crÔnica de possÍveis desencontros

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OBLATOS DE MARIA IMACULADA - SÃO PAULO - BRASIL Novembro/Dezembro de 2011 | Edição Nº 138 NESTA EDIÇÃO Crônica de Possíveis Desencontros 1 Sim! Eu sou Feliz... 4 Salva o Teu Povo, Abençoa a tua Herança! 2 Cartas 6 Missa Marca o Dia Mundial das Missões 2 Humor 7 Diversos 3 Datas Celebrativas 8 CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS A trevimento imperdoável! Impertinência absurda! Ousam perturbar com rumores de turba, a placidez do meu sono? Gentalha inescrupulosa! Urrava o rei inesperadamente acordado pela gigantesca comitiva de tribos que imaginavam, lideradas pelos estudiosos dos astros, haverem finalmente chegado, obrigando-se a expressar enorme alegria aos residentes da majestosa casa, que supostamente abrigava o recém-nascido, filho-messias do rei. Foram dois anos em caminhos desérticos formando interminável romaria abrigando nômades, transeuntes perdidos, incentivados pela provável descoberta de um novo Rei, para agora atônita não compreender os motivos da violenta repressão dos soldados, que seguia contradita à incontida explosão jubilosa. O imenso pavimento palaciano não estava disponível para festividades, talvez em função do tempo transcorrido, ou terminara o período da entrega de presentes que Gaspar, cuidadoso inspetor de tudo, trazia em forma de incenso; o ouro recolhido por Melquior para valorizar o “rei da Luz” e a mirra em mãos de Baltazar , que manifestava ao neonato um reinado singular. Instaura-se uma pequena e decisiva convenção nos átrios do palácio. As lideranças se encontram: nobres, ministros e religiosos, visando compreender como ocorrera tão grande e grave engano. Providências foram tomadas, evitando desconfortos futuros ao reinado e ao grande imperador, restabelecendo a ordem frente ao instaurado caos. Prosseguir para o quê? Para onde? O brilho iluminador tantas noites havia cessado. Para Belém...para Belém!..para Belém? O quê buscar em terras tão empobrecidas? Como encontrar ali o desejado Rei encarregado da esperança de todos? Decisão tomada entre poderosos, que a humildes estrangeiros resta obedecer. Para Belém! Ordem final, antes que os astros confirmassem a alteração da rota e a comitiva estivesse pronta. Levantam acampamento, atordoados pela frustração e incertezas: - Um novo Rei seria possível em Belém? Os restantes eventos que compõem a história todos conhecemos, terminando com o encontro do verda- deiro menino. Repeti-los nesses tempos e dessa for- ma, cumpre a função de recordar o único local, onde todos e sempre podemos encontrá-lo. Que o caminho não se extravie através de falsos si- nais, o coração não se engane, a mente não se deixe iludir. Assim um Santo e Sóbrio Natal aconteça no- vamente, trazendo exultante festa, porque hoje compomos felizes as multidões de romeiros, que desde o passado visitam e acolhem Jesus. Pe. Rubens Pedro Cabral, OMI

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Novembro/Dezembro de 2011 | Edição Nº 138

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Page 1: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

O B L A T O S D E M A R I A I M A C U L A D A - S Ã O P A U L O - B R A S I L

Novembro/Dezembro de 2011 | Edição Nº 138

NESTA EDIÇÃO

Crônica de Possíveis Desencontros 1 Sim! Eu sou Feliz... 4

Salva o Teu Povo, Abençoa a tua Herança! 2 Cartas 6

Missa Marca o Dia Mundial das Missões 2 Humor 7

Diversos 3 Datas Celebrativas 8

CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

A trevimento imperdoável! Impertinência absurda! Ousam perturbar com rumores

de turba, a placidez do meu sono? Gentalha inescrupulosa! Urrava o rei inesperadamente acordado pela gigantesca comitiva de tribos que imaginavam, lideradas pelos estudiosos dos astros, haverem finalmente chegado, obrigando-se a expressar enorme alegria aos residentes da majestosa casa, que supostamente abrigava o recém-nascido, filho-messias do rei. Foram dois anos em caminhos desérticos formando interminável romaria abrigando nômades, transeuntes perdidos, incentivados pela provável descoberta de um novo Rei, para agora atônita não compreender os motivos da violenta repressão dos soldados, que seguia contradita à incontida explosão jubilosa. O imenso pavimento palaciano não estava disponível para festividades, talvez em função do tempo transcorrido, ou terminara o período da entrega de presentes que Gaspar, cuidadoso inspetor de tudo, trazia em forma de incenso; o ouro recolhido por Melquior para valorizar o “rei da Luz” e a mirra em mãos de Baltazar , que manifestava ao neonato um reinado singular. Instaura-se uma pequena e decisiva convenção nos átrios do palácio. As lideranças se encontram: nobres, ministros e religiosos, visando compreender como ocorrera tão grande e grave engano. Providências foram tomadas, evitando desconfortos futuros ao reinado e ao grande imperador, restabelecendo a ordem frente ao instaurado caos. Prosseguir para o quê? Para onde? O brilho iluminador tantas noites havia cessado. Para Belém...para Belém!..para Belém? O quê buscar em terras tão empobrecidas? Como encontrar ali o desejado Rei encarregado da esperança de todos? Decisão tomada entre poderosos, que a humildes estrangeiros resta obedecer.

Para Belém! Ordem final, antes que os astros confirmassem a alteração da rota e a comitiva estivesse pronta. Levantam acampamento, atordoados pela frustração e incertezas: - Um novo Rei seria possível em Belém? Os restantes eventos que compõem a história todos conhecemos, terminando com o encontro do verda-deiro menino. Repeti-los nesses tempos e dessa for-ma, cumpre a função de recordar o único local, onde todos e sempre podemos encontrá-lo. Que o caminho não se extravie através de falsos si-nais, o coração não se engane, a mente não se deixe iludir. Assim um Santo e Sóbrio Natal aconteça no-vamente, trazendo exultante festa, porque hoje compomos felizes as multidões de romeiros, que desde o passado visitam e acolhem Jesus.

Pe. Rubens Pedro Cabral, OMI

Page 2: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

2 Nossas Notícias

Belém, 2 de setembro de 2011 Há grupos e pessoas que costumam gritar “a Amazônia é nossa”, não para defender a incontestável soberania do Brasil sobre esta macro região, mas para explorar até a exaustão as riquezas naturais e transformar a terra, as águas e as florestas em mercadoria, objetos de negócio. A família humana perde o direito de viver no lar que Deus criou. É expulsa da terra herdada dos antepassados. Na região do Xingu, o projeto Belo Monte coloca em risco a vida de milhares de pessoas. Em 10 de junho de 2011, o IBAMA concedeu à empresa Norte Energia S.A. a Licença de Instalação (LI) para construção desta hidrelétrica e declarou que “concluída a análise técnica e elaborado o relatório, todas as quarenta condicionantes estão cumpridas”. Essa afirmação é uma afronta aos povos do Xingu, pois simplesmente não corresponde à verdade. As prometidas ações antecipatórias de saneamento básico em Altamira e Vitória do Xingu não foram realizadas. Providências de infra-estrutura absolutamente necessárias no campo da saúde, educação, habitação e segurança pública não foram tomadas. Trinta mil pessoas vivem o pesadelo de serem arrancadas de suas casas sem saberem para onde ir. Enormes áreas e plantações são desapropriadas em troca de indenizações irrisórias. Quem resiste é processado judicialmente. Anuncia-se pelos meios de comunicação que a barragem não afetará os indígenas, porque nenhuma aldeia será inundada. Acontecerá o contrário: aos povos da Volta Grande do Xingu será cortada a água. Em Altamira, os aluguéis chegam a preços exorbitantes, provocando inva-sões de áreas urbanas e acampamentos em frente à Prefeitura. É o caos que se instala. A segurança pública é incapaz de debelar a crescente onda de violência. Os acidentes de trânsito se multiplicam de maneira assustadora. Os hospitais estão superlotados. As escolas nem de longe conseguem aten-der à nova demanda de vagas. O Governo Federal nega o diálogo, oculta informações, aposta na política do “fato consumado” e passa, qual rolo compressor, por cima da população. Manifestamos nossa solidariedade com os povos do Xingu e denunciamos a falta de sensibilidade das autoridades governamentais que não se deixam comover pelo grito de milhares de pessoas angustiadas. Ainda nutrimos a esperança de que o bom senso vença a insanidade de um projeto tão pernicioso para a população e o meio-ambiente e suplicamos ao bom Deus: “Salva o teu povo, abençoa a tua herança!” (SI 27, 9). Que Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia, interceda pelos irmãos e irmãs do Xingú!

D. Frei Johannes Bahlmann Bispo, Diocese de Óbidus

Em comunhão com toda a Igreja, a Arquidiocese de São Paulo celebrou o 85º Dia Mundial das Missões com uma celebração eucarística na Catedral da Sé, na tarde do domingo, dia 23. A missa foi presidida pelo arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, pelo arcebispo emérito, cardeal dom Cláudio Hummes, e pelos seis bispos auxiliares da Arquidiocese. No final da missa, dom Odilo abençoou e enviou cinco religiosos que partem em missão. Da con-gregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada foram enviados os diáconos Edicarlos Alves dos Santos, para a África do Sul, e Patrick Oliveira Urias, que parte para a Zâmbia.

Missa marca Dia Mundial das Missões (transcrito do jornal “O São Paulo” publicado na semana de 25-31/outubro/2011

O Pe. Paulo Joanil, OMI enviou notícias sobre a Romaria da

Libertação que anunciou a verdade sobre a região e

o Martirio das Meninas Elizabete e Elineuza, agora devidamente

documentado em DVD lançado pela Verbo Filmes enquanto denunciou a

real e perversa situação da Amazônia indefesa, vítima dos desastrosos

projetos governamentais. Que nosso conhecimento e consciência aumente

sobre esses temas.

“Salva o teu povo, abençoa a tua herança!” (SI 27, 9)

Page 3: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

Nossas Notícias 3

CELEBRAREMOS DIA 17 DE DEZEMBRO, EM MADRID, ESPANHA,

A BEATIFICAÇÃO DOS MÁRTIRES OBLATOS DA ESPANHA.

AGRADECIDOS REZEMOS:

Jesus, nosso Salvador, Tu nos disseste que quem perde a vida por Tua causa, será salvo.

Pedimos-Te hoje pelos Beatos Mártires Oblatos da Espanha, a quem destes força para morrer

ao professarem sua fé em Ti. Mostra com clareza seu heroico testemunho com a Igreja, que os reconhece como autênticos cristãos.

Concede-nos a graça que Te pedimos através da sua intercessão, se for para maior glória de

Deus, para serventia da Igreja e para nossa santificação. Maria Imaculada, Mãe de

Misericórdia, intercede por nós junto a Teu filho, que com o Pai e o Espírito Santo vive e

reina pelos séculos e séculos.

Amém.

O Pe João Hébette vai festejar os seus 87 anos, no mês de fevereiro. Foi o primei-

ro Superior da Delegação de França-Belgica em Belém, chegada em 1968. Depois de quase 40 anos como professor na UFPA (Universidade Federal do Pará), agora como Professor Emérito, foi homenageado no contexto de um Simpósio (Nacional e Inter-nacional) sobre a Amazônia Agrária. Painéis situavam a sua vida e o seu trabalho - obra impressionante: pesquisas, estudos, publica-ções... Recebeu uma "placa comemorativa" com esta inscrição:

"Ao Professor Jean Hébette, o 5º Simpósio Internacional e

o 6º Simpósio Nacional de Geografia Agráriareconhecem os méritos e

contribuições para a compreensão da Amazônia brasileira"

Belém, 7-10 de novembro de 2011

Conversando com ele depois deste acontecimento, recolhi algumas frases ditas com grande simplicidade: "Nas noites, quando não durmo, penso: o que é tudo isso que fiz ? Tive a chance de um conjunto de circunstâncias; cheguei numa época, com uma cultura que me permitiram entrar nesta pesquisa. "Penso também: o que é a Amazônia? Existem tantos livros sobre a Amazônia, e não conheço nenhum (e Deus sabe que ele tem muitos) que trata do que é mesmo a Amazônia. Encontramos: há 2 Amazônias : a legal (tamanho, estados...) e a outra. O que é a outra? Esta continua sendo a minha pergunta. " Eu pensava: estas "contribuições para a compreensão da Amazônia brasileira", não seria um elemento de resposta?

Pe. Henrique, O.M.I.

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES OMI

Pai, fonte de amor para toda a

humanidade, nós te damos graças por haveres chamado

Eugênio de Mazenod e o teres proposto à Igreja como

exemplo.

Apaixonado por Cristo Salvador, comoveu-se ante as necessidades de salvação em seu tempo, consagrando-se à

evangelização dos pobres e enviando os seus ao mundo, para difundir a Boa Notícia.

Por sua intercessão, pedimos que renoves esta família OMI

enviando operários para evangelizar os mais

abandonados. Com Maria, nossa mãe e padroeira,

invocamos teu Espírito para anunciar o Evangelho com

coragem.

Pedimos-te por Cristo nosso Salvador, Amém.

Santo Eugênio de Mazenod,

rogai por nós!

Beatos e Mártires Oblatos, rogai por nós!

Page 4: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

4 Nossas Notícias

C omumente as pessoas que se aproximam me perguntam se sou feliz, sobretudo se não têm afinidades com a

Igreja, me indagam como posso ser feliz sendo religioso e digo-lhes que sou, porque descobri a alegria de servir à Igreja mis-sionária como Oblato de Maria Imaculada. Acredito que no coração de todo ser humano há uma busca profunda pelo sentido de ser e existir, que o atrai para algo mais, onde se encontra Deus, é ele o desejado e “desejante” que impulsio-na a viver Com, Por e Nele. A minha busca passou e passa pelas perguntas e inquietudes dos primeiros jovens apóstolos e das juventudes atuais: “Mestre onde moras? (Jo 1, 38-39). Esta é a pergunta que me inquietou a dar respostas à vocação ou seja ao chamado de Deus para minha vida. No dia seguinte, João aí estava de novo, com dois discípulos. Vendo Jesus que ia passando, apontou: “Eis aí o Cordeiro de Deus”. Perguntando onde Jesus morava, precisei que alguém me apontasse com o seu testemunho de vida quem era Ele, de minha família recebi a fé, de meus padrinhos a participação na vida eclesial, das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores em sua missão inserida e de Padre Ricardo meu pároco naquela época o despertar para missão na catequese, nos grupos de reflexão, no MAC movimento de adolescentes e crianças, na vivacidade das Comunidades Eclesiais de Base, na Pastoral da Juventude, nos leigos missionários e no engaja-mento social, muitas romarias, encontros, caminhadas, gritos dos excluídos tudo dinamizado também por leigos comprome-tidos, que tinham ardor em anunciar Jesus Cristo e seu Reina-do denunciando toda estrutura de morte e opressão. Ainda ecoa em minha mente o singelo e comprometedor: “Eu sou feliz é na comunidade...” Cantando testemunhei os muti-rões para construir o centro comunitário, as escolas comunitá-rias, associações de agricultores, mulheres, cortadores de pedras e tantos outros organismos em prol da vida. Que bons tempos da Igreja Povo de Deus! Da fé e ação, do sonho e das lutas, da fraternidade, dos grandes investimentos na forma-ção de lideranças, do cuidado das pessoas, das rebeldias

juvenis, santos e santas missionárias (os) que nos suportaram, acreditando em nós. Tempo de infância e adolescência fui aos poucos compreendendo que tudo que era feito para indicar: “Eis o Cordeiro...”... “Ouvindo essas palavras, os dois discípu-los seguiram a Jesus...”. Neste ambiente missionário, senti-me atraído, interpelado para seguir mais de perto aquele há quem tanto me aponta-ram, queria viver semelhante àquele Padre e aquelas religio-sas que cruzaram fronteiras para anunciar o reino de Deus. No processo de discernimento compreendi a presença do Senhor que outrora me perguntava: “o que é que você está procu-rando?”. Buscava compreender a inquietude de um chamado que me realizasse como pessoa e cristão. Estava no início de minha juventude e queria trabalhar em algo que pudesse unir fé e serviço, descobri minha vocação para educador, ingressei na faculdade e mais tarde estava lecionando para jovens de 5ª à 8ª série, bons tempos, que me renderam boas amizades, colegas de profissão e a confiança de estudantes que desco-briram que o conhecimento só é valioso se está a serviço da transformação social. Dois anos mais e estava na secretaria municipal de cultura, junto com outros jovens. Ousamos nas políticas públicas a serviço do bem comum e quanto bem colhemos, apesar das adversidades enfrentadas, descobrimos que o serviço público será eficaz na medida em que pessoas comprometidas com o povo estejam atuando nele. Todas essas experiências me dei-xaram marcas de gratidão a muitos que confiaram e fizeram seus, os nossos sonhos. Valeram os riscos. Apesar de gostar e ser feliz com o que fazia, faltava algo em mim, que os meus medos não me permitiram experimentar. Neste caminhar havia conhecido os Missionários OMI através do Padre Wilmar que me orientou no processo de discerni-mento, cada encontro meu coração se enchia de vida e de sentido, amadureci na minha paixão pela missão e pela con-gregação e anos de discernimentos me levaram a optar pelo seguimento a Jesus Cristo no jeito de Santo Eugênio. Eles dis-seram: “Rabi (Mestre) , onde moras?” Jesus respondeu:

Sim! Eu sou feliz...

Page 5: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

Nossas Notícias 5

“venham, e vocês verão”. Ingressei na Casa de Missão em Recife no ano de 2006, movi-do pelo desejo de saber onde o mestre morava. Com o auxilio dos formadores Pes. Wilmar e Arlindo fui iniciado na Vida Religiosa Oblata, a Favela de Borborema pertencente à Paró-quia administrada então pelo Padre Cássio, o primeiro chão para ver onde o mestre havia passado e marcado a vida dos animadores, deparei-me com a dura realidade do tráfico, do abandono de crianças, adolescentes e dos jovens cooptados pelas drogas e o álcool, esquecidos pelo governo. A presen-ça OMI era sinal de Esperança, encontrei corações incendia-dos pelas palavras de esperanças do Salvador. “Vim para que todos tenham vida” e muitos deram vida para o viver de ou-tros. Iniciativas de leigos comprometidos, quanta força e fé para enfrentar sistemas e esquemas de opressão, aprendi a escu-tar, a partilhar comida, saberes e a vida com os últimos rene-gados pela sociedade, mas amados pelo mestre. Com eles descobrir que ser OMI é doar-se a serviço dos pobres na dialé-tica missionária de se dar e receber. Confesso que não vi o mestre, mas escutei, rezei, celebramos, e vi os frutos da pre-sença Oblata. A busca continuava, fui ao noviciado em Paraguai, quantos desafios a serem enfrentados! Novo idioma, distintas mentali-dades e a dura realidade daquele país, longe da família, dos amigos faltava o aconchego do Brasil, mas trasbordava a gra-ça de Deus através dos gestos de acolhida dos paraguaios, aprendi a ser feliz com os indígenas, sem-terras, e os agricul-tores, deparei-me com minhas fragilidades, com minha pequenez diante de tão grande missão, e a pergunta: porque o mestre me trouxe aqui? No sol, na chuva ou na lama, dormíamos quase que esgotados de dias intensos de caminhadas, sem TV, rádio ou outro meio de comunicação. Alenta-va-nos o silencio da natureza exuberante que fascinava e dava medo. Animados pelo povo que nos formavam com suas vidas e testemunhos, professei os primeiros votos com a consciência de que não nascemos OMI, mas nos tornamos graças à ajuda de Deus e do testemunho de outros O-blatos que deixam marcas indeléveis de vidas consagradas para serviço da Igreja entre os po-bres. Voltando ao Brasil, fiz o curso de teologia na certeza de que é preciso aprofundar a fé, ilumi-nando-a com a razão e razão com a fé, para com-preender como o mestre havia transformado tantos corações que se uniram pela missão. Em São Paulo a busca do mestre em uma metrópole com seus arranha-céus, na lama da Favela de Ilhas das Cobras, agora Comunidade São Francisco de As-sis. Com o testemunho e a partilha de muitos Oblatos a cons-

trução da Capela, os mutirões para desativar e retirar o lixão, as redes de esgotos com a participação de todos, a legalização da água, da luz, e as liturgias que ecoavam em nossas vidas, atualizando do Evangelho. Graças às provocações do meu formador Padre Francisco Rubeaux, fui desafiado a mergulhar, inserir-me na realidade para encontrar o mestre, não vi o mestre, mas escutei seu clamor que dizia: “vai, diz aos jovens que se levantem e an-dem” e descobri que ir ao encontro dos jovens para servi-los, é servir ao mestre. Mas afinal, onde está o mestre? Não o vi em revelação, mas posso afirmar que passou na vida de mui-tos e convida a dilatar o reino de paz, justiça e amor, muitas vezes sufocado por poderes diabólicos e sistemas de morte. Precisamos do seu Amor para perseverar, e é possível seguir juntos como irmãos na caminhada missionária dos OMI anun-ciando o Reino de Deus. Celebrei recentemente, na Paróquia Santo Eugênio, que hoje me abriga para o desenvolvimento pastoral, com profunda alegria, meu Diaconato, disposto a servir progredindo em direção ao Sacerdócio, reconhecendo que semelhante a Maria aos pés da Cruz, desejo expressar solidariedade aos crucificados de hoje, que escolhi como lema e concluir reafir-mando: Por tudo isso: Sim eu sou feliz!!! De minha parte continuarei a buscá-lo, agora na partilha com os nossos Ir-mãos do Sul da África. Rezem por mim, aceitando a provoca-ção que Ele faz também à sua vida!

Diácono Edicarlos Alves da Conceição, OMI

Page 6: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

6 Nossas Notícias

Cartas...

Recebo, sempre, com alegria e gratidão o Boletim “Nossas Notícias”. Uma vez mais quero agradecer-lhes a atenção e dizer que me uno em oração e ação de graças por todos os acontecimentos da Província. De um modo especial, agradeço o presente valioso: Calendário de 2012. Em todos os dias dele, hei de me lembrar de pedir a Deus, através de Santo Eugênio, que os conserve cheios de luz e de vontade de tornar, cada vez mais, presente entre nós a Luz de Cristo.

Meu abraço. M. Pilar de Vasconcellos

Venho por meio deste, para recordar com alegria, hoje, os 42 anos da presença e missão do Pe. Geraldo Levron no Brasil. De modo especial aqui, nesse chão Amazôni-co. Que essa data seja de fato uma Ação de Graças pela vida e doação desse grande missionário em nossa Pro-víncia.

No desejo de vos servir,

Pe. Paulo Cordeiro, OMI.

Caro Pe. Rubens. Saudações! Com alegria recebi sua resposta em atenção à minha mensagem. Deus lhe pague! Esteja certo de que transmitirei suas lembranças e a-braço à minha mãe. Ela ficará contente em saber que entrei em contato com os Oblatos. Minha mãe chegou em Vila Alpina aos 8 anos de idade,

vindo de Itapira, interior de SP, por volta de 1948. Aos 13 anos ela ingressou na Pia União das Filhas de Maria onde permaneceu até os 22 anos quando casou-se com meu pai. Ela fala muito do Padre João Lyons e das vezes em que costumava, junto de outras jovens e rapazes, acompa-nhá-lo nas visitas pelas casas do bairro para pedir pren-das para as quermesses que eram realizadas e também pedir doações de materiais de construção. Ela diz que nas procissões, o Padre João trajando a tradicional bati-na e a sobrepeliz, parecia-se com São Luiz Gonzaga. Diz que ele era um santo sacerdote e que esta era a opinião de todos na paróquia. Quanto ao Padre José McCann, ela diz que ele falava alto e gostava de ficar na porta da igreja falando do Palmeiras, principalmente, quando as Filhas de Maria estavam rezando o Ofício da Imaculada dentro da igre-ja. Ela se recorda também do apostolado das irmãs Felicianas e das roupas que chegavam dos EUA para serem distribuídas entre os pobres. O senhor me conta sobre o Padre Owen Hope e que ele terminou seus dias como missionário no Ártico, lembrei-me que possuo um livro bem antigo, editado nos anos 30 pela Vozes, chamado Nos Gelos Polares, de autoria do Padre Duchaussois, Ele conta a história dos Oblatos de Maria Imaculada em seu apostolado com os índios do Canadá e Alasca no século 19. É muito interessante. Esse heroismo missionário corre nas veias dos Oblatos, congregação que aprendi a admirar por causa do teste-munho de minha mãe. Mais uma vez agradeço a caridade de sua atenção e peço sua benção e suas orações por minha mãe Edna e meu pai José, bem como por mim. Nós rezaremos pelo senhor. Grande abraço

Rodrigo Rubens

Page 7: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

Nossas Notícias 7

Um deputado está andando tranquilamente quando é atropelado e morre. A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.

'Bem-vindo ao Paraíso!'; diz São Pedro 'Antes que você entre, há um probleminha. Raramente vemos parlamenta-res por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.

'Não vejo problema, é só me deixar entrar', diz o antigo deputado.

'Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte: Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.´ 'Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso´ diz o deputado. -'Desculpe, mas temos as nossas regras.' Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno. A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar. Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contan-do piadas. Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora. Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe. Ele sobe, sobe, sobe e a porta se abre outra vez. São Pedro está espe-rando por ele... Agora é a vez de visitar o Paraíso. Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando. Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna. ' E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna. Ele pensa um minuto e responde: 'Olha, eu nunca pensei ... O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno. Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno. A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo. Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos. O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do deputado. ' Não estou entendendo', gagueja o deputado. 'Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clu-be, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!'

O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz: 'Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto...'

HUMOR

Page 8: CRÔNICA DE POSSÍVEIS DESENCONTROS

NOSSAS NOTÍCIAS

OBLATOS DE MARIA IMACULADA ORGÃO INFORMATIVO DE CIRCULAÇÃO INTERNA

[email protected] Rua Padre Marchetti, 596—Ipiranga

04266-000 São Paulo—SP Fone: (11) 2063-3955

Supervisão

Conselho da Província do Brasil

8 Nossas Notícias

DATAS

CELEBRATIVAS NOVEMBRO/2011

ANIVERSÁRIOS

11 Marcos José de Lima (1962)

27 Macário Francisco de Souza

PRIMEIROS VOTOS

01 Francisco Rubeaux (1963)

ORDENAÇÃO

25 Arlindo Silva Moura (2000)

26 Francisco Rubeaux (1966)

FALECIMENTO

18 Francisco Reardon (1999)

DEZEMBRO/2011

DATAS OBLATAS

03 Canonização de Santo Eugênio de Mazenod

(1995)

21 Ordenação de Santo Eugênio de Mazenod

(1811)

ANIVERSÁRIOS

04 Robson Brito (1987)

08 Geraldo Levron (1934)

15 Eduardo de Assis Santos (1970) Japão

16 Daniel L. McCarthy (1944)

27 Roberto Fitzpatrick (1938)

29 Tomas E. O’Seaghdha

PRIMEIROS VOTOS

08 Armando Ferreira Gomes (1987)

29 Paulo Joanil da Silva (1974)

ORDENAÇÃO

02 Paulo Joanil da Silva (1978)

07 Antonio B. Mesquita (1985)

14 Marcos José de Lima (1996)

17 Henrique Leconte (1960)

17 Paulo Ehle (1966)

17 Bernardo Colgan (1967)

19 Tomas E. O’Seaghdha (1965)

20 Daniel L. McCarthy (1970)

20 Columbano O’Flanagan (1964)

22 Macário F. de Souza (2007)

FALECIMENTO

29 Jaime Sullivan (2001)