contratos de parcerias público privadas - guia básico

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Contratos de Parcerias Público-Privadas Guia Básico – 2005 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Page 1: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

TRIBUNAL DE CONTASDO

ESTADO DE SÃO PAULO

Contratos de Parcerias Público-Privadas

Guia Básico – 2005

TRIBUNAL DE CONTASDO

ESTADO DE SÃO PAULO

Page 2: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

CONSELHEIROS

CLÁUDIO FERRAZ DE ALVARENGAPresidente

ROBSON RIEDEL MARINHOVice-Presidente

EDGARD CAMARGO RODRIGUESCorregedor

ANTONIO ROQUE CITADINI

EDUARDO BITTENCOURT CARVALHO

FULVIO JULIÃO BIAZZI

RENATO MARTINS COSTA

2005

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SUPERVISÃO

Sérgio Ciquera RossiSecretário-Diretor Geral

COORDENAÇÃO

Pedro Issamu TsurudaDiretor Técnico do DSF - I

Alexandre Teixeira CarsolaDiretor Técnico do DSF – II

ELABORAÇÃO

Renno GifoniSilvana de Rose

Wilson Roberto Mateus

COLABORAÇÃO

Roberta SarraJosé Roberto F. Leão

Herly Silva de Andrade GALLI

setembro de 2005

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APRESENTAÇÃO

A partir da década passada, deu-se início no Brasil a processo que alcan-ça a gestão responsável no uso do dinheiro público, o novo modelo de finan-ciamento da Previdência, da Saúde e da Educação, a privatização de ativosgovernamentais, o refinanciamento da dívida de Estados e Municípios, a agili-zação eletrônica dos procedimentos licitatórios, entre outras significativasmodificações na atuação administrativa.

Em que pese todo esse esforço modernizador, a capacidade de investi-mento estatal vem, a cada ano, mostrando trajetória declinante.

Antes disso, num passado não muito longínquo, a capacidade de inter-venção financeira do Poder Público assegurou investimentos em infra-estru-tura e na ampliação dos serviços públicos; isso, mediante construção de usi-nas, hospitais, escolas, estradas, portos, ferrovias e outras iniciativas que libe-raram bases sólidas para os misteres produtivos do segmento não-estatal.Diferente, nos dias de hoje, União, Estados e Municípios vêem-se bastantetolhidos naquela vital função, seja porque prevalece a tese do Estado mínimoou à vista de que precisam economizar quantidade crescente de recursos nointento de honrar o elevado serviço da dívida, vindo isto a materializar indi-cador anunciado todo mês à sociedade brasileira: o superávit primário. Em2004, por exemplo, foram R$ 81,112 bilhões despendidos a esse título, mon-tante, quero ilustrar, 33,59% maior que toda a receita coletada pelo erário doEstado responsável pelo segundo maior orçamento da Nação: o de São Paulo.

Nesse cenário, diz-se que as parcerias com as empresas privadas mos-tram-se necessárias para que seja reformada a capacidade de investimento,gerando, destarte, seguras condições para o crescimento sustentado doProduto Interno Bruto – PIB, a taxas que possam gradualmente absorverrazoável contingente de desempregados e elevar o padrão dos serviçosgovernamentais.

Sempre atento à sua missão constitucional, o Tribunal de Contas doEstado de São Paulo, em 1º de setembro de 2005, editou instruções norma-tizando o exame dos contratos alusivos às Parcerias Público-Privadas (PPP),instrumentos encaminhados com várias peças anexas, entre as quais estudostécnicos que revelem, de forma cabal, a conveniência e oportunidade da con-tratação, demonstrando, além disso, que tal parceria não afetará as metas fis-cais dos períodos seguintes, notadamente o que toca a dívida de longo prazo:a consolidada ou fundada.

Escrito em linguagem simples, clara e objetiva, este Manual, tenho certe-za, será fonte de ágil e fácil consulta por parte daqueles que militam no quo-tidiano da administração do Governo Estadual e de todos os 644 Municípiosjurisdicionados a esta Corte de Contas.

CLÁUDIO FERRAZ DE ALVARENGAPresidente

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1 - PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.1 - Breve Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.2 - A regulamentação das Parcerias Público-Privadas no Brasil . . . . . . 141.3 - Principais Características das Parcerias Público-Privadas no Brasil 16

2 - TIPOS DE PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.1 - Concessão Patrocinada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.2 - Concessão Administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3 - QUAIS CONCESSÕES NÃO SE CONSTITUEM PARCERIASPÚBLICO-PRIVADAS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4 - DIRETRIZES PARA A CONTRATAÇÃO DAS PPP . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5 - LIMITES E VEDAÇÕES PARA A CONTRATAÇÃO DE PPP . . . . . . . . . . 21

6 - ÓRGÃOS GESTORES DAS PPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226.1 - Comitê Gestor da União . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226.2 - Conselho Gestor Estadual do Programa de Parcerias Público-Privadas 22

6.2.1 - Composição do Conselho Gestor Estadual do PPP . . . . . . . 236.2.2 - Unidade estadual de Parcerias Público-Privadas . . . . . . . . . . 236.2.3 - Competências do Conselho Gestor Estadual do PPP . . . . . 25

7 - GARANTIAS PARA AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS . . . . . . . . . . 27

8 - FUNDO GARANTIDOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

ÍNDICE

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9 - COMPANHIA PAULISTA DE PARCERIAS – CPP . . . . . . . . . . . . . . . . . 319.1 - Instituição, Competências e Atribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319.2 - Transferências Voluntárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339.3 - Estrutura de Atuação da CPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339.4 - Regime, Composição e Integralização do Capital da CPP . . . . . . . . 34

10 - SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3510.1 - Constituição e Forma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

11 - A LICITAÇÃO NOS CONTRATOS DE PPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3611.1 - Procedimentos Prévios ao Lançamento do Edital . . . . . . . . . . . . . 3711.2 - Modalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3911.3 - Instrumento Convocatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

11.3.1 - Minuta do Contrato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4111.3.2 - Remissão a Dispositivos Legais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4211.3.3 - Garantia de Proposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4211.3.4 - Arbitragem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4211.3.5 - Garantia de Contraprestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4311.3.6 - Propostas Técnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4311.3.7 - Propostas Econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4411.3.8 - Erratas: Correções,Acertos, Saneamento . . . . . . . . . . . . . 4411.3.9 - Julgamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4411.3.10 - Ordem das Fases de Habilitação e Julgamento . . . . . . . . 45

12 - CONTRATOS DE PPP – ASPECTOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS . . 4612.1 - Cláusulas Essenciais e Necessárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

12.1.1 - Cláusulas Necessárias aos Contratos Estaduais de PPP . . 5112.2 - Cláusulas Adicionais Facultativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5212.3 - Obrigatoriedade e Responsabilidade pelos Serviços Concedidos . 5312.4 - Contratação de Terceiros pela Concessionária . . . . . . . . . . . . . . . 5312.5 - Requisitos para Transferência da Concessão ou do Controle

Societário da Concessionária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5312.6 - Contratos de Financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5412.7 - Encargos do Poder Concedente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5412.8 - Encargos da Concessionária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5512.9 - Penalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5612.10 - Extinção da Concessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

13 - CONCESSÃO DE CRÉDITO DESTINADO AO FINANCIAMENTODE CONTRATOS DE PPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo8

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14 - CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS APLICÁVEIS AOSCONTRATOS DE PPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

15 - REFERÊNCIAS LEGAIS – EMENTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

16 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

RESOLUÇÃO Nº 004/2005 - TCA-19766/026/04 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

ADITAMENTO N° 01/05 - ÀS INSTRUÇÕES N° 01/2002 - ÁREA ESTADUAL 65

ADITAMENTO N° 01/05 - ÀS INSTRUÇÕES N° 02/2002 - ÁREA MUNICIPAL 71

Contratos de Parcerias Público-Privadas 9

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1 - PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

1.1 - BREVE HISTÓRICO

O Estado, como hoje conhecemos, fruto de uma evolução sistemática,existe com o objetivo de proporcionar o bem comum1, eis que a sociedade,e em última análise, o homem, deve ser o seu centro de referência.

Modernamente as gestões governamentais assumem características easpectos gerenciais tendentes às melhores práticas de governança, dirigidas àresponsabilidade corporativa, prestação de contas, transparência e equidade dis-tributiva dos resultados.Tais iniciativas mostram busca de novo modelo,mar-cado pela privatização de bens e terceirização de serviços visando atendernecessidades coletivas, compreendidas em adequadas políticas públicas.

A visão deste Estado Gerencial tem como foco a organização, supervi-são e regulação das atividades, possibilitadas exemplificativamente por alter-nativas de atuação, discutidas no âmbito da comunidade acadêmica e profis-sional quanto à viabilidade política e controle do déficit fiscal obviamenterepercutidas no consenso da sociedade.

Neste sentido foram editadas, no âmbito federal, Leis de Concessão deServiços Públicos2 e criadas conseqüentemente, Agências Reguladoras3, as

CONTRATOS DE PARCERIASPÚBLICO-PRIVADAS

1 Dalmo de Abreu Dallari. Elementos de Teoria Geral do Estado, São Paulo: Saraiva, 2003, p.107.2 nºs 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 e 9.074, de 7 de julho de 19953 Lei 9427/96 - ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), 9472/97- ANATEL (Agência Nacional de

Telecomunicações), Lei 9478/97- ANP (Agência Nacional de Petróleo), Lei 9961/00 - ANS (Agência Nacionalde Saúde), Lei 9984/00 - ANA (Agência Nacional de Águas), Lei 9883/99 - ABIN (Agência Brasileira deInteligência), entre outras.

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quais expandem a responsabilidade governamental para além das questõestécnicas ligadas a licenças e interconexões e torna determinativo o monito-ramento de comportamentos anticompetitivos e aquisições indevidas, oestabelecimento de políticas de ampliação da oferta da atualização e univer-salização de serviços prestados previamente inclusos nos programas deinvestimentos estatais em áreas pré-estabelecidas.

Outros pontos de destaque gerencial são a Reforma Administrativaconsagrada pela Emenda Constitucional nº 19/984, que estabeleceu, entreoutros dispositivos, além do Contrato de Gestão5, a possibilidade de con-tenção de despesas com pessoal, regulamentada pela Lei nº 9801/996 e a LeiComplementar nº 101/007, chamada Lei de Responsabilidade Fiscal que dis-ciplina as finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.

Ainda sob a mesma ótica, normas de caráter institucional, como a Leidas Organizações Sociais - OS8 e a Lei das Organizações da Sociedade Civilde Interesse Público - OSCIP9, objetivam a execução, por entidades sem finslucrativos, de serviços sociais não exclusivos do Estado mediante Contratosde Gestão e Termos de Parceria sob supervisão do Poder Público.

Recentemente o governo federal aprovou a Lei de Consórcios Pú-blicos, nº 11.107, de 6/4/05, para regulamentar o artigo 241 da ConstituiçãoFederal que previa a possibilidade de disciplinar por Lei a associada gestãode atividades entre os entes federados mediante transferência total ou par-cial de encargos, pessoal e bens essenciais à continuidade de serviços públi-cos.Atendidos os objetivos10 da regulamentação, destaca-se na Lei a autori-

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo12

4 de 04 de junho de 1998.5 Constituição Federal/88“Art. 37....§ 8º - A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indiretapoderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha porobjeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:I - o prazo de duração do contrato;II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;III - a remuneração do pessoal.”6 de 14 de junho de 1999.7 de 04 de maio de 2000.8 Lei nº 9637, de 15 de maio de 1998.9 Lei nº 9790, de 23 de março de 1999.10 Exposição de Motivos nº 18, de 25/06/2004:1) instituição de um mecanismo de coordenação federativa adequado às diversas escalas de atuação territorial;2) fortalecimento do papel do ente público de agente planejador, regulador e fiscalizador de serviços públicos;3) possibilidade de incrementar a efetividade das políticas públicas executadas em parceria por diferentesentes governamentais e4) necessidade de superar a insegurança jurídica dos atuais arranjos de cooperação entre os entes públicosbrasileiros, resultando em maior previsibilidade das políticas executadas pelo Estado.

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zação para que estes consórcios públicos - constituídos como associaçãopública ou pessoa jurídica de direito privado11 - celebrem contratos de con-cessão, permissão ou autorização de obras ou serviços12.

No Estado de São Paulo ações precedentes de enxugamento da máqui-na estatal foram preceituadas pelo Programa Estadual de Desestatização13,que privatizou empresas paulistas de distribuição de eletricidade14, de gera-ção de energia15, de gás natural16 e duas áreas de concessão de distribuiçãode gás, a saber: Gás Brasiliano (oeste) e Gás Natural (sudeste).

O Estado, como qualquer outro ente, necessita de meios para podermanter-se, mas principalmente para desenvolver políticas sustentáveis deinvestimentos, tanto para suprir as demandas existentes quanto para ampliara oferta dos serviços em face do crescimento vegetativo da população.

Para fazer frente às despesas necessárias, a capitação é imposta ao con-tribuinte para arrecadação de tributos e, se insuficiente, financiamentos sãocontraídos com organismos financeiros nacionais e/ou internacionais ounegociados títulos da dívida pública.

Ocorre que a carga tributária é sabidamente elevada. E em passadorecente, a experiência de captação de empréstimos, apesar de ter gerado omilagre econômico, reuniu dívidas interna e externa que se mostraram nefas-tas e contraproducentes, pois o aparelho do Estado ao adimplir seus finan-ciamentos, não considerou as prementes necessidades futuras da coletivida-de e, assim, orçamentos foram inadequadamente projetados, inclusive quan-to à capacidade contributiva da sociedade para quitação do serviço das mes-mas dívidas contraídas.

A solução mediata adveio com a implantação da Lei deResponsabilidade Fiscal (LFC 101/00), exigindo grandes sacrifícios paraobtenção de superávits primários, ou, em outras palavras, a existência derecursos sobressalentes para honrar dívidas. Na verdade, o pagamento dadívida pública moratória contamina a capacidade de investimentos e as res-trições impostas pela Lei Fiscal para gastos com pessoal influem considera-velmente para a limitação de expansão da oferta dos reclamados serviçospúblicos.

Contratos de Parcerias Público-Privadas 13

11 § 1º, artigo 1º, LF 11.107/05.12 TCA-14281/026/05.13 Lei nº 9.361, de 5 de julho de 1996.14 Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL, Elektro, Bandeirante e Eletropaulo Metropolitana.15 Geração Paranapanema, Geração Tietê.16 Comgás - Companhia de Gás de São Paulo.

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Na avaliação de Marcelo Barros Gomes17, apresentada no VIII CongresoInternacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la AdministraciónPública, Panamá, 28-31/10/2003: “a racionalidade da decisão do Brasil e daInglaterra em adotar modelos similares de organização (privatizando as empresaspúblicas) e de regulação (por intermédio de órgãos regulatórios semi-independen-tes) parecem respostas aos problemas que ambos os governos enfrentaram.A afir-mação que se faz nesse ponto é a de que os governos reformularam a regulaçãodevido a um conjunto de pressões comuns. Mudanças no mercado, introdução denovas tecnologias; adesão a políticas macroeconômicas liberalizantes, com foco naredução dos gastos de empresas estatais e no questionamento da eficiência de taisgastos; limitação na capacidade de investimento estatal; avanços no campo dasidéias dos atores governamentais sobre o tipo de papel a ser desempenhado peloEstado, bem como a difícil relação entre políticos e burocratas sustentados porescolas de pensamento como a de escolhas públicas e as idéias da economia novoinstitucionalista; a globalização e a crescente abertura de mercados; e também omodelo organizacional americano de desregulação e liberalização de indústrias deinfra-estrutura - eis alguns exemplos de pressões ou forças ‘irresistíveis’ comuns aosdois países que pode tê-los direcionado rumo às reformas.”

Neste contexto, em apelo ao Congresso Nacional, com o fito de fazeraprovar à época o Projeto de Lei que regulava as Parcerias Público Privadas,as chamadas PPP, o Executivo mencionou que o Projeto de Plano Plurianual doGoverno, encaminhado para vigorar no período de 2004 a 2007, estima a neces-sidade de investimentos na ordem de 21,7% (vinte e um vírgula sete por cento)do Produto Interno Bruto - PIB até 2007, como condição à retomada e sustenta-ção do crescimento econômico do país18, o que certamente será uma missãohercúlea ante aos compromissos de natureza fiscal.

1.2 - A REGULAMENTAÇÃO DAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS NO BRASIL

No Brasil, as normas gerais para licitação e contratação de ParceriaPúblico Privada, no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios foram instituídas pela Lei nº 11.079, de 30 de

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo14

17 Mestre em Administração e Políticas Públicas pela London School of Economics and Political Science eAnalista de Controle Externo do TCU.18 CASA CIVIL - Subchefia de Assuntos Parlamentares - EM nº 355/2003/MP/MF http://www.presiden-cia.gov.br/ccivil_03/Projetos/EXPMOTIV/EMI/2003/EMI355-MPMF-2003.htm - pesquisa em 16.05.05

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dezembro de 2004. Neste instituto, dispositivos aplicáveis à União estão dis-postos nos artigos 14 a 22 regulamentados tanto pelo Decreto nº 5.411/05,de 6/4/05, que autoriza a integralização de ações no FGP (FundoGarantidor)19 quanto pelo Decreto nº 5.385/05, de 4/3/05, que cria oComitê Gestor de PPP, cuja importância se revela pelo monitoramento docontrato de PPP.

Ao Comitê Gestor da PPP20, que contará com uma Comissão Técnicae uma Secretaria-Executiva atribuem-se as seguintes competências:

• definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria públi-co-privada e os critérios para subsidiar a análise sobre a conveniência eoportunidade de contratação sob esse regime;

• disciplinar os procedimentos para celebração dos contratos de parceriapúblico-privada e aprovar suas alterações, inclusive os relativos à apli-cação do artigo 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, e do artigo21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;

• autorizar a abertura de procedimentos licitatórios e aprovar os instrumen-tos convocatórios e de contratos e suas alterações;

• apreciar e aprovar os relatórios semestrais de execução de contratos deparceria público-privada, enviados pelos Ministérios e AgênciasReguladoras, em suas áreas de competência;

• elaborar e enviar ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da Uniãorelatório anual de desempenho de contratos de parceria público-privada edisponibilizar, por meio de site na rede mundial de computadores(Internet), as informações nele constantes, ressalvadas aquelas classificadascomo sigilosas;

• aprovar o Plano de Parcerias Público-Privada - PLP, acompanhar e avaliara sua execução;

• propor a edição de normas sobre a apresentação de projetos de parceriapúblico-privada;

Contratos de Parcerias Público-Privadas 15

19 “O Fundo Garantidor das PPP ganhou maior detalhamento das formas de garantia e de operacionalização, demodo a dar maior segurança ao parceiro privado. O limite estabelecido para participação da União, de suas autar-quias e fundações públicas na integralização de cotas do Fundo, ficou em R$ 6 bilhões”. http://www.planeja-mento.gov.br/planejamento_investimento/conteudo/noticias/ informacoes_adicionais_sobre_ppp.htm -pesquisa em 16.05.0520 artigo 14, LF 11.079/04 e DF 5.385/05.

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• estabelecer os procedimentos e requisitos dos projetos de parceria público-privada e dos respectivos editais de licitação, submetidos a sua análisepelos Ministérios e Agências Reguladoras;

• estabelecer modelos de editais de licitação e de contratos de parceriapúblico-privada, bem como os requisitos técnicos mínimos para sua apro-vação;

• estabelecer os procedimentos básicos para acompanhamento e avaliaçãoperiódicos dos contratos de parceria público-privada;

• elaborar seu regimento interno e• expedir resoluções necessárias ao exercício de sua competência.

Também deve ser registrado que alguns Estados federados adiantaram-se à norma federal, com a edição de diplomas próprios, a exemplo de MinasGerais (Lei nº 14.868/03, de 16/12/03), Santa Catarina (Lei nº 12.930/04 de04/02/04), Goiás (Lei nº 14.910/04 de 11/08/04) e São Paulo (Lei nº11.688/04, de 19/05/04).

Note-se que, em virtude da antecipação na edição destas leis, eventuaisaspectos conflitantes restaram substituídos e/ou complementados21 pelasnormas gerais aprovadas na LF nº 11.079/04.

1.3 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS PARCERIASPÚBLICO-PRIVADAS NO BRASIL

A explicitação das características das PPP encontra-se descrita nas pági-nas seguintes, alocadas em tópicos próprios deste Guia, conforme índice.Aseguir, resumidamente, destacamos as principais situações estabelecidas pelaLei nº 11.079/04.

• Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assimentendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo16

21 Constituição Federal/88“Art.24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;(...)§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atendera suas peculiaridades.§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

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que trata a Lei nº 8.987/95, quando não envolver contraprestaçãopecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

• O valor do contrato não poderá ser inferior a R$ 20.000.000,00(vinte milhões de reais).

• A prestação do serviço não poderá ser em prazo inferior a 5 (cinco)anos ou superior a 35 (trinta e cinco) anos.

• A contratação não poderá ter como objeto único o fornecimento demão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a exe-cução de obra pública.

• Poderão ser estabelecidas penalidades aplicáveis à AdministraçãoPública.

• Estabelecimento de repartição dos riscos, inclusive os referentes acaso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraor-dinária.

• A constituição de Sociedade de Propósito Específico para a celebra-ção do contrato.

• Licitação na modalidade concorrência.• Propostas escritas em envelopes lacrados ou propostas escritas,

seguidas de lances em viva voz.• Possibilidade de inversão das fases de habilitação e julgamento.• Instituição de mecanismos privados de resolução de disputas, inclusi-

ve a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nostermos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir con-flitos decorrentes ou relacionados ao contrato.

• Possibilidade de que a Administração constitua garantias para o cum-primento das obrigações pecuniárias contraídas.

A partir da edição do novel Diploma, os serviços públicos podem serprestados pelo 2º Setor da economia, ou seja, pela iniciativa privada, daseguinte forma:

• Contrato Administrativo, na forma estabelecida pela Lei 8.666/93.Tem-se, por exemplo, a contratação de empresa para recolhimentode lixo, a qual efetuará os serviços e receberá o valor contratadodiretamente da Administração;

• Contrato de Concessão de Serviços Públicos, que agora ganhou aconotação de concessão comum, na forma estabelecida pelas Leis

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Federais nºs 8.987/95 e 9.074/95. Neste caso, o poder público outor-ga a concessão dos serviços públicos ao particular para que receba acontraprestação, mediante tarifa, diretamente dos usuários. Exemplodidático é a concessão de rodovias pedagiadas. Importante dizer queneste tipo de concessão, o interesse é público, mas o risco do negó-cio é da concessionária e

• Parcerias Público-Privadas, nas modalidades Concessão Patrocinada22

e Concessão Administrativa23, detalhadas adiante.

2 - TIPOS DE PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

2.1 - CONCESSÃO PATROCINADA

É a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata aLei n° 8.987/95 (Lei das Concessões), que dispõe sobre o regime de con-cessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no artigo 175da Constituição Federal24. Todavia, será assim considerada quando envol-ver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestaçãopecuniária do parceiro público ao parceiro privado, previsão inexistente nacitada Lei das Concessões. Importante destacar que são integralmenteaplicáveis os dispositivos da Lei n° 8.987/95 à concessão patrocinada,além dos referendados na Lei n° 11.079/04 que norteia este documento.

A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamenteprecedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceriapúblico-privada25, ou seja, situação comum a todo contrato administrativo,não podendo haver pagamentos antes de liquidada a despesa.

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo18

22 § 1°, artigo 2° e § 1°, artigo 3°, LF 11.079/04.23 § 2°, artigo 2°, LF 11.079/04.24 “Artigo 175 - Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-missão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.Parágrafo único.A lei disporá sobre:I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seucontrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessãoou permissão;II - os direitos dos usuários;III - política tarifária;IV - a obrigação de manter serviço adequado.”25 Artigo 7°, LF 11.079/04.

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Registramos que a Lei facultou à Administração Pública dispor nestescontratos a obrigação de pagamento da contraprestação da parcela fruívelde serviço, objeto da Parceria Público-Privada contratada. A novidade emrelação às regras já existentes, quando é pago o serviço por medições - aexemplo de uma obra, é que a Administração poderá estabelecer que ospagamentos sejam liberados na medida em que as etapas concluídas possamser utilizadas ou postas ao seu gozo ou da coletividade.

Assim, mediante prévia estipulação contratual, a Administração tem apossibilidade de ajustar que a liberação de recursos será feita mediante aentrega de parcelas desfrutáveis - exemplo de um trecho de estrada, o queimplica em dizer que no primeiro momento haverá maior aporte de recur-sos por parte do parceiro privado, antes que possa receber pelos serviçosque vem executando.

Também é importante ressaltar que as PPP para concessões patrocina-das dependerão de autorização legislativa específica26, quando mais de 70%(setenta por cento) da remuneração do parceiro privado for paga pelaAdministração Pública.

2.2 - CONCESSÃO ADMINISTRATIVA

É o contrato de prestação de serviços que tem a Administração Públicacomo usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou for-necimento e instalação de bens.A concessão administrativa é toda remune-rada pelo Poder Público. Este tipo de ajuste pode ser exemplificado pelaconstrução e funcionamento de um presídio.

Para estas concessões administrativas, diferentemente da concessãopatrocinada, a Lei nº 11.079/04 selecionou alguns dispositivos das Leisde Concessões27 que devem ser também observados:

• Atividades previamente desenvolvidas e que materializam parte doobjeto a ser contratado;

• Cláusulas essenciais;• Obrigatoriedade e responsabilidade pelos serviços concedidos;• Contratação de terceiros pela concessionária;

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26 Artigo 10, § 3º, LF 11.079/04.27 Artigos 21, 23, 25 e 27 a 39 da LF 8.987/95 e artigo 31 da LF 9.074, de 7/7/95.

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• Requisitos para transferência da concessão ou do controle societárioda concessionária;

• Contratos de financiamento;• Encargos do poder concedente e• Encargos da Concessionária.

Em subitens do item 12 - CONTRATOS DE PPP - ASPECTOSJURÍDICOS E ECONÔMICOS deste Guia as alíneas retro estão indivi-dualmente detalhadas.

3 - QUAIS CONCESSÕES NÃO SE CONSTITUEM PARCERIASPÚBLICO-PRIVADAS?

Foram excetuadas da definição de contrato de PPP as concessõescomuns, assim entendidas as concessões de serviços ou obras públicas deque trata a Lei n° 8.987/95, quando não envolver contraprestação pecuniá-ria do parceiro público ao parceiro privado28.

4 - DIRETRIZES PARA A CONTRATAÇÃO DAS PPP

Para bem conduzir a execução dos ajustes, a Lei nº 11.079/04 reuniu osseguintes princípios e objetivos29:

• Eficiência no cumprimento das missões do Estado e no emprego dosrecursos da sociedade;

• Respeito a interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dosentes privados incumbidos de sua execução;

• Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercíciodo poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;

• Responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;• Transparência dos procedimentos e das decisões;• Repartição objetiva de riscos entre as partes e• Sustentabilidade financeira e vantagens sócio-econômicas dos proje-

tos de parceria.

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28 § 3°, artigo 2°.29 Incisos I a VII do artigo 4°.

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Destacamos ainda as necessárias metas de execução destas contrata-ções que são os princípios de economicidade (minimizar o custo dos recur-sos utilizados, priorizando a qualidade), de eficiência (relacionar os bens eserviços produzidos aos recursos utilizados para a sua produção) e de eficá-cia (comparação entre os resultados pretendidos e os obtidos em projetose programas).

Assim,entendemos que deve haver uma combinação equilibrada de custoe qualidade, a partir de um projeto de viabilidade que considere os benefíciosda eficácia, inovação e manutenção da prestação dos serviços, inclusive comênfase nos aspectos sócio-econômicos envolvidos e estime, para efeitos com-parativos, os gastos necessários, considerando-se duas probabilidades:

• projeto custeado integralmente pelo setor público e• projeto custeado integralmente pelo setor privado.

Aos mecanismos de garantia do retorno em eficiência e qualidade nosserviços deve-se atribuir ainda a concepção britânica de Valor pelo Di-nheiro30, ou seja, o sucesso de um contrato de PPP resulta da definição demetas e resultados por parte do setor público (níveis de desempenho); dapossibilidade de se projetar os custos a longo prazo; do bom capital investi-do; do interesse e experiência do setor privado, atendendo aos já mencio-nados princípios de economicidade, eficiência e eficácia, os quais podem serinterpretados como: gastar menos, gastar bem e com sabedoria, sem-pre de modo transparente e a permitir, a qualquer tempo, uma avaliação dosmeios utilizados para obtenção de resultados.

5 - LIMITES E VEDAÇÕES PARA A CONTRATAÇÃO DE PPP

A Lei nº 11.079/04 estabeleceu limites máximos para o comprometi-mento dos orçamentos públicos na celebração de contrato de PPP, quesomente poderá ser firmado se31:

• a soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto dasparcerias já contratadas não tiver excedido, no ano anterior, a 1% (umpor cento) da Receita Corrente Líquida do exercício e

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30 “Value for Money”.31 Artigo 22.

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• as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subse-qüentes, não excedam a 1% (um por cento) da Receita CorrenteLíquida projetada para os respectivos exercícios.

No que diz respeito às contratações de PPP, são vedadas aquelas que32:

• o valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhõesde reais);

• o período da prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou• tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o forneci-

mento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

6 - ÓRGÃOS GESTORES DAS PPP

6.1 - COMITÊ GESTOR DA UNIÃO

O Poder Público Federal instituiu órgão gestor das PPP, por meio doDecreto nº 5.385/04, a partir da previsão constante no artigo 14 e incisos Ia IV da Lei nº 11.079/04, cujas atribuições estão explicitadas no item 1, subi-tem 1.2 A Regulamentação das Parcerias Público-Privadas noBrasil.

6.2 - CONSELHO GESTOR ESTADUAL DO PROGRAMA DEPARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

De forma similar atuou o Governo paulista ao criar o Conselho Gestorda PPP33, subordinado ao Gabinete do Governador e uma Unidade de PPP34,unidade de despesa vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento -pasta integrante do mesmo colegiado - cujas ações estão regulamentadaspelo estabelecido nos artigos 3° a 10 do Decreto Estadual n° 48.867, de10/08/2004 e artigo 21 do Decreto nº 49.568, de 26/04/2005.

Destacamos a seguir os principais regramentos constituídos para defi-nir prioridades, fiscalizar e supervisionar as atividades desenvolvidas peloPrograma de PPP no Estado de São Paulo:

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo22

32 § 4° e seus incisos I a III do artigo 2°.33 Artigo 3° da LE 11.688/04.34 § 8º, artigo 3º, LE 11.688/04.

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6.2.1 - Composição do Conselho Gestor Estadual do PPP

Órgão superior de decisão, cujos membros35 a seguir mencionados,encontram-se diretamente subordinados ao Governador36:

• Secretário-Chefe da Casa Civil;• Secretário de Economia e Planejamento;• Secretário da Fazenda;• Secretário da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e

Turismo;• Procurador-Geral do Estado e• Até 3 (três) membros de livre escolha do Governador do Estado.

Por indicação do Governador, o Conselho Gestor terá um SecretárioExecutivo37.

Observação: consideradas as edições da Lei nº 11.688/04 e de seus decretosregulamentadores, nota-se, preliminarmente, a relevância da atuação daSecretaria de Economia e Planejamento quanto à coordenação do Programa dePPP, via Unidade Estadual de Parcerias Público-Privadas.

6.2.2 - Unidade Estadual de Parcerias Público-Privadas

A classificação institucional da Secretaria de Economia e Planejamento,Pasta cujo representante é membro gestor do Conselho do Programa dePPP, foi alterada por Decreto Estadual38 para constituir como sua unidade dedespesa a Unidade de Parcerias Público-Privadas39 com as seguintesfinalidades40:

• opinar sobre as propostas preliminares de projetos de PPP;• acompanhar a realização de estudos técnicos relativos a projetos de PPP;• organizar e preparar o relatório semestral a ser remetido à

Assembléia Legislativa sobre as atividades do Programa de PPP e• para o exercício de suas funções, esta Unidade poderá articular-se

com outros órgãos e entidades das Administrações Públicas federal,estadual e municipal, bem como solicitar informações e esclareci-mentos sobre o andamento de projetos de PPP.

Contratos de Parcerias Público-Privadas 23

35 Artigo 3°, incisos I a VI, Decreto n° 48.867/04.36 Artigo 3°, Decreto n° 48.867, de 10/08/2004.37 Artigo 7º, Decreto 48.867/04.38 Decreto nº 49.575, de 4/5/05.39 Inciso VII, artigo 2º, Decreto 49.575/05.40 Artigo 10, Decreto 48.867/04.

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As atribuições técnicas da Unidade englobam, além do necessárioassessoramento ao Conselho Gestor, outras atuações tais como41:

• coordenar o processo de PPP, acompanhar os diversos processos ecompor as ações necessárias para a sua implementação;

• acompanhar os resultados dos projetos;• promover articulações com os setores públicos e privados para o

sucesso dos projetos;• prestar informações, receber delegações e divulgar dados e informa-

ções sobre o andamento dos processos;• identificar e propor projetos prioritários;• coordenar estudos técnicos;• representar o Estado junto a consultores privados contratados para

o apoio aos projetos;• participar de grupo de trabalho de apoio técnico ao Programa Estadual

de Desestatização e acompanhar a evolução desse Programa;• assessorar o Secretário de Economia e Planejamento na realização de

ajustes de natureza societária, operacional, contábil ou jurídica e dasmedidas de saneamento financeiro necessárias à desestatização;

• prestar assessoramento ao Conselho Gestor;• organizar seminários e cursos de PPP para servidores e gerentes da

Administração Estadual;• Na área de projetos de PPP:

- acompanhar os diversos processos e coordenar as ações necessá-rias para apoiar a implementação das Parcerias;

- coordenar estudos técnicos;- promover contatos com os consultores privados contratados;- elaborar relatórios periódicos sobre o Programa de Parcerias;- preparar e realizar apresentações e palestras em eventos externos,

divulgando o Programa;- identificar entraves jurídicos em cada etapa de uma proposta de PPP;- avaliar modelos de propostas, editais e contratos de PPP e- organizar todas as questões para consulta às instâncias de consul-

toria jurídica;• Na área de financiamento:

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo24

41 Incisos I a XIII, artigo 21, Decreto 49.568/04.

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- pesquisar e avaliar alternativas de captação de recursos para o finan-ciamento de programas e ações de governo, inclusive de projetos dePPP, concessão ou outra modelagem de parceria;

- monitorar o impacto orçamentário-financeiro do Programa deParcerias Público-Privadas - PPP e

- avaliar as necessidades de garantias em projetos de PPP.

Observação: Os órgãos governamentais do Estado de São Paulo podem apre-sentar propostas de parcerias público-privadas para realização de programasinseridos em suas diretrizes orçamentárias, as quais estarão sujeitas à avaliaçãoda Unidade de PPP e aprovação do Conselho Gestor Estadual do PPP.No exercício de 2005 observamos tal fato pela autorização do Governador, pormeio do Decreto nº 49.444, de 03/03/05, para a implementação do Projeto deDesestatização referente à concessão onerosa e/ou patrocinada dos serviçospúblicos de exploração da infra-estrutura de transportes que compõem oCorredor de Exportação Campinas-Vale do Paraíba-Litoral Norte, com delega-ção de competência à Secretaria dos Transportes, por suas UnidadesSupervisionadas, DER - Departamento de Estradas de Rodagem e DERSA -Desenvolvimento Rodoviário S/A, para detalhar as diretrizes do procedimentolicitatório, ouvidos os órgãos e as entidades da Administração que participarãoda estruturação financeira e da formatação do projeto.

6.2.3 - Competências do Conselho Gestor Estadual do PPP

A alçada deste Conselho compreende as seguintes ações42:

• aprovar projetos de parceria público-privadas, observadas as condi-ções legais estabelecidas para a inclusão no Programa de Parcerias43;

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42 § 5º, artigo 3º, LE 11.688/04, regulamentado pelo artigo 4° do Decreto 48.867/04.43 “Artigo 4º - São condições para inclusão de projetos no PPP:I - efetivo interesse público, considerando a natureza, relevância e valor de seu objeto, bem como o caráterprioritário da respectiva execução, observadas as diretrizes governamentais;II - estudo técnico de sua viabilidade, mediante demonstração das metas e resultados a serem atingidos, pra-zos de execução e de amortização do capital investido, bem como a indicação dos critérios de avaliação oudesempenho a serem utilizados;III - a viabilidade dos indicadores de resultado a serem adotados, em função de sua capacidade de aferir, demodo permanente e objetivo, o desempenho do ente privado em termos qualitativos e quantitativos, bemcomo de parâmetros que vinculem o montante da remuneração aos resultados atingidos;IV - a forma e os prazos de amortização do capital investido pelo contratado;V - a necessidade, a importância e o valor do serviço ou da obra em relação ao objeto a ser executado.Parágrafo único - A aprovação do projeto fica condicionada ainda ao seguinte:1 - elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro;2 - demonstração da origem dos recursos para seu custeio;3 - comprovação de compatibilidade com a Lei Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e oPlano Plurianual.”

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• recomendar ao Governador do Estado a inclusão no PPP de projetoaprovado na forma do item anterior;

• fiscalizar a execução das parcerias público-privadas;• opinar sobre alteração, revisão, rescisão, prorrogação ou renovação

dos contratos de parceria público-privadas;• fixar diretrizes para a atuação dos representantes do Estado nos

órgãos de administração da Companhia Paulista de Parcerias -CPP;

• fazer publicar no DOE as atas de suas reuniões;• remeter à Assembléia Legislativa, semestralmente, relatório detalhado

das atividades desenvolvidas no período e desempenho dos contra-tos de parcerias público-privadas, prestando, ainda, o Presidente desteConselho, juntamente com o Secretário de Economia e Planejamento,esclarecimentos sobre as atividades do órgão com apresentação deresultados auferidos em reunião conjunta das Comissões Legislativasde Economia e Planejamento, de Serviços e Obras Públicas e deFiscalização e Controle44;

• definir as prioridades e supervisionar as atividades do Programa dePPP;

• deliberar sobre a proposta preliminar de projeto de PPP, com ossubsídios fornecidos pelo Secretário Executivo, pela Unidade dePPP, pela Companhia Paulista de Parcerias - CPP e pela entidadeinteressada;

• solicitar e definir a forma de contratação de estudos técnicos sobreprojetos de PPP, após deliberação sobre a proposta preliminar;

• aprovar os resultados dos estudos técnicos, após manifestação formalda Unidade de PPP e da Companhia Paulista de Parcerias - CPP;

• aprovar a modelagem aplicável a cada projeto de PPP;• tomar conhecimento dos relatórios de auditoria independente;• requisitar servidores da administração estadual para apoio técnico ao

Programa de PPP ou para compor grupos de trabalho;• fazer publicar o relatório anual detalhado de suas atividades e• deliberar sobre qualquer outra matéria de interesse do Programa de

PPP, incluindo a fixação de condições e prazos para atendimento desuas determinações.

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo26

44 §§ 9º e 10, artigo 3º, LE 11.688/04.

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Observação: o desenvolvimento de cada projeto de PPP será objeto de apre-ciação pelo Conselho, consubstanciado em relatório de auditoria45, realizada apartir da publicação do edital.

No que tange ao Conselho Gestor, o Decreto Estadual n° 48.867/04disciplinou a indicação e substituição de membros46, formação dos grupos detrabalho47, nomenclatura dos atos expedidos48, competências e formas deatuação49 de sua Presidência e Secretaria Executiva.

7 - GARANTIAS PARA AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

Os contratos de PPP podem ter garantidas obrigações pecuniárias50

assumidas pelo Poder Público, na forma da legislação vigente pela:

• vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do artigo167 da Constituição Federal51;

• instituição ou utilização de fundos especiais previstos em Lei;• contratação de seguro-garantia com companhias seguradoras não

controladas pelo Poder Público;• garantia prestada por organismos internacionais ou instituições finan-

ceiras não controladas pelo Poder Público;• garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada

para essa finalidade e• outros mecanismos admitidos em Lei.

Contratos de Parcerias Público-Privadas 27

45 Decreto 48.867/04:“Artigo 13 - O processo de implementação de cada projeto de PPP será auditado a partir da publicação dorespectivo edital, conforme determinado pelo Conselho Gestor.Parágrafo único - Ao auditor competirá:1. verificar e atestar a lisura e a observância das regras estabelecidas no edital;2. prestar os demais serviços previstos no respectivo contrato;3. apresentar, ao final do processo, relatório que será submetido à apreciação do Conselho Gestor.”46 §§ 1° a 3°, artigo 3°, Decreto 48.867/04.47 § 2°, artigo 4°, Decreto 48.867/04.48 Artigo 5° e incisos I a III, Decreto 48.867/04.49 Artigos 6° a 9°, Decreto 48.867/04.50 Artigo 8º e incisos, LF 11.079/04.51 “Artigo 167 - São vedados:

...IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arre-

cadação dos impostos a que se referem os artigos 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públi-cos de saúde e para manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado, respectivamente, pelos artigos 198,§ 2° e 212, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no artigo 165,§ 8°, bem como o disposto no § 4° deste artigo.”

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Importante dispositivo, restritivo à concessão de garantias e transferênciasvoluntárias de recursos prestados pela União aos Estados, Distrito Federal eMunicípios encontra-se configurado no artigo 28 da Lei nº 11.079/04, aocondicionar o excesso de despesas de caráter continuado no limite de 1 %(um por cento) da Receita Corrente Líquida de exercício anterior ou se osgastos anuais de contratos vigentes em 10 (dez) anos subseqüentes supera-rem a 1 % (um por cento) da Receita Corrente Líquida projetada para amesma década.

O controle destes dispêndios à conta de contratos de PPP promovi-dos pela Administração Pública direta, autarquias, fundações públicas, socie-dades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou indire-tamente pelo respectivo ente, é de inteira competência do Senado Federal e daSecretaria do Tesouro Nacional, os quais receberão e processarão informaçõessobre parcerias contratadas, obrigatoriamente fornecidas pelos órgãos públicosfederais, estaduais e municipais.

A entidade parceira, por seu turno e a critério da autoridade governa-mental prestará garantias para contratos de PPP, nos termos do artigo 56da Lei de Licitações (LF nº 8666/93)52.

Observação: no Estado de São Paulo cabe à Secretaria de Economia ePlanejamento, por sua Unidade de Parcerias Público-Privadas, a avaliação dasnecessidades de garantias em projetos de PPP53.

8 - FUNDO GARANTIDOR

No âmbito federal, o Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas -FGP tem por finalidade a garantia de pagamento de obrigações pecuniárias

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo28

52 “Artigo 56 - A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório,poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras.§ 1° - Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:I - caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo BancoCentral do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério daFazenda; (NOVA REDAÇÃO DADA PELO ARTIGO 26 DA LEI 11.079/04)II - seguro-garantia;III - fiança bancária.”53 Alínea “c”, inciso XIII, artigo 21, Decreto 49.568/05.

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assumidas pelos parceiros públicos federais, em virtude das concessões deque trata a Lei Federal nº 11.079/0454.

A iniciativa de instituição de tal Fundo, destinado à cobertura contra-tual sobre despesas decorrentes dos contratos de PPP, também poderá serassumida pela administração direta e indireta de Estados e Municípios, deforma assemelhada ao instituto jurídico federal, se observadas, no mínimo, asfinalidades e características seguintes:

• destinação exclusiva ao suporte de custos gerados pelos contratos deparcerias público-privadas;

• o Fundo terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patri-mônio dos cotistas, e estará sujeito a direitos e obrigações próprios;

• o patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens e direitosrealizado pelos cotistas, por meio da integralização de cotas e pelosrendimentos obtidos com sua administração;

• os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados por empre-sa especializada, que deverá apresentar laudo fundamentado, comindicação dos critérios de avaliação adotados e instruído com osdocumentos relativos aos bens avaliados;

• a integralização das cotas poderá ser realizada em dinheiro, títulos dadívida pública, bens imóveis dominicais, bens móveis, inclusive ações desociedade de economia mista excedentes ao necessário para manu-tenção de seu controle, ou outros direitos com valor patrimonial;

• o Fundo responderá por suas obrigações com os bens e direitos inte-grantes de seu patrimônio,não respondendo os cotistas por quaisquer desuas obrigações, salvo pela integralização das cotas que subscreverem;

• o aporte de bens de uso especial ou de uso comum no Fundo serácondicionado a sua desafetação de forma individualizada;

• o Fundo será criado, administrado, gerido e representado judicial eextrajudicialmente pelo ente público instituidor;

• o estatuto e o regulamento do Fundo serão aprovados em assembléiados cotistas;

• a gestão e alienação dos bens e direitos do Fundo deverá atender àlegislação vigente, inclusive quanto à manutenção de sua rentabilidadee liquidez;

Contratos de Parcerias Público-Privadas 29

54 Artigos 16 a 21.

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Page 31: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

• as garantias do Fundo serão prestadas proporcionalmente ao valor daparticipação de cada cotista, sendo vedada a concessão de garantiacujo valor presente líquido, somado ao das garantias anteriormenteprestadas e demais obrigações, supere o seu ativo total;

• a garantia será prestada na forma aprovada pela assembléia dos cotis-tas, nas seguintes modalidades:- fiança, sem benefício de ordem para o fiador;- penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio do

Fundo, sem transferência da posse da coisa empenhada antes daexecução da garantia;

- hipoteca de bens imóveis do patrimônio do Fundo;- alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos bens com o

Fundo ou com agente fiduciário por ele contratado antes da exe-cução da garantia;

- outros contratos que produzam efeito de garantia, desde que nãotransfiram a titularidade ou posse direta dos bens ao parceiro pri-vado antes da execução da garantia e

- garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de afetaçãoconstituído em decorrência da separação de bens e direitos per-tencentes ao Fundo.

• o Fundo poderá prestar contra-garantias a seguradoras e instituiçõesfinanceiras que garantirem o cumprimento das obrigações pecuniáriasdos cotistas em contratos de parcerias público-privadas;

• a quitação pelo parceiro público de cada parcela de débito garantidopelo Fundo importará exoneração proporcional da garantia;

• no caso de crédito líquido e certo,constante de título exigível aceito e nãopago pelo parceiro público, a garantia poderá ser acionada pelo parceiroprivado a partir do 45° (quadragésimo quinto) dia do seu vencimento;

• o parceiro privado poderá acionar a garantia relativa a débitos cons-tantes de faturas emitidas e ainda não aceitas pelo parceiro público,desde que, transcorridos mais de 90 (noventa) dias de seu vencimen-to, não tenha havido sua rejeição expressa por ato motivado;

• a quitação de débito pelo Fundo importará sua subrogação nos direi-tos do parceiro privado;

• em caso de inadimplemento, os bens e direitos do Fundo poderão serobjeto de constrição judicial e alienação para satisfazer as obrigaçõesgarantidas;

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• o Fundo não pagará rendimentos a seus cotistas, assegurando-se aqualquer deles o direito de requerer o resgate total ou parcial de suascotas, correspondente ao patrimônio ainda não utilizado para a con-cessão de garantias, fazendo-se a liquidação com base na situaçãopatrimonial do Fundo;

• a dissolução do Fundo, deliberada pela assembléia dos cotistas, ficarácondicionada à prévia quitação da totalidade dos débitos garantidosou liberação das garantias pelos credores. Dissolvido o Fundo, seupatrimônio será rateado entre os cotistas, com base na situação patri-monial à data da dissolução e

• é facultada a constituição de patrimônio de afetação que não secomunicará com o restante do patrimônio do Fundo, ficando vincula-do exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver sido constituí-do, não podendo ser objeto de penhora, arresto, seqüestro, busca eapreensão ou qualquer ato de constrição judicial decorrente deoutras obrigações do Fundo. A constituição do patrimônio de afeta-ção será feita por registro em Cartório de Registro de Títulos eDocumentos ou, no caso de bem imóvel, no Cartório de RegistroImobiliário correspondente.

Observação: Ao editar a Lei Estadual nº 11.688/04, o Governo do Estado deSão Paulo facultou em seu artigo 15, § 2º a possibilidade da constituição de FundoFiduciário, cujo agente, a Companhia Paulista de Parcerias (CPP), terá poderespara administrar recursos financeiros, por meio de conta vinculada ou para pro-mover a alienação de bens gravados, segundo condições previamente acordadas,aplicando tais recursos no pagamento de obrigações contratadas ou garantidas aque se refere o “caput” daquele artigo, diretamente ao beneficiário da garantia oua favor de quem financiar o projeto de parceria.

9 - COMPANHIA PAULISTA DE PARCERIAS - CPP

9.1 INSTITUIÇÃO, COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES

Um aspecto interessante do Estatuto paulista foi a criação daCompanhia Paulista de Parcerias - CPP55, sociedade por ações, vinculada à

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55 Artigos 12 a 18 da Lei n° 11.688/04.

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estrutura da Secretaria da Fazenda56, com sede e foro no Município de SãoPaulo57, administrada por Diretoria e Conselho de Administração, comConselho Fiscal58 permanente, sendo atribuído à Companhia:

• colaborar, apoiar e viabilizar a implementação do Programa deParcerias Público-Privadas59;

• disponibilizar bens, equipamentos e utilidades para a AdministraçãoEstadual, mediante pagamento de adequada contrapartida financeira60 e

• gerir os ativos patrimoniais a ela transferidos pelo Estado ou por enti-dades da administração indireta, ou que tenham sido adquiridos aqualquer título61.

Em decorrência destas atribuições, cabe à CPP62:

• colaborar na implementação do Programa de PPP e apoiar as ativida-des do Conselho Gestor;

• opinar sobre a proposta preliminar de projeto de PPP;• contratar estudos técnicos sobre projetos de PPP, quando solicitado

e na forma definida pelo Conselho Gestor;• acompanhar a realização de estudos técnicos relativos a projetos de

PPP, cuja proposta preliminar já tenha sido submetida ao ConselhoGestor, manifestando-se formalmente sobre os seus resultados e

• publicar relatório anual de suas atividades.

Para o desenvolvimento e alcance destas competências e atribuições, aLei nº 11.688/04 facultou à CPP63:

• celebrar, de forma isolada ou em conjunto com a Administração dire-ta e indireta do Estado, contratos que tenham por objeto a:- elaboração dos estudos técnicos64;

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56 Decreto n° 48.742, de 21/06/2004.57 Artigo 13, Lei 11.688/04.58 Artigo 18, Lei 11.688/04.59 Inciso I, artigo 12, Lei 11.688/04.60 Inciso II, artigo 12, Lei 11.688/04.61 Inciso III, artigo 12, Lei 11.688/04.62 Artigo 11 do Decreto Estadual n° 48.867/04.63 Artigo 15, Lei 11.688/04.64 Referidos no inciso II, artigo 4º, Lei 11.688/04.

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- instituição de parcerias público-privadas e- locação ou promessa de locação, arrendamento, cessão de uso ou

outra modalidade onerosa, de instalações e equipamentos ououtros bens, vinculados a projetos de PPP.

• assumir, total ou parcialmente, direitos e obrigações decorrentes doscontratos retro indicados;

• contratar a aquisição de instalações e equipamentos, bem como a suaconstrução ou reforma, pelo regime de empreitada, para pagamentoa prazo, que poderá ter início após a conclusão das obras, observadaa legislação pertinente;

• contratar com a Administração direta e indireta do Estado locação oupromessa de locação, arrendamento, cessão de uso ou outra modali-dade onerosa, de instalações e equipamentos ou outros bens inte-grantes de seu patrimônio;

• obter empréstimos e emitir títulos, nos termos da legislação em vigor;• prestar garantias reais, fidejussórias e contratar seguros;• explorar, gravar e alienar onerosamente os bens integrantes de seu

patrimônio e• participar no capital de outras empresas controladas por ente públi-

co ou privado.

9.2 - TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS

A CPP não poderá receber do Estado transferências voluntárias derecursos para o custeio de despesas operacionais65.

9.3 - ESTRUTURA DE ATUAÇÃO DA CPP

A CPP não disporá de quadro próprio de pessoal, podendo, para a con-secução de seus objetivos, celebrar convênios com órgãos e entidades daAdministração Estadual e contratar, observada a legislação pertinente, servi-ços especializados de terceiros66. Auditoria Independente procederá perio-dicamente avaliações das atividades da companhia67.

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65 Artigo 16, Lei 11.688/04.66 Artigo 17, Lei 11.688/04.67 Artigo 12, Lei 11.688/04.

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9.4 - REGIME, COMPOSIÇÃO E INTEGRALIZAÇÃO DOCAPITAL DA CPP

A CPP, constituída nos moldes do Fundo Garantidor federal68, tem seupatrimônio constituído pelo regime de capital social autorizado, compostopor ações ordinárias ou preferenciais nominativas, sem valor nominal, poden-do o Estado integralizá-lo em dinheiro ou em bens e direitos avaliados naforma da legislação pertinente, podendo nesta capitalização participar outrasentidades da Administração Estadual, desde que o Poder Público mantenha,no mínimo, a titularidade direta da maioria das ações com direito a voto69.

Para subscrever ou integralizar o capital da CPP o Poder Executivo estáautorizado a utilizar:

• imóveis de órgãos da administração indireta do governo paulista70:DAEE71, DAESP72, DER73, FDE74 e SUCEN75, doados à Fazenda doEstado e os de sua anterior titularidade, os quais estão identificadosem anexos da Lei nº 11.688/0476. Para que imóveis, além destes,sejam utilizados, deverá haver prévia autorização legislativa77;

• ações ordinárias ou preferenciais de titularidade do Estado e de suasautarquias, no capital de sociedade anônimas, que não sejam necessá-rias para assegurar o exercício do respectivo poder de controle emcaráter incondicional78;

• títulos da dívida pública, emitidos na forma da legislação aplicável79 e• outros bens e direitos de titularidade direta ou indireta do Estado,

inclusive recursos federais cuja transferência independa de autoriza-ção legislativa específica80.

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68 Vide artigo 16 da LF 11.079/04.69 Artigo 14 e § 1°, Lei 11.688/04.70 Item 1, § 2°, artigo 14, Lei 11.688/04.71 Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo.72 Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo.73 Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo.74 Fundação para o Desenvolvimento da Educação.75 Superintendência de Controle de Endemias.76 Artigos 19 e 20, Lei 11.688/04.77 § 3°, artigo 14, Lei 11.688/04.78 Item 2, § 2°, artigo 14, Lei 11.688/04.79 Item 3, § 2°, artigo 14, Lei 11.688/04.80 Item 4, § 2°, artigo 14, Lei 11.688/04.

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10 - SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO

10.1 - CONSTITUIÇÃO E FORMA

Antes da celebração do contrato deverá ser formada Sociedade dePropósito Específico81, com o objetivo de implantar e gerir o objeto da parceria.

É uma proposta interessante trazida pelo novo instituto, obrigando acriação de uma sociedade, que consiste em novo ente, juridicamente distin-to daquele que venceu o certame licitatório.

Tem por finalidade precípua separar os negócios da PPP de qualqueroutro negócio da empresa, inclusive para a assunção de capital de terceiros.

Pode constituir-se na forma de companhia aberta, com valores mobiliá-rios admitidos à negociação no mercado82 e deve obedecer a padrões degovernança corporativa83, além de adotar contabilidade e demonstraçõesfinanceiras padronizadas, conforme regulamento84.

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81 Artigo 9°, LF 11.079/04.82 § 2° do artigo 9°, LF 11.079/04.83 “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo osrelacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria,Auditoria Independente eConselho Fiscal.As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da socie-dade, facilitar seu acesso ao capital_ e contribuir para a sua perenidade”. Pressupõe o atendimento aos seguin-tes princípios:Transparência, Eqüidade, Prestação de contas (accountability) e Responsabilidade Corporativa._Por ‘acesso a capital’ devemos entender a oferta pública ou privada de ações, financiamentos de longo prazo ou aprópria reinversão de recursos oriundos do fluxo de caixa.“TRANSPARÊNCIAMais do que ‘a obrigação de informar’, a Administração deve cultivar o ‘desejo de informar’, sabendo que daboa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resulta um climade confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros.A comunicação não deverestringir-se ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclu-sive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor.EQÜIDADECaracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos minoritários, sejam do capital ou dasdemais ‘partes interessadas’ (stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores.Atitudesou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis.PRESTAÇÃO DE CONTAS (ACCOUNTABILITY)Os agentes da governança corporativa devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu e respondemintegralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos.Vide nota 137.RESPONSABILIDADE CORPORATIVAConselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabi-lidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negóciose operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplandotodos os relacionamentos com a comunidade em que a sociedade atua.A ‘função social’ da empresa deveincluir a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho,estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia, e melhoria da qualidade de vida pormeio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente.Inclui-se neste princípio a contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos) oferecidos pela pró-pria comunidade” (Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa - Instituto Brasileiro deGovernança Corporativa - IBGC, 3ª versão - disponível no site www.ibgc.org.br).84 § 3°, artigo 9°, LF 11.079/04.

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A Administração Pública não pode ser titular da maioria do capitalvotante desta Sociedade85, o que sugere que poderia participar em menorescala. Por outro lado, tal vedação não se aplica se, em caso de inadimple-mento de contratos de financiamento a aquisição da maioria do capitalvotante da sociedade de propósito específico for efetuada por instituiçãofinanceira controlada pelo Poder Público86.

Pode ocorrer, ainda, a transferência do controle da sociedade de pro-pósito específico, porém, condicionada à autorização expressa daAdministração Pública, nos termos do edital e do contrato87 e desde que opretendente atenda às exigências de capacidade técnica, idoneidade financei-ra e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço, além decomprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor88.

Observação importante: a Lei Estadual n° 11.688/04, em seu artigo 15, § 1°estabeleceu, de forma facultativa, a constituição de Sociedade de PropósitoEspecífico, coincidente com o objeto do contrato, sem prejuízo da responsabili-dade solidária do contratado pelo cumprimento integral das obrigações que aessa sociedade couberem.Todavia, como apresentamos neste item, a Lei Federal,que tem por competência traçar normas de caráter geral, estabelece que aconstituição da Sociedade de Propósito Específico é condição indis-pensável para o pretendente que quer firmar o contrato de parceria público-privada.

11 - A LICITAÇÃO NOS CONTRATOS DE PPP

A contratação de parceria público-privada será precedida de licitaçãona modalidade de Concorrência89. Isto pressupõe o atendimento aos dispo-sitivos da Lei de Licitações (LF 8.666/93) e da Lei de Concessões (LF8.987/95) e suas respectivas alterações, quando pertinentes90.A Lei Federalnº 11.079/04 dedicou-se também a identificar os requisitos e fases do cer-tame considerando especialmente as disposições da Lei de ResponsabilidadeFiscal (LFC nº 101/00).

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85 § 4°, artigo 9°, LF 11.079/04.86 § 5°, artigo 9°, LF 11.079/04.87 § 1°, artigo 9°, LF 11.079/04.88 Incisos I e II, artigo 27, LF 8.987/95.89 Artigo 10, LF 11.079/04.90 Artigo 11, LF 11.079/04.

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11.1 - PROCEDIMENTOS PRÉVIOS AO LANÇAMENTO DOEDITAL

• Autorização da autoridade competente, fundamentada em estudotécnico que demonstre91:a) a conveniência e a oportunidade da contratação mediante identifi-

cação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceriapúblico-privada;

b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas deresultados fiscais previstas no Anexo92 referido no § 1° do artigo4° da LFC nº 101/00, devendo seus efeitos financeiros, nos perío-dos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente dereceita ou pela redução permanente de despesa e

c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do arti-go 25 da Lei (Normas de Consolidação das Contas Públicas, aserem editadas pela Secretaria do Tesouro Nacional), a observân-cia dos limites e condições decorrentes da aplicação dos artigos29, 30 e 32 da LFC nº 101/00 (dívida e endividamento), pelas obri-gações contraídas pela Administração Pública relativas ao objetodo contrato.

• Elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exer-cícios em que deva vigorar o contrato de parceria público-privada93;

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91 Inciso I,Artigo 10, LF 11.079/04.92 “LC 101/00 - Artigo 4° - ...

§ 1o Integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serãoestabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nomi-nal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.§ 2o O Anexo conterá, ainda:I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem osresultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a con-sistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicaçãodos recursos obtidos com a alienação de ativos;IV - avaliação da situação financeira e atuarial:a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo aoTrabalhador;b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das des-pesas obrigatórias de caráter continuado.”93 Inciso II,Artigo 10, LF 11.079/04.

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• Declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraí-das pela Administração Pública no decorrer do contrato são compa-tíveis com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e estão previstas na LeiOrçamentária Anual94;

• Estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumpri-mento, durante a vigência do contrato e por exercício financeiro, dasobrigações contraídas pela Administração Pública95;

• Previsão, no Plano Plurianual em vigor, do objeto da PPP no âmbitoonde o contrato será celebrado96;

• Submissão da minuta de Edital e de Contrato à consulta pública,mediante publicação na imprensa oficial, em jornais de grande cir-culação e por meio eletrônico, que deverá informar a justificativapara a contratação, a identificação do objeto, o prazo de duraçãodo contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30(trinta) dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-ápelo menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a publicaçãodo edital97;

• Licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licencia-mento ambiental do empreendimento, na forma do regulamento,sempre que o objeto do contrato exigir98 e

• Autorização legislativa para concessão patrocinada nos casos em que ovalor da remuneração do parceiro privado, paga pela AdministraçãoPública, exceder a 70% (setenta por cento) 99.

Observação importante sobre as atividades previamente desenvolvi-das e que possam materializar parte do objeto a ser contratado: osestudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou investimen-tos já efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para a licitação, realizadospelo poder concedente ou com a sua autorização, estarão à disposição dos inte-ressados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios correspon-dentes, especificados no Edital100.

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94 Inciso III,Artigo 10, LF 11.079/04.95 Inciso IV,Artigo 10, LF 11.079/04.96 Inciso V,Artigo 10, LF 11.079/04.97 Inciso VI,Artigo 10, LF 11.079/04.98 Inciso VII,Artigo 10, LF 11.079/04.99 Artigo 10, § 3º, LF 11.079/04.100 Artigo 21, LF 8.987/95.

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Também é importante destacar que antes da contratação, ou seja, emfase intermediária ao lançamento do Edital e à criação da Sociedade dePropósito Específico, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverãoencaminhar ao Senado Federal e à Secretaria do Tesouro Nacional informa-ções necessárias para cumprimento das questões relativas aos limites impos-tos à sua Receita Corrente Líquida101, conforme citação no subitem 11.3.5deste Guia.

11.2 - MODALIDADE

O contrato de PPP deve ser precedido por licitação na modalidade deConcorrência, evidenciando, no entanto, características próprias expressasna Lei nº 11.079/04, a exemplo da possibilidade de inversão das fases de habi-litação e julgamento e a oferta de lances verbais.

11.3 - INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO

O edital da Concorrência para contratação de PPP deve observar osdispositivos da LF nº 11.079/04 e, no que couber, as normas sobre licitaçõese contratos e concessões. O artigo 11 da Lei das PPP expressa esta deter-minação102 o que torna oportuna a incorporação a este documento dos §§3º e 4º do artigo 15 e dos artigos 18, 19 e 21 da Lei de Concessões (LF nº8.987/95) para identificar o conteúdo mínimo do instrumento convocatório:

“Artigo 15 - ...§ 3º - O poder concedente recusará propostas manifestamente inexeqüíveisou financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação;§ 4º - Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apre-sentada por empresa brasileira.Artigo 18 - O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente,observados, no que couber, os critérios e as normas gerais da legislação pró-pria sobre licitações e contratos e conterá, especialmente:I - o objeto, metas e prazo da concessão;

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101 Artigo 28, LF 11.079/04.102 LF 11.079/04 - “Artigo 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressa-mente a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do artigo 15,os artigos 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.”

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II - a descrição das condições necessárias à prestação adequada do serviço;III - os prazos para recebimento das propostas, julgamento da licitação e assi-natura do contrato;IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos interessados, osdados, estudos e projetos necessários à elaboração dos orçamentos e apre-sentação das propostas;V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a aferição da capa-cidade técnica, da idoneidade financeira e da regularidade jurídica e fiscal103;VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, complementares ou acessó-rias, bem como as provenientes de projetos associados;VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da concessionária emrelação a alterações e expansões a serem realizadas no futuro, para garan-tir a continuidade da prestação do serviço;VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa;IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a serem utilizados no jul-gamento técnico e econômico-financeiro da proposta104;X - a indicação dos bens reversíveis;XI - as características dos bens reversíveis e as condições em que estes serãopostos à disposição, nos casos em que houver sido extinta a concessão anterior;XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das desapropriaçõesnecessárias à execução do serviço ou da obra pública, ou para a instituiçãode servidão administrativa;XIII - as condições de liderança da empresa responsável, na hipótese em quefor permitida a participação de empresas em consórcio;XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo contrato, que conteráas cláusulas essenciais referidas no art. 23 desta Lei105, quando aplicáveis;XV - nos casos de concessão de serviços públicos precedida da execução deobra pública, os dados relativos à obra, dentre os quais os elementos do pro-jeto básico que permitam sua plena caracterização, bem assim as garantiasexigidas para essa parte específica do contrato, adequadas a cada caso elimitadas ao valor da obra106;

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103 Dentre os critérios estabelecidos em Edital poderão ainda ser incluídos as condições e prazo para pré-qualificação de eventuais parceiros, nos termos dos artigos 30 e 31 e 114 da Lei de Licitações.104 O instrumento convocatório precisará critérios objetivos incorporáveis ao contrato, os quais permitama avaliação da economicidade do empreendimento consoante as premissas já comentadas no item 4 desteGuia.105 Identificadas no sub item 12.1 deste Guia.106 Redação dada pela Lei Federal nº 9.648, de 27.05.99.

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XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de adesão a ser firmado.Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de empresas em con-sórcio, observar-se-ão as seguintes normas:I - comprovação de compromisso, público ou particular, de constituição deconsórcio, subscrito pelas consorciadas;II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e XIII do artigo ante-rior, por parte de cada consorciada;IV - impedimento de participação de empresas consorciadas na mesma lici-tação, por intermédio de mais de um consórcio ou isoladamente.§ 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração docontrato, a constituição e registro do consórcio, nos termos do compromissoreferido no inciso I deste artigo.§ 2o A empresa líder do consórcio é a responsável perante o poder conce-dente pelo cumprimento do contrato de concessão, sem prejuízo da respon-sabilidade solidária das demais consorciadas.Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesasou investimentos já efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para a lici-tação, realizados pelo poder concedente ou com a sua autorização, estarãoà disposição dos interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir osdispêndios correspondentes, especificados no edital.”

Observação: Os autores ou responsáveis economicamente pelos projetos bási-co ou executivo podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou daexecução de obras ou serviços107.

Outras disposições editalícias, aplicáveis às PPP, estão detalhadas nossubitens 11.3.1 a 11.3.10.

11.3.1 - Minuta do contrato

A minuta do contrato deve integrar as peças do instrumento convoca-tório108.

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107 Artigo 31, LF 9.074/95.108 “caput” do artigo 11, LF 11.079/04.

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11.3.2 - Remissão a dispositivos legais

O Edital deve, expressamente, indicar seu embasamento nas disposi-ções da Lei nº 11.079/04109.

11.3.3 - Garantia de proposta

Poderá ser exigida garantia de proposta do licitante, observado o limi-te do inciso III do artigo 31 da Lei n° 8.666/93 (Lei de Licitações), ou seja,até 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação110.

11.3.4 - Arbitragem

Estabeleceu a Lei que, para dirimir conflitos decorrentes ou relaciona-dos às PPP, ao procedimento de contratação pode-se prever o empregodos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, aser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307,de 23 de setembro de 1996 (Lei que dispõe sobre a Arbitragem)111.

Aqui, a norma que regulamenta a Parceria Público Privada toca umaquestão bastante delicada.

Modernamente, em matéria de contratos comerciais, pela própria natu-reza do negócio, se faz necessário que haja rápida solução dos conflitos,razão pela qual as partes podem, através de termo escrito, eleger um juízoarbitral para eliminar pendências que porventura surjam no transcorrer desua execução.

Na verdade,o juízo arbitral é uma tendência mundial, ao menos em termosde contratos internacionais, razão pela qual o Brasil editou a Lei da Arbitragempara a solução de questões relativas a direitos patrimoniais disponíveis.

Contudo, enquanto a declinação do juízo estatal possa ser práticacomum em ajustes privados, a possibilidade de escolha do juízo arbitral paracontratos públicos tem outros contornos, eis que a Administração deve agircom supremacia e indisponibilidade do interesse público.

Nessa qualidade, os bens e interesses públicos não estão prontos à dis-posição do próprio órgão administrativo que os representa, ou entregues àlivre vontade do administrador112.

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109 “caput” do artigo 11, LF 11.079/04.110 Inciso I, artigo 11, LF 11.079/04.111 Inciso III, artigo 11, LF 11.079/04.112 Celso Antonio Bandeira de Mello.Curso de Direito Administrativo,São Paulo:Malheiros Editores, 1996, p. 31 e ss.

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Verifica-se que a própria lei que instituiu o juízo arbitral no Brasil esta-beleceu que sendo suscitadas questões relativas a direitos indisponíveis,torna-se prejudicial o andamento do feito, devendo tais pendências serremetidas ao juízo estatal para solução113.

11.3.5 - Garantia de contraprestação

O edital deverá especificar, quando houver, as garantias da contrapres-tação do parceiro público a serem concedidas ao parceiro privado114.

Observações: De acordo com o artigo 28 da Lei nº 11.079/04, a União nãopoderá conceder garantia e realizar transferência voluntária aos Estados, DistritoFederal e Municípios se a soma das despesas de caráter continuado derivadas doconjunto das parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido, no anoanterior, a 1% (um por cento) da Receita Corrente Líquida do exercício ou se asdespesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos subseqüentes excede-rem a 1% (um por cento) da receita corrente líquida projetada para os respecti-vos exercícios, computadas as despesas derivadas de contratos de parceria cele-brados pela Administração Pública direta, autarquias, fundações públicas, empre-sas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas, dire-ta ou indiretamente, pelo respectivo ente.Para verificação de cumprimento desses limites, os Estados, o Distrito Federal eos Municípios que contratarem empreendimentos por intermédio de parceriaspúblico-privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria doTesouro Nacional, previamente à contratação, as informações necessárias paracumprimento do previsto no “caput” do mencionado artigo.

11.3.6 - Propostas Técnicas

O julgamento poderá ser precedido de etapa de qualificação de pro-postas técnicas, desclassificando-se os licitantes que não alcançarem a pon-tuação mínima, os quais não participarão das etapas seguintes115.

O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação ou julgamento,será feito por ato motivado, com base em exigências, parâmetros e indicado-res de resultado pertinentes ao objeto, definidos com clareza e objetividadeno edital116.

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113 LF 9.307/96 - “Art. 25 Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indispo-níveis e verificando-se que de sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribu-nal arbitral remeterá as partes à autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo o proce-dimento arbitral”.114 Parágrafo único, artigo 11, LF 11.079/04.115 Inciso I, artigo 12, LF 11.079/04.116 § 2º, artigo 12, LF 11.079/04.

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11.3.7 - Propostas econômicas

O edital definirá a forma de apresentação das propostas econômicas117,admitindo-se:

• propostas escritas em envelopes lacrados; ou• propostas escritas, seguidas de lances em viva voz, sendo que estes

serão sempre oferecidos na ordem inversa da classificação das pro-postas escritas, e em quantidade118 que não pode ser limitada no edi-tal. O instrumento convocatório poderá, no entanto, restringir a apre-sentação de lances em viva voz119 aos licitantes cuja proposta escritafor no máximo 20% (vinte por cento) maior que o valor da melhorproposta.

Observação: ao prever como critérios de julgamento das propostas, o menorvalor da tarifa, a melhor técnica e a menor contraprestação da administraçãopública, ou ainda, uma combinação desses critérios, nada impede, por exemplo,que como contraprestação pela construção de uma estrada, a remuneração sejagerada pela exploração do postos de combustíveis, hotéis, lanchonetes, restau-rantes etc120.

11.3.8 - Erratas: correções, acertos, saneamentos

O edital poderá prever a possibilidade de saneamento de falhas, decomplementação de insuficiências ou ainda de correções de caráter formalno curso do procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigên-cias dentro do prazo fixado no instrumento convocatório121.

11.3.9 - Julgamento

Conforme mencionamos no subitem 11.3.6, o edital poderá preveruma etapa de qualificação de propostas técnicas antecedente ao julgamento.A pontuação mínima não atingida leva os licitantes à desclassificação, impe-dindo-os de participar das etapas seguintes.

Na fase de julgamento poderão ser adotados vários critérios, a saber:

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117 Inciso III, artigo 12, LF 11.079/04.118 Inciso I, § 1º, artigo 12, LF 11.079/94.119 Inciso II, § 1º, artigo 12, LF 11.079/94.120 Benedicto de Tolosa Filho, advogado especialista em direito público, consultor, professor e autor de diver-sas obras jurídicas - www.licitacao.uol.com.br - pesquisa em 05.07.05.121 Inciso IV, artigo 12, LF 11.079/04.

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a) menor valor da contraprestação122 a ser paga pela AdministraçãoPública;

b) melhor proposta123 em razão da combinação do critério anterior como de melhor técnica, de acordo com os pesos estabelecidos no edital;

c) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado124;d) a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela

outorga da concessão125;e) melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação das pro-

postas técnicas126;f) a combinação, dois a dois, entre os critérios citados nas alíneas retro

“c”, “d”, “e”127, se previamente estabelecida no edital de licitação,inclusive com regras e fórmulas precisas para avaliação econômico-financeira128;

g) melhor proposta técnica, com preço fixado no edital129 eh) melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor

valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhortécnica130.

Importante destacar que a Administração Pública deve sempre expres-sar no edital os parâmetros e exigências131 para formulação de propostastécnicas, conforme também mencionamos no subitem 11.3.6.

Devem ser recusadas propostas manifestamente inexeqüíveis ou finan-ceiramente incompatíveis com os objetivos da licitação132.

Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresen-tada por empresa brasileira133.

11.3.10 - das fases de habilitação e julgamento

A Lei 11.079/04 estabeleceu dispositivo134 permitindo a inversão destasfases. Se o poder concedente fizer esta opção, o processamento do certameobedecerá aos seguintes procedimentos:

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122 Alínea “a”, Inciso II, artigo 12, LF 11.079/04.123 Alínea “b”, Inciso II, artigo 12, LF 11.079/04.124 Inciso I,Artigo 15, LF 8.987/95.125 Inciso II,Artigo 15, LF 8.987/95.126 Inciso VII,Artigo 15, LF 8.987/95.127 Inciso III,Artigo 15, LF 8.987/95.128 § 1º,Artigo 15, LF 8.987/95.129 Inciso IV,Artigo 15, LF 8.987/95.130 Inciso VI,Artigo 15, LF 8.987/95.131 § 2º,Artigo 15, LF 8.987/95, com a nova redação dada pela LF 9.648/99.132 § 3º,Artigo 15, LF 8.987/95, com a nova redação dada pela LF 9.648/99.133 § 4º,Artigo 15, LF 8.987/95, acrescido ao citado artigo pela LF 9.648/99.134 Artigo 13.

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• encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento delances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação dolicitante mais bem classificado, para verificação do atendimento dascondições fixadas no edital135;

• verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante serádeclarado vencedor136;

• inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os docu-mentos habilitatórios do licitante com a proposta classificada em 2º(segundo) lugar, e assim, sucessivamente, até que um licitante classifi-cado atenda às condições fixadas no edital137 e

• proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado aovencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas138.

CONTROLE EXTERNO E ACOMPANHAMENTO DOS EDITAISOs órgãos responsáveis pela Administração Pública devem demonstrar a legali-dade e a regularidade do instrumento convocatório, do contrato, das despesasdecorrentes e de sua execução ao Tribunal de Contas e aos seus controles inter-nos, os quais averiguarão a adequação dos gastos contratuais e da formalidadedos documentos apresentados139.As eventuais irregularidades gravadas em Editais podem também ser representadasaos órgãos controladores supra mencionados, quer seja por pessoa física ou jurí-dica ou mesmo licitantes ou contratados140, podendo ainda ser solicitados peloTribunal de Contas, para análise prévia à contratação, com cópia publicada, emprazo circunscrito até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento daspropostas, obrigando-se os entes da Administração a adotar medidas corretivasque lhes forem determinadas, na forma da Lei141.

12 - CONTRATOS DE PPP - ASPECTOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS

12.1 - CLÁUSULAS ESSENCIAIS E NECESSÁRIAS

A Lei Federal reservou o segundo capítulo142 para abordar os contra-tos de PPP determinando, ainda, que os ajustes atendam, no que couber, àsdisposições do artigo 23 da Lei de Concessões, que trata das cláusulas essen-

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135 Inciso I, artigo 13, LF 11.079/04.136 Inciso II, artigo 13, LF 11.079/04.137 Inciso III, artigo 13, LF 11.079/04.138 Inciso IV, artigo 13, LF 11.079/04.139 Artigo 113, LF nº 8.666/93.140 § 1º, artigo 113, LF 8.666/93.141 § 2º, artigo 113, LF 8.666/93.

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ciais. Diante disso, apresentamos o conteúdo dos dispositivos supra citadoscom as evidências complementares da Lei de Concessões que devem tam-bém integrar os contratos de PPP:

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142 Artigos 5º a 7º, LF 11.079/04.143 Inexiste na língua portuguesa uma palavra que reflita o sentido pleno dessa expressão, que consiste naobrigação de responder por uma responsabilidade outorgada. Pressupõe a existência de pelo menos duaspartes: uma que delega a responsabilidade e outra que a aceita, com o compromisso de prestar contas daforma como usou esta responsabilidade. Envolve, entre outros fatores, dimensões de legalidade, conformi-dade e resultados, desempenho de políticas públicas e inclusive a de regulação.

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Observação: Prevê o inciso XV do artigo 18 da Lei nº 8.987/95 que as garan-tias exigidas para concessões precedidas da execução de obra pública serão ade-quadas a cada caso e limitadas ao valor da obra. Este regramento também se apli-ca aos contratos de PPP para concessões patrocinadas.

12.1.1 - Cláusulas Necessárias aos Contratos Estaduais de PPP

A Lei nº 11.688/04 do Estado de São Paulo estabeleceu que os contra-tos de PPP devem ainda prever:

• No caso de seu objeto reportar-se a setores regulados, que as regrasde desempenho das atividades e serviços deverão ficar submetidasàquelas determinadas pela Agência Reguladora correspondente145;

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144 Artigo 6º, § 2º da LF 8.987/95: a atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento edas instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.145 § 2º do artigo 5º.

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• Que compete ao Poder Público declarar de utilidade pública os bensque, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimentode atividades inerentes, acessórias ou complementares ao objeto docontrato, bem como à implementação de projetos associados, poden-do promover as requisições e as desapropriações diretamente oumediante outorga de poderes ao contratado146 e

• A possibilidade de término do contrato não só pelo tempo decorri-do ou pelo prazo estabelecido, mas também pelo montante financei-ro retornado ao contratado em função do investimento realizado147.

12.2 - CLÁUSULAS ADICIONAIS FACULTATIVAS

Os contratos de PPP podem, adicionalmente, conter as seguintes dis-posições:

• Transferência do controle da Sociedade de PropósitoEspecífico148: estabelecimento de requisitos e condições em que oparceiro público autorizará tal transferência para os financiadores dareferida sociedade149, objetivando promover a sua reestruturaçãofinanceira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços. Paraesse caso a lei dispensou os financiadores do atendimento às exigên-cias de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurí-dica e fiscal necessária à assunção do serviço;

• Credor do empenho orçamentário diferente do parceirocontratado150: possibilidade de emissão de empenho em nome dosfinanciadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias daAdministração Pública;

• Indenização por extinção antecipada do contrato151: legitimi-dade dos financiadores do projeto para recebê-la;

• Pagamentos efetuados por fundos e empresas estataisgarantidores de PPP152: legitimidade dos financiadores do projetopara recebê-los e

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146 § 1º do artigo 8º.147 Inciso III,“b” do artigo 8º.148 Inciso I, § 2º,Artigo 5º, LF 11.079/04.149 Vide item 10 deste Guia.150 Inciso II, § 2º,Artigo 5º, LF 11.079/04.151 Inciso III, § 2º,Artigo 5º, LF 11.079/04.152 Inciso III, § 2º,Artigo 5º, LF 11.079/04.

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• Remuneração variável153: desde que vinculada ao desempenho doparceiro privado, conforme metas e padrões de qualidade e disponi-bilidade definidos no contrato.

Trazemos ainda outros dispositivos da Lei de Concessões aplicáveis aosContratos de PPP visando especialmente a Concessão Administrativa, concei-tuada no subitem 2.2 deste Guia, como se vê nos subitens 12.3 a 12.8 a seguir.

12.3 - OBRIGATORIEDADE E RESPONSABILIDADE PELOSSERVIÇOS CONCEDIDOS

É incumbência da concessionária a execução do serviço concedido,cabendo-lhe ainda responder por todos os prejuízos causados ao poderconcedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida peloórgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade154.

12.4 - CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS PELACONCESSIONÁRIA

As obrigações e responsabilidades antes mencionadas não impedemque a concessionária possa contratar com terceiros o desenvolvimento deatividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido,bem como a implementação de projetos associados155. Se a concessionáriacontratar terceiros, estes ajustes reger-se-ão pelo Direito Privado, não seestabelecendo qualquer relação jurídica entre terceiros e o poder conce-dente, e a respectiva execução pressupõe, obrigatoriamente, o cumprimen-to das normas regulamentares da modalidade do serviço concedido156.

12.5 - REQUISITOS PARA TRANSFERÊNCIA DACONCESSÃO OU DO CONTROLE SOCIETÁRIO DACONCESSIONÁRIA

Sem prévia anuência do poder concedente, a transferência da conces-são ou do controle societário da concessionária implicará na caducidade da

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153 Parágrafo único,Artigo 6º, LF 11.079/04.154 Artigo 25, LF 8.987/95.155 § 1°, artigo 25, LF 8.987/95.156 §§ 2° e 3°, artigo 25, LF 8.987/95.

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concessão.A anuência somente será concedida se o pretendente atender àsexigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídi-ca e fiscal necessárias à assunção do serviço e assumir o compromisso decumprir todas as cláusulas do contrato em vigor157.

12.6 - CONTRATOS DE FINANCIAMENTO

As concessionárias poderão oferecer em garantia os direitos emergen-tes da concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização e acontinuidade da prestação do serviço158.

12.7 - ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE

• regulamentação do serviço concedido159;• fiscalização do serviço, com acesso a dados relativos à administração,

contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da con-cessionária, por intermédio de órgão técnico do poder concedente160

e, periodicamente, por uma comissão161 que reúna representantes dopoder concedente, da concessionária e dos usuários162;

• mecanismos de manutenção da qualidade do serviço, além do estímu-lo e incentivos ao aumento tanto da qualidade, produtividade, preser-vação do meio-ambiente e conservação quanto da competitividade163;

• declaração de utilidade pública para os bens necessários à execuçãodo serviço ou obra pública e as todas as medidas inerentes a esteobjetivo, inclusive para fins de servidão administrativa164;

• homologação de reajustes e revisão de tarifas165;• exigência do cumprimento das disposições regulamentares do servi-

ço e das cláusulas pactuadas166;

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157 Artigo 27, LF 8.987/95.158 Artigo 28, LF 8.987/95.159 Inciso I, artigo 29, LF 8.987/95.160 Ou por entidade com ele conveniada.161 Conforme previsto em norma regulamentar.162 Inciso I, artigo 29; artigo 30 e parágrafo único, LF 8.987/95.163 Incisos VII, X e XI, artigo 29, LF 8.987/95.164 Incisos VII e IX, artigo 29, LF 8.987/95.165 Inciso V, artigo 29, LF 8.987/95.166 Inciso VI, artigo 29, LF 8.987/95.

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• apuração e solução de queixas e reclamações dos usuários e estímu-lo à formação de associações de usuários para defesa de interessesrelativos ao serviço167 e

• fixação de penalidades, promoção de intervenções, por decreto, coma instauração de procedimento administrativo com prazo limite de180 dias para conclusão, e até mesmo a nulidade ou extinção da con-cessão, obedecendo aos critérios, razões e procedimentos fixadosnos termos legais168.

12.8 - ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA

• Prestar o serviço adequadamente, cumprindo e fazendo cumprir asnormas do serviço e as cláusulas contratuais da concessão169;

• Promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelopoder concedente, conforme previsto no edital e no contrato170;

• Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à prestaçãodo serviço171;

• Zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço,bem como segura-los adequadamente172;

• Manter atualizados o inventário e o registro dos bens vinculados àconcessão173;

• Ao efetuar contratações, inclusive de mão-de-obra, cuidar para queatendam às disposições do Direito Privado e da legislação trabalhista,destacando-se que não poderá haver qualquer relação entre os ter-ceiros contratados pela concessionária e o poder concedente174;

• Prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuá-rios175 e

• Permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquerépoca, às obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do ser-viço, bem como a seus registros contábeis176.

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167 Inciso VII e XII, artigo 29, LF 8.987/95.168 Incisos II a IV, artigo 29 e artigos 32 a 34 (intervenção); artigos 35 a 39 (extinção), LF 8.987/95.169 Incisos I e IV, artigo 31, LF 8.987/95.170 Inciso VI, artigo 31, LF 8.987/95.171 Inciso VIII, artigo 31, LF 8.987/95.172 Inciso VII, artigo 31, LF 8.987/95.173 Inciso II, artigo 31, LF 8.987/95.174 Parágrafo único do artigo 31, LF 8.987/95.175 Inciso III, artigo 31, LF 8.987/95.176 Inciso V, artigo 31, LF 8.987/95.

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12.9 - PENALIDADES

Serão aplicáveis às partes contratantes177, no que couber, e sem prejuí-zo das penalidades financeiras contratualmente previstas, as sanções dispos-tas nos seguintes diplomas legais:

• Decreto-Lei nº 2.848, de 7/12/40 - Código Penal;• Lei nº 1.079, de 10/04/50 - define os crimes de responsabilidade;• Decreto-Lei nº 201, de 27/2/67 - responsabilidade de Prefeitos e

Vereadores;• Lei nº 8.429, de 2/6/92 - Lei de Improbidade Administrativa e• Lei nº 10.028, de 19/10/00 - Lei dos Crimes Fiscais.

12.10 - EXTINÇÃO DA CONCESSÃO

Nos termos da legislação vigente178 os contratos de PPP podem se tor-nar ab rogatórios por iniciativa do parceiro privado ou do Poder conceden-te. Se determinada pela contratada, infere-se o descumprimento de normascontratuais discutíveis mediante ação especialmente intentada. Nesta condi-ção, os serviços prestados pelo parceiro não podem ser paralisados ou inter-rompidos enquanto não transitar em julgado decisão judicial de última ins-tância.

A extinção pretendida pelo Governo pode ser fundamentada pelosseguintes fatos administrativos:

a) encampação: caracterizada pela retomada do serviço prestadodurante o prazo contratual, devendo ser motivada por interessepúblico explícito em lei autorizativa específica. Na hipótese conside-rada, o contratado deve ser indenizado nas parcelas de investimen-tos vinculados a bens reversíveis, não amortizados ou depreciados,que tenham sido aplicados para garantir a continuidade do objetocontratual;

b) advento do termo contratual: ocorrerá quando o contratanteantecipar-se à extinção da concessão. Procedidos os levantamentos

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177 Artigo 29, LF 11.079/04.178 Artigos 35 a 39 da LF 8.987/95.

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e avaliações necessários, indenizar-se-á o parceiro privado quantoaos investimentos vinculados a bens reversíveis, na forma já indicadana alínea anterior, relativa aos motivos ensejadores da encampação;

c) caducidade: estabelecida face a inexecução total ou parcial da par-ceria, caracterizada nos seguintes casos:

I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou defi-ciente por não observar normas, critérios, indicadores e parâmetrosqualitativos dos serviços;II - descumprimento, pelo contratado, das cláusulas contratuais, dis-posições legais ou regulamentos concernentes;III - paralisar os serviços ou para tanto concorrer, ressalvando-se con-tudo as decorrências de caso fortuito ou força maior;IV - se a concessionária perder condições econômicas, técnicas ouoperacionais que impeçam o adequado cumprimento do objeto con-tratual;V - pelo não cumprimento, nos devidos prazos, das penalidadesimpostas por infrações;VI - quando não atendida intimação do poder concedente para regu-larizar prestação de serviços eVII - constatação de sonegação de tributos ou de contribuiçõessociais apurada em sentença transitada em julgado.

Observação: a declaração de caducidade deve ser precedida da verificação deinadimplência do parceiro privado em processo administrativo, com amplo direi-to de defesa. Este processo administrativo não deve ser instaurado até que sepossibilite, durante prazo hábil, que a contratada corrija falhas e transgressõesaos termos contratuais. Comprovada a inadimplência, a caducidade será declara-da por decreto governamental, independentemente de indenização prévia calcu-lada no decurso do processo, sendo devidos os abatimentos indenizatórios dosinvestimentos vinculados a bens reversíveis e descontos do valor de multas con-tratuais e danos causados.A caducidade não resulta qualquer responsabilidade aocontratante quanto a encargos, compromissos com terceiros ou com emprega-dos do parceiro privado.

Além das previsões de extinção por rescisão e por anulação, existe aindaa condição extintória pela falência ou encerramento da empresa contratada.

Finda a parceria, a contratante assumirá, de imediato, a prestação deserviços após o procedimento de levantamentos, avaliações e liquidaçõesnecessários.

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13 - CONCESSÃO DE CRÉDITO DESTINADO AO FINANCIAMENTODE CONTRATOS DE PPP

Cabe ao Conselho Monetário Nacional estabelecer as diretrizes para aconcessão de crédito destinado ao financiamento de contratos de parceriaspúblico-privadas, bem como para participação de entidades fechadas de pre-vidência complementar179.

14 - CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS APLICÁVEIS AOSCONTRATOS DE PPP

À Secretaria do Tesouro Nacional compete editar normas gerais relati-vas à consolidação das contas públicas aplicáveis aos contratos de parceriapúblico-privada180.

15 - REFERÊNCIAS LEGAIS - EMENTAS

• Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993

Regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-mas para licitações e contratos da Administração Pública, e dá outras pro-vidências.

• Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (texto atualizado em7/11/00)

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviçospúblicos previsto no artigo 175 da Constituição Federal, e dá outras provi-dências.

• Lei Federal n° 9.074, de 07 de julho de 1995

Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permis-sões de serviços públicos, e dá outras providências.

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo58

179 Artigo 24, LF 11.079/04.180 Artigo 25, LF 11.079/04.

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• Lei Estadual nº 9.361, de 05 de julho de 1996

Cria o Programa Estadual de Desestatização, dispõe sobre a ReestruturaçãoSocietária e Patrimonial do Setor Energético, e dá outras providências.

• Lei Federal nº 9.307, de 23 de setembro de 1996

a. Dispõe sobre a Arbitragem.

• Lei Federal nº 9.648, de 27 de maio de 1998

Altera dispositivos das Leis 3890-A, de 25/4/61, 8.666, de 21/6/93, 8.987,de 13/2/95, 9.074, de 7/7/95, 9427, de 26/12/96, e autoriza o PoderExecutivo a promover a reestruturação das Centrais Elétricas Brasileiras -ELETROBRÁS e de suas subsidiárias, e dá outras providências.

• Lei Federal nº 9.791, de 24 de março de 1999

Dispõe sobre a obrigatoriedade de as concessionárias de serviços públicosestabelecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o venci-mento de seus débitos.

• Lei Estadual nº 11.688, de 19 de maio de 2004

Institui o Programa de Parcerias Público-Privadas PPP, cria a CompanhiaPaulista de Parcerias, e dá outras providências.

• Decreto Estadual nº 48.742, de 21 de junho de 2004

II. Dispõe sobre a vinculação da Companhia Paulista de Parcerias - CPP.

• Decreto Estadual nº 48.799, de 16 de julho de 2004

Altera o Decreto nº 48.502/04, para constituir a Companhia Paulista deParcerias - CPP, como Unidade Orçamentária da Secretaria da Fazenda.

• Decreto Estadual nº 48.867, de 10 de agosto de 2004

III. Regulamenta a Lei nº 11.688/04, e dá outras providências.

• Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004

Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-pri-vada no âmbito da administração pública.

Contratos de Parcerias Público-Privadas 59

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Page 61: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

• Decreto Federal nº 5.385, de 04 de março de 2005

Institui o Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal - CGP, e dáoutras providências.

• Decreto Estadual nº 49.568, de 26 de abril de 2005

Reorganiza a Secretaria de Economia e Planejamento, entre outras coisas,estabelecendo as atribuições da Unidade de Parcerias Público-Privadas(PPP).

• Decreto Estadual nº 49.575, de 04 de maio de 2005Dispõe sobre a classificação institucional da Secretaria de Economia ePlanejamento, constituindo a Unidade de Parcerias Público-Privadas (PPP),como Unidade de Despesa da Pasta.

16 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tribunal de Contas do Estado de São Paulo60

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Seminário Britchan - Projetos de PPP no Brasil - 12/04/04.Palestrantes diversos.

Contratos de Parcerias Público-Privadas 61

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Page 63: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

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O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, no exercício da competência con-ferida pelo inciso XXVI, do artigo 2º, da Lei Complementar nº 709, de 1993, e obser-vado o disposto na letra “b”, do inciso IV, do artigo 109 de seu Regimento Interno e

Considerando que aos Tribunais de Contas compete criar mecanismos ade-quados à fiscalização do pleno cumprimento das normas gerais para licitação econtratação de parceria público-privada no âmbito da Administração Pública, insti-tuídas pela Lei Federal nº 11.079, de 30/12/2004

RESOLVE editar esta Resolução:Artigo 1º - Ficam aprovados os Aditamentos de nº 1/2005 às Instruções

01/2002 e 02/2002, que consolidam as Instruções do Tribunal de Contas doEstado de São Paulo relativas à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-racional e patrimonial do Estado e dos Municípios, para o fim de possibilitar a fis-calização e o acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas concessõesdecorrentes de contratos de Parcerias Público-Privadas.

Artigo 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.São Paulo, 31 de agosto de 2005.

CLÁUDIO FERRAZ DE ALVARENGAPresidente

ANTONIO ROQUE CITADINIEDUARDO BITTENCOURT CARVALHO

EDGARD CAMARGO RODRIGUESFULVIO JULIÃO BIAZZI

RENATO MARTINS COSTAROBSON RIEDEL MARINHO

Publicado no D.O.E de 1º/9/2005.

RESOLUÇÃO Nº 004/2005TCA-19766/026/04

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Artigo 1° - As Unidades Gestoras dos Órgãos do Poder Executivo,Autarquias, Fundações, Sociedades de Economia Mista, Empresas Públicas eConsórcios Governamentais por Associações Públicas ou de Direito Privadoremeterão a este Tribunal até o dia 15 (quinze) de cada mês cópia dos con-tratos de Parceria Público-Privada (PPP), celebrados no mês anterior,acompanhados da reprodução dos seguintes documentos:

I - autorização da autoridade competente, acompanhada de estudo téc-nico que demonstre por meio de premissas e metodologias de cálculos:

a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identi-ficação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceriapúblico-privada;

b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão os resultadosprevistos no Anexo de Metas Fiscais (LDO), devendo seus efeitosfinanceiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumentopermanente de receita ou pela redução permanente de despesa; e

c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do arti-go 25 da Lei Federal nº 11.079, de 30/12/04, a observância doslimites e condições de endividamento decorrentes da aplicaçãodos artigos 29, 30 e 32 da Lei Complementar no 101, de 4/05/00,pelas obrigações contraídas pela Administração Pública relativasao objeto do contrato de PPP;

II - comprovante de que seu objeto está previsto no Plano Plurianual(PPA) em vigor no âmbito onde o contrato de PPP for celebrado;

III - declaração da autoridade competente de que as obrigações con-traídas pela Administração Pública no decorrer do contrato de PPP são com-

ADITAMENTO N° 01/05ÀS INSTRUÇÕES N° 01/2002

ÁREA ESTADUAL

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patíveis com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e estão adequada-mente previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA);

IV - comprovante de elaboração de estimativa do impacto orçamentá-rio-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato de PPP;

V - estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumpri-mento, durante a vigência do contrato de PPP e por exercício financeiro, dasobrigações contraídas pela Administração Pública;

VI - comprovante de que houve submissão das minutas de edital e decontrato de PPP à consulta pública, mediante publicação na imprensa oficial,em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, explicitados a justifi-cativa para a contratação, a identificação do objeto, a duração do ajuste, seuvalor estimado e fixado o prazo mínimo de 30 (trinta) dias para recebimen-to de sugestões, esgotado pelo menos 7 (sete) dias antes da data previstapara a publicação do edital;

VII - licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licen-ciamento do empreendimento, na forma do regulamento, sempre que oobjeto do contrato de PPP exigir;

VIII - autorização legislativa nos casos de concessões patrocinadas emque mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do parceiro privadofor paga pela Administração Pública;

IX - nos casos de licitações cujo valor ultrapasse 100 (cem) vezes olimite previsto para concorrência de obras e serviços de engenharia, provade realização audiências públicas nos termos do artigo 39 da Lei Federal n°8.666/93 e suas alterações;

X - manifestações da assessoria jurídica sobre o edital e minuta do con-trato de PPP;

XI - ato de designação da Comissão de Licitação;XII - no que concerne a obras e/ou serviços de engenharia, a docu-

mentação deverá vir acompanhada especialmente de:a) projeto básico aprovado pela autoridade competente;b) orçamento detalhado em planilhas que expressem a composi-

ção de todos os seus custos unitários;c) memorial descritivo dos trabalhos e respectivos cronogramas

físico-financeiro;XIII - edital e respectivos anexos, em especial minuta do contrato,

acerca do procedimento licitatório visando à contratação de parceria públi-co-privada (PPP);

XIV - documentação pertinente à correspondente licitação, excetuadaa documentação referente à habilitação das empresas que não foram adjudi-

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo66

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cadas;XV - comprovantes das publicações do edital resumido;XVI - contrato social registrado da Sociedade de Propósito Específico

(SPE) e relação de sua composição acionária;XVII - autorização do Senado Federal e Secretaria do Tesouro

Nacional (STN) previamente à contratação, para verificação dos limites esta-belecidos no artigo 28 da Lei Federal nº 11.079/04;

XVIII - nota(s) de empenho, se determinada(s) pela legislação finan-ceira, emitida(s) para atendimento de despesa(s);

XIX - comprovante(s) da(s) garantia(s) das obrigações pecuniáriascontraídas pela Administração Pública para o contrato de PPP;

XX - comprovante(s) da(s) garantia(s) oferecida(s) pelo parceiro pri-vado.

Parágrafo único - Deverão vir atualizados os documentos solicitadosnos incisos I a IV deste artigo caso a assinatura do contrato ocorra em exer-cício diverso daquele em que for publicado o edital.

Artigo 2º - Termos aditivos, modificativos ou complementares, dequalquer valor, relativamente aos ajustes indicados no artigo 1º.

Parágrafo Único - Os termos referidos no “caput” observarão oprazo previsto no artigo 1º e deverão vir acompanhados das necessárias jus-tificativas, da prova da autorização prévia da autoridade competente e de suapublicação.

Artigo 3º - Para fins de fiscalização e acompanhamento das ati-vidades desenvolvidas pelo parceiro contratado, deverá o PoderPúblico responsável pela assinatura do contrato encaminhar a este Tribunal,no prazo de 30 (trinta) dias, após a data de aniversário de cada vigência con-tratual, cópia dos seguintes documentos, retratando o respectivo períodoanual encerrado:

I - certidão indicando o nome dos gestores responsáveis pela execuçãoe fiscalização do contrato de PPP, respectivos períodos de gestão, afasta-mentos, substituições e órgão(s) representado(s);

II - relatório circunstanciado exarado pelos responsáveis na fiscalizaçãodo contrato de PPP, mencionados no item anterior, contendo as obrigaçõesdo concessionário para cumprimento do cronograma físico-financeiro deexecução das obras e serviços vinculados ao contrato de PPP, pormenori-zando as etapas e prazos previstos e realizados, explicitando ainda quaisqueralterações ocorridas relativamente a prazos, localização, aumento ou dimi-nuição;

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Page 69: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

III - relatório contendo a manifestação expressa da autoridade compe-tente quanto à regularidade dos atos, da satisfação e da atualidade dos ser-viços prestados, da observação das diretrizes definidas no artigo 4º da Lei nº11.079/04 e das providências adotadas nos casos de constatação de algumairregularidade ou acionamento de garantias por descumprimento das nor-mas estabelecidas no contrato de PPP;

IV - demonstrativo das eventuais receitas arrecadadas pelo Poder con-cedente decorrentes do contrato de PPP;

V - homologação de reajustes e revisão de tarifas, decorrentes do con-trato de PPP;

VI - restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contratode PPP, em função de quaisquer alterações ocorridas;

VII - demonstrativo financeiro das contraprestações da AdministraçãoPública, tipificadas conforme artigo 6º da Lei nº 11.079/04 contendo: datas;especificação dos documentos; valores e a correspondente identificação dosserviços disponibilizados, objeto do contrato de PPP, ou das retenções depagamentos para a contingência de indenização de bens reversíveis;

VIII - declaração(ões) de utilidade pública para efeito(s) de desapro-priação do(s) bem(ns) que, por sua(s) característica(s), seja(m) apropriado(s)ao desenvolvimento do objeto do contrato de PPP;

IX - relação das eventuais alterações ocorridas na composição acioná-ria da contratada;

X - publicação do balanço patrimonial da contratada, acompanhado dosrespectivos demonstrativos e notas explicativas, inclusive quanto a:

a) identificação das contas conciliadas que envolvam ocontrato e b) possível ocorrência de compartilhamento com a Administração

Pública dos ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes daredução do risco de crédito dos financiamentos utilizados;

XI - ata publicada da Assembléia Geral pertinente à tomada anual dascontas da contratada, contendo a deliberação sobre as demonstrações finan-ceiras apresentadas pelos Administradores;

XII - Na hipótese de extinção da concessão, distrato acompanhado desua publicação e da documentação relativa ao retorno à contratante dosbens reversíveis, dos direitos e privilégios transferidos ao concessionário ouàs transferências para indenizações aos legítimos financiadores do projetobem como ressarcimentos a créditos de fundos e empresas estatais garanti-dores da PPP;

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Artigo 4º - Os documentos previstos nos artigos 2º e 3º serão reme-tidos acompanhados de ofício fazendo referência ao número de protocolodo Tribunal dado ao contrato de PPP.

Artigo 5º - O artigo 3º das Instruções Consolidadas nº 1/2002 passaa vigorar acrescido dos seguintes incisos IX e X:

“Artigo 3º ...........................................................................................”IX - relatórios detalhados das atividades desenvolvidas no período e de

desempenho dos contratos de parcerias público-privadas, encaminhadossemestralmente pelo Conselho Gestor do Programa de PPP à AssembléiaLegislativa;

X - atas das reuniões semestrais conjuntas, do Presidente do ConselhoGestor do Programa de PPP, do Secretário de Economia e Planejamento eComissões Legislativas, produzidas na Assembléia Legislativa para prestaresclarecimentos sobre as atividades do Conselho Gestor e apresentar resul-tados de parcerias auferidos.”

Artigo 6º - O artigo 211 das Instruções Consolidadas nº 1/2002 passaa vigorar acrescido do seguinte inciso XXI, aplicável à Companhia Paulista deParcerias - CPP:

“Artigo 211 .......................................................................................................”

XXI - relação das garantias reais, fidejussórias e seguros contratadosoferecidos aos contratos de parcerias público-privadas.”

Artigo 7° - O presente Aditamento entra em vigor na data de suapublicação.

CLÁUDIO FERRAZ DE ALVARENGAPresidente

Publicado no D.O.E de 1º/9/2005.

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Page 72: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

Artigo 1° - As Prefeituras, Autarquias, Fundações, Sociedades deEconomia Mista, Empresas Públicas, Consórcios Governamentais porAssociações Públicas ou de Direito Privado remeterão a este Tribunal até odia 15 (quinze) de cada mês cópia dos contratos de Parceria Público-Privada (PPP), celebrados no mês anterior, acompanhados da reproduçãodos seguintes documentos:

I - autorização da autoridade competente, acompanhada de estudo téc-nico que demonstre por meio de premissas e metodologias de cálculos:

a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identi-ficação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceriapúblico-privada;

b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão os resultadosprevistos no Anexo de Metas Fiscais (LDO), devendo seus efeitosfinanceiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumentopermanente dereceita ou pela redução permanente de despesa; e

c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do arti-go 25 da Lei Federal nº 11.079, de 30/12/04, a observância doslimites e condições de endividamento decorrentes da aplicaçãodos artigos 29, 30 e 32 da Lei Complementar no 101, de 4/5/00,pelas obrigações contraídas pela Administração Pública relativasao objeto do contrato de PPP;

II - comprovante de que seu objeto está previsto no Plano Plurianual(PPA) em vigor no âmbito onde o contrato de PPP for celebrado;

III - declaração da autoridade competente de que as obrigações con-traídas pela Administração Pública no decorrer do contrato de PPP são

ADITAMENTO N° 01/05ÀS INSTRUÇÕES N° 02/2002

ÁREA MUNICIPAL

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Page 73: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

compatíveis com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e estão adequa-damente previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA);

IV - comprovante de elaboração de estimativa do impacto orçamentá-rio-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato de PPP;

V - estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumpri-mento, durante a vigência do contrato de PPP e por exercício financeiro, dasobrigações contraídas pela Administração Pública;

VI - comprovante de que houve submissão das minutas de edital e decontrato de PPP à consulta pública, mediante publicação na imprensa oficial,em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, explicitados a justifi-cativa para a contratação, a identificação do objeto, a duração do ajuste, seuvalor estimado e fixado o prazo mínimo de 30 (trinta) dias para recebimen-to de sugestões, esgotado pelo menos 7 (sete) dias antes da data previstapara a publicação do edital;

VII - licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licen-ciamento do empreendimento, na forma do regulamento, sempre que oobjeto do contrato de PPP exigir;

VIII - autorização legislativa nos casos de concessões patrocinadas emque mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do parceiro privadofor paga pela Administração Pública;

IX - nos casos de licitações cujo valor ultrapasse 100 (cem) vezes olimite previsto para concorrência de obras e serviços de engenharia, provade realização das audiências públicas nos termos do artigo 39 da Lei Federaln° 8.666/93 e suas alterações;

X - manifestações da assessoria jurídica sobre o edital e minuta do con-trato de PPP;

XI - ato de designação da Comissão de Licitação;XII - no que concerne a obras e/ou serviços de engenharia, a docu-

mentação deverá vir acompanhada especialmente de:a) básico aprovado pela autoridade competente;b) orçamento detalhado em planilhas que expressem a compo-

sição de todos os seus custos unitários;c) memorial descritivo dos trabalhos e respectivos cronogramas

físico-financeiro;XIII - edital e respectivos anexos, em especial minuta do contrato,

acerca do procedimento licitatório visando a contratação de parceria públi-co-privada (PPP);

Tribunal de Contas do Estado de São Paulo72

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Page 74: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

XIV - documentação pertinente à correspondente licitação, excetuadaa documentação referente à habilitação das empresas que não foram adju-dicadas;

XV - comprovantes das publicações do edital resumido;XVI - contrato social registrado da Sociedade de Propósito Específico

(SPE) e relação de sua composição acionária;XVII - autorização do Senado Federal e Secretaria do Tesouro

Nacional (STN) previamente à contratação, para verificação dos limites esta-belecidos no artigo 28 da Lei Federal nº 11.079/04;

XVIII - nota(s) de empenho, se determinada(s) pela legislação finan-ceira, emitida(s) para atendimento de despesa(s);

XIX - comprovante(s) da(s) garantia(s) das obrigações pecuniáriascontraídas pela Administração Pública para o contrato de PPP;

XX - comprovante(s) da(s) garantia(s) oferecida(s) pelo parceiro pri-vado.

Parágrafo único - Deverão vir atualizados os documentos solicitadosnos incisos I a IV deste artigo caso a assinatura do contrato ocorra em exer-cício diverso daquele em que for publicado o edital.

Artigo 2º - Termos aditivos, modificativos ou complementares, dequalquer valor, relativamente aos ajustes indicados no artigo 1º.

Parágrafo Único - Os termos referidos no “caput” observarão oprazo previsto no artigo 1º e deverão vir acompanhados das necessárias jus-tificativas, da prova da autorização prévia da autoridade competente e de suapublicação.

Artigo 3º - Para fins de fiscalização e acompanhamento das ati-vidades desenvolvidas pelo parceiro contratado, deverá o PoderPúblico responsável pela assinatura do contrato encaminhar a este Tribunal,no prazo de 30 (trinta) dias, após a data de aniversário de cada vigência con-tratual, cópia dos seguintes documentos, retratando o respectivo períodoanual encerrado:

I - certidão indicando o nome dos gestores responsáveis pela execuçãoe fiscalização do contrato de PPP, respectivos períodos de gestão, afasta-mentos, substituições e órgão(s) representado(s);

II - relatório circunstanciado exarado pelos responsáveis na fiscalizaçãodo contrato de PPP, mencionados no item anterior, contendo as obrigaçõesdo concessionário para cumprimento do cronograma físico-financeiro deexecução das obras e serviços vinculados ao contrato de PPP, pormenori-

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Page 75: Contratos de Parcerias Público Privadas - Guia Básico

zando as etapas e prazos previstos e realizados, explicitando ainda quaisqueralterações ocorridas relativamente a prazos, localização, aumento ou dimi-nuição;

III - relatório contendo a manifestação expressa da autoridade compe-tente quanto à regularidade dos atos, da satisfação e da atualidade dos ser-viços prestados, da observação das diretrizes definidas no artigo 4º da Lei n.º11.079/04 e das providências adotadas nos casos de constatação de algumairregularidade ou acionamento de garantias por descumprimento das nor-mas estabelecidas no contrato de PPP;

IV - demonstrativo das eventuais receitas arrecadadas pelo Poder con-cedente decorrentes do contrato de PPP;

V - homologação de reajustes e revisão de tarifas, decorrentes do con-trato de PPP;

VI - restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contratode PPP, em função de quaisquer alterações ocorridas;

VII - demonstrativo financeiro das contraprestações da Administra-ção Pública, tipificadas conforme artigo 6º da Lei nº 11.079/04 contendo:datas; especificação dos documentos; valores e a correspondente identifi-cação dos serviços disponibilizados, objeto do contrato de PPP, ou dasretenções de pagamentos para a contingência de indenização de bensreversíveis;

VIII - relação das eventuais alterações ocorridas na composição acio-nária da contratada;

IX - publicação do balanço patrimonial da contratada, acompanhadodos respectivos demonstrativos e notas explicativas, inclusive quanto a:

a) identificação das contas conciliadas que envolvam o contrato e b) possível ocorrência de compartilhamento com a Administração

Pública dos ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes daredução do risco de crédito dos financiamentos utilizados;

X - ata publicada da Assembléia Geral pertinente à tomada anual dascontas da contratada, contendo a deliberação sobre as demonstrações finan-ceiras apresentadas pelos Administradores;

XI - na hipótese de extinção da concessão, documentação relativa aoretorno à contratante dos bens reversíveis, dos direitos e privilégios trans-feridos ao concessionário ou às transferências para indenizações aos legíti-mos financiadores do projeto bem como ressarcimentos a créditos de fun-dos e empresas estatais garantidores da PPP;

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Artigo 4º - Os documentos previstos nos artigos 2º e 3º serão reme-tidos acompanhados de ofício fazendo referência ao número de protocolodo Tribunal dado ao contrato de PPP.

Artigo 5° - O presente Aditamento entra em vigor na data de suapublicação.

CLÁUDIO FERRAZ DE ALVARENGAPresidente

Publicado no D.O.E de 1º/9/2005.

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TRIBUNAL DE CONTASDO

ESTADO DE SÃO PAULO

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