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539 Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães 1 Universidade Agostinho Neto Rui Junqueira Lopes 2 Universidade de Évora Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo No presente trabalho faz-se a abordagem ao estudo, no período de Janeiro a Setembro de 2008 nas praias internas da Laguna do Mussulo, dos resíduos sólidos designados por "lixo", sua localização, identificação, caracterização dos focos mais relevantes, origem e consequências. A área de estudo foi dividida em 2 sectores para permitir uma avaliação quali-quantitativa mais efectiva segundo a sua matéria- prima e a fonte/uso. Foram realizadas 4 amostragens pontuais e processados os dados obtidos na folha de cálculo Excel. A análise dos resultados indica a pre- dominância da categoria vidro em três transeptos e a de plástico em um destes. Os resultados indicam que os itens mais frequentes estão relacionados com a alimentação, residência em geral, esgoto/higiene pessoal, pesca, limpeza do- méstica, calçado e perigosos cuja origem parece ser endógena assim como exógena. A ausência quase total de resíduos sólidos ao longo das praias dentro do substrato submerso, poderá indicar não ser significativa a sua contribuição para um provável índice de contaminação da água. Foram identificados os factores que poderão contribuir para tornar sustentável a actividade turística na Península do Mussulo tendo em consideração as acções do Programa do Governo de Angola para o qua- driénio 2009-2012. Os aspectos estéticos, sanitários e ambientais, são dentre os factores considerados relevantes na atracção do turismo que gerará receitas que cobrirá entre outros custos os provenientes da implementação de um Programa Piloto de Gestão de Resíduos Sólidos (PPGRS), evitando deste modo que estes custos sejam externalizados. Os resultados da execução do PPGRS acrescidos de 1 Faculdade de Ciências; [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] 2 Departamento de Economia; [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected]

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Contribuições para o desenvolvimento turísticoda Península do Mussulo

M.ª Salvadorade Vasconcelos Magalhães1

Universidade Agostinho Neto

Rui Junqueira Lopes2

Universidade de Évora

ResumoResumoResumoResumoResumoNo presente trabalho faz-se a abordagem ao estudo, no período de Janeiro a

Setembro de 2008 nas praias internas da Laguna do Mussulo, dos resíduos sólidos

designados por "lixo", sua localização, identificação, caracterização dos focos maisrelevantes, origem e consequências. A área de estudo foi dividida em 2 sectores

para permitir uma avaliação quali-quantitativa mais efectiva segundo a sua matéria-

prima e a fonte/uso. Foram realizadas 4 amostragens pontuais e processadosos dados obtidos na folha de cálculo Excel. A análise dos resultados indica a pre-

dominância da categoria vidro em três transeptos e a de plástico em um destes. Os

resultados indicam que os itens mais frequentes estão relacionados com aalimentação, residência em geral, esgoto/higiene pessoal, pesca, limpeza do-

méstica, calçado e perigosos cuja origem parece ser endógena assim como exógena.

A ausência quase total de resíduos sólidos ao longo das praias dentro do substratosubmerso, poderá indicar não ser significativa a sua contribuição para um provável

índice de contaminação da água. Foram identificados os factores que poderão

contribuir para tornar sustentável a actividade turística na Península do Mussulotendo em consideração as acções do Programa do Governo de Angola para o qua-

driénio 2009-2012. Os aspectos estéticos, sanitários e ambientais, são dentre os

factores considerados relevantes na atracção do turismo que gerará receitas quecobrirá entre outros custos os provenientes da implementação de um Programa

Piloto de Gestão de Resíduos Sólidos (PPGRS), evitando deste modo que estes

custos sejam externalizados. Os resultados da execução do PPGRS acrescidos de

1 Faculdade de Ciências; [email protected][email protected][email protected][email protected][email protected] Departamento de Economia; [email protected]@[email protected]@[email protected]

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

outras acções poderão servir de indicadores para a implementação de um Programa

de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) na Península do Mussulo.

Palavras-chavePalavras-chavePalavras-chavePalavras-chavePalavras-chave

resíduos sólidos; desenvolvimento turístico; Laguna do Mussulo.

11111. Intr. Intr. Intr. Intr. Introduçãooduçãooduçãooduçãoodução

A geração de resíduos sólidos tem sido evidenciada como um problema para

as civilizações desde o abandono da vida nómada pelo homem. Segundo Sartori

(1995, p. 7, in Fresca, 2007), “O acto de jogar fora uma coisa acompanha o homem

aonde quer que ele vá, desde os primórdios da civilização”.

A partir da década de 1980, a ocorrência de resíduos sólidos no ambiente marinho

e áreas adjacentes tem sido abordada mais intensamente quanto à avaliação quali-

quantitativa (Dixon & Dixon, 1981; Corbin & Singh, 1993; Debot et al., 1999; Gregory,

1999b, in Araújo 2003); quanto à associação com a fonte (Rossi et al, 1991; Bjorndal et

al., 1994, in Araújo, 2003) e quanto à dinâmica de resíduos sob a acção de ventos e

correntes (Bowman et al., 1998; Williams & Simons, 1996 in Araújo, 2003).

Segundo Williams & Simmons, 1997a in Araújo 2003, resíduos sólidos da praia

é a designação dos resíduos sólidos depositados na face praial, como resultado da

deposição directa do usuário ou indirecta pelo aprisionamento dos resíduos sólidos

marinho.

Na defesa do meio ambiente destaca-se a educação ambiental como um dos

processos mais importantes para auxiliar na resolução de questões que envolve o

desenvolvimento sócio-econômico e a preservação e melhoria do meio ambiente.

A educação ambiental segundo Moraes, 1997:33 in wwwwwwwwwwwwwww.e.e.e.e.eturturturturtur.com.br/cont.com.br/cont.com.br/cont.com.br/cont.com.br/conteudoeudoeudoeudoeudo

comcomcomcomcomplplplplpleeeeettttto.aspo.aspo.aspo.aspo.asp é uma área de conhecimento multidisciplinar, “um trabalho

cooperativo, entre os campos disciplinares sem hierarquização do saber, sem pre-

conceitos e sem pretensos donos da problemática ambiental”, que pode contribuir

para a resolução de problemas básicos da comunidade possibilitando mudanças

comportamentais em relação ao ambiente e, por conseguinte, melhorar a qualidade

de vida.

Segundo Gregory (1999b) in Araújo, 2003, são inúmeros os impactos causados

pelos resíduos sólidos persistentes nos ambientes costeiros e marinho, sendo os

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

principais: prejuízos ao turismo, actividades de lazer e recreação, perda estética; riscos

para a saúde; toxicidade ecológica e química; danos aos pescadores e riscos de

navegação; aprisionamento de animais e perigos de ingestão; e dispersão inclusive

transoceânica de organismos exóticos de um local para outro.

Segundo Gregory, 1996b; Laist, 1997; Laist et al., 1999; Balazs, 1985, in Araújo,

1999, os efeitos da ingestão podem ser: obstrução do trato gastrointestinal, redução

da assimilação do alimento e intoxicação.

A acumulação dos resíduos sólidos contribui positivamente para o desenvol-

vimento de microrganismos patogénicos como fungos, vírus e bactérias, causadores

da cólera, malária, disenterias, diarreias agudas, hepatite, febre tifóide e outras do-

enças patogénicas. Proporciona ainda o abrigo e desenvolvimento de organismos

tais como moscas, ratos e baratas vectores destas doenças epidemiológicas.

Em Angola, tal como em outros Países são as pessoas que deverão constituir o

marco de partida de toda estratégia para combater a degradação ambiental e pro-

mover o desenvolvimento. A prossecução deste objectivo está consagrado na Lei

N.º 5/98 que determina que o Governo deverá elaborar um Programa Nacional de

Gestão Ambiental (PNGA), assente nos princípios de responsabilização de:

• todos os Órgãos do Governo cujo controlo e/ou actividade tenha influência

no ambiente, através da utilização de recursos naturais, produção e emissão

de poluentes e influência nas condições socioeconómicas das comunidades;

• todas as entidades não estatais que façam uso de recursos naturais que

influenciem o equilíbrio ambiental e as condições socioeconómicas das

comunidades;

• cidadãos, pelo uso incorrecto de recursos naturais, emissão de poluentes e

prejuízos à qualidade de vida (MINUA, 2008).

A elaboração e a consequente implementação do PNGA em Angola, contribuirá

significativamente para a introdução de tecnologias limpas, boas práticas de ex-

ploração de recursos naturais, da eco gestão das actividades produtivas e a melhoria

das infra-estruturas, contribuindo para a busca de um desenvolvimento sustentável

e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida (MINUA, 2008).

Neste contexto, apesar da situação em Angola ser preocupante, há manifestações

expressas de ser um dos grandes desafios no processo de reconstrução de Angola a

implementação de um sistema de gestão de resíduos sólidos, com o objectivo de se

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

criar, entre outros, um ambiente higiénico e saudável que em consequência se irá

repercutir na diminuição de doenças infecciosas e consequentemente na redução de

gastos públicos.

O Mussulo é uma península barreira com um litoral arenoso e praia externa

exposta, com ilhas, bancos de areia e praias internas na zona lagunar e com uma

ocupação antrópica intensa e desordenada. Existem na Península 16 Bairros

conhecidos por: Língua, Casa Branca, Lage, Catambor; Mulundo, Arizanga, Musseca

Pinho, Priori, Casa6, Agência, Cambaxi, Mussongoloki, Conga, Mussulo Centro,

Macoco e Buraco.

Segundo estimativas recentes das entidades oficiais existem actualmente na

Península aproximadamente 7.000 residentes fixos que se dedicam fundamentalmente

à pesca e apoio ao comércio informal e mais de uma centena com casas de veraneio

do lado da laguna (NAFC, 2006). Há registos de terem visitado o Mussulo cerca de

2.000 turistas em fins-de-semana quentes.

A pesca é uma das actividades exercidas na Península do Mussulo, quer por

autóctones quer por turistas. Os autóctones praticam a pesca artesanal como meio

de sobrevivência, utilizando pequenas embarcações designadas por canoas e ape-

trechadas com artes de pesca conhecidas por linha e banda banda. Os turistas dum

modo geral praticam a pesca ao corrico.

Estão registadas cerca de 500 embarcações de recreio, 50 embarcações de tráfego

local, vulgo “candongueiro” e 20 embarcações de pesca. Existem cerca de seis com-

plexos turísticos (Jembas, Tropicana, Roça das Mangueiras, Bar Sulu, Zanga e Elf) que

garantem emprego a parte dos autóctones.

A Península do Mussulo faz parte de um sistema cuja actividade turística começa

a ter expressividade e, associada à crescente preocupação ambiental da sociedade

civil e da comunidade científica, desperta-nos o interesse de realizar estudos no âmbito

ambiental, económico e social, sobre a valorização e proposta de adopção de medidas

legislativas nacionais, tendo em consideração as normas e padrões internacionais de

alguns indicadores ambientais causadores de problemas relacionados com a saúde

pública, tais como os resíduos sólidos.

O presente trabalho tem como objectivo geral, estudar os resíduos sólidos

nas praias da Laguna do Mussulo, dando enfoque às suas origens e impactos sobre

o ambiente no âmbito social e económico, em especial na vertente turística e,

especificamente:

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

• Quali-quantificar os resíduos sólidos por categoria segundo sua matéria-prima

e fonte/uso;

• Analisar o tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos;

• Avaliar o interesse turístico actual e futuro.

2. Caracterização geral2. Caracterização geral2. Caracterização geral2. Caracterização geral2. Caracterização geral

2.2.2.2.2.1 Localização1 Localização1 Localização1 Localização1 Localização

A Península do Mussulo é uma das três maiores flechas litorais de ponta livre

da costa atlântica de África (Costa, Marques & Lopes, 1993), estando o seu extremo

Norte situado no paralelo 8º 51’ 46.02’’ e a sua conexão com o continente estabele-

cida no paralelo 9º 06’ 41.48’’ (Figura 1). Seguindo-se a via que liga a cidade de Luanda

à Barra do Cuanza o seu ponto de conexão localiza-se no quilómetro 44.

Figura 1 ––––– Península do Mussulo localizada a Sul de Luanda e a Norte da Foz do Rio Cuanza.

Fonte: www.googleearth.com.brwww.googleearth.com.brwww.googleearth.com.brwww.googleearth.com.brwww.googleearth.com.br

Península doPenínsula doPenínsula doPenínsula doPenínsula doMussuloMussuloMussuloMussuloMussulo

LuandaLuandaLuandaLuandaLuanda

BarraBarraBarraBarraBarrado Cuanzado Cuanzado Cuanzado Cuanzado Cuanza

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

2.2 Condições naturais2.2 Condições naturais2.2 Condições naturais2.2 Condições naturais2.2 Condições naturais

2.2.2.2.2.2.2.2.2.2.1 Hidr1 Hidr1 Hidr1 Hidr1 Hidrogogogogogrrrrrafafafafafiaiaiaiaia

A Península do Mussulo pertence a um sistema fisiográfico, bastante complexo,

abastecido de sedimentos por um dos rios mais importantes de Angola, o Rio Cuanza.

A sua extensão é de aproximadamente de 35 quilómetros e uma largura que

varia entre os 100 e 1.500 metros limitada no lado oceânico com o mar de águas

limpas mas mais agitado e no lado continental de águas calmas a Laguna do Mussulo.

Esta Laguna com cerca de 28 quilómetros de comprimento e 4 quilómetros de largura

média tem profundidades bastante variáveis com a coexistência de diversos baixios e

algumas ilhas com uma grande extensão. A sua profundidade atinge níveis superiores

a (-15 metros) ZH (Consulmar, 1994).

2.2.2 Meteorologia2.2.2 Meteorologia2.2.2 Meteorologia2.2.2 Meteorologia2.2.2 Meteorologia

O regime de ventos que é normalmente suave e constante é perturbado às vezes

por situações de temporal correspondentes à passagem de linhas de borrasca

procedentes do interior e que atravessam a costa em direcção ao mar. Ocorrem, ape-

nas, durante a época chuvosa, entre Outubro e Maio, com máxima incidência em

Abril e Março, acompanhando-se de ventos desencontrados, de vários quadrantes,

fortes e com rajadas (Pioeh & S Committee, 2001).

2.2.3 Oceanografia2.2.3 Oceanografia2.2.3 Oceanografia2.2.3 Oceanografia2.2.3 Oceanografia

2.2.3.2.2.3.2.2.3.2.2.3.2.2.3.1 Mar1 Mar1 Mar1 Mar1 Marésésésésés

As marés são do tipo semi-diurnas com amplitudes fracas e praticamente cons-

tantes ao longo de toda a costa (cerca de 1metro), propagando-se a onda de maré de

Sul para Norte. As ondas de maré – calemas – que atingem a restinga do Mussulo são

geradas por tempestades do oceano Atlântico. A direcção das vagas é muito localizada

e ligada à acção dos ventos locais (Costa, Marques & Lopes, 1993).

2.2.3.2 Correntes2.2.3.2 Correntes2.2.3.2 Correntes2.2.3.2 Correntes2.2.3.2 Correntes

As enchentes ocorrem quase sempre de SW para NE enquanto que as vazantes

apresentam dois rumos predominantes, o NE e o SW. Este segundo rumo manifesta-se

com intensidade nas verticais próximas de terra. Esta causa pode ser a corrente oceânica

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

de Benguela que percorre a costa de Angola de Sul para Norte e que o atrito sobre os

fundos atenua fortemente a sua velocidade junto à costa (Consulmar, 1983, 1994).

2.2.3.3 Agitação2.2.3.3 Agitação2.2.3.3 Agitação2.2.3.3 Agitação2.2.3.3 Agitação

Segundo Consulmar, (1983 e 1994), o escalão de alturas mais significativas e

frequentes é o de 2 a 3 metros. Os temporais com alturas superiores a 3 metros têm

uma frequência de 24% e as ocorrências de agitação com alturas superiores a 6 metros

têm apenas uma frequência de 1,6%. Quando as ondas se aproximam da costa as suas

características são alteradas pela acção da refracção, da difracção, da diminuição da

profundidade e do atrito de fundo.

2.2.4 Sedimentologia2.2.4 Sedimentologia2.2.4 Sedimentologia2.2.4 Sedimentologia2.2.4 Sedimentologia

2.2.4.2.2.4.2.2.4.2.2.4.2.2.4.1 N1 N1 N1 N1 Naturaturaturaturatureza e careza e careza e careza e careza e caractactactactacteríseríseríseríserística das artica das artica das artica das artica das areiaseiaseiaseiaseias

Quanto à natureza e característica das areias segundo Consulmar (1983), existe

uma grande regularidade, tanto no espaço como no tempo, no troço da costa que vai

da foz do Cuanza até à ponta do Mussulo, o que indica um regime litoral estável e

duma constância das características dos agentes transportadores. Ao contrário, no

troço entre a Barra da Corimba e a Ponta NE da Ilha de Luanda, existe uma grande

dispersão de sedimentos com valores médios mais frequentes de 0,4 milímetros.

2.2.4.2 Caudal sólido litoral2.2.4.2 Caudal sólido litoral2.2.4.2 Caudal sólido litoral2.2.4.2 Caudal sólido litoral2.2.4.2 Caudal sólido litoral

O transporte do caudal sólido litoral é um elemento importante no equilíbrio

fisiográfico do complexo lagunar, influenciando especialmente na estabilidade das

barras e zonas adjacentes. O transporte sólido litoral conseguido à custa da deposição

de areias provenientes do SE, na própria Ilha vai crescendo de SW para NE, verificando-

se simultaneamente uma adaptação da configuração topo-hidrográfica à agitação

incidente. Em termos médios o caudal sólido anual na zona NE do Mussulo situa-se

pelo menos entre os 200.000 e 250.000 metros cúbicos por ano (Consulmar, 1983,

1994).

2.3 Situação actual da Península do Mussulo2.3 Situação actual da Península do Mussulo2.3 Situação actual da Península do Mussulo2.3 Situação actual da Península do Mussulo2.3 Situação actual da Península do Mussulo

A degradação mais acentuada sob o ponto de vista ambiental, no seu computo

geral, na Península do Mussulo, que de alguma forma contribuem para a degradação

da qualidade de vida dos autóctones e visitantes, segundo pronunciamentos de

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

participantes do workshop realizado pelo Departamento de Biologia da Faculdade

de Ciências da Universidade Agostinho Neto, ao 01 de Fevereiro de 2008, é: inexistência

de um sistema de gestão de resíduos sólidos; (deposição, recolha, transporte e des-

tino final), falta de redes de água potável e de energia eléctrica; escavações anárqui-

cas para a retirada da areia para a construção; ausência de normas de padronização e

ordenamento da construção; desmatamento de mangais; queima e corte de árvores;

crescimento desordenado e tipo de construções de casas de veraneio, tipo de esgo-

tos conhecidos por fossas rotas; pesca com granadas; emissão de ruídos e gases de

combustão devido ao uso de geradores; emissão de ruídos devidos à produção sonora;

carência de infra-estruturas de apoio ao turismo; prática de turismo de massas; erosão

devido ao aumento do nível médio do mar.

3. Metodologia3. Metodologia3. Metodologia3. Metodologia3. Metodologia

Procedeu-se o levantamento preliminar da área total (986.561m2) de estudo com

o objectivo de se efectuar a caracterização, segundo Earl et al., (1977), in Araújo 2003,,,,,

quanto ao nível de contaminação por resíduos sólidos nos graus: “A” – ausente, não há

evidência; “B” – Traços; predominantemente ausente, com presenças de alguns itens

espalhados; “C” – Inaceitável; amplamente distribuído com algumas acumulações,

“D” – Objectável; pesadamente contaminado com várias acumulações.

Criaram-se as condições de trabalho, nomeadamente: máquina fotográfica, GPS

(Sistema de Posicionamento Global), fio de sisal para a marcação dos transeptos, sa-

cos de plástico com 75cm, fita métrica com 100m, balança tipo Item, France, max.

50kgs, min. 5kgs, e=d=50g e para os pesos inferiores a 5kgs balança soehnle, max. 3kgs,

d=10g, meios humanos, equipamentos de protecção (luvas e botas), ancinhos, pás,

estacas, tabelas criadas para o efeito e embarcação para a transportação dos resíduos

sólidos para o continente.

A área de estudo foi dividida em dois sectores, nomeadamente um sector não

habitado designado por “A”, estando o seu extremo norte situado no paralelo 08º 55’

918’’ e o sul no 08º52’.140 que é por sua vez o paralelo do extremo norte do sector

habitado denominado por “B” que tem o seu paralelo sul próximo da 9º 06’ 41.48.

Foi elaborado um programa de amostragens com a periodicidade semanal, tendo

em consideração os resultados da caracterização da contaminação nos graus “C” e

“D”, ao longo das praias da Laguna do Mussulo, em sete pontos da área A e seis

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

pontos ao longo das praias da área B. Deste programa foram realizadas duas amos-

tragens pontuais em cada uma das áreas e os dados obtidos processados na folha

de cálculo Excel.

Realizou-se a amostragem tendo em consideração os focos de resíduos sólidos

classificados com o grau de contaminação correspondente aos níveis “B” e “D”, segundo

a tabela baseado no trabalho de Earl et al, 1977, in Araújo 2003.

A área designada por A localizada na ponta da Península do Mussulo (Língua), é

caracterizada pela ausência total de casas, ocorrência com pouca frequência de

banhistas, volume visualmente significativo de resíduos sólidos em estado de decom-

posição acentuada, supostamente trazidos pelas correntes e acção do vento e retidos

pela vegetação. Na época de marés-altas esta área fica parcialmente submersa.

Entre os Bairros Casa Branca e Buraco, área designada por B no nosso trabalho,

é caracterizada por algumas zonas com a presença massiva de casas de veraneio, com-

plexos turísticos e outras infra-estruturas oficiais, com e sem praias e outras áreas

com ausência de casas ou casas muito afastadas das praias, pouca predominância ou

ausência de vegetação, bastante frequentadas por banhistas na estação quente. Nesta

área os focos de resíduos sólidos ao longo das praias foram classificados quanto a

contaminação maioritariamente nos graus “A” e “B”, tendo-se registado alguns pontos

com a contaminação classificada no grau “D”. Os focos de resíduos sólidos apresen-

tam-se em três condições distintas que são: expostos aparentemente sem nenhum

tratamento; expostos com vestígios de terem sido queimados; expostos em buracos

abertos supostamente que a intenção de virem a ser enterrados mais tarde.

3.3.3.3.3.11111. Quali-q. Quali-q. Quali-q. Quali-q. Quali-quantifuantifuantifuantifuantificação dos ricação dos ricação dos ricação dos ricação dos resíduos sólidos segundo sua matesíduos sólidos segundo sua matesíduos sólidos segundo sua matesíduos sólidos segundo sua matesíduos sólidos segundo sua matéréréréréria-pria-pria-pria-pria-prima e fima e fima e fima e fima e fontontontontonte/e/e/e/e/

uso.uso.uso.uso.uso.

Nas áreas de amostragem procedeu-se a demarcação dos transeptos com 20m

no sentido da baía/praia, com o ponto inferior a 1m da linha de sargaços, perpendicular

à praia. A seguir estando de pé olhando na direcção baía/praia, à esquerda e com iní-

cio no ponto inferior do transepto delimitou-se a distância de 5m (Pianowski, 1977;

Wetzel, 1995; Williams & Simmons, 1997, 1997ª) e 1999; in Araújo 2003), uma paralela

a esta última e outra ao transepto. Assim, obteve-se um polígono de quatro lados

com a área de 100m2 para a amostragem. Procedeu-se a recolha dos resíduos sólidos

dentro da área delimitada, incluindo os que se encontravam por debaixo do fio. A

colecta foi feita manualmente por categoria segundo a sua matéria-prima, incluindo

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

os fragmentos, em plástico, vidro, alumínio, estanho/aço, papel e madeira (Bidone et

al., 1999), colocados e pesados em sacos de plástico de 75 litros. A seguir os resíduos

sólidos de cada categoria segundo sua matéria-prima, foram separados em função da

fonte/uso em alimentação, residência em geral, esgoto/higiene pessoal, pesca, limpeza

doméstica, calçado e perigosos (Tabela 1).

Tabela 1 – Resíduos sólidos por item agrupado segundo a categoria fonte/uso

Procedeu-se à triagem e pesagem por item segundo a fonte/uso e agruparam-se

os dados em tabelas. Efectuou-se a recolha dos resíduos sólidos e a limpeza da área

circundante à das amostragens a uma distância de 10m e não da área total devido ao

facto do volume de resíduos sólidos acumulados ao longo das praias da Laguna em

geral e, em particular na Língua (Área B), exigirem custos elevados em meios humanos,

materiais e transporte.

Os sacos com resíduos sólidos foram transportados através de embarcações de

apoio e acomodados nos contentores colocados no continente (embarcadouro) pela

Elisal, Empresa responsável pelo saneamento básico na Província de Luanda.

Utilizando a folha de cálculo Excel, calculou-se a abundância e o percentual.

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

4. Resultados4. Resultados4. Resultados4. Resultados4. Resultados

4.4.4.4.4.1 Análise dos r1 Análise dos r1 Análise dos r1 Análise dos r1 Análise dos resulesulesulesulesultttttados obtidos do prados obtidos do prados obtidos do prados obtidos do prados obtidos do processamentocessamentocessamentocessamentocessamento de dados de amoso de dados de amoso de dados de amoso de dados de amoso de dados de amostrtrtrtrtragagagagagens.ens.ens.ens.ens.

Os dados obtidos das amostragens pontuais realizadas nos quatro transeptos,

tendo sido 02 em cada um dos sectores, foram processados através da folha de cálculo

Excel para se determinar a abundância quali-quantitativamente dos resíduos sólidos

segundo sua matéria-prima e fonte/uso, distribuídos ao longo de cada transepto, a

categoria mais expressiva por transepto e por sector.

A análise dos diagramas (Figuras 2, 3, 4)(Figuras 2, 3, 4)(Figuras 2, 3, 4)(Figuras 2, 3, 4)(Figuras 2, 3, 4) dos resíduos sólidos por categoria

segundo sua matéria-prima e fonte/uso indica-nos que a categoria vidro é a mais

predominante na área habitada (transeptos 1, 3 e 4), tendo a sua expressividade

também na área não habitada (transepto 2) onde a abundância mais expressiva é a

categoria plástico.

A predominância da categoria vidro na área habitada, está provavelmente

directamente relacionada com a bebida mais consumida que, segundo os dados, são

a cerveja e o whisky. Este indicador também poderá estar relacionado com o poder

aquisitivo dos usuários e proprietários de casas de veraneio das praias desta zona.

A ocorrência da categoria plástico regista-se com maior abundância no transepto

4 e segundo a sua fonte/uso, no item alimentação (garrafas óleo e vinagre), o que

parece estar directamente relacionado com a confecção e venda de refeições quentes

nas barracas existentes na proximidade do transepto 4.

A categoria estanho/aço, tal como a de vidro ocorre em maior abundância na

área habitada, e, segundo a sua fonte/uso na categoria alimentação ou gasosa, que

também poderá estar relacionada, além do hábito, com o poder económico.

A predominância da categoria vidro assim como a de estanho/aço, ambas na

fonte/uso alimentação – recipientes de cerveja e gasosas –, poderão estar intrinse-

camente relacionadas com o clima que estimula o consumo de líquidos para saciar a

sede.

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

Figura 2 ––––– Categoria plástico de resíduos sólidos nos transeptos 1, 2, 3 e 4

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

Figura 3 ––––– Categoria vidro de resíduos sólidos nos transeptos 1, 2, 3 e 4

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

Figura 4 ––––– Categoria estanho de resíduos sólidos nos transeptos 1, 2, 3 e 4

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

4.2 Análise do tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos nas praias4.2 Análise do tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos nas praias4.2 Análise do tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos nas praias4.2 Análise do tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos nas praias4.2 Análise do tipo de recolha e tratamento dos resíduos sólidos nas praias

da Laguna do Mussuloda Laguna do Mussuloda Laguna do Mussuloda Laguna do Mussuloda Laguna do Mussulo

A recolha dos resíduos sólidos na Península do Mussulo, segundo informações

obtidas através de entrevistas e de observações directas da área em estudo tem sido

em função da consciencialização do cidadão, quer ele seja autóctone ou visitante,

quanto aos bons hábitos e costumes de higiene e limpeza, preservação do meio

ambiente, e consequências nefastas que possam advir da exposição dos resíduos sólidos

as intempéries.

De entre os frequentadores de praias e turistas há aqueles que transportam os

resíduos sólidos por si produzidos e os que depositam nos contentores localizados no

embarcadouro do Mussulo. Outros, directa ou indirectamente, acomodam os seus

resíduos sólidos no Mussulo, em locais colectivos, designados por “lixeira” localizados

por detrás da última linha de casas de veraneio. Também existem aqueles visitantes

que deixam a recolha dos resíduos sólidos à responsabilidade de seus empregados

que por negligência e/ou irresponsabilidade não o fazem.

No contacto pessoal com alguns autóctones registamos a manifestação expressa

do seu ponto de vista quanto à presença de resíduos sólidos e as suas nefastas con-

sequências na Península do Mussulo, considerando-os como sendo um dos principais

problemas que clama por especial atenção da parte das entidades de direito.

É visível a iniciativa de cidadãos, autóctones ou visitantes, quanto ao tratamento

dos resíduos sólidos, pois há vestígios da prática de enterro e de queima destes, sem

definições de locais próprios para o efeito.

4.3 Avaliação do interesse turístico actual e futuro do Mussulo4.3 Avaliação do interesse turístico actual e futuro do Mussulo4.3 Avaliação do interesse turístico actual e futuro do Mussulo4.3 Avaliação do interesse turístico actual e futuro do Mussulo4.3 Avaliação do interesse turístico actual e futuro do Mussulo

O presente estudo indica-nos que os factores que contribuem para o interesse

turístico actual na Península do Mussulo são: praias arenosas, tamanho das ondas,

clima, salubridade, tradição, paisagem, segurança, estabilidade política nacional e

regional.

Nas últimas décadas os dois problemas que afligem a humanidade como um

todo são, a questão ambiental e a questão das transformações no mundo do trabalho,

com ênfase na substituição do sector industrial pelo sector de serviços, destacando-se

a actividade turística, que segundo Rodrigues in wwwwwwwwwwwwwww.r.r.r.r.reeeeevisvisvisvisvistttttaturaturaturaturaturismo.com.brismo.com.brismo.com.brismo.com.brismo.com.br ocupa

hoje papel relevante na economia mundial, situando-se entre os três maiores produtos

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M.ª Salvadora de Vasconcelos Magalhães e Rui Junqueira Lopes

geradores de riqueza, estando em desvantagem em relação à industria de armamentose do petróleo” (1997:17).

Os factores motivadores para o desenvolvimento da actividade turística são

segundo Ferraz in wwwwwwwwwwwwwww.r.r.r.r.reeeeevisvisvisvisvistttttaturaturaturaturaturismo.com.brismo.com.brismo.com.brismo.com.brismo.com.br dentre outros: lazer, eventos, negócios

e visita a familiares. Ainda segundo Ferraz, o crescimento desse mercado requer o

planeamento e implante de uma política específica, inserida na política social e

económica nacional. Essa acção, em todos os países em que vem sendo praticada, foi

desencadeada e é coordenada pelo Estado, nos seus diferentes níveis e, a sua exe-

cução exige uma determinada instrumentação jurídica, consistente em normas e um

conjunto de regras que compõe o regime jurídico do turismo de carácter obrigatório

para quem actua no mercado turístico.

A actividade turística, enquanto actividade económica, proporciona o desen-

volvimento de novas visões de mundo e até mesmo transformações nas relações com

o ambiente.

As transformações ocorridas em Angola determinaram diversos níveis de tran-

sição, designadamente, político, económico e social, que têm exigido respostas di-

nâmicas e flexíveis, capazes de se adequarem às situações concretas e intervenções

conducentes à convergência de valores (Ministério de Urbanismo e Ambiente in Jornal

de Angola).

A política governamental também concede uma importância especial ao turismo

enquanto instrumento de paz, segurança, integração e cooperação internacional e,

servindo como um reforço da presença e melhor conhecimento de Angola na co-

munidade internacional (Programa do Governo 2009-2012).

No âmbito da política governamental de Angola para o quadriénio 2009-2012,

no seu programa contempla dotar as localidades de interesse turístico com infra-

estruturas de saneamento básico, energia e água, infra-estruturas hoteleiras e serviços

de apoio, nomeadamente, transporte, saúde, segurança, restauração, divertimento

e lazer dentre outros.

O Programa do Governo para o próximo quadriénio, prevê a promoção da

actividade do turismo como uma das modalidades para a obtenção do máximo de

benefícios sociais e económicos e, considera o turismo como um papel de factor

estratégico para a reanimação da economia angolana.

O Programa do governo para o quadriénio 2009-2012 garante o desenvol-

vimento de uma política turística com prioridade e especial protecção às iniciativas de

empresas e actividades de cidadãos angolanos.

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Contribuições para o desenvolvimento turístico da Península do Mussulo

5. Conclusões5. Conclusões5. Conclusões5. Conclusões5. Conclusões

A acumulação dos resíduos sólidos nas praias internas da Laguna do Mussulo é

influenciada pelos hábitos e costumes, nível de educação ambiental, condições

climáticas, direcção dos ventos e das correntes, características físicas da costa.

A quantidade dos resíduos sólidos nas praias da Laguna do Mussulo é devido à

inexistência de um sistema de gestão de resíduos sólidos e a não aplicação efectiva das

leis, regulamentos e normas específicas por parte da entidade responsável.

A ausência quase total de resíduos sólidos, a olho nu, dentro do substrato sub-

merso indica-nos que provavelmente o índice de contaminação das águas não seja

significativo e, concluímos que a sua recolha sistemática resolverá em parte a presença

de resíduos sólidos nas praias.

6. Recomendações6. Recomendações6. Recomendações6. Recomendações6. Recomendações

O resultado final do nosso estudo recomenda:

• Elaboração e implementação pelas entidades competentes, de um programa

piloto para a deposição, recolha, transporte e destino final dos resíduos sólidos,

cujo êxito dependerá em grande medida da educação e consciencialização do

cidadão para atitudes cada vez mais responsáveis na vertente ambiental.

• Tendo em consideração que as autoridades oficiais responsáveis pela emissão

das licenças das embarcações de pesca, tráfego local e de recreio, arrenda-

mento de terrenos e outras actividades que geram receitas, são as mesmas

responsáveis pela gestão da Península do Mussulo, recomendamos que parte

destes valores arrecadados sejam destinados à mitigar a quantidade de resí-

duos sólidos e, em consequência proporcionar emprego e contribuir para o

melhoramento da qualidade de vida do cidadão.

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