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Página 1 de 24 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Núcleo Gerador 7 – SABERES FUNDAMENTAIS Géneros Textuais: caraterísticas, estruturas e marcas linguísticas

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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Núcleo Gerador 7 – SABERES FUNDAMENTAIS

Géneros Textuais: caraterísticas, estruturas e marcas linguísticas

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CLASSIFICAÇÃO DE TEXTOS

Características, estruturas e marcas linguísticas mais comuns

Com o presente trabalho, procura-se sistematizar e dar a conhecer as características, estruturas e marcas linguísticas mais comuns dos diferentes géneros de textos de modo a que os candidatos ao processo de RVCC, nível secundário, possam recordar/adquirir as ferramentas essenciais para a compreensão de alguns conceitos e critérios de evidências apresentados no Referencial de Competências-Chave, na área de Cultura, Língua e Comunicação.

PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DE TEXTOS

1. Textos informativos e textos dos domínios educativo e transacional

1.1. Textos informativos-expositivos

1.1.1. Resumo de texto informativo-expositivo

1.1.2. Síntese de texto informativo-expositivo

1.1.3. Comentário

1.1.4. Exposição

1.1.5. Debate

1.1.6. Reconto

1.1.7. Relato de experiências/vivências

1.1.8. Descrição/Retrato

1.1.9. Texto expressivo/criativo

1.1.10. Texto expositivo-argumentativo

1.2. Textos do domínio educativo

1.2.1. Verbete de Dicionário

1.2.2. Verbete de Enciclopédia

1.3. Textos do domínio transacional

1.3.1. Declaração

1.3.2. Requerimento

1.3.3. Relatório

1.3.4. Carta formal

1.3.5. Contrato

1.3.6. Regulamento

1.3.7. Curriculum vitae

2. Textos dos media

2.1. Artigos de divulgação científica e técnica.

2.2. Entrevista

2.3. Cartoon

2.4. Artigo de apreciação crítica

2.5. Crónica

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3. Textos de caráter autobiográfico

3.1. Autobiografia

3.2. Memórias

3.3. Diário

3.4. Carta intimista

3.5. Autorretrato

3.6. Textos digitais: Blog, Email, Facebook, Tweeter, Mensagem SMS

4. Textos literários

4.1. Modo Narrativo

4.2. Modo Dramático

4.3. Modo Lírico

CARACTERÍSTICAS, ESTRUTURAS E MARCAS LINGUÍSTICAS MAIS

COMUNS DOS DIFERENTES GÉNEROS DE TEXTOS

1. Textos informativos e textos dos domínios educativo e transacional

1.1. Texto informativos-expositivo – é aquele em que se transmite de forma

clara, ordenada e objetiva, informações referentes a factos reais/concretos. Tem,

geralmente, um caráter expositivo e, por isso, assume-se que por natureza possui

um caráter informativo-expositivo. Visa, principalmente, transmitir informação de

forma clara, ordenada e objetiva.

Estrutura possível: título (que sintetiza o tema do texto) e eventualmente o subtítulo (que

sintetiza o trema abordado no corpo do texto), introdução (apresentação do assunto),

desenvolvimento (explicitação do tema, por meio de definições, análises, classificações,

comparações, contrastes, exemplificações) e conclusão (resumo/síntese das ideias chave).

Marcas linguísticas mais comuns: registo corrente; vocabulário claro e objetivo; marcadores

discursivos organizadores do texto, dando-lhe nexos lógicos; utilização preferencialmente do

presente do indicativo com valor genérico (quando predomina a sequencia lógica) ou pretérito

perfeito simples (quando predomina a sequencialidade causal-cronológica).

1.1.1. Resumo de texto informativo-expositivo – é uma atividade de reformulação que se

exerce sobre qualquer tipo de texto, com o objetivo de o escrever de novo, sob forma mais

reduzida, preservando com o máximo rigor o essencial da informação que ele veicula.

Caracteriza-se pois pela seleção da informação essencial e pela supressão da informação

acessória, mas também pela generalização baseada na substituição de determinadas

expressões por outras, mais genéricas e mais abrangente. O resumo deverá ter entre um

quarto e um terço da extensão do texto original.

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O resumo deverá passar por duas fases distintas: a compreensão do texto-fonte (oral ou

escrito) e a redação do resumo propriamente dito.

1.ª etapa - Compreensão do texto-fonte – a compreensão do texto-fonte deverá passar

pelas seguintes etapas:

1) leitura integral do texto, para captar o seu sentido global;

2) leitura analítica do texto, para identificar a informação essencial. Para o efeito, poder-se-

á sublinhar as ideias-chave;

3) divisão do texto em partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), identificando o(s)

assunto(s)/tópico(s) abordado(s) em cada uma delas. Nesse sentido convém anotar, à

margem, as ideias-chave do texto, sob a forma de tópicos;

4) identificação/seleção dos vocábulos que constituem a rede lexical relativa ao tema e

que, por isso mesmo, deverão estar perenes no texto a produzir, mas também dos

marcadores discursivos que evidenciam a sequência lógica das ideias (estruturadoras

de informação, conectores, reformuladores e operadores discursivos).

2.ª etapa - Redação do resumo - a redação do texto-fonte deverá passar pelas seguintes

etapas:

1) Redação do novo texto:

- por palavras próprias (devem excluir-se as transcrições);

- optando por frases complexas;

- recorrendo à pronominalização;

- não usando discurso direto;

- substituindo expressões/conjuntos de palavras do texto por construções mais

económicas.

2) Revisão do texto produzido, conformando os seguintes aspetos:

- apresentação da informação respeitando a ordem do texto fonte;

- manutenção dos tempos e das pessoas gramaticais do texto fonte;

- ausência de referência à opinião/intenção do autor do texto fonte;

- ausência de marcas enunciativas do produtor do resumo (discurso objetivo);

- manutenção da estrutura informacional do texto;

- seleção e organização da informação relevante;

- opção por um discurso concisa (eliminado as redundâncias);

- utilização de articuladores discursivos que deem coesão ao texto e demonstrem os

nexos lógicos e/ou cronológicas;

- manutenção de palavras ou expressões que localizem a informação no espaço e no

tempo;

- correção linguística;

- respeito pelos limites de extensão.

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1.1.2. Síntese de texto informativo-expositivo – é uma atividade em que se salientam as

ideias essenciais de um texto, sem preocupação de as estruturar de acordo com a ordem

pela qual o autor as apresenta, mas segundo a importância que lhes atribui quem executa

esta tarefa. Na prática, é como uma interpretação, um comentário do conteúdo mais

importante de um texto-fonte, na perspetiva do leitor, mas sem o rigor exigido a um texto de

resumo. Pode referir-se o autor do texto-fonte, destacando-se a sua opinião e/ou intenção

comunicativa. A síntese deverá passar pelas seguintes etapas (as mesmas do resumo):

1.ª etapa - Compreensão do texto-fonte – a compreensão do texto-fonte deverá passar

pelas seguintes etapas (as mesmas do resumo):

1) leitura integral do texto, para captar o seu sentido global;

2) leitura analítica do texto, para identificar a informação essencial. Para o efeito, poder-se-

á sublinhar as ideias-chave;

3) divisão do texto em partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), identificando o(s)

assunto(s)/tópico(s) abordado(s) em cada uma delas. Nesse sentido convém anotar, à

margem, as ideias-chave do texto, sob a forma de tópicos;

4) identificação/seleção dos vocábulos que constituem a rede lexical relativa ao tema e

que, por isso mesmo, deverão estar perenes no texto a produzir, mas também dos

marcadores discursivos que evidenciam a sequência lógica das ideias (estruturadoras

de informação, conectores, reformuladores e operadores discursivos).

2.ª etapa - Redação do resumo - a redação do texto-fonte deverá passar pelas seguintes

etapas:

1) Redação do novo texto:

- por palavras próprias (devem excluir-se as transcrições);

- optando por frases complexas

- recorrendo à pronominalização;

- não usando discurso direto;

- substituindo expressões/conjuntos de palavras do texto por construções mais

económicas.

2) Revisão do texto produzido, conformando os seguintes aspetos:

- apresentação da informação sem a preocupação de respeitar a ordem do texto-fonte;

- possível alteração dos tempos e das pessoas gramaticais do texto-fonte;

- referência ao autor do texto-fonte e destaque da sua opinião/intenção;

- discurso mais subjetivo do que o do resumo;

- manutenção da estrutura informacional do texto;

- seleção e organização da informação relevante;

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- opção por um discurso concisa (eliminado as redundâncias);

- utilização de articuladores discursivos que deem coesão ao texto e demonstrem os

nexos lógicos e/ou cronológicas;

- manutenção de palavras ou expressões que localizem a informação no espaço e no

tempo;

- correção linguística;

- respeito pelos limites de extensão.

1.1.3. Comentário – o comentário, sendo um texto de reflexão, é a interpretação e a

explicação que se dá às frases, atos ou acontecimentos. Permite dar conta, de forma

refletida, do assunto de um acontecimento ou facto e tomar posição sobre o assunto. O

conteúdo do comentário orienta-se para a transmissão do que e da forma como aconteceu

ou se disse. Exige o conhecimento do assunto e pela análise e interpretação, bem como a

formulação de um juízo crítico.

A análise ajuda a aprofundar o conhecimento da mensagem depois do contacto inicial e

deve atender ao seguinte:

- situar o texto na obra e no contexto em que é produzido;

- dividir o texto em momentos ou partes;

- identificar ou registar os elementos essenciais, assegurando a sua compreensão;

- estabelecer prioridade nas ideias, através da ordenação desses elementos;

- fazer articulações lógicas do texto.

A interpretação permite a explicação e clarificação do texto, dando conta das ideias, do

seu encadeamento e das significações e deve atender ao seguinte:

- esclarecer o assunto e as ideias principais;

- elucidar as passagens menos compreensíveis e as diversas significações que podem encontrar;

- mostrar como se organza e desenvolve o enunciado, tendo em conta:

as ideias fundamentais;

a ligação entra as ideias;

os elementos acessórios que servem para esclarecer ou podem ser eliminados;

as exemplificações;

as fundamentações do que se afirma;

os processos de enriquecimento estático;

a correção formal: ortografia (escrita correta das palavras, acentuação, uso adequado

de maiúsculas, translineação...), morfologia (aplicação correta das categorias

morfológicas, concordância em género, número e grau, flexão verbal...), léxico (seleção

de vocabulário e sua adequação à mensagem), sintaxe (pontuação, estruturação

correta das frases).

O juízo crítico permite que se tome partido perante o conteúdo do texto e da mensagem

ou ideias que transmite. Ao realiza-lo é importante haver sensibilidade e conhecimentos,

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mas em perder de vista os elementos de análise e a interpretação. Deverá atender ao

seguinte:

- julgar os objetivos da mensagem, identificando-a dentro do contexto em que se insere;

- avaliá-la de acordo com esse contexto;

- apreciar a adesão ou rejeição ao seu conteúdo;

- tomar posição quanto às ideias que veicula ou à forma como as transmite;

- sugerir eventuais alternativas.

1.1.4. Exposição – exposição é um tipo de discurso que tem por objetivo explanar,

explicar, informar, definir, explicar, esclarecer, discutir, provar ou recomendar alguma

coisa, recorrendo à razão e ao entendimento. Pode ser oral ou escrito, mas em

qualquer dos casos, o enunciador tenta colocar-se na perspetiva do conhecedor,

manifestando explicitamente a sua opinião ou o seu julgamento. Deverá atender ao

seguinte:

- escolha do tema a desenvolver;

- definição do propósito que se persegue ou os objetivos a atingir;

- pesquisa de informação sobre o tema;

- seleção dos dados de interesse;

- elaboração de um guia com o plano do que cevai escrever ou dizer;

- estruturação de forma ordenada da informação;

- recurso a materiais de suporte como imagens, gráficos, diagramas, slides em powerpoint,

flash, etc.

- se a exposição for escrita, o assunto deve ser explanado com pormenor, referindo o tempo,

o espaço e as circunstancia do seu acontecer.

1.1.5. Debate – o debate é um texto dialogal-conversacional. Apresenta-se como um

diálogo alagado onde se examina um assunto e se apresentam opiniões, argumentos,

pontos de vista para encontrar a conclusões. Deverá atender à determinação do tema

(de caráter específico e nunca genérico) e dos objetivos, fixar o tempo necessário para

a sua preparação, nomeara um moderador. Na preparação, e geral, é necessário

recolher ideias sobre o assunto pesquisando-as em diversas fontes.

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1.1.6. Reconto – é um texto narrativo que se baseia no ato ou no efeito de recontar

(tornar a contar). Apresenta as seguintes características:

- manutenção da informação principal/macroestrutura;

- manutenção da estrutura narrativa, organizada segundo o princípio da sequencialização

(princípio, meio e fim).

- alteração da informação secundária (que não afeta a macroestrutura textual;

- alteração da apresentação formal da narrativa (em verso e não em poesia);

- possibilidade de efetuar acrescentos e comentários pessoais.

1.1.7. Relato de experiências/vivências - texto em que se apresentam

acontecimentos passados vividos ou presenciados, de forma sequencial, de acordo

com critério cronológico. Pode ser estruturado a partir de sequências textuais de tipo

narrativo. Neles tende a relatar-se um evento ou uma sequência de eventos,

organizado(s) em torno de uma peripécia e com vista a um desenlace. Assim, uma das

estruturas possíveis é a seguinte:

- situação inicial – em que se apresenta o contexto espácio-temporal do evento relatado;

- nó desencadeador > reação > desenlace – em que se relata o evento ou a sequencia de

eventos, organizados temporariamente à volta de uma peripécia (isto é, de uma mudança

brusca do estado das personagens);

- situação final – em que se apresenta a resolução do conflito e o desenlace (definitivo ou

não) do evento narrado, que poderá surgir e articulação com um amoral (implícita ou

explícita).

O relato de experiências/vivências deverá apresentar as seguintes características

linguísticas discursivas:

- organização com base em critérios cronológicos. Ainda que tendam a ser relatados de

forma linear, os acontecimentos podem também ser narrados não pela ordem pela qual

aconteceram, mas por uma ordem diferente (recorrendo-se a analepses, prolepses,

elipses, pausas, sumários);

- por vezes, ordenação do discurso com base numa estrutura narrativa (situação inicial >

peripécias > situação final);

- enunciação na primeira pessoa;

- predominância de tempos gramaticais que marcam a narração (pretérito perfeito simples,

pretérito imperfeito, presente histórico);

- abundância de expressões com valor temporal locativo, que maram a sequencialidade

dos acontecimentos narrados e os identificam especialmente.

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1.1.8. Descrição/Retrato – texto que visa a representação da realidade, podendo ter

como referente espaços/ambientes, animais, objetos, pessoas/personagens (retrato),

estados de espírito, impressões, sentimentos, etc. A descrição pode implicar diferentes

graus de objetividade/subjetividade.

A descrição/retrato deve atender aos seguintes aspetos:

- escolha do ponto de observação: por exemplo um miradouro, uma janela...

- escolha do modo de observação: fixo (representação de uma realidade fixa, em que há

ausência de movimento ou dinâmico (representação de uma realidade em movimento;

- definição do campo de observação: panorama (ou visão geral – representação da totalidade

do alcance visual) ou grande plano (ou plano intermédio – representação de determinados

pormenores do alcance visual, organizados em secções, por exemplo, direita, esquerda,

superior, inferior);

- seleção dos traços individualizantes da realidade a representar: descrição de

espaços/objetos – representação de traços referentes ao aspeto, à forma, à dimensão, à luz,

ao odor, à textura... ou representação de traços referentes ao perfil físico (altura,

constituição, tom de pele, rosto, roupa, adereços...), psicológico (sentimentos,

temperamento...), social (estatuto social, profissão, formação...)

- ordenação sistemática das observações: do geral para o particular (ou vice-versa); do mais

próximo para o mais distante (ou vice-versa); da esquerda para a direita (ou vice-versa); de

cima para baixo (ou vice-versa).

A descrição/retrato deve obedecer às seguintes etapas de produção:

1.ª etapa – Observação da realidade a representar – Tratando-se da leitura de uma

imagem, deve atender ao seguinte: análise da imagem em termos globais; apreensão dos

traços individualizantes da imagem; interpretação dos traços individualizantes (associada,

por exemplo, às impressões causadas pelos mesmos e às possíveis funções da imagem).

2.ª etapa – Produção da descrição – Terminada a fase de observação, passa-se à

descrição propriamente dita, seguindo-se as fases de planificação, textualização e revisão:

- planificação – elaboração do plano do texto descritivo a produzir, tendo e conta o ponto, o

modo e o campo d observação, os traços individualizantes da realidade a descrever e a

ordenação sistemática das observações;

- textualização – redação da descrição, utilizando recursos linguísticos que: articulem a

descrição; evidenciem o modo da observação; marquem o ponto de vista assumido na

descrição, objetivo ou subjetivo; que estabeleçam as coordenadas enunciativas da

descrição;

- revisão – avaliação da adequação e validade do texto produzido e reformulação dos

aspetos que possam ser melhorados.

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1.1.9. Texto expressivo/criativo – é um texto que reflete claramente, de forma viva e

imaginativa, aquilo que se pretende exteriorizar ou dar a conhecer. Trata-se pois, de

um texto que tem como base a imaginação e a manifestação de ideias, conceitos,

vivências pessoais ou ficcionas. Os textos expressivos criativos são escritos em

diversas áreas, desde a literária (ficcional ou autobiográfica) à comunicacional/técnica

(publicidade, jornalismo, guionismo).

A estrutura e as características linguístico-discursivas dos textos expressivos/criativos

são, pois, variáveis, dependendo do modo, da sequência e/ou do modelo adotados.

Geralmente apresenta as seguintes características:

- associa ideias que, geralmente, não costumam estar associadas;

- pode ser escrito em verso ou em prosa;

- pode apresentar características do modo lírico, narrativo, dramático...;

- pode basear-se em sequencias narrativas, argumentativas, expositivas, dialogais...;

- pode obedecer a modelos textuais diverso: conto, soneto, autorretrato, relato de

experiencias pessoais...

O processo de produção do texto expressivo/criativo deve passa pelas seguintes etapas:

1.ª etapa - Planificação – em que se elabora o plano do texto a produzir, considerando

aspetos como a estrutura formal, o modo (lírico, narrativo, dramático), o tipo de

sequencialidade (narrativa, descritiva, dialogal, expositiva, argumentativa, preditiva), o

modelo adotado (conto, autorretrato, soneto...);

2.ª - Textualização – e que se produz o texto, representando as ideias através de

associações criativas;

3.ª Revisão – em que se revê, reformula, aperfeiçoa o texto produzido.

1.1.10. Texto expositivo-argumentativo: o texto argumentativo é aquele que procura

defender uma tese, apresentando dados e observações que a confirmem. Destina-se a

tentar convencer alguém com recurso a argumentos e conclusões. Tem como registo

essencial a capacidade de apreensão, de construção e de expressão de argumentos.

Apresenta uma ideia principal confirmada por dados e razões que defendem a opinião

emitida. Permite a possibilidade de se polemizar a questão abordada. O texto

expositivo-argumentativo articula as características do texto expositivo com as do texto

argumentativo.

O Texto expositivo é aquele em que se analisam ou sintetizam ideias, conceitos, teorias.

Apresenta as seguintes características:

- predomínio da função informativa (corroborada por evidências/provas);

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- raciocínio lógico;

- estrutura interna: introdução, desenvolvimento, conclusão;

- marcas linguísticas mais frequentes: marcadores que evidenciam o raciocínio lógico, verbos

ter e ser; presente com valor genérico;

O texto argumentativo é aquele em que se tenta convencer alguém com recurso a

argumentos e conclusões. Apresenta as seguintes características:

- tomada de posição;

- apresentação de argumentos que justificam a posição tomada;

- apresentação de contra-argumentos (argumentos que diminuem a força da posição contrária).

O texto argumentativo utiliza os seguintes tipos de argumentos/contra-

argumentos:

- universais (verdades/princípios aceites por todos);

- de autoridade (citação de obras ou de peritos na matéria);

- históricos (eventos/situações de caráter histórico);

- exemplares (comportamentos que são exemplos a seguir);

- experienciais (experiências vividas);

O texto argumentativo explora os seguintes recursos:

- exemplificação (exemplos familiares comprováveis);

- generalização;

- reformulação.

Estrutura possível: introdução; desenvolvimento; conclusão.

Marcas linguísticas mais frequentes: presente com valor genérico, marcadores que

evidenciam o raciocínio argumentativo.

1.2. Textos do domínio educativo - São textos que se relacionam com a atividade

escolar.

1.2.1. Verbete de dicionário – é um texto em que se apresenta informação linguística

sobre determinada palavra ou expressão. Visam transmitir infirmação gramatical e

semântica.

Estrutura possível: entrada (palavra/expressão listada) e artigo (conjunto de informação

disponibilizada para cada entrada).

Marcas linguísticas mais comuns: registo corrente, vocabulário denotativo, marcadores

expressões nominais, abreviaturas e sinais, formas de destaque, associações entre elementos

verbais e elementos não-verbais (opcional).

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1.2.2. Verbete de enciclopédia – é um texto de caráter informativo em que se transmitem

informações sobre determinados assuntos. São produzidos por especialistas e destinam-

se a fins utilitários (de consulta). Visam transmitir informação abrangente e pormenorizada

sobre determinado assunto.

Estrutura possível: entrada (palavra/expressão listada) e artigo (conjunto de informação

disponibilizada para cada entrada).

Marcas linguísticas mais comuns: registo corrente, terminologia técnica e cientifica,

marcadores discursivos organizadores do texto, dando-lhe nexos lógicos, remissões para

outros verbetes, abreviaturas e sinais, formas de destaque, associações entre elementos

verbais e elementos não-verbais (opcional).

1.3. Textos do domínio transacional – são textos relacionados com a

comunicação burocrática e administrativa:

1.3.1. Declaração – texto que consiste numa comunicação ou denúncia pública. Visa

atestar/provar a veracidade do que é dito por parte da entidade emissora. Existem vários

tipos de declarações: escritos em que se faz uma comunicação ou uma denúncia pública;

exposição oficial de uma situação, de um facto, feita por escrito, apresentada a um órgão

próprio e que constituiu prova de compromisso; Histórica e Política – proclamação solene

de princípios de caráter político e social, normalmente de âmbito universal.

Estrutura possível: designação (Declaração), abertura (identificação da entidade declarante),

encadeamento (conteúdo da declaração) e fecho (local/data e assinatura do declarante e caso

se aplique, a identificação dom cargo e/ou carimbo da entidade declarante).

Marcas linguísticas mais comuns: registo formal, vocabulário objetivo e denotativo,

tecnicismos legais e administrativos, léxico específico, fórmulas fixas, construção frásica na 1.ª

ou 3.ª pessoa e construções passivas.

1.3.2. Requerimento – texto que consiste num pedido ou numa solicitação a uma

entidade oficial, da justiça ou da administração. Visa solicitar a uma autoridade pública a

satisfação de um interesse.

Estrutura possível: designação, abertura (saudação inicial com identificação da entidade a

quem o requerimento é pedido), encadeamento (identificação do requerente, explicitação do

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pedido), fecho (pedido de resposta favorável, local/data e assinatura do requerente: Pede

deferimento).

Marcas linguísticas mais comuns: registo formal, vocabulário objetivo e denotativo,

tecnicismos legais e administrativos, léxico específico, fórmulas convencionais (Ex.mo

Senhor...; Eu... venho por este meio) construção frásica na 1.ª ou 3.ª pessoa e formas de

tratamento reverente/cerimoniosos (Excelentíssimo; V.Ex.ª).

1.3.3. Relatório – texto que consiste no registo circunstanciado e objetivo de um facto

fenómeno ocorrido, com base no que se viu, estudou, analisou, observou. Visa expor a

ocorrência de um facto a alguém que deseja ser informado. Os relatórios podem ser de

dois tipos: relatório crítico (relatório em que se descreve e analisa detalhadamente um

evento ou uma experiência) e relatório-síntese (relatório mais breve do que o relatório

crítico, e que tem como base uma investigação, uma pesquisa ou um resultado prévio).

Estrutura possível: designação (designação do texto, em que se especifica o tipo e/ou âmbito

do relatório), introdução (em que se apresenta o acontecimento relatado, explicitando os

objetivos e/ou o contexto/âmbito desse acontecimento), corpo do relatório/desenvolvimento

(em que se relatam os acontecimentos ocorridos de forma ordenada, em articulação ou não

com a perspetiva explicitamente critica; a informação pode ser complementada com imagens,

quadros, gráficos, esquemas, etc.), conclusão (em que se apresentam os comentários

conclusivos do relatório.

Outra esturra possível poderá ser a seguinte: capa (em que se parenta o título do relatório, o

autor, a data e o âmbito em que o relatório foi produzido), página de rosto (em que se repetem

e complementam os dados da capa (acrescentando-lhe, por exemplo, o período de realização

da atividade, o fim a que se destina, etc.), índice, introdução (em que se explica o

enquadramento da atividade, o local onde foi realizado o trabalho, a descrição do problema, os

objetivos, a estrutura do relatório), corpo do relatório/desenvolvimento (em que se procede à

descrição pormenorizada e minuciosa do trabalho desenvolvido e em que se discutem os

resultados obtidos), conclusão (em que se apresenta uma síntese do trabalho e se apresentam

propostas de atuação futura), bibliografia (em que se enumeram todas as fontes consultadas

e/ou mencionadas no relatório) e anexos (que complementam a informação apresentada.

Marcas linguísticas mais comuns: registo formal, vocabulário objetivo e denotativo,

tecnicismos legais e administrativos, fórmulas fixas, construção frásica na 1.ª ou 3.ª pessoa e

construções passivas, associações entre elementos verbais e elementos não-verbais

(opcional), identificação das fontes usadas.

1.3.4. Carta formal – texto que serve de intermédio para correspondência entre pessoas

que se encontram fisicamente afastadas, produzido na área empresarial ou institucional.

Visa transmitir informação a uma entidade ausente.

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Estrutura possível: cabeçalho (identificação do emissor e do destinatário, referência, data,

assunto) abertura (saudação inicial), encadeamento (exposição do assunto), fecho (fórmula de

despedida, assinatura, identificação do cargo do emissor.

Marcas linguísticas mais comuns: registo formal, vocabulário objetivo e denotativo,

terminologia técnica associada à área em causa, fórmulas de tratamento reverentes,

articuladas com o tratamento da 3.º pessoa (Ex.mo Senhor, V. Ex.ª), fórmulas de abertura

(Ex.mo Senhor), encadeamento (Na sequência de ... Venho por este meio ...; Mais informo que

...; Junto envio a documentação referente a ...; Solicito a atenção de V. Ex.ª para o assunto que

passo a expor...) e fecho (Atentamente, Com os melhores cumprimentos) fixas.

1.3.5. Contrato – texto que estabelece um acordo entre duas ou mais entidades coletivas.

Visa validar um acordo entre duas ou mais entidades individuais e ou coletivas. Existem

variados tipos de contratos (acessório, administrativo, aleatório, a termo, bilateral, coletivo

de trabalho, de adesão, de promessa de resolução, individual de trabalho, etc.).

Estrutura possível: designação, abertura (tipo de contrato, identificação das partes

envolvidas), encadeamento (cláusulas com as condições do contrato) e fecho (local/data,

assinatura dos intervenientes).

Marcas linguísticas mais comuns: registo formal, vocabulário objetivo e denotativo,

tecnicismos legais e administrativos, léxico específico, fórmulas fixas e construção frásica na

1.ª ou 3.ª pessoa.

1.3.6. Regulamento – texto que consiste num conjunto de regras que regulam o

funcionamento de uma atividade ou de um grupo. Visa regulamentar o funcionamento de

uma atividade de grupo. Caracteriza-se pela exaustividade/pormenorização e pela

organização das regras segundo o grau de abrangência (do geral para o particular).

Existem vários tipos de regulamentos (conjunto de regras, preceitos, prescrições, normas

a seguir; estatuto, regimento que preside ao funcionamento de corpos coletivos; etc.).

Estrutura possível: designação, preâmbulo, capítulos (referentes a normas gerais,

competências, direitos, deveres, sanções, disposições finais), datas de aprovação e de entrada

em vigor e anexos.

Marcas linguísticas mais comuns: vocabulário objetivo e denotativo, fórmulas fixas, verbos

flexionados no presente do indicativo, frases do tipo declarativo, marcas de numeração a

identificar capítulos, artigos e pontos, construção frásica na 3.ª pessoa e construções passivas.

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1.3.6. Curriculum vitae – o curriculum vitae, que acompanha as cartas de apresentação,

consiste num conjunto de indicações de um candidato a qualquer lugar, incluindo

informações pessoais sobre o nascimento, trabalhos escolares, científicos, literários,

habilitações, classificações, obras publicadas, lugares desempenhados, etc. É um

documento sintético e ordenado de apresentação pessoal utilizado em variadas situações:

solicitação de emprego, concursos públicos, concursos para a concessão de bolsa,

concursos para a participação em projetos, etc. depende sempre da profissão e

experiencia do candidato.

O curriculum vitae deve apresentar a seguinte informação: identificação, um resumo

profissional (com 20 ou 30 palavras iniciadas com maiúscula, sem artigos nem conjunções entre

si e separadas por ponto final, com um inventário hierarquizado das qualificações mais

importantes), as habilitações académicas, a formação profissional, a experiencia profissional,

outras classificações e possível intervenção no domínio técnico e de investigação, a haver.

Quando o curriculum é uma candidatura, é frequente, após o resumo, coloca o objetivo numa

ou duas frases que descrevem sinteticamente a posição que se pretende alcançar.

Há diversos modelos de curriculum vitae. Os formatos mais usuais são:

- formato cronológico – o formato cronológica, sendo o mais frequente, apresenta a

história profissional por ordem inversa à da realização, ou seja, começa pela descrição da

situação atual e relata, por ordem decrescente, as experiências profissionais anteriores;

- formato funcional – o formato funcional organiza a informação pelas funções

desempenhadas ou competências profissionais e não pelas datas;

- formato misto – o formato misto tenta otimizar o rigor do modelo cronológico com a

flexibilidade e versatilidade do curriculum funcional. É muito apreciado por permitir

observar melhor as realizações da carreira profissional de quem o elabora.

2. Textos dos media – são textos produzidos para serem publicados nos meios de

comunicação social.

2.1. Artigos de divulgação científica e técnica – um artigo de divulgação científica ou

de divulgação técnica é um texto de caráter predominantemente informativo-expositivo,

em que se divulga o enchimento científico ou tecnológico a um público não especializado.

São produzidos normalmente no âmbito do jornalismo científico.

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Estrutura possível: título; resumo; corpo do artigo (introdução, desenvolvimento, conclusão).

Marcas linguísticas mais comuns:

- linguagem clara e objetiva;

- terminologia técnica, associada à área do conhecimento em causa;

- construções passivas;

- construção frásica na 3.ª pessoa;

- analogias e metáforas (permitem exemplificar conceitos abstratos.)

2.2. Entrevista – Texto produzido, geralmente, numa situação social de interação face a

face, por dois ou mais interlocutores, em que um (entrevistador) faz perguntas a outro

entrevistado), com o intuito de ficar a conhecer as suas opiniões e ideias relativamente a

um determinado assunto.

Estrutura possível: título que poderá ser acompanhado de um antetítulo e/ou subtítulo); texto

introdutório (apresentação do tema e/ou do perfil do entrevistado); sequência de perguntas e

respostas.

Marcas linguísticas mais comuns: registo tendencialmente formal, embora possa haver

marcas de oralidade; interação discursiva regulada pelos princípios da cooperação, pertinência

e cortesia.

2.3. Cartoon – texto icónico ou icónico-verbal, de caráter humorístico ou satírico,

publicado em jornais e revistas, baseado numa determinada situação da atualidade

(temas políticos, religiosos, sociais, culturais, desportivos...).

Estrutura possível: articulação entre imagens/sequência de imagens e texto ou

imagem/sequencia de imagens (sem texto).

Marcas linguísticas mais comuns: linguagem humorística.

2.4. Artigo de apreciação crítica – texto jornalístico de caráter interpretativo e

argumentativo em que alguém (conhecido/perito da área em causa) exprime a sua opinião

critica relativamente a um determinado tema, objeto, facto/acontecimento (sociais,

económicos, políticos, culturais...), obra, atividade (exposição, exibição artística, programa

radiofónico ou televisivo...). Nos media, é geralmente produzido por críticos, isto é, por

pessoas conhecedoras da área em causa. Para além de servir para descrever e analisar

o objeto de apreciação em causa, também comporta comentários acerca dele. O artigo de

apreciação crítica assume assim um caráter predominantemente interpretativo e

argumentativo.

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O artigo de apreciação critica apresenta-te pois como um atividade reflexiva, que implica

observação, análise e uma apreciação judicativa sobre o assunto. Mais do que opinativo,

deve ser, simultaneamente, informativo e interpretativo. Sem exigir um julgamento

explícito do autor, que é responsável pelas afirmações, mistura considerações objetivas e

subjetivas, apreciando os assuntos no contexto e que aconteceram e avaliando as suas

repercussões. Deve explicitar muito bem a mensagem, a sua intenção e a sua

importância, atendendo à verdade dos factos, à sua abrangência e à circunstâncias.

Estrutura possível: título (em que se identifica o objeto de apreciação); introdução (em que

se apresenta brevemente o objeto de apreciação), desenvolvimento (descrição impressiva e

apreciação crítica do objeto de análise, traduzida na transmissão da opinião pessoal sobre o

objeto de apreciação e se justifica essa mesma opinião com base em argumentos

significativos e pertinentes, corroborados por exemplos significativos); conclusão (síntese e

/ou reforço da argumentação feita). A estrutura não é fixa, variando em função do estilo do

autor e das características específicas do meio em que é publicado.

Marcas linguísticas mais comuns: linguagem subjetiva e valorativa (marcada por adjetivos

qualificativos, advérbios de quantidade e grau, figuras de retórica...).

2.5. Crónica – Texto produzido no âmbito da imprensa periódica, marcado pela

articulação entre o registo jornalístico e o registo literário. Se no texto predomina o registo

literário estamos perante uma crónica literária. Se predominar o registo jornalístico, então

podemos considera o texto uma crónica jornalística. A palavra crónica tem a sua origem

no étimo grego khronikón, que significa relativo ao tempo. Se na Idade Média o termo nos

remetia para o registo de eventos ordenados no tempo, a partir do século XIX, passou a

estar associada a textos periodísticos, juntando registos jornalísticos com registos

literários.

No século XIX, as crónicas literárias eram escritas geralmente por autores

consagrados no domínio a literatura como Eça de Queirós e Ramalhão Ortigão (refira-se

a título de exemplo as Farpas). Já no século XX, a crónica enquanto género literário foi

cultivada por autores consagrados como José Rodrigues Miguéis, José Gomes Ferreira,

urbano Tavares Rodrigues, Lídia Jorge, Maria Judite de Carvalho, Augusto Abeleira,

António Lobo Antunes, José Cardoso Pires...

A crónica jornalística, não pretendendo assumir características literárias, caracteriza-

se pela versatilidade enunciativa, temática e estilísticas, dando conta da expressão de

uma opinião pessoal por parte do cronista (também designado colunista) face ao ral

quotidiano que pode assumir uma feição descritiva, narrativa, reflexiva, analítica, didática,

argumentativa, humorística... Sendo escrita geralmente por um jornalista prestigiado ou

por uma figura publicamente reconhecida, assume muitas vezes um caráter mais ou

menos polémico.

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Estrutura possível: título; Introdução; desenvolvimento; conclusão. (A estrutura da crónica é

bastante variável, podendo ter uma estrutura descritiva, narrativa, argumentativa ...).

Marcas linguísticas mais comuns:

- linguagem subjetiva e valorativa;

- vocabulário plurissignificativo, com valor conotativo;

- figuras de retórica e outros recursos expressivos.

3. Textos de caráter autobiográfico: São textos em que se procede à escrita

acerca da própria vida. Neles o sujeito enunciador reflete sobre a própria vida e

autocaracteriza-se, implicando-se intimamente no discurso, expressando opiniões,

defendendo convicções e exprimindo a sua visão pessoal do mundo. Conforme os

contextos, assumem diferentes géneros:

Contexto Géneros autobiográficos

Familiar/privado Diário, memórias, relato de experiências pessoais,

carta intimista …

Literário Autobiografia, diário, memórias, autoficção,

autorretrato, carta intimista…

Religioso Confissão…

Educacional Relato de experiencias pessoais, histórias de vida,

autobiografia, diário

3.1. Autobiografia – é a narração retrospetiva, que uma pessoa faz da sua vida, centrada

na sua vida individual, especialmente na história da sua personalidade. Os

acontecimentos relatados, geralmente numa etapa avançada da vida, são vistos pelo

autor como experiencias merecedoras de atenção e passíveis de comprovação pública.

Marcas linguísticas mais comuns: organização com base em critérios cronológicos;

enunciação de tipo narrativo, em prosa; articulação da narração com o diálogo, a descrição, a

reflexão…; enunciação na primeira pessoa, registo intimista e modalização do discurso;

articulação entre tempos gramaticais que marcam o relato autobiográfico (pretérito perfeito

simples, pretérito imperfeito) e tempos gramaticais que marcam a reflexão/comentário

(presente, futuro); expressões com valor temporal e locativo, que marcam a sequencialidade

dos acontecimentos narrados e os localizam temporal e espacialmente; recursos expressivos,

com função estética (no caso autobiográfico e das memórias literárias).

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3.2. Memórias – Relato ulterior de experiências/vivências pessoais passadas, articulando

as vivências pessoais com o contexto histórico-cultural circundante. Apresentam valor

documental, pis são testemunhos do tempo e do espaço em que ocorreram as

experiencias. Podem referir-se a toda uma vida ou a um período particular da vida.

Marcas linguísticas mais comuns: organização com base em critérios cronológicos;

enunciação de tipo narrativo, em prosa; articulação da narração com o diálogo, a descrição, a

reflexão…; enunciação na primeira pessoa, registo intimista e modalização do discurso;

articulação entre tempos gramaticais que marcam o relato autobiográfico (pretérito perfeito

simples, pretérito imperfeito) e tempos gramaticais que marcam a reflexão/comentário

(presente, futuro); expressões com valor temporal e locativo, que marcam a sequencialidade

dos acontecimentos narrados e os localizam temporal e espacialmente; recursos expressivos,

com função estética (no caso autobiográfico e das memórias literárias).

3.3. Diário – Sucessão de notas datadas em que o registo dos factos narrados alterna

com a ocorrência desses mesmos factos.

Estrutura possível: local, data, saudação inicial, corpo da carta, fórmula de despedida,

assinatura

Marcas linguísticas mais comuns: organização com base em critérios cronológicos (escrita

diária/periódica, geralmente datada); enunciação de tipo narrativo, em articulação com

sequências descritivas, argumentativas ou dialogias; marcação de uma situação e interlocução:

enunciação na primeira pessoa, dirigida ou não a uma segunda +pessoas; articulação entre

tempos gramaticais que marcam a narração de eventos passados (pretérito perfeito simples,

pretérito imperfeito) e tempos gramaticais que marcam a exposição de eventos presentes e a

reflexão crítica sobre o quotidiano (presente).

3.4. Blog: Os blogs são diários virtuais, sucedâneos dos diários, onde alguém narra

factos ou sentimentos vividos. Têm estrutura leve, são em geral textos breves, descritivos

e opinativos.

3.5. Carta intimista – Texto usado na comunicação entre amigos/familiares ausentes,

com um carácter intimista, autobiográfico.

Marcas linguísticas mais comuns: estrutura relativamente fixa; escrita fragmentária e

continuamente interrompida; linguagem informal, marcada pelo registo corrente e familiar;

aborda temas variados (sociais, políticos, estéticos, morais, etc.); marcação explícita da

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situação de interlocução: enunciação na primeira pessoa (emissor), dirigida explicitamente a

uma segunda pessoa (destinatário); tom intimista.

3.6. Autorretrato – Descrição subjetiva que uma pessoa faz de si própria, oralmente ou

por rescrito, em termos físicos, psicológicos, morais, comportamentais, culturais,

económico-sociais, profissionais…

Marcas linguísticas mais comuns: organização com base numa estrutura descritiva;

enunciação na primeira pessoa; predomínio de duas classes de palavras: o nome (que

referencia os traços individualizantes) e o adjetivo (que carateriza esses traços); recursos

expressivos, com função estética (autorretrato literário)

3.7. Email ou correio eletrónico: é o sucedâneo da carta usado em ambiente eletrónico,

permite comunicar com rapidez e praticidade.

4. Textos literários - Os textos literários, consoante a forma como

representam a realidade, dividem-se em três grandes grupos: modo

narrativo, modo dramático e modo lírico que por seu lado se subdividem

em diferentes géneros:

Modos literários e géneros literários

1. Modo narrativo: Consideram-se, em geral, narrativos os textos em que há

predominância de sequências textuais narrativas (baseadas na narração ou relato de

eventos em torno de uma peripécia e com vista a um desenlace) e ocorrência de formas

linguísticas próprias do modo narrativo como por exemplo o uso do pretérito perfeito

simples e de localizadores com valor temporal. Em geral, a enunciação faz-se na terceira

pessoa (por vezes na primeira, quando o narrador assume o papel de personagem).

Recorre frequentemente à ficção, apesar de, amiúdes vezes, se socorrer de

acontecimentos históricos, possui três elementos estruturais: personagem, espaço e

acontecimento (ação num tempo e num espaço). Dito de outro modo: texto narrativo é

aquele em que o narrador relata um evento ou uma cadeia de eventos, seguindo uma

estrutura narrativa, em que intervêm personagens, que se envolvem numa determinada

ação, num determinado contexto espaciotemporal. Dito ainda de outro modo: texto

narrativo é aquele que relata acontecimentos que remetem para o conhecimento do

Homem e das suas realizações no Mundo.

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Géneros literários do modo narrativo:

Conto – narrativa breve e fictícia em que a ação geralmente se concentra sobre um

único tema ou episódio. Os contos podem ter como destinatários crianças, jovens ou

adultos. Estes últimos, caracterizam-se por apresentarem o essencial e pela crítica

social. O conto distingue-se de outros géneros literários de caráter narrativo pelos

seguintes aspetos: relato pouco extenso se comparado com o romance; as

personagens são pouco numerosas e pouco complexas; a ação é simples e linear e o

esquema temporal restrito. Podemos classificar os contos de acordo com a seguinte

tipologia: conto de ação; conto de personagem; conto decenário ou atmosfera; conto de

ideia.

Novela – composição literária do género do romance, mas mais curta e simples do que

este, em que se dá preferência à narração, ao diálogo e ao resumo, evitando-se as

longas descrições.

Romance – género narrativo ficcional em prosa, mais longo que a novela e o conto, em

que as personagens são apresentadas com maior densidade psicológica e, em que o

tempo e o espaço são categorias mais elaboradas. Remetem para o conhecimento do

ser humano e da sociedade.

Epopeia – poema narrativo e de grande dimensão em que se celebra geralmente uma

ação grandiosa e heroica protagonizada por um herói com qualidades excecionais.

Lenda – narrativa escrita ou tradição de acontecimentos duvidosos, fantásticos ou

inverosímeis.

Fábula – narrativa curta e imaginária, com um objetivo pedagógico e moral, geralmente

protagonizada por animais ou seres inanimadas.

Parábola – narração alegórica que encerra algum preceito moral ou verdade

importante.

2. Modo dramático: Consideram-se em geral, textos dramáticos aqueles que se

integram na forma literária do drama, implicam a comunicação direta das personagens

entre si e com os destinatários. São expressão da dinâmica do conflito, com personagens

tentando representar as ações e reações humanas. A enunciação é feita na segunda

pessoa. Serve, frequentemente, o teatro, que tem como objetivo específico a

representação e o espetáculo.

Géneros literários do modo dramático:

Tragédia – peça teatral cuja ação dramática tem um desfecho funesto.

Comédia – peça teatral em que se dramatizam, de forma cómica, os carateres,

costumes ou factos da vida social.

Tragicomédia – tragédia entremeada de acidentes cómicos e cujo desenlace não é

trágico.

Auto - composição dramática de cunho moral ou pedagógico.

Farsa – peça de caráter popular ou burlesco.

...

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3. Modo lírico: Consideram-se textos líricos aqueles que, artisticamente permitem

exprimir as emoções, os sentimentos, os desejos ou os pensamentos íntimos que nascem

ou se apresentam ao espírito, ao mundo interior dos seus autores. Usualmente, recorrem

à enunciação na primeira pessoa. Os textos literários pertencentes ao modo lírico

designam-se poesia lírica. Embora possam surgir em prosa (prosa poética), os textos

literários pertencentes ao modo lírico tendem a ser apresentados em verso, obedecendo a

convenções formais específicas, ao nível da estrofe, da rima e da métrica. A poesia lírica

caracteriza-se pelos seguintes fatores e elementos constitutivos:

interiorização e individualismo;

subjetividade;

valorização da sonoridade e da melodia;

exploração entre significante e significado.

Géneros literários do modo lírico:

Elegia – poema de assunto triste ou doloroso.

Hino – canto em louvor de um herói, de um rei, de uma pátria.

Cantiga – composição poética composta por um mote (com dois ou três versos), que

introduz o tema, e uma ou mais glosas ou voltas (com sete verso) que desenvolvem o

tema introduzido pelo mote.

Vilancete - composição poética composta por um mote (com quatro ou cinco versos),

que introduz o tema, e uma ou mais glosas ou voltas (com oito, nove ou dez versos)

que desenvolvem o tema introduzido pelo mote.

Soneto – composição poética constituída por duas quadras e dois tercetos

decassílabos, com esquemas rimáticos variáveis.

Ode – composição poética com alguma extensão, de caráter erudito, em que se

celebra algum evento e que se destina a ser cantada com acompanhamento musical.

Canção – composição poética destinada ao canto, composta por cinco ou seis

estrofes com o mesmo número de versos decassílabos e hexassílabos.

Écloga – composição poética em forma de diálogo ou solilóquio, interpretada por

pastores e que aborda temas rústicos.

Esparsa – espécie de trova curta, sem refrão, que aborda diretamente o assunto, de

fundo melancólico e tom epigramático (satírico, ...).

Endechas – composição de tom melancólico e triste em versos de cinco ou seis

sílabas geralmente agrupados em quadras segundo os esquemas rimáticos ABCB,

ABAB ou ABBA.

Trova - Composição poética de quatro versos septissilábicos, com rima e sentido

completo, sendo que cada um deve ter sete sílabas poéticas (contadas pelo som),

com rima (rimando o primeiro com o terceiro e o segundo com o quarto verso) e

sentido completo.

...

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Bibliografia:

Moreira, Vasco; Pimenta, Hilário (sd) Preparação para o Exame Nacional 2008, Português 12.º ano,

Acesso ao Ensino Superior. Porto Editora: Porto.

Jorge, Noémia (2014) Preparação para o Exame Nacional, Português 10.º ano. Porto Editora: Porto.