constante de equilÍbrio e energia livre de gibbs de uma reaÇÃo
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UFMA – Universidade Federal do Maranhão
CCET – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Curso: Engenharia Química
Disciplina: Físico-Química II
Professora: Isaide Rodrigues
Relatório de Laboratório
Experimento I: Constante de Equilíbrio e energia livre de Gibbs de
uma reação
Alunos:
Bianca Cordeiro - 2010025437
Jeovan Araújo - 2011009447
Yaucha Vieira - 2011004870
São Luís
-2012-
CONSTANTE DE EQUILÍBRIO E ENERGIA LIVRE DE GIBBS DE UMA REAÇÃO
1. OBJETIVO:
A realização de tal experimento consiste em analisar o estado de equilíbrio que
ocorre entre o ácido acético e o etanol durante a reação química e assim, observar a
tendência que os átomos do sistema possuem em permanecerem na forma de
reagentes ou se rearranjarem na forma de produtos. Para mensurar essa tendência
em um sistema fechado, determinou-se a constante de equilíbrio da reação,
mantendo-se constante a temperatura e a pressão.
2. INTRODUÇÃO:
Algumas reações químicas, assim como as mudanças de fase, são reversíveis, ou
seja, a tendência que os reagentes têm para formar os produtos é a mesma que os
produtos têm para restaurar os reagentes. Essa situação permite um estado de
equilíbrio entre as espécies envolvidas, fazendo com que reagentes e produtos, em
determinadas condições de temperatura e concentração, coexistam em equilíbrio no
interior de sistemas fechados.
Dessa forma, o aspecto comum de um equilíbrio é a ausência de uma tendência
de mudar a direção da reação para a direta ou inversa. Isso significa que
termodinamicamente, a variação da entropia total (o grau de desordem) no sistema é
igual a zero:
∆ S total=0
Se a variação da entropia do sistema não fosse igual a zero, a direção direta ou
inversa poderia acontecer. Observando a composição da mistura reacional durante o
equilíbrio químico, ou seja, quando a variação da entropia é nula, pode-se determinar
a tendência da reação de ocorrer no sentido direto ou inverso.
As concentrações do sistema na situação de equilíbrio correspondem ao mínimo
de energia livre de Gibbs da reação. Para sistemas isotérmicos de composição e
pressão constantes, a energia livre de Gibbs (G) é uma grandeza termodinâmica que
verifica o grau de espontaneidade de uma reação. Para isso, leva em consideração
outras funções de estado do sistema, como a variação de Entalpia (quantidade de
energia do sistema - ∆H), a variação de Entropia (grau de desordem do sistema - ∆S)
e a temperatura (T).
Nestas condições, a variação de energia livre de Gibbs para um sistema é
fornecido por:
∆G = ∆H - T∆S Equação (1)
Considerando que a variação de entropia total do sistema é igual a
∆ S total=∆ S−∆HT
Equação (2)
e no equilíbrio a variação de entropia total é igual a zero (∆ S total=0¿, a variação da
entropia padrão da substância é dado em função da variação de entalpia e da
temperatura:
∆ S=∆ HT
Equação (3)
Substituindo a equação (3) na equação (1), observa-se que a energia livre de
Gibbs para sistemas em equilíbrio, mantidos a temperatura e pressão constantes, é
igual a zero:
∆G = ∆H - T∆ HT
→ ∆G = 0 (para temperatura e pressão constantes)
Diante disso, as características e a composição das misturas reacionais são
estudadas sob a ótica do potencial químico. O potencial químico (µ) é uma medida da
variação na energia de Gibbs do sistema com a variação na sua composição
(quantidade de matéria):
μ=( ∂G∂n )T , P
Para qualquer reação química existe um ponto de equilíbrio no qual não há
tendênciada reação prosseguir ou regredir. Embora o ponto de equilíbrio da maioria
das reações químicas esteja muito deslocado para o lado direito ou para o lado
esquerdo da reação, o ponto verdadeiro de equilíbrio pode ser calculado.
Seja uma reação química representada pela seguinte equação geral:
aA + bB ↔ cC + dD
Uma constante de equilíbrio, K, pode ser obtida para a equação geral,
aplicando a lei da ação das massas:
K=[C ]c [D ]d
[ A ]a [B ]b
Assim, a constante de equilíbrio K para substâncias puras pode ser dada pela
razão entre as concentrações molares dos produtos e dos reagentes de uma reação
química.
A energia livre de Gibbs para um componente i pode ser expresso em termos
de atividade usando a equação:
Gi = Gºi + RT ln ai
Portanto, as energias livres de Gibbs para os constituintes da reação geral
dada acima são:
aGA = aGºA + aRT ln aA
bGB = bGºB + bRT ln aB
cGC = cGºC + cRT ln aC
dGD = dGºD + dRT ln aD
A variação da energia de Gibbs para esta reação é:
∆G = cGC + dGD - aGA - bGB
∆G=cGC0+dGD
0−aG A0−bGB
0+RT lnaC ca Dd
aAaa Bb
A energia livre padrão de Gibbs para a reação é definida como:
∆G0=cGC0+dGD
0−aGA0−bGB
0
Para um sistema em equilíbrio, DG = 0, resulta em:
- ∆Go = RT ln aC ca Dd
aAaa Bb
Como G0 é constante para uma dada temperatura e pressão, esta expressão
se torna:
∆G0 = - RT ln K’
Onde:
K’ = aC ca Dd
aAaa Bb
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 Reagentes e Soluções:
- Solução aquosa de HCl (Isofar Industria e Comercio de Produtos
Quimicos, Ltda, de pureza de 37%, densidade de 1,19 (Kg/L) e
concentração molar de 3 mol/L).
- Solução aquosa de NaOH (1,0 mol/L)
- Fenolftaleína
- Acetato de Etila
- Ácido acético glacial
- Álcool Etílico (etanol)
3.2 Procedimento
Foram enumerados sete erlenmeyers com números de 1 a 7. A cada um dos
erlenmeyers adicionou-se os seguintes volumes (mL) de soluções mostrados
na Tabela 1 que segue:
Tabela 1 – Volume das soluções contidas nos frasco de 1 a 7
Frasco HCl (3molL-1) Ácido Acético Glacial
Etanol Água Destilada Acetato de Etila Total
1 7 2 5 142 7 2 5 143 7 2 5 144 7 4 3 14
5 7 2 5 146 7 7 147 7 7 14
Durante o período de uma semana os frascos foram deixados à temperatura
ambiente e diariamente agitados até que o equilíbrio fosse, assim, atingido.
Após esse período titulou-se cada uma das soluções com uma solução de
NaOH 1molL-1 utilizando-se fenolftaleína como indicador, os volumes titulados
de NaOH variaram em cada frasco, como pode-se observar na Tabela 2:
Tabela 2 – volume gasto na titulação
Frasco Volume (mL) NaOH (1mol L-1)
1 25.32 66.83 35.64 31.35 40.46 49.87 7.7
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Para a situação em que o sistema encontra-se em equilíbrio podemos
calcular o valor da constante de equilíbrio através das concentrações dos
produtos e dos reagentes, à temperatura e pressão constantes. No caso
específico da reação do ácido acético com etanol formando acetato de etila e
água, tem-se:
CH3COOH + C2H5OH ↔ CH3COOC2H5 + H2O
K=[CH 3COOC2H 5 ] .[H 2O ]
[C H 3COOH ] . [C2H 5OH ]
Para o cálculo da constante de equilíbrio é necessário determinar a
massa de água em cada frasco. Essa massa de água é igual a soma da água
utilizada para diluir a solução de ácido clorídrico e a água adicionada a mistura
em alguns frascos. Assim, podemos determinar a concentração de água no
equilíbrio.
O ácido clorídrico utilizado em laboratório é da empresa Isofar Industria
e Comercio de Produtos Quimicos, Ltda. Possui pureza de 37,25%, densidade
de 1,19 (Kg/L) e concentração molar de 3 mol/L.
Faz-se necessário determinar a massa de água contida nessa solução
original para ser usada nos cálculos posteriores.
Cálculos:
Precisamos calcular a massa do ácido 3 mol/L contido no volume de
250 mL:
3molL
= m
36,5gmol−1 .0,250L
m=27,375 g
Para calcularmos a massa de ácido presente em um certo volume de
solução utilizamos a seguinte relação:
d .P100
=1mL
Onde, d corresponde a densidade e P a pureza do ácido concentrado
utilizado. Sendo a densidade igual a 1,19 kg/L e pureza igual a 37,25%, temos:
1,19kg/L .37,25100
=1mL
0,443 g=1mL
O sinal de igualdade da equação acima representa uma equivalência
entre massa e volume, ou seja, em 1 mL de ácido concentrado temos 0,44 g do
ácido.
Então, sendo 18,177 g a massa utilizada em 166 mL de solução 3mol/L,
temos que:
1 mL -------- 0,443g
x mL-------- 27,375g
x = 61,795 mL
Este é o volume real de ácido contido nos 250 mL de solução 3 mol/L,
portanto o volume de água será a diferença:
Volumede Água=250mL−61,795mL
Volumede água=188,205mL
Este é o volume total de água presente em 250 mL da solução 3 mol/L
utilizada nos frascos de 1 a 7.
Em cada frasco foi adicionado 7mL de solução de ácido clorídrico.
Como em 250 mL de solução temos 188,205 mL de água, então:
188,205 mL -------- 250 mL
x mL------------------7 mL
x = 5,270 mL de água
Considerando que a densidade da água é 1g/mL, o valor acima
corresponde a 5,270 g.
Temos então:
Tabela 3 – Massa de água da solução
Frasco Massa (g) H2O
1 5,270 g
2 5,270 g
3 5,270 g
4 9,270 g
5 7,270 g
6 5,270 g
7 12,270 g
Em seguida, foi calculada a concentração de ácido acético nos frascos de 1
a 6. Este valor será obtido pela diferença do volume de hidróxido de sódio
gasto na titulação da solução do frasco 7 e dos volumes de hidróxido de sódio
encontrados nas titulações dos frascos de 1 a 6, já citados na tabela 2.
Volume encontrado na titulação de hidróxido de sódio
Volume de hidróxido de sódio usado na titulação do ácido clorídrico do
frasco 7:
VNaOH = 7,7 mL
Tabela 4 – Volume de CH3COOH
Frasco Volume de CH3COOH
1 25,3 mL – 7,7 mL = 17,6 mL
2 66,3 mL – 7,7 mL = 58,6 mL
3 35,6 mL – 7,7 mL = 27,9 mL
4 31,3 mL – 7,7 mL = 23,6 mL
5 40,4 mL – 7,7 mL = 32,7 mL
6 49,8 mL – 7,7 mL = 42,1 mL
Frasco
Concentração do NaOH (mol/L)
Volume de NaOH (mL)
Volume de CH3COOH (mL)
Concentração de CH3COOH (mol/l)
1 1 7,7 17,6 0,4382 1 7,7 58,6 0,1313 1 7,7 27,9 0,2764 1 7,7 23,6 0,3265 1 7,7 32,7 0,2356 1 7,7 42,1 0,183
Tabela 5 – Concentração e volume do NaOH e CH3COOH
Considerando o avanço da reação ξ no equilíbrio, calculou-se as
concentrações dos reagentes e dos produtos.
C H 3COOH+C2H 5OH ↔CH 3COOC2H 5+H 2O
Tabela 6 – Avanço da reação
CH3COOH
C2H5OH
CH3COOC2H5 H2O
INICIO 1 mol 1 mol 0 0EQUILIBRI
O 1-ξ mol 1-ξ mol ξ mol ξ mol
Cálculo das concentrações no equilíbrio:
Média das concentrações do ácido acético: 0,310 mol L-1
Cálculo do avanço da reação no equilíbrio a partir da concentração do
ácido acético:
0,310mol L−1= 1−ξmol
14.10−3 L
ξ=0,996mols
O número de mols de etanol é igual ao número de mols do ácido
acético, então, conclui-se que a concentração deles é a mesma, no
equilíbrio:
[CH 3COOH ]= [C2H 5OH ]=0,310mol L−1
A partir do avanço pode-se calcular a concentração molar do
acetato de etila:
[CH 3COOC2H 5 ]= ξ
14.10−3 L
[CH 3COOC2H 5 ]=0,996mols
14.10−3L
[CH 3COOC2H 5 ]=¿ 0,71 mol L-1
Tabela 7 – Concentrações no equilíbrio
CONCENTRAÇÕES NO EQUILIBRIO (mol L-1)CH3COOH CH3CH2OH CH3COOC2H5
0,31 0,31 0,71
Usando a seguinte equação para se calcular a constante de equilíbrio:
K=[CH 3COOC2H 5 ] .[H 2O ]
[C H 3COOH ] . [C2H 5OH ]
K= 0,71mol L−1 .1mol L−1
0,31mol L−1 .0,31mol L−1
K=7,39
A partir do valor obtido de K, calculou-se a energia de Gibbs padrão, ∆G0 para
o processo. Considerando a temperatura ambiente 30 ºC (303,15 K) e R=8,314 J mol -1
K-1. Têm-se:
ΔG0=−RT lnK
ΔG0=−5041,10J mol−1 = -5,041 KJ mol-1
5. CONCLUSÃO:
Com o experimento realizado, pôde-se analisar as propriedades do sistema
fechado na condição de equilíbrio. A reação química estudada é reversível e por
isso, há uma tendência de os átomos se rearranjarem na direção de formação
dos reagentes e dos produtos. Entretanto, é necessário analisar a energia livre
de Gibbs da reação, com o intuito de determinar a sua espontaneidade e assim,
o sentido em que ela ocorre. Com os cálculos da constante de equilíbrio
verificou-se que a concentração dos produtos é maior do que a concentração
dos reagentes, o que prova que a reação ocorre espontaneamente no sentido de
formação dos produtos. Além disso, outro fato que confirma a espontaneidade
da reação em tal sentido foi o valor negativo encontrado da Energia Livre de
Gibbs (ΔG0<0¿. Isso ocorre em virtude de os átomos da reação se rearranjarem
na tentativa de diminuir a sua energia potencial química e, por isso, a energia
potencial final da reação é menor do que a energia inicial.
6. REFERÊNCIAS
Atkins, P., De Paula, J, Físico-Química, 8ª Ed., vol. 1, cap. 9:
Equilíbrio químico. Castellan, G., Fundamentos de Físico-
Química.
Atkins, P., De Paula, J, Físico-Química, 8ª Ed., vol. 2, cap. 9:
Equilíbrio químico. Castellan, G., Fundamentos de Físico-
Química.
Castellan, Gilbert. Fundamentos de Físico-Química. Rio de
Janeiro: LTC, 2011.
http://bioquimica.ufcspa.edu.br/pg2/pgs/quimica/energilivre.pdf
(Data e Horário de acesso: 21/01/2013 às 16:23)