crime e desvio

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Disciplina: Comportamento e sociedade Curso: Psicologia Conteúdo: Crime e desvio Livro de: GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

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Disciplina: Comportamento e sociedadeCurso: PsicologiaContedo: Crime e desvioLivro de: GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Todos ns sabemos o que so desviantes, ou assim queremos crer. Os indivduos desviantes so aqueles que se recusam a viver de acordo com as regras seguidas pela maioria de ns so criminosos violentos, viciados em drogas ou marginais, que no se encaixam naquele conceito que a maioria das pessoas teria de padres normais de aceitabilidade. (p. 172).1

No entanto, as coisas no so bem como parecem. Na verdade, a noo de desviante no fcil de ser definida, e a relao existente entre o desvio e o crime no simples. (p. 172).2

A sociologia do desvioPodemos definir o desvio como uma no-conformidade com determinado conjunto de normas que so aceitas por um nmero significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade. Nenhuma sociedade pode ser repartida, de um modo simples, entre aqueles que se desviam das normas e aqueles que agem de acordo com elas. (p. 173).3

A maioria de ns, em algumas ocasies, transgride regras de comportamento geralmente aceitas. Em determinado momento, podemos ter, por exemplo, cometido furtos menores, roubando em uma loja ou pegando pequenos itens do trabalho como papel de carta e canetas do escritrio para uso pessoal. (p. 173).4

O desvio e o crime no so sinnimos, embora, em muitos casos, se sobreponham. O conceito de desvio bem mais amplo do que o de crime, o qual se refere apenas a uma conduta no-conformista que infringe uma lei. Muitas formas de comportamento desviante no so sancionadas pela lei. Assim, os estudos sobre desvio podem examinar fenmenos to diversos como os naturalistas (nudistas), a cultura rave e os New Age travellers* (* Pessoas que moram em veculos e que no possuem um emprego permanente). (p. 173).5

O conceito de desvio pode ser aplicado tanto no caso do comportamento individual como no da atividade de grupos. Uma ilustrao o culto Hare Krishna. Sril dirigia sua palavra especialmente para os jovens consumidores de drogas, proclamando que, atravs dos seus ensinamentos, seria possvel ficar alto o tempo inteiro, descobrir o xtase eterno. (p. 173).6

Os Hare Krishnas representam um exemplo de uma subcultura desviante. Embora o nmero de seus membros atualmente seja inferior ao do seu apogeu de alguns anos atrs, eles conseguiram sobreviver com certa facilidade dentro da sociedade mais ampla. (p. 173).7

8Duas disciplinas ocupam-se do estudo do crime e do desvio. A criminologia interessa-se pelas formas de comportamento sancionadas pela lei criminal. Os criminologistas normalmente interessam-se por tcnicas de mensurao do crime, tendncias em ndices de criminalidade e polticas que visem reduo do crime dentro das comunidades.(p. 173).

9A sociologia do desvio se utiliza da pesquisa criminolgica, mas tambm investiga a conduta que se encontra alm do domnio da lei criminal. Os socilogos que estudam o comportamento desviante procuram entender por que determinados tipos de comportamento so amplamente considerados desviantes e como essas noes de desvio so aplicadas de maneira diferenciada s pessoas dentro da sociedade. (p. 173).

10O estudo sobre o desvio, portanto, conduz nossa ateno para o poder social , assim como para a influncia da classe social as divises existentes entre ricos e pobres. Quando observamos os atos de desvio das regras ou normas sociais, ou de conformidade em relao a elas, devemos ter sempre em mente a seguinte questo: regras de quem?. (p. 173).

112. Explicando o crime e o desvio2.1. Explicaes biolgicas: tipos de criminososAlgumas das primeiras tentativas para explicar o crime tinham carter essencialmente biolgico, concentrando-se nas qualidades inatas dos indivduos como fonte de crime e desvio. Trabalhando na dcada de 1870, o criminologista italiano Cesare Lombroso acreditava que os tipos de criminosos pudessem ser identificados por certas feies anatmicas. (p. 173).12Ele investigou a aparncia e as caractersticas fsicas de criminosos, tais como o formato do crnio e da testa, o tamanho do maxilar e a extenso do brao, e concluiu que eles revelavam traos apresentados desde estgios mais remotos da evoluo humana. (p. 174).

132.2 Explicaes psicolgicas: estados mentais anormaisAssim como as interpretaes biolgicas, as teorias psicolgicas do crime procuram explicaes para o desvio dentro do indivduo, e no da sociedade. Mas enquanto as abordagens biolgicas focalizam aspectos fsicos que predispem os indivduos ao crime, as concepes psicolgicas concentram-se em tipos de personalidade. (p. 174).

14H muito tempo, a pesquisa criminolgica foi posta em prtica em prises e em outras instituies, tais como manicmios locais onde as idias sobre psiquiatria exerciam influncia. (p. 174).

15As teorias psicolgicas so capazes de, na melhor das hipteses, explicar apenas alguns aspectos do crime. Enquanto alguns criminosos podem possuir caractersticas de personalidade distintas do restante da populao, muito provvel que a maioria dos criminosos assim as tenham. Com a variedade de tipos de crimes existentes, inadmissvel supor que aqueles que os cometem possuam caractersticas psicolgicas em comum. (p. 174).

16Tanto a teoria biolgica do crime quanto a psicolgica so POSITIVISTAS por natureza. O positivismo a crena de que a aplicao de mtodos cientficos ao estudo do mundo social pode revelar suas verdades fundamentais. No caso da criminologia positivista, isso levou a acreditar que a pesquisa emprica pudesse detectar as causas do crime e, por sua vez, oferecer conselhos para a sua erradicao. (pp. 175-176).

17Teorias funcionalistasPara as teorias funcionalistas, o crime e o desvio so resultados de tenses estruturais e de uma falta de regulao social dentro da sociedade. Se as aspiraes que tm os indivduos e os grupos na sociedade no coincidem com as recompensas disponveis, essa disparidade entre desejos e realizaes ser sentida nas motivaes desviantes de alguns dos seus membros. (p. 176).