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Guanambi, v. 1, n. 1, p. 85-98, jan./jun. 2010 | 85 CULTURA CORPORAL E O FENÔMENO DA DESTERRITORIALIZAÇÃO: o furto da produção cultural local Elaine Brito Nunes 1 Luciano Lima Diniz 2 Maiala Maria Souza 3 Nadson Santana Reis 4 RESUMO Este artigo apresenta os resultados de uma investigação acerca da intervenção dos professores de Educação Física em três escolas municipais da cidade de Guanambi, Bahia, a respeito do trato pedagógico dos elementos da cultura corporal local, bem como dos desdobramentos decorrentes da apropriação da cultura corporal hegemônica, caracterizada como espetacularizada e esportivizada, além dos produtos da indústria cultural. Tal estudo objetiva analisar o fenômeno da desterritorialização da cultura corporal e suas implicações. A análise do objeto discurso, obtido com uma entrevista estruturada aplicada a vinte estudantes de oitava série, permitiu constatar que a cultura local, diante das novas formas de cultura, não consegue produzir, nem reproduzir-se, dificultando a identificação do sujeito como produtor de cultura, assim como interferindo no sentimento de pertencimento social. 1 Graduanda do 6º bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física, da Cia. de Dança e do Curso de Formação em Agentes de Atividade Física e Saúde. E-mail: [email protected] 2 Graduando do 5º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. E-mail: [email protected] 3 Graduando do 6º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física. E-mail: [email protected] 4 Graduando do 6º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física e do Curso de Formação em Agentes de Atividade Física e Saúde. E-mail: [email protected]

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Guanambi, v. 1, n. 1, p. 85-98, jan./jun. 2010 | 85

CULTURA CORPORAL E O FENÔMENO DA

DESTERRITORIALIZAÇÃO: o furto da produção cultural local

Elaine Brito Nunes1

Luciano Lima Diniz2

Maiala Maria Souza3

Nadson Santana Reis4

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de uma investigação acerca da intervenção dos professores de Educação Física em três escolas municipais da cidade de Guanambi, Bahia, a respeito do trato pedagógico dos elementos da cultura corporal local, bem como dos desdobramentos decorrentes da apropriação da cultura corporal hegemônica, caracterizada como espetacularizada e esportivizada, além dos produtos da indústria cultural. Tal estudo objetiva analisar o fenômeno da desterritorialização da cultura corporal e suas implicações. A análise do objeto discurso, obtido com uma entrevista estruturada aplicada a vinte estudantes de oitava série, permitiu constatar que a cultura local, diante das novas formas de cultura, não consegue produzir, nem reproduzir-se, dificultando a identificação do sujeito como produtor de cultura, assim como interferindo no sentimento de pertencimento social.

1 Graduanda do 6º bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física, da Cia. de Dança e do Curso de Formação em Agentes de Atividade Física e Saúde.E-mail: [email protected]

2 Graduando do 5º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. E-mail: [email protected]

3 Graduando do 6º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física.E-mail: [email protected]

4 Graduando do 6º Bloco em Licenciatura Plena em Educação Física – Uneb – Campus XII. Integrante dos Grupos de Estudos Educação & Marxismo e Educação Física e do Curso de Formação em Agentes de Atividade Física e Saúde. E-mail: [email protected]

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Elaine Brito Nunes, Luciano Lima Diniz, Maiala Maria Souza e Nadson Santana Reis

Palavras-chave: Educação Física. Cultura local. Cultura corporal. Desterritorialização. Indústria cultural.

BODY CULTURE AND THE PHENOMENON OF DISPLACEMENT: the theft of local

cultural production

ABSTRACT

This article presents the results of an investigation about Physical Education Teacher’s intervention in the city of Guanambi, in the State of Bahia, based on pedagogical elements of local bodily culture, as well as the developments arising from the appropriation of the hegemonic bodily culture, characterized as some think spectacular and sportive, besides the products of cultural industry. This study aims to analyze the displacement phenomenon of bodily culture and its implications. The analysis of the present object, obtained from an interview with twenty students from eighth grade, made it possible to assume that the local culture, in the front of new forms of culture, fails to produce or reproduce, hindering the identification of the subject as a producer of culture, as well as interfering with the sense of social belonging.

Keywords: Physical Education. Local culture. Body culture. Displacement. Cultural industry.

INTRODUÇÃO

Inseridos em um emaranhado de relações globalizadas, nas quais as relações entre as pessoas, o fluxo de informações e de mercadorias e os conhecimentos circulam em escala planetária, muitos indivíduos não percebem nem avaliam o avanço das formas culturais advindas da indústria cultural (ginástica de academia, festivais de dança, pistas de caminhada, shows de música, etc.). As formas alternativas de culturas, especialmente aquelas vivenciadas e ressignificadas no seio das comunidades que as produzem e reproduzem, são destruídas, principalmente em decorrência da ilusão de que se configuram como arcaicas e/ou inadequadas, para um “tempo de modernidade/civilização”. Em contrapartida, os produtos da indústria cultural caracterizam-se como moda, novidade, desfrutando de prestígio socioeconômico, especialmente devido ao enfoque midiático que lhes é atribuído.

O presente artigo busca analisar a intervenção do professor de Educação Física, chamando a atenção para o fato de que há a necessidade de tratar pedagogicamente a produção e os

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elementos da cultura local, bem como de resgatar as formas alternativas de cultura corporal que ainda sobrevivem no seio de pequenos grupos, possibilitando ao sujeito perceber-se como agente produtor e consumidor de cultura, o que é acrescido do sentimento de pertencimento social, permitindo a identificação com o grupo do qual faz parte.

Nesse sentido, busca-se a apreensão da cultura corporal como produto de uma vivência social historicamente construída que, inserida em um processo dialético, é influenciada, construída e reconstruída segundo múltiplos determinismos. Procura-se também compreender os sentidos e significados culturalmente imbuídos nas diversas formas de cultura, passando pelas influências da indústria cultural, da esportivização e da espetacularização.

No que diz respeito à perspectiva metodológica, recorreu-se ao método dialético, visto que permite apreender e compreender a dinâmica social, fundamentando a análise, a discussão e mesmo a forma de questionar a realidade. Com relação à técnica de levantamento dos dados, utilizou-se a entrevista estruturada, a mais adequada para captar valores e formas de compreensão individual.

Nessa perspectiva, considera-se este estudo de suma importância, visto que pode contribuir para que os professores de Educação Física avaliem sua práxis e organizem vivências mais humanas, portanto mais contextualizadas, identificando os estudantes como um grupo social dotado de consciência histórica, constituindo-se como sujeitos históricos. Desse modo, tal análise insere-se entre aquelas que visam discutir, investigar e socializar o que a humanidade produziu de mais avançado.

METODOLOGIA DA COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

O estudo mencionado foi desenvolvido em três escolas municipais de Guanambi de ensino fundamental, com estudantes da oitava série. Escolha intencional, já que tais estudantes têm ou pelo menos deveriam ter um acúmulo significativo no que diz respeito aos conteúdos de Educação Física.

Partindo do pressuposto de que a amostra em pesquisas sociais “não se baseia no critério numérico para garantir sua representatividade, [e que a boa] amostragem é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões” (MINAYO, 1994, p. 43), optou-se pela amostra por conglomerados, a qual, segundo Gil (2006), é a indicada em situações em que é difícil a identificação dos elementos, além de ser vantajosa por diminuir o elevado custo de preparação. Apolinário (2006) afirma que tal procedimento ocorre quando os

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elementos de uma população são reunidos em grupos e alguns são sorteados para compor toda a amostra.

Cabe ainda ressaltar que tal estudo se pauta no método dialético, visto que este possibilita compreender e apreender o todo em sua dinamicidade e complexidade, como enfaticamente elucida Gil: “a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc.” (GIL, 2006, p. 32).

Com relação à técnica de levantamento dos dados, utilizou-se a entrevista estruturada, um meio de coletar dados, no qual os agentes sociais, “enquanto sujeitos-objetos da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada” (MINAYO, 1994, p. 57), relatarão seus valores, suas atitudes e opiniões acerca de determinada situação, neste caso específico, sobre sua vivência cultural e sua compreensão das atividades culturais da comunidade em que estão inseridos. A opção de utilizar a entrevista estruturada é reforçada por Gil, ao afirmar que ela

é bastante adequada para obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fi-zeram, bem como acerca de suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes. (SELLTIZ et al., apud GIL, 2006, p. 117)

A análise dos dados se aproximará da análise do discurso, que, segundo Mazière (2007), se constitui em um dispositivo de observação apto a revelar, a permitir a apreensão do objeto discurso pela tarefa de interpretar. Para Gil (2006), configura-se como uma busca de sentido mais amplo para os dados, por meio de ligações com saberes já acumulados, ou seja, relacionando o geral com o particular, o concreto com o abstrato, como sugere Minayo (1994).

Resultados e discussões

O avanço da indústria cultural e o furto da cultura local

A discussão sobre a temática cultura vem, ao longo do tempo, ganhando espaço no campo das ciências humanas. Trata-se de uma análise densa, complexa, social e historicamente necessária, visto que “vozes simultâneas falam de cultura querendo dizer coisas bem diferentes. [...] Por isso mesmo, as discussões sobre os sentidos e limites deste campo de reflexão histórica são não somente bem-vindas, mas necessárias.” (LARA, apud COUCEIRO, in BURITY, 2002, p. 11-2). Além disso, qualquer

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vivência social é sempre simbolicamente mediada (seja pelo discurso, seja pelas manifestações artísticas em sentido amplo). Dessa maneira tanto se pode dizer que tal vivência é culturalmente construída, como dizer que a cultura é uma construção social, que interage de forma complexa com os diferentes lugares e práticas onde se situam ou por onde circulam os agentes sociais, dando sentido e direção – ou questionando-os – a seus pertencimentos e ações. (BURITY, 2002, p. 7)

Conforme Burity (2002), o termo ‘cultura’ diz respeito à percepção que o indivíduo tem do lugar que ocupa ou não no mundo, passando por investimentos simbólicos, pelos quais os sujeitos se afirmam e negociam com os outros sua forma de inserção na sociedade.

Ainda sobre o conceito de cultura, cabe ressaltar que Chauí (1997) a compreende como a produção e criação da linguagem, da religião, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de relações de parentesco e as relações de poder. Surge a partir das respostas que damos às exigências da vida, de modo que todos somos produto e produtores de cultura. Com base nesta abordagem, a cultura corresponde ao que há de mais humano no ser, aquilo que nos distingue dos outros animais.

A partir de tal esboço, percebe-se a cultura como um todo constituído por partes. Contudo, novos estudos, citados por Alves (2004), apontam para a necessidade de considerá-la em rede, especialmente por vivermos, na atualidade, uma época de grande fluxo de informações, conhecimentos e imagens. Tais elementos acabam por reorganizar os agrupamentos sociais e, ainda, a “relação que estabelecem com as novas territorialidades (ou desterritorialidades), provocando diferentes maneiras de situar nos tempos e espaços culturais” (ALVES, in GOMES, 2004, p. 59).

Qualquer bom observador perceberá, seja na dinâmica em que está inserido ou mesmo por meio de relatos por parte de pessoas mais velhas, a existência ou o desaparecimento de algumas manifestações culturais comuns ao grupo, à comunidade, bem como o crescimento de outras, fruto da sociedade globalizada de consumo, caracterizada como cibernética, neotécnica, tecnológica, etc. Assim, é comum encontrar-se em algumas cidades, em menor escala: o futebol de várzea, as conversas de botequim, o almoço de fim de semana, as folias de reis, as festas juninas, o samba de roda, o soltar pipa, o passeio na praça, etc., embora avancem o futebol espetacularizado, os shows de música, a locação de DVD, o domingo no clube, as pistas de caminhada, a audiência da TV, a ginástica de academia, etc., como elucida Mascarenhas (2003).

Ainda sob essa perspectiva, é indispensável discutir o contexto global, compreendendo a globalização como fenômeno real, produtor de uma cultura global, que nos últimos tempos

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tem intensificado o desgaste das diversas formas de cultura alternativa e, em consequência, das identidades sociopolíticas.

Inseridos nesse processo de intensas transformações, é conveniente compreender que

alguns de nós tornam-se plena e verdadeiramente “globais”, alguns se fixam na sua “localidade” – transe que não é nem agradável nem suportável num mundo que os “globais” dão o tom e fazem as regras do jogo da vida. (BAU-MAN, apud BOSSLE, 2009, p. 26)

Seguindo tal argumentação, Hargreaves, citado por Bossle (2009), afirma que a globalização redesenha as tecnologias de trabalho, os processos laborais e a relação entre produtores e consumidores; a preocupação com o pessoal e o relativo desapreço pelo social e político; a simulação como caráter superficial de representar o mundo de imagens artificiais; o caráter instantâneo das atividades; as estruturas flexíveis de organização, que formam um mosaico manipulativo, na medida em que há responsabilidades para os envolvidos, mas não existe poder de decisão, além de configurar o espaço geográfico flexível, produzindo incertezas nacionais e culturais.

Segundo Marcellino (1990), com o desenvolvimento de tecnologias de comunicação, a produção cultural deixa de atingir um nível local e passa a abranger um mercado consumidor muito mais amplo. Ainda na concepção desse autor, o processo de internacionalização, intensificado pela mídia, acaba aproximando pessoas de diferentes culturas, idades e condições socioeconômicas, potencializando o fenômeno da homogeneização. A internacionalização à qual o autor faz alusão diz respeito ao colonialismo cultural não só entre países, mas também entre as diversas regiões de um mesmo país.

Seguindo o mesmo raciocínio, Sylvia Couceiro escreve:

No bojo das aceleradas transformações do mundo moderno – revolução tec-nológica dos computadores, ressurgimento dos nacionalismos, queda dos regimes comunistas do leste europeu, processo de globalização –, tradições, costumes, enfim, culturas seculares estão sendo esmagadas, desaparecendo como que levadas por uma onda gigantesca, fazendo aparecer um imenso va-zio. Onde estão as danças típicas regionais, os antigos ritos e cerimônias de algumas comunidades, a vivência religiosa das cidades pequenas, o modo de vida e a tradição de tantos povos? No meio de tantas transformações e dúvi-das, uma coisa é certa: “Um certo fio de tradição viva foi sem dúvida algu-ma cortado, e os aprendizados passam agora por outras vias”. (COUCEIRO, 2002, p. 13, in BURITY, 2002; BOUTIER, JULIA, 1998, apud COUCEIRO, 2002, p. 13)

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Assim, inseridas nesse contexto, algumas manifestações não conseguem resistir ao avanço e ao desenvolvimento cultural global, de modo que sua materialização acaba sendo inviabilizada. A constante destruição da cultura popular local acaba por dificultar a identificação de grupo e/ou o sentimento de pertencimento social, atrelada à pouca importância dada à produção cultural, especialmente a local, que por excelência corresponderia àquela que possibilitaria o reconhecimento do sujeito como produtor de cultura, logo capaz de modificar sua realidade ao tempo que modifica a si mesmo, em um contínuo processo dialético.

Ainda para Marcellino (1987), vários fatores acabam por contribuir para a homogeneização da produção cultural: a alienação do trabalho, motivada pela despersonalização, pela ausência de participação e pelo caráter inacabado do produto.

Compreendendo a Educação Física “como matéria escolar que trata pedagogicamente temas da cultura corporal, ou seja, os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte e outros” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 18), faz-se indispensável ressaltar que os conhecimentos referentes à cultura corporal abrangem as diversas formas de o ser humano movimentar-se, são carregados de sentidos e significados, construídos em um processo contínuo pelo e para o homem, especialmente na tentativa de satisfazer suas necessidades, bem como expressar suas emoções, seus sentimentos, sua ludicidade, etc. Tendo em vista tais considerações, é indispensável assegurar a todo ser humano o acesso a tais saberes, daí a grande relevância e responsabilidade da Educação Física: oportunizar a apreensão, de forma crítica e democrática, dos elementos da cultura corporal.

É inegável o crescente acesso da população às danças, às lutas e principalmente aos esportes. Este fato pode se explicar pela influência da mídia e por ações governamentais que têm buscado implantar e viabilizar espaços em que seja possível o acesso a tais manifestações culturais. A política de “promoção” das manifestações culturais justifica-se pelo interesse em mascarar a realidade, de modo que a classe trabalhadora experimente “sensações” e “demonstrações” de que está sendo assistida pelo poder público, falseando a superação dos preconceitos, as instabilidades e a precariedade do trabalho, enfim, a inexistência de condições humanas dignas.

As manifestações culturais com as quais a população tem contato estão isentas de seus significados e sentidos advindos da coletividade dos sujeitos históricos. A partir dessas intencionalidades ocorrem a esportivização e a espetacularização, nas quais os elementos da cultura corporal acessados originalmente não foram construídos com esses sentidos (GONZÁLEZ, FENSTERSEIFER, 2005). A perda da “essência”, a despersonalização das manifestações não permitem aos sujeitos reconhecer-se, já que, à medida que diminui a significação social de um elemento culturalmente construído, assiste-se a um divórcio crescente entre o espírito crítico e a fruição da obra, como elucida Mesquita Júnior (2008). Como exemplo, pode-se tomar a capoeira

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e a comemoração aos Orixás, que nos últimos tempos vêm se transformando em divertimento, distração de parte da população brasileira e/ou estrangeira, que lança perfumes e flores ao mar, vazios dos sentidos da religiosidade afro-brasileira.

Para além da perda dos sentidos originais das diversas manifestações culturais, advinda do crescimento da indústria cultural, cabe compreender a espetacularização como fenômeno que as transforma em espetáculo modelado, “de forma a ser consumido por telespectadores que procuram um entretenimento excitante, e é parte cada vez maior da indústria do lazer, sendo fator decisivo para isso o papel desempenhado pela mídia, especialmente a televisão” (HESLING, apud BETTI, 1988, p. 31).

Outra implicação da hegemonia do esporte espetacularizado, enfatizada pelos veículos de comunicação de massa, é a facilidade de extinção dos elementos culturais locais (os jogos, as danças, os ternos de Reis, etc.), em decorrência da hipervalorização dos elementos regionais e globais (a capoeira, a dança, o esporte, a ginástica, as lutas, as quadrilhas, etc.). Para deflagrar esse fenômeno, a mídia é imprescindível, já que materializa as intencionalidades da indústria cultural, em que

a faculdade humana de pensar é destruída e [...] todos os objetos [...] são glo-rificados pela grande mídia. [...] Este novo homem é caracterizado pela renún-cia. Renúncia da sua personalidade, da sua comunidade, da sua vitalidade. O homem da única dimensão “converte o supérfluo em necessidades e as neces-sidades humanas em mercadorias supérfluas”. (BENJAMIM, apud MESQUI-TA JR., 2008, p. 1)

Nesse sentido, a falta de conhecimento, a expropriação por parte do sujeito devido à segregação de classes constituem a égide idiotizante para a manutenção dessa relação neoliberal e encaminham para a estagnação da criação. A população julga estar se apropriando dos bens produzidos historicamente pela humanidade, no entanto encontra-se em total enlevo com o fetiche do capital.

O conceito de cultura corporal, segundo Escobar e Taffarel (2008), deve estar fundamentado na “visão histórica que coloca a atividade prática do homem, o trabalho e as relações [...] dos homens com a natureza e com os outros homens como centro de explicação do real [...] cultura como resultado da vida e da atividade do homem em busca da sua superação” (ESCOBAR e TAFFAREL 2008, p. 9).

Nesse sentido, percebe-se a possibilidade de contribuir para a sociedade, por meio da intervenção na educação dos sujeitos históricos. Falar de sujeito histórico implica falar de sujeitos construtores de cultura. Daí a relevância de oportunizar sua apropriação – ter

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acesso à própria produção. Para isso, é preciso, antes, pensar no valor das criações locais, na territorialidade – que se refere à cultura de determinado povo, criada em um tempo e espaço específicos. Oposto a isso está o fato de que normalmente se observa, nas aulas de Educação Física, a pura reprodução – quando é feita – de manifestações performáticas que não dizem respeito ao cotidiano dos alunos e, às vezes, nem mesmo ao do próprio professor. Isso pode ser explicado pelas “influências da indústria cultural, que tende a gerar necessidades padronizadas, para a maior facilidade no consumo, perpetuando ou dificultando a superação de uma situação de conformismo” (MARCELLINO, 1990, p. 62). É neste cenário que a cultura local vem perdendo seu espaço e seus valores, cedendo lugar aos produtos da indústria cultural. Nota-se um distanciamento, a perda da comunicação, em que seriam gerados os laços afetivos e a solidariedade entre as pessoas, para que elas pudessem materializar sua capacidade de criação, de produção cultural, criando um ambiente propício

para o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. Tanto cumprindo ob-jetivos consumatórios, como o relaxamento e o prazer propiciados pela prática ou pela contemplação, quanto objetivos instrumentais, no sentido de contri-buir para a compreensão da realidade, as atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, também o desenvolvimento social, a partir do aguçamento da sensibilidade ao nível pessoal, pelo incentivo ao autoaperfei-çoamento, pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimentos de sentimentos de solidariedade (MARCELLINO, 1990, p. 60).

A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SABER LOCAL

A amostra foi composta por vinte estudantes de 8ª série de três escolas municipais de Guanambi, Bahia, que serão identificadas neste artigo como escolas A, B e C. Buscando identificar os conteúdos tratados nas aulas de Educação Física, os alunos foram questionados sobre a quais elementos da cultura corporal tiveram acesso durante o período de estudos. A pesquisa foi desenvolvida em escolas distintas, e as respostas dos componentes da amostra variaram de acordo com suas experiências: na escola A, os alunos afirmaram ter acesso exclusivamente ao futsal; os estudantes da escola B disseram experienciar as modalidades esportivas futsal, handebol e vôlei; já na escola C os alunos informaram vivenciar futsal, vôlei, handebol, além dos jogos de baralho e dominó.

Tais informações elucidam uma realidade vivenciada pela escola pública brasileira, especialmente em relação à componente curricular Educação Física: a reprodução, quando é feita, das modalidades esportivas, como afirma Dantas Júnior (2008), ao demonstrar que suas origens

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estão diretamente associadas ao surgimento dos esportes, tanto espacial como temporalmente, além de guardarem vínculos com as condições e motivações históricas, sobretudo na segunda metade do século XX, notadamente pelo investimento do Estado ditatorial, visando propagar o ideário do “Brasil grande” pela via educacional e esportiva.

Com relação aos elementos da cultura corporal que mais gostavam de vivenciar, as respostas variaram entre futsal, vôlei e dança. Os estudantes que declararam gostar dessas manifestações não souberam traçar considerações, seja acerca do “poder econômico e poder esportivo, assim como o uso da pessoa humana na busca do lucro” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 72), não percebendo que o fato de alguns não conseguirem participar de um jogo misto, por exemplo – principalmente as meninas –, deve-se à “exacerbação do nível competitivo, onde os valores de natureza ética se perdem frente à busca da vitória a qualquer custo” (COLETIVO DE AUTORES, 1993, p. 72) Dessa forma, jogar com meninos (às vezes mais habilidosos) significa uma ameaça, que pode resultar em empurrões, xingamentos e agressões mais sérias. Entretanto, apenas uma estudante percebeu no esporte a possibilidade de ascensão social: “se quiser ser uma profissional, tem que ter direito de treinar, estudar”.

Quanto aos elementos a que gostariam de ter acesso, os informantes citaram a dança, a ginástica (de academia), o vôlei, a natação, o atletismo, o basquete e a capoeira, os quais gozam de certo prestígio midiático. Segundo Hetkowski: “a força persuasiva da televisão está baseada, sobretudo no poder de mobilizar emoções, de espelhar e, até mesmo, criar desejos” (apud LEIRO, 2004, p. 50), enfatizando que a mídia influencia as escolhas, os conceitos, as concepções e vivências de tais elementos culturais, o que repercute no tratar científica e pedagogicamente os elementos da cultura corporal. Nesse sentido, Medina escreve: ao “vivermos num sistema capitalista, dependente, altamente hierarquizado em níveis sociais não só a escola como também o homem, o corpo e suas manifestações corporais serão produtos ou subprodutos das estruturas que caracterizam esse sistema!” (1990, p. 19).

Já ao serem indagados quanto ao conhecimento a respeito de alguma manifestação da cultura corporal desenvolvida em Guanambi, os estudantes revelaram não conhecer nenhuma manifestação. Além disso, alguns confundiram a vivência de algumas manifestações hegemônicas com a produção cultural local, como o forró, o samba e o futebol. O motivo para tal distanciamento, por eles apontado, variou entre a falta de interesse e a negligência do professor em relação a tal produção; já um número relativamente grande de alunos não conseguiu responder satisfatoriamente à pergunta, em uma proporção de 4:16, respectivamente. Reconhece-se a importância do trato científico e pedagógico da Educação Física nesse resgate da cultura local, entretanto nenhum estudante fez referência ao “desaparecimento de manifestações culturais autênticas, nos vários gêneros, notadamente das festas, tanto lúdico-

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religiosas como lúdico-folclóricas” (MARCELLINO, 1987, p. 70), em decorrência do avanço da indústria cultural.

Sobre as vivências familiares, poucos jogam futebol, porém a grande maioria se satisfaz ao assistir aos jogos na TV, que reúnem toda a família. Neste sentido, Pretto traz que

após os referidos inventos e os recentes avanços dos conhecimentos comuni-cacionais, “a sociedade ainda meio perplexa [...] começa a apresentar sinais de incorporação, aceitação e até de intimidade com os novos procedimentos dessa nova era [...]”. Tal movimento redesenha uma nova geografia, promove a simultaneidade e favorece a possibilidade “de ser tribal e não-tribal, local e não-local, ao mesmo tempo [...] a possibilidade de estar em outro lugar estan-do em sua casa” [...]. (PRETTO, apud LEIRO, 2004, p. 50)

Desse modo, nota-se o interesse dos sujeitos pelo esporte espetáculo, desvinculado dos processos sociais referentes à sua própria realidade. A reprodução do esporte, dentro das intenções e significados dominantes, gera a impossibilidade de sua materialização (performance). Assim, a falta de problematização a respeito do esporte resulta na expropriação, na incapacidade de criar e recriar o esporte como vivência contextualizada.

Outra manifestação citada por apenas uma entrevistada foi a capoeira, que, apesar de estar sofrendo os mesmos processos de espetacularização e esportivização, ainda não se encontra tão difundida quanto o esporte.

Ao tratar da importância da apropriação das manifestações da cultura corporal, os alunos justificaram-na a partir da saúde, associando-a à necessidade de “exercícios físicos”. Nesse sentido, reafirmam um discurso dominante produzido e reproduzido pela mídia, concebendo as manifestações da cultura corporal como “um agente de saneamento público, na busca de uma sociedade livre de doenças [...], e para a qual a saúde poderia ser assegurada [...] independente das determinações impostas pelas condições de existência material” (GHIRALDELLI JR., 1991, p. 17). Além disso, concebem-na como um meio de assepsia social, que possibilita “tirar das drogas”, moldando assim o “praticante aos valores e normas dominantes defendidas para a ‘funcionalidade’ e desenvolvimento da sociedade” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 71).

Com relação à relevância das manifestações culturais locais, os entrevistados falaram sobre o engrandecimento do prestígio cultural de Guanambi. Suas considerações, ao atribuírem juízo de valor à importância da cultura local, giraram em torno do status quo. Deste modo, eles não conseguem perceber a potencialidade de criação, construção cultural dos sujeitos que compõem a sua própria comunidade. Sujeitos estes que, a partir da leitura da sua realidade, constituída de saberes locais, como religiosidade, culinária, danças, jogos, sentimentos, vestimentas, etc., conseguem sintetizá-los, criando as manifestações locais, como a Vai d’virá, dança genuína e

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folclórica de Guanambi, e o Reisado. Outros disseram não existir relevância nas manifestações locais, o que demonstra uma dificuldade, inclusive, de interpretar os processos socioculturais.

Dentre as escolas pesquisadas, apenas na escola C as alunas entrevistadas tiveram acesso ao Vai d’virá, no período do estágio de estudantes de Educação Física da Universidade do Estado da Bahia. A partir de então, ensaiam para apresentar a dança em ocasiões pontuais. Quanto ao Reisado, três informantes fizeram referência ao Festival de Reisado de Morrinhos. Poucos falaram da importância e da beleza da manifestação. Outros disseram ter ouvido falar sobre a festa, mas não sabiam muito a respeito dela. A grande maioria disse nada conhecer sobre o reisado. Dentre os que conheciam, apenas uma entrevistada conseguiu perceber uma redução na frequência com que o Reisado vem sendo realizado.

Diante da pouca importância atribuída à cultura corporal local, nenhum (a) entrevistado (a) citou um ou outro dos elementos acima referidos como identificador da população guanambiense, mesmo porque tanto o Vai d’virá como o Reisado vêm perdendo e/ou gozando de pouco prestígio social.

Considerações finais

Diante de tal investigação, percebe-se o quão importante e urgente é a necessidade de o professor de Educação Física direcionar sua práxis sob uma perspectiva mais humana e contextualizada, principalmente no que se refere às vivências da cultura corporal local. Nessa perspectiva, é indispensável que o professor tenha uma postura investigativa, buscando formas de problematizar e orientar tanto a cultura contemporânea quanto as culturas intrínsecas de um povo em determinado tempo e espaço.

Nota-se que a cultura corporal local não consegue produzir nem reproduzir-se. Isso se deve ao fato de que os elementos advindos da indústria cultural, especialmente os que recebem enfoque midiático-esportivo, modelam a vivência dos indivíduos. Além disso, nota-se sua institucionalização, na medida em que estabelecem regras e normas inflexíveis, padronizadas.

Em consequência, percebe-se o distanciamento por completo do indivíduo da produção cultural local, resultando na dificuldade de reconhecer-se como sujeito produtor e consumidor de cultura, bem como na ausência de um elemento identificador da própria comunidade, desmobilizando o sentimento de pertencimento comunitário e as redes de solidariedade que caracterizam o grupo sociocultural. Nesse sentido, tais consequências decorrem da pouca ou nenhuma importância dada ao saber local, desembocando na sua expropriação.

Assim, verifica-se a importância do conhecimento popular local na formação do sujeito emancipado, bem como a carência de um trato científico e pedagógico dos elementos da cultura

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CULTURA CORPORAL E O FENÔMENO DA DESTERRITORIALIZAÇÃO: o furto da produção cultural local

corporal por parte do professor de Educação Física, superando a subordinação da escola e da Educação Física aos ditames político-econômicos, ao obscurecer sua lógica organizacional e sua autonomia.

Seguindo a mesma linha, Dantas Júnior assim escreve e sintetiza:

Num país com tantas disparidades regionais, tantas comunidades étnicas, tantos projetos educacionais ligados a distintos grupos religiosos e seculares, sobretudo tantas práticas corporais em circulação, desvelando um amplo e plural espectro cultural, limitar [...] seria reduzir o alcance acadêmico de nos-sos intelectuais, os interesses dos grupos educacionais, as possibilidades dos professores e as artimanhas dos alunos. (DANTAS JR., 2008, p. 217)

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