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Conselho. O Conselho, pela Decisão 93/501 de 28 de Novembro, alterou o seu nome para Conselho da União Europeia. Mas Lisboa não consagrou essa terminologia. O Conselho é composto por representantes dos Estados-membros (10º e 16º TUE). Surge como órgão único que representa a legitimidade intergovernamental, os interesses nacionais dos Estados-membros. É o embrião de uma câmara alta parlamentar. A EU não é um sistema federal. Todavia, em todas as federações há câmara baixa e câmara alta, que integra a representatividade dos Estados federados, paritária ou não. Tinha o grosso do poder legislativo, o que não é normal nas câmaras altas, e poder executivo, não normais em parlamentos. Foi durante muito tempo o principal órgão de decisão das Comunidades. Hoje, ainda há muitas situações de processo legislativo especial (decide sozinho). Quantitativamente, é o principal legislador da União.É composto por representantes de cada Estado-membro, a nível ministerial. Abrange também o nível ministerial dos Estados federados (os ministros dos Länder alemães também têm acento no Conselho). O Conselho pode ter uma formação mais elevada (só com chefes de Estado e de Governo), que ainda assim se distingue do Conselho Europeu, na medida em que não inclui o Presidente da Comissão e o Presidente do Conselho Europeu. Formalmente, é difícil reunir nesta formação.As formações são: assuntos gerais, negócios estrangeiros, assuntos económicos e financeiros, justiça e negócios internos, etc. Quem determina as formações do Conselho é, hoje em dia, o Conselho Europeu (16/6 TUE e 236 TFUE). Mas o 236º fala logo do Conselho de Assuntos Gerais e Conselho de Negócios Estrangeiros – são a base. O Conselho nos Negócios Estrangeiros é presidido pelo Alto Representante. Tem reuniões intermitentes. Os ministros vão de acordo com a especialidade. Nas outras formações, a presidência é rotativa. Há 18 meses, com três presidências (6 meses para cada). Hoje, há Presidente do Conselho Europeu, Presidente do Conselho (rotativo), Presidente do Eurogrupo, Presidente da Comissão, Alto Representante – há muitos líderes (e nem falamos aqui do chanceler alemão). O 341º TFUE estabelece que tem sede em Bruxelas. O regimento interno determina que algumas sessões decorrem no Luxemburgo. As deliberações do Conselho são públicas, nomeadamente quanto a actos legislativos vinculativos. Ao nível ministerial não estão os representantes das Regiões Autónomas e os representantes das Regiões Administrativas.Órgãos de apoio ao Conselho. O COREPER – Comité dos Representantes Permanentes –, composto por embaixadores de cada Estado-membro, presidido pelo país que preside ao Conselho, é o principal. O Conselho dos Negócios Estrangeiros tem órgão de apoio no que toca comércio, política externa e de segurança comum e instâncias preparatórias, geográficas e horizontais. Há, ainda, a figura do Secretário-Geral do Conselho, que tem grande papel burocrático. No COREPER aprova-se o grosso das matérias que depois virão a ser aprovadas em Conselho.Na competência do Parlamento europeu, há uma questão a abordar relativamente à investidura da comissão. Só nos EUA, e em nenhum estado europeu, o primeiro-ministro é escolhido nominalmente pelo parlamento. Isto acontece em parte, como avançam constitucionalistas como o professor Jorge Miranda, na moção de censura construtiva alemã, mas não noutros países. Nós, por exemplo, em Junho vamos ter a investidura do primeiro-ministro em função dos resultados eleitorais dos partidos, mas não é o parlamento a dizer que quer aquela pessoa como primeiro-ministro.Na Europa não é assim. O conselho europeu escolhe o nome; o parlamento tem de o aprovar, mas também pode reprová-lo, o que nunca aconteceu. Depois esse nome vai juntar-se com o conselho europeu e com os Estados, através dos seus comissários. Esses comissários são ouvidos um a um, durante três horas, pela comissão especializada para ver se a pessoa tem boas condições para ser ministro nessa área. Se não tiver, é

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chumbado e o presidente da comissão e do conselho europeu têm de substitui-lo por outro. Já aconteceu na comissão Prodi e na primeira comissão de Durão Barroso. Há uma votação nominal do primeiro-ministro e de cada ministro, o que não há nos estados-membros. Escolhe-se o presidente e cada comissário nominalmente (António Vitorino, que foi no fundo o ministro da justiça da União Europeia ao ser comissário do espaço de liberdade, segurança e justiça, teve de passar por isso). Esta competência é muito importante. No tratado de Lisboa acrescentou-se uma coisa que não estava no tratado de Nice: o presidente da comissão deve ser preferencialmente do partido mais votado no parlamento europeu. Romano Prodi, antecessor de Durão Barroso, é socialista, mas foi o PPE que ganhou as eleições. O PPE concedeu que o presidente da comissão fosse um socialista, a troco de obter vantagens noutros órgãos, portanto foi uma chave nas negociações. No caso de Durão de Barroso foi realmente isto que se passou: o PPE indicou um membro do PSD português que estava no PPE. Portanto, parece que há aqui uma sugestão e não uma imposição que se deve atender aos resultados eleitorais para a escolha do presidente da comissão.Na União Europeia, os Estados não são iguais. O número de deputados no parlamento europeu por Estado depende da sua democracia, da sua população. E o mesmo acontece com os votos no conselho. Nada mais justo, na opinião do professor Fausto Quadros. Com razão, durante muitos anos criticámos o facto de nas organizações internacionais clássicas haver o sistema um Estado, um voto, o que faz com que na ONU, por exemplo, os EUA e S. Tomé e Príncipe tenham o mesmo número de votos quando não contribuem os dois do mesmo modo em matéria de pactos internacionais. (Ressalve-se que isto não se aplica ao Conselho de Segurança em que há ponderação de votos entre membros permanentes/não permanentes). Este sistema beneficia os Estados pequenos porque a proporcionalidade é degressiva para os Estados pequenos. Nós temos 10M de habitante, Malta 500 mil, diferença de vinte vezes. Malta não tem vinte vezes menos o número de votos do Conselho nem de deputados no Parlamento Europeu. Nós temos vinte e dois deputados no parlamento europeu, a Alemanha tem noventa e nove, 4.8 vezes mais, mas a sua população é oito vezes maior. Portanto, a proporção é degressiva, favorável aos Estados pequenos, desfavorável aos grandes. Nós não temos oito vezes menos número de deputados que a Alemanha, Malta não tem vinte vezes menos votos que Portugal. O número de votos é fixado em função da demografia.Quanto ao Conselho:O Conselho Europeu é o que já estudámos. E houve uma inovação com o tratado de Lisboa: esse conselho europeu passou a ter um presidente por ele eleito por dois anos e meio para dar estabilidade durante esse período de tempo. Isto porque dantes no conselho europeu vigorava o mesmo sistema que vigora hoje no conselho: presidências semestrais. Portugal presidiu ao Conselho Europeu no primeiro semestre de 1992 (Cavaco Silva), primeiro semestre de 2000 (António Guterres) e segundo semestre de 2007 (José Sócrates). No conselho europeu entendeu-se que mudar o presidente de seis em seis meses quebrava a unidade e coerência da sua actuação, por isso passou a ser eleito por dois anos e meio. Neste momento, é presidente do conselho europeu, o belga Herman van Rompuy.No conselho mantém-se o sistema de rotação semestral da presidência salvo no conselho dos negócios estrangeiros, que passou a ser presidido por um alto representante para os negócios e políticas estrangeiros dos estados-membros, mesmo que este não seja um ministro dos negócios estrangeiros de um estado-membro. A situação é a seguinte: temos nas várias pastas do conselho o ministro da respectiva pasta do Estado que preside ao conselho nesse semestre, a presidir ao respectivo conselho.

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Exceptua-se o conselho dos negócios estrangeiros em que temos um alto representante escolhido pelo conselho europeu. Neste momento é uma baronesa inglesa, Catherine Ashton a ocupar este cargo. A ordem pela qual os Estados presidem ao conselho nas formações especializadas consta de um anexo ao Tratado. Durante muito tempo, o Estado que presidia tinha como adjuntos o Estado que presidiu no semestre anterior e o Estado que viria a presidir no semestre seguinte. A isto chamava-se troika, uma palavra russa que significa trio ou terceto. Portanto, havia um presidente que era acolitado pelo imediatamente anterior e a ordem do Estado era a ordem alfabética da respectiva língua nacional. Quando eram 12, tínhamos primeiro o belga. Assinale-se que a Bélgica presidiu no semestre anterior ao conselho mesmo sem ter governo - assim o permitiu a competência do seu governo de gestão. Havia dois d’s: Dinamarca e Alemanha (Deutschland), Ellas (Grécia) e Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Netherlands, Portugal, United Kingdom. Se repararmos, verificamos que esta ordem permitia que em cada conjunto de três, em cada troika, houvesse um grande: Alemanha, França, Itália ou Reino Unido. Isto desapareceu com a entrada de vários estados-membros. Por exemplo, depois de Itália temos três L’s pequeninos: Luxemburgo, Letónia e Lituânia. Depois seguimos com pequenos Estados: Malta, Netherlands, Österreich (Áustria), Portugal... Como era possível existir várias troikas sem nenhum grande alterou-se a ordem de tal modo que haja sempre nos três um grande. A isto não se chama troika agora, mas um programa de dezoito meses para três presidentes. No terceto de Portugal estiveram a Alemanha, Portugal e Eslovénia. A ordem já não é a alfabética, mas é uma de tal tipo de forma que não haja presidências de 6 meses, mas um programa de dezoito meses negociado pelos três estados que durante três semestres seguidos vão ter a presidência da União Europeia.Cada órgão da EU tem o seu regimento próprio. Os órgãos estão regulados nos tratados e no seu regimento. Regimento é o acto que regula o funcionamento interno de cada órgão. FQ também teve uma discussão a este propósito, já que o reglement francês foi traduzido por “regulamento”, e não por regimento, palavra clássica em português. Mas hoje há já artigos que falam em “regimento”.Os votos são atribuídos em função do tamanho da população. Há Estados grandes, médios e pequenos. Portugal é médio (entre 8 e 25 milhões).Composição. O Conselho, durante muito tempo, tinha de incluir um membro do Governo ou delegado. Hoje diz-se que basta haver representação ao nível ministerial. Basta ser ministro para se ser membro do Conselho – incluindo ministros dos Estados federados. Faz-se uma cedência a pensar na Alemanha. As RA de Portugal, Espanha e Itália não entram. Não são ministros, mas Secretários Regionais. Alguém que seja indicado pelo Governo da RA fará parte da delegação portuguesa, mas não poderá representar a RA em concreto.Na formação de negócios estrangeiros, o Conselho é presidido pelo Alto Representante. Se as várias formações do Conselho são presididas por ministros dos Estados (com excepção dos negócios estrangeiros), os ministros devem ter qualidade extra. O ministro da Agricultura não pode apenas perceber da agricultura portuguesa. Tem de ter competência a nível europeu. Um primeiro-ministro tem de escolher os ministros em função da sua aptidão interna e comunitária. O português é língua oficial da EU, mas nos trabalhos. E nos almoços e jantares? Muitas vezes, é aí que os assuntos se resolvem. É fundamental, pois, que os representantes dos Estados dominem várias línguas.Competência. Consta dos artigos 16º e 24º TUE e 312 a 314 TFUE. Exerce a função legislativa (em co-decisão com o PE ou sozinho). Exerce os poderes em matéria financeira e orçamental que os tratados lhe atribuem. Define as grandes linhas da política da EU. Pode delegar na Comissão a prática de actos (290/1 TFUE), novidade de

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Lisboa. Tem competência executiva complementar da competência da Comissão. Continua a ser hoje o mais importante órgão na estrutura e sistema institucional da União. No sistema federal norte-americano, há uma câmara de representantes, que representa os cidadãos e uma câmara alta, o Senado, que representa os Estado. Este não legisla, só aquela. Na Alemanha há um Bundestag, que representa a federação, e um Bundesrat, que representa os 17 Länder. É a câmara eleita que releva especialmente.Na EU há bicamarelismo: uma câmara eleita (PE) e uma câmara dos Estados. Mas aqui o poder prevalecente está no Conselho. Quando houver federalismo, o poder terá de baixa ao PE. O Conselho terá de deixar de ser o órgão mais importante.O Conselho não é um órgão não democrático: os ministros foram investidos pelos respectivos parlamentos. Os cidadãos, através das eleições parlamentares, elegem ministros sabendo que vão ser ministros do seu Estado e da União.O Conselho reúne-se em Bruxelas, embora possa ter sessões no Luxemburgo ou, excepcionalmente, noutro local. Os comissários vivem em Bruxelas. Já o Conselho não é órgão permanente. Assim, tem de haver uma estrutura em Bruxelas, o COREPER, que engloba os 27 embaixadores, que dirija a representação permanente dos Estados-membros e que prepare as reuniões. É composto por diplomatas e técnicos. A representação de cada Estado prepara as reuniões. A representação portuguesa é chefiada por Manuel Lobo Antunes, com grande qualidade. A diplomacia portuguesa tem funcionado muito bem, mesmo não tendo direito de veto: consegue, por negociação, que as votações não nos sejam desfavoráveis.A votação do Conselho é por maioria simples, a não ser que haja indicação especial. Ora, a maioria simples não é a regra. Os casos de maioria diferente são muito mais frequentes. A regra, em bom rigor, é de maioria qualificada. A unanimidade foi sendo cortada nas revisões. Primeiro, era difícil pôr todos os Estados-membros em unanimidade. Segundo, a integração política, que avançava, permitia que não se assentasse a votação na soberania dos Estados. Se nem na ONU, intergovernamental, vigora a unanimidade, seria estranho que na União, supranacional, de integração, vigorasse. Terceiro, a unanimidade é falsa, particularmente para os pequenos Estados. Portugal poderia anunciar que votaria contra a atribuição de mais quotas pesqueiras à Espanha; na votação seguinte, a Espanha votaria contra Portugal. Assim, o que se faz é, no COREPER, dialogar, negociar, arranjar pontos de encontro, consensos. Nenhum país médio ou pequeno defende o veto, porque isso se viraria contra si.Compromisso de Luxemburgo. De Gaulle, pai da Vª República francesa, partidário confederal (“Europa das Pátrias”) defendeu a política da “cadeira vazia”: sempre que estivesse em causa um interesse vital para o Estado-membro, ele poderia, à margem dos tratados, vetar. Isso passou para os tratados. Durou até Nice (23/2). Mantém-se, de certa forma, no 31/2/par. 2 do TUE, em que se permite que, em matéria ligada à PESC, o Estado exija unanimidade por força de interesse vital. Contudo, se persistir na exigência, passa para o Conselho Europeu a competência para decidir, mediante uma deliberação, por maioria qualificada, do Conselho. Subsiste, aí, Luxemburgo.Até à entrada em vigor de Lisboa, por força da conjugação de um protocolo e de uma declaração, bem como dos tratados de adesão de 2003 (de 15 para 25) e 2006 (de 25 para 27), a maioria qualificada depende do número de votos, que são atribuídos pelo número da população. Somados os votos, tinha de haver 255 dos 345 (isto é, se houvesse 91 votos contra, haveria minoria de bloqueio). Qualquer Estado-membro poderia requerer a confirmação de que a maioria obtida representava 62% da população da União, sob pena de o acto não estar aprovado. A maioria acaba por ser sempre formada por 14 ou 18 Estados-membros. Não há directórios na União. Lisboa mudou e não mudou este sistema. Mudou, mas só entra em vigor em 2014. Em 31 de Outubro de

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2014 cessa o mandato da Comissão e do PE. Em 1 de Novembro desse ano, inicia funções um novo PE e uma nova Comissão. A partir de 2014 (16/4 TUE e 238º TFUE), desaparece o critério do número de votos ponderados. A maioria qualificada é de 55% dos Estados-membros, num mínimo de 15. Esses 15 devem representar, pelo menos, 65% da população da EU. A minoria de bloqueio é de 4 Estados-membros.Prevê-se que haja votações em que nem todos os Estados-membros participem. Nas reuniões do ECOFIN, p. ex., só participam os membros da zona euro. Nesses casos deve-se adaptar. Não é exigido o mínimo de 15 Estados. A minoria de bloqueio passa a se de Estados-membros que representem 35% da população dos Estados-membros que participam mais 1. Todavia, se o Conselho não deliberar sob proposta da Comissão ou do Alto-Representante, a maioria sobe para 72% dos Estados-membros do Conselho (quase 4/5) e 65% da população. Muito dificilmente se consegue uma decisão com menos do que 15, 16 Estados-membros. Não há, pois, directórios.Aos médios e pequenos Estados, concedeu-se que tinham de votar muitos Estados e representando muitos cidadãos. Aos grandes, concedeu-se que a minoria de bloqueio fosse de quatro. O sistema já funciona há alguns meses. Nunca houve minoria de bloqueio, que impede que se delibere. O melhor que os grandes conseguem fazer é paralisar o Conselho. Mas para deliberar são precisas as maiorias. Na prática, a regra é de consenso, mesmo quando só exige maioria qualificada. Acontece muitas vezes, dado o trabalho do COREPER, que se obtenha consenso. Se, chegados a 31/10/2014, um só membro do Conselho pedir a prorrogação do sistema de Nice, ele vigorará até 2017.Comissão Europeia. É investida pelo PE. O Presidente da Comissão Europeia passou a ser “eleito” pelo PE (17/7 TUE). É preciso atender aos resultados do PE. Dá-se a entender que o Presidente deve pertencer ao partido maioritário. Mas nem sempre é assim. Romano Prodi, antecessor de Durão, era dos Socialistas, sendo o PPE maioritário. O Presidente é eleito, reunindo-se com o Conselho Europeu para, atendendo às sugestões dos Estados-membros, escolher os outros comissários. Os comissários são sujeitos ao exame da comissão parlamentar da respectiva área, voltando depois para ser votados globalmente. São duplamente controlados na investidura. Os votos contam-se, hoje, em função dos membros que compõem o PE, e não pelo número de presentes. A maioria que Durão obteve (62%) no primeiro mandato dificilmente será batida. Previa-se que a Comissão teria 25 comissários, menos que os 27 Estados-membros. No início eram dois comissários para os Estados grandes e um para os médios; depois, passou-se para um sistema de um comissário por Estado. Previa-se que cessaria nos 25, sendo o sistema, a partir daí, de rotação. Isto até 31/10/2014. Contudo, vigora ainda a regra do comissário por Estado: há 27 comissários. No mandato seguinte, o número de comissários será 2/3 do dos Estados-membros, salvo se o Conselho, por unanimidade, decidir diferentemente. Provavelmente (serão 30 Estados em 2014) teremos 20 comissários. Não está definido como serão escolhidos.Há argumentos a favor. Primeiro, se a Comissão defende o interesse geral da União, e não o dos Estados, não é necessário que os Estados tenham todos um comissário. É no Conselho que isso acontece. Segundo, apesar de não se exigir unanimidade nas deliberações, há muitas pastas sem dignidade, que não vale a pena manter. Há argumentos contra: os Estados-membros sentem-se muito mais protegidos pela Comissão do que pelo Conselho. Será indispensável um comissário nacional? Quando António Vitorino foi comissário, tínhamos apenas, para além dele, um Director-Geral. Vitorino convidou-o para seu chefe de gabinete. Os gabinetes são multinacionais. Com Durão, temos 16 chefes de gabinete ou chefes-adjuntos na Comissão. Os comissários têm interesse em estar ligados ao Presidente. Há, também, mais de 20 diplomatas portugueses. De zero passámos para 40. É a vantagem de ter um Presidente da

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Comissão português. Há um português no G20 e no G8, porque representa a União. Fala três vezes por sessão na Assembleia-Geral da ONU, enquanto o PR só fala uma.O Presidente da Comissão escolhe os comissários, com o Conselho. O Alto-Representante, escolhido pelo Conselho com a participação do Presidente da Comissão, é vice-presidente da Comissão. O Presidente coordena a Comissão. Pode, a qualquer momento, remodelar a Comissão, exonerando comissários e nomeando outros. É o representante da EU na acção externa, já que é superior do Alto-Representante.A Comissão tem competências de iniciativa e de execução. Tem ampla margem para receber delegação para prática de actos não legislativos de carácter geral e actos administrativos. Pode receber iniciativa popular da parte de 1 milhão de cidadãos europeus. O regulamento foi recentemente publicado: Regulamento EU 211/2011, de 16 de Fevereiro. Diz que a iniciativa popular só entra em vigor em 1 de Abril de 2012. Competência. Os artigos 17º, 288º, 290º e 294º TFUE são os preceitos que regem quanto à competência da Comissão. Promove o interesse geral da União, não o dos Estados (isso cabe ao Conselho), não o dos povos (cabe ao PE). Tem o direito de iniciativa no processo legislativo ordinário e especial. Os actos legislativos só podem ser aprovados sob proposta da Comissão, salvo disposição em contrário dos tratados e o caso previsto no 289/4 TDUE. Tem direito de iniciativa nos actos não legislativos (17/2/p. 2). Se o Conselho só pode divergir da proposta da Comissão por unanimidade.Os actos delegados são praticados pela Comissão mediante delegação feita por acto legislativo. Não são legislativos, mas de carácter geral, servindo para complementar actos legislativos. São uma novidade de Lisboa. Estão na fronteira entre os actos legislativos e os actos administrativos.Tem uma vasta competência executiva. A Comissão vela pela aplicação do direito da EU (aplica e faz aplicar). Controla a aplicação do direito comunitário. Executa o Orçamento da União e gere os programas. Exerce os poderes de execução conferidos pelos tratados. Negoceia os acordos internacionais. Toma a iniciativa para acordos inter-orgânicos na União. No processo legislativo ordinário, quando houver atrito e a co-decisão ficar bloqueada, a Comissão pode ser chamada, num comité de conciliação, a harmonizar as posições divergentes do PE e Conselho.Alto-Representante para os Negócios Externos e a Política de Segurança. Regem o 17/6/p.2, 18º e 26º a 38º TUE. São novos. Até Nice, em matéria externa da EU, tinha competência a Comissão (pelo vice-presidente) e o Conselho (através da formação de negócios estrangeiros: Conselho de Assuntos Gerais e Relações Externas). Havia, no Conselho, um Alto-Representante para os Negócios Estrangeiros. Primeiro, esta dualidade nem sempre funcionou. Do lado o Conselho, aparecia um novo presidente de 6 em 6 meses. O Alto-Representante foi um desastre. Javier Solana não fez um bom mandato. Era, antes, partidário anti-NATO; contudo, declarou-se europeísta e pró-NATO quando chegou ao cargo. Não tinha, pois, credibilidade.Decidiu-se unificar. Criou-se o ARNEPS, que quer dar coerência à acção externa da União. Surge para congraçar o Conselho e a Comissão. É eleito pelo Conselho Europeu para presidir ao Conselho dos Negócios Estrangeiros. O Tratado Constitucional chamava-lhe mesmo “ministro dos Negócios estrangeiros”, mas não vingou esse nome. Ao mesmo tempo, está na Comissão como vice-presidente. Tem um duplo chapéu: comissário e membro do Conselho. Cria muitos embaraços. Era tradição que Conselho e Comissão estivessem separados. Pela 1ª vez, temos um órgão que tem assento nos dois. Temos alguém que, sendo Presidente do Conselho dos NE, pode ser demitido pelo Presidente da Comissão. O PE tem poder para destituir a Comissão por moção de censura, mas não o Conselho. Em nome do pragmatismo e da unidade, viola-se o 51º: separação entre Conselho e Comissão. Por fim, não é verdadeiramente o “alto

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representante”, porque está subordinado ao Presidente da Comissão, que é, na verdade, a mais alta figura em termos de política externa.Lisboa criou uma diplomacia para a União: o corpo diplomático. Tem representação diplomática em outros Estados. O representante diplomático da União em Washington é o mais importante. É nomeado pelo Presidente da Comissão. O então Director-Geral da Acção Externa, Vale de Almeida, foi nomeado por Durão Barroso para Washington. Kissinger terá perguntado a quem deveria telefonar se quisesse falar com a União. Se Hillary Clinton quiser falar, fala com Catherine Ashton. Se Obama quiser falar, fala com Durão Barroso. O serviço europeu de acção externa (43º) é composto por diplomatas, mas não só. Cada Estado-membro tem a sua embaixada e há, para além disso, a embaixada da EU. É uma novidade trazida pelo Tratado de Lisboa.Tribunais comunitários (19º TUE, 255º e ss. TFUE, Protocolo relativo ao estatuto do TJUE). Até agora tínhamos o TJ, tribunal de primeira instância e câmaras jurisdicionais (tribunais de especialidade). Hoje há o TJUE (que é o conjunto). Dentro dele temos o TJ, que é o mais alto tribunal do TJUE. A primeira instância é agora no Tribunal Geral. Os tribunais de especialidade ainda existem. Destes cabe recurso para o Geral e deste para o TJ. Trata-se de um verdadeiro poder judicial. Tem jurisdição obrigatória: quando um Estado-membro adere à União, está automaticamente sujeito ao TJ. A jurisprudência é de tipo constitucional, já que afere a conformidade com os tratados. Os 263º e 265º dão competência para conhecer impugnações de actos da União. O 273º determina que é ele que julga litígios entre Estados-membros em matéria de DUE. Tem competência uniformizadora, através das questões prejudiciais. A sua jurisdição tem alcance político: o TJUE pode (impeachment) demitir um membro da Comissão (245º/2 TFUE). Pode destituir um juiz do Tribunal (6º Estatuto). Pode destituir um Governador do BCE (14º Estatuto BCE). Tem competência para controlar a legalidade do acto praticado pelo Conselho em matéria de sanções políticas aos Estados-membros, ao abrigo do disposto no artigo 7º/2.Um processo é normalmente célere e simples. Fala-se, por vezes, em “Europa dos juízes”. Tem um duplo sentido. O TJUE não está moldado pelo figurino romano dos tribunais (que aplicam a lei e mais nada), mas pelo modelo anglo-saxónico e alemão: criam direito dentro da lei, mesmo que não esteja escrito (criam o direito pretorianamente). O acórdão é adaptado a cada caso; se necessário, dentro do espírito da lei, o tribunal pode solucionar de forma não prevista na letra da lei. Em Portugal, só o TC – e timidamente – o tenta fazer. Os tratados são estáticos, a integração é progressiva. O tribunal dá uma interpretação teleológica ou evolutiva aos tratados. Dá interpretação mais ou menos ampla, mais ou menos finalista, para permitir a evolução da integração. Há, pois, inimigos e defensores. Os detractores dizem que os juízes não foram eleitos, não podem criar direito: é “Europa dos juízes” como Europa não democrática. Os entusiastas entendem que o progresso tem sido feito com base em acórdãos (vide evolução dos direitos fundamentais). FQ encontra-se nesta segunda tendência. Entende que o TJUE nunca infringiu os tratados. Julga conforme o modelo anglo-saxónico, cria pretorianamente, indo para além da letra da lei, não se limitando a ser mais uma bouche de la loi.Tribunal de Justiça. Tem 27 juízes, um por Estado. Quando o número for par (só aconteceu quando eram 6, 10 ou 12 Estados), porque pode ser necessário desempatar, há um juiz a mais (que roda entre os Estados-membros grandes). Mas nunca há votos de vencido nos acórdãos. Os juízes tentam e chegam a soluções de consenso. Tem oito Advogados-Gerais, a quem compete formular conclusões como os procuradores do MP.Os juízes são nomeados por acordo entre os Governos. Lisboa, no 255º TFUE, criou um comité, composto por antigos juízes, que julga da capacidade dos candidatos. Acontece,

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por vezes, que os Estados-membros nomeiam juristas importantes que não têm, contudo, conhecimentos de DUE. Não dá bom resultado.Tribunal de Contas (285º e ss. TFUE). Um juiz por Estado-membro. Não são juízes, mas auditores (court of auditors). Têm mandato de 6 anos. A competência passa por assegurar o controlo financeiro externo da União. Tem como “pontas de lança” os tribunais de contas dos 27. O TdC português é TdC de Portugal enquanto fiscaliza as contas português e TdC da União enquanto fiscaliza a aplicação portuguesa das receitas e despesas da EU. [Provedor e BCE não serão leccionados].Alargamento da competência dos órgãos da EU (352º TFUE). Foi durante muitos anos o emblemático 235º. Agora consta do 352º. Pode acontecer que, na evolução da integração, faltem aos órgãos os poderes de acção necessários, as competências necessárias para acompanhar, porque não previstos nos tratados. Não se trata de exceder os fins ou objectivos dos tratados, mas de exceder as competências previstas. Assim, a EU pode criar, através das suas instituições, novos poderes. O Conselho pode, na insuficiência dos poderes existentes, criar poderes novos para os órgãos da EU. É um preceito muito utilizado pelo Conselho. Tem, contudo, condicionantes: o Conselho tem de deliberar por unanimidade, sob proposta da Comissão e após aprovação do PE, alertando os Parlamentos nacionais. Como a PESC constitui um pilar intergovernamental (ficando, pois, no TUE), o 352/4 exceptua essa matéria. O regime referido não é conforme o direito internacional clássico (teria de haver revisão dos tratados). Contudo, na PESC isto não é possibilidade.Poderes implícitos. Não se confunde com os poderes implícitos (poderes instrumentais em relação aos poderes expressos). Quem dá o mais dá o menos. Os implícitos existem já, não são criados. Já os poderes do 352º surgem ex novo.Processo de decisão da União. É preciso distinguir duas situações: o processo de decisão com carácter legislativo e o processo de decisão com carácter executivo. No meio, temos também os chamados actos delegados. Resulta do 290º.Geralmente, temos uma proposta da Comissão. Excepcionalmente, ela pode advir dos Estados-membros, do Alto-Representante ou do BCE. Distinguimos, ao nível do processo legislativo, o ordinário (regra) dos processos legislativos especiais. Antigamente, tínhamos quatro grandes tipos de processo: processo sob consulta (iniciativa da Comissão, parecer do PE, decisão do Conselho); processo de parecer favorável (o parecer do PE tinha de ser necessariamente favorável para se poder decidir); processo de cooperação, introduzido pelo Acto Único Europeu (permitia que o PE impedisse que o Conselho adoptasse o acto); processo de co-decisão, introduzido em Maastricht (em certas circunstâncias, o PE e o Conselho decidiam juntos).Após Lisboa, distinguimos o processo ordinário (sucessor da co-decisão) dos especiais. No ordinário, o acto é conjuntamente adoptado pelo PE e Conselho (294º TFUE). Nos processos legislativos especiais, temos situações nas quais ou o Conselho ou o PE deliberam sozinhos (p. ex., em matérias orçamentais), mas com intervenção de outros órgãos. Hoje, não há dúvida de que é possível recorrer da reprovação do PE nos processos de parecer favorável.A par do processo legislativo (289º), existem processos não legislativos. O 290º, relativo aos actos delegados, foi influenciado pelos ordenamentos italiano e francês. Não se trata de uma situação de autorização legislativa, porque o acto não é legislativo. Tem o poder de completar ou até modificar alguns aspectos de actos legislativos. Está a meio caminho entre os actos legislativos e os executivos. A Comissão é autorizada a exercer aqueles poderes pelo PE ou Conselho num acto legislativo de base.O processo executivo contrapõe-se ao legislativo. Trata-se de medidas de execução. A execução compete, em regra, aos Estados-membros (291º). Na EU, adoptou-se o

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sistema de administração indirecta (como na Alemanha). Tirando o âmbito da CECA, ao nível da CEE houve grande influência do sistema alemão. No entanto, 291/2, há situações em que são necessárias condições uniformes de execução. O que acontece é que é possível que existam actos de execução cuja execução fica reservado ao órgão da União (Comissão ou Conselho). Quando sejam para executar pela Comissão, é necessário acompanhar a delegação na Comissão de algumas garantias de controlo pelo Conselho e pelo PE, que estão fixadas nas decisões comitológicas.Na esteira de alguma jurisprudência, a delegação de competências na Comissão ou em outras entidades não pode incidir na tomada de escolhas políticas. No processo de decisão, podem intervir os parlamentos nacionais. Isso está previsto num protocolo sobre a matéria. Têm direito a ser ouvidos ou a controlar a tomada de decisão ao nível das instâncias comunitárias. A Comissão envia aos parlamentos nacionais determinadas medidas; 47/7/p. 2 TUE: o Conselho Europeu e o Tribunal de Contas também são obrigados, em certos casos, a enviar os seus projectos aos parlamentos nacionais. Têm oito semanas para se pronunciarem. Também intervêm no controlo da subsidiariedade. Ademais, existe uma conferência dos órgãos dos parlamentos especializados em assuntos europeus. A intervenção da AR resulta dos artigos 263º/f), 264º/g) e 261º/i) CRP e de uma lei de 2006.Conceito de DUE. O direito da União é a ordem jurídica que estuda a ordem da EU. A EU vem substituir a personalidade jurídica da CE; falar hoje em comunidades só faz sentido para a EURATOM, a única que se mantém. FQ esclarece que, do ponto de vista dogmático, a análise surge, em Portugal, na FDUL. O DUE tem forte contributo do direito administrativo e do direito da concorrência. Tem um forte influxo jurisprudencial, até porque funciona com um sistema de precedente (que só não vincula o TJ). É diferente de outros ramos do Direito. Comunga com o direito internacional o facto de ter surgido de tratados internacionais, regidos pela CVDTE. Beneficia de autonomia dogmática em relação ao direito internacional – a impossibilidade de formular reservas aos tratados na EU é só um exemplo.Difere também do direito administrativo. Há influências recíprocas. Existe hoje em dia um direito administrativo da União: a União, quando exerce procedimento executivo, fá-lo ao abrigo de normas administrativas próprias. A europeização do direito administrativo nacional é também importante: é o efeito spill over. P. ex., a matéria dos contratos públicos está hoje harmonizada. Também a responsabilidade administrativa está regulada por jurisprudência comunitária. Mesmo em áreas, como a da revogação de actos administrativos, em que isso não é tão nítido, está presente. Em certos domínios, a revogação de acto administrativo faz-se de acordo com o CPA e com a jurisprudência do TJ (actos praticados na execução de políticas comunitárias que seja exclusivas da EU). Para além da europeização, há um meio termo: a co-administração. A par da situação de administração indirecta e de situações excepcionais de administração directa, emerge o modelo de co-administração: procedimento que se inicia ao nível comunitário, sendo o acto pratico a nível nacional (ou o inverso).Também no que toca ao direito constitucional. É matéria que interessa ao estudo da EU. O que estudamos é, essencialmente, direito constitucional da União (equilíbrio institucional, Carta, órgãos, direitos fundamentais, grandes princípios, etc.). Os tratados são uma constituição em sentido material.É também relevante a ligação com o direito comparado. Desde Maastricht que se reconhecem os direitos fundamentais de acordo com as tradições constitucionais dos Estados-membros. No Tratado de Lisboa há um artigo sobre responsabilidade civil, que remete para princípios que resultam de uma análise comparativa. Em muitas situações, é a comparação que permite integrar lacunas existentes no direito da União.

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O DUE beneficia do direito romano e da tradição civilística. Há também o sentido contrário: o DUE tem sido o quadro em que se desenvolvem estudos para encontrar princípios comuns aos direitos civis europeus. Está na força um código civil europeu, pese embora se venha discutindo se a EU tem competência para legislar sobre todas as matérias que compõem um código civil.É também afim o direito processual. É dele que resultam as bases teóricas que permitem construir o sistema judiciário. Igualmente, porque surgiu o espaço judiciário – CJAI – e um sistema de reenvios.Fontes. Temos, em primeiro lugar, os tratados. Estes seguem o regime da CVDTE. Têm especificidades, que resultam da sua natureza. Constituem a lei fundamental das comunidades (o TJ já lhe chamou “constituição material”). Tratados originários são os de Roma e Paris, de 1957, mas também os tratados de fusão, Acto Único Europeu, Maastricht, Amesterdão, Nice e Lisboa, bem como os tratados de adesão. É a fonte máxima. Os tratados podem ser revistos. O procedimento de revisão consta do 48º TUE, que foi substancialmente alterado por Lisboa: processo de revisão ordinário e processos de revisão simplificados. No ordinário, o Governo de um Estado-membro, o PE ou a Comissão podem submeter ao Conselho propostas de revisão, que serão remetidas ao Conselho Europeu e aos Parlamentos nacionais. Se o Conselho aprovar, é convocada uma convenção que, por consenso, adopta uma recomendação para a Conferência de Representantes dos Estados-membros, cuja deliberação terá de ser ratificada por todos os Estados-membros. Há diferenças quanto à legitimidade, mas também quanto àquela nova fase – a da convenção.Há dois processos simplificados. O primeiro prescinde da convenção. No ultra-simplificado, a deliberação pode ser feita sem intervenção dos Estados-membros (apenas pelo Conselho Europeu). São as cláusulas passerelle. No acórdão do TC alemão que viabilizou a ratificação de Lisboa, entendeu-se que o 48/7 só poderia ser aplicado quando o Parlamento alemão aprovasse. Isto não consta dos tratados. Entendeu-se que o 48/7 transitava já para uma Kompetenz Kompetenz: não era delegação de soberania, mas transferência, o que não foi pacificamente aceite.Limites materiais à revisão dos tratados. O adquirido comunitário é limite, para FQ. L. Freitas entende que se mantém. Lisboa tem, contudo, uma alteração fundamental: o 48/2 passou a dizer que aqueles órgãos podem remeter ao Conselho um projecto que pode ir no sentido de aumentar ou reduzir as competências atribuídas à União. Parece afastar-se a ideia de adquirido. L. Freitas entende que não: o que existe é o afastamento do princípio do não retrocesso. O adquirido comunitário é composto pelos princípios fundamentais, pelas normas essenciais da construção comunitária. É possível retroceder, mas não no conteúdo essencial. O não retrocesso foi afastado apenas ao nível constituinte: noutros domínios ele mantém-se, nomeadamente na cooperação reforçada.Há um problema linguístico no DUE. Há 23 línguas oficiais na EU. Quid juris se os conceitos não coincidirem? Traduzir é traduzir literalmente conceitos, e não palavras. O TJ já entendeu que um cidadão nacional pode invocar o DUE em língua estrangeira para afastar a má tradução da sua língua nacional.Natureza jurídica do DUE. Há duas teses para a explicar. Uma é internacionalista: a EU é criada por tratados internacionais clássicos, que só entram em vigor se ratificados por todos, pelo que é direito internacional. Não há primado, há soberania dos Estados. FQ repudia esta tese. Gomes Canotilho já não a defende. Não tem acolhimento possível. É certo que os tratados são ratificados por todos. Contudo, tudo o resto não é de direito internacional (relação de subordinação, parlamento bicameral, acesso directo dos particulares ao TJ, embrião de Governo, de primeiro-ministro). O próprio direito

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internacional já conhece zonas de integração, de subordinação (veja o ius cogens, que vigora sem que as constituições o prevejam necessariamente; sanções da ONU, contra a vontade dos Estados; matéria de ambiente contém regulação supraestadual; moderno direito contra o terrorismo, etc.). Já não é aquilo que foi.A posição federalista (durante muito tempo sobrenacionalista) diz que se trata de uma federação: há uma constituição material (alguns dizem mesmo que há constituição formal). FQ diz que a tese não procede. Não há um povo europeu com poder constituinte. Há constituição material mas não há uma formal. A cidadania europeia não é diferente da cidadania nacional. Não há federalismo sem Estado. Se não há um substrato de Estado federal, não há federalismo. A EU tem capacidade jurídica limitada pelo princípio da especialidade. O primado, que existe, no Estado federal leva a nulidade ou inexistência da norma estadual; no DUE, gera a inaplicabilidade da norma nacional, mas não a sua invalidade. Não se aplica naquele caso, porque há desconformidade, mas noutros casos não perde eficácia. Não há integração judicial, igualmente. Nas federações pode-se recorrer para o tribunal federal. No DUE, não se pode recorrer de sentenças nacionais para o TJUE. O governador do banco central de cada Estado-membro faz parte do Conselho dos Governadores do BCE. Para se lhe garantir a independência perante o poder político nacional, um acto desse poder que o exonere pode ser anulado pelo TJUE. É a única excepção, no direito supranacional, em que um acto nacional pode ser directamente anulado pelo tribunal “federal”.Mas não há direito federal. Há vários traços federais, contudo. Desde logo, moeda única e união monetária e económica. Também, a aproximação progressiva da Comissão de um Governo estadual e do Presidente da Comissão de um primeiro-ministro estadual. A Comissão é até mais democrática do que os Governos, porque cada Comissário é investido pelo PE. Ademais, há poder de co-decisão (PE e Conselho): junta-se a componente democrática e a interestadual. O BCE também revela um laivo federal. A EU é uma figura híbrida, que escapa aos catálogos. É um direito com base em tratados internacionais, mas com muitos traços estaduais ou federais. Mesmo que se chegue a uma solução mais federal, não será como as outras. Federar nações com largos séculos de história seria muito difícil.Princípios gerais de direito. Noutros ramos de direito, questiona-se o lugar dos princípios gerais de direito na hierarquia. No DUE, entende-se que estão depois dos tratados, mas que vêm logo a seguir deles. Antes da Carta, os direitos fundamentais vigoravam na EU como princípios gerais de direito. Em primeiro lugar, os princípios gerais de direito internacional, constantes da CVDTE (reciprocidade, exceptio non adimpleti contractus, pact sunt servanda, etc.). Depois, os princípios gerais de direito comuns aos direitos nacionais (p. ex., princípios constitucionais em matéria de direitos fundamentais; responsabilidade extra-contratual nos 27 Estados-membros). Outrossim, princípios gerais de direito ditado pela noção de comunidade de Direito. O primado do DUE proclama princípios básicos (segurança jurídica, direitos adquiridos, não retroactividade, proporcionalidade dos actos, direito a um juiz, correspondência de cada direito subjectivo a um direito adjectivo, publicidade dos actos). Depois, princípios estruturais da EU (liberdade, não discriminação, subsidiariedade, proporcionalidade, equilíbrio institucional). Estão subordinados aos tratados mas impõem-se às outras fontes (direito derivado).Direito derivado. É o direito proveniente dos órgãos da EU. Rege o 288º TFUE. Há cinco actos de direito derivado: regulamento, directiva, decisão, recomendação e parecer. Só os três primeiros obrigam. No Tratado Constitucional previa-se que o regulamento fosse chamado de “lei europeia”. Não ficou. É um acto geral e abstracto, mas pode haver, excepcionalmente, regulamentos de execução. É directamente

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aplicável na ordem interna dos Estados-membros. A directiva também é geral e abstracta. Se o regulamento é de subordinação, a directiva é de cooperação. A directiva dirige-se ao Estado: obriga-o quanto ao resultado, deixando a liberdade de conformar a directiva, pela forma e meios, ao interesse nacional, por um acto interno. A decisão era, até Lisboa, individual e concreto (acto administrativo). Hoje, pode ser geral e abstracta; quando indicar destinatários concretos será acto concreto. É em obrigatória em todos os seus elementos e aplica-se directamente na ordem interna dos Estados-membros.A directiva, para vigorar na ordem interna, tem de ser transposta por acto nacional (legislativo). Se não for transposta dentro do prazo, qualquer particular pode invocá-la junto do tribunal. Em Portugal, por força do 227/1/a) e v) CRP, a directiva tem de ser sempre transposta por acto legislativo do Governo. Pela alteração havida em 2004, pode ser também acto legislativo regional, na medida em que tiver âmbito ou relevância regional. Ou seja, ou é toda transposta (porque é toda de âmbito regional) ou só na parte em que tem âmbito regional. O parecer é um acto consultivo. A recomendação é diferente. Em princípio, tem efeito persuasivo (é mais do que o parecer). Acaba por obrigar, sobretudo quanto é para prática de acto obrigatório. Nessa medida, a obrigatoriedade da recomendação baseia-se na do acto recomendado.Lisboa passou a prever – 289º a 294º - actos legislativos, delegados e executivos. Veio dizer que os regulamentos, directivas e decisões podem ter uma daquelas formas. Acto legislativo é acto geral e abstracto aprovado por processo legislativo (ordinário ou especial). Actos delegados (290º) são actos praticados pela Comissão por delegação de acto legislativo. Não é legislativo; tem carácter geral; completa ou altera alguns elementos não essenciais do acto legislativo. Não há essa figura intermédia em Portugal. A delegação de poderes tem de dizer qual o âmbito do acto delegado e especificar os poderes delegados. A Comissão pode praticar actos não executivos. 291º - actos de execução são fundamentalmente praticados pela Comissão (embora o Conselho também possa). A Comissão é o órgão executivo por excelência.Direito internacional. Também é fonte de DUE. Há acordos celebrados pela EU, acordos celebrados entre os Estados-membros, DIP geral ou comum que vincula a EU. O direito internacional é uma fonte importante, porque a EU celebra muitos acordos. O acordo de cooperação da EU com os países ACP (África, Caraíbas e Pacífico) – já vai na quarta versão – é um exemplo. A EU auxilia financeiramente os Estados; pede em troca uma maior liberalização dos direitos fundamentais nesses países. Não é ingerência, porque esses Estados aceitam as condições. A EU, espaço de democracia, quer saber o que é feito com o seu dinheiro.

Prática. Hipótese 4. O Pacto Ioannina foi celebrado na Grécia. Alargou a minoria de bloqueio: se algum Estado-membro invocasse um interesse importante, poderia impedir uma alteração à margem do que se previa no tratado. Agravava a maioria qualificada e reforçava a minoria de bloqueio. O Acordo de Luxemburgo falava em interesse vital e permitia que um só Estado-membro vetasse: na prática, exigia unanimidade nas decisões. Nunca foram expressamente incluídos nos tratados estes acordos.Um dos intervenientes na alteração da proposta foi o Conselho: ora, esse órgão necessita de deliberar por unanimidade para alterar a proposta da Comissão. Pressupõe-se que deliberaram ao abrigo do novo regime. O regime transitório ainda está em vigor, até 2014, e com adaptações até 2017.Quanto à sobrevigência dos Pactos de Ioannina e Luxemburgo, há um duplo problema: uma coisa é vigorarem no regime transitório, outra é vigorarem no novo regime. No regime transitório 2014-17 há, pelo menos, o espírito de Ioaninna. L. Freitas entende que se presume que cessou vigência porque se manteve apenas o espírito: assim, em

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2017 já não retomará. E entende que, mesmo no regime transitório, só conta no que toca à ponderação dos votos. Os acordos do Luxemburgo vigoram durante todo o período transitório. FQ entende que Lisboa tem afloramentos do acordo de Luxemburgo. L. Freitas entende que, para além disso, também vigora: historicamente, tem-se sempre entendido que vigora; não há razão especial para entender que cessa com Lisboa.Deliberaram já aplicando o regime novo. O cálculo tinha de ser feito de acordo com o regime anterior. Não havia maneira de apurar a maioria, porque não sabíamos quem mais votara contra. Alemanha, R.U., França e Itália tinham votado contra. Muito provavelmente haveria minoria de bloqueio, mesmo não invocando Ioannina. O acordo de Luxemburgo era invocável, pelo que bloquearia a deliberação. Para invocar, tem de se acenar com o interesse vital. Assumimos que o fizeram fundamentadamente. Caso 5. A energia é uma matéria em que o TFUE determina a partilha de competência entre a EU e os Estados-membros (4º/2/i)). Nesse domínio, o processo legislativo a seguir é o ordinário – 194/2. Cabia ao PE e ao Conselho deliberar, mediante consulta prévia do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões. O 290º prevê que um acto legislativo (o que resulta do processo legislativo) pode delegar na Comissão o poder de adoptar actos não legislativos de alcance geral que completem ou alterem certos elementos não essenciais do acto legislativo. O Conselho e o PE criaram uma agência europeia. Trata-se de um órgão auxiliar: órgão criado pelas duas instituições para as ajudar no exercício das suas competências próprias. Um exemplo são os órgãos subsidiários, com especiais qualificações técnicas, em que delegam “poderes de execução claramente delimitados” e nunca poderes discricionários (jurisprudência do acórdão Meroni). A jurisprudência do TJ já previa a possibilidade de, em matérias específicas, o acto que cria a política criar também uma agência para a executar. Quanto ao tipo de procedimento executivo a adoptar, a segunda decisão comitológica (Decisão 99/468) previa quatro tipos de procedimentos (gestão, regulamentar, consulta e salvaguarda). Os dois procedimentos com requisitos mais fechados eram os de gestão e regulamentar. O regulamentar deveria ser adoptado quando estivesse em causa a execução de medidas com vista à protecção da vida ou saúde de seres humanos, outros animais ou plantas. O de gestão quando estivesse em causa a execução de medidas de política comum de agricultura ou pescas, ou ainda quando estivessem em causa medidas com elevado impacto orçamental. O processo de consulta era o que tinha uma previsão mais ampla: sem prejuízo dos dois anteriores – não era necessariamente exclusivo –, podia ser adoptado sempre que se considerasse o mais adequado. A decisão comitológica que rege hoje (28/1/2011) uniformiza os procedimentos: só há o de consulta e o de aprovação, que unifica todos os outros.Podia-se discutir se era necessário o regulamento, em vez de uma decisão (estando, aí, em causa o princípio da proporcionalidade). Se estivéssemos a falar de um acto delegado, a Comissão tinha de exercer através de acto geral – não poderia ser decisão, mas por regulamento. Mas estávamos perante meros poderes de execução, que podem ser actos gerais ou não. Uma coisa é um acto delegado, outra é um acto de execução. Era possível que tivessem sido cometidos à Comissão poderes muito amplos para decidir (acto delegado). Ou então apenas tinha sido cometida a execução (291/2). Só estes actos caiem no âmbito da decisão comitológica.Actos legislativos, delegados e de execução são os três tipos de actos existentes. Os delegados não são tecnicamente actos de execução – não estão sujeitos ao procedimento comitológico. Só se forem anteriores a Lisboa é que se lhes aplica o procedimento comitológico do regime anterior. Os posteriores a Lisboa já não estão abrangidos.

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Caso 6. São fonte de direito comunitário os tratados internacionais concluídos pelos Estados-membros com terceiros. Eles podem ser pré-adesão ou pós-adesão. Os pré-comunitários são os tratados que os Estados-membros concluíram com terceiros antes da entrada em vigor dos tratados institutivos ou, quando aos Estados aderentes, antes da entrada em vigor do respectivo tratado de adesão. Rege o 351º TFUE. Esses tratados continuam a obrigar o novo Estado-membro enquanto não cessarem a sua vigência de acordo com regras de direito internacional (pacta sunt servanda, regra de origem costumeira à qual a CVDTE submete todos os tratados; protecção da boa fé do terceiro). É uma situação em que direito internacional anterior prevalece sobre direito comunitário posterior. Contudo, se as obrigações internacionais se revelarem incompatíveis com as obrigações que contraiu como Estado-membro, não pode ficar vinculado àquelas por muito tempo: princípio da lealdade comunitária.351º/p. 2: o Estado-membro, podendo contar com a colaboração dos seus parceiros, está obrigado a eliminar a incompatibilidade (obtendo a modificação ou, se necessário, a abrogação do tratado pré-comunitário com respeito pelas regras da CVDTE). O tratado pré-comunitário não obriga a EU: vigora apenas na ordem interna do Estado nele parte.Quanto aos tratados pós-comunitários, há três hipóteses: ou a matéria em causa é da competência exclusiva dos Estados-membros, e estes celebram com terceiros isoladamente; ou a competência é partilhada, e aí temos os acordos mistos, porque celebrados, do lado comunitário, conjuntamente pela EU e Estados-membros; ou é exclusiva da EU, pelo que o princípio do paralelismo de atribuições e jurisprudência AETR (consagrada no 3/2 TFUE) mandam que só a EU pode celebrar.Ora, a matéria da protecção do património não é exclusiva. Não cabe no elenco do 4º, quanto às partilhadas. Mas o 167º TFUE prevê que a EU, se necessário, apoia e complementa a acção dos Estados-membros, entre outras coisas, na conservação e salvaguarda do património cultural de importância europeia. Assim, só se tiver uma dimensão europeia e se for necessário é que a EU pode celebrar acordos internacionais nesta matéria, em conjunto com o Estado. Em princípio, a R. Checa poderia celebrar sozinha o tratado.Quanto à incompatibilidade com o DUE, nomeadamente no que toca ao conflito com a livre circulação de mercadorias, creio que tanto o acordo pré-comunitário como o pós-comunitário são válidos. De facto, os artigos 34º e 35º proíbem restrições à livre circulação de mercadorias. Contudo, o 36º admite que haja restrições justificadas, entre outras coisas, por razões de protecção do património nacional de valor artístico, histórico ou arqueológico. Não havia, pois, incompatibilidade. Pode haver fiscalização preventiva e sucessiva da conformidade dos tratados posteriores em relação aos institutivos. Se se tratar de tratados pré-comunitários, só através de questões prejudiciais e de um juízo por parte do TJ. A matéria era, em princípio, da exclusiva competência dos Estados. Mas, se fosse necessário e tivesse dimensão europeia (167/2 TF), a EU poderia também ter competência. Ora, aí, o princípio do paralelismo de atribuições daria competência externa (ius tractum naquele domínio).