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Coordenação GeralTúlio Antônio de Amorim Carvalho

Secretaria de EducaçãoCarise Besson

Fernanda Mendes Tavares MarquesRejane Valdameri

Sandra Garcia PolinoStela Maris Pires Gayer

Susana Cecília Lavarello MinteguiVirgínia Bobsin Tietböhl

Secretaria do Meio Ambiente / FEPAM / PRÓ-MAR-DE-DENTROArtur Renato Albeche Cardoso

Carmem Marília Machado FrancoFernando Antônio Valenca Floresta

Jackson MüllerLilian Maiara ZenkerLuiz Carlos da Costa

Maria Elisabete Farias FerreiraSidnei Carneiro e Silva

Túlio Antônio de Amorim Carvalho

Aracruz Celulose S/A Adriana Alves de Avila

Clóvis ZimmerJacira Maria S. Bazotti

Maurem Kayna Lima AlvesSabrina de Freitas Bicca

Borrachas Vipal S/ACarlos Júlio Lautert

Claudete de CamposGlauco BaoIlda Paludo

Nevio ZanetteSílvia Bem Olivo

Grupo GerdauCristiane Maurer KochErico Teodoro Sommer

Luiz Fernando BodaneseMarcele Moreira Nickhorn

Sharon Bicca TreiguerVanessa Machado Fabian

Vera Rossana Martini Wanner

ACPM – FEDERAÇÃOIndiara Souza

Jairo Fernando Martins PachecoRobison Giudici Minuzzi

EQUIPE TÉCNICA

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

O Programa de Educação Ambiental Compartilhado__________________________________________ 4José Alberto Réus Fortunati

O Desenvolvimento de uma Cultura Prevencionista: um legado às futuras gerações ____________ 5Mauro Sparta

O Pró-Mar-de-Dentro e sua interface educacional ______________________________________________ 6Maria Elisabete Farias Ferreira (Coordenadora do Programa Pró-Mar-de-Dentro)

(Re)Significar Valores e Construir Cidadania __________________________________________________ 7Cláudio Dilda

Agentes prevencionistas: os multiplicadores de esperança para os municípios ______________ 8Valtemir Bruno Goldmeier (Presidente do CONSEMA do RS representando a FAMURS)

Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável __________________ 9Conselho de Meio Ambiente da FIERGS

INTRODUÇÃO

Meio ambiente, saúde e cidadania no centro da questão educacional ______________________ 10Equipe técnica

TEMAS EM DEBATE

A Educação Ambiental ______________________________________________________________________ 12Fernando Antônio Valença Floresta

A Dimensão Ambiental nas Escolas Gaúchas ________________________________________________ 25Sônia Zakrzevski

As Cores da Educação Ambiental na Política Nacional ______________________________________ 32Sônia Zakrzevski

Saúde e Meio Ambiente ____________________________________________________________________ 35Artur Renato Albeche Cardoso

Água, patrimônio de todos! ________________________________________________________________ 47Jackson Müller

Comitê de bacia hidrográfica e o valor social da água. A síntese do novo __________________ 66Paulo Renato Paim

Projetos em Educação Ambiental ____________________________________________________________ 70Alessandra Lemes da Rosa

PLANO DE TRABALHO

Conceitos, definições, partícipes e cronograma______________________________________________ 76

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Sugestões de Atividades Práticas de Educação Ambiental __________________________________ 82Jackson Müller

SITES DE INTERESSE ______________________________________________________________________________ 98

MAPAS

Localização das unidades do Projeto Escola Aberta para a Cidadania________________________ 99

Região de abrangência do Programa Pró-Mar-de-Dentro __________________________________ 100

PROTOCOLO DE INTENÇÕES SEMA / PRÓ-MAR-DE-DENTRO / FEPAM

Objetivos, operacionalidade e vigência ____________________________________________________ 101

PLANO DE TRABALHO NOS MUNICÍPIOS DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

Conceitos, definições, partícipes e cronograma ____________________________________________ 104

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

Bacias Hidrográficas, CREs, COREDEs e Associações de Municípios__________________________ 111

IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

Subprogramas, SIGA-RS e PEAC ____________________________________________________________ 112

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APRESENTAÇÃO

A utilização do espaço das escolas estaduais para o programa, abrindo suas portas aos finais de se-mana através do Projeto Escola Aberta para Cidadania, dá-se com o encontro entre a escola do turnoformal, a comunidade e a sociedade como um todo, onde a cultura da paz é o principal objetivo.

A Educação é para nós o eixo principal, através do qual podemos acreditar em mudanças sociais,pois a cultura, o aprendizado, o protagonismo e o exercício da cidadania têm aí oportunidade infinitade ampliação.

É pensando dessa forma que a Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul, através doProjeto Escola Aberta para Cidadania e Coordenação de Educação Ambiental, firmou parceria com aSecretaria do Meio Ambiente através da FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental e daACPM–Federação (Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul) e asempresas Aracruz Celulose, Borrachas Vipal e Grupo Gerdau para realizar o PROGRAMA DE EDUCA-ÇÃO AMBIENTAL COMPARTILHADO.

Nessa parceria, o público, o privado e a sociedade juntam esforços na responsabilidade por um pla-neta mais saudável e uma melhor qualidade de vida.

O material didático, bem como, todo o planejamento do programa tiveram representação de todasas parcerias na sua elaboração, na preocupação com a qualidade e com a informação que será repas-sada aos grupos que se formarão na comunidade. A metodologia envolve capacitações estaduais e re-gionais para as CREs, representantes dos parceiros e voluntários, visitas de acompanhamento dos tra-balhos, documentação dos projetos e formação de grupos com as comunidades nas escolas que per-tencem ao Projeto Escola Aberta.

Cabe ressaltar que este projeto não traz nenhum custo a mais para o Estado, sendo utilizada a es-trutura já existente, pois a contrapartida das empresas parceiras será empregada para confecção demateriais e realização de capacitações com os agentes prevencionistas.

O desfecho que esperamos é a melhoria na qualidade de vida das pessoas, não como fim do proje-to, mas como desencadeante de esperança, de buscas, de mudanças e de novos modos de parceria nacomunidade para que o planeta, "nossa casa maior", seja cuidado com responsabilidade.

É com muita satisfação e simpatia que apresento este Programa, com os votos de que escola e co-munidade trabalhem em conjunto.

Um grande beijo no coração.

José Alberto Reus FortunatiSecretário Estadual da Educação do RS

O Programa de EducaçãoAmbiental Compartilhado

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5Manual do Agente Prevencionista

Avanços significativos foram obtidos no final do século XX que resultaram na construção de umaagenda voltada para um desenvolvimento social mais justo, com maior eqüidade. Na área ambiental, ofoco central das discussões esteve na busca de soluções para as crises planetárias relacionadas à polui-ção, ao efeito estufa, ao desmatamento, à desertificação, à perda da biodiversidade, do solo e da água.Como resultado, surgiu importante instrumento para o planejamento de políticas públicas, a Agenda21, o qual abrange os diferentes atores inseridos em um amplo processo participativo sobre as ques-tões ambientais, sociais e econômicas, na busca de soluções que se traduzam na manutenção de umasociedade sustentável.

Diante desta nova conjuntura, o principal desafio que se coloca é a construção de um processo deplanejamento, voltado para uma ação compartilhada, em regime de co-responsabilidade e indutor deuma gestão harmônica. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, órgão central do Sistema de ProteçãoAmbiental, vem priorizando políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável, articuladacom os órgãos do Governo e da sociedade civil. Contudo, as conquistas obtidas até o momento nagestão ambiental, como a descentralização pelo Sistema Integrado de Gestão Ambiental – SIGA RS, oaperfeiçoamento dos instrumentos de monitoramento e controle, o aumento de áreas protegidas,bem como as tecnologias adotadas pelo setor produtivo, voltadas para ecoeficiência, não são suficien-tes para conter os impactos sobre o meio ambiente. Esses danos, entretanto, poderão ser minimizadosse contarmos com a participação efetiva da sociedade, com mudanças comportamentais que dimi-nuam a pressão sobre os recursos naturais.

Importante neste contexto é ressaltar que, para chegar a tais mudanças, é preciso um processocontínuo de conscientização que vai muito além da educação ambiental com uma visão meramenteconservacionista. A educação ambiental que prepara para o exercício da cidadania necessita muitomais do que a simples transferência de informações dos sistemas ecológicos. Deve incorporar estraté-gias educacionais que envolvam o ambiente humano, com seus conflitos de uso dos recursos naturais,levando em conta processos decisórios participativos.

Neste sentido, o Programa de Educação Ambiental Compartilhado, inserido no Projeto Escola Aber-ta para Cidadania, concretiza-se como um importante instrumento da política estadual de meio am-biente, utilizando estratégias adequadas para atingir o desenvolvimento sustentável. A proposta de ca-pacitação de "Agentes Prevencionistas", articulada com a Secretaria de Educação e com a participaçãoda iniciativa privada, vem contribuir significativamente para a diminuição dos riscos ambientais, osquais representam uma constante ameaça ao ambiente ecologicamente equilibrado, pelo qual todostemos o dever constitucional de deixar como legado às futuras gerações.

Mauro SpartaSecretário de Estado do Meio Ambiente

APRESENTAÇÃO

O Desenvolvimento de umaCultura Prevencionista: umlegado às futuras gerações

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6 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

APRESENTAÇÃO

Desenvolvimento sustentável; recuperação da qualidade ambiental das áreas urbanas e rurais; geren-ciamento ambiental participativo; e melhoria da qualidade de vida da população que vive na região deabrangência. Estes são os objetivos principais do Programa Pró-Mar-de-Dentro, que é desenvolvido pelaSecretaria do Meio Ambiente (Sema) do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 50 municípios aolongo do território banhado pela laguna dos Patos, lagoas Mirim, Mangueira e do Peixe, canal São Gonça-lo, rios Jaguarão, Piratini, São Lourenço e Camaquã, arroios Pelotas, Turuçu e Velhaco, entre outros. Atin-gindo comunidades do escudo sul-rio-grandense à planície costeira gaúcha; do pampa, da serra do sudes-te e da restinga; da barra do Chuí ao farol de Itapuã.

Mas o programa Pró-Mar-de-Dentro não é apenas um trabalho de pesquisadores, biólogos, botânicos,cientistas e políticos em uma área de 63 mil quilômetros quadrados. O Pró-Mar-de-Dentro é a esperançaque mais de 1 milhão de pessoas, habitantes da região, têm de reencontrar este fabuloso manancial aquá-tico em suas melhores condições.

Nesta região do Rio Grande do Sul, os frutos destas lagoas, rios, arroios e das terras por eles banhadossão o sustento de milhares e a economia de dezenas de municípios. É preciso sensibilizar, mobilizar e darinstrumentos à população para que ela mesma assuma o controle dos destinos do seu patrimônio ambi-ental. Daí a fundamental interface educacional que se expressa nesta parceria com o Programa de Educa-ção Ambiental Compartilhado (PEAC) que é coordenado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental(Fepam) e que tem o foco de atuação justamente na disseminação de conhecimentos a partir das escolase das comunidades.

O subprograma 3 do Pró-Mar-de-Dentro tem como objetivo primordial a Educação Ambiental comoinstrumento para as mudanças comportamentais e das formas de produção e consumo, e para o desen-volvimento sustentável sem as habituais e desnecessárias agressões à natureza. Ao envolver nesta capaci-tação as escolas públicas dos municípios do Pró-Mar-de-Dentro, seus professores, alunos e representantescomunitários, fazemos o trabalho desejado em todo e qualquer programa de cunho ambiental: lançar asbases de uma consciência formadora de opinião. Essa consciência tende a ser duradoura com resultadosmais permanentes.

O Pró-Mar-de-Dentro tem o compromisso original de pensar no meio ambiente e no seu agente trans-formador, o ser humano. Esta é a razão essencial de um programa que busca o desenvolvimento regional,o gerenciamento hidrográfico planejado e sustentável, mas, sobretudo, busca a participação comunitáriae solidária para corrigir desigualdades, recompor perdas ambientais e, ao mesmo tempo, dar uma chancede sobrevivência prolongada a um dos mais importantes patrimônios naturais do Rio Grande do Sul.

O historiador Barbosa Lessa foi muito feliz ao lembrar a todos nós que o "Mar de Dentro é uma verdadei-ra dádiva, cheia de peixes, recantos e mistérios, santificada pela Virgem dos Navegantes e encantada por Ie-manjá". Tal definição nos faz lembrar, a todo o momento, que nestes 10 mil quilômetros quadrados de águadoce é preciso trabalhar muito e de forma compartilhada para que o ser humano, habitante da região, pos-sa preservar este patrimônio que é também a razão de sua sobrevivência e a esperança de seu futuro.

E lembrando, ainda, o saudoso escritor, nascido e criado como muitos de nós em terras do "Mar de Dentro",saúdo fraternalmente a todos os novos Agentes Prevencionistas, e a todos aqueles que queiram compartilharconosco este momento convido com o termo Guarani citado em seu último prefácio*: "Tchá-há!" (Vamos lá!)

*Prefácio de Barbosa Lessa ao livro "KAIUÁ** o Dom da Palavra". (**Em Guarani)

Maria Elisabete Farias FerreiraCoordenadora do Programa Pró-Mar-de-Dentro

O Pró-Mar-de-Dentroe sua interface educacional

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7Manual do Agente Prevencionista

APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo, seja bem-vinda, Agente Prevencionista!Contamos, para tornar o mundo melhor, com tua energia, dedicação, criatividade, com teu profun-

do respeito ao meio ambiente e irrestrita fé na concepção generosa da espécie humana.A ação voluntária que inicias deve servir de exemplo aos outros e, por certo, já constitui motivo de

orgulho para ti. Precisamos, urgentemente, da racionalidade que identifica os impasses e desafios comque a Humanidade se depara.

Mas também precisamos – e quanto! – de corações dispostos a assumir o amor que São Franciscode Assis tinha por todos os seres vivos. E a lutar pela preservação e recuperação dos espaços onde a vi-da se instala.

Quando esteve em Porto Alegre para participar do Fórum Social Mundial, em 2003, o físico FritjofCapra afirmou, categórico:

"Eu quero enfatizar que, hoje, a transição para um futuro sustentável não é mais um problema téc-nico ou conceitual. É um problema de valores e decisão política".

Sabias palavras. Elas indicam o rumo. Precisamos resgatar valores perdidos ou relegados a um se-gundo plano. Precisamos da integração entre o Estado e o Povo possibilitada pela Política, em sua con-cepção mais ampla. Por meio dela, exerce-se a Cidadania.

A formação de Agentes Prevencionistas foi viabilizada pela integração entre o Governo do Estado –através da Secretaria da Educação, da Secretaria do Meio Ambiente e da FEPAM – com a iniciativa em-presarial, representada pela Aracruz, Gerdau e Borrachas Vipal, e representações da sociedade, como aFederação das Associações e Clubes de Pais e Mestres do RS.

Consolida-se, assim, uma verdadeira parceria público-privada. No entanto, o projeto que visa adisseminar Agentes Preservacionistas no Rio Grande do Sul é, apenas, um passo inicial. A grande jor-nada é tua e começa em breve.

Muitas alegrias te aguardam. Creio que também poderás manter o ânimo frente as possíveis incom-preensões e adversidades da tarefa assumida ao recordar as palavras do Juramento criado, há muitasdécadas, por um pioneiro ambientalista no Rio Grande do Sul. Henrique Luiz Roessler, cujo legado jus-tifica plenamente ter sido escolhido para Patrono da Fepam, escreveu:

"Juro solenemente, como filho do Brasil, orgulhoso de suas belezas e riquezas naturais, zelar pelassuas florestas, sítios e campos, protegendo-os contra o fogo e a devastação, fomentar o reflorescimen-to, conservar a fertilidade do solo, a pureza das águas e a perenidade das fontes e impedir o extermí-nio dos animais silvestres, aves e peixes".

O que esperamos de ti, Agente Prevencionista?Que sejas multiplicador ou multiplicadora do amor à Natureza! Por ti, por nós, por nossos descen-

dentes...

Cláudio DildaDiretor-presidente da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler)

(Re)Significar Valores eConstruir Cidadania

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8 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

APRESENTAÇÃO

Prezados(as) Administradores(as) Municipais e Parceiros

A FAMURS – Federação das Associações dos Municípios do RS – pretende reafirmar seu compromis-so institucional com a excelência na Gestão Pública e com o fortalecimento do Municipalismo.

Neste contexto, é muito bem-vinda a presente iniciativa, em especial, por fomentar a criação de"agentes prevencionistas", que podemos dizer serão multiplicadores de esperança, num tempo onde édifícil acreditar e continuar lutando.

O Município, em função da Constituição de 1988, foi considerado ente federado, no mesmo pata-mar dos Estados e da União. Em vista disso, passou a ter um conjunto cada vez mais amplo de compe-tências administrativas e legislativas, especialmente alicerçadas na ampliação da noção de interesse lo-cal e é onde a vida dos cidadãos acontece.

Mas, se, por um lado, se deve comemorar a consolidação dos Municípios na Federação Brasileira,por outro, se ampliam as necessidades de integrar o gestor municipal com o cidadão e assim torna oMunicípio o efetivo espaço de demanda da sociedade.

Neste contexto, valores perdidos ou relegados a um segundo plano, como a integração entre o Es-tado e o Povo possibilitada parcerias que gerará certamente cidadania.

A parceria que estamos apoiando formará Agentes Prevencionistas e viabilizará integração entre osMunicípios através da FAMURS, o Governo do Estado – através da Secretaria da Educação, da Secreta-ria do Meio Ambiente e da FEPAM – e com a iniciativa privada, representada pelas empresas Aracruz,Gerdau e Vipal, e com a sociedade civil pelas Associações de Bairro onde estão as escolas envolvidas, eas respectivas Associações de Pais e Mestres do RS.

Nesse sentido, a inserção do Programa de Educação Ambiental Compartilhado, no Projeto EscolaAberta para Cidadania, torna-se instrumento de política, que envolve educação, saúde, meio ambientee as municipalidades, e que produzirá, se bem conduzido, o desenvolvimento sustentável e uma redu-ção dos riscos, demandas e pendências ambientais.

Consolida-se, assim, a parceria público-privada no Rio Grande do Sul, visando à melhoria na quali-dade de vida das pessoas, não como resultado do projeto em si, mas, como mudança de paradigma eque demonstra responsabilidade de cada um dos envolvidos com o nosso planeta.

Saudações Municipalistas!

Valtemir Bruno GoldmeierPresidente do CONSEMA do RS representando a FAMURS

Agentes prevencionistas: os multiplicadores de esperança para os municípios

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9Manual do Agente Prevencionista

O Conselho de Meio Ambiente da FIERGS considera que um dos grandes desafios do mundo atualé conciliar crescimento econômico e social com equilíbrio ecológico.

Para que esse desafio seja superado, entende como essencial que as indústrias desenvolvam suasatividades comprometidas com a proteção do meio ambiente, a saúde, a segurança e o bem-estar dosseus trabalhadores e das comunidades.

Nesse sentido, o Conselho de Meio Ambiente da FIERGS adota a Declaração de Princípios da Confe-deração Nacional da Indústria, que propõe que a indústria brasileira se empenhe em atender aos prin-cípios listados a seguir:

1– Promover a efetiva participação pró-ativa do setor industrial, em conjunto com a sociedade, osparlamentares, o governo e organizações não-governamentais no sentido de desenvolver eaperfeiçoar leis, regulamentos e padrões ambientais.

2– Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em relação aos assuntos ambientais.3– Incrementar a competitividade da indústria brasileira, respeitados os conceitos de desenvolvi-

mento sustentável e o uso racional dos recursos naturais e de energia.4– Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas de gerenciamento ambiental,

saúde e segurança do trabalho nas empresas.5– Promover a monitoração e a avaliação dos processos e parâmetros ambientais nas empresas.

Antecipar a análise e os estudos das questões que possam causar problemas ao meio ambientee à saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o meio ambiente.

6– Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e permanente dos trabalhadorese do comprometimento da supervisão nas empresas, assegurando que os mesmos tenham oconhecimento e o treinamento necessários com relação às questões ambientais.

7– Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir oueliminar impactos adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade.

8– Estimular o relacionamento e parcerias do setor privado com o governo e com a sociedade emgeral, na busca do desenvolvimento sustentável, bem como na melhoria contínua dos proces-sos de comunicação.

9– Estimular as lideranças empresariais a agirem permanentemente junto à sociedade com rela-ção aos assuntos ambientais.

10– Incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e serviços que não produzam im-pactos inadequados ao meio ambiente e à saúde da comunidade.

11– Promover a máxima divulgação e conhecimento da Agenda 21 e estimular sua implementação.

Conselho de Meio Ambiente da FIERGS

Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável

APRESENTAÇÃO

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10 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

INTRODUÇÃO

Meio ambiente, saúde e cidadania no centroda questão educacional

As primeiras preocupações com a questão ambiental começam com o desdobramento de esforçosefetivamente iniciados na década de 1960, quando a expressão "Educação Ambiental" foi utilizada. Na-quele período, o mundo refletia sobre o futuro da civilização, na medida em que os inúmeros prejuízoscausados no meio físico-biológico do planeta mostravam progressiva deterioração dos ecossistemas eos primeiros sinais de comprometimento da qualidade de vida.

Iniciaram-se, então, debates promovidos pela Organização das Nações Unidas – ONU, trazendo àluz, com o devido amparo científico, as primeiras propostas norteadoras de uma ação coletiva mundialpela melhoria ambiental.

No entanto, diversos impactos, tais como: a alteração climática, a redução significativa dasmatas ciliares, o avanço das áreas de desertificação, a perda de fertilidade dos solos, o assoreamento dosmananciais hídricos, a redução da disponibilidade de água potável, a disposição irregular de resíduos sóli-dos, os problemas oriundos da ineficiência do tratamento de esgoto, entre outros, se sucederiam na histó-ria contemporânea, chamando mais uma vez a atenção de todos, dirigentes, políticos, pesquisadores, edu-cadores e população em geral sobre a necessidade de se avaliar a construção de valores éticos e sociais, vi-sando à sobrevivência da vida na Terra, sob todas as suas formas. Hoje, a Educação Ambiental se apresen-ta como um instrumento que pretende contribuir na formação de cidadãos críticos e responsáveis, nabusca de uma Cultura Prevencionista.

Trata-se de um processo longo e contínuo de aprendizagem, com uma filosofia de trabalho voltadaao exercício pleno da cidadania, tendo como espaço de aprendizagem os sistemas educacionais for-mais, através da incorporação da dimensão ambiental no âmbito dos currículos e atividades extracurri-culares das instituições de ensino, e as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização, organiza-ção, mobilização e participação da coletividade, de modo a envolver e obter o comprometimento nãosó da escola, mas também da família e da comunidade em geral.

O processo de aprendizagem de que trata a educação ambiental é bem mais amplo do que a simplestransmissão de conhecimentos visando tão somente às ações de preservação ou conservação. Constitui-senum processo de ensino-aprendizagem gradual e permanente, crítico, criativo e político, que respeite a cultu-ra dos povos e tenha como preocupação o fomento ao exercício da cidadania, a partir da discussão e avalia-ção de problemas e potencialidades socioambientais com a participação ativa das comunidades envolvidas.

O Programa de Educação Ambiental Compartilhado, cujo Plano de Trabalho é apresentado na seqüência,nasceu no momento em que as instituições públicas responsáveis pela execução das políticas de educação ede gestão ambiental estabeleceram, de forma conjunta com empreendedores do setor privado que já desen-volvem ações de gestão ambiental internas e voltadas para as comunidades onde se inserem, um grupo detrabalho. Este grupo surgiu com o objetivo de planejar e desenvolver uma política de Educação Ambiental deforma a compartilhar esforços, recursos e resultados dentro de uma visão de parceria público-privada.

Como resultado deste trabalho, surge o convênio firmado entre o Governo do Estado do Rio Grandedo Sul, através da Secretaria da Educação (Projeto Escola Aberta para a Cidadania e Coordenação de Edu-cação Ambiental do Departamento Pedagógico) e a Secretaria do Meio Ambiente (Fundação Estadual de

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11Manual do Agente Prevencionista

Proteção Ambiental), a iniciativa privada, através das empresas Aracruz Celulose, Borrachas Vipal e GrupoGerdau, e a comunidade escolar, através da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RioGrande do Sul – ACPM Federação, que tem como objetivo maior em seu plano estratégico de ação a im-plantação de um Projeto Piloto de Formação de Agentes Prevencionistas, o primeiro passo de uma cami-nhada cuja base de sustentação é a preocupação com a implantação de uma Cultura da Prevenção.

Para esta formação, foi estabelecido um cronograma, conforme Plano de Ação apresentado em se-qüência, e criado este Manual do Agente Prevencionista, composto por capítulos compreendendo,além das apresentações, o Plano de Trabalho e os textos relativos às palestras proferidas na primeiraReunião de Trabalho com os Agentes Prevencionistas da Divisão Porto Alegre e demais CoordenadoriasRegionais de Educação, e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental.

Entende-se por Agente Prevencionista todo aquele indivíduo que desenvolve atividades de pre-venção relacionadas a riscos diversos, dentre elas as que envolvam ambiente natural, ambiente social ecultural, ambiente de trabalho e ambiente doméstico.

A escolha do Agente Prevencionista, a cargo da Secretaria da Educação, através da Divisão PortoAlegre e demais Coordenadorias Regionais de Educação, dar-se-á com a formação de Comissões de Se-leção e atendimento a critérios preestabelecidos, como segue:

1. Comissão de Escolha:■ Assessoria de Educação Ambiental da Regional■ Coordenação do Projeto Escola Aberta para a Cidadania da Regional■ Direção da Escola■ Círculo de Pais e Mestres da Escola■ Grêmio Estudantil da Escola ou representante dos alunos.2. Critérios de Escolha:2.1. Agente Prevencionista – Voluntário da Comunidade:■ estar atuando como voluntário no Projeto Escola Aberta para a Cidadania há pelo menos seis

(06) meses;■ preferencialmente ser ou ter sido membro de Conselho Municipal como, por exemplo, de Educa-

ção, Meio Ambiente, Saúde, Agricultura, etc.;■ ter disponibilidade de tempo e comprometer-se em participar de todos os eventos do Programa, con-

forme Plano de Trabalho apresentado em seqüência e projetos a serem desenvolvidos nas escolas.2.2. Agente Prevencionista – Professor Voluntário:■ estar trabalhando como Professor Voluntário no Projeto Escola Aberta para a Cidadania;■ ter desenvolvido ou estar desenvolvendo atividades curriculares e/ou extracurriculares de Educa-

ção Ambiental em seu Plano de Trabalho, como docente da escola;■ ter disponibilidade de tempo e comprometer-se em participar de todos os eventos do Programa, con-

forme Plano de Trabalho apresentado em seqüência e projetos a serem desenvolvidos nas escolas.Sem a pretensão de resolver imediatamente todos os problemas sociais e ambientais que nos afli-

gem e sim de contribuir para amenizá-los e reduzi-los gradativamente em número e intensidade atra-vés da prevenção, estamos lançando este debate sobre um pleno desenvolvimento social que atenda,além das questões de sustentabilidade dos recursos naturais, as de justiça social e de viabilidadeeconômica. Neste primeiro passo, esperamos contar com o apoio das escolas, dos professores e dascomunidades escolares em geral, especialmente para que em um futuro próximo possamos enriquecero Programa de Educação Ambiental Compartilhado e levá-lo às demais escolas públicas.

Equipe Técnica

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12 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

Fernando Antônio Valença FlorestaGeógrafo da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM

Surgimento da Educação Ambiental: Aspectos Históricos

O que é buscado hoje, neste, ainda novo, ano de 2005, do também incipiente século XXI, emtermos de "Educação Ambiental" nos remete a uma recente conjunção de esforços, que tenta se or-ganizar e consolidar definitivamente um conjunto de ações práticas para a conservação e melhoriadesta nossa terrestre residência, desde os primeiros suspiros da década de 1960. Naquele momen-to, o mundo refletia sobre o futuro do planeta e da civilização, na medida em que os prejuízos cau-sados pela insanidade explosiva de duas bombas atômicas jogadas sobre o Japão (Hiroshima e Na-gasaki, 1945), durante a Segunda Guerra Mundial, trouxeram à luz acalorados debates e reflexõespolêmicas sobre as incertezas do futuro da humanidade.

As duas questões capitais, levantadas na época e ainda hoje persistentes, eram: Estaria o mun-do fadado a conviver com as mazelas da ciência e da tecnologia, a serviço do progresso e do poderdesmedido e inconseqüente? Que danos ambientais ainda seriam causados pela delimitação de es-paços, uso de matérias-primas naturais, comércio e padrões de consumo da sociedade moderna?

Tiveram início, então, longos e abrangentes debates sobre a temática levantada. A primeira me-dida em função desta ampla discussão foi dada pela fundação da Organização das Nações Unidas(ONU) e, obviamente, os primeiros debates se deram em função da paz e da harmonia mundial.

No entanto, diversos fatos se sucederiam na história contemporânea que acabariam chamando,mais uma vez, a atenção de toda uma classe de dirigentes políticos, pesquisadores, educadores,bem como da população em geral sobre a necessidade de se avaliar a construção de valores éticose sociais, visando à sobrevivência da vida no planeta, e, em especial, a humana.

Alguns deles puderam ser notados, às vezes ao vivo e a cores, pelas transmissões via satélitedas principais redes de televisão em todo o mundo. Por exemplo, quando jovens norte-americanoseram mortos na Guerra do Vietnã, e as imagens invadiam os lares, através dos tubos de imagem.Nessa guerra, cabe ressaltar, mais uma vez a ciência e a tecnologia mostraram seu potencial de usobélico pelos efeitos da Bomba de Napalm e do Agente Laranja.

A Bomba de Napalm, o Agente Laranja e o DDT foram produtos químicos descobertos e desen-volvidos durante a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, o uso do DDT se alastrou pelo mun-do por sua eficácia, também, no extermínio das populações de insetos.

Muitos outros danos ambientais ainda seriam sentidos tais como em Minamata (Japão) e Bho-pal (Índia), entre os problemas históricos mais famosos. Conforme se deu o progresso em relaçãoao desenvolvimento tecnológico e industrial, a sociedade se afastou do convívio humano, cons-truindo valores e padrões de consumo que acabaram se tornando insustentáveis.

Tais preocupações levariam em 1968 à convocação de um encontro, posteriormente conhecidocomo Clube de Roma, reunindo os sete países mais ricos do mundo para discutir o crescimentoeconômico e seus impactos sobre a natureza e a sociedade. Dessa reunião, surgiu o documento"The Limits of Growth" (Os Limites do Crescimento), cujo conteúdo alertava os países-membros daONU sobre a necessidade de se pensar o progresso de modo compatível às leis da natureza ou eco-lógicas, tendo então advindo daí o termo ecodesenvolvimento. Tal termo chamava atenção ainda

TEMAS EM DEBATE

A Educação Ambiental

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sobre a urgência de uma educação multidisciplinar visando ao mesmo objetivo, nos diferentes ní-veis do ensino formal.

A questão da Educação Multidisciplinar foi objeto de discussão em todas as reuniões que se su-cederam ao Clube de Roma. Assim, em Estocolmo (1972), a educação visando ao ecodesenvolvi-mento foi exaustivamente trabalhada, sem que, no entanto, as conclusões esclarecessem o termo.O que seria a tal concepção "multidisciplinar"? Se caso todas as áreas do conhecimento contribuís-sem para a visão de qualidade ambiental, isso traria transformações de comportamento para o ci-dadão e seus padrões consumistas? Tais transformações valorizariam uma cidadania ativa? Que va-lores sociais teriam de ser acrescentados à educação formal para a consecução de tais objetivos?

A Educação Ambiental, atualmente, se apresenta como um dos instrumentos que pretendemcontribuir na formação de cidadãos críticos em relação a sua realidade. E, para vários autores, elanão deve ser entendida como um tipo especial de educação.

Trata-se de um processo longo e contínuo da aprendizagem de uma filosofia de trabalho parti-cipativo, em que todos (família, escola e comunidade) devem estar envolvidos, e, antes de tudo,comprometidos.

Como toda temática em fase de afirmação, a EA recebeu várias definições ao longo da sua esca-lada evolucionária. Alguns a definiram como um processo que deve objetivar a produção de cida-dãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico e seus problemas associados possamalertá-los e habilitá-los a resolver seus problemas.

Em 1970, a UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza – definiu a EA como oprocesso de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos, que permitam o desen-volvimento de habilidades e atitudes necessárias para seu ambiente biofísico circundante. No Bra-sil, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente define a Educação Ambiental como "umprocesso de formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobreas questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservaçãodo equilíbrio ambiental". Para outros teóricos, a EA seria um processo no qual deveria ocorrer umdesenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado numcompleto e sensível entendimento das relações do homem com o seu entorno.

De qualquer forma, a evolução dos conceitos de EA tem sido vinculada ao conceito de meioambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de meio ambiente reduzido exclusiva-mente a seus aspectos naturais não permitia apreciar as interdependências, nem contribuição dasciências sociais à compreensão e melhoria do meio ambiente humano. No entendimento de Isabelde Carvalho, no artigo intitulado As Condições Ambientais e suas Conseqüências Político-Pedagó-gicas, "Educação Ambiental é um conceito que, como outros da 'família ambiental', sofre do mal daimprecisão e generalização". Por isso, esta autora se refere a educações ambientais, no plural, pararomper certo reducionismo conceitual.

A Educação Ambiental no Cenário Nacional

A Educação Ambiental passou a se inserir na sociedade brasileira, de modo extra-oficial, a partirda década de 1970. E surgiu propondo manifestações sociais que buscaram debater o caráter polí-tico do uso dos recursos naturais. Como instrumento de diálogo, tanto no Brasil quanto nos maisdiversos países, suas práticas traziam o anseio da sociedade pela liberdade de expressão e qualida-de de vida em diferentes níveis sociais, mas, com atenção especial às camadas menos favorecidas.Porém foi somente a partir dos anos 1980 que no nosso país alguns educadores passaram a se

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identificar como "ambientais". E, num ritmo crescente, organizaram encontros nas diversas esferas,em níveis nacional e internacional, que poderiam ser vistos no contexto de contribuição de umaidentidade social em torno das práticas educativas voltadas ao meio ambiente.

Muito embora este clamor sempre tenha estado como tônica permanente de suas práticas, aEducação Ambiental passou por diversas fases. A primeira foi a das "denúncias" sobre os abusos dopoder econômico perante os menos favorecidos, especialmente quando a degradação ambientalera feita em nome do progresso. Já, em meados da década de 1980, a fase denunciadora dá lugaràs conquistas dos direitos civis e da democracia. O "ecologicamente sensível" perdeu um lugar atéentão mal conquistado, na medida em que os clamores sociais absorveram todas as classes nasquestões cruciais envolvendo emprego, salário, moradia e dignidade.

O Homem e o Meio Ambiente

Desde o primeiro momento em que os seres humanos começaram a interagir com o mundoao seu redor e a ensinarem seus filhos a fazerem o mesmo, estava havendo educação e educa-ção ambiental. Os povos nativos, por exemplo, desenvolveram uma percepção sofisticada dossistemas naturais que os rodeiam e um profundo respeito por eles, passando esse conhecimentoe respeito de geração em geração. Com o passar do tempo, mudaram as razões subjacentes e osmodos de fazer isso.

Inicialmente, a relação com o meio ambiente estava ligada tão visceralmente à questão da so-brevivência que nenhuma outra razão era mais necessária. Tratava-se de uma relação que dizia res-peito de como viver num mundo cuja natureza era externa e mais poderosa do que os homens,que os afetava mais do que era afetada por eles. Todos precisavam saber quais frutos serviam paracomer, onde encontrar água durante a seca, como evitar onças, que plantas serviam como bonsmateriais de construção, faziam um bom fogo ou um bom remédio.

O Conhecimento Ambiental

O conhecimento ambiental era também necessário para a proteção contra os ataques da natu-reza e para o aproveitamento das suas riquezas. Porém, a interação entre os homens e o ambienteultrapassou a questão da simples sobrevivência. A natureza mostrou-se também fonte de alegria,beleza, identidade e posicionamento pessoal, de inspiração para a música, arte, religião e signifi-cando, enfim, valores internos e perenes pelos quais se quer lutar.

Com a urbanização e evolução da civilização, a percepção do ambiente mudou drasticamente.A natureza começou a ocupar uma posição de subserviência em relação à humanidade. Passou aser conhecida para ser melhor dominada e explorada. A parte da natureza, considerada inútil, eraestudada basicamente para satisfazer a curiosidade das pessoas a respeito do seu mundo. O estu-do do meio ambiente tornou-se ou uma ciência prática de extração de recursos, ou "um estudo domundo natural" – mero catálogo descritivo das maravilhas naturais. Nos dois casos, a natureza eraconsiderada como algo separado e inferior à sociedade humana.

No entanto, até mesmo essa motivação manipulada tem seu lado transcendente. O crescenteconhecimento científico revelou cada vez mais maravilhas: o "Código Genético" contido nas molé-culas do DNA (no núcleo da célula), a interdependência equilibrada de todas as espécies numa flo-resta tropical, a expansão do universo e a aparente singularidade, fragilidade e isolamento do nos-so planeta, tão bem estruturado e capaz de produzir a vida. A educação formal institucionalizou-se

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através das escolas; e, ao configurar-se como educação ambiental, passou a ser parte integrante demuitos tópicos de programas e de outras tantas disciplinas. Mas acabou firmando suas bases espe-cialmente nas ciências, pois havia uma esperança não-expressa de que quando elas se interligas-sem, iriam compor um quadro completo de como o planeta funciona e de como os seres humanospodem interagir com ele de maneira proveitosa.

Porém, como o volume de informações a ser apreendida em cada ciência crescesse e as pessoasse especializassem cada vez mais, ninguém pôde reunir todas as disciplinas para uma visão integraldo planeta; muito menos para compreensão de sua interação com os sistemas culturais e econômi-cos. Além do mais, no fim dos anos 60 e início dos anos 70, muitos problemas ambientais reais eurgentes tornaram-se avassaladoramente gritantes. Desertos foram surgindo e se alastrando, a po-luição do ar ameaçava a saúde dos moradores das cidades, lagos secavam, os solos erodiam.

Muitos desses problemas transcendiam as fronteiras nacionais (eram o resultado do desarranjo deprocessos ambientais regionais ou mesmo globais), devido a enormes impactos causados pela socie-dade humana. Tais problemas não se encaixaram em projetos educativos ou disciplinas científicas iso-ladas; eles ilustraram o fato de que a vida humana depende de processos naturais complexos, interco-nectados, de larga escala, que não podem absorver a gigantesca quantidade de abusos que ocorrem.

A natureza passou a ser vista como algo afetado, em geral de maneira desastrosa, pela socieda-de humana que, por sua vez, virou a agressora do ambiente. Então, o conhecimento tornou-se ne-cessário para protegê-la e corrigir os erros ecológicos.

Todas essas razões históricas para a educação ambiental ainda são válidas. As pessoas conti-nuam precisando compreender as funções ambientais básicas, a fim de produzirem alimentos, en-contrarem água e adaptarem-se ao clima. Precisam compreender a ciência e a tecnologia para mo-delarem e perpetuarem as positivas conquistas do mundo moderno. E precisam gerenciar a saúdedo ambiente, protegendo-o contra ataques insensatos. Porém, uma razão mais completa e cons-trutiva para a educação ambiental está surgindo da combinação de todas as outras razões. A edu-cação ambiental é necessária para o gerenciamento criterioso deste binômio totalmente interde-pendente: economia / ambiente.

Sociedade e natureza, de fato, interagem afetando-se mútua e eqüitativamente; porém, ambas,sendo vitalmente importantes, crescem ou desaparecem juntas. Os seres humanos não são vítimas,nem senhores da natureza, mas guardiões de algo que não deve ser explorado irracionalmente,nem permanecer totalmente intocado. Compreender isso é necessário para promover as ações, in-venções e organizações sociais que respeitem a viabilidade, estabilidade e produtividade, tanto dasociedade humana como dos sistemas naturais nas suas inúmeras interações.

A Carta de Belgrado, escrita em 1975 por renomados especialistas em educação ambiental detodo o mundo, declara que a meta da educação ambiental é: "Desenvolver um cidadão conscientedo ambiente total; preocupado com os problemas associados a esse ambiente, e que tenha o co-nhecimento, as atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar de forma indivi-dual às questões daí emergentes".

Elementos Bióticos e Abióticos: A Ambiência Planetária

O ambiente natural é um sistema formado por componentes bióticos e abióticos, que se in-fluenciam mutuamente, buscando a manutenção de um equilíbrio dinâmico entre suas partes.Equilíbrio este que corresponde às leis reguladoras do apoio e colaboração que cada componentedo sistema ambiental recebe e fornece aos demais.

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Os recursos naturais: solo, água, vegetação, fauna, subsolo, ar e o homem organizado em so-ciedade, constituem o meio ambiente. Cada um destes recursos tem um padrão de qualidade. Orompimento de um padrão de qualquer recurso natural dá origem à deterioração ambiental, e aíse inicia o processo de diminuição da qualidade de vida. O homem e a sociedade só se desenvol-vem quando não há deterioração ambiental (não há rompimento do padrão de qualidade).

A Percepção Ambiental

O homem está constantemente agindo sobre o meio, a fim de sanar suas necessidades e dese-jos. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As res-postas ou manifestações são, portanto, resultado das percepções, dos processos cognitivos, julga-mentos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejamevidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente.

Em se tratando de ambiente urbano, muitos são os aspectos que, direta ou indiretamente, afe-tam a grande maioria dos habitantes: pobreza, criminalidade, poluição, entre outros. Estes fatoressão relacionados como fontes de insatisfação com a vida urbana. Entretanto, há também uma sériede fontes de satisfação a ela associada. As cidades exercem um forte poder de atração devido à suaheterogeneidade, movimentação e possibilidades de escolha.

Uma das manifestações mais comuns de insatisfação da população é o vandalismo. São Condu-tas agressivas, em relação a elementos físicos e arquitetônicos, geralmente públicos, ou situadospróximos a lugares públicos. Isso se dá, na grande maioria, entre as classes sociais menos favoreci-das, que no dia-a-dia estão submetidas à má qualidade de vida, desde problemática dos transpor-tes urbanos até a qualidade dos bairros e conjuntos habitacionais em que residem, hospitais e es-colas de que dependem.

Assim, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamoscompreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfaçõese insatisfações, julgamentos e condutas.

Saber como os indivíduos, com quem trabalharemos, percebem o ambiente em que vivem,suas fontes de satisfação e insatisfação, é de fundamental importância, pois só assim, conhecen-do a cada um, será possível a realização de um trabalho com bases locais, partindo da realidadedo público-alvo.

Atuando muito mais pelo senso da moralidade, a sociedade, ao exigir tudo da Educação Am-biental, não nota que requer dela uma função de reparadora dos erros que a própria sociedade de-veria coibir ou corrigir, reorientando suas demandas não só materiais como também de consumo.

Os Desequilíbrios Ambientais

O modelo de desenvolvimento atual, desigual, excludente e esgotante dos recursos naturais,tem levado a produção de níveis alarmantes de poluição do solo, ar e água; contaminação da vidaselvagem por resíduos; destruição da biodiversidade e ao rápido consumo das reservas minerais edemais recursos renováveis.

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Principais Ações Mundiais em Educação Ambiental

1947- É fundada na Suíça a UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).1962- Publicação do livro "Primavera Silenciosa", de Rachel Carlson.1965- É utilizada pela primeira vez a expressão "Educação Ambiental" (Environmental Education),

na Conferência de Educação Ambiental da Universidade de Keele, Grã-Bretanha. 1968- Surge o "Clube de Roma".1972- Estocolmo (Conferência da ONU) – UNESCO / PNUMA.1975- Programa Internacional de Educação Ambiental – PIEA.1977- Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi).1987- Congresso Internacional da UNESCO-PNUMA, sobre Educação e Formação Ambiental, em

Moscou.1992- Rio "92" – AGENDA 21.1997- Rio + "5", no Rio de Janeiro; criado o "Protocolo de Kyoto", que adotou a meta global de re-

dução de emissão de gases de efeito estufa.2002- Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johannes-

burgo, África do Sul, também conhecida como Rio+10.2003- Em dezembro, em Milão, realizou-se a "9ª Conferência das Partes do Tratado Internacional

de Mudanças Climáticas".

Educação, Aprendizagem ou Adestramento Ambiental

Educação Ambiental constitui-se num processo de tomada de consciência política, institucional ecomunitária da realidade ambiental, do homem e da sociedade, para analisar em conjunto com a co-munidade (através de mecanismos formais e não-formais), as melhores alternativas de proteção da na-tureza e do desenvolvimento sócioeconômico do homem e da sociedade.

Desenvolvimento Sustentável

O progresso, da forma como vem sendo feito, tem acabado com o ambiente ou, em outras palavras,destruído o planeta Terra e a Natureza. Um estudioso do assunto disse, certa vez, que é mais difícil omundo acabar devido a uma guerra nuclear ou a uma invasão extraterrestre (ou uma outra catástrofequalquer) do que acabar pela destruição que nós, humanos, estamos provocando em nosso planeta.

O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nuncahouve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a polui-ção aumentam dia a dia. Diante desta constatação, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS),buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, o fim da po-breza no mundo.

Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente o que propõem os estudiosos em Desenvol-vimento Sustentável (DS), que pode ser definido como: "equilíbrio entre tecnologia e ambiente, rele-vando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diferentes países na busca da equida-de e justiça social".

Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte integrante doprocesso de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; é aqui que entra uma ques-tão sobre a qual talvez devessemos pensar melhor: qual a diferença entre crescimento e desenvolvi-

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mento? A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiçasociais, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acú-mulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimen-to, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, demelhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidadeambiental do planeta.

O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas:■ A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc);■ A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham

chance de viver); ■ A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conser-

var o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal);■ A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc); ■ A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras cul-

turas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como porexemplo os índios);

■ A efetivação dos programas educativos.Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação Ambiental é parte vital e indispensável, pois

é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação dapopulação.

Em Busca de uma "Cidadania Planetária"

O crescimento econômico precisa apoiar-se em práticas que conservem e expandam a base de re-cursos ambientais. Tal crescimento é absolutamente essencial para mitigar a grande pobreza que sevem intensificando na maior parte do mundo em desenvolvimento. CMMAD (1988, p. 30): O desgastedo meio ambiente foi com freqüência considerado o resultado da crescente demanda de recursos es-cassos e da poluição causada pela melhoria do padrão de vida dos relativamente ricos. Mas a própriapobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de desgaste ambiental. Para sobreviver, os pobres eos famintos muitas vezes destroem seu próprio meio ambiente: derrubam florestas, permitem o pasto-reio excessivo, exaurem as terras marginais e acorrem em número cada vez maior para as cidades jácongestionadas. O efeito cumulativo dessas mudanças chega a ponto de fazer da própria pobreza umdos maiores flagelos do mundo.

Vários exemplos mostram que as condições de ordem econômica, social e ambiental estão forte-mente interligadas, entre as quais podemos citar a globalização dos mercados, a rede mundial de com-putadores; a busca de alteração nas fronteiras políticas; a transferência de setores produtivos na procu-ra de mercados com preços mais baixos (uma fortíssima transnacionalização de capitais), entre outros.

O que se busca então é a chamada "sustentabilidade", ou, neste caso, a capacidade do sistemaambiental, garantir seu funcionamento, mantendo um ambiente estável, e, ao mesmo tempo propor-cionando uma ótima produtividade econômica e crescimento social equilibrado. Sustentabilidade es-ta, que pode ser definida como sendo a relação existente entre sistemas dinâmicos, econômicos eecológicos, que se apresentam orientados pelas condições necessárias à evolução da vida humana eao desenvolvimento das culturas; de modo a permitir que os efeitos antrópicos permaneçam dentrodos limites de aceitabilidade. Impedindo, assim, a destruição da diversidade e da complexidade ine-rentes ao contexto ambiental.

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Podemos localizar a origem do termo como sendo na Alemanha, em princípios do século XIX, de-corrente da exploração dos bosques madeireiros. A partir do final do século XIX e início do século XX,surgem na Europa os primeiros estudos sobre problemas ambientais, entre eles o efeito estufa e asmudanças climáticas.

Tomando seu conceito mais simples, significa tornar as coisas permanentes ou duráveis. Desenvolvi-mento sustentável significaria, portanto, discutir a permanência ou durabilidade da estrutura de fun-cionamento de todo o processo produtivo.

Em 1972, acontece em Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre oMeio Ambiente, deixando clara a necessidade de implementar estratégias ambientais adequadas, parapromover um desenvolvimento socioeconômico eqüitativo. Cunha-se naquele momento o termo eco-desenvolvimento, que mais tarde viria a se chamar Desenvolvimento Sustentável. É importante desta-car que, durante a Conferência de Estocolmo, os aspectos técnicos envolvendo a contaminação provo-cada pela industrialização, o crescimento populacional e a urbanização tiveram mais destaques.

Decorridas mais de três décadas da realização daquele evento, cientistas e técnicos ambientalistas,do mundo todo, continuam alertando para os danos causados à natureza, pela ação direta dohomem. Nossa irresponsabilidade nos campos social, econômico e político-ecológico contribui efetivae definitivamente para a instalação de um colapso global de proporções desconhecidas, que só pode-rá ser evitado se o homem for capaz, em curtíssimo prazo, de promover mudanças radicais no modode vida e na utilização racional dos bens naturais. A partir do aludido encontro, muitas iniciativas vi-sando às questões ambientais começam a ganhar espaço em todo o mundo. Uma importante pro-posta surge em 1987, intitulada "Nosso Futuro Comum", ou, como ficou conhecida: "Relatório Brund-tland". Este documento foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen-to (CMMAD), organismo constituído por 21 países, sob a presidência da Primeira Ministra da Norue-ga, Gro Harlem Brundtland. Segundo esse relatório, "o desenvolvimento sustentável é aquele queatende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atende-rem a suas próprias necessidades" (CMMAD, 1988, p. 46). Esse relatório também apresenta aspectossobre a degradação ambiental abordando causas e efeitos, propõe políticas internacionais quanto aosaspectos econômicos, sociais e ambientais, com o objetivo de buscar o crescimento econômico com-patível com a preservação da natureza.

A comissão concentrou sua atenção em algumas áreas e elaborou diretrizes políticas, englobando:população, segurança, alimentação, extinção de espécies, esgotamento de recursos genéticos, energia,indústria e assentamentos humanos.

Essas diretrizes e as recomendações a elas associadas acabaram gerando mais um grande evento: aConferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada ECO-92 ou Rio92, organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), e realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992.

Durante vários encontros, discutiu-se sobre o meio ambiente e suas relações com o desenvolvimen-to, manifestando-se claramente que pobreza e degradação ambiental então intimamente relaciona-dos, e que os padrões de produção e consumo devem ser modificados, principalmente no que diz res-peito aos países industrializados.

A Agenda 21, resultado deste encontro, é considerada como um programa estratégico, de alcanceuniversal, e que objetiva alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. Ela reflete um consen-so mundial e um compromisso político, no que se refere às questões envolvendo meio ambiente, cres-cimento econômico e cooperação internacional.

Tanto a "Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento", como a "Agenda21", adotadas no decorrer da realização da aludida ECO-92, representam um marco referencial do es-

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forço despendido por países de todo mundo, para identificar ações que conjuguem desenvolvimentocom proteção e preservação do meio ambiente.

A Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento consagrou os princípiosdo "Direito Ambiental Internacional," traduzidos no direito soberano que detém os Estados em explorare utilizar os seus recursos em consonância com as suas próprias políticas ambientais; na responsabilida-de internacional por danos que ultrapassam as fronteiras dos países; na obrigação de desenvolver o di-reito internacional no campo da responsabilidade e de adotar uma legislação ambiental de aplicaçãomais efetiva; no dever de cooperar com os demais Estados, na defesa do meio ambiente e solucionar pa-cificamente todas as possíveis controvérsias ambientais internacionais, que possam surgir futuramente.

Além da consagração do direito ambiental na esfera internacional, a Declaração reafirma o docu-mento resultante da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, adotada em Es-tocolmo em 16 de junho de 1972, como também a opção definitiva, pelo princípio do desenvolvimen-to sustentável estabelecido em 1988, por intermédio do Relatório da Comissão Mundial sobre o MeioAmbiente e Desenvolvimento, "Nosso Futuro Comum".

Entende-se que, atualmente, a aplicação e instrumentação das políticas públicas não favorecem a incor-poração da sustentabilidade ambiental, ao processo de exploração de recursos e a ocupação do espaço.

O discurso em torno do "sustentável" busca reconciliar os pontos contraditórios da argumentaçãodesenvolvimentista, ou seja, o meio ambiente e o crescimento econômico. Este mecanismo ideológicosignifica não somente um retorno da racionalidade na economia, mas também a proclamação de umcrescimento na mesma, como um processo realmente sustentado.

O planeta Terra é um conjunto complexo de ecossistemas organizados em perfeita integração, po-rém as exigências da humanidade crescem de forma rápida, contínua e em grande quantidade. O ca-minho para uma eficaz reversão dos problemas ambientais da atualidade passa, necessariamente, pelodesenvolvimento de projetos sustentáveis. Projetos estes que, respeitando a pluralidade das culturas ea diversidade biológica, consigam fazer o homem compartilhar de forma mais coerente a sua existên-cia junto aos demais seres vivos.

Em bases "ecologicamente corretas", o desenvolvimento advém de uma consciência ambientalmaior, no qual a propalada "sustentabilidade" deve ser vista como um atributo finito, com limitaçãotemporal e espacial, mas de necessidade vital para a nossa sobrevivência no planeta.

O caráter multidisciplinar pertinente à questão ambiental, envolvendo as áreas biológicas, humanase exatas, deverá preocupar-se com a formação de cidadãos com uma visão ampla e integrada de talrealidade, permitindo decisões mais sólidas no tratamento da complexidade que aí aparece envolvida.

Planeta Terra: A Nossa Espaçonave

Num universo em expansão, as galáxias e as estrelas se afastam a cada momento. O vazio escurono qual elas voam torna-se cada vez maior, cada vez mais solitário. Nossa pequena espaçonave Terranavega no meio das estrelas voadoras da noite. Exceto a luz do Sol, seus outros combustíveis estão to-dos a bordo. Não é possível voltar para se abastecer; e não é possível descer e ir para um lugar melhor.A espaçonave Terra foi lançada; e nós somos a tripulação. A única tripulação que ela tem.

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TEMAS EM DEBATE

Sônia Zakrzevski Professora e pesquisadora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões ([email protected])

A EA é uma complexa dimensão da educação, que pode ser caracterizada por uma grande diversi-dade de teorias e práticas, originadas em função de diferentes concepções de educação, de meio am-biente, de desenvolvimento (SAUVÉ; ORELLANA, 2001). Ao longo da história, a EA esteve associada a"diferentes matrizes de valores e interesses, gerando um quadro bastante complexo de educações am-bientais com orientações metodológicas e políticas bastante variadas" (CARVALHO, 1998, p. 124). A EAtem sido abordada de diferentes modos: como um conteúdo, como um processo, como uma orienta-ção curricular, como uma matéria, como um enfoque holístico, e também tem apresentado objetivosdiversos: a conservação da natureza, o gerenciamento de recursos, a resolução de problemas ambien-tais, a compreensão do ecossistema, a melhoria dos espaços habitados pelo ser humano, a discussãodas questões ambientais globais... Existem diferentes concepções sobre EA.

Neste texto, resgatamos a história da Educação Ambiental (EA) na escola pública gaúcha, a partirda leitura e análise dos programas de ensino oficiais do Estado do Rio Grande do Sul (RS).

A questão ambiental antes dos anos 1970: o ambiente como um expediente pedagógico que permitia implicar ativamente os alunos

Os primeiros programas educacionais oficiais para a escola pública gaúcha foram elaborados no fi-nal da década de 1930. Através da análise destes programas, diagnosticamos que o estudo do ambien-te era proposto no "Programa de Estudos Naturais" (1940), estando presente nos objetivos gerais destamatéria: "Prover a criança de conhecimentos e experiências da Natureza e do mundo dos fenômenos(...); Criar hábitos de observação, comparação e apreciação, no contato direto com a natureza, estimu-lar o desejo de novos esclarecimentos e a organização das idéias, formar espíritos reflexivos que bus-quem não só explicar os problemas práticos, como estabelecer relações para "perceber" e "sentir" a or-dem existente na natureza, a interdependência dos seres e encontrar em toda esta perfeição a revela-ção de uma inteligência suprema (p.71).

Nas "orientações das normativas", encontram-se recomendações para serem privilegiadas as ativida-des de observação do ambiente natural. O ensino de Ciências deveria estimular o gosto pelo estudo epelo contato com a natureza, de modo que os alunos construíssem conhecimentos em torno da inter-dependência dos seres, bem como das leis, definições e princípios a eles relacionados. Também deve-riam "estimular atitudes de bondade e proteção para com os animais que prestassem serviços ao ho-mem, e de reação aos que lhe fossem nocivos" (p.79).

O programa tinha implícita uma concepção empirista, no que se refere ao alcance do conhecimen-to, enfatizando a dimensão afetiva em relação ao ambiente. Estava presente uma concepção de natu-reza que reflete a visão de "harmonia preestabelecida" por Deus na criação, onde a ordem natural de-

A dimensão ambientalnas escolas gaúchas:um olhar histórico

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pende absolutamente dos desígnios divinos. A escola, deste modo, repassa às crianças a idéia de que"o Deus cristão é transcendente, tendo criado a natureza com base num plano e podendo, eventual-mente, intervir alterando a ordem natural dos fenômenos" (ABRANTES, 1998, p. 59), e que não háqualquer ideal de ordem que se imponha objetivamente a Deus.

Também a superioridade do ser humano frente aos demais seres da natureza (proposição que ainda semantém nos livros didáticos atuais) merece destaque. Isto pode ser verificado através da visão antropocêntri-ca dos animais e de suas funções, a qual condiciona e predispõe, favoravelmente ou não, para algumas es-pécies: os animais fazem parte do que poderíamos denominar "nicho humano", onde o valor dos mesmosnão ocorre em função de suas características ecológicas, mas em função de uma ética utilitarista, que consi-dera os animais, a natureza... apenas em função de seu valor de uso, de sua utilidade para o ser humano, re-forçando o postulado de que as diferentes espécies somente existem em função da espécie humana.

A partir de 1956, as discussões para a elaboração de novas diretrizes oficiais para a educação sãointensificadas. A Secretaria Estadual de Educação do RS começa a enfatizar "Os Estudos Naturais na Es-cola Primária", reconhecendo que "os estudos naturais, abrindo os olhos da criança para a natureza quea cerca, levam-na a amá-la cada vez mais, pois oferecem ricas oportunidades para muitas lições de mo-ral, de civismo, de ordem, de disciplina, despertando o amor à verdade e o afeto aos demais seres danatureza" (RS, 1956, p. 26). "Os Estudos Naturais na Escola Primária" deveriam despertar na criança ointeresse pela vida dos animais e das plantas em seu meio natural; prover o educando de conhecimen-tos sobre seres e fenômenos naturais, despertando e afirmando os sentimentos de bondade, de amore respeito à natureza; formar hábitos de observação, investigação, comparação e apreciação, no conta-to direto com a natureza, levando a criança a redescobrir verdades científicas, afastando assim a idéiado falso sobrenatural, das crendices e superstições, através da valorização da verdade e desenvolvimen-to do espírito científico; despertar sentimentos e emoções, desenvolvendo o senso estético e religioso,a fim de formar espíritos reflexivos, capazes de "perceber" e "sentir" a ordem existente na natureza, a in-terdependência dos seres e a revelação da suprema inteligência, causa de toda perfeição (RS, 1956).

Até o início da década de 50, o meio ambiente era tratado pela escola gaúcha como "natureza", quedeveria ser apreciada e preservada. A natureza era entendida como o ambiente original e "puro", do qualos seres humanos estão dissociados e no qual devem aprender a relacionar-se para enriquecer a qualida-de do "ser". O ambiente era entendido como um expediente pedagógico que permitia implicar ativa-mente os alunos; por esta razão, as estratégias privilegiadas eram de imersão do aluno na natureza.

Nos anos 50 e 60, através de atividades agrícolas, os professores das escolas gaúchas deveriam des-pertar e manter o interesse pela natureza e pela terra, em especial, fazendo perceber as possibilidadesdo Brasil em relação ao aproveitamento de suas riquezas naturais, principalmente as relacionadas coma vida agrícola da localidade. Houve um grande estímulo à criação, nas escolas rurais, da "Liga dos Ami-gos da Natureza", com o objetivo de "formar mentalidade agrícola nos alunos". Entre as atividades su-geridas para a Liga estavam o cultivo de plantas ornamentais com finalidade de ornamentação e obser-vação; realizar excursões e aulas ao ar livre a fim de estabelecer contato com seres e fenômenos da na-tureza; construir abrigos para pássaros, etc.. Estas atividades eram consideradas importantes para aformação de hábitos, atitudes e conceitos, e por permitir globalizar o ensino (SILVA, 1970).

Também a SEC/RS estimula, a partir de meados da década de 1950, mas especialmente a partir dosanos 1960, as comemorações do "Dia da Árvore", que deveriam ser relacionadas com os trabalhos re-gulares do Clube Agrícola, quando o mesmo funcionasse na escola. Recomendavam que deveria existirum trabalho preparatório, através do desenvolvimento de unidades didáticas que viessem globalizar asatividades, para que o trabalho não se tornasse um mero formalismo, sem valor educativo apreciável esem influência no comportamento do educando.

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Os professores eram estimulados através de orientações e sugestões de atividades e experiências repas-sadas na "Revista do Professor/RS" a discutir com os alunos a significação dos vegetais na vida do ser huma-no, ou seja, o seu emprego na alimentação, indústria, medicina, ornamentação; a função das florestas e anecessidade do cultivo de árvores; conhecimento de espécies existentes na comunidade; estudo das condi-ções indispensáveis à vida vegetal. As atividades escolares deveriam alicerçar o "Culto à Árvore", do povo emgeral, num atributo de gratidão e reconhecimento pelo muito que recebemos do reino vegetal.

A realização de excursões era muito estimulada, pois oportunizavam o contato com a natureza,oferecendo-lhe possibilidades de observação direta, para aquisição de experiências e conhecimentos,em situação real, e para formação de atitudes e hábitos.

Em 1959, são elaborados e publicados em caráter experimental novos programas para o cursoprimário. Em 1962, é reconhecido o êxito dos mesmos e em 1964 são publicados, ficando em vigor atéo início dos anos 1970. As Ciências Naturais, que enfatizavam o estudo da natureza, começam a partirdo novo "Programa Experimental de Ciências Naturais" para o ensino primário, a ser constituídas porconteúdos de Botânica, Mineralogia, Geologia, Petrografia e Higiene. Um dos grandes objetivos daEducação em Ciências Naturais na escola era apresentar as formas de aproveitamento dos recursos queo solo oferece, argumentando que a exploração e a industrialização dos recursos naturais de um paísgarantiam seu progresso e engrandecimento.

É possível perceber neste programa o comprometimento da educação com a concretização de umprojeto de desenvolvimento social e econômico embasado na atividade urbano-industrial. As práticaspolíticas, econômicas e sociais determinam as decisões educacionais, portanto o currículo proposto foifruto das opções tomadas no interior destas práticas. De meados da década de 1950 a meados da dé-cada de 1960, o ambiente começa a ser apresentado também como um recurso a ser explorado.

Os recursos da natureza eram considerados como "nossos recursos", e o fato de serem considerados"como meras propriedades pertencentes a unidades políticas impede a percepção do valor intrínsecoda natureza" (GRÜN, 1996). No Programa estava implícito que o ser humano não está apenas separadoda natureza, mas também é dono dela, gerando um "dualismo entre sujeito e objeto, entre humanos enatureza" (Idem, p. 46). O "sujeito" é o usuário das tecnologias e os "recursos naturais" (carvão, petró-leo, solo, etc.) são vistos como materiais capazes de dar sustentação a esta tecnologia. O valor de umhabitat é determinado pelos "recursos naturais" nele existentes, que podem ser explorados pelo ser hu-mano, reforçando uma ética utilitarista do ambiente: a preocupação exacerbada com "nossos recursos"revela um comprometimento com as lógicas capitalistas, incluindo aí a ideologia do "recurso humano",ou seja, o gênero humano também como potencial mercadológico.

Apesar de todo este estímulo ao processo de exploração da natureza, a escola fazia referência à neces-sidade de "proteger a natureza", de manter "um coeficiente mínimo de vegetação, indispensável ao equilí-brio biológico da região", a chamar atenção para o "reflorestamento de áreas devastadas, para o cuidadocom as queimadas e derrubadas, a erosão e as pragas da lavoura e da criação" (SILVA, 1970, p. 19).

A EA na década de 1970: o nascimento do movimento ecologista no RSe o reconhecimento da importância do ensino de ecologia na escola

A década de 1970 marcou o despertar da consciência ecológica no mundo: a problematização domeio ambiente deslocou-se da escala regional-nacional para a escala global, planetária, e o uso do con-ceito de ambiente como biosfera generalizou-se. O ambiente passa a ser visto como um problema glo-bal e não apenas pontual, pois o suporte da vida começa a ser ameaçado pela poluição e degradação,pelos riscos de uma guerra nuclear, pela explosão demográfica. A crise ecológica questiona profunda-

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mente a teoria do valor-trabalho que supõe a infinitude dos recursos naturais e a natureza como umobjeto passivo desprovido de valor (VIOLA, 1992, p. 69).

A Conferência de Estocolmo (1972), o Relatório Meadows (1972) sobre os limites do crescimento, osurgimento do paradigma teórico da ecologia política e a proliferação dos movimentos ecologistasmarcaram este período. A ecologia começa a ser vista como uma ciência digna de ser ensinada na es-cola. A Conferência de Belgrado (1975) que estimulou um processo de reflexão sobre os problemasglobais, buscando traçar um marco internacional para o desenvolvimento da educação relativa aomeio ambiente, e a Conferência de Tbilisi (1977), estabeleceram critérios e diretrizes que deveriam ins-pirar o desenvolvimento da EA nas décadas seguintes.

O contexto histórico-cultural no qual emerge a preocupação ecológica no Brasil foi marcado pelocontexto de ditadura militar que consolidava um regime autoritário e desenvolvimentista, que geravauma profunda degradação ambiental e que pretendia atrair os capitais estrangeiros para o país. Nesteperíodo, o Estado brasileiro cria diversas instituições para gerir o meio ambiente, porém a lógica destasinstituições foi determinada pela política global de atração de investimentos e não pelo valor intrínsecoda questão ambiental. O ano de 1971 marca a história do movimento ambientalista gaúcho, com a fun-dação, em Porto Alegre/RS, da Associação Gaúcha de Proteção à Natureza (AGAPAN), uma das primeirasassociações ecológicas a surgir no Brasil e na América Latina, que inicialmente teve sua luta voltada à de-fesa da fauna e flora; combate à mecanização exagerada no solo; combate à poluição causada pelas in-dústrias e veículos; combate à poluição dos cursos de água; contra a poluição por agrotóxicos.

No início dos anos 1970, surgem novas Diretrizes Curriculares para o ensino de primeiro grau no RS, seguindoas orientações da Lei 5.692/71. Estas diretrizes mantinham proposições derivadas do ideário escolanovista, combi-nadas com concepções derivadas do tecnicismo. Nos programas de ensino, com a pretensão de mudar a práticareal nas escolas, estava implícita a crença de que o plano curricular tecnicamente ideal, à margem dos professorese das equipes docentes nas escolas, poderia ser um instrumento para melhorar a qualidade do ensino.

O estudo do meio ambiente na escola, de responsabilidade do ensino de Ciências Naturais, deveria"evidenciar e facilitar o estudo das relações entre os seres na Natureza, esperando-se que, através do pro-grama escolar, o aluno possa perceber o mundo como um sistema dinâmico" (RS, 1972, p. 50). Tambémdeveria estimular a observação da "beleza e da ordem da natureza, relacionando-as com a existência deum Ser Supremo (RS, 1972, p. 11). As "Diretrizes Curriculares para o Ensino de 1º Grau no Meio Rural"(1974) propunham que a escola rural deveria auxiliar a incorporar a tecnologia, aperfeiçoada nos cen-tros de pesquisa e produção no meio rural, preparando o "homem para melhor promover o progresso".

Os programas oficiais de educação gaúcha, na década de 1970, buscavam objetivos de aprendiza-gem em termos de conduta. Deste modo, estimulou doutrinamentos, e a adoção, por parte dos pro-fessores, de posições que não haviam assimilado com a profundidade necessária para dirigir suas práti-cas. Provavelmente, como apresentavam propostas teóricas muito distantes daquela que era familiar àmaioria dos professores, os livros didáticos passaram a se constituir nos verdadeiros planos de ensino,além de eles próprios se tornarem a forma mais freqüente de trabalho em classe.

O ambiente era apresentado pelos livros didáticos de forma fragmentada, o que podemos verificarno tratamento dado à concepção de natureza, por exemplo, onde o tratamento ao conteúdo relativo àágua, ar e solo, é absolutamente desvinculado das suas interações no ambiente. Apresentam a nature-za com uma visão mecanicista, fragmentada e mostrando relações somente do ponto de vista huma-no, como se o ambiente tivesse sido criado para servi-lo; trazem explícita ou implicitamente padrõesculturais que reforçam o antropocentrismo. Os seres vivos são apresentados de forma isolada, sendo oambiente, somente o local onde vivem, sem, contudo, salientar as interações entre os fatores ambien-tais e as características que permitem a sua sobrevivência neste ambiente.

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Em 1977, é proposto pela SEC/RS o "Projeto Verde Rio Grande", que visava a conscientizar a comu-nidade sobre o valor da árvore (conservação do solo e da água, produção de oxigênio, embelezamen-to, fornecimento de alimento e matéria-prima) e integrar a comunidade no trabalho de plantio e pre-servação de árvores, abrangendo as escolas de 1º e 2º graus das 29 DEs e respectivas comunidades doEstado, durante o período de maio de 1977 a janeiro de 1978. O material encaminhado às escolas con-tinha os conteúdos a serem trabalhados, sugestões de atividades e inclusive cronograma de execuçãodo Projeto, cabendo à escola o desenvolvimento do que havia sido proposto. O acompanhamento eavaliação também ficaram a cargo de setores da SEC/RS e das DEs.

No ano seguinte (1978), foi lançado o "Projeto Natureza", com o intuito de orientar as escolas aaproveitarem a área disponível nas mesmas, de sensibilizar a comunidade para tornar o ambiente esco-lar mais belo e favorável à realização de atividades práticas (de utilização e preservação da natureza),de estimular o respeito e a responsabilidade pelo meio ambiente e colaborar no desenvolvimento daspráticas das Técnicas. Do mesmo modo que no projeto anterior, no material encaminhado às escolas,tudo também estava definido, cabendo ao professor apenas o papel de executor.

No final dos anos 1970, iniciam-se na escola as discussões sobre os riscos ambientais. São introduzidasnos livros-textos escolares noções sobre a importância da conservação dos recursos naturais e sobre os pos-síveis prejuízos da poluição, da erosão, do desmatamento, das queimadas,etc. Estava implícita nesta formade EA a premissa de que os problemas ambientais são causados pela falta de conhecimentos e que a solu-ção, portanto, está na informação, ignorando a complexidade dos problemas ambientais e raramente favo-recendo estratégias educativas que visavam à resolução de problemas.

A escola rural, especialmente através do Clube Agrícola, contribuiu, nos anos 1960 e 1970, para le-var a "modernização" da agricultura, para a formação de um mercado consumidor para a produção deinstrumentos, adubos, insumos e "defensivos" agrícolas. E para ensinar este novo modo de trabalhar naterra, as escolas rurais tinham a maior parcela dos seus gastos com despesas com produtos químicos,adubos, fertilizantes, inseticidas, sementes, mudas, implementos e instrumentos agrícolas.

A EA nos anos 1980 – a discussão sobre os riscos ambientais na escola e o incremento da EA no Estado

Vivíamos um período de esgotamento do regime militar e nascia no país a formação da consciênciacrítica, iniciando a construção de uma identidade ambientalista nacional. O movimento ecológico gaú-cho ganha maior espaço, contribuindo no processo de ecologização da mentalidade de contingentesimportantes da população, aumentando a percepção da degradação ambiental na sociedade. Apesarde as lutas ecologistas não terem conseguido conter a degradação, foi no transcorrer destas lutas quefoi-se constituindo a identidade coletiva do movimento ecológico (VIOLA, 1992).

Uma grande quantidade de eventos de EA aconteceu na capital e nos municípios do interior do RS,promovidos, normalmente, por universidades e órgãos de meio ambiente. Apenas no final dessa déca-da (1988), é criada uma Comissão de Educação Ecológica da Secretaria de Estado de Educação e em1989, uma Assessoria Especial para Assuntos de EA nas Delegacias de Educação, integrada ao grupopedagógico da Secretaria de Educação.

Em 1980 e 1986, são apresentadas pela SEC/RS novas Diretrizes Curriculares para o ensino de 1º grau,mantendo proposições semelhantes àquelas apresentadas no início da década de 1970. Nas séries iniciaisdo ensino fundamental, a escola deveria colaborar para proteger os recursos do meio ambiente próximo,observar seres, fatos e fenômenos do meio ambiente próximo e estabelecer relações entre seres, fatos efenômenos do meio ambiente próximo, discriminando características, atributos e propriedades.

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Até meados dos anos 80, os planos e documentos da educação pública gaúcha vinham historica-mente sendo formulados em gabinetes, por equipes técnicas: os projetos curriculares eram elaborados,testados, reescritos, divulgados por especialistas. Coube aos especialistas a tarefa de concepção, aopasso que aos professores coube apenas a tarefa de implementação. O que está subjacente a esta for-ma de planejamento é o controle do comportamento dos professores, tornando-o comparável e previ-sível entre as diferentes escolas e populações de alunos. E a história nos mostrou que a distância daspropostas das concepções dos professores e das condições das escolas levou a uma deficiente aplica-ção e a poucas mudanças nas atividades de ensino. As potenciais idéias inovadoras sobre o conteúdo esobre a metodologia [destes documentos], ao não contar com os professores e com as condições con-cretas da realidade, ficavam nos projetos ou eram deformadas e empobrecidas em sua aplicação.

No ano de 1988, é apresentada aos professores gaúchos uma proposta para envolvimento dos mes-mos na construção do currículo da escola, num processo denominado "Reconstrução Curricular". A idéiaera construir um currículo diferenciado, flexível e adaptado a cada realidade: cada região, município e es-cola deveria construir, com a participação de Instituições de Ensino Superior, através dos Programas Regio-nais de Ação Integrada (PRAI), a sua proposta pedagógica. Ele diferiu substancialmente das anteriores,pois buscou apoiar-se numa caracterização da realidade educacional do Estado e em reflexões feitas emencontros regionais com os envolvidos. O trabalho provocou discussões e debates sobre os fundamentosdas diferentes áreas do conhecimento. Em 1990, o Estado do RS havia construído a sua proposta pedagó-gica, como fruto do trabalho realizado de 1988 a 1990, porém não enfatizou a dimensão ambiental.

Em 1991, com a substituição do governo estadual, este processo, foi interrompido, sendo substituí-da por programas de treinamento de professores, através do ensino à distância. Os materiais utilizadosdurante o período foram planejados, organizados, elaborados e avaliados por equipes de universidadesgaúchas, pensando na formação de um professor único. A questão ambiental foi pensada apenas parao ensino de Ciências e de Biologia, no 2º grau.

A EA nos anos 1990 e 2000 – A "explosão" nasagendas políticas e nas preocupações sociais

É no início dos anos 1990 que ocorre uma grande expansão da EA no Brasil. Houve um aumento con-siderável na produção científica: inúmeros livros e artigos são publicados por editoras de renome nacionale por revistas de divulgação científica. Também começa nesse período uma grande procura por cursos deEA, que são oferecidos por universidades, Secretarias de Educação e de Meio Ambiente dos Estados, e pororganizações não-governamentais. Ocorrem vários encontros nacionais de EA e são realizados inúmerosencontros estaduais, regionais e municipais no RS. A temática que antes era específica dos movimentosecológicos foi internalizada de diferentes maneiras por diversos atores da sociedade civil.

Em 1994, a Política Educacional Brasileira incluiu o tema "Meio Ambiente" como transversal, na pro-posta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), procurando dar resposta às contradições entre anecessidade de dar um espaço próprio ao estudo do meio ambiente e a natureza intrinsicamente inter-disciplinar e "transversal" dos conhecimentos que esta propõe.

Em 1996, ano em que os PCNs foram encaminhados às escolas gaúchas, é iniciado no Estado umprocesso de "construção coletiva" do Padrão Referencial de Currículo (PRC), seguindo os mesmos mol-des dos PCNs. Em 1998, a 1ª Versão do PRC foi apresentada à comunidade educacional gaúcha, sendoque a EA faz parte dos temas apresentados como "Temas de Relevância Social".

A proposta de EA, apresentada em 4 páginas, mostra uma breve fundamentação e caracterizaçãoda EA, dando ênfase ao processo de aquisição de "saberes" (conhecimentos), do "saber fazer", incenti-

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vando a elaboração do "ser", através do "conviver" com os outros. Também apresentava os "Marcos deAprendizagem em EA": fatos, conceitos e princípios (saber); procedimentos (saber fazer) e valores(ser/conviver) que a EA escolar gaúcha precisa desenvolver. Apenas este material sobre EA chegou atéas escolas estaduais para subsidiar o trabalho de EA.

No período de 1999-2002, por meio da Constituinte Escolar (movimento de construção da escolademocrática e popular, que teve a participação das comunidades escolares gaúchas, dotando as esco-las de autonomia no desenvolvimento do currículo), as comunidades escolares fizeram a opção pela in-serção da EA nos currículos escolares gaúchos. Propõe que a EA deva deixar de ser um assunto margi-nalizado e isolado no interior dos sistemas educativos e comece a encontrar um lugar apropriado den-tro do projeto educativo das escolas, bem como fortalecer os seus laços com outros aspectos da edu-cação. Neste sentido, foram propostos pelas CREs cursos de curta duração voltados à formação conti-nuada de professores e inúmeros projetos de EA foram desencadeados pelas escolas.

Atualmente, a SE/RS em parceria com a Coordenação Geral de EA do MEC, por meio do Programa Va-mos Cuidar do Brasil com as Escolas, vem desenvolvendo um processo de formação de formadores em EA.Este programa busca implantar na educação formal a dimensão ética, política, científica, pedagógica e es-tética da EA e incentivar a formação continuada de novas lideranças. Para o ano de 2005, estão previstos aelaboração e o início do processo de implementação das Agendas 21 escolares pelas escolas gaúchas.

Convém ressaltar que neste início de milênio, inúmeras universidades gaúchas vêm desenvolvendoprogramas de formação de professores em EA, bem como inserido a dimensão ambiental nos cursosde formação de professores em nível superior.

Pesquisas para a avaliação da EA no RS na última década precisam ser desenvolvidas a fim de nosajudarem a entender um pouco mais os sucessos e os fracassos dos processos implementados, bemcomo para ampliar nossas alternativas de intervenção nas questões ambientais contemporâneas, a par-tir da atividade dos profissionais da educação.

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TEMAS EM DEBATE

Sônia Zakrzevski, Lisandra Lisovski e Cherlei CoanProfessoras da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões ([email protected])

A Educação Ambiental (EA) foi concebida no interior do movimento ambientalista como um instru-mento para envolver os cidadãos em ações ambientalmente corretas em busca de uma sociedade sus-tentável. Desta maneira, a EA surge fora do ambiente escolar, por força do movimento social que de-fende comportamentos em consonância com a sustentabilidade e que favoreçam a participação públi-ca efetiva nas tomadas de decisões.

A história da EA no Brasil nos mostra que, mesmo sendo praticada desde a década de 50, de serobjeto de Conferências Internacionais a partir da década de 70, da resolução do Conselho Federal deEducação em 1987, de não constituir a EA como disciplina, ela torna-se prática oficial no Sistema deEnsino recentemente, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o EnsinoFundamental (1997/98), que apresenta a EA como um tema transversal e com a promulgação da Lei nº9795/99, sancionada pelo Presidente da República, em 27 de abril de 1999, que "Dispõe sobre a educa-ção ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências", regula-mentada em 25 de junho 20021 .

De fato, o papel da EA já estava reconhecido, nacional e internacionalmente, muito antes da pro-mulgação da Política Nacional de EA (PNEA). Basta ver a profusão de documentos, tratados, cartas derecomendações, portarias, etc. existentes. A instituição da PNEA garante o seu reconhecimento políti-co, mas não sua consolidação.

Na lei, a concepção de meio ambiente é ampliada, incorporando os aspectos socioambientaise culturais: o ambiente é encarado como o espaço de integração das várias e complexas relaçõesonde os aspectos biológicos somam-se àqueles de ordem social, cultural, econômica e estética,dentre outros. A definição de EA, proposta no Art. 1º, ao inserir o ser humano como agente detransformações e responsável pela qualidade e sustentabilidade da vida no planeta, deixando deser um mero espectador, rompe com os antigos padrões meramente biológicos/ecológicos epreservacionistas.

A lei reconhece a EA como um componente urgente, essencial e permanente em todo processoeducativo, formal e/ ou não formal: a formação em EA não deve restringir-se ao âmbito de educaçãoformal, mas deve abranger também os tomadores de decisão, gestores, agentes dos meios de comuni-cação da mídia, líderes comunitários. Também propõe a informação, produção e divulgação de mate-rial educativo para instrumentalizar a sociedade para a prática de EA. Segundo a Lei, cabe à imprensa,como formadora de opinião pública, difundir valores e gerar, a partir de exemplos, atitudes coerentescom a defesa do meio e a consolidação da qualidade de vida dos seres humanos, minimizando a exa-cerbação do consumo supérfluo, apresentando orientações sobre a importância da construção de umasociedade sustentável e de um meio social saudável, no qual a participação democrática e a coopera-ção e solidariedade sejam entendidas como valores básicos.

As cores daeducação ambiental napolítica nacional

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33Manual do Agente Prevencionista

Segundo Lucila Vianna (2002), a Lei reproduz as concepções básicas da EA, as mesmas que têm sidodiscutidas pelos educadores e que constam nos documentos internacionais e que já estavam expressasno Programa Nacional de EA: a) interdisciplinaridade – a lei tira o aspecto disciplinar da EA e incentivauma abordagem integrada e contínua em todos os níveis e modalidades do ensino formal; b) direito co-letivo – todos têm direito à EA; responsabilidade coletiva – o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sis-nama, o Sistema Educacional, os meios de comunicação, o poder público em geral e a sociedade comoum todo têm a responsabilidade de promover a EA, permeando suas ações, seus projetos.

Também a EA deve receber um tratamento holístico, por meio de uma prática democrática, partici-pativa e inclusiva, abordando a concepção de meio ambiente em sua totalidade, ressaltando a interde-pendência entre o meio natural e os processos socioeconômicos, políticos e culturais.

São ainda destaques da PNEA o estímulo à democratização das questões ambientais, o incentivo àparticipação individual e coletiva, permanente e responsável para a defesa ambiental e a definição dequalidade ambiental como valor inseparável da cidadania.

Conforme SAITO (2002, p.50), a Política Nacional de EA representa o resultado de uma "longa sériede lutas dentro do Estado e da Sociedade para expressar uma concepção de ambiente e de sociedadede acordo com o momento histórico da produção do texto legal".

Reforça a idéia de que no texto da lei a preocupação social é marcante, sendo mencionada explici-tamente em seus princípios a vinculação entre ética, educação, trabalho e práticas sociais (artigo 4º, in-ciso IV), abrindo possibilidade para o desvelamento das relações de dominação em nossa sociedade,caso se conduzam de forma crítica, socialmente compromissada e atuante os trabalhos de EA.

O Ensino Formal na Política Nacional de Educação Ambiental

Na década de 80, presenciamos os grandes debates acerca das estratégias para ampliar e consoli-dar os espaços institucionais em favor da EA: inúmeras discussões surgiram em torno de inserir ou nãoa EA como uma disciplina no ensino fundamental.

O Ministério da Educação (MEC), desde o início da década de 90, estimulava ações em EA por meiode diversas atividades, mas ainda não havia formulado uma política para este fim e tampouco institucio-nalizou suas iniciativas. Os PCNs, com a proposta dos temas transversais, sugerem oficialmente a intro-dução do tema meio ambiente nos currículos escolares brasileiros. Segundo o MEC, a escolha dos temastransversais se deu pela abrangência nacional e pela urgência dos temas, visto que são pertinentes a to-do País e que são questões sociais obstáculos para o exercício da cidadania. Além disso, são temas queapresentam possibilidade de ensino e aprendizagem na educação fundamental e que possibilitam acompreensão da realidade e da participação social. A idéia-chave dos temas transversais é aproximar aescola da realidade em busca da formação de um aluno autônomo que possa exercer sua cidadania.Mas é muito importante que entenda que os temas transversais já estão presentes nos valores e atitudesdas ações e nas relações que estabelecemos no cotidiano. A intenção é explicitar pedagogicamente atransversalidade destes temas como possibilidade de ensino e aprendizagem (VIANNA, 2000).

A PNEA, atendendo às recomendações da UNESCO e dos tratados internacionais sobre EA, propõea integração da EA às disciplinas. Tanto a Lei como os PCNs reforçam a abordagem transversal e inter-disciplinar da EA no Ensino Formal.

O tema transversal Meio Ambiente é o único entre os temas propostos nos PCNs que tem um mo-vimento social e político correspondente, e deve ser incorporado no interior das ações da prática esco-lar, evitando aquele tratamento extracurricular, desarticulado dos conteúdos ensinados pelas disci-plinas. Portanto, os PCNs procuram dar resposta às contradições entre a necessidade de dar um espaço

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34 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

próprio ao estudo do meio ambiente e a natureza intrinsecamente interdisciplinar e "transversal" dosconhecimentos que esta propõe. A transversalidade é apresentada pelos PCNs na perspectiva didática ea interdisciplinaridade na dimensão epistemológica, ignorando a dimensão política da educação: trans-versalidade e interdisciplinaridade não ocorrem por decretos governamentais.

A EA é justificada como um tema transversal, pois não aparece associada a alguma área específica doconhecimento, mas a todas elas em geral. A proposta de temas transversais, além de modificar a organi-zação tradicional do conhecimento e o funcionamento das instituições escolares, deposita no professor"a iniciativa 96 – A Educação Ambiental na Escola: abordagens conceituais de incorporar temas e desen-volver atividades de natureza local, assim como de proporcionar articulações com outras áreas do co-nhecimento e com a realidade dos estudantes" (GONZÁLEZ GAUDIANO, 2000, P. 67) [tradução nossa].

Defendemos a idéia de que a EA é efetivamente um tema transversal, não apenas porque pode serassumida por todas as disciplinas escolares, mas porque procura relacionar diversos tipos de reflexões:a mais ecológica, coerente com a epistemologia do conhecimento sobre a natureza; a mais metodoló-gica, coerente com a complexidade deste tipo de conhecimento; a mais especificamente pedagógica,coerente com os conhecimentos atuais sobre os processos de ensino e aprendizagem.

É também um tema transversal, porque coloca sobre uma única mesa pontos de vista e interessesdiferentes: desde associações ecologistas a professores que querem inovar; desde entidades locais quebuscam responder às exigências e às emergências ambientais a cidadãos comuns que se preocupamcom estas emergências (ZAKRZEVSKI, 2002).

A Lei torna obrigatório tratar a dimensão ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino,mas ela não deverá ser implantada como disciplina específica no currículo da educação básica. Segun-do a lei, a presença no ensino formal da EA deve abranger, de modo integrado, os currículos das insti-tuições de ensino públicas e privadas, englobando: educação infantil, ensino fundamental, ensino mé-dio, educação superior, educação especial, educação profissional, educação de jovens e adultos.

1Em 1993, o Deputado Fábio Feldmann propôs na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3792/93, que instituía a Política Nacional de EA. EsseProjeto de Lei, durante sua tramitação, foi submetido à análise de vários setores da população (órgãos do Governo, como o MEC, IBAMA, MMA,organizações não-governamentais, universidades, entre outras) diretamente interessados na matéria, e que apresentaram várias contribuições aodocumento. Para atender às sugestões apresentadas, o então Presidente da Comissão do Meio Ambiente, Deputado José Sarney Filho, apresentouo substitutivo ao Projeto de Lei que, em 1999, foi aprovado pelo Congresso Nacional.

Referências BibliográficasGONZÁLES GAUDIANO, E. Complejidade en Educación Ambiental.Tópicos en Educación Ambiental, México, v. 2, n.4, p.21-32, abr.2000.

SAITO, C.H. Política Nacional de Educação Ambiental e Construção da Cidadania: Desafios contemporâneos. In: RUSCHEINSKY, A. Educação Am-biental: abordagens múltiplas, Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. p. 47-60.

VIANNA, L. Política Nacional de Educação Ambiental. In: Textos da Série Educação Ambiental do Programa Salto para o Futuro. Brasília:SEF/SEED/MEC, 2002. p. 52-56.

VIANNA, L. Reflexões sobre a Educação Ambiental e os sistemas de ensino. In: Congresso Brasileiro de Qualidade na Educação - Formação deProfessores. Brasília: MEC,SEF, 2002, p. 115-118.

ZAKRZEVSKI, S.B. A dimensão ambiental na formação de professores e professoras das escolas. São Carlos, 2002. Tese (Doutorado em Ciên-cias), Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

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Artur Renato Albeche CardosoQuímico-Sanitarista da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM

SAÚDE E DOENÇA

O artigo 196 da Constituição Federal estabelece que: "A saúde é direito de todos e dever do Esta-do, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças ede outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteçãoe recuperação".

O termo saúde1 é definido legalmente como sendo: "Estado de completo bem-estar físico, mentalou social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades". Olhando sob o prisma conceitual, épossível estabelecer um conjunto de considerações inevitáveis, veja-se:

■ Com relação ao trabalho– quem tem emprego vive a sob tensão do salário insuficiente, quemnão o tem, vive o desespero e muitas vezes a desesperança de não encontrá-lo.

■ Com relação à saúde– os necessitados, a grande maioria da população, são obrigados a recorrera um sistema que não atende às necessidades mais elementares da população.

■ Com relação à moradia– os baixos salários ou a ausência deles faz com que cada vez mais os ca-rentes busquem alternativas em áreas marginais àquelas dotadas de infra-estruturas públicas, co-mo as vilas periféricas, margens de rios e arroios.

Assim, pergunta-se: diante do panorama social do povo brasileiro é possível pensar-se em uma so-ciedade sadia, isto é, com saúde? Não, por definição somos uma sociedade doente.

Tradicionalmente, das quatro principais causas de óbitos no Rio Grande do Sul, três estão associa-dos a fatores ambientais e correspondem a mais de 60% das mortes totais. São elas: doenças do apa-relho circulatório, neoplasmas e doenças do aparelho respiratório. Destaca-se o fato de que as mortescausadas por doenças de veiculação hídrica não se encontram no topo desta lista.

Normalmente, as populações de risco são aquelas formadas por pessoas carentes, especialmente.crianças e idosos que estão a engrossar os quadros e estatísticas de morbi-mortalidade. Isto se refletenegativamente sobre a economia da família, da comunidade, da cidade, do estado e do país, na formade um crescente empobrecimento coletivo e social.

MEIO AMBIENTE E POLUIÇÃO

O artigo 250 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul estabelece que: "O meio ambiente ébem de uso comum do povo, e a manutenção de seu equilíbrio é essencial à sadia qualidade de vida.

Par. 1º- A tutela do meio ambiente é exercida por todos os órgãos do Estado. Par. 2º- O causador de poluição ou dano ambiental será responsabilizado e deverá assumir ou

ressarcir ao Estado, se for o caso, todos os custos financeiros, imediatos ou futuros, decorrentes dosaneamento do dano".

Já a Lei Federal nº 6.938/81 define:Meio Ambiente: O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Poluição: A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

Saúde e Meio Ambiente

TEMAS EM DEBATE

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36 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.Como pode ser observado, os termos anteriormente definidos são extremamente abrangentes e

abertos, o que acaba criando uma dificuldade para quem precisa cumprir e fazer cumprir a legislação,pois, um entendimento rigoroso do texto legal pode conduzir a uma banalização de tais conceitos.

De qualquer maneira, tal rigorismo visa à proteção do conjunto da sociedade não dissociando o ho-mem do ambiente e vice-versa, pois verifica-se que os termos saúde e meio ambiente estão intimamen-te interligados, havendo entre eles uma interface comum, a qual é chamada de saúde ambiental.

Sabe-se que as comunidades mais carentes são muito vulneráveis a problemas decorrentes da faltade, principalmente, saneamento básico2 e disposição adequada de resíduos sólidos3 urbanos.

Isto se reflete diretamente sobre a saúde das mesmas, que invarialmente vão buscar guarida noSistema Único de Saúde - SUS.

Por fim, qualquer hipótese de mudança desses falsos paradigmas apontados passa necessariamen-te por uma tomada de consciência da importância social que cada pessoa e que cada cidadão temcom relação a si e ao seu entorno, o que inclui a família, a comunidade e as relações socioambientais.

Para compreender o que mudar, é necessário ter ciência do significado de cidadania e responsabili-dade social para, então, converter a nova consciência em ação efetiva, o que inclui, também, o exercí-cio do poder político de cada um.

1 NBR 9896/93, pág. 85.

2 Controle dos fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental ou social.O mesmo que saneamento ambiental. NBR 9896/93, pág. 85.

3 Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam da atividade de origem: industrial, doméstica, de serviço de saúde, rural, comercial,de transporte e da utilização de material radioativo. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviávelo seu tratamento convencional, para posterior lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d'água. R. CONSEMA/RS nº 009/00, 3.1.

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Jackson MüllerBiólogo

A vida no Planeta Terra depende da água. A existência de água, até bem pouco tempo atrás, só eraconhecida em nosso Planeta. Caindo na forma de chuva e caindo entre a paisagem, a água é um ex-cepcional solvente que carrega os nutrientes essenciais à vida.

Em movimentação contínua, acima e abaixo da superfície do solo, a água mantém e representaum ciclo de ligação entre os ecossistemas do planeta. Parte dela retorna diretamente à atmosfera, pormeios diretos ou pelas plantas. O restante reflui por dentro da terra e sobre a superfície, penetrando nosolo, movimentando-se através dos organismos, reabastecendo os depósitos aqüíferos, alimentandorios, lagos, adentrando os oceanos e retornando então à atmosfera.

No decorrer de seu ciclo, a "água azul" (contida nos rios e outros mananciais) toma-se "água verde" (aágua dentro dos organismos e do solo), e vice-versa. A maneira como as pessoas usam a terra e modifi-cam os ecossistemas afeta a qualidade, o movimento e a distribuição tanto da água "verde" quanto daágua "azul". E a forma como as pessoas utilizam a água afeta a qualidade e quantidade tanto da água"azul" quanto da água "verde" e, em conseqüência, a integridade da terra e dos ecossistemas aquáticos.

A forma atual de uso da água está criando uma crise em grande parte do mundo. Os níveis atuaisde uso de água doce não poderão ser mantidos se a população humana atingir 10 bilhões em 2050.

Água, patrimônio de todos!

Fig. 01 - As florestas funcionam como condicionadoras do ar do planeta, capturando o gás carbônico e auxiliando na preservação do ciclo da água

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TEMAS EM DEBATE

Muitos países já sofrem com a falta d' água. A competição entre os usuários está aumentando e ultra-passando a capacidade das instituições para administrá-la. O desvio e a retenção de água estão cau-sando impactos progressivamente maiores nos ecossistemas.

Na maioria dos países, a agricultura irrigada é a principal consumidora, responsável por, aproxima-damente, 70% da retirada de água do mundo. A área de terra irrigada quase triplicou desde 1950. Elafornece um terço do alimento mundial, porém menos de 40% da água suprida através de irrigaçãocontribui para o crescimento das culturas, sendo o restante perdido.

Esquemas de irrigação mal-administrados arruinaram grandes áreas de solos originalmente férteis,principalmente pela ação do encharcamento e da salinização.

À medida que foi aumentando a demanda de água e energia, foram sendo promovidos grandesinvestimentos no represamento e no desvio fluvial, para fins de armazenagem de água da estação chu-vosa para uso na estação seca, ou para transferência para terras mais áridas.

Grandes barragens são bastante defendidas como meio de aumentar a produção da agricultura ir-rigada, gerar hidroeletricidade, assegurar suprimento de água e manter as vias navegáveis. Tais maravi-lhas da engenharia têm sido fontes de orgulho nacional e prestígio pessoal.

Todavia, os benefícios decorrentes de grandes barragens e outros projetos da hidroengenharia nãotêm sido prognosticados, e os efeitos adversos destes projetos têm sido seriamente subestimados.

Os danos podem incluir: um aumento na dívida nacional, ruptura da pesca ribeirinha e costeira, erosãodo canal fluvial e da zona costeira, remoção dos habitantes da área do reservatório, disseminação de doen-ças através da água, maior penetração de salinidade no estuário, destruição de modelos de longa data deagricultura de planícies alagáveis e de criação de animais, degradação de habitats e redução da diversidadenatural e redução do fluxo total devido à evaporação aumentada dos reservatórios e terras irrigadas.

No mundo inteiro, a qualidade da água está sendo prejudicada, às vezes seriamente, pela polui-ção e pelo uso inadequado da terra. Os patógenos transportados pela água são a principal causa demortalidade e doenças nos países de menor renda. Os nutrientes descartados nos esgotos e do es-coamento de fertilizantes resultam na eutrofização, com as conseqüentes explosões de crescimentode algas, reduzindo a potabilidade da água, prejudicando a pesca e diminuindo a diversidade bioló-gica. A salinização decorrente da irrigação, intrusão da cunha salina local devido ao excesso de bom-beamento e a poluição resultante da atividade de mineração tornam a água inadequada para con-sumo. A poluição por metais pesados e a contaminação por pesticidas orgânicos, PCBs e outros com-

ponentes orgânicos sintéticos jáestão muito difundidas, sendolocalmente muito graves.

A produtividade e a diversida-de dos ecossistemas de água do-ce estão seriamente ameaçadaspela poluição agrícola, urbana eindustrial, e pelas mudanças noregime da água, ocasionadas pordesmatamento das cabeceiras dabacia e das florestas de várzeas,pela construção de barragens,canalização de vias fluviais e dre-nagem de banhados, e pela in-trodução de espécies exóticas.Fig. 02 - Recuperar a mata ciliar é compromisso de todos

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Várias centenas de espécies de peixes e de invertebrados encontram-se ameaçadas, mesmo antes daciência poder estudá-las. Os recursos genéticos aquáticos necessários à aqüicultura estão sujeitos a pressõesseletivas que podem não resultar em extinção, porém podem ocasionar uma mudança genética adversa.

Todos esses problemas devem intensificar-se com o tempo se medidas corretivas não forem adotadas.À medida que crescem as populações, a sustentabilidade do uso humano de água depende funda-

mentalmente da adaptação das pessoas ao ciclo da água. As sociedades humanas precisam desenvol-ver habilidades – conscientização, conhecimento, procedimentos e instituições – para administrar o usoda terra, como também da água, de forma integrada e abrangente, de modo a manter a qualidade e aquantidade do suprimento de água para as pessoas e para os ecossistemas que as suportam.

A falta dessa habilidade é uma questão central a ser tratada por uma série de estratégias para a sus-tentabilidade. Em geral, o ciclo da água é fragmentado em pequenas partes conceituais e de manejo:separa-se a administração da água da administração da terra; a água subterrânea, da água de superfí-cie; e o suprimento da água, dos ecossistemas aquáticos.

Não existem muitas informações atuais relativas ao uso da água. Também há uma grande falta deinformações sobre a disponibilidade de água, em particular na nossa região. Procedimentos inadequa-dos e falta de interesse de muitas instituições refletem a propagação de problemas de quantidade equalidade da água.

O uso sustentável dos mananciais de água doce exige alguns aspectos básicos:■ informações mais completas;■ maior conscientização da operação do ciclo da água, do efeito do uso da terra sobre o ciclo da

água, da importância dos banhados e de outros ecossistemas essenciais, de como usar sustenta-velmente a água e os recursos aquáticos, promovendo ações concretas junto às populações;

■ administração da demanda de água para assegurar sua distribuição eficiente e qualitativamenteos concorrentes pelo uso;

Fig. 03 - Preservar as formações vegetais e recuperar as áreas degradadas também são função da Escola

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50 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

■ administração integrada de todos os tipos de utilização da água e da terra;■ melhoria da capacidade institucional para administrar os mananciais de água doce;■ fortalecimento da capacidade das comunidades de usar os recursos da água de forma sustentável;■ conservação da diversidade das espécies aquáticas e do patrimônio genético.A vida sustentável implica uma responsabilidade maior dos usuários da água para sua conservação.

Para que os usuários possam modificar suas atitudes e práticas, deverão dispor de informações e orien-tações. Haverá, também, a necessidade simultânea de modificar a forma de operação dos órgãos defornecimento de água, governamentais e privados, pois estes progressivamente passarão a prestarserviços de orientação e suporte.

A inovação administrativa e tecnológica será necessária para desenvolver e implementar planos deuso sustentável da água e dos recursos aquáticos. Tais planos poderiam basear-se em consórcios de lon-go prazo, formados pela comunidade de pesquisa e desenvolvimento, órgãos governamentais e não-governamentais, grupos de usuários, como o preconizado pela atual legislação nacional e estadual.

Além disso, a pesquisa e o treinamento deverão receber um suporte contínuo, para o fortalecimen-to dos esforços nacionais visando ao uso sustentável dos recursos hídricos.

Alguns dos principais elementos necessários podem ser listados abaixo:■ avaliações dos usuários e consumo total dos recursos hídricos daquela bacia e dos ecossistemas

aquáticos;■ estimativas do uso e perda de água por região. Há consideráveis dificuldades na instalação e

manutenção de redes de instrumentos de medição, dos quais essas estimativas dependem - flu-xo fluvial, evaporação, capacidade de armazenagem no solo e nos depósitos aquíferos;

■ monitoramento e avaliação da qualidade dos recursos hídricos com a periódica avaliação de po-líticas e procedimentos para integrar a administração dos usos da água e da terra, de forma apermitir administrar a demanda de água e utilização racional dos recursos hídricos de formasustentável.

São necessários programas educativos e campanhas para persuadir as pessoas a adaptarem seucomportamento ao ciclo da água, e reconhecerem que a água não é infinita e tampouco gratuita.

A eficiência desses esforços será maior se o conhecimento e a percepção dos grupos-alvo foremusados no desenvolvimento das campanhas educativas. Os pontos-chave incluem:

■ criação de entendimentos básicos do ciclo da água (de onde a água vem e para onde ela vai), al-tavés da Educação Ambiental nas escolas e Faculdades e dos meios de comunicação;

■ promoção da conscientização das pessoas sobre a importância do ciclo da água entre os respon-sáveis pelo poder de decisão;

■ promoção de programas de educação sobre a necessidade de todos protegerem a água contra a poluição;■ campanhas para melhoria da higiene e do saneamento básico, principalmente nas comunidades

de menor renda;■ medidas para aumentar a conscientização da importância dos banhados e de outros ecossiste-

mas aquáticos, e das formas em que podem ser usados sustentavelmente, a serem difundidasentre as comunidades, os responsáveis nos governos locais pelo processo decisório, as escolas,faculdades e através dos meios de comunicação;

■ ação voltada a possibilitar a aquisição de equipamentos necessários para o monitoramento e quecontribuem para a tomada de decisões, que possibilitem a coleta de dados sobre a realidade eque possam estar cientificamente disponíveis, para que sejam aplicadas na produção de informa-ções para o usuário entender sobre a sua interação com a qualidade dos recursos hídricos e suasresponsabilidades na busca por uma melhor qualidade da água.

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Os governos e os maiores usuários de água deverão determinar como prioridade máxima o au-mento da eficiência nos usos. Instrumentos econômicos podem ser implementados, especialmentepolíticas realistas de preços. A infra-estrutura municipal deve ser examinada atentamente (muitaágua se perde devido a vazamentos na rede de distribuição), como também o uso de água na irri-gação, concedendo incentivos econômicos para estimular a produção de melhor tecnologia, tal co-mo a microirrigação.

O uso de água para consumo doméstico, industrial e agrícola, como também a água necessária pa-ra a manutenção dos ecossistemas das terras alagadiças, não poderia exceder os limites do suprimentosustentável, considerando as necessidades para o funcionamento dos ecossistemas associados. Tais li-mites vão depender da tecnologia, infra-estrutura e capacidade administrativa disponíveis.

Será necessário estabelecer padrões para a qualidade e quantidade de água para os diferentes usos,incluindo a manutenção da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas. Os padrões de qualidadeda água combinariam tanto às necessidades para a proteção da saúde humana, quanto para os ecos-sistemas. A poluição por substâncias não-degradáveis não deverá exceder os níveis previstos na legisla-ção ambiental vigente. A poluição por substâncias biodegradáveis não pode ultrapassar a capacidadede assimilação dos receptores. A capacidade assimilável deverá ser definida para cada tipo de ecossiste-ma aquático, através de estudos de monitoramento ambiental. A descarga de substâncias tóxicas cujoimpacto de longo prazo ainda é desconhecido deve ser penalizada com rigor.

A administração qualitativa e quantitativa da água subterrânea deve visar à minimização dos da-nos ambientais, como a salinização, o assoreamento, a liberação adversa de nutrientes e redução dofluxo fluvial.

As tecnologias limpas devem ser promovidas, como também uma abordagem de prevenção dapoluição, impedindo a descarga de substâncias tóxicas ou sintéticas, cujos impactos de longo prazoainda são desconhecidos.

Os ecossistemas de cada bacia estão interligados pela água. A boa administração das florestas decabeceira e da vegetação ciliar, bem como dos banhados, ajuda a manter o fluxo de água.

Portanto, para se obter os plenos benefícios dos recursos de água doce das bacias hidrográficas, éessencial que se protejam as cabeceiras e que se mantenha o fluxo fluvial.

Podemos citar um conjunto de ações ou de diretrizes que podem ser implementadas na Bacia Hi-drográfica:

■ avaliação do papel dos ecossistemas da bacia na regulagem da quantidade e qualidade da água,no controle da produtividade da pesca e nos sistemas de produção agrícola e de criação animal;

■ inventários dos produtos e serviços obtidos em cada parte do sistema de bacia e determinaçãodas necessidades para sustentação desses benefícios;

■ identificação dos impactos, de curto e longo prazo, das modificações no uso da terra e da águada bacia sobre o funcionamento dos ecossistemas. Deveria ser evitada a degradação das cabecei-ras, das principais áreas alagáveis e das florestas ciliares;

■ a viabilidade econômica da irrigação depende de um fluxo bem regulado de água de boa quali-dade. A proteção do regime hídrico é essencial. Os custos e benefícios de proteção das florestasdas bacias, das terras alagáveis e de outros ecossistemas importantes devem, portanto, ser parteintegrante dos projetos de irrigação e de fornecimento de água.

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52 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

Os Comitês de Bacia Hidrográfica

Os Comitês de Bacia representam a instância básica de participação da sociedade no Sistema Esta-dual de Recursos Hídricos, previstos na Lei Estadual 10.350/94. Trata-se de colegiados instituídos oficial-mente pelo Governo do Estado, que exercem poder deliberativo, uma vez que é no seu âmbito que sãoestabelecidas as prioridades de uso e as intervenções necessárias à gestão das águas de uma bacia hi-drográfica, bem como devem ser dirimidos, em primeira instância, os eventuais conflitos.

Conforme Grassi (1999), a composição qualitativa dos comitês deve considerar as funções e os interessesdos usuários, públicos e privados, e da população da bacia, com referência ao bem público água. Neste par-ticular, os usuários se distinguem pelos "interesses utilitários – econômicos e sociais"; a população, pelos "in-teresses difusos vinculados ao desenvolvimento sócio-econômico local ou regional, a aspectos culturais oupolíticos, à proteção ambiental", entre outros; e o poder público, como detentor do domínio das águas.

A Lei 10.350/94, de 30 de dezembro de 1994, estabeleceu a proporção de representatividade nos co-mitê, na qual 40% serão destinados aos representantes dos usuários da água, 40% aos representantesda população e 20% aos representantes de órgãos públicos da administração direta estadual e federal.

Fig. 04 - Principais regiões hidrográficas do RS

SISTEMA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOSGerenciamento de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul

SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTEDepartamento de Recursos Hídricos

G- Região Hidrográfica do Guaíba

L- Região Hidrográfica do Litoral

U- Região Hidrográfica do Uruguai

RReeggiiããoo HHiiddrrooggrrááffiiccaa ddoo UUrruugguuaaii - 0099 BBaacciiaass

1) U10 - Apuaé - Inhandava2) U20 - Passo Fundo - Várzea3) U30 - Turvo - Santa Rosa - Santo Cristo4) U40 - Butui -Piratinim - Icamaquã5) U50 - Ibicuí6) U60 - Quarai7) U70 - Santa Maria8) U80 - Negro9) U90 - Ijuí

RReeggiiããoo HHiiddrrooggrrááffiiccaa ddoo GGuuaaííbbaa - 0088 BBaacciiaass

10) G10 - Gravataí11) G20 - Sinos12) G30 - Caí13) G40 - Taquari - Antas14) G50 - Alto Jacuí15) G60 - Vacacai -Vacacaí-mirim16) G70 - Baixo Jacuí17) G80 Lago Guaíba18) G90 - Pardo

RReeggiiããoo HHiiddrrooggrrááffiiccaa ddoo LLiittoorraall - 0066 BBaacciiaass

19) L10 - Tramandaí20) L20 - Litoral Médio21) L30 - Camaquã22) L40 - Piratini - São Gonçalo - Mangueira23) L50 - Mampituba24) L60 - Jaguarão

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53Manual do Agente Prevencionista

Atribuições dos Comitês de Bacia:■ encaminhar ao DRH proposta relativa à própria bacia para ser incluída no anteprojeto de lei do

Plano Estadual de Recursos Hídricos; ■ conhecer e manifestar-se sobre o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos; ■ aprovar o Plano da respectiva bacia e acompanhar a sua implementação; ■ apreciar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos, no Estado; ■ propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia; ■ aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água; ■ realizar o rateio do custo das obras a serem executadas na bacia; ■ aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos em serviços e obras da bacia; ■ compatibilizar os interesses dos diferentes usuários e resolver eventuais conflitos em primeira

instância.

A função biológica da água e os usos urbanos

Se não contivesse água, o corpo de um ser humano adulto não teria mais de 60 cm de altura epesaria cerca de 25 quilos. Mas isso seria completamente impossível, porque a água no corpo hu-mano – assim como em outros animais e vegetais – não desempenha somente um papel estrutural,como componente obrigatório das células e meio necessário para as reações químicas que nelasocorrem.

Ela tem um papel relevante como veículo, no transporte de substâncias dissolvidas para dentro e fo-ra do organismo e de todos os órgãos. Em virtude da extraordinária capacidade que possui, de dissol-ver todo o tipo de substâncias, bem como de sua incrível mobilidade, a água executa funções comoelemento preponderante no sangue e na seiva dos vegetais.

Na forma líquida, ela atravessa facilmente as membranas de todas as células, conduzindo subs-tâncias na excreção ou, ainda, regulando a temperatura corporal através da transpiração, ou passan-do para o estado de vapor. O nosso hipotético ser humano de 25 quilos de peso viveria constante-mente com febre.

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54 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

A água é necessária não só em quantidade, mas com qualidade adequada. Ela não pode contersubstâncias dissolvidas que sejam estranhas ou que perturbem o bom funcionamento dos órgãos e cé-lulas do organismo. E não pode transportar, em suspensão, microorganismos patogênicos. Quando aágua de um manancial não é adequadamente protegida, pode se tornar contaminada e passar a trans-mitir várias doenças. Dizemos, então, que a água ficou contaminada. E de onde vem a contaminação?

Depois de usada, a água retorna aos arroios e rios. Isso faz parte dos fenômenos cíclicos que carac-terizam a natureza. O caminho de volta pode ser mais longo ou mais curto, mas é inevitável.

Em nossas moradias, utilizamos grandes volumes diários de água. As estimativas apontam paramais de 500 litros/dia por moradia com até quatro pessoas.

O consumo de água residencial nos centros urbanos é estimado em 90-120 litros por pessoa/dia, en-quanto que no meio rural é de 70 litros/pessoa/dia. Nos centros urbanos, de 25 a 30 litros/pessoa são gas-tos para uso não-residencial. O abastecimento urbano consome, aproximadamente, 30% da água totaldisponível, a indústria 20% e a agricultura 50%. Do montante utilizado na agricultura, grande parte éconsumida na irrigação, cujas perdas ultrapassam 60% pela infiltração em canais e evaporação. A necessi-dade de água para os animais é de, aproximadamente, 4 litros/suíno, 30 litros/bovino e 0,2 litro/ave.

Os equipamentos utilizados em nossas vidas diárias usam muita água. Para lavar louça, para lavarroupas, para lavar os carros, para as descargas sanitárias.

As águas utilizadas para consumo humano necessitam de novas abordagens em seu tratamento,reciclagem e reaproveitamento.

Necessário é questionar as formas de uso dispendiosos e com profundos impactos no ambiente enos custos de tratamento.

O circuito do uso das águas no meio urbano é, no mínimo, impressionante.A água coleta dos rios é bombeada para estações de tratamento. Nas ETAs, a água recebe, pelo menos,

três tratamentos distintos: armazenada em instalações adequadas, a água realiza um circuito por diversasetapas, recebendo produtos químicos, como os agentes floculantes (sulfato de alumínio, floculantes orgâ-nicos, entre outros), possibilitando a formação de complexos que separam a água em frações distintas.

Nessa fase, a água tende a reduzir de forma significativa os contaminantes, uma vez que os agentesquímicos possibilitam a separação dos materiais; depois da mistura, a segunda fase consiste em pro-mover a filtração da água, retendo em filtros de areia os elementos que posteriormente serão descarta-dos na forma de lodos concentrados. Essa fase já torna a água clarificada. A etapa seguinte consiste naadição de substâncias germicidas (cloro), que irão reduzir as contaminações por organismos patogêni-cos. Pode-se adicionar, ainda, outros componentes, como o flúor, para qualificar a água de abasteci-mento, auxiliando na função sanitária da água.

Uma vez concluídas as etapas de tratamento, a água é distribuída pela cidade através de uma in-trincada rede de canos, bombas, adutoras e reservatórios. Cada região é abastecida pela água tratadaou utiliza, ainda, as águas subterrâneas (poços).

Em nossas casas, a água chega pelos canos ligados à rede pública de abastecimento. Na entrada denossas casas um relógio mede o consumo.

Utilizamos água limpa para lavar nosso alimento, lavar nossa roupa, fazer nossa higiene.Há de se questionar os usos que damos a essa água limpa. Devemos nos perguntar: - Por que motivos utilizar água limpa para as descargas de nossos banheiros? Por que motivos

não utilizamos águas já usadas em algum processo caseiro (lavar roupas e mãos) para esses usosmenos nobres?

A resposta está na necessidade de criação de novos hábitos e incorporá-los às nossas rotinas e ativi-dades diárias.

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A figura abaixo ilustra os diferentes consumos humanos em uma moradia convencional.

Fonte: www.uniagua.org.br

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TEMAS EM DEBATE

Paulo Renato PaimChefe da Divisão de Planejamento e Gestão do Departamento de Recursos Hídricos e

Secretário Executivo de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente

O marco histórico do início do processo de gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil pode serconsiderado como sendo a edição do Decreto Federal Nº 24.634/34, o Código de Águas, cuja concep-ção tratava a água mais como um insumo industrial e fonte geradora de energia do que como umbem natural de utilidades múltiplas.

A concepção do Código de Águas (só alterada cinqüenta e quatro anos depois, com a ConstituiçãoFederal de 1988) estabelecia o domínio da União, dos Estados, dos Municípios e também o domínioprivado sobre as águas (águas particulares), que, segundo o Art. 8º do Código, seriam as nascentes etodas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classifica-das entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns.

A Constituição de 1988 mudou radicalmente tal concepção jurídica e política, determinando o fim daexistência das águas particulares. O domínio municipal já havia sido retirado pela Constituição de 1967.

Além disso, a Constituição de 88 abriu um espaço jurídico-institucional para que os Estados brasileirosconcebessem sistemas estaduais de gerenciamento das águas de seu domínio, o que realmente aconteceu.Já nas Constituições estaduais de 1989, em alguns Estados aparecem artigos específicos sobre o tema.

A legislação ambiental brasileira referente aos recursos hídricos até a Constituição de 1988 era vol-tada, basicamente, ao controle do uso das águas, exercido através da outorga de uso para a derivaçãoe do licenciamento para o lançamento de efluentes.

A percepção sobre a necessidade do estabelecimento de um processo de gestão dos recursos hídri-cos adquiriu intensidade a partir da segunda metade da década de 70. Em 29 de março de 1978, atra-vés da Portaria Interministerial n.º 90, foram criados os Comitês Especiais de Estudos Integrados de Ba-cias Hidrográficas (CEEIBHs), compostos por representantes de órgãos e entidades federais e estaduaisque mantinham atribuições na área de recursos hídricos e meio ambiente.

Em decorrência da criação dos CEEIBHs e de seus objetivos, foram implantados comitês em algumasbacias hidrográficas brasileiras, dentre as quais, destacaram-se os Comitês do Paraíba do Sul (CEEIVAP),do Paranapanema (CEEIPEMA), do São Francisco (CEEIVASF) e do Guaíba (CEEIG), na região sul do país.

Esses Comitês tinham a função de articulação interna aos poderes públicos, ou seja, pretendiam aação integrada de todas as entidades e todas as políticas públicas envolvidas com os usos e com a con-servação da água nessas grandes bacias hidrográficas.

Na esteira dessas concepções, o Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, já em maio de 1981, insti-tuía um Sistema Estadual de Recursos Hídricos, criando o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande doSul e definindo os objetivos do Sistema. O objetivo prioritário era a integração dos programas e atividadesgovernamentais nas áreas de abastecimento público, controle de cheias, irrigação e drenagem, pesca,transporte fluvial e lacustre, aproveitamento hidrelétrico e meio ambiente, ou seja, tinha como foco a

Comitê de bacia hidrográficae o valor social da água.A síntese do novo

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ação governamental no gerenciamento dos usos. Ora, este tipo de objetivo também estava relaciona-do com as concepções e propostas de planejamento integrado da ação pública, tão em moda no discur-so técnico e político da década de 80. Enfim, o planejamento no Brasil iniciava um processo de abandonode suas características, setorial e centralizador, mas ainda permanecia tecnocrático.

Muito embora a pertinência da introdução dos procedimentos de articulação da ação das políticaspúblicas no país, esse tipo de ação padecia da falta de continuidade administrativa originada no hábi-to bem brasileiro, que ainda persiste, de destruir o que foi realizado e, a cada novo governo, começartudo outra vez. No caso dos recursos hídricos, essa proposta ainda deixava de considerar o gerencia-mento da oferta de água, ou seja, a democratização do acesso à água, através da garantia da sua dis-ponibilidade para todos.

Mas o que faltava então? Ora, era preciso, por um lado, envolver os diferentes usuários da água noprocesso de construção da política pública, da norma e, por outro, permitir a participação de atoresmais permanentes, de maneira a garantir a ação do Sistema de Gerenciamento como um instrumentoreal de gestão da oferta da água, insumo fundamental ao desenvolvimento social e econômico, espe-cialmente do que se convencionou chamar desenvolvimento ambientalmente sustentado.

O desenvolvimento ambientalmente sustentado, uma proposta conceitual e política moderna dedesenvolvimento social e econômico, surgido ainda no final da década de 80, alterou, ao mesmo tem-po, dois paradigmas: o do desenvolvimento a qualquer preço e o da preservação ambiental apenas co-mo discurso reativo ao crescimento econômico predador.

É preciso lembrar que o movimento ambientalista brasileiro surgido na década de 70 desempenhoudois papéis aparentemente contraditórios; permitiu, por um lado, a organização da sociedade e dosgovernos para enfrentar o problema da degradação ambiental, e, por outro, incentivou o surgimentode uma legislação burocrática e rancorosa e de um processo de gestão ambiental regido apenas pelospreceitos policialescos e ineficazes do mandato e controle. Embora a tecnocracia nacional tenha difi-culdades em reconhecer, a História mostra a falência deste tipo de conduta no trato das questões degerenciamento dos recursos naturais.

Esse fato associado à consideração, tanto pelo mercado quanto pelas políticas públicas de gerencia-mento ambiental, de que a preservação e a conservação ambiental são variáveis de qualificação dosprodutos, acabou por se constituir em mais uma das condições importantes que permitiram o surgi-mento de novos paradigmas na gestão ambiental, especialmente na gestão das águas.

Enquanto isso no campo político, a democracia representativa começava a demonstrar sua incapa-cidade de garantir a participação real do cidadão no processo decisório da construção e da implemen-tação de políticas públicas, muitas delas do seu interesse imediato ou, como na maioria dos casos, po-líticas públicas cuja garantia de aplicabilidade e sucesso dependiam e ainda dependem, diretamente,da participação cotidiana do cidadão.

A velocidade das mudanças, no campo social e político, já não garantia que o voto exercido a cadaeleição fosse a única expressão do exercício da cidadania. Então, era preciso criar outras instâncias departicipação nas quais o cidadão pudesse ser recolocado no processo decisório de maneira mais amiúde.

A década de 90 encontra o país, do Oiapoque ao Chuí, discutindo as novas bases políticas e institu-cionais e os novos instrumentos a serem utilizados no processo de gerenciamento da oferta, e da utili-zação do recurso natural água!

Por volta de 1995, vários estados brasileiros já possuíam sistemas de gerenciamento em implan-tação. Destaque para São Paulo e Ceará. Na região sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estabelece-ram suas políticas respectivamente em novembro e dezembro de 1994. A legislação federal somentefoi sancionada em janeiro de 1997.

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68 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

Guardadas as peculiaridades de cada um, todos os novos sistemas de gerenciamento dos recursoshídricos, inclusive a própria lei federal, estão baseados em diretrizes adaptadas às novas exigências darealidade social e política da população brasileira, tais como descentralização máxima do processo deplanejamento e decisão, representatividade, negociação política e decisão coletiva entre a socieda-de e o governo.

Dentre os modernos instrumentos hoje disponíveis para a gestão ambiental contidos nos sistemasde recursos hídricos, destaca-se a instigante e provocadora figura do Comitê de Gerenciamento deBacia Hidrográfica como base política dos sistemas de gestão e como forma institucional acabada departicipação, negociação e decisão quanto à administração coletiva do uso de um bem público.

Por outro lado, o Brasil destes últimos dez anos tem se dedicado fortemente a compreender o valoreconômico da água decorrente da sua condição de escassez, seja por quantidade, por qualidade, ouambas simultaneamente. Ou seja, não existe água em condições de quantidade e qualidade, numa da-da bacia hidrográfica e num dado período de tempo, suficiente para atender à demanda por ela. En-tão, é preciso racionalizar o uso.

Numa economia de mercado, a utilização de mecanismos econômicos – preço – tais como previstosna nova legislação brasileira de recursos hídricos, tem produzido em vários países bons resultados, inci-tando o usuário à utilização otimizada da água e, por conseqüência, permitindo que um maior núme-ro de usuários a ela tenham acesso. Este raciocínio é lógico? É real? É suficiente? Sim, é perfeitamentelógico e real, mas será que é suficiente?

No passado, e ainda hoje, gerenciar recursos hídricos significava apenas harmonizar fisicamente,isto é, através de uma obra, oferta com demanda, ou ainda, cabia aos hidrólogos, nos escritórios, fe-char as contas, compatibilizando os dados estatísticos que caracterizam a disponibilidade de água nanatureza, com as demandas, mensuradas invariavelmente, por projeções matemáticas de informaçõesinferidas tecnocraticamente, e sem considerar o uso ambiental.

Ora, é crível para qualquer um que, no momento em que o país se volta ao processo de gestãodas águas, não se pode, simplesmente, trocar as contas e as obras da engenharia clássica pelas curvasmatemáticas e os critérios e os valores da economia ambiental. A engenharia continuará sendo umexcelente instrumento de compreensão da realidade física e ambiental e da solução de problemas, e aeconomia, muito vinculada aos usos consuntivos da água, especialmente à produção de bens e ali-mentos e ao abastecimento humano e animal, continuará se impondo, como um dos aspectos queatribuem valor social à água, isto é, ambas se manterão como uma das duas faces da moeda que é ocomportamento humano.

Mas, não se chegará a nenhum resultado prático e permanente da aplicação dos novos paradigmaspropostos na legislação se não os interpretarmos corretamente, se continuarmos, apesar deles, comuma atuação tecnocrática e unilateral.

É preciso, pois, compreender como relativas as visões e as afirmações cartesianas da economia e daengenharia. É preciso também, por outro lado, dar sentido real, ao discurso fácil, muito utilizado noBrasil de hoje, sobre a participação da sociedade nos processos decisórios de construção e de imple-mentação de políticas públicas. É preciso reconhecer pragmaticamente os valores simbólico, social epolítico da água!

Observe-se o que aponta Ana Luiza Rocha1: a purificação através da água não tem relação diretacom a lógica racional dos hábitos de higiene. Por exemplo, o fiel persa, para se limpar da sujeira, lavaos olhos quando está diante de um infiel, razão pela qual ele traz consigo, sempre, um pote cheio deágua para exercer tais rituais de purificação sempre que a ocasião exija. Na Índia, é comum se ver osfiéis à beira dos rios, muitas vezes mergulhando nas suas águas, mas não movidos por hábito de

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higiene. Trata-se de assegurar a pureza da alma pela substância do bem que o curso de tais rios, porseu valor sagrado, trazem em si mesmos. Para muitas tribos da Índia, inclusive, torna-se necessáriobanhar-se em 14 fontes de água corrente para se conseguir, finalmente, a purificação do espírito.

A imagem da pureza dos cursos de água permanece, assim, para muitas sociedades humanas quenão sofreram um processo de ocidentalização de seus sistemas de valores e crenças, presa ao poderde purificação que a imagem da substância da água contempla. O valor racional e instrumental quecompartilhamos de que a água corrente leva as imundícies é, assim, o resultado de um lento proces-so de racionalização do pensamento humano e de dessacralização das relações homem e cosmos. En-tretanto, e mesmo para o caso dos higienistas, para a "água pura", reivindicamos sempre, primitiva-mente, uma pureza ativa e substancial, pois atribuímos a ela uma potência íntima, uma força fecun-da, renovadora e polivalente.

Segundo Bachelard em "A Água e os Sonhos", "é perto da água que eu melhor compreendi que odevaneio é um universo em emanação. Se eu quero estudar a vida das imagens da água, torna-se ne-cessário me dar conta do papel dominante que tem o rio e suas fontes no meu país. Eu nasci numa re-gião de vales, com riachos e rios, Vallage, assim denominada por seus numerosos vales. A mais lindadas moradas seria para mim, no centro de um vale, à beira da água viva, à sombra curta dos chorões".

Este simples reconhecimento aponta para a necessidade da construção, por um lado de agendaslocais de gestão da água e, por outro, de canais e formas de mediar essas agendas com os grandesinstrumentos de gestão contemplados na legislação nos planos estadual e federal. Valor econômico,valor simbólico, valor social e valor político da água, associados, permitirão a compreensão do que sepoderia chamar aqui de processo social, ético e ambiental da gestão da água.

A legislação brasileira de gerenciamento dos recursos hídricos, seja no plano federal seja no âmbitodos Estados, ao mesmo tempo em que reconhece o valor econômico da água, abre espaço para quepossamos enveredar pelos caminhos do seu valor simbólico, na medida em que cria a figura institucio-nal totalmente nova e descentralizada dos Comitês de Bacia.

É nos Comitês de Bacias que conseguiremos, realmente, atribuir ao processo de gestão característi-cas decorrentes do valor social da água: a territorialidade, o saber local, as microrelações entre osdiferentes atores envolvidos com o uso da água, sejam eles usuários ou não. O Comitê de Bacia, criadopelo legislador brasileiro, é a síntese institucional da construção coletiva de uma verdade local e regio-nal, em oposição à racionalidade asséptica do pensamento cartesiano que impõe a verdade tecnocráti-ca única, independentemente das relações território/hábitos cotidianos das sociedades.

1Ana Luiza Rocha é antropóloga e integra a equipe do Instituto Anthropos

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70 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

TEMAS EM DEBATE

Alessandra Lemes da RosaProfessora

A educação se processa no cenário de um ambiente formado por inúmeros fatores políticos, econô-micos, científicos, tecnológicos, culturais e ecológicos. Dessa forma, nos leva a compreensão da neces-sidade de uma educação integradora, educação essa que propicie aos indivíduos uma visão holísticado meio que os circunda. É indispensável o entendimento do meio ambiente e sua complexa rede derelações. Assim, a Educação Ambiental é necessariamente uma forma de prática educacional que pos-sibilita a compreensão de um novo marco epistêmico, ou seja, o entendimento da complexidade dasinterações entre sociedade e natureza. As ações educativas propostas pela Educação Ambiental deve-rão contemplar um processo pedagógico baseado em concepções construtivistas e interacionistas. Pa-ra efetivação desse processo sugere-se o desenvolvimento de projetos de trabalhos.

Os projetos de trabalhos propiciam a aquisição de capacidades que envolvem iniciativas, integra-ção, criatividade e inovação, capacidades essas essenciais ao processo de ensino-aprendizagem. O pro-jeto é entendido como uma maneira diferente de organizar o planejamento, permitindo um trabalhointerdisciplinar. Os projetos de trabalhos em Educação Ambiental devem propor ações concretas querepercutam no âmbito curricular, porque a Educação Ambiental não se reduz à aquisição de conheci-mentos especializados, envolve ações que podem tratar da complexidade dos problemas ambientaisenfocando soluções concretas.

A Educação Ambiental caracteriza-se pela busca da solução de problemas com caráter interdiscipli-nar, numa permanente integração com a comunidade onde se insere. Assim, os projetos servem comoferramenta educacional para contemplar os princípios da Educação Ambiental. Quando se faz um pro-jeto, devemos pensar no seu significado, como irá repercutir no ambiente e nos sujeitos, pois esses sãointérpretes do seu contexto socioambiental.

A organização dos projetos segue muitas etapas, entre elas, a importância da escolha do tema aser abordado, pois esse deve ser relevante no contexto socioambiental em que está situado para, as-sim, ter significado aos sujeitos envolvidos. E, fundamentalmente, deve responder a uma série dequestionamentos pertinentes a sua elaboração, como: "O que pesquisar?"; "Por que pesquisar?"; "Paraque pesquisar?"; "Como pesquisar?"; "Quando Pesquisar?"; "Com que recurso?"; "Pesquisado porquem?". As respostas desses questionamentos estabelecem o roteiro de organização de um projeto.

O desenvolvimento de projetos em Educação Ambiental pode ser considerado marco de referênciapara tomada de decisões relativas ao compromisso dos sujeitos com o ambiente, buscando a sus-tentabilidade. A "socialização do saber" e a busca de estratégias que sensibilizem e envolvam os dife-rentes segmentos da sociedade podem ser atingidas por meio de projetos de trabalhos em EducaçãoAmbiental. Projetos que promovam ações educativas as quais permitam a constituição de diálogosfundados na diferença, ou seja, na riqueza da diversidade e na construção de um ambiente saudávelque propicie uma melhor qualidade de vida.

Referências BibliográficasDiaz, A. P. Educação Ambiental como projeto. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Oliveira, M.M.V. Projetos pedagógicos - Um desafio para o novo milênio. Santa Maria: Pallotti, 2000.

Projetos emEducação Ambiental

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TEMAS EM DEBATE

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TEMAS EM DEBATE

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1- PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMPARTILHADO:

Convênio a ser celebrado entre o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretariada Educação - Projeto Escola Aberta para a Cidadania e Divisão de Educação Ambiental, e a Secretariado Meio Ambiente / Fundação Estadual de Proteção Ambiental / FEPAM que, por sua vez, estabeleceuparcerias com as empresas ARACRUZ Celulose S.A., Borrachas Vipal S.A., Grupo Gerdau, ACPM - Asso-ciação dos Círculos de Pais e Mestres.

2 - Objeto

Capacitação de "Agentes Prevencionistas" através da realização de ações de interesse comum, commecanismos de Gestão Ambiental compartilhada, dentro de uma visão de Parceria Público-Privada.

Entende-se por "AGENTE PREVENCIONISTA" todo aquele que desenvolve atividades de prevençãorelacionadas a riscos diversos, dentre elas, as que envolvam o Ambiente Natural, Ambiente Social e Cul-tural, Ambiente de Trabalho e Ambiente Doméstico.

3 - Qualificação dos partícipes

3.1- Nome: Estado do Rio Grande do Sul – Secretaria da Educação/SECNPJ: 92941681/1Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1501 - CEP 90119-190Cidade: Porto AlegrePersonalidade Jurídica de Direito Público(DDD) Telefone: (051) 3288-4700Representante Legal: Nome: José Alberto Reus Fortunati

CIC: 200434650-72Função: Secretário de Estado da Educação

3.2- Nome: Estado do Rio Grande do Sul – Secretaria do Meio Ambiente/SEMACNPJ: 033330683/0001-33Endereço: Rua Carlos Chagas, 55 - 9° AndarCidade: Porto AlegrePersonalidade Jurídica de Direito Público(DDD) Telefone: (051) 3288-8100Representante Legal: Nome: Mauro Sparta

CIC: 208597830-49Função: Secretário de Estado de Meio Ambiente

PLANO DE TRABALHO

Conceitos, definições, partícipes e cronograma

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3.3- Nome: Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler/FEPAMCNPJ/CGC: 93859817/0001-09 Endereço: Rua Carlos Chagas, 55Cidade: Porto AlegrePersonalidade Jurídica de Direito Público(DDD) Telefone: (051) 3212-3998Representante Legal: Nome: Cláudio Dilda

CIC: 231071899/87Função: Diretor Presidente

3.4- Nome: Aracruz Celulose S/ACNPJ: 42157511/0039-34Endereço: Rua São Geraldo, 1800 Bairro ErmoCidade: GuaíbaSociedade Anônima de Capital Aberto(DDD) Telefone: (051) 480-7477Representante Legal: Nome: Walter Lídio Nunes

CIC: 151624270-04Função: Diretor de Operações

3.5- Nome: Borrachas Vipal S/ACNPJ: 87870952/0001-44Endereço: Rua Buarque de Macedo, 365Cidade: Nova Prata-RSEmpresa Jurídica de Direito Privado (DDD) Telefone: (054) 242-1666 Representante Legal: Nome: Arlindo Paludo

CIC: 026462180-87Função: Diretor Presidente

3.6.- Nome: Grupo GerdauCNPJ: 17227422/0001-05Endereço: Av. Farrapos, 1811 Porto AlegreSede Ouro Branco MGEmpresa Jurídica de Direito Privado (DDD) Telefone: (051) 3323-2536 Representante Legal: Nome: Érico Teodoro Sommer

CIC: 069875240-68Função: Diretor de Energia e Meio Ambiente

3.7- Nome: Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS – ACPM FederaçãoCNPJ: 90272907/0001-00Endereço: Rua Av. Carlos Chagas 55/1006 10º andar cep 90030-020 centro - Porto AlegreAssociação(DDD) Telefone: (051) 3225-8900Representante Legal: Nome: Indiara Souza Vieira

CIC: 184.213.690/91Função: Presidente

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78 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

4- Das atribuições dos Partícipes:

4.1- Caberá à Secretaria da Educação:■ colocar à disposição do programa a estrutura das escolas estaduais que pertencem ao Projeto Es-

cola Aberta para a Cidadania, com área física compatível para o desenvolvimento das atividadesdescritas;

■ responsabilizar-se pela manutenção da estrutura operacional acima referida, incluindo a área queporventura vier a ser utilizada;

■ responsabilizar-se em parceria com os demais parceiros do programa pela execução dos procedi-mentos necessários ao programa de Educação Ambiental;

■ mobilizar pessoas da comunidade para participação dos eventos a serem desenvolvidos peloprograma;

■ responsabilizar-se pelo transporte e diárias dos servidores que participarão da capacitação peloProjeto Escola Aberta para a Cidadania.

■ elaborar em conjunto com os demais parceiros do programa os materiais didáticos e instrumen-tos avaliativos necessários.

■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação.■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas à utilização do programa

para fins próprios de divulgação;

4.2- Caberá à SEMA / FEPAM:■ responsabilizar-se pela execução dos procedimentos necessários ao Programa de Educação Am-

biental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ disponibilizar servidores qualificados para a capacitação ao público-alvo;■ responsabilizar-se pelos recursos de deslocamento, hospedagem, pagamento de horas de traba-

lho e alimentação dos "Técnicos Multiplicadores" da FEPAM, que ministrarão o curso.■ elaborar em conjunto com os demais parceiros do programa os materiais didáticos e instrumen-

tos avaliativos necessários.■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação.■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas à utilização do programa

para fins próprios de divulgação;

4.3- Caberá à Aracruz Clelulose:■ participar do grupo de trabalho de planejamento e execução do programa;■ elaborar em conjunto com os demais parceiros do programa os materiais didáticos;■ disponibilizar logomarcas para inclusão no material didático e divulgação;■ disponibilizar recursos financeiros para execução do programa, de forma igualitária entre os par-

ceiros da rede privada;■ incluir de acordo com as possibilidades operacionais este programa em seus planejamentos den-

tro da empresa;

4.4- Caberá a Borrachas Vipal:■ participar do grupo de trabalho de planejamento e execução do programa;■ elaborar em conjunto com os demais parceiros do programa os materiais didáticos;■ disponibilizar logomarcas para inclusão no material didático e divulgação;

PLANO DE TRABALHO

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■ disponibilizar recursos financeiros para execução do programa, de forma igualitária entre os par-ceiros da rede privada;

■ incluir de acordo com as possibilidades operacionais este programa em seus planejamentos den-tro da empresa;

4.5- Caberá ao Grupo Gerdau:■ participar do grupo de trabalho de planejamento e execução do programa;■ elaborar em conjunto com os demais parceiros do programa os materiais didáticos;■ disponibilizar logomarcas para inclusão no material didático e divulgação;■ disponibilizar recursos financeiros para execução do programa, de forma igualitária entre os par-

ceiros da rede privada;■ incluir de acordo com as possibilidades operacionais este programa em seus planejamentos den-

tro da empresa;

4.6- Caberá à ACPM Federação:■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação.■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas à utilização do programa

para fins próprios de divulgação;■ repassar recursos financeiros oriundos das empresas parceiras para execução do projeto, descon-

tando sobre os valores que vierem a ser repassados através da ACPM todas as despesas financei-ras comprovadas necessárias aos custos bancários, de trâmite e prestação de contas, e a impres-são do manual operacional da Federação, apresentando orçamento à aprovação das parcerias.

■ acompanhar a execução do programa através dos CPMs das escolas, incentivando a participaçãoda comunidade.

5- Metas:

■ capacitar até abril de 2005, 65 (sessenta e cinco), Agentes Prevencionistas das trinta Coordena-dorias da Secretaria da Educação, 20 (vinte) técnicos da FEPAM e 300 (trezentos) Agentes Pre-vencionistas das cento e cinqüenta escolas do Projeto Escola Aberta para Cidadania.

■ elaborar e implementar projetos de Educação Ambiental nas comunidades através dos agentesprevencionistas até dezembro de 2005.

■ desencadear grupos de discussão e interação nas comunidades para ações de melhorias ambien-tais através dos agentes prevencionistas até dezembro de 2005.

6- Etapas ou Fases de Execução:

1. Assinatura do Convênio2. Reunião de Trabalho para capacitação de Agentes Prevencionistas nas Coordenadorias Regionais

de Educação: Assessorias de Educação Ambiental e Coordenadores Regionais do Projeto EscolaAberta para Cidadania e FEPAM.

3. Mobilização da comunidade através das escolas que pertencem ao Projeto Escola Aberta para aCidadania para participação no programa;

4. Realização de um encontro estadual para capacitação de Agentes Prevencionistas, sendo um daescola e um da comunidade das 150 escolas, num total de 300 agentes;

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80 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

5. Elaboração e execução dos Projetos nas cento e cinqüenta escolas do Projeto Escola Aberta.6. Companhamento e assessoramento técnico aos projetos nas escolas, através dos representantes

das Coordenadorias Regionais de Educação e regionais da FEPAM, e conforme necessidade comcomissão organizativa da capacitação.

7. Três encontros Regionais para continuidade da capacitação e assessoramento dos projetos de-sencadeados, dividindo as 150 escolas em 3 grupos.

8. Avaliação Final e entrega dos certificados de Agentes Prevencionistas em Porto Alegre.9. Planejamento para 2006.

7. Período de Execução:Março a fevereiro de 2006.

7.1. Cronograma*:

PLANO DE TRABALHO

*O cronograma poderá sofrer alterações, em decorrência de sua dinâmica.

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81Manual do Agente Prevencionista

8. Recursos Financeiros:

8.1. Secretaria da Educação:Servidores, Transporte, diárias, horas de trabalho/servidor, escolas da rede estadual integrantes do

projeto Escola Aberta.

8.2. FEPAMServidores, Transporte, diárias, horas de trabalho/servidor.

8.3. Empresas:■ diárias: para alimentação e hospedagem de 300 pessoas nos encontros estaduais em abril e de-

zembro e nos 3 encontros regionais, sendo nestes as pessoas divididas em 3 grandes núcleos;■ transporte das 300 pessoas capacitadas nos eventos acima citados;■ material didático (para serem utilizados na capacitação, na divulgação com a comunidade como:

publicações, cartazes, jogos educativos, pastas, canetas, blocos de registro, folhetos informativos); ■ marketing (a critério de cada empresa);■ serviços (conforme necessidade da capacitação: locação de equipamento audiovisual, serviço de

café, xerox, coquetel de encerramento,etc).

9- Vigência:

O convênio terá vigência por um ano, a contar da data da publicação da súmula no Diário Oficial,podendo ser alterado mediante termo aditivo.

CONTRAPARTIDA DOS PARCEIROS

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO R$ 41.040,00FEPAM R$ 117.603,00ARACRUZ CELULOSE R$ 60.000,00BORRACHAS VIPAL R$ 60.000,00GRUPO GERDAU R$ 60.000,00ACPM-FEDERAÇÃO GERÊNCIA FINANCEIRATOTAL R$338.643,00

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82 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

Jackson MüllerBiólogo

As sugestões contidas no presente documento possibilitam destacar, nas atividades docentes de sa-la de aula, ou mesmo nos ambientes de integração comunitária não-formais, como as associações debairro, os movimentos populares, dentre outros, diversas atividades que envolvem o tema ambiental.

Os assuntos foram organizados por tema, apenas como forma de promover a sistematização dasinformações e proceder com seu uso.

I-TEMA: IMPACTO AMBIENTAL

a) TEIA NA MATA

OBJETIVOS:■ apresentar os participantes para o grupo;■ informar sobre características da floresta de Araucária;■ demonstrar a inter-relação e a interdependência entre os elementos de cada ecossistema.

PROCEDIMENTOS:1. Cada participante receberá um cartão com as características de um elemento da floresta de

Araucária.2. O grupo se distribuirá formando um círculo.3. Os participantes passarão entre si um rolo de barbante, fazendo a conexão entre os elementos

afins. De posse do rolo de barbante, o participante apresentar-se-á e fará um breve relato de suaexperiência profissional; fará também uma descrição do elemento que representa.

4. Quando todos os participantes estiverem ligados através da teia, o barbante será tensionado emvários pontos; cada elemento indicará se foi atingido pela ação.

b) PONTO DE VISTA

OBJETIVOS:■ valorizar a importância de cada elemento no equilíbrio da natureza;■ desenvolver o sentido do belo em relação a todos os elementos da natureza;■ observar árvores sob diversos pontos de vista.

Sugestões de atividadespráticas emEducação Ambiental

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

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83Manual do Agente Prevencionista

PROCEDIMENTOS:1. Distribuir uma folha de papel para cada participante e dividi-la em seis partes.2. Cada participante desenhará uma árvore que seria escolhida por:a. um pássaro para construir seu ninho;b. um proprietário de serraria;c. quem quer estender uma rede para descansar;d. uma família que deseja fazer um piquenique;e. um artista;f. um agrônomo que veio localizar uma árvore doente, a fim de tratá-la.3. Montar um painel com os desenhos.

CONCLUSÃO:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) IMPACTO AMBIENTAL

OBJETIVO:■ Visualizar a interferência da ação individual na sociedade humana e na natureza.

PROCEDIMENTOS:1. Numere cada folha. Divida-as em duas partes, definindo a margem em relação ao rio e ao lote de

terra que caberá a cada participante. 2. Proponho aos participantes que projetem e esbocem uma atividade lucrativa nesta área.3. Reúna os desenhos colocando-os lado a lado. Solicite que cada participante relate seu projeto.4. Analise as atividades que geram impacto ambiental e busque, com o grupo, soluções.

CONCLUSÃO:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II-TEMA: ECOLOGIA INTERIOR

a) PRECIOSIDADES

OBJETIVO:Dar valor estético afetivo às montanhas, aos rios, às praias, etc.

PROCEDIMENTOS:Dispostos em círculo, os participantes devem citar peça ou adorno de seu vestuário que tenha gran-

de valor afetivo.Faça paralelo entre o relato e os elementos da natureza, e solicite que cada participante indique um

local da natureza que gosta de visitar.

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84 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

CONCLUSÃO:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) PROCURA-SE

OBJETIVOS:■ valorizar a formação de valores que levem a mudanças de atitude no dia-a-dia;■ permitir troca de experiências entre os participantes.

PROCEDIMENTO:1. Convide os participantes a entrevistarem o maior número possível de pessoas e compilarem a lis-

ta com um nome diferente para cada item.

FICHAPROCURA-SE POR UMA PESSOA QUE:1- Dormiu sob as estrelas.__________________________________________________________________2- Viu o nascer do sol à pelo menos um ano. ________________________________________________3- Recicla ou separa o lixo. ________________________________________________________________4- Goste de plantar mudas de plantas. ______________________________________________________5- Tenha cheirado a terra há pelo menos um mês.____________________________________________6- Sabe de onde vem a água que bebe. ____________________________________________________7- Sabe localizar o Cruzeiro do Sul.__________________________________________________________8- Não tenha medo de barata. ____________________________________________________________9-Tenha mudado seu estilo de vida nos últimos anos para melhorar o meio ambiente.____________10- Tenha impedido alguém de sujar o ambiente. ____________________________________________

CONCLUSÃO:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) PRODUTOS BIODEGRADÁVEIS

OBJETIVOS■ Confeccionar produtos de limpeza baseados em sabão orgânico.■ Identificar que estes produtos causam menos danos ao meio ambiente, se não usados em excesso.

1- Sabão líquido para piaMaterial■ duas barras de sabão de coco (400 g)■ dois limões■ um copo de amoníaco■ 6 litros de água

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85Manual do Agente Prevencionista

1.1- Modo de fazer1) Derreter o sabão ralado ou picado em 1 litro de água fervente.2) Deixar esfriar. Acrescentar 5 litros de água, o suco dos limões e o amoníaco. Misturar.3) Engarrafar e etiquetar as garrafas: SABÃO DE COCO PARA PIA.

2- Desinfetante para banheiroMaterial■ trinta folhas verdes de eucalipto■ 1 litro de álcool■ 5,5 litros de água quente■ sobras de sabonete2.1- Modo de fazer1) Amassar bem as folhas do eucalipto.2) Juntar às folhas o álcool e meio litro de água morna.3) Colocar em vasilha fechada e deixar em descanso por 24 horas.4) Picar as sobras de sabonete e derreter nos 5 litros de água quente.5) Após a água esfriar, acrescentar o líquido de eucalipto que ficou de molho. Misturar.6) Guardar em frasco bem fechado e rotular: DESINFETANTE – AROMA NATURAL DE EUCALIPTO.

3- Amaciante de roupasMaterial■ um sabonete azul pequeno (90 g)■ 100 ml de água de rosas■ uma colher de sopa de glicerina■ 1 litro de água fervente■ 4 litros de água3.1- Modo de fazer1) Raspar o sabonete, juntar a água fervente e mexer bem, até derretê-lo completamente.2) Despejar o restante da água, juntar a água de rosas e a glicerina.3) Guardar em frasco bem fechado e rotular: AMACIANTE DE ROUPAS

III- TEMA: ÁGUA

a) ÁGUA POTÁVEL

OBJETIVOS:■ reconhecer água potável, utilizando-se dos sentidos do olfato e da visão;■ exemplificar variações de composição da água e analisar o comprometimento ou não em relação

à saúde.

PROCEDIMENTOS:1. Distribua copinhos numerados contendo água potável:a. pura;b. com sal;c. acrescida de leite;

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86 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

d. com molho de soja;e. com detergente;f. acrescida de vinagre.2. Cada participante deve identificar e registrar se a água de cada copo é potável, utilizando os sen-

tidos do olfato e da visão.3. Fazer uma discussão geral checando os registros do grupo.

FICHA PARA REGISTROA ÁGUA DO COPO É POTÁVEL?

1. __________________________________________

2. __________________________________________

3. __________________________________________

4. __________________________________________

5. __________________________________________

6. __________________________________________

b) ILUSÃO DAS ÁGUAS

OBJETIVOS:■ avaliar a carga de detritos jogados nas águas;■ sensibilizar quanto à preservação dos cursos de água, bem como lagos, mares e oceanos;■ desenvolver ações de cidadania, no sentido de manter a integridade das massas de água.

PROCEDIMENTOS:1. O grupo senta formando um círculo e alguns participantes recebem pontinhos com elementos

poluidores.2. No centro do círculo é colocado um recipiente contendo água limpa, que passa a representar um

lago, por exemplo.3. Conte uma história sobre esta massa de água e inclua oportunidades para ocorrência de erosão,

derramamento de esgoto, contaminação por efluentes residenciais ou industriais, por agrotóxi-cos, derramamento de óleo ou outros derivados de petróleo, chuva ácida e com poluentes quepossam atingir o lençol freático.

4. Faça a conclusão e busque uma atuação comunitária para a solução dos principais problemas.

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87Manual do Agente Prevencionista

MATERIAL SUGERIDO PARA A SIMULAÇÃO DOS AGENTES POLUIDORESPontinhos contendo os agentes agressores simulados por:

1.Solo: terra e areia2. Restos de mata: folhas, pequenos galhos e pedras3. Lixo orgânico: casca e sementes de frutas e pedaços de legumes 4. Lixo doméstico: tocos de cigarros, embalagens5. Derramamento de derivados do petróleo:

a. óleo: melado ou mel + molho de sojab. gasolina: óleo comestível + molho de sojac. solventes: água e vinagre

6. Produtos de limpeza: detergente e água7. Agrotóxicos: sal e pimenta8. Chuva ácida: vinagre e água 9. Resíduo de lixo (chorume): melado de cana10. Esgoto: molho de soja e água

CONCLUSÃO:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) DE ONDE VEM A ÁGUA QUE BEBEMOS?

OBJETIVO:■ Identificar o local de captação da água de sua cidade.

PROCEDIMENTOS:1. Identificar, no mapa da cidade, de onde vem a água que abastece a população.2. Informar-se se as áreas onde a água é captada para represa são protegidas contra a poluição.3. Discutir em classe a situação encontrada.

d) OBSERVANDO A ÁGUA QUE CONSUMIMOS

OBJETIVO:■ Identificar a qualidade da água que sai da torneira.

PROCEDIMENTOS:1. Amarrar um pano branco sobre a saída de água de uma torneira. Deixar o pano funcionar como

coador ou filtro durante uma semana.2. Convidar um técnico da companhia de água e esgotos de sua cidade para dar uma palestra so-

bre "A água que bebemos". 3. No dia da palestra, trazer para a sala de aula o pano que ficou amarrado na torneira e solicitar

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88 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

que o técnico explique para a turma o que aconteceu (o pano deverá ficar esverdeado ou barren-to, ou mesmo limpo, dependerá da qualidade de água que é servida em sua cidade).

4. Recolher o pano algumas horas antes da palestra. Usar a torneira normalmente.

e) PEQUENOS PINGOS, GRANDES GASTOS

OBJETIVO:■ Verificar o desperdício de água.

PROCEDIMENTOS:1. Em casa, deixar uma torneira pingando por uma hora, em uma vasilha.2. Em seguida, medir o volume de água coletado.3. Trazer o resultado para a sala de aula no dia seguinte.4. O seu resultado deve ser multiplicado por 24, para se ter uma idéia do volume de água desperdi-

çado em um dia.5. Qual seria o desperdício em um ano?6. E qual seria o desperdício em um ano de todos os seus colegas de sala reunidos?7. Qual seria o desperdício de todos os alunos da escola?8. E qual seria o desperdício de todas as escolas da cidade?

IV-TEMA: O AR

a) MEDINDO A POEIRA DO AR

OBJETIVO:■ Identificar as partículas do ar.

PROCEDIMENTOS:1. Vamos precisar de cinco lâminas de microscópio ou então cinco pedaços de plástico transparen-

te, duro, como aqueles que revestem as lâminas de barbear.2. Passe uma fina camada de vaselina incolor ou uma gota de óleo de cozinha, espalhada pela lâmina.3. Exponha as lâminas por uma hora, em locais previamente escolhidos (pátio da escola, rua ao la-

do da escola, área próxima de uma pista movimentada, etc.)4. Ao expor as lâminas, elas captarão a poeira do ar que ficará "fixada" na superfície; cuidar para

não expor as lâminas próximas de árvores, muros etc., para não sofrer interferências nos resulta-dos. Logo, as lâminas devem ser expostas a "céu aberto".

5. Etiquete as lâminas, anotando os locais onde foram expostas.6. As lâminas, ao serem expostas, devem ficar a uma altura de um metro do solo, em todos os lo-

cais escolhidos.7. Com uma lupa, observar cuidadosamente cada lâmina, fazendo o seguinte:● determine uma certa área na superfície da lâmina;● conte o número de partículas naquela área;● compare os resultados das lâminas colocadas em áreas diferentes;● tente encontrar as causas das diferenças.

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89Manual do Agente Prevencionista

b) DETECTANDO OS EFEITOS DOS CARROS

OBJETIVO:■ Detectar o efeito dos poluentes automotivos sobre as plantas.

PROCEDIMENTOS:1. Vamos precisar de guardanapos brancos, limpos e porosos. Servem também papel de filtro ou

mesmo papel higiênico branco, poroso.2. Formar 4 ou 5 grupos de alunos.3. Os professores organizarão uma saída para locais preescolhidos para fazer o seguinte:● selecionar, ao acaso, folhas de plantas que estejam a uma altura de um metro, e "limpá-las " com

o guardanapo;● todos os grupos devem fazer o mesmo, em outros locais e à mesma altura; ● anotar os locais onde a operação foi realizada.4. De volta à sala de aula, expor sobre a mesa todos os guardanapos e estabelecer comparações:● Qual o guardanapo ficou mais enegrecido? Por quê?● Qual o guardanapo ficou menos enegrecido? Por quê?● Discutir com os professores.

c) A GAZE DENUNCIADORA

OBJETIVO:■ Identificar o combustível que mais polui o ambiente.

PROCEDIMENTOS:1. Amarrar uma gaze na saída do cano de descarga (escapamento) de um carro a álcool e pedir que

alguém o acelere um pouco, por 30 segundos, em ponto morto;2. Fazer a mesma coisa com um carro a gasolina e um carro a diesel.3. Expor as gazes sobre a mesa e comparar qual poluiu mais.

V-TEMA: VEGETAÇÃO

a) COMO AS PLANTAS AJUDAM A REGULAR O CLIMA

OBJETIVO:■ Demonstrar que as plantas lançam umidade para a atmosfera.

PROCEDIMENTOS:1. Escolher uma árvore no pátio ou nos arredores da escola, e isolar algumas folhas dentro de um sa-

co plástico.2. O saco plástico deve ser bem amarrado de modo a não permitir a entrada nem a saída de ga-

ses; deixar por 24 horas.3. Recolher o saco plástico cuidadosamente (para não machucar as folhas e não derramar a peque-

na quantidade de água que vai surgir em seu interior).4. Medir o volume coletado (em mililitro-ml).5. Estimar quanto a árvore inteira produziria.6. Estimar o volume de água produzido pelas árvores da área da escola.

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90 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

b) ARBORIZANDO CERTO

OBJETIVO:■ Conhecer como a arborização é feita e mantida em nossa cidade.

PROCEDIMENTOS:1. Identificar qual órgão público é responsável pela arborização na cidade.2. Convidar um técnico daquele órgão para uma palestra na escola, quando as seguintes questões

deverão ser apresentadas:● quanto porcento do orçamento é destinado à arborização?● quais são as dificuldades encontradas?● quais são os critérios que o órgão utiliza para escolher as árvores a serem plantadas na cidade?● quanto se planta por ano e quanto se destrói por ano?● quais são as metas?3. Aproveitar a visita do técnico e solicitar informações sobre a forma correta de plantar árvores.

c) AS NOSSAS PLANTAS QUE CURAM

OBJETIVO:■ Identificar a importância das ervas medicinais.

PROCEDIMENTOS:1. Convidar uma pessoa que conheça as ervas medicinais da região para fazer uma palestra em nos-

sa escola.2. Solicitar que ela traga amostra das ervas medicinais.3. Preparar um viveiro de ervas medicinais, visando à distribuição de mudas (solicitar o auxílio de

técnicos da Secretaria de Agricultura do Estado ou do Município).4. Saber, do órgão ambiental da região, se alguma daquelas ervas medicinais corre o risco de extin-

ção (caso afirmativo, saber o que está sendo feito para evitar isso).

d) ESTRUTURA DAS FOLHAS E RELAÇÕES ECOLÓGICAS

OBJETIVOS:■ Verificar a estrutura das folhas e relacioná-las com o ambiente e a vegetação da qual fazem parte.

PROCEDIMENTOS:1. Material necessário:● Folha de papel● Prancheta● Lápis● Régua● Pequena lupa manual2. Tipos de atividades:● Dimensão foliar e ambiente: medir o comprimento e a largura. Comparar as dimensões (compri-

mento e largura) entre árvores expostas à sombra numa mesma espécie e em espécies distintas.

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91Manual do Agente Prevencionista

Com lápis e papel, fazer um contorno da superfície da folha. Tentar enquadrar as folhas em esca-la de pequenas, médias e grandes, conforme critérios escolhidos pelo grupo.

● Consistência foliar e ambiente: palpe a folha e sinta como apresentam consistências distintas.Tente enquadrar as folhas de árvores nas principais classes.Folhas mais duras ou rígidas (ex.: falsa-seringueira), chamamos de folhas coriáceas; folhas de con-sistência branda (ex.: amoreira) são chamadas de folhas membranáceas; folhas de consistência in-termediária (ex.: cafeeiro), as quais são nem tão brandas nem tão duras chamadas de folhas cartá-ceas; folhas de consistência grossa e suculenta (ex.: folha da fortuna) chamadas de carnosas.

● Pilosidade foliar e ambiente: observar visualmente (com o uso de uma lupinha) e sentir atravésdo tato os diferentes tipos de rugosidade da superfície folhar. Plantas com densa pilosidade, pelomenos na superfície inferior, são mais comuns em ambientes expostos ao sol.A pilosidade diminui a perda de água pela evaporação e transpiração. Tentar enquadrar tipos defolha em folhas pilosas, parcialmente pilosas e lisas.

● Ponta goteira e ambiente: observar como algumas plantas com folhas de tamanho médio apre-sentam ápice foliar com pontas abruptamente estreitadas em forma de canaleta. Fazer o dese-nho sobre papel do ápice de diferentes folhas de espécies arbóreas da mata.

VI-TEMA: SOLOS

a) VAI VEGETAÇÃO, VEM EROSÃO

OBJETIVO:■ Comprovar que a vegetação protege o solo.

PROCEDIMENTOS:1. Na área da escola, escolher um local onde tenha um barranco. Levar dois baldes com água em

iguais quantidades.2. Despejar a água de um dos baldes de cima do barranco onde não haja vegetação protegendo o

solo. Observar o que ocorre.3. Repetir a tarefa com outra parte do barranco que tenha cobertura vegetal. Observar e comparar

os dois resultados.

b) O DESMATAMENTO

OBJETIVO:■ Identificar a importância das árvores e suas utilidades.

PROCEDIMENTOS:1. Montar uma "floresta" em sala de aula, onde cada aluno representa uma árvore.2. Tentar fazer os movimentos naturais, ora ao "sabor" do vento, ora ao "sabor" da chuva; até

mesmo representar a ação de um incêndio criminoso, ou homens com motoserras nas derru-badas das árvores.

3. Concluir dizendo qual o sentimento que predominou em cada um e em todos.4. Ao final das aulas, continue pensando sobre o sofrimento daqueles que verdadeiramente amam

a natureza e comente com outras pessoas o seu trabalho desenvolvido nesse dia.

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92 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

c) INTERPRETANDO A BACIA HIDROGRÁFICA

OBJETIVOS:■ Reconhecer alguns elementos vegetais mais importantes da região da Bacia do Rio dos Sinos e

interpretar sua relação com a paisagem (plantas x paisagem), relacionando os mesmos com asregiões fisionômicas de origem e também com alguns fatores ambientais.

PROCEDIMENTOS:1. Trabalhar conhecimentos básicos sobre as principais estruturas que constituem a bacia como ve-

getação, geologia, clima, fauna e problemas ambientais.2. Preparar o reconhecimento em campo de espécies vegetais e do solo que caracterizam as regiões fi-

sionômicas do Estado, as quais contribuem para Bacia do Rio dos Sinos, através de dispositivos, tex-tos com ilustração, maquetes, etc., trabalhando na prática também com características encontradas.

d) ADIVINHA, PROCURA E ACHA

OBJETIVO■ introduzir a classificação das plantas;■ separar as folhas em grupos considerando critérios simples como tamanho, cor e forma;■ separar frutos e vegetais em grupos também considerando tamanho, cor e forma.

MATERIAL■ plantas, gramas, arbustos, que devem estar disponíveis próximos à realização do jogo e a uma

altura das crianças;■ sacos.

PROCEDIMENTOS1. Colete uma variedade de folhas e frutos das plantas próximo ao local do jogo e coloque-as den-

tro de um saco de forma que os alunos não as vejam.2. Divida a turma em quatro grupos iguais (tenha um objeto diferente para cada membro).3. Alinhe os grupos A e B em lados opostos e dê número aos alunos ( nesse momento, os grupos

C e D observam).4. Pegue um objeto de dentro do saco e diga: "Eu quero que você ache um objeto igual a esse, nú-

mero .... Escolha um número ao acaso, cuidando para que o mesmo número não se repita. Oaluno escolhido deverá sair a procura de uma flor, fruto, folha igual a que você mostrou. O pri-meiro que retornar com o objeto igual ganha um ponto para o seu grupo.

5. Se a turma for muito grande e se houver mais de dois grupos, você pode prosseguir fazendo umexercício de fixação de vocabulário. Ex.: traga uma folha grande de cor amarela, um fruto compêlos, uma flor com estames muito longos, folhas com nervuras paralelas, bordas lisas, etc..

DISCUSSÃOApós o jogo, você pode agrupar os alunos em volta dos objetos e questiná-los sobre:● quem come tais frutos;● quais as diferenças entre eles e as semelhanças;● pode ser incluída uma pedra ou um pouco de terra para debater no que a pedra é diferente das coi-

sas vivas e do que o solo é feito, se todos são iguais, no pátio da escola que tipos de solos existem.

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93Manual do Agente Prevencionista

VII-TEMA: RECICLAGEM

a) O QUE FAZER COM O LIXO

OBJETIVOS:■ estabelecer diferença entre separar e reciclar lixo;■ identificar a composição do lixo.

MATERIAIS:■ vasilhames para separação do lixo;■ lixo escolar.

PROCEDIMENTOS:1. Identificar os locais onde o lixo é depositado na escola.2. Escolher alguns dos locais para realizar a atividade.3. Observar que tipo de lixo é encontrado.4. Anotar o que está sendo encontrado.5. Procurar no dicionário o significado de separar e reciclar.6. Analisar como o lixo encontrado pode ser separado para coleta.7. Preparar vasilhames – sacos, latas, outros – para receber o lixo, identificando-os por cor, número,

letra, nome ou outro elemento qualquer.8. Preparar os restos orgânicos, pelo sistema de compostagem, para ser aplicado na horta escolar.9. Reaproveitar o lixo limpo, na produção de materiais, nas aulas de educação artística.10. Planejar e executar um projeto relativo ao lixo: acondicionamento, coleta, reaproveitamento.

b) PRODUÇÃO E DESTINO DO LIXO DOMÉSTICO

OBJETIVOS:■ estimar a quantidade de lixo doméstico produzida por uma residência, utilizando como amostra

as famílias dos alunos da classe;■ estimar a composição média desse lixo, subdividindo-o em categorias;■ pesquisar quais categorias de lixo doméstico são mais prejudiciais ao ambiente e de que formas

poderiam ser recicladas;■ discutir formas de diminuir a quantidade de lixo produzida diariamente na cidade, aplicáveis à

organização da vida familiar dos próprios alunos.

PROCEDIMENTOS:1. Os alunos trabalharão em grupos e realizarão coletas de dados durante uma semana, cada dia

na casa de um dos componentes.2. Para cada aluno do grupo, preparar seis sacos de lixo, etiquetando-os com as seis categorias

seguintes:a) restos orgânicos*b) papelc) vidrod) metais

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94 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Tabela II: Produção diária de lixo doméstico per capita

Quantidade de Número de moradores Quantidade de lixo diária (g) da casa lixo per capita* (g)

Casa 1Casa 2Casa 3 Casa 4 Casa 5

e) plásticosf) outros**As etiquetas devem ficar bem evidentes, facilitando sua visualização.3. No fim da tarde anterior ao dia marcado para coletar dados em sua casa, o aluno deve substituir

o cesto de lixo normalmente usado pelos seis sacos-amostradores preparados no item anterior.4. Ao final do dia, após cerca de 24h da instalação dos sacos-amostradores, o aluno deverá fechá-

los e pesá-los, transferindo seus dados (em gramas) para a tabela I.

*Restos de comida, cascas de frutas, etc.** Madeira, produtos químicos, cerâmica, entulho, etc.*** Média = C1 + ... + C5

5

**** Calcular a partir da média.5. Anote os tipos de lixo mais freqüentes que foram incluídos na categoria outros.6. Anote o número de pessoas que moram em cada uma das casas amostradas e calcule os dados

necessários para a tabela II.

Tabela I : Produção diária de lixo doméstico, por categorias

Restos orgânicos Papel Vidro Metais Outros Peso total

Casa 1Casa 2Casa 3 Casa 4 Casa 5 Média***Em %****

Média............................. g/pessoa/dia

7. Pesquisar: paralelamente à coleta dos dados, seu grupo deve obter as seguintes informações.Elas serão utilizadas na discussão dos resultados:

a) Qual é a população atual da cidade?b) Qual é o destino atual do lixo produzido na cidade? Se possível, obtenha dados precisos sobre as

porcentagens de lixo que se destinam a lixões a céu aberto, aterros sanitários, incineradores eusinas de reciclagem.

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95Manual do Agente Prevencionista

c) RECICLAGEM DE PAPEL

OBJETIVOS:■ descobrir formas de reaproveitar o papel (lixo limpo);■ contribuir para a diminuição de derrubadas de árvores para a produção de papel.

MATERIAIS:■ 2 folhas de jornais, revistas ou outro papel qualquer;■ 1 balde;■ 1 assadeira ou peneira;■ 1 liquidificador;■ 4 colheres de chá de Maizena®;■ água.

PROCEDIMENTOS:1. Picar o papel.2. Colocar as folhas de papel picado, com meio litro de água, num balde e deixar repousar por 1 dia.3. Adicionar 4 colheres de chá de Maizena® e bater no liquidificador.4. Transferir a mistura para uma assadeira ou peneira (que pode ser feita usando uma meia-calça

em uma armação de arame) e expor ao sol até secar.5. Analisar quanto é importante reaproveitar o papel e quanto isso contribui para poupar a derru-

bada desnecessária de árvores.

VIII-TEMA: CADEIA ALIMENTAR

a) INSETICIDAS CASEIROS

OBJETIVO: ■ Identificar animais causadores de doenças no homem e os meios de evitá-los ou combatê-los,

sem o uso, ou, pelo menos, evitando ao máximo o uso de inseticidas ou agrotóxicos;● Muriçocas (pernilongos) e mosquitos: eliminar poças de água estagnada, ou jogar nelas óleo

queimado; observar as condições da fossa; usar telas nas janelas, fechando-as antes de escurecer;utilizar "mosqueteiros"; para repelir esses insetos (onde houver condições), plantar mamona pró-ximo às aberturas da casa, ou colocar ramos dessa planta dentro de casa (essa última sugestão éindicada para quem mora em apartamento);

● Piolho: lavar a cabeça com chá de arruda por 3 dias; se preferir, misturar vinagre e sal e aplicarna cabeça, amarrando-a, em seguida com pano úmido e morno por 4 horas; após lavar, passar opente fino no cabelo;

● Rato: não deixar acumular lixo, ambiente favorável para proliferação desses animais; para matá-lo, misturar 4 partes de fubá em uma parte de cimento branco; ou moer uma lâmpada e penei-rar o pó em uma meia fina misturando com fubá, queijo ralado ou outra isca, colocando em la-tas parcialmente abertas, em locais escondidos, fora do alcance de crianças e animais domésti-cos; substituir a mistura a cada 10 dias;

● Cupins: pincelar as áreas atingidas com querosene puro e expor a madeira ao sol, quando pos-sível. Repetir a operação para melhor eficiência.

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96 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

● Formigas: colocar enxofre em saquinhos de pano nas gavetas e prateleiras; misturar um litro deágua fervendo sobre 250 gramas de alcatrão em recipiente de barro e, após esfriar, deixar nos ar-mários como repelente;

● Moscas: dar um destino final adequado ao lixo, enterrando-o, se não houver coleta por perto;colocar pimenta-do-reino em pó com leite em pires; para repelir esses insetos (naqueles lugaresonde as condições permitirem), plantar mamona e ervas aromáticas (alho, arruda, hortelã, cebo-la e outras do gênero) próximo as aberturas da casa ou colocar ramos dessas plantas dentro decasa (para quem mora em apartamentos ou não tem condições de plantá-las);

● Baratas: vedar todos os buracos e frestas por menores que sejam; tampar os ralos à noite; usarfolha-de-louro dentro das gavetas e armários; para exterminá-las, misturar 15 gramas de ácidobórico com uma cebola pequena e ralada, e meio copo de cerveja; colocar em tampinhas de gar-rafa e espalhar pela casa por 7 dias seguidos. A cada 6 meses, repetir o tratamento.

b) CADEIA DA CONTAMINAÇÃO

OBJETIVOS■ mostrar exemplos de como os agrotóxicos entram na cadeia alimentar e suas possíveis conse-

qüências na vida selvagem;■ reconhecer como a contaminação circula dentro da cadeia alimentar.

MATERIAIS ■ varetas brancas (2/3) e varetas coloridas (1/3), podem ser pedaços de cartolina, canudinhos ou

qualquer outro material que as crianças possam pegar facilmente. A quantidade ideal é de 30 itenspor estudante. Ex.: numa turma de 30 alunos deverão ter 20 varetas brancas e 10 varetas coloridas.

■ um saco de papel por gafanhoto

PROCEDIMENTOS 1. Os estudantes transformam-se em gaviões, sapos e gafanhotos.2. Diga aos estudantes que se trata de um jogo sobre cadeia alimentar e certifique-se de que eles

entenderam o termo.3. Divida o grupo de modo que o número de gaviões seja 1/4 do número de sapos e que o número

destes seja 1/3 do número de gafanhotos. Para um grupo de 12 alunos deve-se ter 1 gavião, 3sapos e 8 gafanhotos.

4. Se for necessário, coloque etiquetas identificando os alunos.5. Dê a cada gafanhoto um saco de papel, que será seu "estômago".6. Peça para os estudantes fecharem os olhos e espalhe o alimento pelo chão.

Dê as instruções para os estudantes:a. Os gafanhotos vão procurar o alimento primeiro. Os sapos e os gaviões devem apenas observar

o movimento, já que são predadores.b. Os gafanhotos têm apenas 30 segundos para se alimentar.c. Após este tempo, os sapos são liberados para caçar os gafanhotos. Eles têm 15 segundos. O ga-

fanhoto morre quando é tocado pelo sapo. Cada gafanhoto "morto" deve entregar seu "estôma-go" ao sapo e sair do campo de caça.

d. Então, cada gavião tem 15 segundos para caçar os sapos.

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97Manual do Agente Prevencionista

e. Durante todo o tempo, os gafanhotos não caçados continuam procurando alimento e os saposnão caçados continuam procurando gafanhotos. Os sapos caçados devem entregar seus estôma-gos para os gaviões e sair do campo de caça.

f. Ao final, peça aos estudantes para juntarem-se trazendo os sacos com alimento.g. Pergunte quais animais foram comidos. Peça aos gaviões para esvaziarem seus estômagos e con-

tar o número de varetas. Devem contar o número de varetas brancas e de coloridas. Registre.

DISCUSSÃO■ Fale aos alunos porque o gavião tem mais comida do que os outros.■ Informe aos estudantes que há pesticidas no ambiente (representado pelas varetas coloridas) es-

palhados para evitar que as pragas ataquem o grão.■ Esse agrotóxico é prejudicial, acumulando-se na cadeia alimentar e permanecendo no ambiente

por longos períodos de tempo. Os pedaços coloridos representam alimento contaminado. ■ Todos os gafanhotos que não foram comidos acabariam morrendo, pois apenas uma pequena

quantidade de agrotóxicos é suficiente para eliminá-los.■ Os sapos que sobreviveriam aos gaviões estarão mortos se tiverem a metade ou mais varetas co-

loridas em seus estômagos.■ Os gaviões não morrerão agora, mas terão pesticida acumulado na casca de seus ovos, que bota-

rão na próxima estação, enfraquecendo-os.

Bibliografia

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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. (1993). RESOLUÇÃO CONAMA nº 10/93. Brasília - DF. 6 p.

MEDEIROS, R. M. V.; SUERTEGARAY, D. M. A. e DAUDT, H. M. L.(1993). Eia - Rima. Estudo de Impacto Ambiental. Metrópole. Porto Alegre - RS. 79 p.

RAVEN, P. H.;EVERT, R. F. e CURTIS, H.(1978). Biologia Vegetal. Editora Guanabara Dois S.A. Rio de Janeiro - RJ. 2ª Ed. 724 p.

SANDER, M. E VOSS, W. A. (1984). Lista de Aves de São Leopoldo e Arredores. Universidade do Vale do Rio dos Sinos -UNISINOS. São Leopoldo -RS. 2p.

SEHNEN, A.(1990). Conheça o Nome das Plantas - Lista dos Nomes Populares e Científicos de Plantas Cultivadas e Nativas no Rio Grande doSul. Instituto Anchietano de Pesquisas - IAP/UNISINOS. São Leopoldo - RS. 64 p.

SILVA, F.(1994). Mamíferos Silvestres do Rio Grande do Sul. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre - RS. 2a Ed. 246 p.

VOSS, W. A. (1976). Aves Observadas nas Cidades de Novo Hamburgo e São Leopoldo - RS. In: Estudos Leopoldenses nº 36. UNISINOS. SãoLeopoldo - RS. 5 p.

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98 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

SITES DE INTERESSE

Tribunais

Supremo Tribunal Federal – www.stf.gov.brSuperior Tribunal de Justiça – www.stj.gov.brTribunal de Justiça do RS – www.tj.rs.gov.brTribunal de Justiça de Santa Catarina – www.tj.sc.gov.brTribunal de Justiça do Paraná – http://tj.pr.gov.brTribunal de Justiça de São Paulo – www.tj.sp.gov.br

Governo

Presidência da República – www.planalto.gov.brSenado Federal – www.senado.gov.brMinistério do Meio Ambiente – http://mma.gov.brInstituto Brasileiro do Meio Ambiente – www.ibama.gov.brEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – www.embrapa.brGoverno do Estado do Rio Grande do Sul – www.estado.rs.gov.brAssembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul – www.al.rs.gov.brSecretaria Estadual do Meio Ambiente – www.sema.rs.gov.brFundação Estadual de Proteção Ambiental – www.fepam.rs.gov.brFundação Zoobotânica – www.fzb.rs.gov.br

Sites de Apoio

Aracruz Celulose – www.aracruz.com.brGrupo Gerdau – www.gerdau.com.brBorrachas Vipal – www.vipal.com.brAmbiente Brasil – www.ambientebrasil.com.brJornal do Meio Ambiente – www.jornaldomeioambiente.com.brGreenpeace – www.greenpeace.org.brEcoambiental – http://ecoambiental.com.brInstituto O Direito Por um Planeta Verde – www.planetaverde.orgDepartamento Internacional de Água – www.oiagua.orgUniverso Jurídico – www.universojuridico.com.brÂmbito Jurídico – www.ambito-juridico.com.brNúcleo dos Ecojornalistas – www.nejrs.org.br

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99Manual do Agente Prevencionista

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100Program

a de Edu

cação A

mb

iental

Com

partilhado

Aceguá, Amaral Ferrador, Arambaré, Arroio do Padre, Arroio Grande, Bagé,

Balneário Pinhal, Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Caçapava do Sul,

Camaquã, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Capivari do Sul, Cerrito,

Cerro Grande do Sul, Chuí, Chuvisca, Cidreira, Cristal, Dom Feliciano,

Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Herval, Hulha Negra, Jagua-

rão, Lavras do Sul, Morro Redondo, Mostardas, Osório, Pal-

mares do Sul, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas,

Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santana da

Boa Vista, Santa Vitória do Palmar, Santo Antônio

da Patrulha, São Jerônimo, São José do Norte,

São Lourenço do Sul, Sentinela do Sul, Tapes,

Tavares, Tramandaí, Turuçu, Viamão.

Região de Abrangência do Programa Pró-Mar-de-Dentro

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101Manual do Agente Prevencionista

PROTOCOLO DE INTENÇÕES SEMA/PRÓ-MAR-DE-DENTRO/FEPAM

Objetivos, operacionalidadee vigência

PROTOCOLO DE INTENÇÕES que entre si celebram o Estado do Rio Grande do Sul, por intermédioda Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, no âmbito do Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO e a FundaçãoEstadual de Proteção Ambiental - FEPAM, no âmbito do Programa de Educação Ambiental.

O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente, a seguir de-nominada SEMA, no âmbito do Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO, pessoa jurídica de direito público,inscrita no CNPJ sob o Nº 03.330.683/0001-33, com sede na Rua Carlos Chagas, 55 - 9º andar - sala911, na cidade de Porto Alegre, RS, representada neste ato pelo Secretário de Estado MAURO SPARTA ea Fundação Estadual de Proteção Ambiental, a seguir denominada - FEPAM, no âmbito do Programade Educação Ambiental, inscrita no CNPJ sob o Nº 93.859.817/0001-09, com sede na Rua Carlos Cha-gas, 55 - 8º andar - sala 810, na cidade de Porto Alegre, RS, representada neste ato pelo Diretor-Presi-dente CLAUDIO DILDA, nos termos da legislação em vigor; e

CONSIDERANDO:

A competência legal da SEMA quanto à coordenação de programas de desenvolvimento sustentá-vel de bacias hidrográficas, no âmbito do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, nos quais se insereo Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO;

A inserção do Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO nas políticas de desenvolvimento e gestão ambien-tal do Estado do Rio Grande do Sul, como diretriz geral de Governo, bem como no Sistema Estadual deProteção Ambiental - SISEPRA e no Sistema Estadual de Recursos Hídricos - SERH, como diretriz da SE-MA para o processo de revitalização do PRÓ-MAR-DE-DENTRO;

Os objetivos de desenvolvimento de combate às desigualdades regionais e inclusão social, para osquais a efetiva implementação do Programa irá contribuir;

Os objetivos do Subprograma 3, Educação Ambiental, do PRÓ-MAR-DE-DENTRO: ampliar a percep-ção ambiental, contribuindo para as mudanças comportamentais e das formas de produção e consu-mo, objetivando a promoção do desenvolvimento sustentável; assim como as linhas de ações propos-tas no subprograma: promover e apoiar atividades que contribuam para a educação ambiental e paraa eficácia na aplicação da legislação ambiental, indispensáveis à melhoria socioambiental e ao desen-volvimento sustentável, não-degradador e não-gerador de exclusão social;

Os objetivos do Subprograma 7, Fortalecimento Institucional, do PRÓ-MAR-DE-DENTRO: contribuirpara o aprimoramento tecnológico e o desenvolvimento de capacidades, visando a otimização da ges-tão ambiental e o fortalecimento institucional; assim como as linhas de ações propostas no subprogra-ma: promover a estruturação física e tecnológica do Pró-Mar-de-Dentro, da SEMA e das entidades par-ceiras, além da capacitação e aperfeiçoamento dos seus recursos humanos;

Que a FEPAM, através do seu Programa de Educação Ambiental, visa ampliar a percepção ambien-tal e contribuir para as mudanças comportamentais, considerando o desenvolvimento e o crescimento

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102 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

em uma perspectiva ambiental, através da capacitação das comunidades regionais e locais, com vistasa desenvolver o sentimento de responsabilidade e as aptidões necessárias para resolver os problemasambientais e para a aplicação da legislação ambiental;

Que o PEAC - Programa de Educação Ambiental Compartilhado, sob a coordenação da FEPAM, tempor objetivo, entre outros, estabelecer parcerias com o setor privado, acadêmico, governamental, bemcomo com a sociedade civil organizada para implementação de Projetos de Educação Ambiental, para-lelos aos mecanismos de gestão ambiental, visando mobilizar a sociedade para a construção da cidada-nia com a participação consciente e responsável, através de um processo contínuo e permanente;

Por fim, que o Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO da SEMA e o Programa de Educação Ambiental daFEPAM tem como objetivos comuns a gestão ambiental compartilhada e a sustentabilidade das comu-nidades nas suas áreas de abrangência, respectivamente, a Região Hidrográfica Litorânea - Bacias Hi-drográficas Litoral Médio, Camaquã, Piratini-São Gonçalo-Mangueira e Jaguarão - e as três Regiões Hi-drográficas do Estado do Rio Grande do Sul;

Resolvem celebrar o PROTOCOLO DE INTENÇÕES SEMA/PRÓ-MAR-DE-DENTRO - FEPAM Nº02/2005,decorrente do Processo Administrativo Nº 9748-05.00/05-6, mediante as cláusulas e condições:

CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO

O presente Protocolo de Intenções tem por objeto a proposição de uma cooperação técnica, cientí-fica e financeira entre os partícipes, para a implementação, nos municípios da área de abrangência doPRÓ-MAR-DE-DENTRO, do Programa de Educação Ambiental Compartilhado - PEAC - sob a coordena-ção da FEPAM.

CLÁUSULA SEGUNDA - DO OBJETIVO GERAL

Contribuir para a articulação e cooperação entre as esferas Federal, Estadual e Municipal de Gover-no e a Comunidade, bem como para a ampliação da percepção ambiental dos envolvidos, e dispor deinstrumentos para a gestão ambiental compartilhada na área de abrangência do PRÓ-MAR-DE-DEN-TRO, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de sua população.

CLÁUSULA TERCEIRA - DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conjugação de esforços para a ampliação da percepção ambiental das comunidades e dos atoresinstitucionais envolvidos no Projeto, especialmente, dos representantes das escolas e comunidades doseu entorno, nos Municípios da área de abrangência do PRÓ-MAR-DE-DENTRO.

Conjugação de esforços para o fortalecimento institucional das entidades envolvidas no Projeto.

CLÁUSULA QUARTA - DA OPERACIONALIDADE

As ações necessárias à implementação do objeto do presente Protocolo de Intenções passarão pelaanálise conjunta da SEMA, através do Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO e da FEPAM, através do Progra-ma de Educação Ambiental e deverão gerar convênio(s) específico(s) que viabilize(m) a sua execução.

PROTOCOLO DE INTENÇÕES SEMA/PRÓ-MAR-DE-DENTRO/FEPAM

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103Manual do Agente Prevencionista

Parágrafo Único - O(s) convênio(s) decorrentes do presente Protocolo de Intenções terão especifica-dos os seus objetos, bem como as atribuições e responsabilidades de cada um dos partícipes e todas asdemais exigências da Lei Federal Nº 8.666/93, da Lei Federal Complementar N° 101/2000, das LDOs, daInstrução Normativa CAGE N° 01/2005 e legislação posterior.

CLÁUSULA QUINTA - DA DIVULGAÇÃO DA PARCERIA

A divulgação na imprensa escrita, falada ou televisiva, bem como o uso das respectivas logomarcasque identificarão a parceria ora firmada, em produtos de divulgação e informação pelas partes, deveráser feita mediante análise prévia dos respectivos produtos, bem como dos objetivos, conteúdos epúblico-alvo das divulgações e informações, pelas Assessorias de Comunicação da SEMA e da FEPAM,pelo Programa PRÓ-MAR-DE-DENTRO da SEMA e pelo Programa de Educação Ambiental da FEPAM.

CLÁUSULA SEXTA - DA VIGÊNCIA

O presente Protocolo de Intenções é celebrado pelo prazo de doze meses, passando a vigorar apartir da publicação de sua súmula no Diário Oficial do Estado, podendo ser prorrogado mediantetermos aditivos.

Parágrafo Único - Os partícipes comprometem-se a firmar novo Instrumento Legal, visando a conse-cução do objeto, antes do término do prazo estabelecido no caput desta Cláusula.

CLÁUSULA SÉTIMA - DA PUBLICAÇÃO

A súmula do presente Protocolo de Intenções será levada à publicação pela SEMA, no Diário Oficialdo Estado, sendo a referida publicação condição indispensável à sua eficácia.

Parágrafo Único - Os Termos Aditivos ao presente Protocolo de Intenções, quando houver, terão suaeficácia condicionada à publicação de suas súmulas.

CLÁUSULA OITAVA - DO FORO

Para dirimir dúvidas oriundas do presente Protocolo de Intenções, fica eleito e convencionado o Fo-ro da Comarca de Porto Alegre / RS, com renúncia de qualquer outro, por mais privilegiado que seja.

E por estarem de pleno acordo, assinam o presente instrumento em três vias de igual teor e forma,na presença de duas testemunhas que também o subscrevem.

São Lourenço do Sul, 06 de outubro de 2005.

MAURO SPARTASecretário de Estado do Meio Ambiente

CLAUDIO DILDADiretor-Presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental

MARIA ELISABETE FARIAS FERREIRA LILIAN ZENKER1ª Testemunha / SEMA 2ª Testemunha / FEPAM

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104 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PLANO DE TRABALHO MUNICÍPIOS DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

Conceitos, definições,partícipes e cronograma1- PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMPARTILHADO

NOS MUNICÍPIOS DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO:

Protocolo de Cooperação firmado entre o Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria doMeio Ambiente (SEMA) - Programa Pró-Mar-de-Dentro, e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental(FEPAM) que, por sua vez, poderá estabelecer parcerias com empresas e/ou outras instituições, assimcomo a SEMA poderá faze-lo com municípios e/ou outras instituições.

2- Objeto:

Cooperação técnica, científica e financeira entre os partícipes (SEMA / FEPAM / MUNICÍPIOS / EMPRESAS/ OUTRAS INSTITUIÇÕES), para a implementação, nos municípios da área de abrangência do PRÓ-MAR-DE-DENTRO, do Programa de Educação Ambiental Compartilhado - PEAC - sob a coordenação da FEPAM.

Execução do Projeto "Fortalecimento da Gestão Ambiental Municipal na Área do Pró-Mar-de-Den-tro, através da Capacitação de Educadores, Gestores e Comunidade - Agentes Prevencionistas, e daExecução de Projeto Demonstrativo Socioambiental no Município".

Entende-se por "AGENTE PREVENCIONISTA" todo aquele que desenvolve atividades de prevenção re-lacionadas a riscos diversos, dentre elas, as que envolvam o Ambiente Natural, Ambiente Social e Cultu-ral, Ambiente de Trabalho e Ambiente Doméstico.

3- Qualificação dos partícipes:

3.1- Nome: Estado do Rio Grande do Sul - Secretaria do Meio Ambiente/SEMACNPJ: 033330683/0001-33Endereço: Rua Carlos Chagas, 55 - 9° AndarCidade: Porto AlegrePersonalidade Jurídica de Direito Público(DDD) Telefone: (051) 3288-8100Representante Legal: Nome: Mauro Sparta

CIC: 208597830-49Função: Secretário de Estado de Meio Ambiente

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105Manual do Agente Prevencionista

3.2- Nome: Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler/FEPAMCNPJ/CGC: 93859817/0001-09Endereço: Rua Carlos Chagas, 55Cidade: Porto AlegrePersonalidade Jurídica de Direito Público(DDD) Telefone: (051) 3212-3998Representante Legal: Nome: Cláudio Dilda

CIC: 231071899/87Função: Diretor Presidente

3.3- Nome: Municípios da região do Pró-Mar-de-Dentro (parceiros potenciais)

3.4- Nome: Empresas e/ou outras instituições (parceiros potenciais)

3.5- Nome: Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS - ACPM FederaçãoCNPJ: 90272907/0001-00Endereço: Rua Av. Carlos Chagas 55/1006 10º andar cep 90030-020 centro - Porto AlegreAssociação(DDD) Telefone: (051) 3225-8900Representante Legal: Nome: Robison Giudici Minuzzi

CIC: 057.009.140/34Função: Presidente

4- Das atribuições dos Partícipes:

4.1- Caberá à SEMA / PRÓ-MAR-DE-DENTRO:■ responsabilizar-se pela execução dos procedimentos necessários ao Programa de Educação Am-

biental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ divulgar e mobilizar os municípios para a participação nas atividades do Programa de Educação

Ambiental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ disponibilizar servidores qualificados para a capacitação ao público-alvo;■ responsabilizar-se pelos recursos de deslocamento, hospedagem, pagamento de horas de traba-

lho e alimentação dos "Técnicos Multiplicadores" da SEMA, que ministrarão o curso;■ elaborar os materiais didáticos e instrumentos avaliativos necessários, em conjunto com os de-

mais parceiros, considerando as competências de cada um;■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação;■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas e/ou outras instituições à

utilização do Programa de Educação Ambiental para fins próprios de divulgação.

4.2- Caberá à SEMA / FEPAM:■ responsabilizar-se pela execução dos procedimentos necessários ao Programa de Educação Am-

biental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ divulgar e mobilizar os municípios para a participação nas atividades do Programa de Educação

Ambiental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ disponibilizar servidores qualificados para a capacitação ao público-alvo;■ responsabilizar-se pelos recursos de deslocamento, hospedagem, pagamento de horas de traba-

lho e alimentação dos "Técnicos Multiplicadores" da FEPAM, que ministrarão o curso;

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106 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

■ elaborar os materiais didáticos e instrumentos avaliativos necessários, em conjunto com os de-mais parceiros, considerando as competências de cada um;

■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação;■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas e/ou outras instituições à

utilização do Programa de Educação Ambiental para fins próprios de divulgação.

4.3- Caberá aos Municípios:■ colocar à disposição a estrutura das escolas municipais que venham a se engajar no Programa de

Educação Ambiental, com área física compatível para o desenvolvimento das atividades descritas;■ responsabilizar-se pela manutenção da estrutura operacional acima referida, incluindo a área que

porventura venha a ser utilizada;■ responsabilizar-se pela execução dos procedimentos necessários ao Programa de Educação Am-

biental, em conjunto com os demais parceiros, considerando as competências de cada um;■ divulgar e mobilizar as secretarias, conselhos e demais órgãos municipais para a participação nas

atividades do Programa de Educação Ambiental;■ divulgar e mobilizar pessoas da comunidade escolar e do seu entorno para a participação nos

eventos a serem desenvolvidos pelo Programa de Educação Ambiental;■ responsabilizar-se pelo transporte e diárias dos servidores que participarão da capacitação pelo Município;■ acompanhar o processo nas etapas: execução e avaliação;■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas e/ou outras instituições à

utilização do Programa de Educação Ambiental para fins próprios de divulgação.

4.4- Caberá às Empresas e/ou outras instituições:■ participar do grupo de trabalho de planejamento e execução do Programa de Educação Ambiental;■ elaborar, em conjunto com os demais parceiros do Programa de Educação Ambiental, os mate-

riais didáticos;■ disponibilizar logomarcas para inclusão no material didático e de divulgação;■ disponibilizar recursos financeiros para execução do Programa de Educação Ambiental, de forma

igualitária entre os parceiros das empresas e/ou outras instituições;■ incluir de acordo com as possibilidades operacionais este Programa de Educação Ambiental em

seus planejamentos dentro da empresa.

4.5- Caberá à ACPM Federação:■ acompanhar o processo em todas as suas etapas: planejamento, execução e avaliação;■ disponibilizar logomarcas para divulgação, dando direito às empresas e/ou outras instituições à

utilização do Programa de Educação Ambiental para fins próprios de divulgação;■ repassar recursos financeiros oriundos das empresas e/ou outras instituições parceiras para execução

do projeto, descontando sobre os valores que vierem a ser repassados através da ACPM todas as des-pesas financeiras comprovadas necessárias aos custos bancários, de trâmite e prestação de contas;

■ acompanhar a execução do Programa de Educação Ambiental através dos CPMs das escolas, in-centivando a participação da comunidade.

5- Metas:

■ capacitar, até junho de 2006, pelo menos 90 (noventa) Agentes Prevencionistas dos Municípios do Pró-Mar-de-Dentro, 10 (dez) técnicos da SEMA e FEPAM e pelo menos 150 (cento e cinqüenta) Agentes Pre-vencionistas das comunidades escolares e do entorno das escolas dos Municípios do Pró-Mar-de-Dentro.

PLANO DE TRABALHO MUNICÍPIOS DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

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107Manual do Agente Prevencionista

■ elaborar e implementar Projetos Demonstrativos Socioambientais nas comunidades através dosAgentes Prevencionistas até outubro de 2006.

■ desencadear grupos de discussão e interação nas comunidades para ações de melhorias ambien-tais através dos Agentes Prevencionistas até outubro de 2006.

6- Etapas ou Fases de Execução:

ETAPA A - SENSIBILIZAÇÃO, ENVOLVIMENTO E MOBILIZAÇÃO1. Divulgação da metodologia, identificação dos órgãos municipais envolvidos, bem como dos seus

representantes, nos diversos municípios a serem atingidos;2. Mobilização dos gestores e conselheiros municipais, para participação no Programa de Educação

Ambiental;3. Mobilização da comunidade através das escolas a serem envolvidas, para participação no Progra-

ma de Educação Ambiental.

ETAPA B - PRODUÇÃO DE PEÇAS PROMOCIONAIS E INSTITUCIONAIS, ACOMPANHAMENTO E DIVULGAÇÃO4. Produção de peças promocionais e institucionais e divulgação das atividades do Programa de

Educação Ambiental;5. Acompanhamento e assessoramento técnico aos projetos nas escolas, através dos gestores mu-

nicipais, dos representantes das Coordenadorias Regionais de Educação e regionais da FEPAM, econforme necessidade com comissão organizativa da capacitação;

6. Relato e divulgação das atividades e dos resultados dos Projetos Demonstrativos Socioambientaispelos municípios.

ETAPA C - FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE AGENTES PREVENCIONISTAS7. Encontro de Gestores Municipais: das áreas de Meio Ambiente, de Educação e de Saúde; de Coor-

denadores Regionais de Educação: Assessorias de Educação Ambiental e Coordenadorias Regio-nais do Pró-Mar-de-Dentro; e de Técnicos da SEMA e FEPAM, para a capacitação de Agentes Pre-vencionistas e apresentação das propostas de trabalho aos representantes dos órgãos municipaisdos diversos municípios a serem atingidos e identificação dos demais envolvidos nos municípios;

8. Seminário de Capacitação de Gestores Municipais, para a gestão ambiental local;9. Seminário de Formação dos Agentes Prevencionistas: (a) representantes dos órgãos municipais

envolvidos - no mínimo três (de Meio Ambiente, de Educação e de Saúde); (b) representantesdos conselhos municipais - no mínimo três (de Meio Ambiente, de Educação e de Saúde); (c) re-presentantes das escolas envolvidas - no mínimo dois por escola (Direção e Professor); (d) repre-sentantes da comunidade escolar - no mínimo dois (cpm ou pai de aluno e grêmio estudantil oualuno); (e) representantes de organizações comunitárias do entorno da escola - no mínimo umpor escola (associação ou entidade comunitária);

10. Seminário de Capacitação de Conselhos Municipais com interface na área ambiental, para ges-tão ambiental local;

11. Encontros Regionais para continuidade da capacitação e assessoramento dos projetos desenca-deados, dividindo os municípios em 3 grupos;

12. Avaliação Final e entrega dos certificados de Agentes Prevencionistas;13. Planejamento para 2007.

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108 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

PLANO DE TRABALHO MUNICÍPIOS DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

ETAPA D - EXECUÇÃO DOS PROJETOS DEMONSTRATIVOS14. Realização do diagnóstico socioambiental pelos Agentes Prevencionistas nos municípios;15. Elaboração e execução do projeto socioambiental pelos Agentes Prevencionistas nos municípios.

7. Período de Execução:

Dezembro de 2005 a novembro de 2006.

7.1. Cronograma*:

*O cronograma poderá sofrer alterações, em decorrência de sua dinâmica.

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109Manual do Agente Prevencionista

8. Recursos Financeiros:

8.1. Secretaria do Meio Ambiente:Servidores, transporte, diárias, horas de trabalho/servidor, peças promocionais e institucionais.

8.2. FEPAMServidores, transporte, diárias, horas de trabalho/servidor, peças promocionais e institucionais.

8.3. Municípios:Servidores, transporte, diárias, horas de trabalho/servidor, escolas da rede municipal a serem en-

volvidas.

8.3. Empresas e/ou outras instituições:■ diárias: para alimentação e/ou hospedagem de cerca de 150 pessoas (representantes das comu-

nidades) nos seminários e encontro em dezembro, abril e junho e nos 3 encontros regionais, sen-do nestes as pessoas divididas em 3 grupos;

■ transporte das 150 pessoas (representantes das comunidades) capacitadas nos eventos acima ci-tados;

■ material didático (para serem utilizados na capacitação, na divulgação com a comunidade como:publicações, cartazes, jogos educativos, pastas, canetas, blocos de registro, folhetos informativos);

■ marketing (a critério de cada empresa ou instituição);■ serviços (conforme necessidade da capacitação: locação de equipamento audiovisual, serviço de

café, xerox, coquetel de encerramento,etc).

9- Vigência:

O Protocolo tem vigência por doze meses, a contar da data da publicação da súmula no Diário Ofi-cial do Estado, podendo ser prorrogado mediante termos aditivos.

RECURSOS DOS PARCEIROS

SEMA / PRÓ-MAR-DE-DENTRO A DEFINIRFEPAM A DEFINIRMUNICÍPIOS A DEFINIREMPRESAS / INSTITUIÇÕES A DEFINIRACPM-FEDERAÇÃO GERÊNCIA FINANCEIRA

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110 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

Bacias Hidrográficas,CREs, COREDEs eAssociações de Municípios

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

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111Manual do Agente Prevencionista

O Pró-Mar-de-Dentro deverá constituir o Plano Diretor de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Re-gional, visando orientar, instrumentalizar e promover o gerenciamento ambiental participativo, o desen-volvimento sustentável, a preservação e recuperação ambiental das bacias hidrográficas, contemplandoo ordenamento de problemas, conceitos e mecanismos para o manejo sustentável das atividades na re-gião, além de um conjunto de ações e projetos a serem implementados a curto, médio e longo prazos.

As ações serão distribuídas em sete subprogramas, com implementação de acordo com as necessi-dades diagnosticadas, com a capacidade dos órgãos co-executores e com os recursos financeiros dis-ponibilizados e captados.

Desenvolvido de forma indireta, o Programa conta com a cooperação de parceiros institucionais(co-executores) que são: Municípios, COREDEs, Comitês de Bacias Hidrográficas, Instituições de Ensinoe Pesquisa, Órgãos Governamentais Estaduais e Federais, Organizações Não-Governamentais Ambien-tais, Organizações da Sociedade Civil, Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Subprograma 1 - Administração e GerenciamentoDESCRIÇÃO DAS AÇÕES: Implantar e manter estrutura física e funcional, bem como de apoio, ne-

cessárias à gestão do Pró-Mar-de-Dentro.FINALIDADE: Fornecer suporte técnico e administrativo. Viabilizar o planejamento, a captação de re-

cursos e a execução das ações do Programa. Promover a integração entre os subprogramas.

Subprograma 2 - Plano de Comunicação e Informações GeográficasDESCRIÇÃO DAS AÇÕES: Criar plano para a comunicação entre o Pró-Mar-de-Dentro, as instituições

parceiras e o público-alvo, bem como promover a alimentação e disponibilização de dados através desistema de informações georeferenciadas.

FINALIDADE: Propiciar a captação e a disponibilização de informações socioambientais, para subsi-diar as ações do Programa e das entidades parceiras. Possibilitar a divulgação das ações e o acesso dapopulação às informações.

Subprograma 3 - Educação AmbientalDESCRIÇÃO DAS AÇÕES: Promover e apoiar atividades que contribuam para o processo de educa-

ção ambiental e para a eficácia na aplicação da legislação ambiental, indispensáveis à melhoria so-cioambiental e ao desenvolvimento sustentável, não-degradador e não-gerador de exclusão social.

FINALIDADE: Ampliar a percepção ambiental, contribuindo para as mudanças comportamentais edas formas de produção e consumo, objetivando a promoção do desenvolvimento sustentável.

Subprograma 4 - Desenvolvimento UrbanoDESCRIÇÃO DA AÇÃO: Captar recursos, identificar parceiros, elaborar, desenvolver e implementar

projetos e pesquisas, necessários à melhoria socioambiental e ao desenvolvimento sustentável, não-degradador e não-gerador de exclusão social, nos meios urbanos da região.

FINALIDADE: Contribuir para a implementação de infra-estrutura, do saneamento ambiental, detecnologias limpas e para o manejo ambiental sustentável de atividades industriais e urbanas.

Subprogramas, SIGA-RS e PEAC

IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO

Page 112: Coordenação Geral -  · PDF fileNevio Zanette Sílvia Bem Olivo ... longo do território banhado pela laguna dos Patos, ... Manual do Agente Prevencionista 7

112 Programa de Educação Ambiental Compartilhado

Subprograma 5 - Desenvolvimento RuralDESCRIÇÃO DA AÇÃO: Captar recursos, identificar parceiros, elaborar, desenvolver e implementar

projetos e pesquisas, necessários à melhoria socioambiental e ao desenvolvimento sustentável, não-degradador e não-gerador de exclusão social, nos meios rurais da região.

FINALIDADE: Contribuir para o manejo ambiental sustentável das atividades agrícola, pecuária, flo-restal, pesqueira e extrativista.

Subprograma 6 - Preservação e Conservação do Patrimônio AmbientalDESCRIÇÃO DA AÇÃO: Captar recursos, identificar parceiros, elaborar, desenvolver e implementar

projetos e pesquisas, necessários à melhoria socioambiental e ao desenvolvimento sustentável, não-degradador e não-gerador de exclusão social, nos meios urbanos da região.

FINALIDADE: Contribuir para a redução dos conflitos de uso dos recursos ambientais e para a recu-peração e proteção dos ecossistemas e da biodiversidade.

Subprograma 7 - Fortalecimento InstitucionalDESCRIÇÃO DA AÇÃO: Promover a estruturação física e tecnológica do Pró-Mar-de-Dentro e das en-

tidades parceiras, além da capacitação e aperfeiçoamento dos seus recursos humanos.FINALIDADE: Contribuir para o aprimoramento tecnológico e o desenvolvimento de capacidades, vi-

sando a otimização da gestão ambiental e o fortalecimento institucional.

Região Beneficiada pelo Pró-Mar-de-Dentro:O Pró-Mar-de-Dentro atinge total ou parcialmente o território dos 50 municípios acima elencados,

localizados, a maioria destes, na Metade Sul do Estado, com uma população estimada em 1.020.000pessoas. São aproximadamente 63.000 km2.

Os municípios são atendidos pelas seguintes Coordenadorias Regionais de Educação: 5ª CRE (18municípios), 12ª CRE (10 municípios), 11ª CRE (09 municípios), 13ª CRE (07 municípios), 18ª CRE (04municípios), 6ª CRE (01 município) e 28ª CRE (01 município). Estão distribuídos nos seguintes CORE-DEs: Sul (22 municípios), Centro-Sul (11 municípios), Litoral Norte (07 municípios), Campanha (07municípios), Metropolitano Delta do Jacuí (02 municípios), Vale do Rio Pardo (01 município) e local-izam-se nas Bacias Hidrográficas: Litoral-Médio (L20), Camaquã (L30), Priratini-São Gonçalo-Mangueira (L40) e Jaguarão (L60).

O SIGA-RS e o PEAC no Pró-Mar-de-Dentro:A gestão ambiental local (no município) e a educação ambiental como instrumento de gestão são

prioridades nas ações do Pró-Mar-de-Dentro. A parceria com a FEPAM, especialmente para a imple-mentação do PEAC - Programa de Educação Ambiental Compartilhado na região do Pró-Mar-de-Den-tro, bem como o estímulo à descentralização da gestão ambiental, através do apoio às atividadesconduzidas pelo SIGA-RS - Sistema Integrado de Gestão Ambiental, reforçam este direcionamento.

Cinco municípios do Pró-Mar-de-Dentro já estão habilitados para exercerem o licenciamento das ati-vidades de impacto local. São eles: Aceguá, Bagé, Camaquã, Canguçu e Pelotas. Os demais deverãopassar pela capacitação, promovida pelo SIGA-RS com o apoio do Pró-Mar-de-Dentro, com vistas à ins-trumentalização de gestores municipais para a condução do processo de habilitação.

O Programa de Educação Ambiental Compartilhado (PEAC), da mesma forma que o SIGA-RS, já atin-giu alguns municípios da Região, dentre eles: Bagé, Barra do Ribeiro, Caçapava do Sul, Camaquã, DomPedrito, Osório, Pelotas, São Jerônimo, Tramandaí e Viamão, através da formação de Agentes Prevencio-nistas ligados ao Projeto Escola Aberta para Cidadania da Secretaria da Educação do Estado. Com a par-ceria do Pró-Mar-de-Dentro, estes municípios e os demais da região do Programa terão a oportunidadede ampliar o processo para as escolas públicas municipais e comunidades do seu entorno.

IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DO PRÓ-MAR-DE-DENTRO