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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA Conselho Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do Conselho Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases na região Leste do município de São Paulo, no período de 2002 a 2009 Rosemary Aparecida Teves Malheiros Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Interdisciplinar de Saúde Pública Orientadora: Profª Dra. Cláudia Maria Bógus SÃO PAULO 2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Conselho Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do Conselho

Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases na região Leste do município de São

Paulo, no período de 2002 a 2009

Rosemary Aparecida Teves Malheiros

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização

Interdisciplinar de Saúde Pública

Orientadora: Profª Dra. Cláudia Maria Bógus

SÃO PAULO 2010

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Conselho Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do Conselho Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases na região Leste do município de São

Paulo, no período de 2002 a 2009.

Rosemary Aparecida Teves Malheiros

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Especialização Interdisciplinar de Saúde Pública

da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profª Dra. Cláudia Maria Bógus

SÃO PAULO 2010

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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma

impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida

exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a

identificação do autor, título, instituição e ano da tese/dissertação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de tudo a Deus por ter me proporcionado desfrutar

deste momento importante em minha vida: concluir o curso interdisciplinar em saúde

pública nesta conceituada instituição e desenvolver um estudo sobre um assunto com

o qual trabalho e acredito;

Agradeço a minha orientadora Profª Dra Claudia Maria Bógus pela

paciência, preciosas orientações e ensinamentos passados.

Agradeço a minha Supervisora Dra Marilande Marcolin que me

apoiou, deu valiosas contribuições, pela revisão criteriosa e pelo o acesso aos

documentos necessários à pesquisa;

Agradeço aos meus colegas de trabalho pelo incentivo e colaboração,

em especial a minha colega Vanessa Aparecida de Souza;

Agradeço à minha família: meus pais, meu marido e minhas filhas,

pelo incentivo, apoio e compreensão.

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Malheiros, RAT. Conselho Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do Conselho Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases na região Leste do município de São Paulo, no período de 2002 a 2009 [trabalho de conclusão de curso para o título de especialista em saúde pública]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 2010.

RESUMO

Introdução: A efetivação da participação social no SUS tem sido um tema pouco

discutido, através da quantificação e qualificação dos dados coletados pretende-se

fornecer elementos para se retomar essa discussão. Objetivo: Analisar a atuação do

CGSTS Guaianases como mecanismo do controle social, capaz de interferir nas

políticas e ações de saúde, formular estratégias e fiscalizar sua execução.

Metodologia: Análise documental das atas do Conselho Gestor de Guaianases, no

período de 2002 a 2009, e demais documentos sobre a organização e funcionamento

do Conselho. Os temas identificados nas atas foram agrupados em três categorias: 1-

Organização do Conselho; 2-Funcionamento do Sistema de Saúde; 3-Participação

Social, que foram discutidas e analisadas. Outros documentos serviram de apoio e

analisados em ordem cronológica, forneceram dados de participação dos

conselheiros em atividades extra-conselho, deliberações, atuações em

comissões/grupos de trabalhos. Resultados: Observou-se na análise das categorias

que o tema mais discutido foi Organização do Conselho (44%). Foram relatados

fatos importantes: os conselheiros de unidades comporem o Conselho Regional; lista

de presença por segmento, destacando o usuário (46,93%) como o segmento que

mais frequenta as reuniões; o contrato de gestão do sistema de saúde por

Organizações Sociais assinado em 2007, com a Casa de Saúde Santa Marcelina; em

2008 aconteceu a 1ª prestação de contas deste contrato; em 2009 a comissão

executiva do Conselho começou a supervisionar os conselhos gestores de unidades,

elaborou um documento padrão para visita às unidades de saúde e um blog:

http://cgstsguaianases.wordpress.com. Participaram das reuniões: Secretário

Municipal de Saúde, Coordenador de Saúde da região, Coordenador da Organização

Social, vereadores da região, representante de Sindicatos e do Conselho Municipal de

Saúde. Aconteceram vários eventos com boa participação dos conselheiros. No

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período estudado foram realizadas várias turmas do curso de formação para

conselheiros cuja participação dos membros do Conselho foi irregular. Conclusões:

Os dados demonstram que o Conselho conseguiu interferir nas políticas e ações de

saúde local, fiscalizando sua execução e propondo estratégias, com o apoio recebido

pela instância institucional local, porém houveram dificuldades em relação a outras

instâncias: a resistência em aceitar a participação popular e a cultura autoritária do

Estado que provocaram reflexos na institucionalização da participação social,

colocando alguns entraves nas deliberações e demora nas execuções das ações

planejadas. O controle social no SUS é um caminho a ser percorrido por todos os

segmentos por se tratar de uma forma democrática e concreta de garantir a sua

consolidação, porém é necessário que haja investimento e reconhecimento desta

instância.

Descritores: Saúde Pública; Participação Social; Controle Social; Conselhos de

Saúde; Sistema Único de Saúde.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 12

1.1. A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA E OS 12

MOVIMENTOS SOCIAIS

1.2. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E A 14

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

1.3. O SURGIMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE NA 19

ZONA LESTE

1.4. A SUBPREFEITURA DE GUAIANASES 23

1.4.1. História 24

1.4.2. Saúde em Guaianases 28

1.4.2.1. Perfil demográfico e epidemiológico 29

da população

2. OBJETO E OBJETIVOS 33

3. METODOLOGIA 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 36

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 52

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

ANEXOS 56

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Anexo 1 – Termo de Anuência da autoridade regional 56

Anexo 2 – Planilha de Pesquisa das Atas referentes às 57

reuniões do CGSTS Guaianases

Anexo 3 - Relação, por ordem cronológica e numérica 58

crescente das Atas do Conselho Gestor da

Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases,

SP, 2002 a 2009

Anexo 4 – Lista de Presença – Reunião do Conselho Gestor 61

Anexo 5 – Acompanhamento de Presença dos Conselheiros 64

Gestores

Anexo 6 - Planilha de Resumo das reuniões dos CGUnidades 66

Anexo 7 – Roteiro para Acompanhamento aos CGUnidades 67

Anexo 8 - Regimento Interno do CGSTS Guaianases 68

Anexo 9 – Pôster 74

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LISTA DE QUADROS, TABELAS E

FIGURAS

Quadro 1 –

Alguns indicadores Básicos da Cidade de São Paulo

escolhidos pelo Movimento Nossa São Paulo, fazendo

um recorte para a região de Guaianases, com metas de

melhoria, São Paulo, 2009.

25

Quadro 2 - Setor econômico x empregos, disponíveis na

Subprefeitura de Guaianases, São Paulo, 2009.

27

Quadro 3 - Estimativa populacional por faixa etária e sexo da

Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases. Município

de São Paulo, 2009.

29

Quadro 4 - Óbitos gerais e por faixa etária (<1ª e 60ª e mais),

segundo Supervisão Técnica de Saúde de residência

Guaianases. Município de São Paulo, 2009.

30

Quadro 5 - Número de casos e coeficiente de incidência (CI) de

alguns agravos de notificação compulsória por

Supervisão Técnica de Saúde de residência Guaianases.

Município de São Paulo, 2008.

30

Quadro 6 – Nascidos Vivos (NV) segundo características do recém-

nascido, da gestação e da mãe, por Supervisão Técnica

de Saúde de residência da mãe – Guaianases. Município

de São Paulo, 2008.

30

Tabela 1 - Proporção da população exclusivamente usuária SUS

por Supervisão Técnica de Saúde - MSP, 2007.

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Tabela 2 - Eventos documentados que tiveram a participação dos

conselheiros do CGSTS Guaianases, SP, 2002 a 2009.

50

Figura 1 - Mapa de distribuição dos Equipamentos de Saúde dos

Distritos de Guaianases, São Paulo, 2008.

28

Figura 2 - Principais temas observados durante as leituras das Atas

do CGSTS Guaianases, no período de 2002 a 2009.

38

Figura 3 - Temas relacionados ao Funcionamento do Sistema de

Saúde mais discutidos no CGSTS Guaianases, São

Paulo, 2002 a 2009.

41

Figura 4 - Seqüência de quadros que mostram a relação entre

segmento e titularidade dos conselheiros que tiveram

suas presenças em reuniões registradas, CGSTS

Guaianases, SP, 2007 a 2009.

44

Figura 5 - Total de participações dos conselheiros em reuniões do

CGSTS Guaianases, SP, 2002 a 2009.

46

Figura 6 - Relação entre a quantidade de participações por

segmento nas reuniões, CGSTS Guaianases, SP, 2002 a

2009.

47

Figura 7 - Número de participantes dos eventos documentados e o

número de participação dos conselheiros do CGSTS

Guaianases, SP, 2002 a 2009.

49

Figura 8 - Porcentagem de participação dos conselheiros do

CGSTS Guaianases em curso de capacitação da

ETSUS, SP, 2002 a 2009. Guaianases, SP, 2002 a 2009.

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SIGLAS UTILIZADAS

AE – Ambulatorio de Especialidades

AMA – Assistencia Médica Ambulatorial

AVIB – Associação dos Voluntarios Integrados do Brasil

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

CAPS AD – Centro de Atenção Psicossocial Alcool e Drogas

CEBS – Comunidades Eclesiais de Base

CGSTS – Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde

CGU – Conselho Gestor de Unidade

CEI – Centro de Educação Infantil

CEINFO – Centro de Informática do Municipio de São Paulo

CEO – Centro de Especialidades Odontológicas

CEU – Centro Educacional Unificado

CNS – Conferencia Nacional de Saúde

CONSEG – Conselho de Segurança Estadual

CPN – Centro de Práticas Naturais

CS – Centro de Saúde

CRSLeste – Coordenadoria Regional de Saúde Leste

CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/AIDS

DO – Diario Oficial

EMEI – Escola Municipal de Educação Infantil

EMEF – Escola Municipal de Educação Fundamental

ESF – Estratégia de Saúde da Família

MOPS – Movimento Popular de Saúde

MSP – Município de São Paulo

MSZL - Movimento de Saúde da Zona Leste

NIR – Núcleo Integrado de Reabilitação

NISA – Núcleo Integrado de Saúde Auditiva

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONG – Organização Não Governamental

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OPAS – Organização Panamericana de Saúde

OS – Organização Social

PRO-AIM - Programa de Aprimoramento das Informações de

Mortalidade no Município de São Paulo.

P S – Pronto Socorro Municipal

PSF - Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

SAB – Sociedade Amigos de Bairro

SEADE - Sistema Estadual de Análises de Dados

SIM/MS - Sistema de mortalidade do Ministério da Saúde

SOF – Sempreviva Organização Feminista

STS – Supervisão Técnica de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

SUVIS – Supervisão de Vigilância em Saúde

UBS - Unidade Básica de Saúde

UMPS - União dos Movimentos Populares de Saúde

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

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INTRODUÇÃO

Para falar sobre Participação Popular e o Controle Social nas políticas

públicas de saúde no Brasil, é necessário retroceder na história e relatar sobre fatos

que transformaram a saúde pública no Brasil, como o Movimento Sanitário, na

década de 1970, sendo o SUS uma das conquistas deste movimento. A história do

Movimento Popular de Saúde é outro fato marcante, bem como o surgimento dos

Conselhos Gestores, portanto as próximas linhas relatam sucintamente sobre estes

fatos, relacionados ao SUS e a participação social.

A pesquisa discorrida neste trabalho tem por objeto o

desenvolvimento das atividades do Conselho Gestor em uma região específica do

Município de São Paulo, Guaianases e para contextualizar este cenário foi discorrido

brevemente sobre a história da região e levantado dados buscando caracterizar a

qualidade de vida e saúde de sua população.

1.1. A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA E OS MOVIMENTOS

SOCIAIS

No Brasil, com o desenvolvimento do capitalismo no período pós-

1930, acentuou-se o aumento da urbanização, a expansão das periferias e as

desigualdades socioeconômicas no espaço das cidades.

O agravo das condições das periferias nas cidades fez com que, a

partir da década de 1970, aumentasse significativamente as demandas por serviços de

infra-estrutura (água, esgoto, asfalto, iluminação) e sistema de transporte; problemas

decorrentes da exclusão de grande parte dos grupos sociais de baixa renda aos

benefícios sociais e à repressão do regime político vigente. As soluções para estas

questões implicavam no estabelecimento de relações com o Estado e estavam

localizadas em um nível de macro decisões. Outro fator importante foi o processo de

redemocratização que propiciou o surgimento de vários movimentos sociais, estes

buscavam intermediar as relações entre sociedade e Estado. Alguns movimentos

sociais emergiram com mais força e tiveram maior longevidade, como os

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movimentos da área de saúde, pois ocuparam o espaço do cotidiano e da localidade,

mais distantes dos espaços típicos de atuação e intervenção do Estado. (BÓGUS,

2005)

O Movimento Sanitário surgiu na década de 1970, inspirado na

Revolução Sanitária Italiana, como um dos espelhos das necessidades do país, que

surgia na época da redemocratização brasileira.

"A Reforma Sanitária Brasileira foi um movimento de cima para baixo, que teve

como suporte intelectual, a construção de um saber militante calcado em grandes

marcos teóricos, privilegiando as instituições e a organização do aparato institucional

da saúde em detrimento do movimento real da sociedade”. (ESCOREL, 1998).

A Reforma Sanitária vem apoiada no renascimento do movimento

social, assumido inicialmente por intelectuais, começando nos centros urbanos como

uma luta desencadeada por trabalhadores e intelectuais, bem como por alguns

partidos políticos que representavam o pensamento progressista brasileiro. Foi capaz,

ao mesmo tempo, de compor com outros movimentos sociais a luta pela democracia

e articular vários desses mesmos movimentos em função da construção de uma nova

política de saúde, de caráter universal e igualitário.

Num primeiro momento, porém, o movimento não encontra o sujeito

social a quem se destina, porque este sujeito está silenciado pelo regime autoritário.

Mas no momento em que eclodem os movimentos sociais, principalmente a partir da

Nova República, o movimento sanitário encontra o seu referencial: as classes

trabalhadoras e populares. (LIMA, 2006).

“O movimento sanitário, em sua conformação, falava de uma classe

que não aparecia no cenário político nem geral nem setorial. Por ser um movimento e

não um partido, e por falar de uma classe ausente, o discurso médico-social de

transformação continha esse outro ponto de tensão: sem contar com a participação

direta da classe trabalhadora, o discurso e a prática do movimento sanitário era feito

para ela (em direção a ela) ou por ela (no lugar dela)” (ESCOREL, 1998).

Na esfera da sociedade civil, houve o surgimento de movimentos sociais nas

periferias urbanas, reivindicando acesso aos serviços de saúde, evidenciando a

participação da população na atuação desses grupos com a criação de instituições

como o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde – CEBES (1976), e a Associação

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Brasileira de Pós-Graduação em Saúde – ABRASCO (1979), acentuando o debate

político-ideológico sobre as políticas de saúde. (SILVA, 2008)

Os movimentos sociais viriam ainda a participar ativamente da

constituição de novos campos de conhecimento e de práticas até então inexistentes –

como a saúde da mulher, a saúde mental ou a saúde do trabalhador – frutos de

processos nos quais tiveram (e ainda têm) um papel decisivo o movimento feminista,

a luta antimanicomial e a luta sindical, exemplos de um fenômeno mais amplo de

participação da sociedade civil na formulação de propostas para a saúde, abrindo

novas possibilidades, para além da medicina.

Os objetivos principais da Reforma Sanitária seriam atingidos com a

criação de um Sistema Único de Saúde, o SUS, criado na constituição de 1988 e que

só foi regulamentado em 19 de setembro de 1990, através da Lei nº 8.080, que

definia o seu modelo operacional, a sua forma de organização, seus princípios

doutrinários, objetivos e atribuições.

A partir deste momento o movimento pela saúde vai tendo

desdobramentos não só na garantia do Sistema Único de Saúde, mas em movimentos

pelos remédios, pela saúde mental, pelo combate à AIDS, pela quebra de patentes

das multinacionais, pela saúde do trabalhador, pela saúde materna e infantil, pela

saúde indígena, tornando mais complexa a implementação do SUS. Essa

complexidade se expressa, hoje, nas plenárias dos conselhos que continuam como

um espaço de debate, de conflitos e também de consensos. É o desafio histórico de

mudanças e continuidades que se colocou e se coloca em cada plenária e em cada

espaço democrático de participação dentro do sistema. São outros caminhos.

(FALEIROS, 2006)

1.2. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E A PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Desde a Conferência de Alma-Ata (OMS, 1978) defendia-se,

internacionalmente, a priorização da atenção médica e dos cuidados primários de

saúde, buscando-se um atendimento de massa, equacionando-se despesas. No Brasil,

essa perspectiva de atenção aliada ao diálogo com as demandas dos movimentos

sociais terminou na elaboração de uma proposta que avançava em direção aos

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princípios dispostos pela OMS: atenção médica a baixo custo para populações

carentes. O termo Movimento pela Reforma Sanitária denomina a ação de vários

partidos, organizações profissionais e movimentos populares que buscavam elaborar

uma política de saúde de caráter universal, com uma concepção ampliada de saúde

que se expressasse em termos de direito social, de componente de cidadania. (ZIONI,

2008)

Uma das formas de se fazer a política de saúde era através das

Conferências Nacionais onde se reuniam técnicos e gestores do setor para traçarem

as bases da política de saúde no país, existentes de 1940 e que foram interrompidas

durante a ditadura militar.

No ano de 1980, graças à pressão do Movimento da Reforma

Sanitária, foi possível a convocação da VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS),

com quase 10 mil participantes. Nesta conferência, a sociedade civil esteve

representada pela primeira vez, na proporção de 50% dos participantes, entre eles,

principalmente, usuários dos incipientes serviços públicos e integrantes dos

movimentos sociais.

A VIII CNS representa um dos mais importantes pontos de inflexão

na luta pela saúde no Brasil em toda a história. Convocada pelo então Presidente da

Fundação Oswaldo Cruz, Sérgio Arouca, ela inaugura, sem base legal, o processo de

participação civil nas deliberações sobre a política nacional de saúde. Setores da

sociedade civil, anteriormente marginalizados da tomada de decisão acerca das

questões relativas à saúde, tais como sindicatos e organizações comunitárias,

participaram em massa do evento.

Esta Conferência ratificou as teses estruturalistas formuladas nas

universidades sobre as limitações e obstáculos da melhoria de saúde da população:

“As desigualdades sociais e regionais existentes refletem estas condições

estruturais... A evolução histórica desta sociedade desigual ocorreu quase sempre na

presença de um Estado autoritário que desenvolveu uma política social mais voltada

para as classes dominantes, impedindo o estabelecimento de canais eficazes para as

demandas sociais e a correção das distorções geradas pelo modelo econômico”

(BIBLIOTECA VIRTUAL, 1986).

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Nessa ocasião foi reafirmado o documento, “Saúde e Democracia”, no

qual foram apresentados e defendidos os princípios que deveriam orientar uma nova

política de saúde. Esse documento serviu de base à promoção de uma emenda

popular que seria discutida durante os trabalhos da Assembléia Constituinte. Assim,

em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil,

cria-se o Sistema Único de Saúde (SUS) que reconhece a saúde como um direito de

cidadania e dever do Estado.

A proposta de universalização do acesso a todos os níveis de atenção à

saúde, independente do lugar ocupado pela pessoa no mercado de trabalho,

confrontou, pela primeira vez na história do Brasil, o desenho histórico da cidadania

regulada e sua expressão na política sanitária.

O SUS “é o conjunto de ações e serviços de saúde prestados por

órgãos e instituições Públicas Federais, Estaduais e Municipais, da Administração

Direta ou Indireta e das Fundações mantidas pelo Poder Público” e em caráter

complementar “... pela iniciativa privada”. Esta definição consta do artigo 4º da Lei

Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.

O SUS reconhece a vinculação da saúde às condições econômicas e

sociais e propugna que o direito à saúde implica na garantia, pelo Estado, não apenas

de serviços de saúde, mas também de políticas econômicas e sociais que propiciem

melhores condições de vida. Baseado nos princípios de universalidade, eqüidade,

integralidade e nas diretrizes de descentralização, regionalização e participação da

comunidade. O SUS busca reafirmar a saúde como um valor e um direito humano

fundamental, tem como objetivos: dar assistência à população, baseando-se no

modelo de promoção, proteção e recuperação da saúde.

A abertura comercial, a desregulamentação da economia, a

privatização, a diminuição do papel do Estado e a primazia da remuneração do

capital financeiro nos gastos públicos representam um vetor contrário ao processo de

construção de um projeto de proteção social para o Brasil e à conseqüente defesa da

saúde enquanto um direito universal a ser garantido pelo Estado.

Surgem, nesta época, idéias de que o governo deve garantir uma

“cesta básica” de doenças e procedimentos, composta por vacinas, atenção primária e

saneamento e de que a gratuidade dos serviços deve ser repensada. Em outras

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palavras, uma saúde pobre para pobres. Além disso, na década de 1990 a OPAS

inicia a defesa da redefinição do papel do Estado em busca do crescimento e da

eqüidade para a América Latina e defende "embora de forma cautelosa, que os

indivíduos e as famílias de maior renda contribuíssem no financiamento da saúde".

Deste modo, é possível identificar, no decorrer dos anos 1990, pelo

menos dois projetos polares em disputa, um orientado pelo paradigma da cidadania

plena, no qual o direito à saúde é um valor universal, e o da cidadania social restrita,

em que o direito à saúde é orientado pelo critério da eficiência e racionalidade

econômica. A mais evidente das restrições feitas ao longo da década de 1990 tem

sido a financeira, que vem reduzindo de forma sistemática o gasto público per capita

em saúde no Brasil, cujo patamar permaneceu abaixo de países latino-americanos

mais pobres.

Nesse sentido, durante a década de 1990 e nos anos 2000 o próprio

processo de implementação do SUS esteve em cheque, reacendendo a necessidade de

articulação dos diversos atores sociais que atuam na área no sentido de defender as

conquistas de 1988.

A mobilização em torno da aprovação e, posteriormente, da

regulamentação da Emenda Constitucional (EC) 29, que fixa compromissos

orçamentários para a saúde nas três esferas de governo é um exemplo da necessidade

de articulação para a garantia dos direitos à saúde. A EC 29, após longo trâmite no

Congresso, foi aprovada em 2000 e somente foi regulamentada em abril de 2006,

após intensa mobilização de setores ligados à saúde na Câmara dos Deputados.

Em maio de 2005 foi realizado o 8º Simpósio sobre Política Nacional

de Saúde, com o tema “SUS – o presente e o futuro: avaliação do seu processo de

construção”, com mais de 800 representantes. Participaram do evento parlamentares,

entidades representativas do setor, representantes dos governos federal, estaduais e

municipais, do Ministério Publico e do Judiciário.

Nesse Simpósio foi aprovado o Manifesto “Reafirmando

Compromissos pela Saúde dos Brasileiros”, lançado posteriormente em Brasília, no

dia 23 de novembro de 2005, em ato público realizado na Câmara dos Deputados,

com vistas à defesa da regulamentação da Emenda Constitucional 29 e contra o

artigo da Medida Provisória 261, que propunha retirar R$ 1.2 bilhões do orçamento

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da saúde. A Carta de Brasília, como ficou conhecido o Manifesto, permite evidenciar

o caráter da disputa atualmente posta no âmbito da saúde no Brasil, girando

principalmente em torno da defesa do SUS e de seus princípios.

Em 2006 é publicada a Portaria nº 399, de 22 de fevereiro, que dispõe

sobre o Pacto pela Saúde, compromisso firmado entre os gestores do sistema para a

consolidação do SUS, com seus três componentes: Pactos Pela Vida, em Defesa do

SUS e de Gestão, cujas diretrizes foram aprovadas na reunião da Comissão

Intergestores Tripartite, realizada no dia 26 de janeiro de 2006.

Diante deste cenário cabe ressaltar que o principio organizativo da

participação social tornou-se um ganho importantíssimo, pois é a garantia

constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, poderá

participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua

execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Está resguardado pela lei

nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que trata sobre a participação da comunidade

na gestão do SUS e sobre transferências intergovernamentais de recursos financeiros

na área da saúde. O artigo 1º, da referida Lei garante as forma de participação social:

Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde, em cada esfera do governo.

As Conferências têm a finalidade de avaliar a situação de saúde e

propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis

correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta

ou pelo Conselho de Saúde. Os Conselhos de Saúde possuem caráter permanente e

deliberativo, são órgãos colegiados compostos por representantes do governo,

prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários e atuam na formulação de

estratégias e no controle da execução da política de saúde, nas instâncias

correspondentes, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões são

homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.

Hoje há mais de 5.500 Conselhos de Saúde no país, nos quais a representação da

sociedade civil é paritária à somatória dos demais segmentos (50% usuários; 25%

trabalhadores; 25% gestores).

No município de São Paulo, o Conselho Municipal de Saúde é regido

pelo Decreto nº 38.576, de 05 de novembro de 1999, regulamentando a Lei nº

12.546, de 07 de janeiro de 1998 e composto por 64 membros, 32 titulares e 32

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suplentes, sendo 16 representantes da sociedade civil, 08 representantes dos

trabalhadores de saúde, 06 representantes das instituições governamentais e 02

representantes de prestadores de serviços e fornecedores ou produtores de materiais

de saúde.

1.3. O SURGIMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE NA ZONA

LESTE

A base do primeiro “Conselho de Comunidade” surge em 1979, no

Jardim Nordeste, bairro da Zona Leste do município de São Paulo, quando se inicia a

formação de grupos de mulheres para discutirem os problemas da comunidade. Esta

região carecia de muitos recursos: tinha pouca infra-estrutura, moradias precárias e

em áreas de riscos, como a maioria dos bairros de periferia. Estimulado pelo trabalho

das CEBS (Comunidades Eclesiais de Base) e pela presença de alguns estudantes de

medicina convidados para trabalharem na comunidade e que contribuíram nas

discussões trazendo uma visão mais política, inclusive de suas experiências em

movimentos estudantis, o grupo buscava soluções e acabou se dividindo: um grupo

de mães e outro de jovens (CARDOSO, 1988).

O grupo de jovens elaborou um “jornalzinho” para discutir a realidade

do bairro e alguns pais destes jovens tentaram formar um grupo de saúde que, no

entanto, não avançou (MPS, 1981).

As discussões nos grupos de mães levaram as mulheres a se

conscientizarem dos graves problemas da comunidade e começassem a buscar

soluções, porém conflitos de interesses foram se acentuando entre as ligadas somente

as questões religiosas e as que queriam expandir sua luta, levando a uma divisão do

grupo e 05 mulheres (Zulmira, Zuleide, Ides, Terezinha e Lurdes) constituíram uma

comissão de saúde com intenção de trabalhar pelas melhorias das condições do

bairro frente às autoridades públicas. Elas continuaram a serem assessoradas pelos

estudantes de medicina que traziam informações para alcançar alguns objetivos, um

deles era a construção de Centro de Saúde no bairro. Depois de algumas reuniões e

abaixo-assinados, conseguiram permissão para alugar uma casa para instalar o

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Centro de Saúde, porém este ainda levou algum tempo para ser inaugurado e

começar a atender a população. Esta vitória, porém incentivou a então comissão de

saúde que se expandiu para bairros vizinhos.

Nasceu a União de Vilas que “reivindicavam além das melhorias na

área de saúde, melhorias no transporte, pavimentação, telefones públicos e

participavam do movimento Custo de Vida”. As mulheres participantes da União de

Vilas começaram a disputar a direção das Sociedades Amigos do Bairro (SAB´s)

desenvolvendo uma prática participativa de confronto com os órgãos públicos.

Exerciam uma relação de direitos e deveres e não de troca de favores, buscando

manter a autonomia do movimento que apesar de receber apoio da Igreja Católica e

dos partidos de esquerda, não estavam vinculados a nenhuma religião ou partido.

Quando da construção do Centro de Saúde (CS), a Comissão de Saúde

passou a repensar sua atuação, iniciando um trabalho dentro do CS, reivindicando

remédios, contratação de mais funcionários e ampliação dos serviços. Nesta ocasião

foram informadas da existência de um decreto que previa a criação de Conselhos

Populares nos CS´s, porém o decreto “restringia seus integrantes aos representantes

de órgãos públicos locais, entidades e clubes de serviços e designava o diretor da

unidade como coordenador”, portanto um órgão de representação das elites locais.

A Comissão de Saúde negociou com a Secretaria algumas alterações:

as pessoas deveriam ser eleitas pelos moradores da região e não indicados e teriam

um mandato de 02 anos. “Em outubro de 1978 foi entregue ao secretário um abaixo

assinado com 3.760 assinaturas, propondo a oficialização do Conselho de

Comunidade para fiscalizar o funcionamento do Centro de Saúde”. Em dezembro foi

autorizada e criação do Conselho do Jardim Nordeste e deu-se inicio ao processo

eleitoral que terminou em março de 1979, com 8.146 votos apurados, numa

população de 20.000 habitantes. Foram eleitas 24 pessoas, 12 titulares e 12 suplentes.

A posse deste conselho foi em 03 de abril, com cobertura dos principais jornais da

cidade. O jornal Última Hora de 04/04/78 publicou: “As nossas representantes não

são empregadas da Secretaria de Saúde, não ganham salários e não irão trabalhar

como voluntárias no posto. Foram eleitas para defenderem os nossos direitos”.

O conselho fazia reuniões mensais com os funcionários do CS, no

horário do expediente e previamente marcadas, que eram registradas num livro de

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atas. Estas reuniões discutiam os problemas que dificultavam o bom funcionamento

do posto, alguns eram resolvidos na própria reunião, outros tinham que mobilizar

mais pessoas, então o conselho se unia a Comissão de Saúde. Somente em 27 de

outubro de 1979 é que foram publicados os nomes das conselheiras em Diário

Oficial, trazendo o reconhecimento da Secretaria de Saúde. Em novembro deste ano

foi inaugurada uma placa no CS com as seguintes inscrições: “Este Centro de Saúde

é luta do povo”.

A Comissão de Saúde continuou seu trabalho, independente,

discutindo assuntos dos bairros e moradores, assim preservando a autonomia do

movimento (reserva moral), já que o Conselho possuía um regimento interno

definido pela Secretaria e que poderia limitar seu trabalho. Todas as decisões da

Comissão são tomadas em reuniões onde várias sugestões são dadas e discutidas por

todos. Os recursos financeiros são conseguidos através de rifas, forrós, etc. “O

Conselho procura da mesma forma, manter-se o mais independente possível,

rejeitando favores e privilégios muitas vezes oferecidos. Privilégio não é direito.”

Esta experiência do Jardim Nordeste foi sendo conhecida por outros

bairros que já vinham lutando por melhores condições de saúde, como o movimento

de saúde de São Mateus. Em 27 de janeiro de 1981 a Secretaria de Saúde, através do

decreto nº 16.545, reconhece a importância de tais conselhos, desta vez especificando

que eles deverão ser formados por “elementos locais usuários da Unidade Sanitária”.

Em 1981 mais 18 bairros da região (São Mateus, Jardim Paraguassú,

Parque São Rafael, Burgo Paulista, Jardim IV Centenário, Vila Granada, Vila

Carrão, Vila Curuçá, Artur Alvim, Vila Nova York, Jardim Rosely, Cidade Patriarca,

Vila Antonieta, Jardim Colonial, Jardim Tietê, Parque Boa Esperança, Cidade A. E.

Carvalho e Parque Bristol – o único da zona sul) começaram a discutir a formação de

conselhos e foi impresso um caderno, baseado na experiência do Jardim Nordeste,

para esclarecer sobre o que é um Centro de Saúde, como este deve funcionar, quais

são os recursos necessários e como o povo pode influir no funcionamento através do

Conselho. Este caderno foi usado nas discussões dos bairros. Entre os meses de maio

a outubro de 1981 foram divulgando as eleições e incentivando a participação da

população. As eleições ocorreram dia 24/10/81 com 313 candidatos que receberam

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9.500 votos dos moradores. Foi realizada uma posse conjunta no dia 15 de

novembro.

No Conselho do Jardim Nordeste integrou a chapa, pela primeira vez,

duas funcionárias que se reuniam junto com os demais conselheiros para discutir os

problemas do CS. As informações sobre o atendimento eram fornecidas pelo diretor

e estes dados foram fundamentais para a implantação do trabalho do Conselho no

Centro de Saúde.

Após as eleições os Conselhos iniciaram a elaboração do Regimento

Interno e em maio de 1982 foi encaminhada a proposta do Regimento para a

Secretaria Estadual que foi publicada em Diário Oficial somente em agosto de 1983.

Em março de 1983 foi realizado o “I Encontro dos Movimentos e

Conselhos de Saúde da Zona Leste”. Em agosto deste ano os conselhos foram

regulamentados pela Secretaria de Saúde do Estado. A partir deste momento as

lideranças começam a trabalhar cada vez mais na ampliação do Movimento e, em

contrapartida, o Conselho se reúne cada vez menos.

Em agosto de 1985 foram realizadas novas eleições para Conselho,

desta vez seguindo o regimento aprovado pela Secretaria de Saúde. Foram 5.068

votos, porém houve pouca renovação entre os participantes do conselho. A posse foi

em setembro, quando também aconteceu a primeira reunião, com a presença da

diretora do CS e de alguns funcionários.

Num primeiro momento o Conselho funcionava questionando o

trabalho dos funcionários, num segundo momento, de adaptação, os conflitos foram

contornados na medida em que ele se solidariza com os funcionários. Neste momento

o Conselho acaba tendo um papel colaboracionista ou de “pára-choques”, frente aos

conflitos entre os funcionários e a população, amenizando seu papel de fiscalizador e

passando a ser reconhecido um papel não somente de caráter reivindicativo, mas

também de elo entre os profissionais e a população.

Porém na medida em que o Movimento Popular de Saúde se expande

pela cidade, a intensidade do trabalho participativo nos bairros tende a diminuir, isto

porque, além da evasão, há pouca renovação das lideranças locais e as lideranças do

movimento são cada vez mais solicitadas para trabalhar fora de seus bairros.

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Percebe-se um refluxo na participação da população e durante o

processo de eleição de 1988 as conselheiras tentaram entender o desinteresse da

população, levantaram algumas explicações:

• As pessoas só participam para obter reivindicações que lhes tragam

benefícios pessoais e numa situação de “normalidade” não há porque

participar.

• Grande parte das mulheres envolvidas no movimento teve que

trabalhar e, portanto deixaram de participar.

Foi elaborada uma cartilha com 08 temas sobre política de saúde, com

a assessoria do Sempreviva Organização Feminista (SOF) e do Movimento de Saúde

da Zona Leste (MSZL), para ser utilizada em reuniões com moradores. Entre os

temas estavam explicações sobre o papel e funcionamento dos Conselhos, questões

sobre a saúde nos bairros como saneamento básico, saúde mental, saúde da mulher,

etc. A intenção das eleições ia além de renovar os conselhos, mas também pretendia

mobilizar o bairro, ajudar a organizar e conscientizar para os problemas do bairro.

De 26 de setembro a 02 de outubro deste ano ocorreram eleições.

Foram eleitas 18 conselheiras, sendo 09 suplentes; com renovação de apenas 08

membros, em uma chapa única: “Saúde é vida“, que recebeu 2.156 votos. Nesta

época foram eleitos 70 conselhos em todo o município, todos com a chapa única

“Saúde é Vida”, do MSZL.

Em 2002 é aprovada a Lei Municipal nº 13.325, de 08 de fevereiro,

que dispõe sobre a organização dos Conselhos Gestores nas Unidades do Sistema

Único de Saúde, estabelecendo um mandato de 02 anos e estipulando uma

composição tripartite (usuários, trabalhadores e gestores) e paritária (50% usuários,

25% trabalhadores e 25% gestores) com no mínimo 04 membros e no máximo 16.

Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 42.005, de 17 de maio de 2002, alterada

pela Lei Municipal nº 13.716, de 07 de janeiro de 2004, regulamentada pelo Decreto

nº 44.658, de 23 de Abril de 2004.

1.4. A SUBPREFEITURA DE GUAIANASES

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A Subprefeitura de Guaianases possui uma população de 256 mil

habitantes, de acordo com o último censo do IBGE (2000), dividida entre os distritos

- Lajeado e Guaianases, com uma área de 17,80 Km2, dos quais 8,60 km2 pertencem

ao distrito de Guaianases e 9,60 ao distrito de Lajeado. A subprefeitura apresenta

uma densidade demográfica de 14.399,9 habitantes por km2, com taxa de

crescimento de 3,13% (dados de 1991-2000). No extremo leste, Guaianases faz

divisa com o município de Ferraz de Vasconcelos; ao norte, com a Subprefeitura de

Itaim Paulista e São Miguel; ao sul, com Cidade Tiradentes e ao oeste com Itaquera.

(PMSP, 2009).

1.4.1. História

Bairro originado de aldeamento indígena, de onde provém seu nome.

Por volta de 1820 os índios já estavam extintos e a terra encontrava-se em mãos de

particulares. Em 03/05/1861 foi inaugurada a Capela de Santa Cruz do Lajeado,

edificada por determinação do Sr. Manoel Joaquim Alves Bueno. Em torno da capela

o povoado de Guaianases desenvolveu-se, tendo ficado a data da inauguração do

pequeno templo religioso como o início do bairro.

Em 1837 já havia uma Agência de Correios; em 1895 criou-se uma

subdelegacia de polícia. Havia duas Agremiações esportivas: o Atlas Lajeadense F.C.

(1915) e a União F.C. (1934) que se fundiram em 1946, dando origem ao atual

Guaianases F.C. Apesar do rápido crescimento do bairro, em 1934 só havia um

estabelecimento escolar: a Escola Reunidas de Lajeado.

O bairro desenvolveu-se por volta de 1920, com a instalação de

olarias na região e a chegada da Estrada de Ferro Norte que deram impulso à região.

Pelos trilhos vieram os imigrantes espanhóis, a partir de 1912, para dedicarem-se à

extração de pedras através das Pedreiras Lajeado e São Matheus e os italianos

estabelecendo-se como comerciantes, fabricantes de vinho, fabricantes de tachos de

cobre, ferreiros e carpinteiros.

O bairro recebeu o nome oficial de Guaianases em 24 de dezembro de

1948. Em 1950 a população de Guaianases ultrapassava 10.000 habitantes. O

principal meio de transporte que ligava o bairro ao centro do Município era uma

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locomotiva tipo Maria Fumaça, que perderia seu lugar para os trens elétricos a partir

de 1958. Hoje possui uma estação ferroviária construída recentemente que liga o

bairro ao centro através de um expresso, assim como a outros municípios como Poá,

Suzano, Mogi das Cruzes.

Em volta da estação desenvolveu-se um centro comercial e construção

de várias moradias mais luxuosas que aos poucos vão sendo ocupadas por comércio,

uma vez que seus moradores estão migrando para regiões “mais nobres” da cidade.

A partir da segunda década do século XX a região começou a receber

um grande número de migrantes nordestinos, que representam hoje, parte

significativa da população local. Mão-de-obra não especializada, os moradores

passaram a desempenhar as diversas tarefas requisitadas pela cidade que crescia em

ritmo frenético, caracterizando o bairro como “dormitório” e predominando a baixa

remuneração sendo que atualmente a renda mensal média é de R$ 864,00 (oitocentos

e sessenta e quatro reais) (Quadro 1).

O crescimento desordenado do bairro - alavancado, sobretudo a partir

de 1940, com a intensificação das migrações permitiu a ocupação de áreas de

manancial e de regiões sujeitas a enchentes, de alto risco para o estabelecimento de

moradias, edificadas, em sua grande maioria, através da autoconstrução. Dos

domicílios 9,10% estão situados em áreas de favelas, sendo que 22,66% não têm

ligação de esgoto (Quadro 1).

Quadro 1 – Alguns indicadores Básicos da Cidade de São Paulo escolhidos pelo Movimento Nossa São Paulo, dos quais foram recortados os referentes a região de Guaianases, com metas de melhoria, São Paulo, 2009.

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Item Subitem Valor do Indica

dor

Valor absolu to

Meta

Acervo de Biblioteca Infanto Juvenil per capita ²

1,1 50.011 2 livros per capita (UNESCO)

Acervo de Biblioteca para Adultos per capita ²

0,1 19.672 2 livros per capita (UNESCO)

Salas de Cinema ² ... ... 1 por distrito -MNSP

Cultura

Salas de Teatro ² ... ... 1 por distrito -MNSP

Abandono no ensino médio ¹ 9,45 1.308 0 até 2012 (PNE/2001)

Abandono no ensino fundamental ¹ 2,17 927 0 até 2012 PNE/2001

Analfabetismo 16ª ou mais ² 4,49 n/d Erradicação (PNE/2001)

Demanda de creche * 52,35 3.544 0 até 2012 (PNE/2001)

Educação

Demanda de pré-escola * 82,02 10.832 0 até 2012 (PNE/2001)

Esporte Unidades Esportivas ² ... ... 1 por distrito (MNSP)

Habitação Favelas – domicílios * 9,10 27.363 0,31 (SEHAB/2009)

Áreas verdes m² / habitante ° 2,62 1.119 12 m²/hab. (OMS/ONU)

Consumo de água em m³/ habitante³

4,53 1.282 3,3 m³/hab.(ONU)

Rede de esgoto – domicílios sem ligação ³

22,66 n/d Zerar (MNSP)

Meio

Ambiente

Coleta Seletiva de lixo – domicílios

n/d N/d 100% até 2012 (MNSP)

Orçamento Orçamento per capita em reais * 107,43 31,14 170,8 (MNSP)

Crianças com baixo peso ao nascer (< 2,5 kg) *

10,12 231 7,87 (MNSP)

Gravidez precoce (17anos ou menos) *

16,86 385 2,35 (MNSP)

Nº de leitos hosp. Por mil habitantes ³

1,21 350 2,5 (Ministério da Saúde/ MNSP)

Mortalidade Infantil (< de 01 ano em mil nasc. Vivo) ³

12,93 61 6,14 (MNSP)

Saúde

N° de UBS por 20 mil habitantes ³ 1 14 1 UBS/15 mil hab (MS/SNAS)

Desemprego de jovens de 16 a 29 anos ²

21,48 n/d 12,78 (MNSP) Trabalho e Renda

Renda mensal média, em reais ² R$ 864,00

n/d Mínimo R$ 1.262,00 (SEADE)

Mortes por cem mil hab., por local de residência da vítima ³

9,42 27 7,36 (MNSP) Trânsito

Acessibilidade em ônibus ³ n/d n/d 100% (MNSP)

Agressão a mulheres de 20 a 59 anos por cem mil mulheres ³

234,48 214 Zerar (MNSP)

Crimes fatais por cem mil hab., por local de ocorrência ²

18,72 53 8,97(MNSP)

Violência

Agressão a crianças nº de internações de 0 a 14 anos por cem mil ³

146,28 343 Zerar (MNSP)

Fonte: Movimento Nossa São Paulo – Levantamento de indicadores, São Paulo 2009

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Dados referentes aos anos: ° - 2000; ¹ - 2005; ² - 2006; ³ - 2007; * 2008.

Observando alguns indicadores básicos elencados pelo Movimento

“Nossa São Paulo” (Quadro 1) que avaliou aspectos socioeconômicos, ambientais e

culturais destacamos: o abandono dos jovens do ensino médio, 9,45%; o número de

jovens acima de 16 anos e adultos analfabetos, 4,49%; a defasagem de vagas para

creches, 52,35% e pré-escola, 82,02%; e a violência contra mulheres, 234,48% e

contra crianças, 144,28%; este último índice é considerado muito alto em relação à

meta estipulada pelo Movimento Nossa São Paulo (MNSP).

Atualmente, a região oferece alguns empregos, sendo que a maioria

das vagas é ofertada pelo setor secundário e terciário como: a Pedreira, ainda em

atividade, a fábrica de papel “Primavera”, comércio e serviços como bancos, agência

de correio, agência do INSS, etc. Sendo um bairro que continua em expansão,

também há empregos na construção civil (Quadro 2), porém o índice de desemprego

entre jovens de 16 a 29 anos está em torno de 21,48% (Quadro 1).

Quadro 2 - Setor econômico x empregos, disponíveis na Subprefeitura de Guaianases, São Paulo, 2009

Empregos no distrito:

Setor Guaianases Lajeado

Extração Mineral 64 -

Indústria 234 419

Empresa de Utilidade Pública - 8

Construção Civil 197 215

Comércio 994 899

Serviços 1232 371

Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, Subprefeitura de Guaianases, 2009

Hoje conta com os seguintes equipamentos: 01 cemitério público e 01

mercado municipal; 02 bibliotecas públicas; 02 CEUs (Centro Educacional

Unificado), 10 EMEFs (Escola Municipal de Educação Fundamental), 10 EMEIs

(Escola Municipal de Educação Infantil), 14 CEIs (Centro de Educação Infantil) e 10

telecentros. Funcionam também 02 Conselhos Tutelares (Guaianases e Lajeado) e 02

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CONSEGs - Conselho de Segurança (Guaianases e Lajeado). Conta com várias

associações de moradores, algumas organizações civis e as ONGs (Organização Não

Governamental) Projeto Esperança e AVIB – Casa Viviane dos Santos, 01 Cartório

Eleitoral e 01 Cartório de Registro Civil, além de equipamentos de saúde destacados

a seguir.

1.4.2. Saúde em Guaianases

Até 2002, os bairros de Guaianases e Cidade Tiradentes pertenciam a

uma mesma região administrativa, no que se refere ao planejamento e organização

das questões de saúde. A partir deste ano foram instituídas as Coordenadorias de

Saúde em Subprefeituras e Guaianases se desvinculou de Cidade Tiradentes, possuía

dotação orçamentária própria. Em 2006 passou para Supervisão Técnica de Saúde

continuando desvinculado de Cidade Tiradentes. Possui os seguintes equipamentos:

15 UBS

•01 AE

•02 AMAS

•01 CAPS II Adulto

•01 CAPS AD

•01 CEO

•01 CTA

•01 CPN

•01 SUVIS

•01 NIR

•01 NISA

•01 P.S.

•01 Hospital Estadual

•01 Hospital Particular Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo - Subprefeitura

Figura 1. Mapa de distribuição dos Equipamentos de Saúde dos Distritos de Guaianases, São Paulo, 2008

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1.4.2.1. Perfil demográfico e epidemiológico da população

Quanto ao perfil demográfico dos moradores de Guaianases observa-

se que há uma distribuição equilibrada em relação ao sexo, 49,0% homens e 51,0%

mulheres, em relação a faixa etária, a maioria situa-se entre 20 a 49 anos, 46, 5%

(Quadro 3).

Quadro 3 - Estimativa populacional por faixa etária e sexo da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases. Município de São Paulo, 2009

Sexo Total Faixa Etária

Homem Mulher N %

0 a 4 anos 13972 13312 27284 9,20

5 a 9 anos 14467 13833 28300 9,60

10 a 14 anos 14124 13781 27905 9,50

15 a 19 anos 12730 12605 25335 8,60

20 a 49 anos 66507 69899 136406 46,50

50 a 59 anos 12659 14247 26906 9,20

60 a 69 anos 6209 7213 13422 4,50

70 e mais 2889 4406 10184 3,50

TOTAL 143557 149296 292853 100,00

Fonte: Boletim Ceinfo em Dados – outubro 2009 - estimativa populacional realizada pela Fundação SEADE H = Homens, M = Mulheres

Em relação ao perfil de morbi-mortalidade destacamos: maioria dos

óbitos acontece acima dos 60 anos, 52,9% (Quadros 4). A morte de jovens não se

destaca da população em geral, nem mesmo considerando as mortes violentas, como

o saber popular divulga. Os dados referentes às doenças de notificação compulsórias

apontam a tuberculose como a que mais acomete os habitantes de Guaianases,

36,0%, seguida pela AIDS, 10,4% (Quadro 5), sendo que a tuberculose pode ser

tratada em qualquer UBS, a AIDS, porém requer tratamento em unidade

especializada sendo a mais próxima situada no bairro de Itaquera. Outro dado

importante para traçarmos o perfil desta população é que 11,4% das crianças

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30

possuem baixo peso ao nascer e 17,7% das mães são jovens com menos de 20 anos

(Quadro 6).

Quadro 4 - Óbitos gerais e por faixa etária (<1ª e 60ª e mais, segundo Supervisão Técnica de Saúde de residência Guaianases. Município de São Paulo, 2009.

Óbitos < de 01 ano¹ Óbitos de 60 e mais²

N % N %

63 13,2 606 52,9

Fonte: ¹ Fundação SEADE – Elaboração: CEInfo – SMS - PMSP / ² PRO-AIM – CEInfo – SMS - PMSP

Quadro 5 - Número de casos e coeficiente de incidência (CI) de alguns agravos de notificação compulsória por Supervisão Técnica de Saúde de residência Guaianases. Município de São Paulo, 2008

Sífilis Congê

nita

Tubérculo se

Hanseníase

Leptos pirose

Dengue Doença Meningo

cócica

AIDS

N CI N CI N CI N CI N CI N CI N CI

3 0,7 104 36,0 7 0,2 3 1,0 10 3,5 9 3,1 30 10,4

Fonte: Boletim Ceinfo em Dados – outubro 2009 – SINAN e TBWEB / COVISA / SMS/ PMSP – dados sujeitos à revisão – atualizados em 08/07/2009.

Quadro 6 – Nascidos Vivos (NV) segundo características do recém-nascido, da gestação e da mãe, por Supervisão Técnica de Saúde de residência da mãe * – Guaianases. Município de São Paulo, 2008 % NV Baixo Peso Menos 1,5 kg

Menos 2,5 kg

% Prema turos

% Mães Adoles centes (<20 anos) ¹

% Gestan tes 7 e + consultas Pré-Natal

% Partos Cesáreos

% Partos na Rede SUS ²

N de NV

% Eva são ³

1,5 9,9 8,4 17,7 77,4 42,9 80,5 4469 5,4 Fonte: SINASC / CEInfo/ SMS / PMSP – dados atualizados em 15/09/2009. * Dados referentes aos nascidos vivos em 2008, de mães residentes no Município de São Paulo e com partos ocorridos no Município de São Paulo. ¹ Menos de 37 semanas de gestação ² Proporção de nascidos vivos com partos ocorridos nos estabelecimentos de saúde municipais, estaduais e conveniados SUS. ³ Dados dôo registro civil/SEADE: percentual de nascidos vivos em 2008 de mães residentes no Município de São Paulo, cujos partos ocorreram em outros municípios.

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31

Ao longo dos anos percebe-se uma melhora nos serviços ofertados

pelo SUS, porém alguns problemas devem ser apontados:

• Falta de unidades básicas para atender a população, principalmente na região

de Lajeado, onde existe UBS com mais de 44mil habitantes em sua área de

abrangência, sendo que o ideal seria 01 (uma) UBS para cada 20 mil

habitantes. Este fato torna-se um grande problema uma vez que a UBS é a

porta de entrada para o SUS e nesta relação o acesso ao sistema fica

limitado.

• A falta de profissionais, principalmente médicos de ESF, continua e mesmo

com a implantação de um sistema de parceria com Organizações Sociais essa

questão não foi resolvida.

• Grande defasagem entre a demanda e a oferta de algumas especialidades

como ortopedia, vascular e outros, que embora haja uma central de regulação

de vagas para agilizar esta desigualdade ainda não conseguiu êxito.

• A implantação de vários serviços em uma mesma Unidade, que em alguns

casos ao invés de otimizar o espaço tornou difícil sua administração e o fluxo

de atendimento na mesma, gerando desconforto para profissionais e usuários.

• Programas como AMA’s são uma solução parcial, pois não fazem

acompanhamento de casos crônicos como Diabetes e Hipertensão, doenças

que sem este acompanhamento fica difícil estabilizar.

• Há problemas também em programas já implantados como planejamento

familiar e prevenção da AIDS que pelos dados apresentados não atingem

suas metas.

• Com relação à área de saúde mental, só em 2009 houve um investimento

maior, a região até então contava apenas com 01 CAPS Adulto, foram criadas vagas

para psiquiatria em duas UBS da região, houve a inauguração de um CAPS AD,

porém na área infantil e adolescente ainda é necessário usar equipamentos de outras

regiões. Concluímos que a região necessita de muito investimento na área de saúde

para conseguir ofertar um serviço de qualidade e em quantidade suficiente, já que

64,7% (Tabela 1) de sua população da região é SUS dependente.

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32

Tabela 1 - Proporção da população exclusivamente usuária SUS por Supervisão Técnica de

Saúde - MSP, 2007

Supervisão Técnica de Saúde Pop. Total Pop. SUS % Excl. SUS

LAPA/PINHEIROS 493057 189103 38,4

VILA MARIANA/JABAQUARA 510019 214890 42,1

SÉ 331986 158308 47,7

MOOCA/ARICANDUVA 547550 268007 48,9

FORMOSA/CARRÃO .. ..

BUTANTÃ 383750 189768 49,5

IPIRANGA 429499 213332 49,7

SANTANA/TUCURUVI 580641 293254 50,5

JAÇANÃ/TREMEMBÉ .. ..

SANTO AMARO/CIDADE ADEMAR 608145 321502 52,9

CASA VERDE/ CACHOEIRINHA 313068 169012 54,0

PENHA 476695 260183 54,6

VILA MARIA/VILA GUILHERME 289051 160910 55,7

VILA PRUDENTE/ SAPOPEMBA 521092 299409 57,5

PIRITUBA/PERUS 583062 339541 58,2

FREGUESIA/BRASILÂNDIA 415012 244511 58,9

ITAQUERA 522604 313314 60,0

CAMPO LIMPO 572849 343659 60,0

PARELHEIROS 144727 87372 60,4

CAPELA DO SOCORRO 662943 401488 60,6

ERMELINO MATARAZZO/ SÃO MIGUEL 618011 381567 61,7

SÃO MATEUS 431611 266528 61,8

ITAIM PAULISTA 396093 248837 62,8

M'BOI MIRIM 539557 344221 63,8

GUAIANASES 288378 186459 64,7

CIDADE TIRADENTES 237239 162744 68,6

Total 10896639 6057919 55,6

Fonte: Pesquisa Origem-Destino do Metrô 2007 / Pesquisa de Condições de Vida FSEADE 2006

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33

2. OBJETO E OBJETIVOS

2.1. OBJETO

A atuação do Conselho Gestor de Saúde na Supervisão Técnica de

Saúde de Guaianases (CGSTS Guaianases) – zona Leste do município de São Paulo,

no período de 2002 a 2009.

2.2. OBJETIVOS

2.2.1. Geral

Analisar a atuação do Conselho Gestor da STS Guaianases como

mecanismo do controle social, capaz de interferir nas políticas e ações de saúde,

formular estratégias e fiscalizar sua execução.

2.2.2. Específicos

Analisar quantitativamente e qualitativamente os temas abordados nas

reuniões do CGSTS Guaianases;

Pesquisar quantitativamente e qualitativamente a participação dos

conselheiros em reuniões do CGSTS Guaianases e sua relação com os Conselhos

Gestores de Unidades de Saúde da região;

Realizar uma análise qualitativa das deliberações propostas pelo

CGSTS Guaianases verificando sua relação com políticas públicas de saúde na

região;

Identificar a participação dos conselheiros em cursos de capacitação,

por segmentos e em eventos promovidos pelo CGSTS Guaianases e outras entidades;

Verificar a guarda e conservação dos documentos pesquisados, bem

como a qualidade de seus registros.

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34

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido por meio de análise documental. Os

documentos analisados, que estavam sob a guarda da equipe da Supervisão Técnica

de Saúde Guaianases, descrevem a organização e funcionamento do Conselho Gestor

da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases (CGSTS) são compostos por: atas de

reuniões (2002 a 2009); cadastro de conselheiros; listas de presenças das reuniões;

regimento interno; relação de inscritos em cursos de capacitação; relatórios de

atividades, material de divulgação de eventos promovidos pelo CGSTS Guaianases

ou outras instituições; cópias de documentos como: abaixo assinados; ofícios e

memorandos. O termo de anuência da autoridade regional para a análise dos

documentos consta no anexo I.

A análise documental das atas serviu de base para o conhecimento dos

assuntos abordados nas reuniões, demonstrando a participação dos conselheiros

através de suas contribuições durante a reunião e presenças registradas, além de

fornecer vários dados que foram quantificados e analisados, oferecendo um

riquíssimo material para estudo.

Os registros iniciam-se em vinte e quatro de junho de dois mil e dois,

com a eleição do Conselho Gestor, então, do Distrito de Saúde Guaianases, que após

a Lei Municipal nº 13.325 de oito de fevereiro de dois mil e dois e Decreto

Municipal nº 42.005, torna obrigatório a formação dos Conselhos Gestores em

Unidades de Saúde.

Foram analisadas 92 atas, em dois livros numerados. Para tanto foram

elaboradas fichas contendo os resumos das discussões e referências significativas, a

fim de facilitar a coleta e tabulação dos dados (o modelo de ficha utilizado encontra-

se no anexo II).

As atas estão em seqüência cronológica e lhes foram atribuídas

números em ordem crescente para facilitar análise, elaborou-se uma relação destas

atas que se encontra no anexo III. Os temas relatados nas atas foram agrupados em

categorias para facilitar a análise: 1- Organização do Conselho; 2 – Funcionamento

do Sistema de Saúde e 3 – Participação Social.

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35

Os demais documentos serviram de apoio e foram analisados em

ordem cronológica, trouxeram dados da participação dos conselheiros em atividades

extra-conselho, deliberações, atuações em comissões/grupos de trabalhos.

A pesquisadora tornou-se membro do conselho oficialmente em 2007,

como representante do segmento gestor, indicada pela atual supervisora de saúde,

embora já estivesse acompanhando as reuniões desde junho de 2005. Este fato

permite ter detalhes dos dados, porém coloca um desafio maior no cuidado ao

concluir a análise de forma imparcial.

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36

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

No período de 24/06/2002 a 10/02/2009 foram examinadas 92

(noventa e duas) atas, registradas em 02 (dois) livros com folhas numeradas,

contendo termo de abertura e encerramento. O livro segue uma seqüência

cronológica, porém as atas não são numeradas. Na maioria das atas há espaços em

branco e linhas intercaladas e as atas dos dias 05/09/2003, 22/04/2004 e 21/06/2007

foram digitadas e grampeadas no livro, as demais estão manuscritas.

Das assinaturas contidas nas atas observa-se que em 12% (11 atas)

existe somente a assinatura do relator, nas demais se percebe que: alguns

conselheiros citados no texto não assinam a ata e algumas assinaturas não

possibilitam a identificação do respectivo nome, por isso torna-se inviável o

levantamento de presença dos conselheiros pelas atas. Somente a partir de

22/11/2007 é empregado uma lista de presença por segmento (anexo IV) e em 2008,

um instrumento de acompanhamento de presenças dos conselheiros gestores (anexo

V), possibilitando a análise da presença dos conselheiros neste período, com maior

credibilidade nos resultados; vale ressaltar que todas as atas, ainda, são assinadas

pelos presentes, de forma a garantir sua autenticidade.

Verificamos que o teor de 33% das atas ultrapassa mais de uma folha

(frente/verso), indicando que são tratados vários temas numa mesma reunião ou são

discutidos longamente. Há o registro de várias reuniões extraordinárias; em 2006

foram seis reuniões extraordinárias (40%) e nove ordinárias, cujos temas principais

foram em três delas o contrato de gerenciamento pela Organização Social e nas

outras três: abuso de poder policial com uma gerente de unidade; I Encontro de

conselheiros da CRSLeste e Eleições de Conselhos Gestores.

Para estudar didaticamente estas atas agrupamos os temas em:

• Organização do Conselho – temas relacionados às eleições, substituições,

cronogramas de reuniões, definição de grupos de trabalhos e comissões,

leitura e correção da ata anterior, discussão para elaboração do Regimento

Interno e suas alterações, justificativas de ausências, definição da pauta para a

próxima reunião, avaliações e relatórios apresentados.

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• Funcionamento do Sistema de Saúde – assuntos ligados à:

� Rede física (construção, reforma, ampliação, implantação);

� Recursos humanos (contratação, concurso, capacitação, plano de

carreiras, demissão);

� Reclamações sobre os serviços e/ou atendimentos;

� Prestação de contas; orçamento/financiamento;

� Mudanças na estrutura da Secretaria Municipal de Saúde;

� Campanhas/mutirões;

� Regulação (especialidades; exames);

� Estoque e dispensação de medicamentos;

� Programas de saúde (hiperdia, mãe paulistana);

� Surtos de doenças (dengue, leptospirose);

� Planejamentos setoriais (saúde mental, saúde bucal, da mulher, do

idoso)

• Participação social – Neste tópico agrupa-se os assuntos referentes à:

representatividade dos segmentos; presença de observadores/convidados;

participação em eventos ou movimentos ligados à saúde; atuação em

comissões/grupos de trabalhos; participação em conferências; deliberações,

formação de conselheiros e confraternizações.

Nas 92 atas analisadas foram tratados 162 temas dos grupos acima

descritos, sendo que numa mesma reunião poderiam ser discutidos mais de um tema,

conforme figura 2.

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38

Figura 2 - Principais temas discutidos nas reuniões do CGGuaianases e registrados nas Atas. SP, 2002 a 2009.

44%

30%

26%

Organização do Conselho Funcionamento do Sistema de Saúde Participação Social

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

Observa-se que 44% os temas tratados em atas estão relacionados à

Organização do Conselho; 30% ao Funcionamento do Sistema de Saúde e 26%

trataram sobre Participação Social, o que nos leva a concluir que há uma nítida

preocupação em dar legitimidade ao Conselho através de uma melhor organização

deste espaço. Em seu estudo PASCALI (2005) relata que 39% do conteúdo das atas

formam relativos ao processo organizativo e operacional do conselho.

4.1. ORGANIZAÇÃO DO CONSELHO

Na observação das atas os assuntos do tópico Organização que

sobressaíram são: regimento e suas alterações, eleições e substituição de

conselheiros. Este dado demonstrando uma preocupação em normatizar o Conselho e

manter conselheiros participantes no quadro. Outro fator é a preocupação em

fortalecer os Conselhos Gestores das unidades, expressa em várias atas e pelo

acompanhamento feito às reuniões nos Conselhos Gestores de Unidades (CGUs).

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39

Em 2005 se intensificou a busca por um maior envolvimento com as

unidades sendo inclusive determinado que os conselheiros de unidades compusessem

o Conselho Regional. Em seu estudo PASCALI (2005) também relata ter encontrado

essa preocupação em garantir representatividade no Conselho e dessa forma

possibilitar que os atores que viessem a compor este espaço refletissem de fato a

pluralidade da sociedade local.

A partir de junho de 2005 a Comissão Executiva do CGSTS

acompanhou algumas reuniões dos CGUs, bem como, começou a solicitar

documentos que comprovassem a efetividade destes conselhos, como cronogramas e

atas de reuniões. No final deste ano, a Comissão Executiva sugeriu que o

planejamento da Supervisão e a prestação de contas fossem apresentados anualmente

pela Administração, na última reunião do ano.

Em 2008 o CGSTS solicita a primeira prestação de contas do

Convênio com a Organização Social Casa de Saúde Santa Marcelina da Microrregião

Cidade Tiradentes/Guaianases. Neste mesmo ano a prestação de contas foi ampliada

sendo solicitada sua realização para os Conselhos Gestores das Unidades de Saúde.

A partir deste ano foi solicitado às unidades de saúde que enviassem

cópia do resumo da reunião mensal de seus respectivos Conselhos, em impresso

padrão (anexo VI), para a CGSTS com a finalidade de condensá-los para um

acompanhamento com mais qualidade aos CGUs. O CGSTS também envia o resumo

das suas reuniões para as unidades a fim de que seja divulgado nos conselhos de

unidades as discussões acontecidas neste Conselho, buscando uma interligação entre

estas instâncias.

Em 14/05/2009, com a aprovação de alteração do Regimento Interno,

a Comissão Executiva tem seus objetivos ampliados, passando a supervisionar os

Conselhos Gestores de Unidades. Em julho deste ano foi elaborado um plano de

trabalho que consistia em:

• Visitas às unidades de saúde para garantir a conservação da documentação

dos conselhos de unidades e a divulgação de suas reuniões perante a

comunidade, usando um instrumento próprio que pudesse verificar

igualmente em todas as unidades os itens que se considerou importante para a

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40

vida administrativa do Conselho e sua divulgação perante a comunidade

(anexo VII);

• Acompanhar as reuniões dos Conselhos das Unidades, a fim de incentivar a

qualidade nas discussões, a participação dos segmentos e o cumprimento do

cronograma.

Destas atividades são elaborados relatórios que são encaminhados às

unidades para acompanhamento e correções, também são lidos nas reuniões do

CGSTS para conhecimento e aprovação.

Em 2009, visando à divulgação e transparência do trabalho do

Conselho, a Comissão elaborou um blog onde são postadas informações pertinentes

aos Conselhos de Guaianases, tanto da Supervisão como de Unidades. Endereço:

http://cgstsguaianases.wordpress.com

4.2. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE

Segundo tema mais discutido e registrado nas atas pesquisadas foi

o Funcionamento do Sistema de Saúde. PASCALI (2005) encontrou em seu

trabalho 28% das atas analisadas com trechos dedicados a este assunto. Para

análise subdividimos em seis tópicos: Rede física; R.H.; Regulação; Estrutura e

Programas de saúde; Medicamentos e Farmácia; Prestação de Contas e

Financiamento que forma tabulados e transportados para a figura 3.

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41

Figura 3 – Temas relacionados ao Funcionamento do Sistema de Saúde mais discutidos no CGSTS Guaianases, São Paulo, 2002 a 2009.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

temas

de

veze

s q

ue

o t

ema

foi d

iscu

tid

oRede física

Recursos Humanos

Regulação

Estrutura e programa de SMS

Medicamentos e farmácia

Prestação de Contas e financiamento

Fonte: Dados obtidos nos documentos do CGSTS de Guaianases, SP, 2002 a 2009.

Na figura 3 a Rede Física se destaca, o que nos leva a concluir que os

conselheiros preocuparam-se em discutir a manutenção e ampliação das unidades,

como a solicitação de construção de novas unidades, inclusive com elaboração de

documentos sobre prioridades e necessidades da região, porém ressaltamos que há

solicitações de construção das mesmas unidades desde 2005 que não se

concretizaram no período estudado (UBS Jd. Gianetti, UBS Jd. Lourdes). Existem

solicitações para a mudança de prédio para as UBS Santa Luzia e 1º de Outubro que

também não apresentaram documentos concretizando estas mudanças. Outra

necessidade apontada é a construção ou locação de imóvel para o CAPS Infantil,

porém houve conquistas como ampliação de serviços especializados: CPN; CTA;

CAPS Adulto; CAPS AD; NIR; AMA; implantação de laboratório de coletas

especiais; implantação de NASF e NISA.

PASCALI (2005) relata que a conscientização do Conselho sobre as

necessidades de equipamento de saúde para melhorar o acesso da população a esses

serviços foi uma preocupação constante na fala dos gestores, neste estudo porém foi

uma preocupação constantes envolvendo todos os segmentos.

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42

A mesma figura permite auferir que há uma preocupação em

acompanhar as políticas de saúde, quando destaca como segundo tema mais

discutido Estrutura e Programas de SMS e a análise das atas destaca temas como:

gestão plena do sistema, organizações sociais, implantação de programas e também

informações sobre mudanças dos gestores da estrutura organizacional: secretário

municipal de saúde, coordenador regional, supervisor, gerente de unidade; numa

clara evidência de saber como e para quem encaminhar as solicitações do CGSTS.

Em relação aos Recursos Humanos, o principal tema abordado foi a

falta de médicos e a dificuldade de contratação deste profissional, sendo inclusive

discutido formas de atrair este profissional para a região.

Segundo o resultado encontrado a Prestação de Contas é um assunto

pouco discutido pela importância do tema na descrição das funções do Conselho

registradas no Regimento Interno e na própria legislação, como segue:

• Regimento Interno (Anexo VIII):

Artigo 4°- Compete ao Conselho Gestor da Supervisão de Saúde Guaianases:

I- Participar da elaboração da proposta orçamentária controlando e

fiscalizando a sua execução.

V- Acompanhar, fiscalizar e controlar a destinação da verba pública em

saúde para a região de Guaianases através do Orçamento Participativo ou outro

instrumento.

• Lei Municipal nº 13.325, 8 de fevereiro de 2002:

Artigo 7° - Compete aos Conselhos Gestores, observadas as diretrizes do SUS:

IV – Solicitar e ter acesso às informações de caráter técnico-administrativo,

economico-financeiro e operacional, relativas à respectiva Unidade e participar da

elaboração e do controle da execução orçamentária.

PASCALI (2005) relata que a discussão sobre Prestação de Contas

fica a nível de alguns esclarecimentos, sem gera ressalvas ou não aprovação da

mesma, porém no CGSTS Guaianases há uma tentativa desde o início de se fixar

data anual para prestação de contas, sendo que a partir de 2007 acontece a primeira

prestação de contas realizada pela instituição que assinou o contrato de gestão na

região, Organização Social Santa Marcelina, cabe ressaltar que a partir do momento

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43

que a Coordenadoria de Saúde passa a STS deixa de ser unidade orçamentária,

portanto perde o controle do orçamento destinado à região.

A regulação, onde estavam elencados assuntos referentes ao

agendamento de especialidades e exames complementares na rede SUS, foi uma

pauta que ocupou várias reuniões, sendo realizadas reuniões exclusivamente para

tratar desta pauta, convidando pessoas responsáveis por este setor do nível local e

regional para esclarecer mais sobre o assunto. O maior problema discutido foi a falta

de vagas para o setor que geram agendamentos distantes com até mais de 01 ano e

uma longa fila de espera, que foi motivo de muitas reclamações dos usuários nos

órgãos responsáveis e na ouvidoria municipal.

PASCALI (2005) coloca que o problema de acessibilidade aos

serviços pode permitir o desenvolvimento de relações clientelistas (favorecimento

pessoal) ou assistencialismo entre conselheiros e usuários do sistema de saúde local,

este fato também foi notado no decorrer da análise, embora à medida que os

conselheiros vão entendo melhor o funcionamento do sistema, esse assunto vai

diminuindo nos relatos das atas.

O tema sobre medicamentos/farmácia foi destacado por ser discutido

em várias reuniões, chegando a ser convocada uma reunião extraordinária, pelo

CGSTS, com os funcionários que trabalham no setor da farmácia para tratar de

problemas específicos ao setor, que resultou na elaboração de um documento com

orientações gerais e outro solicitando técnicos de farmácias em todas as unidades,

que foram encaminhados as autoridades competentes.

4.3. PARTICIPAÇÃO SOCIAL

No tema Participação Social buscamos levantar a presença dos

conselheiros nas reuniões, porém só a partir de 2007, com a utilização da lista de

presença é possível ter um dado confiável para análise. Na figura 4 apresentamos

uma série de gráficos que avalia a participação dos conselheiros por segmento e

titularidade (titular, suplente), a partir de 2007.

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44

Figura 4 - Seqüência de quadros que mostram a relação entre os segmentos e as titularidades dos conselheiros que tiveram suas presenças em reuniões registradas, CGSTS Guaianases, SP, 2007 a 2009.

2007

33,33%

59,26% 53,70%

44,44%

29,63%

24,07%

0,00%10,00%

20,00%30,00%

40,00%50,00%

60,00%70,00%

80,00%90,00%

100,00%

Gestor Trabalhador Usuário

porc

enta

gem

Suplente

Titular

2008

54,55% 50,00% 51,52%

43,94% 50,00%

14,39%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

Gestor Trabalhador Usuário

po

rce

nta

gem

Suplente

Titular

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45

2009

64,81%85,19%

48,15%

37,04%

62,96%

42,59%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

140,00%

160,00%

Gestor Trabalhador Usuário

porc

enta

gem

Suplente

Titular

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

A seqüência mostra que, com exceção do segmento gestor no ano de

2007, os titulares comparecem mais nas reuniões, demonstrando o comprometimento

destes conselheiros com suas funções. Os suplentes têm uma média de 38% de

comparecimento nas reuniões, o que deixa claro o interesse destes em acompanhar as

reuniões e que consideram importante estar preparado para assumir o lugar de um

titular, freqüentando as reuniões e mantendo-se atualizados. Em 2008 houve um

envolvimento maior do segmento trabalhador, chegando a 50% de freqüência dos

titulares e 50% de freqüência dos suplentes deste segmento, ano que se inicia a

discussão sobre a relação do contrato de gestão com os funcionários municipais e

estaduais locados nas unidades de saúde da região. Em 2009 há uma ligeira queda na

participação dos titulares do segmento usuários e em 2007 foi a menor participação

dos suplentes dos três anos estudados, menos de 15%.

A figura 5 analisa a participação em reuniões do CGSTS Guaianases,

através do número de vezes que os conselheiros se manifestaram e foram registrados

em atas, porém ressaltamos que nem todas as manifestações dos conselheiros foram

devidamente registradas.

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46

Figura 5- Total de participações dos conselheiros em reuniões do CGSTS Guaianases, SP, 2002 a 2009

0

50

100

150

200

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

ANO

part

icip

açõe

s

Participações

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

Observa-se que houve um crescente aumento nas participações, com

exceção do ano de 2009. Conclui-se que o gráfico demonstra uma maior participação

de seus membros, levando a deduzir que seja por uma maturidade do conselho em

sua organização e qualidade de discussões. Conforme BÓGUS (2005), cabe ressaltar

que o tema participação envolve vários aspectos, alguns se referem às dimensões da

participação (qual o tipo de participação e qual o nível das decisões); à composição e

representação (quem participa, a quem representa e como representa); à formação

dos que participam (capacitação para a tarefa) e à transparência das ações

(publicização das decisões e das justificativas para as mesmas).

A figura 6 mostra que o segmento que mais participa das reuniões é o

de usuários, o que se pode analisar que seja pela necessidade de informações

transmitidas nas reuniões ou pelo envolvimento no trabalho do Conselho, ou ainda

pela maior disponibilidade de tempo para participar das reuniões, levando a inferir

que os outros segmentos encontraram dificuldades em acompanharem as reuniões,

embora a Lei dos Conselhos Gestores garanta a participação de todos os segmentos.

PASCALI (2005) também aponta o segmento usuário como mais participante,

ressaltando a pouca intervenção do segmento trabalhadores.

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47

Figura 6 - Relação entre a quantidade de participações por segmento nas reuniões, CGSTSGuaianases, SP, 2002 a 2009

26,70

18,88

46,93

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

GESTOR TRABALHADOR USUÁRIO SEGMENTO

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

Vale destacar que a presença de convidados é registrada em 48 atas,

sendo que em 33 dessas, eles participaram ativamente. PASCALI (2005) destaca

também a presença constante de observadores nas reuniões do Conselho. Foram

convidados: o Secretário Municipal de Saúde, Dr. Gonçalo Vecina (2003),

Coordenador de Saúde da região, Dr. Henrique Sebastião France (2005),

Coordenadora da Organização Social, Dra Irmã Monique(2005), vereadores da

região, representante de Sindicatos e do Conselho Municipal de Saúde, outros

compareceram para acompanhar as reuniões: técnicos da região, conselheiros de

unidades, gerentes, trabalhadores, conselheiros de outras regiões. A Organização

Social Santa Marcelina tem garantido assento em todas as reuniões do CGSTS

Guaianases e tem um representante conselheiro, que faz parte do segmento gestor

desde 2006.

O Secretário Municipal da Saúde compareceu à reunião específica

para o qual foi convidado; o Coordenador Regional compareceu a três das cinco

reuniões que foi convidado; a Coordenadora da Organização Social Santa Marcelina

compareceu em duas das três reuniões que foi convidada. Este dado mostra que o

CGSTSGuaianases tem buscado discutir os assuntos de forma séria e com

resolutividade, convidando pessoas responsáveis pelas políticas públicas de saúde

P O R C E N T A G E M

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48

como forma de ter suas deliberações consideradas.

Quanto às deliberações constatamos que foram elaborados em torno

de 10 documentos, encaminhados às autoridades e outras instâncias. A confecção de

material de divulgação do Conselho destacando sua importância e realizações, foi

outra deliberação do conselho, parcialmente concretizada. Através de deliberações

foram formados vários Grupos de Trabalhos, Comissões e convocadas duas reuniões

específicas: uma com gerentes e uma com funcionários das farmácias das unidades.

Pode-se auferir deste dado que o CGSTS Guaianases tem feito deliberações e

executado estas deliberações o que comprova que em seu âmbito de poder o

Conselho tem interferido nas políticas de saúde local. No estudo de PASCALI (2005)

destaca-se que não há nenhum mecanismo de divulgação das resoluções do

Conselho, estas são discutidas em reuniões, porém nem sempre se pode identificar

como deliberação ou que se viabilizou sua realização.

BÓGUS (2005) ressalta a importância da publicização das decisões

tomadas é fundamental, porque coroa o processo e indica responsabilidade e

comprometimento, neste sentido o enviado às unidades do relatório das reuniões do

CGSTS Guaianases faz uma publicização de suas deliberações. Ainda nesta

discussão BÓGUS (2005) destaque que do ponto de vista legal, os conselhos devem

ser espaços de decisão, mas isso não se dá a priori. Pelas próprias normas

constitucionais o representante do poder executivo faz as propostas e as encaminha

para análise do Conselho, levando muitas vezes o gestor a impor ou manipular os

estes encaminhamentos, o que é uma forma de demonstrar que esse não é um fórum

deliberativo de fato. A atuação de uma Comissão Executiva paritária diminui a

interferência do gestor nos encaminhamentos do Conselho e talvez seja um caminho

para a construção de um espaço mais deliberativo.

Destacamos dois itens usados para avaliar o envolvimento dos

conselheiros em atividades além das programadas pelo CGSTS: a participação em

eventos registrados nos documentos pesquisados e a realização de cursos para

conselheiros oferecidos pela ETSUS Leste I e II, analisados na figura 7 e tabela 2.

Ressaltamos que o número de participantes descritos na figura refere-se ao número

de pessoas presentes nos eventos e o número de conselheiros considera os

conselheiros do CGSTS Guaianases que estiveram nestes eventos. É importante

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49

considerar que a maioria dos eventos não foi realizada a nível local, o que acabou

limitando o número de participantes do Conselho Gestor de Guaianases nestes

eventos.

Figura 7 - Número de participantes dos eventos documentados e o número de participação dos conselheiros do CGSTS Guaianases, SP, 2002 a 2009.

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de

Guaianases, SP, 2002 a 2009

Conforme a figura 7, nos anos de 2002 e 2003 não houve registro de

eventos. Em 2005 foram realizados eventos com grande número de participantes, já

em 2007 houve uma expressiva participação dos conselheiros do CGSTS Guaianases

nos eventos realizados.

A tabela 2 mostra detalhes dos eventos encontrados nos documentos

pesquisados, comprovando os fatores limitantes já citados: eventos em nível

municipal, estadual e nacional. A participação dos conselheiros analisada à luz destes

fatores pode ser considerada boa.

0

200

400

600

800

1000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Participantes Conselheiros

P O R C E N T A GE M

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50

Quanto ao item Curso para conselheiros, a figura 8 mostra que há uma

irregularidade na participação dos conselheiros nos cursos oferecidos pelas

CEFOR/ETSUS Leste I e II.

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51

Figura 8 - Porcentagem de participação dos conselheiros do CGSTS Guaianases em curso de capacitação do CEFOR/ETSUS leste I e II, SP, 2002 a 2009.

0,00%

5,00%10,00%

15,00%

20,00%

25,00%30,00%

35,00%

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

ano

po

rcen

tag

em

Participação dos conselheiros em cursos de capacitação

Fonte: Dados obtidos nos documentos do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

Nota-se que em 2002 e 2003 novamente não há registro de dados, bem

como 2008, e não é possível saber se por não ter havido turmas ou por falta de

registro. Em 2007 houve maior participação dos conselheiros do CGSTS nos cursos

oferecidos pela ETSUS Leste I e II, alcançando mais de 30% de participação, porém

neste ano foram realizadas 03 turmas do curso. Em 2004 houve um pico de

participações, talvez por ter sido neste ano o primeiro curso registrado. Em 2009 há

novamente uma elevação na participação dos conselheiros, projetando a continuação

deste aumento para 2010. Esta análise levanta algumas hipóteses a respeito deste

tema: o curso está adequado às necessidades dos conselheiros? Os conselheiros

consideram importante esta formação? As turmas são insuficientes? A didática tem

atraído o interesse dos conselheiros? Para responder estas questões seriam

necessários dados mais aprofundados, que este estudo não permitiu.

BÓGUS (2005) destaca que o despreparo e o desconhecimento são,

geralmente, de todos os segmentos sociais. É preciso disseminar a valorização da

prática de uma participação conseqüente e comprometida. É preciso investir nisso e

assumir que, como qualquer processo de educação e formação, esses são processos

que necessitam de planejamento, acompanhamento e avaliação.

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52

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho do CGSTS

Guaianases, através de documentos arquivados na STS Guaianases buscando

quantificar e qualificar os dados obtidos. Atualmente existem poucos trabalhos

dedicados ao estudo dos Conselhos Gestores, o que dificulta a comparação dos dados

encontrados.

Verificou-se que a participação dos conselheiros foi amadurecendo ao

longo do período analisado e que o segmento usuário mostrou-se o mais envolvido

nas atividades do Conselho. O estudo aponta a necessidade em maior investimento

na participação dos segmentos trabalhadores e gestores sem, contudo, deixar de

manter a participação dos usuários ativa. A melhoria na organização e

funcionamento do Conselho contribuiu para este amadurecimento, clareando as suas

funções e sua importância dentro do SUS.

Ficou evidente a necessidade de se avaliar os cursos de formação de

forma a expandir seu alcance e levantar discussões para fortalecer o papel do

Conselho Gestor na instituição governamental.

A Legislação dos Conselhos Gestores deve ser atualizada de forma a

abranger e detalhar aspectos que não tiveram atenção devida na atual legislação

como qual o tipo de representatividade de todos os segmentos, como garantir a

participação de todos sem o receio de estar contra o sistema, pois se entende que o

controle social é uma forma democrática de poder e portanto deve ser considerado

um aliado do sistema. A questão de prazos para responder as solicitações dos

conselhos deve ser pensada para não ocasionar um descrédito no trabalho do

Conselho bem como definir qual o nível de importância de uma deliberação do

Conselho para o gestor como garantir seu cumprimento. Estas medidas certamente

trarão um avanço neste exercício de cidadania.

Por fim, os dados analisados confirmaram que o CGSTS Guaianases

conseguiu interferir nas políticas e ações de saúde local, fiscalizando sua execução e

propondo estratégias, com o apoio recebido pela instância institucional local, porém

houve dificuldades em relação a outras instâncias: a resistência em aceitar a

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participação popular e a cultura autoritária na institucionalidade do Estado colocou

alguns entraves nas deliberações e demora nas execuções das ações planejadas.

O controle social no SUS é um caminho a ser percorrido por todos os

segmentos e uma forma democrática e concreta de garantir a consolidação do SUS,

porém é necessário que haja investimento e reconhecimento desta instância de

participação social.

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54

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Biblioteca Virtual Sergio Arouca – Ministério da Saúde / Fundação Oswaldo Cruz –

Sanitarista / Reforma Sanitária. [acesso em 23 nov 2009]. Disponível em: http://

bvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html

Bógus CM. Os conselhos de saúde e o fortalecimento da democracia brasileira. O

Mundo da Saúde.São Paulo. 2005; 29 (1): 41-48.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 399, de 22 de janeiro de 2006. Divulga o

Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais

do Referido Pacto. Brasília.

Brasil. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:

[s.n.]; 1988.

Cardoso RCL; Martes ACB. Relações entre instituições prestadoras de serviços e

seus usuários – Política de promoção da participação popular: implantação dos

conselhos da comunidade nos centros de saúde. [tese]. São Paulo. Instituto de

Saúde/CEBRAP; 1988.

Escorel S. Reviravolta na Saúde: origem e articulação do movimento sanitário. Rio

de Janeiro: Editora Fiocruz, 1998.

Faleiros VP; Silva JFS; Vasconcellos LCF; Silveira RMG. A Construção do SUS –

Histórias da Reforma Sanitária e do Processo Participativo. Ministério da Saúde.

Brasília; 2006.

Lima JC.História das Lutas Sociais por Saúde no Brasil – Saúde e Democracia: o

movimento pela reforma sanitária brasileira. Trabalho Necessário. 2006, 4 (4).

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55

Movimento Nossa São Paulo. Indicadores Básicos da Cidade de São Paulo. São

Paulo; 2009 [acesso em 23 nov 2009]. Disponível em: http://www.

nossasaopaulo.org.br

Movimento Popular de Saúde. Os Conselhos Populares de Saúde – A região Leste de

São Paulo e os problemas de saúde: Que história é essa? Conselhos Populares. São

Paulo; 1981.

Pascali J. de. Formas de organização da participação social em um Sistema Local de

Saúde: um estudo de caso. [tese de mestrado]. São Paulo. Universidade de São Paulo.

Faculdade de Saúde Pública; 2005.

Prefeitura do Município de São Paulo. Subprefeitura de Guaianases, histórico. São

Paulo; 2009 [acesso em 15 de outubro 2009]. Disponível em:

http:/www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/guaianases/historico

Prefeitura do Município de São Paulo. Boletim CEInfo em dados. 8. Ed. São Paulo;

outubro 2009

Silva PF. O Movimento Sanitário – Construção de um sistema de saúde pós-ditatorial

[tese]. Pernambuco: Universidade de Pernambuco; 2008.

Zioni F; Almeida ES. Políticas Públicas e Sistemas de Saúde: a Reforma Sanitária e

o SUS. Saúde Pública bases conceituais. São Paulo: Atheneu, 2008.

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ANEXOS

ANEXO I

DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA

Declaro estar ciente da realização da pesquisa intitulada: “Conselho

Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do

Conselho Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases na região

Leste do município de São Paulo, no período de janeiro de 2009 a dezembro de

2010”, desenvolvida pela pesquisadora Rosemary Aparecida Teves Malheiros,

funcionária desta instituição.

Como esta instituição tem materiais necessários para o

desenvolvimento deste projeto, autorizo a consulta exclusivamente para execução

desta pesquisa.

São Paulo, 05 de janeiro de 2010.

--------------------------------------------

Dra Marilande Marcolin Supervisora da STS Guaianases

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ANEXO II Pesquisa das Atas referentes às reuniões do CGSTS Guaianases ATA Nº

Data da Reunião:

TEMA

Pauta

Gestor

Trabalhador Participações

Usuário

Deliberações

DATA: Próxima

Reunião Pauta:

Convidados/Obs.

Escrita por

Observações

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58

ANEXO III Quadro 8 - Relação, por ordem cronológica e numérica crescente, das Atas do Conselho

Gestor da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, SP, 2002 a 2009

Nº Data Temas Observações

1 24/06/2002 Organização

2 28/08/2002 Organização

3 25/09/2002 Organização

4 30/10/2002 Organização

5 20/11/2002 Organização/Participação

6 13/12/2002 Organização/Funcionamento/Participação

7 22/01/2003 Organização/Funcionamento/Participação

8 14/05/2003 Organização/Funcionamento

9 28/05/2003 Organização/Funcionamento

10 11/06/2003 Funcionamento/Participação

11 15/07/2003 Organização/Participação

12 31/07/2003 Organização/Participação

13 05/09/2003 Organização ata grampeada no livro

14 02/10/2003 Organização/Funcionamento/Participação

15 06/11/2003 Organização/Participação

16 22/01/2004 Organização/Funcionamento/Participação

17 19/02/2004 Funcionamento/Participação

18 24/03/2004 Organização/Funcionamento

19 22/04/2004 Organização/Funcionamento ata grampeada no livro

20 20/05/2004 não houve reunião - visita da Prefeita

21 17/06/2004 Organização/Participação

22 15/07/2004 Organização/Funcionamento/Participação

23 19/08/2004 Organização/Participação

24 16/09/2004 Funcionamento

25 21/10/2004 Organização/Participação

26 18/11/2004 Organização

27 16/12/2004 Organização

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59

28 22/01/2005 Organização/Funcionamento

29 17/02/2005 Funcionamento

30 17/03/2005 Funcionamento

31 28/04/2005 Funcionamento/Participação

32 19/05/2005 Organização/Funcionamento/Participação

33 01/06/2005 Organização/Participação Extraordinária convocada pela Supervisora

34 16/06/2005 Participação

35 21/07/2005 Organização/Participação

36 18/08/2005 Funcionamento

37 15/09/2005 Funcionamento/Participação

38 27/10/2005 Organização/Participação

39 17/11/2005 Funcionamento/Participação

40 14/12/2005 Organização/Funcionamento/Participação

41 12/01/2006 Funcionamento Extraordinária convocada pela Supervisora

42 16/03/2006 Organização

43 11/04/2006 Organização Extraordinária convocada pela Supervisora

44 22/04/2006 Organização/Funcionamento

45 18/05/2006 Funcionamento

46 05/06/2006 Funcionamento

47 21/06/2006 Organização/Funcionamento/Participação

48 03/08/2006 Funcionamento/Participação

49 17/08/2006 Organização/Funcionamento/Participação

50 21/09/2006 Organização/Funcionamento/Participação

51 04/10/2006 Organização/Participação Extraordinária convocada pela Supervisora

52 19/10/2006 Organização/Participação

53 06/11/2006 Organização Extraordinária convocada pela Supervisora

54 16/11/2006 Organização

55 21/12/2006 Organização/Participação

56 18/01/2007 Organização

57 30/01/2007 Organização Extraordinária convocada pela Comissão

58 15/03/2007 Organização

59 23/04/2007 Organização/Participação

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60

60 17/05/2007 Organização/Participação

61 31/05/2007 Participação Extraordinária convocada pela Comissão

62 21/06/2007 Organização/Funcionamento/Participação Ata grampeada, não registrada em livro ata

63 24/07/2007 Organização/Participação

64 16/08/2007 Organização/Funcionamento/Participação

65 20/09/2007 Organização/Funcionamento

66 18/10/2007 Organização/Funcionamento

67 22/11/2007 Organização/Funcionamento A partir desta data uso de lista de presença

68 12/12/2007 Organização/Funcionamento

69 21/02/2008 Organização

70 27/03/2008 Organização/Funcionamento

71 17/04/2008 Organização/Funcionamento

72 15/05/2008 Organização/Funcionamento

73 19/06/2008 Organização/Funcionamento

74 17/07/2008 Organização

75 21/08/2008 Organização

76 18/09/2008 Organização

77 16/10/2008 Organização

78 06/11/2008 Organização Extraordinária convocada pelo pleno do CGSTS

79 27/11/2008 Organização/Participação

80 18/12/2008 Organização/Participação

81 19/02/2009 Organização

82 05/03/2009 Organização

83 09/04/2009 Organização

84 14/05/2009 Organização

85 18/06/2009 Organização/Funcionamento

86 16/07/2009 Funcionamento/Participação

87 13/08/2009 Organização/Funcionamento/Participação

88 10/09/2009 Organização/Funcionamento/Participação

89 08/10/2009 Organização/Funcionamento/Participação

90 26/10/2009 Funcionamento/Participação Extraordinária convocada pela Comissão

91 12/11/2009 Funcionamento/Participação

92 10/12/2009 Organização/Funcionamento

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ANEXO VI

Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases Planilha de Acompanhamento dos Conselhos Gestores das Unidades de

Saúde

Unidade:

Dia da Reunião:

Pauta

Encaminhamentos

Gestor

Trabalhador Presentes (Nº)

Usuário

Gestor

Trabalhador Faltosos (Nº)

Usuário

Data: Próxima Reunião Pauta:

Observações

Responsável pelo preenchimento:

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ANEXO VII ROTEIRO PARA ACOMPANHAMENTO AOS CGUNIDADES

Data:__/__/__ UNIDADE:___________________________________________

COMISSÃO: Rosemary, Estefania (gestor); Nileide, Gilson (trabalhador); Maria Lucia, José

Carlos, Silvio, Edson (usuários) RECEBIDO POR: _____________________________________

1. LIVRO-ATA: • Apresentação adequada ( S ) ( N )

• Atas com assinaturas ( S ) ( N )

• Ultima reunião:________

• Fácil acesso: (S) (N)

2. QUADRO DE AVISOS: • Cronograma de reuniões da Unidade: (S) (N)

• Cronograma de reuniões da Supervisão: (S) (N)

• Relação dos conselheiros desta gestão; (S) (N)

• Pauta das reuniões: (S) (N)

• Local de fácil visualização para todos os usuários: (S) (N)

3. PASTA DE ARQUIVO: • Relação de conselheiros (nome completo, endereço, telefone, documento): (S) (N)

• Legislação: (S) (N)

• Controle de presença: (S) (N)

• Fácil acesso: (S) (N)

• Documentos (memos, ofícios e outros): (S) (N)

4. REGIMENTO INTERNO: • Possui: (S) (N)

• Está atualizado: (S) (N)

5. PLANILHA DE REUNIÕES: • Copa: limpa e organizada: (S) (N)

• DML: limpo e organizado: (S) (N)

• Expediente Administrativo/ Gerência: limpo e organizado (S) (N)

6. CAIXA/LIVRO DE SUGESTÕES/RECLAMAÇÕES: • Possui: (S) (N)

• Fácil acesso: (S) (N)

Assinatura do Gerente e/ ou outro:_________________________________________

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ANEXO VIII

CONSELHO GESTOR DA SUPERVISÃO DE SAÚDE GUAIANASES REGIMENTO INTERNO

CAPÍTULO I – DO OBJETIVO Artigo 1º - Este Regimento Interno tem por objetivo disciplinar o funcionamento do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde da Subprefeitura de Guaianases, de acordo com as Leis nº s 13.325 de 08/02/2002 e 13.716 de 07/01/2004 e Decretos nºs 42.005 de 17/05/2002 e 44.658 de 23/04/2004. CAPITULO II – NATUREZA E FINALIDADE Artigo 2°- O Conselho Gestor desta Supervisão, vinculado ao Sistema Único de Saúde do Município de São Paulo, tem caráter permanente e deliberativo, em conformidade com as Leis e Decretos acima citados. Artigo 3º- O Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde da Subprefeitura de Guaianases, tem por finalidade: planejar, avaliar, fiscalizar e controlar a execução das políticas e das ações de saúde, em sua área de abrangência, em consonância com o Conselho Municipal de Saúde e as diretrizes da Política Municipal de Saúde. CAPÍTULO III – DAS COMPETÊNCIAS Artigo 4°- Compete ao Conselho Gestor da Supervisão de Saúde Guaianases: I- Participar da elaboração da proposta orçamentária controlando e fiscalizando a sua execução. II- Planejar, aprovar, deliberar, acompanhar, avaliar, fiscalizar e apreciar, ao nível de Supervisão, o funcionamento do Sistema Único de Saúde. III- Acompanhar, avaliar e fiscalizar os serviços e ações de saúde prestadas à população. IV- Propor e aprovar medidas para aperfeiçoar o planejamento, a organização e o controle das ações de saúde. V- Acompanhar, fiscalizar e controlar a destinação da verba pública em saúde para a região de Guaianases através do Orçamento Participativo ou outro instrumento. VI- Solicitar e ter acesso às informações de caráter técnico-administrativo, econômico, financeiro e operacional, relativas a Supervisão Técnica de Saúde. VII- Examinar propostas, denúncias e queixas encaminhadas por qualquer pessoa ou Entidade, e a elas responder. VIII- Definir estratégia de ação, visando à integração do trabalho da Supervisão aos planos locais, regionais, municipal e estadual de Saúde, assim como planos, programas e projetos intersetoriais.

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IX- Possibilitar a ampla informação e formação, sempre que possível, das questões de saúde e amplo conhecimento do Sistema de Saúde, à população e as Instituições Públicas e Privadas do Território. X- Manter diálogo, sempre que necessário com dirigentes dos órgãos vinculados ao Sistema Único de Saúde. XI- Estimular a participação popular através da sociedade civil organizada, nas instâncias colegiadas das ações de saúde XII- Realizar a Conferência Regional de Saúde acompanhando o Calendário das Conferências Municipais de Saúde da Cidade de São Paulo. XIII- Participar dos Fóruns das Conferências de Saúde nos níveis regional e municipal e quando indicados participar nos níveis estadual e nacional. XIV – Solicitar informações e ter acesso a todos os Equipamentos de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases, respeitando o funcionamento e regras locais. XV – Sendo instância de recursos para os Conselhos Gestores das Unidades, acompanhar as eleições, dar posse aos Conselhos Gestores das Unidades Básicas de Saúde e dirimir quaisquer dúvidas dos Conselhos Gestores locais, e quando necessário encaminhar a instância superior. XVI – Acompanhar o desenvolvimento das reuniões dos Conselhos Gestores das Unidades por instrumento e/ou comissão, zelando por sua execução e qualidade. XVII- Elaborar e aprovar o seu Regimento e normas de funcionamento. XVIII- Elaborar propostas, aprovar e examinar quaisquer outros assuntos que lhe for submetido, desde que esteja de acordo com sua competência. CAPÍTULO IV – COMPOSIÇÃO – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO Seção I – Composição Artigo 5º - O Conselho Gestor desta Supervisão terá composição quadripartite com 24 (vinte e quatro) membros e respectivos suplentes, sendo 50%(CINQUENTA POR CENTO) de representantes dos usuários, 25%(VINTE E CINCO POR CENTO) de representantes dos trabalhadores da saúde, 25%(VINTE E CINCO POR CENTO) de representantes do poder público e de prestadores de serviços, em conformidade com a Lei n.º 13.716. Parágrafo Único: O Supervisor de Saúde é membro nato deste Conselho Gestor. O mandato dos conselheiros será de 02 anos com direito a uma reeleição. Seção II – Organização Artigo 6º- Aos conselheiros incumbe: I. Zelar pelo pleno e total desenvolvimento das atribuições do Conselho Gestor de Saúde; II. Estudar e relatar, nos prazos estabelecidos, matérias que lhes forem distribuídas podendo valer-se de assessoramento técnico e administrativo; III. Apreciar e deliberar sobre matérias submetidas ao Conselho para votação; IV. Apresentar Moções ou Proposições, ou propor diligências sobre assuntos de interesse da saúde;

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V. Requerer, por escrito, votação de matéria em regime de urgência; VI. Acompanhar e verificar o funcionamento dos serviços de saúde no âmbito da regional , dando ciência ao Plenário; VII. Desempenhar outras atividades necessárias ao cumprimento do seu papel e ao funcionamento do Conselho. Artigo 7º - O Conselho Gestor da Supervisão de Saúde Guaianases tem a seguinte organização: 1- Colegiado Pleno 2- Comissão Executiva 3- Comissão de Orçamento 4- Outras comissões/ grupos de trabalho. Artigo 8º - O Colegiado Pleno do Conselho Gestor é o fórum de deliberação máxima e soberana configurado por Reuniões Ordinárias e Extraordinárias. Todas as deliberações do Conselho Gestor deverão, obrigatoriamente, ser votadas no Colegiado Pleno, composto por todos seus membros: titulares e suplentes, sendo necessário o quorum de metade mais um para aprovar as deliberações deste Conselho. Artigo 9º - A Comissão Executiva é uma instância auxiliar do Colegiado Pleno do Conselho Gestor que tem por atribuições: a) Analisar e aprovar a convocação de reunião extraordinária do Colegiado Pleno do Conselho Gestor, por quaisquer dos seus membros. b)Providenciar (quando for o caso) subsídios e material de apoio para o desenvolvimento dos assuntos pautados para as reuniões ordinárias e extraordinárias. c) Comunicar os conselheiros sobre a data, horário e local das reuniões através das Unidades de Saúde que tem o compromisso de repassar as informações aos conselheiros bem como divulgar nas unidades as deliberações deste Conselho e o cronograma de reuniões; d) Agendar e reservar locais para as reuniões; e) Fazer todos os encaminhamentos administrativos das deliberações do colegiado pleno, tais como: laudas para publicações em Diário Oficial, cópia de documentos e atas das reuniões para os conselheiros, ofícios, arquivo de documentos, controle da freqüência dos conselheiros, etc...f) acompanhar e fiscalizar o desenvolvimento das reuniões nos Conselhos de Unidades § Único – A Comissão executiva contatará com 04 representantes dos usuários, 02 representante dos trabalhadores da Saúde e 02 representante dos gestores indicado entre seus pares, eleitos no pleno do conselho. O(A) secretário(a) terá que promover e praticar atos de gestão administrativa necessária ao desempenho das atividades do Conselho Gestor, inclusive convocar os conselheiros para as reuniões. Artigo 10º - A comissão de Orçamento é uma instância auxiliar do Colegiado Pleno que tem por atribuição assessorá-lo nas ações de planejamento, acompanhamento e fiscalização do processo orçamentário da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases. A comissão de orçamento é composta por: 02 representantes dos usuários, 01 representante dos trabalhadores da Saúde e 01 representante dos gestores indicado entre seus pares, eleitos no pleno do conselho. § Único - O conselheiro não deverá participar de mais de uma comissão ou grupo de trabalho simultaneamente. Art. 11º - Cada Conselho Gestor de Unidade deverá enviar mensalmente, em instrumento próprio, um relatório das reuniões ao Conselho Gestor da Supervisão para acompanhamento e análise.

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Seção III – Funcionamento Artigo- 12º- O Conselho Gestor da Supervisão de Saúde de Guaianases reunir-se-á ordinariamente, uma vez por mês e extraordinariamente quando convocado. A convocação extraordinária se dará por solicitação de qualquer um de seus membros junto à Comissão Executiva que analisará e se aprovada convocará a reunião. §1º- As reuniões serão iniciadas com a presença da maioria dos seus membros. Se após meia hora não houver quorum a reunião deverá ser encerrada e lavrada em ata. §2º - As reuniões serão coordenadas por um membro escolhido pelo pleno do conselho e um secretário da Comissão Executiva. §3º - Todos os presentes terão direito a voz, somente os membros titulares terão direito a voto ou na ausência destes os suplentes. §4º – O Supervisor de Saúde terá direito a voz e voto de qualidade, que será exercido em caso de empate. Artigo 13º- A pauta da reunião ordinária constará de: a) Discussão e aprovação da ata da reunião anterior b) Expediente constando de informes dos conselheiros c) Ordem do dia d) Deliberações e) Definição da data pauta e convocação da reunião seguinte f) Encerramento § 1º -Os informes não comportam discussão e votação, apenas esclarecimentos breves. Os conselheiros que desejarem apresentar informes deverão inscrever –se no início da reunião. § 2°- Cada Conselheiro disporá de três minutos (prorrogáveis a critério do plenário), para apresentação de seu informe. § 3º- Os assuntos da ordem do dia serão: - Assuntos pautados na última reunião - Assuntos Emergenciais (com a aprovação de 50% mais um dos presentes). Parágrafo Único: As deliberações do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases, deverão ser devidamente divulgadas para todos os conselhos gestores das Unidades de Saúde, outras instâncias públicas de relevância e para o público em geral, utilizando os meios cabíveis de comunicação, de acordo com sua importância. Artigo 14º- As reuniões do Conselho Gestor devem ser registradas em atas constando: a) Relação dos nomes dos participantes inclusive dos convidados b) Resumo de cada informe c) Relação dos temas abordados na ordem do dia com indicações do(s) responsável(eis) pela apresentação e a inclusão de alguma observação quando expressamente solicitada por conselheiro(s); d) Deliberações, inclusive quanto à aprovação da ata da reunião anterior e temas a serem incluídos na pauta da reunião seguinte. § 1º - O teor integral das matérias tratadas nas reuniões do Conselho estará disponível na Comissão Executiva em cópias de documentos.

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§ 2º - A Comissão executiva providenciará para que, nas reuniões cada conselheiro receba uma cópia da Ata. § 3º- As emendas e correções à ata anterior serão escritas no início da reunião seguinte e registradas em ata. Artigo 15º- Fica assegurado a cada um dos membros participantes das reuniões do conselho, o direito de manifestar-se sobre assuntos em discussão, porém, uma vez encaminhados para votação, o mesmo não poderá ser rediscutido Subseção I - Comissões e Grupos de trabalho Artigo 16º – A critério do plenário poderão ser criadas comissões intersetoriais, e grupos de trabalho em caráter transitório que essencialmente complementarão atuação do Conselho Gestor. § 1º Os grupos de trabalho, instituídos pelo plenário do Conselho Gestor da Supervisão, tem a finalidade de fornecer subsídio de ordem técnica, administrativa, econômico-financeira e jurídica com prazo determinado de funcionamento, devendo ser composto por pelo menos 03 membros, sendo 01 de cada segmento. Subseção II – Substituições e eleições Art 17º- Serão excluídos automaticamente do quadro do Conselho Gestores os conselheiros que obtiverem 03 faltas consecutivas injustificadas ou 06 faltas justificadas. Art. 18º - A perda do mandato será declarada pelo pleno do conselho, por decisão de maioria absoluta. § Único – A substituição será feita pelos suplentes seguindo a prioridade por participação no Conselho e respeitando o segmento. Ficando as vagas dos suplentes abertas até nova eleição. Art. 19º - É proibido aos membros do Conselho obter junto aos órgãos públicos, privados, terceirizados ou conveniados privilégios para si ou terceiros usando o título de conselheiro. Art. 20º - Fica vedado qualquer tipo de remuneração aos membros do Conselho sendo considerado serviço de relevância pública. Artigo 21º– Serão considerados representantes do segmento dos trabalhadores da saúde, os servidores e empregados públicos federais, estaduais e municipais que exerçam suas funções nos serviços de saúde (Sistema Único de Saúde) da Cidade de São Paulo, dentro do território de abrangência deste Conselho, bem como os trabalhadores contratados por empresas e parceiros, que prestam serviços às unidades de saúde ou para o desenvolvimento de programas específicos da Saúde. Parágrafo Único: Não poderão ser representantes dos trabalhadores os servidores que estejam exercendo funções de gerenciamento nas unidades e na supervisão de saúde. Art. 22º- O processo de eleição dos membros dos Conselhos Gestores das Unidades e de seus respectivos suplentes será iniciado pelo Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde que deverá instalar Comissão Eleitoral, com composição paritária para coordenar o processo eleitoral dos Conselhos Gestores respectivos, disciplinando os aspectos específicos de cada pleito por meio de publicação no Diário Oficial.

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Parágrafo único: A lista dos membros eleitos deverá conter nome e número do documento de identificação e, no caso de servidores ou empregados públicos, o número do registro funcional, registro no sistema ou matrícula. Artigo 23º - A eleição dos conselheiros trabalhadores e usuários deverá acontecer ao final do mandato ou quando for necessário a renovação de metade ou mais do conselho, sendo a data da nova eleição amplamente divulgada, com um mês de antecedência, abrindo um prazo de no mínimo 01 semana para inscrições dos candidatos. Artigo 24º - Cada segmento deverá eleger seus representantes sendo que para trabalhadores e usuários será através de eleição e os gestores serão indicados garantindo o grau de resolutividade da pessoa indicada. Art. 25º - Os conselheiros titulares ou suplentes do Conselho Gestor da Supervisão estão representando os interesses da região embora seja desejável que haja representantes de todas as unidades da região a fim de garantir a interação com os Conselhos de Unidades e suas respectivas comunidades. Art. 26º - Caso um conselheiro (titular ou suplente) vá concorrer a um cargo no legislativo deverá se afastar do Conselho como previsto em lei eleitoral do município e se for eleito deverá abrir mão do cargo de conselheiro. CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 27°- Os casos omissos e as dúvidas surgidas na aplicação do Regimento Interno, poderão ser dirimidas pelo plenário do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases. Artigo 28º- As reuniões do Pleno do Conselho Gestor da Supervisão Técnica de Saúde Guaianases são abertas à participação dos interessados. Artigo 29º-O Pleno do Conselho poderá convidar qualquer pessoa ou representantes de órgão estadual ou municipal, conveniados e empresas privadas, assim como Entidades conveniadas, para contribuir nas reuniões ordinárias, extraordinárias, grupos e comissões de trabalho. Parágrafo Único: O presente Regimento foi aprovado pelos Conselheiros Gestores desta Supervisão em reunião ordinária realizada em 14 de Maio de 2009 e entrará em vigor a partir da data de publicação, podendo ser modificado por um quorum qualificado de 2/3(dois terços) dos membros do Conselho Gestor da Supervisão de Saúde de Guaianases.

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ANEXO IX

Conselho Gestor de Saúde como ferramenta para a implementação do SUS - experiência do Conselho Gestor de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde de Guaianases na região Leste do município de São

Paulo, no período de 2002 a 2009.

Rosemary Aparecida Teves Malheiros¹ Claudia Maria Bógus²

¹Aluna do Curso de Especialização Interdisciplinar em Saúde

Pública FSP –USP ² Orientadora Professora Doutora da FSP –USP

INTRODUÇÃO O Movimento da Reforma Sanitária ressaltou a questão da

participação social nas políticas de saúde, provocou a criação do SUS e a formação do primeiro Conselho Gestor no Brasil . O SUS já tem 22 anos e uma das questões que até o momento tem sido pouco

discutida é a efetivação da participação social no SUS. Este estudo pretende avaliar o desempenho do Conselho

Gestor na região leste de São Paulo, desde a sua formação, como contribuição para esta discussão.

.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE PÚBLICA

CONCLUSÕES Os dados demonstram que o CGSTS Guaianases conseguiu

interferir nas políticas e ações de saúde local, fiscalizando sua execução e propondo estratégias,

com o apoio recebido pela instância institucional local, porém houveram dificuldades em relação a outras instâncias: a resistência em aceitar a participação popular e a cultura autoritária do Estado provocou

reflexos na institucionalização da participação social, colocando alguns entraves nas deliberações e demora

nas execuções das ações planejadas. O controle social no SUS é um caminho a ser percorrido por todos os segmentos por se tratar de uma forma democrática

e concreta de garantir a sua consolidação, porém é necessário que haja investimento e reconhecimento

desta instância de participação social.

RESULTADOS Observou-se na análise das categorias que o tema mais discutido foi

Organização do Conselho (44%). Foram relatados fatos importantes como: os conselheiros de unidades comporem o Conselho Regional;

lista de presença por segmento, destacando o usuário (46,93%) como o segmento que mais frequenta as reuniões; o contrato de gestão do

sistema de saúde por Organizações Sociais foi assinado em 2007 com a Organização Social Casa de Saúde Santa Marcelina; em 2008

aconteceu a 1ª prestação de contas deste contrato; em 2009 a comissão executiva do Conselho começou a supervisionar os

conselhos gestores de unidades, elaborou um documento padrão para visita às unidades de saúde da região e um

blog: http://cgstsguaianases.wordpress.com. Participaram das reuniões: Secretário Municipal de Saúde, Coordenador de Saúde da

região, Coordenador da Organização Social, vereadores da região, representante de Sindicatos e do Conselho Municipal de Saúde.

Aconteceram vários eventos com boa participação dos conselheiros do CGSTS Guaianases. Neste período foram realizadas várias turmas do curso de formação para conselheiros cuja a participação dos membros

do CGSTS Guaianases foi irregular.

OBJETIVO Analisar a atuação do Conselho Gestor da STS Guaianases como mecanismo do controle social, capaz de interferir nas políticas e ações de saúde, formular estratégias e fiscalizar sua execução.

MÉTODOS Análise documental das atas do Conselho Gestor de Guaianases, no período de 2002 a 2009, e demais documentos sobre a organização e funcionamento do Conselho. Os temas identificados nas atas foram agrupados em três categorias a fim de facilitar a coleta e tabulação dos dados para análise: 1-Organização do Conselho; 2-Funcionamento do Sistema de Saúde ; 3-Participação Social.

Contato: [email protected] [email protected]

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