controle biomecânico da mola t pré-ativada

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  • 8/16/2019 controle biomecânico da mola T pré-ativada

    1/9

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8110

     ARTIGO INÉDITO

    Group A necessity of anchorage and the biomechanic control of the “T” loop spring preactivated bycurvature to space closure

    Keywords:

    Biomechanics. Orthodontic space closure. Corrective orthodontics.

    Palavras-chave:

    Biomecânica. Fechamento de espaço ortodôntico.

    Ortodontia corretiva.

    Resumo   Abstract

    A Ortodontia contemporânea

    tem buscado, além dos objetivosestéticos, oclusais e funcionais,

    tratamentos cada vez mais rápidos

    e com menor número de consul-

    tas ao ortodontista — principal-

    mente em pacientes com neces-

    sidade de exodontias, cujo espaço

    deixado certamente torna-se um

    incômodo. A técnica do arco seg-

    mentado (TAS), por meio do uso

    da mola “T”, tem proporcionado

    tais resultados dentro dessas exi-

    gências. Sendo assim, o objetivodo presente trabalho foi concei-

    tuar e demonstrar a ativação e

    forma de controle biomecânico

    da mola “T”, em pacientes com

    grande necessidade de ancora-

    gem (grupo A), para retração de

    dentes anteriores; bem como exi-

    bir um caso clínico, com necessi-

    dade de grande retração anterior,

    tratado com a mola “T”.

    Contemporary orthodontics has

    sought, beyond the esthetic,occlusal and functional goals,

    treatments even faster and with

    less visits to the orthodontist —

    especially in patients that require

    dental extractions in which the

     generated space becomes a nui-

    sance. The segmented arch tech-

    nic (SAT), by the use of a “T”

    loop spring, has provided such re-

    sults within these requirements.

    Therefore, this study aimed to

    appraise and demonstrate theconfection, activation and bio-

    mechanical control of “T” loop

    spring, in the group with high

    anchorage necessity (group A),

     for retraction of anterior teeth;

    as well as to present a case re-

     port, with high anter ior retrac-

    tion necessity, treated with “T”

    loop spring.

     Alexandre Antonio RIBEIRO*

    Renato Parsekian MARTINS**

    Sergei Godeiro Fernandes Rabelo CALDAS*

    Isabela Parsekian MARTINS***

    Lídia Parsekian MARTINS****

      * Especialista em Ortodontia, ABO/RN. Mestre em Ortodontia, UFRJ. Doutorando

    em Ortodontia, UNESP/Araraquara.

      ** Mestre e Doutor em Ortodontia, UNESP/Araraquara. Professor dos cursos de espe-

    cialização em Ortodontia FAEPO/UNESP e FAMOSP/GESTOS.

      *** Especialista em Ortodontia, ABO/RN. Mestre e Doutorando em Ortodontia,

    UNESP/Araraquara.

     **** Especialista em Ortodontia, FAMOSP/GESTOS. Mestre em Ortodontia, UNESP/Araraquara.

     ***** Especialista em Odontopediatria, Mestre e Doutora em Ortodontia, UNESP/Ara-

    raquara. Professora e Chefe do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de

    Odontologia de Araraquara, UNESP.

    Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da

    mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços

    Como citar este artigo: Ribeiro AA, Martins RP, Caldas SGFR, Martins IP, Martins LP.Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré--ativada por curvatura para o fechamento de espaços. Rev Clín Ortod Dental Press.2012 jun-jul;11(3):110-8.

    » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou fnancei -

    ros que representem conito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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    Ribeiro AA, Martins RP, Caldas SGFR, Martins IP, Martins LP

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8   111

    INTRODUÇÃO

    O tratamento ortodôntico em pacientes que apresentam

    um comprometimento estético do perfil facial, como na so-

    bressaliência exagerada (Classe II de Angle), pode ser reali-

    zado sem ou com exodontias de dois primeiros pré-molares

    superiores1,3. O tratamento com exodontias possui certas van-

    tagens, como o menor tempo de tratamento, melhor finaliza-

    ção e menor necessidade de cooperação do paciente3,4. Po-

    rém, o planejamento ortodôntico com exodontias resulta em

    maiores responsabilidades para o ortodontista, uma vez que

    apresenta uma série de implicações, como o próprio diagnós-

    tico da necessidade de exodontia, a sua repercussão sobre aestética facial, o controle biomecânico para manejo dos den-

    tes e o fechamento dos espaços gerados, além da avaliação

    da necessidade e controle de ancoragem, entre outras2,5.

    Também há a visão do paciente e/ou dos responsáveis

    quanto ao procedimento ortodôntico e suas expectativas

    com uma terapia rápida e com menor número de visitas ao

    ortodontista, aspecto que é reconhecidamente comentado na

    literatura ortodôntica2,6. Além disso, muitas vezes os pacien-

    tes não aceitam facilmente as exodontias, pois não se sentemconfortáveis com os espaços das extrações e requerem esté-

    tica inclusive durante o tratamento7. Sendo assim, seria ideal

    que o fechamento dos espaços fosse realizado da forma mais

    rápida possível, garantindo resultados oclusais satisfatórios.

    Entre as possíveis técnicas que permitem o fechamento

    de espaços nesses padrões exigidos, cita-se a mecânica livre

    de atrito, com sistemas diferenciais de estresse, aplicada pelo

    deslocamento de uma mola “T” ativada de forma simétrica,

    conforme preconizado na técnica do arco segmentado8,9. Para

    facilitar a classificação dos objetivos biomecânicos durante

    essa fase do tratamento, foi definida uma nomenclatura8 de

    acordo com as necessidades de ancoragem. Para os casos já

    citados, onde a ancoragem anteroposterior dos dentes pos-

    teriores é crítica, dá-se o nome de ancoragem do grupo A —

    isto é, quando necessita-se do máximo de retração dos dentes

    anteriores (segmento α) ocupando, se possível, o espaço total

    da exodontia, sem que a unidade de dentes posteriores (seg-mento β) seja mesializada até um quarto do espaço total a ser

    fechado. Essa situação também é conhecida e classificada10 

    pelo termo ancoragem máxima. Normalmente, os casos indi-

    cados para esse tipo de ancoragem são as Classes II comple-

    tas ou com 3/4 de cúspide, onde não há indicação cirúrgica.

    Tendo em vista a possibilidade de otimização da fase de

    fechamento de espaços ortodônticos em pacientes com ne-

    cessidade de ancoragem do grupo A, a proposição desse

    trabalho é demonstrar a forma de ativação e aplicação clínica

    da mola “T” desse grupo, para o fechamento de espaços.

    CONCEITUAÇÃO BIOMECÂNICA

    Previamente à descrição técnica da utilização da mola “T”

    com ancoragem do grupo A, é importante a sedimentação

    teórica de alguns tópicos biomecânicos, como: proporção

    momento/força (M/F); magnitudes de forças aplicadas; e a

    repercussão da descentralização da mola.

    Proporção momento/força (M/F)

    A diferenciação da quantidade e tipo de movimento de

    cada segmento (α ou β) por meio da mola “T” fundamenta--se na aplicação de momentos diferenciais, assim gerando

    diferentes estresses aplicados ao ligamento periodontal dos

    segmentos envolvidos na mecânica ortodôntica4. Sendo as-

    sim, para a ancoragem do grupo A procura-se manter um

    alto estresse no periodonto dos dentes do segmento α, e um

    baixo e bem distribuído estresse nos dentes do segmento β.

    Para isso, é necessário um dispositivo que produza uma M/F

    que cause translação do segmento β (geralmente, ao redor de

    10/1mm) e inclinação controlada do segmento α (geralmente,ao redor de 6/1mm). Dessa forma, uma movimentação mais

    rápida ocorre no segmento α, comparado ao segmento β.

    Diferentes magnitudes de forças aplicadas

    Uma das preocupações na utilização das molas “T” para

    o fechamento de espaços é o nível das forças utilizadas. Nas

    retrações do grupo A, um nível de força menor pode ser dese-

     jado para a retração (em comparação à retração do grupo B)11,

    ajudando a manter o estresse em β o mais baixo possível, pro-

    duzindo um mínimo de movimento. Nesse aspecto, as tabelas

    apresentadas por Burstone et al.8  possibilitam a aplicação de

    forças menores, sem alteração da M/F desejada para a retra-

    ção. As alternativas incluem uma menor ativação horizontal das

    molas, junto a uma diminuição da intensidade da pré-ativação;

    ou a utilização de um fio com menor secção transversal, como0,016”x0,022”, mantendo-se a mesma ativação (Tab. 1, 2).

    Repercussão da descentralização da mola “T”

    Quando uma mola “T” pré-ativada de forma simétrica11  é

    deslocada na direção de um dos segmentos, os momentos pro-

    duzidos por ela aumentam nessa região, e diminuem na extremi-

    dade oposta9,12,13 (Fig. 1), inclusive gerando forças verticais para

    equilibrar o sistema de forças assimétricas produzido (Fig. 1, 2).

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     ARTIGO INÉDITO Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8112

    Tabela1 Sistema de forças médio, mensurado numa DIB=23mm, de uma mola “T” de dimensões 7mm (H) por 10mm (G) construída de fio 0,017”x0,025”de β-Ti e pré-ativada com 100% de intensidade, de forma simétrica e por curvatura, onde B/L = 0,77. A) As colunas determinam, respectivamente, ativa-ção, momento produzido em α e em β, força horizontal e vertical. B) As colunas determinam, respectivamente, ativação, proporção M/F produzida emα e em β, diferencial de M/F e variacão de força por 0,5mm de desativação. (Fonte: Burstone et al.8, 1995).

    Tabela2 Sistema de forças médio, mensurado numa DIB=23mm, de uma mola “T” de dimensões 7mm (H) por 10mm (G) construída de fio 0,017”x0,025”de β-Ti e pré-ativada com 100% de intensidade, de forma simétrica e por curvatura, onde B/L = 0,88. A) As colunas determinam, respectivamente, ativa-ção, momento produzido em α e em β, força horizontal e vertical. B) As colunas determinam, respectivamente, ativação, proporção M/F produzida emα e em β, diferencial de M/F e variacão de força por 0,5mm de desativação. (Fonte: Burstone et al.8, 1995).

    Figura 1  Reativação das molas para distal; osefeitos da descentralização da mola “T” podemser vistos: intrusão e inclinação do segmento α.

    mm

    Mα /F

    gf.mm

    gf.mm

    Fh

    gf 

    Fv

    gf 

    0,0 1103,5 1103,5 0,0 0,0

    0,5 1191,6 1214,0 35,8 -6,1

    1,0 1203,8 1345,1 67,0 -14,3

    1,5 1217,7 1476,4 97,6 -22,3

    2,0 1227,1 1607,5 128,5 -29,4

    2,5 1243,5 1734,0 159,3 -36,2

    3,0 1276,3 1859,8 189,6 -42,9

    3,5 1305,2 1979,7 219,3 -49,0

    4,0 1331,0 2102,6 249,9 -54,7

    4,5 1357,7 2220,8 279,0 -59,5

    5,0 1367,3 2339,9 309,8 -65,1

    5,5 1366,4 2457,8 341,1 -70,1

    6,0 1361,5 2570,4 371,9 -74,0

    ∆mm

    Mα /F

    mmM

    β /F

    h

    mm(M

    α-M

    β)/

    Fh

    F/∆g/mm

    0,5 33,3 33,9 -0,6 -

    1,0 18,0 20,1 -2,1 62,3

    1,5 12,5 15,1 -2,7 61,2

    2,0 9,5 12,5 -3,0 61,9

    2,5 7,8 10,9 -3,1 61,6

    3,0 6,7 9,8 -3,1 60,5

    3,5 6,0 9,0 -3,1 59,4

    4,0 5,3 8,4 -3,1 61,2

    4,5 4,9 8,0 -3,1 58,4

    5,0 4,4 7,6 -3,1 61,6

    5,5 4,0 7,2 -3,2 62,6

    6,0 3,7 6,9 -3,3 61,6A B

    ∆mm

    Mα /F

    gf.mmM

    β

    gf.mmF

    hgf 

    Fv

    gf 

    0,0 1151,8 1151,8 0,0 0,0

    0,5 1212,2 1280,8 30,1 -8,6

    1,0 1189,4 1429,5 65,4 -19,7

    1,5 1168,8 1579,9 100,5 -30,4

    2,0 1144,8 1733,9 135,8 -40,5

    2,5 1139,5 1884,9 170,0 -50,3

    3,0 1143,3 2036,3 204,2 -58,9

    3,5 1151,6 2191,3 237,8 -67,7

    4,0 1150,1 2349,1 272,0 -76,4

    4,5 1140,3 2512,8 304,8 -82,8

    5,0 1118,7 2672,3 339,1 -90,4

    5,5 1100,5 2821,1 372,5 -97,1

    6,0 1084,3 2962,5 405,0 -102,6

    ∆mm

    Mα /F

    hmm

    Mβ /F

    hmm

    (Mα-M

    β)/

    Fh

    F/∆g/mm

    0,5 40,3 42,6 -2,3 -

    1,0 18,2 21,9 -3,7 70,6

    1,5 11,6 15,7 -4,1 70,3

    2,0 8,4 12,8 -4,3 70,5

    2,5 6,7 11,1 -4,4 68,5

    3,0 5,6 10,0 -4,4 68,2

    3,5 4,8 9,2 -4,4 67,3

    4,0 4,2 8,6 -4,4 68,4

    4,5 3,7 8,2 -4,5 65,5

    5,0 3,3 7,9 -4,6 68,6

    5,5 3,0 7,6 -4,6 66,86,0 2,7 7,3 -4,6 65,1

    A B

    A B

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    Ribeiro AA, Martins RP, Caldas SGFR, Martins IP, Martins LP

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8   113

    Essa relação existente entre o deslocamento da alça pelo

    seu comprimento total (B/L) e os momentos diferenciais

    por ela gerados já foi estudada e estabelecida há algumas

    décadas (Fig. 3)8,9.

    Ao se deslocar uma mola “T” simétrica para distal, numaproporção aproximada de 25% -75% (B/L = 0,75) ou 15%-85%

    (B/L = 0,85) e diminuindo-se a ativação horizontal, pode-se

    produzir um tipo de sistema de forças condizente com o de-

    sejado para o fechamento de espaços no grupo A de an-

    coragem. Essa mola consegue produzir momentos diferen-

    ciais entre ambos os segmentos, com uma M/F ao redor de

    10/1mm no segmento β, causando translação; e uma M/F ao

    redor de 6/1mm no segmento α, produzindo inclinação con-trolada. Para que os momentos, de intensidades diferentes

    e sentidos opostos, se equilibrem, forças verticais são gera-

    das em ambos os segmentos — intrusiva no segmento α e

    extrusiva no segmento β  (Fig. 2), essa última podendo ser

    contrabalanceada pelas forças da oclusão. Entretanto, certo

    cuidado deve ser tomado quando se aplicam mecânicas de

    momentos diferenciais, pois, quanto maior o desequilíbrio

    entre os momentos, maiores serão as forças verticais geradas

    para equilibrá-los e, dependendo das intensidades dessasforças, elas podem gerar mais problemas do que soluções.

    PRÉ-ATIVAÇÃO SIMÉTRICA E DESCENTRALIZADA POR CURVATURA

    Para a pré-ativação da mola “T” para ancoragem do

    grupo A por meio do posicionamento de uma mola “T”

    descentralizada, deve-se primeiro calcular a quantidade de

    fio anterior e posterior à alça da mola “T”, ou a proporção

    entre a quantidade de fio anterior à alça e o comprimento

    total da mola (B/L), seguindo a tabela da Figura 3.

    Para o grupo de ancoragem do tipo A, o diferencial de

    M/F necessário é de aproximadamente -4 (6/1 menos 10/1).

    Esse valor, no eixo vertical do gráfico, aponta uma B/L de

    aproximadamente 0,8. O sistema de forças de uma mola “T”

    com B/L = 0,77 é visto na Tabela 1. O coeficiente de multipli-cação (0,8) pode ser substituído por outro, de acordo com

    o diferencial desejado, utilizando-se a tabela respectiva, e

    outras proporções B/L podem ser utilizadas (Tab. 2).

    Para se definir o quanto de fio deve haver da alça até o

    tubo de α (B) quando a mola com B/L = 0,77 for utilizada, a

    fórmula B = L x 0,77 pode ser usada.

    Além do deslocamento da alça, a ativação horizontal tam-

    bém precisa ser ajustada. Na Tabela 2, percebe-se que pro-porções M/F próximas a 6/1 em α e 10/1 em β só ocorrem

    quando a mola é ativada ao redor de 3,5mm, gerando uma

    força horizontal entre 220 e 190gf; portanto, essa deve ser a

    ativação utilizada. Dada, por exemplo, uma DIB de 23mm,

    Figura 2 Sistema de força gerado por uma mola “T” no grupo A. As forçasintrusivas em α e extrusivas em β equilibram o sistema de forças, em funçãode uma menor M/F ser gerada anteriormente. As forças verticais em β sãonormalmente leves e, dessa forma, permitem que a oclusão contrabalan-ceie a tendência extrusiva dos posteriores.

    Figura 3 Relação do diferencial de M/F entre α e β com o deslocamento daalça da mola “T”, em função de seu comprimento total.

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    0

    -1

    -2

    -3

    -4

    -5

    -6

    -7

    -80,0 0,1 0,2

    Posição da alça (B/L)

    Diferencial de M/F pelo posicionamento da mola T (7 x 10mm)

    (Mα-M

    β)

    Fh

    α>β

    β>α

    0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

    BL

    α   β

  • 8/16/2019 controle biomecânico da mola T pré-ativada

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     ARTIGO INÉDITO Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8114

    uma mola “T” pré-ativada de forma simétrica pode ser uti-

    lizada para o grupo A de ancoragem, se for ativada 3,5mm

    horizontalmente, e se a quantidade de fio em α  (B) for de

    15,0mm (77%), e de 4,5mm (23%) em β.

    Uma vez definidos a ativação horizontal (3,5mm) e o des-locamento da mola (B/L = 0,77), os stops  emα e em β podem

    ser confeccionados e, a partir daí, a pré-ativação pode ser

    realizada de modo idêntico à mola “T” do grupo B pré-ativa-

    da por curvatura11.

    Conforme o espaço se fecha e a mola se desativa, a for-

    ça precisa ser aumentada, em torno de 70gf por mês, para

    que a M/F não aumente em α e translação comece a ocor-

    rer. Outro detalhe é que, com o fechamento de espaço, arelação (ou geometria) inicial entre os tubos de α e β muda

    (Fig. 1, 3), e deve ser compensada mensalmente, já que essa

    mudança de geometria causa um aumento da M/F em α.

    Para que isso não ocorra, a mola pode ser reajustada a cada

    milímetro do fechamento de espaços: sua inserção em α 

    deve ser compensada de acordo com a inclinação ocorrida,

    e a mola deve ser reativada no sentido distal em 1mm.

    CORREÇÃO RADICULAR

    A retração no grupo A de ancoragem geralmente é dividida

    em duas fases: uma fase de inclinação controlada e uma fase de

    correção radicular. Entretanto, muitas vezes a correção radicularpode ser desnecessária quando o segmento α apresenta incli-

    nações vestibulares excessivas das coroas, pois, após a retração,

    os dentes podem adquirir uma inclinação adequada. Há tam-

    bém casos onde somente a inclinação dos incisivos está alte-

    rada e, portanto, a correção radicular estaria indicada somente

    nos caninos, após a retração. Por fim, na grande maioria dos

    casos onde o fechamento foi realizado de acordo com o previs-

    to (Fig. 4), a correção radicular do segmentoα

    , como um todo,é necessária. Para a correção em α, é necessário um momento

    positivo e uma força extrusiva, com um mínimo de reação no

    segmento β, que deve ser mantido em sua posição.

    Durante a correção radicular, é necessário manter ambos

    os segmentos amarrados, para que o espaço não reabra,

     já que o binário de correção radicular gera uma força an-

    terior nas coroas dos dentes do segmento α  (Fig. 4). Essa

    amarração, apesar de impedir o espaço de abrir, não anu-

    la o componente de força anterior, só o dissipa nos doissegmentos, o que pode fazer com que ambos se movimen-

    tem para anterior se o momento utilizado para a correção

    for muito alto. Portanto, deve-se manter a intensidade do

    momento aplicado ao segmento α  abaixo de 3000gf.mm.

    Para ajudar a contrabalancear esse efeito, o paciente pode

    utilizar, durante essa fase, elásticos de Classe II ou um arco

    extrabucal durante o período noturno, ou, então, um pe-

    queno momento horário pode ser aplicado no segmento β 

    (se uma mola de correção radicular for utilizada).

    Duas estratégias podem ser utilizadas para a correção ra-

    dicular: uma mola de correção radicular com uma pré-ativação

    assimétrica (≅ 35º em α e 17º em β)8,14,15; ou um cantiléver sim-

    ples inserido no segmento α e apoiado entre os molares, de

    acordo com a preferência do clínico (Fig. 5). Geralmente opta-

    -se por utilizar o cantiléver, já que ele é insensível às mudanças

    de geometria entre os braquetes em decorrência da própria

    correção, diferentemente da alça de correção radicular.

    Figura 4 Posição dos segmentos se o espaço for fechado de acordo com

    o desejado e o sistema de força necessário para a correção radicular de α.

    Figura 5  Efeitos da inclinação controlada dosegmento α: um cantiléver pode ser utilizadopara a correção (A) ou uma mola específica (B) 

    (cortesia Dr. Cássio Selaimen). Em ambas as si-tuações, os segmentos precisam ser unidos, deforma que não se abra um espaço entre eles.A B

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    CASO CLÍNICO DE RETRAÇÃO DO GRUPO A

    Paciente do sexo masculino, com 11 anos e 5 meses de

    idade, compareceu à clínica do curso de especialização em

    Ortodontia do GESTOS (Grupo de Estudo Ortodônticos eServiços / Faculdade Mozarteum - Campus de Araraquara),

    acompanhado pela sua mãe, com queixa principal de “den-

    tes muito para a frente”.

    Por meio de exame clínico, constatou-se higiene den-

    tária inadequada, perfil facial convexo, hábito de interpo-

    sição de lábio inferior, má oclusão de Classe II, divisão 1

    Figura 7  Fotografias intrabucais lateral direita

    (A), frontal (B), lateral esquerda (C) e oclusaissuperior (D) e inferior (E) previamente ao trata-mento ortodôntico.

    Figura 6  Fotografias extrabucais em perfil (A) efrontal (B) previamente ao tratamento ortodôntico.

    completa nos molares e caninos, sobremordida normal e

    sobressaliência exagerada de 10mm (Fig. 6, 7). Radiogra-

    ficamente, constatou-se presença dos germes dos dentes

    permanentes, com exceção dos terceiros molares, progna-

    tismo dentoalveolar maxilar, evidenciando a Classe II, alémde protrusão dentária superior (provavelmente aumentada

    em virtude da interposição do lábio inferior) (Fig. 8).

    Optou-se por tratamento corretivo fixo com extrações

    dos primeiros pré-molares superiores e mecânica segmen-

    tada de retração anterior com mola “T” (confeccionada com

    liga de β-titânio), utilizada para fechamento de espaço do

    A

    A

    B

    B

    C

    ED

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     ARTIGO INÉDITO Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços

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    grupo A de ancoragem, sendo que essa mola é uma mola

    “T” convencional deslocada para β e pré-ativada, por cur-

    vatura, de forma simétrica (Fig. 9, 10).

    Apesar da falta de colaboração do paciente durante todo

    o tratamento corretivo, acredita-se que foi obtido êxito notocante ao aspecto do controle biomecânico desse caso, evi-

    denciado tanto pelas fotografias (Fig. 11, 12) e radiografias fi-

    nais (Fig. 13), quanto pelas sobreposições dos traçados inicial

    e final (Fig. 14), as quais evidenciaram perda de ancoragem

    superior clinicamente desprezível. Vale a pena ressaltar que

    não houve necessidade de correção radicular, uma vez que

    notou-se inclinação anterior acentuada de incisivos e caninos

    superiores (Fig. 8), e foi realizado desgaste interproximal infe-

    rior anterior, visando alinhamento e nivelamento, bem comoplanificação da curva de Spee. Com relação aos aspectos

    desfavoráveis do tratamento, cita-se um leve arredondamen-

    to apical dos incisivos superiores, provavelmente causado

    pelo excesso de movimento dos incisivos.

    Figura 8 Radiografia panorâmica (A) e telerradiografia lateral (B) previamente ao tratamento ortodôntico.

    Figura 9 Fotografias da confecção da mola “T”:(A) mensuração da DIB, (B) verificação das di-

    mensões da mola “T”, (C) fotografia oclusal damaxila com barra transpalatina para ancorageme (D) ativação horizontal da mola “T”.

    A

    A

    B

    B

    C   D

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    Figura 11 Fotografias extrabucais em perfil aproximado (A) e frontal (B) pós-tratamento ortodôntico.Figura 10 Fotografia intrabucal lateral direita du-rante fase de retração anterior.

    A B

    Figura 12 Fotografias intrabucais lateral direita (A),frontal (B), lateral esquerda (C) e oclusais superior (D)e inferior (E) pós-tratamento ortodôntico.

    A B C

    ED

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     ARTIGO INÉDITO Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços

    Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8118

    Alexandre Antonio RibeiroRua Humaitá, 1740 – 14.801-385 – Araraquara/SPE-mail: [email protected]

    ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

    REFERÊNCIAS

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    skeletal Class I bialveolar protrusion. J Clin Orthod. 2001 Jul;35(7):417-22.

    2. Heo W, Nahm DS, Baek SH. En masse retraction and two-step retraction of

    maxillary anterior teeth in adult Class I women. A comparison of anchorage loss.

    Angle Orthod. 2007 Nov;77(6):973-8.

    3. Janson G, Valarelli DP, Valarelli FP, de Freitas MR. Treatment times of Class II

    malocclusion: four premolar and non-extraction protocols. Eur J Orthod. 2012

    Apr;34(2):182-7. Epub 2011 Mar 10.

    4. Martins RP, Martins LP, Martins IP. Biomecânica da mola T em Ortodontia. In: Almeida

    MR, editor. Ortodontia Clínica e Biomecânica. Maringá: Dental Press; 2010. p. 608.

    5. Braun S, Sjursen RC Jr, Legan HL. On the management of extraction sites. Am J

    Orthod Dentofacial Orthop. 1997 Dec;112(6):645-55.

    6. Mavreas D, Athanasiou AE. Factors affecting the duration of orthodontic treatment:

    a systematic review. Eur J Orthod. 2008 Aug;30(4):386-95.7. Martins RP, Magno AF, Martins IP, Martins LP, White LW. Composite

    pontics for orthodontic patients with extraction spaces. World J Orthod. 2010

    Summer;11(2):180-4.

    8. Burstone CJ, van Steenbergen E, Hanley KJ. Modern Edgewise mechanics & the

    segmented arch technique. Glendora (CA): Ormco; 1995.

    9. Kuhlberg AJ, Burstone CJ. T-loop position and anchorage control. Am J Orthod

    Dentofacial Orthop. 1997 Jul;112(1):12-8.

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    11. Martins RP, Ribeiro AA, Caldas SGFRC, Martins IP, Martins LP. Aplicação clínica

    da mola “T” do grupo B para retração dos dentes anteriores. Rev Clín Ortod Dental

    Press. 2011;10(4):72-83.

    12. Martins RP, Buschang PH, Martins LP, Gandini LG, Jr. Optimizing the design of

    preactivated titanium T-loop springs with Loop software. Am J Orthod Dentofacial

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    13. Burstone CJ, Koenig HA. Optimizing anterior and canine retraction. Am J Orthod

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    14. Marcotte M. Biomechanics in orthodontics. Philadelphia: BC Decker; 1990.

    15. Burstone CJ. The segmented arch approach to space closure. Am J Orthod

    1982;82:361-378.

    CONCLUSÕES

    Baseado no exposto, conclui-se que a utilização da mola

    “T” em pacientes com grande necessidade de ancoragem

    (grupo A) é um instrumento de fácil confecção, aplicação

    e controle, desde que o ortodontista tenha conhecimento

    biomecânico das formas de pré-ativação, ativação horizon-

    tal, bem como do acompanhamento mensal da movimenta-

    ção dentária ocorrida.

    Figura 13 Radiografia panorâmica (A) e telerradiografia lateral (B) pós-tratamento ortodôntico.

    A B

    Figura 14 Sobreposições total (A), de mandíbula (B) e de maxila (C) dostraçados cefalométricos pré- (em preto) e pós-tratamento (em vermelho),segundo o método proposto por Bjork.

    A

    C

    B