cooperação jurídica internacional

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Cooperação Jurídica Internacional Luciano Vaz Ferreira

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Page 1: Cooperação jurídica internacional

Cooperação

Jurídica

Internacional

Luciano Vaz Ferreira

Page 2: Cooperação jurídica internacional

A NECESSIDADE DE COOPERAÇÃO JURÍDICA

INTERNACIONAL (CJI)

PRINCÍPIO DA

TERRITORALIDADE

Page 3: Cooperação jurídica internacional

Conceito de CJI “Estudo dos mecanismos

de cooperação em

assuntos jurídicos entre

Estados”.

Desafio:

Extraterritorialidade x

Soberania

Classificação: Público ou

Privado?

Page 4: Cooperação jurídica internacional

MODALIDADES TRADICIONAIS DE CJI

Executar em território

nacional sentença

transitada em julgado

proferida no estrangeiro

HOMOLOGAÇÃO DE

SENTENÇA

ESTRANGEIRA

EXTRADIÇÃO

Cumprimento de ordem de

prisão ou execução de pena

no Exterior

CARTA ROGATÓRIA

Realização de Diligências

1) Ordinatórias

2) Instrutórias

3) Executórias

Page 5: Cooperação jurídica internacional

Homologação de

Sentença Estrangeira

STJ

Jus.

Federal SENTENÇA

ESTRANGEIRA

Parte

Poder Judiciário

Homologação de S.E.

Juízo de Delibação

Analisa:

- Requisitos Formais

- Violação de Ordem

Pública Brasileira

EXECUÇÃO

DA S.E.

LINDB, CPP, CPC e

RESOLUÇÃO Nº 9

do STJ

Page 6: Cooperação jurídica internacional

Procedimento de H.S.E

Juízo de Delibação do STJ analisa:

1) Autoridade competente: Imóvel no BR? (art. 89 do CPC)

SEC nº 1.304 do STJ.

2) Citação: por rogatória?

3) Trânsito em Julgado

4) Autenticação e Tradução

5) Violação de Ordem Pública Brasileira (ver CR 9.970 STF)

- Base legal: art. 15 e 17 da LINDB, Art. 788 do CPP, Art. 5º

e 6º da Resolução nº 9 do STJ

- Homologação parcial: (art. 4º, § 2º da R. Nº 9)

- Tutela de urgência em H.S.E: (art. 4º, § 3º da R. n. 9)

Page 7: Cooperação jurídica internacional

Carta Rogatória

Exemplos de Atos de Diligência:

- Citação, Intimação e Notificação;

- Oitiva de testemunhas;

- Interrogatório de acusados;

- Envio de documentos e outras provas;

- Exame de DNA;

- Quebra de sigilo bancário, telefônico ou telemático;

- Busca e apreensão de menores;

- Sequestro, arresto e determinação de penhora;

- Bloqueio de contas, confisco e repatriação de ativos.

Page 8: Cooperação jurídica internacional

Poder

Judiciário

Min. Rel.

Exteriores

Min. da

Justiça

MPPolícia

Adm.

Pública

STJ

JF

CARTA ROGATÓRIA

PASSIVA

Estrangeiro

DECISÃO

ESTRANGEIRA

Parte

Min. Rel.

Exteriores

EXEQUATUR

EXECUÇÃO

DA C.R.

DELIBAÇÃO

Page 9: Cooperação jurídica internacional

MP

STJ

1ºG

CARTA ROGATÓRIA

ATIVA

Estrangeiro

Polícia

Min. da

Justiça

Adm.

Pública Min. Rel.

Ext.

Min. Rel.

Ext.

Poder

JudiciárioDECISÃO

BRASILEIRA

Parte

EXECUÇÃO

DA C.R.

Page 10: Cooperação jurídica internacional

Carta Rogatória

- Conceito: advém do cumprimento de

uma decisão judicial do país

requerente no território do país

requerido;

- Tramitação: Via diplomática;

- Modalidade passiva: exequatur e juízo

de delibação

Page 11: Cooperação jurídica internacional

Cartas Rogatórias Executórias

- Tradição que impede as C.R. Executórias

(doutrina e jurisprudência). Deveria ser

utilizada a H.S.E;

- Paralisação da cooperação por meio do

conceito amplo de “medida executória”.

Page 12: Cooperação jurídica internacional

H.S.E

(Transito em

Julgado)

C. R.

Não Executórias

(Ex: Citações)

C.R.

Executórias

O GRANDE PROBLEMA

DA COOPERAÇÃO

Page 13: Cooperação jurídica internacional

NOVAS FORMAS DE COOPERAÇÃO

JURÍDICA INTERNACIONAL

Page 14: Cooperação jurídica internacional

Novas Formas de CJI

Cooperação Informal / Administrativa

- Troca de informações diretamente entre

órgãos. Estabelecimento de “redes de

cooperação”.

- Não pode ser utilizado como prova

Auxílio Direto

- Cumprimento de diligências

- Alternativa para a C.R.

Page 15: Cooperação jurídica internacional

MP

STJ

1ºG

AUXILIO DIRETO

PASSIVO (ADM)

EstrangeiroAdm.

Pública

Autoridade

CentralAutoridade

Central

Polícia

Poder

Judiciário

Min. Rel.

Ext.

Min. Rel.

Ext.

Parte

PEDIDO

Page 16: Cooperação jurídica internacional

Autoridade

Central

MP

STJ

1ºG

AUXILIO DIRETO

PASSIVO (JUD.)

AGU

Estrangeiro

Parte

Autoridade

Central

Adm.

Pública

Polícia

Min. Rel.

Ext.

Min. Rel.

Ext.

Poder

Judiciário

COGNIÇÃO PLENA

DECISÃO

BRASILEIRA

EXECUÇÃO

PEDIDO

Page 17: Cooperação jurídica internacional

MP

STJ

1ºG

AUXILIO DIRETO

ATIVO

EstrangeiroAdm.

Pública

Polícia

Autoridade

Central

Autoridade

Central

Poder

Judiciário

Min. Rel.

Ext.

Min. Rel.

Ext.

Parte

Parte

PEDIDO

Page 18: Cooperação jurídica internacional

Auxílio Direto

- Requisito: Existência de tratado ou reciprocidade

- Menos burocrático:

1) C. Ativa e Passiva: Exclui a intermediação do

MRE; Não há necessidade de pronunciamento

judicial do Estado requerido.

3) C. Passiva: Exclui a necessidade de exequatur

do STJ.

- Mais técnico: tramita via Autoridade Central,

órgão especializado em CJI.

Page 19: Cooperação jurídica internacional

Auxílio Direto

- Tipos de Auxílio Direto Passivo:

1) Meramente administrativos

2) Com intervenção do judiciário: Enseja juízo de

cognição plena, e não delibação.

- Previsão legal:

- Resolução nº 9 / 2005 do STJ (Art. 7º, § ú);

- Portaria Conjunta nº 1/2005 (MJ/PGR/AGU)

- Projetos dos Novos CPC e CPP.

Page 20: Cooperação jurídica internacional

Autoridades Centrais

Departamento de Recuperação de Ativos

e Cooperação Internacional (DRCI/MJ)

Cooperação Cível e Penal

em Geral

Convenção sobre Aspectos

Civis do Sequestro de Menores

Convenção sobre Adoção

Internacional

Secretaria de Direitos Humanos

Da Presidência da República (SEDH)

Convenção sobre Prestação de

Alimentos no Estrangeiro

Coop. Penal - Canadá

Coop. Penal - Portugal

Procuradoria Geral da República (PGR)

Page 21: Cooperação jurídica internacional

Cooperação Tradicional

e MERCOSUL

1) Protocolo de Las Leñas (92-96)

2) Protocolo de Ouro Preto sobre Medidas

Cautelares (94-97)

3) Acordo de Cooperação e Assistência

Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial,

Trabalhista e Administrativa, entre o

MERCOSUL, Bolívia e Chile (2002-2009)

Page 22: Cooperação jurídica internacional

Cooperação Tradicional

e MERCOSUL

a) Possibilidade de tramitação de Carta Rogatória

por Autoridade Central. Ver Impossibilidade de

comunicação fronteiriça

b) Homologação de Sentença pelo procedimento

de Carta Rogatória

c) Mudança na jurisprudência do STF permitindo

as “cartas rogatórias executórias”

Page 23: Cooperação jurídica internacional

Troca de informações,

bancos de dados

Cooperação

Informal

CARTA

ROGATÓRIA

Diligências

- Ordinatórias

- Instrutórias

- Executórias

AUXÍLIO

DIRETO

Não serve

como prova

Serve como

prova

Com tratado

Ou reciproci-

dade

Juízo de Cogni-

ção Plena

Mero PedidoVia Autoridade

Central

Juízo de

Delibação

Determinação

por decisão

estrangeira

Ausência

De tratado

Participação

do MRE

Page 24: Cooperação jurídica internacional

Auxílio Direto ou

Carta Rogatória?

Os institutos coexistem. Qual procedimento

seguir?

Depende se o requerimento advém de uma

ordem judicial, que enseja apenas juízo de

delibação ou se é uma situação de um mero

pedido, no qual o Estado está disposto a um

juízo de cognição plena.

Page 25: Cooperação jurídica internacional

TÓPICOS EM COOPERAÇÃO

INTERNACIONAL CÍVEL

Page 26: Cooperação jurídica internacional

Cooperação Ativa x Cooperação Passiva

Fonte: site do MJ

Page 27: Cooperação jurídica internacional

Quantidade de pedidos em cooperação civil,

comercial, trabalhista e administrativa

Fonte: site do MJ

Page 28: Cooperação jurídica internacional

Cooperação Civil, Comercial, Trabalhista e

Administrativa por país

Fonte: site do MJ

Page 29: Cooperação jurídica internacional

Prestação de Alimentos

Tratados que permitem o auxílio direto e

carta rogatória via autoridade central em

matéria de alimentos:

1) Convenção de Nova Iorque sobre

Prestação de Alimentos no Estrangeiro

(56, 65): PGR

2) Convenção Interamericana sobre

Obrigação Alimentar (89-97): DRCI/MJ

Page 30: Cooperação jurídica internacional

Prestação de

Alimentos (2004-2009)

Page 31: Cooperação jurídica internacional

Prestação de

Alimentos (2004-2009)

Page 32: Cooperação jurídica internacional

Prestação de

Alimentos (2004-2009)

Page 33: Cooperação jurídica internacional

Adoção Internacional

Sistema de auxílio e cooperação em

adoção internacional:

Convenção Relativa à Proteção das

Crianças e à Cooperação em Matéria

de Adoção Internacional (93-99) –

Secretaria de Direitos Humanos

(Presidência)

Page 34: Cooperação jurídica internacional

Sequestro de Menores

1) Convenção de Haia sobre os

Aspectos Civis do Sequestro

Internacional de Menores (80-2000)

2) Convenção Interamericana sobre

Restituição Internacional de Menores

(89 – 94)

3) Convenção Interamericana sobre o

Tráfico Internacional de Menores (94-

98)

Page 35: Cooperação jurídica internacional

ANÁLISE DO CASO

SEAN GOLDMAN

Page 36: Cooperação jurídica internacional

David Goldman, modelo norte-americano, e Bruna Bianchi Ribeiro, estudante de moda brasileira, conheceram-se em Milão, em 1998.

Casaram-se em Nova Jersey, em 1999

Page 37: Cooperação jurídica internacional

Em 2000, nasce, nos Estados Unidos, ofilho do casal, Sean Goldman.

Page 38: Cooperação jurídica internacional

- Em 16/06/2004, Sean visita o Rio deJaneiro com a mãe. Bruna liga para David,avisando sobre o rompimento dorelacionamento. Avisa também que nãoretornará aos EUA com Sean.

- Bruna consegue em tribunais brasileiros odivórcio de David e a guarda definitiva deSean. David participou do processobrasileiro, também acionando o tribunalamericano para decidir sobre a guarda.

Page 39: Cooperação jurídica internacional

- Sean passa a ser criado no Brasil. Bruna casa com um brasileiro (João Paulo Lins e Silva). Falece em 22/08/2008 no parto de uma filha dessa nova união.

Page 40: Cooperação jurídica internacional

- Ao saber do trágico episódio, David vai aoBrasil para reaver a guarda do filho,sendo-lhe negada.

- Ao mesmo tempo, o padrastro ingressacom ação de reconhecimento depaternidade ”sócio-afetiva”.

- David procura, no Estados Unidos, aautoridade central americana daConvenção de Haia que formula aautoridade central brasileira a devoluçãodo menor aos cuidados do pai.

Page 41: Cooperação jurídica internacional

SEDH

STJ

1ºG

AGU

Autoridade

Central

Padrasto

Min. Rel.

Ext.

Min. Rel.

Ext.

Poder

Judiciário

Busca e

Apreensão

PEDIDO

David

Page 42: Cooperação jurídica internacional

Decisão da justiça federal:

- Reafirma a legitimidade da AGU parapropor a ação;

- Recusa-se a discutir guarda e sim cumprira Convenção de Haia;

- Conforme apresentado nos autos, Seanpossuía residência nos EUA, sendosubtraído ilicitamente. Os tribunaisamericanos garantem a guarda de Davidsobre Sean, desde a época de seusequestro.

Page 43: Cooperação jurídica internacional

- Afasta as exceções de aplicação dotratado:

1) Ausência de guarda do pai

2) Integração ao meio ou maturidade

3) Risco à criança

- Julga procedente a ação, para determinaro retorno de Sean aos Estados Unidos(decisão confirmada em 2º grau)

- A guarda e direitos de visita ainda podemser discutidos, em tribunais brasileiros eamericanos.

Page 44: Cooperação jurídica internacional

COOPERAÇÃO JURÍDICA PENAL E

RECUPERAÇÃO DE ATIVOS

Page 45: Cooperação jurídica internacional

Criminalidade Transnacional

- Facilidade no trânsito de pessoas;

- Facilidade na circulação de dinheiro;

- Paraísos fiscais: não tributam a renda ou

tributam inferior à 20%

- Criminalidade organizada com laços

transnacionais

Page 46: Cooperação jurídica internacional

Quantidade de pedidos em cooperação penal

Fonte: site do MJ

Page 47: Cooperação jurídica internacional

Cooperação penal por país

Fonte: site do MJ

Page 48: Cooperação jurídica internacional

Cooperação Administrativa ou

Informal na Área Penal

- Hipóteses: Troca de informações, banco de dados,

equipes de investigação conjuntas;

- Contato direto entre policiais, promotores, magistrados,

Unidades de Inteligência Financeira (UIF), bancos e

agências reguladoras. Redes de Cooperação ajudam o

relacionamento;

- Não pode ser utilizado como prova penal, indica

situações passíveis de investigação.

Page 49: Cooperação jurídica internacional

Rede Hemisférica de

Intercâmbio de Informação para

Assistência Mútua em Matéria

Penal e Extradição

Rede Ibero-americana

de Cooperação Jurídica (IberRed)

Rede de Cooperação Jurídica

e Judiciária Internacional dos

Países de Língua Portuguesa

Redes de Cooperação

Page 50: Cooperação jurídica internacional

Redes de Cooperação

Egmont Group of Financial

Intelligence Units

Organização Internacional de

Polícia Criminal (INTERPOL)

Page 51: Cooperação jurídica internacional

Financial Action Task Force

Grupo de Ação Financeira

Grupo de Ação Financeira

do Sul

Redes de Cooperação e

Fóruns Internacionais

Page 52: Cooperação jurídica internacional

Fontes Principais de A.D.

-

Convenção contra o Tráfico de

Entorpecentes e Psicotrópicos

Viena / 88

BR / 91

Convenção contra o Crime

Organizado Transnacional

Convenção contra

a Corrupção

Palermo / 00

BR / 04

Mérida / 03

BR / 06

Page 53: Cooperação jurídica internacional

Fontes Principais de A.D.

.Convenção Interamericana de

Assistência Mútua em Matéria

Penal

Protocolo de Jurídica Mútua

em Assuntos Penais

Nassau / 92

BR / 08

S. Luiz / 96

BR / 00

Mutual Legal Assistance

Treaty (MLAT)

14 Países

2011

Page 54: Cooperação jurídica internacional

MLTAs

Em vigor: Cuba, Peru, França, China, EUA

Suriname, Portugal, Canadá, Espanha,

Ucrânia, Colômbia, Itália, Suiça e Coreia do

do Sul

Em tramitação: Nigéria, Líbano, Angola,

Reino Unido, Honduras, El Salvador,

México, Panamá, Jordânia e Moçambique

Page 55: Cooperação jurídica internacional

Extradição

- Existência de tratado ou promessa de

reciprocidade

- Vedação de extradição de brasileiro nato;

Naturalizado apenas em crime comum

antes da naturalização ou tráfico de

drogas a qualquer tempo;

Page 56: Cooperação jurídica internacional

Extradição

- Dupla tipicidade;

- Gravidade da infração;

- Não estar prescrita;

- Ne Bis in idem;

- Impossibilidade por crime político

- Devido processo legal

- Comutação de pena de morte em

privativa de liberdade.

Page 57: Cooperação jurídica internacional

No Direito Comunitário

- Mandado de Detenção Europeu

- Mandado Europeu de Obtenção de Provas

- Mandado de Detenção do MERCOSUL

Page 58: Cooperação jurídica internacional

OBRIGADO!

[email protected]