corrupção nas licitações públicas

Upload: williamy-lima

Post on 20-Feb-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 Corrupo Nas Licitaes Pblicas

    1/53 4 NS PS. agosto 2013

    Matria Corrupo nas licitaes pblicas

    A princpio todo e qualquer contrato administrativo dever ser precedido de licitao e cabe a Adminis-trao Pblica acompanhar e evitar irregularidades para que as compras sejam realizadas com sucesso.Mas sabemos que o processo licitatrio est sujeito a fraudes, surgindo assim corrupo.

    Segundo o artigo A corrupo no oramento: fraudes em licitaes e contratos, apresentado ao Insti-tuto Serzedello Corra - ISC/TCU, como requisito parcial obteno do grau de Especialista em Ora-mento Pblico, por Fabiano de Castro em 2010, possvel determinar e visualizar indcios da presenada corrupo e de existe fraudes. So eles:

    CORRUPO NASLICITAES PBLICAS

    Sinais Exteriores de Riqueza

    Sinais exteriores de riqueza so as evidncias maissimples de serem detectadas por meio de teste deobservao, sinalizando que algo de errado ocorre naadministrao pblica. Essas evidncias podem serobtidas por meio de questionamentos sobre a evoluopatrimonial dos gestores antes de assumir o cargo. comum obter declaraes de que o grupo de amigose parentes das autoridades municipais exibe bens dealto valor, adquiridos de uma hora para a outra, comocarros e imveis.

    Ausncia de Segregao de Funes

    Este princpio de controle interno administrativodeve ser observado, pois quando ausente a segre-gao de funes na execuo da despesa, umforte indicador da existncia de fraude. As funesde solicitao de material, compra, armazenamento,pagamento e consumo devem ser segregadas, e nocentralizadas em uma ou duas pessoa (por exemplo:apenas no presidente da licitao e no secretrio deadministrao e finanas, ou no prprio prefeito).

    Resistncia em Prestar Contas Sociedade

    A transparncia no convm aos gestores que seutilizam da corrupo para desviar recursos. Portanto,eles no admitem que dados contbeis e outras infor-maes da administrao pblica sejam entregues aorganizaes independentes e aos cidados, nem queestes tenham direito de acesso ao que se passa noExecutivo.

    Falta de Recursos para Pagamento de

    Fornecedores

    Este princpio de controle interno administrativodeve ser observado, pois quando ausente a segre-gao de funes na execuo da despesa, umforte indicador da existncia de fraude. As funesde solicitao de material, compra, armazenamento,pagamento e consumo devem ser segregadas, e nocentralizadas em uma ou duas pessoa (por exemplo:apenas no presidente da licitao e no secretrio deadministrao e finanas, ou no prprio prefeito).

  • 7/24/2019 Corrupo Nas Licitaes Pblicas

    2/5 3NS PS. agosto 2013

    MatriCorrupo nas licitaes pblicas

    Etapa Execuo da Despesa Pblica

    Esta etapa do ciclo oramentrio o centro do tipo de corrupo objeto de estudo: autilizao de empresas inidneas para fraudar licitaes e contratos. A execuo amais visvel em relao s outras etapas do processo oramentrio, quais sejam: elabo-rao, aprovao, avaliao e controle.

    Segundo o Tribunal de Contas da Unio, em resposta a entre-vista enviada pela Revista Negcios Pblicos, quando o TCUencontra alguma impropriedade ou irregularidade, determina acorreo das falhas ou a adoo de providncias para melhorar odesempenho da gesto do rgo. Naquelas situaes em que sejacomprovado algum tipo de leso ao errio, o TCU determina a

    instaurao de procedimento administrativo que tem por obje-tivo a identificao de responsveis e o ressarcimento dos preju-zos causados (Tomada de Contas Especial).

    Tambm importante deixar claro que as irre-gularidades detectadas pelas fiscalizaes do

    tribunal no se tratam necessariamente de casosde corrupo. A maior parte dos gestores que so

    condenados pelo TCU a devolver recursos pblicosfederais no est envolvida em desvios. O que

    ocorre uma falta de conhecimento da legislao.

    Quando o TCU identifica indcios de fraude ou de qualqueroutro crime no curso de uma fiscalizao que impliquem danoao errio decorrente de ato de gesto ilegtimo ao antieconmico,desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores pblicos, tema obrigao legal de informar o fato ao Ministrio Pblico daUnio, para ajuizamento das aes civis e penais cabveis. Nessescasos, quanto ao dano cometido, o TCU pode aplicar sanescomo multa e condenao a ressarcimento do dbito, pormno tem competncia para investigar ou condenar gestores por

    cometimento de crimes.

    H, portanto, uma importante contribuio doTCU no combate corrupo no Pas, sobretudono que se refere expectativa de controle gerada

    pelas suas constantes fiscalizaes juntos aosrgos pblicos, porm, a prtica desse tipo decrime apurada pelas autoridades competentes,

    como, por exemplo, o Ministrio Pblico daUnio e a Polcia Federal.

    E dos julgamentos e apreciaes dos processos decontrole externo, algumas das irregularidades emlicitaes observadas pelo tribunal, especialmente nasreas de obras e aquisies com recursos do GovernoFederal, so:

    - projeto inadequado ou desatualizado;

    - sobrepreo e superfaturamento de preos;

    - prtica do jogo de planilhas;

    - utilizao de aditivos contratuais irregulares;

    - direcionamento de licitaes;

    - utilizao de empresas de fachada;

    - conluio entre empresas;

    - utilizao indevida de dispensa ou inexigibilidade.

    Por fim, nos casos em que o TCU considera gravea infrao cometida, poder declarar a inabilitaodo responsvel, por um perodo que variar de cincoa oito anos, para o exerccio de cargo em comissoou funo de confiana no mbito da administraopblica federal. No mesmo sentido, nas situaes defraude comprovada licitao, o tribunal declarar a

  • 7/24/2019 Corrupo Nas Licitaes Pblicas

    3/53 6 NS PS. agosto 2013

    Matria Corrupo nas licitaes pblicas

    inidoneidade do licitante fraudador para participar,por at cinco anos, de licitao na AdministraoPblica Federal.

    Segundo o TCU, as fraudes podem ocorrer em qual-quer das fases do processo de licitaes e contratos.A ttulo de exemplo, e reforando a ressalva de quenem toda irregularidade detectada trata necessaria-mente de fraude, no ano de 2012, entre as 200 obrasmais importantes fiscalizadas pelo TCU, as equipesde auditoria identificaram deficincias de projeto em49% delas. J a irregularidade do tipo superfatura-mento ou sobrepreo foi identificada em 46% dasobras.

    Segundo a professora e consultora jurdica em licita-es, Simone Zanotello, os caminhos usados, peloscorruptos, para fraudar licitaes e desviar dinheiropblico so os mais diversos. Usa-se a licitao, mastambm usam-se os casos de dispensa e inexigibili-dade de licitao. A fraude poder ocorrer por meiode elevao arbitrria dos preos, do oferecimentode produto que no atende ao edital, do recebimentopor uma execuo no efetuada no todo ou em parte,dentre muitas outras ocorrncias que oneram oscofres, e que podem ter ou no a conivncia do agente

    pblico, conta Simone.

    Para ela, de uma maneira geral, todas as modalidadeslicitatrias esto sujeitas a fraude. No entanto, amodalidade Convite, por no exigir publicao em

    rgo de imprensa oficial, mas somente o convite por parte daAdministrao a pelo menos 3 empresas e a afixao do aviso doedital em mural no prprio rgo, acaba por ser um facilitadorpara aes indevidas. Nesse caso, podero ocorrer conluios ou

    cartis entre os participantes, com ou sem a conivncia do agentepblico. No incomum ouvirmos casos em que o prpriolicitante, que o suposto ganhador do convite, incumbe-se dearrumar as outras duas propostas que iro integrar o convite,num verdadeiro desrespeito legislao e aos princpios licita-trios, explica.

    As fraudes em licitao podem ocorrer nas vrias etapas da lici-tao tanto interna quanto externa, bem como na execuocontratual. Segundo a professora, na fase interna, ela poderestar contida no direcionamento da licitao a determinada

    empresa, de forma dolosa ou culposa por parte do agentepblico, por ocasio da preparao de documentos como termode referncia/projeto bsico e edital, por meio de exigncias emrelao ao objeto ou as demais condies da licitao (entrega,documentao, etc.) que somente poderiam ser atendidas poruma empresa especfica.

    Com a fase externa, o risco o mesmo. Poderhaver a formao de conluios ou cartis entre os

    licitantes, com ou sem o conhecimento do agentepblico. E na execuo contratual, a fraude poder

    estar presente por meio do pagamento ao forne-cedor sem a execuo do objeto ou diante de suaexecuo ineficiente, o cumprimento do contrato

    de modo diverso do que ajustado na licitao, comprejuzo aos cofres, a concesso de aditamentos

    ou aumentos de preos sem previso legal, dentreoutras ocorrncias, que podero ou no ter o

    envolvimento do agente pblico , afirma Simone.

    A partir dos relatrios produzidos pela Controladoria Geral da

    Unio (CGU), em razo do permanente trabalho de auditoriae fiscalizao da gesto dos recursos federais sob a responsabili-dade de rgos pblicos e privados, possvel identificar as irre-gularidades mais frequentemente detectadas na rea de licitaes provocadas no necessariamente por m-f, mas tambm pordesinformao ou despreparo do gestor pblico. Entre as prin-cipais falhas esto: a restrio da competitividade; montagem,simulao e/ou direcionamento de processos, incluindo a parti-cipao de empresas fantasmas; dispensas e inexigibilidadesem desconformidade com os normativos vigentes; e, ainda,certames cujos preos so superiores mdia de mercado.

  • 7/24/2019 Corrupo Nas Licitaes Pblicas

    4/5 3NS PS. agosto 2013

    MatriCorrupo nas licitaes pblicas

    A depender da gravidade e da peculiaridade das situaes encon-tradas, a CGU assim como TCU, aciona os demais rgos dedefesa do Estado (Polcia Federal, Ministrio Pblico Federal,Tribunal de Contas da Unio), para que adotem as providncias,

    em suas respectivas reas de atuao.

    Em resposta a entrevista enviada pela Revista NegciosPblicos, a Controladoria Geral da Unio afirmou que a Leide Responsabilidade Fiscal (LRF) um grande avano nasfinanas pblicas e permitiu ao Brasil alcanar outro patamar degovernana e de responsabilidade no uso dos recursos pblicos.A Lei, assim como outros normativos, associada ao trabalhointegrado da CGU com os demais rgos de defesa do Estadobrasileiro, tem produzido resultados significativos na defesado patrimnio pblico, transparncia da gesto, preveno e

    combate corrupo. Cabe destacar que a alterao da LRF pormeio da Lei Complementar 131/2009, que determinou a dispo-nibilizao, em tempo real, na Internet, de informaes porme-norizadas sobre a execuo oramentria e financeira da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, tambm temgrande potencial de reduo de casos de corrupo, pelo seupoder inibidor e pelo fortalecimento do controle social por meiodo acesso a informaes.

    PenalidadesConforme a professora Simone, a fraude em licitao poderser tratada na seara administrativa, civil e penal, atingindo nos o fornecedor, mas tambm o agente pblico que atuou emconjunto.

    No mbito administrativo, a fraude emlicitao dever ser apenada com a decla-rao de inidoneidade do fornecedor para

    licitar ou contratar com qualquer rgoda Administrao Pblica, em razo dam-f. A Lei 10.520/02, que regula o

    prego, tambm prev a pena de suspensodo direito de licitar e contratar com oente por at 5 anos, em caso de fraude.Ambas as penalidades no excluem,

    ainda, a aplicao da multa. Quanto aoagente pblico, na seara administrativa

    ele ser penalizado em mbito funcional,em conformidade com as regras previstas

    nos estatutos e outras normatizaesque regulam as atividades do servidor ,

    explica.

    Tambm explica que no mbito civil, as aes fraudu-lentas podem gerar o dever de ressarcimento aos cofrespblicos pelos prejuzos causados, visando recom-posio patrimonial, podendo atingir fornecedores eagentes pblicos.

    Por fim, em mbito penal, a Lei8.666/93, em seus arts. 89 e 99, prevos chamados crimes na licitao. Socondutas como fraudar ou frustrar o

    carter competitivo da licitao, patrocinarinteresse privado nas licitaes ou contra-taes, devassar sigilo de proposta, etc.

    Essas aes podem atingir tanto o forne-cedor quanto o agente pblico, e a penali-zao inclui deteno e multa. Os crimes

    da Lei 8.666/93 so de ao penal pblicaincondicionada, cabendo ao Ministrio

    Pblico promov-la. Nesse caso, qualquerpessoa poder provocar a iniciativa do MP,fornecendo-lhe informaes sobre o fato

    e sua autoria, bem como as circunstnciasem que se deu a ocorrncia. Alm disso, oprprio Cdigo Penal prev dispositivospara tratar de crimes contra a Adminis-

    trao Pblica.

  • 7/24/2019 Corrupo Nas Licitaes Pblicas

    5/53 8 NS PS . agosto 2013

    Matria Corrupo nas licitaes pblicas

    Como evitar fraudes e corrupesnas licitaesPara Simone, as fraudes e a corrupo nas licitaes

    somente podero ser evitadas quando os supostosenvolvidos (agentes pblicos e privados) colocarem

    em prtica os ditames da legislao e os princpiosque regem a licitao. Nas hipteses em que a fraude

    ocorre somente em nvel dos fornecedores, sem a

    conivncia do agente, que dever ficar atento parasinais que possam demonstrar a existncia de ms

    prticas, como um conluio, cartel, etc. Alm disso, o

    efetivo exerccio da fiscalizao contratual impres-

    cindvel para eliminar maus hbitos que os fornece-

    dores possam ter. O segredo acompanhar de pertoas licitaes e contratos, e agir rapidamente nas ocor-

    rncias, esclarece.

    Ela tambm entende que uma legislao muitoimportante para coibir os casos de fraude e corrupo

    a Lei de Improbidade Administrativa Lei 8.429/92.

    Ela prev condutas como enriquecimento ilcito,

    atos que causem leso ao errio e aes ou omissesque atentem contra os princpios da Administrao

    Pblica ou que violem os deveres de honestidade,

    imparcialidade, legalidade e lealdade s instituies.Ela incide sobre agentes pblicos e privados, e prev

    sanes como: ressarcimento aos cofres pblicos,

    perda da funo pblica, suspenso de direitos pol-

    ticos, pagamento de multa civil e proibio de contratar com o

    Poder Pblico ou receber benefcios e incentivos fiscais, conclui.

    Segundo a CGU um dos indcios/sinais de fraude ou corrupo

    em uma licitao aquela de itens aparentemente desvinculados

    dos objetivos de um programa de governo, com grau de comple-xidade que restrinja a competitividade, a preos majorados ou

    quando efetuada de forma oculta, tem o potencial de ser objeto

    de fraude e de no atender as suas necessidades de escolha da

    proposta mais vantajosa para a Administrao.

    Para prevenir a ocorrncia dessas fraudes, a CGU criou, em

    2008, o Observatrio da Despesa Pblica (ODP), uma unidade

    composta por tcnicos especializados, que utiliza tecnologia da

    informao (TI) de ponta, capaz de cruzar dados de diferentes

    sistemas, na busca por sinais de m aplicao dos recursos fede-

    rais uma espcie de malha-fina. No momento em que os

    analistas identificam algum gasto atpico, acionam o ministrio

    ou rgo do Executivo Federal responsvel, para que apresente

    justificativas. Caso a resposta no seja suficiente, realizada

    uma fiscalizao ou auditoria para aprofundar a investigao.

    J no campo da represso, a CGU criou uma Comisso Especia-

    lizada de Processo Administrativo de Fornecedores (CPAF), que

    tem como atribuio conduzir processos nos quais se tenham

    em causa a aplicao, pelo Ministro-Chefe da Controladoria-

    -Geral da Unio, das sanes previstas no art. 87 e no art. 88 da

    Lei 8.666/93, ou seja, atua em casos graves de irregularidades

    em licitaes e contratos pblicos no mbito do Poder Executivo

    Federal (Art. 18 da Lei 10.683/02).