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VALAS

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  • O EMPREGO DOS ELEMENTOS DO SURF NO

    SALVAMENTO AQUTICO: concepes de professores e

    alunos do curso de graduao em Educao Fsica

    OSNI PINTO GUAIANO

    BAURU SP

    2005

  • O EMPREGO DOS ELEMENTOS DO SURF NO

    SALVAMENTO AQUTICO: concepes de professores e

    alunos do curso de graduao em Educao Fsica

    OSNI PINTO GUAIANO

    Monografia apresentada ao Instituto de

    Cincias da Sade, Universidade Paulista

    UNIP, Campus Bauru, como exigncia

    parcial para obteno do ttulo de

    GRADUADO - Licenciatura Plena - sob

    orientao dos Professores Mestres Edson

    Castardeli e Angela Maria Furquim

    Carneiro.

    BAURU SP

    2005

  • Termo de aprovao

    OSNI PINTO GUAIANO

    O EMPREGO DOS ELEMENTOS DO SURF NO SALVAMENTO AQUTICO:

    concepes de professores e alunos do curso de graduao em Educao Fsica

    BANCA EXAMINADORA

    MONOGRAFIA PARA OBTENO DO GRAU DE

    GRADUADO EM EDUCAO FSICA

    Prof. Ms Edson Castardeli Orientador

    Prof. Ms Angela M. F. Carneiro Co-orientador

    Caetano dos Santos Neto Professor da Disciplina Monografia

    Gustavo Ribeiro da Motta Coordenador do Curso de Educao Fsica

    Bauru - SP, 05 de Dezembro de 2005.

  • Dados curriculares

    OSNI PINTO GUAIANO

    NASCIMENTO

    05.10.1960 RIO DE JANEIRO / RJ.

    FILIAO

    Alfredo Jos Guaiano / Neusa Pinto Guaiano

    OUTROS

    2001/2005 Graduando em Educao Fsica. Faculdades Integradas de Guarulhos &

    Universidade Paulista Campus Bauru.

    2001 Curso Extenso Universitria em Salvamento Aqutico realizado nas

    Faculdades Integradas de Guarulhos (FIG). Guarulhos, SP. Professor

    convidado.

    Palestrante no 3 Simpsio Projeto Marazul. So Paulo, Capital.

    Palestrante no Espao Cultural do Banco do Brasil BBTeen. So

    Paulo, Capital.

    Palestrante no 1 Congresso Uruguaio de Guarda-Vidas do Cone Sul.

    Montevidu, Uruguai.

    Organizador e Professor de trs Cursos de Salvamento Aqutico

    realizados na Academia Projeto Acqua. So Paulo, Capital.

  • 2002 Curso de 1s Socorros realizado na Federao dos Empregados em

    Turismo e Hospitalidade do Estado de So Paulo FETHESP. So

    Paulo, Capital. Professor convidado.

    Palestrante no 4 Simpsio Projeto Marazul. So Paulo, Capital.

    Palestrante no 1 Simpsio do Litoral Argentino de Salvamento

    Aqutico. Concrdia, Argentina.

    Organizador e Professor de quatro Cursos de Salvamento Aqutico

    realizados na Academia Projeto Acqua. So Paulo, Capital.

    Organizador e Professor de um Curso de Salvamento Aqutico

    realizado na Academia PH5, Horto Florestal. SP, Capital.

    Colaborador do livro Emergncias Aquticas, editado pela Sociedade

    Brasileira de Salvamento Aqutico.

    2003 Participante no 3 Frum de Educao Fsica dos Pases do Mercosul.

    Foz do Iguau, Paran.

    Participante no 2 Seminrio de tica do Profissional de Educao

    Fsica dos Pases do Mercosul. Foz do Iguau, Paran.

    Participante do Curso de Regras e Arbitragem de Natao da Federao

    Aqutica Paulista. So Paulo, Capital.

    Apresentao oral do tema Indicador antropomtrico de atletas de alto

    nvel no 7 Congresso Paulista de Educao Fsica. Jundia, SP.

    Organizador e Professor de um Curso de Salvamento Aqutico

    realizado na Academia Projeto Acqua. So Paulo, Capital.

    Organizador e Professor de um Curso de Salvamento Aqutico

    realizado na Academia PH5, Horto Florestal. SP, Capital.

  • Organizador e Professor de dois Cursos de Salvamento Aqutico

    realizados na Academia Sport Total, Freguesia do . SP, Capital.

    Organizador e palestrante do Projeto Palestras nas Escolas realizado na

    Escola Professor Jcomo Stavale D.E. Norte, Freguesia do . SP,

    Capital.

    Eleito Diretor Administrativo da Sociedade Brasileira de Salvamento

    Aqutico (SOBRASA).

    2004 Palestrante no 3 Simpsio Brasileiro de Salvamento Aqutico.

    Cambori, Santa Catarina.

    Curso de Salvamento Aqutico realizado no 8 Congresso Paulista de

    Educao Fsica. Jundia, SP. - Professor convidado.

    Participante do Workshop de Fisiologia do Exerccio e Performance

    Atltica do CEFISE. Campusnas, SP.

    Palestrante no 1 Congresso Internacional de Salvamento Aqutico.

    Estado de Vargas, Venezuela.

    Curso de Atualizao em Salvamento Aqutico. Caroao, Venezuela.

    Professor convidado.

    2005 Participante no 5 Frum de Educao Fsica dos Pases do Mercosul.

    Foz do Iguau, Paran.

    Participante no 2 Seminrio de tica do Profissional de Educao

    Fsica dos Pases do Mercosul. Foz do Iguau, Paran.

    Apresentao em pster do tema Teoria do controle endmico do

    afogamento no 20 Congresso Internacional de Educao Fsica

    FIEP. Foz do Iguau, Paran.

  • Curso de Salvamento Aqutico em Piscina Liga de Medicina de

    Urgncia da Universidade Federal de So Paulo UNIFESP. So

    Paulo, Capital. - Professor convidado.

    Apresentao em pster do tema A interveno do surfista no controle

    do afogamento no 17 Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva.

    So Paulo, SP.

    Qualificado Guarda-Vidas Internacional de Arrebentao pela

    International Life Saving Federation.

    Qualificado Guarda-Vidas Internacional de guas Abertas pela

    International Life Saving Federation.

    Qualificado Guarda-Vidas Internacional de Piscina pela International

    Life Saving Federation.

    Qualificado Instrutor Internacional de Salvamento Aqutico pela

    International Life Saving Federation.

    Apresentao oral do tema Relao cursos de extenso universitria e

    salvamento aqutico na preveno do afogamento no 2 Congresso

    Regional de Cincias do Esporte & 4 Semana de Educao Fsica do

    Uirapuru Superior. Sorocaba, SP.

    Curso de Salvamento Aqutico em Piscina realizado no 2 Congresso

    Regional de Cincias do Esporte & 4 Semana de Educao Fsica do

    Uirapuru Superior. Sorocaba, SP. - Professor convidado.

    Palestrante no 1 Congresso Internacional de Salvamento e Resgate e 1

    Workshop de Salvamento e Resgate. Concrdia, Argentina.

  • Dedicatria

    quele que, para mim, o maior e melhor

    salvador de vidas de todo o mundo: Deus.

    minha amada Denise Correa, pelas horas

    de pacincia e compreenso; e aos meus

    queridos Isabela Priscila, Maria Eduarda,

    Mateus e Mariana Correa Guaiano.

    Tambm aos meus sobrinhos Marcos e

    Alberto Mximo Guaiano.

  • Agradecimentos

    Em especial, agradeo ao meu pai Alfredo Jos Guaiano, a minha me Neusa

    Pinto Guaiano e ao meu irmo Aldir Pinto Guaiano, pelo incentivo nos momentos difceis

    e compreenso nos momentos de ausncia; aos meus irmos paternos Ricardo da Silva

    Duarte e seus filhos: Simone Correia Duarte (Kika) e Ricardo Correia Duarte, e Anderson

    Dias Guaiano e seus filhos: Anderson Junior e Julia Victria Guaiano; aos meus ilustres

    orientadores Professor Mestre Edson Castardeli e Professora Mestre Angela Maria

    Furquim Carneiro, docentes da Universidade Paulista. Pela dedicao e empenho em

    nortear os rumos do meu trabalho, e por levar aos discentes da primeira turma do Curso de

    Educao Fsica da Universidade Paulista campus Bauru, todo o seu saber, pacincia e

    entusiasmo para fazer destes exemplos que, certamente, os tiveram como espelho de

    humildade, compreenso e conhecimento. O meu mais sincero agradecimento!

    Do mesmo modo, agradeo a todos os meus Professores do Curso de Graduao

    em Educao Fsica pela dedicao, pacincia e sabedoria. Primeiramente, os das

  • Faculdades Integradas de Guarulhos (FIG) na qual estudei os trs primeiros anos de minha

    vida acadmica. A saber: o Professor e Diretor Jos Benedito Fillippo Bernardes

    (handebol), as Profs. Carmem (cultura verncula), Cludia Cortez (handebol), Greice

    Kelly (EF infantil), Renata Stark (ginstica), Silvana Wieczorek (biologia), Telma

    Marques (didtica) e Telma Teixeira (estrutura); aos Profs. Adriano Celante (EF infantil),

    Alfred Jacob (natao), Altevir Haliski (basquetebol); Carlos Montalvani (psicologia),

    Edmur Stoppa (recreao e lazer), Euclides Filho (atletismo), Jaime Paulino (ginstica);

    Jorge (primeiros socorros), Junlio (filosofia), Lourival Faria (organizao), Luciano

    Bernardes (anatomia), Luiz Henrique (histria da EF e voleibol), Marcelo Baboghluian

    (coordenador do curso de extenso universitria em salvamento aqutico), Marcos Serra

    (antropometria e cinesiologia), Maurcio Teodoro (antropologia e introduo a pesquisa

    cientfica), Neilton (atletismo), Nilton Coutinho (basquetebol), Olavo (ritmo), Paulo

    Roberto (futebol), Roberto Bidoy (natao), Rudney (fisiologia) e tambm a Srta. Elza e

    aos Srs. Hlio e Chiquinho; e depois, os da Universidade Paulista (UNIP) campus Bauru,

    onde passei os dois ltimos anos de minha vida como graduando. So eles: o Professor e

    Coordenador Gustavo Ribeiro da Motta (fisiologia), os Profs. Daniel Zorzetto (anatomia),

    Edson Lopes (futebol, futsal e marketing), Edson Maitino (metodologia da pesquisa

    cientfica), Fbio Orsatti (esporte de ataque e defesa & medidas e avaliaes), Julio Wilson

    (desportos combinados, nutrio e monografia), Marcelo Papoti (estatstica), Gabiela Toloi

    (lazer e recreao), alm dos professores Edson Castardeli (EF geral e adaptada) e Angela

    Furquim (prtica de ensino). Tambm, aos colegas discentes de ambas instituies de

    ensino, pela amizade e companheirismo em todas as horas que passamos juntos.

    Poderia neste momento, dedicar um captulo inteiro em reconhecimento aos

    profissionais da rea de segurana aqutica, desta Nao e do mundo, os quais tm

  • contribudo com dados, consultoria e inspirao, me encorajando para construir o material

    aqui exposto.

    A compilao da grande variedade de experincias o que torna este trabalho

    dinmico, fazendo assim com que ele possa atender s necessidades desta profisso que

    comporta mudanas freqentes.

    Listar os nomes de todas as pessoas seria tarefa impossvel, por isso confiamos

    que todos reconheam nosso sincero agradecimento. Porm, sinto o dever de agradecer aos

    milhares de surfistas brasileiros e a todos os profissionais empenhados em difundir os

    mtodos seguros de como prevenir e agir diante de situaes de emergncia na gua,

    fazendo com que os ndices de afogamento diminuam no Brasil e no mundo.

  • Epgrafe

    Voar como gaivota ou surfar como golfinho, na verdade, tanto faz, pois o verdadeiro esprito do surf emana de uma das formas de arte mais efmeras que existe. Flutuar sobre as ondas a manifestao mais autntica desta forma de arte. (SEQUEIRA, 2005).

  • GUAIANO, Osni Pinto. O emprego dos elementos do surf no salvamento aqutico:concepes de professores e alunos do curso de graduao em Educao Fsica. Bauru, 2005. 128 f. Monografia (Licenciatura Plena em Educao Fsica) - Instituto de Cincias da Sade da UNIP, Bauru, 2005.

    RESUMO

    Este trabalho objetivou levantar dados sobre utilizar elementos intrnsecos do surf na preveno e ao diante do afogamento, alm de observar o entendimento de professores e alunos do curso de graduao em educao fsica sobre o assunto. O conhecimento acerca desses fatores suscita questes importantes relacionadas com aulas de salvamento aqutico para a comunidade surfista e da mesma maneira, para a Educao Fsica escolar, principalmente, para crianas e jovens que encontram-se dentro da faixa etria de risco, que de 0 a 14 anos. Com relao amostra, obtivemos (n= 37) componentes da comunidadedos surfistas de peito, 94,59% do sexo masculino e 5,41% do sexo feminino. Anotamos que a maioria, 82% sente-se bem no mar, com ondas que variam de 1,5 a 2 m de altura. A maioria, 37,84% encontra-se na faixa etria entre 26 e 30 anos. Foram avaliados tambm,(n= 54) sujeitos componentes do sistema de educao superior, sendo 83,33% de graduandos, 3,7% de graduados e 12,96% de ps-graduados. Registramos que a maioria,70% relataram que o surfista pode executar o servio de preveno, enquanto 74% confiamque o surfista pode executar salvamento enquanto pratica o surf. Entre os surfistas, 95% apontaram que gostariam de realizar curso de habilitao em salvamento aqutico. Notamos tambm que 54% dos entrevistados no costuma adquirir revistas especializadas em surf de peito, principalmente porque elas ainda no existem, mas observamos que as de surf com prancha so abundantes e poderiam promover ensino e aprendizagem pela educao a distncia. Todavia, sem conhecimento especfico, 84% dos entrevistados informaram que j tomaram parte de salvamentos no mar, mas 30% asseguraram possuir medo ao realizar tais salvamentos, inclusive, do total, 32% afirmaram que j presenciarammortes por afogamento. Finalmente, da amostra do sistema de educao superior, 85% observaram que os surfistas podem auxiliar pessoas se afogando, mas ressalvaram que necessitam de conhecimentos especficos e procedimentos adequados para realizaremsalvamento no mar, apesar de, naturalmente, serem adaptados a este ambiente, e possurembom preparo fsico. Esses resultados sugerem que medidas de educao para a preveno devem ser direcionadas populao, principalmente aos surfistas, os quais tm como modode vida, as ondas do mar. Promover cultura nesta comunidade importante, pois ela est comprometida com a sade. Abre-se tambm a possibilidade da educao preventiva ser discutida nas aulas de Educao Fsica escolar.

  • GUAIANO, Osni Pinto. The employment of the elements of surf in aquatic rescue:conceptions of teachers and students of the graduation course in physical education. Bauru, 2005. 128 f. Monograph (Full Graduation in Physical Education) - Institute of Sciences of the Health of UNIP, Bauru, 2005.

    ABSTRACT

    This work aimed the search for data on how to use the intrinsic elements of surf in the prevention and action towards drowning, besides observing the understanding about the subject by teachers and students of the Graduation Course of Physical Education. The knowledge about these factors raised important questions related with classes of aquatic rescue for the surfers community and at the same way, for the elementary teaching of Physical Education, especially for children between the ages of 0 to 14, who are within the age group at risk. According to sample (n= 37), components of the chest surfer community,94,59% belong to the male gender and 5,41% to the female gender. We have noticed that the majority, 82%, feels comfortable on the sea, taking waves that vary from 1,5 to 2m of height. The majority, 37,84%, is within the group age from 26 to 30. We also evaluated (n= 54) individuals students from Superior Education Courses, of which 83,33% were senior students, 3,7% were graduates and 12,96% were postgraduates. We recorded that the majority, 70% declared that a surfer could execute the prevention work, while 74% believe that a surfer could execute the rescue while he or she is practicing surf. Among the surfers, 95% declared that they would like to accomplish a course in aquatic rescue habilitation. We also noticed that 54% of the interviewees have not had access to magazines specialized in chest surf yet because they are not available in our market, but we observed that there are many magazines on board surf and these could promote teaching and learning through long-distance teaching education. Nevertheless, without specific knowledge, 84% of the interviewees declared having already participated in ocean rescues, but 30% affirmed they were afraid when they participated in such rescues, and 32% affirmed having already witnessed deaths by drowning. Lastly, from the sample of the Superior Education System, 85% observed that surfers could help people at risk of drowning, but they pointed that they need specific knowledge and adequate procedures in order to perform ocean rescue, even though they are naturally adapted to this environmentand possess good physical conditions. These results suggest that measures of education for prevention must be directed to the population, especially to the surfers, who adopt the waves of the sea as a lifestyle, and so, they could promote culture in their community,which has a compromise with health. Furthermore, there is the possibility of having a preventive education being discussed in classes of Physical Education at schools.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 Duke Kahanamoku: segundo da direita para a esquerda..........................29

    FIGURA 2 Ao centro Duke Kahanamoku e Wilbert E. Longfellow .........................31

    FIGURA 3 Imagem pinta o processo evolutivo das pranchas de surf ........................34

    FIGURA 4 O remar.....................................................................................................37

    FIGURA 5 O sentar sobre a prancha...........................................................................38

    FIGURA 6 Tcnica tartaruga utilizada para evitar a turbulncia da onda ..................39

    FIGURA 7 Seqncia aponta a tcnica joelhinho utilizada para evitar a turbulncia da onda......................................................................................................40

    FIGURA 8 Posio dos ps no momento em que ficar de p sobre a prancha ...........41

    FIGURA 9 Surfando de p sobre a prancha................................................................42

    FIGURA 10 O drop da crista a base da onda................................................................43 FIGURA 11 O tubo .......................................................................................................44

    FIGURA 12 Imagem do surfista levando uma queda e sendo jogado do lip diretamente para a base da onda.................................................................................. 45

    FIGURA 13 Golfinhos surfando numa onda ................................................................47

    FIGURA 14 Seqncia aponta o momento em que o sujeito utiliza o corpo para surfar de peito a onda..........................................................................................48

    FIGURA 15 Tubo de Rogrio Schefler durante o Pipeline Bodysurfing Classic, 2005

    ..................................................................................................................50

    FIGURA 16 rea de gerao de ondas .........................................................................55

    FIGURA 17 A onda na Praia de Maresias Litoral Norte de So Paulo .....................56

    FIGURA 18 Anatomia da onda na linha de arrebentao.............................................57

    FIGURA 19 Imagem anatmica da corrente de retorno: Praia Brava em Arraial do Cabo Regio dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro ...............................58

    FIGURA 20 Desenho de como proceder para sair da corrente de retorno....................59

    FIGURA 21 Sinal de apelo de ajuda imediata ................................................................6

    FIGURA 22 Sinal de alarme de animal marinho perigoso ...........................................62

    FIGURA 23 Sinal para seguir na direo indicada .......................................................63

    FIGURA 24 Sinal de fique onde est............................................................................64

    FIGURA 25 Sinal para remar ou nadar para atrs da linha de precipitao .................65

    FIGURA 26 Sinal para que volte para a praia...............................................................66

    FIGURA 27 Afogado inconsciente ...............................................................................70

    FIGURA 28 Embarque da vtima consciente - mtodo australiano..............................71

  • FIGURA 29 Prancha entre o socorrista e a vtima........................................................72

    FIGURA 30 Primeiros socorros dentro dgua (ver, ouvir e sentir) .............................73

    FIGURA 31 Embarque da vtima inconsciente.............................................................74

    FIGURA 32 Remando para a praia ...............................................................................75

    FIGURA 33 Corpo docente e discente do Projeto Salva Surf do CBMERJ, out 1999.76

    FIGURA 34 Seqncia aponta o embarque da vtima consciente mtodo brasileiro ...77

    FIGURA 35 Procedimentos iniciais..............................................................................78

    FIGURA 36 Primeiros socorros dentro dgua.............................................................79

    FIGURA 37 Procedimento inicial do embarque ...........................................................80

    FIGURA 38 Procedimento secundrio do embarque....................................................80

    FIGURA 39 Seqncia indica o procedimento final do embarque...............................81

    FIGURA 40 Corpo docente e discente do primeiro Projeto Surf Salva realizado em So Paulo ..................................................................................................82

    FIGURA 41 Salvamento com prancha na Praia do Forte em Cabo Frio ......................83

    FIGURA 42 Traslado utilizando o reboque lateral .......................................................84

    FIGURA 43 Reboque lateral.........................................................................................85

    FIGURA 44 Traslado da vtima pelo reboque dorsal....................................................85

    FIGURA 45 Transporte australiano ..............................................................................86

    FIGURA 46 Seqncia da imobilizao e transporte de vtima com suspeita de trauma cervical sem a prancha de imobilizao ...................................................87

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 Mortalidade do afogamento no mundo.................................................... 89

    QUADRO 2 Cenrio do afogamento no Brasil segundo Regies................................ 92

    QUADRO 3 Panorama do afogamento no litoral do Estado do Rio de Janeiro de 1986 2004 ...................................................................................................... 94

    QUADRO 4 Panorama do afogamento no litoral do Estado de So Paulo de 1986 2004 ......................................................................................................... 96

    QUADRO 5 Panorama do afogamento no litoral do Estado do Esprito Santo de 1995 2004 ...................................................................................................... 98

    QUADRO 6 Observao de alguma morte por afogamento ...................................... 108

    QUADRO 7 Participao em algum salvamento no mar ........................................... 108

    QUADRO 8 Receio ou medo de realizar salvamento no mar.................................... 109

    QUADRO 9 Oportunidade de auxiliar o Guarda-Vidas diante de salvamento no mar....

    ............................................................................................................... 109

    QUADRO 10 Aspirao de participar de curso de capacitao em salvamento aqutico

    ............................................................................................................... 110

    QUADRO 11 Compra de revistas especializadas em surf de peito ............................. 110

    QUADRO 12 Condies de mar em que se sente vontade praticando surf de peito. 111

    QUADRO 13 Perfil dos graduados e graduandos em Educao Fsica ....................... 114

    QUADRO 14 Crtica sobre o papel do surfista no auxilio de pessoa se afogando ...... 115

    QUADRO 15 Julgamento sobre j ter observado o surfista auxiliando em algum salvamento............................................................................................. 115

    QUADRO 16 Exame sobre o surfista realizar servio de preveno enquanto pratica o surf......................................................................................................... 116

    QUADRO 17 Anlise sobre o surfista realizar salvamento enquanto pratica o surf ... 116

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 Idade dos surfistas segundo faixa etria .................................................106

    TABELA 2 Sexo dos surfistas de peito .....................................................................106

    TABELA 3 Escolaridade dos surfistas de peito.........................................................107

    TABELA 4 Idade dos professores e alunos do curso de graduao em Educao Fsica.......................................................................................................112

    TABELA 5 Sexo dos professores e alunos do curso de graduao em Educao Fsica

    ................................................................................................................ 112

    TABELA 6 Nvel dos professores de Educao Fsica e alunos ...............................113

  • SUMRIO

    Termo de aprovao............................................................................................................... 3

    Dados curriculares ................................................................................................................. 4

    Dedicatria............................................................................................................................. 8

    Agradecimentos ..................................................................................................................... 9

    Epgrafe ............................................................................................................................... 12

    RESUMO............................................................................................................................. 13

    ABSTRACT......................................................................................................................... 14

    LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... 15

    LISTA DE QUADROS ....................................................................................................... 17

    LISTA DE TABELAS......................................................................................................... 18

    1 INTRODUO..................................................................................................... 22

    1.1 Conceitos e definies............................................................................. 24

    1.2 A origem do surf...................................................................................... 26

    1.2.1 O surf moderno ................................................................................... 291.2.2 De madeira macia ao ncleo de espuma coberto por fibra de vidro e

    resina .................................................................................................. 33 1.2.3 Particularidades do surf com prancha ............................................... 35

    1.3 O surfe de peito ....................................................................................... 46

    1.4 Noes de oceanografia........................................................................... 53

    1.4.1 Vagas .................................................................................................. 541.4.2 Caractersticas das praias.................................................................. 57

    1.5 Comunicao por gestos.......................................................................... 60

    1.5.1 Ajuda imediata.................................................................................... 601.5.2 Alarme de animal marinho perigoso .................................................. 611.5.3 Siga na direo indicada .................................................................... 621.5.4 Fique onde est................................................................................... 631.5.5 Remar ou nadar para dentro do mar.................................................. 641.5.6 Volte praia ....................................................................................... 65

    1.6 Tcnicas de salvamento com prancha ..................................................... 66

    1.6.1 Consciente ou inconsciente................................................................. 691.6.2 Rolo: mtodo australiano para o afogado consciente........................ 70

  • 1.6.3 Rolo: mtodo australiano para o afogado inconsciente..................... 711.6.3.1 Primeiros auxlios dentro dgua .................................................. 721.6.3.2 Embarque ....................................................................................... 73

    1.6.4 Teste de 14 segundos .......................................................................... 751.6.5 Mtodo brasileiro: afogado consciente .............................................. 771.6.6 Mtodo brasileiro para o afogado inconsciente................................. 78

    1.6.6.1 Primeiros socorros dentro dgua................................................. 781.6.6.2 Embarque ....................................................................................... 79

    1.7 Reboque................................................................................................... 84

    1.8 Transporte................................................................................................ 86

    1.9 Magnitude do problema........................................................................... 87

    1.9.1 Cenrio epidemiolgico do afogamento no mundo............................ 881.9.2 Panorama epidemiolgico do afogamento no Brasil ......................... 901.9.3 Panorama epidemiolgico do afogamento no litoral do Estado do Rio

    de Janeiro ........................................................................................... 921.9.4 Panorama epidemiolgico do afogamento no litoral do Estado de So

    Paulo................................................................................................... 941.9.5 Panorama epidemiolgico do afogamento no litoral do Estado do

    Esprito Santo ..................................................................................... 962 OBJETIVOS.......................................................................................................... 99

    2.1 Objetivo geral .......................................................................................... 99

    2.2 Objetivo especfico.................................................................................. 99

    3 HIPTESE .......................................................................................................... 100

    4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 101

    5 METODOLOGIA................................................................................................ 102

    5.1 Tcnica de coleta ................................................................................... 102

    5.2 Documentos........................................................................................... 103

    5.3 Origem da populao............................................................................. 103

    5.4 Amostra ................................................................................................. 104

    5.5 Tratamento dos dados............................................................................ 104

    6 RESULTADOS ................................................................................................... 105

    6.1 Perfil dos surfistas de peito.................................................................... 105

    6.2 Concepo dos surfistas de peito........................................................... 107

    6.3 Perfil dos graduandos e graduados em Educao Fsica ....................... 111

    6.4 Concepo de professores e alunos do curso de graduao em Educao Fsica...................................................................................................... 115

  • 7 DISCUSSO ....................................................................................................... 117

    8 CONCLUSO..................................................................................................... 123

    9 REFERNCIAS .................................................................................................. 125

    10 ANEXOS ............................................................................................................. 130

    10.1 Anexo A AUTORIZAO PARA UTILIZAO DE TEXTOS .................. 130

    10.2 Anexo B INSTRUES GERAIS DO QUESTIONRIO PARA OS SURFISTAS DE PEITO ..................................................................................... 131

    10.3 Anexo C INSTRUES GERAIS DO QUESTIONRIO PARA OS PROFESSORES E ALUNOS DO CURSO DE GRADUAO EM EDUCAO FSICA................................................................................................................. 135

  • 1 INTRODUO

    No cabe dvida de que o conhecimento e a prtica do socorrismo caem dentro da

    temtica da Educao Fsica.3 Atualmente o mercado de trabalho tem necessitado de

    profissionais cuja viso abranja mais do que o conhecimento tcnico especfico para as vrias

    ocupaes disponveis. Este trabalho permite o estudo e o aprendizado da rea do saber que

    possibilita segurana, qualidade de vida, versatilidade, flexibilidade, criatividade e, sobretudo,

    atividades que buscam o bem estar da populao.

    Os dados da Diretoria de Hidrografia e Navegao6 apontam que a temperatura mdia

    da superfcie do mar o longo da costa brasileira de 22,97C r 2,31. Esta temperatura

    favorece ao segmento Esportes Radicais, principalmente o surf que vem apresentando

    crescimento considervel quando comparado a outros esportes, pois a identificao com a

    populao jovem, desafiadora e inovadora imediata.

  • 23

    Com dados de Brasmarket (Gazeta Mercantil), Baboghluian (2001)5 revela que o surf

    possui 3,5 milhes de praticantes no Brasil e tambm aponta que, segundo a revista americana

    Surfer, especializada no assunto, o Brasil a terceira nao em nmero de praticantes

    perdendo por pouco, para EUA, incluindo o Hawaii, e a Austrlia.

    A costa brasileira possui em torno de 7,9 mil quilmetros em toda sua extenso.7 Para

    Steinman et al.(2000),53 a prtica do surfe nas praias brasileiras tem atrado cada vez mais

    crianas e adolescentes.

    Em 1998, constatou-se que no Brasil aconteceram cerca de 1,3 milhes casos de

    afogamento, aproximadamente oito mil vtimas chegaram ao bito, quase 65% destas mortes

    foram crianas.56 Esta a resumida radiografia do afogamento no Brasil.

    Infelizmente, ser um exmio surfista e ter bom preparo fsico no so garantias para

    sair de situaes de perigo iminente, mas a maioria acha que saber surfar ou nadar o

    suficiente para evitar o afogamento ou mesmo para ajudar algum que est se afogando.

    claro que tais conhecimentos ajudam, mas s mesmo quem conhece as tcnicas de salvamento

    aqutico pode realmente enfrentar situaes de perigo e pnico e conseguir escapar do perigo

    de vida.

    Mar revolto, escurido, temperatura baixa, adrenalina altssima so alguns fatores que

    podem prejudicar o salvamento no mar. Com algumas tcnicas como o nado especfico de

    reboque, por exemplo, e com a utilizao de equipamentos e materiais que auxiliem o servio

    de salvamento aqutico possvel vencer o perigo e se salvar, ou salvar algum.

  • 24

    1.1 Conceitos e definies

    Seguimos nosso trabalho, primeiro pelo estudo etimolgico de alguns vocbulos, a

    comear pelo surf. Na concepo de Arczyska (2005),4 a palavra inglesa surf / surfar

    surfing (tambm suff ou suffe), tem sua origem no final do sculo XVII, tem, aparentemente, o

    sentido original do impulso da gua formando ressaca. , ento, um item lexical

    onomatopaico. Arczyska revela tambm que devido o esporte ser praticado na crista das

    ondas, poder-se-ia justapor surface / superfcie a surf. Assim, o ingls surface, originrio do

    derivado francs surface, tem o prefixo sur , forma contrata do latim super , da superficie

    (facie).

    Ao sair do elemento lquido, comenta Arczyska, onde este esporte (com prancha ou

    sem ela) tem encontrado nmero cada vez maior de adeptos em todo o mundo, por conotao

    semntica, levou o homem a adapt-lo neve, ao ar, e outros, sempre perigosamente, a

    inventar outra modalidade, urbana o surfe ferrovirio como pingentes viajando em cima

    do teto do trem, no mximo pulando de um vago para o outro.

    Verificando outros conceitos, constatamos que sade o estado de bem estar fsico,

    mental e social completo e no meramente a ausncia da doena ou da enfermidade.61 Esta

    observao nos leva a pensar que falta de sade causa baixa qualidade de vida.

    Para Jenicek e Clroux (apud Maitino, 1998),30 doena algum desajustamento ou

    mesmo falha nos mecanismos de adaptao do organismo ou ainda a ausncia de reao aos

    estmulos a cuja ao est exposto. Este processo pode resultar na perturbao da estrutura ou

    funo de um rgo, ou de um sistema ou ainda, de todo o organismo. De modo simplista, a

    doena pode ser entendida como desvio da normalidade.

  • 25

    O afogamento tem origem no latim affogare,19 definido com evento que resulta em

    desconforto respiratrio provocado pela submerso ou imerso em lquido.59 O evento

    afogamento, alm do desconforto respiratrio, pode ocasionar a morte, com a possvel

    inundao do aparelho respiratrio. Neste sentido, saber manter-se no meio aqutico deve ser

    considerado como elemento de sade, pois alm do seu carter utilitrio, saber nadar e saber

    salvar podem ter significado relacionado a sade.

    A doena que existe constantemente em determinado lugar e ataca nmero maior ou

    menor de indivduos, chamamos de endemia.19 O Brasil, por se tratar de pas tropical, favorece

    a prtica da natao e do surf, mas ao mesmo tempo acontecem milhares de casos de

    afogamento durante todo o decorrer do ano, vitimando nmero maior ou menor de pessoas.

    Ser que neste contexto estaria correto qualificar o evento afogamento como um

    fenmeno endmico no Brasil?

    Esta questo, possivelmente, s poder ser contestada aps a anlise da magnitude do

    problema no Brasil. Porm, o afogamento sem dvida um episdio que a cada dia tem se

    tornado ainda mais necessrio de ser estudado pela sociedade do conhecimento,

    principalmente visando informar e ensinar como prevenir e agir na presena destas

    ocorrncias.

    Novaes e Novaes (1994)34 entendem que primeiros socorros o tratamento aplicado

    de imediato ao acidentado ou portador de mal sbito, antes da chegada do mdico e chamam

    de socorrista pessoa que est habilitada prtica dos primeiros socorros, utilizando-se dos

    conhecimentos bsicos e treinamento tcnicos que o capacitam para este desempenho.

    O termo salvamento aqutico tem sua origem no latim aquaticu salvare. Este termo

    derivado da relao entre a palavra salvar (salvare) que significa tirar ou livrar do perigo e da

    palavra aqutico (aquaticu) que expressa pertencente gua.19 Assim, neste estudo o termo

  • 26

    salvamento aqutico ser considerado de maneira especfica e geral. Especfica quando seu

    objetivo for tirar ou livrar algum que sofre perturbao da sade pelo desconforto respiratrio

    ou inundao do aparelho respiratrio por lquidos no corporais, e geral quando a meta se

    configura na preveno que acarreta na melhora da qualidade de vida.

    1.2 A origem do surf

    A prtica humana de dispositivos flutuantes como ferramenta auxiliar do nado em

    mares, em lagos e em rios muito antiga. Qualquer coisa que flutuasse poder-se-a o homem

    antigo usar como ferramenta utilitria, seja para a caa, a coleta ou para a pura expresso de

    suas habilidades.52 Em Atos dos Apstolos (27:37-44),1 escrito por Lucas (65 70 dC), h o

    relato do naufrgio sofrido por Paulo, no qual a tripulao e outros tiveram de cair no mar e

    nadar at a ilha mais prxima, ento Malta, situada ao sul da Siclia: "O Centurio porm,

    querendo salvar Paulo (...) ordenou que aqueles que pudessem nadar fossem os primeiros a

    lanar-se ao mar (...) uns atingiram a terra em tbuas, outros em cima de destroos do navio.

    Todos se salvaram.

    Porm, foi nas sociedades primitivas do Pacfico que a prtica do surfe originou-se,

    nas reas costeiras em frente ao alto mar. Os primeiros registros foram realizados pela

    comisso do Capito Ingls Sir James Cook.4 No sculo XVIII, Sir Cook, a servio da Coroa

    Britnica revistaria o oceano pacfico, em busca de especiarias e de outros interesses da coroa.

    A chegada do comandante ingls ao arquiplago havaiano foi festejada pelos nativos,

    pois estes aguardavam um grande pssaro branco vindo do mar e, coincidentemente, toda a

    velaria e casco da embarcao de Cook era alva como a profecia dos insulanos. O povo, em

    polvorosa, foi ao encontro da comisso estrangeira como podiam, seja sobre velozes

  • 27

    embarcaes de casco duplo (os outriggers), pequenas canoas ou mesmo sobre primitivas

    tbuas conhecidas por pa'epo, comenta Sequeira (2005).52

    Somente as altas classes havaianas tinham direito de surfar nas pranchas, feitas a

    partir de madeiras sagradas e os demais nativos surfavam sem pranchas.52 Entende-se que,

    desde muito tempo, o surfe de peito um desporto popular. Somente no sculo XX, com a

    intensidade da explorao inglesa e a perseguio protestante contra os rituais havaianos,

    que se pode ver alguns watermen, surfando sobre pranchas, resgatando as antigas prticas,

    mesmo que proibidas.

    Sem saber, hoje, reproduzimos a prtica secular da realeza havaiana: o

    paepoboarding, que uma prancha feita de madeira com comprimento de trs a sete ps e

    largura; ela a origem das atuais pranchas de surf. As primeiras pranchas de paepo datam

    pocas remotas. Foram os primeiros dispositivos flutuantes usados ludicamente no meio

    lquido em todo o Pacfico.52 Os nativos que James Cook avistou em sua chegada no

    arquiplago havaiano, tambm usavam os pa'epo na prtica ldica de deslizar por sobre as

    ondas; a de flutuar na rebentao, em deltas ou mesmo em cachoeiras. Esta brincadeira era

    praticada por todas as classes, sem distino de sexo ou idade.

    A hiptese de Sequeira (2005),52 que, a prtica do surfe nasceu intuitivamente da

    necessidade do ser humano transcender as suas usuais tcnicas de sobrevivncia, quando em

    algum momento de sua vida se viu necessria a utilizao de um dispositivo que o fizesse

    flutuar na superfcie da gua, mantendo-o assim, vivo.

    Todavia, aps o conhecimento local desta tcnica, o dispositivo flutuante deixou de

    ser usado somente com fins de sobrevivncia e caiu em vulgaridade, tornando-se tambm

    parte do sistema ldico da comunidade, como um passatempo, uma brincadeira.

  • 28

    O homem primitivo desenvolveu tcnicas para sobreviver com o auxlio de dispositivos flutuantes, porque com estes artifcios mais fcil, e este tambm adquiriu conhecimento especfico na prtica do nado utilitrio, no certame tecnolgico do uso do corpo na auto-propulso com o menor arraste, reduzindo assim o gasto de energia, quando no havia meios de conseguir um objeto que fosse mais leve que a gua (SEQUEIRA, 2005).52

    Os relatos de Kenneth Emory, mdico ingls que viveu no Hava no sculo 19, revela

    o surfe como componente da celebrao anual dos havaianos, chamada Makahiki.52 Da

    segunda quinzena de outubro at a segunda quinzena de janeiro, os havaianos paravam de

    trabalhar, relaxavam e passavam a maior parte do seu tempo danando, festejando e

    praticando esportes. Milhares se reuniam para assistir os famosos torneios dentre os quais

    incluam os de surfe e de natao no mar.

    O motivo dessas competies, conta Sequeira, era aproximarem-se dos deuses. Os

    competidores faziam oraes e oferendas para vencerem. Quando sentiam que estavam em

    relaes harmnicas com as foras misteriosas, acreditavam que era absolutamente provvel

    realizarem os feitos notveis. Do contrrio, temiam a fora do mar. Foi a que o protestantismo

    adentrou no Hava, desonrando o seu panteo e exigindo que trabalhassem.

    Sequeira (2005)52 entende que os homens, componentes daquele povo, por suas

    mltiplas prticas desportivas no mar eram chamados de watermen. Os watermen viviam

    intimamente ligados ao mar e sabiam surfar com ou sem pranchas. Muito se falou do surfe,

    afinal era uma prtica sagrada, mas o surfe de peito sempre existiu, mesmo como treino e

    preparo para surfar as grandes ondas. As geraes seguintes praticavam natao no mar,

    travessias e todavia, surfe de peito, a exemplo de Duke Kahanamoku, que foi medalhista

    olmpico de natao (1912,1920,1924,1932) e de plo aqutico (1932).

    Outro importante Beach Boy, George Freeth, considerado o Pai do Surfe na

    Califrnia, nasceu no Hawaii (1883), narra Sequeira. George surfou pela primeira vez na

  • 29

    prancha de seu tio, um prncipe havaiano, aos 16 anos. Foi instrutor de natao e condecorado

    com a Carnegie Medal pelo Congresso Americano por sua bravura, por ter salvo sete

    pescadores japoneses durante uma terrvel ressaca na costa havaiana, em dezembro de 1908.

    1.2.1 O surf moderno

    No entendimento de Fernandes (2002),18 at o incio do sculo 20 o surf permaneceu

    por baixo at conhecer o nome do "Pai do Surf, Duke Paoa Kahanamoku, foi quem

    manteve o surf verdadeiramente vivo graas sua simples e pura persistncia pelo esporte dos

    reis (figura 1). At ento, o mundo no tinha idia do que era o Hawaii, muito menos sobre o

    surf. Entretanto, nas Olimpadas de 1912, em Estocolmo, Duke Kahanamoku ganhou uma

    medalha de ouro na natao quebrando o recorde mundial nos 100 m estilo livre e uma de

    prata no revezamento 4 x 200.

    FIGURA 1 - Duke Kahanamoku: segundo da direita para a esquerda

    Fonte: (SZPILMAN, 2001)56

  • 30

    O mundo conheceu Duke Kahanamoku Duke, a saber, surfista da praia de Waikiki,

    situada no arquiplago havaiano e tambm que o surf era o ato de cavalgar as ondas do mar

    utilizando-se uma prancha. Esta foi provavelmente a primeira vez que o mundo moderno

    ouviu falar do Hawaii e do surf. Oito anos mais tarde, revela Fernandes (2002),18 nas

    Olimpadas de Anturpia, Duke, aos 30 anos de idade, conquistou medalhas de ouro e graas a

    esse feito, provou ser o nadador mais rpido do mundo. Somente nas Olimpadas de Paris

    que Duke perdeu sua colocao para um nadador bem mais jovem do que ele, chamado

    Johnny Weismuller, que anos mais tarde, torna-se ator de Hollywood, interpretando filmes no

    papel de Tarzan. Ao menos foi inevitvel o Rei das Selvas para venc-lo.

    Pensando em aprimorar, promover, supervisionar e disseminar seu conhecimento

    pelo mundo, ajudando a prevenir as pessoas e preparando-as para responder s emergncias, o

    Comit Internacional da Cruz Vermelha (CICV), fundado em 1863, reala sua filosofia

    aqutica pela Cruz Vermelha Americana (CVA), a partir de em 1914, quando o Comodoro

    Wilbert E. Longfellow foi iniciado no Corpo de Salvamento da CVA, contribuindo assim, para

    a dramtica reduo do nmero de vtimas por afogamento. Neste mesmo ano, a CVA funda a

    Life Saving Service (SLS) - (Servio de Salvamento de Vidas), com Longfellow como

    pioneiro.41

    Em 1920, Longfellow e o Campeo Olmpico Duke Kahanamoku (figura 2)

    incorporam Cruz Vermelha o mtodo de salvamento aqutico com prancha, material este

    utilizado pelos havaianos da poca. Estes mtodos ento, passam a ser difundidos pelo mundo.

  • 31

    FIGURA 2 - Ao centro Duke Kahanamoku e Wilbert E. Longfellow

    Fonte: (SZPILMAN, 2001)56

    Durante perodo ativo, a fama de Duke crescia s custas de suas vitrias olmpicas.

    Ele sabiamente tirava proveito de tal fama objetivando beneficiar as coisas que amava: o solo

    havaiano, seu povo e o surf. Duke amava o surf mais do que a natao e era o melhor surfista

    da poca. Aps sua vitria em Estocolmo ele inseriu o surf nos Estados Unidos da Amrica,

    em 1913, e na Austrlia, em 1915. Graas sua posio de campeo olmpico, seus esforos

    no foram em vo. Seu empenho em propagar o surf vingaram e floresceram, formando o

    fundamentando o Surf da Era Moderna. Ele morreu em 1986, aos 94 anos, mas lembrado at

    hoje como o PAI DO SURF MODERNO.18

    No Brasil, comenta Fernandes (2002),18 as primeiras pranchas, chamadas de "tbuas

    havaianas", foram trazidas por turistas. A histria comea em 1938, provavelmente, com a

    primeira prancha brasileira feita em So Paulo, a partir da matria de uma revista americana,

  • 32

    que forneceria as caractersticas deste equipamento. Fabricada ento, a prancha, pesava

    entorno de 80 kg e media quase 3,6 m.

    Em 1950, inspirados nas pranchas de balsa em que certo piloto comercial americano

    da rota Hawaii - Rio trouxera numa de suas viagens, os cariocas construram pranchas de

    madeira. Elas no tinham nem flutuao tampouco envergadura. Doze anos mais tarde, se

    origina mtodo para conferir envergadura aos pranches1. Em So Paulo, Homero Naldinho,

    com 14 anos, fazia suas primeiras madeirites com cerca de 2,2m.

    Em 1963, comea-se a shapear (dar forma ao bloco da prancha) as primeiras

    pranchas de isopor, utilizando-se lixa grossa presa pea de madeira. Este equipamento

    utilizado para composio das pranchas chamava-se madeiro. Na ocasio, levava-se dois

    dias para fazer uma prancha. A referncia era uma foto de revista. Um ano depois, o

    australiano Peter Troy, traz para o Brasil outlines e noes de shapear de seu pas. Na

    confeco das pranchas utilizavam o madeiro, ralador de coco e a grosa. Mais tarde surgiu o

    bloco importado de isopor "Suform". Enquanto isso, em So Paulo, Homero fazia as primeiras

    pranchas de madeira oca. inspirado em pranches estrangeiros.

    Em 1965, cita Fernandes (2002),18 o Coronel Parreiras fundou a primeira fbrica de

    pranchas no Brasil, a So Conrado Surfboard, no Rio de Janeiro. Parreiras adaptou para o

    shape uma tcnica usada no aeromodelismo: aps colar a longarina (tira longitudinal de

    madeira que une as duas metades do bloco e serve para aumentar a resistncia a impactos da

    prancha) com a curva desejada, usava fio quente para cortar o fundo e o deck (parte de cima da

    prancha onde o surfista coloca os ps) acompanhando a curva da longarina, e a seguir cortava

    o outline. Mais tarde, Carlos Mudinho tambm passou a shapear na So Conrado. Enquanto

    1Sr. Moacir o nome do personagem que criou, no Rio de Janeiro, a tcnica para dar envergadura aos pranches.

  • 33

    isso, em So Paulo, construa-se pranches de madeira envergados com calor. Mas logo

    aderiram ao isopor e a tcnica do fio quente, a exemplo do pioneiro Parreiras.

    Em 1969, Parreiras lana o poliuretano branco com qumica importada Clark

    Foam. Paralelamente, Homero cria a primeira fbrica de pranchas de So Paulo e passa a

    comprar blocos Clark Foam, do Cel. Parreiras. Inovador, Homero alcanou popularidade em

    todo o Brasil. Em 1970, o surf explodiu, e a moda era shapear a prpria prancha.

    1.2.2 De madeira macia ao ncleo de espuma coberto por fibra de vidro e resina

    Est contido na Surf Life Saving Association Australian (1991)54 que as primeiras

    pranchas de surf eram feitas de madeira macia, mas a partir da dcada de 30 at o incio da

    dcada de 50, as pranchas ocas passam a pesar de 15 20 kg e medir de 4 a 5 metros de

    comprimento. O formato e o tamanho da prancha dificultava bastante sua manobra, mas com o

    incremento dos plsticos, as pranchas entraram numa nova era, na dcada de 50.

    Inicialmente, as novas pranchas constituam-se de madeira de balsa recoberta com

    fibra de vidro, evoluindo (figura 3).para o ncleo de espuma, no final da dcada. Tornaram-se

    relativamente leves cerca de 8 kg e curtas de 2,5 a 3 metros, e passaram a ter quilhas,

    chamadas de tales, que permitiam paradas sbitas e mudanas de direo.

    Atualmente, a pranchas de surf so equipamentos sofisticados leves e pequeno que

    reagem menor transferncia de peso. Elas podem ser de quilha nica, as tradicionais (single

    fins), duas (twin-fin) ou ter trs quilhas (thruster), sendo que esta ltima, representa mais de

    75% de todas as pranchas que esto sendo fabricadas hoje em dia.

  • 34

    FIGURA 3 Imagem pinta o processo evolutivo das pranchas de surf

    Fonte: (INTERNATIONAL SURFING MUSEUM, 2005)27

    As pranchas, na maioria so produtos artesanais, variando entre si. Elas so medidas

    em ps e polegadas, ou seja, o um p equivale a 33,48 cm, enquanto a polegada 2,54 cm. O

    interior das pranchas modernas composto por espuma de poriuletano ou isopor, revestida de

    fibra de vidro ou epxi, respectivamente.

    Nos anos 60 e 70 predominaram as single fins. A twin-fin apareceu por volta de 1978,

    como opo para ondas pequenas. Mark Richards, tetracampeo mundial (79-80-81-82),

    dominou as competies usando seus modelos. Por volta de 1981, Simon Anderson inventou a

    thruster (trs quilhas), e ganhou trs etapas do circuito mundial com seu novo modelo.

    Anderson venceu o Coke Bells na Austrlia e o Pipe Mster no Hawaii, consolidado assim a

    eficincia das trs quilhas, modelo usado at hoje.25

    A prancha pode possuir uma linha usada nas bordas prximo a parte de trs do

    equipamento, o que a deixa mais solta e com resposta rpida aos comandos do surfista.

  • 35

    Aproximadamente, em 1968, as pranchas de surf evoluram do prancho (longboard)

    - modelo baseado nas pranchas antigas - para pranchinha (mini-model), as quais, esto at hoje

    sendo aperfeioadas. Os pranches so tima opo para iniciantes, principalmente, para

    aprender a ficar em p.

    1.2.3 Particularidades do surf com prancha

    O levantamento epidemiolgico realizado por Steinman et al. (2000)53 com objetivo

    de caracterizar e descrever a incidncia das leses no surf revelou trs grupos de praticantes, a

    saber: os surfistas amadores, os profissionais e recreacionais.

    O surf um desporto individual equilibrstico com categorias infantil, juvenil e

    adulto. praticado por ambos os sexos e contribui para desenvolver as capacidades

    condicionantes (fora, resistncia, velocidade e flexibilidade) e as coordenativas (coordenao,

    agilidade, equilbrio - dinmico, esttico e recuperado). Steinman et al. (2000)53 entendem que

    o surf requer nvel de habilidade neuromuscular e envolve movimentos dos membros

    superiores, inferiores e da coluna vertebral.

    Na concepo de Almeida (2001),2 o surf, como todos os outros esportes, tem pontos

    positivos e negativos. O surf considerado esporte radical, mas tambm muito saudvel,

    porque ao mesmo tempo em que oferece lazer s pessoas, condiciona-as fisicamente,

    melhorando assim a qualidade de vida do praticante. Todavia, Almeida tambm faz

    observaes antagnicas sobre o esporte e descreve que o surf s pode ser praticado em locais

    banhados pelo mar; perigoso dependendo do mar em que se praticado; causador de

    desvios na coluna em alguns surfistas, devido ao fato do praticante ao remar sobre a prancha, e

  • 36

    ao mesmo tempo, estar com a cabea erguida e o trax levantado para poder observar melhor

    o andamento das ondas.

    As relevantes observaes relatadas por Almeida, se manifestam em Steinman et al.

    (2000)53 ao citarem alta prevalncia de dores lombares recorrentes e dores no pescoo.

    O surf um grande esporte e uma grande terapia, porque est ligado natureza, o que

    apesar de ser muito difundido e praticado, necessita ser descoberto por muitas pessoas e

    contrair esta vivncia em piscinas uma boa oportunidade para as pessoas que vivem longe do

    mar, explica Almeida (2001).2 O surf um esporte positivo biopsicossocialmente, de

    intensidade que varia entre o suave e o intenso. Composto por elementos rudimentares (remar,

    sentar e girar), fundamentais (transpor a linha de arrebentao e ficar de p ao descer uma

    onda) e avanados (manobras). Sua coordenao neuromuscular varia entre o simples e o

    complexo, quando praticado nas ondas considerado como o esporte dos reis.

    Para o aprendizado dos elementos rudimentares do surf necessrio, primeiramente,

    aprender a deitar sobre a prancha (figura 4). No entendimento de Halsz (1999),25 o

    principiante no pode ficar muito na frente em relao ao centro da prancha, para que no

    embique, to pouco, ficar para trs, para que o bico no fique levantado em demasia.

    necessrio ento, dominar o centro de gravidade da prancha.

    As orientaes, na ntegra, so as seguintes:

    x Aps este aprendizado imprescindvel ento, remar. Para remar, alterne os braos

    como o nado estilo crawl, junte as pernas e flexione os joelhos. No comeo, a

    tendncia remar com as pernas abertas, para maior estabilidade, mas para uma boa

    remada junte os calcanhares, levante o trax e olhe para o horizonte, braada aps

    braada. Para treinar o remar ache um lugar sem ondas, fora da arrebentao, de

  • 37

    preferncia numa piscina, para apenas dominar esta tcnica e depois de apreendido a

    lio, remar no mar direo as ondas.

    FIGURA 4 O remar

    Errado

    Certo

    Errado

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 6)25

    x E continua: depois de aprender a deitar e remar preciso saber sentar sobre a prancha

    para esperar a vinda da onda. Ao sentar importante distribuir o peso do corpo sobre

    o ponto certo na prancha.25 O ideal sentar de maneira que o bico da prancha fique

    erguido cerca de 45 graus em relao ao espelho dgua. Seguro a borda da prancha

    o principiante ter o privilgio de observar o mar de ngulo privilegiado (figura 5).

    x Encontrando-se sentado e observando o oceano, se quiser girar para a praia, para

    ento descer a onda, segure a prancha com uma das mos e gire-a pelo lado o qual

  • 38

    segurou a borda da prancha, ou seja, caso tenha segurado a prancha com a mo

    esquerda, gire pela esquerda, se segurou prancha com a mo direita, gire pela

    direita. Para auxiliar esta manobra, reme com o brao contrrio e circule

    simultaneamente as pernas por sob a prancha. Procedendo assim, voc vai poder girar

    a prancha, na hora que aparecer a sua onda.

    FIGURA 5 O sentar sobre a prancha

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 6)25

    x Aps termos apreendido informaes sobre os elementos rudimentares necessrio

    alcanar o aprendizado dos elementos fundamentais, ou seja, transpor a linha de

    arrebentao das ondas e ficar de p sobre a prancha. Para transpor a linha de

    arrebentao indispensvel remar at onde as ondas quebram. Inicie o caminho at

    as ondas caminhando com a prancha, deslizando-a por sobre a gua at a gua chegar

    na linha do quadril ento, a hora de deitar sobre a prancha e sair remando.

  • 39

    x Utilize a manobra conhecida como tartaruga quando estiver utilizando pranchas

    maiores (os pranches). Ao se aproximar da turbulncia das ondas, saa da prancha e

    vire-a de quilha para cima e com ambas as mos, segure com firmeza prximo ao

    bico (figura 6). Desta maneira, voc sob a prancha estar protegido da turbulncia,

    pois o espumeiro passar por cima.

    FIGURA 6 Tcnica tartaruga utilizada para evitar a turbulncia da onda

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 7)25

    x Outra manobra para transpor as ondas a tcnica chamada joelhinho. Ela mais

    utilizada com pranchas menores, as mini-model. Para realizar esta tcnica, joelhinho,

    deve-se remar na direo da onda. Quando a onda estiver se aproximando de voc,

    segure, com ambas as mos na borda da prancha e force-a a submergir,25 utilizando

    para isso, ao mesmo tempo, o auxlio do joelho e do p de uma das pernas (figura 7).

    Ou seja, com o joelho sobre a prancha afunde a prancha por inteiro e espere a onda

    passar. Quando perceber que est embaixo da onda, coloque mais peso na parte de

  • 40

    trs da prancha, a fim de levantar o bico, para emergir junto com a prancha. Ao

    emergi atrs da onda, estar em posio para remar e pronto para a prxima onda.

    FIGURA 7 Seqncia aponta a tcnica joelhinho utilizada para evitar a turbulncia da onda

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 7 e 8)25

    x J para ficar de p, a melhor maneira de aprender treinando em terra firme. Para

    este aprendizado o aluno deve, primeiramente, deitar-se no cho, em decbito ventral,

    imaginando-se numa prancha, remando. Na prtica, quando sentir que pegou a onda

    (est na velocidade da onda) a hora de se levantar e ficar de p. Com os cotovelos

    flexionados, mos na altura do peito, como fosse a borda da prancha, levantar-se de

    um salto. Primeiro agachado e depois de p.25

    Os ps devem ficar na forma a baixo (figura 8), perpendicular a longarina da prancha.

  • 41

    FIGURA 8 Posio dos ps no momento em que ficar de p sobre a prancha

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 7)25

    x Para o primeiro contato, as espumas na beirada so um prato cheio. Reme at o meio

    da arrebentao e espere pela massa de espuma que tenha bastante energia. Ao remar

    na frente da espuma, procure primeiro se equilibrar deitado e depois com a vivncia

    ficar de p. Equilibre-se!

    Ao ficar ereto, o p que estiver voltado para o bico da prancha deve ficar ligeiramente

    virado para frente. Treine isto cerca de 50 vezes em terra, antes de faze-lo dentro dgua.

    Domine a prancha ao ficar de p (figura 9). O surfista ao se desequilibrar e cair deve jogar-se

    para o lado da prancha, evitando assim, cair na frente ou em cima da prancha,25 pois a maioria

    das laceraes e contuses so causadas por queda sobre a prancha ou pelo contato com

    quilhas, bico ou rabeta2.53 Ento, no momento da queda importante que o surfista jogue-se

    para o lado em relao prancha.

    2 Para Jonas Furtado, a rabeta, ou parte de trs da prancha, um elemento importante que faz a diferena no modo em que se surfa. Mais adiante, ele aponta sete tipos de rabetas. A saber: pin, round, square, squash, swallow, half moon tail e wing (GUIA DAS PRANCHAS, FLUIR, n. 192).

  • 42

    FIGURA 9 Surfando de p sobre a prancha

    Fonte: Imagem de arquivo

    x Para a prtica dos elementos avanados: as manobras, imprescindvel aprender a

    ficar de p e descer suavemente da crista at a base da onda (figura 10). O drop o

    elemento que permitir ao aprendiz as primeiras vivncias com este objetivo, pois to

    logo viro as mais ousadas manobras, tais como: curva ou cavada; frontside e

    backside; cutback; batida; floater; lady back; 360; aerial; snap; tail slide; tubo; grab

    rail e outras.

  • 43

    FIGURA 10 O drop da crista a base da onda

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 8)25

    x O tubo a manobra mxima do surf. Ela acontece quando o surfista se posiciona

    entre a parede e a crista, que se quebra sobre a base da onda - no salo verde. O

    Surfista procura manter linha correta, observando a luz que emana da sada do tubo

    (figura 11). A manobra est completa quando o surfista sai de dentro do tubo.

  • 44

    FIGURA 11 O tubo

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 10)25

    x Wipe out no uma manobra, porm pode acontecer, quando o surfista voa

    literalmente, do lip para a base, sem passar pela parede da onda (figura 12). Isto

    ocorre freqentemente em ondas de arremesso, maiores e mais cavadas.

  • 45

    FIGURA 12 - Imagem do surfista levando uma queda e sendo jogado do lip diretamente para a

    base da onda

    Fonte: (HALSZ, 1999. p. 12)25

    x A embicada, que tambm no uma manobra, acontece geralmente em ondas de

    derramamento. O surfista desce a parede da onda atrasado e o bico da prancha entra

    na base da onda e embica, obrigando o surfista a passar por cima da prancha e

    mergulhar. Erro comum entre os iniciantes.

    Atualmente, o surf vem se tornando cada vez mais popular. Antes era praticado

    apenas por uma minoria, mas agora uma grande parte da populao, principalmente os jovens,

    praticam este esporte. O surf bem popular em todo o planeta, mesmo para aqueles que no

    tm condies, por qualquer motivo, de pratic-lo, e pelo menos tm uma grande vontade de

    faz-lo.

    O surf caminha lado a lado com a natao, porque para sua prtica necessrio o uso

    de muita potncia nos braos e pernas, para poder passar a arrebentao, vencer as

    correntezas, subir na prancha e realizar as manobras que caracterizam o esporte.2 Este

  • 46

    contexto, confirma-se ao observarmos as caractersticas do surf: esporte de demanda aerbia e

    anaerbia de moderada a alta intensidade, e enquadra-se na categoria de esporte com limitado

    contato fsico e moderado risco de coliso.53

    1.3 O surfe de peito

    O surfe de peito ou bodysurfing corpo surfando - uma atividade ldica que

    consegue resgatar a conexo ntima do ser humano com a natureza, um hbito dos povos

    antigos que cada vez mais necessrio nos dias de hoje. Investigar a filosofia desta

    brincadeira garante o resgate dos costumes primitivos, alm de permitir ampliar a cultura

    humana. Esta brincadeira permite utilizar o corpo como prancha de surfing. O surfe de peito

    praticado com ou sem nadadeiras e desta maneira, deslizar o corpo desnudo sobre as ondas.

    No Brasil, esta atividade crescente e vem ganhando foras.

    Na compreenso de Sequeira (2005),52 desde os remotos tempos, assim o surfe de

    peito se faz. O homem, ao longos dos sculos, aprendeu a observar os mtodos furtivos dos

    golfinhos, lees-marinhos, focas, orcas, tubares e at gaivotas ao longo dos litorais na caa de

    suas presas (figura 13). Desenvolveu distintas formas de entrar no mar, abordar as ondas e sair

    deste ambiente hostil e perigoso sem danos a si prprio, e mais uma vez esta tcnica tornou-se

    vulgar e se espalhou pela comunidade afim.

    At hoje so organizados eventos de surfe de peito como a celebrao de um grande

    congraamento, uma festa, um encontro de amigos, onde os prmios aos campees so o

    sincero prestgio dispensado por todos. H o elemento competitividade, porm em diminuto

    grau de exaltao sem, em momento algum, deixar de ser natural do ser humano, haja vista

    que a prtica de que falamos tambm foi pelo homem inventada.

  • 47

    O surfe de peito, enquanto celebrao ao sagrado ou mesmo hoje, profanamente

    praticado, fruto de um conhecimento profundo sobre a natureza e o respeito dos seus limites.

    Atualmente, so inmeras as modalidades desportivas praticadas nas ondas, contudo o surfe de

    peito ainda se mantm vivo, sendo desta maneira, a base dos esportes sobre as ondas.

    No importa ento, a peculiaridade do entretenimento realizado, o praticante de

    esportes nas ondas deve apreender o conhecimento sobre como surfar de peito para saber

    entrar e sair do mar e estar pronto para situaes adversas. O surfe de peito contribui na

    melhora do condicionamento fsico, qualificando e capacitando os surfistas nas mais diversas

    atividades nas ondas.

    FIGURA 13 Golfinhos surfando numa onda

    Fonte: (OVERSEAS PROPERTY ON LINE, 2005)39

    O surf de peito uma brincadeira individual equilibrstica (figura 14) praticada por

    amadores em diversas idades, do infantil ao adulto, em ambos os sexos. Contribui para

    desenvolver as capacidades condicionantes (fora, resistncia, velocidade e flexibilidade) e as

    coordenativas (coordenao, agilidade, equilbrio - dinmico, esttico e recuperado).

    positivo biopsicossocialmente, de intensidade que varia entre suave e intenso. Ele composto

  • 48

    por elementos bsicos (nadar - pelo menos o crawl), fundamentais (transpor a linha de

    arrebentao e surfar a onda com o corpo) e avanados (as manobras 360, submerso, peito,

    rolo, parafuso e outras). A coordenao neuromuscular do surfe de peito varia entre o simples

    e o complexo.

    O surfe de peito praticado individualmente, sem qualquer equipamento de

    flutuabilidade para apoio ou equilbrio. Do mesmo modo em que contribui para a segurana

    das atividades aqutico-desportivas praticadas nas ondas possui aspecto ldico, mas pode

    tambm ser praticado como modalidade desportiva, desde que se estabeleam regras para sua

    prtica.

    FIGURA 14 Seqncia aponta o momento em que o sujeito utiliza o corpo para surfar de

    peito a onda

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 46)54

    No primrdio, os animais e pssaros marinhos vidos por uma presa ou por diverso,

    vagavam as praias ocenicas. O homem por seu intelecto em analisar e respeitar esses animais

    deu origem s habilidades de se locomover com o corpo sobre as ondas. O surfe de peito

    resgata as manifestaes do surfe mais puro, o essencial, porm que ainda se mantm

    original em suas razes.

  • 49

    Schefler (2005)50 explica que existem vrios campeonatos de surfe de peito ao redor

    do mundo, como no Hawaii, Califrnia, Mxico, Frana, Nova Zelndia e alguns outros. Mas

    que atualmente, s dois destes eventos so considerados "oficiais", os quais recebem o nome

    de "campeonato mundial", so eles: Pipeline Bodysurfing Classic" (Figura 15), realizado

    numa onda chamada "Pipeline". Onda a qual, atualmente, considerada uma das ondas mais

    perigosas e ao mesmo tempo, uma das mais perfeitas do planeta. Esta onda fica localizada no

    lado norte da ilha de Oahu no Hawaii, no Uhukai Beach Park. O outro campeonato mundial

    o "Oceanside Bodysurfing World Champioship". Ambos eventos so remotos, afirma Schefler,

    e que o mundial em Pipeline o campeonato mais antigo, o qual teve sua primeira edio, em

    1971.

    Este evento muito respeitado, no s entre os havaianos, mas tambm no resto do mundo por todos que admiram atletas que arriscam suas prprias vidas nas ondas, pois todos sabem da dificuldade que existe em surfar apenas com o corpo e um par de nadadeiras aquelas ondas grandes e tubulares (SCHEFLER, 2005).50

  • 50

    FIGURA 15 Tubo de Rogrio Schefler durante o Pipeline Bodysurfing Classic, 2005

    Fonte: (SCHEFLER, 2005)50

    Rogrio Schefler participou do Pipeline Bodysurfing Classic nos anos de: 98, 99,

    2000, 01, 02, 04 e 05. Em 2005, consegui chegar final, terminando em 5 lugar. Totalizou at

    agora trs finais em campeonatos desta natureza no Hawaii, sendo sua melhor colocao em

    2000, quando galgou o 3 lugar.

    Neste evento competem 48 atletas, a maioria deles havaianos, e muitos deles so guarda-vidas da ilha. (SCHEFLER, 2005).50

    Na ponto de vista de Schefler (2005),50 muito importante todos os seres humanos

    terem algum contato o salvamento aqutico, mesmo que seja para conseguir entender o bsico

    sobre este tema, pois cedo ou tarde, todos vo estar em contato com o mar, que abundante

    em nosso planeta, e algumas dicas podem fazer a diferena na hora certa, seja para si mesmo

    ou at mesmo para salvar a vida de terceiros.

    No Brasil, atualmente, o marketing esportivo tem favorecido o desporto "surf", pois

    existem muitos atletas surfistas brasileiros profissionais que ganham mais dinheiro do que

  • 51

    alguns mdicos ou engenheiros, alm de terem um estilo de vida excepcional. Ou seja, no

    existe mais o antigo preconceito de que todo o surfista vagabundo, que s quer saber de

    matar aula para ir surfar etc... os tempos mudaram. Os meios de comunicao, em geral, tm

    explorado a plasticidade, radicalidade e muitas outras qualidades que o surf proporciona. A

    conseqncia disto que outras modalidades do surf, inclusive o "BODYSURF", vm de

    carona nesta "onda".

    Na preparao fsica de Rogrio Schefler para participar dos campeonatos

    internacionais est: a prtica de plo-aqutico, que alm de ajudar a nadar com a cabea para

    fora dgua, favorece pelo movimento de pernas chamado de "perna alternada", melhorar a

    flutuabilidade sem que precise tanto dos braos. Schefler pratica yoga para ajudar na

    respirao, fora, equilbrio e concentrao; alm disso, surfa nos melhores dias de onda.

    Schefler conta que nas vezes em que se est sendo "chacoalhando" pela onda, em

    baixo dgua, lembra dos exerccios de yoga, que o ajuda a no lutar com a fora maior, que

    a onda e simplesmente, espera que a turbulncia passe para ento, subir tona para respirar,

    pois muitas pessoas, revela, morrem afogadas pelo simples fato de no conseguirem controlar

    sua calma, desperdiando energia a toa.

    Para Lopes (2005,28 o surfe de peito no Brasil passa por importante momento. Relata

    que atualmente o processo de amadurecimento desta modalidade vem crescendo rapidamente.

    O interesse pelo esporte como preparao e condicionamento fsico para atletas de diversas

    reas como plo aqutico, surf, boryboard e outras modalidades que necessitem do feeling

    waterman, com isso, tem-se despertado e projetado o surfe de peito no pas.

    A mulher, neste caminho, tem seguido o fluxo dos acontecimentos e se desgarrando

    de engodos do passado e conquistando o apoio e admirao dos homens. Fora que a mais

    importante neste momento de transformao. A contribuio para potencializar o esporte

  • 52

    mais uma vez quebrar barreiras, regras que impedem o desenvolvimento e alimentam o retardo

    da mente feminina. O papel da mulher no surfe de peito no medir foras com o homem,

    mas mostrar que o sexo feminino evoluiu possibilitando trabalhar os limites e a capacidade da

    "mquina humana feminina". Biologicamente, homens e mulheres so diferentes, desenvolver

    ento corpos e mentes de maneira a equilibr-los e torn-los fortalecidos, importante, para

    que homens e mulheres possam estar mais prximos neste esporte, analisa Lopes (2005).28

    O surfe de peito como agente de transformao social e cultural potencializa a

    modificao do ambiente em que vivemos. Lopes (2005)28 comenta que, especificamente para

    as mulheres, os benefcios deste esporte pode ser visto na rotina do dia a dia, diminuio da

    tenso no trabalho, reduo do stress cotidiano e minimizando a Tenso Pr-Mestrual (TPM).

    A quebra da rotina pelo surfe de peito integra o corpo e a mente ao mar, proporcionando novos

    hbitos, novas vises e objetivos. De maneira geral, o surfe de peito, faz a pessoa se encontrar,

    se descobrir ou at se redescobrir e sua prtica proporciona estas mudanas.

    Apresenta Oliveira (2005),36 a idia de se organizar, no Brasil, campeonatos de surfe

    de peito. No seu entendimento, tudo originou-se em torno do site www.surfedepeito.com.br

    criado em 1999 pelo entusiasta Kleiber Fragoso.

    De 1999 at 2004, diversos praticantes foram descobrindo a lista de discusso

    mediada pelo endereo www.grupos.com.br/grupos/surfedepeito.

    A lista, inaugurou nova fase para o esporte no pas, mas sem perder o contato e os

    ensinamentos dos atletas mais experientes. Atualmente, rene cerca de 137 atletas cadastrados,

    praticantes ativos, de diversos Estados do Brasil, tais como: Rio de Janeiro, So Paulo, Santa

    Catarina, Rio Grande do Sul, Esprito Santo, Pernambuco e Maranho. Desse processo, ou

    seja, da interao destas pessoas, que ao se reunirem em encontros peridicos, durante todo o

  • 53

    ano de 2004, surgiu a idia de organizar uma Associao Nacional: a Associao Brasileira de

    BodySurf (ABBS), explica Oliveira (2005).36

    A ABBS emerge no cenrio desportivo com o objetivo de utilizar o nome bodysurf

    para distinguir o surfista de peito; potencializar a unio, a tica, a transparncia, a participao,

    a cooperao, a amizade, o profissionalismo e a competncia. Suas aes prioritrias so:

    realizar o Circuito Brasileiro de Surfe de Peito, profissionalizar juzes, realizar clinicas e

    escolinha do desporto e estimular a participao da sociedade.

    Para Oliveira (2005),36 a ABBS tem como meta popularizar e profissionalizar o

    esporte, desta maneira manifestar o surfe de peito como agente de incluso e transformao

    social e de cultura. Pois este esporte favorece a sade, melhora a auto-estima, proporciona

    elementos de preservao a natureza, dentre muitos outros atrativos. Com isso, transformar

    "jacars" em verdadeiros crocodilos, comenta.

    1.4 Noes de oceanografia

    Como as aes locomotoras do surf esto in petto com o oceano, sobretudo, com as

    ondas do mar, observamos ser importante conhecer parte deste ambiente. Steinman et

    al.(2000)53 entendem que o surfe, por ser praticado em ambiente ocenico, algumas vezes de

    carter hostil, expe o indivduo a diferentes condies ambientais que incluem: o tempo e

    suas variantes, como a temperatura, o vento, sol, chuva, o tipo de fundo ocenico, as

    condies do mar, o tamanho das ondas e as variaes da mar.

    Com intuito de obter informaes que sirvam de alicerce para nossa pesquisa,

    observamos alguns rudimentos bsicos sobre oceanografia e tambm, peculiaridades das

    praias. Pensamos que esta investigao ir nos conferir subsdios que minimizem riscos no

  • 54

    surf e desta maneira, o esporte seja praticado com segurana. Alm disso, estas informaes,

    so necessrias, para prevenir afogamentos no mar.

    1.4.1 Vagas

    O vento um fenmeno que est relacionado com as diferenas de temperatura nas

    regies atmosfricas. Quando o vento sopra sobre a superfcie do mar, gera ondas, pela

    transferncia de energia. Quanto mais tempo o vento soprar, e quanto mais intenso ele for,

    maior a ao geradora que ir formar vagas distintas,42 a ondulao (figura 16).

    A ondulao tende a cruzar o oceano e chegar costa em grupos de ondas, sries ou

    conjuntos de ondas. Esta massa dgua ao chegar na costa e encontrar um fundo mais raso, a

    parte submersa da onda perde velocidade, transporta a energia para a parte superior. Este

    transporte de energia faz a parte alta, a onda, precipitar-se e cair, caracterizando a zona de

    impacto ou linha de arrebentao, com isso, formando o espumeiro.23

    H entre uma srie e outra, um momento em que no quebram ondas, e a esta

    calmaria se d o nome de jazigo. Apesar disso, algumas vezes, devido o tamanho das ondas,

    durante o jazigo, ondas menores podero surgir, porm no faro parte da srie.37 este o

    incrvel fenmeno da natureza que compe o cenrio do esporte.

  • 55

    FIGURA 16 rea de gerao de ondas

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 9)54

    As ondas geralmente se aproximam da orla marinha formando ngulo. Elas tendem a

    se refratar ou se dobrarem pelos contornos submarinos, que fazem a linha das ondas tornarem-

    se paralela linha da costa. As ondas, porm, geralmente no so totalmente refratadas,

    ocasionando com isso, a corrente denominada de deriva litornea, que surge apenas na regio

    de arrebentao. Esta corrente lenta para transportar gros de areia, mas tem ao facilitada

    na regio de arrebentao das ondas, que mantm a areia em suspenso.51

    O mecanismo simples: na superfcie da praia, as partculas de areia transportadas

    pela gua que chega, descrevem o movimento de zigue-zague na semelhante direo da

    corrente de deriva litornea, de tal modo que cada onda as movimenta num pequeno trecho ao

    longo da praia. Na gua, ocorre situao parecida: as ondas levantam os gros de areia e a

    corrente de deriva litornea imprime a estes gros o movimento de zigue-zague e como

    conseqncia, a areia movimentada pela ao da corrente.

    As ondas (figura 17) no so iguais umas s outras, elas variam de tamanho, forma,

    fora e volume. Estas variaes relacionam-se com a distncia e a intensidade do vento que as

  • 56

    originou e tambm com o fundo em que elas quebram. O vento o fenmeno que pode tornar

    o mar de pequeno (at cerca de 3 ps) a grande (acima dos 6), de calmo a agitado ou de

    enorme a perfeito.

    FIGURA 17 A onda na Praia de Maresias Litoral Norte de So Paulo

    Fonte: Imagem de arquivo

    Onde existir gradiente no fundo, a aproximao das ondas tende a ser paralela a linha

    da costa e as ondas arrebentam quase simultaneamente ao longo de sua extenso. Variaes na

    profundidade causam variaes na velocidade das diferentes partes da crista da onda, as quais,

    como conseqncia, tornam-se refratadas, e tendem a serem paralelas ao contorno do fundo.32

    A Surf Life Saving Association Australian (1991)54 apresenta a anatomia da onda na

    linha de arrebentao (figura 18): a curvatura ou crista (curl or lip) a parte mais alta da onda,

    a crista da onda, a qual despejada sobre a parte inferior da onda, camada de calha, base ou

    cavado (trough). J a parte de trs ou costas da onda, chama-se dorso (back). Enquanto que a

  • 57

    face ou parede (face or wall) a poro de gua que se forma antes da onda quebrar. Ela a

    parte mais emocionante para os praticantes de esportes nas ondas.

    FIGURA 18 Anatomia da onda na linha de arrebentao

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 11)54

    1.4.2 Caractersticas das praias

    Ao chegar a ondulao na costa, a ao da corrente de deriva, a movimentao dos

    gros de areia e o fundo da praia, criam correntes laterais, entre a parte seca da praia e o

    baixio. A corrente lateral, representada na (figura 19) pela cor amarela, uma depresso

    natural feita pelo mar. Esta corrente encontra-se paralela praia e age como alimentador do

    canal principal, marcado pela cor laranja.

    O canal principal ou corrente de retorno, tambm conhecido como vala, tem a funo

    de levar toda a massa dgua, que chegou na praia na forma de onda, de volta para o oceano.

    Existindo ento, encontro de correntezas laterais, haver formao de corrente de retorno. A

    vastido, comprimento e largura, da corrente lateral e de retorno, est relacionada com o

  • 58

    volume da massa d'gua que chega costa, na forma de onda. Szpilman (2001)56 entende que

    a corrente de retorno pode ter a velocidade de 2 a 3 metros por segundo e sua fora chega at a

    parte de trs da zona de impacto das ondas.

    FIGURA 19 Imagem anatmica da corrente de retorno: Praia Brava em Arraial do Cabo

    Regio dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro

    Fonte: Imagem de arquivo

    A corrente de retorno divide-se em trs partes distintas, a saber: boca, pescoo e

    cabea, comenta-se na Surf Life Saving Association Australian (1991).54

    a) Boca o encontro de correntes laterais cor amarela;

    b) Pescoo - a distncia compreendida entre a boca e a cabea cor laranja;

    c) Cabea - o final da corrente de retorno, atrs da zona de impacto das ondas, onde

    toda a fora desta corrente se dilui cor negra.

  • 59

    Para identificarmos a corrente lateral e de retorno, devemos observar o seguinte: a

    colorao da gua, ou seja, gua mais escura significa local mais profundo; na corrente de

    retorno, poder haver ondas e tambm espuma na superfcie da gua, devido a precipitao das

    ondas, porm em quantidade menor.

    Para escapar da corrente de retorno (figura 20), o bom nadador ou nadador forte

    dever sair do mar nadando, sempre, em diagonal representado pela cor negra e o mal

    nadador ou nadador fraco, dever aproveitar a fora da corrente de retorno para fazer uma

    volta - representado pela cor azul, e sair pela parte mais rasa do mar, os baixios.23

    FIGURA 20 Desenho de como proceder para sair da corrente de retorno

    Fonte: Imagem de arquivo

  • 60

    1.5 Comunicao por gestos

    Essenciais apitos e sinais com as mos so boas maneiras de se comunicar. O gesto

    enquanto comunicao visa alertar praticantes e admiradores de que est ocorrendo algum

    episdio importante, podendo inclusive ser uma situao de perigo eminente.

    Dentro dgua, os gestos visam alertar as pessoas que esto na areia ou os surfistas

    que esto nas proximidades, de que h alguma situao perigosa na proximidade, ou ainda, de

    solicitar socorro imediato. Os gestos fora dgua alertam os surfistas que esto dentro dgua a

    seguir as seguintes orientaes: seguir na direo indicada; ficar onde est; remar ou nadar

    para dentro do mar; voltar para a praia.

    1.5.1 Ajuda imediata

    Dentro dgua ento, o surfista que precisar de auxlio ou mesmo no momento de

    ousar salvar outro surfista ou banhista, deve LEVANTAR UM DOS BRAOS ACIMA DA

    CABEA (figura 21). Esta atitude revela solicitao de ajuda imediata.37

  • 61

    FIGURA 21 Sinal de apelo de ajuda imediata

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 34)54

    1.5.2 Alarme de animal marinho perigoso

    Com as mos espalmadas, erga OS DOIS BRAOS ACIMA DA CABEA (figura

    22). Quem est na gua, avisa aos demais que existe nas redondezas determinado animal

    marinho perigoso. Ouvir sirene contnua, soando na praia, significa "tubares".

  • 62

    FIGURA 22 Sinal de alarme de animal marinho perigoso

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 36)54

    1.5.3 Siga na direo indicada

    Quando algum, na praia, estiver com UM DOS BRAOS LEVANTADO

    LATERALMENTE AO CORPO, formando ngulo de 90 com o tronco, significa a direo

    que se deve tomar, para a direita ou para a esquerda (figura 23). Avisado por quem est na

    areia, a pessoa que est dentro dgua, nadador ou surfista, saber que direo deve seguir.

  • 63

    FIGURA 23 Sinal para seguir na direo indicada

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 36)54

    1.5.4 Fique onde est

    Quando alguma pessoa, na praia, estiver com os DOIS BRAOS LEVANTADOS

    LATERALMENTE AO CORPO (figura 24), no formato de cruz, aconselha a quem est

    dentro dgua ficar onde est. Compreendido o sinal no se deve remar ou nadar para lugar

    algum.

  • 64

    FIGURA 24 Sinal de fique onde est

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 36)54

    1.5.5 Remar ou nadar para dentro do mar

    Quando algum, fora da gua, estiver com os DOIS BRAOS LEVANTADOS

    ACIMA DA CABEA (figura 25), adverte a quem est na gua, para remar ou nadar,

    rapidamente, para trs da linha de arrebentao e/ou ir mais para dentro do mar.

  • 65

    FIGURA 25 Sinal para remar ou nadar para atrs da linha de precipitao

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 36)54

    1.5.6 Volte praia

    Quando alguma pessoa, na praia, estiver com UM DOS BRAOS LEVANTADO

    ACIMA DA CABEA (figura 26), recomenda a quem est dentro dgua a remar

    imediatamente para a praia.

  • 66

    FIGURA 26 Sinal para que volte para a praia

    Fonte: (SURF LIFE SAVING ASSOCIATION AUSTRALIAN, 1991. p. 36)54

    1.6 Tcnicas de salvamento com pran