes compostores também se

pretende aquilatar de outros pormenores e/ou características, que embora não estejam directamente

relacionadas com o processo em si, são pontos salientados pelos munícipes aderentes ao programa, e

por isso, extremamente importantes, e necessários de ter em conta numa avaliação global. Como

exemplos, temos o caso da funcionalidade do compostor, a sua estética, a atracção de roedores e

insectos, entre outros. Devido à importância de cada um dos factores atrás salientados também foi

elaborado um índice de qualidade para os compostores e calculado o valor para cada um deles.

Como tem vindo a ser referido ao longo do trabalho é sabido que um dos objectivos do processo de

compostagem é a obtenção de um fertilizante natural, para posterior utilização no jardim/quintal.

Tendo em conta a vantagem proporcionada aos munícipes pelo processo pretende-se também avaliar

se a qualidade do composto final é satisfatória, recorrendo a alguns parâmetros como método de

avaliação, como é o caso da humidade do composto, o seu pH e o seu peso específico. Mais à frente

no trabalho ( Parte III) também será descrita uma outra experiência prática que foi efectuada para

avaliar somente a qualidade do composto, avaliando quais os nutrientes em defícit no composto obtido.

V. 2. – Metodologia Adoptada

A experiência de compostagem, efectuada com os três compostores fornecidos pelo município de

Oeiras, teve início no dia 12 de Julho de 2004 e terminou em 10 de Novembro de 2004, isto é, teve a

duração de 121 dias, aproximadamente 4 meses. Os três diferentes tipos de compostores foram

preenchidos na sua totalidade apenas com resíduos verdes (de jardim), com misturas semelhantes, com

a intenção de fazer um estudo comparativo entre os compostores para saber qual deles apresentaria

um grau de valorização (ou decomposição) orgânica mais elevada.

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135

Um outro pormenor que se teve de ter em atenção na experiência efectuada foi o facto de os resíduos

verdes que foram recolhidos e posteriormente seleccionados não serem em quantidade suficiente para

preencher de uma só vez os três compostores. Tendo em conta que o corte de relva, o desbaste da

área verde envolvente à Fábrica da Pólvora (local da experiência), entre outros, ser periódico, optou-se

por ir colocando nos três compostores os resíduos de jardim à medida que estes iam surgindo.

V. 2.1. – Localização do Espaço Onde Foi Efectuada a Experiência

Para o realizar da experiência teve de se ter o cuidado desta ser feita num local apropriado que

recriasse as condições climáticas habituais a quem faz compostagem nos seus quintais. Desta forma, o

local mais indicado seria em pleno ar livre. Assim, a experiência foi efectuada na Fábrica da Pólvora,

mais concretamente no espaço destinado aos Viveiros Municipais, junto à Ribeira de Barcarena. A

figura V.13 representa um esquema que nos dão a localização, no concelho de Oeiras, do espaço onde

foi efectuada a experiência.

Figura V.13 – Localização geográfica do local da experiência prática com os três tipos diferentes de compostores domésticos, sendo que na

primeira figura se encontra a localização do local da experiência no concelho de Oeiras, mais precisamente na freguesia de Barcarena, e em

concreto na Fábrica da Pólvora (2ª figura – Entrada Principal), que está dividida em vários sectores, onde um deles é os Viveiros Municipais que está sinalizada na 3ª imagem. Na 4ª imagem está assinalada mais em detalhe o lugar exacto onde se

desenvolveu a experiência. (Fonte: http://www.cm-oeiras.pt).

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136

V. 2.1.1. – Localização Específica da Experiência

A figura V.14 (figura V.15 e V.16, também) dá a localização exacta do local onde foi efectuada a

experiência. Tal como é referido na maioria da bibliografia relacionada com a vertente de

compostagem doméstica, o local onde se faz o processo deverá ser um local de fácil acessibilidade[41; 46;

49], de forma a transportar os diferentes tipos de resíduos verdes que foram aproveitados da área

envolvente. E foi o que sucedeu na Fábrica da Pólvora. O local escolhido encontra-se sensivelmente

no centro da área destinada aos Viveiros Municipais. Como se pode ver no canto inferior direito da

figura V.14 verificasse a existência duma pequena estrada que permite facilmente transportar os

resíduos utilizados em selhas, através de um carrinha, para o

sítio onde se realizou a experiência.

Figura V.14 – Localização exacta do local onde foi efectuada a experiência. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

Um dos outros cuidados a ter na escolha do local onde se faz iniciar a compostagem é também a

protecção dos compostores da radiação solar. Normalmente, é referido que o compostor se deverá

colocar preferencialmente debaixo de uma árvore caduca de forma a permitir a passagem do sol no

Inverno (figura V.16) e, no Verão, o proteja do calor excessivo (figura V.14 e V.15), tornando as

condições favoráveis ao processo[41; 46; 49; 81]. O recipiente deve também ficar protegido do vento

podendo, por exemplo, ser plantados arbustos à volta, o que não foi necessário fazer, visto que, como

se pode depreender através da visualização da figura V.15 e V.16, os compostores encontrarem-se

num sítio relativamente protegido de possíveis ventos.

Uma outra recomendação é sua localização numa área que permita a infiltração das águas da chuva,

numa área de terra[1], como é o caso. Isto assim, também permite o acesso de pequenos

microrganismos que são muito importantes na degradação da MO.

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137

Figura V.15 e V.16 – Em cima (15), o local preciso onde foi efectuada a experiência com uma foto próxima dos compostores (12 Julho de 2004), e à direita (16), o local visto de um outro panorama, na fase final do processo de

compostagem (Novembro 2004), verificando-se que a árvore onde foram colocados os compostores, nesta altura do ano já está caduca, comprovado

pela presença das folhas no solo em redor dos compostores.

V. 2.2. – Matéria-Prima Utilizada (Resíduos Verdes) e Sua Diferenciação

Tendo em conta que dentro da categoria dos resíduos verdes existirem resíduos com características

diferentes, optou-se por agrupá-los, de modo a se fazer posteriormente uma análise mais

pormenorizada. Assim, agruparam-se os resíduos verdes em oito grupos distintos (ver II. 4.1.1.

(quadro II.2)), consoante a sua componente e sua condição, e são eles:

Relva Verde (Cortada e Seca)

Relva Verde (Compactada e Húmida)

Folhas (Soltas e Secas)

Folhas (Partidas e Secas)

Folhas (Compactadas e Húmidas)

Resíduos de Jardim (Recolhido)

Resíduos de Jardim (Fragmentado)

Galhos e Folhas (Soltos e Secos)

Um aspecto no qual também se teve bastante cuidado foi a tentativa de separação de todos os

materiais (cápsulas de garrafas, plásticos, pedaços de vidro, etc.) que poderiam afectar o processo e a

obtenção de um composto com qualidade.

V. 2.3. – Recolha de Resíduos Verdes

Inicialmente estava previsto a elaboração de um pequeno plano de recolha dos resíduos verdes para

que se pudesse de uma só vez preencher o volume total dos compostores. Tendo em conta que o

corte de relva, o desbaste da área verde, entre outros, ser efectuado periodicamente, mas sem prazos

definidos, optou-se por fazer a recolha de resíduos verdes sem ter que recorrer a um plano específico

de recolha, o que permitiu como que recriar o que sucede no dia-a-dia na casa de cada um dos

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 138

munícipes aderentes ao programa. Sendo assim, a recolha foi efectuada como é habitualmente no

espaço da Fábrica da Pólvora. Os resíduos verdes resultantes da manutenção dos cerca de 4.7 ha dos

jardins envolventes, tais como, as aparas de relva, podas de árvores, restos de ervas e flores, folhas,

entre outros, foram colocados em selhas (figura V.17), e transportados por uma pequena carrinha de

caixa aberta até ao local onde se efectuou a experiência. Estes resíduos, à medida que eram recolhidos,

eram colocados junto aos compostores para posterior deposição. Um cuidado que se teve foi o de

colocar os diferentes tipos de resíduos verdes em selhas separadas,

de forma a facilitar o registo dos resíduos adicionados aos

compostores, facilitando também o processo de mistura.

Figura V.17 – Selhas onde eram depositados resíduos verdes resultantes dos cortes de relva e podas. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

V. 2.4. – Processamento/Selecção dos Resíduos Verdes

Antes de proceder à deposição dos resíduos verdes nos três compostores foi necessário garantir que a

mistura de resíduos a compostar apresentasse valores de textura e dimensão de partículas, de

humidade, níveis de oxigénio e razão C/N dentro das gamas óptimas para a compostagem. Assim,

procedeu-se às seguintes operações de processamento/selecção dos resíduos:

Fragmentação dos resíduos – Não sendo possível (na maioria) a fragmentação ou trituração

dos materiais com dimensões que não apresentassem valores dentro da gama óptima, que se

situa entre 25 a 75 mm de diâmetro, foram seleccionados apenas os resíduos que estariam

dentro dessa gama, embora também tivesse sido colocado uma percentagem mínima de

resíduos verdes de granulometria maior, de modo a contribuir para o aumento da porosidade

da matriz inicial, garantindo assim condições óptimas para um arejamento mais eficiente e

evitando um possível problema de excesso de humidade.

Mistura de agentes de suporte (bulking agents) – A mistura de agentes de suporte tem

como principal função o aumento da porosidade da matriz inicial, e assim garantir um

arejamento mais eficiente. Não foi necessário proceder à adição de bulking agents no início do

processo visto que os resíduos verdes que se tinham ao dispor permitiram formar, em cada um

dos compostores, uma mistura apta para se dar início à compostagem. Apenas no decorrer da

experiência foi necessário adicionar agentes de suporte (ervas bastante secas, semelhantes a

palha) num dos compostores de modo a diminuir a humidade e aumentar o arejamento.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 139

Correcção do teor de humidade – O teor em humidade da mistura inicial nos três

compostores não era a ideal, sendo baixa, para o desenvolvimento dos microrganismos, pelo

que se adicionou água ao sistema aquando da sua deposição nos compostores e também

durante o processo (revolvimentos).

Correcção da razão C/N – De forma a garantir uma razão C/N adequada à compostagem,

procedeu-se à mistura dos diferentes resíduos a compostar, os quais apresentam diferentes

razões C/N. Tentou-se chegar a um equilíbrio entre eles, de forma a garantir grosseiramente

uma proporção de resíduos verdes e de resíduos castanhos de 1: 1, isto é, 50% de resíduos

castanhos e outro tanto de resíduos verdes, o que normalmente garante uma razão C/N inicial

entre os 25 e 35:1, considerado como a ideal para se dar início ao processo.

V. 2.5. – Adição dos Resíduos aos Compostores

Após o processamento/selecção dos resíduos verdes, colocaram-se estes nos três compostores

tentando garantir que nos compostores a percentagem preenchida fosse semelhante de forma a se

poder fazer um estudo comparativo, objectivo principal do trabalho.

Antes de se começar a adicionar os resíduos verdes houve, no entanto, o cuidado de no fundo dos três

compostores serem colocados pequenos ramos e galhos de forma a criar uma câmara-de-ar,

possibilitando a entrada de oxigénio e sua circulação e evitar a compactação do material orgânico no

fundo. Posteriormente, houve sempre o cuidado de ao adicionar o material para compostar, de

misturar os resíduos denominados “verdes” e “castanhos”, ou então de os colocar por camadas

alternadas. Ambas as técnicas utilizadas tinham como objectivo evitar zonas anóxicas no seio da pilha

e uma homogeneização dos resíduos nos compostores.

V. 2.6. – Material Utilizado

V. 2.6.1. – Compostores

Os compostores utilizados para a experiência apresentavam características diferentes. Um de madeira,

que é bastante simples de construir e dois de plástico de formato relativamente semelhante, mas

apresentando pequenas diferenças. As principais diferenças entre os compostores são o seu volume. A

cada um dos compostores foi atribuído uma designação de forma a facilitar a sua identificação. Assim

ao compostor de madeira, compostor de plástico verde e compostor de plástico preto foram dados as

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 140

suas iniciais que são CM, CPV e CPP, respectivamente. No quadro V.1 encontram-se descritas quais

as características físicas de cada um dos compostores.

Quadro V.1 – Dados relativos às características físicas dos compostores.

h (cm) l (cm) L (cm)

Compostor Madeira (CM) 89,5 83 83

Compostor Plástico Verde (CPV) 77 70 70

Compostor Plástico Preto (CPP) 75 63 63

Nas figuras seguintes (V.18 a V.23) apresentasse cada um dos compostores de dois perfis diferentes.

Primeiramente, encontra-se o CM, logo de seguida o CPV e finalmente o CPP.

Figura V.18 e V.19 – Mais à esquerda (18), o compostor de madeira visto de frente, e à direita (19), vista de cima.

(Fotografias por: Carlos Ferreira)

Figura V.20 e V.21 – À esquerda (20),

o compostor de plástico de cor esverdeada, visto de cima, e à direita (21), vista de frente. (Fotografias por:

Carlos Ferreira)

Figura V.22 e V.23 – À esquerda (22), o compostor de plástico de cor preta, visto de frente, e à direita (23), vista de cima.

(Fotografias por: Carlos Ferreira)

Como se pode depreender das figuras anteriores, o CM não apresenta qualquer protecção na parte

cima, isto é, não apresenta nenhuma tampa, o mesmo sucedendo na parte debaixo, o que faz com que

os resíduos lá colocados estejam em contacto directo com o solo (não tem fundo) (figura V.19). Já os

compostores de plástico apresentam tanto uma tampa superior como inferior. A vantagem duma

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 141

tampa inferior é o facto de evitar o contacto directo entre o solo e o fundo do compostor onde se

encontram os resíduos, garantindo assim um pequeno espaço de arejamento (tal facto vê-se muito

bem na figura V.20 e V.21 (CPV), embora no CPP também se verifique o mesmo). É de referir que

em ambos os compostores de plástico, o fundo ter aberturas para garantirem o arejamento (figura

V.20). Os compostores de plástico também têm uma pequena abertura (como uma porta) na parte

lateral inferior do compostor, tornando mais fácil retirar o composto obtido. Além da porta na parte

lateral inferior, os compostores de plástico têm dois pequenos locais de arejamento, em cada uma das

faces laterais, e que são bens visíveis no CPV (figura V.21). Já no CPP, apenas se consegue ver na

figura a abertura na parte lateral superior, embora também apresente uns pequenos furos na parte

lateral inferior.

V. 2.6.2. – Instrumentos de Medida

Com o intuito de monitorizar o processo de compostagem foram utilizados três diferentes tipos de

instrumentos de medida, de forma a avaliar a evolução dos valores de temperatura, pH e humidade,

parâmetros que são fundamentais no processo de compostagem, e que poderão dar indicação de como

está a evoluir o sistema. Os instrumentos utilizados foram os que são normalmente usados nos jardins

familiares e que são relativamente baratos. O termómetro de solo, o medidor de pH e o aparelho

utilizado para registar a humidade encontram-se nas figuras seguintes (V.24 a V.27).

Figura V.24, V.25, V.26 e V.27 – Mais à direita (27) temos uma figura onde mostra os 3 instrumentos de medição utilizados. À sua esquerda

(26), encontra-se o termómetro de solo. Em baixo, à esquerda (25), temos o medidor de humidade. À direita, encontra-se o medidor de pH.

É importante de salientar que cada um dos aparelhos apresenta o seu erro instrumental e os valores

são de respectivamente 0.05, 0.1 e 5 para o termómetro de solo (ºC), medidor de pH e medidor de

humidade (%). (Nota: para se obter o valor 5 tem que multiplicar o erro instrumental do medidor de

humidade (0.5) por 10 de forma a passar o seu valor para percentagem)

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 142

V. 2.6.3. – Restante Material Utilizado

Foi utilizado um regador para adicionar quando necessário, assim como uma fita métrica para registar

os valores de altura dos resíduos verdes ao longo do tempo, sendo o seu erro instrumental de 0.05 cm.

Foi igualmente necessário equipamento para fazer o revolvimento do material verde (figura V.28, V.29

e V.30). As selhas também foram necessárias, servindo para colocar os resíduos verdes recolhidos dos

jardins adjacentes aos Viveiros Municipais (figura V.19).

Figura V.28, V.29 e V.30 – Material utilizado (forquilha e ancinho) para fazer o revolvimento periódico dos resíduos verdes, na figura à esquerda (28). À direita (29), a fita métrica utilizada. Ao centro (30), está um exemplo de um regador.

V. 2.7. – Controlo/Acompanhamento do Processo de Compostagem

Visto que a monitorização do processo não foi efectuado diariamente, achou-se necessário que os

sistemas (entenda-se compostores) fossem regados com frequência, visto que a experiência se ter

realizado num período de temperaturas altas, com particular relevância aos meses de Julho, Agosto e

Setembro. Tendo em conta que os dias de rega nos Viveiros Municipais estarem predefinidos, e

efectuarem-se às segundas, quartas e sextas-feiras, tirou-se proveito desta circunstância para que

também se regasse os resíduos de jardim nos compostores, nesses mesmos dias. Posteriormente,

achou-se necessário proceder à alteração da frequência de rega. Verificou-se a necessidade de adicionar

água, principalmente no período de fase activa do processo, e não tanto na fase inicial e final. No

quadro V.2 está o plano de rega efectuado ao longo dos quatro meses de experiência.

Quadro V.2 – Plano de rega efectuado.

Dias de semana para Regar Período de Irrigação

Segundas, Quartas e Sextas 12/07/2004 a 02/09/2004

Segundas e Sextas 02/09/2004 a 11/10/2004

Não foi regado 11/10/2004 a 11/11/2004

(Nota: Nem sempre se cumpriu à risca o plano de rega, havendo ocasiões em que não foi necessário proceder à irrigação do material em compostagem).

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 143

O arejamento é um dos parâmetros de controlo fundamentais no processo. Assim, no que respeita ao

ciclo de revolvimento, a experiência demonstrou a necessidade de efectuar revolvimentos frequentes,

de forma a também acelerar o processo, mas que foi variando ao longo do tempo. De seguida, está

descrito qual o ciclo realizado:

Na 1ª fase, no período entre 12/07/2004 e 23/08/2004 (0 a 42º dia), altura em que se ia

adicionando restos de jardim, à medida que estes iam estando disponíveis, foram feitos 3

revolvimentos por semana[39 ; 184 ], mais concretamente, às 2ªs, 4as e 6as feiras. Estes

revolvimentos foram necessários, não só, para evitar valores demasiado elevados de

temperatura, mas também para evitar a formação de maus odores, pois nesta fase as reacções

de degradação da MO são muito intensas (fase em que a temperatura sobe muito rapidamente

visto ser esta a fase activa do processo), sendo muito importante suprir os gastos de oxigénio e

garantir a efectiva mistura dos resíduos do interior e do exterior do compostor.

Numa 2ª fase, correspondente à 1ª semana após a 1ª fase, isto é, no período de 23/08/2004

a 30/08/2004 (42 a 49 dias), foi também realizado 3 revolvimentos por semana, também às

2ªs, 4as e 6as feiras, de forma a evitar os problemas na 1ª fase mencionados.

Na 3ªfase, optou-se apenas por 2 revolvimentos por semana [39], entre 30/08/2004 e

14/10/2004 (49 a 94º dia), realizando-se numa semana às 2ªs e 5as feiras, e na seguinte às 3ªs e

6as feiras, e assim sucessivamente. A razão para a interrupção do ciclo de 3 revolvimentos foi

porque as temperaturas baixaram, indicador de ter terminado a fase de degradação activa (fase

termófila), passando assim para a fase mesofílica do processo.

Na última fase (4ª), acabou-se apenas por efectuar 1 revolvimento por semana de

14/10/2004 a 10/11/2004 (94 a 121º dia), sendo o dia escolhido a 4ª feira (embora pudesse

não ter sido necessário proceder ao revolvimento). Nesta fase não é necessário proceder a um

revolvimento constante da pilha, visto que o processo já se encontra numa fase final em que a

temperatura já se encontra próxima da temperatura ambiente.

Em média, o tempo dispendido para revolvimento em cada um dos compostores foi de

aproximadamente 5 minutos.

V. 2.8. – Monitorização do Processo de Compostagem

A monitorização dos parâmetros de controlo do processo é muito importante para garantir as

condições necessárias ao funcionamento do sistema, pois permite avaliar o seu funcionamento,

evitando ou identificando possíveis problemas e eliminá-los. Na fase final da compostagem, a

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 144

monitorização permite também avaliar o grau de maturação do composto e a qualidade do composto

obtido. Os principais parâmetros operacionais de controlo na compostagem são, como já foi referido

em II. 5.2., a temperatura, humidade, pH, arejamento (oxigénio), relação C/N, assim como a

estrutura, porosidade e dimensão das partículas.

Tendo em conta a importância dos parâmetros temperatura e humidade no processo de compostagem,

e avaliando também os instrumentos disponíveis, optou-se por monitorizar os seguintes factores:

Temperatura – utilizando um termómetro de solo (à venda em qualquer local relacionado

com a jardinagem).

pH – usando o medidor de pH (à venda também nos mesmos locais que o termómetro de solo).

Humidade – utilizando o medidor de humidade ou então utilizando o vulgar, mas muito

eficaz, método manual.

O processo de monitorização iniciou-se logo após a construção da primeira pilha e foi realizado

regularmente até ao final do processo de compostagem. Os registos foram feitos em pontos fixos

(figura V.31 e V.32), sendo que o número de registos em cada um dos compostores, e em cada um dos

três parâmetros físico-químicos, foram efectuados consoante as características do compostor onde foi

efectuada a experiência. À medida que o processo foi decorrendo a experiência, o plano de

monitorização também se foi modificando, mais propriamente quanto ao número de vezes que se

monitorizou o processo durante as semanas de experiência. No quadro V.3 encontra-se o plano de

monitorização adoptado com a sua

descrição em pormenor.

Figura V.31 e V.32 – Monitorização de um dos parâmetros no decorrer da experiência, em pontos

diferentes. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

Uma nota a salientar é o facto dos valores de temperatura não terem sido registados, depois de

revolver os resíduos no compostor. Para que a experiência fosse o mais credível possível tentou-se,

sempre que possível, registar os valores dos diferentes parâmetros monitorizados a uma hora igual ao

longo da experiência, evitando assim valores que pudessem distorcer e/ou dificultar a sua análise.

Optou-se por efectuar a sua monitorização entre as 12h00m e as 14h00m, visto ser entre estas horas

que o material em compostagem poderia atingir temperaturas superiores.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 145

Quadro V.3 – Plano de monitorização adoptado durante a experiência.

Parâmetros de Controlo

Frequência de Monitorização e Procedimento

Equipamento Objectivo de Controlo

Temperatura

3 X por semana nas 7 primeiras semanas (0-7) (Segunda, Quarta e Sexta)

2 X por semana nas 7 semanas seguintes (7-14) (Segunda e Quinta ou Terça e Sexta) 1 X por semana nas últimas 3 semanas

(14-17) (Quarta) Análise em 5 pontos fixos do compostor (em dois pontos na parte de baixo, 2 pontos na parte de cima e um ponto central, a cerca de 25-30cm da superfície.

Termómetro de solo (normalmente usado em jardins)

O controlo da temperatura tem por o b j e c t i v o e v i t a r temperaturas excessivas iguais ou superiores a 70-75ºC, avaliar o estado de actividade dos microrganismos, determinar o momento certo para revolver

Humidade

3 X por semana nas 7 primeiras semanas

(0-7) (Segunda, Quarta e Sexta) 2 X por semana nas 7 semanas seguintes (7-14) (Segunda e Quinta ou Terça e Sexta) 1 X por semana nas ultimas 3 semanas

(14-17) (Quarta) Análise em 9 pontos fixos no compostor de madeira (em 2 pontos na parte de baixo e 2 pontos na parte de cima na parte mais lateral do compostor + 4 pontos mais próximos do centro + 1 ponto no centro) a cerca de 25-3 0 c m d a superfície. Análise em 5 pontos fixos em ambos os compostores de plástico (1 ponto na parte de baixo + 3 pontos na parte de cima na parte mais lateral dos compostores + 1 ponto mesmo no centro) a cerca de 25-30cm da superfície.

Medidor de Humidade (normalmente usado em jardins)

Ou Métodos Manuais, como: Teste da Mão – no início, apertando uma amostra de composto na mão, esta não deve escorrer água, mas deve deixar a mão húmida. No final, quando se aperta a massa esta está quase seca.

*Teste da Vara de Madeira – introduz-se uma vara de madeira, permanentemente, na pilha. Ao retirar a vara, se esta estiver: (1) fria e molhada - não ocorre decomposição provavelmente por excesso de humidade; (2) levemente morna e seca, com traços filamentosos de fungos – compostor com pouca humidade; (3) quente, húmida e manchada de escuro – condições de compostagem correctas; (4) com cheiro a mofo, sendo facilmente introduzido no compostor – composto pronto para utilização

Manter o nível de humidade adequado (40-60%), pois a humidade excessiva provoca uma oxigenação deficitária das pilhas por p r e e n c h i m e n t o d o s espaços intersticiais do composto e a ind i spon ib i l idade de água provoca uma diminuição da actividade microbiana e uma d e s a c e l e r a ç ã o d o processo.

pH

3 X por semana nas 7 primeiras semanas

(0-7) (Segunda, Quarta e Sexta) 2 X por semana nas 7 semanas seguintes (7-14) (Segunda e Quinta ou Terça e Sexta) 1 X por semana nas ultimas 3 semanas

(14-17) (Quarta) Análise em 1 ponto fixo mesmo no centro dos compostores a cerca de 25-3 0 c m d a superfície.

Medidor de pH (usado normalmente em jardins)

Durante o processo permite identificar situações que conduzam a perdas de azoto para a atmosfera (situações de pH acima de 8,5 e temperaturas muito elevadas). Dá indicação do grau de maturação do composto, e permite ter uma ideia da qualidade final do composto em termos de correcção de pH do solo.

* O Teste da Vara de Madeira ou o Teste da Mão foi utilizado essencialmente no início da experiência.

Mas não se teve apenas em linha de conta os parâmetros físico-químicos. Um outro factor que foi

monitorizado foi a altura que cada um dos três compostores apresentava com resíduos, de forma a

posteriormente poder ser calculado, tendo em conta o volume e massa, o grau de decomposição dos

resíduos verdes, isto é, o cálculo da percentagem de redução do volume e da massa em compostagem.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 146

O odor também foi registado visto que é também um excelente indicador de como está a decorrer o

processo. Também se registou a presença ou não de roedores, mosquitos, moscas e vespas, formigas,

centípedes e minhocas visto que estes serem indicadores de que o processo está em determinada fase

e/ou que o mesmo poderá estar a passar por um problema específico. Assim, através da

monitorização destes factores poderá ser antecipado algum problema que possa surgir entretanto ou

avaliar como está a evoluir o processo. São pormenores, mas que são bastantes importantes no

processo de compostagem. Os seres vivos funcionam um pouco como bio-indicadores do estado do

processo. Além dos indicadores atrás indicados também existe um outro que ao qual, muitas vezes,

não se dá importância, mas que permite ver muito bem a evolução do processo e esse item é a

observação da evolução da cor, ou melhor, as alterações de cor que se registam no evoluir da

experiência, evoluindo normalmente

da cor esverdeada para a cor

castanha. Tendo em conta todos os

aspectos salientados anteriormente

foi efectuado um esquema que

representa o que foi descrito até ao

momento (figura V.33).

Figura V.33 – Esquema representativo das diferentes etapas antes e durante o processo de compostagem. (Adaptado: CMMN, 2003)

V. 2.9. – Recolha de Amostras do Composto Obtido

As amostras recolhidas para laboratório tinham como objectivo ser representativas do universo em

observação. Com esse objectivo, de cada um dos três compostores, foram recolhidas amostras de

diferentes locais da pilha até se perfazer a quantidade considerada suficiente como representativa do

todo. Procedeu-se à sua homogeneização, obtendo-se assim uma amostra representativa do composto

obtido em cada um dos compostores (aproximadamente uma amostra de 10L em volume).

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 147

V. 2.10. – Análises e Determinações Efectuadas

Em toda a experiência foi efectuada uma monitorização através da realização das seguintes análises e

determinações:

Determinações Físicas e Físico-Químicas

Ø Temperatura – valor obtido no campo.

Ø Densidade e Peso Específico – controlada no início e fim do processo em cada um dos

compostores.

Ø Teor em Humidade – valor obtido no campo e valor do teor em humidade do composto

final obtido laboratorialmente.

Ø pH – valor obtido no campo.

V. 2.11. – Métodos Analíticos

Determinações Físicas e Físico-Químicas

Ø Temperatura

A temperatura foi determinada pela leitura directa do termómetro de solo colocado na massa de

compostagem e já descrito no quadro V.3.

Ø Cálculo da Densidade, Peso Específico, Massa e Volume

Para o cálculo do peso específico, massa ou volume recorre-se à equação

V*m V

mrr =Û= (Equação V.1)

em que:

P = Peso Específico (Kg/m3)

m = Massa (Kg)

V = Volume (m3)

Já para a densidade determinou-se a relação directa dos pesos específicos. Assim, pesou-se um

recipiente de volume conhecido com água e o mesmo recipiente com a amostra bruta. O cálculo da

sua densidade é obtido pela seguinte equação:

água

amostra

P

P=d (Equação V.2)

em que:

d = Densidade Específica

Pamostra = Peso Específico da Amostra (Kg/m3)

Págua = Peso Específico da Água (Kg/m3), adoptando-se o valor de 1000 Kg/m3

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 148

Ø Teor em Humidade e Cálculo do Teor em Humidade (%) do Composto Final

O teor em humidade foi também obtido através da leitura directa do valor dado pelo medidor de

humidade colocado na massa em compostagem.

Da amostra bruta referida no ponto V. 2.9. foi então retirada uma sub-amostra para proceder à análise

laboratorial. Para a preparação da amostra a analisar foi necessário peneirar a sub-amostra em bruto,

visto que esta apresentava alguns materiais de maiores dimensões de modo a obter um material com

características dimensionais homogéneas. Posteriormente, pesou-se rigorosamente, em balança analítica,

a quantidade necessária da amostra a levar à estufa, e registou-se esse valor. Após ter submetido a

amostra ao método gravimétrico (perda por secagem em estufa a 105ºC), durante um período de 24

horas[11], pesou-se novamente a amostra. O teor em humidade é dado pela fórmula,

100W

d)-(W(%) H ´= (Equação V.3)

em que:

H = teor de Humidade, em %

W = peso da amostra intacta, g (ou Kg)

d = peso da amostra após desidratação a 105ºC, g ou (Kg)

O valor obtido através da Equação V.3 dá o teor em humidade do composto final. Esta experiência

também serviu para determinar a eficácia do medidor de humidade, utilizado durante a experiência,

através do cálculo do seu erro instrumental, visto que o medidor de humidade aparentava dar valores

um pouco elevados.

Ø pH

Tal como a temperatura e humidade, o pH também foi obtido pela leitura directa do medidor de pH

colocado na massa de compostagem (quadro V.3).

V. 3. – Resultados e Sua Discussão

V. 3.1. – Cálculos Necessários Efectuar Antes de Dar Início à Experiência

O primeiro cálculo a ser efectuado foi a avaliação do volume de cada um dos compostores que foram

utilizados, tendo em conta as suas características físicas (quadro V.1). No quadro V.4 encontram-se os

resultados.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 149

Quadro V.4 – Volume de cada um dos três compostores.

Volume Total (cm3) Volume Total (m3)

Compostor Madeira (CM) 616565,5 0,6166

Compostor Plástico Verde (CPV) 377300 0,3773

Compostor Plástico Preto (CPP) 297675 0,2977

Efectuaram-se mais alguns cálculos auxiliares necessários (volume das selhas; percentagem média das

selhas preenchida por resíduos verdes; densidade/peso específico médio dos diferentes componentes

dos resíduos verdes; nº d e selhas adicionadas a cada compostor; volume de resíduos verdes

adicionados a cada compostor; razão volume tota l de resíduos verdes adicionados/volume do

compostor; número total de selhas adicionadas, de cada componente de resíduos verdes, a cada um

dos compostores; percentagem de cada tipo de resíduos adicionados a cada um dos compostores) para

que, mais à frente neste trabalho, se obtivesse qual o valor de percentagem de redução em volume e

redução em massa. Os cálculos referenciados encontram-se no Anexo J. Também neste ( J) se

encontra calculado qual a densidade/peso específico médio total dos resíduos verdes adicionados a

cada um dos compostores.

V. 3.2. – Evolução e Análise aos Parâmetros Monitorizados ao Longo da Experiência

A monitorização e controlo do processo foram realizados de acordo com o plano de monitorização

referido no quadro V.3 e no quadro V.2. De modo a permitir uma melhor compreensão da evolução

da temperatura, da humidade e do pH ao longo do período de compostagem, apresentam-se nos

gráficos seguintes, os perfis respectivos para cada uma das pilhas de resíduos colocados nos

compostores. Os valores apresentados nos gráficos correspondem aos valores médios medidos em

cada um dos compostores. Para além da monitorização dos parâmetros temperatura, humidade e pH

(Anexo L), também foi medido a evolução da altura (Anexo L), de forma a posteriormente se poder

fazer o cálculo da percentagem de redução do volume e da massa em compostagem. De seguida,

apresentam-se os gráficos e a sua descrição/análise para cada um dos componentes.

Evolução da Temperatura

A temperatura foi um dos principais parâmetros de controlo da experiência, sendo referido por vários

autores[114; 169] que a sua evolução diz mais sobre o processo de compostagem que qualquer outro

parâmetro.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 150

Antes de mais, é de salientar que o perfil de temperatura não foi regular, tendo tido subidas e descidas

de valores, essencialmente depois de revolvidas as pilhas de resíduos que se encontravam nos

compostores. Embora se tenha monitorizado a evolução da temperatura, não se registou os valores de

temperatura após as pilhas de resíduos verdes terem sido revolvidas. Mas de forma a se ter alguns

dados relativos a este ponto, foi medido o valor de temperatura, após terem sido revolvidos os

resíduos, na 1ª semana, logo após a última adição de resíduos verdes aos compostores (correspondente

à 2ª fase, referida no ponto V. 2.7.). Assim, o valor de temperatura chegou a atingir uma redução de

31ºC, após o revolvimento no CM e de 23 e 21ºC, no CPV e CPP, respectivamente. O valor mínimo

de redução de temperatura foi de 13ºC. Em média, a redução do valor de temperatura foi de 26.00,

19.33 e 17.67ºC, no CM, CPV e CPP, respectivamente (Anexo L).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 4 9

14

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Dias

Te

mp

era

tura

(ºC

)

Compostor Madeira Compostor Plástico Esverdeado Compostor Plástico Preto

Figuras V.34, V.35, V.36 e V.37 – Evolução dos valores de temperatura nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (34) e à direita, em cima, a evolução no CPP (35). Em baixo, à esquerda a evolução da temperatura no CPV (36). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores de

temperatura nos três compostores (37).

Passando agora propriamente à análise dos gráficos, temos na figura V.37, os três gráficos apresentados

num só, para se tornar mais fácil a comparação. Ambos os perfis de temperatura se assemelham à curva

típica da temperatura referida na bibliografia e apresentado na figura II.11 em II. 5.2.1.3.

O processo iniciou-se à temperatura ambiente nos três compostores e a temperatura aumentou desde

logo. Tendo em conta que se foi adicionando os resíduos de jardim à medida que estes estavam

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 151

disponíveis, e a quantidade de resíduos não ser suficiente para se atingir valores de temperatura

relativamente elevados logo nos primeiros dias, apenas entre os dias 7 e 9, após ter sido colocado um

volume considerável de resíduos, se registou um aumento no valor de temperatura, que chegou próximo

dos 50ºC, nos três compostores. Tal facto veio comprovar que o processo estava a decorrer conforme o

esperado, e que o ecossistema nos compostores se mostrava equilibrado visto ter atingido valores da

ordem dos 50ºC (temperatura termofílica) nos primeiros 2 a 5 dias após ter sido colocado uma

quantidade mínima necessária para o processo se dar normalmente, tal como Schliemann[189] refere.

Entre o dia 9 e o dia 60, os valores de temperatura não desceram abaixo desse valor, período em que se

registou intensa actividade microbiológica. Os valores de temperatura mantiveram-se ainda bastantes

dias acima dos 50ºC, isto é, com temperaturas termofílicas visto que até ao dia 42 se foi adicionando

resíduos verdes, alargando assim o período correspondente à fase termófila, comparativamente com o

caso em que após o seu início não se adiciona mais resíduos. É de salientar que o valor máximo de

temperatura se registou nos três compostores no dia 44, e a razão para tal, deve-se ao facto de no dia 42

de experiência, ter sido o dia em que foi adicionado bastantes resíduos, tendo os compostores atingindo

a altura maior com resíduos durante a experiência, atingindo assim valores entre os 65 e 70ºC. O valor

mais alto foi no CM com os seus 69.6ºC, de média. A partir do dia 60, os valores de temperatura

começaram a baixar dos 50º, passando assim para valores de temperatura mesofílicos, indiciando o

término da fase de degradação activa. Os valores de temperatura registaram um decréscimo

relativamente constante até atingirem, por volta do dia 91, a temperatura ambiente (entre os 18 e os 22ºC).

Como se depreender da análise dos gráficos, logo após dado o início do processo a temperatura

começou a subir. Após a constatação dos factos, foi determinado uma frequência de revolvimento, que

se encontra descrito na metodologia adoptada, no ponto V. 2.7. Os revolvimentos tinham como

principal objectivo evitar valores muito superiores aos 65-70ºC, visto que valores superiores a este

intervalo de valores, não permitir a acção de muitos dos microrganismos, baixando assim o processo de

degradação. Os revolvimentos permitem fornecer oxigénio, assim como misturar os resíduos e dissipar

o calor em excesso, evitando que a temperatura atingisse valores muito elevados. Um indicador de que a

temperatura registada na experiência era elevada foi o facto de que quando se procedia ao revolvimento

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 152

dos resíduos nos compostores se verificar a saída do interior da pilha de uma enorme “nuvem de fumo”

que indicava a libertação de vapor de água. (Nota: em menor escala

quando comparada com a da figura V.38).

Figura V.38 – Exemplo da libertação de vapor de água após revolvimento numa pilha de compostagem. (Fonte: Mota, 2004).

Após os primeiros 2 meses, verificou-se que a temperatura começou a baixar, levando a que se alterasse

o número de revolvimentos por semana para 2 e numa última fase, em que também se deu início à

maturação do composto, para um só revolvimento. A irrigação e revolvimento também levaram muitas

vezes a um aumento posterior da temperatura, isto durante a fase activa da compostagem. Após essa

fase, o revolvimento e irrigação não eram acompanhados de aumento de temperatura, verificando uma

tendência gradual para o abaixamento da temperatura do composto no compostor, pelo que se

considerou que entrou na fase de maturação do processo.

Os quatro gráficos anteriores mostram a evolução nos 121 dias de experiência. Já a figura V.39 apresenta

apenas os valores após a deposição das últimas selhas com resíduos verdes. Este período é de 79 dias, e

representa apenas a fase final da fase termófila, a fase mesófila (após a fase termófila) na sua totalidade,

assim como a fase de maturação do composto formado, sendo que é bastante semelhante ao da figura

II.10, com excepção apenas da falta da 1ª fase

mesófila (antes da fase termófila) e parte da fase

termófila.

Figura V.39 – Comparação da evolução dos valores de

temperatura nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias

de experiência.

Para a obtenção dos valores de temperatura foram efectuadas cinco medições em zonas diferentes

uniformemente distribuídas pelo compostor. Tendo em conta a figura II.9 em II. 5.2.1.3., adaptando-o

para um cubo (aproximadamente forma dos compostores), em vez do piramidal apresentado, pode-se

afirmar que normalmente as temperaturas serão superiores no seu interior, sendo que na sua parte

exterior essas já se encontrarão próximas da temperatura ambiente. Apesar de se ter efectuado cinco

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 153

medições em locais diferentes do compostor, as temperaturas médias totais (calculado somando todas as

medições efectuadas ao longo da experiência num só ponto fixo) em cada um dos sítios monitorizados

não diferem muito entre si. As temperaturas médias totais variam entre os 44.57ºC num dos pontos

fixos do CPP e os 48.65ºC no CM, mais precisamente no ponto central. No CM os valores encontram-

se entre os já referidos 48.65ºC e os 46.16C, enquanto no CPV situam-se entre os 44.59ºC e os 45.70ºC.

Já no CPP a variação é ainda menor visto os valores se temperatura se situarem entre os 44.57ºC e os

45.54ºC ( Anexo L). Esta pequena variação de valores é justificado pelo facto de quando se estar a

efectuar a medição dos valores de temperatura se ter introduzido o termómetro de solo no seio dos

resíduos, cerca de 25 a 30 cm de fundura, fazendo com que não sucedesse uma variação tão grande de

temperatura visto que quanto mais próximo do ponto central, maior será a temperatura e menor a sua

diferença. Esta última dedução explica também que provavelmente será por essa razão que os valores

médios medidos nos diferentes pontos fixos de amostragem diminuírem entre si à medida que passamos

do CM para o CPV e para o CPP, visto ser o CM o que apresenta maior volume e o CPP o menor. Por

outras palavras, quanto maior for o volume do compostor maior será também a diferença de

temperatura entre o centro do compostor e a zona fronteira desse mesmo. Tal afirmação verificasse com

certeza com o CM visto este ser aberto, isto é, ter praticamente toda a sua superfície em contacto com o

ar (dos quatro lados e parte superior). Já quanto aos compostores de plástico poderão ser levantadas

dúvidas visto que em ambos, os resíduos estarem praticamente fechados e praticamente sem contacto

directo com o ar. Assim sendo, poderá ser esta uma outra explicação para o facto de as temperaturas nos

diferentes pontos dos compostores de plástico serem menos evidentes, ou então, a probabilidade de ser

uma conjugação de ambas.

O relatado no último parágrafo é extremamente importante para um designer industrial quando pretender

desenhar um modelo de compostor visto que terá de ter em conta o seu volume, a sua superfície em

contacto com o ar, entre muitos mais aspectos já referidos ao longo do trabalho.

Evolução do Teor em Humidade

As figuras V.40, V.41, V.42 e V.43 mostram o evoluir dos valores de humidade nos três compostores. A

humidade foi medida com o medidor de humidade (embora também se tenha utilizado o método da

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 154

vara de madeira e o teste da mão como outro método de controlo) tendo sido registados os valores. Os

compostores foram irrigados periodicamente ou quando necessário, verificando-se ao longo da

experiência uma diminuição na necessidade de água. Na fase final, verificou-se mesmo não ser

necessário proceder à rega do composto, visto que só na parte final se ter tomado conta de valores de

humidade superiores ao esperado. Embora os valores medidos e registados ao longo da experiência

fossem mais altos em relação aos valores considerados como óptimos, a aparência não o indicava, o que

levou a colocar mais água do que o desejável, o que provocou posteriormente maus odores, mas apenas

no CPP. Os valores óptimos de humidade num processo de compostagem referidos em bibliografia são

entre os 40 e 60%. Os valores registados mostraram-se quase sempre superiores aos valores

considerados como óptimos e apenas na fase final o teor em humidade alcançou o intervalo óptimo.

Para dificultar, logo desde o início a experiência, foi o facto de inicialmente os valores de humidade se

encontrarem um pouco afastados dos adequados (entre 40 e 60%) para se dar início ao processo visto

apresentarem valores na ordem dos 90%, embora não aparentasse.

No decorrer do processo o CM apresentou quase sempre valores de humidade inferiores aos registados

nos compostores de plástico. A razão para tal deve-se ao facto de o CM estar mais exposto à radiação

solar, e a experiência ter sido realizada numa época do ano com temperaturas do ar relativamente

elevadas, levando a que o CM apresentasse um teor de humidade menor. É de referir que quando

ocorreu precipitação durante a experiência, tal também se reflectiu no valor de humidade no CM,

elevando-o, devido a não ter nada que o protegesse na parte superior da precipitação. No entanto, o

facto de estar sob uma árvore impediu a queda directa da chuva sobre os resíduos verdes. Os aumentos

registados não foram muito elevados porque, tal como não estava protegido da precipitação, também

não o estava da radiação solar, fazendo com que os valores de humidade baixassem mais rapidamente.

Um facto que veio a interferir na experiência no CPP foi que num dos dias de rega, essa ter sido em

excesso. Isso levou a que se registasse valores muito elevados de humidade, muito longe do intervalo

considerado como óptimo, o que criou problemas. E esses foram a criação de maus odores (cheiro a

amónia) e formação de lixiviados, atingindo momentos anaeróbios (não interferiu nos valores de

temperatura) que impediram o normal desenvolvimento do processo e da experiência. Uma das acções

que se tomou para voltar a ter valores de humidade dentro da gama de valores normais para o processo

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 155

foi o de adicionar resíduos verdes secos para absorver a humidade e assim, fazer diminuir esse valor, tal

como Liao et al. [135] efectuou para suplantar os mesmos problemas no seu experimento. Os resíduos

secos adicionados eram de tamanho e dimensão relativamente grandes, em relação ao adicionado

inicialmente, para também poder aumentar a oxigenação da massa em compostagem. Por essa razão, o

composto formado apresenta bastantes “vestígios” no seu seio, como se pode observar na figura V.44.

A humidade em excesso também levou a que as partículas do

composto formado fossem relativamente grandes, isto é, a sua

granulometria ser, em média, superior ao ideal.

Figura V.44 – Composto obtido no compostor de plástico preto. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

Os compostores de plástico não sofreram alterações bruscas de humidade provocadas pela precipitação,

devido ao facto de não estarem em contacto directo com o ar ambiente, visto apresentarem uma tampa

superior. O revolvimento também foi importante para permitir uma melhor distribuição da humidade.

Foi também aquando dos revolvimentos que se observou um abaixamento do teor em humidade e se

fez a sua correcção para valores próximos dos ideais. Um outro facto que é de salientar, e que se poderá

constatar mais à frente no trabalho (ponto V. 3.4), é que o medidor de humidade fornecia valores

relativamente mais elevados em relação ao valor real, em cerca de 10%.

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Figuras V.40, V.41, V.42 e V.43 – Evolução dos valores de humidade nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (40) e à direita, em cima, a evolução no CPP (41). Em baixo, à esquerda a evolução do teor em humidade no CPV (42). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da

evolução dos valores de humidade nos três compostores (43).

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 156

Além dos gráficos anteriores, também se apresenta a figura V.45 apenas com os valores dos 79 dias

finais, após a colocação dos últimos resíduos verdes.

Constata-se um decréscimo para valores próximos

dos ideais.

Figura V.45 – Comparação da evolução dos valores de humidade nos três compostores a partir do momento que se

deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.

Evolução do pH

Geralmente este elemento não constitui um factor limitante ao processo bioxidativo, uma vez que são

passíveis de serem decompostos substratos orgânicos cujo pH varie entre 3 e 11, estando, no entanto,

os valores óptimos no intervalo entre os 5.5 e os 8. Os valores registados de pH estão representados

de seguida.

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Compostor Madeira Compostor Plástico Esverdeado Compostor Plástico Preto

Figuras V.46, V.47, V.48 e V.49 – Evolução dos valores de pH nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (46) e à direita, em cima, a evolução no CPP (47). Em baixo, à esquerda a

evolução do pH no CPV (48). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores de pH três compostores (49).

O início do processo de compostagem começou com valores na ordem de pH 6, nos três

compostores. Como é referido em diversa bibliografia, e salientado em II. 5.2.1.4., após se dar o início

do processo verifica-se uma redução no valor de pH, para valores que não passam para baixo dos 4.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 157

Para tal, pressupõem-se a actividade de bactérias produtoras de ácidos, as quais decompõe os hidratos

de carbono de elevado peso molecular, originando ácidos orgânicos. Neste ponto os fungos, tolerantes

aos ácidos, desempenham um papel importante na decomposição, quebrando rapidamente os ácidos,

aumentando assim o pH para valores mais neutros ou mesmo até aos 8.5. Visto nos três compostores

se ter indo adicionando resíduos verdes nos primeiros 42 dias, e tendo em conta a análise dos gráficos,

presume-se que tal facto tenha levado a uma subida e descida dos valores de pH consoante se era ou

não adicionado resíduos verdes. Colocada a última selha levou a que o pH baixasse novamente e se

desse o resto do processo, aumentando o pH, até à ordem dos 8 valores, como também já tinha sido

salientado. Há medida que o pH aumenta, as bactérias passam a ter de novo um papel predominante

na decomposição. Caso o pH não aumentasse até à ordem de pH 8-8.5, poderia ser indicação de que o

processo poderia não ter seguido o rumo indicado.

Por fim, depois de 121 dias de experiência, o pH do composto obtido nos três compostores, é de 7.4

no CPP, 7.7 no CPV e os 8 no CM. Um facto que é de referir é que após, aproximadamente 2 meses,

quando se foi fazer a medição do valor de pH às amostras do composto recolhido para analisar

(recorrendo ao mesmo medidor de pH utilizado durante a experiência), as três amostras apresentavam

um valor mais baixo de pH em relação ao do 121º dia de experiência, sendo os valores

respectivamente para o CM, CPV e CPP de 7.2, 7.1 e 7.4. Tal facto sugere que quando se fez a recolha

das amostras nem todas estavam completamente maturadas, com particular destaque para o composto

obtido no CM e no CPV. Embora nos dois momentos referidos os valores diferissem, apresentavam-

se ambos dentro da gama de valores de pH considerados como óptimos.

Se o pH atingisse o valor 8.5-9 (valor a partir do qual se verificam perdas de azoto por volatilização, as

quais devem ser evitadas), o azoto converter-se-ia em amónia e deixaria de estar disponível para os

organismos, retardando, também, o processo de compostagem. Um facto estranho na experiência

efectuada com o CPP é que o seu pH foi sempre o mais baixo dos três compostores, mesmo no

período em que havia excesso de humidade, e em que o processo atingiu processos anaeróbios (sendo

uma das indicações para tal facto o cheiro intenso a amónia) e o pH deveria subir aos 8.5-9 valores.

Tal facto não se verificou sendo o valor de pH relativamente baixo face ao sucedido, o que contraria o

esperado. Não foi possível arranjar uma explicação plausível para tal acontecimento.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 158

Mais uma vez, na figura V.50, apresenta-se apenas os valores dos últimos 79 dias de experiência com

os valores de pH registados. Este também se

assemelha à figura II.2 e II.12, tidos como referência.

Figura V.50 – Comparação da evolução dos valores de pH nos três compostores a partir do momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de

experiência.

Tendo em conta o que se passou com o parâmetro pH vem reforçar o pensamento de Pereira Neto &

Mesquita[169] que não considera o pH um factor limitativo pois observou, tal como foi nesta

experiência constatado, que este parâmetro é auto-regulado ao longo do processo de compostagem.

Outros Parâmetros Observados

Para além dos parâmetros temperatura, pH e humidade, também foram monitorizados e observados

outros aspectos mais. O odor, a evolução da cor dos resíduos e/ou composto, a presença ou não de

roedores, mosquitos, moscas e vespas, formigas, centípedes ou minhocas também foram tidos em

conta durante o processo.

Fazendo a uma breve análise ao sucedido durante o trabalho experimental sobre estes parâmetros,

pode-se afirmar que o odor é um factor fácil de avaliar visto que o seu cheiro, nas diferentes fases do

processo, é bastante característico. Assim, na fase inicial do processo o cheiro é o característico de

resíduos verdes, destacando-se o cheiro a relva, visto também ter sido em maioria (aproximadamente

70%). Posteriormente, passado aproximadamente 40-50 dias após o início do processo, começou-se a

sentir um pouco a cheiro típico de terra (adubo natural), sendo que na parte final o cheiro a verde

desapareceu por completo. Devido ao problema de excesso de humidade registado no CPP, durante

parte do experimento, sentiu-se um forte cheiro a “ovos podres” e a amónia, característico de um

processo que não está a decorrer conforme o desejado. Depois de tomadas as decisões indicadas para

ultrapassar o problema, o cheiro desagradável acabou por desaparecer.

A evolução da cor dos resíduos colocados nos compostores foi bastante evidente passando de uma

cor esverdeada para uma cor acastanhada, típica de terra húmida, tal como se pode verificar na figura

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 159

V.62. Esta alteração de cor foi relativamente rápida, sendo que após apenas 3 a 4 semanas já era difícil

distinguir a origem dos resíduos, tal como sucedeu com Martins[143].

Quanto aos roedores, não se registou a sua presença, tendo-se observado a presença sim, de

mosquitos em relativa quantidade. A sua quantidade aumentava bastante quando se procedia ao

revolvimento dos resíduos nos compostores. O clima também influenciava a sua presença em maior

ou menor quantidade. Durante a maior parte da experiência as temperaturas foram elevadas,

reflectindo-se numa presença em maior número. Já no final do processo as temperaturas situavam-se

na ordem dos 20ºC, levando a que os mosquitos não abundassem. Com as moscas e vespas também se

pode dizer o mesmo, embora fossem em muito menor número (raras) que em relação aos mosquitos.

Outro factor que é muito importante de salientar, particularmente para quem faz compostagem

doméstica em suas moradias, é a ocorrência em muito menor número de mosquitos, moscas e vespas

em redor dos compostores de plástico em relação ao CM, o que é facilmente explicado pela evidencia

de o CM estar em contacto com o ambiente em redor e os compostores de plástico apresentarem

apenas pequenas aberturas com o exterior, o que dificulta o acesso e também a emissão de odores para

o exterior.

A presença de formigas também foi registada com grande abundância durante praticamente todo o

processo embora se registassem em maior número, essencialmente em períodos em que o teor em

humidade era menor. Também se pode afirmar que, em proporção, existiam mais formigas em redor

do CM do que dos compostores de plástico, justificado

também pelo facto de o CM ser aberto e os compostores de

plástico apresentarem poucas aberturas. Relativamente à

presença de centípedes, minhocas e outros mais, foram bem

visíveis ao longo do processo (figura V.51, V .52),

podendo-se afirmar que estes existiriam em proporções

semelhantes nos três compostores.

Figura V.51 e V.52 – Imagens de organismos encontrados na fase final da experiência. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 160

Um outro aspecto que foi monitorizado foi a altura de resíduos verdes que cada um dos três

compostores apresentava, de forma a posteriormente poder ser calculado, tendo em conta o volume e

massa, o grau de decomposição dos resíduos verdes, isto é, o cálculo da percentagem de redução do

volume e da massa em compostagem.

Evolução da Altura de Resíduos nos Compostores

Embora não seja propriamente um parâmetro, poderá funcionar como indicador da evolução do

processo de compostagem. Tendo em conta que o processo foi realizado em compostores de forma

cúbica, foi fácil avaliar a sua evolução. De seguida, as figuras V.53 à V.56 mostram a evolução da altura.

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Compostor Madeira Compostor Plástico Esverdeado Compostor Plástico Preto

Figuras V.53, V.54, V.55 e V.56 – Evolução dos valores de altura dos resíduos nos três compostores ao longo dos 121 dias de experiência. Em cima, à esquerda, a evolução no CM (53) e à direita, em cima, a evolução no CPP (54). Em baixo, à

esquerda a evolução d altura de resíduos no CPV (55). Por último, também em baixo, à direita, a comparação da evolução dos valores da altura dos resíduos nos três compostores (56).

Algo que pode ser facilmente observável nos gráficos anteriores é o facto de que com o decorrer do

processo de compostagem a altura, e consequentemente o volume, ter diminuído bastante. Mais uma

vez, fez-se a representação da evolução da altura dos

resíduos verdes nos três compostores, com os

valores após a última adição de resíduos (figura V.57).

Figura V.57 – Comparação da evolução dos valores de altura nos três compostores a partir do momento que se deixou de

adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.

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Compostor Madeira Compostor Plástico Esverdeado Compostor Plástico Preto

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 161

É de salientar que no CPP foi necessário a determinada altura da experiência, depois da colocação das

últimas selhas contendo resíduos verdes, adicionar mais alguns resíduos verdes, mais precisamente

resíduos verdes secos, de forma a reduzir o excesso de humidade aí verificado.

Para além da evolução da altura de resíduos também foram elaborados gráficos, representados em

V.60, V.61 e V.62, que mostram a evolução de cada um dos compostores preenchido com resíduos

verdes, em percentagem.

Figuras V.58, V.59 e V.60 – Evolução dos valores percentuais

de compostor preenchido com resíduos verdes nos três compostores ao longo dos 121 dias. Em cima, à esquerda, a

evolução no CM (58) e à direita, a evolução no CPP (59). Em baixo, à esquerda a evolução de altura de resíduos no CPV

(60).

Também foi feito a figura V.61 que mostra o acumular da percentagem de redução da altura nos três

compostores, podendo fazer-se uma comparação entre eles. Nessa mesma figura levou-se apenas em

linha de conta os 79 dias de experiência em que não se adicionaram resíduos de jardim. Isto significa

que nos cálculos efectuados para a obtenção destes gráficos não se teve em atenção a redução

observada nos primeiros 42 dias (para obter um valor da percentagem total, ainda terá que se

acrescentar mais uns valores percentuais aos referidos na figura V.61). Esta figura tem como principal

objectivo verificar em que parte da experiência é que se regista uma maior redução de altura de

resíduos, indicador de uma maior actividade

metabólica, consequência de uma maior

decomposição por parte dos microrganismos.

Figura V.61 – Acumular da redução de altura, em percentagem, nos três compostores a partir do

momento que se deixou de adicionar resíduos verdes, isto é, ao longo de 79 dias de experiência.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

162

Para uma maior elucidação visual do referido na figura V.61, apresenta-se no esquema de imagens da

figura V.62 um exemplo em que se observa os resíduos acabados de colocar no CPV e esses mesmos

“resíduos” cerca de 2-3 semanas depois (entre a 2ª e 6ª imagem, das nove apresentadas). É bem visível

que, no período de tempo referido, se registou uma elevada diminuição na altura de resíduos no

compostor, ou por outras palavras, um elevado grau de decomposição orgânica.

Figura V.62 – Esquema de imagens que mostra a evolução do processo, assim como o produto final. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

De seguida, será apresentado os cálculos necessários para obtenção do valor final para o grau de

decomposição dos resíduos de jardim.

V. 3.3. – Cálculo da Percentagem da Redução de Volume e Redução da Massa

Para calcular nos 121 dias de experiência, o valor total da redução do volume, em percentagem (teve-

se apenas em conta uma variável, a altura no compostor de resíduos verdes, visto que era a única

variável que sofria alterações), foi-se registando a altura de resíduos verdes que preenchiam o

compostor. Esses mesmos valores foram tratados e com a utilização de outros dados, calculou-se o

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

163

valor pretendido. Assim, no quadro V.5 apresenta-se quais os dados necessários para proceder ao

cálculo, assim como o seu resultado. Foram efectuados os mesmos cálculos para avaliar qual o valor

total da redução em massa, em percentagem (ver quadro V.6).

Para obtenção do valor final da redução do volume foi necessário recorrer também a alguns dos

cálculos já efectuados. O valor do volume de resíduos verdes adicionados a cada um dos compostores

encontra-se no anexo J ( quadro J.V, na última linha, nas três colunas mais à direita). A razão entre

esse valor e o volume do compostor está no anexo J ( quadro J.VI) (equivalente ao número de

compostores que seriam preenchidos caso se adicionasse todos os resíduos de uma só vez). O volume

final de composto é calculado através da multiplicação da altura final de composto em cada um dos

compostores pelo seu comprimento e largura (quadro V.1). O valor final da redução de volume, em

percentagem, é a razão entre o volume final de composto e o volume de resíduos adicionados. Ao

valor 1 subtrai-se o resultado da razão, multiplicando por 100, obtendo-se assim o valor pretendido.

No quadro resumo V.5 encontram-se os valores obtidos.

Quadro V.5 – Cálculo da percentagem da redução de volume.

CM CPV CPP

Volume Resíduos Verdes Adicionados (m3) = (X)

1,457 1,141 1,159

Razão entre (X) e o Volume do Compostor (m3)

2,364 3,023 3,894

Volume Final Composto (m3) = (Y)

0,214 0,152 0,123

Razão entre (Y) (m3) e o (X) (m3) = (Z)

0,147 0,133 0,106

Percentagem Redução de Volume (1- (Z)) * 100

85,35 86,68 89,37

Os valores obtidos são bastante elevados, estando na ordem dos 85-90%. Estes valores comparados

com os obtidos por Mbuligwe et al. [146] são óptimos, visto terem atingido apenas os 63%. Os valores

obtidos também são superiores aos referidos por Ferreira[208] que afirma que na Estação de

Compostagem do Barlavento da ALGAR S.A. a redução se fica pelos 50 a 60%. Também

Tchobanoglous et al. [199] referem valores na ordem dos 50%, inferiores aos obtidos experimentalmente.

Já Matos & Pereira[145] referem que esta redução se fica apenas pelos 20 a 40%. Uma possível

justificação para estas diferenças é o tipo de resíduos verdes utilizados, sendo que nesta experiência os

resíduos serem essencialmente de relva e aparas de relva, e estes serem mais facilmente biodegradáveis

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

164

e reduzirem substancialmente de volume. Este facto é também confirmado, visto que Illmer &

Schinner[119] no seu estudo também com compostores, terem verificado uma redução de volume ainda

maior que o registado na experiência efectuada, atingindo valores de redução de 96%. Além desse

facto, também provaram que o revolvimento dos resíduos no compostor é também factor decisivo

para um mais rápido e eficaz processo. Nesta experiência, na redução de volume, o valor mais alto foi

obtido no CPP, 89.37%, seguido do CPV, com um valor na ordem dos 87% e finalmente o CM com

85.35%. Embora o valor mais alto pertença ao CPP, importa destacar que também foi neste

compostor que surgiram alguns problemas, como é o exemplo do excesso de humidade podendo, caso

não tivessem surgido, os resultados serem ligeiramente diferentes. Embora os valores difiram entre si,

a diferença entre eles é insignificante, revelando que se deve dar mais importância ao processo em si

que propriamente aos compostores, embora estes últimos tragam muitas outras vantagens a quem

quer efectuar compostagem nos seus jardins/quintais.

Já no quadro V.6 estão os cálculos para obter a percentagem da redução em massa. Para tal são

necessários os valores calculados no anexo J ( apresentados no quadro J.XII), relativos ao peso

específico médio total dos resíduos verdes usados na experiência. Tal como para o cálculo da

percentagem da redução de volume, também foi necessário recorrer ao volume de resíduos verdes

adicionados. Foi necessário recorrer à equação V.1 (ver V. 2.11.) para o cálculo da massa de resíduos

verdes adicionados. Utilizou-se o volume final de composto, já atrás calculado (quadro V.5) e o peso

específico do composto antes de ir à estufa (que será depois demonstrado como se calcula (quadro

V.6)), para calcular a massa final de composto, utilizando novamente a equação V.1. A razão entre a

massa final e a massa de resíduos adicionados, permite depois calcular a percentagem da redução da

massa, procedendo da mesma forma que se efectuou para calcular a percentagem da redução de volume.

Quadro V.6 – Cálculo da percentagem da redução da massa.

CM CPV CPP

Peso Específico Médio Total (Kg/m3) = (X) 249,91 250,50 251,53 Densidade Típica Média Total 0,250 0,251 0,252

Volume Resíduos Verdes Adicionados (m3) = (Y) 1,457 1,141 1,159 (Massa de Resíduos Verdes Adicionados (Kg) = Peso

Específico (X) * Volume (Y)) = (A) 364,22 285,75 291,56

Peso Específico do Composto Antes de ir à Estufa, a 105ºC 626,43 517,15 542,94 Volume Final Composto (m3) = (Z) 0,214 0,152 0,123

Massa Final de Composto (Kg) = (B) 133,78 78,55 66,80 Razão entre (B) (Kg) e (A) (Kg) = (C) 0,3673 0,2749 0,2291

Percentagem Redução da Massa = (1- (C)) * 100 62,27 72,51 77,09

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

165

Os valores obtidos para a redução da massa são também bastante elevados, tal como aconteceu com a

redução de volume, embora com valores inferiores. Estes valores situam-se entre os 62.27% para o

composto formado no CM e os 77.09% obtido no CPP. O CPV apresenta um valor intermédio mais

próximo do obtido no CPP, com 72.51%. Também no estudo levado a cabo pela CMMN[39] e nos

cálculos efectuados por Gonçalves[104] se registaram redução da massa na ordem dos 2/3. Os valores

apresentados no relatório da Agência Ambiental Europeia[90] referem valores relativamente mais baixos

na ordem dos 50 a 60%. Tal como mencionado na redução de volume, o valor mais alto obtido com o

CPP poderá não ser o mais correcto, devido às razões já indicadas.

Algo que é extremamente importante de referir é que nos cálculos efectuados para obtenção da

percentagem de redução de volume e de massa, não se ter entrado em linha de conta que os

compostores não tinham o mesmo volume. Isto faz com que apesar da percentagem de redução de

volume e de massa sejam relativamente semelhantes nos três compostores, com uma ligeira vantagem

dos compostores de plástico em relação ao CM, este apresenta uma capacidade para um maior volume

de resíduos e, consequentemente massa, que os compostores de plástico. Por outras palavras, a

quantidade de resíduos que foi tratada no CM é bastante superior. Este facto está devidamente

comprovado no quadro V.7 quando se mostra qual a relação Volume CM: Volume Compostores de

Plástico. Analisando os valores pode-se afirmar que a relação anda em redor dos 2 valores, isto é, o

CM tem a capacidade para, aproximadamente, o dobro do volume em relação aos compostores de

plástico.

Quadro V.7 – Razão do volume entre os três compostores.

Este facto pode ser muito importante para o programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, visto que

será importante saber antes de ceder os compostores aos munícipes, se as moradias destes apresentam

ou não quantidades relativamente elevadas de resíduos de jardim, e outros mais tipos de resíduos, de

forma a sugerir a aquisição de um compostor em relação a outro.

Valor

Relação CM : CPV 1,63 Relação CM : CPP 2,07 Relação CPV: CM 0,61 Relação CPV : CPP 1,27 Relação CPP : CM 0,48 Relação CPP : CPV 0,79

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

166

V. 3.4. – Cálculo do Teor em Humidade e do Peso Específico do Composto Antes e Depois de

ir à Estufa, a 105ºC

Após os cerca de 4 meses de experiência de forma a avaliar alguns parâmetros indicadores da

qualidade do composto, foi feita uma experiência (cálculo da humidade) e efectuados alguns cálculos

de forma a obter valores finais.

Foi retirada uma amostra de cada um dos compostores. Essas amostras enchiam praticamente cada

um dos três baldes (com capacidade para aproximadamente 10 L cada). Depois de recolhida a amostra

de cada um dos compostores, e sabido qual o peso dos baldes, obteve-se o peso do composto lá

colocado. Visto não se ter preenchido totalmente cada um dos baldes foi necessário proceder a

medições, com o objectivo de obter o valor pretendido que era o volume de composto. Tendo o peso

e volume, utilizou-se a equação V.1 para obter o peso específico do composto antes de ir à estufa. Foi

este o valor que já foi utilizado no quadro V.6 para o cálculo da percentagem de redução da massa.

Também está referido qual o valor de humidade dos compostos formados em cada um dos

compostores.

Foram efectuados os mesmos cálculos, mas neste caso, depois de os compostos formados terem ido à

estufa, a 105ªC. O valor de humidade também foi registado, tendo obviamente que o seu valor ser

igual a zero. Nos quadros V.8 e V.9 estão registados os valores registados e calculados.

Quadro V.8 – Valores registados e valores obtidos antes das amostras dos três compostores serem levados à estufa, a

105ºC, tendo como objectivo o cálculo do peso específico.

CM CPV CPP

Peso Balde (Kg) 0,427 0,427 0,427 Peso Composto (Kg) + Peso Balde (Kg) 5,980 4,590 5,370

Peso Composto, W (Kg) 5,553 4,163 4,943 Volume Composto (L) 8,865 8,050 9,104

Volume Composto (m3) 0,008865 0,008050 0,009104 Peso Específico do Composto (amostra intacta)

antes de ir à Estufa (Kg/m3) 626,429 517,146 542,942

Humidade obtida com Medidor de Humidade (Escala 1 a 10) 6,6 3,9 5,2

Humidade obtida com Medidor de Humidade (%) 66,0 39,0 52,0 Temperatura (ºC) Tamb Tamb Tamb

pH* 8 e 7.2 7.7 e 7.1 7.4 e 7.4

(Nota: Os valores mais à esquerda são respeitantes ao valor de pH no 121º dia de experiência enquanto que o valor mais à direita é relativo ao mesmo composto (a amostra recolhida) mas cerca de um mês depois de terminada a experiência.)

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Quadro V.9 – Valores registados e valores obtidos depois das amostras dos três compostores serem levados à estufa, a 105ºC, tendo como objectivo o cálculo do peso específico.

CM CPV CPP

Peso Balde (Kg) 0,427 0,427 0,427 Peso Composto (Kg) + Peso Balde (Kg) 2,713 3,520 3,232

Peso Composto, W (Kg) 2,286 3,093 2,805 Volume Composto (L) 5,223 6,612 6,277 Volume Composto (m3) 0,00522 0,00661 0,00628

Peso Específico do Composto (amostra intacta) depois de ir à Estufa (Kg/m3) 437,68 467,75 446,86

Humidade obtida com Medidor de Humidade (Escala 1 a 10) 0,0 0,0 0,0

Humidade obtida com Medidor de Humidade (%) 0,0 0,0 0,0 Temperatura (ºC) Tamb Tamb Tamb

pH 7.2 7.1 7.4

Após ter obtido estes valores fez-se o cálculo do valor de humidade recorrendo à fórmula referida na

metodologia (equação V.3). Pegando nos valores que estão registados no quadro anterior, calculou-se

a humidade nos três compostores (quadro V.10).

Quadro V.10 – Humidade do composto obtido em cada um dos compostores.

CM CPV CPP

Humidade do Composto (%) 58,83 25,70 43,25

É de referir que o elevado valor de humidade no CM se deve ao facto de na madrugada do dia de

recolha ter chovido, e como o CM é o único que não tem protecção na parte superior fez com que a

água da chuva se infiltrasse no composto elevando a sua humidade.

Um facto que já foi salientado aquando da análise dos resultados relativos à humidade foi que os

valores obtidos com o medidor de humidade terem sido, em média, um pouco superiores (9,74%), em

relação aos obtidos em laboratório (quadro V.11). Poderá estar aí a explicação dos valores de

humidade bastante altos dados pelo medidor de humidade.

Quadro V.11 – Comparação dos valores de humidade final do composto obtidos com o medidor de humidade e obtidos

experimentalmente.

CM CPV CPP

Valor Humidade obtida com Medidor de Humidade (%)

66,0 39,0 52,0

Valor Humidade Composto obtida Experimentalmente (%)

58,83 25,70 43,25

Já em relação ao peso específico do composto verificou-se um aumento substancial. O peso específico

inicial dos resíduos em ambos os compostores encontrava-se na ordem dos 250Kg/m3 (anexo J,

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

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168

quadro J.XII). No final do processo, o peso específico do composto apresentava valores entre duas e

duas vezes e meia superiores ao peso específico inicial com valores de 517.15 (CPV), 542.94 (CPP) e

os 626.43 Kg/m3 (CM), isto antes do composto ser levado à estufa, a 105ºC. Esta diferença entre o

peso específico do composto final nos diferentes compostores deve-se essencialmente à diferença do

teor em humidade em cada um dos compostos, como se pode verificar no quadro V.11. E este facto

foi comprovado, após os compostos terem ido à estufa, visto que os seus pesos específicos

apresentavam valores na ordem dos 450 Kg/m3, mais precisamente 437.68, 467.75 e 446.86 Kg/m3

para o CM, CPV e CPP, respectivamente. Tendo em conta estes valores e os do peso específico dos

resíduos verdes colocados nos compostores obtém-se uma razão de 1.75, 1.87 e 1.78, respectivamente,

para o CM, CPV e CPP. Assim, constata-se que o peso específico do composto final é praticamente o

dobro que em relação aos resíduos verdes que originaram esse mesmo composto (quadro V.12).

Pereira Neto & Stentiford[170] também verificaram sensivelmente o mesmo, embora com valores

relativamente mais baixos, com um peso específico no início do processo na ordem dos 350 Kg/m3 e

passando no final do processo para aproximadamente os 600 Kg/m3.

Quadro V.12 – Razão entre peso específico do composto (amostra intacta) antes e depois de ir à estufa, a 105ºC e o peso

específico médio total dos resíduos verdes adicionados.

CM CPV CPP

Razão entre Peso Específico do Composto (amostra intacta) antes de ir à Estufa, a 105ºC e o Peso Específico

Médio Total Resíduos Verdes Adicionados 2,51 2,06 2,16

Razão entre Peso Específico do Composto (amostra intacta) depois de ir à Estufa, a 105ºC e o Peso

Específico Médio Total Resíduos Verdes Adicionados 1,75 1,87 1,78

V. 4. – Qualidade do Composto Final

Os compostos formados têm um peso específico dentro do intervalo esperado, referenciado no

quadro II.2, isto é, entre 420 e 710Kg/m3, tanto antes como depois de ir à estufa, embora os valores se

encontrem próximos do valor mínimo do intervalo considerado como óptimo. O composto obtido

nos três compostores apresenta as características típicas de um composto maturado, isto é, cor

castanha escura, odor a terra e aspecto relativamente homogéneo, sendo também fácil de manipular e

armazenar, caso fosse necessário. Segundo a proposta de regulamentação apresentada por Gonçalves

& Silva[106] para a qualidade do composto para utilização na agricultura no que respeita à granulometria,

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

169

99% do material deverá passar por um crivo (de malha quadrada) de 20 mm, embora se possa utilizar

composto com uma granulometria superior (até 25 mm) se este se destinar a “mulching” ou ao controlo

de fenómenos de erosão. Na experiência, o composto formado que apresenta uma granulometria mais

fina é o obtido no CPV. O composto formado no CM também é bastante fino. Já o composto

formado no CPP apresenta partículas com dimensões relativamente grandes. Embora não tenha sido

efectuada a medição do tamanho das partículas do composto formado pode-se confirmar, através da

observação visual, que apenas o composto obtido no CPP apresentava muitas partículas com

granulometria superior ao proposto. Este problema deveu-se ao facto de durante a experiência, o

compostor apresentar um valor de humidade bastante elevado devido a excesso de água, o que levou

os resíduos de jardim a compactarem, “colando-se” uns aos outros. Foi feito o que se deveria fazer

nestas situações, que foi adicionar resíduos verdes secos (essencialmente resíduos secos de maior

tamanho) para absorver essa mesma humidade, tentando atingir um equilíbrio para o valor de

humidade. Tal foi conseguido, embora só mais para a parte final da experiência, provocando assim,

uma granulometria maior no composto formado e a presença ainda de resíduos verdes secos no seu

seio. Para comprovar o que foi sendo salientado apresenta-se nas figuras V.63, V.64 e V.65 uma

amostra de cada um dos compostos obtidos nos compostores, antes de ser crivado.

Figuras V.63, V.64 e V.65 – À esquerda (63), composto obtido no CM. Ao centro (64), o composto obtido no CPP e à direita (65), o composto do CPV. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

Como se pode depreender o teor em humidade é também extremamente importante para a qualidade

do composto. Gonçalves & Silva[106] afirmam na sua proposta que o valor do teor de humidade não

deve exceder os 40%. No final da experiência, como se pode verificar através da observação dos

valores do quadro V.11, constatou-se que o teor em humidade foi relativamente elevado em relação ao

valor considerado como aceitável. Apenas o composto obtido no CPV se encontra abaixo do valor

máximo admitido. Os outros dois estão acima do valor, embora para ambos haja uma justificação

plausível para tal facto. No CM devido a ter ocorrido precipitação na noite anterior e não estar

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

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170

protegido na parte superior, e no caso do CPP visto durante a experiência ter ocorrido um descuido na

rega.

No caso do parâmetro pH, o composto apresenta um valor que se encontra dentro do intervalo

considerado como óptimo que é entre o valor 5.5 e 8.5 [106], tanto no último dia de experiência, como

depois de completamente maturado. Embora não se tenha efectuado a sua determinação, Gonçalves

& Silva[106] referem que a condutividade eléctrica não deveria ultrapassar 2mS/cm (a 25ºC).

Também se verificou que o composto obtido no CPV, apresentava bastantes restos de folhas que

ainda não estavam biodegradadas, o que comprova o que é referido sobre as características de resíduos

verdes (ponto II. 4.1.1.) que diz que as folhas apresentam uma taxa de decomposição bastante baixa.

Para avaliar a qualidade do composto em termos microbiológicos deveriam ter sido feitas análises aos

três compostos obtidos, de forma a saber se este se encontra ou não higienizado. Mas, tendo em conta

que o processo decorreu satisfatoriamente, com humidade adequada (excepto no CPP), um pH

adequado e temperaturas que cumpriram com os requisitos referidos no ponto III. 1.2.2.

(temperaturas superiores a 55ºC durante duas semanas e superiores a 65ºC durante uma semana), que

segundo diversa bibliografia garante a higienização do composto obtido, assume-se que estes

compostos estejam higienizados. No CM, a temperatura esteve cerca de 10 dias acima dos 65ºC

enquanto nos dois compostores de plástico cerca de uma semana. Nos três compostores a

temperatura esteve, contando com o período atrás mencionado, cerca de 30-40 dias acima dos 55ºC, o

que também vai de encontro ao pretendido. Quanto aos elementos nutricionais estará no Capítulo V

– Parte III uma análise mais pormenorizada. Apesar disso, pode-se desde já afirmar que tendo em

conta a proveniência dos resíduos verdes utilizados e o processo em si, dificilmente haverá problemas

com elevadas concentrações de metais pesados.

V. 5. – Índice de Qualidade para os Compostores

Apesar de feito esta experiência prática para verificar qual dos compostores apresentava um maior

grau de valorização orgânica (ou decomposição), não é apenas este factor que tem importância para os

munícipes. É evidente que é importante que os compostores sejam eficientes, e mostrem resultados,

para que as pessoas se entusiasmem com o facto. Este interesse e sucesso poderá levar a se ter uma

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maior preocupação na protecção do meio ambiente. Além do factor grau de valorização orgânica,

junta-se também o custo do compostor, a questão estética, o espaço ocupado, a possibilidade de maior

atracção de insectos, roedores, o facto de o compostor ser prático/funcional, o tempo necessário para

obter o composto, o volume de composto obtido de uma só vez, durabilidade do compostor, entre

outros mais. Todos estes pontos têm a sua cota de importância para as pessoas. De modo a poder

conjugar todos estes factores foi elaborado um índice de qualidade para os compostores, de forma a

obter apenas um valor que dê a sua avaliação global. Como é óbvio, cada um dos parâmetros

considerados tem uma importância diferente. Para a atribuição de um valor para o coeficiente de

importância a cada um dos parâmetros foi tida em conta a experiência efectuada com os três

compostores e o inquérito realizado sobre o programa, onde os munícipes também deixaram a sua

opinião sobre os compostores, referindo quais as suas vantagens e desvantagens. É de notar que

nalguns parâmetros a subjectividade poderá ser um problema.

Para o elaborar do índice levou-se em linha de conta o factor de importância de cada parâmetro.

Assim, o factor de importância de cada parâmetro multiplica-se pelo valor atribuído ao compostor

(numa escala de 0 a 10) sobre esse parâmetro. A soma final dos 9 parâmetros a dividir pelo valor

máximo dá um resultado. Multiplicando esse resultado por 10 dá o resultado final, sendo que esse

resultado está numa escala de 0 a 10. O resumo do índice encontra-se no quadro V.13.

Quadro V.13 – Índice de qualidade dos compostores tendo em conta 9 parâmetros e o factor de importância atribuído a

cada um deles.

Factor de

Importância CM

Factor * Valor

CPV Factor *

Valor CPP

Factor * Valor

Custo 4 8 32 5 20 4 16

Grau de Valorização Orgânica = Eficiência 3 9 27 9 27 9 27

Estética 2 5 10 7 14 8 16

Espaço Ocupado 3 5 15 8 24 9 27

Atracção de Insectos, Roedores, Maus Cheiros, etc…

3 4 12 8 24 8 24

Prático/Funcional 3 4 12 7 21 9 27

Tempo para Obter Composto 1 8 8 8 8 8 8

Volume Resíduos Compostados 1 8 8 5 5 4 4 Durabilidade do Compostor 3 5 15 8 24 8 24

Total 23 56 139 65 167 67 163

Total dos Totais 230 6,04 7,26 7,52

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Através da análise poderemos concluir que dos três compostores aquele que apresenta mais vantagens

é o CPP. O seu valor global é de 7.52, valor esse bastante aceitável. O CPV está bastante próximo com

7.26. Já o CM conta apenas com um valor satisfatório (6.04). As grandes diferenças entre o CM e os

compostores de plástico são a questão estética, espaço ocupado, durabilidade e a sua funcionalidade

(figura V.66). Em ambos os compostores de plástico é possível retirar o composto por baixo, o que já

não sucede no CM. Em termos do processo de

compostagem em si, o CM equivale-se aos outros dois. O

CM tem como principal vantagem o seu custo.

Figura V.66 – Funcionalidade do compostor de plástico preto devido a

uma abertura na parte inferior. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

Como exemplo da menor durabilidade do CM temos um

exemplo na figura V.67, do começo do seu apodrecimento em

apenas quatro meses de actividade.

Figura V.67 – Fotografia do compostor de madeira atacado por uma colónia de fungos (possível apodrecimento). (Fotografia por: Carlos Ferreira)

V. 6. – Outros Factores a Considerar

É também de salientar outros pormenores que poderão ser bastante importantes para quem efectua

compostagem em suas casas. O primeiro é o facto de quer se queira ou não o processo de

compostagem apresentar sempre lixiviados, até mesmo ao nível

doméstico, como é exemplo o que se apresenta na figura V.68.

Figura V.68 – Lixiviados no processo de compostagem no CPV. (Fotografia

por: Carlos Ferreira)

Um aspecto também bastante importante de referir, em concreto para o CM, é o facto de na transição

do Verão para o Outono/Inverno, ocorrer a queda de folhagem e afins. Esse facto leva a que evite a

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queda directa da chuva sobre os resíduos impedindo, em parte, a penetração da água no seio dos

resíduos (figura V.69). No caso em que pilha de resíduos esteja com demasiada humidade deverá ser

adicionado resíduos secos, os chamados materiais “castanhos” (figura V.70). Além destes, também

podem ser adicionados resíduos de maior tamanho. Ambas as sugestões dadas são essencialmente para

melhorar a oxigenação no seio dos resíduos e absorver a humidade em excesso.

Figura V.69 e V.70 – Resíduos “castanhos” adicionados na figura à

direita, e folhagem caída no CM que evita a precipitação directa sobre os resíduos, à esquerda. (Fotografias por:

Carlos Ferreira)

V. 7. – Considerações Finais

A principal conclusão é que a compostagem é um excelente processo de tratamento de resíduos, um

problema que aflige todo o Mundo. Aliado ao facto de ser um bom modo de tratamento de resíduos,

este método distingue-se pela sua simplicidade e baixo custo. Basta ter um compostor e um pequeno

espaço, e poder-se-á evitar o depósito de uma percentagem apreciável de resíduos nos aterros

sanitários e também a obtenção de um fertilizante natural. O Ambiente Agradece!!!

A experiência permitiu avaliar o processo, revelando-se um processo de extrema eficiência e relativa

simplicidade sob o ponto de vista operacional. A experiência efectuada reforçou uma vez mais a

necessidade da compostagem ser um processo controlado, com especial atenção para o arejamento,

temperatura e teor de humidade. O mau controlo do arejamento e teor de humidade observados no

CPP, levou à necessidade de adicionar resíduos “secos”, o que interferiu no aspecto do produto final,

e também na sua qualidade, podendo também, segundo a bibliografia, atrasar o decorrer do processo.

Neste caso tal não sucedeu, quando comparado com a experiência nos outros dois compostores. O

revolvimento revelou-se fundamental tanto no controlo da humidade, como no da temperatura. A

dimensão dos resíduos verdes também é importante para diminuir o tempo do processo, aumentando

a eficiência do processo.

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174

Uma questão que poderá ser melhorada é o compostor em si. Os modelos de compostores utilizados

não são de origem portuguesa (excepto CM), e são fabricados pensando em outro tipo de clima, mais

frio. Por esse facto os compostores de plástico não têm aberturas muito grandes, de forma a poder

conservar mais o calor. Mas tendo em conta que o clima em Portugal é relativamente ameno, este

molde de compostor não será o mais indicado. Deveria ter um maior número de aberturas, embora

tentando evitar sempre as chuvas. Existe no mercado uma empresa que desenvolveu um projecto de

forma a encontrar o molde de compostor mais adequado ao nosso clima.

O clima na área envolvente também tem uma variação sazonal. A experiência foi efectuada durante o

período de maior temperatura (no Verão a temperatura média máxima é na ordem dos 26ºC), com um

clima quente e seco, não apanhando praticamente a outra época sazonal. Caso a experiência tivesse

ocorrido maioritariamente no Inverno, que normalmente é frio e chuvoso, com temperatura média

mínima de 7ºC, o processo com certeza ocorreria muito mais lentamente, em todos os compostores.

Os principais problemas poderiam surgir no CM devido ao facto de não apresentar qualquer

protecção superior, não impedindo a chuva (precipitação anual de 737 mm, 81% da qual ocorre entre

Outubro e Março)[60] de preencher os vazios entre os resíduos, podendo levar a maus cheiros e ao

retardar do processo.

Foi também elaborado um índice de qualidade para os compostores que carece de uma análise mais

em pormenor de todos os parâmetros. O compostor que apresentou mais vantagens foi o CPP, com o

CPV por perto e o CM um pouco mais afastado. Além disso, também foi o CPP que apresentou um

maior grau de valorização orgânica quer em termos de volume quer em termos de massa.

O Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias” é uma actividade que nos dias de hoje merece

especial atenção trazendo benefícios para todos, especialmente para o município e munícipes. E no

processo de compostagem…é só deixar a “Mãe Natureza” trabalhar, embora o nosso contributo

também seja fundamental.

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175

PARTE III – Experiência Efectuada para Avaliar a Qualidade do Composto Obtido

V. 1. – Introdução

Um dos fins do processo de compostagem é a obtenção de um fertilizante natural ou um suporte para

culturas, para posterior utilização. Mas nem sempre a qualidade do composto é a adequada. Assim,

nesta parte do trabalho, pretende-se avaliar se a qualidade do composto final é satisfatória. Para além

dos parâmetros analisados na Parte II, no ponto V. 4. (teor em humidade, pH, peso específico e

granulometria) também se pretende avaliar a qualidade do composto obtido em termos de nutrientes

minerais essenciais, verificando se estes estão ou não em deficit, embora também seja de realçar o facto

de este ensaio não pretender ser demasiado exaustivo, ambicionando apenas obter uma avaliação

global do composto em si.

Tendo em conta que não foi possível recorrer a análises laboratoriais ao composto obtido, optou-se

por efectuar um ensaio biológico (ou agrícola). O método seleccionado foi um teste de germinação

que é uma forma indirecta, mas também bastante fiável de efectuar a avaliação pretendida, embora

tenha um senão que é de não ser um modo muito expedito. A avaliação da resposta à germinação e ao

crescimento das espécies vegetais é pois importante para a previsão dos danos que estes compostos

podem originar nas culturas. Posteriormente, para se chegar ao objectivo principal da experiência foi-

se registando os sintomas de deficiência observados e o comprimento final do hipocótilo.

V. 1.1. – Nutrição Mineral – Nutrientes Essenciais, Sua Disponibilidade e Sintomas de

Deficiências Minerais

Também é importante fazer uma breve referência à nutrição mineral visto ser esta a base para esta

experiência. Assim, é de referir que no tema nutrição mineral das plantas se estuda os processos

relacionados com a aquisição e assimilação de elementos minerais (normalmente obtidos por absorção

radicular a partir da solução do solo) e com o papel desempenhado por esses no crescimento e

desenvolvimento das plantas[58]. A eventual carência de um determinado nutriente mineral provoca na

planta sintomas característicos e que impedem o desenvolvimento normal do ciclo de vida da planta,

embora possam existir situações em que a planta não revele alterações morfológicas. Estes elementos,

embora necessários em quantidades bastante inferiores que o carbono, o oxigénio e o hidrogénio, que

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176

maioritariamente constituem a biomassa vegetal, são fundamentais para o crescimento normal das

plantas, dividem-se em dois grupos que são os macronutrientes (como é o caso do azoto, potássio,

cálcio, magnésio, fósforo e o enxofre) que representam até 1 ppm do peso seco planta, e os

micronutrientes (caso do cloro, o boro, o ferro, o zinco, o cobre e o molibdénio), que não ultrapassa

os 1 ppm do peso seco da planta[58].

Na ausência de um nutriente mineral, as alterações que poderão eventualmente ocorrer ao nível da

parte aérea da planta, podem apresentar-se sobre a forma de cloroses (manchas esbranquiçadas ou

amareladas devido à ausência de clorofila), de necroses (zonas de tecido morto, de coloração

acastanhada e posteriormente, seca), ou alterações do desenvolvimento como enrolamento,

encarquilhamento e atrofio das folhas. A deficiência num determinado mineral pode ser diagnosticada

através das suas características e localização das mesmas, isto porque estão directamente relacionadas

com a mobilidade interna dos elementos. Assim, se um elemento for facilmente translocável por via

floémica, será captado de forma mais rápida pelas folhas jovens, pelo que quando houver carência

desse nutriente, os sintomas surgirão primeiro nas folhas mais velhas. No caso de elementos menos

móveis, os sintomas serão evidentes primeiramente nas folhas jovens[77]. Elementos como o azoto e o

fósforo são facilmente mobilizáveis e deslocam-se pelo floema das folhas mais velhas para as mais

jovens, de forma que os sintomas de deficiência surgem em primeiro lugar nas folhas mais velhas.

Outros elementos, como o cálcio e o ferro, são menos móveis pelo que os sintomas de deficiência se

tornam primeiro evidentes nas zonas mais jovens, ápice caulinar e folhas mais jovens.

É importante evocar critérios para definir um elemento mineral como essencial. Os dois propostos

por Arnon & Stout[12] são o facto de na ausência do elemento a planta não poder completar o estádio

vegetativo ou reprodutivo do seu ciclo de vida e também provar que o elemento desempenha um

papel fisiológico claro, distinto de possíveis efeitos das condições microbiológicas ou químicas do solo

ou meio de cultura. Deste modo, deve ser demonstrado que o crescimento normal é impossível na

ausência do elemento e sintomas de deficiência deverão surgir, provocados pelas irregularidades

metabólicas, devido à sua ausência ou insuficiência. Um dos problemas que poderá surgir é que as

plantas crescendo no composto obtido, equiparado ao solo e às condições naturais, a diagnose por

meio da observação de sintomas existentes nas plantas se torna muito mais complexa porque:

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177

Vários elementos poderão ser deficitários simultaneamente resultando interferências que

confundem os efeitos,

Uns elementos poderão ser deficitários e outros, presentes em quantidades excessivas poderão

ser tóxicos resultando igualmente interferências entre os efeitos da deficiência e da toxicidade,

A presença de elementos patogénicos como vírus, bactérias, fungos, insectos fitófagos podem

produzir sintomas semelhantes aos de uma deficiência mineral.

Para diferenciar os sintomas de desordens nutricionais de outro tipo de sintomas é importante saber

que os sintomas das desordens nutricionais mostram sempre um padrão tipicamente simétrico com as

folhas em idêntica posição na planta, apresentam o mesmo padrão de sintomas, havendo também uma

variação gradual evidente na severidade dos sintomas das folhas mais velhas para as mais jovens. Há

que observar onde os sintomas aparecem primeiro e se são mais acentuados nas partes mais velhas ou

mais jovens das plantas. Já a toxicidade mineral tende a afectar indiferenciadamente folhas jovens e

maduras sendo os seus sintomas manchas necróticas (e cloróticas) ou necroses no ápice e margens

foliares. Por fim, o crescimento das plantas pode ser avaliado através de uma série de parâmetros

como a altura, o diâmetro do caule, a área foliar, comprimento do epicótalo e hipocótalo ou a variação

de peso, qualquer deles influenciado pela disponibilidade de nutrientes.

Partindo deste conjunto de conhecimentos adquiridos, pretendeu-se estudar os efeitos específicos da

deficiência em nutrientes minerais em plantas de Cucumis sativus L.”Ashley”, incidindo o estudo nos

parâmetros referentes aos aspectos morfológicos indicadores e sintomas observados.

V. 2. – Metodologia Adoptada

A experiência para avaliar a qualidade do composto obtido em cada um dos compostores teve o seu

começo a 7 de Março e terminou a 4 de Junho de 2005. A escolha deste período de tempo está

relacionada com o facto de a espécie utilizada se desenvolver melhor neste período do ano e ser a

época aconselhada para a sua semeadura. A espécie em causa

apresenta como nome científico Cucumis sativus L. “Aslhey”, e é mais

vulgarmente conhecido como pepino inglês comprido (figura V.71).

Figura V.71 – Embalagem onde se encontravam as sementes utilizadas.

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178

Para efectuar a experiência recorreu-se a um pequeno tabuleiro normalmente utilizado para efectuar

plantações. Foi colocado o composto obtido de cada um dos compostores em 30 pequenos “vasos”,

sendo respectivamente, da esquerda para a direita, 10 “vasos” com composto obtido no CM, CPV e

CPP (figura V.72). Depois de colocado o composto, foram semeadas as sementes a cerca de 1 cm de

profundidade. Para poder ter um termo comparativo também foram semeadas 10 sementes de pepino

num pequeno espaço em que foi aplicado estrume “natural”. Montada a experiência, colocaram-se os

recipientes num local amplo e aberto bem iluminado, para permitir um melhor desenvolvimento das

plantas, visto que as condições ambientais (e.g., l uz ,

temperatura) influenciarem taxa de crescimento das plantas e as

suas taxas de utilização de minerais.

Figura V.72 – Tabuleiro onde foram semeadas as sementes de pepino. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

O primeiro objectivo da experiência foi verificar qual o índice de germinação em cada uma das

experiências. Com o auxílio de uma régua graduada, também se pretende saber qual o valor médio e o

erro padrão do comprimento do hipocótilo dos pepinos em cada um dos compostos (figura V.73).

De seguida, pretendia-se fazer o acompanhamento da espécie germinada, verificando qual ou quais

sintomas de deficiência observados para depois estabelecer comparação com o quadro que se encontra

no Anexo M, onde se faz referência a quais os sintomas previsíveis de deficiências minerais em

pepino, Cucumis sativus L. “Ashley”, quando este ou aquele nutriente está em falta. Tendo em conta

que os sintomas são visíveis a olho nu, torna-se bastante fácil fazer a sua análise. Uma forma que

facilita a análise das deficiências é procurar determinar-se quais as zonas mais afectadas, se as zonas

jovens se as zonas mais velhas, pois isso fornece uma indicação preciosa sobre a mobilidade do

elemento na planta. As plantas de cada um dos compostos foram comparadas com as plantas

plantadas no “estrume natural”. Um dos pormenores que convém realçar é o facto de se ter regado os

pepinos com a água corrente, e esta ter também nutrientes,

podendo alterar o resultado final por esse mesmo facto.

Figura V.73 – Localização do hipocótilo na planta em estudo. (Esquema por: Carlos Ferreira)

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179

V. 3. – Resultados e Sua Discussão

V. 3.1. – Registo do Comprimento do Hipocótilo e Cálculo do Índice de Germinação

Após os três meses de experiência foi registado qual o valor final do comprimento do hipocótilo em

todas as plantas, calculando-se a média e o desvio padrão para cada um dos compostos utilizados

(estrume “natural” incluído). Convirá também mencionar que as condições climáticas dificultaram a

experiência devido às temperaturas elevadíssimas durante os três meses, o que levou a que algumas das

plantas secassem. No quadro V.14 encontram-se os valores registados.

Quadro V.14 – Registo do comprimento do hipocótilo (pepino), após os três meses de experiência, com os três compostos

obtidos nos diferentes compostores e com o estrume “natural”, e o seu valor médio e desvio padrão.

Experiência com o Composto Obtido no CM

Vaso M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10

Comprimento do Hipocótilo (cm) 4 4* --- 8 10 6* 8 6 4* 3*

Valor Médio Comprimento do Hipocótilo (cm) 5,89 Desvio Padrão 2,37

Experiência com o Composto Obtido no CPV

Vaso V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 V8 V9 V10

Comprimento do Hipocótilo (cm) --- --- 7 5* 7 5* 6* --- 6 5

Valor Médio Comprimento do Hipocótilo (cm) 5,86 Desvio Padrão 0,9

Experiência com o Composto Obtido no CPP

Vaso P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

Comprimento do Hipocótilo (cm) 4 2* 3 3 --- 1* 6 --- 5 6

Valor Médio Comprimento do Hipocótilo (cm) 3,75 Desvio Padrão 1,83

Experiência com o Estrume “Natural” Vaso E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

Comprimento do Hipocótilo (cm) 6 7 6 4 8 11 8 --- 6 8 Valor Médio Comprimento do Hipocótilo (cm) 7,11

Desvio Padrão 1,96

(Nota: Para o cálculo do valor médio do comprimento do hipocótilo não entram os casos em que não se registou o nascimento da planta, embora se tenha considerado as plantas que entretanto tinham seco*)

Através da análise do quadro V.14 é bastante fácil fazer a avaliação de qual o índice de germinação

(IG) com cada um dos compostos. Assim, com o composto obtido no CM (COCM) e com o estrume

“natural” o IG foi de 90%, enquanto com o composto obtido no CPP (COCPP) foi de 80%. O valor

mais baixo foi com o composto obtido no CPV (COCPV) que apresenta um IG de 70%. Os valores

obtidos com o IG não são conclusivos, não se podendo tirar muitas conclusões apenas com estes

valores, embora estes se possam considerar elevados, demonstrando que no processo de compostagem

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

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se obtém um bom fertilizante natural. Avaliando só este parâmetro, poder-se-á afirmar que o COCM é

o que apresenta melhor qualidade, visto ser este o mais próximo do valor obtido no testemunho.

Se se apenas com os valores do índice de germinação não se podem retirar grandes ilações, já com os

valores do comprimento do hipocótilo, tal não acontece. Os valores obtidos com o composto obtido

nos compostores demonstram que estes não são tão bons como os obtidos com o estrume “natural”,

devido a neste caso, o hipocótilo apresentar um maior crescimento. O valor médio com o estrume

“natural” passa um pouco os 7 cm, enquanto os restantes não passam dos 6 cm. O COCM e o

COCPV equivalem-se (5.89 e 5.86 cm, respectivamente), enquanto o comprimento do hipocótilo do

pepino com o COCPP é o que apresenta um valor mais baixo com 3.75 cm. Embora o COCM e o

COCPV se equivalem, o desvio padrão com o COCM é relativamente elevado enquanto o do COCPV

é mínimo. A justificação para um menor comprimento do hipocótilo do pepino com o COCPP é em

parte devido ao facto que durante o processo, o excesso de azoto ter sido libertado sob a forma

amónia (condições anaeróbias) (devido uma relação C/N mais baixa que o esperado ou o mais

provável um teor em humidade elevado, provocando o lixiviamento), o que faz perder qualidade do

produto final, como já foi referido em II. 5.2.1.5., visto assim o azoto já não ser oxidado a nitrato

(existência deste é importante). Um menor crescimento do hipocótilo nos pepinos semeados no

COCPP também poderá ser devido à falta de enxofre visto este se tratar de um componente estrutural

de aminoácidos e proteínas, extremamente fundamentais para o desenvolvimento da planta.

Um outro aspecto que é bem visível na figura V.74 é a rama dos pepinos. Embora não seja muito

nítido, verifica-se que mais à direita, onde se encontra os pepinos semeados no COCPP, a rama e a

folhagem é muito menor que em relação ao do COCM e do COCPV,

que se encontram à esquerda do COCPP. O mesmo se aplica para a

área foliar, diâmetro do caule, altura, entre outros aspectos.

Figura V.74 – Folhagem e ramagem dos pepinos. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

V. 3.2. – Observação de Sintomas de Deficiência e Sua Análise

Enquanto o comprimento do hipocótalo foi apenas medido no final da experiência, as plantas foram

cuidadosamente observadas ao longo do estudo no sentido de verificar se existiam ou não sintomas de

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181

carência nutricional. Os principais sintomas observados foram registados e estão mencionados no

quadro V.15.

Quadro V.15 – Observação dos sintomas efectuados sobre cada um dos vasos com os diferentes compostos obtidos nos

compostores e com o estrume “natural”.

Composto Obtido nos Diferentes Compostores

e Estrume “Natural” Observações/Sintomas nas Plantas de Pepinos

COCM

++˘ Clorose nas margens das folhas. ++˘ Folhas mais velhas apresentam-se esbranquiçadas. ++˘ M osaicos de manchas necróticas e cloróticas nas folhas, aparecendo

primeiro e afectando mais as folhas mais jovens. +˘ Mancha necrótica na margem das folhas. +˘ Secagem prematura das folhas mais velhas. +˘ Encarquilhar das folhas mais

velhas.

COCPV ++˘ Clorose nas margens das folhas. ++˘ Folhas mais velhas apresentam-se

esbranquiçadas. ++˘ M osaicos de manchas necróticas e cloróticas nas folhas, aparecendo primeiro e afectando mais as folhas mais jovens.

COCPP

+++˘ Crescimento reduzido. ++˘ Folhas, começando pelas mais velhas, tornaram-se descoloridas (clorose), com cor esbranquiçada ou amarela. ++˘ Folhas mais velhas

encarquilham/encaracolam. ++˘ Caules finos e fracos. ++˘ Clorose intervenal nas folhas mais jovens. +˘ Mal formação das folhas

Estrume “Natural” +++^ Crescimento aparentemente normal, com folhas desenvolvidas e verdes, caules

fortes. +˘ Observação de algumas folhas novas secas.

(Nota: +++, ++ e + está por ordem decrescente dos sintomas observados e as setas ˘^, é respectivamente, “sintoma negativo” e “sintoma positivo”)

Antes de mais, é de referir que a análise que vai ser feita de seguida foi dificultada pelo facto que um

mesmo sintoma observado se poder dar devido a escassez de minerais diferentes. Do quadro de

sintomas observados é possível verificar que as plantas que cresceram em estrume “natural”

apresentaram um crescimento normal, tendo-se no entanto verificado algumas folhas novas secas,

possivelmente por motivo de ligeiro deficit de nutrientes imóveis (cálcio ou magnésio).

Como já foi referido no ponto anterior o azoto estará em deficit nos vasos com COCPP devido ao

problema ocorrido durante a experiência, o que fez com que as plantas crescessem pouco. Um

sintoma geral com o COCPP foi que as folhas, começando pelas mais velhas, se tornaram

anormalmente descoloridas (clorose), com cor esbranquiçada ou amarela, sintoma típico de deficit em

azoto, embora este facto também possa ser devido a carência de fósforo,

o que pode ser comprovado pela figura V.75 onde se verifica uma mal-

formação das folhas, além de apresentar caules mais finos.

Figura V.75 – Malformação das folhas devido a carência em fósforo. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

182

Uma outra forma de provar que o azoto estaria em quantidades limitadas é o facto de na fase inicial de

crescimento serem produzidas quantidades relativamente superiores de proteínas do que mais tarde, o

que levaria assim, a que as plantas jovens tivessem maiores necessidades de azoto que plantas mais

velhas, limitando assim posteriormente o azoto para as folhas mais velhas.

Também com o COCPP se verificou que as folhas mais velhas encarquilhavam/encaracolavam (figura

V.78), sinal evidente de carência em potássio. Os caules mais finos e fracos também se verificaram

neste caso, indicador também de carência em potássio. Nos restantes compostos não se verificou estes

sintomas, excepto num vaso com COCM, onde se verificou o encarquilhar das folhas mais velhas.

Mais uma vez no COCPP se verifica que ocorre clorose marginal nas folhas, assim como clorose

intervenal, ocorrendo primeiro nas folhas mais jovens (figura V.77). O primeiro sintoma está

associado mais uma vez a carência em potássio e o segundo a necessidade em ferro. Já a folha

apresentada na figura V.79 apresenta uma pequena mancha necrótica que afecta a margem da folha, a

única que apresentou tal sintoma, que se deu com o COCM. Já na figura V.76 apresenta-se uma planta

de pepino com a secagem prematura das folhas mais velhas secas, provavelmente, devido a escassez

em fósforo (com o COCM).

Figura V.76, V.77, V.78 e V.79 – À esquerda (76), folhas mais velhas secas com crescimento reduzido, devido à carência

em fósforo, ao centro do lado esquerdo (77), clorose marginal nas folhas assim como clorose intervenal, sendo que ambas ocorrem primeiro nas folhas mais jovens. Encarquilhamento das folhas mais velhas devido à escassez de potássio, ao

centro (direita) (78), enquanto à direita (79), temos uma folha com uma pequena mancha necrótica na margem. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

Tanto com o COCM como com o COCPV salientaram-se quatro problemas. Os mosaicos de manchas

necróticas e cloróticas nas folhas aparecendo primeiro e afectando mais as folhas mais jovens (carência

em cálcio) (figura V.80, V.81 e V.83), assim como as folhas mais velhas se apresentarem esbranquiçadas

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

183

(carência em azoto), embora não tão visível e em menor número que com os pepinos plantados no

COCPP (figura V.82 e V.84). Outro problema é a clorose nas margens das folhas (figura V.83), além da

cor verde escura da folha em questão (figura V.83).

Figura V.80, V.81, V.82, V.83, V.84 – Em cima, à esquerda (80) e ao centro (81) manchas necróticas e cloróticas, aparecendo nas folhas mais jovens devido à

carência em cálcio. Em cima, à direita (82) e em baixo também à direita

(84), as folhas mais velhas perdendo a sua cor verde. Em baixo, à esquerda (83)

apresenta-se tanto uma folha com clorose na

margem da folha, como uma folha com provável carência em cálcio (com pintas esbranquiçadas). (Fotografias por: Carlos

Ferreira)

Existem estudos levados a cabo pela JA[128], que embora não possam ser tidas como termo

comparativo com a experiência levada a cabo, poderão ser tidas como bons exemplos do processo de

compostagem e do seu produto final. Esta afirmação advém do facto de com composto obtido (rico

em nutrientes) com restos de poda, RSU e lodos se ter obtido excelentes resultados com o cultivo,

tanto de espécies agrícolas como florestais, como poderão ser o caso de tomate, algodão, trigo,

choupo e eucalipto. Estes bons resultados levaram a um incremento de produção de todas as espécies.

V. 3.3. – Evolução Global da Experiência

De forma a retratar a evolução global da experiência apresenta-se de seguida (figura V.85) um esquema

de imagens onde estão as plantas de pepino nos diferentes compostos ao longo dos três meses de

experiência. As três primeiras imagens foram tiradas durante a 3ª semana da experiência. Já as

fotografias na 2ª fila são, segundo a sequência apresentada, respectivamente, na 5ª, 6ª e 8ª semana de

ensaio. Por fim, na 3ª fila de imagens encontram-se fotos da 9ª, 10ª e 13ª semana, e última, de

experiência.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

184

Figura V.85 – Esquema de imagens que mostra a evolução das plantas de pepino ao longo dos três meses de experiência. (Fotografias por: Carlos Ferreira)

V. 4. – Considerações Finais

Além do teor em humidade, pH, peso específico, granulometria, cor, odor e aspecto, o composto final

também foi avaliado pela sua qualidade em termos de nutrientes essenciais. Uma plantação de pepinos

serviu para tal efeito, verificando-se uma carência em termos de alguns nutrientes, maior ou menor,

consoante o composto utilizado.

Numa avaliação global, pode-se afirmar que o COCPP é o que apresenta pior qualidade, visto

apresentar uma maior carência em nutrientes, como é exemplo, principalmente, o azoto, fósforo,

potássio e ferro. O principal problema deste composto advém do facto de ter sido este o composto

que teve problemas maiores na sua formação, com o problema do lixiviamento, advido ao excesso de

água durante o processo (processo anaeróbio) e consequente libertação do azoto. Já o COCM

apresenta deficiência em menor valor que o COCPP sendo as principais em potássio, fósforo, cálcio e

azoto. Chegou-se à conclusão que existia deficiência em azoto quando se comparou com os valores do

estrume “natural”, essencialmente devido ao facto do maior comprimento do hipocótilo dos pepinos.

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

185

Também se conclui que a deficiência em azoto no COCM é menor que em relação ao COCPP e

COCPV, devido à mesma razão. Da análise efectuada, o mais provável é que o composto obtido em

que haja menor deficiência em nutrientes seja o do CPV (deficiência em cálcio e azoto). Por fim, o

estrume “natural” não apresentou sintomas evidentes de carências em nutrientes.

Depois desta análise, poder-se-á considerar que o composto obtido nos diferentes compostores

poderá apresentar algumas deficiências em termos de alguns nutrientes (podendo existir mais algumas,

visto a mesma deficiência se poder dever a diferentes nutrientes, sendo por isso de difícil análise

(apenas foram referidas as deficiências evidentes)), afectando assim a qualidade do composto final,

embora tal não implique que este não possa ser utilizado para os mais diversos fins. Daria com certeza

um bom condicionador de solos, embora o ideal fosse a sua aplicação em mistura com um composto

de maior qualidade ou com o próprio solo onde irá ser aplicado. No entanto, tal não impediria que se

fosse apenas aplicado o composto, este não permitisse um razoável desenvolvimento das plantas ou

produtos agrícolas.

Como é evidente todos os nutrientes são fundamentais para o bom desenvolvimento das plantas, visto

o seu crescimento ser afectado na ausência de qualquer um desses elementos. O principal obstáculo

nesta experiência foi tentar determinar qual ou quais os nutrientes deficitários visto que plantas

crescendo num meio tão complexo como o solo (neste caso, composto obtido nos compostores) é

uma tarefa árdua, senão mesmo impossível.

É possível a obtenção de um composto ainda de maior qualidade que o obtido na experiência

efectuada na Parte II da fase experimental. Para tal é necessário um maior cuidado na mistura dos

resíduos, tentando abarcar a maior diversidade de resíduos verdes, de forma a se conseguir obter um

composto de qualidade extrema, bem provido de macro e micronutrientes. Provavelmente, a qualidade

do composto não é tão boa como a pretendida devido a uma grande percentagem dos resíduos de

jardim utilizados para obtenção do composto ser a relva. Tendo em conta todos os aspectos

referenciados ao longo das duas experiências (embora não tenha sido efectuada uma análise

pormenorizada aos nutrientes minerais e aos metais pesados, entre outros) poder-se-á afirmar que o

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______________ _ CAPÍTULO V – Parte Prática

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

186

composto obtido cumpriria com a maioria dos critérios definidos para atribuição de rótulo ecológico

(Decisão da Comissão 2001/688/CE, de 28 de Agosto[73]).

Para além da avaliação efectuada aos nutrientes minerais, também deveriam ter sido feitas análises em

termos de concentrações em metais (que podem exercer efeitos fitotóxicos), à razão C:N (que acima

de 20 podem conduzir à redução da disponibilidade do azoto no solo (probabilidade de ser o caso do

COCPP)) e ao teor em MO.

Entrando um pouco mais na área da nutrição mineral, todos os nutrientes intervêm ao nível do

metabolismo energético, formação de ácidos nucleicos e proteínas, formação e constituição de

membranas celulares, assim como activação de processos enzimáticos, e até na própria formação da

molécula de clorofila, impossibilitando as funções autotróficas características dos seres vegetais, sendo

por todos estes motivos, afectado a vários níveis o crescimento natural das plantas.

Apenas como curiosidade, apresenta-se na figura V.86 um dos frutos provenientes da experiência

efectuada com muito bom aspecto e sabor por sinal!!!

Figura V.86 – Exemplo de um pepino proveniente da experiência efectuada. (Fotografia por: Carlos Ferreira)

Uma questão que terá que ser tratada, quer a nível nacional quer a nível comunitário é a elaboração de

legislação específica para a aplicação dos compostos obtidos, a qual ainda não está estabelecida

embora já existam propostas para tal, como é enunciado no ponto III. 1.2.2. do trabalho.

Por último, Gomes et al. [103] salienta o facto de este tipo de experiência permitir também avaliar quais

são as espécies mais sensíveis, depois de analisado o composto utilizado, à presença de diferentes

substâncias e, qual é a fase em que provocam maior inibição (germinação ou crescimento). A qualidade

do composto, como já se conhece, é dependente tanto da qualidade da fracção biodegradável dos

RSU, assim como do processo de compostagem utilizado para a sua obtenção.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 187

CCAAPPÍÍTTUULLOO VVII

CONTRIBUTOS PARA O PROJECTO “CENTRAL DE COMPOSTAGEM DE

RESÍDUOS VERDES”

VI. 1. – Introdução

A compostagem é nos dias de hoje, a par da digestão anaeróbia, uma das formas na qual se aposta para

o tratamento/valorização dos resíduos, visto estes processos apresentarem um retorno (adubo natural

e/ou energia) e aumentarem também o tempo de vida dos locais normalmente destinados aos resíduos

verdes e orgânicos. Desta forma, a C.M. Oeiras, através do seu Departamento de Ambiente e

Equipamento, para além da continuidade do programa de compostagem a nível doméstico, tem em

mente a construção de uma Central de Compostagem Municipal, mas apenas dos Resíduos Verdes

produzidos nos inúmeros espaços verdes do concelho. Além das vantagens já focadas, apresentam

outras duas, mas que estão relacionadas com as atrás proferidas, que é o facto de se evitar gastos com

a deposição dos resíduos verdes em aterro, e com a obtenção de adubo “natural” resultante do

processo, diminuir também os gastos, visto já não ser necessário comprá-lo em tão grandes

quantidades, para aplicá-lo nos espaços verdes.

O contributo por parte de todos os municípios é extremamente importante a nível nacional para

garantir que Portugal diminui o depósito de resíduos orgânicos (resíduos verdes incluídos) em aterro

(objectivos referidos no Decreto-Lei nº 152/2002, de 23 de Maio[76], transpondo a Directiva

Comunitária n.º 1999/31/CE[80]) e consiga também atingir os objectivos estabelecidos no PERSU para

2005, que apontavam para uma valorização de 25% dos resíduos sólidos por processos biológicos.

Passando, mais em concreto ao objectivo em si foi necessário efectuar uma pesquisa para fornecer

dados para o projecto, exemplificando com casos concretos conhecidos em Portugal e também no

estrangeiro. D entro desses dados, salientou-se a necessidade de averiguar qual o processo mais

adequado para a compostagem de resíduos verdes a baixo custo (requisito pretendido pelo município),

quais os tipos de resíduos a depositar, qual o dimensionamento para a central tendo em conta as

quantidades de resíduos produzidas, qual o enquadramento na realidade do concelho, qual a

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

188

localização para a central, qual o modo de funcionamento do processo e infra-estruturas necessárias,

assim como, qual o equipamento necessário. Para além destes factores, também se teve em conta as

características locais, como é o caso das condições climatológicas ao longo do ano e envolvente

paisagística/inserção local, entre outras mais.

Assim, nos pontos seguintes do trabalho irão ser abordados os temas referenciados, e que possam dar

o seu contributo para a instalação de uma Central de Compostagem de Resíduos Verdes (CCRV).

VI. 2. – Dados Necessários ao Projecto

VI. 2.1. – Enquadramento na Realidade do Concelho

A implementação de uma instalação de compostagem de resíduos verdes no concelho de Oeiras

assume-se de extrema importância, pois a produção de resíduos vegetais produzidos anualmente, quer

os provenientes das actividades de jardinagem particulares das várias habitações unifamiliares

existentes no concelho1, quer os provenientes das manutenções dos diversos espaços camarários

ajardinados, é bastante significativa, como se verifica na figura VI.1. Para esta grande quantidade muito

contribui o facto de a área verdes urbana total ser de aproximadamente 3.4 Km2, que representa cerca

de 7.4% da área do concelho, sendo que estão apenas contabilizadas as áreas verdes tratadas[43].

Figura VI.1 – Quantidade de resíduos de jardim recolhidos na limpeza urbana em 2001 e 2002.

(Fonte: http://www.cm-oeiras.pt). (Nota: Os dados de 2002 apresentados referem-se apenas ao

período de Janeiro a Julho)

Embora tenham sido estes os valores

contabilizados pelo município, existem também muitos resíduos verdes que não são registados, visto a

C.M. Oeiras estar a implementar uma metodologia de gestão de zonas verdes que passa pela

conjugação do trabalho de funcionários próprios com o trabalho de empresas de manutenção de

jardins, o que dificulta a sua contagem final e a compilação de dados.

1 A Câmara Municipal de Oeiras tem ao dispor dos seus munícipes um serviço de recolha gratuita (até 3m3) de resíduos verdes volumosos através do Telefone do Ambiente (Departamento de Ambiente e Equipamento, Divisão de Serviços Urbanos) (Fonte: CMO, 2004).

2141

4026

0

500

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2001 2002

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

189

VI. 2.2. – Localização do Centro de Compostagem de Resíduos Verdes

Encontrar um local adequado à implantação de um tecnossistema de tratamento de resíduos (verdes,

neste caso) nem sempre é fácil, pois para além dos factores técnicos e económicos necessários a ter em

conta, têm também grande peso os factores sociais (é evidente o espírito “NIMBY” (not in my

backyard)). Na implementação de um CCRV, entre outros (aterros sanitários, caso mais evidente),

existem determinados factores que são necessários terem-se presentes, tais como:

Localização conveniente de modo a minimizar as distâncias de transporte;

Presença de uma adequada barreira de protecção entre a estação e a zona residencial;

Topografia e características do solo adequadas;

Área suficiente para o material a ser processado;

Condições climatéricas.

As áreas adequadas à localização de um CCRV poderão ser, por exemplo, áreas adjacentes a centros de

triagem, a estações de transferência ou estações de tratamento de águas residuais. A localização destas

mesmas estações deverão ser relativamente próximas das fontes de produção, pois assim irá maximizar

a eficiência do processo ao mesmo tempo reduzir as despesas de transporte dos materiais a compostar

e do fertilizante, quando obtido. Na Comissão Europeia[88] está mencionado no seu anexo V, a

preocupação com a localização das centrais de tratamento biológico, tendo os cuidados de as construir

relativamente afastadas de zonas residenciais e recreativas, linhas de água, zonas protegidas, entre

outras. Para além disso, o transporte dos resíduos para a CCRV deverá ser efectuada em horários de

menor trânsito e por estradas directas, de modo a reduzirem-se as despesas de transporte.

Em termos topográficos, os locais seleccionados deverão ser avaliados tendo em conta a quantidade

necessária de topografia a alterar. Um CCRV deverá estar convenientemente nivelada de modo a se

evitar a formação de poças e escorrências de água[139]. Para evitar a formação de poças, a inclinação do

terreno deverá ser de, pelo menos, 1% e, idealmente, entre 2 e 4% [186]. Para tal será conveniente a

pavimentação da área destinada ao processo, devendo ser utilizados canais de drenagem para desviar a

água das chuvas das pilhas de compostagem e das áreas de armazenamento. A proximidade de cursos

de água também tem de ser devidamente analisadas, não devendo ser permitido o contacto das águas

lixiviantes ou de escorrência, originadas na CCRV, com qualquer tipo de recurso hídrico[39; 40]. Esta

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

190

prevenção tem como principal razão o facto de as águas lixiviantes de um CCRV poderem apresentar

uma elevada Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO) e terem uma elevada concentração de fenóis,

resultantes da decomposição natural dos resíduos orgânicos. Como exemplo a seguir, em Wisconsin,

nos E.U.A estão previstas distâncias mínimas de segurança[84]. A pavimentação com cimento ou asfalto

é também importante para que as máquinas utilizadas para revolver as pilhas (volteadores) possam

funcionar apropriadamente (maquinaria pesada) visto que em solo solto, e em períodos de chuva, será

difícil a sua movimentação.

Figura VI.2, VI.3 e VI.4 – À esquerda (12), o solo pavimentado com canais de drenagem à volta das pilhas de resíduos (Estação de Compostagem da C.M. Penafiel) (2). Ao centro (3), as pilhas de resíduos em solo solto que com a chuva dá origem a lama, dificultando o processo (3). À direita (4), os lixiviados de uma pilha de resíduos, em solo pavimentado e

com canais de drenagem para armazenamento e futura aplicação nas pilhas (Estação de Compostagem de Verdes da ALGAR, SA (Tavira). (Fonte: CMMN, 2003 (2), http://www.traymaster.co.uk/wmswindrowcs.htm (3), e Fotografia por:

Carlos Ferreira (4))

A área requerida para um CCRV deverá ter o espaço suficiente para que seja possível a execução

eficiente em todas as fases do processo, para além de ser ainda necessário garantir a existência de um

corredor de protecção visual, e não só, entre o CCRV e a área circundante. Também dentro do espaço

deverá ser construído uma infra-estrutura para o corpo técnico e administrativo, bem como todo o

equipamento e estruturas necessárias ao apoio como, por exemplo, uma pequena cobertura destinada a

colocar o composto obtido.

Mas para a escolha acertada da área necessária para um CCRV, esta deverá ser projectada a pensar não

só nas necessidades presentes mas também nas necessidades futuras, em termos de quantidade de

resíduos produzidos e a compostar. Assim, para o dimensionamento da estrutura é necessária uma

avaliação prévia, quantitativa e qualitativa dos resíduos verdes produzidos, bem como uma estimativa

da produção futura, de modo a que não haja sobre ou sub-dimensionamento do CCRV, o que

encareceria, de uma forma ou de outra, o projecto.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

191

Mas a questão da localização do CCRV já está pensado pelo município de Oeiras (figura VI.5).

Pretende-se instalar o CCRV no futuro Eco-Parque onde, para além do CCRV, também estão

pensadas muitas outras instalações que tem em comum a preocupação com o ambiente, além de ser

um espaço lúdico, e onde se possam desenvolver actividades de educação ambiental, fundamentais nos

dias de hoje. Como se pode depreender da análise da figura VI.5, o Eco-Parque e o CCRV situar-se-á

na freguesia de Carnaxide, próxima da Portela/Outorela, na zona norte do Alto do Montijo, na zona

nordeste do concelho de Oeiras, praticamente na fronteira com o concelho de Lisboa.

Figura VI.5 – Localização geográfica do possível centro de compostagem de resíduos verdes, que se situa na freguesia de

Carnaxide, próxima da Portela/Outorela, na zona Norte do Alto do Montijo. (Fonte: http://www.cm-oeiras.pt).

Estando pensada a construção do Eco-Parque e, consequentemente, do CCRV para os limítrofes do

concelho de Oeiras, o principal problema do local seleccionado é a sua distância em relação a todos os

diferentes pontos onde se produz resíduos verdes. Isto deve-se ao facto de os jardins, parques urbanos

e outras áreas verdes tratadas estarem distribuídos por todo o concelho, tornando-se mais dispendioso

em termos de transportes. Um ponto que favorece a sua localização é o facto de ser relativamente

próximo do local seleccionado que se encontra a maior mancha verde do concelho, mais

concretamente o Complexo Desportivo do Jamor, com cerca de 60% da área verde urbana total[43]. O

acesso fácil ao local é também uma questão a salientar.

Um outro problema que se terá que levar em consideração é de proteger o local dos ventos, devendo

ser determinada a direcção dos ventos determinantes e tomar as devidas precauções (estando a área

destinada, ainda por cima, numa zona elevada, mais problemática será a situação). Para tal deverá ser

efectuada a plantação de árvores altas e robustas e de arbustos, que para além disso poderá proteger de

uma radiação solar excessiva, evitar uma maior propagação de odores, caso ocorram, de poeiras e do

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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192

som (protecção acústica) quando o equipamento estiver em acção. Alguns destes factores poderão

atrair vectores de doença.

Factor também muito importante é o clima na área envolvente, sendo que ocorre variação sazonal. No

Verão, atingem-se temperaturas relativamente elevadas, com uma temperatura média máxima na

ordem dos 26ºC, com um clima quente e seco. Já o Inverno, é normalmente frio e chuvoso, com

temperatura média mínima de 7ºC[60]. O principal problema será a chuva, com uma precipitação anual

de 737 mm, ocorrendo 81% entre Outubro e Março[60]. Tendo em conta estes valores serão de tomar

medidas preventivas.

VI. 2.3. – Escolha do Sistema de Compostagem a Instalar e Tipo de Resíduos Verdes

Utilizados

A escolha do método a utilizar e quais os resíduos que irão ser processados são pontos fundamentais

para o idealizar do projecto da central de compostagem visto que a sua escolha irá determinar todos os

outros factores. Tendo em conta que o processo teria que ser de baixo custo, a escolha deste foi

relativamente fácil, ficando a escolha pelo sistema de pilhas revolvidas ou mais internacionalmente

conhecido por sistema “windrow” (ponto II. 7.2.1.1.), visto este ser o sistema tecnologicamente menos

evoluído, e por isso, menos exigente em termos financeiros. O método não requer grandes

investimentos em máquinas ou tecnologias, sendo necessário apenas uma área descoberta. Trata-se de

uma tecnologia de compostagem muito simplificada, em termos de instalação e operação do processo,

que se baseia num processo de controlo relativamente simples, com o revolvimento periódico das

pilhas (acelera o processo de decomposição), com a ajuda de equipamento próprio, mediante

condições controladas.

O esquema de funcionamento da central de compostagem é bastante similar ao apresentado no

Capítulo V – Parte II, ponto 2.8. (figura V.35), tendo apenas pequenas modificações. Como

operações estão: (1) recolha de resíduos verdes; (2) processamento/trituração de resíduos verdes,

fazendo a triagem, caso necessário; (3) adição e mistura dos resíduos verdes; (4) construção das pilhas

de compostagem; (5) monitorização do processo e, (6) afinação/crivagem do composto final com

posterior aplicação no solo (figura VI.6).

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

193

Figura VI.6 – Proposta de esquema

de funcionamento da central de compostagem de resíduos verdes.

(Adaptado: CMMN, 2003).

Não sendo o objectivo

elevados gastos financeiros

não será possível a construção

de uma cobertura para a zona

onde se concentram as pilhas

de compostagem. Assim, o

processo apresentará a

desvantagem de ser sensível a fortes chuvadas, com o prejuízo de o sistema ser lento ou a necessidade

de efectuar constantes revolvimentos da pilha para promover a libertação do vapor de água em

excesso. Uma forma de contrariar a não existência de uma cobertura construída é a utilização de uma

tela desenvolvida especialmente para a compostagem[35], com microporos de tamanho 0.2 µm, para

que deixe sair o vapor de água para fora da pilha e deixe entrar o ar, e protegendo a pilha da

pluviosidade. Além de evitar a sua penetração, também consegue reduzir os problemas com os odores

desagradáveis e problemas com possíveis ventos fortes. A tela têxtil também evita a secagem excessiva

resultante da transpiração (figura VI.7). Além disso, a tela permite conservar melhor o calor e assim ser

possível dar-se o processo em locais ou períodos de menor temperatura[35]. Este facto é extremamente

importante e bastante útil em Portugal (e, consequentemente, Oeiras) visto que no período do ano de

Outono/Inverno, como foi referido no ponto anterior (VI. 2.2), ser quando as temperaturas são mais

baixas e a precipitação elevada. Deste modo, será

aconselhável a utilização da tela.

Figura VI.7 – Exemplo de utilização da tela nas pilhas de resíduos. (Fonte: http://cs.wikipedia.org/wiki/%C5%A0ar%C5%BEe_kompostu)

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

194

Também o tipo de resíduos que se pretendem tratar levou a escolher o sistema “windrow”, visto os

resíduos verdes não apresentarem problemas de maior, em termos higiénicos e de saúde, quando

comparados com os resíduos orgânicos provenientes de mercados, cantinas, restos de cozinha, entre

outros mais. Quando se faz referência a resíduos verdes, estão a ser referidos apenas os resíduos

provenientes da manutenção de jardins e parques urbanos, como são as aparas de relva, podas de

árvores, restos de ervas e flores, folhas, entre outros.

Mas em relação ao tipo de resíduos verdes a serem tratados existe um outro ponto que é importante

abordar. Sabendo que a produção de resíduos verdes é bastante influenciada pela variação sazonal (ver

ponto II. 4.1.), torna-se importante inventariar quais os resíduos verdes existentes nas diferentes

épocas do ano, assim como a sua quantidade nesses mesmos períodos. Este facto é fundamental para

que se possa encontrar uma combinação ideal dos diferentes resíduos verdes para a pilha de

compostagem ao longo do ano, sem proceder a alterações ao longo deste. O parâmetro fundamental a

ter em conta no cálculo é o da relação C/N (ver II. 5.2.1.5.). Todos estes cuidados é de forma a evitar

que durante parte do ano não se tenha materiais “castanhos” ou “verdes” em quantidades suficientes

para que o processo de compostagem decorra na perfeição, ou então prevenir a sua falta através do

armazenamento (aconselhado apenas aos materiais “castanhos”, visto que os “verdes” como, por

exemplo, as aparas de relva rapidamente se decomporem e criarem odores desagradáveis). Outra

forma de solucionar o problema seria, caso houvesse falta de material “castanho”, proceder a um

acordo com alguma empresa da região que pudesse fornecer, por exemplo, aparas de madeira (material

estruturante, rico em carbono), ou caso a deficiência fosse em material “verde”, recorrer às lamas

devidamente tratadas das ETAR`s (ricas em azoto).

Assim, para proceder a este estudo dever-se-ia, por exemplo, seleccionar 3/4 locais (jardins/parques)

que pudessem ser representativos do universo do concelho, inventariar os resíduos, e estipular a sua

quantidade para todo o concelho. Este estudo deveria ser efectuado em pelo menos duas épocas do

ano, sendo o ideal, os períodos correspondentes às 4 estações do ano. Tendo em conta que estes

resíduos verdes apresentam características físico-químicas muito semelhantes, poderiam ser usados

valores já utilizados noutras instalações (Penafiel, e.g.) ou mesmo valores bibliográficos, não sendo

necessário assim proceder à sua análise.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

195

VI. 2.4. – Equipamento Necessário e Infra-Estruturas de Apoio

Depois de referido qual o sistema a utilizar é necessário referir qual o equipamento adequado para

uma infra-estrutura deste género. Desta forma, está enunciado no quadro VI.1, o equipamento

necessário e também são apresentadas as funções e características respectivas.

Quadro VI.1 – Equipamento necessário à implementação e monitorização do processo de compostagem e suas funções e características respectivas. (Adaptado: Nunes com. pess., 2004; Oliveira, com. pess., 2004; Henseler com. pess., 2004; Cascão com.

pess., 2004; CMSeixal, 2004; CMP, s.d.; EPDRS, 2005; CMMN, 2003)

Equipamento Funções e Características

Báscula Pesagem dos resíduos recepcionados.

Triturador (destroçador ou desfibrador) móvel de resíduos verdes

Trituração dos resíduos verdes, de forma a garantir as dimensões adequadas desses resíduos no processo de compostagem (25 a 75 mm), com capacidade de

tratamento na ordem dos 30 a 40 m3/h. Dumper/Tractor/Equipamento de

mistura de resíduos e transporte Mistura dos resíduos antes da construção das pilhas de resíduos e também para

a sua construção.

Volteador (máquina de volteio) das pilhas de resíduos verdes

Para voltear as pilhas de forma acelerar o processo de maturação de 20 m3/min. e capacidade de volteio de 200-1200 m3/min, de funcionamento totalmente

hidráulico. Rega das pilhas.

Crivo Com duas cintas transportadoras separadas, de material e capacidade de tratamento de 15 a 25 m3/h, com o objectivo de obter um produto final

homogéneo e de qualidade, pronto para ser utilizado (10 e 20 mm de diâmetro)

Tela Protectora Tela colocada sobre a pilha de resíduos, com microporos de 0.2 µm de diâmetro

que impede a entrada da chuva e permite a saída do vapor de água. Equipamento de Monitorização (Sonda de Temperatura Digital e

Sonda de Humidade Digital)

Monitorizar a temperatura e humidade do sistema, de modo a controlar o processo de compostagem.

Equipamento para rega (Reservatório de água, mangueira* e

motor de rega*)

Reservatório com capacidade para 100 m3 (e recolher as águas da chuva) e 5 m3. Destinado a regar caso seja necessário para manter o processo em plena

actividade e albergar os lixiviados, respectivamente.

* Nota: Caso o volteador não apresente esta função

Para além do equipamento necessário para se poder efectuar o processo em si, também serão

imprescindíveis as infra-estruturas de apoio. Antes de mais, é fundamental a construção de uma

plataforma impermeabilizada com ligeira inclinação (2 a 4%) para a área onde se dará as diferentes fases

do processo e para a movimentação da maquinaria utilizada. O sistema de drenagem é outro aspecto a

reter, assim como um local de depósito das águas recolhidas[52]. Uma boa possibilidade será o

tratamento biológico (Fito-ETAR), não só dos lixiviados provenientes do processo de compostagem

dos resíduos vegetais, mas também de todos os efluentes resultantes das actividades normais do Eco-

Parque, e a sua reutilização para rega, tanto das pilhas de resíduos verdes como do Eco-Parque. A

portaria, um edifício de apoio para o corpo técnico e administrativo, um armazém auxiliar e um local

para armazenamento do composto são edifícios fundamentais para que uma boa organização e

condições de trabalho para o CCRV. A concepção destes edifícios deverão ter em conta o tema do

parque em que se insere, devendo deste modo funcionar recorrendo à energia solar e/ou eólica.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

196

VI. 2.5. – Modo de Funcionamento/Descrição do Processo

VI. 2.5.1. – Quantidade de Resíduos Verdes a Tratar

Tendo em conta o referido no ponto VI. 2.1., na figura VI.1, onde se refere a quantidade de resíduos

possíveis de serem decompostos na central, os que não terão sido contabilizados nesse período, e o

facto de nos últimos tempos terem sido reabilitadas zonas verdes e para o futuro próximo estarem

pensadas também mais zonas verdes – onde o Eco-Parque também entra – torna-se indispensável ter

um CCRV que possa albergar a quantidade crescente de resíduos que se irá registar. Deste modo,

tendo em conta a evolução da situação e os valores conhecidos, o CCRV deverá ter capacidade para o

tratamento de aproximadamente 5 000 toneladas por ano. Visto que nem sempre todos os resíduos

verdes se encontram em situação para serem compostados, considerar-se-á que 10% da recolha de

resíduos verdes serão rejeitados. Mas aquando da análise dos dados para a CCRV irar-se-á levar em

linha de conta que ocorre mesmo o processamento das 5000 toneladas. Por outras palavras,

considerar-se-á que a quantidade de resíduos verdes rejeitados será de 500 toneladas, mas à mesma

com o processamento das 5000 toneladas.

VI. 2.5.2. – Recolha dos Resíduos Verdes

Não será necessariamente preciso um centro de recolha ou recolha porta-a-porta visto que também

não é esse o objectivo principal. Os resíduos verdes levados para o CCRV são essencialmente aqueles

provenientes da manutenção dos espaços verdes efectuados pelos funcionários municipais ou então

pelas empresas contratadas. Os resíduos verdes provenientes do serviço de recolha ao dispor dos

munícipes também serão levados para o CCRV. Duas outras hipóteses a considerar é a colocação de

um centro de recolha no próprio local, assim como fazer a recolha dos resíduos provenientes de

cemitérios.

VI. 2.5.3. – Recepção e Pré-Processamento dos Resíduos

Logo à entrada do CCRV deverá apresentar nos serviços de portaria e recepção uma báscula para

pesagem dos resíduos recepcionados. Logo de seguida, dever-se-á encontrar a área destinada ao

depósito temporário dos resíduos verdes que deverá estar dimensionada para acolher os resíduos de

uma semana de recolha. Mas antes do depósito dos resíduos na área a eles destinada, o encarregado do

CCRV deverá ter em atenção se existem materiais que não são aconselhados a compostar ou que

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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197

dificilmente serão compostáveis, como é o caso dos restos provenientes do desbaste de palmeiras[128;

208] ou de resíduos com tamanho superior à capacidade de trituração do triturador[128]. Desta forma, será

necessário uma área para colocar os resíduos rejeitados, dimensionada para aproximadamente 10% dos

resíduos depositados por semana. Embora não sejam aconselhados, poderão ser uma boa alternativa

como material estruturante, no caso de em determinada época do ano os materiais “castanhos” serem

em menor número. Uma outra preocupação nesta etapa será de colocar, se possível, os materiais

“verdes” e “castanhos” separadamente, para posteriormente ser mais fácil a formação adequada das

pilhas de compostagem, atendendo ao seu valor de razão C/N. Depois de colocados os resíduos na

área destinada, poder-se-ia proceder à uma triagem pormenorizada dos resíduos, retirando os resíduos

inconvenientes ao processo, como são os plásticos, vidros, entre outros. Tendo em conta que os

resíduos são maioritariamente provenientes dos jardins municipais, uma fonte de material segura, tal

cuidado não necessitará de ser minuciosa. Caso existam deverão ser removidos visto poderem

interferir nas operações mecânicas de compostagem, inibir o processo de decomposição, causar

problemas de segurança para aqueles que trabalham com ou utilizam o composto, para além de

desvalorizar o aspecto estético do composto, evidente em alguns compostos provenientes de estações

de compostagem de resíduos indiferenciados, como é por exemplo, as beatas de cigarros. Também

não deverão ser decompostos resíduos de jardim aos quais se tenham adicionado pesticidas e outras

mais substâncias químicas.

Na área adjacente à zona de deposição dos resíduos verdes deverá estar o triturador de resíduos

verdes. A trituração dos resíduos verdes deverá ser efectuada depois das etapas atrás referidas. Esta

parte do processo é importante visto permitir reduzir o tamanho do material de maiores dimensões,

facilitando o seu manuseamento e criando uma certa uniformidade do tamanho das partículas a

compostar. O cuidado a ter é evitar a trituração excessiva para evitar a criação de zonas anaeróbias

durante o processo. Para tal, o tamanho das partículas deverá estar compreendido entre os 25 e 75

mm[199]. A trituração dos resíduos (com destaque para os materiais lenhosos) provoca também o

acelerar do processo visto criar a redução do tamanho das partículas aumentando a área de ataque dos

microrganismos intervenientes. Na figura seguintes encontra-se o triturador utilizado nas estações de

compostagem da ALGAR (VI.8, VI.9) e outro na Unidade de Compostagem Municipal do município

do Seixal (VI.10).

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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198

Figura VI.8, VI.9 e VI.10 – Triturador utilizado nas estações de compostagem da ALGAR S.A. (à esquerda (8)), assim como no centro onde se encontra um pormenor do equipamento (9). Por fim, à direita (10), está o triturador adquirido

pela C.M Seixal com capacidade para 30 a 40 m3/h. (Fotografias por: Carlos Ferreira (8,9) e Breves (2004b) (10))

VI. 2.5.4. – Adição e Mistura dos Resíduos Verdes

A mistura dos resíduos verdes é muitas vezes necessária para que se consigam as melhores condições

de compostagem para que assim a mistura apresente valores óptimos de razão C/N e de teor em

humidade no início, de forma ao processo se poder mais rapidamente e sem problemas. O teor em

humidade inicial deverá rondar entre os 40 e 60% (não devendo nunca ser inferior a 20%) e a razão

C/N deverá estar em 25:1 e 35:1. A razão C/N dos resíduos verdes pode ser determinada

examinando-se a natureza dos resíduos a compostar (através da sua cor, sendo que “verde” implica

azoto e “castanho” implica carbono). A relva sendo um dos componentes mais problemáticos devido

à sua rápida decomposição e criação de odores desagradáveis deverá, logo após a sua entrada, recepção

e possível pré-processamento no CCRV, ser misturado com resíduos verdes de razão C/N superior

para chegar a um valor óptimo de 30. A escolha de uma de uma relação C/N ideal evitará possíveis

problemas no decorrer do processo. Esta etapa deve ser efectuada após a trituração e antes de

começar a montar as pilhas de compostagem para se dar início ao processo de compostagem.

VI. 2.5.5. – Construção das Pilhas no Parque de Compostagem

O sistema de pilhas revolvidas deverá apresentar uma secção transversal trapezoidal, embora se

possam proceder a alterações consoante a natureza do material e características climáticas. A escolha

desta forma é de forma a ocupar um menor espaço e para que o processo ocorra mais rapidamente

devido a apresentar uma maior área de arejamento. Os resíduos deverão ser devidamente misturados,

homogeneizados, empilhados e volteados com frequências pré-estabelecidas, para que se possa dar no

seu interior o processo de compostagem. Antes da construção das pilhas de compostagem dever-se-á

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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199

colocar terra fértil e resíduos verdes de dimensões um pouco superiores para permitir o desenrolar o

início do processo mais rapidamente (devido à presença de microrganismos) e um arejamento

suficiente da pilha.

Mas a construção da pilha de compostagem está essencialmente dependente do equipamento utilizado

para o voltear. Considerando que a melhor solução para o CCRV com capacidade para 5000 t/ano é

um volteador (equipamento próprio para revolver os resíduos verdes e que permite um mais rápido

revolver com economia de espaço, necessitando pouco mais de espaço para o manobrar da máquina),

e que este equipamento apresenta as dimensões óptimas para se dar o processo de compostagem, as

pilhas deverão ter as dimensões consoante o volteador (é de evitar um volteador que efectue a

movimentação lateralmente, erigindo nova pilha a partir de uma já existente, visto assim requerer uma

maior área de actuação). Mas existem volteadores com diferentes tamanhos. Assim, considerou-se que

o volteador teria uma área de secção recta transversal (ver cálculos em VI. 3.1.3) semelhante ao

volteador utilizado nas estações de compostagem da ALGAR (figura VI.11 e VI.12), em que a largura

é na ordem dos 3.2 m e a altura próxima do 1.80 m, o que vem de acordo com o referido em que se

afirma que a largura da pilha deve ser normalmente o dobro da altura (L 2h) [84], com comprimento

variável consoante a área disponível no CCRV. Com estas dimensões o processo decorrerá sem

problemas de maior. A pilha de compostagem dever-se-á construir de uma só vez para que todos os

pontos da pilha estejam em condições iguais. Mas, para além do equipamento, na construção das

pilhas deve ser tida em consideração os tipos de resíduos, a sua densidade e conteúdo em humidade.

Estes factos também influenciam a área destinada à formação das pilhas.

Figura VI.11 e VI.12 – À direita (11), volteador utilizado nas estações de compostagem de resíduos verdes da ALGAR S.A., enquanto à esquerda, apresenta-se um pormenor do mesmo equipamento (12). (Fotografias por: Carlos Ferreira)

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

200

Utilizando o volteador como forma de revolvimento será necessária uma distância mínima entre as

pilhas de resíduos verde, a suficiente para que o volteador possa funcionar sem problemas e que

posteriormente haja espaço suficiente para que o tractor

com pá carregadora possa efectuar o seu trabalho. Na figura

VI.13 mostra-se um caso prático.

Figura VI.13 – Distancia mínima mantida na estação de compostagem de resíduos verdes da ALGAR S.A., entre as pilhas de compostagem.

(Fotografia por: Carlos Ferreira)

Também como protecção adicional à erosão, as pilhas deverão ser construídas paralelamente ao

declive, de modo a permitir que as escorrências se façam entre as pilhas e não através delas.

VI. 2.5.6. – Controlo e Monitorização do Processo de Compostagem

Antes de passar propriamente à descrição de quais os procedimentos a efectuar durante o processo em

si, é fundamental saber qual será a duração do processo. Em Portugal, existe um caso prático, como é

a das duas estações de compostagem da ALGAR. Nestas estações de compostagem o período

necessário para se dar o processo é de 8 a 10 semanas. Sabendo que é um exemplo de sucesso, optar-

se-á por adoptar as mesmas medidas que a entidade toma para o controlo do processo, mais

concretamente no que diz respeito ao período de tempo necessário para efectuar o processo e as

acções que se tomam durante o mesmo, como é exemplo, a junção de duas pilhas após um período de

tempo. Também se seguirá as mesmas medidas no que diz respeito ao controlo dos parâmetros

fundamentais como são a humidade e temperatura. Para o número de vezes que as pilhas são

revolvidas existem pequenas alterações.

VI. 2.5.6.1. – Frequência do Revolvimento e Junção de Pilhas Durante Processo

O processo de compostagem requer um ciclo de revolvimento periódico, de forma a não permitir

elevadas temperaturas e acelerar o processo, mas que varia ao longo do processo. De seguida, está

descrito qual o ciclo que se deverá realizar para o CCRV:

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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201

Numa 1ª fase que terá a duração de 4 semanas, serão cumpridos 3 revolvimentos por

semana[45], mais concretamente, às segundas, quartas e sextas-feiras. O número de

revolvimentos está relacionado com o facto de esta ser a fase activa do processo.

Após as 1ªs 4 semanas, pretende-se fazer a reunião de duas pilhas de compostagem, visto

estas na 1ª fase diminuírem substancialmente de tamanho (cerca de 50%) [208], permitindo assim

a possibilidade de formação de uma outra, e assim sucessivamente.

Numa 2ª fase, opta-se apenas por 2 revolvimentos nas duas semanas seguintes (5ª e 6ª

semana), às segundas e quintas-feiras, e posteriormente até à última semana apenas um

revolvimento (da 7ª semana até entre a 8ª e 10ª) às quartas-feiras. A redução deve-se à entrada

do processo na fase de maturação.

O revolvimento deverá possibilitar a uniformização da pilha, misturando as camadas internas e

externas. Este procedimento é de evitar em situações de vento forte para não provocar problemas

com as poeiras e odores.

VI. 2.5.6.2. – Rega da Pilha

As pilhas de resíduos serão regadas, consoante as necessidades, com a água proveniente da escorrência

e adequadamente drenada, para além de reter água proveniente das chuvas, com o objectivo de manter

a humidade relativa dentro dos valores ideais. Deverá ser efectuada aquando dos revolvimentos e ser

realizada de forma a garantir a sua distribuição uniforme[40].

VI. 2.5.6.3. – Monitorização do Processo de Compostagem

A monitorização das pilhas é um factor fundamental para as acções operacionais do parque de

compostagem, visando a optimização do processo. Por isso será efectuado, no mínimo, o controlo da

humidade e temperatura.

Recorrendo à sonda para medir o teor em humidade dever-se-á verificar os seus valores em pontos

diferentes da pilha, devendo os valores situarem-se em redor dos 55%. Deverá ser efectuada a sua

medição todos os dias. A perda de água do processo pode ser reposta durante a operação de

revolvimento da pilha, já que durante esta operação haverá uma perda de água sob a forma de vapor.

Durante a rega, devem ser tomados cuidados para evitar o excesso de humidade. Durante a estação de

Inverno a pilha deverá ser mantida próxima do teor mínimo recomendado (40%), de modo a prevenir

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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202

os inconvenientes causados pelo excesso de humidade, provenientes das chuvas ou então recorrer à

tela referida no ponto VI. 2.4 (quadro VI.1), com um exemplo na figura VI.7.

Quanto à temperatura também deverá ser feito a sua verificação todos os dias, e preferencialmente em

três pontos centrais da pilha (topo, centro e base). Esses valores irão revelar a performance do processo e

a necessidade de qualquer medida correctiva, caso a temperatura saia do intervalo óptimo (40-45 a 65-

70ºC), na fase activa da degradação. As temperaturas altas serão controladas pelo revolvimento e/ou

mudança da configuração geométrica das pilhas (diminuição da altura e aumento da área superficial).

Já temperaturas baixas registadas na fase activa sugerem baixos teores de humidade (< 35%).

VI. 2.6. – Parque de Maturação/Crivagem/Análise e Armazenamento do Composto

Tendo em conta o relatado por Ferreira[208] não será necessário propriamente o espaço para o parque

de maturação, podendo esta zona ser substituída pelo espaço para proceder à crivagem do composto.

Este facto é devido a que durante o período de tempo em que os resíduos verdes, e posteriormente

composto, estão nas pilhas ser suficiente para que a maturação também suceda e o composto esteja

estabilizado, o que demonstra a eficiência e rapidez do processo. Apesar disso deverão ser efectuados

pequenos testes para verificar o término do processo. Para tal, nos últimos dias do processo, após o

último revolvimento, algumas horas depois e nos dias subsequentes, deverá ser medido o valor da

temperatura interna da pilha e verificar se ocorre ou não reaquecimento da pilha. Caso ocorra, significa

que o material não está maturado e que ainda poderá ocorrer decomposição. A razão C/N é também

uma forma eficiente de analisar a situação. Também será importante efectuar análises laboratoriais, a

amostras representativas, para avaliar se existe possíveis contaminações químicas, físicas ou biológicas

patogénicas, assim como determinar concentrações dos nutrientes essenciais. Deverão ser assim

efectuadas duas a três vezes análises ao composto maturado, devendo seguir os valores referidos na

Decisão da Comissão 2001/688/CE, de 28 de Agosto[73], relativa à atribuição de rótulo ecológico

europeu aos compostos obtidos por processos biológicos, como é o caso da compostagem de resíduos

verdes.

No processo de crivagem procede-se ao afinamento do composto, dependendo de especificações a

que se destina. Tendo em conta que o composto é para ser aplicado nos jardins e parques municipais,

e também utilizado nos viveiros municipais poderá assim ser crivado segundo diferentes tamanhos.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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203

Composto com melhor qualidade deverá ser crivado com um tamanho inferior (12 a 15 mm) e o com

pior qualidade com um crivo com tamanho de 20 a 25 mm. As partículas maiores poderiam baixar a

qualidade do produto ou tornarem-se esteticamente desagradáveis. Os rejeitados com tamanho

superior a 25 mm serão novamente sujeitos ao processo de compostagem (figura VI.14). Esta acção

trás, além do benefício e reaproveitamento dos rejeitados, melhorias na eficiência do processo dada a

inoculação de microrganismos já aclimatizados para a fase inicial de degradação[45].

O composto deverá ser armazenado sob abrigo (figura VI.15), prevenindo de possíveis chuvas e

encharcamento do produto final, embora em último caso possa ser armazenado em parques a céu

aberto. Neste caso é preferível que seja na época de Verão visto normalmente não ocorrer precipitação

elevada. Não há restrições especiais quanto às dimensões das pilhas de composto, cuja altura

corresponderá ao máximo alcance da pá carregadora. Para mais racional utilização do espaço e melhor

acesso as pilhas deverão dispor-se paralelamente. No cálculo da área reservada para os parques de

armazenamento dever-se-á ter em conta que o uso do composto não se faz regularmente ao longo do

ano, concentrando-se geralmente em duas épocas de altas, determinadas pelos ciclos culturais. Assim,

será prudente considerar a necessidade de acumular composto durante as épocas baixas.

Figura VI.14 e VI.15 – Em baixo, à esquerda (15), o composto obtido sob abrigo na Estação de Compostagem da ALGAR S.A. Sotavento, em Tavira, depois de ter

sido submetido à crivagem com um crivo (em cima, à esquerda) (14). (Fonte: http://www.pezzolato.it (14) e Fotografia por: Carlos Ferreira (15))

Quando as pilhas são armazenadas a céu aberto convirá que a sua

secção seja grosseiramente triangular para que, no caso de

ocorrência de forte precipitação, a água escorra rapidamente,

evitando o encharcamento da massa de composto contida no

interior. Em caso de chuva prolongada, convirá cobrir as pilhas,

por exemplo, com filme de plástico, que se poderá manter seguro

colocando pneus nos bordos. Este procedimento evitará infiltração e acumulação de água na base de

pilha, com a consequente produção de lixiviados geradores de maus cheiros e, ainda, o arrastamento

de compostos húmicos. Visto o composto não ter como objectivo a sua comercialização, e ser para

aplicação nos jardins e parques municipais não se julga necessário proceder ao ensacamento do

material.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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204

VI. 3. – Estudo de Dimensionamento e Cálculos Justificativos

Com as bases técnicas e teóricas que têm sido salientadas ao longo do trabalho, com especial atenção

para este capítulo em que se dá particular atenção à parte prática da questão, pretende-se efectuar

cálculos que possam dar ideia de qual o dimensionamento para cada uma das fases central de

compostagem com o objectivo final de obter um fertilizante natural, calculando também a quantidade

de produto obtido. Neste estudo, evidencia-se substancialmente a altura para a formação das pilhas de

compostagem que é fundamental para se dar o processo.

VI. 3.1. – Dados Base para os Cálculos

Antes de mais é necessário saber a quantidade de resíduos produzidos anualmente. Como referido,

pretende-se a construção de uma central com capacidade para 5000 t/ano. Para tal, o município de

Oeiras tem pensado uma área de cerca de 10 000 m2 (1 ha), inserida no futuro Eco-Parque. Desta

forma, é com estes valores, e com os obtidos no Capítulo V (Parte II), referentes ao peso específico

médio dos resíduos verdes adicionados aos três compostores, a percentagem da redução de volume,

percentagem de redução da massa (antes) e peso específico do composto obtido, que se irá fazer o

estudo. No quadro VI.2 apresentam-se os valores médios dos dados atrás referidos.

Quadro VI.2 – Valor teórico previsto para o peso específico dos resíduos verdes produzidos no concelho de Oeiras e

valores da percentagem de redução de volume e de massa (antes) obtidos experimentalmente.

CM CPV CPP Valor Médio

Peso Específico dos Resíduos Verdes Adicionados a cada um dos Compostores e Valor Médio (Kg/m3)

249,91 250,50 251,53 250,65

Percentagem de Redução de Volume (%) 85,35 86,68 89,39 87,14 Percentagem de Redução de Massa (antes) (%) 63,27 72,51 77,09 70,96

Com estes valores obtiveram-se dados que não estavam disponíveis como é o caso do volume dos

resíduos verdes equivalentes às 5 000 toneladas por ano, importantíssimo para dimensionar a CCRV.

Não sendo desde já necessário, com os valores da percentagem de redução de volume e de massa,

calculou-se também a quantidade final de composto prevista, o seu volume e, com estes dois valores, o

seu peso específico (quadro VI.3).

Quadro VI.3 – Cálculo do volume de resíduos verdes e também do peso específico do composto obtido.

Resíduos Verdes Composto

Quantidade (t/ano) 5000 Quantidade (t/ano) 1452,22 Peso Especifico (Kg/m3) 250,65 Volume (m3) 2565,63

Volume (m3) ?? 19948,52 Peso Especifico (Kg/m3) ?? 566,03

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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205

Para além destes valores também é importante saber a quantidade de resíduos verdes e de composto

produzido, em média, por períodos de tempo. No quadro VI.4 apresentam-se os valores.

Quadro VI.4 – Quantidade e volume de resíduos verdes e composto obtido por período de tempo.

Resíduos Verdes Composto Produzido

Volume (m3) Quantidade (t) Volume (m3) Quantidade (t) Por ano 19948,52 5000 2565,63 1452,22

Por trimestre 4987 1250 641 363 Por mês 1662,38 416,67 213,80 121,02

Por semana 382,57 95,89 49,20 27,85 Por dia 54,65 13,70 7,03 3,98

VI. 3.1.1. – Portaria/Edifício Administrativo/Armazém de Manutenção/ Arruamentos/

Espaços Verdes/Parqueamento

Todos estes espaços deverão ser construídos consoante a disponibilidade financeira. Uma necessidade

básica é um local onde se possa armazenar o material utilizado, como o caso de ferramentas, máquinas

e dos sensores de registo de temperatura e humidade. Para além disso, os espaços verdes são

fundamentais para proteger toda a área circundante do CCRV de possíveis problemas.

VI. 3.1.2. – Área de Recepção e Pré-Tratamento

Através da quantidade de resíduos verdes e do equipamento utilizado para o seu pré-processamento

será possível estimar as dimensões necessárias para esta etapa. A recepção dos resíduos deverá estar

dimensionada para receber os resíduos verdes produzidos durante uma semana. Tendo em conta que

o volume de resíduos produzidos nesse mesmo período de tempo ronda os 382.57 m3 (quadro VI.4), e

considerando um coeficiente de segurança de 10%, será necessário um espaço com 20*10*2.2 m3. Os

rejeitados também deverão ter uma zona de deposição, embora este espaço possa ser mínimo 5*4*2

m3. Uma área reservada para a trituração também deverá constar, estando dependente do tamanho do

triturador e do espaço necessário para a pá carregadora poder efectuar a sua movimentação. Com o

exemplo da ALGAR, verifica-se que uma área de 100 m2 é suficiente para esta etapa do processo.

VI. 3.1.3. – Cálculo das Dimensões da Pilha de Compostagem e da Área para Compostagem

Para estes cálculos, além dos valores de resíduos produzidos anualmente, é também importante saber

as características físicas do equipamento que irá efectuar o revolvimento das pilhas. Tomando como

referência base as características físicas do volteador utilizado nas duas Estações de Compostagem da

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

206

ALGAR (figura VI.11), visto estas também estarem preparadas para receber 5000 t/ano cada,

calculou-se qual a área da secção recta do volteador. O valor é de 4.425 m3. Como o equipamento

(volteador) ter sido concebido pensando nas pilhas de compostagem, faz com que as suas

características possam ser consideradas como óptimas para efectuar o seu trabalho. Considerando isso

e tendo em conta uma redução da área de secção recta em 20% para que as o equipamento possa

movimentar-se e revolver os resíduos a serem decompostos, obteve-se um valor de 3.54 m2. As pilhas

de uma forma grotesca têm 1.6 m de altura e 3 m de

largura, com uma forma trapezoidal (figura VI.16).

Figura VI.16 – Dimensões das pilhas de compostagem da Estação de Compostagem da ALGAR S.A. do Sotavento Algarvio.

(Fotografia por: Carlos Ferreira)

Uma questão importante de relembrar é o facto de ser nas primeiras semanas do processo que se

regista uma maior percentagem de redução tanto em massa como em volume (Capítulo V – Parte II,

ponto V. 3.3.). Tal evidência levou a considerar que a melhor alternativa de poupança de área para a

central seria a junção de duas pilhas de compostagem após as primeiras 4 semanas de processo. Após a

sua junção, para se dar o finalizar do processo deverão ficar mais 4 semanas, com o intuito de se dar a

maturação do composto. Este método é semelhante ao que é levado a cabo nas estações da ALGAR.

Assim, poder-se-á entrar em linha de conta que dentro da área destinada ao processo de compostagem

em si se poder considerar duas etapas. Logo após a passagem da 1ª para a 2ª etapa, colocar-se-á mais

resíduos verdes a compostar, dando início novamente ao processo, e assim sucessivamente. Mas para

além do volume de resíduos produzidos anualmente e das características do volteador e,

consequentemente, das pilhas de compostagem, também se terá que saber o volume de resíduos

produzidos semanalmente e mensalmente. Este facto é necessário de forma a se poder encontrar o

volume de resíduos que deverão ser escoados (colocados a processar) por período de tempo (quadro

VI.4). Visto que é aconselhável para muitos dos resíduos verdes, especialmente os de mais fácil

biodegradabilidade, serem colocados a compostar no menor tempo possível, e tendo em conta os

factos e números apresentados, considera-se que o ideal para poupança de tempo e de espaço,

optimizando o processo, será colocar semanalmente os resíduos verdes acumulados a compostar. Para

poder escoar o volume de resíduos verdes produzidos semanalmente na sua totalidade terá que se

montar uma pilha de resíduos com 54 m de comprimento (quadro VI.5). Levando em linha de conta

que o processo demora 8 semanas (4 semanas na 1ª fase, mais 4 na 2ª fase) e que se pretende escoar a

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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207

totalidade do volume de resíduos produzidos anualmente, será necessário a montagem de 12 pilhas de

resíduos verdes, ou melhor, 4 conjuntos de 3 pilhas de compostagem.

Quadro VI.5 – Dados necessários para a área de processamento do CCRV.

Dados Necessários Valor

Área Secção Recta da Pilha de Resíduos Verdes (m2) 3,54 Comprimento da Pilha (m) 54 Volume de Uma Pilha (m3) 191,16

Da análise dos valores do quadro VI.4 e VI.5, verifica-se que por semana será necessário a formação

de duas pilhas para poder escoar os resíduos produzidos nesse mesmo período (382.57 m3). Através

destes valores, chega-se à conclusão que o CCRV terá capacidade para estar a processar ao mesmo

tempo 2293.92 m3 de resíduos verdes, distribuídas pelas 12 pilhas da central. Outro ponto a salientar é

a necessidade de espaço entre as pilhas de compostagem para se poder efectuar o revolvimento, assim

como espaço para que se possa efectuar a montagem das pilhas, para além da passagem dos resíduos

da 1ª para a 2ª etapa do processo. Entre as pilhas de cada conjunto será deixado um intervalo de 1.5 m.

Já entre os diferentes conjuntos de 3 pilhas irá ser deixado um intervalo maior com 6 metros. A largura

será assim de 78 m enquanto o comprimento será de 60 m, respeitantes a 54 m de comprimento das

pilhas mais 3 m para cada um dos lados. A área será então de 4680 m2 ou 0.468 ha.

VI. 3.1.4. – Parque de Maturação/Crivagem e Armazenamento do Composto

Estes espaços também estão dependentes do equipamento utilizado e do volume de composto

produzido. A área de armazenamento deverá estar dimensionada para acumular até um mês de

produção de composto. O quadro VI.4 mostra que o volume produzido ronda os 200 m3. Assim, para

armazenar será necessário uma área de 100 m2, podendo ter até cerca de 3 m de altura. Esta área

convirá ser sob telhado. A área destinada à crivagem deverá ser também semelhante à área destinada à

trituração, isto é, cerca de 100 m2, pelas mesmas razões enunciadas. Os resíduos verdes que ainda não

foram totalmente processados e que ainda não têm as condições necessárias deverão ser novamente

transportadas para a área de recepção e ser novamente empilhados.

VI. 3.2. – Funcionamento do CCRV

Tendo em conta o volume de resíduos, foi objectivo principal tomar as opções que pudessem tornar o

CCRV fiável em termos práticos, e simples em termos de acções a efectuar durante o tratamento.

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

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208

Assim, para ser mais fácil a compreensão do que foi referido, e do conjunto de procedimentos que se

deverão efectuar no CCRV, apresenta-se no quadro VI.6 as acções necessárias tomar na área de

processamento, desde a primeira semana até à n-ésima semana.

Quadro VI.6 – Procedimentos a tomar durante as várias semanas do processo no que diz respeito à montagem das pilhas.

Nº Semana Procedimentos a Tomar

1ª Montagem de duas pilhas no 1º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda)

2ª Montagem de duas pilhas no 2º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda)

3ª Montagem de duas pilhas no 3º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda)

4ª Montagem de duas pilhas no 4º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda)

5ª Passagem dos resíduos processados nas duas pilhas do 1º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda) para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 1º conjunto de pilhas (2ª ronda).

6ª Passagem dos resíduos processados nas duas pilhas do 2º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda) para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 2º conjunto de pilhas (2ª ronda).

7ª Passagem dos resíduos processados nas duas pilhas do 3º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda) para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 3º conjunto de pilhas (2ª ronda).

8ª Passagem dos resíduos processados nas duas pilhas do 4º conjunto de 3 pilhas (1ª ronda) para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 4º conjunto de pilhas (2ª ronda).

9ª Retirada do composto obtido na 3ª pilha do 1º conjunto de 3 pilhas, após as 8 semanas necessárias ao processo. Passagem da 2ª ronda de resíduos do 1º conjunto para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 1º conjunto de pilhas (3ª ronda).

10ª Retirada do composto obtido na 3ª pilha do 2º conjunto de 3 pilhas, após as 8 semanas necessárias ao processo. Passagem da 2ª ronda de resíduos do 2 º conjunto para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 2º conjunto de pilhas (3ª ronda).

11ª Retirada do composto obtido na 3ª pilha do 3º conjunto de 3 pilhas, após as 8 semanas necessárias ao processo. Passagem da 2ª ronda de resíduos do 3 º conjunto para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 3º conjunto de pilhas (3ª ronda).

12ª Retirada do composto obtido na 3ª pilha do 4º conjunto de 3 pilhas, após as 8 semanas necessárias ao processo. Passagem da 2ª ronda de resíduos do 4 º conjunto para o espaço destinado à 3ª pilha. Montagem de mais duas pilhas no 4º conjunto de pilhas (3ª ronda).

13ª e seguintes …. e assim sucessivamente.

A monitorização e acompanhamento do processo já estão referenciados no ponto VI. 2.5.6.

VI. 3.3. – Etapas do Processo

Como já foi referido neste ponto do trabalho este tipo de infra-estrutura deverá obedecer a uma

sequência lógica de etapas de forma a obter um produto final de qualidade para posterior utilização. As

etapas passam pela recepção dos resíduos verdes (trituração), tratamento (constituição das pilhas,

revolvimento), crivagem e armazenamento do produto final, tal como já está demonstrado no ponto

VI. 2.3. (figura VI.6), além de efectuar o controlo da qualidade. Além

das etapas dentro do CCRV, é importante salientar a recolha dos

resíduos verdes e a aplicação do composto final (figura VI.17), para

que assim se possa completar o ciclo.

Figura VI.17 – Ciclo do processo de compostagem, desde a recolha dos resíduos verdes até à posterior aplicação do composto obtido com esses mesmos resíduos.

(Fonte: http://www.cm-seixal.pt/compostagem)

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

209

Para exemplo de infra-estruturas em que se efectua compostagem de resíduos verdes está representado

nas figuras VI.18 e VI.19, casos práticos da estação de compostagem de resíduos verdes ALGAR

Barlavento, em Portimão, e um outro

exemplo nos E.U.A.

Figura VI.18 e VI.19 – Mais à direita (18), o exemplo de uma CCRV nos E.U.A. e à esquerda (19), um caso em Portugal, na

ALGAR S.A. (Portimão). (Fonte: http://www.edmonton.ca (18) e ALGAR, 2004 (19))

VI. 3.4. – Investigação e Experiências para Preparação do Projecto. Estudos de Viabilidade.

Além da experiência efectuada com os compostores que permitiu averiguar a percentagem de redução

de massa e de volume, entre outros aspectos, também poderá ser feita uma outra experiência, mas

desta feita mais direccionada ao objectivo, o CCRV. Para este projecto não interessa somente analisar

o processo em si, sendo também determinante avaliar quais os resíduos verdes existentes nas

diferentes épocas do ano, podendo ser efectuada uma campanha de quantificação. Deverá ser

efectuada uma campanha em diferentes épocas do ano (4) ou então apenas uma durante um mês, que

possa ser representativo do ano inteiro. Outro factor a avaliar é, se é mais rentável em termos

financeiros a possibilidade de trituração dos resíduos no próprio local de recolha (apenas nos locais de

maior produção de resíduos, caso é exemplo o Complexo Desportivo do Jamor) ou no centro de

compostagem propriamente dito. Este facto deve-se a que os resíduos, antes de triturados, ocuparem

um espaço muito maior do que depois de serem triturados. Assim, deverá ser avaliado se é rentável a

deslocação do triturador para os locais de maior produção de resíduos verdes, isto é, verificar se se é

possível economizar gastos com combustível no transporte dos resíduos para o local de compostagem.

Como é vulgar em projectos deste tipo, será aconselhável um estudo prévio para estudar a sua

viabilidade e obter mais valores que possam ser tidos como base para o projecto final.

VI. 3.5. – Dados Globais Resumidos

Os objectivos principais da CCRV são:

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

210

Aproveitamento de um recurso natural através do reaproveitamento dos resíduos verdes

provenientes de todas as actividades de jardinagem e poda do concelho de Oeiras, de cerca de

5 000 toneladas ( 19948 m3) e a sua transformação em 1 452 toneladas ( 2565 m3);

Produção de um composto de boa qualidade, factor de estabilização natural dos solos que será

utilizado nas áreas plantadas do concelho;

Recuperação de terrenos agrícolas de primeira qualidade do concelho;

Aproveitamentos dos resíduos que de uma outra forma seriam enviados para aterro sanitário;

Tratamento biológico dos lixiviados provenientes do processo de compostagem, e sua

reutilização para rega.

Agora irão ser descritas as:

Acções:

Concepção e construção de uma infra-estrutura de compostagem aeróbia dos resíduos verdes,

nomeadamente através da:

Ø Implementação de uma estrutura de recepção dos resíduos verdes (trituração);

Ø Criação de uma zona de tratamento (formação das pilhas, revolvimento);

Criação de uma zona destinada à crivagem e armazenamento do composto;

Criação de zonas de captação de lixiviados (Fito-ETAR);

Reutilização dos efluentes já tratados na rega;

Controlo da qualidade do composto produzido e dos efluentes tratados. Métodos:

Estudo pormenorizado do tipo de resíduos a tratar;

Estudo da melhor combinação de resíduos verdes para obtenção de um composto de boa

qualidade. Indicadores de Progresso:

Diminuição significativa da quantidade de resíduos verdes enviados para aterro sanitário;

Número de contratos de emprego efectuados para o CCRV;

Produção de um composto de boa qualidade. Resultados Esperados:

A transformação de 5000 toneladas ( 19948 m3) de resíduos verdes produzidas anualmente

em 1452 toneladas ( 2565 m3) de composto (Nota: a Câmara Municipal de Oeiras adquire

anualmente cerca de 10 000 m3 de terra vegetal);

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CAPÍTULO VI – Central de Compostagem de Resíduos Verdes

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

211

Produção de um composto de boa qualidade, com funções de fertilizante natural que deverá

ser utilizado nas áreas plantadas do concelho. Metas:

Reaproveitamento dos resíduos verdes, e o aproveitamento e/ou reabilitação dos solos

agrícolas no concelho de Oeiras. Vantagens:

Processo simplificado e de baixos custos;

Redução do uso de adubos químicos;

Redução da quantidade de MO enviada para aterro. Condicionalismos:

O funcionamento da CCRV poderá provocar algum tipo de ruído, maus odores e possíveis

poeiras para as populações limítrofes;

Possível necessidade de cobrir as pilhas de compostagem em períodos de pluviosidade

excessiva para evitar possível entrada da pilha em anaerobiose;

A Fito-ETAR terá de estar operacional quando os edifícios e infra-estruturas estiverem em

funcionamento. Pressupostos:

Pressupõe-se a minimização do ruído produzido pelo CCRV através de protecções sonoras e

enquadramento paisagístico;

Parte-se do princípio que serão construídos novos e melhores acessos para a mobilidade dos

veículos de carga e descarga dos resíduos.

VI. 4. – Considerações Finais

Neste momento, em Portugal, começasse a apostar forte no tratamento biológico dos resíduos. A

compostagem de resíduos verdes é uma das hipóteses dentro desta área, sendo que o processamento

de resíduos verdes, à escala municipal, é relativamente recente, com poucos exemplos práticos. A

execução desta proposta poderá ser um excelente motor de divulgação e generalização deste processo

por todo o país, mais concretamente para municípios com bastantes áreas verdes e com tendências

não tão marcadamente urbanas, para além de reduzirem a quantidade dos seus resíduos em valores

consideráveis. Com o processo e o seu resultado – o composto – dará também um forte contributo no

combate à desertificação[157]. As suas vantagens são evidentes!!!

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 212

CCAAPPÍÍTTUULLOO VVIIII

CONSIDERAÇÕES FINAIS/ SUGESTÕES

Não se pretende apenas efectuar uma análise global dos estudos efectuados, mas também mostrar a

necessidade de, nos dias de hoje, em pleno século XXI, reciclar, reaproveitar a fracção biodegradável

dos RSU, fazendo compostagem em nossas casas, e não só. Nos dias de hoje, o planeta está

superlotado em termos populacionais. Tal facto, entre outros, leva ao consumo exagerado, e

consequentemente à produção de grandes quantidades de resíduos. Os resíduos biodegradáveis, com

particular evidência para os orgânicos, representam uma imensa fatia. De grosso modo, poderá ir dos

20-30% em países desenvolvidos até aos 60-70, ou mesmo 80%, nos países ditos do 3º Mundo. Com

estes números, é manifesta a sua importância, alinhando-se como um dos problemas mais sérios

enfrentados indistintamente pelos países ricos e pelas sociedades em desenvolvimento. Mas os

problemas são relativamente recentes, podendo-se afirmar que “...em matéria de lixo, ninguém está inocente”.

Os nossos primórdios faziam compostagem com total naturalidade, sendo que após a Revolução

Industrial a tendência inverteu, tornando-se os RSU, nos quais se incluem os resíduos orgânicos, um

problema a resolver. O pós 2ª Grande Guerra Mundial tornou ainda mais evidente a problemática dos

resíduos a nível mundial, com a sua crescente produção, e o interesse pela compostagem perdeu-se no

meio de todos os interesses socio-económicos pelo qual o mundo enveredou. Todo o planeta ficou, e

está, atulhado de resíduos. O retornar aos velhos tempos, isto é, ao interesse pelo aproveitamento de

resíduos orgânicos, tornou-se uma necessidade, e apenas uma obrigatoriedade, nos países da União

Europeia, há cerca de meia dúzia de anos. Apesar disso, o interesse/necessidade voltou a surgir

novamente, em alguns países, nos anos 60-70 do século XX. Em Portugal, sucedeu mais tarde. Nos

dias de hoje, o aproveitamento da fracção biodegradável dos RSU é um dos pontos em que se aposta

mais, apesar de ainda ser o aterro sanitário a solução mais adoptada. Para contrariar, dever-se-á apostar

na compostagem visto ser um processo que poderá aliviar um pouco os problemas por Nós criados. É

um processo que permite minimizar os riscos ambientais resultantes das actividades humanas, para

além de melhorar a estrutura do solo e ser utilizado como fertilizante natural, assim como evitar em

muitos locais de Portugal, o risco de desertificarem.

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

213

Para envolver os cidadãos nesta problemática é evidente a necessidade de tomar medidas que

propiciem a sua educação e a sensibilização para as questões relacionadas com o ambiente, e com

práticas que possibilitem a reutilização e reciclagem de resíduos, nos quais os resíduos orgânicos se

incluem, para além de mostrar aos empresários, políticos e cidadãos que é a redução na origem, o

princípio fundamental para a solução desta temática. Assim, a Educação e Sensibilização Ambiental é

o instrumento primário para levar avante todas estas acções. É necessário fazer ver à população os

problemas ambientais resultantes da crescente produção de RSU, sensibilizando-os e motivando-os

para a política dos 3 R`s. É preciso dar a conhecer a existência e a utilidade de equipamentos

(compostor é um caso) que possibilitam a reutilização de resíduos. E os jovens são um veículo

privilegiado de transmissão de informação, visto serem também, os “Homens de Amanhã”. Assim, são

estes os principais destinatários destas acções, visto este grupo etário se encontrar numa fase de forte

assimilação de conhecimentos e aquisição de hábitos, permitindo que formem uma consciência

ecológica e através deles atingir a população adulta, com a sua capacidade persuasora incrível Um

pequeno exemplo, mas que vale…e muito, foi o mencionado por um dos munícipes inquiridos, que

referiu que apenas aderiu ao programa “Compostagem Doméstica nas Moradias” devido a insistência feita

pelo seu filho, mostrando os frutos das acções de Educação Ambiental.

A finalidade é minimizar os riscos ambientais e melhorar a Qualidade Vida porque, como foi dito logo

no começo do trabalho “…esta passa pela Qualidade Ambiental”. Tudo isto tem em vista o

desenvolvimento sustentável, através da participação voluntária e consciente de cada cidadão, sendo

que neste caso, este movimento está integrado num processo de aplicação prática da estratégia de

redução da deposição em aterro da fracção biodegradável dos RSU. Mas a participação não depende

apenas dos cidadãos por si só, mas também das entidades locais e nacionais. É necessário a aposta no

tratamento biológico. Foram dados os primeiros passos em Portugal, com a apresentação em Julho de

2003 da ENRRUBDA, e onde a recolha selectiva dos diferentes tipos de resíduos, especialmente os

RUB, assim como a promoção da compostagem doméstica, são as linhas a tomar. No que concerne à

recolha selectiva, para os resíduos alimentares e de jardim estão definidos objectivos faseados no

tempo. Com estas e outras iniciativas, as vantagens provenientes da recolha selectiva são:

Redução drástica da MO colocada em aterro, com grandes vantagens ambientais em termos de

redução da contaminação do ar e da água;

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

214

Redução significativa do volume de aterro necessário devido ao tratamento da MO e à triagem

de materiais recicláveis (aumento significativo da taxa de reciclagem de embalagens), podendo

assim aumentar até 2.5x a vida útil do aterro sanitário;

Valorização orgânica quase integral da fracção orgânica, respeitando assim o ciclo da MO;

Produção de composto de qualidade na linha destinada à recolha selectiva;

Produção de MO estabilizada, que pode ser encaminhada para recuperação de solos florestais

degradados (e.g., na sequência de incêndios), zonas ajardinadas ou mesmo utilização na

recuperação de solos afectados por obras de construção civil (taludes de estradas, e.g.);

Processo limpo e sem impactes ambientais, não necessitando por isso de Avaliação de Impacte

Ambiental;

Processo mais económico do que a incineração, por exemplo, favorecendo também o

desenvolvimento económico e a criação de emprego sustentável.

Este sistema permite introduzir nos consumidores hábitos de separação dos resíduos, sendo uma peça

importante para a redução da produção de resíduos em áreas rurais ou de habitação horizontal.

O Homem Desempenha um papel fundamental na preservação do ambiente, mas o que ele não se

apercebe, ou finge não se aperceber, é que é também parte activa do problema. O Seu

comportamento, atitude e decisões diárias possuem enorme significado ambiental, nomeadamente

pelo efeito cumulativo gerado. E aqui encontra-se a outra parte da resolução do problema. Sendo os

municípios entidades muito próximas da população, desempenham também um papel extremamente

importante, através do lançamento e na gestão de projectos simples, mas que sejam de alguma forma

inovadores. Deste modo, encontram-se em posição privilegiada para apoiar e aplicar o princípio

“Pensar Globalmente, Agir Localmente”. O programa “Compostagem Doméstica nas Moradias” levado a cabo

pelo município de Oeiras desde 1992, e pioneiro em Portugal, foi e é um excelente exemplo.

Programas como este dão um enorme contributo para a melhoria do bem-estar.

Depois de cerca de 5 anos sem ter sido efectuada uma avaliação ao programa, constatou-se necessário

realiza-la. Através da apreciação feita constatou-se a enorme receptividade dos munícipes aderentes, e

uma opinião bastante favorável ao processo de compostagem, assim como a sua preocupação com os

temas relacionados com o meio ambiente, evidenciando-se os RSU. Foi enfatizado o facto de ser

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

215

importante a redução da quantidade de lixo produzido e depositado nos contentores do lixo

indiferenciado e ecopontos. Em termos de aplicação prática do programa, a opinião é também

bastante favorável, embora seja referido que, apesar das muitas e boas acções desenvolvidas na área

ambiental no município, deveria ainda de haver uma maior aposta na divulgação deste, e de outros

projectos, visto que nem sempre se tem conhecimento das actividades desenvolvidas. Assim, a partir

dos conhecimentos e experiência adquiridas durante a elaboração do presente trabalho, procurar-se-á

tecer algumas considerações, referir possíveis opções futuras, contribuindo para a melhoria do programa.

A elaboração e a manutenção de um projecto desta natureza é uma tarefa que se apresenta bastante

difícil, se não forem seguidos alguns passos fundamentais. O mais importante, senão o factor

determinante, para este projecto é a aposta na sua divulgação, já que representa a “porta de entrada”,

para os futuros participantes, bem como para a população em geral. A divulgação deveria ser

promovida através de placares informativos, nos meios de comunicação locais, de forma a fazer chegar

a mensagem pretendida. A divulgação na página de entrada do portal electrónico da C.M. Oeiras é

também importante. Existem folhetos a divulgar a possibilidade de poder adquirir gratuitamente um

compostor e aderir ao projecto, mas por anunciar também outras actuações, acaba por se desvanecer.

Uma divulgação mais incisiva é necessária, como seria o caso da elaboração de um panfleto apenas

com informação relativa à compostagem doméstica, com um nível de informação mais detalhada,

evidenciando as suas vantagens e condições. Seria interessante referir no panfleto, os resultados

obtidos na experiência levada a cabo com os compostores, em que se obteve valores bastante elevados

de redução de volume e de massa. Tal permite que um possível interessado em aderir ao programa já

tenha o mínimo de conhecimento técnico e prático sobre o processo, podendo avaliar se é realmente

do seu interesse começar a efectuar compostagem em sua casa.

A divulgação porta-a-porta seria também uma outra forma. À primeira vista pode parecer que sairia

mais dispendioso levar a cabo uma campanha deste tipo, mas os resultados obtidos, provavelmente,

também seriam muito melhores, podendo dar à relação custo/benefício, tão vinculado nos dias de

hoje, um saldo positivo. Para levar avante a divulgação, e como forma de evitar gastos desnecessários,

rentabilizando ao máximo, poderia ser efectuado, recorrendo aos programas de sistemas de

informação geográfica, a selecção de áreas do concelho que reunissem as condições para que os

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

216

munícipes pudessem fazer compostagem, isto é, a área do concelho predominantemente com vivendas

e espaços verdes envolventes. Na divulgação porta-a-porta é extremamente importante demonstrar

como se procede e mostrar os possíveis resultados. Desta forma, amostras de composto obtido

através do processo é fundamental. Como é tradicional se dizer, é preciso “Ver para Crer”.

A promoção da iniciativa por parte dos munícipes já aderentes também seria interessante. A ideia

consistiria na oferta de acessórios necessários à compostagem doméstica (ou outros benefícios) aos

munícipes que tenham sugerido a adesão aos seus familiares, vizinhos, amigos ou conhecidos do

concelho de Oeiras. Uma outra forma de divulgação seria a parceria com empresas de jardinagem,

viveiros, manutenção de espaços verdes e áreas afins, encontrando desta forma um novo veículo de

transmissão de informação. As associações locais seriam também excelentes locais de promoção.

A aposta mais forte seria feita na comunidade escolar visto serem o futuro, e também visto ser uma

forma de divulgação para as suas famílias. Poderiam ser efectuadas acções desde os mais jovens, nos

infantários, aprendendo como se faz compostagem, até ao ensino secundário, com actividades de

diverso tipo, como por exemplo estudos mais científicos, com o acompanhamento do processo e

avaliação em laboratório do composto obtido ( e.g., inserido em projectos área-escola). A promoção

destas actividades, especialmente as que são efectuadas com as crianças, poderá ser, em alguns casos,

em simultâneo com os seus pais. A promoção da compostagem doméstica no concelho também

poderá ser efectuada pelas crianças, com cartazes e folhetos, na zona envolvente à sua escola.

Para que tudo isto se possa concretizar mais facilmente a criação de uma frase alusiva ao programa é

também fundamenta l . Sugestões poderiam ser ”Penso Logo…Porque Não Fazer

Compostagem!!!???” ou ”Mais Vale Prevenir do que Remediar. Do Nosso Ambiente Temos

que Cuidar. Faça Compostagem!”, sendo estas destinadas aos adultos e uma frase como ”De

Pequenino É que se Torce o Pepino. Faz Compostagem!”, para promover a compostagem

dentro da comunidade juvenil.

A disponibilização gratuita de um compostor é também crucial para incentivar a participação activa no

projecto. Relativamente às características dos três compostores cedidos, divergem um pouco nas suas

características. Através do índice de qualidade criado para os compostores, concluiu-se que o

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

217

compostor que apresentava mais vantagens era o CPP, principalmente devido à sua funcionalidade,

que é bastante valorizada pelos munícipes, visto tornar a compostagem mais fácil e mais agradável de

acompanhar. Apesar de no CM se obter resultados bastante bons, em termos de funcionalidade é o

oposto. Em termos estéticos, também o CPP e o CPV são mais agradáveis à vista, embora esta

característica também esteja dependente do enquadramento da moradia. Mesmo que o CM se

enquadre no ambiente envolvente também tem um factor que lhe é prejudicial que é a sua menor

durabilidade, devido ao apodrecer da madeira. Em termos de grau de valorização orgânica, isto é,

percentagem de redução em termos de volume e em termos de massa, é também o CPP que apresenta

resultados mais vantajosos. Neste âmbito, também poderiam ser desenvolvidos estudos mais

aprofundados de forma a obter dados que permitissem averiguar se o des i gn dos compostores,

actualmente cedidos, é o adequado às condições climatéricas do nosso país. Como acrescento, poder-

se-ia também melhorar esteticamente. Posteriormente, poder-se-ia proceder a uma parceria com uma

empresa da região, para produzir esses mesmos compostores.

Embora não seja ponto assente, notou-se por vezes a falta de acompanhamento do processo por parte

dos munícipes, podendo levar, consequentemente, ao quase total abandono da compostagem. Muitas

vezes o compostor é apenas visto como um depósito de resíduos biodegradáveis. Embora o processo

se processe sem qualquer acção humana, as pessoas não se apercebem do que está a decorrer no seu

compostor. Esta situação poderia ser alterada caso existisse um acompanhamento regular por parte da

câmara aos participantes, através do envio de um inquérito anual questionando sobre como decorreu o

processo (principais vantagens/desvantagens) e/ou a organização anual de um encontro de munícipes

que aderiram ao projecto, e aberto a todos os cidadãos, mostrando casos práticos e experiências tidas.

Desta forma, haveria por parte dos munícipes uma sensação de acompanhamento e conseguir-se-ia

incutir uma maior responsabilidade. Para além da organização do encontro anual, também poderiam

ser organizadas sessões de esclarecimento e de divulgação, nas associações locais.

Uma outra sugestão para a melhoria do projecto seria a criação de incentivos aos aderentes, através de

um reconhecimento mais personalizado por parte da câmara, o que poderia ser conseguido recorrendo

ao envio de cartas ou postais de agradecimento, incentivando a sua continuação. O reconhecimento

poderia ser realizado também através da oferta de um selo (autocolante, e.g.) funcionando como

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

218

certificado, para que o munícipe o pudesse colocar na entrada de sua casa (e.g., caixa de correio),

mostrando que faz compostagem. Para tal, seria necessário a criação de um logótipo (e uma mascote,

no caso da divulgação junto dos mais jovens), para além da criação de uma frase associada, tendo

como hipóteses, “Eu Sou Amigo do Ambiente…Aqui Faz-se Compostagem!!!”,

“Compostagem!?...Claro que Faço! Eu Sou Amigo do Ambiente ou “Oeiras Respira Ainda

Mais Fundo…Aqui Faz-se Compostagem”. A oferta de árvores e plantas seria uma outra hipótese.

É também essencial alterar ou introduzir novos instrumentos económicos. Outra forma de

incitamento, não só aos munícipes aderentes, mas também de atrair mais munícipes que reúnam as

condições para aderir ao programa, é a redução na tarifa de RSU. Desde 1987, no concelho de Oeiras,

a taxa de resíduos é calculada em função do consumo de água, o que tem consequências directas nas

moradias, visto estarem normalmente associadas a um jardim que, para poder ser mantido, necessita

invariavelmente de maiores consumos de água. No caso das moradias participantes, não existe

nenhuma compensação, tornando-se numa situação injusta para os munícipes. A solução poderia

passar por uma compensação na taxa de RSU a pagar, para que se sentissem compensados pelo seu

esforço e empenhamento na melhoria do ambiente. Esta opção seria a mais justa, visto que a taxa a

pagar é sempre a mesma independentemente da quantidade de resíduos produzida e da adesão, ou

não, por parte dos munícipes, à compostagem.

Mas a opção atrás referida só seria a mais indicada caso não fosse possível aplicar uma taxa para

resíduos urbanos, a mais adequada em zonas de moradias, em vez de uma taxa baseada no consumo

de água [155]. A taxa deveria de ser de taxa variável, isto é, uma taxa baseada na quantidade de lixo

produzida pelo residente, pagando uma taxa que seria tanto maior quanto maior fosse o volume ou o

peso dos resíduos por si produzidos[115], e tendo também em conta o destino do resíduos (“Pay-As-

You-Throw”). Este sistema de tarifa, para além de ser mais justo, incentivaria os cidadãos à redução de

produção de RSU, para a separação dos materiais na origem e a sua deposição selectiva com vista à

reciclagem multimaterial, para além de poder fomentar a compostagem doméstica. É uma forma

indirecta de sensibilização do cidadão. E esse facto é reforçado por Calado et al. [36] e Henriques[115],

citando um estudo efectuado nos EUA, que envolveu 1000 comunidades com e sem sistema de taxa

variável, revelando que as primeiras direccionavam para aterro uma menor percentagem de resíduos

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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(16.2%), quando comparadas com as comunidades que adoptavam um sistema com taxa fixa. Na

Europa são conhecidos bons resultados. Em Portugal, mais precisamente em Portimão, através da sua

Empresa Municipal de Águas e Resíduos, também se está a avançar nesse sentido, encontrando-se o

projecto ainda a 12% da plenitude, embora já com resultados muito satisfatórios (aumentos entre

100% e 300% dos materiais enviados para reciclagem, comparando com os valores de 2002)[144]. No

Montijo também está pensado um projecto semelhante[28]. Há referências também na literatura de

reduções de RSU superiores a 40%, em comunidades que têm em funcionamento sistemas de

tarifários proporcionais à quantidade de RSU produzidos por cada família. Estes referem que a base

do projecto é a criação de condições efectivas para os utentes poderem participar, sem o qual é

impensável avançar para um sistema tarifário em função da produção. Dentro destas condições, seria

necessário a existência de brigadas especiais de lixo, multas elevadas para os prevaricadores, entre

outras políticas do género, desencorajando as práticas ilegais dos moradores. Com estes dados, é

recomendável que o município de Oeiras desenvolva projectos-piloto de introdução de taxas do lixo

(grandes produtores, e.g.), com o objectivo final de aumentar para níveis sustentáveis as taxas de

reciclagem. E tudo isto se torna mais fácil de implementar visto que o concelho de Oeiras já ter

adoptado o sistema de recolha porta-a-porta (um dos poucos do país), tornando-se mais fácil adoptar

um sistema que permita a medição dos quantitativos de RSU efectivamente produzidos por cada fogo.

Uma das hipóteses possíveis para tal era a progressiva renovação da frota de camiões de recolha de

RSU, equipando-a com sistemas de pesagem e registo electrónico. O sistema de recolha porta-a-porta,

que são os de mais fácil adesão e compreensão por parte dos cidadãos, também trás vantagens, visto

que permitem atingir maiores taxas de reciclagem quando comparados com o sistema de ecopontos,

embora os primeiros nem sempre se possam implementar. A introdução da recolha de resíduos

orgânicos ao domicílio, a quem não tenha condições de fazer compostagem na sua moradia, é mais

uma vantagem que poderá ser incluída, com a consequente melhoria da qualidade do composto. Este

facto também poderá levar à implementação de unidades de compostagem de baixo custo,

dimensionadas à escala municipal, permitindo assim a valorização orgânica local e a redução de custos

de transporte de resíduos. A recolha selectiva porta-a-porta é também mais rentável financeiramente

que os ecopontos[124]. De forma adicional, os custos de recolha têm tendência para baixar a curto ou

médio prazo, pois uma menor produção de resíduos significa menos horas gastas na colecta, menores

custos de transporte, entre outros.

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

220

A formação de uma equipa técnica, capaz de responder às solicitações dos munícipes, e às exigências

do programa, é também um factor a ter em linha de conta, de forma a garantir o seu sucesso. Acções

de formação aos jardineiros também poderão ser efectuados de forma a informá-los melhor sobre

como se faz compostagem e seus princípios técnicos. Em termos humanos, seria também necessário

mais fiscalização para assim também se poder cumprir com o Regulamento Municipal de Resíduos.

Apesar de já se ter efectuado campanhas, não seria demais efectuar uma outra, mas mais intensiva.

Nos dias de hoje, a preocupação com o ambiente é generalizada, sendo de esperar uma excelente

aceitação e elevada taxa de adesão. Uma sugestão para a divulgação passaria por uma campanha

publicitária intensa e eficaz que consistiria no envio de cartas (“folhetos-convite”) aos munícipes,

apresentações em associações locais, campanhas nas escolas e lares e colocação de anúncios nas

revistas com edição pela C.M. Oeiras, jornais e rádios locais, que para além de enunciar o programa em

si, também enunciaria os dias e locais em que posteriormente se poderia aderir ao programa, para além

da possibilidade que já existe através do Telefone do Ambiente. Após o início da divulgação, um exemplar

dos compostores que iriam ser cedidos deveria ser colocado nos locais públicos com maior

movimento, para além de Unidades Demonstrativas nos espaços verdes mais movimentados do

concelho. Passadas cerca de duas semanas, e durante um mês, aos fins-de-semana, em dois ou três

locais de grande movimento no concelho (áreas comerciais, praias, centro, e.g.), deveria ser efectuada a

cedência dos compostores. Nestes dias, poderiam estar presentes técnicos camarários, participantes do

programa, empresas de jardinagem, associações locais, entre outros. Os munícipes, caso quisessem

adquirir o compostor, teriam de dar prova de residência no concelho e concordar com a possibilidade

de acompanhamento do processo, e caso não o iniciassem até seis meses depois, pagarem ou

devolverem o compostor. À base de dados já existente seriam adicionados os novos aderentes. Como

já foi mencionado, um ano depois seria enviado um questionário para avaliar o grau de satisfação com

o compostor, entre outros aspectos. Seria então distribuído um boletim informativo com informação

sobre o questionário, as vantagens para continuar o processo e os principais problemas que surgiram.

Posteriormente, seria organizado o encontro, também já sugerido, onde se faria uma discussão sobre o

programa e onde também se deveria levar amostras de composto obtido, e que poderiam, por

exemplo, serem sujeitas a análises químicas, físicas e biológicas de forma a avaliar a sua qualidade.

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

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221

A promoção desta campanha também se poderia efectuar, para além das zonas residenciais com

moradias, nos locais com construções em altura (prédios) que apresentassem espaço apropriado em

seu redor. A vermicompostagem, uma outra vertente da compostagem, poderia igualmente ser

difundida. A produção das minhocas necessárias ao processo poderia ser feita nos Viveiros Municipais.

No que respeita à experiência realizada com os compostores, já foram referidos alguns dados neste

capítulo. Uma das principais conclusões foi verificar que existe uma interacção entre os diferentes

parâmetros difícil de explicar em detalhe, sendo necessário estudos mais aprofundados e específicos.

Para além disso, o único pormenor a acrescentar é a necessidade de efectuar também uma experiência

com os compostores no período de Outono/Inverno, visto que nestas épocas as condições

climatéricas serem totalmente deferentes, com consequências directas no processo de compostagem.

Assim, a compostagem doméstica, aliado ao facto de ser um bom modo de tratamento de resíduos,

distingue-se, sobretudo, pela sua simplicidade e baixo custo. Basta ter um compostor e um pequeno

espaço. O compostor é uma peça de extrema importância no programa, com elevada potencialidade

pedagógica, por possibilitar a participação dos indivíduos no processo de reciclagem dos resíduos

orgânicos. “Compostagem Doméstica nas Moradias” é assim uma actividade que, nos dias de hoje, merece

especial atenção trazendo benefícios para todos, bastando “apenas deixar a Mãe Natureza trabalhar”.

Como sugestões e críticas, não directamente a este programa, mas a todos os programas e acções, é a

necessidade de alterar as técnicas de intervenção. Na maioria das situações, as técnicas implementadas

para a alteração de comportamentos, baseiam-se em acções esporádicas de sensibilização ambiental,

muito deficientes em termos de objectivos, técnicas utilizadas, adaptação a diferentes público-alvo,

meios e suportes utilizados, tipo de mensagens, ausência de avaliação das acções, entre outras. É

importante um maior investimento na área da educação ambiental para os resíduos, quer em termos de

profissionalismo, quer em termos de recursos financeiros afectos.

Relativamente à compostagem a nível municipal dos resíduos verdes, esta também é bastante

importante, com as vantagens já enunciadas no capítulo anterior (particularmente, a redução dos

custos da autarquia em termos de depósito em aterro e produção de composto para aplicação nos

espaços verdes municipais e melhoria da qualidade dos solos). Estas unidades deveriam estar previstas

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para a maioria das povoações[183], para dar sentido à recolha selectiva destes resíduos nos actuais

ecocentros e à recolha que já é realizada pelos municípios. Numa etapa seguinte, poder-se-ia também

proceder à compostagem de todos os resíduos orgânicos, caso se concretizasse a recolha destes porta-

a-porta, ou então, apenas os resíduos provenientes de hotéis, restaurantes, cresces, infantários, lares,

escolas, entre outros, para além dos resíduos verdes municipais (conjecturas já previstas no documento

ENRRUBDA), embora este projecto constitua um projecto mais arrojado e dispendioso, sendo um

outro entrave o facto de a AMTRES (Sistema Municipal de Gestão de Resíduos da qual Oeiras faz

parte) ter referida na sua estratégia futura a recolha porta-a-porta dos mesmos resíduos[268].

Mas voltando para o projecto da CCRV, é aconselhável a realização de uma experiência à escala real

(escala piloto), de forma a encontrar um compromisso entre a teoria e a prática, e adequar tudo isso à

situação específica de Oeiras. Posteriormente, seria aconselhado a elaboração de um “Manual de

Procedimentos num Centro de Compostagem de Resíduos Verdes”, que é extremamente importante de forma a

sistematizar o processo, e indicando os passos a tomar para que tudo decorra sem problemas[39].

Também nesta vertente da compostagem poderiam ser efectuadas campanhas como, por exemplo, a

compostagem das centenas de árvores de Natal que, todos os anos, são depositadas nos contentores

de lixo [10]. Para levar a iniciativa avante, deveriam ser escolhidos diversos pontos no concelho, de

maior afluência, onde se poderia fazer a entrega das árvores de Natal. Nos Viveiros Municipais da

C.M. Oeiras também se deve continuar com a compostagem mas em menor escala, com mais

cuidados que os actuais.

Dar continuidade à recolha gratuita (até 3m3) de resíduos verdes volumosos, com o destino CCRV, é

também importante. Os funcionários responsáveis pela recolha, para além dessa actividade, poderiam

proceder também à promoção do programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”.

Estando pensado o Eco-Parque para o concelho de Oeiras, aonde se situaria o CCRV, também era

interessante desenvolver no mesmo espaço um projecto de hortas biológicas[57; 68], juntamente com a

compostagem em compostores ou em pequenas pilhas, com o objectivo de produção local de

alimentos hortícolas, através de meios artesanais e técnicas ambientalmente correctas (agricultura

biológica), e com o recurso ao composto pelos intervenientes obtido, ou então no CCRV. Este

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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projecto teria como objectivo que se criasse, posteriormente, hortas biológicas em quintais das

moradias dos munícipes, contribuindo para a sustentabilidade local (redução dos recursos consumidos

na produção convencional não local), com a absorção substancial dos resíduos orgânicos domésticos.

O objectivo principal desta actividade paralela à compostagem seria transmitir às pessoas conceitos

importantes de desenvolvimento sustentável e princípios de vida saudável e ecológica.

Para além da compostagem doméstica, da compostagem a nível municipal e da compostagem em

escolas também poderia ser criada pequenas unidades de gestão colectiva (associações de moradores

de bairros, prédios, etc.), em algumas zonas do concelho, com o objectivo de efectuar compostagem.

É também fundamental reconhecer a importância da actividade agrícola. Quanto ao composto, a sua

produção assume particular importância num país, como Portugal, que sofre de solos empobrecidos.

Os resultados da aplicação de composto (à taxa de 20 a 40 m3/ha), por exemplo, em solos de regiões

áridas ou semi-áridas, poderão conduzir ao aumento da produção de culturas da ordem dos 10 a 20%,

com contribuições aproximadas em termos económicos de 20 a 40€/ton, com evidentes vantagens na

análise custo/benefício, e melhorando as condições dos nossos solos[250]. E a importância e qualidade

do composto foi de certa forma comprovado na experiência efectuada, constituindo um produto

excelente para aplicação nos jardins ou quintais das moradias, assim como nos espaços verdes e

viveiros municipais, devendo o município ser o primeiro utilizador potencial do composto.

Mais concretamente na questão relacionada com a qualidade do composto obtido através do processo,

parece urgente a articulação com o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas no

sentido de, numa primeira fase, se proceder ao escoamento de composto para recuperação de solos

carenciados em MO e zonas de floresta e floriculturas, para depois, numa segunda fase, ser estudada

uma certificação de composto para os diferentes tipos de culturas e aplicações em termos de

recuperação de solos. Sucintamente, o que foi dito é que é necessário clarificar o conceito de

composto, assim como normalizar as suas características (estabilidade e maturação, e.g.) e aplicações,

isto é, deve-se caminhar no sentido de as medidas serem cada vez mais restritivas e exigentes. Como

vantagem adicional será aconselhável também o cumprimento dos valores, segundo a Decisão da

Comissão para atribuição de rótulo ecológico, para que assim o composto possa ter valor no mercado.

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

224

Assim, os lucros obtidos com a venda do composto poderão ser utilizados para financiar a operação

do sistema, para além que a sua utilização assegura as vantagens ambientais do sistema. A promoção

da agricultura biológica também poderá ser conseguida com a compostagem.

É também importante referir que a compostagem deverá ser alargada a outras áreas. Um exemplo

poderia ser os resíduos florestais, ainda mais com a vaga de incêndios que tem assolado as florestas

portuguesas nos últimos anos, devido à situação de alto risco em que estas se encontram. O seu

desbaste seria essencial, retirando o excesso de matéria seca que existe sobre o solo, tendo sempre em

consideração a necessidade de se manter um nível adequado de MO no solo. Para além dos resíduos

florestais, também se deveria fazer um acompanhamento sistemático dos resíduos de explorações

pecuárias, bem como dos resíduos provenientes de lagares de azeite (bagaço de azeitona)[29],

misturados com outros resíduos como as folhas de oliveira e engaço proveniente da uva. É assim

fundamental viabilizar f o r m a s d e tratamento economicamente sustentáveis para resíduos

biodegradáveis provenientes de diferentes fontes.

As considerações efectuadas ao longo deste capítulo devem ser entendidas como propostas, que à

primeira vista poderão ser bastante positivas, mas que necessitam de estudos mais aprofundados, e

poderem ser viáveis economicamente…INFELIZMENTE!!! Mas é necessário apostar forte nestes

tipo de projectos, visto serem essenciais para o reforço da consciencialização dos munícipes. A solução

que se propõe, ao colocar a tónica na valorização dos resíduos, com a ideia de que um resíduo é uma

potencial matéria-prima, necessita absolutamente do envolvimento de todos os intervenientes, e que a

população em geral, se transforme no agente dinamizador. Assim sendo, e porque se trata de uma

solução ambientalmente amigável, será possível a mobilização para este projecto para que o

cumprimento das metas e objectivos seja sentido como um trabalho conjunto. Para fazer face a este

desafio, assume particular importância o papel a desempenhar pelos Municípios através, quer dos seus

órgãos de funcionamento quer, muito principalmente, dos seus autarcas. De facto, levar a cabo acções

de sensibilização deixa transparecer empenhamento dos responsáveis, induzindo-o na população e

estimulando atitudes de responsabilidade partilhada, tão apregoadas nos dias de hoje, e essenciais ao

êxito do processo. Por outro lado, o especial relacionamento que os autarcas têm com as Escolas, as

Colectividades e as Associações de interesses, permitirá transformá-las em veículos de divulgação de

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________ CAPÍTULO VII – Considerações Finais

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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correctas práticas ambientais. Neste contexto, deverá ter-se em conta que a gestão de resíduos

contribui, apenas em parte, para a preservação do ambiente. Potenciar acções de sensibilização

inerentes à gestão de resíduos pode induzir boas práticas noutros campos. É também necessário o

reforço dos operadores económicos visando a adopção de comportamentos mais adequados. Um

financiamento público significativo a projectos de produção mais limpa e gestão integrada e benefícios

fiscais para os utilizadores de produção mais limpa e reciclagem é necessário para os levar avante. E tal

já sucede, com financiamentos elevados para a compostagem e reciclagem, contra os apoios

financeiros muito mais reduzidos para a incineração. Segundo os cálculos de Berkermeier[21], tendo em

conta o custo real e os financiamentos previstos pelo ENRRUBDA, o custo de tratamento por

incineração ficará em 43€/ton, enquanto a valorização orgânica e reciclagem fica-se somente pelos

14€/ton. Assim, demonstra-se que, para além dos entraves colocados pelas pessoas e as desvantagens

em termos ambientais, também em termos financeiros, a valorização orgânica e reciclagem é muito

mais vantajosa que a incineração. No caso concreto da compostagem, os sistemas abertos também

apresentam custos inferiores aos sistemas fechados (10 a 20€/ton contra os 50€/ton, respectivamente).

Em termos práticos, estas iniciativas e projectos levados a cabo por parte da C.M. Oeiras são de louvar

e que deveriam ser seguidas por todos os municípios deste país, mas nem sempre se adopta medidas

que vão de encontro a um desenvolvimento sustentável. Até ao momento, em relação à compostagem

doméstica, a percentagem de municípios que promovem esta iniciativa, apesar de crescente, ainda é

mínima, e quanto à compostagem municipal de resíduos verdes a percentagem é praticamente nula.

Espera-se que com o documento referente à estratégia nacional para redução dos RUB

(ENRRUBDA) (que já surge tarde!!!) aconteça um volte face, e que se consiga atingir todos os

objectivos aí propostos. É necessário implementar um programa nacional de sensibilização e

promoção da compostagem doméstica. A compostagem doméstica, por si só, não recupera os níveis

de RUB desviados dos aterros, mas pode constituir uma peça importante de uma política de resíduos

multifacetada. E a compostagem doméstica é, sem dúvida, uma solução interessante para locais com

características urbanas adequadas, como o caso de Oeiras. A compostagem de baixo custo,

dimensionada à escala municipal, também deverá ser fomentada principalmente em locais com

características menos urbanas, assim como em zonas com características agrícolas de média e grande

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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dimensão. Já a deposição em aterro ou a incineração dos resíduos deverão constituir processos de fim

de linha, quando não for aplicável a política dos 3 R`s. E este facto é apoiado a nível político estando

já definida a estratégia, mas ainda com poucos resultados práticos visíveis. Falta acção... mas os

cidadãos comuns ajudam a ultrapassar esse facto. É evidente a menor resistência popular à reciclagem

e à compostagem visto serem também processos “mais amigos do Ambiente”. Respeitar e cuidar do

Ambiente é preservar a nossa vida, sendo o objectivo alcançar um desenvolvimento sustentável. Para

tal uma participação activa é necessária!!!

A gestão dos resíduos é cada vez mais relevante na sociedade actual, sendo que, constitui um desafio

inadiável e urgente ainda por resolver, representando uma prioridade real e condição prévia, mas para

o qual a compostagem, nas suas diferentes vertentes, pode, e irá dar um contributo fundamental,

sendo considerada também a MELHOR OPÇÃO AMBIENTAL!!! …limitando-se a tecnologia

humana a imitar e acelerar o que a Natureza faz todos os dias sob os nossos olhos.

“Deixe a Natureza Ser o Seu Professor”,

William Wordsworth (1770-1850)

E Sabia Que …

Demonstrando que tudo é possível, que o aproveitamento de o que quer que seja é extremamente

importante, e que a consciência ecológica existe, foi o que recentemente foi anunciado pela

Universidade de Warwick, na Inglaterra, que inventou um polímero biodegradável com acabamentos

de alta qualidade para telemóvel. Na sua cobertura há uma janela onde se pode ver uma semente de

girassol que só germina depois da cobertura ou da caixa do telemóvel ir para compostagem,

“desaparecendo” a caixa e originando assim uma flor[220].

Caminhando de mãos dadas com a sustentabilidade…

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______________ _______ Referências Bibliográficas

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente 227

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BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA CCOONNSSUULLTTAADDAA

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(1997). Código de Boas Práticas Agrícolas para a Protecção da Água Contra a Poluição com Nitratos de Origem

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Page 273: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ______________________ANEXOS

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente I

ANEXOS

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

II

ANEXO A

Termos Técnicos (Usados em Específico na Compostagem e no Âmbito do Tratamento

e Valorização dos Resíduos Sólidos Urbanos)

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

III

__________________________________________________________________

ACTINOMICETE Fungo parasita, com micélios. Degrada lenhina e celulose.

AERÓBIO Estado biológico de vida e crescimento (ou processo bioquímico) na presença de oxigénio livre.

AFINAÇÃO Etapa final do processo de compostagem em que se separam, por meios mecânicos, impurezas

grosseiras e inertes (e.g., pedras, vidros., plásticos), além de resíduos orgânicos de tamanho superior ao

desejado.

AGENTE (ou MATERIAL) ESTRUTURANTE Material usado para manter o ar a circular entre partículas.

AGRICULTURA BIOLÓGICA Pode ser definida, como sendo um modo de produção agrícola que procura

ser ecológico, tanto quanto possível, baseado no funcionamento do ecossistema agrário e utilizando

práticas agrícolas que fomentam o equilíbrio desse ecossistema e a manutenção e melhoria de fertilidade do

solo a longo prazo. A agricultura biológica produz alimentos e fibras de forma ambiental, social e

economicamente sã e sustentável, reciclando restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver

nutrientes à terra. Reduz a utilização de factores de produção externos, como é o caso de adubos,

pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais.

ÁGUA LIXIVIANTE Efluente líquido que percola através da massa de RSU´s confinado, por exemplo, numa

central de compostagem de resíduos verdes e que é resultante da água contida nos resíduos adicionados da

que é proveniente da precipitação meteorológica e, eventualmente, da infiltração de águas subterrâneas pré-

existentes.

AMONÍACO Composto químico constituído por um átomo de azoto e três de hidrogénio. Forma-se a quando

a degradação da matéria orgânica se dá em condições de anaerobiose e dá origem a odores desagradáveis.

ANAERÓBIO Estado biológico de vida e crescimento (ou processo bioquímico) na ausência de oxigénio livre.

ANCINHO Instrumento de jardim/quintal em forma de pente.

AREJAMENTO Processo de adição de ar por mistura de materiais para a compostagem se manter aeróbia.

AREJAMENTO FORÇADO Adição de ar ao processo de compostagem usando ventoinhas ou bombas.

AREJAMENTO PASSIVO Processo natural de entrada de ar através do vento, diferença de temperaturas,

convecção ou difusão.

ATERRO ou ATERRO SANITÁRIO Modalidade de confinamento de resíduos no solo em local

especialmente preparado – impermeabilizado e com sistemas de recolha, tratamento e monitorização de

efluentes líquidos e gasosos – onde os resíduos são depositados ordenadamente e cobertos com terra ou

material similar.

__________________________________________________________________

BACTÉRIA Organismo microscópico unicelular sem núcleo definido. Pertence ao Reino Monera e pode ser

parasita, decompositor ou fotossintético.

BIODEGRADABILIDADE Potencial dos compostos orgânicos para se decomporem em estruturas mais

simples, por acção enzimática; quanto mais elevado for este potencial, maior a necessidade de oxigénio e a

quantidade de fitotoxinas e de calor produzidos.

BIODEGRADÁVEL Que pode ser decomposto em material mais simples pela acção de organismos

decompositores.

B I O F I L T R O Dispositivo que contém um meio biologicamente activo que permite a degradação de

compostos orgânicos. Utiliza-se para tratamento de gases/remoção de odores em centrais de compostagem;

pode igualmente ser utilizado para tratamento de fluentes.

BIOGÁS Mistura de gases, principalmente de gás metano e dióxido de carbono, resultante da digestão

anaeróbia de resíduos orgânicos.

Page 276: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

IV

B I O M E T A N I Z A Ç Ã O Processo bioquímico de produção de metano a partir da decomposição

anaeróbia dos resíduos orgânicos.

BIOREACTOR Recipiente fechado usado para obter composto ou outras experiências científicas.

BIOXIDAÇÃO Metabolismo microbiano aeróbio envolvendo a oxidação de compostos orgânicos e

inorgânicos que tem por finalidade a libertação de energia e precursores necessários à biossíntese de

protoplasma.

BOLORES Fungos.

__________________________________________________________________

CELULOSE Polímero de glucose. Principal componente extracelular estruturante de muitas plantas.

CENTOPEIAS Miriápode quilópode. São os predadores móveis mais rápidos, encontrados principalmente

nos primeiros centímetros da pilha de composto. Possuem garras notáveis por trás da cabeça, com

glândulas de veneno que paralisa larvas de insectos, minhocas pequenas ou recém-nascidas, pequenos

insectos e aranhas.

CENTRO DE TRIAGEM Instalação onde se faz a separação dos diferentes materiais contidos nos resíduos

sólidos.

CIRCUITOS DE RECOLHA Trajecto definido percorrido pelos veículos de recolha de resíduos

COBERTURA Ver “Mulching”.

CO-COMPOSTAGEM Compostagem conjunta de resíduos sólidos urbanos (RSU) e lamas de estações de

tratamento de águas residuais (ETAR) municipais.

COMPACTAÇÃO Processo mecânico que permite reduzir o volume dos resíduos através de compressão.

COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS Caracterização analítica dos resíduos, em termos dos seus diferentes

materiais (papel, vidro, plástico, etc.) ou de parâmetros químicos (humidade, peso específico, poder

calorífico, etc.).

COMPOSTAGEM Processo bioxidativo controlado, envolvendo um substrato orgânico no estado sólido que,

tendo evoluído através de uma fase em que ocorre uma grande libertação de calor, dióxido de carbono e

água e formação de fitotoxinas, conduz à produção de matéria orgânica estabilizada.

COMPOSTAGEM CENTRALIZADA A fracção orgânica é recolhida e é levada para processamento numa

unidade central com características industriais. Consoante receber resíduos em bruto ou resultantes da

recolha selectiva de matéria orgânica, assim produz composto de pior ou melhor qualidade.

COMPOSTAGEM DOMÈSTICA P rocesso de compostagem feito directamente pelos cidadãos que

processam os resíduos orgânicos que produzem. Este processo geralmente envolve a compra de um

compostor; no entanto, muitos cidadãos processam os seus resíduos orgânicos em compostores artesanais.

COMPOSTAGEM EM PILHA Compostagem em pilha: sistema de compostagem no qual a matéria orgânica

é colocada em pilhas alongadas que são revolvidas periodicamente de modo a permitir o contacto com o ar

e acelerar a degradação aeróbia. Este sistema normalmente opera com arejamento passivo, mas também

pode ser operado com arejamento forçado. As pilhas são revolvidas para aumentar a porosidade e

homogeneizar a pilha.

COMPOSTO Produto estabilizado resultante da decomposição controlada da matéria orgânica por

compostagem, que após uma fase de degradação, se encontra em fase de humificação. É utilizado para a

fertilização do solo, na agricultura ou em jardins. Promove a melhoria das condições do solo em termos de

estrutura, porosidade, capacidade de retenção de água e nutrientes, arejamento e actividade microbiológica.

COMPOSTO ESTABILIZADO Ver Composto Maturado.

COMPOSTO FRESCO Produto resultante do processo de compostagem, em que a fracção orgânica sofreu

uma decomposição parcial, encontrando-se higienizada, mas não devidamente estabilizada, pelo que é

passível de uma libertação temporária de fitotoxinas.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

V

COMPOSTO MATURADO Produto resultante do processo de compostagem, em que a fracção orgânica se

encontra higienizada e em adiantada fase de humificação ou de estabilização; a sua biodegradabilidade

reduziu-se de tal forma que é negligenciável o seu potencial de produção de fitotoxinas e de calor.

COMPOSTOR Recipiente usado para fazer compostagem.

CONCESSÃO Modalidade jurídica de gestão delegada, permitida na legislação para serviços na área da gestão

de resíduos sólidos urbanos.

CONTAMINAÇÃO Presença de agentes ou substâncias indesejáveis que desvaloriza o material onde se

encontram ou lhe confere características nocivas ou mesmo tóxicas.

CONFINAMENTO Operação terminal dos sistemas de resíduos sólidos, que pode assumir as seguintes

modalidades: lixeira, vazadouro controlado, aterro sanitário, armazenagem subterrânea e confinamento

técnico.

CONFINAMENTO TÉCNICO Modalidade de confinamento caracterizada pela observância de critérios de

admissão de resíduos, colocação dos mesmos em células próprias (alvéolos) e monitorização de impactes

ambientais.

CORRECTIVO ORGÂNICO Material que é adicionado in situ ao solo com o primordial objectivo de manter

ou melhorar as suas propriedades físicas, mas que pode também melhorar as suas propriedades químicas

e/ou biológicas.

CRIVAGEM Separação mecânica, com equipamento próprio, de diferentes componentes dos resíduos, de

acordo com a sua dimensão. Na compostagem utilizado para separar os resíduos não “compostavéis”, no

caso de recolha indiferenciada (contaminantes) ou separar material orgânica que ainda não tenha as

dimensões óptimas, para que assim o húmus atinja um grau de gravimetria desejável, com objectivo

principal de comercializar

CRIVO/CILINDRO GIRATÓRIO Equipamento mecânico ou manual, utilizado para crivar o húmus (ou

composto), separando-o de resíduos não totalmente decompostos, alguns materiais inertes e também para

quebrar alguns grânulos uniformizando a sua granulometria.

__________________________________________________________________

DECOMPOSIÇÃO Putrefacção ou degradação de matéria orgânica (processo bioquímico); redução a

elementos simples.

DECOMPOSITOR Organismo que se alimenta de matéria orgânica morta e ajuda à sua degradação.

DIGESTÃO ANAERÓBIA Processo de mineralização da matéria orgânica na ausência de oxigénio.

DENSIDADE Relação entre massa e volume de um corpo. Massa específica.

DESIDRATAÇÃO Redução da quantidade de água contida nos resíduos através de métodos mecânicos ou

térmicos.

DESTINO FINAL Operações que visem dar um destino final adequado aos resíduos.

__________________________________________________________________

ECOCENTRO Parque vigiado onde se encontra uma série de grandes contentores para recolha selectiva de

diversos tipos de lixo (nomeadamente vidro, plástico, restos de jardim, metal, papel e cartão, sucata, pilhas e

baterias). Apresenta contentorização superior aos ecopontos. Eventualmente apresenta processos

mecânicos de preparação dos resíduos para encaminhamento para reciclagem.

ECOPONTO Conjunto de contentores individuais onde podem ser colocados separadamente diferentes tipos

de resíduos sólidos urbanos (como o papel e cartão, vidro e embalagens).

ECOSSISTEMA Sistema funcional da Natureza, composto por elementos abióticos (físicos) e bióticos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL Sensibilização formalizada para a protecção ambiental e conservação da

natureza.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

VI

ELIMINAÇÃO (a) Designação, cientificamente incorrecta, mas usual na linguagem corrente, significando

qualquer colocação de resíduos em destino final, isto é, a deposição dos resíduos sem possibilidades de

retorno ao tecnossistema de forma previsível. (b) Legalmente são “as operações que visem dar um destino

final adequado aos resíduos, identificadas em portaria do Ministério do Ambiente”.

EROSÃO Desgaste (remoção) do solo resultante da acção do vento, água, ar e/ou seres vivos.

ESTAÇÃO DE COMPOSTAGEM Instalação industrial de tratamento de resíduos orgânicos por

compostagem.

ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA Instalação onde os resíduos são descarregados com o objectivo de os

preparar para serem transportados para outro local de tratamento, valorização ou eliminação.

ESTAÇÃO DE TRIAGEM Instalação onde os resíduos são separados, mediante processos manuais ou

mecânicos, nos materiais constituintes, destinados a valorização ou a outras operações de gestão.

__________________________________________________________________

FERTILIZANTE Adubo, substância artificialmente produzida (orgânica ou inorgânica) que satisfaz as

exigências oficiais de quantidade e tipo de nutrientes para plantas.

FINOS Resíduos resultantes da operação de caracterização dos RSU´s.

FORQUILHA Um instrumento de jardinagem/agricultura com um cabo e três/quatro dentes compridos.

FUNGOS Seres eucariotas, unicelulares ou pluricelulares desprovidos de clorofila. São parasitas ou

decompositores. Incluem bolores, leveduras e cogumelos. Degradam a celulose. Vivem em locais pouco

iluminados e húmidos. Alimentam-se por absorção de partículas nutritivas.

__________________________________________________________________

GESTÃO Direcção, supervisão e controlo das operações dos tecnossistemas de RSU´s. Inclui a recolha, o

transporte, a valorização e o confinamento.

GESTÃO INTEGRADA Gestão alicerçada numa hierarquia de planos e programas que afecta desde a

produção do lixo (levando à redução e reutilização) até à sua recolha selectiva, triagem e reinserção nos

circuitos produtivos (compostagem da fracção orgânica, reciclagem de papel, vidro, plástico, metal, etc.)

dentro de uma perspectiva de sustentabilidade ecológica. A incineração não é aceite, por demasiado

poluente, e o aterro é sempre o último recurso.

__________________________________________________________________

HERBICIDA Produto fitofarmacêutico destinado a combater ervas indesejáveis. Complementa a acção dos

adubos na agricultura intensiva convencional e tende a resultar na contaminação da água e da cadeia

alimentar.

HEMICELULOSE Polímero de pentoses (xilose e arabinose) e heteropolímeros com grupos ácidos. Presente

na madeira.

HIDRÓLISE Reacção química de degradação em que a água é um dos reagentes.

HIGIENIZAÇÃO Processo de eliminação dos microrganismos patogénicos e das sementes daninhas por via

térmica através da compostagem.

HIPOCÓTILO Porção do talo do embrião da planta situado entre os cotilédones e a radícula.

HOMOGENEIZAÇÃO Acto de tornar idêntico, na mesma natureza.

HUMIFICAÇÃO Síntese de polímeros tridimensionais, integrando glícidos e fenóis, sendo uma forma de

armazenar energia em compostos pouco degradáveis de elevado peso molecular.

HÚMUS Matéria orgânica do solo proveniente de animais e vegetais em decomposição. É a base da fertilidade

do terreno.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

VII

__________________________________________________________________

INCINERAÇÃO Processo químico por via térmica, com ou sem recuperação da energia calorífica produzida.

INERTE Sem actividade química. Não reactivo.

__________________________________________________________________

LAMAS ou LAMAS DE ETAR Resíduos do tratamento de águas residuais urbanas em ETAR, constituindo

um fluxo específico designado por lamas de ETAR.

LEIRA O mesmo que “windrow”.

LENHINA Polímero orgânico muito resistente à decomposição biológica. Na madeira, cimenta as fibras de

celulose e protege-a da decomposição química e microbiana.

LEVEDURA Fungo microscópico unicelular.

LIXEIRA Descarga indesejável no solo, em que os resíduos são lançados de forma indiscriminada e não existe

qualquer controlo posterior.

LIXEIRA Descarga indesejável no solo, em que os resíduos são lançados de forma indiscriminada e não existe

qualquer controlo posterior.

LIXIVIADO Ver Água Lixiviante.

__________________________________________________________________

MATÉRIA FERMENTÁVEL OU MATÉRIA ORGÂNICA Matéria constituída por substâncias contendo

carbono e hidrogénio na sua estrutura molecular. Fracção dos resíduos sólidos urbanos facilmente

biodegradável, composta por restos de comida e resíduos de jardim, entre outros.

MATERIAL “CASTANHO” O mesmo que resíduos castanhos. Resíduos em que o azoto é o elemento

limitante estando o carbono em excesso (relação C/N superior a 30:1). Apresentam normalmente uma cor

acastanhada e baixo teor de humidade (como nos ramos secos).

MATERIAL “VERDE” O mesmo que resíduos verdes. Resíduos de composição vegetal em que o carbono é

o elemento limitante estando o azoto em excesso (relação C/N inferior a 30:1). Apresentam normalmente

uma coloração verde e humidade elevada (como nas aparas de relva).

MESÓFILO Microrganismo que se desenvolve preferencialmente a temperaturas médias (da ordem dos 35ºC).

METAIS PESADOS Elementos metálicos com elevado peso molecular: cádmio, chumbo, cobre, crómio,

mercúrio, prata, zinco, entre outros. São normalmente tóxicos para plantas e animais. Nalguns casos não

existem limites de segurança abaixo dos quais se possa garantir uma exposição isenta de consequências

nefastas para a saúde.

METANO Composto químico (CH4) gasoso constituído por um átomo de carbono e quatro de hidrogénio

que se forma quando a matéria orgânica é degradada em condições anaeróbias, dando origem a maus

cheiros. É um gás combustível e explosivo em determinadas condições e contribui significativamente para o

efeito de estufa.

MICRORGANISMOS DECOMPOSITORES Microrganismos que estão envolvidos no processo de

decomposição, tais como bactérias, fungos e actinomicetes.

MICRORGANISMOS PATOGÉNICOS Microrganismos presentes na matéria orgânica que podem

provocar doenças em plantas ou animais. Quando a compostagem decorre em condições aeróbias e são

atingidas temperaturas elevadas esses microrganismos são eliminados.

MILÍPEDE Insecto díptero. São lentos e cilíndricos com dois pares de apêndices em cada segmento corporal.

Alimentam-se principalmente de tecidos de plantas em decomposição, mas podem comer himenópteros e

outros insectos além de excrementos.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

VIII

MINHOCA De entre os grandes decompositores é o organismo que faz a maior parte do trabalho de

decomposição. Escavam e alimentam-se constantemente dos seres microscópicos que degradam plantas

mortas e insectos em decomposição. Os seus movimentos arejam o composto e permitem a passagem de

água, nutrientes e oxigénio. À medida que a matéria orgânica atravessa o sistema digestivo das minhocas ela

é partida e neutralizada por secreções de carbonato de cálcio de glândulas calcíferas, situadas perto do canal

alimentar dos vermes. O material é pois finamente moído antes da digestão. Os sucos intestinais ricos em

hormonas, enzimas e outras substâncias fermentativas continuam os processos de degradação. A matéria

deixa o corpo dos vermes na forma de excrementos. Estes constituem uma matéria húmica rica e de grande

qualidade. Os excrementos frescos são marcadamente mais ricos em bactérias, material orgânico, azoto

disponível, cálcio, magnésio, fósforo e potássio que o próprio solo.

“MULCHING” Prática de cobertura do solo, que se destina fundamentalmente à conservação de humidade

do mesmo, protecção do solo contra a erosão e controlo de infestantes.

__________________________________________________________________

NEMÁTODES Estes vermes microscópicos, cilíndricos e muitas vezes transparentes, são os decompositores

físicos mais abundantes – uma mão cheia de composto em decomposição pode conter vários milhões.

Estima-se que uma maçã podre possa conter até 90 000 milhões. Vistos à lupa parecem-se com finos

cabelos humanos. Algumas espécies vivem na vegetação em decomposição, outras alimentam-se de

bactérias, fungos, ou outros nemátodes, e outros sugam a seiva das raízes de plantas, especialmente raízes

de legumes.

__________________________________________________________________

ORGÂNICO Substância com ligações carbono-carbono.

ORGANISMOS DECOMPOSITORES Todos os microrganismos e invertebrados que estão envolvidos no

processo de degradação da matéria orgânica.

OXIDAÇÃO Reacção química em que os elementos químicos perdem electrões ou aumentam o seu número

de oxidação.

__________________________________________________________________

PATOGÉNICO Com capacidade para causar doença.

PERMEABILIDADE Capacidade que o solo tem de permitir a passagem da água pelos seus poros.

PILHA DE COMPOSTAGEM Amontoado de matéria orgânica com dimensões definidas onde a matéria

orgânica se degrada em condições aeróbias.

PODER CALORÍFICO Calor libertado quando uma unidade de massa de uma dada substância é queimada

como combustível, em condições padrão.

PORO Espaço entre partículas de composto ou solo preenchido por água ou ar.

POROSIDADE Percentagem do volume total de composto ou solo ocupado por espaços abertos em vez de

partículas sólidas.

PRAGAS Organismos que, pela sua natureza ou número, se tornam particularmente nocivos ou incómodos

para a agricultura ou vida diária como as ervas daninhas, moscas, moscas da fruta, ratos e ratazanas, entre

muitos outros.

PROCESSO BIOXIDATIVO Processo em que ocorre a oxidação de compostos orgânicos, com a produção

de energia e precursores necessários à biossíntese do protoplasma, através de metabolismo microbiano

aeróbio.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

IX

PRODUÇÃO Geração dos resíduos sólidos urbanos nas suas variadas fontes: habitações, instituições,

empresas, indústrias, limpeza pública, espaços de lazer, vias de comunicação.

PROTOZOÁRIO Microrganismo unicelular do Reino Protista. Muitas espécies vivem na água ou em filmes à

volta das partículas de composto.

__________________________________________________________________

RAZÃO CARBONO/AZOTO Relação entre a quantidade (em peso) de carbono e de azoto. A proporção na

matéria orgânica a compostar deve ser de 30 para 1 para que os microrganismos possam satisfazer

adequadamente as suas necessidades em carbono e azoto sem existir excesso ou carência de nenhum destes

elementos. Em termos práticos isso equivale aproximadamente a uma proporção 1:1 de resíduos verdes e

castanhos.

RECICLAGEM Forma de valorização dos resíduos na qual se recuperam e, ou regeneram diferentes matérias

constituintes de forma a dar origem a novos produtos.

RECOLHA Operação de apanha de resíduos com vista ao transporte.

RECOLHA SELECTIVA Recolha realizada de forma separada, de acordo com um programa pré-

estabelecido, com vista à futura valorização, efectuada na fonte pelo produtor. Exemplo é o papel vidro,

metal, a matéria orgânica, entre outros.

RESÍDUO Quaisquer substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se

desfazer.

RESÍDUO AGRÍCOLA Resíduo proveniente de exploração agrícola e, ou pecuária ou similar.

RESÍDUO BIODEGRADÁVEL Resíduo que pode ser sujeitos a decomposição anaeróbia ou aeróbia, como,

por exemplo, os resíduos alimentares e de jardim, o papel e o cartão.

RESÍDUO ORGÂNICO Resíduo constituído predominantemente por matéria orgânica.

RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) ou RESÍDUO URBANO Resíduos domésticos ou outros resíduos

semelhantes, em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do sector de

serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais e de estabelecimentos comerciais ou industriais e

de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde que, em qualquer dos casos, a produção diária não

exceda 1100 l por produtor.

RESÍDUOS VERDES Engloba tanto os materiais “verdes” como os materiais “castanhos”, de constituição

vegetal, proveniente de jardins, parques, bosques ou similares.

REUTILIZAÇÃO A reintrodução, em utilização análogo e sem alterações, de substâncias, objectivos ou

produtos nos circuitos de produção ou de consumo, de forma a evitar a produção de resíduos.

__________________________________________________________________

SISTEMA INTERMUNICIPAL Tecnossistema gerido por uma Associação de Municípios através de uma

empresa intermunicipal, concessionária ou não.

SISTEMA MULTIMUNICIPAL Tecnossistema que sirva pelo menos dois municípios e exija um

investimento predominante a efectuar pelo Estado em função de razões de interesse nacional, sendo a sua

criação e a sua concessão obrigatoriamente objecto de decreto-lei.

SISTEMA MUNICIPAL Tecnossistema não abrangido pela definição de Sistema Multimunicipal,

independentemente de a sua gestão poder ser municipal ou intermunicipal.

SUPORTE DE CULTURAS Material que se destina a servir de suporte para o crescimento das plantas, com

a exclusão do solo in situ.

SUSTENTABILIDADE Capacidade de viver sem diminuir as oportunidades devidas às gerações futuras.

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______________ _____________________ANEXO A

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

X

__________________________________________________________________

TAMPÃO Substância que resiste a variações bruscas de pH.

TAXA DE DECOMPOSIÇÃO Quantidade de matéria decomposta por unidade de tempo.

TAXA DE HUMIFICAÇÃO Indicador do grau de maturação de um composto. Calcula-se utilizando a

fórmula (compostos húmicos / carbono orgânico) x 100.

TECNOSSISTEMA Sistema de engenharia destinado a assegurar uma conveniente gestão dos resíduos.

TERMÓFILO Microrganismo que se desenvolve preferencialmente a temperaturas elevadas (da ordem dos

55ºC).

TERMOTOLERANTE Que sobrevive a temperaturas altas.

TEOR DE HUMIDADE Quantidade de água.

TRANSPORTE Qualquer operação que tenha como objectivo transferir os resíduos de um local para outro.

TRATAMENTO Quaisquer processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que alterem as

características de resíduos de forma a reduzir o seu volume ou perigosidade, bem como a facilitar a sua

movimentação valorização ou eliminação.

TRIAGEM Separação em materiais constituintes destinados à valorização ou outro tratamento ulterior em

fluxos separados.

TRATAMENTO BIOLÓGICO Conjunto de processos biológicos destinado a facilitar a valorização por

compostagem (reciclagem orgânica) ou por biometanização (valorização energética).

__________________________________________________________________

VALORIZAÇÃO – As operações que visam o reaproveitamento dos resíduos.

VALORIZAÇÃO ORGÂNICA Utilização da fracção orgânica contida nos resíduos para produção de

composto (por via aeróbia – compostagem e vermicompostagem) ou para a produção de biogás e

composto (via anaeróbia – digestão anaeróbia).

VALORIZAÇÃO ou RECUPERAÇÃO Qualquer das operações que permitam o reaproveitamento dos

resíduos e que se englobam em duas categorias: (a) Reciclagem; (b) Valorização energética. A reciclagem

pode ser multimaterial ou orgânica, enquanto que a valorização energética pode ser por incineração ou por

biometanização e aproveitamento do biogás.

VAZADOURO Ver Lixeira

VERMICOMPOSTAGEM É uma tecnologia na qual são utilizadas uma determinada espécie de minhocas,

que em conjugação com os microrganismos existentes no seu intestino, digerem toda matéria orgânica,

dejectando excrementos constituídos de agregados de terra e da matéria orgânica digerida, sendo mais ricos

em nutrientes como também mais assimiláveis pelas plantas.

__________________________________________________________________

“WINDROW” Sistema de pilhas revolvidas.

__________________________________________________________________

ZONA PILOTO Região onde se experimenta um método para corrigir as falhas antes de implementar

globalmente.

(Fontes: http://www.escolasverdes.org/compostagem; Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro;

Decreto-lei n.º 152/2002, de 23 de Maio; Gonçalves (1999); INR (ENRRUBDA) (2003))

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______________ _____________________ANEXO B

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XI

ANEXO B

Sistemas Constituídos para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) em Portugal Continental

(MULTIMUNICIPAIS e Municipais) (Municípios Envolvidos em cada um deles)

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______________ _____________________ANEXO B

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XII

Sistemas de Gestão de Resíduos Constituídos em Portugal Continental (MULTIMUNICIPAIS e Intermunicipais)

(Fonte: http://www.inresiduos.pt)

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_________________________________________________________ _____________________ANEXO B

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XIII

Sistemas MULTIMUNICIPAIS Constituídos no Continente para a Gestão de RSU

Sistema Multimunicipal

Decreto-Lei que Cria o Sistema Empresa

Concessionária Municípios Envolvidos

Vale do Minho 113/96, de 5 de Agosto VALORMINHO, S.A. Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira Vale do Lima e Baixo

Cavado 114/96, de 5 de Agosto RESULIMA, S.A.

Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo

Baixo Cávado 117/96, de 6 de Agosto, alterado pelo

DL 471/99, de 6 de Novembro1 BRAVAL, S.A.

Amares, Braga, Póvoa do Lanhoso, Terras do Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde

Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira

86/96, de 3 de Julho SULDOURO, S.A Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira

Alto Tâmega 226/00, de 9 de Setembro RESAT, S.A Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar Baixo Tâmega 323-A/006, de 20 de Dezembro REBAT, S.A Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Marco de Canavezes e Mondim de Basto

Vale do Douro Sul 93/01, de 23 de Março RESIDOURO, S.A Armamar, Cinfães, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, Resende, S. João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca

Alta Extremadura 116/96, de 6 de Agosto VALORLIS, S.A. Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém, Pombal e Porto de Mós

Litoral Centro 166/96, de 5 de Setembro ERSUC, S.A

Baixo Voga: Águeda, Arouca, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, S. João da Madeira, Sever do Vouga, Vagos e Vale de Cambra Mondego: Anadia, Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Góis, Lousã, Mealhada, Miranda do Corvo, Penacova, Penela e Vila Pouca de Poiares Baixo Mondego: Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pêra, Figueira de Foz, Figueiró dos Vinhos, mira, Montemor-o-Velho, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Soure

Oeste 366/97, de 20 de Dezembro RESIOESTE, S.A Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço, Rio Maior e Torres Vedras

Lisboa Norte 297/94, de 21 de Novembro VALORSUL, S.A Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira Margem Sul do Tejo 53/97, de 4 de Março AMARSUL, S.A Alcochete, Atalaia, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal

Norte Alentejano 11/01, de 23 de Janeiro VALNOR, S.A. Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sôr, Portalegre e Sousel

Algarve 105/95, de 20 de Maio ALGAR, S.A Barlavento: Albufeira, Aljezur, Lagos, Monchique, Portimão, Silves e Vila do Bispo Sotavento: Alcoutim, Castro Marim, Faro, Loulé, Olhão, S. Brás de Alportel, Tavira e Vila Real de Santo António

(Fonte: INR, 2003)

1 O Decreto-Lei n.º 11/96, de 2 de Agosto, criou o Sistema Multimunicipal do Cávado-Homem, do qual fazem parte os municípios de Amares, Terras de Bouro e Vila Verde, e constitui a sociedade RESICÁVADO, S.A.. Posteriormente, através do Decreto-Lei n.º 471/99, de 6 de Novembro, foi alargado o Sistema Multimunicipal do Baixo Cavado, que passou a ser constituído pelos municípios de Braga, Póvoa do Lanhoso, Vieira do Minho, Amares, Terras do Bouro e Vila Verde.

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_________________________________________________________ _____________________ANEXO B

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XIV

Sistemas Municipais Constituídos no Continente para a Gestão de RSU

Sistema Data de Constituição Municípios Envolvidos

Associação de Municípios do Vale do Ave (AMAVE) 91.02.18 Fafe, Guimarães, Santo Tirso, Trofa, Vila Nova de Famalicão e Vizela

LIPOR – Serviços Intermunicipalizados de Gestão de Resíduos do Grande Porto

82.11.12 Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa do Varzim, Valongo e Vila do Conde

Associação de Municípios do Vale do Sousa 89.07.15 Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel Associação de Municípios do Vale do Douro Norte 91.10.10 Alijó, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Maria de Penaguião e Vila Real Associação de Municípios da Terra Fria do Nordeste

Transmontano 1995

Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais

Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana

97.09.26 Alfandega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor

Associação de Municípios do Vale do Douro Superior 98.10.10 Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa

Associação de Municípios do Planalto Beirão 96.07.31 Aguiar da Beira, Carregal do Sal, Castro D`Aire, Gouveia, Mangualde, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Seia, Tábua, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela

Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) 81.03.31 Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornes de Algodres, Fundão, Guarda, Manteigas, Meda, Penamacor, Pinhel, Sabugal e Trancoso

Associação de Municípios da Raia/Pinhal 93.01.25 Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã e Vila Velha de Rodão AM Lezíria do Tejo 1 (RESIURB) 97.07.04 Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche e Salvaterra de Magos AM Médio Tejo 1 (AMARTEJO)2 96.12.16 Abrantes, Gavião, Mação, Sardoal e Vila de Rei

AM Médio Tejo 2 (RESITEJO) 1996 Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha

Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra para o Tratamento de Resíduos Sólidos (AMTRES)

88.05.19 Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra

Associação de Municípios do Distrito de Évora (AMDE) 85.08.23 Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas e Vila Viçosa

Associação de Municípios Alentejanos para a Gestão Regional do Ambiente (AMAGRA)

01.03.05 Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Aljustrel, Odemira, Santiago do Cacém, Sines, Ferreira do Alentejo

Associação de Municípios do Alentejo Central (AMCAL) 99.03.16 Alvito, Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira

Associação de Municípios Alentejanos para a Gestão do Ambiente (AMALGA)

Fev. 99 Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique e Serpa

(Fonte: INR, 2003)

2 É de referir a integração recente da AMARTEJO (e seus municípios) no Sistema Multimunicipal da VALNOR S.A., passando este a ser constituído por 19 municípios, sendo que os sistemas de gestão passaram de 14 Sistema Multimunicipais e 16 Sistemas Municipais para 14 Sistemas Multimunicipais e 15 Sistemas Municipais.

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______________ _____________________ANEXO C

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XIV

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______________ _____________________ANEXO C

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XV

ANEXO C

Infra-estruturas Existentes e Previstas para a Valorização Orgânica de Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) e sua

Distribuição Espacial por Portugal Continental (Agrupamento de Sistemas de Gestão de RSU)

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______________ _____________________ANEXO C

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XVI

Infra-estruturas Existentes e Previstas para a Valorização Orgânica de Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB)

Sistema Arranque Capacidade

(t. RUB/ano) Notas

1 – VALORMINHO 2- RESULIMA A

3- BRAVAL

2006 30 000 Nova Unidade. 3 Linhas de 10 000 t/ano

B 4 – AMAVE 1995 – 2003 52 560 Unidade existente (capacidade 131 400 t/ano

resíduos indiferenciados) C 5 – LIPOR 2004 60 000 Unidade Existente D 6 – VALSOUSA 2006 30 000 Nova Unidade. 3 Linhas de 10 000 t/ano E 7 – SULDOURO 2006 20 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 10 000 t/ano F 14 – ERSUC 2006 40 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 20 000 t/ano

8 – RESAT 11 – REBAT 9 – Vale Douro Norte

G

12 – RESIDOURO

2006 20 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 10 000 t/ano

10 – Terra Fria 10 – Terra Quente H

10 – Douro Superior

2006 10 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 5 000 t/ano

I 15 – Planalto Beirão 2006 35 000 Nova Unidade. 30 000 t/ano resíduos

fermentáveis + 5 000 t/ano resíduos verdes 16 – Cova Beira

J 17 – Raia Pinhal

2001 2006

20 000 10 000

Unidade existente (capacidade 50 000 t/ano resíduos indiferenciados)

13 – VALORLIS K

18 – RESIOESTE 2006 40 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 20 000 t/ano

19 – Resiurb 20 – Amartejo L

21 – Resitejo

2006 30 000 Nova Unidade. 3 Linhas de 10 000 t/ano

M 22 – Amtres 1991 – 2001

2006 60 000 125 000

Unidade existente (capacidade 150 000 t/ano)

N 23 – VALORSUL 2004 2009

40 000 20 000

Unidade Existente. 2 Linhas de 20 000 t/ano 3ª Linha apenas em 2009

O 24 – AMARSUL 1994 2006

20 000 80 000

Unidade existente (capacidade 50 000 t/ano resíduos indiferenciados)

25 – Amde P

28 – VALNOR 2006 20 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 10 000 t/ano

29 – Amalga 26 – Amagra Q

27 – Amcal

2006 20 000 Nova Unidade. 2 Linhas de 10 000 t/ano

R 30 - ALGAR 2001 2006

10 000 45 000

Em funcionamento. 2 Unidades de 5 000 t/ano Nova Unidade. 3 Linhas de 15 000 t/ano

Total Continente 837 560 R.A. Açores

R.A. Madeira 2003 23 400

Unidade Existente (capacidade para 18 000 resíduos provenientes da recolha selectiva da fracção

orgânica dos RSU + 5 400 t/ano de material estruturante (resíduos vegetais).

Total Nacional 860 960

(Nota: a capacidade de tratamento indicada para os diversos sistemas/agrupamentos de sistemas será introduzida de modo faseado até 2016, correspondendo os valores indicados às capacidades globais)

(Fonte: INR, 2003)

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______________ _____________________ANEXO C

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XVII

Distribuição Espacial por Portugal Continental das Infra-estruturas Existentes e Previstas para a Valorização Orgânica de Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB)

(Agrupamento de Sistemas de Gestão de RSU)

(Fonte: INR, 2003)

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XVII

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______________ _____________________ANEXO D

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XVIII

ANEXO D

Unidades de Valorização Orgânica (Compostagem e Digestão Anaeróbia) de RSU Actualmente em Funcionamento

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______________ _____________________ANEXO D

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XIX

Unidades de Valorização Orgânica (Compostagem e Digestão Anaeróbia) de RSU

Actualmente em Funcionamento

Localização Sistema Ponto de Situação

Capacidade (t/ano)

RUB Valorizados (t/ano) (1)

Observações

Riba d’Ave –

Famalicão AMAVE

Em funcionamento desde 1995; Ampliação

concluída em 2003 (1º semestre)

131 400 52 560

Compostagem acelerada em reactor com revolvimento, arejamento forçado e aspersão de água. Maturação ao ar livre embora posteriormente passe a ser efectuada através de pilhas c/ revolvimento em parque coberto c/ sistema de extracção e tratamento de gases através de biofiltro. Resíduos provenientes da recolha indiferenciada.

Alçaria –

Fundão

Cova da Beira

Em funcionamento desde Agosto 2001. 50 000 20 000

Compostagem acelerada em silos horizontais com insuflação de ar e adição de água. Extracção e tratamento de gases através de biofiltro. Maturação em parque coberto embora passe depois a ser efectuada em parque fechado. Resíduos provenientes da recolha indiferenciada.

Trajouce –

Cascais AMTRES

Em funcionamento desde 1991. 150 000 60 000

Compostagem (incluindo maturação) em parque fechado, através de pilhas com revolvimento, rega e insuflação de ar. Extracção e tratamento de gases através de biofiltro. Resíduos provenientes da recolha indiferenciada.

Quinta da Caiada

– Setúbal

AMARSUL/ Setúbal

Em funcionamento desde 1994. 50 000 20 000

Compostagem (incluindo maturação) em pavilhão fechado, através de pilhas trapezoidais com revolvimento, irrigação de água e insuflação de ar. Extracção e tratamento de gases através de biofiltro. Resíduos provenientes da recolha indiferenciada.

Porto de Lagos

– Portimão

ALGAR (Barlavento)

Em funcionamento desde 2002. 5 000 5 000

Recepção, trituração, fermentação e maturação de “resíduos verdes” provenientes de corte e manutenção de jardins.

Fonte Sagrada

– Tavira

ALGAR (Sotavento)

Em funcionamento desde 2002. 5 000 5 000

Recepção, trituração, fermentação e maturação de “resíduos verdes” provenientes de corte e manutenção de jardins.

Baguim do Monte

LIPOR Em funcionamento

desde 2004 (2º semestre)

60 000 60 000

Compostagem (incluindo maturação) em túneis c/ insuflação de ar, revolvimento e regulação integral de caudais de entrada e saída. Tratamento dos gases por lavagem química e biofiltros. Resíduos provenientes da recolha selectiva nas habitações e junto dos grandes produtores de RUB.

Mina –

Amadora VALORSUL

Em construção Início de laboração

(previsto) 2004

40 000 (1ª fase); 60 000 (2ªfase)

40 000

Digestão anaeróbia (processo termófilo, por via húmida, em duas fases) seguida de compostagem (c/ arejamento forçado, maturação e afinação) p/ estabilização. Produção de energia eléctrica. Resíduos provenientes de recolha selectiva da fracção orgânica dos RSU junto dos grandes produtores de RUB.

Meia Serra –

Santa Cruz (Madeira)

R.A. Madeira

Em funcionamento, após construção /

remodelação, desde 2004

(2º semestre)

23 400 23 400

Compostagem em pavilhão fechado, com revolvimento, arejamento forçado e tratamento de gases. Parque de maturação coberto. Resíduos provenientes da recolha selectiva da fracção orgânica dos RSU junto dos grandes produtores (hotéis, restaurantes – 1ªfase e porta-a-porta (2ªfase). Introdução de 5 400 t/ano de material estruturante (resíduos vegetais).

Total 514 800 285 960

(Fonte: INR, 2003; http://www.inresiduos.pt)

1 Foi assumido, para as unidades de valorização que funcionam em sistemas de recolha selectiva de RUB, que a totalidade dos resíduos que são introduzidos no processo são passíveis de valorização orgânica. Relativamente às unidades que funcionam com base no fluxo de RSU provenientes de recolha indiferenciada, assumiu-se que apenas 40% dos resíduos introduzidos no processo são passíveis de valorização orgânica.

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______________ _____________________ANEXO E

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XX

ANEXO E

Perspectiva Histórica da Compostagem

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______________ _____________________ANEXO E

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXI

E. 1. – Perspectiva Histórica da Compostagem

A história da ciência compostagem é muito vasta. O seu conhecimento empírico remonta à

Antiguidade. E foi através da sua observação que levou o Homem a tentar reproduzi-lo visando o

melhoramento de solos pobres ou intensamente utilizados com o intuito de restaurar o balanço de

nutrientes no solo[14].

A alguns milénios atrás os chineses empilhavam dejectos de animais juntamente com resíduos vegetais,

em áreas abertas, de modo a permitir a decomposição natural, tendo em vista a produção de estrume

para utilização agrícola[187]. Contudo, este processo não envolvia praticamente qualquer tipo de

controlo, pelo que usualmente requeria longos períodos até que se obtivesse um material adequado.

Também existem várias referências bíblicas sobre as práticas de correcção do solo. O agricultor cientista

romano Marcus Cato também a elas se referiu defendendo que o composto era o fertilizante fundamental

no solo e que todos os desperdícios de comida e animais deveriam ser decompostos antes de serem

adicionados ao solo[31]. Este mesmo, também refere que estas práticas foram detalhadamente descritas

acerca de 1000 anos atrás, para o período dos 3000 anos precedentes, num manuscrito de El Doctor

Excellente Abu Zacharia Iahia de Sevilha, o qual foi, posteriormente, publicado em 1802 como “El Libro

de Agricultura”. Pela sua própria experiência, Abu Zacharia insistia que os dejectos animais não deviam

ser aplicados frescos e isolados ao solo, mas sim, após misturas com 5 a 10 vezes mais de resíduos

vegetais. Em meados do século XIX, era conhecida e utilizada por grande parte dos agricultores na

produção de estrume “curtido”. Fernandes[91] salienta o facto de em 1843, nos EUA, ter sido registada uma

patente designada de “Bommer Method of Making Manure”. O processo consistia na colocação de resíduos

da actividade agrícola numa grelha para decomposição, recirculando as escorrências e lixiviados para cima da

pilha como forma de acelerar o processo. Considerava-se que o produto resultante representava

características adequadas para utilização como composto apenas 15 dias depois. Apesar de simplista, pode

considerar-se que o autor George Bommer terá sido o pioneiro dos processos de compostagem científica.

Contudo, os primeiros trabalhos de reconhecida importância científica, com grande incremento

prático na compostagem moderna, surgem na década de 20 do século XX, e são da autoria de Sir

Albert Howard. Na Índia, desenvolveu uma técnica (pilha com revolvimento), designada posteriormente

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______________ _____________________ANEXO E

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXII

por método Indore, com o qual era possível produzir composto higienizado e de elevado valor

agronómico em três meses, demonstrando que a compostagem possibilitava a valorização dos resíduos

agro-pecuários e domésticos, tais como, fezes de animais, palha e folhas secas, lamas de esgotos, restos

de podas e outros lixos orgânicos[104]. Neste processo, além de revirar, de modo a fornecer ar suficiente

para acelerar o processo de degradação, também se adicionava água à massa em compostagem.

Nos anos 20 e 30, Waksman[203] complementou as experiências em larga escala com estudos à escala

laboratorial utilizando na compostagem resíduos vegetais e estrume de estábulos. A investigação

permitiu identificar os princípios básicos da decomposição aeróbia e factores associados,

nomeadamente o papel dos microrganismos e o efeito da temperatura na taxa de decomposição[102].

Até então, várias patentes sobre processos mecanizados de compostagem haviam sido registadas como

o processo Beccari (envolvendo digestão anaeróbia seguida de bioxidação), o Itano e o Vam Ma (ambos

preconizando a via aeróbia), sendo o último ainda utilizado na Holanda[102]. O sistema Dano (1933) e o

método Earp-Thomas (1933) são exemplos de outros processos. Em 1935, mais uma vez na Índia,

foram introduzidas melhorias no processo Indore, colocando alternadamente camadas de resíduos

sólidos e esgotos, passando-se a designar de processo Bangalore [102], existindo ainda nos dias de hoje

inúmeras instalações em funcionamento com este processo. Todos estes sistemas de compostagem

tinham como principal objectivo que o processo se desse em ambiente fechado, de modo a permitir

um controlo mais efectivo dos processos, menor tempo de compostagem e menores custos de

operação.

Golueke & Diaz[102] também referem que foram com estes e outros estudos mais, realizados nos anos

50 e 60 do século passado, procurando caracterizar a influência no processo de compostagem da

integração de diferentes tipos de lixos e resíduos, as perdas químicas do processo, a destruição de

microrganismos patogénicos, o controle de moscas, as aplicações alternativas do processo e efeito da

aplicação de composto nos solos, que se registou importante evolução, nomeadamente na

compreensão e interpretação dos princípios da compostagem, dos parâmetros que condicionam o

processo e identificação específica dos vários grupos taxionómicos responsáveis pelo processo e sua

sucessão ao longo do mesmo, de acordo com a temperatura e características nutritivas do meio. A

compreensão dos princípios da compostagem conduziu à sua aplicação prática, nomeadamente na

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______________ _____________________ANEXO E

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXIII

configuração das pilhas de resíduos a tratar, bem como do controlo e monitorização dos parâmetros

condicionantes do processo[102], embora estes sistemas não reactores (compostagem em pilhas)

praticamente não existissem.

Mas o modo de vida foi-se modificando, com a consequente alteração na composição física dos

resíduos urbanos. A quantidade de materiais não biodegradáveis foi aumentando desmesuradamente,

resultando num acréscimo de dificuldades no processamento e tratamento dos RSU por

compostagem, obrigando à realização de operações prévias de triagem. Mesmo assim, foram

construídas durante os anos 60 do século XX várias dezenas de estações mecanizadas de tratamento

de RSU, equipadas com reactores aeróbios onde os factores condicionantes da compostagem eram

submetidos a um controlo tal que o período de degradação/humificação era substancialmente curto.

Infelizmente, o facto de se terem privilegiado projectos alicerçados na engenharia civil e mecânica,

descurando os processos microbiológicos, conduziu a que o processo de decomposição dos RSU,

realizado na esmagadora maioria naquelas estações, fosse maioritariamente anaeróbio com a

consequente produção de maus odores, o que levou ao seu encerramento por pressão das populações.

Outro factor que viria a contribuir para o quase total abandono da compostagem industrial, como

solução para o tratamento de RSU, seriam os elevados custos de investimento e operação numa altura

em que não existiam quaisquer entraves à instalação de lixeiras ou vazadouros[102].

O ano de 1960 ficou marcado por um importante evento na história da compostagem com o início da

publicação da revista “Compost Science” cujo título passou a ser, em 1981, “BioCycle”. A revista reflecte a

história da era moderna da compostagem e tem contribuído para a divulgação e avanço desta

ciência[114].

E é a crescente preocupação com as questões ambientais e ecológicas que atraiu novamente a atenção

sobre a compostagem a partir da década de 70, particularmente como solução para o tratamento das

lamas de águas residuais e fracção orgânica dos RSU[102]. Os países mais desenvolvidos determinaram

exigências e impuseram maiores restrições no tocante ao confinamento dos RSU aumentando, deste

modo, os custos de instalação dos aterros. Reduziram-se, simultaneamente, as áreas disponíveis para a

sua instalação devido à concentração urbana e, por outro lado, agravaram-se os custos de instalação e

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______________ _____________________ANEXO E

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXIV

manutenção das estações de incineração, na medida em que era exigido que as mesmas estivessem

equipadas com dispendiosos sistemas de tratamento de emissões gasosas[53].

Nesta altura alguns investigadores como, por exemplo, Pereira Neto & Stentiford[170] retomam a

investigação dos sistemas não reactores pela importância que os mesmos têm em termos de menores

custos de investimento em equipamento (comparativamente aos sistemas preconizando a utilização de

bioreactores), com a vantagem de produzirem compostos de elevada qualidade quando operados com

controlo. O objectivo era ultrapassar as suas limitações através do controlo do processo de modo a

garantir que a totalidade da massa de compostagem atingisse a completa higienização, além de tentar

também diminuir o tempo de compostagem.

Definida a compostagem como um processo aeróbio compreendendo as fases termófila e mesófila[102],

e compreendidos os processos bioquímicas que a determinam, criaram-se condições para o

desenvolvimento da engenharia da compostagem. Neste campo, salientam-se os trabalhos levados a

efeito por Haug[113] e, ainda os relativos a tecnologias de baixo custo, dotados de controlo de

temperatura e arejamento, desenvolvidos pelo Departamento de Agricultura dos EUA, em Beltsville e

pela Universidade de Rutgers [91]. Tanto o sistema Beltsville como o sistema Rutgers baseiam-se na injecção

de ar forçado em Pilha Estáticas Arejadas (PEA) (sem revolvimento). Estes processos mostraram ser

técnica e economicamente viáveis, quanto aos resultados obtidos por comparação com os sistemas

reactores, reduzindo assim a diferença para esses sistemas. Posteriormente, no final da década de 80 do

século passado, procurou-se o aperfeiçoamento do processo Rutgers, alternando o arejamento entre

insuflação de ar fresco e sucção de ar, procurando desta forma a criação de condições óptimas de

oxigenação e temperatura em todos os pontos da pilha de compostagem, tendo por objectivo último o

acelerar da degradação da MO e uma boa higienização[116].

O aumento acelerado da produção de resíduos e suas implicações em termos de poluição ambiental

determinaram que os países industrializados fossem obrigados a investir fortemente no combate a este

problema. O reconhecimento que tal crescimento só poderia ser refreado através de medidas que

promovessem a gestão integrada dos resíduos, na qual a valorização ou reciclagem da fracção orgânica

tem um papel importantíssimo[132], incentivou um renovado interesse pela compostagem da fracção

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______________ _____________________ANEXO E

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXV

orgânica dos RSU provenientes da recolha selectiva na fonte, como alternativa ao tratamento, não só

dos RSU, mas também dos resíduos verdes municipais, cuja deposição em aterro tem vindo a ser

banida num número crescente de países. Deste modo, tem-se vindo, por um lado, a assistir ao

desenvolvimento da investigação relativamente à configuração e controlo da pilha estática arejada e,

por outro, à multiplicação da oferta de sistemas de compostagem fechados (em reactores aeróbios) e

mistos[114]. Mais uma vez alguns dos problemas já salientados mantiveram-se. Tudo isto, uma vez mais,

por não se ter dado a devida relevância ao facto de o processo de compostagem ser essencialmente

biológico.

Observa-se que, nos últimos anos, o desenvolvimento e a investigação em compostagem em sistemas

não reactores é muito superior aos sistemas reactores estando estes quase todos praticamente

inalterados nos últimos 20 anos. Mas também nesse período, as crescentes exigências de carácter

ambiental conduziram à publicação de grande número de trabalhos divulgados em revistas científicas e

apresentados em reuniões internacionais, sobre os potenciais riscos para o ambiente e saúde pública,

nomeadamente os decorrentes da incorporação no solo de um composto contaminado com metais

pesados e ou micropoluentes orgânicos.

A separação dos RSU na fonte, submetendo unicamente ao processo de compostagem a fracção

orgânica biodegradável, é a única via para obtenção de um composto relativamente “limpo” que possa

ser incorporado no solo sem grandes restrições[104], tendo alguns países (Áustria, Holanda, Alemanha e

Bélgica) já legislado sobre a matéria[90].

Desde a década de 1990 até aos nossos dias, a pressão exercida para a utilização de métodos com

menor impacte ambiental conduz a um novo interesse no processo de compostagem, particularmente

em relação ao aproveitamento dos resíduos orgânicos, dos resíduos verdes e dos esgotos urbanos e

industriais. Em Portugal, esta problemática surgiu ainda um pouco mais tarde sendo que no presente

momento se está a caminhar para bom porto.

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXVI

ANEXO F

Sistemas Envolvendo Reactores (Exemplos de Sistemas)

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXVII

F.1. – Sistemas Envolvendo Reactor

Aqui estão citados e explicados alguns dos sistemas reactores existentes. Estes estão divididos em duas

classes: os horizontais ou inclinados e os verticais[53].

F. 1.1. – Reactores Horizontais ou Inclinados

F. 1.1.1. – Sistemas com Reactores do Tipo Tambor Rotativo

A fase de decomposição rápida (degradação) decorre no interior de um reactor de aço, cilíndrico ou de

secção hexagonal[174], que gira lentamente em torno de um eixo horizontal (figura F.I).

Figura F.I – Reactor do tipo tambor rotativo. (Fonte: http://www.abt-compost.com/rotating_drum.html)

Estes reactores, que existem em tamanhos diversos (diâmetro de 2 a

4 m e até 45 m de comprimento), são mais propriamente designados

por bioreactores (conhecidos tecnicamente por BRS), que são revestidos por uma fina camada de

composto ( f i gu ra F.II) que serve como meio de cultura dos

microrganismos e que permite o isolamento técnico dos reactores.

Figura F.II – Imagem do interior do reactor do tipo tambor rotativo (BRS) onde se observa o revestimento por uma fina camada de composto. (Fonte:

http://www.amave.pt/amcb)

O reactor é mantido a metade da sua capacidade e tem uma movimentação de 0.5 a 2 r.p.m. [145].

Possui insuflação de ar em contracorrente destinada a manter uma decomposição aeróbia. Os

resíduos, que são processados sem qualquer trituração ou separação prévia, descrevem um movimento

helicoidal durante 1 a 5 dias [190]. Nesse período, são realizadas acções no seu interior que tanto

compreende uma acção mecânica (devido à rotação dos BRS), que provoca a dilaceração selectiva dos

resíduos mais frágeis, assim como u m a acção biológica, originada pelo contacto com os

microrganismos pré-existentes, bem como pela sua oxigenação, humidificação e mistura contínua da

massa de resíduos, e uma separação grosseira dos resíduos inorgânicos e orgânicos, através de um

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXVIII

crivo rotativo existente nas extremidades dos BRS. A fase seguinte, designada por afinação, tem por

objectivo efectuar uma separação fina do composto e dos refugos (MO constituída por plásticos,

vidros, metais, papel, entre outros). O composto, após a afinação, é depositado numa área de

maturação, por um período que varia entre 15 dias e 3 meses, sendo que para permitir a decomposição

aeróbia o composto é revolvido ao mesmo tempo que a sua temperatura vai diminuindo[223]. O sistema

apresenta problemas de odores na fase de maturação, uma vez que à saída do tambor, o composto não

está estabilizado e é colocado ao ar livre. Este problema pode ser resolvido com maturação em

pavilhão fechado, com tratamento do ar contaminado, tal como se faz normalmente no sistema de

pilhas trapezoidais[125]. É exemplo da aplicação deste tipo de reactores, o sistema SOGEA, utilizado

para tratamento das cerca de 131 400 toneladas de RSU, recebidas anualmente na Estação de

Compostagem da AMAVE (Riba d`Ave - Vila Nova de Famalicão). Mas além do sistema SOGEA,

também existe o Dano que é, segundo Haug[113], o mais utilizado no mundo, sendo ele constituído por

um reactor com uma suave inclinação (figura F.III).

Figura F.III – Esquema representativo do modo de funcionamento do Sistema DANO. (Fonte: Matos & Pereira, 2004)

F. 1.1.2. – Sistemas com Reactores do Tipo Hangar

A compostagem nestes sistemas decorre em pavilhões completamente fechados. O arejamento é

efectuado por insuflação através da base porosa sobre a qual a massa em compostagem se dispõe e/ou

por dispositivos mecanizados de revolvimento, geralmente através de um sistema de gruas (ou pás)

suspensas em trilhos ao longo de baias que contêm a massa em compostagem (com compartimentos

paralelos com 4 m de largura e comprimento variável). Em grande parte deles faz-se extracção dos

gases produzidos no pavilhão e sua condução para o seio de uma pilha de composto maturado ou

turfa, prevenindo a libertação de maus cheiros. Após o processo de decomposição, o composto é

submetido a um período de 6 semanas de maturação, para cujo efeito é colocado em pilhas numa área

coberta. O sistema SILODA/OTV (figura F.IV), implementado na Estação de Compostagem de

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXIX

Tratamento de RSU gerida pela Associação de Municípios

da Cova da Beira, integra-se nesta classe[121; 114].

Figura F.IV – Imagem do interior do sistema do reactor do tipo hangar onde se observa o equipamento de revolvimento. (Fonte:

http://www.vinci-environnement.com)

F. 1.1.3. – Sistema das Pilhas Trapezoidais

Neste sistema, o processo de compostagem decorre integralmente num pavilhão fechado, de

comprimento variável, o qual funciona em depressão para minimizar a emissão de odores[125]. O

material a compostar é depositado numa única pilha de secção transversal trapezoidal (fluxo contínuo)

(figura F.V). Esta pilha é então deslocada semanalmente ao longo do pavilhão por uma unidade

automática de revolvimento, a qual assegura simultaneamente a irrigação do material sempre que

necessário. À medida que cada pilha de composto maturado é recolhida numa extremidade do

pavilhão, uma nova pilha vai sendo formada na outra extremidade. O tempo de residência do

substrato orgânico no reactor é de cerca de 8 a 12 semanas[125]. A degradação da MO resulta numa

redução de volume decorrente da libertação de vapor de água e compostos orgânicos voláteis. As

águas lixiviadas são recirculadas, humidificando as pilhas durante a fase termofílica, minimizando

assim o consumo de água limpa no processo, bem como o volume de água contaminada a tratar. A

altura da pilha é porém mantida quase constante pela máquina de revolvimento, o que possibilita a

redução da área necessária ao processo de compostagem.

Figura F.V – Imagem do interior do sistema, onde se observa o equipamento de revolvimento, neste caso o sistema de pilhas

trapezoidais, na AMARSUL, em Setúbal. (Fonte: AMARSUL, 2004)

O arejamento das pilhas é assegurado por insuflação ou

sucção intermitente de ar, programada de acordo com as necessidades das diferentes fases do

processo[125]. Quando o arejamento do composto se faz por sucção, há simultaneamente introdução de

ar limpo no pavilhão, sendo o ar no seu interior não contaminado. Daqui resulta um ambiente livre de

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXX

odores e não corrosivo no interior do pavilhão, havendo um agravamento dos custos de manutenção

de algum equipamento, mas uma redução dos custos de manutenção do pavilhão, por efeito da

diminuição de substâncias contaminantes do ar no interior do pavilhão, dando origem a um ambiente

corrosivo e com odores desagradáveis. Neste caso, para minimizar a emissão de odores para o

exterior, o pavilhão funciona em depressão, isto é, a pressão no seu interior é inferior à pressão

atmosférica, o que permite captar e tratar todo o ar contaminado utilizado no processo. O controlo

dos odores é assegurado por filtros patenteados, ventiladores de extracção, colunas de lavagem do ar e

biofiltros.

No final do pavilhão o composto é recolhido por uma máquina de recolha especialmente concebida

para o efeito ou pela própria unidade de revolvimento. À medida que cada pilha de composto

maturado é recolhido no final do pavilhão, uma nova pilha vai sendo formada no início do mesmo.

O sistema de pilhas trapezoidais é o adoptado na estação de compostagem da AMARSUL, em Setúbal,

de tecnologia Koch, sendo que nesse caso o arejamento do composto é feito por insuflação de ar e o

composto permanece apenas cerca de 60 dias no pavilhão, apresentando-se ainda não totalmente

estabilizado. No entanto, os seus cheiros são inofensivos e a sua temperatura próxima da ambiente

(aproximadamente 30ºC), e acaba de estabilizar no exterior do pavilhão, onde já só há lugar à criação

de substâncias húmicas. Em anexo seguinte (G), encontram-se mais pormenores relativamente ao

diagrama do processo e balanço de massas.

F. 1.1.4. – Sistemas com Reactores do Tipo Túnel

Neste sistema, a fase de decomposição rápida decorre em estruturas alongadas de betão, de secção

rectangular, totalmente fechadas ou abertas num dos topos. O arejamento da massa é efectuado a

partir da base. Os resíduos são admitidos por uma das extremidades do túnel e expelidos pela outra

podendo, no seu percurso, a massa ser revolvida ou simplesmente “empurrada” por uma placa de

betão colocada à entrada de um túnel e accionada por um macaco hidráulico. O êmbolo seguidamente

recua para permitir um novo ciclo de alimentação. A matéria permanece no interior do túnel entre 7 e

28 dias, com arejamento forçado e remoção de gases, gases estes tratados que devem ser tratados antes

de serem libertados para a atmosfera. A unidade de compostagem da TratoLixo (AMTRES), com

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXI

tecnologia Koch, utiliza reactores deste tipo numa primeira fase do processo de compostagem (mas o

tempo de residência nos túneis é de 7 dias, o mínimo do sistema), o qual se completa, posteriormente,

em parques cobertos, com a fase de maturação que demora no caso da TratoLixo, 70 dias (num

período recomendado para este processo de 30 a 70 dias).

F. 1.2. – Reactores Verticais

F. 1.2.1. – Sistemas com Reactores do Tipo Silo ou Torre

A fase de decomposição rápida decorre em bioreactores verticais, de secção rectangular ou circular

(altura típica de 6 a 9 m), sendo o material a compostar introduzido pelo topo e recolhido pela base

(figura F.VI). O tempo de residência do material é de 4 a 6 dias[50]. Em alguns sistemas, nomeadamente

nos que integram silos, o material pode ser reprocessado. Para tal, é recolhido à saída do reactor e,

através de correias transportadoras, novamente introduzido pelo topo.

Posteriormente são formadas pilhas onde permanecem cerca de 6 a 8

semanas para que seja obtido um composto de qualidade aceitável[50]. Os

sistemas envolvendo torres multi-pisos proporcionam as mais elevadas

taxas de decomposição, permitindo a intervenção no processo em cada

piso. São contudo muito caros, comparativamente aos outros sistemas de

compostagem[174].

Figura F.VI – Reactor de fluxo vertical descendente. (Fonte: Matos & Pereira, 2004)

F. 1.2.2. – Sistemas com Reactores Tipo Caixas ou Contentores

Sebastião & Jardim[190] referem que a fase de decomposição rápida é levada a efeito em caixas de betão

fixas, cuja capacidade poderá atingir os 60m3. As caixas são herméticas, isoladas termicamente. São

ainda dotadas de sistemas de ventilação forçada incidindo na sua base, sistemas de recolha de

lixiviados e de um dispositivo de condensação dos gases produzidos, tendo ainda acoplado um

biofiltro. Após 5 a 10 dias, o composto é removido puxando uma das extremidades de uma tela que

recobre o leito da caixa, sendo que o material pode completar o processo de decomposição em pilhas

ao ar livre ou ser sequencialmente transferido para uma nova caixa. Em alternativa às caixas de

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXII

compostagem existem também no mercado contentores

amovíveis, construídos em aço inoxidável (figura F.VII).

Figura F.VII – Sistema de caixas ou contentores. (Fonte: http://www.traymaster.co.uk)

F. 1.3. – Sistemas de Compostagem Reactores em Funcionamento

Da grande diversidade de sistemas envolvendo reactores que se encontram em actividade nas estações

de compostagem europeias refere-se, no quadro F.I, qual a tecnologia utilizada nas várias fases do

processo de compostagem (fase de degradação e humificação) e o tempo de duração do mesmo.

Quadro F.I – Tecnologia utilizada em alguns sistemas envolvendo reactores comercializados na Europa e período médio

de compostagem. (Adaptado: Gonçalves, 1999)

Tecnologia Sistema Tipo de Reactor (tempo de

permanência) Fase de humificação/maturação

(tempo) DANO Cilindro rotativo (2-7 dias) Pilha estática ou revolvida (4-10 semanas) SOGEA Cilindro rotativo (4 dias) Pilha revolvida (2-3 meses)

KOCH-AE&E Hangar (70-85 dias) Decorre no reactor SILODA-OTU Hangar (30 dias) Pilha estática (60 dias)

BAVI Silo (14 dias) Pilha estática ou revolvida (6-10 semanas) GICOM Túnel (2 semanas) Pilha revolvida (4 semanas)

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______________ _____________________ANEXO F

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXIII

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______________ _____________________ANEXO G

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXII

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______________ _____________________ANEXO G

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXIII

ANEXO G

Estação de Compostagem para Tratamento de RSU Indiferenciados da AMARSUL, em

Setúbal

1. Diagrama do Processo 2. Esquema Simplificado Representativo do Processo de Valorização

Orgânica através de Tratamento Mecânico e Biológico 3. Balanço de Massas Típico do Processo de Compostagem

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______________ _____________________ANEXO G

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXIV

1. Estação de Compostagem da AMARSUL – Diagrama do Processo

(Fonte: Jardim & Sebastião, 2003)

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______________ _____________________ANEXO G

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXV

2. Esquema Simplificado Representativo do Processo de Valorização Orgânica através de Tratamento Mecânico e Biológico

(Adaptado: KOCH, 2003)

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______________ _____________________ANEXO G

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXVI

3. Balanço de Massas Típico do Processo de Compostagem na Estação de Compostagem em Setúbal em 1999/2000

(Fonte: Jardim & Sebastião, 2003)

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______________ _____________________ANEXO H

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXVII

ANEXO H

Base de Dados Relativa ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”

1. Base de Dados Inicial

2. Base de Dados Remodelada (Final)

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______________ _____________________ANEXO H

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXVIII

1. Base de Dados Inicial Relativo ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, em Microsoft Excel

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______________ _____________________ANEXO H

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XXXIX

2.a) Base de Dados Final Relativo ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, em Microsoft Excel

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______________ _____________________ANEXO H

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XL

2.b) Base de Dados Final Relativo ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias”, Com Resultados de Ambos os Inquéritos, em Microsoft Excel

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______________ _____________________ANEXO I

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLI

ANEXO I

Inquérito Relativo ao Programa “Compostagem Doméstica nas Moradias” – Opinião e Situação do Munícipe Participante –

1. Inquérito Realizado por Telefone

2. Inquérito que se Realizará por Carta 3. Ofício Acompanhando Inquérito por Carta

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______________ _____________________ANEXO I

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLII

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente XLII

DATA DO INQUÉRITO ____ /___ /___

____________________________ 1. Nome (de quem adquiriu) _______________________________

2. Nome do Inquirido____________________________________ 3. Morada______________________________________________ 4. Localidade___________________________________________

5. Telefone/Telemóvel____________________________________ 6. E-Mail ______________________________________________ 7. Profissão____________________________________________ 8. Número de Pessoas do Agregado Familiar___________________

9. Quais as suas faixas etárias? ____O 0 – 18 Anos ____O 18 – 45 Anos

____O 45 – 65 Anos ____O Mais de 65 Anos

__________________________ 10. Qual a principal razão que o (a) levou a aderir à compostagem doméstica? _______________________________

11. Considera-se minimamente informado ( a ) acerca do processo de compostagem doméstica? O Sim O Não

12. Há quanto tempo iniciou o processo de compostagem? O Logo após a aquisição do compostor O Algum tempo depois. Quanto tempo? ______________________ O Já fazia antes. Quanto tempo? ____________________________

13. Para que fim utiliza o seu jardim? O Para cultivo de produtos agrícolas

O Trata do jardim como passatempo O Alguém contratado faz a sua manutenção (Exemplo: Jardineiro) O Outro. Qual? _________________________________________

14. Quem normalmente cuida da manutenção e execução do processo de compostagem e qual a sua faixa etária? ______________________________________________________

__________________________

15. Qual o compostor que utiliza? O Entregue pela C.M. Oeiras O Comercial, de plástico (tipo/nome) _________________________

O Modificado. Quais as alterações? ___________________________ O Outro (Exemplo: fossa, construído) _________________________ Caso tenha seleccionado “Entregue pela C.M. Oeiras”, responder

às questões 16, 17 e 18. 16. Qual o material e cor do seu compostor? O Plástico, Verde

O Plástico, Preto O Madeira

Caso tenha seleccionado “Madeira”, responda à questão 17. 17. O seu compostor de madeira apodreceu? O Sim

O Não Caso tenha seleccionado “Sim” na questão anterior, responda à seguinte.

18. Pretende que a C.M. Oeiras lhe forneça um outro compostor? O Sim. Qual? O Madeira O Plástico O Não

19. Como teve conhecimento de que a C.M. Oeiras fornecia/oferecia o recipiente?

O Folhetos Informativos O No site da Internet da C.M. Oeiras O Feira ou Exposição. Qual? ________________________________ O Outro. Qual? __________________________________________

20. Que materiais usa para fazer compostagem? Resíduos de jardim O Folhas O Aparas de relva O Ervas

O Restos de Plantas O Ramos/Pedaços de Madeira Restos de cozinha O Restos de vegetais/cascas de fruta O Restos de alimentos cozinhados

O Outros. Quais? _______________________________________ Outros itens O Papel/Jornal O Cinzas

O Outros. Quais? _______________________________________ 21. Qual a frequência com que coloca os resíduos no compostor,

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente XLIII

no que diz respeito aos:

Resíduos de Jardim ______________________________________ Restos de Cozinha _______________________________________ Outros itens ___________________________________________

22. Considera que a dimensão do compostor é: O Adequada O Demasiado Grande

O Demasiado Pequena 23. Alterou as dimensões do compostor? O Sim. Quais as sua dimensões? _____x_____x_____

O Não 24. Consegue estimar a quantidade de resíduos que coloca no compostor por semana, em m3, litros ou Kg?

O Sim. Quanto? ________________________________________ O Não

______________________ 25. Já obteve algum composto? O Sim (passar à questão 28) O Não, visto ainda não ter adquirido o compostor à tempo suficiente (passar à PARTE V - Avaliação Global)

O Não, visto ter desistido (passar às questões 26, 27 e PARTE V - Avaliação Global)

26. Na sua opinião, o que motivou a não obtenção do composto? O Falta de informação O Desinteresse

O Falta de acompanhamento O Por problema técnico que não conseguiu superar. Qual? ______________________________________________________ O Outro. Qual? _________________________________________

27. Pretende devolver o Kit? O Sim O Não

28. Em média, quanto tempo tem demorado a obter o composto? O 1 a 3 meses O 3 a 6 meses

O 6 a 12 meses O Outro. Qual? _________________________________________ 29. Por quantas vezes já obteve composto?

O Uma O Duas O Mais de duas. Quantas? ________________________________ O Desconhece

30. Poderia estimar a quantidade de composto que já obteve até à data, em m3, litros ou Kg? O Sim. Quanto? ________________________________________

O Não 31. Como utiliza o composto obtido?

O Mistura com terra

O U s a directamente no Jardim/Plantas/Horta (risque o que não interessa)

__________________________

32. Que benefício (s) obteve do processo de compostagem? O Redução da quantidade de lixo produzida e depositada no contentor O Obtenção de um fertilizante natural, útil para o seu Jardim/Quintal O Outro. Qual? _________________________________________

33. Vê alguma desvantagem neste processo ou no compostor? O Não

O Sim. Qual? O Atracção de insectos O Mau cheiro O Atracção de roedores O Outro. Qual? ____________________________

34. Qual a sua apreciação global ao processo de compostagem doméstica? O Muito Bom

O Bom O Razoável O Deficiente

35. Qual a sua opinião em relação às actividades desenvolvidas pela C.M. Oeiras na área do Ambiente? O Muito Bom

O Bom O Razoável O Deficiente

36. Qual a sua opinião de a C.M. Oeiras implementar uma unidade demonstrativa de compostagem, num local público, de forma a fazer a sua promoção? O Concorda

O Discorda O É-lhe indiferente 37. Pensa que é uma área onde a C.M. Oeiras deveria apostar?

O Sim O Não

38. Estaria disposto (a) a ceder fotografias do seu compostor e do processo de compostagem? O Sim (Contacto de e-mail: [email protected]) O Não

39. Deseja alguma informação mais detalhada? O Sim. Qual? ___________________________________________ O Não

Sugestões: ______________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente XLIV

DATA DO INQUÉRITO ____ /___ /___

NOTA: Caso já tenha respondido ao inquérito relativo ao Projecto “Compostagem Doméstica nas Moradias”, feito nos

anos de 1998 e 1999, não necessita de responder às questões 14,

15, 16, e 31.

____________________________________________ ____________________________

1. Nome (de quem adquiriu) _______________________________

2. Nome do Inquirido____________________________________ 3. Morada______________________________________________ 4. Localidade___________________________________________ 5. Telefone/Telemóvel____________________________________

6. E-Mail ______________________________________________ 7. Profissão____________________________________________ 8. Número de Pessoas do Agregado Familiar___________________

9. Quais as suas faixas etárias? ____O 0 - 18 Anos ____O 18 - 45 Anos ____O 45 - 65 Anos

____O Mais de 65 Anos

____________________________________________

__________________________ 10. Qual a principal razão que o (a) levou a aderir à

compostagem doméstica? _______________________________ 11. Considera-se minimamente informado ( a ) acerca do processo de compostagem doméstica? O Sim O Não

12. Teve influência de alguém mais jovem (filho/neto) para aderir ao projecto “Compostagem Doméstica nas Moradias”? O Sim O Não

13. Chegou a dar início ao processo de compostagem? O Sim

O Não. Qual a razão? ____________________________________ Caso tenha respondido “Não”, responda apenas às questões 18, 21, 24, 29, 35, 37, 38 e 40.

14. Há quanto tempo iniciou o processo de compostagem? O Logo após a aquisição do compostor O Algum tempo depois. Quanto tempo? ______________________

O Já fazia antes. Quanto tempo? ____________________________

15. Para que fim utiliza o seu jardim? O Para cultivo de produtos agrícolas O Trata do jardim como passatempo

O Alguém contratado faz a sua manutenção (Exemplo: Jardineiro) O Outro. Qual? __________________________________________ 16. Quem normalmente cuida da manutenção e execução do

processo de compostagem e qual a sua faixa etária? _______________________________________________________

______________________________________________________

__________________________

17. Qual o compostor que utiliza? O Entregue pela C.M. Oeiras O Comercial, de plástico (tipo/nome) _________________________ O Modificado. Quais as alterações? ___________________________

O Outro (Exemplo: fossa, construído) _________________________ Caso tenha seleccionado “Entregue pela C.M. Oeiras”, responder às questões 18, 19 e 20.

18. Qual o material e cor do seu compostor? O Plástico, Verde

O Plástico, Preto O Madeira Caso tenha seleccionado “Madeira”, responda à questão 19.

19. O seu compostor de madeira apodreceu? O Sim. Quanto tempo durou? _______________________________ O Não

Caso tenha seleccionado “Sim” na questão anterior, responda à seguinte.

20. Pretende que a C.M. Oeiras lhe forneça um outro compostor? O Sim. Qual? O Madeira O Plástico O Não

21. Como teve conhecimento de que a C.M. Oeiras fornecia/oferecia o recipiente? O Folhetos Informativos

O No site da Internet da C.M. Oeiras O Feira ou Exposição. Qual? ________________________________ O Outro. Qual? __________________________________________

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente XLV

22. Que materiais usa para fazer compostagem?

Resíduos de jardim O Folhas O Aparas de relva O Ervas O Restos de Plantas O Ramos/Pedaços de Madeira Restos de cozinha

O Restos de vegetais/cascas de fruta O Restos de alimentos cozinhados O Outros. Quais? _________________________________________

Outros itens O Papel/Jornal O Cinzas O Outros. Quais? _________________________________________

23. Qual a frequência com que coloca os resíduos no compostor, no que diz respeito aos: Resíduos de Jardim _______________________________________ Restos de Cozinha ________________________________________

Outros itens _____________________________________________ 24. Considera que a dimensão do compostor é: O Adequada O Demasiado Grande O Demasiado Pequena

25. Alterou as dimensões do compostor? O Sim. Quais as sua dimensões? _____x_____x_____

O Não 26. Considera que o modelo de compostor que utiliza é prático? O Sim

O Não. Porquê? ___________________________________________ ________________________________________________________

____________________________

27. Já obteve algum composto? O Sim (passar à questão 30)

O Não, visto ainda não ter adquirido o compostor à tempo suficiente (passar à PARTE V - Avaliação Global) O Não, visto ter desistido (passar às questões 28, 29 e PARTE V - Avaliação Global)

28. Na sua opinião, o que motivou a não obtenção do composto? O Falta de informação O Desinteresse O Falta de acompanhamento

O Por problema técnico que não conseguiu superar. Qual? _______________________________________________________ O Outro. Qual? __________________________________________

29. Pretende devolver o Kit? O Sim O Não

30. Em média, quanto tempo tem demorado a obter o composto? O 1 a 3 meses O 3 a 6 meses O 6 a 12 meses O Outro. Qual? ___________________________________________

31. Por quantas vezes já obteve composto? O Uma O Duas O Mais de duas. Quantas? ___________________________________ O Desconhece

32. Como utiliza o composto obtido?

O Mistura com terra O Usa directamente no Jardim/Plantas/Horta (risque o que não interessa) 33. Sente-se satisfeito com o composto que tem obtido, isto é, com o

fertilizante natural? O Sim O Não. Porquê? _____________________________________________

__________________________________________________________

___________________________________

34. Que benefício (s) obteve do processo de compostagem? O Redução da quantidade de lixo produzida e depositada no contentor O Obtenção de um fertilizante natural, útil para o seu Jardim/Quintal O Outro. Qual? _____________________________________________

35. Vê alguma desvantagem neste processo ou no compostor? O Não

O Sim. Qual? O Atracção de insectos O Mau cheiro O Atracção de roedores O Outro. Qual? ______________________________

36. Notou se houve uma grande redução da quantidade de resíduos que coloca nos contentores, após ter iniciado o processo de compostagem?

O Sim O Não Se “Sim”, qual pensa ser, em percentagem (%), a redução na quantidade de resíduos depositados nos contentores?

O 0 a 25 O 25 a 50 O 50 a 75 O 75 a 100

37. Qual a sua apreciação global ao processo de compostagem doméstica? O Muito Bom O Bom O Razoável O Deficiente

38. Qual a sua opinião em relação às actividades desenvolvidas pela C.M. Oeiras na área do Ambiente? O Muito Bom O Bom

O Razoável O Deficiente 39. Estaria disposto (a) a ceder fotografias do seu compostor e do processo de compostagem?

O Sim (Contacto de e-mail: [email protected]) O Não

40. Deseja alguma informação mais detalhada? O Sim. Qual? _______________________________________________ O Não

Sugestões: ________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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______________ _____________________ANEXO I

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLVI

3. Ofício Acompanhando Inquérito por Carta

Exmo.(a) Sr.(a) “Munícipe” Morada Localidade Código Postal

Sua referência Sua comunicação Nossa referência Data

DAE/DSU ___/___/______

Assunto: Inquérito Relativo ao Projecto “Compostagem Doméstica nas Moradias”

O Departamento de Ambiente e Equipamento (DAE) da Câmara Municipal de Oeiras, desenvolve

desde 1992 o Projecto “Compostagem Doméstica nas Moradias”, através do qual, enquadrado no

âmbito da política de redução e valorização de resíduos sólidos urbanos, pretende contribuir para a

redução da quantidade de resíduos sólidos domésticos que necessitam de ser recolhidos,

transportados, tratados e depositados em aterro sanitário, proporcionando também aos munícipes

aderentes a vantagem na obtenção de um fertilizante natural, para posterior utilização no quintal.

No sentido de avaliar a opinião dos munícipes participantes no projecto atrás referido vimos por este

meio solicitar-lhe que nos responda ao inquérito que se encontra em anexo.

Desde já agradecemos a Vossa atenção, e ficamos ao dispor para quaisquer informações ou

esclarecimentos adicionais que pretendam apresentar-nos, através do Telefone do Ambiente,

21 442 71 75, ou endereço electrónico, [email protected].

Com os melhores cumprimentos,

Pel’ O(a) Presidente

O(a) Director(a) do Departamento de Ambiente e Equipamento

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______________ _____________________ANEXO I

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLVII

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLVII

ANEXO J

Cálculos Auxiliares Necessários para Obtenção da Percentagem da Redução de Volume e Redução da Massa

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLVIII

J.1. – Cálculo de: (1) Volume das Selhas; (2) Percentagem Média das Selhas Preenchida por

Resíduos Verdes; (3) Densidade/Peso Específico Médio dos Diferentes Componentes dos

Resíduos Verdes; (4) Nº de Selhas Adicionadas a cada Compostor; (5) Volume de Resíduos

Verdes Adicionados a cada Compostor; (6) Razão Volume Total de Resíduos Verdes

Adicionados/Volume do Compostor; (7) Nº Total de Selhas Adicionadas, de cada Componente

de Resíduos Verdes, a cada um dos Compostores; (8) Percentagem de cada Tipo de Resíduos

Adicionados a cada um dos Compostores; (9) Densidade/Peso Específico Médio Total dos

Resíduos Verdes Adicionados a cada um dos Três Compostores

O volume das selhas utilizadas também foi fundamental calcular, de forma a se saber qual o volume

que ia sendo adicionado aos compostores, para que, posteriormente, se pudesse calcular o valor do

grau de decomposição (ou valorização orgânica) em cada um dos compostores. Assim, tendo em

conta que os resíduos verdes colocados nos compostores vinham em dois tipos de selhas de volume

diferente, foi necessário calcular o valor o volume médio das duas selhas. Um factor que facilitou o

cálculo foi o facto de a proporção dos dois modelos de selha ser de 1:1, isto é, 50 % de uma e 50% de

outra. Uma outra dificuldade que surgiu foi o facto de as selhas não estarem sempre completamente

preenchidas. Devido a esta circunstância foram seleccionadas aleatoriamente 12 selhas, sendo 6 de um

tipo de selha e 6 de outro, para que se pudesse calcular um valor médio do volume, em percentagem,

das selhas preenchido. Em seguida, no quadro J.I, apresentam-se as características físicas das selhas e o

seu volume total e no quadro J.II e J.III os cálculos necessários para obtenção do resultado do volume

médio das selhas.

Quadro J.I – Características físicas das selhas e o seu volume.

h (cm) d (cm) r (cm) Volume Total (cm3) Volume Total (m3)

Selha (1) 52,00 43,00 21,5 75514,46 0,0755

Selha (2) 43,5 45 22,5 69183,76 0,0692

Quadro J.II – Cálculo do valor de percentagem média de volume das selhas preenchido.

Número da Selha

Selha (1) 1

Selha (1) 2

Selha (1) 3

Selha (1) 4

Selha (1) 5

Selha (1) 6

Selha (2) 7

Selha (2) 8

Selha (2) 9

Selha (2) 10

Selha (2) 11

Selha (2) 12

h em Resíduos Verdes (cm)

50,00 43,00 46,00 41,00 41,00 44,00 38,00 36,00 38,00 34,00 37,00 39,00

Média h (cm) 44,16 37,00

Selha Preenchida (%)

84,93 85,05

Média de Selha Preenchida (%)

84,99 85,00

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

XLIX

É de notar que tendo em conta que o valor de percentagem preenchida nos dois modelos de selha ser

bastante semelhante (próximo dos 85%), optou-se por obter apenas um valor o que facilitaria,

posteriormente, os cálculos. Por isso, com os dados que se encontram nos dois quadros anteriores (J.I

e J.II), obtém-se um valor médio da percentagem de selha preenchida nas inúmeras vezes que se

adicionou resíduos verdes. O volume médio das selhas é obtido através da média da soma do volume

das duas selhas multiplicando pelo valor da percentagem de selha preenchida ( 85%).

Quadro J.III – Volume médio de resíduos verdes por selha.

Volume Total (m3) Média de Selha Preenchida (%) Volume Médio Total (m3)

Selha (1) 0,0755

Selha (2) 0,0692 85,00 0,06149

Também seria necessário proceder à pesagem das selhas de forma a calcular o peso específico dos

resíduos verdes que iam sendo adicionados. Não tendo sido possível efectuar esta operação, decidiu-se

por recorrer a valores bibliográficos, embora o mais correcto seria fazer a sua pesagem e diferenciação

por componente (tipo de resíduo verde).

No trabalho está referenciado, quando se fala nas Características dos Resíduos Verdes (ponto II.

4.1.1), de quais os componentes dos resíduos de jardim, assim como as suas densidades e pesos

específicos típicos (quadro II.2). Foram esses valores que foram tidos em conta nos cálculos. Em outra

bibliografia consultada, o peso específico referenciado está quase sempre associado a resíduos de

jardim, englobando todos os seus componentes, isto é, não fazendo distinção entre os diferentes

componentes de resíduos de jardim. Assim, optou-se por empregar apenas os valores bibliográficos

referidos. Tendo em conta que os valores referidos no quadro II.2 (no trabalho) e J.IV, referentes à

densidade dos diferentes componentes dos resíduos de jardim estarem referidos em intervalos, foi

necessário recorrer, para tornar mais fácil, a um valor médio desse intervalo. A densidade típica média

e o seu peso específico médio estão referidos no quadro J.IV.

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

L

Quadro J.IV – Densidade típica, densidade típica média e peso específico médio dos diferentes componentes de resíduos de jardim, em diversas condições. (Adaptado: Herbert, 1993)

Componente Condição Densidade

Típica Densidade

Típica Média Peso Específico Médio (Kg/m3)

Relva Verde Cortada e Seca 0,18 – 0,24 0,210 210 Relva Verde Compactada e Húmida 0,30 – 0,47 0,385 385

Folhas Soltas e Secas 0,06 – 0,15 0,105 105 Folhas Partidas e Secas 0,15 – 0,21 0,180 180 Folhas Compactadas e Húmidas 0,24 – 0,30 0,270 270

Resíduos de Jardim Recolhido 0,21 – 0,55 0,380 380

Resíduos de Jardim Fragmentado 0,27 – 0,36 0,315 315

Galhos e Folhas Soltos e Secos 0,06 – 0,18 0,120 120

Visto que os diferentes componentes de resíduos verdes não terem peso específicos iguais, e também

não terem sido colocados nos compostores em proporções semelhantes, revelou-se necessário

efectuar cálculos de forma a se saber qual o peso especifico médio dos resíduos adicionados a cada um

dos compostores. Ao longo da experiência foi-se adicionando resíduos verdes à medida que estes

estavam disponíveis. No próximo quadro (J.V) encontram-se os dias em que foram adicionados restos

de jardim aos compostores e o número de selhas adicionados a cada um dos compostores, assim como

o seu respectivo volume. Também está indicado, no quadro J.VI, o número de compostores poderiam

ser preenchidos com os resíduos de jardim que foram ao longo do tempo adicionados a estes.

Quadro J.V – Nº de selhas adicionado a cada compostor e volume correspondente em m3.

Nº Selhas Adicionadas aos Compostores Volume Adicionado (m3)

Dia Dia CM CPV CPP CM CPV CPP 12-Jul 0 1,5 1,25 1,25 0,092 0,077 0,077 13-Jul 1 0,2 0,2 0,2 0,012 0,012 0,012 19-Jul 7 5,5 4 4 0,338 0,246 0,246 26-Jul 14 3 3,5 3,5 0,184 0,215 0,215 30-Jul 18 3 2 2 0,184 0,123 0,123 2-Ago 21 4 4 4 0,246 0,246 0,246 4-Ago 23 0,5 0,1 0,4 0,031 0,006 0,025 16-Ago 35 3 2 2 0,184 0,123 0,123 23-Ago 42 3 1,5 1,5 0,184 0,092 0,092

Total 23,7 18,55 18,85 1,457 1,141 1,159

O cálculo do volume adicionado resulta da multiplicação do número de selhas adicionadas pelo valor

obtido no quadro J.III, respeitante ao volume médio total dos dois tipos de selhas utilizadas. Para que

se possa posteriormente fazer os cálculos para obtenção do grau de decomposição orgânica também

se fez a razão entre os valores do volume total colocado em cada um dos compostores e o volume de

cada um. O resultado está registado no quadro J.VI.

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______________ _____________________ANEXO J

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LI

Quadro J.VI – Razão entre o volume total de resíduos verdes colocados em cada um dos compostores e o seu respectivo

volume.

CM CPV CPP

Volume Total Colocado (m3) / Volume do Compostor (m3)

2,364 3,023 3,894

No quadro seguinte (J.VII) encontra-se a percentagem de cada tipo de resíduos de jardim que foram

colocados em cada uma das ocasiões que se adicionou resíduos ao longo da experiência. Na última

coluna está a soma total que deverá ser igual a 100%.

Quadro J.VII – Percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados por dia.

Relva Verde (Cortada e Seca) (%)

Relva Verde (Compactada

e Húmida) (%)

Folhas (Soltas e Secas)

(%)

Folhas (Partidas e Secas)

(%)

Folhas (Compactadas e Húmidas)

(%)

Resíduos de Jardim

(Recolhido) (%)

Resíduos de Jardim

(Fragmentado) (%)

Galhos e Folhas

(Soltos e Secos)

(%)

Total (%)

12-Jul 30 30 5 5 5 0 15 10 100

13-Jul 0 0 0 0 0 0 100 0 100

19-Jul 50 30 5 5 0 0 0 10 100

26-Jul 20 40 0 0 0 15 15 10 100

30-Jul 35 35 0 0 0 20 0 10 100

2-Ago 40 30 5 5 0 10 10 0 100

4-Ago 0 0 0 0 0 0 100 0 100

16-Ago 40 40 0 0 0 0 20 0 100

23-Ago 50 30 0 0 0 0 20 0 100

Após os dados referidos no quadro J.VII multiplicaram-se estes pelos que se encontram no quadro J.V

na 3ª, 4ª e 5ª coluna, pertencente a cada um dos compostores. Desta forma, no quadro J.VIII estão os

resultados da multiplicação da percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados ao

longo do tempo pelo número de selhas adicionados a cada um dos compostores. Na última linha de

cada um dos sub-quadros (J.VIIIa, J.VIIIb e J.VIIIc) encontra-se o número total de selhas adicionadas

de cada componente de resíduos verdes em cada um dos três compostores, resultante da soma dos

valores que precedem na mesma coluna. Também na última coluna, está a soma total, mas neste caso

do número de selhas adicionadas, sendo que esses valores deverão ser iguais aos do quadro J.V na 3ª,

4ª e 5ª coluna.

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LII

Quadro J.VIII (a,b,c) – Número total de selhas adicionadas, de cada componente de resíduos verdes, a cada um dos compostores (obtido através da multiplicação da percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados por dia

pelo número de selhas adicionadas em cada um dos 3 compostores, com posterior adição de valores)

Percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados por dia × Nº de selhas adicionadas ao CM (a)

Relva Verde

(Cortada e Seca)

Relva Verde (Compactada e Húmida)

Folhas (Soltas e Secas)

Folhas (Partidas e Secas)

Folhas (Compactadas

e Húmidas)

Resíduos de Jardim

(Recolhido)

Resíduos de Jardim

(Fragmentado)

Galhos e Folhas

(Soltos e secos)

Total (Nº

Selhas)

12-Jul 0,45 0,45 0,075 0,075 0,075 0 0,225 0,15 1,5

13-Jul 0 0 0 0 0 0 0,20 0 0,20

19-Jul 2,75 1,65 0,275 0,275 0 0 0 0,55 5,5

26-Jul 0,60 1,2 0 0 0 0,45 0,45 0,30 3,0

30-Jul 1,05 1,05 0 0 0 0,60 0 0,30 3,0

2-Ago 1,6 1,2 0,20 0,20 0 0,40 0,40 0 4,0

4-Ago 0 0 0 0 0 0 0,50 0 0,50

16-Ago 1,2 1,2 0 0 0 0 0,60 0 3,0

23-Ago 1,5 0,90 0 0 0 0 0,60 0 3,0

Total (Nº Selhas)

9,15 7,65 0,55 0,55 0,075 1,45 2,975 1,3 23,7

Percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados por dia × Nº de selhas adicionadas ao CPV (b)

Relva Verde

(Cortada e Seca)

Relva Verde (Compactada e Húmida)

Folhas (Soltas e Secas)

Folhas (Partidas e Secas)

Folhas (Compactadas

e Húmidas)

Resíduos de Jardim

(Recolhido)

Resíduos de Jardim

(Fragmentado)

Galhos e Folhas

(Soltos e secos)

Total (Nº

Selhas)

12-Jul 0,375 0,375 0,0625 0,0625 0,0625 0 0,1875 0,125 1,25

13-Jul 0 0 0 0 0 0 0,20 0 0,2

19-Jul 2,0 1,2 0,20 0,20 0 0 0 0,40 4

26-Jul 0,70 1,4 0 0 0 0,525 0,525 0,35 3,5

30-Jul 0,70 0,70 0 0 0 0,40 0 0,20 2,0

2-Ago 1,6 1,2 0,20 0,20 0 0,40 0,40 0 4,0

4-Ago 0 0 0 0 0 0 0,10 0 0,10

16-Ago 0,80 0,80 0 0 0 0 0,40 0 2,0

23-Ago 0,75 0,45 0 0 0 0 0,30 0 1,5

Total (Nº Selhas)

6,925 6,125 0,465 0,4625 0,0625 1,325 2,1125 1,075 18,55

Percentagem de cada tipo de resíduos verdes que foram colocados por dia × Nº de selhas adicionadas ao CPP (c)

Relva Verde

(Cortada e Seca)

Relva Verde (Compactada e Húmida)

Folhas (Soltas e Secas)

Folhas (Partidas e Secas)

Folhas (Compactadas e Húmidas)

Resíduos de Jardim

(Recolhido)

Resíduos de Jardim

(Fragmentado)

Galhos e Folhas

(Soltos e secos)

Total (Nº

Selhas)

12-Jul 0,375 0,375 0,0625 0,0625 0,0625 0 0,1875 0,125 1,25

13-Jul 0 0 0 0 0 0 0,20 0 0,2

19-Jul 2,0 1,2 0,20 0,20 0 0 0 0,40 4,0

26-Jul 0,70 1,4 0 0 0 0,525 0,525 0,35 3,5

30-Jul 0,70 0,70 0 0 0 0,40 0 0,20 2,0

2-Ago 1,6 1,2 0,20 0,20 0 0,40 0,40 0 4,0

4-Ago 0 0 0 0 0 0 0,40 0 0,4

16-Ago 0,80 0,80 0 0 0 0 0,40 0 2,0

23-Ago 0,75 0,45 0 0 0 0 0,30 0 1,5

Total (Nº Selhas)

6,925 6,125 0,465 0,4625 0,0625 1,325 2,4125 1,075 18,85

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LIII

Já o quadro seguinte (J.IX) é um resumo visto apresentar somente os valores da última linha de cada

um dos quadros obtidos em J.VIII (a,b,c), representativas do número de selhas adicionadas de cada

componente de resíduos verdes em cada um dos compostores. Já no quadro J.X encontra-se a

respectiva percentagem, em relação ao valor total de selhas adicionadas em cada um dos compostores.

Quadro J.IX – Número de selhas adicionadas de cada componente de resíduos verdes a cada um dos compostores.

Nº de selhas

adicionadas ao CM Nº de selhas

adicionadas ao CPV Nº de selhas

adicionadas ao CPP

Relva Verde (Cortada e Seca) 9,15 6,925 6,925 Relva Verde (Compactada e Húmida) 7,65 6,125 6,125

Folhas (Soltas e Secas) 0,55 0,465 0,465 Folhas (Partidas e Secas) 0,55 0,4625 0,4625

Folhas (Compactadas e Húmidas) 0,075 0,0625 0,0625 Resíduos de Jardim (Recolhido) 1,45 1,325 1,325

Resíduos de Jardim (Fragmentado) 2,975 2,1125 2,4125 Galhos e Folhas (Soltos e secos) 1,3 1,075 1,075

Total (Nº Selhas) 23,7 18,55 18,85

Quadro J.X – Percentagem de cada tipo de resíduos adicionados a cada um dos compostores.

% Cada Componente

Adicionado ao CM % Cada Componente Adicionado ao CPV

% Cada Componente Adicionado ao CPP

Relva Verde (Cortada e Seca) 38,61 37,33 36,74 Relva Verde (Compactada e Húmida) 32,28 33,02 32,49

Folhas (Soltas e Secas) 2,32 2,51 2,47 Folhas (Partidas e Secas) 2,32 2,49 2,45

Folhas (Compactadas e Húmidas) 0,32 0,34 0,33 Resíduos de Jardim (Recolhido) 6,12 7,14 7,03

Resíduos de Jardim (Fragmentado) 12,55 11,39 12,80 Galhos e Folhas (Soltos e secos) 5,49 5,80 5,70

Total (%) 100 100 100

Uma outra questão que se pode verificar é que a maioria dos resíduos verdes colocados nos três

compostores eram de relva verde (cortada e seca ou compactada e húmida) (aproximadamente 70%),

o que vai de encontro ao referido no ponto II. 4.1. (do trabalho) (resíduos verdes), em que refere que

duma maneira geral, 7/10 dos resíduos verdes consistem em aparas de relva, embora no espaço dos

Viveiros Municipais se pudesse ter utilizado muitos mais resíduos verdes, além das aparas de relva.

Uma das razões para o não fazer, era que não havia possibilidade de triturar esses mesmos. No mesmo

ponto (II. 4.1.), também se menciona que 25% são folhas, o que não aconteceu no período em que foi

efectuado a experiência. Uma das razões para explicar tal facto é que apenas na parte final do

processo, altura em que já não se adicionava resíduos verdes aos compostores, as folhas começaram a

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______________ _____________________ANEXO J

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LIV

cair, visto ter-se dado início ao Outono, época propícia para tal. Talvez tenha sido por essa razão que

os 5% de miscelânea de galhos e ramos de árvores e arbustos tenham sido em muito ultrapassados.

Assim, neste caso, verificou-se uma troca de valores entre as folhas e os galhos e ramos de árvores e

arbustos.

Para obter o peso específico médio total dos resíduos de jardim adicionados a cada um dos

compostores foi necessário proceder à multiplicação do peso específico médio de cada um dos

componentes dos resíduos de jardim (quadro J.IV, na última coluna) pelos valores que se encontram

no quadro J.X, correspondentes à percentagem, em termos de volume, de cada componente

adicionada a cada um dos três compostores.

Quadro J.XI – Cálculo do peso específico médio total dos resíduos verdes adicionados a cada um dos compostores.

Peso Específico de cada componente adicionado ao CM

Peso Específico de cada componente

adicionado ao CPV

Peso Específico de cada componente

adicionado ao CPP

Relva Verde (Cortada e Seca) 81,08 78,40 77,15 Relva Verde (Compactada e Húmida) 91,99 94,10 92,61

Folhas (Soltas e Secas) 2,44 2,63 2,59 Folhas (Partidas e Secas) 4,14 4,49 4,42

Folhas (Compactadas e Húmidas) 0,85 0,91 0,90 Resíduos de Jardim (Recolhido) 23,25 27,14 26,71

Resíduos de Jardim (Fragmentado) 39,54 35,87 40,31 Galhos e Folhas (Soltos e secos) 6,58 6,95 6,84

Peso Específico Médio Total (Kg/m3) 249,91 250,50 251,53

Tendo em conta os valores obtidos no quadro J.XI, pode-se constatar que o resultado final do peso

específico médio total dos resíduos verdes adicionados ao CM, CPV e ao CPP é de 249.91, 250.50 e

251.53 Kg/m3, respectivamente. O quadro J.XII é um resumo, referindo também qual a sua densidade

específica média. Para passar de peso específico para densidade específica teve-se que recorrer à

Equação 2 (ver ponto V. 2.11.) (do trabalho).

Quadro J.XII – Peso específico médio total e densidade específica média total dos resíduos verdes adicionados a cada um dos

três compostores.

CM CPV CPP

Peso Específico Médio Total (Kg/m3) dos Resíduos Verdes adicionados ao:

249,91 250,50 251,53

Densidade Específica Média Total dos Resíduos Verdes adicionados ao:

0,250 0,251 0,252

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______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LV

ANEXO L

Valores Registados Durante a Monitorização da Experiência com os Três Compostores

1. Evolução da Temperatura

2. Evolução do Teor em Humidade 3. Evolução do Valor de pH

4. Evolução dos Valores em Altura de Resíduos Verdes nos Compostores 5. Valores de Redução de Temperatura (ºC) Após Revolvimento, na 1ª

Semana Após a Última Adição de Resíduos Verdes

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______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LVI

1.a) Evolução dos Valores de Temperatura no Compostor de Madeira ao Longo do Processo

Temperatura da Pilha no Compostor de Madeira (ºC)

Data Dia Temperatura

Ambiente (°C) Ponto

1 Ponto

2 Ponto

3 Ponto

4 Ponto

5

Temperatura Média na Pilha no

Compostor de Madeira (°C)

12-Jul 0 31,00 --- --- --- --- --- --- 14-Jul 2 29,00 30,00 31,00 36,00 35,00 35,00 33,40 16-Jul 4 33,00 32,00 33,00 37,00 35,00 36,00 34,60 19-Jul 7 25,00 35,00 34,00 36,00 34,00 35,00 34,80 21-Jul 9 27,00 47,00 50,00 54,00 51,00 48,00 50,00 23-Jul 11 29,00 50,00 53,00 58,00 56,00 53,00 54,00 26-Jul 14 26,00 54,00 55,00 59,00 57,00 56,00 56,20 28-Jul 16 28,00 57,00 58,00 62,00 61,00 57,00 59,00 30-Jul 18 30,00 59,00 58,00 61,00 56,00 57,00 58,20

02-Ago 21 35,00 62,00 61,00 64,00 63,00 60,00 62,00 04-Ago 23 30,00 60,00 62,00 63,00 61,00 61,00 61,40 06-Ago 25 33,00 62,00 63,00 63,00 62,00 61,00 62,20 09-Ago 28 25,00 58,00 59,00 62,00 60,00 60,00 59,80 11-Ago 30 26,00 58,00 56,00 59,00 58,00 57,00 57,60 13-Ago 32 29,00 60,00 61,00 64,00 60,00 60,00 61,00 16-Ago 35 30,00 62,00 61,00 63,00 61,00 61,00 61,60 18-Ago 37 28,00 64,00 62,00 66,00 63,00 64,00 63,80 20-Ago 39 30,00 65,00 64,00 68,00 66,00 65,00 65,60 23-Ago 42 34,00 67,00 66,00 69,00 66,00 66,00 66,80 25-Ago 44 35,00 68,00 69,00 72,00 70,00 69,00 69,60 27-Ago 46 34,00 69,00 70,00 72,00 69,00 68,00 69,60 30-Ago 49 26,00 66,00 65,00 68,00 65,00 64,00 65,60 02-Set 52 30,00 62,00 63,00 64,00 62,00 61,00 62,40 07-Set 57 31,00 59,00 60,00 61,00 58,00 60,00 59,60 10-Set 60 26,00 51,00 52,00 54,00 52,00 51,00 52,00 13-Set 63 26,00 45,00 45,00 49,00 47,00 46,00 46,40 16-Set 66 29,00 41,00 42,00 44,00 41,00 42,00 42,00 21-Set 71 30,00 32,00 32,00 33,00 33,00 31,00 32,20 24-Set 74 33,00 29,00 30,00 32,00 31,00 30,00 30,40 27-Set 77 30,00 28,00 28,00 29,00 30,00 28,00 28,60 30-Set 80 25,00 30,00 30,00 29,00 28,00 27,00 28,80 06-Out 86 24,00 26,00 26,00 27,00 28,00 26,00 26,60 11-Out 91 20,00 20,00 21,00 22,00 22,00 23,00 21,60 14-Out 94 17,00 21,00 21,00 20,00 21,00 20,00 20,60 20-Out 100 19,00 20,00 21,00 20,00 20,00 19,00 20,00 27-Out 107 18,00 20,00 20,00 20,00 19,00 18,00 19,40 03-Nov 114 20,00 20,00 19,00 20,00 20,00 21,00 20,00 10-Nov 121 18,00 19,00 19,00 20,00 20,00 20,00 19,60

Valores Médios 27,60 46,16 46,51 48,65 47,03 46,41 46,95

Page 335: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LVII

1.b) Evolução dos Valores de Temperatura no Compostor de Plástico Verde ao Longo do Processo

Temperatura da Pilha no Compostor de

Plástico Verde (ºC) Data Dia

Temperatura Ambiente

(°C) Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 5

Temperatura Média na Pilha no

Compostor de Plástico Verde (°C)

12-Jul 0 31,00 --- --- --- --- --- --- 14-Jul 2 29,00 35,00 37,00 38,00 37,00 32,00 35,80 16-Jul 4 33,00 35,00 37,00 38,00 34,00 36,00 36,00 19-Jul 7 25,00 35,00 34,00 34,00 31,00 35,00 33,80 21-Jul 9 27,00 47,00 49,00 50,00 48,00 45,00 47,80 23-Jul 11 29,00 50,00 49,00 51,00 48,00 48,00 49,20 26-Jul 14 26,00 52,00 51,00 51,00 52,00 52,00 51,60 28-Jul 16 28,00 54,00 56,00 57,00 59,00 54,00 56,00 30-Jul 18 30,00 55,00 56,00 58,00 55,00 55,00 55,80

02-Ago 21 35,00 59,00 60,00 63,00 60,00 62,00 60,80 04-Ago 23 30,00 58,00 61,00 62,00 60,00 61,00 60,40 06-Ago 25 33,00 58,00 60,00 61,00 60,00 59,00 59,60 09-Ago 28 25,00 55,00 56,00 61,00 57,00 58,00 57,40 11-Ago 30 26,00 56,00 57,00 60,00 58,00 58,00 57,80 13-Ago 32 29,00 59,00 57,00 59,00 61,00 60,00 59,20 16-Ago 35 30,00 62,00 60,00 61,00 60,00 59,00 59,40 18-Ago 37 28,00 64,00 67,00 65,00 66,00 63,00 65,00 20-Ago 39 30,00 64,00 64,00 64,00 65,00 66,00 64,60 23-Ago 42 34,00 63,00 66,00 65,00 66,00 67,00 65,40 25-Ago 44 35,00 66,00 68,00 67,00 68,00 66,00 67,00 27-Ago 46 34,00 66,00 67,00 67,00 66,00 68,00 66,80 30-Ago 49 26,00 62,00 60,00 61,00 64,00 63,00 62,00 02-Set 52 30,00 59,00 58,00 58,00 57,00 58,00 58,00 07-Set 57 31,00 55,00 56,00 54,00 54,00 56,00 55,00 10-Set 60 26,00 48,00 48,00 59,00 48,00 47,00 48,20 13-Set 63 26,00 42,00 43,00 42,00 44,00 43,00 42,80 16-Set 66 29,00 37,00 38,00 37,00 36,00 37,00 37,00 21-Set 71 30,00 28,00 29,00 28,00 29,00 30,00 28,80 24-Set 74 33,00 27,00 28,00 28,00 29,00 27,00 27,80 27-Set 77 30,00 26,00 27,00 27,00 27,00 25,00 26,40 30-Set 80 25,00 27,00 26,00 27,00 28,00 27,00 27,00 06-Out 86 24,00 24,00 25,00 26,00 25,00 24,00 24,80 11-Out 91 20,00 19,00 22,00 21,00 21,00 20,00 20,60 14-Out 94 17,00 20,00 21,00 20,00 20,00 19,00 20,00 20-Out 100 19,00 21,00 20,00 20,00 19,00 20,00 20,00 27-Out 107 18,00 20,00 19,00 21,00 19,00 20,00 19,80 03-Nov 114 20,00 21,00 20,00 21,00 22,00 20,00 20,80 10-Nov 121 18,00 21,00 20,00 19,00 21,00 20,00 20,20

Valores Médios 27,60 44,59 45,22 45,70 45,24 44,86 45,12

Page 336: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LVIII

1.c) Evolução dos Valores de Temperatura no Compostor de Plástico Preto ao Longo do Processo

Temperatura da Pilha no Compostor de

Plástico Preto (ºC) Data Dia

Temperatura Ambiente

(°C) Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 5

Temperatura Média na Pilha no

Compostor de Plástico Preto (°C)

12-Jul 0 31,00 --- --- --- --- --- --- 14-Jul 2 29,00 37,00 38,00 40,00 39,00 37,00 38,20 16-Jul 4 33,00 37,00 36,00 40,00 38,00 37,00 37,60 19-Jul 7 25,00 32,00 35,00 35,00 33,00 35,00 34,00 21-Jul 9 27,00 51,00 47,00 52,00 53,00 50,00 50,60 23-Jul 11 29,00 50,00 48,00 51,00 54,00 53,00 51,20 26-Jul 14 26,00 52,00 50,00 54,00 55,00 50,00 52,20 28-Jul 16 28,00 58,00 55,00 56,00 57,00 56,00 56,40 30-Jul 18 30,00 59,00 56,00 57,00 56,00 57,00 57,00

02-Ago 21 35,00 55,00 57,00 60,00 56,00 58,00 57,20 04-Ago 23 30,00 61,00 64,00 63,00 62,00 62,00 62,40 06-Ago 25 33,00 60,00 61,00 61,00 62,00 62,00 61,20 09-Ago 28 25,00 60,00 61,00 59,00 60,00 61,00 60,20 11-Ago 30 26,00 59,00 59,00 58,00 60,00 60,00 59,20 13-Ago 32 29,00 60,00 61,00 62,00 60,00 60,00 60,60 16-Ago 35 30,00 60,00 63,00 64,00 62,00 61,00 62,00 18-Ago 37 28,00 64,00 66,00 64,00 64,00 64,00 64,40 20-Ago 39 30,00 64,00 65,00 66,00 63,00 65,00 64,60 23-Ago 42 34,00 63,00 64,00 65,00 64,00 64,00 64,00 25-Ago 44 35,00 65,00 66,00 68,00 66,00 65,00 66,00 27-Ago 46 34,00 64,00 65,00 67,00 65,00 65,00 65,20 30-Ago 49 26,00 62,00 61,00 63,00 61,00 60,00 61,40 02-Set 52 30,00 54,00 57,00 56,00 54,00 55,00 55,20 07-Set 57 31,00 50,00 52,00 51,00 50,00 52,00 51,00 10-Set 60 26,00 45,00 46,00 44,00 45,00 47,00 45,40 13-Set 63 26,00 36,00 37,00 37,00 38,00 39,00 37,40 16-Set 66 29,00 33,00 34,00 32,00 32,00 42,00 34,60 21-Set 71 30,00 30,00 29,00 30,00 31,00 30,00 30,00 24-Set 74 33,00 29,00 28,00 30,00 29,00 28,00 28,80 27-Set 77 30,00 26,00 26,00 27,00 25,00 25,00 25,80 30-Set 80 25,00 26,00 27,00 27,00 26,00 25,00 26,20 06-Out 86 24,00 22,00 23,00 23,00 24,00 21,00 22,60 11-Out 91 20,00 22,00 20,00 22,00 22,00 21,00 21,40 14-Out 94 17,00 20,00 20,00 21,00 19,00 20,00 20,00 20-Out 100 19,00 21,00 20,00 20,00 18,00 19,00 19,60 27-Out 107 18,00 21,00 20,00 20,00 19,00 20,00 20,00 03-Nov 114 20,00 21,00 21,00 20,00 20,00 20,00 20,40 10-Nov 121 18,00 20,00 21,00 20,00 19,00 20,00 20,00

Valores Médios 27,60 44,57 44,84 45,54 44,89 45,03 44,97

Page 337: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LIX

2.a) Evolução dos Valores de Teor em Humidade no Compostor de Madeira ao Longo do Processo

Teor em Humidade na Pilha no Compostor de Madeira * Data Dia

Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 5

Ponto 6

Ponto 7

Ponto 8

Ponto 9

Teor de Humidade Média na Pilha no

Compostor de Madeira *

12-Jul 0 9,0 9,0 10,0 10,0 9,0 10,0 8,0 9,0 8,0 9,11 14-Jul 2 8,0 8,5 9,0 10,0 9,0 9,0 10,0 9,0 9,0 9,06 16-Jul 4 8,0 8,5 9,0 9,5 9,0 9,0 8,0 8,5 7,0 8,50 19-Jul 7 7,0 8,5 9,0 8,0 9,0 9,0 8,0 7,5 7,0 8,11 21-Jul 9 8,0 8,5 9,0 10,0 9,0 9,0 10,0 9,0 9,0 9,06 23-Jul 11 8,0 8,5 9,0 10,0 9,0 9,0 8,0 8,5 7,0 8,44 26-Jul 14 8,0 7,0 8,0 10,0 9,0 10,0 8,5 7,0 7,5 8,33 28-Jul 16 8,0 8,0 8,0 9,0 10,0 10,0 8,5 8,5 7,5 8,50 30-Jul 18 9,0 9,0 8,5 9,0 9,0 10,0 8,5 8,5 8,0 8,83

02-Ago 21 8,5 9,0 9,5 10,0 9,0 9,0 8,0 9,0 8,0 8,89 04-Ago 23 8,0 9,5 9,5 9,0 9,0 9,5 9,0 8,0 9,0 8,83 06-Ago 25 9,0 9,0 9,5 10,0 9,0 10,0 9,0 9,0 8,0 9,17 09-Ago 28 8,5 8,0 9,5 10,0 9,0 10,0 9,0 8,0 8,0 8,89 11-Ago 30 10,0 9,0 9,5 9,0 9,0 9,0 10,0 9,0 9,0 9,28 13-Ago 32 8,5 9,0 9,0 10,0 9,0 10,0 9,0 9,0 8,0 9,06 16-Ago 35 9,0 8,0 10,0 10,0 8,0 10,0 10 9,0 10,0 9,33 18-Ago 37 8,0 9,0 9,5 9,0 9,0 10,0 9,0 9,0 8,0 8,94 20-Ago 39 7,5 8,0 9,5 9,0 9,0 10,0 9,0 8,5 8,0 8,72 23-Ago 42 7,0 8,0 8,0 8,0 9,0 8,5 9,0 7,0 7,0 7,94 25-Ago 44 8,0 7,5 8,0 9,0 9,0 7,0 8,0 7,0 7,0 7,83 27-Ago 46 8,0 6,5 9,0 9,0 10,0 8,0 8,0 7,5 7,0 8,11 30-Ago 49 6,5 5,5 8,0 8,0 8,5 7,0 7,5 7,0 6,0 6,11 02-Set 52 6,0 7,0 6,0 8,0 7,0 7,0 5,0 6,0 6,5 6,39 07-Set 57 6,5 6,0 6,0 6,5 7,0 6,0 5,0 5,0 5,0 5,89 10-Set 60 6,5 6,0 5,0 6,5 7,0 6,0 6,0 4,0 5,0 5,78 13-Set 63 6,0 6,0 6,0 5,5 6,0 7,0 7,0 6,0 5,0 6,06 16-Set 66 5,5 4,5 5,0 4,5 6,5 6,0 5,0 7,0 6,0 5,56 21-Set 71 5,5 5,5 7,0 6,5 6,5 4,0 5,5 4,0 5,0 5,50 24-Set 74 5,0 5,5 6,0 6,0 6,5 4,0 5,5 4,5 5,0 5,33 27-Set 77 5,5 5,0 6,5 6,0 6,5 7,0 7,0 5,5 4,5 5,94 30-Set 80 5,0 5,5 6,5 6,0 6,0 7,0 6,0 6,0 5,0 6,00 06-Out 86 4,0 5,0 6,0 6,0 5,5 5,5 6,5 5,0 7,0 5,61 11-Out 91 5,0 6,0 5,0 6,0 6,0 6,5 5,5 5,0 4,0 5,44 14-Out 94 5,5 5,5 5,5 6,0 6,5 6,5 6,5 4,5 4,0 5,61 20-Out 100 6,0 7,0 6,0 7,0 7,5 6,5 6,5 6,0 5,0 6,39 27-Out 107 6,0 6,0 6,5 7,0 7,5 6,5 6,5 6,0 6,0 6,44 03-Nov 114 7,0 6,5 7,0 7,0 7,5 7,0 7,0 8,0 7,0 7,11 10-Nov 121 4,5 5,5 5,5 6,0 6,0 4,5 5,0 5,0 4,0 5,11

* Estes valores têm que ser multiplicados por 10 de forma a passar o seu valor do teor em humidade para percentagem

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______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LX

2.b) Evolução dos Valores de Teor em Humidade no Compostor de Plástico Verde ao Longo do Processo

Teor em Humidade na Pilha no Compostor de Plástico Verde * Data Dia

Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 5

Ponto 6

Ponto 7

Ponto 8

Ponto 9

Teor de Humidade Média na Pilha no

Compostor de Plástico Verde *

12-Jul 0 --- --- 9,0 10,0 9,0 10,0 9,0 --- --- 9,40 14-Jul 2 --- --- 9,5 8,0 10,0 8,5 9,0 --- --- 9,00 16-Jul 4 --- --- 8,0 9,0 9,0 9,5 9,0 --- --- 8,50 19-Jul 7 --- --- 10,0 8,0 9,0 8,5 8,0 --- --- 8,70 21-Jul 9 --- --- 9,5 8,0 10,0 8,5 9,0 --- --- 9,00 23-Jul 11 --- --- 9,5 8,5 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,80 26-Jul 14 --- --- 9,0 8,0 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,60 28-Jul 16 --- --- 9,0 8,5 9,0 9,0 9,0 --- --- 8,90 30-Jul 18 --- --- 9,0 9,5 9,0 10,0 9,0 --- --- 9,30

02-Ago 21 --- --- 8,0 9,0 9,5 10,0 9,0 --- --- 9,10 04-Ago 23 --- --- 10,0 9,0 9,0 9,0 9,0 --- --- 9,20 06-Ago 25 --- --- 10,0 9,5 9,0 10,0 9,0 --- --- 9,50 09-Ago 28 --- --- 9,5 9,5 9,0 9,0 9,0 --- --- 9,20 11-Ago 30 --- --- 10,0 9,5 10,0 10,0 9,0 --- --- 9,70 13-Ago 32 --- --- 9,0 9,5 8,5 9,0 9,0 --- --- 9,00 16-Ago 35 --- --- 10,0 9,5 9,0 10,0 9,0 --- --- 9,50 18-Ago 37 --- --- 9,0 9,5 8,0 7,0 9,0 --- --- 8,50 20-Ago 39 --- --- 9,0 9,0 8,0 7,0 8,0 --- --- 8,20 23-Ago 42 --- --- 8,5 7,0 8,0 8,0 7,0 --- --- 7,70 25-Ago 44 --- --- 8,0 7,0 6,0 7,5 7,0 --- --- 7,10 27-Ago 46 --- --- 7,0 6,5 7,5 7,0 6,0 --- --- 6,80 30-Ago 49 --- --- 6,5 7,0 7,5 6,5 7,0 --- --- 6,90 02-Set 52 --- --- 7,5 6,0 6,0 7,0 7,0 --- --- 6,70 07-Set 57 --- --- 6,0 5,5 6,0 7,0 6,0 --- --- 6,10 10-Set 60 --- --- 6,0 5,0 6,0 6,5 6,0 --- --- 5,90 13-Set 63 --- --- 6,5 7,0 8,0 6,0 6,5 --- --- 6,80 16-Set 66 --- --- 6,5 7,0 7,0 6,0 7,0 --- --- 6,70 21-Set 71 --- --- 7,0 5,0 7,0 7,0 6,0 --- --- 6,40 24-Set 74 --- --- 7,0 5,0 6,5 6,0 6,0 --- --- 6,10 27-Set 77 --- --- 6,0 7,0 6,5 6,0 6,5 --- --- 6,40 30-Set 80 --- --- 6,0 7,0 7,0 6,0 6,0 --- --- 6,40 06-Out 86 --- --- 6,0 6,0 7,0 6,5 7,0 --- --- 6,50 11-Out 91 --- --- 6,0 6,5 6,5 6,0 6,0 --- --- 6,20 14-Out 94 --- --- 6,5 6,0 5,0 6,0 7,0 --- --- 6,10 20-Out 100 --- --- 6,0 7,0 6,0 6,0 7,0 --- --- 6,40 27-Out 107 --- --- 6,0 7,0 6,5 6,0 6,0 --- --- 6,30 03-Nov 114 --- --- 5,5 7,0 6,0 5,5 7,0 --- --- 6,20 10-Nov 121 --- --- 4,0 5,0 6,0 5,5 6,0 --- --- 5,30

* Estes valores têm que ser multiplicados por 10 de forma a passar o seu valor do teor em humidade para percentagem

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______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXI

2.c) Evolução dos Valores de Teor em Humidade no Compostor de Plástico Preto ao Longo do Processo

Teor em Humidade na Pilha no Compostor de Plástico Preto (%) Data Dia

Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 5

Ponto 6

Ponto 7

Ponto 8

Ponto 9

Teor de Humidade Média na Pilha no

Compostor de Plástico Preto (%)

12-Jul 0 --- --- 10,0 9,0 9,0 9,5 9,0 --- --- 9,30 14-Jul 2 --- --- 10,0 9,0 8,0 9,0 9,0 --- --- 9,00 16-Jul 4 --- --- 9,0 9,0 10,0 9,5 7,0 --- --- 8,90 19-Jul 7 --- --- 9,0 9,0 9,0 8,0 9,0 --- --- 8,80 21-Jul 9 --- --- 10,0 9,0 8,0 8,0 8,0 --- --- 8,60 23-Jul 11 --- --- 8,5 9,0 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,70 26-Jul 14 --- --- 8,0 9,5 9,0 8,5 8,0 --- --- 8,60 28-Jul 16 --- --- 9,0 9,0 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,80 30-Jul 18 --- --- 9,0 9,5 10,0 9,0 9,0 --- --- 9,30

02-Ago 21 --- --- 9,0 10,0 9,5 9,0 10,0 --- --- 9,50 04-Ago 23 --- --- 10,0 10,0 9,0 9,5 10,0 --- --- 9,70 06-Ago 25 --- --- 10,0 10,0 10,0 9,5 10,0 --- --- 9,90 09-Ago 28 --- --- 9,0 8,5 9,0 9,5 10,0 --- --- 9,20 11-Ago 30 --- --- 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 --- --- 10,00 13-Ago 32 --- --- 9,0 9,5 10,0 9,5 9,0 --- --- 9,40 16-Ago 35 --- --- 10,0 10,0 10 9,5 10,0 --- --- 9,90 18-Ago 37 --- --- 10,0 10,0 9,0 9,5 10,0 --- --- 9,70 20-Ago 39 --- --- 10,0 9,0 9,0 9,5 10,0 --- --- 9,50 23-Ago 42 --- --- 10,0 9,0 9,0 10 10,0 --- --- 9,60 25-Ago 44 --- --- 10,0 8,0 9,0 9,5 10,0 --- --- 9,30 27-Ago 46 --- --- 9,0 9,0 10,0 9,5 10 --- --- 9,50 30-Ago 49 --- --- 10,0 9,0 9,0 10,0 10,0 --- --- 9,60 02-Set 52 --- --- 9,0 8,5 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,70 07-Set 57 --- --- 9,0 8,5 9,0 9,0 8,0 --- --- 8,70 10-Set 60 --- --- 9,0 8,0 8,0 9 8,0 --- --- 8,40 13-Set 63 --- --- 7,0 8,0 7,0 8,5 9,0 --- --- 7,90 16-Set 66 --- --- 7,0 8,0 7,0 8,0 8,5 --- --- 7,70 21-Set 71 --- --- 7,0 8,0 7,0 7,0 8,0 --- --- 7,40 24-Set 74 --- --- 8,0 8,0 7,0 7,0 8,0 --- --- 7,60 27-Set 77 --- --- 6,5 8,0 8,0 7,5 7,0 --- --- 7,40 30-Set 80 --- --- 6,0 8,0 7,0 7,5 7,0 --- --- 7,10 06-Out 86 --- --- 7,0 7,5 7,0 8,0 6,5 --- --- 7,20 11-Out 91 --- --- 8,0 7,0 7,0 6,0 8,0 --- --- 7,20 14-Out 94 --- --- 7,0 8,0 7,0 7,5 7,5 --- --- 7,40 20-Out 100 --- --- 7,0 8,0 8,0 7,0 7,5 --- --- 7,50 27-Out 107 --- --- 7,0 7,0 7,0 8,0 8,0 --- --- 7,40 03-Nov 114 --- --- 8,0 7,0 6,0 7,0 8,0 --- --- 7,20 10-Nov 121 --- --- 7,0 7,0 5,5 8,0 6,0 --- --- 6,70

* Estes valores têm que ser multiplicados por 10 de forma a passar o seu valor do teor em humidade para percentagem

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______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXII

3.a,b,c) Evolução dos Valores de pH no Compostor de Madeira, de Plástico Verde e de Plástico Preto ao Longo do Processo

Data Dia pH no

Compostor de Madeira

pH no Compostor de Plástico Verde

pH no Compostor de Plástico Preto

12-Jul 0 6,0 5,8 5,9 14-Jul 2 5,2 5,1 5,1 16-Jul 4 4,7 4,7 4,9 19-Jul 7 5,4 5,7 5,5 21-Jul 9 5,0 5,1 4,9 23-Jul 11 4,7 4,6 4,3 26-Jul 14 5,0 5,2 5,0 28-Jul 16 4,8 4,9 5,1 30-Jul 18 5,0 5,3 5,3

02-Ago 21 4,8 5,0 5,2 04-Ago 23 4,7 4,2 4,9 06-Ago 25 4,6 4,0 4,6 09-Ago 28 4,5 4,2 4,4 11-Ago 30 4,9 4,4 5,0 13-Ago 32 5,3 5,0 5,4 16-Ago 35 5,2 5,0 5,3 18-Ago 37 5,0 5,1 5,2 20-Ago 39 5,0 5,0 5,0 23-Ago 42 5,2 5,1 4,9 25-Ago 44 4,7 4,4 4,5 27-Ago 46 4,6 4,1 4,0 30-Ago 49 4,7 4,5 4,8 02-Set 52 5,3 5,0 5,2 07-Set 57 6,4 6,0 5,5 10-Set 60 6,9 6,7 5,7 13-Set 63 7,1 6,8 6,0 16-Set 66 7,3 7,0 6,4 21-Set 71 7,3 7,2 6,5 24-Set 74 7,4 7,0 6,4 27-Set 77 7,5 7,1 6,7 30-Set 80 7,7 7,2 7,0 06-Out 86 7,8 7,4 7,1 11-Out 91 8,0 7,7 7,3 14-Out 94 8,0 7,8 7,4 20-Out 100 8,1 7,7 7,3 27-Out 107 8,0 7,8 7,5 03-Nov 114 7,9 7,7 7,5 10-Nov 121 8,0 7,7 7,4

Page 341: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXIII

4.a,b,c) Evolução dos Valores de Altura de Resíduos Verdes no Compostor de Madeira, de Plástico Verde e de Plástico Preto ao Longo do Processo

Altura de Resíduos Verdes (m) Data Dia

Dia Após Última

Adição de Resíduos Compostor de Madeira Compostor de Plástico Verde Compostor de Plástico Preto

12-Jul 0 0 0 0

0,10 0,09 0,09

14-Jul 2 0,09 0,08 0,09

0,09 0,08 0,09

16-Jul 4 0,08 0,08 0,08

0,08 0,08 0,08

19-Jul 7 0,06 0,08 0,07

0,41 0,32 0,31 21-Jul 9 0,35 0,27 0,27

0,35 0,27 0,27

23-Jul 11 0,30 0,24 0,24

0,30 0,24 0,24 26-Jul 14 0,265 0,215 0,205

0,45 0,41 0,41

28-Jul 16 0,41 0,36 0,35

0,41 0,36 0,35 30-Jul 18 0,39 0,33 0,31

0,60 0,47 0,43

02-Ago 21 0,50 0,40 0,37

0,68 0,57 0,58

04-Ago 23 0,63 0,53 0,5

0,66 0,54 0,53

06-Ago 25 0,60 0,53 0,49

0,60 0,53 0,49

09-Ago 28 0,54 0,49 0,43

0,54 0,49 0,43

11-Ago 30 0,50 0,43 0,38

0,50 0,43 0,38

13-Ago 32 0,48 0,40 0,34

0,48 0,40 0,34 16-Ago 35 0,44 0,38 0,31

0,70 0,62 0,61

18-Ago 37 0,60 0,53 0,51

0,60 0,53 0,51 20-Ago 39 0,53 0,48 0,44

0,53 0,48 0,44

23-Ago 42 0,44 0,42 0,35

0 0,72 0,60 0,55 25-Ago 44 2 0,60 0,52 0,46

27-Ago 46 4 0,50 0,45 0,38

30-Ago 49 7 0,48 0,43 0,36

02-Set 52 10 0,47 0,40 0,34

07-Set 57 15 0,42 0,38 0,29

10-Set 60 18 0,41 0,37 0,34

13-Set 63 21 0,40 0,36 0,33

16-Set 66 24 0,40 0,35 0,36

21-Set 71 29 0,38 0,35 0,35

24-Set 74 32 0,37 0,35 0,35

27-Set 77 35 0,36 0,35 0,34

30-Set 80 38 0,35 0,34 0,34

06-Out 86 44 0,35 0,34 0,34

11-Out 91 49 0,35 0,34 0,33

14-Out 94 52 0,33 0,33 0,33

20-Out 100 58 0,32 0,33 0,33

27-Out 107 65 0,32 0,33 0,33

03-Nov 114 72 0,31 0,32 0,32

10-Nov 121 79 0,31 0,31 0,31

Page 342: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ____________________ ANEXO L

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXIV

5) Valores de Redução de Temperatura (ºC) Após Revolvimento, na 1ª Semana Após a Última Adição de Resíduos Verdes

Compostor Redução de Temperatura (ºC) Após

Revolvimento, na 1ª Semana Após a Última Adição de Resíduos Verdes

Temperatura Média de Redução (ºC)

CM 31,00 25,00 22,00 26,00 CPV 23,00 19,00 16,00 19,33 CPP 21,0 18,00 14,00 17,67

Page 343: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ___________ ______ANEXO M

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXV

ANEXO M

Sintomas Previsíveis de Deficiências Minerais em Pepino (Cucumis sativus L. “Ashley”)

Page 344: CURSO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE RAMO Q UALIDADE DO … · Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente iii “Este trabalho não inclui as observações

______________ ___________ ______ANEXO M

Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

LXVI

Sintomas Previsíveis de Deficiências Minerais em Pepino (Cucumis sativus L. “Ashley”)1

Elemento Sintomas Previsíveis da Sua Deficiência em Pepino

Azoto

Crescimento reduzido. Clorose generalizada (plantas verde claras). Amarelecimento das folhas começando pelas mais velhas. Caules mais finos e mais lenhosos (devido à acumulação de carbohidratos que não podem ser usados na síntese proteica).

Potássio

Folhas com manchas de coloração variada, clorose marginal nas folhas. Necroses afectando sobretudo os ápices, margens e zonas intervenais das folhas mais velhas. Encaracolamento e ondeamento das folhas. Os caules mais finos e fracos com entre-nós muito reduzidos. Raízes mais susceptíveis ao ataque de fungos patogénicos o que aumenta o risco de prostração.

Cálcio

Necrose dos ápices e margens das folhas mais jovens (onde se concentram as zonas meristemáticas) seguido de necrose dos gomos terminais. Mosaico de manchas necróticas e cloróticas nas folhas aparecendo primeiro e afectando mais as folhas mais jovens. Arqueamento descendente das folhas – Prostração.

Magnésio Necrose intervenal ocorrendo 1º nas folhas mais velhas (elevada mobilidade). Folhas com secagem e abscisão prematura.

Fósforo

Crescimento reduzido. Manchas de coloração verde escura ocorrendo 1º nas folhas mais velhas. Caules finos. Secagem prematura das folhas mais velhas. Por vezes folhas mal formadas.

Enxofre Crescimento reduzido (Clorose generalizada (uniforme) ocorrendo primeiro nas folhas mais jovens).

Ferro Clorose intervenal ocorrendo 1º nas folhas mais jovens.

Cobre

Produção de folhas verdes escuras com manchas necróticas. Manchas necróticas aparecendo 1º nos ápices das folhas mais jovens (difícil mobilidade) e estendendo-se pelas margens foliares. Progressão descendente dos sintomas. As folhas podem tornar-se torcidas e mal formadas podendo ocorrer abscisão foliar prematura.

Boro Necrose negra na base das folhas jovens. Eventual perde da dominância apical com produção de ramos cujos ápices rapidamente necrosam.

Manganês Clorose intervenal associada a pequenas manchas necróticas

Zinco Redução do crescimento internodal resultando plantas arrosetadas. Folhas pequenas e distorcidas com as margens enrugadas. Possível clorose intervenal das folhas mais velhas seguida de desenvolvimento de manchas necróticas esbranquiçadas.

Molibdénio Clorose intervenal e necrose das folhas mais velhas

(Fonte: Dias, 2001)

1 Sintomas de deficiência em elementos minerais. Os sintomas indicados para os micronutrientes cobre, boro, manganês, zinco e molibdénio são genéricos.

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Carlos Jorge Ferreira * Ciências do Ambiente, ramo Qualidade do Ambiente

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