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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CRIAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS EM GAIOLAS OU PISO NAS FASES DE RECRIA E POSTURA ALIMENTADAS COM BASE NA PROTEINA IDEAL NA FASE DE PRODUÇÃO Eduardo de Faria Viana Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini Goiânia 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CRIAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS EM GAIOLAS OU

PISO NAS FASES DE RECRIA E POSTURA ALIMENTADAS

COM BASE NA PROTEINA IDEAL NA FASE DE PRODUÇÃO

Eduardo de Faria Viana

Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini

Goiânia

2013

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EDUARDO DE FARIA VIANA

CRIAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS EM GAIOLAS OU

PISO NAS FASES DE RECRIA E POSTURA ALIMENTADAS

COM BASE NA PROTEINA IDEAL NA FASE DE PRODUÇÃO

Tese apresentada para obtenção do

grau de Doutor em Ciência Animal junto

à Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Área de concentração:

Produção animal

Orientador:

Prof. Dr. José Henrique Stringhini

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

Prof. Dr. José Antônio Rodrigues de Souza

Goiânia

2013

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Àqueles que buscam, por meio da

qualificação profissional, o

aprimoramento de suas funções,

dedico esta obra.

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vii

AGRADECIMENTOS

Á Deus, por mais esta oportunidade em minha vida.

Á Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, da Universidade Federal

de Goiás, por acreditar e viabilizar o Programa de Doutorado Interinstitucional

UFG/IFGoiano (DINTER).

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, da Escola de

Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás, pela oportunidade

de realizar e concluir o Curso de Doutorado.

Ao professor e amigo José Henrique Stringhini, por acreditar neste

trabalho, pela disponibilidade, dedicação, competência e paciência. Será

sempre um exemplo para mim. Muito obrigado.

Á minha esposa Débora, pelo amor, apoio, compreensão e

compartilhamento.

Aos meus filhos Pedro, Gabriel e Eduardo, presença de Deus em minha

vida.

Aos meus pais, Hildo e Maria José, pelo amor, exemplo e apoio

incondicional em toda minha vida.

Ao professores Emmanuel Arnhold, Marcos Barcellos Café, Alessandra

Gimenez Mascarenhas, Fabyola Barros de Carvalho, Heloisa Helena de

Carvalho, pelos ensinamentos e incentivo.

Ao professor e amigo José Antônio Rodrigues de Souza pela orientação,

apoio e desprendimento.

Á professora Roberta Gomes Marçal Vieira Vaz, pela grande

contribuição e orientação.

Ao professor Paulo Ricardo de Sá da Costa Leite, pelo aprendizado e

contribuição.

Aos professores Eliane Sayuri Miyagi , Aldi Fernandes de Souza, Cintia

Silva Minafra e Romão da Cunha Nunes, pelo exemplo e contribuição.

Á professora Tânia Fernandes Veri Araújo, pelo incentivo e contribuição

na execução deste programa.

Ao professor Gilson Dourado da Silva, por viabilizar e incentivar o

Programa de Doutorado Interinstitucional UFG/IFGoiano (DINTER).

Ao Ashbel, pelo auxílio nas análises laboratoriais.

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Aos alunos bolsistas José Lopes, Daniel, Ronerson, Hugo Fernando,

Vinícius e Victor Hugo, do Curso Técnico em Agropecuária do Instituto Federal

Goiano Câmpus Urutaí, pelo grande apoio na fase experimental.

Aos amigos Eduardo Miranda e Bruno Santos, pelo companheirismo e

aprendizado.

Aos professores Luciana Sperandio Floriano, Gizelda de Siqueira

Pedrosa Cardoso, Marcos Antônio Rocha Cavalcanti e Sandra Regina

Marcolino Gherardi, pela amizade e apoio.

Á Médica Veterinária Eliane Resende Costa Cavalcanti, pelo apoio.

Á Ajinomoto do Brasil Indústria e Comércio de alimentos Ltda,

representada pelo Dr. Luciano Sá.

À Olvego Óleos Vegetais Ltda, representada pelo Sr. Gustavo Tomazini.

Á Nutriza Agroindustrial de Alimentos S.A., representada pelo Sr.

Rubens Silva.

Á MCassab Tecnologia Animal, representada pelo Sr. Eduardo Tibery.

Muito obrigado!

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 01 1.1. Introdução 01 1.2. Sistemas de criação de poedeiras comerciais 03 1.2.1. Sistema de criação em gaiolas convencionais 03 1.2.2. Sistema de criação em piso 05 1.3. Bem-estar animal 11 1.4. Proteína ideal 13 1.4.1. Metabolismo de proteína 15 1.4.2. Exigências de aminoácidos e o conceito de proteína ideal 17 1.4.3. A lisina como aminoácido referência 18 1.4.4. Formulação de dietas com base no conceito de proteína

ideal 19

1.4.5. Desempenho de poedeiras semipesadas consumindo rações formuladas com base no conceito de proteína ideal

21

1.5. Referências

22

CAPÍTULO 2. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE RECRIA

Resumo 30 Abstract 31 2.1. Introdução 32 2.2. Material e métodos 34 2.3. Resultados e discussão 37 2.3.1. Consumo médio semanal 38 2.3.2. Consumo médio total, ganho de peso total, e idade ao

primeiro ovo 39

2.3.3. Peso médio semanal 40 2.3.4. Ganho de peso 41 2.3.5. Uniformidade 42 2.4. Conclusão 43 3. Referências

43

CAPÍTULO 3. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA

Resumo 47 Abstract 48 3.1. Introdução 49 03.2. Material e métodos 50 3.3. Resultados e discussão 53 3.3.1. Consumo de ração 54 3.3.2. Percentagem de postura 61 3.3.3. Peso do ovo 66 3.3.4. Ganho de peso total 71 3.3.5. Conversão alimentar por dúzia (kg/dz) e por massa de ovos

(kg/kg) 72

3.3.6. Ovos sujos, trincados e quebrados 75

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x

3.4.

Conclusão

80

4. Referências

81

CAPÍTULO 4. QUALIDADE DE OVOS DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA

Resumo 86 Abstract 87 4.1. Introdução 88 4.2. Material e métodos 89 4.3. Resultados e discussão 93 4.3.1. Peso relativo de gema 93 4.3.2. Altura de gema 96 4.3.3. Peso relativo de albúmen 97 4.3.4. Altura de albúmen 98 4.3.5. Unidade Haugh 100 4.3.6. Gravidade específica 101 4.3.7. Espessura e peso de casca 103 4.4. Conclusão 106 5. Referências

106

CAPÍTULO 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS SÉRICOS E MORFOMETRIA DO TRATO DIGESTÓRIO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA

Resumo 111 Abstract 112 5.1. Introdução 113 5.2. Material e métodos 114 5.3. Resultados e discussão 117 5.3.1. Proteína total sérica 117 5.3.2. Albumina plasmática 121 5.3.3. Colesterol plasmático 124 5.3.4. Ácido úrico plasmático 127 5.3.5. Comprimento e peso relativo do intestino delgado 130 5.3.6. Comprimento e peso relativo do oviduto 135 5.3.7. Peso relativo de fígado, moela e pâncreas 136 5.3.8. Peso relativo de gordura abdominal, crista e barbela 140 6. Conclusão 144 7. Referências 144 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 149

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RESUMO GERAL

Os sistemas de criação devem assegurar saúde, melhor desempenho e bem-estar aos animais. A sustentabilidade da avicultura a longo prazo depende da relação entre desempenho, qualidade de ovo, bem-estar e rentabilidade nestes sistemas. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho e a qualidade de ovos de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, nas fases de recria e postura, alimentadas com rações formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção. Na recria, 400 frangas (Hisex Brown) foram alojadas em dois sistemas (gaiola e piso), alimentadas com ração comercial e manejadas conforme o Manual da linhagem, entre 12 e 18 semanas de idade. Entre 30 e 45 semanas de idade, as mesmas aves foram alimentadas com dietas com níveis reduzidos de proteína bruta. Foi adotado delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial, composto por dois sistemas de criação (gaiola e piso) e quatro níveis de proteína bruta (14, 15, 16 e 18%), totalizando oito tratamentos, com cinco repetições e dez aves por unidade experimental. Na recria, foram analisados o consumo de ração, o ganho de peso, a idade ao primeiro ovo e a uniformidade. Na fase de postura, analisaram-se produção de ovos, peso do ovo, consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso e percentagem de ovos sujos. Ainda nesta fase, parâmetros de qualidade de ovos (peso relativo de gema, altura de gema, peso relativo de albúmen, altura de albúmen, unidade Haugh, gravidade específica, espessura de casca e peso de casca), parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico plasmático e colesterol total plasmático) e biometria de órgãos (comprimento e peso relativo do intestino delgado, comprimento e peso relativo do oviduto, gordura abdominal e pesos relativos de fígado, moela, pâncreas, crista e barbela), foram avaliados. O sistema de criação em piso é indicado para poedeiras semipesadas nas fases de recria e produção, tendo como parâmetros o desempenho e a qualidade dos ovos. Dietas formuladas com base no conceito de proteína ideal, contendo 15% de proteína bruta, são sugeridas para criação em piso ou gaiolas convencionais na fase de postura.

Palavras-chave: aminoácido, cama, desempenho, qualidade de ovos, sistemas de criação

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ABSTRACT

Cages should ensure health, performance and well-being of the animals. The sustainability of the poultry industry in the long term depends on the relationship between performance, egg quality, welfare and profitability in these systems. This work aimed to evaluate the performance and egg quality of laying hens, caged or floor, in the rearing and laying, fed diets based on the concept of ideal protein for the production phase. In recreates, 400 pullets (Hisex Brown) were housed in two systems (cage and floor), receiving a commercial diet and managed according to the Manual of the line, between 12 and 18 weeks of age. Between 30 and 45 weeks of age, the same birds were fed diets with reduced levels of crude protein. It was used a completely randomized design in a factorial arrangement, consisting of two rearing systems (cage and floor) and four levels of crude protein (14, 15, 16 and 18%), totaling eight treatments. We used five replicates and ten birds per pen. In rebuilds were analyzed feed intake, weight gain, age at first egg and uniformity. During the laying period, was evaluated egg production, egg weight, consumption, feed conversion, weight gain and percentage of dirty eggs. Even at this stage, quality parameters of eggs (yolk weight, yolk height, albumen weight, albumen height, specific gravity, shell thickness and shell weight), blood biochemical parameters (total serum protein, plasma albumin, plasma uric acid and plasma total cholesterol) as well as length and relative weight of the small intestine, length and relative weight of the oviduct; abdominal fat and relative weight of liver, spleen, gizzard, pancreas, crest and wattles, were evaluated. The rearing system on floor is indicated for laying hens in the rearing and production, having as parameters the performance and egg quality. Diets based on ideal protein, containing 15% crude protein, are suggested for creation in floor or in conventional cages in laying stage.

Keywords: amino acids, egg quality, litter, performance, systems

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CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. INTRODUÇÃO

A avicultura se destaca como segmento estratégico para o

agronegócio brasileiro, pela oferta de empregos, pela conquista de novos

mercados e por oferecer produtos de qualidade reconhecida pelo Brasil e o

mundo. A pesquisa científica tem contribuído para o aprimoramento dos

processos produtivos, propiciando a otimização dos índices zootécnicos e

contribuindo para que os sistemas intensivos se consolidem como alternativas

viáveis do ponto de vista econômico, social e produtivo.

No entanto, o modelo intensivo de criação de poedeiras vem sendo

questionado quanto ao bem-estar das aves e sua relação com a qualidade dos

produtos e a sustentabilidade do negócio, sob a alegação de que não permite

que as aves realizem alguns comportamentos naturais, como bater e esticar

suas asas, ciscar, empoleirar-se, e se movimentar em diferentes direções.

Outro ponto relevante é a crescente convicção dos consumidores de

que os animais utilizados na produção de alimentos devem ser bem tratados.

As campanhas movidas por diferentes segmentos e a pressão crescente de

organizações não-governamentais sensibilizaram a opinião pública em muitos

países, o que gerou mudanças consideráveis nas leis (ALVES et al., 2007).

Nesse sentido, a Comunidade Européia estipulou o ano de 2012 como limite

para utilização das gaiolas (Diretiva 1999/74/CE), sendo o espaço mínimo

exigido de 750 cm²/ave (TAUSON, 2005).

Esta situação aponta para o cenário em que as aves passem a ser

criadas em gaiolas que promovam o bem-estar, ou ainda, soltas em galpões

com acesso à áreas livres. Esta situação favoreceria o Brasil, visto que possui

área disponível e mão de obra relativamente barata, podendo se tornar um

grande exportador de ovos e derivados. Atualmente, o Brasil ocupa a sexta

posição no ranking dos maiores produtores de ovos do mundo (UBA, 2010).

BROOM (2010), destaca que na reunião da FAO (Food and

Agriculture Organization), em Roma, em 2008, foi enfatizada a necessidade de

apoio à investigação do bem-estar animal em sistemas alternativos em países

em desenvolvimento, afim de promover segurança alimentar. Também na

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reunião da OIE (World Organisation for Animal Health), no Cairo, em 2008, foi

destacada a relação entre bem-estar animal, saúde animal e humana, e

segurança e qualidade dos produtos de origem animal. Foi demonstrado que o

bem-estar animal está claramente relacionado à competitividade, ao uso da

biodiversidade e à saúde pública.

A busca por modelos de criação que possam garantir o bem-estar,

manter os índices produtivos e a qualidade do produto final, leva ao

desenvolvimento de sistemas alternativos de produção de ovos (HOOREBEKE

et al., 2010).

Em sistemas intensivos, o reduzido espaço oferecido e a ausência

de caracteres de enriquecimento ambiental, impossibilitam ou limitam as

atividades consideradas importantes para os animais. Além disso, algumas

práticas empregadas (debicagem, muda forçada e alta densidade) são

questionáveis. Deste modo, a criação em gaiolas tornou-se polêmica, fazendo

com que vários projetos de pesquisa fossem desenvolvidos com o propósito de

avaliar o bem-estar das aves (BROOM E MOLENTO, 2004).

Entretanto, apesar do sistema de criação convencional apresentar

problemas relativos ao bem-estar, a elevada escala de produção, a

regularidade na oferta e o modelo de arranjo produtivo, possibilitam o acesso

da população à uma fonte protéica de qualidade e preço acessível.

A mensuração correta dos elementos que compõem os custos de

produção em diferentes sistemas de criação é fundamental para apoiar

decisões de curto prazo e medir a sustentabilidade destes modelos em longo

prazo (SILVA et al., 2010).

No Brasil, para que o bem-estar seja entendido e valorizado do

ponto de vista ético e econômico, é necessário informar e conscientizar a

população, para promovermos a discussão sobre o tema e sua inserção nas

cadeias produtivas.

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1.2. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE POEDEIRAS COMERCIAIS

1.2.1. Sistema de criação em gaiolas convencionais

O modelo de criação em gaiolas surgiu da necessidade de se alojar

em separado as aves, para monitorar seu desempenho e descartar aves

improdutivas. Posteriormente, foram alojadas mais aves por gaiola, o que

ocasionou a diminuição do bem-estar animal (APPLEBY et al., 1992).

A retirada de dejetos e o controle de parasitas são facilitados no

sistema de criação em gaiolas, no entanto, é necessário maior investimento em

instalações e equipamentos. O confinamento em gaiolas pode também

ocasionar lesões ou fraturas durante o despovoamento ou por reações de

pânico em espaço reduzido.

A utilização de gaiolas também permite maior controle sobre o local

de postura e sobre a higiene. Da mesma forma, o piso das gaiolas, sendo

suspenso, permite que as aves não entrem em contato com suas próprias

excretas, possibilitando o controle mais eficaz contra parasitas e diferentes

agentes patogênicos (HUNTON, 1995). Pode também diminuir a ocorrência de

comportamentos indesejáveis, como a postura fora do ninho e o risco de

fraturas ósseas (poleiros). Em gaiolas, as agressões são menos frequentes do

que em qualquer outro sistema. O canibalismo, embora seja influenciado por

outros fatores, também apresenta menor ocorrência neste sistema (McLEAN et

al., 1986; APPLEBY, 1998), o que se deve, provavelmente, à redução do

tamanho do grupo (APPLEBY et al., 1992).

A relação entre sistemas de criação e produção de ovos de frangas

semipesadas, alojadas em gaiolas convencionais ou galpão com acesso á

áreas livres (free- range), foi objeto de estudo de GOLDEN et al. (2012). Os

autores afirmaram que baseado no desempenho, aves alojadas em gaiolas

apresentaram melhor desempenho e qualidade de ovos, quando comparadas

aquelas criadas em sistemas alternativos.

APPLEBY (1998) sugere a utilização de gaiolas com barras de

arame da face frontal na posição horizontal, para estimular as aves a se

alimentarem ao mesmo tempo, diminuindo a competição pela alimentação.

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Este autor sugere, ainda, a inversão da orientação das gaiolas que, em vez de

estreitas e profundas, passariam a ser largas e com uma menor profundidade.

Em relação ao espaço disponível para cada ave nas gaiolas, existe

grande variação entre alguns países. Nos Estados Unidos e em alguns países

asiáticos, a área utilizada é de até 400 cm²/ave, contrapondo-se à Noruega,

que utiliza 700 cm²/ave. No Brasil, preconiza-se uma área entre 400 e 450

cm²/ave, podendo ser encontradas granjas que utilizam área de

aproximadamente 350 cm²/ave (SILVA E MIRANDA, 2009). A Comunidade

Européia exigiu que, a partir do ano de 2005, a área disponibilizada para cada

ave fosse de pelo menos 550 cm²/ave nas gaiolas convencionais (COMISSION

OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 1999).

Uma comparação entre os sistemas de criação em gaiola e em piso

é apresentada no Quadro 1.

Quadro 1 – Comparação entre sistemas de criação em gaiola e em piso

Parâmetros Gaiola Piso

Qualidade do ar - - Qualidade da água + + Qualidade da dieta + + Controle térmico + + Detecção de problemas de saúde + - Administração de medicamentos + - Controle de parasitas + - Facilidade de desinfecção + - Contato com excretas + - Espaço para exercícios - + Complexidade ambiental - + Oportunidades para ciscar e tomar banho no substrato - + Acesso a ninho e poleiro - + Oportunidade de interação social - + Oportunidade para escapar/evitar perigos - + Probabilidade de canibalismo - + Emprego de debicagem - -

Fonte: Adaptado de HURNIK (1995)

Outra questão relevante é que o piso das gaiolas, por ser de arame,

pode causar deformidades nos pés, fragilidade óssea e problemas no

empenamento (TAUSON, 2005). Segundo PAVAN et al. (2005), o espaço de

gaiola por ave é importante para a determinação dos custos de produção, e

350 - 400 cm²/ave representa o melhor retorno para o produtor de ovos.

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TACTACAN et al. (2009), estudaram o desempenho e o bem-estar

de poedeiras comerciais em gaiolas convencionais e concluíram que não

houve diferenças na produção e na qualidade dos ovos entre os dois sistemas,

exceto para a percentagem de ovos sujos. Este resultado está de acordo com

os obtidos por SMITH et al. (1993) e ABRAHAMSSON & TAUSON (1997).

Em geral, comportamentos naturais, como bater e esticar asas, são

mais comuns em aves criadas no piso. No entanto, ROLL et al. (2008),

afirmaram que ainda não está claro se estes comportamentos ocorrem devido

à fisiologia na fase de postura ou se as condições das gaiolas afetam as aves.

1.2.2. Sistema de criação em piso

Analisando-se o processo de domesticação das aves (Gallus gallus),

a evolução das sociedades no mundo e as relações entre estes animais e os

seres humanos, é possível afirmar que o sistema de criação em piso sempre

predominou. No entanto, a partir da década de 60, por questões comerciais, foi

necessário alojar as aves em gaiolas. Atualmente, com o maior nível de

informação dos consumidores á respeito dos sistemas de criação e suas

implicações sobre o bem-estar e a saúde das aves, novos modelos de criação

estão sendo desenvolvidos.

Porém, estes novos modelos, denominados alternativos (aviários

fechados, gaiolas enriquecidas e aviários com acesso á áreas livres) devem ser

aprimorados com o objetivo de se tornarem novas opções ao setor produtivo, e

não uma condição única para o setor, visto que alteram a dinâmica dos custos

de produção e são dependentes de uma nova postura dos consumidores.

Os sistemas de criação em piso podem ser similares aos

empregados para frangos de corte. Como diferenciais, apresentam ninhos,

áreas para banho de areia e poleiros distribuídos em um ou vários níveis,

construídos com ripas de madeira ou telas de arame. Estes aviários podem

oferecer acesso ou não a áreas externas. Por haver maior área disponível, as

aves executam seus comportamentos naturais com maior facilidade.

A Diretiva 1999/74/EU determina condições que devem ser seguidas

neste sistema (Quadro 2). Entretanto, os sistemas alternativos devem se

adequar às exigências das diretivas e determinam a área mínima por animal,

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dentre outras (Quadro 3). O piso dos galpões pode ser coberto com substrato

ou possuir apenas uma área específica com este material (ALVES et al., 2007).

Quadro 2. Exigências para sistemas de criação em piso

Comedouros Lineares: 10 cm/ave Circulares: mínimo de 4cm/ave

Bebedouros Contínuos: 2,5 cm/ave Circulares: 1 cm/ave Nipple ou Copo: 1:10 aves

Ninhos Simples: 1:7 aves Agrupados: 1m²/120 aves

Poleiros 15 cm/ave (não podem ser dispostos sobre o piso) Distância horizontal entre os poleiros de no mínimo 30 cm Distância horizontal entre os poleiros e parede de 20 cm

Piso Área mínima de 250 cm²/ave (deve ocupar 1/3 da superfície total)

Densidade Máxima de 9 aves/m² Fonte: COMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (1999)

Quadro 3 – Sistemas de criação de poedeiras comerciais classificados pela

Diretiva 1999/74/EU

Gaiolas convencionais Mínimo de 550 cm²/ave. A partir de 01/2003, não poderão mais ser construídas ou colocadas em serviço pela primeira vez.

Gaiolas enriquecidas Mínimo de 750 cm²/ave. Sistemas sem gaiolas Densidade máxima de 9 aves/m², ninho (1:7 aves) e

poleiros. Fonte: ALVES (2007)

O aumento no número de aves criadas no piso, principalmente na

Europa, tem despertado o interesse sobre a influência do tamanho dos grupos

sobre o comportamento e o desempenho produtivo das aves. DUNCAN et al.

(1992), estudando as relações entre densidade e tamanho do grupo,

concluíram que podem haver interações, principalmente em relação à

capacidade das aves de estabelecerem sub-grupos menores. Segundo este

autor, estes sub-grupos são fundamentais para a segurança social das aves,

contribuindo para o bem-estar.

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Contrapondo a idéia de que grandes grupos seriam prejudiciais à

interação das aves e ao seu bem-estar, HUGHES et al. (1997) observaram

menor incidência de agressões em grupos acima de 300 aves. No entanto, em

sistemas alternativos de criação, a ocorrência de arranque de penas tem sido

frequente. Muitas vezes ocasionado pela ausência de substrato apropriado,

alta lotação, compactação excessiva do substrato e fobia à ambientes abertos.

Existe ainda uma associação entre o arranque de penas e doenças como

peritonite e bronquite infecciosa. Predisposição genética e seleção para

produção de ovos maiores também podem estar associadas á este fenômeno.

A qualidade do ar em sistemas de criação no piso é bastante

deficitária, afetando a saúde das aves e das pessoas. A grande quantidade de

excretas e a circulação das aves resultam em maiores concentrações de

bactérias e fungos no ar, em comparação a sistemas convencionais. Altas

concentrações de poeira no ar tem sido associadas à lesões pulmonares

graves em aves criadas neste sistema (MICHEL & HUONNIC, 2003). Em

humanos, experimentos têm revelado a ocorrência de fortes reações

inflamatórias e casos de bronquite crônica (LARSSON et al., 1999).

KRISTENSEN et al. (2000) afirmaram que as taxas de emissão de

amônia são maiores nestes sistemas. O manejo das cortinas e a utilização de

ventiladores e exaustores são ferramentas utilizadas para se renovar o ar

nestes galpões. Os mesmos autores demonstraram que as aves detectam a

presença de amônia no ar e mostram aversão a ela, preferindo o ar fresco em

relação ao ar com 45 ou 25 ppm de amônia, quando lhes foi dada esta opção.

RODENBURG et al. (2005) também afirmaram que em sistemas

alternativos, a qualidade do ar é comprometida pela intensa movimentação das

aves, e há maior incidência de canibalismo devido às complexas interações

sociais existentes.

Normalmente, aves criadas no piso apresentam melhor resistência

óssea e muscular, entretanto, MICHEL & HUONNIC (2003) afirmaram que a

criação neste sistema pode comprometer esta condição. Estes autores também

afirmaram que as taxas de lesões musculares foram maiores neste sistema. Da

mesma forma, a taxa de mortalidade foi maior no piso do que em gaiolas.

Por outro lado, ALVES et al. (2007) afirmaram que o sistema de

criação no piso pode apresentar resultados semelhantes ao sistema de criação

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em gaiolas, pois possibilita obter desempenho produtivo equivalente, e quando

sob condições térmicas inadequadas, pode contribuir para manter a qualidade

da casca e diminuir o número de ovos trincados, devido a melhor

termorregulação.

Outro ponto importante é a necessidade de se buscar, por meio de

programas de seleção genética, a readaptação das aves aos sistemas

alternativos, visto que as linhagens atuais “se esqueceram” de como utilizar os

ninhos. GUINEBRETIERE et al. (2012) afirmaram que a utilização de

substratos nos ninhos é decisiva para motivar as aves a utilizarem estas

estruturas.

STAMPFLI et al. (2011), estudando a produção e o comportamento

de poedeiras leves ao terem acesso à ninhos com inclinação de 12% ou 18%

em relação ao piso, e à ninhos sem inclinação (controle), observaram maior

preferência das aves pelo ninho inclinado em 12%, visto que houve maior

produção, visitas e tempo de permanência.

Em grupos maiores, complexas interações sociais podem ocorrer,

com formação de subgrupos. Em geral, a agressão não parece ser problema

em grupos muito grandes, talvez porque as aves não conseguem distinguir

entre indivíduos familiares ou estranhos. No entanto, há possibilidade de que

as aves percebam todos os companheiros de rebanho como estranhos, o que

pode ser muito preocupante. A sociabilidade das aves pode ser uma variável

de interesse em programas de melhoramento genético, visto que certas

linhagens podem não se adaptar à criação em grupos (HUGHES et al., 1997).

Analisar a adoção de sistemas de criação alternativos implica em

estabelecer uma nova dinâmica dos parâmetros zootécnicos. Neste sentido,

SILVA et al. (2006), avaliando a influência de diferentes condições ambientais

no desempenho produtivo de poedeiras Hy-line W-36 e Hy-line Brown

submetidas a dois sistemas de criação (piso e gaiola), observaram que houve

aumento na temperatura retal das aves para a condição de estresse térmico,

independentemente da linhagem comercial. Também verificaram que aves

criadas no piso apresentaram menor temperatura retal, provavelmente devido à

maior área disponível, o que facilitou as trocas térmicas e a circulação de ar

entre os animais.

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ALVES (2007), pesquisando aves poedeiras das linhagens Isa

Brown e Hy-line W-36, confrontando os sistemas de criação em piso e em

gaiolas, observou que as aves mantiveram as temperaturas retais dentro dos

limites considerados normais (41 a 42ºC).

SINGH & CHENG (2009) avaliaram o desempenho e a qualidade

dos ovos de quatro linhagens de poedeiras comerciais, mantidas em gaiolas

convencionais e também no piso de aviários e relataram que a qualidade dos

ovos também é influenciada pelo sistema de criação, assim como a idade das

aves. Neste estudo, a produção de ovos das linhagens leves e das linhagens

semipesadas foram semelhantes, porém, observaram efeitos dos sistemas de

criação sobre o consumo de ração e a eficiência alimentar.

HOOREBEKE (2010), avaliando os fatores que potencializam o risco

de contaminação por Salmonella spp. em poedeiras comercias, utilizando

amostras coletadas em quatro países (Bélgica, Alemanha, Itália e Grécia) e em

diferentes sistemas de criação (baterias convencionais, piso, produção

orgânica e em galpões com acesso a áreas livres), afirma que nos sistemas de

criação em gaiolas ou baterias, a ocorrência de infecções por Salmonella spp.

é mais intensa que em sistemas alternativos de criação.

A influência do sistema de criação nos parâmetros comportamentais

de duas linhagens de poedeiras submetidas a duas condições ambientais foi

estudada por SILVA et al. (2006), os quais concluíram que no sistema de

criação convencional (gaiolas), mesmo sem nenhuma condição, as aves

tentaram executar seus hábitos naturais, e certamente, a impossibilidade de

expressarem estes comportamentos ocasionou uma condição de estresse.

A adoção de sistemas de criação que se baseiam na promoção do

bem-estar animal pressupõe o monitoramento contínuo dos parâmetros de

bem-estar. O COMMITTEE ON ANIMAL HEALTH AND ANIMAL WELFARE

(2001) sugeriu a utilização de quatro abordagens diferentes para um correto

monitoramento:

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Saúde e Doença: O animal doente apresenta comprometimento de seu bem-

estar. Isto pode estar ligado ao sistema de criação adotado. A observação

da condição do empenamento, dos pés, da pele e da condição geral das

aves podem ser utilizados como parâmetros ao se avaliar a saúde e o bem-

estar. Deste modo, escores ou pontuações podem ser adotados para avaliar

os efeitos das práticas de manejo sobre as aves, tais como: a condição de

alojamento, composição da dieta, genótipo, debicagens e programas de luz.

Produtividade: se o animal está crescendo normalmente, produzindo e se

reproduzindo a contento, provavelmente se encontra em estado de bem-

estar. No entanto, a produtividade não pode ser utilizada isoladamente, pelo

fato desta ser influenciada por vários fatores simultaneamente.

Fisiologia: Algumas condições ambientais podem levar à alterações

fisiológicas, acarretando diferentes padrões de resposta nos mais variados

tecidos. Variações climáticas, ruídos, mudanças de ambiente e alta

densidade, levam a liberação de hormônios (corticosteróides) que indicam o

nível de estresse das aves. Os resultados são: elevação da frequência

cardíaca, aumento do corticosterona plasmático e níveis de catecolaminas,

hipertrofia e atrofia da adrenal, imunossupressão, mudanças nos hormônios

reprodutivos e mudanças neuroquímicas (FREEMAN, 1988).

Comportamento: A observação do comportamento dos animais pode

oferecer respostas confiáveis sobre o bem-estar, visto que está relacionado

ao ambiente em que este animal é criado. De acordo com WECHSLER et al.

(1997), o conhecimento da organização comportamental do animal deve ser

incorporado ao do sistema de produção, utilizando-se a etologia aplicada

como ferramenta para interpretar o nível do bem-estar dos animais.

É preciso implementar ações para elevar a eficiência econômica dos

sistemas alternativos, visto que alguns estudos apontam uma elevação nos

custos na ordem de 8 a 20% (MOLENTO, 2005; RAINERI, 2012), o que pode

inviabilizar a sua adoção em larga escala. Isto ocorre principalmente em casos

em que há necessidade de grandes investimentos em instalações e

equipamentos. O setor avícola precisa estar preparado para manter a oferta de

alimentos e atender as exigências dos consumidores a partir dos novos

sistemas de criação de poedeiras comerciais.

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1.3. BEM-ESTAR ANIMAL

O entendimento do bem-estar animal exige conhecimento sobre a

espécie em questão e de suas relações com o meio. A abordagem

multidisciplinar é necessária, integrando conceitos, além da definição clara e

inequívoca do que é bem-estar animal (COSTA, 2002).

No início da década de 90, diversos autores (ALBRIGHT,1992;

FRIEND, 1990; LEAVITT, 1990; FRASER & BROOM, 1990) alertavam para a

necessidade do sistema educacional ensinar os princípios básicos do bem-

estar animal, e também, preparar os estudantes para as mudanças nos

sistemas de produção e nos hábitos de consumo que ocorreriam nas décadas

seguintes.

O termo bem-estar refere-se ao estado do indivíduo frente ao

ambiente em que vive. Animais de produção têm necessidades

comportamentais específicas e são capazes de alterar seu comportamento

para se adaptarem ao ambiente em que vivem (BROOM, 1991).

O bem-estar animal tem sido definido de várias formas. A maioria

das definições concordam que o bem-estar ocorre quando os animais estão em

harmonia com seu ambiente. No entanto, algumas definições enfatizam que

sempre haverá desafios para os animais em qualquer ambiente, e que o bem-

estar ocorre quando os animais são capazes de lidar com esses desafios.

Ainda existe muita discussão se o bem-estar deve ser definido em última

análise, em termos de sentimentos (fome, dor, medo, frustração e prazer), ou

em termos de funcionamento biológico, mais fáceis de serem mensurados.

O Farm Animal Welfare Council (FAWC), em seu relatório sobre

bem-estar animal, apresenta como condição à definição de bem-estar, o

reconhecimento das cinco liberdades inerentes aos animais:

a liberdade fisiológica (ausência de fome e sede);

a liberdade ambiental (edificações adaptadas);

a liberdade sanitária (ausência de doenças e de fraturas);

a liberdade comportamental (expressão de comportamentos naturais);

a liberdade psicológica (ausência de medo e de ansiedade).

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WEEKS et al. (2000) afirmaram que este tema deve ser analisado

segundo três pontos de vista:

O bem-estar é uma característica de um animal e não é algo que pode ser

fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o bem-estar, mas não

garante este estado apenas fornecendo um equipamento ou permitindo que

realize determinada atividade relacionada ao seu instinto natural;

O nível de bem-estar pode variar bastante, e não se pode pensar apenas em

preservar e garantir esta condição, mas sim, em melhorá-la continuamente;

O bem-estar pode ser medido cientificamente, independentemente de

considerações morais. A sua medida e interpretação deve ser a mais

objetiva possível.

Do ponto de vista fisiológico, o bem-estar é assegurado graças à

manutenção da homeostase, equilíbrio complexo, dinâmico e harmonioso. A

homeostase se dá por diferentes sistemas funcionais de controle, envolvendo

mecanismos fisiológicos e reações comportamentais, mantendo estável, por

exemplo, a temperatura corporal, o balanço hídrico e as interações sociais. O

bem-estar é prejudicado quando o animal não consegue manter a homeostase,

ou quando consegue mantê-la a um alto custo. Deste modo, toda vez que o

organismo é ameaçado (fisica ou psicologicamente) ocorrem respostas

adaptativas que se contrapõem aos efeitos dos estímulos, na tentativa de se

restabelecer a homeostasia. Nesta condição, pode-se afirmar que o animal se

encontra em estado de estresse (LAAN, 1999).

Atualmente, graças às informações disponíveis à respeito dos

sistemas de criação, uma parcela considerável da sociedade passou a

considerar o sofrimento animal como um fator importante no momento da

escolha do produto a ser consumido, afetando economicamente a cadeia

produtiva de ovos (MOLENTO, 2005).

Nas sociedades de demanda mais desenvolvida por bem-estar,

existem estudos detalhados do impacto que o padrão de bem-estar pode ter

nas relações custo-benefício.

Estudando as relações entre bem-estar animal, economia e política,

MCINERNEY (2004) ressalta que o bem-estar pode assumir um valor

econômico independente do valor puramente produtivo dos animais. Esta visão

é essencial para justificar que se tomem atitudes racionais para assegurar

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melhorias na qualidade de vida destes animais, que envolvem o emprego de

recursos e incrementos nos custos de produção.

Sistemas de criação alternativos, que buscam a manutenção ou

melhoria dos índices zootécnicos por meio da promoção do bem-estar animal,

serão adotados progressivamente, no momento em que toda a cadeia

produtiva estabelecer relações comerciais que viabilizem, técnica e

economicamente, a adoção de medidas de fomento ao bem-estar.

1.4. PROTEÍNA IDEAL

Atualmente, as linhagens de poedeiras comerciais são precoces e

apresentam altos picos de produção, o que exige a revisão periódica de suas

necessidades nutricionais e a adoção de programas alimentares específicos.

Nas últimas décadas, o desenvolvimento genético dos grãos, a geração de

novas tecnologias de processamento de alimentos e os estudos em

metabolismo e nutrição animal, colaboraram para a evolução dos índices

produtivos da avicultura brasileira (MENDOZA et al., 2001).

Neste contexto, a busca por métodos de formulação de rações que

atendessem à demandas cada vez mais específicas de nutrientes, foi um dos

pontos priorizados pela pesquisa científica.

A formulação de dietas com base na proteína ideal pressupõe o

conhecimento das exigências dos aminoácidos digestíveis, das condições

ambientais e dos objetivos a serem atingidos, para que a redução protéica na

dieta realmente ocorra. As exigências nutricionais de aminoácidos digestíveis,

obtidas pelos métodos de dose-resposta ou fatorial, podem variar em função da

produção, do peso corporal, da taxa de crescimento e do nível de interação

existente entre os aminoácidos.

Por sua importância metabólica e efeito direto nos custos, a proteína

foi um dos nutrientes mais estudados. De acordo com SILVA (1997), a proteína

dietética fornece os aminoácidos que serão utilizados para exercerem inúmeras

funções de constituintes primários dos tecidos estruturais e de proteção, como

pele, penas, matriz óssea, ligamentos e tecidos dos órgãos e músculos, além

de serem precursores de inúmeros constituintes corporais não protéicos. A

eficiência da utilização desta proteína esta relacionada à disponibilidade dos

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aminoácidos e verifica-se que é possível reduzir o teor de proteína dietética

com a suplementação de aminoácidos (ANDRADE et al., 2004).

As poedeiras apresentam baixa habilidade para armazenar a

proteína ingerida (ROCHA et al., 2009) e, de acordo com ANDRADE et al.

(2003), dietas para poedeiras são baseadas num nível mínimo de proteína, que

geralmente está acima da exigência da ave. O fornecimento de dietas

formuladas com base na proteína bruta pode promover queda no consumo,

degradação da proteína muscular, queda da produção, aumento da produção

de calor metabólico e aumento na excreção de nitrogênio (COSTA et al., 2004).

A redução do teor protéico das rações, com utilização de

aminoácidos industriais, quando aplicada à dietas fornecidas em condições

ambientais adequadas, promove a redução do incremento calórico gerado pelo

metabolismo proteíco, diminui a excreção de nitrogênio e mantém ou eleva a

produtividade das aves por meio do atendimento à demandas específicas de

cada aminoácido. A redução protéica é o objetivo maior da formulação de

rações com base no conceito de proteína ideal. LIANG et al. (2005), afirmaram

que a redução da proteína bruta em 1%, em dietas balanceadas, pode reduzir

em até 10% a emissão de amônia, sem afetar o desempenho das aves.

Entretanto, a redução da proteína sem a adequada suplementação

de aminoácidos essenciais diminui o consumo de ração e a produção de ovos,

além de alterar o comportamento social das aves, resultando em canibalismo

(PEGANOVA & EDER, 2003).

Este conceito foi proposto inicialmente por MITCHELL (1964) ao

trabalhar com exigências de aminoácidos. O ARC (Conselho Britânico de

Pesquisa Agrícola), em 1981, recomendou a utilização deste conceito na

nutrição de suínos (MENDOZA et al., 2001).

MARTINEZ E LAPARRA. (1998) definem o conceito de proteína

ideal como sendo um balanço exato de aminoácidos capaz de prover, sem

excesso ou déficit, as necessidades de todos os aminoácidos essenciais,

expressando-os como percentagem da lisina. Deste modo, uma vez

estabelecida a exigência de lisina, as exigências para os demais aminoácidos

podem ser facilmente calculadas.

A formulação de rações com base no conceito de proteína ideal

contribui para a redução dos custos relativos à nutrição, bem como assegura o

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desempenho das aves em condições de estresse por calor. No entanto, sua

adoção está vinculada à disponibilidade e custo dos aminoácidos indutriais, e

ao conhecimento da digestibilidade dos diferentes aminoácidos.

1.4.1. Metabolismo de proteína

As proteínas podem ser definidas como polímeros de aminoácidos,

unidos por ligação covalente. Cada um desses polímeros é constituído por 20

diferentes aminoácidos e as células podem produzir proteínas unindo os

referidos polímeros em combinações e seqüências distintas. A partir destes

ajustes são constituídas, enzimas, hormônios, anticorpos, transportadores e

fibras musculares (NELSON & COX, 2006). Toda proteína do organismo animal

é representada por proteína funcional, isto é, faz parte das estruturas teciduais

ou dos sistemas metabólicos, tais como sistemas hormonais, de defesa e de

transporte (TORRES & MARZZOCO, 2007).

No caso de excesso na ingestão protéica, o organismo degradará a

proteína que não foi utilizada, oxidará os aminoácidos liberados e excretará seu

nitrogênio juntamente com a urina.

No entanto, na célula, há um reservatório metabólico ativo de

aminoácidos em estado de equilíbrio dinâmico que pode ser utilizado quando

necessário. O contínuo estado de síntese e degradação de proteínas,

denominado “turnover”, é necessário para manter este “pool” metabólico e

satisfazer a demanda por aminoácidos nas células e tecidos quando são

estimulados a produzirem novas proteínas. Vários aminoácidos apresentam

suas vias metabólicas acopladas ao metabolismo de outros aminoácidos

(CAMPBELL, 2005; NELSON & COX, 2006).

A degradação protéica serve para a produção de energia a partir da

oxidação dos aminoácidos individuais e a conversão destes em outros

produtos. A via de degradação de um aminoácido pode ser a via para síntese

de um outro aminoácido (NELSON & COX, 2006).

A degradação dos aminoácidos também forma outros produtos que

não são aminoácidos: os componentes do organismo que contém nitrogênio.

Quando os aminoácidos são degradados para energia, em vez de convertidos

para outros compostos, os produtos finais são dióxido de carbono (CO2), água

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(H2O) e uréia ((NH2)2CO). O dióxido de carbono e a água são produzidos

diretamente no metabolismo intermediário envolvendo o ciclo do ácido

tricarboxílico (NELSON & COX, 2006).

A uréia é produzida porque, algumas moléculas, tais como a amônia,

são tóxicas caso suas concentrações aumentem no sangue e dentro das

células. As aves, por sua vez, excretam o excesso de nitrogênio na forma de

ácido úrico. No caso destes animais, a síntese de ácido úrico é controlada pela

xantina-oxidase hepática, cuja atividade aumenta com o teor protéico da ração.

A glicina atua no metabolismo do ácido úrico, e sua síntese é insuficiente para

atender a exigência de crescimento e assegurar a produção de ácido úrico ao

mesmo tempo. Neste caso, a serina pode atuar na síntese da glicina e

substituí-la no alimento Em condições fisiológicas e nutricionais normais, a

uricemia de uma ave varia entre 30 e 100mg/L e a quantidade de ácido úrico

excretada por dia fica compreendida entre 4 e 5g (DONSBOUGH et al., 2010).

Após a absorção intestinal, os aminoácidos são transportados

diretamente ao fígado pelo sistema porta. Esse órgão exerce função importante

como modulador da concentração de aminoácidos plasmáticos. Cerca de 20%

dos aminoácidos que são metabolizados no fígado são liberados para a

circulação sistêmica, cerca de 50% são transformados em uréia e 6% em

proteínas plasmáticas (NELSON & COX, 2006).

Os aminoácidos liberados na circulação sistêmica, especialmente os

de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina), são depois metabolizados

pelo músculo esquelético e pelos rins. O destino dos aminoácidos em cada

tecido varia de acordo com as necessidades do momento daquele tecido,

havendo um equilíbrio dinâmico entre as proteínas tissulares com os

aminoácidos ingeridos pela dieta e os aminoácidos circulantes.

PACK (2002) afirmaram que as aves utilizam, efetivamente, 40% do

nitrogênio ingerido para produção de ovos e carne. Os 60% restantes são

eliminados nas excretas.

O desenvolvimento normal de um indivíduo é caracterizado pelo

anabolismo intenso e depende de suprimento adequado de nutrientes. Destes,

as proteínas exercem papel fundamental, pois a forma essencial do

desenvolvimento é padronizada e regulada pela síntese das diferentes

proteínas que compõem os diversos tecidos do corpo.

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1.4.2. Exigências de aminoácidos e o conceito de proteína ideal

Os aminoácidos têm relação direta com a produção de ovos,

conversão alimentar e eficiência de utilização de nitrogênio. Dietas formuladas

com nível protéico adequado e equilibradas em relação à aminoácidos totais,

otimizam os custos e promovem um menor impacto ambiental. A intensificação

dos estudos sobre exigências nutricionais e metabolismo de nutrientes permitiu

o desenvolvimento do conceito de proteína ideal, que busca reduzir o teor

protéico e favorecer o equilíbrio entre os aminoácidos.

ROSTAGNO et al. (2011), afirmaram que poedeiras semipesadas,

na fase de recria (13º a 18º semana de idade), alimentadas com dietas

contendo 2.900 Kcal/kg de E.M., apresentam exigências de 14% para proteína

bruta, 0,467% para lisina digestível, 0,210% para metionina, 0,383% para

metionina+cistina e 0,322% para treonina. Em relação á fase de postura, estes

autores sugerem que poedeiras semipesadas alimentadas com dietas

contendo 2.900 Kcal/kg de E.M., consumindo 109 g de ração/ave/dia e

produzindo ovos com peso médio de 55 g, apresentam exigências de 15,60%

para proteína bruta, 0,754% para lisina digestível, 0,377% para metionina,

0,686% para metionina+cistina e 0,573% para treonina.

Entretanto, as exigências nutricionais apresentadas no MANUAL DE

MANEJO HISEX BROWN (GLOBO AVES, 2006) para a fase de recria, são de

16,50% para proteína bruta, 0,380% para metionina digestível, 0,700% para

metionina+cistina e 0,870% para lisina. Para a fase de postura, os níveis de

18% de proteína bruta, 0,400% de metionina digestível, 0,690% de

metionina+cistina e 0,880% de lisina foram recomendados por este manual.

O conceito de proteína ideal consiste em selecionar um aminoácido

como referência e basear as exigências dos outros aminoácidos como

proporção deste. Para tanto, exige que o nutricionista tenha informações

precisas quanto às condições ambientais, exigências nutricionais, estado

sanitário, genética e estágio produtivo, para obter a relação ideal entre os

aminoácidos (BELLAVER et al., 2002).

Para aves criadas em ambientes com temperatura mais elevada,

este conceito contribui para a regulação da temperatura corporal, a partir da

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diminuição do conteúdo protéico da dieta, reduzindo o incremento calórico

gerado pelo catabolismo de aminoácidos.

É fundamental que não só a exigência de cada aminoácido seja

atendida, mas que o equilíbrio entre eles seja buscado continuamente,

principalmente entre lisina, arginina, metionina, cistina, treonina e triptofano,

pois podem minimizar a excreção de nitrogênio, economizando energia para

crescimento e manutenção (ALETOR et al., 2000).

ISHIBASHI et al. (1998) consideraram que a variação na

necessidade de aminoácidos está relacionada à fatores como linhagem, idade,

taxa de produção e níveis de proteína bruta.

O excesso de aminoácidos no organismo exige um gasto extra de

energia para sua metabolização. Esta energia é desviada da produção para os

processos de excreção do nitrogênio na forma de ácido úrico. Além disso, pode

ocorrer sobrecarga do fígado e dos rins, pois os aminoácidos são desaminados

até ácido úrico, subindo o nível desse composto no sangue. Parte da proteína

não utilizada fornecerá o esqueleto carbônico para a formação de gorduras que

serão depositadas no organismo da ave (ALETOR et al., 2000).

Em poedeiras comerciais, o custo metabólico para incorporar um

aminoácido a uma cadeia protéica, ou excretá-lo, exige gasto de energia. São

necessárias quatro moléculas de ATP/g de N para incorporá-los e seis

moléculas para eliminá-los (Mc LEOD, 1997). Porém, a redução do nível

protéico da ração em mais de 4%, sem a suplementação de aminoácidos

essenciais, pode diminuir a produção de ovos e aumentar a incidência de

canibalismo (PEGANOVA & EDER, 2003).

Apesar da utilização do conceito de proteína ideal ter se consolidado

com resultados positivos, os efeitos desta prática sobre o desempenho de

poedeiras comerciais ainda necessita ser estudado e aprimorado.

1.4.3. A lisina como aminoácido referência

A lisina é o aminoácido mais exigido em quantidade para deposição

protéica, embora seja o segundo aminoácido limitante para as aves, depois da

metionina. Segundo FARIA FILHO et al (2007), entre os aminoácidos

essenciais, a lisina foi considerada como referência pelas seguintes razões:

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É o primeiro aminoácido limitante em dietas para suínos e o segundo

limitante em dietas para aves;

Trata-se de um aminoácido estritamente essencial, ou seja, não há síntese

endógena;

É de análise relativamente simples;

Sua exigência é bastante conhecida para diferentes condições ambientais e

germoplasmas;

Existe muita informação sobre sua concentração e digestibilidade nos

ingredientes;

Aminoácido envolvido exclusivamente com a síntese protéica;

Sua suplementação é economicamente viável;

Pelo fato da lisina ser considerada referência, os demais

aminoácidos essenciais são dados como percentagem de seu conteúdo

(FULLER & WANG, 1990). No entanto, muitas relações entre os aminoácidos

ainda devem ser confirmadas, para se ter certeza da relação entre a lisina e os

demais aminoácidos (MENDOZA et al., 2001)

A mudança nas concentrações de lisina digestível nas rações são

acompanhadas de alterações proporcionais dos demais aminoácidos ou, pelo

menos, mantidas relações mínimas destes com a lisina, para que não limitem o

desempenho dos animais. Esse padrão de relação dos demais aminoácidos

com a lisina possibilita a formulação de dietas mais ajustadas e precisas. Na

fase de crescimento, a lisina destina-se, preferencialmente, à deposição de

tecido muscular. Portanto, animais com alta taxa de deposição protéica

necessitam de um maior teor de lisina na dieta, pelo incremento da síntese

diária de proteína muscular (FILARDI et al., 2006).

1.4.4. Formulação de dietas à partir do conceito de proteína ideal

Em dietas para aves, os componentes que mais influenciam o custo

de produção são a energia e os aminoácidos. Com o surgimento da produção

de aminoácidos industriais, as dietas passaram a ser formuladas com um

menor nível protéico e com um nível de aminoácidos mais próximo das

necessidades das aves (MARTINEZ & LAPARRA, 1998).

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Reduzindo o nível de proteína bruta nas dietas não reduzirá apenas

o consumo de nitrogênio, mas também o percentual de nitrogênio não utilizado

nas excretas. É fundamental relacionar a proteína da dieta com os níveis de

cada aminoácido para reduzir a excreção de nitrogênio. ANONYMOUS (1994),

trabalhando com rações à base de milho e farelo de soja com reduzidos níveis

protéicos (15,5%, 14,5% e 13,5%), 0,60% de metionina+cistina digestíveis e

0,70% de lisina digestível, para poedeiras leves ás 52 semanas de idade,

obteve consumo de ração de 110 g durante o período de postura e pequena

redução na eficiência alimentar para o nível de 13,5% de proteína bruta.

Porém, SUIDA et al. (2001) afirmaram que existem alguns fatores

que podem afetar negativamente o desempenho das aves, quando dietas de

baixa proteína são formuladas, e que devem ser sempre observados:

a. Relacionar o nível de lisina e de energia com o mínimo protéico a ser

formulado;

b. Formular as dietas a partir do conceito de proteína ideal, verificando os

níveis mínimos dos aminoácidos essenciais, como metionina+cistina,

treonina, triptofano, isoleucina, glicina+serina, arginina e valina;

c. Considerar que as aves possuem exigências também para aminoácidos não

essenciais e nitrogênio, gerando a ingestão de mínimo protéico para otimizar

o seu desempenho;

d. Outros nutrientes a serem verificados sempre, ao reduzir a proteína da dieta,

são a colina e os minerais que influenciam o balanço eletrolítico (K, Na e Cl).

De acordo com ROSTAGNO et al. (2011), os coeficientes de

digestibilidade de aminoácidos dos principais ingredientes utilizados em rações

para aves, comprovam que a digestibilidade dos aminoácidos, na maioria dos

casos, é muito inferior a 100%. Portanto, rações formuladas com base em

aminoácidos digestíveis atenderiam mais eficientemente que aquelas

formuladas com base na concentração total de aminoácidos (DOUGLAS &

PARSONS, 1999; MAIORKA et al., 2004).

A suplementação de aminoácidos industriais em rações comerciais

tem facilitado o ajuste das formulações, por possibilitar um melhor balanço

entre os aminoácidos essenciais.

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Os resultados obtidos com o emprego de aminoácidos industriais

estão relacionados ao nível de inclusão dos ingredientes, ao valor nutricional

de seus aminoácidos, e também ao balanceamento de energia e demais

nutrientes da ração (SADIKU & JAUNCEY, 1995).

De acordo com BAKER & HAN (1994), em situações práticas, lisina,

metionina, cistina, treonina, triptofano, valina e arginina, são os aminoácidos

essenciais de maior importância para a produção de aves.

1.4.5. Desempenho de poedeiras comerciais consumindo rações

formuladas com base no conceito de proteína ideal

SILVA et al. (2006), avaliando o desempenho de poedeiras leves

alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de proteína, suplementadas

com aminoácidos essenciais, durante o período total de produção, verificaram

que a redução do nível protéico de 16,5% para 15,25 e 14%, não afetou o

consumo de ração e as conversões por massa e por dúzia de ovos, sugerindo

a utilização de dietas com nível protéico abaixo do recomendado por

ROSTAGNO et al. (2005).

Estes resultados corroboram com aqueles obtidos por ANDRADE et

al. (2003) que trabalharam com redução da proteína de 17 para 16 e 15%

durante o pico de postura de poedeiras leves utilizando suplementação das

duas últimas dietas com Met+Lys; Met+Lys+Thr e Met+Lys+Thr+Trp. Os

autores sugeriram a possibilidade de redução do nível de proteína da ração

com a suplementação apenas de Met+Lys. Do mesmo modo, RIZZO et al.

(2004) concluíram que rações com 14% de proteína, suplementadas com

aminoácidos essenciais, garantem desempenhos satisfatórios em poedeiras

leves.

Em estudos com poedeiras comerciais recebendo rações formuladas

com base em aminoácidos totais e digestíveis (WANGEN, 1993; FARRELL et

al., 1999; KHATUN et al., 1999; SILVA et al., 2000a; CASARTELLI et al., 2005;

FILARDI et al., 2006), observaram-se resultados conflitantes quanto ao

desempenho produtivo das aves e à qualidade dos ovos.

A formulação com base em aminoácidos digestíveis é mais

vantajosa que aquela com base em aminoácidos totais, principalmente quando

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se utilizam ingredientes em substituição ao milho e soja. No entanto, os

resultados relatados por SILVA et al. (2000a), CASARTELLI et al. (2005) e

FILARDI et al. (2006) não confirmaram essa vantagem.

PACHECO et al. (2010), trabalhando com poedeiras Isa Brown

alimentadas com diferentes níveis de lisina digestível (0,482; 0,527; 0,582;

0,644 e 0,732%) e zinco quelato (20, 40 e 80 ppm), em dois períodos de

avaliação, de 24 a 36 e de 48 a 60 semanas de idade, observaram que na fase

de 24 a 36 semanas de idade, houve influência da interação de lisina digestível

e zinco no consumo médio diário de ração e na porcentagem de postura. Na

fase de 48 a 60 semanas, a interação foi evidenciada somente no consumo

médio diário de ração. O aumento da concentração de lisina digestível

favoreceu o consumo de ração em todos os níveis de zinco. O valor médio

estimado de lisina digestível ideal foi de 0,732% para a fase de 24 a 36

semanas e, de 0,578%, para a fase de 48 a 60 semanas de idade.

Este trabalho objetivou avaliar o desempenho, a qualidade de ovos,

e o perfil metabólico de aves criadas no piso, através das concentrações de

parâmetros bioquímicos sanguíneos e da biometria de órgãos do trato

digestório de poedeiras semipesadas (Hisex Brown), alimentadas com rações

formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção.

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CAPÍTULO 2. DESEMPENHO DE FRANGAS SEMIPESADAS CRIADAS EM

DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE RECRIA

Resumo

Neste experimento, foi avaliado o desempenho de frangas

semipesadas (Hisex Brown), na fase de recria (12° a 18° semanas de idade),

criadas em gaiolas ou piso. Um total de 400 frangas, com 11 semanas de

idade, foram alojadas em dois sistemas de criação, alimentadas com dieta

comercial e manejadas conforme o Manual da Linhagem. Foram analisados o

consumo médio semanal, o consumo médio total, o peso médio semanal, o

peso médio total, o ganho de peso médio semanal, o ganho de peso médio

total, idade ao primeiro ovo e uniformidade do lote. Foi adotado o delineamento

inteiramente casualizado, com dois tratamentos (gaiola e piso), vinte repetições

e dez aves por unidade experimental. Para o consumo médio semanal, as aves

no piso apresentaram consumo crescente, entretanto, sem diferença estatística

entre a 13° e a 15° semanas de idade, e entre a 16° e 17° semanas. Aves

criadas no piso apresentaram maior peso médio semanal, ganho de peso total,

ganho de peso semanal, idade ao primeiro ovo e uniformidade. Enquanto aves

criadas em gaiolas consumiram mais ração. O sistema de criação no piso se

configura como opção para a fase de recria.

Palavras-chave: bem-estar, crescimento, franga, gaiola, piso

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CHAPTER 2. RAISING BROWN PULLETS IN TWO PRODUCTION

SYSTEMS IN GROWING PHASE

Abstract

In this experiment, the development of Hisex Brown pullets (Hisex Brown), in

growing period (12 to 18 weeks of age), raised in conventional cages or in wood

shavings 8-cm litter was evaluated. A total of 400 11-week brown pullets were

allotted in two systems, (cage and litter), fed the same diet and raised according

to the genetic line manual. The mean week feed intake, total feed intake, week

mean weight, total mean weight, week mean weight gain, total mean weight

gain and age at first egg. A completely randomized design was used, with two

treatments, twenty replicates and ten birds per experimental unit. For the

average weekly consumption, the birds on the ground showed increasing

consumption, however, no statistical difference between the 13 ° and 15 °

weeks of age, and between 16 ° and 17 weeks. Birds raised floor had higher

average weekly weight, total weight gain, weekly weight gain, age at first egg

and uniformity. While caged birds consumed more feed and better feed. The

farming system in the floor is configured as an option for the growing phase.

Keywords: cage, growing, litter, pullet, welfare

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2.1. INTRODUÇÃO

A promoção do bem-estar animal é imprescindível para a

sustentabilidade do negócio avícola e sua adequação às demandas do

mercado mundial, especialmente por produtos de origem animal oriundos de

sistemas de criação que priorizem o bem-estar (ALVES et. al., 2007). Esses

sistemas de criação devem ser conduzidos para promover a melhor relação

entre produção, saúde, qualidade do produto e bem-estar animal.

Assim, o sistema de criação em gaiolas tornou-se uma das maiores

polêmicas acerca do bem-estar animal. A elevada densidade populacional e a

ausência de caracteres de enriquecimento ambiental impossibilitam ou limitam

o repertório de atividades consideradas importantes para as poedeiras

comerciais. O aumento na densidade reduz a produção de ovos, o peso do ovo

e o consumo de ração, e ainda causam um aumento na mortalidade

(ANDERSON et al., 2004; JALAL et al., 2006).

De acordo com TAUSON (2005), com exceção de poucos países em

que a legislação proíbe o uso de gaiolas, estas instalações constituem o

sistema predominante de criação de aves poedeiras. Na União Européia, a

proibição de uso de gaiolas convencionais entrou em vigor no dia 01 de janeiro

de 2013 (COUNCIL DIRECTIVE 99/74/EC,1999), o que estimula a adoção de

sistemas alternativos para a produção de ovos. Diante deste cenário, é

fundamental avaliar o desempenho de poedeiras comerciais em sistemas

alternativos, em diferentes fases de criação e ambientes.

O estudo do desempenho das aves na fase de crescimento é

estratégico do ponto de vista fisiológico e econômico, pois o amadurecimento

precoce das frangas, associado ao bom desenvolvimento corporal, permite a

obtenção de frangas com peso ideal à maturidade sexual, o que refletirá em

uma boa produtividade nas fases subsequentes (MURAKAMI et al., 1997).

Segundo JARDIM FILHO et al. (2005), a fase de 13 a 18 semanas é

de fundamental importância para o bom desempenho da futura poedeira e para

o aumento do peso corporal, especialmente nas semanas que antecedem o

início da postura. Ainda segundo estes autores, o bom desempenho na fase de

recria tem efeito direto sobre a produção de ovos, a persistência de produção,

na quantidade e qualidade dos ovos produzidos.

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A adoção de níveis apropriados de proteína bruta durante a fase de

recria é fundamental para o desenvolvimento ponderal da franga e sua

produção futura. Níveis específicos de proteína bruta e energia para recria têm

sido sugeridos, entretanto, não há acordo em relação ao melhor nível a ser

adotado em diferentes sistemas de produção. Recentemente, diferentes

abordagens em relação à dieta de frangas foram discutidas, seja a

preocupação com o peso das aves ao início da fase de produção, ou o

interesse em retardar a maturidade sexual para que as aves iniciem a postura

com maior peso e possam, deste modo, produzir uma maior percentagem de

ovos grandes.

De acordo com ITO (2004), o melhoramento genético é contínuo,

buscando maior precocidade e longevidade das aves, o que reduz o tempo

disponível para formação de uma franga capaz de sustentar a produção de

ovos em quantidade e qualidade. Dessa forma, as fases de cria e recria têm

maior importância entre os diversos aspectos ligados à criação de poedeiras.

Os efeitos da inclusão de farelo de trigo na ração, sobre o

desempenho de frangas semipesadas criadas no piso, na fase de recria (7 a 14

semanas de idade), e seu efeito residual durante a fase inicial de produção de

ovos, foram avaliados por ARAÚJO et al. (2008). Estes autores verificaram que

o consumo de ração e a conversão alimentar não foram afetados (P>0,05).

Entretanto, a inclusão de farelo de trigo reduz a taxa de crescimento, atrasa o

início da postura, mas melhora o peso inicial dos ovos em relação a dietas à

base de milho e farelo de soja.

O desempenho de frangas semipesadas, criadas em gaiolas da 6° a

21° semana de idade, alimentadas com dietas contendo dois níveis protéicos

(14 ou 16%) e dois níveis energéticos (2.650 e 2.750 Kcal de E.M./Kg de dieta),

foi avaliado por ROSA et al. (1997). Estes autores observaram que o peso

corporal, o consumo de ração e a maturidade sexual não foram influenciadas

pelos níveis protéicos, energéticos e suas interações. No entanto, aves

alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta, produziram mais ovos

até a 21° semana de idade.

COLSON et al. (2008) avaliaram a adaptação de frangas

semipesadas (Isa Brown), recriadas em boxes (1° a 17° semanas) com

substrato, ninho e poleiros ou em aviários abertos, ao sistema de criação em

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aviários abertos com plataforma e ninhos suspensos. Os autores observaram

que o sistema de recria influenciou a adaptação das aves e as frangas criadas

nos boxes apresentaram menor adaptação ao novo sistema.

Neste contexto, objetivou-se avaliar o desempenho de frangas

semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, na fase de recria (12° a 18°

semanas de idade), criadas em gaiolas convencionais ou piso.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Câmpus Urutaí, do Instituto Federal

Goiano, no Setor de Avicultura. Foram utilizadas 400 frangas semipesadas de

linhagem comercial Hisex Brown, na fase de recria, entre a 12° e a 18°

semanas de idade, no período entre 12 de agosto de 2011 a 30 de setembro

de 2011. Este projeto de pesquisa foi analisado e aprovado pela Comissão de

Ética no Uso de Animais (CEUA/UFG) sob protocolo 312/11.

As fases de cria (1° a 6° semanas de idade) e recria I (7° a 11°

semanas de idade) das aves foram realizadas em sistema de criação no piso,

em galpão fechado, distante 100 metros dos galpões experimentais. A

debicagem das aves foi realizada aos 12 dias de idade, utilizando-se debicador

automático elétrico de marca Avifag®

. O programa de luz adotado

disponibilizava apenas luz natural, conforme indicação do Manual de Manejo

Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006).

Os dados de temperatura ambiente no interior dos galpões

experimentais foram obtidos com termômetro de máxima e mínima, marca

Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura dos

termômetros foi realizada diariamente, as 08h00m da manhã. Os galpões

experimentais (piso e gaiola) não possuiam sistemas de controle de ambiente.

O peso vivo das aves foi ajustado no início do experimento e foi

conduzido, simultaneamente, em dois galpões de alvenaria. O primeiro galpão,

onde foram alojadas 200 aves no piso, apresentava 8 metros de largura e 20

metros de comprimento, mureta lateral de 50 cm de altura, cobertura em telhas

de cerâmica, telas laterais e pé-direito de 3,5 metros. O segundo galpão, onde

foram alojadas 200 aves em gaiolas convencionais, apresentava 30 metros de

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comprimento e 4 metros de largura, pé-direito de 3,5 metros e telas laterais. Os

galpões estavam localizados a 22 metros um do outro, posicionados na mesma

direção em relação ao eixo do sol (leste-oeste). Todos os procedimentos de

manejo foram realizados conforme orientações contidas no manual de criação

da linhagem (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006).

Adotou-se a densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave

no piso. Estas medidas correspondem à área útil dos boxes. A densidade

utilizada nas gaiolas está de acordo com a indicada por COTTA (2002), de 440

a 480 cm2/ave, da 7° a 18° semanas de idade. A densidade adotada para

criação no piso está de acordo com a indicada pelo Conselho Diretivo da União

Européia (COUNCIL DIRECTIVE 99/74/EC,1999).

No galpão do sistema de criação no piso, as aves foram distribuídas

em 20 boxes. Cada boxe contava com um bebedouro, um comedouro e um

ninho. Os boxes apresentavam medida de 2,2 x 1,5 x 3,0 m (comprimento x

largura x altura) e foram forrados com serragem até a altura de 0,10 m. O

bebedouro utilizado foi o de tipo pendular com válvula acoplada, e o

comedouro, de tipo tubular, apresentava uma capacidade para 15 kg de ração.

O ninho, construído em madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm)

e elevação de 15 cm em relação ao substrato. Foi utilizada uma ração

comercial farelada para aves de postura em recria (Tabela 1). Água e ração

foram fornecidas à vontade.

Tabela 1. Ração comercial utilizada na fase de recria

Nutrientes Composição

Proteína bruta 16% Extrato etéreo 3,0% Matéria mineral 9,0% Matéria fibrosa 6,5% Cálcio 1,5% Fósforo 0,5% Umidade máxima 12% Enriquecimento por quilograma de produto: Ácido fólico 0,70 mg, Ácido pantotênico 12,00 mg, Colina 201,58 mg, Cobre 100,79 mg, Ferro 50,00 mg, B.H.T 100,00 mg, Iodo 1,20 mg, Manganês 70,00 mg, Nicarbazina 50,00 mg, Virginiamicina 10,00 mg, Selênio 0,20 mg, Sódio 1,39 g, Viatamina A 7000,00 U.I/Kg, Vitamina B1, 2,00 mg, Vitamina B12 12,00 mcg, Vitamina B2 5,00 mg, Vitamina B6 3,00 mg, Vitamina D3 2200,00 U.I/Kg, Vitamina E 11,00 U.I/Kg, Vitamina K3 1,60 mg, Zinco 50,00 mg, Niacina 35,00 mg, Biotina 0,04 mg, Metionina 1461,20 mg, Lisina 227,60 mg.

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36

As variáveis estudadas foram o consumo médio semanal, o

consumo médio total, o peso médio semanal, o ganho de peso médio semanal,

o ganho de peso médio total, a idade ao primeiro ovo e a uniformidade dos

lotes.

O consumo médio semanal (g/ave/dia) foi calculado pela diferença

de pesos entre a quantidade de ração fornecida e as sobras existentes ao final

de cada semana, sendo o resultado dividido pelo total de aves de cada

repetição e pelo período de sete dias. O consumo médio total foi obtido por

meio das médias semanais de consumo para todo o período estudado (12° a

18° semanas). Para a pesagem das sobras, foi utilizada uma balança semi-

analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.

O peso vivo foi obtido por pesagens ao final de cada semana, para

cada repetição e tratamento. O resultado foi expresso em quilograma. As aves

foram pesadas em balança semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000,

com precisão de 0,01g.

Para o cálculo de uniformidade do lote de frangas, todas as aves

foram pesadas individualmente. Após as pesagens, foi calculado o peso médio

das aves (g), o desvio padrão e o coeficiente de variação (%).

O ganho de peso foi obtido pelo cálculo da diferença entre o peso

final e o peso inicial em cada semana avaliada. O ganho de peso médio total

representa a diferença entre o peso vivo ao final do período (18° semana de

idade) e ao início (12° semana de idade). Para a idade ao primeiro ovo, os

registros foram feitos assim que alguma ave, em cada repetição, realizava a

primeira postura de um ovo com características comerciais.

Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, sendo dois

tratamentos (piso e gaiola), vinte repetições e dez aves por unidade

experimental. As análises foram realizadas por meio do programa estatístico

SAEG 9.1 (UFV, 2007). Os dados obtidos foram submetidos à análise de

variância, e quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste

de Tukey (5%).

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37

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados relativos à temperatura ambiente, obtidos durante a fase

de recria nos dois galpões experimentais, estão apresentados nas Tabelas 2 e

3. Os galpões experimentais apresentaram valores equivalentes, em relação à

temperatura máxima e mínima, e suas respectivas médias. Estes valores estão

na faixa de temperatura esperada para a região em que o experimento foi

conduzido (Urutaí-GO). Durante toda a fase de recria, a taxa de mortalidade foi

nula.

Tabela 2. Valores médios da temperatura ambiente obtidos durante a fase de

recria no sistema de criação no piso

Semanas Temperatura (°C)

Máxima Mínima Média

12 30,1 23,0 26,55 13 29,8 22,6 26,20 14 31,0 22,8 26,90 15 32,2 25,3 28,75 16 31,7 25,1 28,40 17 31,2 24,9 28,05 18 30,9 25,4 28,15

Média 31,0 24,1 27,6

Tabela 3. Valores médios da temperatura ambiente obtidos durante a fase de

recria no sistema de criação em gaiolas

Semanas Temperatura (°C)

Máxima Mínima Média

12 30,2 24,0 27,1 13 31,4 23,0 27,2 14 31,4 24,0 27,7 15 32,0 25,9 28,9 16 31,9 24,9 28,4 17 31,8 24,7 28,2 18 30,7 25,0 27,8

Média 31,4 24,5 27,9

Segundo FREEMAN (1988), a faixa de termoneutralidade para

poedeiras situa-se entre 21 e 28 oC.

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Apesar dos valores médios da temperatura ambiente estarem

situados dentro dos limites críticos estabelecidos na literatura, e no manual

desta linhagem, os valores de temperatura máxima ultrapassaram os limites

críticos em todas as semanas avaliadas, nos dois galpões experimentais. Sob

estresse por calor, a ave pode apresentar perda de peso corporal e diminuição

no consumo alimentar (SCOTT & BALNAVE, 1988).

2.3.1. Consumo médio semanal

Houve efeito dos sistemas de criação para consumo de ração na 12°

(P<0,01), 13° (P<0,03), 15° (P<0,01), 17° (P<0,01) e 18° semanas de idade

(P<0,01). Aves criadas em gaiolas apresentaram maior consumo na 12°, 15°,

17° e 18° semanas, enquanto as criadas no piso, consumiram mais ração

apenas na 13° semana. Não houve efeito (P>0,05) dos sistemas de criação na

14° e 16° semanas (Tabela 4).

Aves criadas em gaiolas apresentaram consumo superior ao

indicado pelo Manual da Linhagem Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006). Aves

criadas em sistemas alternativos apresentam maior demanda energética para

mantença, devido aos deslocamentos realizados, entrada e saída dos ninhos e

à reviragem do substrato.

Tabela 4. Consumo médio semanal (g/ave/dia) de frangas semipesadas

criadas no piso ou gaiolas convencionais

Semanas de idade Sistemas de criação

P CV (%) Piso Gaiola

12° 56,07b 58,32a 0,011 4,470 13° 64,49a 59,95b 0,003 7,077 14° 64,78 63,47 0,140 4,172 15° 64,31b 69,46a 0,017 6,677 16° 72,41 71,19 0,527 8,326 17° 71,38b 79,30a 0,001 8,269 18° 82,36b 99,31a 0,001 7,830

*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)

Esta condição influencia o consumo de ração, que sob condições

ambientais adequadas, apresenta elevação. Entretanto, esta condição não foi

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verificada neste experimento. De acordo com HUGHES & DUNCAN (1988),

animais em confinamento, por terem seus comportamentos naturais

restringidos pelo ambiente, têm no consumo de ração, sua atividade principal.

O que não ocorre com frangas criadas em sistemas alternativos. O consumo se

elevou continuamente com o avançar da idade, até o final do período

experimental. Esta elevação se justifica pelo desenvolvimento anatômico e

fisiológico do trato digestório (DUKES, 1996).

ROLL et al. (2009) estudaram a produção, o comportamento e a

condição física de frangas semipesadas (Isa Brown) alojadas em gaiolas

enriquecidas (ninho, poleiro e banho de areia), com 17 semanas de idade e

observaram que o desempenho não foi afetado pelo sistema de criação.

2.3.2. Consumo médio total, ganho de peso total e idade ao primeiro ovo

Houve efeito dos sistemas de criação no consumo médio total de

ração (P<0,01). Aves criadas nas gaiolas apresentaram maior consumo médio

total (P<0,01), e as médias obtidas em cada sistema de criação, na fase de

recria, são apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5. Consumo médio total de ração (g/ave/dia), ganho de peso total (g) e

idade ao primeiro ovo (dias) de frangas semipesadas em dois

sistemas de criação na fase de recria

Variável Sistemas de criação P CV (%) Piso Gaiola

Consumo médio total de ração 65,11b 71,57a 0,013 4,04 Ganho de peso total 543,14a 441,04b 0,012 8,03 Idade ao primeiro ovo 130b 133a 0,011 6,41 CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)

Para ganho de peso total, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de

criação, sendo que as aves criadas no piso apresentaram maior ganho de peso

total (P<0,01), (Tabela 5).

Em relação à idade ao primeiro ovo, houve efeito dos sistemas de

criação (P<0,01), em que aves criadas no piso apresentaram média de 130

dias, e nas gaiolas, de 133. Este resultado demonstra equivalência entre

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poedeiras semipesadas criadas no piso ou em gaiolas, em relação à idade ao

primeiro ovo. O maior ganho de peso total (médias semanais em todo período)

das aves no piso, foi decisivo para a antecipação na postura do primeiro ovo

com características comerciais (mínimo de 50 g), visto que há correlação

positiva entre ganho de peso e maturidade sexual em poedeiras comerciais.

NEME et al. (2006) estudaram curvas de crescimento e de

deposição dos componentes corporais em aves de postura de diferentes

linhagens e observaram o aparecimento dos primeiros ovos em aves Hisex

Brown na 16° semana de idade, devido à maior taxa de deposição de gordura

corporal nas últimas semanas da fase de crescimento.

LEESON et al. (1997), avaliando o desempenho de quatro linhagens

de poedeiras (Babcock B-300, DeKalb Delta, H & N e Shaver White)

submetidas a dois programas de recria (19,5 ou 16,5% de proteína bruta) e

seus efeitos na produção futura de ovos, observaram que não houve efeito

(P>0,05) das linhagens ou dos níveis protéicos sobre a produção de ovos.

Porém, afirmam que o peso vivo, o peso dos ovos e o consumo de ração foram

influenciados (P<0,01) pelos programas de recria adotados.

2.3.3. Peso médio semanal

Não houve efeito (P>0,05) dos sistemas de criação no peso médio

semanal nas duas primeiras semanas de idade (12ª e 13ª), mas esse efeito

(P<0,01) dos sistemas foi constatado na 14ª, 15ª, 16ª, 17ª e 18ª semanas. O

peso médio semanal foi sempre crescente (P<0,05) para os dois sistemas de

criação (Tabela 6). Aves criadas no piso apresentaram maior peso médio da

14ª semana em diante, em comparação às aves criadas nas gaiolas (P<0,05).

Por meio da análise de variância, foi constatado o efeito (P<0,05) dos

tratamentos para esta variável. Este resultado indica alta adaptabilidade das

frangas semipesadas à este sistema (ALVES at al., 2007).

O maior peso médio semanal das aves criadas no piso, comparadas

às aves criadas em gaiolas a partir da décima quarta semana de idade, pode

estar associado à melhor condição de bem-estar promovido por este sistema, e

também, pela maior eficiência no controle da temperatura corporal. Nas

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gaiolas, o peso vivo foi sempre superior ao indicado pelo Manual da linhagem

(GLOBOAVES, 2006).

Tabela 6. Peso médio semanal (g) de frangas semipesadas criadas no piso ou

gaiolas convencionais

Semanas de idade Sistemas de criação

P CV (%) Piso Gaiola

12° 1112,45 1114,98 0,931 8,037 13° 1207,77 1225,22 0,190 3,341 14° 1271,73a 1229,34b 0,001 3,072 15° 1379,44a 1298,35b 0,001 3,291 16° 1448,22a 1366,72b 0,001 3,440 17° 1529,65a 1428,32b 0,001 3,320 18° 1606,69a 1500,27b 0,001 3,299

*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)

BARROS et al. (2006), trabalharam com frangas semipesadas

criadas em baterias entre a 1° e a 18° semanas de idade, e verificaram que o

peso médio das frangas foi acima do indicado pelo Manual da linhagem

(GRANJA PLANALTO, 2000).

De acordo com o desenvolvimento ponderal apresentado pelas

frangas nos dois sistemas de criação, é possível predizer que as aves estavam

aptas a iniciarem a fase de postura.

2.3.4. Ganho de peso semanal

Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação no ganho de peso

médio semanal na 12°, 14°, 15° e 17° semanas de idade. Aves criadas no piso

apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) na 14°, 15° e 17° semanas

(Tabela 7). Aves criadas nas gaiolas apresentaram ganho de peso superior

àquelas criadas no piso, apenas na 12° semana. Isto ocorreu devido à forte

interação social observada no piso, na primeira semana da fase experimental

(12°), o que ocasionou elevação do estresse e diminuição do consumo.

De acordo com FUKAYAMA et al. (2005), a melhor capacidade de

dissipação de calor das aves criadas no piso pode estimular o consumo de

ração, e consequentemente, favorecer o ganho de peso. O ganho de peso

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apresentado pelas aves criadas nas gaiolas convencionais, nas semanas

avaliadas, foi menor que o indicado pelo Manual da linhagem para a fase de

recria (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006).

Tabela 7. Ganho de peso médio semanal (g) de frangas semipesadas criadas no

piso ou gaiolas convencionais

Semanas de idade Sistemas de criação

P CV (%) Piso Gaiola

12° 36,45b 75,30a 0,001 29,097 13° 115,12 108,23 0,499 28,214 14° 63,95a 42,30b 0,003 27,419 15° 103,72a 89,01b 0,001 12,251 16° 68,77 68,36 0,950 29,254 17° 80,94a 63,10b 0,001 23,451 18° 76,04 77,01 0,881 26,324

*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)

COTTA (2002) afirmou que, de modo geral, as condições

nutricionais durante a fase de crescimento tem pouca influência no

desempenho na fase de postura, e, portanto, torna-se inútil objetivar um

desenvolvimento ponderal acelerado nesta fase.

2.3.6. Uniformidade

Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação na uniformidade das

frangas na 12°, 13°, 15°, 17° e 18° semanas de idade. As aves apresentaram

uniformidade acima dos 90% na 12° e 14° semanas de idade, e acima de 80%

na 15° (Tabela 9).

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Tabela 9. Uniformidade (%) de frangas semipesadas criadas no piso ou gaiolas

convencionais

Semanas de idade Sistemas de criação

P CV (%) Piso Gaiola

12ª 92,35b 96,40a 0,001 0,383 13ª 86,38b 94,46a 0,001 0,526 14ª 91,38 91,23 0,162 0,239 15ª 87,17a 82,17b 0,001 2,138 16ª 73,17 72,17 0,080 2,492 17ª 76,17a 73,17b 0,001 2,425 18ª 81,17a 76,17b 0,001 2,301

*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)

Aves criadas no piso apresentaram maior uniformidade na 15°, 17° e

18° semanas de idade, indicando adaptação ao sistema e condição de bem-

estar satisfatória, especialmente na fase final da recria. No entanto, os dois

sistemas apresentaram uniformidade inferior à indicada pelo Manual da

Linhagem (85%) na 17° e 18° semanas de idade. O manual de criação da

linhagem (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006), informa que de 75 a

80% das aves devem ficar entre 10% da média do peso padrão do lote.

2.4. CONCLUSÃO

Aves criadas no piso apresentaram maior peso médio semanal,

ganho de peso total, ganho de peso semanal, idade ao primeiro ovo e

uniformidade. O sistema de criação no piso se configura como opção para a

fase de recria.

3 – REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 3. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS

EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE

POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE

PROTEÍNA BRUTA

Resumo

O efeito da suplementação de aminoácidos, a partir do conceito de

proteína ideal, utilizando-se dietas com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta, na

percentagem de ovos, peso dos ovos, consumo de ração, ganho de peso,

conversão alimentar(kg/dz e kg/kg) e índice de ovos sujos, trincados ou

quebrados de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, entre 30 e

45 semanas de idade, foi o objeto de estudo deste trabalho. Foram utilizadas

400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois sistemas de produção (gaiola

convencional ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram manejadas

conforme descrito no Manual de criação da linhagem Hisex Brown. Os grupos

receberam os mesmos tratamentos (14,15,16 e 18% de proteína bruta). Foi

adotado um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial,

composto de dois sistemas de produção e quatro níveis de proteína bruta,

totalizando oito tratamentos. Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por

unidade experimental. O consumo de ração e a percentagem de ovos foram

maiores para o sistema de criação no piso. O peso dos ovos não foi

influenciado pelos níveis protéicos e idade das aves. O ganho de peso não foi

influenciado pelos sistemas de criação. A conversão alimentar (kg/dz) foi

superior no sistema de criação em gaiola. A percentagem de ovos trincados ou

quebrados foi maior no sistema de criação em gaiola. E a de ovos sujos, no

sistema de criação no piso. O sistema de criação no piso se configura como

opção para a fase de postura.

Palavras–chave: aminoácidos, bem-estar, ovo, piso, produtividade

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CHAPTER 3. PERFORMANCE OF BROWN-EGG HENS IN TWO RAISING

SYSTEMS IN THE EGG PRODUCTION PHASE AND FED

REDUCED PROTEIN LEVELS

Abstract

The effect of the digestible amino acid supplementation, based on the concept

of ideal protein using diets with 14, 15, 16 and 18% crude protein on the

percentage of egg (%), egg weight (g), feed intake (g/bird/day), weight gain (g),

feed conversion and index of egg cracked or broken of laying hens from 30 to

45 weeks of age, raised in cages and aviary system were evaluated in this

experiment. A total of 400 Hisex Brown laying hens were allotted in two

facilities, one in conventional cages and other in an aviary system, with 200

hens each. The birds were raised according to the manual recommendations.

The groups were fed the same nutritional treatments (14,15,16 e 18% of crude

protein). The experiment was designed as a completely randomized design in

factorial model, composed of two raising systems and four protein levels,

totaling eight treatments and five replicates of ten birds each. The percentage of

eggs was higher for the creation system in poultry litter. The egg weight was the

same for the two farming systems. Birds raised on poultry litter had a higher

feed intake. The weight gain was not affected by housing systems, protein

levels and age of the birds. Feed convertion was superior in the cage system.

The percentage of broken or cracked eggs was higher in cage rearing system.

And the dirty egg in creation system in poultry litter. The farming system in the

floor is configured as an option for the laying phase.

Keywords: aminoacids, egg, litter, produtivity, welfare

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3.1. INTRODUÇÃO

Diferentes segmentos da sociedade tem valorizado, cada vez mais,

a promoção do bem-estar e da sustentabilidade na produção de ovos. Isto tem

motivado pesquisadores a implementarem mudanças nos sistemas de criação,

especialmente na promoção de condições para que as aves expressem seus

comportamentos naturais (BLOKHUIS et al., 2000).

Outro ponto são as mudanças nos hábitos de consumo nos países

desenvolvidos, em que a rastreabilidade dos alimentos e as condições de

criação são cada vez mais valorizadas pelos consumidores. Os sistemas de

criação devem evoluir para atender às necessidades dos consumidores atuais

(VON BORELL & VAN DEN WEGHE, 1999; VERBEKE & VIANE, 2000).

Entretanto, qualquer alteração nos sistemas de criação implica em alterações

nos custos de produção, no treinamento de pessoal, na reorganização do

trabalho e na implementação de novos procedimentos.

As principais vantagens do sistema de criação em gaiolas são a

facilidade na retirada das excretas, o melhor controle de parasitas e a

possibilidade de trabalhar com maior densidade. Neste sistema, as

desvantagens são a necessidade de maior investimento em instalações e

equipamentos. Em geral, aves criadas em sistemas abertos (piso com ou sem

acesso ás áreas livres) apresentam comportamentos naturais, como ciscar,

bater as asas e tomar banho de areia. Porém, não está claro o quanto estes

comportamentos são influenciados pelo sistema de criação.

ROLL et al. (2008), estudaram a adaptabilidade de poedeiras às

gaiolas enriquecidas, após cria e recria em piso ou gaiolas convencionais, e

afirmaram que os sistemas de criação não afetam o comportamento de modo

significativo. No entanto, observaram maior ocorrência de banhos de areia e

batimento de asas nas aves criadas nas gaiolas enriquecidas, após recria em

gaiolas, principalmente no início do período de postura. E que todas as aves,

independentemente do sistema de criação em que foram recriadas (piso ou

gaiola), se adaptaram à gaiola enriquecida.

Deste modo, é fundamental a condução de estudos sobre sistemas

de criação alternativos, em especial, comparar aves produzidas em gaiolas

convencionais e em piso.

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A pesquisa voltada para as exigências nutricionais de poedeiras se

justifica pelo constante melhoramento genético das linhagens. As investigações

a respeito da utilização de aminoácidos sintéticos ou industriais, se iniciaram

ainda na década de 60, e vem evoluindo constantemente. Rações baseadas na

utilização de aminoácidos digestíveis, a partir do conceito de proteína ideal,

tem seus benefícios amplamente divulgados em estudos para frangos de corte.

No entanto, para poedeiras comerciais, poucos estudos estão disponíveis.

(SILVA, 1998; BAKER & HAN, 1994).

CASARTELLI et al. (2005) formularam rações para poedeiras

comerciais, utilizando diferentes recomendações de aminoácidos totais e

aminoácidos digestíveis, e observaram que a formulação com aminoácidos

totais promoveu melhores resultados para consumo de ração, produção de

ovos, conversão alimentar e gravidade específica dos ovos. O pior

desempenho das rações formuladas com aminoácidos digestíveis ocorreu em

função do menor nível de proteína bruta (12,5% comparado com 14,5% da

ração formulada com aminoácidos totais) ter ocasionado deficiência de

nitrogênio, o que compromete a síntese de aminoácidos não essenciais.

Utilizando poedeiras semipesadas, com 52 semanas de idade e

alimentadas com diferentes níveis de aminoácidos sulfurados totais e de

proteína bruta, PAVAN et al. (2005) observaram maior peso dos ovos das

poedeiras alimentadas com 0,71% de aminoácidos sulfurados totais para os

níveis de proteína de 14, 15,5 e 17%. A utilização de níveis reduzidos de

proteína dietética, suplementadas com aminoácidos essenciais apresenta a

vantagem de diminuir a excrecão de nitrogênio e o melhor aproveitamento

deste elemento pelas aves (ROMBOLA, 2008).

Objetivou-se com este trabalho, avaliar o desempenho de poedeiras

semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, da 30° a 45° semana de

idade, em dois sistemas de criação, recebendo rações isoenergéticas e

isonutritivas com quatro níveis de proteína bruta (14,15,16 e 18%).

3.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Campus

Urutaí, do Instituto Federal Goiano. Foram utilizadas 400 poedeiras

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semipesadas de linhagem Hisex Brown na fase de postura, entre a 30° e a 45°

semanas de idade, entre 23 de dezembro de 2011 a 06 de abril de 2012. Este

projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais

(CEUA/UFG), da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo 312/11.

Nesta fase, foram utilizadas as mesmas aves da fase de recria. O

experimento foi conduzido em dois galpões, simultaneamente, em que 200

aves foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas

convencionais. As aves foram manejadas conforme recomendações propostas

no manual de criação da linhagem (GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a

densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave no piso. O programa de

iluminação disponibilizava 16 horas de luz (natural + artificial), conforme

indicação do Manual de Manejo Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006).

No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas

em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.

Os boxes apresentavam medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x

altura) e foram forrados com serragem até a altura de 10 cm. O bebedouro

utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o comedouro, de tipo

tubular, apresentava capacidade para 15 kg de ração. O ninho, construído em

madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e elevação de 10 cm em

relação ao substrato.

As rações experimentais fareladas foram formuladas com base no

conceito de proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/kg de E.M) e isonutritivas,

utilizando-se, além dos ingredientes básicos (milho e farelo de soja),

aminoácidos industriais (Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências

nutricionais indicadas por ROSTAGNO et al. (2011).

As variáveis estudadas foram percentagem de postura, peso dos

ovos, consumo de ração, ganho de peso total, conversão alimentar (kg/dz e

kg/massa de ovos) e percentagem de ovos sujos, trincados e quebrados. Ovos

sujos foram considerados aqueles que apresentavam sujidades em pelo menos

30% de sua superfície. Ovos trincados foram considerados os que

apresentavam trincas de qualquer extensão em sua superfície, visto que esta

condição afeta sua comercialização. Foram considerados quebrados, os ovos

que apresentavam qualquer rompimento da casca.

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Foram adotados quatro períodos de postura (30° a 33° semanas de

idade, 34° a 37° semanas de idade, 38° a 41° semanas de idade e 42° a 45°

semanas de idade) e quatro coletas diárias (08h00m, 10h00m, 14h00m e

16h00m). O manejo dos ovos e dos ninhos foi realizado segundo

recomendações da EMBRAPA Suínos e Aves (EMBRAPA, 2005). A

percentagem de ovos foi obtida à partir da 30° semana de idade.

Tabela 1. Composição das rações experimentais

INGREDIENTES Ração 14% PB

Ração 15% PB

Ração 16% PB

Ração 18% PB

Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina HCl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Suplemento vitamínico 0,10 0,10 0,10 0,10 Suplemento mineral 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina Digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina Digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível (%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível (%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21

PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.

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53

Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões

experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da

marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura

dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.

Para obtenção do peso médio dos ovos, cada ovo foi pesado

individualmente nos quatro últimos dias de cada período de postura com

balança semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000, precisão de 0,01g.

O consumo (g/ave/dia) foi calculado pela diferença entre a

quantidade de ração fornecida e as sobras existentes nos últimos quatro dias

de cada período de produção (28 dias). Para pesagem, foi utilizada a balança

semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000 e precisão de 0,01g.

O ganho de peso foi calculado a partir da pesagem individual das

aves no primeiro dia do experimento (20ª semana de idade) e no último dia da

45° semana, para cada repetição e tratamento. O resultado foi expresso em

quilogramas. As aves foram pesadas em balança semi-analítica da marca

Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.

A conversão alimentar foi obtida pela relação direta entre o consumo

de ração e o número de ovos produzidos (kg/dz), e entre o consumo de ração e

a massa dos ovos produzidos (kg/kg).

A percentagem de ovos sujos, trincados ou quebrados foi obtida

diariamente por observação direta, a partir da 30ª semana de idade das aves.

Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, em esquema

fatorial (2x4), com dois sistemas de criação (gaiola e piso) e quatro tratamentos

(rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta). Foram utilizadas cinco

repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de proteína bruta, foi

ajustado o modelo de regressão polinomial, quando houve significância. As

análises estatísticas foram realizadas pelo programa SAEG 9.1. Os dados

foram submetidos à análise de variância e, quando estatisticamente diferentes,

os dois sistemas de criação foram comparados pelo teste de Tukey (5%).

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de temperatura máxima e mínima observados na fase de

postura, e as respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para

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o local em que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na

Tabela 2. Segundo LEESON & SUMMERS (2005), as poedeiras expressam

seu potencial genético em temperaturas que se enquadram na zona de

conforto térmico (19°C a 27°C). De acordo com SILVA (2000), a temperatura

ideal para produção de ovos estaria entre 21°C e 26°C.

Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação no piso

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5

Médias 29,9 22,5

Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação em gaiolas

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4

Médias 30,1 22,3

3.3.1. Consumo de ração

Houve interação (P<0,01) dos níveis de proteína e dos sistemas de

criação no primeiro, segundo e quarto períodos de produção. O consumo de

ração foi influenciado pelos sistemas de criação em todos os períodos

(P<0,01). Esta variável também foi afetada pelos níveis protéicos (P<0,01) no

terceiro e quarto períodos (Tabela 3).

No primeiro período, ocorreu interação (P<0,04) dos níveis de

proteína bruta das rações e dos sistemas de criação. No piso, o consumo

aumentou de forma quadrática até 15,78% (Figura 1). Em relação ás gaiolas, o

consumo aumentou linearmente (Figura 2). Neste período, o consumo foi maior

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no piso, para 14 e 15% de proteína bruta. Para 16 e 18%, não houve diferença

entre os sistemas.

No segundo período, ocorreu interação (P<0,03) dos níveis de

proteína bruta das rações e dos sistemas de criação. O consumo de ração no

piso aumentou de forma quadrática até 16,11% de proteína (Figura 3). Para as

gaiolas, o consumo aumentou de modo linear (Figura 4). Neste período, o

consumo foi maior no piso para 15% de proteína bruta. Para os demais níveis,

não houve diferença entre os sistemas.

Tabela 3. Consumo de ração (g/ave/dia) por período de produção e sistema de

criação

Período de postura PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PBxS

30 – 33

14 118,48a 114,16b 116,32

0,18 0,01 0,04 2,40 15 120,68a 114,85b 117,76 16 119,51a 118,88a 119,19 18 117,55a 118,50a 118,03

Média 119,05 116,60

34 – 37

14 121,05a 117,56a 119,31

0,24 0,01 0,03 3,43 15 123,45a 115,36b 119,40 16 121,62a 116,90a 119,26 18 120,90a 124,02a 122,46

Média 121,76 118,46

38 – 41

14 120,13 117,94 119,03

0,01 0,01 0,56 2,55 15 121,84 116,87 119,35 16 127,39 121,61 124,5 18 120,65 115,32 117,98

Média 122,50a 117,93b

42 – 45

14 121,13a 117,02b 119,08

0,01 0,01 0,01 1,60 15 124,29a 117,71b 121,00 16 124,02a 118,75b 121,38 18 122,10a 116,36b 119,23

Média 122,88 117,46

Total

14 120,20 119,40 119,80

0,11 0,02 0,13 1,12 15 122,56 121,44 122,00 16 123,13 119,87 121,50 18 120,30 121,70 121,00

Média 121,55a 120,60b PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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56

Y = - 1,05 + 15,47X – 0,49X2

FIGURA 1. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em

função dos níveis de proteína bruta no primeiro período de

produção

Y = 97,82 + 1,19X

FIGURA 2. Modelo linear para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas em

função dos níveis de proteína bruta no primeiro período de

produção

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Y = 93,89 + 1,54X

FIGURA 3. Modelo linear para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas em

função dos níveis de proteína bruta no segundo período de

produção

Y = 38,85 + 10,63X – 0,33X2

FIGURA 4. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em

função dos níveis de proteína bruta no segundo período de

produção

Em relação ao terceiro período, não houve interação (P>0,05), mas

houve efeito (P<0,01) dos níveis protéicos e dos sistemas de criação de forma

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isolada no consumo de ração. O consumo aumentou de forma quadrática até o

nível de 16,03% (Figura 5). Neste período, o consumo foi maior para as aves

criadas no piso, quando comparadas às aves criadas nas gaiolas.

Y = - 169,89 + 36,56X – 1,14X2

FIGURA 5. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) em função

dos níveis de proteína bruta no terceiro período de produção

No quarto período, também ocorreu interação (P<0,01) dos níveis de

proteína bruta e dos sistemas de criação. Neste período, o consumo de ração

no piso aumentou de forma quadrática até 16,60% de proteína (Figura 6). Nas

gaiolas, o consumo também aumentou de forma quadrática até 15,91% de

proteína (Figura 7) . Neste período, o consumo foi maior no piso, para todos os

níveis de proteína bruta avaliados.

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Y = 4,78 + 14,32X – 0,45X2

FIGURA 6. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas

em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

Y = - 283,77 + 50,14X – 1,51X2

FIGURA 7. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em

função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

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60

Em relação ao período total, não houve interação (P>0,05), e os

níveis protéicos na ração também não interferiram no consumo de ração. Mas

as aves criadas no piso, apresentaram maior consumo de ração (P<0,05),

devido à maior exigência de energia para mantença e condição ambiente

favorável à termorregulação (melhor dissipação de calor entre as aves).

NOVAK et al. (2006) afirmaram que, em geral, ao aumentar o teor de

proteína bruta nas rações, ocorre diminuição do consumo voluntário. No

entanto, neste estudo, foi observado que, no quarto período de produção, aves

criadas em piso apresentaram maior consumo com dietas contendo 18% de

proteína bruta (Figura 6), talvez pela troca de calor mais eficiente com o

ambiente. Não foram obtidos modelos de ajuste, para o consumo de ração em

relação aos níveis de proteína bruta, no primeiro e segundo períodos de

produção, para os sistemas de criação em piso e gaiola.

POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos a longo prazo de

dois níveis protéicos (14% e 18%) na produção, nos parâmetros sanguíneos,

na biometria de órgãos e na resposta imunológica de poedeiras comerciais

(Babcock B-308), alojadas em gaiolas, entre 21 e 48 semanas de idade. Os

autores observaram que o consumo de ração não foi afetado pelos níveis

protéicos das dietas, de 111,02 g/ave/dia e 112,92 g/ave/dia, para 14% e 18%

de proteína bruta, respectivamente. Estes valores, portanto, estão abaixo dos

verificados para as aves alojadas em gaiolas neste presente estudo.

VALKONEN et al. (2006) avaliaram a produção de ovos de

poedeiras leves e semipesadas criadas em gaiolas convencionais ou

enriquecidas (acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível –

750 cm2/ave) alimentadas com dietas com reduzido (14,7%) ou alto (19%) teor

protéico, observaram que aves alojadas em gaiolas enriquecidas consumiram

menos ração (P<0,05) que aquelas alojadas em gaiolas convencionais.

GOMES et al. (2011), estudando o desempenho, as características

fisiológicas e a qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas em diferentes

sistemas de produção, também observaram um maior consumo (P<0,05) para

aves alojadas em piso. Segundo os autores, neste sistema, o maior consumo

está relacionado à menor densidade em comparação às gaiolas, o que

proporciona um maior conforto ambiental e menor estresse. Neste sistema

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ocorre uma menor dissipação de calor no meio de criação, permitindo às aves

regularem o centro da fome e saciedade.

De outro modo, SILVA et al. (2006) avaliaram a influência do sistema

de criação nos parâmetros comportamentais de duas linhagens submetidas a

duas condições ambientais, em relação ao comportamento ingestivo, no

sistema em gaiolas. Os autores notaram aumento deste comportamento,

característico de animais em confinamento, que não têm outra alternativa para

passar o tempo. Estes autores sugerem que talvez o sistema de criação em

cama, por proporcionar ambiente mais rico e oferecer outras opções, possa ter

contribuído para esta diferença, haja vista a maior distribuição nas

porcentagens de tempo gasto em outras atividades.

Segundo ANDRADE et al. (2004), o consumo de ração não é

necessariamente controlado pelo nível protéico da ração, no entanto,

condições ambientais podem influenciar esta variável. BAKER (1993) afirmou

que ocorre aumento no consumo alimentar em rações com baixo nível de

proteína bruta, entretanto, se o nível protéico for exageradamente alto ou baixo,

o consumo diário de proteína será estabelecido pelo mecanismo quimiostático

de controle (DUKE, 1996).

PAVAN et al. (2005), ao avaliar níveis de proteína bruta e de

aminoácidos sulfurados totais sobre o desempenho, a qualidade dos ovos e a

excreção de nitrogênio de poedeiras de ovos marrons, não detectaram

diferença (P>0,05) entre os níveis de proteína bruta dietéticos testados (14,

15,5 e 17%), para consumo de ração. MENDONÇA JÚNIOR E LIMA (1999)

compararam os efeitos de dois níveis protéicos (14,5 e 16,5%) sobre o

desempenho de poedeiras comerciais, obtiveram melhor consumo de ração

para 16,5% de proteína bruta na dieta.

3.3.2. Percentagem de postura

Não houve interação (P>0,05) dos níveis protéicos e dos sistemas

de criação para percentagem de postura, porém, houve efeito (P<0,01) dos

níveis de proteína bruta das rações na percentagem de postura, no primeiro,

terceiro e quarto períodos de produção. Nestes três períodos, a percentagem

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de postura aumentou de forma quadrática até 16,22% de proteína bruta

(Figuras 8,9 e 10).

No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de

produção. Neste período, aves criadas no piso produziram mais ovos (76,75%).

Considerando o período total, a percentagem foi maior (80,47%) no sistema de

criação em piso (P<0,01). Entretanto, TANAKA & HURNIK (1992) e

ABRAHAMSSON & TAUSON (1995), ao estudarem estes dois sistemas de

criação, afirmaram que as percentagens de postura foram equivalentes.

Tabela 4. Percentagem de postura (%) por período de produção e sistema de

criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 81,50 77,93 79,71

0,005 0,83 0,108 2,82 15 82,29 82,93 82,61 16 83,07 83,29 83,18 18 80,00 81,14 80,57

Média 81,71 81,32

34 – 37

14 73,89 66,11 70,00

0,300 0,001 0,093 10,43 15 70,00 63,33 66,67 16 83,11 62,77 72,94 18 80,00 61,66 70,83

Média 76,75a 63,47b

38 – 41

14 81,57 78,00 79,78

0,001 0,593 0,107 2,81 15 82,36 83,00 82,68 16 83,14 83,36 83,25 18 80,07 81,21 80,64

Média 81,79 81,39

42 – 45

14 81,43 77,86 79,64

0,001 0,593 0,107 2,82 15 82,22 82,86 82,53 16 83,00 83,22 83,11 18 79,93 81,07 80,50

Média 81,65 81,25

Total

14 79,59 74,98 77,28

0,09 0,002 0,10 1,52 15 79,21 78,03 78,62 16 83,08 78,16 80,62 18 80,00 76,27 78,13

Média 80,47a 76,86b PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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Y = - 123,24 + 25,63X – 0,79X2

FIGURA 8. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função

dos níveis de proteína bruta no primeiro período de produção

Y = - 123,30 + 25,70X – 0,80X2

FIGURA 9. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função

dos níveis de proteína bruta no terceiro período de produção

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64

Y = - 123,31 + 25,63X – 0,79X2

FIGURA 10. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função

dos níveis de proteína bruta no quarto período de produção

TACTACAN et al. (2009) não observaram (P>0,05) efeitos dos

sistemas de criação na produção de ovos para poedeiras leves entre a 21° e a

60° semanas de idade alojadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas.

Entretanto, alguns estudos tem reportado que a produção de aves alojadas em

gaiolas convencionais é maior que as criadas em sistemas alternativos

(ABRAHAMSSON & TAUSON et al., 1998; BLOKHUIS et al., 2000).

BINTAS et at. (2012), ao avaliarem os efeitos de dois sistemas de

criação (gaiolas convencionais e sistema orgânico) sobre desempenho,

qualidade dos ovos e resposta imunológica de poedeiras leves e semipesadas,

entre 23 e 70 semanas de idade, observaram que a percentagem de postura foi

maior para poedeiras leves nos dois sistemas avaliados. Poedeiras leves

produziram menos ovos (redução de 2,87%) no sistema orgânico (galpão com

acesso à áreas livres), quando comparadas às poedeiras leves criadas em

gaiolas convencionais. Por outro lado, poedeiras semipesadas apresentaram

maior percentual de postura no sistema orgânico (elevação de 4,23% em

relação à produção de poedeiras semipesadas em gaiolas).

PÉREZ-BONILLA et al. (2012), avaliando os efeitos dos níveis de

proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8 ou 3,6%),

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65

na produção e na qualidade de ovo de poedeiras semipesadas, entre a 22° e a

50° semanas de idade e diferentes pesos vivos (1.592 g e 1.860 g),

observaram que não houve efeito dos níveis de proteína bruta na produção de

ovos, porém, aves com maior peso inicial (1.860 g) produziram mais ovos

(P<0,01) (92,5%), em relação aquelas com menor peso inicial (89,8%).

RAMA RAO et al. (2011) determinaram o desempenho produtivo de

poedeiras White Leghorn entre 21 e 72 semanas de idade, alimentadas com

dietas contendo três níveis de proteína bruta (15, 16,5 e 18%); e 2.350 e 2.600

kcal/kg de energia metabolizável e suplementadas com aminoácidos

digestíveis. Os autores observaram que os níveis de proteína bruta das dietas

não afetaram (P>0,01) a produção de ovos, o consumo de ração e o peso dos

ovos.

No segundo período de postura, houve efeito (P<0,01) dos sistemas

de criação para percentagem de postura, conforme análise de variância. Aves

criadas em piso apresentaram desempenho superior, mas o mesmo não

ocorreu nos demais períodos (Tabela 4).

Analisando os valores totais, houve efeito dos sistemas de criação

(P<0,01) para percentagem de postura. Aves criadas em piso apresentaram

melhor desempenho. Este resultado está relacionado à melhor condição de

bem-estar deste sistema (maior facilidade na troca de calor com o meio,

liberdade para realização de comportamentos naturais e conforto gerado pelo

substrato e pelos ninhos). ALVES et al. (2007) não observaram diferença entre

sistemas de criação no piso e em gaiolas, em relação à produção de ovos para

o período experimental total, utilizando-se aves Hy-Line W-36 e Isabrown.

A maior produção das aves alimentadas com rações contendo 16%

de proteína bruta, no primeiro, no terceiro e no quarto períodos de postura,

atesta a compatibilidade destes níveis à exigência nutricional de poedeiras

semipesadas na fase inicial do período de postura. Esse resultado difere do

observado por BRUGALLI et al. (1998) quando concluíram que poedeiras

semipesadas alimentadas com dietas com 14% de proteína bruta,

apresentaram o mesmo desempenho produtivo comparado às aves que

receberam dietas com 16% de proteína.

VALKONEN et al. (2006), avaliando a produção de ovos de

poedeiras leves e semipesadas, criadas em gaiolas convencionais ou

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66

enriquecidas (acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível –

750 cm2/ave) alimentadas com dietas com reduzido (14,7%) ou alto (19%) teor

protéico, observaram que a partir da 32° semana de idade, aves alojadas em

gaiolas enriquecidas produziram menos ovos (P<0,01) que aquelas alojadas

em gaiolas convencionais. Neste mesmo trabalho, não houve efeito (P>0,01)

dos níveis protéicos sobre a percentagem de postura. E os teores de proteína

afetaram a produção de ovos, independentemente do sistema de criação.

A percentagem de postura foi superior à obtida por COSTA et al.

(2004), avaliando o desempenho de poedeiras semipesadas criadas em

gaiolas e submetidas a diferentes níveis protéicos e energéticos entre a 43a e

55a semanas de idade, obtiveram média de 77,16% para dietas com 2.900

Mcal/Kg de EM. Neste trabalho, esta idade corresponde ao 3° e 4° períodos de

postura. GOMES et al. (2011), avaliando o desempenho de poedeiras Isa

Brown criadas em gaiolas convencionais e piso, obtiveram maior produção de

ovos para aves criadas em piso (82%).

Entretanto, POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos de

diferentes níveis protéicos (14% e 18%) a longo prazo no desempenho, na

resposta imunológica, na concentração de triglicérides no fígado e aminoácidos

plasmáticos em poedeiras (Babcock B-308), alojadas em gaiolas, entre a 21 e

48 semanas de idade. Os autores obtiveram percentagem de postura de

88,24% para aves alimentadas com 14% de proteína bruta na ração, e de

93,06% para rações com 18% PB. A dieta com 18% de proteína bruta

aumentou consideravelmente a produção das aves e a ingestão de

aminoácidos essenciais. Já FILARDI et al. (2006), obtiveram melhor

desempenho com poedeiras semipesadas alimentadas com 16% de proteína

bruta na ração comparado a 18% e 20% PB.

3.3.3. Peso do ovo

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os

sistemas de criação para o peso do ovo. Os sistemas de criação influenciaram

(P<0,01) o peso dos ovos apenas no segundo período (Tabela 5), e o sistema

de criação em piso apresentou maior peso dos ovos (57,86 g). Isto se justifica

pelo maior peso vivo das frangas, recriadas neste sistema, ao início da postura

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(1.691g), em relação aquelas recriadas em gaiolas (1.584g). O peso vivo das

frangas, ao início da produção, está associado ao peso do ovo durante o ciclo

produtivo (SUMMERS & LEESON, 1983; KESHAVARZ et al., 1995).

PÉREZ-BONILLA E ALTUNTAS (2012), avaliando os efeitos dos

níveis de proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8

ou 3,6%), sobre a produção de poedeiras semipesadas, entre 22 e 50 semanas

de idade, e diferentes pesos vivos ao início da postura (1.592 g e 1.860 g),

relataram que as aves mais pesadas produziram ovos mais pesados (P<0,01)

(64,9 g) que aquelas de menor peso inicial (62,4 g).

Tabela 5. Peso dos ovos (g) por período de postura e sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 55,59 54,23 54,91

0,71 0,10 0,15 3,25 15 54,66 56,28 55,47 16 54,08 55,57 54,82 18 53,52 55,59 54,55

Média 54,46 55,41

34 – 37

14 57,27 54,63 55,95

0,06 0,01 0,60 2,92 15 57,55 56,24 56,89 16 57,83 57,17 57,50 18 58,80 57,06 57,93

Média 57,86a 56,27b

38 – 41

14 55,81 54,45 55,13

0,71 0,10 0,15 3,24 15 54,88 56,50 55,69 16 54,30 55,79 55,04 18 53,74 55,81 54,77

Média 54,68 55,63

42 – 45

14 55,94 54,15 55,04

0,80 0,18 0,06 3,21 15 55,01 56,20 55,60 16 54,43 55,49 54,96 18 53,61 56,20 54,90

Média 54,75 55,51

Total

14 56,23 54,17 55,20

0,06 0,08 0,06 2,98 15 54,81 55,83 55,32 16 55,13 55,25 55,19 18 55,49 56,47 55,98

Média 55,41 55,43 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

De acordo com SEKEROGLU et al. (2009), o peso do ovo é

influenciado por várias fatores, dentre eles, a linhagem, a hereditariedade, a

temperatura ambiente, a idade da ave, o peso vivo, a alimentação e a

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sanidade. O peso do ovo, além de influenciar a altura e peso de gema e

albúmen, também afeta diretamente a qualidade da casca, visto que há

correlação positiva entre ovos grandes e maior incidência de trincas

(ABDALLAH et al.,1993).

Este resultado se assemelha ao observado por MASHALY et al.

(2004) que encontraram uma diferença de 7,5g entre ovos postos sob

condições de conforto e estresse. Estes autores observaram uma queda

expressiva do peso dos ovos para a condição de criação em gaiola,

especialmente em temperaturas acima de 29°C. Isto se explica, provavelmente,

pelo maior estresse que este sistema apresenta, tendo-se em vista o grau de

confinamento e a maior dificuldade das aves em perder calor.

Por outro lado, ANDERSON & ADAMS (1994), avaliando os efeitos

dos sistemas de criação em piso ou gaiolas convencionais no desenvolvimento

ósseo de poedeiras leves, observaram que poedeiras alojadas em gaiolas

produziram ovos mais pesados que aquelas alojadas em piso.

BARBOSA FILHO (2006), estudaram o bem-estar de poedeiras

comerciais em diferentes sistemas de produção e condições ambientais, e

obteve menor peso dos ovos no sistema de criação em gaiola. Estes autores

associaram este resultado ao maior nível de estresse e à maior dificuldade da

ave em perder calor, quando alojadas em gaiolas.

A qualidade dos ovos e o desempenho de poedeiras semipesadas

criadas em piso ou gaiolas convencionais em cinco períodos de postura, foram

avaliados por ALVES et al. (2007), os quais observaram maior peso dos ovos

para o sistema de criação em gaiola, entre a 40° e a 43° semanas de idade.

ROLL et al. (2009), avaliaram o desempenho produtivo, a qualidade

de ovos e a condição física de poedeiras semipesadas alojadas em dois

sistemas de criação (piso e gaiolas enriquecidas), e não detectaram influência

destes sistemas sobre o peso dos ovos.

MOSTERT et al. (1995) não observaram diferença (P<0,05) para o

peso dos ovos, entre os sistemas de criação em gaiola ou piso para poedeiras

comerciais em diferentes sistemas de criação. De mesmo modo, ROLL et al.

(2009) também não observaram efeito dos sistemas de criação (piso e bateria)

sobre o peso dos ovos de poedeiras semipesadas.

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69

O peso dos ovos não foi afetado (P<0,05) pelo nível protéico das

rações em nenhum dos períodos de postura avaliados. Não foi detectado

modelo de ajuste para esta variável, sendo melhor representada pelas médias.

Entretanto, SILVA et al. (2010), estudando o desempenho, qualidade dos ovos

e balanço de nitrogênio de poedeiras comerciais alimentadas com rações

contendo diferentes níveis de proteína bruta (12, 14, 16 e 18%), também

formuladas com base no conceito de proteína ideal, concluíram que o peso dos

ovos e a massa de ovos aumentaram linearmente (P<0,05) com o aumento dos

níveis de proteína. Resultados semelhantes foram encontrados por PINHEIRO

et al. (1996) ao trabalharem com níveis de proteína bruta de 17 e 20%.

PAVAN et al. (2005) avaliaram o desempenho de poedeiras

semipesadas alimentadas com diferentes níveis protéicos (14, 15, 16 e 17%), e

observaram menor peso do ovo para dietas com 17% de proteína bruta às 52

semanas de idade.

ROMBOLA et al. (2004) que verificaram aumento no peso dos ovos

com a elevação do nível protéico da dieta, verificando que 18% de proteína

bruta na dieta proporcionou maior peso e maior quantidade de sólidos totais.

COSTA et al (2004), avaliando a qualidade interna e externa de ovos

de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown) entre a 43° e a 55° semanas de

idade, recebendo rações com 15,5, 16,5 e 17,5% de proteína bruta, não

encontraram efeito (P<0,05) dos níveis protéicos sobre o peso dos ovos. No

entanto, PENZ JÚNIOR & JENSEN (1991) constataram que dietas com 13% de

proteína bruta para poedeiras de 28 a 34 semanas de idade colaboraram na

redução do peso dos ovos, principalmente do albúmen, o que não foi

minimizado pela suplementação de aminoácidos essenciais e não-essenciais,

quando comparadas à dieta contendo 16% PB.

Maiores níveis protéicos na dieta influenciam positivamente o peso

dos ovos, pois as poedeiras não são capazes de reservar proteína

eficientemente para a sua mantença, sendo dependentes do consumo diário

(SILVA et al., 2010).

POOSUWAN et al. (2009), avaliando os efeitos a longo prazo de

dois níveis protéicos (14 e 18%) na produção, nos parâmetros sanguíneos e na

resposta imunológica de poedeiras comerciais (Babcock B-308), alojadas em

gaiolas, entre 21 e 48 semanas de idade, observaram que aves alimentadas

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com dieta contendo 18% de proteína bruta produziram ovos mais pesados

(61,74 g), em relação aquelas recebendo dieta com 14% de proteína bruta

(58,78 g).

ROMBOLOA et al. (2004) estudaram o desempenho de poedeiras

semipesadas alimentadas com diferentes níveis protéicos, verificaram que o

fornecimento de dietas com nível protéico mais elevado, proporcionou um

aumento no peso do albúmem, em que a dieta com 18% de proteína bruta

promoveu melhor peso de albúmem e maior quantidade de sólidos totais,

influenciando diretamente o peso do ovo.

PAVAN et al. (2005), avaliando o peso dos ovos de poedeiras

alimentadas com rações contendo diferentes níveis de proteína bruta,

obtiveram melhores resultados com 14, 15,5 e 17%. Entretanto, SILVA et al.

(2010) destacam que quando se realiza redução protéica muito acentuada,

como a estudada por SUMMERS et al. (1991), com 10% de proteína bruta, os

aminoácidos não são capazes de proporcionar desempenho semelhante a

dietas com níveis protéicos mais elevados. A resposta das aves à redução da

proteína na ração parece estar condicionada à extensão em que esse nutriente

é reduzido na ração.

Analisando os valores totais, não houve efeito dos sistemas de

criação (P>0,01) e dos períodos de produção sobre o peso dos ovos. Não foi

detectado modelo de ajuste para esta variável, sendo melhor representada

pelas médias.

COTTA (1997) afirmou que poedeiras em início de postura

produzem ovos pequenos, variando de 35 a 45 gramas. A idade que a poedeira

atinge a maturidade sexual influencia o peso do primeiro ovo. LARBIER &

LECLERCQ (1992) afirmam que, além dos fatores associados à ave (genética,

idade e precocidade sexual), a nutrição e o ambiente também influenciam o

peso do ovo. AKBAR et al. (1983) e AHN et al. (1997) afirmaram que o peso do

ovo incorpora três componentes: a gema, o albùmen e a casca. E também que

a proporção entre gema e albúmen é determinada pela linhagem e idade da

poedeira.

SILVERSIDES & SCOTT (2001) obtiveram peso médio dos ovos de

58,5 g, superior ao obtido neste trabalho. Já GOMES et al. (2011), trabalhando

com poedeiras semipesadas, em piso e gaiolas convencionais, obtiveram 52,8

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71

g de peso médio dos ovos para o sistema de criação em gaiolas, e 57,9 g para

a criação em piso.

3.3.4. Ganho de peso total

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os

sistemas de criação. Porém, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína bruta

das rações sobre o ganho de peso em todo o período experimental (Tabela 6).

Neste período, aves alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta

apresentaram maior ganho de peso.

Tabela 6. Ganho de peso total (g) de poedeiras semipesadas em dois sistemas

PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Em relação ao ganho de peso total, o modelo ajustado não foi

significativo, sendo melhor representado pelas médias. SÁ et al. (2007),

trabalhando com poedeiras semipesadas no período de 34 a 50 semanas de

idade e TOGASHI et al. (2002), a partir de 51 semanas, não obtiveram efeito

dos níveis de proteína bruta no ganho de peso corporal, com pesagens

individuais realizadas no início e no final da fase experimental.

PÉREZ-BONILLA et al. (2012), avaliando os efeitos dos níveis de

proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8 ou 3,6%),

sobre produção e qualidade de ovo de poedeiras semipesadas, entre 22 e 50

semanas de idade e com diferentes pesos vivos na fase inicial (1.592 g e 1.860

g), observaram que o ganho de peso foi superior para as aves com maior peso

inicial (289 g), quando comparado com aves de menor peso vivo inicial (233 g).

TUMOVA E EBEID (2003), ao avaliarem os efeitos dos sistemas de

produção sobre desempenho e qualidade de ovos de poedeiras semipesadas

Período experimental (semanas)

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PBxS

30 – 45

14 289,80 291,60 290,70

0,01 0,05 0,41 3,27 15 295,80 282,80 289,30 16 297,60 289,20 293,40 18 293,00 290,40 291,70

Média 294,05 288,50

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(Lohmann Brown) alojadas em piso ou gaiolas convencionais, observaram que

o peso vivo foi maior no piso.

As aves apresentaram peso superior ao indicado pelo Manual da

linhagem, em todo o período avaliado.

3.3.5. Conversão alimentar por dúzia (kg/dz) e por massa de ovos (kg/kg)

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os

sistemas de criação. E os níveis de proteína bruta também não interferiram na

conversão alimentar (kg/dz). No entanto, ocorreu efeito (P<0,05) dos sistemas

de criação sobre a conversão alimentar por dúzia de ovos em todos os quatro

períodos avaliados. Em todos eles, aves criadas em gaiolas apresentaram

melhor conversão alimentar por dúzia de ovos (Tabela 7). De modo contrário,

ALVES et al. (2007) não observaram diferenças entre os sistemas de criação

em piso ou gaiola, em relação à esta variável.

Em todo o período experimental, houve efeito (P<0,05) dos sistemas

de criação e aves criadas em gaiolas também foram mais eficientes.

Em relação à conversão alimentar por massa de ovos, não houve

interação ou efeito isolado (P>0,05) para sistemas de criação e níveis

protéicos, em todos os quatro períodos avaliados (Tabela 8). Este resultado

está de acordo com o obtido por COSTA et al. (2004), quando estudaram o

efeito de diferentes níveis de proteína bruta (15,5%, 16,5% e 17,5%) na

produção e na qualidade de ovos de poedeiras semipesadas. Os autores

também não encontraram efeito (P<0,05) dos níveis protéicos na conversão

alimentar por massa de ovos.

VALKONEN et al. (2006), avaliando o desempenho de poedeiras

leves e semipesadas criadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas

(acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível – 750 cm2/ave)

alimentadas com dietas com proteína reduzida (14,7%) ou alta (19%), também

não observaram efeito dos sistemas de criação na conversão alimentar.

PÉREZ-BONILLA et al. (2012) verificaram os efeitos dos níveis de

proteina bruta (16,5%, 17,5% e 18,5%) e da gordura na dieta (adição de 1,8%

ou 3,6%), na produção e na qualidade de ovos de poedeiras semipesadas,

entre 22 e 50 semanas de idade e diferentes pesos vivos (1.592 g e 1.860 g),

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observaram que as aves mais leves ao início do experimento (1.592 g)

apresentaram melhor (P<0,01) conversão alimentar por dúzia de ovos (1,52),

em relação ás mais pesadas, de 1,57.

Tabela 7. Conversão alimentar por dúzia de ovos por período de produção e

sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 2,045 1,773 1,909

0,28 0,04 0,66 15,97 15 2,152 2,066 2,109 16 2,218 1,829 2,023 18 1,904 1,804 1,854

Média 2,079a 1,868b

34 – 37

14 2,106 1,911 2,008

0,11 0,01 0,74 8,56 15 2,165 2,106 2,135 16 2,143 1,942 2,042 18 1,994 1,893 1,943

Média 2,102a 1,963b

38 – 41

14 2,097 1,825 1,961

0,28 0,04 0,66 15,56 15 2,203 2,118 2,160 16 2,270 1,881 2,075 18 1,956 1,856 1,906

Média 2,131a 1,920b

42 – 45

14 2,067 1,795 1,931

0,21 0,01 0,77 12,51 15 2,173 2,038 2,105 16 2,139 1,850 1,994 18 1,925 1,826 1,875

Média 2,076a 1,877b

Total

14 2,079 1,821 1,950

0,08 0,02 0,09 13,12 15 2,168 2,080 2,124 16 2,190 1,867 2,028 18 1,938 1,839 1,888

Média 2,093a 1,901b PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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Tabela 8. Conversão alimentar por massa de ovos por período de produção

e sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 2,361 2,442 2,401

0,40 0,11 0,80 10,44 15 2,367 2,438 2,402 16 2,420 2,648 2,534 18 2,419 2,561 2,490

Média 2,391 2,522

34 – 37

14 2,493 2,501 2,497

0,38 0,09 0,66 10,59 15 2,286 2.508 2,397 16 2,389 2,416 2,402 18 2,341 2,232 2,286

Média 2,377 2,414

38 – 41

14 2,472 2,609 2,540

0,40 0,09 0,80 6,51 15 2,618 2,499 2,558 16 2,622 2,642 2,632 18 2,401 2,537 2,469

Média 2,528 2,571

42 – 45

14 2,527 2,718 2,622

0,41 0,09 0,81 6,77 15 2,547 2,572 2,559 16 2,631 2,573 2,602 18 2,626 2,611 2,618

Média 2,582 2,618

Total

14 2,462 2,501 2,481

0,36 0,10 0,66 6,89 15 2,451 2,457 2,454 16 2,458 2,531 2,494 18 2,412 2,336 2,374

Média 2,445 2,456 PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação.

Analisando os valores do período total de produção, também não foi

observado efeito dos sistemas de criação (P>0,05) e dos níveis protéicos sobre

a conversão alimentar por massa de ovos.

GOMES et al. (2011), avaliaram o desempenho de poedeiras

semipesadas em dois sistemas de criação (piso e gaiolas convencionais), e

detectaram diferenças em relação à esta variável. Estes autores obtiveram uma

conversão alimentar superior no sistema de criação em piso, provavelmente

pelo maior peso dos ovos.

ALVES et al. (2007) testaram os efeitos de dois sistemas de criação

(gaiolas e cama) no desempenho e na qualidade de ovos e também não

observaram efeito para a conversão alimentar (kg/kg e kg/dz) em nenhum dos

cinco períodos de postura, a partir da 19° semana de idade.

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75

3.3.6. Ovos sujos, trincados e quebrados

Ocorreu interação (P<0,05) dos níveis de proteína bruta das rações

e sistemas de criação em todos os períodos avaliados para ovos sujos. Houve

efeito (P<0,05) dos sistemas de criação na percentagem de ovos sujos em

todos os quatro períodos de produção (Tabela 9). Nos quatro períodos, aves

criadas em gaiolas apresentaram menor incidência de ovos sujos (P<0,05),

para todos os níveis de proteína das rações (Tabela 9).

Tabela 9. Percentagem de ovos sujos (%) por período de produção e sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 13,98a 5,81b 9,89

0,13 0,01 0,02 7,13 15 15,15a 5,73b 10,44 16 15,19a 5,37b 10,28 18 15,77a 5,59b 10,68

Média 15,02a 5,62b

34 – 37

14 14,27a 6,10b 10,18

0,13 0,01 0,02 6,94 15 15,44a 6,02b 10,73 16 15,48a 5,66b 10,57 18 16,06a 5,88b 10,97

Média 15,31a 5,92b

38 – 41

14 14,00a 5,83b 9,91

0,13 0,01 0,02 7,12 15 15,17a 5,75b 10,46 16 15,21a 5,39b 10,30 18 15,79a 5,61b 10,70

Média 15,04a 5,64b

42 – 45

14 14,05a 5,88b 9,96

0,09 0,01 0,02 7,08 15 15,22a 5,80b 10,51

16 15,26a 5,44b 10,35

18 15,84a 5,66b 10,75

Média 15,09a 5,69b

Total

14 14,22a 5,79b 10,00

0,06 0,03 0,03 6,89 15 15,30a 5,81b 10,55 16 15,23a 5,38b 10,30 18 15,66a 5,70b 10,68

Média 15,10a 5,67b PB=proteína bruta; S=sistema de criação; NS=não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Este resultado está associado ao fato das aves, nas gaiolas, não

entrarem em contato com o substrato e suas excretas. E também pela

angulação do piso das gaiolas, que possibilita aos ovos rolarem até a grade

frontal, para posterior coleta.

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Em relação ao período total, houve interação (P<0,05) dos níveis de

proteína bruta e dos sistemas de criação. Neste período, aves criadas no piso

apresentaram maior percentagem de ovos sujos (15,10%), quando

comparadas aquelas criadas nas gaiolas (5,67%), para todos os níveis de

proteína bruta das rações.

Em todo o período experimental, raramente observou-se postura em

cama, evidenciando a preferência da ave em realizar a postura no ninho.

ZUPAN et al. (2008) avaliaram a preferência de poedeiras

semipesadas, alojadas em boxes individualmente, pela postura em ninho ou

cama e verificaram que, das 24 aves monitoradas, 17 realizaram a postura

regularmente em ninhos e 7 no piso (maravalha). As aves que realizaram a

postura no piso, permaneceram mais tempo ciscando e revirando o substrato

nos momentos que antecedem a ovoposição. Enquanto aquelas que optaram

pelos ninhos, procuravam os ninhos pouco antes da postura. Estes autores

sugerem que existam pelo menos dois padrões de comportamento para

poedeiras comerciais em relação à preferência pelo local de postura, mesmo

para grupos de mesma idade e padrão genético.

Os efeitos das interações sociais sobre o tempo de permanência no

ninho e o número de acessos, para poedeiras semipesadas criadas em boxes,

foram avaliados por LUNDBERG E KEELING (1999). Estes autores afirmaram

que o nível de competição (agressões) influencia o tempo de permanência no

ninho. Aves mais agredidas permaneceram menos tempo no ninho, e aquelas

que mais agrediram, permaneceram mais tempo. Destacam ainda, que vários

fatores influenciam a decisão da poedeira pelo local a ser realizada a postura.

Além da qualidade e da segurança do ninho, o nível de interação social

também deve ser considerado. Em ambientes de criação comerciais, existem

condições mais propícias para a postura, no entanto, a condição social da ave

pode prejudicar este processo.

MOSTERT et al. (1995) observaram menor percentagem de ovos

sujos no sistema de criação em gaiolas. Este resultado está de acordo com as

observações de BARBOSA FILHO (2006), em que ovos das aves Isabrown em

cama foram os que mais apresentaram sujidades aderidas, o que pode ser

explicado pelo fato de que essas aves, por serem mais pesadas, consomem

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mais ração e produzem mais excretas e ainda promovem maior compactação

da cama, favorecendo retenção de umidade.

ALVES et al. (2007), avaliaram os efeitos do sistema de criação e do

ambiente bioclimático no desempenho das aves e na qualidade de ovos, e

também verificaram maior ocorrência de ovos sujos no sistema de criação em

piso. De acordo com APPLEBY et al. (1992), na criação em piso, os ovos

tendem a apresentar sujidades aderidas a casca, pois entram em contato com

as aves ou com material de cama do piso ou do ninho.

De acordo com ROLL et al. (2009), quando comparada às aves

criadas em gaiolas, a percentagem de ovos sujos foi maior no sistema de

criação em piso na metade e na fase final do ciclo e produção.

Em estudos comparativos entre duas linhagens de postura em dois

diferentes sistemas de criação, cama x gaiola, observou-se incremento no

número de ovos sujos no sistema de cama (MOSTERT et al., 1995; ALVES et

al., 2007 BECKER et al., 2011). Isto está de acordo com observado nesta

pesquisa. Entretanto, esses resultados são contrários às observações de

BARBOSA FILHO et al. (2006) que, com área adequada, e respeitando as

dimensões para cada ave, o número de ovos sujos tende a diminuir.

BECKER et al. (2011) destacaram o fato que a maior percentagem

de ovos sujos está relacionada ao ambiente de criação. Aves criadas em

sistema de cama dispõem de maior área para locomoção e ninho, que pode

favorecer o contato direto dos ovos com as excretas.

HANNAH et al. (2011), estudaram o índice de contaminação

bacteriana das casca de ovos, lavados ou não lavados, produzidos por aves

criadas em gaiolas convencionais ou piso, e observaram que o nível de

contaminação foi semelhante para os dois sistemas, após lavagem com

solução comercial. No entanto, os ovos produzidos nas gaiolas, com esteira de

remoção de excretas, apresentaram menor contaminação, independentemente

se foram lavados ou não, em comparação a ovos produzidos no piso.

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os

sistemas de criação, e também não houve efeito dos níveis de proteína bruta

na percentagem de ovos trincados. Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de

criação em todos os períodos avaliados, e o número de ovos trincados foi

maior nas gaiolas. Isto ocorreu devido à irregularidades no fundo das gaiolas.

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Nos sistemas avaliados, os ovos eram coletados quatro vezes ao dia, o que

pode ter contribuído para diminuir o pisoteio (Tabela 10). Em relação ao

período total, o sistema de criação em gaiolas apresentou maior incidência de

ovos trincados (P<0,01).

ROLL et al. (2009) avaliaram os efeitos dos sistemas de criação em

piso ou bateria na produção e na qualidade dos ovos de poedeiras

semipesadas, e obtiveram maior percentagem de ovos trincados para a criação

em piso, especialmente ao início do período de postura. Por outro lado,

ALVES et al. (2007) avaliaram os efeitos de sistemas de criação e ambiente

bioclimático no desempenho e na qualidade de ovos, e observaram maior

ocorrência de ovos trincados nas gaiolas.

Tabela 10. Percentagem de ovos trincados (%) por período de postura e

sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 0,80 2,59 1,69

0,20 0,01 0,62 11,27 15 0,77 2,56 1,66 16 0,63 2,44 1,53 18 0,77 2,39 1,58

Média 0,74b 2,49a

34 – 37

14 0,77 2,72 1,74

0,20 0,01 0,63 10,93 15 0,74 2,69 1,71 16 0,60 2,57 1,58 18 0,74 2,52 1,63

Média 0,71b 2,62a

38 – 41

14 0,88 2,61 1,74

0,20 0,01 0,63 10,94 15 0,85 2,58 1,71 16 0,71 2,46 1,58 18 0,85 2,41 1,63

Média 0,82b 2,51a

42 – 45

14 0,75 2,63 1,69

0,20 0,01 0,63 11,31 15 0,72 2,60 1,66 16 0,58 2,48 1,53 18 0,72 2,43 1,57

Média 0,69b 2,53a

Total

14 0,76 2,60 1,68

0,18 0,01 0,58 10,97 15 0,74 2,58 1,66 16 0,60 2,46 1,53 18 0,75 2,43 1,59

Média 0,71b 2,51a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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Estes resultados estão de acordo com os observados por MERTENS

et al. (2006) ao avaliarem os efeitos de diferentes sistemas de produção

(baterias, gaiolas enriquecidas, galpão fechado e galpão com acesso à áreas

livres – free range) sobre a resistência da casca de ovos de poedeiras

semipesadas (Bovans Goldline) com 45 semanas de idade. Estes autores

observaram diferença em relação aos efeitos dos sistemas de produção sobre

este parâmetro, em que a incidência de trincas foi maior nas gaiolas

enriquecidas (10,72%) e nas baterias (6,73%). Os ovos provenientes do

sistema de produção com acesso á áreas livres (free range) apresentaram

menor incidência de ovos trincados (1,99%), provavelmente devido ao maior

consumo de ração, e consequentemente, de cálcio, verificado neste sistema.

Em relação à incidência de ovos quebrados, houve efeito (P<0,01)

dos sistemas para todos os períodos avaliados, e o número de ovos quebrados

foi maior nas gaiolas. Isto também pode ter ocorrido devido à irregularidades no

fundo da maioria das gaiolas, como ondulações e declividade excessivas

(BARBOSA FILHO et al., 2006). Os ovos eram coletados quatro vezes ao dia, o

que pode ter contribuído para a diminuição da ocorrência de pisoteio pelas

aves (Tabela 11). Em relação ao período total, o sistema de criação em gaiolas

apresentou maior incidência de quebras (P<0,01).

ALVES et al. (2007), em relação à percentagem de ovos quebrados,

observaram que, para poedeiras semipesadas, apesar de não terem sido

detectadas diferenças entre as médias, verificou-se ocorrência de maior

percentagem de quebras no sistema de criação em gaiolas.

De acordo com APPLEBY et al. (1992), uma das preocupações em

relação aos sistemas alternativos às gaiolas é a maior possibilidade de perdas

de ovos em decorrência de quebras, quando postos fora do ninho. Esse fator é

o maior responsável pelas diferenças produtivas entre os sistemas de criação.

Além disso, na criação em piso, os ovos tendem a apresentar sujeiras, pois

entram em contato com as aves ou com o substrato, sujando com mais

facilidade.

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Tabela 11. Percentagem de ovos quebrados (%) por período de postura e

sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 1,22 1,94 1,58

0,58 0,01 0,53 7,30 15 1,18 1,84 1,51 16 1,16 1,94 1,55 18 1,22 1,87 1,54

Média 1,19b 1,89a

34 – 37

14 1,24 1,97 1,60

0,58 0,01 0,53 7,19 15 1,20 1,87 1,53 16 1,18 1,97 1,57 18 1,24b 1,90 1,57

Média 1,21 1,93a

38 – 41

14 1,33 1,92 1,62

0,58 0,01 0,53 7,09 15 1,29 1,82 1,55 16 1,27 1,92 1,59 18 1,33 1,85 1,59

Média 1,30b 1,88a

42 – 45

14 1,25 2,01 1,63

0,58 0,01 0,53 7,07 15 1,21 1,91 1,56 16 1,19 2,01 1,60 18 1,25 1,94 1,59

Média 1,22b 1,96a

Total

14 1,24 1,95 1,59

0,55 0,01 0,50 7,12 15 1,23 1,85 1,54 16 1,22 1,95 1,58 18 1,26 1,86 1,56

Média 1,24b 1,90a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

3.4. CONCLUSÃO

O sistema de criação em piso se configura como opção na criação

de poedeiras semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período

entre a 30° e a 45° semana de idade. E dietas com 16% de proteína bruta são

sugeridas para criação em piso ou gaiolas convencionais na fase de postura,

devido aos efeitos positivos na percentagem de postura, consumo de ração e

peso vivo da ave.

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CAPÍTULO 4. QUALIDADE DE OVOS DE POEDEIRAS SEMIPESADAS

CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE

POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE

PROTEÍNA BRUTA

Resumo

A avaliação da qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas, criadas em

gaiolas ou piso de 30 a 45 semanas de idade, suplementadas com

aminoácidos, a partir do conceito de proteína ideal, utilizando-se dietas com

14%, 15%, 16% e 18% de proteína bruta, foi o objeto de estudo deste trabalho.

Foram utilizadas 400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois sistemas de

criação (gaiola convencional ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram

manejadas conforme descrito no manual de criação. As variáveis avaliadas

foram o peso relativo de gema, altura de gema, peso relativo de albúmen,

altura de albúmen, gravidade específica, espessura de casca e peso de casca.

Os tratamentos consistiram de níveis reduzidos de proteína bruta, e foram

fornecidos para os dois grupos igualitariamente. Foi adotado um delineamento

inteiramente casualizado, em esquema fatorial, composto de 2 sistemas de

criação e 4 níveis de proteína bruta, totalizando 8 tratamentos. Foram utilizadas

5 repetições por tratamento e 10 aves por unidade experimental. O sistema de

criação em piso se configura como opção na criação de poedeiras

semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período entre a 30° e a

45° semana de idade, visto que apresenta resultados equivalentes ao obtidos

no sistema de criação em gaiolas, tendo como parâmetro a qualidade dos

ovos.

Palavras–chave: bem-estar, gaiola, ovo, piso, qualidade

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CHAPTER 4. EGG QUALITY OF BROWN-EGG HENS RAISED IN TWO

RAISING SYSTEMS AND FED REDUCED PROTEIN LEVELS

IN LAYING PHASE

Abstract

Assessment of egg quality of laying hens, caged or litter 30-45 weeks of age,

supplemented with amino acids from the ideal protein concept, using diets with

14%, 15%, 16% and 18% crude protein, was the object of this study. A total of

400 Hisex Brown laying hens were allotted in two facilities, one in conventional

cages and other in an aviary system, with 200 hens each. The birds were raised

according to the manual recommendations. The variables evaluated were yolk

weight, yolk height, albumen weight, albumen height, specific gravity, and shell

thickness and shell weight. The treatments consisted in reduced levels of crude

protein, and were provided to both groups equally. The experiment was

designed as a completely randomized design in factorial model, composed of

two farming systems and 4 protein levels, totaling 8 treatments and five

replicates of 10 birds each. The creation system is configured as a floor option

in the creation of laying hens in commercial line Hisex Brown, between 30 ° and

45 ° week of age, since it presents the results obtained in the equivalent system

in breeding cages, with parameter as the quality of the eggs.

Keywords: cage, egg, litter, quality, welfare

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4.1. INTRODUÇÃO

A avicultura de postura apresentou um considerável

desenvolvimento na última década, graças à inovações tecnológicas nas áreas

de genética, nutrição, ambiência e manejo (BARBOSA FILHO, 2006). No

entanto, novas tecnologias e demandas de mercado, estimularam o

desenvolvimento de novos sistemas de criação, voltados para a promoção do

bem-estar animal e a manutenção da qualidade dos ovos e da produtividade.

As exigências de proteína e aminoácidos podem variar conforme o

peso corporal, a taxa de crescimento e a produção de ovos. No entanto, a

maioria das recomendações encontradas na literatura e divulgadas pelos

manuais de criação, têm como base estudos que consideram apenas o

desempenho da ave de acordo com determinados níveis de ingestão do

nutriente estudado, sem avaliar os efeitos do ambiente em que são criadas.

As exigências nutricionais podem não ser compatíveis com as

demandas dos diferentes sistemas de criação, o que justifica a implementação

de estudos para conhecer exigências nutricionais específicas e níveis de

nutrientes mais adequados (ANGELES & ROSALES, 2005).

SINGH & CHENG (2009) estudaram o desempenho e a qualidade

dos ovos de quatro linhagens de poedeiras comerciais, mantidas em gaiolas

convencionais ou piso de aviários, e relataram que a qualidade dos ovos

também são influenciadas pelo sistema de criação, assim como a idade das

aves. Neste estudo, a produção de ovos das linhagens leves e das linhagens

semipesadas foram semelhantes, porém, observaram efeitos dos sistemas de

criação sobre o consumo de ração e a eficiência alimentar.

TACTACAN et al. (2009) avaliaram o desempenho e o bem-estar de

poedeiras comerciais em gaiolas convencionais e enriquecidas (acesso ao

ninho e areia), e concluíram que não houve diferenças na produção e na

qualidade dos ovos entre os dois tipos de gaiolas, exceto para a percentagem

de ovos sujos. Este resultado está de acordo com os obtidos por SMITH et al.

(1993) e ABRAHAMSSON & TAUSON (1997).

HOOREBEKE (2010) determinou os fatores que potencializam o

risco de contaminação por Salmonella sp. em poedeiras comercias, utilizando

amostras coletadas em 4 países (Bélgica, Alemanha, Itália e Grécia) e em

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diferentes sistemas de criação (baterias convencionais, cama sobre piso,

produção orgânico e em galpões com acesso a áreas livres), afirma que nos

sistema de criação em gaiolas ou baterias a ocorrência de infecções por

Salmonella sp é mais intensa que em sistemas alternativos de criação.

A maioria das recomendações protéicas divulgadas pelos manuais

de criação, tem como base estudos realizados em condições diferentes das

encontradas pelas aves nos locais em que são exploradas. A escolha do nível

adequado de proteína é favorável tanto para a ave, que poderá desempenhar

suas funções metabólicas de forma potencializada, quanto para o produtor, que

poderá maximizar seus recursos financeiros através de economia com fontes

protéicas (SAKOMURA et al., 2002).

De acordo com ZANG & COON (1997) e MIZUMOTO et al. (2008), a

nutrição e o sistema de criação influenciam a qualidade dos ovos. Para

poedeiras, o nível de proteína na dieta é importante para a formação da gema

e, especialmente, do albúmem. Uma vez que a habilidade das poedeiras em

estocar proteína é limitada, a concentração de proteína na ração deve estar

equacionado para atingir a produção de ovos desejada (PESTI, 1992).

O estudo de diferentes níveis protéicos em rações para poedeiras

em fase de produção é de fundamental importância, uma vez que a produção e

o tamanho dos ovos são dependentes da ingestão de proteínas (SAKOMURA

et al., 2002). A avaliação da qualidade de ovos de poedeiras semipesadas, de

linhagem comercial Hisex Brown, criadas em piso ou gaiolas, da 30° a 45°

semana de idade, recebendo dietas com redução dos níveis de proteína bruta,

foi o objeto de estudo deste trabalho.

4.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Campus

Urutaí, do Instituto Federal Goiano. Foram utilizadas 400 poedeiras

semipesadas de linhagem Hisex Brown, na fase de postura, entre a 30° e a 45°

semana de idade, entre 23 de dezembro de 2011 a 06 de abril de 2012. Este

projeto de pesquisa foi analisado pela Comissão de Ética no Uso de Animais

(CEUA/UFG), da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo 312/11.

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Foram utilizados dois galpões, simultaneamente, em que 200 aves

foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas

convencionais. Foi realizada a pesagem individual das aves para distribuição

em um delineamento inteiramente ao acaso. As aves foram manejadas

conforme recomendações propostas no manual de criação da linhagem

(GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e

3.333cm2/ave no piso.

No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas

em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.

Os boxes foram forrados com serragem até a altura de 10 cm e apresentavam

uma medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x altura).

O bebedouro utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o

comedouro, de tipo tubular, apresentava capacidade para 15 Kg de ração. O

ninho, construído em madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e

elevação de 10 cm em relação ao substrato.

O manejo dos ovos e dos ninhos foi realizado de acordo com as

recomendações da EMBRAPA Suínos e Aves (EMBRAPA, 2005).

As rações experimentais foram formuladas com base no conceito de

proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/Kg de E.M) e isonutritivas, utilizando-

se, além dos ingredientes básicos (milho e farelo de soja), aminoácidos

industriais (Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências nutricionais indicadas

por ROSTAGNO et al. (2011).

As variáveis estudadas foram unidade Haugh, peso relativo de

gema, altura de gema, peso relativo de albúmen, altura de albúmen, gravidade

específica, espessura de casca e peso relativo de casca. Foram adotados

quatro períodos de postura de 28 dias (30° a 33° semana de idade, 34° a 37°

semana de idade, 38° a 41° semana de idade e 42° a 45° semana de idade).

Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões

experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da

marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura

dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.

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Tabela 1. Composição das rações experimentais

INGREDIENTES Ração 14% PB

Ração 15% PB

Ração 16% PB

Ração 18% PB

Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina hcl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Suplemento vitamínico 0,10 0,10 0,10 0,10 Suplemento mineral 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível(%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível(%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21 PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.

Uma amostra de quatro ovos por unidade experimental foi colhida

pela manhã (08h00m), identificada e utilizada para determinação do peso de

gema, peso de albúmen e peso relativo de casca, nos últimos quatro dias de

cada período experimental. Para tanto, foi utilizada uma balança semi-analítica

da marca Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.

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A partir das mesmas amostras, foram medidos altura de gema,

altura de albúmen e espessura de casca, utilizando-se micrômetro analógico

modelo AMES S-6428 e paquímetro digital, respectivamente.

A medida da espessura de casca foi realizada sem a remoção da

membrana interna das cascas. Após os ovos serem quebrados, as cascas

foram cuidadosamente lavadas em água corrente para a retirada dos restos de

albúmen que ainda permaneciam em seu interior. Depois de lavadas, as

cascas foram separadas para secagem de um dia para outro, à temperatura

ambiente. Depois de devidamente secas, estas eram medidas em três pontos

diferentes na região centro-transversal para obtenção da espessura média.

A gravidade específica foi determinada pelo método de flutuação

salina, conforme metodologia descrita por HAMILTON (1982). Ao final de cada

período experimental, foram selecionadas amostras representativas de quatro

ovos por parcela; em seguida, foram feitas imersões dos ovos em soluções

salinas (NaCl) com os devidos ajustes para o volume de 10 litros de água com

densidades que variavam de 1,065 a 1,100 com intervalo de 0,005, calibradas

com densímetro da marca Incoterm. Os ovos foram colocados nos baldes com

soluções, da menor para a maior densidade e foram retirados ao flutuarem,

sendo registradas as densidades correspondentes às soluções dos recipientes.

A unidade Haugh foi calculada por meio da expressão UH = 100 Log

(h – 1,7 p + 7,6), sendo: UH = unidade Haugh, h = altura de albúmen denso

(mm) e p = peso do ovo (g).

Os dados foram analisados em delineamento inteiramente

casualizado em esquema fatorial 2x4, com dois sistemas de criação (gaiola e

piso) e quatro tratamentos (rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta).

Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de

proteína bruta foi ajustado o modelo de regressão polinomial quando houve

significância. As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa

SAEG 9.1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e

quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste de Tukey

(5%).

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4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de temperatura máxima e mínima observados, e suas

respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para o local em

que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação no piso

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5

Médias 29,9 22,5

Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação em gaiolas

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4

Médias 30,1 22,3

4.3.1. Peso relativo de gema

No segundo período de produção, houve efeito (P<0,01) dos

sistemas de criação (Tabela 4). Neste período, ovos provenientes do sistema

de criação no piso, apresentaram maior peso relativo de gema. No quarto

período, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína bruta no peso relativo de

gema. Neste período, o peso relativo de gema aumentou de forma linear com o

aumento da suplementação de proteína bruta na ração (Figura 1).

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94

Tabela 4. Peso relativo (%) de gema por período de produção e sistema de

criação

Período de produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 25,45 25,14 25,29

0,12 0,29 0,35 4,49 15 27,35 25,72 26,53 16 26,12 25,66 25,89 18 25,74 26,57 26,15

Média 26,16 25,77

34 – 37

14 26,46 25,18 25,82

0,29 0,01 0,76 4,39 15 27,39 26,49 26,94 16 27,96 26,07 27,01 18 27,44 25,98 26,71

Média 27,31a 25,93b

38 – 41

14 26,45 25,48 25,96

0,55 0,46 0,09 2,91 15 27,01 25,99 26,50 16 26,00 25,85 25,92 18 25,83 26,29 26,06

Média 26,32 25,90

42 – 45

14 25,59 25,34 25,46

0,01 0,06 0,60 2,87 15 26,98 26,21 26,59 16 26,63 25,56 26,09 18 26,73 26,25 26,48

Média 26,48 25,84 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Os resultados observados não estão de acordo com os obtidos por

MOUSAVI et al. (2013) ao pesquisarem os efeitos de diferentes níveis de

proteína bruta (15,5, 16,5, 17,5 e 18,5%) na qualidade de ovos das linhagens

Lohmann LSL e Hy-Line W-36 entre 25 e 33 semanas de idade. Estes autores

utilizaram dietas formuladas à partir do conceito de proteína ideal, e afirmaram

que houve interação dos níveis protéicos e das linhagens comerciais, e que o

peso relativo de gema diminuiu ao reduzir o nível protéico de 18,5 para 15,5%.

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95

Y = 23,09 + 0,19X

FIGURA 1. Modelo linear para peso relativo de gema (%) em função dos

níveis de proteína bruta no quarto período de produção

Os resultados deste trabalho também divergem dos obtidos por

MONTERO et al. (2012), que ao trabalharem com poedeiras semipesadas

(Rhode Island Red) criadas em sistemas alternativos (galpão com acesso à

áreas livres, galpão fechado ou gaiolas convencionais) em região de clima

quente (Península de Yucatán, México). Os autores avaliaram os efeitos dos

sistemas sobre qualidade de ovos e desempenho produtivo em dois períodos

(30 a 35 semanas e 40 a 45 semanas de idade). E relataram que o peso

relativo de gema foi maior para o sistema de criação em gaiolas convencionais.

Neste trabalho, os valores obtidos para percentual de gema foram

menores que os observados por VAN DEN BRAND et al. (2004) ao avaliarem

os efeitos de dois sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com

acesso à áreas livres) sobre características internas e externas de ovos de

poedeiras semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. Estes

autores obtiveram 31,42% para a 33° semana de idade, 33,01% para a 37°,

32,58% para a 41°, e 34,39% para a 45° semana, respectivamente.

ROLL et al. (2009) avaliaram a qualidade de ovos de poedeiras

semipesadas alojadas em dois sistemas de criação (piso e gaiolas enrique

cidas), e não detectaram efeito dos sistemas no peso relativo de gema.

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96

A qualidade interna e externa de ovos de poedeiras semipesadas

(Lohmann Brown), entre 43 e 55 semanas de idade,foram avaliadas por

COSTA et al. (2004), onde obtiveram pesos relativos de gema superiores aos

obtidos neste trabalho, sendo 20; 19,37 e 19,16 g, para 15,5; 16,5 e 17,5% de

proteína bruta, respectivamente.

HAN E THACKER (2011), ao avaliarem os efeitos da suplementação

de Glicina (0,05 e 0,10%) no desempenho e na qualidade de ovos de poedeiras

semipesadas (Lohmann Brown) a partir de 30 semanas de idade, observaram

redução linear do peso relativo de gema quando a ingestão de glicina cresceu.

4.3.2. Altura de gema

Houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína bruta na altura de

gema no primeiro e no quarto períodos de produção (Tabela 5).

Tabela 5. Altura de gema (mm) por período de produção e sistema de criação

Período de Produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 14,07 14,12 14,09

0,045 0,53 0,72 4,71 15 14,55 14,65 14,60 16 13,89 13,87 13,88 18 13,80 14,21 14,00

Média 14,07 14,21

34 – 37

14 13,65 13,91 13,78

0,63 0,98 0,44 8,43 15 14,20 14,25 14,22 16 13,81 13,85 13,83 18 14,50 13,65 14,07

Média 14,04 13,91

38 – 41

14 14,22 13,80 14,01

0,86 0,15 0,61 3,15 15 14,27 14,25 14,26 16 14,17 13,77 13,97 18 14,05 13,99 14,02

Média 14,18 13,95

42 - 45

14 13,66 13,62 13,64

0,03 0,85 0,55 3,45 15 14,26 14,20 14,23 16 13,56 13,59 13,57 18 13,67 13,82 13,74

Média 13,78 13,80 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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97

No primeiro período, não houve diferença na altura de gema, para

todos os níveis protéicos testados. Em relação ao quarto período, aves

alimentadas com ração contendo 15% de proteína bruta apresentaram maior

altura de gema (14,23 mm). Para o primeiro e quarto períodos de produção, os

modelos ajustados para altura de gema, em relação aos níveis de proteína

bruta, não foram significativos, sendo melhor representados pelas médias.

Neste trabalho, o peso do ovo foi influenciado pelos sistemas de

criação apenas no segundo período de produção (34° a 37° semana de idade),

não sendo possível verificar sua relação com outros parâmetros de qualidade.

Entretanto, SEKEROGLU E ALTUNTAS (2009), ao avaliarem os efeitos do

peso dos ovos de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown), criadas em

gaiolas convencionais, no período entre 33 e 45 semanas de idade, sobre

parâmetros de qualidade interna dos ovos, constataram efeito direto do peso

do ovo sobre a altura de gema. Estes autores relataram que para ovos mais

pesados (Grande – 64,17g e Jumbo – 71,51g) houve maior altura de gema,

17,43 mm e 17,87 mm, respectivamente.

De mesmo modo, não foi detectada relação entre os períodos

(diferentes idades) e a altura de gema. Porém, GHARAHVEYSI et al. (2012),

avaliando os efeitos da idade sobre a qualidade de ovos, observaram aumento

da altura de gema com o avançar da idade, bem como, sua diminuição a partir

da 43º semana de idade.

4.3.3. Peso relativo de albúmen

No quarto período, houve efeito (P<0,05) dos sistemas de criação no

peso relativo de albúmen. Neste período, ovos provenientes de aves criadas

nas gaiolas, apresentaram maior peso relativo de albúmen (Tabela 6).

Estes resultados estão de acordo com os obtidos por VAN DEN

BRAND et al. (2004), ao avaliarem os efeitos de dois sistemas de produção

(gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas livres) sobre

características internas e externas de ovos de poedeiras semipesadas (Isa

Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. Estes autores obtiveram 60,05% para

peso relativo de albúmen na 33° semana de idade, 58,39% para a 37°, 58,95%

para a 41°, e 57,39% para a 45° semana, respectivamente.

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98

Tabela 6. Peso relativo de albúmen (%) por período de produção e sistema de

criação

Período de Produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 61,13 63,07 62,10

0,50 0,11 0,41 4,96 15 57,84 62,54 60,19 16 61,65 62,11 61,88 18 62,04 62,74 62,39

Média 60,66 62,61

34 – 37

14 59,58 61,18 60,37

0,08 0,09 0,51 1,90 15 59,26 59,05 59,15 16 58,69 59,53 59,10 18 59,62 60,06 59,84

Média 59,28 59,95

38 – 41

14 59,17 59,28 59,22

0,65 0,90 0,30 1,99 15 58,86 60,66 59,76 16 59,90 60,49 60,19 18 60,19 59,90 60,04

Média 59,53 60,08

42 – 45

14 60,51 61,41 60,96

0,09 0,02 0,06 2,13 15 59,29 60,55 59,91 16 59,56 62,71 61,13 18 59,84 60,27 60,05

Média 59,80b 61,23a PB=proteína bruta; S=sistema de criação; NS=não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

COSTA et al. (2004) observaram efeito dos níveis protéicos (15,5%,

16,5% e 17,5% de proteína bruta) sobre o peso relativo de albúmen. Neste

trabalho, aves alimentadas com ração contendo 17,5% de proteína bruta

apresentaram maiores valores para esta variável.

ROMBOLOA et al. (2004) também verificaram que o peso relativo do

albúmen aumentou com a elevação do nível protéico da dieta. Neste estudo, o

nível de 18% de proteína bruta proporcionou melhor resultado, com maior

quantidade de sólidos totais.

4.3.4. Altura de albúmen

Houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína bruta sobre a altura de

albúmen no terceiro período de produção. No entanto, o modelo ajustado não

foi significativo, sendo melhor representado pelas médias. Aves alimentadas

com ração de 16% de proteína bruta apresentaram menor altura de albúmen

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99

quando comparadas com as aves dos outros tratamentos. Houve efeito

(P<0,01) dos sistemas de criação no quarto período de produção (Tabela 7) e

as aves criadas em gaiolas apresentaram maior altura de albúmen (P<0,01).

Tabela 7. Altura de albúmen (mm) por período de produção e sistema de

criação

Período de Produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 5,60 5,89 5,74

0,719 0,782 0,547 13,99 15 5,57 5,62 5,59 16 5,71 6,38 6,04 18 5,69 5,99 5,84

Média 5,64 5,97

34 – 37

14 5,13 4,93 5,03

0,95 0,98 0,71 21,39 15 5,27 4,90 5,08 16 4,40 5,14 4,77 18 5,21 4,57 4,89

Média 5,00 4,88

38 – 41

14 5,67 4,91 5,29

0,02 0,98 0,06 7,44 15 5,75 4,74 5,24 16 5,62 4,64 5,13 18 5,96 4,81 5,38

Média 5,75 4,77

42 – 45

14 4,91 5,81 5,36

0,92 0,01 0,38 9,43 15 4,74 5,84 5,29 16 4,64 5,91 5,27 18 4,81 5,40 5,10

Média 4,77b 5,74a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

A qualidade interna do ovo vai decrescendo à medida que avança a

idade da poedeira, sendo este um fenômeno irreversível (LLOBET et al.,1989).

VAN DEN BRAND et al. (2004), avaliando os efeitos de dois sistemas de

produção (gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas livres) sobre

características internas e externas de ovos de poedeiras semipesadas (Isa

Brown), entre 25 e 59 semanas de idade, observaram diminuição da altura de

albúmen com o avançar da idade (entre a 30° e a 45° semanas de idade), e

maior altura de albúmen para o sistema de criação no piso com acesso á áreas

livres (free-range).

SILVERSIDES et al. (2004), ao estudarem as relações entre

parâmetros de qualidade e propriedades funcionais do albúmen, em ovos de

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100

poedeiras semipesadas (Isa Brown) coletados com 32, 50 e 68 semanas de

idade, e estocados por 5 ou 10 dias, observaram que a altura de albúmen

diminui com o aumento da idade e tempo de estocagem.

4.3.5. Unidade Haugh

Não houve interação (P>0,05) dos níveis de proteína bruta das

rações e dos sistemas de criação. Também não houve efeito (P>0,05) dos

níveis de proteína bruta e sistemas de criação na unidade Haugh (Tabela 3).

Tabela 3. Unidade Haugh por período de produção e sistema de criação

Período de produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 86,69 85,68 86,18

0,28 0,33 0,41 4,18 15 85,10 84,31 84,70 16 85,02 85,78 85,40 18 86,49 85,01 85,75

Média 85,82 85,19

34 – 37

14 86,87 85,57 86,22

0,13 0,24 0,37 4,17 15 85,28 84,20 84,74 16 85,20 85,67 85,43 18 86,59 84,90 85,74

Média 85,98 85,08

38 – 41

14 84,11 85,49 84,80

0,22 0,18 0,25 5,12 15 85,58 84,72 85,15 16 84,81 83,93 84,37 18 84,02 85,40 84,71

Média 84,63 84,88

42 – 45

14 84,63 83,75 84,19

0,19 0,08 0,17 4,98 15 83,84 85,22 84,53 16 85,31 84,45 84,88 18 84,54 83,66 84,10

Média 84,58 84,27 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação.*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

O parâmetro mais usado para expressar a qualidade do albúmen é a

unidade Haugh. HAUGH (1937) verificou que a qualidade do ovo varia com o

logaritmo da altura da clara espessa. Deste modo, desenvolveu um fator de

correção para o peso do ovo, que multiplicado pelo logaritmo da altura da clara

espessa, corrigida por 100, resultou na unidade Haugh (BRANT et al., 1951). A

unidade Haugh é uma expressão matemática que relaciona o peso do ovo com

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101

a altura da clara espessa. De modo geral, quanto maior o valor da unidade

Haugh, melhor a qualidade do ovo (RODRIGUES, 1975).

No entanto, SILVERSIDES & VILLENEUVE (1994) afirmaram que a

correção do peso do ovo na fórmula da unidade Haugh é inadequada,

especialmente quando forem comparados ovos frescos de diferentes

linhagens, como também, se for avaliada a qualidade do albúmen de ovos

armazenados por diferentes períodos.

ALLEONI E ANTUNES (2001) afirmaram que a composição da

ração e a linhagem das aves podem afetar os valores da unidade Haugh.

Entretanto, a estação do ano e o sistema de produção não parecem afetar este

parâmetro.

Os efeitos de diferentes níves de proteína bruta (14, 15, 16 e 17%)

no desempenho de poedeiras semipesadas (Bovans) na fase inicial de postura

(20 a 40 semanas), foi estudado por ABIOYE ET al. (2012), que obtiveram

maiores valores para unidade Haugh utilizando ração com 17% de proteína

bruta.

DONALDSON E O’CONNELL (2012), estudaram os efeitos da

utilização de poleiros suspensos sobre o bem-estar e desempenho de

poedeiras semipesadas criadas em galpão com acesso à áreas livres (free-

range), e afirmaram que o acesso aos poleiros possibilitou um maior bem-estar

às aves, porém, não afetou a qualidade dos ovos, permanecendo inalterados

os valores de unidade Haugh.

Em relação á densidade populacional, ONBASILAR E AKSOY

(2005), ao estudarem parâmetros de estresse e respostas imunológicas de

poedeiras semipesadas (Hy-Line Brown) alojadas em gaiolas ou piso, sob

diferentes densidades (1968, 656 e 393,8 cm2), afirmaram que a unidade

Haugh foi menor para o grupo de aves alojado com densidade de 393,8 cm2.

4.3.6. Gravidade específica

Não houve (P>0,05) interação dos níveis de proteína bruta das

rações e dos sistemas de criação. Também não houve efeito isolado dos níveis

de proteína bruta e dos sistemas de criação sobre a gravidade específica

durante todo o período experimental (Tabela 8)

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102

Tabela 8. Gravidade específica por período de postura e sistema de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 1,080 1,080 1,080

0,98 0,21 0,85 5,28 15 1,080 1,080 1,080 16 1,080 1,080 1,080 18 1,070 1,070 1,070

Média 1,077 1,077

34 – 37

14 1,080 1,080 1,080

0,45 1,00 0,45 7,45 15 1,080 1,080 1,080 16 1,080 1,080 1,080 18 1,070 1,070 1,070

Média 1,077 1,077

38 – 41

14 1,080 1,070 1,075

0,92 1,00 0,54 3,41 15 1,080 1,070 1,075 16 1,070 1,070 1,070 18 1,070 1,080 1,075

Média 1,075 1,072

42 – 45

14 1,080 1,080 1,080

0,92 0,94 0,69 4,99 15 1,080 1,080 1,080 16 1,070 1,070 1,070 18 1,070 1,070 1,070

Média 1,075 1,075 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

A gravidade específica é altamente relacionada com a qualidade da

casca, especialmente em relação à espessura (HAMILTON, 1982). No entanto,

esta relação não foi observada neste estudo. PEEBLES E MCDANIEL (2004)

consideraram o valor de 1,080 como referência para se classificar a casca

como boa ou ruim. Porém, BARBOSA FILHO (2006), ao estudarem o bem-

estar de poedeiras comerciais em diferentes sistemas de produção e condições

ambientais, observaram que este limite foi válido apenas para a condição de

conforto térmico (26°C). KOELKEBECK et al. (1993) também não observaram

efeito dos níveis protéicos sobre a gravidade específica de ovos.

Em estudo comparando dois sistemas de criação (piso x gaiolas),

ALVES et al. (2007) observaram que ovos provenientes de gaiolas

apresentaram casca mais fina, e conseqüentemente, menor gravidade

específica, o que implicou em diferenças entre os sistemas de criação.

JUNQUEIRA & FILHO (2000), trabalhando com poedeiras Hy-line de 54

semanas de idade, encontraram valores de 1,085 para gravidade específica,

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confirmando que ao avançar a idade das aves, os valores de gravidade

específica tendem a diminuir e o peso dos ovos a aumentar.

TACTACAN et al. (2009) avaliaram a produção e o bem-estar de

poedeiras comerciais alojadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas, no

período entre 21 e 61 semanas de idade, e observaram que a gravidade

específica foi equivalente para os dois sistemas de produção.

4.3.7. Espessura da casca e peso relativo de casca

Não houve (P>0,05) interação dos níveis de proteína bruta das

rações e os sistemas de criação. Também não houve efeito isolado dos níveis

de proteína bruta e dos sistemas de criação sobre a espessura da casca,

durante todo o período experimental (Tabela 9).

Entretanto, ALVES et al. (2007), ao avaliarem o desempenho e a

qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas e poedeiras leves, criadas em

piso ou gaiolas convencionais, observaram menor espessura de casca nos

ovos de poedeiras semipesadas criadas em gaiolas. Estes autores atribuem

esta condição ao maior estresse e a dificuldade das aves em perder calor nas

gaiolas. Esclarecem também que as poedeiras semipesadas, devido ao seu

maior porte, apresentam maior intolerância ao calor.

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104

Tabela 9. Espessura da casca (mm) por período de produção e sistema de

criação

Período de Produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 0,389 0,389 0,389

0,72 0,99 0,73 4,68 15 0,391 0,390 0,390 16 0,391 0,390 0,390 18 0,389 0,391 0,390

Média 0,390 0,390

34 – 37

14 0,381 0,389 0,385

0,74 0,28 0,63 3,52 15 0,380 0,381 0,380 16 0,380 0,391 0,385 18 0,381 0,379 0,380

Média 0,380 0,385

38 – 41

14 0,390 0,380 0,385

0,76 0,10 0,72 25,75 15 0,400 0,391 0,395 16 0,411 0,370 0,390 18 0,401 0,391 0,396

Média 0,400a 0,383b

42 – 45

14 0,370 0,370 0,370

0,56 0,58 0,37 19,09 15 0,368 0,361 0,365 16 0,360 0,359 0,360 18 0,359 0,360 0,360

Média 0,364 0,362 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

VAN DEN BRAND et al. (2004), ao avaliarem os efeitos de dois

sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas

livres) sobre características internas e externas de ovos de poedeiras

semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade, obtiveram valores

menores para espessura de casca na 33° (0,310 mm), 37° (0,318 mm), 41°

(0,321 mm) e 45° semanas de idade (0,320 mm), respectivamente.

ABRAHAMSSON E TAUSON (2009), ao avaliarem a produção e a

qualidade dos ovos de poedeiras leves e semipesadas, alojadas em dois

sistemas de produção (gaiolas convencionais ou piso), observaram menor

produção e conversão alimentar para aves criadas no piso, quando

comparadas aquelas criadas em gaiolas. Em relação à qualidade interna dos

ovos, não houve diferenças (P>0,05) entre os sistemas de produção. De

mesmo modo, não houve diferença (P>0,05) para espessura de casca entre

estes sistemas.

De acordo com BARBOSA FILHO (2006), o sistema de criação em

gaiola proporciona menor espessura da casca, especialmente para poedeiras

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105

semipesadas em condição de estresse térmico. Outro ponto relevante é

apresentado por JACOB et al. (2000), que alertam para o fato de que

problemas na casca poderão resultar em baixa classificação dos ovos,

afetando seu valor de mercado.

Em relação ao peso relativo de casca houve efeito (P<0,01) dos

sistemas de criação no segundo período de produção. Neste período, aves

criadas em gaiolas apresentaram maior peso relativo de casca (Tabela 10).

COSTA et al. (2004), avaliando a qualidade interna e externa de

ovos de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown) entre a 43° e a 55° semana

de idade, observaram efeito dos níveis de proteína bruta (15, 16, 17 e 18%)

sobre o peso da casca, em que os ovos de poedeiras semipesadas

alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta apresentaram o maior

peso da casca.

Tabela 10. Peso relativo (%) de casca por período de produção e sistema de

criação

Período de produção

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

30 – 33

14 10,83 10,91 10,87

0,40 0,99 0,83 5,20 15 10,65 10,36 10,50 16 10,79 10,83 10,81 18 10,63 10,82 10,72

Média 10,72 10,73

34 – 37

14 10,27 10,87 10,57

0,29 0,01 0,30 3,00 15 10,14 10,42 10,28 16 10,46 10,43 10,44 18 10,30 10,54 10,42

Média 10,29b 10,56a

38 – 41

14 11,02 11,17 11,09

0,39 0,29 0,91 3,30 15 10,68 10,85 10,76 16 10,73 10,85 10,79 18 10,83 10,92 10,87

Média 10,81 10,94

42 - 45

14 10,57 10,39 10,48

0,77 0,81 0,85 4,72 15 10,78 10,53 10,65 16 10,66 10,49 10,57 18 10,23 10,35 10,29

Média 10,56 10,44 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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Sobre o peso relativo de casca, VAN DEN BRAND et al. (2004)

obtiveram valores diferentes dos encontrados neste estudo, ao avaliarem os

efeitos de dois sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com

acesso à áreas livres) sobre características internas e externas de ovos de

poedeiras semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. De

12,43% para a 33° semana de idade, 12,86% para a 37°, 12,45% para a 41°, e

12,65% para a 45° semana, respectivamente.

GOMES et al. (2011) estudaram diversas propriedades físico-

quimicas de ovos oriundos dos sistemas de produção convencional e orgânico,

utilizando ovos coletados em diferentes localidades no início, meio e fim do

ciclo de postura de poedeiras semipesadas (Hy-line Brown). Os autores

relataram menor peso relativo de casca no sistema de produção orgânico,

quando comparado ao sistema convencional (gaiolas).

4.4. CONCLUSÃO

O sistema de criação em piso se configura como opção na criação

de poedeiras semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período

entre a 30° e a 45° semana de idade, visto que apresenta resultados

equivalentes ao obtidos no sistema de criação em gaiolas, tendo como base as

variáveis referentes à qualidade dos ovos e aos níveis de proteína bruta.

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111

CAPÍTULO 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS SÉRICOS E MORFOMETRIA

DO TRATO DIGESTÓRIO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS

CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE

POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE

PROTEÍNA BRUTA

Resumo

A avaliação de parâmetros bioquímicos séricos e da morfometria do

trato digestório de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, de 30 a

45 semanas de idade, alimentadas com dietas com redução do nível protéico

(14, 15, 16 e 18%), a partir do conceito de proteína ideal, foi o objeto de estudo

deste trabalho. Foram utilizadas 400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois

sistemas (gaiola ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram manejadas

conforme descrito no Manual de manejo Hisex Brown. Foram avaliadas as

concentrações de proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico

plasmático e colesterol total plasmático. As variáveis estudadas foram

comprimento e peso relativo do intestino delgado, comprimento e peso relativo

do oviduto, peso da gordura abdominal, peso relativo de fígado, moela e

pâncreas, e peso relativo de crista e barbela. Os tratamentos consistiram de

níveis reduzidos de proteína bruta. Foi adotado um delineamento inteiramente

casualizado, em esquema fatorial, composto de dois sistemas e quatro níveis

de proteína bruta, totalizando oito tratamentos. Foram utilizadas cinco

repetições e dez aves por unidade experimental. Aves alimentadas com rações

contendo 16% de proteína bruta, apresentaram metabolismo mais adequado,

em relação ás variáveis avaliadas, para os dois sistemas de criação.

Poedeiras semipesadas (Hisex Brown), com idade entre 30 e 45 semanas,

criadas no piso, apresentam parâmetros bioquímicos séricos (proteína total

sérica, albumina plasmática, ácido úrico plasmático e colesterol plasmático) e

morfometria de órgãos (intestino delgado, oviduto, fígado, moela, pâncreas,

gordura abdominal, barbela e crista) compatíveis com aqueles obtidos em

gaiolas convencionais.

Palavras–chave: gaiola, órgãos, piso, plasma, soro

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112

CHAPTER 5. SERUM BIOCHEMICAL PARAMETERS AND

MORPHOMETRY OF DIGESTIVE TRACT OF BROWN-EGG

HENS IN TWO RAISING SYSTEMS IN THE EGG

PRODUCTION PHASE AND FED REDUCED PROTEIN

LEVELS

Abstract

Serum biochemical parameters and morphometry of digestive tract of laying

hens, caged or litter 30-45 weeks of age, supplemented with amino acids from

the ideal protein concept, using diets with 14, 15, 16 and 18% crude protein,

was the object of this study. A total of 400 Hisex Brown laying hens were

allotted in two facilities, one in conventional cages and other in an aviary

system, with 200 hens each. The birds were raised according to the manual

recommendations. Was evaluated the serum concentrations of total plasma

protein, albumin, uric acid and cholesterol. Regarding the morphology of the

digestive tract, the variables analyzed were weight of the digestive tract, the

weight of the oviduct, the length of the digestive tract, the length of the oviduct,

percentage of abdominal fat and weight of liver, pancreas and gizzard. The

treatments consisted in reduced levels of crude protein, and were provided to

both groups equally. The experiment was designed as a completely randomized

design in factorial model, composed of two farming systems and four protein

levels, totaling eight treatments and five replicates of ten birds each. Birds fed

diets containing 16% crude protein, metabolism showed more appropriate

versus ace variables, for both farming systems. Laying hens (Hisex Brown),

aged between 30 and 45 weeks, raised floor, feature serum biochemical

parameters (serum total protein, plasma albumin, plasma uric acid and plasma

cholesterol) and morphometry of organs (small intestine, oviduct, liver, gizzard,

pancreas, abdominal fat, and barb ridge) consistent with those obtained in

conventional cages.

Keywords: cage, litter, organs, plasma, serum

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113

5.1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de linhagens com velocidade de crescimento

elevada e alta produção de ovos, associado ao desenvolvimento tecnológico

em nutrição, manejo e sanidade, propiciaram ganho de escala e aumento da

eficiência econômica dos sistemas de produção (FURLAN et al., 2004). PAVAN

et al. (2005) ressaltaram que além do aspecto econômico, há crescente

preocupação da sociedade com o meio ambiente e o bem-estar animal.

Provas laboratoriais do sangue podem auxiliar no monitoramento de

variáveis de interesse para a nutrição e a produção animal. SCHMIDT et al.

(2006) afirmaram que as análises de parâmetros bioquímicos séricos podem

servir como ferramentas importantes na avaliação das condições de saúde e

bem-estar das aves.

As análises bioquímicas disponibilizam informações sobre o sistema

imune das aves, o qual está associado às condições ambientais. Podem

também auxiliar na avaliação de sistemas de criação, a partir de parâmetros

relativos à produção de ovos. A necessidade de viabilizar a produção em

sistemas de criação alternativos, leva à necessidade do conhecimento de

valores bioquímicos de referência (KRAL & SUCHY, 2000).

A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete a situação

metabólica dos tecidos, sendo possível avaliar alterações no funcionamento de

órgãos e a adaptação do animal à desafios nutricionais e fisiológicos, em

alguns casos, impostos por situações de estresse (GONZÁLEZ & SCHEFFER,

2003). Deste modo, a análise das concentrações de proteína total, albumina,

ácido úrico e colesterol podem auxiliar na avaliação do desempenho e da

qualidade de ovos de poedeiras consumindo rações com diferentes níveis de

proteína bruta, na fase de produção.

JARDIM FILHO et al. (2008) afirmaram que a proteína plasmática

total está associada ao estado nutricional da ave, principalmente no momento

da formação do ovo.

STRINGHINI (1998) sugeriu que, para análises sanguíneas, deve-se

adotar grande número de repetições, pois o coeficiente de variação costuma

ser alto para estas análises. O autor ainda citou que medidas de parâmetros

sanguíneos, como ácido úrico, albumina, proteínas totais e glicose, são bons

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114

indicadores da condição de saúde das aves. A bioquímica sanguínea tem a

importância de nos fornecer informações de como se apresenta o estado de

saúde do ser vivo estudado (MIRANDA E ANTUNES, 2011).

A melhor utilização dos alimentos está diretamente relacionada com

a estrutura do aparelho digestório, principalmente a do intestino delgado, tendo

em vista que parte dos processos digestivos, bem como a absorção de

nutrientes, ocorrem nos enterócitos. Do ponto de vista nutricional, o tamanho

dos intestinos poderia afetar a taxa de passagem do alimento pelo trato

digestivo e, com isso, afetar a eficiência da digestão e absorção dos nutrientes

da dieta (REZENDE et al., 2004).

O bom desempenho das aves depende da obtenção de energia e de

compostos químicos absorvidos pelo organismo. Para que isso ocorra é

necessário que o trato digestório apresente características estruturais

funcionais desde a ingestão de alimentos até a sua absorção (BLIKSLARGER

& ROBERTS, 1997).

Objetivou-se com este estudo avaliar parâmetros sanguíneos

(proteína total, albumina, colesterol e ácido úrico) e morfometria do trato

digestório de poedeiras semipesadas alojadas em dois sistemas de criação

(piso e gaiola), recebendo dietas com redução dos níveis de proteína bruta no

segundo (34° a 37°semanas de idade) e quarto (42° a 45° semanas de idade)

períodos de postura.

5.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Câmpus

Urutaí, do Instituto Federal Goiano, após aprovação da Comissão de ética no

uso de animais (C.E.U.A) da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo

312/11. Foram utilizadas 400 poedeiras semipesadas de linhagem comercial

Hisex Brown, na fase de postura, entre a 30° e a 45° semana de idade.

Foram utilizados dois galpões, simultaneamente, em que 200 aves

foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas

convencionais. As aves foram manejadas conforme recomendações propostas

no manual de criação da linhagem (GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a

densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave na piso.

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115

No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas

em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.

Os boxes foram forrados com serragem até a altura de 10 cm e apresentavam

uma medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x altura). O bebedouro

utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o comedouro, de tipo

tubular, apresentava capacidade para 15 kg de ração. O ninho, construído em

madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e elevação de 10 cm em

relação ao substrato.

As rações experimentais foram formuladas com base no conceito de

proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/kg de E.M) e isonutritivas, utilizando-

se, além dos ingredientes básicos (milho e soja), aminoácidos industriais

(Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências nutricionais indicadas por

ROSTAGNO et al. (2011).

Uma ave por repetição foi escolhida, aleatoriamente, e sacrificada

por meio de deslocamento cervical, no segundo (34° a 37° semana de idade) e

quarto (42° a 45° semana de idade) períodos de postura.

Os parâmetros bioquímicos sanguíneos foram obtidos após 6h de

jejum, sempre no mesmo horário (13h00m). Foram retirados 5,0 mL de sangue

por punção intracardíaca de cinco aves por tratamento, para cada sistema de

criação estudado (piso e gaiola). Parte do sangue foi vertida em frascos

contendo anticoagulante (fluoreto de sódio) e centrifugada para obter o plasma.

As análises foram realizadas no Laboratório Clínico do

Departamento de Medicina Veterinária da UFG, e as leituras foram feitas em

Espectrofotômetro com kits reagentes comerciais. Foram obtidas as

concentrações plasmáticas de proteína total, albumina, ácido úrico e colesterol.

Foram avaliados parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total,

albumina, ácido úrico e colesterol), morfometria do intestino delgado (peso

relativo e comprimento), peso de órgãos (fígado, pâncreas e moela), peso de

crista e barbela, morfometria do oviduto (peso e comprimento) e percentual de

gordura abdominal. A retirada das vísceras, para posterior pesagem e medição

do comprimento, foi realizada logo após o abate. A pesagem foi realizada em

balança de precisão. A medida do comprimento dos intestinos foi realizada da

porção inicial do duodeno até o reto, e a do oviduto, do infundíbulo à vagina,

por meio de fita métrica.

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116

Tabela 1. Composição das rações experimentais

INGREDIENTES Ração 14% PB

Ração 15% PB

Ração 16% PB

Ração 18% PB

Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina hcl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Vitpos-ave 0,10 0,10 0,10 0,10 Min-aves 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina Digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível (%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível (%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21

PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.

Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões

experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da

marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura

dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.

Os dados foram analisados em delineamento inteiramente

casualizado, em esquema fatorial (2x4), sendo dois sistemas de criação (gaiola

e piso) e quatro tratamentos (rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta).

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117

Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de

proteína bruta, foi ajustado modelo de regressão polinomial quando houve

significância. As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa

estatístico SAEG 9.1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de

variância, e quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste

de Tukey (5%).

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de temperatura máxima e mínima observados, e suas

respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para o local em

que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação no piso

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5

Médias 29,9 22,5

Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no

sistema de criação em gaiolas

Semanas de idade Temperatura (°C)

Máxima Mínima Médias

30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4

Médias 30,1 22,3

5.3.1. Proteína total sérica

Houve interação (P<0,05) dos níveis protéicos e dos sistemas de

criação no segundo e quarto períodos de produção (Tabela 3). No segundo

período, no piso, a concentração de proteína total sérica aumentou de forma

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118

quadrática até o nível de 15,95% de proteína bruta (Figura 1). Enquanto nas

gaiolas, diminuiu de forma quadrática até o nível de 16,11% (Figura 2). No

quarto período, aumentou de forma linear no piso (Figura 3), e diminuiu,

também de forma linear, nas gaiolas (Figura 4).

No segundo período, nos dois sistemas avaliados, a concentração

de proteína total sérica foi a mesma, independentemente do nível de proteína

bruta. No quarto período, no piso, aves alimentadas com rações contendo 16

ou 18% de proteína bruta, apresentaram maior concentração.

TABELA 3. Concentração de proteína total sérica (g/dL) no segundo e quarto

períodos de produção em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

34 – 37

14 4,24a 4,72a 4,48

0,83 0,07 0,02 20,54 15 5,73a 3,84b 4,78 16 4,93a 3,93a 4,43 18 4,46a 4,71a 4,58

Média 4,84 4,30

42 – 45

14 3,61b 5,29a 4,45

0,44 0,62 0,01 19,37 15 3,75a 4,83a 4,29 16 5,17a 4,50a 4,83 18 5,42a 4,20b 4,81

Média 4,49 4,71 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letras minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

JARDIM FILHO et al. (2008), trabalharam com aves alojadas em

gaiolas consumindo rações com 16% de proteína bruta, e obtiveram

concentrações de proteína total de 3,7 a 3,9 g/dL, menores que as

concentrações obtidas neste trabalho para o mesmo nível protéico.

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119

Y = - 45,97 + 6,38X - 0,20X2

FIGURA 1. Modelo quadrático para concentração de proteína total sérica

(g/dL) no piso em função dos níveis de proteína bruta no segundo

período de produção

Y = 60,43 - 7,09X + 0,22X2

FIGURA 2. Modelo quadrático para concentração de proteína total (g/dL) nas

gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no segundo

período de produção

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120

Y = - 3,37 + 0,49X

FIGURA 3. Modelo linear para concentração de proteína total (g/dL) no piso

em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

Y = 8,85 - 0,26X

FIGURA 4. Modelo linear para concentração de proteína total (g/dL) nas

gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto período

de produção

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121

Segundo SWENSON (1996), as proteínas séricas contribuem para

que a pressão sangüínea se mantenha dentro dos limites normais. Além disso,

ajudam a regular o equilíbrio ácido-básico do sangue e participam do transporte

de nutrientes. Sua mensuração é um indicador útil do estado de saúde das

aves. De acordo com CAMPBELL & DEIN (1984), a concentração das

proteínas plasmáticas nas aves corresponde ao intervalo entre 3,0 e 6,0 g/dL-1.

O soro de poedeiras comerciais contém 5,40±0,71g de proteína por

decilitro, sendo as concentrações das proteínas séricas totais nas aves

menores do que os mamíferos (REECE, 2007). A albumina representa de 40 a

50% da proteína sérica total das aves. A albumina se liga e transporta ânions,

cátions, ácidos graxos e hormônios.

De forma geral, os principais fatores que afetam as concentrações

das proteínas totais nas aves são idade, sazonalidade, manejo e doenças

(KANEKO et al., 1997; LUMEIJ, 1997).

Em poedeiras, o maior nível de proteínas séricas pode ser explicado

pela exigência protéica para formação do ovo, o qual é constituído em média

por 12,5% de proteína (GONÇALVES et al., 2008).

As proteínas sintetizadas no fígado são precursoras da gema

(vitelogenina e lipoproteínas), sendo transportadas para o ovário para serem

incorporadas ao oócito. As fêmeas antes da postura podem apresentar

hiperproteinemia induzida por estrógenos (LUMEIJ, 1997; CAMPBEL, 2004).

5.3.2. Albumina plasmática

Ocorreu interação (P<0,01) dos sistemas de criação e os níveis de

proteína bruta dietética no quarto período de produção para o conteúdo de

albumina plasmática (Tabela 4). Neste período, a concentração de albumina

plasmática aumentou de forma linear, no piso (Figura 5). E nas gaiolas,

diminuiu também de forma linear (Figura 6).

No quarto período, nos dois sistemas de criação avaliados, a

concentração de albumina plasmática foi a mesma para todos os níveis de

proteína bruta. Porém, a concentração foi maior (P<0,05) nas gaiolas, para o

nível de 14% de proteína bruta.

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Tabela 4. Concentração de albumina plasmática (g/dL) no segundo e quarto

períodos de postura em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

34 – 37

14 2,12 1,88 2,00

0,24 0,12 0,60 24,41 15 1,95 1,97 1,96 16 1,97 1,99 1,98 18 1,96 1,96 1,96

Média 2,00 1,95

42 - 45

14 1,86b 2,58a 2,22

0,61 0,86 0,01 21,64 15 1,78a 2,29a 2,03 16 2,53a 2,09a 2,31 18 2,50a 2,01a 2,25

Média 2,16 2,24 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Y = - 0,85 + 0,19X

FIGURA 5. Modelo linear para concentração de albumina plasmática (g/dL)

no piso em função dos níveis de proteína bruta no quarto período

de produção

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123

Y = 4,38 - 0,13X

FIGURA 6. Modelo linear para concentração de albumina plasmática (g/dL)

nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto

período de produção

Estes resultados são semelhantes aos obtidos por JARDIM FILHO et

al. (2008), que trabalharam com aves alojadas em gaiolas, em diferentes

idades e nível protéico de 16% na ração.Estes autores obtiveram 1,9 g/dL de

albumina sérica para aves com 34 semanas de idade, e 2,0 g/dL para aves

com 42 semanas.

RIBEIRO et al. (2010), trabalharam com níveis de proteínas

plasmáticas totais, albumina e colesterol séricos em poedeiras comerciais

(Hisex Brown) em diferentes fases de produção de ovos, e observaram

diferenças entre as fases produtivas, apresentando maiores valores no pico de

produção (2,05 g/dL), reflexo de uma taxa de metabolismo mais elevada nesta

fase, já que a albumina plasmática é responsável pelo transporte de cálcio,

hormônios e ácidos graxos na corrente sangüínea.

POOSUWAN et al. (2009), ao estudarem os efeitos de diferentes

níveis protéicos (14 e 18%) sobre a resposta imunológica, concentração de

triglicérides no fígado e aminoácidos plasmáticos em poedeiras (Babcock B-

308), alojadas em gaiolas, entre a 21 e 48 semanas de idade, observaram que

a dieta com 18% de proteína bruta aumentou consideravelmente a

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124

concentração de albumina sérica, de 1,47 g/dL para o nível de 14% de proteína

bruta, e 1,82 g/dL para o nível de 18%.

5.3.3. Colesterol plasmático

Houve interação (P<0,05) dos níveis de proteína bruta e dos

sistemas de criação, no segundo e quarto periodos de produção, para a

concentração de colesterol plasmático (Tabela 5). No segundo período, no

piso, a concentração aumentou de forma linear (Figura 7). E nas gaiolas,

diminuiu de forma quadrática até o nível de 16,23% (Figura 8). No quarto

período, no piso, a concentração aumentou de forma linear (Figura 9). O

modelo ajustado para concentração de colesterol total plasmático (mg/dL) em

relação aos níveis protéicos, nas gaiolas, não foi significativo.

Tabela 5. Concentração de colesterol total plasmático (mg/dL) no segundo e

quarto períodos de postura em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

34 – 37

14 103,00a 140,20a 121,60

0,16 0,23 0,02 26,88 15 143,00a 97,96b 120,48 16 108,60a 108,44a 108,52 18 163,70a 121,00a 142,35

Média 129,58 116,90

42 - 45

14 69,88b 106,00a 87,94

0,01 0,99 0,01 25,68 15 84,96a 113,80a 99,38 16 139,00a 108,20a 123,60 18 139,60a 108,04a 123,82

Média 108,36 109,01 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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125

Y = - 64,78 + 12,34X

FIGURA 7. Modelo linear para concentração de colesterol plasmático (mg/dL)

no piso em função dos níveis de proteína bruta no segundo

período de produção

Y = 2054,71 - 241,13X + 7,43X2

FIGURA 8. Modelo quadrático para concentração de colesterol plasmático

(mg/dL) nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no

segundo período de produção

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126

Y = - 143,95 + 16,21X

FIGURA 9. Modelo linear para concentração de colesterol plasmático (mg/dL)

no piso em função dos níveis de proteína bruta no quarto período

de produção

O colesterol é o componente lipídico de maior concentração nas

membranas celulares, além de ser precursor de hormônios esteróides e ácidos

biliares (ATTIE et al., 2007). As concentrações plasmáticas para a maioria das

espécies de aves variam de 100 a 250 mg/dL (LUMEIJ, 1997; CAMPBEL,

2004).

ULKU GULCIHAN et al. (2009) avaliaram os efeitos de boxes

enriquecidos com poleiros e caixa de areia (banho) sobre desempenho, bem-

estar, composição da carne e colesterol de frangos (Ross), e concluíram que

frangos criados em boxes forrados com maravalha e com acesso a banho de

areia e poleiros, apresentam maior concentração de colesterol plasmático,

menor concentração de colesterol na carne, maior bem-estar e melhor

qualidade da carne, quando comparados à aves criadas em sistema

convencional.

KLASING (1998), trabalhando com poedeiras leves (Lohmann LSL)

e semipesadas (Lohmann Brown), afirmou que poedeiras leves apresentaram

concentrações mais elevadas de colesterol total e de triglicerídios no sangue

quando comparadas às semipesadas. Isso se deve, possivelmente, ao

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127

metabolismo mais acelerado das poedeiras leves em relação às semipesadas,

que exigem maior mobilização de ácidos graxos e hormônios esteróides para

síntese de gema que poedeiras pesadas e semipesadas.

A hipercolesterolemia pode ser causada pela dieta ou também por

insuficiência hepática (KANEKO et al., 1997). Como o colesterol é eliminado na

forma de ácidos biliares, o aumento da sua concentração no plasma pode estar

associado com obstrução biliar extra-hepática, fibrose hepática e hiperplasia de

ductos biliares nas aves.

5.3.4. Ácido úrico plasmático

No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína

bruta das rações na concentração de ácido úrico. A concentração aumentou de

forma linear (Figura 10) e as aves alimentadas com rações contendo 18% de

proteína apresentaram maior concentração de ácido úrico no plasma. Ainda no

segundo período, ocorreu efeito (P<0,05) isolado dos sistemas de criação, em

que aves criadas no piso apresentaram maior concentração.

Ocorreu interação dos níveis protéicos e sistemas de criação

(P<0,01) no quarto período de produção (Tabela 6). Neste período, no piso, a

concentração de ácido úrico plasmático aumentou de forma linear (Figura 11).

Nas gaiolas, houve aumento de forma quadrática até 16,79% de proteína bruta

(Figura 12). Ainda neste período, aves alimentadas com rações contendo 16 ou

18% de proteína bruta, apresentaram maior concentração de ácido úrico no

plasma. Analisando cada sistema, isoladamente, no piso, as aves alimentadas

com rações contendo 18% de proteína bruta apresentaram maior concentração

de ácido úrico. E nas gaiolas, as aves alimentadas com rações contendo 15, 16

ou 18% de proteína, apresentaram a mesma concentração.

Como esperado, o nível de ácido úrico no sangue foi aumentando à

medida que se elevava o nível protéico das dietas, conseqüência do

metabolismo protéico mais intenso. De acordo com LECLERCQ (1996), o

excesso de proteína é catabolizado na forma de ácido úrico, havendo um custo

energético para que tal processo ocorra.

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128

Tabela 6. Concentração de ácido úrico (mg/dL) no segundo e quarto períodos

de produção em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

34 – 37

14 3,40 2,88 3,14

0,01 0,02 0,61 38,09 15 3,04 2,96 3,00 16 4,80 2,96 3,88 18 4,89 5,13 5,01

Média 4,03a 3,48b

42 - 45

14 2,09a 2,43a 2,26

0,01 0,74 0,01 28,49 15 2,10a 3,13a 2,61 16 3,75a 4,64a 4,19 18 6,69a 3,58b 5,13

Média 3,65 3,44 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Y = - 4,34 + 0,51X

FIGURA 10. Modelo linear para concentração de ácido úrico (mg/dL) em

função dos níveis de proteína bruta no segundo período de

produção

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129

Y = - 15,73 + 1,23X

FIGURA 11. Modelo linear para concentração de ácido úrico (mg/dL) no piso

em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

Y = - 87,19 + 11,08X – 0,33X2

FIGURA 12. Modelo quadrático para concentração de ácido úrico (mg/dL) nas

gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto período

de produção

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130

Em geral, as espécies de aves apresentam concentração plasmática

de ácido úrico, três vez maior que a encontrada em humanos, agindo como

antioxidante nestas espécies (SIMOYI, 2003). SON (2012), ao estudar os

efeitos da cectomização na excreção de ácido úrico e o metabolismo de

nitrogênio em poedeiras comerciais, alimentadas com dietas contendo 5 ou

14% de proteína bruta, afirma que, independentemente do nível de proteína e

das fontes de proteínas, a colostomização diminuiu a excreção de ácido úrico e

potencializou a absorção e o balanço de nitrogênio. Demonstrando a eficiência

metabólica do ácido úrico nas aves.

CELLA et al. (2009) trabalharam com níveis de lisina digestível em

dietas baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte, e

relataram que embora a concentração de ácido úrico não tenha variado, foi

constatado aumento gradativo nos níveis de ácido úrico no sangue, a partir do

nível de 1,18% de lisina digestível. Este resultado contribui para um maior

catabolismo protéico, e decorre, provavelmente, do excesso de aminoácidos.

RODRIGUEIRO et al. (2000), trabalhando com níveis crescentes de

metionina+cistina em dietas de frangos de corte na fase de acabamento, não

verificaram efeito destes níveis na concentração de ácido úrico plasmático.

O ácido úrico é o principal produto catabólico de proteínas, de

nitrogênio protéico e das purinas em aves. Sua concentração aumenta quando

a função renal está prejudicada. Valores normais encontram-se na faixa de 2-

15mg/dL (BENEZ, 2004). Os valores de ácido úrico para aves são estudados

por estarem relacionados ao metabolismo renal e hepático revelando a

principal forma de excreção de bases nitrogenadas (BELL, 1971).

Em poedeiras semipesadas, ROSS et al. (1978) obtiveram variação

de 0,27 a 4,93 mg/dL, tendo ainda observado aumento dos valores do ácido

úrico sanguíneo com o avançar da idade das aves.

5.3.5. Comprimento e peso relativo do intestino delgado

Em relação ao comprimento do intestino delgado, ocorreu interação

(P<0,05) entre os níveis de proteína bruta das rações e os sistemas de criação,

no segundo período de produção (Tabela 7). Neste período, o comprimento do

intestino delgado aumentou de forma quadrática até o nível de 16,91% de

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131

proteína bruta, nas gaiolas (Figura 13). O modelo ajustado para comprimento

do intestino delgado, no piso, no segundo período, em relação aos níveis de

proteína bruta, não foi significativo.

Os valores médios obtidos, para os dois sistemas de criação, no

segundo período de produção, estão de acordo com os obtidos por NUMAZAKI

(2008), ao trabalhar com poedeiras Bovans White ás 36 semanas de idade,

alojadas em gaiolas. Porém, para o quarto período de postura (42 a 45

semanas), nos dois sistemas avaliados, os resultados obtidos foram inferiores

aos obtidos por NUMAZAKI (2008) ás 46 semanas de idade.

No quarto período de produção, houve efeito (P<0,01) dos níveis

protéicos para esta variável e o comprimento do intestino delgado, em função

dos níveis de proteína bruta das rações, aumentou de forma quadrática até

15,70% (Figura 14). Neste período, amostras oriundas de aves alimentadas

com rações contendo 18% de proteína bruta, apresentaram o menor

comprimento de intestino delgado. Os demais níveis não diferiram entre si. O

modelo ajustado para comprimento do intestino delgado, em relação aos níveis

de proteína bruta, no quarto período, não foi significativo.

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132

Tabela 7. Comprimento e peso relativo do intestino delgado no segundo e

quarto períodos de produção em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x

S

Comprimento do intestino delgado (cm)

34 – 37

14 138,80a 116,80b 127,80

0,01 0,23 0,04 11,01 15 159,20a 141,00a 150,10 16 129,40a 140,40a 134,90 18 130,40a 136,60a 133,50

Média 139,45 133,70

42 - 45

14 125,00 113,40 119,2

0,03 0,40 0,27 8,25 15 121,60 128,00 124,80 16 127,40 124,20 125,80 18 115,20 111,00 113,10

Média 122,30 119,15 Peso relativo do intestino delgado (%)

34 – 37

14 4,99 4,38 4,68

0,01 0,01 0,39 10,18 15 4,64 3,70 4,17 16 4,41 3,98 4,19 18 4,14 3,85 3,99

Média 4,54a 3,98b

42 - 45

14 4,14 4,35 4,24

0,02 0,86 0,84 10,29 15 3,77 3,93 3,85 16 4,54 4,64 4,59 18 4,20 4,04 4,12

Média 4,16 4,24 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

Para peso relativo do intestino delgado em relação ao peso vivo, no

segundo período de produção, houve efeito dos sistemas de criação (P<0,01) e

dos níveis de proteína bruta isoladamente (P<0,01). Neste período, o peso

relativo do intestino delgado, em relação aos níveis de proteína bruta das

rações, diminuiu de forma linear (Figura 15). Ainda neste período, aves criadas

em piso apresentaram maior peso relativo do intestino delgado.

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133

Y = - 1010,11 + 140X – 4,24X2

FIGURA 13. Modelo quadrático para comprimento do intestino delgado (cm)

nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no segundo

período de produção

Y = - 464,96 + 75,35X – 2,40X2

FIGURA 14. Modelo quadrático para comprimento do intestino delgado (cm)

em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

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134

No quarto período, houve efeito isolado (P<0,05) dos níveis de

proteína bruta, em que aves alimentadas com rações contendo 16% de

proteína bruta, apresentaram o maior peso relativo de intestino delgado. Os

demais níveis não diferiram entre si. Não foi obtido modelo de ajuste para peso

relativo do intestino delgado em relação à proteína bruta das rações, no quarto

período de produção.

Y = 6,57 - 0,14X

FIGURA 15. Modelo linear para peso relativo do intestino delgado (%) em

função dos níveis de proteína bruta no segundo período de

produção

Os valores obtidos para peso relativo do intestino delgado no

segundo período de produção (34 a 37 semanas de idade) diferem dos obtidos

por NUMAZAKI (2008) trabalhando com poedeiras Bovans White às 36

semanas de idade, alimentadas com dietas contendo Alquinol e MOS em

diferentes níveis de inclusão. Esta autora obteve o valor médio de 3,61%,

provavelmente, devido à microflora intestinal desbalanceada, ocasionada pelos

aditivos utilizados.

JARDIM FILHO et al. (2005) avaliaram poedeiras Lohmann de 17 a

20 semanas de idade e constataram que o peso corporal das aves e o peso

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135

relativo dos órgãos foram afetados pela idade, mas não houve efeito da dieta

com diferentes relações entre proteína e energia.

GOMIDE JÚNIOR et al. (2004) ressaltam que a capacidade

absortiva dos intestinos é aumentada significativamente em aves alimentadas

com rações formuladas com aminoácidos digestíveis. Afirmam ainda, que os

aminoácidos não são mais considerados apenas como facilitadores de

desempenho animal, mas sim, alimentos funcionais, por promoverem

alterações histológicas importantes.

5.3.6. Comprimento e peso relativo do oviduto

Em relação ao comprimento do oviduto, não houve (P>0,05) efeito

dos níveis protéicos e sistemas de criação. Também não ocorreu interação

(P>0,05) entre estes fatores (Tabela 8).

Tabela 8. Comprimento (cm) e peso relativo (%) do oviduto no segundo e

quarto períodos de produção em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

Comprimento do oviduto (cm)

34 – 37

14 67,20 62,00 64,60

0,16 0,98 0,18 12,99 15 54,00 63,80 58,90 16 63,40 65,00 64,20 18 69,40 65,20 67,30

Média 63,50 64,00

42 - 45

14 53,20 61,20 57,20

0,23 0,07 0,75 17,84 15 54,20 57,00 55,60 16 44,20 53,80 49,00 18 50,90 52,60 51,75

Média 50,62 56,15

Peso relativo do oviduto (%)

34 – 37

14 6,13 6,08 6,10

0,61 0,01 0,31 14,53 15 5,83 6,06 5,94 16 6,15 6,07 6,11 18 6,32 5,75 6,03

Média 6, 10a 5,99b

42 - 45

14 6,54 7,68 7,11

0,26 0,85 0,44 12,96 15 7,13 7,52 7,32 16 7,61 7,35 7,48 18 7,22 7,25 7,23

Média 7,12 7,45 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha, e maiúscula na mesma coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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136

SANTOS (2008), avaliando características reprodutivas de poedeiras

semipesadas na fase de recria e na fase de postura, obteve 68,8 cm de

comprimento de oviduto. Este valor está de acordo com o encontrado por

ROMANOF & ROMANOF (1949), que afirmaram que a espécie Gallus gallus

apresenta comprimento de oviduto estimado entre 14 e 19 cm na fase de não

postura e de 42 a 86 na fase de postura.

Para o peso relativo do oviduto, no segundo período, houve efeito

dos sistemas de criação (P<0,01), e as aves criadas em piso apresentaram

maior peso relativo em relação ao peso vivo. Não foi obtido modelo de ajuste

para peso do oviduto em relação à proteína bruta das rações para o quarto

período de produção para os dois sistemas de criação estudados.

Os valores obtidos estão de acordo com os observados por JARDIM

FILHO et al. (2008) que avaliaram o desenvolvimento do aparelho reprodutor

de poedeiras comerciais Lohmann LSL alimentadas com níveis crescentes de

lisina digestível e afirmaram que as mensurações para oviduto não foram

influenciadas pelos níveis de lisina digestível, entretanto, observou-se aumento

do peso do oviduto da 25ª à 33ª semana de idade.

5.3.7. Peso relativo de fígado, moela e pâncreas

Em relação ao peso relativo de fígado, não houve (P>0,05) efeito dos

níveis protéicos nos dois períodos de produção avaliados. Também não

ocorreu interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os sistemas de criação

(Tabela 9). Entretanto, no quarto período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas

de criação sobre o peso relativo de fígado, e aves criadas em gaiolas

apresentaram maior peso relativo.

POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos de diferentes níveis

protéicos (14% e 18%) sobre a produção de ovos, parâmetros bioquímicos

sanguíneos, biometria de órgãos internos e resposta imunológica de poedeiras

(Babcock B-308) alojadas em gaiolas, entre a 21 e 48 semanas de idade. E

obtiveram peso relativo do fígado de 2,78% para dieta com 14%, e 2,90% para

dieta com 18%, portanto, superiores aos obtidos neste trabalho.

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137

Tabela 9. Peso relativo de fígado no segundo e quarto períodos de

produção em dois sistemas de criação

Período de Postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

Peso relativo do fígado

34 – 37

14 2,33 2,55 2,44

0,97 0,56 0,94 14,48 15 2,24 2,30 2,27 16 2,27 2,39 2,33 18 2,22 2,14 2,18

Média 2,26 2,34

42 – 45

14 1,99 2,62 2,30

0,42 0,01 0,90 16,49 15 1,88 2,58 2,23 16 2,06 2,74 2,40 18 1,98 2,64 2,31

Média 1,97b 2,64a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

O fígado é um órgão vital para a ave devido às funções que exerce,

como por exemplo: remoção de moléculas de glicose no sangue,

armazenamento de ferro e vitaminas, síntese de proteínas, gorduras e

substâncias transportadoras de oxigênio. Segundo CARLSON (1996), o

desenvolvimento do fígado não é apenas questão de aumento de sua massa e

complexidade estrutural. Enquanto se formam, suas células vão adquirindo

gradativamente a capacidade para executarem as funções relatadas

anteriormente.

Em relação ao peso relativo da moela, houve efeito (P<0,01) dos

níveis de proteína bruta das rações nos dois períodos de produção. No

segundo período de produção, os valores para esta variável diminuíram de

forma linear (Figura 16). Já no quarto período de produção, o peso relativo da

moela aumentou de forma quadrática até o nível de 17,33% de proteína bruta

(Figura 17). Neste mesmo período, aves criadas no piso apresentaram maior

peso relativo.

Segundo RIBEIRO et al. (2002), que estudaram os efeitos da

granulometria do milho em frangos de corte, o peso da moela está relacionado

à massa muscular, que por sua vez é obtida pelo trabalho mecânico da moela

quando recebe partículas médias ou grossas para fazer a maceração dos

alimentos e, possivelmente, ao teor de proteína bruta da dieta.

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138

Para o peso relativo do pâncreas, houve efeito dos sistemas de

criação (P<0,05) no segundo período, e, novamente, as aves criadas em

gaiolas apresentaram valores superiores.

Tabela 9. Peso relativo de moela e pâncreas no segundo e quarto períodos

de postura em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

Peso relativo da moela

34 – 37

14 2,32 1,66 1,99

0,01 0,01 0,66 13,83 15 1,87 1,40 1,63 16 1,65 1,43 1,53 18 1,61 1,35 1,48

Média 1,86a 1,46b

42 - 45

14 1,63 1,61 1,61

0,01 0,97 0,08 11,32 15 1,87 1,60 1,73 16 1,57 1,91 1,74 18 1,40 1,50 1,45

Média 1,61 1,65

Peso relativo do pâncreas

34 – 37

14 0,16 0,21 0,18

0,36 0,02 0,43 17,19 15 0,19 0,21 0,20 16 0,20 0,21 0,20 18 0,17 0,19 0,18

Média 0,18b 0,20a

42 - 45

14 0,21 0,22 0,21

0,26 0,07 0,53 16,92 15 0,23 0,24 0,23 16 0,20 0,24 0,22 18 0,19 0,21 0,20

Média 0,20b 0,22a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

FARIA et al. (1995) ao trabalharem com poedeiras leves consumindo

rações com diferentes níveis protéicos, obtiveram maior peso relativo do

pâncreas (P<0,05) em aves alimentadas com ração contendo 17% de proteína

bruta. Estes autores destacam ainda que o nível de proteína da dieta atua

como mecanismo regulador da secreção de enzimas pancreáticas (LIENER,

1980).

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139

Y = 3,27 - 0,10X

FIGURA 16. Modelo linear para peso relativo da moela (%) em função dos

níveis de proteína bruta no segundo período de produção

Y = - 6,28 + 1,04X – 0,03X2

FIGURA 17. Modelo quadrático para peso relativo da moela (%) em função dos

níveis de proteína bruta no quarto período de produção

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140

5.3.8. Peso relativo da gordura abdominal, crista e barbela

Para peso relativo da crista e gordura abdominal, não ocorreu

interação (P>0,05) dos níveis de proteína bruta e dos sistemas de criação.

Também não houve efeito (P>0,05) dos níveis de proteína bruta e dos sistemas

de criação isoladamente, nos dois períodos avaliados (Tabela 10).

MORRIS (2004) afirmou que as dietas devem apresentar a correta

proporção de aminoácidos, bem como o equilíbrio entre eles e o nível

energético para reduzir a deposição de gordura abdominal em excesso.

Segundo POCH et al. (2002), em dietas contendo entre 12% e 21%

de proteína bruta, ocorre diminuição da lipogênese e da atividade enzimática.

Esta condição pode estar associada à baixa expressão gênica. Dietas de

elevado ou reduzido nível protéico, afetam o metabolismo lipídico. Uma dieta

rica em proteína irá diminuir a síntese de lípidos. De modo contrário, dietas

com reduzido teor protéico estimulam a síntese de lipídios, como observado em

aves alimentadas após jejum. Entretanto, apesar de haver o estímulo á síntese

de gordura nestas condições, esta estimulação dura apenas três dias. Em

contraste, a troca de uma dieta de alto teor protéico, para uma de baixo teor,

provoca aumento permanente da capacidade de síntese de gordura.

WHITEHEAD et al. (1990) avaliaram a composição corporal, a

concentração de lipoproteína plasmática e a produção inicial de ovos de

matrizes pesadas alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de

proteína bruta em duas fases (0 a 3 semanas – 18%, 22%, 26% e 32%; e 3

semanas em diante – 14%, 18%, 22% e 32%), e observaram que os níveis de

proteína bruta afetaram o teor de gordura abdominal nas duas fases de

criação. Os autores afirmam também que o teor de proteína corporal é

inversamente proporcional ao de gordura corporal, declinando com o avançar

da idade da ave.

MUSA et al. (2007) avaliaram as relações existentes entre gordura

abdominal, colesterol sérico, triglicérides e concentrações de lipoproteínas em

poedeiras comerciais, em que se observou que a gordura abdominal foi afetada

por todos estes parâmetros sanguíneos avaliados.

HERMIER E DILLON (1992) indicaram que o crescimento do tecido

adiposo em aves depende diretamente do nível de colesterol. A gordura

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141

abdominal é influenciada pelo extrato etéreo da dieta. Excesso de peso e

obesidade estão relacionados à distúrbios severos no metabolismo de lipídeos

e lipoproteínas (ZOLLITSCH ET al., 1997).

Segundo GRIFFITHS et al. (1978), existem diferenças na

capacidade de deposição de gordura abdominal entre as linhagens e

geralmente é mais acentuada em linhagens de maior potencial de ganho de

peso, como é o caso das linhagens semipesadas. De acordo com MICHELAN

FILHO (1986), a deposição de gordura é uma característica herdável, mas a

dieta e condições ambientais também contribuem.

De acordo com KESSLER et al. (2000), a medida que o animal

cresce, a participação da energia metabolizável de mantença aumenta, pois é

positivamente correlacionada ao aumento do peso vivo. Com a estabilização da

deposição protéica e a posterior redução nas taxas de deposição, a energia

líquida de produção passa a ser essencialmente direcionada para lipogênese.

Na fase de pré-postura, ocorre aumento da crista e barbela,

permanecendo túrgida na fase inicial de postura. Recomenda-se, portanto,

para este período, o fornecimento de dietas com níveis adequados de

aminoácidos para atender às demandas fisiológicas e permitir adequado

desenvolvimento do aparelho reprodutor (LEESON & SUMMERS, 2005).

A relação entre características morfológicas da crista e

comportamento social de poedeiras semipesadas (Hy-line), alojadas em boxes

contendo ninhos e poleiros, no início de postura, foi avaliada por O´CONNOR

et al. (2011). Estes autores verificaram que há associação positiva entre

tamanho da crista e competitividade da ave no grupo, e aves com maior peso

relativo da crista apresentaram comportamento social de dominância com

maior freqüência (P<0,01). CLOUTIER & NEWBERRY (2000), sugerem que

uma diferença mínima de 25% nos pesos médios das cristas em um grupo de

aves é normal, devido à hierarquia de grupo.

Para peso relativo da barbela, no quarto período, ocorreu interação

(P<0,05) entre os níveis protéicos das dietas e os sistemas de criação (Tabela

10). Neste período, o peso relativo de barbela, no piso, diminuiu de forma linear

com a elevação da proteína bruta nas dietas. (Figura 18 ). De outro modo, nas

gaiolas, aumentou de forma quadrática até o nível de 15% (Figura 19).

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No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação.

Neste período, aves criadas em gaiolas apresentaram maior peso relativo de

barbela (Tabela 13). Também houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína

bruta das rações no segundo período de produção. Neste periodo, o peso

relativo da barbela diminuiu de forma linear, em relação ao aumento dos níveis

protéicos das dietas (Figura 20).

Tabela 10. Peso relativo de gordura abdominal, crista e barbela no segundo e

quarto períodos de postura em dois sistemas de criação

Período de postura

PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S

Peso relativo de gordura abdominal

34 – 37

14 1,64 2,60 2,12

0,25 0,50 0,28 21,66 15 1,99 2,02 2,05 16 2,36 2,29 2,32 18 2,28 2,09 2,18

Média 2,06 2,25

42 – 45

14 2,09 2,24 2,16

0,46 0,46 0,19 19,66 15 1,95 2,08 2,01 16 2,27 2,19 2,23 18 2,05 1,72 1,88

Média 2,09 2,05

Peso relativo de crista

34 – 37

14 0,24 0,30 0,27

0,10 0,99 0,32 28,92 15 0,28 0,22 0,26 16 0,26 0,24 0,25 18 0,19 0,19 0,19

Média 0,24 0,23

42 – 45

14 0,23 0,31 0,27

0,17 0,15 0,17 25,93 15 0,24 0,28 0,26 16 0,22 0,26 0,24 18 0,23 0,19 0,21

Média 0,23 0,26

Peso relativo de barbela

34 – 37

14 0,18 0,28 0,23

0,04 0,01 0,55 25,46 15 0,18 0,21 0,19 16 0,15 0,22 0,18 18 0,13 0,20 0,16

Média 0,16b 0,22a

42 – 45

14 0,13a 0,10a 0,11

0,48 0,92 0,03 33,96 15 0,13a 0,10a 0,11 16 0,08b 0,13a 0,10 18 0,08a 0,11a 0,09

Média 0,10 0,11 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)

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Y = 0,42 – 0,01X

FIGURA 18. Modelo linear para peso relativo da barbela (%) no piso em função

dos níveis de proteína bruta no segundo período de produção

Y = - 0,90 + 0,12X – 0,004X2

FIGURA 19. Modelo quadrático para peso relativo da barbela (%) nas gaiolas

em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de

produção

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Y = 0,35 – 0,01X

FIGURA 20. Modelo linear para peso relativo da barbela (%) no piso em função

dos níveis de proteína bruta no quarto período de produção

6. CONCLUSÃO

Aves alimentadas com rações contendo 16% de proteína bruta,

apresentaram metabolismo mais adequado, em relação ás variáveis avaliadas,

para os dois sistemas de criação. Poedeiras semipesadas (Hisex Brown), com

idade entre 30 e 45 semanas, criadas no piso, apresentam parâmetros

bioquímicos séricos (proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico

plasmático e colesterol plasmático) e morfometria de órgãos (intestino delgado,

oviduto, fígado, moela, pâncreas, gordura abdominal, barbela e crista)

compatíveis com aqueles obtidos em gaiolas convencionais.

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CAPITULO 6. CONSIDERAÇÔES FINAIS

A concepção da sociedade em relação ao bem-estar animal está

mudando, e existe uma crescente preocupação com valores éticos relativos à

animais de produção. Isto tem ocorrido devido à rápida urbanização da

população e aumento de seu poder aquisitivo. Em virtude dessas mudanças,

as pessoas não mais consomem produtos de origem animal baseadas apenas

no preço de venda, mas também por várias características qualitativas

adicionais, dentre elas, o bem-estar animal.

Neste contexto, sistemas alternativos de criação são desenvolvidos

com o objetivo de disponibilizar maior área às aves, e oportunizar a

manifestação de comportamentos naturais, e apresentam melhor conexão com

a aceitação pública. No entanto, sob a ótica científica, as pesquisas ainda se

encontram em fase preliminar, não havendo, ainda, recomendações que

assegurem uma plena adoção na cadeia produtiva.

A cadeia produtiva de ovos deverá ajustar-se a um novo cenário, no

qual melhorias em infra-estrutura, manejo, monitoramento do plantel, novas

responsabilidades sociais e ambientais, entre outros, serão essenciais para

agregação de valor, beneficiando o consumidor e garantindo sustentabilidade à

atividade de postura comercial.

Outro ponto estratégico é a inserção de indicadores de

sustentabilidade nos sistemas de produção, de modo planejado e de acordo

com as necessidades da sociedade, tendo como objetivo a garantia da

produção de alimentos no longo prazo. Programas de capacitação dos

diferentes atores da cadeia produtiva devem ser constantes e são

fundamentais dentro do contexto de sustentabilidade.

No entanto, estas ações sustentáveis, só poderão ser executadas

quando conceitos e práticas estiverem harmonizados em toda cadeia produtiva,

e fomentados por políticas governamentais. Para isso, uma legislação para

proteger e melhorar o bem-estar dos animais é essencial para ampliar nossa

atuação no mercado internacional. E antes de implementar a legislação, é

importante que avaliações de custo-benefício sejam realizadas.

Este trabalho objetivou avaliar o desempenho, a qualidade de ovos,

e o perfil metabólico de aves criadas no piso, através das concentrações de

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parâmetros bioquímicos sanguíneos e da biometria de órgãos do trato

digestório de poedeiras semipesadas (Hisex Brown), alimentadas com rações

formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção.

Os resultados atestam a adaptação destas aves à criação no piso e

a viabilidade técnica da utilização de dietas com redução dos níveis protéicos

em sistemas alternativos, indicando este sistema como opção às granjas

comerciais que buscam ingressar, ou ampliar sua atuação, em mercados

pautados pela valorização do bem-estar animal. No entanto, o maior custo de

produção, e a elevada percentagem de ovos sujos, ainda necessitam ser

equacionados.

Na fase de recria, aves criadas no piso apresentaram maior peso

vivo, ganho de peso e uniformidade do lote. E menor consumo de ração e

conversão alimentar, em comparação às aves criadas em gaiolas. Na fase de

postura, aves criadas no piso apresentaram percentagem de postura, consumo

de ração e peso do ovo superiores àquelas criadas em gaiolas. Entretanto,

apresentaram maior percentagem de ovos sujos e menor conversão alimentar.

Em relação à qualidade dos ovos, os dois sistemas de criação apresentaram

resultados equivalentes.

Avaliando alguns parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total

sérica, albumina plasmática, colesterol plasmático e ácido úrico plasmático), as

aves criadas no piso apresentaram maiores concentrações de proteína total

sérica e ácido úrico plasmático. Em relação à biometria de órgãos (intestino

delgado, oviduto, fígado, moela e pâncreas) e peso relativo de gordura

abdominal, novamente, os dois sistemas foram equivalentes. A utilização de

dietas formuladas com base na proteína ideal (com redução dos níveis de

proteína bruta) afetou o desempenho e a qualidade de ovos.

Deste modo, uma vez asseguradas, todas as premissas citadas

anteriormente sobre sistemas alternativos, a criação de poedeiras semipesadas

no piso, se configura como opção segura e comprometida com as novas

tendências do mercado de ovos no Brasil e no mundo.

As poedeiras semipesadas apresentam maior adaptabilidade aos

sistemas alternativos de criação (especialmente quando criadas no piso), se

comparadas às poedeiras leves, devido principalmente à maior rusticidade.

Estas aves podem ser utilizadas em diferentes sistemas alternativos,

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possibilitando desenvolver e explorar sistemas que maximizem as condições

de bem-estar.

O conhecimento das exigências nutricionais, das interações sociais,

da resposta imunológica, dos efeitos do bem-estar sobre desempenho e

qualidade de ovos, e a economicidade do sistema, devem ser priorizados pela

pesquisa científica brasileira.