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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 06ª VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA/CE.

CONTESTAÇÃO

PROCESSO Nº 1828.2008.006.07.00-0RECLAMANTE: JOSÉ UBIRAJARA CIPRIANO PINTORECLAMADA: CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA

CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, nos autos da reclamação trabalhista em epígrafe, movida por JOSÉ UBIRAJARA CIPRIANO PINTO, vem, por seus advogados apresentar CONTESTAÇÃO pelos motivos a seguir expostos.

1. DO NOME E DO ENDEREÇO PARA AS PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES (ART. 236, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL)

Antes de qualquer preleção, requer o Banco promovido, se digne Vossa Excelência ordenar que todas as intimações e publicações, sob pena de nulidade processual, face ao preceito constante no art. 236, § 1º, do CPC, sejam expedidas em nome do advogado VALMIR PONTES FILHO, inscrito na OAB/CE sob nº 2.310, bem como encaminhadas ao seu endereço profissional, na Avenida Santos Dumont, nº. 1789, 16º Andar, Aldeota, CEP 60.150-160, Fortaleza/Ceará.

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2. DAS ALEGAÇÕES DO RECLAMANTE

Na peça de ingresso, o reclamante aduz que foi admitido pela primeira Reclamada SNIPER - SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA ARMADA E DESARMADA, em 01/03/2008, para exercer a função de vigilante, mediante remuneração mensal de R$ 616,00, com jornada de trabalho de 12x36, tendo sido demitido sem justa causa na data de 01/09/2008.

Ademais disso, mencionou o reclamante em sua peça de ingresso, que a 2ª reclamada, ora contestante, está sendo demandada na condição de responsável subsidiária, valendo dizer que não há pedido neste sentido.

3. PRELIMINARMENTE.

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA “ AD CAUSAM” DO CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.

O CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., jamais manteve com o Reclamante qualquer relação jurídica, razão pela qual a contestante é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da presente demanda, como restará demonstrado ao final deste breve arrazoado de resistência.

Nesse sentido, cumpre notar que o CARREFOUR COMÉRCIO E

INDÚSTRIA LTDA celebrou com a empresa SNIPER - SERVIÇOS E VIGILÂNCIA LTDA., primeira reclamada, contrato de prestação de serviços de vigilância, o que não é vedado por lei, não se configurando como tomadora dos serviços que eram supostamente desenvolvidos pelo reclamante . Em verdade, ao CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA não cabe qualquer responsabilidade por qualquer eventual inadimplência trabalhista por parte da empresa SNIPER - SERVIÇOS E VIGILÂNCIA LTDA., razão pela qual deve ser excluída da lide.

Ademais disso, não há qualquer pedido deduzido em face da ora 2ª reclamada, ora contestante, o que reforça a tese de ilegitimidade passiva ora argüida.

Dessa forma, o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., é parte ilegítima para figurar no pólo passivo do presente feito, devendo ser aplicado, no caso de não ser aceita a pertinente e moderna doutrina que afirma que tal condição da ação integra o mérito da causa, o art. 267, inciso VI do CPC, “in verbis”:

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Art. 267. Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:

VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;(...)

Ante o exposto, está evidenciada a total ilegitimidade passiva do CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, para figurar no pólo passivo desta demanda, devendo, por conseguinte, ser excluída da lide, na forma do que estatui o art. 267, inciso VI do CPC, c/c art.769 da CLT.

De toda forma, uma vez ultrapassadas as preliminares argüidas, em obediência ao princípio da eventualidade, o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, desde logo, apresenta sua defesa de mérito, como segue.

4. DO MÉRITO

4.1 DA TERCEIRIZAÇÃO

De início, cumpre tecer breves comentários a respeito do que vem a ser este fenômeno jurídico-econômico e qual sua origem.

É de curial sabença que a empresa, como ente de produção que é, compõe-se de unidades produtoras, de departamentos, ou de setores, incumbidos de executar tarefas e serviços indispensáveis à consecução de sua atividade fim.

A terceirização de serviços, adotada já há algum tempo, por fábricas e industrias de diversos setores da economia, ganhou importância, efetivamente, com o advento da globalização, como instrumento bastante atual, do qual vêm se valendo os vários setores da economia, para enfrentar a acirrada competição de mercado, tanto no cenário nacional, como no internacional.

A competição da qual ora se trata, resulta justamente, da globalização e tem suas raízes na infindável busca da máxima qualidade, pelos menores preços possíveis. Ora, esta realidade econômica faz com que as empresas tendam a desativar determinados setores internos, para, mediante a terceirização dos serviços, incrementar a produção a menores preços, o que, indubitavelmente, faz crescer a economia, tanto no que diz respeito ao aumento de produção, como quanto a oferta de empregos, o que facilmente se

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observa do flagrante crescimento, a cada dia, das atividades relacionadas com a terceirização de serviços.

A respeito da terceirização de serviços, leciona o Professor Valentin Carrion, em textual:

“A terceirização é o ato pelo qual a empresa produtora, mediante contrato, entrega a outra empresa certa tarefa (atividades ou serviços não incluídos nos seus fins sociais) para que esta a realize habitualmente com empregados desta; transporte, limpeza e restaurante são exemplos típicos.” (Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 24ª Edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1999, p.307)

Parece claro então, que a terceirização de serviços é benéfica, não só para o empregador, como também para o empregado, em razão da grande oferta de empregos que possibilita gerar, a cada dia.

Outro aspecto importante que merece ser mencionado é o que se relaciona à total inexistência de vedação legal para a terceirização de serviços. De fato, não existe, em nosso ordenamento jurídico, qualquer vedação legal à terceirização de serviços.

Sendo assim, cumpre observar que o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, como já expendido, celebrou com a empresa SNIPER - SERVIÇOS E VIGILÂNCIA LTDA., contrato de prestação de serviços de vigilância.

Desta feita, pode-se aduzir que pouco importa para a contestante qual ou quais empregados da primeira ré, a SNIPER - SERVIÇOS E VIGILÂNCIA LTDA., eram designados para a prestação dos serviços a esta contratados. Nesse sentido, torna-se importantíssimo destacar que o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., ora segunda reclamada, sequer pode reconhecer haja o reclamante, alguma vez, lhe prestado serviços.

Logo, compete ao autor o ônus da prova no que se refere à sua efetiva prestação de serviços em favor da 2ª reclamada, ainda que por intermédio da primeira ré, a teor do que estatui o art. 333, inciso I, do CPC e art. 818 da CLT (sendo óbvio, aliás, que, acaso fosse imposta alguma condenação à ora contestante, haveria a mesma de estar adstrita ao período do contrato celebrado com a 1ª ré; limitada, ainda, ao efetivo trabalho do autor, em serviços nas dependências do segundo réu, ou a seu benefício, desde que efetivamente provado, o que se admite apenas para argumentar).

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Ademais, impende acrescentar que o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., não possui qualquer vinculação com a outra acionada, a SNIPER - SERVIÇOS E VIGILÂNCIA LTDA., que possa caracterizar a existência de grupo econômico, como definido no parágrafo 2º, do artigo 2º da CLT, não havendo que se falar em responsabilidade.

Por outro lado, o art. 265 do Código Civil (subsidiariamente aplicado no Direito do Trabalho, por força do preceituado no parágrafo único, do art. 8º, da CLT), menciona:

Art. 265 - A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Assim sendo, certo é que não se está diante da sub-empreitada de que trata o art. 455, da CLT (quando, então, poderia a reclamada responder solidariamente com a empregadora, pelos créditos dos trabalhadores).

O que se tem, “in casu”, é, apenas, a relação jurídica que se formou entre os réus, sendo a primeira reclamada, por sua vez, a única responsável pelas obrigações decorrentes do que foi por ela pactuado com seus empregados, com os prestadores de serviços ou com os representantes comerciais.

Não havendo lei que estabeleça a responsabilidade, “in casu”, do CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., e não havendo os celebrantes do contrato a estipulado, (na modalidade que fosse), óbvio se torna que não pode haver qualquer tipo de condenação do CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.

Por outro lado, certo é que não se está diante da sub-empreitada de que trata o art. 455, da CLT. O que se tem, “in casu”, é, apenas, a relação jurídica que se formou entre o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTD., e o prestador de serviços. Este, por sua vez, é o único responsável pelas obrigações decorrentes do que foi por ele próprio pactuado com seus empregados.

Ademais, também não se alegue, como sustentáculo da tese da responsabilidade da reclamada, o entendimento sumulado no Enunciado nº 331, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Isto porque, o dito Enunciado 331 afronta a Constituição Federal, segundo o entendimento da contestante, já que não existe qualquer norma legal que imponha a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços.

Na realidade, o tal Enunciado constitui mera construção jurisprudencial, não possuindo força de lei. Além disso, sua eventual aplicação, nestes termos, significaria a imposição de condenação sem a observação do devido processo legal.

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O instituto do qual ora se trata, também chamado em sua origem de “due process of law”, abriga a moderna concepção do Princípio da Legalidade e, sendo um dos mais antigos institutos da Ciência do Direito. Surgido na Idade Média, perpassou por toda a história da sociedade moderna, erigindo-se, através dos séculos, no postulado maior da sua organização social e política. Consagrado na 5ª e na 14ª Emendas à Constituição dos Estados Unidos da América, encontra, hoje, lugar de destaque dentre as garantias constitucionais, na quase totalidade das diversas sociedades contemporâneas.

Em nosso País, como não podia deixar de ser, encontra-se previsto no art. 5º, inciso LIV da Carta da República de 05 de outubro de 1988, em textual:

Art. 5º - ...............................................................................................................LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Originalmente voltado para o âmbito processual, o devido

processo legal, nos dias de hoje, transcende esse aspecto, englobando, também, o próprio direito material, constituindo o “substantive due process”. Acerca do tema é oportuna a judiciosa opinião do advogado Carlos Roberto Siqueira Castro, em textual:

“O que se exige, pois para a satisfação do devido processo legal não é apenas um “procedimento” ou um conjunto seqüencial de atos judiciais conducentes a um veredito final; exige-se, insto sim, um autêntico “processo” com todas as garantias do contraditório e da defesa. Na realidade, a garantia do contraditório e da ampla defesa significa o direito à tutela jurisdicional por parte do réu, ou seja, o direito público subjetivo do figurante no pólo passivo da relação processual a exigir do “Estado-juiz” que ouça suas razões de defesa ou de contra-ataque à pretensão ajuizada com a ação civil, conferindo-lhe, em regime de igualdade com o autor da demanda, oportunidade para produzir as provas a seu evr conducentes à improcedência do pedido. ....Tenha-se em conta que essa concepção bilateral e isonômica do contraditório responde à própria finalidade do processo, que não visa precipuamente satisfazer aos interesses pessoais do autor

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ou do réu, mas sim fazer atuar de modo concreto o direito objetivo, seja acolhendo ou desacolhendo parcial ou integralmente a pretensão de um ou de outro, ou de nenhum deles, conforme o teor das normas jurídicas abstratas aplicáveis à “res in judicium deducta”.” (O DEVIDO PROCESSO LEGAL E A RAZOABILIDADE DAS LEIS NA NOVA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2ª ed., pág.40, 283 e 284)

Dessa forma, como se infere do acima transcrito, no que concerne ao devido processo legal, a Constituição impõe a observância do sistema legal como um todo, tanto no que diz respeito ao processo enquanto instrumento da jurisdição, como também no que tange ao direito material abstrato aplicado ao caso concreto. Portanto, não havendo qualquer norma jurídica que imponha ao tomador de serviços a responsabilidade objetiva, tem-se que o Enunicado 331, item IV, do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho é inaplicável, porque sentencia a condenação do dito tomador dos serviços, sem qualquer observância ao “due process of law”.

De outro lado, ainda que se entendesse, meramente para argumentar, que o referido item IV daquele verbete sumular falasse não em responsabilidade objetiva, mas, em culpa presumida, ainda assim permaneceria o vício da inconstitucionalidade. Isto porque, esta Justiça Especializada estaria a decidir contra o disposto no art. 114 da Constituição da República.

De fato, a Justiça do Trabalho não possui competência “in ratione materiæ”, para impor a decretação de responsabilidade do tomador de serviços, com base em eventual culpa “in eligendo” ou “in vigilando”. Afinal, a causa pedir, perante o tomador de serviços, neste caso, não guardará, com uma relação de trabalho, qualquer silogismo, mas sim com a responsabilidade aquiliana, que se consubstancia em matéria fora da competência desta Especializada Justiça.

Não bastasse isso, constituir-se-ia em ônus do autor a prova inequívoca daquela culpa, sem o que a condenação restaria impossível, a teor do art. 818 da CLT e 333, I do CPC.

Mas, ainda que restassem superadas as questões acima ventiladas, isso admitido somente em prol dos debates, ainda outro aspecto existiria a obstaculizar a aplicabilidade do referido Enunciado, nos termos aqui discutidos. Isto porque, dita fonte de direito, por sua hierarquia, não pode confrontar com determinações contidas em lei.

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Dessa forma, naquilo em que dissonante dos preceitos legais anteriormente mencionados, o supra referido Enunciado, nada obstante a sua respeitável origem, não pode ser aplicado. Insista-se, portanto, que se admitir de forma diferente da que acima foi expendida representaria, sem qualquer dúvida, violação à preceito constitucional - art. 5º, inciso II, da Constituição Federal - eis que estar-se-ia impondo à reclamada uma obrigação não decorrente da lei, como também em violação direta ao art. 5º, inciso LIV da Carta da República, o que resta, desde logo, pré-questionado.

Por estas razões, deve ser julgada improcedente a reclamação trabalhista em face do CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.

4.2 DOS LIMITES DA RESPONSABILIDADE

Caso V. Exa. entenda pela legitimidade da ora contestante, o que se admite apenas a título de argumentação, e sendo rejeitadas as questões de mérito esposadas, a responsabilidade seria subsidiária, ainda que inaplicável ao particular, como sustentado no tópico anterior. Isso implica dizer que, o patrimônio da segunda reclamada só poderia ser objeto de execução após a execução do patrimônio da primeira ré.

4.3 DOS DEMAIS PEDIDOS DEDUZIDOS. DA CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL

A segunda reclamada, superada a ilegitimidade passiva arguida, terá o direito de adentrar no mérito dos pedidos, sendo essa uma imposição do princípio da eventualidade. Mas ao fazê-lo, deve-se reconhecer o direito de apresentar contestação por negativa geral; vale dizer, sem o ônus de oferecer defesa específica.

O fato é que, o Reclamante, confessadamente, jamais foi seu empregado e, em razão disso, não poderia esta Reclamada contestar de forma especifica as alegações e pleitos constantes na inicial.

Assim, as mesmas razões que levaram o legislador a excluir desse ônus (da impugnação especificada) o advogado dativo, o curador especial e o órgão do Ministério Público (Código de Processo Civil, art. 302, parágrafo único) devem ser consideradas, pelo método supletivo da analogia, como aplicáveis ao caso concreto, no que diz respeito a esta reclamada. E outras não foram às razões senão a de obstaculizar o enriquecimento sem causa.

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Logo, o Reclamante deverá provar todos os fatos constitutivos dos direitos reivindicados, sob pena de improcedência, contestando e impugnando a segunda reclamada, todas as alegações postas na exordial.

Diante de tudo o que foi até aqui expendido, é certo que os pedidos deduzidos pelo Promovente são totalmente improcedentes.

Indevido, portanto, o pagamento de aviso prévio indenizado, férias proporcionais acrescidas de 1/3, 13ª salário proporcional, adicional noturno, adicional de periculosidade, horas extras e reflexos, FGTS das verbas rescisórias + 40%, multa do art. 477 da CLT e honorários advocatícios.

4.4 DA INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477 DA CLT

É indevido o pagamento da multa prevista no artigo 477 da CLT, face o autor jamais ter sido empregado da Contestante – segunda reclamada. Fato este que, por si só, impossibilita o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA de proceder ao pagamento das verbas rescisórias no tempo aprazado na norma Celetista.

A esse respeito, cumpre acrescentar que, considerando-se que a alegada relação de emprego é controvertida, a jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho ampara a tese da contestante. Senão, vejamos:

“MULTA RESCISÓRIA – RELAÇÃO DE EMPREGO CONTROVERSA – RECONHECIMENTO JUDICIAL – PAGAMENTO INDEVIDO – Relação de emprego reconhecida. Multa rescisória indevida. Impõe-se o reconhecimento da relação de emprego, uma vez demonstrada a prestação de serviços de forma permanente, onerosa, pessoal e mediante subordinação jurídica. É indevida, porém, a multa legal pelo inadimplemento dos títulos rescisórios quando sua exigibilidade pressupõe o termo final de uma relação incontroversa.” (Ac. Da 2ª Turma do TRT da 12ª Região – mv, no mérito – RO – 2.025/98 – Rel. Juiz Amarildo Carlos de Lima – j. 23.07.98 – DJ – SC – 17.08.98, p. 132.) – (Repertório IOB de Jurisprudência, 1ª quinzena de dezembro de 1998, nº. 23/98, caderno 02, p. 493)

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“MULTA RESCISÓRIA – DEMANDA QUE ENVOLVE RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO – DESCABIMENTO – Multa do art. 477, parágrafo 8º, da CLT – Não cabimento: quando a demanda envolve reconhecimento do vínculo de emprego, descabe condenação na multa prevista no art. 477, parágrafo 8º, da CLT, porque a controvérsia milita em favor do empregador.” (Ac.Un. 4ª Turma do TRT da 2ª Região, RO – 02970481450 – Rel. Juiz Sérgio Winnik – j. 06.10.98 – DO SP 16.10.98, p. 01).(Repertório IOB de Jurisprudência, 1ª quinzena de dezembro de 1998, nº. 23/98, caderno 02, p. 493).

4.5 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Improcede, também, o pedido de honorários advocatícios, pois não satisfeitos os requisitos da Lei no 5.584/70.

Assim sendo, incabível a pretensão do reclamante no que diz respeito aos honorários advocatícios, havendo de se aplicar o artigo 791 do Texto Consolidado, uma vez que este permanece em pleno vigor até que lei ordinária venha regulamentar o artigo 133 da Constituição Federal. Nesse sentido, manifestou-se o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, através da Súmula no 329, em textual:

SÚMULA 329 – “HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – ARTIGO 133 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 – Mesmo após a promulgação da Constituição da República de 1988, permanece válido o entendimento consubstanciado no Enunciado nº. 219 do Tribunal Superior do Trabalho (Res. Adm. 21/93, DJU de 21.12.93)”.

Na hipótese desse MM. Juízo entender que a condenação ao pagamento de honorários advocatícios é devida perante a Justiça do Trabalho, a reclamada ressalta que, ante a perspectiva de a presente ação ser julgada de todo improcedente, a pretensa condenação na verba honorária deverá recair sobre o autor. Se a sucumbência for recíproca, o que se admite apenas para efeitos de argumentação, a reclamada requer seja aplicado o preceito contido no art. 21 do CPC, de modo que as custas e os honorários sejam distribuídas proporcionalmente entre as partes.

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4.6 DO IR E DAS PARCELAS PREVIDENCIÁRIAS

Cumpre notar que, deve ser observada a legislação acerca dos descontos devidos a título de imposto de renda e da cota previdenciária.

Nesse sentido, necessário esclarecer que a matéria possui regulamentação legal específica, que deverá ser respeitada, sob pena de ofensa a literal dispositivo de lei, como também de ofensa direta ao art. 5o, inciso II, da Carta da República de 05/10/1988.

A esse respeito, cumpre aduzir que a questão da retenção do imposto de renda sobre os pagamentos efetuados perante a Justiça do Trabalho resume-se em aplicar os princípios gerais e as normas pertinentes a esse imposto. Assim sendo, a controvérsia é dirimida pelo Provimento no 6, da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, o qual declara ser do empregador a responsabilidade de calcular, deduzir e recolher o imposto devido sobre as importâncias reconhecidas à reclamante em virtude de eventual liquidação de direitos trabalhistas.

Nessa linha de convicções, impende deduzir que o imposto de renda incidente sobre os rendimentos que, eventualmente, serão pagos ao reclamante, deverá ser retido pela reclamada, pessoa jurídica obrigada ao recolhimento, no momento em que esses rendimentos venham a se tornar disponíveis para o autor.

Por conseguinte, em face do exposto, requer a reclamada seja admitida a dedução do IRRF sobre os valores que eventualmente venham a ser deferidos pelo MM. Juízo.

Quanto à dedução da cota previdenciária, também deverá ser realizada sobre as parcelas eventualmente deferidas, posto que tal providência resulta de imposição legal, como, inclusive, reconheceu a Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, através do Provimento no 01 de 5 de dezembro de 1996.

Pelo exposto, impõe-se a dedução da cota previdenciária e do imposto de renda aos créditos que, excepcionalmente, forem deferidos ao reclamante.

4.7 DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Na incogitável hipótese de uma eventual condenação, o que só se admite para favorecer aos debates, quando da atualização dos eventuais

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créditos devidos ao autor, deverá ser aplicada a taxa de juros simples de 1% ao mês, de acordo com o que determina a legislação aplicável.

Ademais, os referidos cálculos de atualização deverão, ainda, ser elaborados observando-se que os salários podem ser quitados até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido, sendo esta, portanto, a época própria para a incidência da correção monetária.

4.8DOS LIMITES DE UMA EVENTUAL CONDENAÇÃO

Na hipótese incogitável de alguma condenação do acionado, deverá haver respeito aos seguintes limites:

1 - o vencimento da obrigação, para efeitos de atualização monetária, deverá se dar, evidentemente, no último dia facultado por lei para pagamento de salários, isto é, o 5o (quinto) dia do mês subseqüente ao crédito acaso reconhecido ao reclamante;

2 - os juros de mora deverão ser computados à base de 1% (um por cento), ao mês, de forma simples;

3 - deverá haver a retenção das parcelas referentes ao imposto de renda, bem como da cota previdenciária devida pelo autor;

4 - deverão ser compensados/deduzidos os valores pagos a mesmo título; e

5 - As verbas deverão se restringir ao período, que o reclamante efetivamente prestou serviços à CARREFOUR.

4.9 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Os benefícios da Justiça gratuita devem ser indeferidos, eis que o Reclamante não se acha assistido pelo Sindicato de sua categoria profissional, preferindo contratar advogado de forma onerosa, o que também demonstra dispor ele de condições para arcar com os ônus do processo, não preenchendo os requisitos da Lei no 5.584/70, não podendo, assim, fazer jus ao benefício da justiça gratuita.

5. DA CONCLUSÃO

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Por todo o exposto, pede e espera o CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., sua exclusão do feito, por absoluta falta de fundamento legal, pela ausência de vínculo empregatício entre os litigantes, pela ilegitimidade ad causam e ad processum. E no mérito que seja a presente reclamação julgada totalmente improcedente, com a condenação do reclamante, nas custas e demais pronunciações legais.

Protesta pela produção de todo o gênero de provas em direito permitidas, em especial pelo depoimento pessoal do reclamante, que desde logo requer, sob pena de confissão, juntada de documentos, inquirição de testemunhas, perícia e demais provas, inclusive, se estiverem na posse da demandante e o tudo o mais que V.Exa. determinar para a correta solução da lide.

Pede e espera deferimento.Fortaleza-CE, 24 de novembro de 2008.

VALMIR PONTES FILHOOAB-CE 2.310

RODOLFO LICURGOOAB-CE Nº 10.144

WILLIANE GOMES PONTES IBIAPINAOAB-CE Nº 12.538

SARAH MESQUITA MOURAOAB/CE 19.900

JORDÃO PINHEIRO MEDEIROSOAB-CE Nº 19.311

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