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Conselho de Direitos Humanos (CDH) Guia de Estudos César Macêdo Lays Caceres Bento da Silva Vitor Oliveira Pinto Giovana Vieira Porto Fabrício Ribeiro Sousa de Carvalho Vinícius Silva Moreira

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Conselho de Direitos Humanos (CDH)

Guia de Estudos

César Macêdo

Lays Caceres Bento da Silva

Vitor Oliveira Pinto

Giovana Vieira Porto

Fabrício Ribeiro Sousa de Carvalho

Vinícius Silva Moreira

1. Mandato e Histórico do Conselho de Direitos Humanos

O Conselho de Direitos Humanos, criado para substituir a antiga Comissão de

Direitos Humanos da ONU, tem por objetivo central fortalecer a promoção e a proteção

dos direitos humanos no mundo, solucionando situações de violações dos direitos e

fazendo recomendações sobre eles. Criado em 15 de março de 2006 pela Assembleia

Geral, segundo a resolução 60/251, tem sua sede em Genebra. É constituído por 47

Estados-membros da Organização, sendo 13 membros eleitos a partir do Grupo

Africano, 13 do Grupo Asiático, 6 do Grupo da Europa Oriental, 8 do Grupo Latino-

americano e do Caribe, e 7 da Europa Ocidental e Outros Grupos Unidos (UN News

Centre, 2013), que são eleitos pela Assembleia Geral. O CDH tem a finalidade de

aconselhar e de adotar resoluções contra países no que tange à violação dos direitos

universais. Posteriormente, essas resoluções são remetidas à Assembleia Geral e,

dependendo dos casos, ao Conselho de Segurança da ONU (VEJA, 2013). O Conselho

também mantém dezenas de observadores em países com problemas e questões

sensíveis, como atentados contra a liberdade e execuções sem o devido processo legal.

Através do mecanismo da Revisão Periódica Universal, o Conselho avalia a

situação dos direitos humanos em todos os 193 Estados-Membros da ONU (ONU-

BRASIL, 2013). Segundo Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, a Revisão Periódica

Universal "tem um grande potencial para promover e proteger os direitos humanos nos

cantos mais escuros do mundo" (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, 2012). A Revisão

Periódica Universal é um dos elementos-chave do Conselho, oferecendo a oportunidade

para cada Estado de declarar as ações tomadas para melhorar a situação dos direitos

humanos em seus países e para cumprir as suas obrigações no processo de proteção e

promoção dos mesmos (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, 2012).

O CDH possui um Comitê Consultivo, que fornece informações e conselhos sobre

questões temáticas de direitos humanos que pertencem a todas as partes do mundo.

Outro elemento importante no que tange ao seu trabalho é o "Procedimento de

Reclamações", permitindo aos indivíduos e organizações articularem queixas sobre

violações de direitos humanos para a atenção do Conselho (UN News Centre, 2013)

O Conselho de Direitos Humanos, em suma, possui três sessões ordinárias por

ano, num total de 10 semanas, nos meses de março (4 semanas), de junho (3 semanas) e

de setembro (3 semanas) (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, 2012). É importante

ressaltar que, se um terço dos Estados-Membros decidirem realizar uma reunião

especial para tratar de violações em situação emergencial, será solicitada uma reunião

para tal fim (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, 2012).

Deve-se destacar que o Conselho aborda questões específicas, situações nacionais

ou temáticas através de um sistema chamado de "procedimentos especiais". Este

abrange desde direitos civis, culturais, econômicos, políticos e sociais até o direito

ambiental. Atualmente, há 33 mandatos temáticos (UNITED NATIONS HUMAN

RIGHTS, 2012). Temas como direitos culturais, água e saneamento básico, formas

contemporâneas de escravidão, direito dos idosos, direito à liberdade de reunião pacífica

e de associação e o direito ao gozo de um seguro, limpo, saudável e sustentável ambiente

foram pautas específicas do CDH. Além disso, incluem-se mandatos temáticos de 8

países como Bielorrússia, República Islâmica do Irã, Sudão, entre outros (UNITED

NATIONS HUMAN RIGHTS, 2012).

O quórum para aprovação de resoluções é de maioria simples; estas e suas

decisões não são liberadas como documentos separados, podendo ser recuperados como

itens individuais através de uma base de dados (DOCUMENTAÇÃO DAS NAÇÕES

UNIDAS, 2006).

Na SiNUS 2014, o Conselho de Direitos Humanos traz ao debate central as

intervenções estatais em questões privadas, no que diz respeito às legislações anti-

homossexualidade e antiaborto no mundo. As intervenções estatais sobre a vida dos

cidadãos podem vir através de legislações, da força policial, do poder midiático, com o

apoio do Estado ou, até mesmo, através dos discursos morais reproduzidos na sociedade

(SUZI, 2006). Nessa perspectiva, o CDH trabalhará visando promover e proteger os

direitos humanos.

2. Posicionamento dos Países

2.1. África do Sul

Na África do Sul, a democratização que sucedeu o apartheid está ligada a uma das

políticas jurídicas mais permissivas e tolerantes do mundo. A Constituição de 1996

inovou ao incluir a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero nas

formas de tratamento injusto, punido por lei (CAPEHART, 2013). Uma década depois, o

casamento entre parceiros do mesmo sexo foi legalizado, sendo também previstos a

adoção por indivíduos ou casais homossexuais e demais direitos, como a entrada no

serviço militar (LACERDA, 2006).

A legislação vigente inclui, também, o Ato sobre a Escolha de Terminação da

Gravidez (1996), que substituiu o Ato sobre Aborto e Esterilização (1975). Antes restrito a

certas camadas sociais, especialmente à população branca e urbana, o novo ato garante

atendimento indiscriminado, desconsiderando inclusive a idade da gestante, e

especifica, em seu preâmbulo, que a prática não deve ser encarada como medida

contraceptiva. Permite-se o aborto sem justificativa prévia em até 12 semanas de

gravidez; após essa marca e até a vigésima semana, só poderá ser conduzido sob certos

motivos: risco de vida ou lesão severa à mãe ou à criança, estupro, incesto e até por

circunstâncias socioeconômicas desfavoráveis (DESA, 2013).

2.2. Alemanha

Na Alemanha, o aborto é permitido a pedido até 12 semanas de gestação, com a

necessidade de acompanhamento psicológico. Em casos excepcionais, o aborto é

permitido em qualquer momento da gestação (ONU, 2013).

No que concerne à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o

relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido (união civil), homossexuais

podem servir às forças armadas e existem leis que banem algumas discriminações

contra eles. No entanto, o casamento gay é ilegal e a adoção é restrita (ILGA, 2013).

2.3. Angola

Após períodos de tensão sociopolítica na República de Angola em 2013, devido a

restrições governamentais quanto a manifestações, as políticas do país estão permitindo

o exercício de liberdades individuais dos cidadãos, de acordo com relatórios

estadunidenses que apresentam o grau de liberdade nos países, porém há algumas

restrições (ÁFRICA MONITOR, 2013).

Quanto ao aborto, por exemplo, na República da Angola, o Código Penal vigente

no país proíbe as práticas abortivas (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013). São

punidos tanto os indivíduos que realizam o aborto sem o consentimento da mulher

grávida quanto o permitido por ela. Além disso, a mulher grávida que dá consentimento

ao aborto ou o realiza por si mesma, também é punida. Apenas o aborto terapêutico,

realizado quando a morte da mulher é prevista em caso de continuação da gravidez, é

permitido no país (GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA, 2013)..

Já os atos homossexuais são ilegais na República da Angola e podem ter punição

por meio de multas e de trabalho penal, de acordo com o Código Penal vigente desde

1886, com algumas alterações feitas em 1954. Não existem quaisquer leis que punam a

discriminação em relação à orientação sexual (ILGA).

2.4 Anistia Internacional

Resultado de um movimento global pelo fim de abusos contra os direitos

humanos, a Anistia Internacional atua como mediadora entre uma pluralidade de

fluxos sociais e as instâncias estatais ou interestatais de decisão (AI, 2014).

A organização luta pela abolição de legislações discriminatórias contra

identidade de gênero e orientação sexual, seja fazendo campanhas ou pressionando os

países. Ela advoga mesmos direitos para casais homossexuais e a punição de quaisquer

atos de violência ou ódio (AI, 2014).

Além disso, buscou manter uma posição neutra em relação ao aborto, criticando

as margens da questão: legislações que punem muito severamente (com tortura, por

exemplo) a prática, e o mal provimento de saúde coletiva. No entanto, vem

gradativamente se aproximando da defesa aberta do direito de a mulher escolher

(MACNAIR, 2007).

2.5. Arábia Saudita

A Arábia Saudita é considerada um país em que não há liberdades políticas e

civis, sendo um dos 10 piores países do mundo em relação à restrição das liberdades dos

cidadãos de acordo com a FreedomHouse1 (FREEDOM HOUSE, 2014). A população está

sujeita a mandamentos religiosos do Alcorão2 e da Sharia3, que são interpretados de

acordo com os líderes políticos do governo (ESTADÃO, 2011).

Quanto à prática do aborto, por exemplo, o governo da Arábia Saudita permite

que seja realizado apenas para salvar a vida da mãe. Nesse caso, deve haver o

consentimento da mulher grávida e do esposo dela para que o aborto seja efetivado.

Embora não haja um Código Penal no país, a população está submetida à Sharia e,

de acordo com a interpretação dela, os atos homossexuais devem ser proibidos e

punidos com a morte dos indivíduos (ILGA).

2.6. Argentina

Foi o primeiro país latinoamericano a legalizar o casamento homoafetivo, em

julho de 2010. Há leis antidiscriminatórias nas cidades de Buenos Aires e Rosário (ILGA,

2013). Em relação ao aborto, este procedimento é permitido somente em caso de estupro

ou de risco à vida da mulher (ESTADAO, 2012).

2.7. Bielorrússia

O país reconhece práticas homossexuais desde 1994 e permite o recrutamento

militar de gays e lésbicas em caso de guerra, sendo restritivo quanto aos demais direitos

dessas minorias. Recentemente, rumores de criminalização da homossexualidade foram

desmentidos pelas autoridades, mas uma série de denúncias por ONGs e ativistas

atestam a repressão policial e a rejeição de manifestações em prol dos direitos LGBTs

(CIVIL RIGHTS DEFENDERS, 2013).

Em contraste, sua legislação sobre o aborto é uma das mais liberais na Europa. A

partir de 1987, permite-se a realização do aborto até a vigésima oitava semana de

gestação, sob vários pretextos. Além dos motivos mais comumente aceitos pelos demais

países, como má-formação do feto, risco à vida da mãe e estupro, o aborto é também

permitido em caso de divórcio, mais que cinco filhos na família ou encarceramento da

1 A FreedomHouse é uma organização americana que defende a propagação das liberdades no mundo, além de defender os direitos humanos, promover mudanças democráticas e capacitar cidadãos a exercerem seus direitos fundamentais. 2O Alcorão é o livro sagrado do islamismo. 3A Sharia é baseada no Alcorão. Ela possui um conjunto de princípios fixos, como regras para o casamento e para a religião; e princípios mutáveis, relacionados a punições para crimes.

esposa ou do marido. Mesmo que não se atenda a qualquer dessas justificativas, uma

comissão médica pode ser solicitada para aprovar a prática terapêutica (DESA, 2013).

2.8. Brasil

No Brasil, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido desde 2011,

quando o Supremo Tribunal Federal reconheceu e igualou as uniões estáveis

homoafetivas às heteroafetivas (STF, 2011). Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça

editou a Resolução 175, que proíbe todos os cartórios do Brasil a se recusarem a realizar

o casamento homoafetivo ou a converter a união estável em casamento (STF, 2013).

O Aborto no Brasil é considerado crime, punível de 1 a 3 anos de prisão, exceto

nos casos de estupro, risco para a vida da mãe, ou anencefalia do feto (ONU, 2013).

2.9. Cabo Verde

Apesar de ser um país situado em um continente com diversas instabilidades

relacionadas ao exercício das liberdades individuais, Cabo Verde é considerado um país

completamente livre, devido, em parte, por consenso entre partidos políticos e a

sociedade (FREEDOM HOUSE, 2014). Além disso, o país é considerado um exemplo de

direitos políticos e liberdades civis na África (FREEDOM HOUSE, 2014). A prática do

aborto na República de Cabo Verde é legalizada e não há restrições para a realização

deste. No entanto, não há fiscalização governamental eficiente da prática do aborto no

país. Além disso, os atos homoafetivos também são permitidos pela legislação, havendo

leis que proíbem a discriminação quanto à orientação sexual (ILGA).

2.10. Camarões

Camarões é considerado um dos países do mundo com menos possibilidades de

expressão de liberdades individuais e políticas, atos geralmente reprimidos pelo Código

Penal do país (FREEDOM HOUSE, 2014).

O aborto, na República dos Camarões, é um exemplo de ato individual proibido.

Entretanto, práticas abortivas são permitidas caso a mulher seja vítima de estupro ou

tenha algum risco de vida com a continuação da gravidez. A legislação do país também

não permite atos homoafetivos, sendo os indivíduos que os praticam punidos com

prisão de 6 meses a 5 anos e multa de 20.000 a 200.000 francos. Não há proteção de

discriminação dos cidadãos em relação à identidade de gênero (ILGA).

2.11.Canadá

O Canadá possui leis antidiscriminação desde 1998. Em 2005, o casamento entre

pessoas do mesmo sexo foi legalizado em todo o país (ILGA, 2013). O aborto também é

permitido, não havendo limite de tempo de gestação (CRR, 2013).

2.12. Chile

O Chile foi o penúltimo país ocidental a legalizar o divórcio, fazendo-o somente

em 2004, e ainda não reconhece nenhum tipo de união entre pessoas do mesmo sexo.

Michelle Bachelet, presidente eleita, colocou o tema sob discussão, mas uma pesquisa da

Universidade Autônoma do Chile mostra que metade dos eleitores ainda são contra a

iniciativa. Em 2012, no entanto, foi aprovada a Lei Zamudio, que pune a discriminação

por origem étnica, orientação sexual, gênero e crença religiosa. Esta Lei leva tal nome

em referência a Daniel Zamudio, um jovem chileno gay de 24 anos, que foi assassinado

por um grupo de jovens, tendo recebido golpes e pontapés, uma pedrada na cabeça, uma

orelha cortada, queimaduras com cigarros, e marca de suástica nas costas feita com uma

garrafa quebrada. Daniel Zamudio morreu após 24 dias de uma longa agonia. Seus

assassinos receberam penas entre oito anos e prisão perpétua (EL PAÍS, 2013).

Quanto ao aborto, o Chile possui uma legislação bastante rigorosa. A interrupção

da gravidez já foi permitida em alguns casos, no entanto, em 1989, nos últimos meses da

ditadura militar de Augusto Pinochet, foi sancionada a lei que proíbe qualquer tipo de

aborto, até mesmo em caso de estupro ou risco à saúde da mulher. Apesar dos inúmeros

debates a esse respeito, a lei está em vigor até os dias de hoje (CARMO, 2013).

2.13. China

O aborto não consta como ação criminosa na legislação chinesa. Sua realização é

excepcionalmente permitida (336 milhões de abortos teriam sido realizados desde 1971)

e encorajada como parte fundamental das políticas populacionais do governo, de

reconhecido êxito na contenção do crescimento demográfico (POLITI, 2013).

As práticas homossexuais consensuais entre adultos foram aceitas em 1997 e

descaracterizadas como doença mental em 2001. Também foi oficializada a mudança de

sexo legal (ILGA, 2014). Apesar disso, não há leis antidiscriminatórias e comumente se

censuram caracterizações midiáticas positivas da comunidade LGBT (LE, 2014).

2.14. Egito

Os direitos políticos no Egito têm sido cada vez mais limitados. As liberdades civis

também estão sendo restringidas pelo governo, o que colabora para que o país seja

considerado um dos países em que os cidadãos não podem exercer certas liberdades

individuais sem serem punidos (FREEDOM HOUSE, 2014).

A legislação do Egito afirma que o aborto não é permitido no país, por exemplo

(CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013). No entanto, essa norma possui uma

exceção, ou seja, a realização do aborto só é permitida para salvar a vida da mãe e só

deve ser efetivado de forma legal se, pelo menos, três médicos confirmarem que ele é

necessário (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

Os atos homossexuais também não são permitidos no país. Embora não haja pena

de morte por esse crime, os indivíduos que forem acusados de terem relações

homossexuais podem ficar presos por até 3 anos e pagar multa. Também não há no país

leis antidiscriminação de identidade de gênero (ILGA).

2.15 El Salvador

As uniões entre pessoas do mesmo sexo não são reconhecidas no país, algumas

cidades, no entanto, possuem leis antidiscriminação (ILGA, 2013).

Quanto ao aborto, El Salvador é um dos países mais severos do mundo, além de

não prever nenhuma exceção ao procedimento do aborto, como estupro ou risco de vida

(CRF, 2013). O país processa criminalmente inclusive as mulheres que sofrem aborto

espontâneo, isto é, provocado pelo próprio organismo da mulher (UOL NOTÍCIAS, 2013).

2.16. Emirados Árabes Unidos

Qualquer ato sexual fora do casamento heterossexual é coibido no país. Em dois

dos sete emirados, Dubai e Abu Dhabi, a sodomia (relação sexual anal) consensual é

punida com até catorze anos de aprisionamento. Segundo algumas interpretações da lei

federal, estaria prevista até a pena de morte para sodomia masculina “forçada” (ILGA,

2014).

Ademais, o aborto é generalizadamente desaprovado por significar a morte de

uma alma. Doravante, os envolvidos podem ser condenados e encarcerados por até sete

anos. Porém, o risco de vida à gestante autoriza a terminação da gravidez; nesse caso,

necessita-se tanto do depoimento médico quanto do consentimento do marido ou

guardião (DESA, 2013).

2.17. Estados Unidos

No sistema federativo norte-americano, cada estado possui legislação própria

para regular as uniões civis. Em novembro de 2013, o Havaí foi o 16º estado, dos 50 que

compõem este país, a aprovar o casamento gay (VEJA, 2013). Desde 2010, é permitida a

presença de homossexuais assumidos nas forças armadas, acabando com a política do

“don’task, don’ttell” (em tradução livre: não pergunte, não conte), que somente permitia

a presença de homossexuais que fingiam ser heterossexuais. Caso contrário, eram

expulsos do serviço militar (DIAS, [2013]).

O aborto é permitido em todo o país, necessitando a aprovação do pai para sua

realização (CRR, 2013).

2.18. França

Na França, o aborto é permitido a pedido até 12 semanas de gestação, mas é

exigido aconselhamento à mulher. Em caso de risco à saúde da mulher e má formação

do feto, a interrupção voluntária da gravidez é permitida após as 12 semanas, mas deve

haver certificação da situação por dois médicos (ONU, 2013).

Quanto à homossexualidade, a prática homossexual é legal. O relacionamento

entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido, o casamento e a adoção são permitidos e

homossexuais podem servir às forças armadas. Além disso, há leis que banem todas as

discriminações à homossexualidade (ILGA, 2013).

2.19. Grécia

Na Grécia, o aborto é permitido a pedido até 12 semanas de gestação. Em caso de

risco de morte, de saúde da mulher ou crimes sexuais, é permitido até as 20 semanas de

gestação. Em caso de risco de malformação do feto, é permitido até as 24 semanas (ONU,

2013).

Com relação à homossexualidade, apesar de haver leis que banem algumas

discriminações contra homossexuais, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo

não é reconhecido, o casamento gay é ilegal, a adoção não é permitida e os homossexuais

são banidos das forças armadas (ILGA, 2013).

2.20. Holanda

Na Holanda, o aborto é permitido a pedido até 24 semanas de gestação, mas com

um período de espera obrigatório de cinco dias (ONU, 2013).

Quanto à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o relacionamento

entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido e o casamento, permitido – a Holanda foi o

primeiro país do mundo a legalizar casamentos desse tipo. Permite-se a adoção e

homossexuais podem servir às forças armadas. Ademais, há leis que banem todas as

discriminações contra homossexuais (ILGA, 2013).

2.21. Hungria

Em 2011, a aprovação da nova Constituição trouxe um prisma mais conservador

às leis sobre aborto e direitos LGBTs na Hungria. Antes conhecida pela extrema

liberalização da prática terapêutica, a nova legislação, aprovada em 2012, defende os

direitos do embrião, e, por conseguinte, maior rigidez no processo de aprovação do

aborto, que antes era apenas uma formalidade. Nesse mesmo ano, o casamento

homoafetivo foi proibido, embora ainda estejam previstos o ingresso nas forças

armadas, a mudança de sexo, as práticas homossexuais em privado e leis anti-

discriminatórias (WHITE, 2012).

2.22. Índia

A gravidez pode ser terminada em até 24 semanas de gestação. Para isso, requer

o reconhecimento médico da inclusão do caso nas categorias de risco de saúde ou de

vida à gestante, anormalidades disfuncionais à criança, resultado de estupro ou incesto,

ou falha dos métodos contraceptivos para limitar o número de filhos (DESA, 2013).

Práticas de cunho homossexual foram banidas na Índia de 1860 até 2009. No

entanto, ao final de 2013, a Suprema Corte restaurou a legislação do século XIX,

atribuindo caráter criminoso às práticas homossexuais, mesmo que realizadas em

cunho privado (ROTSCHILD, 2013).

2.23. Irã

As liberdades civis e os direitos políticos no Irã, assim como na maioria dos países

do Oriente Médio, são muito limitados, sendo considerado um Estado em que não há a

possibilidade de que o exercício de certas liberdades seja permitido (FREEDOM HOUSE,

2014). Um exemplo é a ilegalidade da prática do aborto no Irã, porém há algumas

restrições do governo em relação a isso (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

Caso a vida da mãe seja salva com a realização do aborto ou haja uma séria má-

formação do feto, é permitida a efetivação do aborto no país (CENTER FOR

REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

Outro exemplo, no Irã, quanto aos atos homossexuais, é o fato de os acusados de

cometerem esse crime podem ser submetidos à pena de morte, de acordo com a

legislação do país. Além disso, não há qualquer proteção legal para os que sofrem de

discriminação quanto à orientação sexual (ILGA).

2.24. Israel

Homossexuais são aceitos nas forças armadas, têm direito à união estável e

gozam de proteção contra a discriminação, segundo a Lei de Israel (ILGA, 2013).

O aborto é permitido em circunstâncias de gravidez por estupro ou incesto, de o

feto ter sérios problemas mentais ou físicos, ou de riscos à saúde da gestante. O pedido

deve ser avaliado por uma comissão (ou mais, dependendo do nível da gestação) de dois

médicos e um agente social, e realizado nas instituições hospitalares reconhecidas pela

legislação (DESA, 2013).

2.25. Kuwait

O Kuwait é caracterizado por ter apenas algumas restrições aos direitos políticos

e às liberdades civis devido, em parte, às práticas corruptas do governo (FREEDOM

HOUSE, 2014). Uma das restrições está relacionada ao aborto, que só é considerado legal

se for feito visando salvar a vida da mulher grávida ou retirar um feto que possua sérias

deformações. Porém, para que o aborto seja realizado, o consentimento da mulher

grávida e o do esposo são necessários (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

O Código Penal do país também considera ilegais as relações homossexuais. Os

indivíduos acusados desse crime estão sujeitos a até 7 anos de prisão. No país, não há leis

que protejam os casais homossexuais de discriminação (ILGA).

2.26. México

Assim como nos Estados Unidos, cada estado mexicano tem sua própria legislação

para regular as uniões civis. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é realizado no

estado de Coahuila e no Distrito Federal, onde se localiza a Cidade do México. No

entanto, as uniões celebradas nessas regiões são reconhecidas em todo o território

nacional, por força de uma decisão da Suprema Corte mexicana (ILGA, 2013).

O aborto no México é permitido nos casos de estupro, de risco à mulher e de má-

formação do feto (CRR, 2013).

2.27. Noruega

Na Noruega, o aborto é permitido a pedido até 12 semanas de gestação e através

de solicitação judicial até 18 semanas. Em casos excepcionais, o aborto é permitido em

qualquer momento da gestação (ONU, 2013).

Em relação à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o relacionamento

entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido, o casamento e a adoção são permitidos,

homossexuais podem servir às forças armadas e ainda existem leis que banem todas as

discriminações contra os mesmos (ILGA, 2013).

2.28. Omã

Omã é considerado um país “sem liberdades”, em que há poucos direitos políticos,

sendo proibidas manifestações. As liberdades civis são restritas aos interesses

governamentais (FREEDOM HOUSE, 2014). A prática do aborto em Omã é uma

liberdade individual considerada ilegal, salvo se o feto for retirado com o intuito de que

a vida da mãe seja salva. Em demais condições, a mulher grávida que realiza o aborto

em si mesma ou permite que ele seja realizado por um terceiro poderá ser presa. O

indivíduo que efetiva o aborto com ou sem o consentimento da mulher grávida também

está sujeito a alguns anos de prisão (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

As relações homossexuais também são consideradas ilegais no país, e os

indivíduos que são acusados de atos homossexuais podem ser submetidos à pena de até

3 anos na prisão (ILGA).

2.29. Peru

O Peru, assim como o Chile, ainda não reconhece nenhum tipo de união entre

pessoas do mesmo sexo (ILGA, 2013). O aborto no país é ilegal, com exceção de casos em

que há risco à saúde da mulher (CRR, 2013).

2.30. Portugal

Em Portugal, o aborto é permitido a pedido até 10 semanas de gestação. Em caso

de má formação fetal, de estupro ou de risco à saúde da mulher, é permitido em

qualquer momento da gestação (ONU, 2013).

No que se refere à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o

relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido, o casamento é permitido,

homossexuais podem servir às forças armadas e há leis que banem todas as

discriminações contra os homossexuais. Porém, os casais homoafetivos não podem

adotar, apenas homossexuais solteiros (ILGA, 2013).

2.31. Reino Unido

O Reino Unido compreende os territórios da Grã-Bretanha (Escócia, Inglaterra e

País de Gales) e a Irlanda do Norte. O aborto na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia

é legal até 24 semanas de gestação. Na Irlanda do Norte, o aborto só é legal quando há

risco para à saúde ou à vida da mulher (ONU, 2013).

No que diz respeito à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o

relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido, a adoção é permitida,

homossexuais podem servir às forças armadas e existem leis que banem todas as

discriminações à homossexualidade. Quanto ao casamento gay, este é permitido na

Inglaterra e no País de Gales, mas não na Escócia e na Irlanda do Norte (ILGA, 2013).

2.32. Rússia

Com o fim da União Soviética, observa-se a sucessão de Vladimir Putin e

Dimitriy Medvedev nos cargos de presidente e chefe de governo russos. Isto marca um

período conservador, ou seja, politicamente mais aliado à Igreja Ortodoxa, com uma

emergência sensível de grupos neonazistas e intolerantes, refletindo-se em uma maioria

contrária ao aborto e aos direitos LGBTs em pesquisas de opinião recentes (PAPPAS,

2014).

Ao longo da década 1990, as relações homossexuais de conduta privada, a

desclassificação como doença mental e a mudança de sexo legal foram aprovadas no

país. Apesar disso, em 2013, entrou em vigência o banimento das propagandas de

relações sexuais não tradicionais, o que autoriza a censura da defesa de direitos como o

casamento gay e a adoção por casais homossexuais (HRF, 2013). Em vista desta lei, no

ano passado um movimento global LGBT se criou em torno de uma série de repressões e

crimes de ódio noticiados pela mídia. A represália internacional aumentou com a

aproximação das Olimpíadas de Inverno em Sochi, mas sem sucesso em alterar a lei

(LESLIE; TILLEY, 2014).

Já a grande liberalização do aborto na Rússia vem sendo revertida desde

legislação aprovada em 2011. A partir de então, a terminação de gravidez deve ser

realizada até a décima segunda semana de gestação, sendo proibida na maioria dos casos

que ultrapassam essa marca. Ao final de 2013, outra lei aprovada por Vladimir Putin

baniu a propaganda em favor do aborto no país (REUTERS, 2013).

2.33. Santa Sé

Segundo a Santa Sé, a interrupção voluntária da gravidez é um grave atentado à

vida humana, pois a existência de um novo ser humano tem início no momento da

concepção. Portanto, o aborto implicaria na supressão da vida de um ser humano ainda

não nascido. Já a prática homossexual é considerada contrária à lei natural e é

desaprovada (SCHERER, 2010).

2.34. Sudão

O Sudão é considerado um dos países mais “sem liberdades” do mundo, de acordo

com relatórios da Freedom House (FREEDOM HOUSE, 2014). Nesse país, há uma série

de atentados contra o exercício de liberdades políticas e civis, como censuras, prisões,

torturas e ameaças (INSTITUTO MILLENIUM, 2010). A legislação proíbe, por exemplo, a

realização do aborto no país. No entanto, a manutenção da vida da mulher grávida e a

gravidez causada por estupro constituem exceções que permitem a prática de aborto na

República do Sudão (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

Além disso, o Código Penal do Sudão afirma que deve ser punido com chibatadas

e, até mesmo, com pena de morte, o indivíduo que fizer atos homossexuais. Não há, no

país, leis que protejam os cidadãos da discriminação sexual (ILGA).

2.35. Suécia

Na Suécia, o aborto é permitido a pedido da mulher até 18 semanas de gestação.

Em casos excepcionais, como má formação fetal, a interrupção voluntária da gravidez é

permitida até as 22 semanas (ONU, 2013).

No tocante à homossexualidade, a prática homossexual é legal, o relacionamento

entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido, o casamento e a adoção são permitidos e

homossexuais podem servir às forças armadas. Ademais, há leis que banem todas as

discriminações anti-homossexuais, inclusive discursos de ódio (ILGA, 2013).

2.36. Suíça

Na Suíça, o aborto é permitido a pedido até 12 semanas de gestação. Em casos

excepcionais, o aborto é permitido em qualquer momento da gestação (CRUZ

VERMELHA, 2011).

Quanto à homossexualidade, a prática é legal, o relacionamento entre pessoas do

mesmo sexo é reconhecido, a adoção é permitida, homossexuais podem servir às forças

armadas e há leis que banem algumas discriminações à homossexualidade. Entretanto,

o casamento gay ainda é ilegal (ILGA, 2013).

2.37. Tailândia

Não obstante seja reconhecida como uma das regiões asiáticas mais tolerantes em

relação à comunidade LGBT, graves questionamentos vêm sido feitos desde que o país

se absteve de votar em 2008 sobre o banimento da discriminação de gênero global.

Permite-se, até então, o ingresso de homossexuais nas forças armadas, não havendo

criminalização sobre suas relações sexuais. No entanto, raramente há ação policial

contra grupos que incitam ódio a essa comunidade (LIKHITPREECHAKUL, 2009).

Quanto ao aborto, este é tratado, segundo o Código Penal do Reino da Tailândia,

como, de modo geral, proibido, resultando em encarceramento de 3 a 7 anos. Entretanto,

pode ser realizado caso se torne necessário para preservar a saúde da grávida, ou se a

gravidez for resultado de uma ação criminosa (DESA, 2013).

2.38. Uganda

A Uganda tem se tornado um país em que o exercício de liberdades políticas e

civis é cada vez mais restringido pelas leis estatais (FREEDOM HOUSE, 2014). O aborto é

um exemplo disso, considerado ilegal na República da Uganda, sendo um crime passível

de prisão. Porém, há uma exceção na lei sobre o aborto, sendo permitido, apenas, para

salvar a vida da mãe (CENTER FOR REPRODUCTIVE RIGHTS, 2013).

Os atos homossexuais também não são permitidos, de acordo com o Código Penal

no país, vigente desde 1950. Não há pena de morte para esse crime, no entanto, o

acusado poderia ser preso por 14 anos. Este ano, a prisão perpétua foi estabelecida como

pena máxima a indivíduos homossexuais. Não há no país leis que punem qualquer

forma de discriminação ligada à orientação sexual (ILGA).

2.39. Uruguai

Em 2003, foi aprovada a lei que proíbe a incitação do ódio baseada na orientação

sexual e queclassifica este ato como circunstância agravante de pena aos crimes de ódio

(ILGA, 2013). Em abril de 2013, foi aprovada no Congresso a lei que autoriza o casamento

entre pessoas do mesmo sexo, tornando-se o segundo país latino-americano, depois da

Argentina, a legalizar essa união (GLOBO, 2013).

O Uruguai também foi o segundo país da América Latina, depois de Cuba, a

legalizar o aborto, permitindo às mulheres requererem o procedimento até a 12ª semana

de gestação (GLOBO, 2013).

2.40. Venezuela

A Venezuela juntamente com o Paraguai são os únicos países do Mercosul que

não reconhecem nenhum tipo de união entre pessoas do mesmo sexo. (EL PAÍS, 2013).

Há no país, contudo, lei que proíbe discriminação baseada em orientação sexual no

ambiente de trabalho. O aborto na Venezuela somente é permitido para salvar a vida da

mulher (CRR, 2013).

3. Estudos de Caso 3.1. China

A história recente da China é, em grande parte, a história da emergência

econômica e política que resulta da condução de seus vastos contingentes demográficos.

Vencedora da Segunda Guerra (1937 - 1941), passa logo em seguida pela guerra civil que

culmina na expulsão dos nacionalistas à Taiwan, e na implantação do socialismo

(República Popular da China - 1949), sob a chefia de Mao Zedong, em sua porção

continental. A partir de então, as políticas demográficas (notoriamente, o aborto) são

cruciais tanto para evitarem a exaustão dos recursos naturais do território, como para

consolidarem o caráter largamente interventor do Estado Comunista(DESA, 2013).

No momento da criação da República Popular, sua população já ultrapassava 500

milhões, contando com uma taxa de nascimento superior a 6 filhos por casal (DESA,

2013). Este quadro demográfico contrasta com a limitação de solos férteis e água

disponíveis, sendo desde o início uma preocupação do governo comunista. Desse modo,

na década de 1950, são observadas as primeiras e tímidas medidas de afrouxamento da

legislação que proibia o aborto, tornando também mais acessíveis alguns métodos

contraceptivos. Já nas décadas seguintes, o crescimento populacional, por um lado,

acompanhou o destacamento econômico da China, ao possibilitar importantes reduções

dos custos de produção em mão-de-obra, e por outro, atraiu cada vez mais preocupações

do Estado quanto ao extenuamento de seus recursos, resultando em progressivos

relaxamentos da legislação abortista(DESA, 2013).

Eis que, durante as décadas de 1970 – 1980, o aborto se torna cada vez menos um

direito da grávida, e cada vez mais uma obrigação em relação ao governo. Ou seja, o

relaxamento da legislação deu lugar ao incentivo estatal à contenção da natalidade. Isto

se traduz em um grande declínio inédito de 5,8 a 2,3 filhos por casal no período em

destaque (TIEN, 1987). Em seguida, implementa-se a política do filho único (restrição, em

algumas regiões, do número de filhos por casal, geralmente, a apenas um), cujo êxito nas

três últimas décadas foi de reduzir a taxa de natalidade a 1,5 (WANG, 2010).

A trajetória de sucesso das políticas demográficas chinesas permitiu, portanto,

conter a explosão populacional, consolidando a autoridade do Estado comunista.

Também está ligada à atração de importantes multinacionais e investidores, tendo como

consequência a emergência política e diplomática do país (WANG, 2010)..

Entretanto, a maneira como ocorreram e ainda ocorrem tais políticas muitas

vezes contradiz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual, por

exemplo, todos têm “direito à vida, à liberdade e à segurança” (ONU, 1948). Uma vez que

a postura governamental sobrecarrega e banaliza o aborto, a saúde mental e física da

mulher é desvalorizada e subvertida à intervenção pelas autoridades do governo,

restringindo-se sua liberdade de escolha e submetendo-a a operações que podem trazer

danos a toda sua vida(HESKETH, 2005).

Sobrecarrega na medida em que, desde os tímidos progressos de 1950, o ritmo de

liberalização do aborto foi desproporcionalmente superior à educação sobre métodos

contraceptivos, negligenciando possibilidades de prevenção de gravidez mais seguras e

saudáveis - o que se atesta pelo predomínio de mulheres com menos de 25 anos

realizando reiteradamente o aborto (6 dos 13 milhões de casos anuais) (HESKETH, 2005).

Além disso, banaliza porque negligencia a generalização e a imposição dessa

prática à saúde física, mental, social e cultural da população. Em consonância a isso, há

tanto o escasso aconselhamento à mulher grávida que se submete à prática

reiteradamente, ignorando os danos ao seu corpo, quanto os prejuízos emocionais que

comprovadamente se imprimem em mulheres que são pressionadas a abortar pelas

autoridades(HESKETH, 2005).

É resultado, também, a transformação do aborto em estratégia: das famílias, que

muitas vezes têm de esconder ilegalmente seus filhos ou manter apenas crianças do

sexo masculino para ajudar no trabalho de subsistência, provocando um hiato entre os

sexos que, ao alterar sensivelmente a substância humana, aflige dinâmicas culturais

tradicionais (JOHNSON, 2013); das autoridades regionais, que, alega-se, chegam a

perseguir mulheres grávidas que já têm filhos, forçando-as a abortar sem observância

ao nível da gestação, sendo até recompensadas por isso (WONG, 2012).

Por essas razões, o aborto na China se tornou ferramenta de repressão e

desestabilização da mulher nos vários âmbitos: submetendo seu corpo e sua vida aos

benefícios do homem, ao papel que a sociedade lhe impõe ocupar, e, em última instância,

aos interesses do Estado. Inverte-se o status de direito ao de dever, e a influência do risco

de saúde ou planejamento de vida é substituída pela do medo durante sua “escolha”.

Doravante, ao invés de se opor a vários outros países que punem severamente o aborto,

a China se junta a estes ao negligenciar a escolha de um ser humano sobre seu corpo e

sua vida, transgredindo seus direitos inalienáveis e constituindo uma sociedade doente

(WONG, 2012).

Este contexto de repressão e negligência dos direitos humanos, no entanto, tende

a ser pouco advertido nas instâncias interestatais. Em parte, isto permanece devido ao

destaque político e econômico conquistado pela China nas últimas décadas. Por

exemplo, o país foi eleito ao final de 2013 para um mandato de 3 anos no Conselho de

Direitos Humanos, onde deverá evitar resoluções contrárias à sua conduta doméstica.

Mesmo que alguma resolução do gênero seja dirigida à Assembleia Geral, conta com o

poder de veto em última instância (KAIMAN, 2013).

Porém, alguns analistas já apontam a inevitabilidade de uma crise demográfica

na China (WANG, 2010). Ou seja, ao passo que o aborto permitiu a estabilização do

crescimento populacional e a consequente consolidação do país, a prolongada

manutenção da taxa de natalidade de 1.5 (e, portanto, menor que a taxa em que a

população se renova – 2,1) deve levar a uma série de deslocamentos na pirâmide

demográfica, das quais se enfatiza o envelhecimento da população, que acompanharia o

aumento dos gastos com assistência social e, principalmente, a diminuição da força de

trabalho (WANG, 2010).

Assim, projeta-se que já na próxima década a população indiana será maior que a

da China, bem como a produção neste país se tornará gradativamente menos atraente,

com resultados previsivelmente negativos para sua economia e relevância política

internacional (WANG, 2010). Nesse caso, é possível ou uma reversão das políticas de

contenção demográfica, ou a perda de certa “imunidade” à represália internacional

sobre suas violações de direitos humanos, em vista de seu menor destaque econômico.

3.2. El Salvador

El Salvador possui uma das mais duras legislações antiaborto. Neste país, as

mulheres podem ser presas por aborto espontâneo, isto é, sem a vontade da mãe, ou sem

que ela interfira de qualquer forma para que se perca o feto (LAKHANI, 2013). Desde

1998, a lei não permite exceções - mesmo se uma mulher for estuprada, se sua vida

estiver em risco, ou se o feto estiver severamente mal formado (UOL, 2013).

Mais de 200 mulheres foram denunciadas à polícia entre 2000 e 2011, das quais

129 foram julgadas e 49 condenadas - 26 por homicídio (com penas de 12 a 35 anos) e 23

por aborto - de acordo com uma pesquisa do Grupo de Cidadãos para a

Descriminalização do Aborto. Mais sete foram condenadas desde 2012. (UOL, 2013).

Uma jovem de 19 anos foi condenada a 10 anos de prisão acusada por homicídio doloso,

por supostamente ter assassinado intencionalmente o feto que tinha entre 38 e 42

semanas. GlendaXiomara Cruz estava com muita dor abdominal e um forte

sangramento nas primeiras horas do dia 30 de outubro de 2012. Foi ao hospital público

mais próximo, onde os médicos disseram que ela havia perdido o bebê. O estudo reforça

que as mulheres envolvidas nos abortos são pobres, solteiras e sem instruções. A

Associação de Cidadãos para a Descriminalização do Aborto, afirma que grande índice

de mulheres grávidas e pobres, que sofreram aborto espontâneo ou complicações

durante a gravidez, não procuram ajuda médica, visto que elas são geralmente

denunciadas pelo serviço hospitalar (BBC, 2013).

O governo salvadorenho não fez nenhuma tentativa de revogar a lei desde que a

mesma entrou em vigor em 1998. É importante ressaltar que lei antiaborto é popular

entre a comunidade conservadora, que revencia a igreja e os grupos pró-vida (BBC,

2013). Os grupos pró-vida, defendem que, desde a fecundação, uma vida nova está sendo

formada e que suprimi-la é um ato de violência equivalente a um assassinato.

Paradoxalmente, os grupos pró-escolha sustentam a descriminalização do aborto e

reverberam o direito de escolha e autonomia do corpo (RIBEIRO, 2010). Discutir a

temática do aborto é trazer à tona uma abordagem religiosa, moral, ética e legal

referente à prática.

A oposição à legalização do aborto é muito forte na América Latina, encabeçada

pela postura das igrejas católica e evangélicas. O Papa Francisco indica o aborto como

“cultura de descarte” (O GLOBO, 2014).

3.4. Rússia

Embora atrás de mais de setenta países quanto à rigidez de suas leis anti-

homossexualidade, a emergência econômica e política da Rússia no cenário

internacional vem catapultando a série de crimes de ódio e restrição à expressão da sua

comunidade LGBT. Segundo relatório da HumanRightsFirst, ONG envolvida na

divulgação de informações de dentro do país, a atmosfera atual envolve tanto a onda de

protestos nas eleições, que criam a expectativa de ações súbitas pelo governo, como a

formação de uma Direita mais radical ou neonazista, parcialmente incentivada pela

Igreja Ortodoxa Russa, e movida pelo ódio contra minorias (HRF, 2013). Nesse contexto,

apesar da reafirmação pelo governo russo de que a sua constituição proíbe qualquer

discriminação e da lei de 1993 que aceita os relacionamentos homossexuais desde que

consentidos entre adultos e mantidos em privado, uma atmosfera de ódio e

permissibilidade de discriminação é perceptível, inclusive em discursos mais recentes e

moralizados do presidente Vladimir Putin (ALJAZEERA, 2013).

Em outras palavras, assemelha-se a uma união homofóbica entre as várias

esferas sociais pela repressão dessa comunidade. O conjunto de práticas de ódio se

refletiram em dezenas de ataques e alguns assassinatos brutais - em Kamchatka, um

homem de 38 anos foi esfaqueado e pisoteado; em Volgograd, outro de 23 teria tido sua

cabeça esmagada por uma pedra - no primeiro semestre de 2013 (HRF, 2013). Eles

acompanham a visibilidade promovida com a aprovação da lei anti-propaganda gay,

mundialmente repudiada, especialmente por celebridades ligadas ao entretenimento;

em relação à polícia russa, tais crimes são raramente investigados como vinculados ao

ódio anti-gay, frequentemente “esquecidos” (HRF, 2013).

Recentemente, a visibilidade da questão se concentra em como se encaminharão

as Olimpíadas de Inverno em Sochi, dado o grande vazio da lei que baniu a “propaganda

gay”, cujas lacunas, somadas à instabilidade do governo, arriscam a realização pacífica

dos jogos olímpicos. Boicotes ou medidas restritivas, em geral, estão sendo

desenvolvidos e cogitados a desde produtos do comércio (como vodka), até em instâncias

de direito internacional ligadas à Convenção Europeia de Direitos Humanos e ao Pacto

Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, dos quais Rússia é signatária (DOMI, 2013).

3.5. África

A África é o continente que mais reverbera a criminalização da

homossexualidade. Ataques homofóbicos têm atingido níveis perigosos na África

subsaariana. Dos 54 países africanos, 31 possuem leis anti-gays (Gomes, 2014). Os

governos africanos estão, cada vez mais, adotando a criminalização da

homossexualidade como prática e buscando a imposição de novas leis e penalidades (O

Globo, 2013). O Parlamento da Uganda, por exemplo, aprovou uma lei que prevê prisão

perpétua para homossexuais (BBC, 2013). É importante ressaltar que a mesma lei pune

com prisão cidadãos que não denunciarem gays. "Estou satisfeito pelo fato de o

Parlamento ter votado contra o mal", disse à agência France Presse o parlamentar autor

da lei, David Bahati. "Por sermos uma nação temente a Deus, valorizamos a vida de uma

forma holística. Por causa desses valores que membros do Parlamento aprovaram esta

lei, sem se importar com que o resto do mundo pensa." (BBC, 2013).

A Anistia Internacional ressalta que o Código Penal da Uganda já proibia com

prisão perpétua a “conjunção carnal contra a ordem natural”. A Lei Contra a

Homossexualidade, porém, vai muito além, incluindo um conjunto de pessoas que

poderiam ser punidas com prisão por “homossexualidade agravada”, tipificação que

inclui “criminosos em série” e qualquer pessoa que seja HIV positivo e que tenha tido

relações sexuais com alguém do mesmo sexo, ainda que a relação tenha sido consensual

e protegida (Gomes, 2014). Chamada informalmente de “lei mate os gays”, a proposta foi

apresentada pela primeira vez no parlamento em 2009 e previa pena de morte, depois,

foi modificada para prever como pena máxima a prisão perpétua (Gomes, 2014).

Camarões é outro país africano que possui leis intolerantes no que tange à

homossexualidade. Em Camarões, as práticas homossexuais são consideradas um crime,

passível de seis meses a cinco anos de prisão. No país, faleceu Jean-Claude Roger Mbede,

que se tornou um dos símbolos da organização Anistia Internacional na defesa dos

direitos humanos dos homossexuais. Jean-Claude havia sido preso em 2011 depois de

ter enviado a outro homem uma mensagem de texto confessando seu amor. Quase três

anos depois, Mbede veio a falecer, com apenas 34 anos, após familiares o removerem do

hospital onde esperava por um tratamento de hérnia. “Sua família disse que ele era uma

maldição e que deveriam deixá-lo morrer”, disse sua advogada Alice Nkom (Gomes,

2014).

4. Questões que a Resolução Final deve responder

• Até que ponto é legítima a intervenção do Estado na vida dos indivíduos?

• Os Estados podem sancionar leis indiscriminadamente? Quais os parâmetros a se

seguir?

• Quais as consequências da criminalização da homossexualidade? Em que

parâmetros legais válidos essa criminalização pode ser respaldada?

• Quais as consequências da criminalização do aborto? Quem são suas vítimas? Em

que parâmetros legais válidos essa criminalização pode ser respaldada?

• A autonomia da mulher conta? É uma questão de saúde pública?

• Como respaldar a proteção das vítimas no contexto de um Estado interventor?

• Quais as principais medidas que podem ser adotadas no auxílio e proteção das

vítimas dessas intervenções?

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