estratégia nacional de defesa
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Manual de Estratégia Nacional de Defesa -Ministério da Defesa - BrasilTRANSCRIPT
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ESTRATGIA NACIONAL DE DEFESA
Introduo
O Brasil pacfico por tradio e por convico. Vive em paz com seus vizinhos. Rege
suas relaes internacionais, dentre outros, pelos princpios constitucionais da no interveno, defesa da
paz, soluo pacfica dos conflitos e democracia. Essa vocao para a convivncia harmnica, tanto
interna como externa, parte da identidade nacional e um valor a ser conservado pelo povo brasileiro.
O Brasil ascender ao primeiro plano no cenrio internacional sem buscar hegemonia. O
povo brasileiro no deseja exercer domnio sobre outros povos. Quer que o Brasil se engrandea sem
imperar.
O crescente desenvolvimento do Brasil deve ser acompanhado pelo aumento do preparo de
sua defesa contra ameaas e agresses. A sociedade brasileira vem tomando conscincia da
responsabilidade com a preservao da independncia do Pas. O planejamento de aes destinadas
Defesa Nacional, a cargo do Estado, tem seu documento condicionante de mais alto nvel na Poltica
Nacional de Defesa, que estabelece os Objetivos Nacionais de Defesa. O primeiro deles a garantia da
soberania, do patrimnio nacional e da integridade territorial. Outros objetivos incluem a estruturao de
Foras Armadas com adequadas capacidades organizacionais e operacionais e a criao de condies
sociais e econmicas de apoio Defesa Nacional no Brasil, assim como a contribuio para a paz e a
segurana internacionais e a proteo dos interesses brasileiros nos diferentes nveis de projeo externa
do Pas.
A presente Estratgia Nacional de Defesa trata da reorganizao e reorientao das Foras
Armadas, da organizao da Base Industrial de Defesa e da poltica de composio dos efetivos da
Marinha, do Exrcito e da Aeronutica. Ao propiciar a execuo da Poltica Nacional de Defesa com uma
orientao sistemtica e com medidas de implementao, a Estratgia Nacional de Defesa contribuir para
fortalecer o papel cada vez mais importante do Brasil no mundo.
Estratgia Nacional de Defesa e Estratgia Nacional de Desenvolvimento
1. Estratgia nacional de defesa inseparvel de estratgia nacional de desenvolvimento. Esta
motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma refora as razes da outra. Em ambas, se
desperta para a nacionalidade e constri-se a Nao. Defendido, o Brasil ter como dizer no, quando
tiver que dizer no. Ter capacidade para construir seu prprio modelo de desenvolvimento.
2. No evidente para um Pas que pouco trato teve com guerras, convencer-se da
necessidade de defender-se para poder construir-se. No bastam, ainda que sejam proveitosos e at
mesmo indispensveis, os argumentos que invocam as utilidades das tecnologias e dos conhecimentos da
defesa para o desenvolvimento do Pas. Os recursos demandados pela defesa exigem uma transformao
de conscincias, para que se constitua uma estratgia de defesa para o Brasil.
3. Apesar da dificuldade, indispensvel para as Foras Armadas de um Pas com as
caractersticas do nosso, manter, em meio paz, o impulso de se preparar para o combate e de cultivar,
em prol desse preparo, o hbito da transformao.
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Disposio para mudar o que a Nao est a exigir agora de si mesma, de sua liderana,
de seus marinheiros, soldados e aviadores. No se trata apenas de financiar e de equipar as Foras
Armadas. Trata-se de transform-las, para melhor defenderem o Brasil.
4. Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento. Forte o projeto de
desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais orientaes, se guie pelos seguintes princpios:
(a) Independncia nacional efetivada pela mobilizao de recursos fsicos, econmicos e
humanos, para o investimento no potencial produtivo do Pas. Aproveitar os investimentos estrangeiros,
sem deles depender.
(b) Independncia nacional alcanada pela capacitao tecnolgica autnoma, inclusive nos
estratgicos setores espacial, ciberntico e nuclear. No independente quem no tem o domnio das
tecnologias sensveis, tanto para a defesa, como para o desenvolvimento; e
(c) Independncia nacional assegurada pela democratizao de oportunidades educativas e
econmicas e pelas oportunidades para ampliar a participao popular nos processos decisrios da vida
poltica e econmica do Pas.
Natureza e mbito da Estratgia Nacional de Defesa
1. A Estratgia Nacional de Defesa o vnculo entre o conceito e a poltica de independncia
nacional, de um lado, e as Foras Armadas para resguardar essa independncia, de outro. Trata de
questes polticas e institucionais decisivas para a defesa do Pas, como os objetivos da sua grande
estratgia e os meios para fazer com que a Nao participe da defesa. Aborda, tambm, problemas
propriamente militares, derivados da influncia dessa grande estratgia na orientao e nas prticas
operacionais das trs Foras.
Diretrizes da Estratgia Nacional de Defesa
A Estratgia Nacional de Defesa pauta-se pelas seguintes diretrizes:
1. Dissuadir a concentrao de foras hostis nas fronteiras terrestres e nos limites das guas
jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do espao areo nacional.
Para dissuadir, preciso estar preparado para combater. A tecnologia, por mais avanada
que seja, jamais ser alternativa ao combate. Ser sempre instrumento do combate.
2. Organizar as Foras Armadas sob a gide do trinmio monitoramento/controle, mobilidade
e presena.
Esse triplo imperativo vale, com as adaptaes cabveis, para cada Fora. Do trinmio
resulta a definio das capacitaes operacionais de cada uma das Foras.
3. Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espao areo, o territrio e as guas
jurisdicionais brasileiras.
Tal desenvolvimento dar-se- a partir da utilizao de tecnologias de monitoramento
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terrestre, martimo, areo e espacial que estejam sob inteiro e incondicional domnio nacional.
4. Desenvolver, lastreada na capacidade de monitorar/controlar, a capacidade de responder
prontamente a qualquer ameaa ou agresso: a mobilidade estratgica.
A mobilidade estratgica entendida como a aptido para se chegar rapidamente regio
em conflito reforada pela mobilidade ttica entendida como a aptido para se mover dentro daquela
regio o complemento prioritrio do monitoramento/controle e uma das bases do poder de combate,
exigindo, das Foras Armadas, ao que, mais do que conjunta, seja unificada.
O imperativo de mobilidade ganha importncia decisiva, dadas a vastido do espao a
defender e a escassez dos meios para defend-lo. O esforo de presena, sobretudo ao longo das fronteiras
terrestres e nas partes mais estratgicas do litoral, tem limitaes intrnsecas. a mobilidade que permitir
superar o efeito prejudicial de tais limitaes.
5. Aprofundar o vnculo entre os aspectos tecnolgicos e os operacionais da mobilidade, sob
a disciplina de objetivos bem definidos.
Mobilidade depende de meios terrestres, martimos e areos apropriados e da maneira de
combin-los. Depende, tambm, de capacitaes operacionais que permitam aproveitar ao mximo o
potencial das tecnologias do movimento.
O vnculo entre os aspectos tecnolgicos e operacionais da mobilidade h de se realizar de
maneira a alcanar objetivos bem definidos. Entre esses objetivos, h um que guarda relao
especialmente prxima com a mobilidade: a capacidade de alternar a concentrao e a desconcentrao de
foras, com o propsito de dissuadir e combater a ameaa.
6. Fortalecer trs setores de importncia estratgica: o espacial, o ciberntico e o nuclear.
Esse fortalecimento assegurar o atendimento ao conceito de flexibilidade.
Como decorrncia de sua prpria natureza, esses setores transcendem a diviso entre
desenvolvimento e defesa, entre o civil e o militar.
Os setores espacial e ciberntico permitiro, em conjunto, que a capacidade de visualizar o
prprio Pas no dependa de tecnologia estrangeira e que as trs Foras, em conjunto, possam atuar em
rede, instrudas por monitoramento que se faa tambm a partir do espao.
O Brasil tem compromisso decorrente da Constituio e da adeso a Tratados
Internacionais com o uso estritamente pacfico da energia nuclear. Entretanto, afirma a necessidade
estratgica de desenvolver e dominar essa tecnologia. O Brasil precisa garantir o equilbrio e a
versatilidade da sua matriz energtica e avanar em reas, tais como as de agricultura e sade, que podem
se beneficiar da tecnologia de energia nuclear. E levar a cabo, entre outras iniciativas que exigem
independncia tecnolgica em matria de energia nuclear, o projeto do submarino de propulso nuclear.
7. Unificar e desenvolver as operaes conjuntas das trs Foras, muito alm dos limites
impostos pelos protocolos de exerccios conjuntos.
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Os instrumentos principais dessa unificao sero o Ministrio da Defesa e o Estado-Maior
Conjunto das Foras Armadas. Devem ganhar dimenso maior e responsabilidades mais abrangentes.
O Ministro da Defesa exercer, na plenitude, todos os poderes de direo das Foras
Armadas que a Constituio e as leis no reservarem, expressamente, ao Presidente da Repblica.
A subordinao das Foras Armadas ao poder poltico constitucional pressuposto do
regime republicano e garantia da integridade da Nao.
Os Secretrios do Ministrio da Defesa e o Diretor-Geral do Centro Gestor e Operacional
do Sistema de Proteo da Amaznia (CENSIPAM) sero nomeados mediante indicao exclusiva do
Ministro de Estado da Defesa, entre cidados brasileiros, militares das trs Foras e civis, respeitadas as
peculiaridades e as funes de cada secretaria. As iniciativas destinadas a formar quadros de especialistas
civis em defesa permitiro, no futuro, aumentar a presena de civis em postos dirigentes e nos demais
nveis do Ministrio da Defesa. As disposies legais em contrrio sero revogadas.
O Estado-Maior Conjunto das Foras Armadas ser chefiado por um oficial-general de
ltimo posto, e ter a participao de um Comit, integrado pelos Chefes dos Estados-Maiores das trs
Foras. Ser subordinado diretamente ao Ministro da Defesa. Construir as iniciativas destinadas a dar
realidade prtica tese da unificao doutrinria, estratgica e operacional e contar com estrutura
permanente que lhe permita cumprir sua tarefa.
A Marinha, o Exrcito e a Aeronutica disporo, singularmente, de um Comandante,
nomeado pelo(a) Presidente(a) da Repblica e indicado pelo Ministro da Defesa. O Comandante de Fora,
no mbito das suas atribuies, exercer a direo e a gesto da sua Fora, formular a sua poltica e
doutrina e preparar seus rgos operativos e de apoio para o cumprimento da destinao constitucional.
Os Estados-Maiores das trs Foras, subordinados a seus Comandantes, sero os agentes da
formulao estratgica em cada uma delas, sob a orientao do respectivo Comandante.
8. Reposicionar os efetivos das trs Foras.
As principais unidades do Exrcito estacionam no Sudeste e no Sul do Brasil. A esquadra
da Marinha concentra-se na cidade do Rio de Janeiro. Algumas instalaes tecnolgicas da Fora Area
esto localizadas em So Jos dos Campos, em So Paulo. As preocupaes mais agudas de defesa esto,
porm, no Norte, no Oeste e no Atlntico Sul.
Sem desconsiderar a necessidade de defender as maiores concentraes demogrficas e os
maiores centros industriais do Pas, a Marinha dever estar mais presente na regio da foz do Rio
Amazonas e nas grandes bacias fluviais do Amazonas e do Paraguai-Paran. Dever o Exrcito agrupar
suas reservas regionais nas respectivas reas, para possibilitar a resposta imediata na crise ou na guerra.
Pelas mesmas razes que exigem a formao do Estado-Maior Conjunto das Foras
Armadas, os Distritos Navais ou Comandos de rea das trs Foras tero suas reas de jurisdio
coincidentes, ressalvados impedimentos decorrentes de circunstncias locais ou especficas. Os oficiais-
generais que comandarem, por conta de suas respectivas Foras, um Distrito Naval ou Comando de rea,
reunir-se-o regularmente, acompanhados de seus principais assessores, para assegurar a unidade
operacional das trs Foras naquela rea. Em cada rea dever ser estruturado um Estado-Maior Conjunto
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Regional, para realizar e atualizar, desde o tempo de paz, os planejamentos operacionais da rea.
9. Adensar a presena de unidades da Marinha, do Exrcito e da Fora Area nas fronteiras.
Deve-se ter claro que, dadas as dimenses continentais do territrio nacional, presena no
pode significar onipresena. A presena ganha efetividade graas sua relao com
monitoramento/controle e com mobilidade.
Nas fronteiras terrestres, nas guas jurisdicionais brasileiras e no espao areo
sobrejacente, as unidades do Exrcito, da Marinha e da Fora Area tm, sobretudo, tarefas de vigilncia.
No cumprimento dessas tarefas, as unidades ganham seu pleno significado apenas quando compem
sistema integrado de monitoramento/controle, feito, inclusive, a partir do espao. Ao mesmo tempo, tais
unidades potencializam-se como instrumentos de defesa, por meio de seus vnculos com as reservas
tticas e estratgicas. Os vigias alertam. As reservas respondem e operam. E a eficcia do emprego das
reservas tticas regionais e estratgicas proporcional capacidade de atenderem exigncia da
mobilidade.
Entende-se por reservas tticas foras articuladas, em profundidade, numa determinada
rea estratgica, com mobilidade suficiente para serem empregadas na prpria rea estratgica onde esto
localizadas. Reservas estratgicas so foras dotadas de alta mobilidade estratgica, com estrutura
organizacional completa desde o tempo de paz, dotadas do mais alto nvel possvel de capacitao
operacional e aprestamento, em condies de atuar no mais curto prazo, no todo ou em parte, em qualquer
rea estratgica compatvel com sua doutrina de emprego.
10. Priorizar a regio amaznica.
A Amaznia representa um dos focos de maior interesse para a defesa. A defesa da
Amaznia exige avano de projeto de desenvolvimento sustentvel e passa pelo trinmio
monitoramento/controle, mobilidade e presena.
O Brasil ser vigilante na reafirmao incondicional de sua soberania sobre a Amaznia
brasileira. Repudiar, pela prtica de atos de desenvolvimento e de defesa, qualquer tentativa de tutela
sobre as suas decises a respeito de preservao, de desenvolvimento e de defesa da Amaznia. No
permitir que organizaes ou indivduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros polticos
ou econmicos que queiram enfraquecer a soberania brasileira. Quem cuida da Amaznia brasileira, a
servio da humanidade e de si mesmo, o Brasil.
O CENSIPAM dever atuar integradamente com as FA, a fim de fortalecer o
monitoramento, o planejamento, o controle, a logstica, a mobilidade e a presena na Amaznia brasileira.
11. Desenvolver a capacidade logstica, para fortalecer a mobilidade, sobretudo na regio
amaznica.
Da a importncia de se possuir estruturas de transporte e de comando e controle que
possam operar em grande variedade de circunstncias, inclusive sob as condies extraordinrias
impostas pela guerra.
12. Desenvolver o conceito de flexibilidade no combate, para atender aos requisitos de
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monitoramento/controle, mobilidade e presena.
Isso exigir, sobretudo na Fora Terrestre, que as foras convencionais cultivem alguns
predicados atribudos a foras no convencionais.
Somente Foras Armadas com tais predicados estaro aptas para operar no amplssimo
espectro de circunstncias que o futuro poder trazer.
A convenincia de assegurar que as foras convencionais adquiram predicados comumente
associados a foras no convencionais pode parecer mais evidente no ambiente da selva amaznica.
Aplicam-se eles, porm, com igual pertinncia, a outras reas do Pas. No uma adaptao a
especificidades geogrficas localizadas. resposta a uma vocao estratgica geral.
13. Desenvolver o repertrio de prticas e de capacitaes operacionais dos combatentes, para
atender aos requisitos de monitoramento/controle, mobilidade e presena.
Cada homem e mulher a servio das Foras Armadas h de dispor de trs ordens de meios
e de habilitaes.
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com meios e habilitaes para atuar em
rede, no s com outros combatentes e contingentes de sua prpria Fora, mas tambm com combatentes
e contingentes das outras Foras. As tecnologias de comunicaes, inclusive com os veculos que
monitorem a superfcie da terra e do mar, a partir do espao, devem ser encaradas como instrumentos
potencializadores de iniciativas de defesa e de combate. Esse o sentido do requisito de monitoramento e
controle e de sua relao com as exigncias de mobilidade e de presena.
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de tecnologias e de conhecimentos que
permitam aplicar, em qualquer regio em conflito, terrestre ou martimo, o imperativo de mobilidade. a
esse imperativo, combinado com a capacidade de combate, que devem servir as plataformas e os sistemas
de armas disposio do combatente.
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado para abordar o combate de modo a
atenuar as formas rgidas e tradicionais de comando e controle, em prol da flexibilidade, da
adaptabilidade, da audcia e da surpresa no campo de batalha. Esse combatente ser, ao mesmo tempo,
um comandado que sabe obedecer, exercer a iniciativa, na ausncia de ordens especficas, e orientar-se
em meio s incertezas e aos sobressaltos do combate e uma fonte de iniciativas capaz de adaptar suas
ordens realidade da situao mutvel em que se encontra.
Ganha ascendncia no mundo um estilo de produo industrial marcado pela atenuao de
contrastes entre atividades de planejamento e de execuo e pela relativizao de especializaes rgidas
nas atividades de execuo. Esse estilo encontra contrapartida na maneira de fazer a guerra, cada vez mais
caracterizada por extrema flexibilidade.
14. Promover a reunio, nos militares brasileiros, dos atributos e predicados exigidos pelo
conceito de flexibilidade.
O militar brasileiro precisa reunir qualificao e rusticidade. Necessita dominar as
tecnologias e as prticas operacionais exigidas pelo conceito de flexibilidade. Deve identificar-se com as
peculiaridades e caractersticas geogrficas exigentes ou extremas que existem no Pas. S assim realizar-
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se-, na prtica, o conceito de flexibilidade, dentro das caractersticas do territrio nacional e da situao
geogrfica e geopoltica do Brasil.
15. Rever, a partir de uma poltica de otimizao do emprego de recursos humanos, a
composio dos efetivos das trs Foras, de modo a dimension-las para atender adequadamente ao
disposto na Estratgia Nacional de Defesa.
16. Estruturar o potencial estratgico em torno de capacidades.
Convm organizar as Foras Armadas em torno de capacidades, no em torno de inimigos
especficos. O Brasil no tem inimigos no presente. Para no t-los no futuro, preciso preservar a paz e
preparar-se para a guerra.
17. Preparar efetivos para o cumprimento de misses de garantia da lei e da ordem, nos termos
da Constituio.
O Pas cuida para evitar que as Foras Armadas desempenhem papel de polcia. Efetuar
operaes internas em garantia da lei e da ordem, quando os poderes constitudos no conseguem garantir
a paz pblica e um dos Chefes dos trs Poderes o requer, faz parte das responsabilidades constitucionais
das Foras Armadas. A legitimao de tais responsabilidades pressupe, entretanto, legislao que ordene
e respalde as condies especficas e os procedimentos federativos que deem ensejo a tais operaes, com
resguardo de seus integrantes.
18. Estimular a integrao da Amrica do Sul.
Essa integrao no somente contribui para a defesa do Brasil, como possibilita fomentar a
cooperao militar regional e a integrao das bases industriais de defesa. Afasta a sombra de conflitos
dentro da regio. Com todos os pases, avana-se rumo construo da unidade sul-americana. O
Conselho de Defesa Sul-Americano um mecanismo consultivo que se destina a prevenir conflitos e
fomentar a cooperao militar regional e a integrao das bases industriais de defesa, sem que dele
participe pas alheio regio. Orienta-se pelo princpio da cooperao entre seus membros.
19. Preparar as Foras Armadas para desempenharem responsabilidades crescentes em
operaes internacionais de apoio poltica exterior do Brasil.
Em tais operaes, as Foras agiro sob a orientao das Naes Unidas ou em apoio a
iniciativas de rgos multilaterais da regio, pois o fortalecimento do sistema de segurana coletiva
benfico paz mundial e defesa nacional.
20. Ampliar a capacidade de atender aos compromissos internacionais de busca e salvamento.
tarefa prioritria para o Pas, o aprimoramento dos meios existentes e da capacitao do
pessoal envolvido com as atividades de busca e salvamento no territrio nacional, nas guas jurisdicionais
brasileiras e nas reas pelas quais o Brasil responsvel, em decorrncia de compromissos internacionais.
21. Desenvolver o potencial de mobilizao militar e nacional para assegurar a capacidade
dissuasria e operacional das Foras Armadas.
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Diante de eventual degenerao do quadro internacional, o Brasil e suas Foras Armadas
devero estar prontos para tomar medidas de resguardo do territrio, das linhas de comrcio martimo e
plataformas de petrleo e do espao areo nacionais. As Foras Armadas devero, tambm, estar
habilitadas a aumentar rapidamente os meios humanos e materiais disponveis para a defesa. Exprime-se o
imperativo de elasticidade em capacidade de mobilizao nacional e militar.
Ao decretar a mobilizao nacional, o Poder Executivo delimitar a rea em que ser
realizada e especificar as medidas necessrias sua execuo, como, por exemplo, poderes para assumir
o controle de recursos materiais, inclusive meios de transporte necessrios defesa, de acordo com a Lei
de Mobilizao Nacional. A mobilizao militar demanda a organizao de uma fora de reserva,
mobilizvel em tais circunstncias. Reporta-se, portanto, questo do futuro do Servio Militar
Obrigatrio.
Sem que se assegure a elasticidade para as Foras Armadas, seu poder dissuasrio e
defensivo ficar comprometido.
22. Capacitar a Base Industrial de Defesa para que conquiste autonomia em tecnologias
indispensveis defesa.
Regimes jurdico, regulatrio e tributrio especiais protegero as empresas privadas
nacionais de produtos de defesa contra os riscos do imediatismo mercantil e asseguraro continuidade nas
compras pblicas. A contrapartida a tal regime especial ser, porm, o poder estratgico que o Estado
exercer sobre tais empresas, a ser assegurado por um conjunto de instrumentos de direito privado ou de
direito pblico.
J o setor estatal de produtos de defesa ter por misso operar no teto tecnolgico,
desenvolvendo as tecnologias que as empresas privadas no possam alcanar ou obter, a curto ou mdio
prazo, de maneira rentvel.
A formulao e a execuo da poltica de obteno de produtos de defesa sero
centralizadas no Ministrio da Defesa, sob a responsabilidade da Secretaria de Produtos de Defesa
(SEPROD), admitida delegao na sua execuo.
A Base Industrial de Defesa ser incentivada a competir em mercados externos para
aumentar a sua escala de produo. A consolidao da Unio de Naes Sul-Americanas (UNASUL)
poder atenuar a tenso entre o requisito da independncia em produo de defesa e a necessidade de
compensar custo com escala, possibilitando o desenvolvimento da produo de defesa em conjunto com
outros pases da regio.
Sero buscadas parcerias com outros pases, com o propsito de desenvolver a capacitao
tecnolgica e a fabricao de produtos de defesa nacionais, de modo a eliminar, progressivamente, a
dependncia de servios e produtos importados.
Sempre que possvel, as parcerias sero construdas como expresses de associao
estratgica mais abrangente entre o Brasil e o pas parceiro. A associao ser manifestada em
colaboraes de defesa e de desenvolvimento, e ser pautada por duas ordens de motivaes bsicas: a
internacional e a nacional.
A motivao de ordem internacional ser trabalhar com o pas parceiro em prol de um
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maior pluralismo de poder e de viso no mundo. Esse trabalho conjunto passa por duas etapas. Na
primeira etapa, o objetivo a melhor representao de pases emergentes, inclusive o Brasil, nas
organizaes internacionais polticas e econmicas estabelecidas. Na segunda, o alvo a
reestruturao das organizaes internacionais, para que se tornem mais abertas s divergncias, s
inovaes e aos experimentos do que so as instituies nascidas ao trmino da Segunda Guerra Mundial.
A motivao de ordem nacional ser contribuir para a ampliao das instituies que
democratizem a economia de mercado e aprofundem a democracia, organizando o crescimento econmico
socialmente includente.
Dever, sempre que possvel, ser buscado o desenvolvimento de materiais que tenham uso
dual.
23. Manter o Servio Militar Obrigatrio.
O Servio Militar Obrigatrio uma das condies para que se possa mobilizar o povo
brasileiro em defesa da soberania nacional. , tambm, instrumento para afirmar a unidade da Nao,
independentemente de classes sociais, gerando oportunidades e incentivando o exerccio da cidadania.
Como o nmero dos alistados anualmente muito maior do que o nmero de recrutas de
que precisam as Foras Armadas, devero elas selecion-los segundo o vigor fsico, a aptido e a
capacidade intelectual, cuidando para que todas as classes sociais sejam representadas.
24. Participar da concepo e do desenvolvimento da infraestrutura estratgica do Pas, para
incluir requisitos necessrios Defesa Nacional.
A infraestrutura estratgica do Brasil dever contemplar estudos para emprego dual, ou
seja, atender sociedade e economia do Pas, bem como Defesa Nacional.
25. Inserir, nos cursos de altos estudos estratgicos de oficiais das trs foras, os princpios e
diretrizes da Estratgia Nacional de Defesa, inclusive aqueles que dizem respeito ao Estado-Maior
Conjunto.
Eixos Estruturantes
1. A Estratgia Nacional de Defesa organiza-se em torno de trs eixos estruturantes.
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as Foras Armadas devem se organizar e
se orientar para melhor desempenharem sua destinao constitucional e suas atribuies na paz e na
guerra. Enumeram-se diretrizes estratgicas relativas a cada uma das Foras e especifica-se a relao que
deve prevalecer entre elas. Descreve-se a maneira de transformar tais diretrizes em prticas e capacitaes
operacionais e prope-se a linha de evoluo tecnolgica necessria para assegurar que se concretizem.
A anlise das hipteses de emprego das Foras Armadas para resguardar o espao areo,
o territrio e as guas jurisdicionais brasileiras permite dar foco mais preciso s diretrizes estratgicas.
Nenhuma anlise de hipteses de emprego pode, porm, desconsiderar as ameaas do futuro. Por isso
mesmo, as diretrizes estratgicas e as capacitaes operacionais precisam transcender o horizonte
imediato que a experincia e o entendimento de hoje permitem descortinar.
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Ao lado da destinao constitucional, das atribuies, da cultura, dos costumes e das
competncias prprias de cada Fora e da maneira de sistematiz-las em uma estratgia de defesa
integrada, aborda-se o papel de trs setores decisivos para a defesa nacional: o espacial, o ciberntico e o
nuclear. Descreve-se como as trs Foras devem operar em rede entre si e em ligao com o
monitoramento do territrio, do espao areo e das guas jurisdicionais brasileiras.
O segundo eixo estruturante refere-se reorganizao da Base Industrial de Defesa, para
assegurar que o atendimento s necessidades de tais produtos por parte das Foras Armadas apoie-se em
tecnologias sob domnio nacional, preferencialmente as de emprego dual (militar e civil).
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composio dos efetivos das Foras Armadas e,
consequentemente, sobre o futuro do Servio Militar Obrigatrio. Seu propsito zelar para que as Foras
Armadas reproduzam, em sua composio, a prpria Nao para que elas no sejam uma parte da
Nao, pagas para lutar por conta e em benefcio das outras partes. O Servio Militar Obrigatrio deve,
pois, funcionar como espao republicano, no qual possa a Nao encontrar-se acima das classes sociais.
Objetivos Estratgicos das Foras Armadas
A Marinha do Brasil
1. Na maneira de conceber a relao entre as tarefas estratgicas de negao do uso do mar,
de controle de reas martimas e de projeo de poder, a Marinha do Brasil se pautar por um
desenvolvimento desigual e conjunto. Se aceitasse dar peso igual a todas as trs tarefas, seria grande o risco
de ser medocre em todas elas. Embora todas meream ser cultivadas, sero em determinada ordem e
sequncia.
A prioridade assegurar os meios para negar o uso do mar a qualquer concentrao de
foras inimigas que se aproxime do Brasil por via martima. A negao do uso do mar ao inimigo a que
organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos estratgicos, a estratgia de defesa martima do
Brasil. Essa prioridade tem implicaes para a reconfigurao das foras navais.
Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo, o Brasil precisa manter a
capacidade focada de projeo de poder e criar condies para controlar, no grau necessrio defesa e
dentro dos limites do direito internacional, as reas martimas e guas interiores de importncia poltico-
estratgica, econmica e militar, e tambm as suas linhas de comunicao martimas. A despeito dessa
considerao, a projeo de poder se subordina, hierarquicamente, negao do uso do mar.
A negao do uso do mar, o controle de reas martimas e a projeo de poder devem ter
por foco, sem hierarquizao de objetivos e de acordo com as circunstncias:
(a) defesa proativa das plataformas petrolferas;
(b) defesa proativa das instalaes navais e porturias, dos arquiplagos e das ilhas
ocenicas nas guas jurisdicionais brasileiras;
(c) prontido para responder a qualquer ameaa, por Estado ou por foras no
convencionais ou criminosas, s vias martimas de comrcio; e
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(d) capacidade de participar de operaes internacionais de paz, fora do territrio e das
guas jurisdicionais brasileiras, sob a gide das Naes Unidas ou de organismos multilaterais da regio.
A construo de meios para exercer o controle de reas martimas ter como foco as reas
estratgicas de acesso martimo ao Brasil. Duas reas do litoral continuaro a merecer ateno especial, do
ponto de vista da necessidade de controlar o acesso martimo ao Brasil: a faixa que vai de Santos a Vitria
e a rea em torno da foz do Rio Amazonas.
2. A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto tem implicaes para a reconfigurao
das foras navais. A implicao mais importante que a Marinha se reconstruir, por etapas, como uma
Fora balanceada entre o componente submarino, o componente de superfcie e o componente
aeroespacial.
3. Para assegurar a tarefa de negao do uso do mar, o Brasil contar com fora naval
submarina de envergadura, composta de submarinos convencionais e de submarinos de propulso nuclear.
O Brasil manter e desenvolver sua capacidade de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulso
convencional, como de propulso nuclear. Acelerar os investimentos e as parcerias necessrios para
executar o projeto do submarino de propulso nuclear. Armar os submarinos com msseis e desenvolver
capacitaes para projet-los e fabric-los. Cuidar de ganhar autonomia nas tecnologias cibernticas que
guiem os submarinos e seus sistemas de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com as outras foras
navais, terrestres e areas.
4. Para assegurar sua capacidade de projeo de poder, a Marinha possuir, ainda, meios de
Fuzileiros Navais, em permanente condio de pronto emprego. A existncia de tais meios tambm
essencial para a defesa das instalaes navais e porturias, dos arquiplagos e das ilhas ocenicas nas
guas jurisdicionais brasileiras, para atuar em operaes internacionais de paz e em operaes
humanitrias, em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, sero fundamentais para assegurar o
controle das margens durante as operaes ribeirinhas. O Corpo de Fuzileiros Navais consolidar-se-
como a fora de carter expedicionrio por excelncia.
5. A fora naval de superfcie contar tanto com navios de grande porte, capazes de operar e
de permanecer por longo tempo em alto mar, como com navios de porte menor, dedicados a patrulhar o
litoral e os principais rios navegveis brasileiros. Requisito para a manuteno de tal esquadra ser a
capacidade da Fora Area de trabalhar em conjunto com a Aviao Naval, para garantir o controle do ar
no grau desejado, em caso de conflito armado/guerra.
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicar especial ateno ao projeto e fabricao
de navios de propsitos mltiplos e navios-aerdromos.
A Marinha contar, tambm, com embarcaes de combate, de transporte e de patrulha,
ocenicas, litorneas e fluviais. Sero concebidas e fabricadas de acordo com a mesma preocupao de
versatilidade funcional que orientar a construo das belonaves de alto mar. A Marinha adensar sua
presena nas vias navegveis das duas grandes bacias fluviais, a do Amazonas e a do Paraguai-Paran,
empregando tanto navios-patrulha como navios-transporte, ambos guarnecidos por helicpteros adaptados
ao regime das guas.
A presena da Marinha nas bacias fluviais ser facilitada pela dedicao do Pas
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inaugurao de um paradigma multimodal de transporte. Esse paradigma contemplar a construo das
hidrovias do Paran-Tiet, do Madeira, do Tocantins-Araguaia e do Tapajs-Teles Pires. As barragens
sero, quando possvel, providas de eclusas, de modo a assegurar franca navegabilidade s hidrovias.
6. O monitoramento da superfcie do mar, a partir do espao, dever integrar o repertrio de
prticas e capacitaes operacionais da Marinha.
A partir dele, as foras navais, submarinas e de superfcie tero fortalecidas suas
capacidades de atuar em rede com as foras terrestre e area.
7. A constituio de uma fora e de uma estratgia navais que integrem os componentes
submarino, de superfcie e areo, permitir realar a flexibilidade com que se resguarda o objetivo
prioritrio da estratgia de segurana martima: a dissuaso, priorizando a negao do uso do mar ao
inimigo que se aproxime do Brasil, por meio do mar. Em amplo espectro de circunstncias de combate,
sobretudo quando a fora inimiga for muito mais poderosa, a fora de superfcie ser concebida e operada
como reserva ttica ou estratgica. Preferencialmente, e sempre que a situao ttica permitir, a fora de
superfcie ser engajada no conflito depois do emprego inicial da fora submarina, que atuar de maneira
coordenada com os veculos espaciais (para efeito de monitoramento) e com meios areos (para efeito de
fogo focado).
Esse desdobramento do combate em etapas sucessivas, sob a responsabilidade de
contingentes distintos, permitir, na guerra naval, a agilizao da alternncia entre a concentrao e a
desconcentrao de foras e o aprofundamento da flexibilidade a servio da surpresa.
8. Um dos elos entre a etapa preliminar do embate, sob a responsabilidade da fora submarina
e de suas contrapartes espacial e area, e a etapa subsequente, conduzida com o pleno engajamento da
fora naval de superfcie, ser a Aviao Naval, embarcada em navios. A Marinha trabalhar com a Base
Industrial de Defesa para desenvolver um avio verstil, que maximize o potencial areo defensivo e
ofensivo da Fora Naval.
9. A Marinha iniciar os estudos e preparativos para estabelecer, em lugar prprio, o mais
prximo possvel da foz do rio Amazonas, uma base naval de uso mltiplo, comparvel, na abrangncia e
na densidade de seus meios, Base Naval do Rio de Janeiro.
10. A Marinha acelerar o trabalho de instalao de suas bases de submarinos, convencionais e
de propulso nuclear.
O Exrcito Brasileiro
1. O Exrcito Brasileiro cumprir sua destinao constitucional e desempenhar suas
atribuies, na paz e na guerra, sob a orientao dos conceitos estratgicos de flexibilidade e de
elasticidade. A flexibilidade, por sua vez, inclui os requisitos estratgicos de monitoramento/controle e de
mobilidade.
Flexibilidade a capacidade de empregar foras militares com o mnimo de rigidez
preestabelecida e com o mximo de adaptabilidade circunstncia de emprego da fora. Na paz, significa
a versatilidade com que se substitui a presena ou a onipresena pela capacidade de se fazer presente
(mobilidade) luz da informao (monitoramento/controle). Na guerra, exige a capacidade de deixar o
inimigo em desequilbrio permanente, surpreendendo-o por meio da dialtica da desconcentrao e da
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concentrao de foras e da audcia com que se desfecha o golpe inesperado.
A flexibilidade relativiza o contraste entre o conflito convencional e o conflito no
convencional: reivindica, para as foras convencionais, alguns dos atributos de fora no convencional, e
firma a supremacia da inteligncia e da imaginao sobre o mero acmulo de meios materiais e humanos.
Por isso mesmo, rejeita a tentao de ver na alta tecnologia, alternativa ao combate, assumindo-a como
um reforo da capacidade operacional. Insiste no papel da surpresa. Transforma a incerteza em soluo,
em vez de encar-la como problema. Combina as defesas meditadas com os ataques fulminantes.
Elasticidade a capacidade de aumentar rapidamente o dimensionamento das foras
militares quando as circunstncias o exigirem, mobilizando, em grande escala, os recursos humanos e
materiais do Pas. A elasticidade exige, portanto, a construo de fora de reserva, mobilizvel de acordo
com as circunstncias. A base derradeira da elasticidade a integrao das Foras Armadas com a Nao.
O desdobramento da elasticidade reporta-se parte dessa Estratgia Nacional de Defesa, que trata do
futuro do Servio Militar Obrigatrio e da mobilizao nacional.
A flexibilidade depende, para sua afirmao plena, da elasticidade. O potencial da
flexibilidade, para dissuaso e para defesa, ficaria severamente limitado, se no fosse possvel, em caso de
necessidade, multiplicar os meios humanos e materiais das Foras Armadas. Por outro lado, a maneira de
interpretar e de efetuar o imperativo da elasticidade revela o desdobramento mais radical da flexibilidade.
A elasticidade a flexibilidade, traduzida no engajamento de toda a Nao em sua prpria defesa.
2. O Exrcito, embora seja empregado de forma progressiva nas crises e na guerra, deve ser
constitudo por meios modernos e por efetivos muito bem adestrados. A Fora dever manter-se em
permanente processo de transformao, buscando, desde logo, evoluir da era industrial para a era do
conhecimento. A concepo do Exrcito como vanguarda tem, como expresso prtica principal, a sua
reconstruo em mdulo brigada, que vem a ser o mdulo bsico de combate da Fora Terrestre. Na
composio atual do Exrcito, as brigadas das Foras de Ao Rpida Estratgicas so as que melhor
exprimem o ideal de flexibilidade.
O modelo de composio das Foras de Ao Rpida Estratgicas no precisa nem deve ser
seguido rigidamente, sem que se levem em conta os problemas operacionais prprios das diferentes
regies em conflito. Entretanto, todas as brigadas do Exrcito devem conter, em princpio, os seguintes
elementos, para que se generalize o atendimento do conceito da flexibilidade:
(a) Recursos humanos com elevada motivao e efetiva capacitao operacional, tpicas da
Brigada de Operaes Especiais, que hoje compe a reserva estratgica do Exrcito;
(b) Instrumentos de comando e controle, de tecnologia da informao, de comunicaes e
de monitoramento que lhes permitam operar em rede com outras unidades da Marinha, do Exrcito e da
Fora Area e receber informao fornecida pelo monitoramento do terreno a partir do ar e do espao;
(c) Instrumentos de mobilidade que lhes permitam deslocar-se rapidamente por terra, gua
e ar para a regio em conflito e dentro dela. Por ar e por gua, a mobilidade se efetuar comumente por
meio de operaes conjuntas com a Marinha e com a Fora Area; e
(d) Recursos logsticos capazes de manter a brigada mesmo em regies isoladas e inspitas
por um determinado perodo.
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A qualificao do mdulo brigada como vanguarda exige amplo espectro de meios
tecnolgicos, desde os menos sofisticados, tais como radar porttil e instrumental de viso noturna, at as
formas mais avanadas de comunicao entre as operaes terrestres e o monitoramento espacial.
O entendimento da mobilidade tem implicaes para a evoluo dos blindados, dos meios
mecanizados e da artilharia. Uma implicao desse entendimento harmonizar, no desenho dos blindados
e dos meios mecanizados, caractersticas tcnicas de proteo e movimento. Outra implicao nos
blindados, nos meios mecanizados e na artilharia priorizar o desenvolvimento de tecnologias capazes
de assegurar preciso na execuo do tiro.
3. A transformao de todo o Exrcito em vanguarda, com base no mdulo brigada, ter
prioridade sobre a estratgia de presena. Nessa transformao, ser prioritrio o aparelhamento baseado
no completamento e na modernizao dos sistemas operacionais das brigadas, para dot-las de capacidade
de rapidamente fazerem-se presentes.
A transformao ser, porm, compatibilizada com a estratgia da presena, em especial na
regio amaznica, em face dos obstculos mobilidade e concentrao de foras. Em todas as
circunstncias, as unidades militares situadas nas fronteiras funcionaro como destacamentos avanados
de vigilncia e de dissuaso.
Nos centros estratgicos do Pas polticos, industriais, cientfico-tecnolgicos e militares
a estratgia de presena do Exrcito concorrer tambm para o objetivo de se assegurar a capacidade de
defesa antiarea, em quantidade e em qualidade, sobretudo por meio de artilharia antiarea de mdia
altura.
4. O Exrcito continuar a manter reservas regionais e estratgicas, articuladas em dispositivo
de expectativa. A articulao para as reservas estratgicas dever permitir a rpida concentrao de tropas.
A localizao das reservas estratgicas dever ser objeto de contnua avaliao, luz das novas realidades
do Pas.
5. O Exrcito dever ter capacidade de projeo de poder, constituindo uma Fora, quer
expedicionria, quer para operaes de paz, ou de ajuda humanitria, para atender compromissos
assumidos sob a gide de organismos internacionais ou para salvaguardar interesses brasileiros no
exterior.
6. O monitoramento/controle, como componente do imperativo de flexibilidade, exigir que,
entre os recursos espaciais, haja um vetor sob integral domnio nacional, ainda que parceiros estrangeiros
participem do seu projeto e da sua implementao, incluindo:
(a) a fabricao de veculos lanadores de satlites;
(b) a fabricao de satlites de baixa e de alta altitude, sobretudo de satlites
geoestacionrios, de mltiplos usos;
(c) o desenvolvimento de alternativas nacionais aos sistemas de localizao e de
posicionamento, dos quais o Brasil depende, passando pelas necessrias etapas internas de evoluo
dessas tecnologias;
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(d) os meios areos e terrestres para monitoramento focado, de alta resoluo; e
(e) as capacitaes e os instrumentos cibernticos necessrios para assegurar comunicaes
entre os monitores espaciais e areos e a fora terrestre.
7. A mobilidade, como componente do imperativo de flexibilidade, requerer o
desenvolvimento de veculos terrestres e de meios areos de combate e de transporte. Demandar,
tambm, a reorganizao das relaes com a Marinha e com a Fora Area, de maneira a assegurar, tanto
na cpula dos Estados-Maiores, como na base dos contingentes operacionais, a capacidade de atuar como
uma nica fora.
8. Monitoramento/controle e mobilidade tm seu complemento em medidas destinadas a
assegurar, ainda no mdulo brigada, a obteno do efetivo poder de combate. Algumas dessas medidas
so tecnolgicas: o desenvolvimento de sistemas de armas e de guiamento que permitam preciso no
direcionamento do tiro e o desenvolvimento da capacidade de fabricar munies de todos os tipos,
excludas aquelas banidas por tratados internacionais do qual o Brasil faz parte. Outras medidas so
operacionais: a consolidao de um repertrio de prticas e de capacitaes que proporcionem Fora
Terrestre os conhecimentos e as potencialidades, tanto para o combate convencional, quanto para o no
convencional, capaz de operar com adaptabilidade nas condies imensamente variadas do territrio
nacional. Outra medida ainda mais importante educativa: a formao de um militar que rena
qualificao e rusticidade.
9. A defesa da regio amaznica ser encarada, na atual fase da Histria, como o foco de
concentrao das diretrizes resumidas sob o rtulo dos imperativos de monitoramento/ controle e de
mobilidade. No exige qualquer exceo a tais diretrizes e refora as razes para segui-las. As adaptaes
necessrias sero as requeridas pela natureza daquela regio em conflito: a intensificao das tecnologias
e dos dispositivos de monitoramento a partir do espao, do ar e da terra; a primazia da transformao da
brigada em uma fora com atributos tecnolgicos e operacionais; os meios logsticos e areos para apoiar
unidades de fronteira isoladas em reas remotas, exigentes e vulnerveis; e a formao de um combatente
detentor de qualificao e de rusticidade necessrias proficincia de um combatente de selva.
O desenvolvimento sustentvel da regio amaznica passar a ser visto, tambm, como
instrumento da defesa nacional: s ele pode consolidar as condies para assegurar a soberania nacional
sobre aquela regio. Dentro dos planos para o desenvolvimento sustentvel da Amaznia, caber papel
primordial regularizao fundiria. Para defender a Amaznia, ser preciso ampliar a segurana jurdica
e reduzir os conflitos decorrentes dos problemas fundirios ainda existentes.
10. Atender ao imperativo da elasticidade ser preocupao especial do Exrcito, pois ,
sobretudo, a Fora Terrestre que ter de multiplicar-se, em caso de conflito armado/guerra.
11. Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade culminam no preparo para uma guerra
assimtrica, sobretudo na regio amaznica, a ser sustentada contra inimigo de poder militar muito
superior, por ao de um pas ou de uma coligao de pases que insista em contestar, a qualquer pretexto,
a incondicional soberania brasileira sobre a sua Amaznia.
A preparao para tal guerra no consiste apenas em ajudar a evitar o que hoje uma
hiptese remota: a de envolvimento do Brasil em uma guerra de grande escala. , tambm, aproveitar
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disciplina til para a formao de sua doutrina militar e de suas capacitaes operacionais. Um exrcito
que conquistou os atributos de flexibilidade e de elasticidade um exrcito que sabe conjugar as aes
convencionais com as no convencionais. A guerra assimtrica, no quadro de uma guerra de resistncia
nacional, representa uma efetiva possibilidade da doutrina aqui especificada.
Cada uma das condies, a seguir listadas, para a conduo exitosa da guerra de resistncia
deve ser interpretada como advertncia orientadora da maneira de desempenhar as responsabilidades do
Exrcito:
(a) Ver a Nao identificada com a causa da defesa. Toda a estratgia nacional repousa
sobre a conscientizao do povo brasileiro quanto importncia central dos problemas de defesa;
(b) Juntar a soldados regulares, fortalecidos com atributos de soldados no convencionais,
as reservas mobilizadas, de acordo com o conceito da elasticidade;
(c) Contar com um soldado resistente que, alm dos pendores de qualificao e de
rusticidade, seja tambm, no mais alto grau, tenaz. Sua tenacidade se inspirar na identificao da Nao
com a causa da defesa;
(d) Sustentar, sob condies adversas e extremas, a capacidade de comando e controle
entre as foras combatentes;
(e) Construir e manter, mesmo sob condies adversas e extremas, o poder de apoio
logstico s foras combatentes; e
(f) Saber aproveitar ao mximo as caractersticas do ambiente.
A Fora Area Brasileira
1. Quatro objetivos estratgicos orientam a misso da Fora Area Brasileira e fixam o lugar
de seu trabalho dentro da Estratgia Nacional de Defesa. Esses objetivos esto encadeados em
determinada ordem: cada um condiciona a definio e a execuo dos objetivos subsequentes.
(a) A prioridade da vigilncia area.
Exercer a vigilncia do espao areo, sobre o territrio nacional e as guas jurisdicionais
brasileiras, com a assistncia dos meios espaciais, areos, terrestres e martimos, a primeira das
responsabilidades da Fora Area e a condio essencial para impedir o sobrevoo de engenhos areos
contrrios ao interesse nacional. A estratgia da Fora Area ser a de cercar o Brasil com sucessivas e
complementares camadas de visualizao, condicionantes da prontido para responder. Implicao prtica
dessa tarefa que a Fora Area precisar contar com plataformas e sistemas prprios para monitorar, e
no apenas para combater e transportar, particularmente na regio amaznica.
O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), integrador dessas camadas,
dispor de um complexo de monitoramento, incluindo o uso de veculos lanadores, satlites, avies de
inteligncia e respectivos aparatos de visualizao e de comunicaes, que estejam sob integral domnio
nacional.
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O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) ser fortalecido como
rgo central da defesa aeroespacial e do controle de engenhos espaciais, incumbido de liderar e de
integrar todos os meios de monitoramento aeroespacial do Pas. A Base Industrial de Defesa ser
orientada a dar a mais alta prioridade ao desenvolvimento das tecnologias necessrias, inclusive quelas
que viabilizem independncia do sistema Global Positioning System (GPS) ou de qualquer outro sistema
de posicionamento estrangeiro. O potencial para contribuir com tal independncia tecnolgica pesar na
escolha das parcerias com outros pases, em matria de tecnologias de defesa.
(b) O poder para assegurar o controle do ar no grau desejado.
Em qualquer hiptese de emprego, a Fora Area ter a responsabilidade de assegurar o
controle do ar no grau desejado. Do cumprimento dessa responsabilidade, depender, em grande parte, a
viabilidade das operaes navais e das operaes das foras terrestres no interior do Pas. O potencial de
garantir superioridade area local ser o primeiro passo para afirmar o controle do ar no grau desejado
sobre o territrio e as guas jurisdicionais brasileiras.
Impe, como consequncia, evitar qualquer hiato de desproteo area decorrente dos
processos de substituio da frota de avies de combate, dos sistemas de armas e armamentos inteligentes
embarcados, inclusive dos sistemas inerciais que permitam dirigir o fogo ao alvo com exatido e alm do
alcance visual.
(c) A capacidade para levar o combate a pontos especficos do territrio nacional, em
conjunto com a Marinha e o Exrcito, constituindo uma nica fora combatente, sob a disciplina do teatro
de operaes.
A primeira implicao a necessidade de dispor de avies de transporte em nmero
suficiente para deslocar, em poucas horas, os meios para garantir o controle do ar e uma brigada da
reserva estratgica, para qualquer ponto do territrio nacional. Unidades de transporte areo ficaro
baseadas prximas s reservas estratgicas da Fora Terrestre.
A segunda implicao a necessidade de contar com sistemas de armas de grande preciso,
capazes de permitir a adequada discriminao de alvos em situaes nas quais foras nacionais podero
estar entremeadas ao inimigo.
A terceira implicao a necessidade de dispor de suficientes e adequados meios de
transporte para apoiar a aplicao da estratgia da presena do Exrcito na regio amaznica e no Centro-
Oeste, sobretudo as atividades operacionais e logsticas realizadas pelas unidades da Fora Terrestre
situadas na fronteira.
(d) O domnio de um potencial estratgico que se organize em torno de uma capacidade,
no em torno de um inimigo.
A ndole pacfica do Brasil no elimina a necessidade de assegurar Fora Area o pleno
domnio desse potencial aeroestratgico, sem o qual ela no estar em condies de defender o Brasil,
nem mesmo dentro dos mais estritos limites de uma guerra defensiva. Para tanto, precisa contar com
todos os meios relevantes: plataformas, sistemas de armas, subsdios cartogrficos e recursos de
inteligncia.
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2. Na regio amaznica, o atendimento a esses objetivos exigir que a Fora Area disponha
de unidades com recursos tcnicos para assegurar a operacionalidade das pistas de pouso remotas e das
instalaes de proteo ao vo nas situaes de vigilncia e de combate.
3. O complexo tecnolgico e cientfico sediado em So Jos dos Campos continuar a ser o
sustentculo da Fora Area e de seu futuro. De sua importncia central, resultam os seguintes
imperativos estratgicos:
(a) Priorizar a formao, dentro e fora do Brasil, dos quadros tcnico-cientficos, militares
e civis, que permitam alcanar a independncia tecnolgica;
(b) Desenvolver projetos tecnolgicos que se distingam por sua fecundidade tecnolgica
(aplicao anloga a outras reas) e por seu significado transformador (alterao revolucionria das
condies de combate), no apenas por sua aplicao imediata;
(c) Estreitar os vnculos entre os Institutos de Pesquisa do Departamento de Cincia e
Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e as empresas privadas, resguardando sempre os interesses do Estado
quanto proteo de patentes e propriedade industrial;
(d) Promover o desenvolvimento, em So Jos dos Campos ou em outros lugares, de
adequadas condies de ensaio; e
(e) Enfrentar o problema da vulnerabilidade estratgica criada pela concentrao de
iniciativas no complexo tecnolgico e empresarial de So Jos dos Campos. Preparar imediata defesa
antiarea do complexo.
4. Dentre todas as preocupaes a enfrentar no desenvolvimento da Fora Area, a que inspira
cuidados mais vivos e prementes a maneira de substituir os atuais avies de combate, uma vez esgotada
a possibilidade de prolongar-lhes a vida por modernizao de seus sistemas de armas, de sua avinica e de
partes de sua estrutura e fuselagem.
O Brasil confronta, nesse particular, dilema corriqueiro em toda parte: manter a prioridade
das capacitaes futuras sobre os gastos atuais, sem tolerar desproteo area. Precisa investir nas
capacidades que lhe assegurem potencial de fabricao independente de seus meios areos e antiareos de
defesa. No pode, porm, aceitar ficar desfalcado de um escudo areo, enquanto rene as condies para
ganhar tal independncia. A soluo a dar a esse problema to importante, e exerce efeitos to variados
sobre a situao estratgica do Pas na Amrica do Sul e no mundo, que transcende uma mera discusso
de equipamento e merece ser entendida como parte integrante desta Estratgia Nacional de Defesa.
O princpio genrico da soluo a rejeio das solues extremas simplesmente
comprar, no mercado internacional, um caa de quinta gerao, ou sacrificar a compra para investir na
modernizao dos avies existentes, nos projetos de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), no
desenvolvimento, junto com outro pas, do prottipo de um caa tripulado do futuro e na formao macia
de quadros cientficos e tcnicos.
Considerao que poder ser decisiva a necessidade de preferir a opo que minimize a
dependncia tecnolgica ou poltica em relao a qualquer fornecedor que, por deter componentes do
avio a comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta dessa participao, inibir ou influir sobre
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iniciativas de defesa desencadeadas pelo Brasil.
5. Trs diretrizes estratgicas marcaro a evoluo da Fora Area. Cada uma dessas
diretrizes representa muito mais do que uma tarefa, uma oportunidade de transformao.
A primeira diretriz o desenvolvimento do repertrio de tecnologias e de capacitaes que
permitam Fora Area operar em rede, no s entre seus prprios componentes, mas, tambm, com a
Marinha e o Exrcito.
A segunda diretriz o avano nos programas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP),
primeiro de vigilncia e depois de combate. Os ARP podero vir a ser meios centrais, no meramente
acessrios, do combate areo, alm de facultar patamar mais exigente de preciso no
monitoramento/controle do territrio nacional. A Fora Area absorver as implicaes desse meio de
vigilncia e de combate para as suas orientaes ttica e estratgica. Formular doutrina sobre a interao
entre os veculos tripulados e no tripulados que aproveite o novo meio para radicalizar o poder de
surpreender, sem expor as vidas dos pilotos.
A terceira diretriz a integrao das atividades espaciais nas operaes da Fora Area. O
monitoramento espacial ser parte integral e condio indispensvel do cumprimento das tarefas
estratgicas que orientaro a Fora Area: vigilncia mltipla e cumulativa, grau de controle do ar
desejado e combate focado no contexto de operaes conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de
veculos lanadores servir como instrumento amplo, no s para apoiar os programas espaciais, mas
tambm para desenvolver tecnologia nacional de projeto e de fabricao de msseis.
Os setores estratgicos: o espacial, o ciberntico e o nuclear
1. Trs setores estratgicos o espacial, o ciberntico e o nuclear so essenciais para a
defesa nacional.
2. No setor espacial, as prioridades so as seguintes:
(a) Projetar e fabricar veculos lanadores de satlites e desenvolver tecnologias de
guiamento, sobretudo sistemas inerciais e tecnologias de propulso lquida;
(b) Projetar e fabricar satlites, sobretudo os geoestacionrios, para telecomunicaes e
sensoriamento remoto de alta resoluo, multiespectral, e desenvolver tecnologias de controle de atitude
dos satlites;
(c) Desenvolver tecnologias de comunicaes, comando e controle a partir de satlites,
com as foras terrestres, areas e martimas, inclusive submarinas, para que elas se capacitem a operar em
rede e a se orientar por informaes deles recebidas; e
(d) Desenvolver tecnologia de determinao de posicionamento geogrfico a partir de
satlites.
3. No setor ciberntico, as capacitaes se destinaro ao mais amplo espectro de usos
industriais, educativos e militares. Incluiro, como parte prioritria, as tecnologias de comunicao entre
todos os contingentes das Foras Armadas, de modo a assegurar sua capacidade para atuar em rede. As
prioridades so as seguintes:
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(a) Fortalecer o Centro de Defesa Ciberntica com capacidade de evoluir para o Comando
de Defesa Ciberntica das Foras Armadas;
(b) Aprimorar a Segurana da Informao e Comunicaes (SIC), particularmente, no
tocante cerificao digital no contexto da Infraestrutura de Chaves-Pblicas da Defesa (ICP-Defesa),
integrando as ICP das trs Foras;
(c) Fomentar a pesquisa cientfica voltada para o Setor Ciberntico, envolvendo a
comunidade acadmica nacional e internacional. Nesse contexto, os Ministrios da Defesa, da Fazenda,
da Cincia, Tecnologia e Inovao, da Educao, do Planejamento, Oramento e Gesto, a Secretaria de
Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica e o Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia
da Repblica devero elaborar estudo com vistas criao da Escola Nacional de Defesa Ciberntica;
(d) Desenvolver sistemas computacionais de defesa baseados em computao de alto
desempenho para emprego no setor ciberntico e com possibilidade de uso dual;
(e) Desenvolver tecnologias que permitam o planejamento e a execuo da Defesa
Ciberntica no mbito do Ministrio da Defesa e que contribuam com a segurana ciberntica nacional,
tais como sistema modular de defesa ciberntica e sistema de segurana em ambientes computacionais;
(f) Desenvolver a capacitao, o preparo e o emprego dos poderes cibernticos operacional
e estratgico, em prol das operaes conjuntas e da proteo das infraestruturas estratgicas;
(g) Incrementar medidas de apoio tecnolgico por meio de laboratrios especficos
voltados para as aes cibernticas; e
(h) Estruturar a produo de conhecimento oriundo da fonte ciberntica.
4. O setor nuclear transcende, por sua natureza, a diviso entre desenvolvimento e defesa.
Por imperativo constitucional e por tratado internacional, privou-se o Brasil da faculdade
de empregar a energia nuclear para qualquer fim que no seja pacfico. Isso foi feito sob vrias premissas,
das quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear das potncias nucleares.
Nenhum pas mais atuante do que o Brasil na causa do desarmamento nuclear. Entretanto
o Brasil, ao proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, no se deve despojar da tecnologia
nuclear. Deve, pelo contrrio, desenvolv-la, inclusive por meio das seguintes iniciativas:
(a) Completar, no que diz respeito ao programa de submarino de propulso nuclear, a
nacionalizao completa e o desenvolvimento em escala industrial do ciclo do combustvel (inclusive a
gaseificao e o enriquecimento) e da tecnologia da construo de reatores, para uso exclusivo do Brasil;
(b) Acelerar o mapeamento, a prospeco e o aproveitamento das jazidas de urnio;
(c) Aprimorar o potencial de projetar e construir termeltricas nucleares, com tecnologias e
capacitaes que acabem sob domnio nacional, ainda que desenvolvidas por meio de parcerias com
Estados e empresas estrangeiras. Empregar a energia nuclear criteriosamente, e sujeit-la aos mais
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rigorosos controles de segurana e de proteo do meio ambiente, como forma de estabilizar a matriz
energtica nacional, ajustando as variaes no suprimento de energias renovveis, sobretudo a energia de
origem hidreltrica; e
(d) Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo espectro de atividades.
O Brasil zelar por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas
tecnologias de energia nuclear. No aderir a acrscimos ao Tratado de No Proliferao de Armas
Nucleares destinados a ampliar as restries do Tratado sem que as potncias nucleares tenham avanado,
de forma significativa, na premissa central do Tratado: seu prprio desarmamento nuclear.
5. A primeira prioridade do Estado na poltica dos trs setores estratgicos ser a formao de
recursos humanos nas cincias relevantes. Para tanto, ajudar a financiar os programas de pesquisa e de
formao nas universidades brasileiras e nos centros nacionais de pesquisa e aumentar a oferta de bolsas
de doutoramento e de ps-doutoramento nas instituies internacionais pertinentes. Essa poltica de apoio
no se limitar cincia aplicada, de emprego tecnolgico imediato. Beneficiar, tambm, a cincia
fundamental e especulativa.
6. Nos trs setores, as parcerias com outros pases e as compras de produtos e servios no
exterior devem ser compatibilizadas com o objetivo de assegurar espectro abrangente de capacitaes e de
tecnologias sob domnio nacional.
A reorganizao da Base Industrial de Defesa: desenvolvimento tecnolgico independente
1. A defesa do Brasil requer a reorganizao da Base Industrial de Defesa (BID) - formada
pelo conjunto integrado de empresas pblicas e privadas, e de organizaes civis e militares, que realizem
ou conduzam pesquisa, projeto, desenvolvimento, industrializao, produo, reparo, conservao,
reviso, converso, modernizao ou manuteno de produtos de defesa (Prode) no Pas o que deve ser
feito de acordo com as seguintes diretrizes:
(a) Dar prioridade ao desenvolvimento de capacitaes tecnolgicas independentes.
Essa meta condicionar as parcerias com pases e empresas estrangeiras, ao
desenvolvimento progressivo de pesquisa e de produo no Pas.
(b) Subordinar as consideraes comerciais aos imperativos estratgicos.
Isso importa em organizar o regime legal, regulatrio e tributrio da Base Industrial de
Defesa, para que reflita tal subordinao.
(c) Evitar que a Base Industrial de Defesa polarize-se entre pesquisa avanada e produo
rotineira.
Deve-se cuidar para que a pesquisa de vanguarda resulte em produo de vanguarda.
(d) Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa como foco para o desenvolvimento de
capacitaes operacionais.
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Isso implica buscar a modernizao permanente das plataformas, seja pela reavaliao luz
da experincia operacional, seja pela incorporao de melhorias provindas do desenvolvimento
tecnolgico.
2. Estabeleceu-se, para a Base Industrial de Defesa, a Lei no 12.598, de 22 de maro de 2012,
que tem por finalidade determinar normas especiais para as compras, contrataes e desenvolvimento de
produtos e sistemas de defesa e dispe sobre regras de incentivo rea estratgica de Defesa.
Tal regime resguardar as empresas que fornecem produtos de defesa s Foras Armadas,
das presses do imediatismo mercantil e possibilitar a continuidade das compras pblicas, sem
prejudicar a competio no mercado e o desenvolvimento de novas tecnologias.
3. O componente estatal da Base Industrial de Defesa ter por vocao produzir o que o setor
privado no possa projetar e fabricar, a curto e mdio prazo, de maneira rentvel. Atuar, portanto, no
teto, e no no piso tecnolgico. Manter estreito vnculo com os centros avanados de pesquisa das
prprias Foras Armadas e das instituies acadmicas brasileiras.
4. O Estado ajudar a conquistar clientela estrangeira para a Base Industrial de Defesa.
Entretanto, a continuidade da produo deve ser organizada para no depender da conquista ou da
continuidade de tal clientela. Portanto, o Estado reconhecer que, em muitas linhas de produo, aquela
indstria ter de operar em sistema de custo mais margem e, por conseguinte, sob intenso escrutnio
regulatrio.
5. O futuro das capacitaes tecnolgicas nacionais de defesa depende tanto do
desenvolvimento de aparato tecnolgico, quanto da formao de recursos humanos. Da a importncia de
se desenvolver uma poltica de formao de cientistas, em cincia aplicada e bsica, j abordada no
tratamento dos setores espacial, ciberntico e nuclear, privilegiando a aproximao da produo cientfica
com as atividades relativas ao desenvolvimento tecnolgico da BID.
6. No esforo de reorganizar a Base Industrial de Defesa, buscar-se-o parcerias com outros
pases, com o objetivo de desenvolver a capacitao tecnolgica nacional, de modo a reduzir
progressivamente a compra de servios e de produtos acabados no exterior. A esses interlocutores
estrangeiros, o Brasil deixar sempre claro que pretende ser parceiro, no cliente ou comprador. O Pas
est mais interessado em parcerias que fortaleam suas capacitaes independentes, do que na compra de
produtos e servios acabados. Tais parcerias devem contemplar, em princpio, que parte substancial da
pesquisa e da fabricao seja desenvolvida no Brasil, e ganharo relevo maior, quando forem expresso de
associaes estratgicas abrangentes.
7. Conforme previsto na END/2008, o Ministrio da Defesa dispe de uma Secretaria de
Produtos de Defesa (SEPROD).
O Secretrio responsvel por executar as diretrizes fixadas pelo Ministro da Defesa e,
com base nelas, formular e dirigir a poltica de obteno de produtos de defesa, inclusive armamentos,
munies, meios de transporte e de comunicaes, fardamentos e materiais de uso individual e coletivo,
empregados nas atividades operacionais.
8. A SEPROD, responsvel pela rea de Cincia e Tecnologia no Ministrio da Defesa tem,
entre as suas atribuies, a coordenao da pesquisa avanada em tecnologias de defesa que se realize nos
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institutos de pesquisa da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, e em outras organizaes subordinadas
s Foras Armadas.
O objetivo implementar uma poltica tecnolgica integrada, que evite duplicao;
compartilhe quadros, ideias e recursos; e prime por construir elos entre pesquisa e produo, sem perder
contato com avanos em cincias bsicas. Para assegurar a consecuo desses objetivos, a Secretaria far
com que muitos projetos de pesquisa sejam realizados conjuntamente pelas instituies de tecnologia
avanada das trs Foras Armadas. Alguns desses projetos conjuntos podero ser organizados com
personalidade prpria, seja como empresas de propsitos especficos, seja sob outras formas jurdicas.
Os projetos sero escolhidos e avaliados no s pelo seu potencial produtivo imediato, mas
tambm, por sua fecundidade tecnolgica: sua utilidade como fonte de inspirao e de capacitao para
iniciativas anlogas.
9. A relao entre Cincia, Tecnologia e Inovao na rea de defesa fortalece-se com o Plano
Brasil Maior, que substituiu a Poltica de Desenvolvimento Produtivo (PDP), no qual o Governo federal
estabelece a sua poltica industrial, tecnolgica, de servios e de comrcio exterior para o perodo de 2011
a 2014. O foco deste Plano o estmulo inovao e produo nacional para alavancar a
competitividade da indstria nos mercados interno e externo.
10. A Poltica de Cincia, Tecnologia e Inovao para a Defesa Nacional tem como propsito
estimular o desenvolvimento cientfico e tecnolgico e a inovao em reas de interesse para a defesa
nacional.
Isso ocorrer por meio de um planejamento nacional para desenvolvimento de produtos de
alto contedo tecnolgico, com envolvimento coordenado das instituies cientficas e tecnolgicas (ICT)
civis e militares, da indstria e da universidade, com a definio de reas prioritrias e suas respectivas
tecnologias de interesse e a criao de instrumentos de fomento pesquisa de materiais, equipamentos e
sistemas de emprego de defesa ou dual, de forma a viabilizar uma vanguarda tecnolgica e operacional
pautada na mobilidade estratgica, na flexibilidade e na capacidade de dissuadir ou de surpreender.
Projetos de interesse comum a mais de uma Fora devero ter seus esforos de pesquisa
integrados, definindo-se, no plano especificado, para cada um deles, um polo integrador.
No que respeita utilizao do espao exterior como meio de suporte s atividades de
defesa, os satlites para comunicaes, controle de trfego areo, meteorologia e sensoriamento remoto
desempenharo papel fundamental na viabilizao de diversas funes em sistemas de comando e
controle. As capacidades de alerta, vigilncia, monitoramento e reconhecimento podero, tambm, ser
aperfeioadas por meio do uso de sensores pticos e de radar, a bordo de satlites ou Aeronaves
Remotamente Pilotadas (ARP).
Sero consideradas, nesse contexto, as plataformas e misses espaciais em
desenvolvimento, para fins civis, tais como satlites de monitoramento ambiental e cientficos, ou
satlites geoestacionrios de comunicaes e meteorologia, no mbito do Programa Nacional de
Atividades Espaciais PNAE.
A concepo, o projeto e a operao dos sistemas espaciais devem observar a legislao
internacional, os tratados, bilaterais e multilaterais, ratificados pelo Pas, e os regimes internacionais dos
quais o Brasil signatrio.
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As medidas descritas tm respaldo na parceria entre o Ministrio da Defesa e o Ministrio
da Cincia, Tecnologia e Inovao, que remonta Concepo Estratgica para CT&I de Interesse da
Defesa.
11. O Ministro da Defesa delegar aos rgos das trs Foras, poderes para executarem a
poltica formulada pela Secretaria quanto a encomendas e compras de produtos especficos de sua rea,
sujeita, tal execuo, avaliao permanente pelo Ministrio.
O objetivo que a poltica de compras de produtos de defesa seja capaz de:
(a) otimizar o dispndio de recursos;
(b) assegurar que as compras obedeam s diretrizes da Estratgia Nacional de Defesa e de
sua elaborao, ao longo do tempo; e
(c) garantir, nas decises de compra, a primazia do compromisso com o desenvolvimento
das capacitaes tecnolgicas nacionais em produtos de defesa.
12. Resguardados os interesses de segurana do Estado quanto ao acesso a informaes, sero
estimuladas iniciativas conjuntas entre organizaes de pesquisa das Foras Armadas, instituies
acadmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. O objetivo ser fomentar o desenvolvimento de um
complexo militar universitrio-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias que tero quase
sempre utilidade dual, militar e civil.
O servio militar obrigatrio: composio dos efetivos das Foras Armadas e Mobilizao Nacional
1. A base da defesa nacional a identificao da Nao com as Foras Armadas e das Foras
Armadas com a Nao. Tal identificao exige que a Nao compreenda serem inseparveis as causas do
desenvolvimento e da defesa.
O Servio Militar Obrigatrio essencial para a garantia da defesa nacional. Por isso ser
mantido e reforado.
2. O Ministrio da Defesa, ouvidas as Foras Armadas, estabelecer a proporo de recrutas e
de soldados profissionais de acordo com as necessidades de pronto emprego e da organizao de uma
reserva mobilizvel que assegure o crescimento do poder militar como elemento dissuasrio. No Exrcito,
respeitada a necessidade de especialistas, e ressalvadas as imposies operacionais das Foras de
Emprego Estratgico, a maioria do efetivo de soldados dever ser de recrutas do Servio Militar
Obrigatrio. Na Marinha e na Fora Area, a necessidade de contar com especialistas, formados ao longo
de vrios anos, dever ter como contrapeso a importncia estratgica de manter abertos os canais do
recrutamento.
O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os valores do recrutamento h de ser
atenuado por meio da educao tcnica e geral, porm de orientao analtica e capacitadora que ser
ministrada aos recrutas ao longo do perodo de servio.
3. Para garantir que o Servio Militar Obrigatrio seja o mais amplo possvel, os recrutas
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sero selecionados por dois critrios principais. O primeiro ser a combinao do vigor fsico com a
capacidade analtica, medida de maneira independente do nvel de informao ou de formao cultural de
que goze o recruta. O segundo ser o da representao de todas as classes sociais e regies do Pas.
4. O Servio Militar evoluir em conjunto com as providncias para assegurar a mobilizao
nacional em caso de necessidade, de acordo com a Lei de Mobilizao Nacional. O Brasil entender, em
todo o momento, que sua defesa depende do potencial de mobilizar recursos humanos e materiais em
grande escala, muito alm do efetivo das suas Foras Armadas em tempo de paz. Jamais tratar a
evoluo tecnolgica como alternativa mobilizao nacional; aquela ser entendida como instrumento
desta. Ao assegurar a flexibilidade de suas Foras Armadas, assegurar tambm a elasticidade delas.
5. importante para a defesa nacional que o oficialato seja representativo de todos os setores
da sociedade brasileira. A ampla representao de todas as classes sociais nas academias militares
imperativo de segurana nacional. Duas condies so indispensveis para que se alcance esse objetivo. A
primeira que a carreira militar seja remunerada com vencimentos competitivos com outras valorizadas
carreiras do Estado. A segunda condio que a Nao abrace a causa da defesa e nela identifique
requisito para o engrandecimento do povo brasileiro.
Concluso
A Estratgia Nacional de Defesa inspira-se em duas realidades que lhe garantem a
viabilidade e lhe indicam o rumo.
A primeira realidade a capacidade de improvisao e adaptao, o pendor para criar
solues quando faltam instrumentos, a disposio de enfrentar as agruras da natureza e da sociedade,
enfim, a capacidade quase irrestrita de adaptao que permeia a cultura brasileira. esse o fato que
permite efetivar o conceito de flexibilidade.
A segunda realidade o sentido do compromisso nacional no Brasil. A Nao brasileira foi
e um projeto do povo brasileiro; foi ele que sempre abraou a ideia de nacionalidade e lutou para
converter a essa ideia os quadros dirigentes e letrados. Esse fato a garantia profunda da identificao da
Nao com as Foras Armadas e dessas com a Nao.
Do encontro dessas duas realidades, complementadas pela necessidade de viso e
planejamento estratgicos direcionados para as questes de defesa, resultaram as diretrizes da Estratgia
Nacional de Defesa.
Medidas de Implementao
A segunda parte da Estratgia Nacional de Defesa complementa a formulao sistemtica
contida na primeira.
Est dividida em trs partes. A primeira aborda o contexto, enumerando circunstncias que
ajudam a precisar-lhe os objetivos e a explicar-lhe os mtodos. A segunda destaca como a Estratgia ser
aplicada a um espectro, amplo e representativo, de problemas atuais enfrentados pelas Foras Armadas e,
com isso, tornar mais claras sua doutrina e suas exigncias. A terceira enumera as aes estratgicas que
indicam o caminho que levar o Brasil, de onde est para onde deve ir, na organizao de sua defesa.
Contexto
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Podem ser considerados como principais aspectos positivos do atual quadro da defesa
nacional:
- Foras Armadas identificadas com a sociedade brasileira, com altos ndices de
confiabilidade;
- adaptabilidade do brasileiro s situaes novas e inusitadas, criando situao propcia a
uma cultura militar pautada pelo conceito da flexibilidade;
- excelncia do ensino nas Foras Armadas, no que diz respeito metodologia e
atualizao em relao s modernas tticas e estratgias de emprego de meios militares, incluindo o uso
de concepes prprias, adequadas aos ambientes operacionais de provvel emprego; e
- incorporao do CENSIPAM estrutura organizacional do Ministrio da Defesa,
agregando sua base de dados atualizada, conceitos de emprego dual da informao e a integrao de
informaes de rgos civis com atuao na Amaznia brasileira.
Por outro lado, apesar dos esforos desenvolvidos nos ltimos anos, configuram-se ainda
como vulnerabilidades da atual estrutura de defesa do Pas:
- o envolvimento, ainda no significativo, da sociedade brasileira com os assuntos de
defesa;
- a histrica descontinuidade na alocao de recursos oramentrios para a defesa;
- a desatualizao tecnolgica de alguns equipamentos das Foras Armadas; e a
dependncia em relao a produtos de defesa estrangeiros;
- a distribuio espacial das Foras Armadas no territrio nacional, ainda no
completamente ajustada, ao atendimento s necessidades estratgicas;
- a atual inexistncia de carreira civil na rea de defesa, mesmo sendo uma funo de
Estado;
- o estgio da pesquisa cientfica e tecnolgica para o desenvolvimento de material de
emprego militar e produtos de defesa;
- a carncia de programas para aquisio de produtos de defesa, calcados em planos
plurianuais;
- os bloqueios tecnolgicos impostos por pases desenvolvidos, que retardam os projetos
estratgicos de concepo brasileira;
- a relativa deficincia dos sistemas nacionais de logstica e de mobilizao; e
- a atual capacidade das Foras Armadas contra os efeitos causados por agentes
contaminantes qumicos, biolgicos, radiolgicos e nucleares.
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A identificao e a anlise dos principais aspectos positivos e das vulnerabilidades
permitem vislumbrar as seguintes oportunidades a serem exploradas:
- maior engajamento da sociedade brasileira nos assuntos de defesa, e maior integrao
entre os diferentes setores dos trs poderes e das trs instncias de governo do Estado brasileiro e desses
setores com os institutos nacionais de estudos estratgicos, pblicos ou privados;
- regularidade e continuidade na alocao dos recursos oramentrios de defesa, para
incrementar os investimentos e garantir a manuteno das Foras Armadas;
- aparelhamento das Foras Armadas e capacitao profissional de seus integrantes, para
que disponham de meios militares aptos ao pronto emprego, integrado, com elevada mobilidade ttica e
estratgica;
- otimizao dos esforos em Cincia, Tecnologia e Inovao para a Defesa, por
intermdio, dentre outras, das seguintes medidas:
(a) maior integrao entre as instituies cientficas e tecnolgicas, tanto militares como
civis, e a Base Industrial de Defesa;
(b) definio de pesquisas de uso dual; e
(c) fomento pesquisa e ao desenvolvimento de produtos de interesse da defesa.
- maior integrao entre as indstrias estatal e privada de produtos de defesa, com a
definio de um modelo de participao na produo nacional de meios de defesa;
- integrao e definio centralizada na aquisio de produtos de defesa de uso comum,
compatveis com as prioridades estabelecidas;
- condicionamento da compra de produtos de defesa no exterior transferncia substancial
de tecnologia, inclusive por meio de parcerias para pesquisa e fabricao no Brasil de partes desses
produtos ou de sucedneos a eles;
- articulao das Foras Armadas, compatvel com as necessidades estratgicas e de
adestramento dos Comandos Operacionais, tanto singulares quanto conjuntos, capaz de levar em
considerao as exigncias de cada ambiente operacional, em especial o amaznico e o do Atlntico Sul;
- fomento da atividade aeroespacial, de forma a proporcionar ao Pas o conhecimento
tecnolgico necessrio ao desenvolvimento de projeto e fabricao de satlites e de veculos lanadores de
satlites e desenvolvimento de um sistema integrado de monitoramento do espao areo, do territrio e
das guas jurisdicionais brasileiras;
- desenvolvimento das infraestruturas martima, terrestre e aeroespacial necessrias para
viabilizar as estratgias de defesa;
- promoo de aes de presena do Estado na regio amaznica, em especial pelo
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fortalecimento do vis de defesa do Programa Calha Norte;
- estreitamento da cooperao entre os pases da Amrica do Sul e, por extenso, com os do
entorno estratgico brasileiro;
- valorizao da profisso militar e da carreira de servidores civis do Ministrio da Defesa e
das Foras Armadas, a fim de estimular o recrutamento de seus quadros em todas as classes sociais;
- aperfeioamento do Servio Militar Obrigatrio, na busca de maior identificao das
Foras Armadas com a sociedade brasileira;
- expanso da capacidade de combate das Foras Armadas, por meio da mobilizao de
pessoal, material e servios, para complementar a logstica militar, no caso de o Pas se ver envolvido em
conflito; e
- otimizao do controle sobre atores no governamentais, especialmente na regio
amaznica, visando preservao do patrimnio nacional, mediante ampla coordenao das Foras
Armadas com os rgos governamentais brasileiros responsveis pela autorizao de atuao no Pas
desses atores, sobretudo daqueles com vinculao estrangeira.
Aplicao da estratgia
Hipteses de Emprego
Entende-se por hiptese de emprego a anteviso de possvel emprego das Foras
Armadas em determinada situao/situaes ou rea/reas de interesse estratgico para a defesa nacional.
formulada considerando-se a indeterminao de ameaas ao Pas. Com base nas hipteses de emprego,
sero elaborados e mantidos atualizados os planos estratgicos e operacionais pertinentes, visando
possibilitar o contnuo aprestamento da Nao como um todo, e em particular das Foras Armadas, para
emprego na defesa do Pas.
Emprego Conjunto das Foras Armadas em atendimento s Hipteses de Emprego
A evoluo da estrutura das Foras Armadas, do estado de paz para o de conflito armado
ou guerra, dar-se- de acordo com as peculiaridades da situao apresentada e de uma maneira sequencial,
que pode ser assim esquematizada:
(a) Na paz
As organizaes militares sero articuladas para conciliar o atendimento s hipteses de
emprego com a necessidade de otimizar os seus custos de manuteno e para proporcionar a realizao do
adestramento em ambientes operacionais especficos.
Sero desenvolvidas atividades permanentes de inteligncia, para acompanhamento da
situao e dos atores que possam vir a representar potenciais ameaas ao Estado e para proporcionar o
alerta antecipado ante a possibilidade de concretizao de tais ameaas. As atividades de inteligncia
devem obedecer a salvaguardas e controles que resguardem os direitos e garantias constitucionais.
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(b) Na crise
O Comandante Supremo das Foras Armadas, consultado o Conselho de Defesa Nacional,
poder ativar uma estrutura de gerenciamento de crise, com a participao de representantes do Ministrio
da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, bem como de representantes de
outros Ministrios, se necessrios.
O emprego das Foras Armadas ser singular ou conjunto e ocorrer em consonncia com
as diretrizes expedidas.
As atividades de inteligncia sero intensificadas.
Medidas polticas inerentes ao gerenciamento de crise continuaro a ser adotadas, em
paralelo com as aes militares.
Ante a possibilidade de a crise evoluir para conflito armado/guerra, podero ser
desenca