a cooperação penal internacional no brasil

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Relatório de pesquisa - nº 15 São Paulo - janeiro/2007 Coordenação de Publicações CADERNOS DIREITO GV V.4, N. 1, janeiro 2007 V.4, N. 1, janeiro 2007 ISSN 1808678-0 A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL Maíra Rocha Machado Marco Aurélio Cezarino Braga Rua Rocha, 233 - 7º andar - Bela Vista CEP 01331-050 - São Paulo - SP http://www.direitogv.com.br [email protected] ISSN 1808 - 6780 Pesquisa desenvolvida no marco de convênio de cooperação científica com o Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça (DRCI-MJ).

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Estudo realizado pela FGV acerca da cooperação penal internacional no Brasil

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Page 1: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

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V.4, N. 1, janeiro 2007

ISSN 1808678 - 0

A COOPERAÇÃO PENAL

INTERNACIONAL NO BRASIL

Maíra Rocha Machado

Marco Aurélio Cezarino Braga

Rua Rocha, 233 - 7º andar - Bela VistaCEP 01331-050 - São Paulo - SP

http://[email protected]

ISSN 1808 - 6780

Pesquisa desenvolvida no marco de convênio de cooperação

científica com o Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e

Cooperação Internacional do Ministério da Justiça (DRCI-MJ).

Page 2: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

V.4, N.1, janeiro 2007

V.4, N.1, janeiro 2007CADERNOS DIREITO GV - Nº15

Page 3: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 1

CADERNOS DIREITO GV

V. 4, N. 1, janeiro de 2007

ISSN 1808-6780 Janeiro 2007 São Paulo – SP Publicação Bimestral da Fundação Getulio Vargas Escola de Direito de São Paulo (DIREITO GV) TIRAGEM: 300 EXEMPLARES © CDG - Cadernos Direito GV, JANEIRO 2007 – São Paulo Ed. Fundação Getulio Vargas ISSN 1808-6780 BIMESTRAL

Revista da Escola de Direito de São Paulo (DIREITO GV) da Fundação Getulio Vargas

Page 4: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 2

EDITORES Janeiro, 2007, José Rodrigo Rodriguez.

INCLUI BIBLIOGRAFIA

DIREITO – PERIÓDICOS. I. São Paulo. DIREITO GV Todos os direitos desta edição são reservados à ED. FGV.

DISTRIBUIÇÃO Comunidade científica: 300 exemplares

REVISÃO

Ana Mara França Machado

PRODUÇÃO INDUSTRIAL Impressão e acabamento: Gráfica FGV

Data da Impressão: Janeiro/2007 Tiragem: 300

PERIODICIDADE Bimestral

CORRESPONDÊNCIA Rua Rocha, 233, 7º andar – Bela Vista

CEP 01331-050 – São Paulo – SP - Brasil Tel: (11) 3281-3304 / 3310

http://www.direitogv.com.br Email: [email protected]

CADERNO DIREITO GV

V. 4, N. 1, Janeiro 2007

Page 5: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 3

ÍNDICE Apresentação .......................................................................................................................... 5 1. Carta Rogatória................................................................................................................... 8

1.1. Descrição da coleta de dados...................................................................................... 9 1. 2. Resultados................................................................................................................. 12

2. Homologação de sentença estrangeira.............................................................................. 23

2.1. Descrição da coleta de dados..................................................................................... 25 2.2 Resultados................................................................................................................... 27

3. Extradição......................................................................................................................... 32

3.1. Descrição da coleta de dados..................................................................................... 33 3.2. Resultados.................................................................................................................. 34

Anexo I - Carta Rogatória ....................................................................................................41 Anexo II - Sentença ..............................................................................................................53 Anexo III - Extradição..........................................................................................................85

Page 6: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 4

Page 7: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 5

A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL

RELATÓRIO DE PESQUISA

AS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM CARTAS ROGATÓRIAS, HOMOLOGAÇÕES DE SENTENÇA ESTRANGEIRA E PEDIDOS DE EXTRADIÇÃO

(1994-2004)

Maíra Rocha Machado1

Marco Aurélio Cezarino Braga2

APRESENTAÇÃO

Assistimos, atualmente, a importantes alterações na forma de o Estado brasileiro interagir

com outros países em investigações e procedimentos judiciais em matéria penal. Nesse

sentido, há pouco mais de uma década, o fenômeno da internacionalização do direito penal

tem impulsionado a incorporação de novos mecanismos e institutos voltados a permitir ou

aprimorar o diálogo entre o nosso ordenamento jurídico e os demais.

Nesse período, as disposições constantes no Estatuto de Roma que cria o Tribunal Penal

Internacional, nas convenções internacionais da ONU sobre o tráfico de drogas, a

criminalidade transnacional, o financiamento do terrorismo, bem como no sistema

antilavagem de dinheiro elaborado pelo GAFI/OCDE, têm pautado as propostas de

construção de um quadro normativo para regulamentar a cooperação penal internacional no

Brasil. Na falta de um regramento unificado sobre conteúdo e procedimento, a tramitação

de pedidos de cooperação internacional subordina-se às regras constantes na Constituição

Federal, em tratados internacionais e acordos bi e multilaterais, em normas internas

espalhadas por diferentes Códigos, além de regimentos internos e portarias.

Enquanto as propostas estão sendo elaboradas e debatidas, é possível notar modificações

pontuais, mas de extrema relevância, no cenário prevalecente até então. A principal delas é

1 Bacharel e doutora em Direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora do Núcleo Direito e Democracia do Cebrap e professora da Direito-GV. 2 Graduando em Direito pela Universidade de São Paulo, membro do PET-Sesu do Ministério da Educação.

Page 8: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 6

a mudança de competência para julgar e processar cartas rogatórias e homologações de

sentença estrangeira do Supremo Tribunal Federal (STF) para o Superior Tribunal de

Justiça (STJ). Esta alteração ocorreu com a Reforma do Judiciário, promulgada pela

Emenda Constitucional 45/2004, de 08.12.2004, e incorporada em março do ano seguinte

pela Resolução 09, de 04.05.2005, da presidência do STJ. Outra alteração de suma

importância é a estruturação de uma “autoridade central” brasileira, responsável por

tramitarem diretamente pedidos de cooperação internacional, além de propor e negociar

acordos internacionais com este fim, papel desempenhado pelo Departamento de

Recuperação e Ativos Ilícitos do Ministério da Justiça (DRCI-MJ).

Nesse quadro insere-se o projeto de pesquisa “Cooperação penal internacional no Brasil”,

iniciado em julho de 2004, no marco de um convênio de cooperação científica firmado

entre a Direito-GV e o Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e Cooperação

Internacional do Ministério da Justiça. Nesta primeira etapa da pesquisa, o foco foi a

atuação do Poder Judiciário em pedidos de cooperação penal internacional recebidos pelo

Brasil na última década. Especificamente, o objeto de análise foram cartas rogatórias,

homologações de sentenças estrangeiras e extradições que tramitaram no STF entre 1994 e

2004.

A pesquisa buscou cumprir dois objetivos. Em primeiro lugar, desenvolver um método de

sistematização e estudo de decisões judiciais, procurando dar o máximo aproveitamento às

informações disponibilizadas na Internet, no caso, pelo STF. Em segundo lugar, conhecer a

demanda por cooperação internacional que chega ao País e a forma como respondemos a

elas.

Para tanto, foi construída uma base de dados, de acordo com diferentes critérios conforme

se explicitará adiante, que compreende 400 cartas rogatórias, 151 homologações de

sentença estrangeira e 203 acórdãos referentes a pedidos de extradição julgados pelo STF

entre 1994 e 2004. Extraídos da página do STF na Internet, as decisões e os acórdãos foram

compilados e suas informações sistematizadas em tabela formato Excel.

Este levantamento permitiu extrair uma série de informações concernentes à tramitação dos

pedidos no STF, inéditas à escassa doutrina que se ocupa do tema. E ofereceu um primeiro

Page 9: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 7

quadro da cooperação internacional no Brasil, no que diz respeito, por exemplo, aos países

e aos tipos de diligências solicitadas, aos crimes sobre os quais versam as decisões, ao

tempo de tramitação e aos fundamentos apresentados para concessão e denegação dos

pedidos.

Ao lado dos resultados quantitativos, a compilação de informações completas sobre cada

um dos acórdãos facilita a identificação e a reconstituição da formação de entendimentos

jurisprudenciais relativos a questões específicas.

O presente relatório limita-se a apresentar a metodologia utilizada para selecionar as

decisões e construir a tabela, a descrição da tramitação dos pedidos e os resultados

quantitativos obtidos, em relação a cada um dos pedidos de cooperação internacional

analisados aqui: carta rogatória (I), homologação de sentença estrangeira (II) e extradição

(III).

Ainda que uma série de questões suscitadas aqui dependa de análise qualitativa, os

resultados ora apresentados fornecem dados empíricos úteis à permanente tarefa de

reformulação do desenho institucional da cooperação internacional no Brasil.

Page 10: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 8

1. CARTA ROGATÓRIA

Convivem hoje no Brasil dois sistemas de cooperação internacional em matéria penal. Um

tradicional, consolidado e centralizado na carta rogatória, e outro que começa a se formar

por intermédio da assinatura de acordos bilaterais e multilaterais de cooperação. Nesse

último sistema, a cooperação realiza-se por meio de uma “autoridade central”.3 Trata-se de

um órgão que concentra a tramitação dos pedidos de assistência e cooperação tanto ativos –

de órgãos do sistema de justiça brasileiro destinado ao exterior – quanto passivos –

oriundos de autoridades estrangeiras para cumprimento no Brasil. Sua função é verificar o

preenchimento dos requisitos legais, conforme a legislação brasileira e o direito

internacional, e encaminhar a solicitação ao destinatário. A utilização deste sistema de

cooperação direta, via “autoridades centrais”, depende da existência de acordos

internacionais ou do oferecimento de garantia de reciprocidade. Atualmente este sistema é

utilizado na cooperação penal entre o Brasil e os países do Mercosul, além da Colômbia,

Estados Unidos da América, França, Itália, Peru e Portugal, entre outros.

Nos demais casos, a cooperação realiza-se por carta rogatória. Denominam-se “ativas” as

cartas rogatórias que o Judiciário brasileiro envia ao exterior e “passivas”, as que

recebemos de outros países. Estas últimas, objeto deste relatório, são encaminhadas ao

Brasil por autoridades estrangeiras e recebidas pela via diplomática no Ministério das

Relações Exteriores. Até dezembro de 2004, as cartas eram então remetidas ao presidente

do STF para a concessão do exequatur. Com a reforma do Judiciário, como explicitado

anteriormente, o STJ passou a exercer esta competência.4

3 No Brasil, esta função é exercida pelo Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça (DRCI-MJ), criado pelo Decreto 4.991, de 18.02.2004, que aprova a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do Ministério da Justiça, Anexo 1, art. 13, IV. Outras informações sobre a autoridade central brasileira podem ser encontradas em Maíra Rocha Machado. As novas estratégias de intervenção sobre crimes transnacionais e o sistema de justiça criminal brasileiro. In: Catherine Slakmon, Maíra Machado e Pierpaolo Bottini (Org.). Novas direções na governança da justiça e da segurança. Brasília: Ministério da Justiça, 2006; e, da mesma autora, O sistema antilavagem de dinheiro e a cooperação internacional no Brasil. In: Alberto do Amaral Júnior e Kathia Martin Chenut (Org.). Globalização e internacionalização do direito penal. No prelo. 4 Sobre a tramitação e as condições necessárias ao cumprimento das cartas rogatórias ativas e passivas ver, além das informações constantes no site do Ministério da Justiça, Susan Kleebank. Cooperação Judiciária por via diplomática. Avaliação e propostas de atualização do quadro normativo. Brasília: Instituto Rio Branco; Fundação Alexandre Gusmão, 2004. p. 39-78; Antenor Madruga. O Brasil e a jurisprudência do STF

Page 11: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 9

1.1. DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

Para o levantamento dos dados sobre as cartas rogatórias, utilizamos a base de dados do site

do STF (www.stf.gov.br). A pesquisa foi feita pelo termo rogatória dentro do campo

“decisões monocráticas”. Foram encontradas 655 decisões, envolvendo cartas rogatórias

(CR), pedido de homologação de sentença estrangeira (SE) e pedido de extradição (EX).

Para a pesquisa, foram consideradas apenas as decisões denominadas “CR” pelo

distribuidor do STF, totalizando 400. Este conjunto de decisões, referentes ao período

compreendido entre 13.10.1994 a 20.03.2004, compõe nosso banco de dados.

Se considerarmos os números de distribuição da primeira e da última carta rogatória do

banco de dados, é possível identificar que, no decorrer deste mesmo período, entraram no

STF 3.890 cartas rogatórias. Não há, no entanto, como estabelecer qualquer tipo de relação

entre as 400 cartas do nosso banco e o total de cartas do período. Isto porque, ao contrário

dos acórdãos, que são disponibilizados no site a cada sexta-feira, as decisões monocráticas

passam por um processo de seleção manual, não baseado em critérios objetivos. De acordo

com as informações fornecidas pelo Sr. Alaor Assis Fernandes, tendo em vista o “enorme

volume” de decisões monocráticas proferidas semanalmente pelo Supremo, é necessário

fazer uma seleção. Responsável por grifar em vermelho em cópia impressa do Diário

Oficial da União as decisões monocráticas que vão para o site, Sr. Alaor explica que os

“critérios de seleção são subjetivos” e que procura “eliminar as decisões muito repetitivas,

sem muito interesse ao usuário do site”.5 Isto significa que os resultados apresentados ao

final neste relatório não representam a totalidade de cartas rogatórias do período, mas

apenas o total de cartas rogatórias disponíveis no site.

Enfim, a partir das informações do site, foram copiadas para documentos de Word a página

principal (com o resumo da decisão e dos fatos), o link intitulado “detalhes” que continha

informações sobre o número do protocolo, data de entrada no STF, país de origem, data da

na Idade Média da Cooperação Internacional. Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 54, maio-jun. 2005; e Maíra Rocha Machado. Cooperação penal internacional no Brasil: as cartas rogatórias passivas. Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 53, p. 98-118, mar.-abr. 2005. 5 Agradecemos mais uma vez ao Sr. Alaor, chefe da coordenadoria de análise de jurisprudência da Secretaria de documentação do STF desde 1997, que nos recebeu em 22.07.2004 e nos prestou gentilmente esclarecimentos fundamentais à pesquisa.

Page 12: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 10

autuação, ramo do direito, assunto da carta (qual diligência solicitada) e identificação das

partes envolvidas. Também foram copiadas as informações presentes no link “andamentos”,

que contém todo o trâmite processual desde a chegada e registro do processo até sua

devolução ao juízo rogante.

O levantamento foi feito então com base nessas cópias e, para a classificação das decisões,

foi utilizado o número do protocolo de distribuição do cartório. Foi necessário reclassificar

algumas decisões quanto ao ramo do direito, visto que algumas delas indicavam tratar-se da

área civil quando o conteúdo da carta rogatória deixava claro que a solicitação dizia

respeito à matéria penal. Quanto às outras informações, o levantamento dos dados reproduz

o conteúdo da carta rogatória, por meio da cópia integral de partes do texto disponível no

site. É importante destacar que no site do STF está disponibilizado para pesquisa somente o

relatório do Presidente do Tribunal que emitiu a decisão monocrática. Não constam,

portanto, informações que seriam de extrema importância para o desenvolvimento de

análises qualitativas, como o inteiro teor da carta encaminhada pelo país rogante, o parecer

da Procuradoria-Geral da República e ainda o voto do Ministro-presidente. Este fato nos

levou a encontrar, em 249 das 400 cartas rogatórias, situações em que o crime sobre o qual

versa o processo que originou o pedido de cooperação não pôde ser identificado.6

O cadastro de todo o material – download e cópia das decisões do site – foi feito de uma só

vez, num período de 15 dias. Com isso, é possível dizer que não existem lacunas ou ainda

decisões que não estão abrangidas na pesquisa entre aquelas disponíveis no site.

Após o cadastro, iniciamos o preenchimento dos campos com as informações constantes

nos documentos. Definimos 28 campos, divididos em quatro grandes grupos:

(A) Procedimento: número da carta rogatória; procedência – país em que teve origem o

pedido de diligência; juízo rogante – órgão do país que emitiu a rogatória a ser cumprida no

Brasil; ramo do direito – classificação de acordo com a natureza da ação ou procedimento

no juízo rogante; partes – os interessados na carta rogatória, quando identificados. São

6 É o caso da CR 7126 que trata de quebra de sigilo bancário: as informações disponíveis para leitura não nos permite dizer qual foi o crime cometido na Itália que originou o pedido de quebra de sigilo e seqüestro de bens dos interessados no Brasil. A carta rogatória foi classificada pelo site como tratando de “assuntos diversos”

Page 13: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 11

incluídos nessa classificação todos aqueles que terão relação com o cumprimento das

diligências; relator: presidente do STF à época do julgamento; objeto: tipificação penal

mencionada referente ao processo instaurado no juízo rogante; diligência solicitada:

utilizamos aqui a lista de possíveis diligências em cartas rogatórias elaborada pelo DRCI-

MJ (citação, intimação, inquirição de testemunhas, fornecimento de documentos,

fornecimento de informações, quebra de sigilo bancário e seqüestro de bens).

(B) Recursos: número – identificação da petição distribuída no STF; tipo – impugnação,

agravo regimental ou embargos de declaração à carta rogatória; objeto do recurso – síntese

das alegações da parte que interpôs o recurso; decisão – se o pedido foi negado, provido,

não conhecido ou ainda não foi julgado.

(C) Datas e prazos: entrada no STF (autuação) – data de registro da carta; citação do

interessado – refere-se à data de juntada aos autos do Aviso de Recebimento (AR), ou ao

término do prazo da citação por edital; parecer da Procuradoria-Geral da República –

refere-se à data em que o parecer é juntado aos autos; diligência necessária – se o pedido

não está completo, por qualquer motivo, ele pode ser transformado em diligências para

complementação da carta rogatória. Após a complementação, o processo retorna ao trâmite

normal; decisão – quando mescladas, as células referem-se às datas das decisões sobre os

recursos interpostos e à data da decisão que concede ou denega o exequatur; baixa dos

autos em diligência – ocorre apenas após a concessão do exequatur. Os autos são

encaminhados ao juízo rogado; retorno ao STF – depois de cumpridas as diligências, os

autos são encaminhados novamente ao Tribunal para envio ao juízo rogante; devolução ao

rogante – data em que o pedido cumprido é encaminhado ao juízo rogante.

(D) Exequatur: este grupo divide-se em sete campos. Os três primeiros dizem respeito à

decisão final do STF sobre a concessão ou não do exequatur (concedido, negado, parcial).

O quarto campo diz respeito à justificativa adotada pelo STF para conceder ou negar o

exequatur. Neste campo, reproduzimos trechos da decisão que nos permite, pelo

mecanismo de “busca por palavras”, localizar argumentos específicos. Por fim, os três

últimos campos sistematizam as razões de não concessão do exequatur às cartas rogatórias

(ordem pública, soberania, caráter executório).

Page 14: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 12

1.2. RESULTADOS

No período analisado, exerceram a presidência e, logo, decidiram sobre a concessão de

cartas rogatórias os Ministros Marco Aurélio, em 201 casos, Maurício Corrêa, em 119,

Carlos Veloso em 44, Celso de Melo em 17, Sepúlveda Pertence em 15 e Nelson

Jobim em 4.

No tocante aos objetos, especificamente na área penal, foram identificados mais de 20 tipos

penais diferentes. Entre os quais estão: homicídio, roubo, furto, acidente de trânsito,

atentado terrorista, atentado violento ao pudor, perturbação da ordem, comércio

fraudulento, contrabando, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsificação

de moedas, seqüestro de crianças, tráfico de drogas e tráfico de mulheres.

Apresentamos, a seguir, tabelas referentes ao número de cartas rogatórias de acordo com o

país, o ramo do direito e o tipo de diligência solicitada.

Tabela 1 – Número de cartas rogatórias por país

TOTAL Quant. % Penal Quant. % do total % por país Alemanha 31 7,8% Alemanha 5 4,4% 16,1% Argentina 130 32,5% Argentina 30 26,3% 23,1% Áustria 6 1,5% Áustria 2 1,8% 33,3% Bélgica 4 1,0% Bélgica 3 2,6% 75,0% Bolívia 2 0,5% Bolívia 0 0,0% 0,0% Chile 8 2,0% Chile 4 3,5% 50,0% China 1 0,3% China 0 0,0% 0,0% Colômbia 9 2,3% Colômbia 6 5,3% 66,7% Costa Rica 1 0,3% Costa Rica 1 0,9% 100,0% Dinamarca 3 0,8% Dinamarca 2 1,8% 66.7% El Salvador 1 0,3% El Salvador 1 0,9% 100,0% Espanha 16 4,0% Espanha 2 1,8% 12,5% EUA 31 7,8% EUA 1 0,9% 3,2% França 27 6,8% França 10 8,8% 37,0% Grécia 3 0,8% Grécia 1 0,9% 33,3% Holanda 2 0,5% Holanda 1 0,9% 50,0% Inglaterra / Grã-Bretanha 7 1,8%

Inglaterra / Grã-Bretanha 2 1,8% 28,6%

Itália 12 3,0% Itália 7 6,1% 58,3% Japão 20 5,0%

Japão 0 0,0% 0,0%

Page 15: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 13

México 2 0,5% México 0 0,0% 0,0% Noruega 1 0,3% Noruega 0 0,0% 0,0% Paraguai 3 0,8% Paraguai 1 0,9% 33,3% Peru 1 0,3% Peru 0 0,0% 0,0% Portugal 40 10,0% Portugal 15 13,2% 37,5% Suíça 18 4,5% Suíça 11 9,6% 61,1% Turquia 2 0,5% Turquia 0 0,0% 0,0% Uruguai 18 4,5% Uruguai 8 7,0% 44,4% Venezuela 1 0,3% Venezuela 1 0,9% 100,0% TOTAL 400 100,0% TOTAL 114 100,0% 28,5%

Tabela 2 – Número de cartas rogatórias por ramo do direito

Ramo do direito Quant. % Penal 114 28,5%Civil 256 64%Administrativo 1 0,25%Comercial 21 5,25%Financeiro 4 1%Trabalhista 4 1%TOTAL 400 100,0%

Tabela 3 – Número de cartas rogatórias por tipo de diligência

Todas as cartas Total % Citação, intimação, inquirição de testemunhas1 208 53% Fornecimento de documentos e informações2 164 42% Quebra de sigilo bancário 20 5% Seqüestro de bens 3 1% TOTAL 395 100% 1 3 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas 2 2 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

As diligências foram catalogadas em sete tipos: citação, intimação, inquirição de

testemunhas, fornecimento de documentos, fornecimento de informações, quebra de sigilo

bancário e seqüestro de bens. No entanto, a maior parte das cartas rogatórias envolve mais

de uma diligência, o que fez com que fracionássemos estes sete tipos em onze entradas,

para contemplar todas as combinações possíveis. Tendo em vista os objetivos da pesquisa,

Page 16: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 14

reagrupamos estas onze em quatro grandes categorias: (i) apenas pedidos comuns (citação,

intimação, inquirição de testemunhas); (ii) pedidos envolvendo, entre outros, entrega de

documentos e informações; (iii) pedidos envolvendo, entre outros, quebra de sigilo

bancário; e (iv) pedidos referentes a seqüestro de bens.

Tabela 4 – Resultado por país – matéria penal

País Concedido Negado Parcial Não julgado Total

Alemanha 4 80,0% 1 20,0% 0 0,0% 0 0,0% 5 Argentina 21 70,0% 6 20,0% 3 10,0% 0 0,0% 30 Áustria 1 50,0% 1 50,0% 0 0,0% 0 0,0% 2 Bélgica 1 33,3% 0 0,0% 1 33,3% 1 33,3% 3 Chile 1 25,0% 2 50,0% 1 25,0% 0 0,0% 4 Colômbia 4 66,7% 0 0,0% 2 33,3% 0 0,0% 6 Costa Rica 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 Dinamarca 2 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2 El Salvador 0 0,0% 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 Espanha 1 50,0% 0 0,0% 1 50,0% 0 0,0% 2 EUA 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 França 4 40,0% 2 20,0% 4 40,0% 0 0,0% 10 Grécia 0 0,0% 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 Holanda 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 Inglaterra / Grã-Bretanha 2 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2 Itália 3 42,9% 2 28,6% 1 14,3% 1 14,3% 7 Paraguai 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 Portugal 11 73,3% 4 26,7% 0 0,0% 0 0,0% 15 Suiça 5 45,5% 2 18,2% 4 36,4% 0 0,0% 11 Uruguai 5 62,5% 1 12,5% 2 25,0% 0 0,0% 8 Venezuela 1 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1

TOTAL 70 61,4% 23 20,2% 19 16,7% 2 1,8% 114

Page 17: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 15

Tabela 5 – Resultado por tipo de diligência e ramo do direito

T I P O D E D I L I G Ê N C I A P O R R A M O D O D I R E I T O Penal Concedidas % Negadas % Parcial % Total %

Citação, intimação, inquirição de testemunhas1 23 74% 7 23% 1 3% 31 28%

Fornecimento de documentos e informações2 45 71% 10 16% 8 13% 63 56%

Quebra de sigilo bancário 2 11% 6 33% 10 56% 18 16% TOTAL 70 63% 23 21% 19 17% 112 100%1 1 carta não foi julgada 2 1 carta não foi julgada

Civil Concedidas % Negadas % Parcial % Total % Citação, intimação, inquirição de testemunhas¹ 138 84% 24 15% 3 2% 165 65%

Fornecimento de documentos e informações 62 73% 19 22% 4 5% 85 33%

Quebra de sigilo bancário² 1 50% 1 50% 0 0% 2 1% Seqüestro de bens 0 0% 2 100% 0 0% 2 1% TOTAL 201 79% 46 18% 7 3% 254 100% ¹ 2 cartas não julgadas. ² O pedido concedido refere-se à apreensão de valores depositados em conta corrente (CR 30905), a carta negada refere-se à quebra de sigilo bancário (CR 100003).

Demais áreas Concedidas % Negadas % Parcial % Total % Citação, intimação, inquirição de testemunhas 11 92% 1 8% 0 0% 12 41%

Fornecimento de documentos e informações1 12 75% 3 19% 1 6% 16 55%

Seqüestro de bens 1 100% 0 0% 0 0% 1 3% TOTAL 24 83% 4 14% 1 3% 29 100% 1 1 carta não julgada

Todas as cartas Concedidas % Negadas % Parcial % Total % Citação, intimação, inquirição de testemunhas1 172 83% 32 15% 4 2% 208 53%

Fornecimento de documentos e informações2 119 73% 32 20% 13 8% 164 42%

Quebra de sigilo bancário 3 15% 7 35% 10 50% 20 5% Seqüestro de bens 1 33% 2 67% 0 0% 3 1% TOTAL 295 75% 73 18% 27 7% 395 100% 1 3 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas 2 2 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

Page 18: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 16

A tabela 4 realiza um cruzamento das informações relativas à área do direito, ao tipo de

diligência e ao número de concessões e denegações. Dessa forma, pode-se notar que,

considerando o conjunto total de cartas rogatórias, o Supremo concede muito mais que

denega (75% de concessões contra 18% de denegações). Esta relação modifica-se ao

considerarmos separadamente as cartas concernentes à matéria penal e à matéria civil.

Como se vê, na área penal o resultado da carta corresponde a 63% de concessões contra

21% de denegações, enquanto na área civil esta relação altera-se para 79% de concessões

contra 18% de denegações.

Vale lembrar que a alta taxa de concessões é fortemente influenciada pelas citações,

intimações e inquirições de testemunhas que, em todas as áreas, têm as taxas mais elevadas

de concessão. O mesmo não ocorre quando se trata de medidas relacionadas à quebra de

sigilo bancário. Especificamente relacionadas à área penal, havendo solicitação desta

natureza, o padrão de resultado das cartas inverte-se: 89% de denegações contra 11% de

concessões.

Tabela 6 – Resultado, de acordo com o objeto da carta – matéria penal

PENAL Objeto Concedido Negado Parcial Total

Acidente de trânsito 1 0 0 1 Atentado terrorista 5 2 1 8 Atentado violento ao pudor 1 0 0 1 Perturbação à ordem pública 1 0 0 1 Comércio fraudulento 1 0 0 1 Confirmação sobre existência de ação penal contra os interessados 0 1 0 1

Contrabando 1 0 0 1 Crimes contra a honra 0 1 0 1 Emissão de cheque sem cobertura 2 0 0 2 Extradição (dar ciência de processo) 1 0 0 1 Falsificação de moeda 0 1 0 1 Furto 1 0 1 2 Homicídio 3 1 3 7 Infração contra a ANAG (lei para estrangeiros) 1 0 0 1

Page 19: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 17

Não apurado 1 0 1 2 Não especificado¹ 37 9 5 51 Operação Condor 1 0 0 1 Prisão decretada no exterior (intimação para cumprimento de pena) 1 0 0 1

Remessas ilegais ao exterior 1 0 0 1 Roubo de bens patrimoniais 0 0 1 1 Roubo de veículo 1 2 0 3 Seqüestro 1 3 0 4 Tráfico de drogas 7 1 4 12 Tráfico de mulheres 0 0 1 1 Lavagem de dinheiro e outros (corrupção, falência fraudulenta, estelionato) 2 2 2 6

TOTAL 70 23 19 112 ¹ CRS que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

Tabela 7 – Resultado, de acordo com o objeto da carta – matéria civil

Objeto Concedido Negado Parcial Total Abandono de família 1 1 0 2 Ação de cobrança 4 0 0 4 Ação de indenização 12 0 0 12 Ação declaratória de nulidade de registro de imóveis 1 0 0 1 Averiguação adquirida de direitos de imagens 1 0 0 1 Coleta de sangue 1 0 0 1 Comparecimento em audiência 1 0 0 1 Débito de pensão alimentícia 0 1 0 1 Declaração testemunhal 0 1 0 1 Declarações falsas 1 0 0 1 Descumprimento de decisão judicial 0 1 0 1 Dívida* 0 1 0 1 Dívida de jogo 1 3 0 4 Dívida em pensão alimentícia 1 0 0 1 Dívida no exterior decorrente de sociedade comercial 1 0 0 1

Divórcio 9 2 0 11 Embargo de bens 0 1 0 1 Guarda de menor e direito de visita 5 0 2 7 Liquidação de sociedade conjugal 1 0 0 1 Localização de menor 1 0 0 1

Page 20: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 18

Não especificado* 145 29 4 178 Nenhum 3 0 0 3 Pagamento de direitos autorais 1 0 0 1 Partilha 0 1 0 1 Paternidade 3 1 0 4 Penhora de imóvel 0 1 0 1 Pensão alimentícia 0 1 0 1 Perdas e danos 1 0 0 1 Prescrição aquisitiva de imóvel 1 0 0 1 Quebra de uma prótese mamária implantada 0 1 0 1 Reavaliação de bens 1 0 0 1 Regulação de honorários 0 0 1 1 Reparação de danos 1 0 0 1 Repatriamento de restos mortais 1 0 0 1 Resgate de títulos da dívida pública entre 1902 e 1911 0 1 0 1

Separação litigiosa 1 0 0 1 Transcrição e registro de direito de propriedade 1 0 0 1 Violação contratual e descumprimento de obrigações 1 0 0 1 TOTAL 201 46 7 254 * 1 CR ainda não foi julgada

Os levantamentos relacionados ao objeto da carta rogatória, isto é, ao tipo penal investigado

no país de origem, foram fortemente prejudicados pela falta de informações a este respeito.7

Como se vê na tabela 6, em 51 de 112 (46%) dos casos relacionados à área penal, não há

indicação do objeto na folha de rosto da decisão (informações detalhadas), ou mesmo no

corpo da decisão. No tocante à esfera civil, este número é ainda maior: em 178 de 254

(70%) dos casos não há especificação do objeto do procedimento que tramita no juízo

rogante (tabela 7).

De qualquer forma, entre as cartas que indicam o crime relacionado ao pedido de

cooperação, é possível notar que “tráfico de drogas” lidera com doze pedidos, seguido de

“atentado terrorista” com oito solicitações, “homicídio” com sete e lavagem de dinheiro

com seis pedidos. Na esfera civil, o maior número de pedidos refere-se a “ações de

7 Para o levantamento destes dados foram consultados todos os documentos disponíveis na página do STF em relação a cada uma das cartas rogatórias, isto é, a página de rosto e os itens “detalhes” e “andamento”.

Page 21: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 19

indenização”, em doze casos; seguido de “divórcios”, em onze; “guarda de menores” em

sete pedidos e, enfim, “dívida de jogo”, “paternidade” e “ação de cobrança” com quatro

pedidos cada.

Tabela 8 – Interposição de recursos, por tipo de diligência

PENAL Sem recurso %

Com um

recurso %

Mais de um

recurso % Total

Citação, intimação, inquirição de testemunhas 19 59% 11 34% 2 6% 32 Fornecimento de documentos e informações 59 92% 4 6% 1 2% 64 Quebra de sigilo bancário 12 67% 5 28% 1 6% 18 Seqüestro de bens 0 0% 0 0% 0 0% 0 TOTAL 90 79% 20 18% 4 4% 114

CIVIL Sem recurso %

Com um

recurso %

Mais de um

recurso % Total

Citação, intimação, inquirição de testemunhas 110 66% 56 34% 1 1% 167 Fornecimento de documentos e informações 75 88% 9 11% 1 1% 85 Quebra de sigilo bancário 2 0% 0 0% 0 0% 2 Seqüestro de bens 1 50% 1 50% 0 0% 2 TOTAL 188 73% 66 26% 2 1% 256

TODAS AS CARTAS Sem recurso %

Com um

recurso %

Mais de um

recurso % Total

Citação, intimação, inquirição de testemunhas 135 64% 73 35% 3 1% 211 Fornecimento de documentos e informações 148 89% 16 10% 2 1% 166 Quebra de sigilo bancário 14 70% 5 25% 1 5% 20 Seqüestro de bens 2 67% 1 33% 0 0% 3 TOTAL 299 75% 95 24% 6 2% 400

A interposição de recursos pela parte interessada desempenha papel fundamental no que diz

respeito ao tempo de tramitação das cartas rogatórias. Por essa razão, no decorrer da coleta

de dados, para cada carta rogatória pesquisada indicamos a existência de recurso e, em caso

positivo, a quantidade e o tipo, bem como as datas correspondentes à tramitação. A tabela 8

Page 22: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 20

consolida as informações referentes à interposição de recurso, de acordo com a área do

direito e o tipo de diligência solicitada. Como se vê, há um padrão regular de interposição

de recursos: foram interpostos um ou mais recursos em 21% das cartas penais e em 26,5%

das cartas em matéria civil. A interposição reiterada de recurso em uma mesma carta

rogatória é, no entanto, mais freqüente na esfera penal (4% do total de cartas penais) que na

civil (1% do total de cartas cíveis).

No tocante ao tempo de tramitação, foram consideradas apenas as concluídas, isto é, as 309

cartas que já haviam sido devolvidas ao juízo rogante. Dentro deste grupo, calculamos o

tempo de tramitação levando em conta três variáveis: o ramo do direito, a eventual

existência de recurso e o resultado (concedidas e não-concedidas). No que concerne ao

ramo do direito, distinguimos entre cartas rogatórias “não-penais”, “apenas penais” e “todas

as cartas”. As duas outras variáveis são binárias: “com recurso” ou “sem recurso” e

“concedido” ou “negado”.

As estatísticas estão apresentadas em dias, pela média, desvio, mediana, número de casos

(N) e mínimo e máximo de dias contabilizados em cada categoria. Tendo em vista a

substancial variação entre o mínimo e o máximo em alguns casos, recomenda-se a

utilização da mediana, que não é afetada pelos valores extremos, para identificar o tempo

de tramitação dos procedimentos.8

As três próximas tabelas, separadas de acordo com o ramo do direito, indicam o tempo total

de tramitação da carta rogatória, da data do primeiro registro no cartório do STF até a data

de devolução da carta ao juízo rogante.

8 De acordo com Fernando Lima, estatístico responsável pela preparação dos dados.

Page 23: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 21

Tabelas 9, 10 e 11 – Tempo total de tramitação, em dias

(da entrada até a devolução ao rogante)

Tabela 9 – Estatísticas por ramo do direito: “não-penal” Estatísticas Existência de

recurso Resultado Média Desvio Mediana N Mínimo Máximo Parcial 408,5 136,5 408,5 2 312 505 Concedido 456,5 255,1 385,0 129 88 2121 Negado 185,7 155,2 135,0 31 35 820

Não Total 404,1 260,2 361,0 162 35 2121 Parcial 321,0 . 321,0 1 321 321 Concedido 581,9 740,0 394,5 44 168 5005 Negado 359,6 258,6 274,0 14 86 1097

Sim

Total 524,7 656,3 370,0 59 86 5005

Tabela 10 – Estatísticas por ramo do direito: “penal” Estatísticas Existência de

recurso Resultado Média Desvio Mediana N Mínimo MáximoParcial . . . 0 . . Concedido 511,7 390,5 372,0 55 148 2345 Negado 259,4 152,4 208,0 19 46 629

Não Total 446,9 361,7 349,0 74 46 2345 Parcial 691,0 . 691,0 1 691 691 Concedido 552,1 312,0 454,0 11 302 1336 Negado 592,0 111,7 592,0 2 513 671

Sim

Total 567,7 278,0 494,5 14 302 1336

Tabela 11 – Estatísticas por ramo do direito: “todas” Estatísticas Existência de

recurso Resultado Média Desvio Mediana N Mínimo MáximoParcial 408,5 136,5 408,5 2 312 505 Concedido 473,0 301,9 381,5 184 88 2345 Negado 213,7 156,8 178,5 50 35 820

Não Total 417,5 295,7 357,0 236 35 2345 Parcial 506,0 261,6 506,0 2 321 691 Concedido 575,9 674,0 398,0 55 168 5005 Negado 388,7 255,1 304,0 16 86 1097

Sim

Total 533,0 601,0 378,0 73 86 5005

Page 24: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 22

As três tabelas seguintes referem-se ao tempo de tramitação das cartas rogatórias no interior

do STF. O objetivo aqui é medir o tempo que este leva para decidir pela concessão ou não

da carta rogatória. Tendo em vista que este marco temporal exclui o período de eventual

cumprimento das cartas rogatórias concedidas, eliminamos a variável relativa ao resultado

(“concedido” ou “negado”).

Tabelas 12, 13 e 14 – Tempo de tramitação no STF

(da entrada até a decisão)

Tabela 12 – Ramo do direito: “não-penal” Existência de recurso Média Desvio Mediana N Mínimo Máximo Não 160,0 81,6 155,5 162 5 493 Sim 242,5 221,6 195,0 59 28 1381 Total 182,0 138,4 164,0 221 5 1381

Tabela 13 – Ramo do direito: “penal” Existência de recurso Média Desvio Mediana N Mínimo Máximo Não 173,4 207,2 123,0 74 10 1317 Sim 353,8 251,8 257,0 14 98 972 Total 202,1 223,4 139,5 88 10 1317

Tabela 14 – Ramo do direito: “todas” Existência de recurso Média Desvio Mediana N Mínimo Máximo Não 164,2 133,9 146,5 236 5 1317 Sim 263,9 230,1 199,0 73 28 1381 Total 187,7 166,9 156,0 309 5 1381

Tabela 15 – Tempo de tramitação consolidado

Da entrada à devolução ao rogante Ramo do direito Da entrada à decisão do

STF sem recurso com recurso

dias 10 – 1317 46 – 2345 302 – 1336 “penal” média 139 349 494,5 dias 5 – 1381 35 – 2121 86 – 5005 “não-

penal” média 164 361 370 dias 5 – 1381 35 – 2345 86 – 5005 “todas”

média 156 357 378

Page 25: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 23

2. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Ainda sob a égide do Império, o Decreto 6.982, de 27.07.1878, foi o primeiro a disciplinar

a execução das sentenças civis e comerciais estrangeiras. Mesmo sem regular

especificamente o procedimento de homologação de sentença estrangeira, os princípios

norteadores do instituto já se encontram presentes: reciprocidade, atendimento a

formalidades externas destinadas à execução da sentença, trânsito em julgado da sentença,

autenticação pelo consulado brasileiro, tradução por intérprete juramentado. Deste

conjunto, apenas a “reciprocidade” não migrou para a legislação posterior, pois a idéia de

garantia mútua de interesses dos Estados, sobrepondo-se à proteção dos direitos

individuais, revelou-se inadequada ao instituto.9

O reforço ao sistema federativo impulsionado pelo advento da República revela-se, entre

outros fatores, pela atribuição de poder ao STF. Nessa linha, a Lei 221, de 1894, atribui a

competência para homologar sentenças estrangeiras ao STF, ouvidas as partes interessadas

e o Procurador-Geral da República. De acordo com o procedimento estabelecido no art. 12,

§ 4.º, o executado deve ser citado para oferecer sua “oposição”, podendo o exeqüente

contestá-la com base em fundamentos específicos. São eles: (i) a autenticidade do

documento e a inteligência da sentença; (ii) não ter a sentença passado em julgado; (iii) não

ter sido a sentença proferida por juiz ou tribunal competente; (iv) não terem sido

devidamente citadas as partes ou não se ter legalmente verificado a sua revelia, quando

deixarem de comparecer; (v) conter a sentença disposição contrária à ordem pública ou ao

direito público interno da União. Em nenhum caso é admissível a produção de provas sobre

as questões de fundo relacionadas à sentença (Lei 221/1894, art. 12, § 4.º, b).

O instituto não foi objeto de regulamentação constitucional até 1934, quando a Constituição

da República dos Estados Unidos do Brasil estabeleceu a competência da Corte Suprema

para processar e julgar originariamente, além da “extradição de criminosos, requisitada por

9 Ver, nesse sentido, Carlos Eduardo de Abreu Boucault. Homologação de sentença estrangeira e seus efeitos perante o STF. São Paulo: Juarez Oliveira, 1999. p. 4-5. Em suas palavras: “A reciprocidade, prática correlata da cortesia e da liberalidade, não se coaduna com o princípio do reconhecimento igualitário da soberania dos Estados para fazer cumprir os atos jurisdicionais que reconheceram situações e relações jurídicas, em caráter privado”.

Page 26: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 24

outras nações”, a homologação de sentenças estrangeiras (art. 76). Da mesma forma, dispõe

a Constituição de 1937 e todas as seguintes.10

Ao contrário da esfera civil em que não há especificação relativa à natureza da sentença, na

esfera penal apenas podem ser homologadas aquelas que obrigam uma pessoa condenada à

reparação do dano, a restituições e outros efeitos civis ou que a sujeitam a medida de

segurança (art. 7.º do Código Penal).11 Desta limitação decorre a baixíssima utilização do

procedimento na esfera penal.

A necessidade de homologação por parte do STF como requisito fundamental à eficácia das

sentenças estrangeiras é enfatizada, posteriormente, no art. 16 da Lei de Introdução ao

Código Civil, de 1942, e no Código de Processo Civil, de 1973. A Lei de Introdução repete,

na forma de requisitos à execução da sentença estrangeira, os “fundamentos à oposição” da

Lei de 1894.12 E acrescenta, para as leis, atos e sentenças de outro país, a impossibilidade

de obtenção de eficácia quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons

costumes (art. 17). O Código de Processo Civil, por seu turno, indica que cabe ao

Regimento Interno do STF regulamentar o procedimento homologatório (art. 483) e ainda

que, uma vez homologada a sentença, sua execução obedecerá às regras estabelecidas para

a execução de sentença nacional da mesma natureza (art. 484).

Enfim, com estas características e sob estes requisitos eram homologadas sentenças

estrangeiras no Brasil até a mais recente “reforma do Poder Judiciário”. Como indicado

anteriormente, a homologação de sentenças estrangeiras passou à competência do STJ que

estabeleceu novas regras ao seu processamento. Essas mudanças extrapolam, no entanto, os

10 Constituição de 1934, art. 76, I, alínea g; Constituição de 1937, art. 101, I, alínea f; Constituição de 1946, art. 101, I, alínea g; Constituição de 1967, art. 114, I, alínea g; Emenda Constitucional de 1969, art. 119, I, alínea g; Constituição de 1988, 102, I, alínea h. Em todas essas regulamentações, a competência para conceder a homologação se manteve no STF. 11 A descrição do procedimento a ser seguido nestes casos encontra-se no Código de Processo Penal, arts. 788 a 790. 12 Os requisitos para execução de sentenças estrangeiras no Brasil são: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo STF (Lei de Introdução ao Código Civil, art. 16). De acordo com o parágrafo único, não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do estado das pessoas.

Page 27: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 25

limites do presente relatório, tendo em vista que a pesquisa realizada restringe-se às

decisões proferidas sob a competência do STF.

2.1. DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

A pesquisa teve como base material as informações disponíveis no site do Supremo

Tribunal Federal (STF) – <www.stf.gov.br>. No campo “pesquisa de jurisprudência”,

realizamos uma pesquisa livre pela expressão “homologação de sentença estrangeira” no

campo “decisões monocráticas”. Foram encontrados 196 registros envolvendo cartas

rogatórias (CR), homologação de sentença estrangeira (SE) e habeas corpus (HC). Desses

registros, foram considerados 151 documentos denominados “SE” pelo distribuidor do

Tribunal.

A homologação de sentença estrangeira tem numeração seqüencial e própria e, por

conseguinte, é possível determinar o intervalo de tempo analisado e quantos pedidos foram

homologados ao longo desse período. A presente pesquisa refere-se ao período situado

entre 15.04.1996 e 02.08.2004, intervalo em que foram distribuídos 3.466 pedidos de

homologação de sentença estrangeira no STF. Deste total, apenas 151 decisões foram

disponibilizadas no site do STF, de acordo com critérios não objetivos.13

As 151 decisões de homologação foram copiadas para documento de Word compreendendo

o relatório (com o resumo dos fatos e a última decisão), os “detalhes” do processo,

disponíveis em link separado que continham informações sobre data de entrada,

procedência, partes envolvidas, ramo do direito e ainda o assunto da sentença. Foi copiado

também o link intitulado “andamentos”, com toda a tramitação do processo, desde a entrada

ao arquivamento. Os documentos foram então classificados cronologicamente pela data da

autuação para facilitar a leitura e o acompanhamento de possíveis vertentes de

13 Como explicitado anteriormente no que diz respeito às cartas rogatórias, não há como estabelecer qualquer tipo de relação entre as 151 decisões do nosso banco e o total de decisões do período. Isto porque, ao contrário dos acórdãos que são integralmente disponibilizados no site do STF, as decisões monocráticas passam por um processo de seleção manual. Dessa forma, os resultados apresentados neste relatório não representam a totalidade das decisões de homologação do período, mas apenas o total de decisões disponíveis no site.

Page 28: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 26

interpretação, identificar entendimentos mais consolidados e posições do Tribunal a

respeito do tema. Vale destacar que a organização do site é feita a partir da data da decisão.

Com base neste material, passou-se à sistematização dos dados em planilha de Excel. A

planilha conta com 19 campos e foi dividida em quatro grandes áreas: (A) procedimentos,

(B) recursos, (C) datas e prazos, (D) fundamentação e ainda um último em que coletamos

observações relevantes à pesquisa.

(A) Procedimentos: número de identificação do distribuidor do STF; procedência – partes

envolvidas no processo que tramitou na Justiça estrangeira; relator – presidente responsável

pela homologação da sentença estrangeira; ramo do direito – classificação de acordo com a

natureza da sentença estrangeira (civil ou penal); objeto – conteúdo da sentença.

(B) Recursos: número de distribuição do recurso no cartório do STF; classificação do

recurso interposto; decisão do Pleno do Tribunal sobre a procedência ou não do recurso

interposto;

(C) Datas e prazos: entrada STF – data em que o processo é autuado; citação – quando

necessária, a data da citação das partes envolvidas na decisão a ser homologada; nomeação

de curador – quando uma das partes não contesta o pedido, ou não é devidamente citada, há

a nomeação de um curador especial que se pronunciará sobre o cabimento ou não da

homologação; parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) – datas em que foi dada

vista à PGR para opinar sobre o pedido de homologação; despachos e decisões – datas em

que foram proferidas decisões; extração da carta de sentença – momento em que o

interessado retira a carta de sentença no STF; baixa ao arquivo – depois de julgado, data em

que o processo é encaminhado ao arquivo do STF.

(D) Justificativa: julgamento – decisão do Presidente sobre a homologação do pedido,

classificado como: sim, não, parcialmente, arquivado e não julgado; fundamentação – cópia

da argumentação do presidente do STF sobre os fundamentos da decisão; observações –

apontamento de dados interessantes observados durante a análise, como jurisprudência

citada, diferença de trâmite, entre outras.

Page 29: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 27

2.2. RESULTADOS

No tocante aos países que, no período compreendido pela pesquisa, deram origem às

solicitações de homologação de sentença estrangeira no Brasil, é possível identificar forte

concentração de pedidos em três deles: Estados Unidos, com 29%; Alemanha, com 21%; e

Suíça, com 9%. Doze dos 28 países constantes da lista apresentada a seguir originaram

apenas uma solicitação.

Tabela 16 – Pedidos de homologação de sentença estrangeira por país

País Decisões PorcentagemEUA 44 29% Alemanha 31 21% Suíça 14 9% França 8 5% Itália 6 4% Argentina 5 3% Japão 5 3% Portugal 5 3% Reino Unido 4 3% Áustria 3 2% Israel 3 2% Austrália 2 1% Espanha 2 1% Noruega 2 1% Paraguai 2 1% República Dominicana 2 1% Albânia 1 1% Bolívia 1 1% Chile 1 1% Cuba 1 1% Finlândia 1 1% Hungria 1 1% México 1 1% Não consta 1 1% Peru 1 1% República do Líbano 1 1% Rússia 1 1% Suécia 1 1% Turquia 1 1% TOTAL 151 100%

Page 30: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 28

A grande maioria das sentenças objeto do pedido de homologação versava sobre questões

relacionadas à anulação de casamento e divórcio. Somadas àquelas referentes a adoção,

alimentos, posse e guarda de menores, alcançam 89% do total de decisões analisadas. Ao

lado do direito de família, foram encontradas sentenças tratando a respeito de cobrança de

honorários advocatícios, decretação de prisão, execução de título extrajudicial, interdição,

laudo arbitral, nulidade de procuração especial e rescisão de contrato de empréstimo.

Tabela 17 – Objeto da sentença (consolidado)

Objeto da sentença N. %

Anulação de casamento e divórcio 119 79%

Adoção, alimentos, posse e guarda de menor 15 10%

Inventário e testamento 5 3% Anulação de casamento, divórcio, guarda e adoção de menores e regulação do pátrio poder 4 3%

Cobrança de honorários advocatícios 2 1% Outros (decretação de prisão, execução de título extrajudicial, interdição, laudo arbitral, nulidade de procuração especial, rescisão de contrato de empréstimo)

6 4%

TOTAL 151 100%

A sistematização dos julgamentos dos pedidos de homologação permite observar que, em

face da possibilidade de complementação da petição inicial pelo requerente, em poucos

casos o Tribunal depara-se com a impossibilidade de concessão do pedido. Do conjunto de

decisões analisadas, 70% foram homologadas. As demais podem ser divididas em

“concedidas parcialmente”, “denegadas”, “arquivadas” e “não julgadas”. Estão

classificados como “arquivadas” as decisões que atestam a desistência da parte interessada,

manifestada explicitamente nos autos, ou tacitamente, em face, por exemplo, da inércia em

responder à intimação para complementar a petição inicial.

Em todas as homologações em que a parte pedia para que fosse incluída alguma cláusula

que não constava na decisão homologanda, o STF acabava deferindo parcialmente o

Page 31: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 29

pedido,14 pois há o entendimento de que o pedido de homologação “deve limitar-se,

estritamente, aos termos que emergem do conteúdo desse ato sentencial, não podendo

abranger e nem estender-se a tópicos, acordos ou cláusulas que não se achem formalmente

incorporados ao texto da decisão homologanda”.15

Entre os casos de denegação, podemos mencionar o da sentença penal com origem nos

EUA em que se pede a decretação da prisão de pessoa domiciliada no Brasil. Nesse caso, o

STF entendeu que “a ação de homologação de sentença estrangeira não pode converter-se

em sucedâneo do processo de extradição passiva, que constitui, este sim, o meio

instrumental adequado à efetivação, no Brasil, da prisão de súditos estrangeiros reclamados

pela Justiça de outros países”.16

Os dezoito pedidos “não julgados” foram assim classificados e obedecem à seguinte

divisão: sete deles foram novamente distribuídos, pois a parte apresentou agravo à decisão

do relator e os outros cinco, por serem recentes ou terem processo demorado, ainda não

cumpriram todo o trâmite interno legal e por isso não foram julgados.17

Tabela 18 – Resultado do julgamento

D E C I S Ã O

Sim Não Não julgado Arquivado Parcial

Total

105 13 18 11 4 151 70% 9% 12% 7% 3% 100%

14 São os casos das HSE 5590, HSE 5824, HSE 5861 e HSE 5908. 15 HSE 5908. 16 HSE 5705. 17 No primeiro caso classificam-se assim os pedidos: 5720, 6152, 6558, 6940, 7201, 7595 e 7841; já na segunda possibilidade estão incluídos os pedidos 5778, 6069, 6869, 7461 e 7705.

Page 32: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 30

Tabela 19 – Resultado do julgamento por país

D E C I S Ã O País

Sim Não Não julgado Arquivado Parcial

Total

Albânia 1 0 0 0 0 1 Alemanha 24 3 2 1 1 31 Argentina 4 0 1 0 0 5 Austrália 2 0 0 0 0 2 Áustria 1 0 2 0 0 3 Bolívia 1 0 0 0 0 1 Chile 0 1 0 0 0 1 Cuba 1 0 0 0 0 1 Espanha 2 0 0 0 0 2 EUA 29 3 8 4 0 44 Finlândia 0 1 0 0 0 1 França 3 1 3 0 1 8 Hungria 1 0 0 0 0 1 Israel 3 0 0 0 0 3 Itália 6 0 0 0 0 6 Japão 3 1 1 0 0 5 México 0 0 0 1 0 1 Não consta 0 1 0 0 0 1 Noruega 1 0 0 1 0 2 Paraguai 2 0 0 0 0 2 Peru 0 0 0 0 1 1 Portugal 4 0 0 0 1 5 Reino Unido 2 1 0 1 0 4

República do Líbano 1 0 0 0 0 1

República Dominicana 1 1 0 0 0 2

Rússia 0 0 0 1 0 1 Suécia 0 0 0 1 0 1 Suíça 12 0 1 1 0 14 Turquia 1 0 0 0 0 1

105 13 18 11 4 151 TOTAL 70% 9% 12% 7% 3% 100%

Para estimar o tempo de tramitação dos pedidos de homologação de sentença estrangeira,

calculou-se o intervalo de tempo, em dias, entre a data de entrada do pedido no STF e a

data da decisão final proferida pelo Tribunal. O total de dias referentes aos intervalos foi,

Page 33: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 31

então, agrupado da seguinte forma: de “menos de 100 dias” a “mais de 1.000 dias” de

tramitação, e, entre estes extremos, novas categorias a cada 100 dias. Não foram

incorporados à tabela abaixo os sete pedidos que ainda aguardavam decisão final. Em

16,6% dos procedimentos, a tramitação do pedido levou menos de 100 dias para ser

concluída. Em 8,3 %, esta tramitação levou mais de 1.000 dias. A grande parte dos pedidos

(64,9%), no entanto, levou em torno de 13 meses – 400 dias no máximo – para alcançar

uma decisão.

Tendo em vista que o art. 219 do RISTF permite que o presidente mande o requerente

completar a petição inicial que não preencha os requisitos exigidos ou apresente

irregularidades que dificultem o julgamento, as informações relativas ao tempo de

tramitação referem-se efetivamente ao procedimento, pouco se podendo delas extrair

qualquer apreciação sobre a atuação do Tribunal em julgá-las. A delonga em alguns casos –

como nos 15,2% que levaram mais de 700 dias – pode ser decorrente do não-cumprimento

do prazo de 10 dias para complementar a petição inicial, estipulado no mesmo art. 219 e,

conseqüentemente, da demora para se determinar a extinção do processo.

Tabela 20 – Tempo de tramitação dos pedidos

Intervalo (em dias)

Total %

parcial%

total

Mais de 1.000 12 8,3%900 a 999 1 0,7%800 a 899 2 1,4%700 a 799 7 4,8%

15,2%

600 a 699 5 3,4%500 a 599 10 6,9%400 a 499 14 9,7%

20,0%

300 a 399 22 15,2%200 a 299 17 11,7%100 a 199 31 21,4%Menos de 100 24 16,6%

64,9%

TOTAL 145 100%

Page 34: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 32

3. EXTRADIÇÃO

A extradição é um procedimento de cooperação jurídica internacional que envolve a

entrega de uma pessoa ao país reclamante em razão de uma ou mais acusações ou

condenações pela prática de crime. Tendo em vista que a fonte de pesquisa utilizada aqui se

limita a acórdãos do STF, o presente relatório aborda apenas a extradição passiva, isto é, os

pedidos solicitados ao Brasil por autoridades estrangeiras. A extradição passiva é regulada

no Brasil pelos arts. 75 a 94 do Estatuto do Estrangeiro (Lei 8.615/1980, alterada pela Lei

6.964/1981) e aplicada aos estrangeiros residentes no Brasil. A competência para o

julgamento dos pedidos de extradição é do STF e seu procedimento está regulado pelo

regimento interno do Tribunal, especificamente entre os arts. 207 a 214. Atualmente, o

Brasil possui Tratados em vigor com dezoito países18 e existem ainda outros cinco que

tramitam no Congresso Nacional.19

Desde o primeiro pedido de extradição do período republicano, autorizado pelo STF em

1912, quase mil casos foram processados e julgados no Brasil. Destes, os resultados

preliminares apresentados a seguir referem-se a 203 acórdãos julgados nos últimos doze

anos. As informações sistematizadas até o presente momento dizem respeito aos

percentuais de concessão e denegação do pedido de extradição por país solicitante, ao

recurso à reciprocidade ou à existência de tratado como base legal para o pedido, à

tipificação penal dos casos e, enfim, ao tempo de tramitação dos procedimentos

junto ao STF.

18 Os países são: Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Itália, México, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suíça, Uruguai e Venezuela. www.mj.gov.br, último acesso em 29.11.05. 19 Outros países do Mercosul, Canadá, França, Rússia e Líbano. A ratificação do tratado com os países do Mercosul e afiliados já foi feita pelo Brasil, mas para ter vigência internacional ainda são necessárias mais duas ratificações por países-membro e uma de um país convidado. Somente Brasil e Uruguai ratificaram o acordo. www.mj.gov.br, último acesso em 29.11.05.

Page 35: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 33

3.1. DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

Como as demais etapas do projeto que tiveram como objeto as cartas rogatórias e a

homologação de sentenças estrangeiras, a presente pesquisa foi elaborada com base nos

acórdãos disponíveis no site do STF (www.stf.gov.br). Em “pesquisa de jurisprudência” foi

realizada a busca do termo “extradição” e encontrados 796 registros. Os 210 primeiros

registros classificados pelo distribuidor do STF como processos de extradição –

antecedendo a numeração da nomenclatura “Ext” – foram selecionados e copiados para

documentos de Word. Sete processos que não continham todas as informações necessárias

à pesquisa foram desconsiderados.20 Dessa forma, o Banco de Dados compreende 203

pedidos de extradição julgados pelo STF entre 17.11.1993 e 09.12.2004. As informações

utilizadas provêm de duas fontes: dos documentos preparados pelo STF sobre os processos

e do inteiro teor dos acórdãos.

No tocante à primeira fonte, foram copiados em arquivo único a “página de abertura” –

contendo o número do processo, o país requerente, a data do julgamento, a ementa do voto,

as observações e a legislação que serviu de base ao julgamento –, as informações sob a

rubrica “detalhes”, que inclui o número do protocolo de distribuição, as partes envolvidas e

a data de distribuição do pedido e, enfim, o item “andamentos”, que contém toda a

tramitação do pedido de extradição no STF. O download do inteiro teor do acórdão permite,

ademais, o desenvolvimento de pesquisa qualitativa e a complementação, em alguns casos,

da informação disponibilizada na “página de abertura” e nos “detalhes”.

As informações extraídas dos 203 arquivos foram então utilizadas para o preenchimento de

uma tabela de Excel dividida em 13 campos: número de distribuição, país de origem,

relator do pedido, partes envolvidas, tipificação penal (dividido entre a tipificação de

acordo com o código penal nacional e o estrangeiro), datas de autuação e da decisão,

indicação sobre a existência recurso, base legal do pedido, decisão (autorizada ou negada),

resumo da ementa e observações. Uma vez preenchida, a tabela permite o isolamento e a

combinação de variáveis para realização de buscas específicas.

20 A cópia dos dados foi feita entre os dias 7 e 10.03.2005 (de segunda a quinta-feira).

Page 36: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 34

3.2. RESULTADOS

No que concerne ao resultado das solicitações de extradição, a tabela 21 revela que dos 203

acórdãos pesquisados 59,1% foram favoráveis ao pedido, 14,7% foram negadas e 26,1%

foram parcialmente concedidas. A tabela indica ainda que no período pesquisado, entre

1993 e 2004, a Itália (29,5%) foi o país que fez mais solicitações ao Brasil, seguida da

Alemanha (19,7%) e dos Estados Unidos da América (8,8%). Os países identificados com

asterisco (*) possuem Tratado de Extradição com o Brasil.

Tabela 21 – Resultado por país

País Não Parcial Sim Total Itália* 13 17 30 60 Alemanha 3 10 27 40 EUA* 1 11 6 18 Suíça* 0 5 12 17 Portugal* 2 2 7 11 Uruguai* 2 1 8 11 Argentina* 0 2 6 8 Espanha* 1 0 4 5 França 1 0 4 5 Peru* 0 1 4 5 Bélgica* 1 0 3 4 Áustria 0 0 3 3 Paraguai* 2 1 0 3 Grécia 2 0 0 2 Bolívia* 0 0 1 1 Bulgária 0 1 0 1 Canadá 0 0 1 1 China 1 0 0 1 Egito 1 0 0 1 Eslováquia 0 0 1 1 Holanda 0 0 1 1 Japão 0 0 1 1 México* 0 0 1 1 República Tcheca 0 1 0 1

Suécia 0 1 0 1 30 53 120 203 TOTAL 14,7% 26,1% 59,1% 100%

Page 37: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 35

Quanto à tipificação penal subjacente aos pedidos de extradição, a tabela 22 indica as

categorias de crimes que apareceram com mais freqüência nos 203 pedidos analisados.

Tendo em vista que a pessoa sujeita à extradição encontra-se, em muitos casos, acusada da

prática de mais de um crime, os números apresentados na tabela 22 não totalizam 203.

Estas categorias foram elaboradas com intuito de reunir, sob a mesma denominação,

condutas que recebem as mais diversas nomenclaturas, como no caso da “associação

criminosa”, em que foram encontradas doze diferentes denominações. Ou se referem a

figuras penais semelhantes, como na categoria de “falsidades”, em que estão a falsificação

de documentos públicos e privados, a falsidade ideológica e até mesmo a falsificação de

moeda.

As tipificações mais recorrentes referem-se a drogas e ao crime organizado. Crimes

envolvendo tráfico de entorpecentes aparecem em 31% dos casos analisados e “associação

criminosa”, em 12,3%. Além dos crimes listados na tabela 22, foram encontrados processos

versando sobre apologia ao crime, corrupção de menores, contrabando, atividade terrorista,

entre vários outros.

Tabela 22 – Tipos penais

O art. 76 da Lei 6.815/1980, alterado pela Lei 6.964/1981, estabelece que “a extradição

poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou quando

prometer ao Brasil a reciprocidade”. O dispositivo limita, portanto, o fundamento legal do

Tipos penais Tráfico de entorpecentes e afins 63 Estelionato e outras fraudes 26 Associação criminosa 25 Crime contra a vida 24 Crime contra o patrimônio 22 Falsidades 15 Crime falimentar 13 Corrupção 10 Porte ilegal de armas 9 Crime contra a ordem tributária e crime contra o sistema financeiro 7

Lavagem de dinheiro 3

Page 38: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 36

pedido de extradição à existência de tratado ou à promessa de reciprocidade. Como se vê na

tabela 23, a utilização de tratados bilaterais é mais freqüente que o recurso à promessa de

reciprocidade. Entre os dez países que mais solicitaram extradições ao Brasil, não

possuímos tratados apenas com Alemanha e França, responsáveis por 45 dos 203 pedidos

analisados.

Tabela 23 – Fundamento legal do pedido

Fundamento legal do pedido

Total %

Tratado de extradição 141 69,4% Reciprocidade 61 30,0% Não informado 1 0,4% TOTAL 203 100%

A tabela 24 busca apresentar um panorama do tempo de tramitação dos processos de

extradição no STF. Com base nas informações referentes às datas de autuação e de

julgamento do processo, foi calculado o período de tramitação de cada processo. Em

seguida, agrupamos os processos de acordo com os intervalos indicados na tabela 24.

Tabela 24 – Tempo de tramitação

Número de dias

Número de processos

% parcial % total

Mais de 1000 3 1,5% 900 a 999 1 0.5% 800 a 899 1 0.5% 700 a 799 7 3,4% 600 a 699 5 2,5% 500 a 599 4 2,0%

10,3 %

400 a 499 10 4,9% 300 a 399 25 12,3% 200 a 299 57 28,1% 100 a 199 83 40,9% 68,9 %

Menos de 100 7 3,4%

Portanto, temos que apenas sete (3%) processos levaram menos de 100 dias para serem

concluídos e que apenas três (1,5%) tardaram mais de 1.000 dias. É possível extrair destas

Page 39: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 37

informações que 68,9% dos casos analisados levaram entre 100 e 300 dias, isto é, algo em

torno de três a dez meses, para serem julgados. E ainda que apenas 10,3% dos casos

levaram mais de 500 dias, aproximadamente um ano e quatro meses, para serem

concluídos.

Page 40: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 38

Page 41: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

PROJETO DE PESQUISA – A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 39

Apresentação dos anexos

Apresentamos a seguir alguns extratos das tabelas preparadas a partir do banco de dados

utilizado nesta pesquisa. Para permitir a visualização impressa das tabelas, eliminamos as

colunas referentes às datas e aos prazos, bem como as colunas contendo o nome das

partes.

Para os que tiverem interesse em analisar a íntegra dos dados e realizar outras pesquisas

a partir deles, disponibilizamos as tabelas em formato excel no site da DireitoGV

(www.edesp.edu.br), área de publicações, Cadernos Direito GV. As tabelas permitem

restringir a busca e cruzar informações (p. ex. selecionar apenas as decisões de natureza

civil proferidas por determinado Ministro e julgadas procedentes) e realizar buscas por

palavra nos trechos da decisão ali reproduzidos.

Comentários sobre a pesquisa, os dados e projetos futuros são muito bem-vindos:

[email protected]

Page 42: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 40

Page 43: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 41

Anexo I - Carta rogatória

CARTA ROGATÓRIA PROCEDIMENTOS EXEQUATUR JUSTIFICATIVA

N° proto-colo

Procedência

Juízo rogante

Ramo do direito

Relator Objeto Pedido de Diligência

CONCEDIDO

NEGADO PARCIAL

74 Portugal Tribunal da

Relação de Lisboa

Adminis-trativo

Celso de Mello

processo antigo - não especificado

Interrogatório/ Inquirição/Oitiva e Documentos

sim "a indiferença revelada pela Missão Diplomática Portuguesa (...) não responder aos sucessivos ofícios que lhe foram encaminhados desde 1995 (...) desconsideração ao postulado da comitas gentium (...) absoluto desinteresse pela efetiva devolução da presente CR integralmente cumprida pelo Poder Judiciário brasileiro (...) determino: (a) o arquivamento destes autos na Secretaria do STF; (b) a comunicação, ao Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, do inteiro teor do presente ato decisório e (c) a transmissão, por cópia, ao Chefe da Missão Diplomática da República Portuguesa, desta decisão."

30398 Paraguai não citado Civil Sepulveda Pertence

não especificado

Citação e/ou Intimação

sim "Todavia, a diligência pretendida caracteriza medida executória, o que inviabiliza o seu cumprimento. Opinamos, assim, pela denegação do exequatur."

20948 Argentina não citado Civil Sepulveda Pertence

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim da PGR: "A presente rogatória visa a proceder ao embargo executivo sobre as cotas sociais pertencentes à requerida, especificadas no texto rogatório. Tal medida tem caráter puramente executório, o que torna inviável a concessão do exequatur, nos termos da jurisprudência dessa Eg. Suprema Corte. Opinamos, assim, pela denegação do exequatur e devolução da carta à justiça de origem." Acolho o parecer.

28053 Argentina não citado Civil Sepulveda Pertence

não especificado

Fornecimento de documentos

sim da PGR: "A presente rogatória visa a obter a averbação de sentença proferida pela justiça argentina, relativa à dissolução de sociedade conjugal. É inviável de atender-se à medida solicitada, porque sentença estrangeira depende de homologação pela E. Suprema Corte para ser exeqüível em nosso país. Opinamos, assim, pela denegação do exequatur e devolução da carta à origem." Acolho o parecer.

28045 Uruguai não citado Civil Sepulveda Pertence

penhora de imóvel

Fornecimento de documentos

sim A presente rogatória tem por objeto a inscrição da penhora decretada sobre o imóvel especificado no texto rogatório. Tal medida tem caráter puramente executório, o que torna inviável a concessão do exequatur, nos termos da jurisprudência dessa E. Suprema Corte. Assim sendo, opinamos pela denegação do exequatur e

Page 44: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 42

pela devolução da carta à origem". Acolho o parecer.

CR 7126

Itália Tribunal de Bari

Penal Sepulveda Pertence

não especificado

Quebra de Sigilo Bancário

sim "Cuida-se de CR procedente da Itália, através da qual se objetiva a investigação e o seqüestro 'com respeito ao período de 01.01.88 a 31.12.1994, das disponibilidades econômicas, a qualquer título, e da documentação bancária aferente a qualquer título". O pedido não comporta deferimento. O seqüestro de bens e a quebra do sigilo bancário dependem de sentença que os decrete. Deste modo, as medidas em comento não poderão ser desde logo executadas, sem que antes se proceda à homologação da sentença estrangeira que as tenham determinado. Ademais, o pedido constante da rogatória jamais poderá ter caráter executório. Tais as circunstâncias, realmente não vemos como o pedido possa ser atendido sem que se coloque em jogo a soberania nacional. Com estas considerações, opina o MPF pela denegação do exeguatur." Indefiro o exequatur. "Com relação à documentação bancária, além de depender de ordem judicial, inexistente no caso, pois o pedido partiu do MP no Tribunal de Bari, não há como se cumprir o disposto no art. 226 do

28040 Suíça não citado Civil Sepulveda Pertence

paternidade Fornecimento de documentos

sim da PGR: "Não se trata, aqui, propriamente de rogatória, mas, de um pedido do advogado de ofício da parte interessada, pedindo busca e apreensão da menor Anaís Marta Dutra Martinez, cuja guarda foi conferida à sua mãe, em decorrência de sentença proferida pelo juiz estrangeiro. É inviável o cumprimento de tal solicitação, diante do caráter executório da medida e por ser indispensável que a decisão alienígena seja previamente homologada pela E. Suprema Corte. Nessas condições, opinamos pela denegação do exequatur e devolução da carta à origem." Acolho o parecer.

28410 França não citado Civil Sepulveda Pertence

abandono de família

Interrogatório/Inquirição/Oitiva

sim da PGR: "A presente rogatória visa ao cumprimento de mandado de prisão expedido pela justiça estrangeira, em virtude de abandono de família por parte do requerido, que reside nesta capital. Tal medida tem caráter puramente executório, o que torna inviável a concessão do exequatur, nos termos da jurisprudência dessa Egrégia Corte. Assim sendo, opinamos pela denegação do

Page 45: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 43

exequatur e pela devolução da carta à origem" Acolho o parecer.

29610 Argentina Juízo de 1ª

Instância no cível e comercial n° 5 de Buenos Aires

Civil Sepulveda Pertence

divórcio Fornecimento de documentos

sim da PGR: "A presente rogatória visa à inscrição perante o registro civil competente, de sentença de divórcio proferida pela justiça alienígena. É inviável atender-se a medida solicitada, porque sentença estrangeira depende de homologação pela E. Suprema Corte para ser exeqüível em nosso país. Opinamos, assim, pela denegação do exequatur e devolução da carta à origem." Acolho o parecer.

CR 7202

França não citado Penal Sepulveda Pertence

tráfico de drogas

Fornecimento de documentos

sim "Cuida-se de CR procedente da França através da qual se objetiva a captura e a colocação à disposição daquele país do libanês pela participação em crimes de tráfico de entorpecentes. O pedido atenta contra a soberania nacional, eis que o juiz que decretou a prisão não tem jurisdição no território nacional. Ademais, como se sabe, o pedido constante da rogatória não pode ter por objeto atos executórios, ficando adstrita a atos citatórios, de intimação, provas testemunhais e demais atos instrutórios cabíveis. O procedimento adequado ao atendimento do pedido é o da extradição. Com estas considerações opina pela denegação do exequatur." Acolho o parecer. "A prisão do requerido não se insere nos limites da rogatória. A medida deve ser requerida através da via extradicional, precedida, em caso de urgência, do pedido cautelar mencionado no art. 82 da L. 6.815/85."

28424 Uruguai Juiz de Primeira Instância da Cidade de Chuy

Penal Sepulveda Pertence

furto Pedido de Informação

sim diligência : "pede o cumprimento de CR destinada à obtenção de informações quanto à pena aplicável ao delito de furto, segundo a lei penal brasileira (...) singularidade do art. 10, inciso 5º do CP oriental que, seguindo o modelo suíço, prevê a aplicação da lei penal mais benigna para os crimes cometidos por uruguaio no exterior. (...) o pedido não se enquadra no âmbito da comissão rogatória, não há diligência a ser praticada pelo juiz rogado. Entretanto, é necessário, para a solução do processo criminal alienígena, que o rogante obtenha o texto pertinente da nossa lei penal. (...) determino as providências da Secretaria, para o envio da legislação solicitada, por intermédio do MRE". Portanto,

Page 46: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 44

nos termos desse precedente, sugerimos que, sem cogitação do exequatur, seja encaminhado ao MM. Juiz de Direito do Uruguai, o texto do CP brasileiro referente ao crime de furto, bem como os artigos relativos à prescrição. É o parecer." Acolho o parecer.

CR 10757

Uruguai Juiz de Direito de

1ª Instância

da 10ª Vara

Penal de Montevidé

u

Penal Sepulveda Pertence

homicídio Pedido de Informação

sim Da PGR: "A comissão rogatória revela que o delito aconteceu no Brasil. Ao fato, portanto, se aplica a lei penal brasileira, na forma do art. 5º do Código Penal, circunstância que impede a concessão do exequatur por ofensa a soberania nacional, na forma do que dispõe o art. 226, § 2º, do RISTF. A concessão configuraria ainda hipótese de verdadeira litispendência criminal, o que ofenderia o ordenamento jurídico interno e, por conseqüência, a ordem pública (...) requerendo a extração de cópias do procedimento e a remessa das mesmas ao Procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul para as providências cabíveis, em face da suspeita de ilícito penal praticado em Santa Vitória do Palmar-RS. É o parecer." Acolho o parecer e indefiro o exequatur. "Após a remessa de cópia do procedimento ao RS, devolva-se a CR, pela via diplomática."

28402 Argentina Julgado de 1ª

Instância Civil n. 42 de Buenos

Aires

Civil Sepulveda Pertence

não especificado

Sequestro de Bens

sim "A diligência rogada investe-se de caráter essencialmente executório, o que torna inviável a concessão do "exequatur", nos termos da jurisprudência dessa E. Suprema Corte. Diante dessa preliminar, que é prejudicial de qualquer outra apreciação, opinamos pela denegação do "exequatur" e devolução da carta à justiça de origem." Acolho o parecer."

33756 Colômbia Fiscal Regional

da Diretoria Regional

de Fiscalias de Santa

fé de Bogotá

Civil Mauricio Correa

não especificado - requerimento

de informações

pessoais

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim O PROCESSO ESTÁ PERDIDO: "A mencionada comissão rogatória foi encaminhada, erroneamente, à Justiça Federal no Estado de São Paulo. O Juiz da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, ao perceber o equívoco, encaminhou os autos à Justiça Federal no Estado do Amazonas. Por meio do Ofício 088/96, o Juiz da 2ª Vara Federal do Estado do Amazonas, noticia o encaminhamento dos autos da CR 7220, ao Juízo da Comarca de São Paulo de Olivença, naquele mesmo Estado, para cumprimento das diligências. Verifica-se que a secretaria, por meio do Ofício 2974/SPJ, cumprindo despacho do

Page 47: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 45

Presidente da Corte, à época, solicita a devolução dos autos à Justiça Federal no Estado de São Paulo. Ante essas circunstâncias, determino que se oficie à Justiça Federal no Estado do Amazonas, para que promova a imediata devolução, a esta Corte, dos autos da CR."

51769 Argentina Tribunal Fiscal da Nação

Civil Mauricio Correa

não especificado

Pedido de Informação

sim

51765 Argentina Tribunal Fiscal da Nação

Civil Mauricio Correa

não especificado

Pedido de Informação

sim

52565 Argentina 13° Juízo Correcion

al da Capital Federal

Penal Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva e Documentos

sim

CR 10853

EUA Tribunal Superior de Nova Jersey

Civil Mauricio Correa

não especificado

Citação e Intimação

sim "Malgrado a CR seja o meio formalmente adequado à efetivação de atos citatórios em território brasileiro, torna-se inviável a concessão do exequatur sempre que houver, como no caso, situação caracterizadora de ofensa à ordem pública ou de desrespeito à soberania nacional (...) Na espécie, o que move a ação (...) é dívida de jogo, hipótese tipificada no ordenamento jurídico pátrio como contravenção penal, além de configurar dívida inexigível, conforme dispõe o artigo 1477 do Código Civil de 1916, aplicável à época em que sucederam os fatos (2002). Dessa forma, não atendidos os pressupostos necessários e tendo em vista que o objeto desta carta atenta contra a ordem pública, denego o exequatur"

52577 EUA Circunscrição

Judicial dos

Estados Unidos - Distrito

Ocidental da

Louisiana

Civil Mauricio Correa

não especificado

Citação e Intimação

sim "Cabe salientar, que a simples citação da interessada não configura ofensa à soberania nacional ou a ordem pública e que questões de mérito devem ser postas perante a Justiça estrangeira"

52651 Bélgica Tribunal de

Primeira Instância, Distrito de Bruxelas

Penal Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

não julgado não julgado

não julgado

Page 48: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 46

55281 Chile 26° Juizado Civil de

Santiago

Civil Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva

sim

55274 Inglaterra / Grã-

Bretanha

High Court of Justice Queen´s Bench

Civil Mauricio Correa

Ação de Cobrança

Citação e Intimação

sim

55036 Bélgica Tribunal de 1ª

Instância de

Mechelen

Civil Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim

58999 Chile 2° Juizado Civil de

Concepcion

Civil Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva

sim

60598 Alemanha Tribunal Regional

de Frankfurt

Civil Mauricio Correa

não especificado

Citação e Intimação

não julgado não julgado

não julgado

"Ante as circunstâncias, determino seja oficiado o Ministério das Relações Exteriores a fim de que diligencie junto à Embaixada da Alemanha em Brasília, para a complementação de documentos que deram origem à referida sentença, bem como sua integralidade."

61568 Argentina Ministério Público da

Nação

Civil Mauricio Correa

declaração testemunhal

Citação e Intimação

sim "objetivo de notificar Sandra Cristina Utzig para comparecer em audiência no dia 22 de agosto de 2003 a fim de prestar declaração testemunhal. O MP ressaltou a incompleta instrução do feito. Desse modo, determino seja oficiado o Ministério da Justiça a fim de que diligencie junto à Embaixada da Argentina em Brasília, para a complementação de documentos, sem prejuízo de nova solicitação."

61602 Uruguai Juizado Letrado de Primeira Instância de Cerro Largo de Primeiro Turno

Penal Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva

sim "O MPF opinou pela concessão do pedido e ressaltou a necessidade de enviar cópia destes autos à Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Desse modo, em atenção ao parecer ministerial, determino seja enviada cópia dos autos à autoridade informada. Na espécie, a diligência referente à detenção dos interessados possui caráter executório, o que inviabiliza a concessão do exequatur. Entretanto, no tocante à intimação para fins de interrogatório, concedo o exequatur nos termos do artigo 225 do RISTF."

67318 Uruguai Juiz Letrado de

1ª Instância de Rivera, Segundo

Turno

Penal Mauricio Correa

não especificado

Pedido de Informação

sim

Page 49: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 47

67388 Portugal Tribunal de

Instrução Criminal e Departamento de

Investigação e Ação Penal do Porto -

República Portugues

a

Penal Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva

sim "O MPF manifestou-se pelo não conhecimento da CR e, conseqüentemente, o retorno dos autos para que o Parquet adote as providências cabíveis, com fundamento no Decreto nº. 1.320/1994 - Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal, entre o Governo do Brasil e o Governo Português. Verifico que o art. 14 do mencionado diploma legal estabelece que "Os pedidos são expedidos e recebidos diretamente entre as Autoridades Centrais, ou pela via diplomática", donde se pode concluir que o requerimento pode ser efetivado tanto por CR (diplomática) quanto pelas Procuradorias Gerais dos dois países, dispensando, na última hipótese, a interferência do Poder Judiciário. Ante essas circunstâncias, acolhendo o parecer do Parquet, não conheço desta CR, e determino a remessa dos autos à Procuradoria-Geral da República, para as providências cabíveis."

69363 Portugal Depto. De Investigação e Ação Penal do Distrito

Judicial de Lisboa

Penal Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de documentos

sim

69371 Peru 2º Juizado Especializ

ado de Família de

Trujillo

Civil Mauricio Correa

débito de pensão

alimentícia

Citação e Intimação

sim "Esta Corte firmou o entendimento de que são insuscetíveis de cumprimento, no Brasil, cartas rogatórias de caráter executório, ressalvadas as expedidas com fundamento em acordos ou convenções internacionais. Dessa forma, diante da inexistência, na espécie, de tratado ou convenção entre o Brasil e o Peru regulando o objeto da rogatória, denego o exequatur."

73212 Itália Tribunal de Bari

Penal Mauricio Correa

tráfico de drogas

Quebra de Sigilo Bancário e outras

informações

sim "Esta Corte firmou o entendimento de que são insuscetíveis de cumprimento, no Brasil, cartas rogatórias de caráter executório, ressalvadas as expedidas com fundamento em acordos ou convenções internacionais. O Brasil firmou com a Itália o Tratado sobre Cooperação Judiciária em Matéria Penal, que autoriza a realização das diligências requeridas. Atendidos os pressupostos necessários e tendo em vista que o objeto desta carta não atenta contra a soberania nacional ou a ordem pública, concedo o exequatur, nos termos do artigo 225 do RISTF. As autoridades estrangeiras poderão acompanhar as citadas diligências, desde que nelas não interfiram. Dessa forma, determino seja encaminhada a

Page 50: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 48

presente CR à Justiça Federal no Estado de São Paulo para as providências cabíveis."

73299 Itália Tribunal de Pádua

Penal Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva e Documentos

sim

73190 Itália Tribunal de Turim

Comercial Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim Na espécie, as diligências referentes ao seqüestro de documentos, assim como as que requerem verificações de informações por meio de extratos de contas-correntes bancárias, ao levantamento de documentos em cartório, além de atentarem contra a ordem pública, possuem caráter executório, o que inviabiliza a concessão do exequatur. Entretanto, no tocante ao pedido de informações, à inquirição e ao acompanhamento das diligências pelos inspetores, concedo o exequatur nos termos do artigo 225 do RISTF, ressaltando que as autoridades estrangeiras poderão acompanhar as citadas diligências, desde que nelas não interfiram.

78120 Argentina Tribunal do

Trabalho n° 23

Trabalho Mauricio Correa

reclamação trabalhista

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim

78113 Argentina Tribunal Fiscal da Nação

Civil Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim "Atendidos os pressupostos necessários e tendo em vista que o objeto desta carta não atenta contra a soberania nacional ou a ordem pública, concedo o exequatur, nos termos do artigo 225 do RISTF."

78099 Argentina Tribunal de

Garantias n° 3 do

Departamento

Judicial de Lomas de Zamora

Penal Mauricio Correa

roubo de veículo

Fornecimento de documentos

sim CR com o "objetivo de obter a entrega de um carro, apreendido no Brasil pela Polícia Federal, à companhia seguradora indicada como depositária judicial."

78156 Argentina Juiz Federal de Primeira Vara do Crime e

Correcional de

Posadas

Penal Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de documentos

sim "objetivo de obter cópia das certidões de nascimento e impressões digitais das interessadas. O MPF opina pela concessão parcial do pedido. Concorda com a entrega dos assentos de nascimento, mas ressalva que, quanto à identificação datiloscópica, deve-se entregar cópia dos registros existentes no Instituto de Identificação Civil da Secretaria de Segurança Pública, devido às restrições da Lei 10.054/2000, que dispõe sobre identificação criminal. Assim, em atenção ao parecer ministerial, concedo parcialmente o exequatur"

Page 51: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 49

78145 Argentina Juiz Nacional

de Primeira Instância

Comercial, ao cargo no n° 14 Juízo da Capital Federal

Civil Mauricio Correa

não especificado,

possivelmente acidente de

transito

Fornecimento de documentos

sim A diligência pedida foi a cópia de documentos do processo mencionado no texto rogatório, instruído pelo Departamento da Polícia Federal, relativo a acidente ocorrido em 2 de janeiro de 2000.

78170 Argentina Juizado de

Primeira Instância

Civil e Comercial

n° 12

Civil Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim "O MPF informou que "não fazem parte da presente CR os documentos aos quais a justiça Argentina pede que os intimados Revista 'EMTEMPO' e Jornal 'tribuna do Povo' reconheça a autenticidade dos mesmos" (fls. 192/193). Ante as circunstâncias, em atenção ao parecer do parquet, determino seja oficiado o Ministério da Justiça a fim de que diligencie junto à Embaixada da Argentina em Brasília, para a complementação da documentação."

78284 Chile 8° Juizado de

Menores de

Santiago

Civil Mauricio Correa

não especificado

Citação e Intimação

sim

78173 Argentina Juizado Nacional

de Primeira Instância

em Assuntos Comerciai

s n°. 2

Comercial Mauricio Correa

não especificado

Fornecimento de Docs. e

Informações

não julgado não julgado

não julgado

Foram expedidos outros despachos ordinatórios e ofícios à secretaria de Justiça para que a diligência requerida fosse efetuada, mas não houve nenhuma resposta até 23/06/2004, último registro feito nos autos.

119346 Argentina 9º Juízo de Direito Criminal e Correcional Federal da Capital Federal da República Argentina

Penal Mauricio Correa

atentado terrorista

Fornecimento de Docs. e

Informações

sim

126143 Suíça Juiz de Instrução do Cantão

de Zug

Civil Mauricio Correa

não especificado

Interrogatório/Inquirição/Oitiva e Documentos

sim

128234 Suíça Tribunal de Justiça do Cantão

de Zug

Civil Mauricio Correa

Dívida Citação e Intimação

não julgado não julgado

não julgado

CR 11242

Argentina Juizado de

Transição n° 3 do

Departamento

Judiciário La Plata

Penal Mauricio Correa

homicídio Quebra de Sigilo Bancário

sim O MPF opinou pela conversão do feito em diligência, para que "a Justiça rogante providencie documentos capazes de demonstrar indícios necessários, especificamente, para a decretação do sigilo bancário de Héctor Oscar Ferrero". Ante as circunstâncias, acolhendo o parecer do Parquet, determino seja oficiado o Ministério da Justiça a fim de que diligencie junto à Embaixada da Argentina em Brasília as providências necessárias à complementação dos documentos que instruem esse processo, sem prejuízo de nova solicitação.

Page 52: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 50

CR 11268

El Salvador 4° Juizado de

Instrução de São

Salvador, Departamento de

São Salvador

Penal Mauricio Correa

lavagem de dinheiro,

corrupção e falência

fraudulenta.

Quebra de Sigilo Bancário

sim "Para autorizar-se a quebra do sigilo bancário, medida excepcional, é necessário que estejam presentes indícios suficientes da prática de um delito. Tendo em vista que a pretensão ora em comento não está amparada em qualquer evidência material, não se justifica, portanto, a ruptura das garantias constitucionais preconizadas no artigo 5º, X e XII, da CF (...) é importante observar que a aplicação da legislação vigente em território nacional está diretamente relacionada à soberania brasileira, razão pela qual, sob pena de violação ao artigo 226, § 2º, do RISTF, o exequatur não pode ser concedido nos termos em que requerido." Ante as circunstâncias, por considerar a solicitação insuficientemente fundamentada e não instruída, denego o exequatur e determino a devolução à origem, por via diplomática, sem prejuízo de novo pedido"

CR 11291

Argentina Juizado Nacional

de 1ª Instância

da 39ª Vara Cível de Buenos

Aires

Civil Mauricio Correa

partilha de bens

Fornecimento de documentos

sim "a sentença estrangeira sobre a partilha do imóvel localizado em território nacional não tem nenhum valor em nosso país". Na espécie, cuida-se de jurisdição exclusiva brasileira (...) tendo em vista que o objeto desta carta atenta contra a ordem pública e a soberania nacional, denego o exequatur e determino a devolução, por via diplomática, à origem."

147961 EUA Tribunal de

Circunscrição da 15ª Circunscri

ção Judicial do Condado de Palm Beach - Florida

Civil Nelson Jobim

divórcio Citação e Intimação

sim "É que a diligência não ofende a ordem pública, nem a soberania nacional, uma vez que se traduz, apenas, em cientificar a interessada quanto à existência de ação em curso perante a Justiça estrangeira, onde poderão ser argüidas as exceções cabíveis."

148014 Argentina Suprema Corte de

Justiça de Mendoza

Civil Mauricio Correa

Ação de indenização

Citação e Intimação

sim "atendidos os pressupostos necessários e tendo em vista que o objeto desta carta não atenta contra a soberania nacional ou a ordem pública, concedo o exequatur, nos termos do artigo 225 do RISTF "

160350 Portugal tribunal Judicial da Comarca de Santa Maria de

Feira

Penal Mauricio Correa

não especificado

Citação e Intimação

sim "a 'constituição do argüido' significa a cientificação do interessado de que está sendo processado, em Portugal, e de quais são os seus direitos e deveres, ante tal condição." Atendidos os pressupostos necessários e tendo em vista que o objeto desta carta não atenta contra a soberania nacional ou a ordem pública, concedo o exequatur, nos termos do artigo 225 do RISTF."

Page 53: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 51

163320 França Tribunal de Grande Instância de Caen

Civil Nelson Jobim

Ação de indenização

Citação e Intimação

sim "(...) ante o exposto, concedo o exequatur (art. 225, RISTF), ressaltando que o interessado se recusa a submeter-se à justiça rogante. Encaminhem-se os autos à Justiça Federam do Estado de Santa Catarina para as providências cabíveis"

1585 Argentina 9° Juízo de Direito Criminal e Correcional Federal de Buenos

Aires

Penal Mauricio Correa

atentado terrorista

Pedido de Informação

sim

9758 Colômbia Fiscal Delegada perante os

juízes penais do

circuito especializ

ado adscrita à unidade nacional

das fiscalias contra o tráfico de narcóticos

e de interdição marítima, escritório quinto.

Penal Nelson Jobim

não apurado Pedido de Informação

sim O pedido rogatório foi subscrito pela Fiscal Delegada acima referida e encaminhado ao Brasil pela Fiscalia Geral da Nação, autoridade central responsável, conforme art. III, 3 do Decreto 3895/2001. Não há óbice, portanto, para que a CR seja processada e cumprida conforme o art. 227 do RISTF. Os pressupostos necessários foram atendidos (Decreto 3895/2001). O objeto desta CR não atenta contra a soberania nacional ou a ordem pública. Ante o exposto, concedo o exequatur (art. 225, RISTF).

38460 EUA Tribunal Superior de New Jersey,

Condado de

Hudson

Civil Mauricio Correa

Ação de indenização

Citação e Intimação

sim

10594 Itália Tribunal Civil e

Penal de Milão

Penal Carlos Veloso

remessas ilegais ao exterior

Interrogatório/Inquirição/Oitiva e Documentos

sim Min. Celso de Mello deferiu pedido de suspensão cautelar do cumprimento até final julgamento dos embargos. PGR: "improcedente pois a autorização para o seqüestro da documentação relevante inclui os dados de movimentação bancária, com propósito de apurar a eventual remessa." O Presidente Min. Carlos Veloso acolheu o parecer da PGR e julgou improcedentes os embargos.

Page 54: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO I – CARTA ROGATÓRIA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 52

Page 55: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 53

Anexo II - Sentença estrangeira

SENTENÇA ESTRANGEIRA PROCEDIMENTOS INTERPOSTO RECURSO -

ESPECIFICAÇÃO SE Proc

e-dênci

a

Relator Ramo do

direito

Objeto Número Tipo Decisão

JULGA-MENTO

FUNDAMENTAÇÃO OBSERVAÇÕES

5695 México

Celso de Melo

Civil Interdição não julgado

"À parte requerente, para providenciar a

autenticação da sentença homologanda, pela autoridade consular

brasileira competente, bem assim a

comprovação do trânsito em julgado do referido ato sentencial. De outro lado,

observo que os autos registram o falecimento

de Bernardo José Verlage Pruss, que foi declarado incapaz pela sentença homologanda. A ora requerente deverá

esclarecer se o falecido deixou outros herdeiros. Assino, à ora requerente, o prazo de 60 dias para

suprir as omissões apontadas. A contestação

foi deduzida extemporaneamente, eis que ainda não se atingiu,

na presente ação de homologação de

sentença estrangeira, a fase ritual em que esse ato poderá ser praticado

por quem dispuser de legitimidade jurídica para

tanto."

* Houve necessidade de expedição de Carta

Rogatória para a citação dos possíveis herdeiros de

Bernardo José Verlage Pruss. Demora no

recebimento da CR cumprida e o processo foi

suspenso por tempo indeterminado por meio de

pedido da requerente (23/11/2004).

5702 Israel Celso de Melo

Civil Divórcio PETIÇÃO N°.

3935/1998

Juntada de Documento

SIM "A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de

atribuir plena homologabilidade às

decisões emanadas de Tribunal Rabínico,

constituído de acordo com o ordenamento

jurídico vigente no Estado de Israel. Esse entendimento

jurisprudencial, ao admitir a possibilidade de homologação da

sentença de divórcio proferida por Tribunal Rabínico, exige para

efeito de um juízo positivo de delibação, que a

competência dessa Corte estrangeira, ainda que o casamento tenha sido

realizado no Brasil, encontre fundamento em qualquer dos seguintes

Jurisprudência citada: (SE 3.958 - SE 3.992 - SE 4.075

- SE 4.102 - SE 4.187 SE 4.197 - SE 4.495, v.g.) (RTJ

117/61) (RTJ 114/1004) (RTJ 114/507 - RTJ 114/1004). Doutrina:

YUSSEF SAID CAHALI, "Divórcio e Separação",

tomo 2/1516, 8ª ed., 1995, RT, v.g.

Page 56: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 54

elementos ou circunstâncias de

conexão: (a) a nacionalidade israelense

de qualquer dos cônjuges, prestigiando-

se, desse modo, o critério da lex patriae ou (b) o

domicílio, no Estado de Israel, dos cônjuges, ou de qualquer deles ainda

que sejam ambos brasileiros, valorizando-

se, em tal situação, o critério da lex domicilii."

5705 EUA Celso de Melo

Civil Guarda de Menor

PETIÇÃO N°.

26215/1999

Embargos à Execução

negados SIM " (...) requer a homologação de

sentença estrangeira de busca e apreensão de

menor que estaria residindo, presentemente, em território brasileiro, em companhia de seu pai ou

de sua avó paterna. O requerido, que foi citado

por edital, não se manifestou nos autos, sendo-lhe nomeado

curador especial, que apresentou parecer pela

homologação da sentença em causa.

Atendidos os requisitos previstos no art. 217 e no art. 218 do RISTF, e não se configurando qualquer das restrições inscritas no

art. 216 do RISTF, homologo, nos termos do

parecer do MPF, a sentença estrangeira em

referência, para que produza, no território

brasileiro, os seus regulares efeitos legais.

Autorizo, que seja o menor entregue à guarda

provisória de sua avó materna até que se

promova o seu retorno aos Estados Unidos da

América, cujo Poder Judiciário outorgou à mãe do menor em questão, "a

guarda exclusiva da criança..."

Parecer importante sobre a exequibilidade de sentenças

penais estrangeiras em território nacional no voto do Ministro após apresentação de contestação pela parte

"impossibilidade de homologação sob pena de

ofensa à soberania nacional" (gravado como SE 5705 DILIGÊNCIA).

5705 diligência

EUA Celso de Melo

Penal Decretação de Prisão

PETIÇÃO. N°.

26215/2000

Embargos à Execução

negados NÃO "Decretação da prisão de pessoa domiciliada no

Brasil. Impossibilidade de homologação pelo S.T.F.,

sob pena de ofensa à soberania nacional. O ordenamento positivo

brasileiro, tratando-se de sentença penal

estrangeira, admite a possibilidade de sua

homologação, desde que esse ato sentencial tenha por estrita finalidade (a)

Ponto de vista amparado na seguinte doutrina:

ALBERTO SILVA FRANCO, "Código Penal e sua

Interpretação Jurisprudencial", vol. 1, tomo I/183, item n. 3.00, Parte Geral, 6ª ed., 1997, RT; CELSO DELMANTO,

"Código Penal Comentado", p. 15, 3ª ed., 1991, Renovar; HELENO

CLÁUDIO FRAGOSO, "Lições de Direito Penal -

Page 57: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 55

obrigar o condenado à reparação civil ex delicto

(RTJ 82/57) ou (b) sujeitá-lo, quando

inimputável ou semi-imputável, à execução de

medida de segurança (CP, art. 9º). Não pode

ser homologada, no Brasil, sentença penal estrangeira que tenha decretado a prisão de

pessoa com domicílio em território brasileiro. Há casos excepcionais,

porém, em que a sentença penal

estrangeira pode revestir-se, no Brasil, de eficácia

executiva. A exeqüibilidade do ato

sentencial estrangeiro, em tais hipóteses

extraordinárias, além de estritamente limitada a determinados efeitos, dependerá, ainda, de

prévia homologação pelo STF (CP, art. 9º). A ação

de homologação de sentença estrangeira não pode converter-se em s

Parte Geral", p. 137, item n. 115, 12ª ed., 1990,

Forense; JULIO FABBRINI MIRABETE, "Processo

Penal", p. 728/729, 4ª ed., 1995, Atlas; DAMÁSIO E. DE JESUS, "Código Penal

Anotado", p. 24, 5ª ed., 1995, Saraiva; JOSÉ

FREDERICO MARQUES "Tratado de Direito Penal", vol. I/297-298-300, § 46, item n. 2 e n. 4, 2ª ed.,

1964, Saraiva; RODRIGO OCTAVIO, "Manual do

Código Civil Brasileiro", vol. I, Parte 2ª, p. 402, item n.

458, 1932, Livraria Jacintho Editora; JOSÉ ANTÔNIO

PIMENTA BUENO, "Direito Internacional Privado", p.

184, item n. 321, 1863, Rio de Janeiro; NÉLSON

HUNGRIA, "Comentários ao Código Penal", vol. I, tomo

I/200-201, item n. 45, 4ª ed., 1958, Forense;

MAGALHÃES NORONHA, "Curso de Direito Processual Pena

5711 Israel Celso de Melo

Civil Divórcio SIM "A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de

atribuir plena homologabilidade às

decisões emanadas de Tribunal Rabínico,

constituído de acordo com o ordenamento

jurídico vigente no Estado de Israel. Esse entendimento

jurisprudencial, ao admitir a possibilidade de homologação da

sentença de divórcio proferida por Tribunal Rabínico, exige para

efeito de um juízo positivo de delibação, que a

competência dessa Corte estrangeira, ainda que o casamento tenha sido

realizado no Brasil, encontre fundamento em qualquer dos seguintes

elementos ou circunstâncias de

conexão: (a) a nacionalidade israelense

de qualquer dos cônjuges, prestigiando-

se, desse modo, o critério da lex patriae ou (b) o

domicílio, no Estado de Israel, dos cônjuges, ou de qualquer deles ainda

que sejam ambos brasileiros, valorizando-

Jurisprudência citada: (SE 3.958 - SE 3.992 - SE 4.075

- SE 4.102 - SE 4.187 SE 4.197 - SE 4.495, v.g.) (RTJ

117/61) (RTJ 114/1004) (RTJ 114/507 - RTJ 114/1004). Doutrina:

YUSSEF SAID CAHALI, "Divórcio e Separação",

tomo 2/1516, 8ª ed., 1995, RT, v.g.

Page 58: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 56

se, em tal situação, o critério da lex domicilii."

5720 Áustria

Celso de Melo

Civil Divórcio - Impugnação não julgado

não julgado

"A presente ação de homologação de

sentença estrangeira foi impugnada, embora por

razões de ordem meramente formal, pela douta PGR. A existência

de impugnação à pretensão homologatória faz cessar a competência

monocrática do Presidente do STF para

formular o juízo de delibação reclamado

pelos autores do pedido. O julgamento da ação de homologação, mediante

decisão singular do Presidente do STF,

somente se justificará, se o requerido, o curador especial ou a PGR não impugnarem o pedido homologatório (RISTF,

art. 222, caput). Havendo impugnação, como no

caso, o processo deverá ser distribuído a um

Relator, para julgamento pelo Plenário (RISTF, art. 223, caput). Sendo assim,

e considerando a existência de impugnação ao pedido, distribua-se a

presente causa."

a impugnação interposta pela PGR foi motivada pela

ausência do original da sentença a ser homologada, falta de chancela consular e

tradução da mesma. Em outros processos

analisados, estas ausências foram observadas pela PGR, mas o pedido foi

transformado em diligências para a complementação da documentação e, supridas

as falhas, os atos necessários à homologação

tiveram trâmite normal.

5724 Itália Celso de Melo

Civil Divórcio SIM "Sentença estrangeira de cessação dos efeitos civis de casamento religioso.

Regulamentação do pátrio poder sobre os

filhos do casal. Anuência do requerido. Requisitos atendidos. Deferimento."

5734 Alemanha

Celso de Melo

Civil Rescisão de Contrato

de empréstimo

"Embora a sentença homologanda haja sido

proferida em processo de que somente participou o

ora requerido, a parte requerente pretende seja

citada, na presente causa, que deverá

ingressar no feito, "na qualidade de litisconsorte

(...) ou de assistente litisconsorcial..." de seu cônjuge. O exame da

postulação deduzida pela ora requerente impõe que

se tenha presente a circunstância de que o

objeto do juízo de

Jurisprudência: (RTJ 109/39 - RTJ 138/474 - SE 5.150 - SE 5.405 - SE 5.590) (SE

5.794, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Page 59: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 57

delibação, no processo de homologação de ato sentencial estrangeiro,

não deve e não pode ser confundido com o objeto

do processo de que emanou a sentença

estrangeira homologanda. Na realidade, o juízo de delibação do Presidente do STF, subordina-se às limitações que emergem

do ato homologando, devendo, por isso

mesmo, observar as restrições que decorrem

da própria sentença estrangeira, quer no que se refere ao plano de sua eficácia subjetiva, quer no que concerne ao âmbito

de seu conteúdo temático. É por essa

razão que esta Suprema Corte, ao apreciar a

questão da abrangência do ato de reconhecimento

e homol 5778 EUA Carlos

Veloso Civil Anulação

de Casamento e Guarda

de Menores

PETIÇÃO. N°.

24663/1999

Agravo Regimental

não julgado

não julgado

"Sentença Estrangeira em curso de

homologação perante o STF. Divórcio do casal e

busca e apreensão e guarda de menores

brasileiros, nascidos nos Estados Unidos da

América. Instauração, perante a Justiça de

Goiás, de processo entre as mesmas partes (mãe

brasileira x pai norte-americano), visando a

guarda desses menores. Outorga, pela Justiça brasileira, em favor da mãe dos menores, da

respectiva guarda provisória. Anterioridade

temporal do processo judicial brasileiro e da decisão cautelar nele proferida em face da sentença estrangeira

homologanda. A questão das relações entre o

processo de homologação de

sentença estrangeira (STF) e a ação civil,

versando, parcialmente, a mesma lide, promovida perante órgão do Poder

Judiciário brasileiro. Análise dos arts. 88, 89 e 90 do CPC e a discussão em torno da primazia das

decisões judiciais brasileiras.

Superveniência da Convenção sobre os

Processo confuso. Pela leitura daquilo que está disponível no site (uma diligência na sentença

estrangeira e uma sentença estrangeira contestada) pode-se concluir que o

litigio envolvendo a guarda dos filhos do casal envolve duas questões principais: a ausência de citação da mãe no Brasil por meio legítimo

(Carta Rogatória) e o conflito de competências

entre a Justiça norte-americana e a brasileira.

Em cada um dos despachos se trava uma destas

discussões. GRANDE DEMORA DA JUSTIÇA GOIANA PARA ENVIAR CÓPIA DO PROCESSO QUE TRANSITA NA 2ª VARA DE FAMÍLIA E

SUCESSÕES (DE 08/10/2001 A 27/02/2004).

Page 60: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 58

Aspectos Civis do Seqüestro Internacional de Crianças, concluída

em Haia (1980). Incorporação desse ato de direito internacional p

5785 Reino Unido

Celso de Melo

Civil Divórcio NÃO "Alba Lucinia Cajado do Nascimento outorgou

mandato a William Vieira do Nascimento, que não é Advogado, para, em nome dela, constituir

mandatário judicial com o objetivo de promover,

perante o STF, a ação de homologação de

sentença estrangeira. Ocorre, no entanto, que

William Vieira do Nascimento constituiu,

ele mesmo, em seu próprio nome, o ilustre

procurador que subscreve a petição inicial. O ilustre Advogado que atua neste

processo não está a representar, portanto, a parte ora requerente.

Nada impedia que a parte ora requerente

outorgasse mandato ad judicia a William Vieira do

Nascimento, muito embora este - por não ser Advogado - não tivesse

qualidade para exercê-lo. É que a jurisprudência dos Tribunais admite a

possibilidade formal de o Advogado ser constituído

mediante substabelecimento de

mandato judicial conferido a pessoa não habilitada a advogar. Ocorre, porém,

que William Vieira do Nascimento, atuando em

nome próprio (e não como substabelecente ou

procurador da ora requerente), constituiu

Advogado,

Jurisprudência: (RT 303/500 - RT 600/117 - RT 626/170).

5793 Alemanha

Maurício Corrêa

Civil Inventário NÃO "Este pedido de homologação parece

incidir na restrição proclamada pela

jurisprudência do STF, que, em tema de

execução testamentária, assim já se pronunciou: 'A vênia concedida pela

justiça de país estrangeiro, para

execução de testamento lá feito por brasileiro, na

Page 61: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 59

forma prescrita pela lei nacional, não está sujeita

à fiscalização do STF, devendo o ato, para

produzir efeitos no Brasil, ser apreciado por nossos

juízes, mediante o Cumpra-se, de caráter

administrativo.' O requerente comparece

aos autos pedindo reconsideração da primeira parte do

despacho, afirmando que o precedente não se aplica à hipótese em

apreço porque não é ele brasileiro, nem versa o pedido sobre execução

de testamento e sim sobre sentença proferida no inventário, para que

possa proceder aos atos referentes à inscrição da propriedade de imóvel localizado no Rio de

Janeiro. O MPF opina pelo indeferimento do pedido. Decido. (...) o

documento traduzido não é sentença proferida por juiz estrangeiro, senão

ato notarial que atesta ser o requer

5908 França

Celso de Melo

Civil Divórcio PARCIAL "Sentença estrangeira de divórcio. Homologação requerida por ambos os

cônjuges. Pretendida inclusão de cláusula não

constante da decisão homologanda.

Impossibilidade. A jurisprudência do STF tem advertido que a

homologação de sentença estrangeira,

pelo STF, deve limitar-se, estritamente, aos termos

que emergem do conteúdo desse ato

sentencial, não podendo abranger e nem estender-se a tópicos, acordos ou

cláusulas que não se achem formalmente

incorporados ao texto da decisão

homologanda.Atendidos os requisitos previstos no art. 217 e no art. 218 do

RISTF, e não se configurando qualquer

das restrições inscritas no art. 216 do RISTF,

homologo, em parte, nos termos do parecer do MPF, com a limitação mencionada neste ato decisório, a sentença

estrangeira em

Page 62: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 60

referência, para que produza, no território

brasileiro, os seus regulares efeitos legais."

5912 Suiça Celso de Melo

Civil Separação Consensual

SIM "Sentença estrangeira de divórcio consensual.

Anuência do requerido. Requisitos atendidos.

Deferimento com restrições. A restrição em

causa decorre da circunstância de a ação

de divórcio, em que proferido o ato sentencial homologando, datado de 18/05/1998, não haver

sido precedida de separação judicial ou de separação de fato pelo

lapso de ordem temporal fixado no art. 226, § 6º,

da CF. Desse modo, impõe-se a homologação

da presente sentença estrangeira com a

seguinte restrição: a de que o ato sentencial

somente produzirá efeitos plenos a partir de 18 de maio de 1999, limitando-se, até então, tais efeitos,

às conseqüências jurídicas decorrentes da mera separação judicial

(LICC, art. 7º, § 6º)."

5924 Alemanha

Celso de Melo

Civil Divórcio SIM "Sentença estrangeira de divórcio. Cônjuge

falecido. Inexistência de herdeiros. Requisitos

atendidos. Deferimento. A parte requerente, em

atendimento à promoção da douta PGR, fez juntar

documento comprobatório da inexistência de filhos do casal. Não obstante o

falecimento do outro cônjuge - circunstância

esta que pareceria tornar dispensável a presente homologação -, cumpre

destacar que a jurisprudência do MPF, pronunciando-se sobre esse específico aspecto

da questão, tem reconhecido a

possibilidade de homologar a sentença de

divórcio, mesmo na hipótese de morte

superveniente do ex-cônjuge."

Page 63: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 61

5925 Alemanha

Celso de Melo

Civil Adoção de Menor

SIM "Sentença estrangeira de adoção de menor.

Consentimento expresso do pai biológico.

Desnecessidade de citação. Requisitos

atendidos. Deferimento. O MPF assim apreciou: "Cuida-se de pedido de

homologação de sentença estrangeira pela qual o Tribunal de Justiça

de Rinteln deferiu a Werner Paul Oster a adoção da menor, de

nacionalidade alemã e filha de mãe brasileira e

que, por força da decisão juntada passou a chamar-se Jéssica Oster (...) têm-se como incontroversa a regularidade do feito e o

caráter irrecorrível do decisum homologando,

que foi traduzido por profissional juramentado no Brasil. A competência

do juízo decorre do domicílio das partes e a adoção atende, também,

à legislação brasileira, similar à alemã. A

mudança de nome da adotada é admitida nossa legislação (art. 45, § 5º do Estatuto da Criança e do

Adolescente). Assim como no presente feito,

houve expresso consentimento do pai

biológico: afirma a sentença homologanda que o 'o pai da criança declarou, para o ato da Presidência Superior de

Copenhague

5933 Alemanha

Celso de Melo

Civil Separação Consensual

SIM "Sentença estrangeira de divórcio consensual.

Homologação requerida por ambos os cônjuges. Requisitos atendidos.

Deferimento, em parte, com restrições. Impõe-se advertir, desde logo, que

esta decisão homologatória não se

estende ao novo nome civil a ser utilizado pela

ora requerente, consoante enfatizado pela douta PGR. Com efeito, a jurisprudência

desta Corte, ao pronunciar-se sobre esse aspecto da questão, tem

advertido que a homologação de

sentença estrangeira, pelo STD, deve limitar-se aos termos que emergem

Page 64: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 62

do conteúdo desse ato sentencial (RTJ 109/39 -

RTJ 138/474), não podendo abranger e nem

estender-se a tópicos, acordos ou cláusulas que

não se achem formalmente incorporados

ao texto da decisão homologanda (SE 5.150 - SE 5.229 - SE 5.405 - SE 5.590 - SE 5.824, v.g.)."

5939 Alemanha

Celso de Melo

Civil Separação Consensual

SIM "Sentença estrangeira de divórcio consensual.

Homologação requerida por ambos os cônjuges. Requisitos atendidos. Deferimento. A douta PGR manifestou-se

propondo que o juízo de delibação não alcance o acordo das partes, "que

não se mostra convalidado por decisão

judicial". O juízo de delibação somente não se estenderia ao acordo em referência, se este

não se achasse formalmente incorporado

à própria decisão homologanda, conforme adverte a jurisprudência do STF. A razão desse

entendimento jurisprudencial prende-se

ao fato de que a homologação de

sentença estrangeira, pelo STF, deve limitar-se, estritamente, aos termos

que emergem do conteúdo do ato

sentencial. No caso presente, o acordo

extrajudicial celebrado pelos cônjuges acha-se plenamente integrado ao corpo da decisão judicial em causa. Na realidade, o acordo em questão foi expressa e formalmente incorporado ao texto da sentença homologanda, que a ele se referiu mais de uma vez, atribuindo-

lhe, desse modo, indiscutível validade e

eficácia."

Jurisprudência: (SE 5.405 - SE 5.590 - SE 5.824 - SE 5.923, v.g.) (RTJ 109/39 -

RTJ 138/474)

6677 Portugal

Marco Aurelio Melo

Civil Inventário SIM "(...)homologação de sentença por meio da

qual se declarou que a ré Maria Flávia Gonçalves de Paiva é "indigna", por

ter cometido crime de homicídio contra o

cônjuge. O documento original foi anexado dele

constando carimbo mediante o qual se atesta

Page 65: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 63

o trânsito em julgado da decisão. Procedeu-se à citação da requerida por

carta rogatória devidamente cumprida, em 4/09/2001. Somente em 03/10/2001 seguinte,

veio à balha a contestação, quando, ante a revelia, já havia sido nomeada curadora

especial que não se opôs à homologação. A

requerida pronunciou-se solicitando a notificação da curadora nomeada

para apresentar obrigatoriamente

contestação. Alternativamente, pleiteia

a nomeação de outro curador especial para tal finalidade. 2. Conforme

se depreende dos artigos 216 e 221 do RISTF, são

estreitos os limites da contestação ao pedido de

homologação de sentença estrangeira -

inautenticidade dos documentos,

inobservância dos requisitos formais ou

ofensa à ordem pública, à soberania nacional ou

aos bons costumes. Não s

6717 Alemanha

Carlos Veloso

Civil Divórcio SIM "(...) pedido de homologação de

sentença estrangeira de divórcio consensual que, em 24/07/1996, dissolveu seu casamento. Consta dos autos a declaração

de anuência do requerido. A PGR manifestou-se pela homologação da sentença, desde que

cumprida certa diligência. Autos conclusos nesta

data. Cumprida a diligência, nos termos do parecer e do disposto nos arts. 217 e 218 do RISTF,

homologo a sentença estrangeira de que

cuidam estes autos, para que produza os seus

regulares efeitos, com a ressalva de que a

delibação não alcança o acordo das partes, por não ter sido objeto de convalidação judicial. Expeça-se carta de

sentença."

Page 66: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 64

6749 EUA Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "A requerida afirmou não se opor à pretensão, esclarecendo que o regime de visitas da

menor fora alterado por determinação da Justiça

brasileira, em ações promovidas pelo

requerente.A PGR preconiza o acolhimento

do pleito, ressalvando que as determinações contidas na sentença

estrangeira referentes à filha do casal não podem

ser alcançadas pela homologação, tendo em

vista que foram modificadas por decisões [no Brasil] nas ações de

oferta de alimentos e regulamentação de

visitas. Os pressupostos legais indispensáveis ao

deferimento da solicitação foram atendidos, além

disso, não há nos autos matéria ofensiva à

soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Desse modo, homologo o título

judicial estrangeiro com a restrição indicada."

6811 EUA Carlos Veloso

Civil Divórcio SIM "Não consta dos autos a procuração outorgada

pelo requerente, Edmilson Carvalho, aos

advogados signatários da inicial. Providencie, em quinze dias, a devida

regularização da representação

processual. Se este não for o caso, emende a

requerente a inicial a fim de que o Sr. Edmilson Carvalho conste como requerido, informando,

ainda, o tipo de citação a ser aplicada ou

demostrando sua anuência ao pedido de

homologação de sentença estrangeira.

Traga a autora aos autos a certidão de trânsito em

julgado da sentença homologanda"

Não é a última decisão do processo. Existiram

algumas diligências que foram exigidas pelo STF:

regularização de representação processual,

certidão de trânsito em julgado da decisão

homologanda, tradução oficial dos documentos.

6841 EUA Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Os pressupostos legais inerentes ao deferimento

do pleito foram observados. Decorrido o prazo para contestação,

foi nomeado curador especial que não se opôs à homologação. A PGR preconiza o acolhimento

da solicitação. Os requisitos próprios foram

Page 67: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 65

atendidos, além disso, não há nos autos matéria

ofensiva à soberania nacional, à ordem pública

ou aos bons costumes. Assim sendo, homologo o título judicial estrangeiro.

Expeça-se a carta de sentença."

6869 Áustria

Marco Aurelio Melo

Civil Posse e Guarda de

Menor

PETIÇÃO N°

46851/2003

Contestação não julgado

não julgado

"Afirma que o requerido além de ter sequestrado o filho do casal na Áustria, ajuizou, no Brasil, pedido

de posse e guarda da criança no ano 2000, ação na qual obteve liminar. A requerente

contestou a ação, intentada perante a 5ª

Vara de Família da Comarca de Goiânia,

solicitando a revogação da liminar, tendo por

argumento o pedido de homologação de

sentença estrangeira de posse e guarda do menor

proferida pela Justiça austríaca que tramita

nesta Corte. Observe-se ter Vossa Excelência

determinado, em 12/09/2001, a citação do

requerido por carta de ordem, entretanto a

requerente não providenciou a extração da mencionada carta,

razão pela qual os autos do processo foram

arquivados em 14 de junho passado. Registre-se ter havido pedido de desarquivamento em

2/10/2002, deferido em 18 imediato. Aguarda-se a extração da carta de ordem. O processo de

homologação de sentença estrangeira tem objetivo único. Descabe

conferir-lhe efeito a irradiar-se de modo a

alcançar ação em curso na Justiça brasileira.

Indefiro a comum.

6887 Rússia

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio NÃO "Diga a Requerente, em trinta dias, sobre a

persistência de interesse na homologação, tendo em vista o decurso do

prazo para providenciar a extração da carta

rogatória para a citação do Requerido."

A requerente não providenciou a tradução e a

citação do requerido na Rússia por meio de Carta

Rogatória, fazendo com que o Tribunal interpretasse o fato como desistência do

pedido de homologação. O processo foi arquivado sem

julgamento.

Page 68: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 66

6916 Suiça Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM " (...) acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. A requerida declarou não se opor ao

pleito. A PGR é pelo deferimento do pedido

sem restrições (...) referência a bens imóveis situados no Brasil. PGR:

"além de decretar o divórcio do casal, aprovou o acordo das partes sobre partilha de bens e outros acessórios. Entendemos

que em nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a

partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira, produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do CPC." É de frisar que

a regra concernente à competência exclusiva do Judiciário brasileiro para conhecer ações relativas a imóveis localizados no Brasil - art. 12 da LICC e

89 do CPC - deve ser aplicada com a cabível

cautela, já que a existência de conflito de interesses sobre o bem

leva a uma conduta completamente diferente

quando,

Jurisprudência: RTJ 89-382; SE nº 3.408 - E.U.A.;

Sentenças Estrangeiras nºs 3.633, 3.888, 4.844 e 3.408

e Sentença Estrangeira Contestada nº 4.512. Na Sentença Estrangeira nº

3.408, restou consignado: - HOMOLOGAÇÃO DE

SENTENÇA ESTRANGEIRA. SEPARAÇÃO DE

CÔNJUGES. PARTILHA DE BENS. E

HOMOLOGÁVEL A SENTENÇA

ESTRANGEIRA QUE HOMOLOGA ACORDO DE

SEPARAÇÃO E DE PARTILHA DOS BENS DO

CASAL, AINDA QUE SITUADOS NO BRASIL,

PORTA QUE NÃO OFENDIDO O ART. 89 DO CPC, NA CONFORMIDADE DOS PRECEDENTES DO STF (RTJ. 90/11; 109/38;

112/1006). HOMOLOGAÇÃO

DEFERIDA.

6933 França

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio PETIÇÃO N°.

40714/2002

Impugnação não julgado

"Diga a Requerente, em trinta dias, sobre a

persistência de interesse na homologação, tendo em vista o decurso do

prazo para providenciar a extração da carta de

ordem para a citação do Requerido. 2. Publique-se. Brasília, 27 de junho

de 2001."

Processo foi reautuado em 09/04/2002 em razão da impugnação do requerido

(discussão dobre o valor da causa)

6940 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio PETIÇÃO N°.

65811/2003

Agravo Regimental

foi ao Plenário

- não julgado

não julgado

"(...) homologação da sentença estrangeira que

julgou procedente o pedido de divórcio, restando decidida a questão atinente à

partilha dos bens do casal. A requerida

comparece aos autos para contestar suscitando

duas preliminares: carência de ação e

ausência de pressuposto para prosseguimento da

*Distribuído após Agravo Regimental. A questão foi

levada ao Plenário para que se resolva sobre a validade

do documento que foi juntado para se fazer prova do trânsito em julgado da sentença homologanda.

Page 69: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 67

ação, uma vez que não existe nos autos prova do

trânsito em julgado. No mérito, não concorda com a partilha. O requerente,

na réplica, refuta as preliminares (...) acerto da decisão da Justiça

americana, competente que é para o julgamento da ação, uma vez que não se trata de litígio

sobre bens situados no Brasil, mas sobre direito de família.O MPF opina

pelo deferimento do pedido. Decido: Esse

último carimbo, que se sabe significar

"arquivado" jamais poderá servir como prova do trânsito em julgado da decisão (...) porque não há referência a ele na

tradução oficial (...) fato de que a data do

arquivamento é a mesma da audiência de

conciliação e julgamento e da sentença. Faltando,

pois, um dos pressupostos exigidos

pelo 6947 Suiça Marco

Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "(...) requer a homologação de

sentença estrangeira de divórcio prolatada pelo Juízo Distrital de Uster, no Estado do Cantão de

Zurique, juntando a declaração de anuência da requerida. O pedido veio acompanhado da

sentença a ser homologada, traduzida

por tradutor público juramentado, contando

também com a chancela do consulado brasileiro no país de origem. O

MPF opina pelo deferimento do pedido.

Na espécie, foram observados os requisitos

legais. Homologo a sentença de divórcio, para que, no território nacional, produza os

efeitos próprios."

7027 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "(...) sentença de divórcioa qual incorporou acordo de separação e

convenção de bens celebrado pelas partes. A requerida declarou não se opor ao pleito. A PGR é

pelo deferimento do pedido sem restrições: "No caso dos autos, a

sentença homologanda,

Jurisprudência citada: SE 3888

Page 70: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 68

além de decretar o divórcio das partes,

incorporou acordo das partes sobre partilha de bens e outras questões

acessórias. Entendemos que em nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a

partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do Código de Processo

Civil. Por outro lado, soma-se ao precedente

invocado pelo requerente" "A par da anuência da requerida

quanto à homologação da sentença de divórcio,

tem-se a observância dos requisitos próprios.

Homologo-a, para que surta, no território

brasileiro, os efeitos pertinentes."

7036 Noruega

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio NÃO "Tendo em vista que a representante, embora

tenha sido reiteradamente intimada para providenciar a documentação

necessária para suprir as deficiências apontadas no

despacho de fl. 80, não promoveu as diligências

cabíveis, determino o arquivamento dos autos"

7047 Japão Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio a

qual incorporou acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas partes.O parecer da PGR preconiza o deferimento do pedido, registrando: SE de divórcio. Pedido conjunto. Disposições

sobre guarda e sustento dos filhos do casal.

Partilha de bem imóvel inexistente no Brasil obtida por acordo.

Precedentes. Parecer pelo deferimento, por estarem presentes os

requisitos legais e regimentais. Trata-se de

pedido conjunto de homologação de

sentença estrangeira de

Nesse sentido as SEs: nºs 3.888, 4.844 e 7.027 3.633

e SEC nº 4.512.

Page 71: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 69

divórcio, prolatada pelo Tribunal de Família de Utsunomiya, Japão, a qual dispôs sobre a

guarda e sustento dos filhos do casal, partilha de bens e outros acessórios, resultantes do acordo das

partes, obtido por mediação do juízo

processante. A documentação

apresentada atende os requisitos dos arts. 217 e

218 do RISTF. O domicílio das partes, à

época do divórcio, justifica a competência da

justiça japonesa (...) artigos 12 da LICC e 89

do CPC - deve ser aplicada com a cabível

cautela, já que a existência de conflito

7101 Paraguai

Marco Aurelio Melo

Civil Nulidade de Procuração

Especial

PETIÇÃO N°.

40507/2003

Agravo Regimental

negado SIM São três documentos: SE, Diligência na SE e Agravo Regimental na SE. Pela leitura dos documentos,

conclui-se que a sentença foi homologada e, após a

extração da Carta de Sentença, foi interposto

Agravo por terceiro interessado (proprietário

do imóvel) que pedia liminar de efeito

suspensivo, pois temia que o requerente do

pedido de homologação busque a anulação da

matrícula do citado imóvel. A decisão:

"Reconsidero a decisão de folha 175. Faço-o para limitar a homologação da sentença à parte relativa

ao instrumento de mandato, não

abrangendo os atos que, por força dele, foram

praticados e que importaram na alteração subjetiva da matrícula do

imóvel. Oficie-se de imediato ao Registro de Imóveis para que fique ciente da retificação ora

procedida, no que alcança a carta de

sentença. Dê-se ciência desta decisão, também,

mediante telegrama, isso considerado o risco

referente à alteração indevida da matrícula do imóvel, sob o ângulo da

propriedade." (10/03/2003)

Não é a última decisão do processo. O proprietário do imóvel em questão ainda

apresentou impugnação ao Agravo Regimental que foi

desprovido por unanimidade. Como não existe a última decisão,

pelos documentos, podemos concluir que a

procuração foi considerada nula, mas não se pode atestar o mesmo com relação à matrícula do

imóvel - já que este foi o objeto do agravo provido em parte pelo Tribunal. A decisaão homologanda: "ACOLHER o pedido na

demanda promovida pelo Senhor ABÍLIO RAMÓN

ORTIZ CABAÑA contra o Senhor LOURENZO

AMADO SAMANIEGO, e, em conseqüência, declarar

NULA e INEFICAZ, sem qualquer valor jurídico, a

PROCURAÇÃO ESPECIAL (...) da mesma forma, deve-se entender que a nulidade

a ser decretada por este Juizado devolve as coisas ao mesmo e igual estado em que se encontravam

antes do ato anulado (Art. 361 do CC)"

Page 72: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 70

7138 Austrália

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Cuida-se de pedido de homologação de

sentença estrangeira de divórcio proferida pelo

Juizado Federal de Pequenas Causas, na

Comunidade da Austrália, que dispôs acerca da

guarda e sustento da filha do casal.O MPF opina pelo acolhimento do

pleito. Os pressupostos legais indispensáveis ao

deferimento da solicitação foram atendidos, além

disso, não há nos autos matéria ofensiva à

soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Desse modo, homologo o título

judicial estrangeiro. Expeça-se a carta de

sentença."

7158 EUA Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Cuida-se de pedido de homologação de

sentença estrangeira proferida pela Vara de Família do Condado de Medina, Ohio, EUA, que decretou o divórcio, bem

como tornou válido o acordo celebrado pelas

partes. O MPF opina pelo acolhimento do pleito.

Noto que o citado acordo alude a propriedades

pessoais dos ex-cônjuges, sem, no

entanto, identificá-las, o que implica a observação do previsto no artigo 89, I,

do CPC, no qual está disposta a competência

exclusiva da Justiça brasileira para conhecer

das ações relativas a bens imóveis situados em

território nacional. Os pressupostos legais indispensáveis ao

deferimento da solicitação foram atendidos, além

disso, não há nos autos matéria ofensiva à

soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Desse modo, homologo o título

judicial estrangeiro com a restrição indicada.

Expeça-se a carta de sentença."

As partes solicitaram por diversas vezes a dilação

dos prazos e a suspensão do processo. Também

demoraram para atender aos pedidos do MPF

(chancela consular à um documento).

Page 73: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 71

7170 Israel Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio a

qual incorporou acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. O parecer da PGR é pelo deferimento do pedido sem restrições; "No presente caso, a

sentença homologanda, além de decretar o divórcio do casal,

homologou o acordo das partes sobre partilha de

bens e outros acessórios. Entendemos que em

nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira, produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do Código de Processo

Civil." "Homologo-a, para que surta, no território brasileiro, os efeitos

pertinentes."

Jurisprudência citada: SE nº 2.396, SE nº 3.408, SE nº 3888, SE nº 3.633, SEC nº

4512, SE nº 4.844.

7173 Finlândia

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio NÃO "Além da chancela do consulado brasileiro no

país de origem com relação à sentença a ser homologada, providencie o requerente a anuência

da requerida e, na hipótese de ser

necessária a expedição de carta rogatória, indique o nome e o endereço de

pessoa que se responsabilize pelas

custas no país em que proferida a mencionada sentença. Constata-se, por outro lado, que a sentençaredigida em

idioma finlandês não foi traduzida por tradutor

público juramentado no Brasil, diretamente para o

português, conforme dispõem os arts. 217,

inciso IV, do RISTF e 15, alínea "d", da LICC. A

tradução para o vernáculo, realizada por tradutor oficial brasileiro,

constitui formalidade essencial no processo de

homologação de sentença estrangeira, consoante autorizado

magistério.* Diligencie o

* Almícar de Castro, "Direito Internacional Privado", p.

564, 4ª ed., 1987, Forense; Maria Helena Diniz, "Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada", p. 337, 8ª ed., 2001, Saraiva. O Requerente não atendeu aos despachos do STF e o

processo foi arquivado.

Page 74: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 72

requerente, perante junta comercial, visando à

nomeação de tradutor ou providencie a versão para

o idioma português no país de origem, com a chancela do consulado

brasileiro."

7201 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Inventário não julgado

"Herman Poliakoff solicita a homologação do

procedimento realizado perante o Tribunal do Condado de Johnson,

nos EUA, que reconhece e defere a administração

do espólio de Donald Lantz pelo representante pessoal designado em

testamento. O documento original foi anexado, dele constando a notícia do trânsito em julgado da decisão, bem como a

chancela do consulado brasileiro. A PGR

preconiza o indeferimento do pedido. Colho do

RISTF: Art. 222. Se o requerido, o curador

especial ou o Procurador-Geral não impugnarem o pedido de homologação,

sobre ele decidirá o Presidente. Parágrafo único. Da decisão do

Presidente que negar a homologação cabe

agravo regimental. Art. 223. Havendo impugnação à

homologação, o processo será distribuído para

julgamento pelo Plenário. Parágrafo único. Caberão ao Relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo e

o pedido de dia para julgamento."

* reautuado como SEC 7201. Este processo não

consta do site do STF para pesquisa

7223 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio proferida pelo Juízo

Distrital da Comarca de Harris, Texas, EUA, que

abrange acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. A PGR é pelo deferimento do pedido

sem restrições. "No presente caso, a

sentença homologanda, além de decretar o

divórcio do casal, aprovou o acordo das partes sobre partilha de bens e outros acessórios. Entendemos

que em nada fere o

Jurisprudência citada: SE nº 3.888, SE nº 2.396, SE nº 3.408, SE nº 3.633, SE nº

4.844 e SEC nº 4.512

Page 75: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 73

direito brasileiro as disposições sobre a

partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do Código de Processo

Civil." "Homologo a sentença de divórcio,

para que surta, no território brasileiro, os

efeitos pertinentes. Expeça-se a carta de

sentença." 7289 EUA Marco

Aurelio Melo

Civil Inventário "homologação de sentença que versou

sobre partilha de bens imóveis situados no Brasil, proferida pelo

Juízo da Vara de Órfãos e Sucessões do Condado de Beaufort, Carolina do

Sul, EUA. A PGR preconiza o indeferimento

do pedido. Colho do RISTF: Art. 222. Se o requerido, o curador

especial ou o Procurador-Geral não impugnarem o pedido de homologação,

sobre ele decidirá o Presidente. Parágrafo único. Da decisão do

Presidente que negar a homologação cabe

agravo regimental. Art. 223. Havendo impugnação à

homologação, o processo será distribuído para

julgamento pelo Plenário. Parágrafo único. Caberão ao Relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo e

o pedido de dia para julgamento. Verifica-se

que a previsão regimental acolhe como suficiente a deslocar a competência para o Plenário o fato de o Procurador-Geral da

República pronunciar-se contra a homologação."

*Reautuado como SEC 7289 (não consta do site do STF). Jurisprudência citada:

SE nº 5.720; artigos 221, 222 e 223 do RISTF

Page 76: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 74

7310 Argentina

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença estrangeira que

dissolveu o casamento das partes, bem como tornou válido acordo de

partilha de bens, abrangendo inclusive imóveis situados no

Brasil. O MPF opina pelo acolhimento irrestrito do

pleito, mesmo que do pacto conste ajuste

relativo a bem imóvel. Consoante reiterada jurisprudência desta

Corte, não fere a regra concernente à

competência exclusiva da Justiça brasileira, para conhecer das ações

relativas a imóveis no Brasil (CPC, artigo 89; e

LICC, artigo 12), a homologação de

provimento estrangeiro que ratifica convenção firmada pelas partes da qual constam cláusulas acerca de bens imóveis, ainda que localizados em

território nacional.* Observo que as partes dispuseram de forma

expressa dos bens que compunham o patrimônio do casal. Sendo assim,

resta eliminada qualquer possibilidade de disputa

quanto à repartição destes. Os pressupostos legais indispensáveis ao deferimento do pedido foram atendidos, além

disso, não há nos autos matéria ofensiva à

soberania nacional, à ordem pú

* Jurisprudência: SE 3633, Moreira Alves, DJ

24.06.1986; SE 4844, Octávio Gallotti, DJ

18.10.1993; SEC 4512, Paulo Brossard, Pleno, DJ

02.12.1994; SEC 7146, Ilmar Galvão, Pleno, DJ

02.08.2002. Diversos pedidos feitos pela parte de

dilação de prazo, todos foram atendidos.

7320 Alemanha

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio NÃO "A Assessoria da Presidência prestou as seguintes informações:

Evaneide Pereira de Azevedo Brychcy,

requerente no processo mencionado, noticia a

impossibilidade de atendimento ao despacho no qual fora determinada

a juntada da tradução, por tradutor público

juramentado no Brasil, da sentença a ser

homologada bem como a indicação do endereço do

requerido, para fins de citação. Prossegue,

afirmando estar acostada aos autos do aludido processo a sentença estrangeira original,

documentação que deve

Esta última diligência solicitada não foi atendida pela parte e o processo foi

novamente arquivado.

Page 77: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 75

ser entregue para a realização da tradução juramentada. Solicita,

outrossim, sejam desentranhados e

encaminhados, por esta Corte, ao endereço do

advogado da requerente, os documentos a fim de

ser proposto novo pedido de homologação de

sentença estrangeira. Registre-se ter ocorrido,

em 16 de agosto passado, a remessa dos

autos do mencionado processo à Seção de

Baixa, tendo em conta o não-cumprimento do

citado despacho, datado de 15/03/2002.Defiro o

pedido de desentranhamento,

devendo os documentos, tal como solicitado, s

7324 Austrália

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Cuida-se de pedido de homologação de

sentença estrangeira de divórcio proferida pela

Vara de Família do Tribunal de Nova Gales do Sul, na Comunidade

da Austrália. A PGR opina pelo acolhimento

da solicitação. Atendidos os requisitos próprios,

homologo o título judicial estrangeiro. Ademais, noto que não há nos

autos matéria ofensiva à soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Quanto à expedição de mandado por esta Corte, observo

que cabe aos requerentes efetuar a averbação da decisão no registro civil

competente. Expeça-se a carta de sentença."

Demora da parte em atender às diligências pedidas pelo Tribunal.

7327 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio que

incorporou acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. A PGR é pelo deferimento do pedido

sem restrições: "No caso dos autos, a sentença homologanda, além de decretar o divórcio do casal, homologou o

acordo das partes sobre partilha de bens e outros acessórios. Entendemos

que em nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a

partilha de bens, acordadas pelas partes.

Jurisprudência citada: SE nº 3.888, SE nº 2.396, SE nº 3.408, SE nº 3.633, SE nº

4.844 e SEC nº 4.512. Cópia dos trechos no corpo

do parecer.

Page 78: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 76

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira, produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do Código de Processo Civil." STF: "A par do

requerimento em conjunto de homologação da

sentença de divórcio, tem-se a observância dos

requisitos próprios. Homologo-a, para que

surta, no território brasileiro, os efeitos

pertinentes." 7378 Alema

nha Maurício Corrêa

Civil Adoção de Menor

SIM "Cuida-se de pedido de homologação de

sentença estrangeira de adoção proferida pelo

Tribunal da Comarca de Miesbach, na República Federal da Alemanha. Tendo em vista que no

documento o pai biológico da adotanda expressou

seu consentimento, tornou-se dispensável o

procedimento de citação. O MPF opina pelo

acolhimento do pleito. Os pressupostos legais indispensáveis ao

deferimento do pleito foram atendidos, além

disso, não há nos autos matéria ofensiva à

soberania nacional, à ordem pública ou aos bons costumes. Assim

sendo, homologo o título judicial estrangeiro.

Expeça-se a carta de sentença."

7386 Suiça Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Cuida-se de pedido de homologação de

sentença estrangeira proferida pelo Tribunal do Distrito de Nyon, Cantão

de Vaud, na Confederação Helvética, que além de decretar o divórcio, tornou válido o acordo celebrado pelas partes. Os pressupostos

legais inerentes ao deferimento do pleito foram observados,

procedendo-se à citação editalícia da requerida. Decorrido o prazo para

contestação, foi nomeado curador especial o advogado Marcos

Vinícius Ottoni que não

Page 79: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 77

se opôs à homologação. O MPF preconiza o

acolhimento da solicitação. Os requisitos próprios foram atendidos, além disso, não há nos

autos matéria ofensiva à soberania nacional, à ordem pública ou aos bons costumes. Assim

sendo, homologo o título judicial estrangeiro."

7401 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Dissolução de

Sociedade Conjugal

SIM "homologação de sentença de divórcio a

qual incorporou acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. A PGR é pelo deferimento do pedido

com ressalva. É de frisar que a regra concernente à competência exclusiva do Judiciário brasileiro

para conhecer de ações relativas a imóveis

localizados no Brasil - artigos 12 da LICC e 89

do CPC - deve ser aplicada com a cabível

cautela, já que a existência de conflito de interesses sobre o bem

leva a uma conduta completamente diferente quando, no divórcio, as

próprias partes chegam a um acordo, ultrapassando qualquer impasse. Assim,

à luz da jurisprudência desta Corte, tratando-se de composição, não há

falar-se em atuação única e exclusiva da autoridade

judicante brasileira.* A par do requerimento em

conjunto de homologação de sentença de divórcio,

tem-se o atendimento dos requisitos próprios. Homologo-a, com a

restrição de que o ato sentencial somente

produzirá efeitos plenos a partir de 15/10/2002

(artigo 226, § 6º, da CF), observando-se, até essa

data,

* Confira-se com os seguintes precedentes: SEs

nºs 3.633, 3.888, 4.844 e 3.408 e SEC nº 4.512. Na

SE nº 3.408, restou consignado: -

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA

ESTRANGEIRA. SEPARAÇÃO DE

CÔNJUGES. PARTILHA DE BENS. E

HOMOLOGÁVEL A SENTENÇA

ESTRANGEIRA QUE HOMOLOGA ACORDO DE

SEPARAÇÃO E DE PARTILHA DOS BENS DO

CASAL, AINDA QUE SITUADOS NO BRASIL,

PORTA QUE NÃO OFENDIDO O ART. 89 DO CPC, NA CONFORMIDADE DOS PRECEDENTES DO STF (RTJ. 90/11; 109/38;

112/1006). HOMOLOGAÇÃO

DEFERIDA.

7461 EUA Nelson Jobim

Civil Adoção não julgado

"a parte, maior, requer a homologação de

sentenças estrangeiras que lhe atribuíram a

condição de filho adotivo de Theodore, falecido, bem como a que lhe

autorizou a alterar seu nome para ELIAS DREHER. A PGR

verificou que não houve comprovação do trânsito em julgado da decisão de

Após petição da parte interessada o processo foi

desarquivado.

Page 80: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 78

29/04/1995 que lhe autorizou a mudança de nome, nem a chancela consular da certidão de

óbito do adotante. O requerente não supriu

essas deficiências, nem manifestou interesse no

prosseguimento da ação. Em 12.12.2002,

determinou o arquivamento dos autos

(RISTF, art. 219). Em 23.08.2004 o requerente trouxe novos documentos

e pede o desarquivamento dos

autos para dar continuidade à ação. Alega interesse em

resguardar os direitos sucessórios de seus três

filhos, bem como evitar os constrangimentos que

sofre na alfândega, quando vem ao Brasil.

Entretanto, verifico ainda ausente a autenticação consular na certidão de óbito do adotante, nos termos do que disposto

no art. 217, IV, do RISTF, para que se possa dar

prosseguimento à homologação d

7466 EUA Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "O MPF opina pelo acolhimento da

solicitação com a ressalva de que a homologação não

alcança o acordo firmado entre as partes, tendo em vista que não foi juntado

aos autos documento que o comprove. A

requerente, devidamente intimada, afirmou que não

se opõe à limitação indicada pelo Parquet.

Foram atendidos os requisitos próprios, além disso, não há nos autos

matéria ofensiva à soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Desse modo, homologo o título

judicial estrangeiro com a restrição apontada."

A requerente solicitou por diversas vezes dilação de

prazo para cumprir as diligências

7477 Argentina

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "O MPF opina pelo acolhimento do pleito com

a ressalva de que a homologação não

alcança qualquer acordo relativo ao filho do casal

ou os termos da separação consensual

que precedeu o divórcio, tendo em vista que a decisão homologanda

Page 81: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 79

não dispõe acerca de tais questões. O requerente esclareceu que não há

interesse na homologação do acordo e

afirmou, ainda, que a pretensão resume-se,

tão-somente, à decisão que decretou o divórcio. Os pressupostos legais

indispensáveis ao deferimento da solicitação

foram atendidos, além disso, não há nos autos

matéria ofensiva à soberania nacional, à ordem pública ou aos

bons costumes. Desse modo, homologo o título

judicial estrangeiro com a restrição apontada."

7488 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio a

qual incorporou acordo de separação e convenção de bens celebrado pelas

partes. O MPF é pelo deferimento do pedido

sem restrições: "No presente caso, a

sentença homologanda, além de decretar o divórcio do casal,

homologou o acordo das partes sobre partilha de

bens e outros acessórios. Entendemos que em

nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a

aplicaçãoda lei brasileira, produziria, na espécie, o mesmo resultado, não

havendo, no caso, ofensa ao art.89 do CPC." A par

do requerimento em conjunto de homologação da sentença de divórcio,

tem-se a observância dos requisitos próprios.

Homologo-a, para que surta, no território

brasileiro, os efeitos pertinentes."

Jurisprudência citada: SE nº 3.888, SE nº 2.396, SE nº 3.408, SE nº 3.633, SE nº

4.844 e SEC nº 4.512. Cópia dos trechos no corpo

do parecer.

7516 EUA Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "homologação de sentença de divórcio (...) a qual incorporou acordo

de separação e convenção de bens

celebrado pelas partes. A PGR é pelo deferimento

do pedido sem restrições: "No presente caso, a

sentença homologanda, além de decretar o

divórcio do casal, aprovou o acordo das partes sobre

Jurisprudência citada: SE nº 3.888, SE nº 2.396, SE nº 3.408, SE nº 3.633, SE nº

4.844 e SEC nº 4.512.

Page 82: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 80

partilha de bens e outros acessórios. Entendemos

que em nada fere o direito brasileiro as disposições sobre a

partilha de bens, acordadas pelas partes.

Com efeito, não há dúvida de que a aplicação

da lei brasileira, produziria, na espécie, o mesmo resultado, não havendo, assim, razão

para que seja excluído da partilha o imóvel situado no Brasil, por não haver,

no caso, ofensa ao art. 89 do CPC." A par do

requerimento em conjunto de homologação da

sentença de divórcio, tem-se a observância dos

requisitos próprios. Homologo-a, para que

surta, no território brasileiro, os efeitos

pertinentes." 7559 Alema

nha Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio SIM "A Assessoria da Presidência prestou as seguintes informações: Na peça inicial, Dieter Hinz, requerente na senença estrangeira mencionada, além da

homologação de sentença estrangeira

proferida pelo Juízo Cível de Iserlohn, Alemanha, solicita seja suspenso "pelo período de 30 (trinta) dias o prazo

prescricional do visto de turista", tendo em conta

que deseja casar-se com uma brasileira. Registre-se terem sido cumpridos os demais requisitos que viabilizam o deferimento

do pedido de homologação de

sentença estrangeira, constando, nos autos,

inclusive, a declaração de anuência da requerida

chancelada pelo consulado brasileiro no

país de origem. O pedido de suspensão do prazo de validade do visto de turista é estranho aos

atos a serem praticados pela Corte. Indefiro o

pleito formulado" (12/09/2002)

A homologação foi concedida mas o

interessado não fez a extração da Carta de

Sentença. O processo foi arquivado.

Page 83: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 81

7572 Reino Unido

Marco Aurelio Melo

Civil Divórcio NÃO "Na hipótese, não se tem sentença a ser

homologada. A tradução revela a existência de

registro de casamento, e não de sentença. O Pleno

já defrontou com a espécie e, na SEC nº 4.966-1, relatada pelo

ministro Paulo Brossard, assim concluiu:

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA

ESTRANGEIRA. CASAMENTO. Art. 223

do RISTF. A CF atribui ao STF competência para "a

homologação de sentenças estrangeiras", art. 102, I, "h", ou seja, de

atos jurisdicionais irrecorríveis de outros

países, ou ainda de atos administrativos que sejam a eles equiparados, como é o caso, por exemplo, do divórcio consensual em

países cujo sistema jurídico tem esta

previsão. O casamento não é ato jurisdicional ou

a ele equivalente. Processo extinto sem

julgamento de mérito, por veicular pedido

juridicamente impossível (Acórdão publicado no

Diário da Justiça de 30/09/1994). Diante do

exposto, julgo extinto este processo, sem

apreciação do mérito. Falta, no caso, condição

jurídica, conforme proclamado pelo

Plenário."

7584 Alemanha

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Os pressupostos legais inerentes ao deferimento

do pleito foram observados, procedendo-se à citação editalícia do requerido. Decorrido o

prazo para contestação, foi nomeado curador

especial o advogado José Henrique Fischel de

Andrade que não se opôs à homologação. O MPF preconiza o acolhimento

da solicitação. Os requisitos próprios foram atendidos, além disso,

não há nos autos matéria ofensiva à soberania

nacional, à ordem pública ou aos bons costumes.

Assim sendo, homologo o título judicial estrangeiro.

Expeça-se a carta de sentença."

Page 84: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 82

7585 Hungria

Maurício Corrêa

Civil Divórcio SIM "Os pressupostos legais inerentes ao deferimento

do pleito foram observados, procedendo-se à citação editalícia do requerido. Decorrido o

prazo para contestação, foi nomeado curador

especial o advogado José Guilherme Villela que não se opôs à homologação.

O MPF preconiza o acolhimento do pleito com

a ressalva de que a homologação não

alcança o acordo firmado entre as partes, tendo em vista que não foi juntado

aos autos documento que o comprove. A

requerente, devidamente intimada, afirmou que não

se opõe à limitação sugerida pelo Parquet. Atendidos os requisitos próprios, homologo o título judicial, com a restrição indicada.

Expeça-se a carta de sentença."

7595 França

Maurício Corrêa

Civil Laudo Arbitral

não julgado

"Embora a EMBRATEL insista em afirmar que

não se opõe à homologação do laudo,

observo que nestes autos as partes tentam por via

transversa reproduzir controvérsia cujo teor já

foi objeto de litígio inclusive no próprio

procedimento de arbitragem. Ressalto que

das múltiplas petições juntadas ao processo pela requerida resulta clara a impugnação ao

pedido inicial. Nitidamente foi oferecida resistência à pretensão da empresa requerente,

ainda que sob o fundamento de ausência de requisito formal. Do

mesmo modo, não tenho como procedente a tese sustentada na petição. O

artigo 221 do RISTF determina que a

contestação somente poderá versar sobre a

observância dos requisitos indicados no artigo 217, que dispõe justamente sobre as

formalidades necessárias à homologação da

sentença estrangeira. Ante o exposto, considero impugnado pela empresa

requerida, EMBRATEL

*Distribuição para o Plenário.

Page 85: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO II – SENTENÇA ESTRANGEIRA CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 83

S.A, o presente pedido de homologação de

sentença estrangeira, razão pela qual, com

fundamento no artigo 223 do RISTF, determino a

sua distribuição."

Page 86: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 84

Page 87: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 85

ANEXO III – Extradição

EXTRADIÇÂO Proto-colo

País Relator Crime Exterior Brasil Base Legal Decisão EMENTA

807 Suíça Nelson Jobim

crime de abandono material

não cita arts. 109, caput, IV, 218 e 244 do CP

Tratado de extradição

sim O processo de extradição passiva não admite contraditório. Ele é meio de

controle da constitucionalidade. Nenhuma ofensa causa ao disposto no art. 85, § 1º

da L. 6.815/80, se o extraditando apresentou defesa escrita, na forma da lei. O não pagamento de alimentos constitui, no direito brasileiro, o crime de abandono

material (CP, art. 244). Negativa de autoria é matéria que depende do exame da prova

produzida no processo criminal. Ela não tem espaço no processo de Extradição,

onde são analisadas apenas as condições de admissibilidade. O fato de o

extraditando ter constituído família no Brasil não é causa impeditiva da

extradição. A circunstância de ter saído livremente de seu País não obsta a

extradição. Especialmente quando fixa residência no outro País com ânimo de

permanência. Não ocorreu causa impeditiva (L. 6.815/80, art. 77). As

condições legais estão presentes (L. 6.815/80, art. 78). Extradição deferida.

808 Suíça Ellen Gracie

tráfico de entorpecent

es

não cita art. 109, I do CP; art. 12 da

lei 6368/76

Tratado de extradição

sim EMENTA: Extradição. Governo da Suíça. Presença dos requisitos dos arts. 78 e 80 da Lei nº 6.815/80 e do art. VII do Tratado

de Extradição firmado entre os dois países. Correspondência dos crimes

verificada. Não ocorrência da prescrição. Ausência de qualquer impedimento

previsto no art. 77 da referida lei. Pedido de extradição deferido, com a ressalva do

art. 89, caput da mesma norma legal, tendo em vista que o extraditando está

sendo processado criminalmente no Brasil. 809 Itália Sepúlve

da Pertence

falência fraudulenta

e estelionato

não cita não cita Tratado de extradição

não EMENTA: Extradição: prescrição, conforme o direito brasileiro, da pretensão executória de sentença condenatória por delitos praticados, em continuidade, de

falência fraudulenta e estelionato. 811 Peru Celso de

Mello tráfico de

entorpecentes

não cita art. 75 do CP; arts. 12, 14 e

18, I da lei 6368/76

Tratado de extradição

sim e m e n t a: extradição passiva - acusação por suposta prática do crime de tráfico

ilícito de entorpecentes - pretendido exame do mérito da imputação penal -

impossibilidade - validade constitucional do art. 85, § 1º da lei nº 6.815/80 -

existência, no brasil, de procedimento penal instaurado contra os extraditandos - situação que impede a imediata efetivação

da ordem extradicional, exceto se exercida, pelo presidente da república, a prerrogativa que lhe confere o art. 89 do estatuto do estrangeiro - sujeição de um dos extraditandos à prisão perpétua no

estado requerente - possibilidade de efetivação da entrega extradicional, com ressalva da posição pessoal do ministro

relator, que a entende incabível - extradição deferida. processo extradicional - exame da prova penal produzida perante o estado estrangeiro - negativa de autoria

do fato delituoso - inadmissibilidade.

Page 88: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 86

812 Argentina

Maurício Corrêa

peculato não cita arts. 109, II e 312 do CP

Tratado de extradição

sim O crime de subtração de verba pública, previsto no artigo 261 do Código Penal argentino, corresponde ao definido no

artigo 312 do Código Penal brasileiro. O Supremo Tribunal Federal é apenas o

Juízo de controle da legalidade formal do pedido formulado pelo Estado requerente, não lhe competindo discutir a procedência ou não da acusação contra o extraditando. Precedentes. Não impede a extradição a

circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro

(Súmula 421-STF). O fato de o extraditando ser portador de cédula de

identidade permanente não impede o ato extraditório. Precedente. Pedido de

extradição deferido. 814 Portugal Moreira

Alves quadrilha,

bando, estelionato, receptação, falsificação, documento

público

CP - arts. 205, I, IV, B; 118, B; 217; 218; 231; 256;

299; 300, I, II, A.

arts. 109, III, IV, 168, 171,

180, 288, 297, § 2

Tratado de extradição

sim EMENTA: Extradição. Pedido originário e pedido de extensão. - No caso, estão presentes os requisitos formais para

ambos os pedidos. - Por outro lado, quer quanto ao pedido originário de extradição, quer quanto ao pedido de extensão dela, nada há que impeça a sua concessão.

Extradição deferida. 816 EUA Maurício

Corrêa quadrilha ou bando, estelionato e incêndio criminoso

não cita arts. 109, III e IV, 111, III, 171, § 2, V,

250, § 1, I e II, letra e, 288

Tratado de extradição

parcial Os crimes previstos no Título 18 do Código dos EUA, definidos como associação permanente para o

cometimento de atos ilicítos (Seção 1962), fraude continuada (Seções 1341 e 1344) e incêndio criminoso cometido com intuito de obter vantagem pecuniária (Seção 844 h e

i), correspondem, respectivamente, aos tipificados no CP Brasileiro: quadrilha ou

bando (artigo 288), estelionato (artigo 171) e incêndio qualificado (artigo 250, § 1º, inciso I). A expressão "delito de fraude federal" diz respeito à peculiaridade da

organização judiciária do Estado requerente que estabelece a competência da Justiça Federal, sem afetar a tipicidade dos delitos relacionados no artigo II itens

7, 18 e 19 do Tratado de Extradição. Preenchidos os requisitos formais do

pedido de extradição, não compete ao STF examinar a procedência ou não da

acusação contra o extraditando. Precedentes. O ato judicial denominado

indictment no processo penal norte-americano assemelha-se à pronúncia na

versão brasileira, constituindo-se em causa interruptiva

817 Itália Néri da Silveira

associação ao tráfico

de entorpecent

es e de possessão ilegítima de

armas e explosivos

não cita arts. 109, V e 253 do CP

Tratado de extradição

parcial Ordem de detenção cautelar emitida pelo Juiz de inquirição preliminar junto ao Tribunal de Roma. Pedido deferido e decretada a prisão preventiva para extradição. Parecer da P.G.R. pela

concessão parcial do pedido de extradição. Extinção da punibilidade pela

prescrição à luz da legislação brasileira, no que concerne à posse de engenhos explosivos, mediante concurso de

pessoas, apurado em Roma. Incabível o exame do conjunto probatório que

conduziu a autoridade judiciária italiana ao decreto de prisão preventiva. Não atua como causa a impedir a extradição a

alegada circunstância de o extraditando ter cônjuge e filha brasileiras. Precedentes: EXT 571 e 660. Viabilidade da pretensão

Page 89: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 87

extradicional, salvo quanto ao delito de posse de engenhos explosivos, porque já

configurada a prescrição, à vista da lei brasileira. Pedido de extradição deferido

em parte.

819 Itália Sydney Sanches

tráfico de entorpecent

es

não cita arts. 14, II, 109, III, IV e V, 110, § 1, 117, I

e IV

Tratado de extradição

sim Estando atendidos todos os requisitos dos artigos 80 e seguintes da Lei nº

6.815/1980, modificada pela Lei nº 6.964/1981, e não ocorrendo qualquer das

hipóteses previstas no art. 77, é de ser acolhido o parecer do MPF, e deferido o

pedido de extradição, como formulado, ou seja, para que o extraditando cumpra, na Itália, a pena remanescente de ambos os delitos, de 6 (seis) anos, 4 (quatro) meses e 17 (dezessete) dias, deduzido o tempo de sua permanência, no Brasil, na prisão

decretada pelo Relator (art. 91, II, da mesma Lei). Não se pede extradição para o cumprimento de pena de multa, de sorte que a questão não precisa ser examinada.

Extradição deferida. 820 Itália Nelson

Jobim porte ilegal de armas e associação

mafiosa

não cita arts. 14, II, 29, 62, I, 70, 71, 121, 157, II e IV, 158, 288

Tratado de extradição

parcial Os requisitos legais para a extradição foram atendidos, sem a ocorrência de qualquer causa impeditiva. Há, porém,

restrição relativa ao crime de porte ilegal de arma. O Estatuto dos Estrangeiros veda a extradição quando o fato não é

crime no Brasil ou no Estado requerente. À época dos fatos, dezembro de 1994, o

porte ilegal de arma, no Brasil, era contravenção penal. Só a partir da L.

9.437/97 passou a ser considerado crime. Em relação ao crime de associação

criminosa do tipo mafioso, a jurisprudência do Tribunal reconhece a correspondência com o crime de quadrilha ou bando (CP,

art. 288). A prisão preventiva para os efeitos da extradição, não se fundamenta nos requisitos do art. 312 do CPP. Ela é

requisito indispensável ao regular desenvolvimento do processo de

Extradição (L. 6.815/80, art. 84, parágrafo único). A condenação definitiva não é

pressuposto para a extradição. É suficiente o auto de prisão em flagrante, mandado de prisão ou fato da fuga (L.

6.815/80, art. 82, § 1º). A circunstância de o extradita

822 Itália Nelson Jobim

tráfico de entorpecent

es

não cita arts. 12 e 14 da lei 6368/76; arts. 42, 109, 110, 112, II e 113 do CP

Tratado de extradição

sim Os requisitos legais para a extradição foram atendidos, sem a ocorrência de

qualquer causa impeditiva. O Tratado de extradição foi respeitado. No seu art. IX há

regra específica sobre o princípio da detração (CP, art. 42). Por ele, deve ser

computado na pena já cumprida o período de reclusão no Brasil. A jurisprudência do Tribunal é no sentido de que a deficiência

na tradução, desde que permita a compreensão do pedido extradicional e autorize a percepção do conteúdo das

peças documentais que o instruem, não se qualifica como obstáculo ao acolhimento

Page 90: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 88

da postulação deduzido pelo Estado requerente. A alegada deficiência da

tradução dos documentos não impediu que o advogado apresentasse defesa

técnica. A circunstância de o extraditando ter constituído família no Brasil ou ter filho menor brasileiro, não é causa obstativa da

Extradição. Extradição deferida.

824 Alemanha

Ellen Gracie

tráfico de entorpecent

es

arts. 25, II e 52 do CP

arts. 12, III, 29, I, 30, I

Reciprocidade sim Competência da Justiça Alemã para julgar os crimes cometidos. Não cabe ao STF o exame de regras de competência interna dos tribunais do país requerente (Ext. nº

362, rel. Min. Moreira Alves e Ext. nº 480, rel. Min. Sydney Sanches). Infundada

alegação de ser o extraditando julgado por tribunal de exceção, tendo em vista que o

pedido objetiva o seu julgamento pelo Tribunal da Comarca de Hamburgo, órgão

do Poder Judiciário da Alemanha. Promessa de reciprocidade e de

observância do disposto no art. 90 da Lei nº 6.815/80 feitas de forma inequívoca.

Correspondência dos crimes verificada e não ocorrência da prescrição. Pedido

deferido, devendo ser observado o disposto no art. 89, caput da referida lei.

827 Uruguai Ilmar Galvão

homicídio mui

especialmente

agravado

art. 312 do CP

arts. 109, I, 115, 121, II e

V

Tratado de extradição

sim Alegada nulidade do processo por ausência de fundamentação do decreto de prisão preventiva. Sendo o ilícito penal em

questão também punido pela legislação brasileira, inexistindo no Brasil processo crime relativo ao mesmo fato e não se

verificando a prescrição pelos ordenamentos jurídicos brasileiro e

uruguaio, não há óbice legal ao deferimento do pedido extradicional. Prisão preventiva que, tendo como fundamento bastante o pedido de

extradição, cujo processamento está condicionado à sua efetivação, não

apresenta vícios. Extradição deferida. 828 EUA Nelson

Jobim fraude

bancária, estelionato, falsificação

não cita arts. 29, 42, 109, III e V,

171, caput, § 2, § 3, II, 249, § 1 e § 2, 297, 304, 307, 359

Tratado de extradição

parcial Os requisitos legais para a extradição foram atendidos, sem a ocorrência de qualquer causa impeditiva. Há apenas

restrição ao crime de subtração de incapazes, que no Tratado de Extradição

não encontra previsão como causa de concessão de extradição. A declaração juramentada do Procurador-Adjunto dos

EUA para o Distrito Ocidental de Tennessee, perante o Juiz Magistrado dos

EUA, contém a legislação americana. Esse documento, remetido por via

diplomática, é idôneo. A circunstância de o extraditando estar condenado no Brasil a pena restritiva de direitos não impede a concessão da extradição. Poderá, em

tese, retardar a sua execução. A detração é instituto de direito penal e de execução penal (CP, art. 42 e LEP, art. 111). Pelo

sistema de controle limitado de extradição passiva, não é possível, ao Tribunal,

aplicar esse instituto em eventual condenação no Estado requerente.

Extradição deferida, em parte. Ressalvado o crime de subtração de incapazes.

Page 91: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 89

832 Alemanha

Maurício Corrêa

homicídio não cita arts. 109, IV, 121

Reciprocidade sim Extradição. Revisão do julgamento proferido pela Justiça Alemã.

Impossibilidade, dado que o STF, no processo de extradição, limita-se à

verificação dos pressupostos intrínsecos à concessão do pedido, não podendo

adentrar o mérito da decisão condenatória exarada pelo Estado requerente.

Precedentes. Cumprimento do restante da pena imposta pela Justiça alemã no Brasil. Pedido insubsistente, por falta de amparo

legal. Execução da pena no território brasileiro. Não- cabimento, por não ter sido o extraditando condenado e nem

processado pelo mesmo crime no Brasil. Pedido de extradição deferido.

833 Portugal Celso de Mello

peculato (crime militar)

não cita arts. 109, II e 312

Tratado de extradição

sim extradição passiva - acusação por suposta prática de crime militar (peculato) - fato que também constitui crime comum - inocorrência de causa obstativa da

extradição passiva. 835 Argentin

a Celso de

Mello homicídio não cita art. 121 do CP Tratado de

extradição sim e m e n t a: extradição passiva - crime de

homicídio simples - observância dos critérios da dupla tipicidade e da dupla punibilidade - alegação de nulidade do interrogatório procedido por juiz federal, mediante delegação do relator da causa

extradicional - extraditando que demonstrou possuir conhecimento, ativo e

passivo, da língua portuguesa - desnecessidade de nomeação de tradutor para a realização do ato de interrogatório - pretendida configuração de criminalidade

política - inocorrência - processo extradicional regularmente instruído - jurisdição penal do estado requerente

sobre o ilícito atribuído ao extraditando - pedido extradicional deferido.

836 Egito Carlos Velloso

atividade terrorista

não cita lei 6815/80 Reciprocidade não EMENTA: - CONSTITUCIONAL. EXTRADIÇÃO. PEDIDO NÃO INSTRUÍDO

REGULARMENTE. DILIGÊNCIA NÃO ATENDIDA. I. - Diligência reclamando a

vinda para os autos de documentos, a fim de ser instruído, regularmente, o pedido:

as normas relativas à prescrição do delito; cópia da legislação que autoriza o

Procurador-Geral da República do Estado requerente a decretar a prisão de

indiciados ou réus; se o crime imputado comporta pena de morte; se o grupo

terrorista, do qual participaria o extraditando, está em atividade ou, em caso negativo, quando cessaram suas atividades. Diligência não cumprida,

motivo por que deve o pedido ser indeferido, não havendo óbice, entretanto, de ser formulado novo pedido, desde que instruído do modo a permitir o exame da

matéria pelo Supremo Tribunal Federal. II. - Extradição indeferida.

842 Grécia Maurício Corrêa

tráfico de entorpecent

es

não cita arts. 12 e 18, I e III da lei 6368/76

Reciprocidade não ementa: extradição. Tráfico de entorpecentes. Condenação do

extraditando no Brasil pelos mesmos fatos que lhe são imputados pelo estado

requerente. Impossibilidade de deferimento do pedido. Extradição.

Impossibilidade de deferir-se o pedido quando o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado

Page 92: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 90

ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato. Lei 6.815/80, artigo 77, V. Nacional grego

condenado no Brasil por tráfico de entorpecentes. Mandado de prisão

expedido no Estado requerente, em razão dos mesmos fatos delituosos. Extradição.

Impossibilidade. Pedido de extradição indeferido.

846 EUA Ilmar Galvão

tráfico de entorpecent

es

não cita art. 12 da lei 6368/76; arts. 109, 110 e 288

do CP

Tratado de extradição

parcial ementa: extradição. Estados unidos da américa. Crimes de conspiração para

tráfico de entorpecentes, posse de entorpecentes para distribuição e porte de arma de fogo, relacionado com tráfico, por pessoa previamente condenada. Pedido

que, no tocante ao delito de porte de arma, não pode ser deferido, posto não estar tal conduta arrolada no art. Ii do tratado de extradição celebrado entre o brasil e os estados unidos, nem haver o governo requerente prometido reciprocidade. Sendo os demais ilícitos penais em

questão também punidos pela legislação brasileira, inexistindo no brasil processo crime relativo ao mesmo fato e não se

verificando a prescrição pelos ordenamentos jurídicos brasileiro e norte-

americano, não há óbice legal ao deferimento, nessa parte, do pedido

extradicional. Extradição pacialmente deferida.

850 EUA Ellen Gracie

tráfico de entorpecent

es

não cita art. 12 da lei 6368/76; arts. 109, III e IV,

110, 155, caput da CP, lei 6815/80

Tratado de extradição

parcial Presença dos requisitos do artigo 80 da Lei nº 6.815/80 e do artigo IX do Tratado de Extradição. Evasão de presídio, sem o uso de violência, não constitui crime no

Brasil. Pedido indeferido, nesta parte, por ausência da dupla tipicidade (Lei nº

6.815/80, artigo 77, II). Ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, sobre a

qual não incide a agravante da reincidência, no tocante ao crime de furto (Lei nº 6.815/80, artigo 77, VI, e Tratado

de Extradição, artigo V, item 3). A condenação pelo crime de tráfico ilícito de

entorpecentes possui exata correspondência na legislação brasileira (Lei nº 6.368/76), não havendo que se

falar em prescrição da pretensão executória. Pedido de extradição

parcialmente deferido. 852 Alemanh

a Maurício Corrêa

tentativa de homicídio

art. 78, alínea 2ª e

art. 79, alínea 2ª do

CP

arts. 14, 109, II, 110, 121,

157

Reciprocidade não ementa: extradição. Tentativa de assassinato e roubo qualificado. Dupla

tipificação. Extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória. Pressupostos do pedido atendidos.

Correspondência entre os tipos penais do País requerente e os do Brasil.

Imprescritibilidade das sentenças penais condenatórias transitadas em julgado na

Alemanha (CPA, artigo 79, alínea 2ª). Prescrição da pretensão executória, entretanto, já verificada segundo a

legislação penal brasileira (CP, artigo 110 c/ com o artigo 109, II). Pedido de

extradição indeferido. 853 Paraguai Maurício

Corrêa apologia ao

crime, associação criminosa e evasão de impostos

não cita arts. 109, III, 287 e 288 do CP; art. 4, VIII da CF; arts.

76, 77, I, III e IV, §1 e §3, 80

Tratado de extradição

parcial ementa: extradição. Apologia ao crime, associação criminosa e evasão de

impostos. Dupla tipificação. Pedido para fins de investigação e instrução criminal:

possibilidade. Prisão preventiva decretada

Page 93: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 91

e 91 da lei 6815/80

por autoridade judiciária competente. Fatos e indícios suficientes para

caracterização das condutas delituosas. Legalidade formal

854 Alemanha

Ellen Gracie

homicídio não cita art. 121 do CP; arts. 311 a 316 do CPP; arts. 80 e 82

da lei 6815/80

Reciprocidade sim A prisão preventiva para fins de extradição em nada se confunde com a prisão preventiva de que trata o Código de

Processo Penal. A sua decretação deve ser fundada, dentre outras hipóteses, em ordem de prisão, como exige o artigo 82 da Lei nº 6.815/80. Precedentes. A nota verbal indicou que o crime ocorreu entre os dias 15 e 18 de janeiro de 2002. Tal

afirmação não possui o condão de tornar imprecisa a data do cometimento do

evento criminoso, nem relevo suficiente para viciar o pedido extradicional, inclusive porque o súdito alemão, no interrogatório,

assumiu a autoria do crime. Dupla tipicidade verificada e inocorrência da

prescrição. Pedido de extradição deferido. 857 Argentin

a Nelson Jobim

associação ilícita

não cita arts. 109, caput, III e IV,

117, I, 171, caput, II e V, §

3, 288

Tratado de extradição

sim EMENTA: extradição. Constitucional. Penal. Tratado entre Brasil e Argentina.

Requisitos. Associação ilícita. Estafa. Os requisitos legais para a extradição foram atendidos, sem a ocorrência de qualquer

causa impeditiva. O Tratado de extradição foi respeitado. Os delitos de associação ilícita e estafa correspondem no nosso direito respectivamente aos crimes de

formação de quadrilha e estelionato (CP, arts. 288 e 171). Extradição deferida.

859 Uruguai Carlos Velloso

crime contra o

patrimônio

art. 129 e art.344 do

CP

arts. 109, II, 112, 117, I,

letra B, 157 do CP; arts. 66,

67, 80 e 89 da lei 6815/80

Reciprocidade sim EMENTA: Extradição executória. Dupla tipicidade: crime de rapina, crime de

roubo. CP uruguaio, art. 344; CP brasileiro, art. 157. Processo no Brasil por

delito diverso. Pedido de extradição executória instruído com os documentos exigidos pela lei brasileira, Lei 6.815/80, art. 80. Ocorrência da dupla tipicidade:

crime de rapina, CP uruguaio, art. 344; CP brasileiro, crime de roubo, art. 157.

Inocorrência de prescrição. Não impede a extradição o fato de o extraditando estar

sendo processado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por fato diverso. A execução da extradição, nesses casos,

rege-se pelo disposto nos artigos 66, 67 e 89 do Estatuto dos Estrangeiros, Lei

6.815/80. Extradição deferida. 862 EUA Maurício

Corrêa conspiração e fraude por

uso de serviços de telecomunic

ações

não cita arts. 29, 109, II e IV, 117, II, 171, 288 do CP; arts. 67,

76, 77, 82, § 2, 89, 91, I e II da

lei 6815/80

Tratado de extradição

sim Pressupostos do pedido atendidos. Correspondência entre os tipos penais do

País requerente e os do Brasil. Dupla tipificação. Crime de conspiracy previsto

na legislação norte-americana que corresponde ao delito de quadrilha descrito no artigo 288 do CP, por

evidenciar-se que não se cuida de simples concurso de pessoas, mas de efetiva

associação criminosa que revela, inclusive, acordo de vontade firmado entre os agentes para fins delituosos comuns.

Fraude por meio telegráfico (fraud by wire). A circunstância de o crime haver

sido cometido com o uso de meio telefônico é irrelevante, já que as demais imputações são suficientes para tipificar o crime de estelionato de que cuida o artigo

171 do CP. Prescrição da pretensão

Page 94: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 92

punitiva. Não-ocorrência segundo as leis do Estado requerente, porquanto basta para afastar a sua incidência que o réu

seja indiciado no prazo de 5 anos após ter cometido o delito.

863 França Gilmar Mendes

subtração de menor

não cita arts. 109, V e 249 do CP; arts. 77, IV, 82, § 2 e § 3

da lei 6815/80

Reciprocidade sim Inexistência de tratado entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Francesa.

Processamento do pedido de acordo com a Lei nº 6.815/1980. Requisitos formais

atendidos. Dupla tipicidade: correspondência do ato delituoso nas leis

brasileira e francesa. Inocorrência de prescrição. Extradição deferida

864 Itália Sepúlveda

Pertence

tráfico de entorpecent

es

não cita arts. 12 e 14 da lei 6368/76; arts. 109, I, V e VI, 112, I,

114, II do CP

Tratado de extradição

sim Extradição: lei ou tratado: aplicabilidade imediata. As normas extradicionais, legais

ou convencionais, não constituem lei penal, não incidindo, em conseqüência, a vedação constitucional de aplicação a fato

anterior da legislação penal menos favorável. II. Extradição executória:

condenação à revelia na Itália: admissibilidade. Independentemente da

aplicabilidade ao caso da parte final do art. V do Tratado de Extradição, segundo o

direito extradicional brasileiro, não impede, por si só, a extradição que o extraditando tenha sido condenado à revelia no Estado

requerente. Extradição: prescrição conforme o direito brasileiro: base de cálculo. Cuidando-se de extradição executória, o cálculo da prescrição

conforme o direito brasileiro toma por base a pena efetivamente aplicada no

estrangeiro e não aquela abstratamente cominada no Brasil à infração penal correspondente ao fato. Aplica-se à

verificação da prescrição segundo a lei brasileira, no processo de extradição

passiva, a regra, aqui incontroversa, de que cuida

866 Portugal Celso de Mello

Homicídio, sonegação

fiscal e estelionato

arts. 74; 117, n-1, b;

118, 1 a; 131, 132 nºs 1, 2;

314 do CO, artigos 15,

1; 24 redação

dada pelo Decreto-Lei 394/1993

do Decreto-Lei 20-A/1900.

art. 4, inc. 2, art. 5 inc. 53;

arts. 71, 109, I, IV e V, 119,

121, § 2, I a V, 171, § 2, V do CP; arts. 77, 78, 85, § 1

Tratado de extradição

parcial e m e n t a: extradição - pretendida discussão da prova penal produzida

perante a justiça portuguesa - contestação, pelo extraditando, da autoria dos fatos delituosos - inadmissibilidade -

consumação da prescrição penal relativamente a um dos delitos

motivadores do pedido de extradição - fato que obsta, quanto a tal delito, o

deferimento da entrega extradicional - extradição deferida em parte. Extradição e

sistema de contenciosidade limitada.

867 Portugal Marco Aurelio Mello

tráfico de entorpecent

es

não cita art. 12 da lei 6368/76; arts. 5 e 7 do CP; lei 6815/80

Tratado de extradição

sim LEGISLAÇÃO PENAL - TERRITORIALIDADE. A regra direciona à observância das normas em vigor no país em que cometido o crime - artigos 5º e 7º

do CP. TRÁFICO DE DROGAS - NÚCLEOS. Para efeito de extradição, considera-se a modalidade ocorrida no país requerente que, ante o princípio da

Page 95: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 93

territorialidade e considerada convenção internacional, possua jurisdição própria à

persecução criminal. EXTRADIÇÃO - FAMÍLIA CONSTITUÍDA - ALCANCE. Ao contrário do que ocorre com o instituto da

expulsão, a existência de família constituída no Brasil não é obstáculo à procedência do pedido de extradição.

871 Grécia Carlos Velloso

tráfico de entorpecent

es

art. 8 do CP; art. 9º, § 2º, b, da Convenção Européia

sobre Extradição.

art. 5, inc. 45 da CF; arts.

77, inc. 5 e 79 da lei 6815/80

Reciprocidade não Extradição requerida pelo Governo da Grécia, com base no art. 8ª do CP grego, que dispõe que os crimes cometidos no

exterior, pelos seus nacionais, são sempre punidos pelas leis gregas,

independentemente das leis do lugar onde foi praticado o ato. Acontece que, pelo mesmo delito, cuja prática iniciou-se no Brasil, foi o extraditando julgado pela

Justiça italiana, tendo cumprido a pena de prisão a que foi condenado. A lei brasileira

não admite seja o indivíduo processado criminalmente por delito pelo qual foi

condenado, consagrando a regra, que vem do direito romano, do non bis in idem: não se pune duas vezes a um acusado pelo

mesmo crime. Caso em que a extradição deve ser indeferida, porque ocorrente

situação configuradora de double jeopardy, vale dizer, de duplo risco de

condenação, no Estado requerente, pelo mesmo fato pelo qual foi condenado pela

Justiça italiana*. Aplicabilidade, por analogia, do disposto no art. 77, V, da Lei

6.815/80. 873 Uruguai Sepúlve

da Pertence

contrabando, falsidade documental, suborno e quadrilha

arts. 15,16,17 e 18 da CF;

Arts. 118,119,125 e 126 do CPP; Arts. 157,158, 241 e 257

do CP

art. 80 da lei 6815/80; arts. 301, 317 e 334

do CP

Reciprocidade não A admissibilidade da extradição requerida pelo Uruguai ao Brasil, conforme o Tratado

respectivo, não reclama que, contra o suspeito ou investigado em procedimento penal lá em curso, e que se encontra fora

do País, já se haja emitido, o "auto de processamento", que pressupõe a sua inquirição. Extradição: indeferimento,

quando o "relato de fatos", que instrui o pedido, não contém exposição suficiente

de nenhuma das imputações dirigidas contra o extraditando. Descaminho: não

caracteriza participação no delito de descaminho a imputação de angariar

funcionário público para dar como feita a exportação que, na verdade, não se

realizara. Quadrilha: tão óbvio quanto não ser atribuível a todos os integrantes da

associação cada um dos delitos referíveis à sua atividade, é que a alegada

participação num ou alguns deles não vale, por si só, pela imputação de integrá-

la. 874 Paraguai Gilmar

Mendes peculato e lavagem de

dinheiro

Arts. 160, 192, 196 do CPP; arts.

192, 251 do CP

art. 77, II e 80 da lei 6815/80

Tratado de extradição

não EMENTA: Extradição formulada pelo Paraguai. Crimes de apropriação, lesão de confiança, lavagem de dinheiro e produção

mediata de documentos públicos de conteúdo falso. Informação posterior

desse mesmo Juízo no sentido de que o Ministério Público Paraguaio apenas

formalizou a acusação em relação aos crimes de lesão de confiança e de

produção mediata de documentos públicos de conteúdo falso. Adoção, em parte, do

parecer da PGR. O decreto de prisão preventiva paraguaio não se refere ao

Page 96: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 94

crime de Produção mediata de documentos públicos de conteúdo falso.

Lesão de confiança. Inexistência do aspecto da dupla tipicidade. Extradição indeferida. Determinação de alvará de

soltura

877 Espanha Carlos Velloso

tráfico de entorpecent

es

arts. 368 e 369 do CP

art. 109, II do CP; arts. 82, § 2, 85, § 1 e 91 da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim aúde pública -- tráfico de drogas, no Brasil -- tendo sido expedido contra o mesmo

mandado de prisão. Satisfeita a exigência do art. 80 da Lei 6.815/80, não cabe à

Justiça brasileira o exame dos elementos informativos em que se baseou o Juízo

estrangeiro para formalizar a acusação e decretar a prisão do extraditando. II. -

Objeto da defesa: sistema de contenciosidade limitada: Lei 6.815/80, art.

85, § 1º, cuja constitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal

Federal: Ext 669/EUA, Ministro Celso de Mello, RTJ 161/409. III. - Extradição

deferida. 878 Itália Nelson

Jobim roubo Arts. 61, nº

2; 110, e 628, § 1 e

3, do CP; e art. 4º da

Lei Italiana 110 de

18.04.1975.

arts. 29, 61, II, letras A e B, 109, caput, I,

157, § 2, I e II, 309 do CP; arts. 77, I a

VIII, 76, 78, I e II da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim EMENTA: EXTRADIÇÃO. CONSTITUCIONAL. PENAL.

REQUISITOS PARA CONCESSÃO. TRATADO. ROUBO. Os requisitos legais

para a concessão da extradição foram atendidos. Não ocorreu qualquer causa impeditiva. O Tratado de extradição foi

respeitado. Os fatos imputados ao extraditando caracterizam, no Brasil, o

crime de roubo. No entanto, não constitui crime, neste país, a conduta de porte de arma ou objetos aptos a ofender, que, no

caso, foi o uso de estilete. Extradição conhecida, em parte, e nessa parte

deferida. 879 Suíça Eros

Grau estelionato arts.

70,73,146,148 e 252 do

CP

arts. 109, III e IV, 110, 171 e

298 do CP; arts. 66, 67,

76, 77, 86, 87, 89 caput e 94 da lei 6815/80

Tratado de extradição

parcial Pressupostos atendidos, tanto no pleito extradicional quanto nos seus pedidos de

extensão, consoante o disposto no Estatuto dos Estrangeiros. Dupla

tipificação. O Crime de burla previsto na legislação suíça encontra correspondência no delito de estelionato (art. 171 do CPB). O de falsificação de certificados equivale

ao art. 298 do CP pátrio. Ausência de dúplice tipicidade. Inexistência em nosso

ordenamento jurídico de qualquer tipo penal que se amolde ao crime de abuso

de cartões-cheques e de cartão de crédito previsto no CP suíço. Prescrição inexistente em face de ambas as

legislações. A existência de filho brasileiro ou a comprovação de que o extraditando possui vínculo conjugal com pessoa de nacionalidade brasileira constitui fato destituído de relevância jurídica para

efeitos extradicionais, não impedindo, em conseqüência, a efetivação da extradição do súdito estrangeiro (Súmula 421/STF).

Não impede a extradição o fato de o extraditando estar sendo processado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por fato

880 Uruguai Sepúlveda

Pertence

contrabando, falsidade documental, suborno e

não cita art. 12, I, letra c da CF

Reciprocidade não EMENTA: Extradição: inadmissibilidade: extraditando que - por força de opção homologada pelo juízo competente - é

brasileiro nato (Const, art. 12, I, c):

Page 97: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 95

quadrilha extinção do processo de extradição, anteriormente suspenso enquanto pendia a opção da homologação judicial (MC 70,

25.9.03, DJ 12.3.2004) 885 Itália Carlos

Velloso crime

falimentar art. 216 da

Lei Falimentar Italiana; art.

157 do CP Italiano.

arts. 132, § 1, 187, 199, par. Único da lei de

Falências; arts. 80, caput,

82, § 2, 85, par. Único e

91 da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim ementa: constitucional. Extradição: matéria de defesa. Dupla tipicidade. Crime de

bancarrota fraudulenta (lei italiana). Crime falimentar (lei brasileira): prescrição.

886 Suíça Ellen Gracie

tráfico de entorpecent

es e lavagem de

dinheiro

Arts. 35, 70, 72, item 2 e

305-bis, inciso 2,

letra "a", do CP.

art. 109, I e II do CP; art. 12 da lei 6368/76; arts. 67, 89 e

90 da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim Extradição. Crimes de tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro.

Dupla tipicidade. Inocorrência de prescrição. Mandado de prisão

internacional, emitido por juiz de instrução, com jurisdição no local onde ocorreram os fatos delituosos é elemento suficiente para

caracterizar a autoridade competente. Extradição deferida

887 Portugal Marco Aurelio Mello

crime contra o

patrimônio

118, 205 e 256 do CP

arts. 168 e 297 do CP

Tratado de extradição

sim EXTRADIÇÃO - DUPLA TIPICIDADE E AUSÊNCIA DE PRESCRIÇÃO.

Constatada a dupla tipicidade e a ausência da prescrição, impõe-se o deferimento da extradição, tendo em conta os crimes de

abuso de confiança e falsificação de documentos, previstos nos artigos 205 e

256 do CP português, e os de apropriação e falsidade, previstos nos artigos 168 e

297 do CP brasileiro, não se verificando, dos fatos ocorridos, o período de dez anos - dilação menor da prescrição consoante a

legislação portuguesa - e de doze anos, segundo a brasileira

889 Alemanha

Gilmar Mendes

crime contra a ordem

tributária

art. 370 do Código

Geral de Impostos e Falsificação

de Documento

s (RFA). Art. 267 do CP Alemão.

arts. 80, caput, 82, § 2 e 91 da

lei 6815/80; arts. 1 e 2 da lei 8137/90

Reciprocidade sim EMENTA: Extradição. Inexistência de tratado entre o Brasil e a Alemanha.

Processamento do pedido de acordo com a Lei nº 6.815/1980. Requisitos formais

atendidos. Extradição fundada em mandado de detenção. Dupla tipicidade: correspondência do ato delituoso nas leis

brasileira e alemã. Inocorrência de prescrição.

890 Portugal Celso de Mello

tráfico de entorpecent

es

art. 23 e art. 28, n.1, do DL-430/830

da República

Portuguesa;

arts. 14 e 18, I da l.ei 6368/76

Tratado de extradição

não e m e n t a: extradição passiva - acusação por suposta prática de tráfico ilícito de entorpecentes - súdito estrangeiro que

possui filhos brasileiros - causa que não obsta a entrega extradicional - súmula

421/STF - recepção pela vigente constituição da república - convenção sobre igualdade de direitos e deveres

entre brasileiros e portugueses - compatibilidade desse tratado

internacional com o art. 12, § 1º da CF - instituto da quase-nacionalidade - acesso à condição jurídica de quase-nacional do brasil - condições - pedido extradicional

fundado nos mesmos fatos que ensejaram a instauração, perante a justiça brasileira,

de procedimento penal contra o extraditando - inviabilidade da extradição -

pedido indeferido. Súmula 421/STF: enunciado compatível com o texto da

constituição de 1988.

Page 98: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 96

891 Portugal Marco Aurelio Mello

crime contra o

patrimônio

não cita arts. 168, 297 do CP

Tratado de extradição

sim EXTRADIÇÃO - MANDADO DE PRISÃO - SIMETRIA - AUSÊNCIA DE

PRESCRIÇÃO. Observada a existência de mandado de prisão, a simetria de regência

dos tipos penais e o fato de não haver incidido a prescrição segundo a legislação do país requerente e a brasileira, impõe-se

o deferimento do pedido de extradição. Tema de defesa, como a ausência de

autoria, há de ser veiculado na jurisdição própria na qual em curso o processo penal

895 República Tcheca

Marco Aurelio Mello

crime de burla e

falsificação de

documento público

§176 e §209, artigo 1, letra "a",

do CP

arts. 171 e 297 do CP

Reciprocidade parcial Se a nota verbal do Governo requerente vem acompanhada de documentos

reveladores da ordem de detenção e do curso de processo criminal, cumpre afastar

o argumento da defesa sobre a impropriedade dos elementos anexados.

EXTRADIÇÃO - RECIPROCIDADE. A alegação de negativa de reciprocidade há de fazer-se demonstrada, não subsistindo quando o Ministério da Justiça informa a ausência de registro de recusa a pedido de extradição formulado pelo Governo brasileiro. EXTRADIÇÃO - CRIMES E

PRESCRIÇÃO. Verificada a simetria da regência penal e - considerada a norma

existente no Governo requerente e a brasileira - a circunstância de não

concorrer a incidência da prescrição, impõe-se o deferimento do pedido. Isso ocorre quanto ao crime de burla previsto

na lei tcheca e enquadrável no estelionato do artigo 171 do CP e no tocante ao delito

de falsificação de documento público, tipificado no § 176 da legislação tcheca e artigo 297 do CP brasileiro, datando os

fatos criminosos de 2000 e 2002.

Page 99: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 97

896 Suíça Carlos Velloso

gestão fraudulenta

de instituição financeira

arts. 70; 138, I; 146 e 158 do

CP.

art. 109, III do CP; arts. 77, II

e 80 da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim EMENTA: CONSTITUCIONAL. PENAL. EXTRADIÇÃO: SUÍÇA. CP Suíço, artigos

158 (administração fraudulenta), 138, I (desfalque) e 146 (fraude). Lei brasileira,

Lei 7.492/86, art. 4º (gestão fraudulenta de instituição financeira). I. - Pedido de

extradição instruído com os documentos exigidos pelo Estatuto dos Estrangeiros,

Lei 6.815/80, art. 80. Fatos delituosos tipificados como crime na lei penal suíça e

na lei brasileira, Lei 7.492/86, art. 4º. Inocorrência de prescrição tanto pela lei

suíça quanto pela lei brasileira. 899 EUA Marco

Aurelio Mello

tráfico de entorpecent

es

não cita art. 12 da lei 6368/76; arts. 67, 89, 90 da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim EXTRADIÇÃO - REQUISITOS - ATENDIMENTO. A observância dos requisitos próprios ao deferimento da

extradição, especialmente quanto à dupla tipicidade e à ausência de prescrição,

conduz à acolhida do pedido formulado 900 Suíça Sepúlve

da Pertence

fraude arts. 138, cifra 1, 146, §§ 1º, 2º e 3º, 252, do CP; arts. 27, § 1º e 90, cifra 2, do Código

de Trânsito.

não cita Tratado de extradição

parcial EMENTA: Extradição: requisito da dúplice tipicidade: atipicidade, no Brasil, de fatos incriminados na legislação penal suíça. Leasing: atipicidade penal, no Brasil, da não devolução do objeto do leasing, na

hipótese do inadimplemento do arrendatário. Crimes de trânsito:

atipicidade, no Brasil, do excesso de velocidade, incriminado na Suíça.

901 Suíça Gilmar Mendes

tentativa de homicídio

não cita arts. 14, II, 121, 129, 132,

244 do CP; art. 77, IV da lei 6815/80

Tratado de extradição

sim EMENTA: Extradição. Pedido extradicional formulado pelo Governo da Suíça. Ordem de prisão preventiva, com fundamento em

sentença condenatória em razão da prática dos crimes de tentativa de

assassinato, atentado contra a vida de outrem e violação de obrigação de

sustento. Pedido, formulado pela própria defesa com base em manifestação de vontade do extraditando, no sentido do

deferimento da extradição. Presentes os requisitos para a concessão do pedido

extradicional. Extradição deferida. Determinação do Plenário no sentido do

imediato cumprimento da decisão, independentemente da publicação do

acórdão 903 Uruguai Carlos

Velloso estelionato CP, artigos

118, nº 1, alínea B;

217; 218, nº 2, alínea A; 221, nºs 1 e 5, alínea B.

art. 109, III, 171 do CP;

arts. 78, I, 80, 82 § 2 da lei

6815/80

Reciprocidade parcial ementa: constitucional. Penal. Extradição. Nacional português. Crime de "burla

qualificada". CP português, arts. 217º e 218º, nº 2, alínea a. Correspondência com

o crime de estelionato do CP brasileiro, art. 171. I. - O crime de burla qualificada, previsto no CP português corresponde ao crime definido no art. 171 do CP brasileiro.

Crime de "burla informática e nas comunicações": os fatos, no caso, são os mesmos que embasam o crime de burla qualificada. Indeferimento da extradição,

no ponto, em obséquio ao princípio do non bis in idem 3/4 não duas vezes contra o

mesmo delito, ou seja, não se deve punir duas vezes a um acusado pelo mesmo crime. Extradição deferida, em parte,

relativamente ao crime de burla qualificada.

Page 100: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

ANEXO III – EXTRADIÇÃO CADERNO - 15

CADERNOS DIREITO GV 98

907 Itália Carlos Velloso

crime falimentar, falsidade material, porte de

entorpecente, homicídio

culposo, estelionato, quadrilha ou bando.

art. 157 e 158 do CP

arts. 109, IV a VI, 110, 117,

VI, 119, 121, § 3, 171, 288, 298 do CP;

arts, 132, §1, 187, 188, I e VII, 189, I e

199, par. Único

Tratado de extradição

não Aplicabilidade da causa de interrupção da prescrição inscrita no art. 3º, 1, b, do

Tratado de Extradição, Decreto 863/93. Extradição executória: o cálculo da

prescrição conforme o direito brasileiro toma por base a pena aplicada no

estrangeiro. Crime falimentar: prescrição: Súmula 147-STF: a prescrição de crime

falimentar começa a correr da data em que deveria estar encerrada a falência ou do trânsito em julgado da sentença que a

encerrar ou que julgar cumprida a concordata. DL 7.661/45, art. 132, § 1º e

art. 199, parágrafo único. Prescrição reconhecida relativamente às 13 (treze)

condenações. 913 Alemanh

a Carlos Velloso

seqüestro não cita não cita Reciprocidade não ementa: constitucional. Penal. Extradição: fatos ocorridos no território da áustria. Pedido de extradição formulado pelo

governo da Alemanha. Pedido de extradição formulado pelo Governo alemão. Informação do Governo da

Áustria, país no qual ocorreram os fatos indicados delituosos: na Áustria, o

extraditando foi processado, tendo sido arquivados os autos. Impossibilidade de o

pedido de extradição ser deferido. Extradição indeferida.

918 Peru Ellen Gracie

peculato e quadrilha e

bando

CP, arts.317 e

384

arts. 288 e 312 do CP

Tratado de extradição

sim EXTRADIÇÃO. GOVERNO DO PERU. COLUSÃO E ASSOCIAÇÃO PARA

DELINQÜIR. Delitos que têm correspondência no país (peculato e

quadrilha ou bando). Prescrição inexistente, quer perante a legislação peruana, quer perante a legislação

brasileira. Extradição deferida. 922 Itália Ellen

Gracie seqüestro não cita não cita Tratado de

extradição parcial EXTRADIÇÃO. EXTORSÃO MEDIANTE

SEQÜESTRO. EVASÃO. Prescrição da pretensão executória inexistente, tanto pelo direito brasileiro, como pelo direito italiano. Exclusão da pena imposta pelo crime de evasão de presídio, em face da ausência de violência contra a pessoa. Conduta que, perante a lei brasileira, constituiu simples infração disciplinar.

Pedido de extradição parcialmente deferido.

Page 101: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

CADERNOS DIREITO GV JÁ PUBLICADOS PELA ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

1. Apontamentos sobre a Pesquisa em Direito no Brasil Marcos Nobre

2. Impact of the WTO Agreement on Textiles & Clothing on Brazilian Exports of Textiles and Clothing to the United States Guido Fernando Silva Soares Maria Lúcia Pádua Lima Maria Carolina Mendonça de Barros Michelle Ratton Sanchez Sérgio Goldbaum Elaini Cristina Silva

3. Reforma do Poder Judiciário, Desenvolvimento Econômico e Democracia Direito GV e Valor Econômico

4. O Sistema de Justiça Brasileiro, a Produção de Informações e sua Utilização Luciana Cross Cunha Alexandre Santos Cunha Flávia Scabin Mariana Macário Marcelo Issa

5. Reflexões sobre o ensino do Direito

Flávia Portella Püschel José Rodrigo Rodriguez

6. I Simpósio OAB-SP e FGV-EDESP sobre Direito Empresarial e Novo Código Civil OAB-SP e Direito GV 7. Premissas do projeto da Direito GV para desenvolvimento do material didático para o

curso de Direito. Disciplina: Organização das Relações privadas Mauricio Portugal Ribeiro 8. Modelos de Adjudicação/ Models of adjudication Owen Fiss 9. Relatório da Pesquisa de Jurisprudência sobre Direito Societário e Mercado de

Capitais no Tribunal de Justiça de São Paulo Viviane Müller Prado

Vinícius Correa Buranelli

Page 102: A Cooperação Penal Internacional No Brasil

CADERNOS DIREITO GV JÁ PUBLICADOS PELA ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

10. Poder Concedente e Marco Regulatório no Saneamento Básico Alexandre dos Santos Cunha André Vereta Nahoum Conrado Hübner Mendes Diogo R. Coutinho Fernanda Meirelles Ferreira Frederico de Araújo Turolla

11. Contando a Justiça: a Produção de Informação no sistema de Justiça Brasileiro

Luciana G. Cunha (org.)

12. Focos – Contexto Internacional e Sociedade Civil, ed. I, II e III Michelle Ratton Sanchez (org.) Cassio Luiz de França (org.) Elaini C. G. da Silva (org.)

13. Programas de Clínicas nas Escolas de Direito de Universidades Norte-Americanas Ana Mara França Machado Rafael Francisco Alves 14. Focos – Fórum Contexto Internacional e Sociedade Civil, ed V

Cassio Luiz de França (org.) Michelle Ratton Sanchez (org.)