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CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS por Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador: Adair da Silva Lopes _____________________ Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado) Área de Concentração de Atividade Física Relacionada à Saúde Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina Como Requisito Parcial para Obtenção do Grau de Mestre em Educação Física. Fevereiro, 2007

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CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS

por

Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador: Adair da Silva Lopes

_____________________

Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado) Área de Concentração de Atividade Física Relacionada à Saúde Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina

Como Requisito Parcial para Obtenção do Grau de Mestre em Educação Física.

Fevereiro, 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A dissertação CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS Elaborada por Ilca Maria Saldanha Diniz e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora foi aceita pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina e homologada pelo Colegiado do Mestrado, como requisito parcial à obtenção do título de

MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Área de Concentração: Atividade Física e Saúde

________________________________________ Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física

Florianópolis, SC, 23 de fevereiro de 2007.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________ Prof. Dr. Adair da Silva Lopes (Orientador)

________________________________________________ Prof. Dr. Cândido Simões Pires Neto (Membro Externo)

________________________________________________ Prof. Dr. Édio Luiz Petroski (Membro Interno)

__________________________________________________ Prof. Dra. Rosane Carla Rosendo da Silva (Suplente)

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AGRADECIMENTOS

Ao Lucas, meu companheiro, meu porto seguro, pela compreensão na minha

ausência e pelo incentivo constante a este trabalho;

À minha filha Ariela, pela cumplicidade e compreensão que ajudaram a transformar

meu sonho em realidade;

À minha mãe, por tudo o que me ensinou e por estar ao meu lado em todos os

momentos da minha vida;

Aos “gordos”, meus irmãos, pelo apoio incondicional na realização deste trabalho.

Ao meu orientador professor Dr. Adair da Silva Lopes, por sua competência e

orientação no desenvolvimento e realização desta dissertação;

Aos professores Doutores Cândido Simões Pires Neto, Édio Luiz Petroski e Rosane

Carla Rosendo da Silva, por terem aceitado participar da banca e pelas contribuições dadas;

Ao professor Dr. Adriano Ferreti Borgatto pela disponibilidade e auxílio na

estatística;

Ao coordenador professor Dr. Juarez Vieira do Nascimento e a todos os professores

do programa de Mestrado;

Aos amigos da turma 2004 e 2005 do mestrado: Lisandra, Elusa, Mathias, Silvio,

Dedé, Matheus, Hector, Katia, Keila, Kareen, Miguel, Maninho, Marcel, André, Paulo e

especialmente ao meu amigo baiano Marcius;

As amigas e irmãs, Carmem e Maria Angélica, com as quais dividi as dúvidas

acadêmicas, as alegrias, as rodas de chimarrão, as conversas, os sonhos e principalmente a

certeza de uma amizade verdadeira;

À minha amiga Rossana Barros pelo auxílio na redação do trabalho;

Aos colegas e amigos Tiago, Guto, Tatiane, Mara, Janete e Angelita, pelo apoio e

profissionalismo na coleta de dados;

Enfim, a todos que eu não tenha mencionado e que participaram de uma forma ou

outra da realização deste sonho.

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RESUMO

CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS.

Autor: Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador: Adair da Silva Lopes

Diferenças dentro de uma mesma região geográfica são inevitáveis, tanto no

aspecto socioeconômico, socioambiental e sociocultural. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi analisar variáveis do crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares de escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra foi selecionada de forma intencional quanto às localidades e escolas que atendiam à caracterização étnica desejada e conglomerada por sala de aula. A amostra foi constituída de 1428 escolares (696 do sexo masculino e 732 do sexo feminino). A coleta de dados foi efetuada por meio de questionário envolvendo aspectos sociodemográficos, níveis de atividade física, hábitos alimentares, além de medidas antropométricas (massa, estatura corporal e dobras cutâneas tricipital e subescapular). Na análise de dados das variáveis do crescimento físico e composição corporal foi utilizada a estatística descritiva, análise de variância, teste Tukey, teste qui-quadrado. Na análise do nível de atividade física e hábitos alimentares foram utilizadas a estatística descritiva e regressão logística. O nível de significância adotado foi p≤0,05. De modo geral, os resultados demonstraram que: na estatura encontrou-se diferenças (p≤ 0,05) entre as etnias, no sexo feminino aos 9 anos, com valores inferiores para o grupo polonês e, aos 15 anos, para os grupos polonês e alemão quando comparados ao grupo dos italianos. Na massa corporal ocorreram diferenças aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino), com valores inferiores para o grupo dos poloneses. No percentual de gordura foram verificadas diferenças na idade de 12 anos (sexo masculino) e 15 anos (sexo feminino), com valores superiores para os alemães e poloneses, respectivamente (p≤ 0,05). Na massa corporal magra os poloneses apresentaram resultados inferiores aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino). Em relação aos níveis de adiposidade verificou-se que 11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses dos sexo masculino foram classificados nos níveis de obesidade. No sexo feminino foram classificadas 16,2% das alemãs, 19,4% das italianas e 21,2% das polonesas nos níveis de obesidade. De modo geral, foram constatadas poucas diferenças entre as etnias tanto nas variáveis do crescimento físico quanto da composição corporal. O grupo de poloneses tendeu a apresentar resultados inferiores aos grupos alemão e italiano. Em relação aos níveis de atividade física verificou-se que 75,5% dos escolares foram classificados como sedentários. O sedentarismo associou-se positivamente com o sexo, etnia, escolaridade dos pais, horas diárias de televisão. O grupo étnico alemão apresentou 43% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; o nível socioeconomico foi associado ao sedentarismo somente para os poloneses, com maiores chances para os que pertenciam à classe econômica média e baixa. Com relação aos hábitos alimentares verificou-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares não atendiam às recomendações quanto à frequencia diária do consumo de frutas, vegetais e leite, respectivamente. Palavras-chave: Crescimento. Composição corporal. Grupos étnicos. Atividade física. Hábitos alimentares.

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ABSTRACT

PHYSICAL GROWTH, LEVELS OF ACTIVITY PHYSICAL AND FOOD HABITS OF STUDENTS OF THE DIFFERENT ETHNIC GROUPS

Author: Ilca Maria Saldanha Diniz

Advisor: Adair da Silva Lopes

Differences in socioeconomic and socio-cultural aspects as well as social environment in a geographic region are predictable. Therefore, the purpose of this study was to analyze variables of physical growth, body composition (body fat, lean body mass and adiposity), levels of physical activity and food habits of ethnic groups of German, Italian and Polish students from the State of Rio Grande do Sul, Brazil. The sample was intentionally selected according to the major ethnic background of cities and schools and then it was clustered by classroom. The sample was composed by 1428 students (696 males and 732 females). Data collection included a questionnaire involving sociodemographic aspects, levels of physical activity and food habits. Anthropometric variables (body mass, stature and triceps and subescapular skinfolds) were measured. Data analyses of growth and body composition variables used descriptive statistics, analysis of variance with Tukey’s test and the Chi-square test. For the analyses of the level of physical activity and food habits descriptive statistics and logistic regression were performed. The level of significance was set at p≤ 0.05. In general, the results demonstrated that Polish 9-year-old and both Polish and German 15 year-old girls were shorter in stature (p≤ 0,05) than Italians. For body mass, lower values for Polish 14 year-old males and 9 year-old females were observed. In the percent of body fat differences were verified in the 12 year-old age (males) and 15 years (females), with superior values for the Germans and Polish, respectively (p≤ 0,05). For lean body mass, lower values were found among Polish 14 year-old males and 9 year-old females. For males, the adiposity index pointed that 11.1% of Germans, 6.6% of Italians and 7.1% of Polishes were classified as obese. For females, 16,2% of the Germans, 19,4% of the Italians and 21,2% of the Poles were classified in the obesity levels. Differences among the ethnic groups for growth variables as well as for body composition were evidenced. The Polish group tended to present lower results that the other ethnic groups. In relation to levels of physical activity, it was verified that 75.5% of the students were classified as sedentary. Inactivity was positively associated with sex, ethnicity, parental education and hours of daily television watching. The German group presented 43% more probability for being sedentary than the Polish group; socioeconomic level was associated with inactivity only for Polishes, with greater odds for those who belonged to median and low socioeconomic levels. It was verified that 51.2% of German, 60.2% of Italian and 67.8% of Polish students did not reach the recommendations for daily consumption of fruits, vegetables and milk, respectively.

Key words: growth, body composition, ethnic groups, physical activity, food habits.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE ANEXOS..................................................................................................... LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... LISTA DE QUADROS.................................................................................................. LISTA DE TABELAS................................................................................................... Capítulo

I. INTRODUÇÃO.................................................................................................

O Problema e sua Importância Objetivos Delimitações Limitações

II. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

Colonização no Rio Grande do Sul Colonização Alemã no Rio Grande do Sul Colonização Italiana no Rio Grande do Sul Colonização Polonesa no Rio Grande do Sul Grupo Étnico Crescimento Físico Composição Corporal Atividade Física Hábitos Alimentares

III. METODOLOGIA........................................................................................... Caracterização do Estudo Caracterização dos Municípios População e Amostra Critérios de Exclusão Composição da Amostra Instrumentos de Medidas Coleta de Dados Tratamento e Análise dos Dados

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... Características Demográficas e Econômicas Crescimento Físico e Composição Corporal Nível de Atividade Física Hábitos Alimentares

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V. CONCLUSÕES...............................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ ANEXOS.........................................................................................................

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LISTA DE ANEXOS

Anexo Página

1. Questionário e Ficha Antropométrica..............................................................

2. Critério de Classificação Econômica Brasil/ANEP.........................................

3. Ofício para Coordenador Regional de Educação.............................................

4. Ofício para Diretor de Escola..........................................................................

5. Ofício de Autorização dos Pais/Responsáveis – TCLE ...................................

6. Relatório – Estudo-Piloto................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. Mapa das etnias prioritárias no processo de colonização – IPD ..........................

2. Caracterização da amostra de acordo com municípios e grupo étnico .................

3. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômica ...................

4. Caracterização da amostra de acordo com grau de instrução dos pais..................

5. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômico, por grupo étnico.....................................................................................................................

6. Caracterização da amostra de acordo com grau de instrução dos pais, por grupo

étnico ....................................................................................................................

7. Médias de estatura, por idade................................................................................

8. Médias de massa corporal, por idade...................................................................

9. Comparação das curvas de estatura, sexo masculino com NCHS .......................

10. Comparação das curvas de massa corporal, sexo masculino com NCHS...........

11. Comparação das curvas de estatura, sexo feminino com NCHS .......................

12. Comparação das curvas de massa corporal, sexo feminino com NCHS ............

13. Níveis de adiposidade, etnias do sexo masculino ...............................................

14. Níveis de adiposidade, etnias do sexo feminino .................................................

15. Percentual de escolares classificados como sedentários, por sexo......................

16. Percentual de escolares classificados como sedentários, por grupo étnico e

sexo......................................................................................................................

17. Percentual de escolares com hábitos alimentares inadequados ..........................

18. Consumo inadequado de frutas, vegetais e leite, por grupo étnico ....................

19. Consumo inadequado de salgadinho, doces e refrigerantes, por grupo étnico....

20. Alimentos típicos consumidos nos últimos 7 dias, por grupo étnico..................

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LISTA DE QUADROS

Quadro Página

1. População e amostra dos grupos étnicos da região Noroeste do RS................

2. População e amostra dos grupos étnicos por localidade...................................

3. Descrição, categorias e critérios utilizados nas análises das variáveis ............

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LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1. Distribuição da amostra por grupo étnico, idade e sexo.....................................

2. Constantes por sexo, idade e raça para o cálculo de gordura relativa em crianças e jovens..............................................................................................

3. Classificação do percentual de gordura relativa (% G)......................................

4. Características demográficas da amostra............................................................

5. Valores médios, desvios padrões, teste t nas variáveis de crescimento físico em ambos os sexos, por idade...........................................................................

6. Valores médios, desvios padrões da estatura e massa corporal com os valores de p para comparação entre os grupos étnicos, por idade e sexo.......................

7. Valores médios, desvios padrões do percentual de gordura e massa corporal

magra com os valores de p para comparação entre os grupos étnicos, por idade e sexo.......................................................................................................

8. Prevalências e razões de prevalências brutas para sedentarismo em escolares, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais..........

9. Prevalências e razões de prevalências ajustadas para sedentarismo em escolares, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais...............................................................................................

10. Prevalências e razões de prevalências brutas para sedentarismo em escolares das etnias alemã, italiana e polonesa, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais................................................................

11. Prevalências e razões de prevalências ajustadas para sedentarismo em escolares das etnias alemã, italiana e polonês, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais .......................................

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

O Problema e sua Importância

No início do século XVII, com a chegada dos padres Jesuítas Espanhóis, o Rio

Grande do Sul começava a ser povoado pelos Europeus. Os imigrantes ocuparam as

regiões menos povoadas e a política governamental tinha como objetivo a formação de

colônias que produzissem gêneros necessários ao consumo interno (Zarth, 1997).

O povoamento das terras gaúchas na região Noroeste do Rio Grande de Sul teve

dois momentos distintos: a tomada das missões dos espanhóis pelos portugueses e a

ocupação da mata pelos imigrantes europeus (Auozani, 2005). As matas do Rio Grande do

Sul tiveram como donos naturais os índios, que viviam livres até a chegada do homem

branco: missionários, invasores e imigrantes. Não se sabe exatamente o início da ocupação

destas terras pelos índios. Conforme Marques (2002), a região era ocupada por três grupos

indígenas distintos: os gês, os guaranis e os pampeanos. Sabe-se que os últimos que aqui

permaneceram foram os guaranis (Siekierski & Lazzarotto, 1987).

A partir de 1890 grandes contingentes de colonos europeus e das “colônias velhas”

(São Leopoldo, Nova Milano, Conde D’Eu e Vila Isabel, Silveira Martins) iniciaram a

colonização das áreas da mata. De acordo com Zarth (1997), a fundação da Colônia de

Ijuhy marcou o início do processo de formação das “colônias novas” (Ijuhy, Erexim e

Santa Rosa).

A colonização de grande parte do Noroeste do Rio Grande do Sul, que hoje

compreende os municípios de Ijuí, Ajuricaba, Augusto Pestana, Panambi, Catuípe, Santo

Ângelo, Cerro Largo, Guarani das Missões e Santa Rosa com os municípios depois

desmembrados começou em 30 de maio de 1890 com a fundação oficial da “colônia Ijuhy”

pelo serviço de Terras e Colonização, órgão criado para incrementar a colonização

(Marques, 2002). A colônia Ijuhy passou a ser ocupada por imigrantes de diversos grupos

étnicos e também pelos descendentes destes oriundos das “colônias velhas” (Weber, 2002).

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Estes grupos étnicos caracterizavam-se pelas diferenças sociais e culturais

associadas à colonização e à conservação de costumes e tradições comuns, como o uso

cotidiano da língua, hábitos alimentares, tipo de moradia, organização do espaço

doméstico, formas de sociabilidade e comportamento religioso (Seyferth, 1994).

Os primeiros grupos étnicos que chegaram na colônia Ijuhy provieram de áreas da

Europa, cuja posse alternava entre Polônia, Alemanha e Rússia, ou então descenderam de

famílias que haviam emigrado já na Europa de um país para outro; assim, a nacionalidade

destes grupos (lituanos, poloneses, russos) nem sempre coincidia com sua origem étnica,

quase sempre polonesa e alemã (Weber, 2002). Visualizava-se a colônia Ijuhy como

habitada, predominantemente, pelos grupos étnicos alemão, italiano e polonês. O Censo de

1940 registra as nacionalidades predominantes em Ijuhy: 29% alemães, 12% italianos e

11,3% poloneses (Weber, 1994).

Os primeiros 22 imigrantes alemães, que chegaram à recém-fundada colônia Ijuhy

em 1890, marcaram efetivamente o início da colonização (Marques, 2002). Entretanto,

Lazzarotto (2002) evidencia que os alemães chegaram à nova colônia a partir de maio de

1891. Entre os primeiros estavam numerosos teuto-russos que haviam se estabelecido na

Rússia e reemigraram para o Brasil, dentre estes, destacavam-se os sobrenomes: Haerter,

Tybusch, Krampe, Zimpel, Hoelzel (Fischer, 1987). A etnia alemã não deve ter chegado a

30% da população ijuiense, mas o que deu caráter germânico ao município foi a língua

falada por eles (Auozani, 2005).

Em 1890, chegou à colônia Ijuhy o primeiro grupo de imigrantes poloneses, eram

minoria e se distinguiam dos demais pela língua falada, costumes e pelos nomes e

sobrenomes. Os poloneses fixaram-se, principalmente, nas linhas 3, 4, 5, 6 oeste e linha 1

leste, formando núcleos etnicamente quase fechados (Marques, 2002). Entretanto, devido

às dificuldades encontradas (falta de abrigos, pobreza, desejo de trabalhar como artesãos),

a maioria dos poloneses transferiu-se para Guarani das Missões, colônia quase

exclusivamente de poloneses. Os que ficaram na colônia Ijuhy localizaram-se

principalmente no povoado Santana (Lazzarotto, 2002).

Nos anos seguintes, de 1891 a 1893, outros grupos europeus estabeleceram-se em

Ijuhy: italianos, austríacos e também alguns alemães (Weber, 2002). A grande leva de

imigrantes italianos vinda diretamente a Ijuhy chegou em 1892. Eram 116 pessoas (três

solteiros e dezenove famílias), na maioria colonos laboriosos, familiarizados com as lidas

do campo e, em geral, extremamente econômicos (Fischer, 1987).

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Um forte movimento cultural acompanhou o processo de colonização através da

preservação das raízes dos descendentes dos imigrantes alemães, italianos e poloneses, por

meio do cultivo dos hábitos, costumes, danças e gastronomia (Lazzarotto, 2002). Estes

grupos étnicos procuravam reunir-se em comunidades etnicamente homogêneas. Vários

pontos do município de Ijuhy foram identificados pela hegemonia de determinado grupo

étnico (Siekierski & Lazzarotto, 1987), que proporcionou a esse ambiente características

peculiares na maneira de ser e de viver de seus habitantes, influenciando a saúde de sua

população.

Conforme Malina (1990), as variáveis ambientais influenciam de forma

significativa o crescimento de crianças e jovens. Nos estudos sobre crescimento físico

deve-se levar em consideração o fenótipo da criança e do adolescente, o qual é um produto

da interação de seu genótipo e o meio ambiente (Böhme, 1995).

O crescimento físico é considerado como a medida singular que melhor define o

estado de saúde e nutrição dos indivíduos, sendo afetado por fatores genéticos e ambientais

(INAN, 1990). Os níveis de crescimento físico expressos através da estatura e massa

corporal entre crianças e adolescentes são indicadores internacionalmente aceitos para

avaliar a qualidade de vida de um país, ou diferenças existentes em uma mesma população

(Glaner, 2002). Neste sentido, a necessidade de estudos procurando envolver

levantamentos populacionais tem sido cada vez maior nas últimas décadas, principalmente

no que se refere ao crescimento de crianças e adolescentes. Tal propósito fundamenta-se no

estabelecimento de indicadores referenciais que possam contribuir para a monitoração do

nível de saúde e qualidade de vida de um segmento populacional (Tanner, 1975).

Estudos que enfatizam grupos étnicos e aspectos culturais dos sujeitos devem levar

em conta as histórias individuais e familiares. Os jovens constituem grupos singulares, cuja

especificidade está vinculada ao fato de que eles expressam mais que outros grupos a

natureza transitória de seu status. Eles estão em busca de sua identidade e têm de

incorporar os valores de sua cultura de origem, quanto adaptar, ao mesmo tempo, os

valores com que se deparam em seu ambiente imediato (Felice & Jenkins, 1992;

Kobayashi, 1993).

Diferenças étnicas em relação à atividade física são evidenciadas em estudos que

demonstraram que a inatividade física é maior entre negros e hispânicos em comparação a

brancos (USDHHS, 1996). As americanas brancas mostraram níveis significativamente

maiores de atividade física em relação aos negros e mulheres americano-mexicanas

(Andersen, Crespo, Bartlett, Cheskin & Pratt, 1998; Winkleby, Kraemer, Ahn & Varady,

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1998). Resultados similares foram encontrados por Sallis, McKenzie, Elder, Hoy, Galati,

Berry, Zive e Nader (1998) no estudo com crianças brancas e grupos minoritários

demonstraram que as crianças brancas são mais ativas do que as de minoria étnica.

Fischbacher, Hunt e Alexander (2004), em revisão de 17 estudos que descreveram

os níveis de atividade física e aptidão em crianças e adultos sul-asiáticos reportaram

menores níveis de atividade física e aptidão para estes grupos quando comparados com

brancos ou europeus.

Alguns estudos (Crawford, Story, Wang, Ritchie & Sabry, 2001; USDHHS, 2001,

2002) sugeriram diferenças nos aspectos de inatividade física e prevalência de sobrepeso

entre diversos grupos étnicos. Outros estudos (Cossrow & Falkner, 2004; USDHHS, 2001)

indicaram maior prevalência de obesidade entre os grupos de crianças de minoria étnica do

que crianças brancas.

A obesidade e o estilo de vida fisicamente inativo são os dois fatores de risco mais

prevalentes de doenças crônicas comuns no mundo ocidental (Bouchard, 2003). Alguns

estudos têm procurado demonstrar a associação entre excesso de gordura corporal e fatores

predisponentes a doenças crônicas não-transmissíveis, DCNT (Bouchard, 2003; Pinheiro,

Freitas & Corso, 2004). Os fatores de risco como obesidade, inatividade física e

alimentação inadequada são crescentes problemas para países em transição epidemiológica

(Bauman & Graig, 2005).

A maioria dos países na América Latina e no Caribe passa por mudanças

significativas em seus modelos de alimentação, caracterizadas pela redução no consumo de

frutas, legumes, grãos integrais, cereais e verduras e um aumento paralelo do consumo de

alimentos ricos em gordura saturada, açúcares e sal, entre eles: leite, carnes, cereais

refinados e alimentos processados (WHO, 2002). Gower e Higgins (2003) sugerem que o

ambiente e a etnicidade possam influenciar no consumo de frutas e vegetais.

Investigar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes pode fornecer

informações valiosas no que se refere ao consumo de alimentos nos diferentes grupos

étnicos, no sentido de verificar se estão consumindo alimentos saudáveis e orientar no

desenvolvimento de intervenções que possibilitem ao escolar alguma modificação de

comportamento.

A escola constitui um centro de ensino, convivência e crescimento importante, os

valores aprendidos nela serão levados por toda a vida. Assim, é o lugar ideal para o

desenvolvimento de programas de promoção de saúde de amplo alcance, uma vez que

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exerce grande influência sobre crianças e adolescentes nas etapas formativas mais

decisivas de suas vidas (Pelicioni & Torres, 1999).

Partindo do anteriormente exposto, verifica-se que crescimento físico, composição

corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares são aspectos que

podem subsidiar aos profissionais de Educação Física e da saúde na sua prática diária, a

partir do momento em que possibilitam a construção de uma referência regional para a

análise das características de saúde desse grupo populacional. Diante dessas considerações

torna-se evidente a necessidade e importância da realização deste estudo, para que se possa

avaliar o crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos

alimentares de escolares de 8 a 15 anos, de ambos os sexos, dos grupos étnicos alemão,

italiano e polonês da Região Noroeste do Estado do RS.

Objetivos

Geral

Analisar variáveis do crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade

física e hábitos alimentares de escolares de 8 a 15 anos, de ambos os sexos, dos grupos

étnicos alemão, italiano e polonês da Região Noroeste do Estado do RS.

Específicos

a) Descrever as características sociodemográficas dos escolares (informações pessoais e

familiares) por sexo, idade e grupo étnico;

b) Determinar o crescimento físico (estatura, massa corporal) e comparar com os valores

de referência sugeridos pelo National Center for Health and Statistics – NCHS, por

sexo, idade e grupo étnico;

c) Comparar e classificar as variáveis da composição corporal (percentual de gordura,

massa corporal magra e índice de adiposidade) por sexo, idade e grupo étnico;

d) Analisar os níveis de atividade física e determinar a prevalência de sedentarismo, por

sexo e grupo étnico;

e) Estabelecer as possíveis associações entre a prevalência de sedentarismo e variáveis

demográficas, econômicas e comportamentais, por sexo e grupo;

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f) Analisar os hábitos alimentares, por sexo e grupo étnico.

Delimitações

Participaram do estudo os escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês,

de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 15 anos, matriculados no ensino fundamental das

escolas da rede pública estadual da Região Noroeste do RS.

A seleção dos locais de coleta de dados foi realizada entre os municípios e distritos

da Região Noroeste do RS com predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e

polonês, com base nos levantamentos realizados por consultas na literatura especializada,

historiadores e coordenadores da União das Etnias de Ijuí (UETI) e Instituto de Políticas

Públicas e Desenvolvimento Regional (IPD-UNIJUÍ).

Limitações

O estudo é limitado pelo fato da amostra ser composta apenas por alunos da rede

pública estadual, na faixa etária de 8 a 15 anos.

Os grupos étnicos foram selecionados somente pela predominância nos municípios

e distritos.

As informações referentes ao nível de atividade física, hábitos alimentares e a

caracterização sociodemográfica foram obtidas através de questionários de autopreen-

chimento, nos quais poderão aparecer erros devido à dificuldade de recordar as

informações, omissão e equívoco ao fornecer as informações, portanto os eventuais

achados não podem ser generalizados.

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CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Colonização no Rio Grande do Sul

A colonização no Rio Grande do Sul foi realizada essencialmente por açorianos,

alemães e italianos. Segundo o despacho do Conselho Ultramarino de Portugal, em 22 de

junho de 1729, a colonização do Sul do país iniciou-se com colônias de origem açoriana,

vindo a completar-se com casais de imigrantes, exceto os de origem inglesa, holandesa e

castelhana. D. João VI e D. Pedro I, na fase da colonização alemã, e mais tarde D. Pedro II,

na fase da colonização italiana, não criaram objeções, facilitando a imigração. O programa

inicial de colonização foi chamado de Walkerfield. Constituía o mesmo, na “distribuição de

um lote de terra, ferramentas, animais, sementes aos agricultores e pagamento de módicos

subsídios para a alimentação dos colonos no primeiro ano de estabelecimento” (Pellanda,

1992).

A Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi destinada, pelo

governo brasileiro, ao povoamento com colonos. Este sistema de colonização foi muito

diferente do adotado na província de São Paulo. No sistema de colonização desenvolvido

na Região Sul, o objetivo era fazer do povoamento e da colonização mecanismos de

conquista e de manutenção de território, povoando áreas de florestas próximas a vales de

rios. Enquanto que o sistema adotado na província de São Paulo tinha como objetivo

solucionar a carência de mão-de-obra nas propriedades de café. A colônia de São Leopoldo

(Rio Grande do Sul) tornou-se a primeira experiência de povoamento do Sul, tendo se

transformado num dos grandes sucessos da política de colonização do governo imperial

(IBGE, 2000). Segundo alguns estudiosos da imigração no Brasil, durante os anos de 1824-

1830, aproximadamente “5300 colonos alemães foram enviados para a província,

espalhando-se aos poucos pela região da planície, ao longo dos rios que formam o estuário

do Guaíba” (Herédia, 2001).

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A definitiva ocupação do Sul só seria possível pela colonização. Sentindo o

potencial humano já exaurido em Portugal, há muito tempo se pensava em lançar mão da

imigração estrangeira. Em 1817 desembarcava dona Leopoldina, da Áustria, esposa do

príncipe herdeiro D. Pedro, com cientistas austríacos, alemães e italianos.

A ocupação com imigrantes começou em 1824, quando os primeiros alemães que

chegaram ao Brasil, como possíveis soldados para resistir à oposição portuguesa à

independência, foram estabelecidos na Real Feitoria do Linho e Cânhamos, princípio do

município de São Leopoldo. O Sul do Brasil, bem como o Espírito Santo, onde o imigrante

não concorria com a produção latifundiária, foram destinados a receber os colonos para

legitimar a propaganda que se fazia na Europa de que aqui receberiam terras para cultivar

(Lazarrotto, 2002).

Os primeiros imigrantes que chegaram à nova Colônia eram “russos” pela

nacionalidade, mas pertenciam à etnia germânica. Chegaram com bagagem parca e poucos

recursos financeiros, mas trouxeram os seus costumes antigos e sua língua alemã.

Colonização Alemã no Rio Grande do Sul

A imigração alemã no Brasil teve início em 1824. Naquela época a Alemanha não

existia como unidade nacional. Havia reinados, principados, ducados, independentes entre

si. O que identificava a todos era a língua. No Brasil, o Governo Imperial enfrentava uma

preocupação constante no sul, com invasões e atividades bélicas, dificultando a

manutenção de suas fronteiras. Colonizar o Sul parecia o caminho mais viável para evitar

invasões. Leopoldina, casada com o imperador Dom Pedro I era alemã. Este fato deve ter

influenciado a vinda dos imigrantes alemães para a colonização do RS (Bindé, 2005a).

Os primeiros imigrantes alemães chegaram a Porto Alegre em 18 de julho de 1824.

No dia 25 de julho desembarcaram na Feitoria, que se chamou Colônia Alemã de São

Leopoldo em homenagem à imperatriz Dona Leopoldina.

Conforme Schäffer (1994), um mapa da distribuição espacial dos estrangeiros de

origem alemã no Estado do Rio Grande do Sul, em 1980, indicaria três áreas básicas: a

Região Metropolitana de Porto Alegre, a área Serrana, os municípios do Vale do Taquari e

o Noroeste do Estado.

Colônias homogêneas de povoamento surgiram no sul a partir do empenho dos

colonos em adquirir os lotes de terra daqueles que partiam, visando assegurar a

proximidade geográfica de seus filhos e netos. Encaminhados para as regiões mais

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distantes e tendo recebido apenas a ajuda material do governo brasileiro, a concentração de

colonos da mesma origem étnica resultou na formação de grupos relativamente

homogêneos e isolados, onde era alta a taxa de fecundidade: 8 a 9 filhos para as mulheres

que se casavam entre os 20 e 24 anos (IBGE, 2000). No Censo de 1940 e 1950, constam os

dados sobre o uso da língua alemã. O recenseamento de 1940 localizou 393.934 pessoas

(mais de 10% da população gaúcha) que falavam alemão em casa. Este número sugere

tanto a fecundidade desses imigrantes, quanto a preservação e divulgação da língua

(Schäffer, 1994).

Em maio de 1891 chegaram a Ijuhy os primeiros imigrantes alemães (Lazzarotto,

2002). Na grande maioria eram provenientes das “colônias velhas”, mas também houve

imigrantes que provieram diretamente da Alemanha, entre os quais podem-se citar os

sobrenomes: Roeber, Kopf, Barz, Schneider, Becker, Gottschald, Kuhlmann e Schenck,

(Fischer, 1987). O maior fluxo de imigrantes alemães e de seus descendentes ocorreu nos

primeiros anos da colonização da Colônia Ijuhy. Porém, ao longo do tempo, outras famílias

aqui aportaram, plantaram suas raízes, construíram sua história de vida e deixaram

descendentes para perenizar suas obras (Bindé, 2005a).

Em torno da escola, como também da igreja e das associações, o apego às tradições

e à preservação de elementos culturais se estendeu a diversas gerações, persistindo, mais

ou menos, até os dias atuais. Pode-se afirmar que alguns dos elementos de preservação e

difusão da língua, identidade e cultura alemãs, por parte dos imigrantes e descendentes,

referem-se à escola comunitária, à imprensa, à ênfase no associativismo, na organização

das comunidades religiosas, dentre outros (Mauch & Vasconcelos, 1994).

Colonização Italiana no Rio Grande do Sul

Em 1870, a Itália conseguia sua unificação que, em conseqüência, fortaleceu a

especulação capitalista. O norte ingressava mais no campo industrial e as riquezas foram se

acumulando nas mãos de poucos, enquanto o sul, agrícola, continuava sua situação de

pobreza e abandono. Do norte da Itália procedeu o maior número de imigrantes para o

Brasil e para outras nações da América Latina (Battistel & Costa, 1982).

A grande necessidade de mão-de-obra no Brasil correspondeu ao auge da crise

socioeconômica da Itália. Daí iniciou-se a espantosa imigração dos italianos. Em 1885,

entraram no Brasil, 21.765 italianos. Entre 1875 e 1935, entraram cerca de 1,5 milhões de

italianos no país (Battistel, 1981).

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O Brasil tinha interesse em receber colonos italianos, pois a colonização alemã

atingira seus limites; os alemães não sabiam como fazer roças, não conheciam as sementes

mais apropriadas e a época de plantá-las (Marques, 2002). A maioria dos imigrantes

italianos dirigiu-se para São Paulo a fim de trabalhar em fazendas de café. Porém, não

foram bem sucedidos, viviam em regime de escravidão branca, não tinham liberdade, nem

autonomia, por isso hoje encontram-se poucos vestígios de sua cultura. Assimilaram a

cultura luso-brasileira imposta pelos patrões. Tal fenômeno não ocorreu no Rio Grande do

Sul; os italianos, como pequenos proprietários, desenvolveram sua autonomia econômica,

protegendo sua identidade étnica. Organizaram-se em sociedades (as capelas),

conservaram sua língua de origem, suas tradições e seus costumes, ainda hoje vivos e

constatáveis (Battistel, 1981).

Os italianos chegaram ao Sul do país após os alemães e, por esta razão, os núcleos

coloniais para onde foram encaminhados estavam mais distantes das regiões já habitadas,

situando-se em áreas pouco férteis, além de desprovidas de meios de comunicação,

necessários para o escoamento de produtos ou para a maior integração com o resto do país.

Além dessas dificuldades, não havia qualquer tipo de assistência médica ou religiosa

(IBGE, 2000).

A primeira leva de imigrantes italianos chegou ao Rio Grande do Sul em 1875 e

fundou os núcleos de Nova Milano, Conde D’Eu (Garibaldi) e Vila Isabel (Bento

Gonçalves). Em 1876 foi fundada Caxias do Sul e no ano seguinte, Silveira Martins. Estes

primeiros núcleos foram denominados “colônias velhas” (Lazzarotto. 2002).

As “colônias novas” começaram com a fundação da “colônia Ijuhy”, em 19 de

outubro de 1890, onde os italianos ocuparam as terras do Barreiro, Salto, Santa Lúcia,

Rincão dos Gói, Vila Santo Antônio. As primeiras famílias que se estabeleceram foram

Protti, Mastella, Gambini, Lôndero, Brum, Fiorin, Vione, Viecelli, Cereser, entre outras

(Fischer, 1987). Quase todos os imigrantes italianos que ocuparam as “colônias novas”,

principalmente a Picada Conceição, eram procedentes das províncias do norte da Itália, em

geral eram ativos, dinâmicos e decididos (Brum, 1990).

A vida do imigrante italiano assentava-se em quatro pilares básicos: a família, a

propriedade, o trabalho e a religião. O número elevado de filhos e o relativo isolamento em

relação a outras comunidades favoreceram a intensificação de casamentos entre

descendentes das famílias da Picada Conceição (Brum, 1990).

Também tiveram papel importante, muitas instituições, dentre as quais, a Igreja, a

escola, as associações beneficentes, profissionais e recreativas e também a imprensa. A

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língua foi outro ponto crucial e complexo, pois o “falar italiano” era instrumento

estratégico de união étnica (IBGE, 2000).

As casas de moradia dos imigrantes e seus descendentes acompanharam a evolução

econômica, o primeiro abrigo foram choupanas de pau-a-pique, depois vieram as casas de

madeira, as quais eram serradas manualmente. Quase todas as casas tinham porão,

utilizado como cantina. Nele, guardava-se o vinho, bem como a banha, o salame, o

presunto (copa), o queijo, além dos mantimentos para o consumo da família (Brum, 1990).

O milho foi a cultura de sustentação da colônia italiana, visto que a base de toda a

alimentação do colono era a polenta, nas três refeições que o colono fazia ao dia estava

sempre presente, sendo o elemento principal durante muitos anos na história do colono

italiano. Traziam esse costume da Velha Itália, por ter sido a polenta a base da alimentação

da classe agrícola italiana. O acompanhamento dessa refeição se diferenciava segundo a

zona italiana e segundo a condição econômica. Na nova terra, essa refeição era muitas

vezes acrescida de folhas de salada, um copo de vinho e, quando possível, de

complementos como o queijo, ovos e salame (Herédia, 2001).

Colonização Polonesa no Rio Grande do Sul

Os poloneses, em sua maioria, são descendentes de tribos eslavas que se fixaram há

mais de mil anos às margens dos rios Vístula e Warta, na região da atual Polônia. Devido a

uma série de acontecimentos no país de origem, muitos poloneses resolveram procurar

uma nova pátria. O Brasil foi o destino (Siekierski & Lazzarotto, 1987).

O início da colonização polonesa no Brasil foi em 1867. O polonês Edmund

Sebastian Wós-Saporski passou a ser chamado o pai da colonização polonesa no Brasil

quando aportou em Paranaguá, no Paraná (Bindé, 2005b).

Os primeiros imigrantes poloneses foram localizados no Estado do Paraná e

algumas famílias na Bahia e Espírito Santo. Não acostumados com a cultura tropical,

sofreram completo insucesso, sendo enviados para o Rio Grande do Sul em 1868, fixando-

se nas vizinhanças de Porto Alegre. Até 1920 cerca de 34.300 poloneses entraram no

Estado. Além de Porto Alegre localizaram-se em Guarani das Missões, Ijuí e Caxias do

Sul. A Polônia foi, sem dúvida, a terceira nação que mais forneceu imigrantes ao Rio

Grande do Sul (Marques, 2002).

Os imigrantes “polacos” começaram a chegar ao Rio Grande do Sul em número

expressivo a partir de 1890. Entretanto, em 1877, um grupo de 400 poloneses com

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passaporte russo chegou a Porto Alegre. Este grupo foi considerado como o marco da

imigração “polaca” no Rio Grande do Sul (Iarochinski, 2000).

Esses imigrantes da Polônia, geralmente muito laboriosos, de caráter um pouco

melancólico, mas bons e pacíficos, de comportamento delicado e disciplinado, teriam sido

apropriados para a colonização do vale do Rio Ijuí, se tivessem alguns recursos financeiros

e, principalmente, experiência nos trabalhos rurais. A maioria não tinha a mínima noção de

agricultura e a língua polonesa era tão diferente das outras línguas faladas por seus grupos

vizinhos, que lhes era quase impossível se fazer entender com os outros habitantes do Vale

do Rio Ijuí (Fischer, 1987). Entretanto, suas virtudes, a persistência e a assiduidade

ajudaram essa gente humilde e despretensiosa a superar todas as dificuldades.

No período de 1890 a 1894 aportaram na colônia de Ijuhy, cerca de 500 famílias de

origem polonesa, somando aproximadamente três mil imigrantes e seus descendentes

(Bindé, 2005b). Ingressaram na nova colônia com muitas dificuldades, mas as superaram

graças à sua persistência. De acordo com Marques (2002), contaram com um grande líder,

padre Antoni Cuber, que não mediu esforços para amparar os poloneses. Fundou uma

escola, em que o ensino era exclusivamente em polonês e fundou também o primeiro jornal

publicado em Ijuí, o Kolonista (1909-1910). Os poloneses formaram núcleos etnicamente

quase fechados, mas que muito contribuíram para o aumento demográfico da colônia.

Nas levas de imigrantes saídos diretamente de Porto Alegre para Ijuí, a partir de 19

de novembro de 1890, a maioria era polonesa (Lazzarotto, 2002). Devido às dificuldades

encontradas, a maioria dos poloneses se transferiu para Guarani das Missões, colônia quase

exclusiva de poloneses. Os que ficaram em Ijuí foram radicados nas linhas-base 1 a 7 leste

e 6 a 11 oeste, sendo o Povoado Santana a localidade com o maior número de poloneses.

Os poloneses que se instalaram no distrito Santana eram marceneiros, ferreiros,

comerciantes, tanoeiros, sapateiros e tecelões (Bindé, 2005b).

No grupo de poloneses que ocuparam as Linhas 1 e Base estavam os troncos das

famílias Lemanski, Siekierski, Meiger, Schimanski, Kosloski, Skalski, Savicki,

Zoborowski e outros. Os poloneses permaneceram, ao longo da de sua história, fiéis à

religião católica. Na nova terra fortificaram-se na fé, participando e colaborando com as

iniciativas da Igreja. Quase um século após a chegada dos primeiros colonos poloneses, o

Povoado Santana continua sendo uma localidade predominantemente ligada à sua origem

étnica (Siekierski & Lazzarotto, 1987).

Os poloneses sobreviveram com culturas de subsistência, vendendo porcos, melado

e rapadura. A indústria era do tipo caseira. O pão era amassado numa panela, na hora de

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assar, ou se empregava a mesma panela, ou se enrolava a massa em folhas de bananeiras,

assando-o nas brasas. O mel era espremido com as mãos e passado em um pano. Para

produzir sabão, aproveitavam as miudezas dos porcos (Siekierski & Lazzarotto, 1987).

Grupo Étnico

Os conceitos de etnia, grupo étnico e etnicidade incluem as populações nacionais

(ou minorias nacionais) que interagem com outras fora dos limites específicos do seu

Estado Nacional (Seyferth, 1981).

No que se refere às minorias nacionais, nos Estados Unidos utiliza-se o termo

“grupo minoritário”, para referir-se a um subconjunto da população imediatamente

identificável e distinguível por sua herança racial, étnica ou cultural. Dentro dos Estados

Unidos, esse conceito envolve subconjuntos da população como os afro-americanos, os

hispânicos-latinos, os asiáticos das ilhas do Pacífico. A etnicidade, num sentido menos

amplo, diz respeito à raça e, portanto, é expressão de um conjunto comum de

peculiaridades herdadas. Todavia, obviamente, mesmo que os indivíduos compartilhem

alguns traços biológicos como a cor da pele, isto não significa necessariamente que eles

compartilham as mesmas características em termos de hábitos, valores e estilo de vida.

Assim, uma definição mais global de etnicidade abrange o compartilhamento de uma

seleção comum de herança social específica, o que envolve práticas, valores e crenças

transmitidas de uma geração para outra (Michaud, 2001).

Conforme Sênior e Bhopal (1994), o conceito de etnicidade não é simples nem

preciso, mas implica um ou mais dos seguintes fatores: mesmas origens; compartilhar de

cultura e tradições que lhe são peculiares e mantidas entre gerações, o que conduz a um

senso de identidade e grupo, idioma ou tradição religiosa em comum.

Considerando que etnicidade é culturalmente determinado, raça não deve ser visto

como um sinônimo do termo. Raça implica em características biológicas que são

geneticamente determinadas (Smith, 2004).

Ao analisar etnicidade, Cohen (citado por Seyferth, 1981) coloca como exemplo

que as diferenças entre chineses e hindus considerados dentro dos seus respectivos países,

são diferenças nacionais e não étnicas. Mas quando grupos de imigrantes chineses e hindus

interagem numa terra estranha como chineses e hindus, podem ser referenciados como

grupos étnicos.

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No que se refere a grupos étnicos, Barth (citado por Seyferth, 1981) caracteriza

como uma população que se autoperpetua biologicamente, participa de valores culturais

fundamentais, forma um campo de comunicação e interação e tem membros que se

identificam e são identificados por outros como constituindo uma categoria distinguível de

outras categorias de mesma ordem.

A etnicidade é vista como uma qualidade da qual se participa, e que expressa a

ênfase na atribuição dos membros do grupo étnico. As ideologias étnicas estão

fundamentadas nos contrastes presentes nas relações inter-étnicas, que formam identidades

étnicas (Seyferth, 1981).

Grupo étnico é definido a partir de elementos como a língua falada no âmbito das

relações familiares, hábitos familiares e outros costumes, como os padrões alimentares, a

valorização do “morar bem” ou “viver bem” (IBGE, 2000).

Balibar (1995) aponta para a centralidade da língua nos processos de construção

das identidades culturais, enfatizando que a defesa de uma cultura cuja identidade,

integridade ou criatividade está ameaçada e se dá, sobretudo através da defesa da língua.

Crescimento Físico

O crescimento físico é caracterizado pelo somatório de fenômenos celulares,

biológicos, bioquímicos e morfológicos, cuja interação é efetuada através de um plano

predeterminado geneticamente e influenciado pelo meio ambiente (Rogol, Clark &

Roemmich, 2000; Rubin, 2000).

Os níveis de crescimento entre crianças e adolescentes podem ser considerados

internacionalmente como um dos mais importantes indicadores quanto à qualidade de vida

de um país ou à extensão das distorções existentes em uma mesma população em seus

diferentes subgrupos (Goldstein & Tanner, 1980).

No que se refere a estudos populacionais, destacam-se alguns referenciais

construídos em outros países que tendem a ser utilizados como parâmetros de análise em

todas as regiões, dentre estes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda as

curvas do National Center For Health Statistics (NCHS), em estudo realizado com

crianças norte-americanas, as quais são utilizadas em muitos países como curvas de

referência (Hamill, Drizd, Johnson, Redd, Roche & Moore, 1979). Recentemente, o

referencial de crescimento do NCHS, utilizado mundialmente desde 1977, foi revisado,

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objetivando corrigir algumas falhas. O novo referencial tem sido referido como curvas de

crescimento (Kuczmarski et al., 2002).

No Brasil, dois estudos tentaram construir um padrão nacional de crescimento. O

estudo de Marques, Marcondes e Bequó et al. (1982), realizado com a população de Santo

André e da Grande São Paulo constatou que o subgrupo IV da amostra, composto por

crianças pertencentes a famílias de alta renda, era similar aos resultados encontrados pelo

NCHS. O estudo do INAN (1990) apresentou o perfil de crescimento da população

brasileira de 0 a 25 anos, considerando o aspecto regional, áreas urbana e rural e o nível

socioeconômico.

Os níveis de crescimento, expressos através da estatura e massa corporal de

crianças e adolescentes, são indicadores sensíveis, internacionalmente aceitos para detectar

a qualidade social, econômica e política do ambiente no qual elas vivem (Glaner, 2002).

No estudo da curva populacional de crescimento, deve-se levar em consideração as

influências regionais e genéticas de cada comunidade, visto estes fatores influenciarem

diretamente na estatura final de uma população (Lopes, 1999; Silva, 2002).

Diniz, Lopes, Dummel e Rieger (2006), ao compararem valores médios de estatura,

massa corporal e IMC dos escolares de Ijuí/RS, com as tabelas normativas construídas a

partir de pesquisas do NCHS (2000) e Silva (2002), demonstraram diferenças significativas

em todas as variáveis. Os escolares de Ijuí apresentaram valores de estatura, massa

corporal e IMC superiores, exceto para o sexo feminino nas idades de 9 e 11 anos, e sexo

masculino, na idade de 10 anos, na qual, os valores se assemelham na variável estatura.

Resultados semelhantes aos deste estudo foram encontrados por Guedes (2002) e

Poletto (2001) com crianças e adolescentes de Porto Alegre/RS. No estudo de Guedes os

indicadores de crescimento apresentaram índices superiores aos de referência NCHS,

independentemente do gênero e a favor do nível socioeconômico mais elevado. Poletto

(2001) encontrou resultados superiores aos do NCHS nas idades entre 8 e 14 anos. Já Kac

e Santos (1996) encontraram valores médios de estatura inferiores às medianas das curvas

do NCHS para escolares de descendência japonesa residentes no município de São

Paulo/SP.

Leite, Santos, Gugelmin e Coimbra Jr. (2006), no estudo com indígenas Xavantes

mostraram que as crianças apresentaram médias de estatura e de massa corporal baixa para

a idade. As crianças menores de 5 anos apresentaram déficit de estatura para ambos os

sexos. Embora não se possa descartar a existência de diferenças genéticas nos potenciais de

crescimento em estatura segundo a etnia, essas informações para os Xavantes apontam

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para condições ambientais amplamente desfavoráveis ao crescimento infantil e sugerem a

preponderância dos fatores de ordem ambiental sobre os de ordem genética na

determinação dos déficits antropométricos.

Atualmente não se admite uma boa assistência à criança sem o controle do seu

crescimento. A comparação da massa corporal, estatura e quantidade de gordura corporal

com curvas de crescimento são fundamentais para avaliação do crescimento humano

(Waltrick, 1996).

Composição Corporal

O termo composição corporal refere-se à estimativa da gordura corporal no simples

fracionamento do corpo em dois componentes: massa de gordura e massa corporal magra

(Petroski, 2003).

Nos últimos 20 anos, o interesse sobre mensuração de composição corporal teve

um crescimento enorme, em grande parte devido à relação da mesma com a saúde.

Conforme Heyward (2004) a composição corporal é um componente-chave do perfil de

saúde e aptidão física do indivíduo.

A ênfase dada aos estudos da gordura corporal em crianças e adolescentes se

justifica devido à sua associação, quando em excesso, com o desenvolvimento de inúmeras

doenças, representando um fator de risco para a saúde. O risco de doenças cardiovasculares

e de outras complicações para a saúde é relativamente grande quando meninos e meninas

ultrapassam, respectivamente, a faixa de 25% e 30% de gordura corporal relativa. Crianças

e jovens que se encontravam acima desses valores apresentavam maior pressão arterial

sangüínea sistólica e distólica, elevado colesterol total em relação ao nível do colesterol de

baixa densidade (LDL) com o colesterol de alta densidade (HDL) (Lohman, 1992).

Os dados de praticamente todos os países do mundo industrializado, e mesmo os

dos países em desenvolvimento, revelam uma proporção crescente de crianças e adultos

com sobrepeso e obesidade (Bouchard, 2003).

Estudos realizados com crianças e adolescentes encontraram resultados para

prevalência de sobrepeso e obesidade de 15,7% e 18% (Costa, Cintra & Fisberg, 2006);

15,5% (Ogden, Flegal & Carrol, 2002) considerando como valores de corte para sobrepeso

IMC (≥ 85 e < 95) ) e obesidade IMC (≥ 95).

Em relação a grupos étnico-culturais, estudo de Lopes e Pires Neto (1999) com

1757 crianças de 7 a 10 anos, de ambos os sexos, dos grupos étnico-culturais português,

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alemão, italiano e um grupo miscigenado, constataram a prevalência de obesidade em

torno de 10% para os quatro grupos. Já, Farias e Salvador (2005) no estudo realizado com

303 adolescentes encontraram prevalência de obesidade de 23,7%.

No estudo desenvolvido em Cotinguiba (SE) com 1.271 crianças de 7 a 14 anos,

Silva (2002) encontrou prevalência de obesidade de 9% para o sexo masculino e 14% para

o sexo feminino, nestes três estudos foram utilizados os níveis de adiposidade (Lohman,

1987) para classificação da obesidade.

Nos demais estudos foi utilizado o IMC como índice para identificação da

obesidade, mas com pontos de corte diferentes. Manios (2006) em estudo com 2.518

crianças de 1 a 5 anos, demonstrou prevalência de obesidade de 16,5% para os meninos e

18,5% para as meninas.

Strauss e Pollack (2001), no estudo longitudinal (NLSY) realizado nos EUA com

8.270 crianças de 4 a 12 anos, entre os anos de 1986 e 1998, indicaram que

aproximadamente 20% dos jovens estavam com sobrepeso. Entre os grupos étnicos

americano-africanos e hispânicos, o número de crianças com sobrepeso aumentou

significativamente, entretanto, não foi significativo para as crianças brancas.

Leite et al. (2006) ao verificarem o perfil nutricional da população indígena de

Xavantes (MG), mostraram que as crianças apresentaram prevalência de desnutrição e os

adolescentes prevalência de sobrepeso de 22,7% para os meninos e 35,5% para as meninas.

O controle da gordura corporal por meio da avaliação da composição corporal pode

auxiliar os profissionais da saúde a identificar as crianças que estão com excesso de peso

ou com sinais de desnutrição e interferir educacionalmente no processo, orientando as

crianças e adolescentes quanto ao problema.

Atividade Física

A atividade física habitual tem sido reconhecida como um componente importante

de um estilo de vida saudável (Twisk, 2001). A participação em atividades físicas durante a

infância pode ajudar no desenvolvimento das habilidades motoras, sociais e no lazer, visto

que os hábitos adquiridos na infância podem influenciar no nível de atividade física na vida

adulta. As crianças com baixos índices de atividade física parecem ser mais susceptíveis

para desenvolverem patologias degenerativas na idade adulta (Blair, Clark, Cureton &

Powell, 1989). A atividade física tem sido associada a comportamentos ou estilos de vida

saudáveis. Em contrapartida, a inatividade física aparece, muitas vezes, associada a outros

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fatores que aumentam a probabilidade do risco das doenças cardiovasculares (Guerra,

2003). A inatividade física é reconhecida como um dos maiores fatores de risco para

doenças crônicas não transmissíveis (Bauman & Craig, 2005).

A prática de atividade física regular reduz o risco de morte prematura, doenças do

coração, diabetes tipo II, atua na prevenção ou redução da hipertensão arterial, previne o

ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade), auxilia na prevenção ou redução da

osteoporose, promove o bem-estar, reduz o estresse, a ansiedade e a depressão.

Especialmente em crianças e jovens, a atividade física interage positivamente com as

estratégias para adoção de uma dieta saudável, desestimula o uso do tabaco, do álcool, das

drogas, reduz a violência e promove a integração social (WHO, 2005).

Conforme Bar-Or e Malina (1995), jovens que apresentam um cotidiano com

níveis insuficientes de atividade física tenderiam a apresentar maior grau de exposição a

comportamentos de risco à saúde como uso de fumo, consumo de bebidas alcoólicas e

hábitos alimentares inadequados, comparados a seus pares suficientemente ativos.

Vários estudos brasileiros têm evidenciado que crianças e adolescentes

apresentaram níveis insuficientes de atividade física (Farias Júnior, 2002; Silva & Malina,

2000). Outros estudos evidenciaram que crianças e adolescentes não estavam envolvidas

em atividade física moderada e vigorosa aceitáveis para a saúde (Matsudo, Araújo,

Matsudo, Andrade & Valquer, 1998; Mota, Silva, Santos, Jose & Duarte, 2005).

Estudos sobre a atividade física e grupos étnicos em crianças e adolescentes

mostraram que 36% das crianças e 77% dos adolescentes brancos são mais ativos do que

grupos étnicos minoritários (Sallis & Pate, 2001).

Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (1999), no estudo com adolescentes

americanos de diferentes etnias (hispânicos, não hispânicos negros e asiáticos) relataram

que os não hispânicos negros ficavam 20,4 horas por semana assistindo televisão ou vídeo.

Os não hispânicos brancos 13,1 horas. Em relação à atividade física (≥ 5 vezes por semana

de AF moderada vigorosa) verificou-se que a maioria dos adolescentes não participava

destas atividades cinco ou mais vezes na semana.

Mackenzie, Sallis, Elder, Berry, Hoy, Nader, Zive e Broyles (1997), no estudo com

287 crianças (115 americano-europeus e 172 americano-mexicanos) verificaram os níveis

de atividade física no recreio escolar na pré-escola e escola primária. Os resultados

mostram que na pré-escola, os americano-europeus se ocuparam mais com atividades

moderadas e vigorosas do que os americanos-mexicanos. Em relação aos grupos étnicos, as

crianças americano-mexicanos fizeram 17% menos atividades moderadas e vigorosas do

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que os americano-europeus. Isto pode ser explicado pela elevada proporção de obesidade

observada nas crianças americano-mexicanos.

No estudo com escolares chilenos, na faixa etária de 13 a 15 anos (Global School-

based Student Health Survey – GSHS, 2004) em duas localidades, região V e região

metropolitana evidenciou-se uma prevalência de jovens não ativos elevada, onde cerca de

88% dos sujeitos relataram não ter realizado 60 minutos de atividades físicas moderadas

nos sete dias que antecederam as pesquisas.

De acordo com Strong, Malina, Blimkie, Daniels, Dishman, Gutin, Hergenroeder,

Must, Nixon, Pivarnik, Rowland, Trost e Trudeau (2005) os resultados de estudos

transversais e longitudinais indicaram que jovens de ambos os sexos que participam de

atividade física com nível relativamente alto têm menor adiposidade do que jovens com

níveis de atividades baixos. Programas de atividade física realizados de 3 a 7 dias

semanais, com duração de 30 a 60 minutos conduzem à redução na adiposidade geral e

visceral em crianças e adolescentes com sobrepeso.

Hábitos Alimentares

Em decorrência do processo de transição nutricional, caracterizado pela tendência

da redução das prevalências de desnutrição infantil e de aumento nas de sobrepeso e

obesidade em crianças e adultos em curso no Brasil, a obesidade aparece com um

importante componente do comprometimento do estado nutricional da população.

A formação dos hábitos alimentares é influenciada por uma série de fatores:

fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos. A aquisição dos hábitos ocorre à

medida que a criança cresce, até o momento em que terá relativa independência para

escolher os alimentos que integrarão sua dieta (Fisberg, Bandeira, Bonilha, Halpern &

Hirschbruch, 2000).

O aumento no consumo de alimentos gordurosos, com alta densidade energética, e

a diminuição na prática de exercícios físicos são os dois principais fatores, associados ao

meio ambiente, que colaboram com o aumento da prevalência de obesidade (Albano &

Souza, 2001).

O aumento da ingestão energética pode ser decorrente tanto da elevação

quantitativa do consumo de alimentos como de mudanças na dieta que se caracterizem pela

ingestão de alimentos com maior densidade energética, ou pela combinação dos dois

(Mendonça & Dos Anjos, 2004).

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Alguns estudos (Andrade, Pereira & Sichier, 2003; Beech, Rice, Myers, Johnson &

Nicklas, 1999; Middleman, Vazquez & Durant, 1998; Munoz, Krebs-Smith, Ballard-

Barbash & Cleveland, 1997; Neumark-Sztainer, Story, Hannan & Croll, 2002) têm eviden-

ciado o consumo inadequado de frutas, legumes e grãos, o consumo excessivo de açúcares

e gordura de acordo com as recomendações da Pirâmide Alimentar do Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos (USDHHS, 2005) por parte dos adolescentes.

No Brasil, estudos indicaram que a maioria dos jovens não atende às

recomendações mínimas exigidas no que se refere ao consumo de frutas e verduras (De

Bem, 2003; Faria Júnior, 2002; Legnani, 2006). O consumo inadequado de frutas e

legumes tem sido relacionado a doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e certos

tipos de câncer (Block, Patterson & Subar, 1992; Cavadini, Siega & Popkin, 2000;

Steinmetz & Potter, 1996).

Uma alimentação inadequada, rica em gorduras, com alimentos altamente refinados

e processados, pobre em frutas, legumes e verduras está associada ao aparecimento de

diversas doenças como aterosclerose, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus e

câncer (INAN, 1990).

Mendonça e Dos Anjos (2004), com o objetivo de identificar e avaliar alguns

indicadores que se correlacionam com mudanças nas práticas alimentares e de atividade

física na população brasileira nos últimos 30 anos evidenciaram que os fatores que

contribuíram para essas mudanças são: migração interna, alimentação fora de casa, meios

de deslocamentos e equipamentos domésticos.

No levantamento realizado por Triches, Giugliani e Justo (2005) nas escolas

municipais de Dois Irmãos e Morro Reuter (RS), com crianças da etnia alemã, constataram

que a obesidade mostrou-se associada ao menor conhecimento em nutrição e práticas

alimentares menos saudáveis. Crianças com essas características apresentaram cinco vezes

mais chances de serem obesas. Nelson, Carpenter e Chiasson (2006), no estudo sobre

alimentação, atividade física e sobrepeso entre crianças pré-escolares do Programa

Especial de Nutrição para mulheres, adolescentes e crianças, mostraram que 38% das

crianças apresentaram sobrepeso ou excesso de peso.

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA

Caracterização do Estudo

O presente estudo teve como objetivo analisar variáveis do crescimento físico,

composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares de 8 a

15 anos da Região Noroeste do Estado do RS, através de amostragem representativa dos

escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, caracterizou-se como

epidemiológico-descritivo e de desenho transversal (Thomas & Nelson, 2002).

Caracterização dos Municípios

A seleção dos municípios para a coleta de dados foi realizada conforme a

predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, de acordo com mapa do

Instituto de Política Públicas e Desenvolvimento Regional-IPD, Figura 1; e por consultas

na literatura especializada, historiadores e coordenadores da União das Etnias de Ijuí

(UETI). De acordo com estudos (Bindé, 2005a,b; Brum, 1990; Cuber, 1974; Fischer, 1987;

Marques, 2002; Schäffer, 1994; Siekierski & Lazzaroto, 1987), os municípios selecionados

para este estudo foram Panambi (alemão); Ajuricaba e Jóia (italiano); Guarani das Missões

(polonês); Ijuí e Distritos: Alto da União (alemão); Floresta (italiano); Santana e Chorão

(polonês).

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Figura nº 1. Mapa das etnias prioritárias no processo de colonização.

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População e Amostra

A população, estimada em 9260 crianças, foi constituída de escolares do ensino

fundamental (2ª a 8ª série), de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 15 anos, descendentes

dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, todos residentes nos municípios

selecionados e matriculados nas escolas estaduais da região Noroeste do Estado do RS,

conforme cadastro no setor de estatística da 36ª e 14ª Coordenadorias Regionais de

Educação do Estado do RS (2006).

Seleção da Amostra

A amostra, selecionada dentre os municípios e distritos da região Noroeste do Rio

Grande do Sul que atendiam à caracterização étnica desejada (Quadro 2), foi selecionada

em três estágios: 1) estratificada proporcional por grupo étnico e localidade; 2) intencional

quanto às escolas, considerando o maior número de alunos matriculados no ensino

fundamental; 3) aleatória por conglomerados, considerando todos os alunos presentes em

sala de aula no dia da coleta de dados com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (Anexo 5) assinado pelos pais ou responsáveis.

Para determinação do tamanho mínimo da amostra que representasse a população

foram utilizados os procedimentos sugeridos por Luiz e Magnanini (2000). Considerando

um nível de confiança de 95%, uma prevalência estimada de escolares inativos em torno de

30% (Oehlschlaeger, Pinheiro, Horta, Gelatti & Sant’ana, 2004), erro amostral tolerável de

3%, obteve-se amostra mínima de 817 escolares. Como se optou pela seleção da amostra

na forma de conglomerados, foi utilizado um efeito de delineamento de 1,5, ficando em

1.226 o tamanho mínimo da amostra por conglomerados, considerando eventuais perdas

acrescentou-se 20%. Portanto, a amostra calculada ficou em 1.471 escolares.

As escolas estaduais de ensino fundamental foram selecionadas para este estudo

pelo fato de concentrarem o maior número de alunos matriculados no ensino fundamental

nos municípios selecionados e nas localidades rurais.

Fórmula utilizada para o cálculo do tamanho da amostra:

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Sendo:

Zα/2= 1,95 (nível de confiança)

N= 9.260 (número de sujeitos na população)

P= 0,3 (prevalência estimada)

E2 = 0,01 (erro relativo).

Quadro 1

População e Amostra dos Grupos Étnicos da Região Noroeste do RS.

Alunos ensino fundamental Amostra prevista Grupos étnicos

N % n % Alemão 3.687 39,81% 586 39,84% Italiano 3.090 33,38% 491 33,38% Polonês 2.483 26,81% 394 26,78%

Total 9.260 100,00% 1.471 100,00%

Quadro 2

População e Amostra dos Grupos Étnicos por Localidade (municípios e distritos). Alunos ensino fundamental Amostra prevista Grupos

étnicos Localidade

N % n % Ajuricaba 518 5,59% 82 5,57% Panambi 1973 21,31% 313 21,28%

Alemão

Ijuí (distritos) 1196 12,92% 190 12,92% A. Pestana 850 9,17% 135 9,18%

Jóia 1044 11,27% 166 11,29% Italiano

Ijuí (distritos) 1196 12,92% 190 12,92% G.das Missões 1286 13,89% 204 13,87% Poloneses Ijuí (distritos) 1197 12,93% 191 12,97%

Total 9.260 100,00% 1.471 100,00%

Critérios de Exclusão

Foram adotados os seguintes critérios de exclusão para os escolares selecionados

para a coleta de dados do presente estudo: a) recusa a participar do estudo; b) não

autorização dos pais; c) ausência de informações importantes no questionário (etnia, sexo,

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idade); d) idade decimal inferior a 7,50 e superior a 15,49 anos; e) questionários

devolvidos com muitas questões em branco ou contendo respostas inválidas. Desta

maneira, foram excluídos 43 escolares.

Composição da Amostra

Considerando os critérios adotados para a composição da amostra, dos 1.471 que

deveriam participar do estudo, obteve-se um total de 1.428 escolares (696 do sexo

masculino e 732 do sexo feminino), superior ao valor mínimo de 1226 escolares.

Tabela 1

Distribuição da Amostra por Grupo Étnico, Idade e Sexo.

Alemão Italiano Polonês Todos Idade (anos) Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.

8 42 31 18 18 23 22 83 71 9 48 55 28 30 24 25 100 110 10 37 57 27 27 21 23 85 107 11 50 55 21 31 26 25 97 111 12 33 28 44 22 25 20 102 70 13 38 41 26 35 33 24 97 100 14 23 23 26 37 22 35 71 95 15 17 12 21 27 23 29 61 68

Total 288 302 211 227 197 203 696 732

*n= 1428.

Instrumentos de Medida

O Quadro 3 apresenta a descrição das variáveis, categorias e os critérios utilizados

neste estudo.

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Quadro 3

Descrição, Categorias e Critérios Utilizados nas Análises das Variáveis.

Variável Categoria Critério adotado Sexo Masculino

Feminino Auto-resposta

Idade

8 anos (7,50 – 8,49) 9 anos (8,50 – 9,49) 10 anos (9,50 – 10,49) 11 anos (10,50 – 11,49) 12 anos (11,50 – 12,49) 13 anos (12,50 – 13,49) 14 anos (13,50 – 14,49) 15 anos (14,50 – 15,49)

Classificação proposta por Ross e Marffell-Jones (1982).

Grupos étnicos

Alemão Italiano Polonês

Descendência dos grupos étnicos dos pais e avós e localidade.

Nível econômico

Nível A, B, C, D, E* ABEP (2003), agrupando-se os níveis A (A1, A2) e B (B1, B2); C e D.

Instrução chefe da família

≤ 4 anos 5 – 8 anos ≥ 9 anos

Grau de escolarização em anos do chefe de família.

Nível atividade física

Ativos (escore ≥ 3) Sedentários (escore < 3)

PAQ-C (1997)

TV (horas diárias) ≤ 2h/dia e > 2h/dia PAHO (2000) Hábitos alimentares

0 – 3 dias (baixo consumo) 4 – 7 dias (consumo elevado)

Freqüência de consumo referente à última semana (GSHS, 2004).

Obesidade

Meninos: ≥ 25 % de gordura Meninas: ≥ 30 % de gordura

Gordura relativa, equação preditiva (Lohman, 1986).

* Não foram encontrados escolares no nível econômico E.

Variáveis Sociodemográficas, Nível de Atividade Física e Hábitos Alimentares

No levantamento das informações referentes às características sociodemográficas,

nível socioeconômico, atividade física e hábitos alimentares, foi utilizado um questionário

composto por três partes (Anexo 1), adaptado a partir de outros instrumentos.

A primeira parte do questionário incluiu questões referentes às características

demográficas (informações pessoais e familiares) e nível socioeconômico, determinado

pelo critério de classificação socioeconômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas

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pesquisas (ABEP, 2003) (Anexo 2). Foi utilizada a questão referente ao grau de

escolaridade do pai ou mãe, considerando os anos de estudo.

A segunda parte incluiu questões referentes ao nível de atividade física. Para

determinar o nível de atividade física foi utilizado o questionário sobre atividade física

regular (PAQ-C), já validada para crianças (Crocker, Bailey, Faulkner, Kovalski &

McGrath, 1997; Kovalski, Crocker & Faulkner, 1997; Kovalski, Crocker e Kovalski, 1997)

e adaptado a fim de excluir atividades físicas não praticadas no Brasil (Silva & Malina,

2000). Este questionário investiga o nível de atividade física moderada e vigorosa de

crianças e adolescentes nos sete dias anteriores ao preenchimento.

O questionário PAQ-C é composto de nove questões sobre a prática de esportes e

jogos: as atividades físicas na escola e no tempo de lazer, incluindo o final de semana.

Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final é obtido pela média das questões. Os

escores indicam: (1) muito sedentário; (2) sedentário; (3) moderadamente ativo; (4) ativo e

(5) muito ativo. Para este estudo foram utilizados os escores (≥3) e (<3) para classificar os

escolares como ativos e sedentários, respectivamente. O PAQ-C inclui outras questões que

não entram no cômputo do escore. No presente estudo utilizou-se também a questão

referente à média diária do tempo de assistência à televisão.

Para as associações de sedentarismo com variáveis demográficas, econômicas e

comportamentais agruparam-se as idades: ≤10 anos: crianças, e >11 anos: adolescentes

(WHO, 2002).

Na terceira parte foram avaliados os hábitos alimentares por meio do questionário

Global School-Based Student Health Survey (GSHS, 2004), desenvolvido pela

Organização Mundial de Saúde (WHO), em colaboração com as Nações Unidas e com a

supervisão do Centro de Controle de Doenças (CDC).

As informações referentes aos hábitos alimentares dos escolares foram obtidas

utilizando-se a freqüência semanal de consumo dos grupos alimentares: 1) frutas; 2)

vegetais; 3) leite e derivados; 4) salgadinhos, batata frita, cachorro-quente; 5) doces,

bolachas recheadas e chocolate; 6) refrigerantes e sucos com adição de açúcar. Para estudar

estes alimentos considerou-se a relação entre a freqüência de consumo e possíveis

implicações para a saúde. Portanto, os alimentos foram separados em dois grupos, onde no

grupo das frutas, vegetais e leite, quanto maior a freqüência de consumo, maiores as

implicações positivas à saúde. No grupo dos salgadinhos, doces e refrigerantes, quanto

maior a freqüência de consumo, maiores seriam as implicações negativas à saúde.

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Para verificar a reprodutibilidade das questões referentes ao questionário (Anexo

1), foi realizado um estudo piloto no primeiro semestre de 2006, com amostra de escolares

de duas escolas da rede estadual de ensino (Anexo 6).

Variáveis do Crescimento Físico e Composição Corporal

No levantamento de informações do crescimento físico (massa corporal, estatura)

foi utilizada uma ficha de anotações (Anexo 1). Para as medidas de massa corporal e

estatura foram utilizadas uma balança Lithium Digital, modelo Sport (Plenna) e fita

métrica da marca 3M®. Para a verificação da composição corporal (dobras cutâneas tríceps

e subscapular): compasso de dobras cutâneas da marca CESCORF com resolução de 0,1

mm, conforme protocolo proposto por Gordon, Chumlea e Roche (1991).

O percentual de gordura foi estimado por meio da equação adaptada por Lohman

(1986) para crianças e jovens (Equação 1), com as adaptações sugeridas por Pires Neto e

Petroski (1996) em suas proposições de diferentes constantes para uso em outras idades

(Tabela 2).

Para classificação do índice de adiposidade foi utilizada a equação de Lohman

(1987) com o somatório das dobras cutâneas tríceps e subescapular, conforme Tabela 3.

Equação 1

% G = 1,35 (TR + SE)- 0,012 (TR + SE)2 - C*

C = constante (Tabela 2).

Tabela 2

Constantes por sexo, idade e raça para o cálculo de gordura relativa em crianças e jovens. Sexo Raça/ Idades Etnia 8 9 10 11 12 13 14 15

M Branca 3,7 4,1 4,4* 4,7 5,0 5,4* 5,7 6,1 M Negra 4,3 4,7 5,0 5,3 5,6 6,0 6,3 6,7 F Branca 1,7 2,0 2,4* 2,7 3,0 3,4* 3,6 3,8 F Negra 2,0 2,3 2,6 3 3,3 3,6 3,9 4,1

*Constantes sugeridas por Lohman (1986). As demais foram sugeridas por Pires Neto e Petroski (1996).

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Tabela 3

Classificação do percentual de gordura relativa (%G).

Classificação Muito baixo

Baixo Ótimo Mod. Alto

Alto Muito Alto

M ≤ 6,0 6,1-10,0 10,1-20,0 20,1-25,0 25,1-31,0 > 31,1 F ≤ 12,0 12,1-15,0 15,1-25,0 25,1-30,0 30,1-35,5 > 35,6

Adaptado de Lohman (1987).

Coleta de Dados

Primeiramente, foram enviadas cartas à 36ª e 14ª Coordenadorias Regionais de

Educação (36ª e 14ª CRE), informando sobre os objetivos da pesquisa e, por conseguinte,

solicitando autorização para levantamento de dados nas escolas estaduais de ensino

fundamental pertencentes às respectivas Coordenadorias (Anexo 3). Posteriormente foi

solicitada autorização dos diretores das escolas estaduais selecionadas para participar do

estudo (Anexo 4). A coleta dos dados foi realizada nas escolas nos meses de julho, agosto e

setembro de 2006, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

da Universidade Federal de Santa Catarina (Parecer consubstanciado – projeto nº 086/06,

aprovado em 26/06/2006) e da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

- (TCLE) (Anexo 5) pelos pais/responsáveis.

Inicialmente foi realizada uma reunião com os professores das escolas para

esclarecimentos sobre a pesquisa. O questionário (Anexo 1) e o TCLE (Anexo 5) foram

entregues em sala de aula, onde a pesquisadora principal explicou os procedimentos da

coleta de dados. O ofício de autorização dos pais/responsáveis e o questionário foram

levados pelos escolares para serem preenchidos em casa e foi solicitada a devolução no dia

seguinte. As medidas antropométicas (massa corporal, estatura e dobras cutâneas) foram

realizadas pela pesquisadora principal e dois avaliadores após receberem a autorização dos

pais/responsáveis e o questionário respondido.

Tratamento e Análise dos Dados

Os dados foram digitados no Programa Excel para Windows, com a análise dos

dados realizada no programa SPSS para Windows versão 11.5. Quanto à análise dos dados,

num primeiro momento utilizou-se a estatística descritiva (freqüências, médias e desvios

padrões). Em seguida foi utilizado o teste “t” para amostras independentes com o objetivo

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30

de comparar as médias das variáveis antropométricas (massa corporal e estatura) entre os

sexos e o teste “t” para uma amostra para comparação das variáveis antropométricas

(massa corporal e estatura) com os valores de referência do NCHS (2000).

Para detectar as diferenças entre os valores médios das variáveis do crescimento

físico (estatura e massa corporal) e da composição corporal (percentual de gordura e massa

corporal magra) por grupo étnico, sexo e idade e possíveis interações, foi utilizada a

análise de variância (ANOVA) com três fatores. Para localizar possíveis diferenças entre

as médias dos grupos foi utilizado o teste de Tukey, considerando o nível de significância

de p ≤ 0,05.

O teste Qui-quadrado (χ2) foi utilizado para verificar a relação entre os níveis de

adiposidade corporal e as etnias, considerando o teste para cada sexo.

Para analisar as variáveis qualitativas (níveis de atividade física, hábitos

alimentares) foi empregada a estatística descritiva e teste Qui-quadrado (χ2). Para verificar

associações existentes entre inatividade física (sedentarismo) e variáveis demográficas,

econômicas e comportamentais foi calculada a Razão de Chance (OR) e seus respectivos

intervalos de confiança por meio de Regressão Logística. Nas análises das razões de

prevalência a relação foi verificada através do teste de Wald, sendo o nível de significância

adotado de 5% (p≤ 0,05).

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31

CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e discussões do presente estudo foram organizados por temas de

acordo com os objetivos propostos:

1. Características demográficas e econômicas da amostra;

2. Crescimento físico e composição corporal;

3. Nível de atividade física;

4. Prevalência de sedentarismo e associação com variáveis demográficas, econômicas,

comportamentais;

5. Hábitos alimentares;

Para a análise dos resultados, considerou-se a divisão dos escolares por sexo, idade

e grupo étnico nas variáveis do crescimento físico e composição corporal. Para as

associações de sedentarismo com variáveis demográficas, econômicas e comportamentais

agruparam-se as idades: ≤ 10 anos: crianças, e > 11 anos: adolescentes (WHO, 2002).

Características Demográficas e Econômicas

A amostra deste estudo foi composta de 1.428 escolares, sendo 696 (48,7%) do

sexo masculino e 732 (51,3%) do sexo feminino. Desses, 41,3% pertenciam ao grupo

étnico alemão, 30,7% ao grupo italiano e 28% ao grupo polonês. A média de idade dos

escolares foi de 11,35±2,17 (sexo masculino 11,31±2,17 e sexo feminino 11,39±2,19). As

características demográficas da amostra são apresentadas na Tabela 4.

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32

Tabela 4

Características Demográficas da Amostra.

Sexo Variável Idade Masculino Feminino

Todos

% (n) % (n) % (n) 8 50,6 (42) 43,7 (31) 47,4 (73) 9 48,0 (48) 50,0 (55) 49,0 (103) 10 43,5 (37) 53,3 (57) 49,0 (94)

Alemão 11 51,5 (50) 49,5 (55) 50,5 (105) 12 32,4 (33) 40,0 (28) 33,0 (61) 13 39,2 (38) 41,0 (41) 40,1 (79) 14 32,4 (23) 24,2 (23) 27,7 (46) 15 27,9 (17) 17,6 (12) 22,5 (29) 8 - 15 41,4 (288) 41,3 (302) 41,3 (590) 8 21,7 (18) 25,4 (18) 23,4 (36) 9 28,0 (28) 27,3 (30) 27,6 (58) 10 31,8 (27) 25,2 (27) 28,1 (54)

Italiano 11 21,6 (21) 27,9 (31) 25,0 (52) 12 43,1 (44) 31,4(22) 38,4(66) 13 26,8 (26) 35,0 (35) 31,0 (61) 14 36,6 (26) 38,9 (37) 26,0 (63) 15 34,4 (21) 39,7 (27) 37,2 (48) 8 - 15 30,3 (211) 31,0 (227) 30,7 (438) 8 27,7 (23) 31,0 (22) 29,2 (45) 9 24,0 (24) 22,7 (25) 23,3 (49) 10 24,7 (21) 21,5 (23) 22,9 (44)

Polonês 11 26,8 (26) 22,5 (25) 24,5 (51) 12 24,5 (25) 28,6 (20) 26,2 (45) 13 34,0 (33) 24,0 (24) 28,9 (57) 14 31,0 (22) 36,8 (35) 34,3 (57) 15 37,7 (23) 42,6 (29) 40,3 (52) 8 - 15 28,3 (197) 27,7 (203) 28,0 (400)

Na Figura 2 são apresentadas as distribuições dos escolares em relação aos

municípios com predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês.

De acordo com a proporcionalidade amostral estabelecida por localidade e etnia, os

municípios que apresentarem os maiores valores percentuais foram Ijuí/Distritos (36,6%),

Panambi (19,4%) e Guarani das Missões (13,8%).

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33

9,97,6

12,7

11,49,27,1

8,9

19,4

13,8

Augusto Pestana (Italiano) Ajuricaba (Alemão)Jóia ( Italiano) Ijuí - Alto da União (Alemão)Ijuí - Floresta (Italiano) Ijuí - Santana (Polonês)Ijuí - Chorão (Polonês) Panambi (Alemão)Guarani das Missões (Polonês)

Figura 2. Caracterização da amostra de acordo com os municípios e grupo étnico.

Em relação ao nível socioeconômico (Figura 3), verifica-se que a maioria dos

escolares foi classificada na classe C (46,5%), seguida pela classe B (32,3%). Quanto ao

grau de instrução dos pais observou-se que 44,4% cursaram da 5ª a 8ª série e 48,6%

cursaram o ensino médio ou superior (Figura 4).

4

32,3

46,5

17,2

0

10

20

30

40

50

60

%

A B C D

Classes

7

44,4 48,6

0

10

20

30

40

50

60

%

< 4 5 a 8 > 9

Grau de instrução dos pais

Figura 3. Caracterização da amostra de acordo Figura 4. Caracterização da amostra de acordo com o com a classe socioeconômica. grau de instrução dos pais. Considerando a amostra por etnia verificou-se que no nível socioeconômico alto (A

e B) foram classificados, respectivamente 6,4% e 40,8% dos alemães com valores

numéricos superiores aos dos italianos e poloneses. Já na classe socioeconômica média e

baixa (C e D), o grupo étnico italiano apresentou valores numéricos superiores (51,4% e

17,1%) aos demais grupos (Figura 5). Em relação ao grau de instrução dos pais, 57,6% dos

alemães apresentaram maior escolaridade (≥9), do que os italianos (48,4%) e poloneses

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34

(35,5%). Entretanto, 50,5% dos poloneses e 50% italianos apresentavam nível de

escolaridade de 5ª a 8 ª série, valores numéricos superiores ao dos alemães (Figura 6).

0102030405060

%

A B C DClasses

Alemão Italiano Polonês

0102030405060

%

≤ 4 5 a 8 ≥ 9

Grau de instrução dos pais

Alemâo Italiano Polonês

Figura 5. Caracterização da mostra de acordo Figura 6. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômica, por grupo étnico. com o grau de instrução dos pais, por grupo étnico.

Crescimento Físico e Composição Corporal

Os resultados do comportamento e a comparação das variáveis do crescimento

físico (estatura e massa corporal) e da composição corporal (percentual de gordura, massa

corporal magra e índice de adiposidade) entre os sexos por idade e as diferenças

encontradas entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês são apresentados a seguir.

São relatados também resultados referentes à comparação das variáveis de crescimento

físico com critério de referência NCHS (Kuczmarski et al., 2002).

Crescimento Físico entre os Sexos

Na variável estatura observou-se comportamento similar para ambos os sexos, os

valores foram crescentes não apresentando diferenças estatisticamente significativas até os

13 anos. Na idade de 14 e 15 anos ocorreram diferenças significativas (p≤ 0,05) com

valores médios superiores para os meninos (Tabela 5). Estes resultados coincidem com os

reportados por Waltrick (1996) em estudo longitudinal misto, realizado com escolares de

Florianópolis/SC, e por Böhme (1995) em estudo transversal com escolares de Viçosa/MG.

Já Poletto (2001), no estudo com escolares de Porto Alegre/RS, encontrou diferenças

significativas entre os sexos aos 11 anos. O incremento da estatura nos meninos ocorre

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35

entre os 12 e os 14 anos aproximadamente e, nas meninas, por volta dos 10 e 12 anos

(Malina, Bouchard & Bar-Or, 2004).

Tabela 5

Valores Médios, Desvios Padrões e Teste t das Variáveis de Crescimento Físico (estatura e massa corporal) em Ambos os Sexos, por Idade.

Estatura (cm) Massa corporal (kg) Idade (anos) x masculino x feminino p valor x masculino x feminino p valor

8 1,30 ± 0,07 1,30 ± 0,06 0,39 27,55 ± 5,26 27,86 ± 5,26 0,13 9 1,35 ± 0,06 1,34 ± 0,06 0,45 30,95 ± 6,95 31,11 ± 7,13 0,15 10 1,40 ± 0,08 1,41 ± 0,07 0,77 25,52 ± 8,04 35,22 ± 8,56 0,57 11 1,45 ± 0,06 1,47 ± 0,08 0,07 38,78 ± 10,45 39,27 ± 7,16 0,08 12 1,51 ± 0,07 1,52 ± 0,07 0,73 42,22 ± 8,49 43,13 ± 9,06 0,06 13 1,56 ± 0,09 1,57 ± 0,06 0,86 47,22 ± 10,28 47,74 ± 8,66 0,08 14 1,62 ± 0,09 1,59 ± 0,06 0,00* 51,53 ± 11,76 52,17 ± 11,8 0,22 15 1,68 ± 0,10 1,61 ± 0,07 0,00* 58,64 ± 13,76 57,19 ± 12,9 0,09

* Significativo pelo teste t de Student, p ≤ 0,05.

O comportamento da curva referente à estatura (Figura 7) foi crescente dos 8 aos

15 anos em ambos os sexos. Os ganhos médios anuais de estatura de maior expressão

ocorreram nas idades de 11-12 e 13-15 anos, com 6 cm/ano para o sexo masculino. Os

maiores valores encontrados para o sexo feminino foram nas idades de 9-10, com 7

cm/ano. Estes resultados não coincidem com os encontrados por Waltrick (1996) e Böhme

(1995), com maiores aumentos nas idades de 13-14 anos para o sexo masculino e 11-12

para o feminino.

Em relação à massa corporal o comportamento da curva (Figura 8), foi crescente

dos 8 aos 15 anos, para ambos os sexos. Não foram encontradas diferenças significativas

entre os sexos (Tabela 6). Estes resultados corroboram com os reportados por Böhme

(1995), enquanto Waltrick (1996) evidenciou diferenças significativas a partir dos 13 anos

para meninos. Os ganhos médios anuais foram maiores nas idades de 14-15 anos, com

7,11/kg e 5,02/kg ano para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Glaner (2002)

observou maiores ganhos nas idades de 11-13 anos para as meninas e 12-14 anos para os

meninos.

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36

1,251,3

1,351,4

1,451,5

1,551,6

1,651,7

1,75

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Esta

tura

(m)

Masculino Feminino

20253035404550556065

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Mas

sa c

orpo

ral (

kg)

Masculino Feminino

Figura 7. Médias de Estatura, por idade. Figura 8. Médias de Massa corporal, por idade.

Comparação das Variáveis do Crescimento Físico com o Referencial NCHS/2000

As Figuras 9 e 10 demonstram o comportamento dos resultados referentes às

médias de estatura e massa corporal dos escolares da região Noroeste do Rio Grande do

Sul e as médias dos valores de referência NCHS/2000 (Kuczmarski et al., 2002).

Em relação à Figura 9 observou-se para os escolares do sexo masculino, em todas

as idades, valores semelhantes aos propostos pelo NCHS/2000, somente aos 10 e 12 anos

os escolares do presente estudo apresentaram valores superiores (p≤ 0,05). Quanto à massa

corporal (Figura 10), verificou-se que os escolares avaliados apresentaram diferenças

significativas (p≤ 0,05) nas idades de 8 a 11 anos, com valores superiores aos propostos

pelo NCHS/2000.

1,251,3

1,351,4

1,451,5

1,551,6

1,651,7

1,75

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Esta

tura

(m)

Masculino NCHS

20

25

30

35

40

45

50

55

60

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Mas

sa c

orpo

ral (

kg)

Masculino NCHS

Figura 9. Comparação das médias de estatura do Figura 10. Comparação das médias de massa corporal sexo masculino com o NCHS/2000. do sexo masculino com o NCHS/2000.

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37

As Figuras 11 e 12 demonstram as curvas com valores das médias de estatura e

massa corporal do sexo feminino (presente estudo) e as curvas do NCHS/2000

(Kuczmarski et al., 2002). Quanto à estatura observou-se nas idades de 10 e 11 anos

valores superiores para as escolares deste estudo (p≤ 0,05), entretanto aos 14 anos os

valores propostos pelo NCHS/2000 apresentaram valores superiores (p≤ 0,05). Com

relação à massa corporal, ocorreram diferenças significativas (p≤ 0,05) nas idades de 8, 9,

10, 11, 13, 14 e 15 anos com valores superiores para os escolares da Região Noroeste do

Rio Grande do Sul, somente não ocorreu diferença na idade de 12 anos.

1,25

1,3

1,35

1,4

1,45

1,5

1,55

1,6

1,65

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Esta

tura

(m)

Feminino NCHS

20

25

30

35

40

45

50

55

60

8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)

Mas

sa c

orpo

ral (

kg)

Feminino NCHS

Figura 11. Comparação das curvas de estatura, Figura 12. Comparação das curvas de massa corporal, sexo feminino com o NCHS. sexo feminino com o NCHS.

Estes resultados estão de acordo com estudos realizados em Porto Alegre (RS),

onde encontraram valores superiores aos do critério de referência do NCHS. Guedes

(2002) ao comparar os valores da estatura dos escolares (sexo masculino e feminino) de

diferentes níveis socioeconômicos, com os valores de referência do NCHS, observou

valores superiores aos de referência, exceto nas idades de 12 e 13 anos para os escolares do

sexo masculino, de nível socioeconômico baixo. Na variável massa corporal do sexo

masculino e feminino os valores são superiores aos do NCHS, exceto para os escolares de

nível socioeconômico baixo, nas idades de 11 e 12 anos do sexo masculino.

Poletto (2001) observou que, no período entre 8 e 11 anos, tanto para os meninos

como para as meninas de Porto Alegre, os resultados sugerem índices superiores quando

comparados com os critérios do NCHS. Já dos 12 aos 14 anos as curvas se aproximam.

No estudo com diferentes grupos étnicos, Lopes (1999) demonstrou que as crianças

de Santa Catarina apresentaram valores superiores aos do NCHS na massa corporal dos 7

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aos 9 anos para os meninos e aos 7 e 8 anos para as meninas. Na estatura corporal, os

resultados foram superiores aos do NCHS nas idades de 7, 8 e 9 anos para ambos os sexos.

Enquanto Farias (2002) em estudo realizado com crianças de Porto Velho (RO) encontrou

valores similares aos da curva referencial NCHS, apenas as crianças de 7 anos, do sexo

feminino, mostraram valores superiores ao NCHS.

Crescimento Físico entre os Grupos Étnicos Alemão, Italiano e Polonês

Na comparação da estatura entre os grupos étnicos, por idade e sexo, não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas (p>0,05) entre os grupos no sexo

masculino. Entretanto, no sexo feminino, as polonesas apresentaram resultados inferiores

às alemãs e italianas na idade de 9 anos e, aos 15 anos as italianas apresentaram valores

superiores as alemãs e polonesas (Tabela 6).

O comportamento da variável estatura foi crescente para todos os grupos étnicos

dos 8 aos 15 anos, em ambos os sexos. O aumento médio anual para o sexo masculino foi

de 5,57 cm/ano para o grupo alemão; 5,43 cm/ano para os grupos italiano e polonês. No

sexo feminino os aumentos foram de 5 cm/ano para o grupo italiano e 4,43 cm/ano para os

grupos alemão e polonês, respectivamente.

Lopes e Pires Neto (1999) no estudo Antropometria e composição corporal de

crianças com diferentes características étnico-culturais no estado de Santa Catarina,

encontraram resultados similares aos deste estudo na variável estatura, com valores

superiores para os grupos étnicos dos alemães e italianos, em ambos os sexos. Enquanto o

grupo étnico português e o grupo miscigenado deste estudo apresentaram valores

inferiores.

Madureira e Sobral (1999), em estudo com escolares brasileiros e portugueses,

evidenciaram diferenças estatisticamente significativas entre as nacionalidades para o sexo

masculino nas idades de 8, 10, 11, 13, 14 e 15 anos, com valores superiores para os

escolares brasileiros, exceto para a idade de 8 anos. No sexo feminino, as diferenças

encontradas foram aos 7, 10 e 16 anos de idade, sendo que aos 16 anos os valores foram

superiores para o grupo dos portugueses.

A massa corporal apresentou valores médios crescentes dos 8 aos 15 anos em todos

os grupos étnicos e em ambos os sexos (Tabela 6). Foram encontradas diferenças entre os

valores médios aos 9 anos de idade (sexo feminino) e aos 14 anos (sexo masculino) com o

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grupo polonês, apresentando valores inferiores quando comparados aos grupos alemão e

Italiano (p≤0,05).

Os incrementos médios de massa corporal para o sexo masculino foram de 4,68

kg/ano para o grupo alemão; 4,19 kg/ano para o grupo italiano e 4,36 kg/ano para o grupo

polonês. No sexo feminino verificou-se ganho médio anual de 3,37 kg/ano para as alemãs;

4,19 kg/ano para as italianas e 4,52 kg/ano para as polonesas.

Lopes e Pires Neto (1999) também encontraram poucas diferenças entre os grupos

étnicos por idade e sexo na variável massa corporal. No sexo masculino, o grupo português

apresentou resultados inferiores quando comparado com os valores médios dos grupos

alemão e italiano somente aos 7 anos e inferiores aos demais aos 10 anos. Para o sexo

feminino não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos étnicos.

Tabela 6

Valores Médios, Desvios Padrões da Estatura e Massa Corporal com os Valores de p para Comparação entre os Grupos Étnicos, por Idade e Sexo.

Masculino

Estatura Massa corporal Idades alemães italianos poloneses p alemães italianos poloneses p

8 1,29± 0,1 1,30± 0,1 1,31± 0,1 0,72 26,8± 4,9 29,0± 4,9 27,6± 6,0 0,30 9 1,35± 0,1 1,35± 0,1 1,33± 0,1 0,42 32,3± 7,6 30,4± 6,3 28,7± 5,9 0,09 10 1,40± 0,1 1,42± 0,1 1,40± 0,1 0,59 35,8± 6,0 36,2± 9,3 34,1± 9,6 0,42 11 1,46± 0,1 1,43± 0,0 1,46± 0,1 0,40 39,9± 11,1 38,1±11,1 37,2± 8,4 0,55 12 1,52± 0,1 1,51± 0,1 1,51± 0,1 0,92 43,8± 9,5 41,5± 8,1 41,2± 7,7 0,44 13 1,56± 0,1 1,57± 0,1 1,57± 0,1 0,86 47,4± 12,8 47,7± 7,7 46,6± 8,8 0,87 14 1,64± 0,0 1,63± 0,1 1,60± 0,1 0,13 53,5a± 7,3 53,9a±14,4 46,7b±11,1 0,03*15 1,68± 0,1 1,68± 0,1 1,69± 0,1 0,94 59,6± 15,3 58,4± 15,2 58,1±11,5 0,95

Feminino 8 1,29± 0,0 1,28± 0,1 1,29± 0,1 0,81 28,1± 5,6 27,9± 7,4 27,4± 4,7 0,93 9 1,34a±0,0 1,36a±0,1 1,31b±0,1 0,04* 31,9a± 7,8 31,9a±6,7 28,2b±5,6 0,04*10 1,40± 0,1 1,42± 0,1 1,42± 0,1 0,44 34,6± 7,7 36,6± 8,7 35,0±10,3 0,60 11 1,47± 0,1 1,48± 0,1 1,45± 0,1 0,19 40,2± 9,9 38,6± 9,3 38,0± 7,1 0,58 12 1,52± 0,1 1,51± 0,1 1,51± 0,1 0,75 43,9± 6,4 43,5±12,7 41,6± 7,4 0,60 13 1,57± 0,1 1,57± 0,0 1,56± 0,1 0,83 47,3± 8,0 47,6± 8,7 48,6± 9,8 0,87 14 1,60± 0,0 1,58± 0,0 1,59± 0,1 0,37 49,0± 6,9 52,8±12,8 53,5±13,1 0,39 15 1,60a±0,1 1,63b±0,1 1,60a±0,1 0,03* 51,7±14,9 57,3±13,8 59,1±10,9 1,12

* Significativo pelo teste F, p ≤ 0,05; * a,b Médias seguidas por letras diferentes, nas linhas, diferem pelo teste Tukey, considerando p ≤ 0,05.

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40

Composição Corporal

Na composição corporal dos grupos étnicos do sexo masculino percebeu-se que as

diferenças entre os grupos foram significativas (p≤0,05) para o percentual de gordura na

idade de 12 anos (Tabela 7), com o grupo alemão apresentando valores superiores aos

grupos italiano e polonês; na massa corporal magra o grupo dos alemães e italianos

apresentaram diferenças significativas superiores aos poloneses, nas idades de 9 e 14 anos.

Para o sexo feminino observou-se no percentual de gordura diferenças significativas

(p≤0,05), na idade de 15 anos, os poloneses apresentaram valores superiores ao grupo dos

alemães. Já Lopes e Pires Neto (1999) não encontraram diferenças significativas para o

percentual de gordura em todas as idades. Entretanto, para o sexo masculino na variável

massa corporal magra foram encontradas diferenças significativas, com valores superiores

para os grupos alemão e italiano aos 7 anos e, para os portugueses aos 10 anos, com

resultados inferiores às demais etnias. Já no sexo feminino, na idade de 10 anos, o grupo

português apresentou resultado inferior ao grupo alemão.

Tabela 7

Valores Médios, Desvios Padrões do Percentual de Gordura e Massa Corporal Magra com os Valores de p para Comparação entre os Grupos Étnicos, por Idade e Sexo.

Masculino Percentual de gordura Massa corporal magra Idades

Alemães Italianos Poloneses p Alemães Italianos Poloneses p 8 14,8± 4,8 17,4± 6,8 15,4± 6,5 0,31 22,7± 3,1 23,7± 2,8 23,1± 3,7 0,56 9 16,7± 7,2 16,2± 7,3 16,2± 4,9 0,94 26,5a±3,9 25,1a±3,6 23,9b±3,9 0,02*

10 19,1± 5,9 16,5± 6,5 17,8± 7,9 0,33 28,7± 3,3 29,8± 6,1 27,4± 5,3 0,25 11 19,3± 8,1 15,6± 5,8 16,4± 7,1 0,10 31,5± 6,3 31,7± 6,9 30,6± 4,8 0,79 12 19,8a±6,6 16,1b±6,3 17,0b±6,5 0,04* 34,6± 5,3 34,8± 5,6 33,8± 4,8 0,77 13 15,9± 7,8 17,1± 7,2 16,3± 6,2 0,80 39,1± 7,9 39,2± 5,5 38,7± 6,1 0,95 14 14,7± 6,6 15,6± 7,1 15,2± 7,0 0,89 45,2a±3,7 44,8a±8,8 39,1b±7,3 0,00*15 16,4± 6,3 14,5± 6,7 15,0± 8,3 0,71 49,1± 9,6 49,2± 9,6 48,9± 8,0 0,99

Feminino 8 21,0± 6,8 20,5± 7,6 20,2± 4,5 0,90 21,9± 3,1 21,7± 3,7 21,7± 2,8 0,97 9 22,1± 6,7 21,2± 7,4 18,9± 5,8 0,16 24,6± 4,7 24,8± 3,6 22,6± 3,3 0,09 10 21,7± 6,5 20,6± 7,9 20,0± 7,1 0,59 26,7± 4,4 28,6± 5,5 27,5± 6,4 0,31 11 21,3± 6,8 20,5± 6,0 21,7± 6,3 0,77 31,4± 8,2 30,3± 5,6 29,4± 4,3 0,47 12 21,9± 5,7 21,9± 5,7 20,0± 6,1 0,47 34,0± 3,9 33,4± 7,8 32,0± 4,3 0,79 13 23,0± 6,8 22,5± 6,3 24,1± 5,7 0,63 36,0± 4,7 36,4± 4,2 36,6± 6,1 0,90 14 21,5± 5,6 25,1± 6,3 24,8± 6,2 0,06 38,2± 3,8 39,3± 9,8 39,2± 7,2 0,85 15 22,4a±6,2 24,9ab±5,4 27,3b±5,3 0,03* 39,7± 0,7 42,7± 7,9 42,7± 7,4 0,54

* significativo pelo teste F, p ≤ 0,05; * a,b médias seguidas por letras diferentes, nas linhas, diferem pelo teste Tukey, considerando p ≤ 0,05.

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41

Em relação aos níveis de adiposidade do sexo masculino (Figura 13), percebe-se

que a maioria dos grupos étnicos foi classificada na categoria “Ótimo” (60,4% alemães,

58,10% italianos e 53,8% poloneses). No nível “Baixo” de adiposidade corporal

classificaram-se 16,3% dos alemães, 25,6% dos italianos e 25,4% dos poloneses. Foram

constatados índices de adiposidade acima do ideal, caracterizando excesso de gordura

corporal (níveis “Moderadamente Alto” e “Alto”) em 23,3% dos alemães, 21,3% dos

italianos e em 20,8% dos poloneses. Já no nível “Alto” (acima de 25% de gordura

corporal), caracterizando a obesidade, foram classificados 11,1% dos alemães, 6,6%

italianos e 7,1% dos poloneses.

Estes resultados coincidem com os reportados por Lopes e Pires Neto (1999), que

classificaram na categoria ótima de adiposidade a maioria das crianças do sexo masculino.

Entretanto, na categoria de obesidade foram encontrados valores superiores aos deste

estudo (14% dos alemães, 12% dos italianos, 8% dos portugueses e 12% dos

miscigenados).

0

10

20

30

40

50

60

70

%

< Baixo Ótimo Mod. Alto Alto

Níveis de adiposidade

Alemão

Italiano

Polonês

Figura 13. Níveis de adiposidade, etnias do sexo masculino (p= 0,06, pelo teste χ2).

No sexo feminino (Figura 14) foram classificados no nível “Baixo” de adiposidade

3,6% das alemãs, 1,8% das italianas e 1,5% das polonesas. No nível “Ótimo” foram

classificadas 44,4% das alemãs, 44,1% das italianas e 43,8% das polonesas.

Classificaram-se nos níveis acima do Ótimo (“Moderadamente Alto” e “Alto”)

52% das alemãs, 54,2% das italianas e 54,7% das polonesas, enquanto que nos índices de

obesidade (acima de 30% de gordura corporal) foram classificadas 16,2% das alemãs,

19,4% das italianas e 21,2% das polonesas. Enquanto Lopes e Pires Neto (1999)

observaram que a maioria das crianças do sexo feminino foi classificada na categoria

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42

ótima, a obesidade foi observada em 11% das alemãs, 13% das italianas e 12% das

portuguesas e 7% das crianças miscigenadas, valores inferiores aos deste estudo.

0

10

20

30

40

50

60

%

< Baixo Ótimo Mod. Alto Alto

Níveis de adiposidade

AlemãoItalianoPolonês

Figura 14. Níveis de adiposidade, etnias do sexo feminino (p= 0,06, pelo teste χ2).

Considerando a falta de consenso na literatura quanto às definições relativas ao

sobrepeso e obesidade e, as diferenças entre os métodos e pontos de corte aplicados,

percebe-se que as comparações entre estudos envolvendo diferentes populações se tornam

relativamente limitadas. Assim, a presente discussão está baseada em estudos com

amostras de diferentes etnias e que utilizaram como ponte de corte para sobrepeso e

obesidade o IMC, considerando serem os mais recentes encontrados na literatura.

Conforme a classificação dos níveis de adiposidade a prevalência de obesidade

(11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses) entre crianças e

adolescentes do sexo masculino do presente estudo assemelha-se aos resultados

encontrados por Saxena, Ambler, Cole e Majeed (2005) no estudo com crianças e

adolescentes de diferentes etnias da Inglaterra, encontraram prevalência de 7,9% e 9% para

os grupos indianos e paquistaneses, respectivamente.

Will, Zeeb e Baune (2005), no estudo com 525 crianças de 6 a 7 anos, sendo 267

descendentes de alemães e 258 imigrantes turcos, russos e poloneses, encontraram 1,9%

dos alemães e 3,1% dos imigrantes com prevalência de obesidade, resultados inferiores aos

encontrados no presente estudo. Kromeyer-Hauschild, Zellner, Jaeger e Hoyer (1999)

também observaram que 8,2% dos escolares alemães, do sexo masculino, apresentavam

índices de obesidade. Enquanto Maffeis, Consolaro, Cavarzere, Chini, Grezzani, Silvagni,

Salzano, Luca e Tato (2006) observaram em crianças italianas da pré-escola, prevalências

de obesidade de 8,3% para o sexo masculino.

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43

No sexo feminino os resultados deste estudo referentes aos índices de obesidade

foram superiores aos do sexo masculino, com valores de 16,2% para alemãs, 19,4% para

italianas e 21,2% para as polonesas. Estes resultados são superiores aos reportados por

Saxena et al. (2005), com 13% das meninas afro-caribenhas classificadas com prevalência

de obesidade. Já Kromeyer-Hauschild et al. (1999) encontraram resultados de prevalência

de obesidade para as crianças e adolescentes alemãs nos valores de 9,9%.

Maffeis et al. (2006) observaram que 7,7% das crianças italianas do sexo feminino

apresentaram prevalência de obesidade.

Hedley, Ogden, Johnson, Carroll, Curtin e Flegal (2004), examinando a prevalência

de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes dos EUA (NHANES, 1999-2002),

encontraram um percentual de 16,5%. Já Freedman, Kahn, Serdula, Ogden e Dietz (2006),

em relação aos grupos étnicos observaram um percentual de 13% para as crianças brancas

e 20% para as crianças negras com idades entre 6 e 11 anos.

Avaliando a prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes dos EUA, Ogden,

Carroll, Curtin, McDowell, Tabak e Flegal (2006) encontraram percentuais de 18,2% para

o sexo masculino e 16% para o feminino.

Os resultados do presente estudo identificaram prevalências de obesidade

significativas, principalmente para o sexo feminino, com valores percentuais elevados

entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês do Rio Grande do Sul, os quais poderão

servir de base para programas de prevenção e conscientização das crianças e adolescentes

no que se refere a mudanças nos hábitos alimentares e incentivos a um estilo de vida ativo.

Nível de Atividade Física

O nível de atividade física regular foi avaliado por meio do questionário PAQ-C

(Croker et al., 1997) e adaptado a fim de excluir atividades físicas não praticadas no Brasil

(Silva & Malina, 2000), considerando como sedentários os escolares com escore médio

abaixo de 3,0 pontos. As médias dos escores do PAQ-C encontradas neste estudo foram

2,74 para o sexo masculino e 2,39 para o sexo feminino, valores similares aos encontrados

por Silva e Malina (2000) no estudo com adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro (2,3 e

2,0), respectivamente para meninos e meninas. Corrobora com estes resultados o estudo de

Smith (2004), realizado com crianças de diferentes grupos étnicos dos EUA, com média de

escore do PAQ-C de 2,79. Já Welk, Wood e Morss (2003) encontraram médias dos escores

(3,23) superiores ao deste estudo.

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44

Na Figura 15 observa-se que 75,5% dos escolares foram classificados como

sedentários. A prevalência de sedentarismo foi maior para o sexo feminino (84,8%) em

relação ao sexo masculino (65,7%). Estas diferenças foram estatisticamente significativas

(χ2, p< 0,00). Estudos que utilizaram a mesma metodologia encontraram prevalência de

sedentarismo de 86,4% para rapazes e 94% para moças (Silva & Malina, 2000) e 93,5%

das crianças e adolescentes de Maceió, Alagoas (Silva, Rivera, Ferraz, Pinheiro, Alves,

Moura & Carvalho, 2005), valores superiores aos deste estudo. As diferenças encontradas

entre os estudos podem ser decorrentes de questões ambientais e culturais, pois o presente

estudo foi realizado em municípios do interior com diferentes grupos étnicos, enquanto os

outros estudos foram realizados em centros maiores. Estudos disponíveis na literatura com

diferentes metodologias e pontos de corte para avaliação da atividade física evidenciaram a

alta prevalência de sedentarismo entre crianças e adolescentes. No Rio Grande do Sul,

estudos realizados no município de Pelotas, com adolescentes, encontraram prevalência de

sedentarismo de 39% (22,2% para o sexo masculino e 54,5% para o sexo feminino) e

58,2% (49% para meninos e 67% meninas), respectivamente (Oehlschlaeger et al., 2004;

Hallal, Bertoldi, Gonçalves & Victora, 2006). Estudos internacionais sobre inatividade

física demonstraram valores de 58,9% para crianças e adolescentes canadenses (Koezuka,

Koo, Allison, Adlaf, Dwyer, Faulkner & Goodman, 2006). Estudos nos EUA

demonstraram que 50% dos adolescentes e 22,6% das crianças e adolescentes, entre 9 e 13

anos de idade, foram consideradas sedentárias (CDC, 1999; CDC, 2002).

Figura 15. Percentual de escolares classificados como sedentários, por sexo.

65,7

84,875,5

0102030405060708090

100

%

Masculino Feminino Todos

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45

Em relação ao sedentarismo entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês

(Figura 16) verificou-se que os alemães (sexo masculino e feminino) apresentaram valores

numéricos inferiores (70,1% e 61,6%) aos italianos (86,8% e 86,3%) e poloneses (78,6% e

74,4%). Entretanto, estas diferenças não foram significativas (p>0,05).

Estes resultados foram superiores aos observados em estudo com crianças de

diferentes grupos étnicos do Estado de Santa Catarina, onde os valores percentuais de

crianças que declararam não se exercitar regularmente, foi, respectivamente, para o sexo

masculino e feminino: portugueses 47,3% e 64,6%; alemães 50,4% e 58,2%; italianos

41,8% e 59,6%; miscigenados 60% e 70,6% (Lopes & Pires Neto, 2001). Já Legnani

(2006), no estudo com adolescentes de diferentes nacionalidades (brasileira, argentina e

paraguaia) encontrou resultados similares aos deste estudo: argentinos 66,7% e 83,4%;

brasileiros 70,5% e 83,5%; paraguaios 67,9% e 81%, para rapazes e moças,

respectivamente.

No estudo longitudinal sobre a saúde do adolescente realizado nos EUA, incluindo

diferentes grupos étnicos (não hispânicos negros, hispânicos e asiáticos), Gordon-Larsen,

McMurray e Popkin (1999) verificaram que 66,8% dos adolescentes não participavam de

atividades físicas moderadas e vigorosas mais de cinco vezes semanais. Os grupos étnicos

que apresentaram menores níveis de atividade física foram os não hispânicos negros e para

o sexo feminino as asiáticas.

70,161,6 63,5

86,8 86,380,3

78,6 74,4 72

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%

Masculino Feminino Todos

Alemão Italiano Polonês

Figura 16. Percentual de escolares classificados como sedentários, por grupo étnico e sexo.

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46

O questionário (PAQ-C) utilizado neste estudo incluiu questão referente à média

diária do tempo de assistência à televisão. Os resultados foram analisados considerando a

média de horas diárias de televisão e, para verificar associação com inatividade física foi

utilizado o ponto de corte (≤ 2h/dia e > 2h/dia) de assistência à televisão (PAHO, 2000).

Com relação ao tempo gasto para assistir televisão verificou-se que as crianças e

adolescentes do presente estudo despendiam em média 3,26 horas diárias assistindo

televisão. Ao analisar os grupos étnicos constatou-se que os alemães e poloneses

dedicavam um tempo maior (3,35 e 3,37 h/dia) assistindo televisão do que os italianos

(3,05 h/dia). Corroboram com estes resultados estudos com adolescentes realizados em

Pelotas, Rio Grande do Sul, onde apresentaram valores de 3,3 h/dia e 3,5 h/dia,

respectivamente (Hallal, et al., 2006; Dutra, Araújo & Bertoldi, 2006).

Estes resultados foram inferiores aos encontrados por Lopes e Pires Neto (2001)

nos diferentes grupos étnicos analisados (4,5 horas diárias) e por Silva e Malina (2000),

que relataram valores médios de 4,4 h/dia para rapazes e 4,9 h/dia para as moças.

Nos EUA, aproximadamente 26 a 30% dos jovens reportaram assistir televisão

quatro ou mais horas por dia (Andersen, Crespo, Bartlett, Cheskin & Pratt, 1998; Dowda,

Ainsworth, Addy, Saunders & Riner, 2001). Em estudo com grupos étnicos, Gordon-

Larsen, McMurray e Popkin (1999) analisaram a média de horas por semana de assistência

à televisão e média de horas em inatividade (assistir TV e vídeo, no computador, jogando

videogame). Os americanos africanos foram os que tiveram níveis maiores de inatividade

do que hispânicos e brancos. Os americanos africanos reportaram 29,7 h; hispânicos 22,2h

e brancos 19,3h.

Com respeito às atividades sedentárias (assistir televisão, vídeos, jogar videogame

e no computador), jovens americanos africanos e hispânicos reportaram níveis maiores de

envolvimento do que jovens brancos (Andersen et al., 1998; Dowda et al., 2001; Gordon-

Larsen et al., 1999).

Prevalência de sedentarismo e associação com variáveis demográficas, econômicas e comportamentais

A Tabela 8 apresenta as prevalências e razões de prevalências brutas. Através do

teste de Wald, constatou-se que a prevalência de sedentarismo está relacionada com o sexo

(p≤0,05), indicando que as meninas apresentaram 193% a mais de chances de sedentarismo

do que os meninos, resultados similares ao encontrado por Oehlschlaeger et al. (2004), que

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verificaram que as moças apresentaram 145% mais chances de sedentarismo do que os

rapazes. Hallal et al. (2006) também constataram que o sedentarismo esteve associado

positivamente ao sexo feminino. Em todas as idades as meninas são mais prováveis de

serem inativas do que os meninos, e estas diferenças são mais evidentes em atividades

físicas vigorosas do que as moderadas (Sallis, 1993).

Em relação à etnia, os alemães apresentaram 43% mais chances de sedentarismo do

que os poloneses (p≤0,05). Já, entre as idades e entre os níveis socioeconômicos não

ocorreram diferenças significativas (p>0,05). Entretanto, no estudo de Oehlschlaeger et al.

(2004), o nível econômico baixo encontrou-se associado à prevalência de sedentarismo.

Resultado contrário foi encontrado no estudo de Hallal et al. (2006), onde a prevalência de

sedentarismo foi maior entre os níveis econômicos altos.

A escolaridade dos pais apresentou associação com o sedentarismo, os filhos dos

pais com menor escolaridade (≤ 4 anos) apresentaram 94% mais chances de sedentarismo

do que os pais que tinham maior escolaridade (≥ 9 anos). Resultados similares foram

observados no estudo de Oehlschlaeger et al. (2004), os quais encontraram duas vezes mais

chances de sedentarismo para as mães com menor escolaridade (≤ 4 anos) do que aqueles

cujas mães apresentaram grau de escolaridade de cinco a oito anos.

Houve associação entre o número de horas diárias de TV e o sedentarismo. Os

escolares que assistiam mais de duas horas diárias tiveram 62% mais chances de

sedentarismo em relação aos que assistiam tempo menor que duas horas diárias. Estudo de

Salmon, Campbell e Crawford (2006) evidenciou que crianças que assistiam televisão por

mais de duas horas/dia participavam de menor tempo em atividades físicas organizadas.

Hallal et al. (2006) também verificaram uma relação positiva entre o número de horas

diárias assistindo televisão e o sedentarismo.

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48

Tabela 8

Prevalências e Razões de Prevalências Brutas (RP) para Sedentarismo em Escolares, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.

Variáveis n Prevalência sedentarismo

Razão de prevalência RP bruta (IC 95%)

Valor p+

Sexo <0,001* Masculino 457 65,7 1,0 Feminino 621 84,8 2,93 (2,26-3,78)

Idade 0,64 8-10 416 74,8 1,0 11-15 662 75,9 1,06 (0,83-1,36)

Grupos étnicos 0,05* Alemão 464 78,6 1,43 (1,06-1,92) Italiano 326 74,4 1,13 (0,83-1,54) Polonês 288 72 1,0

NSE 0,52 A/B 386 74,5 1,0 C/D 692 76 1,08 (0,84-1,39)

Esc. pai/mãe 0,05*** ≤ 4 85 85 1,94 (1,09-3,44) 5 a 8 476 75,1 1,03 (0,80-1,32) ≥ 9 517 74,5 1,0

Horas TV/dia <0,001* < 2 horas 643 73,2 1,0 ≥ 2 horas 435 79,1 1,62 (1,26-2,07)

* Teste Wald para heterogeneidade de proporções; *** Teste de Wald para tendência linear.

Na análise ajustada (Tabela 9) observou-se que o sedentarismo apresentou-se

associado ao sexo, grupos étnicos, escolaridade dos pais e horas diária de TV. As meninas

apresentaram 175% mais chances de sedentarismo do que os meninos; os grupos étnicos

(alemão e italiano) apresentaram associação com o sedentarismo, os alemães apresentaram

78% e os italianos 48% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; pais com

menor escolaridade tinham 79% mais chances de sedentarismo do que os de maior

escolaridade; os escolares que assistiam mais de duas horas diárias de televisão

apresentaram 66% mais chances de sedentarismo em relação aos que assistiam tempo

menor a duas horas diárias

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49

Tabela 9 Prevalências e Razões de Prevalências Ajustadas para Sedentarismo em Escolares, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.

Variáveis N Prevalência sedentarismo

Razão de prevalência RP ajustada (IC 95%)

Valor P+

Sexo <0,001* Masculino 457 65,7 1,0 Feminino 621 84,8 2,75 (2,12-3,58)

Idade 0,19 8-10 416 74,8 1,0 11-15 662 75,9 1,20 (0,91-1,58)

Grupos étnicos <0,001* Alemão 464 78,6 1,78 (1,29-2,45) Italiano 326 74,4 1,48 (1,06-2,07) Polonês 288 72 1,0

NSE 0,81 A/B 386 74,5 1,0 C/D 692 76 1,04 (0,77-1,39)

Esc. pai/mãe 0,04*** ≤ 4 85 85 1,79 (0,96-3,34) 5 a 8 476 75,1 1,11 (0,82-1,49) ≥ 9 517 74,5 1,0

Horas TV/dia <0,001* < 2 horas 643 73,2 1,0 ≥ 2 horas 435 79,1 1,66 (1,28-2,16)

* Teste Wald para heterogeneidade de proporções; *** Teste de Wald para tendência linear. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês.

A prevalência de sedentarismo entre os grupos étnicos foi significativa (p≤0,05). O

grupo étnico alemão (Tabela 10) apresentou maior prevalência (78%) em relação aos

grupos dos italianos (74,4%) e poloneses (72%). Ocorreram diferenças significativas entre

as etnias, sendo que a chance de encontrar uma pessoa sedentária é 43% maior para os

alemães em relação aos poloneses.

As interações entre etnia e sexo foram estatisticamente significativas (p≤ 0,05) para

todos os grupos étnicos do sexo feminino. A chance de uma pessoa ser sedentária é maior

para o grupo feminino, independente da etnia. As italianas apresentaram 294% maiores

chances de sedentarismo em relação aos italianos (Tabela 10).

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50

Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (1999) demonstraram que os meninos

apresentaram maiores níveis de atividade física moderada e vigorosa do que as meninas e

as diferenças étnicas foram superiores para as meninas, com níveis de atividade física

maiores para não hispânicas brancas. Resultados similares foram encontrados por Springer,

Kelder e Hoelscher (2006), no estudo com meninas da 6ª série. As meninas brancas foram

significativamente menos ativas do que as de minoria étnica.

Foi constatada uma tendência maior ao sedentarismo entre os adolescentes (11 a 15

anos) em todos os grupos étnicos quando comparados aos mais jovens (8 a 10 anos). Não

ocorreu diferença significativa de sedentarismo entre as idades e também em relação à

escolaridade dos pais (Tabela 10). Segundo Caspersen, Pereira e Curran (2000) e Telama e

Yang (2000), a atividade física na adolescência decresce conforme aumenta a idade e é um

forte preditor da atividade na idade adulta.

O nível socioeconômico foi associado ao sedentarismo somente no grupo dos

poloneses, com 62% a mais de chances de sedentarismo para os poloneses pertencentes ao

nível socioeconômico médio e baixo (C/D) (Tabela 10). Alguns estudos (Gordon-Larsen,

Mc Murray & Popkin, 2000; Lee & Cubbin, 2002) mostraram associação entre nível

socioeconômico baixo e inatividade física.

O tempo de assistência à televisão mostrou-se associado com o sedentarismo, os

alemães e italianos que assistiam mais de duas horas diárias de TV tiveram 71% e 94%,

respectivamente, maiores chances de sedentarismo do que os que assistiam tempo menor a

duas horas diárias (Tabela 10).

Koezuka et al. (2006), no estudo com adolescentes canadenses, encontraram

associação significativa entre inatividade física e o tempo despendido assistindo televisão,

com valores de 55% e 36% mais de chances de inatividade física para os adolescentes do

sexo masculino e feminino, respectivamente, que assistiam mais de três horas/dia de

televisão. Já Ekelund, Brage, Froberg, Harro, Anderssen, Sardinha, Riddoch e Andersen

(2006), em um estudo com crianças européias, demonstraram que o tempo de assistência à

televisão não foi associado com a atividade física e continuou não significativo mesmo

depois de ajustado por gênero, idade e localidade.

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51

Tabela 10

Prevalências e Razões de Prevalências Brutas (RP) para Sedentarismo em Escolares das Etnias Alemã, Italiana e Polonesa, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.

Alemão Italiano Polonês Variá-

veis % RP bruta

(IC 95%) Vlr p+

% RP bruta (IC95%)

Vlr p+

% RP bruta (IC95%)

Vlr p+

Sedent.** 78,6 ----------- 74,4 ------------ 72 ------------ Sexo <0,001* <0,001* <0,001*

M 70,1 1,0 61,6 1,0 63,5 1,0 F 86,8 2,79(1,84-4,23) 86,3 3,94(2,46-6,30) 80,3 2,35(1,49-3,68)

Idade 0,64 0,79 0,58 8-10 77,8 1,0 73,6 1,0 70,3 1,0 11-15 79,4 1,10(0,74-1,63) 74,8 1,06(0,68-1,67) 72,9 1,14(0,72-1,79)

NSE 0,75 0,52 0,04* A/B 79,2 1,0 72,5 1,0 64,4 1,0 C/D 78,1 0,94(0,63-1,39) 75,3 1,16(0,74-1,83) 74,6 1,62(1,00-2,63)

Esc.P/M 0,45 0,08 0,06 ≤ 4 81,1 0,11(0,47-2,63) 71,4 0,96(0,18-5,10) 89,3 4,25(1,70-10,6) 5 a 8 77 0,87(0,57-1,31) 76,7 1,27(0,82-1,96) 71,3 1,27(0,79-1,01) ≥ 9 79,4 1,0 72,2 1,0 66,2 1,0

Horas TV/dia

<0,001*

<0,001*

0,32

< 2 hs 72,6 1,0 67,2 1,0 68,8 1,0 ≥ 2 hs 81,9 1,71(1,15-2,56) 79,9 1,94(1,26-2,99) 73,5 1,26(0,79-2,00) * Teste Wald para heterogeneidade de proporções; ** A RP e IC95% para a variável etnia foram de 1,43(1,07-1,92) para alemão e 1,13(0,83-1,54) italiano, p= 0,04; *** Teste de Wald para tendência linear

A Tabela 11 apresenta a análise ajustada por sexo, idade, nível socioeconômico,

escolaridade dos pais, horas diárias de TV. Após o ajuste, as interações permaneceram

significativas para etnia, sexo e horas diárias de TV. Entretanto, o nível socioeconômico

perdeu a significância estatística.

O sexo feminino independente do grupo étnico apresentou maiores chances de

sedentarismo do que o sexo masculino; os escolares dos grupos étnico alemão e italiano

que assistiam mais de duas horas diárias de televisão tiveram 63% e 152% maiores chances

de sedentarismo do que os que assistiam tempo menor a duas horas diárias,

respectivamente.

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52

Tabela 11

Prevalências e Razões de Prevalências Ajustadas para Sedentarismo em Escolares das Etnias Alemã, Italiana e Polonesa, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.

Alemão Italiano Polonês Variá-

veis % RP ajustada

(IC 95%) Vlr p+ %

RP ajustada (IC95%)

Vlr p+ %

RP ajustada (IC95%)

Vlr p+

Sexo <0,001* <0,001* <0,001* M 70,1 1,0 61,6 1,0 63,5 1,0 F 86,8 2,65(1,73-4,07) 86,3 3,64(2,19-6,06) 80,3 2,14(1,35-3,42)

Idade 0,29 0,51 0,88 8-10 77,8 1,0 73,6 1,0 70,.3 1,0 11-15 79,4 1,26(0,82-1,94) 74,8 1,20(0,69-2,09) 72,9 1,04(0,63-1,09)

NSE 0,94 0,85 0,45 A/B 79,2 1,0 72,5 1,0 64,4 1,0 C/D 78,1 1,01(0,64-1,62) 75,3 1,05(0,59-1,85) 74,6 1,23(0,71-2,13)

Esc.P/M 0,35 0,06 0,30 ≤ 4 81,1 0,07(0,42-2,71) 71,4 1,08(0,17-6,69) 89,3 3,26(1,23-8,61) 5 a 8 77 0,85(0,53-1,38) 76,7 1,36(0,78-2,36) 71,3 1,24(0,73-2,10) ≥ 9 79,4 1,0 72,2 1,0 66,2 1,0

Horas TV/dia

0,02*

<0,001*

0,37

< 2 hs 72,6 1,0 67,2 1,0 68,8 1,0 ≥ 2 hs 81,9 1,63(1,07-2,47) 79,9 2,52(1,52-4,17) 73,5 1,25(0,76-2,04) *Teste Wald para heterogeneidade de proporções; ***Teste de Wald para tendência linear.

Hábitos alimentares

Os resultados referentes ao consumo alimentar, cujas informações foram obtidas

por meio do questionário de freqüência semanal (GSHS, 2004), referem-se aos grupos

alimentares: 1) frutas; 2) vegetais; 3) leite; 4) salgadinhos; 5) doces; 6) refrigerantes. Para

estudar estes alimentos considerou-se a relação entre a freqüência de consumo e possíveis

implicações para a saúde. Portanto, os alimentos foram separados em dois grupos, sendo

que no grupo das frutas, vegetais e leite, quanto maior a freqüência de consumo,

possivelmente maiores serão as implicações positivas à saúde. No grupo dos salgadinhos,

doces e refrigerantes, quanto maior a freqüência de consumo, possivelmente maiores serão

as implicações negativas à saúde.

Na Figura 17 encontram-se informações referentes ao consumo inadequado dos

alimentos. Em relação ao consumo de frutas, vegetais e leite (≤ 3 dias por semana)

observa-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares, respectivamente, apresentaram baixo

consumo semanal. As diferenças entre os sexos não foram significativas (p>0,05) em

relação ao consumo inadequado de frutas, vegetais e leite. Resultados semelhantes aos

destes foram encontrados por estudos realizados no Sul do Brasil. Legnani (2006)

demonstrou que 44,3%, 67% e 58,6% dos adolescentes referiram consumo inadequado de

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53

leite, frutas e vegetais, respectivamente. Farias Jr. (2002) observou que cerca de 50% dos

jovens não atendem às recomendações mínimas no consumo de frutas e verduras.

Em relação ao consumo recomendado pela pirâmide alimentar, Toral, Slater, Cintra

e Fisberg (2006) observaram um consumo inferior ao proposto tanto para frutas quanto

para verduras. Isso foi observado em aproximadamente 89% dos escolares. Estudos

internacionais relataram baixo consumo de frutas e vegetais por crianças (Munoz, Krebs-

Smith, Ballard-Barbash & Cleveland, 1997; Neumark-Sztainer, Story, Hannan & Croll,

2002).

Em relação ao consumo inadequado de salgadinhos, doces e refrigerantes

observou-se que 18,3%, 17,6% e 45,9% dos escolares referiram consumir (≥ 4 dias por

semana) estes alimentos, respectivamente. O consumo de salgadinhos e doces foi baixo

para ambos os sexos. Diferenças significativas entre os sexos (p≤0,05) foram encontradas

para o consumo de salgadinhos, com valores superiores para o sexo masculino (21,3%). O

consumo de doces do presente estudo (17,6%) apresentou valores inferiores (43,2% e 34%)

aos relatados por Legnani (2006) e Farias Jr. (2002), respectivamente.

No que se refere ao consumo de refrigerantes (Figura 17), verificou-se que 45,9%

dos escolares consumiam refrigerantes (≥ 4 dias por semana), caracterizando consumo

inadequado, percentual inferior ao encontrado no trabalho de Legnani (2006) onde 67,9%

dos adolescentes referiram consumo de refrigerantes superior a quatro dias por semana. Já

Pires (2002), no estudo com escolares de Florianópolis, observou que 8,6% das moças e

9,5% dos rapazes consumiam refrigerantes de quatro a seis dias por semana.

Carmo, Toral, Silva e Slater (2006), no estudo com adolescentes paulistas

demonstraram que os adolescentes consumiam diariamente em média porções de 230ml a

550ml de refrigerantes e bebidas com adição de açúcar. O consumo elevado de

refrigerantes está relacionado com excesso de peso (Harnack, Stang & Story, 1999;

Ludwig, Peterson & Gortmaker, 2001). Crianças tendem a substituir o leite pelo

refrigerante, o que acarreta diminuição do cálcio na dieta (Bowman, 2002; Harnack et al.,

1999).

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54

0

10

20

30

40

50

60

70

80

%

Frut

as

Veg

etai

s

Lei

te

Salg

adin

hos

Doc

es

Ref

rige

rant

es

Masculino Feminino Todos

Figura 17. Percentual de escolares com hábitos alimentares inadequados.

A Figura 18 apresenta os resultados referentes ao consumo inadequado de frutas,

vegetais e leite entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês. Observou-se que não

ocorreram diferenças significativas (p> 0,05) entre os grupos étnicos, entretanto, percebe-

se uma tendência dos alemães (53,2% e 63,1%) apresentarem consumo inadequado de

frutas e vegetais, respectivamente, valores superiores ao dos italianos e poloneses. Já,

69,5% dos poloneses referiram baixo consumo de leite, valores superiores aos

apresentados por italianos e alemães.

Em pesquisa realizada nos EUA com escolares dos grupos étnicos (brancos,

hispânicos e americanos africanos), Beech, Rice, Myers, Johnson e Nicklas (1999)

observaram diferenças significativas entre os grupos étnicos no que se refere ao consumo

de frutas e vegetais. Os adolescentes brancos obtiveram as maiores médias de consumo

(2,7 porções), hispânicos (2,5 porções) e americano-africanos (2,3 porções).

Neumark-Stazainer, Story, Hannan e Croll (2002), no estudo com adolescentes de

diferentes grupos étnicos (48,5% brancos, 19% americanos africanos, 19,2% americanos

asiáticos, 5,8% hispânicos, 3,5% americanos nativos e 3,9% miscigenados) demonstraram

que os adolescentes hispânicos (39,1% das meninas e 32,5% dos meninos) referiram maior

consumo de frutas e vegetais.

No sul do Brasil, em pesquisa realizada com adolescentes de diferentes

nacionalidades, Legnani (2006) demonstrou que os 72,1% e 65% dos argentinos; 68,1 e

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55

56,5% dos brasileiros; 60,1% e 55,1% dos paraguaios não atendiam às recomendações

mínimas quanto à freqüência semanal de frutas e vegetais, respectivamente.

53,250 49,5

63,160,5

55,8

66,6 67,8 69,5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

%

Frutas Vegetais Leite

Alemão Italiano Polonês

Figura 18. Consumo inadequado de frutas, vegetais e leite, por grupo étnico.

Considerando o consumo de salgadinhos (Figura 19), a proporção de escolares

classificados na faixa de consumo de risco foi de 22% para os poloneses, 18,3% para os

alemães e 15,8% para os italianos. Observou-se diferenças significativas (p≤ 0,05) entre as

etnias somente para o consumo inadequado de doces e refrigerantes, 21,3% e 50% dos

poloneses referiram consumo (≥ 3 dias por semana) de doces e refrigerantes, valores

superiores ao dos italianos e alemães.

18,3 15,8 2218 13,9

21,3

46,4 41,350

0

10

20

30

40

50

60

%

Salgadinhos Doces Refrigerantes

Alemão Italiano Polonês

Figura 19. Consumo inadequado de salgadinhos, doces e refrigerantes, por grupo étnico.

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56

Tendo por base os dados apresentados na Figura 20, observou-se que os alimentos

típicos mais consumidos pelos alemães foram: massas (28,1%), batata (20,5%), polenta

(18,1%) e repolho (11,4%). Os italianos referiram maior consumo de massas (26,9%),

batata (15,3%), polenta (15,1%) e lasanha (10,2%) e os poloneses demonstraram consumo

maior de pierogue (13,6%), batata (10,8%), polenta (9,8%) e cziarnina (5,8%).

Lopes (1999), no estudo com crianças de diferentes grupos étnicos, observou que

24,5% dos alemães e 26,6% das alemãs referiram consumo de batata/aipim, e os alimentos

mais citados pelos italianos foram, por ordem de preferência: polenta, macarronada, pizza,

lasanha e nhoque.

No presente estudo percebeu-se a influência da cultura italiana sobre os demais

grupos, os alemães e italianos referiram consumo de massas e polenta. Já os poloneses

consumiram polenta.

Conforme Herédia (2001), o milho foi a cultura de sustentação da colônia italiana,

visto que a base de toda a alimentação do colono era a polenta. Das três refeições que o

colono fazia ao dia a polenta estava sempre presente, sendo o alimento principal durante

muitos anos na história do colono italiano. Traziam esse costume da Velha Itália, por ter

sido a polenta a base da alimentação da classe agrícola italiana.

0

5

10

15

20

25

30

%

Bat

ata

Mas

sa

Sala

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Pizz

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lasa

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repo

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czia

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a

sals

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chuc

rute

fort

aia

Alemão Italiano Polonês

Figura 20. Alimentos típicos consumidos nos últimos 7 dias, por grupo étnico.

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57

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A maioria dos escolares pertencia à classe econômica média e baixa, os pais

possuíam escolaridade superior a 5ª série do ensino fundamental. Quanto aos grupos étnicos,

observou-se que 47,2% dos alemães foram classificados na classe econômica alta (A-B) e a

maioria dos italianos e poloneses pertencia à classe econômica média e baixa.

Considerando o grau de escolaridade dos pais constatou-se que os alemães apresentaram

maior escolaridade (ensino médio ou superior) quando comparados aos italianos e

poloneses.

De modo geral foram encontradas poucas diferenças entre os grupos étnicos

alemão, italiano e polonês tanto nas variáveis do crescimento físico (estatura e massa

corporal), quanto da composição corporal (percentual de gordura e massa corporal magra).

As poucas diferenças encontradas indicaram que o grupo étnico polonês apresentou

resultados inferiores aos grupos alemão e italiano. Estas diferenças podem ser decorrentes

de fatores ambientais, culturais e sociais. Em relação aos níveis de adiposidade, no sexo

masculino, aproximadamente 60% dos grupos étnicos (alemão, italiano e polonês) foram

classificados na categoria “Ótimo” de adiposidade corporal. Entretanto, a prevalência de

obesidade foi verificada em 11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses.

No sexo feminino em torno de 40% das etnias (alemã, italiana e polonesa)

apresentaram adiposidade corporal dentro da faixa recomendável (“Ótimo”). No entanto,

16,2% das alemãs, 19,4% das italianas e 21,2% das polonesas foram classificadas como

obesas.

Em relação ao nível de atividade física verificou-se que 75,5% dos escolares

avaliados foram classificados como sedentários. Constatou-se que os escolares

permaneciam, diariamente, em média, 3,26 horas assistindo à televisão, valores superiores

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58

ao recomendado pela literatura (duas horas/dia). O grupo étnico alemão apresentou uma

tendência maior ao sedentarismo do que os italianos e poloneses, e verificou-se que os

alemães e poloneses permaneciam maior tempo assistindo à televisão do que os italianos.

O sedentarismo associou-se com: 1) sexo, indicando que as meninas apresentaram

maior sedentarismo do que os meninos; 2) etnia, os alemães demonstraram maiores

chances de sedentarismo do que os poloneses; 3) escolaridade dos pais, os filhos de pais

com menor escolaridade apresentaram comportamento mais sedentário; 4) horas diárias de

televisão, escolares que assistiam mais de duas horas/dia apresentaram maiores chances de

sedentarismo.

No que concerne aos grupos étnicos observou-se que os alemães demonstraram

43% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; o nível socioeconômico foi

associado ao sedentarismo somente para os poloneses, com maiores chances para os que

pertenciam ao nível socioeconômico médio e baixo; os alemães e italianos que assistiam

televisão (>2 h/dia) apresentaram maior risco de sedentarismo do que os poloneses.

Nos hábitos alimentares observou-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares

avaliados não atendiam às recomendações quanto à freqüência diária do consumo de

frutas, vegetais e leite, respectivamente. Apesar de apresentarem um baixo consumo de

salgadinhos e doces, demonstraram alto consumo de refrigerantes.

Em relação aos grupos étnicos observou-se que os alemães apresentaram maior

tendência ao consumo inadequado de frutas e vegetais (53,2% e 63,1%). Já 69,5% dos

poloneses referiram baixo consumo de leite, além de apresentarem um consumo

inadequado de doces e refrigerantes, superior aos grupos étnico italiano e alemão.

Recomendações:

- promover outros estudos, considerando as escolas particulares, outros grupos étnicos,

residência urbana e rural, nível socioeconômico;

- implantar programas de intervenção para a promoção da atividade física nas escolas e

fora delas (campos, praças);

- investigar os hábitos alimentares, considerando a composição dos alimentos

- conscientizar os escolares da importância de hábitos alimentares adequados;

- divulgar os resultados na UETI – União as Etnias de Ijuí;

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ANEXOS

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ANEXO 1

QUESTIONÁRIO E FICHA ANTROPOMÉTRICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS

Programa de Pós-Graduação em Educação Física

QUESTIONÁRIO

Este questionário tem como objetivo proporcionar a coleta de dados referentes ao estudo “Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos”. Leia com atenção todos os itens. Em caso de dúvida pergunte ao pesquisador. Por favor, responda todas as questões de forma consciente e responsável. Isso é muito importante para nossa pesquisa! Muito obrigado pela colaboração!

Pesquisadora responsável: Ilca Maria Saldanha Diniz - Contato: 055-8118-0318

I – ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS E NÍVEL SOCIOECONÔMICO Nome: __________________________________ Sexo: Masculino Feminino

Data de hoje:______/______/_______Data de nascimento: ___________/____________/________

Escola: ______________________ Série:___________________

Pai descendente de: Alemão Italiano Polonês Não Sabe Outro Qual:__________

Mãe descendente de: Alemão Italiano Polonês Não Sabe Outro Qual: ________

Marque com um x a resposta que corresponde à descendência de seus avós:

Avô paterno (pai do pai) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro

Avó paterna (mãe do pai) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro

Avô paterno (pai da mãe) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro

Avó materna (mãe da mãe) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro

q1. No quadro abaixo, marque com um “X” a quantidade de itens que existem em sua casa.

Itens que possuem Quantidade 0 1 2 3 4 ou + a. Televisão em cores ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) b. Rádio ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) c. Banheiro ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) d. Automóvel ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) e. Empregada mensalista ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) f. Aspirador de pó ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) g. Máquina de lavar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) h. Videocassete e/ou DVD ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) i. Geladeira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) j. Freezer (aparelho independente ou ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) parte da geladeira duplex.

q2. Marque com “X” até que ano escolar o chefe da família estudou (pai ou mãe):

Ensino Fundamental Ensino Médio

Ensino Superior

Pai/Mãe 1ª 2 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ª ª2 ª3ª Completo. Incompleto

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II – NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA – PAQ-C Gostaria de saber que tipos de atividade física você praticou NOS ÚLTIMOS SETE DIAS (nessa última semana). Essas atividades incluem esporte e dança que façam você suar ou que façam você sentir suas pernas cansadas, ou ainda jogos (tais como pique), saltos, corrida e outros, que façam você se sentir ofegante. q 3. ATIVIDADE FÍSICA Você fez alguma das seguintes atividades nos ÚLTIMOS 7 DIAS (na semana passada)? Marque as atividades que você fez e escreva o TEMPO que praticou as atividades. **Marque apenas um X por atividade e tempo que você fez esta atividade**

Nenhuma 1

2 3 4 5 6 7 Tempo

Saltos ou pular corda

Atividade no campo ou praça

Corrida curta e rápida

Caminhada

Andar de bicicleta

Correr ou trotar

Ginástica aeróbica

Natação

Dança

Andar de skate

Futebol

Voleibol

Basquete

“Caçador”

Outros (liste no espaço)

q4. Nos últimos 7 dias, durante as aulas de Educação Física, o quanto você foi ativo (jogou intensamente, correu, saltou e arremessou)? Marque apenas uma opção.

Eu não faço aulas Raramente Algumas vezes Freqüentemente Sempre

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q5. Nos últimos 7 dias, o que você fez na maior parte do RECREIO? Marque uma opção. Ficou sentado(conversando, lendo, fazendo trabalho de casa) Ficou em pé, parado ou andou Correu ou jogou um pouco Correu ou jogou um bocado Correu ou jogou intensamente a maior parte do tempo

q6. Nos últimos 7 dias, o que você fez normalmente durante o horário do almoço (além de almoçar)? Marque apenas uma opção.

Ficou sentado(conversando, lendo, fazendo trabalho de casa) Ficou em pé, parado ou andou Correu ou jogou um pouco Correu ou jogou um bocado Correu ou jogou intensamente a maior parte do tempo.

q7. Nos últimos 7 dias, quantos dias da semana você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo, LOGO DEPOIS DA ESCOLA? Manhã ou tarde. Marque apenas uma opção.

Nenhum dia 1 vez na semana passada 2 ou 3 vezes na semana passada 4 vezes na semana passada 5 vezes na semana passada

q8. Nos últimos 7 dias, quantas vezes você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo, A NOITE? Marque apenas uma opção.

Nenhum dia 1 vez na semana passada 2 ou 3 vezes na semana passada 4 ou 5 vezes na semana passada 6 ou 7 vezes na semana passada

q9. NO ÚLTIMO FINAL DE SEMANA quantas vezes você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo? Marque apenas uma opção.

Nenhum dia 1 vez 2 ou 3 vezes 4 ou 5 vezes 6 ou mais vezes q10. Em média quantas horas você assiste televisão por dia? _______ horas. q11. Qual das opções abaixo melhor representa você nos últimos 7 dias? ** Leia TODAS as afirmativas antes de decidir qual é a melhor opção**

Todo ou quase todo o meu tempo livre eu utilizei fazendo coisas que envolvem pouco esforço físico (assistir TV, fazer trabalho de casa, jogar videogames).

Eu pratiquei alguma atividade física (1-2 vezes na última semana) durante o meu tempo livre (ex. Praticou esporte, correu, nadou, andou de bicicleta, fez ginástica aeróbica).

Eu pratiquei atividade física no meu tempo livre (3-4 vezes na semana passada) Eu geralmente pratiquei atividade física no meu tempo livre (5-6 vezes na semana passada) Eu pratiquei atividade física regularmente no meu tempo livre na semana passada (7 ou mais

vezes). q12. Comparando você com outras pessoas da mesma idade e sexo, como você se considera? Marque apenas uma opção:

Muito mais em forma Mais em forma Igualmente em forma Menos em forma Completamente fora de forma

q13. Você teve algum problema de saúde na semana passada que impediu que você fosse normalmente ativo? Problema em que você não pode fazer atividade física.

Sim Não Se sim, o que impediu você de ser normalmente ativo? _______________________________ q14. Comparando você com outras pessoas da mesma idade e sexo, como você se classifica em função da sua atividade física nos últimos 7 dias? Marque apenas uma opção.

Eu fui muito menos ativo que os outros Eu fui um pouco menos ativo que os outros Eu fui igualmente ativo Eu fui um pouco mais ativo que os outros Eu fui muito mais ativo que os outros

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q15. Marque a freqüência em que você praticou atividade física (esporte, jogos, dança ou outra atividade física) na semana passada. Nenhuma vez Algumas vezes Poucas vezes Diversas vezes Muitas vezes Tempo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo q16. Pense sobre os programas de TV que você assistiu ontem, tais como desenhos, seriados, filmes, novelas ou notícias, e faça uma estimativa de quanto tempo você assistiu TV?

Eu não assisto TV Menos de 30 minutos Entre 30 minutos e 1 hora Entre 1 hora e 2 horas Mais que 2 horas

III – HÁBITOS ALIMENTARES

As próximas questões são relacionadas à alimentação. Marque apenas uma alternativa, baseando-se no que você comeu na semana passada. q17. Durante os últimos 7 dias quantos dias você tomou leite ou iogurte?

0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q18. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu frutas, tais como maça, laranjas, bananas, pêras, kiwis ou outras frutas?

0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q19. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu vegetais, tais como alface, tomates, pepino, brócolis ou outra qualquer?

0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q20. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu chips, cachorro quente, pastel ou outro salgadinho qualquer? 0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q21. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu bolachas recheadas, biscoitos, prestígio, bombons ou chocolate?

0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q22. Nos últimos 7 dias, quantos dias você bebeu sucos ou refrigerantes com açúcar?

0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q23. Escreva quais alimentos típicos (de sua etnia) sua família e você consumiram nos últimos 7dias? Coloque em forma de preferência: ____________________________________________

Não responder as questões seguintes: Massa corporal (kg)________________________Estatura corporal (cm) _________________ Tríceps (mm) 1ª __________________2ª_________________3ª________________ Subscapular (mm) 1ª ______________2ª_________________3ª________________

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ANEXO 2

CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA

BRASIL / ANEP

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PONTUAÇÃO PARA ESTIMAR O NÍVEL SOCIOECONÔMICO 1. Itens que possuem Quantidade 0 1 2 3 4 ou + a. Televisão em cores ( )0 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 b. Rádio ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 c. Banheiro ( )0 ( )2 ( )3 ( )4 ( )4 d. Automóvel ( )0 ( )2 ( )4 ( )5 ( )5 e. Empregada mensalista ( )0 ( )2 ( )4 ( )4 ( )4 f. Aspirador de pó ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 g. Máquina de lavar ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 h. Videocassete e/ou DVD ( )0 ( )2 ( )2 ( )2 ( )2 i. Geladeira ( )0 ( )2 ( )2 ( )2 ( )2 j.Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 2. Grau de instrução do chefe de família Número de pontos Analfabeto / Primário incompleto ( )0 Primário completo / Ginasial incompleto ( )1 Ginasial completo / Colegial incompleto ( )2 Colegial completo / Superior incompleto ( )3 Superior completo ( )5 CORTES DO CRITÉRIO BRASIL:Classe PONTOS TOTAL BRASIL (%) Classe: A1 = 30 - 34 Classe: A2 = 25 - 29 Classe: B1 = 21 - 24 Classe: B2 = 17 - 20 Classe: C = 11 - 16 Classe: D = 6 a 10 Classe: E = 0 a 5 (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP, 2003).

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ANEXO 3

OFÍCIO PARA COORDENADOR REGIONAL DE EDUCAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS

COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO

Florianópolis, maio de 2006.

Ilmo. Sr. (a). Coordenador (a) Regional de Educação: Senhor (a) Coordenador (a):

Sou professora da rede estadual de ensino do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente realizando estudos de mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação Física na Universidade Federal de Santa Catarina.

No momento estou iniciando a coleta de dados para a elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.

Tendo em vista que é necessário avaliar um considerável número de escolares para representar a população da região Noroeste do RS, o nosso estudo abrangerá 1471 escolares do ensino fundamental das escolas estaduais.

Considerando que as escolas desta Coordenadoria foram selecionadas para fazer parte da amostra deste estudo, solicitamos a V. Sª permissão para realização da coleta de dados (medidas antropométricas e aplicação de um questionário), objetivando obter informações sobre aspectos sócio-demográficos, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares. Gostaríamos de esclarecer que todas as informações individuais serão mantidas em sigilo. Certos de contarmos com seu apoio agradecem a atenção dispensada. Cordialmente,

Prof. Dr. Adair da Silva Lopes Profª Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda

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ANEXO 4

OFÍCIO PARA DIRETOR DE ESCOLA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS

COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO

Florianópolis, maio de 2006.

Ilmo. Sr. (a). Diretor (a) da Escola: Senhor (a) Diretor (a):

Sou professora da rede estadual de ensino do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente realizando estudos de mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação Física na Universidade Federal de Santa Catarina.

No momento estou iniciando a coleta de dados para a elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.

Tendo em vista que é necessário avaliar um considerável número de escolares para representar a população da região Noroeste do RS, o nosso estudo abrangerá 1471 escolares do ensino fundamental das escolas estaduais.

Considerando que esta escola foi escolhida para fazer parte da amostra deste estudo, solicitamos a V. Sª permissão para realização da coleta de dados (medidas antropométricas e aplicação de um questionário), objetivando obter informações sobre aspectos sócio-demográficos, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares. Gostaríamos de esclarecer que todas as informações individuais serão mantidas em sigilo. Certos de contarmos com seu apoio agradecem a atenção dispensada. Cordialmente,

Prof. Dr. Adair da Silva Lopes Profª Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda

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ANEXO 5

OFÍCIO DE AUTORIZAÇÃO DOS PAIS/RESPONSÁVEIS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS

COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezados Pais ou Responsáveis:

Sou professora da rede estadual de ensino do RS, atualmente realizando Pós-Graduação no Programa de Mestrado em Educação Física – Área Atividade Física e Saúde na Universidade Federal de Santa Catarina.

No momento estou iniciando a coleta de dados para elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.

Neste sentido, solicito a sua autorização para que seu (sua) filho (a) participe deste estudo, e colaboração auxiliando-o (a) a responder o questionário em anexo, constituído de questões referentes a níveis de atividade física, hábitos alimentares e aspectos sócio-demográficos. As medidas antropométricas: peso, estatura e dobras cutâneas serão realizadas na escola, durante as aulas de educação física pela pesquisadora.

Informo que os dados coletados serão mantidos em sigilo, servindo apenas para a pesquisa, sendo que nenhum nome ou família será divulgado. Ressalta-se que a criança poderá desistir de participar do estudo em qualquer etapa da coleta de dados.

Através das respostas obtidas do questionário e das medidas antropométricas, espera-se que seja possível analisar o crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos grupos étnicos da região Noroeste do Rio Grande do Sul. Certos de contarmos com o seu apoio, agradecem antecipadamente e colocamo-nos á sua disposição para quaisquer esclarecimentos. Profª Ilca (55) 3333-0840/ (48) 9938-6883 ou e-mail: [email protected] Cordialmente Adair da Silva Lopes Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda - UFSC ------------------------------------------------------------------------------------------------------------

AUTORIZAÇÃO Autorizo meu (minha) filho (a)________________________________________________ a participar da Pesquisa Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos, estando ciente dos procedimentos, objetivos e relevância do referido estudo. ____________________________________ Assinatura dos Pais ou Responsáveis

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ANEXO 6

RELATÓRIO – ESTUDO PILOTO

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CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS

RELATÓRIO DO ESTUDO PILOTO O presente relatório diz respeito ao estudo piloto da dissertação de mestrado

intitulada Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de diferentes

grupos étnicos, e teve como propósito testar a qualidade do instrumento e os

procedimentos de coleta de dados.

Com o objetivo de aperfeiçoar o questionário e determinar a reprodutibilidade das

questões referentes às variáveis sócio-demográficas, nível de atividade física e hábitos

alimentares realizaram-se duas aplicações deste (teste e reteste).

O estudo foi desenvolvido com escolares de duas turmas (2ª e 7ª séries) da rede

estadual de ensino, no primeiro semestre de 2006 com intervalo de 7 dias entre a primeira

testagem (teste) e a segunda (reteste). A amostra foi constituída por 40 escolares, sendo 18

meninos e 22 meninas com idade média de 11,4 anos.

Os questionários foram entregues em sala de aula, onde a pesquisadora principal

explicou as questões referentes a este, após, foi solicitado que levassem para ser

preenchido em casa e devolvessem no dia posterior.

Para determinação da reprodutibilidade do questionário foi utilizado o Índice

Kappa, considerando que o índice Kappa varia de 0 a 1, sua classificação segundo Pestana

e Gageiro (2000) pode ser interpretada da seguinte forma: para os valores maiores ou

iguais a 0,75 existe uma excelente posição de concordância; valores entre 0,40 e 0,75 de

suficiente a boa concordância; e valores menores que 0,40 fraca concordância. Os valores

de concordância referentes ao nível econômico, grau de escolaridade dos pais, questões (1

a 9) referentes ao questionário PAQ-C (escore médio das questões), horas diárias de

televisão e hábitos alimentares são apresentados abaixo (Quadro 1).

Para avaliação das questões referentes ao PAQ-C foram avaliadas as nove questões

sobre a prática de esportes e jogos; as atividades físicas na escola e no tempo de lazer,

incluindo o final de semana. Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final é obtido pela

média das questões, representando o intervalo de muito sedentário (1); sedentário (2); (3)

moderadamente ativo; (4) ativo; (5) muito ativo.

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Quadro 1.

Índice de Kappa (K) para o nível econômico, escolaridade dos pais, questões do PAQ-C e hábitos alimentares.

Variáveis Kappa (K) Valor p Nível econômico 0,71 0,00 Grau de instrução chefe família 0,58 0,02 Nível de atividade física (PAQ-C) 0,68 0,00 Horas diárias de televisão 0,99 0,00 Leite e derivados 0,67 0,01 Frutas 0,68 0,00 Vegetais 0,63 0,00 Salgadinhos 0,61 0,00 Doces 0,57 0,00 Refrigerantes 0,67 0,00

Os resultados apresentados acima indicam que para o nível econômico, grau de

instrução do chefe de família, nível de atividade física, consumo de (leite, frutas, vegetais,

salgadinho, doces e refrigerantes) foi observado grau de concordância de suficiente a boa.

Os índices mais elevados de reprodutibilidade foram observados para a média

diária do tempo de assistência à televisão.

Considerações finais

De modo geral o questionário se mostrou com boa reprodutibilidade, com índices

de concordância Kappa (K) variando de suficientes a excelentes. A aplicação deste

instrumento foi considerada adequada para crianças e adolescentes.

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