Critérios para o fornecimento Critérios para o fornecimento gratuito de medicamentos e gratuito de medicamentos e

procedimentos da saúde.procedimentos da saúde.

Parâmetros para a atuação Parâmetros para a atuação judicial. judicial.

João Pedro Gebran NetoJoão Pedro Gebran NetoDesembargado FederalDesembargado Federal

Direito à SaúdeDireito à Saúde

O que é juridicamente devido O que é juridicamente devido quanto ao direito à saúde?quanto ao direito à saúde?

Noções fundamentaisNoções fundamentais

O que é racionamento em saúde?O que é racionamento em saúde? É quando determinados medicamentos ou É quando determinados medicamentos ou

procedimentos são necessários, mas os procedimentos são necessários, mas os recursos existentes não permitem o recursos existentes não permitem o atendimento de todos. A questão não está atendimento de todos. A questão não está centrada nos recursos econômicos, mas centrada nos recursos econômicos, mas recursos tecnológicos, humanos, infra-recursos tecnológicos, humanos, infra-estrutura.estrutura.

O que é alocação de recursos em saúde?O que é alocação de recursos em saúde? É quando os recursos existentes não É quando os recursos existentes não

permitem que todos seja atendidos, sendo permitem que todos seja atendidos, sendo indispensável a realização de escolhas. A indispensável a realização de escolhas. A questão está centrada em parâmetros para questão está centrada em parâmetros para atendimento, de modo racional.atendimento, de modo racional.

Distinção entre racionamento e alocação de recursos.Distinção entre racionamento e alocação de recursos.

Quando há escassez absoluta, a natureza do problema é Quando há escassez absoluta, a natureza do problema é de racionamento. Quando a escassez é relativa, é de de racionamento. Quando a escassez é relativa, é de alocação de recursos. A chave da questão ética, quando se alocação de recursos. A chave da questão ética, quando se trata de racionamento, é trata de racionamento, é qual indivíduo receberá o bem qual indivíduo receberá o bem da vidada vida. Quanto se trata de alocação de recursos, . Quanto se trata de alocação de recursos, quais quais os grupos deos grupos de indivíduos que dividirão os recursos. indivíduos que dividirão os recursos.

Quem decide? Quem decide? Na escassez, são os médicos. Na alocação Na escassez, são os médicos. Na alocação de recursos, são decisões políticas ou legais.de recursos, são decisões políticas ou legais.

“ “ Assim, a distinção conceitual entre racionamento e Assim, a distinção conceitual entre racionamento e alocação de recursos significa que o racionamento alocação de recursos significa que o racionamento impõe a regulação do acesso aos benefícios de saúde impõe a regulação do acesso aos benefícios de saúde mediante condições de absoluta escassez, ao passo mediante condições de absoluta escassez, ao passo que a alocação de recursos regula o acesso à saúde que a alocação de recursos regula o acesso à saúde sob condições de escassez relativa.”sob condições de escassez relativa.”

Alocação de recursos e racionamento em saúde

Alocação de recursosAlocação de recursos em regra envolve em regra envolve recursos financeiros e escolha de grupos de recursos financeiros e escolha de grupos de pessoas a serem atendidos. O que será pessoas a serem atendidos. O que será financiado e para quem? Campanha de financiado e para quem? Campanha de vacinação para sarampo ou gripe. Para todos ou vacinação para sarampo ou gripe. Para todos ou para idosos, gestantes e crianças. Quem realiza para idosos, gestantes e crianças. Quem realiza a opção é a lei ou a política pública.a opção é a lei ou a política pública.

RacionamentoRacionamento refere a bens da vida e escolha refere a bens da vida e escolha de indivíduos. Quem receberá o transplante ou de indivíduos. Quem receberá o transplante ou fará hemodiálise? Quem usará a UTI? Quem fará hemodiálise? Quem usará a UTI? Quem deve fazer a opção são os médicos.deve fazer a opção são os médicos.

Problematizando sobre:Problematizando sobre:

- racionamento (escassez absoluta)- racionamento (escassez absoluta)- alocação de recurso (escassez - alocação de recurso (escassez

relativa)relativa)

Escassez absoluta:Quem deve receber o transplante de fígado?Quem deve receber o transplante de fígado?

A) Antonio, um menino, de 3 A) Antonio, um menino, de 3 anos de idade, cujos pais não anos de idade, cujos pais não podem ter outro filho;podem ter outro filho;

B) Bruna, uma estudante de B) Bruna, uma estudante de medicina, de 25 anos de idade, medicina, de 25 anos de idade, noiva;noiva;

C) Carlos, um idoso de 65 anos, C) Carlos, um idoso de 65 anos, viúvo e eletricista aposentado.viúvo e eletricista aposentado.

Casos recentes de escassez Casos recentes de escassez absolutaabsoluta

HIV/AIDS – anos 90 – racionamento HIV/AIDS – anos 90 – racionamento para os países subdesenvolvidos.para os países subdesenvolvidos.

- H1N1 – anos 2000 – negativa de - H1N1 – anos 2000 – negativa de venda de tamiflu para alguns países.venda de tamiflu para alguns países.

Problema que se repete em relação a Problema que se repete em relação a UTIs, respiradores artificiais, UTIs, respiradores artificiais, transplantes de órgãos, entre outros. transplantes de órgãos, entre outros.

Escassez absolutaEscassez absoluta

Não há possibilidade de atender a todos.Não há possibilidade de atender a todos.

As demandas são maiores que as As demandas são maiores que as necessidade, havendo escassez insuperável.necessidade, havendo escassez insuperável.

Transplante de órgãos, vacinas, UTIs, drogas Transplante de órgãos, vacinas, UTIs, drogas antirretrovirais, leitos em casos de antirretrovirais, leitos em casos de epidemias ou acidentes com múltiplas epidemias ou acidentes com múltiplas vítimas.vítimas.

Escassez relativa:Escassez relativa:Há previsão orçamentária de X milhões de Há previsão orçamentária de X milhões de

reais. Qual política de saúde deve ser reais. Qual política de saúde deve ser realizada?realizada?

A) Vacinação de todos os munícipes A) Vacinação de todos os munícipes contra gripe?contra gripe?

B) Promover o B) Promover o tratamento/medicamento para todos tratamento/medicamento para todos que necessitam de cirurgia bariátrica?que necessitam de cirurgia bariátrica?

C) Realizar financiar o tratamento C) Realizar financiar o tratamento para portadores de doença para portadores de doença degenerativa do sistema nervoso?degenerativa do sistema nervoso?

Escassez relativa: Incorporar, ou não, determinado Incorporar, ou não, determinado

medicamento na política pública de saúde?medicamento na política pública de saúde?

Realizar. ou não, uma campanha de Realizar. ou não, uma campanha de vacinação para gripe? Caso positivo, vacinação para gripe? Caso positivo, atender a todos ou a grupos?atender a todos ou a grupos?

Ofertar, ou não, cirurgia bariátrica ou Ofertar, ou não, cirurgia bariátrica ou transmutação de sexo pelo SUS?transmutação de sexo pelo SUS?

Realidade e a Realidade e a judicializaçãojudicialização

Exemplo sobre a realidade de gastos com a Exemplo sobre a realidade de gastos com a Estado do Paraná.Estado do Paraná.

Exemplos de pendências na política pública de Exemplos de pendências na política pública de saúdesaúde

no Estado do Paraná.no Estado do Paraná.

Evolução do atendimento às Evolução do atendimento às Demandas Judiciais por Demandas Judiciais por

MedicamentosMedicamentosAnoAno Unidades Unidades

DistribuídasDistribuídasValor em R$Valor em R$ Total de pacientes Total de pacientes

atendidos atendidos (ativos e (ativos e inativos)inativos)

20022002 73.73173.731 239.815,36239.815,36 353520032003 73.60673.606 705.641,65705.641,65 272720042004 137.615137.615 3.385.598,953.385.598,95 17517520052005 251.107251.107 6.949.488,246.949.488,24 42042020062006 322.557322.557 12.427.245,3512.427.245,35 49849820072007 477.863477.863 15.869.402,8915.869.402,89 94794720082008 459.117459.117 19.336.580,6019.336.580,60 67967920092009 632.406632.406 35.004.454,9235.004.454,92 87187120102010 571.267571.267 35.718.740,2435.718.740,24 98498420112011 649.344649.344 45.073.802,9345.073.802,93 1.3371.33720122012 945.632945.632 60.168.910,8260.168.910,82 1.8401.84020132013 1.587.1051.587.105 85.009.327,6385.009.327,63 3.0543.05420142014 2.363.8222.363.822 90.395.273,1090.395.273,10 3.6463.646

Distribuição de Medicamentos Distribuição de Medicamentos pelo CEMEPAR em 2014pelo CEMEPAR em 2014

PROGRAMASPROGRAMAS VALOR VALOR

Componente EspecializadoComponente Especializado R$ R$ 311.094.701,85311.094.701,85

Componente EstratégicoComponente Estratégico R$ R$ 184.010.129,15184.010.129,15

Componente Básico Componente Básico R$ R$ 17.748.638,9617.748.638,96

Oncologia (compra MS)Oncologia (compra MS) R$ R$ 27.562.249,7727.562.249,77

Programas Estaduais SESAProgramas Estaduais SESA R$ R$ 55.450.894,1055.450.894,10

Demanda JudicialDemanda Judicial R$ R$ 90.417.042,6490.417.042,64

TOTAL TOTAL R$ R$ 686.283.656,47686.283.656,47

Gastos da União e de alguns Estados Gastos da União e de alguns Estados decorrentes de ordens judiciaisdecorrentes de ordens judiciais

UNIÃO – 2014UNIÃO – 2014 R$ 838 milhõesR$ 838 milhões

Ceará - 2013 Ceará - 2013 R$ 140 milhõesR$ 140 milhões

Paraná - 2013 (3646 pessoas atendidas)Paraná - 2013 (3646 pessoas atendidas)R$ 90 milhões R$ 90 milhões

São Paulo - 2013 (14 mil pacientes por ano)São Paulo - 2013 (14 mil pacientes por ano) R$ 904 milhõesR$ 904 milhões

Minas Gerais – 2013Minas Gerais – 2013 R$ 291 milhõesR$ 291 milhões

Rio Grande do Sul – 2014 (17.000 pessoas)Rio Grande do Sul – 2014 (17.000 pessoas) R$ 235 milhõesR$ 235 milhões

Rio de Janeiro - 2104Rio de Janeiro - 2104 R$ 61 milhõesR$ 61 milhões

Espírito Santo – 2014 (4618 pessoas)Espírito Santo – 2014 (4618 pessoas) R$ 49 milhõesR$ 49 milhões

Procura em atendimentos Procura em atendimentos básicosbásicos

Conclusões parciaisConclusões parciais A)A) A A finitude dos bens da vidafinitude dos bens da vida representam dado da representam dado da

realidade que permite melhor compreender os realidade que permite melhor compreender os diferentes problemas e o objeto do dilema a ser diferentes problemas e o objeto do dilema a ser enfrentado.enfrentado.

B)B) A noção de racionamento e alocação de recursos A noção de racionamento e alocação de recursos é fundamental para examinar é fundamental para examinar a quem compete a quem compete deliberardeliberar sobre as providências a serem adotadas. sobre as providências a serem adotadas.

C)C) Além da competência, é importante verificar que Além da competência, é importante verificar que a a existência de critérios (guidelines)existência de critérios (guidelines) médicos médicos prévios (para o caso de racionamento) e de critérios prévios (para o caso de racionamento) e de critérios legais ou administrativos (para o caso de alocação legais ou administrativos (para o caso de alocação de recursos) é a melhor forma de distribuir de recursos) é a melhor forma de distribuir justamente os bem da vida de modo equânime e justamente os bem da vida de modo equânime e imparcial.imparcial.

Conclusões parciaisConclusões parciais E)E) Os Os gastos crescentesgastos crescentes com a judicialização com a judicialização

da saúde, tanto nos estados e municípios da saúde, tanto nos estados e municípios quanto na União;quanto na União;

F)F) O O número baixo de pessoas atendidasnúmero baixo de pessoas atendidas, , considerando o elevado volume de recursos;considerando o elevado volume de recursos;

G)G) A atenção básica da saúdeA atenção básica da saúde estão a exigir estão a exigir maiores cuidados por parte dos maiores cuidados por parte dos administradores e da própria judicialização, administradores e da própria judicialização, de modo a conceder o que está plasmado de modo a conceder o que está plasmado em política pública de saúde.em política pública de saúde.

Retomando à pergunta Retomando à pergunta inicial:inicial:

Quais os critérios para fornecimento gratuito Quais os critérios para fornecimento gratuito de medicamentos e/ou procedimentos?de medicamentos e/ou procedimentos?

A primeira resposta adequada é o A primeira resposta adequada é o fornecimento fornecimento efetivoefetivo daquilo que está previsto na política daquilo que está previsto na política pública de saúde. Todos temos que lutar para que pública de saúde. Todos temos que lutar para que as promessas constantes nas políticas públicas de as promessas constantes nas políticas públicas de saúde seja cumpridas. saúde seja cumpridas.

Temos que lutar por postos de saúde, por médicos Temos que lutar por postos de saúde, por médicos especialistas, pela organização da política pública especialistas, pela organização da política pública de saúde, pela existência dos medicamentos da de saúde, pela existência dos medicamentos da lista RENAME nas farmácias, pelo atendimento nos lista RENAME nas farmácias, pelo atendimento nos hospitais em tempo e modo razoáveis.hospitais em tempo e modo razoáveis.

Quais os parâmetros para atuação judicial fora da política

existente?a)a) Compreensão dos princípios constitucionais Compreensão dos princípios constitucionais

de de integralidade integralidade ee universalidade universalidade;;

b)b) Conhecimento acerca da Conhecimento acerca da Lei nº 8080/90Lei nº 8080/90 que que organiza o SUS;organiza o SUS;

c)c) Medicina baseada em evidências - Medicina baseada em evidências - MBEMBE..

d)d) EnunciadosEnunciados do Fórum Nacional de Saúde do do Fórum Nacional de Saúde do CNJCNJ

Universalidade e Integralidade

O princípio da universalidadeO princípio da universalidade, como direito fundamental à , como direito fundamental à saúde, tem por significado a garantia estatal às condições saúde, tem por significado a garantia estatal às condições necessárias para o exercício e acesso à atenção e à assistência à necessárias para o exercício e acesso à atenção e à assistência à saúde em todos os seus níveis. Equivale dizer, basta a sua saúde em todos os seus níveis. Equivale dizer, basta a sua condição como ser humano para que seja garantido o pleno condição como ser humano para que seja garantido o pleno atendimento a saúde preventiva e curativa, ficando vedadas atendimento a saúde preventiva e curativa, ficando vedadas discriminações decorrentes da condição econômica, social, discriminações decorrentes da condição econômica, social, profissional ou mesmo regional. profissional ou mesmo regional.

O princípio da integralidadeO princípio da integralidade consistente em oferecer uma consistente em oferecer uma “carteira generosa de bens e serviços para a população, a partir de “carteira generosa de bens e serviços para a população, a partir de escolhas fundadas em consensos baseados em critérios científicos escolhas fundadas em consensos baseados em critérios científicos e racionais de escolha, validados socialmente, e em princípios e racionais de escolha, validados socialmente, e em princípios éticos, através de regras claras e transparentes”éticos, através de regras claras e transparentes”, na expressão de , na expressão de Ciro Carvalho Miranda. (Ciro Carvalho Miranda. (in in SUS. Medicamentos, protocolos clínicos SUS. Medicamentos, protocolos clínicos e o Poder Judiciário: ilegitimidade e ineficiência. Brasília: editora e o Poder Judiciário: ilegitimidade e ineficiência. Brasília: editora Kiron, 2013, p. 29/30).Kiron, 2013, p. 29/30).

Lei nº 8080/90 Lei nº 8080/90 Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os

serviços privados contratados ou conveniados serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:obedecendo ainda aos seguintes princípios:

I - I - universalidadeuniversalidade de acesso aos serviços de saúde de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;em todos os níveis de assistência;

II - II - integralidadeintegralidade de assistência, entendida como de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;níveis de complexidade do sistema;

Protocolos Clínicos eProtocolos Clínicos eDiretrizes TerapêuticasDiretrizes Terapêuticas

Art. 19-M.  A Art. 19-M.  A assistência terapêutica integralassistência terapêutica integral a que se a que se refere a alínea refere a alínea d d do inciso I do art. 6º consiste em: do inciso I do art. 6º consiste em: 

I - dispensação de medicamentos e produtos de I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as conformidade com as diretrizes terapêuticas definidas diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínicoem protocolo clínico para a doença ou o agravo à para a doença ou o agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-P; conformidade com o disposto no art. 19-P; 

II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas pelo gestor federal do Sistema tabelas elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no território nacional Único de Saúde - SUS, realizados no território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.por serviço próprio, conveniado ou contratado.

Protocolos Clínicos e Protocolos Clínicos e Diretrizes TerapêuticasDiretrizes Terapêuticas

Art. 19-N, II, da Lei nº 8080/90, com redação Art. 19-N, II, da Lei nº 8080/90, com redação dada pela Lei nº 12401/2011:dada pela Lei nº 12401/2011:

PDCT PDCT “é “é documentodocumento que estabelece que estabelece critérioscritérios para o para o diagnósticodiagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizadotratamento preconizado, com os medicamentos e , com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadasposologias recomendadas; os mecanismos de ; os mecanismos de controle controle clínicoclínico; e o acompanhamento e a verificação dos ; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticosresultados terapêuticos, a serem seguidos pelos , a serem seguidos pelos gestores do SUS.” gestores do SUS.”

CONITECCONITECArt. 19-Q.  A incorporação, a exclusão ou a Art. 19-Q.  A incorporação, a exclusão ou a

alteração pelo SUS de novos alteração pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos, medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela assessorado pela Comissão Nacional de Comissão Nacional de Incorporação de TecnologiasIncorporação de Tecnologias no SUS no SUS

PDCTPDCT

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/840-sctie-raiz/daf-raiz/cgceaf-principal/leia-mais-o-ministerio/840-sctie-raiz/daf-raiz/cgceaf-raiz/cgceaf/l3-cgceaf/11646-pcdtraiz/cgceaf/l3-cgceaf/11646-pcdt

Medicina Baseada em Medicina Baseada em EvidênciasEvidências

§ 1º  A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no § 1º  A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, cuja composição e regimento são definidos em SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, contará com a participação de 1 (um) regulamento, contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de representante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista na área, indicado pelo 1 (um) representante, especialista na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina.Conselho Federal de Medicina.

  § 2º  O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de § 2º  O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de

Tecnologias no SUS levará em consideração, necessariamente: Tecnologias no SUS levará em consideração, necessariamente: I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a

efetividade e a segurança do medicamento,efetividade e a segurança do medicamento, produto ou produto ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a autorização de uso; competente para o registro ou a autorização de uso; 

II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos custos em relação às tecnologias já incorporadascustos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no , inclusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou que se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando cabível. hospitalar, quando cabível. 

MEDICINA BASEADA EM MEDICINA BASEADA EM EVIDENCIAS MBEEVIDENCIAS MBE

O que é Medicina Baseada em O que é Medicina Baseada em Evidências?Evidências?

ConceitoConceito Segundo o Segundo o Centro Cochrane do BrasilCentro Cochrane do Brasil, é , é

“ “uma abordagem que utiliza as uma abordagem que utiliza as ferramentasferramentas da da Epidemiologia Clínica; da Estatística; da Metodologia Epidemiologia Clínica; da Estatística; da Metodologia Científica; e da Informática para trabalhar a pesquisa; o Científica; e da Informática para trabalhar a pesquisa; o conhecimento; e a atuação em Saúde, com o objetivo conhecimento; e a atuação em Saúde, com o objetivo de oferecer a melhor informação disponível para a de oferecer a melhor informação disponível para a tomada de decisão nesse campo.tomada de decisão nesse campo.

A prática da A prática da Medicina Baseada em EvidênciasMedicina Baseada em Evidências busca promover a integração da experiência clínica às busca promover a integração da experiência clínica às melhores evidências disponíveis, considerando a melhores evidências disponíveis, considerando a segurança nas intervenções e a ética na totalidade das segurança nas intervenções e a ética na totalidade das ações. Saúde Baseada em Evidências é a arte de ações. Saúde Baseada em Evidências é a arte de avaliar e reduzir a incerteza na tomada de decisão em avaliar e reduzir a incerteza na tomada de decisão em Saúde.”Saúde.”

MBEMBE é sobretudo uma é sobretudo uma técnica específicatécnica específica para para

demonstrar a existência, ou não, demonstrar a existência, ou não, de de evidências evidências (provas ou indícios relevantes) da eficácia, (provas ou indícios relevantes) da eficácia, efetividade, segurança e custo-efetividade dos efetividade, segurança e custo-efetividade dos medicamentos, produtos ou procedimentos, a medicamentos, produtos ou procedimentos, a partir de revisões sistemáticas, metanálises, partir de revisões sistemáticas, metanálises, ensaios clínicos, artigos científicos, literatura ensaios clínicos, artigos científicos, literatura médica especializada, entre outros elementos médica especializada, entre outros elementos de informação.de informação.

Trabalha fundamentalmente com as informações Trabalha fundamentalmente com as informações obtidas, conferindo-lhe obtidas, conferindo-lhe níveis de evidênciasníveis de evidências e, e, por vezes, com análise estatística dos por vezes, com análise estatística dos resultados.resultados.

Finalidade da MBEFinalidade da MBE A Medicina Baseada em Evidência é uma A Medicina Baseada em Evidência é uma

ferramenta médicaferramenta médica, criada para auxiliar os , criada para auxiliar os profissionais da saúde quanto as melhores profissionais da saúde quanto as melhores opções para o caso em estudo.opções para o caso em estudo.

Pode ser usada pela administração pública, Pode ser usada pela administração pública, para escolha das para escolha das políticas públicaspolíticas públicas a serem a serem incorporadas e para confecção dos PCDTs.incorporadas e para confecção dos PCDTs.

Pode ser usada pelo Pode ser usada pelo Poder JudiciárioPoder Judiciário no no caso de ausência de política pública para caso de ausência de política pública para determinadas situações específicas.determinadas situações específicas.

Onde buscar as evidências?Onde buscar as evidências? Diversos bancos de dados com credibilidade internacional, Diversos bancos de dados com credibilidade internacional,

dentre eles:dentre eles:

a)a) COCRHANE LIBRARY - Inglaterra COCRHANE LIBRARY - Inglaterra http://cochrane.bvsalud.org/portal/php/index.php

b)b) LILACS – América Latina LILACS – América Latina http://lilacs.bvsalud.org/

c)c) PUBMED - PUBMED - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/clinical

d)d) TRIPDATABASE - TRIPDATABASE - http://www.tripdatabase.com/

e)e) SUMSearch - SUMSearch - http://sumsearch.org/

Enunciados do FórumEnunciados do FórumNacional da Saúde do CNJNacional da Saúde do CNJ

http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/forum-da-saude

- Versam sobre saúde pública, suplementar e Versam sobre saúde pública, suplementar e biodireito;biodireito;

- Propósito organizativo e informativoPropósito organizativo e informativo- Fomentar a criação de Núcleos de Atendimentos Fomentar a criação de Núcleos de Atendimentos

Técnicos – NATsTécnicos – NATs- Existência de Notas Técnicas no site do CNJExistência de Notas Técnicas no site do CNJ

Conclusões finaisConclusões finais1.1. O fornecimento de gratuito de O fornecimento de gratuito de

medicamentos e/ou procedimentos deve medicamentos e/ou procedimentos deve ser feito segundo as políticas públicas ser feito segundo as políticas públicas existentes;existentes;

2.2. A grande tarefa dos operadores do direito é A grande tarefa dos operadores do direito é fazer com que o SUS cumpra a promessa fazer com que o SUS cumpra a promessa constitucional de outorgar efetivamente constitucional de outorgar efetivamente aquilo que já consta nas referidas políticas;aquilo que já consta nas referidas políticas;

3.3. Para além da deferência às políticas Para além da deferência às políticas públicas de saúde, o Poder Judiciário deve públicas de saúde, o Poder Judiciário deve valer-se dos seguintes parâmetros:valer-se dos seguintes parâmetros:

a)a) Adequada compreensão da integralidade;Adequada compreensão da integralidade;b)b) Noção de escassez absoluta e relativa;Noção de escassez absoluta e relativa;c)c) Exame da Lei nº 8080/90, superando a Exame da Lei nº 8080/90, superando a

equivocada leitura do art. 198, da CF;equivocada leitura do art. 198, da CF;d)d) Verificação quanto a existência, ou não, de Verificação quanto a existência, ou não, de

PCDTs;PCDTs;e)e) Inexistente protocolo, exigência que a Inexistente protocolo, exigência que a

pretensão esteja fundada na MBE;pretensão esteja fundada na MBE;f)f) Atendimento aos Enunciados do Fórum Atendimento aos Enunciados do Fórum

Nacional da Saúde.Nacional da Saúde.

Muito obrigado!Muito obrigado!

João Pedro Gebran NetoJoão Pedro Gebran NetoDesembargador Federal do TRF 4ª RegiãoDesembargador Federal do TRF 4ª Região

Membro do Fórum Nacional da Saúde do CNJ Membro do Fórum Nacional da Saúde do CNJ

Email: Email: gebran@trf4.jus.brgebran@trf4.jus.br