cultura(s), cidadania e desenvolvimento · conclusão ... acumulativa da mente humana” ......
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Título:
Cultura(s), Cidadania e Desenvolvimento
Autor:
Danilo Garcia
Imagem da capa:
Steve Snodgrass, Wikimedia Commons (2009)
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Coimbra, 2013
Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação
Sociológica sob orientação de Paula Abreu e Paulo Peixoto (ano letivo 2013‐2014)
ÍNDICE
1. Introdução .................................................................................................................... 1
2.Estado das Artes ............................................................................................................ 2
2.1.Cultura..................................................................................................................... 2
2.1.1.Conceitos gerais de cultura .............................................................................. 2
2.1.2.Cultura dominante e cultura dominada ........................................................... 5
2.1.3.Cultura de classes: A cultura operária e a cultura burguesa ........................... 6
2.2.Cidadania ................................................................................................................ 7
2.2.1.Conceito geral de cidadania ............................................................................. 7
2.2.2.Cidadania Cultural ............................................................................................ 8
2.3. Desenvolvimento da Cultura e da Cidadania ....................................................... 10
3. Descrição Detalhada da Pesquisa ............................................................................... 11
4. Ficha de Leitura........................................................................................................... 12
5. Avaliação da Página da Internet ................................................................................. 21
6. Conclusão .................................................................................................................... 23
7. Referências Bibliográficas ........................................................................................... 24
ANEXO A
Página da Internet Avaliada
ANEXO B
Texto de suporte da ficha de leitura
Cultura(s), Cidadania e Desenvolvimento
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1. Introdução
No âmbito do regime da avaliação contínua da unidade curricular de Fontes de
Informação Sociológica, lecionada pelo Professor Doutor Paulo Peixoto e pela
Professora Doutora Paula Abreu, foram propostos por estes vários temas para serem
desenvolvidos pelos alunos para o trabalho da referida cadeira.
A minha escolha recaiu sobre o terceiro tema: “Cultura (s), Cidadania e
Desenvolvimento” pois é um assunto bastante atual e preocupante.
Neste trabalho irei fazer várias abordagens ao conceito de cultura, cidadania,
cidadania cultural e por fim do desenvolvimento das mesmas. Visando abrir o debate
relativamente a estas questões, já que estão fortemente relacionados com questões
económicas e políticas, não podendo, ser debatidos da mesma forma.
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2.Estado das Artes
2.1.Cultura
2.1.1.Conceitos gerais de cultura O conceito de Cultura apareceu em 1871 com a união de dois conceitos: Kultur
‐ termo que traduzia os aspetos espirituais de uma comunidade; e Civilization – termo
que se refere às ações materiais de um povo.
Este foi definido por vários pensadores das ciências sociais, ou seja, tem várias
definições.
A mais comum das definições de cultura foi a definição dada por Edward B.
Tylor: “um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,
costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como
membro de uma sociedade” (Tylor apud Laraia:1986).
Tylor defendia que entre a população pobre e a população civilizada não havia
uma diferença de natureza, mas sim na proximidade do caminho da cultura. Tylor
defendia também a hipótese difusionista, esta dizia “que a partir de um povo
determinada invenção se expandia aos outros através do contacto cultural” (Tylor
apud Laraia:1986) como explicação da semelhança entre os traços culturais dos dois
polos da sociedade, dizendo que, na capacidade de difusão, as mesmas não estariam
na mesma dimensão da evolução.
A reação ao evolucionismo de Tylor veio através de Franz Boas, que defendia a
autonomia das Culturas (relativismo cultural) e que cada cultura tem uma
singularidade cultural, algo que é único.
Boas procurava leis evolutivas das culturas e leis de funcionamento das
sociedades através de um processo indutivo (ver, ouvir, falar, escrever) e intensivo de
campo. Boas concluiu que a cultura se manifesta pelos costumes.
Também Alfred Kroeber contradiz Tylor afirmando que a cultura atua sobre o
homem. Este também se preocupou com a controvérsia de uma série de pontos
discutidos, pois suas teorias opõem‐se a um conjunto de crenças populares.
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Alfred Kroeber afirma que se o homem superar o fundamental, liberta‐se da
natureza. Isto permitiu a expansão da espécie por todo o planeta, pois não há outra
espécie que tenha como habitat a Terra toda:
“De fato, o que faz o habitante humano de latitudes inclementes, não é desenvolver um sistema digestivo peculiar, nem tampouco adquirir pelo. Ele muda o seu ambiente e pode assim conservar inalterado o seu corpo original. Constrói uma casa fechada, que protege contra o vento e lhe permite conservar o calor do corpo. Faz uma fogueira ou acende uma lâmpada. Esfola uma foca extraindo‐lhe a pele com que a seleção natural, ou outros processos de evolução orgânica, dotou esses animais; sua mulher faz‐lhe uma camisa e calças, sapatos e luvas, ou duas peças de cada um; ele as usa, e dentro de alguns anos, ou dias, está provido de proteção que o urso polar e a lebre ártica, a zibenila e o tetraz, levam longos períodos a adquirir. Demais, o seu filho e o filho do seu filho, e seu centésimo descendente nascerão tão nus e fisicamente tão desarmados como ele e o seu centésimo ancestral.” (Kroeber apud Laraia:1986).
Podemos então concluir que Kroeber expande o conceito de cultura, dizendo
que: a cultura condiciona o comportamento do homem e justifica as suas ações; a ação
do homem está de acordo com os seus padrões culturais e que os seus instintos foram
revogados pelo processo evolutivo que sofre; o homem ao adquirir cultura passou a
depender muito mais do saber do que atuar através de atitudes geneticamente
estabelecidas; e que a cultura é uma experiência histórica resultante das gerações
antepassadas, este facto condiciona/estimula a ação do individuo.
Também Bronislaw Malinowski estuda esta problemática da cultura. Segundo
ele, a cultura é um instrumento criado para satisfazer as carências do homem, de uma
forma que vai muito além de uma apropriação direta ao meio ambiente.
Segundo Malinowski, a cultura aumenta o grau de eficácia individual e o poder
de ação, propiciando a um maior pensamento e uma largueza de visão verosímil em
qualquer espécie animal. A fonte de isto, tudo está no caráter cumulativo do
melhoramento individual e na aptidão de fazer uso de uma ação coletiva.
Segundo Malinowski, também a cultura transforma os indivíduos em grupos
organizados, dando‐lhes um seguimento indefinido. A organização do coletivo e o seu
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comportamento são resultado da continuidade cultural, assumindo assim uma forma
diferente em cada cultura.
Apesar da cultura ter origem para satisfazer as necessidades biológicas, a sua
verdadeira natureza é a transformação do homem em algo intelectual e não num mero
organismo animal.
Também Clifford Geertz, no seu livro “A Interpretação das Culturas”, contradiz
o conceito dado por Edward Tylor, alegando que este mais confunde do que esclarece.
Geertz diz que o seu conceito de cultura é “…essencialmente semiótico.
Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado às teias de
significado que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo estas teias e sua
análise, portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como
uma ciência interpretativa, à procura do significado” (Geertz: 1989).
Para Geertz o comportamento humano é uma ação simbólica e a cultura é uma
ação pública e dinâmica porque o seu sentido o é. Também diz que a cultura não é um
poder, sim um contexto onde os eventos sociais, os comportamentos, os processos e
as instituições podem ser relatados com densidade.
Neste sentido, Geertz diz que o etnólogo escreve o discurso social, e ao faze‐lo
está a converter o acontecimento passado num relato, que pode ser observado
novamente. É neste sentido que a cultura pode ser encarada como um texto.
Portanto podemos concluir que a cultura escrita não é o momento de falar,
mas sim, o que foi dito, ou seja a cultura é uma interpretação.
A interpretação baseia‐se na salvação do que foi dito, fazendo uso de um
documento escrito, para que possa ser lido e assim não se esqueça o discurso.
Já Leslie White diz que as “culturas são sistemas de padrões de comportamento
que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos
biológicos.” (White apud Laraia:1986). Referindo ainda que as Teorias Idealistas de
Cultura se subdividem em três abordagens diferentes: 1) cultura com um sistema
cognitivo. Neste campo, diz‐nos que a cultura segundo Goodenough “é um sistema de
conhecimento; consiste em tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para
operar de maneira aceitável dentro de sua sociedade” (Goodenough apud
Laraia:1986); 2) cultura como sistemas estruturais. Nesta abordagem, segundo Claude
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Lévi‐Strauss define cultura como “um sistema simbólico que é uma criação
acumulativa da mente humana” (apud Laraia:1986); 3) cultura como sistemas
simbólicos. Esta é a abordagem sustentada por Geertz e Schneider, onde a “ cultura
deve ser considerada não um complexo de comportamentos concretos mas um
conjunto de mecanismos de controle(...) para governar o comportamento. Geertz
afirma ainda, que “todos os homens são geneticamente aptos para receber um
programa, e este programa é o que chamamos de cultura.” (Geertz apud Laraia:1986)
Ainda Ralph Linton, diz‐nos que “como termo geral, cultura significa a herança
social e total da Humanidade; como termo específico, uma cultura significa
determinada variante da herança social. Assim, cultura, como um todo, compõe‐se de
grande número de culturas, cada uma das quais é característica de um certo grupo de
indivíduos.” (Linton:1976).
Para concluir, como podemos ver nas várias definições de cultura, os
fundamentos apesa de se difereciarem, não se opôem. Pois, como diz Murdock os
cientístas sociais “…sabem de fato o que é a cultura, mas divergem na maneira de
exteriorizar este conhecimento.” (Murdock apud Laraia:1986).
2.1.2.Cultura dominante e cultura dominada
Denys Cuche no capítulo “Hierarquias sociais e hierarquias culturais” do seu
livro “A noção de cultura nas ciências sociais”, aborda a problemática das relações que
se estabelecem entre os diferentes grupos sociais e culturais, questiona os
mecanismos que estão por detrás destas relações e propõe uma nova abordagem ao
entendimento destes.
O autor pretende que não se aborde este tema com fórmulas redutoras, mas
que se compreenda a complexidade da realidade e das interações socias e culturais.
Desta maneira, Cuche aborda o termo da cultura e divide‐o em duas classes:
Cultura dominante e Cultura dominada.
Neste sentido, Cuche diz que num espaço social específico existe sempre uma
hierarquia cultural, que compreende a cultura da classe dominante e a classe da cltura
dominada. Apesar da primeira não se impor à segunda.
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Para Marx e Weber, “a cultura da classe dominante é sempre a cultura
dominante” (Marx e Weber apud Cuche: 1999). No entanto, ao dizer isto, eles não
pretendem afirmar que a cultura dominante seja superior, e que esta dominasse
“naturalmente” as outras culturas. Mas na realidade, o que existe são grupos sociais
que estão numa relação de dominação ou de subordinação uns co os outros.
Sendo assim, “uma cultura dominada não é forçosamente uma cultura
alienada, totalmente dependente” (Cuche: 1999). O que acontece, é que ela não pode
desconsiderar a cultura dominante ao longo da sua evolução – sendo a recíproca
verdadeira, ainda que em menor grau.
Sendo assim podemos concluir que uma cultura dominante não se pode impor
a uma cultura dominada como um grupo pode fazê‐lo em relação a um grupo mas
fraco socialmente.
2.1.3.Cultura de classes: A cultura operária e a cultura burguesa
Denys Cuche diz que se realizaram numerosos estudos e que estes revelam que
“ os sistemas de valores, os modelos de comportamento e os princípios de educação
variam sensivelmente de uma classe para outra.” (Cuche: 1999).
Estas diferenças culturais podem observar‐se nas práticas quotidianas mais
comuns como por exemplo: os estilos de alimentação que se revelam conforme as
classes sociais. Uma simples ida ao supermercado, que até pode dar a impressão de
alguma homogeneização nos hábitos de consumo, esconde escolhas contrastantes.
As práticas alimentares estão ligadas a gostos enraizados na infância. As
condições sociais vão manifestar‐se na escolha dos alimentos e na pertensa da
qualidade destes. O autor dá‐nos diversos exemplos, sendo o da carne o mais
marcante. Pois “Há carnes «burguesas», como o carneiro e a vitela, e canes
«populares», como o porco, o coelho e as salsichas frescas…”. (Cuche: 1999).
As necessidades que norteiam os hábitos culturais dos indivíduos são
estabelecidas pelas relações de produção. Estas estabelecem “ uma ligação entre a
natureza do trabalho operário e as formas do consumo operário” (Cuche: 1999).
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O sentimento frequente de vinculação a uma comunidade de vida e de destino
provoca uma bipartição fundamental do mundo social entre “eles” e “nós”. Esta
bipartição traduz‐se por um grande conformismo cultural. (Cuche: 1999).
Segundo Jean‐Pierre, o crescimento cultural que assistem a entrada dos
operários no que ele chama de «era da abundância» (Cuche: 1999), é mais uma
adaptação das antigas normas do que a adoção de novas normas tomadas do exterior.
Cuche diz ainda que os membros que constituem a cultura burguesa não têm
orgulho na sua cultura e nem a reivindicam, por isso ser difícil estudá‐la.
Béatrix Le Wita faz uma das primeiras abordagens da cultura burguesa, a
autora detêm:
“três elementos fundamentais: a atenção concedida aos pormenores; sobretudo da ordem do trajo, «pequenos nadas» que modificam tudo e fazem a «distinção»; o controlo de si, que revela do ascetismo e Max Weber considera já uma propriedade essencial da burguesia capitalista; por fim, a ritualização das práticas da vida quotidiana, entre as quais maneiras de mesa assumiram uma importância notável: a refeição é, com efeito conscientemente vivida como um momento privilegiado de socialização em torno do qual se concentra e se transmite o conjunto dos sinais distintos do grupo familiar burguês” (Le Wita apud Cuche: 1999).
Na cultura burguesa é evidenciado a “função primordial de socialização das
instituições privadas, as mais das vezes católicas”.
2.2.Cidadania
2.2.1.Conceito geral de cidadania
O conceito de cidadania pode se definir como o lugar ocupado político‐
juridicamente por um individuo na sociedade, pelo qual o individuo obtém direitos
políticos, civis e sociais, e deveres (votar, cumprimento de leis, impostos, …)
relativamente à sua participação numa sociedade política, bem como intervir na vida
política da mesma. Como diz Luiz Flávio Borges D´Urso “Esta possibilidade surge do
princípio democrático da soberania popular.” (Borges D’Urso: 2005).
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Este conceito já vem desde a Civilização Grega, onde tinha como significado a
presença na vida ativa na pólis.
O conceito de cidadania esteve ligado, durante bastante tempo , aos privilégios
dos cidadãos, pois estes eram reservados só a alguns grupos sociais. Foi na Idade
Média que o conceito de cidadania se aproximou mais dos dias de hoje, acrecestando
a ele os principios de liberdade e igualdade. Mesmo assim ainda era reservado às elites
sociais das nações.
Na atualidade o conceito de cidadania foi alargado, constituindo assim “um dos
princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito” (Borges D’Urso: 2005),
pois hoje‐em‐dia ser cidadão, traduz‐se na aplicação do “direito à vida, à liberdade, ao
trabalho, à moradia, à educação, à saúde, à cobrança de ética por parte dos
governantes. ” (Borges D’Urso: 2005).
Já Thomas Humphrey Marshall na sua crítica “Cidadania, Classe Social e Status”,
diz‐nos que “há uma espécie de igualdade humana básica associada com o conceito de
participação integral na comunidade, o qual não é inconsistente com as desigualdades
que diferenciam os vários níveis econômicos na sociedade. Em outras palavras, a
desigualdade do sistema de classes sociais pode ser aceitável desde que a igualdade de
cidadania seja reconhecida” (Marshall, 1967: 62), ao que podemos acrescentar que a
cidadania é a igualdade de direitos e de oportunidades e não igualdade de bens
materiais.
Estes direitos e oportunidades só estarão na prática quando a moralidade e a
educação forem proporcionadas igualmente a toda a população de um país.
A definição de cidadania de Marshall pode ser vista como o desenvolvimento
da cidadania e por consequente dos seus elementos – direitos civis, sociais e políticos.
2.2.2.Cidadania Cultural
O conceito de cidadania cultural tem vindo a desenvolver no prolongamento de
outros dois conceitos: cidadania política e cidadania económica. Cidadania cultural
como direito à representação cultural, à expressão, à comunicação, como direito à
democracia.
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Miller no seu texto “Cidadania Cultural” refere que o conceito de cidadania está
sempre ligado ao conceito de cultura. Desta maneira, o conceito de cidadania cultural
é o resultado das adaptações às transfigurações económicas e políticas (desde a
Revolução Francesa), do liberalismo, pós‐colonialismos e respetivas consequências.
Segundo o autor, a globalização é apontada como um fator decisório para a
discussão da cidadania cultural, visto que o desenvolvimento dos diversos países e os
seus conceitos de cidadania são fortemente marcados pela transnacionalização, pela
divisão internacional do trabalho e pelo aumento da mobilidade.
Miller divide em sete grupos aqueles que são, para si, os principais teorizadores
do conceito de cidadania cultural, “ (…) todos eles contando com a esfera pública
como elemento essencial do seu argumento” (Miller: 2011).
O primeiro teorizador é Tony Bennett, que defende um equilíbrio entre
autonomia e responsabilidade social, entre difusão cultural e respeito pelo
conhecimento popular.
O segundo é Renato Rosaldo, que está ligado à luta pelos direitos das minorias,
defendendo a manutenção simultânea de um património comum e de identidades
culturais distintas.
O terceiro é Kymlicka, que aspira uma aproximação entre maiorias e minorias,
que não deixe de considerar os interesses de ambas.
O quarto autor mencionado é Rorty, que apresenta uma visão neoliberal, na
qual o desenvolvimento da cultura aconteceria simplesmente pela abertura do acesso
à educação ao nível universal.
O quinto é Parekh, que fala sobre a multiplicidade étnica na Grã‐Bretanha e
com a presença do racismo nas suas instituições.
A sexta autora é Amy Chua, que investiga as consequências das reações das
maiorias populares contra o poder económico das minorias.
Por fim, são citados Bernard Lewis e Samuel Huntington, estes abordam os
conflitos supranacionais dos EUA e “hegemonia” cultural do ocidente. (Miller: 2011).
Miller propõe‐nos ainda uma interligação da cultura com a economia e a
política. Acrescenta dizendo que, para diminuir as desigualdades, é preciso rejeitar “o
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tecnicismo, o utopismo, o liberalismo, o nacionalismo e o neoliberalismo” (Miller:
2011).
2.3. Desenvolvimento da Cultura e da Cidadania
Não podemos dizer que há uma relação de precisão entre os conceitos de
cultura, de cidadania e desenvolvimento, mas há realmente uma interdependência
entre eles, pois tanto a cultura, como a cidadania necessitam ser desenvolvidas.
Este desenvolvimento, diversas vezes analisado e debatidos por pensadores
sociais, é escasso e dizem eles que a cultura não é priorizada pelo pode económico,
pois as políticas estatais põem de parte a cultura, e muitas vezes os governos, chegam
ao cumulo de perguntar “o que fazer com a cultura?”.
Tudo isto, porque a administração pública e/ou empresarial criaram,
tardiamente, um plano cultural, pois nas convenções dos partidos políticos a cultura é
secundária.
Tudo isto não faz sentido porque, como diz Renato Ortiz, o homem é um animal
e a sua linguagem é que define sua humanidade. Logo, a sociedade e a linguagem são
interdependentes, da mesma forma que não é possível existir sociedade sem cultura.
Esta ligação entre cultura e sociedade é muitas vezes esquecida do debate
intelectual, o que leva a compreender de forma errada os conceitos de cidadania
cultural e de políticas culturais.
Uma frase típica usada, em resposta às políticas culturais falhadas dadas pelo
governo é que “ foi planeado mas não deu certo”.(Ortiz: 2007) Isto é explicado pelo
domínio problemático da cultura não ser simultâneo com o da esfera da sua ação.
Mas a culpa não parte só dos governos estatais, pois a mudança é muitas vezes
mal vista por parte das populações, porque estas enaltecem a tradição e a memória
coletiva em detrimento das transformações.
É, portanto, urgente a criação e implementação de medidas de
desenvolvimento da cultura, pois só desta forma é possível que a população evolua e
assim podermos dizer que somos uma população dotados de cidadania cultura.
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3. Descrição Detalhada da Pesquisa Para a realização deste trabalho recorri a livros, à internet, à Revista Crítica de
Ciências Sociais, e retirei também algumas informações importantes do texto de
suporte à ficha de leitura.
Comecei por procurar na Internet alguns pensadores e autores das ciências
sociais e depois iniciei a minha pesquisa nas obras desses autores.
Utilizei diversas obras literárias de onde extraí as principais ideias e
fundamentos sobre o conceito de Cultura e de Cidadania e a influência destas no
desenvolvimento da sociedade.
Da Internet retirei um artigo da Ordem dos Advogados do Brasil onde retirei
ideias base sobre a Cidadania e onde percebi a sua evolução na história da
humanidade.
Na minha pesquisa também usei os textos recomendados pelos docentes para
a realização das fichas de leitura sobre o meu tema.
Após ter recolhido o material necessário fiz uma leitura atenta aos documentos
e retirei deles as informações que me eram úteis e de seguida fiz um tratamento
cuidado, da informação recolhida.
Inicialmente tinha uma estrutura mais ou menos pensada para o trabalho mas,
à medida que o fui realizando, a estrutura que eu tinha pensado foi‐se alterando por
uma questão de lógica e relação entre os subtemas.
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4. Ficha de Leitura Título: Políticas para a sociedade da informação em Portugal: da concepção à
implementação
Autor: Lurdes Macedo
Local: http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/comsoc/article/view/1210
vbg
Data da publicação: 2005
Número de páginas: 67‐89
Data da Leitura: Outubro de 2013
Assunto: Políticas para a sociedade da informação em Portugal
Palavras‐chave: “Sociedade da Informação”, “TIC (Tecnologias de
Informação e de Comunicação) ”, “POSI (Programa Operacional Sociedade de
Informação)”, “Políticas”
Resumo
Neste texto, a autora analisa o conceito de “Sociedade de Informação”,
partindo de diversas prespectivas teóricas, identificando nelas os desafios que o
“novo” modelo de organização informacional da sociedade coloca a Portugal (um país
“semi‐periférico” e “desfavorecido”). Propõe também a análise do progresso dos
políticos governamentais do Estado Português para o desenvolvimento da “Sociedade
da Informação” utilizando o instrumento financeiro, o POSI (Programa Operacional
Sociedade de Informação) que visa concentrar e viabilizar a sua execução. A análise
não passa só pelo modelo de desenvolvimento do POSI e pela sua coerência com a
atualidade da “Sociedade da Informação”, como também pela implementação da
mesma e pela resposta concreta aos desafios colocados pelo modelo informacional de
desenvolvimento social. Este texto procura ainda trabalhar sobre a probabilidade de as
políticas para a “Sociedade de Informação” não estarem a corresponder às
espectativas do objectivo pretendido: a promoção de uma sociedade verdadeiramente
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“informacionalizada”; pois Portugal regista uma forte inclusão das tecnologias da
informação e da comunicação e simultaneamente apesenta indiciadores de
subdesenvolvimento social.
Introdução/Apresentação
Neste trabalho Lurdes Macedo (licenciada em Psicologia e mestre em Ciências
da Comunicação‐Ramo de Especialização em Comunicação, Cidadania e Educação pela
Universidade do Minho. Atualmente a preparar a sua dissertação de Doutoramento na
Universidade do Minho. Desempenha funções como docente na Universidade
Lusófona Porto e na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu.)
analisa o conceito de “Sociedade de Informação” fazendo recurso a diversos
pensadores.
Desenvolvimento
O advento de uma “Sociedade da Informação”
A crescente transformação de actividades tradicionais (o correio, o comércio, o
ensino, a publicidade) em acções virtuais provem da enorme evolução das Tecnologias
de Informação e de Comunicação (TIC), da World Wide Web (WWW) e da aplicação
das mesmas nas diversas actividades. Com o uso de aplicações informáticas (e‐mail, e‐
commerce, e‐business, etc.), as sociedades tecnologicamente mais avançadas detêm
de uma qualidade mais rápida e eficaz na transmissão de informação reduzindo assim
as distancias espaciais que até então eram um constrangimento.
Contudo, os cidadãos não ficaram alheios à desconfiança quando à eficácia da
tecnologia, bem como às implicações na alteração dos seus hábitos.
Foi em boa hora que se tem vindo a realizar debates e conferências sobre os
progressos de criação e reformulação de modelos teóricos, que segundo Lurdes
Macedo, nos permite analisar e compreender o “ “novo” mundo que se edifica perante
nós” (2005: 72).
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Vulgarizaram‐se assim uma série de novos conceitos, sem serem questionados
ou entendidos pela sociedade. Destacando‐se um que abrange todos os outros, a
“Sociedade da Informação”. Este também denomina algumas teorias sobre a “nova”
realidade de organização social, proveniente das TIC na vida humana.
Perspectivas conceptuais e teóricas sobre a “Sociedade da Informação”
É importante aclarar o conceito de “Sociedade da Informação” através da
análise de diferentes propostas de diversos autores, bem como analisa‐las para assim
compreender o aparecimento deste “novo” modelo de organização social.
Um destes pensadores foi Webster, que admite “ser prematuro falar em
“Sociedade da Informação” enquanto esta se revelar de difícil leitura” (Webster apud
Macedo: 2005: 73), pois trata‐se, ainda, de um conceito impreciso.
Segundo a autora, Webster ao analisar Theories of the Information Society
(1995) deixa‐nos uma grande proposta de compreensão da “Sociedade da Informação”
que se baseia na distinção de cinco dimensões analíticas definidoras dos vários
posicionamentos da matéria: a definição tecnológica, a definição económica, a
definição ocupacional, a definição espacial e a definição cultural (Webster apud
Macedo: 2005: 74).
A definição tecnológica salienta a relação da redução dos preços do material
informático e o aumento da acessibilidade a meios de gestão informaticos da
informação.
Na definição económica, Webster, realça as dificuldades que se colocam à
objectivação das categorias propostas para as “indústrias da informação”, visto que
estas visam homogeneizar as actividades de diferentes conteúdos.
Na definição ocupacional, encara‐se que uma sociedade só é considerada
“Sociedade da Informação” quando o número de trabalhadores com ocupações
relacionadas à produção e à manipulação de informação e com ligações ligadas à sua
infra‐estruturas tecnológica, for superior ao número de trabalhadores ligados à secção
produtiva.
Na definição espacial, evidencia a importância das redes que permitem
estabelecer comunicação em tempo real, lugares geograficamente distantes,
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concluindo que com a redução virtual da distancia espacial, a economia torna‐se cada
vez mais mundial.
Por fim, analisando a definição cultural que é a mais referida sendo ainda a de
mais difícil compreensão. Parte da verificação de que em nenhum outro tempo da
Historia houve tanta informação a circular como na atualidade, isto deve‐se à
diversificação dos media que tornaram mas alcançável todo o tipo de informação à
maioria dos cidadãos.
Webster conclui que ainda há dificuldades na afirmação de qualquer uma das
definições e que há também questões por resolver e que uma das mais evidentes é:
“se mais informação resulta em pessoas mais informadas” (Webster apud Macedo:
2005: 75).
No entanto, existe outros pensadores que expõem também sobre a “Sociedade
da Informação”, tais como: Daniel Bell e Manuel Castells,
Segundo a autora, Bell afirma que a “sociedade pós‐industrial” impulsiona mais
os cidadãos pela educação e conhecimento do que pela origem e riqueza e que só com
este modelo de organização social é permitido aniquilar o problema da carência de
bens materiais, todavia, aparecerá outro tipo de escassez que é a de falta da
informação e de tempo.
Segundo Lurdes Macedo, Castells defende a centralidade da informação na
sociedade contemporânea, que se rege pelos seguintes princípios: 1‐ a informação é
trabalhada como matéria‐prima; 2‐ a veloz expansão das TIC, dos seus efeitos e da sua
aplicação em todos os campos da experiência humana, só é possível porque o seu
custo é cada vez menor e os seus desempenhos são cada vez melhores; 3‐ o princípio
da lógica de rede em todos os sistemas, devido ao recurso das TIC; 4‐ a elasticidade
para a reconfiguração do próprio padrão, já que este caracteriza uma sociedade em
constante mudança; 5‐ convergência de tecnologias independentes para um sistema
bastante totalizado.
Podemos concluir, então, que um Estado que não acompanhe o contínuo
desenvolvimento tecnológico, tornar‐se‐á, rapidamente, num Estado fraco (2005: 77),
que poucos serão assimilados na “Sociedade da Informação” e que muitos irão fazer
parte do “exército dos excluídos” (Castells apud Macedo: 2005: 77).
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Casttels ao passar recentemente pelo nosso país chamou à tenção para um que
é cada vez mais diferenciado pelo acesso a um conhecimento partilhado e frisou
também que o essencial para o desenvolvimento “ são o trabalho flexível e as
universidades”.
Também merece a nossa atenção a preocupação de alguns pensadores sobre a
problemática da previsão de uma nova ordem social regida em torno de mecanismos
de inclusão e exclusão.
Como por exemplo, Philippe Quéau, responsável pela área da sociedade da
informação da UNESCO, diz que apesar da vasta informação disponível na Internet,
poucos são os conteúdos uteis para os países em desenvolvimento, especificamente
conteúdos locais.
Para o desenvolvimento de uma “sociedade da informação”: desafios e
perspetivas
Para que uma sociedade se torne mais democrática e igualitária tem de
ultrapassar um conjunto de desafios.
O primeiro desafio é do combate à “info‐exclusão” divulgada por Castells
“como uma nova forma de agudização da exclusão das franjas das sociedades
desenvolvidas, bem como do colectivo das sociedades menos avançadas” (Castells
apud Macedo: 2005: 78). Assim é possível dizer que o mundo está divido entre
“info‐ricos” e os “info‐pobres”. Desta maneira conclui‐se que o combate à “info‐
exclusão” não passa só pela questão económica mas também pela questão educativa e
cultural.
O segundo desafio é o da alfabetização “informacional”, visto que as pessoas
informadas não correspondem, obrigatoriamente, às bem formadas.
Tanto Casttels como Bell salientam a forte aposta na educação e da formação
dos cidadãos para o aperfeiçoamento de uma “Sociedade da Informação”
meritocrática.
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Neste sentido, o desafio da alfabetização abrange dois domínios de
competência: a literacia tecnológica e a literacia para a interpretação, processamento
e produção de informação.
O terceiro desafio está muito relacionado com o segundo, pois é o desafio da
profissionalização para a “sociedade da informação”, este tem como objectivo a
qualificação de profissionais nas diferentes áreas de trabalho.
Mas muitos mais desafios foram analisados mas terão sido eliminados, pois foi
intenção identificar apenas os desafios a vencer para a edificação de uma ““Sociedade
da Informação” democrática, justa e igualitária, tal como alguns autores a profetizam”
(Casttels apud Macedo: 2005: 79).
Que percurso para Portugal em direcção à “Sociedade da Infomação”?
Das políticas europeias às políticas nacionais.
Convém reflectir a posição geográfica de Portugal, país vulgarmente
caracterizado com “semi‐periférico” e “desfavorecido”, face aos desafios colocados
pela “Sociedade da Informação”.
Segundo a autora, Cádima faz uma detalhada análise das características de
Portugal no contexto da sua integração na União Europeia (EU).
Nesta sua análise detalhada, realizada nos meados dos anos 90, Cádima conclui
que: 1‐ diversos estudos revelam que a grande maioria da população portuguesa entre
os 15 e os 64 anos apresenta baixos níveis de literacia funcional; 2‐ o nosso país
apresenta, a par com a Grécia, a mais baixa percentagem de investimento em I&D
(investigação e desenvolvimento); 3‐ os níveis de consumo em Portugal estão também,
claramente, na cauda da Europa, nomeadamente os níveis de consumo no plano da
cultura, da educação e do lazer; 4‐ Portugal regista os mais elevados custos da UE nos
domínios das tarifas telefónicas e do consumo de energia. (Cádima apud Macedo:
2005: 80)
Devido a estas circunstâncias, seria de antever que um conjunto de
condicionantes que ditariam o atraso estrutural do nosso país no que se refere à
implementação das TIC na mudança para uma “Sociedade da Informação”.
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Na sua análise, Cádima mostra‐nos também alguns indicadores de origem
quantitativa que revelam precisamente o oposto: 1‐ no final dos anos 80, Portugal é o
segundo país da UE com a mais alta taxa de penetração e recepção de TV por satélite;
2‐ em 1996, a TV Cabo apresenta um crescimento 20% acima do previsto; 3‐ no mesmo
ano, Portugal tem um parque de seiscentos mil computadores, prevendo‐se um
crescimento de 300% (até ao ano 2000; 4‐ ainda em 1996, a subscrição de serviços de
ligação à Internet crescia a um ritmo muito superior ao previsto pelos operadores; 5‐
em 1998, a taxa de penetração dos serviços de telecomunicações móveis em Portugal
andava na ordem dos 19 telemóveis por cada 100 habitantes, taxa esta superior à da
grande maioria dos países desenvolvidos da EU (Cádima apud Macedo: 2005: 80).
Segundo Lurdes Macedo, Cádima ainda questiona se os nossos Governantes
têm promovido o desenvolvimento da “Sociedade da Informação” de maneira a evitar
a marginalidade que nos caracteriza e ainda quais as medidas criadas em Portugal,
para responder aos desafios da “Sociedade da Informação”.
Em 1996, nasceu a Missão Sociedade da Informação, criada pelo Ministro da
Ciência e da Tecnologia, cujo principal objectivo foi a elaboração do “Livro Verde para
a Sociedade da Informação”, este reconhece o papel fundamental do Estado em todo
o processo. Desta maneira, “escrutina os sectores considerados hábeis para o
desenvolvimento da sociedade da informação e propõe medidas consistentes de
operação para estes sectores que passam por: 1‐ garantia de democraticidade no
acesso à sociedade da informação; 2‐ abertura do Estado à implementação de redes
digitais para maior transparência e facilidade na prestação de serviços; 3‐
disponibilização do conhecimento e do saber nas redes globais; 4‐ implementação de
todas as escolas ao acessos à Internet; 5‐ envolvimento das empresas na “Sociedade
da informação”, para o aumento da competitividade da economia nacional; 6‐
preparação para as mudanças na estrutura do emprego; 7‐ modernização de um
mercado interno de conteúdos e de serviços de informação; 8‐ reforço da rede
científica nacional para potenciar a investigação e desenvolvimento (I&D); 9‐
investimento numa infra‐estrutura nacional de informação (Cádima apud Macedo:
2005:82).
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Desta maneira, na Cimeira de Lisboa, foi aprovado pela EU o tão sonhado Plano
de Acção “e‐Europe 2002: Uma Sociedade da Informação para Todos” que tem como
propósito final, tornar a Europa na “economia mais competitiva do mundo, baseada na
inovação e no conhecimento, capaz de garantir um crescimento económico
sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social” (Macedo:
2005:82).
Neste contexto, foi criado em Portugal um programa exclusivo para o
desenvolvimento do sector: o Programa Operacional Sociedade da Informação (POSI).
Foi prevista a sua utilização para um ciclo de seis anos (2000‐2006).
Segundo a autora, cabe‐nos agora julgar este programa, se está a cumprir as
finalidades para que foi criado, bem como se está a responder aos desafios que uma
“sociedade da informação” democrática, justa e igualitária coloca a Portugal, um país
desfavorecido na UE.
Contributo do programa operacional sociedade da informação para o
desenvolvimento “informacional” da sociedade portuguesa.
A autora diz que analisando o texto do POSI na integra deparamo‐nos com uma
complexa rede de objectivos, mas para leitura e analise POSI, este foi categorizado em
cinco grupos respectivos a cinco diferentes campos de intervenção para o
desenvolvimento da “Sociedade da Informação”. Sendo assim, temos a seguinte
divisão: 1º– Democratização dos acessos (objectivos 1, 2, 3, 4, 5 e 13); 2º– Colocação
de conteúdos portugueses na Internet (objectivo 6); 3º– Desenvolvimento de
competências (objectivos 7 e 8); 4º– Modernização da Administração Pública
(objectivos 9, 10, 11 e 12); 5º– Promoção de actividades de I&D (objectivos 14 e 15)
(Macedo: 2005:84).
Diz‐nos também, Que o POSI se estrutura em três “Eixos Prioritários” que se
dividem em uma ou mais medidas individualizadas.
Desenvolver Competências é o Eixo Prioritário 1, este tem como propósitos:
enriquecer todos os cidadãos com qualificações básicas em TIC, garantir qualidade de
vida melhor, garantir a ampliação da competitividade das empresas e aumentar a
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qualidade da Administração Pública. (2005‐85) Ainda neste sector são definidas três
medidas: 1.1‐ “Competências básicas”, 1.2‐ “Formação Avançada”, 1.3‐ “Investigação e
Desenvolvimento” (Macedo: 2005: 85).
O Eixo Prioritário 2 é “Portugal Digital” que apresenta ambiciosos objectivos,
tais como: a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos; o acréscimo da
competitividade do tecido empresarial português através da sua inclusão na economia
global. Este sector divide‐se em: 2.1‐ “Acessibilidades”, 2.2‐ “Conteúdos”, 2.3‐
“Projectos Integrados: Das Cidades Digitais ao Portugal Digital” (Macedo: 2005: 86).
O último Eixo Prioritário, denomina‐se de “Estado Aberto – Modernizar a
Administração Pública”. Neste texto os objectivos não estão enunciados claramente,
contudo podemos extrair deste texto a intenção de utilizar as novas TIC no sistema de
modernização administrativa, tanto dos procedimentos, como dos comportamentos,
de maneira a flexibilizar o acesso à Administração Pública por parte dos utilizadores e
obter ganhos da eficácia, através, da racionalização do seu exercício interno (2005: 87).
As dificuldades sentidas na implementação do POSI não são as únicas causas da
sua execução tardia, mas também a pesada máquina burocrática instituída à sua volta,
o atraso na aceitação de projectos submetidos à candidatura e os atrasos do
pagamento dos financiamentos aprovados, estes devessem à política de contenção do
Orçamento de Estado.
Também, a dimensão de profissionais ligados às novas TIC é bastante reduzida,
é de 0,7%, ficando muito aquém da média europeia, que é de 1,4%.
A taxa de subscrição de usos de ligação à Internet é ainda inferior ao das
médias Europeia e da OCDE apesar dos lares portugueses possuírem computador com
ligação à Internet, entretanto 75% das empresas portuguesas com dez ou mais
trabalhadores possuem ligação à Internet (Macedo: 2005: 89), havendo uma forte
tendência para este valor aumentar.
Conclusão
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Podemos então concluir que o conceito de “Sociedade da Informação” em
Portugal parece depender mais do investimento nos cidadãos que nas tecnologias,
pois os desafios que a autora identifica no texto levam nos a tirar essa conclusão.
5. Avaliação da Página da Internet
Para a avaliação da página da internet escolhi o site da Universidad Autónoma
del Estado de México, Sistema de Información Científica Redalyc. A minha escolha
deveu‐se sobretudo ao facto de o ter utilizado como referência no meu trabalho uma
vez que contém informação bastante importante e pertinente sobre o meu tema.
Este site fornece‐nos informações acerca de variadíssimos temas, em formato
de teses, de revistas científicas, de artigos científicos, de dossiers, actas de
conferências e reuniões, estudos, relatórios, etc. Esta página aparece dividida em
secções, o que facilita imenso a procura por parte do utilizador.
O site em avaliação pode ser consultado em quatro línguas: português, inglês,
alemão e espanhol. O que penso ser uma mais valia, pois o inglês é uma língua
universal que muitos países utilizam como segunda língua para contactar com outros
países que não conheçam a sua língua materna.
Relativamente ao meu tema, este site é bastante amplo, pois faz uma
abordagem do tema a várias dimensões.
Posso afirmar, pelo que li, que este site apresenta uma tratamento bastante
profundo do tema que tratei no meu trabalho mas também de outros temas, como já
referi.
No que diz respeito á fiabilidade, parece ser uma página bastante fiável, pois
tem autor institucional, Universidad Autónoma del Estado de México, Sistema de
Información Científica Redalyc. É uma página esteticamente apelativa que aposta nos
vermelhos, no branco e no cinzento cromado e é um site que não implica nenhum
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custo monetário e que não necessita que o utilizador adquira qualquer tipo de
software específico para ter acesso a ele.
Esta página disponibiliza instrumentos de pesquisa e de navegação com motor
de pesquisa interna, dividido em seis secções: Artigos, Autores, Revistas, Disciplinas,
Instituições, Países.
Esta página não contem publicidade e dispõe de dois serviços tecnológicos, são
estes a aplicação Android, e a aplicação Iphone/Ipad.
Esta página está disponível no endereço:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=143018637004>
Concluindo, este site para além de estar bastante bem organizado e ser de fácil
acesso, contem informação de bastante interesse, tendo‐me ajudado a perceber
alguns pontos na realização deste trabalho.
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6. Conclusão
A realização deste trabalho permitiu‐me adquirir novos e importantíssimos
conhecimentos acerca da cultura, da cidadania, do desenvolvimento das mesmas e
principalmente da forte influência destas na sociedade.
Muitas vezes pensamos que a cultura e a cidadania não estão interligadas e que
não são importantes na sociedade, o que é mentira, pois o ser humano é um animal
dotado de capacidades próprias que o distingue dos outros animais. A essas
capacidades podemos‐lhe chamar de cidadania e por sua vez, também cultura.
Uma outra conclusão que pude retirar da realização deste trabalho foi a
importância da influência da cultura na vida dos Homens, pois estes podem ter uma
qualidade de vida melhor se viverem de forma mais presente a cultura.
Por outro lado, também podemos observar na realização deste trabalho a
necessidade de desenvolvimento da cultura e da cidadania, pois estas ficam aquém
das necessidades dos Homens. Esta escassez não é só culpa das classes governadoras
mas também, como referido acima, dos cidadãos que rejeitam muitas vezes a evolução
e o modernismo evocando a tradição e a memoria colectiva.
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7. Referências Bibliográficas
• Cuche, Denys (1999), “Hierarquias socias e hierarquias culturais”, in Denys
Cuche, A noção de cultura nas ciências sociais. Lisboa: Fim de Século Edição, pp.
103‐121.
• D’Urso, Luiz Flávio Borges (2005), “A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA “. Acedido em
27 de Novembro de 2013, disponível em:
<http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/88/>.
• Geertz, Clifford (1989), A interpelação das culturas. Rio de Janeiro: LTC
• Laraia, Roque Barros (1986), Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro:
Zahar
• Linton, Ralph (1976), O Homem: uma introdução à antropologia. São Paulo:
Martins Fontes
• Macedo, Lurdes (2005), “Políticas para a sociedade da informação em Portugal”:
da concepção à implementação. Comunicação & Sociedade, 7, 67‐89.
• MARSHALL, Thomas Humphrey (1967), Cidadania, classe social e status. Rio de
Janeiro: Zahar.
• Miller, Toby (2011), “Cidadania cultural”, MATRIZes, 2 (4), 57‐74.
• Ortiz, Renato (2007), “Cultura e Desenvolvimento”. Acedido em 28 de Novembro
de 2013, disponível em:
< http://www.redculturalmercosur.org/docs/Ortiz_port.pdf>.
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• Universidad Autónoma del Estado de México, Sistema de Información Científica
Redalyc, (2013). Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España
y Portugal. Acedido em 24 de Novembro de 2013, disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=143018637004>.