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Instituto Superior Técnico Mestrado em Engenharia do Ambiente 2008/2009 Políticas do Ambiente 05.2009 Estratégia Nacional de Resíduos Margarida Monteiro nº54822; Raquel Alves nº54819

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Instituto Superior Técnico

Mestrado em Engenharia do Ambiente 2008/2009

Políticas do Ambiente

05.2009

Estratégia Nacional

de Resíduos

Margarida Monteiro nº54822; Raquel Alves nº54819

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MESTRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE RAMO DE GESTÃO AMBIENTAL POLÍTICAS DE AMBIENTE 2º Semestre 2008/2009

Estratégia Nacional de Resíduos Margarida MONTEIRO; Raquel ALVES

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INDICE

RESUMO ................................................................................................................................................. 3

PALAVRAS-CHAVE................................................................................................................................. 3

PLANO NACIONAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS (PNGR)..................................................................... 4

PLANO ESTRATÉGICO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (PERSU II) ................................ 5

PLANO ESTRATÉGICO PARA RESIDUOS HOSPITALARES (PERH) ................................................ 12

PLANO ESTRATÉGICO SECTORIAL DE GESTÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS (PESGRI) ........ 15

PLANO ESTRATÉGICO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS (PERAGRI) ..................................................... 17

CONCLUSÃO ........................................................................................................................................ 20

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 20

ANEXO .................................................................................................................................................. 21

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RESUMO

A Estratégia Nacional de Resíduos estabelece, como objectivo geral de política nacional de

gestão de resíduos, a necessidade de assegurar um alto nível de protecção ambiental com vista à

promoção do Desenvolvimento Sustentável. Por resíduos entende-se quaisquer substâncias ou

objectos de que o detentor se desfez ou tem intenção ou obrigação de se desfazer. Com a actual

necessidade de envolvimento e responsabilização dos agentes de gestão e dos cidadãos em geral, de

modo a que estes adoptem atitudes que promovam a reutilização e valorização dos resíduos, a

Estratégia Nacional engloba vários instrumentos de planeamento para esta área, entre eles, o Plano

Nacional de Resíduos (PNR), e cinco planos específicos, o Plano Estratégico de Resíduos Sólidos

Urbanos (PERSU II), Plano Estratégico Sectorial de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI), Plano

Nacional de Prevenção de resíduos Industriais (PNAPRI), Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas

(PERAGRI), e o Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares (PERH).

Com este trabalho, temos o objectivo de analisar os vários planos que englobam a Estratégia

Nacional de Resíduos, tanto o ponto de vista tendencial, como as diversas metas e objectivos para a

implementação dos mesmos.

PALAVRAS-CHAVE

Resíduos; Estratégias; Gestão.

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PLANO NACIONAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS (PNGR)

Ao longo dos anos tem-se observado um aumento na produção de resíduos, sendo esta

responsável por inúmeros impactes ambientais (por exemplo ao nível do ar, com a emissão de Gases

com Efeito de Estufa, da água, …). Observa-se então uma crescente necessidade de minimizar a

produção de resíduos, assegurando assim uma gestão sustentável dos mesmos, de forma a contribuir

para a promoção da qualidade do ambiente e preservação dos diversos recursos naturais.

Uma gestão de resíduos apropriada tem que começar pela prevenção, com vista à já referida

minimização da produção dos mesmos, à sua perigosidade, sendo uma meta bastante importante

aquando a implementação de qualquer plano de gestão.

A nível Comunitário, o instrumento de referência da União Europeia no que toca à gestão de

Resíduos é a Directiva 2006/12/CE do Parlamento Europeu e do Concelho, de 5 de Abril, a chamada

Directiva Quadro “Resíduos”.

A nível Nacional, têm observado progressos nesta área, com a implementação e aplicação de

instrumentos legais, de planeamento e económico-financeiros. Em termos do planeamento, foi

elaborado o Decreto-Lei n0 178/2006, de 5 de Setembro, que estabelece o regime geral da gestão de

resíduos em Portugal, transpondo assim a Directiva Quadro “Resíduos”. Este DL aconselha a

elaboração do Plano Nacional de Gestão de Resíduos, sendo esta uma medida de política e

ordenamento do território, para assegurar o cumprimento dos princípios de sustentabilidade,

transversalidade, integração, equidade e participação em relação a este assunto. Este novo regime

geral de resíduos foca os seguintes pontos:

Aplicação do Princípio do Poluidor-Pagador relativamente aos custos que fazem parte da

gestão de resíduos, como forma de responsabilização dos produtores e detentores;

Criação da Autoridade Nacional dos Resíduos e das Autoridades Regionais, com

responsabilidades divididas na elaboração dos diferentes planos previstos: Plano Nacional,

Planos específicos e Planos Municipais;

Procedimentos administrativos de licenciamento;

Criação do Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER);

Criação da Comissão de Acompanhamento de Gestão de Resíduos (CAGER);

Constituição de um novo regime económico e financeiro, com estabelecimento de taxas;

Definição de enquadramentos e princípios orientadores para a criação de uma Bolsa de

Resíduos, propiciando o funcionamento de um “Mercado” de resíduos.

Como foi dito, este DL aconselha a elaboração do Plano Nacional de Resíduos, que estabelecerá

as orientações estratégicas de âmbito nacional da política de gestão de resíduos. Engloba também a

constituição de uma rede integrada de instalações de valorização e eliminação de resíduos, tendo em

conta as melhores tecnologias com custos economicamente sustentáveis.

Para cada área específica geradora de resíduos, o PNGR estabelecerá também regras

orientadoras para os planos específicos de resíduos, que em conjunto, vão concretizar o referido plano.

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Estas áreas são a industrial, urbana, agrícola e hospitalar, sendo ainda para os resíduos urbanos,

elaborados planos municipais, intermunicipais e multimunicipais.

Apresentamos então no seguinte quadro os planos de gestão de resíduos que se encontram

em vigor ou se apresentam em elaboração (FONTE: REA 2007):

Instrumento de Planeamento Diploma Legal Estado

Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR)

DL n0 178/2006, de 5 de Setembro – prevê o PNGR

Em elaboração

Plano Estratégico dos Resíduos

Industriais (PESGRI)

DL n0 516/99, de 2 de Setembro – aprova o PESGRI 99;

DL n0 89/2002, de 2 de Abril; Declaração de Rectificação n0 23-A/2002. de 29 de Junho – revê o

PESGRI 99, passando a designar-se PESGRI 2001

Em vigor

Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais (PNAPRI)

Em vigor

Projecto PRERESI – Prevenção dos Resíduos Industriais

Concluído

Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos

(PERSU II)

Portaria n0 187/2007, de 12 de Setembro – aprova o PERSU II

Em vigor

Plano Estratégico dos Resíduos

Hospitalares (PERH)

Despacho Conjunto n0 761/99, de 1 de Junho, do Ministério da Saúde e do Ambiente, publicado no D.R. nº 203 (II Série), de 31 de Agosto –

aprova o PERH

Em revisão

Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas (PERAGRI)

DL n0 178/2006, de 5 de Setembro – prevê o PERAGRI

Em processo de consolidação (por via da elaboração do PNGR)

Tabela 1 – Planos de Gestão de Resíduos (FONTE: REA 2007)

PLANO ESTRATÉGICO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (PERSU II)

De acordo com o Decreto-Lei n0 178/2006, de 5 de Setembro, entende-se por Resíduo Urbano

(RU) “Resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou

composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações.”

Em Julho de 1997, foi aprovado o Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos

(PERSU), que se mostrou como um excelente instrumento de planeamento na referida área. Como

consequências da sua implementação, observou-se o encerramento de lixeiras, a criação de sistemas

municipais de gestão de RSU, o aparecimento de infra-estruturas de valorização e eliminação, bem

como sistemas de recolha selectiva de tais materiais. Verificou-se assim um desenvolvimento positivo e

progressos visíveis em todo o país. Apresentava metas para o ano de 2005, que não tirando mérito a

este plano, ficou em alguns aspectos aquém dos objectivos definidos. A seguinte imagem faz a

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comparação das metas definidas pelo PERSU I para 2005, com a situação observada nesse mesmo

ano:

Figura 1 - Comparação das metas do PERSU I com a situação no referido ano (FONTE: PERSU II)

Com o início de um novo ciclo de planeamento associado ao Quadro de Referência Estratégico

Nacional (QREN), foi exigida a revisão do PERSU, para também assegurar continuidade no que

respeita à política nacional e comunitária de resíduos. De acordo com o Programa do XVII Governo

Constitucional, existia assim uma necessidade de “intensificar as políticas de redução, reciclagem e

reutilização, bem como assegurar as necessárias infra-estruturas de tratamento e eliminação”. Algumas

das razões apontadas para a revisão do PERSU são:

As evoluções observadas ao nível da política comunitária de resíduos (Directiva n0

2006/12/CE, de 5 de Abril);

A aprovação pelo Decreto-Lei n0 178/2006, de 5 de Setembro, do novo Regime Geral de

Gestão de Resíduos, que apresentou modificações no enquadramento legal do sector;

O compromisso assumido por Portugal no que respeita ao cumprimento do Protocolo de

Quioto para a redução das emissões de gases com efeito e estufa.

Publicado através da Portaria n0 187/2007, de 12 de Fevereiro, o PERSU II revê o PERSU I, e

constitui o novo referencial para o horizonte de 2007 a 2016, dando continuidade à política de gestão

de resíduos, apontando assim a estratégia para que as metas previstas para este horizonte sejam

cumpridas. Este plano obrigou à revisão da Estratégia Nacional para a Redução dos Resíduos Urbanos

Biodegradáveis destinados aos Aterros (ENRRUBDA, 2003) e do Plano de Intervenção de Resíduos

Sólidos Urbanos e Equiparados (PIRSUE, 2006).

Antes de fazermos uma análise ao PERSU II propriamente dito, vamos proceder a uma

pequena análise da situação actual no que respeita aos resíduos sólidos urbanos em Portugal.

Existem em Portugal dois modelos institucionais de gestão de resíduos urbanos, os Sistemas

Municipais ou Intermunicipais, que poderão ter operação directa ou indirecta de uma entidade pública

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ou privada de natureza empresarial, e os Sistemas Multimunicipais, resultantes de atribuição pelo

estados a sociedades concessionarias de capitais maioritariamente públicos. Em Portugal Continental a

gestão de RU está actualmente assegurada por 29 Sistemas de Gestão, 14 deles Sistemas

Intermunicipais, e os restantes Sistemas Multimunicipais:

Figura 2- Sistemas de Gestão de RU em Portugal Continental (FONTE: APA 2008)

Em Portugal, tal como na maioria dos países comunitários, a produção de resíduos sólidos

urbanos apresenta uma tendência de crescimento, assim como a capitação diária, como se pode

observar pelo gráfico … As excepções a tal crescimento foram os anos 2001 e 2004, que relativamente

ao ano anterior, apresentaram um ligeiro decréscimo de 8% e 1% respectivamente. A capitação média

anual de resíduos urbanos, entre o intervalo de tempo referido pelo gráfico, manteve-se sempre abaixo

da capitação média europeia, em relação à UE-15 e à UE-27.

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Gráfico 1- Produção e Capitação diária de Resíduos Sólidos em Portugal Continental (FONTE: APA 2008)

No ano de 2007, foram as regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo que mais contribuíram

para a produção de RU a nível continental, 32%, e 37% respectivamente (FONTE: APA 2008), relacionado certamente com a maior densidade populacional e maior concentração de actividades económicas.

No ano de 2006, em Portugal Continental, foram recolhidas 4 641 103 toneladas de resíduos

urbanos. Deste valor, 89,5% corresponde à recolha indiferenciada e apenas 10,5% correspondem à

recolha selectiva de multimateriais e resíduos urbanos biodegradáveis. No ano seguinte, 2007,

observou-se um aumento de RU recolhidos, cerca de 4 698 774 toneladas, que corresponde a 1,27 kg

por habitante e dia, sendo este um valor abaixo da média da União Europeia. Apesar disto, houve um

decréscimo na recolha selectiva de cerca de 2%.

No que toca à caracterização física dos RU, e como é possível observar-se pelo gráfico…, a

fracção biodegradável equivale a mais de metade do total típico, 56%. Este valor demonstra a

necessidade de dar prioridade à valorização orgânica, à reciclagem, e à incineração com recuperação

de energia, contra a actual tendência de depósito em aterro.

Gráfico 2- Caracterização física típica dos resíduos urbanos (FONTE: APA 2008)

Em Portugal continental, o principal destino final dos RU continuam a ser os aterros. Aspecto

muito importante é a erradicação das lixeiras, concluída em 2001, pela implementação do PERSU I.

Deixaram então de ser o maior destino final dos RU, 73% em 1995, para dar lugar ao aterro, com

deposição no ano de 2007 de 64%.Em relação a este último ano, para os aterros, seguiram 4,7 milhões

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de toneladas de RU produzidos no Continente, seguindo-se a incineração com recuperação de energia

(18%), a valorização orgânica (11%), e a recolha selectiva multimaterial com vista à reciclagem (7%).

Observa-se ainda em relação aos aterros como destino final, uma tendência decrescente desde 2002,

o valor verificado no ano de 2007 o mais baixo desde 2001.

Gráfico 3- Tratamento e destino final dos resíduos urbanos em Portugal continental (FONTE: APA 2008)

Com base em toda a análise tendencial efectuada, com as metas atingidas pelo PERSU I,

encontram-se de seguida as diversas linhas orientadoras estratégicas presentes no PERSU II:

Reduzir, reutilizar, reciclar;

Separar na origem;

Minimizar a deposição em aterro;

“Waste to Energy” para a fracção “resto” (não reciclável);

Informação válida em tempo útil (de forma a se puderem tomar decisões);

Estratégia de Lisboa: Sustentabilidade dos Sistemas de Gestão;

“Protocolo de Quioto”: compromisso determinante na política de resíduos.

Para concretizar as linhas orientadoras acima referidas, foram aconselhados pelo plano cinco Eixos

de Actuação, de forma a estruturar e unificar toda a estratégia do PERSU II para o período 2007 a

2016:

Eixo I – Prevenção: Programa Nacional

Este eixo deve ser pensado tendo em conta duas vertentes diferentes, ao nível da quantidade

de resíduos produzidos, e ao nível da redução da perigosidade dos mesmos.

Uma das medidas deste eixo é a redução da quantidade de resíduos produzidos. Para esse

objectivo, vários mecanismos foram pensados, sendo crucial uma implementação sustentada destes.

São eles, a promoção da Política Integrada do Produto (PIP), um reforço do investimento em

Investigação e Desenvolvimento (I&D), um reforço das medidas políticas em matéria de substâncias

químicas (REACH), e uma promoção do eco-consumo e outras medidas de carácter individual dos

cidadãos. No que respeita à redução da perigosidade dos resíduos, não se pode esquecer que uma

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pequena parcela da composição dos RSU é constituída por resíduos perigosos (5 a 7%). Actualmente

a única fracção que é alvo de um sistema de gestão específica são as pilhas.

A tabela seguinte mostra os instrumentos e as acções mais importantes para o eixo da

prevenção conseguir ser executado:

Instrumentos para a Prevenção Acções e Medidas

Aplicação do princípio da responsabilidade alargada do produtor

- Licenciamento de entidades gestoras para diversos fluxos de resíduos (ex: REE) - Definição de objectivos de reutilização - Normalização (embalagens e REE) - Substituição de substâncias perigosas na concepção dos produtos - Ecodesign, utilização das melhores técnicas na produção

Adopção de medidas regulamentares e normativas

- Fixar objectivos de prevenção - Estabilizar a capitação da produção de resíduos domésticos - Separar na origem a fracção de perigosos - Reforçar metas de reutilização - Incentivos à compostagem caseiras - Desmaterialização medidas do SIMPLEX (SIRER e licenciamento) - Legislação e procedimentos na administração pública: consumos sustentáveis e medidas de prevenção e gestão de resíduos

Acordos voluntários com sectores económicos

- Reforço das medidas de reutilização para embalagens de serviço e transporte

Reforço da aplicação do princípio do poluidor-pagador

- Sistemas diferenciado de tarifação (fixo e variável) consoante os destinos - Taxas sobre opções de vim de linha (aterro e incineração)

Sensibilização dos produtores e da população em geral

- Campanha Nacional de Comunicação - Dossiers temáticos: área escolar - Incentivos a projectos (QREN) - Observatório do Mercado de Produtos/Resíduos

Tabela 2- Instrumentos e respectivas acções e medidas para a Prevenção (FONTE: PERSU II)

Eixo II – Sensibilização/mobilização dos cidadãos para a “Sociedade de Reciclagem”

A introdução de novos padrões de consumo é um factor importante para atingir as metas deste

plano. Este eixo deve então ser visto de duas perspectivas, cidadãos/consumidores e

cidadãos/agentes económicos. Para o seu reforço, há que seguir as seguintes linhas de actuação:

Sensibilização dos cidadãos e agentes;

Apelo ao dever de cidadania individual e social;

Reforço da educação para a gestão de resíduos.

Eixo III – Qualificação e optimização da Gestão de Resíduos

No âmbito deste eixo, equaciona-se o seguinte conjunto de medidas a seguir de forma à sua

correcta implementação:

Optimização dos Sistemas de RSU: Reconfiguração/Agregação;

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Sustentabilidade dos Sistemas de RSU: Aposta em tarifas sustentáveis – introdução de

um sistema de tarifação e cobrança; divulgação dos tarifários; informação clara aos

cidadãos sobre o destino dos RSU;

Reforço dos Sistemas a nível de infra-estruturas e equipamentos;

Reforço da Reciclagem: investigação e marketing;

Estabelecimento de critérios de qualidade para os materiais reciclados, compostos e

combustíveis derivados de resíduos/combustíveis sólidos recuperados (CDR/CSR);

Abertura ao mercado da gestão das infra-estruturas de tratamento dos resíduos e

reforço da regulação.

Eixo IV – Sistema de Informação como pilar da gestão dos RSU

No âmbito do Simplex (Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa do Estado

Português), a transmissão da informação sobre a produção, gestão e tratamento de resíduos, será

totalmente realizada através de um sistema de informação online. Este sistema, SIRER (Sistema

Integrado de Registo Electrónico de Resíduos), irá permitir uma disponibilização de toda a informação

tratada relativa a esta área, em tempo útil, e também uma base adequada para o suporte de qualquer

decisão, abrindo caminho para um aumento de produtividade. O SIRER, mais recursos estarão

disponíveis a promoção, recolha, validação e divulgação de dados estatísticos sobre resíduos.

Eixo V – Qualificação e Optimização da intervenção das entidades públicas no âmbito da Gestao

de Resíduos

Para a concretização deste eixo, estão apresentadas de seguida as medidas a implentar:

Simplificação dos procedimentos de licenciamento e do programa SIMPLEX;

Reforço da fiscalização/inspecção pelos organismos competentes;

Reforço da regulação.

Para o horizonte do PERSU II, a estratégia de gestão dos RSU está completamente condicionada

pelo cumprimento de objectivos comunitários, estabelecidos para os anos de 2009, 2011 e 2016. As

principais metas, determinadas pela Directiva “Aterros” e Directiva “Embalagens”, estão enumeradas na

tabela seguinte:

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Directiva “Embalagens” DL n0 366-A/97, alterado pelo DL n0 162/2000 e pelo DL n0

92/2006

Directiva “Aterros” DL n0 152/2002, de 23 de Maio

2011: - Valorização total de RE: ≥ 60% - Reciclagem total de RE: 55-80% - Reciclagem de RE de vidro: ≥ 60% - Reciclagem de RE de papel e cartão: ≥ 60% - Reciclagem de RE de plástico: ≥ 22,5% - Reciclagem de RE de metais: ≥ 50% - Reciclagem de RE de madeira: ≥ 15%

Janeiro 2006: - Redução de RUB destinados a aterro em 75% relativos à quantidade total (em peso) de RUB produzidos em 1995 Janeiro 2009: - Redução de RUB destinados a aterro em 50% relativos à quantidade total (em peso) de RUB produzidos em 1995 Janeiro 2016 - Redução de RUB destinados a aterro em 35% relativos à quantidade total (em peso) de RUB produzidos em 1995

RE: Resíduos de Embalagens; RUB: Resíduos Urbanos Biodegradáveis

Tabela 3- Metas de Gestão de RSU em Portugal (FONTE: PERSU II)

Visto o PERSU II ir criar condições para a concretização da gestão de RSU idealizada para

Portugal, torna-se necessário clarificar as medidas de implementação e os prazos a cumprir para o

sucesso deste projecto. O faseamento de aplicação e monitorização do novo modelo para a gestão de

RSU, entre 2007 e 2016, é apresentado em anexo.

PLANO ESTRATÉGICO PARA RESIDUOS HOSPITALARES (PERH)

De acordo com o Decreto-Lei nº178/2006, de 5 de Setembro, é considerado resíduo hospitalar, o

resíduo resultante de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de

saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada

com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em

quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais como acupuntura, piercings e tatuagens.

O Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares, definido para um período entre 2000 e 2005 e

encontrando-se neste momento em revisão, foi elaborado através de um acção conjunta entre o

Ministério do Ambiente e o Ministério da Saúde. Neste plano encontram-se estabelecidos os objectivo e

metas para a gestão de resíduos hospitalares, de acordo com a sua definição legal e toda a sua

abrangência.

Os Resíduos Hospitalares podem ser organizados em quatro grupos mediante a sua perigosidade: Grupo I e II, como resíduos não perigosos; Grupo III e IV, como resíduos perigosos. Segundo do Despacho 242/96, de 13 de Agosto de 1996, a caracterização de cada grupo é efectuada da seguinte forma:

Grupo I – Resíduos equiparados a urbanos, que não apresentam exigências especiais no seu tratamento: encontram-se aqui os resíduos de serviços gerais, serviços de apoio, embalagens e invólucros comuns e resíduos provenientes de actividade de restauração e hotelaria não enquadrados no grupo III.

Grupo II – Resíduos hospitalares não perigosos, que não estão sujeitos a tratamentos específicos, podendo ser equiparados a urbanos: está aqui classificado o material ortopédico, fraldas e resguardos não contaminados, matéria de protecção individual com excepção do utilizado na recolha de resíduos, embalagens vazias de medicamentos e produtos clínicos excluindo os pertencentes ao grupo III e IV, frascos de soro não contaminamos, com excepção dos do grupo IV.

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Grupo III – Resíduos Hospitalares de risco biológico, ou seja, que se encontram contaminado ou sujeitos a contaminação, susceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano: de entre outros, pertence a este grupo o material de diálise, peças anatómicas não identificáveis, resíduos de administração de sangue e derivados, bem como resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infecciosos ou suspeitos.

Grupo IV – Resíduos Hospitalares específicos que requerem incineração obrigatória: podem identificar-se peças anatómicas identificáveis, materiais cortantes e perfurante, produtos químicos e fármacos rejeitados, citostáticos e cadáveres de animais usados em experiências.

A correcta gestão destes resíduos finais produzidos em cada unidade de saúde encontra-se ao

encargo das mesmas (artº 5º DL n.º178/2006, de 5 de Setembro). Esta inclui todas as condições de

triagem, acondicionamento e armazenamento dos resíduos em cada unidade de saúde.

Uma informação necessária ao estabelecimento e desenvolvimento de uma estratégia referente

aos resíduos hospitalares é o registo da produção deste tipo de resíduos. Assim, os produtores ficam

sujeitos a obrigatoriedade do preenchimento dos mapas de registos de produção de resíduos através

do Sistema Integrado do Registo Electrónico de Resíduos (SIRER), que se encontra sob a gestão da

Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e que nos permitem, por exemplo, observar a evolução da

produção dos resíduos o longo dos anos.

Gráfico 4- Evolução da produção de RH dos grupos I e II nos hospitais, entre 1999 e 2005 (FONTE: Relatório de Resíduos Hospitalares 2005)

Gráfico 5 – Evolução da produção de RH do grupo III, em hospitais, enre 1999 e 2005 (FONTE: Relatório de Resíduos Hospitalares 2005)

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Gráfico 6 - Evolução da produção de RH do grupo IV , em hospitais, entre 1999 e 2005 (FONTE: Relatório de Resíduos Hospitalares 2005)

Os resíduos hospitalares pertencentes ao grupo III e IV, apenas podem ser tratados por

Operadores de Resíduos e Unidades de Tratamento que se encontrem devidamente licenciados pela

Direcção Geral de Saúde, mediante parecer vinculativo do Instituto de Resíduos e Inspecção das

Condições de Trabalho (artigos 1º e 3º da Portaria n.º 174/97 de 10 de Maio).

Para uma boa gestão dos resíduos, existem dois aspectos bastante relevantes, a triagem e

acondicionamento. Com a triagem, especialmente sendo esta realizada na própria fonte de produção

de resíduos, permite alcançar melhores níveis de tratamento dos resíduos. A fase de

acondicionamento e armazenamento interno, facilite as operações de recolha e transporte, bem como

diminui o risco para a saúde dos trabalhadores, doentes, utentes e mesmo para a saúde pública.

Outra fase essencial é a de transporte, que deve ser efectuado de acordo com a Portaria

n.º335/97, de 16 de Maio, quer estabelece as condições para o transporte de resíduos dentro do

território nacional. Aqui também a entidade produtora de resíduos deverá ter o papel de se certificar

que o transporte é realizado por uma empresa devidamente habilitada para esse efeito e que o

destinatário está autorizado a recebe-los.

No que toca ao tratamento e eliminação dos resíduos hospitalares, os pertencentes ao Grupo I e

II, não apresentam exigências especiais a nível de tratamento , de acordo com Despacho n.º 242/96,

de 13 de Agosto, no entanto, os pertencentes aos Grupos III e IV, exigem que a sua eliminação seja

realizada em unidades devidamente legalizadas de acordo com o disposto na Portaria nº 174/97, de 10

de Março ou DL n.º85/2005, de 28 de Abril.

Alguns métodos de eliminação e valorização encontram-se indicados na seguinte tabela:

Métodos de eliminação Métodos de valorização

Grupo I e II Aterro, Incineração Compostagem

Grupo III Autoclave, Desinfecção química/com germicida,

Incineração

-

Grupo IV Incineração - Tabela 2 – Métodos de eliminação e valorização de Resíduos Hospitalares

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O armazenamento temporário, processos de eliminação e encaminhamento dos resíduos finais

após os respectivos processos, são assegurados pelos operadores de gestão de resíduos hospitalares

que são empresas licenciadas pela Direcção-Geral da Saúde ao abrigo da Portaria n.º174/97, de 10 de

Março ou Decreto-Lei n.º8572005, de 28 de Abril.

PLANO ESTRATÉGICO SECTORIAL DE GESTÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS (PESGRI)

Na actual sociedade existe uma cada vez maior dependência da indústria para que os níveis de

vida agora estabelecidos possam ser mantidos. As actividades industriais abrangem um vasto leque de

processamento, podendo ir dos alimentos até aos produtos electrónicos. Actualmente em Portugal a

caracterização da situação em relação aos Resíduos Industriais (RI) é insuficiente e há uma

dependência externa no que diz respeito a destino final destes.

Os RI são os gerados em actividades industriais, bem como os que resultam das actividades de

produção de produtos e distribuição e distribuição de electricidade, gás e água (Decreto-Lei

n.º178/2006, de 5 de Setembro). Neles encontram-se incluídos produtos químicos (pesticidas,

solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais

onde são despejados.

Este tipo de resíduos pode ser dividido em Resíduos Industriais Banais (RIB) e Resíduos Industriais Perigosos (RIP), de acordo com critérios específicos válidos no espaço da União Europeia e publicados na forma de portaria conjunta entre o Ministério da Economia, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, da Saúde e do Ambiente. Como RIP estão incluídos aqueles que apresentem, pelo menos, uma característica de perigosidade para a saúde ou para o meio ambiente, de acordo com o previsto na Portaria n.º209/2004, de 3 de Março

De acordo com os dados fornecidos pelo Estudo de Investigação de Resíduos Industriais do

Instituto do Resíduos, Portugal produz cerca de 29 milhões de toneladas de RIB anualmente. Em

relação aos RIP, estes são apenas uma pequena parte dos resíduos industriais, sendo produzidas 245

mil toneladas por ano. Em baixo encontram-se os esquemas referentes a produção de resíduos

industriais em Portugal, demonstrando a respectivas proporções entre RIP e RIB, bem como a

distribuição regional de produção de resíduos industriais.

Figura 5 – Produção de RIB e RIP em Portugal (FONTE: Secretaría de Estado do Ambiente)

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Ilustração 6 – Distribuição da produção de RIP e RIB no território continental (FONTE: Secretaría de Estado do Ambiente)

Para uma melhor gestão deste tipo de resíduos em território português foi adoptado um Plano

para Resíduos Industriais, presente no Decreto-Lei n.º516/99, de 2 de Dezembro, que aprova o Plano

Estratégico Sectorial dos Resíduos Industriais (PESGRI), que define os princípios estratégicos a que

deve obedecer a gestão deste tipo de resíduos.

O PESGRI assenta essencialmente nas opções de gestão estabelecidas na Estratégia

Comunitária de Gestão de Resíduos, adoptada na Resolução do Conselho de Ministros da União

Europeia de 24 de Fevereiro de 1997, que estabelece a seguinte ordem de preferência de processos:

prevenção, reutilização, reciclagem, valorização e destino final dos resíduos.

Este plano assenta essencialmente na aplicação de seis princípios fundamentais:

- Conhecer as quantidades e características dos resíduos;

- Minimizar a produção na origem;

- Promover a instalação de unidades de reutilização ou reciclagem;

- Utilizar tecnologias de tratamento integradas e complementares que privilegiem a reutilização e

reciclagem;

- Garantir a auto-suficiência do País.

No contexto da redução da quantidade e perigosidade dos resíduos industriais presente no

PESGRI, foi elaborado o Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais (PNAPRI), que será

implementado entre 2000 e 2015, e consta do anexo ao Decreto-Lei n.º516/99, de 2 de Dezembro.

Este Plano pretende atingir estas reduções através não só da aplicação de medidas e tecnologias de

prevenção nas actividades industriais, como também pela mudança de comportamento dos agentes

económicos e dos próprios consumidores, através de 21 guias sectoriais.

Tal como já foi referido para outros tipos de resíduos, também para os planos dos resíduos

industriais é o produtor o responsável pelo destino final dos resíduos que produz. Assim, o seguimento

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de preferências é o que se encontra aprovado pela União Europeia, onde preferencialmente é

necessário evitar ou reduzir a produção ou nocividade do resíduo e caso isto não seja possível recorre-

se então à valorização deste, através da reintrodução do resíduo no ciclo produtivo. Assim, o

tratamento ou deposição em aterros é apenas utilizado quando não é possível recorre a valorização.

Gráfico 7 – Destino dos Resíduos Industriais (FONTE: REA 2007)

Como destino final dos RIB existem 5 aterros de origem industrial licenciados havendo cada

vez mais uma tendência para o aumento deste tipo de instalações. Quanto aos RIP a sua valorização e

eliminação encontra-se neste momento integrada nos dois Centros Integrados de Recuperação,

Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER) e na co-incineração em cimenteira.

O principal objectivo do CIRVER é garantir uma eficaz recuperação, valorização e eliminação

de resíduos perigosos, através da utilização das melhores tecnologias disponíveis a custos

sustentáveis. Assim, neste encontram-se incluídas as seguintes unidades:

Unidade de classificação, triagem e transferência,

Unidade de transferência de resíduos;

Unidade de tratamento de resíduos orgânicos;

Unidade de tratamento físico-químico;

Unidade de descontaminação de solos;

Unidade de estabilização;

Aterro de resíduos perigosos.

PLANO ESTRATÉGICO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS (PERAGRI)

Tendo em conta o sector agrícola, foi desenvolvido o Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas

(PERAGRI) da responsabilidade do Instituto dos Resíduos, com orientações estratégicas tanto para o

produtor como para o destinatário de tais resíduos e com a caracterização e diagnósticos a serem

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seguidos para os resíduos que são abrangidos pelo sector agrícola. É constituído por diferentes sub-

componentes, onde são evidenciados princípios orientadores, análise prospectiva, metas e estratégias

de implementação (sectoriais ou gerais), programas de acção física e financeira, e ainda o sistema de

avaliação e desempenho, monitorização e revisão. Visa dar resposta aos resíduos provenientes de

actividades agrícolas, florestais, agro-industriais e pecuárias, sem utilização posterior na própria

exploração, ou seja, os objectos ou os materiais que forma utilizados na exploração ou que resultaram

de operações agrícolas para os quais o agricultor não tem mais utilizações, no presente ou no futuro, e

dos quais se quer desfazer (ex: plástico da cobertura das estufas, embalagem de pesticida, óleo velho

do tractor, pneus que foram substituídos dos variados veículos). Espera-se que este documento seja

consolidado por via do Plano Nacional de Gestão de Resíduos que se encontra em elaboração. Em

1999 foi apresentada publicamente uma versão preliminar do PERAGRI, ainda não existindo a versão

final do mesmo documento.

Foi no ano de 1997 que, através do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, que foi criada

uma nova categoria de resíduos, “outros tipos de resíduos”, não considerados resíduos urbanos,

hospitalares ou industriais, de modo a tirar qualquer dúvida que possa existir em relação ao

enquadramento legislativo em determinadas situações. Este diploma determinou assim a elaboração

do Plano Nacional de Resíduos, e também o Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas, um dos quatro

sectoriais para cada um dos tipos de resíduos, no âmbito do Artigo 5º. Como já foi referido, devido à

existência de apenas uma versão preliminar, apenas três deles se encontram actualmente em vigor.

De acordo com o Decreto-Lei n.0 178/2006, de 5 de Setembro, Artigo 30, alínea v), “Resíduo

Agrícola” o resíduo proveniente de exploração agrícola e ou pecuária ou similar”. Este plano específico

de gestão de resíduos, que finaliza o Plano Nacional de Gestão de Resíduos, em relação ao sector que

representa, de acordo com o Artigo 170, tem que dispor das seguintes informações:

a) Tipo, origem e quantidade dos resíduos a gerir;

b) Normas técnicas gerais aplicáveis às operações de gestão de resíduos;

c) Locais ou instalações apropriadas para a valorização ou eliminação;

d) Especificações técnicas e disposições especiais relativas a resíduos específicos;

e) Objectivos quantitativos e qualitativos a atingir.

Nas últimas quatro décadas tem se assistido a um aumento significativo na actividade agrícola,

suportada pela evolução tecnológica na produção, para dar resposta ao crescimento demográfico e

económico observado, e assim maximizar os rendimentos e minimizar os custos produtivos. Esta

agricultura intensiva cria elevadas quantidades de resíduos orgânicos e inorgânicos, sendo cada vez

mais necessária uma adequada gestão dos mesmos.

Esta actividade produz também resíduos não orgânicos (RNOA). A seguinte tabela enumera os

diferentes RNOA típicos de uma exploração agrícola:

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Tabela 3 – Resíduos não orgânicos presentes em uma exploração agrícola

Quanto a estes resíduos, a perspectiva dos agricultores era a de se desfazerem dos mesmos

com base em procedimentos de baixo custo económico, como a queima a céu aberto, abandono ou

mero enterro, com graves impactes ambientais, mas essa perspectiva mudou, com a actual proibição

por lei de tais acções, pelo Decreto-Lei n.0 239/99, de 9 de Setembro. Apesar desta proibição,

actualmente não existem dados que permitam efectuar uma caracterização qualitativa e quantitativa

dos RNOA produzidos em Portugal, assim como regras que definam o seu levantamento, facto

importante que traduz um dos impasses verificados na elaboração do PERAGRI.

Os resultados observados nos dias de hoje, com a ainda inexistência da aplicação do

PERAGRI, devem-se em parte à adopção por parte dos agricultores das Boas Práticas de Gestão de

Resíduos Agrícolas ao nível da exploração, no que respeita ao manuseamento, triagem e

acondicionamento dos resíduos.

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CONCLUSÃO

Com este trabalho conclui-se que a produção de resíduos tem vindo a aumentar em

quantidade e diversidade nas últimas décadas em Portugal. É actualmente uma das prioridades da

política ambiental comunitária e nacional, registando-se assim grandes melhorias na sua gestão,

resultantes do planeamento e aplicação do conjunto de estratégias analisadas no presente trabalho.

Conclui-se ainda que essas melhorias irão apresentar uma tendência positiva com a

consolidação do Plano Nacional de Gestão de Resíduos.

BIBLIOGRAFIA

Agência Portuguêsa do Ambiente. (s.d.). Obtido de www.apambiente.pt/

(1999). Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares.

(2007). Plano Estratégico Para os Resíduos Sólidos Urbanos 2007-20016.

(2008). Relatório de Estádo do Ambiente 2007. Amadora.

Resíduos Industriais Uma Solução Para Portugal. (s.d.). Obtido de Secretaria de Estádo do

Ambiente: http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/122DC071-9F09-4E60-9989-

6104D27DD312/0/Apres_Residuos_Industriais.pdf

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ANEXO

2007 2008 2009 2010 2011 - Elaboração de Planos Multimunicipais, Intermunicipais e Municipais de Acção com vista à integração dos princípios e medidas do PERSU II (incluindo a optimização dos Sistemas e estratégia para promoção do CDR, etc..) - Conclusão dos Estudos referentes à Recolha Selectiva na Administração Pública. Publicação de legislação específica. - Elaboração do Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos - Operacionalização da CAGER - Arranque da valorização de CDR em unidades preparadas para o efeito - Elaboração dos regulamentos técnicos que possibilitem a produção de CDR a utilizar em cimenteiras e dos regulamentos para o embalamento e armazenamento de CDR - Promoção pela ANR de acções de formação/esclarecimento e criação de canais de informação para potenciais produtores e utilizadores de CDR em Portugal - Avaliação das candidaturas ao QREN - Publicação do guia de apoio à actividade inspectiva no sector dos RSU

- Realização do estudo relativo ao reforço da recolha selectiva de RUB e multimaterial incluindo os estabelecimentos Verdoreca - Realização do estudo relativo à aplicação do princípio PAYT - Auditoria ao SIGRE - Aprovado o Plano Nacional de Resíduos (PNR) Implementação do Sistema de Tarifação e Cobrança

- Reavaliação do PERSU II e dos planos Intermunicipais e Multimunicipais com vista à adequação com o PNR - Entrada em funcionamento das unidades de tratamento conjunto CDR/Lamas (AdP) - Avaliação do cumprimento das metas de desvio de RUB de aterro - Cancelamento das autorizações temporárias para a deposição de RIB em aterros de RSU

- Avaliação do Sistema de Recolha Selectiva na Administração Pública - Avaliação do Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos - Eventual implementação de medidas de recolha selectiva de RUB e multimaterial

- Avaliação do cumprimento das metas de valorização e reciclagem multimaterial - Avaliação intercalar do PERSU II: cenário moderado versus cenário optimista - Atribuição de novas licenças para Sistemas Integrados de Gestão de Fluxos de Embalagens e REE - Definição do calendário de excepção do PERSU II 2011-2016

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