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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas Departamento de Biofísica e Radiobiologia Turma: Medicina 138 Professor: Thiago Salazar Aula: Biofísica Cardiorrespiratória Aluno: Felipe de Souza Araujo TÍTULO 1- Introdução Após um vasto estudo experimental, Poiseuille demonstrou que a resistência ao fluxo, definida como a queda de pressão sobre a vazão, é dada por R = ΔP / Q = 8 ∙ l ∙ η / π ∙ r . Recentemente, muito se tem utilizado esta grandeza na semiologia como identificador das mudanças estruturais a níveis de arteríolas como, por exemplo, no monitoramento não-invasivo da Resistência Vascular Pulmonar (RVP) para auxílio do gerenciamento da hipertensão arterial [1], ou em pelo menos mais 7000 estudos. É razoável calcular a RVP como a razão da diferença entre as pressões da artéria pulmonar (Pap) e atrial esquerda (Pae) sobre a vazão (Q) de acordo com a lei de Ohm: RVP = (Pap – Pae) / Q. Mas será que esta medida é realmente útil? Se não, é possível sugerir uma melhora? 2 - Objetivo Avaliar a viabilidade de utilizar a resistência calculada através da lei de Ohm como uma métrica indicativa do estado de estruturas do sistema circulatório e propôr melhorias para este processo. 3- Metodologia Revisão bibliográfica. 4 - Resultados e Discussão O valor calculado da RVP é um indicador válido do estado resistivo das arteríolas pulmonares, importantes para muitos tipos de hipertensão pulmonar. No entanto, a lei de Ohm indica que a diferença de pressão é função linear do fluxo e cruza a origem e que a resistência independe dessas duas grandezas, contudo, hipoxia e muitas doenças cardiorrespiratórias podem alterar a inclinação (RVP) e as interseções extrapoladas. Quando entre a artéria pulmonar e o átrio esquerdo houver região de pressão maior que Pae (Pc > Pae), o fluxo só se iniciará quando Pap > Pc, não importa o valor de Pae, e a função crescerá linearmente com (Pap – Pc). Pc pode ser chamada de pressão de fechamento, porque quando a pressão se reduz abaixo de Pc, os vasos colapsam e o fluxo cessa. Essas condições podem acontecer in vivo se a pressão alveolar ou o tônus vascular pulmonar forem elevadas o suficiente. Permutt et al. elaborou um modelo com diferentes vasos paralelos colapsáveis em que, a fluxos baixos, eles seriam progressivamente não utilizados gerando uma curva Pap x Q côncava para baixo que intercepta o eixo das pressões no valor da mais baixa pressão de fechamento, e a altos fluxos, recrutamento completo e distenção desprezível gerariam um gráfico linear. Mas os vasos pulmonares também são dilatáveis. Com quantidade suficiente de dados e método adequado de ajuste, sempre pode-se mostrar que gráficos Pap x Q são curvilíneos com concavidade para baixo. A baixas pressões de entrada, muitas vias do circuito estão fechadas e outras estreitas. Conforme ela aumenta, há o recrutamento e distensão das vias, explicando o decrescimento da inclinação da relação pressão / fluxo (resistência). Naeije propõe um método para evitar erros utilizando o diagrama pressão x fluxo baseado em cálculos isolados da RVP, em que muitas alterações não previstas pela lei de Ohm podem ser explicadas por vasodilatação ou vasoconstrição, contudo, regiões de incerteza permanecem pela impossibilidade de se calcular o valor da pressão de fechamento

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas Departamento de Biofísica e Radiobiologia Turma: Medicina 138 Professor: Thiago Salazar Aula: Biofísica Cardiorrespiratória Aluno: Felipe de Souza Araujo

TÍTULO 1- IntroduçãoApós um vasto estudo experimental, Poiseuille demonstrou que a resistência ao fluxo, definida como a queda de pressão sobre a vazão, é dada por R = ΔP / Q = 8 ∙ l ∙ η / π ∙ r . Recentemente, muito se tem⁴ utilizado esta grandeza na semiologia como identificador das mudanças estruturais a níveis de arteríolas como, por exemplo, no monitoramento não-invasivo da Resistência Vascular Pulmonar (RVP) para auxílio do gerenciamento da hipertensão arterial [1], ou em pelo menos mais 7000 estudos. É razoável calcular a RVP como a razão da diferença entre as pressões da artéria pulmonar (Pap) e atrial esquerda (Pae) sobre a vazão (Q) de acordo com a lei de Ohm: RVP = (Pap – Pae) / Q. Mas será que esta medida é realmente útil? Se não, é possível sugerir uma melhora?

2 - Objetivo Avaliar a viabilidade de utilizar a resistência calculada através da lei de Ohm como uma métrica indicativa do estado de estruturas do sistema circulatório e propôr melhorias para este processo.

3- MetodologiaRevisão bibliográfica.

4 - Resultados e Discussão O valor calculado da RVP é um indicador válido do estado resistivo das arteríolas pulmonares, importantes para muitos tipos de hipertensão pulmonar. No entanto, a lei de Ohm indica que a diferença de pressão é função linear do fluxo e cruza a origem e que a resistência independe dessas duas grandezas, contudo, hipoxia e muitas doenças cardiorrespiratórias podem alterar a inclinação (RVP) e as interseções extrapoladas.Quando entre a artéria pulmonar e o átrio esquerdo houver região de pressão maior que Pae (Pc > Pae), o fluxo só se iniciará quando Pap > Pc, não importa o valor de Pae, e a função crescerá linearmente com (Pap – Pc). Pc pode ser chamada de pressão de fechamento, porque quando a pressão se reduz abaixo de Pc, os vasos colapsam e o fluxo cessa. Essas condições podem acontecer in vivo se a pressão alveolar ou o tônus vascular pulmonar forem elevadas o suficiente. Permutt et al. elaborou um modelo com diferentes vasos paralelos colapsáveis em que, a fluxos baixos, eles seriam progressivamente não utilizados gerando uma curva Pap x Q côncava para baixo que intercepta o eixo das pressões no valor da mais baixa pressão de fechamento, e a altos fluxos, recrutamento completo e distenção desprezível gerariam um gráfico linear.Mas os vasos pulmonares também são dilatáveis. Com quantidade suficiente de dados e método adequado de ajuste, sempre pode-se mostrar que gráficos Pap x Q são curvilíneos com concavidade para baixo. A baixas pressões de entrada, muitas vias do circuito estão fechadas e outras estreitas. Conforme ela aumenta, há o recrutamento e distensão das vias, explicando o decrescimento da inclinação da relação pressão / fluxo (resistência). Naeije propõe um método para evitar erros utilizando o diagrama pressão x fluxo baseado em cálculos isolados da RVP, em que muitas alterações não previstas pela lei de Ohm podem ser explicadas por vasodilatação ou vasoconstrição, contudo, regiões de incerteza permanecem pela impossibilidade de se calcular o valor da pressão de fechamento

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e pela suposição de que as coordenadas são melhor descritas por uma aproximação linear.Desse modo, as propriedades resistivas da circulação pulmonar são melhor definidas pela medida de pressões a vários níveis de fluxo, formando um gráfico que espera-se curvilíneo, e utilizando métricas de avaliação de curvas como, por exemplo, a área sob esta, já utilizada como na Área sob a curva ROC (AUROC). Um possível problema seria as alterações no tônus vascular geradas pelas intervenções para alteração de fluxo, que pode ser resolvido com a padronização do método de exame a fim de obter-se métricas (por ex, a área sob a curva) comparáveis, diante de alterações previsíveis.

5 - Conclusão Devido à sensibilidade ao raio interno dos vasos, principalmente das arteríolas, o cálculo da RVP pode levar a erros quando usado para avaliar o estado da circulação pulmonar em débitos cardíacos alterados, devidos a alterações no tônus vascular. Diagramas pressão x vazão (fluxo) são melhores para interpretar dados hemodinâmicos. Um gráfico com múltiplos pontos obtidos através de um processo padronizado e uma métrica como a área sob a curva obtida através de um método de ajuste adequado poderiam se tornar o padrão-ouro na prática da aferição de qualquer Resistência Vascular de interesse.

6 - Referências1. ASHTON ACTON, Q. Heart Function Tests—Advances in Research and Application. Georgia:

ScholarlyEditions™, 2012. 111 p.2. NAEIJE, R. Pulmonary vascular resistance: A meaningless variable?. Applied Physiology in

Intensive Care Medicine 1: Physiological Notes – Technical Notes – Seminal Studies in Intensive Care, p. 79-82, © Springer-Verlag Berlin Heidelberg 2012.

3. SPOREA, I. et al. Acoustic Radiation Force Impulse Elastography as Compared to Transient Elastography and Liver Biopsy in Patients with Chronic Hepatopathies. Ultraschall in Med 2011, 32: S46-S52.

4.