controle biomecânico da mola t pré-ativada
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8/16/2019 controle biomecânico da mola T pré-ativada
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8110
ARTIGO INÉDITO
Group A necessity of anchorage and the biomechanic control of the “T” loop spring preactivated bycurvature to space closure
Keywords:
Biomechanics. Orthodontic space closure. Corrective orthodontics.
Palavras-chave:
Biomecânica. Fechamento de espaço ortodôntico.
Ortodontia corretiva.
Resumo Abstract
A Ortodontia contemporânea
tem buscado, além dos objetivosestéticos, oclusais e funcionais,
tratamentos cada vez mais rápidos
e com menor número de consul-
tas ao ortodontista — principal-
mente em pacientes com neces-
sidade de exodontias, cujo espaço
deixado certamente torna-se um
incômodo. A técnica do arco seg-
mentado (TAS), por meio do uso
da mola “T”, tem proporcionado
tais resultados dentro dessas exi-
gências. Sendo assim, o objetivodo presente trabalho foi concei-
tuar e demonstrar a ativação e
forma de controle biomecânico
da mola “T”, em pacientes com
grande necessidade de ancora-
gem (grupo A), para retração de
dentes anteriores; bem como exi-
bir um caso clínico, com necessi-
dade de grande retração anterior,
tratado com a mola “T”.
Contemporary orthodontics has
sought, beyond the esthetic,occlusal and functional goals,
treatments even faster and with
less visits to the orthodontist —
especially in patients that require
dental extractions in which the
generated space becomes a nui-
sance. The segmented arch tech-
nic (SAT), by the use of a “T”
loop spring, has provided such re-
sults within these requirements.
Therefore, this study aimed to
appraise and demonstrate theconfection, activation and bio-
mechanical control of “T” loop
spring, in the group with high
anchorage necessity (group A),
for retraction of anterior teeth;
as well as to present a case re-
port, with high anter ior retrac-
tion necessity, treated with “T”
loop spring.
Alexandre Antonio RIBEIRO*
Renato Parsekian MARTINS**
Sergei Godeiro Fernandes Rabelo CALDAS*
Isabela Parsekian MARTINS***
Lídia Parsekian MARTINS****
* Especialista em Ortodontia, ABO/RN. Mestre em Ortodontia, UFRJ. Doutorando
em Ortodontia, UNESP/Araraquara.
** Mestre e Doutor em Ortodontia, UNESP/Araraquara. Professor dos cursos de espe-
cialização em Ortodontia FAEPO/UNESP e FAMOSP/GESTOS.
*** Especialista em Ortodontia, ABO/RN. Mestre e Doutorando em Ortodontia,
UNESP/Araraquara.
**** Especialista em Ortodontia, FAMOSP/GESTOS. Mestre em Ortodontia, UNESP/Araraquara.
***** Especialista em Odontopediatria, Mestre e Doutora em Ortodontia, UNESP/Ara-
raquara. Professora e Chefe do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, UNESP.
Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da
mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços
Como citar este artigo: Ribeiro AA, Martins RP, Caldas SGFR, Martins IP, Martins LP.Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré--ativada por curvatura para o fechamento de espaços. Rev Clín Ortod Dental Press.2012 jun-jul;11(3):110-8.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou fnancei -
ros que representem conito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Ribeiro AA, Martins RP, Caldas SGFR, Martins IP, Martins LP
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INTRODUÇÃO
O tratamento ortodôntico em pacientes que apresentam
um comprometimento estético do perfil facial, como na so-
bressaliência exagerada (Classe II de Angle), pode ser reali-
zado sem ou com exodontias de dois primeiros pré-molares
superiores1,3. O tratamento com exodontias possui certas van-
tagens, como o menor tempo de tratamento, melhor finaliza-
ção e menor necessidade de cooperação do paciente3,4. Po-
rém, o planejamento ortodôntico com exodontias resulta em
maiores responsabilidades para o ortodontista, uma vez que
apresenta uma série de implicações, como o próprio diagnós-
tico da necessidade de exodontia, a sua repercussão sobre aestética facial, o controle biomecânico para manejo dos den-
tes e o fechamento dos espaços gerados, além da avaliação
da necessidade e controle de ancoragem, entre outras2,5.
Também há a visão do paciente e/ou dos responsáveis
quanto ao procedimento ortodôntico e suas expectativas
com uma terapia rápida e com menor número de visitas ao
ortodontista, aspecto que é reconhecidamente comentado na
literatura ortodôntica2,6. Além disso, muitas vezes os pacien-
tes não aceitam facilmente as exodontias, pois não se sentemconfortáveis com os espaços das extrações e requerem esté-
tica inclusive durante o tratamento7. Sendo assim, seria ideal
que o fechamento dos espaços fosse realizado da forma mais
rápida possível, garantindo resultados oclusais satisfatórios.
Entre as possíveis técnicas que permitem o fechamento
de espaços nesses padrões exigidos, cita-se a mecânica livre
de atrito, com sistemas diferenciais de estresse, aplicada pelo
deslocamento de uma mola “T” ativada de forma simétrica,
conforme preconizado na técnica do arco segmentado8,9. Para
facilitar a classificação dos objetivos biomecânicos durante
essa fase do tratamento, foi definida uma nomenclatura8 de
acordo com as necessidades de ancoragem. Para os casos já
citados, onde a ancoragem anteroposterior dos dentes pos-
teriores é crítica, dá-se o nome de ancoragem do grupo A —
isto é, quando necessita-se do máximo de retração dos dentes
anteriores (segmento α) ocupando, se possível, o espaço total
da exodontia, sem que a unidade de dentes posteriores (seg-mento β) seja mesializada até um quarto do espaço total a ser
fechado. Essa situação também é conhecida e classificada10
pelo termo ancoragem máxima. Normalmente, os casos indi-
cados para esse tipo de ancoragem são as Classes II comple-
tas ou com 3/4 de cúspide, onde não há indicação cirúrgica.
Tendo em vista a possibilidade de otimização da fase de
fechamento de espaços ortodônticos em pacientes com ne-
cessidade de ancoragem do grupo A, a proposição desse
trabalho é demonstrar a forma de ativação e aplicação clínica
da mola “T” desse grupo, para o fechamento de espaços.
CONCEITUAÇÃO BIOMECÂNICA
Previamente à descrição técnica da utilização da mola “T”
com ancoragem do grupo A, é importante a sedimentação
teórica de alguns tópicos biomecânicos, como: proporção
momento/força (M/F); magnitudes de forças aplicadas; e a
repercussão da descentralização da mola.
Proporção momento/força (M/F)
A diferenciação da quantidade e tipo de movimento de
cada segmento (α ou β) por meio da mola “T” fundamenta--se na aplicação de momentos diferenciais, assim gerando
diferentes estresses aplicados ao ligamento periodontal dos
segmentos envolvidos na mecânica ortodôntica4. Sendo as-
sim, para a ancoragem do grupo A procura-se manter um
alto estresse no periodonto dos dentes do segmento α, e um
baixo e bem distribuído estresse nos dentes do segmento β.
Para isso, é necessário um dispositivo que produza uma M/F
que cause translação do segmento β (geralmente, ao redor de
10/1mm) e inclinação controlada do segmento α (geralmente,ao redor de 6/1mm). Dessa forma, uma movimentação mais
rápida ocorre no segmento α, comparado ao segmento β.
Diferentes magnitudes de forças aplicadas
Uma das preocupações na utilização das molas “T” para
o fechamento de espaços é o nível das forças utilizadas. Nas
retrações do grupo A, um nível de força menor pode ser dese-
jado para a retração (em comparação à retração do grupo B)11,
ajudando a manter o estresse em β o mais baixo possível, pro-
duzindo um mínimo de movimento. Nesse aspecto, as tabelas
apresentadas por Burstone et al.8 possibilitam a aplicação de
forças menores, sem alteração da M/F desejada para a retra-
ção. As alternativas incluem uma menor ativação horizontal das
molas, junto a uma diminuição da intensidade da pré-ativação;
ou a utilização de um fio com menor secção transversal, como0,016”x0,022”, mantendo-se a mesma ativação (Tab. 1, 2).
Repercussão da descentralização da mola “T”
Quando uma mola “T” pré-ativada de forma simétrica11 é
deslocada na direção de um dos segmentos, os momentos pro-
duzidos por ela aumentam nessa região, e diminuem na extremi-
dade oposta9,12,13 (Fig. 1), inclusive gerando forças verticais para
equilibrar o sistema de forças assimétricas produzido (Fig. 1, 2).
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Tabela1 Sistema de forças médio, mensurado numa DIB=23mm, de uma mola “T” de dimensões 7mm (H) por 10mm (G) construída de fio 0,017”x0,025”de β-Ti e pré-ativada com 100% de intensidade, de forma simétrica e por curvatura, onde B/L = 0,77. A) As colunas determinam, respectivamente, ativa-ção, momento produzido em α e em β, força horizontal e vertical. B) As colunas determinam, respectivamente, ativação, proporção M/F produzida emα e em β, diferencial de M/F e variacão de força por 0,5mm de desativação. (Fonte: Burstone et al.8, 1995).
Tabela2 Sistema de forças médio, mensurado numa DIB=23mm, de uma mola “T” de dimensões 7mm (H) por 10mm (G) construída de fio 0,017”x0,025”de β-Ti e pré-ativada com 100% de intensidade, de forma simétrica e por curvatura, onde B/L = 0,88. A) As colunas determinam, respectivamente, ativa-ção, momento produzido em α e em β, força horizontal e vertical. B) As colunas determinam, respectivamente, ativação, proporção M/F produzida emα e em β, diferencial de M/F e variacão de força por 0,5mm de desativação. (Fonte: Burstone et al.8, 1995).
Figura 1 Reativação das molas para distal; osefeitos da descentralização da mola “T” podemser vistos: intrusão e inclinação do segmento α.
∆
mm
Mα /F
gf.mm
Mβ
gf.mm
Fh
gf
Fv
gf
0,0 1103,5 1103,5 0,0 0,0
0,5 1191,6 1214,0 35,8 -6,1
1,0 1203,8 1345,1 67,0 -14,3
1,5 1217,7 1476,4 97,6 -22,3
2,0 1227,1 1607,5 128,5 -29,4
2,5 1243,5 1734,0 159,3 -36,2
3,0 1276,3 1859,8 189,6 -42,9
3,5 1305,2 1979,7 219,3 -49,0
4,0 1331,0 2102,6 249,9 -54,7
4,5 1357,7 2220,8 279,0 -59,5
5,0 1367,3 2339,9 309,8 -65,1
5,5 1366,4 2457,8 341,1 -70,1
6,0 1361,5 2570,4 371,9 -74,0
∆mm
Mα /F
h
mmM
β /F
h
mm(M
α-M
β)/
Fh
F/∆g/mm
0,5 33,3 33,9 -0,6 -
1,0 18,0 20,1 -2,1 62,3
1,5 12,5 15,1 -2,7 61,2
2,0 9,5 12,5 -3,0 61,9
2,5 7,8 10,9 -3,1 61,6
3,0 6,7 9,8 -3,1 60,5
3,5 6,0 9,0 -3,1 59,4
4,0 5,3 8,4 -3,1 61,2
4,5 4,9 8,0 -3,1 58,4
5,0 4,4 7,6 -3,1 61,6
5,5 4,0 7,2 -3,2 62,6
6,0 3,7 6,9 -3,3 61,6A B
∆mm
Mα /F
gf.mmM
β
gf.mmF
hgf
Fv
gf
0,0 1151,8 1151,8 0,0 0,0
0,5 1212,2 1280,8 30,1 -8,6
1,0 1189,4 1429,5 65,4 -19,7
1,5 1168,8 1579,9 100,5 -30,4
2,0 1144,8 1733,9 135,8 -40,5
2,5 1139,5 1884,9 170,0 -50,3
3,0 1143,3 2036,3 204,2 -58,9
3,5 1151,6 2191,3 237,8 -67,7
4,0 1150,1 2349,1 272,0 -76,4
4,5 1140,3 2512,8 304,8 -82,8
5,0 1118,7 2672,3 339,1 -90,4
5,5 1100,5 2821,1 372,5 -97,1
6,0 1084,3 2962,5 405,0 -102,6
∆mm
Mα /F
hmm
Mβ /F
hmm
(Mα-M
β)/
Fh
F/∆g/mm
0,5 40,3 42,6 -2,3 -
1,0 18,2 21,9 -3,7 70,6
1,5 11,6 15,7 -4,1 70,3
2,0 8,4 12,8 -4,3 70,5
2,5 6,7 11,1 -4,4 68,5
3,0 5,6 10,0 -4,4 68,2
3,5 4,8 9,2 -4,4 67,3
4,0 4,2 8,6 -4,4 68,4
4,5 3,7 8,2 -4,5 65,5
5,0 3,3 7,9 -4,6 68,6
5,5 3,0 7,6 -4,6 66,86,0 2,7 7,3 -4,6 65,1
A B
A B
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Essa relação existente entre o deslocamento da alça pelo
seu comprimento total (B/L) e os momentos diferenciais
por ela gerados já foi estudada e estabelecida há algumas
décadas (Fig. 3)8,9.
Ao se deslocar uma mola “T” simétrica para distal, numaproporção aproximada de 25% -75% (B/L = 0,75) ou 15%-85%
(B/L = 0,85) e diminuindo-se a ativação horizontal, pode-se
produzir um tipo de sistema de forças condizente com o de-
sejado para o fechamento de espaços no grupo A de an-
coragem. Essa mola consegue produzir momentos diferen-
ciais entre ambos os segmentos, com uma M/F ao redor de
10/1mm no segmento β, causando translação; e uma M/F ao
redor de 6/1mm no segmento α, produzindo inclinação con-trolada. Para que os momentos, de intensidades diferentes
e sentidos opostos, se equilibrem, forças verticais são gera-
das em ambos os segmentos — intrusiva no segmento α e
extrusiva no segmento β (Fig. 2), essa última podendo ser
contrabalanceada pelas forças da oclusão. Entretanto, certo
cuidado deve ser tomado quando se aplicam mecânicas de
momentos diferenciais, pois, quanto maior o desequilíbrio
entre os momentos, maiores serão as forças verticais geradas
para equilibrá-los e, dependendo das intensidades dessasforças, elas podem gerar mais problemas do que soluções.
PRÉ-ATIVAÇÃO SIMÉTRICA E DESCENTRALIZADA POR CURVATURA
Para a pré-ativação da mola “T” para ancoragem do
grupo A por meio do posicionamento de uma mola “T”
descentralizada, deve-se primeiro calcular a quantidade de
fio anterior e posterior à alça da mola “T”, ou a proporção
entre a quantidade de fio anterior à alça e o comprimento
total da mola (B/L), seguindo a tabela da Figura 3.
Para o grupo de ancoragem do tipo A, o diferencial de
M/F necessário é de aproximadamente -4 (6/1 menos 10/1).
Esse valor, no eixo vertical do gráfico, aponta uma B/L de
aproximadamente 0,8. O sistema de forças de uma mola “T”
com B/L = 0,77 é visto na Tabela 1. O coeficiente de multipli-cação (0,8) pode ser substituído por outro, de acordo com
o diferencial desejado, utilizando-se a tabela respectiva, e
outras proporções B/L podem ser utilizadas (Tab. 2).
Para se definir o quanto de fio deve haver da alça até o
tubo de α (B) quando a mola com B/L = 0,77 for utilizada, a
fórmula B = L x 0,77 pode ser usada.
Além do deslocamento da alça, a ativação horizontal tam-
bém precisa ser ajustada. Na Tabela 2, percebe-se que pro-porções M/F próximas a 6/1 em α e 10/1 em β só ocorrem
quando a mola é ativada ao redor de 3,5mm, gerando uma
força horizontal entre 220 e 190gf; portanto, essa deve ser a
ativação utilizada. Dada, por exemplo, uma DIB de 23mm,
Figura 2 Sistema de força gerado por uma mola “T” no grupo A. As forçasintrusivas em α e extrusivas em β equilibram o sistema de forças, em funçãode uma menor M/F ser gerada anteriormente. As forças verticais em β sãonormalmente leves e, dessa forma, permitem que a oclusão contrabalan-ceie a tendência extrusiva dos posteriores.
Figura 3 Relação do diferencial de M/F entre α e β com o deslocamento daalça da mola “T”, em função de seu comprimento total.
8
7
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
-6
-7
-80,0 0,1 0,2
Posição da alça (B/L)
Diferencial de M/F pelo posicionamento da mola T (7 x 10mm)
(Mα-M
β)
Fh
α>β
β>α
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
BL
α β
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uma mola “T” pré-ativada de forma simétrica pode ser uti-
lizada para o grupo A de ancoragem, se for ativada 3,5mm
horizontalmente, e se a quantidade de fio em α (B) for de
15,0mm (77%), e de 4,5mm (23%) em β.
Uma vez definidos a ativação horizontal (3,5mm) e o des-locamento da mola (B/L = 0,77), os stops emα e em β podem
ser confeccionados e, a partir daí, a pré-ativação pode ser
realizada de modo idêntico à mola “T” do grupo B pré-ativa-
da por curvatura11.
Conforme o espaço se fecha e a mola se desativa, a for-
ça precisa ser aumentada, em torno de 70gf por mês, para
que a M/F não aumente em α e translação comece a ocor-
rer. Outro detalhe é que, com o fechamento de espaço, arelação (ou geometria) inicial entre os tubos de α e β muda
(Fig. 1, 3), e deve ser compensada mensalmente, já que essa
mudança de geometria causa um aumento da M/F em α.
Para que isso não ocorra, a mola pode ser reajustada a cada
milímetro do fechamento de espaços: sua inserção em α
deve ser compensada de acordo com a inclinação ocorrida,
e a mola deve ser reativada no sentido distal em 1mm.
CORREÇÃO RADICULAR
A retração no grupo A de ancoragem geralmente é dividida
em duas fases: uma fase de inclinação controlada e uma fase de
correção radicular. Entretanto, muitas vezes a correção radicularpode ser desnecessária quando o segmento α apresenta incli-
nações vestibulares excessivas das coroas, pois, após a retração,
os dentes podem adquirir uma inclinação adequada. Há tam-
bém casos onde somente a inclinação dos incisivos está alte-
rada e, portanto, a correção radicular estaria indicada somente
nos caninos, após a retração. Por fim, na grande maioria dos
casos onde o fechamento foi realizado de acordo com o previs-
to (Fig. 4), a correção radicular do segmentoα
, como um todo,é necessária. Para a correção em α, é necessário um momento
positivo e uma força extrusiva, com um mínimo de reação no
segmento β, que deve ser mantido em sua posição.
Durante a correção radicular, é necessário manter ambos
os segmentos amarrados, para que o espaço não reabra,
já que o binário de correção radicular gera uma força an-
terior nas coroas dos dentes do segmento α (Fig. 4). Essa
amarração, apesar de impedir o espaço de abrir, não anu-
la o componente de força anterior, só o dissipa nos doissegmentos, o que pode fazer com que ambos se movimen-
tem para anterior se o momento utilizado para a correção
for muito alto. Portanto, deve-se manter a intensidade do
momento aplicado ao segmento α abaixo de 3000gf.mm.
Para ajudar a contrabalancear esse efeito, o paciente pode
utilizar, durante essa fase, elásticos de Classe II ou um arco
extrabucal durante o período noturno, ou, então, um pe-
queno momento horário pode ser aplicado no segmento β
(se uma mola de correção radicular for utilizada).
Duas estratégias podem ser utilizadas para a correção ra-
dicular: uma mola de correção radicular com uma pré-ativação
assimétrica (≅ 35º em α e 17º em β)8,14,15; ou um cantiléver sim-
ples inserido no segmento α e apoiado entre os molares, de
acordo com a preferência do clínico (Fig. 5). Geralmente opta-
-se por utilizar o cantiléver, já que ele é insensível às mudanças
de geometria entre os braquetes em decorrência da própria
correção, diferentemente da alça de correção radicular.
Figura 4 Posição dos segmentos se o espaço for fechado de acordo com
o desejado e o sistema de força necessário para a correção radicular de α.
Figura 5 Efeitos da inclinação controlada dosegmento α: um cantiléver pode ser utilizadopara a correção (A) ou uma mola específica (B)
(cortesia Dr. Cássio Selaimen). Em ambas as si-tuações, os segmentos precisam ser unidos, deforma que não se abra um espaço entre eles.A B
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CASO CLÍNICO DE RETRAÇÃO DO GRUPO A
Paciente do sexo masculino, com 11 anos e 5 meses de
idade, compareceu à clínica do curso de especialização em
Ortodontia do GESTOS (Grupo de Estudo Ortodônticos eServiços / Faculdade Mozarteum - Campus de Araraquara),
acompanhado pela sua mãe, com queixa principal de “den-
tes muito para a frente”.
Por meio de exame clínico, constatou-se higiene den-
tária inadequada, perfil facial convexo, hábito de interpo-
sição de lábio inferior, má oclusão de Classe II, divisão 1
Figura 7 Fotografias intrabucais lateral direita
(A), frontal (B), lateral esquerda (C) e oclusaissuperior (D) e inferior (E) previamente ao trata-mento ortodôntico.
Figura 6 Fotografias extrabucais em perfil (A) efrontal (B) previamente ao tratamento ortodôntico.
completa nos molares e caninos, sobremordida normal e
sobressaliência exagerada de 10mm (Fig. 6, 7). Radiogra-
ficamente, constatou-se presença dos germes dos dentes
permanentes, com exceção dos terceiros molares, progna-
tismo dentoalveolar maxilar, evidenciando a Classe II, alémde protrusão dentária superior (provavelmente aumentada
em virtude da interposição do lábio inferior) (Fig. 8).
Optou-se por tratamento corretivo fixo com extrações
dos primeiros pré-molares superiores e mecânica segmen-
tada de retração anterior com mola “T” (confeccionada com
liga de β-titânio), utilizada para fechamento de espaço do
A
A
B
B
C
ED
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grupo A de ancoragem, sendo que essa mola é uma mola
“T” convencional deslocada para β e pré-ativada, por cur-
vatura, de forma simétrica (Fig. 9, 10).
Apesar da falta de colaboração do paciente durante todo
o tratamento corretivo, acredita-se que foi obtido êxito notocante ao aspecto do controle biomecânico desse caso, evi-
denciado tanto pelas fotografias (Fig. 11, 12) e radiografias fi-
nais (Fig. 13), quanto pelas sobreposições dos traçados inicial
e final (Fig. 14), as quais evidenciaram perda de ancoragem
superior clinicamente desprezível. Vale a pena ressaltar que
não houve necessidade de correção radicular, uma vez que
notou-se inclinação anterior acentuada de incisivos e caninos
superiores (Fig. 8), e foi realizado desgaste interproximal infe-
rior anterior, visando alinhamento e nivelamento, bem comoplanificação da curva de Spee. Com relação aos aspectos
desfavoráveis do tratamento, cita-se um leve arredondamen-
to apical dos incisivos superiores, provavelmente causado
pelo excesso de movimento dos incisivos.
Figura 8 Radiografia panorâmica (A) e telerradiografia lateral (B) previamente ao tratamento ortodôntico.
Figura 9 Fotografias da confecção da mola “T”:(A) mensuração da DIB, (B) verificação das di-
mensões da mola “T”, (C) fotografia oclusal damaxila com barra transpalatina para ancorageme (D) ativação horizontal da mola “T”.
A
A
B
B
C D
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Figura 11 Fotografias extrabucais em perfil aproximado (A) e frontal (B) pós-tratamento ortodôntico.Figura 10 Fotografia intrabucal lateral direita du-rante fase de retração anterior.
A B
Figura 12 Fotografias intrabucais lateral direita (A),frontal (B), lateral esquerda (C) e oclusais superior (D)e inferior (E) pós-tratamento ortodôntico.
A B C
ED
-
8/16/2019 controle biomecânico da mola T pré-ativada
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ARTIGO INÉDITO Necessidade de ancoragem do grupo A e o controle biomecânico da mola “T” pré-ativada por curvatura para o fechamento de espaços
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 jun-jul;11(3):110-8118
Alexandre Antonio RibeiroRua Humaitá, 1740 – 14.801-385 – Araraquara/SPE-mail: [email protected]
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
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CONCLUSÕES
Baseado no exposto, conclui-se que a utilização da mola
“T” em pacientes com grande necessidade de ancoragem
(grupo A) é um instrumento de fácil confecção, aplicação
e controle, desde que o ortodontista tenha conhecimento
biomecânico das formas de pré-ativação, ativação horizon-
tal, bem como do acompanhamento mensal da movimenta-
ção dentária ocorrida.
Figura 13 Radiografia panorâmica (A) e telerradiografia lateral (B) pós-tratamento ortodôntico.
A B
Figura 14 Sobreposições total (A), de mandíbula (B) e de maxila (C) dostraçados cefalométricos pré- (em preto) e pós-tratamento (em vermelho),segundo o método proposto por Bjork.
A
C
B