contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

75
Nelson Brasil de Carvalho CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS ASCOMICETOS NA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA ILHÉUS - BAHIA 2014 Universidade Estadual de Santa Cruz

Upload: lamkhue

Post on 07-Jan-2017

229 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

Nelson Brasil de Carvalho

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS ASCOMICETOS NA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA

ILHÉUS - BAHIA 2014

Universidade Estadual de Santa Cruz

Page 2: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

NELSON BRASIL DE CARVALHO

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS ASCOMICETOS NA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal à Universidade Estadual de Santa Cruz Área de concentração: Proteção de Plantas Orientador: Profº. Drº. José Luiz Bezerra

ILHÉUS – BAHIA 2014

Page 3: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

NELSON BRASIL DE CARVALHO

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS ASCOMICETOS NA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA

Ilhéus, Bahia, 28/02/2014.

____________________________________________

Profº. Drº. José Luiz Bezerra - PhD DCAA / UESC - UFRB

(Orientador)

______________________________________________ Profª. Drª. Edna Dora Martins Newman Luz - PhD

CEPLAC / CEPEC

____________________________________________

Profº. Drº. Quelmo Silva de Novaes - DS UESB

Page 4: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

“Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio do vale; tornarei o deserto em açudes de águas e a

terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo, para que todos vejam e saibam,

considerem e juntamente entendam que a mão do SENHOR fez isso, e o santo de Israel o criou”. Isaias 41.18.19

À aquele que um dia me falou: “Porque eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te

digo: Não temas, que eu te ajudo”.

Page 5: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

AGRADECIMENTOS

Ao DEUS da minha vida, pelos seus ensinamentos, sustento e misericórdia, por todo consolo

nos dias e noites de inquietação a ele toda honra e toda gloria.

A minha Mãe Nilda Brasil, por todo seu amor, sua luta, por sua sábia orientação, por tantas

noites de preocupação, só posso agradecer do fundo do meu coração.

Ao meu pai Jorge Evangelista (In memoriam) que contribuiu no passado, na expectativa de

um futuro melhor para a família.

A minha esposa Maria Luiza, por ter me ajudado desde o início, por seu incentivo e palavras

de força e esperança, pelas traduções e o carinho de sempre.

Aos meus filhos Samuel e Ana Marta, obrigado por sempre confiarem no seu pai, agradeço

por não deixarem de acreditar nos seus sonhos.

A todos familiares que participaram desta jornada, orando, torcendo, apoiando de alguma

forma, meus profundos agradecimentos.

Ao meu Orientador, Dr. José Luiz Bezerra por sua extraordinária capacidade, pelos seus

ensinamentos que levarei comigo para sempre, por sua dedicação e amor pelo que faz (micologia).

Ao co-orientador Dr. Jadergudson Pereira, por suas palavras de incentivo, por seu

profissionalismo e competência.

A Dra. Edna Luz, sempre solícita, com palavras sábias, e a eterna doçura para abordar seus

alunos orientandos.

Aos professores(as) Dra. Arlete Silveira, Dra. Larissa Corrêa, Dra. Maria Aparecida

Bittencourt, Dra. Eusínia Louzada, Dr. Eduardo Gross, Dr. Aníbal Ramadan que participaram

diretamente nos ensinamentos e orientações.

A todos os professores que indiretamente me apoiaram de alguma forma: Dr. Rui Rocha, Dr.

Jorge Chiapett, Dr. Marclo Mielke e Dr. Reginaldo Cerqueira (UNEB)

A Carol, secretária do PPGPV, pela sua presteza e comprometimento com o curso, sempre

disposta a colaborar com todos.

Meus sinceros agradecimentos aos colegas de laboratório de micologia em especial a Marcos

Santos, e sem esquecer de Tacila Santos, Antônio Neto e Sílvia Patrícia.

A Srª Dilze Argôlo e todos profissionais da CEPLAC que apoiaram o trabalho prestando seus

conhecimentos de maneira cordial.

Ao técnico em Botânica, José Lima da Paixão, por sua ajuda imprescindível nas coletas e na

identificação cientifica das espécies florestais.

Ao corpo técnico e administrativo da Organização não governamental, sediada em Ilhéus.

Instituto Floresta Viva.

A UESC e a CEPLAC duas instituições que me acolheram e me proporcionaram uma

experiência única, que não tenho palavras para descrever, no momento apenas gratidão.

Page 6: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DE ASCOMICETOS FOLIÍCOLAS DA

MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA

RESUMO

O Filo Ascomycota é o maior grupo de fungos, com cerca de 32000 espécies

descritas. Estes fazem parte de um considerável universo dos microfungos tropicais,

porém representam uma imensa parcela inexplorada da biodiversidade. Este

trabalho teve como objetivo principal identificar alguns fungos ascomicetos

biotróficos associados a essências florestais nas principais unidades de conservação

do litoral sul da Bahia. Coletas de amostras foliares dos hospedeiros parasitados,

apresentando sintomas e/ou sinais dos microfungos foram levados ao laboratório de

diversidade de fungos no CEPEC/CEPLAC e após prensagem e secagem, foram

caracterizados morfologicamente e identificados através de chaves taxonômicas.

Para isso foram preparadas lâminas através das técnicas de raspagem, corte

manual e aposição de fita adesiva ou esmalte incolor na remoção das colônias e

estruturas. No preparo das lâminas os seguintes corantes e métodos de montagem

foram usados: Coloração com lactoglicerina + azul de algodão ou lactofucsina ácida

e montagem através de PVLG (álcool polivinílico + lactoglicerol), ácido láctico, KOH

3% ou água. Foram identificados oito gêneros de cinco famílias: Asterinaceae,

Meliolaceae, Chaetothyriaceae, Schyzothyriaceae e Micropeltaceae, em cinco

espécies de hospedeiros: Tachigali multijuga, Inga capitata, Protium heptaphyllum,

Pera glabrata e Inga thibaudiana. Foi proposta uma nova espécie de fungo do

gênero Asterina.

Palavras-chave: Fungos, taxonomia, Ascomycota, Tachigali multijuga, Inga capitata,

Protium heptaphyllum, Pera glabrata, Inga thibaudiana.

Page 7: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

CONTRIBUTION TO THE KNOWLEDGE OF THE FOLICOLOUS ASCOMYCETES

OF SOUTHERN BAHIA

ABSTRACT

The Phylum Ascomycota is the largest group of fungi, with about 32,000

described species. These are part of a large universe of tropical microfungi, but

represent a huge portion of unexplored biodiversity. This paper had the main purpose

of identifying biotrophic ascomycetes associated with plant species in protected

areas of the southern coast of Bahia. Leaf samples of parasitized plant hosts,

presenting symptoms and/or signs of microfungi were taken to the laboratory of

fungal diversity of CEPEC/CEPLAC and after pressing and drying, were

morphologically characterized and identified through taxonomic keys. Slides

preparations were made using scraping of the leaves of fungal structures, manual

sections and colonies removal by using adhesive tapes and colorless enamel. The

following stains and mount media were used: lactoglicerina + cotton blue or acid

lactofucsina, PVLG (polyvinyl alcohol + lactoglycerol), 3% KOH or water. Eight

genera of ascomycetes from five families were identified: - Asterinaceae,

Meliolaceae, Chaetothyriaceae, Schyzothyriaceae and Micropeltaceae - on five

species of plant hosts: Tachigali multijuga, Inga capitata, Protium heptaphyllum, Pera

glabrata e Inga thibaudiana. A new fungal species of the Asterina is proposed.

Keywords: Fungi, taxonomy, Ascomycota, Tachigali multijuga, Inga capitata, Protium heptaphyllum, Pera glabrata e Inga thibaudiana.

Page 8: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

LISTA DE FIGURAS

Capitulo 1

Figura 1. Filogenia e classificação dos fungos Ascomycota segundo Hibbet et al;

2007............................................................................................................................17

Figura 2. Ciclo vital de Asterina. 1n = haplóides, 2n = diplóide, K! = Cariogamia, M! =

Meiose, P! = Plasmogamia.........................................................................................19

Figura 3. Localização do Parque Estadual Serra do Conduru (Itacaré, Uruçuca e

Ilhéus).........................................................................................................................22

Figura 4. Localização da Reserva do Patrimônio Natural Capitão (RPPN) – Itacaré -

BA...............................................................................................................................23

Figura 5. Localização do Parque Municipal Boa Esperança – Ilhéus - BA................24

Figura 6. Localização da Reserva Biológica de Una – Una - BA...............................25

Figura 7. Mapa da região Sul da Bahia, ilustrando os municípios de coleta realizados

neste trabalho.............................................................................................................38

Figura 8. Lembosiellina pernambucensis em Tachigali multijuga. A - Colônias negras

nas folhas do hospedeiro; B - Ascomas lineares com ascos no seu interior; C - Asco;

D - Corte transversal mostrando hipostroma subcuticular ........................................47

Figura 9. Asterina sp. em Tachigali multijuga. A - Ascoma, parafisóides e ascos; B

Ascos bitunicados com 8 ascósporos 1-septados, marrons; C- Micélio em hifopódios;

D- Detalhe dos ascósporos........................................................................................48

Figura 10. Meliola sp. em Inga capitata. A, B - Peritécios esmagados, setas e hifas;

C - Hifas com hifopódios laterais; D - Ascósporos 4-septados................................49

Figura 11. Batistinula cf gallesiae em Inga capitata. A - Ascoma esmagado e asco bitunicado; B - Ascos imaturos e parafisóides; C, D - Ascósporos 1-3-septados marrons .....................................................................................................................50

Page 9: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

Figura 12. Meliola aff. koae Stev., em Protium heptaphyllum. A, B - Peritécios, setas e ascosporos; C - Micélio hifopodiado; D – Ascósporos 4-septados, marrons......................................................................................................................51 Figura 13. Treubiomyces citri. em Pera glabrata. A - Peritécio setoso e micélio; B -

Peritécio esmagdo; C - Ascos e ascósporos; D - Detalhe do asco com ascósporos

dentro ........................................................................................................................52

Figura 14. Plochmopeltis sp. em Inga Thibaudiana. A - Tiriotécio esmagado

mostrando o himênio; B - Ascos bitunicados.............................................................53

Figura 15. Stomiopeltis sp. Tiriotécio ostiolado e micélio reticulado em Inga

capitata.......................................................................................................................54

Figura 16. Spiropes dorycarpus. A - Micélio hiperparasitando hifas de Meliolaceae

em Protium heptaphyllum; B - Conídios 1 - 3 - septados, marrons, obclavados, com

ápice alongado,

atenuado.................................................................................................................... 55

Capitulo 2

Figura 1. Asterina tachigali A,B- Colônias epífilas, negras pouco conspícuas, C-

Tiriotécio esmagado, ascos e parafisoides, D- Detalhe do ascósporo 1- septado....70

Figura 2. Asterina tachigali A,B - Ascomas, C - Micélio, D - Hifopódios, E- Asco

bitunicado com 08 ascóspors, F- Detalhe dos ascósporos 1-septado......................71

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Gênero, espécie, família, local de coleta e nome vulgar regional de

plantas nas quais foram feitas coletas de

folhas..........................................................................................................................45

Tabela 2 – Fungos encontrados de acordo com hospedeiro, local e data de

coleta..........................................................................................................................46

Page 10: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................vi

ABSTRACT…………………………............................................................................vii

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................13

2.1 Estimativa do número de fungos em plantas vivas........................................13

2.2 Caracterização do Filo Ascomycota com ênfase para a família Asterinaceae,

Chaetothyriaceae, Schizothyriaceae, Meliolaceae e Micropeltaceae..................15

2.2.1 Família Asterinaceae ......................................................................................18

2.2.1.1 Ciclo de vida de Asterinaceae ...................................................................19

2.2.2 Família Chaetothyriaceae ..............................................................................20

2.2.3 Família Schizothyriaceae ............................................................................20

2.2.4 Família Meliolaceae.........................................................................................20

2.2.5 Família Micropeltaceae...................................................................................21

2.3 Caracterização das Unidades de Conservação do Sul da Bahia.................22

2.3.1 Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC)............................................22

2.3.2 Reserva do Patrimônio Particular Capitão...................................................23

2.3.3 Parque Municipal da Boa Esperança............................................................24

2.3.4 Reserva Biológica de Una..............................................................................25

2.4 Árvores hospedeiras de fungos coletados neste trabalho..........................26

2.4.1 Tachigali multijuga Benth..............................................................................26

2.4.2 Inga capitata Desv...........................................................................................26

2.4.3. Inga thibaudiana DC.......................................................................................27

2.4.4 Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand......................................................28

2.4.5 Pera glabrata (Schott) Baill.............................................................................28

2.4.6 Referências......................................................................................................29

3 CAPÍTULO 1- ASCOMICETOS FOLIÌCOLAS COLETADOS ALEATORIAMENTE

NO DOSSEL DE ÁRVORES DA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA...................35

RESUMO....................................................................................................................35

ABSTRACT................................................................................................................36

3.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................37

Page 11: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

3.2 Material e Métodos............................................................................................38

3.2.1 Localização e área de Coleta.........................................................................38

3.2.2 Época de coleta, acondicionamento e transporte........................................39

3.2.3 Prensagem, secagem e acondicionamento em exsicatas...........................39

3.2.4 Estudos macro e microscópicos ..................................................................40

3.2.5 Caracterização morfológica e classificação das espécies.........................40

3.3 Resultados e Discussão....................................................................................40

3.4 REFERÊNCIAS....................................................................................................56

4 CAPÍTULO 2 - NOVA ESPÉCIE DE ASTERINA SOBRE (Tachigali multijuga

Bent.) NA SERRA DO CONDURU, BAHIA, BRASIL .............................................64

RESUMO....................................................................................................................64

ABSTRACT………………….......................................................................................65

4.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................66

4.2 Material e Métodos ............................................................................................67

4.3 Taxonomia...........................................................................................................67

4.4 Discussão............................................................................................................69

4.5 Agradecimentos.................................................................................................72

4.6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................73

5. CONCLUSÃO........................................................................................................74

Page 12: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

11

1 INTRODUÇÃO

Segundo Araújo et al. (1998) as florestas tropicais constituem a mais rica

reserva de diversidade biológica de todo o globo terrestre, no entanto, a existência

desta expressiva riqueza não tem sido suficiente para evitar a destruição insensata

que tem afetado gravemente estes ambientes. No Brasil um estudo sobre a Mata

Atlântica, encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, divulgado em 2006

mostra que existem hoje 27% de remanescentes, incluindo vários estágios de

regeneração em todas as fisionomias. Porém outro estudo revelou que apenas

7,26% de remanescentes estão bem conservados (CAMPANILI; SCHAFFER, 2010).

A região sul da Bahia, mais especificamente a faixa compreendida entre os rios

Jequitinhonha e Contas, conserva a parcela mais significativa deste bioma no

nordeste do Brasil, apresentando uma grande riqueza de espécies de fauna e flora,

sendo considerada por diversos estudiosos como um dos principais centros de

endemismo da Mata Atlântica (SILVA; CASTELETI, 2001).

A Mata Atlântica da Bahia, apesar de abrigar os remanescentes mais

significativos da região nordeste, sofre desmatamentos em toda sua extensão

(ARAÚJO, et al., 1998). Os ecossistemas associados, de mangue, restinga e

mussurunga (ecossistema arbustivo ou herbáceo no tabuleiro terciário), campos

nativos ou cheirosos (remanescente da última glaciação e adaptados a solos

arenosos, pobres e ácidos do tipo podzol hidromórfico, impedindo o crescimento de

árvores não reconhecidas nos mapas de vegetação) são bem mais restritos e

localizados, mas também estão intensamente degradados. Vários fatores interagem

de forma complexa e contribuem para essa situação (SILVA; CASTELETI, 2001)

Page 13: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

12

As florestas úmidas da região sul da Bahia são caracterizadas por árvores

altas, com folhas sempre verdes e abundância de epífitas. Dentre as espécies de

árvores mais características e ralas, podem ser citadas: o jacarandá-da-bahia

(Dalbergia nigra Vell.), o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) e o jequitibá

(Cariniana sp.). Estudo realizado por especialistas do Centro de Pesquisa do Cacau

e do Jardim Botânico de Nova York, relata no Parque Estadual Serra do Conduru, no

município de Uruçuca, um recorde mundial em riqueza de espécies arbóreas: 456

espécies/ha (ARAÚJO et al,. 1998). A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros

mais ricos em espécies de plantas e animais, porém, grande parte da sua vegetação

natural está sendo substituída, devido a intervenções humanas, ameaçando a

biodiversidade (CAMPANILI; SCHAFFER, 2010).

Embora várias informações sobre a diversidade animal e vegetal estejam

disponíveis, pouco se sabe sobre a diversidade de microfungos associados às

espécies botânicas da Mata Atlântica. O estudo da diversidade micológica é

essencial para o entendimento da sobrevivência das espécies, do seu papel

funcional e para o conhecimento dos recursos genéticos disponíveis (Maia et al.,

2002).

Os fungos são um dos mais importantes grupos de microrganismos e são

essenciais para a ciclagem e transporte de nutrientes, para o crescimento das

plantas, e supressão de doenças (MAIA et al., 2002). Existem evidências de que as

populações de fungos podem ser influenciadas pelo tipo de vegetação presente,

bem como pelas espécies nativas que coabitam o ambiente. No entanto, essas

relações não estão claramente definidas na Mata Atlântica (PIEPENBRING et al.,

2011).

A falta de estudos direcionados para a identificação de ascomicetos no dossel

de árvores da Mata Atlântica abre uma lacuna, que este estudo tem como objetivo

contribuir para preencher. Levantando informações sobre fungos já descritos, ou até

mesmo reconhecer novas espécies faz parte da proposta cientifica deste trabalho,

realizado numa região que, por suas características naturais, oferece grandes

possibilidades de resultados surpreendentes para a micologia brasileira.

Encontrar novas espécies de ascomicetos associados a folhas no dossel das

árvores da Mata Atlântica Sul da Bahia, cuja micota ainda não foi estudada, é uma

realidade totalmente provável, pois neste bioma existem espécies arbóreas

endêmicas. Este trabalho descreve espécies de ascomicetos de cinco gêneros e

Page 14: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

13

relata esta ocorrência nos hospedeiros estudados: Tachigali multijuga, Inga capitata,

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand, Pera glabrata (Schott) Peopp. ex Baill e

Inga thibaudiana DC.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Estimativa do número de fungos em plantas vivas

A estimativa do número de fungos em plantas vivas em uma área especifica,

requer dois tipos de informação: O número e os tipos de plantas hospedeiras

presentes na área e a estimativa do número de espécies fúngicas associadas com

estas plantas. Boas estimativas dos números de espécies de plantas em regiões

temperadas e tropicais estão disponíveis assim como a proporção de fungos com

relação às plantas de cada região. Infelizmente os locais estudados geralmente não

podem ser comparados diretamente por causa das diferenças nas técnicas de

amostragem. Gentry (1992) estima que menos de 25% das espécies de plantas na

maioria dos locais neotropicais são árvores, sendo estas as menos estudadas do

ponto de vista micológico.

A diversidade da flora é medida importante para estimar a riqueza de

espécies de fungos epifílos e endofílos, parasitas, comensais, sapróbios e

simbiontes existentes nas plantas, supondo a representatividade de taxons

hospedeiro-específicos. Strong e Levin (1979) determinaram que a riqueza de

espécies de fungos parasitas de plantas nas zonas temperadas era altamente

correlacionada à forma de crescimento dos hospedeiros, ou seja, quanto mais

complexa a forma de crescimento, maior o número de parasitas fúngicos

associados. O número significativo destes fungos relatados por espécie hospedeira

foi de 5,4 para ervas, 7,1 para arbustos, e 15,4 para árvores. Strong e Levin (1979)

não especificaram se os fungos eram hospedeiro-específicos, podendo algumas

espécies parasitas ocorrer em mais de um hospedeiro. É incerto se estes números

são aplicáveis a regiões tropicais. Segundo Cannon e Hawksworth (1995) há grande

Page 15: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

14

margem de erro nas estimativas de espécies fúngicas existentes, devido as poucas

informações sobre as relações fungo-hospedeiro nas regiões tropicais.

A mais alta diversidade de espécies arbóreas está nos Neotrópicos (GENTRY

1992). Fungos considerados hospedeiro-específicos, como míldios negros

(Meliolaceae) e outros fungos foliícolas, que são especialmente abundantes nos

trópicos, em árvores e em outros hospedeiros lenhosos, podem contribuir para uma

maior diversidade de espécies (HANSFORD, 1961; NISHIDA, 1989). Estudos

publicados por A.C. Batista no Brasil mostraram que uma única folha pode conter de

10 -12 espécies de fungos, ou mais, incluindo 05 ou mais espécies não descritas em

uma única coleta de determinado hospedeiro (CANNON e HAWKSWORTH, 1995;

SILVA; MINTER, 1995). Estimativas da riqueza das espécies fúngicas têm sido

influenciadas pela importância econômica do hospedeiro. Por exemplo, o dobro de

espécies fúngicas tem sido relatado nas Gramíneas quando comparadas com as

Cyperaceas (CANNON; HAWKSWORTH, 1995).

A associação de fungos parasitas com plantas epífitas é pouco conhecida e

estas estão bem representadas. Sillett et al. (1995), registraram 127 espécies de

briófitas no interior das copas de seis árvores de Fícus na Costa Rica, as quais são

comprovadamente hospedeiras de fungos.

Os níveis mais altos de endemismo de fungos parasitas de plantas e de seus

hospedeiros deveriam ocorrer em áreas com maiores níveis de espécies de plantas

endêmicas. Gentry (1992) ressaltou quatro destas áreas nos neotrópicos, a maioria

das quais em biomas isolados como ilhas, regiões entre montanhas e cadeias de

montanhas.

O entendimento do grau de endemismo de fungos parasitas de plantas e de

seus hospedeiros requer informações mais completas do que as existentes

atualmente. O descobrimento de novas áreas de ocorrência poderá demonstrar que

muitas espécies aparentemente endêmicas tem uma distribuição mais ampla do que

se acredita atualmente.

A região litoral sul da Bahia por se tratar de área de alto endemismo florestal

e por apresentar uma alta diversidade de espécies arbóreas, teoricamente

demonstra possuir uma alta relação entre fungos parasitas associados as copas no

alto dossel, porém estudos mais detalhados poderão confirmar tal suposição.

Toda a estimativa da diversidade fúngica é baseada em proporções de fungos

para plantas vasculares de uma determinada área (HAWKSWORTH, 1991). Esses

Page 16: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

15

dados não são baseados somente em fungos fitoparasitas, mas também incluem

espécies sapróbias e simbióticas.

Estas estimativas provem de dados de regiões temperadas e podem ser

subestimadas nas regiões tropicais. Não se sabe se a especificidade de fungos

quanto ao hospedeiro é igual nos trópicos e nas regiões temperadas

(HAWKSWORTH, 1991).

Uma série de fatores, além da composição das espécies hospedeiras, deve

ser considerada na determinação da diversidade de fungos parasitas de plantas. Por

exemplo, a diversidade de fungos parasitas de plantas em uma área de estudo

depende também da densidade e distribuição das plantas hospedeiras. Hirsch e

Braun (1992) citaram estudos que mostram uma crescente diversidade de fungos

parasitas de plantas, com o aumento dos níveis de umidade na comunidade e uma

diminuição com o aumento da altitude. Eles também observaram que fungos

fitoparasitas são mais frequentes nas bordas das florestas. Assim, a diversidade de

fungos parasitas de plantas não é uniforme em toda a área devendo as amostragens

e estratégias levar isso em consideração.

As coletas realizadas em dias com alta umidade relativa, antecedidos por

precipitações frequentes, demonstraram maiores dificuldades na ocorrência de

colônias viáveis para o estudo em questão, percebendo-se então que coletas com

maiores possibilidades de sucesso, encontram-se nos dias quentes, com as folhas

secas, após alguns dias da ocorrência da última precipitação (HIRSCH; BRAUN,

1992).

2.2 Caracterização do Filo Ascomycota com ênfase para a família Asterinaceae,

e Chaetothyriaceae, Schizothyriaceae, Meliolaceae e Micropeltaceae

A reprodução sexuada dos Ascomycota sempre envolve a formação do asco,

uma estrutura em forma de saco dentro da qual, ascósporos haploides são formados

após meiose. A formação dos ascos ocorre usualmente dentro de uma estrutura

complexa composta de hifas entrelaçadas e geralmente compactadas, chamada de

ascoma. A classificação dos Ascomycota baseada exclusivamente em dados

morfológicos foi grandemente alterada com o advento da biologia molecular,

Page 17: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

16

culminando com a classificação filogenética de Hibbett et al. (2007) baseada em

análises moleculares modernas, feitas em colaboração com muitos taxonomistas

micológicos experientes. A classificação inclui 195 táxons, até o nível de Ordem,

sendo que as 15 classes propostas para Ascomycota são mostrados na Figura 1.

Segundo esta classificação, o sub-reino Dikarya abrange os Filos Ascomycota

e Basidiomycota, uma vez que produzem células dicariontes, (fase dicariótica), em

um talo filamentoso ou gemulante nunca apresentam esporos móveis, com flagelos.

O sub-reino Dikarya abrange os chamados fungos superiores, os quais possuem

anamorfos, denominados fungos conidiais ou mitospóricos, (HIBBETT et al., 2007).

Os Ascomycota e Basidiomycota são grupos irmãos tendo sido denominados

Neomycota por Cavalier-Smith (1998).

Page 18: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

17

Figura. 1 Filogenia e classificação dos fungos Ascomycota segundo Hibbett et al., 2007.

Page 19: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

18

2.2.1 Família Asterinaceae

Segundo J. A. von Arx e Muller (1973), os fungos da família Asterinaceae

são parasitas em folhas, raramente em ramos tenros. O micélio desenvolve-se

superficialmente, sendo composto de hifas septadas, ramificadas, geralmente com

hifopódios (apressórios) que formam haustórios; algumas espécies formam

hipostromas ou pseudostromas que penetram nos tecidos do hospedeiro; um micélio

imerso pode permear inteiramente ou parcialmente os tecidos foliares. Ascomas

superficiais, achatados, dimidiados ou escutelares, de contorno arredondado,

alongado ou linear, com uma parede superior composta de células escuras

dispostas radialmente, abrindo-se por deiscência estelar ou irregular. Ascos

paralelos, amplamente clavados, ovoides ou quase esféricos, sésseis ou curto

pedicelados, bitunicados, com paredes engrossadas na parte apical, a maioria com

oito esporos. Ascósporos uniseptados, ou raramente com 2, 3 ou mais septos,

hialinos ou marrons. Parafisoides quando presentes filamentosas, às vezes

gelatinosas, septadas ou não, hialinas ou escurecidas no ápice, persistentes ou

evanescentes. Estado conidial ausente ou presente. Quando presente, a maior parte

forma conídios escuros unicelulares no interior de conidiomas do tipo picnídio ou

picnostroma, como no gênero Asterostomella Speg. Algumas espécies formam os

conídios em conidióforos desenvolvidos no micélio superficial, a exemplo dos

gêneros Mitteriella Syd., Sarcinella Sacc., Clasterosporium Schw, Sporidesmium Link

ex Fr., Triposporium Corda.

A família Asterinaceae é próxima de Parmulariaceae, Parodiellinaceae e

Englerulaceae. As últimas duas famílias podem ser distinguidas apenas pelo

ascoma esférico, não dimidiado sem parede radiada. Existem gêneros

intermediários, como, Rhytidenglerula Hohn., Clypeolella Hohn., Schiffnerula Hohn.

que compartilham características de mais de uma família. As famílias Asterinaceae e

Microthyriaceae, filogeneticamente distantes, às vezes são confundidas porque

possuem ascomas com parede superior radiada, porém com os ascos organizados

paralelamente em Asterinaceae e horizontalmente em Microthyriaceae. (J.A. VON

ARX; MULLER, 1973)

Page 20: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

19

2.2.1.1 Ciclo de vida de Asterinaceae

Segundo Hofmann (2010), o ciclo vital de Asterina começa com a infeção do

hospedeiro através de um ascósporo que penetra na cutícula e infecta uma célula da

epiderme do hospedeiro formando haustório. Hifas superficiais com apressórios

laterais se desenvolvem a partir do ascósporo e dão origem a colônias formadas

sobre a superfície foliar. Os tiriotécios desenvolvidos nas colônias possuem uma

parede superior (escutelo), composta de células isodiamétricas cilíndricas, radiadas.

Precedendo a formação dos ascos, células das paredes do ascoma proliferam

internamente e dão origem às hifas ascógenas.

As hifas ascógenas proliferam formando croziers e desenvolvem a célula-

mãe do asco jovem onde ocorre a cariogamia (fase diplóide), seguida de meiose.

Após uma mitose adicional desenvolvem-se ascos bitunicados, contendo geralmente

oito ascósporos. Na maturidade os ascomas, se abrem através de uma deiscência

estelar. Os ascos maduros liberam os ascósporos ativamente pelo mecanismo

conhecido pelo nome de Jack-in-the-box. O micélio superficial de algumas espécies

de Asterina pode também dar origem a picnídios contendo conídios geralmente

marrons e unicelulares. Os conídios germinam formando apressório e dão origem a

um micélio superficial igual ao da fase teleomórfica,(Figura. 2).

Figura 2 . Ciclo vital de Asterina. 1n = haplóides, 2n = diplóide, K! = Cariogamia, M! = Meiose, P! = Plasmogamia, (Hofmann 2010).

Page 21: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

20

2.2.2 Família Chaetothyriaceae

Esta família desenvolve-se superficialmente sobre folhas vivas ou mortas. O

micélio é peliculoso ou membranoso; ascomas são semi-orbicular, setosos ou

glabros, de base achatada, desenvolvendo-se sob as partes membranosas do

micélio, com parede prosenquimatosa ou parapletenquimatosa e ostíolo central,

parafisóides filamentosas, frequentemente preenchendo a parte central do ascoma;

ascósporos hialinos ou amarronzados quando maduros, a maioria com duas ou mais

células (HANSFORD, 1946; BATISTA e CIFERRI, 1962; MULLER e VON ARX,

1962, 1973).

2.2.3 Familia Schizothyriaceae

Os fungos Schizothyriaceae, Ordem Dothideomycetes, são sapróbios,

desenvolvendo-se superficialmente em folhas, caules, frutos ou outras partes de

plantas vivas, a maioria formando um micélio superficial composto por hifas

castanhas, frequentemente inconspícuas. Ascomas superficiais escutelares ou

dimidiados; ascos paralelos em camada única, clavados, esféricos ou ovoides,

bitunicados. Ascósporos com duas ou mais células, hialinos ou amarronzados à

maturidade. Anamorfos ocasionais. Os Schizothyriaceae são frequentemente

fundidos com os Micropeltidaceae, com os quais são relacionados. Poucas espécies

de ambas as famílias são capazes de se desenvolver no interior da cutícula foliar.

Alguns gêneros, classificados na família têm sido transferidos para Saccardiaceae.

(MULLER; VON ARX,1962)

2.2.4 Família Meliolaceae

Os membros desta família (classe Sordariomycetes) são parasitas

obrigatórios de plantas, conhecidos como míldios ou bolores negros. São fungos

predominantemente tropicais, podendo ocorrer menos frequentemente em regiões

subtropicais e temperadas. Tem como características principais a presença de

peritécios negros, glabros ou setosos formados sobre um micélio constituído de hifas

Page 22: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

21

septadas, castanhas, ramificadas, com hifopódios (apressórios) capitados de onde

saem haustórios que se desenvolvem nas células epidérmicas do hospedeiro. Nas

hifas também se formam células espermogoniais ampuliformes conhecidas

anteriormente como „hifopódios mucronados‟. Os ascos são evanescentes e os

ascósporos são castanhos, geralmente 4-septados, constrictos nos septos. As

colônias são encontradas principalmente em folhas, mas ocorrem também em

pecíolos, ramos verdes e frutos (HANSFORD, 1961). A ordem Meliolales, classe

Sordariomycetes, contém mais de 1.580 espécies (HAWKSWORTH et al., 1995) e a

maioria delas (1400) são do gênero Meliola (PARBERY; BROWN, 1986). Mais de

90% é parasita de Angiospermas.

Segundo Parbery e Brown (1986), as maiores infecções de mofo negro em

florestas tropicais ocorrem em áreas com influência antrópica. Chaves para os

gêneros de mofos negros podem ser encontrados em Müller e von Arx (1973);

Descrições de espécies e ilustrações estão em monografias realizadas por Hansford

(1961; 1963).

2.2.5 Família Micropeltaceae

A família Micropeltaceae, da Ordem Dothideomycetes, reúne fungos

tropicais, por excelência, com tiriotécios planos ou escutelares, orbiculares

predominantemente epífilos sobre folhas vivas de plantas das mais diversas famílias

botânicas. Excepcionalmente situam-se sobre ramos não lignificados ou frutos.

Apresentam micélio superficial, restrito, peliculoso, muitas vezes limitado às margens

do ascoma. Batista (1956) separou os gêneros de Micropeltaceae com base na cor e

textura da parede dos ascomas, bem como, na forma e septação dos ascósporos.

Na monografia dos fungos Micropeltaceae (BATISTA, 1956) dividiu a família em 04

sub-famílias: Dictyopeltoideae, Haplopeltoideae, Gymnopeltoideae e

Stomiopeltoideae. Na chave de gêneros ele utiliza critérios tais como: forma, cor,

textura dos ascomas e presença ou ausência, de película micelial em torno dos

ascomas

Page 23: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

22

2.3 Caracterização das Unidades de Conservação do Sul da Bahia

2.3.1 Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC)

Unidade de Conservação de proteção integral, criada em 21 de fevereiro de

1997 pelo decreto n.º 6227 do Governo do Estado da Bahia, como medida

compensatória à construção da Rodovia BA-001, trecho Ilhéus/Itacaré. O PESC é

detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta, com elevado grau de

endemismo e possui uma área de 9.275 hectares que abrange áreas que abrange

áreas dos municípios de Ilhéus Uruçuca e Itacaré (Figura 3). Está inserido no

Corredor Central da Mata Atlântica, na Região Sul da Bahia, na chamada Costa do

Cacau. Todo o entorno do PESC é englobado por Áreas de Proteção Ambiental

(APA), sendo ao Leste, Norte e Oeste pela APA da Costa de Itacaré/Serra Grande, e

ao Sul pela APA da Lagoa Encantada e Rio Almada. Há, também, no entorno do

PESC, um conjunto de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, dentre as

quais: RPPN Pedra do Sabiá, RPPN Rio Capitão, RPPN Fazenda Capitão, RPPN

Araçari, RPPN Salto Apepiqui e RPPN Jindiba, (PARQUE ESTADUAL SERRA DO

CONDURU, 2014).

Figura 3. Localização do Parque Estadual Serra do Conduru Fonte: http://parquedoconduru.org/images/pesc_localizacao.jpg

Page 24: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

23

2.3.2 Reserva do Patrimônio Particular Capitão

Propriedade do IESB – Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia,

adquirida de uma madeireira em outubro de 2003, A RPPN Capitão é uma das

maiores do Brasil, está localizada em Itacaré, à 13 km da sede do município, na

estrada Itacaré-Taboquinhas (Figura 4). A área possui 973 hectares e é quase toda

coberta por floresta, sendo que 310 hectares estão dentro do Parque Estadual Serra

do Conduru e 600 hectares foram reconhecidos como Reserva particular do

Patrimônio Natural (RPPN). Os objetivos da Reserva Capitão são garantir a

conservação da biodiversidade, apoiar a implementação do Parque do Conduru,

ampliando a proteção efetiva da sua Zona de Amortecimento, doando ao Estado da

Bahia os 310 hectares que estão dentro da sua área de decreto, e por último ser

uma unidade de pesquisa sobre a Mata Atlântica. Com relação às pesquisas, já

foram realizados levantamentos de árvores, aves, anfíbios anuros (sapos, rãs e

pererecas), mamíferos, cobras e lagartos. O IESB vem desenvolvendo uma

pesquisa sobre a ecologia e o comportamento do macaco-prego-do-peito-amarelo

(Cebus xanthosternos), um dos 25 macacos mais ameaçados de extinção do

mundo,(IESB, 2014).

Figura 4. Localização da Reserva do Patrimônio Natural Capitão (RPPN) Fonte: http://www.iesb.org.br/jornaldaapa/35/jornal35.htm

Page 25: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

24

2.3.3 Parque Municipal da Boa Esperança

Unidade de Conservação de Proteção Integral, situada no perímetro urbano

de Ilhéus-Bahia, possui área de 437 há (Figura 5). Desde o ano de 1927, essa área

foi protegida por abrigar uma represa com equipamentos para tratamento e adução

de água potável para abastecimento de Ilhéus. Atualmente, segundo dados

científicos, esse Parque se constitui em uma área protegida urbana por conter um

fragmento de Mata Atlântica. Entretanto, pela sua própria localização, o Parque

abriga no seu entorno, diversos bairros característicos de classes sociais de baixa

renda, nos quais vários problemas sócio-ambientais se manifestam. Através de

mapas, baseado em levantamento aerofotogramétrico identificou-se que a mata em

todo seu maciço, representava 727,5 ha em 1944, já 20 anos depois (1964), esta

área da mata caíra para 512,7 ha, ou seja, foram desmatados 214,8ha,

representando 29,52% de desmatamento. Em 1974, a mata é destruída em mais 63

ha, ficando um remanescente de 449,7ha. E finalmente em 1994 (ano do estudo),

esta mata era de apenas 437,2 ha, ou seja, só restava 60,10% da mata de 1944,

(LEITE, 2007).

Figura 5. Localização do Parque Municipal Boa Esperança http://pt.slideshare.net/8pirataquisse/mapa-deunidadesdeconservacaodeilheus

Page 26: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

25

2.3.4 Reserva Biológica de Una

Localizada no município homônimo, distante 68 km ao sul de ilhéus, e 13 km

da sede do município de Una, faixa litoral sul do estado da Bahia-Brasil (Figura 6). O

acesso ocorre através da BA 001 pelo litoral ou pela BR 101 a partir de Itabuna,

passando por Santa Luzia até o município de Una. Criada pelo governo federal no

ano de 1980 designa uma área de 11.400ha, no entanto a área indenizada e

legalmente incorporada foi de somente 5.000ha. A Reserva Biológica de Una é uma

unidade de conservação de proteção integral e uma das Reservas da Costa do

Descobrimento, declaradas patrimônio mundial pela UNESCO e parte da Reserva

da Biosfera da Mata Atlântica no Sul do Estado da Bahia. A principal vegetação

encontrada é a floresta ombrófila densa. A Reserva Biológica de Una também e um

dos últimos refúgios do mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas)

que pode ser considerada a espécie bandeira do parque e do macaco-prego-de-

peito-amarelo (Cebus xanthosternos), (ECOPARQUE-UNA, 2014).

Figura 6. Localização da Reserva Biológica de Una Fonte: http://www.ecoparque.org.br/localizacao.htm

Page 27: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

26

2.4. Árvores hospedeiras de fungos coletados neste trabalho

2.4.1 Tachigali multijuga Benth.

Árvore com 15 - 25 m de altura, dotada de copa arredondada, com ramos

terminais angulares e dourado - puberulentos. Tronco retilíneo e cilíndrico, com

casca rugosa, de 40 - 60 cm de diâmetro. Folhas compostas paripinadas, alternas,

com eixo comum (raque + pecíolo) de 20 - 30 cm de comprimento. Folíolos opostos,

em numero de 8 - 16 pares, subcoriáceos, com glândulas hemicirculares entre os

pares de pinas, brilhantes na face superior e glabrescentes em ambas as faces, de

3,5 - 9,5 cm de comprimento por 1,5 - 3,0 cm de largura, sobre pecíolo canaliculado

de 2-4 mm de comprimento. Inflorescências racemosas, terminais e nas axilas da

extremidade dos ramos, de 12-14 cm de comprimento, com raque ferrugíneo–

puberulento, brácteas caducas, com flores de 12-15 mm de comprimento. Fruto

legume (vagem) lenhoso, achatado, indescente, com uma única igualmente plana.

Distribuição: Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais,

Bahia e Amazonas, (LORENZI, 2009).

2.4.2 Inga capitata Desv. Árvore com até 7m, extremidade dos ramos cilíndrica, glabra,

acizentada, folha composta, paripinada, alterna, espiralada, estípula caduca,

pecíolo com pulvino na base, canaliculado de 1-3,5 x 0,1 cm, glabro, nigrescente no

material seco, raque estreito-alada, nectário extra-floral, pateliforme nas

intersecções dos pecíolos, pecíolo canaliculado de 0,4 x 0,2 cm, glabro, nigrescente

no material seco, folíolos 4, opostos, lâmina elíptica, ápice acuminado, base

atenuada, as vezes algo assimétrico de 10-17 x 3-6 cm, margem inteira, levemente

ondulada no material seco, coriácea a subcoriácea, venação camptódroma, 6-9

pares de nervuras secundárias, pouco conspícuas, venação terciária reticulada,

pouco conspícua, glabra, face adaxial brilhante no material seco.

Distribuição: região amazônica, Mata Atlântica de restinga e de tabuleiro do Ceará

até São Paulo (LORENZI, 2009).

Page 28: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

27

2.4.3. Inga thibaudiana DC

Árvore com 5 - 10m de altura, ramos jovens tomentosos ou puberulentos.

Estípulas 2-3 mm de comprimento, lanceoladas, caducas, pecíolo 1-3 cm de

comprimento, cilíndrico, raque 5,8-11,5 cm de comprimento, não marginada ou

alada, raramente com margem de 1mm de largura. Nectários sésseis, ciatiformes ou

cupuliformes, circulares ou semi-circulares, folíolos de 4-6 pares, 4,5-12 x 2-6 cm,

elípticos ou lanceolados, ápice acuminado ou agudo, base aguda, arredondada ou

assimétrica, face adaxial glabrescente e abaxial lanosa ou esparsoserícea. Unidades

de inflorescência espiciformes, isoladas ou fasciculadas, axilares, pedúnculo 1,5 -

2,5 cm de comprimento, raque 1,0 - 3,5 cm de comprimento, brácteas 1,8-2 x 2,5

mm de comprimento, compresso-ovadas ou ovadas, persistentes. Flores sésseis ou

subsésseis, cálice 3-6 mm de comprimento tubuloso ou estreitamente urceolado,

seríceo, corola 16-22 mm de comprimento, infundibuliforme ou estreitamente

tubulosa, lanosa, androceu 36-54 estames, 30-56 mm de comprimento, tubo 17-24

mm de comprimento, curtamente excerto, brancos, disco nectarífero ausente, ovário

2 mm de comprimento, glabro. Frutos 13-21 x 1,7-2,4 cm estreitamente oblongos ou

lineares, planos compressos, margens não expandidas, densamente puberulentos,

10-23 sementes 4-5 x 7-8 mm de comprimento. Estreitamente elípticas, (GARCIA;

FERNANDES, 2010).

Possui distribuição neotropical exceto na Argentina, Chile e Uruguai. No Brasil

ocorre nos estados de Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia,

Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Mato Grosso, Goiás, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito

Federal nos domínios fitogeográficos da Floresta Amazônica, Caatinga, Cerrado e

Mata Atlântica, (GARCIA; FERNANDES, 2010).

Page 29: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

28

2.4.4 Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand

Árvore grande, com até 20 m de altura. Casca cinzenta, pouco espessa

(CORRÊA, 1984). Folhas alternas imparipinadas (SILVA et al., 1977), 2-3 jugas ou

raras vezes 4 jugas; folíolos oblongos, inteiros, glabros, de até 10 cm de

comprimento e 5 cm de largura (CORRÊA, 1984); inflorescência axilar, glomerulada,

bastante ramificada, com brácteas e bractéolas; estames exsertos, filetes de 1,5mm

de comprimento com antera oblonga de 1,0 mm (LOUREIRO et al., 1977); flores

verde-amareladas e pequenas; fruto drupa vermelha, ovóide, contendo polpa

resinosa e amarela envolvendo uma semente, raras vezes mais, até quatro

(CORRÊA, 1984).

A Amescla (Protium heptaphyllum) pertence a família Burseraceae, da qual

também faz parte também a Imburana. Originária das Antilhas e de toda América do

Sul (FERRÂO, 2001). Ocorre em todo Brasil em floresta latifoliada semidecídua

(Mata Atlântica e Amazônia), ou seja, florestas onde predominam árvores de folhas

largas e onde árvores e ou arbustos perdem suas folhas em parte do ano, em

floresta de terra firme, no cerrado e no pantanal. Particularmente frequente em áreas

ciliares úmidas. Ocorre tanto em matas primárias como em formações secundárias

(LORENZI, 2009).

2.4.5 Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.

Árvore com 8-10m de altura, com tronco de 40-50 cm de diâmetro. Folhas

simples, glabras, de 7-11 cm de comprimento por 3-5 cm de largura. Frutos:

cápsulas globosas deiscentes. A madeira é própria para confecção de cepas de

tamancos, obras de entalhe, caixotaria, lápis etc. A árvore possui copa perenifólia

perfeitamente globosa, ideal para arborização urbana. Encontrada tanto em terrenos

bem drenados de topos de morros como em matas ciliares, também frequentemente

encontradas no interior de floresta primária densa. Produção de sementes irregular,

não ocorrendo todos os anos. Floresce durante os meses de janeiro a março. Os

Page 30: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

29

frutos iniciam a maturação no final de outubro, prolongando-se até janeiro. A Pera

glabrata é uma árvore que apresenta ampla distribuição no Brasil ocorrendo nos

estados Rio de Janeiro, e Minas Gerais até Santa Catarina A espécie vegetal é de

importância para a conservação e recuperação de áreas degradadas, pois está

presente em áreas impactadas, produz e dispersa grande quantidade de sementes e

constitui-se em fonte alimentar para elevado número de espécies animais. Apesar

da importância fitossociológica da espécie, ainda não existem estudos que abordem

a sua ecologia reprodutiva, (LORENZI, 1992).

2.4.6 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.; ALGER, K.; ROCHA, R.; et al. A Mata Atlântica do Sul da Bahia: situação atual, ações e perspectivas. Série Cadernos da Reserva da Biosfera. Caderno 8. Instituto Florestal do Estado de São Paulo, 1998. BATISTA, A. C.; CIFERRI, R. The Chaetotryriales. Sydowia, Beiheft, 1962.

BATISTA, A.C. Monografia dos Fungos Micropeltaceae. Publicações Instituto de Micologia da Universidade do Recife. Recife, 56:1–519. 1956. BATISTA, A.C; BEZERRA, J. L.; MAIA, H. S. Meliola spp. de Centro e Sul América. Instituto de Micologia da Universidade do Recife, n. 486 UFPe, 1960. BATISTA, M. A.; TIMMERS, J. F.; CUNHA, R. P. P. Os Estados da Mata Atlântica - Bahia. In: CAMPANILI, Maura; PROCHNOW, Miriam. (Org.). Mata Atlântica- Uma rede pela floresta. Brasília: Rede de Ongs da Mata Atlântica, p. 129-14, 2006.

BEZERRA, J.L.; CAVALCANTE, L. A.; MAIA, H. S. Mycerema e outros novos gêneros de Stomipeltoideae, da família micropeltaceae. n. 392. p 13-15Instituto de Micologia, UFPe. Recife, 1963. BEZERRA, J.L. Taxonomia de Ascomicetos: Revisão da Ordem Asterinales. Revisão Anual de Patologia de Plantas CEPLAC, Centro de Pesquisa do Cacau. 11: 15-28. Ilhéus, 2003

CALPOUZOS, L.; THIES, T.; BATTLE, C. M. R. Culture of the rust parasite, Darluca filum. Phytopathology 47:108–109. 1957

Page 31: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

30

CAMPANILI, M.; SCHAFFER, W. B. Mata Atlântica: manual de adequação ambiental. Biodiversidade, n. 35, p. 96. Ministério do Meio Ambiente, Brasília; 2010. CAMPANILI, M.; SCHAFFER, W. B. Mata Atlântica: manual de adequação ambiental. Biodiversidade, n. 35, p. 96. Ministério do Meio Ambiente, Brasília; 2010. CANNON, P. F. A revision of Phyllachora and some similar genera on the host family Leguminosae. Mycological Papers 163:1302. 1991 CANNON, P. F.; HAWKSWORTH, D.L.; SHERWOOD-PIKE, M. A. The British Ascomycotina: An Annotated Checklist. Commonwealth Mycological Institute, Kew, United Kingdom,1985. CORRÊA, M. P. Dicionário de Plantas Úteis no Brasil e das Exóticas Cultivadas 6V. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, p. 170-171, 1984. CAVALIER - SMITH, T. A revised six-kingdom system of life. Biol. Rev. 73, 203-266. 1998.

ECOPARQUE – UNA (Ba). Disponível em: <http://www.ecoparque.org.br/reserva.htm>. Acessado em: Abr de 2014 FERRÃO, J. E. M. Fruticultura tropical: espécies com frutos comestíveis. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical,. v. 3. p. 652, 2001. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Instituto Socio-ambiental. Atlas dos remanescentes florestais da mata atlântica período de 1990-1995. São Paulo: SOS MATA ATLÂNTICA / INPE, 1998.

GARCIA, F. C. P. e FERNANDES, J. M. Inga Mill In: Rafaela Campostrini. (org) Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Rio de janeiro. Andrea Jakobsson Estúdio e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 2, pp. 1042-1046. 2010

GARGAS, A.; PRIEST, P. T. de; GRUBE, M.; TEHLER, A. Multiple origins of lichen symbioses in fungi suggested by SSU rDNA phylogeny. Science, 268:1492–1495. 1995. GENTRY, A. H. Tropical forest biodiversity: distributional patterns and their conservational significance. Oikos, 63:19–28. 1992.

Page 32: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

31

HANSFORD, C. G. The follicolous ascomycetes, their parasites and associated fungi, especially as illustrated by Uganda specimens. Mycological Papers, 15:1–240. 1961. HAWKSWORTH, D. L. Lichens 1961–1969. Index of Fungi Supplement. Commonwealth Mycological Institute, Kew, Surrey, United Kingdom. - 1991. ______. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. Mycological Research. 95: 641– 655. 1972. ______. A survey of the fungicolous conidial fungi. Pp. 171–244. In COLE, G. T.; KENDRICK, B. (Ed.), The Biology of Conidial Fungi, New York, v. 1, Academic Press, 1981a. HAWKSWORTH, D. L.; KALIN-ARROYO, M. T. Magnitude and distribution of biodiversity. Pp. 107–191. In HEYWOOD, V. H. (ed.), Global Biodiversity Assessment. Cambridge University Press, Cambridge, Great Britain. 1995. HIBBETT DS, Binder M, Bischoff JF, Blackwell M, Cannon PF, et al. A higher- level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological Research 111: 509–54. 2007. HIRSCH, G.; BRAUN, U. Communities of parasitic microfungi. In WINTERHOFF, W. (ed.), Fungi in Vegetation Science. Kluwer Academic, Dordrecht, The Netherlands. Pp. 225–2501992. HOFMANN, T. A. Plant pararasitic Asterinaceae and Microthyriaceae from the Neotropics [doctoral dissertation]. Frankfurt am Main, Germany: J. W. Goethe- University. 408 p. 2010. HOFMANN, T. A.; PIEPENBRING , M. Biodiversity of Asterina species on neotropical host plants: new species and records from Panama. Mycologia, 103, 2011, p. 1284-1301. DOI: 3852/10279. 2010. HUGHES, S. J. Sooty molds - Mycologia. Mycological Papers, 68:693–820. 1993. ______. Meliolina and its excluded species. Mycological Papers, 166:1–255. 1976. JORNAL DA APA ITACARÉ SERRA-GRANDE. Disponível em: <http://www.iesb.org.br/jornaldaapa/35/jornal35.htm>. Acessado em: Abr de 2014.

Page 33: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

32

LEITE, R. F. As representações sociais do Parque Municipal da Boa Esperança, em Ilhéus, Bahia, pela comunidade do seu entorno. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, 2007.

LEWINSOHN, T. M. et al. Structure in plant - animal interaction assemblages. Oikos, 113:174-184. 2006.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo da plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 03. 1 ed. Nova Odessa. Instituto Plantarum. 2009. LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F. da; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 265p. 1977. MAIA, L. C.; YANO-MELO, A. M.; CAVALCANTI, M. A. Diversidade de fungos no Estado de Pernambuco. Pp. 15-50. In: TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (Org.). Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco. vol. 1. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Massangana, Recife. 2002. MAIA, L. C.; CARVALHO JUNIOR, A. A. Introdução: os fungos do Brasil. In: FORZZA, R. C,org. Catálogo de plantas e fungos do Brasil . Instituto De Pesquisas Jardim Botânico do Rio De Janeiro. Rio de Janeiro, p. 43-48. 2010. MULLER, E.; ARX, J. von. Die Gattungem der didymosporen Pyrenomyceten. Beitr. Kripog, Flora Schweiz 11, 2, pp. 922. 1962. MULLER, E.; ARX, J. von. Pyrenomycetes: meliolales, coronophorales, sphaeriales. Pp. 87–132. In G.C. Ainsworth, F.K. Sparrow, and A.S. Sussman(eds.), The Fungi. An Advanced Treatise. IVA. A Taxonomic Review with Keys: Ascomycetes and Fungi Imperfecti. Academic Press, New York. 1973 NISHIDA, F.H. Review of mycological studies in the Neotropics. pp. 494–522. In CAMPBELL, D.G.; HAMMOND, H.D. (eds.), Floristic Inventory of Tropical Countries: The Status of Plant Systematics, Collections, and Vegetation. New York Botanical Gardens, Bronx, New York. 1989. PAIVA, Paulo Sérgio. Mapa de unidades de conservação de ilhéus. Disponível em:http://pt.slideshare.net/8pirataquisse/mapa-deunidadesdeconservacaodeilheus>, Acessado em: Abr de 2014.

Page 34: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

33

PARBERY, I. H.; BROWN J. F. Sooty moulds and black mildews in extra-tropical rainforests. Pp. 101–120. In N.J. Fokkema and J. van den Heuvel (eds.) Microbiology of the Phyllosphere. Cambridge University Press, Cambridge, England. 1986. PARQUE ESTADUAL SERRA DO CONDURU. Disponível em: < http://www.parquedoconduru.org/ > Acessado em: abr de 2014. PFENNING, L. H. Diversity of microfungi. Pp. 65-80. In: Biodiversity in Brazil, a first approach. CNPq, Brasília. 1996 ______. Soil and rhizosphere microfungi from Brazilian tropical forest ecosystems. Pp. 337-362. In: K. D. Hyde (Ed.). Diversity of tropical microfungi. Hong Kong University Press, Hong Kong. 1997 PIEPENBRING, M.; et al. Diversity patterns and ecology of Neotropical plant parasitic microfungi. Ecotropica, n.17 (in print). 2011. PÔRTO, K. C.; CORTEZ, J. S. A.; TABARELLI, M. Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Biodiversidade, n. 14. Brasília, 2005 RODRIGUES-HEERKLOTZ, K. R.; PFENNINING, L. H. 1999. Diversidade no Reino Fungi: Ascomycota. Pp.27-31. In: Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: Microrganismos e vírus. Vol. 1. FAPESP, São Paulo. ROSSMAN, A.Y. The Tubeufiaceae and similar loculoascomycetes. Mycological Papers 157:1–71. 1987. SILLETT, S. C.; GRADSTEIN, S. R.; GRIFFIN, D. Bryophyte diversity of Ficus tree crowns from cloud forest and pasture in Costa Rica. Bryologist. 98: 251–260. 1995. SILVA, M.; MINTER, D. W. Fungi from Brazil recorded by Batista and co-workers. Mycological Papers 169: 1–585. 1995 SILVA, J. M. C.; CASTELETI, C. H. M. O Estado da Biodiversidade da Mata Atlântica. Relatório Técnico do “Estado de Conservação da Mata Atlântica”. Conservation International, Fundação SOS Mata Atlântica. Belo Horizonte, MG. 2001.

Page 35: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

34

SILVA, M. F.; LISBOA, P. L. B.; LISBOA, P. C. L. Nomes vulgares de plantas amazônicas. Manaus: CNPq/INPA, 216p. 1977. SPATAFORA, J. W. Ascomal evolution among filamentous ascomycetes: evidence from molecular data. Canadian Journal of Botan, n.73. Suppl. 1. S811-S815. 1995. STRONG, D. R. Jr., LEVIN, D. A. Species richness of plant parasites and growth form of their hosts. American Naturalist. 114:122. 1979. SUTTON, B. C.; Hodges, C. S., Jr. Eucalyptus microfungi: Mycoleptodiscus species and Pseudotracylla gen. Nova Hedwigia 27: 693–700. 1976. TAYLOR, J. W.; SWANN, E. C.; BERBEE, M. L. Molecular evolution of ascomycete fungi: phylogeny and conflict.. In HAWKSWORTH, D. L. (ed.), Ascomycete Systematics: Problems and Perspectives in the Nineties. Plenum Press, New York. Pp. 201–212. 1994.

Page 36: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

35

3. CAPÍTULO 1

ASCOMICETOS FOLIÍCOLAS COLETADOS ALEATORIAMENTE NO DOSSEL DE ÁRVORES DA MATA ATLÂNTICA SUL DA BAHIA

RESUMO

Nos remanescentes da Mata Atlântica no sul da Bahia, encontram-se algumas

Unidades de Conservação de grande importância para preservação da fauna e flora

do referido bioma. Estudos revelam os principais impactos ambientais causados pelo

desmatamento e apontam para um grande número de espécies em extinção, porém

ainda não se tem ideia da perda da diversidade dos microfungos. A micobiota

presente no dossel das árvores da Mata Atlântica tem sido ignorada devido à

dificuldade de coletar folhas desse micro habitat situado a mais de dez metros do

solo. Com o objetivo de preencher essa lacuna no conhecimento micológico foram

coletadas aleatoriamente com auxilio de podão folhas no dossel de essências

florestais no período de novembro de 2012 a agosto de 2013 nas seguintes

reservas: Parque Estadual da Serra do Conduru, Reserva Particular do Patrimônio

Natural (Capitão), Parque Municipal Boa Esperança e Reserva Biológica de Una,

localizadas nos municípios de Uruçuca, Itacaré, Ilhéus e Una respectivamente. Todo

material coletado foi encaminhado para o laboratório de diversidade de Fungos,

localizado no CEPEC/CEPLAC para caracterização morfológica e identificação dos

espécimes de fungos encontrados. Foram identificados os seguintes gêneros de

fungos: Asterina, Lembosiellina, Treubiomyces, Stomiopeltis, Batistinula, Meliola,

Plochmopeltis e Spiropes. As espécies Lembosiellina pernambucensis e

Treubiomyces citri são novos registros para as árvores Tachigali multijuga e Pera

glabrata.

Palavras-Chave: Taxonomia, Ascomycota, unidades de conservação, mycota

Brasileira, micodiversidade.

Page 37: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

36

FOLIICOLOUS ASCOMYCETES RANDOMLY COLLECTED ON TREES CANOPIES OF SOUTHERN BAHIA RAINFOREST

ABSTRACT

In the remnants of the atlantic rain forest in Southern Bahia, there are some

protected areas of great importance to the preservation of fauna and flora of this

biome. Studies reveal the main environmental impacts caused by deforestation and

point to a number of endangered species, but the impact on the microfungi diversity

is not known. Aiming to identify and classify species of ascomycetes in this habitat,

leaves were randomly collected within the canopy of forest trees from November

2012 to August 2013 in the following reserves: Serra do Conduru State Park, Capitão

Reserve, Boa Esperança Reserve and Una Biological Reserve, located in the

municipalities of Uruçuca, Itacaré, Ilhéus and Una respectively. All material collected

was taken to the Fungal Diversity Laboratory, located in the Cacao Research Center,

CEPEC/CEPLAC, for microscopic analysis. Species of Asterina, Lembosiellina,

Treubiomyces, Stomiopeltis, Batistinula, Meliola, Plochmopeltis and Spiropes were

identified. Lembosiellina pernambucensis and Treubiomyces citri are new reports to

Tachigali multijuga and Pera glabrata.

Keywords: Taxonomy, Ascomycota, Protected areas, Brazilian mycota,

mycodiversity.

Page 38: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

37

3.1 INTRODUÇÃO

A respeito dos fungos descritos no Brasil, Maia e Carvalho Júnior (2010),

reportaram 78 ordens, 924 gêneros e 3.608 espécies de fungos, correspondendo a

apenas 3,7% de todas as espécies descritas mundialmente. Esse número está muito

aquém dos 14% estimados por Lewinsohn e Prado (2006). Ainda segundo Maia e

Carvalho Junior (2010), no Brasil, a Região Nordeste é a que possui maior número

de espécies descritas (1749), seguida pela Região Sudeste com (1411). Entre os

Estados, São Paulo aparece em primeiro lugar com 1161 e Pernambuco em

segundo com 937. O bioma Mata Atlântica predomina com 1664 espécies de fungos,

seguido pela Caatinga com 734.

No Brasil os trabalhos mais relevantes sobre os Ascomycotas, são os

realizados por Batista e colaboradores, que descreveram principalmente espécies

foliícolas (SILVA; MINTER, 1995), por Dianese et. al. (1997) que estudaram os

fungos sobre espécies do Cerrado. Pfenning (1996,1997), Rodrigues-Heerklotz;

Pfenning (1999), Bezerra (2003) e Bezerra et al. (2003), também descreveram

espécies de fungos do Brasil.

Rodrigues Heerklots e Pfenning (1999), destacaram a contribuição dos

diversos micologistas europeus para a taxonomia de fungos, porém omitiram os

estudos de micologistas latino-americanos (BEZERRA, 2003).

A revisão apresentada por Maia et al., (1996) cita os trabalhos realizados por

Batista e colaboradores, no Nordeste. A escassez de micologistas no Brasil é

responsável pelo pequeno acervo de trabalhos sobre a taxonomia e diversidade de

ascomicetos em nosso país.

As poucas informações sobre os fungos que ocorrem na Mata Atlântica, não

permitem aquilatar a sua real diversidade neste bioma.

Os trabalhos existentes estão restritos a áreas do Rio Grande do Sul, Santa

Cartarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco. Nos demais Estados, praticamente não

há registros ou inventários. No Nordeste, os estudos foram concentrados em

Page 39: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

38

Pernambuco, sobretudo com os trabalhos realizados por Batista e colaboradores,

havendo também vários registros na Bahia e alguns na Paraíba (SILVA; MINTER

1995; MAIA et al. 1996, 2002; BASEIA 1998; GÓES-NETO 1999; GIBERTONI e

CAVALCANTI 2000, 2003; GÓES-NETO et al. 2000, 2003; BASEIA et al. 2003a,b;

GIBERTONI et al. 2003, 2004a, b).

3.2 Material e Métodos

3.2.1 Localização e Área de Coleta

As coletas foram realizadas nas principais Unidades de Conservação do Litoral

Sul da Bahia. Inicialmente no Parque Estadual Serra do Conduru, localizado no

município de Uruçuca, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (Capitão),

localizada no município de Itacaré, no Parque Municipal Boa Esperança, município

de Ilhéus, na Reserva Biológica de Una e por último na Reserva Particular do

Patrimônio Natural (Mãe da Mata), localizada no município de Ilhéus, (Figura 3).

Figura 7 - Mapa da região sul da Bahia, ilustrando os municípios de coleta realizados neste trabalho.

Fonte: http://www.a-bahia.com/diretorio/index.php?cat_id=524

Page 40: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

39

3.2.2 Época de Coleta, Acondicionamento e Transporte

As coletas foram realizadas em novembro de 2012 no Parque Estadual Serra

do Conduru, no município de Uruçuca, no mês de abril de 2013, na Reserva

Particular do Patrimônio Natural Capitão, localizada no município de Itacaré, em

julho de 2013 no Parque Municipal Boa Esperança em Ilhéus, agosto de 2013, na

Reserva Biológica de Una, no município de Una. In loco foram coletadas folhas no

alto das copas de essências florestais aleatoriamente. Foram utilizados no processo

da coleta, equipamentos de escalada, de proteção individual como cinto de

segurança, além de podão com dez metros, tesouras de poda, sacos de papel,

sacolas plásticas, jornal, pranchas, pincel piloto e máquina fotográfica. O material

coletado foi preliminarmente identificado por especialista, acondicionado e registrado

nos sacos e sacolas. Em seguida o material foi encaminhado ao laboratório de

Diversidade de Fungos do CEPEC/CEPLAC, localizado na rodovia Ilhéus-Itabuna

para dar início ao processo de caracterização morfológica dos espécimes coletados.

3.2.3 Prensagem, secagem e acondicionamento em exsicatas

As folhas foram selecionadas, prensadas e colocadas em secador de plantas

com ventilação natural, e submetidas a uma temperatura aproximada de 50ºC, por

um período de 72 horas. Em seguida o material retirado das prensas que

apresentavam colônias viáveis para o estudo, foi colocado em um freezer a uma

temperatura média de - 20ºC por um período de 24 horas com o objetivo de eliminar

ovos, larvas e insetos adultos. Após a identificação os espécimes foram

transformados em exsicatas definitivas e incorporados a coleção micológica do

(CMCEPEC).

Page 41: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

40

3.2.4 Estudos macro e microscópicos

As folhas foram analisadas em lupa com o objetivo de observar as colônias de

fungos desenvolvidas sobre as mesmas. As estruturas dos fungos foram retiradas

com agulha histológica (raspagem), ou fita adesiva transparente e esmalte incolor.

Cortes manuais transversais foram feitos com lâminas de barbear. Estas estruturas

foram colocadas entre lâmina e lamínula coradas em lactoglicerina + azul de

algodão ou lactofucsina ácida. Também foram feitas montagens em PVLG (álcool

polivinílico + lactoglicerol), ácido lático, KOH 3% ou água.

3.2.5 Caracterização morfológica e classificação das espécies

Ao microscópio ótico foram analisadas e mensuradas as estruturas de valor

taxonômico como ascomas, ascos, ascósporos, micélio hifopódios e apressórios. As

características morfológicas foram descritas, ilustradas e fotografadas. A

identificação foi feita utilizando-se a literatura pertinente a cada grupo estudado. Os

espécimes foram incorporados ao acervo da coleção micológica do CEPEC

(CMCEPEC).

3.3 Resultados e Discussão

Nos estudos realizados em folhas de vinte e três espécies arbóreas coletadas

nas principais unidades de conservação da região Litoral Sul da Bahia (Tabela 1).

Foram encontrados fungos em apenas cinco espécies. Os fungos pertenciam a

cinco famílias, oito gêneros e cinco espécies, em apenas cinco dos hospedeiros

pesquisados, (Tabela 2).

Os fungos encontrados foram:

Lembosiellina pernambucensis; Batista & Maia, Atas do Instituto de Micologia da

Universidade de Recife, Vol I. p. 324, 1960, (Figura 8).

Descrição e Ilustração: Batista e Maia (1960).

Sinonímia: Lembosia morototoni Petrek & Cif., sobre folhas de Didymopanax

morototoni (Aubl.) Decne. & Planch. (Araliaceae)

Page 42: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

41

Material examinado: BRASIL. Bahia: RPPN Capitão, Itacaré, abril/2013, sobre

folhas no alto da copa de Inga açu gigante (Tachigali multijuga Benth.) Carvalho N.

B. (CMCEPEC 2429).

Diagnose: Ascomas lineares 280 - 450 x 120 - 150 µm, negros, não setosos,

abrindo-se em fenda longitudinal e parede superior com células indistintas e bordos

franjados. Ascos hialinos 37 - 43 x 16 - 18 µm, bitunicados, ovoides, sésseis a

curtamente pedicelados, com 08 esporos 14,5 - 16 x 6,0 - 6,5 µm. Paráfisoides

filiformes, ramificadas e septadas. Ascósporos hialinos, elipsoides ou clavados, 1-

septados constrictos, não caudados.

Discussão: Suas características correspondem à descrição de Batista e Maia

(1960), apresentando colônias epífilas negras, micélio superficial marrom, hifopódios

laterais contínuos, nodulares e lisos, haustórios hialinos a levemente corados.

Asterina sp. (Figura 9)

Descrição e Ilustração: N. B. Carvalho e J.L. Bezerra (2014)

Material examinado: BRASIL. Bahia: Parque Estadual Serra do

Conduru, Uruçuca, Nov/2012, sobre folhas no alto da copa de Inga açu gigante

(Tachigali multijuga Benth.) Carvalho N. B. (CMCEPEC 2421).

Diagnose: Micélio superficial com apressórios (hifopódios) laterais, ascomas

do tipo tiriotécio, 200 – 225 µm com parede superior radiada, ascos, 65,0 - 87,5 x

50,0 - 60,0 µm, globosos bitunicados e ascósporos, 35,0 - 42,0 x 15,0 x 17,5 µm

castanhos, bicelulares.

Discussão: O material estudado difere de todas as espécies conhecidas neste

gênero (Asterina), pela, morfologia e dimensão dos ascósporos, ascos e ascomas.

Meliola sp. (Figura 10)

Descrição e Ilustração: N. B. Carvalho e J.L. Bezerra (2014)

Material examinado: BRASIL. Bahia: RPPN Capitão, Itacaré, Abril/2013, sobre

folhas de Ingá (Inga capitata Desv.), Fabaceae, Carvalho N. B. (CMCEPEC 2422).

Diagnose: Caracterizado por apresentar ascomas, 350 µm de diâmetro, do

tipo peritécio, ascos bispóricos; ascósporos, 47,5 - 52,5 x 20,0 - 22,5 µm, escuros

com 4 septos, micélio hifopodiado e com setas denteadas, 470 - 700 x 12,5 - 15,0

µm, hifopódios capitados, 15,0 - 17,5 x 75,0 - 10,0 µm, e espermogônios

mucronados.

Page 43: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

42

Batistinula cf. gallesiae. von Arx, publicação nº 287, Instituto de Micologia,

P. 1-27, 1960. (Figura 11).

Descrição e Ilustração: Von arx (1960).

Material examinado: BRASIL. Bahia: RPPN Capitão, Itacaré, abril/2013, sobre

folhas no alto da copa de Ingá (Inga capitata Desv.), Fabaceae, Carvalho N. B.

(CMCEPEC 2423).

Diagnose: Apresenta ascomas do tipo tiriotécio, 170,0 - 200,0 µm,

ascósporos, 35,0 - 40,0 x 10,0 - 12,5 µm, trisseptados e conídios miceliais do tipo

esteurosporos.

Discussão: A espécies estudada apresenta morfologia e dimensões das hifas,

hifopodios, ascomas e ascósporos, semelhantes a Batistinula gallesiae. Esta é o

primeiro registro de B. gallesiae em Inga capitata. O Material coletado é escasso.

Meliola aff. koae Stev., 19:34, 1925, C.G. Hansford Beihelte Zur, Sydowia 2º

p. 265,1961. (Figura 12).

Descrição e Ilustração: C.G. Hansford, (1925)

Material examinado: BRASIL. Bahia: Parque Municipal Boa Esperança,

Ilhéus, julho/2013, sobre folhas no alto da copa de Embaúba (Protium heptaphyllum

(Aubl.) Marchand (Burseraceae), Carvalho N. B. (CMCEPC 2424)

Diagnose: Apresenta ascomas, 240 - 260 µm de diâmetro, do tipo peritécio,

ascósporos, 42,5 - 50,0 x 12,5 - 17,5 µm escuros com 4 septos, setas denteadas,

hifopódios capitados, 20,0 - 22,5 x 10,0 - 12,5 µm e espermogônios mucronados,

17,0 - 22,5 x 7,5 - 10,0 µm.

Discussão: Na família Mimosaceae esta é a espécie mais próxima, porém

difere na largura dos ascósporos que são mais estreitos (15 - 17 µm de largura). O

material estudado é escasso, havendo necessidade de novas coletas para confirmar

a espécie.

Treubiomyces citri. Rodrigues; ciências, Ser. 10, Bot; 4:7 (Figura 13).

Descrição e Ilustração: Rodrigues (1975).

Material examinado: BRASIL. Bahia: Reserva Biológica de Una - Una,

agosto/2013, sobre folhas no alto da copa de Sapateiro (Pera glabrata) (Schott)

Peopp. ex. Baill. (Euphorbiaceae), Carvalho N. B. (CMCEPEC 2425).

Page 44: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

43

Diagnose: O fungo foi identificado no hospedeiro Pera glabrata na Reserva

Biológica de Una, desenvolve-se na superfície superior das folhas, apresentando

micélio aderido à cutícula foliar, composto de hifas amarronzadas, septadas,

ramificadas, formando uma película membranosa em torno dos ascomas dimidiados,

de base achatada, desenvolvidos sob o micélio. Os ascos eram ovais, bitunicados,

paráfises filamentosas, frequentemente preenchendo a parte central do ascoma e os

ascósporos eram hialinos, Ascoma 150-170 µm, Ascos 20-25 x 62,5-65,0 µm,

Ascósporos com medidas aproximadas de 62,5 x 7,5 µm.

Plochmopeltis sp. (Figura 14)

Descrição e Ilustração: N. B. Carvalho e J.L. Bezerra (2014)

Material examinado: BRASIL. Bahia: Reserva Biologica de Una, agosto/2013,

sobre folhas de de Ingá Açu (Inga thibaudiana), Carvalho N. B. ( CMCEPEC 2426)

Diagnose: Apresentava ascomas superficiais, escutelares, presos à cutícula

foliar, ascos paralelos em camada única, clavados, bitunicados, ascósporos

bicelulares, hialinos.

Stomiopeltis sp. (Figura 15)

Descrição e Ilustração: N. B. Carvalho e J.L. Bezerra (2014)

Material examinado: BRASIL. Bahia: RPPN Capitão, abril/2013, sobre folhas de

Ingá (Inga capitata Desv), Carvalho N.B. (CMCEPEC 2427).

Diagnose: Apresentava ascomas plequentimáticos, meandriformes, orbiculares,

não setosos, glabros; micélio livre, reticulado e marrom; ascos clavados, bitunicados;

ascósporos imaturos. O material apresentava ascomas inférteis.

Spiropes dorycarpus. (Mont.) M. B. Elis, 1968 Mycol. Pap., 114:11-14

(Figura 16)

Descrição e Ilustração: M. B Ellis (1968)

Material examinado: BRASIL. Bahia: Parque Municipal Boa Esperança,

Julho/2013, sobre folhas de Amescla, (Protium heptaphyllum), Carvalho N.B.

(CMCEPEC 2428).

Diagnose: Fungo identificado parasitando Meliolaceae, apresentando colônias

efusas, com hifas delgadas, marrons, septadas crescendo sobre o micélio do

hospedeiro; conidióforos erectos, septados, marrons, mononematosos e

Page 45: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

44

sinematosos; conídios mucronados, 1-3-septados, solitários, 25,0 - 30,0 µm x 7,0 -

8,0 µm, de ápice alongado, atenuado.

A RPPN Capitão foi a unidade de conservação que apresentou melhores

resultados, com duas espécies arbóreas da família Fabaceae e quatro gêneros de

fungos diferentes.

As famílias que se mostraram mais colonizadas por fungos foram: Fabaceae,

Burseraceae e Euphorbiaceae, destacando-se a família Fabaceae com as espécies:

Tachigali multijuga, Inga capitata e Inga thibaudiana. nas quais foram observados

os ascomicetos Lembosiellina pernambucensis, Batistinula cf galesiae., Meliola sp.,

e Plochmopeltis sp.

A espécie Lembosiellina pernambucensis, foi registrada pela primeira vez em

Ingá Açú Gigante (Tachigalli multijuga) sendo a sua ocorrência também inédita no

Estado da Bahia. Esta espécie foi encontrada originalmente em folhas vivas de

Didymopanax morototoni, em Pernambuco (BATISTA; MAIA, 1956). A espécie

Treubiomyces citri, é registro inédito em Pera glabrata e para o Estado da Bahia.

Page 46: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

45

Tabela 1 – Gênero, espécie, família, local de coleta e nome vulgar regional de

plantas nas quais foram feitas coletas de folhas.

(*) Hospedeiros que se apresentavam colonizados por fungos.

Nome Família Local Nome Vulgar

Pradosia lactescens Sapotaceae PESC Jacarandá da Bahia

Byrsonima stipulacea Malpiguiaceae PESC Murici

Tetragastria catuaba Burseraceae PESC Amescla

Eschweilera ovata Lecythidaceae PESC Biriba

Bauhinia angulosa Fabaceae CAPITÃO Escada de Macaco

Sloanea obtusifolia Elaeocarpaceae CAPITÃO Gindiba

Macrolobium latifolium Casalpiniaceae CAPITÃO Óleo de Comumbá

Protium heptaphylum Burseraceae CAPITÃO Amescla

Zolernia sp. Fabaceae CAPITÃO Olho de Boi

Tachigali multijuga* Fabaceae CAPITÃO Ingá Açu gigante

Inga capitata* Fabaceae CAPITÃO Ingá

Himatanthus lancifolius Apocynaceae CAPITÃO Janaúba

Faramea sp Rubiaceae CAPITÃO Pimenteira

Amanoa guaianensia Euphorbiaceae PMBE Coco-Danta

Helicostylis tomentosa Moraceae PMBE Amora Vermelha

Pseudobombax grandiflorum Malvaceae PMBE Imbiruçú

Pouteria venosa Sapotaceae PMBE Bapeba Branca

Cecropia hololeuca Moraceae PMBE Embaúba

Protium heptaphyllum* Burseraceae PMBE Embaúba

Colophyllum brasiliensis Clusiaceae PMBE Guanandi

Myrcia splendens Myrtaceae PMBE Guamirim

Pera glabatra*

Inga thibaudiana*

Euhorbiaceae Fabaceae

REBIO REBIO

Sapateiro Ingá Açu

A

Page 47: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

46

Tabela 2 – Fungos encontrados por hospedeiro, local e data de coleta

Hospedeiro Fungo (s) Local de Coleta Data da Coleta

Tachigali

multijuga (Fabaceae)

Lembosiellina

Pernambucensis;

Asterina sp.

RPPN Capitão, Itacaré-BA;

PESC, Uruçuca-BA

Abr / 2013

Nov / 2012

Inga capitata

(Fabaceae)

Meliola sp.;

Batistinula cf. gallesiae;

Stomiopeltis sp.

RPPN Capitão, Itacaré-BA Abr / 2013

Protium

heptaphyllum

(Burseraceae)

Meliola aff. koae;

Spiropes dorycarpus.

Parque Municipal Boa

Esperança, Ilhéus-Ba

Julho / 2013

Pera glabrata

(Euphorbiaceae)

Treubiomyces citri Reserva Biológica de Una,

Una-BA

Agosto / 2013

Inga thibaudiana

(Fabaceae)

Plochmopeltis sp. Reserva Biológica de Una,/

Una-BA

Agosto / 2013

Page 48: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

47

Figura 8. Lembosiellina pernambucensis em Tachigali multijuga. A - Colônias negras nas folhas do hospedeiro; B - Ascomas lineares com ascos no seu interior; C - Asco; D - Corte transversal mostrando hipostroma subcuticular.

5cm

9µm

12 µm

25 µm

A B

C

D

Page 49: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

48

Figura 9. Asterina sp. em Tachigali multijuga. A - Ascoma, parafisoides e ascos; B - Ascos bitunicados com 8 ascósporos, 1-septados, marrons; C - Micélio com hifopódios; D - Detalhe dos ascósporos.

75 µm

15 µm

62 µm 12 µm

A B

C D

Page 50: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

49

Figura 10. Meliola sp. em Inga capitata. A,B - Peritécios esmagados, setas e hifas; C - Hifas com hifopódios laterais; D - Ascósporos 4-septados, marrons.

87 µm

A

100 µm

B

17,5 µm

C

25 µm

D

Page 51: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

50

Figura 11. Batistinula cf. gallesiae em Inga capitata. A - Ascoma esmagado e asco bitunicado; B - Ascos e parafisoides; C, D - Ascósporos 1-3-septados, marrons.

65 µm

A

50 µm

B

42 µm

C

20 µm

D

Page 52: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

51

Figura 12. Meliola aff. koae em Protium heptaphyllum. A, B - Peritécios, setas e ascósporos; C - Micélio hifopodiado; D - Ascósporos 4-septados, marrons.

150 µm

A

150 µm

B

17,5 µm

C

20 µm

D

Page 53: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

52

Figura 13. Treubiomyces citri. em Pera glabrata. A - Peritécio setoso e micélio; B - Peritécio esmagado; C - Ascos e ascósporos; D - Detalhe de asco com ascósporos dentro.

85 µm

A

85 µm

B

37,5 µm

C D

15,5 µm

Page 54: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

53

Figura 14. Plochmopeltis sp. em Inga Thibaudiana. A - Tiriotécio esmagado mostrando o himênio; B - Ascos bitunicados.

50 µm

A

10 µm

B

Page 55: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

54

Figura 15. Stomiopeltis sp. Tiriotécio ostiolado e micélio reticulado em Inga capitata

20 µm

Page 56: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

55

Figura 16. A – Spiropes dorycarpus. Micélio hiperparasitando hifas de Meliolaceae em Protium heptaphyllum; B - Conídios 1-3-septados, marrons, obclavados, com ápice alongado, atenuado

150 µm

A

30 µm

B

Page 57: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

56

3.4 REFERÊNCIAS ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. 1996. Introductory Mycology. 4th ed., John Wiley, New York. ARAÚJO, M.; et al. A Mata Atlântica do Sul da Bahia: situação atual, ações e perspectivas. Série Cadernos da Reserva da Biosfera. Caderno 8. Instituto Florestal do Estado de São Paulo, 1998. BASEIA, I.G. Estudo da família Geastraceae (Gasteromycetes) no Jardim Botânico de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 1998. BASEIA, I.G.; CAVALCANTI M.A.Q.; MILANEZ A.I. Additions to our knowledge of the genus Geastrum (Phallales: Geastraceae) in Brazil. Mycotaxon 85: 409-416. 2003a. BASEIA, I.G.; GIBERTONI T.B. ; MAIA L.C. Phallus pygmaeus, a minute species from a Brazilian tropical rain forest. Mycotaxon 85: 77-80. 2003b. BATISTA, A. C. Monografia dos Fungos Micropeltaceae. Publicações Instituto de Micologia da Universidade do Recife. Recife, 56:1–519. 1959. BATISTA, A. C; BEZERRA, J. L.; MAIA, H. S. Meliola spp. de Centro e Sul América. Instituto de Micologia da Universidade do Recife, n. 486 UFPe, 1960. BATISTA, A. C.; CIFERRI, R. The Chaetotryriales. Sadovia, Beiheft, 1962. BATISTA, M. A.; TIMMERS, J. F.; CUNHA, R. P. P. Os Estados da Mata Atlântica - Bahia. In: CAMPANILI, Maura; PROCHNOW, Miriam. (Org.). Mata Atlântica- Uma rede pela floresta. Brasília: Rede de Ongs da Mata Atlântica, p. 129-14, 2006.

BERBEE, M. L.; TAYLOR, J. W. Convergence in ascospore discharge mechanism among pyrenomycetous fungi based on 18S ribosomal RNA gene sequence. Molecular Phylogenetics and Evolution. 1:59–71. 1993. ______. Ascomycete relationships: dating the origin of asexual lineages with 18S ribosomal RNA gene sequence. Molecular Phylogenetics and Evolution . pp. 67–78. 1992

Page 58: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

57

BEZERRA, J. L. Taxonomia de Ascomicetos: Revisão da Ordem Asterinales. Revisão Anual de Patologia de Plantas CEPLAC, Centro de Pesquisa do Cacau. 11: 15-28. Ilhéus, 2003 BEZERRA, J. L.; CAVALCANTE , L. A.; MAIA, H. S. Mycerema e outros novos gêneros de Stomipeltoideae, da família micropeltaceae. n. 392. p 13-15 Instituto de Micologia, UFPe. Recife, 1963. CALPOUZOS, L.; THIES, T.; BATTLE, C.M. R. Culture of the rust parasite, Darluca filum. Phytopathology 47:108–109. 1957. CAMPANILI, M.; SCHAFFER,W. B. Mata Atlântica: manual de adequação ambiental. Biodiversidade, n. 35, p. 96. Ministério do Meio Ambiente, Brasília; 2010. CANNON, P. F. A revision of Phyllachora and some similar genera on the host family Leguminosae. Mycological Papers 163:1302. 1991. CANNON, P. F.; HAWKSWORTH, D. L.; SHERWOOD-PIKE, M. A. The British Ascomycotina: An Annotated Checklist. Commonwealth Mycological Institute, Kew, United Kingdom,1985. CAVALIER - SMITH, T. A revised six-kingdom system of life. Biol. Rev. 73, 203-266. 1998.

CORRÊA, M. P. Dicionário de Plantas Úteis no Brasil e das Exóticas Cultivadas 6V. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, p. 170-171, 1984. DEIGHTON, F. C. Collecting fungi in the tropics. In HERB, I. M. I. Handbook, Methods in Use at the Commonwealth. p. 78–83 Mycological Institute. Commonwealth Mycological Institute, Kew, Surrey, England. 1969. ______. Microfungi I V. Some hyperparasitic hyphomycetes, and a note on Cercosporella uredinophila Sacc. Mycological Papers. 118:1–41. 1960. DEIGHTON, F. C.; PIROZYNSKI, K. A. Microfungi V. More hyperparasitic Hyphomycetes. Mycological Papers, 128:1–112.1972. DIANESE, J. C.; MEDEIROS, R. B.; SANTOS, L. T. P.. Biodiversity of microfungi found on native plants of the Brazilian cerrado. Pp.. In: K. D. Hyde (Ed.) Biodiversity of tropical microfungi. Hong Kong University Press, Hong Kong. 367-417. 1997.

Page 59: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

58

FERRÃO, J. E. M. Fruticultura tropical: espécies com frutos comestíveis. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, v.3. 652p. il. 2001. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Instituto Socio-ambiental. Atlas dos remanescentes florestais da mata atlântica período de 1990-1995. São Paulo: SOS MATA ATLÂNTICA / INPE, 1998. GAMS, W. Studium zellulolytischer Bodenpilze mit Hilfe der Zellophanstreifen- Methode und mit Carboxymethyl-Zellulose. Sydowia, 14:295–307. 1971. GARCIA, F. C. P.; FERNANDES, J. M. Inga Mill In: Rafaela Campostrini. (org) Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Rio de janeiro. Andrea Jakobsson Estúdio e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v.2, pp. 1042-1046. 2010.

GARGAS, A.; et al. Multiple origins of lichen symbioses in fungi suggested by SSU rDNA phylogeny. Science, 268:1492–1495. 1995. GIBERTONI, T. ; CAVALCANTI, M.A.C. Novos registros de Aphyllophorales para o Brasil. Acta Botanica Brasilica 14(3): 267-271. 2000. GIBERTONI, T.B.; PARMASTO, E. ; CAVALCANTI, M.A.Q. Non-poroid Hymenochaetaceae (Basidiomycota) of the Atlantic Rain Forest in Northeast Brazil, with a preliminary check list of Brazilian species. Mycotaxon 87: 437-443. 2003. GÓES-NETO, A. Polypore diversity in the State of Bahia, Brazil: a historical review. 72: 43-56. 1999. GÓES-NETO, A.; LOGUERCIO-LEITE, C.; GUERRERO, R.T. Poroid Hymenochaetales in a seasonal tropical Forest fragment in the State of Bahia, Brazil: taxonomy, and qualitative ecological aspects. Mycotaxon 76: 197-211. 2000. GÓES-NETO, A.; MARQUES, M.F.O.; ANDRADE, J.D. ; SANTOS, D.S. Lignicolous aphyllophoroid Basidiomycota in an Atlantic Forest fragment in the semi-arid caatinga region of Brazil. Mycotaxon 88: 359-364. 2003. GENTRY, A. H. Tropical forest biodiversity: distributional patterns and their conservational significance. Oikos, 63:19–28. 1992.

Page 60: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

59

HANSFORD, C. G. The follicolous ascomycetes, their parasites and associated fungi, especially as illustrated by Uganda specimens. Mycological Papers, 15:1–240. 1961. HAWKSWORTH, D. L. Lichens 1961–1969. Index of Fungi Supplement. Commonwealth Mycological Institute, Kew, Surrey, United Kingdom. - 1991. ______. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. Mycological Research. 95: 641– 655. 1972. ______. A survey of the fungicolous conidial fungi. Pp. 171–244. In COLE, G. T.; KENDRICK, B. (Ed.), The Biology of Conidial Fungi, New York, v. 1, Academic Press, 1981. HAWKSWORTH, D. L.; KALIN-ARROYO, M. T. Magnitude and distribution of biodiversity. Pp. 107–191. In HEYWOOD, V.H. (ed.), Global Biodiversity Assessment. Cambridge University Press, Cambridge, Great Britain. 1995. HIBBETT DS, Binder M, Bischoff JF, Blackwell M, Cannon PF, et al. A higher- level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological Research 111: 509–54. 2007. HIRSCH, G., BRAUN, U. Communities of parasitic microfungi. In WINTERHOFF, W. (ed.), Fungi in Vegetation Science. Kluwer Academic, Dordrecht, The Netherlands. Pp. 225–250. 1992. HOFMANN, T. A. Plant pararasitic Asterinaceae and Microthyriaceae from the Neotropics [doctoral dissertation]. Frankfurt am Main, Germany: J. W. Goethe- University. 408 p. 2010. HOFMANN, T. A.; PIEPENBRING , M. Biodiversity of Asterina species on neotropical host plants: new species and records from Panama. Mycologia, 103, 2011, p. 1284-1301. DOI: 3852/10279. 2010. HONEL, F. von, Sistem der Phacidiales. Ber. dt. Bot. Ges. 35: 416-422. 1917. HOSAGOUDAR, V. B.; ABRAHAM ,T. K. A list of Asterina Lev. species based on literature. J Econ Taxon Bot 24:557–587. Nayar, T.S. 1998. Asterina knemae - attenuatae sp. nov. India. Mycotaxon 67:487–488. 2000.

Page 61: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

60

HOSAGOUDAR, V. B.; SABEENA, A. The genus Asterina (Asterinaceae) on the members of Myristicaceae in Kerala State, India. Tropical Botanic Garden and Research Institute, Palode, Thiruvananthapuram, Kerala 695.562, India. 2011. HUGHES, S. J. Sooty molds - Mycologia. Mycological Papers, 68: 693–820. 1993. ______. Meliolina and its excluded species. Mycological Papers, 166:1–255. 1976. KENDRICK, B. The Fifth KIngdom, 3 ed. Focus PublishIng, R. PaulIns Company, Newburyport, Massachusetts, USA: 4, 369 p., 2000. KIRK, P. M. et al. Dictionary of the Fungi. 9 ed. CAB International, WallIngford, 2001. KRUSCHEWSKY, M. C.; BEZERRA, J. L. Taxonomia e ecologia do gênero pestalotiopsis no Brasil, com ênfase para a Mata Atlântica do Sul da Bahia. (Dissertação mestrado) Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2010.

LEITE, R. F. As representações sociais do Parque Municipal da Boa Esperança, em Ilhéus, Bahia, pela comunidade do seu entorno. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, 2007.

LEWINSOHN, T. M., et al. Structure in plant-animal interaction assemblages. Oikos, 113:174-184. 2006.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1992. 352p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo da plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 03. 1° ed. Nova Odessa. Instituto Plantarum. 2009 LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 265p. 1977. LUTTRELL, E. S. Taxonomy of the Pyrenomycetes. Univ. Mo. Stud. 24, 3, 120 pp. 1955.

Page 62: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

61

MAIA, L.C.; BARROS, S.T. ; CAVALCANTI, M.A.. Fungos. Pp. 9-35. In: E.V.S.B. SAMPAIO.; MAYO (Eds.). Estudos botânicos no Nordeste: progressos e perspectivas. Sociedade Botânica do Brasil - Seção Regional Pernambuco, Recife. 1996 MAIA, L. C.; YANO-MELO, A. M.; CAVALCANTI, M. A. Diversidade de fungos no Estado de Pernambuco. Pp. 15-50. In: TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (Org.). Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco. vol. 1. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Massangana, Recife. 2002. MAIA, L. C.; CARVALHO JUNIOR, A. A. Introdução: os fungos do Brasil. In: FORZZA, R. C.,org. Catálogo de plantas e fungos do Brasil . Instituto De Pesquisas Jardim Botânico do Rio De Janeiro. Rio de Janeiro, p. 43-48. 2010. MENDES, M. A. S. et al. Fungos em plantas no Brasil. Brasília: EMBRAPA, p., 555. 1998. MULLER, E.; ARX, J. von. Die Gattungem der didymosporen Pyrenomyceten. Beitr. Kripog, Flora Schweiz 11, 2, pp. 922. 1962. MULLER, E.; ARX, J. von. Pyrenomycetes: meliolales, coronophorales, sphaeriales. Pp. 87–132. In G.C. Ainsworth, F.K. Sparrow, and A.S. Sussman(eds.), The Fungi. An Advanced Treatise. IVA. A Taxonomic Review with Keys: Ascomycetes and Fungi Imperfecti. Academic Press, New York. 1973 NISHIDA, F. H. Review of mycological studies in the Neotropics. pp. 494–522. In CAMPBELL, D. G.; HAMMOND, H. D. (eds.), Floristic Inventory of Tropical Countries: The Status of Plant Systematics, Collections, and Vegetation. New York Botanical Gardens, Bronx, New York. 1989. NISHIDA, H.; SUGIYAMA, J. Phylogenetic relationships among Taphrina, Saitoella, and other higher fungi. Molecular Biology and Evolution 10: 431–436. 1994. ______. Archiascomycetes: detection of a major new lineage within the Ascomycota. Mycoscience. 35:361–366. 1993 PARBERY, I. H.; Brown, J. F. Sooty moulds and black mildews in extra-tropical rainforests. Pp. 101–120. In N.J. Fokkema and J. van den Heuvel (eds.), Microbiology of the Phyllosphere. Cambridge University Press, Cambridge, England. 1986.

Page 63: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

62

PFENNING, L. H. Diversity of microfungi. Pp. 65-80. In: Biodiversity in Brazil, a first approach. CNPq, Brasília. 1996. ______. Soil and rhizosphere microfungi from Brazilian tropical forest ecosystems. Pp. 337-362. In: K. D. Hyde (Ed.). Diversity of tropical microfungi. Hong Kong University Press, Hong Kong. 1997. PIEPENBRING, M.; et al. Diversity patterns and ecology of Neotropical plant parasitic microfungi. Ecotropica, n.17 (in print). 2011. PIROZYNSKI, K. A. Reassessment of the genus Amblyosporium. Canadian Journal of Botany. 47:325–334. 1974. ______. Meliolina mollis and two hyperparasites in India. Kavaka. 2:33–41. 1976. ______. Notes on hyperparasitic Sphaeriales, Hypocreales and “hypocreoid Dothideales.” Kew Bulletin. 31: 595–610. 1969. PÔRTO, K. C.; CORTEZ, J. S. A.; TABARELLI, M. Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Biodiversidade, n. 14. Brasília, 2005 RODRIGUES-HEERKLOTZ, K. R.; PFENNINING, L. H. Diversidade no Reino Fungi: Ascomycota. Pp.27-31. In: Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: Microrganismos e vírus. Vol. 1. FAPESP, São Paulo. 1999. ROSSMAN, A.Y. The Tubeufiaceae and similar loculoascomycetes. Mycological Papers 157:1–71. 1987. SAMUELS, G. J. A revision of the fungi formerly classified as Nectria subgenus Hyphonectria. Memoirs of the New York Botanical Garden. 26:1–126.1988. ______. Fungicolous, lichenicolous, and myxomyceticolous species of Hypocreopsis, Nectriopsis, Nectria, Peristomialis, and Trichonectria. Memoirs of the New York Botanical Garden. 48:1–78. 1976. SILLETT, S. C., GRADSTEIN, S. R., GRIFFIN, D. Bryophyte diversity of Ficus tree crowns from cloud forest and pasture in Costa Rica. Bryologist. 98: 251–260. 1995.

Page 64: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

63

SILVA, M.; MINTER, D. W. Fungi from Brazil recorded by Batista and co-workers. Mycological Papers 169: 1–585. 1995. SILVA, J. M. C.; CASTELETI, C. H. M. O Estado da Biodiversidade da Mata Atlântica. Relatório Técnico do “Estado de Conservação da Mata Atlântica”. Conservation International, Fundação SOS Mata Atlântica. Belo Horizonte, MG. 2001. SILVA, M. F.; LISBOA, P. L. B.; LISBOA, P. C. L. Nomes vulgares de plantas amazônicas. Manaus: CNPq/INPA, 216p. 1977. SPATAFORA, J. W. Ascomal evolution among filamentous ascomycetes: evidence from molecular data. Canadian Journal of Botan, n.73. Suppl. 1. S811-S815. 1995. STRONG, D. R. Jr.; LEVIN, D. A. Species richness of plant parasites and growth form of their hosts. American Naturalist. 114:122. 1979. SUTTON, B. C.; HODGES, C. S., Jr. Eucalyptus microfungi: Mycoleptodiscus species and Pseudotracylla gen. Nova Hedwigia 27: 693–700. 1976 TAYLOR, J. W.; SWANN, E. C.; BERBEE, M. L. Molecular evolution of ascomycete fungi: phylogeny and conflict.. In HAWKSWORTH, D. L. (ed.), Ascomycete Systematics: Problems and Perspectives in the Nineties. Plenum Press, New York. Pp. 201–212. 1994. TEHLER, A. et al. Phylogenetic analyses of the fungi based on large rDNA data sets. Mycologia. 92:459–474. 2000.

Page 65: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

64

4. CAPITULO 2

NOVA ESPÉCIE DE ASTERINA SOBRE Tachigali multijuga NA SERRA DO

CONDURU, BAHIA, BRASIL

J.L. Bezerra e N.B. Carvalho

(Artigo a ser submetido à Acta Botânica Brasílica)

RESUMO

Uma nova espécie de Asterina, A. tachigali foi encontrada, sobre folhas vivas

de Ingá Açu gigante - Tachigali multijuga Benth. (Fabaceae), no Parque Estadual

Serra do Conduru, distrito de Serra Grande, Uruçuca, Bahia, Brasil. A espécie é

descrita e ilustrada e suas relações com outras espécies de Asterina são discutidas.

Trata-se da primeira espécie do gênero encontrada sobre este hospedeiro.

Palavras-chave: Inga Açu gigante, Asterinaceae, micota brasileira, taxonomia

Page 66: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

65

A NEW SPECIES OF Asterina ON Tachigali multijuga Benth. IN SERRA DO

CONDURU, BAHIA BRAZIL

J.L. Bezerra e N.B. Carvalho

ABSTRACT

A new species of Asterina, A. tachigali, was found on living leaves of Tachigali

multijuga Benth. (Fabaceae), collected in the Serra do Conduru State Park,

municipality of Uruçuca, Bahia, Brazil. Description, illustrations and comments about

its taxonomic and morphologic characteristics are presented. This is the first species

of Asterina found on this host.

Keywords: Ingá Açu gigante, Asterinaceae, Brazilian mycota, taxonomy

Page 67: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

66

4.1 INTRODUÇÃO

O Parque Estadual Serra do Conduru (PESC) está localizado no Sul da Bahia

(BA) apresenta a maior biodiversidade de espécies arbóreas por hectare do planeta.

Uma espécie do gênero Asterina foi encontrada sobre folhas vivas de Tachigali

multijuga Benth. (Fabaceae) durante coleta realizada no PESC.

O Ingá Açu gigante (Tachigali multijuga Benth) é uma árvore que vai de 15 a

25 m de altura e ocorre em floresta de restinga e floresta ombrófila densa de terras

baixas, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais,

Bahia e Amazonas (DIAS DA SILVA, 2010).

O presente trabalho teve como objetivo identificar e classificar a espécie do

gênero de Asterina associada às folhas da copa do hospedeiro (Inga-Açu gigante)

no intuito de compara-la com outras espécies do mesmo gênero a fim de confirmar a

suspeita de ser uma nova espécie para a ciência.

O gênero Asterina foi descrito por Theissen (1913) e atualmente engloba 709

espécies (HOFFMANN, 2010). Após comparação com as espécies do gênero

descritas em Fabaceae, a espécie coletada foi considerada nova para a ciência e

está sendo descrita com o nome A. tachigali, em alusão ao gênero da planta

hospedeira.

Page 68: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

67

4.2 Material e Métodos

As folhas do alto da copa de ingá Açu gigante, Tachigali multijuga, foram

coletadas no Parque Estadual Serra do Conduru, Bahia em 30 de novembro de

2012. O material foi encaminhado ao laboratório de Biodiversidade de Fungos,

localizado no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) da CEPLAC em Ilhéus-

Bahia. Este foi fotografado, secado e examinado sob estereoscópio Motic SMZ 168.

Usou-se a técnica de observar as colônias íntegras após recobri-las com esmalte de

unha incolor (HOSAGOUDAR; KAPPOR, 1984). Fragmentos das colônias também

foram raspados com auxílio de agulha histológica e montados em lactoglicerina +

azul de algodão ou lactofucsina ácida. As observações, medidas e fotografias foram

feitas com um microscópio Leica DM 500. Os dados biométricos de hifas,

apressórios, ascomas, ascos e ascósporos foram baseados em pelo menos vinte

mensurações.

4.3 Taxonomia

Asterina tachigali. spec. nov., Figures 1, 2

Colonies epyphillous, effuse, rarely confluent, 5-15 mm in diameter, gray to

black. Superficial hyphae straight to sub straight, with alternate and opposite

branching, brown, septate at short intervals, 7,5 - 10 x 25,0 - 37,5 µm, smooth

walled. Appressoria, unilateral or alternate, 12,5 - 15,0 x 7,5 - 10,0 µm, sessile,

nodular to short cylindrical, brown, smooth, with a distinct apressorial pore. Haustoria

not seen. Thyriothecia developing under the mycelium, orbicular, isolated, margin

slightly fimbriate 200 - 225 µm in diameter, dark brown, opening at maturity by stellar

fissures. Upper wall with dichotonomously branched, radiating cells, 25,0 - 37,5 x 7,5

µm. Asci globose, bitunicate, 65,0 - 87,5 x 50,0 - 60,0 µm, 8- spored. Ascogenous

hyphae not observed. Filamentous interascal tissue present. Ascospores bi-cellular,

ellipsoid to oblong, brown when ripe, rounded at the ends, sometimes slightly

Page 69: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

68

pinched at one or both poles, constricted at the septum 35,0 - 42,5 x 15,0 - 17,5 µm,

with a narrower basal cell, 12,5 - 15,0 µm in diameter, with up to 0,5 µm thick,

smooth walls.

Espécimes examinados:BRAZIL, Bahia, Serra do Conduru State Park (PESC)

on alive leaves of Tachigali multijuga Benth, (Fabaceae), NOV 30 2012, Nelson B.

de Carvalho (CMCEPEC 2406). HOLOTYPE.

Colônias epífilas, pouco conspícuas, efusas, raramente confluentes, 5-15 mm

de diâmetro, acinzentadas a negras. As hifas superficiais, 25 - 37,5 x 7,5 - 10 µm,

são retas a sub-retas, com ramificação alternada, ocasionalmente oposta, marrons,

septadas a intervalos pequenos com células cilíndricas de parede lisas. Apressórios

(hifopódios) numerosos, unilaterais ou alternados, 12,5 - 15,0 x 7,5 - 10,0 µm,

sésseis, nodulares a curtos cilíndricos, marrons, lisos com poro apressorial distinto.

Haustórios inobservados. Tiriotécios superficiais desenvolvendo-se sob o micélio,

orbiculares, isolados, margem ligeiramente fimbriada, 200 - 225 µm de diâmetro,

marrons escuros, abrindo-se à maturidade de forma estelar. Parede superior

radiada, com células hifais ramificadas dicotomicamente, retangulares, 25,0 - 37,5 x

7,5 µm, marrons, opacas. Ascos globosos, bitunicados, 65,0 - 87,5 x 50,0 - 60,0 µm,

octospóricos, hifas ascógenas não observadas, e tecido interascal filamentoso

presente. Ascósporos bi-celulares, numerosos, elipsoidais a oblongos, arredondados

nas extremidades, às vezes levemente papilados nos polos, constrictos no septo, 35

- 42,5 x 15 - 17,5 µm, com célula inferior mais estreita, 12,5 - 15,0 µm diâmetro,

marrons quando maduros, paredes lisas, com até 0,5 µm de espessura.

Espécime examinado: BRASIL, Bahia, Parque Estadual da Serra do Conduru

(PESC) Uruçuca, em folhas vivas de Tachigali multijuga Benth, (Fabaceae), 30 de

Novembro de 2012, Nelson B. de Carvalho (CMCEPEC 2406). Holotipo.

Firmino (2013) coletou uma espécie de Asterina em folhas de Inga sp.

(Fabaceae) na Reserva Ecológica da Michelin em Ituberá–BA a qual é idêntica ao

material ora descrito em folhas de Tachigali multijuga.

Page 70: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

69

4.4 Discussão

Atualmente existem 14 espécies de Asterina descritas sobre plantas da

família Fabaceae (FARR; ROSSMAN, 2013). Asterina tachigali difere das seguintes

espécies de Asterina referidas na família Fabaceae (HOFMANN, 2010): A. ciferriana

Petri, A. contigua Syd, A. derridis Henn, A. laeocarpi Syd e P. Syd., A. holocacyis

Speg, A. hoveafolia Cooke e Massee, A. manihotis Syd., A. platystoma Cooke e

Massee, A. prosopidis ( E; E.) Farr, A. soraceae Hosagoudar et. al., A. scitula Syd.,

A. singaporensis Syd e P. Syd, A. trachycarpa Syd. e P. Syd. e A. yucatensis Ellis e

Everh. pela combinação de características morfológicas e dimensionais.

Acredita-se que espécies de Asterina são específicas dos seus hospedeiros,

porém espécies morfologicamente semelhantes correspondem a grande parte das

709 espécies descritas em 120 diferentes famílias de plantas hospedeiras. A

especificidade deste gênero quanto aos seus hospedeiros não se baseia em dados

experimentais e portanto, não está comprovada.

Segundo Hoffman e Piepenbring (2010) Inventários mais abrangentes da

diversidade fúngica nos neotrópicos, serão necessários para melhor compreender a

relação patógeno-hospedeiro e a distribuição das espécies de Asterina nos

neotrópicos.

É provável que outras plantas da região do Litoral Sul da Bahia sejam

hospedeiras de espécies ainda desconhecidas de Asterina, tendo em vista o alto

endemismo de algumas dessas espécies e a possibilidade de alguns fungos

biotróficos evoluírem paralelamente aos seus hospedeiros.

Page 71: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

70

Figura 1. Asterina tachigali A,B - Colônias epífilas, negras pouco conspícuas, C- Tiriotécio esmagado, ascos e parafisoides, D- Detalhe do ascósporo 1-septado.

1 cm

A

2 cm

B

50 µm

C

20 µm

D

Page 72: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

71

Figura 2. Asterina tachigali. A,B- Ascomas, C- Micélio, D - Hifopódios, E- Asco bitunicado com 08 ascóspors, F- Detalhe dos ascósporos 1-septado.

100 µm

A

50 µm

B

20µm

C

25 µm

D

20 µm

E

10 µm

F

Page 73: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

72

4.5 Agradecimentos

À CAPES pela concessão da bolsa de estudo, à CEPLAC pela

disponibilização do laboratório de diversidade de fungos do CEPEC e a UESC pela

oportunidade da realização do mestrado em Produção Vegetal.

Page 74: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

73

4.6 REFERÊNCIAS

DIAS DA SILVA, E. Leguminoseae da floresta ombrófila densa do Parque Estadual Serra do Mar, Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia, São Paulo, Brasil: Taxonomia e similaridade entre diferentes cotas altitudinais (Tese de doutorado). Campinas-SP. 368 p., 2010. FARR, D. F.; ROSSMAN, A.Y. Fungal databases, systematic mycology and microbiological laboratory, ARS, USDA. available at http: // nt. Ars-grin.gov/ fungaldatabase (10 de janeiro de 2013). FIRMINO, A. L. New taxa and phylogenetic placement of asterinales from Brasil (Dissertação de mestrado). Viçosa-MG. 80p., 2013. HOFMANN, T. A. Plant pararasitic Asterinaceae and Microthyriaceae from the Neotropics [doctoral dissertation]. Frankfurt am Main, Germany: J. W. Goethe- University. 408 p. 2010.

HOFMANN, T. A.; PIEPENBRING, M. Biodiversity of Asterina species on neotropical host plants: new species and records from Panama. Mycologia, 103 (6), 2011, PP 1284-1301. DOI: 3852/10279. 2010. HOSAGOUDAR, V. B.; KAPOOR J.N. New technique of mounting meliolaceous fungi. Indian Phytopathology 38: 548 -549. 1984. PARBERY, D. G.; EMMETT, R. W. Hypotheses regarding appressoria, spores, survival and phylogeny in parasitic fungi. Revue de Mycologie 41(4): 429-447. 1977. THEISSEN, F. S. J. Die Gattung Asterina. Abhandlungen der Zoologisch-Botanischen Gesellschaft in Wien 7: 1-130. 1913.

Page 75: Contribuição ao conhecimento da diversidade de fungos

74

5. CONCLUSÃO

O remanescente do bioma Mata Atlântica, localizado no Sul da Bahia

apresenta uma considerável riqueza e diversidade de espécies de fungos

ascomicetos que podem ser encontrados nos mais diversos habitats como dossel,

serapilheira, flores, liquens e outros, porém entre estes, a copa das árvores de

grande porte se constitui numa das mais importantes e difíceis áreas de estudo

devido a dificuldade de acesso a este nicho. Isto leva a crer que a contribuição deste

trabalho para o conhecimento da diversidade de ascomicetos foliícolas ainda é

insuficiente para se realizar uma caracterização populacional ou um mapeamento

mais preciso a respeito dos gêneros e espécies dos hospedeiros em relação aos

parasitas encontrados, porém, o trabalho aponta para uma lacuna importante nesta

área de estudo, que precisa ser mais bem compreendida, devido ao grande

potencial que a região tem em apresentar espécies associadas a hospedeiros até

então não estudados e identificar novas espécies desconhecidas para a ciência.