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1 Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência & Tecnologia & Economia Ruggero Ruggieri A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS INSTITUIÇÕES São Paulo 2009

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Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência & Tecnologia & Economia

Ruggero Ruggieri

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS

INSTITUIÇÕES

São Paulo

2009

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Ruggero Ruggieri

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS

INSTITUIÇÕES

Trabalho de conclusão do curso da Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência & Tecnologia & Economia Professor Orientador: Hernan Chaimovich

São Paulo

2009

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RESUMO Demonstrar neste trabalho a importância da Gestão do Conhecimento (GC) nas

instituições. Hoje percebe-se que com clareza crescente que o conhecimento

constitui o eixo estruturante do desempenho de sociedades, regiões e instituições. A

arte do conhecimento é uma trajetória humana. O conhecimento na história humana

é antigo, mas quando se fala numa Gestão do Conhecimento na qual se procura o

conhecimento individual e coletivo, o seu ativo é o mais importante para Gestão do

Conhecimento. Um dos fatores que mais contribuiu para ampliar o conhecimento é a

formação de uma massa crítica e o processo de internacionalização nas

organizações. Todo o tipo de conhecimento traz a necessidade de um

gerenciamento, uma gestão, no sentido de aliar a busca de conhecimento, à busca

de resultados. O conhecimento adquirido deve ser revertido em produtividade,

qualidade e soluções inovadoras, para sim se constituir em um diferencial

competitivo sustentável. Para concepção deste trabalho de “Gestão do

Conhecimento nas instituições” um tema muito amplo sobre o assunto em questão.

Este estudo é elucidar sucintamente a importância de uma Gestão Conhecimento e

apontar este diferencial numa instituição, as suas abordagens, e a criação de uma

nova forma de trabalho.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento; Nova forma de trabalho; importância.

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SUMÁRIO 1 - Introdução ........................................................................................................................ 5 1.2 – Definição ...................................................................................................................... 7 1.3 - Objetivos do Trabalho ................................................................................................... 8 1.4 - Questão da Pesquisa ...................................................................................................... 8 2 – Organização do Conteúdo ................................................................................................ 9 2.1 – Era do Conhecimento ................................................................................................... 9 2.2 – Gestão do Conhecimento............................................................................................. 12 2.3 – Necessidade da Gestão do Conhecimento .................................................................... 13 2.4 – Competitividade baseada no Conhecimento ................................................................ 13 2.5 – Novo paradigma nas Instituições na Era do Conhecimento .......................................... 14 2.6 - A Importância da Gestão do Conhecimento nas Instituições........................................ 16 2.7 - Interação com Conhecimento ...................................................................................... 19 2.8 - Espiral do Conhecimento ............................................................................................ 20

2.8.1 - De tácito para tácito .......................................................................................... 21 2.8.2 - De explícito para explícito ................................................................................. 21 2.8.3 - De tácito para explícito...................................................................................... 22 2.8.4 - De explícito para tácito...................................................................................... 22

3 - Visão da Gestão do Conhecimento no Brasil .................................................................. 23 3.1 Patrocínio da alta gestão (78,8%). .................................................................................. 29 3.2 Treinamento e aculturamento (76,2%). ........................................................................... 29 3.3 Visão homogênea dos envolvidos a respeito da gestão do conhecimento (68,6%)........... 30 3.4 Adoção de premiação/incentivos para participação dos colaboradores (64,2%). ............. 30 3.5 Clareza na comunicação dos objetivos a serem atingidos (58,9%). ................................. 30

As principais fontes de conhecimento para as organizações .......................................... 31 4. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 33 Bibliografia ......................................................................................................................... 35

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1 - Introdução Até chegarmos à palavra Gestão do Conhecimento, foi em decorrência do trabalho

de pesquisadores e profissionais na busca e sistematização das práticas gerenciais

utilizadas nas instituições, que deram origem às várias abordagens teóricas da

administração. Com a abordagem naquela época, em decorrência de 100 anos de

estudos, os trabalhos de pesquisadores e profissionais na busca e sistematização

das práticas gerenciais utilizadas nas instituições, ou seja, a científica, relações

humanas, burocrática, sistêmica, estratégica, empreendedora e virtual. Com a

combinação destes princípios teóricos utilizados em modelo de gestão de cada

organização. Cada princípio foi condicionado pelas realidades: social, econômica,

mercadológica e tecnológica predominantes em suas respectivas épocas. Apesar de

estas abordagens teóricas mencionadas serem resultados da sistematização de

conceitos, princípios e técnicas empregadas nas práticas gerenciais diárias do

universo das instituições, nem todas elas utilizavam as mesmas técnicas numa

mesma época. Cada prática era incorporada conforme as condições internas

específicas que facilitavam suas respectivas adoções e uso diário. É comum

encontrarmos organizações cujas práticas gerenciais estão alinhadas com as

abordagens teóricas contemporâneas ou que se posicionam na fronteira do

conhecimento administrativo, enquanto outras organizações adotam ainda práticas

gerenciais predominantemente típicas das abordagens científicas e burocráticas que

se situam nos primórdios e fases iniciais da formação do conhecimento

administrativo. Os conceitos eram apenas teóricos nestas organizações gerenciando

seus negócios através dos conceitos, princípios e técnicas oriundos destas

abordagens.

Existe uma relação direta entre as práticas gerenciais e as mudanças que ocorrem

no contexto histórico no quais as Instituições se inserem. Pereira e Santos (2001,

p.9), ao tratarem das mudanças e dos novos modelos de gestão, afirmam que as

mudanças nas práticas da gestão dependem das necessidades diárias dos

dirigentes. Estas necessidades requerem providências e técnicas gerenciais

capazes de satisfazer novas demandas provenientes de dentro e de fora das

mesmas. Estar continuamente atualizando suas práticas gerenciais é uma das

condições para que tais instituições continuem competitivas. Estes autores reforçam

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a questão da mudança e a importância dela ser reconhecida pelos gestores ao

afirmarem que:

“muda a tecnologia, a estrutura social, mudam as necessidades, as pessoas,

Concomitantemente, alterações profundas vão sendo verificadas no sistema cultural.

A mudança passa a ser sempre valorizada, a estabilidade passa a ser vista como

suspeita, e procura-se imaginar novos tipos de estabilidade que atendam às

necessidades geradas pelas mudanças, “ (ibid, p.28)

Segundo Motta e Vasconcelos (2002) destacam as mudanças que resultaram da

passagem do modelo industrial para pós-industrial, também denominado de

informacional, e que determinaram o surgimento de nova estrutura social, de

modelos de organização e da era da informação.

A era da informação alterou o quadro social dando origem aos novos conhecimentos

e à sociedade do conhecimento. Trata-se de uma verdadeira revolução

considerando-se fatores como velocidade, abrangência e profundidade das

mudanças, caracterizando a economia baseada na capacidade de agregar

conhecimento aos produtos e serviços e não na riqueza ou na propriedade

(STEWART, 1998).

A era da informação, também no Brasil, com a velocidade do tráfego e acesso aos

dados, fez com que as organizações, assim como a instituições de ensino e

pesquisa realizassem estudos, para melhorar aproveitando das oportunidades e dos

benefícios que o uso da informação pode propiciar para as instituições e seus

respectivos negócios.

No começo da década de noventa, Stewart (1998), jornalista e técnico

especializado, identificaram que os administradores das organizações começaram a

focalizar suas atenções na necessidade de gerenciamento do conhecimento

existente nas mesmas. Por tratar-se de um ativo valioso e intangível, este autor

denominou-se de capital intelectual como sendo a soma de todos os conhecimentos

existentes nas instituições. Nonaka e Takeuchi (1997), por sua vez, reconheceram

que as instituições não só adquirem a armazenam conhecimentos, como, também,

são grandes criadoras de conhecimentos.

Hoje se reconhece que a Gestão do Conhecimento como sendo outra abordagem

teórica do pensamento gerencial nas instituições, em razão de a economia estar

cada vez mais fundamentada e movida pelo conhecimento, centralizando seus

esforços no que se refere aos resultados decorrentes da influência desta economia

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nas Instituições, para as novas exigências dos clientes e no surgimento de

condições concorrências mais agressivas.

O interesse recente das organizações das instituições e dos executivos destas

instituições pela gestão do conhecimento tem estimulado os pesquisadores pela

busca, identificação e descrição das experiências das instituições que alegam ter

criado e/ou incorporados práticas gerenciais, ainda que de forma incipiente,

destinadas ao gerenciamento deste ativo valioso e intangível. Pode-se comprovar

este interesse da comunidade de pesquisadores e administradores por este tema,

pela constatação do aumento da quantidade de encontros, congressos e outros

eventos que dedicam a discutir e a compartilhar experiências empresariais de

gerenciamento de conhecimento.

Podemos classificar nos modelos atuais três tipos de classificações de organizações

ou instituições:

1. Organizações ou instituições que institucionalizaram a Gestão do

Conhecimento como prática no gerenciamento dos ativos.

2. Organizações ou instituições que estão em processo de utilização, mas com

abrangência restrita ou localizada em área específica da instituição.

3. Organizações ou instituições que ainda não iniciaram, podendo ou não

interessadas em fazê-lo em futuro próximo.

O interesse desta pesquisa é conhecer alguns modelos utilizados de processo de

gestão do conhecimento. O problema desta pesquisa consiste em buscar

informações que permitam descrever a importância da Gestão do Conhecimento, de

forma geral, avaliar e colher informações sobre este assunto.

1.2 – Definição Apesar da gestão do conhecimento ser um conjunto de práticas gerenciais que

surgiram na última década, é importante verificar como as mesmas estão sendo

introduzidas no contexto da organização. A gestão do conhecimento com os seus

conceitos princípios e processos típicos para lidar com este tipo de ativo intangível,

está ou não se institucionalizado na organização que afirmar ter ou estar

incorporando tais práticas gerenciais, mesmo que de forma parcial e localizada.

Nesta pesquisa básica assume-se que a institucionalização da Gestão do

Conhecimento não foi incorporada na instituição estudada. Neste contexto, o

presente estudo procura entender as dimensões dos processos e os níveis

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estratégicos, tácito operacional da organização e, com base neste entendimento,

contribuir para formar o conhecimento sobre como ocorre este processo no

ambiente das Instituições.

As dimensões do processo do conhecimento, os quais serão analisados e terão

seus significados teóricos delimitados, para facilitar o entendimento e analisar as

primeiras análises nesta questão numa organização.

1.3 - Objetivos do Trabalho Considerando o problema de pesquisa, descrito anteriormente, tem os seguintes

objetivos:

1. Estudar os processos de gestão do conhecimento;

2. Avaliar as formas de trabalho da gestão do conhecimento;

3. Analisar a gestão do conhecimento no Brasil;

A apresentação deste trabalho refere-se sobre a Gestão de Conhecimento (GC) nas

Instituições e a sua importância, pois nos dia de hoje a gestão do conhecimento vem

cada vez mais se constituindo foco de análise e aplicação nas organizações. Não se

pode negar sua relevância no meio organizacional como técnica de gestão, fato que

exige uma nova postura com relação aos desafios organizacionais contemporâneos.

As exigências nas demandas por eficiência, efetividade e da necessidade de

competir agressivamente num mercado global

Face aos fatores expostos acima, este estudo abordará:

- idéias que permeiam discussões e contribuições;

- demonstrar a necessidade da GC e, as mudanças nas políticas e nas práticas de

desenvolvimento das pessoas para que as Instituições possam permanecer

competitivas;

- apresentar a sobrevivência numa era em que o conhecimento humano é o maior

fator competitivo;

- e conclusão final uma análise da Gestão do Conhecimento.

1.4 - Questão da Pesquisa As questões de pesquisa, a seguir apresentadas, servem como referência para

investigação do conteúdo proposto neste estudo, ampliando o campo das

indagações para aumentar a profundidade da avaliação e permitir o entendimento

das diversas etapas. Partiu-se, como já foi mencionado, de que a organização não

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utiliza ainda, as práticas de gestão do conhecimento no respectivo modelo de gestão

atualmente.

2 – Organização do Conteúdo Este módulo tem por função a apresentação das principais linhas teóricas

pertinentes ao tema da pesquisa, gestão do conhecimento, direcionada para os

objetivos de pesquisa, ou seja, para o estudo do processo de uma avaliação desta

administração nas unidades pesquisadas. O estudo se baseia com o objetivo de

promover o enquadramento geral dos conceitos, e diretrizes teóricas do

conhecimento, e da gestão do conhecimento. Especificar o estudo das teorias

relacionadas aos processos de gestão do conhecimento.

2.1 – Era do Conhecimento No início da década de 90 ou final do século XX, é marcado pelas alterações da

forma de trabalho com a entrada das informações. A tônica das reflexões gira em

torno da mudança em todos os níveis sociais. A sociedade parece viver em escala

global e mais do que nunca, uma série de profundas e inéditas transformações.

Assim sendo, as transformações operadas durante este século podem ser mais bem

compreendidas numa visão histórica, comparando-se qualitativamente a sociedade

do seu início com a da última década. Nessa visão, três aspectos fundamentais

podem ser ressaltados. O Primeiro aspecto, o mundo deixou de ser eurocêntrico. A

Europa, paulatinamente, deixa seu papel central do final do século XIX: a população

declina a produção mingua, os centros industriais se mudam para outro lugar. Os

Estados Unidos passam a ser a grande economia propulsora da produção e do

consumo em massa. O segundo aspecto importante, globalização, o processo que

paulatinamente foi transformando o mundo na unidade básica de operações,

suplantando a era das "economias nacionais". A característica fundamental deste

final de século XX é a tensão entre a aceleração desse processo e a incapacidade

das instituições e dos indivíduos em geral de se adaptarem a ele. O terceiro aspecto

fundamental é a desintegração dos padrões de relacionamento social humano, e

com ela a quebra do elo entre gerações. Daí a ruptura entre passado e o presente,

dando a dimensão da escala de mudança global.

Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na

modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças caracterizadas

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nos períodos anteriores. É importante perceber que a percepção, tanto de

aceleração, quanto de descontinuidade, advém do "descolamento" das relações

sociais, isto é, a extração das relações sociais dos contextos locais de interação e

sua reestruturação em outras escalas de espaço-tempo. Assim sendo, para além

das mitificações que abundam na bibliografia atual em Administração e na mídia

impressa e televisada, a idéia geral de mudança, em movimento nessa segunda

metade do século XX, é crucial para o entendimento da dinâmica da sociedade e

das organizações. Não só nas mudanças que estão acontecendo, e rápido; mas

também nossas percepções se tornam mais aguda pela simultaneidade entre

acontecimento e notícia propiciada pela Tecnologia da Informação e da

Comunicação.

Vistas na ótica do presente, as mudanças são descontínuas e não parecem seguir

um padrão. Essas mudanças são particularmente incisivas no mundo do trabalho. A

tecnologia está automatizando cada vez mais atividades, reduzindo as necessidades

de pessoal. As Instituições estão "terceirizando" cada vez mais atividades. Os

serviços públicos estão sendo privatizados. Nessas novas condições, o emprego

está desaparecendo e as pessoas estão buscando novas maneiras de trabalhar. A

organização está se transformando de uma estrutura composta de cargos em um

campo de "trabalho que precisa ser feito".

A Administração começa-se a falar em uma Era do Conhecimento, do Capital

Intelectual e da Inteligência Competitiva. O que torna o momento atual inédito, sob a

ótica das organizações, é o fato de que enquanto terra, trabalho, matérias-primas e

até o capital, podem ser considerados recursos finitos, o conhecimento é inexaurível.

Nessa perspectiva, as áreas da organização precisam ser repensadas. A moeda

está perdendo seu caráter material, transformando-se em uma mensagem: a moeda

eletrônica.

O trabalho é profundamente afetado. Uma das transformações mais importantes

ligadas à revolução industrial se refere à realidade do tempo de trabalho, pela

divisão do tempo em horas e dias "úteis" em contraposição a uma visão cíclica do

tempo na tradição. Nos sistemas industrializados ocidentais, o quadro temporal do

trabalho nas Instituições está no centro das questões econômicas, culturais e

tecnológicas, numa tendência à flexibilização e à redução do tempo de trabalho. A

situação atual dessas questões é fruto de uma tendência, iniciada na década de

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1970 com a crise do petróleo, de novas relações entre a organização e o meio

externo, e de globalização da economia e dos mercados.

Na Era do Conhecimento busca-se o "homem global", o homem integrado. Onde o

homem global está envolvido, não existe trabalho. O trabalho aparece com a divisão

do trabalho e com a especialização das tarefas. Com a Tecnologia da Informação, o

homem volta a se envolver como nas sociedades tribais completamente em seus

papéis. Nessa nova organização, o homem se transforma em coletor de

informações, num conceito inclusivo de "cultura". No mundo deste final de século,

nômade e sem emprego, o homem se volta para a busca de conhecimento e o

desenvolvimento dos processos criativos. Isso leva conseqüentemente à previsão de

que, principalmente na área de serviços, o emprego irá desaparecer e com ele o

homem trabalhador, mudando a visão de "classe trabalhadora" como entendida até

então. Pretende-se que, na nova fase das organizações, os problemas sociológicos

clássicos o trabalhador como apêndice da máquina, o trabalhador como escravo

dos produtos do seu trabalho, e o trabalhador sem possuir verdadeiramente os

frutos do seu trabalho sejam superados.

A educação também é afetada, na medida em que passa a ser cada vez mais

direcionada para a descoberta, ao invés de apenas no sentido tradicional da

instrução. Para as organizações empresariais isso é uma necessidade hoje. O

homem global, munido de uma instrução abrangente e flexível, que lhe conferisse

mobilidade social e organizacional, sempre foi uma utopia. Hoje está se tornando

uma realidade, através das novas tecnologias de educação continuada e na ênfase

crescente no trabalho intelectual.

A passagem para a Era do Conhecimento se dá na medida de uma maior

valorização da interconexão entre as áreas de atuação humana e no

"destronamento" da matéria. Na tecnologia, na economia e na política, a riqueza sob

forma de recursos físicos vem perdendo valor e significação. O poder do

conhecimento das pessoas vem ultrapassando a força bruta das coisas.

Segundo Terra (2005), a gestão do conhecimento começou a ser discutida há cerca

de dez anos. Alguns autores clássicos deram o “pontapé inicial” na discussão, mas

pouquíssimas Instituições deram à devida atenção ao tema. O Brasil só começou a

tratar do tema há, no máximo, cinco anos (apesar dele ser discutido na literatura

mundial há cerca de dez). A história da GC está intrinsecamente ligada à

globalização e ao surgimento da Internet, uma vez que estes dois conceitos

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mudaram radicalmente a maneira das organizações trabalharem. Os vários tipos de

ferramentas da Internet, dos portais aos sistemas de gestão de conteúdo e

colaborativos, mudaram a forma como as organizações funcionam. Elas se tornaram

muito mais horizontais. Aprendizado e Colaboração em um Mundo Interconectado.

Querendo ou não, a informação e o conhecimento se democratizam não apenas na

sociedade, como também no interior das organizações. A velocidade do dia-a-dia

talvez não nos permita perceber isto, mas o fato é que as organizações estão

mudando com a possibilidade de disponibilizar a informação e o conhecimento de

maneira nunca antes imaginada. E quem está mudando mais rapidamente? Mais

rapidamente mudam tipicamente as organizações mais modernas, líderes e que

estão com os dois pés no Séc. XXI.

2.2 – Gestão do Conhecimento Com o advento da Internet e consequentemente aumento da capacidade humana

em se comunicar, publicar e acessar informações e colaborar com pessoas em

localizações muito distantes; com surgimento da explosão no volume das

informações, globalização, e negociações na rede web, surgiram à necessidade de

controlar todo este conhecimento por causa da velocidade da informação.

Segundo TERRA (2005, p. 2), a Gestão do Conhecimento envolve principalmente a

incorporação de um novo “raciocínio e foco gerencial” na dimensão ou recurso

conhecimento. Estes novos recursos podem chamar de novos métodos recentes e

consolidados, com o uso de novas tecnologias de informação, colaboração virtual e

comunicação. A GC há uma necessidade de um envolvimento de colaboração e

abstração para compreender bem a natureza do conhecimento que se quer gerir e

quais ferramentas, métodos e processos são mais eficazes para estimular seu

desenvolvimento na instituição. O gerenciamento do conhecimento é muito diferente

do que gerenciar, por exemplo, Contratos, Vendas, Marketing, e outros processos,

pois o conhecimento só existe internamente nas pessoas, algo como podemos

chamar de abstratos. Os primeiros trabalhos de GC foram realizados com

Instituições de consultorias que desenvolveram pioneiramente os primeiros modelos,

na qual foi possível a replicar o modelo para outras organizações com diferentes

tipos de operações, profissionais e infra-estrutura. Podemos chamar a GC em

“Conhecimento e Ativos Intangíveis”, podemos considerar como intangíveis, como

por exemplo: marcas, patentes, direitos autorais, as competências e habilidades de

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colaboradores, redes de relacionamentos, cultura organizacional, capacidades

inovadoras, diferentes dos ativos tangíveis, na qual podemos considerar como

exemplo: prédios, fábricas e investimentos financeiros. Podemos dizer que estes

processos intangíveis dependem da iniciativa da instituição em disponibilizá-los e

praticá-los. Segundo TERRA (2005, p.8), “Gestão do conhecimento significa em

organizar as principais políticas, processos e ferramentas gerenciais e tecnológicas

à luz de uma melhor compreensão dos processos de GERAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO,

VALIDAÇÃO, DISSEMINAÇÃO, COMPARTILHAMENTO, PROTEÇÃO e USO dos

conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para as Instituições.

E benefícios para os colaboradores internos e externos (stakeholders).”

2.3 – Necessidade da Gestão do Conhecimento Com o crescimento da competitividade tanto nas Instituições quantos dos países em

geral. A população em geral trabalha exclusivamente com diversas formas de

conhecimento. Estamos vivendo em um momento de transição do ambiente

econômico, aonde a gestão pro ativa do conhecimento adquire um papel

fundamental. Na indústria de hoje, e em geral, os produtos lançados no mercado

principalmente os novos; estão diretamente relacionados à posição de mercado,

lucros e custos, segundo estudos de Stalk e Hout (1990), publicado na The Free

Press em 1990. O estudo reforça que, quanto maior a capacidade de inovação é

maior a liderança de mercado, isso se traduz em conhecimento e capacidade de

inovação acelerada conforme a necessidade do mercado.

Segundo OECD – Organisation For Economic Co-Operation and Development, site

de estudos sobre a economia mundial, divulgou recentemente em site, estudos

sobre as quantidades de patentes licenciadas mundialmente por países e o seu

crescimento no decorrer dos anos. Esta indicação reflete na necessidade do

conhecimento, inovação e na aceleração das mudanças dos acontecimentos no

nosso mundo globalizado.

2.4 – Competitividade baseada no Conhecimento A competitividade baseada no conhecimento passou a ser um fator determinante

nas Instituições de um modo geral. Não há como quantificar o conhecimento ou

medir este recurso. São recursos invisíveis, intangíveis e de difícil de imitar. Uma

das suas características é o fato, será esse recurso ser reutilizável; ou seja, quanto

mais utilizado e difundido, maior seu valor. O efeito depreciação funciona nestes

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casos, portanto de maneira oposta: a depreciação se acelera se o conhecimento não

é aplicado. Isto se traduz que: não havendo conhecimento estará se perdendo

conhecimento.

Não serão contempladas, as comparações sobre a necessidade do conhecimento

com relação ao desenvolvimento do Brasil com relação aos outros países. Óbvio

que esta necessidade de conhecimento e no desenvolvimento educacional é

necessária para o desenvolvimento; mas estas comparações não serão abordadas

neste trabalho. O foco da pesquisa sobre Gestão do Conhecimento será

exclusivamente o conhecimento nas Instituições, e as condições necessárias para

as mudanças deste “paradigma”, principalmente as Instituições onde a Gestão do

Conhecimento está iniciando com este novo processo de mudança.

2.5 – Novo paradigma nas Instituições na Era do Conhecimento Para o aumento na competitividade e melhoria no conhecimento, uns dos fatores

são os investimentos em P&D, educação, treinamento ou tecnologia de informação,

determinada pela competência gerencial e capacidade de alavancar recursos

escassos. As Instituições precisam, além de aumentar seus investimentos em

qualificação profissional e P&D, programar práticas gerenciais modernas e indutoras

de ambientes organizacionais voltados à inovação de produtos e processos.

Precisam adotar estratégias de Gestão do Conhecimento. No mundo de hoje, os

ambientes turbulentos exigem que vantagens competitivas precisem ser cada vez

reinventadas, e setores de baixa intensidade em tecnologia e conhecimento perdem

participação. O desafio é produzir produtos, processos, serviços e sistemas

gerenciais novos. Gestão da Inovação e do Conhecimento caminham lado a lado

(Cavalcanti, 2001). Instituições mais avançada são aquelas que estão derrubando as

paredes funcionais e criando uma “teia impecável” entre invenção, projeto,

fabricação, vendas, logística e serviços. A qualificação dos empregados mais baixos

da hierarquia e com relação ao papel da gerência. Espera-se que os empregados

sejam muito mais bem qualificados e que a gerência, principalmente a alta, seja

capaz de comunicar as estratégias da instituição de forma que aqueles que estão

nos níveis hierárquicos inferiores possam tomar decisões alinhadas com estas. Os

trabalhadores vêm aumentando, de forma considerável, seus patamares de

educação e aspirações, ao mesmo tempo em que os trabalhos passam a ter um

papel central em suas vidas, realizando-se, sendo criativos e aprendendo

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constantemente. As Instituições cientes da necessidade de se reinventarem, de

desenvolverem suas competências, testar diferentes idéias, buscarem grandes

desafios, adotam estilos, estruturas e processos gerenciais que desencadeiam

processos semelhantes no nível individual e coletivo (TERRA, 2005).

A tabela 1 define bem as mudanças que estão acontecendo num plano globalizado,

na economia e no interior das organizações ou o chamado de modelo “ideal e

opostos”.

Item Paradigma da Era Industrial Paradigma da Era do

Conhecimento

Pessoas Geradores de custos ou recursos Geradores de receitas

Fonte de poder

dos Gerentes

Nível hierárquico na organização Nível de conhecimento

Luta pelo poder Operários X Capitalistas Trabalhadores do

conhecimento X Gerentes

Principal

responsabilidade

da Gerência

Supervisionar os subordinados Apoiar os colegas

Informação Instrumento de controle Ferramenta para

comunicação; recurso

Produção Operários processando recursos

físicos para criar produtos tangíveis

Trabalhadores do

conhecimento

convertendo

conhecimento em

estruturas tangíveis

Fluxo de

informação

Através da hierarquia

organizacional

Através de redes

colegiadas

Gargalos na

produção

Capital financeiro e habilidades

humanas

Tempo e conhecimento

Fluxo de

produção

Direcionado pelas máquinas;

seqüencial

Direcionado pelas idéias,

caóticas

Efeito do

tamanho

Economia de escala no processo

de produção

Economia de escopo das

redes

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Relação com os

clientes

Unidirecional através dos mercados Interativa através de redes

pessoais

Conhecimento Uma ferramenta ou recurso entre

outros

O foco no negócio

Propósito do

aprendizado

Aplicação de novas ferramentas Criação de novos ativos

Valores de

mercados

(ações)

Devidos, em grande parte, aos

ativos tangíveis

Devidos, em grande parte,

aos ativos intangíveis

Economia Baseada em retornos decrescentes Baseada em retornos

crescente e decrescentes Tabela 1 - Paradigma da Era Industrial X Era do Conhecimento - Fonte: Extraído do livro “Gestão do

Conhecimento – O Grande desafio empresarial” – Negócio Editora, São Paulo, 2007, p.60.

2.6 - A Importância da Gestão do Conhecimento nas Instituições Com a globalização econômica, a temática prioritária passou a ser a

competitividade. A necessidade de se impor em um mercado sem fronteiras fez com

que as economias substituíssem o trabalho humano pela eficiência e perfeição da

alta tecnologia, muitas vezes gerando desemprego ou realocando trabalhadores

para funções mais nobres. O enfoque do papel das pessoas na organização e sobre

o valor do seu conhecimento mudou, demandando novas formas de gestão. Este é o

momento de reflexão crítica para os profissionais da alta gerencia (Cavalcanti,

2001). Segundo Angeloni (2002), na era do conhecimento, busca-se o “homem

global”, o homem integrado. Nessa nova organização, o homem se transforma em

coletor de informações. A cultura organizacional adquire importância crucial e passa

a ser o elo entre a gestão do conhecimento e a gestão gerencial. Pois, ao lidar com

questões de mudança organizacional, o profissional gerencial estará lidando com

questões culturais mais gerais. Saber como iniciar e apoiar processos que

promovam o aprendizado organizacional se tornou crucial. Aqueles que possam ser

parceiros na construção de sistemas e estruturas necessários para o aprendizado

organizacional, terão papel decisivo na sustentação da vantagem competitiva. Nessa

perspectiva, os profissionais passam a se tornar agentes de aprendizado e

consultores em desempenho, na visão de que a capacidade de aprendizado coletivo

de uma organização ultrapassa qualquer tecnologia, produto ou serviço específico.

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17

Nessa abordagem, o profissional da alta gerencia, deixam de direcionar os seus

esforços para atividades específicas, voltadas exclusivamente para tarefas, e

passam a se concentrar em promover o auto desenvolvimento e o pensamento

crítico. O que se espera nessa visão é que o profissional de RH, equipado com o

conhecimento sólido sobre os processos de aprendizagem, e portador da visão

global de negócio, seja capaz de articular na instituição os processos básicos de

gestão do conhecimento. O papel passa a ser de um catalisador e de um facilitador

do aprendizado. A terceirização em diversas áreas gerenciais, como recrutamento,

pagamento, e treinamento, estão tirando os profissionais das atividades

operacionais, mas, em contrapartida, cada vez mais esse tipo de profissional é

exigido em seu entendimento do negócio da organização, sua visão do mercado, da

concorrência e seu conhecimento da tecnologia disponível. O conhecimento é a

chave para o poder nos negócios. As áreas críticas de conhecimento numa

organização são segundo Terra (2005):

1- preferências e necessidades dos clientes;

2- desempenho organizacional;

3- mercado, concorrência;

4- aplicações de tecnologia;

5- uso da informação existente;

6- regulamentações externas.

Ainda, segundo o autor, as atividades envolvidas com a Gestão do Conhecimento

compreendem:

1- o compartilhamento do conhecimento no ambiente interno;

2- atualização do conhecimento nas Instituições;

3- o processamento e aplicação do conhecimento em benefício das Instituições;

4- a obtenção do conhecimento externo;

5- reutilização do conhecimento;

7- a criação de novos conhecimentos;

8- o compartilhamento do conhecimento com o ambiente externo.

Ele também relata que o profissional de Recursos Humanos, como gestor do

conhecimento nas Instituições, deve atuar em várias frentes e deve se posicionar

numa Instituição do aprendizado da seguinte forma:

- apoiar as áreas na busca de novos conhecimentos, provenientes tanto de fontes

externas quanto internas;

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18

- apoiar na disseminação da informação e nas políticas de comunicação;

- desenvolver políticas que aprimore a cultura, divulgando novos modelos para a

reflexão e abordagem do processo de aprendizado e ação;

- apoiar a estruturação da memória organizacional, contando com a ajuda dos

representantes das áreas de especialidades;

- apoiar a interconexão entre os núcleos de conhecimento, identificando os

conhecimentos individuais e criando sistemas e bases de dados que facilitem o

acesso e a atualização da memória organizacional.

A atuação do profissional de Recursos Humanos podem se dar também em três

grandes níveis, na abordagem da gestão do conhecimento: na abertura de

horizontes para o nível executivo, na educação da gerência média e na instrução da

linha de frente. Como projetistas de processos organizacionais, cabe ao executivo

principal compartilhar com toda a visão de negócio. Como educador, precisa apoiar

os demais membros da instituição a reestruturarem sua visão do mercado e da

organização para que pensem de forma abrangente e sistêmica. Como facilitador,

promove as condições necessárias para que os empregados possam executar seu

trabalho. Os gerentes são os responsáveis pela integração dos indivíduos e a

comunicação das idéias, assim como na inovação e no desenvolvimento de novos

produtos e processos. Os profissionais que atuam na “linha de frente”, que seria o

nível mais pragmático e aquele onde as áreas de RH normalmente têm mais atuado,

há muita coisa a se fazer no direcionamento para a gestão do conhecimento. A tão

reforçada autonomia e a participação, o empowerment, são pretendidas para os

níveis mais operacionais da organização. É na linha de frente que deve ser

exercitado o valor de atenção ao cliente. Esta é uma oportunidade para RH

participar da estruturação da gestão do conhecimento na organização, pois é a

retomada da valorização do papel do ser humano nas organizações, e com ela a

importância da sua gestão. Afinal, o conhecimento é indissociável da pessoa. Por

meio de ações participativas como reuniões, seminários e treinamentos buscam-se

criar uma sinergia entre os valores individuais e os valores do grupo, em busca de

um alinhamento em diversos aspectos de interesse das organizações nas questões

de RH.

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19

2.7 - Interação com Conhecimento Segundo autor TAKEUCHI e NONAKA (2008) em seu livro sobre Gestão do

Conhecimento, a dialética do conhecimento está divida em dois componentes

dicotômicos e aparentes opostos – isto é, o conhecimento explícito e o

conhecimento tácito. O conhecimento explícito pode ser expresso em palavra,

números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas científicas, recursos

visuais, fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais, O conhecimento

explícito pode ser rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e

sistematicamente. O conhecimento tácito não é facilmente visível e explicável, sendo

difícil de ser formalizado, tornando-se de comunicação e compartilhamento

dificultoso. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na

experiência corporal do indivíduo, assim como nos idéias, valores ou emoções que

ele incorpora. Dentro da dimensão tácita, existem outras duas classificações que

podemos chamar de dimensão. A primeira dimensão seria a “técnica”, que engloba

as habilidades informais de difícil detecção, chamada de experiência e habilidade,

estes insights altamente subjetivos e pessoais, as instituições, os palpites e as

inspirações derivadas da experiência corporal, todos se encaixam nesta dimensão.

A segunda dimensão pode chamá-la segundo autor de “cognitiva”. Ela consiste em

crenças, percepções, ideais, valores, emoções e modelos mentais tão inseridos em

nós que os consideramos naturais, ou dá forma ao modo como percebemos o

mundo em torno de nós. Há uma necessidade de interação entre tácito e explícito

para uma formação do conhecimento. Podemos considerar que existe uma dialética

desta interação em movimento de convergência. O primeiro movimento da dialética

seria a tese, a seqüencia do segundo estágio de oposição seria a antítese, negação

do primeiro estágio. Na reconciliação ou a transcendência destes dois estágios

chamada de síntese. Com o tempo, no entanto, mesmo a síntese tornar-se-á

unilateral de alguma forma. Servirá então como tese para um novo movimento

dialético, e assim o processo do conhecimento continuará em ziguezague e de modo

espiralado, como exemplo na figura 5.7

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20

Figura 5.7 – Dialética do conhecimento

Primeiramente, o conhecimento tácito e o conhecimento explícito são retratados

como extremos polares; mas na verdade são não apenas complementares um ao

outro, como também interpenetrantes. Como no raciocínio dialético, a criação do

conhecimento aceita o que aparenta ser oposto, o conhecimento tácito e o

conhecimento explícito sintetizam-se transformando-os unidos para transcender à

realidade existente, o que torna a criação do conhecimento. A essência da criação

do conhecimento está profundamente enraizada no processo de construir e

administrar sínteses antes que o novo conhecimento possa ser criado,

organizacionalmente, de maneira espiralada.

2.8 - Espiral do Conhecimento

A espiral do conhecimento se articula e prolifera nas instituições quando os

conhecimentos são repassados constantemente, disseminam as informações e

tornam-se bem-sucedidas nas áreas em que atuam tornando-se “criadora do

conhecimento”, cujo negócio principal é a inovação constante. O segredo é sua

abordagem exclusiva da gestão da criação do novo conhecimento. A espiral do

conhecimento circula, tornando-se uma dialética do conhecimento, quando há uma

interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O termo

conhecimento explícito é um movimento formal e sistemático, aonde o conhecimento

pode ser facilmente comunicado e compartilhado, seja nas especificações do

produto ou em uma fórmula científica ou programa de computador. O termo

conhecimento tácito é altamente pessoal, difícil de formalizar e, por isso, difícil de

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21

comunicar aos outros, dizia o filósofo MICHAEL POLANYI, “Sabemos mais do que

podemos dizer”. O conhecimento tácito está profundamente enraizado na ação e no

comprometimento do indivíduo em um contexto específico. A distinção entre o

conhecimento tácito e explícito sugere quatro padrões básicos para a criação do

conhecimento em qualquer instituição.

Figura 2.8 – Representação do Modelo SECI – (socialização, externalização, combinação e internalização): espiral de criação

do conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1997)

2.8.1 - De tácito para tácito – Socialização. Compartilhar o conhecimento

diretamente com outro. Este modo de conversão do conhecimento denominado

socialização configura o processo de compartilhamento de experiências e viabiliza a

criação do conhecimento tácito (NONAKA, 1994). Segundo Silva (2002, p.46) uma

frase sintetiza esta conversão: “troca de conhecimentos face-a-face entre as

pessoas”.

2.8.2 - De explícito para explícito – Combinação. Combinar partes distintas do

conhecimento explícito para um novo todo. O conhecimento no sentido de que

sintetiza informações de muitas fontes diferentes. Mas essa combinação não amplia

a base de conhecimento já existente. A combinação e o processo de sistematização

do conhecimento explicito em um sistema de conhecimento onde os indivíduos

trocam e combinam conhecimento explicito de forma sistemática (NONAKA &

TAKEUCHI, 1997), ademais se configura o agrupamento dos registros de

conhecimento (SILVA, 2002). O conhecimento explicito e coletado dentro e fora da

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22

organização e então combinado, editado ou processado a fim de formar um novo

conhecimento explicito (NONAKA & KONNO, 1998).

2.8.3 - De tácito para explícito – Externalização. Compartilhar o seu

conhecimento para “outros”. O processo de externalização consiste na articulação

do conhecimento tácito em explicito através de ações que possam ser entendidos

pelos outros seja esta ação um dialogo ou reflexão coletiva (NONAKA & TOYAMA,

2003). Desse modo Silva (2002), caracteriza esta conversão com o registro de

conhecimento de um determinado individuo feito por ele mesmo. O sucesso da

conversão do conhecimento tácito em explicito depende do uso seqüencial de

metáforas, analogias e modelos. Por exemplo, por meio de reflexões para

construção do conceito de um novo produto (NONAKA, 1994).

2.8.4 - De explícito para tácito. Internalização para ampliação, estender e

reformular seu próprio conhecimento tácito. A internalização consiste na

incorporação de conhecimento explicito sob a forma de conhecimento tácito. Este

processo ocorre através do “aprender fazendo”, pela verbalização, diagramação e

modelos mentais. Quando a maioria dos membros da organização compartilha do

novo modelo mental, o conhecimento passa a fazer parte da cultura organizacional.

E a cada internalização bem sucedida, o ciclo reinicia, levando ao aperfeiçoamento

ou a inovação (NONAKA & TOYAMA, 2003). De acordo como Nonaka & Takeuchi

(1997), os quatros modos de conversão formam uma espiral, denominada “espiral

do conhecimento” e não um circulo, pois ela expande e retrai horizontalmente

através da dimensão ontológica, relativa ao que e real, composta por:

• Individuo;

• Grupo;

• Organização e interorganização.

Verticalmente, através da dimensão epistemológica, relativa aos princípios críticos,

envolvendo a conversão entre o conhecimento tácito e explicito. Mediante a

conversão do conhecimento a partir destes quatro modos, a organização mobiliza e

amplia o conhecimento individual para toda a organização, cristalizando-o em níveis

superiores, como ocorre, por exemplo, nas atividades de desenvolvimento de

produto. Neste âmbito, as instituições devem fornecer um contexto apropriado que

facilite as atividades em grupo, a fim de que os quatro modos de conversão do

conhecimento sejam bem sucedidos, não se restringindo apenas ao estimulo de

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23

aprendizagem individual dos funcionários, mas incentivando o compartilhamento de

conhecimento em equipes. De acordo com Senge (2004), as organizações somente

aprendem por intermédio de indivíduos que aprendem. Entretanto, o aprendizado

individual não garante o aprendizado organizacional. Contudo, sem ele, o

aprendizado organizacional não acontece. A partir do descrito acima, e possível à

identificação de atributos que qualifiquem de maneira sintetizada o processo SECI,

conforme demonstra o quadro 5.8.

Quadro 2.8 - Fatores e atributos do Processo SECI (SENGE, 2004)

3 - Visão da Gestão do Conhecimento no Brasil

Pesquisa da Revista HSM Management Página 42 – Janeiro / Fevereiro 2004 –

Segundo a pesquisa com os executivos entrevistados, a criação e a implantação de

processos que gerem, armazenem, gerenciem e disseminem o conhecimento

representam o mais novo desafio a ser enfrentado pelas instituições. Termos como

"capital intelectual", "capital humano", "capacidade inovadora", "ativos intangíveis"

ou "inteligência institucional" já fazem parte do dia-a-dia de muitos executivos. O

conceito de gestão do conhecimento parte da premissa de que todo o conhecimento

existente nas instituições, na cabeça das pessoas, nas veias dos processos e no

coração dos departamentos, pertence também à organização. Em contrapartida,

todos os colaboradores que contribuem para esse sistema podem usufruir de todo o

conhecimento presente na organização. Segundo dados da Revista HSM

Management (2004) - A maioria dos executivos ouvidos (55,9%) entende que GC é

a modelagem de processos corporativos a partir do conhecimento gerado (veja

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24

gráfico 6.1,abaixo). Ou seja, GC seria a estruturação das atividades organizacionais

encadeadas interna e externamente, com base em parâmetros gerados pelo

monitoramento constante dos ambientes interno e externo (mercado, cadeia de valor

etc.). Dessa forma, para a maioria das instituições, GC é um sistema de

gerenciamento corporativo. Elas afirmam, corretamente, que se trata muito mais de

um conceito gerencial do que de uma ferramenta tecnológica (esta é a opinião de

7,2%). No entanto, apenas pequena parcela dos entrevistados (5,4%) identifica GC

como um meio pelo qual as instituições podem ganhar poder de competição. GC

significa organizar e sistematizar, em todos os pontos de contato, a capacidade das

instituições de captar, gerar, criar, analisar, traduzir, transformar, modelar,

armazenar, disseminar, implantar e gerenciar a informação, tanto interna como

externa. Essa informação deve ser transformada efetivamente em conhecimento e

distribuída tornando-se acessível aos interessados. A informação aplicada, o

conhecimento, passa a ser um ativo das instituições e não mais um suporte à

tomada de decisão. Essa realidade já é percebida, pelo menos em parte, pela

maioria das instituições brasileiras ouvidas. Quando perguntadas sobre o impacto

que a correta gestão do conhecimento trará para as instituições de seu setor nos

próximos anos, quase a metade respondeu que as organizações que adotarem a

prática da gestão do conhecimento serão as vencedoras conforme Quadro 6.2.

Visão de GC no Brasil

13%

18%

7%5%

57%

Filosofia corporativa de gestão de informaçõesPolítica de Gestão do ConhecimentoTécnologia que permite a gestão do conhecimentoEstratégia de competição na era do conhecimentoModelagem de processos corporativos a partir do conhecimento gerado

Quadro 3.1 – Visão de GC no Brasil – Fonte HSM Management (2004) Outro impacto positivo apontado é a longevidade, ou seja, a capacidade de

sobrevivência das instituições.

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25

Segundo a pesquisa a conscientização dos executivos entrevistados quanto à

importância do GC nas organizações se reflete no número de instituições que já

utilizam GC, seja formal ou informal: 57,7%. E, das que não adotam, a maioria

pretende fazê-lo conforme quadro 3.3 sobre a metodologia. Os departamentos ou

áreas organizacionais que mais se envolvem ou as que mais seriam envolvidos no

caso de implantação em projetos de GC, segundo os executivos entrevistados, são:

alta gestão (95,2%), recursos humanos (77,4%) e tecnologia da informação (72%)

conforme quadro 3.4.

46,3%

38,8%

34,4%

19,9%QueImpactos acorreta GCtrará sobre

asinstituiçõesde seu setor

nospróximos

Anos?

outros

Trará um desenvolvimento maisconsistente e otimizado doscolaboradoresDitará que instituições terão sualongevidade comprometida

Ditará quais instituições serãovencedoras

Quadro 3.2 – Que impactos a correta gestão do conhecimento trará sobre as empresas de seu setor nos próximos anos? – Fonte HSM Management (2004)

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26

95,2%

77,4%

72,0%

62,8%

38,9%

35,4%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Envolvimentode

departamentosnos projetos de

GC

Atendimento e Suporte declientesQualidade

Marketing, Pós-venda e Venda

TI/Operações

RH

Alta Gestão

Quadro 3.4 – Envolvimento de Departamentos nos Projetos de GC – Fonte HSM Management (2004)

Cada vez mais os executivos entendem a função da tecnologia da informação (TI) e

seus serviços como meios para o sucesso de uma estratégia, e não como um fim em

si mesmo. Também admitem a necessidade de alinhamento da tecnologia com os

processos das instituições e com as questões relativas a pessoas. Isso fica evidente

nas respostas sobre o envolvimento da área de TI em projetos passados ou futuros

de gestão do conhecimento, que foi superado pelo da alta gestão e pelo de RH. O

papel da área de TI é de suporte à gestão do conhecimento. Seu desafio é identificar

e/ou desenvolver e implantar tecnologias e sistemas de informação que dêem apoio

à comunicação empresarial e à troca de idéias e experiências. Isso facilita e

incentiva as pessoas a se unir, a tomar parte de grupos e a se renovar em redes

informais de aquisição e troca de conhecimento, além de compartilhar problemas,

perspectivas, idéias e soluções em seu dia-a-dia profissional. A área de RH foi

sabiamente indicada pelos entrevistados como importante participante em projetos

de gestão do conhecimento, já que idealmente é responsável pela definição,

desenvolvimento e implantação de estratégias que tratam de aspectos relacionados

às pessoas integrantes da organização. Muitos entendem com naturalidade que os

funcionários são cruciais para o sucesso da implantação de projetos de GC, estejam

eles no papel de usuários ou de fornecedores de conhecimento. Assim como a TI, o

RH tem papel de apoio em projetos de gestão do conhecimento. Não se pode

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27

esquecer a importância do envolvimento da alta gestão nos projetos do GC. Foi

realizada uma pesquisa em 2003 pela HSM Management, que contou com uma

amostra de entrevistados composta por executivos de 200 instituições de grande

porte sediadas no Brasil, nacionais e multinacionais, de diversos setores da

economia As instituições foram escolhidas de acordo com a importância que têm

em seus segmentos de atuação e conforme o estágio em que se encontram no

desenvolvimento da gestão do conhecimento. Apesar de representar a diversidade

da economia brasileira, a amostra não pode ser considerada uma "média nacional",

devido ao elevado contato que essas instituições apresentam com a prática de GC.

Estágio da GC nas Empresas

30%

28%

8%

34%

Não, mas pretende adotarSim, InformalmenteSim, formalmenteNão

Quadro 3.3 – Estágio da GC nas Empresas – Fonte HSM Management (2004)

Na pesquisa realizada pela HSM – Management (2004), os entrevistados numa

questão podiam apontar todos os benefícios já alcançados ou esperados com a

adoção de GC, sendo que 80,2% indicaram que o melhor aproveitamento do

conhecimento já existente em suas organizações é um dos principais resultados

obtidos com a gestão do conhecimento vide quadro 3.5. Em segundo lugar nas

pesquisas, os profissionais elegeram a vantagem de diferenciação em relação aos

demais participantes do mercado (76%).

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28

Principais Benefícios obtidos/esperados com a adoção do GC

19%

19%

18%16%

15%

13%

Melhor aproveitamento doconhecimento já existenteDiferenciação em relação asdemais empresasMelhor time-to-market

Otimização de Processos

Redução de Custos

Aumento da Receita

Quadro 3.5 Principais benefícios obtidos/esperados com a adoção da GC – Fonte HSM Management (2004)

Segundo as entrevista realizada pela HSM Management (2004) foi apontado pelos

entrevistados o melhor "time-to-market" que pode ser conferido ao corpo executivo

das instituições, cuja capacidade de tomada de decisão com rapidez e eficiência é

maximizada. Tal resultado pode ser ainda mais positivo quando as organizações

combinam gestão do conhecimento com o processo de inteligência competitiva

(processo de monitoramento dos ambientes competitivo, concorrencial e

organizacional, visando subsidiar o processo decisório e o alcance das metas

estratégicas de uma instituição). Pesquisas subjetivas costumam ser utilizadas de

forma complementar (39,8%) e indicadores financeiros como o ROI (sigla em inglês

de retorno sobre o investimento) e o TCO (custo total de propriedade) são um pouco

menos utilizados, com 34,2% e 28,6% das citações, respectivamente. Acreditamos

que esse resultado se explica pelo fato de indicadores como o BSC, voltados para

detectar a evolução de ativos intangíveis, serem mais adequados para avaliar os

resultados obtidos com o GC. O alinhamento estratégico de um projeto de GC deve

potencializar os objetivos de médio e longo prazo da organização, permitindo aferir

resultados diretos e indiretos, tangíveis e intangíveis. As condições específicas de

cada instituição e as características do mercado em que ela atua balizam a política a

ser adotada nesse campo. Quando solicitados a ordenar as fontes de conhecimento

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29

de suas instituições de acordo com a importância, a grande maioria dos

entrevistados (83,7%) apontou sua própria organização como sendo a principal

delas vide quadro 6.6. Pode-se dizer que as instituições reconhecem que o

conhecimento necessário para mantê-las competitivas no mercado e melhorar

significativamente seu desempenho já se encontra, em boa parte, dentro da própria

instituição perdido nos "labirintos corporativos", depositado em bancos de dados

abandonados. E isso reforça a idéia de que o caminho a seguir não é a geração do

conhecimento, mas sim seu gerenciamento (identificação, classificação em

categorias, armazenamento, beneficiamento, disseminação e uso). Os executivos

entrevistados pela HSM Management (2004) reconhecem que o conhecimento

inerente às instituições é o que pode ser mais bem aproveitado, mas outras fontes

de conhecimento, tais como fornecedores, Internet, consultorias, relatórios

financeiros de concorrentes, universidades, também foram bastante citadas. Isso

mostra que as fontes precisam ser complementares e que as instituições não devem

contar apenas com o que é proveniente de uma única origem.

A seguir, apresentamos a análise de cada um dos principais fatores apontados pelos

entrevistados pela HSM – Management (2004):

3.1 Patrocínio da alta gestão (78,8%). A "venda" do projeto para todos os colaboradores é facilitada e sofre menos

resistências quando é feita de cima para baixo, ou seja, a partir do envolvimento e

comprometimento dos executivos. Além disso, apresentar as atividades de

patrocínio sob a ótica do valor agregado destas e dos resultados prováveis que

desencadearão em toda a instituição, passíveis de mensuração e acompanhamento,

é muito reforçador para todos os níveis da organização.

3.2 Treinamento e aculturamento (76,2%). O treinamento e o aculturamento dos colaboradores interferem diretamente na

eficácia e na perpetuação da implantação da gestão do conhecimento. A pesquisa

identifica que, em grande parte, a resistência à adoção de procedimentos de GC nas

organizações é fruto de cultura organizacional inadequada ou não mais aplicável ao

ambiente "coopetitivo" (competitivo e cooperativo ao mesmo tempo) -o qual passou

a ser a realidade das instituições que se propõem a competir em âmbito mundial. No

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30

entanto, observamos que a solução do problema vai além do simples treinamento de

funcionários para utilização de sistemas ou softwares de gestão de informações. É

fundamental a educação -ou aculturamento-, que deve ter precedência sobre o

treinamento e pavimentar o caminho sobre o qual a absorção do conhecimento

prático se dará.

3.3 Visão homogênea dos envolvidos a respeito da gestão do

conhecimento (68,6%). O processo interno de "venda" do projeto de GC é diretamente proporcional à

amplitude da visão do que se esperada implantação. Em outras palavras, se a

expectativa dos executivos é de que o GC será a estratégia competitiva da

instituição na era do conhecimento, o universo de ação para essa iniciativa é toda a

cadeia produtiva, estendendo-se gradualmente a todos os agentes da cadeia de

valor, ainda que em fases e de forma gradual.

3.4 Adoção de premiação/incentivos para participação dos

colaboradores (64,2%). Apesar de este ser apontado como fator de sucesso, nota-se certa preocupação dos

executivos a respeito de a premiação poder gerar uma atitude "mercenária" por parte

dos interessados, geralmente funcionários ligados às operações na cadeia

produtiva. Se atrelada a um eficiente mecanismo aferidor de resultados alcançados

pelos colaboradores, como o Balanced Scorecard, a compensação financeira pode

ser uma forma eficiente de premiação das pessoas que se destacam cedendo,

utilizando e compartilhando seus ativos de conhecimento com a empresa, assim

como com os demais colaboradores, intraáreas, interáreas e mesmo interempresas.

Prioritariamente surgem as fontes de reforço emocional, que se caracterizam pela

demonstração de reconhecimento explícito do bom desempenho diante da equipe,

por exemplo, ou pela confiança profissional, ao delegar às pessoas certas

responsabilidades crescentes sobre orçamento, recursos humanos e materiais.

3.5 Clareza na comunicação dos objetivos a serem atingidos

(58,9%). A estruturação e a execução de um plano de comunicação que contemple a

transmissão de informações sobre o projeto para todas as pessoas por ele afetadas

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são imprescindíveis. Mais ainda, tal plano deve personalizar a informação para

esses diversos públicos conforme seus perfis, valendo-se de diferentes formatos e

veículos, que serão determinantes para conferir eficácia à comunicação. Tal

flexibilidade ou personalização das informações, entretanto, tem um limite, que é

definido pela necessidade de divulgação de todos os motivos pelos quais se decidiu

iniciar um projeto, bem como dos objetivos e resultados esperados aos diversos

públicos internos envolvidos.

As principais fontes de conhecimento para as organizações

83,7%78,4%

68,2%64,0% 62,9% 60,1% 55,4%

30,2%21,5%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

1

A própria EmpresaClientesAgências de Notícias publicações de negóciosFornecedoresInternetConsultoriasRelatórios Financeiros de ConcorrentesUniversidadesOutros agentes de Relacionamentos

Quadro 3.6 Principais Fontes de Conhecimentos para as Organizações – Fonte HSM Management (2004)

Segundo a pesquisa da HSM Management (2004), as ferramentas mais utilizadas

na disseminação do conhecimento são os processos de e-mail, internet e fóruns de

discussão conforme indicação no quadro 3.7.

Page 32: Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência ... · 1 Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência & Tecnologia & Economia Ruggero Ruggieri A IMPORTÂNCIA

32

84,2%

64,2%

46,3%

29,0%

22,5%

19,8%

16,4%

14,5%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0%

Ferramentas MaisUtilizadas na

Disseminação doConhecimento

E-mail InternetFóruns Listas de DiscussãoBate-papo (chat) Mensagens InstantâneasMultiplicadores de Conhecimento Outras (respostas múltiplas)

Quadro 3.7 Ferramentas mais utilizadas na Disseminação do Conhecimento – Fonte HSM Management (2004)

Page 33: Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência ... · 1 Cátedra Memorial da América Latina 4º módulo: Ciência & Tecnologia & Economia Ruggero Ruggieri A IMPORTÂNCIA

33

4. CONCLUSÃO A finalidade é apresentar neste item a conclusão da monografia, tendo por

referência seus objetivos e as questões de pesquisa.

Podemos afirmar que a Gestão do Conhecimento (GC) das instituições possui em

geral uma percepção razoável da importância para as organizações conforme

demonstrado no capítulo 3. Acertadamente, a maioria dos executivos entrevistados

acreditam que a principal fonte de conhecimento de que podem dispor são suas

próprias organizações. Vale ressaltar, no entanto, que esse capital intelectual se

encontra muitas vezes disperso, desorganizado ou inacessível. É interessante

destacar ainda que, entre as ferramentas para promover a disseminação do

conhecimento, os entrevistados na pesquisa da HSM – Management apontou como

mais largamente usadas as que permitem o compartilhamento do conhecimento que

está "na cabeça" das pessoas. Esse é um indício da importância -correta- atribuída

pelos executivos às pessoas. Por tudo isso, a análise dos resultados da pesquisa

pode levar à impressão de que a gestão do conhecimento tende a crescer em

progressão geométrica entre as empresas brasileiras. Contudo, para que essa

"popularização" do GC ocorra de fato, há uma lacuna por preencher: a alta gestão

das instituições do Brasil deve abrir seus olhos para a real importância da gestão do

conhecimento. O GC deve ser entendido como prática necessária para a

diferenciação em relação à concorrência e para a sobrevivência sustentável, e não

apenas como recurso de modelagem de processos, como conjunto de políticas e

cultura organizacional ou como tecnologia.

O processo descrito no capítulo 2 aponta as formas de como o conhecimento é

compartilhado conforme método de NONAKA e TAKEUCHI e qual a forma de

disseminação do conhecimento, utilizando o método ESPIRAL do conhecimento,

Complementando com os dados do TERRA, é importante destacar que o valor do

conhecimento e na necessidade de melhorar o desempenho do conhecimento não

basta. A Gestão do Conhecimento pode ser fortemente alinhada aos imperativos

estratégicos e diferenciadores de uma organização. O modelo e os passos

apresentados nesta monografia, se não garantem resultados, mas elucida a

possibilidade da adesão de gestores e colaboradores ao sinalizar de maneira clara

como seus esforços, tempo e compromisso com a Gestão do Conhecimento podem

trazer ganhos concretos para a organização. E adesão “voluntária” da instituição, por

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sua vez, é uma das peças fundamentais quando se trata de aprendizado e

conhecimento. Ninguém aprende para valer e ninguém compartilha o que sabe se

não enxergar objetivos mais elevados e estratégicos e não viver em uma cultura que

reforça o valor do conhecimento e provê condições e infra-estrutura adequadas. A

importância de uma Gestão do Conhecimento nas instituições é fundamental para

garantir Investir no conhecimento. Assim, as organizações que investem em gestão

do conhecimento estão se preparando melhor para o futuro, mas colhendo os

resultados hoje dos investimentos passados, pois o investimento é cumulativo.

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