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CONSUMO DE ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA: UMA ABORDAGEM NO ENSINO
DE CIÊNCIAS
Autora: Cleusa Ceccon da Silva 1
Orientadora: Helaine Maruska Vieira Silva 2
RESUMO
O presente artigo possui a finalidade de apresentar um relato de experiência a
partir de um projeto de implementação pedagógica para o Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE. O projeto foi desenvolvido no segundo
semestre do ano de 2011, com alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, tendo
como tema: “O estudo dos efeitos do álcool sobre o organismo humano, educando
para a responsabilização do indivíduo em relação a sua vida e saúde. O objetivo do
estudo foi propor uma discussão com adolescentes sobre o uso e abuso de álcool e
promover a integração desta discussão juntamente com a abordagem em sala de
aula sobre o sistema digestório. Para tanto, foram realizadas 08 atividades, sendo
03 atividades trabalhadas de forma não fragmentada: álcool – sistema digestório. A
integração de conteúdos distintos demonstrou ser factível como estratégia de
trabalhado em sala de aula, propiciando maior participação e interação do aluno com
os assuntos abordados. As atividades propostas foram eficazes em gerar momentos
de questionamentos e reflexões oportunizando aos educandos a criação de conflitos
cognitivos em sala de aula em relação ao uso e abuso de álcool.
Palavras-chave: álcool, adolescente, sistema digestório.
1 Autora Professora de Ciências do Colégio Arnaldo Busato - Ensino Fundamental e Médio – Verê – NRE – Francisco Beltrão – Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2010-Ciências – Vinculado a Universidade Estadual do Paraná – Unioeste – Campus de Cascavel. 2 Orientadora Professora Doutora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE –
Campus de Cascavel na Disciplina de Fisiologia Humana e Biofísica.
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ABSTRACT
This article has the purpose of presenting an account of the implementation
project for teaching Educational Development Program - PDE. Presented to actual
implementation and the theoretical anchor. This project was developed in the second
half of 2011, with students from the 8th grade of elementary school, with the theme:
“The study of the effects of alcohol on the human organism, seeking the
accountability of the individual in relation to their life and health.” Thus, the main
objective of this study is to offer information in an informal and scientific, through
which young people could make informed decisions to support and conscious about
the use of alcohol, seeking a healthier lifestyle. In the present study, we can
contribute to the formation of a critical consciousness about the effect of alcohol on
the human body, mainly in the digestive system.
Keywords: alcoholism, health, digestive system.
1 INTRODUÇÃO
O primeiro contato com drogas lícitas e/ou ilícitas ocorre frequentemente na
adolescência. Em se tratando da experimentação precoce de álcool, a mais recente
estatística da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) mostra que aumentou o
número de estudantes brasileiros que consomem álcool na adolescência. No país
foram entrevistados 48.155 jovens na faixa etária até 18 anos, e 81% deles
responderam já ter experimentado algum tipo de bebida alcoólica. Existe ainda um
documento da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD)
revelando que nos anos 70 a iniciação alcoólica se dava entre indivíduos de 14 e 15
anos de idade. Hoje, a faixa etária para a primeira ingestão de bebidas alcoólicas
teria reduzido para 12-13 anos de idade. Site Álcool e Drogas sem Distorção –
Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Einstein.
Fazer o uso de álcool ou não, é uma questão ampla e multifatorial, vários são
os estudos demonstrando os fatores de risco e/ou proteção relacionados ao
consumo de etanol, no entanto, independente da origem da problemática, é o
ambiente escolar um dos espaços importantes para a discussão com crianças e
adolescentes sobre a temática.
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Um dos grandes desafios para o educador quando se aborda o tema
“alcoolismo” ou “efeitos do álcool sobre o organismo” está na escolha da(s)
estratégias a ser(em) utilizada(s) que melhor possa(m) se ajustar diante ao Plano de
trabalho escolar. Nesta perspectiva, procurou-se trabalhar no ensino de ciências
para a 8ª série de uma escola estadual, de forma integradora, o sistema digestório e
a droga álcool, procurando debater o uso e abuso de álcool como agente
desencadeador de situações de vulnerabilidade na adolescência.
2 DESENVOLVIMENTO
Segundo Santana, Fonseca e Mozena (2009), apesar de se utilizar o termo
“droga” para classificar substâncias como maconha, cocaína e craque, essa palavra
vem de drog que significa folha seca, isso porque antigamente a maioria dos
medicamentos era feito com vegetais. Na realidade, droga é qualquer substância
capaz de modificar o funcionamento dos organismos vivos, resultando em mudanças
de comportamento ou fisiológicas.
De acordo com Brasil (2008), do ponto de vista legal, há duas formas de
classificação das drogas: licitas e ilícitas. As drogas lícitas podem ser livremente
obtidas, exemplo: fumo e álcool, sendo estas de fácil obtenção, apesar da proibição
da venda para menores de 18 anos. As ilícitas são proibida por lei, tomamos por
exemplo: maconha, cocaína, LSD, etc.
2.1 Álcool
Álcool etílico é um produto da fermentação de carboidratos presentes nos
vegetais, suas propriedades euforizantes e intoxicantes são conhecidas desde
tempos pré-históricos e praticamente todas as culturas têm ou tiveram alguma
experiência com sua utilização. É seguramente a droga psicotrópica de uso e abuso
mais amplamente disseminados em grande numero de diversidade de países na
atualidade (BRASIL, 2008).
O etanol (CH3CH2OH), também chamado álcool etílico e, na linguagem
popular, simplesmente álcool, é uma substância orgânica obtida da fermentação de
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açúcares, hidratação do etileno ou redução a acetaldeído, encontrado em bebidas
como cerveja, vinho e aguardente, bem como na indústria de perfumaria.
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo
permitido e aceito pela sociedade, ele é um dos componentes de bebidas populares
consumidas no Brasil, como a pinga e cerveja (SANTANA, 2009). Apesar de o álcool
possuir grande aceitação social e seu consumo ser estimulado pela sociedade, este
é uma droga psicotrópica que perturba o delicado equilíbrio entre as sinapses
excitatórias e inibitórias no sistema nervoso central, podendo causar dependência e
mudança no comportamento. Apesar de seu efeito de euforia, o álcool, não é um
estimulante, e sim um depressor do sistema nervoso central.
Segundo Pechanski, Szobot e Scivoletto (2004), o álcool é a substância mais
consumida entre os jovens, sendo que a idade de início de uso tem sido cada vez
menor, aumentando o risco de dependência futura. O consumo de bebidas
alcoólicas na adolescência está associado a uma série de comportamentos de risco,
além de aumentar a chance de envolvimento em acidentes, violência sexual e
participação em gangues, à morte violenta, queda no desempenho escolar,
dificuldades de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das
habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais. O consumo causa
modificações neuroquímicas, com prejuízos na memória, aprendizado e controle dos
impulsos. Os profissionais que lidam com adolescentes devem estar preparados
para uma avaliação adequada quanto ao possível uso abusivo ou dependência de
álcool nesta faixa etária.
O uso de álcool entre adolescentes é, naturalmente, um tema controverso no
meio social e acadêmico brasileiro. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define
como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº
9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens –
seja no ambiente familiar, em festividades, ou mesmo em ambientes públicos. A
sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado,
condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo
do consumo por meio da propaganda (PICHANSKI, SZOBOT e SCIVOLETTO,
2004).
2.2 Histórico do Uso de Álcool
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O Pithecantropus Erectus, ou seu ancestral, o antropóide, já se familiarizava
com o sabor das bebidas alcoólicas, ingerindo os sucos fermentados de frutas
maduras, caídas das árvores, fermentados por exposição a fermentos
aerotransportados e ao calor solar (FORTES; CARDO, 1991).
O hábito de beber, se teria originado não uma única vez, mas várias vezes na
história, em diferentes regiões geográficas que chegaram alcançar maior
desenvolvimento agrícola; como a cerveja proveniente da cultura de arroz na Índia
ou da cevada cultivada no velho Egito sendo provavelmente a primeira bebida
alcoólica elaborada pelo homem em grande escala (FORTES; CARDO, 1991).
Através da história o álcool tem tido múltiplas funções, atuando como veículo
de remédios, perfumes e poções mágicas e, principalmente, como componente
essencial de bebidas que acompanham os ritos de alimentação dos povos. Em 385
a.C. Hipócrates descreveu o uso do álcool como um fator predisponente a várias
doenças e relatou a respeito do Delirium tremens (VIVAVOZ, 2007).
Mazuca e Sardinha (2000) relatam que, inicialmente, as bebidas tinham baixo
teor alcoólico, mas, com o advento do processo da destilação surgiram novos tipos
de bebidas alcoólicas. Com a revolução industrial, por exemplo, surgiram várias
destas bebidas, contribuindo pra um maior consumo e consequentemente o
surgimento de algum tipo de problema devido ao uso abusivo destas substâncias.
Na Europa e nos Estados Unidos o consumo de álcool aumentou
consideravelmente após a revolução industrial. Em função das consequências deste
uso abusivo e dos problemas decorrentes a ele, a opinião pública pressionou os
cientistas da época a desenvolverem pesquisas, consequentemente, surgiu mais
tarde nos EUA, um movimento social denominado “temperança” com objetivo de
controlar o uso do álcool. Esse movimento culminou com a proibição da fabricação e
do uso do álcool, por meio da “Lei Seca” (1919-1932) (MARQUES, 2001).
Segundo Mazuca e Sardinha (apud RAMOS e BERTOLOTE, 1991), até
praticamente o século passado, o alcoolismo era visto dentro de uma postura
essencialmente moralista, sendo considerado um problema de caráter e, com
medidas terapêuticas, só cabiam métodos punitivos, castigos e prisão. O indivíduo
que hoje se chama de alcoolista, não passava de um bêbado sem caráter,
marginalizado por todos e tratado sem o mínimo de carinho e compreensão. Em
março de 1940 o alcoolismo foi apontado como uma doença da qual as pessoas
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seriam portadoras, ou seja, uma característica bioquímica ou biológica que tornaria
seu organismo de alguma forma incompatível com o álcool.
O conceito de síndrome de dependência se consolidou, sendo consenso nos
instrumento diagnósticos subsequentes como o DSM-IV e a CID-10, ambos
reduziram os sintomas necessários para o diagnóstico da dependência (MARQUES,
2001).
Em 1970, a OMS adotou a definição de dependência de álcool como um
problema grave e contínuo (VIVAVOZ, 2007).
2.3 O Que Leva uma Pessoa ao Vício do Álcool
Existem três determinações que os pesquisadores destacaram ao longo dos
tempos para definir o que realmente levaria ao alcoolismo, embora nenhuma delas
tenha sido confirmada como causa real do alcoolismo, e sim como marcadores de
vulnerabilidade, ainda há muitos estudos nas áreas.
2.3.1 Determinações Biológicas
A ocorrência de alcoólatras numa família não significa que o alcoolismo seja
hereditário. Membros desta família podem ter aprendido a beber simplesmente
observando os outros a beber. Mas atualmente há pesquisas que parecem indicar
que fatores hereditários podem sim levar ao alcoolismo (NASSETTI, apud
FISHMAN, 1988).
Esta hipótese começou a ser investigada cientificamente na metade deste
século, baseia-se no fato de que alcoólatras quando começam a beber, não
conseguem aparentemente se restringir a uma dose ou outra, bebendo até a
embriaguez. Este fenômeno é conhecido como perda do controle ocorreria em
consequência a uma reação fisiológica (MASUR, 1988).
Ramos e Bertolote (1990) descrevem que esta reação fisiológica é que levaria
a ingestão de quantidades cada vez maiores, contrariando a intenção inicial de
beber uma ou duas doses. Assim entendida a perda de controle independe do
controle volitivo, estando somente subordinada a mecanismos fisiológicos
disparados pelo álcool. Ao alcoolista não deve mais ser atribuída uma falha moral ou
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fraqueza de caráter, mas antes, ele deve ser considerado vítima de uma doença, o
alcoolismo, cujo sinal patológico é a perda do controle.
Consideradas em seu todo, as pesquisas sobre a contribuição genética no
desenvolvimento do alcoolismo surgem que possíveis diferenças biológicas que
distinguiriam alcoólatras de não-alcoólatras, não implicam em predisposição
orgânica ao alcoolismo propriamente dito, mas sim em diferentes probabilidades de
pessoas fazerem uso continuo do álcool, que é a primeira condição para o uso do
alcoolismo. Em síntese, o biológico daria a possibilidade de desenvolver o
alcoolismo, mas não determinaria. Seria um dos fatores de vulnerabilidade, como no
esquema abaixo (MASUR, 1988).
2.3.2 Determinações psicológicas
Por muitos anos, o alcoolismo foi explicado como resultante das desordens
psicológicas. Os alcoólatras foram caracterizados como pessoas de personalidade
problemática (NASSETTI, apud FISHMAN, 1988).
Conforme Masur (1988) um pressuposto muito divulgado, é que os alcoólatras
se caracterizam e, portanto diferem da população por traços característicos de
personalidade, como por exemplo, dependência, insegurança, passividade. No
entanto estudos que procuram fornecer evidências para estas teorias, apresentam
resultados conclusivos no sentido de ser identificado um tipo de personalidade
próprio ao alcoólatra. As características psicológicas comuns observadas entre
alcoólatras seriam resultantes do uso do álcool e não a sua causa.
Outra teoria psicológica propõe que alcoolistas são aqueles que aprendem a
lidar com os problemas existências através do álcool, ou dos efeitos deste (RAMOS;
BERTOLOTE, 1990).
Nassetti (apud FISHMAN, 1988) refere que os problemas psicológicos podem
influenciar certos indivíduos e induzi-los ao uso do álcool. Mas outras pessoas com o
Fatores genéticos → probabilidade de uso de álcool → diferentes
circunstâncias → alcoolismo. (MASUR, 1988).
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mesmo tipo de problemas não se tornaram alcoólatras, evidenciando que a fuga
através do álcool é uma das reações possíveis diante do estado de estresse. O
problema é que o vicio do alcoolismo intensifica os problemas psicológicos e se
sobrepõe a eles em vez de resolvê-los.
2.3.3 Determinações Sociais
São claras as diferenças no consumo de álcool e alcoolismo relacionados a
sexo, idade, grupos étnicos, grau de urbanização, religião. Esta observação levou a
uma crescente valorização dos fatores sociais na gênese do alcoolismo (RAMOS;
BERTOLOTE, 1990).
Nassetti (apud FISHMAN, 1988) relata que na pobreza o álcool funciona
como um anestésico moral, pois supre o individuo com o bem estar que ele não
consegue. Sociólogos dizem que as bebidas para os pobres é uma forma barata de
essas pessoas ganharem coragem para sobreviver em condições que eles mesmos
julgam subumanas. Já no estresse da competição social, (pela luta do emprego) é
um dos principais responsáveis pelo vício do alcoolismo nas classes média e alta. O
uso do álcool em rituais de festas e reuniões constitui na ilusão de que um estado de
bem estar e boa sorte pode ser obtido através do álcool.
Masur (1988) sugere que a diferença em relação a homens e mulheres que
fazem uso de bebidas alcoólicas, é reflexo de um duplo padrão moral imposto pela
sociedade, sendo que a embriaguez é menos aceitável para a mulher enquanto que
para homens pode ser considerado ate uma prova de masculinidade.
Baseado nestas três disposições do alcoolismo, conclui-se que não existe
uma explicação universal, sobre a causa do alcoolismo. Sendo que na gênese desta
complexa condição estão diferentes fatores de vulnerabilidades. As identificações
mais precisas destes fatores, certamente permitirão a planificação mais adequada
de estratégias de prevenção primaria do alcoolismo (RAMOS; BORTOLOTE, 1990).
2.4 Efeitos do Álcool
No organismo humano, o álcool é absorvido principalmente no intestino
delgado, e em menores quantidades no estômago e no colón. A concentração do
álcool no sangue depende de muitos fatores: massa corporal, quantidade de álcool
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ingerida em determinado tempo, metabolismo da pessoa que bebe, quantidade de
alimento no estômago, entre outros. Porém, quando o álcool já está no sangue, nem
comida, nem bebida interferem em seus efeitos.
O uso do álcool causa desde uma sensação de calor até o coma e a morte
alguns sintomas que podem ser encontrados são: prejuízo de julgamento,
coordenação reduzida, euforia, humor instável, diminuição da atenção, diminuição
dos reflexos, fala arrastada, prejuízo da memória e da capacidade de concentração,
vômitos, insuficiência respiratória e, como já citado, coma e morte. A combinação do
álcool com outras drogas (cocaína, maconha, tranquilizantes) pode levar ao
aumento dos efeitos (VIRTUAL, 2010).
Os efeitos do uso prolongado do álcool são diversos. Dentre os problemas
causados diretamente pelo álcool podem-se destacar doenças do fígado, coração e
do sistema digestivo. Secundariamente ao uso crônico abusivo do álcool, observa-
se: perda de apetite, deficiências vitamínicas, impotência sexual ou irregularidades
do ciclo menstrual (VIRTUAL, 2010).
2.4.1 Relação da Concentração de Álcool no Sangue com Principais Sintomas
De acordo com Mozena, Fonseca & Santana o álcool é uma das poucas
drogas psicotrópicas que tem seu consumo permitido e aceito pela sociedade. Ele é
um dos componentes de bebidas populares produzidas no Brasil. Sua
metabolização é feita no fígado; esse processo ocorre de maneira diferente em cada
pessoa, pois depende de fatores como idade peso, e estado do organismo. A taxa
ou concentração do álcool no sangue é chamada de alcoolemia; expressa em g/L é
a massa de álcool encontrada em cada litro de sangue. Devido aos efeitos do álcool
no organismo o seu consumo torna ariscada a prática de certas atividades.
O uso do álcool causa desde uma sensação de calor até o coma e a morte
dependendo da concentração que o álcool atinge no sangue. Os sintomas, de
acordo com Santana et al (2007) que se observam são:
Doses até 99mg/dl: sensação de calor/rubor facial, prejuízo de
julgamento, diminuição da inibição, coordenação reduzida e euforia.
Doses entre 100 e 199mg/dl: aumento do prejuízo do julgamento, humor
instável, diminuição da atenção, diminuição dos reflexos e coordenação motora.
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Doses entre 200 e 299mg/dl: fala arrastada, visão dupla, prejuízo de
memória e da capacidade de concentração, diminuição de resposta a estímulos,
vômitos.
Doses entre 300 e 399mg/dl: anestesia, lapsos de memória, sonolência.
Doses maiores de 400mg/dl: insuficiência respiratória, coma, morte.
2.4.2 Problemas clínicos relacionados ao consumo de álcool
Segundo o site Virtual (2010), a ingestão contínua do álcool desgasta o
organismo ao mesmo tempo em que altera a mente. Surgem, então, sintomas que
comprometem a disposição para trabalhar e viver com bem estar. Essa indisposição
prejudica o relacionamento com a família e diminui a produtividade no trabalho,
podendo levar à desagregação familiar e ao desemprego.
Alguns dos problemas mais comuns da doença, de acordo com Virtual
(2010), são:
2.4.2.1 No estômago e intestino
Gases: sensação de "estufamento", nem sempre valorizada pelo
médico. Pode ser causada por gastrite, doenças do fígado, do pâncreas, etc.
Azia: muito comum em alcoolistas devido a problemas no esôfago.
Náuseas: são matinais e, às vezes, estão associadas a tremores.
Podem ser consideradas sinal precoce da dependência do álcool.
Dores abdominais: muito comum nos alcoolistas que têm lesões no
pâncreas e no estômago.
Diarréias: nas intoxicações alcoólicas agudas (porre). Este sintoma é
sinal de má absorção dos alimentos e causa desnutrição no indivíduo.
Fígado grande: lesões no fígado decorrentes do abuso do álcool. Podem
causar doenças como hepatite, cirrose, fibrose, etc.
2.4.2.2 Esôfago
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Síndrome de Mallory-Weiss: é uma rasgadura na transição entre o
esôfago e o estômago, que pode ser causa de hemorragia. É causada pelo esforço
do vômito, por vezes, mas nem sempre, associado à ingestão e álcool.
Cancro de esôfago: a causa do cancro do esôfago é desconhecida, mas
há uma incidência maior de cancro do esôfago, nos alcoólicos.
Varizes esofágicas: a cirrose do fígado forma uma barragem ao sangue
que vem dos intestinos pela veia porta para, através do fígado, atingir a veia cava
inferior e o coração. Para vencer esse obstáculo, essa barragem, forma-se uma
circulação colateral (bypass) do sangue pelas veias do esôfago e do estômago. O
aumento da tensão do sangue nessas veias forma varizes no estômago e, sobretudo
no esôfago. Essas varizes podem romper e ser causa de hemorragia.
2.4.2.3 Estômago
Gastrite aguda: o álcool poderá, eventualmente, ser responsável pela
formação de erosões agudas do estômago. Associada à hipertensão da veia porta
pode existir uma gastrite específica chamada gastropatia hipertensiva ou gastropatia
congestiva.
2.4.2.4 Fígado
Fígado gordo (esteatose): a esteatose ou depósito de gordura nas
células do fígado pode ser um fenômeno normal que pode atingir cerca de 10% das
células. Uma esteatose mais exuberante, com aumento do volume do fígado, pode
estar associada ao álcool e a muitas outras situações das quais a obesidade é a
mais frequente. A esteatose alcoólica não evolui para hepatite aguda alcoólica nem
para cirrose alcoólica e desaparece após 3 meses de abstinência de álcool.
Hepatite aguda alcoólica: o álcool é uma das causas de hepatite aguda.
A hepatite aguda alcoólica tem mau prognóstico atingindo uma mortalidade elevada.
Os doentes que recuperam podem evoluir para cirrose se continuarem a beber.
Cirrose alcoólica: o álcool e a hepatite C são as causas mais frequentes
de cirrose em Portugal. As lesões provocadas no fígado que levam à cirrose são
atribuídas a uma ação direta do álcool e o risco de se desenvolver uma doença do
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fígado está relacionado com uma quantidade de álcool diária superior a 60 gramas
para o homem e 40 gramas para a mulher. Para aparecer cirrose são necessários 5
a 10 anos de consumo, sendo o consumo diário mais agressivo que o consumo
esporádico. Os mecanismos que levam ao aparecimento de lesões no fígado em
algumas pessoas e não noutras são mal conhecidos. Poucos doentes que não
deixam de beber sobrevivem mais de 5 anos depois do aparecimento da cirrose.
Cancro do fígado: a cirrose alcoólica pode estar associada ao cancro do
fígado, no entanto a hepatite crônica B e a hepatite crônica C são as causas mais
frequentes do cancro do fígado a nível mundial.
2.4.2.5 Pâncreas
Pancreatite aguda e crônica: a causa mais frequente de pancreatite
aguda é a litíase da vesícula, mas o álcool é responsável por cerca de 5% das
pancreatites agudas. O álcool é, no entanto, o principal responsável (cerca de 70%)
pela pancreatite crônica e pela agudização destas pancreatites.
3 METODOLOGIA
Esse trabalho de implementação pedagógica foi destinado aos estudantes da
oitava série do ensino fundamental. Antes do início do trabalho educativo, foi
entregue para cada aluno um termo de consentimento para a autorização dos pais
ou responsáveis permitir a abordagem em sala de aula do tema “consumo de álcool
e suas consequências”.
Relação das atividades propostas ao educando, conforme o planejamento:
Atividade 1: Veiculação de propagandas sobre álcool nos meios de
comunicação.
- Conteúdos abordados: bebidas alcoólicas e sua representação na mídia.
- Estratégia adotada: trabalho de observação individual e pesquisa nos
diferentes meios de comunicação referentes às campanhas publicitárias sobre o
consumo de bebidas alcoólicas.
Atividade 2: Qual foi o resultado da pesquisa?
- Conteúdos abordados: bebidas alcoólicas e sua representação na mídia.
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- Estratégia adotada: apresentação do material de divulgação coletado na
pesquisa. Realização de um debate com a questão: Você concorda com as
campanhas publicitárias que dizem “não deixe seu amigo dirigir bêbado” ou “se
beber não dirija”? Durante esta atividade foi mencionado o artigo 292º - “Condução
de veículo em estado de embriaguez”.
Atividade 3: O que você sabe sobre o álcool?
- Conteúdos abordados: composição química do álcool, histórico do consumo
de álcool pela humanidade, determinações biológicas, psicológicas e sociais
envolvidas com o alcoolismo.
- Estratégia adotada: TV pendrive e apresentação de slides
Atividade 4: Trabalhando o sistema digestório e o álcool I
- Conteúdos abordados: anatomia funcional do sistema digestório e glândulas
anexas e capacidade absortivas de cada segmento do sistema digestório. Absorção
do álcool pelo sistema digestório.
- Estratégias adotadas: aula expositiva dialogada com verbalização de
experiências e esclarecimento de dúvidas, apresentação de slides, utilização de
mapas do sistema digestório.
Atividade 5: Trabalhando o sistema digestório e o álcool II
- Conteúdos abordados: metabolização do álcool pelo fígado e principais
doenças do sistema digestório ocasionadas pelo consumo crônico de bebidas com
teor alcoólico.
- Estratégias adotadas: aula expositiva dialogada com verbalização de
experiências e esclarecimento de dúvidas, distribuição de texto do livro didático, que
cita os sintomas que se observam em relação à concentração de álcool no sangue.
Elaboração de palavras-cruzadas com o tema: sistema digestório.
Atividade 6: Trabalhando o sistema digestório e o álcool III
- Conteúdos abordados: patologias acometidas sistema digestório associadas
ao consumo de álcool
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- Estratégia adotada: apresentação de slides seguido de questionamento:
quais os motivos que levam uma pessoa a consumir álcool? Confecção de cartazes
em grupos, com imagens de revistas e jornais, para exposição no mural do colégio.
Atividade 7: Produção textual
- Conteúdos abordados: Consumo de álcool.
- Estratégia adotada: produção textual
Utilizou-se como forma de avaliação da implementação pedagógica a
participação dos alunos e análise qualitativa dos relatos colhidos nas atividades
previstas e da produção textual.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
O estudo foi realizado no Colégio Estadual Arnaldo Busato, Ensino
Fundamental e Médio, localizado no município de Verê -PR, pertencente ao Núcleo
Regional de Educação de Francisco Beltrão, PR. As ações foram desenvolvidas no
decorrer do 2º semestre de 2011, com a turma da 8ª série C do ensino fundamental,
turno vespertino.
A turma composta por vinte e cinco alunos apresentava distribuição de sexo
homogênea, sendo doze meninas e treze meninos. A faixa etária média do grupo
era de quatorze anos de idade. Todos os alunos apresentaram a autorização dos
pais ou responsáveis permitindo participação nas atividades pertencentes ao projeto.
Para introduzir o assunto foi solicitado aos alunos um trabalho extraclasse
que consistia na observação e coleta de material nos diferentes meios de
comunicação de propagandas que apresentavam associação com consumo de
bebidas alcoólicas. Ao final do prazo de sete dias, os alunos apresentaram o
resultado da pesquisa que consistiu de vídeos de propagandas de cerveja e recortes
de revistas com imagens publicitárias, dados coletados com auxílio da internet,
inclusive de informações de veiculação em rádio e TV. Ao serem questionados sobre
o acesso ao conteúdo pesquisado, os estudantes relataram não encontrar
dificuldades para obtenção do material coletado. Ao propiciar ambiente de discussão
sobre a publicidade em torno das bebidas alcoólicas percebe-se que o adolescente
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se identifica com as situações apresentadas nas propagandas e/ou assumem como
interessante para sua vida. Durante este trabalho os alunos observaram nas
propagandas de bebidas a associação com festas, mulheres bonitas e muita
diversão. Temas relacionados à diversão e/ou erotismo podem explicar, em parte a
apreciação pelo público mais jovem. A publicidade influencia o consumo de bebidas
alcoólicas de acordo com vários fatores, entre eles a exposição e apreciação de
propagandas. Assim, observamos que os adolescentes estão expostos ao marketing
financiado pela indústria de bebida alcoólica (FARIA, 2011; VENDRAME, 2009).
Diante da constatação da ampla influência de propagandas induzindo o
incentivo ao consumo de bebidas alcoólicas pelo público adolescente, como
estratégia, optou-se pela realização de um debate, tendo por base o enunciado de
campanhas publicitárias que dizem “não deixe seu amigo dirigir bêbado” ou “se
beber não dirija”. Esse método de trabalho foi selecionado devido ao enriquecimento
proporcionado, através do conhecimento adquirido, mudanças de comportamento,
análise da situação, cabendo ao professor ser o agente intermediador. Sendo assim,
o aluno é componente básico em um debate e o professor deve instruir, oferecendo
apoio para atingir os objetivos e gerar qualidade no debate e, em consequência, o
conhecimento.
No decorrer do debate os estudantes relataram várias histórias de acidentes
automobilísticos provocados por motoristas embriagados envolvendo familiares e/ou
conhecidos quer como vítimas ou responsáveis pelo evento. Ao serem questionados
se já se expuseram em uma situação de risco, ou seja, se estavam em um carro
com motorista alcoolizado, pelo menos 20% dos estudantes afirmaram a exposição.
A adolescência é conhecida como uma fase do desenvolvimento em que o indivíduo
na procura por sua identidade e em busca da socialização pode se envolver em
situações de risco, muitas vezes com consequências negativas atreladas ao uso de
bebidas alcoólicas, como exemplo os acidentes de trânsito (VIEIRA, 2007).
Durante o debate foi mencionado o artigo 292º - “Condução de veículo em
estado de embriaguez”. A ação imediata dos alunos foi afirmar que não basta fazer
leis enquanto não tivermos meios eficazes para a fiscalização e punição adequada
dos infratores. Como exemplo, a falta de cumprimento da lei devido à possibilidade
do infrator não permitir o teste do bafômetro.
Como etapa seguinte, foi ministrada aula expositiva com o uso da TV
pendrive, através de slides, com objetivo de conceituar droga e álcool e conhecer o
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Histórico do uso de álcool pela humanidade. Foi direcionado o questionamento
dessa aula para a reflexão: O que leva uma pessoa ao vício do álcool? Conforme os
apontamentos, a discussão foi conduzida a abordagem do por quê o adolescente
consome álcool e sobretudo, se vale a pena correr os riscos que as bebidas
alcoólicas podem causar. Durante a discussão alguns alunos relataram ter
“consciência” de todos os males que o consumo excessivo de álcool proporciona ao
organismo, porém, são muitos fatores que os induzem ao comportamento abusivo,
principalmente o relacionamento com seus familiares. Também foi abordado o
conflito familiar e as dificuldades existentes quando se tem um alcoólatra na família.
Vários estudos apontam que conflitos intra e interfamiliares, pouca afinidade e
proximidade com os pais, falta de diálogo entre os membros da família são fatores
de risco que induzem o adolescente ou jovem ao consumo de álcool (RAMIREZ,
2005; BAUSS, 2002). Já como fator de proteção, há relatos de associação entre
estrutura familiar consolidada na base da união entre os membros da família e
menor propensão ao uso e abuso de bebidas alcoólicas (URQUIETA, 2006).
Portanto, a família exerce papel central para evitar a inicialização precoce ao
consumo de álcool por adolescentes.
Para o encerramento da aula, apresentou-se, através de slides com o uso da
TV pendrive, o assunto determinações biológicas, psicológicas e sociais para a
predisposição ao uso abusivo de álcool.
Na próxima etapa do trabalho, abordou-se a relação da concentração de
álcool no sangue com níveis de álcool ingerido, a fim de instigar a curiosidade a
respeito da absorção de álcool pelo organismo. Na sequência, foi trabalhado em
sala de aula a anatomia e fisiologia de cada componente do sistema digestório e
glândulas anexas. Ao final da explanação os alunos descreveram toda a trajetória do
álcool pelo sistema digestório, inclusive as vias de absorção e metabolização da
droga. A integração dos conteúdos foi uma experiência didático-pedagógica
interessante, os alunos se demonstraram mais participativos e receptivos ao novo
conteúdo trabalhado. Provavelmente, como os estudantes já estavam envolvidos
com a temática inicial “consumo de álcool”, o despertar para a reflexão e curiosidade
sobre o processo de absorção e metabolização de álcool pelo organismo humano foi
o instrumento facilitador para instigar o interesse da turma sobre o “sistema
digestório”.
17
Na discussão sobre as principais patologias associadas ao álcool que
acometem o sistema digestório a utilização de slides com o recurso audiovisual
despertou interesse dos alunos pelo impacto visual de certas condições patológicas.
Ao final da apresentação questionou-se sobre os motivos que levariam um
adolescente a ingerir bebida alcoólica, apesar do conhecimento prévio sobre os
malefícios desta droga. Abaixo está transcrito alguns relatos colhidos em sala de
aula:
“A gente fica deixado de lado se não beber, se não se enturma.”
“Meu pai sempre me deixava beber um golinho de caipira desde criança.”
“Que graça tem uma festinha sem bebida alcoólica? É só para animar a
galera...”
“Eu bebo, mas pouco, sei me controlar, só para acompanhar meus amigos,
quando estamos na balada.”
“Meu tio bebia muito e morreu de cirrose.”
“Meu primo bebeu numa festa e sofreu um acidente e morreu com 22 anos.”
“Nós sabemos que beber é prejudicial, mas os meios de comunicação
incentiva. Compramos bebida alcoólica onde queremos, é chamativo.”
“Minha prima está grávida e continua consumindo bebida alcoólica. Acho que
ela é viciada.”
“Meu vizinho já está doente de consumir exagerado e briga com a família.”
Através desses relatos dos alunos, podem ser analisados vários aspectos do
comportamento adolescente em relação à ingestão de álcool:
Conforme o trabalho de Alavarse (2006), a inicialização ao consumo de
álcool ocorre entre 8-14 anos de idade, sendo que o primeiro contato
ocorreu geralmente no ambiente familiar, assim como relatado por
nosso estudante: “Meu pai sempre me deixava beber um golinho de
caipira desde criança.”
A compra de bebida alcoólica por adolescentes, como no relato: “Nós
sabemos que beber é prejudicial, mas os meios de comunicação
incentiva. Compramos bebida alcoólica onde queremos, é chamativo”,
revela a facilidade de acesso às bebidas alcoólicas, mesmo sendo a
venda de álcool proibida para menores de 18 anos, a lei deixa de ser
cumprida por falta de fiscalização (ALAVARSE, 2006).
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Outro ponto de vista a se destacar é a associação do consumo de
bebidas alcoólicas por adolescentes como forma de interação social.
Percebe-se que a conduta sociável entre o adolescente e seus pares,
sua aceitação pelo grupo está centrada no uso do álcool (SILVA,
2011); situação apresentada no relato: “Eu bebo, mas pouco, sei me
controlar, só para acompanhar meus amigos, quando estamos na
balada.”
Cabe ressaltar que o adolescente não se identifica com a situação
quando menciona os problemas de saúde ocasionados pelo consumo
de álcool. Nos relatos o sujeito acometido pelos malefícios do álcool
sempre é um parente ou conhecido: “ Meu tio bebia muito e morreu de
cirrose.” / “Meu primo bebeu numa festa e sofreu um acidente e morreu
com 22 anos.”
Durante a atividade de elaboração de cartazes com imagens recortadas de
jornais e revistas sobre o álcool, as frases contidas expressaram pouca
representação com os próprios adolescentes. São frases de pouco efeito para o
adolescente.
“Diga não ao incentivo da mídia em relação ao consumo de bebidas
alcoólicas”;
“O álcool é a droga psicotrópica de uso e abuso mais disseminados no
mundo. Cuide-se!”;
“Viva com saúde e sabedoria, sem o consumo de bebida alcoólica”.
Em relação ao texto produzido pelos alunos sobre o consumo de álcool,
observou-se o mencionar de vários aspectos sociais e de saúde abordados em sala
de aula. Por exemplo, da aluna E.F.S., 13 anos:
ALCOOLISMO NA SOCIEDADE
“Muitas pessoas não classificam o álcool como uma droga tóxica, devido a
ela ter seu consumo permitido pela sociedade, mas ele é, e afeta diretamente o
sistema nervoso central. São diversos os fatores para se começar a beber,
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familiares que tem histórico de beber, influenciados pelos amigos, para criar
coragem, e muito mais. No início o álcool gera ligeira euforia, sensação de calor,
liberdade, é tudo festa, a pessoa tem vários amigos, conhece todo mundo, mas
com o tempo vai ficando dependente, devido aos efeitos do uso começam a
aparecer, doenças no fígado, coração, impotência sexual, falta de coordenação
motora, prejuízo de memória, perda do apetite e comprometimento do
funcionamento do cérebro, a sociedade começa a excluir a pessoa, os amigos já
não saem junto, na escola a pessoa fica mau falada, não consegue se concentrar,
perde o rendimento no trabalho e com a saúde toda prejudicada vira o mau
exemplo para a família.
Hoje em dia são diversas as campanhas que demonstram os males do
alcoolismo, leis contra usar a direção alcoolizado, mas também tem muitas
propagandas que incentivam o consumo, dizendo que é um jeito de se relacionar.
Com os preços acessíveis, muitos jovens podem comprar e consumir, mesmo
tendo leis que impeçam, e as consequências disso são visíveis nos indicadores de
acidentes automobilísticos com menores de idade.
Acho que deviam ser mais levadas a sério as leis contra a venda de bebidas
alcoólicas para menores de dezoito anos, deviam ter mais fiscalização e os
policiais ser mais rígidos. As propagandas são bastantes, mas devia ser investido
mais na divulgação das consequências, nas famílias que são destruídas e nas vidas
que são arruinadas.”
Através do texto observa-se que a aluna identifica fatores de risco que
favorecem o hábito de beber. Menciona a sociedade como permissiva ao uso de
álcool através da facilidade de venda de bebida alcoólica ou mesmo pela exposição
deste público às propagandas, e ao mesmo tempo, atua recriminando, isolando o
alcoólico.
5 CONCLUSÃO
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Em temas relacionados a sérios problemas de saúde pública, como é o caso
do consumo de álcool por adolescentes e jovens, são várias as críticas às
abordagens meramente educativas, tidas como pouco eficazes. No entanto, cabe ao
educador incluir tais discussões em sala de aula, repensar formas de abordagens
que possibilite que o educador chame o educando a refletir sobre a realidade de
maneira crítica. A integração de conteúdos distintos “álcool e seus efeitos no
organismo humano” e “sistema digestório” propiciou maior envolvimento do aluno
em sala de aula. As atividades propostas foram eficazes em gerar momentos de
questionamentos e reflexões aos educandos, facilitando o desenvolvimento de
argumentações consistentes para o enfrentamento do problema: uso e abuso de
álcool.
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