conselho escolar e participaÇÃo: um processo · conselho escolar e participaÇÃo: um processo a...

28

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli
Page 2: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO

Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1

Orientadora: Profª. Ms. Joceli de Fátima Arruda Sousa2

Resumo

Na medida em que se analisa a falta de atuação do Conselho Escolar no âmbito da escola pública, suscitam-se questionamentos sobre os motivos desta possível não participação. Contudo, a participação é um exercício que ainda precisa ser incorporado pela comunidade escolar, um aprendizado que faz parte do processo democrático de divisão de direitos e responsabilidades na gestão escolar e que precisa ser construído. Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados do trabalho realizado no Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná - PDE, turma de 2010, no qual se buscou elencar durante o estudo, a pesquisa, a produção didático-pedagógica e implementação na escola, os subsídios mínimos necessários para que os membros do Conselho Escolar consigam interagir com a escola, dotando-os de atribuições e competências, para que conheçam, entendam a sua importância e responsabilidade e, assim, consigam contribuir com mais eficiência nas questões pedagógicas, administrativas e financeiras da escola. O trabalho proposto envolveu os membros do Conselho e comunidade escolar na perspectiva de oportunizar a reflexão teórica e prática. Para tal, tratamos de realizar os trabalhos fundamentados na pesquisa-ação, em que tanto o pesquisador quanto os agentes da pesquisa interagiram buscando solucionar ou amenizar as possíveis dificuldades que aparecem como obstáculos na efetiva participação dos conselheiros na escola.

Palavras-chave: GESTÃO DEMOCRÁTICA; CONSELHO ESCOLAR e PARTICIPAÇÃO

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, formada em Letras com especialização em "Língua Portuguesa: teoria e prática" e "Gestão e Organização Escolar". Com experiência em docência e técnica em Logística Educacional no Núcleo Regional de Educação de Toledo.

2 Professora Mestre e Coordenadora do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu – PR.

Page 3: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

1 Introdução

Pretendeu-se com o trabalho levar os profissionais da educação e

comunidade escolar a refletir e retomar a discussão sobre a participação do

Conselho Escolar na construção da gestão democrática na escola.

Entendemos que a implantação, a organização formal do Conselho Escolar

na escolas públicas do Paraná não foi o suficiente para viabilizar o seu

funcionamento, embora seja órgão máximo de direção do estabelecimento de

ensino, seus membros não têm participação efetiva na escola. A participação é um

exercício que ainda precisa ser incorporado pela comunidade escolar, um

aprendizado que faz parte do processo democrático de divisão de direitos e

responsabilidades na gestão escolar e que precisa ser construído.

A atuação do Conselho Escolar como principal mecanismo de

democratização da gestão escolar não é coerente com a real função que

desempenha. Muitos Conselhos Escolares existem apenas como mais um

cumprimento burocrático, ou então seus membros são convocados apenas para

apreciar uma prestação de contas, ou para resolver alguns problemas disciplinares.

Tanto gestores3 como demais membros dos diferentes segmentos da comunidade

escolar ainda não têm clareza sobre a função do Conselho Escolar e o que é uma

gestão democrática4, que por meio dela o coletivo da escola busca superar as suas

dificuldades, estipular metas e definir responsabilidades. Muitos gestores têm receio

de perder o seu poder de decisão e, por isso, não permitem uma abertura a não ser

3 Segundo Lück (2000) no atual contexto, marcado por uma sociedade complexa, caracterizada pela diversidade e pluralidade de interesses, em que a escola passa a ser vista como unidades sociais, como organismos dinâmicos, o papel do diretor de escola é redefinido passando a ser como um gestor da dinâmica social, um mobilizador, um articulador da diversidade para dar-lhe unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e na promoção segura da formação de seus alunos.

4 Segundo Veiga (1997) a gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores.

Page 4: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

que isto lhes interesse. Nossa sociedade ainda não tem clareza sobre a importância

da participação nas tomadas de decisão, nas mais diversas instâncias da vida

pública, entre elas a escola.

Para tanto, buscou-se subsidiar através do estudo e análise do Estatuto e

legislação pertinente ao Conselho Escolar; estudo e debate do material didático

produzido; apresentação e discussão do Regimento Escolar e do Projeto Político-

Pedagógico da escola, dando ciência sobre a importância da (re)construção coletiva

destes documentos; construção com o Gestor, Equipe Pedagógica e demais

membros do Conselho Escolar estratégias para o envolvimento dos mesmos no

cotidiano escolar e elaboração ao término do Projeto de Intervenção de uma

proposta de formação continuada denominada “O Círculo da Cultura” que tem sua

metodologia e origens nas contribuições deixadas por Paulo Freire5.

O Círculo da Cultura é um processo de produção participativa do saber e da

cultura, em que se trabalha com relações humanas de colaboração, de

corresponsabilidade e de solidariedade. O objetivo da proposta de formação

continuada foi o de oportunizar, após o término da implementação, a continuidade de

encontros para estudo, para que o Conselho Escolar se construa enquanto um

órgão coletivo investigativo e propositivo estimulando o Gestor Escolar, a Equipe

Pedagógica e demais membros do Conselho Escolar para o exercício de uma

gestão democrática que contribua para a efetivação do trabalho do colegiado na

escola. E, demonstrar ainda que o Conselho Escolar apresenta-se como uma

proposta criativa no processo da construção da gestão democrática na escola

pública.

Oferecer boas condições para participar, usando uma metodologia que deixa

as pessoas a vontade para se expressar ainda que de um jeito simples,

proporcionando momentos para a construção dos conhecimentos mínimos

5 Paulo Reglus Neves Freire foi um educador e filósofo brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. Autor de “Pedagogia do Oprimido”, um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

Page 5: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

necessários para a participação dos conselheiros na gestão escolar e após alguns

encontros os conselheiros e demais pessoas da comunidade que participaram da

implementação concluírem que existem muitas possibilidades para uma efetiva

participação dos conselheiros no cotidiano escolar foi um indicativo de que vale a

pena investir na participação da comunidade na escola e que a participação oferece

vantagens para ambos.

1.1 Conselho Escolar e considerações sobre gestão democrática

A escola é o local onde se dá a educação sistematizada, seu objetivo é

prover os alunos de elementos culturais necessários para viver na sociedade,

buscando seu pleno desenvolvimento, seu preparo para o exercício da cidadania e

sua qualificação para o trabalho.

O trabalho é a condição básica e fundamental de toda vida humana,

segundo Engels (1876) é através do trabalho que o homem se diferencia dos demais

seres vivos. Os animais utilizam a natureza e modificam-na pelo mero fato de sua

presença nela, ao contrário do ser humano que ao interagir com a natureza a

modifica, a domina e a obriga a servi-lhe.

A relação de poder que o homem desenvolveu no decorrer de sua existência

com seu caráter inteligente e proposital em relação a seu semelhante e com a

natureza teve e continua tendo consequências desastrosas em todo o mundo. Todos

os modos de produção que existiram até hoje só consideraram a utilidade do

trabalho em sua forma mais direta e imediata. O trabalho deveria ser a forma de

mediação para o homem se construir historicamente e possibilitar a realização do

bem viver, que é usufruir tudo o que o trabalho pode propiciar. Neste sentido Paro

afirma:

...é preciso que estejam presentes as demais características que fundam a humanidade do homem, em especial a sua condição de sujeito, em relação de colaboração, não de dominação, com os demais. Ora, como vimos, é

Page 6: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

precisamente isso que falta nas relações sociais que se dão sob o capitalismo, onde o trabalho é subordinado às regras do mercado, leia-se “do capital” (PARO, 2001, p.19).

No contexto de uma sociedade capitalista hierárquica, dividida em classes,

entre inferiores que obedecem e superiores que mandam a prática da liberdade e da

igualdade ficam debilitadas, assim como os direitos de todos de usufruir dos bens

produzidos culturalmente pela sociedade. Segundo Paro (2001, p.25) “é preciso que

nossa escola concorra para a formação de cidadãos atualizados, capazes de

participar politicamente, usufruindo daquilo que o homem histórico produziu”.

Nessa perspectiva as políticas educacionais no Brasil vêm sendo

demarcadas por importantes mudanças, principalmente na ordem legal, embora

pesem os seus limites e condicionantes, elas expressam as lutas efetivas entre as

diversas forças sociais, ressaltando, sobretudo, a relação entre essas e a

democratização da escola e da gestão escolar.

As discussões sobre a democratização da gestão escolar traz à luz o papel e

a função social da educação e da escolarização, assim como os limites interpostos a

estas na sociedade atual, em decorrência das profundas mudanças vivenciadas pelo

mundo do trabalho e da produção.

Para possibilitar à gestão escolar novas perspectivas de democratizar as

relações que se estabelecem no interior da escola pública foi criado o Conselho

Escolar. No Paraná, os Conselhos de Escola foram instituídos através da

Deliberação 020/91, do Conselho Estadual de Educação, estabelecendo no seu

Artigo 6º que todas as escolas devem ter um órgão máximo de decisões coletivas, o

colegiado, que deve abranger representação de toda a comunidade escolar,

reforçando o princípio constitucional da democracia.

Conforme o Estatuto do Conselho Escolar/SEED (2009, p. 6), “o Conselho

Escolar foi implantado a partir da década de 80 em várias regiões do país, com a

inclusão do inciso VI do Artigo 206 pela Constituição Federal de 1988”. E mais

recentemente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei Nº

9394/96 que aponta no seu Artigo 3º, inciso VIII, a gestão democrática do ensino

público (BRASIL, 1996, p. 2).

Page 7: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

Paro (2002, 2004), afirma que toda vez que se propõe uma gestão

democrática da escola pública, que tenha participação efetiva de pais, educadores,

alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerada como utópica. Esta

constatação deriva de uma visão não muito otimista a respeito da função

desempenhada pela escola na sociedade de hoje e que a transformação do

esquema de autoridade no interior da escola, depende também do processo de

conquista da escola pelas camadas trabalhadoras.

Há que se considerar, também, que na administração da escola pública,

embora a direção tenha sido eleita pela comunidade escolar, ainda existe muito

autoritarismo. Segundo Paro (2008, p.18-19) há diretores trabalhando em escolas

públicas, que se dizem democráticos, apenas, porque são liberais com os alunos,

professores, funcionários ou pais, porque lhes dão abertura ou permitem que tomem

parte de algumas decisões. Mas, o que a fala não consegue encobrir é que se a

participação depende de alguém dar abertura ou permitir sua manifestação, essa

participação não pode ser considerada democrática, pois democracia não se

concede se pratica.

Paro (2001, p.66-68), ao falar sobre a eleição de diretores não ter superado

totalmente o autoritarismo, aponta que é preciso considerar que tal autoritarismo é

resultado da soma de uma série de fatores internos e externos à escola e pela

maneira como estes fatores agem na estrutura organizacional da própria escola. As

reclamações de gestores da escola pública dão conta de que a eleição para a

direção não significa a escolha de um líder para a coordenação do esforço humano

coletivo na escola, mas muito mais uma forma de jogar sobre o gestor escolar toda

responsabilidade que envolve o cotidiano da escola. Entendemos que o desabafo se

trata de quando a escola não vai bem a culpa é do diretor que não conseguiu fazer o

seu trabalho com competência, não soube coordenar a sua equipe com eficiência,

como se o resultado do trabalho da escola se esgotasse em si mesma, como se

fosse um organismo isolado, desconsiderando que ela depende de políticas de

gestão pública e das reais condições da comunidade escolar.

Todavia, a expectativa otimista que muitas pessoas tinham em relação a

eleição de diretores, mostrou na prática escolar que, gerir democraticamente

Page 8: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

pessoas sem uma cultura desenvolvida de participação não resulta automaticamente

numa participação coletiva e que só a prática contínua da democracia e o exercício

autônomo da cidadania poderá superar.

Segundo Spósito (2002), a gestão democrática deve ser um instrumento de

transformação das práticas escolares, é o seu maior desafio, pois, envolverá

necessariamente a formulação de um novo projeto pedagógico. O acesso da

comunidade escolar na gestão da escola deve estar acompanhado da nova proposta

pedagógica que a exija. Assim:

O projeto político-pedagógico elaborado apenas por especialistas não consegue representar os anseios da comunidade escolar, por isso ele deve ser entendido como um processo que inclui as discussões sobre a comunidade local, as prioridades e os objetivos de cada escola e os problemas que precisam ser superados, por meio da criação de práticas pedagógicas coletivas e da co-responsabilidade de todos os membros da comunidade escolar (BRASIL, 2004, p. 35).

A construção coletiva do projeto político-pedagógico através dos

representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar rompe com a

separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e

prática, possibilitando inclusive a construção de um projeto ligado à educação das

classes populares.

O generalizado descontentamento com o ensino oferecido pela escola

pública traz a insatisfação da não correspondência entre a teoria e a prática, ou seja,

a falta da organização do trabalho pedagógico baseado em seus alunos e no real

contexto no qual estão inseridos.

Neste sentido podemos citar as condições de trabalho na escola, que se não

houver recursos, profissionais preparados e em número suficiente, a escola não

atingirá seus objetivos. Prédios escolares em precárias condições, salas de aula

abarrotadas de alunos no turno diurno minimizando ao máximo o atendimento ao

aluno, somando ainda a essas condições todos os tipos de agravantes pedagógicos

como alunos indisciplinados, alunos com distúrbios de aprendizagem e alunos com

necessidades especiais. Da mesma forma em relação a autonomia da escola, que

outrora, no período militar era boicotada pela repressão, hoje é negada, abandonada

Page 9: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

pela falta de condições materiais, políticas de formação continuadas, regimes de

trabalho,etc.

A realização de qualquer projeto de escola pública de qualidade depende

dos diversos atores envolvidos na prática destas ações e das relações que

desenvolvem no seu transcorrer, no caso da administração escolar, em sua função

de buscar os fins educativos, exige investigar as práticas pedagógicas e as demais

relações sociais que acontecem no cotidiano da escola com o objetivo de entender

seus problemas, considerar qualidades e avaliar potencialidades.

Nesta perspectiva, se afirma cada vez mais a necessidade do resgate da

participação da família no processo escolar dos filhos, não somente como um direito

de controle democrático sobre os serviços do Estado, mas como importante suporte

com vistas ao melhor desempenho escolar. Reconhecer a potencialidade dos pais e

orientá-los para a melhor forma de contribuir com o trabalho da escola passou a ser

uma necessidade para a escola.

Com relação a dimensão social o trabalho da escola é extremamente

necessário levando-se em consideração os graves problemas sociais da atualidade.

Ignorar a formação ética dos alunos ou pensar que é tarefa somente da família só

faz piorar o contexto de injustiça social, violência, criminalidade, corrupção, falta de

consciência ecológica e depredação do patrimônio público.

Segundo Paro (2001, p. 35) “a principal falha hoje da escola com relação a

sua dimensão social parece ser a omissão na função de educar para a democracia”.

Formar os alunos para a participação com condições de desenvolvimento livre de

valores, escolhas e posturas. Cuidando muito, sem dúvida, para não reduzir a

educação para a democracia a mera formação egoísta do consumidor que tem

direitos. Segundo ele:

...parece ser paradoxal que a escola pública, lugar supostamente privilegiado do diálogo e do desenvolvimento crítico das consciências, ainda resista tão fortemente a propiciar, no ensino fundamental, uma formação democrática que ao proporcionar valores e conhecimentos, capacite e encoraje seus alunos a exercerem ativamente sua cidadania na construção de uma sociedade melhor (PARO, 2001, p. 35).

Page 10: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

Aos responsáveis pela gestão escolar compete, portanto, promover a

criação e a sustentação de um ambiente propício à participação plena no processo

social escolar, dos seus profissionais, de alunos e de seus pais, uma vez que se

entende que é por essa participação que os mesmos desenvolvem consciência

social crítica e sentido de cidadania (LÜCK; et al, 1998, p. 18).

Admitir a democratização das relações internas da escola e proporcionar os

instrumentos necessários como o Conselho Escolar, eleição de diretores, construção

coletiva do Projeto Político-Pedagógico possibilitará a criação de uma visão de

conjunto associada a uma ação de cooperativismo, promoverá um clima de

confiança, viabilizará a valorização dos participantes, concentrará o trabalho nas

ideias e não nas pessoas e desenvolverá o hábito de assumir responsabilidades em

conjunto.

Nessa perspectiva, a participação deste processo será uma experiência

educativa e um espaço de formação humana continuada dos participantes, porque

na medida que se participa se aprende.

O Conselho Escolar é um mecanismo legal para efetivar esta participação

da comunidade escolar, com vistas a instalação da democratização das relações no

interior da escola pública. É uma forma de garantir a participação de todos no

aperfeiçoamento da qualidade educacional. Os conselheiros são um grupo de

representantes de pais, professores, alunos, funcionários, equipe pedagógica,

direção e comunidade organizada, escolhidos pelos seus segmentos e que se

reúnem para acompanhar a gestão pedagógica, administrativa e financeira, para

sugerir medidas ou para tomar decisões em conformidade com as políticas e

diretrizes educacionais da Secretaria de Estado da Educação, observando a

Constituição Federal e Estadual, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Projeto Político-Pedagógico e o

Regimento Escolar (PARANÁ, 2009 p. 9 -10).

Os profissionais da educação, assim como toda comunidade escolar,

representados no Conselho Escolar, têm muito a dizer, colaborar no processo de

ensino-aprendizagem. Muitas soluções e ideias criativas surgem entre os que

compõem as equipes de trabalho nas escolas e seus colaboradores, por eles

Page 11: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

estarem diretamente ligados e vivenciarem o dia a dia da escola, como também, o

contexto no qual ela está inserida.

Contudo, os temores que havia por parte dos gestores escolares de que o

Conselho de Escola pudesse representar uma intromissão por parte dos

professores, alunos, pais e que estes perderiam o seu poder para gerir a escola não

se realizou, muitos até gostariam de dividir a enorme responsabilidade que tem

diante do Estado e da sociedade.

Ainda, neste período de funcionamento de quase três décadas no país e

uma década no Paraná podemos dizer que estamos longe de efetivar a gestão

democrática, pois os processos participativos seguem de uma certa forma

controlados, configurando-se em circunstâncias fantasiosas, resultando em

situações em que a escola acaba catando pais para participar, sem que estes

tenham predisposição cultural, social e econômica para isto. Ainda assim, as

experiências também relatam de que é perfeitamente possível dividir os problemas

da escola com o Conselho Escolar sem que a escola vire uma bagunça.

Todavia a concepção de um Conselho Escolar que funciona de forma

democrática, participativa, consultiva e deliberativa, não pode ser restrita a

organização formal. Não é suficiente organizar um Conselho, com seus membros

escolhidos por seus pares e não indicados pelo diretor, como ocorre em alguns

estabelecimentos educacionais; assim como, o ato de ser eleito por seus pares

através de reuniões e formalizado com o registro em ata, pois isto, por si só, não

garante a participação efetiva no processo de democratização da escola pública e

também na gestão democrática. É necessário que as políticas educacionais, o

governo, o gestor escolar juntamente com os demais representantes da comunidade

escolar desenvolvam condições para uma real atuação dos mesmos. Entendemos

que a participação e a democratização da gestão escolar vão muito além da

formalização desse órgão (Conselho Escolar) no interior das instituições públicas de

ensino.

A necessidade do oferecimento de boas condições de participação

principalmente para os pais são resultado de vários fatores que precisam ser

levados em consideração, como a vida difícil que muitos levam não dispondo de

Page 12: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

tempo para participarem na escola; a timidez e a falta de jeito para participação; a

dificuldade de falar em público e de expressar adequadamente suas ideias; a baixa

auto-estima e a pouca convicção de que sua participação é importante e trará

resultados positivos.

Portanto, para a instauração de uma gestão democrática é necessário

construir, formar pessoas para realizar esse processo. Pessoas participativas não

nascem prontas, é necessário instaurar um ensino em que o educando desempenha

seu papel como verdadeiro sujeito político, que ele seja conduzido, formado numa

relação pedagógica dialógica e democrática. De modo que no futuro, quando estes

alunos estiverem na condição de pais ou representantes de qualquer segmento da

comunidade estejam em condições de participar e contribuir com a educação de

seus filhos e, ou, dos jovens de sua comunidade.

Essa também é uma preocupação com a organização dos Conselhos

Escolares para a implantação de uma gestão efetivamente democrática e não para

uma gestão a serviço da sociedade dominadora e capitalista. Estruturar

organizações e pessoas que façam parte destas instâncias com clareza de suas

ações e não apenas seguindo ordens e regras pré-estabelecidas, mas com o

sentimento de estarem participando ativamente e desenvolvendo uma gestão de

escola que leva em conta os interesses dos seus usuários, a quem ela deve servir e

para os quais foi criada. Neste sentido Paro diz:

Mas a qualidade do ensino escolar não se pode dar alienada da família, em especial dos pais e mães dos educandos. É aí que entra a necessidade de se providenciarem tempos e espaços constantes e organizados de contato direto dos pais com a escola. O conselho de escola deve servir bem à sua finalidade de representação dos diversos setores da escola para conceber, planejar e controlar a organização do trabalho escolar em consonância com seus objetivos e em cooperação com a direção da escola; e aí os pais, além dos demais setores, levam seus pleitos e colaboração, por via de seus representantes (PARO, 2001, p. 88).

Por isso é necessário que o presidente do Conselho Escolar atue como

mediador, proporcionando aos demais membros do Conselho, principalmente aos

representantes dos alunos, funcionários e da comunidade externa, estudo do

Regimento Escolar, do Projeto Político-Pedagógico e Estatuto do Conselho Escolar,

Page 13: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

como também toda legislação pertinente, dotando-os de atribuições e competências,

para que conheçam, entendam a sua importância e responsabilidade e assim

consigam contribuir com mais eficiência nas questões pedagógicas, administrativas

e financeiras da escola.

Da mesma forma o presidente do Conselho Escolar precisa encorajar os

membros conselheiros a uma ampla participação e discussão sobre todos os

problemas que passam por dentro da escola, que percebam que ao estar unida com

a direção do colégio, esta ganha força junto à comunidade e junto aos órgãos de

representação.

Também temos clareza que na década de 80 em nível Federal e década de

90 em termos de Estado quando foi iniciada a criação dos Conselhos Escolares

estávamos no ápice da implantação de uma política pública de cunho neoliberal, que

via a participação da comunidade escolar como a possibilidade da instauração de

um estado mínimo para as questões sociais, transferindo para a comunidade a

responsabilidade de financiar a educação pública num viés assistencialista, com isso

a escola cada vez mais ficaria a cargo dos pais e da comunidade e o Estado se

distanciaria dessa responsabilidade que lhe é constitutiva.

É o caso do modelo de gestão compartilhada imposta às escolas públicas

pelo governo do Paraná nos anos de 1995 a 20026, segundo Lima (2004, p.51),

“induzem as escolas públicas a assumirem uma gestão racional, no sentido de

dirigirem seus serviços aos cidadãos enquanto clientes”. A gestão nesta perspectiva

leva a comunidade escolar a compartilhar com o estado somente a manutenção da

escola, ou seja, se a comunidade na qual a escola pública estiver inserida tiver boas

condições materiais terão uma escola de excelência, excluindo desta forma todas as

comunidades carentes de terem uma boa escola.

Neste contexto a gestão compartilhada, com conotações mercadológicas,

reafirma ainda mais a desigualdade social, instaurando entre as escolas uma

competição, no qual a meta consiste em alcançar o resultado estipulado pelo Estado

6 É o caso do modelo de gestão compartilhada imposto pelo governo Lerner ( 1995-1998 e 1999-2002) às escolas públicas do Estado do Paraná.

Page 14: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

e superar baixos resultados por conta própria. A autonomia se resume tão somente à

questão financeira, que aqui ainda significa não gerir o recurso repassado pelo

Estado, mas sim angariar recursos para manter a escola. Desta forma nega-se

totalmente ao sujeito o que lhe é de direito, o acesso à educação, permanência e a

participação de todos de forma igualitária na distribuição da riqueza nacional. Outro

agravante desta proposição é a formação continuada do gestor escolar que o

direciona apenas a gerir os recursos humanos e materiais disponíveis, colocando

em segundo plano os aspectos pedagógicos, abordando predominantemente

aspectos organizacionais que consequentemente levam o gestor a incentivar a

comunidade escolar a contribuir, tão somente, em atividades que tenham a

finalidade de levantar recursos financeiros para a escola, distanciando o gestor e a

comunidade da reflexão pedagógica.

Por isso, reiteramos novamente a importância da comunidade escolar em

conhecer e participar do trabalho que a escola realiza como um todo. Se assim não

o for, outros grupos que representam os interesses que não são das massas

trabalhadoras a terão e decidirão a que fim deverá servir a escola pública.

Embora as dificuldades sejam muitas e que esta participação está por ser

construída, pode-se vislumbrar que a existência do Conselho Escolar como um

mecanismo de participação no interior da escola desencadeie a construção e

fortifique a gestão democrática na escola, bem como, o fortalecimento da

transparência e da responsabilidade com os usuários da escola pública. A escola

através do Conselho Escolar tem nas mãos a oportunidade de reverter este estigma

que a desqualifica para decidir sobre ela mesma, unindo a comunidade escolar e

assumindo a posição de sujeitos desse processo para juntos exigir do Estado

recursos financeiros e apoio técnico-administrativo. A gestão democrática exige mais

dedicação e maior envolvimento por parte de todos, talvez esteja aí o seu grande

desafio. Neste sentido, a participação do Conselho Escolar na gestão escolar deve

ser o meio pelo qual a comunidade escolar reconheça e assuma o poder de

influenciar o rumo da unidade escolar, beneficiando seus alunos e sua comunidade,

contribuindo na real função da escola que é transmitir o conhecimento

historicamente acumulado com qualidade e para todos.

Page 15: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

2 Implementação pedagógica e contribuições dos professores no GTR

O trabalho proposto foi realizado no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre –

Ensino Fundamental, Médio e Profissional, localizado no Bairro Jardim Porto Alegre

– Município de Toledo, envolvendo os membros do Conselho Escolar e comunidade

escolar na perspectiva de oportunizar a reflexão teórico e prática.

As atividades foram fundamentadas na pesquisa-ação, em que tanto o

pesquisador quanto os agentes da pesquisa interagem buscando solucionar ou

amenizar as possíveis dificuldades que aparecem como obstáculos na efetiva

participação desses membros na escola (FRANCO, 2005, p. 483-502).

As estratégias e metodologia empregadas no desenvolvimento da

implementação basearam-se em:

Primeiro encontro:

Apresentação do Projeto de Pesquisa para a Direção, membros do

Conselho Escolar, Equipe Pedagógica e comunidade escolar, dando

ciência de todo o projeto e incentivando-os a participar da

implementação;

Planejamento de um cronograma de encontros dos dias e horários,

juntamente com os integrantes do projeto de intervenção, para que os

demais encontros acontecessem em momentos que possibilitasse a

participação de todos;

Apresentação do material didático produzido para estudo e debate;

Demais encontros:

Para o estudo e a discussão do material didático-pedagógico, este foi

dividido em partes e somado a vídeos e textos complementares,

seguindo o planejamento que foi elaborado com o intuito de atender os

objetivos gerais propostos para a implementação;

Estudo e debate do Estatuto do Conselho Escolar, Projeto Político-

Page 16: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

Pedagógico e Regimento Escolar;

Elaboração de um Plano de Ação do Conselho Escolar;

Apresentação, no último encontro de implementação, de uma proposta

de formação continuada para os membros do Conselho Escolar,

baseada na metodologia dos Círculos de Cultura7,utilizando como

material didático os cadernos do Programa Nacional de Fortalecimento

dos Conselhos Escolares do Ministério da Educação8.

A receptividade dos participantes no primeiro encontro foi muito boa,

ouviram atentos a explanação do projeto e interagiram apontando algumas

dificuldades gerais que o Conselho Escolar apresenta e o quanto um trabalho como

o que foi proposto seria importante para auxiliar os conselheiros na sua atuação no

âmbito escolar.

Em relação ao cronograma dos encontros, o dia da semana e o horário

escolhido pela maioria; observou-se que oferecer condições de participação,

partindo de um momento em que a maioria possa estar presente, com um

cronograma de datas de encontros definido, as pessoas têm condições de se

organizar previamente facilitando a participação.

O cronograma foi construído em forma de planilha e enviado por e-mail a

todos os inscritos logo após o primeiro encontro.

A interação entre a professora PDE e os participantes foi excelente em todos

os encontros da implementação e na medida em que os encontros foram

acontecendo constatou-se que alguns integrantes do Conselho não haviam lido ou

estudado os documentos pertinentes ao Conselho, tão pouco, os documentos

relacionados ao cotidiano escolar como o Projeto Político-Pedagógico e o

Regimento da escola. Haviam ouvido falar sobre um ou outro e da importância que

7 A atuação do Conselho exige processos democráticos e cidadãos no próprio processo de formação de seus membros. Tal processo foi experimentado na experiência dos Círculos de Cultura que levam em consideração características essenciais da formação humana. Reconhece a pessoa como sujeito histórico, em permanente construção de si mesmo.

8 O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, iniciado em 2004, é um programa da Coordenação de Apoio e Fortalecimento dos Sistemas de Ensino, da Secretaria de Educação Básica e do Ministério da Educação. Este programa visa ampliar e apoiar o caráter público e coletivo da responsabilidade do Estado e da sociedade civil pela oferta de uma educação universal, pública, gratuita e de qualidade social.

Page 17: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

este material tem para a escola e que embora estes documentos estejam

disponibilizados para quem queira ler, ainda não o haviam feito.

Com estes relatos constatamos que a implantação formal do Conselho

Escolar como órgão máximo de direção não é o suficiente para o seu

funcionamento. Os conselheiros necessitam de formação, de momentos de estudo e

de contato com o cotidiano escolar, sem esta interação o Conselho continuará

apenas como um cumprimento burocrático sendo convocados uma ou outra vez

para coleta de assinaturas ou para participar de eventos na escola onde esta

necessita de pessoas para trabalhar (Paro, 2001, p.88).

Nos momentos de estudo, nos quais focou-se a forma de gerir a escola

pública, e, consequentemente a gestão democrática, os participantes foram

unânimes nos seus posicionamentos de que o modelo da gestão democrática foi

uma conquista a favor de toda comunidade escolar. Segue transcrição de

fragmentos de alguns relatos:

[…] A gestão escolar deverá ser democrática, pois é um princípio

consagrado no ordenamento jurídico pátrio. Este modelo de gestão representa uma

conquista para a Educação Brasileira, e, deverá ser efetivada através da

participação dos diferentes atores que compõem a comunidade escolar […].

[…] É fazer uma gestão transparente e que permite a participação de todos

os segmentos na tomada de decisões sobre os interesses e necessidades da

comunidade escolar. É estar aberto ao debate, troca de ideias e também prestar

contas sobre os resultados das iniciativas realizadas.

[…] Gerir democraticamente é buscar a participação de todos os envolvidos

no âmbito escolar, cada um no seu setor, na sua função com a responsabilidade e o

comprometimento para que tudo saia da melhor forma possível. Para que isto

aconteça o gestor (diretor), deve estar aberto às conversas, trocas de ideias e de

experiências, para que com isso possam ser tomadas as decisões que melhor

venham de encontro aos anseios e aos objetivos da escola.

Verificou-se que em geral os integrantes do Conselho conhecem bem a

comunidade onde a escola está inserida, pois a maioria mora ou já trabalha um bom

tempo no estabelecimento de ensino, também observou-se que há um bom domínio

Page 18: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

entre os conselheiros sobre o conhecimento de suas atribuições, embora na prática,

segundo eles, várias destas atribuições nunca se concretizaram.

A função político-pedagógica do Conselho Escolar se expressa no “olhar”,

no acompanhamento da prática educativa e no desenvolvimento do processo de

ensino e aprendizagem (MEC, 2004, p.18). Ao serem interpelados sobre esta

afirmação e no estudo e discussão sobre este tema que foi muito polêmico, pois este

assunto é muito complexo e ele resgatou principalmente as questões dos

condicionantes dos conselheiros, as barreiras internas que a própria escola cria,

consequências da sistematização do Sistema Educacional Público Brasileiro, do

contexto econômico e social da comunidade escolar, assim como, a falta de

conhecimento das questões pedagógicas, mas principalmente, a maior dificuldade

se expressa na organização atual do Conselho Escolar “atividade voluntária” que

precisa ser encaixado num tempo vago, que torna o acompanhamento pedagógico

aos olhos dos conselheiros algo utópico. Segue transcrição de fragmentos de

algumas das contribuições dos participantes da implementação sobre o tema:

[…] Limitação de tempo: Em quais momentos é possível a participação dos

membros do Conselho Escolar no cotidiano escolar, tendo em vista que em, quase,

totalidade são trabalhadores?

[…] Limitações institucionais: talvez, os membros do Conselho limitam a sua

participação devido a baixa resolutividade das deliberações.

[…] Sim, temos limitações, uma limitação é que o trabalho do Conselho

Escolar, bem como o da APMF são voluntários […].

Durante o GTR9, muitas experiências sobre o Conselho Escolar foram

relatadas, entre elas a dificuldade que as escolas têm em conduzir o trabalho do

Conselho, como órgão máximo de direção, com atribuições tão importantes, formado

por representantes de diferentes segmentos da comunidade escolar e ainda de

forma voluntariada.

9 GTR - Grupos de Trabalho em Rede, estes grupos constituem uma atividade do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual entre os Professores

PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual, que aconteceu no mesmo período da

implementação do projeto na escola.

Page 19: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

Durante as discussões, os professores cursistas do GTR, concluíram que

para participar de um órgão máximo de direção que implica em responsabilidades e

conhecimentos e para dar conta das atribuições que o cargo de conselheiro confere,

de forma satisfatória e efetiva, as pessoas necessitariam de melhores condições de

participação, especialmente os representantes profissionais da educação que

trabalham na escola e que deveriam ter incluída na sua carga horária um tempo

para se dedicar a função de conselheiro escolar.

O direito e o dever de todos na construção de uma educação de qualidade

socialmente referenciada exige processos de estudo e formação continuada (MEC,

2006, p.52).

O Círculo da Cultura, proposta de formação continuada para os conselheiros

trabalhada na implementação, que leva em consideração características essenciais

da formação humana e reconhece a pessoa como sujeito histórico, em permanente

construção de si mesmo (MEC, 2006, p.38-39), foi muito bem aceito pelos

conselheiros. Se deram conta, quando o assunto foi abordado especificamente, de

que desde o início das atividades dos encontros da implementação eles já vinham

trabalhando dentro desta metodologia e testemunharam ser uma forma democrática

e saudável de conduzir os trabalhos ou estudos para os conselheiros. Segue

transcrição de fragmentos de alguns relatos:

[…] Organizar grupos de estudos sobre os diversos temas que envolvem o

processo da organização da escola, tanto do ponto de vista estrutural, pedagógico e

administrativo. Ainda disponibilizar literatura a respeito do assunto para que todos os

conselheiros tenham acesso.

[…] Os conselheiros, de todos os segmentos, deverão compreender que

também somos atores no processo educacional e que constitui dever zelar pela

educação de qualidade. Enfim, compreender que somos “dirigentes” do processo

educacional.

[…] Inicialmente determinar um cronograma para prepararmos um material

didático com base nos referencias sugeridos nestes estudos, para podermos

oferecer uma capacitação para os novos membros, do novo Conselho 2012 à 2014.

A sugestão da utilização da metodologia apontada no estudo: “Circulo da Cultura” é

Page 20: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

muito válida e deveria ser repassada aos novos membros. […]

A ação dos conselheiros deve superar o ativismo, o agir sem pensar; o

senso comum, o agir pelas impressões e aparências, porque sua ação deve ser uma

prática social. Uma prática é uma ação fundamentada na teoria, norteada consciente

e intencionalmente (MEC, 2006, p.58-59).

Neste sentido, no Círculo da Cultura, os participantes são conduzidos e

estimulados ao exercício pedagógico de leitura da realidade sociopolítica da escola

e da comunidade onde ela está inserida, através de um processo de formação que

se divide em três momentos: investigação, tematização e proposição. Na

investigação se levantam as situações-problema; na tematização se discutem as

situações-problema, situando-as no seu contexto e buscando ampliar a

compreensão do problema e na proposição se definem as alternativas de solução ou

o projeto de ação a ser empreendido.

Segue a proposta de um plano de ação, redigido pela professora PDE, que

nasceu após muita discussão, debate e sugestões dos participantes durante a

implementação que entenderam, concluíram que o Conselho Escolar para trabalhar

com seriedade e ter continuidade nas suas ações necessita de organização e de

metodologia de trabalho, para que suas atividades e ações se construam de forma

consciente e fundamentadas na realidade da comunidade escolar. Vale lembrar que

o plano que segue foi elaborado baseado no tempo de vigência que este Conselho

Escolar, em questão, ainda tem até o próximo grupo assumir que será até junho de

2012, como também, as particularidades da escola, da comunidade escolar na qual

ele atua.

SUGESTÃO: PLANO DE AÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR(investigação, tematização e proposição)

AÇÃO 1: Construir um projeto para melhorar o processo de ensino e aprendizagem

dos alunos que ingressam nas turmas do 6º Ano - Ensino Fundamental, dando

ênfase na participação dos pais neste processo.

Justificativa: Este público oriundo, na sua maioria, de escola pública municipal, ao

ingressar no colégio estadual necessita de atenção especial. Trata-se não só de

Page 21: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

mudança de mantenedor, mas, sobretudo de ritmos de trabalho diferenciado, novos

profissionais de educação, organização diferenciado de trabalho escolar, enfim, para

alunos e pais é um rito de passagem passar das séries iniciais para as séries finais

do Ensino Fundamental.

Púbico Alvo do projeto: Pais ou responsáveis pelos educandos.

O que justifica o público-alvo?

A escola pública tem enfrentado uma postura passiva por parte dos pais dos alunos

assim que matriculam seus filhos nas séries finais do Ensino Fundamental, o que

tem dificultado muito o trabalho dos profissionais da educação em sala de aula e em

todo ambiente escolar.

A escola que toma como objeto de preocupação levar o aluno a querer aprender

precisa ter presente a continuidade entre educação familiar e a escolar, buscando

formas de conseguir a adesão da família para sua tarefa de desenvolver no

educando atitudes positivas e duradouras com relação ao aprender e ao estudar

(PARO, 2007, p14-17).

A ELABORAÇÃO DO PROJETO DEVERÁ SER FEITA NO COLETIVO, CONSELHEIROS E PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUE ATUAM NESTE ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

AÇÃO 2: Os conselheiros vigentes (Conselho Escolar 2010/2012) se

responsabilizam pela formação inicial dos novos representantes (Conselho Escolar

2012/2014).

No dia da posse dos novos conselheiros a equipe que entrega o cargo se faz

presente;

A equipe anterior em conjunto com os novos conselheiros constrói um

cronograma de encontros para o 1º semestre de atuação (promover a

Page 22: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

formação inicial).

Na formação inicial serão abordados:

Estatuto do Conselho Escolar (responsável/presidente do Conselho)

Projeto Político Pedagógica (responsável/conselheiro representante dos pedagogos)

Regimento Escolar (responsável/presidente do Conselho)

Fundamentação Teórica: material do MEC – Programa Nacional de Fortalecimento

dos Conselhos Escolares (responsáveis/demais conselheiros)

Obs.: A formação dos conselheiros, preferencialmente, deverá ocorrer até setembro

de 2012.

Quando esta mesma discussão esteve em pauta durante o GTR,

considerando que ainda há um longo caminho a percorrer na busca da efetiva

democratização das relações e dos espaços escolares e de como viabilizar essa

participação, concluiu-se pelas contribuições e experiências dos professores GTR,

que a organização escolar democrática implica não só a participação na gestão, mas

a gestão da participação. Pois, a gestão democrática não pode ficar restrita ao

discurso da participação através dos mecanismos que dispomos como a eleição de

diretores, por intermédio da consulta à comunidade, Conselho Escolar e outros. A

gestão da participação está a serviço dos objetivos do ensino e aprendizagem. Ela

deve ser a forma de levar a equipe escolar e comunidade a soluções inovadoras e

criativas que levem a participação (LIBANEO, 2007, p. 335).

Neste sentido, os professores GTR construíram propostas de ação para o

Conselho Escolar de sua escola, consideraram as limitações, dificuldades da

comunidade escolar, focando na proposta a construção da participação dos

conselheiros numa perspectiva democrática e coletiva.

A elaboração das propostas de ação não tiveram o objetivo de criar receitas

ou procedimentos a serem seguidos pelos Conselhos Escolares das Escolas

Públicas do Paraná, considerando que as comunidades escolares situam-se em

contextos sociais, econômicos, culturais diferentes, por isso, serão somente

relatados alguns pontos relevantes ao objetivo deste trabalho e que poderão servir

Page 23: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

de subsídios e sugestões para que cada Conselho Escolar, autonomamente, busque

uma proposta que se ajuste melhor ao seu contexto.

Considerando as particularidades de cada comunidade escolar onde os

professores GTR atuavam tivemos propostas de ação que focaram a preparação

dos profissionais e comunidade para que quando da representação no Conselho, de

seu segmento, já tivessem a possibilidade de fazê-lo de forma consciente. Propostas

como estas são fundamentais, pois segundo MEC (2006), a participação como

conselheiro consciente, responsável na gestão da escola deve ser relevante na

organização, planejamento e na prática de atividades voltadas para sua própria

formação.

Ainda em relação a formação dos conselheiros, houve também em uma das

propostas apresentadas a preocupação de elaboração de material específico para a

formação dos conselheiros, importante salientar, neste caso, que além do material

produzido pelo MEC para formação dos conselheiros escolares, também o material

produzido e já publicado dos professores PDE que trabalharam este tema é muito

rico.

Outra proposta apresentada propôs a formação de grupos de estudo

envolvendo os membros do Conselho Escolar em parceria com Instituições de

Ensino Superior. A aproximação das IES com a Educação Básica, a exemplo do

PDE, trarão muitos benefícios na construção da participação da comunidade na

gestão escolar.

Outro elemento importantíssimo para a Educação Básica é o resgate da

integração entre escola e a comunidade, entre a família e a escola. Este fator foi

elencado em uma das propostas. Desenvolver a cultura participativa através de

encontros para estudo e discussões das dificuldades que a família e a escola

enfrentam. Embora, família e às vezes até a escola se sintam amadores nas

questões teóricas, sabemos, pela experiência do dia a dia no trabalho escolar, que a

participação é sobretudo falta de amadurecimento prático. Neste sentido Demo

afirma:

Todavia é erro imaginar que participação é apenas utopia. É realizável sim,

Page 24: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

muito embora nunca de forma satisfatório. Por isso mesmo a definimos como processo […] Nunca será suficiente, porque vive da utopia da igualdade, da liberdade, da fraternidade totais. Não é dada é criada. Não é dádiva, é reivindicação. Não é concessão, é sobrevivência. Participação precisa ser construída, forçada, refeita e recriada (DEMO, 1999, p.82).

Promover o envolvimento da comunidade na gestão escolar por meio do

Conselho Escolar, através de práticas dialógicas, estudando as dificuldades da

escola e buscando soluções será o caminho mais justo e democrático que a escola

pública poderá percorrer. No entanto, transcender estas propostas de ação para a

prática será outro grande desafio.

3 Conclusão

As atividades desenvolvidas neste projeto PDE, durante o período da

implementação, tiveram por finalidade cercar o processo participativo dos cuidados

teóricos e práticos necessários, principalmente para não permitir que a possibilidade

da participação acontecesse somente enquanto durasse a implementação, mas sim,

que os conselheiros tivessem possibilidades reais e concretas de seguir na

participação.

Também não imaginamos no início dos trabalhos que pudéssemos chegar a

situações idealizadas de participação, embora muito já se tenha avançado neste

campo em relação aos conselheiros escolares, sabemos que ainda há um longo

caminho a ser percorrido e que precisa ser cuidadosamente construído, com bases

sólidas para evitar que a participação se transforme na farsa mais elegante do

poder, prática bastante comum na gestão escolar.

A participação da comunidade escolar na gestão escolar, através dos

mecanismos legais como o Conselho Escolar, por exemplo, é uma construção que

não acaba, ela recomeça todo dia, porque é reflexo da dinâmica da realidade social,

econômica e cultural na qual a escola está inserida e de todo sistema educacional

público do país.

Page 25: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

Este quadro representa uma realidade dura e difícil de ser superada, as

ações em prol da formação de uma cultura participativa precisam ser constantes,

atuantes e sobretudo com consciência por parte dos profissionais da educação e,

principalmente, pelos que compõem as equipes pedagógicas e os que ocupam os

cargos de gestor escolar.

Entendemos que a escola tem muitas vantagens em desenvolver ações que

criem condições de participação da comunidade na escola, somando forças e

aproveitando as potencialidades dos segmentos que compõem a comunidade

escolar ela terá melhores condições de realizar um trabalho de qualidade. A escola

necessita dos pais ou responsáveis acompanhando seus filhos diariamente nas

atividades escolares, sem este suporte o aproveitamento escolar diminui e os

resultados geralmente não são satisfatórios. A escola precisa de professores,

pedagogos e funcionários comprometidos com o processo escolar, mobilizados,

trabalhando convictos de que seu trabalho faz a diferença no processo educacional

de seus educandos. A escola precisa de políticas públicas nas quais os órgãos

oficiais de administração do ensino público cumpram sua obrigação dando suporte

financeiro necessário, pois qualquer empreendimento coletivo na busca da

qualidade do ensino fracassa se não tiver recursos econômicos adequados para

alcançá-los.

Neste sentido, a escola precisa atender as necessidades que sua

comunidade requer, olhar para ela e trabalhar para que a comunidade possa se

beneficiar de seu trabalho. Recriar laços, dividir responsabilidades, afinal, a escola

pública de educação básica sabe bem o que significa carregar todo o peso do

processo educacional sozinho, é mais ou menos como condenar-se ao fracasso.

De modo geral, a participação se concretiza sob formas de colaboração

repartida. Todos precisam ter consciência de que uma parte do processo cabe a

cada um, alunos, pais, funcionários, professores, Estado e assim por diante.

Mobilizar a comunidade por meio do Conselho Escolar, é uma arte. Por isto

sugerimos que as experiências relatadas neste artigo, assim como propostas de

ações descritas não sejam tomadas como um manual de instruções que se aplicado

dará certo e a participação será fato. Tanto é assim, que muitos profissionais da

Page 26: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

educação desanimam diante de tentativas frustradas de gerir estabelecimentos de

ensino democraticamente, ao propor ações coletivas, pois se veem diante de uma

muralha de condicionantes. A construção do processo democrático se realiza no

cotidiano escolar e ele exige reflexão constante a respeito dos obstáculos e das

potencialidades que se apresentam na realidade escolar.

Muitas ações citadas são relevantes para todos, porém, é importante

lembrar, que poderão necessitar de adaptações de acordo com a necessidade das

pessoas envolvidas.

O desafio propriamente dito é compreender que a participação não ocorrerá

espontaneamente, segundo diz HORA:

No âmbito da escola, especificamente, é necessário que seja provocada, procurada, vivida e aprendida por todos os que pertencem à comunidade escolar – diretores, técnicos, professores, alunos, funcionários, pais, comunidade em geral (HORA, 2007, p. 51).

Por fim, defendemos que a participação do Conselho Escolar será sempre

um processo que terá que ser fundamentado no exercício do diálogo, alimentado

com o estímulo da busca do conhecimento por meio da formação dos conselheiros,

com trabalhos organizados de forma democrática que supõe regras de jogo

acertadas em conjunto e mudadas em conjunto. Procurando levar todos os

envolvidos no processo escolar a terem uma concepção positiva da escola, a vê-la

como algo desejável, na qual são acolhidos e respeitados em seus direitos de

cidadão.

Referências

BRASIL, Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Lei De Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Cascavel: Editora da Unioeste, 36 p.

Page 27: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

BRASIL, Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Caderno 6. Programa nacional de fortalecimento dos conselhos escolares: conselho escolar como espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da educação. Brasília, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad%206.pdf> Acesso em 26 set. 2010.

BRASIL, Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Programa nacional de fortalecimento dos conselhos escolares: conselhos escolares. Brasília, 2004.

DEMO, Pedro. Participação é conquista. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1999. 176 p.

ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. 1876. Disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/trabalhoengels.htm> Acesso em: 9 dez. 2010.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2008. 119 p.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação. In: Educação e pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set/dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ep/v31n3/a11v31n3.pdf> Acesso em: 10 dez. 2010.

HORA, Dinair Leal da. Gestão Democrática na Escola: artes e ofícios da participação coletiva. Campinas: Papiros, 1994. 144 p.

LIMA, Antonio Bosco de (org.). Estado, políticas educacionais e gestão compartilhada. 1 ed. São Paulo: Xamã, 2004. 142 p.

LÜCK, Heloísa. et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 1998. 166 p.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Coordenação de Apoio a Direção e Equipe Pedagógica. Estatuto do conselho escolar. 2 ed. Curitiba, 2009. 30 p.

PARANÁ, Conselho Estadual de Educação. Deliberação nº 020/91. Curitiba, 1991.

PARO, Vitor Henrique. Administração escolar e qualidade de ensino: o que os pais ou responsáveis têm a ver com isso? BASTOS, João Baptista (Org), Gestão democrática. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 57-72.

Page 28: CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO · CONSELHO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO: UM PROCESSO A SER CONSTRUÍDO Autora: Leci Maria Hertz Lunkes1 Orientadora: Profª. Ms. Joceli

______.Vitor Henrique. Escritos sobre a educação. 1 ed. São Paulo: Xamã, 2001. 144 p.

______.Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed. Rio de Janeiro: Ática, 2004. 120 p.

______.Vitor Henrique. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. 3 ed. São paulo: Xamã, 2007. 126 p.

SPÓSITO, Marília Pontes. Educação, gestão democrática e participação popular. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

VEIGA, Ilma Passos. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1997.