consignas de livros didÁticos de lÍngua uma anÁlise dos atos de fala...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Lizane Ferreira
CONSIGNAS DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA UMA ANÁLISE DOS ATOS DE FALA DIRETIVOS
EM PORTUGUÊS E EM ESPANHOL
Niterói 2007
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Lizane Ferreira
CONSIGNAS DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA UMA ANÁLISE DOS ATOS DE FALA DIRETIVOS EM
PORTUGUÊS E ESPANHOL
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras, sub-área Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira – Espanhol - da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Ucy Soto
Niterói 2007
FOLHA DE APROVAÇÃO FERREIRA, Lizane. Consignas de Livros Didáticos de Língua. Uma Análise dos Atos de Fala Diretivo em Português e Espanhol. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras, sub-área Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira – Espanhol - da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________ Prof. Dra. Mônica Mayrink – UNESP Araraquara
(membro titular)
_________________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Almeida – UFF
(membro titular)
_________________________________________________________ Profa. Dra. Ucy Soto – UNESP Araraquara / colaboradora UFF (Orientadora)
“Ai, palavras, ai, palavras, Que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida Principia à vossa porta.”
Cecília Meireles
A Mariana, minha filha, fonte de
inspiração e vida.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me indicar o verdadeiro caminho.
À Banca de prova de projeto: Prof. Fernando Almeida e Profa.Consuelo Alfaro pelos enriquecedores questionamentos levantados;
À Profa. Ucy Soto, por ter abraçado a idéia deste trabalho; À Profa. e amiga Luciana Teixeira pelos livros, textos e dicas tão
preciosos; Aos meus irmãos Lillian, Elsângela e Joaquim, porque jamais me
deixaram desanimar; A minha querida mãe, Eva, pela atenção e entusiasmo, mesmo nos
momentos difíceis; Ao meu querido Pai, Joaquim, pelo exemplo e por ter deixado vivo o
melhor de si; A minha filha Marianinha pelo empréstimo do seu livro de português e
pela paciência em entender minhas ausências; Ao meu cunhado Cícero por todos os questionamentos levantados desde
minha graduação e por estar sempre disposto a me ajudar; A minha querida família de Niterói: Paula ,Tia Dilma e Vó Maria Amélia
por me acolherem; Aos meus amigos: Andréia, Paty, Mei, Carla, Vilmara , Carol , Alexandre ,
Paulo Henrique e Marcela pela força em continuar; Aos meus alunos que sempre despertaram em mim a vontade de
aprender mais.
RESUMO
FERREIRA, Lizane. Consignas de livros didáticos de língua: uma análise dos atos de fala diretivos em português e em espanhol. 105 p. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2007 (orientador Profa. Dra. Ucy Soto)
Na presente pesquisa, procura-se investigar a realização dos atos de fala
diretivos a partir de um recorte centrado na análise de materiais didáticos de espanhol e português de língua materna e de língua estrangeira. O foco deste trabalho se centra, portanto, em como se estabelece a interação material didático-aluno. Busca-se realizar um estudo descritivo-comparativo ao analisar o ato de fala diretivo - que foi denominado como consigna - em livros didáticos. Desta forma, faz-se uma reflexão sobre o funcionamento do discurso pedagógico em língua portuguesa e língua espanhola e busca-se uma definição para consigna a partir da análise de seu funcionamento nos livros didáticos de ensino de línguas.Visando a maior precisão dos resultados, verifica-se como se dá a formulação das consignas nos livros didáticos, levando em consideração o tipo de linguagem em que as consignas são elaboradas; o tipo de atividades que as seguem; a forma e a modalidade oracional que as consignas podem assumir e o tipo de tratamento encontrado nelas. Os resultados demonstram que de forma geral as consignas parecem ter um comportamento que se atém mais ao fato de serem veiculadas em língua materna ou em língua estrangeira que com a questão de serem em português e em espanhol. As consignas dos livros de português e de espanhol de língua materna se aproximam, assim como as de português e de espanhol língua estrangeira também. A única exceção é a questão do tratamento, que toca a questão de variedades diferentes de uma mesma língua (espanhol da Argentina e espanhol da Espanha).
Palavras-Chave: Ato de Fala Diretivo; Consigna; Polidez; Discurso Pedagógico.
ABSTRACT In the present research, it tries to investigate the question of the directives from a clipping centered in the analysis of didactic materials of Spanish and Portuguese of mother tongue language and foreign language, therefore, the focus of this work is how this didactic material -pupil interaction establishes. This dissertation aimes to carry through a descriptive-comparative study when analysing the act of directive speech - that it was called as consigns - in didactic books. In such a way, one becomes a reflexion on the functioning of the pedagogical speech in Portuguese language and Spanish language and searchs a definition for consigns from the analysis of its functioning in didactic books of education of languages. Aiming at the biggest precision of the results, it is verified how is done a formulation of consignses in didactic books, taking into consideration the type of language where the consigns are elaborated; the type of activities that follow them; the way and the oracional modality that the consigns can assume and the type of treatment found in them.The results demonstrate that, in general, consignses seem to have a behaviour that it more abides to the fact that are propagated in their mother tongue language or in foreign language that with the fact of being in Portuguese and Spanish. The consignses Portuguese and Spanish books of mother tongue language are similar, whereas of Portuguese and Spanish foreign language also. The only exception is the question of the treatment, that touches the matter of different varieties of one same language (Spanish of Argentina and Spaniard of Spain). Key-Works: act of directive speech, consigns, politeness, pedagogical speech.
RESUMEN
En este estudio, se investiga la cuestión de los directivos a partir de un recorte vuelto en el análisis de materiales didácticos de español y portugués de lengua materna y de lengua extranjera, por lo tanto, el foco de este trabajo es como se establece la interacción entre el material didáctico y el alumno. Esta disertación realiza un estudio descriptivo y comparativo al analizar el acto de habla directivo - que ha sido denominado como consigna – en libros didácticos. De esta manera, se ha reflexionado sobre el funcionamiento del discurso pedagógico en lengua portuguesa y lengua española y se ha conseguido una definición para consigna a partir del análisis de su funcionamiento en los libros didácticos de enseñanza de lenguas. Para ser más preciso con los resultados, se hace una verificación de la formulación de las consignas en los libros didácticos, llevando en cuenta su tipo de lenguaje; las actividades que las posponen, la forma y la modalidad de la oración que las consignas pueden asumir y el tipo de tratamiento usado en las consignas. Los resultados demuestran que en general las consignas suelen tener un comportamiento que tiene que ver mucho más con el hecho de estar en lengua materna o en lengua extranjera que con la cuestión de estar en portugués y en español. Las consignas de los libros didácticos de portugués y de español de lengua materna se acercan, mientras que las de portugués y español lengua extranjera también. La única excepción es en relación a la cuestión de tratamiento, pues ahí trata de una cuestión de variedades distintas de una misma lengua (español de Argentina y español de España).
Palabras-clave: Acto de Habla Directivo; Consigna; Cortesia; Discurso Pedagógico.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 As linguagens usadas nas consignas: verbal, não-verbal e Ø ............ 65
Gráfico 2 Os tipos de atividades privilegiadas .................................................... 73
Gráfico 3 As manifestações em que se apresentam as consignas .................... 82
Gráfico 4 A modalidade Oracional adotada nas consignas ................................ 89
Gráfico 5 A questão do tratamento nas consignas ............................................. 93
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES SOBRE O INÍCIO DE UM PERCURSO ............................... 13
1 QUANDO DIZER É MAIS QUE “SIMPLESMENTE DIZER” ........................ 20
1.1 Teoria dos Atos de Fala ................................................................................. 20
1.2 Forças Ilocutórias e Formas lingüísticas ....................................................... 22
1.3 Teoria da polidez ............................................................................................ 24
1.4 Discurso pedagógico = Discurso autoritário?.................................................. 29
1.5 Uma definição para Consigna e a questão do livro didático .......................... 33
2 DIRETIVOS, POLIDEZ E CONSIGNAS – REVISÃO DA LITERATURA E
QUESTIONAMENTOS ...................................................................................
38
2.1 Revisão da literatura sobre a temática............................................................ 38
2.2 Diretivos em português e em espanhol: um ponto realmente
problemático?..................................................................................................
46
3 ANÁLISE DAS CONSIGNAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO DE
LÍNGUA ..........................................................................................................
54
3.1 Descrição dos Livros Didáticos Analisados ................................................... 54
3.1.1. LD de língua estrangeira de português ................................................ 54
3.1.2. LD de língua materna de português ..................................................... 56
3.1.3. LD de língua estrangeira de espanhol ................................................. 59
3.1.4. LD de língua materna de espanhol ...................................................... 60
3.2 Critérios e Metodologia Utilizados Na Análise ............................................... 61
3.3 As Linguagens Usadas nas Consignas: Verbal, Não-Verbal e Ø .................. 64
3.4 Os Tipos de Atividades Privilegiadas ............................................................. 70
3.5 A Manifestações em que se Apresentam as Consignas ................................ 78
3.6 A Modalidade Oracional Adotada nas Consignas .......................................... 85
3.7 A Questão do Tratamento nas Consignas ..................................................... 89
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 100
APÊNDICE ............................................................................................................ 104
ANEXOS .............................................................................................................. 105
13
CONSIDERAÇÕES SOBRE O INICIO DE UM PERCURSO
Nosso desejo inicial, ao começarmos o Mestrado, era trabalhar com a
questão, melhor dizendo – seguindo nossa percepção na época –, com o problema
do imperativo e, o que acreditávamos, naquele momento, ser sua causa: a hipótese
do input pobre ou, dito de outra forma, a qualidade “deficiente” da amostra a que os
alunos estavam expostos. Parecia-nos, então, uma equação bastante lógica: como
os brasileiros que aprendem espanhol estão expostos a um baixo input de formas
imperativas – porque nós, brasileiros, não usamos imperativos - afirmávamos então -
isso resulta em uma baixa e deficiente produção desta forma.
No entanto, ao nos defrontarmos com os trabalhos realizados na área e
com a complexidade das questões que dizem respeito à linguagem e ao ensino,
percebemos que seria impossível trabalhar com nossa primeira idéia. Decidimos,
portanto – não sem relutância –, que era necessário encarar o problema a partir de
um recorte e de uma teoria que nos auxiliasse a pensar essa grande temática que é,
ao mesmo tempo, lingüística e pedagógica: o lugar que ocupa a atividade de fazer
com que o aluno aprenda algo. Mas será que somos realmente os professores os
que “fazemos” os alunos aprenderem? Esta questão não será aqui respondida, mas
ela, de alguma forma, nos ajudou a pensar o nosso recorte para a dissertação que
aqui apresentamos.
Em um primeiro momento, cogitamos analisar a interação entre
professores nativos / não-nativos de espanhol e alunos brasileiros. A hipótese
seguia sendo a mesma, a do input pobre. A idéia era a de que os professores
brasileiros não ofereciam amostras suficientemente significativas - por influencia da
língua materna - para que os alunos pudessem aprender a usar os imperativos de
14
forma proficiente. Contudo, por vários motivos, entre eles, os questionamentos
levantados durante a prova de projeto, acabamos nos defrontando com a fragilidade
de nossa hipótese inicial e, de certa forma, com o quanto era ingênua nossa
concepção da relação linguagem e educação.
Na busca da montagem de um corpus que fosse relevante, uma nova
questão foi se delineando: Se com a presença de um professor o input ao que
estava exposto o aluno já era pobre, imagine o que aconteceria em um material de
auto-aprendizagem. Ou ainda, como é que se davam as instruções didáticas em
meios multimídia ou através de novas tecnologias on-line que dispensassem a
presença de um professor. Ou seja, mudamos o foco do nosso olhar da interação
professor-aluno para a interação material didático-aluno.
Porém, mais uma vez nos deparamos com um impasse. O universo de
materiais didáticos de auto-aprendizagem disponíveis no mercado brasileiro, tanto
de espanhol como de português como língua estrangeira, era muito pequeno. Não
havia quase nenhum material multimídia (uma exceção foi o curso Aprenda a hablar
español em CD-Rom, distribuído pela Folha de São Paulo em 1998) e os poucos
“livros” encontrados eram de qualidade bastante duvidosa (15 minutos Espanhol –
Aprenda o idioma com apenas 15 minutos de prática diária, em CD-Rom também
pela Publifolha, 2005), entre outros. De língua portuguesa para estrangeiros só
encontramos livros didáticos.
Para nossa surpresa, descobrimos uma coisa que não cabia em nossa
hipótese inicial: os livros didáticos de português de língua materna formulavam
muitas de suas consignas didáticas na forma imperativa do verbo. Então, nossa
hipótese do input se viu afetada e começamos a trabalhar com o recorte presente
nesta dissertação.
15
Tendo como base uma ampla literatura (Fernández, 1998; Aguiar, 2002;
Meniconi, 2003, entre outros), que descreve o estranhamento que experimentam os
falantes brasileiros de português e os falantes de espanhol, por utilizarem
estratégias diferentes para formulação de atos de fala diretivos1, redirecionamos
nossa investigação à questão dos diretivos, centrando-nos na análise de materiais
didáticos. Nosso trabalho busca realizar um estudo descritivo-comparativo do que
definimos como consignas didáticas em um tipo tradicional de material: o livro
didático do aluno, também conhecido como manual, amplamente utilizado na sala de
aula de línguas como auxílio à atividade pedagógica, construída entre alunos e
professores no ambiente escolar.
Como uma das características fundamentais do discurso pedagógico é
fazer uso do ato de fala diretivo para levar o aluno a realizar determinadas atividades
ou chegar a certas reflexões, no livro didático, este tipo de discurso e suas
formulações de linguagem deverão necessariamente estar presente.
Acreditamos que a relevância deste estudo reside não somente na
necessidade de investigarmos e conhecermos melhor o uso do material didático,
mas, também, no questionamento de como o livro didático faz com que o aluno faça
algo e, assim, possamos conhecer um pouco mais do funcionamento do discurso
pedagógico. Sem esquecer o argumento de que os materiais didáticos, hoje em dia,
se constituem como uma das ferramentas importantes da ação pedagógica do
professor e, portanto, precisam ser avaliados.
Garrido, segundo Meniconi (2003, p. 41) salienta que, desde a década de
80, principalmente, a partir dos anos noventa, numerosos autores ofereceram muitas
propostas de avaliação e análise de materiais didáticos.
1 - Como, por exemplo, a preferência pelo uso da forma imperativa do verbo em atos diretivos no espanhol.
16
Melone ( apud Meniconi, 2003, p. 42), aponta ainda que a avaliação de
materiais didáticos é muito importante porque, embora haja uma grande variedade,
muitos deles não estimulam a descoberta, a pesquisa e a análise crítica dos alunos,
e muitas vezes, não contextualizam o aluno em seu ambiente sociocultural. Portanto,
nossa pesquisa também pretende contribuir para o campo de avaliação de materiais
didáticos, de forma indireta.
Formulamos, desta maneira, como nosso objetivo geral, refletir sobre o
funcionamento do discurso pedagógico em língua portuguesa e língua espanhola, a
partir de enunciados efeti vamente formulados em livros didáticos de língua,
Destacamos como objetivos específicos.
ü refletir e buscar definir o que seriam consignas a partir da análise de seu
funcionamento em livros didáticos de ensino de línguas;
ü verificar como se dá a formulação da linguagem das consignas nos livros
didáticos;
ü estabelecer se existe algum tipo de regularidade entre as consignas que são
formuladas em livros didáticos de português e de espanhol, como língua
materna e como língua estrangeira;
Com esses objetivos em mente e, considerando a lacuna de estudos
sobre comandos didáticos de uma forma geral, propusemo-nos a analisar o ato de
fala diretivo em livros didáticos, que denominamos como consignas. Mais adiante, no
Capítulo I, problematizaremos e definiremos este termo, tendo como referência livros
didáticos produzidos com a variedade de português do Brasil e do espanhol da
Espanha e da Argentina. Destacamos este fato, pois, embora não seja foco do
nosso trabalho, existe uma ampla literatura (Soto, 2001; Faraco,1996;
Weinberg,1994) sobre o fenômeno de variação da 2ª pessoa do discurso em ambas
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línguas. No entanto, o que buscaremos em nossa descrição é apresentar o que é
usado nesse contexto de discurso pedagógico.
A escolha dos livros didáticos de dois países hispânicos diferentes,
Argentina e Espanha, justifica-se, pelo fato de levarmos em consideração que o uso
dos diretivos em ambos os países parece dar-se por meio de formas mais diretas
que no Brasil, segundo os trabalhos de Fernández (1998), Aguiar (2002), Meniconi
(2003). A hipótese desses trabalhos é a de que os falantes do português brasileiro e
os falantes hispânicos (tanto da Espanha como da Argentina) se utilizam de
estratégias diferentes para formulação de atos de linguagem diretivos.
Selecionamos, pois, para a nossa análise, dois livros didáticos de espanhol: um de
espanhol para estrangeiros e o outro de espanhol para nativos, e dois livros
didáticos de português: um de português para estrangeiros e o outro de português
para nativos.
Os livros de espanhol são:
Lengua 7 de Carmen Bavio, Editora Kapelusz, Argentina, 2000 (7ª
série, ensino de espanhol como língua materna).
Gente 1 de Ernesto Martín Peris e Neus Sans Baulenas, editora
Difusión, Barcelona, 2005. (livro texto de ensino de espanhol como
língua estrangeira)
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Os livros de português são:
Português linguagens, 6ªsérie (7ºano), de William Roberto Cereja e
Thereza Cochar Magalhães, editora Atual, 3ª edição reformulada, São
Paulo, 2006 (ensino de português como língua materna).
Tudo bem? Português para a nova geração de Maria Harumi Otuki de
Ponce, Silvia R. B. Andrade Burim e Susanna Florissi, editora SBS, 1ª
edição, São Paulo, 2000 (Volume1, de ensino de português como
língua estrangeira).
Esta dissertação está organizada da seguinte maneira: o capítulo a seguir
discute a parte teórica da pesquisa, mostrando os principais conceitos que
fundamentam este trabalho: A teoria dos Atos de Fala; As forças Ilocutórias e formas
lingüísticas; a Teoria da Polidez. Este capítulo discute também a questão do
discurso pedagógico como um discurso autoritário e propõe uma definição para
consigna (Consigna didática).
O Capítulo 2 apresenta uma revisão literária sobre os trabalhos
desenvolvidos na área sobre diretivos, polidez e consignas. Além disso, esse
capítulo apresenta sobre o imperativo verbal, qual seu papel no português e no
espanhol e qual a relação entre a forma imperativa e a função diretiva.
O Capítulo 3 descreve os livros didáticos de português e espanhol (de
língua materna e de língua estrangeira) que fazem parte desta análise, em seguida,
apresenta os critérios e a metodologia usados para a coleta de dados e para a
identificação, classificação e análise qualitativa das consignas encontradas nos livros
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didáticos de ensino de língua. Posteriormente, neste mesmo capítulo, realizamos a
análise das consignas e apresentamos os resultados em forma de gráfico seguido
de uma discussão e exemplificação. O primeiro gráfico traz a discussão sobre em
que tipo de linguagem podem vir expressas as consignas. O segundo gráfico discute
os tipos de atividades privilegiadas que são introduzidas pelas consignas estudadas.
O terceiro gráfico discute as formas que a consigna pode tomar. O quarto
gráfico discute a modalidade oracional das consignas. Finalmente, o último gráfico
discute o tratamento que predomina nas consignas.
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CAPÍTULO 1
QUANDO DIZER É MAIS QUE “SIMPLESMENTE DIZER”
Neste capítulo, buscamos apresentar as principais questões teóricas que
fundamentam nosso trabalho. Para nós, a linguagem e o ensino são objetos de difícil
apreensão em toda sua complexidade. No presente trabalho, concebemos a
linguagem não como uma estrutura, um sistema fechado, mas como uma das
formas de ação que o homem realiza no mundo, sobre o mundo e, também, sobre a
própria linguagem quando a utiliza. Por esse motivo, adotamos como ponto de
partida, para nossa discussão, a teoria dos Atos de Fala e a teoria da Polidez.
1.1. TEORIA DOS ATOS DE FALA
O tipo de ato de fala que enfocamos neste trabalho é o chamado ato
“diretivo”. A denominação dessa classe tem sua origem na obra How to do things
with words de Austin em 1962. Segundo Kerbrat-Orecchioni (2005, p.15), esta obra
reúne as doze conferências proferidas em 1955 pelo filósofo inglês na Universidade
de Harvard e constitui a verdadeira certidão de nascimento da teoria dos speech
acts (atos de fala).
Mas Austin não foi o primeiro a afirmar que dizer é também fazer. Bem antes disso, diversas correntes do pensamento, pertencentes a diferentes campos disciplinares, já haviam formulado essa idéia, em termos e perspectivas variados. De Aristóteles a Perelman, a retórica se define como o estudo da arte de persuadir pelo discurso. (KERBRAT-ORECCHIONI, 2005, p. 17)
O primeiro autor moderno a retornar a necessidade de se entender o uso
da língua através dos atos de fala foi Austin (apud Kerbrat-Orecchioni, op.cit., p.7)
quando afirmou que: “[o]s enunciados não descrevem ou informam ou constatam
21
nada, não são verdadeiros ou falsos, o enunciado de uma sentença ou é a execução
de uma ação, ou é parte dessa execução”.
Searle (1981, p.33), seguindo o mesmo pensamento aponta que o ato de
fala é a unidade mínima de comunicação. Então, ao realizar um ato de fala, o falante
tem a intenção de produzir certo efeito através do reconhecimento, por parte do
ouvinte, dessa sua intenção. “falar uma língua é adoptar uma forma de
comportamento regido por regras... falar é executar actos de acordo com certas
regras”.
Assim, Searle (Aguiar, 2002 p.19) revisa a taxonomia de Austin e
apresenta outra alternativa, distinguindo cinco tipos de atos de fala:
ü Representativos: o falante se compromete à verdade da proposição expressa
(ex: afirmar);
ü Diretivos: o falante tenta levar o ouvinte a fazer algo. (ex: pedir, ordenar);
ü Comissivos: o falante se compromete a fazer algo. (ex: prometer);
ü Expressivos: o falante exprime seu estado psicológico sobre um estado de
coisas especificado no conteúdo proposicional do ato. (ex: desculpar-se);
ü Declarativos: o falante faz com que o estado de coisas representado na
proposição seja realizado através da declaração de que este estado de coisas
existe. (ex: declarar).
Além disso, os atos de fala podem ser diretos e indiretos. Nossa pesquisa
visa a levantar como aparecem os diretivos nos livros didáticos; portanto,
verificaremos e analisaremos as formas que o diretivo pode assumir nesses
materiais.
Uma das principais contribuições de Searle ao estudo dos atos de fala é a
análise do ato de fala indireto, definido como a realização de um ato ilocucionário
22
através de um outro ato ilocucionário (Searle apud Aguiar, 2002 p. 21). É o caso, por
exemplo, da insinuação, em que o falante diz algo além do que foi proferido.
Especificamente com relação aos diretivos, o autor considera a polidez
como a principal motivação para a sua formulação indireta e, uma vez que certas
formas de polidez tendem a se tornar convenções, o mecanismo de significação dos
diretivos indiretos está relacionado também a tais convenções. (Searle apud Aguiar,
2002 p. 21).
O ato de linguagem indireto (expressão elíptica que designa o ato de linguagem formulado indiretamente) sempre que um ato se exprime sob a cobertura de um outro ato. Por exemplo, em “Você pode fechar a porta?”, o valor de ordem se exprime por meio de um ato aparente de interrogação (valor “normal” da estrutura interrogativa). [...] Searle (1982) denomina de “secundário” o ato de interrogar e de “primário” o ato de ordenar. No entanto, do ponto de vista da interpretação, pode-se dizer que o valor de pergunta é “literal”, e o valor de ordem, “derivado”. (CHARAUDEAU, MAINGUENEAU, 2004, p. 74-5)
Para Medina (1999, p. 3887), “el acto de habla que presenta este
desacuerdo entre tipo oracional y tipo de acto de habla (o entre la forma lingüística
del enunciado y la fuerza ilocutiva) se denomina ‘acto de habla indirecto’. Al mismo
tiempo, se entiende por acto indirecto aquel que se lleva a cabo a través de otro acto
de habla (que es entonces directo)”.
1.2. FORÇAS ILOCUTÓRIAS E FORMAS LINGÜÍS TICAS
Medina (1999, p. 3881-2) diz que os enunciados têm um significado com
uma força que levam a produzir um outro ato (força ilocutiva). Por trás dessa força
ilocutiva do enunciado está o entendimento de uma promessa, de uma ameaça, de
um pedido, de uma afirmação, de um rogo [...] todo ato está composto por um ato
locutivo (de dizer algo), e de um ato ilocutivo (de fazer algo ao dizer algo). Além
23
disso, produz uns efeitos (ato perlocutivo). Por exemplo: ao dizer ISiéntate!2 (ato
locutivo) se convida alguém para se sentar (ato ilocutivo) e se lhe convence (ou não)
de que se sente (ato perlocutivo). Resumindo, “se dice algo para conseguir algo,
para producir determinadas consecuencias, pero se puede realizar el acto ilocutivo,
por ejemplo una pregunta, sin perseguir el efecto asociado convencionalmente a las
preguntas, sino para acusar a alguien: “¿Cúanto ha ganado usted con la
administración de nuestra comunidad?”
Segundo Kerbrat-Orecchioni (2005), Searle considera que todo enunciado
lingüístico funciona como um ato particular (ordem, pergunta, promessa, etc.) que
tem o objetivo de produzir um certo efeito e implicar uma certa modificação da
situação interlocutiva. Ele chama de illocutionary force o componente do enunciado
que lhe dá seu valor de ato. Essa força ilocucionária se aplica ao conteúdo
proposicional do enunciado. Mas, muitas vezes, apesar de se aplicar ao mesmo
conteúdo proposicional, as formas podem se opor quanto a sua força ilocutória. Por
exemplo: “João fuma muito” não tem a mesma força ilocutória de “João fuma
muito?”, pois no primeiro caso, a declarativa tem mais força ilocutória que o segundo
caso em que se trata de uma pergunta.
No caso deste trabalho, em que nos interessamos pelos diretivos nos
livros didáticos, temos um exemplo de um conteúdo proposicional similar, mas com
força ilocutória distinta: “Está preparado para começar a leitura?” e “Leia o texto
abaixo”. No segundo caso, o comando é mais direto que no primeiro, há uma diretriz
do que fazer claramente enunciada, já no segundo exemplo a pergunta, poderia –
pensemos em um aluno brincalhão – levar a uma resposta que não necessariamente
implicasse no ato de ler. “Sim, estou preparado.” E mais nada. No entanto, a questão
2 Note-se que o verbo está na forma imperativa.
24
das consignas é bem mais complicada, como veremos no Capítulo 3, pois o próprio
contexto (livro didático) já pressupõe certos tipos de comportamentos.
Do ponto de vista terminológico, convém distinguir os atos de linguagem
ou atos ilocutórios das forças ilocutórias, já que, muitas vezes, como havíamos dito
anteriormente, custa aos alunos reconhecer ou realizar certos atos. Isso se dá por
não identificarem a força ilocutória utilizada pelo falante nativo da língua e/ou por
trazerem da língua materna uma outra forma de organizar conteúdos proposicionais
e atos de linguagem.
1. Os atos de linguagem, ou atos ilocutórios,(...) correspondem às diferentes ações que podem ser realizadas por meio da linguagem (como a ação de prometer ou de ordenar, mas não as ações de correr ou tricotar). O funcionamento desses atos é regido por regras que fazem parte daquilo que Saussure chama de língua (langue)- isto é, por sinal, o que justifica que o tradutor tenha escolhido ato de linguagem em vez de ato de discurso como equivalente da expressão searliana speech acts. 2. As forças ilocutórias,(...) correspondem , num dado enunciado, ao componente que permite ao enunciado funcionar como um ato particular: assim, “Feche a porta!”, por exemplo, possui uma força ilocutória de ordem, a qual vem se combinar com o conteúdo proposicional do enunciado para lhe dar seu valor global. ( KERBRAT-ORECCHIONI, 2005, p. 28)
1.3. TEORIA DA POLIDEZ
No campo da Pragmática e da análise das interações, a teoria da Polidez,
desenvolvida por Brown e Levinson remete ao fato de que, para manter um mínimo
de harmonia entre os interactantes, estes devem se esforçar para “atenuar” os
diversos Atos Ameaçadores da Face (doravante FTA) que eles são levados a dirigir
a seus parceiros de interação (ordens, críticas, refutações, recriminações etc.), para
que não sejam tão agressivos às faces sensíveis e vulneráveis dos participantes.
Dessa forma, há procedimentos atenuadores e intensificadores que podem “polir”,
para não serem agressivos às faces ou reforçar o ato de linguagem para aumentar o
25
impacto. Esses Atos Ameaçadores da Face são de natureza muito diversa:
procedimentos lexicais, morfossintáticos, prosódicos (tom da voz, marcas de
hesitação) ou mímico-gestuais (sorriso, inclinação da cabeça). (Charaudeau e
Maingueneau, 2004, p.235).
Meniconi (2003, p. 34) destaca ainda que, para Brown e Levinson, ao
fazer o descobrimento do uso da língua, estamos descobrindo os princípios das
relações sociais. Por isso, os autores observando culturas, similaridades de
princípios abstratos no uso da polidez, construíram um modelo pessoal do falante
que levam em consideração duas propriedades: racionalidade e face. A
racionalidade é um “modelo de pensamento orientado dos fins para os meios que
levam àqueles fins”, em contra partida, a face representa o desejo de ser livre e de
ser aprovado em certos aspectos.
Assim, face é a imagem pública que todos os membros desejam
preservar, podendo ser:
a) negativa : desejo de ter liberdade de ação, de não sofrer imposições por
parte dos demais, de dominar o próprio território; o desejo de que as ações não
sejam impedidas por outros; e
b) positiva: consiste na preservação da auto-imagem positiva ou
personalidade; inclui o desejo de que esta auto -imagem seja apreciada e aprovada;
o desejo de que o seu desejo seja desejável por, pelo menos, alguns outros; desejo
de ser compreendido, entendido, apreciado, admirado. (Meniconi, 2003)
Como atos ameaçadores de face negativa do ouvinte, Brown e Levinson
(op.cit.) destacam entre outros, as ordens, pedidos e ameaças. Como o nosso
trabalho tem como objeto de estudo as consignas, ou seja, o enunciado que faz com
26
que o aluno faça algo, vamos ficar atentos a como os diretivos (as ordens) aparecem
no livro didático.
Rodrigues (2005 A, p. 13) diz que “o ser humano, em cada contato social,
oral ou escrito, segue um padrão de atos verbais (e não verbais), através dos quais
apresenta sua avaliação dos participantes e de si mesmo. O termo “face” é definido,
então, por Goffman (apud Rodrigues idem) como “o valor social positivo que uma
pessoa reclama para si mesma através daquilo que os outros presumem ser a linha
por ela tomada durante um contato específico.”
Charaudeau (apud Rodrigues, 2005 A p. 14) diz que:
Um mesmo enunciado numa situação comunicativa dada testemunhará de um sujeito que terá, simultaneamente, uma certa intenção discursiva, um certo comportamento de proteção, vários implícitos a deixar entender e uma certa identidade social a manifestar (voluntariamente ou não). CHARAUDEAU (apud Rodrigues, 2005 p. 14A)
Além disso, a preferência por um ato pode consistir em substituir a
expressão ameaçadora por uma formulação mais edulcorada. Entre essas escolhas
substitutivas estão, os atos de fala indiretos, cujo uso se baseia em um cuidado de
polidez. Os atos indiretos podem vir da seguinte forma na oralidade, segundo
Charaudeau e Maingueneau (2004, p. 71).
Para ordem, a substituição da construção imperativa por:
a) uma pergunta: “Você pode/quer fechar a janela?”;
b) condicional: “Você poderia fechar a janela?”, “Você deveria ir embora”;
c) imperfeito de polidez: “Eu queria perguntar se...”;
d) condicional + passado: “Eu teria gostado muito de saber se...”;
e) construção impessoal ou passiva: “Aqui não se fuma”, “Esse problema não foi
resolvido corretamente”;
27
f) lítotes: “Eu não estou completamente de acordo com o senhor”, “Gostaria
tanto que o senhor não fumasse”;
g) eufemismo: em um estabelecimento comercial – “O que posso te
oferecer?”,em contexto acadêmico: “Menção honrosa”, informação
confidencial”, “Esse trabalho me deixa perplexo”etc.;
h) procedimentos que os acompanham: as fórmulas de polidez há muito tempo
repertoriadas (“obrigado”, “por favor”, “de nada” etc.);
i) enunciados preliminares (“Você pode me fazer um serviço?”, “Posso pedir
uma coisa?”, “Posso fazer uma observação?”);
j) procedimentos reparadores (desculpas e justificativas);
k) desarmadores, por meio dos quais, ao mesmo tempo, alguém se antecipa e
tenta desarmar uma eventual reação negativa do destinatário (“Não gostaria
de incomodar, mas...”, “Sem querer mandar, feche a porta.”);
l) os apaziguadores, que visam a compensar, com algum tipo de “doçura”, a
dureza do FTA (Atos ameaçadores da Face) “Tenha a bondade de me
acompanhar”, “Querida, me passe o sal”, “Meu anjo, feche a porta”, “Minha
flor, pode me dar uma mão?”;
m) os modalizadores, que imprimem um tom menos peremptório à asserção
(“Parece-me que...”, “ Acho/Penso que ...”, “(Pelo menos) do meu ponto de
vista”);
n) os minimizadores, enfim, que têm a função de reduzir, aparentemente a
ameaça do FTA, e que constitui um dos procedimentos favoritos da polidez
negativa (“Eu só queria...”, “Queria só (apenas) perguntar se...”, “Isso é só
para saber se...”, “Posso te dar um pequeno conselho?”, “Você pode me dar
cinco minutinhos?”, “Mais um dinheirinho, por favor”), e este exemplo que
28
ilustra bem a diferença entre os dois valores, ritual e dimensional, do
diminutivo: ( -“Eu gostaria de um bifinho. – Grande? – Médio. ”);
o) cumulativos; exemplo de pedido: “Gostaria de te pedir, se isso não te
atrapalhar, para me levar, se você for na minha direção, pois eu acabo de
perder o último metrô...” (formulação indireta +imperfeito de polidez +
minimizador de incursão+ justificativa).
Em contrapartida, os elementos intensificadores, “quando acompanham
um FTA, eles “agravam” o carácter não-polido como podemos ver no exemplo:
“Feche essa janela imediatamente!”. Charaudeau e Maingueneau (2004, p. 71).
Na maior parte das línguas, o conjunto de atenuadores e de
intensificadores é rico e diversificado. Esses procedimentos desempenham, com
efeito, um papel fundamental no sistema de preservação/valorização das faces dos
interlocutores, garantia do bom funcionamento da interação.
No caso de nossa análise do livro didático, temos que levar em
consideração que a maioria dessas manifestações de diretivos descritas até agora
dizem respeito a formas produzidas em conversa face-a-face e em contextos de
oralidade. Assim sendo, como poderemos ver no Capítulo 3, em que apresentamos
a metodologia, propomos uma classificação baseada nos diretivos descritos na
literatura, mas também nos servimos de insights que tivemos a partir das análises
iniciais de algumas das unidades dos livros didáticos. Ressaltamos que dois dos
expedientes já mencionados anteriormente são freqüentemente encontrados nas
consignas dos livros didádicos: a ordem em forma de pergunta e os cumulativos.
As teorias de polidez são muito úteis ao lingüista: elas mostram que, no sistema da língua, estão inscritos muitos fatos cuja existência se justifica - e que são interpretáveis - somente em relação às exigências da polidez, isto é, de acordo com a etimologia da palavra, pela necessidade de polir seus comportamentos a fim de torná-los menos grosseiros para as faces de
29
outrem - fatos aparentemente muito heterogêneos, e que a lingüística tinha tratado até então de forma dispersa, no quadro da retórica das figuras (eufemismo, lítotes, hipérbole etc.), ou da pragmática contemporânea (atos de linguagem indiretos), mas que passam a constituir sistema a partir do momento em que são associados aos princípios da polidez. Paralelamente, essas teorias demonstram a importância social da polidez. Ainda que nem tudo se reduza às questões de face, ainda que a polidez não se aplique a todas as situações, ainda que ela seja apenas a “virtude das aparências”, a polidez não se reduz a uma simples coleção de regras formais mais ou menos arbitrárias: ela desempenha um papel fundamental na regulação da vida em sociedade, permitindo conciliar os interesses geralmente desencontrados do Ego e do Alter, e manter um estado de equilíbrio relativo e sempre precário entre a proteção de si e a consideração de outrem. Ora, é sobre esse equilíbrio que repousa o bom funcionamento da interação. Quaisquer que sejam as variações (de fato consideráveis) das formas que pode assumir, a polidez é universal, pois não se pode conceber um mundo sem “maneiras” - sem civilidade, é a guerra civil. (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2004, p. 384)
Segundo Vidal (1995, p. 39), nos últimos dez anos, vem se
desenvolvendo uma corrente de investigação empenhada na caracterização precisa
entre os sistemas e as estratégias de polidez de várias culturas. O resultado global
mais evidente desses estudos é, sem dúvida nenhuma, a comprovação de que
existem enormes diferenças entre as culturas no que se refere aos donos da
palavra. Conseqüentemente, muitos trabalhos estão voltados para analisar as
dificuldades de comunicação derivados de tais diferenças.
1.4. DISCURSO PEDAGÓGICO = DISCURSO AUTORITÁRIO?
Para alguns, o já-dito é fechamento de mundo.porque estabelece, delimita, imobiliza. No entanto, também se pode pensar que aquilo que se diz, uma vez dito, vira coisa no mundo: ganha espessura, faz história. E a história traz em si a ambigüedade do que muda e do que permanece. (ORLANDI,1987,p. 9)
Antes que adentremos no que se refere ao Discurso Pedagógico, é
importante que façamos uma breve definição de Análise do Discurso.
30
Orlandi (1987, p.11) considera que “a Análise do Discurso (AD) abre um
campo de questões no interior da própria Lingüística e que refere o conhecimento da
linguagem ao conhecimento das formações sociais.”
A Lingüística se distingue da Análise do Discurso em pontos cruciais, pois
a Análise do Discurso pretende uma teoria crítica que trata da determinação histórica
dos processos de significação e trabalha com os processos e as condições de
produção da linguagem. Fundamenta-se em que há uma relação necessária da
linguagem com o contexto de sua produção. Dessa forma, a Análise do Discurso se
articula sobre o campo das ciências sociais, sem deixar de constituir sua unidade no
interior da teoria lingüística. Na Análise do Discurso, o texto é visto como
monumento e não como documento. A Análise do Discurso problematiza a atribuição
de sentido ao texto, procurando mostrar tanto a materialidade do sentido como os
processos de constituição do sujeito, que instituem o funcionamento discursivo de
qualquer texto. Para Análise do Discurso não há discurso sem sujeito nem sujeito
sem ideologia. (Orlandi,1987,p. 12).
Nessa perspectiva teórica, encontramos o que profere Orlandi (1987, p.
15), no artigo “O discurso pedagógico: a circularidade”, que caracteriza o discurso
pedagógico como sendo um discurso autoritário. Segundo a autora, o discurso
pedagógico é um discurso circular, isto é, um dizer institucionalizado sobre as
coisas, que se garante sozinho, sem a voz do outro. Além disso, dissimula como
transmissor de informação, e faz isso caracterizando essa informação sob a rubrica
da cientificidade. (op.cit., p.28)
Acreditamos que as consignas encontradas nos livros didáticos, embora
se incluam no que Orlandi designa como discurso pedagógico, estão perdendo um
pouco dessa unilateralidade, pois, outras vozes vêm sendo incluídas em seu cerne,
31
como, por exemplo, quando se inclui na realização da tarefa proposta pela consigna:
“vamos fazer o exercício?” ou no emprego de formas diretivas menos diretas: “Você
deve pedir ao seu amigo para trazer cartolina”. O fato de haver outras formulações
menos diretas nas consignas seria o indício de que, mesmo com a responsabilidade
de manter o discurso de poder, este estaria sendo atenuado pelo uso de formas
diretivas indiretas? Nos termos de Orlandi (1987), o que estaria acontecendo seria
considerado mais bem como um mascaramento entre quem ordena e quem
obedece. Mas para refletirmos sobre esta afirmação necessitamos ver o que nos diz
a análise de nossas consignas, a partir dos resultados encontrados no Capítulo 3.
Tomando como base o referente e os participantes do discurso, Orlandi
(op.cit.) caracteriza o discurso de três formas:
ü Discurso lúdico: seu objeto se mantém presente enquanto tal e os
interlocutores se expõem a essa presença, levando à polissemia aberta.
ü Discurso polêmico: mantém a presença do seu objeto, sendo que os
participantes não se expõem, mas, ao contrário, procuram dominar o seu
referente, dando-lhe uma direção, indicando perspectivas particularizantes,
levando à polissemia controlada.
ü Discurso autoritário: o referente está ausente, oculto pelo dizer; não há
realmente interlocutores, mas um agente exclusivo, resultando na polissemia
contida.
Ainda no tocante ao discurso autoritário, a autora afirma que o:
Discurso Pedagógico aparece como discurso do poder, isto é, como em R. Barthes, o discurso que cria a noção de erro e, portanto, o sentimento de culpa, falando, nesse discurso, uma voz segura e auto-suficiente. A estratégia, a posição final, aparece como o esmagamento do outro [...] (ORLANDI, 1987, p. 17).
32
Para essa autora ensinar é mais do que informar, explicar, influenciar ou
mesmo persuadir; ensinar aparece como “inculcar”. Então, baseando-se nessa idéia,
ela aponta como quebra de leis do discurso as leis enunciadas por Ducrot (apud
Orlandi,1987 p. 17): o interesse, a utilidade ou a lei da informatividade.
ü Lei da informatividade: se se quer informar é preciso que o ouvinte
desconheça o fato que se lhe aponta.
ü Lei do interesse: não se pode falar legitimamente a outrem senão aquilo que
possa interessar-lhe.
ü Lei da utilidade: “lei psicológica” segundo a qual não se fala somente por falar,
mas porque há uma utilidade em fazê-lo.
Além dessas leis gerais válidas para o comportamento lingüístico, há uma
regulamentação social importante a ser seguida. Por exemplo, para ordenar, exige-
se uma certa hierarquia entre quem ordena e quem obedece. No discurso
pedagógico, o que há é um mascaramento (Orlandi,1987,p. 18).
A transmissão de informação e fixação são consideradas objetivos do DP. Até o momento falamos do tipo de “informação” (comportamento) que ele “transmite” (inculca). Gostaríamos, agora, de falar sobre a natureza dessa “informação”. E sua característica está em que ele se pretende científico. O estabelecimento da cientificidade do DP pode ser observado especialmente em dois pontos: a) a metalinguagem e b) a apropriação do cientista feita pelo professor. (ORLANDI, op.cit., p.19)
Na metalinguagem o “que se visa é a construção da via científica do saber
que se opõe ao senso comum, isto é, constrói-se aí o reino da objetividade do
sistema.” (Orlandi, op.cit.,p. 19). No caso do professor-cientista, apaga-se o modo
pelo qual o professor se apropria do conhecimento do cientista, tornando-se ele
próprio possuidor daquele conhecimento. A opinião assumida pela autoridade
docente torna-se definitória (e definitiva). Dizer e saber se equivalem e a voz do
33
saber fala no professor. No nosso estudo, a autoridade docente está incluída ou
disfarçada nos enunciados das atividades dos livros didáticos.
A distância entre a imagem ideal e o real é preenchida por presunções, mediação essa que não é feita no vazio mas dentro de uma ordem social dada com seus respectivos valores. As mediações se sucedem em mediações provocando um deslocamento tal que se perdem de vista os elementos reais do processo de ensino e aprendizagem.(ORLANDI, op. cit. , p. 21)
O livro didático é um exemplo em que se tem esse caráter de mediação e
cuja função sofre o processo de apagamento e passa de instrumento a objeto.
O que interessa, então, não é saber utilizar o material didático para algo. Como objeto, ele se dá em si mesmo, o que interessa é saber o material didático (como preencher espaços, fazer cruzinhas, ordenar seqüências, etc.). A reflexão é substituída pelo automatismo, porque, na realidade, saber o material didático é saber manipular. (ORLANDI, 1987, p. 22)
Orlandi (op.cit.) acredita que devemos questionar os implícitos, os
locutores, o conteúdo, a finalidade, o sentido dado ao ensino pelo DP do poder.
Também devemos fazer a mesma coisa com o discurso que nós reproduzimos
internamente no trabalho pedagógico e questionar as condições de produção desses
discursos.
1.5. UMA DEFINIÇÃO PARA CONSIGNA E A QUESTÃO DO LIVRO DIDÁTICO
Uma das grandes dificuldades que encontramos neste trabalho foi a de
caracterizar claramente o que viria a ser consigna. Primeiro, porque não
conseguimos bibliografia específica que definisse o termo. O que nos deixou
bastante motivada para buscar mais informações, pois se tratava de uma temática
não somente novo para nós, mas, pelo visto, para área de uma forma mais genérica.
Portanto, o que apresentaremos aqui como definição não estará baseada
34
diretamente no trabalho de um autor específico, mas no que lemos e no que
observamos de nossos dados.
A palavra consigna não existe em português, mas seu referido verbo
“consignar”, v.t. Confiar; enviar (mercadorias) a alguém para que as negocie;
determinar (renda ou soma de dinheiro para despesa ou pagamento) con.sig.nar.
(Bueno, 2000). Essa palavra, porém, existe em outras línguas românicas (Espanhol
e Francês)3, mas nenhum desses significados cabe ao que nos propomos avaliar.
O único trabalho que tivemos acesso que trata de consignas – utilizando
esta terminologia - foi o de Bolla (2000), que aborda a dificuldade discente em
3 consigna (de «consignar») 1 («Circular, Dar, Pasar, Recibir, Tener») f. *Orden o *instrucción de carácter general que se da, o que se transmiten unas a otras las personas que intervienen en una misión, conjura, etc.: ‘Circuló entre los estudiantes la consigna de no entrar en clase’. ¤ Mil. Particularmente, la que se da al jefe de un puesto o a un centinela: ‘Tenemos la consigna de no retroceder ocurra lo que ocurra’. Þ Slogan [o eslogan]. Ó Pancarta. 2 (gralm. sin artículo) Lugar en las estaciones de *ferrocarril y otros medios de transporte donde se pueden dejar depositados los equipajes para recogerlos posteriormente. (María Moliner Diccionario de Uso Español Versión Eletrónica Versión 2.0 (2.1.4.1.) Madrid : Gredos, 2001.) (De consignar).1. f. En agrupaciones políticas, sindicales, etc., orden que una persona u organismo dirigente da a los subordinados o afiliados.2. f. En las estaciones de ferrocarril, aeropuertos, etc., local en que los viajeros depositan temporalmente equipajes, paquetes, etc.3. f. Mil. Órdenes que se dan a quien manda un puesto, y las que este manda observar al centinela. (Diccionario de la lengua española Vigésima segunda edición © Real Academia Española, 2003 © Espasa Calpe, S.A., 2003 Edición electrónica Versión 1.0) consigne [kTsiQ] n. f. • fin XVe , rare av. 1740; de consigner 1 (1740) Instruction stricte donnée à un militaire, un gardien, sur ce qu'il doit faire. ? ordre. Donner, transmettre la consigne à qqn. C'est la consigne. règlement. Observer, respecter la consigne. Ne connaître que la consigne. « Le capitaine commandant la garnison passa les consignes à son successeur » (Mac Orlan). — Loc. fam. Manger la consigne : oublier d'exécuter ce qui est demandé. Brûler la consigne : ne pas s'y conformer. — Par ext. Toute instruction. « Il faut savoir voir sans voir. Pas de scandale, c'est la consigne » (Aragon). 2 (1803) Défense de sortir par punition. Soldats en consigne. consigner. Donner quatre heures de consigne à un élève. retenue; fam. colle. 3 (1848) Service chargé de la garde des bagages déposés provisoirement (dans une gare, un aéroport, etc.); lieu où les bagages sont déposés. Mettre sa valise à la consigne. ? consigner. Retirer son bagage de la consigne. ? déconsigner. Bulletin de consigne. Consigne automatique : armoire métallique qui s'ouvre par l'insertion d'une pièce et donne une clé ou un code. 4 Somme remboursable versée à celui qui consigne un emballage. Dix francs de consign (Nouveau Petit Robert Eletronique , Paris, 2001)
35
interpretar as consignas, como vimos no Capítulo 2. Mas neste artigo a autora não
apresenta uma definição explicita para o termo.
Inicialmente, pensamos as consignas como enunciados que fizessem
fazer fazer algo, porém, mais tarde, vimos que essa definição teria que ser matizada,
pois nos deparamos com várias dúvidas no levantamento das consignas dos livros
didáticos. Meio ao levantamento, nos demos conta de que as consignas algumas
vezes tomavam forma de pergunta. Nos questionamos, como podemos diferenciá-
las das perguntas que tinham por objetivo a compreensão textual, por exemplo, ou
levar o aluno a solucionar questões gramaticais? Como fazer a diferença entre o que
é simplesmente modalidade da oração – oração interrogativa – e o que toma forma
de pergunta com força ilocutória de consigna pedagógica? Então, começamos, a
partir daí, a delinear uma definição para consigna que explicitamente nos servisse de
base para este trabalho.
Partindo desses questionamentos, do trabalho com nossos dados e da
teoria de atos de fala, propomos que o termo consigna seja entendido como um
enunciado verbal ou não-verbal que, por pertencer ao discurso pedagógico, tem
força ilocutória para fazer com que o aprendiz realize uma atividade / trabalho, que
tem por objetivo auxiliá-lo em sua aprendizagem. Neste enunciado estabelece-se
uma relação entre o sujeito que ensina e que, pode dizer ao que aprende, o que
fazer.
As consignas a que nos referimos, portanto, não se limitam somente a
fazer-fazer, mas a fazer-fazer para aprender, em um discurso específico, o
pedagógico.
O livro didático é um dos principais suportes para o discurso pedagógico
na atualidade. Mas é importante ressaltar que, o que se chama de livro didático não
36
pode ser confundido com um gênero do discurso. O livro didático de língua serve de
suporte para abrigar um universo de linguagens, de textos, de idéias (boas e ruins) e
de reflexões sobre a linguagem.
Usamos a expressão, gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica [...] são inúmeros: telefonema, sermão, bilhete, reportagem jornalística, carta pessoal, receita culinária, [...] e assim por diante (MARCUSCHI, 2002, p. 23).
Segundo Marcuschi (2003, p. 15), há uma confusão na definição de livro
didático, pois alguns o vêem como gênero textual, mas para esse autor, o livro
didático é o suporte de muitos gêneros textuais. Acreditamos que, no Brasil, é
principalmente através deles que os gêneros circulam na sociedade, dado que este
é o tipo de livro mais vendido e um dos poucos que circulam em todas as camadas
sociais. Então, o referido autor distingue a noção de gênero e de suporte,
destacando que, dependendo do lugar em que o texto circule, este definirá o tipo de
gênero. Por exemplo, no texto:
“Paulo, te amo, me ligue o mais rápido que puder. Te espero no fone 55 44 33 22. Verônica .”
Se esse texto está em um papel colocado sobre a mesa de Paulo, pode
ser um bilhete; se for passado por uma secretária eletrônica é um recado; se for
passado pelo correio em um formulário próprio, pode ser um telegrama; se exposto
em um outdoor pode ser uma declaração de amor pública (ou uma peça publicitária).
O conteúdo não muda, mas o gênero estará relacionado ao tipo de suporte usado
para passar a mensagem. (op.cit.)
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Baseando-nos nesta passagem, podemos, ao retomarmos nossos
objetivos neste trabalho, oferecer o seguinte exemplo: um comando, se realizado em
uma loja, é um pedido em uma relação de encontros de serviço (como veremos mais
adiante no Capítulo 2)-; se vindo em um livro didático, já não pode ser compreendido
como simples pedido, será considerado como uma consigna. Muda a situação de
enunciação, muda o valor ilocutório do comando. Portanto, as consignas didáticas,
cujo objetivo é fazer fazer aprender, só possuem esse valor porque se encontram
dentro de um livro didático, suporte que torna oficial e autorizado o discurso
pedagógico.
O suporte livro didático possui uma diagramação específica que visa não
somente a separação das unidades/dos capítulos, mas também a compreensão das
atividades por parte do aluno. Essas divisões ou subdivisões podem não ser claras,
mas pelo contrato comunicativo que carrega o livro didático, o aluno “sabe” o que é
esperado que faça mesmo quando o comando não está explícito; pelo simples fato
do texto estar no livro didático significa que ele está ali para ser lido, mesmo que não
haja nenhuma consigna que diga: “Leia o texto abaixo”.
Para nós, as partes que dividem o livro didático no presente trabalho são
compreendidas como “macro-consignas” que têm a intenção de ser mais explicativas
as diferentes partes, separando os tópicos gramaticais dos textuais, etc.
38
CAPÍTULO 2
DIRETIVOS, POLIDEZ E CONSIGNAS: REVISÃO DA LITERATURA E
QUESTIONAMENTOS
2.1. REVISÃO DA LITERATURA SOBRE A TEMÁTICA
Nesta parte de nossa pesquisa, fazemos um breve levantamento dos
trabalhos encontrados que, de alguma forma, têm como cerne de sua investigação o
estudo dos diretivos, da polidez através de atos de fala diversos.
Isabel Gretel M.E. Fernández, em sua tese de doutorado intitulada O
Imperativo Verbal Espanhol - Estudo das estratégias utilizadas no seu uso por luso-
falantes brasileiros (1998), se baseia no fato de que as funções do Imperativo verbal
(diretivo imperativo)4 espanhol costumam ser fonte de dificuldades e de erros para o
aprendiz brasileiro e se propõe a verificar em sua tese, através de um estudo
comparativo e contrastivo entre o português do Brasil e do espanhol ( a autora não
define o país), quais seriam as principais causas dessas ocorrências com a intenção
de auxiliar professores e alunos no processo de aprendizagem. Para isso, o trabalho
aborda o uso do imperativo verbal e das fórmulas imperativas em espanhol por
estudantes luso-falantes brasileiros. Em um segundo momento, nesse trabalho há
uma análise de coleta de dados a partir de uma pesquisa de campo. O corpus
provém grande parte da produção oral dos alunos estagiários da disciplina Prática
de Ensino de Espanhol I e II da Faculdade de Educação da USP. Os participantes
da pesquisa são todos alunos universitários licenciandos em Letras - Espanhol; são
brasileiros natos e procedentes de São Paulo e/ou residentes na capital paulista há,
4 Apesar de a autora não utilizar essa nomenclatura, constatamos que em seu trabalho, a autora trata dos diretivos imperativos entendidos formalmente.
39
pelo menos, quinze anos; se encontram na faixa etária de 25 a 35 anos. A autora
chega à conclusão de que o imperativo verbal é de fato usado de forma diferente
entre as duas culturas.
Flávia Colen Meniconi, em sua dissertação de mestrado intitulada Os
diretivos nos corpora de língua espanhola oral espontânea e escrita (material
didático) (2003) compara o ato de fala diretivo presente nos diálogos dos livros
didáticos de espanhol para brasileiros com um corpus oral de língua espanhola
coletado da Universidade Autônoma de Madri. Essa coleta se baseou no contexto de
encontros de serviço e foi feita uma análise quantitativa e qualitativa, com foco nas
características discursivas, gramaticais e sociolingüísticas. Foi constatado que, entre
os tipos de diretivos que aparecem nos resultados, há diferenças em suas
ocorrências nos dois tipos de corpus. Somente os diretivos imperativos apresentam
resultados semelhantes em ambas as coletas. Foi observada disparidade na
distribuição dos diretivos coletados no corpus oral espontâneo e nos materiais
didáticos e que a idade e familiaridade exercem influência na estrutura dos diretivos
no corpus oral.
Carmen Curcó y Anna de Fina, em seu artigo Modo imperativo, negación
y diminutivos en la expresión de la cortesia em español: el contraste entre México y
Espana (2002), analisam a questão da indiretividade dos mexicanos frente à
diretividade dos espanhóis, partindo do pressuposto de que os mexicanos
consideram os espanhóis pessoas diretas e frontais nas suas formas de interação e
que, por esse motivo, não são suficientemente corteses. Por outra parte, os
espanhóis, com freqüência, acreditam que os mexicanos são excessivamente
amáveis, muito indiretos e, inclusive, artificiais e “falsos”. Partindo dessa idéia, as
autoras constroem sua hipótese da seguinte forma: as diferentes percepções em
40
relação aos estilos de interação de comunidades lingüísticas e culturais específicas
se devem, em parte, a concepções diferentes em relação à expressão da cortesia
verbal. As autoras elaboraram dois questionários que foram aplicados a 115
estudantes de licenciatura da Universidade Nacional Autônoma do México e a 134
estudantes do mesmo nível da Universidade Autônoma de Barcelona, os quais os
responderam por escrito. Não se detiveram em questões sobre as variáveis de sexo
e idade. O objetivo do primeiro questionário foi o de medir as percepções das
dimensões distância, poder e grau de imposição (D,P e G) em cada grupo para
contrastá-las entre elas. O segundo questionário foi elaborado para medir a reação
dos dois grupos com relação ao emprego de certas formas lingüísticas em contextos
fixos. O questionário 1 contém doze situações nas quais se descrevem breves
interações verbais, cujos objetivos se especificam em cada caso. Apresentam
interações hipotéticas entre vizinhos, amigos, desconhecidos e conhecidos com
diferentes graus de poder recíproco. Os atos de fala que os interlocutores hipotéticos
realizam nas diferentes situações incluem pedidos, desacordos e queixas, entre
outros. Foi dito aos estudantes que o questionário formava parte de um estudo de
lexicografia e lhes foi pedido que as respostas avaliassem em uma escala semântica
de seis pontos o peso das três dimensões D, P e G para cada “reactivo”. Como foi
assinalado, no caso da dimensão de “distância social”, foi-lhes solicitado indicar a
maneira como se tratariam os interlocutores em uma escala muito familiar/ pouco
familiar. Já a de poder do destinatário sobre o locutor seguiu uma escala de muito
poder/ pouco poder, e a de grau de imposição seguiu uma escala de extremos fácil
de realizar e difícil de realizar. Para o questionário 2, o procedimento foi semelhante,
solicitando a avaliação das diferentes realizações possíveis em escalas de
natural/não natural, adequado/não-adequado, cortês/grosseiro. As diferentes opções
41
se apresentaram em ordem aleatória. As hipóteses das autoras sobre as percepções
das variáveis D, P e G e o cálculo do risco de realizar um ato de fala polido se
confirmaram somente parcialmente. A somatória (D+G+P) foi mais alta para os
sujeitos mexicanos que para os espanhóis em quase 70% dos casos. Para a
dimensão D, somente se registra uma valorização mais alta por parte dos
mexicanos, significativa estatisticamente, em 8,3% das situações. A percepção da
variável P resulta maior para os mexicanos unicamente em 16,6% dos reativos e o
grau de imposição recebe opiniões maiores por parte dos mexicanos em 41,6%.
As autoras apresentaram algumas explicações possíveis para esses
resultados. Em primeiro lugar, as hipóteses que afirmam que as opiniões sobre
distância social e poder relativos são maiores para os mexicanos que para os
espanhóis em condições semelhantes simplesmente não são corretas. Porém, as
autoras fazem uma “mea culpa”, pois, para elas, é provável que as dimensões que
querem avaliar não possam sempre ser detectadas diretamente através de
perguntas de introspecção, como as que empregaram, pois a noção técnica de ato
de fala tem vínculos estreitos com as noções cotidianas de ação e intenção. Entre os
dados que não esperavam encontrar, estão as valorizações de distância social,
poder relativo e grau de imposição que resultaram ser maiores para os sujeitos
espanhóis que para os mexicanos.
Maria do Carmo Leite de Oliveira, em seu artigo intitulado: Negociação,
um tema para lingüistas (1994), analisa manuais de negociação na área de
Administração e considera que a linguagem é o instrumento por excelência de
negociação. Enfoca o estudo das estratégias do discurso de negociação, e destaca
que os significados emocionais e relacionais das mensagens, os diferentes estilos
de conversação e os atos ameaçadores da face podem influenciar no sucesso da
42
negociação. O objetivo de seu trabalho é mostrar que “muitas descobertas e
métodos da Sociolingüística Interacional, da Lingüística Pragmática e da Análise da
Conversação podem ser exploradas no tratamento e explanação do fenômeno da
negociação” (Oliveira, p. 42 op. cit.). Ela ressalta que os manuais de negociação
reconhecem que existem diferentes tipos de negociação e que características
comportamentais como um negociador catalisador, apoiador, controlador ou analítico
não vêm associadas aos estilos conversacionais, mas ao grau de diretividade ou
indiretividade dos mesmos. Assim, ela baseia sua análise num enfoque lingüístico e
analisa cartas para não só identificar as marcas de estilo de diferentes tipos de
negociadores, bem como explicar o fenômeno da má comunicação nas interações
empresariais motivadas pelas interpretações errôneas do que seja locução direta ou
indireta. Sua hipótese é a de que, para um negociador de estilo direto, a
indiretividade do outro pode soar como insegurança ou falsidade; em contrapartida,
para o negociador indireto, a diretividade do outro soa como rudeza e agressividade.
O bom negociador, em sua opinião, vai reconhecer essas diferenças, adaptar-se a
elas para evitar possíveis conflitos.
Rejane Teixeira Vidal investiga os padrões de variação pragmática na
interação em sala de aula em seu trabalho Comportamento diretivo/requisitivo do
professor de inglês como língua estrangeira - Foco no núcleo do ato (2000). Seu
artigo confronta o comportamento do professor de inglês como língua estrangeira,
falante nativo, frente ao comportamento do professor de inglês não-nativo, que
ministram aulas para aprendizes de três níveis diferentes de proficiência: elementar,
intermediário e adiantado, para avaliar o grau de (in) diretividade desses docentes.
Os dados coletados provêm da escola Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
(SBCI), de sete aulas de 90 minutos gravadas em fitas de áudio, e de 3 aulas,
43
também de 90 minutos, gravadas em fitas de vídeo. As aulas eram comunicativas e
não foram planejadas para fins dessa pesquisa. Seu trabalho revela que
embora o comportamento diretivo de ambos os professores não tenha sido diferente quanto aos níveis de indiretividade, mostrou diferença significativa quanto à freqüência na distribuição dos tipos de estratégia requisitiva.(Vidal, p.76)
Além disso, seu estudo revelou que os professores, nativos ou não, foram
mais indiretos com aprendizes de nível adiantado.
Lúcia Silva Aguiar, em sua dissertação de mestrado intitulada O ato de
fala em culturas diferentes: Convergências e divergências na formulação de diretivos
em português e espanhol (2002), questiona se na formulação de diretivos em
português do Brasil e espanhol da Argentina em interações caracterizadas como
“encontros de serviço”, há convergências ou não entre ambas as culturas. Sua
hipótese é a de que há divergências, pois acredita que os falantes brasileiros e
argentinos se utilizam de estratégias diferentes para formular diretivos em contextos
de encontros de serviço. A primeira parte da pesquisa de campo com a gravação da
interação entre cliente e atendente levou em consideração o contexto
extralingüístico, como a idade e o sexo dos falantes, familiaridade do cliente com o
estabelecimento, a presença ou não de balcão, o comportamento não-verbal e
outras características julgadas relevantes em cada interação. Não se chamou a
atenção dos interlocutores sobre o fato de estarem participando dessa pesquisa
para obter registros mais espontâneos. Estipulou-se como meta 10 interações por
estabelecimento, mas muitas interações foram não-verbais, havendo permanência
por mais tempo no local quando isso acontecia. Muitos estabelecimentos se
recusaram a permitir as gravações no Brasil, mas na Argentina a recusa foi ainda
maior (5 em 10) e a autora deduziu que isso se deu pelo fato de as gravações terem
44
sido feitas em abril de 2001, momento de grave crise econômica naquele país.
Trata-se, de um estudo comparativo e descritivo, que não tem pretensão de
apresentar os dados de forma estatística. Foram utilizados dois instrumentos de
coleta de dados: pesquisa de campo e o teste de complementação discursiva (DCT).
Conjuntamente ao DCT foi aplicada uma avaliação de distância social para verificar
possíveis diferenças quanto ao grau de distância social entre os interlocutores em
cada país. Metodologicamente, a autora identificou as fórmulas de realização de
diretivos nos dois países, analisando suas estruturas, freqüências, os contextos
lingüísticos e extralingüísticos característicos, tendo em vista a realização de
estratégias de polidez, conforme apresentado na teoria de Brown e Levinson (1978).
Os resultados de sua pesquisa apontam que os diretivos formulados pelos falantes
brasileiros, especificamente os de Belo Horizonte, em encontros de serviço,
apresentam, em relação aos falantes de Buenos Aires, uma presença maior de
estratégias de amenização da imposição do ato, ou seja, os diretivos argentinos são
mais diretos e sintéticos do que os brasileiros. Tais diferenças parecem estar
relacionadas com a mitigação dos atos realizados por um e outro falante, sendo
essa característica mais acentuada no caso dos brasileiros.
Liliana Bolla em seu artigo Algunas dificultades en el abordaje de
consignas y textos universitários (2000), produziu um trabalho na Universidade
Nacional de Rosário (UNR), Argentina, com 130 alunos do primeiro ano de
Psicologia, matriculados em sua disciplina “Curso de Lingüística General”. Bolla se
baseou na hipótese de que seus alunos do primeiro ano de Psicologia da UNR
tinham uma dificuldade básica em interpretar as consignas de trabalho. Desta forma,
abordou esta dificuldade, levando em consideração as seguintes perguntas para sua
hipótese: seria a estrutura sintática das consignas dos trabalhos que dificultava a
45
interpretação ou o desconhecimento do léxico o que constituía o problema central?
Todos os alunos envolvidos tiveram que ler um texto obrigatório sobre F.de
Saussure e tiveram que responder algumas perguntas sobre o texto. Foi pedido aos
alunos primeiramente que explicassem qual era a atividade demandada por cada
consigna, marcada pela forma verbal. Cerca de 30% dos alunos tiveram dificuldade
para reconhecer as formas verbais e incluíram outras formas que não eram verbais e
as identificaram como tal. Em seguida, a autora propôs aos alunos uma segunda
atividade para que eles pudessem reconhecer qual a proposta das consignas. Daí
surgiu uma dificuldade em reconhecer a estrutura, mas foi esclarecida a questão e a
atividade passou para outro momento. Os alunos foram interrogados a respeito do
conteúdo semântico dos verbos em questão e foram incapazes de defini-los
semanticamente. Outra parte do trabalho foi a resolução do exercício e com relação
a essa parte houve um rendimento bastante díspar, pois foi encontrada uma margem
de 90% de êxito, mesmo com todos os problemas levantados na compreensão da
primeira consigna da atividade, depois na segunda consigna o fracasso alcançou
60%,marcando um grau de conflito que gera a produção das atividades propostas.
Foram levantadas algumas questões por parte dos alunos para tentarem explicar a
sua falta de êxito. Eles disseram que tiveram uma dificuldade em realizar este tipo
de atividade, já que tinham uma falta de prática na realização de tarefas escritas.
Bolla com esse trabalho chega à conclusão de que seus alunos têm como obstáculo
a compreensão das consignas. Por outro lado, os alunos possuem escasso
vocabulário, dificuldade em interpretar os textos abordados e expor idéias sobre
eles, e finalmente, possuem uma tendência a transcrever os textos, em virtude de
não terem um amplo vocabulário que permita expressar sua compreensão com
palavras próprias. Bolla conclui, ainda que as consignas não são obstáculos em si
46
mesmas, mas o problema está no fato de que, apesar dos alunos serem capazes de
efetuar processo de reconhecimento, pois conseguem extrair características e
definições, há uma dificuldade na produção de textos sobre a compreensão,
mostrando-se pouco acostumados a fazer análise profunda de textos lidos e
argumentar sobre eles.
2.2. DIRETIVOS EM PORTUGUÊS E EM ESPANHOL: UM PONTO REALMENTE
PROBLEMÁTICO?
Um dos problemas existentes no ensino de português para estrangeiros e
no de espanhol para brasileiros é a relação assimétrica que se estabelece
freqüentemente entre a forma imperativa e a função diretiva. A função diretiva pode
se manifestar através de muitas formas (pergunta, declarativa, com verbos modais:
deve/ pode-, exclamativa), e, também, a forma imperativa. Além disso, como vimos
na Teoria da Polidez há estruturas oracionais com um grau mais indireto que a forma
imperativa.
Essas funções se servem de muitas outras formas além das que a categoria lingüística do imperativo oferece para cobri-las. Podem-se usar verbos modais, perguntas e outros recursos expressivos (AKERBERG,1992,p.111 )
Segundo Akerberg (op.cit.), “Os autores de materiais para ensinar
português para estrangeiros pensam que há uma espécie de relação biunívoca entre
o imperativo e a função diretiva”.
O fato dos alunos brasileiros aprendizes de espanhol manifestarem
estranhamento em fazer uso da forma imperativa do verbo, fez-nos cogitar a
possibilidade de esses aprendizes estarem sofrendo uma certa dificuldade para
efetivar o uso desse diretivo na aprendizagem de espanhol como língua estrangeira.
47
Neste capítulo, definimos pontos importantes, como, por exemplo: o que é o
imperativo e qual seu papel em ambas as línguas estudadas.
Fernández (1998, p.125) ressalta que, em relação a aprendizes
brasileiros de espanhol como língua estrangeira (E/LE), “grande parte de erros
cometidos deve-se a transferências de regras da língua materna ou de variantes da
língua materna à língua estrangeira, o que indica a utilização de estratégias similares
nos dois idiomas”.
No caso da aquisição/aprendizagem do espanhol por estudantes lusófonos, o que se verifica é uma certa manutenção das regras de uso dos enunciados substitutivos e/ou fórmulas atenuadas de imperativo, próprias do português, durante um período prolongado. Observa-se, igualmente, que, quando os alunos procuram empregar o imperativo verbal espanhol, não raro cometem erros, também devido a transferências realizadas a partir da língua materna ou de variant es da língua materna. Neste último caso, devido à pouca freqüência de uso desse modo verbal em português5, os aprendizes possuem um domínio deficiente a respeito, o que acaba por levá-los a transferirem suas dificuldades da língua materna à língua estrangeira.(op.cit., 1998,p. 126)
A autora acredita que, se o aprendiz é exposto, desde os primeiros
estágios, a amostras autênticas de linguagem nas quais as fórmulas imperativas
estejam presentes, e se for convidado a produzir enunciados em que seja
necessário empregá-las, a incidência de erros de flexão seria menor por duas razões
principais:
ao receber input variado e em grande quantidade, o aluno terá mais oportunidades de estar em contato com as formas verbais imperativas, flexionadas adequadamente, o que facilitará sua aquisição, tanto do uso, quanto das formas corretas; 6 e ao produzir enunciados imperativos em situações comunicativas, o aluno estará exercitando os usos e as formas simultaneamente, de maneira diversificada e não meramente repetitiva. Essa prática possibilitará, também, uma reflexão sobre o funcionamento da língua-alvo, levando-o a entender as regras gramaticais e de uso e, conseqüentemente, a expressar-se de forma adequada, reduzindo a incidência de transferências da língua materna à língua estrangeira. (FERNÁNDEZ, 1998, p. 127)
5 Grifo nosso 6 Grifo nosso
48
Ela finaliza afirmando que ao aprendiz devem ser oferecidas amostras
variadas de língua, dando-lhe oportunidades diversificadas para praticar novos
conhecimentos e ao mesmo tempo, incentivando-o, e não condenando-o por seus
erros. Dessa forma, o aprendiz se sentirá valorizado e centro do processo de ensino-
aprendizagem.
Ao avaliarmos nosso corpus constituído por livros didáticos, estaremos
questionando a qualidade de conhecimento recebido pelo aprendiz ao verificar
quando, quanto e de que forma o diretivo imperativo nas consignas é oferecido
como amostra de língua. Na verdade, é preciso frisar que, nosso levantamento não
se limita aos diretivos imperativos, contudo estes estão incluídos em nossa
classificação como umas das formas que o diretivo pode assumir. Nossa hipótese é
a de que os livros didáticos apresentam uma amostra de diretivo imperativo bem
mais significativa do que pensam alguns autores.
Rodrigues (2005, p.81-B) apresenta um trabalho que vai na direção
oposta da dos resenhados anteriormente, pois aponta as condições de produção da
prática do espanhol do Brasil e analisa o modo como se encontra, funciona e se
repete em discursividades da prática pedagógica de ensino de espanhol no Brasil
um certo lugar-comum, segundo o qual os alunos brasileiros apresentam “problemas
para usar o imperativo”.
É freqüente que professores de espanhol realizem comentários referindo-
se aos “problemas” que seus alunos apresentam no momento de compreender ou
de se expressar na língua, em particular, em enunciados imperativos. Por isso, sua
pesquisa questiona duas informações que são importantes para este trabalho: a) os
alunos brasileiros não usam o imperativo tanto quanto ou da mesma maneira como
49
um falante nativo o faria; b) os alunos erram quando usam o imperativo em espanhol
(op.cit., 2005, p.82).
Estamos falando de imperativo, da forma imperativa do verbo, mas o que
é de fato o imperativo?
Pesquisamos a forma imperativa do verbo nos dois idiomas e obtivemos a
informação de que a formação da forma verbal imperativo no português se dá da
seguinte forma: a 2a pessoa do singular (tu) e a 2a pessoa do plural (vós) derivam
das pessoas correspondentes do presente do indicativo, suprimindo-se o s final; as
demais pessoas (você, nós, vocês) são tomadas do presente do subjuntivo, sem
qualquer alteração. O imperativo negativo não possui, em português, formas
especiais; suas pessoas são iguais às correspondentes do presente do subjuntivo.
Cegalla (1994). Além disso, acrescenta que as formas verbais correspondentes aos
pronomes de tratamento (você, vocês, o senhor, os senhores, etc), embora revistam
aspectos de 3a pessoa, verdadeiramente referem-se à 2a pessoa do discurso (a
pessoa com que se fala).
O autor acrescenta a que o infinitivo pode substituir o imperativo nas
ordens instantes, como por exemplo, “Todos se chegavam para o ferir, sem que a D.
Álvaro se ouvissem outras palavras, senão estas: Fartar, rapazes”; que se usa o
imperativo do verbo querer (ao lado do subjuntivo presente) seguido de infinitivo
para suavizar uma ordem, como por exemplo,”Queira aceitar meus cumprimentos”.
É comum encontrarmos uma explicação semelhante para a formação do
imperativo espanhol, visto que o português e o espanhol são duas línguas com a
mesma origem latina. No espanhol a formação se dá da seguinte forma: “no tiene
primera persona del singular y forma la segunda persona del presente del singular
quitando la s final de la segunda persona del indicativo (...). Las terceras personas
50
del singular y las primeras y terceras del plural son semejantes a aquellas mismas
en el tiempo venidero del optativo; las segundas personas del plural formanse
mudando la r final del infinitivo en d.”(Nebrija apud Fernández, 1998, p. 61-62)
Em relação ao uso, antes de compararmos o imperativo no português e
no espanhol, temos que distinguir as formas imperativas da função imperativa.
Dentre o ato de fala diretivo que tem a função imperativa, ou seja, de
ordem, pedido, súplica, desejo, etc, há as formas imperativas.
Matte Bon (2000) denomina o imperativo no espanhol como
microssistema utilizado em diferentes contextos, com intenções comunicativas muito
diversificadas.
Lo primero que hay que señalar al hablar del imperativo es que, contrariamente a la creencia generalizada, se trata de un sistema que no se emplea tan sólo para dar órdenes, y que incluso ésta es la intención comunicativa con la que menos se emplea:7 entre las numerosas maneras que hay de dar órdenes, el imperativo es, quizá, la que exige más requisitos contextuales para poder ser utilizada.(op.cit)
Assim, Matte Bon afirma que se pode empregar o imperativo para dar
ordens, mas seu emprego pode resultar bastante seco em contextos em que não
estiver contextualizada a idéia de pedir; se usa também em relações de posição
hierárquica distinta para dar ordens (chefe/ secretária). Além disso, é uma maneira
de aceitar tacitamente a relação impar que existe entre os interlocutores; em
relações de confiança; para dar conselhos e instruções (na propaganda eleitoral, por
exemplo); com a intenção de ser amável; com a intenção de expressar condição
(“viaja este verano y verás lo cuanto relajarás”). Esse autor acrescenta que o
imperativo também é usado para convencer y atrair a atenção sobre um fato
ignorado e incitar/ estimular a ação.
7 Grifo nosso
51
Con frecuencia, al tratar de convencer a alguien de algo, se atrae su atención sobre un dato o hecho que no parece estar teniendo en cuenta o que contradice parcial o totalmente su posición.” (Matte Bon, 2000).
Para Rodrigues (2005 B, p. 83), o imperativo em espanhol tem dois
diferentes significados: o imperativo como “formas imperativas” ou como “modo
imperativo”.
O imperativo como “formas imperativas” é uma série de locuções verbais
(ou perífrases) que são possíveis no funcionamento dessa língua. Essas formas
aparecem como ordem que expressam obrigação ou necessidade.
Podem assumir várias possibilidades de expressão do “imperativo” no
espanhol. Gómez Torrego (apud Rodrigues, 2005 B, p. 83) sintetiza essas
possibilidades, as quais citaremos aqui:
Clases de perífrases referidas a la modalidad Las perífrases verbales aportan también significados referidos a la modalidad o actitud del hablante. Son las siguientes: ? Perífrases con significados de obligación o de necesidad: Tener que + infinitivo. Ejemplo: Tenemos que marcharnos. Haber de + infinitivo. Ejemplo: Hemos de morir. Haber que + infinitivo: Ejemplo: Habrá que marcharse. Deber + infinito. Ejemplo: Debemos marcharnos. (op.cit)
Mas, segundo Fernández (1998) as formas imperativas que o diretivo
imperativo pode assumir não se limitam somente às perífrases. Elas podem assumir
outras formas: forma interrogativa do indicativo (¿Me pones un café?); presente do
indicativo com o pronome anteposto (Me avisas enseguida); presente do subjuntivo
(Que vengas); ir+ gerúndio (véte cerrando las puertas); ir+gerúndio com verbos
modais (deberías ir comiendo). Em todas essas manifestações do diretivo
imperativo é preciso considerar que o caráter mais ou menos peremptório de ordem,
de súplica, etc., vai depender da entoação atribuída e do contexto.
52
O modo imperativo em português, segundo essa autora, tal como ocorre
em espanhol, afirmam as gramáticas, não é usado apenas para ordenar. Ainda que
esse termo esteja ligado basicamente à idéia de comando, esse modo pode ainda
suplicar, exortar, recomendar, sugerir, pedir, aconselhar, convidar, etc.
As formas que o diretivo imperativo pode assumir no português são: modo
imperativo (Traga-me os documentos); modo imperativo irônico (Suba no sofá e
você apanha!); perífrases imperativas com verbo ir no imperativo + infinitivo
impessoal do verbo principal (Não vá me dizer que ele veio); presente do indicativo
(Você faz o trabalho hoje à tarde); pretérito imperfeito do subjuntivo com entoação
interrogativa ( e se você falasse com ele?); futuro do presente simples do indicativo
(Ficará de castigo durante uma semana); verbo ir no imperativo + infinitivo impessoal
do verbo principal (Vá dizer a verdade a ele); presente do indicativo + verbo principal
no presente do subjuntivo (Quero que abra o caderno); infinitivo impessoal (Agitar
antes de usar); gerúndio (andando!); frases nominais ou interjeições (Silêncio! / Em
pé!)(Fernández, 1998).
No entanto, Rodrigues (op.cit.) argumenta que a identificação “imperativo”
como “formas imperativas” é bastante menos recorrente no espaço pedagógico. Ou
seja, segundo ela, no espaço pedagógico, o discurso predominante está marcado
pela forma verbal no “imperativo”. Talvez, por se tratar de um discurso autoritário,
como mencionou Orlandi (1987).
Rodrigues (2005-B) ressalta que o imperativo é visto como sinônimo de
“modo imperativo” enquanto modo de conjugação verbal.
Facilmente podemos verificar que o fragmento “imperativo” aparece no manual ou nos demais materiais didáticos, nas práticas de avaliação e na própria fala do professor quase sempre com esse sentido, que fica, no entanto, apenas implícito na maioria das vezes em que acontece. Acreditamos que a identificação “imperativo = modo imperativo” é produto de uma passagem provocada por um deslize de sentidos-possibilitado pela polissemia da qual fala Orlandi (1996b:36)- através do qual o significante
53
“imperativo” passou a vincular-se automaticamente ao significado “modo imperativo”, o que provoca a reprodução dessa identificação como inequívoca em discursividades pedagógicas do espanhol como língua estrangeira. (RODRIGUES, 2005,p. 83-B)
Fernández (1998, p. 45) preconiza que verbo e modo em português e em
espanhol possuem dificuldades de definição.
No intuito de buscarmos respostas a essas e outras questões, consideramos oportuno apresentar, em primeiro lugar, uma definição de verbo e de modo verbal. E, justamente aí, deparamo-nos com a primeira dificuldade: não é tarefa fácil definir verbo. Vários estudiosos têm procurado, ao longo dos anos, formular uma definição precisa mas, em geral, todas elas acabam por não incorporar alguma característica importante dessa classe gramatical. (op.cit)
Além disso, a autora argumenta que existem especificidades do modo
imperativo em português e em espanhol, pois o modo imperativo possui funções
específicas. O modo indicativo expressa fatos reais, o subjuntivo expressa fatos
incertos e o imperativo expressa uma função ativa e apelativa da linguagem.
[...] es la fórmula de mandato del hablante[...], sirve para la llamada función apelativa o de llamada al interlocutor.”;”en la gramática tradicional es el modo del mandato directo. Es el modo de la voluntad expresada directamente y dirigida a una persona[...].Pero no hay que entender que el mandato sea un concepto rígido, pues el imperativo puede contener ruego, una recomendación, una invitación un consejo o una advertencia y aun la más rendida súplica.” (op.cit)
Para a autora “é um modo de expressão da vontade: súplica, pedido,
desejo, conselho, sugestão, permissão, ordem.”; “de modo geral, emprega-se para
expressar mando, ordem, mas pode indicar exortação [...] e súplica;“ expressa
exclusivamente a vontade do falante em relação ao comportamento do
ouvinte.”(op´.cit. ,1998,p. 53)
54
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DAS CONSIGNAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO DE LÍNGUA
No decorrer deste capítulo, apresentamos o critério e a metodologia
usados para a coleta de dados e para a identificação, classificação e análise
qualitativa das consignas encontradas nos livros didáticos de ensino de língua.
3.1. DESCRIÇÃO DOS L IVROS DIDÁTICOS ANALISADOS
3.1.1. Livro didático de língua estrangeira: português
PONCE, Maria Harumi Otuki de; BURIM, Silvia R.B.Andrade; FLORISSI, Susanna. Tudo bem? Português para a nova geração - Volume1. 1. ed. São Paulo: SBS, 2000.
Em 2001, Florissi e colaboradas publicaram Tudo bem? Português para a
nova geração. O livro didático, segundo as autoras, é “voltado às necessidades do
público jovem; apresenta o português falado no Brasil pelo adolescente brasileiro,
enfatizando a linguagem coloquial, com as necessárias referências à gramática”.
O livro “Tudo bem?” está dividido em 10 unidades, sendo que cada
unidade está composta por subunidades fixas. São elas:
ü Aprenda;
ü Enfoque;
ü Solte a língua!;
ü O que é o que é?;
ü ,Você sabia?;
ü Conectando-se;
ü Psiu!;
55
ü Piadas;
ü Música.
A parte Aprenda apresenta sempre um diálogo (que virá como atividade
auditiva) e em seguida a explicitação do vocabulário utilizado nesses diálogos.(os
diálogos não são autênticos, mas tentam se assemelhar a um uso autêntico da
língua), há também textos para compreensão e interpretação dos alunos de forma
oral, escrita, coletiva e/ou individual.
A parte Enfoque tem como objetivo a apresentação da gramática em
formas de estruturas. Há uma separação cromática que identifica que os quadros
vermelhos são assuntos sobre verbo e os verdes são sobre aspectos gramaticais
outros, que não sejam sobre verbo.
A parte Solte a língua! é uma parte que tem uma atividade auditiva que
visa diferenciar problemas fonéticos, como por exemplo, o uso do “ão” e “em”; a
parte O que é o que é? traz uma atividade para a adivinhação.
Na parte Você sabia? é apresentado ao aluno algum texto sobre
curiosidades culturais da história brasileira.
A parte Psiu! traz vocabulário que podemos encontrar na unidade; a
parte Piadas, como o próprio nome diz, traz sempre uma anedota.
A parte Música traz uma música ou trechos de música.
A parte Conectando-se indica um site e nos parece que serve como
fechamento de unidade.
O livro contém no total155 páginas, sendo que das páginas 146-147 há
um quadro de conjugação de verbos em tu e vós, já que segundo os autores o
pronome tu é amplamente usado em algumas regiões brasileiras, como no sul do
país, nos Estados próximos aos países do Mercosul. Da página 148-155 há
56
exercícios estruturais de gramática. Esta parte de exercícios não entrará em nossa
análise, pois o livro de português Português Linguagens não contém essa parte em
separado, e buscamos comparar os livros, baseando-nos em uma dada
uniformidade.
De acordo com a editora, o material “prioriza a comunicação no processo
de aprendizagem de português como língua estrangeira (doravante PLE). Sugere, a
cada unidade, um site para pesquisa, informação ou diversão. Integra atividades de
conversação, compreensão oral, escrita e leitura, no contexto do dia-a-dia do jovem
brasileiro. Oferece, no site www.sbs.com.br/tudobem explicações gramaticais e
exercícios adicionais para a prática do conteúdo apresentado em cada unidade do
livro”. Segundo Júdice e Dell’Isola (apud SOUZA, 2003), na resenha que fizeram
sobre o livro, no que se refere aos textos escritos, “há uma grande parte de textos
autênticos (alguns adaptados), da modalidade jornalística (periódicos infantis e não-
infantis). Acrescentam que o trabalho de compreensão dos textos é desenvolvido,
grande parte das vezes, por meio de questionários que visam à recuperação pura e
simples de informação, passando por atividades que envolvem alguma variação de
forma, como preenchimento de quadros e de lacunas. Ressalte -se que algumas têm
o mérito de fazer conexões com a experiência pessoal do aluno.”
A unidade que nos propomos a analisar é a unidade 9 – Música, que
contém 14 páginas. Vale ressaltar que o livro tem tamanho pequeno (17 cm x 25 cm)
e sua folha equivale aproximadamente a metade de uma folha dos outros livros
analisados.
3.1.2. Livro didático de língua materna: português
CEREJA, William Roberto. COCHAR, Thereza Magalhães. Português Linguagens- 6ªsérie (7ºano). 3. ed. São Paulo: Atual, 2006.
57
O livro de português de língua materna que nos propusemos a analisar é
Português: Linguagens, cujos autores são William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães.; da 6ª série(7º ano) do ensino fundamental. O livro didático, segundo os
autores, está dedicado ao aluno que “gosta de aprender, de realizar coisas, de trocar
idéias com a turma[...], que não se intimida em dar sua opinião[...], que está plugado
no mundo, viaja pela palavra [...],viaja pela imagem[...], transita livremente entre
linguagens e que usa, como um dos seus donos, a língua portuguesa para emitir
opiniões, dúvidas, desejos, emoções, idéias e para receber mensagens”(op.cit., p.3).
Além disso, os autores pensam que “O conjunto das atividades promovidas por
Português: linguagens, além de ampliar a competência lingüística e discursiva dos
alunos, tornando-os bons leitores e produtores de todos os tipos de texto, contribui
para mobilizar seu espírito de participação, de troca e de interação social.” (op.cit., p.
3)
Este livro faz parte de uma coleção que está em sua 4ª edição (2006),
reformulada e atualizada, e assim como nas outras edições, este livro está dividido
em quatro grandes unidades, compostas cada uma por 3 capítulos. Em cada
capítulo há partes fixas:
Estudo do texto (que contém as sub-partes compreensão e interpretação,
a linguagem do texto, a leitura expressiva do texto, trocando idéias, Ler é...);
ü Produção de texto;
ü Para escrever com ... ;
ü A língua em foco;
ü De olho na escrita;
58
ü Divirta-se;
ü Intervalo.
Na sub-parte compreensão e interpretação há um texto para leitura e
interpretação que servirá de base para todas as outras sub-partes. A linguagem do
texto traz atividades para refletir no uso de certas palavras empregadas no texto. a
leitura expressiva do texto traz uma atividade de apresentação oral do texto;
trocando idéias traz questionamentos sobre conhecimento de mundo do aluno; Ler
é... traz textos- de vários gêneros- que levem a uma leitura “divertida”.
Na parte Produção de texto há uma proposta de produção de texto,
levando em consideração o gênero textual das amostras de texto da unidade (não
se vê uma preocupação por ensinar como são compostas as estruturas textuais).
A parte Para escrever com... traz questionamentos sobre aspecto de
coerência e coesa.
A parte A língua em foco aborda conceitos gramaticais.
A parte De olho na escrita faz refletir sobre assuntos gramaticais e em
seguida propõe exercícios.
Divirta-se é uma parte que traz uma charge ou uma tira.
E, ao final de cada capítulo, há a parte Intervalo que propõe um projeto
que visa principalmente a interação oral coletiva dos alunos.
Segundo Junior (2005), por serem os estudos literários o fio organizador
deste LD, os autores procuram partir do estudo das escolas literárias, que acabam
unindo os três eixos que regem a obra: literatura, gramática e produção de texto.
O capítulo que nos propomos em analisar é o capítulo 3 – A aventura da
criação, parte da unidade 4- Medo, terror e aventura. O livro apresenta 240
59
páginas, não possui caderno de exercícios e o capítulo analisado apresenta 20
páginas.
3.1.3. Livro didático de língua estrangeira: espanhol
PERIS, Ernesto Martín; BAULENAS, Neus Sans. Gente 1 - Livro do aluno. Barcelona: Difusión, 2005.
O livro didático de espanhol para estrangeiros, em particular, para
brasileiros, que escolhemos para nossa análise é o GENTE 1- livro texto, cujos
autores são Ernesto Martín Peris e Neus Sans Baulenas, de edição espanhola pela
editora Difusión (2005), versão mercosul. Ele é composto de 11 unidades, cada uma
subdividida em 5 seções fixas:
ü Entrar en matéria: que oferece um primeiro contato com os temas e com o
vocabulário da unidade, indicando a meta prevista para esta unidade e o que
vai aprender ao longo dela;
ü En contexto: que apresenta documentos com imagens, textos escritos e
textos orais para pôr o aluno em contato com os conteúdos da unidade e
desenvolver sua capacidade de compreensão;
ü Formas y recursos: em que se apresenta aspectos gramaticais a serem
usados na comunicação;
ü Tareas: que são tarefas similares à vida real para realizar em cooperação, em
pequenos grupos ou com toda a classe;
ü Mundos en contacto: em que encontramos informação e propostas para
refletir sobre a cultura das regiões onde se fala espanhol, tanto sobre a vida
cotidiana como sobre aspectos históricos, artísticos, etc.
Nessas seções, os autores pretendem trabalhar a compreensão leitora, a
compreensão auditiva, a interação oral e a expressão escrita. Fazem parte desse
60
material didático o livro Gente1- libro de trabajo e respectivos CD’s de áudio, que
não farão parte de nossa análise porque nem todos os livros analisados possuem
caderno de exercícios gramaticais em separado. Segundo os autores, esse livro
didático
[...] se centra na ação na medida em que considera os usuários e os alunos que aprendem uma língua sobretudo como agentes sociais, isto é, como membros de uma sociedade que têm que realizar tarefas (não apenas aquelas relacionadas com a língua) em um certo número de circunstâncias, em um ambiente específico e dentro de um campo de ação concreto. (PERIS e BAULENAS,2005, p.02)
O referido livro contém 165 páginas, sendo que das páginas121-165 há
um consultório lingüístico que visa a explicação mais detalhada da gramática
trabalhada na unidade. Este livro possui seu caderno de atividades em separado,
como dissemos anteriormente e o capítulo analisado apresenta 10 páginas.
3.1.4. Livro didático de língua materna: espanhol
BAVIO, Carmen. Lengua 7. Argentina: Kapelusz, 2000.
O livro didático Lengua 7 está composto de 8 unidades, denominadas
“módulos”. Segundo a autora (apresentação do livro), esse livro tem o propósito de
estimular e acompanhar o aprendiz no caminho da expressão e comunicação e,
através dele, o aluno poderá compreender e produzir textos orais e escritos, bem
como reflexionar sobre os processos de leitura e escrita e outras questões referentes
à linguagem. No livro, podemos encontrar também algumas seções fixas:
ü “Taller de escritura” apresenta situações que estimulam a escrita e o
intercâmbio de mensagens.
ü “Más palabras, más opciones” propõe o enriquecimento de vocabulário.
61
ü “Herramientas-Ortografía” propõe o exercício das normas ortográficas,
através de situações concretas de escrita.
ü “Proyectos” propõe o direcionamento em trabalhos escolares e extra-
escolares.
ü “Información teórica” explica a gramática.
ü “Antes durante y después de la lectura” inclui diferentes gêneros textuais.
ü “Para seguir leyendo” sugere algumas obras recomendadas.
O presente livro apresenta 260 páginas, sendo que das páginas 210-212
há uma tabela de conjugação de verbos; das páginas 213-260 há uma parte voltada
para exercícios, referentes às unidades estudadas anteriormente. O módulo desse
livro que analisamos em nossa pesquisa é o 8 - Hoy: Estreno e este contém 26
páginas.
Os Livros Didáticos analisados são veiculados exclusivamente em língua
escrita, embora possam ser complementados com materiais outros como é o caso
dos livros didáticos de língua estrangeira, que são acompanhados com cd’s para a
compreensão auditiva. Para efeitos de comparação, como dissemos anteriormente,
limitamo-nos a trabalhar sem o caderno de exercícios do livro Gente1.
Findada esta parte descritiva de nossos suportes, voltamo-nos para os
critérios que norteiam a análise das consignas didáticas desses livros.
3.2. CRITÉRIOS E METODOLOGIA UTILIZADOS NA ANÁLISE
Uma vez apresentados os livros didáticos em que a coleta de dados é
realizada passamos a discutir os critérios e a metodologia que norteiam nossa
análise das consignas. Baseando-nos na revisão da literatura e na classificação
62
proposta pela teoria dos atos de fala que, segundo Orecchioni (2005, p. 47), tem que
levar em consideração “que um mesmo ato de linguagem (um mesmo valor
ilocutório) pode manifestar-se através de um grande número de realizações
diferentes”. Por exemplo: uma pergunta pode se expressar não apenas numa frase
interrogativa “Qual é seu nome?”, mas também por uma frase declarativa “Queria
saber seu nome.” ou imperativa “Diga seu nome.”
Nosso estudo não apresenta preocupação com a quantificação dos
dados, embora tenhamos realizado contagens e gráficos que, esperamos, nos
ajudem a perceber o funcionamento das consignas nos livros didáticos. A
quantificação que realizamos em duas etapas – um pré-teste e a análise de um
capítulo – funciona como uma amostragem significativa do que ocorre no livro de
forma geral.
O corpus analisado está formado por uma unidade - que recebe o nome
de capítulo, unidade ou módulo, dependendo do manual - de cada um dos livros
didáticos selecionados. Decidimos por selecionar um capítulo ou módulo, pois ele é
uma unidade de sentido e uma organização consistente da diagramação do livro
didático. Embora tenhamos plena consciência de que o número de páginas dos
livros é diferente, acreditamos que isso não inviabiliza nossa análise porque ela não
tem uma preocupação estatística.
Para análise do corpus de consignas, elaboramos uma grade de
classificação para nos aproximarmos do seu funcionamento nos livros didáticos.
O primeiro questionamento, ao que buscamos dar resposta, se centrou no
tipo de linguagem em que as consignas são elaboradas. A partir de um pré-teste –
cf. Apêndices - realizado com uma classificação dos capítulo/unidade/módulo 1 de
cada um dos quatro livros didáticos, fomos obrigados a reformular nossa primeira
63
classificação, pois as consignas não se davam somente via linguagem verbal, mas
se utilizavam de outros expedientes de linguagem.
As consignas podem realizar-se através de três expedientes:
ü Linguagem verbal (LV)
ü Linguagem não-verbal (LNV)
ü Ø (L0)
A linguagem verbal pode ser definida como o uso de formas lingüísticas
na elaboração da consigna. A linguagem não-verbal, como o próprio nome busca
indicar, faz uso de outras formas de produção de sentido que não usem a palavra,
como a linguagem icônica ou questões de diagramação dos livros didáticos
(organização espacial, cromática). A Ø significa a ausência de qualquer explicitação
de linguagem, não existe consigna explicita, mas acreditamos que esse vazio seja
significativo e produtivo no livro didático.
Além dessas três possibilidades de linguagem, há o que Charaudeau e
Manguenau (2004, p. 71) chamam de possibilidade cumulativa, ou seja, a
possibilidade de que em um mesmo enunciado apareçam mais de uma linguagem
concomitantemente. A esta possibilidade demos a sigla de (L+). Como poderemos
comprovar em nossa análise, a L+ une, quase sempre, uma LNV com uma LV.
O segundo questionamento diz respeito às diferentes realizações que
podem assumir as consignas, ou seja, como este mesmo valor ilocutório se
manifesta.
Nas consignas elaboradas via linguagem verbal, temos que distinguir três
manifestações que se fazem por meio de:
ü sintagmas nominais (FN),
ü formas verbais conjugadas (FV), e
64
ü modalidade da frase, tanto se ela é nominal como verbal (FMO).
Por sua vez, algumas dessas manifestações trazem aspectos que devem
ser observados. Ao observarmos as FVs levamos em consideração as noções de:
ü pessoa (FVP),
ü modo (FVM),
ü tempo (FVT).
As formas de pessoa encontradas foram: a) em português: você, vocês,
nós, SN aluno (3ª p. sing.); b) em espanhol: ustedes, nosotros, vosotros, tú, (vos).
Ao observarmos as FMO encontramos orações:
ü declarativas (d)
ü interrogativas (p)
ü imperativas (i)
ü exclamativas (ex)
Nosso último questionamento diz respeito ao tipo de atividade que se
seguem às consignas. Dividimos as atividades, ou seja, o trabalho que é
apresentado ao aluno para que ele o realize, em cinco grandes blocos que tem a ver
com trabalho textual, de reflexão, de oralidade, de audição e de organização da
atividade. Cada um desses blocos propõe tarefas específicas:
ü compreender um texto (Ctx),
ü produzir um texto (Ptx),
ü buscar, pesquisar outros textos (Btx).
ü reflexão sobre aspectos de gramática (RGr),
ü reflexão sobre aspectos da estrutura textual (RTx),
ü produção de exercícios gramaticais (PGr).
ü conversação ou interação oral (IO)
65
ü produção oral individual (PO).
ü compreensão auditiva (CO).
ü organização das atividades que serão apresentadas (Oa)
ü organização do conteúdo das atividades (Oc)
A seguir passamos para análise das consignas encontradas nos livros
didáticos de língua portuguesa (materna e estrangeira) e língua espanhola (materna
e estrangeira). A apresentação dos resultados de nossa análise se faz por meio de
gráficos, seguidos de uma discussão e de exemplificação de cada caso trabalhado.
3.3. AS LINGUAGENS USADAS NAS CONSIGNAS: VERBAL, NÃO-VERBAL E Ø
Gráfico 1: Tipo de linguagem usada nas consignas
0
5
10
15
20
25
30
35
Tudo Bem Português
Linguagens
Gente Lengua 7
LV LNV L0 L+
66
Com relação às linguagens, no livro “Tudo bem”, os resultado indicam que
a linguagem predominante nas consignas é a linguagem cumulativa (L+). Esse
resultado, de alguma forma era esperado, pois esse livro, por ser voltado para o
ensino de língua estrangeira, trabalha mesclando a compreensão auditiva através do
ícone e a linguagem verbal (exemplo 1). A segunda linguagem que prevalece nas
consignas, como podemos ver, é a linguagem verbal. Esse manual é composto
principalmente por atividades de produção gramatical (ver gráfico 2), ou seja, o aluno
tem que fazer uma série de exercícios estruturais gramaticais e, dessa forma, a
consigna verbal é a mais adequada para explicar o que o aluno deve fazer (exemplo
2). A Ø é a terceira linguagem predominante nesse manual, pois esse livro não traz
muitos textos (exemplo 3). A linguagem não-verbal (LNV) está presente em um livro
que trabalha a parte auditiva, contudo, esse tipo de linguagem se faz presente em
sua grande maioria pela diagramação (exemplo 4).
67
Quadro de exemplos do “Tudo Bem”
Exemplo 1: Página 121/ exercício 6
Exemplo 2: Página 120/exercício 4
Exemplo 3: Página 117
Exemplo 4: Página 117
No livro “Português linguagens”, os resultados mostram que a linguagem
prevalecente nas consignas é sem sombra de dúvida a linguagem verbal (LV)
(exemplo1). Em segundo lugar, se encontra a Ø. Esse livro possui
fundamentalmente uma estrutura que privilegia muitos textos e perguntas de
interpretação textual (ver gráfico 2). Podemos dizer que esse manual é o típico
manual que leva em consideração o discurso pedagógico no qual nos fala Orlandi,
68
pois a falta de consigna caracteriza a pressuposição, por parte do aluno de que ele
já deveria saber o que fazer (exemplo 2). No que tange à linguagem cumulativa (L+)
das consignas, o resultado de nenhuma incidência é revelador, pois neste livro
quando aparece uma linguagem não-verbal, esta não está acompanhada de
linguagem verbal. Inclusive, a consigna quando toma forma de uma linguagem não-
verbal (LNV) neste manual é através única e exclusivamente da diagramação do
livro, com o uso de recuo de um texto com a diferenciação cromática deste (exemplo
3).
Quadro de exemplos do “Português linguagens”
Exemplo1: Página 231/ exercício 1
Exemplo 2: Página 226/exercício 1
Exemplo 3: Página 158
No manual “Gente”, os resultados indicam que a linguagem predominante
na formulação de consignas se faz pelo uso cumulativo de linguagens (L+). Esse
resultado como no livro “Tudo bem?” se dá mesclando ícones com linguagem verbal
(exemplo 1). A segunda linguagem mais empregada para formular as consignas
69
nesse manual é a linguagem verbal (LV) (exemplo 2). A Ø segundo os resultados,
aparece em 3º lugar, por apresentar poucos textos que vêem geralmente no final de
cada unidade (exemplo 3). As consignas nesse manual quase não assumem
somente a linguagem não-verbal (LNV), sua incidência é pequena, geralmente se
apresenta através de quadros gramaticais que são diferenciados pela cor e pela
diagramação do livro (exemplo 4).
Quadro de exemplos do “Gente”
Exemplo 1: Página 103/exercício 3 B
Exemplo 2: Página 104/exercício 5
Exemplo 3: Página 108
Exemplo 4: Página104
70
No livro “Lengua 7”, predominam as consignas de linguagem verbal (LV).
As atividades neste livro apresentam uma certa complexidade e precisam de um
número maior de explicações (exemplo 1). A segunda linguagem predominante nas
consignas deste livro é a Ø. A apresentação de muitos textos para leitura, discussão
etc. eles muito freqüentemente não vêm antecedidos por uma consigna. A terceira
maior incidência no que tange à linguagem das consignas é a linguagem não-verbal
(LNV) que pode realizar-se através de ícones (exemplo 2) ou através da
diagramação do livro (exemplo 3). A linguagem cumulativa (L+) é pouco freqüente e
aparece com mais freqüência quando há um quadro gramatical explicativo,
caracterizado pelo recuo da diagramação do livro.(exemplo 4).
Quadro de exemplos do “Lengua 7”
Exemplo 1: Página 185/exercício1
Exemplo 2: Página 199
(Carpeta de
Actividades)
71
Exemplo 3: Página 184
Exemplo 4: Página 203
É interessante ressaltar o fato de que os livros de língua materna, sejam
de português ou espanhol, apresentam semelhanças entre si no que diz respeito ao
emprego dos tipos de linguagem. Há um uso predominante da linguagem verbal (LV)
e da Ø. Eles quase não apresentam LNV.
Parece-nos que os livros de língua materna (Lengua 7 e Português
Linguagens) apresentam um contrato tácito e claro entre o aluno e livro didático, pois
quando o livro didático não precisa sequer formular consigna, pressupõe-se que o
aluno deveria saber qual a intenção ilocutiva dessa ausência. Mesmo que não haja
consigna presente, ele “sabe” que atitude deve tomar. De certa forma, isso nos
72
remete ao que Orlandi (1987) nos fala sobre o poder que exerce o discurso
pedagógico.
Há um segundo paralelismo que pode ser estabelecido entre os livros de
língua estrangeira (Gente e Tudo bem). Ambos fazem um uso acentuado de
linguagem cumulativa (L+). Há Nessa escolha de linguagens uma intenção de
facilitar a compreensão das consignas como para anunciar que virá uma atividade
com objetivo auditivo.
3.4. OS TIPOS DE ATIVIDADES PRIVILEGIADAS
Como já apontamos quando apresentamos os diferentes tipos de
linguagem usados para formular as consignas no ponto 3.3, uma consigna tem uma
vinculação estreita com o tipo de atividade que a segue. Para que possamos ter uma
idéia das atividades que são desenvolvidas nos livros didáticos e sua relação com as
consignas apresentamos o gráfico que segue.
73
Gráfico 2: Tipo de atividade que segue as consignas
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Tudo Bem PortuguêsLinguagens
Gente Lengua 7
CTx PTx BTx RGr RTx PGr IO PO CA OA OC
Comp. textual Reflexão gramatical Interação Oral Compreensão auditiva Organização atividade Produção textual Reflexão textual Produção Oral Organização conteúdo Busca textual Produção gramatical
No livro “Tudo bem” as atividades predominantes que as consignas
introduzem são atividades de produção gramatical (PGr) (exemplo 1) e de
compreensão auditiva (CA) (exemplo 2). É evidente que este livro se preocupa em
apresentar a estrutura gramatical (RGr) (exemplo 3). A oferta de atividades
relacionadas ao texto (CTx -exemplo 4 e PTx -exemplo 5) aparecem em terceiro
lugar. Um dos possíveis motivos pode ser o fato deste livro trazer poucos textos.
Mesmo assim, a atividade de busca de outros textos (BTx) está mais presente que
em outros livros analisados, pois a cada unidade o manual indica que o aluno
recorra ao site para mais informações e exercícios através do ícone(exemplo 6). Não
há nenhuma preocupação com as atividades de reflexão estrutural de textos (RTx).
74
Em relação às atividades orais, há o predomínio das de produção oral
individual (PO)(exemplo 7) e notamos que as atividades de interação oral
(IO)(exemplo 8) têm um espaço reduzido nesse manual.
Não há atividades que visam à organização da atividade (AO), mas há
uma certa preocupação em relação a organização do conteúdo.
Quadro de exemplos do “Tudo Bem”
Exemplo 1: Página 21/ exercício 3
Exemplo 2: Página 22/ exercício 6
Exemplo 3: Página 46
Exemplo 4: Página 31/exercício1
Exemplo 5: Página 33/exercício 3
Exemplo 6: Página 119
75
Exemplo 7: Página 138
Exemplo 8: Página 120
Os resultados indicam que no livro “Português Linguagens” as atividades
a que se dá mais relevância são as de compreensão textual (CTx)(exemplo 1) e de
produção gramatical (PGr)(exemplo 2). Esse resultado nos remete a outro resultado
obtido pelo segundo tipo de linguagem predominante nas consignas do manual (ver
gráfico 1), o uso da consigna Ø, pois a presença de texto parece bastar-se por si
mesma e favorecer a ausência de consigna. As atividades de produção textual (PTx)
ganham destaque (exemplo 3), mas as atividades de busca por outros textos fora do
manual (BTx), exceção feita à consulta ao dicionário, parece não ter muito destaque
nesse manual (exemplo 4). Parece-nos que esse manual se preocupa pouco com a
reflexão da estrutura do texto (RTx). Dentre as atividades que visam trabalhar a
oralidade (IO e PO), somente a produção oral sem interação, só como exercício de
oralização, é incidente (exemplo 5). Não há nesse manual qualquer menção a
atividades de audição (CA). Isso parece indicar que para esse livro a compreensão
de textos orais não merece lugar na aprendizagem do falante nativo. A reflexão
gramatical (RGr) tem lugar privilegiado nas atividades (exemplo 6).As atividades que
organizam a atividade a ser efetuada (OA)(exemplo 7) e a atividade de organização
76
do conteúdo (OC)(exemplo 8), de acordo com os resultados, têm grande destaque,
talvez, porque nesse livro didático suas atividades sejam mais complexas e
necessitam desse tipo de organização.
Quadro de exemplos do “Português linguagens”
Exemplo 1: Página 54
Exemplo 2: Página 231
Exemplo 3: Página 237
Exemplo 4: Página 222
77
Exemplo 5: Página 225
Exemplo 6: Página 158
Exemplo 7: Página 238
Exemplo 8: Página 237
Nos parece evidente que existe um paralelismo entre algumas das
atividades privilegiadas nos dois livros didáticos de língua materna: exercícios de
produção gramatical(PGr) e de compreensão textual (Ctx).
No manual “Gente”, os resultados indicam que as atividades que
prevalecem são de interação oral (IO) (exemplo 1), de produção oral individual
(PO)(exemplo 2) e de compreensão auditiva (CA)(exemplo 3). Em seguida, o
capítulo privilegia as atividades de compreensão textual (CTx)(exemplo 4) e de
reflexão gramatical (RGr)(exemplo 5). O manual não apresenta uma preocupação
com as atividades de reflexão sobre a composição da estrutura textual (RTx), com
as atividades de produção textual (PTx) e com as atividades de busca de outros
textos (BTx). Em relação à organização, o livro “Gente”, traz uma preocupação com
78
a organização de conteúdo (OC)(exemplo 6), porém o mesmo não podemos dizer da
organização de atividade (OA) em que, segundo nosso levantamento , não há
incidência. A lacuna que encontramos nesse manual sobre a produção gramatical
(PGr) e, também até certo ponto, com a produção textual (PTx), se explica pelo fato
de que há nesse método um caderno de exercícios em separado para esses tipos
de atividades.
Quadro de exemplos do “Gente”
Exemplo 1: Página 106/exercício 8
Exemplo 2: Página 108/exercício 11
Exemplo 3: Página 104/exercício 6
Exemplo 4: Página 101 (final)
79
Exemplo 5: Página 104
Exemplo 6:
Página100
O livro “Lengua 7”, em relação às atividades, nos parece que privilegia
principalmente as de compreensão textual (CTx)(exemplo 1) e de interação oral
(IO)(exemplo 2). Esse fato nos parece interessante porque esse manual, ao
contrário do livro de português de língua materna, preocupa-se com a interação oral
em sala de aula. As atividades de produção textual (PTx)(exemplo 3), bem como as
de produção gramatical (PGr)(exemplo 4), ganham um mesmo destaque no “Lengua
7”. As atividades de reflexão gramatical (RGr)(exemplo 5) e de reflexão textual
(RTx)(exemplo 6) também ganham o mesmo destaque nesse manual. As atividades
de reflexão sobre a organização textual (RTx) com que esse manual seja diferente
em relação aos demais livros analisados. É o único livro que privilegia esse tipo de
atividade e que busca envolver o aluno,não como um indivíduo solitário, mas como
parte de seu grupo, como pertencente a coletividade de “estudantes”. As atividades
solicitadas são mais complexas, portanto o uso de atividades de organização (OA-
80
exemplo 7) e (OC- exemplo 8) estão presentes, sendo que, há uma maior incidência
de atividades de organização de atividade (OA). Pouco destaque é dado às
atividades de busca textual (BTx- exemplo 9), mas as atividades que não aparecem
de fato são as de compreensão auditiva (CA) e de produção oral individual (PO).
Quadro de exemplos do “Lengua 7”
Exemplo 1: Página 187/exercício 1
Exemplo 2: Página 185/exercício 1
Exemplo 3: Página 191/exercício 4
Exemplo 4: Página 199/exercício 2
Exemplo 5: Página 194
81
Exemplo 6: Página 188
Exemplo 7: Página 194/exercício 4
Exemplo 8: Página 190
Exemplo 9: Página 188/exercício 2
Fica claro, uma vez mais que os livros didáticos de língua materna
apresentam um certo paralelismo entre as atividades que privilegiam, como as
atividades de compreensão textual (CTx) , de produção gramatical (PGr) e de
reflexão gramatical (RGr). Porém o único livro que aborda de forma consistente a
reflexão sobre a organização da estrutura textual (RTx) é o manual de língua
materna de espanhol.
A compreensão auditiva (CA), somente é trabalhada nos livros didáticos
de língua estrangeira, como se compreender um texto auditivo em língua materna
82
fosse algo evidente e, por isso, não passível de ser trabalhado nas escolas
regulares.
3.5. AS MANIFESTAÇÕES EM QUE SE APRESENTAM AS CONSIGNAS
Embora a forma do verbo no modo imperativo tenha sido descrita na
revisão bibliográfica como sendo de baixo uso na interação oral de falantes
brasileiros do português, podemos comprovar que nas consignas esta é a forma
mais produtiva, embora também haja outras.
Gráfico 3: Forma adotada pela consignas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tudo Bem Português
Linguagens
Gente Lengua 7
FV imperativo FV perífrase FV indicativo FN LØ LÑV L+
No livro “Tudo Bem”, a forma predominante em que a consigna se
manifesta é a da forma verbal conjugada no modo imperativo (FV imp - exemplo 1).
Em segundo lugar está a forma cumulativa (L+) que está formada na grande maioria
83
das vezes, por uma consigna em forma verbal no modo imperativo (FV imperativo) e
um ícone (LNV)(exemplo 2) ou uma consigna de forma nominal (FN) e
ícone(LNV)(exemplo 3). A Ø parece ser a terceira forma mais produtiva nesse
manual (exemplo 4). A forma nominal (FN) (exemplo 5), a forma verbal perífrase (FV
per)(exemplo 6)e a LNV (exemplo 7) parecem ter o mesmo peso nas escolhas da
forma assumida pela consigna nesse manual. Não há nenhuma incidência da forma
verbal indicativo (FV ind).
Quadro de exemplos do “Tudo Bem”
Exemplo 1: Página 118
Exemplo 2: Página 22
Exemplo 3: Página 119
Exemplo 4: Página 122
Exemplo 5: Página 129
84
Exemplo 6: Página 118
Exemplo 7: Página 9
No livro “Português linguagens”, os resultados mostram como a forma
verbal no imperativo (FV imp) é empregada de maneira ostensiva (exemplo 1). Em
segundo lugar está a ausência de linguagem (Ø) (exemplo 2), ou seja, esse manual
ou se vale em sua grande maioria da linguagem verbal com a forma do verbo no
imperativo ou da ausência total de linguagem. Em terceiro lugar de prestígio está a
forma verbal perífrase (FV per) (exemplo 3). A quarta forma prevalecente nesse
manual é a forma de linguagem não-verbal (LNV) que assume essa forma através
da diagramação do livro (exemplo 4). A próxima forma privilegiada é a forma nominal
(FN) (exemplo 5). A forma verbal indicativo (FV ind)(exemplo 6) é muito pouco
prevalente. Os resultados indicam que não há incidência do uso de linguagem
cumulativa (L+) neste capítulo.
Quadro de exemplos do “Português linguagens”
85
Exemplo 1: Página 225
Exemplo 2:
Página 222
Exemplo 3: Página 230
Exemplo 4: Página 233
Exemplo 5: Página 222
Exemplo 6: Página 220
No livro “Gente”, a forma mais empregada é o verbo conjugado no modo
imperativo (FVimp - exemplo 1). A segunda forma mais usada é a forma verbal em
86
indicativo ( FV ind) (exemplo 2). Em terceiro lugar de prevalência está a forma que
usa a linguagem cumulativa (L+) em que geralmente se faz uso da linguagem verbal
ou na forma imperativa (FV imp) com um ícone (exemplo 3) ou da forma verbal
perífrase (FV per) com ícone (exemplo 4). A ausência de linguagem (Ø) não é uma
forma muito incidente, mas podemos encontrá-la nesse manual (exemplo 5). A
linguagem não-verbal (LNV) também não é muito empregada nesse capítulo, mas
podemos encontrá-la (exemplo 6). Não há incidência de forma nominal (FN).
Quadro de exemplos do “Gente”
Exemplo 1: Página 105
Exemplo 2: Página 108
Exemplo 3: Página 105
Exemplo 4: Página 104
Exemplo 5: Página 108
87
Exemplo 6: Página 105
No livro “Lengua 7” é evidente que a forma mais produtiva é a forma
verbal no modo imperativo (FV imp)(exemplo 1). Em segundo lugar, está a ausência
de utilização de linguagem para a formulação de consigna (Ø- exemplo 2). A
linguagem não-verbal (LNV) (exemplo 3) vem em terceiro lugar. As formas de verbo
em perífrase (FV per) (exemplo 4) e forma verbal no indicativo (FV ind) (exemplo 5)
têm o mesmo lugar de prevalência nesse manual. Não há incidência de forma
nominal (FN).
Quadro de exemplos do “Lengua 7”
Exemplo 1: Página 185
88
Exemplo 2: Página 185
Exemplo 3: Página 202
Exemplo 4: Página 200
Exemplo 5: Página 184
Levando em conta a análise realizada, podemos afirmar que a
manifestação das formas mostra a presença constante e ostensiva da forma
89
imperativa do verbo. O imperativo é o principal expediente para formular consignas
tanto em língua materna quanto em língua estrangeira.
Há um paralelismo em relação às formas das consignas entre os livros
didáticos de língua materna e língua estrangeira. Nos capítulos analisados dos livros
de língua materna há o predomínio de FV imp, FV per e L Ø (em ordem de
prevalência), enquanto que nos capítulos dos livros didáticos de língua estrangeira
há o predomínio de FV imp, L Ø e L+(em ordem de prevalência).
3.6. A MODALIDADE ORACIONAL ADOTADA NAS CONSIGNAS
Gráfico 4: Modalidade oracional adotada nas consignas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tudo Bem Português Linguagens Gente Lengua 7
Oração imperativa Oração interrogativa Oração declarativa Oração exclamativa
No manual “Tudo bem” a modalidade oracional que mais prevalece é a
oração imperativa (i) como era de se esperar (exemplo 1). Em segundo lugar, está a
modalidade oracional declarativa (d) (exemplo 2) e em terceiro lugar temos a oração
90
exclamativa (ex) (exemplo 3). Interessante perceber que o uso dessa modalidade
exclamativa (ex) parece aproximar a consigna da oralidade. Neste capítulo a
interjeição “PSIU!” serve de exemplo como modalidade exclamativa (ex).
Não há incidência de oração interrogativa (p).
Quadro de exemplos do “Tudo Bem”
Exemplo 1: Página 127
Exemplo 2: Página 118
Exemplo 3: Página 119
No manual “Português Linguagens” também temos a oração imperativa (i)
(exemplo1) como modalidade mais incidente. Em segundo lugar de incidência está
a oração declarativa (d) (exemplo 2). Neste capítulo não há o uso da oração
interrogativa (p) nem o da oração exclamativa (ex).
Quadro de exemplos do “Português linguagens”
Exemplo 1: Página 223
91
Exemplo 2: Página 220
No manual “Gente” a modalidade oracional que prevalece é também a
oração imperativa (i) (exemplo 1), mas há em grande parte a incidência de oração
declarativa (d) (exemplo 2) e oração interrogativa(p) (exemplo 3). Não há o uso de
oração exclamativa (ex) nesse manual.
Quadro de exemplos do “Gente”
Exemplo 1:Página 101
Exemplo 2: Página 107
Exemplo 3: Página 108
No livro “Lengua 7” a modalidade mais usada também é oração
imperativa (i) (exemplo 1). Em segundo lugar, está a oração declarativa (d) (exemplo
2), mas seu uso não é tão evidente. Não há o uso de oração interrogativa (p) nem de
oração exclamativa (ex).
Quadro de exemplos do “Lengua 7”
Exemplo 1: Página 185
92
Exemplo 2: Página 196
Levando em conta tais informações, podemos dizer que há um
predomínio generalizado da modalidade oracional imperativa (i), mas de uma forma
muito mais equilibrada e conjuntamente com outras modalidades oracionais.
Contudo, esperávamos que aparecessem perguntas, mas não foi o caso. Essa
modalidade oracional interrogativa (p) só foi incidente no livro “Gente”, isso nos
parece informar que esse manual tem uma preocupação maior em preservar a face
do aprendiz. Além disso, esse uso da modalidade oracional interrogativa (p) é um
contra-argumento para a idéia de que “o espanhol só usa o imperativo” (Fernández,
1998), pois vimos aqui que há incidência de outras modalidades oracionais. Talvez o
uso da oração imperativa seja reduzido nesse caso porque o “Gente” possui caderno
de atividades separado do livro texto e como a maior parte dos exercícios se
encontra ali, este fato parece ser relevante para o uso da modalidade oracional
imperativa (i).
Há pontos de contato esperados entre o gráfico 3 e 4, pois se o verbo
está na forma imperativa, seria até certo ponto esperado que a modalidade oracional
fosse imperativa também.
Também podemos notar que há um certo paralelismo entre os livros de
língua materna (Português Linguagens e Lengua 7) porque há o predomínio em
ambos capítulos , em ordem de prevalência, da modalidade oracional imperativa e
93
da oração declarativa. Mas não podemos dizer o mesmo dos livros de língua
estrangeira (Tudo bem e Gente). O capítulo do livro “Gente” valoriza o uso de outras
modalidades oracionais, como a oração interrogativa e a oração declarativa.
3.7. A QUESTÃO DO TRATAMENTO NAS CONSIGNAS
Gráfico 5: O tratamento dispensado ao aluno nas consignas
0
5
10
15
20
25
30
35
Tudo Bem PortuguêsLinguagens
Gente Lengua 7
você Vocês Nós SN tú ustedes nosotros vosotros
Os resultados encontrados indicam que em relação ao tratamento
dispensado ao aluno, apresenta uma diferença significativa entre os capítulos dos
livros didáticos de Português e de Espanhol.
O livro “Tudo bem” e o livro “Português Linguagens” tratam basicamente o
aluno de ‘você’ (exemplos respectivos 1a /1b). A consigna, portanto, é dirigida para o
94
aluno no singular preferencialmente. Há pouca utilização, em ambos os manuais da
forma coletiva ‘vocês’, o que parece caracterizar uma situação de certa forma
individualizante: livro e aluno se isolam, estão fora da coletividade da sala de aula.
No livro “Tudo bem” existe ainda, ao contrário do manual “Português Linguagens”, a
prevalência da forma nominal de tratamento, em que o verbo não está conjugado,
está em sua forma nominal (exemplo 2). Nesses dois manuais de português também
incidem a presença do ‘nós’, mas também com menos prestígio (exemplos
respectivos 3a/3b).
De certa forma, no capítulo do livro ”Gente” também há uma grande
incidência do “tú”, forma individualizante do espanhol (exemplo 4), porém nesse
manual esta forma coexiste com mais duas outras formas: ”nosotros” (exemplo 5) e
“vosotros” (exemplo 6) que visam a criação de um universo coletivo.
O manual “Lengua 7” é o livro em que há o tratamento mais diferente de
todos os outros analisados, porque, no corpo do capítulo analisado, ele utiliza
consistentemente uma única forma de tratamento (ustedes), ou seja, o livro fala para
vários alunos e não para um aluno visto individualmente (exemplo 7). Inclusive,
fazendo um paralelo com o gráfico das atividades (ver gráfico 2), podemos notar que
a atividade prevalente é a de interação oral (IO) e esta é mais relevante do que nos
outros capítulos dos livros de língua estrangeira. Interessante é perceber que no
final do livro, na parte destinada aos exercícios, há o predomínio nas consignas da
forma de tratamento ‘vos’, ou seja, há um tratamento individual porque o exercício é
para ser realizado sozinho e em casa (exemplo 8).
Quadro de exemplos: Exemplos: 1a : Página 125
95
1b: Página 225
Exemplo 2: Página 119
Exemplos: 3a: Página 127 3b: Página 230
Exemplo 4: Página103
Exemplo 5: Página 100
Exemplo 6: Página 107
96
Exemplo 7: Página 119
Exemplo 8: Página 218 /exercício 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho nos fez refletir e rever muitas questões a
respeito do funcionamento da língua e do ensino de línguas de uma forma geral. Um
primeiro ponto importante é o de se levar em consideração o contexto situacional e o
97
tipo de discurso, pois, embora a língua seja a mesma, suas possibilidades de
manifestação são muito maleáveis. Vimos que o que pode ser corrente em um tipo
de situação pode ser completamente alheio em outro.
Tendo em conta os resultados encontrados em nossa análise das
consignas em livros didáticos de línguas materna e estrangeira, acreditamos poder
seguir afirmando que o discurso pedagógico se caracteriza como um discurso que
se mantém autoritário, no sentido destacado por Orlandi (1987). Mas, também
observamos que existe a possibilidade de se introduzir novas vozes e práticas, como
no livro de espanhol língua materna Lengua 7, em que há um forte estímulo a
atividades de interação oral. A conversa em sala de aula descentraliza a atividade
pedagógica e introduz novas vozes, além da voz do professor e da voz do livro
didático, entra em cena a voz do aluno-colega-de-turma.
Outro fator importante a se destacar é o fato de ser de fundamental
importância ter-se uma concepção de linguagem clara para que se possa
compreender o funcionamento da linguagem no processo educativo. A teoria dos
atos de fala nos ajudou a perceber que a linguagem não se fecha nela mesma, mas
está em relação direta com as ações que realizamos no nosso dia-a-dia, dentro e
fora de sala de aula.
No que diz respeito à realização dos diretivos nos livros didáticos,
ressaltamos que a afirmação de que no português do Brasil a forma imperativa do
verbo está em desuso ou que, praticamente, não existe(!), deve ser contestada. É
necessário levar-se em consideração que a língua não é homogênea e que,
dependendo do discurso, a forma imperativa poderá ser altamente produtiva. Neste
estudo, percebemos que nas consignas a forma imperativa é a forma mais usada,
embora haja outras.
98
Com relação à modalidade oracional, esperávamos o aparecimento de
perguntas, mas encontramos a manifestação generalizada da modalidade oracional
imperativa (i). A modalidade oracional de pergunta (p) foi mais significativa no livro
de espanhol como língua estrangeira Gente, o que nos indica que esse manual tem
uma maior preocupação em preservar a face do aprendiz. Fato compreensível, já
que se trata de um livro de espanhol destinado a um público estrangeiro
indeterminado e, portanto, todo cuidado com o interlocutor (aluno) é de suma
importância. Também ressaltamos que a idéia de que “na língua espanhola só se
usa imperativo” não parece aplicar-se aqui como se costuma afirmar com tanta
veemência, inclusive em textos acadêmicos.
De forma geral, nossos resultados nos levam a concluir que as consignas
parecem ter um comportamento que se atém mais ao fato de serem formuladas em
um livro didático destinado ao ensino de língua materna ou de língua estrangeira do
que com a questão lingüística única e exclusivamente, ou seja, ao fato de estarem
redigidos em língua portuguesa ou em língua espanhola. As consignas dos livros
didáticos de língua materna de português e de espanhol se aproximam em todas as
questões analisadas; o mesmo acontece com as consignas dos livros didáticos de
língua estrangeira de português e espanhol. A única grande exceção é a questão do
tratamento que, como ressaltamos, toca a questão de variedades diferentes de uma
mesma língua, pois encontramos diferenças entre os livros de espanhol para
estrangeiros e para falantes nativos, em virtude do primeiro ser produzido na
Espanha e o segundo na Argentina.
99
100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Lúcia Silva. O Ato de Fala em culturas diferentes: convergências e divergências na formulação de diretivos em Português e Espanhol. Belo Horizonte: UFMG, 2002. AKERBERG, Marianne. As funções e formas alternantes do imperativo no ensino de português para estrangeiros. In: FILHO, José Carlos Paes de Almeida, LOMBELLO, Leonor. Identidade e caminho no ensino de português para estrangeiros. Campinas, SP: Pontes, 1992.p.105-113. BAVIO, Carmen. Lengua 7. Argentina: Kapelusz, 2000. BOLLA, Liliana. Algunas dificultades en el abordaje de consignas y textos universitários. Disponível em <http://www.puntoedu.edu.ar/comunidades/psic/psicologia/+info/dificultades.pdf>. Acesso em: 20 jun 2007. BON, Francisco Matte. Gramática comunicativa del español. Tomo I.3ed. España: Edelsa, 2000.p.89-97. __________. Gramática comunicativa del español. Tomo II.3ed. España: Edelsa, 2000.p.313-320. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 37. ed. São Paulo: Nacional, 1994. CEREJA, William Roberto. COCHAR, Thereza Magalhães. Português Linguagens- 6ªsérie (7ºano). 3. ed. São Paulo: Atual, 2006. CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004.p.74-75; p.235. CURCÓ, Carmen; FINA, Anna de. Modo imperativo, negación y diminutivos en la expresión de la cortesía en español: el contraste entre México y España. In: Lincom Studies in Pragmatics 05, 2002. p. 107-140. DICCIONARIO DE LA LENGUA ESPAÑOLA, Vigésima segunda edición Edición electrónica
101
VERSIÓN 1.0 © REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, © Espasa Calpe, S.A,2003. CD1. NOUVEAU PETIT ROBERT ELETRONIQUE , Paris, 2001. CD1 FARACO, C. A. O tratamento você em português: uma aborgagem histórica. Fragmenta. Curitiba: UFPR, n. 13, 1996. FERNÁNDEZ, Isabel Gretel Maria Eres. O imperativo verbal espanhol: estudo das estratégias utilizadas no seu uso por Luso-falantes brasileiros. São Paulo: USP, 1998. JUNIOR, Clécio dos Santos Buzen. Livro didático da língua portuguesa: um gênero do discurso. Campinas, SP: UNICAMP, 2005. KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine: tradução de Fernando Afonso de Almeida e Irene Ernest Dias. Os atos de linguagem no discurso. Niterói : EDUFF,2005. MARCUSCHI, Luis Antonio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de janeiro: Lucerna, 2002.p.28. MARCUSCHI, Luis Antonio. A questão do suporte dos gêneros textuais. In: PROJETO INTEGRADO: “Fala e Escrita: características e usos”, em andamento no NELFE (Núcleo de Estudos Lingüísticos da Fala e Escrita), Depto. de Letras da UFPE,2003. Disponível em: <http://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/GEsuporte.doc>. Acesso em: 23 jul 2007. MEDINA, Joaquín Garrido. Los actos de habla. Las oraciones imperativas. In: BOSQUE, Ignacio, DEMONTE, Violeta. Gramática descriptiva da la lengua española. Madrid: Espasa, 1999.p.3881-3923. MENICONI, Flávia Colen. Os diretivos nos corpora de língua espanhola oral espontânea e escrita (material didático). Belo Horizonte: UFMG, [2003 ?]. MOLINER, María. Diccionario de uso Español versión eletrónica. Versión 2.0 (2.1.4.1.) Madrid: Gredos, 2001. 1CD.
102
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103
WEINBERG, M. B. F. de. El español en el nuevo mundo: estudios sobre historia lingüística hispanoamericana. Washington : OEA, 1994.
104
APÊNDICE
105
ANEXOS
106
TABELA PRÉ-TESTE 1 Livro
Und Pagin
a / Exerc
ícioForm
a da realiza
ção do dire
tivo Pesso
a Modo
/ Tempo
Forma
Tipo de ativ
idade que v
em depois
Linguagem
verba
lLinguagem
não verba
lTB
12
estrutura or
acional com
verbovocê
imperativo
aprenda
diálogo para
ouvir
simnão
TB1
2icônic
oauditiv
anão
simTB
12
icônico
auditiva
nãosim
TB1
3estrut
ura oraciona
l com verbo
infinitivo
terexemp
los de frase
s, conjugand
o o verbo
simnão
TB1
3icônic
oauditiv
anão
simTB
13
estrutura or
acional com
verboinfiniti
vover
apresentação
da gramátic
asim
nãoTB
13
estrutura c
om SN- excla
mativa
atenção!
exemplos de
frases, con
jugando o ve
rbosim
nãoTB
13
estrutura or
acional com
verbovocê
imperativo
recorra
indicação de
site sim
nãoTB
13/ex1
estrutura or
acional com
verbovocê
imperativo
substitua
exercício
simnão
TB1
4/ex2 implic
ito por inter
rrogativa dir
etavocê
exercício
simnão
TB1
4estrut
ura com SN
artigos
apresentação
da gramátic
asim
nãoTB
14
estrutura co
m SNsubsta
ntivos e adj
etivosexemp
los sim
nãoTB
14
estrutura or
acional com
verboinfiniti
voser
exemplos de
frases, con
jugando o ve
rbosim
nãoTB
14
estrutura co
m SNadjeti
vos possessi
vosaprese
ntação da gr
amatica, ex
emplificando
simnão
TB1
4estrut
ura oraciona
l com verbo
infinitivo
veraprese
ntação da gr
amática
simnão
TB1
4estrut
ura oraciona
l com verbo
vocêimper
ativorecorr
aindica
ção de site
simnão
TB1
5/ex3estrut
ura oraciona
l com verbo
vocêimper
ativouse/co
mplete
exercício
simnão
TB1
5estrut
ura com SN-
exclamativa
psiu!vocab
uláriosim
nãoTB
15
icônico
vocabulário
para ouvir
nãosim
TB1
6estrut
ura oraciona
l com verbo
infinitivo
estarexemp
los de frase
s, conjugand
o o verbo
simnão
TB1
6estrut
ura oraciona
l com verbo
infinitivo
veraprese
ntação da gr
amática
simnão
TB1
6estrut
ura oraciona
l com verbo
vocêimper
ativorecorr
aindica
ção de site
simnão
TB1
6/ex4estrut
ura oraciona
l com verbo
/icônico
vocêimper
ativocompl
ete/verifique
exercício
simsim
TB1
6/ex5estrut
ura oraciona
l com verbo
vocêimper
ativocompl
ete exercí
ciosim
nãoTB
17/ex6
estrutura or
acional com
verbovocê
imperativo
complete
exercício co
m exemplo
simnão
TB1
7/ex7implíc
ito por inter
rrogativa dir
etavocês
exercício
simnão
TB1
7/ex7implic
ito por inter
rrogativa dir
etaexercí
ciosim
nãoTB
17
icônico
auditiva
nãosim
TB1
8/ex8estrut
ura oraciona
l com verbo
/implicito in
terrogativa d
iretavocê
imperativo
veja/ adivin
heexercí
ciosim
nãoTB
18
estrutura co
m SN- excla
mativapsiu!
vocabulário
simnão
TB1
9estrut
ura com SN
segunda-fei
ra.../ janeir
o...vocab
uláriosim
nãoTB
19/ex9
implícito po
r interrogati
va direta/es
trutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
compare
exercício
simnão
TB1
9estrut
ura com SN
verbos regu
laresexemp
los de frase
s, conjugand
o o verbo
simnão
107
TB19/ex9implí
cito por interrogativa direta/estr
utura oracional com verbo
vocêimperativo
compareexercício
simnão
TB19
estrutura com SN
verbos regularesexemplos de fras
es, conjugando o verbos
imnão
TB19
estrutura oracional com verbo
infinitivover
apresentação da gramática
simnão
TB19
estrutura oracional com verbo
vocêimperativo
recorraindicação de site
simn
ãoTB1
10/ex10aestrutura oracion
al com verbovocê
imperativofale
exercício com exemplo
simnão
TB110/ex10b
estrutura oracional com verbo
vocêimperativo
entreviste/ passeexercício
simnão
TB110/ex11
estrutura oracional com verbo
vocêimperativo
encontre/ conjugue-o
exercíciosimn
ãoTB1
11estrutura com S
Nalguns verbos irr
egularesconjugação dos
verbossimn
ãoTB1
11estrutura oracion
al com verboinfinitivo
verapresentação da
gramáticasimn
ãoTB1
11estrutura oracion
al com verbovocê
imperativorecorra
indicação de site
simnão
TB111/ex12
estrutura oracional com verbo
você imperativo
responda/ vejaexercício com ex
emplosimn
ãoTB1
12estrutura com S
Npronomes interr
ogativosexemplo de fras
es contendo os pronomes
simnão
TB112
estrutura oracional com verbo
vocêimperativo
recorraindicação de site
simn
ãoTB1
12estrutura com S
N/ icônicoMeus amigos
textosims
imTB1
12/ex13estrutura oracion
al com verbovocê
imperativoleia/ responda
perguntassimn
ãoTB1
13/ex14estrutura oracion
al com verbo3ªpes.sing e plu
r.indic-pres/locução verbal
lê/ devem preparar
textosimn
ãoTB1
13/ex15estrutura oracion
al com verbovocê
imperativobombardeie-o/ap
resente-o/anote/preencha/repor
teexercício
simnão
TB114/ex16
estrutura oracional com verbo
vocêimperativo
complete/ resolva
exercíciosimn
ãoTB1
14estrutura oracion
al com verbo/icônico
vocêimperativo
soltefrases para escu
tar e lersims
imTB1
15/ex17estrutura orac.co
m verbo/ implícito
vocêimperativo
ouça/completetabela para com
pletar com a auditivas
imsim
TB115
estrutura oracional com verbo
gerúndioconectando-se
indicação de site
simsim
108
TABELA PRÉ-TESTE 2
Livro
Und Pag
ina /
Exercíc
ioFor
ma da r
ealizaç
ão do di
retivo
Pessoa
Mod
o / Tem
poFor
maTipo
de ativ
idade qu
e vem d
epois
Linguag
em ver
balLing
uagem
não
verbal
L71
11estr
utura co
m SN
título
texto
simnão
L71
11/ex1
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivodesc
ubran
pergunta
ssim
nãoL7
111/e
x2imp
licito por
interrog
ativa di
retauds.
ima
gemsim
nãoL7
112
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivolean
/pruebe
ntext
osim
nãoL7
113
estrutur
a com S
Nimp
ortante
texto e
exempl
osim
nãoL7
114
estrutur
a com S
Nsub
título
texto
simnão
L71
14/ex1
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivolean
/descub
ranperg
untas
simnão
L71
14/ex2
estrutur
a oracio
nal com
verbo/i
mplicito
por inte
rrogativ
a direta
udsimp
erativo
relean/d
escubran
pergunta
ssim
nãoL7
114/e
x3estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
reconoz
cantext
osim
nãoL7
114
elíptico
texto
simnão
L71
15estr
utura or
acional
com ver
bonoso
trosindi
c-pres./
futuro
examin
amos/po
dremos
texto
simsim
L71
15estr
utura co
m SN
subtítul
otext
osim
nãoL7
115
icônico
exercici
osim
simL7
116
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivolean
texto/ p
erguntas
simsim
L71
16imp
licito por
interrog
ativa di
retaexe
rcicio
simnão
L71
17estr
utura co
m SN
subtítul
otext
osim
nãoL7
117
estrutur
a com S
Nsub
título
texto e
exempl
osim
simL7
117
elíptico
texto
simnão
L71
18estr
utura co
m SN
título
texto
simnão
L71
18icôn
icoexe
rcicio
simnão
L71
18/ex1
estrutur
a oracio
nal com
verbo/i
mplicito
por inte
rrogativ
a direta
uds.
imperat
ivorele
an /rela
cionen
pergunta
ssim
nãoL7
118/e
x2estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
resalten
texto
simnão
L71
18estr
utura co
m SN
subtítul
otext
osim
nãoL7
119
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivocons
igan/org
anícense
explicaç
ãosim
nãoL7
119/e
x1estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
intercam
bienexe
rcicio
simnão
L71
19/ex2
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivoléan
lasexe
rcicio
simnão
L71
19/ex3
estrutur
a oracio
nal com
verbo/i
mplicito
por inte
rrogativ
a indire
tauds.
imp
erativo
imagine
nexe
rcicio
simnão
L71
19/ex4
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivodesc
ubran
pergunta
ssim
nãoL7
119/e
x5estr
utura or
acional
com ver
bouds
imperat
ivoiden
tifiquen
/ destaq
uenperg
untas
simnão
L71
19/ex6
implicito
por inte
rrogativ
a direta
possíveis
respost
assim
nãoL7
120
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivoobse
rvenmai
s diretiv
ossim
nãoL7
120/e
x1estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
relean/r
esalten
explicaç
ãosim
nãoL7
120/e
x2estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
complet
entabe
la para
complet
arsim
nãoL7
120
elíptico
texto
simnão
L71
20elip
ticotítul
otext
onão
nãoL7
121
estrutur
a oracio
nal com
verbo
uds.
imperat
ivocom
enten
atividad
e oral
simnão
L71
21estr
utura or
acional
com ver
bouds.
imp
erativo
descubra
nativ
idade or
alsim
nãoL7
121
implicito
por afir
mativa/
implicito
por inte
rrogativ
a direta
L71
21imp
licito por
interrog
ativa di
retauds.
ativ
idade or
alsim
nãoL7
121
implicito
por inte
rrogativ
a direta
uds.
reflexão
simnão
L71
21elíp
ticotext
osim
não
109
TABELA PRÉ-TESTE 3
L7122estrutura com SN
títulotextosimsim
L7122implicito por afirmativa
textosimsimL7122estrutura oraci
onal com verbouds. imperativosubrayenretomada do texto
simnãoL7122estrutura oraci
onal com verbouds. imperativocomentenatividade oral
simnãoL7122eli
pticotextosimnão
L7122elíptico
textosimnãoL7123estrutur
a com SNtitulotexto
simsimL7123elí
pticotextosimnão
L7123estrutura com SN
titulotextosimnão
L7123icônico
exerciciosimsim
LivroUnd Pagina / ExercícioForma da realização do diretivo P
essoa Modo / Tempo
FormaTipo de atividade que vem depoisLinguagem verbalLinguagem não verbal
Gente111/ex1estrutura oracional com verbo
Túimperativo
ponexercício com auditiva
simsimGente111
icônicoexercício com auditiva
simsimGente111/ex2
estrutura oracional com verbotú
imperativoescucha
exercício com auditivasimnão
Gente112/ex3implícito por interrogativa direta
Túexercício com imagens
simnãoGente112/ativ a
estrutura oracional com verboTú
imperativointenta
exercíciosimnão
Gente112/ativ bimplícito por interrogativa direta
Túexercíciosim
nãoGente112/ativ cimp
lícito por interrogativa direta/ Estrut.orac.com verbo
Túimperativo
inténtaloexerciciosim
nãoGente113/ex4 ativ aimp
licito por interrogativa direta/ Estrut.orac.com verbo
Túimperativo
anótaloexercício com auditiva
simsimGente113/ex4 ativ a
icônicoexercício com auditiva
simsimGente113/ex4 ativ bes
trut.orac.com verbo/ implicito por interrogativa direta
Túimperativo
cierraexercíciosim
não
110
Gente113/ex4 at
iv bestrut.orac.co
m verbo/ implicito p
or interrogativa diret
aTú
imperativocierra
exercíciosim
nãoGente1
14/ex5implicito p
or afirmativa/ estrut
.orac.com verbo
3ªp.singular / plural
ind.-presente/ tener
quelee/ tienen
queexercício
simnão
Gente114/ex6
implicito por interrog
ativa direta /Estrut.o
rac.com verbo
vosotrosimperativo
trabajadexercício
simnão
Gente114
elipticoquadro gr
amaticalnão
nãoGente1
15eliptico
quadro gramatical
simnão
Gente115
estrutura com SN
consultório gramatic
alsim
simGente1
15/ex7icônico
exercício com auditiv
asim
simGente1
15/ex7estrutura
oracional com verbo
Túimperativo
escucha/observa
exercício com auditiv
asim
simGente1
15/ex8estrut.ora
c.com verbo/implici
to por afirmativa
Tú/ ellosimperativo
/tener queelige/ dele
tréala/ tienen que
exercíciosim
nãoGente1
15/ex8implicito p
or interrogativa diret
atú
exercíciosim
nãoGente1
16/ex 9implicito p
or interrogativa diret
a/ Estrut.orac.com v
erbotú
imperativoháblalo
exercício sim
simGente1
16/ex9implicito p
or interrogativa diret
atú
exercíciosim
simGente1
16/ex10implicito p
or afirmativa/ estrut
.orac.com verbo
nosotros/ tú/ vosotr
osindic.-futu
ro/ imperativo/ indic
.-presentevamos a/
escribe/podéis busca
rexercício
simnão
Gente116
implicito por afirmat
iva vosotros
indic.-futuro
os seráquadro gr
amaticalsim
simGente1
17/ex11implicito p
or interrogativa indir
eta/ Estr.orac.com v
erbotú
poder+ clasificar /im
perativopuedes cla
sificar /piensa/ comp
araexercício
simnão
Gente117/ex12
implicito por interrog
ativa indireta/ Estr.o
rac.com verbot
ú/nosotros/ tú/tú/ 3ª
pessoa singindi
c.-presente/ indic.-f
uturo/ tener que/ im
perativo/ ind. Prese
ntesabes/vamo
s a/ tienes que/ preg
úntales/ alguien pue
dequadro gr
amaticalsim
nãoGente1
17implicito p
or afirmativa
vosotrosindic.-futu
roos será
quadro gramatical
simsim
Gente117/ex13
estrutura oracional
com verbotú/ nosotr
osimperativo
/indic.-futuro
mira/ ordenála/ vam
os aexercício
simnão
Gente118
estrutura com SN
títulotexto
simnão
Gente118/19
implicito por interrog
ativa direta
túindic.-pres
entepuedes de
cirexercício
simnão
Gente119
implicito por afirmat
iva/implicito por inte
rrogativa direta
túindic.-futu
rovas a escu
charexercício c
om auditiva
simsim
Gente119
icônicoexercício c
om auditiva
simsim
111
TABELA PRÉ-TESTE 4
LivroUnida
de / CapPágin
a / nº
exerc Form
a de realiza
ção do direti
voPesso
aModo
/ Tempo
FormaTipo d
e atividade
que vem
depois
Linguagem Verba
lLinguagem n
ão verba
lport lin
guni1
10estrutu
ra com SN
textosim
nãoport lin
guni1
11estrutu
ra oracional c
om verbo
imperativo
fique / pesqu
iseoutros
diretivos
simnão
port lingu
ni1 11
estrutura com
SNsubtítu
lotexto
simnão
port lingu
ni1 11
estrutura com
SNsubtítu
lotexto
simnão
port lingu
ni1 11
estrutura com
SNsubtítu
looutros
diretivos
simnão
port lingu
ni1 11
estrutura com
SNsubtítu
loindicaç
ão de sites
simnão
port lingu
ni1 11
estrutura com
SNsubtítu
loexercíc
iosim
nãoport lin
guni1
12estrutu
ra com SN
subtítulo
mais diretivo
ssim
simport lin
guni1
12estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivoobserv
e-os/ leia
imagem e text
ossim
nãoport lin
guni1
13/ nº1 abcd
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
observe
perguntas
simnão
port lingu
ni1 13/ nº
2estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivoobserv
e/ indique
exercício
simnão
port lingu
ni1 13/nº3
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
observe
perguntas
simnão
port lingu
ni1 13/nº4
abcestrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivocompa
repergun
tassim
nãoport lin
guni1
13/ nº5 ab
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
observe
perguntas
simnão
port lingu
ni1 13/ nº
6estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivocompa
repergun
tassim
nãoport lin
guni1
13/ nº7 a
implícito por
interrogativa
diretaexercíc
iosim
nãoport lin
guni1
13/nº7bi
mplicito por i
nterrrogativa
direta/ imper
ativovocê
imperativo
justifique
exercício
simnão
port ling
uni113/nº7
cimplíci
to por interro
gativa direta
exercício
simnão
port lingun
i1cap114
estrutura com
SNtítulo
textosim
nãoport lin
guni1cap1
16estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivoprocur
eexercíc
iosim
nãoport lin
guni1cap1
16estrutu
ra com SN
interpretação
textual
simnão
port lingun
i1cap116/ nº
1estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivoconte-
apergun
tas e mais dire
tivossim
nãoport lin
guni1cap1
16/nº1 e
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
explique
exercício
simnão
port lingun
i1cap116
estrutura com
SNsubtítu
lotexto
simnão
port lingun
i1cap117
estrutura com
SNsubtítu
lotexto
simnão
port lingun
i1cap117/nº2
abimplíci
toexercíc
iosim
nãoport lin
guni1cap1
17/nº3estrutu
ra oracional c
om verbo
vocêimpera
tivoobserv
eexercíc
iosim
nãoport lin
guni1cap1
17/nº3abc
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
conclua
exercício
simnão
port lingun
i1cap117/nº4
estrutura orac
ional com ve
rbovocê
imperativo
observe
exercício
simnão
112
port linguni1
cap117/nº4
estrutura orac
ional com verb
ovocê
imperativo
observeexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
17/nº4implícit
oexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
17/nº5aim
plicito por inter
rrogativa direta
/ imperativo
exercício
simnão
port linguni1
cap117/nº5
bEstrutu
ra Oracional co
m verbo
você impera
tivo destaq
ueexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
17estrutu
ra com SN
subtítulo
textosim
nãoport lin
guni1cap1
18/nº6 abc
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
18/nº1implícit
o por interroga
tiva direta
exercício
simnão
port linguni1
cap118/nº2
abimplícit
o por interroga
tiva direta
exercício
simnão
port linguni1
cap118/nº3
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
18/nº4abcd
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
18estrutu
ra oracional co
m verbo
você/ vocês/ 3
ªp.singimperat
ivo/ deve+infin
itivoforme/
leiam/ desprez
em/deve demo
nstrarexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
19/nº1implícit
o por interroga
tiva direta
exercício
simnão
port linguni1
cap119/nº2
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
19estrutu
ra oracional co
m verbo
vocêimperat
ivoconheça
textosim
nãoport lin
guni1cap1
20/nº1estrutu
ra oracional co
m verbo
vocêimperat
ivorespond
apergun
tassim
nãoport lin
guni1cap1
20/nº2Estrutu
ra oracional co
m verbo
imperativo
justifique
exercício
simnão
port linguni1
cap121/nº3
elíptico (respo
nda)exercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
21/nº4 a
estrutura orac
ional com verb
oimperat
ivotroque
exercício
simnão
port linguni1
cap121/nº4
belíptico
(responda)
exercício
simnão
port linguni1
cap121/nº5
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
21estrutu
ra com SN
subtítulo
textosim
nãoport lin
guni1cap1
21/nº6 ab
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
22/nº7estrutu
ra oracional co
m verbo
vocêimperat
ivoreleia
textosim
nãoport lin
guni1cap1
22/nº7 abc
implícito por in
terrogativa dir
etaexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
22/nº8estrutu
ra oracional co
m verbo/ elípt
icovocê
imperativo
observeexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
22/nº9estrutu
ra oracional co
m verbo
você/vocês
imperativo
reúna-se/ conc
luamexercíci
osim
nãoport lin
guni1cap1
22estrutu
ra com SN
subtítulo
textosim
nãoport lin
guni1cap1
22estrutu
ra com SN
subtítulo
textosim
nãoport lin
guni1cap1
22estrutu
ra oracional co
m verbo
vocêimperat
ivodesenv
olvaexercíci
osim
não
113
TABELA 01 LIVRO “LENGUA 7”
L i v r o P a r t e L i v r oP a g /
E x e r c í c i oT i p o d e
l i n gF N
T i p o d e a t i v .
F V P e s s o a F V M o d o F V T e m p o F M O F N V
L 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 4 L N V O C u d s . i n d f u t d d i a g r a m .L 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 5 / e x 1 L V I O u d s . i m p i / i n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 5 L 0 R t x n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 5 / e x 2 L V O C u d s . i m p i n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 5 / e x 2 L V I O + C T x u d s . i m p + i m p i + i + i n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 6 L 0 C t x n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 8 7 L 0 R t x n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 7 L 0 R t x n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 7 / e x 1 L V I O u d s . i m p i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 7 / e x 1 L V C t x u d s . i m p i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 7 L 0 C T x n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 8 / e x 2 L V O a + C L + B T x u d s . i m p i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 8 L 0 R t x n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 8 L 0 R t x n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 8 9 L 0 C t x n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 0 L V O C u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 0 L 0 C T x n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 1 / e x 1 L V C T x u d s . i m p + i m p + i m p + i m p i / i / i / i / i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 1 / e x 2 L V O a + I O u d s . i m p + i m p i / i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 1 / e x 3 L V O C + P O u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 1 / e x 4 L V P T x u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 2 / e x 5 L V O C + P T x u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 2 / e x 6 L V P T x u d s . i m p + i m p + i m p + i m p i / i / i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 4 L N V R G r d i a g r a m .L 7 p r o y e c t o s 1 9 2 / e x 6 L V I O u d s . im p + i m p + i m p i / i / i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 3 / e x 7 L V P T x + I O u d s . i m p + i m p i / i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 4 / e x 1 L V P T x u d s . i m p + i m p i / i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 4 / e x 2 L V P T x u d s . i m p i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 4 / e x 3 L V P T x u d s . i m p i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 4 / e x 4 L V O a + P T x u d s . i m p i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 5 L 0 C T x n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 6 L V C T x u d s . i m p i n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 6 L 0 R G r n ã oL 7 h e r r a m i e n . 1 9 6 L N V R G r u d s . i n d f u t d d i a g r a m .L 7 t a l l e r e s c r i t a 1 9 6 L V O a + I O + O a u d s . i m p i / i / i n ã oL 7 t a l l e r e s c r i t a 1 9 6 L V I O + P T x u d s . i m p + i m p + i m p + i m p + i m p + i m p i / i / i / i / i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 1 9 7 L 0 C t x n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 9 L N V P G r i c o n .L 7 p r o y e c t o s 1 9 9 / e x 1 L V C t x u d s . i m p i n ã o
114
L 7 p r o y e c t o s 1 9 9 / e x 1 L V C t x u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 9 / e x 2 L V P G r u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 9 / e x 3 L V P G r u d s . i m p i n ã oL 7 p r o y e c t o s 1 9 9 L N V C t x d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 0 L N V R t x d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 0 L N V P G r d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 0 / e x 1 L V P G r + I O u d s . i m p + p e r + i m p + i m p i / d / i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 0 / e x 2 L V P G r u d s . i m p + p e r + i m p + i m p i / d / i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 1 / e x 1 L V O a + P T x u d s . i m p + i m p i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 1 / e x 2 L V I O u d s . i m p i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 1 / e x 3 L V P G r u d s . i m p + i m p i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 1 L 0 R G r d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 2 L N V R G r d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 2 L 0 C t x d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 2 / e x 1 L V C t x u d s . im p + i m p + i m p i / i / i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 3 / e x 2 L V P G r u d s . i m p i n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 3 L 0 R G r n ã oL 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 3 L + R G r u d s . i m p i d i a g r a m .L 7 i n f o r . t e ó r i c a 2 0 3 L 0 R G r n ã oL 7 A D D L E C 2 0 4 L N V P G r i c o n .L 7 A D D L E C 2 0 4 L 0 C t x n ã oL 7 A D D L E C 2 0 9 S I M B T x d n ã o
115
TABELA 02 LIVRO “TUDO BEM?”
Livro P a r t e L i v r oP a g /
Exerc í c ioT i p o d e
l i n gF N
T i p o d e a t i v .
F V P e s s o a F V M o d o F V T e m p o F M O F N V
T B ap r enda 116 L + C A i m p i i c on .T B ap r enda 116 L + sim C A i con .T B e n f o q u e 117 L N V O C d i a g r a m .T B e n f o q u e 117 L0 C T x nãoT B e n f o q u e 117 / e x 1 L + C A v o c ê i m p + i m p i/i i c on .
T B e n f o q u e 1 1 8 / e x 2 a L V IO v o c ê i m p + i m p i/i nãoT B e n f o q u e 118 / ex2b L V P O nós p e r d nãoT B v c s ab i a que 118 L N V C T x d i a g r a m .T B e n f o q u e 119 L N V R G r d i a g r a m .T B e n f o q u e 119 L V sim R G r não
T B e n f o q u e 119 L + B T x v o c ê i m p i i c on .T B p s i u ! 119 L + sim C T x Ex i con .T B e n f o q u e 119 / e x 3 L V P G r v o c ê i m p i nãoT B e n f o q u e 120 / e x 4 L V O a + P T x v o c ê s i m p i nãoT B e n f o q u e 120 L N V C A i con .
T B e n f o q u e 120 L + IO você / vo cê s i m p i i c on .T B e n f o q u e 121 / e x 5 L + PTx 3ªp s i ng / vo cê p e r + i m p + i m p d/ i / i i c on .T B e n f o q u e 121 / e x 6 L + C A + P T x v o c ê i m p + i m p + i m p i / i / i i c on .T B e n f o q u e 121 L N V R G r d i a g r a m .T B e n f o q u e 121 L + B T x v o c ê i m p i i c on .T B e n f o q u e 122 L0 C T x não
T B e n f o q u e 122 / e x 7 L V PTx+ IO v o c ê i m p + i m p i/i nãoT B e n f o q u e 123 / e x 8 L V PTx v o c ê i m p i nãoT B e n f o q u e 123 / e x 9 L V P G r v o c ê i m p + i m p i/i nãoT B e n f o q u e 124 L N V R G r d i a g r a m .T B e n f o q u e 124 L + B T x v o c ê i m p i i c on .
T B e n f o q u e 124 / ex10 L V P G r v o c ê i m p i nãoT B p s i u ! 124 L + sim R G r Ex i con .T B e n f o q u e 125 / ex11 L + C A v o c ê p e r + i m p d/ i i c on .T B e n f o q u e 125 / ex12 L V P T x + P O v o c ê i m p i/i nãoT B p i a d a s 125 L0 C T x nãoT B e n f o q u e 126 / ex13 L V P G r v o c ê i m p i não
T B e n f o q u e 1 2 6 / e x 1 4 a L V IO vo c ê / 3 ªp s i n g i m p + p e r i/d nãoT B e n f o q u e 1 2 7 / e x 1 4 b L + C A n ó s / v o c ê p e r + i m p + i m p d/ i / i i c on .T B e n f o q u e 1 2 7 / e x 1 5 a L + P G r v o c ê i m p i i c on .T B e n f o q u e 1 2 8 / e x 1 5 b L V P G r v o c ê i m p + i m p i/i nãoT B e n f o q u e 128 / ex16 L V P G r v o c ê i m p i não
T B so l t e a l i n gua 128 L + C A + P O v o c ê i m p i /Ex i con .T B e n f o q u e 129 / ex17 L V P G r v o c ê i m p i nãoT B c o n e c t a n d o 129 L + sim B T x d i con .
116
TABELA 03 LIVRO “GENTE”
Livro Parte LivroPag /
ExercícioTipo de
lingFN
Tipo de ativ.
FVPessoa FVModo FVTempo FMO FNV
gente entrar em m 100 L+ OC nosotros ind fut d diagram.gente entrar em m 101/ex1 L+ IO nosotros/vosotros ind+per+imp pres+pres p/d/ i icon.gente entrar em m 101 LV Ctx tú imp i nãogente en contexto 102/ex2 L0 OC ind pres d nãogente en contexto 102/ex2a L+ CA tú ind+imp+imp pres p/imp icon.
gente em contexto 102/ex2b L+ PO tú per+imp+imp+ind pres d/i/p icon.gente em contexto 103 L0 OC ind pres d nãogente em contexto 103/ex3a LV PO tú imp+ind pres i/p nãogente em contexto 103/ex3b L+ CA+PO tú imp+imp+ind pres i/i/p/p icon.gente em contexto 103/ex3c L+ CA+PO tú imp+ind+ind pres i/p/p icon.gente form/recurs. 104/ex4 L+ CA+PO tú per+ind+per fut+pret+pres d/p/p icon.gente form/recurs. 104/ex5 L+ IO tú+3ªp.sing+nosotros+tú imp+per+per+per+imp pres+pres+fut i/d/d/d/i icon.gente form/recurs. 104/ex6 L+ CA tú imp i icon.gente form/recurs. 104/105 LNV CG diagram.gente form/recurs. 105 LNV RGr icon.+diagra.gente form/recurs. 105/ex7 L+ CTx+CA tú imp+imp+imp+imp+imp i/i/i/i/i icon.gente tareas 106/ex8 LV IO vosotros imp+per fut i/d nãogente tareas 106 LV CG vosotros ind fut d diagram.gente tareas 107/ex9 L+ IO vosotros imp+per+per fut+ ind i/p/d icon.gente tareas 107 LV CG vosotros ind fut d diagram.gente tareas 107/ex10 LV IO 3ª p.sing ind pres+fut d nãogente m.em cont 108 LO CTx nãogente m.em cont 108/ex11 LV PO tú ind pres p nãogente m.em cont 108/ex12 L+ Ptx+IO tú+3ªp.sing imp+imp+per pres i/i/d icon.gente m.em cont 109/ex13 L+ CTx+IO tú per+ind fut+pres d/d diagram.
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TABELA 04 LIVRO “PORTUGUÊS LINGUAGENS”
L ivro Par te L iv ro Pag / Exerc íc ioTipo de
l ingFN
Tipo de ativ.
FVPessoa F V M o d o F V T e m p o F M O FNV
port l ing texto 220 LV O c você ind f u t d n ã oport l ing texto 222 L0 CTx n ã oport l ing texto 222 L0 +LV BTx você i m p i n ã oport l ing estudo texto 222/ex de 1-12 LV sim Ctx d n ã oport l ing l ing.do texto 224/225 de 1 -4 LV sim RGr d iagram.port l ing le i t .exp.texto 225 LV C T x + P O você/vocês imp (3x) i (3x) n ã oport l ing le i t .exp.texto 225 LV CTx você i m p i n ã oport l ing le i t .exp.texto 226/ex de1-4 L0 CTx n ã oport l ing troca. idé ias 226/de 1-3 L0 CTx n ã oport l ing troca. idé ias 226 LNV CTx d iagram.port l ing Ler é,,, 227 LV CTx você i m p i n ã oport l ing prod. texto 227 LV O C + C T x você i m p i n ã oport l ing prod. texto 229/ex de 1 -4 L0 Ctx n ã oport l ing agora s vez 229 LV PO+PTx+PTx você imp (6x) i (6x) n ã oport l ing l g em f o co 230 LV CTx você i m p i n ã oport l ing l g em f o co 230/ex de 1 -3 L0 CTx n ã oport l ing l g em f o co 230/ex4 LV P T x nós+você per+ imp(2x) d+i (2x) n ã oport l ing l g em f o co 231 LV RGr você pe r+ imp d + i n ã oport l ing l g em f o co 231 LNV RGr d iagram.port l ing exer . 231/ex1 LV P G r você i m p i n ã oport l ing exer . 231/ex2-5 LV P G r você i m p i n ã oport l ing exer . 231/ex6-7 LV P G r você imp(2x) i(2x) n ã oport l ing exer . 232/ex8 LV P G r você imp(2x) i(2x) n ã oport l ing exer . 233/ex9 LV P G r você i m p i n ã oport l ing constr. texto 233 LNV CTx você i m p i n ã oport l ing constr. texto 233/ex de1-6 L0 CTx d iagram.port l ing constr. texto 233 L0 RGr d iagram.port l ing sem e d iscur . 234/ex 1-5 LV CTx você i m p i n ã oport l ing olho na escr. 235 LV CTx você i m p i n ã oport l ing olho na escr. 235/ex 1-2 L0 P G r n ã oport l ing olho na escr. 235 L0 +LV RGr você i m p i n ã oport l ing exer . 236/ex1 LV P G r você i m p i n ã oport l ing exer . 236/ex2 LV CTx+PG r você imp(2x) i(2x) n ã oport l ing divirta-se 236 L0 CTx n ã oport l ing intervalo 237 LV O c você i m p i n ã oport l ing intervalo 237 LV P T x você/vocês imp (11x ) i (11x) n ã oport l ing intervalo 237 L0 O c n ã oport l ing intervalo 238 LV O a você per (3x)+ imp(12) d(3x)+i (12) n ã oport l ing intervalo 239 LV O a você per(2x)+ imp(6) d(2x)+i(6) n ã oport l ing intervalo 239 LV O a vocês imp(12)+per(2x) i (12)+d(2) n ã o
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