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Contando Saberes: HISTORIAS DA DONA FIOTA AFRICA VOL. 2

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Contando Saberes:

HISTORIAS DA DONA FIOTA

AFRICA

VOL. 2

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Fundação Guimarães Rosa apresenta:

Contando Saberes:Historias da dona Fiota

África - Vol. 2

Kelly Cardozo e Rosângela Gontijo

Ilustração

Claudinei de Carvalho – “PLOC”

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Volume 2 . H istorias sobre a aFrica

Com muito prazer, a Fundação Guimarães Rosa entrega ao público escolar mais um volume da Coleção Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota - África.

Nesta cartilha, vamos mostrar várias características do continente africano, especialmente suas belezas naturais: rios, florestas, animais e desertos; seus reinos; suas formas de trabalho. Apresentaremos os povos Bantos, sua localização no continente (objeto dessa pesquisa) e sua grande importância na história mundial, principalmente na história da identidade brasileira.

Apresentar, para os nossos alunos, as circunstâncias e o contexto da formação identitária da sociedade é um dos objetivos desse projeto. É impossível falar sobre o negro no Brasil sem antes consultar nossos irmãos africanos e apresentá-los à comunidade escolar de forma real e verdadeira, com intenção de promover, a cada dia, uma escola anti-racista.

Equipe Fundação Guimarães Rosa

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saPresentacao

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Ouvi falar que o Baobá¹ é livre e bem preso ao solo. Parece solitário, mas é o senhor do seu lugar, além de ser uma das árvores-símbolo da África.

Os homens não são como as árvores, mas também necessitam de raízes, de referência, de tradição...

1. Baobá: Os baobás (Adansonia) gênero de árvore com oito espécies nativas da ilha de Madagascar (o maior centro de diversidade, com seis espécies), do continente africano e da Austrália (com uma espécie cada). As espécies alcançam entre 5 e 25 m de altura (excepcionalmente 30 m), e até 7 m no diâmetro do tronco (excepcionalmente 11 m). Destacam-se pela capacidade de armazenar água dentro do tronco, que pode chegar até 120.000 litros. Os baobás desenvolvem-se em zonas sazonalmente áridas e são árvores de folha caduca, que caem durante a estação seca. http://pt.wikipedia.org/wiki/Adansonia. Acesso em 05/01/2008.

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Afinal, amar o lugar de nossos antepassados é uma capacidade comum entre os homens de todas as etnias.

Então, eu me pergunto: onde fica a África? Quais as tradições dos nossos ancestrais? Como surgiram?

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Ah, meu netinho, queria saber mais sobre a nossa mãe África. Por isso, estava aqui pensando sobre as tradições dos nossos irmãos africanos e de onde eles vieram. Você acredita que eu nem sei onde fica a África?

Oi, vovó Fiota, tudo bem?Acabei de chegar da escola. Por que a senhora está tão pensativa?

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Vó Fiota, mas a senhora sabe muito bem o que é ancestralidade.

A senhora fala tanto, que eu agora também já sei o que é!

É mesmo, Bruno? Você nunca me disse que sabia o significado de ancestralidade. Então, conte o que aprendeu.

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Vovó, a senhora já havia explicado o significado de ancestralidade, mas eu queria saber mais.

Na escola, a professora pediu para fazer uma pesquisa sobre a África. Depois, meus colegas e eu discutimos sobre o assunto e descobrimos ainda mais: ancestralidade é qualidade de ancestral. Ancestral é pertencente a antecessores, a antepassados; lembranças dos parentes antigos, por exemplo, nossos avós.²

2 . Dicionário Eletrônico: http://www.priberam.pt/dlpo. Acesso em 05/01/2008.

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Aprendemos também muito sobre os nossos ancestrais. Eles vieram do continente africano. A professora nos deu este mapa... Dê uma olhada!

Ah, Bruno! Eu sabia que nossos ancestrais vieram lá do continente africano, só ainda não sabia onde ficava! Mas, conte mais.

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Vovó, ele é tão grande!

Depois dos estudos que fizemos em sala de aula, aprendemos várias histórias interessantes e verdadeiras sobre a África.

Agora, também posso responder às suas perguntas e muito mais.

Bruno, você é um menino muito esperto. Como é grande o lugar de onde viveram os nossos antepassados!

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Sim! A África é o segundo maior continente da Terra.

A senhora acredita que ele tem aproximadamente 30 milhões de km², cerca de 800 milhões de habitantes e 54 países? É um continente gigante, vovó!

Além do mais, muita coisa aconteceu na África. Lá descobriram o primeiro homem da Terra. Por isso, o continente africano é considerado o “Berço da Humanidade”. Também é um lugar rico em ouro, prata, diamantes, florestas cheias de verde, espécies diferentes de animais e desertos magníficos.

Os países africanos sempre atraíram vários povos, como os árabes, os chineses, os portugueses e tantos outros.

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Vovó, antes de mostrar à senhora as lindas imagens da África, vou contar como surgiram o nosso povo e as nossas tradições.

Puxa vida, meu neto! Quem diria que, nessa idade, ainda aprenderia tanto com você. Nossa, estudar é bacana demais!

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Vó Fiota, também acho muito bom estudar sobre os nossos ancestrais, é superdivertido. Então, vamos começar?

Claro, vamos sim!

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A professora disse que a Língua da Tabatinga tem origem nos povos Bantos, mas ainda temos muito que estudá-la. Esses povos formavam uma das grandes civilizações que viviam em diversas partes da África, conhecidas como meridional, central no Reino do Congo e oriental.

E, ainda, no noroeste e no centro do equador, na costa nordeste, nas terras altas do Quênia, da Tanzânia, do médio Zambeze, em Moçambique...

A professora contou também que no Brasil temos características importantes dos povos Bantos do Centro do Reino do Congo, pertinho dos povos Cabindas3 e ao norte de Angola.

3. Povos Cabindas: A Província de Cabinda compreende uma pequena porção do antigo reino do Luango e a quase totalidade dos velhos reinos do Ngoio e Cacongo. Desde a boca do Zaire até a linha equinocial, distribuíam-se vários reinos. De todos, o mais importante era o de Luango, que se estendia da aldeia de Macanda até o rio Luísa-Luango. Tinha a capital em Buáli, a que os franceses deram o nome de Luango. Ao sul deste reino, ficava o de Cacongo, também chamado de Malemba, e o do Ngoio ou Cabinda, separados entre si pelo rio Bele. Excetuando os teques, de outra família, os povos destes reinos pertenciam ao grupo Quicongo: os Bavílis predominavam na região do antigo reino do Luango, os Cacongos no reino do Cacongo, os Maiombes no reino do lombe, os Cabindas e Bauóios do Ngoio. Todos estes reinos chegaram até meados do século XVII sob a suserania do reino do Congo. http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/angola/cabinda.php. Acesso em 05/01/2008.

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Meu neto, o que significa a palavra “Reino”?

Na África, existiam vários reinos que em nada se pareciam com os contos de fadas, mas lembravam um pouco os reinos da Europa. Eles eram bem reais, formados por clãs, bem parecidos com as nossas aldeias indígenas e constituídos por várias famílias.

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Tinham seus reis e rainhas, pessoas que trabalhavam para o reino e um exército para segurança de todos. O rei costumava usar um manto feito de pele de animal, que poderia ser de uma onça ou leopardo, mostrando sua força e valentia. As rainhas eram lindas e bem enfeitadas, com muitas peças de ouro, turbantes, pulseiras...

Ah, entendi!!! Lá também havia vários reis e rainhas, que maravilha! Então, conte mais.

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A maioria dos países africanos conserva sua arquitetura tradicional nas moradias e ruas. Mas, devido à influência de outros povos, alguns países da África faziam suas construções em andares, com portas de madeira trabalhada e cobertas com folhas de palmeiras. A maioria das ruas era bem estreita, isso mais ou menos no século X.

Imagino que devia ser muito bom viver por lá nessa época!

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Também acho, vovó! E ainda tem mais, as mulheres tinham roupas bem coloridas de seda ou de algodão, algumas com bordados de ouro. Usavam adornos como brincos, colares, braceletes e pulseiras de vários modelos e materiais como madeira, ouro, ferro, prata e outros. Essa tradição é seguida até hoje nos países africanos.

Nossa, Bruno, elas eram lindas e cuidadosas, todas bem enfeitadas, não é?

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Sim, vovó! Os homens eram fortes, trabalhavam na agricultura, criavam animais, dedicavam-se à pesca e à caça, extração de metais para produção na metalurgia e à coleta de alimentos. E mantinham o respeito pela autoridade do mais velho da sua aldeia.

Por falar em caça, vovó, meus colegas fizeram lindos desenhos da fauna africana. Os animais de lá são irados.

Cruz-credo!Irados? São raivosos?

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Ah, ah, ah!!! Irados significa que são legais, como elefantes com dentes de marfim, rinocerontes, leopardos, antílopes, girafas, zebras, gorilas, camelos e tantos outros, que nem consigo me lembrar de todos! E o que é melhor, eles não estão no zoológico.

Que beleza, Bruno! Todos vivem livres como pássaros!

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É, vovó Fiotinha, isso mesmo. Também existem no continente africano alguns desertos como o do Saara, ao norte, e do Kalahari, ao sudoeste. Florestas tropicais no centro do continente e savanas que separam as áreas de deserto das florestas.

Na parte alta da África, encontramos nascentes de diversos rios, como o grandioso Nilo e o importantíssimo Congo, além de vários outros. Esses rios foram e ainda são poderosos meios de comunicação na África.

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Ô, Bruno, esses rios, desertos, animais e florestas são protegidos pelo povo de lá ou estão ameaçados? Sabe, vovó, todos os meus colegas queriam

saber a mesma coisa! Concluímos que a destruição está prejudicando o planeta inteiro. Mas o povo africano é espertoe sabe preservar o seu meio ambiente muito bem.

O que eles aprenderam há muito tempo com seus antepassados é repassado de geração para geração.

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Puxa vida! Estou encantada com as suas descobertas e percebo que temos muito para aprender com esse continente!

E ainda tem mais: você acredita que o nosso Brasil e a África foram colônias de um país chamado Portugal?4

E que na África cinco países falam português igualzinho a nós?

4. Portugal: oficialmente República Portuguesa, é um país situado no sudoeste da Europa. Seu território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. Possui uma área total de 92.391 km², sendo a nação mais ocidental do continente europeu. O território português é delimitado a norte e a leste pela Espanha e ao sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. A parte continental e as regiões autônomas compreendem os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Durante os séculos XV e XVI, Portugal foi uma potência mundial econômica, social e cultural, constituindo-se o primeiro e o mais duradouro império colonial de amplitude global. http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal. Acesso em 05/01/2008.

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É mesmo, meu netinho? E você sabe quais são?

Claro que sei: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são pequenas ilhas próximas do continente africano, semelhantes à nossa ilha de Fernando de Noronha. Todos esses países falam e escrevem o português.

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Que maravilha, Bruno!!!

Sim, vovó. Assim como aconteceu na África, Portugal colonizou o Brasil, mas essa história só vamos saber na próxima cartilha.

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Que pena, Bruno!!! Logo agora que fiquei curiosa para conhecer mais sobre as histórias do nosso povo no Brasil...

Ah, vovó Fiotinha! Deixe de ser curiosa, logo, logo chega a próxima cartilha!!!

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Está bem, não tem outro jeito, não é?

Então, até a próxima.Tchau, pessoal!

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HERNANDEZ. Leila Leite. A África na sala de aula - Visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

SOUZA, Maria de Melo e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2006.

Sites:

Dicionário Eletrônico: http://www.priberam.pt/dlpo. Acesso em 05/01/2008.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Adansonia. Acesso em 05/01/2008.

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/angola/cabinda.php. Acesso em 05/01/2008.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal. Acesso em 05/01/2008.

Errata: Na cartilha volume 1, página 10, onde se lê fundada em 1917,... “leia fundada em 1912.”

reFerencias biblioGraFicasii i

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Fundação Guimarães Rosa

Superintendente-Geral

Álvaro Antônio Nicolau

Superintendente Operacional

Pedro Seixas da Silva

Superintende de Administração e Finanças

José Antônio Gonçalves

Departamento Social

Helvécio Gomes

Setor de Comunicação, Cultura e Lazer

Juliana Leonel Peixoto

Equipe Responsável pela Pesquisa

Kelly Alcilene Cardozo: Historiadora e Especialista em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Rosângela Melo Gontijo: Assistente de Pesquisa

Apoio

Escola Estadual Martinho Fidélis

Ilustração

Claudinei de Carvalho: “PLOC”

Edição, diagramação e revisão

Jota Campelo Comunicação

Fundação Guimarães Rosa – FGRCARDOZO, Kelly A.; GONTIJO, Rosângela M. Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota - África, vol. 2. Belo Horizonte: Gráfica e Editora 101, 2008. 32p.

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