contra-razões ao recurso inominado antonio jose

7
DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DO III JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU. Proc.: nº 0001595-32.2011.8.19.0038 ANTONIO JOSE DA SILVA, já qualificada na AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO CUMULADA COM DANOS MORAIS que move em face de AYMORE, CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A, vem, através do Defensor Público com atribuição junto a esse Juízo, apresentar à V.Exa. CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INOMINADO interposto, na forma do arts. 42, §2º da Lei nº 9.099/95, requerendo a remessa dos autos para a superior instância para manutenção da r. sentença recorrida. Pede deferimento. Nova Iguaçu, 16 de fevereiro de 2012. Página 1 de 7

Upload: thais-duarte

Post on 24-Jul-2015

46.883 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DO III JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU.

Proc.: nº 0001595-32.2011.8.19.0038

ANTONIO JOSE DA SILVA, já qualificada na AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO CUMULADA COM DANOS MORAIS que move em face de AYMORE, CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A, vem, através do Defensor Público com atribuição junto a esse Juízo, apresentar à V.Exa. CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INOMINADO interposto, na forma do arts. 42, §2º da Lei nº 9.099/95, requerendo a remessa dos autos para a superior instância para manutenção da r. sentença recorrida.

Pede deferimento.

Nova Iguaçu, 16 de fevereiro de 2012.

Glauce Passos de Souza MauesDefensora Pública

Matr.

Página 1 de 6

Page 2: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Contra Razões ao Recurso InominadoProcesso nº 0001595-32.2011.8.19.0038Recorrido: ANTONIO JOSE DA SILVARecorrente: AYMORE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A

EGRÉGIA TURMA RECURSAL

Merece ser mantida integralmente a r. sentença recorrida, em razão da correta apreciação das questões de fato e de direito, conforme restará demonstrado ao final.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, sob as penas da Lei, e de acordo com o disposto no art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50, com a redação introduzida pela Lei 7.510/86, o Recorrido afirma que não tem condições financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual faz jus ao benefício da Gratuidade de Justiça, nomeando desde já a Defensoria Pública para o patrocínio de seus interesses.

DA TEMPESTIVIDADE

De acordo com o disposto no art. 42, § 2º, da Lei nº 9.099/95, o Recurso Inominado deverá ser respondido no prazo de 10 dias a contar da intimação do recorrido.

Assim sendo, considerando que a Recorrida teve ciência da decisão no dia 08.02.12 e que a Defensoria Pública somente foi

Página 2 de 6

Page 3: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

constituída no dia 13.02.12, verifica-se que as contra-razões são tempestivas.

Ademais, merece ser destacado que a Autora, ora Recorrida, está sendo assistida pela Defensoria Pública, que goza das prerrogativas de prazo em dobro e intimação pessoal para os atos do processo, consoante art. 128, I, da Lei Complementar 80/94 c/c § 5º do art. 5º da Lei nº 1.060/50.

DAS RAZÕES DE FATO E DE DIREITO.

Trata-se de ação de repetição de indébito cumulada com danos morais ajuizada por ANTONIO JOSE DA SILVA, inicialmente sem a assistência da Defensoria Pública, em face de AYMORE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A., uma vez que a Ré efetuou a cobrança de valores indevidos.

O financiamento do veículo foi devidamente quitado como demonstrado nas fls.11 e 12, cumprindo assim o recorrido suas obrigações com a financeira.

Insta acrescentar que não foi possível a conciliação na audiência realizada a fl. 19.

A sentença de fls.56/57 julgou procedente em parte o pedido para o pagamento no valor de R$231,06, correspondente ao dobro do valor pago indevidamente e condenar a Ré ao pagamento de R$ 1.000,00 de danos morais.

Inconformada, a Requerida apresentou recurso inominado sustentando vicio no contrato, alegando que a referente tarifa estaria inclusa em cláusula contratual, considerando que não foram juntados documentos sustentando a existência da mesma, e que a parte autora

Página 3 de 6

Page 4: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

caso não concordasse com a referida cláusula no prazo de 90 dias deveria ser impugnado.

Data venia, a r. sentença não merece reparo.

A alegação de que o contrato contenha vicio e que o mesmo tem prazo decadencial de 90 dias, deve ser analisada em cotejo com a tese de que não há documentos juntados sustentando a existência do contrato.

Deste modo, verifica-se que a r. sentença impugnada se encontra correta, uma vez que a Recorrente efetuou a cobrança de uma tarifa indevida.

Neste sentido, a Jurisprudência deste Tribunal:

“Apelação Cível N.º: 0081412002 - TJ/MAPROCESSUAL E CONSUMIDOR. APELOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APLICAÇÃO DO CDC AOS BANCOS. SUSPENSÃO DA COBRANÇA DA TARIFA PELA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE RECEBIMENTO DE BOLETO/FICHA DE COMPENSAÇÃO. EXIGÊNCIA ABUSIVA. DEVER DE INDENIZAR O CONSUMIDOR LESADO RECONHECIDA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 42, P. ÚNICO, 79, DO CDC, E ART. 3º, DA LEI N.º 7.347/95. APELO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDO E DEMAIS IMPROVIDOS. O CDC, conforme entendimento pacífico da Corte Superior, é aplicável aos Bancos, que por sua natureza tem seu conceito englobado pela definição de prestadores de serviços contemplados no artigo 3º, § 2º da Lei n.º 8078/90. A cobrança da tarifa sobre o recebimento do boleto/ficha de compensação é abusiva e se consubstancia em enriquecimento sem causa, vez que as despesas com tal procedimento, seja administrativo ou não, já é remunerado pela Tarifa Interbancária, conforme reconhece a FEBRABAN no Comunicado FB - 049/2002,

Página 4 de 6

Page 5: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

item 2.1. Ademais, cabe ao consumidor, por óbvio, apenas o pagamento extemporâneo do boleto bancário, não lhe sendo razoável, portanto, atribuir-lhe outra obrigação que não seja aquela previamente assumida. O reconhecimento judicial da ilegalidade da cobrança de tarifa, em razão do que dispõe o art. 42, do CDC, impõe aos agentes o dever de restituírem, em dobro, os valores definidos como tarifa do sacado, cobrados indevidamente aos usuários dos serviços de compensação prestados em suas agências e postos. Apelos interpostos pelas instituições bancárias improvidos. Recurso manejado pelo Ministério Público parcialmente provido. Unanimidade.’’

Quanto à inexistência do dever de indenizar os danos morais, tampouco merece melhor sorte o recurso da requerida.

Portanto, impõe-se a manutenção da condenação por danos morais.

Por fim, não há qualquer dúvida quanto à correção do valor da condenação da Recorrente ao pagamento dos danos morais, já que a indenização não foi fixada em patamar exagerado.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer que essa Egrégia Turma Recursal negue provimento ao recurso inominado interposto pelos fundamentos expostos.

Pede deferimento.

Página 5 de 6

Page 6: Contra-Razões ao Recurso Inominado ANTONIO JOSE

DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Nova Iguaçu, 16 de fevereiro de 2012.

Glauce Passos de Souza MauesDefensora Pública

Matr.

Página 6 de 6