contestaÇÃo (defesa) – roteiro para...

26
Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização. 1 Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboração. CONSIDERAÇÕES RELEVANTES, RELACIONADAS COM A DEFESA. PREVISÃO CONSTITUCIONAL O direito de resposta ou defesa tem previsão constitucional e pelos princípios por ela consagrados: devido processo legal (art. 5º, LIV); inafastabilidade da jurisdição (art. 5º XXXV); do contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV). É, por igual (a ação) um direito subjetivo público. PREVISÃO INFRACONSTITUCIONAL - 1- Como poucos são os artigos constantes da CLT relacionados com a defesa (artigos 841, 847, 767 e 799/802 da CLT), impõe-se a aplicação supletiva do CPC. Nesta hipótese, deve se justificar a supletividade adotada indicando o artigo que autoriza = art. 769 da CLT. Só para recapitular, quando a supletividade for em sede de direito material, a fonte subsidiária é o direito comum, como autoriza o artigo 8º da CLT. Na execução a primeira supletividade é a LEF (lei dos executivos fiscais – nº 6830/80) e somente após o CPC, como autoriza o artigo 889 da CLT (lembrar, no entanto, exceção contemplada no art. 882 da CLT, que remete à aplicação do CPC - art. 655, no que respeita à ordem preferencial de penhora). Sempre que adotada a supletividade a, mesma deve ser compatível com o direito do trabalho e, no processo, a mesma deve ser adequada, compatibilizada com o processo do trabalho. Respeitar, em qualquer hipótese, os princípios. O artigo 300 do CPC dispõe: “Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”. Este artigo consagra os princípios processuais da concentração e da eventualidade. Com relação a parte final do dispositivo (especificação das provas que pretende produzir) não tem aplicação no processo do trabalho, visto o disposto no artigo 845 da CLT: “O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.” - 2.- A DEFESA EM SENTIDO AMPLO, tem dois momentos bem definidos: a) Exceções e b) Contestação; ambas em peças apartadas . - 3.- A contestação divide-se em defesa quanto ao processo e defesa quanto ao mérito. - 4.- A contestação quanto ao processo divide-se em: - a) exceções (artigos 799 a 802 da CLT; e - b) preliminares que, de sua vez consiste em: 1) defesa direta (pressupostos subjetivos; objetivos e condição da ação; 2) defesa indireta (pressupostos objetivos extrínsecos: litispendência; coisa julgada; perempção e negociação prévia). Ao final dos itens alusivos à contestação abordaremos as questões polêmicas atinentes à litispendência e coisa julgada. Enxergamos a defesa direta quanto ao processo como uma critica aos atos processuais até então praticados e existentes no processo. Já a defesa indireta quanto ao processo traz de fora para dentro do processo situações processuais objetivando sua extinção total ou parcial. O CPC contempla as duas hipóteses no artigo 301.

Upload: buituong

Post on 08-Nov-2018

250 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

1Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboração. CONSIDERAÇÕES RELEVANTES, RELACIONADAS COM A DEFESA. PREVISÃO CONSTITUCIONAL O direito de resposta ou defesa tem previsão constitucional e pelos princípios por ela consagrados: devido processo legal (art. 5º, LIV); inafastabilidade da jurisdição (art. 5º XXXV); do contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV). É, por igual (a ação) um direito subjetivo público. PREVISÃO INFRACONSTITUCIONAL - 1- Como poucos são os artigos constantes da CLT relacionados com a defesa (artigos 841,

847, 767 e 799/802 da CLT), impõe-se a aplicação supletiva do CPC. Nesta hipótese, deve se justificar a supletividade adotada indicando o artigo que autoriza = art. 769 da CLT. Só para recapitular, quando a supletividade for em sede de direito material, a fonte subsidiária é o direito comum, como autoriza o artigo 8º da CLT. Na execução a primeira supletividade é a LEF (lei dos executivos fiscais – nº 6830/80) e somente após o CPC, como autoriza o artigo 889 da CLT (lembrar, no entanto, exceção contemplada no art. 882 da CLT, que remete à aplicação do CPC - art. 655, no que respeita à ordem preferencial de penhora). Sempre que adotada a supletividade a, mesma deve ser compatível com o direito do trabalho e, no processo, a mesma deve ser adequada, compatibilizada com o processo do trabalho. Respeitar, em qualquer hipótese, os princípios.

O artigo 300 do CPC dispõe: “Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”. Este artigo consagra os princípios processuais da concentração e da eventualidade. Com relação a parte final do dispositivo (especificação das provas que pretende produzir) não tem aplicação no processo do trabalho, visto o disposto no artigo 845 da CLT: “O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.” - 2.- A DEFESA EM SENTIDO AMPLO, tem dois momentos bem definidos: a) Exceções e b)

Contestação; ambas em peças apartadas. - 3.- A contestação divide-se em defesa quanto ao processo e defesa quanto ao mérito. - 4.- A contestação quanto ao processo divide-se em: - a) exceções (artigos 799 a 802 da CLT; e - b) preliminares que, de sua vez consiste em: 1) defesa direta (pressupostos subjetivos;

objetivos e condição da ação; 2) defesa indireta (pressupostos objetivos extrínsecos: litispendência; coisa julgada; perempção e negociação prévia). Ao final dos itens alusivos à contestação abordaremos as questões polêmicas atinentes à litispendência e coisa julgada.

Enxergamos a defesa direta quanto ao processo como uma critica aos atos processuais até então praticados e existentes no processo. Já a defesa indireta quanto ao processo traz de fora para dentro do processo situações processuais objetivando sua extinção total ou parcial. O CPC contempla as duas hipóteses no artigo 301.

Page 2: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

2Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) defesa direta

II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa direta

III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa direta

IV - perempção; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa indireta

V - litispendência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa indireta

Vl - coisa julgada; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa indireta

VII - conexão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa indireta

Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) - defesa direta

IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996) – defesa indireta só em dissídio coletivo

X - carência de ação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – defesa direta

Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) – Inaplicável no processo do trabalho

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Carlos Henrique Bezerra Leite ensina que a defesa processual, contestação quanto ao processo e à ação, ou objeção são expressões que abrange as hipóteses elencadas no artigo 301 do CPC supra reproduzido. O autor distingue defesa ou ataque contra o processo ou contra a ação (na primeira exemplifica (ausência dos pressupostos processuais; incompetência absoluta; inépcia da inicial; coisa julgada; litispendência etc) contra a ação exemplifica (ausência das condições da ação). Nota-se que este autor não divide a defesa quanto ao processo em direta e indireta o que reputamos mais didático. José Augusto Rodrigues Pinto apenas classifica como Defesa Indireta Processual o ataque feito ao processo (pela via da exceção = dilatória ou pela via das preliminares que considera defesa indireta processual peremptória). Eduardo Gabriel Saad utiliza a mesma divisão que usamos, isto é: defesa direta e indireta quanto ao processo e defesa direta e indireta quanto ao mérito. Apenas, quanto a Indireta subdivide em exceções peremptórias (que são as preliminar objetivando a extinção do processo) e as exceções dilatórias (que a penas retardam o

Page 3: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

3Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

processo como o que a CLT considera como exceção propriamente dita – impedimento, suspeição e incompetência em razão do lugar. As dilatórias além de retardar o processo, admitem uma dilação probatória incidental para a sua solução através de decisão interlocutória.

- 5.- A contestação quanto ao mérito também divide-se em direta e indireta. A direta: a)

aceita o fato constitutivo; b) nega fato constitutivo; c) aceita fato, mas nega os efeitos pretendidos. A defesa indireta de mérito: a) alega fato impeditivo, modificativo ou extintivo, trazendo, por tanto, outro fato para encobrir a eficácia do fato alegado pelo autor; b) alega direito do que encobre a eficácia da ação: prescrição; decadência; compensação. Esta divisão da defesa de mérito também é feita Por Henrique Bezerra Leite. O raciocínio que divide e distingue a expressão direta da indireta é o mesmo. A direta limita-se a análise do que já existe no processo e a indireta traz de fora para dentro situações jurídicas capazes de afetar a ação e o processo.

- A DEFESA DIRETA QUANTO AO MÉRITO corresponde a verificação e análise dos fatos articulados na petição inicial e a partir daí: a) negar o fato (cuidar com a negativa absoluta e relativa. Quanto a negativa absoluta lembrar que existem fatos que a lei exige forma para sua validade (correspondente à prova preconstituida) e os que a lei não exige forma para a sua validade. b) reconhecer o fato e negar o efeito. A DEFESA INDIRETA QUANTO AO MÉRITO corresponde a alegação de FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS e alegação de DIREITO DO RÉU QUE ENCOMBRE A EFICÁCIA DA AÇÃO. Com relação à alegação de direitos que encobrem a eficácia da ação tem-se: decadência, prescrição, compensação e retenção. Sabe-se que pelo artigo 767 da CLT a compensação e retenção só podem ser argüidas como matéria de defesa. A questão da COMPENSAÇÃO TEM CRIADO POLÊMICA, pois o entendimento dominante é no sentido de que deva respeitar a natureza do direito e o limite previsto para o pagamento (mensal). Assim, compensam-se horas extras com horas extras; direitos decorrentes da extinção com os de mesma natureza, até aí o entendimento não restou alterado. No entanto, também se entendia que como o salário e as parcelas de natureza salarial tem o seu fechamento em 30 dias e o pagamento até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido, inadmite-se que se compense no mês seguinte o que supostamente alega-se ter pago a maior no mês anterior. Assim se houve pagamento de um número maior de horas extras do que registrado, presumia-se terem sido as mesmas realizadas e não apontadas. Atualmente surgiu a OJ nº 415 alterando o entendimento em relação às horas extras: OJ-SDI1-415 HORAS EXTRAS. RECONHECIMENTO EM JUÍZO. CRITÉRIO DE DEDUÇÃO/ABATIMENTO DOS VALORES COMPROVADAMENTE PAGOS NO CURSO DO CONTRATO DE TRABALHO. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012) A dedução das horas extras comprovadamente pagas daquelas reconhecidas em juízo não pode ser limitada ao mês de apuração, devendo ser integral e aferida pelo total das horas extraordinárias quitadas durante o período imprescrito do contrato de trabalho. - - 6.- Jamais esquecer que a ação trabalhista caracteriza-se por ser uma cumulação objetiva de

ações em uma só peça (ação alusiva a fatos da própria existência do contrato individual de trabalho com vínculo jurídico de emprego; fatos alusivos à sua formação; fatos alusivos à sua execução; fatos alusivos à sua extinção e direitos adquiridos no curso do contrato, cuja eficácia é projetada para após a sua extinção.

Page 4: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

4Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

7.- A defesa pode ser aduzida pelo reclamado ou preposto devida e corretamente habilitado (OJ da

SDI-I n. 99 – Atual Súmula 377 do TST SUM-377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05 .05.2008 Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT

e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Por relevante, a recente lei Complementar 123 de dez.2006 Chamada Lei do simples (microempresa e empresa de pequeno porte) no artigo 51 e seguintes dispõe sobre questões trabalhistas do direito material e, em especial no artigo 54 (com título “Do Acesso à Justiça do Trabalho”) prevê que pode ser representada em audiência por terceiros que tenham conhecimento dos fatos, ainda que não tenham vínculo empregatício ou societário. Por relevante salientamos o conteúdo da Súmula 425 do TST, sobre a capacidade postulatória das partes: SUM- 425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

8.- A defesa é feita em AUDIÊNCIA, que deverá ser a primeira desimpedida, na pauta, após cinco (05) dias da data do recebimento da notificação com a contrafé (art. 841 da CLT). Notificação esta que se presume recebida em 48horas contadas da data de sua expedição conforme Súmula 16 (com nova redação) do TST (Notificação. Prova do Seu Recebimento: “ Presume-se recebida a notificação quarenta e oito horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus de prova do destinatário.”). Atentar para o prazo da União, Estado, Municípios, Autarquias e Fundações – DL nº 779/69 – 20 dias, bem assim o que orienta a Súmula 122 do TST com nova redação em Maio/05

SUM-122 REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 74 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressa-mente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência. (primeira parte - ex-OJ nº 74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

- 9.- No processo do trabalho – Processo de Conhecimento - não existe citação do réu e sim NOTIFICAÇÃO POSTAL ou por EDITAL. Logo, inexiste despacho citatório e mandado de citação para cientificar o réu da existência da ação (§ 1º do art. 841 da CLT.). Diferente da

Page 5: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

5Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

execução trabalhista que se instaura mediante a citação por oficial de justiça (art. 880 da CLT). Está se delineando entendimento (ainda não sumulado) jurisprudencial, no processo de conhecimento, no sentido de que se o réu for pessoa física (máxime empregador doméstico) a citação deve ser pessoal e não postal. Nada impede, contudo, havendo confirmação do endereço ou irregularidade da notificação pelo sistema postal, que o juiz determine, supletivamente, a notificação por Oficial de Justiça e só em último caso, por edital. Sinale-se que inexiste citação por edital no procedimento sumaríssimo, posto que incompatível com o mesmo.

- 10.- Como a contestação é em audiência, inexiste prazo para a defesa como ocorre no Cível.

Contudo, deve ser respeitado o devido processo legal, isto é, o respeito do prazo previsto no artigo 841 da CLT. No caso de não atendimento deste prazo, pode o reclamado requerer o adiamento da audiência, sob pena de registrar protesto antepreclusivo e/ou argüição de nulidade processual, para renovação da argüição de futura nulidade em preliminar de Recurso Ordinário. No entanto, no caso, mais eficaz será impetrar o Mandado de Segurança. Desta sistemática também resulta que o rol de testemunhas do autor pode ser oferecido (apenas no rito ordinário) até a audiência inaugural e o do réu com a própria defesa; pois, no rito sumaríssimo existe disposição expressa nos §§ 2º e 3º do art. 852-H. Lembrar que há hipóteses de necessidade de rol no rito sumaríssimo (art. 823 CLT; 411 CPC e Cartas precatórias ou rogatórias inquiritórias)

- Convém ressaltar que o prazo que deve mediar entre o recebimento da notificação e a audiência da defesa, para Administração Pública, é em quádruplo = 20 dias. Decreto Lei 779, art. 1º, III.

- - Lembrar que antes de ser dada a palavra para a defesa, poderá o autor Modificar e Petição

Inicial por Emenda, Alteração ou Aditamento e que, de regra, o aditamento importa na prorrogação da audiência para que se observe o artigo 841 da CLT a não ser que o reclamado abra mão da prorrogação por ter condições de complementá-la na própria audiência. Trata-se de respeito ao princípio da ampla defesa e devido processo legal.

- 11.- A defesa é feita após a primeira tentativa de conciliação e pode ser escrita ou oral. Se oral

com o tempo de 20 minutos (art. 847 da CLT). Na verdade, a CLT não prevê defesa escrita e quando a mesma é escrita, consta da ata que após lida foi juntada aos autos. Disto resulta que a defesa quando escrita (por praxe forense), acaso necessário, pode ser complementada oralmente

- 12.- A ausência injustificada do reclamado (Nº 122 REVELIA. ATESTADO MÉDICO.

(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 74 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005 A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência. (Primeira parte - ex-OJ nº 74 - Inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122, redação dada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03), regularmente notificado, em primeira audiência, importará na aplicação das penas de revelia (ausência de defesa) e confissão (ausência da parte para depor). Produzida a defesa, não há se falar em revelia nas audiências de prosseguimento, acaso ausente o reclamado, e, sim, apenas na pena de confissão (ver Súmula 74 do TST em sua nova redação:

Page 6: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

6Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Sumula Nº 74 do TST - CONFISSÃO. (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 184 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005 I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74 - RA 69/78, DJ 26.09.1978) II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 - Inserida em 08.11.2000) Ainda, a OJ n. 245 da SDI-I do TST, preconiza: REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA. Inserida em 20.06.01 - Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

(Antes destas orientações sumuladas o reclamado invocava o “ânimo de defesa” e conseguia reverter a aplicação da revelia em sede de recurso ordinário. Por igual havia tolerância para pequenos atrasos). - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – OJ da SDI-I n. 152 – REVELIA – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – APLICÁVEL. – “Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no art. 844 da CLT. Quanto a representação da administração Pública, hoje, vem orientada pela Súmula 436 de setembro/2012

- 13.- O reclamante, de regra não é revel, salvo no inquérito para apurar falta grave e nas demais ações que constar como requerido, excepto ou reclamado (exceção de incompetência em razão do lugar; reconvenção, ação de consignação em pagamento, ação de reintegração de posse, ação rescisória etc). Logo, o empregado, excepcionalmente, pode ter que produzir defesa. Perante o Juiz da Vara, segue o mesmo procedimento – defesa em audiência -.

- 14.- As audiências são públicas, em dias úteis e entre 8 e 18hs, não podendo ultrapassar 5

horas seguidas, salvo matéria urgente (art. 813). Já os atos processuais serão praticados em dias úteis das 6 às 20hs (art. 770 da CLT). A audiência poderá ser realizada, em casos especiais fora do local da Vara, mediante Edital na sede do juízo com antecedência de 24horas. Se até 15 minutos após a hora marcada o Juiz não houver comparecido (não é o caso do juiz estar presente e as audiências ocorrerem com significativo atraso), os presentes poderão se retirar, devendo o ocorrido constar do livro de registro de audiência (§ único do art. 815).

- Não há se falar em efeitos da revelia e confissão quanto a controvérsia versar sobre matéria de direito ou, sendo de fato, for exigida a prova legal (insalubridade e periculosidade).

- Não há se falar em revelia e confissão no Dissídio Coletivo e na Ação Rescisória - Não há se falar em confissão nas ações metaindividuais; nas em substituição

processual e quando a parte não tiver capacidade para depor. Súmula do TST Nº 398 AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE DEFESA. INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 126 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na ação rescisória. (ex-OJ nº 126 da SBDI-2 - DJ 09.12.2003) No Dissídio Coletivo dispõe a CLT- no Art. Art. 864 - Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma delas, o presidente submeterá o processo a julgamento,

Page 7: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

7Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

depois de realizadas as diligências que entender necessárias e ouvida a Procuradoria. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946) 15 – QUESTIONAMENTO SOBRE LITISPENDÊNCIA. Tem sido discutido, nos Tribunais do Trabalho, a existência ou não de litispendência entre a ação individual e a promovida pelo sindicato profissional em substituição processual. Apresentam-se duas correntes: a) a que aplica supletivamente o CDC (artigos 103 e 104) e, portanto posicionam-se pela inexistência de litispendência; b) a que leva em conta que o beneficiário de uma e de outra ação é o mesmo e, com isto, existe a litispendência. A posição dominante no TST e no TRT IV é pela existência de Litispendência. Colacionamos uma decisão do TRT da 3ª Região que se filiou ao CDC não aceitando a litispendência. Convém salientar que a 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho aprovou inúmeros Enunciados sobre questões polêmicas e dentre eles encontramos o de n.78 sobre o tema em questão e com a seguinte redação:

78. INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA ENTRE AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL. Às ações coletivas ajuizadas pelos sindicatos e pelo Ministério Público na Justiça do Trabalho aplicam-se subsidiariamente as normas processuais do Título III do Código de Defesa do Consumidor. Assim, não haverá litispendência entre ação coletiva e ação individual, devendo o juiz adotar o procedimento indicado no art. 104 do CDC: a) o autor da ação individual, uma vez notificado da existência de ação coletiva, deverá se manifestar no prazo de trinta dias sobre o seu prosseguimento ou suspensão; b) optando o autor da ação individual por seu prosseguimento, não se beneficiará dos efeitos da coisa julgada da ação coletiva; c) o autor da ação individual suspensa poderá requerer o seu prosseguimento em caso de decisão desfavorável na ação coletiva.

Contudo o posicionamento adotado pela aludida Jornada não encontra eco de forma unânime e pacífica nos Tribunais. No caso do Enunciado não se trata de ação coletiva do tipo Dissídio Coletivo e tampouco Ação Civil Pública e, sim de ação INDIVIDUAL promovida pelo Sindicato da Categoria Profissional – em substituição processual -.

De recente decisão do TST - Recurso de revista conhecido e desprovido. Processo: RR - 5000-29.2008.5.15.0043 Data de Julgamento: 02/03/2011, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/03/2011. colacionamos a seguinte fundamentação:

2.1. LITISPENDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO.

Discute-se nos autos acerca da configuração

ou não de litispendência na hipótese de ajuizamento de ação

individual, quando já existente ação proposta pelo sindicato

representativo da categoria profissional do reclamante, na

condição de substituto processual.

Page 8: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

8Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

A litispendência tem previsão expressa no

artigo 301, V, e §§ 1º, 2º e 3º, do Código de Processo Civil,

assim disposto:

“Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:

V - litispendência; § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando

se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas

partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em

curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso”.

Inúmeros são os precedentes da colenda

SBDI-1 no sentido de que a ação ajuizada pelo sindicato da

categoria profissional, na qualidade de substituto

processual, acarreta litispendência e faz coisa julgada em

relação à reclamação trabalhista idêntica proposta pelo

empregado individualmente, porquanto não há como identificar-

se a tríplice identidade a que alude o artigo 301, § 2º, do

CPC.

Cediço que o nosso ordenamento jurídico

adota como regra geral, a denominada "teoria da tríplice

identidade", ou seja, duas ações são idênticas quando têm as

mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo objeto.

Assim, em regra, a litispendência só acarreta a extinção do

processo sem julgamento do mérito, quando existente, em

curso, duas demandas idênticas.

Essa matéria foi amplamente debatida pela

SBDI-1, motivo pelo qual peço vênia para trazer à colação os

bens lançados fundamentos do Exm.º Ministro Aloysio Côrrea os

quais também adoto como razão de decidir, no sentido de que

‘a referida teoria não abarca todas as hipóteses, limitando-

se tão-somente a uma regra geral. Havendo casos, como o dos

Page 9: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

9Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

autos, em que se deve aplicar a "teoria da identidade da

relação jurídica", pela qual ocorrerá a litispendência quando

houver, entre as ações em curso, identidade da relação

jurídica de direito material deduzida em ambos os processos,

ainda que haja diferença em relação a algum dos elementos

identificadores da demanda.’

No caso dos autos, constata-se que o

reclamante é titular do direito material postulado nesses

processos, já que o verdadeiro beneficiário (titular do

direito subjetivo) da ação coletiva são os empregados

substituídos.

Assim, há identidade de partes, a

configurar litispendência, entre a ação individual e a

proposta por Sindicato na qualidade de substituto processual

quando ambas possuem o mesmo objeto.

Corroborando esse entendimento segue

jurisprudência desta egrégia Segunda Turma:

“RECURSO DE REVISTA. LITISPENDÊNCIA. AÇÃO

AJUIZADA PELO SINDICATO E AÇÃO INDIVIDUAL.

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 301 DO CPC. NÃO

CONFIGURAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. 1. A

existência de ação proposta pelo Sindicato, na condição de

substituto processual, dá ensejo à configuração de litispendência

se outra ação, proposta pelo empregado, integrante daquela

categoria profissional, persegue os mesmos direitos ali

vindicados, com o mesmo pedido e causa de pedir. A postulação,

pela entidade de classe, desonera, ainda que parcialmente, o

trabalhador do ônus de enfrentar individualmente seu

empregador em juízo. Precedentes da Colenda SBDI-1. 2.

Recurso de revista não conhecido.” (RR-153600-

52.2005.5.21.0003 , Relator Ministro: Guilherme Augusto

Caputo Bastos, Data de Julgamento: 15/09/2010, 2ª Turma, Data

de Publicação: 24/09/2010)

Page 10: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

10Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Nesse mesmo sentido, a jurisprudência da

colenda SBDI-1:

“LITISPENDÊNCIA. AÇÃO COLETIVA.

SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. AÇÃO

INDIVIDUAL. CONFIGURAÇÃO. Configura-se a

litispendência quando a ação coletiva, na qual figura o sindicato

como substituto processual, e a ação individual, também em

trâmite, têm em comum o pedido e a causa de pedir. Tal

posicionamento, adotado no âmbito desta Subseção I

Especializada em Dissídios Individuais, tem como suporte a

identidade material das partes, que, em processos distintos,

almejam o mesmo efeito jurídico. Recurso de Embargos

conhecido e desprovido.” (E-RR-119100-22.2008.5.22.0004,

Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento:

23/09/2010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,

Data de Publicação: 01/10/2010)

“RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE

REVISTA DOS RECLAMANTES. ACÓRDÃO

EMBARGADO PUBLICADO SOB A ÉGIDE DA LEI

11.496/2007. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E

RESULTADOS DE 2005. LITISPENDÊNCIA.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL E AÇÃO INDIVIDUAL.

Desde que haja identidade de pedido e de causa de pedir, ocorre

litispendência entre a ação proposta pelo sindicato, na qualidade

de substituto processual, e a individual, uma vez presente,

segundo a jurisprudência prevalecente desta Corte, a identidade

material de partes, a caracterizar a tríplice identidade.

Precedentes da SDI-I/TST. Ressalva de entendimento da

Ministra Relatora. Recurso de embargos conhecido e não

provido.” (E-ED-RR- 87300-23.2007.5.03.0106, Relatora

Ministra: Rosa Maria Weber, Data de Julgamento: 09/09/2010,

Page 11: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

11Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de

Publicação: 17/09/2010)

“LITISPENDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL E AÇÃO INDIVIDUAL.

A teoria da tríplice identidade (tria eadem) não é capaz de

justificar todas as hipóteses configuradoras de litispendência,

restringindo-se tão-somente a uma regra geral. Há casos, como o

dos autos, em que se deve aplicar a “teoria da identidade da

relação jurídica”, pela qual ocorrerá a litispendência quando

houver, entre as ações em curso, identidade da relação jurídica

de direito material deduzida em ambos os processos (res in

iudicium deducta), ainda que haja diferença em relação a algum

dos elementos identificadores da demanda. Configura-se a

litispendência o simples fato de haver identidade jurídica e não

física. Embargos conhecidos e não providos.” (E-RR- 3900-

67.2008.5.22.0003, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga,

Data de Julgamento: 29/06/2010, Subseção I Especializada em

Dissídios Individuais, Data de Publicação: 06/08/2010)

Ante o todo exposto, nego provimento ao

recurso de revista.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do

Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do

recurso se revista por divergência jurisprudencial e, no

mérito, negar-lhe provimento.

Brasília, 02 de março de 2011.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

CAPUTO BASTOS Ministro Relator

Page 12: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

12Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

LITISPENDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. TRÍPLICE IDENTIDADE . AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL. A teoria da tríplice identidade (tria eadem) não é capaz de justificar todas as hipóteses configuradoras de litispendência ou de coisa julgada, restringindo-se tão somente a uma regra geral. Há casos, como nas ações coletivas propostas por sindicatos na condição de substituto processual, em que se deve aplicar a "teoria da identidade da relação jurídica", pela qual ocorrerá a litispendência ou a coisa julgada quando houver, entre as ações em curso, identidade da relação jurídica de direito material deduzida em ambos os processos (res in iudicium deducta), ainda que haja diferença em relação a algum dos elementos identificadores da demanda. Configura-se a coisa julgada o simples fato de haver identidade jurídica, e não física, entre ação individual e ação coletiva, proposta por sindicato na condição de substituto processual, com decisão de mérito transitada em julgado. Precedente da SBDI-1. Recurso de revista conhecido e provido. Prejudicados os demais temas. Processo: RR - 196400-69.2008.5.22.0001 Data de Julgamento: 22/09/2010, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/10/2010. Ementa: RECURSO DE REVISTA. AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL. CÚMULO OBJETIVO. LITISPENDÊNCIA. REPETIÇÃO DE AÇÃO EM CURSO QUANTO A UM DOS PEDIDOS DEDUZIDOS. Desde que haja identidade de pedido e de causa de pedir, ocorre litispendência entre a ação proposta pelo sindicato, na qualidade de substituto processual, e a individual, quando o autor desta figura como substituído naquela, uma vez presente, segundo a jurisprudência prevalecente desta Corte, a identidade material de partes, a caracterizar a tríplice identidade. Ressalva de entendimento da Ministra Relatora. Firmadas no acórdão regional as premissas de que, na ação coletiva, - o sindicato pleiteou apenas a condenação da reclamada a acrescentar à remuneração mensal do obreiro a gratificação por produtividade (obrigação de fazer), enquanto que na presente ação o reclamante postula, além daquela obrigação de fazer, também o pagamento da referida gratificação desde janeiro de 2004 até a efetiva incorporação da parcela ao seu salário - , delineia-se, presente o cúmulo objetivo, a hipótese de litispendência parcial da demanda, uma vez que, conforme o entendimento predominante nesta Turma, o ajuizamento de ação coletiva anterior, com identidade de um dos pedidos e da causa de pedir, obsta a apreciação do pleito repetido na reclamação individual. Remanesce, ipso facto, a condenação apenas quanto ao segundo pedido. A propósito, Fredie Didier Jr. preleciona que -... estes fenômenos podem ocorrer em relação a apenas parcela da demanda (litispendência parcial), nos casos de processo cumulativo, quando não haverá extinção do processo, mas somente o juízo de inadmissibilidade da parcela em que se verificou a perempção, litispendência ou coisa julgada, com o prosseguimento da causa para o julgamento da outra parcela.- (Curso de direito processual civil - Teoria geral do processo e processo de conhecimento. Salvador: JusPodivm, 2010, 12ª Ed., p. 558) . Revista parcialmente conhecida e provida, no tema Processo: RR - 6700-65.2008.5.22.0004 Data de Julgamento: 10/11/2010, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/11/2010. Ementa: RECURSO DE REVISTA. 1. LITISPENDÊNCIA . RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS PROMOVIDAS PELA PARTE E PELO SINDICATO, COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL. Não há como se recusar a caracterização de litispendência quando são confrontadas reclamações trabalhistas idênticas, ainda que em uma o empregado compareça substituído por seu sindicato e, na outra, postule o mesmo direito em nome próprio. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 142700-79.2008.5.04.0002 Data de Julgamento: 06/10/2010, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/10/2010. LITISPENDÊNCIA. AÇÃO INDIVIDUAL. AÇÃO COLETIVA AJUIZADA PELO SINDICATO COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL. De acordo com a jurisprudência pacífica desta Corte, há litispendência entre a ação individual do empregado e aquela proposta por sindicato na qualidade de substituto processual quando possuírem o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. Impõe-se, nesse caso, a extinção do

Page 13: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

13Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

processo sem resolução de mérito (art. 267, V, do CPC). Precedentes da SBDI-1. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 69500-38.2008.5.22.0002 Data de Julgamento: 06/10/2010, Relator Ministro: Flavio Portinho Sirangelo, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/10/2010. TRT3 - Ações coletivas não induzem litispendência em relação às ações individuais Publicado em 25 de Maio de 2010 às 13h55 Um reclamante ajuizou ação individual para reivindicar seus direitos na Justiça do Trabalho. Entretanto, o sindicato representante da categoria profissional já havia ajuizado anteriormente, na condição de substituto processual, uma ação trabalhista que continha pedidos coincidentes com aqueles que constavam na ação individual do trabalhador. Acusando o reclamante de pretender se beneficiar de dois processos, a empresa recorreu da sentença, reivindicando a extinção do processo sem julgamento da questão central, uma vez que, no seu entender, ocorreu a litispendência. Depois de analisar o caso, a 3ª Turma do TRT-MG manifestou entendimento no sentido de que a ação coletiva não induz litispendência em relação à ação individual. No entender dos julgadores, a questão pode ser solucionada de outra forma. Em seu voto, o relator do recurso, desembargador Irapuan de Oliveira Teixeira Lyra, explicou que ocorre litispendência em ação idêntica à outra que já está em curso, quando têm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. Conforme esclareceu o magistrado, ainda não existe legislação específica referente a normas processuais reguladoras de ações coletivas no âmbito da Justiça do Trabalho. Por isso, os artigos 103 e 104 do Código de Defesa do Consumidor podem ser aplicados, como apoio, ao Processo do Trabalho. A empresa sustentou que o ajuizamento de ação individual contra o mesmo empregador e com idêntico objeto de ação coletiva induz litispendência, já que o titular do direito material é sempre o substituído. Segundo a tese da empregadora, embora o CDC estabeleça, em seu artigo 104, que a ação coletiva não induz litispendência para a ação individual, também dispõe que a coisa julgada proferida na primeira não beneficia o autor da segunda se ele, tendo ciência do ajuizamento daquela, não requerer em 30 dias a suspensão do processo individual. No caso, a empresa alegou que o reclamante tomou conhecimento da ação coletiva e, apesar disso, não apresentou pedido de desistência, em relação às parcelas idênticas, ou de suspensão. Concordando com os fundamentos da sentença, o desembargador reiterou que a extinção do processo sem discussão da questão central, em razão de litispendência, como pretendia a reclamada, implicaria na violação direta do exercício do direito de ação, garantido pela Constituição. Nesse sentido, o magistrado reforça a tese de que a solução, para esses casos, é a exclusão do reclamante dos efeitos da coisa julgada produzida na ação coletiva, na qual ele consta no rol dos substituídos pelo sindicato. Na visão do relator, não se pode admitir que o substituído, que venha a pleitear direito subjetivo numa ação individual, seja impedido pela litispendência ou pela coisa julgada improcedente. Por esses fundamentos, a Turma rejeitou a preliminar invocada pela empresa. (RO nº 00772-2009-135-03-00-3) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região 16.- QUESTIONAMENTOS SOBRE COISA JULGADA. A primeira questão que se apresenta e de fácil solução, diz respeito sobre a existência ou não de coisa julgada entre sentença normativa proferida em dissídio coletivo e sentença proferida em dissídio individual. A ementa abaixo traduz o entendimento dominante. Ementa: RECURSO DE REVISTA. COISA JULGADA. DISSÍDIO COLETIVO. OBSERVÂNCIA DE INSTRUMENTOS COLETIVOS. Devido à natureza das ações confrontadas, não haveria incidência da coisa julgada, pois no dissídio individual o autor busca uma sentença condenatória com o deferimento do direito material perseguido; já no dissídio coletivo, a pretensão é uma sentença declaratória constitutiva, inexistindo a tríplice identidade ensejadora da coisa julgada (artigo 301, § 2º, do CPC). Ademais, o Tribunal de origem reconhece que a sentença normativa vigorou até 1996, enquanto as verbas postuladas pelo reclamante referem-se a período iniciado em 1998. Por outro lado, não há qualquer registro da existência de instrumentos coletivos no período posterior à sentença normativa. Óbice da Súmula 126 do TST. Recurso de revista não conhecido. Processo: RR - 93100-95.2003.5.02.0301 Data de Julgamento: 10/11/2010, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/11/2010.

Page 14: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

14Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

16.1- ACORDO HOMOLOGADO JUDICIALMENTE E COISA JULGADA. É sabido que, no processo do trabalho, por força do § único do artigo 831 da CLT, o acordo homologado em juízo tem efeito de decisão irrecorrível, podendo ser oposta a preliminar de coisa julgada à repetição da mesma pretensão. A situação que chama à atenção não são os efeitos da coisa julgada em relação à repetição das mesmas pretensões e, sim, o fato de que se a quitação for dada sobre toda a relação contratual havida entre as partes ou, ainda, do contrato de trabalho, esta teria o condão de fazer coisa julgada sobre toda e qualquer pretensão, mesmo que não conste da ação onde houve o acordo. Acórdão - Processo 0032500-85.2008.5.04.0331 (RO) Redator: MARIA INÊS CUNHA DORNELLES Data: 05/05/2010 Origem: 1ª Vara do Trabalho de São Leopoldo EMENTA: ACORDO. QUITAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. COISA JULGADA. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO/DOENÇA OCUPACIONAL. Entendimento desta Relatora de que, quando há formalização de acordo em outra reclamatória, com quitação da inicial e do contrato de trabalho, já na vigência da Emenda Constitucional 45/04 (DOU de 31/12/04), e depois de 29/06/2005, data na qual o STF, no conflito de competência 7204, resolveu definitivamente a questão debatida nos tribunais, quanto a ser desta Justiça a competência para julgamento das ações de indenização decorrentes de acidente de trabalho ou a ele equiparada, há coisa julgada na ação em que pleiteadas indenizações daí advindas (grifou-se). Esta, contudo, não é a orientação desta Turma, que afasta a coisa julgada porque a “matéria relativa à responsabilidade

civil do empregador decorrente de acidente de trabalho é de natureza cível e, portanto, o acordo realizado na Justiça do Trabalho não tem o condão de quitar eventuais direitos do ex-empregado concernentes a tal questão.” (ementa do acórdão do processo RO 0128300-44.2006.5.04.0030, da lavra da Exma. Desa. Rosane Serafini Casa Nova, de 26.3.2010). RR - 99550/2005-024-09-00 Relator - GMCB DJ - 27/06/2008 RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS . DOENÇA DO TRABALHO. COISA JULGADA . ACORDO HOMOLOGADO EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR DANDO QUITAÇÃO GERAL DO EXTINTO CONTRATO DE TRABALHO . 1. Esta Corte Superior vem firmando posicionamento no sentido de que o acordo homologado sob os auspícios do Judiciário, dando plena e geral quitação do contrato de trabalho, sem qualquer ressalva, é perfeitamente válido e impede o empregado de pleitear, posteriormente, em outra ação, parcelas decorrentes do extinto contrato de trabalho, ainda que não incluídas na aludida transação, como no caso, em que o reclamante postula indenização por dano moral, por ter eficácia de coisa julgada material, formada com a homologação do acordo celebrado nos autos da reclamatória anteriormente ajuizada, conforme o parágrafo único do artigo 831 da CLT. Acórdão - Processo 0080100-46.2009.5.04.0015 (RO) Redator: JOÃO PEDRO SILVESTRIN Data: 05/08/2010 Origem: 15ª Vara do Trabalho de Porto Alegre EMENTA: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VALIDADE DO TERMO DE CONCILIAÇÃO. Não comprovada a existência de fraude, confirma-se a validade do termo de conciliação, sem ressalvas, firmado perante à comissão prévia, o qual possui eficácia liberatória geral, em conformidade com o art. 625-E da CLT. (...) Trecho pesquisado: EMENTA: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VALIDADE DO TERMO DE CONCILIAÇÃO. ... COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VALIDADE DO TERMO DE CONCILIAÇÃO. ... Acórdão - Processo 0133800-74.2008.5.04.0013 (RO) Redator: CARMEN GONZALEZ Data: 19/08/2010 Origem: 13ª Vara do Trabalho de Porto Alegre EMENTA: NULIDADE DO TERMO DE AJUSTE EM COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EFEITOS. QUITAÇÃO DE VALORES. O termo de conciliação firmado em Comissão de Conciliação prévia não tem

Page 15: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

15Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

eficácia liberatória em relação às parcelas, mas somente em relação aos valores objeto do ajuste. Como há matéria fática a ser decidida, impende determinar-se o retorno dos autos ao juízo de origem para exame da lide como entenda de direito, porquanto vedada a supressão de instância. (...) Trecho pesquisado: EMENTA: NULIDADE DO TERMO DE AJUSTE EM COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EFEITOS. QUITAÇÃO DE VALORES. O termo de conciliação ... RR - 1682/2003-005-24-00 Relator - GMACV DJ - 30/06/2008 RECURSO DE REVISTA. COMISSÃO DE CO N CILIAÇÃO PRÉVIA. TERMO DE QUITAÇÃO. EFEITOS. Não há como limitar os efeitos liberatórios do termo de conciliação firmado perante a comissão de conciliação prévia quando não há qualquer ressalva expressa, sob pena de se negar vigência a dispositivo de lei (CLT, artigo 625-E, parágrafo único). De tal forma, o termo de conciliação lavrado perante comissão regularmente constituída tem eficácia liberatória geral, excetuando-se apenas as parcelas ressalvadas expressamente. Recurso de revista conhecido e desprovido. CONTESTAÇÃO – ROTEIRO E CONTEÚDO: I.- CABEÇALHO I.1.- Autoridade a quem é dirigida: Exmo. Sr. Juiz do Trabalho Titular da ..... Vara do Trabalho de .......... (identificar). I.2.- Número do Processo Identificar de forma completa I.3.- Identificação das partes:

- Reclamada (razão social ou nome completo se for Pessoa Física, fazendo constar CGC ou CNPF/MF, endereço correto com indicação do CEP.

- Referência ao procurador (pode ou não indicar o nome e endereço). - Reclamante – identificar pelo nome completo.

II.- FUNDAMENTAÇÃO: A fundamentação deve ser bi-partida (em dois momentos). No primeiro devem ser suscitadas as PRELIMINARES e no segundo o MÉRITO. Lembrar que as exceções (artigo 799 da CLT) só podem ser argüidas em peça apartada, uma vez e suspendem o andamento do feito (suspeição/impedimento e incompetência territorial (em razão do lugar) que é relativa. A incompetência absoluta, tem sido argüida em preliminar de mérito e ao feitio de carência de ação. Contudo, o judiciário releva a sua apreciação para a decisão de mérito, na medida em que se impõe ampla cognição de fundo (dilação probatória) para se investigar a real (princípio da primazia da realidade) natureza jurídica da relação contratual, vale dizer, se é de emprego. Alguns advogados, de forma imprópria argúem como “exceção de incompetência ratione materiae”, pois, na verdade, não se trata de exceção, vez que a CLT tem previsão específica para o que se pode argüir ao feitio de exceção. II.1.- DAS PRELIMINARES: Nas preliminares são suscitadas questões que devem, de regra, ser solucionadas antes do enfrentamento do mérito. Vale dizer, questões necessárias de serem resolvidas para o desenvolvimento regular e válido do processo. Algumas dizem respeito a meras irregularidades e, portanto, sanáveis, cuja correção pode ser feita em audiência ou impondo-se o seu adiamento, com deferimento de prazo, para que se faça a correção, sob pena de extinção do processo em o julgamento do mérito. a) correções de erros materiais pertinentes a correta razão social ou nome do reclamado e

endereço, com postulação de correção da autuação e demais registros. Não acarreta extinção do processo sem julgamento de mérito;

b) correção do nome do reclamante, se for o caso; c) respeito ao devido processo legal e ao princípio da ampla defesa, quando desrespeitado o

interregno que deve haver entre o recebimento da notificação (com efeito de citação) e a audiência – 05 dias, cf. art. 841, postulando o adiamento da mesma. Insisto: tecnicamente,

Page 16: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

16Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

não se trata de prazo para a defesa. Não acarreta em extinção do processo sem julgamento de mérito;

d) Hipótese de impossibilidade de cumulação subjetiva de ação em ação plúrima – art. 842 da CLT – com pedido de extinção do processo sem o julgamento do mérito. (O juiz, na prática, constatada a impossibilidade extinguirá o processo em relação aos demais autores, permanecendo a ação somente em relação ao primeiro reclamante, o que encabeça a ação).

e) Adequação do processo ao rito (procedimento) ordinário e/ou sumaríssimo, com impugnação fundamentada ao valor da causa e às demais hipóteses contempladas no artigo 852-B. Pedido de extinção do processo sem julgamento do mérito cf. § 1º do art. 852-B.

f) Sujeição da demanda à Comissão de Conciliação Prévia, acaso existente para as categorias envolvidas no litígio, como exigido pelo “caput” e § 2º do artigo 625-D da CLT. Quer se considere condição da ação ou pressuposto pré-processual (incisos VI e IV do art. 267 do CPC, respectivamente) é possível o pedido de extinção do processo sem julgamento do mérito, como autoriza o § 3º do mesmo diploma legal (“O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.”). Em que pese a matéria seja controvertida. O dever de ofício exige que a argüição seja feita, por juridicamente possível. Para o Exame de Ordem sugerimos a argüição apenas se houve provocação no enunciado da questão.

g) Irregularidade de representação do pólo ativo – reclamante – capacidade de ser parte, de estar em juízo, de postular. Trata-se de DEFESA DIRETA CONTRA O PROCESSO (ataca-se o processo enquanto processo, olhando-se para ele) – quanto aos pressupostos subjetivos = partes.

- Se menor absolutamente incapaz (menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz) deve estar representado pelo representante legal e deve ser oficiado ao MP do Trabalho. Se absolutamente incapaz por doença mental e demais hipóteses do Código Civil (art. 3º - I- menos de 16 anos; II.- os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III.- os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.)

- Se menor relativamente capaz (menor de 18 e maior de 16 anos e o aprendiz) Artigo 4º do Código Civil: “São incapazes, relativamente a certos atos, ou a maneira de os exercer: I.- os maiores de 16 e menores de 18 anos; II.- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham discernimento reduzido; III.- os excepcionais, sem desenvolvimento mental completos; IV.- os pródigos; Parágrafo único – a capacidade dos índios será regulada por legislação especial. ”deve estar assistido pelo representante legal e também ser oficiado ao MP do Trabalho para ter ciência da lide e intervir caso entenda necessário.

- Se o empregado tiver falecido, o espólio deve ser representado pela sucessão e esta, em juízo, pelo inventariante. Contudo, na Justiça do Trabalho, face a hipossuficiência do trabalhador aplica-se a Lei 6.858 de 24.11.80 – Art. 1º “caput” Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do FGTS e do Fundo de Participação Pis/Pasep, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento.”

- Nas hipóteses de irregularidade de representação, impõe-se o sobrestamento do feito, com assinatura de prazo, pelo juiz, para a regularização, sob pena de extinção do processo sem o julgamento do mérito. Lembrar que se o pólo não for regularizado, não há se falar em relação jurídica processual, impedindo o prosseguimento do feito, pois não existirá processo sem a triangularização (autor – réu – Estado).

Page 17: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

17Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

h) Adequação do procedimento às normas legais. Trata-se de DEFESA DIRETA CONTRA O PROCESSO (pressuposto processual objetivo intrínseco). Ataca-se o processo enquanto processo (olhando para ele).

- irregularidade na notificação (com efeito citatório). Neste caso, acolhida a argüição, o juiz dará o reclamado por citado naquela audiência (naquele momento processual) designando nova audiência, em respeito ao princípio da ampla defesa e devido processo legal (art. 841 da CLT). Não acarreta extinção do processo sem julgamento de mérito.

- Ataque à petição inicial com argüições de inépcias. Observar a Súmula 263 do TST com nova redação que, a meu ver, favorece a defesa, pois introduzida ressalva no início da súmula “Salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC”. Vale dizer, tirando estas hipóteses, só é possível declarar a inépcia após a concessão de prazo para suprir a irregularidade detectada: “263 – Petição Inicial. Indeferimento, Instrução obrigatória deficiente. “ Salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer”. Pedido de extinção do processo sem julgamento de mérito em relação ao pedido cuja ação é inepta. Na prática, após suscitar todas as inépcias em preliminar, as contestações têm repisado a argüição quando da contestação de cada pedido, antes de enfrentar o mérito.

i) Extinção do processo, sem julgamento do mérito por AUSÊNCIA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO – TRATA-SE, AINDA, DE DEFESA DIRETA QUANTO AO PROCESSO –

- Legitimação para a causa - Interesse de agir. - Possibilidade jurídica do pedido.

j) DEFESA INDIRETA QUANTO AO PROCESSO – Pressupostos objetivos extrínsecos. Vale

dizer, ocorrência de fato fora do processo que obstaculiza o seu prosseguimento, impondo-se sua extinção sem o julgamento de mérito:

- Perempção – Inciso IV do art. 301 do CPC, pelas hipóteses dos artigos 731 e 732 da CLT - Litispendência. - § 1º, 2º e 3º do art. 301 do CPC - Coisa Julgada. - § 1º, 2º e 3º do art. 301 do CPC – Lembrar que os Acordos

homologados pela Justiça do Trabalho, têm efeito de sentença trânsita em julgado, só podendo ser desconstituído por Ação Rescisória (§ único do art. 831 da CLT).

- Negociação prévia. Eficácia Liberatória Geral - Acordo realizado perante a Comissão de Conciliação Prévia, embora não faça coisa julgada pois estas Comissões não têm Jurisdição (poder de julgar), os acordos por elas homologados têm eficácia liberatória. A desconstituição do título executivo só pode ocorrer por Ação Anulatória (diferente do acordo homologado pelo Juiz, como antes visto). Prevê o art. 625-E e § único: “Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes. § Único: O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.”

Ou, ainda, as MODIFICAÇÕES DE COMPETÊNCIA: Não acarreta a extinção do processo. - Conexão - Continência

Através da conexão e/ou continência, não se extingue o processo e sim modifica-se a competência daquele Juiz para outro Juiz do Trabalho, que se tornou prevento (critério de fixação da competência) por conhecer por primeiro de ação entre mesmas partes, a que esta ação tem ligação por conexão ou continência.

Page 18: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

18Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Evita-se decisões conflitantes ou contraditórias e objetiva-se a celeridade e economia processuais, por se tratar de uma mesma relação contratual em litígio e “sub judice”, entre mesmas partes. ESGOTADAS AS OBJEÇÕES OU PRELIMINARES QUANTO AO PROCESSO – artigo 301 do CPC, DAÍ, SIM, SEGUE-SE PARA A DEFESA DE MÉRITO.

II.2.- DO MÉRITO. PREJUDICIAL DE MÉRITO:

a) - Argüição de Prescrição: 1) extintiva da ação ou também denominada de fundo. É a bienal. Vale dizer, transcorrido o biênio após a extinção contratual. 2) a qüinqüenal. A argüição de prescrição não é feita como preliminar de mérito e sim como prejudicial de mérito, pois não se trata de matéria processual e sim de direito material, em que pese, atualmente, haja polêmica quanto a sua natureza vez que o atual CPC contempla sua declaração de ofício pelo juiz. Deve se ter cuidado e atentar quando é feito o aditamento da inicial (acréscimo de nova causa de pedir e pedido), pois esta pretensão ao tempo em que formulada já pode estar totalmente fulminada pela prescrição o que pode não ocorrer com as pretensões inicialmente deduzidas em juízo.

b) Na prescrição extintiva da ação, deve ser postulada a extinção do processo com o julgamento de mérito ( art. 269, IV, do CPC).

DO MÉRITO: c) Como cada causa de pedir com seu respectivo pedido corresponde a uma ação, cada um

deve ser atacado antes pela via das preliminares e, após no mérito. d) No mérito, a preocupação do advogado deve ser com a prova, isto é, com o ônus da prova,

lembrando que a petição inicial surge lastrada em FATOS CONSTITUTIVOS. Com isto, o ônus da prova nasce integralmente com o autor. A defesa tem o condão de delimitar a lide – formar a litiscontestação - (nada mais entra, nada mais sai do processo); delimitar o objeto da prova e, principalmente, redistribuir, por inversão, o ônus da prova. Somente com a defesa é que ficam delimitados os pontos controvertidos e, de conseqüência, os que necessitam de prova. Por igual, somente com a defesa é que saberemos quais os fatos constitutivos não negados (por isso não necessitam de prova); fatos constitutivos negados (por isso o autor permanece o ônus originário da prova – artigo 818, quem alega tem que provar). A defesa indireta é que redistribuirá o ônus da prova, por inversão; vale dizer, a prova que era do autor, passa a ser do réu.

ESTRUTURA DA DEFESA QUANTO AO MÉRITO:

1.- argüição da prescrição ou decadência. 2.- resumo da situação funcional do trabalhador (período contratual; função; último salário). Se a petição inicial já contiver este resume e não houver divergência, deve-se, apenas, concordar com o mesmo. Se houver divergência, já aí inicia a contestação no que respeita à formação e extinção deste contrato. 3.- Quanto aos fatos da execução contratual articulados na peça vestibular, deve a contestação seguir, inicialmente, titulando o seu desenrolar pelos pedidos – um a um – e, ato contínuo, à causa de pedir. Disto resultará a segurança de que todos os pedidos e fatos foram contestados. Exemplo: - Pedido de letra “a” – retificação da data de admissão e despedida constante da CTPS.

Fundamentando o pedido alega o autor....... Equivocada ou incorreta sua alegação ou sua assertiva, vez que corretos os períodos registrados em sua CTPS, não tendo o mesmo iniciado a trabalhar na data em que alega e sim na registrada e a extinção contratual ocorreu em ..... e no como alegado. Deve ser julgado improcedente o pedido.

- Pedido de letra “b” – Adicional de insalubridade e repercussões.

Page 19: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

19Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Em nenhum momento da execução contratual o autor trabalhou em condições ou em contato com agentes insalubres, razão por que deve ser julgado improcedente o pedido. Ou, noutra hipótese de contestação do mesmo fato: O autor trabalhou em condições insalubres de grau médio, tendo recebido o correspondente adicional e repercussões, como comprovam os recibos em anexo. O autor não trabalhou em condições insalubres que gerassem grau diverso do que lhe foi pago.

- Das horas extras e repercussões. Incorreta a jornada alegada na petição inicial. O autor cumpriu jornada compensatória de segundas às sextas-feiras no seguinte horário:........... Todas as horas trabalhadas foram corretamente anotadas pelo autor nos registros de jornada, anexos. Nas raras hipóteses em que laborou em horário extraordinário, as horas extras lhe foram corretamente contraprestadas, como comprovam os recibos, também, anexos.

E, assim, por diante, seguindo como roteiro contesta-se os pedidos, um a um – titulando-o em destaque. Após, nos fundamentos de ataque ou rebate de cada pedido, é que se vai atacar as alegações e fundamentos consistentes na causa de pedir constante da petição inicial. Acaso já tiver sido argüida alguma inépcia, é salutar que reafirme: Exemplo:

- “Pedido de letra “b” – Adicional de insalubridade e repercussões. - Inicialmente reporta-se à argüição de inépcia feita em preliminar supra. Acaso

superada a argüição, no mérito, por cautela, contesta: Em nenhum momento da execução contratual o autor trabalhou em condições ou em contato com agentes insalubres, razão por que deve ser julgado improcedente o pedido. Ou, noutra hipótese de contestação do mesmo fato: O autor trabalhou em condições insalubres de grau médio, tendo recebido o correspondente adicional e repercussões, como comprovam os recibos em anexo. O autor não trabalhou em condições insalubres que gerassem grau diverso do que lhe foi pago.

A forma sugerida atende ao quanto previsto nos artigos 300 e 302 do CPC, supletivamente aplicáveis (art. 769 da CLT) face a omissão da CLT e porque compatíveis com o processo do trabalho: Art. 300 CPC – Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 302 CPC – Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I.- se não for possível à seu respeito a confissão; II.- se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III.- se estiverem em contradição com a defesa, considerada nem seu conjunto – PARÁGRAFO ÚNICO Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Cuidar para não cair em contradição, máxime em pedidos conexos: Negar peremptoriamente o trabalho extraordinário e depois dizer que as horas extras trabalhadas foram pagas. Negar a existência de condições e ou agentes insalubres e depois afirmar que foram fornecidos EPIs capaz de ilidi-los. Negar a existência de contrato de trabalho, para após, negar o vínculo de emprego. Cuidar para não contestar fatos, juntando documentos ou quando já existentes no processo (juntados com a petição inicial) que contrariem tal alegação, excetuada a hipótese que também se impugne a validade destes documentos (mediante incidente de falsidade ou de que o mesmo não condiz com a realidade).

Page 20: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

20Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Cuidar para não deduzir contestação genérica, posto que não tem qualquer valor: “contesta todos os fatos ou demais fatos alegados na petição inicial” . Lembrar que a defesa, à semelhança da inicial, também é uma peça postulatória e, como tal, tem que ser clara, objetiva e específica. As postulações da defesa devem, também, ter os requisitos da certeza (quanto a sua existência) e determinação (quanto ao seu objeto). II.- 3 – IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA OU DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA, por não preenchidos os pressupostos legais. III.- DOS REQUERIMENTOS. a) Compensação dos valores pagos a maior sob o mesmo título em que postulados.- Artigo 767

da CLT – “ A compensação, ou retenção, só poderá ser argüida como matéria de defesa.” Lembrar que não se deve formular pedido de compensação genérico. Deve a parte indicar os valores pagos a maior com os quais pretende a compensação. A compensação encontra limite entre débitos e créditos. Feita a compensação e ainda sobejar crédito ao empregador (reclamado), pela compensação não se cria título executivo. Para cobrar o saldo credor, deverá o réu aforar Reconvenção, só não podendo faze-lo em ações em que ocorra a substituição processual (§ único art. 315 CPC). Ainda, em sede de compensação vide o limite (um salário) imposto no art. 477 § 5º da CLT que é matéria de direito material. Em juízo, não se impõem este limite. Por fim não há como compensar créditos de naturezas jurídicas diversas: um empréstimo do empregado materializado em nota promissória etc. (de natureza civil) com o trabalhista. Mais, nãos e compensa valores salariais pagos a maior com horas extras impagas e assim por diante. Já o aviso prévio devido e não concedido é compensado com as verbas devidas por ocasião da extinção do contrato, vez que todas assumem mesma natureza (parcelas rescisórias ou resilitórias).

b) Requerimento para que se procedam os descontos previdenciários e fiscais cabíveis. Afirma a doutrina que se trata da hipótese de retenção, quando retidos valores do crédito do reclamante e transferida a obrigação de recolhimento ao reclamado.

c) Não confundir compensação ou retenção com deduções, vez que as deduções podem ocorrer de ofício ou à requerimento da parte e tem com objetivo o non bis in idem (a não repetição de pagamento) tendo em conta o princípio que veda o enriquecimento sem causa. Com isto, o juiz pode determinar a dedução dos valores pagos sob os mesmos títulos em que postulados.

d) REQUERIMENTO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ, se houver suporte fático, para tanto. Aplicação supletiva do CPC em seus artigos 14/18, devendo indicar os fatos, fundamentos (hipótese) em que o reclamante se enquadra.

e) Requerimento de produção de provas, indicando-as e, em especial o depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confissão.

f) Protesto por posterior juntada de documentos, só cabível no ordinário, posto que no sumaríssimo os documentos (em sua totalidade) devem acompanhar a defesa, salvo os que se encontrarem em algum órgão que demande o ofício judicial.

g) Requerimento de condenação do reclamante às custas, honorários advocatícios e periciais. IV.- CONCLUSÃO. Pedido de acolhida das preliminares argüidas e de improcedência total da ação. Reiterar as condenações postuladas em defesa, como litigância de má-fé etc. V.- ENCERRAMENTO. São os termos em que respeitosamente pede deferimento. Data. OAB - ...... Nome completo e assinatura.

Page 21: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

21Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

(PARA A OAB CUIDAR PARA NÃO IDENTIFICAR A PROVA -, vale dizer, não colocar o próprio nome).

RECONVENÇÃO É a ação do réu contra o autor na mesma ação em que o réu é demandado. Nelson Nery Junior define: “Reconvenção é um modo de exercício do direito de ação, sob a forma de contra-ataque

do réu contra o autor, dentro do processo já iniciado, ensejando processamento simultâneo com a ação

principal (simultaneus processus), a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença.”. Há uma cumulação objetiva de ações num mesmo processo, principal e reconvencional. REQUISITOS:

1) existência de uma ação do autor contra o réu, pendente.

2) identidade de procedimentos para ação e reconvenção (mesmo rito).

3) juiz competente para a ação e reconvenção.

4) conexão entre a reconvenção e a ação principal, ou entre a reconvenção e a defesa.

5) A reconvenção deve ser apresentada logo após a defesa.

6) Cabimento ou não da reconvenção nas causas de rito sumaríssimo e alçada. – matéria doutrinária.

7) Reconvenção e as ações dúplices. Não cabimento como regra.

8) Não cabe reconvenção nas ações de substituição processual (§único art. 315 CPC).

9) Não cabe reconvenção na execução e no processo cautelar. RECONVENÇÃO NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO:

Estevão Mallet (Procedimento Sumaríssimo- LTR) assevera pela perfeita compatibilidade da reconvenção no procedimento sumaríssimo. Argumenta que o pedido contraposto não satisfaz plenamente e não tem a mesma abrangência da reconvenção. Resume o autor: “Em síntese, se a reconvenção é compatível com o processo do trabalho e não foi excluída da regulamentação legal do procedimento sumaríssimo, deve ser nesse procedimento aceita, não a substituindo o pedido contraposto do processo civil, que não oferece a mesma tutela ao reclamado.” Manoel Antônio Teixeira Filho (O procedimento Sumaríssimo no Processo do Trabalho – LTR – 2000) Adota entendimento oposto ao de Mallet, sustentando pelo descabimento da reconvenção no procedimento sumaríssimo e, sim do pedido contraposto, em face da expressa previsão contida no art. 31 da Lei 9099/95 que serviu de inspiração (e não o CPC), para a edição da Lei do Sumaríssimo n. 9957/2000. Esclarece o autor que não existe, em termos práticos ou d objetivo, muita diferença entre reconvenção e pedido contraposto. Diz o autor ao invocar o artigo 31 da Lei 9099/95: “É o denominado “pedido contraposto”, que, no fundo, em muito pouco se distingue do que é próprio da reconvenção.” Após referir a necessidade de conexão com a ação principal (tanto na reconvenção, quanto no pedido contraposto), aduz: “Portanto, o que desassemelha o “pedido contraposto” do pedido reconvencional é o fato de o primeiro ser realizado na própria contestação, ao passo que o segundo é formulado em peça apartada, que depois de autuada é apensada aos autos principais.” Por igual, no pedido contraposto, o autor poderá responder na audiência ou requerer a designação de nova data, que será desde logo fixada, ficando cientes os presentes. Resume o autor, quanto ao procedimento sumaríssimo:

Page 22: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

22Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

a) não deverão ser admitidos: 1) intervenção de terceiros; 2) assistência (simples ou consorcial); 3) aditamento à inicial ou modificação da causa de pedir ou dos pedidos; 4) reconvenção;

b) serão admitidos:

1) litisconsórcio; 2) pedidos contrapostos; 3) ação rescisória;

RECONVENÇÃO NAS AÇÕES DÚPLICES: Carlos Henrique Bezerra Leite sustenta não ser pacífico o entendimento sobre o cabimento de reconvenção nas ações de natureza dúplice; citando como exemplo de ação trabalhista dúplice a do inquérito para apurar falta grave. Mesmo autor quando analise o cabimento ou não de reconvenção na ação de consignação em pagamento, sustenta tratar-se de ação dúplice na hipótese de insuficiência de depósito e transcreve jurisprudência que preconiza o cabimento nas demais hipóteses de contestação da ação consignatória. Manuel Antônio Teixeira Filho ao discorrer sobre ação em procedimento sumaríssimo, sustenta pelo descabimento da reconvenção ante o cabimento do pedido contraposto, ostentando, com isto, a possibilidade de “ação dúplice”. Encontramos a análise do que seja “ação dúplice” nas Instituições de Direito Processual Civil de Cândido Rangel Dinamarco, volume III, pg. 501/502 – 5ª Edição – Malheiros Editores. Dinamarco ensina: “Em algumas espécies de litígios ou tipos de procedimento a lei permite que o réu, em contestação, formule pedido contraposto ao autor, destinado a obter para si uma tutela jurisdicional fora dos limites do pedido feito por este. Tais são os chamados “judicia duplicia”, nos quais a própria contestação amplia o objeto do processo e torna absolutamente inócua eventual reconvenção.” Afirma, ainda: “Não existe qualquer diferença funcional entre o pedido contraposto e a reconvenção. A diferença que existe é meramente formal e pouco mais que nominal, porque o resultado a que ambos conduzem é o mesmo: ampliação do objeto do processo pela introdução de mais um pedido, necessidade de dar ao autor oportunidade para impugnar o novo pedido, instrução conjunta e sentença única”. Encerra o tema explicitando a restrita hipótese de fungibilidade: “Mas a reconvenção não deve se pura e simplesmente indeferida, quando for o caso de formular pedido contraposto. Seu formalismo é muito maior que o deste e dessa mera irregularidade formal não decorre prejuízo para o adversário (arts. 244, 294, § 1º e 250); nessas hipóteses, cumpre ao juiz conhecer do pedido formulado em reconvenção como mero pedido contraposto, sem negar-lhe julgamento. O contrário não é admissível, ou seja, conhecer de pedido contraposto deduzido em contestação, fora dos casos estritos em que a lei o admite”. Mesmo autor exemplifica as hipóteses, no processo civil, de ações que ostentam a natureza dúplice, em que o réu pode deduzir pedido em defesa (atacando o autor) sem ser pela via da reconvenção: a) todas as ações que se processem em rito sumário ( art. 278, § 1º do CPC); b) ação de consignação em pagamento e a de prestação de contas, onde cabe ao juiz condenar o próprio

autor a pagar ao réu o saldo eventualmente apurado contra ele (arts. 899, § 2º e 918 CPC); c) ações possessórias, nas quais se permite ao réu pedir proteção possessória em contestação, mediante

alegação de ter sido ele ofendido em sua posse (art. 922 CPC); d) ação de desapropriação, onde cabe ao juiz fixar a final o valor a ser pago, ainda que acima do oferecido

pelo expropriante, desde que em contestação o expropriado haja impugnado a oferta (dec-lei 3.365/41, arts. 20 e 24);

e) nos processos de ajuizados especiais cíveis, nos quais são expressamente autorizados os pedidos contrapostos (lei 9.099/95, art. 31). Como se observa das hipóteses elencadas pelo citado autor, algumas são aplicáveis no processo do trabalho, como:

a) ações possessórias;

Page 23: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

23Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

b) ação de consignação em pagamento (contestação de que o depósito não é integral, em que havendo insuficiência, o autor será condenado) e a de prestação de contas (quando constatado que o réu é credor de saldo);

Além destas hipóteses cíveis, temos a ação trabalhista: a) ação de inquérito para apuração de falta grave, quando o requerido postula a reintegração com o

pagamento das parcelas salariais e remuneratórias até a data em que a mesma se efetivar. b) ação em procedimento sumaríssimo acaso se entenda, como Manuel Antônio Teixeira Filho,

pelo cabimento do pedido contraposto, que exclui a possibilidade de reconvenção.

RECONVENÇÃO NAS AÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL Questão 44 do Exame de Ordem 01/2005 Sindicato de trabalhadores, na condição de substituto processual, ajuíza ação de cumprimento contra a empresa X, potulando diferenças salariais impagas a seus 50 empregados, uma vez que a empresa não lhes concedeu o reajuste salarial estabelecido na Convenção Coletiva de trabalho vigente. Os 50 empregados são associados do sindicato. Juntamente com a contestação, X apresenta reconvenção em relação a 20 trabalhadores que se encontram em débito com a mesma, uma vez que compraram produtos a crédito em pontos de venda da empresa e estão inadimplentes. Essa reconvenção deverá: A – tramitar e ser julgada improcedente apenas em relação aos 20 empregados que estão em débito com a empresa. B – ser extinta sem julgamento do mérito, uma vez que a dívida dos empregados não é de natureza trabalhista e, portanto, não poderá ser argüida em feito dessa natureza. C – ser extinta sem julgamento do mérito, uma vez que não é possível reconvirem processos em que o sindicato atua como substituto processual. D – ser julgada procedente, e o montante da dívida abatido dos valores em que a empresa for condenada. GABARITO – “C” Comentário. Omissa a CLT, no processo de conhecimento, por força do artigo 769 da CLT, aplica-se, supletivamente, o CPC. No caso em tela, dispõe o § único do artigo 315 do CPC – “parágrafo único – Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.” A doutrina e jurisprudência aceitam a reconvenção como cabível no processo do trabalho, excetuando as hipóteses das ações cautelares e ação de execução. Carlos H. Bezerra Leite, adotando lição de Nelson Nery Júnior, afirma que para a admissibilidade da reconvenção são necessários quatro pressupostos específicos: “a) que o juiz da causa principal não seja absolutamente incompetente para julgar a reconvenção (CPC, art. 109). A reconvenção deve versar, pois, matéria trabalhista, isto é,

Page 24: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

24Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

referente à relação empregatícia ou, se existir lei, decorrente da relação de trabalho (CF, art. 114); b) haver compatibilidade entre os ritos procedimentais da ação principal e da ação reconvencional. Há quem sustente a incompatibilidade da reconvenção com a reclamação trabalhista submetida ao procedimento sumário (Lei n. 5,584/70, art. 2º, §§ 3º e 4º), por aplicação analógica do art.315 do CPC); ou sumaríssimo (CLT. arts. 852-A et seq), por aplicação analógica do art. 31 da Lei n. 9099/95, que instituiu os Juizados Especiais. Pensamos, contudo, a analogia é incabível na espécie, pois restringe o direito constitucional de ação, olvidando, assim, o princípio da inafastabilidade da jurisdição. c)haver processo pendente. A reconvenção tem lugar quando a ação principal estiver em curso, sendo certo que o momento próprio para a apresentação da reconvenção é na audiência dita inaugural (CLT, art. 847). d) haver conexão (CPC, art.103) entre a reconvenção, a ação principal ou algum dos fundamentos da defesa.”

A questão em exame investiga o cabimento de reconvenção na ação de cumprimento, ação típica trabalhista em que o sindicato age como substituto processual (art. 872 § único), objetivando o cumprimento das vantagens conquistadas em instrumentos normativos da categoria (acordo coletivo, convenção coletiva e sentença normativa). Nesta ação o sindicato não é titular do direito material e, portanto, não age na busca da reparação de uma lesão de direito seu e, sim, apenas como parte processual, legitimado a buscar em nome próprio, direito alheio. Por isso, chama-se de legitimação extraordinária ou anômala. A questão demanda, além da aplicação supletiva o § único do artigo 315 do CPC, raciocínio e interpretação. Ora, se o sindicato age apenas como parte processual, a parte contrária (empresa) não lhe pode opor questão de direito individual ou atinentes às relações individuais, ainda que tenha ocorrido com mais de um trabalhador (entre um trabalhador ou determinado número de trabalhadores e o empregador). Não bastasse isto, através da reconvenção, o reconvinte objetiva a criação de um título executivo judicial (condenação); com isto, poderia o sindicato ser reconvindo e como tal (se procedente a reconvenção) ser condenado a pagar o que pretende o reconvinte, através da reconvenção? Certamente que não. Quando muito, para que se evite o enriquecimento sem causa, seria possível a dedução ou compensação de valores já pagos aos substituídos, de mesma natureza jurídica (sob mesmo título). Ressalte-se que como a natureza jurídica da reconvenção é de ação em que se procura colocar o autor na posição de réu, não teria o réu da ação trabalhista (empregador) ação para cobrar reparação de direito material do sindicato que não é seu empregado e não é seu devedor. Dessarte, se não tem ação autônoma contra o sindicato para cobrar supostos direitos devidos pelos empregados integrantes da categoria, não pode, em sede de substituição processual, faze-lo réu da reconvenção, onde ocorre a cumulação de duas ações. Por fim, no caso do questionamento, agrava-se o fato de que a reconvenção sugerida encerra matéria civil e, portanto de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho.

Page 25: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

25Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

Em face destes elementos, é possível, por eliminação descartar a hipótese de apreciação do mérito da reconvenção, vez que a incompetência absoluta diz respeito à preliminar de mérito (incompetência absoluta em razão da matéria – art. 113 do CPC),eliminando-se as hipóteses “A” e “D”, restando as hipóteses “B” e “C” de extinção do processo sem julgamento do mérito. Já a hipótese “B” demanda maior raciocínio, pois pressupõe que a pretensão contida na ação de reconvenção dirija-se ao titular do direito material que age em legitimação ordinária. No caso em tela, como afirmado, o sindicato é apenas parte processual e, portanto, não pode ser alvo de condenação em matéria de mérito, do que resulta ser inviável a ação de reconvenção em ação de cumprimento ou nas ações em que sindicato age como substituto processual. Registre-se que a maioria dos doutrinadores, como Wagner Giglio, Carlos Henrique Bezerra Leite, Francisco Antônio de Oliveira não abordam o tema. Eduardo Grabriel Saad (Direito Processual do Trabalho – 4ª Edição – LTR, pgs. 548 e 675), simplesmente sustenta, repisando o CPC: “É vedado ao Reclamado, em seu próprio nome, reconvir ao Reclamante quando este demandar em nome de outrem, como pode ocorrer no caso de substituição processual do empregado por seu sindicato.” O autor não aprofunda o tema e tampouco explica ou justifica sua assertiva com elementos doutrinários. Assim, em face da escassa doutrina à respeito do tema (mesma situação, quanto ao cabimento de reconvenção nas ações de consignação em pagamento), sendo uníssona apenas quanto ao não cabimento nas ações cautelares e de execução, tal situação reveste o questionamento de significativa complexidade. Não é cabível reconvenção na ação de execução, porque nela não há sentença. É incabível, por igual, no processo cautelar, porque, com ele não se objetiva o julgamento da lide e sim medidas cautelares para garantir o resultado útil do processo principal. O processo de alçada, de certa forma, está subsumido no rito sumaríssimo, cujo rito é o previsto pela Lei 5584/70, onde o juiz resume os depoimentos e não cabe recurso, a não ser que verse sobre matéria constitucional. O entendimento dominante é pelo cabimento da reconvenção no rito sumaríssimo e nos processos de alçada também denominado de sumário (Lei 5584/70 – art.2º). No entanto, autores como SAAD admitem a aplicação do artigo 31 da Lei 9099/95 que criou os Juizados Especiais: “Não se admitirá reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art.3º desta lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia. Parágrafo único: O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação de nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.” Trata-se do denominado contra-pedido ou pedido contraposto. DISTINÇÃO ENTRE RECONVENÇÃO E COMPENSAÇÃO. COMPENSAÇÃO é instituto de direito material passível de exceção. Atinge a obrigação, pressupõe débitos e créditos recíprocos. RECONVENÇÃO É ação, instituto de direito processual. Não se pressupõe crédito do autor, ele pode perder a ação e, ainda, ser devedor da reconvenção, que de sua vez pode criar título executivo contra o autor.

Page 26: CONTESTAÇÃO (DEFESA) – Roteiro para elaboraçãoaulas.verbojuridico3.com/R2012/Processo_Trabalho_Haas_27IB... · contestaÇÃo (defesa) – roteiro para elaboração. consideraÇÕes

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas – Proibida a utilização e reprodução sem expressa autorização.

26Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PROCESSO DO TRABALHO

A sentença que aceita a compensação é de natureza declaratória - declara que os débitos e créditos estão extintos. Já a sentença na reconvenção, se procedente, cria título executivo do réu contra o autor. Se o autor desiste da ação, persiste a reconvenção, porque ela é independente da ação. Pode-se argüir a compensação e ajuizar reconvenção simultaneamente. Se a sentença julgar procedente a ação e a compensação, bem como a reconvenção, o réu fica com título executivo contra o autor, pela diferença, se houver. FINALIDADE DA RECONVENÇÃO:

1) modificar ou extinguir o pedido do autor.

2) reunir processos conexos para que se evite decisões contraditórias. DIFERENÇA ENTRE RECONVENÇÃO E CONTESTAÇÃO:

� Contestação é defesa . O tema em discussão não se modifica.

� Reconvenção é ataque - novo tema decidendo, embora esse tema seja pressuposto da reconvenção (pela conexão).

� Com a reconvenção surge a oportunidade de ouvir mais três testemunhas para cada parte. PRAZO PARA A RECONVENÇÃO E CONTESTAÇÃO DA RECONVENÇÃO. A reconvenção deverá ser oferecida na mesma audiência em que oferecida a defesa, recomendando-se que seja em peça apartada da defesa (Wagner Giglio entende pela não exigibilidade de que seja em peça separada da defesa). Lembre-se que também pode ser oferecida oralmente, no prazo dos 20 minutos da defesa. Quanto a contestação da reconvenção, tem o reclamante-reconvindo, o prazo mínimo de 05 dias do artigo 841, como preconiza Bezerra Leite, com a suspensão da audiência. Dessume-se, com isto, que o réu na defesa em sentido amplo, na mesma oportunidade pode/deve oferecer: exceção/contestação/reconvenção. REVELIA NA RECONVENÇÃO. Não contestada a reconvenção, tem-se o reclamante-reconvindo como revel, o que induz à presunção de veracidade dos fatos alegados pelo reclamado-reconvinte. Bezerra Leite entende ocorrer a revelia e confissão pelo não comparecimento do reclamante-reconvinte aos autos para apresentar defesa, em que pese a mesma seja oferecida em secretaria e não em audiência, salvo se o mesmos abrir mão do prazo. DESISTÊNCIA DA AÇÃO X RECONVENÇÃO – JULGAMENTO DAS DUAS AÇÕES. Como ações autônomas, a desistência da ação não importa no arquivamento da reconvenção, prosseguindo e processando-se esta última. Quanto ao julgamento, pode ocorrer que a ação seja improcedente e a reconvenção procedente.