controle de motor de passo empregado em fermentação semi

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Renan Lopes Pisani Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi- Sólida para Amostragem de Gases Utilizando as Ferramentas Computacionais LabVIEW® e Measurement and Automation São Carlos 2011

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Page 1: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

Renan Lopes Pisani

Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi-Sólida para Amostragem de Gases

Utilizando as Ferramentas Computacionais LabVIEW® e Measurement and Automation

São Carlos

2011

Page 2: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

Renan Lopes Pisani

Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi-Sólida para Amostragem de Gases

Utilizando as Ferramentas Computacionais LabVIEW® e Measurement and Automation

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de

Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo

Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Sistemas de

Energia e Automação

ORIENTADOR: Prof. Dr. Manoel Luís Aguiar

São Carlos

2011

Page 3: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP

Pisani, Renan Lopes

P674c Controle de motor de passo empregado em fermentação

semi-sólida para amostragem de gases utilizando as

ferramentas computacionais LabVIEW e Measurement and

Automation / Renan Lopes Pisani ; orientador Manoel Luís

Aguiar.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com

ênfase em Energia e Automação) -- Escola de Engenharia

de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2011.

1. LabVIEW. 2. Motor de passo. 3. Measurement and

Automation. 4. Fonte de tensão. 5. Fermentação semi-

sólida. 6. Automação. 7. Placa de aquisição de dados.

I. Titulo.

Page 4: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi
Page 5: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

- À minha família, que tanto me apoiou desde sempre.

- Aos meus amigos.

Page 6: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

i

Resumo

Este trabalho expõe o projeto de formatura do aluno de engenharia elétrica com ênfase em

sistemas de energia e automação da Universidade de São Paulo, Renan Lopes Pisani. O

trabalho é baseado em um estágio realizado na Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária, na unidade Instrumentação Agropecuária e no Laboratório de Agroenergia. O

trabalho teve como objetivo a programação em LabVIEW® com o suporte da ferramenta

computacional Measurement and Automation assistida por um projeto de circuitos

eletrônicos e uma fonte de tensão para controlar processos que automatizam uma prática de

fermentação em estado sólido (conhecido também como fermentação semi-sólida), cujos

escopos são a produção e o posterior aproveitamento das enzimas geradas nessa

fermentação, através do acionamento de um motor de passo relativamente forte. Todo o

sistema, exceto a placa de aquisição, é alimentado pela fonte de tensão, que foi construída

pelo aluno. O motor de passo é acoplado a uma peça de PVC, construída na oficina da

própria Embrapa, que tem a finalidade de amostrar gases oriundos do processo de

fermentação, que ocorre em diversos tubos imersos em água para a manutenção da

temperatura do sistema.

Page 7: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

ii

Abstract

This task exposes the graduation’s project draw up by Renan Lopes Pisani, attendant of the

Electrical Engineering – emphasis in Energy Systems and Automation course, at

Universidade de São Paulo. The coming scheme is based on a traineeship took at Embrapa

– Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, on the Instrumentação Agropecuária unit

and at Agroenergia Lab. The project’s purpose was LabVIEW® programming with the

computational tool Measurement and Automation® support, assisted by electronic circuits

and a voltage source to control the process that automatizes the process solid state

fermentation practice, which intents are the production and utilization of the enzymes

produced during the operating, made by the activation of a step motor, relatively strong. The

whole system, except the acquisition board, is supplied by the voltage source designed by

the student. The step motor is connected to a PVC piece, built at Embrapa’s workshop, and it

aim is point out gases that came from the fermentation process, that occurs in several tubs

plunged into water, also, it is responsible for the temperature control maintenance during the

proceeding,

Page 8: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

iii

Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 1

2. A Empresa Onde o Trabalho Foi Colocado em Prática .......................................... 3

3. O Programa LabVIEW® e o Measurement and Automation ................................. 5

3.1. Definição e Explanação ............................................................................................. 5

3.2. O Measurement and Automation Explorer ............................................................. 6

4. A Automação do Processo de Fermentação - Execução ....................................... 9

4.1. A Fermentação Semi-sólida ou em Estado Sólido ................................................ 9

4.2. Utilização das Ferramentas Auxiliares .................................................................. 11

4.2.1. Placa de Aquisição DAQmx USB .......................................................................... 11

4.2.2. O Motor de Passo e Seu Driver ............................................................................. 12

4.3. Programação ............................................................................................................. 13

4.3.1. Organizando e Selecionando Os Sinais em uma Matriz de Dados.................. 15

4.3.2. Controle do Motor e Configuração dos Canais de I/O Utilizados ..................... 17

5. Instrumentação Complementar ............................................................................ 25

5.1. Fonte de Tensão ....................................................................................................... 25

5.2. Relé, Reguladores de Tensão e BJTs .................................................................. 25

6. Conclusões e Pareceres ...................................................................................... 27

7. Agradecimentos ................................................................................................... 29

8. Referências Bibliográficas ................................................................................... 31

Page 9: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

iv

Índice de Figuras

Biorreatores de fermentação tipo coluna....................................................................... 3

Área de desenvolvimento do LabVIEW® ...................................................................... 6

Measurement and Automation ...................................................................................... 7

O multiplexador de gases ........................................................................................... 10

Placa de aquisição DAQmx USB-6281 ....................................................................... 11

O motor de passo NEMA23 ........................................................................................ 12

Esquema de funcionamento de motor de passo ......................................................... 13

Driver para motor de passo bipolar TKA17 ................................................................. 13

Os sinais de entrada, provenientes dos sensores de concentração de CO2 ............... 14

Dez sinais sendo selecionados a partir de uma matriz ................................................ 16

A interface do MAX com as opções de geração/aquisição de sinais ........................... 18

O Read.vi pertinente ao sinal proveniente de emissor do fototransistor ...................... 19

Um Write.vi associado a uma forma de onda do tipo “Toggle” .................................... 20

As conexões virtuais do Write.vi ................................................................................. 20

O loop While ............................................................................................................... 21

O loop While com uso do terminal condicional ............................................................ 21

Acionamento do motor utilizando-se de um relé ......................................................... 22

Ferramenta de seleção de SUBvi ............................................................................... 23

O painel frontal do programa ...................................................................................... 27

Page 10: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

1

1. Introdução

A fermentação em estado sólido em reator tipo coluna é realizada em caixas de banho

termostatizado. Nessas caixas são colocadas colunas que contém o substrato e o fungo

necessários para a fermentação. São utilizados diversos tipos de substrato, como fibras de

cana-de-açúcar, trigo, casca de côco, entre outros. As enzimas produzida pelos fungos têm

ampla utilidade na indústria química.

Utilizando o LabVIEW®, vários parâmetros da fermentação são aferidos e plotados

graficamente (pressão, temperatura, fluxo de gases e, principalmente, a concentração de

CO2), afim de que seja possível verificar o estágio de evolução dos fungos e a sobrevivência

ou não dos mesmos. Estes parâmetros são aferidos por sensores cujas saídas são ligadas

em uma placa de aquisição de dados.

Há necessidade, em alguns casos, da fermentação simultânea em diversas colunas com

variação dos parâmetros, principalmente a umidade, entre os biorreatores. Esses processos

são, muitas vezes, realizados em duplicata ou triplicata. No entanto, a quantidade de

sensores pode não ser suficiente para que sejam amostrados todos os parâmetros das

diversas colunas tubulares de fermentação. Dessa forma, foi preciso elaborar um sistema

que amostrasse os gases de cada uma das colunas e enviasse dois a dois (há 2 sensores

de concentração de ) para a entrada dos sensores, ocorrendo uma espécie de

multiplexação dos gases que entram no amostrador. Um motor de passo que é controlado

pelo próprio programa em LabVIEW® através da geração de pulsos na placa de aquisição

(o que permite total sincronia entre aferição dos parâmetros e controle do motor) é acoplado

a um sistema de amostragem de gases que capta informações das colunas e plota um

gráfico de aquicição de CO2 no programa, além de salvar as quantias em um arquivo de

texto. O que foi feito, então, é uma automação do processo de análise da fermentação, já

que várias colunas são aferidas, duas a duas, em um intervalo de um minuto e meio. Antes

do presente trabalho, apenas duas colunas podiam ser analisadas. Contudo, após a

automatização, em uma única fermentação até dez colunas podem ser conferidas em um

único estágio. Tornando o processo de aquisição de CO2 mais eficiente e confiável.

Page 11: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

2

Page 12: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

3

2. A Empresa Onde o Trabalho Foi Colocado em Prática

A Embrapa é uma empresa pública de pesquisas relacionadas à agropecuária. Em seus

laboratórios são realizados experimentos de diversos tipos que visam à melhoria tecnológica

da agricultura e pecuária no Brasil e no exterior. Além disso, a empresa busca tecnologias

desenvolvidas no exterior que podem ser utilizadas no Brasil.

No Laboratório de Agroenergia, são realizadas pesquisas relacionadas a técnicas de

fermentação em estado sólido. As enzimas geradas no processo de fermentação são o que,

de fato, interessam como produto das pesquisas. Estes catalisadores têm vastíssima

aplicação na indústria química, principalmente no que diz respeito à produção do etanol.

Desta forma, estudos são necessários para a automação do processo de aquisição de

gases dos processos de fermentação em estado sólido em biorreator de bancada para uma

maior produção enzimática englobando desde a disposição dos fungos nas colunas

tubulares de fermentação até os parâmetros químicos interessantes no processo.

Figura 1 – Biarreatores de fermentação em estado sólido tipo coluna submersos em água aquecida

Page 13: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

4

Page 14: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

5

3. O Programa LabVIEW® e o Measurement and Automation

3.1. Definição e Explanação

O LabVIEW® é um ambiente de linguagem gráfica de programação que utiliza ícones e

linhas como num fluxograma que permite agregar outros módulos de aplicações mais

específicas para trabalhos que envolvem imagens, controle de motores, aquisição e

armazenamento de dados, controle de instrumento, FPGA, internet, etc. É um software

utilizado em âmbito mundial por engenheiros e cientistas para desenvolver sofisticados

sistemas integrando hardware e software além de simular sistemas de controle, entre

outros.

As ferramentas básicas, inclusas nas bibliotecas do programa e representadas por

ícones, são os VIs (virtual instruments) que, como sugere o nome, são instrumentos virtuais

que simulam ferramentas físicas ou manipulação de dados (operações matemáticas,

comparações booleanas, captura de imagem, plotagem de gráficos, geração de funções,

entre outros). Esses elementos são apresentados através do formato de arquivo “.vi” e é

com a utilização dos mesmos que a programação em LabVIEW® é definida.

A área de programação se divide em duas janelas principais: o “Front Panel” e o “Block

Diagram”.

O Front Panel (painel frontal), é a interface entre o usuário e o programa. Através dele há

o acesso aos controles (controls, no painel frontal), que podem ser botões virtuais, dados

gráficos, strings de entrada ou saída, indicadores e controles numéricos e instrumentos

virtuais que informam sobre o estado atual do programa quando o mesmo está sendo

executado.

A cada ferramenta virtual do painel frontal á associado um ícone no Diagrama de Blocos

(Block Diagram), onde, através de linhas de fluxo, se podem definir as relações entre as

entradas e saídas e as manipulações dos sinais tratados no programa, além da

possibilidade da criação de sequências de ações bem definidas.

Utilizando-se das Estruturas (Structures, no diagrama de blocos), é possível a execução

de diagramas ou subdiagramas de programação certa quantidade definida de vezes ou a

execução “enquanto não houver parada”, definida pelo programador. Além disso, é

praticável a elaboração de sequências de execuções e até mesmo estruturas de programa

com controle temporal e, ainda, diagramas de “execute caso for verdade”.

Page 15: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

6

Para se ter uma ideia da grande utilização do LabVIEW® por parte dos engenheiros e

técnicos, muitos fabricantes de equipamentos e instrumentos possuem ferramentas neste

ambiente, com diferentes interfaces e um pequeno conjunto de tarefas em fluxograma. São

os drivers de instrumentos (Instrument Drivers), disponíveis gratuitamente pela National

(http://www.ni.com/devzone/idnet/) e mediante registro no site da National. São 4.800 drivers

disponíveis para download.

Trabalhar com o LabVIEW® geralmente decorre da necessidade de se trabalhar com

aquisição, geração e/ou controle de dados. Para isso, utilizam-se placas de aquisição de

dados, também disponibilizadas pela National Instruments, que são os instrumentos que

tratam diretamente com o mundo real, ou seja, com os dados que serão recebidos ou

gerados.

Figura 2 - Área de desenvolvimento do LabVIEW®

3.2. O Measurement and Automation Explorer

Para utilizar as placas de aquisição/geração/controle de sinais, o LabVIEW® conta com

um outro programa, o Measurement and Automation, que faz a interface entre o LabVIEW®

e a placa de aquisição e é o programa através do qual determinamos todas as

configurações do tratamento dos sinais, já que é necessário informar ao programa se o sinal

é de entrada, de saída, analógico, digital, a ordem de grandeza do sinal, a natureza do sinal,

etc. Além disso, podemos selecionar qual será a porta física (physical channel) em que o

sinal será tratado.

Através dos ícones de entrada/saída de sinal no diagrama de blocos do LabVIEW® (VIs

chamados de read.vi ou write.vi), podemos acessar os canais previamente criados e

configurados no Measurement and Automation.

Page 16: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

7

O programa, juntamente com o LabVIEW®, foi utilizado neste projeto devido a sua

poderosa interface, além do fato de que as aquisições das grandezas referente às

fermentações eram de antemão realizadas com este programa.

Figura 3 – Measurement and Automation

Page 17: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

8

Page 18: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

9

4. Execução da Automação do Processo de Fermentação

4.1. A Fermentação Semi-sólida ou em Estado Sólido

A fermentação submersa é amplamente utilizada como método de processamento

biológico básico para a produção de inúmeras substâncias químicas, ingredientes

alimentícios e produtos farmacêuticos. A fermentação em estado sólido, ou fermentação

semi-sólida pode ser até mais útil e eficiente devido à exposição direta ao ar das células

vivas (Oostra et al., 2001), ao contrário da fermentação submersa na qual a disponibilidade

de oxigênio é limitada pela baixa solubilidade do gás na solução aquosa em que as células

se dispõem (Von Meien et al., 2004)

A fermentação semi-sólida, ou em estado sólido, envolve o crescimento de

microrganismos sobre substratos sólidos úmidos na ausência de água livre. A ausência de

água livre torna o sistema completamente diferente da fermentação submersa, tornando a

fermentação semi-sólida superior no que diz respeito à produção de alguns produtos. Para o

controle de temperatura, entre outros parâmetros, a fermentação pode ser realizada com o

substrato submerso, mas sem que haja contato direto entre o substrato e a água.

No Laboratório de Agroenergia, a fermentação é realizada em caixas de acrílico cheias de

água, são as caixas de banho termostatizado. Nestas caixas, há o controle da temperatura

do processo de fermentação através de uma resistência elétrica disposta no interior do

equipamento. A água fica em constante agitação. Assim, a homogeneidade da temperatura

dentro da caixa é asseverada. Ou seja, todos os tubos onde ocorrem as fermentações

permanecem em uma mesma temperatura.

Geralmente, vários tubos (colunas) são estudados simultaneamente. Isso porque as

fermentações podem ser realizadas em duplicata ou em triplicata, para garantir a exatidão

das aferições do processo de fermentação. Em tubos distintos são estudadas as

fermentações de um mesmo substrato por uma mesma espécie de fungo. Sendo assim,

dependendo do número de colunas utilizadas, pode não haver sensores suficientes

disponíveis para a aquisição das variáveis aferíveis. Em adição a este fato, sobrevêm que o

programa LabVIEW® não pode executar estruturas de repetição1 com muitos dados

analógicos de entrada sendo recebidos simultaneamente. Se muitas medições analógicas

são realizadas ao mesmo tempo dentro de um em um loop, por exemplo, o programa pode

exibir uma mensagem de erro informando que uma tarefa não pode ser realizada.

1No programa LabVIEW®, muitos programas são feitos utilizando-se das “Estruturas”, que permitem a execução de

uma tarefa várias vezes ou “n” vezes sucessivas. No caso em questão, os sinais de entrada analógicos provenientes

dos sensores são medidos constantemente dentro de uma estrutura “While”.

Page 19: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

10

Uma peça de PVC foi, então, projetada a fim de que várias colunas pudessem ser

analisadas, duas a duas2, por um curto intervalo de tempo. Passado esse prazo, outras duas

colunas seriam examinadas e os dados de interesse salvos num arquivo de texto e plotados

em um gráfico programado no LabVIEW®, no painel frontal do programa de análise de tal

forma que fossem notadas as variações temporais das entradas de interesse. A peça é uma

espécie de multiplexador de gases que seleciona de duas até dez colunas, aos pares, de

fermentação por vez. Como o fluxo gasoso das colunas selecionadas flui através da peça

amostradora, é possível medir a concentração de CO2 e as outras grandezas das duas

colunas. Quando a aferição termina, outras duas colunas são selecionadas e assim por

diante. A peça é exibida na figura 4.

Figura 4 – O multiplexador de gases acoplado ao motor e os dois sensores de CO2. Na figura, podem ser

notadas várias mangueiras provenientes dos tubos de fermentação. Interessante notar que elas estão

dispostas em pares.

2Escolheu-se que as colunas seriam analisadas duas a duas levando-se em conta que a maioria das

fermentações são examinadas em duplicata.

Page 20: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

11

O amostrador possui dez orifícios de entrada, onde são conectadas mangueiras que

saem diretamente dos tubos de fermentação e dois orifícios de saída, que são conectados

nos sensores. Um disco girante interno ao amostrador de PVC, que é movimentado pelo

motor de passo, é responsável pela seleção das colunas a serem analisadas.

4.2. Utilização das Ferramentas Auxiliares

Para o funcionamento do projeto, um acervo de ferramentas foi empregado. Como o

sistema trabalha com aquisição e controle de sinais, foi adotada uma placa de aquisição de

dados. Como para o controle do sistema de automação serviu-se de um motor de passo,

lançou-se mão de seu correspondente driver.

4.2.1. Placa de Aquisição DAQmx USB

Trata-se de uma placa de aquisição digital da National Instruments com entrada USB.

Esta placa de aquisição de dados foi escolhida pela sua portabilidade e notável

sensibilidade. Possui saídas e entradas analógicas ou digitais.

O NI USB-6281 é um dispositivo de aquisição/geração de sinais analógicos ou digitais

(DAQ) de 18 bits que apresenta um aumento de quatro vezes da resolução sobre

dispositivos de 16 bits. Este dispositivo de alta precisão também incorpora um amplificador e

um dispositivo de auto-calibração para minimizar o tempo de sedimentação, o máximo de

precisão, garantia e manutenção da resolução especificada em todas as taxas de

amostragem. Além disso, pode-se tirar vantagem de um filtro passa-baixa integrado para

melhorar ainda mais suas medidas. A placa de aquisição é mostrada na figura 5.

Figura 5 – Placa de aquisição DAQmx USB-6281 da National Instruments

Page 21: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

12

4.2.2. O Motor de Passo e Seu Driver

Foi acoplado ao amostrador de gases um motor de passo de 5kgf/cm (o motor exerce 5

kgf para um eixo de 1cm de raio). Este motor foi escolhido devido à sua exatidão nos

movimentos, facilidade de controle e pelo fato de fornecer uma força relativamente grande

ao amostrador, que fica fortemente preso à base afim de que não haja vazão dos gases

amostrados, já que o fluxo desses gases também deve ser controlado. Cada passo do motor

equivale a um giro de de seu eixo. Na figura 6, o motor utilizado no projeto é exposto.

Figura 6 – o motor de passo NEMA23

O funcionamento básico do motor de passo é dado pelo uso de solenoides alinhados dois

a dois que, quando energizados, atraem o rotor fazendo-o se alinhar com o eixo

determinado pelos solenoides, causando assim uma pequena variação de ângulo, que é

chamada passo.

A velocidade e o sentido de movimento são determinados pela freqüência e pela ordem

com que os solenoides são excitados, respectivamente. O dispositivo que determina a

sequência de excitação das solenoides é o driver para motor de passo, que distribui os

pulsos gerados pela placa de aquisição ao comando do LabVIEW®. A cada pulso que o

driver recebe, duas bobinas do motor são acionadas e outras duas são interrompidas3.

Assim, a cada pulso que o driver recebe, duas bobinas são ativadas e motor se movimenta

de um passo. O driver utilizado é o Driver Bipolar4 TKA17, que fornece até 1,7A ao motor e

trabalha com uma tensão de alimentação entre 20 e 24V.

3Para o caso de o motor um passo inteiro. Um motor de passo pode girar meio passo se quatro

solenoides vizinhas são excitados, alinhando o rotor no intervalo entre duas bobinas. É interessante quando se exige precisão muito grande 4Os motores bipolares têm um único enrolamento por fase. A corrente em um enrolamento precisa ser

invertida a fim de que se inverta um pólo magnético, assim o circuito de condução é um pouco mais complicado. São mais poderosos que motores unipolares do mesmo peso.

Page 22: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

13

Figura 7 – Esquema de funcionamento de motor de passo. Fonte: www.feiradeciencias.com.br

O motor utilizado tem seis fios, dos quais apenas quatro foram utilizados para a conexão

com o driver. Os dois restantes são centrais aos enrolamentos cujas extremidades são os

quatro terminais utilizados. Seria interessante o uso dos seis fios disponíveis se houvesse

necessidade de que o motor se movimentasse de meio passo por vez.

Figura 8 – Driver para motor de passo bipolar TKA17

4.3. Programação

Conhecendo-se o funcionamento das ferramentas adjacentes, é possível pensar na

elaboração do programa em LabVIEW® que controle o sistema de automação além de aferir

os parâmetros que interessam nas pesquisas de fermentação.

Page 23: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

14

O programa principal trata das aferições dos dados de interesse. É construído

internamente a um while loop, que é uma das estruturas do LabVIEW®, já que as aferições

não findam enquanto o programa não é desligado manualmente pelo usuário. O loop

apresenta um terminal condicional (conditional terminal) que determina a parada da

execução do programa interno ao while loop. A este terminal é interessante, no caso,

conectar-se um botão booleano5 de parada (stop buttom), que pode ser acionado a qualquer

instante durante a execução do programa, interrompendo-o imediatamente.

Dentro da estrutura while, são realizadas as múltiplas medições interessantes à pesquisa.

A cada item aferido, está associada uma porta da placa de I/O configurada previamente pelo

Measurement and Automation. A figura 8 mostra as entradas no topo de uma estrutura do

tipo while.

Figura 9 – Os sinais de entrada, provenientes dos sensores de concentração de CO2

Como os sinais provenientes de instrumentos como os sensores de CO2 podem ser

extremamente ruidosos, torna-se necessário o uso de várias aferições seguidas de uma

compressão das amostras e de uma média temporal dos valores. Com o uso de um vi

apropriado, chamado “Sample Compression”, valores muito fora de uma determinada

margem são descartados. O vi faz a aquisição de vários pontos do dado e os comprime para

um número menor de pontos, geralmente para um único. O valor pode ser uma média entre

os valores adquiridos, o maior ou o menor valor ou, ainda, o último valor da entrada,

dependendo da escolha do programador.

5No LabVIEW®, há vários tipos de controle no painel frontal, que provê a interface com o usuário do

programa. Um desses tipos de controle é o booleano (boolean), que são botões, botões deslizantes ou

chaves, em geral.

Page 24: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

15

Na figura 9, nota-se o vi seguindo as leituras dos canais de entrada. No caso, é

interessante o cálculo da média dos valores aferidos. Todas as entradas são tratadas no

programa separadamente. No entanto, como os sensores geram sinais de tensão em suas

saídas de acordo com o valor de suas respectivas entradas, ou seja, os sinais são de

mesma natureza para o programa, as entradas são agrupadas em uma matriz de dados que

contém todas as entradas. Assim, não há a necessidade da utilização de mais de um vi de

leitura (DAQmx read.vi). A separação dos sinais pode ser feitas por um indicante no

tratamento do sinal como uma matriz.

Várias aquisições podem ser feitas utilizando-se de um único Read.vi através da seleção

no próprio instrumento virtual. É possível informar ao LabVIEW® se o dado é analógico ou

digital, se é referente a vários ou um único canal, se gozará de várias amostras, etc. Ao se

selecionar a opção “Multiple Channels”, no menu abaixo do Read.vi ou do Write.vi, o

programa interpreta a leitura ou a escrita do sinal como sendo referente a mais de um canal

ou port da placa de I/O.

4.3.1. Organizando e Selecionando Os Sinais em uma Matriz de Dados

No diagrama de blocos do programa, através da paleta de funcões (Functions Palette6) e

no menu “measurement I/O”, seleciona-se a ferramenta virtual de leitura de sinal, afim de

que se afiram as informações e através de seu próprio ícone se determina se mais de um

sinal utilizará da ferramenta. As entradas, então, serão agrupadas em um único fio de fluxo.

Para se tratar de cada um deles, é necessário que se faça a seleção da entrada específica a

partir desta linha.

Utilizando-se do vi “Index Array”, do diagrama de blocos, pode-se selecionar um dado que

esteja presente em uma matriz de sinais. A ferramenta contém uma pequena caixa de texto

na qual o índice do elemento que se deseja selecionar é escrito. Assim, em uma matriz de

entradas, o elemento cujo índice está escrito na caixa é enviado à linha de fluxo de saída da

ferramenta.

É possível, também, a seleção de uma seção de uma matriz de dados através do vi

“Array Subset”. Nesta ferramenta, é possível entrar com o valor do índice com que se deseja

iniciar a seleção da porção da matriz de dados e o valor e que se deseja terminar a seção.

Dessa forma, é gerada uma matriz menor, que contém dados de interesse separados para

análise de acordo com suas características.

6Para se utilizar as ferramentas do LabVIEW®, lança-se mão das paletas. No painel frontal, as opções de

ferramentas estão na paleta de controle (Control Palette) e ,no diagrama de blocos, na paleta de funções.

Page 25: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

16

Trabalhar com vetores de dimensão maior que 1 no LabVIEW® é interessante por tornar

o programa muito mais enxuto e fácil de compreender, já que muitas linhas de fluxo e

ferramentas de escrita/leitura ocupam muito mais espaço no diagrama de blocos.

A figura 9 mostra a seleção de canais de entrada a partir de um vetor de sinais. Cada

sinal é separado de uma matriz de dados através do Index Array.vi, que são as pequenas

caixas com índices de 0 a 9.

Figura 10 – dez sinais sendo selecionados a partir de uma matriz

Com a seleção das entradas, os vários tubos de fermentação podem ser analizados, na

medida em que a matriz vai sendo gerada pelo LabVIEW®. Dessa forma, os parâmetros

ficam todos agrupados, ainda que sejam provenientes de diferentes sensores e passem

informações sobre medidas distintas, pois são todos sinais analógicos com entrada já

transformadas pelos sensores em sinal de tensão na placa de I/O.

Como várias colunas de fermentação podem ser analisadas, o programa original passou

por adaptações importantes. É necessário diferenciar as cores das curvas obtidas da

concentração de CO2, por exemplo, afim de que se consiga distinguir as colunas na medida

em que são analisadas. Quando não é possível distinguí-las graficamente, indicadores do

painel frontal (String Indicator) informam qual par de coluna está sob análise e os valores

atuais com os respectivos números das colunas são salvos em um arquivo em formato .txt a

cada 30 segundos de execução do programa. Ferramentas especias do LabVIEW®

Page 26: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

17

convertem números em strings que podem ser salvos no computador no local em que o

usuário escolher7.

4.3.2. Controle do Motor e Configuração dos Canais de I/O Utilizados

Com a adaptação do programa principal8, é expectável a operação do motor de passo

controlado para a avaliação das colunas. Para tal, serviu-se de seu driver e de um sistema

de alimentação e controle que foi desenvolvido de acordo com as especificações do motor.

O sinal de saída da placa de I/O para o driver deve ser um trem de pulsos retangulares,

quando o movimento do motor é almejado. Assim, é essencial que um canal de saída digital

da placa seja configurado pelo Measurement and Automation. Como não é necesário que as

saídas desse canal sejam armazenadas em um buffer, já que se trata apenas de um trem de

pulsos, a configuração básica do canal é tal que ele seja acessado, nele é escrito o trem de

pulsos e, depois, o programa principal continua sendo executado, não sendo de relevância

para ele a quantidade de pulsos aplicados no driver. O programa principal chama uma

pequena rotina que é responsável pela movimentação do motor até que o próximo par de

colunas ou o início do sistema (primeiro par de colunas) é encontrado. Depois disso o

programa prossegue normalmente com sua execução. No Measurement and Automation e

no próprio LabVIEW® pode ser difinido que o canal é de saída, digital e que uma forma de

onda será enviada a partir dele.

Ao se inicializar o MAX (Measurement and Explorer), selecionam-se as opções “Data

Neighborhood” e “Create New...” para que uma nova tarefa coordenada pelo programa seja

criada. Como intenta-se aquisição e geração de dados pela placa de I/O, seleciona-se a

opção “NI-DAQmx Task”, referente à National Instruments e data

7No programa LabVIEW®, é factível tranformar números que são manipulados no diagrama de blocos,

geralmente acessíveis só pelo programa, em arquivos de texto que podem ser salvos em qualquer pasta

do computador. Para isso, empregam-se ferramentas específicas, como a “Number to Fractional String”,

que converte os números e a “Write to Spreadsheet File” que determina o formato do arquivo e onde o

registro será salvo pelo programa

8Utiliza-se o nome “programa principal” porque tem-se possibilidade de criar subferramentas a partir de

pequenos programas inteiros, no LabVIEW®. São os SUBvis, espécies de subrotinas, criados pelo

programador e os quais são utilizados por um ou vários programas maiores (o programa principal) que

os utilizam durante sua execução. É possível criar um SUBvi simplesmesnte selecionando o programa

com o mouse e, no menu superior do diagrama de blocos, selecionar as opções “Edit” e “Create SUBvi”.

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acquisition. Então as opções “acquire signal” e “generate signal” são mostradas (figura 11).

A partir de então, tem-se possibilidade de fazer aquisição ou gerar sinais. No caso dos

pulsos enviados ao driver para a movimentação do motor, o sinal é de natureza digital e

utiliza somente uma linha de uma das portas da placa que aquisição (essa alternativa

também é oferecida pelo MAX), já que para o driver há somente uma entrada de sinal para

os passos do motor.

Figura 11 – A interface do MAX com as opções de geração/aquisição de sinais

Mediante a correta configuração da linha de sinal, o próximo passo é considerar a

elaboração do programa auxiliar que controlará o motor de passo através do driver. Esse

programa deve ser um SUBvi que, de tempos em tempos, é chamado pelo programa

principal para que o motor de passo acoplado ao amostrador de gases se movimente e o

par de colunas de fermentação seguinte ao atual seja aferido.

Quando bastar o tempo de amostra de um dos pares de coluna, o programa controlador

do motor é executado. No entanto, essa feitura deve durar somente até o instante em que o

próximo par de colunas for alcançado. Nesse momento, o motor deve parar imediatamente

para que o programa principal avalie as colunas imediatas.

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Por mais exato que o movimento de um motor de passo seja, pode ocorrer o evento em

que o motor de passo perca um ou vários de seus passos. Esse feito tem maior

probabilidade de ocorrer no caso, pois o amostrador oferece considerável resistência à

rotação do motor. Esse evento favorece o seu travamento e o sistema pode parar de forma

desalinhada em relação aos orifícios do próximo par de colunas. É interessante trabalhar

com polias dentadas, as quais possuem diferentes diâmetros (a que é fixa ao eixo do motor

tem um diâmetro cerca de cinco vezes menor que a polia do amostrador) e uma correia afim

de se obter maior aproveitamento do torque do motor.

Para garantir que o motor pare no lugar esmerado, foram utilizados um led e um

fototransistor acoplados opticamente. O motor gira e conduz consigo o disco interno do

amostrador que, por sua vez, direciona dois dos tubos da entrada à saída da peça plástica.

Em uma extremidade de um orifício que atravessa a peça inteira, é fixado um fototransistor,

em outra extremidade, um led. O disco central do amostrador é perfurado de tal forma que

toda vez em que o led é constatado pelo fototransistor, este último entra em condução e um

sinal é emitido à placa interrompendo o SUBvi de movimentação do motor

instantaneamente. Nete caso, o fototransistor funciona como chave. Enquanto o diodo fica

invisível a ele, nenhum sinal é enviado à placa e o movimento do motor prossegue. Assim

que a luz do led é captada, a tensão aplicada em seu coletor é transmitida a um canal da

placa que foi intrinsecamente configurado através do MAX. Desta forma, a estrutura que

contém as ferramentas responsáveis da rotaçao do motor é interrompida.

A linha de entrada da placa de I/O referente ao sinal do fototransistor é de entrada digital

e o sinal recebido por ela é booleano. À linha do port de entrada digital referente ao sinal

proveniente do fototransistor foi dado o nome “Led da origem”, no MAX.

Figura 12 – o Read.vi pertinente ao sinal proveniente de emissor do fototransistor

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O vi “Read” será o terminal condicional (conditional terminal)9 da sequência dos passos

do motor determinada pelo While Loop (figura 15).

Para a movimentação do motor de passo, a saída da placa de aquisição deve ser um

trem de pulsos de natureza digital. Então, através do LabVIEW®, serve-se de um Write.vi

cujo dado associado é uma função do tipo “toggle”10 (figura 13). Essa função alterna entre

os valores 0 e 1 continuamente gerando a interpolação digital necessária ao movimento do

motor. Uma saída digital da placa de I/O envia o trem de pulsos á base de um fototransistor

cujo emissor é ligado ao terminal do driver que é concernente ao passos do motor.

Figura 13 – Um Write.vi associado a uma forma de onda do tipo “Toggle”

Apesar de que no MAX a linha de saída de sinal referente aos passos do motor seja

tratada como digital e com apenas 1 amostra afim de que não seja desperdiçado o buffer, no

programa LabVIEW®, o Write.vi é considerado como sendo várias vezes amostrado, para

que seja possível a conexão com o gerador de pulsos Toggle, que é conectado virtualmente

através de uma linha de fluxo, vista em verde ne figura 14, à conexão virtual “Data” do

Write.vi e é tido como um sinal de muitas amostras.

Figura 14 – As conexões virtuais do Write.vi

9A estrutura While do SUBvi é executada até que o terminal condicional da mesma sofra alteração de

estado, seja de 0 para 1 ou de 1 para 0 (o programador pode escolher através do menu “Stop if true” ou

“Stop if false”, clicando com o botão direito do mouse sobre o terminal condicional).

10Existe um vi utilizado no Diagrama de Blocos cujo nome é “Digital Pattern Generator” através do qual

um canal de saída pode gerar formas de onda digital. No próprio vi se escolhe o formato da onda, que

pode ser rampa, valores randômicos, toggle, entre outros. Para que a onda seja transmitida à placa de

I/O, basta conectar o terminal virtual “Digital Waveform” do vi ao terminal “Data” do Write.vi

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Figura 15 – O loop While (estrutura, notada na figura como o retângulo cinza em forma de seta) referente à

busca do sinal booleano do led da origem do sistema. Importante notar que o terminal condicional é o Read.vi associado ao canal “Led da origem”

Quando o próximo par de colunas é buscado, não é necessária a detecção do led pelo

fototransistor, já que a quantidade de passos do motor é relativamente pequena e, então, a

probabilidade de ocorrer perdas de passo do motor é baixa. Sendo assim, uma quantidade

definida empiricamente de pulsos é mandada para o driver (150 pulsos, no caso). Toda vez

que a origem do sistema é buscada, há um alinhamento forçoso entre os orifícios. No vi que

foi, então, chamado de “Passos”, o terminal condicional é uma comparação numérica que

origina o sinal booleano de parada (número de passos é maior que 150? Em caso

afirmativo, pare de enviar pulsos ao driver do motor de passos).

Figura 16 – O loop While cujo terminal condicional é uma comparação entre “i” (iteration) e o número 150. A

letra “i” contêm o número de contagem da iteração atual. Isto é, quantas vezes o loop foi executado.

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Visando a uma melhora no funcionamento do sistema, um relê foi acoplado à saída da

fonte que alimenta todo o aparelho de tal forma que ocorra seu acionamento antes da

partida do motor. Assim, o sistema é provido de alimentação somente quando o motor deve

se deslocar. Depois desta ação, o relé é desenergizado a fim de poupar energia e evitar o

aquecimento do sistema. Mais detalhes do uso do relé serão tratados no capítulo 5,

“Instrumentação Complementar”.

A saída referente ao relé é digital e utiliza apenas uma linha de uma porta da placa de

aquisição.

Figura 17 – Acionamento do motor utilizando-se de um relé

Os dois loops de iteração com o driver foram transformados em SUBvis e dispostos

internamente ao programa principal onde há interação com o usuário. Nele, determina-se,

através de um controle numérico (Numeric Control.vi) a quantidade de pares de colunas a

serem analisados. Quando esse número é atingido, durante a execução do programa, o

SUBvi de busca da origem é chamado. Antes disso, a cada noventa segundos, o SUBvi

“Passos” é avocado afim de que os próximos pares de coluna de fermentação sejam

discorridos. Uma ferramenta de seleção foi desenvolvida com a estrutura lógica baseada em

comparação e temporizaçào. Quando o contador chega ao número de pares de coluna

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escolhido, depois que o tempo de amostragem é decorrido, o SUBvi de busca pela origem é

selecionado, caso contrario, o SUBvi de busca pelo próximo par de colunas.

Figura 18 – Ferramenta de seleção de SUBvi

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5. Instrumentação Complementar

Já que o motor de passo é controlado via driver, que exige uma tensão de 24 volts e

corrente de aproximadamente 2 amperes, há a necessidade que uma fonte de tensão

apropriada seja disponibilizada ao sistema. A partir dessa fonte é possível a obtenção de

tensões menores, da ordem de 5 volts, para o circuito de controle do driver do motor.

5.1. Fonte de Tensão

Utilizando-se de um transformador de tensão com entradas 110-0-110V e saída 15-0-15V,

é factível a elaboração de uma fonte cuja tensão de saída é aproximadamente 21V, já que a

tensão de pico da saída AC do transformador é obtida a partir da retificação da tensão da

saída do mesmo. Para tal, dois diodos de 2A e um capacitor são suficientes, já que o tap

central do transformador foi utilizado. Um diodo de 2A foi soldado na saída de cada uma das

fases do transformador de tal forma a constituírem um retificador de meia-ponte e onda

completa. Conectando os diodos ao tap central do transformador, utilizou-se um capacitor

de 4700µF da Siemens, afim de que o ripple de tensão fosse bem pequeno. Assim, obteve-

se a fonte de alimentação principal, a partir da qual o driver e o circuito de comando são

alimentados. A fonte foi construída em half-bridge para que se obtenha 21V em sua saída,

tensão muito próxima da exigida pelo driver do motor de passo.

5.2. Relé, Reguladores de Tensão e BJTs

Para que a fonte não permanecesse excitada permanentemente, um relé de 12V e 10A,

acionado pelo programa, foi conectado á sua saída. Assim, antes da atividade do motor,

todo o sistema é alimentado. Após a interrupção do movimento, o relé é desativado. Isso

garante que o sistema não se aqueça de forma imprópria e que não consuma energia

enquanto não é ativado. Para utilizar o relé, foi necessário um regulador de tensão LM7812

para prover os 12V em sua bobina. Através de um sinal do programa enviado à base de um

transistor bipolar de junção BC547, a bobina do relé, conectada entre os 12V da saída do

regulador de tensão e o coletor do BJT, é excitada e o sistema é energizado. Ligado à

tensão de 21V, utiliza-se de um outro regulador de tensão, o LM7805, que garante uma

tensão de 5V em sua saída, utilizada para as entradas de referência do driver (dir+ e cp+) e

para alimentar o led e o fototransistor responsáveis pelo alinhamento do amostrador de

gases na posição de origem.

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Um outro transistor bipolar BC547 foi empregado para chavear os pulsos do passo do

motor, enviados à entrada “dir-“ do driver, que é conectada ao coletor do BJT. Entre a saída

do regulador de tensão de 5V e o coletor deste transistor, foi conectado um resistor limitador

de corrente de 100 a fim de que a corrente na entrada do driver fosse baixa.

Nos transistores de acionamento do relé e no de sinal dos passos do motor, conectou-se

um resistor de pull-down de 10K entre a base e o GND (0V) para garantir nível zero de

tensão quando não houvesse excitação e facilitar o dreno das bases do transistor, tornando

o tempo de armazenamento de cargas (storage time) menor. Também é utilizado um

resistor limitador de corrente, de 47 entre as bases e as saídas da placa de I/O a fim de

que a corrente enviada à base do transistor fosse pequena e a placa não fosse danificada.

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6. Conclusões e Pareceres

Depois de deixar o programa funcionando por um bom tempo, notou-se que era seguro

trabalhar com o novo sistema. O programa é executado durante 72 horas seguidas fazendo

análises, além de controlar o dispositivo de amostragem e multiplexação de gases.

O painel frontal do programa é mostrado na figura 19, na qual se notam as diferentes

cores que representam e fazem a distinção entre os pares de colunas de fermentação.

Como o programa, através de um contador, se torna ciente sobre qual o par de colunas

atual em análise, os valores das grandezas podem ser diferenciados entre si.

Figura 19 – O painel frontal do programa mostrando em diferentes cores, entre outros parâmetros, as

concentrações de CO2 dos tubos de fermentação

Para o controle do motor de passo, seria suficiente o uso de um microcontrolador. No

entanto, como o programa inicial de análise de fermentação já era implementado em

Page 37: Controle de Motor de Passo Empregado em Fermentação Semi

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LabVIEW®, o que é muito coerente, devido às conveniências de controle e a interface visual

do programa, utilizou-se dele afim de que houvesse perfeito sincronismo entre controle do

motor e execução do programa principal.

Algumas dificuldades na implementação do programa foram observadas devido ao fato de

que o LabVIEW® apresenta erros no programa quando ele é elaborado em uma versão e

executado em outra. Alguns instrumentos virtuais foram substituídos ou atualizados e

versões mais recentes do LabVIEW®. Assim sendo, o programa principal teve que ser

atualizado.

Quando, inicialmente, o sinal proveniente do fototransistor era configurado como sinal

analógico e muitas aferições de sinais de mesma natureza eram realizadas

simultaneamente (concentração de CO2, fluxos de entrada e saída de ar, temperatura,

pressão, umidade, etc.) além de que o programa ainda se encarregava de gerar um trem de

pulsos dentro de um loop continuamente para o controle do motor de passo, o programa

parava de funcionar depois de certo tempo. Havia excesso de tarefas analógicas e todas

elas eram operadas dentro de um while loop. A solução do problema foi transformar a

grandeza aferida nos terminais do fototransistor em um sinal digital, que foi, então usado

como terminal condicional da estrutura, como foi mostrado anteriormente. Esta solução foi

obtida através da criação de uma discussão no site da National Instruments (www.ni.com).

O projeto como um todo gerou grande expectativa e representou uma novidade muito

interessante na pesquisa de fermentação e obtenção de enzimas. O ânimo foi de tal vulto

que há um pedido de patenteamento do projeto como um todo pela Embrapa

(Instrumentação Para Automação de Processo de Fermentação Semi-sólida, Dr. Victor

Bertucci Neto e Dra. Cristiane Sanchez Farinas).

Quanto ao ambiente do desenvolvimento do projeto, sendo a Embrapa uma empresa

ligada à pesquisa, é notável a confluência de áreas de estudo. Este é, sem dúvida, um

aspecto que diferencia um estágio numa empresa como a Embrapa. Além disso, contempla-

se o fato da engenharia ser útil e aplicável em diversas áreas. No caso, foi a automação de

um dos projetos de pesquisa de um laboratório destinado a estudos da fermentação de

diferentes substratos e a aplicação da engenharia elétrica em meio à área das ciências

biológicas. Relacionar com pessoas de outros cursos de graduação de outras áreas,

mestrandos e doutorandos foi deveras importante para o acúmulo de conhecimento.

A higiene e o uso de equipamento de proteção são imprescindíveis, já que no Laboratório

de Agroenergia são realizadas diversas fermentações e o ambiente pode conter esporos.

Além disso, muitas substâncias químicas são manipuladas na Embrapa. Os funcionários e

estagiários devem trajar jalecos dentro do laboratório.

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7. Agradecimentos

Agradeço profundamente ao meu supervisor de estágio, Dr. Victor Bertucci Neto pela

oportunidade de estagiar numa empresa como a Embrapa e por me confiar a grande

responsabilidade de desenvolver projetos de sua pesquisa.

Também faço questão de me lembrar do mestrando em engenharia elétrica na USP-

EESC Rafael Frederico Fonseca (Pardal) por me ajudar com o aprendizado em LabVIEW®,

além de me instruir algumas vezes no Laboratório de Agroenergia.

Agradeço, também, ao Prof. Dr. Manoel Luís de Aguiar por me orientar, ao Prof. Dr.

Ricardo Quadros Machado e à doutoranda em biotecnologia Rosângela Donizete Perpétua

Buzon Pirota e à amiga Maria Fernanda Franco pelos válidos ditames sobre este trabalho.

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8. Referências Bibliográficas

MEIEN, Oscar F Von et al. Control strategies for intermittently mixed, forcefully

aerated solid-state fermentation bioreactors based on the analysis of a distributed

parameter model. Chemical Engineering Science, no59, p. 4493-4494, june 2004.

NERY, R.T. Introdução ao LabVIEW, 1ª Ed. Apostila de Curso

NETO, V.B. Instrumentação Para Automação de Processo de Fermentação Semi-

sólida. Pesquisa em andamento. Embrapa 2010

HONKZANG, CHEN et al. A Novel Industrial-Level Reactor with Two Dynamic

Changes of Air for Solid-State Fermentation. Journal of Bioscience and

Bioengineering, vol93, p. 211-212, November 2001.

PRESERVAR PARA SUSTENTAR, 8 de julho, 2009. Disponível em

<http://preservarparasustentar.blogspot.com/2009/07/historia-da-embrapa.html>

Acesso em novembro de 2010.

NATIONAL INSTRUMENTS. LabIEW: tutorial. 8.2. [s.l.], c2007.

Feira de Ciências. Disponível em <http://www.feiradesiencias.com.br>