consumo e trabalho

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Cadernos de

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Apresentao

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o longo de sua histria, o Brasil tem enfrentado o problema da excluso social que gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhes de brasileiros ainda no se beneficiam do ingresso e da permanncia na escola, ou seja, no tm acesso a um sistema de educao que os acolha. Educao de qualidade um direito de todos os cidados e dever do Estado; garantir o exerccio desse direito um desafio que impe decises inovadoras. Para enfrentar esse desafio, o Ministrio da Educao criou a Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade Secad, cuja tarefa criar as estruturas necessrias para formular, implementar, fomentar e avaliar as polticas pblicas voltadas para os grupos tradicionalmente excludos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que no completaram o Ensino Fundamental. Efetivar o direito educao dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliao da oferta de vagas nos sistemas pblicos de ensino. necessrio que o ensino seja adequado aos que ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade, valorizando e respeitando as experincias e os conhecimentos dos alunos. Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedaggicos para o 1. e o 2. segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. Trabalho ser o tema da abordagem dos cadernos, pela importncia que tem no cotidiano dos alunos. A coleo composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com a concepo metodolgica e pedaggica do material. O caderno do aluno uma coletnea de textos de diferentes gneros e diversas fontes; o do professor um catlogo de atividades, com sugestes para o trabalho com esses textos. A Secad no espera que este material seja o nico utilizado nas salas de aula. Ao contrrio, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivando a articulao e a integrao das diversas reas do conhecimento. Bom trabalho!

Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade Secad/MEC

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SumrioTEXTO Subtema 1. Alm do preo e da marcaRelicostumes 2. Transgnicos 3. Pirata musical com cara de mau Diversidades regionais 4. Fast-food aquece o globo Maturidade social 5. Mesa Brasil no tem desperdcioMiscigenao 6. Cdigo de defesa do consumidor Crtica social 7. Os altos lucros dos maus hbitos Trabalhadores 8. A corrente branca Cultura suburbana 9. Consumerism luta dos negros 10. Tabaco y economia personal Ambiente de trabalho 11. Consumidor consciente Identidade nacional 12. Um desenho Ambiente de trabalho

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13. Uma viso do futuro ndios do Brasil 14. Saco sem fundoImigrao e culinria 15. A pirataria ataca Direitos civis 16. Respeito pela (tenra) idade Origens dos trabalhadores 17. Usquendios do Brasil 18. Feito em casa 19. Cow parade Olhos da alma 20. Olhos grandes Arte culinria 21. O mundo do trabalho: contexto e sentidoArte culinria 22. Do povo para o povoArte culinria 23. A gigante se acomoda s leis Arte culinria

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Consumo responsvel

ALM DO PREO E DA MARCAInstituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lana guia em que defende o consumo responsvel e prega o boicote empresa que prejudica meio ambiente e no respeita direitos humanos e trabalhistas

N

a hora de pegar este ou aquele produto na gndola do supermercado, o que pesa em sua deciso? Preo mais baixo, melhor qualidade, tradio da marca, preferncia familiar? Em geral, so esses os fatores que costumam ser levados em conta no instante da compra. Mas h um fenmeno novo que desafia esse padro: so os consumidores preocupados com o comportamento da empresa que produziu determinado produto. J no so poucos os que fazem suas escolhas se perguntando se aquela companhia respeitou direitos humanos e trabalhistas; se sua cadeia de produo segue normas de preservao ambiental e boas prticas empresariais. Se tica quando faz publicidade. Ou at se est comprometida com a gerao de empregos. Essa mudana nos padres de consumo, que ganhou fora na segunda metade do sculo 20, quando os consumidores passaram a se organizar em grupos independentes para defender seus direitos, j gerou efeitos nas empresas. No so poucasQualidade de Vida, Consumo e Trabalho

as que adotaram um ideal conhecido como responsabilidade social, que fundamenta prticas cujo fim no apenas o lucro. Empresas conscientes O consumidor mais atento e informado j percebe as relaes de seu nvel de consumo e os efeitos disso no plano social, econmico e ambiental. Isso torna as empresas mais conscientes e preocupadas com os valores que ela propaga com seus produtos e marketing, afirma Marilena Lazzarini, coordenadora institucional do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), com 17 anos de trabalho e militncia na rea. Foi pensando em estimular esse consumo engajado que o Idec acaba de lanar o Guia de Responsabilidade Social para o Consumidor, um livreto de 22 pginas com um painel sobre o movimento mundial de consumidores e sua articulao do Brasil.

Extratdo do site Reprter Brasil: www.reporterbrasil.org.br

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O consumidor mais atento j percebe as relaes de seu nvel de consumo e os efeitos no ambiente e na sociedade.

Luludi / AE

Como exercer o consumo responsvelRefletir sobre seus hbitos de consumo, reduzir quando possvel, no desperdiar e dar destinao correta ao resduo ou ao produto ps-consumo;

1

Procurar saber se a empresa tem um balano social e solicitar informaes a respeito;

5 6

Escolher marcas de empresas reconhecidas por suas prticas responsveis e ticas;

2 3

Obter informaes, por meio da mdia e das associaes sociais, sobre os impactos sociais e ambientais da produo, do consumo e do ps-consumo de produtos e servios; Entrar em contato com o SAC (Servio de Atendimento ao Consumidor) das empresas por telefone ou por escrito, para questionar sobre os impactos e pressionar pela adoo de prticas sustentveis de produo e ps-consumo;

Boicotar marcas de empresas envolvidas em casos de desrespeito legislao trabalhista, ambiental e de consumo. Por exemplo, consulte a lista de reclamaes fundamentadas do Procon, a fim de saber como determinada empresa se comporta em relao ao consumidor;

7 Participar de apoio associaes de consumidores;Denunciar prticas contra o meio ambiente, contra as relaes de consumo e de explorao do trabalho infantil s autoridades competentes.

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Transgnicos

TRANSGNICOSA sociedade civil ainda no foi esclarecida sobre o problema

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polmica em torno dos organismos geneticamente modificados (OGMs), popularmente conhecidos como transgnicos, j fez histria. Comeou nos anos 1990, quando ocorreram as primeiras colheitas de gros alterados geneticamente. O movimento de resistncia surgiu em torno da Campanha por Segurana Alimentar e agregou diversas organizaes

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no-governamentais. Desde ento, o nmero de entidades envolvidas e as aes empreendidas se ampliaram. No Brasil, a mobilizao civil comeou com a campanha Por um Brasil Livre de Transgnicos, que publicou cartilhas impressas e boletins eletrnicos, promoveu eventos e manifestaes pblicas, e divulgou resultados de testes realizados em alimentos.

O plantio e a comercializao de soja transgnica j so permitidos no pas, mas ainda geram polmicas.

Presso multinacional A encrenca comeou em outubro de 1998, quando foi liberado o primeiro plantio de soja geneticamente modificada no pas produzido pela multinacional Monsanto, uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo. A liberao ocorreu depois que produtores do Rio Grande do Sul usaram sementes de pases fronteirios, como a Argentina, onde esse tipo de cultivo j era permitido, e pressionaram o governo para que sua safra pudesse ser comercializa-

da. A autorizao saiu, por medidas provisrias, para as safras 2003/2004, 2004/ 2005 e 2005/2006. A liberao definitiva, no entanto, veio acompanhada de algumas condies, entre elas a necessidade de o agricultor assinar uma declarao reconhecendo o uso de OGMs e comprometendo- se a no usar os gros gerados em uma prxima safra. Em relao soja, nesse p que as coisas se encontram em 2006, aps a aprovao e a regulamentao da Lei de Biossegurana.

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Te x t o 2 / Transgnicos

Cesta contendo os produtos cujo teste do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) acusou a presena de soja transgnica na composio dos alimentos vendidos nos supermercados do Brasil.

O algodo Bollyard Evento 531, tambm da Monsanto, outro captulo. Seu cultivo foi liberado pela Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana (CTNBio), vinculada ao Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), tambm com algumas exigncias. Uma delas: 20% de algodo convencional deve ser cultivado em reas cercadas e isoladas para evitar contaminao. Nveis de tolerncia Desde 2003, vigora no Brasil o Decreto-Lei n. 4.680, que exige a informao, no rtulo, de alimentos e ingredientes que contenham mais de 1% de componentes transgnicos. Anteriormente era a partir de 4%. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), entretanto, a alterao ainda no satisfatria e tem duas reclamaes nessa rea. A primeira que muitos alimentos contm menos de 1% de ingredientes geneticamente modificados e o consumidor ignora a informao. A outra 10Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

que produtos como bolachas, bolos, massas, chocolates, leos, margarinas e seus derivados, que sofrem processamento trmico mais agressivo, tm suas protenas destrudas, o que impede a deteco de organismos geneticamente modificados. Nos supermercados no h produtos que tragam o smbolo indicando a existncia de OGMs, no porque eles no existam, mas porque a informao desaparece quando entra em fabricao, e no existe fiscalizao, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da rea de consumidores da campanha de transgnicos do Greenpeace. Na Unio Europia, desde 2004 o limite para no rotular um produto como geneticamente modificado 0,9%. Na Sua, 0,1%. Na Rssia e no Japo, 5%.

Trechos da matria Quanto custa o rtulo, revista Desafios do Desenvolvimento.

Foto: Monalisa Lins / AE

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Falsificaes

PIRATA MUSICALCOM CARA DE MAUAndra WolffenbttelRelatrio da Pirataria Comercial de 2005, da Federao Internacional da Indstria Fonogrfica, alerta que, a cada trs discos musicais vendidos no mundo, um pirata. No mercado brasileiro, essa proporo muito maior: o comrcio pirata supera ligeiramente o de discos vendidos dentro da lei. As aes de combate pirataria musical tm surtido efeito e as vendas ilegais, no mundo todo, cresceram apenas 2% em 2004, o menor nvel em cinco anos. Entretanto, h dez pases onde se considera urgente aumentar a represso pirataria e o Brasil um deles. As atenes se voltaram para c porque as vendas totais de DVD musicais aumentaram 100% em 2004, o que levou o pas a ser o 7 maior mercado no mundo de DVD musical um mercado atraente para quem tem ou no cara de mau.

O

No Brasil, o mercado ilegal j supera o que paga impostoOs efeitos no setor musicalComparao 1997 a 2005

50% a menos de postos de trabalho direto 50% a menos de artistas contratados 3.500 pontos de vendas foram fechados 44% a menos de produtos nacionaisdeixaram de ser lanados

R$ 500 milhes anuais o queo governo deixa de arrecadar em impostos (considerados ICMS, PIS e Cofins)

80 mil empregosdeixaram de existir no setor (gravadoras, fabricantes, comrcio varejista, etc)Fonte: Federao Internacional da Indstria Fonogrfica

Revista Desafios do Desenvolvimento, edio 16 1/11/2005

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Hbitos alimentares

FAST-FOODVinte por cento do combustvel fssil do planeta queimado pela indstria de alimentose, como diz o ditado, somos o que comemos, um estudo feito nos Estados Unidos comprova que nossos hbitos alimentares tm relao direta tambm com a sade do planeta. De acordo com a pesquisa, adotar uma dieta vegetariana uma forma simples de consumir sem agredir o meio ambiente, enquanto hbitos alimentares com predominncia de comida industrializada e rica em protena animal contribuem diretamente para um dos problemas ambientais que mais ameaam o mundo: o aquecimento global. A pesquisa mostra que a produo, a estocagem e a conservao de alimentos enlatados, embutidos e de fast-food todos com processamento industrial responsvel por cerca de 20% da queima de combustveis fsseis (derivados do petrleo) nos EUA. Assim, a dieta tpica dos norte-americanos emite gases de efeito estufa em quantidade equivalente a um12Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

AQUECE O GLOBOtero da emisso de todos os carros, motos e caminhes do pas. Os transportes so apontados como os principais causadores do superaquecimento do planeta. Dieta agressiva Os autores do estudo comparam as diferenas entre uma dieta vegetariana e outra composta por produtos industrializados em relao poluio gerada na sua produo s mesmas existentes entre um carro de passeio e um jipe utilitrio. Eles alertam que a capacidade de destruio do meio ambiente de uma dieta como a dos norte-americanos to grande quanto a do setor dos transportes. Mas ressaltam que pequenas mudanas nos hbitos alimentares das pessoas podem ter um impacto positivo muito grande. Se cada pessoa que come dois hambrgueres por semana cortasse essa quantidade pela metade, a diferena j seria substancial, disse um dos autores do estudo.

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As concluses do estudo incluem a classificao de alguns tipos de dieta conforme a quantidade de gases de efeito estufa emitidos em todas as etapas da produo. Os resultados so algumas vezes surpreendentes: em primeiro lugar, como a que menos impactos traz para o equilbrio climtico da Terra, ficou a alimentao vegetariana (inclui ovos e derivados de leite), especialmente a composta de alimentos orgnicos. Em seguida, vem a dieta com base em carne de aves. Em terceiro lugar, vem a alimentao industrializada tpica dos norte-americanos. Empatados na ltima colocao, ficaram a carne de peixe e a carne vermelha. A colocao dos peixes em

ltimo na lista explicada pelo fato de que, em geral, a pesca e o congelamento de algumas espcies envolvem muita utilizao de combustveis derivados de petrleo. Dessa forma, o consumidor consciente, por meio de sua escolha alimentar, pode contribuir para no aprofundar o problema de aquecimento da Terra e mudanas climticas decorrentes.

Extrado do site www.institutoakatu.org.br

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Hbitos alimentares

MESA BRASILNO TEM DESPERDCIO

O desperdcio combatido pelo Culinria Inteligente, um programa que une criativade e economia na cozinha

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limentao um assunto muito mais importante do que simplesmente levar comida boca. Comea com a escolha dos alimentos na hora da compra os vegetais da safra, por exemplo, so sempre mais baratos e melhores do que os que esto na entressafra , passa pelo jeito com que so transportados, guardados, manipulados, preparados e s termina na forma pela qual so ingeridos, tirando o mximo proveito de seu potencial nutritivo. Assim, o ato de comer o ltimo passo de uma caminhada que comea muito distante da nossa cozinha. No Sesc, Servio Social do Comrcio, esse jeito de tratar os hbitos alimentares dos brasileiros tem o nome de Culinria Inteligente, um programa de alimentao que planeja a composio dos cardpios dos restaurantes e lanchonetes de suas unidades, ensina a preparar os alimentos e orienta sobre como consumi-los de forma nutricionalmente adequada.

O combate ao desperdcio um dos principais temas tratados. como descobrir um mundo novo, um outro olhar sobre os alimentos. Por exemplo: sabe aquele talo que costuma ir direto para o lixo? Ou o caroo da jaca ao qual ningum repara? E a folha do brcolis? A casca da banana? Enfim, o destino final disso tudo pode deixar de ser o lixo para transformar-se em um cardpio com iguarias nunca imaginadas. O no-desperdcio foi a primeira etapa para a formao do conceito Culinria Inteligente, que nada mais que levar em considerao todos os aspectos da alimentao: economia, higiene, capacidade nutricional, preparo, aproveitamento de tudo que os vegetais podem oferecer e, claro, muito sabor. Mesa Brasil A semente para o aproveitamento integral dos alimentos foi plantada h dez anos em funo de um dos maiores flage-

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los da realidade brasileira: a fome. Em 1994, o Sesc implantou um programa de combate fome e ao desperdcio de alimentos, uma das primeiras grandes iniciativas para mobilizar a sociedade, o Mesa So Paulo. A idia era simples e eficiente: pegar o alimento onde sobra e entreg-lo onde falta. Em 2003, a iniciativa foi lanada nacionalmente com o nome de Mesa Brasil Sesc, com o objetivo de contribuir para que parcelas carentes da comunidade tivessem acesso alimentao por meio do combate ao desperdcio. O programa conta com a parceria de empresas que doam alimentos, trabalhadores voluntrios e instituies sociais que se dedicam ao atendimento de segmentos excludos da comunidade. A dcada de experincia aperfeioou o programa tornando-o ainda mais eficiente. Para combater o desperdcio foi preciso, tambm, aprender a manusear os alimentos para no estrag-los, capacitar os funcionrios para detectar o estado dos

Foto: Nilton Fukuda / AE

Supermercado de Osasco, em So Paulo, doa alimentos para o programa Mesa Brasil, do Sesc.

produtos e as pessoas que os recebiam para armazen-los e manipul-los da melhor maneira, estabelecer regras de preparo e higiene, enfim, garantir a segurana necessria ao consumo. Os efeitos prticos dessas aes podem ser sentidos rapidamente no bolso. De acordo com o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, possvel diminuir em at 30% os gastos com comida. Alm de contribuirmos para a diminuio do lixo orgnico, que hoje representa 65% de todo os detritos produzidos no Brasil.quilos, quantidade suficiente para fornecer 1 kg de alimento dirio para uma criana de zero a 10 anos de idade, ou, ainda, oferecer trs refeies dirias para os 7 mil habitantes de uma cidade durante um dia.

Os nmeros da fome no pasOs dados divulgados pelo Instituto Akatu atestam que o desperdcio de comida no Brasil seria suficiente para alimentar 8 milhes de famlias. O Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatstica calcula que de 20% a 30% dos produtos comprados para abastecer uma famlia de classe mdia acabam no lixo. Isso significa jogar fora em torno de 500 g de alimentos por dia. Em vinte anos, essa perda equivale a 3.600

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Evitar o desperdcio no s preparar refeies na quantidade certa ou no jogar comida fora. Muitas frutas, legumes e verduras podem ser melhor aproveitados do que se imagina e, mais importante ainda, resultar em pratos deliciosos. Quem disse que a casca de

banana no serve para nada? E que o talo da couve intil? Experimentando aqui, mudando alguma coisinha acol, as culinaristas e nutricionistas do Sesc So Paulo criaram receitas saborosas que aproveitam integralmente os alimentos. mesa!

Dicas de consumo valiosasNo supermercado Elabore uma lista com calma, assim voc evita levar alimentos que no consumir. P V ao supermercado bem alimentado, para no comprar por impulso. P Compare os preos. Sempre. P Observe o prazo de validade dos produtos. P Congelados e resfriados devem ser colocados por ltimo no carrinho. P Acmulo de gelo sobre a embalagem indica que o produto foi descongelado e congelado novamente, o que o torna imprprio ao consumo. P Frutas e legumes da estao so mais nutritivos e baratos.P

to melhor e aproveitam-se mais os seus nutrientes. P No use facas serrilhadas para cortar legumes, frutas e verduras, pois isso faz com que se percam mais nutrientes. Na cozinha No se deve deixar lixo prximo a alimentos, pratos e talheres. Isso vale tambm para aquela lixeirinha que fica em cima da pia. P Todo alimento guardado na geladeira deve estar protegido. Assim ele no perde os nutrientes e no absorve o cheiro e as bactrias de produtos estragados. P Alimentos j lavados no devem ser misturados aos que ainda no o foram. P No coloque em um mesmo compartimento alimentos preparados com os que ainda vo ser.P

Na panelaP

O feijo pode ficar ainda mais saboroso se ficar de molho por 6 horas. A diges-

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O descongelamento de alimentos, se no for no forno de microondas, deve ser feito dentro da geladeira. O ideal retir-lo do congelador e deix-lo na geladeira at o completo descongelamento.

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Aps descongelado, o alimento deve ser preparado e consumido em seguida. Nunca o congele novamente cru. S faa isso, se ele tiver sido cozido, frito ou assado.

Receitas de lamber os dedosBolinho de talos, folhas ou cascas Ingredientes 1 xcara (ch) de talos, folhas ou cascas bem lavadas e picadas 2 ovos 5 colheres (sopa) de farinha de trigo 1/2 cebola picada 2 colheres (sopa) de gua sal a gosto leo para fritar Modo de preparo Bater bem os ovos e misturar os ingredientes restantes. Fritar os bolinhos s colheradas em leo quente. Escorrer em papel absorvente. Podem ser usados talos de acelga, couve, agrio, brcolis, couve-flor, folhas de cenoura, beterraba, nabo, rabanete ou cascas de chuchu. No caso dos talos de couve, couve-flor e brcolis, recomenda-se ferv-los antes do preparo. Voc pode aproveitar a gua desse cozimento para outros pratos, como arroz e sopa. Bife de casca de banana Ingredientes Cascas de 6 bananas maduras 3 dentes de alho 1 xcara de farinha de rosca 1 xcara de farinha de trigo 2 ovos sal a gosto Modo de preparo Lavar bem as bananas em gua corrente. Cortar as pontas. Retirar as cascas na forma de bifes, sem parti-las. Amassar o alho e colocar numa vasilha junto com o sal. Colocar as cascas das bananas nesse tempero. Bater os ovos como para omelete. Passar as cascas das bananas na farinha de trigo, nos ovos batidos e, por ltimo, na farinha de rosca, sempre nessa ordem. Fritar as cascas em leo bem quente, deixando dourar dos dois lados. Servir quente.

Extrado da revista do Sesc no 83 www.sescsp.org.br/sesc/revistas

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Direitos civis

CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDORArt. 6. So direitos bsicos do consumidor: I a proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados por prticas no fornecimento de produtos e servios considerados perigosos ou nocivos; a educao e divulgao sobre o consumo adequado dos produtos e servios, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contrataes; a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que apresentem; a proteo contra a publicidade enganosa e abusiva, mtodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prticas e clusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e servios; a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes VI

Conjunto bsico das regras que protegem o cidado contra os maus fornecedoresdesproporcionais ou sua reviso em razo de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; o acesso aos rgos judicirios e administrativos com vistas preveno ou reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteo jurdica, administrativa e tcnica aos necessitados;

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VII

III

IV

VIII a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hopossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias; IX X (Vetado); a adequada e eficaz prestao dos servios pblicos em geral.

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Alimentao e sade

OS ALTOS LUCROS DOS MAUS HBITOSCulpamos os pacientes pelos maus hbitos, mas esquecemos que nada casual Paulo Bento Bandarra

revista Veja de 17/6/2003 abordou a estatina, nova esperana no combate s doenas cardacas por sua eficcia na queda do colesterol. J a droga mais vendida no mundo. Est tambm sendo usada contra diabetes, angina, osteoporose, inflamaes, Alzheimer, cncer de mama e prstata. Sem entrar no mrito da estatina como arma teraputica, certamente no a soluo para a m alimentao e a inverso de valores da sociedade de consumo. Vivese para comer, no se come para viver melhor. A alimentao passou a ser um produto comercial, que foge de sua funo natural. Seu consumo estimulado a toda hora pela mdia para quem tem poder aquisitivo e, portanto, j est alimentado. Ento, inventam-se guloseimas para um consumo

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cada vez maior, para que o lucro se faa presente nos negcios de alimentao. Bom para a indstria A comida perde suas principais qualidades e funes para ser vendida por seus atrativos visuais, gustativos, tteis, para que se consuma mesmo sem necessitar. As gorduras utilizadas so de m qualidade, visando aumentar o lucro com produtos de preos mais baixos. No so alimentos balanceados para uma alimentao saudvel. Visam, principalmente, a quebra da resistncia do consumidor, induzido ingesto maior. E como a concorrncia existe, a briga para cada vez se comer mais.

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Ilustrao: Alcy

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Te x t o 7 / Alimentao e sade

Crianas obesas sendo atendidas no Instituto Novere, na Vila Mariana, em So Paulo, que realiza um programa para reduo de ingesto de alimentos e com exerccios para crianas carentes obesas.

Os resultados j so considerados alarmantes, com epidemias de obesidade, hipertenso, cardiopatia e diabetes excesso de alimentao de alguns, fome de outros, que no participam da festa por falta de poder aquisitivo. A soluo desses problemas pela via medicamentosa, como adverte a reportagem da Veja, a pior possvel. tentar remediar um mal com outro. No sero os medicamentos que solucionaro os problemas advindos do tabagismo, do alcoolismo, do excesso de comida. Aumentar gastos com exames, medicamentos de preveno e recuperao, tratamentos crnicos, hospitalizaes e cirurgias corretivas a pior sada para uma questo simples, de causa totalmente conhecida, mas de difcil enfrentamento, pois as indstrias apostam todas as suas fichas nesse estado de coisas, e a mdia participa desse mercado de encantamento lucrando sua parcela na promoo20Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

da venda. Associa-se ao problema a indstria de alimentos de baixa caloria, para que se coma maior volume com menor efeito no ganho de peso, criando ao mesmo tempo dependncia do hbito de comer demais. uma atitude tola medicar os maus hbitos, pois se desperdiam recursos que poderiam ser aplicados em reas mais teis. O New York Times de 13 de julho anunciou a necessidade de se prescreverem estatinas para nveis mais baixos de colesterol! (ou seja, aumentar as vendas). Tratar pessoas para que possam manter a ingesto excessiva uma distoro absurda. Passar a vida comendo para dar lucro indstria de alimentos insalubres, para depois acabar a vida tomando remdios s bom para a indstria. Inclusive a miditica.

Publicado no Observatrio da Imprensa

Foto: Filipe Arajo / AE

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Hbitos alimentares

A CORRENTE BRANCAO leite muito mais do que o produto de fmeas mamferaso tomar um copo de leite, a gente d pouca ateno ao significado dessa ao. O gostoso lquido foi produzido, embalado, transportado e vendido at chegar ao copo para ser consumido. Alis, o copo tambm foi produzido, embalado, transportado e vendido, envolvendo um grande nmero de trabalhadores de diversas esferas da produo, distribuio e comercializao, esferas que, por sua vez, consumiram quantidades de energia e matria-prima. Como ento esse leite chegou at o momento de poder ser consumido? Nas cidades, provavelmente algum foi at a padaria comprar um litro de leite. Seguramente pediu a um balconista aquilo que precisava. O balconista teve como primeira tarefa do seu dia de trabalho guardar o lote de leite, que chegou de madrugada, na geladeira, para que no estragasse. Ele um trabalha-

A

dor, funcionrio do dono do estabelecimento. Pode ser um empregado com registro na Carteira de Trabalho conforme manda a lei, ou fazer parte do contingente de trabalhadores que vivem relaes de trabalho consideradas precrias. No momento da compra do produto, foi necessrio escolher entre marcas, tipos e embalagens de leite com preos diferenciados, assim como tomar algumas precaues: olhar a data de validade do leite, como estava armazenado (com boas condies de refrigerao), se a embalagem estava intacta etc. Foi preciso conferir o troco e guardar o comprovante da operao de compra e venda do produto, pois, com ele, o consumidor, caso lesado, pode recorrer ao servio de atendimento ao consumidor da empresa fornecedora do leite, s associaes de defesa de consumidores civis e governamentais.Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho 21

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Te x t o 8 / Hbitos alimentares

No preo pago pelo produto, h tambm impostos embutidos, que geram numerrio para que o governo fornea servios, contrate obras e fiscalize, por meio de uma srie de rgos da administrao pblica, a produo, a distribuio e a comercializao, por exemplo, daquele leite, para garantir suas condies de higiene e qualidade, assim como verificar o cumprimento das leis que regulam as relaes de trabalho e consumo. Essas leis, conquistadas ao longo da histria pelos cidados organizados, partem do reconhecimento da desigualdade de foras existente nas relaes de trabalho e consumo e visam proteger os cidados contra abusos e discriminaes. A renda auferida pelo proprietrio da padaria na venda do leite e de outros produtos pode ser depositada ou aplicada num banco. O banco, parte do sistema financei-

ro, rene uma variedade de trabalhadores com diferentes qualificaes, remuneraes e direitos, sindicatos e associaes profissionais. Enquanto o depositante mantm seu dinheiro no banco, a instituio financeira o utiliza, juntamente com o depsito de milhares de outros clientes, em operaes financeiras e de crdito, sujeitas a taxas de juros cobradas de outras pessoas, empresas ou organizaes que solicitam dinheiro para financiar sua produo, seus projetos e at as suas dvidas. , parece que um copo de leite esconde muito leite mesmo! Para esse leite poder ser consumido, precisou ser transportado do laticnio at a padaria. Uma srie de trabalhadores, os motoristas, proprietrios de seus caminhes ou funcionrios de empresas transportadoras, sujeitos a determinadas condies de salrio e trabalho com seus direi-

A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

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Produo

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O transporte

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tos e sindicatos, fazem esse servio pela madrugada afora. Para transportar o leite so necessrios caminhes com refrigerao, projetados e produzidos em grandes fbricas nacionais ou multinacionais que con- somem energia e matria-prima e que, novamente, empregam um grande nmero de trabalhadores com diferentes especializaes, sujeitos a diferentes formas de organizao do trabalho, salrios e direitos, possivelmente tambm organizados em seus sindicatos ou associaes profissionais. Esses caminhes foram, por sua vez, vendidos por concessionrias que, tambm, renem trabalhadores do comrcio, com sua respectiva organizao. O laticnio, formado no Brasil inicialmente por cooperativas e com a presena, atualmente, de empresas multinacionais no setor, a indstria do produto. a que o leite ser pasteurizado, homogeneizado e

embalado. Mquinas e outros instrumentos so necessrios para a realizao do processo, produzidas, tambm, por fbricas, com o trabalho dos engenheiros, projetistas e operrios. A indstria do leite desenvolveu, alm dos leites tipos A, B, C (diferenciados pelo seu teor de gordura entre outros aspectos), outros tipos de leite: o leite longa vida, o leite condensado, o leite em p, o leite desnatado, assim como uma srie de produtos lcteos, como bebidas com gosto de frutas, os mais variados iogurtes (tradicionais, com polpas de frutas, diets e lights), atingindo, dessa forma, pblicos diferenciados por idade e poder aquisitivo. Uma parte da produo do leite no chega ao consumidor diretamente. Pes, bolos da indstria de panificao e outros produtos o utilizam como ingrediente. Para que a populao compre (e no s uma vez,

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O processamento

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A distribuioQualidade de Vida, Consumo e Trabalho 23

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mas, se possvel, sempre) um novo produto lcteo desenvolvido pela indstria do laticnio, necessrio que ela tome conhecimento da existncia da mercadoria e sinta a necessidade de consumi-la. A propaganda, nas sociedades modernas, utilizando os meios de comunicao de massa, tem o papel de informar e convencer a pessoa de que ela deve comprar determinadas marcas e produtos. Este outro setor que emprega o trabalho de uma srie de profissionais que se dedicam ao estudo do perfil dos possveis consumidores do produto, para encontrar os caminhos de seu sucesso de vendas. Mas para que o laticnio possa dar incio a todo esse processo necessria a matriaprima: o leite. Para tanto, ainda necessria a propriedade da terra (grandes propriedades, pequenas propriedades cooperadas etc.), a plantao e manuteno do pasto, o cuidado dos animais, a cargo de trabalhadores, sujeitos

a diferentes relaes de trabalho, para que se produza esse importante e complexo lquido. Portanto, para que tudo isso possa aparecer nas prateleiras, trabalhadores com habilidades e conhecimentos diferenciados e adequados produzem e controlam a produo. Todos eles trabalham para obter remunerao que lhes permita comprar o leite e outros produtos que consideram necessrios para si e para os seus. Pelo que se viu, o leite muito mais que um lquido branco, opaco, segregado pelas glndulas mamrias das fmeas dos animais mamferos (...)

Trecho extrado dos Parmetros Curriculares Nacionais Caderno Trabalho e Consumo MEC.

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O varejo

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O consumo final

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Consumismo

CONSUMERISM

Mike Baldwin

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Os perigos do fumo

TABACOY ECONOMA PERSONALFeliciano Robles Blanco El razonamiento es el siguiente:

H

ola amigas y amigos: Este aporte va especialmente dedicado a aquellas personas que por causas familiares o profesionales estis en contacto con jvenes adolescentes que se estn iniciando en el consumo de tabaco o ya sean fumadores habituales, porque quizs sea un argumento que les incite a no fumar en el futuro o dejar de fumar si ya son fumadores habituales. Yo nunca he fumado precisamente porque un da un profesor que yo tuve de matemticas me hizo el razonamiento que voy a exponerles. As se lo he contado muchas veces a mis alumnos y a mis hijos y algunos me han hecho caso y no han fumado para preservar su economa personal.

Actualmente una cajetilla de tabaco vale 2,60 euros y un fumador habitual consume ms o menos una cajetilla diaria, as que si decide no fumar dispone de 2,60 euros dirios para gastarlo en otras cosas que le plazca ms que fumar. Si es un poco ahorrativo y no fuma al cabo de una semana dispondr de un ahorro de 18,20 euros para gastar en algunas cosas de cierto valor. Si en vez de gastarlo en una semana decide guardarlo un mes, podr disponer de un ahorro de 72,80 euros, que ya le permitir gastarlo en algo significativo. Pero si decide seguir ahorrando durante un ao, ya juntar un montante de 873,60 euros con lo que podr darse algn gusto interesante e inolvidable.

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La economa personal(en valores aproximados)

873,60 euros

8.73672,80 euros 18,20 eurosen 10 aos y se podr comprar un coche nuevo

en una semana

en un mes

en 1 ao

Pero si tiene la fuerza de voluntad de seguir ahorrando y lo guarda durante 10 aos, ya tendr un montante de 8.736 euros que si lo ha tenido en un banco fijo con el capital ahorrado y los intereses generados ya se podr comprar un coche nuevo. Por lo cual si la vida de un coche aproximadamente es de diez aos, significa que con el ahorro que tiene por no fumar cada diez que vaya viviendo podr ir comprando un coche nuevo a expensas del ahorro generado por no ser fumador. Este clculo es fcil de comprender y realizar por cualquier adolescente y a veces este razonamiento les resulta ms convincente.

GLOSARIOAhorrar. economizar, poupar Ahorrativo. econmico Aporte. contribuio Cajetilla. mao de cigarro Coche. carro Dejar. deixar Fumador. fumante Hijos. filhos Hizo. fez (passado do verbo hacer) Inolvidable. inesquecvel Intereses. juros Quizs. talvez Razonamiento. raciocnio Tabaco. fumo, cigarro

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Defesa do consumidor

CONSUMIDOR CONSCIENTEDomingos Alves E. Neto Cabo BMRecebi uma tarefa Que fao com amor Falar sobre o direito De todo consumidor Seja pobre, seja rico No pague mico Aprenda a dar valor O direito amplo Garante a Constituio De quem compra vista Ou mesmo a prestao Produto com garantia Pro uso ter serventia dever e obrigao Por isso vamos falar Nesse livrinho rimado Os passos que devemos Dia-a-dia com cuidado Seguir para comprar Pra melhor utilizar Nosso dinheiro suado28Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

Cordel bem-humorado fala sobre direitos civis

Primeiro fique sabendo Quem o consumidor aquele que compra E utiliza do credor Bens e outros produtos Pagando os tributos Dentro do real valor E quem o fornecedor? Respondo com certeza Aquele que te vende E passa com clareza Todas as informaes As normas e instrues Sem usar de esperteza A relao de consumo Explico sem temor aquele que ocorre Entre o consumidor Que compra seus bens Em lojas ou armazns E o seu fornecedor

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Tambm nos servios Pagos e utilizados Seja em rgos pblicos Ou nos privatizados Reforma ou pintura Conserto ou costura O que for Acordado Ocorrendo problemas Alterando a relao Procure seus direitos Exija retificao No havendo acerto Ficando no: prometo Faa a reclamao Percebido o defeito Sendo de fabricao Trinta dias o prazo Para a sua correo No foi corrigido? Pode ser exigido A troca ou restituio Tambm so trinta dias Pra exercer o direito Se produto no durvel Vier j com defeito Se durvel, aumenta Neste caso, pra noventa Da Lei tire proveito Caso algum envie Sem a sua solicitao

Produto ou servio Ser demonstrao No pode ter cobrana Mantenha na lembrana Voc no tem obrigao Se for carto de crdito No caia em tentao Quebre, ligue, reclame No faa utilizao Porque se uso for feito Ficar como aceito No ter outra opo Compras por telefone Ou reembolso postal Vendas porta a porta No so de todo mal Vindo a se arrepender Sete dias pra devolver De volta o valor total O colgio no pode Documentos reter Se pai de aluno Prestao dever Deve sim, negociar S pode desligar Ao ano letivo vencer Outro caso abusivo oferta condicionada Sendo muito conhecida

Como venda casada Emprstimo com seguro Saia de cima do muro Denuncie a palhaada Se por algum motivo Sua conta atrasar No seja enganado Vou logo te avisar A multa dois por cento No aceite outro aumento No direito voc est Tem outra coisa ainda, Na hora da cobrana O cdigo no permite Que passem insegurana Ameaar o consumidor humilhao o expor Ou agir com ignorncia

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Ilustraes: Alcy

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Caso algum lhe cobre Um valor indevido Voc ter o direito E dinheiro devolvido Em dobro do valor E pra dar mais sabor Ainda vem corrigido A propaganda deve ser Totalmente correta No se pode induzir A no ter mente aberta A comprar gato por lebre Nem farinha para febre Pois a multa certa Na hora da entrega A euforia total Saiba como agir Com lgica racional Confira a mercadoria Pea termo de garantia Exija a nota fiscal Pois so os documentos Em caso de reclamao Verifique a embalagem Se no tem violao Se tiver algo errado Estando tudo violado Faa a devoluo

Foram s algumas dicas O Cdigo mais completo Procure informaes Leia e fique esperto Consumidor consciente Cidadania presente O canal est aberto O Procon Assemblia Est disposio Faa uma visita D sua opinio A casa do povo Vou dizer de novo Me garanta satisfao Existem outros rgos Ligados defesa De voc consumidor Digo com certeza Procure pro seu bem O DECON ou o IPEM Aqui em Fortaleza

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Consumismo

UM DESENHO

Guto Lacaz

Publicado na revista Caros Amigos

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Transgnicos

UMA VISO DO FUTURO IIUma projeo bem humorada da trajetria atual da humanidade Alberto Ororub32

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Experincia em laboratrio testa nova tcnica de reconstituio de tecidos.

Foto: AFP PHOTO

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s alimentos geneticamente modificados (os transgnicos) foram substitudos pelos geneticamente constitudos. Quer dizer, nada mais natural. E tem mais, possvel escolher o sabor entre 250 opes, para qualquer tipo de alimento. Muitos alimentos j vm com remdios embutidos contra a maioria das doenas. Vacina no existe mais. Antes da concepo, o pai da criana toma uma vacina mltipla, contra 1.600 tipos de enfermidades, e pronto! Alm dos alimentos super-light, sem calorias e sem sabor, chega uma novidade; o ultra-light. Este ltimo, em forma de comprimidos, alm de no alimentar, ideal para quem quer perder peso. Funciona assim: a pessoa chega na farmcia e pede Me d um comprimido de 1 ms de exerccios!. Isso a mesma coisa que correr por 3 horas, 5 dias por semana, durante um ms. Tudo isso sem cansar e de efeito quase imediato. incrvel!

Um dos exemplos prticos da modificao gentica dos alimentos foi a incluso do gene do inhame nos gros de arroz. Resultado, gros de arroz com at 5 quilos cada. Um nico p de arroz dos pequenos produz agora 1 tonelada de alimento. Os animais e insetos tambm foram modificados geneticamente, no pelo homem, mas pelos alimentos transgnicos. Tambm o foram os vrus e as bactrias, mas isso outro assunto. As pessoas podem escolher a aparncia e sexo dos seus filhos antes do nascimento. Ento comum, em algumas cidades, encontrarmos centenas de pessoas iguais em homenagem a algum famoso. Sei de um caso em que a personalidade mais importante e admirada do lugar era um personagem de um desenho animado japons chamada BarataMon. Assim se originou a primeira gerao de baratas humanas. Tinham uma ntida vantagem sobre os deQualidade de Vida, Consumo e Trabalho 33

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mais humanos; comiam de tudo e com isso no havia fome na comunidade. Mas, na cidade, os chinelos estavam proibidos. A polcia local bem que tentou, mas nunca conseguiu deter o avano do trfico de drogas naquele lugar. Resultado: o ndice de pessoas viciadas em detefon crescia a cada ano. Alguns ratos geneticamente modificados, que foram treinados em laboratrios secretos de pesquisa para aprenderem a ler (a idia era usar esses animais inteligentes em espionagem industrial e na guerra), finalmente se rebelaram e fugiram para as montanhas de lixo. Nasceu assim uma nova raa a dos ratos falantes. Com o tempo, aprenderam a andar com duas pernas apenas e passaram a conviver normalmente com os humanos. E, da unio dos humanos com os ratos nasceu o RatoMon, uma mistura de homem com rato. Nas cidades onde eram maioria, no existiam gatos. Por algum motivo que no sabiam explicar direito, no os suportavam. Um cientista muito famoso, estudioso da evoluo das espcies, chamado Charles Ratwin, chegou concluso de que o homem, na verdade, descendia do rato. Disse isso baseado numa descoberta arqueolgica fantstica. Foi assim: na frica central, um pesquisador, ao cair acidentalmente numa caverna, encontrou um fssil de rato com 2 metros de34Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho

altura que segurava na mo uma mamadeira decorada com a fotografia de uma criana. Concluso: O fssil era de uma rata, que dera luz uma criana humana e a estava alimentando quando aconteceu a catstrofe: um cometa recheado de Racumin colidiu com a Terra e exterminou 90% da populao de ratos, at ento os dominantes do planeta. Da a expresso de dvida ainda muito comum hoje em dia: Voc um homem ou um rato?

O autor desenhista e pensador e nas horas livres tenta escrever alguma coisa sobre o futuro do planeta. Sua fonte de inspirao so as pessoas e como elas vivem atualmente. Extrado do sitededicas.uol.com.br/conto_leitor12b.htm

GLOSSRIOTransgnico. termo usado para designar alimentos que tiveram sua estrutura alterada por engenharia gentica para ganhar caractersticas desejveis. Racumin. espcie de veneno para ratos. Light. termo usado para designar alimentos com pouco valor calrico. Detefon. espcie de veneno comercial multiuso.

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Direitos do consumidor

SACO SEM FUNDOO consumidor consciente sabe quanto pode gastar sem comprometer o seu oramento. No foi isso que aconteceu em janeiro de 2006, quando o volume de cheques sem fundos cresceu quase 25%.

omparando com o ms de janeiro de 2005, quando 15 cheques a cada mil foram devolvidos, o ndice de 19 cheques devolvidos em janeiro de 2006 revela que o consumidor brasileiro est gastando mais do que pode pagar. Esse alto ndice reflete uma m administrao das finanas pessoais. Muito disso reflexo das compras de Natal, feitas na base do credirio, quando a dvida contrada no ano anterior precisa ser paga no incio do ano seguinte. Isso engessa o oramento e compromete o pagamento de outras despesas comuns nessa poca do ano, como IPTU, IPVA e despesas escolares.

C

Antes de contrair dvidas, recomendado ao consumidor avaliar os riscos de comprometer uma grande parte do oramento com o pagamento de juros no Brasil pratica-se uma das maiores taxas do mundo. Na medida do possvel, deve-se comprar vista. Mas o consumidor no o nico culpado pela alta taxa de inadimplncia. Os comerciantes que no fazem os procedimentos de anlise de crdito para autorizar a compra tambm tm sua parcela de responsabilidade.

Extrado do site www.akatu.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? infoid=1334&sid=10&tpl=view%5Ftipo4%2Ehtm

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Comrcio ilegal

aixa de Gaza (em referncia conflituosa regio do Oriente Mdio, onde se enfrentam judeus e palestinos) como os cariocas chamam um determinado trecho da avenida Rio Branco uma referncia bem-humorada e um tanto mrbida aos constantes enfrentamentos entre o comrcio ambulante ilegal e a Guarda Municipal.

F

A PIRATARIA ATACANo Rio, comrcio ilegal transforma centro da cidade em zona de guerraPelo local, passam diariamente mais de 500 mil pessoas, potenciais consumidores dos produtos oferecidos. A rea o local de maior concentrao de camels por metro quadrado do Rio. Ali, vendem-se livremente produtos pirateados como CDs, DVDs, relgios, camisas, cigarros, tnis e sapatos. Segundo dados da Secretaria de Governo do municpio, cerca de mil camels ilegais atuam no centro da cidade e o nmero aumenta para at 1,3 mil pouco antes do Natal. Alm desses, existe ainda o chamado comrcio ambulante legal, autorizado pela prefeitura, formado por mais de dois mil camels cadastrados pela Secretaria de Governo. Eles so proibidos de vender mercadorias falsificadas ou contrabandeadas, mas, apesar da formalidade, fcil achar produtos pirateados entre os

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Foto: Daniela Conti / Ag. O Dia / AE

Pirataria de CD's na avenida Rio Branco, centro da cidade do Rio de Janeiro.

ambulantes legalizados. Os camels que vendem produtos piratas transformaram o centro do Rio num territrio demarcado, com uma estrutura parecida com a do trfico de drogas. Eles so arredios e violentos. A maioria jovem, entre 19 e 25 anos de idade, e reside na Baixada Fluminense. Cada ambulante tem o seu ponto de venda, que no pode ser ocupado por outro, sob pena de gerar uma guerra entre eles. Um dos camels diz ter plena conscincia de que vende camisas pirateadas de marcas famosas, mas alega precisar da camelotagem para sobreviver. No tenho estudo (primeiro grau incompleto), e ningum me d emprego, justifica. Abordagem esportiva As mercadorias pirateadas so vendidas abertamente, bem frente dos olhos dos policiais militares que fazem a segurana do centro da cidade. Nesse comrcio ilegal, possvel comprar desde um relgio

Rolex por R$ 9,99 a uma camisa Lacoste por R$ 15. Nas lonas montadas pelos ambulantes, tambm podem ser encontrados um pacote de quatro CDs de sucessos atuais por R$ 10, DVDs de filmes por R$ 5 e tnis da Nike por R$ 25. A poucos quilmetros dali, no Maracan, uma barraca instalada no principal porto de entrada do Estdio Mrio Filho vende camisas de clubes de futebol, todas pirateadas. A camisa da seleo brasileira, a mais procurada pelos turistas que visitam o estdio, custa, em mdia, R$ 40. O comrcio formal do centro da cidade o mais prejudicado com ao dos camels, pois obrigado a fechar suas lojas nos momentos de conflito com a polcia; a concorrncia desleal dos produtos falsificados causa perdas ao setor de mais de 1 bilho de reais por ano.

Extrado de www.radiobras.gov.br/especiais/Piratariapirataria_mat5.htm

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Televiso

RESPEITO PELA (TENRA) IDADEDebate sobre publicidade dirigida a crianas constata que vulnerabilidade infantil parte da idia de que o consumismo traz a felicidade. Vrios pases restringem esse tipo de anncios, o que no ocorre no Brasil.

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ESPECIALISTAS QUEREM QUE A PROPAGANDA INFANTIL SEJA REGULAMENTADAFernanda Sucupira(PSDB-PR) que altera o Cdigo de Defesa do Consumidor, proibindo a publicidade de produtos infantis. A Campanha Quem financia baixaria contra a cidadania, organizada pela Comisso de Direitos Humanos da Cmara em parceria com organizaes da sociedade civil, colocou essa questo como prioritria e realizou, em 2005, audincias pblicas com o objetivo de construir coletivamente uma proposta, a partir do projeto de lei. Regulamentao Aps amplo debate com a sociedade civil, a deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG), relatora da proposta na Comisso de Defesa do Consumidor, conclui que a grande maioria favorvel regulamentao desse tipo de propaganda e no proibio total. O coordenador da campanha, o deputado federal Orlando Fantazzini (PSOL-SP) considera que a medida provocaria uma presso imensa das empresas anunciantes e de marketing. Por isso, o grupo optou por, em vez de apresentar um projeto proibindo, dar o primeiro passo que a regulamentao.Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho 39

A

s crianas brasileiras esto entre as que mais assistem televiso no mundo todo. Enquanto elas permanecem em mdia trs horas e meia por dia diante da televiso, as alems no ficam mais do que uma hora e meia. Considerando que esse meio de comunicao chega a 98% dos lares brasileiros, pode-se ter idia do papel da televiso na formao das crianas. A publicidade televisiva, por meio de comerciais e merchandising, as influncia no comportamento e no modo de pensar, resultando no crescente consumismo apresentado nos ltimos tempos. Este foi o principal assunto discutido durante o I Frum Internacional Criana e Consumo, no qual especialistas defenderam que a propaganda destinada a crianas seja regulamentada no Brasil, a exemplo de outros pases. Longa tramitao Desde 2001, est em tramitao na Cmara dos Deputados, um projeto de lei de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly

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Em diversos outros pases j existe legislao rigorosa que regulamenta essa questo, impondo limites e horrios para esses comerciais serem veiculados. A Inglaterra, por exemplo, determina que a publicidade deve ser dirigida aos pais e limita o preo do que pode ou no ser anunciado, impedindo a veiculao de propaganda de produtos considerados muito caros. Alm disso, toda a publicidade infantil inglesa examinada e classificada previamente. Em alguns pases, como na Alemanha, crianas no podem apresentar publicida98% dos lares O que acontece nos outros pases de de produtos sobre os quais brasileiros tm televiso elas no teriam conhecimenDiversas pesquisas mosto ou que no seriam do tram que nos primeiros anos de 3h30 natural interesse delas, como vida a criana no sabe sequer o tempo que as crianas brasileiras anncios de instituies bandistinguir entre o que so os ficam na frente da televiso crias. Na Espanha, entre programas das emissoras de Na Alemanha, esse outros pases, artistas ou perteleviso e as propagandas. S tempo de 1h30 sonagens de TV como de de, por volta dos doze anos ela tem senhos animados e apresencapacidade de entender perfeitamente o objetivo comercial da publici- tadores de programas infantis, no dade, ou seja, que a inteno do anunci- podem participar de peas publicitrias ante vender o seu produto. Por conta por causa da influncia que exercem disso, em janeiro de 2005, a Sucia proi- sobre as crianas. O merchandising em biu completamente a propaganda para programas infantis vetado em diversos crianas na TV aps realizar um plebisci- pases e em outros essas atraes televisi, to, com mais de 80% das pessoas favor- vas no podem ser interrompidos por anncios publicitrios. veis medida. O substitutivo da deputada Maria do Carmo vai propor que toda propaganda direcionada a crianas e adolescentes s possa ser exibida aps as 22 horas, quando supostamente pais ou responsveis esto em casa e vo poder analisar se o brinquedo, vesturio ou alimento anunciado indispensvel ou no para a formao de seus filhos. A deciso dos produtos a serem consumidos ficariam, assim, a cargo deles e no das crianas, muito mais vulnerveis aos apelos da publicidade. Esse seria apenas o primeiro passo a caminho da proibio total.

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A propaganda intensiva na televiso voltada para o pblico infantil influencia a lista de compras da famlia.

Foto: Vidal Cavalcante / AE

Vulnerabilidade infantil Segundo a psicanalista infantil Ana Olmos, a televiso e a publicidade em si no so prejudiciais criana, os efeitos provocados por elas dependem, na verdade, do uso que se faz delas. Por trs das propagandas existe a idia de que se voc comprar tal produto vai se completar, se incluir, fazer parte do grupo das pessoas felizes, ricas e bonitas, analisa. Em certos lugares, a regulamentao no se restringe publicidade televisiva, mas atinge tambm as embalagens dos produtos que na Sucia devem ser neutras e incluem a proibio do estmulo ao consumo excessivo

de alimentos. vetada a publicidade de produtos com brinquedos embutidos e figurinhas para colecionar, como fazem no Brasil alguns fabricantes de chocolates, cereais e lanches de redes de fast-food, o que praticamente fora o consumo infantil. Os alimentos gordurosos ou doces consumidos em excesso podem levar a problemas nutricionais srios como o sobrepeso e a obesidade, que vm crescendo entre crianas e adolescentes brasileiros.

Fonte P Agncia Carta Maior www.cartamaior.uol.com.br

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Os perigos do lcool

Uma forma simples de complicar qualquer raciocnio

Eu tinha doze garrafas de usque na minha adega e minha mulher me disse para despejar todas na pia, porque seno... Assim seja! Seja feita a vossa vontade, disse eu, humildemente. E comecei a desempenhar, com religiosa obedincia, a minha ingrata tarefa. Tirei a rolha da primeira garrafa e despejei o seu contedo na pia, com exceo de um copo, que bebi. Extra a rolha da segunda garrafa e procedi da mesma maneira, com exceo de um copo, que virei. Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o usque na pia, com exceo de um copo, que empinei. Puxei a pia da quarta rolha e despejei o copo na garrafa, que bebi. Apanhei a quinta rolha da pia, despejei o copo no resto e bebi a garrafa, por exceo. Agarrei o copo da sexta pia, puxei o usque e bebi a garrafa, com exceo da rolha. Tirei a rolha seguinte, despejei a pia dentro da garrafa, arrolhei o copo e bebi por exceo. Quando esvaziei todas as garrafas, menos duas, que escondi atrs do banheiro, para lavar a boca amanh cedo, resolvi conferir o servio que tinha feito, de acordo com as ordens da minha mulher, a quem no gosto de contrariar, pelo mau gnio que tem.

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Segurei ento a casa com uma mo e com a outra contei direitinho as garrafas, rolhas, copos e pias, que eram exatamente trinta e nove. Quando a casa passou mais uma vez pela minha frente, aproveitei para recontar tudo e deu noventa e trs, o que confere, j que todas as coisas no momento esto ao contrrio. Para maior segurana, vou conferir tudo mais uma vez, contando todas as pias, rolhas, banheiros, copos, casas e garrafas, menos aquelas duas que escondi e acho que no vo chegar at amanh, porque estou com uma sede louca.

Apparcio Torelli, Baro de Itarar, o Brando, (1895/1971), campeo olmpico da paz, marechal-almirante e brigadeiro do ar condicionado, cantor lrico, andarilho da liberdade, cientista emrito, poltico inquieto, artista matemtico, diplomata, poeta, pintor, romancista e bookmaker, como se definia, era gacho e um dos maiores humoristas de todos os tempos. Dele disse Jorge Amado: Mais que um pseudnimo, o Baro de Itarar foi um personagem vivo e atuante, uma espcie de Dom Quixote nacional, malandro, generoso, e gozador, a lutar contra as mazelas e os malfeitos.

O braso da Casa de Itarar

Extrado do livro Mximas e Mnimas do Baro de Itarar, Editora Record Rio de Janeiro, 1985, pg. 28 e seguintes, uma coletnea organizada por Afonso Flix de Sousa.

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Desenvolvimento sustentvel

FEITO EM CASAFoto: Jarbas de Oliveira /AE

Os combustveis renovveis podem gerar um novo pas

Funcionrio mostra mamona seca, na usina de beneficiamento de leo da Fazenda Normal, no distrito de Uruque, em Quixeramobim, CE.

iodiesel um combustvel biodegradvel derivado de fontes renovveis, que pode ser obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificao ou pela transesterificao. Esta ltima, mais utilizada, consiste numa reao qumica de leos vegetais ou de gorduras animais com o lcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador. Desse processo tambm se extrai a glicerina, empregada para fabricao de sabonetes e diversos outros cosmticos. H dezenas de espcies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, dend (palma), girassol, babau, amendoim, pinho manso e soja, entre outras. Biodiesel: conceito e funes O biodiesel substitui total ou parcialmente o leo diesel de petrleo em motores ciclodiesel automotivos (de caminhes, tratores, camionetas, automveis, etc.) ou estacion-

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rios (geradores de eletricidade, calor, etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas propores. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petrleo chamada de B2 e assim sucessivamente, at o biodiesel puro, denominado B100.

Experincia brasileira em biodiesel

O Brasil j foi detentor de uma patente para fabricao de biodiesel, registrada a partir de estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Cear, nos anos de 1970. Essa patente acabou expirando, sem que o Pas adotasse o biodieSurgimento do biodiesel sel, mas a experincia ficou e se consolidou O biodiesel j vem ao longo do tempo. ProgresA FRMULA sendo pesquisado e j sos crescentes vm sendo conhecido desde o incio feitos em diversas universi100kg de 10kg leo vegetal do sculo passado, prindades, institutos de pesquide lcool cipalmente na Europa. sa de diversos Estados, hainteressante notar que, vendo grande diversidade segundo registros histde tecnologias disponveis ricos, o Dr. Rudolf Diesel no Pas. Existem tambm REAO desenvolveu o motor dieempresas que j produzem sel, em 1895, tendo levabiodiesel para diversas fido sua inveno mosnalidades. Pode-se dizer tra mundial em Paris, que o Brasil j dispe de em 1900, usando leo conhecimento tecnolgico de amendoim como comsuficiente para iniciar e bustvel. Em 1911, teria impulsionar a produo de 10kg de glicerina afirmado que o motor biodiesel em escala comer(matria-prima do sabonete) diesel pode ser alimentacial, embora deva conti100kg de biodiesel do com leos vegetais e nuar avanando nas pesajudar consideravelmente o desenvolvi- quisas e testes sobre esse combustvel de mento da agricultura dos pases que o fontes renovveis, como alis se deve avanusaro. O que estamos buscando fazer no ar em todas as reas tecnolgicas, de Brasil muito semelhante a isso, inicial- forma a ampliar a competitividade do promente com nfase na agricultura familiar duto. Em resumo, s usar e aperfeioar o das regies mais carentes, como o Nordes- que j temos. te, o Norte e o Semi-rido brasileiro.

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giada nesse aspecto, no cenrio internacioVantagens do biodiesel para o Brasil Esse combustvel renovvel permite a nal. A mdio prazo, o biodiesel pode toreconomia de divisas com a importao de nar-se importante fonte de divisas para o petrleo e leo diesel e tambm reduz a Pas, somando-se ao lcool. poluio ambiental, alm de gerar alternativas de empregos em reas geogrficas Benefcios ambientais do biodiesel Reduzir a poluio ambiental hoje um menos atraentes para outras atividades objetivo mundial. Todo dia econmicas e, assim, proO MAIOR PRODUTOR tomamos conhecimento de mover a incluso social. A estudos e notcias indicandisponibilizao de enerA Alemanha responsvel do os males do efeito estugia eltrica para comunipor mais da metade da fa. O uso de combustveis dades isoladas, hoje de produo europia de combustveis e j conta de origem fssil tem sido elevado custo em funo com centenas de postos que vendem o biodiesel apontado como o principal dos preos do diesel, tampuro (B100) responsvel por isso. A bm deve ser inserida coO total produzido na Comunidade Europia, os mo forma de incluso, Europa passa de 1 bilho de Estados Unidos, Argentina que permite outras, como litros/ano e diversos outros pases a digital, o acesso a bens, 30% o aumento vm estimulando a substi(perodo de 1998 a 2002) servios, informao, Em 2010, os pases da tuio do petrleo por cidadania e assim por Unio Europia devero combustveis de fontes diante. H que se consideusar pelo menos 5% de combustveis renovveis, incluindo prinrar ainda uma vantagem renovveis cipalmente o biodiesel, estratgica que a maioria dos pases importadores de petrleo vem diante de sua expressiva capacidade de reduinserindo em suas prioridades: trata-se da o da emisso de diversos gases causadores reduo da dependncia das importaes do efeito estufa, a exemplo do gs carbnico de petrleo, a chamada petrodependn- e enxofre. Melhorar as condies ambientais, cia. Deve-se enfatizar tambm que a intro- sobretudo nos grandes centros metropolitaduo do biodiesel aumentar a participa- nos, tambm significa evitar gastos dos o de fontes limpas e renovveis em nossa governos e dos cidados no combate aos matriz energtica, somando-se principalmen- males da poluio, estimados em cerca de te hidroeletricidade e ao lcool e colocan- R$ 900 milhes anuais. Alm disso, a produdo o Brasil numa posio ainda mais privile- o de biodiesel possibilita pleitear financia-

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Foto: Epitcio Pessoa / AE

Aparelho biodigestor que filtra o leo da mamona antes de trasform-lo em biodiesel na empresa em Campinas, interior de So Paulo

mentos internacionais em condies favorecidas, no mercado de crditos de carbono, sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto. Matrias-primas brasileiras para produo de biodiesel Empregar uma nica matria-prima para produzir biodiesel num pas com a diversidade do Brasil seria um grande equvoco. Na Europa se usa predominantemente a colza, por falta de alternativas, embora se fabrique biodiesel tambm com leos residuais de fritura e resduos gordurosos. Em nosso caso temos dezenas de alternativas, como o demonstram experincias reali-

zadas em diversos estados com mamona, dend, soja, girassol, pinho manso, babau, amendoim, pequi, etc. Cada cultura desenvolve-se melhor dependendo das condies de solo, clima, altitude e assim por diante. A mamona importante para o Semi-rido, por se tratar de uma oleaginosa com alto teor de leo, adaptada s condies vigentes naquela regio e para cujo cultivo j se detm conhecimentos agronmicos suficientes. Alm disso, o agricultor familiar nordestino j conhece a mamona. O dend ser, muito provavelmente, a principal matria-prima na regio Norte. s vezes se comenta que o Brasil no vai produzir biodiesel de soja, por exem-

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plo. Na verdade, o objetivo do Governo Federal com o PNPB promover a incluso social e, nessa perspectiva, tudo indica que as melhores alternativas para viabilizar esse objetivo nas regies mais carentes do Pas so a mamona, no Semi-rido, e o dend, na regio Norte, produzidos pela agricultura familiar. Diante disso, ser dado tratamento diferenciado a esses segmentos e os estados tambm devero faz-lo, no apenas na esfera do ICMS, mas de outras iniciativas e incentivos. Em Pernambuco, por exemplo, j se cogita criar um plo ricinoqumico na regio do Araripe, mas h vrios outros exemplos. Entretanto, uma vez lanadas as bases do PNPB, como se est fazendo agora, todas as matriasprimas e rotas tecnolgicas so candidatas em potencial. Isso vai depender das decises empresariais, do mercado e da rentabilidade das diferentes alternativas. Ao Governo no cabe fazer as escolhas, mas sim estimular as alternativas que mais contribuam para gerar empregos e renda, ou seja, promover a incluso social. Mas no h dvida de que a soja, tanto diretamente como mediante a utilizao dos resduos da fabricao de leo e torta, ser uma alternativa importante para a produo de biodiesel no Brasil, sobretudo nas regies com maior aptido para o desenvolvimento dessa cultura.

Tecnologias de Produo do Biodiesel Existem processos alternativos para produo de biodiesel, tais como o craqueamento, a esterificao ou a transesterificao, que pode ser etlica, mediante o uso do lcool comum (etanol) ou metlica, com o emprego do metanol. Embora a transesterificao etlica deva ser o processo mais utilizado, em face da disponibilidade do lcool, ao Governo no cabe recomendar tecnologias ou rotas tecnolgicas, como se diz tecnicamente, porque essas devem ser adaptadas a cada realidade. Diante de nossas dimenses continentais e diversidade, no precisamos e no devemos optar por uma nica rota. O papel do Governo o de estimular o desenvolvimento tecnolgico na rea do biodiesel, como j vem fazendo, por meio de convnios entre o Ministrio da Cincia e Tecnologia e fundaes estaduais de amparo pesquisa, para permitir que possamos produzir esse novo combustvel a custos cada vez menores. preciso estimular o que usualmente se chama de curva de aprendizado, permitindo que nosso biodiesel seja cada vez mais competitivo, como ocorreu com o lcool, por exemplo, e com inmeros outros produtos.

Extrado do site www.biodiesel.gov.br/

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Cultura social

C O W PA R A D EEsculturas de vacas de R$ 35 mil so alvo de pichaes

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al foi aberta a exposio de rua da Cow Parade, conseqncia de protestos ocorridos no ano passado que reivindicavam recursos para artistas da cidade, e trs vacas j foram alvos de pichaes em BH. O evento continua a receber crticas pela forma de conduo da exposio que depende de 35 mil reais para produo de cada Vaca, sendo necessrio o patrocnio de empresas que muitas vezes se utilizam do artifcio para criar vacas outdoors, que vinculam publicidade maquiada de arte. A Vaca apelidada de Cowburguer, patrocinada pelo Grupo Alimenta e Picanha Fine recebeu a frase Seja Vegetariano e riscos sobre os olhos. No por coincidncia, a vaca Cowburguer, originalmente, uma referncia ao hambrguer comercializado pelos prprios patrocinadores, que fizeram questo de aplicar um cdigo de barras sobre o lombo da

escultura para batiz-la como um produto de propriedade registrado. Outras duas vacas, a Vaca Ouro, do Grupo Poro, patrocinada pela Belgo Bekaert Arames e a Vaca Mazoca, de um aluno da FUMEC, receberam respectivamente as pichaes de Compre minha dor e Coma Carne Fetish. Outro ponto crucial o fato de que os maiores patrocinadores da Cow Parade so do ramo de laticnios e derivados. Em Belo Horizonte o patrocnio da Itamb, empresa que utiliza o modo industrial de produo de leite, que causa grande sofrimento aos animais. O filme A Carne Fraca se tornou popular por transparecer essa realidade velada da indstria. Hoje a mesma indstria se utiliza da arte para tornar ainda mais obscuro o dia-a-dia angustiante em que esses animais vivem.Extrado do site prod.midiaindependente.org/pt/blue//2006/ 07/358425.shtml

Foto: Bian ca Bueno

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Consumo consciente

OLHOS GRANDESSe toda a humanidade consumisse com a avidez americana, a Terra teria de ser duas vezes maior

Foto: Srgio Castro / AE

Alunos do colgio Santo Incio, no Rio de Janeiro, jogam garrafas plsticas no saco de coleta de reciclagem.

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humanidade caminha para um beco sem sada. Se o atual ritmo de explorao do planeta continuar, em um sculo no haver fontes de gua ou de energia, reservas de ar puro nem terras para agricultura em quantidade suficiente para a preservao da vida. Hoje, mesmo com metade da humanidade situada abaixo da linha de pobreza, j se consome 20% a mais do que a Terra consegue renovar. Se a populao do mundo passasse a consumir como os americanos, seriam necessrios mais trs planetas iguais a este para garantir produtos e servios bsicos como gua, energia e alimentos para todo mundo. Como, evidentemente, impossvel arranjar mais trs Terras, nem os americanos podero continuar com o mesmo modelo de consumo, nem a populao mundial poder adot-lo. A nica sada todos adotarmos padres de produo e de conQualidade de Vida, Consumo e Trabalho

sumo sustentveis. Para os pases ricos, isso significa, por exemplo, procurar fontes de energia menos poluidoras, diminuir a produo de lixo e reciclar o mximo possvel, alm de repensar sobre quais produtos e bens so realmente necessrios para alcanar o bem-estar. Aos pases em desenvolvimento, que tm todo o direito a crescer economicamente, cabe o desafio de no repetir o modelo predatrio e buscar alternativas para gerar riquezas sem destruir florestas ou contaminar fontes de gua. Nesse processo, o consumidor consciente tem um papel fundamental. Nas suas escolhas cotidianas, seja na forma como consome recursos naturais, produtos e servios, seja pela escolha das empresas das quais vai comprar em funo de sua responsabilidade social, pode ajudar a construir uma sociedade mais sustentvel e justa.Extrado do site www.akatu.org.br

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Organizao da produo

O MUNDO DO TRABALHO:

CONTEXTO E SENTIDOUma viso sobre o que fez e o que faz o trabalhador brasileiro

Foto: Sebastio Salgado

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medida que se aprofundam as relaO que ? A palavra trabalho deriva do latim es tpicas da sociedade capitalista, ocorre tripalium, objeto de trs paus aguados a valorizao do capital, com a transformautilizado na agricultura e tambm como o de insumos em produtos, em mercadoinstrumento de tortura. Mas ao trabalho rias e em lucros. associamos a transformao da natureza em Os donos do capital se apropriam dos produtos ou servios, portanto em elemen- meios de produo, o que significa que eles tos de cultura. O trabalho , desse modo, o compram, com salrios, a fora de trabalho esforo realizado, e tambm a capacidade daqueles que passam a viver desse trabalho. de reflexo, criao e coordenao. As longas jornadas so definidas pelo Ao longo da histria, capital e perdem a relao o trabalho assumiu mltiO aumento brutal da natural com o movimenplas formas. Um imporproduo, o progressivo to da Terra, com as estatante pensador sobre esse es do ano ou clima. O refinamento dessa assunto foi Karl Marx. tempo pertence ao capiproduo, levaram Para esse autor, o trabalho, tal, que exige trabalho. a um limite: o mundo fruto da relao do hoAs pequenas oficinas superdesenvolvido, mem com a natureza, e do onde se produziam os arque produz apenas homem com o prprio hotefatos vo perdendo esmem, o que nos distinpara a parte da pao para o surgimento gue dos animais e move a humanidade que das fbricas. As guildas Histria. pode consumir. ou as corporaes de ofMas o trabalho no muncio, que reuniam mestres do capitalista assumiu uma e artesos, comeam a tomar a forma dos forma muito especfica: o emprego assalaria- primeiros sindicatos. Mas o que essa novido. Como isso acontece? Quais as conse- dade chamada fbrica? qncias desse modelo? Fbrica o lugar onde os trabalhadores eram reunidos para executar diferentes Trabalho e salrio tarefas para produzir uma mercadoria. Das Nas sociedades europias, depois da oficinas s fbricas chega-se manufatura, Idade Mdia, a idia do trabalho regular se e logo aos sistemas de mquinas, autoimpe aos poucos. o incio do Capitalismo. mao, s grandes fbricas capazes de Essa nova concepo vai alm da atividade produzir algo complexo do seu incio at a operao final sob o comando do capitalisagrcola marcada pelos ciclos da natureza.52

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ta, representado pelo capataz ou feitor. o longo processo da Revoluo Industrial, iniciada na Inglaterra no sculo XVII Ao surgimento da fbrica, corresponde o aparecimento dos sindicatos em defesa dos interesses da classe trabalhadora e em busca pela justia na produo capitalista. Trabalho e emprego Para que os trabalhadores vendessem seu trabalho em troca de salrio, foi preciso destruir formas autnomas de sobrevivncia, criar leis que obrigassem pessoas livres a trabalhar, reprimir todos aqueles vistos pela elite dominante como vagabundos e indignos. Desse modo, o trabalho no mundo capitalista ganhou cada vez mais a forma de emprego assalariado e sua ausncia recebeu o nome de desemprego. As palavras emprego e desemprego s passam a ter existncia no vocabulrio europeu a partir do final do sculo XIX. At ento, aqueles que conseguiam prover a prpria existncia eram identificados como trabalhadores (no sentido genrico), ou como profissionais pertencentes a alguma corporao de ofcio (com sua estrutura de mestres, oficiais e respectivos liceus de artes e ofcios). J os que no alcanavam tal intento, necessitando de algum tipo de assistncia ou perambulando pelas ruas em busca de alimento, eram rigorosamente identificados e tratados pelas leis da poca como pobres, vagabundos, incapazes, invlidos ou vadios.

Pouco a pouco se separam dois grupos de pobres: de um lado, aqueles sem vnculos com o mundo do trabalho ou com vnculos espordicos e intermitentes; ficavam merc da assistncia social ou da caridade; de outro, os pobres trabalhadores regulares que podiam encontrar-se temporariamente sem trabalho. Identificados como desempregados, nesse caso, tero acesso aos direitos sociais indenizao, seguro-desemprego, assistncia mdica etc. garantidos pelo Estado. Produo e consumo Se parte dos trabalhadores foi forada a entrar na relao de trabalho assalariada, no foi sem resistncia que os trabalhadores nela permaneceram. Assim, empresas e estados precisaram construir estratgias para controlar os trabalhadores e assegurar a produo e o consumo das mercadorias. De nada adiantaria produzir se no fosse possvel vender, e nas primeiras dcadas do sculo XX, constri-se um modelo de organizao do trabalho conhecido como taylorismo-fordismo. Em primeiro lugar emerge o taylorismo: cada movimento do trabalhador ser rigorosamente controlado por uma gerncia que o vigia permanentemente. O fordismo acentua essas mudanas por meio da linha de montagem: a cada trabalhador caberia apenas uma tarefa, a ser executada em seu posto de trabalho, em um tempo

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determinado, por exemplo, enquanto a esteira rolante passa. No sem razo, o movimento operrio vai posicionar-se fortemente contrrio a essa intensa disciplina. O fordismo est associado a uma nova dinmica do modo capitalista: produo em quantidade, custos baixos, grandes fbricas que produzem tudo. Comeam os tempos da produo e do consumo em massa. Tal dinmica predominar no sculo XX, particularmente entre a Segunda Guerra Mundial e meados dos anos 1970, nos pases desenvolvidos. Grande parte desses pases viver um perodo marcado pelo crescimento econmico: emprego e direitos sociais garantidos aos trabalhadores, aumentando a renda e o consumo nas diversas classes sociais. Adolescentes e jovens pobres conseguem utilizar parte de sua renda para consumo prprio, contribuindo para a construo de mercado e cultura juvenis. Alguns fatores ampliao da escolaridade obrigatria para oito anos e novos padres de comportamento, incluindo menor autoridade e controle paternos, alm de maior disponibilidade de renda para consumo foram fundamentais para que a categoria juventude ganhasse fora, expandindo-se para alm dos jovens estudantes das classes mdia e alta, bem como dos considerados delinqentes. Vrios pesquisadores chamam ateno para o aparecimento dos grupos juvenis reunidos em

torno da diverso e do consumo, com estilos prprios de vesturio e comportamento, e tambm para manifestaes juvenis contrrias prpria sociedade de consumo. Crise no Trabalho Parte considervel das mudanas no mundo do trabalho toma corpo a partir da segunda metade dos anos 1960. Elas esto relacionadas com a crise financeira norteamericana do perodo; a relativa saturao do mercado consumidor nos pases centrais; a elevao dos preos do petrleo nos anos 1970; as lutas operrias contra o trabalho repetitivo das fbricas; o sucesso crescente da indstria japonesa na competio internacional. Ao aprofundar-se a crtica ao padro taylorista-fordista, novos modelos ganham espao: por um lado, os grupos semi-autnomos adotados principalmente por fbricas suecas como a Volvo, da o nome volvosmo, por outro, o modelo da indstria japonesa, particularmente nas fbricas da Toyota (modelo japons e toyotismo): equipes flexveis e polivalentes. Para quem est inserido no mundo do trabalho, algo mudou: a rotina das fbricas no to rgida; a chefia por vezes deixa a opresso ostensiva; o trabalho daqueles que lidam com a produo industrial menos mecnico; o objeto e a ferramenta distanciam-se das mos do trabalhador, que lida agora com o monitoramento de smbolos e

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mensagens dos sistemas computadorizados; a disputa mais intensa, a qualificao profissional surge como uma exigncia maior e a educao formal transforma-se em critrio de seleo. O Brasil revela, no entanto, que essas mudanas no so uniformes. Hoje, convivemos com um trabalho que se aproxima da escravido, e trabalho extremamente qualificado, entre os tempos de suor e graxa e uma nova era do conhecimento que no chegou aos quatro cantos do planeta. O emprego estvel, o vnculo duradouro, a carreira realizada em um percurso de um ou de poucos empregos, parece inexistir para a maior parte da populao. A identidade com o empregador e com a prpria profisso parecem situaes de

uma poca que j se foi. O desemprego atinge patamares elevadssimos em todo o mundo, que parecem no ceder. As diferentes situaes convivem conjuntamente, ou seja, uma minoria com emprego estvel e direitos garantidos, muitos desempregados e outros que vo em busca de alternativas. O trabalho passa a ser criao prpria para alguns (auto-emprego, cooperativas), ou retoma sua condio de fora-da-lei, com oficinas clandestinas, profuso de produtos denominados piratas, ou imensa rede de atividades ilegais como opo de acesso a alguma renda. a paradoxal economia informal que movimenta cifras grandiosas, ocupa milhes de trabalhadores expulsos da agricultura e da indstria. Como possvel falar de trabalho assalariado no pas em que

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a escravido foi a forma de trabalho dominante at o final do sculo XIX? A rigor, no Brasil, a relao assalariada no se generaliza como nos pases centrais. O perodo ps-abolio da escravido marcado pela poltica de ampla imigrao de trabalhadores que fugiam da crise em seus pases de origem: italianos, espanhis, japoneses, alemes e tantos outros, para o labor das fazendas, incipientes oficinas e fbricas, ou ainda para os servios na cidade. Com os imigrantes surgem as primeiras sociedades de socorro mtuo de trabalhadores, os primeiros sindicatos e confederaes, as primeiras greves gerais, de 1907 e 1917. A crise social que se desenrola ao longo das trs primeiras dcadas do sculo XX decorrente de diferentes modelos econmicos pretendidos, a vocao agrcola contra o sonho industrial. Desenvolvimento da indstria no Brasil A chegada de Getlio Vargas ao poder executivo significa uma ruptura com o perodo precedente: apesar das condies de tutela impostas organizao sindical, entre as dcadas de 1930 e 1940, contraditoriamente, o pas passa a contar com uma legislao trabalhista parte dela ainda hoje em vigor na CLT (Consolidao das Leis do Trabalho). Comeava a era do emprego formal, da carteira de trabalho assinada e da previdncia social, incorporando

massas de trabalhadores integradas ao processo de industrializao, que ganha impulso aps a Segunda Guerra Mundial. Dos anos 1940 aos anos 1980, o Brasil cresce intensamente, e as migraes, agora internas, suprem a necessidade de trabalhadores de uma indstria que no pra de se expandir. o momento das grandes siderrgicas, da indstria automobilstica, da petroqumica e dos mais diversos setores produtivos que substituem a incipiente base fabril do incio do sculo XX (produtos txteis ou bens de consumo). Distribuio de renda e crise O perfil e a trajetria histrica da distribuio de renda no Brasil certamente limitam a capacidade de consumo, e, por conseguinte, a aquisio de bens e servios pelo cidado comum. Embora apresente uma das maiores populaes do planeta, a renda vergonhosamente concentrada uma imensa barreira ao crescimento econmico, por causa da reduzida demanda familiar. Se o trabalho caracterizado pelo emprego formal era fonte de direitos e caminho seguro de acesso renda e, portanto, ao consumo, os bicos ou o no-trabalho associados ao desemprego so portas fechadas nesse caminho. No final do sculo XX, despreparado, o pas abre as portas e inundado pelas importaes. Somem-se a isso a crise fiscal do Estado, incapaz de sustentar investimentos com a subtrao dos juros da dvi-

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da, e a reestruturao das empresas em busca de novas condies para competir. O resultado o desaparecimento de milhes de empregos na economia brasileira, especialmente na indstria. A sensao predominante de insegurana. A carteira de trabalho assinada passa a ser um sonho, objeto de desejo e de venerao. Agora, o chamado mercado informal que d as cartas, um trabalho incerto e inseguro, literalmente temporrio. No ainda o fim dos empregos, mas o tempo do desemprego como epidemia social e econmica. Esse desemprego no atinge igualmente a todos os indivduos. Ele toca, principalmente, as mulheres, os afrodescendentes, os jovens. Ao longo dos anos 1990, os jovens passam a encontrar cada vez mais dificuldades para ingressar e permanecer

no mercado de trabalho: houve diminuio do nmero de jovens ocupados e da sua participao na populao ocupada. Para alm dos nmeros, o desemprego juvenil provoca outros debates. Algumas pesquisas tornam evidente que o trabalho dos jovens (sobretudo das mulheres) fundamental para a construo da autonomia e da condio juvenil; a possibilidade de consumo um meio de construo das identidades. Mas nos tempos bicudos do desemprego comea-se a questionar se os jovens no deveriam apenas estudar. Mas muitos jovens, mesmo os mais pobres, comeam a reclamar pelo direito escolha, pelo direito educao e tambm ao trabalho.Extrado do site www.educarede.org.br Texto original: Maria Carla Corrochano e Lus Paulo Bresciani

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Servios pblicos

DO POVO PARA O POVOServio Pblico aquele que institudo, mantido e executado pelo Estado, com o objetivo de atender aos seus prprios interesses e de satisfazer s necessidades coletivas

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Concesso Pblica contrato bilateral onde os contratantes assumem obrigaes recprocas e que no podem as partes, impunemente, deixar de cumprir. A Concesso quase sempre outorgada com privilgio de explorao de monoplio e nesta hiptes