consumo e poupança

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Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança 1 1. INTRODUÇÃO O consumo e a poupança são variáveis microeconómicas, cujo crescimento, o Governo procurará manter dentro dos limites compatíveis com o investimento e o deficit externo projectados. Durante a apresentação do nosso trabalho destacaremos essencialmente a compreensão de itens estreitamente ligados ao Consumo e poupança. Após a introdução iremos falar sobre o consumo e neste Capítulo vamos apresentar os tipos de consumo, as funções do consumo, assim como os seus modelos. E na terceira parte abordaremos sobre a poupança, como é a sua função, também quais os determinantes da poupança em Angola, e também quais as perspectivas de África segundo a NEPAD (Nova Parceria de Desenvolvimento de África).

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Este trabalho mostra a relação existente entre o consumo e a poupança. Duas variáveis da micro-economia.

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1. INTRODUÇÃO

O consumo e a poupança são variáveis microeconómicas, cujo crescimento,

o Governo procurará manter dentro dos limites compatíveis com o investimento e o

deficit externo projectados.

Durante a apresentação do nosso trabalho destacaremos essencialmente a

compreensão de itens estreitamente ligados ao Consumo e poupança.

Após a introdução iremos falar sobre o consumo e neste Capítulo vamos

apresentar os tipos de consumo, as funções do consumo, assim como os seus

modelos.

E na terceira parte abordaremos sobre a poupança, como é a sua função,

também quais os determinantes da poupança em Angola, e também quais as

perspectivas de África segundo a NEPAD (Nova Parceria de Desenvolvimento de

África).

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2. CONSUMO

É o acto de utilizar um bem ou serviço com vista à satisfação de

necessidades. Essa necessidade tanto pode ser satisfeita recorrendo à utilização

de um bem material como de um serviço prestado por alguém.

É, também, um acto económico, pois é através dele que se satisfazem as

necessidades humanas (finalidade última da actividade produtiva) e é um acto

social, que constitui um importante indicador do nível de bem-estar de uma

população, num determinado momento (a quantidade e o tipo de bens que

consomem podem indicar-nos como satisfazem as suas necessidades).

O consumo define-se ainda como sendo uma actividade que consiste no uso

de bens e serviços pelos indivíduos, pelas Empresas ou pelo Governo, e que

implica a posse e destruição material (no caso dos bens) ou imaterial (no caso dos

serviços). Constitui-se na fase final do processo produtivo, precedido pelas etapas

da produção, distribuição e comercialização.

2.1. Tipos De Consumo

2.1.1. Consumo privado

É realizado pelas famílias e pelas empresas pertencentes à iniciativa

privada, que como agente económico, utilizam o rendimento que obtêm na

actividade produtiva para comprar bens e serviços necessários à satisfação de

suas necessidades, tais como: alimentação, vestuário, habitação, divertimentos e

outros.

2.1.2. Consumo Público

É o consumo que não se restringe às famílias, mas sim à Administração

Pública. A Administração Pública consome bens e serviços necessários à sua

actividade.

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2.2. Tipos De Consumidores

Os tipos de consumidores são:

1. Os integrados;

2. Os emuladores;

3. Os vencedores;

4. Os exploradores;

5. Os transformadores;

6. Os resignados;

7. Os inconformados.

1- Os integrados: A preocupação com família é a principal característica

desse grupo. Por isso, nunca tomam decisões individuais, sempre coletivas. Os

bens de consumo mais procurados por eles são aqueles de marcas tradicionais.

Ou seja, não arriscam novidades. Eles formam a maioria na sociedade.

2- Os emuladores: Tidos como superficiais, materialistas e esnobes. Esses

são alguns dos adjetivos usados para defini-los. Para essa camada da população,

a embalagem é mais importante do que o conteúdo. Por isso, compram tudo o que

está na moda, aparece na mídia e reflete status.

3- Os vencedores: O nome já diz tudo. Essa turma tem como objetivo

vencer na profissão. São aplicados, concentrados e organizados. Gostam de viajar,

ir a festas e praticar esportes competitivos. Quando o assunto é compra, procuram

prestígio e, acima de tudo, qualidade.

4- Os exploradores: Vivem intensamente e adoram praticar esportes de

aventura. O objetivo é buscar novas experiências e sensações. São, quase

sempre, os primeiros a aceitar as evoluções tecnológicas e comprar produtos

inovadores. Esse grupo é conhecido por criar as tendências.

5- Os transformadores: São pessoas que visam mudar o mundo

trabalhando em projetos sociais ou organizando protestos. Os consumidores desse

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gênero são os menos materialistas, vistos como intelectuais e buscam comprar

produtos que sejam política e ecologicamente corretos.

6- Os resignados: Seguem os dogmas religiosamente. Não fazem nada do

que fuja às regras, respeitam as instituições e tentam passar isso para a família.

Para essas pessoas, a compra está intimamente ligada à segurança e preço

adequado.

7- Os inconformados: É o típico grupo formado por pessoas insatisfeitas e

que esperam que as oportunidades caiam do céu. Permanecem em casa

assistindo televisão, se alimentam basicamente de fast food e fazem poucos planos

para o futuro. A compra está relacionada ao preço e a uma gratificação

instantânea.

2.3. Função Consumo

Uma das funções mas importantes da Macroeconomia é a função consumo

visto que esta mostra a relação entre o nível das despesas de consumo e o nível

de rendimento disponível pessoal. Este conceito foi introduzido por Keynes e é

baseado nas hipóteses de que existe uma relação empírica estável entre o

consumo e o rendimento

A função de consumo supõe que o comportamento dos indivíduos

relativamente ao consumo num dado período se relaciona com o seu rendimento

nesse período. A hipótese do ciclo da vida, considera que os indivíduos planeiam o

seu comportamento relativamente ao consumo e a poupança por períodos longos,

com intenção de distribuir o seu consumo da melhor forma possível ao longo de

toda vida. Em vez de se assentar num único valor pára a propensão marginal a

consumir, a teoria do ciclo da vida admite diferentes propensões marginais para

consumir em relação ao rendimento permanente, em relação ao rendimento

transitório e em relação á riqueza. As hipóteses - chave são que, a maioria das

pessoas escolhe modos de vida estáveis não poupando, em geral

desmesuradamente durante um período, para gastar desmesuradamente no

seguinte, antes consumido aproximadamente o mesmo em cada período. De uma

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forma mais simples, a hipótese é que os indivíduos tentam consumir a mesma

quantidade todos os anos.

2.4. Modelos de consumo

2.4.1. Modelo de John Maynard Keynes

Modelo usado para explicar os factores de influência na evolução dos

sistemas económicos. Considera o investimento como motor do progresso e que

corresponde à propensão a consumir, manifestação directa do dinamismo dos

consumidores. O seu modelo põe em evidência três tendências fundamentais:

a) O incitamento a investir;

b) A preferência pela liquidez;

c) A propensão a consumir.

O seu sistema económico neste modelo está determinado por duas grandes

categorias de factores: os dados e as variáveis. Os dados classificados em sete

grupos e com referência a uma dimensão psicológica:

o Volume e qualificação da mão-de-obra;

o Quantidade e qualidade dos elementos disponíveis;

o Nível tecnológico

o Intensidade da competência;

o Gostos e hábito dos consumidores;

o Atitudes dos produtores face ao trabalho;

o Estrutura social em geral;

As variáveis podem ser:

Independentes:

Análise económica;

Propensão a consumir;

A curva da eficacidade marginal do capital;

Taxa de interesses.

Dependentes:

Volume de emprego;

Produto nacional medido em unidades de salário;

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2.4.2. Modelo de George Katona

Os gastos importantes são do tipo discricional e estão sujeitos a verdadeiras

decisões, em contraste com a ideia de comportamento habitual. Os gastos não são

respostas de tipo automático às alterações de valor nos índices económicos, como,

por exemplo, os ganhos obtidos. Não é suposto que a um ganho maior

correspondam maiores gastos e vice-versa. Há ocasiões em que os gastos

superam os ganhos e outras em que maiores ganhos provocam maior poupança.

Para Katona, a alternativa encontra-se nas expectativas, que não são mais do que

uma subclasse das atitudes que se projectam no futuro e implicam selectividade.

Podemos esquematizar a sua teoria da seguinte forma:

S P C

↑ ↓

←←←←←

S – Corresponde às condições e situações económicas objectivas, tais como

recessão, taxa de desemprego, inflação, etc.

P – Corresponde às características pessoais dos agentes económicos, tais

como as aspirações, as expectativas e os estilos de vida.

C – Corresponde aos comportamentos de compra, a utilização e disposição

de bens e serviços.

O consumidor influencia as flutuações económicas através dos gastos ou

poupanças que faz.

2.5. Factores De Que Depende O Consumo

São os consumidores que, ao procurarem adquirir certos bens ou serviços

expressam as necessidades que sentem e determinam o que de futuro se irá

produzir. São muitos os factores que influenciam esse comportamento, sendo

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porventura mais importantes os que se relacionam com os aspectos económicos,

políticos e culturais.

a) Factores económicos

Naturalmente, consumir significa obter um bem no mercado para que o

consumidor tem de gastar recursos, geralmente monetários. Assim, o rendimento

dos consumidores e o nível dos preços dos bens surgem como factores a ter em

conta no acto de consumir.

b) Factores socioculturais

São inúmeros os factores de natureza sociocultural que influenciam os

consumos. Assim acontece, por exemplo, com a moda, a publicidade, as técnicas

de venda, a tradição, etc.

2.6. Conceitos Importantes A Cerca Da Sociedade De Consumo

Consumismo é o conjunto de comportamentos e atitudes susceptíveis de

induzir ao consumo indiscriminado, perigoso ou impulsivo.

Entende-se por consumeirismo a acção social permanente de grupos ou de

instituições que exprimem os interesses dos consumidores, acção essa conduzida

a vários níveis para legitimar ou aprofundar os seus direitos, incluindo-se aqui a

Entende-se por movimento dos consumidores o conjunto de

manifestações associativas e institucionais orientadas para um protagonismo e

reconhecimento jurídico nas diferentes actividades do mercado e que visam

assegurar uma intervenção geral ou específica, sistemática ou pontual, a favor da

transparência do mercado, da solidariedade entre consumidores e da renovação do

sistema de valores sociais em que a esfera do consumo e a problemática dos

direitos dos consumidores sejam inseridos nos objectivos da melhoria da qualidade

de vida.

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2.7. Direitos e deveres do consumidor

Direitos

Podem definir-se os direitos dos consumidores como o conjunto de

manifestações legais que visam sustentar as posições consumeristas e potenciar o

equilíbrio produtor - consumidor ao nível do mercado.

O consumidor é um elemento fundamental na actividade económica, é antes

de mais um indivíduo com a sua dignidade, as suas características pessoais,

portador de uma determinada cultura, enfim, um ser humano que faz do consumo

um meio de satisfação das suas necessidades e uma forma de valorização e

realização pessoal. pois o consumo deverá ser um meio e não um fim . Torna-se,

pois, imprescindível proteger o consumidor de situações abusivas criadas pela

publicidade, marketing e outras formas de promoção das vendas.

Deveres

O consumidor tem, assim a obrigação de recusar consumir bens agressivos

na sua produção ou biologicamente não degradáveis. Pois o consumidor tem

deveres a cumprir.

O consumidor deve optar:

Bio - produtos;

Preferir produtos reciclados;

Rejeitar bens que utilizem recursos não renováveis;

Rejeitar bens nocivos para o ambiente;

Não comprar produtos testados em animais;

Separar os lixos para reciclagem e colaborar na defesa das espécies.

2.8. Dia Mundial do Consumidor

O Dia Mundial do Consumidor foi instituído em 1962 quando o então

presidente norte-americano, John F. Kennedy, manifestou-se a favor dos direitos

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dos consumidores, entre eles o direito à segurança, à informação e à escolha. A

partir daí, em diversas partes do mundo, as sociedades e seus legisladores

passaram a organizar-se em prol dos consumidores e estabelecer normas de

protecção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social.

O Direito do Consumidor é o ramo do Direito que disciplina a relação dos

destinatários finais de serviços e mercadorias com seus fornecedores.

2.9. Alguns aspectos do comportamento do consumo

2.9.1. O consumo, poupança e taxas de juro

Quem poupa recebe rendimento sob forma de juros ou dividendos e ganhos

em capital (aumento do preço) das acções. Pois que a forma natural de aumentar a

poupança é fazer aumentar a sua remuneração.

É verdade que, quando a taxa de juro aumenta, a poupança se torna mais

atraente, mas também se torna menos necessária. De um modo geral, a

investigação revela que os efeitos das taxas de juro sobre a poupança são

pequenos e difíceis de encontrar.

2.9.2. O consumo, rendimento e poupança

O rendimento, consumo e poupança estão estreitamente relacionados. Mas

precisam a poupança pessoal, que é a parte do rendimento disponível que não é

consumida. A poupança é igual ao rendimento menos o consumo.

Estudos económicos demonstram que o rendimento é o principal

determinante do consumo e da poupança. Os ricos poupam mas do que os pobres,

tanto em valor absoluto como em percentagens do rendimento. Os muito pobres

não são capazes de poupar nada. Ao invés desaforam desde que possam ser

dividas ou recorrer a poupanças anteriores. Isto é, tendem a gastar mais do que

ganham, reduzindo a sua poupança acumulada ou aumentando o seu

endividamento.

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3. POUPANÇA

Se nos perguntam se sabemos o que é poupar ou o que é investir nossa

resposta mais que imediata é "Sim!". Contudo, é apenas uma resposta intuitiva,

porque se nos fizerem uma segunda pergunta: "Qual a diferença entre investir e

poupar?", muito provavelmente teremos dificuldade em respondê-la.

Em economia o conceito de poupança está directamente ligado a renda. A

renda, ou seja, aquilo que a pessoa ganha como salário ou outra remuneração,

pode ser destinada ao seu gasto "imediato" para possivelmente satisfazer uma

necessidade presente, este gasto é conhecido como consumo. Se com o seu

salário você compra roupas, alimentos ou até mesmo paga suas contas está

priorizando o valor presente do seu dinheiro, desta forma está consumindo. Mas,

se você não consumir toda a sua renda e restar ainda um saldo, este saldo poderá

se tornar uma poupança ou um investimento.

Portanto, economicamente falando, poupar seria o ato de abster-se do

consumo presente na expectativa de obter um bem-estar maior no futuro. Seja este

bem-estar gerado pela compra de uma casa ou pela segurança de possuir uma

reserva de riqueza para emergências. A famosa Caderneta de Poupança que os

bancos oferecem, nada mais é do que uns serviços para que os clientes que não

consomem toda sua renda possam destiná-la a outras actividades económicas de

nossa economia.

Quando uma pessoa deposita o que resta de sua renda na Poupança, o

Banco pega esta poupança e a empresta para outras pessoas cobrando juros mais

altos, desta forma mantém o bom funcionamento do sistema financeiro.

Por isso a pessoa que guarda seu dinheiro na Poupança recebe uma remuneração

mensal de TR+0,50%, pois o Banco de forma inteligente investe este dinheiro e

consegue uma remuneração superior, desta forma ganhando no spread, ou seja,

na diferença entre a remuneração que recebe de seus investimentos e a

remuneração que paga para os clientes que "investem" na Caderneta de

Poupança.

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3.1. Função Poupança

A função consumo proposta por keynes constitui a primeira tentativa formal

para descrever o padrão de comportamento do consumo e da poupança baseado

na renda familiar. observa-se que a poupança é uma função crescente do nível de

renda disponível, porque a propensão marginal a poupar (s=1-c) é positiva.

Também, com base na função consumo keynesiana, podemos verificar que a razão

entre o nível de consumo e o nível de renda, conhecida como Propensão Média a

Consumir, cai à medida que a renda aumenta. Essa derivação sugere que na

medida que a renda média da família aumenta, o consumo diminui e,

conseqüentemente, a poupança aumenta. Isso significa que famílias de renda mais

alta tendem a poupar mais do que as de baixa renda.

3.2. Incerteza E Poupança Como Amortecedor

A hipótese do ciclo de vida é que as pessoas poupam sobretudo para o

período de reforma. Todavia, os outros objectivos da poupança também são

importantes. Os resultados relativos a legados sugerem que parte da poupança é

feita para ser deixada como herança aos filhos. Existe também um número

crescente de provas que corroboram a opinião de que parte da poupança é uma

forma de precaução, feita com objectivo de prover dias piores. A poupança é

utilizada como amortecedor, aumentando quando os tempos são bons, de forma a

manter o consumo quando os tempos forem maus.

Estes dados são coerentes com a versão do modelo do ciclo de vida, em

que a incerteza quanto ao rendimento e as necessidades futuras se encontra

incluída implicitamente.

3.3. Os determinantes da poupança em Angola

As projecções recentemente divulgadas pelo Centro de Estudos e

Investigação Científica da Universidade Católica de Angola sobre o comportamento

do PIB até 2012 apontam no sentido duma recuperação de grande parte do

dinamismo de crescimento verificado a partir de 2003 e que tinha sido abalado pela

crise económica internacional já a partir de 2008. As cifras apresentadas sugerem

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um esforço de investimento, público e privado, significativo e o uso de políticas

económicas amigas da reposição da confiança dos empresários e incentivadoras

do aumento da produção.

Mas este investimento só é possível com poupança adequada, passados os

tempos em que se pensava que o seu financiamento podia ser feito através da

criação de moeda. Justifica-se, portanto, uma reflexão sobre as principais

determinantes da poupança interna, de modo a explicitar e compreender de que

modo a mesma se comporta. A regressão assenta numa variável dependente que

expressa a taxa média de poupança interna (SPIB) - o rácio entre a poupança

interna e o Produto Interno Bruto - e em seis variáveis explicativas: o rendimento

médio por habitante (Y), a taxa de crescimento anual do rendimento médio por

habitante (gh), a taxa de crescimento da população (h), o rácio das exportações

(EXTPIB), a taxa média anual de inflação e o rácio do crédito à economia em

relação ao PIB (CREEPIB). A poupança interna foi definida como a diferença entre

o Produto Interno Bruto e o Consumo total.

As variáveis explicativas usadas nesta estimação são variáveis - padrão

consagrado na teoria económica como determinantes do comportamento da

poupança. Existem várias ressalvas a fazer quanto a esta tentativa de estimação

dos parâmetros de comportamento da poupança em Angola:

• Em primeiro lugar, o período de análise. Doze anos não são suficientes

para se estabelecerem padrões de comportamento que sirvam de baluartes à

interpretação do fenómeno da poupança no País e de bases para o

estabelecimento das competentes políticas de incentivo. Em particular, a economia

de mercado está longe de estar estruturada em termos comportamentais,

prevalecendo ainda determinadas atitudes típicas do sistema económico

administrativo. Assim sendo, o período abarcado não é susceptível de revelar

reacções espontâneas de mercado. Prevaleceu, porém, a curiosidade de se saber

em que moldes os agentes económicos criadores de poupança têm reagido às

variações das variáveis explicativas das mutações na propensão a poupar.

• Em segundo lugar, a confiabilidade da informação. Foi bastante difícil

compilar dados estatísticos para uma série de doze anos que fossem comparáveis

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entre si e revelassem a natureza do fenómeno em análise. De resto, esta

dificuldade é comum à generalidade dos países em desenvolvimento e muito

particularmente aos países menos avançados e fica patente quando se analisa a

magnitude dos erros entre a estimativa dos valores das poupanças e a poupança

obtida como a diferença entre o PIB e o Consumo global (World Bank data bank).

• Em terceiro lugar, o enquadramento teórico. As teorias explicativas do

comportamento da poupança centram-se na poupança privada, a que responde a

estímulos de mercado e se comporta de acordo com os mecanismos gerais da

formação dos preços. A poupança com que se operou neste estudo econométrico é

uma poupança interna global, considerando-se, portanto, a poupança do Estado,

sujeita a critérios administrativos e políticos, insusceptíveis de estimação

econométrica e de enquadramento na economia do comportamento.

• Finalmente, os problemas técnicos econométricos.

Dada a heterogeneidade das fontes estatísticas utilizadas, o período

relativamente curto de análise e o número de variáveis exógenas consideradas, os

resultados alcançados devem ser interpretados com cautelas e reservas. Foi

utilizado o método simples do Ordinary Least Square (OLS), e os resultados foram

os seguintes: * A interpretação dos parâmetros de regressão calculados - com

todas as ressalvas apresentadas - pode conduzir às conclusões seguintes: A

interpretação é linear para este valor da elasticidade poupança - rendimento: um

incremento de 1% no rendimento médio por habitante pode induzir um acréscimo

de 0,116% na poupança interna global. Trata-se de uma capacidade de reacção

baixa dos agentes poupadores, embora aceitável nas condições do País: - o PIB pc

médio dos últimos doze anos foi de apenas 1760 USD, ou seja, o equivalente a

cerca de 4,82 USD por dia; - o consumo privado médio do período foi de cerca de

45,8% do Produto Interno Bruto; - o índice de pobreza nacional (estimado em 2001

a partir dos resultados do inquérito às receitas e despesas familiares realizado pelo

Instituto Nacional de Estatística) é de 68,2%, com 26,3% de extrema pobreza. A

interpretação deste valor é recíproca da anterior: um incremento de 1% na taxa de

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variação do rendimento médio por habitante pode induzir uma redução de 0,711%

na taxa de poupança interna.

A mesma interpretação marginal: 1% de aumento na população pode induzir

um decrescimento de 1,1% na taxa de poupança interna. Em princípio a atitude

deveria ser inversa, porquanto o aumento da população normalmente arrasta um

aumento da poupança. Só que esta situação exige que haja crescimento

económico com criação de emprego e multiplicação de rendimento. No entanto: - o

desemprego é muito elevado, rondando taxas de 26% da população activa, e - as

taxas de crescimento demográfico foram muito elevadas, com uma taxa média no

período de mais de 3% ao ano. Em conclusão: os rendimentos existentes tiveram

de ser repartidos por mais pessoas, por mais desempregados e por mais pobres. O

crescimento da população só induz extensão da poupança (mais pessoas a

poupar) se for acompanhado de progresso económico com criação de emprego. O

que pode ter ocorrido no país foi uma intensificação da poupança (menos pessoas

a poupar mais), atendendo ao avolumar de certas fortunas e ao acentuar das

desigualdades. A inflação tem desempenhado uma influência muito ténue no

comportamento da taxa de poupança interna: uma variação de 1% pode ter

provocado diminuições médias da ordem dos 0,00012% na propensão ao

adiamento dos consumos. No entanto, o sinal negativo deste parâmetro de

regressão comprova que climas inflacionistas prejudicam o comportamento

poupador dos agentes, das instituições e dos cidadãos.

3.4. Tipos De Poupança

Os diferentes sectores da economia de poupança são o Sector público e

sector privado.

Sector Público - Poupança nacional bruta = poupança pública+ poupança

privada. O Estado poupa quando gasta menos do que recebe, ou seja,

quando apresenta um excedente orçamental. Parece que uma maneira de

aumentar a taxa de poupança consiste em reduzir os défices orçamentais do

Estado.

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Sector Privado - Poupança privada = poupança das empresas + poupança

dos indivíduos. A poupança das empresas consiste nos ganhos retidos,

aquele valor relativo aos lucros que não é distribuído pelos donos das

empresas. Uma empresa poupa quando não distribuí o seu rendimento

pelos donos e, em vez disso, retém esses fundos para os aplicar de novo na

empresa.

3.5. Perspectivas e desafios da NEPAD

Um dos desafios mais decisivos desta parceria africana para

desenvolvimento é a redução da pobreza absoluta em mais de 50% até 2015. Um

desafio que nos interessa particularmente, conhecidas que são as elevadas taxas

de pobreza no nosso país. Para que esta meta seja atingida a NEPAD afirma ser

necessário que o crescimento económico se estabeleça a uma taxa anual média de

7% durante 15 anos, o que na verdade, é extremamente difícil. Maiores

dificuldades teremos nós, uma vez que, e atendendo à destruição das infra-

estruturas, à baixa qualificação dos recursos humanos, à descapitalização etc.,

poderão ser necessárias taxas superiores. Estas cifras, para que sejam realizáveis,

colocam a grande questão da mobilização de recursos.

Neste período de tempo a taxa de crescimento médio do PIB angolano foi de

menos de 0,2%, claramente em contra pé quando comparada com os restantes

países. Uma das matérias de maior ênfase da NEPAD, reconhecendo-se que as

tentativas do passado não resultaram por insuficiência de comprometimento

político com as mudanças e o desenvolvimento.

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Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança

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ALGUNS INDICADORES ECONÓMICOS RELATIVOS A 1999

Países População Tc pop 90-99 PIB Tc PIB PIB pc 90-99

Angola 12350 3,3 8545 -0,2 433

África 778440 2,5 543926 2,4 685

A NEPAD coloca o problema no aumento da poupança interna do

continente, dos fluxos de capitais do exterior, no aligeiramento da dívida externa e

na ajuda pública ao desenvolvimento.

Embora a NEPAD represente uma nova visão dos problemas económicos e

sociais de África e proponha soluções mais audazes para o subdesenvolvimento do

continente e para uma nova forma de inserção na economia mundial, os diferentes

países africanos vivem realidades bem diferentes umas das outras, sendo,

portanto, fundamental que cada um deles - no contexto das orientações da NEPAD

- delineie estratégias públicas e empresariais autónomas e ajustadas à natureza e

dimensão das suas insuficiências e constrangimentos.

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Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança

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CONCLUSÃO

Concluímos que, o consumo depende da renda obtida ao longo da vida, e as

pessoas tem manter um consumo suave ao longo do tempo. A teoria do ciclo da

vida diz que a renda varia sistematicamente sobre as fases do ciclo da vida do

consumidor, e a poupança permite ao consumidor alcançar um consumo suave.

Consumidores usam a poupança e empréstimos para suavizar o seu

consumo em resposta a mudanças transitórias na renda. O consumidor toma

decisões baseadas na conjectura quanto ao futuro e escolhe o consumo para o

presente e futuro que maximize sua satisfação ao longo da vida. A escolha dos

consumidores é sujeita a uma restrição orçamentária intertemporal, uma medida do

total de recursos disponíveis para o consumo presente e futuro. O efeito renda

tende a aumentar a poupança para os que tomam mais do que concedem

empréstimos e a reduzir a poupança dos que concedem mais do que tomam

empréstimos.

Portanto, o consumo e a poupança são dois elementos que se inter-

relacionam.

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Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança

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REFERENCIAS

Fashion Bubbles. Tipos de Consumidores e Empresarios (parte 1), 2008.

Consultado aos 17.10.2011. Disponível online em

«http://www.fashionbubbles.com/comportamento/tipos-de-consumidores-e-

empresarios/»

GOMES. Victor. Consumo e Poupança. (…). Consultado aos 17.10.2011.

Disponível online em

«http://www.victorgomes.com.br/docs/cursos/fmacro2/cons_sld.pdf»

Lucrando na Rede. Tipos de consumidores. 2011. Consultado aos 17.10.2011.

Disponível online em «http://lucrandonarede.com.br/os-7-tipos-de-consumidores/»

OLIVEIRA. Maria da Luz, PAIS. Maria João e CABRITO. Belmiro Gil - Introdução a

Economia - 10º ano. Texto Editora.

SAMUELSON, Paula e NORDHAUS, William – Economia. Ed. 18ª. Editora Suzana

Calhau. Brasil.

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Universidade Lusíada de Angola - Pólo Benguela Consumo e Poupança

19

Índice

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2. CONSUMO ......................................................................................................... 2

2.1. Tipos De Consumo....................................................................................... 2

2.3. Função Consumo ......................................................................................... 4

2.4. Modelos de consumo ................................................................................... 5

2.4.1. Modelo de John Maynard Keynes ......................................................... 5

2.4.2. Modelo de George Katona ..................................................................... 6

2.5. Factores De Que Depende O Consumo ...................................................... 6

2.6. Conceitos Importantes A Cerca Da Sociedade De Consumo ...................... 7

2.7. Direitos e deveres do consumidor ................................................................ 8

2.8. Dia Mundial do Consumidor ......................................................................... 8

2.9. Alguns aspectos do comportamento do consumo ........................................ 9

2.9.1. O consumo, poupança e taxas de juro .................................................. 9

2.9.2. O consumo, rendimento e poupança ..................................................... 9

3. POUPANÇA ...................................................................................................... 10

3.1. Função Poupança ...................................................................................... 11

3.2. Incerteza E Poupança Como Amortecedor ................................................ 11

3.3. Os determinantes da poupança em Angola ............................................... 11

3.4. Tipos De Poupança .................................................................................... 14

3.5. Perspectivas e desafios da NEPAD ........................................................... 15

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 17

REFERENCIAS ....................................................................................................... 18