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Contabilidade e Formação do Preços de Venda de Formulações Magistrais Luis Antonio Paludetti © 1999 - Rx Editora & Publicidade. Estas informações são fornecidas de boa fé e não dispensam a avaliação profissional em seu emprego e utilização. A reprodução do material aqui contido é proibida. Os infratores estarão sujeitos às penas da Lei.

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Contabilidadee Formação doPreços de Venda de Formulações Magistrais

Luis Antonio Paludetti

© 1999 - Rx Editora & Publicidade. Estas informações são fornecidas de boa fé e não dispensam a avaliação profissional em seu emprego e utilização. A reprodução do material aqui contido é proibida. Os infratores estarão sujeitos às penas da Lei.

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1 - Introdução

ContabilidadeDe maneira prática, contabilidade é a ciência que estuda a organização e distribuição de recursos em

uma empresa, organizando-os em contas.

Conceitos Fundamentais em Contabilidade

Ativo O ativo compreende todos os bens e direitos da empresa, expressos em moeda, imóveis, veículos,

equipamentos, mercadorias, títulos a receber e os saldos de contas e aplicações.

Passivo

O passivo compreende basicamente as obrigações à pagar, ou seja, as quantias que a empresa deve a terceiros, como por exemplo, os títulos a pagar, contas a pagar, salários a pagar e outras obrigações.

Patrimônio Líquido

O patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo de uma empresa, em um dado momento.

Contas e Plano de Contas

De acordo com sua natureza os lançamentos contábeis podem ser agrupados. A cada um desses grupos denominamos conta. Veja o seguinte exemplo:

1. Receitas1.1 Vendas

1.1.1 - Produtos de Uso Externo1.1.2 - Produtos de Uso Interno

1.2 Rendimentos1.2.1 - Rendimentos de Aplicações1.2.2 - Rendimentos de Poupança

2. Gastos2.1 - Compra de Matérias-Primas2.2 - Aluguel do Imóvel2.3 - Folha de Pagamento

2.3.1 - Salários 2.3.2 - Encargos

Cada item da relação anterior é uma conta. Assim, teremos a conta “Salários”, que é uma sub-conta da conta “Folha de Pagamento”, que é uma sub-conta da conta Gastos.

À essa maneira de organizar as contas, em árvore, semelhantes às pastas de arquivos de computador, chamamos Plano de Contas. Um plano de contas é característico de cada empresa, e deve ser cuidadosamente planejado para fornecer informações gerenciais adequadas.

Veja um outro exemplos de plano de contas:

1. Receitas1.1 Vendas

1.1.1 - Com cartão de crédito1.1.2 - Com cheque ou dinheiro

1.2 Rendimentos1.2.1 - Comissões Recebidas1.2.2 - Serviços Prestados .......

1. Receitas1.1 Vendas

1.1.1 - Dermatológicos1.1.2 - Endocrinologia1.1.3 - Ortomolecular1.1.4 - Pediatria

1.2 Rendimentos1.2.1 - Rendimentos de

Aplicações1.2.2 - Rendimentos de

Poupança...

Veja que no primeiro exemplo, o administrador considerou mais importante a informação relativa às vendas de produtos por segmento de “Forma Farmacêutica”, enquanto que no segundo caso o administrador preferiu agrupar as receitas de acordo com “natureza da venda”. Por fim, no último exemplo, o administrador preferiu agrupar as contas por “especialidade” médica.

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Lucro e Prejuízo

À diferença entre as receitas e despesas, denomina-se resultado. Caso o resultado obtido seja positivo, obteremos lucro. De outra forma, caso o resultado seja negativo, obteremos prejuízo.

O lucro é a mola mestra do capitalismo e das empresas. O lucro serve para diversos fins, entre os mais importantes, o reinvestimento na empresa, a expansão dos negócios, distribuição entre os sócios e etc. É com o lucro que as empresas podem progredir e cumprir seu papel junto à sociedade.

Receitas

Entende-se como receita a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber. Normalmente a receita corresponde à vendas de produtos, prestação de serviços ou rendimentos bancários e outros eventuais.

Receita = Recebimento

Gastos Gasto é todo o consumo de bens ou serviços que direta ou indiretamente produzirá uma receita.

Evidentemente, ao gastar espera-se a obtenção de uma receita cujo valor seja superior à diminuição causada ao patrimônio.

Gasto = Desembolso

Fluxo de Caixa

Denomina-se fluxo de caixa à tabulação dos recebimentos, gastos e resultados diários, de modo a permitir uma completa visualização do panorama geral da empresa ao longo de um determinado período de tempo. O fluxo de caixa, permite verificar se os recebimentos estão compatíveis com as despesas, cotidianamente, ordenadamente e racionalmente.

Tributos Aplicáveis e Encargos Sociais

A farmácia de manipulação é um estabelecimento comercial, cuja atividade é a manipulação magistral e oficinal de medicamentos. Ainda assim, seu ramo de atividade é o comércio varejista de produtos farmacêuticos. Nesse sentido as farmácias magistrais obrigam-se aos seguintes tributos:

Imposto De Renda: Incide em todas as empresas, com exceção das microempresas. Existem três regimes de apuração de lucro, com diferentes incidências de alíquotas, resultando em diferenças nas despesas variáveis.:

Regime de Apuração com Lucro Presumido: O Fisco assume que a empresa terá uma margem de lucro e aplica a tributação sobre ela. Na maioria dos casos presume-se uma margem de lucro de 8% do faturamento bruto. Essa margem é tributada pela alíquota de 15%, ou seja, o faturamento é tributado com uma alíquota de 1,2%. Além disso, a empresa deve recolher 1,44% do preço de venda na forma de Contribuição Social. Regime de Apuração por Estimativa: Nesse regime tributário, estima-se o valor do faturamento mensal, tributando-o com as mesmas alíquotas do regime de lucro presumido. Ao final do ano-exercício, verifica-se a diferença entre o faturamento real e o estimado, tributando-o de acordo com as alíquotas aplicáveis. Regime de Apuração Mensal: Faz-se o fechamento mensal do balanço, tributando-se a contribuição social sobre o lucro e o respectivo Imposto de Renda.

ICMS: (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Imposto estadual que incide sobre a diferença entre o valor de venda da mercadoria e o valor dos gastos com insumos necessários para produzi-la. Ao comprar mercadorias e serviços tributáveis o estabelecimento recebe um crédito de ICMS. Em contrapartida, ao efetuar a venda o estabelecimento receberá um débito no ICMS.

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IPI: (Imposto sobre produtos industrializados). Incide sobre a saída de produtos industrializados do estabelecimento industrial ou desembaraço aduaneiro. A alíquota é variável e geralmente maior para produtos supérfluos e menor para produtos essenciais. No caso de medicamentos não há incidência de IPI. Entretanto, alguns insumos podem recolher essa alíquota. As farmácias magistrais - por se tratarem de estabelecimentos comerciais - não recolhem IPI.

Encargos Sociais: Recolhimentos que a empresa faz em benefícios dos trabalhadores. Os mais importantes são:

INSS: Incide sobre a folha de pagamento e tanto o empregador quanto o trabalhador contribuem. Os recolhimentos são feitos unicamente pela empresa empregadora. As empresas comerciais pagam 13,2% sobre a folha de pagamento, mais as taxas de seguros e pagamentos a outras entidades, como o Senac ou o Sebrae. A alíquota total fica em torno de 23%. FGTS: Incide sobre o salário. A empresa deve depositar mensalmente 8% do salário bruto recebido pelo funcionário. Esse valor é revertido ao funcionário em caso de dispensa por justa causa. PIS: Incide sobre o faturamento bruto, devendo a empresa recolher 0,65% do faturamento, mensalmente. As microempresas são isentas do recolhimento. COFINS: Incide sobre o faturamento bruto. A alíquota é de 3%. As microempresas estão isentas.

Compensações e Incentivos

Em alguns casos, as empresas podem ser beneficiadas por incentivos fiscais (diminuição da alíquota dos impostos) ou a tributação é compensada em função de outros tributos: Os mais importantes são:

SIMPLES: Sistema no qual a empresa substitui os tributos e encargos sociais por uma única alíquota, que incide diretamente sobre o faturamento. O simples possui três esferas independentes: municipal, estadual e federal. Por exemplo, uma empresa pode optar pelo simples federal e não enquadrar-se no simples estadual ou municipal. Cabe ao administrador da empresa verificar se o recolhimento do imposto SIMPLES é vantajoso. A opção pelo simples depende de inúmeros fatores, principalmente o porte da empresa, o faturamento bruto e o número de funcionários.Compensações: São mecanismos transitórios que o fisco aplica ao regime de tributação das empresas, por exemplo, a partir de maio de 1999 a Contribuição Social passará a 1,44% (antes 0,96%). Esse aumento porém é compensado com a redução da Cofins de 3% para 2%.

Em seguida, apresentamos uma tabela com as principais características de cada tributo:

Imposto Incidência Natureza Alíquota

Imposto de Renda (lucro presumido) Faturamento Aditivo 1,2%

ICMS (estadual) FaturamentoCompra

AditivoSubtrativo

17%12%

IPI Compra Aditivo 10%

INSS e Encargos Folha de Pagamento

Aditivo 23%

FGTS Folha de Pagamento

Aditivo 8%

PIS Faturamento Aditivo 0,65%Micro isentas

Cofins Faturamento Aditivo 3%Micro isentas

Simples Faturamento Aditivo 5% (valor hipotético)*Estes valores podem variar

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Pro-Labore

Pro-Labore é a remuneração paga ao proprietário ou aos sócios pelo seu trabalho efetivo. É muito comum em sociedades que os membros confundam pro-labore e divisão de lucros. Sempre é bom lembrar que o lucro remunera o capital investido e o pro-labore remunera o trabalho efetivo.

Caso um sócio trabalhe o dobro do outro, seu pró-labore será, por princípio, o dobro daquele pago ao outro sócio. Da mesma forma, caso um sócio tenha participação societária de 10%, seu lucro será apurado com base nessa porcentagem.

Amortização e Remuneração do Capital Investido

Quando um empreendedor investe uma determinada quantia na montagem de uma empresa, espera-se que ele venha recuperar esse capital após algum tempo, caso o empreendimento seja bem sucedido. O capital investido deve ser considerado como um empréstimo que o empreendedor faz à empresa, e portando deve ser pago, em termos de montante e em termos de juros. O empreendedor estima um prazo para a recuperação desse capital e os juros que serão cobrados (os juros nunca podem ser inferiores aos obtidos por aplicações financeiras). Todo o montante obtido é então dividido pelo prazo de recuperação. O valor obtido deve ser considerado como uma despesa fixa.

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Formação do Preço de Venda

A formação de preço de venda é um capítulo complexo e extenso, dentro da contabilidade. Evidentemente que nessa obra, não poderemos tratar de todos os aspectos envolvidos, mas procuraremos delinear os principais pontos, através de uma abordagem prática, exercitando a formação de preços com um exemplos práticos em farmácias de pequeno e médio portes, comentando e discutindo suas diferenças.

Antes porém é necessário conhecer a estrutura do preço de venda. Conhecer essa estrutura é a base do método de cálculo conhecido como “método da margem de lucro” ou “fator de mark-up”.

O fator de mark-up é um número adimensional que obtém-se a partir da análise de custos, e quando multi-plicado pelo “custo”do produto, fornece, de forma simples e rápida, seu preço de vendas.

A estrutura básica do preço é composta de custos, despesas fixas, despesas variáveis e margem de lucro. (Observar que a terminologia aqui empregada pode variar com alguns autores)

Custos Custos são todos os gastos diretamente ou indiretamente vinculados à produção, sem os quais não se dá

a existência do produto. De acordo com sua composição no produto o custo pode ser Direto ou Indireto.Custo Direto é todo aquele diretamente relacionado à composição física do produto. Como exemplo

típico de custos diretos podemos citar a matéria-prima e as embalagens. Custo Indireto é todo aquele está envolvido com a produção, mas não compõe o produto diretamente.

Como exemplo de custo indireto temos o telefone do laboratório, salário dos funcionários que administram os estoques, faxineiros dos laboratórios, compra de uniformes, a manutenção dos equipamentos do laboratório e a mão de obra dos manipuladores.

DespesasDespesas são todos os gastos necessários para que o produto seja colocado no mercado, para cobertura

operacional da empresa e que não estejam ligados à produção. As despesas podem ser fixas e variáveis.

Despesa fixa é toda a despesa que deve ser paga mesmo que a empresa não obtenha receita. Como exemplo podemos citar, a conta de água, o aluguel, o telefone, os salários administrativos, o pró-labore e outros.

Despesa variável é aquela que é vinculada à venda, não existindo se não existir a venda. Como exemplo citamos o ICMS, comissões a vendedores, os tributos federais e o imposto sobre a renda.

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Exercício

Classificar os gastos abaixo de acordo com Custo Direto (CD), Custo Indireto(CI), Despesa Fixa (DF), Despesa Variável (DV)

Água

Comissões

Conta Telefônica

Depreciação De Equipamento

Despesas Bancárias

Embalagem

Encargos Sociais

Energia Elétrica

Frete sobre a compra

Gastos com entrega a domicílio

ICMS

IR

Insumos

IPI

Manutenção de Computadores (Administrativo)

Manutenção de Equipamentos de Laboratório

Marketing

Matéria-Prima

Pró-Labore

Retorno e Amortização do Investimento

Salários

Seguros

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Algumas Considerações Adicionais sobre a Apuração de Custos e Despesas

Custos Indiretos e Despesas Fixas

Quando determinamos os custos diretos e indiretos e as despesas fixas, podemos nos perguntar como discriminar o que é custo indireto e despesas fixas, visto que, geralmente, ambos se superpõem, particularmente quando falamos de pequenas e microempresas.

Contabilizar os custos diretos é bastante simples, bastando para isso contabilizar corretamente todos os gastos que compõem diretamente o produto, como veremos nos exemplos a seguir.

Por outro lado, a distinção entre custos indiretos (como por exemplo, a mão de obra ou a energia elétrica do laboratório) e as despesas fixas (como por exemplo a mão de obra do setor administrativo e a energia elétrica adminstrativa) é, virtualmente, impossível. Esse problema torna-se mais crítico em empresas de pequeno porte, onde, geralmente o farmacêutico proprietário e um ou dois auxiliares tem que responder por todas as tarefas e onde a água, energia elétrica ou telefone servem a diversas finalidades.

De acordo com o porte da empresa pode-se optar pelo seguinte regime de rateio:

Microempresas: Considerar todos os custos indiretos como despesas fixas, ou seja, todos os gastos com pessoal de laboratório, água, energia, elétrica, depreciação, manutenção e outros vinculados indiretamente à produção serão computados como despesas fixas.

Empresas de Médio Porte: Avaliar corretamente os custos indiretos e alocá-los no preço de venda , realizando um Procedimento denominado custeio por absorção. No custeio por absorção, a quantidade vendida, “absorve“ os custos do laboratório e da mão de obra. Por exemplo, vamos adotar que nossa farmácia vendeu em um mês 600 formulações, e os custos de somados de mão de obra e gastos com laboratório sejam R$ 3000,00. Nesse caso, cada formulação deverá receber um custo de produção de R$ 0,50.

Apuração das Despesas

Como vimos, as despesas são um componente importante na composição do preço de venda. Apurá-las adequadamente é fundamental para estabelecer corretamente o preço de venda.

Apurando Despesas Fixas

Para apurar despesas fixas, basta somar a média mensal de seus valores, durante os últimos seis meses. Esse valor será transferido para o preço de venda, na forma de um percentual da média do faturamento, independentemente do porte da empresa. Esse método (chamado de método qualitativo de rateio de despesas fixas) possui grande flexibilidade, sendo um indicador da condição da empresa e uma importante ferramenta gerencial.

Observação : No caso de empresas optantes pelo simples os tributos incidentes sobre a folha de pagamento e os encargos sociais não podem ser considerados no cálculo da despesa fixa, visto que são transferidos para as despesas variáveis, através do regime único de apuração.

Apurando Despesas Variáveis

Como vimos as despesas variáveis incidem apenas no momento da venda. Novamente, duas distinções podem ser feitas:

- Microempresa Optante pelo simples: Considerar a soma das alíquotas do simples federal, estadual e municipal.

- Empresa de Médio porte: Considerar os impostos ICMS (17%), PIS (0,65%), I.RENDA (1,20%), Contribuição Social (1,44%) e COFINS (2,0%, com a compensação.

Em ambos os casos, compõem a despesa variável os gastos com: Comissões para vendedores, Entregas a domicílio ou fretes e Marketing.

As despesas variáveis não são apuradas através dos valores em numerário, mas através de seus porcentuais.

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Simplificando os métodos

Uma solução possível para adequar os métodos acima é fazer uma análise geral.Veja o caso de uma pequena farmácia: nessas empresas geralmente um mesmo equipamento ou local

serve a várias finalidades. Por exemplo, o telefone serve à compras, vendas, atendimento ao paciente, esclarecimentos ao médico e obtenção de informações técnicas. Da mesma maneira, o proprietário farmacêutico faz manipulação, vai ao banco, compra, prepara rótulos e dispensa o medicamento. Como analisar e quantificar todos esses custos? Como cronometrar todos os tempos envolvidos? Como saber o custo unitário de cada área, se, em um mesmo laboratório, faz-se pesagem e envase. Nossa sugestão é que, progressivamente, você vá refinando seu processo de análise de custo de produção, da seguinte maneira:

-Na primeira fase, até que sua farmácia chegue a um determinado faturamento (definido por seu planejamento) aloque seus custos indiretos de produção como despesas fixas, contabilizando-os como um todo - Numa segunda fase, passe para o custeio por absorção

Nós sinceramente desejamos que você vença essas fases rapidamente, mas nossa experiência nos diz que mesmo grandes empresas ainda continuam calculando seus custos como na fase I ou na fase II. Em nossos exemplos descreveremos detalhatamente ambos os processos.

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Exemplo Prático I: Microempresa Optante pelo SIMPLES

A formação do preço de venda em microempresas optantes pelo simples envolve cálculos bastante fáceis, em vista das vantagens tributárias oferecidas e do regime de custeio empregado.

Passo I: Determinar o Faturamento

É papel de todo o empresário conhecer o faturamento bruto de sua empresa, e manter sobre ele um rigoroso controle, para que se possam tomar todas as atitudes adequadas para sua manutenção e crescimento. Na metodologia de cálculo que apresentaremos, precisamos conhecer com precisão o faturamento, uma vez que ele participará na determinação da porcentagem das despesas fixas que compõe o preço do produto. Diariamente, o empresário tem de apurar seu faturamento, totalizando-os semanal, quinzenal, mensal, trimestral, semestral e anualmente. Também é importante verificar a composição do Faturamento, ou seja, como esse faturamento foi gerado em termos de formulações e qual sua importância no Faturamento geral.

Exercício I

Compor o faturamento da Empresa 1 (micro empresa)

Planilha 1: Faturamento Médio (FM)1 2 3 4 5 6 FM

R$ 12.000,00 10.000,00 15.000,00 11.000,00 16.000,00 14.000,00

Planilha 2: Quantidade Manipulada de FórmulasTotal: 650 fórmulas/mês Uso Externo: 300/mês Cápsulas: 200/mês Uso Interno Geral:150/mês

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Passo II: Apuração dos custos

Custo das Matérias-Primas

Para o cálculo do preço das matérias-primas, vamos tomar por base a seguinte formulação:

Minoxidil 2%Propilenoglicol 10%Álcool qsp 100ml

Acondicionar em frasco conta-gotas.

Observando o preço de compra das matérias-primas (a partir dos dados das notas fiscais) constatamos o seguinte

Planilha 3: Custos IniciaisMaterial Custo Unitário Custo M.P

Minoxidil 2% 0,40/g

Propilenoglicol 10% 10,00/kg

Álcool qsp 100ml 2,70/kg

01 embalagem plástica 0,30/emb

Total

Uma análise simplista nos levará a pensar que este é o custo real das matérias-primas envolvidas na preparação dessa formulação. Entretanto podemos questionar: Os impostos incidentes foram considerados? As matérias-primas foram compradas a vista ou a prazo? As perdas foram consideradas? Os custos financeiros foram calculados?

Impostos incidentes sobre a matéria-prima

A primeira providência a ser tomada é calcular os créditos e os débitos fiscais nas compras. Como se trata de microempresa optante pelo simples, vamos supor que os impostos incidentes são os seguintes:

- Não há crédito de ICMS, visto que optamos pelo simples- quando compramos uma matéria-prima tributada pelo IPI devemos somar esse tributo ao preço de compra, uma vez que, na maioria das vezes, são as empresas adquirentes que arcam com esse tributo. Assim, o custo corrigido aumenta. - quando compramos um produto e ele nos é entregue pela transportadora, pagamos também o frete. Esse custo geralmente é cobrado a partir do peso total da encomenda. Assim, para cada compra, devemos considerar o custo do frete de cada produto de modo proporcional ao peso total da encomenda.

Aplicando o esses conceitos ao custo inicial da matéria-prima, obtemos:

Planilha 4: Custo Inicial CorrigidoMaterial Custo Unitário IPI (%)

+Frete

+Custo Unitário Corrigido (Cc)

Minoxidil 0,40/g - 0,05

Propilenoglicol 10,00/kg - 0,30

Álcool qsp 2,70/kg 10 0,30

01 embalagem plástica 0,30/emb 10 -

O custo corrigido deve ser então aplicado na planilha 3, no lugar do custo inicial, assim:

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Planilha 5: Custo corrigido das matérias-primas após impostos e freteMaterial Custo Unitário

Corrigido (Cc)Custo M.P.(CMP)

Minoxidil 2% 0,45/g

Propilenoglicol 10% 10,30/kg

Álcool qsp 100ml 3,27/kg

01 embalagem plástica 0,33/emb

Total

Analisando a planilha original e a planilha com custo corrigido, percebemos que há uma diferença significativa quando consideramos os tributos. Essa diferença (1,66/1,47 => 11,5%) é muito importante quando queremos ser competitivos no mercado, pois nos permite praticar preços mais adequados e melhorar nossos lucros. Outra forma de interpretar essas diferenças é dizer que “A cada manipulação perdemos 11,5% de nossa capacidade de repor o estoque”. É isso o que queremos para nossa empresa?

Considerando as Perdas

Em todo processo produtivo sempre há perdas. “Procure lembrar-se de como é difícil pesar lanolina”. Procedimentos adequados, voltados para o gerenciamento total da qualidade e melhoria contínua podem reduzir consideravelmente essas perdas, mas, mesmo em pequena escala, elas continuarão existindo. Portanto, acompanhar os processos produtivos e quantificar as perdas é essencial para formar adequadamente o preço de venda. As perdas devem ser adicionadas porcentualmente ao custo de cada material, item a item, de modo semelhante ao frete ou ao IPI. Em nosso exemplo, por se tratar de uma formulação muito simples, não iremos considerar perdas.

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Passo III: Apuração das Despesas

Como vimos, as despesas são um componente importante na composição do preço de venda. Apurá-las adequadamente é fundamental para estabelecer corretamente o preço de venda.

Apurando Despesas Fixas

Para apurar despesas fixas, basta somar o valor da média dos últimos 06 meses, para cada tipo de despesa. Esse valor será transferido para o preço de venda, na forma de um percentual da média do faturamento. Esse método (chamado de método qualitativo de rateio de despesas fixas) possui grande flexibilidade, sendo um indicador da condição da emresa e uma importante ferramenta gerencial. Vamos calcular o valor das despesas fixas em nossa empresa:

Planilha 6: Despesas FixasConta de Despesa Fixa Valor

Aluguel R$500,00

Folha de Pagamento (Sem encargos sociais. Já considerados 13º salário, 1/12 das férias e eventuais benefícios)

R$980,00

Pró-Labore R$2.000,00

Manutenção e Depreciação R$200,00

Seguros R$65,00

Tarifas, Licenças de Funcionamento (apuradas mensalmente) e outras taxas R$295,00

Água R$40,00

Energia Elétrica R$30,00

Conta Telefônica R$50,00

Materiais de Escritório R$95,00

Honorários do Contador e Despachantes R$150,00

Amortização e Remuneração do Capital Investido e (Investimento total de R$ 50.000,00 a serem pagos em 36 meses, com juros de 6% ao ano)

R$1.607,00

Total da média das despesas fixas (DF) R$6.012,00

Vamos lembrar que, para cálculo do preço, as despesas fixas deverão ser consideradas em termos de porcentual do faturamento. Assim, efetuando o quociente

DF% = DF / FM = 6102 / 13000 = 0,4693 => 46,93 %

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Passo IV: Apurando Despesas Variáveis

Conhecidos o custo de produção e a porcentagem das despesas fixas, é preciso conhecer as despesas variáveis. Como vimos, essas despesas ocorrem apenas no momento da venda e são representadas geralmente por impostos e comissões.Como nossa microempresa é optante do simples podemos dizer que as despesas variáveis seriam:

IMPOSTOS: 5% Comissão para Balconistas: 2% Investimentos em Marketing: 2% Total DV= 9%

Vale lembrar que as despesas variáveis não são apuradas através do s valores em numerário, mas através de seus

Passo V: Definindo a Margem de Lucro

Como vimos, o lucro é fator fundamental para a sobrevivência da empresa no mercado e para o cumprimento de sua função social. Muitos empresários adotam a prática (incorreta) de apenas verificar o lucro, ou seja, se num determinado período de tempo as receitas superam as despesas.Na verdade, o lucro deve ser definido previamente, através de uma análise correta das possibilidades de mercado, das políticas de preços da empresa e dos concorrentes, do público alvo e de fatores econômicos conjunturais. Em nosso caso, vamos assumir uma margem de lucro hipotética, que definiremos em 10%

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Passo VI: Calculando o preço de venda

Agora que conhecemos todos os elementos constituintes do preço de venda, é fácil calculá-lo. Vamos relembrar todos os valores envolvidos e aplicá-los no gráfico da estrutura do preço de venda.

Faturamento Médio (FM): R$ 13.000,00Porcentual das Despesas Fixas: 46,93%Despesas Variáveis: 9%Margem de Lucro: 10%Custo Corrigido das Matérias-Primas: R$ 1,66.

Observando os dados e o gráfico podemos concluir que o preço de venda é igual a 100%. Desses, 46,93% correspondem às Despesas Fixas; 9% correspondem às despesas variáveis e 10% correspondem à margem de lucro. A porcentagem restante (34,07%) corresponde ao custos de matéria-prima. Assim:

PV = 100% => CMP = 34,07%

PV = CMP x 100 => 1,66 x 100 = R$ 4,87 34,07 34,07

Vale lembrar que ao quociente 100 / 34,07 = 2,88 denominamos fator de marcação ou fator de mark up.

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Exemplo Prático II: Empresa de Médio Porte

A formação do preço de venda em empresas médio porte, envolve uma metologia similar às microempresas, mas a apuração de custos e despesas é muito mais detalhada. Também, com a mudança do regime tributário, todos os custos diretos sofrem modificação. Em nosso exemplo consideraremos que a empresa de médio porte já amortizou o capital investido, possui somente um ponto comercial e seu quadro possui 08 funcionários.

Passo I: Determinar o Faturamento

A determinação do faturamento se faz de maneira similar às empresas de pequeno porte.

Planilha 1 a: Faturamento Médio1 2 3 4 5 6 Média

R$ 42.000,00 40.000,00 35.000,00 41.000,00 46.000,00 44.000,00

Planilha 1 b: Quantidade Manipulada de FórmulasTotal: 2000 fórmulas/mês Uso Externo: 950/mês Cápsulas: 650/mês Uso Interno

Geral:400/mês

Passo II: Apuração dos custos

Custo das Matérias-Primas

Para o cálculo do preço das matérias-primas, vamos tomar por base a mesma formulação já discutida anteriormente. Observando o preço de compra das matérias-primas (a partir dos dados das notas fiscais) constatamos o seguinte

Planilha 2: Custos Iniciais das matérias-primasMaterial Custo Unitário Custo M.P

Minoxidil 2% 0,40/g R$0,80

Propilenoglicol 10% 10,00/kg R$0,10

Álcool qsp 100ml 2,70/kg R$0,27

01 embalagem plástica 0,30/emb R$0,30

Total R$1,47

Até aqui, não há diferença prática entre as micro e as médias empresas. As diferenças começam no cálculo do custo corrigido, quando teremos de considerar o ICMS

Impostos incidentes sobre a matéria-prima

A primeira providência a ser tomada é calcular os créditos e os débitos fiscais nas compras. Como se trata de empresa de médio porte, deveremos

- Creditar o valor do ICMS (subtrair do preço de compra)- Adicionar o valor do IPI- Adicionar o valor do frete (proporcional ao peso)

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Aplicando o esses conceitos ao custo inicial da matéria-prima, obtemos:

Planilha 3: Custo Corrigido das Matérias-PrimasMaterial Custo

UnitárioICMS (%)

-IPI (%)

+Frete

+Custo Unitário Corrigido (Cc)

Minoxidil 0,40/g 12 0,048 - 0 0,05

Propilenoglicol 10,00/kg 12 1,20 - 0 0,30

Álcool qsp 2,70/kg 17 0,459 10 0,27 0,30

01 embalagem plástica

0,30/emb 17 0,051 10 0,03 -

O custo corrigido deve ser então aplicado na planilha 3, no lugar do custo inicial, assim:

Planilha 4: Custo corrigido das matérias-primas após impostos e freteMaterial Custo Unitário

Corrigido (Cc)Custo M.P.(CMP)

Minoxidil 2% 0,402/g

Propilenoglicol 10% 9,10/kg

Álcool qsp 100ml 2,81/kg

01 embalagem plástica 0,28/emb

Total

Analisando a planilha original e a planilha com custo corrigido, percebemos que não há uma diferença significativa, que se deve a uma coincidência. O importante é lembrar que o ICMS creditado agora será compensado no momento da venda.

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Apurando os custos indiretos (Ci)

Como vimos Custo Indireto é todo aquele está envolvido com a produção, mas não compõe o produto diretamente. Como exemplo de custo indireto temos o telefone do laboratório, salário dos funcionários que administram os estoques, faxineiros dos laboratórios, compra de uniformes, a manutenção dos equipamentos do laboratório e a mão de obra dos manipuladores. Diferentemente das micro e pequenas empresas, os valores relativos à essas contas não devem ser considerados no cálculo das despesas fixas. Nesse caso o valor do custo indireto é calculado somando-se o valor das contas relativas à essas despesas, dividindo-se o valor obtido pelo número médio de formulações manipuladas. Esse método é chamado custeio por absorção, e é muito empregado pelas empresas por sua grande facilidade.

Vamos calcular o valor do custo indireto nessa empresa

Conta de Custo Indireto Valor

Aluguel (parcela proporcional do imóvel referente à área do laboratório)

R$200,00

Folha de Pagamento (Com encargos sociais. Já considerados 13º salário, 1/12 das férias e eventuais benefícios)

R$2.200,00

Manutenção e Depreciação dos Equipamentos de Laboratório R$150,00

Água (parcela proporcional do imóvel referente à área do laboratório) R$16,00

Energia Elétrica (parcela proporcional do imóvel referente à área do laboratório) R$12,00

Total R$2.578,00

Assim, como nossa empresa manipulou uma média de 2.000 formulas, cada fórmula absorverá: 2.578,00/2000= R$1,29

Considerando as Perdas

Em todo processo produtivo sempre há perdas. “Procure lembrar-se de como é difícil pesar lanolina”. Procedimentos adequados, voltados para o gerenciamento total da qualidade e melhoria contínua podem reduzir consideravelmente essas perdas, mas, mesmo em pequena escala, elas continuarão existindo. Portanto, acompanhar os processos produtivos e quantificar as perdas é essencial para formar adequadamente o preço de venda. As perdas devem ser adicionadas porcentualmente ao custo de cada material, item a item, de modo semelhante ao frete ou ao IPI. Em nosso exemplo, por se tratar de uma formulação muito simples, não iremos considerar perdas.

Cálculo do Custo de Produção

O custo de produção será obtido pela soma do custos das matérias-primas e o custo indireto de produção.

CP = CMP + Ci = 1,46 +1,29 =

Passo III: Apuração das Despesas

Da mesma maneira que as pequenas empresas, as despesas também devem ser apuradas. Aqui, devemos ter especial atenção com a folha de pagamento (em vista da incidência do valor dos encargos). As despesas variáveis também sofrem alteração, em virtude do valor do ICMS e de outros impostos.

Apurando Despesas Fixas

Para apurar despesas fixas, basta somar o valor da média dos últimos 06 meses, para cada tipo de despesa. Esse valor será transferido para o preço de venda, na forma de um percentual da média do faturamento. Esse método (chamado de método qualitativo de rateio de despesas fixas) possui grande flexibilidade, sendo um indicador da condição da empresa e uma importante ferramenta gerencial. Vamos calcular o valor das despesas fixas em nossa empresa:

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Planilha 6: Despesas FixasConta de Despesa Fixa Valor

Aluguel R$300,00

Folha de Pagamento (Sem encargos sociais. Já considerados 13º salário, 1/12 das férias e eventuais benefícios)

R$2.200,00

Pró-Labore R$2.000,00

Manutenção R$100,00

Seguros R$65,00

Tarifas, Licenças de Funcionamento (apuradas mensalmente) e outras taxas R$295,00

Água (proporcional à área administrativa) R$20,00

Energia Elétrica (proporcional à área administrativa) R$18,00

Conta Telefônica R$50,00

Materiais de Escritório R$95,00

Honorários do Contador e Despachantes R$150,00

Remuneração (reinvestimento de R$ 50.000,00 a juros de 1% a.m.) R$500,00

Total da média das despesas fixas (DF) R$5.793,00

Vamos lembrar que, para cálculo do preço, as despesas fixas deverão ser consideradas em termos de porcentual do faturamento. Assim, efetuando o quociente

DF% = DF / FM = 5.793 / 41.333 = 0,4693 =>

Passo IV: Apurando Despesas Variáveis

Diferentemente da microempresa ou de empresas optantes pelo simples, as empresas de médio porte recolhem todos os tributos sobre a venda. Nesse caso, as principais despesas variáveis seriam:

TRIBUTO ALÍQUOTA (%)

ICMS 17

PIS 0,65

I.R. Lucro Presumido 1,2

Contr. Social 1,44

Cofins 2

Comissão para Balconistas 2

Inv. Marketing 2

Total 26,29

Passo V: Definindo a Margem de Lucro

A título de comparação, assumiremos a mesma margem de lucro do exemplo anterior, ou seja, 10%.

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Passo VI: Calculando o preço de venda

Agora que conhecemos todos os elementos constituintes do preço de venda, é fácil calculá-lo. Vamos relembrar todos os valores envolvidos e aplicá-los no gráfico da estrutura do preço de venda.

Faturamento Médio (FM): R$ 41.333,00Porcentual das Despesas Fixas: 14,01%Despesas Variáveis: 26,29%Margem de Lucro: 10%Custo de Produção: R$ 2,55

De maneira análoga ao exemplo anterior, definimos que o preço de venda é igual a 100%. Desses, 14,01% correspondem às Despesas Fixas; 26,29% correspondem às despesas variáveis e 10% correspondem à margem de lucro. A porcentagem restante (49,7%) corresponde ao custos diretos de produção. Aplicando os valores temos:

PV = 100% => CMP = 49,7%

PV = CMP x 100 => 2,55 x 100 = 49,7 49,7

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Considerações Finais

Ao observarmos os preços de venda da microempresa e da empresa de médio porte, chama-nos à atenção a semelhança entre ambos (R$ 4,87 e R$ 5,13). Por que empresas tão diferentes possuem preços tão semelhantes? Algumas respostas possíveis a essa pergunta são:

1) Não foi usado nenhum método empírico (“chute”). Em ambos os casos, todas as despesas e custos foram considerados.2) A margem de lucro definida para ambos os casos foi a mesma. 3) Apesar de possuírem faturamento e despesas diferentes, na contabilização geral, o aumento de algumas despesas compensa a diminuição de outras. Assim o impacto dos custos em ambos os casos é semelhante. 4) Não existem milagres. Empresas sérias e preocupadas com a qualidade e a lucratividade não conseguem produzir produtos similares com preços díspares. (diferenças maiores que 15 %)

Assim, encerramos esse capítulo para a formação de preços. É muito importante lembrar que as informações aqui contidas têm caráter didático, e a formação de preços em sua empresa deve ser motivo de atenção constante, com contínuas avaliações. A aplicação dos conceitos aqui descritos deverá ser efetuada por profissional competente e qualificado e todas as decisões devem ser tomadas em conjunto com a direção de empresa. Lembre-se de que, além dos aspectos técnicos, outros aspectos como a conjuntura econômica e questões mercadológicas têm um papel fundamental na definição de preços. A economia, a administração e a contabilidade são ciências humanas e o preço calculado ainda precisa ser revisto, para que esteja completamente adequado ao mercado consumidor e suas necessidades.