cristãos e a bioética: pode a bíblia nos ajudar? quando deus

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Cristãos e a Bioética: Pode a Bíblia nos Ajudar? Quando Deus Derrama Lágrimas Racismo Versus Cristianismo Há Esperança para os Não-Evangelizados? V OLUME 7: N o 1 PUBLICADO EM Espanhol Francês Inglês Português

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Page 1: Cristãos e a Bioética: Pode a Bíblia nos Ajudar? Quando Deus

Cristãos e a Bioética:Pode a Bíblia nosAjudar?

Quando DeusDerrama Lágrimas

Racismo VersusCristianismo

Há Esperança para osNão-Evangelizados?

VOLUME 7: No 1

PUBLICADO EM

EspanholFrancêsInglêsPortuguês ❏✓

Page 2: Cristãos e a Bioética: Pode a Bíblia nos Ajudar? Quando Deus

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Diálogo 7:1—1995

Cartas ............................................................................................................................ 3

ArtigosCristãos e a Bioética: Pode a Bíblia nos Ajudar? — Gerald R. Winslow ....................... 5Quando Deus Derrama Lágrimas — Richard W. Coffen ................................................ 9Racismo Versus Cristianismo — Samuel Koranteng-Pipim ......................................... 12Há Esperança para os Não-Evangelizados? — Jon Dybdahl ........................................ 16

PerfisElfred Lee — Humberto M. Rasi ................................................................................... 18Birgid Faber — John Graz ............................................................................................. 20

LogosA Súplica de Rosa — David R. Syme ............................................................................ 22Você vai me ajudar? ....................................................................................................... 23Novo Logotipo para AMiCUS ....................................................................................... 23

Em AçãoJuventude com uma Missão — G. T. Ng ....................................................................... 24

Vida UniversitáriaComo Alcançar os Não-Alcançados — Philip G. Samaan ........................................... 26

Para Sua Informação1995: O Ano da Mulher Adventista — Ardis Stenbakken ............................................ 28

LivrosThe Man Who Couldn’t Be Killed (Maxwell) — Mary Wong ...................................... 30¡Disfrútalo! (Pamplona) — Magaly Rivera Hernández ................................................ 30Diet and Health: New Scientific Perspective (Veith) — Haddad ................................. 31

Primeira PessoaDe Filha Comunista a Tradutora de Deus — Valentina Pilatova e Kristin Bergman .. 32

Intercâmbio ............................................................................................................... 34

Et cétera ..................................................................................................................... 35

C O N T E Ú D O ● ● ● ● ● ● ●

Representantes RegionaisDivisão Afro-Oceano Índico: Emmanuel Nlo Nlo. Endereço: 22 Boite Postale 1764, Abidjan, Costa doMarfim. Divisão Asiática do Pacífico: Jonathan Kuntaraf. Endereço: 800 Thomson Road, Cingapura1129, República de Cingapura. Divisão da África Oriental: Hudson E. Kibuuka. Endereço: H.G. 100,Highlands, Harare, Zimbábue. Divisão Euro-Africana: Ronald Strasdowsky. Endereço: P.O. Box 219,3000 Berna 32, Suíça. Divisão Euro-Asiática: Harry Mayden. Endereço: Isakovskogo Street #4 Korpus 1,Stroghino, 123181 Moscou, Rússia. Divisão Interamericana: Alfredo Garcia-Marenko e Herbert Fletcher.Endereço: P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0760, E.U.A. Divisão Norte-Americana: José Rojas eGordon Madgwick. Endereço: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, E.U.A. Divisãodo Sul do Pacífico: Lester Devine e Barry Gane. Endereço: 148 Fox Valley Road, Wahroonga, N.S.W.2076, Austrália. Divisão Sul-Americana: Roberto de Azevedo e José M. B. Silva. Endereço: Caixa Postal02600, 70279-970 Brasília, DF, Brasil. Divisão Sul-Asiática: W. G. Jenson e C. C. Nathaniel. Endereço:P.O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu, 635110 Índia. Divisão Trans-Européia: Ole Kendel e OrvilleWoolford. Endereço: 119 St. Peter’s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EY Grã-Bretanha. União Sul-Africana: D. Paul Shongwe. Endereço: P.O. Box 468, Bloemfontein 9300, Orange Free State, África doSul. União do Oriente Médio: Svein Johansen. Endereço: P.O. Box 2043, Nicosia, Chipre.

Diálogo Universitário, um periódicointernacional de fé, pensamento e ação, épublicado três vezes por ano em quatro ediçõesparalelas (espanhol, francês, inglês e português)sob o patrocínio da Comissão de Apoio aUniversitários e Profissionais Adventistas

(CAUPA), organismo daAssociação Geral dosAdventistas do SétimoDia: 12501 Old ColumbiaPike, Silver Spring, MD20904-6600, E.U.A.

Volume 7, Número 1. Copyright © 1995 pelaCAUPA. Todos os direitos reservados.

DIÁLOGO UNIVERSITÁRIO afirma as crençasfundamentais da Igreja Adventista do SétimoDia e apóia sua missão. Os pontos de vistapublicados na revista, entretanto, representam opensamento independente dos autores.

CORRESPONDÊNCIA SOBRECIRCULAÇÃO: Deve ser endereçada aoRepresentante Regional da CAUPA na regiãoem que reside o leitor. Os nomes e endereçosdestes representantes encontram-se abaixo.

ASSINATURAS: US$10 por ano (trêsnúmeros). Envie-nos seu nome, endereço e umcheque em nome de Diálogo Universitáriopara: Linda Torske; 12501 Old Columbia Pike;Silver Spring, MD 20904-6600; E.U.A.

Telefone: (301) 680-5066.

Comissão Internacional(CAUPA)MATTHEW BEDIAKO, PresidenteRONALD M. FLOWERS E HUMBERTO M. RASI,

Vice-PresidentesJULIETA RASI, SecretáriaMembros: RICHARD BARRON, MARTIN FELDBUSH,

GORDON MADGWICK, GARY ROSS, VIRGINIA

SMITH, RICHARD STENBAKKEN, MÁRIO

VELOSO, ALBERT WHITING, DAVID WONG

Equipe EditorialEditor: HUMBERTO M. RASI

Editores-Associados: RICHARD BARRON, RICHARD STENBAKKEN, DAVID WONG

Editor de Cópias: BEVERLY RUMBLE

Gerente Editorial: JULIETA RASI

Editores Internacionais: JULIETA RASI

(ESPANHOL); DANIELLA VOLFF (FRANCÊS); EVA

MICHEL (PORTUGUÊS)Correspondência�Editorial:

12501 OLD COLUMBIA PIKE

SILVER SPRING, MD 20904-6600; E.U.A.TELEFONE: (301) 680-5060FAX: (301) 622-9627

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Diálogo 7:1—1995

A

C A RTA S ● ● ● ● ●

Escrevendo pormuitos outros

Escrevo-lhes umas poucas linhas paraque saibam do trabalho fantástico quevocês todos fazem com Diálogo.Havendo-o lido durante os últimos trêsou quatro anos, aprecio sua coberturaexcelente de questões que nos interessamcomo jovens adultos. Sua escolha deartigos de preocupações contemporâneas,as ótimas apreciações de livros, ashistórias pessoais, a seção “Intercâmbio”— tudo parece planejado com ajuventude universitária em mente. Vocêsfazem tudo sem comprometer os pilaresda fé cristã, embora permitindo queopiniões individuais sejam expressas. Seique estou escrevendo em nome demilhares de outros jovens adventistascomo eu mesmo, que talvez nunca lheescrevam. A todos envolvidos naprodução de Diálogo, obrigado por umtrabalho bem feito!

ROBERT BRUNESE

Cheney, Washington, E.U.A.

Uma revista que mediz algo

Descobri Diálogo ao visitar o salãode professores da Escola Internacional deEkamai, aqui em Bangkok. Comoestudante de medicina, achei seuconteúdo tão relevante que dizia a mimmesma: “Finalmente, eis um jornaladventista que me diz algo!” Tenho sidorealmente abençoada. Por favor, incluammeu nome no “Intercâmbio”, e que Deusos guie ao preparar os números futuros.Espero não perder nenhum deles!

ELEANOR CAMAGAY

Bangkok, TAILÂNDIA

Bem equilibrada eestimulante

Tendo acabado de ler Diálogo 6:2,quero parabenizá-los pela mistura bemequilibrada de artigos que estimulan opensamento, relatórios informativos equestões atraentes. Agradou-me ver quetodas as apreciações de livros naquelenúmero foram escritas por jovens — e euos conhecia a todos! Continuem o bom

juventude é a igreja de amanhã. Esta afirmação, usualmente feita pela geração mais velha, parece dizer aos jovens: “Vocês não são a igreja de hoje. Sejam pacientes e esperem até amanhã, até que sejam bastante velhos para merecerem confiança.” Mas, de fato, os jovens já são um componente

muito importante da igreja de Deus. Em alguns lugares representam mais da metade dosmembros da igreja.

O entusiasmo dinâmico e visão esperançosa que Deus implantou na juventudesão indispensáveis à saude da igreja, equilibrando a sabedoria da experiência. Juntas,ambas formam uma combinação invencível, a qual Deus usa para fazer avançar Sua obrano mundo.

Tão eficaz é esta combinação que Satanás está resolvido a rompê-la, pondouma contra a outra num cabo de guerra conceptual. Idiossincrasias triviais são ampliadasem diferenças monumentais, minando a confiança e harmonia que é nossa herançaespiritual. Isto produz o que se chama o hiato entre as gerações, cujo efeito é lançar umanuvem de suspeita sobre aquilo que de outro modo seria uma cooperação íntima. A linhaentre estilo e substância, sempre em fluxo quando pensamos superficialmente, ficaapagada, resultando em paralisia que torna impossível aquilo que o Espírito Santo querfazer por nós, em nós e para nós.

Muitos de nossos leitores fazem parte de nossa juventude inquiridora eaventureira. Vocês estão escolhendo entre as opções disponíveis no mundo de hoje, efazendo decisões que determinarão a direção de sua vida. Realmente, não há nada quevocês jamais farão que seja de maior importância do que isto.

Espalhadas sobre o balcão da vida vocês acham uma variedade atordoante deopções. Algumas são repetições de velhas idéias, outras são tão recentes que a tinta malsecou. Cada uma tem seu encanto, mas acima de tudo paira o reclamo de Jesus. Somentecom Ele no centro de sua vida você obterá respostas verdadeiras às grandes questões dodestino. Postas a Seu serviço, suas habilidades, talentos e energias podem se desenvolverao máximo. Isto não requer emprego denominacional, mas certamente pode incluí-lo.

Ademais, dedicando-nos a Cristo chegamos à solução real para as tensõesentre as gerações. Ele nos habilita a discernir o trivial do importante. Ele nos habilita avencer diferenças com nosso próximo. Ele nos leva a reconhecer que nossasperspectivas são limitadas e que necessitamos de paciência para compreender o ponto devista dos outros.

Acima de tudo está o amor eterno que Jesus implanta naqueles que Lhe sãoconsagrados. O entusiasmo transbordante da juventude combina com a sabedoriaresultante de anos de serviço, e juntos efetuam o que Cristo tem em mente. O resultado:multidões introduzidas às maravilhas de Jesus, arroladas nas fileiras do povo de Deus ecumprindo sua tarefa de levar o evangelho a todo mundo. Eis a espécie de unidade deque necessitamos na igreja de Deus.

Insisto que cada um de vocês assuma o envolvimento para realizar o plano deDeus para sua vida.

Robert S. Folkenberg, PresidenteAssociação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia

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Diálogo 7:1—1995

C A RTA S ● ● ● ● ●

trabalho, que nutre uma visão globalentre universitários adventistas eprofissionais.

PIETRO E. COPIZ

Hinterkappelen, SUÍÇA

Dançaremos?Em seu artigo sobre a dança (Diálogo

6:2), Steve Case destacou algunsprincípios importantes aplicáveis aquestões que afetam a vida cristã,particularmente entre a juventudeadventista. Contudo, a parte final doartigo levanta uma questão capital.

Sugerir que a Bíblia tolera dançamoderna “secular” ou “de igreja” requerum salto de fé gigantesco. Em vez dequerer ler na Palavra de Deus algumasperspectivas seculares para justificar astendências da natureza humanapecaminosa, peçamos a Deus quemediante o Espírito Santo mude nossoscorações e estilos de vida para queconcordem com Sua Palavra.

DAN SEARNS, DIRETOR DE JOVENS

Alvarado, Texas, E.U.A.

O autor responde:A Bíblia contém 27 referências à

dança, e seria maravilhoso gastar umasexta-feira à noite ou uma tarde desábado para descobrir o que essaspassagens dizem e como elas se aplicamhoje a Adventistas do Sétimo Dia emdiferentes culturas. Como explicarpassagens tais como Salmo 150:4 ouEclesiastes 3:4? Como explicar amaldição que caiu sobre Mical porcriticar o Rei Davi por dançar em frenteda arca do Senhor (II Samuel 6:12-23)?

Naturalmente não se deve ser tão ingênuopara ignorar a possível estimulação sexuale associações negativas usualmenteenvolvidas na dança. Ao mesmo tempo,não se deve olvidar que a dança pode seruma expressão comunitária de alegria.

STEVE CASE

Piece of the Pie MinistriesCarmichael, Califórnia, E.U.A.

Comentário sobre umdesenho animado

Um leitor e um desenhista da Argen-tina cooperaram para criar um desenhoanimado em resposta ao artigo “Animais eHumanos: São Eles Iguais?” que apareceuno último número (6:3). O imprimimosabaixo para sua reflexão.

—Os Editores

Um lançar de olhossobre relaçõeshumanas

Esta carta tem dois propósitos. Oprimeiro é agradecer-lhes pelo númeromuito oportuno de Diálogo 6:1,especialmente a reflexão sobre “a batalhados sexos”. Esse artigo enfocou minhaatenção sobre nossa relação suprema —unidade com Deus e uns com os outros,como o Pai e o Filho são um. Ésignificativo para mim porque sempre quesuperioridade é discutida na Bíblia, emrelação entre o Pai e o Filho, é feito nocontexto da Encarnação. Superioridadetorna-se uma questão com o homem nocontexto da Queda (que tornou aEncarnação necessária). Considerando quenosso alvo é voltar ao plano original deDeus para o homem e a mulher, nosso

único exemplo perfeito é a relação queexiste na Divindade.

Em segundo lugar, desejaria pediruma cópia desse número tanto emfrancês como em português. Comodiretor de Educação, Vida em Família eComunicação para a União do Sahel,planejo pôr uma cópia desse importanteartigo nas mãos de nossos líderesregionais. Mais uma vez obrigado porsatisfazer as necessidades de nossa gentecom sua excelente revista!

LYNN EISELE, UNIÃO DO SAHEL

Lome, TOGO

Um testemunhopessoal

Somente há pouco familiarizei-mecom Diálogo. Que revista interessante!Deixem-me brevemente partilhar umtestemunho da bondade de Deus para oencorajamento de outros. Em maio de1986 estava no primeiro ano de estudosna Universidade Makerere. Um bondososenhor, Fred Senoga, entrou no quartoque eu partilhava com um antigo colegaseu e começou e me contar as boas novasde Jesus. Embora Fred não pudessepersuadir seu ex-colega a entregar suavida a Cristo, eu aceitei o convite deFred para entrar numa classe de Bíblia eme batizei na Igreja Adventista emnovembro deste ano.

Logo enfrentei o desafio de examesmarcados para o sábado, e comoresultado de minha decisão, tive desuspender meus estudos. Logo quepartilhei minha fé com minha esposa, elase batizou. Dois de meus irmãos tambémse uniram à igreja. Ensinei por um temponuma escola adventista, enquanto me

Continua na pág. 33

Bom. Isso étudo por hoje.

CartasRecebemos com satisfação as suascartas; contudo, limitem seuscomentários a 200 palavras. Enviem-nas para: Dialogue Letters, 12501 OldColumbia Pike; Silver Spring, MD20904-6600; E.U.A. Se selecionadapara publicação, sua carta poderá serresumida por questão de clareza eespaço.

Apesar da opiniãode vários cientistas,não existe prova de

que essa espécietenha algum

parentesco com anossa.

Na verdade, o modocomo se relacionam

entre si e resolvem seusconflitos é a melhorprova contra essa

teoria. Algumapergunta?

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Diálogo 7:1—1995

“Bioética: uma disciplina que tratadas implicações éticas e aplicações,especialmente em medicina.”—Webster’s Ninth New CollegiateDictionary.

á vinte anos, tentei introduzir um curso chamado “Bioética Cristã” na faculdade adventista em que

ensinava. Um de meus colegas duvidouda conveniência da idéia. O assunto, eleconcordou, era interessante, mas haveriapossivelmente uma abordagem cristã anovas questões em biologia e cuidado desaúde quando tais questões estavam tãoclaramente fora do território moral daBíblia? Afinal, as Escrituras não têmnenhum texto aplicável à maior parte dasquestões no campo emergente dabioética. A despeito das dúvidas de meucolega, ensinei o curso numa baseexperimental.

Os tempos mudaram. AUniversidade de Loma Linda, ondeagora ensino, abriga o Centro paraBioética Cristã, que acaba de comemorarseu décimo aniversário. Nauniversidade, estudantes podem agoraobter um mestrado em bioética.

O que mudou? Primeiro, as questõesurgentes de bioética — questões centraispara o que significa ser humano —recusam desaparecer. Com efeito, asquestões têm-se multiplicado. Segundo,um número crescente de cristãos temaceito a responsabilidade de entrar nodebate bioético.1

Conseqüentemente, as perguntas demeu antigo colega são mais pertinentesdo que nunca. Podemos nós desenvolveruma abordagem distintamente cristã emquestões de bioética? Pode essaabordagem ser honestamentefundamentada na Bíblia? Tais questõesexigem séria atenção por Adventistas doSétimo Dia, com seu compromisso coma fé bíblica e o cuidado da saúde.

Dilemas em bioéticaDesenvolvimentos em bioética

ilustram a espécie de perguntas quecristãos precisam adereçar.

Aborto. Tendo lido inúmerasmonografias de estudantes sobre oassunto, às vezes penso que todas asfacetas têm sido enfocadas. Mas aquestão não dá sinal de que vádesaparecer. Com efeito, o conflitosobre aborto parece se tornar cada vezpior. E novos desenvolvimentosbiomédicos prometem intensificar asquestões morais.

G e r a l d R .Wi n s l ow

Cristãos e aBioética:Pode a Bíblia nosAjudar?

H

Cristãos, especialmente os que seenvolvem com problemas de saúde, nãopodem evitar de encarar as questõesmorais da vida humana pré-natal.Aqueles cristãos que crêem, como eu,que Deus quer que protejamos a vidapré-natal e que o aborto, mesmo quandonecessário, é uma questão moral séria,precisam perguntar o que significatornar nossa fé prática. Que podem oscristãos fazer para reduzir a tragédia doaborto?

Eutanásia. No passado, a maiorparte dos países tinham leis proibindo aeutanásia. A eutanásia era associada coma corrupção da medicina na Alemanhanazista. Mais recentemente, porém,novas técnicas médicas para prolongar avida humana têm feito com que muitaspessoas perguntem sobre a qualidade davida prolongada. Estamos realmentesalvando vidas ou simplesmenteprolongando o processo de morrer?

A questão se levanta com freqüênciacrescente naqueles países bastante ricospara se dar o luxo de tecnologiasexcessivas. Começando na Holanda evinda para os Estados Unidos e outros

Por exemplo, RU486, a drogaabortante aperfeiçoada na França, com ocorrer do tempo provavelmente setornará acessível em todo o mundo. Seuuso tornará o aborto mais barato, maisseguro e mais privado, aumentandoassim a necessidade de indivíduosmoralmente responsáveis a fim depensarem claramente sobre as opções.

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Diálogo 7:1—1995

países, estamos vendo a disposição dopúblico de “ajudar” aqueles que estãomorrendo a encurtar suas vidasdeliberadamente. É negar cuidadomédico, que parece apenas aumentar osofrimento do moribundo, o mesmomoralmente que pôr termo ativamente àvida do paciente? Importa se as medidassão tomadas por profissionais (isto é,eutanásia) ou pelos pacientes mesmos(isto é, suicídio com assistência)? Terá ocristianismo, que tradicionalmente seopôs ao suicídio, respostas para osdilemas atuais introduzidos pelacapacidade da tecnologia controlar otermo da vida?

Reprodução. Entre as questõesmais recentes de bioética, nenhuma émais intrigante do que as que serelacionam com reprodução humana comassistência. Além da inseminaçãoartificial, mães substitutas e fertilizaçãoin vitro, podemos agora clonar embriõeshumanos por divisão celular. Pode-se atécolher e armazenar oócitos (isto é,óvulos em desenvolvimento) retirados deovários de fetos abortados.

Novas possibilidades para a vidahumana parecem ser limitadas apenaspela imaginação dos novos tecnocratas.Tudo isso suscita questões profundassobre paternidade, família e o cuidadodos “próprios” filhos. Além disto, acomercialização desses novos processostem aumentado a complexidade moral.Em face destes dilemas, qual é o pontode vista cristão da procriação e família?Que princípios cristãos deviam guiar nasdecisões sobre oferecer ou aceitar novastécnicas para assistir na reproduçãohumana?2

Genética humana. Novos avançosem genética parecem prover maiorespossibilidades para definir o que seja serhumano. O mapeamento do genomahumano progride mais rapidamente doque se previa há poucos anos. Logopoderemos identificar milhares decaracterísticas que se desenvolverãonuma pessoa estudando no estado pré-natal o código genético do indivíduo.Esse novo conhecimento encerrapromessas fantásticas para o cuidado dasaúde.

A habilidade de predizer doençasgenéticas e preveni-las é excitante aqualquer que se preocupa em diminuir osofrimento humano. É fácil imaginarcomo esta informação pode levar aabusos tais como aborto seletivo porrazões triviais e discriminação contra osportadores de certos defeitos genéticos.De que modo os cristãos decidirão comofazer o melhor uso das oportunidadesprovidas pela nova informação emgenética, ao mesmo tempo rejeitando osabusos potenciais?

Além de compreender o genomahumano, temos agora o poder de mudá-lo. Durante os últimos 20 anos,biologistas têm descoberto comomanipular os genes de muitas diferentesformas de vida, incluindo humanas.Material genético pode ser transferido deuma vida para outra, mesmo através debarreiras entre espécies. Ademais, opotencial para ajudar aqueles que têmdoenças graves é espantoso. A pessoacuja enfermidade resulta de um geneausente ou defeituoso pode ser“infectada” com o material genéticoapropriado. Embora esses tratamentosainda estejam na fase experimental,muito prometem. Mas há também aameaça de abuso, quando pessoas sãotentadas a usar a possibilidade não sópara aliviar o sofrimento humano, mastambém para produzir uma “qualidadesuperior” de seres humanos. Umexemplo comum é a demanda crescentede um fator de crescimento produzidopor engenharia genética para fazer comque crianças cresçam mais altas. Quaissão os limites morais da engenhariagenética? Será que a crença na criaçãodivina nos ajuda a responder taisquestões?

Limites da ciência médicaTodos esses “avanços” podiam levar

a ciência médica a novas alturas deconfiança. Mas outros desenvolvimentosrecentes nos lembram dos limites dosucesso científico. Durante a maior partedeste século, críamos que estávamosgradualmente eliminando as doençasmais terríveis. Mas a epidemia da AIDSrenovou nosso sentimento devulnerabilidade. Mesmo doenças como atuberculose, que se julgava estar sobcontrole nos países industrializados,começam a reaparecer com freqüênciaassustadora. E novas variedades de

bactérias resistentes a antibióticosameaçam a vida e a segurança humanas.Que significa o sacrifício cristão emtempo de epidemia, especialmentequando algumas das doenças, tais comoAIDS, estão também associadas comestigma social? Será que fé bíblicaoferece qualquer diretriz sobre sedeveríamos assumir os riscosnecessários para cuidar dosnecessitados?

Outra lembrança dos limites é o fatode que nenhuma sociedade é bastanterica para prover todos os cidadãos com amais recente e mais dispendiosatecnologia médica. À medida que novostratamentos dispendiosos, como atransplantação de órgãos, passam dacategoria de cuidado experimental para ade normal, mesmo sociedades ricas têmde encarar a realidade de limiteseconômicos. Ouvem-se mais e maisdebates sobre o racionamento docuidado médico, incluindo o detratamentos capazes de salvar vidas.

Um fato básico garante que esseproblema vai se tornar cada vez maisagudo. A capacidade humana de inventarcoisas ultrapassa sua capacidade depagar por elas. A idéia de omitirtecnologias médicas marginalmente úteisporque são muito custosas pareceofensiva a muitos. Mas, afinal, temos deaceitar esta realidade. Assim quemdeveria obter recursos médicos escassosque potencialmente salvam vidas? Osque mais podem pagar? Aqueles que sãomais úteis à sociedade? De outro lado, setais técnicas médicas dispendiosas nãopodem ser dadas a todos que asnecessitam, dever-se-ia favoreceralguns? Que diz a ética cristã sobrequestões de justiça distributiva?

Pode a Bíblia ajudar?No centro da fé cristã está a

convicção de que Deus provê direçãopara as decisões que precisamos tomar.Através de Sua Palavra (II Timóteo3:16), mediante Seu Espírito (João 16) epela participação na comunidade da fé(Atos 15, I Coríntios 12), temos osrecursos para refletir cuidadosamente edecidir sobre a vontade de Deus paranós. Esses recursos cooperam nodesenvolvimento de virtudes cristãs emnossa vida. Como regra, traços decaráter cristãos tais como amor aopróximo (Romanos 13:8-10), tratar aoutros com imparcialidade (Atos 10:34)e a disposição de obedecer osmandamentos de Deus (João 14:15),levam a ações que refletem

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Diálogo 7:1—1995

Uma Estrutura Cristã paraDecisões Bioéticas

1. Análise. Comece com uma compreensão clara da questão.• Que fatos estão em dúvida? Alcançar julgamentos

morais maduros requer um apanhado claro dos fatos,incluindo dados científicos atuais e a natureza dasintervenções propostas.

• Que conceitos carecem de esclarecimento?Esclarecimento de conceitos envolve precisão delinguagem e significado dos termos centrais. Confusãoconceptual leva a falhas de comunicação. Por exemplo:É adultério a inseminação artificial que usa o espermade um doador? É a retirada de suporte de vida artificialde um moribundo o mesmo que “eutanásia”? Para ocristão o esclarecimento dos conceitos requer que alinguagem do discurso moral esteja em harmonia comos princípios das Escrituras.

• Que valores estão em conflito? Identifiqueexplicitamente os valores em questão. Por exemplo, aocuidar de um paciente agonizante, há conflito entre apossibilidade de prolongar a vida do indivíduo e aliviara dor? Sensibilidade guiada pelo Espírito garante quenão olvidemos elementos-chave que deviam afetarnossa compreensão da questão.

• Que relacionamentos humanos serão afetados? Aética cristã devia pesar como as decisões afetamrelações pessoais. Por exemplo, como a inseminaçãoafetaria relacionamentos dentro da família? Osprincípios bíblicos visam promover relações humanassaudáveis.

• Qual é o domínio apropriado da autoridade moral?Quem é o agente apropriado para fazer uma decisãobioética? Por exemplo, a decisão de aceitar ou rejeitaruma intervenção médica qualquer pertence ao pacientese ele é adulto mentalmente competente. Se o pacientenão é competente, quem decide? A família? O corpomédico? A sociedade? A Bíblia reconhece vários tiposde autoridade, provendo regras especiais para pais,dirigentes da igreja e funcionários do governo.

2. Alternativas. Dê atenção criativa a uma variedade deopções.

• Que cursos de ação existem? Deus nos tem dado acriatividade para imaginar, avaliar e seguir cursospossíveis de ação. Por exemplo, ao cuidar domoribundo, há melhores maneiras de preservar adignidade da pessoa e aliviar a dor em vez de recorrerà eutanásia?

• Quais são os efeitos prováveis das várias opções?Se bem que predição correta não seja possível emtodos os casos, seria irresponsável não considerar osefeitos prováveis de uma decisão. Por exemplo, quaissão as complicações prováveis de uma mulher provergestação para outra mulher?

3. Princípios. Decisões cristãs maduras são guiadas pelosprincípios de Deus.

• Que princípios relevantes podem ser derivados deum estudo da Palavra de Deus? Ao examinarmos asEscrituras, o Espírito Santo nos habilitará a discernirprincípios para nos guiar em nossas decisões. Talestudo tenta recobrar o sentido original das Escrituraspara compreender a direção moral que Deus nos dá.Esta direção alcança sua expressão mais clara noministério de Jesus.

• Pode a experiência da comunidade da fé nosajudar? Ser parte do povo de Deus nos ajuda apartilhar intuições morais numa atmosfera deconfiança e respeito mútuos. Isto inclui um estudo dareflexão de cristãos tanto de agora como da históriada igreja.

4. Decisão. Oração e cuidadoso estudo da Bíblia deviaminspirar confiança para decisões e humildade paramudá-las quando necessário.

• Que decisões se harmonizam melhor com osprincípios bíblicos? Ao encarar decisões moraiscomplexas, os cristãos nem sempre estão livres deequívoco. Não obstante, Deus nos dá recursossuficientes para decisões corajosas e açõesapropriadas.

• Que obstáculos precisam ser vencidos a fim delevar a efeito a decisão? Devíamos efetuar nossasdecisões com estratégia apropriada, incluindomedidas bem fundamentadas para superar obstáculos.

5. Avaliação. Aprenda de decisões anteriores e faça osajustes necessários.

• Qual é nossa avaliação honesta da decisão? Deuscontinua a trabalhar conosco e por nós, mesmoquando erramos. Humildade cristã leva à novacompreensão e admissão de erros passados. A graçade Deus é libertadora a este respeito, pois nossodestino final baseia-se em Cristo e não depende daperfeição de nossas decisões.

responsabilidade cristã. Noutros casos,não obstante, os cristãos enfrentamdilemas morais reais, especialmentequando dois ou mais valores cristãosestão em aparente conflito.

Tais dilemas, como notamos antes,não são raros hoje na bioética. Amaturidade cristã requer uma abordagembíblica honesta a tais questões moraisdifíceis. Naturalmente, não há nenhuma

fórmula cristã simples para resolvertodas as complexidades morais. Assimmesmo podemos esboçar algumasconsiderações básicas que os cristãosdeviam incluir no processo de tomardecisões.

Abertura à direção do Espírito. Aética cristã começa com abertura à

direção de Deus (Mateus 21:22).Questões específicas de bioética podemser novas, mas não deviam nosintimidar, porque Deus tem prometido

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Diálogo 7:1—1995

nos levar por Seu Espírito às verdadesde que precisamos para sermos fiéis àSua vontade (João 14:15-17). Nossapetição pela direção do Espírito provémde um reconhecimento de que asabedoria de Deus é muito superior ànossa (Provérbios 3:5-6; I Coríntios3:18-20).

Aceitando a direção do Espíritosomos levados à Bíblia, na qual Deusrevelou Sua sabedoria moral (Salmo119:105). Em resposta ao amor de Deussomos motivados a obedecer a Seusmandamentos (João 14:15). Os DezMandamentos (Êxodo 20:1-17) e muitasoutras expressões da vontade de Deusnos darão direção específica para umamplo leque de atividades humanas(Salmo 19:7-8), incluindo problemas debioética. Mesmo quando nenhum textofala diretamente a uma questãoespecífica de bioética, a Bíblia aindaprovê princípios abarcantes para guiarnossas ações (ver Miquéias 6:8; Mateus23:23).

Por exemplo, não achamospassagens específicas dizendo-nos o quefazer sobre a transferência de embriõeshumanos ou sobre o uso de terapiagenética. Mas se cooperamos com oEspírito e procuramos nas Escriturasalgumas diretrizes básicas, nãoficaremos desapontados. Não só nosmandamentos das Escrituras, mastambém em sua história, poesia eprofecias temos abundantes recursos queestimulam nossa imaginação moral e noshabilitam a ver a vida humana segundo aperspectiva dos valores divinos. Esses

recursos são mais produtivos quandoprocuramos compreender o que o textosignificava ao povo que primeiro orecebeu e a direção em que Deus osestava guiando. Adventistas do SétimoDia podem também achar orientação nosescritos de Ellen G. White.

Princípios essenciais. A Bíblia nosdiz que os valores e os princípiosessenciais para nossa vida moral sãounificados no amor. Jesus faz do amor aDeus e amor às pessoas o fundamento daética (Mateus 22:34-40). Paulo afirma omesmo: “Pois quem ama ao próximo temcumprido a lei... O amor não pratica omal contra o próximo; de sorte que ocumprimento da lei é o amor” (Romanos13:8-10).

No amor temos, então, uma baseprática para resolver conflitos devalores. Isto significa que devemosaplicar todas as normas bíblicas de modoconsistente com o amor. Afirmar issonão é pedir o impossível. Temos o amorfeito real na pessoa de Jesus (João 3:16).O ministério de Jesus exemplificava oamor de Deus e desperta em nós o desejode segui-Lo (Filipenses 2:5; I Pedro2;21). No ministério médico de Jesus eem Seu respeito por aqueles que eramvulneráveis e rejeitados, temos umexemplo com profundas implicaçõespara questões de bioética. Uma vez queJesus é a revelação suprema dos valoresmorais de Deus (Hebreus 1:1-4), nEletemos a fonte competente para lidar comquestões morais complexas.

Deus quer que cristãos ajudem unsaos outros em seguir a Jesus

participando na vida da comunidade dafé (Mateus 18:20). Deus dá dons aosmembros do corpo de Cristo de modo apoder ajudar um ao outro comcrescimento na fé (Efésios 4:11-16).Quando a igreja primitiva defrontava-secom questões difíceis, os líderesreuniam-se em conselho e, dirigidos peloEspírito, chegavam a decisões práticas(Atos 15:1-35). Assim fazendodeixaram-nos um exemplo de confiançamútua que devíamos imitar aoencararmos questões potencialmenteexplosivas de nossos dias, incluindoquestões de bioética.

Com esses ensinos bíblicos comobase, podemos estabelecer uma estruturapara chegar a decisões de um modocuidadoso e fiel (para um exemplo, ver apág. 7). Quando estamos firmes na fébíblica, não somos intimidados pelasquestões novas e desafiantes da bioética.Ao contrário, ganhamos confiança queDeus continuará a nos guiar e habilitar aentrar em qualquer área de investigaçãohumana, melhor servindo a Deus e àhumanidade.3

Gerald R. Winslow (Ph.D., GraduateTheological Union) é deão da Faculdade deReligião da Universidade de Loma Linda, ondeleciona Ética Cristã. Seus livros incluem Triageand Justice (University of California Press,1982) e Facing Limits (Westview Press, 1993).Seus artigos têm aparecido em jornais demedicina, de enfermagem e de ética, bem comoem publicações da igreja.

Notas e Referências1. Para discussões anteriores de assuntos afins

nesta revista, ver Jack W. Provonsha,“Bioética Cristã: Decisões Racionais emQuestões de Vida ou Morte”, Diálogo 1:1(1989), págs. 8-10; “Dois DocumentosSobre Aborto”, Diálogo 2:1 (1990), págs.32-34; “Questões de Vida e Morte”,Diálogo 5:2 (1993), págs. 26-28; e umaapreciação do livro Abortion: Ethical Issues& Options, Diálogo 6:3 (1994), págs. 26-27.

2. Ver “Infertilidade e Tecnologia: DeclaraçãoSobre Reprodução Humana comAssistência”, Diálogo 6:3 (1994), págs. 32-33.

3. Partes deste artigo foram apresentadas aoChristian View of Human Life Committeeda Associação Geral dos Adventistas doSétimo Dia. Aqueles que estivereminteressados em obter uma cópia dadeclaração em inglês, que a comissãopreparou sobre bioética, podem escreverpara: Health and Temperance Department;General Conference of SDA; 12501 OldColumbia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600; E.U.A.

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ntão... você está (finalmente!) fora da escola e trabalhando duro em sua carreira (parabéns!). Mas isto não significa que você parou de pensar, certo? Mantenha-se atualizado com a cadeia mundial dos adventistas profissionais que partilham de suas

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Diálogo 7:1—1995

“Mostre que não éDeus que causa dor esofrimento.”1

—Ellen G. White lícia estava a um mês de seu 16º aniversário quando os pais notaram alguns caroços em seu pescoço.“Está você se sentindo bem, Alícia?”“Sim. Por quê?”“Que são esses caroços?”“Não sei.”O médico não sabia tampouco.

Prescreveu alguns exames.A enfermidade de Alícia era linfoma,

uma enfermidade grave. Enquantoescrevo, Alícia está sofrendo terrivelmentecomo resultado da quimioterapia. Háquatro semanas ela sentia-se bem, mas otratamento quase a matou. Os médicosesperam que o tratamento esteja matandosuas células concerosas.

Por que Alícia sofre tanto? Por queinocentes sofrem? Poderíamos aceitá-lo seo sofrimento só afetasse malfeitores, masgente boa sofre. Por quê?

É a vontade de Deus?Deveria Alícia e seus pais dar ouvidos

àqueles que sugerem que seu linfoma é avontade de Deus? Ao atribuírem suadoença à vontade de Deus, estão indicandoque Deus a quer doente. Dizer: “É avontade de Deus” é simplesmente outromodo de dizer: “Deus o deseja.”

Segundo Hebreus 10:7, Jesus assimfalou do propósito de Sua encarnação:“Vim para fazer, ó Deus, a Tua vontade.”Jesus veio para fazer o que Deus queria —ou desejava.

E que fez Jesus? Infectou Ele alguémcom lepra? Feriu Ele alguém comcegueira? Não, em diversas ocasiões Eleabriu os olhos do cego. Fez Ele as pessoasficarem surdas? Não, Ele curou os surdos.

Num sábado Jesus encontrou uma

mulher aleijada na sinagoga. Durante 18anos essa mulher tinha estado entrevada.Jesus parou no meio do sermão econtemplou-a com dó e disse: “Não sedevia livrar deste cativeiro em dia desábado esta filha de Abraão, a quemSatanás trazia presa há dezoito anos?”(Lucas 13:16.)

Você notou a quem Jesus culpou pelacondição da mulher? Satanás a tinhaaleijado durante 18 anos. Mas Jesus veiopara mostrar-nos o que Deus quer. E Elecurou a mulher.

Quando DeusDerramaLágrimas

A

Certamente podemos garantir a Alíciae seus pais que Deus é a fonte de toda boadádiva, mas Ele, decididamente não é acausa de coisas más. Como poderemosjamais detestar a miséria que achamos emnosso planeta se continuarmos a lançarsobre Deus a causa de tudo?

Aqueles a quem Deus amaEle disciplina

Cristãos bem intencionados têm dito apessoas como Alícia: “Você deve sermuito especial para Deus. Deus nãodesperdiça Seus esforços em materialinútil. Deus quer aperfeiçoá-la. Quandoseu Pai celeste tiver completado Sua obra,você será como ouro provado no fogo.”

Eliú, um amigo de Jó, dissepraticamente o mesmo. Deus, segundoEliú, envia o sofrimento não como castigo(como os outros amigos tinham insistido)mas como disciplina (ver Jó 33:15-22, 29-30).

Que tal?Os pais de Alícia tinham notado

imperfeições nela, e como todos os bonspais e mães a tinham disciplinado para quecrescesse para ser uma honra ao nome dafamília e um benefício para a sociedade. É

R i c h a r dW. C o ff e n

Boethius escreveu On the Conso-lation of Philosophy, um livroque influenciou alguns dospensadores mais lúcidos daIdade Média. Nesse livro eledisse algo assim: “Se Deus existe,por que existe o mal?” (Ver JohnHick, Evil and the God of Love, ed.rev., pág. 11, rodapé 1.)

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Diálogo 7:1—1995

isto o que Deus está fazendo para Alíciaagora?

Suponhamos por um momento que olinfoma de Alícia tenha aperfeiçoado a suaalma. É esta uma causa apropriada para oefeito desejado? Ellen White escreveucerta vez: “Deve o corpo ser mantido emestado saudável a fim de a alma estar sã.”2

Sendo este o caso, como pode olinfoma de Alícia aperfeiçoar sua alma?Um corpo doentio não é o caminho para asantificação.

Se o linfoma de Alícia veio como umadisciplina divina, por que devia elasubmeter-se à quimioterapia numatentativa de curá-la? Longe dos pais deAlícia contrariar a disciplina divina navida de sua filha! Não devem agircontrariamente ao propósito divino. Comefeito, se desastre, doença ou morte vêmpara nos aperfeiçoar, todo cristão sincero,em vez de aliviar a dor, devia ajudar Deusem Sua obra de aperfeiçoamento causandodor sempre que possível!

Será que Alícia amará maisprofundamente essa espécie de Deus?

Soa, porém, como a espécie de Deusem cuja existência Satanás gostaria quecrêssemos. Afinal, que melhor maneira detorcer nosso conceito de Deus do queretratá-Lo como um pai abusivo!

Apanhados na grandeexperiência

Até aqui o sofrimento de Alícia comoresultado da quimioterapia eclipsouqualquer sofrimento causado pelo linfoma.Não obstante, sua dor e sofrimento sãoterrivelmente reais — tão reais queultimamente ela tem sido posta sobsedativo.

Parece tudo tão sem sentido, tãoabsurdo. Mas em face desta loucura, osdefensores de Deus têm proposto ametáfora de uma experiência cósmicaentre o bem e o mal como modo de fazersentido daquilo que parece incrivelmentesem sentido.

Alícia sabe que Deus não criou omal; Ele criou só aquilo que é bom.Lúcifer (também conhecido como odiabo, ou Satanás, em seu estado após aQueda) inventou o mal. E ela compreendeque segundo o conceito do grandeconflito cósmico, Deus poderia terdestruído Lúcifer ao primeiro sinal derebelião, mas então o Universo teriaservido a Deus por temor — não poramor. Assim Ele permitiu que Lúciferembarcasse numa grande experiência demaldade.

Alícia crê que quando o Universotodo se convencer de que Deus tem razãoe que Satanás está errado, então Deusporá fim à experiência. Entrementes ela emilhões de outros penam uma existênciatorturada neste globo — como muitosratos brancos num laboratório.

O que está acontecendo dentro destelaboratório não é agradável, mas contribuipara algum bem maior.

Sim, ela reconhece tudo isso, maspode você imaginar como tudo soa aAlícia agora? Provavelmente algo assim:Deus dispôs-Se a provar algo — Elemesmo. Satanás disse que Deus é egoísta,arbitrário, exigente, não realmente bom.Assim Deus dá a Satanás a oportunidadede Se defender.

E a verdadeira natureza de Satanástorna-se visível. Vêmo-lo nos desastres,nas doenças e nas mortes ao nosso redor.

Claramente, o tema do grandeconflito tem muita capacidadeexplanatória. De todas as explicações paraa existência do sofrimento, éprovavelmente a mais convincente. Masnão devemos permitir que ela nos façacomplacentes.

Se aceitamos o tema do grandeconflito como uma das melhoresexplicações para o mal que tem infectadonosso planeta, não podemos ignorar osofrimento de Alícia como algo aceitávelporque apóia uma boa causa — avindicação do caráter de Deus.

Além disto, parece egoísmo da partede Deus permitir todas as atrocidadesdeste mundo infligidas a bilhões de Suascriaturas por milhares de anos somentepara provar que Ele tem razão e queSatanás está errado. Que espécie de Deuspermitiria o que se passou nas últimas 24horas — para não dizer nos últimos 6.000anos — simplesmente para demonstrarque Ele — não outro — tem razão?

Quando apelamos à grandecontrovérsia para vindicar a Deus em facede doenças como a de Alícia,simplesmente não podemos passar poralto este sofrimento com um palavreado

floreado. Se o fizermos, estaremos usandode métodos diabólicos, fazendo a obra dodiabo.

Et céteraOutras explicações possíveis são

também oferecidas aos sofredores. E comoas poucas que examinamos brevemente,elas também têm faltas graves,especialmente quando aplicadas a casosindividuais. A existência da doença,desastre e morte permanece um absurdo. Àvista de tantas explicações falhas, éprovável que nenhuma solução sejamelhor.

Então, qual é a últimapalavra sobre o mal?

Temos examinado algumas dasexplicações que têm sido oferecidas para apresença vil do mal. Cada uma tem seumérito, mas também algum sério defeito.Como podemos evitar fazer a obra deSatanás ao tentarmos defender Deus emface de desastre, doença e morte?

Primeiro, quando explicamos opropósito do sofrimento e a relação deDeus com ele, precisamos permanecersensíveis ao enigma do mal. Quandoinventamos teorias sobre o por quê pessoassofrem, a tentativa mesma tende aencorajar apatia da parte daqueles queestão formulando uma teoria. Defesas deDeus que procuram lidar com o problemado mal não devem diminuir nossasensibilidade moral. O mal, onde quer quesurja, deve indignar-nos. O sofrimento,onde quer que ocorra, deve despertarnossas emoções mais ternas.

Segundo, a fim de manter nossasensibilidade enquanto defendemos Deuse Sua relação com o mal, precisamosfazer duas coisas. Primeira, precisamossempre sentir com os que sofrem.Precisamos tentar colocar-nos em seulugar. Não é sempre fácil projetar-nos nasituação de outro, mas se não tentarmosfazê-lo, ficamos calejados. E mais cedo oumais tarde o calejamento se transforma emfrieza, e com o tempo a frieza se converteem crueldade.

Segunda, precisamos sempre criticarnossas teorias. Não devemos ficar de talmodo enamorados de nossas teodicéias quepercamos de vista suas fraquezas inerentes.

Epicurus (341-270 a.C.), filósofogrego, fez as seguintesobservações: “Ou Deus desejaacabar com o mal e não é capazde fazê-lo; ou Ele pode fazê-lomas não deseja fazê-lo; ou Elenão é capaz, Ele é débil.” (On theAnger of God, capítulo 13, TheWritings of the Ante-Nicene Fathers,traduzido por William Fletcher, vol. vii,1951.)

“É melhor...ficar sem resposta doque aceitar uma respostainadequada.” (Arthur J. Bachrach,Psychological Research: An Introduc-tion, pág. 17.)

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Diálogo 7:1—1995

Terceiro, devemos nos lembrar queDeus não precisa de nossas tentativasfrágeis de defendê-Lo. Os cristãosgostam de pensar que Deus não precisa deseu dinheiro — embora essas pessoasinsistam sobre a importância de umamordomia fiel. Semelhantemente,devemos reconhecer que Deus não precisade seres humanos para racionalizar Suarelação com o Universo.

Quarto, reconhecer que a existênciado sofrimento é tão inexplicável como aexistência do pecado. A maioria doscristãos crê que o desastre, a doença e amorte de algum modo seguem ao pecado.Não é fácil detectar uma relação direta decausa e efeito entre comer um simplespedaço de fruta no Éden e os eventoscalamitosos que diariamente mancham aexistência em nosso planeta. Mas se háuma relação — como a tradição afirma —então a resposta à pergunta: Por que opecado? devia lançar alguma luz sobre aquestão: Por que o sofrimento?

O problema é que o pecado não temuma explicação lógica. É por isso que asEscrituras o chamam um mistério — omistério da iniqüidade (II Tessalonicenses2:7). “O pecado é um intruso, por cujapresença nenhuma razão se pode dar...Separa ele se pudesse encontrar desculpa, oumostrar-se causa para a sua existência,deixaria de ser pecado.”3 Com efeito, omal físico ao nosso redor é tão bizarrocomo o mal moral que tem devastadonosso planeta. Queiramos ou não, nossoplaneta tornou-se um teatro do absurdo. Sesomos honestos conosco, com outros ecom as Escrituras, precisamos admitir quenossas explicações carecem de convicção.O mal é um enigma que desafiaexplicação.

Quando Deus derramalágrimas

Alícia ainda está no hospital. Suainfecção ainda se alastra. A quimioterapiaa mantém balançando à beira da morte.

Mas o que dizer sobre o Deus daBíblia? Onde está Ele neste tempo desofrimento trágico? Que está Ele fazendo?

Temos uma pista na experiência deMaria e Marta quando seu irmão Lázaromorreu. Onde estava Jesus? Vêmo-Lo de

pé junto ao sepulcro de Lázaro. E “Jesuschorou” (João 11:35).

À porta do sepulcro de Lázaro, Deus(em Jesus) uniu-Se a Maria e Marta, seusvizinhos e conhecidos derramandolágrimas.

Achamos a mesma situação no AntigoTestamento. “Então Se arrependeu oSenhor de ter feito o homem na Terra, eisso Lhe pesou no coração” (Gênesis 6:6).

Isaías registra que “em toda angústiadeles foi Ele angustiado” (Isaías 63:9).

Jeremias registra a mesma reação daparte de Deus: “Por isso uivarei porMoabe, sim gritarei por todo o Moabe;pelos homens de Qir-Heres lamentarei;chorarei por ti, como Jazer chora”(Jeremias 48:31-32).

Não só nossa aflição comove a Deus,mas também somos encorajados a lançar“sobre Ele toda a vossa ansiedade; porqueEle tem cuidado de vós” (I Pedro 5:7). EPaulo é enfático: “Porque eu estou bemcerto de que nem a morte, nem vida, nemanjos, nem principados, nem coisas dopresente, nem do porvir, nem poderes,nem altura, nem profundidade, nemqualquer outra criatura poderá separar-nosdo amor de Deus, que está em Cristo Jesusnosso Senhor” (Romanos 8:38-39).

A doença de Alícia não significa queDeus a abandonou. Em sua dor não deveimaginar que Deus está aborrecido.“Freqüentemente vosso espírito se poderánublar por causa do sofrimento. Nãobusqueis pensar então. Sabeis que Jesusvos ama. Ele compreende vossa fraqueza.Podeis fazer Sua vontade com o simplesrepousar em seus braços.”4

Vendo Alícia sofrer, Deus mesmoderrama lágrimas.

Isto é confortador, mas é isto tudo queDeus faz? É Ele um Deus compassivo masimpotente que torce Suas mãos emfrustração ao chorar em simpatia? Não.

Volvamos a Maria, Marta e Lázaro.Disse Jesus: “Tirai a pedra” (João 11:39).Então depois de breve oração, Jesus, que éDeus encarnado, comandou: “Lázaro, vempara fora!” (verso 43).

E “saiu aquele que estivera morto”(verso 44).

Deus não só derramou lágrimas. Elerepeliu a morte.

Nossas aflições comovem a Deus,mas também O movem a revelar Seupropósito. Nem sempre veremos aevidência de Seu poder hoje aoenfrentarmos desastre, dor e morte.Podemos, ao contrário, apenas sentir Suaslágrimas. Não obstante, o NovoTestamento torna claros os propósitos deDeus. Por fim, Deus fará novas todas as

coisas (Apocalipse 21:5).Um dia “Ele enxugará dos olhos toda

lágrima, e a morte já não existirá, já nãohaverá luto, nem pranto, nem dor, porqueas primeiras coisas passaram” (verso 4).

E ao enxugar Deus as lágrimas denossos olhos, imagino que Ele enxugará osSeus uma vez mais. Então o Deus quederrama lágrimas jogará fora para sempreSeu lenço divino.

Richard W. Coffen é editor de livros daReview and Herald Publishing Association,Hagerstown, Maryland, E.U.A. É autor de muitosartigos e livros, incluindo When God Sheds Tears(Review and Herald, 1994), do qual este artigo foiresumido.

Notas e Referências1. Ellen G. White, Testimonies for the Church

(Mountain View, Calif.: Pacific Press Publ.Assn., 1948), vol. 6, pág. 280.

2. White, Evangelismo (Tatuí, SP: CasaPublicadora Brasileira, 1978), pág. 261.

3. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: CasaPublicadora Brasileira, 1988), pág. 493.

4. White, A Ciência do Bom Viver (Tatuí, SP:Casa Publicadora Brasileira, 1990), pág. 251.

John Bowker, orador sobre adivindade para a Universidadede Cambridge, observou: “Osenso de que nenhum sofrimentopode separar o cristão de Cristo(porque o Seu própriosofrimento não O separou deDeus) é extremamente forte noNovo Testamento.” (Problems ofSuffering in Religions of the World,págs. 73-74.)

Goethe disse certa vez: “Se eufosse Deus, este mundo cheio desofrimento quebrantaria meucoração.” (Citado por Jon TalMurphree, A Loving God and aSuffering World, pág. 85.)

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Diálogo 7:1—1995

S a m u e lKoranteng-P i p i m

racismo é quase tão velho quanto a raça humana. Ele aparece em muitas formas, tanto explícita

como camufladamente. Racismo existequando permitimos que cor, casta, língua,nacionalidade, tribo, etnia ou cultura,possam de alguma maneira erigir umaparede entre pessoas, individual oucoletivamente, de maneira a fazer quealguém expresse desprezo, preconceito oudomínio sobre outrem.

A idéia de que algumas pessoas sãoinerentemente superiores ou inferiorespode ser derivada da religião (sistema decasta na Índia ou purificação étnica naBósnia), da superioridade econômica

RacismoVersus

Cristianismo

outro grupo está destinado a umasuperioridade hereditária. Segundo estedogma a esperança da civilização dependeda eliminação de algumas raças enquantooutras são preservadas puras”.2

Aqueles que acreditam ou praticam asuperioridade ou inferioridade inerente deum grupo de indivíduos sobre outro,podem não admitir, todavia, que eles estãode fato aderindo a uma religião que lhes éprópria. No entanto, o racismo partilha detodas as caraterísticas essenciais de umareligião, seja secular ou sobrenatural.3

Como religião, o racismo ofereceum sentimento de poder. Os racistasfazem da raça superior o valor central ou oobjeto de devoção. Conseqüentemente,nessa religião, os membros encontram o“poder de ser” através da adesão eidentificação com a raça superior. O poderdo racismo toma duas formas distintas: oracismo legal pelo qual práticasdiscriminatórias são codificadas nas leisdo país (o apartheid, o nazismo, aescravatura); e o racismo institucional emque práticas raciais, mesmo sem o apoiolegal, são imperceptivelmente construídasem diversas estruturas sociais.

Na qualidade de religião, o racismopossui as estruturas comuns à religião.Ele possui sua própria ideologia(arianismo, supremacia branca, poder daraça negra, triunfalismo tribal), realidadestangíveis (suástica), um semideus (Hitler),credos, crenças, mitos, rituais e práticas(cerimônias de purificação, cultosmísticos), simbolismos, cultoscomunitários (asserções periódicas dogrupo) e até mesmo valores morais (comoos conceitos do “certo ou errado”definidos segundo as percepções eprioridades do grupo).

Na qualidade de religião, o racismocompete com outras religiões. Asreligiões tradicionais apelam para osobrenatural, para figuras e valoresextraterrenos, enquanto que o racismo émais terrestre e secular. Ele pode competircom outras religiões e explorá-las paraseus fins próprios. Por exemplo, considerecomo o nazismo tentou destruir ocristianismo autêntico enquanto cooperavacom as igrejas subjugadas.

A religião apela para um lídersupremo, condena os males da sociedade,procura prover respostas aos problemassociais, exalta elevados ideais de justiça,eqüidade e irmandade, requer absolutaobediência e sacrifício próprio e possui oseu próprio livro de código. Tal acontececom o racismo, embora restrito ao seupróprio grupo composto de seres humanossuperiores.

(colonialismo), do chauvinismo (nazismo,apartheid, tribalismo) ou de uma premissagenética falsa (Ku Klux Klan). Qualquerque seja o fator, o racismo afirma que osseres humanos não possuem os mesmosvalores intrínsecos e idêntica dignidade.1

Mas seria o racismo realmente umareligião, como sugere o título deste artigo?Por que e de que maneira seria o racismoincompatível com o cristianismo? Naqualidade de adventistas, que podemosfazer para promover normas bíblicas nasrelações humanas?

Racismo _ uma religiãoA antropóloga Ruth Benedict salienta

que o racismo é uma religião estabelecidanuma mundivisão naturalista. Racismo,afirma ela, é “o dogma que postula estarum grupo étnico condenado pela naturezaa uma inferioridade hereditária, enquanto

O

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Diálogo 7:1—1995

Racismo e cristianismo: aincompatibilidade

O racismo é totalmente incompatívelcom o cristianismo. Os Adventistas doSétimo Dia precisam entender isso pelasimples razão de que o racismo, ao usar acapa da religião, se torna tão facilmentedomesticado que até mesmo os cristãossinceros são incapazes de reconhecer seusperigos, tornando-se vítimas de suainsistência na superioridade étnica. Ocristianismo autêntico se dissocia econdena qualquer forma ou prática deracismo. Enumeraremos sete áreasimportantes nas quais o evangelho dagraça rejeita a loucura do racismo.4

Epistemologia. A Bíblia ensina que oconhecimento da verdade e da realidadevem “do alto”: proveniente de umarevelação de Deus em Jesus e na Palavraescrita (João 17:3; II Timóteo 3:15-17). Oracismo, por outro lado, apela para as“fontes de baixo”, que pressupõem aexistência de uma alegada raça superior,contendo várias versões de orgulho étnico.Por exemplo, os brancos racistas no século19 encontraram uma epistemologiaconfortável na teoria de Darwin sobre asobrevivência do mais forte. Através dessateoria, os europeus encontraramconfirmação de que “eles eram os maisfortes de todos”.5 Herbert Spencer,argumentando em favor do darwinismosocial, afirma que algumas raças são “pornatureza incapazes” por serembiologicamente e inerentemente inferiores.Tais argumentos fornecem a “permissãosuprema para regras sociais dedominação” e “outorga credenciaisespúrias ao racismo”.6

Outra fonte de conhecimento para oracista é a compreensão subjetiva ederrogatória da outra raça, que ésolidificada por crenças exageradas, mitos,estereótipos e piadas. Para se obter umentendimento cabal daquilo que se passanum determinado contexto social, énecessário pertencer a uma raça particulare adotar suas interpretações da realidade.

A versão racista da verdade ignora ourejeita assim a asserção bíblica de quetodos os seres humanos, criados à imagemde Deus, têm a capacidade decompreender, ter empatia, apreciar ecomunicar entre si, a despeito do contextoracial. Ao rejeitar a revelação bíblica, oracista busca na sociologia, antropologia,história e ciência, a maneira de explicar eencarar os problemas raciais. O racismopode às vezes consultar a Bíblia, massomente para encontrar apoio para suasposições.7

Criação. A doutrina bíblica daCriação estabelece a unidade e igualdadebiológica da raça humana. A declaraçãopaulina de que Deus “de um só fez ageração dos homens” (Atos 17:26)enfatiza a singularidade de Deus e asingularidade da humanidade. Apressuposição racista da inferioridade dealgumas raças não somente nega esseprincípio bíblico, como afronta o caráterde Deus, ao sugerir que Ele é responsáveldos supostos defeitos em algumas dasespécies humanas.

Além disso, uma teologia racistaimplica que algumas pessoas não fazemparte da família humana a quem Deusconfiou o domínio sobre a ordem criada(Gênesis 1:26), e que tais podem sersubjugados e explorados por uma raçasuperior. T. F. Torrence argumentacorretamente que o “racismo é umainvasão da própria ordem da Criação”, efunciona em “oposição direta ao propósitodivino da graça, sobre o qual toda acriação depende”.8

A natureza dos seres humanos. Oensino bíblico de que os seres humanossão criados à imagem de Deus implicaque, como agentes morais livres, elesfazem escolhas das quais terão que prestarconta a Deus e a eles mesmos nacomunidade.

O racismo rejeita a doutrina bíblica dahumanidade e apela para o determinismogenético ou biológico a fim de sustentarsuas reivindicações racistas. Quando oracismo ensina, por exemplo, que algumasraças são, por natureza, fisicamentefracas, intelectualmente limitadas oumoralmente inferiores, tal determinismolimita o potencial e a atuação humana,negando a responsabilidade humanaperante Deus _ algo básico na mundivisãobíblica (ver Atos 17:31; Apocalipse 14:6).

O pecado e a depravação humana.A Bíblia ensina que todos pecaram e estãodestituídos da glória de Deus” (Romanos3:23; ver também 5:12; I Coríntios 15:22).O pecado original e a conseqüentedegradação e morte que vierem a todos osseres humanos são resultados do pecadode Adão (Romanos 5:12-21). Mas oargumento racista de uma raça superior/inferior não vê problemas, tais como aQueda e o pecado. O argumento racista éde uma hierarquia em depravação: quantomaior a suposta inferioridade da raça,maior a depravação.

Mesmo que a teologia racista admitaque a raça superior também caiu, ela

reinterpreta a natureza da Queda. Oracismo vê nas chamadas raças inferioresuma dupla queda: a primeira por causa daqueda de Adão, e a segunda, uma queda“racial” particular. Conseqüentemente,para o racista a mistura racial resulta naperda da pureza da raça. Assim é queHitler no seu Mein Kampf sustentou a tesede que a raça superior experimenta umaqueda cada vez que ela permite que seusangue se misture com o da raça inferior.

Como poderá tal crença sercompatível com a reivindicação bíblica deque a raça humana, em sua totalidade, temuma origem e um problema comum?

O Grande Conflito. A Bíbliaapresenta um conflito cósmico entreCristo e Satanás (Efésios 6:10 eseguintes). O assunto central desseconflito é o caráter amoroso de Deus e suaatuação e exigência da ordem criada.Como religião, o racismo tambémreconhece a existência de um conflitoentre forças superiores, mas seusparticipantes estão divididos em linhasraciais: Deus e Seus anjos são forjados àimagem da raça superior, enquanto queSatanás e seus anjos formam a essência daraça inferior. Esse dualismo ajuda oracismo a criar a dicotomia “nós-contra-vós”.

Essa plataforma cósmica tambémajuda o racismo a falar de um golfointransponível entre raças.9 A únicamaneira de se obter harmonia racial éfazer com que cada raça descubra seulugar na sociedade. Para evitar conflitos,os dois mundos devem ser mantidos àparte, separados e segregados.10

Mas a visão bíblica do GrandeConflito antecipa uma reunião final detoda a família de Deus com “uma únicapalpitação de harmonioso júbilo...por todaa vasta criação”.11 Quando o evangelho deJesus exige a prática da unidade na Terra,como pode o racismo com seu ódio esegregação ser compatível com ocristianismo?

Redenção. O racismo contradiz adoutrina cristã da redenção. A expiaçãosubstitutiva em favor do pecado realizadana cruz, redime todos os seres humanosque escolhem aceitar a Jesus, sem tomarem consideração qualquer diferença entreeles (João 3:16; Romanos 1:16; Gálatas3:26-28). A cruz também assegura uma

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Diálogo 7:1—1995

consumação escatológica da redenção naNova Terra (João 14:1-13; ITessalonicenses 4:14-17; II Pedro 3;Apocalipse 21). Na teologia racista,todavia, os seres humanos (a raça superior)procuram efetuar sua própria redenção: “Aessência da redenção é a renovação racial,o reavivamento da raça superior através detécnicas de purificação.”12 Através detécnicas tais como eugenia, esterilização,guerra, limpeza étnica, etc., a escatologiaracista almeja proteger os genes superiorescontra a debilitação da raça inferior. Issoimplica que a raça superior deve procriarenquanto a inferior deve ser eliminada.13

Ética. A ética cristã opõe-setotalmente à ética racista. A primeirabaseia- se na “santidade da vida humana”,brotada da doutrina da Criação. A Bíbliaapresenta os Dez Mandamentos como amais explícita norma de conduta humana,e Jesus como o exemplo supremo para ahumanidade.

O racismo, todavia, eleva a doutrinada “qualidade-da-vida-humana”, quesugere ser a personificação do ser humanodeterminada por suas caraterísticasbiológicas, tendo algumas pessoas apenasum valor relativo. Segundo a ética da“qualidade-da-vida-humana”,14 algunsseres humanos não são realmente“pessoas” e conseqüentemente, podem serexploradas. Assim é que em 1857, noinfame caso do Dred Scott, o juiz RogerTaney da corte suprema dos EstadosUnidos pôde argumentar: sendo que ospretos são de uma ordem inferior, “o pretodeve ser legalmente e justamente reduzidoà escravidão para seu próprio benefício.

Ele foi comprado, vendido e tratado comoum artigo ordinário de mercadoria etráfico, desde que certo lucro pudesse serobtido através disto”.15

Filosofia da história. A Bíblia vê ahistória como se desenrolando sob asoberania de Deus. Deus trouxe a criação àexistência para que se tornasse a “arena dahistória”; Ele criou o tempo para medir o“movimento da história”; e formou osseres humanos para serem uma “entidadehabitando a história”.16

Segundo a religião racista, todavia, araça superior é o centro da históriahumana. O racista crê que somente “umaraça [a raça superior] trouxe progresso àhistória humana e ser ela a única que podeassegurar o progresso futuro”.17 Assim oracista não somente ignora, diminui edistorce a história das outras raças, mastambém recusa ouvi-las ou delas aprender.Afinal, existe apenas uma história: ahistória da raça superior tal como ela ainterpreta.18

Embora não se possa culpar o racismopela falha humana em reconhecer acontribuição e os potenciais de outrospovos, é intrigante constatar como oracismo, de maneira sutil, influenciou aprocrastinação da igreja em conceder atodos os cristãos igual oportunidade emsua vida e missão.

O racismo e osadventistas: o desafio

Os Adventistas do Sétimo Dia têmuma oportunidade única de lidar com oassunto do racismo tanto na igreja comona sociedade. Consideremos trêsvantagens que temos.

Ser o remanescente. Quando nosidentificamos como o remanescente,reivindicamos ser o povo de Deus dotempo do fim, que guarda osmandamentos de Deus e tem otestemunho de Jesus (Apocalipse 14:12).Tal reivindicação deve levar-nos areconhecer, tanto na proclamação comona prática, que o direito de pertencer aopovo remanescente não depende donascimento natural mas espiritual (João3:3-21); não do sangue étnico mas dosangue redentor de Cristo (Hebreus 9:14-15); não de uma raça superior mas da raçasanta (I Pedro 2:9).

Ter uma missão global. Com nossafé, nossa missão e nossa estruturaempenhada em criar uma famíliaescatológica global, devemos combatertudo que crie separação entre um povo eoutro. O racismo prejudica o corpo deCristo e destrói sua missão global. Fomoschamados para louvar e proclamar Aqueleque com Seu sangue resgatou “para Deushomens de toda a tribo e língua, e povo enação” (Apocalipse 5:9; ver também14:6).

Adotando um nome. Nosso nomeexige uma rejeição do racismo e umademonstração de harmonia.19 Quandoreivindicamos o sábado do sétimo dia,afirmamos também ser Deus o Criador ePai de toda a raça humana, e,conseqüentemente, sustentamos a idéia deque todos os povos são irmãos.Reivindicar o componente “adventista”em nosso nome implica vislumbrar umtempo e lugar em que pessoas “de todanação, tribo, povo e língua” viverãojuntas em perfeita paz.

CRISTIANO

Serei osegundo.

© Joel Kauffmann

Os cristãos são chamados àreconciliação; não à vingança.“Somente quem está sempecado é digno de lançar aprimeira pedra.”

Por quetamanhoexcitamento?

Serei oprimeiro alançar apedra numapedrejamento.

Você temrazão.

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Diálogo 7:1—1995

Que tal grupo humano, proveniente decada nacionalidade, raça e língua possarealmente existir, será uma maravilha a sercontemplada. Entretanto, a igreja deve ser“um tipo de modelo preliminar, numaescala reduzida e imperfeita, daquilo queserá o estado final da humanidade nodesígnio de Deus”.20

Nascido em Ghana, Samuel Koranteng-Pipimé um candidato doutoral na área de TeologiaSistemática no Seminário Teológico daUniversidade Andrews, em Berrien Springs,Michigan, Estados Unidos.

Notas e Referências1. Stephen Jay Gould, “The Geometer of Race”,

Discover (November 1994): 65-69.2. Ruth Benedict, Race: Science and Politics

(New York: Viking Press, 1959), pág. 98.3. Para uma discussão construtiva sobre a

natureza, caraterísticas e tipos de religião, vejaElizabeth K. Nottingham, Religion andSociety (New York: Random House, 1954),págs. 1-11.

4. Uma discussão detalhada pode ser encontradaem meu artigo “Saved by Grace and Living byRace: The Religion Called Racism”, Journalof the Adventist Theological Society 5:2(Autumn 1994): 37-78.

5. Alan Burhs, Colour Prejudice (London:George Allen and Unwin Ltd., 1948), pág. 23;citado em T. B. Maston, The Bible and Race(Nashville, Tenn.: Broadman Press, 1959),pág. 64.

6. Ver Stephen T. Asma, “The New SocialDarwinism: Deserving Your Destitution”, TheHumanist 53 (September-October 1993) 5:12.

7. Ver Matson, págs. 105-117; Cain Hope Felder,“Race, Racism and the Biblical Narratives”,em Stony the Road We Trod, Cain HopeFelder, ed. (Minneapolis: Fortress Press,1991), págs. 127-145.

8. T. F. Torrance, Calvin’s Doctrine of Man(London: Lutherworth Press, 1949), pág. 24.

9. Lewis C. Copeland, “The Negro as a ContrastConception”, em Edgar T. Thompson, ed.,Race Relations and the Race Problem (NewYork: Greenwood Press, 1968), pág. 168.

10. Ver George D. Kelsey, Racism and ChristianUnderstanding of Man (New York: Scribner’s,1965), pág. 98.

11. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP:Casa Publicadora Brasileira, 1988), pág. 678.

12. Kelsey, pág. 162.13. Ver Jacques Barzun, Race: A Study in

Superstition (New York: Harper & Row,1965), págs. 47-48.

14. Ver Joseph Fletcher, Humanhood: Essays inBiomedical Ethics (Buffalo, NY: Prometheus,1979), págs. 12-18.

15. Dred Scott v. Standord, 60 U.S. 393 em 404.Ver também Curt Young, The Least of These(Chicago, Ill.: Moody Press, 1984), págs. 1-20.

“As mesmas influências que separavam os homens deCristo...acham-se hoje em dia em operação. O espírito queergueu a parede separatória entre judeus e gentios, está ainda ematividade. O orgulho e o preconceito têm construído fortes murosde separação entre as diferentes classes de homens.”1

1. Reconhecer preconceitos racistas. Como Pedro (Atos10), a harmonia racial e a cura não podem começar a existir amenos que tomemos este primeiro passo. Afirma David A.Rausch: “A atitude mais perigosa que possamos tomar é a depensar que não temos preconceitos. O perigo seguinte é de crerque tal preconceito não será capaz de tornar-nos frios eindiferentes de que ele não possa prejudicar nossa sociedade nemafetar nossa vida espiritual.”2

2. Confessar o pecado do racismo. A afirmação de Pedro— “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção depessoas” (Atos 10:34) — é um ato de confissão. Necessitamosconfessar nossos pecados raciais, cometidos por atos ou poromissão: preconceitos, paternalismo, discriminação, ódio,intolerância, avareza, omissão em falar ou tomar posição eoutros atos que traem uma posição racista. Tanto o culpadocomo a vítima do racismo encontrarão na confissão um caminhopara o perdão e a harmonia.

3. Procurar soluções bíblicas. O racismo não tem suasraízes na condição econômica ou política, mas no orgulho.Trata-se de um problema do coração que pode ser resolvidosomente através do novo nascimento. Reconciliação — e nãouma integração forçada — é a chave. A integração como uma

tentativa política pode tornar o racismo ilegal, e neste sentidoserá útil em reduzir os efeitos do racismo. Todavia, uma soluçãoduradoura só poderá ser encontrada na reconciliação através dopoder transformador de Cristo (II Coríntios 5:16-21).

4. Desenvolver relacionamentos inter-raciais. Apercepção de Pedro de que Deus não faz acepção de pessoascomeçou com uma oração e movimentou-se em direção dorelacionamento (Atos 10:23-29, 48). Pedro arriscou sua vida,sua carreira e sua posição a fim de estabelecer esserelacionamento entre ele (um judeu) e Cornélio (um gentio).Quando se estabelecem relacionamentos positivos e intencionaisem lares, vizinhanças, escolas e igrejas, etc., consegue-se umamelhor harmonia racial.

5. Tomar posição. Seja sensível a toda forma de injustiçaem qualquer forma e lugar onde ela se manifesta. Aresponsabilidade para tal jaz primeiramente sobre aqueles queestão em posição privilegiada, tal com João, que quisera quefogo do céu consumisse a aldeia samaritana, embora mais tardetenha ido para Samaria numa missão de amor (Lucas 9:52-54;Atos 8:14-25). Tomar posição inclui ir uma segunda milhaequipando e habilitando os não-privilegiados para alcançaremseu potencial máximo.

Notas e Referências1. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, SP: Casa

Publicadora Brasileira, 1990), pág. 403.2. David A. Rausch, Legacy of Hatred: Why Christians Must Not Forget the

Holocaust (Grand Rapids, Mich.: Baker Books, 1991), pág. 1.

Nós Podemos Promover a Harmonia Racial

16. Ver Gerhard Maier, Biblical Hermeneutics,Robert W. Yarbrough, trad. (Wheaton, Ill.:Crossway, 1994), pág. 23.

17. Benedict, pág. 98.18. Ver Robert Hughes, Culture of Complaint:

The Fraying of America (New York: OxfordUniversity Press, 1993), págs. 102-147.

19. Ver Sakae Kubo, The God of Relationships(Hagerstown, Md.: Review and Herald Publ.Assn., 1993), págs. 33-49. Este livro foirevisado em Diálogo 6:2 (1994), pág. 30.

20. C. H. Dodd, Christ and the New Humanity(Philadelphia: Fortress, 1965), pág. 2.

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Diálogo 7:1—1995

Observando um filme sobremissionários, da British BroadcastingCorporation, fiquei ciente disto de ummodo vívido. O cenário era uma clareira nomatagal denso da Nova Guiné. Um jovemcasal de missionários evangélicos estavamsentados juntos ao serem entrevistados.

Perguntas lhes foram feitas sobre seutrabalho com uma tribo nunca dantesalcançada por missionários cristãos. Tendoobservado o entrevistador em açãoanteriormente, eu podia adivinhar o queviria. Ele não me desapontou. Olhandodiretamente para a jovem esposa, o repórterperguntou: “Crê você realmente que estatribo estaria perdida eternamente se vocênão tivesse vindo ensinar-lhes sobre Jesus?Você há pouco declarou como é amáveleste povo. Por que faria Deus isto?”

A câmara enfocou seu rosto, quedenotava agitação e incerteza. Claramenteela fora ensinada que a resposta deveria ser“sim”, mas era tão difícil dizê-la e defendê-la em tal situação. Em desespero ela voltou-se para o marido que se esforçou para daruma resposta. A entrevista continuou, maso objetivo havia sido alcançado.

Resposta 2: UniversalismoO universalismo mantém que todos os

religiosos sinceros serão salvos. A maiorparte dos universalistas cristãos vê istocomo sendo efetuado por obra e mérito deJesus. Embora haja muitas explicaçõesdiferentes sobre como isto ocorre, umacoisa é certa: no fim todos os não-evan-gelizados — mesmo os que agora sãorebeldes — serão salvos. Uma minoria dosuniversalistas crê que Deus salvará todos adespeito de suas escolhas. Um númeromaior mantém que Deus continuarátrabalhando com as pessoas até todasfinalmente se convencerem de que ocaminho de Deus é o melhor.

O universalismo foi advogado na igrejaprimitiva pelos escritos de Origens. Caiuem desfavor e foi reavivado depois daReforma. Desde 1800 vem ganhando forçatanto entre protestantes como católicosromanos. Parte desse desenvolvimentoresulta da repulsa que muitos cristãossentem ante a posição restritivista.Proponentes bem conhecidos do século 20incluem biblicistas britânicos comoWilliam Barclay e John A. T. Robinson,bem como o teólogo norte-americano PaulTillich.

Entre os textos favoritos dosuniversalistas se encontram I Timóteo 4:10,em que Paulo fala de Deus que é “Salvadorde todos os homens”; Tito 2:11: “Porquantoa graça de Deus se manifestou salvadora atodos os homens”; e João 12:32, em que

ual é a sorte daqueles que não tiveram oportunidade de ouvir de Jesus? Serão eles salvos ou perdidos?Estas perguntas levam a outras

questões importantes. Como se relaciona ocristianismo com outras religiões? É ocristianismo de fato único no gênero?Deviam cristãos ser missionários? Não émissão um conceito colonial?

Estes não são problemas novos. Elestêm sido ponderados e debatidos porséculos. Mas com o mundo setransformando em uma vila, com suapopulação ultrapassando cinco bilhões ecom suas religiões se tornando a fé davizinhança, o problema assume maiorimportância hoje do que em qualqueroutro tempo. Nesta situação complexa, oscristãos precisam permanecer leais a seuSenhor e ao mesmo tempo achar respostasque satisfaçam suas próprias mentes esejam razoáveis aos que não partilham desua fé.

No curso dos anos, teólogos cristãosdesenvolveram três respostas básicas àsperguntas acima.1

Resposta 1: RestritivismoO restritivismo mantém que todos os

que não foram evangelizados estão

perdidos. A menos que as pessoas ouçam amensagem de Jesus e aceitem-na, não têmesperança. Esta tem sido a crença maisgeral através da história cristã. Agostinhomantinha esta opinião, como também JoãoCalvino. Muitos evangélicos modernoscontinuam a crer nela e pregá-la.2

Contudo, muitos cristãos hoje não aceitamesta posição.

A força desse conceito jaz em suamotivação poderosa a favor de missões. J.Hudson Taylor, o grande missionáriobritânico do último século, fundou suasociedade missionária nesta base.Proclamando que milhões de chinesesdesciam à sepultura condenados à morteeterna, Taylor moveu milhares a dar deseu dinheiro, tempo e até a vida para ointerior da China. Muitas sociedadesmissionárias do século 20 continuam afazer o mesmo.

Os restritivistas acham apoio para suaposição em passagens bíblicas tais comoJoão 3:36 (“Quem crê no Filho tem a vidaeterna; o que, todavia, se mantém rebeldecontra o Filho não verá a vida, mas sobreele permanece a ira de Deus”) e I João5:12: (“Aquele que tem o Filho tem a vida,aquele que não tem o Filho de Deus nãotem a vida.”).

O restritivista tem um problema.Como pode alguém crer num Deus justo eamante se pessoas se perderão porque nãotiveram oportunidade de ouvir as boasnovas de Jesus, não por culpa deles?

Há Esperançapara os Não-

Evangelizados?J o nD y b d a h l

Q

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Diálogo 7:1—1995

Jesus declara: “E Eu quando for levantadoda Terra, atrairei todos a Mim mesmo.”

A força da posição universalista é seuconceito de Deus. Um Ser divino que nofinal salva a todos pode ser visto comoamoroso e longânimo.

Por outro lado, os universalistas, setomarem a Bíblia seriamente, têmdificuldade em explicar por que Jesusmanda Seus seguidores levar Suamensagem de salvação “até os confins daTerra” (Atos 1:8) e fazer “discípulos detodas as nações” (Mateus 28:19). Por quetestemunhar se todos, em toda parte, serãosalvos afinal?

Resposta 3: InclusivismoEntre os dois extremos do restritivismo

e do universalismo está o inclusivismo, oua “esperança mais ampla”. Este conceitomantém que por causa daquilo que Deusfez mediante Jesus Cristo, todos os sincerosindagadores religiosos serão salvos. Se bemque Jesus seja a base da salvação, Ele podesalvar indagadores verdadeiros de outrasreligiões ou de nenhuma religião que nuncasouberam dEle. O inclusivismo difere douniversalismo pelo fato de que pessoas quenão são indagadoras verdadeiras se perdem.

Presentemente o inclusivismo estáganhando aderentes, freqüentemente comprejuízo do restritivismo. João Wesley, ofundador do metodismo e C. S. Lewis, opopular escritor cristão, estão entre aquelesque apoiaram o inclusivismo.

Que crêem os inclusivistas sobre comoa salvação se efetua? Alguns mantêm queDeus de algum modo dá a todos aoportunidade de ouvir de Jesus e tomar suadecisão. Um grupo admite umaevangelização especial efetuada depois damorte, enquanto outros vêem-na ocorrendoantes da morte. Ainda outro grupo crê queDeus não precisa evangelizar essa gente.Como Ele sabe todas as coisas, Ele podesimplesmente julgá-los na base de comoteriam respondido se tivessem ouvido amensagem.

Provavelmente o maior grupo senteque a sincera busca de Deus e fazer o que écorreto é tudo que importa para que asalvação se realize. Todos desta opiniãoconcordam que Deus pode salvar aspessoas mesmo sem contato com ummissionário cristão de carne e osso.

Como base bíblica para sua posição, osinclusivistas freqüentemente utilizamtextos usados por universalistas e atérestritivistas, mas os interpretamdiferentemente. Interpretariam “Salvadorde todos os homens” como significando aacessibilidade da salvação para todos, e nãoa necessidade de salvação. Os textos

usados pelos restritivistas falam danecessidade de “ter o Filho”, ou “obedecero Filho”. Os inclusivistas compreendemestes textos como significando que os não-evangelizados poderiam obter a salvaçãosem explicitamente conhecer o nome ou aidentidade de Jesus.

Os inclusivistas pretendem quepodem defender a bondade de Deus.Embora alguns se percam é por suaprópria escolha. Deus respeita sua escolha,não os forçando a viver no Céu.

Princípios importantes deavaliação

Quando estudamos essas váriasopiniões, devemos ter em mente quatroprincípios cruciais:

1. Cristãos sinceros e amantes daBíblia estão em todos os três grupos.Devemos resistir à tentação de julgaraqueles que discordam de nosso ponto devista como se fossem menos que cristãos.Advogados de quaisquer desses pontos devista poderiam dar um extenso estudobíblico em apoio de sua posição. Se aBíblia fosse inteiramente clara sobre oassunto, provavelmente não haveria tantavariação. Por razões que só Deus sabe, asEscrituras não tratam deste tópico tãoclaramente como gostaríamos.

2. Cristãos deveriam manter acentralidade e soberania de Jesus.Cristãos deveriam tomar seriamente aspalavras de Atos 4:12: “E não há salvaçãoem nenhum outro; porque abaixo do céunão existe nenhum outro nome, dado entreos homens, pelo qual importa que sejamossalvos.” Infelizmente, alguns conceitosextremos negam ou o poder de Jesus ou aposição única de Sua pessoa.

Muitos restritivistas parecem limitar opoder de Jesus. Ele pode, crêem eles,salvar apenas aqueles que podem seralcançados por um missionário. Creio queo Cristo ressurreto, a única fonte desalvação, tenha com efeito a habilidade desalvar as pessoas por meios fora desteúnico método. Esforçando-se para tomar aJesus seriamente como a fonte desalvação, restritivistas podem com efeitonegar algo de Seu poder soberano. Algunsuniversalistas parecem negar a posiçãoúnica de Jesus e sugerir que a salvaçãopode ser achada fora dEle. Dois autoresmodernos que advogam essa opinião sãoJohn Hick e Paul Knitter. Hick afirma:“Pode ser que uma [religião] facilita alibertação/salvação mais do que outras,mas se assim é, não é evidente à visãohumana. Tanto quanto podemos dizer sãotodas igualmente produtivas da transiçãodo eu para a realidade que podemos ver

nos santos de todas as tradições.”3

Creio que Jesus é único e que Ele é oúnico caminho para a salvação, mastambém sinto que indagadores sinceros deoutras religiões podem ser salvos. Genteque está perdida não precisanecessariamente saber nesta vida a fonteexata de sua salvação. Em suma,precisamos rejeitar a opinião que limita opoder de Jesus ou nega o lugar especial queas Escrituras lhe dão.

3. Os cristãos precisam manter umequilíbrio entre o amor e a justiça deDeus, e a ordem clara de testemunhar. ABíblia repetidamente enfatiza o amor e ajustiça de Deus como essencial para Seucaráter. Ela também encoraja os cristãos air e partilhar sua crença em Jesus comoutros (ver Mateus 9:37-38; 28:16-20;Lucas 24:46-49; Romanos 10:13-17; Atos1:8).

Prefiro chamar-me um inclusivistaconservador. Tal posição parece maispróxima de um equilíbrio real entre o amorde Deus e a validade de missão. Tanto orestritivismo como o universalismo deixamde alcançar um tal equilíbrio.

Creio que Deus comumente salvapessoas mediante mensageiros humanospartilhando Suas boas novas. Também creioque Deus é imparcial e amante e nãolimitado pelo nosso fracasso de dar amensagem. Ele lê o coração das pessoas ejulga de acordo. Embora Jesus seja semprea base da salvação de qualquer um, algunsque nunca ouviram Seu nome ainda podemser salvos por Ele.

Por que deveriaparticipar na Missão?

• Por causa da grandenecessidade de pessoas. Jesus viu asmultidões “desgarradas e errantescomo ovelhas que não têm pastor”(Mateus 9:36). Este é o motivo queEle deu para enviar obreiros àcolheita. Necessidades espirituais,sociais, familiares e físicas esmagamnosso mundo hoje.

• Por que Jesus o ordena. Agrande tarefa é uma ordem, não umasugestão. Jesus sabia o que dizia.Mesmo sem entender todos osmotivos, os seguidores de Jesusgostam de obedecer Suas ordens (verMateus 28:18-20; Marcos 16:15-16;Lucas 24:48-49; João 20:21; Atos1:8).

Continua na pág. 29

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Diálogo 7:1—1995

P E R F I L ● ● ● ● ● ● ●

Elfred LeeDiálogo com um Artista Adventista noMéxico

Elfred Lee é ilustrador e pintor bem conhecido, que presentemente leciona na Universidad deMontemorelos, uma universidade adventista no México. Nasceu em Seul, Coréia, em 1940, de paismissionários. Quando ainda criança, ele e sua família passaram três anos em campos japoneses paraprisioneiros de guerra, nas Filipinas. Libertados por pára-quedistas quando iam ser executados, afamília voltou para a Coréia, de onde escaparam de novo em 1950 por causa da invasão comunista.

Depois de completar seus estudos básicos no Japão e em Cingapura, Lee obteve um bacharelado dearte comercial no Pacific Union College, na Califórnia. Quando estava no exército, no Vietnã, teveque saltar de um helicóptero para uma missão fotográfica. Mais tarde obteve um mestrado em BelasArtes na Syracuse University. Lee lecionou artes no Columbia Union College, Instituto Weimar e noOakwood College, e também trabalhou como diretor de arte na Review and Herald.

Embora tenha experimentado os aspectos feios e penosos da vida, a arte de Elfred Lee se destaca por sua beleza eserenidade. Ele escolheu retratar o sentimento exaltante de paz e alegria que caracteriza a vida cristã.

■ Quando você primeiro se interessoupela arte?

Num campo de prisioneiros, nasFilipinas, quando tinha quatro anos.Havia um companheiro de prisãochamado Pedro, que desenhava retratoscom lápis de cores. Também comecei adesenhar, imitando-o o melhor possível.Fiz retratos de nossos guardas japonesese das cenas de campo. De algum modo,isto me ajudou a fugir das terríveiscondições, pois mal estávamossobrevivendo então.

■ Que o ajudou a desenvolver seutalento artístico?

Dou graças a Deus e aos meus paisque sempre me apoiavam e encorajavam.Quando adolescente no Japão, comecei apintar a óleo e aquarela com um pintorilustre. Mais tarde, Vernon Nye, meu

professor principal no Pacific UnionCollege, ampliou e guiou meudesenvolvimento. Tive também oprivilégio de trabalhar com HarryAnderson, um destacado artistaadventista cujo trabalho tem abençoadomilhares. Quando trabalhava comodiretor de artes na Review and Herald,colaborei em Histórias da Bíblia, eestive envolvido na publicação do livroThe Man Behind the Paintings, que foium pequeno tributo a esse homemverdadeiramente notável. Muitospintores clássicos, impressionistas esurrealistas também influenciaram meutrabalho.

■ Sob que circunstâncias você foi aoVietnã?

Fui recrutado quando estava fazendomeu mestrado em artes. O Exércitotreinou-me em ilustração médica efilmagem no Walter Reed Army MedicalCenter, em Washington, D.C. De lá fuienviado para filmar e fotografar osaspectos médicos da guerra. Às vezesestávamos em circunstâncias perigosas,atrás das linhas do inimigo. Embora euvisse muita morte e mais de uma vez

tive sangue espirrado sobre o meuequipamento, Deus me protegeu. Algunsdos milhares de slides e muitos metrosde filme que tirei no Vietnã são usadosem fitas e documentários sobre a guerra.

■ Você teve outras experiênciasmemoráveis?

Em 1969 me pediram queparticipasse como ilustrador e filmadorna busca da arca de Noé, no MonteArarate, na Turquia. Subimos amontanha e achamos madeira antigatrabalhada. Através dos anos permanecimuito envolvido em pesquisasarqueológicas, incluindo consulta sobremuitos livros e filmes sobre o assunto.

■ Sua vida tem sido cheia de aventuras!É verdade, e apesar das muitas

mudanças permaneci sempre um artista.Cada experiência me tem enriquecido eme tem feito crescer. Além da alegria detrabalhar como ilustrador e pintor, tenhotido a satisfação de promover o talentode dezenas de jovens artistas adventistasque agora estão se destacando em muitaspartes do mundo.

■ Qual é sua posição no contínuo entrearte comercial e bela arte?

Há, naturalmente, tensão entre estasduas áreas. Embora preferindo a bela

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arte, acho que a ilustração serve comouma ponte entre as duas. Um bomilustrador deve ser também um bomartista com a disciplina técnica do artistacomercial.

■ Quais são seus temas favoritos em suaarte?

Embora respeite o estilo abstrato eoutros, sempre gostei do realismo. Deusme deu a habilidade de desenhar faces efiguras com realismo, freqüentementecom um fundo natural. Como um free-lancer, já tive a oportunidade de fazer osretratos de gente famosa como oprimeiro-ministro das Bermudas — SirJohn Swan, o Presidente Ronald Reagane outros. A pedido do ator BurtReynolds, fiz o retrato dele e de LoniAnderson. Martha, minha esposa, é meumodelo favorito, crítica, apoiadora einspiração. Meus filhos têm servido demodelo várias vezes. Mas a figura à qualvolto constantemente é Jesus. Gosto depintá-Lo em diferentes cenários.

■ Você prefere um material específico?Gosto de todos — lápis, aquarela,

óleo, mas estou usando mais acrílicoagora. É um bom material que está setornando rapidamente aceito em belaarte. O acrílico é um plástico e por tantoé muito flexível, seca depressa e nãoracha. Se os artistas clássicos tivessemacrílico, sua pinturas estariam emmelhores condições hoje.

■ Que desafios enfrenta como artista?Tempo—ter suficiente tempo para

pintar tudo que gosto. É frustrante paramim ser interrompido no meio de ummomento de inspiração. Isto ilustra atensão inevitável entre obedecer suavocação artística e ajudar, como profes-sor, o desenvolvimento de jovens artistas— embora nunca possa considerá-losuma “interrupção”. Na Universidadeprocuro combinar as duas atividadestendo em meu estúdio pinturas emacabamento, de modo que os estudantesme possam ver trabalhando. Foi assimque aprendi, observando meus mestresno trabalho e imitando seu exemplo deminha perspectiva própria. Naturalmentetive também de lutar com minhaslimitações como artista, e com minhasimperfeições pessoais como ser humano.

■ Que diferença sua fé cristã fez em suavida?

Todo quadro que pinto, oro para queseja uma bênção a alguém. Sinto queDeus me deu um talento que devo

desenvolver e usar para Sua glória. Nãoprecisa ser um quadro religioso ou umabela reprodução de Jesus. Um panoramaou o estudo de um rosto pode tambémhonrar a Deus como o Criador de tudoque é belo, puro e edificante.

■ Que parte tem Deus em sua vida?Ao olhar em retrospecto, vejo Deus

me guiando passo a passo. Sob Suadireção toda experiência — mesmo asdolorosas — têm sido um passo que medeu direção para estar onde estou hojecomo artista e cristão.

■ Como se alimenta espiritualmente?A devoção pessoal é muito

importante — permanecer em conversacom Deus. Minha esposa e eu gostamosde estudar a Bíblia e as lições da EscolaSabatina juntos. Também ouço músicaclássica ou evangélica quando pinto.

■ Você tem oportunidade de partilharsuas convicções religiosas com clientesnão-cristãos?

Sim, mas procuro fazê-lo de ummodo natural. Por exemplo, quando BurtReynolds me pediu para pintar LoniAnderson em seu lar, notei que elestinham uma dieta vegetariana baixa emcolesterol. Isto me permitiu partilhar comeles nossas idéias sobre saúde e tambémalguns conceitos espirituais. Loni éparticularmente sensível e espiritual.Conversamos durante horas. A arte abreas portas e corações que freqüentementeestão fechados a pregadores evangelistas.

■ Você tem passatempos?Gosto de fazer excursões, viajar e

fotografar. Também gosto de ver a vidade seres marinhos debaixo d’água.Quando jovem pratiquei snorkeling emCingapura. Mais tarde participei de umaexpedição de mergulho no Mar Vermelhoem busca de evidências arqueológicas datravessia dos israelitas no Êxodo.Encontramos rodas da carruagemegípcia.

■ Que lhe dá a maior satisfação comoartista?

Um trabalho bem feito. Suponho queisto é semelhante, ao nível humano, àsatisfação que Deus expressou quando,depois de completar Sua obra da criação,disse: “É muito boa!” Naturalmente meutrabalho nem sempre é bom. Raramente étão bom como concebi ou tão bom comoeu gostaria que fosse. Mas gosto deentregar uma obra completa e ver os

clientes satisfeitos. Saber que eles sesentem abençoados com o quadro valemuito mais do que o dinheiro para mim.

■ Pensa que as habilidades artísticassão herdadas ou aprendidas?

Creio que, como a música e o canto,a aptidão básica de desenhar ou pintarbem é herdada. A arte não é fácil. Deusdá os talentos e nós temos dedesenvolvê-los.

■ Que conselho daria a um jovemadventista que acaba de descobrir quetem talento artístico?

Eu diria: Pratique o desenho!Desenvolva sua habilidade de ver etambém sua coordenação de olho e mão.E pinte também, nunca olvidando que odesenho é a base de toda boa arte visual.Tome classes, estude alguns livros dearte, faça-se amigo de um bom artista.Desenhe o que você vê — naturezamorta, panoramas, rostos. Se você podedesenhar o rosto humano corretamente,você pode desenhar não importa o quê.

■ Como será lembrado como artista?Esta é uma pergunta difícil. Nem sei

se serei lembrado! Somente espero quetenha feito deste mundo um lugarmelhor. Também espero que por minhaarte as pessoas sejam inspiradas a chegarmais perto de Deus, nosso Criador eSalvador.

■ Imagina que estará pintando na NovaTerra?

Certamente. E serei atrevidobastante para pedir que Jesus me permitafazer Seu retrato.

Entrevista comHumberto M. Rasi

Humberto M. Rasi é diretor doDepartamento de Educação da AssociaçãoGeral e editor da revista DIÁLOGO.

O endereço de Elfred Lee: Universidad deMontemorelos; Apartado 16; Montemorelos,N.L. 67500; México. Ou: 1101 E. Pecan #120;McAllen, TX 78501; E.U.A.

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Diálogo 7:1—1995

P E R F I L ● ● ● ● ● ● ●

Birgid FaberDiálogo com uma Ortodontista Adventistana Alemanha

Birgid Faber é ortodontista e exerce prática particular em Mittelhessen, Alemanha. Nascida num laradventista, ela freqüentou a escola secundária adventista em Marienhoehe e mais tarde terminou seumestrado em odontologia na Universidade de Marburg. Estando em Marienhoehe, ela encontrou seufuturo marido, Roland, que hoje é advogado. Eles têm dois filhos, Christian (18), e Matthias (16),ambos em escola secundária.

A Dra. Faber e seu esposo são ativos em sua igreja local. Ela também colabora como membro daJunta Executiva da Divisão Euro-Africana. Esta entrevista foi realizada durante uma de suas visitas àsede da divisão em Berna, Suíça.

■ Dra. Faber, por que a senhoraescolheu a profissão de dentista?

Meus pais eram dentistas e tinhamuma clínica particular em nossa casa.Desde criança me senti impressionadapelo amor que demonstravam por seutrabalho, mesmo quando minha mãetinha que lidar com sua dupla função demãe e profissional. Assim, quandoterminei meu curso de odontologia,decidi especializar-me em cirurgiadental para crianças. Esta especialidademe permite organizar meu própriohorário e, portanto, ter tempo paraprosseguir minha carreira ao mesmotempo que sou esposa, mãe e líder emnossa igreja adventista local.

■ Quando decidiu unir-se à igrejaadventista?

Meus pais tornaram-se membrospouco tempo antes de meu nascimento.Eles me proporcionaram um lar cristãofeliz. Entreguei minha vida a JesusCristo e fui batizada aos 16 anos, quandoera aluna em Marienhoehe. Roland, meufuturo esposo, também se batizou alicom a mesma idade.

■ A senhora enfrentou desafios à suacrença adventista quando estava nauniversidade?

Logo depois de iniciar meus estudosna Universidade de Marburg, percebique a maioria das universidades alemãstêm aulas de laboratório de química nosábado. Busquei a ajuda de Deus paratratar de resolver essa dificuldade.Procurei outras universidades ondepoderia completar aquele requisito semfreqüentar os laboratórios no sábado.Primeiramente, pedi transferência paraGiessen, uma cidade universitáriavizinha onde a prática de laboratórioestava estabelecida para um dia dasemana. Entretanto, encontrei muitaintolerância do professorado e zombariados alunos. De forma que soliciteitransferência para a Universidade deWurzburg, onde um adventista dava aulade anatomia. Pude terminar as matériasbásicas de ciências ali, sem maioresdificuldades. Se não tivesse êxito ali, jáestava decidida a abandonar o ramo dasaúde e escolher outra carreira que nãoexigisse aulas no sábado.

■ Foi fácil transferir-se novamente paraa Universidade de Marburg?

Não. Meu conselheiro me haviadado autorização para estudar somenteum ou dois semestres em Wurzburg. Eu

havia tomado mais tempo. Além domais, naquela época somente um númerolimitado de alunos era admitido nasuniversidades alemãs. Foi unicamentegraças às orações e à intervenção de umcolega de meu pai que me permitiramingressar novamente na Universidade deMarburg e continuar meus estudos.Tenho certeza de que Deus esteve àfrente de ambas mudanças, emboramuitos companheiros meus nãoconseguissem entender por que eu agiade maneira tão estranha.

■ A senhora enfrentou outrasdificuldades ao continuar seus estudos?

Durante a etapa clínica doprograma, a parte pato-histológica deuma classe requisito também era dada nosábado. Como já o sabia, tomeiprovidências para tomar uma matériaequivalente em outro departamentomédico da universidade. Essa matériaera muito mais complexa e exigia muitomais tempo que a outra, mas com alegriame conformei em tomá-la, porque eradada em dias de semana. Adaptando oshorários de todas as demais classes,pude terminar meu curso de odontologiacomo planejado e imediatamentecomecei minha especialização. Tambémaí pude sentir que Deus me guiava demaneira especial, pois apenas umnúmero limitado de vagas estavadisponível em odontologia ortopédica.

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Não somente obtive um lugar, senão queme disseram para dedicar-meimediatamente a um projeto doutoralnessa especialidade. Assim, num temporelativamente curto, Deus me ajudou afinalizar meus estudos, dedicar-me auma especialização e obter meudoutorado.

■ Como a senhora descreveria oambiente religioso na Alemanha hoje?

É uma ironia que aqui na Alemanha— a terra da Reforma e um país deherança cristã tão rica — a fé num DeusCriador praticamente desapareceu entrea maioria da população. O mesmoacontece em outros países da Europa.Mas, por outro lado, existe um interessemarcante pelas religiões orientais e atémesmo pelo islamismo. A Nova Era e ooculto parecem ganhar terreno,exercendo uma influência poderosasobre crianças e jovens em brinquedos,literatura, música, artes e cinema.

■ Mudando de assunto, o muro deBerlim, que dividiu a Alemanha portanto tempo, já não existe. Quais foramas conseqüências desse acontecimentopara a Igreja Adventista?

A queda do muro teve um efeito dedominó em muitas outras barreirashumanas. Os alemães já não estavamseparados por uma divisão política. Osadventistas, que se uniam por umamesma fé e compartilhavam os mesmosobjetivos, puderam reunir-se novamentee adorar juntos como membros dafamília de Deus. Foram feitos reajustesorganizacionais que agora nos permitemtrabalhar unidos.

■ Que desafios enfrentamos como igrejana Alemanha?

Internamente, nosso maior desafio élevar os jovens a Cristo e motivá-los aserem amigos dEle pelo resto de suasvidas. Satanás os segue a toda parte,procurando tentá-los e destruir suasvidas. Devemos encontrar maneiras decuidar das necessidades espirituais esociais de nossas crianças e jovens eenvolvê-los na missão da igreja.

Somos aproximadamente 35.000membros adventistas na Alemanha.Nosso maior desafio missionário é sabercompartilhar uma fé viva em Cristo comuma população de mais de 80 milhões depessoas.

■ Os adventistas na Alemanha seinteressam pelas necessidades de outrosfora de suas fronteiras?

Sim. Somos sensíveis ao sofrimentodas pessoas em países como Rússia,

Romênia, Polônia e Bósnia eproporcionamos considerável quantidadede materiais aos necessitados. Alguns denossos jovens também colaboram comoestudantes missionários no Exterior porperíodos curtos.

■ Conte-nos a respeito da igrejaadventista à qual pertencem a senhora eseu esposo.

Nossa congregação possuiaproximadamente 30 membros. Nospreocupamos e zelamos uns pelosoutros. Além do companheirismodurante a escola sabatina e o culto,tentamos manter-nos em contato duranteos dias da semana. Felizmente nãoexistem conflitos de gerações entre nós.Contudo, gostaria que dedicássemosmais tempo e energia em servir a outrosque estão fora desse círculo deamizades. Isso permitiria queajudássemos de maneira prática econtribuiria para que não nos vissemsimplesmente como “cristãosesquisitos”.

■ Acha que sua fé cristã é umavantagem no exercício de sua profissão?

Sim. Eu sinto imenso prazer de ir aotrabalho cada dia. Uma das razões é aboa atmosfera que desfrutamos em nossoconsultório. Os pacientes e seus paismuitas vezes comentam que raramenteencontram um consultório ondepercebem tão grande amabilidade, calore cuidado pelas crianças como no nosso.Claro que se requer muita energia paramanter essa atmosfera agradável. Énesse momento que preciso de fé eoração.

■ A senhora tem oportunidades decompartilhar sua fé ao praticar suaprofissão?

Sendo ortodontista, lido comcrianças que geralmente vêm aoconsultório com seus pais. Isso permiteque lhes dirija a atenção ao evangelho,por exemplo, colocando certo tipo deliteratura em nossa sala de espera.Moramos numa área bem religiosa, ondeexistem diferentes denominaçõesreligiosas e uma forte influência pietista.Quando animo as crianças aparticiparem dos grupos de jovens ou air a um passeio cristão, geralmenteencontro um solo preparado e fértil. Emvárias ocasiões tive debates espirituaiscom seus pais. Sinto-me feliz nãosomente de poder cuidar das crianças deforma a garantir-lhes dentes bem

formados e aumentar sua confiançaprópria, mas também de ter apossibilidade de falar com elas e seuspais sobre a necessidade da presença deDeus em suas vidas.

■ Percebemos que a senhora pôdeconciliar harmoniosamente suas funçõesno círculo familiar, profissional e daigreja.

Sim! Oro diariamente pelas pessoasa meu redor, pedindo que Deus me ajudea mostrar-lhes Seu amor por elas e dar-lhes desse amor também. Preocupo-mepelas pessoas e passo boa parte do meutempo conversando com elas, esperandoque o Espírito Santo possa atuar em Suasvidas.

■ A senhora tem algum “hobby”?Não no sentido comum da palavra.

Meus “hobbies” são as pessoas: minhafamília, meu irmãos na fé e outros cujasvidas posso tocar. Acho que esse é omeu chamado e isso me dá imensasatisfação pessoal.

Entrevista porJohn Graz

O Dr. John Graz colabora como diretor deJovens e de Comunicação da Divisão Euro-Africana dos Adventistas do Sétimo Dia emBerna, Suíça.

Network deAdventistasProfissionais

É você um Adventista do SétimoDia com diploma acadêmico ouprofissional? Gostaria de participar donetwork (APN) e entrar em contatocom colegas adventistas da sua área,disciplina ou profissão ao redor domundo?

Nós podemos ajudá-lo a fazer isso.Envie-nos seu nome e endereço, e lheenviaremos a inscrição imediatamente.Anime seus amigos a se inscreveremtambém. Entre em contato conosco:

Adventist Professionals’ Networka/c Dialogue12501 Old Columbia PikeSilver Spring, MD 20904 E.U.A.Fax: (301) 622-9627

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Diálogo 7:1—1995

L O G O S ● ● ● ● ● ● ●

“Uma rosa com qualquer outro nometeria a mesma doce fragrância.” —Shakespeare.

Mas não esta. De repente ela saiu deum beco escuro, saltou na minha frente epegou minhas mãos. Ela implorou: “Porfavor, senhor, faça amor comigo.” Em suaaparência não havia beleza; em sua vozhavia tragédia. Ela devia ter 11 ou 12anos. Mesmo em contraste com assombras da escuridão, pude perceber adoçura da inocência escrita em seu rosto.

minha mente. Não, essa criança não deveestar à venda nem ser condenada. E quemsou eu para perdoá-la?

Disse-lhe: “Vem comigo, Rosa, vamoscomprar alguma coisa para comer.”Compramos frango assado, batatas fritas eleite. Sentei-me na rua com Rosa, sua mãe eo pequeno bebê. Enquanto comiam suaprimeira refeição descente em vários dias,elas me contaram sua história — de pobreza,de serem penhores nas mãos do poder e dainjustiça.

Rosa era a filha mais velha de umafamília jovem. Seu pai era um fazendeiro desubsistência própria. A vida era dura. Apesarde seu suor e labuta, o diminuto pedaço deterra que possuía não alcançava parasustentar a família. Ali perto, uma grandecompanhia multinacional havia estabelecidouma indústria produtora e processadora dealimentos. Eles necessitavam mais terras ecomeçaram a comprar pequenaspropriedades em troca de trabalho. O pai deRosa vendeu sua terra e entrou para afábrica. Mas os trabalhadores perceberamlogo que a companhia lhes pagava saláriosabaixo da média. Eles solicitaram opagamento adequado à gerência e foramdespedidos. Centenas deles esperavam noportão cada dia para trabalhar por qualquerpreço.

Os pais de Rosa tinham uma únicasaída: ir para a cidade, onde, de uma maneiraou outra, era possível sobreviver. Comomoradia, alugaram um barracão numa favelana periferia da cidade. Os três se uniram aoutras 85.000 pessoas que vivem comosardinhas enlatadas em três hectares deterreno pantanoso. O pai de Rosa encontroutrabalho entregando produtos de umamercearia em casas particulares. O trabalhoera duro. As horas não terminavam nunca.Em pouco tempo ele começou a tossirsangue. Alguns meses depois, a tuberculosecolheu seu fruto. Rosa e sua mãe estavam narua. Sem qualificações para trabalhar, a mãerecorreu à profissão mais antiga do mundo,enquanto Rosa cuidava da pequena bolsinhade plástico que continha todas suas possesterrenas.

A irmãzinha bebê de Rosa era umamenina de rua, concebida e nascida nas ruas.Nos últimos meses da gravidez de sua mãe,Rosa, que tinha 10 anos, teve que fazer seusacrifício extremo em busca dasobrevivência. Ela se tornou o ganha-pão.“Por favor, senhor...” era o começo de suasúplica noite após noite.

Minhas emoções estavam em tumultoao ouvir os intermináveis ecos daquelasúplica. Estava com raiva e em choque.Como se permitia tamanha injustiça?Indiquei à Rosa e sua mãe onde poderiam

A Súplicade Rosa

D av i d R .S y m e

Eu conhecia bem a cidade. Conheciasuas selvas de concreto e suadesumanidade. Conhecia sua pobreza earrogância. Mas não estava preparado paraesse encontro na escuridão. Cheio de justiçaprópria como era, comecei o meu sermão.“Mocinha, você sabe o que está dizendo?Não ouviu falar da AIDS? Não sabe quevocê vai morrer se continuar vivendoassim?”

Mas Rosa estava mais preocupada coma minha saúde. Disse ela: “O senhor nãoprecisa se preocupar, eu tenho camisinha.”

Ah, vida miserável!Disse-lhe: “Você é ainda muito jovem

para morrer. Vá para casa, para junto dosseus pais.”

Ia embora, enojado, e por um instantefiquei atordoado. Mas essa sensação sedesfez com a súplica de Rosa. Apontandopara a rua, ela disse: “Esta é a minha casa, eminha mãe e minha irmãzinha bebê estãoali na esquina. Faz três dias que nãocomemos e vamos morrer de qualquer jeito.Por favor, senhor...”

Sua súplica sacudiu minha presunção epude sentir dentro de mim mesmo a agoniade seu rogo. Por quê? Por que essa criança?Senhor, que farias Tu?

A imagem de um dedo eterno aescrever nas areias da Palestina cruzou pela

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Diálogo 7:1—1995

encontrar ajuda e parti, deixando-lhesdinheiro suficiente para algumas semanas.

Aquela foi a última vez que vi Rosa.Voltei àquela cidade várias vezes desdeentão. Em cada ocasião tentei encontrarRosa, mas em vão.

Porém, a súplica de Rosa ainda soaem meus ouvidos. Surgem perguntasdifíceis para mim, e espero que tambémpara você que é cristão. Existem centenasde Rosas presas na rede da injustiça —feridas, famintas e sem esperança. O quedeveríamos fazer? Não existem respostassimples. Mas algo sabemos com certeza:nosso Deus afirma constantemente Seuinteresse pelos pobres e declara Seusjuízos contra a cobiça e a injustiça. Ele é oDeus que exige que Seus seguidores“Façam justiça para os pobres e os órfãos!Sejam honestos com as pessoas aflitas esem ajuda! Socorram os fracos enecessitados! Salvem os pobres das mãosdos homens malvados” (Salmo 82:3, 4).

Jesus definiu Sua missão em termossemelhantes. No início de Seu ministério,Ele Se declarou o Redentor, “para pregar aBoa Nova aos pobres; ... para anunciar queos presos serão libertados...; que osoprimidos serão libertados de seusopressores, e que Deus está pronto aabençoar todos aqueles que vêm a Ele”(Lucas 4:18, 19).

Nos últimos dias, Jesus Se colocarácomo Juiz do Universo e Sua avaliação dahumanidade estará relacionada a duasquestões: Conhecemos a Deus na pessoade Seu Filho? Ministramos-Lhe atravésdas necessidades dos pobres e dosmarginalizados?

Nesse contexto bíblico, eu, comocristão, sou chamado a atender asnecessidades humanas. Fazê-lo pode serdifícil e arriscado. Talvez implique muitosgastos e não produza frutos. Mas nãoexiste escapatória.

A pergunta definitiva em relação àminha própria salvação não é quantasvidas mudei ou quanta injustiça impedi,mas quanto de mim mesmo dei a outro serhumano em necessidade. Agora mesmo eunão sei onde estão Rosa, sua mãe eirmãzinha. Não sei se o que fiz alterousuas vidas. Mas isto sei: a paz que provémquando, no frescor de uma trágica noite, oDeus dos pobres passou por cima de meupreconceito e julgamento instintivos, e meajudou a ouvir uma obcecante súplica. Asúplica de Rosa.

David R. Syme, nascido na Inglaterra, édiretor para o desenvolvimento da Missão GlobalAdventista. Ele trabalhou como enfermeiro epastor na África.

á faz algum tempo que os líderes dasuniões estudantis adventistas vêmperguntando se existe um logotipo

internacional que possam usar comosímbolo de suas atividades. Atendendo estedesejo, o Commitee on Adventist Ministryto College and University Students(AMiCUS) — ou seja, a Comissão deApoio a Universitários e ProfissionaisAdventistas (CAUPA) — pediu a um grupode desenhistas jovens que elaborassem umlogotipo que pudesse ser usado em papéisde carta para a união, em camisetas, marca-páginas, sacolas e cartazes de propagandadas atividades do grupo.

Tim e Georgina Larson desenharamum símbolo interessante para identificar epromover a sua união estudantil,conectando-a a grupos adventistassemelhantes ao redor do mundo. Tim eGeorgina explicam o que eles desejamtransmitir com este símbolo:

“Os perfis estilizados dos estudantesrepresentam a natureza internacional emulti-étnica da família adventista. Elesdemonstram determinação em sua busca

J acadêmica e caminham para frente emdireção às carreiras e profissõesescolhidas. O mundo em último planoindica que, como Jesus mesmo disse,estamos no mundo para uma missão, masnão somos do mundo. As linhas que seestendem para a direita apontam parafrente e para cima, simbolizando o sentidode direção espiritual e moral que deveriadistinguir a comunidade estudantiladventista. Finalmente, na parte de baixo,a cruz indica o fundamento de nossosprincípios e o propósito de servir a outroscomo Cristo o fez, motivados por um amorabnegado.”

Se você é dirigente de uma uniãoestudantil adventista ou um representanteda CAUPA e gostaria de receber umacópia da arte-final desse novo logotipo,solicite-o gratuitamente do nossorepresentante para sua região (pág. 2).Você pode adaptá-lo às suas necessidades,colocando nele o nome de sua própriaunião estudantil. Você também podesolicitar uma cópia do logotipo ao editorde DIÁLOGO.

NovoLogotipoparaCAUPA

Você vai me ajudar?Eu estava com fome, e você formou um grupo para discutir as minhas

necessidades.

Eu estava na prisão, e você indicou uma comissão para estudar as causas do

crime.

Eu estava nu, e na sua mente você debateu a moralidade da minha

aparência.

Eu estava doente, e você agradeceu a Deus por sua própria boa saúde.

Eu estava sem lar, e você me pregou sobre o abrigo do amor de Deus.

Eu estava só, e você me deixou sozinho para orar por mim com sua família.

Você parece tão santo, tão perto de Deus, mas eu ainda estou faminto,

doente, sozinho e com frio.

Para uma versão diferente, leia as palavras de Jesus em Mateus 25:31-40.

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Diálogo 7:1—1995

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G . T. N g

Mas isso não foi tudo. Mais vitóriasestavam à espera dos jovens missionários.Como parte da comemoração naquelememorável sábado, outras quatro pessoasforam batizadas: carpinteiros que tinhamajudado a construir a igreja. Todas as noites,por quatro meses, os missionários deramestudos bíblicos a sete carpinteiros, e agoraquatro deles davam um passo à frente paraentregar suas vidas a Cristo. Forambatizados no batistério que eles mesmoshaviam construído.

Um pouco mais tarde, seguiu-se outracampanha evangelística. Desta vez um dospastores da área conduziu a pregação. Vintee três foram batizados, incluindo 11 ex-Testemunhas de Jeová e um policial.

Para a RússiaEnquanto isso, um companheiro

missionário de Shin, Caledônio del Rosário,foi para a Rússia, onde teve umaexperiência bastante rara. Numa cidade naIlha Sakhalin, Rosário e seu grupoembarcaram em um programa de línguainglesa. Apesar da oposição de um grupo deoutra igreja, 50 alunos se matricularam.Depois de um mês, o grupo fez preparativospara uma série evangelística, tendo comoprincipal audiência os alunos das aulas delínguas. Tudo estava pronto, mas o oradorda associação local não compareceu nanoite de abertura. Rosário teve quepreencher a vaga. Ele não sabia o que dizerou fazer, mas sabia que podia contar com aajuda do Alto. Durante toda a semana elepregou, e ao final da campanha, 10 alunosforam batizados. Por que esses jovens seentregaram à Cristo? Diz Rosário: “Eles

hin deixou a universidade. Não por causa de más notas. Não porque ele não pudesse pagar a mensalidade,

mas por causa do que ele considerava “omaior desafio do século”. Há bastantetempo, Shin vinha escutando históriasemocionantes do Movimento Missionário1.000. Concebido por fé e executado comvisão, o Movimento prepara, equipa emotiva a juventude da Divisão Asiática doPacífico (DAP) a dar um ano de suas vidaspara compartilhar o evangelho compessoas que de outra maneira nunca teriamuma oportunidade como essa. Inspiradopelo que escutou, Shin se inscreveu parase tornar um missionário não-assalariado eregozijou-se quando foi aceito peloMovimento Missionário 1.000.

Shin angariou seus próprios fundospara ir para as Filipinas, para a sede doMovimento Missionário 1.000, localizadoao norte de Manila, a uma hora de carro.

Ele passou os primeiros dois mesesem um curso intensivo de língua inglesa eos dois meses seguintes em treinamentomissionário intercultural. Junto com outros51 formandos, ele ouviu o desafioapresentado pelo orador da formatura paradedicar um ano ao serviço de Deus, e senecessário, morrer pela causa de Cristo.Ele estremeceu ao pensar na possibilidadede ser um mártir. Mas seu compromissopermaneceu firme; viesse o que viesse, eledaria sua vida a Deus sem reservas.

Uma batalha numa arenade briga-de-galo

Shin e cinco outros jovensmissionários foram evangelizar a ilha deBohol, no centro das Filipinas. Uma dasprimeiras coisas que fizeram foi preparar opovo da cidade de Carmen para umacampanha evangelística. Alugaram umaarena de briga-de-galo, da localidade, paraos encontros. Por duas semanas, ao invésde galos brigando com galos, travou-se aíuma luta implacável entre o bem e o mal.Deus emergiu como o vitorioso quando 53novos crentes adventistas foram batizados.

Para acolher os recém-conversos,Shin e sua equipe decidiram erigir umaigreja, mas nenhum deles jamais haviaconstruído nada mais que um casebre.Porém, os convites de Deus criampossibilidades. Os missionários lançaram afundação de uma igreja para 150 membrosem 25 de julho de 1994. O espírito deserviço era tão forte nesses jovensmissionários que eles somavam comoajudantes na construção à noite. Durante odia eles visitavam prédios recém-construídos, procurando por dicas emconstrução. Quando os fundos seacabaram, eles oraram, e o Senhormilagrosamente proveu US$15.000.

O dia 12 de novembro de 1994 foi umdia do qual Shin e seu grupo nunca seesquecerão. Nesse dia, eles e os recém-conversos adoraram a Deus na nova igrejapela primeira vez. Eles choraram emagradecimento e de alegria. Louvaram aoDeus soberano que transformou emrealidade seu projeto de fé. O Senhor tinhamais que suprido todas as suas faltas emfé, experiência e recursos.

Caledônio del Rosário, evangelistaimprovisado, na Rússia.

E M A Ç Ã O

S

Juventude com uma Missão:

O MovimentoMissionário

1.000

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Diálogo 7:1—1995

vieram porque estavam sedentos de ouvir aPalavra de Deus. Milhões na Rússia, hoje,estão esperando para ouvir o evangelho.”

Um projeto de féEssas são apenas duas das muitas

experiências emocionantes relatadas porjovens, homens e mulheres que ingressaramno Movimento Missionário 1.000. Iniciadoem 1993, o Movimento é um projeto deMissão Global do Seminário Teológico doInstituto Adventista Internacional deEstudos Avançados, localizado perto deManila, Filipinas. A idéia foi concebidapelo corpo docente da faculdade quandocomeçaram a compreender completamenteas necessidades de bilhões de pessoas aindanão alcançadas na Divisão Asiática doPacífico. Com exceção da Coréia e dasFilipinas, a grande maioria da população daDAP, em 17 países, dificilmente é atingidapelas mensagens dos três anjos. De fato, onúmero de membros de toda a DAP é bemmenos que um por cento da populaçãoasiática total.

A segunda preocupação dos professoresdo Seminário era a perda trágica de jovensda igreja na DAP. A pesquisa de 1993 daComissão sobre Jovens mostrou que pelomenos 37 por cento dos jovens adventistasdeixam a igreja depois de batizados. A idéiade que dois em cada cinco jovensabandonam a igreja clamou por maneirascriativas para mantê-los envolvidos eparticipantes na vida da igreja.

Assim começou o MovimentoMissionário 1.000, sob a liderança do corpodocente do Seminário dirigido pelo ReitorJairyong Lee. O resultado tem sidoencorajador. Os jovens têm respondido

entusiasticamente aos desafios. Até agora291 jovens foram treinados e enviados avários territórios missionários. Eles vêmdas Filipinas, Coréia, Malásia, Austrália,Taiwan, Mayanmar, Ilhas Marshall, Guam,Paquistão, Indonésia, Índia e E.U.A.

A maioria dos missionários sãoformandos ou estudantes do último ano defaculdades ou universidades. Eles vêm deuma gama variada de disciplinas, desdeengenharia à odontologia, de teologia àmedicina. A diversidade em formação,educação e cultura faz o movimentomissionário tão venturoso quanto árduo.

O Senhor tem, sem sombra de dúvida,abençoado o Movimento além dasexpectativas. Até fevereiro de 1995, oMovimento Missionário constatou terbatizado 2.159 novos membros econstruído 28 igrejas.

Certa vez D. L. Moody disse: “Omundo ainda não viu o que Deus podefazer através de um jovem inteiramenteconsagrado.” O Movimento Missionário1.000 representa um exército de buscaconsagrado. Para a maioria deles, um anopara o Senhor acaba sendo a vida inteira aSeu serviço.

G. T. Ng (Ph.D., Andrews University) é vice-reitor do Seminário Teológico no InstitutoAdventista Internacional de Estudos Avançados.Colabora também como editor de Maranata, arevista bimensal do Movimento Missionário 1.000.

Você é aventureiro?Jovens interessados, de 16 a 30

anos, que vivem na Divisão Asiática doPacífico (DAP), podem inscrever-separa ingressarem no MovimentoMissionário 1.000 através de suasrespectivas uniões, associações oumissões. Aqueles que residem fora daDAP podem inscrever-se noMovimento escrevendo diretamentepara P.O. Box 7; Silang, Cavite; 4118Filipinas. Mensagem por fax pode serenviada para 63-969-9625 ou 63-2-816-2645. Uma vez aceitos, osmissionários chegarão às Filipinas porconta própria. Primeiramente, elespassarão por dois meses de treinamentointensivo, depois dos quais serãodesignados para trabalhar em áreasainda não penetradas. Cada umreceberá um estipêndio modesto paraalimentação e moradia. O compromissomínimo é de um ano, o qual pode serestendido se solicitado.

O Movimento Missionário 1.000 éum ministério de fé financiadoprincipalmente por doaçõesparticulares. Espera-se que o númerode missionários preparados aumentefuturamente para 1.000 por ano, até avolta de Jesus.

O segundo grupo de jovens missionários, depois da formatura,preparados para a tarefa.

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Diálogo 7:1—1995

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nos aproximar delas. Assumem quequeremos algo. Perguntam a si mesmas:“Qual é a isca?”

Precisamos mostrar às pessoas que asamamos pelo que são.

Passo 2: Mostrandosimpatia

Mostrar simpatia não é ter dó deoutros. Tal atitude dá uma conotaçãonegativa, e as pessoas bem podem reagir:“Eu realmente não preciso de suasimpatia!” “Simpatia” vem de duas raízesgregas, syn (junto) e pathos (sentimento).Simpatia realmente significa sentir junto.E é assim que Jesus simpatizava comoutros: Ele os ouvia, sentia com eles epartilhava suas emoções. Assim devíamosfazer, porque a religião de Cristo não émeramente uma religião de mente, mastambém do coração. Disse Ellen White:“Devemos aproximar-nos dos homensindividualmente com simpatia semelhanteà de Cristo”... pois “embora a lógica possafalhar em mover, e o argumento sejaimpotente para convencer, o amor deCristo, revelado no ministério pessoal,pode abrandar o coração empedernido.”3

Demonstrando uma simpatia como ade Cristo leva-nos a dar de nós mesmos eelevar o valor da outra pessoa.

Passo 3: Satisfazendonecessidades

A iniciativa amável de Cristo e Suasimpatia genuína impeliam as pessoas avir a Ele com suas necessidades. Estavamconvencidas de que Ele Se ocupava delescomo indivíduos e proveria às suasnecessidades reais. Quando Jesus viu oleproso, Ele “encheu-Se de compaixão” e“estendeu a mão e tocou-o” (Marcos 1:41).Jesus satisfez sua necessidade de cura.Também reagiu à sua necessidade dotoque humano e aceitação. Cristo não eraapenas orientado para a tarefa mastambém para as pessoas. Quandointegramos as duas coisas, nossoministério torna-se eficaz.

O amor genuíno percebe asnecessidades e discerne a carênciaprofunda da alma. Quando demonstramosinteresse pelas necessidades visíveis daspessoas, elas freqüentemente nos revelamas invisíveis.

Jesus também mostrou-nos comosatisfazer às necessidades de modorecíproco. Não só ministrou a outros, mastambém aceitava a cooperação deles. Elepediu à mulher samaritana um copo deágua antes de lhe dar a Água da Vida(João 4). Ele ministrou a Lázaro e suas

Como Alcançaros Não-

AlcançadosUm método em seis passos do Mestre

do ministério

VIDAU N I V E R S I T Á R I A

P h i l i p G .S a m a a n

que há algo diferente a nosso respeito, e adiferença é Jesus. Não quero dizerdispensar informação sobre Jesus; euquero dizer imitar Jesus.

Como podemos ser tais testemunhas?Como podemos revelar a vida e aamabilidade de nosso Senhor de modo aatrair outros a Ele? Cristo mesmo nosmostrou o caminho. Ellen White odescreve em cinco passos: “O Salvadormisturava-Se com os homens como umapessoa que lhes desejava o bem.Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades, e granjeava-lhes aconfiança. Ordenava então: Segue-me.”1

Podemos acrescentar um sexto: Suapromessa de fazer de nós “pescadores dehomens” (Mateus 4:19).

Consideremos agora estes seis passosbrevemente.2

Passo 1: MisturarSomos o sal da Terra e a luz do

mundo (Mateus 5:13-14). Assim sendo,não podemos nos isolar e nos ocultar deoutros a nosso redor. Naturalmente, nuncapodemos ser este sal a menos que nossasvidas sejam temperadas pela vida deCristo, e não podemos ser a luz a menosque partilhemos de Sua luz. Aopermitirmos, Ele toma a iniciativa e nosajuda a ser amigos de outros.

Pessoas se misturam por motivosdiferentes, mais vezes por motivosegoístas do que altruístas. Porque aspessoas têm sido manipuladas, usadas eexploradas, são ariscas quando tentamos

az alguns anos encontrei um estudante de curso de psicologia numa universidade. Depois de

conversar comigo sobre seus estudos, eleme confessou que muitos dos psicólogoscom os quais tinha estudado deixaram-nofrio, confuso e vazio. Disse-me:“Realmente preciso de alguém cujaabordagem me ajudará a descobrirsignificado e propósito na vida. Você jáestudou com um psicólogo que lhe deu umsentimento de satisfação íntima?”

Com efeito, estudei. Falei-lhe deJesus, meu psicólogo favorito, Aquele quesabe muito mais das complexidades damente e da personalidade humanas. Falei-lhe como descobri a Jesus, quãoprofundamente Ele me havia afetado ecomo Ele poderia fazer o mesmo a seufavor. Convidei-o a descobrir por elemesmo quem Jesus é. Disse-me comantecipação: “Certamente espero que oque você está dizendo é verdade. Jáexperimentei tantos. Bem posso estudarseu Jesus.”

Esta experiência me levou a pensarsobre a necessidade mais urgente deestudantes adventistas no campus de umcolégio ou universidade secular.

A necessidade urgenteEsta necessidade é saber como revelar

Cristo aos colegas e professores. Todosque se relacionam conosco precisam sentir

F

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Diálogo 7:1—1995

duas irmãs, enquanto aceitava suahospitalidade (ver Lucas 10:38-42).

Passo 4: Ganhandoconfiança

Confiança é o elo que mantém relaçõesunidas. Se seguirmos os primeiros trêspassos, ganharemos a confiança daspessoas com as quais estamos trabalhando.

É fácil confiar nos dignos deconfiança, mas é difícil confiar naquelesque não merecem confiança. Devemosarriscar e confiar mesmo nessas pessoas,porque a confiança desperta a confiança.Jesus pôs Sua confiança em nós antes desermos dignos de Sua confiança. Comefeito, tal confiança baseada no amor é acoisa que inspira confiança em outroscorações.

Passo 5: Seguindo a CristoAo ganharmos a confiança das

pessoas, precisamos apontar-lhes Cristocomo a fonte última de toda confiança.Porque se sua confiança em nós não as levaa pôr sua confiança em Jesus, então asestamos preparando para odesapontamento. Isto não significa que asabandonamos, mas que as levamos a Cristoe colocamos suas mãos e as nossas nasSuas. Então juntos O seguimos.

Servimos como agentes de ligação,ligando pessoas com Cristo, enquanto lhesmostramos que nós necessitamos tantodEle como eles O necessitam. “Almasexistem perplexas pela dúvida, opressaspelas fraquezas, débeis na fé, incapazes deapegar-se ao Invisível; mas um amigo aquem podem ver, indo ter com eles emlugar de Cristo, pode ser um elo parafirmar-lhes a trêmula fé no Filho deDeus.”4

Como convidamos as pessoas a seguira Cristo? Bem, devem primeirotestemunhar nossa relação vibrante comCristo ao pormos em prática os primeirosquatro passos de Seu método em nossarelação com eles. A base amistosa osencoraja a se disporem a seguir a Cristo.Ficando surpresas de nos achar realmentesinceros, tornam-se curiosos sobre o porque operamos num nível diferente derelacionamento do que esperavam.

Precisamos dizer-lhes que asexpressões de um tal amor só pode advir doconhecimento de Cristo e seguindo-O.Reconhecemos que sem Ele, somos todosbasicamente egoístas. “Nossa confissão deSua fidelidade é o meio escolhido pelo Céupara revelar Cristo ao mundo... mas o queserá mais eficaz é o testemunho de nossaprópria experiência.” E quando tais

testemunhos pessoais são “corroboradospor uma vida semelhante à de Cristo,possuem irresistível poder, o qual operapara a salvação de almas.”5

Quando convidamos outros aseguirem a Cristo, devemos encorajá-los aamar, obedecer e segui-Lo onde quer queEle os leve. Estudos bíblicos centrados naBíblia adaptam-se naturalmente aqui.Nossos amigos deviam saber mais arespeito dAquele que amam e desejamservir.

Passo 6: “Pescando” comCristo

Assim como não podemos nos tornar“pescadores de homens” sem seguir oHomem, também não podemos meramentesegui-Lo sem “pescar” com Ele. PoisAquele que disse “Segue-Me” tambémdisse: “Eu vos farei pescadores dehomens” (Mateus 4:19-20).

Dietrich Bonhoeffer afirmou que“discipulado significa adesão a Cristo”.6

Somente nesta relação íntima podemos nostornar verdadeiros discípulos. Aderindo aCristo e armados com Seu método,podemos infiltrar as salas de aula edormitórios, como o sal permeia a comidae a luz penetra nas trevas.

Num campus secular, o método doMestre pode ser usado numa abordagemde dois gumes: para alimentar a fé dosalunos adventistas e para instá-los atestificar para seus colegas. Assim o alunoadventista cresce espiritualmente aomesmo tempo que leva outros a Cristo.Este método pode tornar-se o pontoprincipal de tudo que fazemos em relaçãoao evangelismo em colégios euniversidades não-adventistas.

Tomemos Heather, por exemplo. Elaé uma aluna adventista dedicada quefreqüenta uma universidade do governo.Depois de ser treinada no método deCristo para alcançar as pessoas, ela oroufervorosamente pelas moças que moravamem seu andar. Ao se colocar à disposiçãode Deus, ela pediu-Lhe com confiançapara guiá-la a atrair suas colegas paraCristo. Tais orações e tal disponibilidadeposteriormente fizeram suas amigasinquirir sobre sua fé. Elas desejavam ter oque ela possuía em Cristo. Doze delasestudaram a Bíblia com ela. No fim do anoletivo, quatro aceitaram a Cristo e forambatizadas.

Sim, se o método de nosso Mestre emalcançar a outros torna-se um hábito devida para nós, nos tornaremosembaixadores pessoais de Cristo emalcançar os não-conversos dentro de nossocírculo de influência.

Nascido na Síria, Philip G. Samaan lecionano Seminário Teológico Adventista, AndrewsUniversity, onde também dirige o programa queleva ao doutorado no ministério. Anteriormenteele trabalhou como missionário na África e foidiretor de atividades de jovens e ministério emcampus seculares nos Estados Unidos.

Notas e Referências1. Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver

(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,1990), pág. 143.

2. Para uma discussão detalhada destes passos,ver meu livro, Christ’s Way of ReachingPeople (Hagerstown, MD.: Review andHerald Publ. Assn., 1990).

3. White, Parábolas de Jesus (Tatuí, SP: CasaPublicadora Brasileira, 1980), pág. 57.

4. White, O Desejado de Todas as Nações(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,1990), pág. 297.

5. White, A Ciência do Bom Viver, pág. 100.6. Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship

(New York: The Macmillan Co., 1963) pág.63.

Atenção, MúsicosAdventistas!

Se você se importa com a músicana Igreja Adventista do Sétimo Dia,aqui está seu convite para se tornarmembro da International AdventistMusicians Association (IAMA), ouseja: Associação Internacional deMúsicos Adventistas. Estabelecida em1982, essa providencia um fórumatravés do qual músicos adventistaspodem partilhar seu interesse eexperiência profissionais. Além depublicar uma revista em inglês —Notes — a Associação oferecesubdivisões especializadas paraartistas, maestros de corais,compositores, professores de música emusicólogos. Para obter maioresinformações e um questionário para seinscrever, escreva para: InternationalAdventist Musicians Association; P.O.Box 476; College Place, WA 99324;E.U.A.

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Diálogo 7:1—1995

A

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PA R A S U AI N F O R M A Ç Ã O

O analfabetismo e ocrescimento da igreja

Especialistas sobre o crescimento daigreja dizem que onde o analfabetismo émaior que 50 por cento, os programas dealfabetização constituem a melhor maneirade fundar igrejas. Além do mais, sem ahabilidade da leitura, as pessoas não têmacesso direto à Bíblia e sua experiênciareligiosa dependerá sempre daquilo queoutros lhes digam.

Por esses motivos, o Ministério daMulher decidiu dedicar-se primeiramenteà alfabetização durante O Ano da MulherAdventista. Pelo menos um programa dealfabetização será organizado em cadadivisão do mundo no ano de 1995. Cadadivisão é motivada também a escolherpelo menos um daqueles problemas paraum programa piloto.

As razões do analfabetismo variam.Nos países em desenvolvimento, oproblema se dá em grande parte porque osadultos não tiveram oportunidade dereceber educação básica universal. Nospaíses desenvolvidos podem existir outrasrazões. Portanto, os programas dealfabetização devem utilizar métodosdiferentes.

Nos Estados Unidos, um leitor pode ira praticamente qualquer biblioteca públicapara ser treinado como tutor para aalfabetização de adultos. Muitosuniversitários acham muito gratificanteesse tipo de colaboração pública e pessoal.

Muitos países em desenvolvimentotêm excelentes programas de alfabetizaçãopara adultos, mas pode haver falta demateriais, treinamento e organização.Estudantes universitários, bem comoprofessores, que têm algum tipo detreinamento em educação para adultos,podem aportar valiosa contribuição para aalfabetização de adultos.

Seja você homem ou mulher, se teminteresse em trabalhar com programas dealfabetização, entre em contato com o líderdo Ministério da Mulher Adventista maisperto de onde você mora. Sua ajuda seráde grande valor e muito apreciada. Vocêpode escrever também ao Departamentodo Ministério da Mulher da AssociaçãoGeral no endereço editorial (pág. 2).

Participe do Ano da MulherAdventista e faça deste mundo um lugarmelhor porque, como cristão, você secomprometeu a fazê-lo.

Ardis Stenbakken colabora comocoordenadora para o Ano da Mulher Adventista eo Programa de Bolsa de Estudos do Ministério daMulher.

1995:O Ano da

MulherAdventista

s mulheres sempre foram ativas na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Nos primórdios de nosso

movimento, muitas colaboraram em cargosde liderança. Neste século, entretanto, odeclínio da tendência feminina na liderançada igreja começou e continuou sem serquestionada até recentemente. Em 1990,um novo reconhecimento daquilo que asmulheres poderiam oferecer e receber daigreja levou a Associação Geral a votar afundação do Departamento do Ministérioda Mulher.

Uma das primeiras realizações desteministério foi pedir à igreja que dedicasseum ano em homenagem à mulheradventista. A liderança da igreja declarou1995 O Ano da Mulher Adventista. O tema— “Afirmação da mulher e sua missão” —indica dois enfoques principais para esseano e para o departamento em si:reconhecer e afirmar a obra atualmenterealizada pelas mulheres e desafiá-las aparticiparem ativamente do futuro da igreja.Um atrativo logotipo, ilustrado nestapágina, foi elaborado.

Ao estudar as necessidades e desafiosenfrentados pelas mulheres, oDepartamento do Ministério da Mulherselecionou seis problemas principais nomundo: pobreza, mau trato, analfabetismo,condições de trabalho, riscos para a saúde,e treinamento e aconselhamento para aliderança.

O Ministério da Mulher quer causarum impacto real no mundo de hoje fazendoalgo a respeito desses problemas. Contudo,algo tornou-se logo evidente: antes depoder considerar a maioria deles, énecessário atacar primeiramente oanalfabetismo.

O analfabetismo afeta tanto os paísesdesenvolvidos como aqueles emdesenvolvimento. Na América do Norte,por exemplo, um de cada cinco adultos nãosabe ler um conto infantil para seu filho oufilha na hora de dormir ou ler e entenderum anúncio sequer. Ao redor do mundo,905 milhões de adultos não sabem ler. Issorepresenta aproximadamente uma quartaparte dos adultos no mundo. Um 65 porcento desse grupo, ou 587 milhões, sãomulheres. Em cinco países do mundo, maisde 89 por cento das mulheres não sabemler.

A r d i s S t e n b a k ke n

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Diálogo 7:1—1995

Evangelizados?Continuação da pág. 17

salvos: “Há, entre os gentios, almas queservem a Deus ignorantemente, a quem aluz nunca foi levada por instrumentoshumanos; todavia não perecerão.Conquanto ignorantes da lei escrita deDeus, ouviram Sua voz a falar-lhes pormeio da Natureza, e fizeram aquilo que alei requeria. Suas obras testificam que oEspírito Santo lhes tocou o coração, e sãoreconhecidos como filhos de Deus.”5

4. Um estudo cuidadoso mostra queàs vezes outras questões são maisapropriadas do que a questão da“salvação”. Não me interpretem mal.Creio que salvar os que estão sem oevangelho é muito importante. Cristãosbem informados deviam ter uma boaresposta para este problema. Mas tambémcreio que em algumas situações,

Oportunidades paraVoluntários

Se você tem as habilidades necessárias eo desejo de servir, considere as seguintesopções:

Agência Adventista paraDesenvolvimento e Recursos Assistenciais(ADRA). Estudantes adventistas de níveluniversitário podem se envolver em projetosda ADRA a curto prazo. Profissionaisadventistas desejando se candidatar tambémsão necessários. No presente são necessáriosos seguintes profissionais: técnicosbiomédicos, programadores em computação,médicos, engenheiros, profissionais emconstrução, mecânicos, enfermeiros/as,pessoas com treino em agricultura, finançasou administração e escritores técnicos.Contatar: ADRA Volunteer Coordinator;12501 Old Columbia Pike; Silver Spring,MD 20904-6600; E.U.A. Telefone: (301)680-5122. Fax: (301) 680-6370.

Serviço dos Jovens Adventistas(AYS). Membros batizados, entre 18 e 30anos de idade, interessados em prover serviçopara a igreja em seus próprios países ou noExterior são convidados a contatar o diretorde jovens na missão ou associação local. Aduração das atividades JA varia de algumassemanas até dois anos. Informaçõesadicionais podem ser obtidas com RichardBarron, Diretor; Adventist Youth Service;12501 Old Columbia Pike; Silver Spring,MD 20904-6600; E.U.A. Telefone: (301)680-6148. Fax: (301) 680-6155.

Centro para Voluntários. Este centropara voluntários adventistas relacionanecessidades da igreja ao redor do mundo eas supre com voluntários da Divisão Norte-Americana (DNA). São necessárias diversostipos de habilidades tanto nesse país como no

Exterior. As habilidades em maior demandasão na área de educação, programasmédicos e paramédicos, construção eevangelismo público e pessoal. Membrosda DNA são encorajados a entrarem emcontato com Center for Volunteerism;12501 Old Columbia Pike; Silver Spring,MD 20904-6600; E.U.A. Telefone: (301)680-6479. Fax: (301) 680-6464.

Associação Global. Este programaoferece treinamento antes da partida nasmissões e depois permanece em contatocom adventistas que utilizam seutreinamento vocacional ou profissional paraencontrar trabalho nos países onde não sepermitem missionários convencionais.Esses missionários especiais se mantêmtrabalhando para empresas multinacionais,agências governamentais, instituiçõesmédicas ou universidades. Oportunidadesde trabalho em muitas profissões estãodisponíveis. Contatar: Global Partnerships;Southerland House, Andrews University;Berrien Springs, MI 49104; E.U.A.Telefone: (616) 417-6532. Fax: (616) 471-6252.

Serviço do Professor Internacional.Necessita-se de professores adventistasqualificados para o ensino de inglês e Bíbliapara alunos universitários ou profissionaisna Argentina, Brasil, China, Peru, Polônia,Rússia ou Turquia. Pessoas cuja línguamaterna seja inglês, que tenhamcompletado o nível superior, podem serescolhidas para serviço de um ano. Espera-se que você custeie suas despesas detransporte, ida e volta. Contatar: Dr. M. T.Bascom, Diretor; International TeacherService; 12501 Old Columbia Pike; SilverSpring, MD 20904-6600; E.U.A. Telefone:(301) 680-6029. Fax: (301) 680-6031.

especialmente em que crentes podempartilhar sua fé livremente, outras questõessão mais proveitosas: Como está Deusoperando na vida desta pessoa? Que possoeu fazer para adiantar o processo? Comoopera Deus em situações divergentes? Taisperguntas deixam a salvação nas mãos deDeus e nos levam a ver como podemoscooperar com Ele.

Nosso compromissoQuando tudo é dito e feito, a

evidência cristã devia centralizar-se emJesus. Circunstâncias podem se tornarhostis, quando adeptos de outras religiõespensam que insinuamos que os cristãossão melhores do que os crentes de outrasreligiões. Esta certamente não é nossapretensão. O que é especial acerca decristãos é que Jesus é o único Deus-homem e o caminho único a Deus o Pai.Estas são boas novas que nada têm que vercom a bondade ou maldade de qualquerpessoa ou sistema religioso. Nossa tarefaprincipal é relatar esta história amável epersistentemente, e deixar que Deusdecida sobre quem será salvo.

Nossa crença deve também preservara centralidade da missão. Não estou tãopreocupado com a sorte dos que não foramevangelizados como estou com nossocomprometimento de obedecer à ordem deJesus de proclamar as boas novas a todosos povos. A igreja — isto é, nós — vive emorre sobre a base de nossa obediência anossa missão.

Jon L. Dybdahl (Ph.D., Fuller TheologicalSeminary) é diretor do Instituto de MissãoMundial na Andrews University, Berrien Springs,Michigan, E.U.A.

Notas e Referências1. Para um excelente resumo das posições

principais, ver John Sanders, No Other Name:An Investigation Into the Destiny of theUnevangelized (Grand Rapids, Mich.:Eerdmans, 1992).

2. Uma pesquisa de 5.000 evangélicos quefreqüentaram a Urbana Mission Conference de1975 mostrou que 37 por cento podiam serclassificados como restritivistas.

3. John Hick, Problems of Religious Pluralism(New York: St. Martin’s Press, 1985), págs.86-87.

4. Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,1990), pág. 288.

5. White, O Desejado de Todas as Nações(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,1990), pág. 638.

Esta ênfase equilibrada aparece nosescritos de Ellen White. De um lado, elaenfatiza que muitos estão perecendo pordeixarmos de alcançá-los: “Multidõesperecem por falta de ensino cristão. Ao péde nossa porta e em terras estrangeiras,estão pagãos por instruir e salvar. QuandoDeus... nos tem tão abundantemente dadoum salvador conhecimento de Suaverdade, que desculpa teremos nós depermitir que ascendam aos Céus osclamores dos... ignorantes e perdidos?”4

Por outro lado, Ellen White indicaclaramente como alguns pagãos serão

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Diálogo 7:1—1995

L I V R O S ● ● ● ● ● ● ●

The Man Who Couldn’t BeKilled, por Stanley Maxwell(Boise, Idaho: Pacific PressPubl. Assn., 1995; 223 págs.;brochura).

APRECIAÇÃO DE MARY WONG.

Tendo como pano de fundoum dos períodos mais turbulentosna história da República Popular daChina — a Revolução Cultural —The Man Who Couldn’t Be Killed éa história empolgante da conversãode um chinês à fé adventista e a

posterior perseguição que sofreu durante o regime socialistasob o poder do líder Mao Tse-Tung.

Todos os fatos desta história foram relatados ao autorpelo próprio protagonista.

Glorious Country Wong, polígamo e jogador inveterado,experimentou uma mudança dramática quando se uniu à IgrejaAdventista. Ao decorrer o drama da vida de Wong, o leitor élevado da cidade de Changai, onde ele foi batizado e maistarde preso, para a província de Tsunghai, onde ele foisentenciado a 20 anos de trabalho forçado — uma tentativa dogoverno de livrá-lo das “superstições dos ImperialistasOcidentais”. A vida de Wong nos campos de trabalho forçadoretrata vivamente as privações severas e o sofrimento intensoimpostos sobre aqueles tachados como elementos contra-revolucionários e provê um vislumbre do medo que oprime aspessoas, assim como as intrigas e traições que marcaram esseperíodo de convulsão política.

O autor entrelaçou habilmente na história elementos dacultura chinesa e doutrinas da Igreja Adventista, traçando aomesmo tempo paralelos entre a experiência de Wong e a dospersonagens bíblicos. O exemplo inspirador de Wong de fé ecoragem indomáveis frente à perseguição, assim como sualibertação milagrosa da morte certa, tocará de maneiraespecial os leitores que enfrentam situações similares empaíses onde não existe liberdade religiosa. Contudo, o enfoquelegalista de Wong quanto à sua religião, demonstrado naênfase à observância dos “Dez Mandamentos”, poderia evocarreações negativas em outras pessoas, levando-as a cogitar sealgumas dessas situações penosas sofridas por Wongpoderiam ter sido evitadas se ele tivesse sido mais sutil emsua maneira de fazer proselitismo e tido mais tato ao defendersua fé apresentando a seus perseguidores o amor de Cristo emvez da lei.

Em resumo, esta é uma pungente história moderna decoragem, determinação e fé cristã.

Mary Wong (Ph.D., Universidade Estadual de Michigan) lecionouinglês e foi diretora do Departamento de Inglês em diferentes instituiçõeseducativas em Taiwan e Cingapura antes de mudar-se para Burtonsville,Maryland, E.U.A., onde reside atualmente.

¡Disfrútalo!, por Jorge D.Pamplona Roger (Madrid,Espanha: Editorial Safeliz,1993; 190 págs.; encadernado).

APRECIAÇÃO DE MAGALY RIVERA

HERNÁNDEZ.

É o vegetarianismo ummodismo procurado por místicosreligiosos ou um estilo de vida quepromete mais saúde? O Dr. JorgePamplona Roger alinha fatosnutricionais e científicos para

asseverar que o vegetarianismo não é uma moda, mas umaplataforma que pode lançar você à vida total.

O autor inicia com oito tratamentos naturais que osadventistas têm salientado em sua mensagem de estilo de vida— ar puro, luz do sol, temperança, descanso, exercício, dietaapropriada, água e confiança no poder divino. Apósestabelecer esse embasamento filosófico para uma vidasaudável, o autor dedica sete capítulos aos princípios básicosde nutrição. Os carboidratos, a gordura, as proteínas, asvitaminas e os sais minerais recebem cobertura completa emuma linguagem simples e fácil de acompanhar.

E aí então vem o material mais pesado. Um capítulotraça a história e tradições do vegetarianismo, enquanto outroanalisa pesquisas científicas feitas sobre pessoas cuja dietaprincipal era composta de vegetais, cereais e frutas — ou semcarne. O livro também examina as vantagens dovegetarianismo sobre a dieta à base de carne, e mostra o riscoreduzido de câncer, obesidade e osteoporose e outras doenças,quando se segue uma dieta vegetariana. Os últimos doiscapítulos são práticos: como perder ou manter peso quando sesegue uma dieta vegetariana e como mudar uma dieta à basede carne para uma vegetariana.

Apesar da análise cuidadosa de dados do livro, algunsequívocos devem ser observados. Primeiro, o autorcorretamente mostra que as proteínas vegetais são incompletaspor causa da falta que têm de um ou mais aminoácidos, eenfatiza que é necessário complementar alimentos de proteínaincompleta na mesma refeição. Evidência científica não maisapóia a complementação exata de proteína na mesma refeição.Complementação dentro de um período de 24 horas ésuficiente. O segredo é comer uma variedade de alimentos,incluindo cereais e legumes.

Segundo, o autor cita uma pesquisa que menciona que abactéria na boca poderia produzir suficiente vitamina B

12 e

que a espirulina é rica em B12

. Pesquisas indicam que pessoasestritamente vegetarianas não podem produzir em seu sistemaquantidade suficiente dessa vitamina. Apesar da espirulinaconter quantidade moderada de vitamina B

12, ela não tem a

molécula ativa B12

, contendo apenas análogas que podemefetivamente bloquear a absorção de vitamina B

12.

Terceiro, o autor mostra que as necessidades de ferro demulheres grávidas são atendidas pela economia de ferro nãoperdido através da menstruação. Isto pode parecer correto,mas na realidade não é. Com a demanda crescente de ferro,freqüentemente insuficientes reservas maternas e provisãoinadequada através da dieta usual, necessita-se umcomplemento diário de ferro.

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Diálogo 7:1—1995

Diet and Health: NewScientific Perspective, porWalter J. Veith (Cape Town,África do Sul: Southern Publ.Assn., 1994; 293 págs.;encadernado).

APRECIAÇÃO DE ELLA HADDAD.

O Dr. Walter Veigh, zoólogoda Western Cape University, Áfricado Sul, focaliza: a função da dietapara prevenção de doenças epromoção da saúde. Sua opinião é

bem clara: uma dieta à base de plantas composta poralimentos naturais providencia o perfeito hábito alimentar.Seu propósito é admirável: para aumentar o conhecimento daligação entre a dieta e a doença.

O livro em si é atraente, com muitos quadros e gráficoscoloridos, embora possa ser melhorado um pouco mais. Aprimeira parte lida com a nutrição básica, com pesquisas quecomprovam a conexão entre dieta e doenças. A segunda parteé composta de informações que nos ajudam a entender arespeito dos diferentes alimentos e seus componentes. Aúltima parte oferece sugestões práticas para uma mudança nadieta e vem acompanhada de uma lista de alimentos e receitas.

Embora o livro seja cheio de documentários, tem atendência de exagerar a fim de confirmar um determinadoponto de vista. Por exemplo, Veith refere-se a um estudo desaúde adventista que descobriu que o consumo alto deprodutos lácteos e ovos estava associado com um alto risco dedeterminados cânceres, e nota que os vegetarianos (os que sealimentam somente de vegetais, frutas, legumes e castanhas)têm um índice menor de câncer. Esse tipo de dedução não éapropriada, porque a pesquisa não examinou somente o efeitoda dieta vegetariana.

O livro também é composto de declarações e conceitosque nos deixam a perguntar. Por exemplo, o autor sugere quedoenças degeneráveis, como doenças cardiológicas e câncer,estão relacionadas com a proteína animal. De fato, a gorduraanimal pode ser o principal problema. Pesquisas atuais não

Papai viu seu boletim de notas.

© Campus Life Books. Usado com autorização.

Por último, o autor sugere que leite de soja atende àsnecessidades alimentícias dos bebês. Leite de soja para bebês,com nutrientes, realmente atende às necessidades dos bebês,mas leite de soja por si só não. O uso de leite de soja feito emcasa pode ser prejudicial para um bebê.

Levando em consideração esses equívocos, o leitorfluente em espanhol achará este livro — ilustrado combastante cores e orientado para o leigo — bastante útil paraentender o vegetarianismo como um estilo de vida que vale apena perseguir.

Magaly Rivera Hernández, que tem diplomas em Saúde Pública eNutrição, é professora na Andrews University, em Berrien Springs,Michigan, E.U.A. Ela também trabalha como nutricionista para umhospital em St. Joseph, Michigan.

apóiam o autor em seu comentário de que a dieta deve manterequilíbrio entre alimentos que contêm ácidos graxos e ácidosalcalinos. O comentário de que uma dieta alta de ácidosgraxos direciona a uma pobre imunização, mal funcionamentodos rins e velhice precoce não pode ser comprovado. Oscomentários de que certos alimentos criam diretamentefermentação no estômago e acumulação de toxinas noorganismo tampouco foram comprovados.

Apesar desses pequenos lapsos, o livro direciona osleitores a uma alimentação mais saudável. Muitas informaçõesdos alimentos refletem pensamentos atuais de nutrição esaúde, e o livro poderá ser um recurso útil para aqueles quedesejam ter uma vida mais saudável.

Ella Haddad (Dr.P.H., R.D., Loma Linda University) leciona noDepartamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Loma LindaUniversity, Califórnia, E.U.A.

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Meu contato comadventistas

Os evangelistas que deixaram oNovo Testamento comigo erampresbiterianos, mas o motorista do seuônibus e o tradutor eram Adventistas doSétimo Dia. Eles me levaram a outrosadventistas em minha cidade natal, St.Petersburgo. Visitei a principalcongregação adventista ali, e estudeicom o Pr. A. I. Romanov por mais oumenos um ano (atualmente é opresidente da Associação RussaNoroeste da Igreja Adventista do SétimoDia). Fui batizada no dia 3 de maio de1992.

Meu pai e minha mãe moram nacidade russa de Konigsburgo. Quandochamei meu pai e lhe falei sobre a Bíbliae sobre os estudos que estava recebendo,ele ficou muito irado. Disse-me: “Essaspessoas são agentes da CIA que queremdestruir a Rússia! Eles sãopropagandistas. Não creia em uma sópalavra!” Meu pai foi criado como ateu,e fora ensinado a vida toda que osEstados Unidos eram o inimigo sempreprocurando maneiras de destruir a UniãoSoviética.

No verão de 1993, John e IoneBrunt e Darold e Barbara Bigger, doWalla Walla College, vieram a St.Petersburgo com uma equipe deevangelistas para realizar reuniões. Porcausa de meu conhecimento do inglês,me tornei intérprete deles. Com suaajuda, levantamos uma nova igrejaadventista em Pushkin — aquela igreja éagora uma das minhas preferidas!

Traduzo e ajudo também osmembros das equipes da Operação“Bearhug” que visitam a Rússia. AOperação “Bearhug”, iniciada pelaUnião Norte do Pacífico, ajuda a fazercontatos entre adventistas norte-americanos e russos. Equipes de alunos eex-alunos do Walla Walla Collegepassam um ano em St. Petersburgolecionando inglês e Bíblia naUniversidade de Transporte de St.Petersburgo. Eu sou o contato principalentre essas equipes ao professorado daUniversidade.

Uma nova experiênciaNo verão de 1994, fui convidada aos

Estados Unidos para visitar o WallaWalla College e várias igrejasadventistas na área. Pouco antes de sairchamei meu pai. Para minha surpresa ealegria, ele me disse que ele e minhamãe haviam começado a estudar a Bíbliaem casa! Estou muito emocionada por

De FilhaComunistaa Tradutora

de Deusp o rVa l e n t i n a P i l a t ovac o n f o r m e n a r r a d o aK r i s t i n B e rg m a n

P R I M E I R AP E S S O A

ui criada como uma leal comunista na antiga União Soviética. Meu paiera um oficial político comunista que

serviu ao governo soviético na Romênia,Tchecoslováquia, Alemanha Oriental eCuba. Minha família era realmente“Vermelha”. Apesar de ser difícil paraoutros entenderem, meu pai era uma boapessoa. Ele era um pai bondoso eamável. Eu o amo muito e sou muitograta pelo seu cuidado para comigo.

Ambos os meus avôs morreramantes de eu nascer. Minhas avós eramcristãs ortodoxas russas. Meu pai asproibiu de falar sobre Jesus ou de orar.Mesmo assim, todas as vezes que elasme viam, diziam: “Valentina, não seesqueça de orar!”

Aquelas palavras nunca saíram daminha mente e durante toda minha vidaeu orei. Nunca me ensinaram como orare talvez não o fizesse “devidamente”,mas eu orava. Nunca aprendi a confessarmeus pecados ao Senhor, ou a agradecê-Lo pelo que fez por mim. Tudo quesabia sobre a oração era pedir coisas aDeus. Não fazia idéia do que era oarrependimento ou até mesmo o pecado.O conceito de pecado e salvação estavacompletamente ausente da Rússiamoderna antes da perestroika. Mesmoassim, Deus respondeu a muitas deminhas orações. Ele sempre sabe ondeestamos em nossa caminhada com Ele, ecreio que é paciente o suficiente paranos compreender e nos responder,mesmo que não oremos “corretamente”.

F Meu primeiro contato coma Palavra de Deus

Logo depois da perestroika começar,Bíblias se tornaram disponíveis. Toda vezque entrava numa loja e via uma Bíblia àvenda, queria comprá-la. Mas as Bíbliaseram muito caras e toda vez dizia a mimmesma: “Vou comprá-la no próximo mês,quando receber o próximo cheque depagamento.”

Certo dia um grupo de ministrosnorte-americanos veio à escola onde eulecionava inglês e trouxe publicaçõesreligiosas para nossos alunos. Por eufalar inglês, eles me convidaram paraalmoçar e deixaram alguns livros comigotambém. Ao olhar os livros, ali estava —um Novo Testamento em russo moderno.Não podia crer no que via. Minha almatransbordou de contentamento. Apressei-me para casa e o li todo em dois dias eduas noites. O que li me impressionoutanto que tive temperatura bem alta pordois dias. Eu não estava doente; eraapenas minha emoção. Uma luz súbitaeletrificou minha mente.

Eu sempre gostei de ler,especialmente obras clássicas. Em minhaleitura eu buscava verdade, esperança,amor e significado. O regime soviéticohavia proibido religião, mas algunsescritores como Dostoyevsky — meuescritor cristão favorito — mencionavamideais cristãos em seus livros. Eu aceiteitodas essas idéias, mas isso não foisuficiente. Não me senti realizada até queli o Novo Testamento. A experiência foiextraordinária.

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saber que Deus está trabalhando na vidade meus familiares como trabalhou naminha.

Meu anfitrião no Walla WallaCollege foi Roland Blaich, diretor doDepartamento de História e Filosofia eorganizador local da Operação“Bearhug”. Visitei salas de aula e faleiem várias igrejas. A experiência meajudou a melhorar meu inglês. Gosteimuito de minha estada lá. Pude ver adiferença que a educação cristã faz navida dos estudantes. Também meapresentei numa rede de televisão paracontar minha experiência.

Depois viajei para o sul daCalifórnia e falei na igreja da LomaLinda University. Por muito tempo tenhotido visão fraca. Encontrava dificuldadepara ler — e um tradutor tem que sercapaz de ler! Eu temia precisar cirurgiados olhos. Mas em Loma Linda, umaequipe de especialistas de olhospreparou-me óculos que tornaram minhavisão quase perfeita, sem cirurgia!

Deixei os Estados Unidos paravoltar à minha terra natal e ao ensino,com o sonho de logo voltar a um lugarque proporcione liberdade e encorajeiniciativa e criatividade.

Agora sirvo voluntariamente como atradutora principal para a AssociaçãoRussa Noroeste da Igreja Adventista doSétimo Dia em St. Petersburgo eredondezas. Quando as pessoas de outrospaíses ouvem que me tornei adventistaem 1992, geralmente dizem: “Oh, você éuma adventista tão nova!” Mas naRússia, sou considerada uma cristã“velha” e experiente. Noventa e cincopor cento dos membros adventistas naRússia são cristãos novos. Quando ascampanhas evangelísticas adventistascomeçaram na Rússia depois daperestroika, havia apenas 70 adventistasna grande St. Petersburgo (uma áreaurbana de quase 9 milhões). Agoracontamos com 2.000 membros na Igreja.

A Rússia está agora passando poruma crise. Muitas fábricas e pequenosnegócios foram à falência. O futuroparece sombrio. Há desemprego em todaparte. Em meio a tudo isso, a igreja devefazer seu trabalho, e suas necessidadesprincipais são prédios para igrejas eeducação para nossos membros epastores. A igreja russa necessita suasorações.

Kristin Bergman é aluna e escritora pararelações com a mídia, em Walla Walla College,Estado de Washington, E.U.A.

CartasContinuação da pág. 4

envolvia pessoalmente em evangelismo.Mais de 50 pessoas se entregaram aCristo por Deus me usar em campanhaspúblicas e em estudos bíblicosindividuais. Agora estudo Teologiaenquanto minha esposa leciona. Nossolar tem sido abençoado com trêscrianças. As surpresas e bênçãos de Deusnunca cessam!

RICHARD KASUMBA

Colégio Adventista de BugemaKampala, UGANDA

Útil para programas dejovens

Sou leitor regular de Diálogo, revistamuito apreciada por nosso grupo deuniversitários. Minha preferência vaipara “Primeira Pessoa”, “Perfis” eartigos que tratam de questões sociais.No ano passado fui líder de JuventudeAdventista de uma grande igreja naUnião Leste da Bolívia. Creio que lheagradará saber que usei artigos deDiálogo ao planejar diversos programasde jovens e discussões de grupos.

ELISEO MENDEZ

Santa Cruz, BOLÍVIA

Obrigado peloencorajamento

Há poucos meses vocês escreveramuma carta de encorajamento auniversitários adventistas emJohannesburgo que tinham optado nãoparticipar das cerimônias de formaturano sábado, mas reuniram-se para umculto na igreja. Fiz parte daquele grupoque se encontrou com pastores paradiscutir os desafios que enfrentávamos etambém para planejar o estabelecimentode um AMiCUS em nosso campus naUniversidade do Norte. Depois detrabalhar como lente naquelauniversidade, fui patrocinado para obterum mestrado na Universidade de EasternIllinois. Aqui somos quatro da África doSul e dois de nós somos Adventistas doSétimo Dia. Estou lhes escrevendo paraagradecer o encorajamento oportunonum momento crítico e pedir cópias denúmeros recentes de Diálogo. Queremosmanter o contato!

MOGEGE DAVID MOSIMEGE

Charleston, Illinois, E.U.A.

Interessado ematividades estudantis

Como oficial do Movimento deEstudantes Adventistas (MAS) em nossaárea, quero que saibam que apreciamosDiálogo. Regularmente procuro o últimonúmero em nossa biblioteca. Interesso-me particularmente no relatório deatividades de estudantes adventistas emuniversidades em outras partes domundo. Quaisquer mudanças que tenhamem mente para o futuro, continuemrelatando as provas e triunfos deestudantes adventistas em ambientesseculares.

WENDY S. ROSA

Pagadian City, FILIPINAS

Mais artigos porestudantes

Gosto do conteúdo de Diálogo, masgostaria de ver mais artigos escritos porestudantes. Uma sugestão: Por que nãocolocam na revista um convite paraartigos de estudantes sobre certostópicos? A Australasian StudentsAssociation Magazine faz isto com bonsresultados.

KAYE WENDELBORN

Milford, AucklandNOVA ZELÂNDIA

Obrigado, Kaye, por sua sugestãoconstrutiva! Apreciamos mais artigos deestudantes. Em nosso último número(6:3), publicamos uma descrição deartigos que gostaríamos de receber.Poderia você nos ajudar a localizarestudantes escritores capazes deproduzir artigos interessantes paranossos leitores?

—Os Editores

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L

I N T E R C Â M B I O ● ● ● ● ● ● ●

eitores que desejam estabelecercorrespondência com estudantes ou profissionais universitários

adventistas de outras partes do mundo.

Mark E. Alwyn: 19 anos; solteiro; estudapsicologia; interesses: fotografia, música “pop”moderna, pintura abstrata, interação interculturale intercâmbio de cartas; correspondência eminglês. Endereço: 6/11-12 Old Telegraph Lines;Napier Road, Wanawone P.O.; Puna,Maharashtra; 411040 ÍNDIA.

Deanne Amrein: 20 anos; solteira;estuda pré-veterinária em Purdue University -Calumet; interesses: leitura, música, animais epintura; correspondência em inglês. Endereço:500 Revere Ave.; Westmont, IL 60559; E.U.A.

Guy Selenge Bafaka: 35 anos; nascidono Zaire; trabalha como alfaiate; interesses: ouvirmúsica cristã, leitura e viagens; correspondênciaem inglês ou francês. Endereço: a/c TonyRading; P.O. Box 163; Kisumo; QUÊNIA.

Greg Barrett: 32 anos; divorciado;trabalha como engenheiro civil; interesses: fazernovas amizades, leitura, música, esportes,viagens e atividades ao ar livre; correspondênciaem inglês, francês ou espanhol. Endereço: R.R.2, Site 17, Boite 7; Shippagan, NB; E0B 2P0CANADÁ.

Maninder Bob: 23 anos; solteiro; fazmestrado em ciências; interesses: esportes,reciclagem, música e fazer novas amizades;correspondência em inglês. Endereço: SDAEnglish School, near Daink Alok Press; Talliya,Bhopal; 462001 ÍNDIA.

Perla M. Bulalaque: 20 anos; solteira;estuda agricultura na Eastern PhilippinesUniversity, com ênfase em ciência animal;interesses: culinária, leitura e vôlei;correspondência em inglês. Endereço: RepublicStreet; San Antonio, N. Samar; FILIPINAS.

Natalia Cabral: 18 anos; solteira; estudamedicina; interesses: fotografia, viagens, leiturae colecionar poesias; correspondência emespanhol. Endereço: Santa Fe 1901; 3400Corrientes; ARGENTINA.

Louis Cartney: 31 anos; solteiro; estudareligião e francês; interesses: viagens, esportes,tocar violão e ver televisão; correspondência eminglês ou francês. Endereço: Adventist Seminaryof West Africa; P.M.B. 21244; Ikeja, Lagos;NIGÉRIA.

Brian Dambula: 22 anos; solteiro; estudacontabilidade no Malawi College of Accoun-tancy; interesses: nadar, teatro, música e livrosde ficção; correspondência em inglês. Endereço:P.O. Box 5547; Limbe; MALAWI.

Luz B. Dug-ay: 27 anos; solteira; estudaeducação primária; interesses: culinária, cantar eouvir música religiosa; correspondência eminglês. Endereço: Mountain View College;Malaybalay, Bukidnon; 8700 FILIPINAS.

Goodnews M. Fiberesima: 24 anos;solteiro; estuda geologia; secretário daAssociação de Estudantes Adventistas da Nigéria(NAAS); interesses: viagens, fazer novas

amizades e estudar a Bíblia; correspondência eminglês ou francês. Endereço: P.O. Box 6981;Trans Amadi; Port Harcourt; NIGÉRIA.

Rosângela T. V. Filisbino: 30 anos;solteira; ensina português numa escolaadventista; interesses: esportes, leitura, ouvir ecantar boa música e atividades da igreja;correspondência em inglês ou português.Endereço: Via de Pedestres Barras, 1; Saúde;04161-110 São Paulo, SP; BRASIL.

Luciana Friedrich Gonzales: 22anos; solteira; trabalha em manutenção na sededa União Este-Brasileira; interesses: viagens,música, arquitetura e fazer novas amizades;correspondência em inglês, alemão, portuguêsou espanhol. Endereço: Rua Aperana, 143, Apto.203; Leblon; 22450-000 Rio de Janeiro, RJ;BRASIL.

Victor O. Harewood: 47 anos; casado,com 4 filhos; colabora como diretor deMinistérios da Igreja na Associação do Norte daInglaterra; interesses: música, nadar, viagens,leitura, jardinagem e remédios de ervas;correspondência em inglês. Endereço: NorthEngland Conference; 22 Zulla Road; MapperleyPark, Nottingham; NG3 5DB INGLATERRA.

Malefetsane S. Khoali: 22 anos;solteiro; estuda contabilidade e marketing naUniversidade de Witwatersrand; interesses:leitura, viagens, natureza e fazer exercícios;correspondência em inglês. Endereço: 3398Mazibuko Street; P.O. Rusloo; 1468 ÁFRICADO SUL.

Mericilyn Maturure: 17 anos; solteira;terminando o segundo grau e pretende estudarartes; interesses: poesia, biografias, música ecantar; correspondência em inglês. Endereço:Nyazura Adventist Secondary School; Box 56;Nyazura; ZIMBÁBUE.

Eliseo Méndez Z.: 26 anos; solteiro;estuda psicologia; interesses: poesia, fazer novasamizades, viagens e esportes; correspondênciaem espanhol. Endereço: Casilla 610; Santa Cruz;BOLÍVIA.

Tana Claire Mwafulinua: 20 anos;solteira; estuda administração comercial;interesses: leitura, música, vídeos, esportes eculinária; correspondência em inglês. Endereço:University of Malawi - The Polytechnic; Pl. Bag303, Chichiri; Blantyre 3; MALAWI.

Michael Nyarko-Baasi: 30 anos;solteiro; ensina computação e matemática numauniversidade adventista; interesses: ouvir músicareligiosa, futebol americano, jogos decomputador e jardinagem; correspondência eminglês. Endereço: Valley View College; P.O.Box 9358, Airport Post Office; Accra; GHANA.

Austine Pazvakawambwa: 22 anos;solteiro; terminando economia; interesses: ler aBíblia, viagens, música cristã, cantar, fotografiae esportes; correspondência em inglês.Endereço: 497 Tzanzaguru; Rusape;ZIMBÁBUE.

Freddy Sánchez V.: 22 anos; solteiro;estuda teologia; interesses: esportes, atividadespara jovens, acampamentos, leitura e

intercâmbio de cartas; correspondência em inglêsou espanhol. Endereço: Asociación CentralDominicana; Apartado 1500; Santo Domingo;REPÚBLICA DOMINICANA.

Vesselin G. Serbezow: 39 anos;solteiro; engenheiro químico, especializado emcontrole de poluição; interesses: profecia bíblica,ecologia, eletrônica, música e computação;correspondência em inglês. Endereço: 21 IvanAlexander St.; Sliven 8800 Burgas; BULGÁRIA903.

Maria de Fátima da Silva: 30 anos;solteira; estuda administração de empresas;interesses: contabilidade, marketing, leitura,atividades ao ar livre, fazer novas amizades;correspondência em português. Endereço: PraçaDr. Yugawa, 34; Jardim Cerejeiras; 12940-000Atibaia, SP; BRASIL.

Raquel Dias de Souza: 31 anos;solteira; ensina numa escola adventista e estudaterapia musical; interesses: boa música, leitura eviagens; correspondência em portugês ouespanhol. Endereço: Rua Coronel José Leite deBarros, 118; V. Galvão; 07063-050 Guarulhos,SP; BRASIL.

Soloman Tiru: 19 anos; solteiro; estudacomércio; interesses: futebol, música, tocarinstrumentos musicais e viagens;correspondência em inglês. Endereço: SDAEnglish School, near Daink Alok Press; Talliya,Bhopal; 462001 ÍNDIA.

Jessica E. Tuballas: 22 anos; solteira;estuda agricultura; interesses: música, animais,viagens, jardinagem, culinária, esportes eatividades da igreja; correspondência em inglês.Endereço: P. 6 Bay Bay; Catarman, N. Samar;6400 FILIPINAS.

Gisselle Valega: 20 anos; solteira;estuda medicina; interesses: jogging, viagens,colecionar poesias e intercâmbio de cartas;correspondência em espanhol. Endereço: SantaCruz 1469; 3400 Corrientes; ARGENTINA.

Jeff Lubarika Wakulola: 22 anos;solteiro; nascido no Zaire, estudando emBurundi; interesses: música, leitura, viagens ecinema; correspondência em francês. Endereço:Faculté des Sciences; Université de Burundi;B.P. 6494, Bujumbura; BURUNDI.

Se você deseja ser incluído numa listacomo esta, envie seu nome e endereçopostal, mencione sua idade, sexo, campode estudos ou grau profissional,atividades recreativas ou interesses e oidioma no qual você deseja mantercorrespondência. Envie sua carta a:Dialogue Interchange; 12501 OldColumbia Pike; Silver Spring, MD20904-6600; E.U.A. Por favor, escrevade forma clara. DIÁLOGO não podeassumir nenhuma responsabilidade pelaexatidão das informações ou peloconteúdo da correspondência porventuraresultante.

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E T C É T E R A ● ● ● ● ● ● ●

© by Guido Delameilleure

eu trouxe umcomentáriobíblicoexcelente...

Várias obrasde consulta,dicionários eum atlas.

Epa... Acho que esqueci minha Bíblia!E, claro, obrasdeespecialistas,historiadorese exegetas.

“As SagradasEscrituras... que ofazem sábio paraaceitar a salvação.”

—II Timóteo 3:15 A Bíblia Viva

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