consumo e poupança
DESCRIPTION
Este trabalho mostra a relação existente entre o consumo e a poupança. Duas variáveis da micro-economia.TRANSCRIPT
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
1
1. INTRODUÇÃO
O consumo e a poupança são variáveis microeconómicas, cujo crescimento,
o Governo procurará manter dentro dos limites compatíveis com o investimento e o
deficit externo projectados.
Durante a apresentação do nosso trabalho destacaremos essencialmente a
compreensão de itens estreitamente ligados ao Consumo e poupança.
Após a introdução iremos falar sobre o consumo e neste Capítulo vamos
apresentar os tipos de consumo, as funções do consumo, assim como os seus
modelos.
E na terceira parte abordaremos sobre a poupança, como é a sua função,
também quais os determinantes da poupança em Angola, e também quais as
perspectivas de África segundo a NEPAD (Nova Parceria de Desenvolvimento de
África).
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
2
2. CONSUMO
É o acto de utilizar um bem ou serviço com vista à satisfação de
necessidades. Essa necessidade tanto pode ser satisfeita recorrendo à utilização
de um bem material como de um serviço prestado por alguém.
É, também, um acto económico, pois é através dele que se satisfazem as
necessidades humanas (finalidade última da actividade produtiva) e é um acto
social, que constitui um importante indicador do nível de bem-estar de uma
população, num determinado momento (a quantidade e o tipo de bens que
consomem podem indicar-nos como satisfazem as suas necessidades).
O consumo define-se ainda como sendo uma actividade que consiste no uso
de bens e serviços pelos indivíduos, pelas Empresas ou pelo Governo, e que
implica a posse e destruição material (no caso dos bens) ou imaterial (no caso dos
serviços). Constitui-se na fase final do processo produtivo, precedido pelas etapas
da produção, distribuição e comercialização.
2.1. Tipos De Consumo
2.1.1. Consumo privado
É realizado pelas famílias e pelas empresas pertencentes à iniciativa
privada, que como agente económico, utilizam o rendimento que obtêm na
actividade produtiva para comprar bens e serviços necessários à satisfação de
suas necessidades, tais como: alimentação, vestuário, habitação, divertimentos e
outros.
2.1.2. Consumo Público
É o consumo que não se restringe às famílias, mas sim à Administração
Pública. A Administração Pública consome bens e serviços necessários à sua
actividade.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
3
2.2. Tipos De Consumidores
Os tipos de consumidores são:
1. Os integrados;
2. Os emuladores;
3. Os vencedores;
4. Os exploradores;
5. Os transformadores;
6. Os resignados;
7. Os inconformados.
1- Os integrados: A preocupação com família é a principal característica
desse grupo. Por isso, nunca tomam decisões individuais, sempre coletivas. Os
bens de consumo mais procurados por eles são aqueles de marcas tradicionais.
Ou seja, não arriscam novidades. Eles formam a maioria na sociedade.
2- Os emuladores: Tidos como superficiais, materialistas e esnobes. Esses
são alguns dos adjetivos usados para defini-los. Para essa camada da população,
a embalagem é mais importante do que o conteúdo. Por isso, compram tudo o que
está na moda, aparece na mídia e reflete status.
3- Os vencedores: O nome já diz tudo. Essa turma tem como objetivo
vencer na profissão. São aplicados, concentrados e organizados. Gostam de viajar,
ir a festas e praticar esportes competitivos. Quando o assunto é compra, procuram
prestígio e, acima de tudo, qualidade.
4- Os exploradores: Vivem intensamente e adoram praticar esportes de
aventura. O objetivo é buscar novas experiências e sensações. São, quase
sempre, os primeiros a aceitar as evoluções tecnológicas e comprar produtos
inovadores. Esse grupo é conhecido por criar as tendências.
5- Os transformadores: São pessoas que visam mudar o mundo
trabalhando em projetos sociais ou organizando protestos. Os consumidores desse
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
4
gênero são os menos materialistas, vistos como intelectuais e buscam comprar
produtos que sejam política e ecologicamente corretos.
6- Os resignados: Seguem os dogmas religiosamente. Não fazem nada do
que fuja às regras, respeitam as instituições e tentam passar isso para a família.
Para essas pessoas, a compra está intimamente ligada à segurança e preço
adequado.
7- Os inconformados: É o típico grupo formado por pessoas insatisfeitas e
que esperam que as oportunidades caiam do céu. Permanecem em casa
assistindo televisão, se alimentam basicamente de fast food e fazem poucos planos
para o futuro. A compra está relacionada ao preço e a uma gratificação
instantânea.
2.3. Função Consumo
Uma das funções mas importantes da Macroeconomia é a função consumo
visto que esta mostra a relação entre o nível das despesas de consumo e o nível
de rendimento disponível pessoal. Este conceito foi introduzido por Keynes e é
baseado nas hipóteses de que existe uma relação empírica estável entre o
consumo e o rendimento
A função de consumo supõe que o comportamento dos indivíduos
relativamente ao consumo num dado período se relaciona com o seu rendimento
nesse período. A hipótese do ciclo da vida, considera que os indivíduos planeiam o
seu comportamento relativamente ao consumo e a poupança por períodos longos,
com intenção de distribuir o seu consumo da melhor forma possível ao longo de
toda vida. Em vez de se assentar num único valor pára a propensão marginal a
consumir, a teoria do ciclo da vida admite diferentes propensões marginais para
consumir em relação ao rendimento permanente, em relação ao rendimento
transitório e em relação á riqueza. As hipóteses - chave são que, a maioria das
pessoas escolhe modos de vida estáveis não poupando, em geral
desmesuradamente durante um período, para gastar desmesuradamente no
seguinte, antes consumido aproximadamente o mesmo em cada período. De uma
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
5
forma mais simples, a hipótese é que os indivíduos tentam consumir a mesma
quantidade todos os anos.
2.4. Modelos de consumo
2.4.1. Modelo de John Maynard Keynes
Modelo usado para explicar os factores de influência na evolução dos
sistemas económicos. Considera o investimento como motor do progresso e que
corresponde à propensão a consumir, manifestação directa do dinamismo dos
consumidores. O seu modelo põe em evidência três tendências fundamentais:
a) O incitamento a investir;
b) A preferência pela liquidez;
c) A propensão a consumir.
O seu sistema económico neste modelo está determinado por duas grandes
categorias de factores: os dados e as variáveis. Os dados classificados em sete
grupos e com referência a uma dimensão psicológica:
o Volume e qualificação da mão-de-obra;
o Quantidade e qualidade dos elementos disponíveis;
o Nível tecnológico
o Intensidade da competência;
o Gostos e hábito dos consumidores;
o Atitudes dos produtores face ao trabalho;
o Estrutura social em geral;
As variáveis podem ser:
Independentes:
Análise económica;
Propensão a consumir;
A curva da eficacidade marginal do capital;
Taxa de interesses.
Dependentes:
Volume de emprego;
Produto nacional medido em unidades de salário;
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
6
2.4.2. Modelo de George Katona
Os gastos importantes são do tipo discricional e estão sujeitos a verdadeiras
decisões, em contraste com a ideia de comportamento habitual. Os gastos não são
respostas de tipo automático às alterações de valor nos índices económicos, como,
por exemplo, os ganhos obtidos. Não é suposto que a um ganho maior
correspondam maiores gastos e vice-versa. Há ocasiões em que os gastos
superam os ganhos e outras em que maiores ganhos provocam maior poupança.
Para Katona, a alternativa encontra-se nas expectativas, que não são mais do que
uma subclasse das atitudes que se projectam no futuro e implicam selectividade.
Podemos esquematizar a sua teoria da seguinte forma:
S P C
↑ ↓
←←←←←
S – Corresponde às condições e situações económicas objectivas, tais como
recessão, taxa de desemprego, inflação, etc.
P – Corresponde às características pessoais dos agentes económicos, tais
como as aspirações, as expectativas e os estilos de vida.
C – Corresponde aos comportamentos de compra, a utilização e disposição
de bens e serviços.
O consumidor influencia as flutuações económicas através dos gastos ou
poupanças que faz.
2.5. Factores De Que Depende O Consumo
São os consumidores que, ao procurarem adquirir certos bens ou serviços
expressam as necessidades que sentem e determinam o que de futuro se irá
produzir. São muitos os factores que influenciam esse comportamento, sendo
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
7
porventura mais importantes os que se relacionam com os aspectos económicos,
políticos e culturais.
a) Factores económicos
Naturalmente, consumir significa obter um bem no mercado para que o
consumidor tem de gastar recursos, geralmente monetários. Assim, o rendimento
dos consumidores e o nível dos preços dos bens surgem como factores a ter em
conta no acto de consumir.
b) Factores socioculturais
São inúmeros os factores de natureza sociocultural que influenciam os
consumos. Assim acontece, por exemplo, com a moda, a publicidade, as técnicas
de venda, a tradição, etc.
2.6. Conceitos Importantes A Cerca Da Sociedade De Consumo
Consumismo é o conjunto de comportamentos e atitudes susceptíveis de
induzir ao consumo indiscriminado, perigoso ou impulsivo.
Entende-se por consumeirismo a acção social permanente de grupos ou de
instituições que exprimem os interesses dos consumidores, acção essa conduzida
a vários níveis para legitimar ou aprofundar os seus direitos, incluindo-se aqui a
Entende-se por movimento dos consumidores o conjunto de
manifestações associativas e institucionais orientadas para um protagonismo e
reconhecimento jurídico nas diferentes actividades do mercado e que visam
assegurar uma intervenção geral ou específica, sistemática ou pontual, a favor da
transparência do mercado, da solidariedade entre consumidores e da renovação do
sistema de valores sociais em que a esfera do consumo e a problemática dos
direitos dos consumidores sejam inseridos nos objectivos da melhoria da qualidade
de vida.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
8
2.7. Direitos e deveres do consumidor
Direitos
Podem definir-se os direitos dos consumidores como o conjunto de
manifestações legais que visam sustentar as posições consumeristas e potenciar o
equilíbrio produtor - consumidor ao nível do mercado.
O consumidor é um elemento fundamental na actividade económica, é antes
de mais um indivíduo com a sua dignidade, as suas características pessoais,
portador de uma determinada cultura, enfim, um ser humano que faz do consumo
um meio de satisfação das suas necessidades e uma forma de valorização e
realização pessoal. pois o consumo deverá ser um meio e não um fim . Torna-se,
pois, imprescindível proteger o consumidor de situações abusivas criadas pela
publicidade, marketing e outras formas de promoção das vendas.
Deveres
O consumidor tem, assim a obrigação de recusar consumir bens agressivos
na sua produção ou biologicamente não degradáveis. Pois o consumidor tem
deveres a cumprir.
O consumidor deve optar:
Bio - produtos;
Preferir produtos reciclados;
Rejeitar bens que utilizem recursos não renováveis;
Rejeitar bens nocivos para o ambiente;
Não comprar produtos testados em animais;
Separar os lixos para reciclagem e colaborar na defesa das espécies.
2.8. Dia Mundial do Consumidor
O Dia Mundial do Consumidor foi instituído em 1962 quando o então
presidente norte-americano, John F. Kennedy, manifestou-se a favor dos direitos
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
9
dos consumidores, entre eles o direito à segurança, à informação e à escolha. A
partir daí, em diversas partes do mundo, as sociedades e seus legisladores
passaram a organizar-se em prol dos consumidores e estabelecer normas de
protecção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social.
O Direito do Consumidor é o ramo do Direito que disciplina a relação dos
destinatários finais de serviços e mercadorias com seus fornecedores.
2.9. Alguns aspectos do comportamento do consumo
2.9.1. O consumo, poupança e taxas de juro
Quem poupa recebe rendimento sob forma de juros ou dividendos e ganhos
em capital (aumento do preço) das acções. Pois que a forma natural de aumentar a
poupança é fazer aumentar a sua remuneração.
É verdade que, quando a taxa de juro aumenta, a poupança se torna mais
atraente, mas também se torna menos necessária. De um modo geral, a
investigação revela que os efeitos das taxas de juro sobre a poupança são
pequenos e difíceis de encontrar.
2.9.2. O consumo, rendimento e poupança
O rendimento, consumo e poupança estão estreitamente relacionados. Mas
precisam a poupança pessoal, que é a parte do rendimento disponível que não é
consumida. A poupança é igual ao rendimento menos o consumo.
Estudos económicos demonstram que o rendimento é o principal
determinante do consumo e da poupança. Os ricos poupam mas do que os pobres,
tanto em valor absoluto como em percentagens do rendimento. Os muito pobres
não são capazes de poupar nada. Ao invés desaforam desde que possam ser
dividas ou recorrer a poupanças anteriores. Isto é, tendem a gastar mais do que
ganham, reduzindo a sua poupança acumulada ou aumentando o seu
endividamento.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
10
3. POUPANÇA
Se nos perguntam se sabemos o que é poupar ou o que é investir nossa
resposta mais que imediata é "Sim!". Contudo, é apenas uma resposta intuitiva,
porque se nos fizerem uma segunda pergunta: "Qual a diferença entre investir e
poupar?", muito provavelmente teremos dificuldade em respondê-la.
Em economia o conceito de poupança está directamente ligado a renda. A
renda, ou seja, aquilo que a pessoa ganha como salário ou outra remuneração,
pode ser destinada ao seu gasto "imediato" para possivelmente satisfazer uma
necessidade presente, este gasto é conhecido como consumo. Se com o seu
salário você compra roupas, alimentos ou até mesmo paga suas contas está
priorizando o valor presente do seu dinheiro, desta forma está consumindo. Mas,
se você não consumir toda a sua renda e restar ainda um saldo, este saldo poderá
se tornar uma poupança ou um investimento.
Portanto, economicamente falando, poupar seria o ato de abster-se do
consumo presente na expectativa de obter um bem-estar maior no futuro. Seja este
bem-estar gerado pela compra de uma casa ou pela segurança de possuir uma
reserva de riqueza para emergências. A famosa Caderneta de Poupança que os
bancos oferecem, nada mais é do que uns serviços para que os clientes que não
consomem toda sua renda possam destiná-la a outras actividades económicas de
nossa economia.
Quando uma pessoa deposita o que resta de sua renda na Poupança, o
Banco pega esta poupança e a empresta para outras pessoas cobrando juros mais
altos, desta forma mantém o bom funcionamento do sistema financeiro.
Por isso a pessoa que guarda seu dinheiro na Poupança recebe uma remuneração
mensal de TR+0,50%, pois o Banco de forma inteligente investe este dinheiro e
consegue uma remuneração superior, desta forma ganhando no spread, ou seja,
na diferença entre a remuneração que recebe de seus investimentos e a
remuneração que paga para os clientes que "investem" na Caderneta de
Poupança.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
11
3.1. Função Poupança
A função consumo proposta por keynes constitui a primeira tentativa formal
para descrever o padrão de comportamento do consumo e da poupança baseado
na renda familiar. observa-se que a poupança é uma função crescente do nível de
renda disponível, porque a propensão marginal a poupar (s=1-c) é positiva.
Também, com base na função consumo keynesiana, podemos verificar que a razão
entre o nível de consumo e o nível de renda, conhecida como Propensão Média a
Consumir, cai à medida que a renda aumenta. Essa derivação sugere que na
medida que a renda média da família aumenta, o consumo diminui e,
conseqüentemente, a poupança aumenta. Isso significa que famílias de renda mais
alta tendem a poupar mais do que as de baixa renda.
3.2. Incerteza E Poupança Como Amortecedor
A hipótese do ciclo de vida é que as pessoas poupam sobretudo para o
período de reforma. Todavia, os outros objectivos da poupança também são
importantes. Os resultados relativos a legados sugerem que parte da poupança é
feita para ser deixada como herança aos filhos. Existe também um número
crescente de provas que corroboram a opinião de que parte da poupança é uma
forma de precaução, feita com objectivo de prover dias piores. A poupança é
utilizada como amortecedor, aumentando quando os tempos são bons, de forma a
manter o consumo quando os tempos forem maus.
Estes dados são coerentes com a versão do modelo do ciclo de vida, em
que a incerteza quanto ao rendimento e as necessidades futuras se encontra
incluída implicitamente.
3.3. Os determinantes da poupança em Angola
As projecções recentemente divulgadas pelo Centro de Estudos e
Investigação Científica da Universidade Católica de Angola sobre o comportamento
do PIB até 2012 apontam no sentido duma recuperação de grande parte do
dinamismo de crescimento verificado a partir de 2003 e que tinha sido abalado pela
crise económica internacional já a partir de 2008. As cifras apresentadas sugerem
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
12
um esforço de investimento, público e privado, significativo e o uso de políticas
económicas amigas da reposição da confiança dos empresários e incentivadoras
do aumento da produção.
Mas este investimento só é possível com poupança adequada, passados os
tempos em que se pensava que o seu financiamento podia ser feito através da
criação de moeda. Justifica-se, portanto, uma reflexão sobre as principais
determinantes da poupança interna, de modo a explicitar e compreender de que
modo a mesma se comporta. A regressão assenta numa variável dependente que
expressa a taxa média de poupança interna (SPIB) - o rácio entre a poupança
interna e o Produto Interno Bruto - e em seis variáveis explicativas: o rendimento
médio por habitante (Y), a taxa de crescimento anual do rendimento médio por
habitante (gh), a taxa de crescimento da população (h), o rácio das exportações
(EXTPIB), a taxa média anual de inflação e o rácio do crédito à economia em
relação ao PIB (CREEPIB). A poupança interna foi definida como a diferença entre
o Produto Interno Bruto e o Consumo total.
As variáveis explicativas usadas nesta estimação são variáveis - padrão
consagrado na teoria económica como determinantes do comportamento da
poupança. Existem várias ressalvas a fazer quanto a esta tentativa de estimação
dos parâmetros de comportamento da poupança em Angola:
• Em primeiro lugar, o período de análise. Doze anos não são suficientes
para se estabelecerem padrões de comportamento que sirvam de baluartes à
interpretação do fenómeno da poupança no País e de bases para o
estabelecimento das competentes políticas de incentivo. Em particular, a economia
de mercado está longe de estar estruturada em termos comportamentais,
prevalecendo ainda determinadas atitudes típicas do sistema económico
administrativo. Assim sendo, o período abarcado não é susceptível de revelar
reacções espontâneas de mercado. Prevaleceu, porém, a curiosidade de se saber
em que moldes os agentes económicos criadores de poupança têm reagido às
variações das variáveis explicativas das mutações na propensão a poupar.
• Em segundo lugar, a confiabilidade da informação. Foi bastante difícil
compilar dados estatísticos para uma série de doze anos que fossem comparáveis
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
13
entre si e revelassem a natureza do fenómeno em análise. De resto, esta
dificuldade é comum à generalidade dos países em desenvolvimento e muito
particularmente aos países menos avançados e fica patente quando se analisa a
magnitude dos erros entre a estimativa dos valores das poupanças e a poupança
obtida como a diferença entre o PIB e o Consumo global (World Bank data bank).
• Em terceiro lugar, o enquadramento teórico. As teorias explicativas do
comportamento da poupança centram-se na poupança privada, a que responde a
estímulos de mercado e se comporta de acordo com os mecanismos gerais da
formação dos preços. A poupança com que se operou neste estudo econométrico é
uma poupança interna global, considerando-se, portanto, a poupança do Estado,
sujeita a critérios administrativos e políticos, insusceptíveis de estimação
econométrica e de enquadramento na economia do comportamento.
• Finalmente, os problemas técnicos econométricos.
Dada a heterogeneidade das fontes estatísticas utilizadas, o período
relativamente curto de análise e o número de variáveis exógenas consideradas, os
resultados alcançados devem ser interpretados com cautelas e reservas. Foi
utilizado o método simples do Ordinary Least Square (OLS), e os resultados foram
os seguintes: * A interpretação dos parâmetros de regressão calculados - com
todas as ressalvas apresentadas - pode conduzir às conclusões seguintes: A
interpretação é linear para este valor da elasticidade poupança - rendimento: um
incremento de 1% no rendimento médio por habitante pode induzir um acréscimo
de 0,116% na poupança interna global. Trata-se de uma capacidade de reacção
baixa dos agentes poupadores, embora aceitável nas condições do País: - o PIB pc
médio dos últimos doze anos foi de apenas 1760 USD, ou seja, o equivalente a
cerca de 4,82 USD por dia; - o consumo privado médio do período foi de cerca de
45,8% do Produto Interno Bruto; - o índice de pobreza nacional (estimado em 2001
a partir dos resultados do inquérito às receitas e despesas familiares realizado pelo
Instituto Nacional de Estatística) é de 68,2%, com 26,3% de extrema pobreza. A
interpretação deste valor é recíproca da anterior: um incremento de 1% na taxa de
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
14
variação do rendimento médio por habitante pode induzir uma redução de 0,711%
na taxa de poupança interna.
A mesma interpretação marginal: 1% de aumento na população pode induzir
um decrescimento de 1,1% na taxa de poupança interna. Em princípio a atitude
deveria ser inversa, porquanto o aumento da população normalmente arrasta um
aumento da poupança. Só que esta situação exige que haja crescimento
económico com criação de emprego e multiplicação de rendimento. No entanto: - o
desemprego é muito elevado, rondando taxas de 26% da população activa, e - as
taxas de crescimento demográfico foram muito elevadas, com uma taxa média no
período de mais de 3% ao ano. Em conclusão: os rendimentos existentes tiveram
de ser repartidos por mais pessoas, por mais desempregados e por mais pobres. O
crescimento da população só induz extensão da poupança (mais pessoas a
poupar) se for acompanhado de progresso económico com criação de emprego. O
que pode ter ocorrido no país foi uma intensificação da poupança (menos pessoas
a poupar mais), atendendo ao avolumar de certas fortunas e ao acentuar das
desigualdades. A inflação tem desempenhado uma influência muito ténue no
comportamento da taxa de poupança interna: uma variação de 1% pode ter
provocado diminuições médias da ordem dos 0,00012% na propensão ao
adiamento dos consumos. No entanto, o sinal negativo deste parâmetro de
regressão comprova que climas inflacionistas prejudicam o comportamento
poupador dos agentes, das instituições e dos cidadãos.
3.4. Tipos De Poupança
Os diferentes sectores da economia de poupança são o Sector público e
sector privado.
Sector Público - Poupança nacional bruta = poupança pública+ poupança
privada. O Estado poupa quando gasta menos do que recebe, ou seja,
quando apresenta um excedente orçamental. Parece que uma maneira de
aumentar a taxa de poupança consiste em reduzir os défices orçamentais do
Estado.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
15
Sector Privado - Poupança privada = poupança das empresas + poupança
dos indivíduos. A poupança das empresas consiste nos ganhos retidos,
aquele valor relativo aos lucros que não é distribuído pelos donos das
empresas. Uma empresa poupa quando não distribuí o seu rendimento
pelos donos e, em vez disso, retém esses fundos para os aplicar de novo na
empresa.
3.5. Perspectivas e desafios da NEPAD
Um dos desafios mais decisivos desta parceria africana para
desenvolvimento é a redução da pobreza absoluta em mais de 50% até 2015. Um
desafio que nos interessa particularmente, conhecidas que são as elevadas taxas
de pobreza no nosso país. Para que esta meta seja atingida a NEPAD afirma ser
necessário que o crescimento económico se estabeleça a uma taxa anual média de
7% durante 15 anos, o que na verdade, é extremamente difícil. Maiores
dificuldades teremos nós, uma vez que, e atendendo à destruição das infra-
estruturas, à baixa qualificação dos recursos humanos, à descapitalização etc.,
poderão ser necessárias taxas superiores. Estas cifras, para que sejam realizáveis,
colocam a grande questão da mobilização de recursos.
Neste período de tempo a taxa de crescimento médio do PIB angolano foi de
menos de 0,2%, claramente em contra pé quando comparada com os restantes
países. Uma das matérias de maior ênfase da NEPAD, reconhecendo-se que as
tentativas do passado não resultaram por insuficiência de comprometimento
político com as mudanças e o desenvolvimento.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
16
ALGUNS INDICADORES ECONÓMICOS RELATIVOS A 1999
Países População Tc pop 90-99 PIB Tc PIB PIB pc 90-99
Angola 12350 3,3 8545 -0,2 433
África 778440 2,5 543926 2,4 685
A NEPAD coloca o problema no aumento da poupança interna do
continente, dos fluxos de capitais do exterior, no aligeiramento da dívida externa e
na ajuda pública ao desenvolvimento.
Embora a NEPAD represente uma nova visão dos problemas económicos e
sociais de África e proponha soluções mais audazes para o subdesenvolvimento do
continente e para uma nova forma de inserção na economia mundial, os diferentes
países africanos vivem realidades bem diferentes umas das outras, sendo,
portanto, fundamental que cada um deles - no contexto das orientações da NEPAD
- delineie estratégias públicas e empresariais autónomas e ajustadas à natureza e
dimensão das suas insuficiências e constrangimentos.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
17
CONCLUSÃO
Concluímos que, o consumo depende da renda obtida ao longo da vida, e as
pessoas tem manter um consumo suave ao longo do tempo. A teoria do ciclo da
vida diz que a renda varia sistematicamente sobre as fases do ciclo da vida do
consumidor, e a poupança permite ao consumidor alcançar um consumo suave.
Consumidores usam a poupança e empréstimos para suavizar o seu
consumo em resposta a mudanças transitórias na renda. O consumidor toma
decisões baseadas na conjectura quanto ao futuro e escolhe o consumo para o
presente e futuro que maximize sua satisfação ao longo da vida. A escolha dos
consumidores é sujeita a uma restrição orçamentária intertemporal, uma medida do
total de recursos disponíveis para o consumo presente e futuro. O efeito renda
tende a aumentar a poupança para os que tomam mais do que concedem
empréstimos e a reduzir a poupança dos que concedem mais do que tomam
empréstimos.
Portanto, o consumo e a poupança são dois elementos que se inter-
relacionam.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
18
REFERENCIAS
Fashion Bubbles. Tipos de Consumidores e Empresarios (parte 1), 2008.
Consultado aos 17.10.2011. Disponível online em
«http://www.fashionbubbles.com/comportamento/tipos-de-consumidores-e-
empresarios/»
GOMES. Victor. Consumo e Poupança. (…). Consultado aos 17.10.2011.
Disponível online em
«http://www.victorgomes.com.br/docs/cursos/fmacro2/cons_sld.pdf»
Lucrando na Rede. Tipos de consumidores. 2011. Consultado aos 17.10.2011.
Disponível online em «http://lucrandonarede.com.br/os-7-tipos-de-consumidores/»
OLIVEIRA. Maria da Luz, PAIS. Maria João e CABRITO. Belmiro Gil - Introdução a
Economia - 10º ano. Texto Editora.
SAMUELSON, Paula e NORDHAUS, William – Economia. Ed. 18ª. Editora Suzana
Calhau. Brasil.
Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança
19
Índice
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2. CONSUMO ......................................................................................................... 2
2.1. Tipos De Consumo....................................................................................... 2
2.3. Função Consumo ......................................................................................... 4
2.4. Modelos de consumo ................................................................................... 5
2.4.1. Modelo de John Maynard Keynes ......................................................... 5
2.4.2. Modelo de George Katona ..................................................................... 6
2.5. Factores De Que Depende O Consumo ...................................................... 6
2.6. Conceitos Importantes A Cerca Da Sociedade De Consumo ...................... 7
2.7. Direitos e deveres do consumidor ................................................................ 8
2.8. Dia Mundial do Consumidor ......................................................................... 8
2.9. Alguns aspectos do comportamento do consumo ........................................ 9
2.9.1. O consumo, poupança e taxas de juro .................................................. 9
2.9.2. O consumo, rendimento e poupança ..................................................... 9
3. POUPANÇA ...................................................................................................... 10
3.1. Função Poupança ...................................................................................... 11
3.2. Incerteza E Poupança Como Amortecedor ................................................ 11
3.3. Os determinantes da poupança em Angola ............................................... 11
3.4. Tipos De Poupança .................................................................................... 14
3.5. Perspectivas e desafios da NEPAD ........................................................... 15
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 17
REFERENCIAS ....................................................................................................... 18