conhecimento e percepção da população sobre

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Nazareth Elias S. Nascimento CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE DENGUE: INQUÉRITO DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA-GOIÁS Orientadora: Professora Doutora Celina Maria Turchi Martelli Goiânia 2004

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Page 1: Conhecimento e Percepção da população sobre

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

Nazareth Elias S. Nascimento

CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE DENGUE: INQUÉRITO DOMICILIAR

NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA-GOIÁS

Orientadora: Professora Doutora Celina Maria Turchi Martelli

Goiânia 2004

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NAZARETH ELIAS S. NASCIMENTO

CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE DENGUE: INQUÉRITO DOMICILIAR

NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA-GOIÁS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Medicina Tropical do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de Mestre em Medicina Tropical. Área de concentração: Epidemiologia Orientadora: Profa. Dra. Celina Maria Turchi Martelli

Goiânia 2004

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Nascimento, Nazareth Elias S. N244c Conhecimento e percepção da população sobre dengue :

inquérito domiciliar no município de Goiânia-Goiás / Naza- reth Elias S. Nascimento. – Goiânia, 2004.

xvii, 82 f. : il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2004

Bibliografia: f. 65-76 Inclui anexos

1. Dengue – Prevenção – Participação do cidadão – Goi-

ânia (GO) 2. Dengue – Comunidade urbana – Conhecimen- to – Pesquisa I. Universidade Federal de Goiás. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública II. Título.

CDU: 616.988.722:316.334.56(817.3Goiânia)

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Agradecimentos iii

Agradecimentos

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Agradecimentos iv

A DEUS, pela vida, pela riqueza dos meus filhos, pelo dom de sempre buscar novos conhecimentos e pela força para superar os desafios. A minha orientadora, Profa. Dra. Celina Maria Turchi Martelli, a quem sempre admirei pela competência, inteligência, ética e seriedade na condução dos trabalhos epidemiológicos. Seus ensinamentos foram essenciais na minha formação profissional e pessoal. Ser sua mestranda é motivo de muita honra. A minha família, em especial aos meus filhos, Rafael e Ana Cláudia, pelo amor e compreensão. Minhas desculpas pela impaciência e pelas ausências. Com certeza, vocês poderão entender que a busca pelos ideais, muitas vezes, implica a renúncias e sacrifícios. À Profa. Dra. Marília Dalva Turchi, por quem tenho grande admiração. Meu agradecimento especial, por ter sido bem recebida neste Instituto e pela grande contribuição no meu encaminhamento para o mestrado. Aos professores Ivan José Maciel e Renato Maurício pela amizade, pelo incentivo, pela dedicação. Sinto-me privilegiada por ter compartilhado dessa experiência, onde aprendi não só a metodologia de campo, mas pude ratificar a importância da ética e da valorização das pessoas, entendendo os seus limites e respeitando as diferenças. À Profa. Dra. Ana Lúcia S.S. Andrade pela competência, dinamismo, inteligência e criatividade para superar os desafios. As suas sugestões na banca de qualificação foram fundamentais para a elaboração desta dissertação. À Profa. Dra. Maria Rita Donalísio, pela leitura cuidadosa da tese e pelas relevantes sugestões apresentadas. Senti-me honrada por tê-la como examinadora e poder compartilhar esse trabalho. À Profa. Dra. Marta de Sousa Rovery, pela amizade, pelos ensinamentos de metodologia científica, pela confiança que sempre depositou na minha pessoa e pelas importantes contribuições nesse trabalho. À Profa. Dra. Lee Chen Chen, pela amizade, paciência, dedicação nos ensinamentos de estatística e pelas sugestões na análise dos dados. Ao Prof. Dr. José Clecildo Barreto Bezerra, pela amizade, pelo dinamismo e pela competência na direção do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública. À Profa. Dra. Simone Almeida e Silva pela amizade, pela paciência e pelos ensinamentos de EpiInfo. Às amigas Ana Lúcia Maraclo e Sylvana Sacchetim, pela amizade, pelo companheirismo e pelo incentivo durante o mestrado. Com certeza, um dos maiores presentes.

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Agradecimentos v

Às amigas Gedselma Borges, Flúvia Amorim, Ivaneuza Maciel, Solange Miranda, pela amizade e pela colaboração nesse trabalho. Ao Dr. Carlos Lisboa, pela competência, amizade e pela grande contribuição na minha liberação para que eu dedicasse ao mestrado. Ao Prof. Dr. Otaliba Libânio, um exemplo de gestor público, pelo dinamismo e pela colaboração no projeto de pesquisa. Ao amigo João Borges Peres Júnior pela paciência, pela amizade, e pela imensa colaboração na realização desse trabalho. Ao colega Dr. João Bôsco Siqueira Júnior, pelas sugestões, pela colaboração no projeto e pela grande disposição em superar desafios. A todos os colegas que participaram da pesquisa de campo e que contribuíram para os resultados desse estudo, meus sinceros agradecimentos.

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Sumário vi

Sumário

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Sumário vii

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 1.1. Aspectos Epidemiológicos da dengue .......................................................... 2

1.1.1. Re-emergência da dengue nas Américas ............................................. 4 1.1.2. A endemia da dengue no Brasil........................................................... 8 1.1.3. A introdução da dengue em Goiás.......................................................13

1.2. O controle da dengue no Brasil ....................................................................17 1.3. Participação Comunitária: Estratégia para o controle da Dengue................21

2. Justificativa..........................................................................................................27 3. Objetivos..............................................................................................................30

4. Material e Métodos..............................................................................................32

4.1. Área de estudos e população ........................................................................33 4.2. Delineamento do estudo ...............................................................................34 4.3. Amostragem..................................................................................................34 4.4. Coleta de dados.............................................................................................37 4.5. Organização e gerenciamento do trabalho de campo ...................................38 4.6. Processamento e análise de dados ................................................................39 4.7. Procedimentos éticos ....................................................................................40

5. RESULTADOS ...................................................................................................41

6. DISCUSSÃO.......................................................................................................51

7. CONCLUSÃO.....................................................................................................62

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................64

9. ANEXOS.............................................................................................................77

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Lista de Figuras e Tabelas viii

Lista de Figuras e Tabelas

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Lista de Figuras e Tabelas ix

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Distribuição mundial do Ae. aegypti e dos países com transmissão da dengue, 2000.............................................................................................................................6 Figura 2. Casos notificados de dengue e municípios infestados pelo Ae. aegypti. Brasil, 1986 a 2002...................................................................................................................9 Figura 3. Distribuição das notificações de dengue por semana epidemiológica segundo as regiões. Brasil, 2003*. ...........................................................................................10 Figura 4. Distribuição dos sorotipos virais da dengue por unidades federadas. Brasil, 2001, 2002 e 2003.........................................................................................................12 Figura 5. Coeficientes de Incidência anual da dengue por municípios com transmissão da doença e do vetor. Goiás, 1995 a 2003. ...........................................................14 Figura 6. Sorotipos virais circulantes nos municípios do Estado de Goiás, 2002 e 2003. ......................................................................................................................................15 Figura 7. Casos notificados de dengue em Goiânia, no período de 1994 a 2003.....................16 Figura 8. Recursos financeiros gastos com os principais programas sociais. Brasil, 1995 a 1998...................................................................................................................18 Figura 9. Soroprevalência da infecção pelo vírus da dengue pelas macro-regiões no município de Goiânia, Goiás, 2001 .....................................................................................36 Figura 10. Freqüências dos principais sintomas e sinais clínicos da dengue conhecidos pelos participantes. Goiânia, Goiás, 2002 .............................................................44 Figura 11. Distribuição dos percentuais de acertos do sinal clínico de hemorragia segundo as macro-regiões. Goiânia, Goiás, 2002 .................................................45 Figura 12. Freqüência dos principais meios conhecidos pelos participantes para obterem as informações educativas sobre a dengue. Goiânia, Goiás, 2002 .............................47 Figura 13. Índice de conhecimento e percepção da população sobre dengue e as práticas preventivas adotadas nos domicílios, segundo as macro-regiões. Goiânia, Goiás, 2002 ................................................................................................................50

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Lista de Figuras e Tabelas x

LISTA DE TABELAS Tabela 1. Distribuição dos sorotipos virais circulantes nas Américas 1990 a 2003. ......................................................................................................................................... ..8 Tabela 2. Estudos que avaliaram o conhecimento, a percepção sobre dengue, as atitudes e as medidas de prevenção, nas Américas, no período de 1993 a 2003.....................25 Tabela 3. Distribuição da amostra segundo as macro-regiões do município de Goiânia, Goiás, 2002 ................................................................................................................37 Tabela 4. Características sócio-demográficas dos 2 823 participantes do inquérito domiciliar. Goiânia, Goiás, 2002 ..............................................................................42 Tabela 5. Conhecimento e Percepção da população sobre os sintomas e sinais clínicos característicos da dengue. Goiânia, Goiás, 2002 ........................................................43 Tabela 6. Conhecimento e a percepção da população sobre o mecanismo de transmissão, as medidas de controle e as práticas de prevenção para evitar a dengue nos domicílios. Goiânia, Goiás, 2002 ........................................................................46 Tabela 7. Associação entre o conhecimento dos participantes sobre a dengue (INCONHEC) e as características sócio-demográficas. Goiânia, Goiás, 2002.......................49

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Lista de Abreviaturas xi

Lista de Abreviaturas

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Lista de Abreviaturas xii

Ae. - Aedes CDC - Center for Disease Control and Prevention COMBI - Communication-for-Behavioural-Impact COMURG - Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia COMDATA - Companhia de Processamento de Dados do Município de Goiânia CONEP - Conselho Nacional de Ética em Pesquisa DC - Dengue Clássica DCZV - Departamento de Controle de Zoonoses e Vetores DOU - Diário Oficial da União DS - Distrito Sanitário DH - Dengue Hemorrágica FD - Febre da Dengue, Dandy Fever (febre quebra-ossos) FHD - Febre Hemorrágica da Dengue FSESP - Fundação de Serviços Especiais de Saúde FUNASA - Fundação Nacional de Saúde IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC 95% - Intervalo de 95% de Confiança IEC - Informação, Educação e Comunicação INCONHEC - Índice de Conhecimento e Percepção sobre dengue IPTSP - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde MedCaribe - Literatura do Caribe em Ciências da Saúde MEDLINE - MEDlars on LINE, Literatura Internacional MS - Ministério da Saúde MUBDG - Mapa Urbano Básico Digital de Goiânia OMS - Organização Mundial da Saúde OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde PAHO - Pan American Health Organization PDEAa - Plano Diretor de Erradicação do Aedes aegypti PDIG - Plano Diretor Integrado de Goiânia PEAa - Plano de Erradicação do Aedes aegypti PMCD - Plano Municipal de Controle da Dengue PNCD - Plano Nacional de Controle da Dengue PSF - Programa de Saúde da Família RP - Razão de Prevalência SANEAGO - Saneamento de Goiás SCD - Síndrome do Choque da Dengue SES - Secretaria Estadual de Saúde SIG - Sistema de Informação Geográfica SIGGO - Sistema de Mapas Digitais de Goiânia SMS - Secretaria Municipal de Saúde SUCAM - Superintendência de Campanhas de Saúde SVS - Secretaria de Vigilância a Saúde TDR - The Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases UFG - Universidade Federal de Goiás UBV - Ultrabaixo volume

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Resumo xiii

Resumo

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Resumo xiv

CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE DENGUE: INQUÉRITO DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA Essa investigação avaliou o conhecimento e a percepção sobre dengue em população adulta de área urbana relativo às características clínicas da dengue, aos mecanismo de transmissão da infecção viral e às medidas de controle vetorial no município de Goiânia entre janeiro e fevereiro de 2002. Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, e os participantes foram selecionados aleatoriamente usando amostragem de três estágios: 50% dos setores censitários, residências e indivíduos. Um total de 2 823 participantes com idade maior ou igual a 15 anos, foram elegíveis para responder um questionário, composto de perguntas fechadas e de múltipla escolha, abordando os sinais e sintomas da dengue, mecanismo de transmissão, locais de reprodução do vetor e medidas de prevenção. Realizou-se análise descritiva das freqüências e de seus respectivos Intervalos de 95% de Confiança [I.C.95%] em relação às principais características sócio-demográficas dos participantes e suas respostas. Foram classificados como bem-informados indivíduos que assinalaram corretamente as respostas relativas a pelo menos três sinais/sintomas clínicos incluindo sangramento, transmissão vetorial, pelo menos dois locais de proliferação do vetor e pelo menos duas medidas de controle. Os demais respondentes foram considerados de pouco conhecimento em relação a doença, transmissão e medidas de prevenção. A associação entre o indicador de conhecimento (desfecho), as características sócio-econômicas e as macro-regiões de residência foi estimada usando razão de prevalência (RP) e I.C. 95%. A maioria dos participantes (84,6%) reconheceram mais de 3 sintomas característicos da dengue, sendo os mais freqüentes: febre, cefaléia, mialgia/artralgia e exantema. Houve pouca percepção (23,0%) em relação ao sinal de manifestações hemorrágicas como sendo um sinal de alerta para as formas graves de dengue e FHD, mostrando uma variabilidade de 12 a 40% por macro-regiões. A vacina de febre amarela foi incorretamente considerada medida protetora para dengue em 46,1% (I.C.95% 44,0 – 48,2%). Um percentual de 94,2% (I.C. 95% 44,0% - 48,2%) dos participantes mostrou conhecimento sobre a transmissão da doença pelo vetor. Os criadouros mais conhecidos foram os locais com acúmulo de água (68,4%), vasos de plantas/plantas com água (68,3%). Cerca de metade dos participantes mencionou simultaneamente três locais de proliferação do vetor. A principal medida de controle vetorial e também de prática preventiva nos domicílios foi lavar periodicamente os reservatórios com água e eliminar os depósitos com acúmulo de água. Lixo e inservíveis em geral, não foram identificados como criadouros potenciais para o Ae. aegypti (7%). Estar bem-informado sobre dengue foi positivamente associado com altos níveis de escolaridade e também com morar em macro-regiões com melhores condições sócio-econômicas. Em contraste, a freqüência de medidas preventivas adotadas pelos participantes foi similar em todas as macro-regiões, sugerindo uma discrepância entre o conhecimento da doença e as atitudes relacionadas a prevenção da doença. Em conclusão, esse inquérito identificou a falta de conhecimento sobre os sinais de alerta para FHD e a falta de adesão em relação às medidas preventivas. Essas informações são úteis para subsidiar intervenções educacionais e mobilização social. Palavras chaves: Dengue, conhecimento, percepção, práticas preventivas, participação comunitária

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Abstract xv

Abstract

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Abstract xvi

Knowledge and perception about dengue and control measures: Household survey in the city of Goiânia, Central Brazil This investigation evaluates the knowledge and perception of dengue in an urban adult population related to the clinical signs and symptoms, the mode of transmission of the viral infection and the vector control measures in the municipality of Goiânia between January-February 2002. A household cross-sectional survey was designed and participants were randomly selected using a three-stage sampling approach: 50% of the census-block, households and individuals. 2 823 participants ≥15 years old were eligible to answer a questionnaire with multiple choice questions related to the disease, its mode of transmission, vector breeding sites and control measures. We applied descriptive statistics, frequencies and 95% Confidence Interval (95%CI) to the main characteristic of the participants and their answers to the questionnaire. We classified participants as well-informed if they assigned correctly the answers related to at least three clinical signs including bleeding, vector transmission, at least two breeding sites and at least two control measures. Otherwise they were considered to have a low knowledge of disease, transmission and control measures. The association between the socio-demographic / macro-region of residence with this aggregate indicator (outcome) was estimated using prevalence ratio (RP) and 95%CI. The majority of the participants (84.6%) knew more than three symptoms of dengue, being fever, headache and myalgia/arthralgia the most frequent ones. Around 23.0% (95%CI 21.6-24.7) of the participants related bleeding as a clinical sign of dengue or dengue hemorrhagic fever (DHF), and frequencies varied according to the macro-regions. Yellow fever vaccine was incorrectly answered as a protective measure against dengue among 46.1% (95% CI 44.0-48.2) of the respondents. 94.2% (95%CI 93.3-95.0) of the participants had the knowledge that the disease was transmitted by mosquitoes. The most frequent breeding sites were water storage containers (68.4%) and vases with plants (68.3%). Almost half of the participants (47.1%) of the participants mentioned simultaneously three vector breeding sites. The main vector control measures and also the practice adopted in the household were washing periodically water storage containers and destroying the water receptacles. Garbage and disposable receptacles (plastic containers) were not identified as potential breeding sites for the Ae. aegypti. To be well-informed was positively associated with higher education and also with living in high socio-economic macro-regions. In contrast, the frequency of vector control practices adopted by the respondents were similar by macro-regions, depicting a discrepancy between the knowledge of the disease versus the practical attitudes toward dengue prevention and control. In conclusion, this survey detected the lack of knowledge about the alert signs for DHF and insufficient compliance toward preventive measures. These information are useful for guiding educational interventions and social mobilization. Key Words: Dengue, knowledge, perception, preventive practices, community participation

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Introdução 1

1. Introdução

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Introdução 2

1.1. Aspectos Epidemiológicos da Dengue

A dengue é uma doença infecciosa aguda que tem como agente etiológico quatro

sorotipos virais DEN-1, 2, 3 e 4, antigenicamente distintos e pertencentes à família

Flaviviridae e gênero Flavivirus. Os vírus são transmitidos pelo mosquito do gênero

Aedes (Ae.), sendo o Aedes aegypti o vetor de maior importância epidemiológica para a

dengue e para a febre amarela nas Américas (Chambers et al. 1990, Wengler 1991, Gubler

1998a, Gubler 1998b, Halstead 2000, Gibbons & Vaughn 2002). Há evidências que as

espécies albopictus e mediovittatus podem ser vetores secundários da dengue, em razão de

uma possível urbanização. Experimentos realizados no Brasil mostraram que as

populações de Ae. albopictus apresentaram uma grande susceptibilidade e competência

vetorial para transmitir os sorotipos virais da dengue (Serufo et al. 1993, Consoli &

Oliveira 1994, Donalisio 1999).

O processo infeccioso desencadeado pelo vírus da dengue caracteriza-se por

apresentar um amplo espectro clínico-patológico, podendo variar desde uma simples

infecção inaparente (um quadro assintomático), até às formas graves, nos quais se

observam hemorragias, abrupto aumento da permeabilidade vascular e desenvolvimento de

choque hipovolêmico. A doença se manifesta clinicamente sob as formas de dengue

clássica (DC), também descrita como febre da dengue (FD – “dandy fever”), popularmente

conhecida como febre quebra-ossos, a dengue hemorrágica (DH) ou febre hemorrágica da

dengue (FHD) e a síndrome do choque da dengue (SCD) (Halstead 1997, Gubler 1998a,

Donalisio 1999, Nogueira et al. 2000, Shepard & Halstead 2000, World Health

Organization 2002, Ministério da Saúde 2002a, Ministério da Saúde 2003a).

A doença caracteriza-se por início de quadro febril, súbito, podendo alcançar 40° C

e estender-se por 3 a 5 dias. A maioria das infecções cursa com sintomatologia semelhante

às infecções febris, sendo os principais pródomos em ordem decrescente: febre alta,

cefaléia, mialgia intensa e generalizada, astenia, prostração, anorexia, náuseas, dor

retroorbitária, artralgia, vômitos, prurido, exantema maculopapular e sangramentos.

Determinados casos evoluem com sangramentos intenso, geralmente hemorragias

digestivas, desidratação, manifestação de choque e óbito. A febre hemorrágica da dengue

Page 20: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 3

diferencia-se da dengue clássica pela ocorrência de um súbito aumento da permeabilidade

vascular, geralmente, precedido de plaquetopenia, que leva ao extravasamento de plasma

para os tecidos, resultando-se em hemoconcentração e choque hipovolêmico. Entretanto, o

quadro clínico se modifica de forma rápida, podendo surgir manifestações hemorrágicas

que acometem a pele, tecidos subcutâneos e trato gastrintestinal (Marzochi et al. 1987,

Halstead 1997, Ramos Júnior 1997, Ministério da Saúde 2002a).

Várias teorias têm sido usadas para explicar a ocorrência das formas graves de FHD

e SCD. A teoria imunológica de Halstead associa o desenvolvimento das formas graves à

ocorrência de duas infecções sequenciais por diferentes sorotipos e com intervalo mínimo

de três anos (Halstead 1970, Nisalak et al. 1970, Halstead 1980, Halstead 1981). A

segunda, defendida por Rosen, a gravidade da doença está relacionada com a maior

virulência de determinadas cepas virais (Rosen 1977, Rosen 1986, Rico-Hesse et al. 1997,

Watts et al. 1999, Nisalak et al. 2003). A mais recente, é um referencial teórico mais

abrangente, a teoria integral de multicausalidade, reconhecendo que o resultado das

apresentações epidemiológicas, das manifestações clínicas nos indivíduos e nas populações

depende de todos os fatores de risco interligados (Kouri et al. 1986, Pang 1987, Lum et al.

2002).

Nas últimas décadas, a dengue tem sido reconhecida mundialmente, como uma das

doenças de maior impacto na saúde pública, tanto pela morbidade quanto pela mortalidade

da doença (Gubler 1998a, Gubler 1998b, Gubler & Meltzer 1999, Guzman & Kouri 2002,

World Health Organization 2002, Ministério da Saúde 2002b). Sua importância deve-se ao

caráter explosivo das epidemias, ao aumento dos susceptíveis para as formas graves de

FHD e SCD, ao aumento global da incidência e dos coeficientes de mortalidade associados

à FHD (World Health Organization 1999, World Health Organization 2002a, World Health

Organization 2002b, Pan American Health Organization 2003). Diante deste cenário

epidemiológico, em 1999, a UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research

and Training in Tropical Diseases (TDR) da OMS incluiu a dengue no Grupo I, das

doenças tropicais emergentes e não controladas, as quais são consideradas prioritárias para

investimentos em pesquisa (Remme et al. 2002).

Page 21: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 4

Atualmente cerca de 2,5 bilhões de pessoas ou cerca de 40% da população mundial

vivem sob o risco de serem acometidos por uma das formas da dengue. A doença

apresenta-se endêmica em mais de 100 países, com exceção da Europa. Anualmente

estima-se uma ocorrência de 50 a 100 milhões de infecções de dengue, aproximadamente

500 mil casos de FHD e SCD e cerca de 20 mil óbitos, sendo 90% em crianças (World

Health Organization 1999, Pan-American Health Organization 2003). Desde os anos 50,

observa-se um aumento significativo no coeficiente global de incidência da doença. Em

1998, foram notificados mais de 1,2 milhões de casos de dengue e FHD, e cerca de 15 mil

óbitos por FHD. A maior parte das notificações foi proveniente da Ásia, Caribe e das

regiões tropicais e subtropicais das Américas do Sul e Central (Igarashi 1997, Pinheiro &

Corber 1997, Gubler 1998b, Halstead 2000, World Health Organization 2002).

As epidemias de dengue e FHD no Sudeste Asiático são mundialmente

reconhecidas como sendo explosivas, de alta magnitude e de letalidade elevada. Desde a

década de 50, os países de Bangladesh, Butão, Índia, Indonésia, Maldivas, Mianma, Nepal,

Sri Lanka e Tailândia registram a ocorrência de casos de dengue e FHD com elevados

coeficientes de mortalidade infantil. De 1985 até 2003 mais de 1,7 mil casos de dengue e

de FHD foram notificados e uma ocorrência de cerca de 17 mil óbitos. Desde 1999,

observa-se a expansão da infecção para as áreas rurais, em conseqüência do exôdo rural.

Em 2004, registra-se a circulação dos quatro sorotipos virais no continente e em vários

países, a FHD é a principal causa de mortalidade infantil e de hospitalização em pediatria

nesses países (Wu et al. 1993, Chareonsook et al. 1999, Endy et al. 2002, van Benthem et

al. 2002, Nisalak et al. 2003, Wang et al. 2003, World Health Organization 2004a).

1.1.1. Re-emergência da dengue nas Américas

Desde o século XVIII as Américas registram a ocorrência de casos esporádicos de

dengue e FHD em seus países. A partir da década de 60, observou-se a mudança no

comportamento epidemiológico da doença, em conseqüência da introdução do sorotipo

viral DEN-2 e 3 e da ocorrência de surtos de alta magnitude em vários países (Pinheiro &

Corber 1997). Em 1977, o sorotipo DEN-1 foi introduzido nas Américas a partir da

Jamaica, e em seguida expandiu para as ilhas do Caribe, América Central e parte norte da

América do Sul (Pinheiro & Corber 1997, Keating 2001).

Page 22: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 5

O ressurgimento das epidemias de dengue clássico (DC) e de FHD para os países

latino-americanos foi em decorrência principalmente, das condições sócio-demográficas e

ambientais resultantes do processo de urbanização das cidades (Kuno 1995, Gubler 2002,

Wilson & Chen 2002). A falta de infra-estrutura de saneamento básico na maioria dos

centros urbanos, o adensamento populacional nas periferias das metrópoles, o relaxamento

das medidas de controle vetorial, o aumento do processo de industrialização (aumento de

não-biodegradáveis), o tráfego aéreo de pessoas, de produtos e as mudanças climáticas

(aquecimento global) contribuíram para a dispersão geográfica tanto do vetor quanto dos

vírus (Gubler & Clark 1995, Organización Pan-Americana de la Salud 1997, Organización

Pan-Americana de la Salud 1998, Degallier et al. 2000, Tauil 2002, Ministério da Saúde

2002a, Reiter et al. 2003).

Em 1981, Cuba registrou a primeira epidemia de FHD nas Américas,

caracterizando-se o evento de maior importância epidemiológico, onde foram registrados

mais de 340 mil casos de dengue, cerca de 116 mil hospitalizações, 24 mil casos de FHD e

158 óbitos. A epidemia foi causada pelo sorotipo DEN-2 (genótipo Jamaica), e que foi

precedida pelo sorotipo DEN-1. Pela primeira vez se verificou que as pessoas que

contraíram FHD apresentaram infecção secundária 16 a 20 anos depois da primeira

infecção pelo DEN-1. Em 1989-1990, registrou-se a segunda epidemia de FHD, na

Venezuela, com um ocorrência de 8,7 mil casos de FHD e 117 óbitos, causados pelo

sorotipo DEN-1, 2 e 4. O perfil epidemiológico das epidemias de FHD de Cuba (1981) e

da Venezuela (1989) foi semelhante à epidemia da Ásia, quando comparado ao aspecto

explosivo e a alta prevalência da doença nas crianças menores de 15 anos (Organização

Pan-Americana de Saúde 1997, Pinheiro & Corber 1997, Organización Pan-Americana de

la Salud 1998, Valdes et al. 1999, Keating 2001, Barrera et al. 2002, Benítez-Leite et al.

2002, World Health Organization 2002).

Na década de 80, observou-se o agravamento do cenário epidemiológico da doença

nas Américas, em conseqüência da dispersão dos vírus para vários países e o aumento das

taxas de mortalidade por FHD (Wilson & Chen 2002). Neste período, houve epidemias no

Brasil (1982 e 1986), na Bolívia (1987), no Paraguai (1988), no Equador (1988), no Peru

(1990) e em Cuba (1977 e 1981). A partir de 1990, observou-se a circulação dos sorotipos

Page 23: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 6

DEN-1, 2, 3 e 4 em vários países latino-americanos e o aumento crescente das formas

graves de FHD (Organización Pan-Americana de la Salud 1998, Torres & Torres 2002).

Em 2000, houve a re-introdução do sorotipo DEN-3 nas Américas proveniente da

Nicarágua e do Panamá. A partir de 2002, houve um aumento explosivo nas notificações,

onde o Brasil registrou os maiores coeficientes de incidência das Américas (452 por 100

mil hab.), seguido da Colômbia (210 por 100 mil hab.) e da Venezuela (153 por 100 mil

hab.). A partir de 2003, quase todos os países registraram a ocorrência de casos de FHD

com exceção do Canadá e Uruguai (Organización Pan-Americana de la Salud 1998, Torres

& Torres 2002, World Health Organization 2002, Pan-American Health Organization

2003, World Health Organization 2003a, World Health Organization 2003b).

A Figura 1 mostra a distribuição geográfica do Ae. aegypti e a transmissão da

dengue para os paises, referente ao ano de 2000. Observa-se a dispersão geográfica do

vetor e da doença para os países situados geograficamente entre a linha do Equador e

abaixo do Trópico de Câncer, coincidindo com as áreas de maior adensamento

populacional do planeta.

Figura 1. Distribuição mundial do Ae. aegypti e dos países com transmissão da dengue, 2000.

Áreas infestadas pelo Ae. aegypti Áreas infestadas pelo Ae. aegypti e com transmissão de dengue Fonte: Adaptado do Center for Disease Control and Prevention, 2000. Disponível em www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/map-distribuition-2000.htm

Page 24: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 7

A Tabela 1 apresenta a distribuição dos sorotipos virais circulantes nos países das

Américas, de 1990 a 2003. Atualmente, a maioria dos países latino-americanos estão com a

circulação concomitante dos vírus DEN-1, 2, 3 e 4 e há um risco crescente de ocorrência

de epidemias de FHD (World Health Organization 2003b).

Tabela 1. Distribuição dos sorotipos virais circulantes nas Américas, 1990 a 2003

País Sorotipo viral

Belice DEN-1, DEN-3

Barbados DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Brasil DEN-1, DEN-2 , DEN-3

Colombia DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Costa Rica DEN-1, DEN-2, DEN-3

Cuba DEN-2, DEN-3, DEN-4

Dominica DEN-1, DEN-2, DEN-3

El Salvador DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Equador DEN-1, DEN-2, DEN-3 , DEN-4

Gaudalupe DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Granada DEN-2, DEN-3

Guiana Francesa DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Ilhas Virginias DEN-1, DEN-4

Jamaica DEN-1, DEN-3

Martinica DEN-1, DEN2, DEN-3

México DEN-3

Nicarágua DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Panamá DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Paraguai DEN-1, DEN-2

Peru DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Porto Rico DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

República Dominicana DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

S.Vicente & Granadinas DEN-1, DEN-2, DEN-3

Suriname DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Trinidad & Tobago DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Venezuela DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4

Fonte: Center for Disease Control and Prevention.

Page 25: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 8

1.1.2. A endemia da dengue no Brasil

A primeira epidemia de dengue documentada, clínica e laboratorialmente, ocorreu

em 1981, em Boa Vista, no estado de Roraima, onde se estimou uma ocorrência de

aproximadamente 12 mil pessoas infectadas pelos sorotipos virais DEN-1 e 4, os quais

foram isolados de pacientes e do vetor Ae. aegypti.. Em agosto de 1982, cessaram as

notificações da doença e não houve disseminação dos vírus para outras regiões do país

(Osanai et al. 1984).

Após cinco anos de ausência, o reaparecimento da dengue no Brasil, em 1986,

coincidiu com a introdução do sorotipo viral DEN-1, a partir do Rio de Janeiro. Embora

tenha estimado um coeficiente de incidência de 491 por 100 mil hab., é possível que

durante esta epidemia, mais de 1 milhão de pessoas foram infectadas pela doença

(Figueiredo et al. 1990, Nogueira et al. 1999). Apesar da intensificação das medidas de

controle vetorial e da vigilância epidemiológica, houve a expansão do vírus para os estados

de Alagoas (junho de 1986) e Ceará (setembro de 1986) (Figueiredo 2000, Nogueira et al.

2000, Barbosa da Silva Jr. et al. 2002, Ministério da Saúde 2002b, Ministério da Saúde

2003a).

A primeira epidemia de FHD no Brasil ocorreu em 1990, no Rio de Janeiro, em

conseqüência da introdução do sorotipo DEN-2 na capital. Foram notificados

aproximadamente 462 casos de FHD e 08 óbitos, sendo a maior prevalência em adultos

com infecção secundária (Zagne et al. 1994, Figueiredo 2000). Na epidemia de dengue,

ocorrida no Ceará, em 1994, foram registrados cerca de 32 mil casos de dengue, 25 casos

de FHD e 12 óbitos (Vasconcelos et al. 1998). Em 1998, o Brasil foi um dos países que

mais registrou casos de dengue nas Américas, contribuindo com 85% do total das

notificações (Organización Pan-Americana de la Salud 1998, Ministério da Saúde 1999b,

Barbosa da Silva Jr. et al. 2002, Pinheiro & Tadei 2002, Ministério da Saúde 2002a).

A Figura 2 apresenta a distribuição dos casos notificados de dengue e o número de

municípios infestados pelo Ae. aegypti, Brasil, 1986 a 2002. Observa-se um aumento

crescente da doença a partir da década de 90, sendo a maior incidência em 1998, quando se

Page 26: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 9

registrou cerca de 530 mil casos. Em 1999, houve uma redução acentuada dos casos e

voltando a aumentar em 2000. Os aumentos das notificações coincidem com a introdução

de novos sorotipos virais, sendo o DEN-1 em 1986, o DEN-2 em 1990 e o DEN-3 em

2000.

Figura 2. Casos notificados de dengue e municípios infestados pelo Aedes aegypti, Brasil,

1986 a 2002.

Fonte: FUNASA/Ministério da Saúde

Em 2000, o quadro epidemiológico da doença se agravou devido às epidemias

explosivas em vários estados, ao aumento das formas graves de FHD,pela introdução do

sorotipo DEN-3 no Rio de Janeiro e o aumento de municípios infestados pelo vetor

(Figueiredo 2000, Nogueira et al. 2002, Teixeira et al. 2002, Ministério da Saúde 2002d).

A partir de 2003, cerca de 3 592 municípios apresentaram-se infestados pelo Ae. aegypti e

20 estados relataram a infestação pelo Ae. albopictus. Até a semana epidemiológica

51(20/12/2003), mais de 320 mil casos de dengue foram notificados à Secretaria de

Vigilância à Saúde, sendo as maiores incidências nas regiões Nordeste (160 439) e Sudeste

(84 377) (Figura 3). Embora tenha ocorrido uma redução de 82 % nas notificações em

relação ao primeiro semestre de 2003, o país apresenta um perfil endêmico da doença e

Page 27: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 10

com altas taxas de morbidade tanto da DC quanto de FHD (Ministério da Saúde 2003b,

Ministério da Saúde 2003d).

A Figura 3 apresenta a distribuição das notificações de dengue por semana

epidemiológica, em 2003, mostrando o perfil endêmico da doença em todas as regiões do

país e a transmissão contínua nas regiões Nordeste e Sudeste, durante todos os meses do

ano.

Figura 3. Distribuição das notificações de dengue por semana epidemiológica segundo as regiões. Brasil, 2003*.

Fonte: SVS/Ministério da Saúde.

* Dados até a semana epidemiológica 51/2003.

Em 2004, a maioria dos estados estão com transmissão contínua da doença,

observando-se a circulação concomitante dos três sorotipos virais DEN-1, 2 e 3, com

exceção do Acre, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Ministério da Saúde 2003b)

(Figura 4). Os sorotipos virais circulantes no país apresentam as características genéticas

Page 28: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 11

da cepa Caribe para o DEN-1, da cepa Jamaica para o DEN-2 e da cepa Sri Lanka para o

DEN-3. O quadro epidemiológico atual mostra um risco crescente para a urbanização da

febre amarela nas regiões com alta densidade do vetor e para as epidemias de FHD,

principalmente nas regiões com transmissão contínua da doença e com circulação

concomitante de mais de um sorotipo viral (Miagostovich et al. 1998, Lima et al. 1999,

Schatzmayr 2000).

A Figura 4 apresenta a disseminação geográfica dos vírus DEN-1, DEN-2 e DEN-3

nos anos 2001, 2002 e 2003. A partir de 2003, a maioria dos estados apresentou circulação

concomitante dos três sorotipos virais, com exceção do Acre, Rio Grande do Sul e Santa

Catarina.

Page 29: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 12

Figura 4. Distribuição dos sorotipos virais da dengue por unidades federadas. Brasil, 2001, 2002 e 2003.

Fonte: SVS/Ministério da Saúde

Page 30: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 13

1.1.3. Dengue na Região Centro-Oeste: Goiás e Goiânia.

A introdução da endemia na região Central do Brasil foi posterior à epidemia do

Rio de Janeiro, a partir da década de 90, quando se registrou uma epidemia explosiva em

Mato Grosso do Sul causada pelo sorotipo DEN-1. De 1997 para 1998, observou-se um

crescimento expressivo dos casos da doença, em conseqüência da introdução do sorotipo

viral DEN-2 e da disseminação dos vírus para outros Estados (Ministério da Saúde 2002d).

Os primeiros casos da dengue no Estado de Goiás, foram registrados em 1994,

quando foi isolado o sorotipo viral DEN-1 em Goiânia. No ano seguinte, observou-se a

disseminação do vírus para os municípios limítrofes da capital, e em seguida para o interior

do Estado. Em 1995, foram notificados mais de 7,7 mil casos de dengue, sendo registrado

um coeficiente de incidência de 47 por 100 mil hab. A situação epidemiológica de 1998

coincide com o perfil ascendente observado no país, em conseqüência da introdução do

sorotipo DEN-2 em vários municípios (Maciel 1999, Secretaria de Estado da Saúde 2003).

A partir de 2001, houve um aumento significativo no coeficiente da doença para 144 por

100 mil hab., em relação ao ano anterior que foi de 22 por 100 mil hab., em conseqüência

da introdução do sorotipo DEN-3 e pela dispersão do DEN-1 e 2 para outros municípios

(Secretaria de Estado da Saúde 2003).

A Figura 5 apresenta a distribuição histórica dos casos notificados de dengue no

Estado de Goiás e os respectivos coeficientes de incidência anual de 1995 a 2003. O perfil

epidemiológico é similar ao de outras regiões do país, onde os períodos de maior

incidência da doença coincidem com a introdução de um novo sorotipo viral. O ano de

1994/1995 caracterizou a primeira epidemia da doença causada pelo sorotipo DEN-1. O

sorotipo DEN-2 foi introduzido no Estado, em 1998 e o DEN-3 foi identificado nos

últimos dois anos (Secretaria de Estado da Saúde 2003).

Page 31: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 14

Figura 5. Coeficientes de Incidência anual da dengue por municípios com transmissão

da doença e do vetor. Goiás, 1995 a 2003.

0

50

100

150

200

250

300

de m

unic

ípio

s

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Co

ef. d

e In

cid

ênci

a p/

100

0.00

0 h

ab.

Ae . a egypti a 219 220 212 212 231 235 240 240 240 240

Tra nsm issã o b 84 121 56 83 49 62 115 121 84 27

Incidê ncia c 46,88 79,88 4,22 50,54 18,61 22,13 144,0 384,8 101,9 21,43

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Ae. aegypti a

Transmissão b

Incidência c

0

50

100

150

200

250

300

de m

unic

ípio

s

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Co

ef. d

e In

cid

ênci

a p/

100

0.00

0 h

ab.

Ae . a egypti a 219 220 212 212 231 235 240 240 240 240

Tra nsm issã o b 84 121 56 83 49 62 115 121 84 27

Incidê ncia c 46,88 79,88 4,22 50,54 18,61 22,13 144,0 384,8 101,9 21,43

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Ae. aegypti a

Transmissão b

Incidência c

Fonte: SPAIS/Secretaria de Estado da Saúde a Municípios com infestação pelo Ae. aegypti. b Municípios com casos notificados de dengue. c Coeficiente de Incidência por 100 mil hab.

A partir de 2003, houve uma diminuição no coeficiente de incidência da doença

para 82 por 100 mil hab., continuando a decrescer no ano seguinte, quando se observou

uma redução de 76% no número das notificações comparado aos primeiros meses de 2003.

A transmissão da dengue têm sido registrada em pouco mais de 85 municípios, sendo que

Goiânia, Aparecida de Goiânia e Ceres apresentam circulação concomitante de mais de um

sorotipo viral (Secretaria de Estado da Saúde 2003).

A Figura 6 mostra a distribuição dos sorotipos virais circulantes nos municípios de

Goiás, de 2002 e 2003. Desde a introdução da dengue no Estado (1995) a expansão

geográfica dos vírus para os municípios tem ocorrido lentamente. Observa-se que a

maioria dos municípios não apresenta transmissão da doença e a circulação concomitante

dos sorotipos DEN-1, DEN-2 e DEN-3 ocorrem em Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Page 32: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 15

Figura 6. Sorotipos virais circulantes nos municípios do Estado de Goiás,2002,

2003.

Fonte: SPAIS/Secretaria de Estado da Saúde

Em Goiânia, os maiores coeficientes de incidência da doença foram registrados em

1994, 1996, 2001 e 2002. Em 1994, ocorreu a primeira epidemia de dengue no município,

em conseqüência da introdução do sorotipo DEN-1, quando se registrou um coeficiente

global de incidência de 357 por 100 mil hab., seguido de uma redução gradual das

notificações, no ano seguinte (Maciel 1999). A partir de 1996, houve um aumento das

notificações devido à dispersão do vírus para as macro-regiões do município. Em 1997,

observou-se a diminuição gradual da incidência de 215 para 40 por 100 mil habitantes no

ano 2000 (Figura 7). A introdução do sorotipo DEN-2 em 1998, ocasionou a ocorrência do

primeiro óbito por FHD, em 1999 (Siqueira Júnior 2001, Secretaria Municipal de Saúde

2003).

Em 2001, um inquérito de soroprevalência conduzido no muncípio, mostrou um

coeficiente global de prevalência de 29,5% (I.C 95% 27,3 – 31,8), onde foram estimadas

Page 33: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 16

cerca de 350 mil pessoas infectadas pela doença (Siqueira Júnior 2001). Em 2002, houve

um aumento significativo das notificações, em conseqüência da introdução do DEN-3,

sendo registrados mais de 17 mil casos da doença e 31 de FHD (Secretaria Municipal de

Saúde 2003). Atualmente, a doença apresenta-se com um perfil endêmico e com altos

índices de notificação da doença, inclusive das formas graves de FHD. Dos sorotipos virais

isolados no município, 79% correspondem ao DEN-3, 16% ao DEN-1 e 5% ao DEN-2

(Féres et al. 2003).

A Figura 7 apresenta a distribuição dos casos notificados de dengue em Goiânia, no

período de 1994 a 2002. Observa-se que a primeira epidemia, em 1994, caracterizou-se

pela introdução do sorotipo DEN-1. Em seguida houve uma diminuição acentuada dos

casos, voltando a aumentar em 1998 quando se registrou a segunda epidemia pelo sorotipo

DEN-2. Em 2003, observa-se o aumento explosivo nas notificações devido à introdução do

DEN-3.

Figura 7. Casos notificados de dengue em Goiânia, no período de 1994 a 2003.

17 300

6 400

720

759

1 363

1 081

2 019

926

3 580

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

1995

1994

0 2 500 5 000 7 500 10 000 12 500 15 000 17 500 20 000

Casos notificados

17 300

6 400

720

759

1 363

1 081

2 019

926

3 580

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

1995

1994

0 2 500 5 000 7 500 10 000 12 500 15 000 17 500 20 000

Casos notificados

17 300

6 400

720

759

1 363

1 081

2 019

926

3 580

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

1995

1994

0 2 500 5 000 7 500 10 000 12 500 15 000 17 500 20 000

Casos notificados

DEN 1

DEN 3

DEN 2

DEN 1

DEN 3

DEN 2

DEN 1

DEN 3

DEN 2

Fonte: DVA/Secretaria Municipal de Saúde

Page 34: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 17

1.2 - O controle da dengue no Brasil

As medidas de controle e prevenção da dengue no Brasil estiveram diretamente

relacionadas com o modelo centralizado das campanhas para a erradicação continental do

Ae. aegypti e da febre amarela urbana. Em 1958, o Brasil foi um dos primeiros países das

Américas a receber o Certificado de Erradicação do Ae. aegypti. As medidas de controle

centradas no combate químico do vetor foram efetivas para manter a ausência de surtos de

dengue no país entre 1923 e 1981. Os poucos casos de dengue ocorridos neste período

foram conhecidos através de inquéritos sorológicos realizados posteriormente (Causey &

Theiler 1958).

O reaparecimento do Ae. aegypti no Brasil, em julho de 1981 (Boa Vista) e sua

dispersão geográfica para o país, mostrou que as medidas de controle que estavam sendo

utilizadas se mostravam ineficazes para erradicar o vetor e evitar as epidemias de dengue

no país. Depois de 16 anos, o Ministério da Saúde em colaboração com o Conselho

Nacional de Saúde e OPAS, criou o Plano Diretor de Erradicação do Ae. aegypti (PDEAa),

ainda com a perspectiva de erradicar tanto o vetor quanto a doença do país e inserindo às

ações de controle os componentes de vigilância epidemiológica, saneamento ambiental e

educação em saúde através de campanhas publicitárias nos meios de comunicação de

massa (Ministério da Saúde 1996, Teixeira 1999). A partir de 1996, houve a

descentralização das ações de combate químico do vetor para os Estados e Municípios.

Essas medidas de controle não foram eficazes para impedir a urbanização do vetor

para outros centros urbanos (Tauil 2001). De 1997 para 2001, observou-se um aumento de

2 780 para 3 529 municípios infestados (Teixeira et al. 2002, Ministério da Saúde 2002b).

Dentre os fatores limitantes para a execução do plano foi o desenvolvimento de

resistências aos inseticidas, a pouca utilização dos instrumentos epidemiológicos e a falta

de estrutura técnica dos municípios para assumirem as ações de controle. As ações de

combate químico foram priorizadas em detrimento dos componentes de saneamento e

educação em saúde, mostrando a falta de intersetorialidade dos componentes (Gubler &

Page 35: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 18

Clark 1996, Organización Pan-Americana de la Salud 1997, Tauil 2001, Ministério da

Saúde 2002b).

Embora tenha tido limitações financeiras para a operacionalização do plano, os

investimentos no PEAa estiveram acima de todos os outros programas sociais do Governo

Federal. Numa publicação do Jornal Folha de São Paulo, mostrou que no período de 1995

a 1998, os recursos financeiros gastos no controle da dengue superaram todos os

investimentos realizados em infra-estrutura de saneamento básico, abastecimento e

tratamento de água, esgotamento sanitário e controle de qualidade de água para consumo

humano (Folha de São Paulo, 28 de março, 1998).

Figura 8. Recursos financeiros gastos com os principais programas sociais. Brasil, 1995

a 1998.

Em 2001, diante da impossibilidade de alcançar a meta da erradicação, o Ministério

da Saúde em parceria com a OPAS criou o Plano de Intensificação das Ações de Controle

do Dengue (PIACD). As novas diretrizes do plano estabeleceram o controle integrado das

Page 36: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 19

ações de vigilância epidemiológica, sanitária e entomológica, saneamento ambiental,

assistência, atenção básica (PACS e PSF), a incorporação da participação comunitária,

educação sanitária e das estratégias de comunicação social. No entanto, as diretrizes do

plano não foram executadas, mantendo-se a mesma estrutura verticalizada e a priorização

das ações de combate químico do vetor em detrimento aos outros componentes de

promoção à saúde (Tauil 2001, Barbosa da Silva Jr. et al. 2002).

Em julho de 2002, foi instituído o Programa Nacional de Controle do Dengue

(PNCD), com o objetivo de intensificar as medidas de controle e prevenção da dengue em

657 municípios prioritários, considerados de alto risco para a transmissão da doença. Além

dos aspectos já tratados, o PNCD tem a característica de ser um programa permanente de

controle da doença, inclusive com a incorporação de instrumentos legais para a

regulamentação das inspeções domiciliares. O Amparo Legal à Execução das Ações de

Campo – imóveis fechados, abandonados ou com acesso não permitido pelo morador,

regulamentado pela Portaria N° 599/2002/FUNASA (Ministério da Saúde 2002c). A meta

do PNCD está centrada na diminuição dos índices de infestação a menos de 1%, na

redução da incidência da dengue em 50% para 2003 e 25% no ano seguinte, e reduzir a

letalidade por FHD (Ministério da Saúde 2001, Ministério da Saúde 2002b). Desde junho

de 2003, o PNCD saiu da FUNASA e passou para a coordenação da Secretaria de

Vigilância em Saúde (SVS), que integra a nova estrutura regimental do Ministério da

Saúde (DOU do dia 10 de junho de 2003) (Ministério da Saúde 2003a).

No Estado de Goiás, até 1997, as ações de controle da dengue foram executadas

pela Coordenação Regional da FUNASA, conforme diretrizes do Plano Diretor de

Erradicação do Ae. aegypti. Desde 1998, as ações de controle vetorial foram

descentralizadas para a Secretária de Estado da Saúde e sob a coordenação da

Superintendência de Ações Básicas de Saúde. Em 2002, implantou-se o Plano Estadual de

Controle da Dengue, nos moldes do Programa Nacional de Controle da Dengue-PNCD,

com o objetivo de intensificar as medidas de prevenção e controle da dengue no Estado,

priorizando 48 municípios considerados de alto risco para a transmissão da doença,

inclusive o município de Goiânia.

Page 37: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 20

Desde 1998, as atividades de controle vetorial no município de Goiânia tem sido

executadas pelo Departamento de Vigilância à Saúde, Divisão de Zoonoses e Controle de

Vetores-DCZV da Secretaria Municipal de Saúde. Em 2001, foi instituído o Plano

Municipal de Controle do Dengue (PMCD), concebido nos moldes do PNCD/FUNASA.

Além das estratégias de combate químico do vetor, foram inseridos os componentes de

vigilância entomológica, epidemiológica e sanitária, saneamento ambiental, comunicação

social e sustentação política, educação em saúde e mobilização social com incentivo à

participação comunitária (Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia 2001).

Em junho de 2002, foi instituída a Lei 8 102 (anticriadouros domiciliares) que

dispõe sobre a prevenção, o controle da transmissão e a atenção básica à saúde nos casos

de dengue no município de Goiânia. Além dos pontos estratégicos, as inspeções dos

criadouros de dengue se estenderam a todos os estabelecimentos fiscalizados pela

Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (DVA/VISA/SMS). Além das

campanhas educativas e informativas veiculadas pela mídia, outras estratégias têm sido

utilizadas, tais como palestras nas escolas e associações de bairro, passeatas, gincanas,

mutirões de limpeza, teatros, uso de painéis, faixas, distribuição de cartazes e panfletos.

De um modo geral, todas as medidas de prevenção e controle da dengue têm sido

direcionadas ao vetor. Muito pouco se tem feito para conhecer ou impedir os fatores de

transmissão da doença que estão relacionados ao homem. Considerando-se o ciclo

epidemiológico da doença, que envolve o vírus, o vetor e o homem, este tem sido o

principal fator de transmissão da doença e o menos enfatizado nas ações de controle. Além

de ser o homem quem sofre a doença, é quem pode atuar tanto na transmissão quanto na

prevenção e controle da dengue. É a ação sanitária do indivíduo ou a falta dessa ação que

vai permitir a transmissão ou o controle da dengue (Briceño-León 1996).

Durante o processo de urbanização do vetor, o mosquito adquiriu hábitos

intradomiciliares e como conseqüência, as medidas de combate químico a Ultra Baixo

Volume (UBV), extradomiciliar, mostrou-se medida ineficaz para o controle da endemia.

A fase larvária presente na maioria das vezes nos criadouros intradomiciliares, constitui a

principal medida. Nesta fase, há a necessidade da participação dos moradores para a

execução das ações (Service 1992, Chavarría & García 2000).

Page 38: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 21

1.3. Educação em Saúde e Participação Comunitária: Estratégia para o controle da

dengue

Nos últimos 20 anos, as declarações de saúde internacionais passaram a enfatizar as

ações educativas e a mobilização social como uma das mais importantes ferramentas tanto

para os programas de prevenção das doenças quanto para o controle das políticas públicas

de saúde. Uma das grandes contribuições para esse processo foi a incorporação das

Ciências Sociais, que tem possibilitado a construção de uma vigilância a saúde pela via

sócio-cultural, onde os indivíduos são motivados para a adoção de novos comportamentos

sanitários no âmbito coletivo (Trivelato 1994, Krieger 2002, Nascimento & Rovery 2003,

Parry & Wright 2003).

De acordo com Fauze (1996) e Demo (1999), o conhecimento e a percepção dos

indivíduos sobre o problema ajuda a prever os comportamentos, possibilitando identificar

as atitudes desfavoráveis e as medidas que possam causar rejeições. Considerando que o

conhecimento da população é o resultado da interpretação de todas as informações

recebidas, é a partir da percepção dos fatos, que os indivíduos manifestam sua capacidade

de intervirem e de se mobilizarem para a reconstrução de uma nova realidade.

No caso específico da dengue, as ações participativas e de mobilização referem-se

às múltiplas habilidades que os diferentes grupos sociais desenvolvem, a partir dos

conhecimentos adquiridos e da percepção de risco que a população tem sobre a doença,

resultando em mudanças de hábitos, principalmente para a eliminação dos criadouros para

o Ae. aegypti no ambiente doméstico (Winch et al. 1991, Winch et al. 1994, Wong-Um

1998, Valla 1998a, Dias 1998b).

Com o agravamento do cenário epidemiológico mundial da dengue na década de

90, com o aumento dos custos financeiros dos produtos químicos e a ineficácia das ações

de combate químico do vetor no ambiente urbano, vários países inseriram as estratégias

educativas de Informação Educação e Comunicação-IEC e de mobilização social nos

programas de controle da endemia. No Brasil, desde a década de 90, o Programa de

Controle das Endemias vem utilizando o componente educativo de IEC para a difusão das

Page 39: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 22

medidas preventivas e incentivar a incorporação dessas medidas pela população. No

entanto, o processo educativo não foi priorizado no PEAa e no PNCD, observando-se que

as ações de combate químico do vetor consomem a maior parte dos recursos financeiros

(78%). Em seguida, vem as ações de saneamento (10%) e por último, as de IEC (8%)

(ANEXO I) (Acioli & de Carvalho 1998, Chiaravalloti Neto et al. 1998, Dias 1998a,

Tauil 2001, Brassolatti & Andrade 2002, Ministério da Saúde 2002b, Santos 2003).

Gubler & Clark (1996) avaliaram os programas de controle da dengue de vários

países, inclusive do Brasil. O referido estudo mostrou que os países que adotaram as ações

educativas de saneamento ambiental associadas às estratégias de mobilização social,

reduziram os índices de infestação do vetor e a incidência da doença. A incorporação das

práticas preventivas pela população resultou na continuidade das medidas, mesmo nos

períodos sem transmissão da doença, na auto-sustentação, na melhoria das condições

sanitárias e na redução dos gastos financeiros com inseticidas. Dentre os programas bem-

sucedidos, destacou-se o de Cingapura, Tailândia e Cuba, que se constituíram em

referência mundial de programa de controle da dengue. No caso do Brasil, as medidas de

controle foram consideradas ineficazes para impedir a dispersão do vetor e da doença, pelo

fato dessas ações estarem centradas no combate químico. As campanhas educativas, de

caráter informativo, não utilizaram as estratégias de mobilização social, para que a

população fosse envolvida nas ações de controle (Pitta & Oliveira 1995, Gubler & Clark

1996, Schall 1987, Dias 1998a, Tauil 2002, Levy et al. 2003).

A efetividade do programa de Cingapura foi confirmada por um inquérito realizado

em 1993, o qual mostrou uma redução significativa da doença entre as crianças,

observando-se uma prevalência de 6,3% na faixa etária de menores de 15 anos (Goh 1997).

No Vietnã, em 1998, um inquérito mostrou que o controle biológico do vetor e a

mobilização social para a eliminação dos criadouros domésticos foram eficazes para a

erradicação do Ae. aegypti de uma comunidade onde o vetor estava presente há mais de 20

anos (Vu et al. 1998). Na Tailândia, em 1999, observou-se que o processo educativo foi

eficaz para a redução dos criadouros intra e peridomiciliares, resultando na diminuição dos

índices de infestação do vetor e na incidência da dengue (van Benthem et al. 2002).

Page 40: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 23

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (WHO) começou a utilizar uma

estratégia de mobilização social, denominada de COMBI (Communication-for-

Behavioural-Impact), que associa às ações educativas de IEC, as técnicas de mobilização

usadas no marketing social (propagandas). Os princípios e métodos são orientados para

promover a aceitação das medidas preventivas, encorajando os indivíduos e as famílias a

adotarem novos hábitos e comportamentos sanitários (World Health Organization 2004b).

A COMBI compreende mais de 25 métodos de abordagens educativas e de mobilização

social, que são utilizados a partir das avaliações de impacto dessas ações. Atualmente, esta

estratégia está sendo utilizada na Índia e Moçambique (eliminação da hanseníase e

filariose), em Bangladesh e no Kênia (prevenção e controle da tuberculose) e na Malásia

(prevenção e controle da dengue) (World Health Organization 2004b). Na América Latina,

esse processo de mobilização social será testado em alguns países, inclusive no Brasil, com

vistas na implementação em larga escala, segundo informação do programa de controle da

dengue (Comunicação pessoal).

As medidas de controle da dengue requerem cada vez mais a participação da

população nos programas de controle, principalmente em relação às medidas de

saneamento ambiental. O planejamento do processo educativo com vistas à adoção de

novos comportamentos deve pautar-se no diagnóstico inicial da comunidade, englobando a

investigação do conhecimento e da percepção da população sobre o problema, as crenças

frente às doenças, os hábitos e os aspectos sócio-culturais desses indivíduos. A partir desse

entendimento è possível estabelecer os mecanismos de comunicação e planejar as

estratégias educativas que incentivem a participação comunitária para as medidas

preventivas (Minayo 1992, Briceño-León 1996, Diez Roux 2002).

Desde 1990, vários estudos têm sido conduzidos para avaliar o conhecimento e a

percepção da população sobre dengue, seu vetor e as práticas preventivas para o controle

da dengue. Através de uma revisão bibliográfica nas bases de dados eletrônicas do

MEDLINE, LILACS e MedCaribe, no período de 1993 a 2003, foram encontrados 15

estudos que foram conduzidos nos países das Américas. Desses, 9 estudos foram realizados

no Brasil, concentrando-se no Estado de São Paulo, 1 no Chile, 1 na Colômbia, 1 no

Paraguai, 1 em Trinidad e Tobago, 1 em Porto Rico e 1 em Cuba. Esta revisão englobou os

estudos de base populacional, que avaliaram o conhecimento da população sobre dengue,

Page 41: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 24

seu vetor, as atitudes e as práticas de prevenção. Utilizaram-se as palavras chaves:

Knowlegde, perception, attitude, practice, KAP, community participation, dengue. A

maioria destes estudos utilizou a metodologia dos inquéritos de base populacional através

de entrevistas domiciliares. O instrumento de coleta das informações baseou-se em

questionários estruturados de Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) e que abordaram

as características clínicas da doença, mecanismo de transmissão da doença, principais

criadouros para o vetor e medidas de prevenção (Tabela 2).

A Tabela 2 mostra o Sumário dos estudos que avaliaram o Conhecimento, Atitudes

e Práticas (CAP) sobre dengue, encontrados no MEDLINE, LILACS e MedCaribe, no

período de 1993 a 2003. Observa-se que a principal característica desses estudos foi

investigar o nível de conhecimento e a percepção da população sobre a dengue, seu vetor e

medidas preventivas, identificando sua interface com as práticas preventivas. A maioria

dos resultados indicou que as campanhas educativas contribuíram para a melhoria do

conhecimento da população, contudo, não promoveram a mobilização social para as

práticas de prevenção da dengue (Chiaravalloti Neto 1997, Chiaravalloti Neto et al. 1998,

Passos et al. 1998, Valla 1998b, Degallier et al. 2000, Lenzi et al. 2000, Donalisio et al.

2001). Os estudos que avaliaram as ações educativas associadas às estratégias de

mobilização social, mostraram mudanças de hábitos em relação ao controle vetorial,

sugerindo a adesão da população às práticas preventivas (Fajardo et al. 2001, Oliveira &

Valla 2001, Brassolatti & Andrade 2002, Madeira et al. 2002).

Page 42: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 25

Tabela 2. Estudos que avaliaram o conhecimento, a percepção sobre dengue, as atitudes e as medidas de prevenção, nas Américas, no período de 1993 a 2003. Autor/Ano Publicação Estado/País Tipo de Estudo Amostra Comentários

Rosenbaum et al. 1995 Trinidad Tobago Inquérito

591 domicílios

O estudo mostrou que não houve correlação entre o nível de conhecimento dos respondentes e o nível de infestação do vetor.

Chiaravalloti Neto 1997 São Paulo / Brasil Inquérito 537 domicílios A população demonstrou um alto nível de conhecimento sobre dengue, seu vetor e medidas de controle. Não houve mudanças de comportamentos, em relação à eliminação dos criadouros domésticos e na redução dos índices de infestação do vetor.

Chiaravalloti Neto et al. 1998 São Paulo / Brasil Inquérito 250 domicílios

As ações educativas melhoraram o conhecimento da população sobre o dengue, seu vetor e criadouros, mas não produziram conhecimentos sobre as práticas preventivas de eliminação dos criadouros domésticos.

Passos et al. 1998 São Paulo / Brasil n.a* n.a* Discussão das estratégias de mobilização social para o controle da dengue em Ribeirão Preto.

de la Cruz et al. 1999 Cuba Pesquisa Qualitativa 210 entrevistados

As atividades de combate vetorial não são compreendidas pela população. O controle vetorial como sendo de responsabilidade do Estado. As medidas de prevenção e controle devem estar apoiadas na participação comunitária.

Degallier et al. 2000 Brasília / Brasil Inquérito 130 domicílios O grupo de intervenção mostrou alto conhecimento sobre a doença e teve maior adesão as práticas

preventivas.

Lenzi et al. 2000 Rio de Janeiro / Brasil

Inquérito

165 domicílios

As campanhas educativas mostraram-se fragmentadas e distantes da realidade da população. Näo foram efetivas para incentivar a participação comunitária para a adoção das medidas preventivas.

Donalisio et al. 2001 São Paulo / Brasil Inquérito

502 domicílios

Os resultados mostraram que o processo educativo melhorou o nível de conhecimento da população e não promoveu mudanças no comportamento (práticas preventivas).

Fajardo et al. 2001 Colombia Caso-controle 520 escolas As ações educativas melhoraram o conhecimento e contribuiu para a adoção das práticas preventivas foram adotadas no grupo que recebeu a intervenção educativa.

Oliveira & Valla 2001 Rio de Janeiro / Brasil

Pesquisa Qualitativa

Moradores de áreas distintas da região de

Leopoldina

A construção compartilhada do conhecimento entre profissionais de saúde e comunidade constituiu estratégia importante para a mobilização social.

Benítez-Leite et al. 2002 Chile

Inquérito 187 domicílios A população mostrou conhecimento adequado sobre as características da dengue e medidas de controle, e pouca participação comunitária nas medidas preventivas da doença.

Brassolatti & Andrade 2002 São Paulo/Brasil Caso-Controle 46 professores Durante o curso observou-se a melhoria do nível de conhecimento dos professores e a redução de criadouros no ambiente escolar.

Chiaravalloti et al. 2002 São Paulo / Brasil Inquérito 225 domicílios Contradição entre as informações e práticas preventivas oficiais. N da participação da população na construção de estratégias educativas e prevenção.

Madeira et al. 2002 São Paulo / Brasil Caso-controle 314 estudantes O nível de conhecimento sobre dengue foi igual entre os grupos: controle e intervenção. A melhoria do conhecimento não significou mudanças de comportamento, mas apresentou maior adesão às práticas preventivas.

Winch et al. 2002 Porto Rico Caso-controle 250 participantes= 100 crianças e respectivos

pais.

As campanhas educativas produziram um nível satisfatório do conhecimento, mas não conseguiu a adesão da população para as práticas preventivas. Os resultados não foram eficazes para a redução dos índices de infestação.

*n.a- não aplicável

Page 43: Conhecimento e Percepção da população sobre

Introdução 26

Alguns autores têm questionado a utilização do modelo investigativo CAP nas

pesquisas sobre o nível de conhecimento e percepção da população sobre as doenças,

apontando limitações quanto ao instrumento de coleta das informações (questionários

fechados), ao pouco tempo gasto nas entrevistas, à falta de um observador para comparar

as respostas com as práticas dos indivíduos e à impossibilidade de se detectar os fatores

individuais e sociais que são determinantes para o comportamento dos indivíduos

(Briceño-León 1996, Minayo 1996). No entanto, observa-se que esta metodologia tem sido

incorporada aos estudos epidemiológicos e tem subsidiado a formulação das ações

educativas, tanto na abordagem dos conteúdos quanto nas estratégias de mobilização social

(Tabela 2).

O presente estudo se deteve a investigar o conhecimento e a percepção da

população de Goiânia sobre a dengue e as práticas preventivas em pesquisa quantitativa,

visando estabelecer uma linha de base populacional para a implementação das estratégias

educativas para o controle da doença.

Page 44: Conhecimento e Percepção da população sobre

Justificativa

27

2. Justificativa

Page 45: Conhecimento e Percepção da população sobre

Justificativa 28

A dengue constitui um problema mundial de Saúde Pública, tanto pela magnitude

das epidemias quanto pelo aumento das formas graves de FHD e SCD. Considerando que

não existe ainda, uma vacina contra a dengue, a falta de especificidade dos inseticidas, a

resistência do vetor aos adulticidas e aos larvicidas, a virulência das cepas e a adaptação do

vetor aos diferentes criadouros, a mobilização social para a eliminação dos criadouros se

apresenta como estratégia promissora para os programas de controle da endemia (Kuno

1995, Pan American Health Organization 2003a, World Health Organization 2003b).

Nesse sentido, constitui um desafio para governos e sociedade a percepção conjunta

da gravidade epidemiológica da doença, bem como a responsabilidade pelas medidas de

prevenção e controle. Experiências em vários países têm mostrado que a educação sanitária

e a participação ativa da comunidade para a eliminação dos criadouros domésticos

constituem medidas eficazes para a redução tanto do vetor quanto da doença (Gubler &

Clark 1996, van Benthem et al. 2002, World Health Organization 2004b). No Brasil,

embora o PNCD tenha inserido o componente educativo nas medidas de controle da

dengue, as campanhas educativas não adotaram as estratégias de mobilização social para a

adoção das práticas de prevenção nos domicílios (Chiaravalloti Neto 1997, Degallier et.al

2000).

Considerando que, ainda, não existe vacina disponível para a prevenção da dengue

e diante da ineficácia das medidas de controle vetorial, a educação em saúde associada à

estratégia de mobilização social se apresenta como medida promissora para o controle da

dengue. Ressalta-se que o principal alvo, que é a fase larvária, está presente nos criadouros

intra e peridomiciliares, os quais exigem a participação ativa da população para sua

eliminação (Tauil 2002).

Atualmente, a Organização Mundial de Saúde está utilizando a estratégia COMBI

(Communication-for-Behavioural-Impact), que consiste na incorporação das técnicas de

marketing social (propagandas) às ações de educação em saúde. A partir de um estudo

prévio do conhecimento da população sobre a dengue e os saberes sobre as medidas de

Page 46: Conhecimento e Percepção da população sobre

Justificativa 29

prevenção, o passo seguinte é o planejamento das estratégias de mobilização social para a

aceitação das medidas estabelecidas para o controle da doença e para a adoção de hábitos

sanitários saudáveis (World Health Organization 2004b).

O presente estudo está em consonância com os atuais propósitos das ações

educativas, com vistas ao controle da dengue. Até o momento, não se tem conhecimento

de outros estudos que investigaram o conhecimento sobre a doença, a percepção de risco,

as práticas preventivas e que abordou 100% da área urbana de Goiânia. As informações

obtidas, poderão subsidiar o programa de controle da dengue no município tanto no que se

refere às áreas que devem ser priorizadas no processo educativo quanto no planejamento

das estratégias de mobilização social.

Page 47: Conhecimento e Percepção da população sobre

Objetivos 30

3. Objetivos

Page 48: Conhecimento e Percepção da população sobre

Objetivos 31

3.1. Objetivo Geral

Investigar o conhecimento e a percepção da população sobre as características

clínicas da dengue, mecanismo de transmissão da doença e medidas de controle vetorial

peri e intradomiciliar, visando estabelecer uma linha de base populacional para estratégias

de educação em saúde no município de Goiânia.

3.2. Objetivos Específicos

3.2.1. Determinar a freqüência dos conhecimentos sobre os sintomas e sinais clínicos da

dengue, dos mecanismos de transmissão da infecção e das principais medidas de

controle do vetor nos domicílios.

3.2.2. Identificar fatores preditores de risco sócio-demográficos associados ao

conhecimento e a percepção da população sobre a doença, mecanismo de

transmissão e práticas de controle vetorial.

Page 49: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos

32

4. Materias e métodos

Page 50: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 33

4.1. Área de estudo e População

O estudo foi realizado na cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás, situada na

região central do Brasil e distante de Brasília a 207 km. A cidade caracteriza-se por clima

mesotérmico, úmido e com temperaturas médias anual variando entre 20 e 38 °C, sendo a

primavera, a estação mais quente. As temperaturas mais baixas, entre 18 a 21°C ocorrem

de maio a agosto. Os índices de precipitação pluvial variam de 1 500 a 2 000 mm anuais,

com as chuvas concentrando-se nos meses de dezembro a março. A estimativa censitária

da população de Goiânia é de 1 090 737 habitantes, sendo 1 082 868 habitantes

concentrados na área urbana de 740 Km², e densidade populacional de 1 474 hab/Km2

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2002). A cidade apresenta alta cobertura de

serviços básicos, sendo 100% dos bairros com coleta regular de lixo e 98% das residências

com acesso a água tratada (Companhia de Saneamento do Estado de Goiás 2003,

Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia 2003).

O Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia (PDIG/2000) estabeleceu a base

territorial do município, agregando ruas, avenidas e bairros em 1 066 setores censitários,

63 distritos censitários e 11 macro-regiões de planejamento urbano. A definição dos limites

geográficos e a conformação destas macro-regiões foram estabelecidas com base em

critérios de homogeneidade sócio-econômica, estudos de planejamento urbano e

características físico-territoriais (Maciel 1999; Secretaria Municipal de Planejamento

2002). Atualmente, o município possui cerca de 310 134 lotes, reunidos em 17 505

quadras, com uma média de 17,7 lotes por quadra. Os dados espaciais de ruas, lotes,

quadras, bairros, setores censitários e macro-regiões estão contidos no Mapa Urbano

Básico Digital de Goiânia - MUBDG/2000 (Companhia de Processamento de Dados de

Goiânia 2002).

Para a descentralização política, técnica e administrativa, a Secretaria Municipal de

Saúde adotou a base territorial estabelecida pelo PDIG/2000, e dividiu o município em

nove macro-regiões: Central, Leste, Mendanha, Norte, Noroeste, Sul, Sudoeste, Oeste e V.

Meia-Ponte. Cada macro-região é composta por rede de serviços ambulatoriais,

hospitalares, serviços de referência para o diagnóstico e tratamento e núcleos de vigilância

Page 51: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 34

à saúde. O Programa de Saúde da Família (PSF) foi implantado em 1998, e é composto por

101 equipes que cobrem 23% da população (Noroeste, Norte, Leste, Mendanha, Sudoeste e

Oeste). As ações de controle do dengue são realizadas por 437 agentes distribuídos por

setores censitários, com cobertura de 92% do município (Secretaria Municipal de Saúde

2002). Em relação às características sócio-econômicas, os distritos de localização

periférica concentram as altas proporções de chefes de família com renda inferior a dois

salários mínimos (linha de pobreza). As regiões Meia-Ponte, Noroeste e Oeste

correspondem às áreas identificadas como sendo de piores indicadores sócio-econômicos,

onde 43 a 61% dos chefes de família têm renda inferior a dois salários mínimos (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística 2002, Secretaria de Planejamento de Goiânia 2002).

Os índices de analfabetismo variam de 2,1 a 5,9%, sendo que a região Noroeste concentra

o maior percentual de analfabetos do município (5,9%). As regiões Meia-Ponte e Noroeste

correspondem as áreas de expansão urbana, onde a infra-estrutura é relativamente escassa.

As regiões Central, Leste e Oeste são áreas mais antigas e contam com infra-estrutura

adequada em relação às demais (Secretaria de Planejamento de Goiânia 2002).

4.2. Delineamento do estudo

Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, de janeiro a fevereiro de

2002, no município de Goiânia, Goiás. O presente estudo faz parte do projeto intitulado

“Vigilância da Dengue em área urbana: Análise espacial e dinâmica de transmissão”,

realizado no município de Goiânia. Trata-se de um inquérito domiciliar que teve como

objetivos, avaliar a prevalência da infecção pelos vírus da dengue e analisar o

conhecimento e percepção da população sobre dengue, seu vetor e medidas de prevenção,

que é o objeto da presente dissertação.

4.3. Amostragem

Inicialmente as 9 macro-regiões foram agrupadas em 6 áreas, observando-se a

contigüidade espacial e a similaridade das soroprevalências para a infecção pelo vírus da

dengue obtidas do inquérito domiciliar realizado no ano anterior (2001). Utilizou-se uma

amostragem probabilística em três estágios de seleção, tendo como unidades amostrais os

setores censitários, os domicílios e os indivíduos, respectivamente. No primeiro estágio

Page 52: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 35

realizou-se o sorteio de 50% dos 1066 setores censitários (n=533), cuja probabilidade de

inclusão foi proporcional ao número de domicílios existentes nas áreas. No segundo

estágio selecionaram-se as quadras e lotes para a identificação dos domicílios, observando-

se a proporcionalidade da densidade populacional e dos domicílios. Dessa forma, as áreas

que apresentaram maiores densidades populacionais foram alocadas maior número de

domicílios. No terceiro estágio selecionaram os moradores com idade igual ou acima de 7

anos e que estavam presentes no momento da visita domiciliar. Com o auxílio do Sistema

de Mapas Digitais de Goiânia-SIGGO ID, foram produzidos mapas das micro-áreas com a

identificação das respectivas quadras e lotes selecionados para o inquérito domiciliar. Para

a presente investigação de conhecimento e percepção sobre dengue foram incluídos os

participantes com idade igual e superior a 15 anos.

A Figura 9 apresenta a distribuição espacial das macro-regiões e as respectivas

prevalências da infecção do vírus da dengue no município de Goiânia. Observa-se que as

menores prevalências foram encontradas nas regiões Mendanha (23,6%) e Meia Ponte

(23,7%) e as maiores, nas regiões Leste (38,5%), Noroeste (39,2%) e Sul (41,6%).

Page 53: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 36

Figura 9. Soroprevalência da infecção pelo vírus da dengue pelas macro-regiões no município de Goiânia, Goiás, 2001.

R5

R6

R3 R9

R8

R4

R2R7

R1

28,8%

29,9%

26,4%41,6%

39,2%

28,2%

23,7%38,5%

23,6%

0 2 4 6 8

Km

N

Macro-Regiões (R)R1 = Meia PonteR2 = MendanhaR3 = SudoesteR4 = CentralR5 = OesteR6 = NorteR7 = LesteR8 = NoroesteR9 = Sul

Prevalência de infecção pelo vírus dengue (%)

23,5 – 23,723,8 – 29,930,0 – 41,6

Brasil

R5

R6

R3 R9

R8

R4

R2R7

R1

28,8%

29,9%

26,4%41,6%

39,2%

28,2%

23,7%38,5%

23,6%

R5

R6

R3 R9

R8

R4

R2R7

R1

28,8%

29,9%

26,4%41,6%

39,2%

28,2%

23,7%38,5%

23,6%

0 2 4 6 8

Km

0 2 4 6 8

Km

NN

Macro-Regiões (R)R1 = Meia PonteR2 = MendanhaR3 = SudoesteR4 = CentralR5 = OesteR6 = NorteR7 = LesteR8 = NoroesteR9 = Sul

Prevalência de infecção pelo vírus dengue (%)

23,5 – 23,723,8 – 29,930,0 – 41,6

BrasilBrasil

O tamanho da amostra de cerca de 3 000 indivíduos foi calculado levando-se em

conta as variações de 24 a 42% de prevalências de infecção pelo vírus da dengue nas

macro-regiões, obtidas no inquérito domiciliar de 2001 e estimando-se um aumento de 5 a

6% da infecção (incidência) para o inquérito do ano subseqüente (2002) (Siqueira-Júnior et

al. 2002). Assim, cerca de 500 indivíduos foram selecionados em cada uma das macro-

regiões. Sorteou-se um número adicional de lotes (10%) para eventuais substituições nas

situações de lotes desocupados e não residenciais. Em caso de prédio de apartamentos

procedeu-se ao sorteio de um apartamento. O total de participantes obtidos para o estudo

de soroprevalência foi de 2 978, sendo que para a investigação do conhecimento e

percepção sobre dengue foram excluídos 155 indivíduos menores de 14 anos, totalizando

2 823 participantes.

Page 54: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 37

A Tabela 3 ilustra o cálculo do tamanho das amostras segundo as macro-regiões do

estudo. Observa-se que os setores censitários com maior densidade populacional foram

alocados maior número de domicílios.

Tabela 3. Distribuição da amostra segundo as macro-regiões do município de Goiânia, Goiás, 2002.

Macro-região N° Setores Censitários

N° de domicílios estimados

Setores Censitários sorteados

N° domicílios sorteados por Setor Censitário

Total dos domicílios amostrados

Mendanha e Meia Ponte 173 51 900 87 4 484 Leste e Sul 208 62 400 104 4 584 Noroeste 84 25 200 42 9 531 Central e Oeste 418 125 400 209 2 586 Sudoeste 126 37 800 113 6 528 Norte 57 17 100 29 13 520 Total 1 066 31 9800 584 4 2 988 Fonte: COMDATA e IBGE 2002.

4.4. Coleta de dados

Para a coleta de dados nos domicílios foi utilizado um questionário, auto –

administrado, estruturado com perguntas fechadas, de múltipla escolha e composto:

i) variáveis de identificação e sócio-demográficas: setor, distrito censitário, nome

do entrevistado, endereço (rua, quadra, lote, bairro), CEP, telefone para contato, idade,

sexo, instrução do chefe de família; casa própria, tempo de moradia, número de cômodos

fechados, número de moradores permanentes no domicílio (Anexo II);

ii) variáveis relativas à percepção e práticas de controle da dengue: sintomas e

sinais clínicos da doença, modo de transmissão, locais de proliferação do vetor; as

principais medidas de controle da doença; os principais veículos informacionais; medidas

adotadas diante de um caso suspeito de dengue. Conforme mostra o Anexo III, o

participante foi instruído a marcar uma ou mais respostas correspondente a cada quesito.

iii) variáveis peridomiciliares: refere-se a uma lista contendo os principais

criadouros potenciais para o Ae. aegypti, que foram preenchidos pelo agente de controle da

dengue (Anexo IV).

Page 55: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 38

O referido questionário é uma adaptação do modelo investigativo CAP-

Conhecimento, Atitudes e Práticas, os quais foram utilizados em outros inquéritos

domiciliares dessa natureza. Antes de ser utilizado, foi pré-testado.

4.5. Organização e gerenciamento do trabalho de campo

O trabalho de campo foi coordenado por dois professores do IPTSP/UFG. A coleta

de dados foi realizada por dez equipes de campo compostas por um técnico de laboratório

para coletar as amostras sorológicas (estudo de soroprevalência), um agente do controle do

dengue para realizar a investigação entomológica; e um educador, que realizou o sorteio do

morador participante da pesquisa, e aplicou o questionário. Os técnicos que participaram

do inquérito foram selecionados entre os servidores da Secretaria Municipal de Saúde, e

receberam treinamento durante dois dias sobre a importância da pesquisa, formas de

abordagens dos moradores, preenchimento dos campos de identificação, seleção dos

participantes e aplicação do questionário.

Cada equipe de campo recebeu uma pasta, contendo um mapa impresso com os

domicílios sorteados, um questionário de identificação, um questionário para avaliar a

percepção da população sobre a doença, um questionário Entomológico, mapa diário de

campo, termo de consentimento, etiquetas e material para realizar o sorteio dos

participantes. Estas pastas eram conferidas diariamente pelos coordenadores e recompostas

com os materiais que seriam usados na visita domiciliar do dia seguinte. O trabalho de

campo foi realizado no período de 14:00 às 20:00 horas, para que houvesse maior número

de moradores adultos, e que a amostra fosse homogênea entre os gêneros.

Na visita domiciliar os técnicos explicaram o motivo da pesquisa e convidaram os

moradores a participarem do estudo. Após a seleção, aqueles que concordaram, assinaram

o Termo de Consentimento Informado (Anexo V) e preencheram o questionário. A

investigação entomológica foi realizada pelo agente de controle do dengue, e compreendeu

a pesquisa de criadouros para o Ae. aegypti e a coleta de amostras larvárias (larvas de

mosquito) nos domicílios. Essas amostras foram encaminhadas ao laboratório de

Entomologia do Departamento de Controle de Zoonoses e Vetores/SMS, para proceder à

identificação e contagem das larvas. Os criadouros pesquisados foram divididos em tambor

Page 56: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 39

/ tonel / depósito de barro, pneus, latas, vasos de plantas com água, garrafas vazias, caixa

d’água destampada, cisterna / poço sem tampa, copos descartáveis e outros Os criadouros

considerados positivos foram aqueles que apresentaram acúmulo de água e presença de

larvas do Ae. aegypti e tratados com larvicidas de poder residual (Abate). Nas residências

onde foram encontrados criadouros com as formas imaturas e adultas do mosquito – vetor

(forma alada), os domicílios foram notificados à Divisão de Controle de Vetores para a

realização do tratamento perifocal com inseticidas, que consiste da pulverização do meio

ambiente com inseticidas piretróides ou organo - fosforados a ultrabaixo volume (UBV).

Os resultados referentes à avaliação entomológica não foram inseridos no escopo do

presente estudo.

No final de cada dia, as equipes entregaram à coordenação as pastas contendo os

questionários para serem conferidos com os domicílios que foram sorteados e verificar as

consistências dos dados coletados.

4.6. Processamento e Análise dos Dados

Para analisar o conhecimento e a percepção dos participantes sobre a dengue, criou-

se uma variável dependente denominada de Índice de Conhecimento (INCONHEC). Este

indicador foi definido como sendo o conjunto dos acertos simultâneos das respostas das

quatro perguntas do questionário, abordando os sintomas e sinais clínicos da dengue,

mecanismo de transmissão, locais de reprodução do vetor e medidas de prevenção. Com

base nesse indicador os indivíduos foram classificados em conhecimento satisfatório e

conhecimento insatisfatório. Os indivíduos com conhecimento satisfatório, considerados

bem-informados sobre a doença foram aqueles que citaram a transmissão da dengue pelo

mosquito, três ou mais sintomas clínicos característicos da doença, incluindo as

manifestações hemorrágicas, dois ou mais criadouros para o vetor e duas ou mais medidas

de prevenção. Os indivíduos com conhecimento insatisfatório, considerados mal-

informados foram aqueles que não souberam ou erraram o mecanismo de transmissão da

dengue pelo mosquito ou que souberam que a doença é transmitida pelo mosquito e não

citaram pelo menos dois dos sintomas característicos da dengue, menos de dois locais de

proliferação do vetor e menos de duas medidas de prevenção.

Page 57: Conhecimento e Percepção da população sobre

Material e Métodos 40

A análise estatística foi realizado a partir de um estudo descritivo das freqüências e

de seus respectivos Intervalos de 95% de Confiança (I.C. 95%) para as variáveis

categóricas. Utilizou-se a razão de prevalência (RP) e seus respectivos I.C. 95% para a

análise de associação entre o INCONHEC satisfatório e as variáveis sócio-demográficas.

O processamento e a análise dos dados foram realizados no Departamento de Saúde

Coletiva e Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de

Goiás-UFG/GO. As variáveis do questionário – conhecimento e percepção sobre dengue,

seu vetor e medidas de prevenção foram codificadas e digitadas em um banco de dados,

utilizando-se o programa FoxPro 6.0. A análise dos dados foi por estatística descritiva,

utilizando-se o EpiInfo 6.04d (Dennis & Dean 1996).

4.7. Procedimentos éticos

Essa pesquisa faz parte do projeto “Vigilância da Dengue em Área Urbana: Análise

Espacial e Dinâmica de Transmissão”. O referido projeto foi parcialmente financiado pelo

CNPq (Processo N°470696/01) e Secretaria Municipal de Saúde. Foi coordenado pela

equipe de Epidemiologia do IPTSP/UFG e Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.

Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (CEP).

Todos os participantes assinaram termo de consentimento informado conforme

estabelecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, para pesquisa em

seres humanos.

Page 58: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados

41

5. Resultados

Page 59: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 42

A Tabela 4 apresenta as estatísticas descritivas dos 2 823 participantes do estudo,

que corresponde aos indivíduos com idade igual e superior a 15 anos. A média de idade foi

de 39,8 anos (dp=17,0), intervalo interquartílico (IQR=27; mínima de 15 e máxima de 92

anos). A maioria dos participantes foi do sexo feminino (68,6%) e apresentaram oito anos

ou menos de escolaridade (61,7%). Um percentual de 70,2% dos respondentes referiu

morar em casa própria, sendo o número médio de moradores por domicílio de 3,6 pessoas

(dp=1,6).

Tabela 4. Características sócio-demográficas dos 2 823 participantes do inquérito domiciliar. Goiânia, Goiás, 2002. Características sócio - demográficas

Participantes n= 2 823 (%)

[I.C. 95%]

Sexo

Feminino 1 937 (68,6) [66,9 – 70,3] Masculino 886 (31,4) [29,7 – 33,1] Faixa etáriaa

15 – 29 anos 965 (34,2) [32,5 – 35,9] 30 – 39 anos 562 (19,9) [18,5 – 21,4] 40 – 49 anos 487 (17,3) [15,9 – 18,7] 50 – 59 anos 374 (13,2) [12,0 – 14,5] ≥ 60 anos 435 (15,4) [14,1 – 16,8] Escolaridade b

Primeiro Grau 1 741 (61,7) [59,8 – 63,5] Segundo Grau 796 (28,2) [26,5 – 29,9] Superior 268 (9,5) [8,5 – 10,6] Moradores por domicílio

Média (dp) 3,6 (1,6) Macro-regiões

Central (R4) 408 (14,5) [13,2 – 15,8] Leste (R7) 210 (7,4) [6,5 – 8,5] Mendanha (R2) 250 (8,9) [7,9 – 10,0] Noroeste (R8) 444 (15,7) [14,5 – 17,1] Norte (R6) 416 (14,7) [13,5 – 16,1] Oeste (R5) 164 (5,8) [5,0 – 6,7] Sudoeste (R3) 388 (13,7) [12,5 – 15,1] Sul (R9) 321 (11,4) [10,2 – 12,6] Meia Ponte (R1) 222 (7,9) [6,9 – 8,9] a 283 (10%) de participantes com idade ≥ 15 e < 20 anos

b18 participantes sem informação de escolaridade

Page 60: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 43

A Tabela 5 apresenta as freqüências referentes ao conhecimento e à percepção da

população sobre os sintomas, sinais clínicos e condutas adotadas diante de um caso de

dengue. A maioria dos respondentes (90,4%) considerou-se informada sobre a dengue, o

que pode ser confirmado pelo alto percentual de pessoas que conheceram os sintomas e

sinais clínicos da doença: febre (90,4%), cefaléia (84,6%), mialgia e artralgia (78,4%),

náuseas e vômitos (53,7%), exantema (49,0%) e dor retroorbital (40,2%). Um percentual

de 84,1% dos respondentes conheceu de três ou mais sintomas da doença, sendo os mais

freqüentes a febre, cefaléia e artralgia/mialgia (Figura 9). Uma minoria (15,9%) informou

menos de dois sintomas.

Tabela 5. Conhecimento e Percepção da população sobre os sintomas e sinais clínicos característicos da dengue. Goiânia, Goiás, 2002.

Perguntas e respostas

n= 2823 (%) [I.C. 95%]

Considera-se informado sobre a doença Sim 2 553 (90,4) [89,3 – 91,5] Sintomas e sinais clínicos a Febre 2 566 (90,9) [89,8 – 91,9] Cefaléia 2 387 (84,6) [83,2 – 85,9] Mialgia e artralgia 2 214 (78,4) [76,9 – 79,9] Náuseas e vômitos 1 515 (53,7) [51,8 – 55,5] Exantema 1 383 (49,0) [47,1 – 50,8] Dor retroorbital 1 134 (40,2) [38,4 – 42,0] Hemorragia 652 (23,1) [21,6 – 24,7] Freqüência de sintomas corretos Nenhum sintoma 113 (4,0) [3,3 – 4,8] Até dois sintomas 336 (11,9) [10,8 – 13,1] De três a cinco sintomas 1 622 (57,4) [55,6 – 59,3] De seis a sete sintomas 752 (26,7) [25,0 – 28,3] Doença pode ser letal Sim 2 740 (97,1) [96,4 – 97,6] Não 52 (1,8) [1,4 – 2,4] Não sabe 31(1,1) [0,8 – 1,5] Vacina de febre amarela protege contra dengue Resposta correta 1 523 (53,9) [52,1 – 55,8] Resposta incorreta 603 (21,4) [19,9 – 22,9] Não soube / Não respondeu 697 (24,7) [23,1 – 26,3] Condutas na suspeita de dengue Procurar serviço de saúde 2 702 (95,7) [94,9 – 96,4] Automedicação 74 (2,6) [2,1 – 3,3] Não soube/não respondeu 47(1,7) [1,2 – 2,2]

a Corresponde às perguntas com mais de uma resposta correta, portanto as respostas não são mutuamente excludentes.

Page 61: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 44

A Figura 10 ilustra o conhecimento e a percepção da população sobre os principais

sintomas e sinais clínicos característicos da dengue. Observa-se que a maioria dos

participantes conheceu os principais sintomas clínicos da dengue clássica, sendo que a

febre, cefaléia, mialgia e artralgia, foram citados simultâneamente por 57,4% dos

participantes. O sinal clínico de exantema foi informado por 49,0% dos participantes.

Figura 10. Freqüências dos principais sintomas e sinais clínicos da dengue

conhecidos pelos participantes. Goiânia, Goiás, 2002.

Febre

Cefaléia

Mialgia e Artralgia

Náuseas e Vômitos

Exantema

Dor retroorbital

Hemorragia

0 20 40 60 80

%

100

O conhecimento e a percepção do sinal clínico das manifestações hemorrágicas

como sendo característico da dengue e como um alerta para FHD obteve um baixo

percentual de acerto (23,1%). A Figura 11 mostra a distribuição das freqüências do sinal

clínico de hemorragia por macro-regiões, observando-se uma variação de 12,0% a 40,0%.

Os maiores percentuais de conhecimento e percepção sobre esse sinal foram nas regiões

Sudoeste (33,8%), Central (30,1%) e Sul (29,0%), que correspondem às áreas com

melhores indicadores sócio-econômicos. Os menores percentuais foram nas regiões

consideradas de menores indicadores sócio-econômicos: Noroeste (12,8%), Meia Ponte

(14,9%) e Mendanha (19,6%). A análise da associação entre os percentuais de pessoas

bem-informadas sobre esse sinal e a escolaridade foi estatisticamente significante

Page 62: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 45

(χ2 = 49,3; gl = 1; p<0,001), observando-se que quanto maior a escolaridade maior o

percentual de acertos.

Figura 11. Distribuição dos percentuais de acertos do sinal clínico de hemorragia segundo as macro-regiões. Goiânia, Goiás, 2002.

Noroeste

Meia Ponte

Mendanha

Norte

Leste

Oeste

Sul

Central

Sudoeste

0 10 20 30 40%

50

Noroeste

Meia Ponte

Mendanha

Norte

Leste

Oeste

Sul

Central

Sudoeste

0 10 20 30 40%

50

Um percentual de 97,1% dos participantes mostrou percepção satisfatória em

relação à gravidade da doença, inclusive com chances de óbitos. Esses resultados podem

ser confirmados pelo grande número de pessoas (95,7%) que afirmou procurar assistência

médica, nas situações de suspeita de dengue. Quanto à proteção da vacina de febre

amarela, quase a metade dos participantes (46,1%) não respondeu este quesito ou afirmou

que a vacina protege contra a dengue.

A Tabela 6 apresenta as freqüências referentes ao conhecimento e a percepção da

população sobre o mecanismo de transmissão da doença, os locais de reprodução do vetor,

as medidas de prevenção e as principais práticas adotadas para o controle da dengue.

Houve um alto percentual de participantes (94,2%) que conheceu o mecanismo de

transmissão da dengue pelo mosquito. Em relação aos criadouros, os três primeiros mais

citados foram: locais com acúmulo de água limpa (72,7%), caixa d’água destampada

(68,4%) e vasos de plantas ou plantas com água (68,3%). Um percentual de 47,1% dos

Page 63: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 46

participantes identificou simultaneamente os três criadouros como locais de reprodução do

vetor no domicílio. Uma minoria (7,2%) respondeu que o lixo é um criadouro em

potencial para o Ae. aegypti.

Tabela 6. Conhecimento e a percepção da população sobre o mecanismo de transmissão, as medidas de controle e as práticas de prevenção para evitar a dengue nos domicílios. Goiânia, Goiás, 2002.

Perguntas e respostas

n =2823 (%)

[I.C. 95%]

Doença transmitida por Mosquito 2 660 (94,2) [93,3 – 95,0] Pela água 195 (6,9) [6,0 – 7,9] Pessoa a pessoa 12 (0,4) [0,2 – 0,7] Local de reprodução do mosquito – criadouros a Locais com água limpa 2 053 (72,7) [71,1 – 74,3] Caixa d’água destampada 1 932 (68,4) [66,7 – 70,1] Vasos e plantas com água 1 927 (68,3) [66,5 – 70,0] Lixo 202 (7,2) [6,2 – 8,2] Em relação ao tipo de água Limpa 2 053 (72,7) [71,1 – 74,3] Suja/barrenta 490 (17,3) [16,0 – 18,8] Medidas de controle do vetor Lavar os reservatórios de água 2 305 (81,7) [80,2 – 83,1] Destruir os depósitos com acúmulo de água 1 902 (67,4) [65,6 – 69,1] Uso de inseticidas domésticos 484 (17,1) [15,8 – 18,6] Uso de cortinado 338 (12,0) [10,8 – 13,2] Práticas de prevenção adotadas no domicílio Lavar os reservatórios de água 2 492 (88,3) [87,0 – 89,4] Destruir os depósitos com acúmulo de água 1 483 (52,5) [50,7 – 54,4] Uso de inseticidas domésticos 377 (13,4) [12,1 – 14,7] Nenhuma 33 (1,2) [0,8 – 1,6]

a correspondem às perguntas com mais de uma resposta, portanto, as respostas não são mutuamente excludentes.

Quanto ao conhecimento e a percepção sobre as medidas de controle vetorial e as

práticas adotadas para a prevenção da dengue nos domicílios, observou-se um alto

percentual de pessoas que conheceram as medidas de lavar periodicamente os reservatórios

de água (81,7%) e destruir os depósitos com acúmulo de água (67,4%). Essas medidas

também foram as práticas de prevenção mais informadas pelos moradores, sendo

respectivamente 88,3% e 52,5%. Apenas 17,1% dos respondentes informaram que utilizam

inseticidas domésticos para controlar o vetor no domicílio (Tabela 6).

Page 64: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 47

Em relação aos meios de comunicação utilizados para obterem as informações

sobre a dengue, a maioria dos respondentes informou a televisão (87,4%), em seguida o

agente de controle do dengue (45,5%) e em terceiro, o rádio (33,0%). A Figura 12 ilustra

os principais meios de comunicação citados pelos participantes para se informarem sobre a

dengue, onde se observa que uma minoria dos participantes citaram os profissionais de

saúde (18,6%) e os professores (11,8%).

Figura 12. Freqüência dos principais meios conhecidos pelos participantes para obterem as

informações educativas sobre a dengue. Goiânia, Goiás, 2002.

Televis

ão

Agente

do D

engu

eRád

io

Jorna

is e R

evist

as

Centro

de Saú

de

Materia

l Edu

cativ

o

Profiss

ional

de S

aúde

Profes

sores

da es

cola

0

20

40

60

80

100%

A Tabela 7 analisa a associação entre as características sócio-demográficas dos

participantes e o conhecimento e percepção da população sobre a dengue (INCONHEC). A

maioria dos participantes (69,1%) apresentou conhecimento satisfatório sobre a dengue e

um percentual de 30,9% dos respondentes apresentou conhecimento insatisfatório. Embora

se observou uma discreta variação nos percentuais do índice de conhecimento entre os

gêneros e as faixas etárias, a análise univariada mostrou que não houve significância

estatística entre os gêneros (p=0,12) e as faixas etárias (p=0,61).

Page 65: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 48

Em relação à escolaridade, observou-se uma associação positiva entre o

conhecimento sobre a dengue e os participantes com mais de 8 anos de estudo

(χ2 = 54,5; gl=1; p<0,001). Houve aumento significativo dos percentuais de participantes

com conhecimento satisfatório no segundo grau (RP= 1,75; I.C. 95% 1,44 – 2,12) e no

nível superior (RP= 2,48; I.C. 95% 1,77 – 3,49).

A distribuição dos percentuais do índice de conhecimento e percepção sobre a

dengue (INCONHEC) por macro-regiões apresentou uma variabilidade de 55,0% a 81,0%,

sendo estatisticamente significantes (p<0,001). O menor percentual de pessoas com

conhecimento satisfatório (55,0%) foi na macro-região Meia Ponte e o maior, na

Sudoeste (81,2%) e Sul (81,0%). Os participantes das macro-regiões com melhores

indicadores sócio-econômicos (R4, R9, R3) mostraram-se mais informados sobre a dengue

quando comparados com as regiões periféricas (R1, R8, R2).

A análise dos percentuais das pessoas que informaram adotar as práticas

preventivas nos domicílios foram discordantes dos percentuais de pessoas com

conhecimento satisfatório. Embora a maioria dos participantes tenha apresentado

conhecimento satisfatório sobre as medidas de prevenção, menos da metade (46,5%)

afirmaram que adotam essas medidas para o controle da dengue nos domicílios. Em análise

univariada, as práticas preventivas não apresentaram variabilidade estatisticamente

significante em relação às macro-regiões (p>0,05).

Page 66: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 49

Tabela 7. Associação entre o conhecimento dos participantes sobre a dengue (INCONHEC) e as características sócio-demográficas. Goiânia, Goiás, 2002.

Variáveis

INCONHEC Satisfatórioa n=2 823 (%)

RPb

bruto [I.C. 95%]

p

Sexo

Feminino 1 357/1 937 (70,1) 1,00 Masculino 595/886 (67,2) 0,96 [0,91 – 1,01] 0,12 Faixa Etária

15 – 29 anos 664/965 (68,8) 1,00 30 – 39 anos 394/562 (70,1) 1,06 [0,84 – 1,34] 40 – 49 anos 348/487 (71,5) 1,13 [0,89 – 1,45] 50 – 50 anos 250/374 (66,8) 0,91 (0,70 – 1,19] ≥ 60 anos 296/435 (68,0) 0,97 (0,75 – 1,24] 0,86 Escolaridadec

Primeiro Grau 1 119/1 741 (64,3) 1,00 Segundo Grau 604/796 (75,9) 1,75 [1,44 – 2,12] Superior 219/268 (81,7) 2,48 [1,77 – 3,49] <0,01 Macro-regiões

Meia Ponte (R1) 122/222 (55,0) 1,00 Noroeste (R8) 250/444 (56,3) 1,06 [0,75 – 1,48] 0,75 Mendanha (R2) 161/250 (64,4) 1,48 [1,01 – 2,18] 0,03 Norte (R6) 276/416 (66,3) 1,62 [1,14 – 2,29] 0,04 Oeste (R5) 109/164 (66,5) 1,62 [1,05 – 2,52] 0,02 Leste (R7) 155/210 (73,8) 2,31 [1,51 – 3,54] <0,01 Central (R4) 304/408 (74,5) 2,40 [1,67 – 3,44] <0,01 Sul (R9) 260/321 (81,0) 3,49 [2,34 – 5,23] <0,01 Sudoeste (R3) 315/388 (81,2) 3,54 [2,41 – 5,19] <0,01

aINCONHEC foi definido como o conjunto de acertos: mosquito transmissor da dengue, três ou mais sintomas e sinais clínicos, dois ou mais locais de reprodução do vetor e duas ou mais medidas de prevenção. b Razão de Prevalência

c 18 participantes sem informação de escolaridade.

A Figura 13 apresenta os percentuais de participantes com conhecimento

satisfatório sobre a dengue e os percentuais que adotam as principais práticas de prevenção

segundo as macro-regiões de Goiânia. Observa-se que os percentuais de participantes que

informaram adotar as práticas preventivas foram homogêneos em todas as macro-regiões,

não sendo observado diferenças quanto aos índices de conhecimento e percepção sobre a

dengue e às diversidades socioeconômicas das regiões (p=0,1). Mesmo nas macro-regiões

que apresentaram altos percentuais de pessoas com conhecimento satisfatório não se

observou aumento nos percentuais relativos às práticas de prevenção.

Page 67: Conhecimento e Percepção da população sobre

Resultados 50

Figura 13. Índice de conhecimento e percepção da população sobre dengue e as

práticas preventivas adotadas nos domicílios, segundo as macro-regiões.

Goiânia, Goiás, 2002.

Meia Pon

te

Noroest

eNort

e

Menda

nha

Oeste

Leste

Centra

lSul

Sudoe

ste30

40

50

60

70

80

90 Índice de conhecimento e percepção

Práticas preventivas

I.C. 95%

Prevalência

%

Macro-RegiõesMeia

Ponte

Noroest

eNort

e

Menda

nha

Oeste

Leste

Centra

lSul

Sudoe

ste30

40

50

60

70

80

90 Índice de conhecimento e percepção

Práticas preventivas

I.C. 95%

Prevalência

%

Macro-Regiões

Page 68: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão

51

6. Discussão

Page 69: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 52

Esse estudo foi o primeiro inquérito domiciliar para avaliar o conhecimento e a

percepção da população sobre a dengue, as formas de transmissão, as medidas de controle

da doença e as práticas de prevenção, abrangendo 100% da área urbana do município de

Goiânia-Goiás. Os resultados indicaram que a maioria dos participantes do estudo tem

conhecimento satisfatório sobre os sintomas da dengue clássica, bem como sobre o

mecanismo de transmissão da infecção viral, os principais locais de reprodução do vetor e

as medidas de prevenção. No entanto, a população mostrou-se pouco informada sobre as

manifestações hemorrágicas como sendo um sinal de alerta para FHD. Os menores

percentuais desse conhecimento ocorreram nas macro-regiões consideradas de piores

condições sócio-econômicas. Os dados apontaram que mesmo as medidas de prevenção

divulgadas como essenciais para o controle da dengue, como a eliminação de criadouros

para o vetor no ambiente intradomiciliar e peri-domiciliar, ainda não foram incorporadas

como atividades de prevenção pela população. Os baixos percentuais de participantes que

afirmaram adotar as medidas preventivas apresentaram distribuição homogênea em todas

as macro-regiões, independente da diversidade sócio-econômica do município. Chama a

atenção que o lixo e os materiais inservíveis, em geral, não foram conhecidos pela

população como sendo criadouros potenciais para o Ae. aegypti nos espaços intra-urbanos.

A análise da associação entre o índice de conhecimento e percepção da população sobre a

dengue foi divergente dos percentuais que informaram sobre as práticas preventivas para o

controle da doença nos domicílios.

O alto percentual de participantes que conheceu os sintomas da dengue clássica

concomitante a baixa freqüência de FHD sugere que as mensagens educativas relativas à

característica clínica da doença foram amplamente divulgadas, porém parcialmente

assimiladas pela população. O elevado índice de conhecimento e percepção dos sinais e

sintomas da dengue clássica e o pouco conhecimento sobre o quadro clínico de FHD

poderiam ser explicados pela exposição da população à transmissão da infecção viral, onde

observa-se que nas últimas décadas, há a predominância da forma clássica (não

hemorrágica). Nossos resultados estão em consonância com outros estudos brasileiros, que

apresentaram percentuais de acertos dos sintomas da dengue clássica variando de 50 a

88% e de 0 a 15% para a FHD/SCD (Chiaravalloti Neto et al. 1998, Degallier et al. 2000,

Madeira et al. 2002, Santos 2003).

Page 70: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 53

Em países asiáticos, os inquéritos domiciliares que avaliaram o conhecimento da

população sobre dengue mostraram que a febre e a hemorragia configuram entre os

principais sintomas conhecidos pela população (Goh 1995, van Benthem et al. 2002,

Kittigul et al. 2003). O elevado conhecimento sobre o sinal clínico de hemorragia, como

sendo característico de FHD, pode ser explicado pelos altos coeficientes de incidência das

formas graves e o impacto social da doença, em conseqüência das altas taxas de

mortalidade infantil e de internação na pediatria naqueles países. Desde a década de 50, há

a circulação simultânea dos sorotipos virais DEN-1, 2, 3 e 4 na maioria dos países asiáticos

(Endy et al. 2002, Nisalak et al. 2003, Wang et al. 2003, World Health Organization

2004a). No Brasil, ao contrário dos países asiáticos, a re-introdução da dengue e a

ocorrência de epidemias explosivas nos grandes centros urbanos são eventos mais recentes

(1986). Nos últimos 17 anos predominaram as formas benignas de dengue clássica e com

maior acometimento da população adulta. A tendência crescente do número de casos de

FHD/SCD nos últimos dez anos, com incidência acumulada de 3 980 casos e cerca de 200

óbitos (Barbosa da Silva Jr. et al. 2002, Fundação Nacional de Saúde 2003b), indica a

necessidade de se ampliar o enfoque das campanhas educativas e o conhecimento da

população sobre os sinais característicos de FHD/SCD, com o objetivo de reduzir a

letalidade pela doença.

Nossos resultados apontam para o amplo conhecimento da população sobre a

ocorrência das formas graves da dengue e a percepção do risco de gravidade, com

possibilidade de óbito e da necessidade de cuidados de saúde. Do ponto de vista de saúde

pública, o conhecimento satisfatório da população sobre os sintomas e sinais clínicos da

dengue, a necessidade de cuidados médicos e dos serviços de saúde constituem-se na

primeira etapa do sistema de vigilância epidemiológica (Ministério da Saúde 2002a). A

identificação dos casos suspeitos da doença, pelo sistema de notificação imediata são

consideradas medidas fundamentais para desencadear as ações de vigilância, incluindo a

investigação de casos e as medidas de controle vetorial. De fato, a identificação de um caso

de dengue e a sua imediata localização espacial vem sendo o ponto de partida para os

bloqueios químicos, que consiste no uso de bombas intercostais realizados nos focos

domiciliares. A vigilância entomológica, realizada a partir do caso notificado (suspeito),

visa a interrupção da cadeia de transmissão da doença e tem sido a principal medida de

prevenção para impedir a ocorrência dos surtos explosivos nos centros urbanos (Declich &

Page 71: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 54

Carter 1994, Ministério da Saúde 2002a, Ministério da Saúde 2002c). Esses dados são

importantes pelo fato do município de Goiânia estar sob alerta para a ocorrência das

formas graves e o diagnóstico precoce ser um dos mecanismos da vigilância

epidemiológica para reduzir a letalidade por FHD/SCD (Barbosa da Silva Jr. et al. 2002,

Fundação Nacional de Saúde 2003b).

Atualmente o controle da dengue nos domicílios se baseia fundamentalmente na

aplicação de larvicidas químico nos reservatórios de água e vasos de plantas (tratamento

focal), deixando de priorizar as ações educativas e de participação comunitária para a

eliminação dos criadouros para o vetor (Santos 2003). No período de 1997 a 2001, o

PNCD registrou um aumento progressivo no número de domicílios visitados, sendo que

não foi acompanhado da redução do número de casos de dengue, ao contrário aumentou

(Teixeira et al. 2003). Além do alto custo, dos danos causados à saúde e ao meio ambiente,

essas ações tem se mostrado ineficazes para a redução da doença e dos índices de

infestação do vetor no país (Rhodain 1996, Donalisio 1999, Augusto et al. 2000, Tauil

2002, Santos 2003).

Esse estudo mostrou que um alto percentual de pessoas associou a proteção da

vacina de febre amarela contra a dengue (respostas incorretas). Essa possível confusão da

proteção específica da vacina de febre amarela poderia estar relacionada com os conteúdos

utilizados pelas campanhas educativas, em que o mosquito Ae. aegypti como sendo o vetor

de ambas as infecções. O Estado de Goiás, inclusive Goiânia, compreende as áreas

silvestres de febre amarela, onde desde 1999, a vacina é obrigatória. Nesse mesmo ano, o

município registrou um óbito de uma criança de 5 anos, em conseqüência de febre amarela

pós-vacinal e que foi o primeiro caso laboratorialmente confirmado no Brasil (Vasconcelos

et al. 2001). Nos anos seguintes houve uma ampla difusão das campanhas educativas em

todos os meios de comunicação com o objetivo de intensificar a cobertura vacinal, em que

se enfatizou a presença do vetor no município e sua relação com a transmissão da dengue e

da febre amarela. É evidente a necessidade de se aprimorar as informações e os conteúdos

educativos, elucidando a especificidade da vacina contra febre amarela, a falta de uma

vacina contra a dengue e a importância da participação ativa da população nos programas

de prevenção da dengue. Essas informações são cruciais para que a população compreenda

Page 72: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 55

a importância da eliminação dos criadouros domésticos como sendo uma das principais

medidas eficazes para o controle da doença (Tauil 2001, Dias 1998a, Macoris et al. 1997).

O índice de conhecimento e percepção sobre a dengue, indicador construído com as

variáveis de mecanismos de transmissão, sintomas e sinais clínicos da doença, principais

criadouros para o vetor e medidas de prevenção, mostrou uma tendência crescente

conforme o aumento do nível de escolaridade dos respondentes. No entanto, não se

observou associação positiva entre os altos índices de conhecimento e percepção sobre a

dengue e os percentuais de pessoas que adotaram as práticas preventivas para o controle

vetorial nos domicílios. Esta dissociação entre o nível de conhecimento e as práticas

preventivas (comportamentos) tem sido amplamente abordadas em diferentes contextos da

saúde, principalmente naquelas em que o comportamento humano é fator determinante

para a ocorrência dos casos: doenças sexualmente transmissíveis, tabagismo, doenças

cardiovasculares e outras endemias (Santana et al. 1997, Duncan et al. 1998, Szwarcwald

et al. 2000, Ferreira 2003). Considerando-se os aspectos da educação formal e o seu papel

na disseminação do conhecimento, seria de se esperar que quanto maior o nível de

escolaridade melhor seria a assimilação e a compreensão das informações. O passo

seguinte seria as mudanças de comportamentos para a adoção das medidas sanitárias tanto

no âmbito individual quanto coletivo.

Estudos sobre a sociologia da cultura têm mostrado que a educação formal, que tem

como base os conceitos científicos, pode auxiliar os indivíduos a melhorar o

conhecimento, no entanto, a adoção dos saberes como práticas parecem que estão

relacionados a outros fatores. O fato das pessoas bem-informadas sobre a doença absterem-

se de adotarem novos comportamentos saudáveis pode ter relação com o contexto sócio-

cultural e econômico em que os indivíduos estão inseridos (Diehr et al. 1993, Diez-Roux

1998, Acioli & Carvalho 1998, Diez-Roux 2002, Machado 2003, Krieger 2003). Segundo

alguns autores, o conhecimento científico aliado à educação em saúde (sanitária) seria uma

estratégia para o desenvolvimento de novos valores e atitudes saudáveis nos indivíduos,

preparando-os tanto para o exercício do pensamento crítico quanto para as mudanças

coletivas (Trivelato 1994, Ávila-Pires 2003). Possivelmente, esta estratégia se apresenta

promissora para a mobilizacão social para a adoção das práticas sanitárias e que

Page 73: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 56

contribuiria não só para o ambiente saudável das cidades como também para a redução das

doenças sócio-ambientais, inclusive a dengue (Teixeira et al. 2003).

Vários estudos mostraram que a educação em saúde nas escolas constitui numa

estratégia de mobilização social eficaz para o controle da dengue nos centros urbanos.

Além da ampla disseminação das informações sobre as medidas de prevenção, os alunos,

professores e familiares são incentivados a participarem ativamente das ações preventivas

para a adoção dessas medidas, nas escolas e nos domicílios (mudanças de

comportamentos). Estudos conduzidos em Honduras (Hernández et al. 1995), na Colômbia

(Fajardo et al. 2001), no Brasil (Madeira et al. 2002), na Venezuela (Vivas & Guevara De

Sequeda 2003), mostraram que após o processo educativo houve uma redução significativa

dos índices de infestação do vetor, em conseqüência da participação ativa dos alunos e dos

familiares para a eliminação dos criadouros artificiais dos domicílios.

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde formulou uma estratégia

denominada de COMBI (Communication-for-Behavioural-Impact) que consiste na

incorporação das técnicas educativas de IEC e marketing social (propagandas) voltadas

para a mobilização social e para a adesão comunitária às medidas de prevenção das

doenças transmissíveis, inclusive a dengue. Uma das estratégias da COMBI implantado

para o controle da dengue na Malásia, refere-se à mobilização de cerca de 200 000

escolares e de seus respectivos familiares na eliminação de criadouros artificiais para o Ae.

aegytpti, que estão presentes nos domicílios. Após três meses de campanha, observou-se

que 87% dos domicílios visitados não tinham criadouros para o vetor. Na segunda

avaliação, três meses depois, constatou-se que 97% dos domicílios não tinham criadouros.

Esses resultados mostraram que houve adesão às medidas preventivas tanto dos alunos

quanto dos familiares (Renganathan et al. 2003, San Martín & Prado 2004, World Health

Organization 2004b).

Nessa investigação, o índice de conhecimento e percepção da população sobre a

doença não esteve associado com as faixas etárias maiores de 15 anos e nem com os

gêneros. Adolescentes e adultos foram a população desse estudo, não tendo sido avaliado a

percepção sobre dengue em crianças. Vale ressaltar que o presente estudo foi realizado no

domicílio e a maioria dos participantes presente foi de mulheres. A mesma predominância

Page 74: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 57

foi observado no inquérito sorológico para dengue realizado anteriormente no município

de Goiânia (Siqueira-Júnior et al. 2002). No entanto, há evidências na literatura indicando

que as mulheres apresentam melhor conhecimento sobre as questões relacionadas à saúde

quando comparado com os homens. Entre as justificativas estaria a maior responsabilidade

das mulheres pela manutenção das condições sanitárias dos domicílios e pela saúde da

família (Winch et al. 1991, Chiaravalloti Neto 1997, Santana et al. 1997, van Benthem et

al. 2002).

A análise dos índices de conhecimento e percepção sobre a doença segundo as

macro-regiões de Goiânia apresentou uma variabilidade, significando que a assimilação e a

compreensão das informações educativas não ocorreu de forma homogênea. As macro-

regiões Sudoeste, Sul e Central, que compreendem aos bairros com melhores condições

sócio-econômicas, apresentaram altos percentuais de pessoas com conhecimento

satisfatório sobre a doença. O contrário foi observado nas macro-regiões Meia Ponte,

Noroeste e Mendanha, que compreendem os bairros com menores condições sócio-

econômicas, e que têm cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) e dos agentes de

controle da dengue. Estudo conduzido em Campinas (São Paulo) apontou, também, para

uma associação positiva entre residir em áreas com melhores condições sócio-econõmicas

e maior conhecimento sobre a dengue quando comparado às áreas periféricas

(Donalisio et al. 2001). Os baixos percentuais de pessoas com conhecimento satisfatório

nessas macro-regiões sugerem a necessidade de se investir em ações educativas de forma

participativa, considerando as diversidades sócio-culturais da população local. Embora o

conhecimento possa não se traduzir em mudanças de comportamentos, existem evidências

de que o processo de participação comunitária e a incorporação das práticas preventivas

são melhores aceitas nos grupos com elevado conhecimento sobre a doença (Clark 1995,

Hernández et al. 1995, Kroeger et al. 1995, Rosenbaum et al. 1995, Donalisio et al. 2001,

Chiaravalloti et al. 2002, Madeira et al. 2002, Clark et al. 2003).

O conhecimento da população sobre os locais de reprodução e proliferação do vetor

parece que estão em concordância com os enfoques das campanhas educativas. Mais da

metade dos participantes conheceu simultaneamente caixa d’água destampada, vasos de

plantas com água e recipientes com água limpa (latas, garrafas, pneus e outros) como

sendo os principais locais de reprodução e proliferação do vetor nos domicílios. No

Page 75: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 58

entanto, uma minoria dos participantes reconheceu o lixo como um possível local de

proliferação do vetor. A falta de conhecimento dos participantes em relação ao lixo, pode

estar relacionada à pouca abordagem nas campanhas educativas ou a falta de

caracterização “do que é lixo”. Dependendo do contexto social do indivíduo, o lixo assume

diferentes valores, podendo variar desde inservíveis ou uma relíquia até um patrimônio,

que pode ser revertido em capital (catadores de papel, pets, garrafas) (Rodrigues 1995,

Dias 1998). Outra possibilidade estaria relacionada com os conteúdos utilizados nas

campanhas educativas, onde se enfatizou que o mosquito prolifera em locais com sombra,

água limpa e fresca. Os altos percentuais de acertos sobre a preferência do mosquito pela

água limpa podem ter confundido os participantes, onde o lixo caracterizado como sendo

um ambiente sujo, e por isso não seria um criadouro para o vetor.

Atualmente um dos grandes problemas para o controle da dengue nos centros

urbanos refere-se aos inúmeros criadouros que estão sendo gerados no lixo e que na

maioria são os inservíveis de modo geral, presentes nos domicílios, nas construções e nos

pátios das indústrias. Esses macro-criadouros seriam os responsáveis pela disseminação e

pela manutenção da densidade do vetor nos centros-urbanos, inclusive pela manutenção do

Ae. aegypti nos micro-criadouros presentes nos domicílios (Penna 2003). Em Goiânia, o

último levantamento de índice larvário (LI-Rápido) realizado no período de 15 a

19/03/2004, mostrou que 98% dos estabelecimentos que apresentaram criadouros positivos

(presença de larvas de Ae. aegypti) se referiam a residências (Secretaria Municipal de

Saúde 2004). Diante disso, pode-se concluir que os principais criadouros para o vetor estão

nos domicílios e que a única medida eficaz para o controle da dengue seria a eliminação

desses criadouros. Para o controle da doença, faz-se necessário ampliar as fiscalizações

sanitárias nos estabelecimentos com macro-criadouros e implementar o processo educativo

para a mobilização social para a aceitação das medidas preventivas e para o

acondicionamento adequado dos resíduos sólidos.

Dentre as medidas de prevenção reconhecidas pelos participantes como sendo

eficazes para controlar a doença no domicílio, a principal medida foi lavar periodicamente

a caixa d’água, e em segundo lugar destruir os recipientes que acumulam água. Menos de

¼ dos participantes informaram sobre a utilização de inseticidas domésticos como forma

de controlar a dengue nos domicílios. Esses resultados indicaram que essa medida foi

Page 76: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 59

pouca utilizada pela população, ficando as ações de combate químico do vetor sob

responsabilidade do programa de controle vetorial. Embora fora do escopo desse estudo,

durante a visita domiciliar foram investigados alguns criadouros como tambores, caixa

d’água destampada, pneus, latas, vasos de plantas, garrafas vazias, descartáveis e outros.

Os inservíveis (latas, garrafas, descartáveis) foram os principais criadouros, seguido de

vasos de plantas e pneus (dados não apresentados).

Sobre as fontes onde foram obtidas as informações educativas sobre a dengue, o

principal veículo foi a televisão, em seguida o agente de controle da dengue e o rádio.

Embora o agente de controle da dengue exerça um papel fundamental como educador e na

divulgação das medidas preventivas, ele apareceu em segundo lugar. Os profissionais de

saúde foram menos citados como agentes educadores . Considerando o alto percentual dos

participantes que afirmaram que procurariam assistência médica diante de um caso

suspeito de dengue, o processo educativo para o controle da dengue deve buscar a

integração dos profissionais de saúde com a população (paciente) para a divulgação das

informações sobre a doença e as medidas preventivas. Esta estratégia tem sido usada em

outros países como componente indispensável nos programas de educação em saúde,

principalmente para a disseminação das medidas de prevenção. Além do baixo custo

dessas ações, essa estratégia mostrou ser bastante eficaz para estimular a população à

adoção de novos hábitos, principalmente pela credibilidade das recomendações desses

profissionais aos pacientes. Swaddiwudhipong et al (1992) em um inquérito domiciliar

(CAP), conduzido na Tailândia, discutiu a importância do trabalho de educação em saúde

desenvolvido pelos profissionais de saúde como sendo a melhor medida para a

disseminação e divulgação das informações sobre FHD/SCD e as medidas preventivas.

Em relação às práticas preventivas, observou-se uma divergência entre o índice de

conhecimento sobre as medidas de prevenção e as práticas adotadas para o controle da

dengue nos domicílios. Embora a maioria dos participantes tenha apresentado um elevado

índice de conhecimento satisfatório, somente a metade afirmou que utilizam essas medidas

preventivas, principalmente em relação à eliminação dos criadouros com depósito de água.

Esses resultados indicaram que o percentual de pessoas que incorporaram as medidas

preventivas foi homogêneo em todas as macro-regiões, mesmo considerando as regiões

Page 77: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 60

com melhores condições sócio-econômicas e os altos percentuais de pessoas bem-

informadas sobre a doença.

No caso da dengue, a população pode hesitar em aderir às práticas preventivas de

eliminar os criadouros para o vetor, principalmente se existir outro problema sanitário de

maior relevância na região. A falta de infra-estrutura das regiões periféricas das cidades,

têm levado o estoque de água em recipientes inadequados e o acúmulo de lixo tanto nas

residências quanto nas vias públicas e lotes baldios, constituindo-se em um importante

fator para a manutenção da dengue nos centros urbanos (Strickmam et al. 1990, Degallier

et al. 2000, Oliveira & Valla 2001, Brassolatti & Andrade 2002). No entanto, mesmo nas

regiões com infra-estrutura adequada, onde se concentram o maior número de pessoas

bem-informadas sobre a doença observa-se que os altos índices de infestação do vetor

estão relacionados com outros criadouros, principalmente as plantas (bromélias), vasos de

plantas e piscinas (Marcoris et al. 1997, Secretaria Municipal de Saúde 2004).

Uma das justificativas para a pouca adesão da população de Goiânia às práticas

preventivas pode estar relacionada com o processo educativo que não priorizou as

estratégias para a mobilização social para o problema. As campanhas educativas

enfatizaram os conteúdos informativos sobre a doença e não inseriram os mecanismos que

incentivassem a participação ativa da população nas medidas de prevenção. Segundo

alguns autores, a falta de participação comunitária para as medidas de controle da dengue

deve-se aos métodos utilizados nas campanhas educativas, em que as mensagens

educativas tradicionais apresentaram-se técnicas, dissociadas do contexto sócio-cultural

dos indivíduos, fragmentadas e de difícil compreensão (Tauil 2001, Chiaravalloti et al.

2001, Dias 1998a, Oliveira & Valla 2001, Levy et al. 2003).

Além disso, as medidas preventivas estiveram centradas no combate químico do

vetor, inclusive em termos de investimentos financeiros. Os maiores investimentos do

PNCD foram para as ações de controle vetorial e em menor escala, estiveram as ações

educativas. No entanto, as medidas químicas não foram eficazes para impedir a

disseminação do vetor e dos vírus pelo país, o que pode ser comprovado pelo atual perfil

epidemiológico da doença (Teixeira et al. 2003, Santos 2003, Ministério da Saúde 2003b,

Barbosa Júnior et al. 2003). Diante disso, a participação da população para a eliminação

Page 78: Conhecimento e Percepção da população sobre

Discussão 61

dos criadouros peri e intradomiciliares constituem medidas promissoras para a redução dos

índices de infestação do vetor nas cidades. Além do baixo custo das ações, ressalta-se a

continuidade dessas medidas, a melhoria das condições sanitárias, a redução da dengue e

das doenças relacionadas às condições sócio-ambientais, maior comprometimento dos

indivíduos com os problemas coletivos (Tauil 1986, Lloyd et al. 1994, Gubler & Clark

1996, Tauil 2002, World Health Organization 2004b).

Em conclusão, esse inquérito domiciliar evidenciou lacunas nas informações sobre

a dengue, principalmente em relação ao sinal clínico de manifestações hemorrágicas como

sinal de alerta para FHD. Os baixos percentuais de pessoas que aderiram às práticas

preventivas mostraram a necessidade de se inserir as estratégias de mobilização social e as

áreas que devem ser consideradas de prioridade para as intervenções educativas.

Page 79: Conhecimento e Percepção da população sobre

Conclusões

62

7. Conclusões

Page 80: Conhecimento e Percepção da população sobre

Conclusões 63

− Os resultados mostraram que a população do município de Goiânia tem uma

percepção satisfatória sobre a dengue clássica, mecanismo de transmissão,

medidas de controle e de prevenção da doença. O sinal clínico de

hemorragia não foi associado ao quadro clínico de FHD/SCD, sendo este

conhecimento mais difundido nas macro-regiões com melhores condições

sócio-econômica.

− Há evidências mostrando que as informações educativas foram amplamente

divulgadas no município e parcialmente assimiladas pela população. Mesmo

as medidas divulgadas como essenciais para o controle da dengue, como a

eliminação dos criadouros artificiais para o vetor no ambiente peri e

intradomiciliares, não foram incorporadas como atividades de prevenção

pela população.

− A maioria da população não reconheceu o lixo e materiais inservíveis, em

geral, como sendo um local de reprodução e proliferação para o Ae. aegypti.

Page 81: Conhecimento e Percepção da população sobre

Referências

64

8. Referências

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Page 94: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos

77

9. Anexos

Page 95: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos

78

ANEXO I

Anexo 4 - Necessidade de recursos orçamentários por componentes

[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11]

Pessoal 205.400,16 205.400,16

Custeio 77.195,80 1.770,00 68.000,00 400,00 9.153,10 150,00 200,00 389,00 7.255,10 87.317,20 164.513,00

Capital 2.225,51 29.568,40 5.900,00 817,00 1.644,10 40.155,01 40.155,01

Subtotal 282.595,96 3.995,51 29.568,40 - 73.900,00 400,00 9.153,10 150,00 200,00 1.206,00 8.899,20 127.472,21 410.068,17

Pessoal 39.956,88 - 39.956,88 39.956,88

Custeio 25.000,00 - 25.000,00 25.000,00

Subtotal - 39.956,88 - 25.000,00 - - - - - 64.956,88 64.956,88

Pessoal 272.383,20 55.000,00 55.000,00 327.383,20

Custeio 95.686,65 5.000,00 5.000,00 100.686,65

Subtotal 368.069,85 - 55.000,00 - - - - - - - 5.000,00 60.000,00 428.069,85

Pessoal 79.710,73 16.850,17 16.850,17 96.560,90

Custeio 34.161,74 - 34.161,74

Subtotal 113.872,48 - 16.850,17 - - - - - - - - 16.850,17 130.722,65

Pessoal 557.494,09 71.850,17 39.956,88 - - - 111.807,05 669.301,14

Custeio 207.044,19 1.770,00 - - 68.000,00 25.400,00 9.153,10 150,00 200,00 389,00 12.255,10 117.317,20 324.361,39

Capital - 2.225,51 29.568,40 - 5.900,00 817,00 1.644,10 40.155,01 40.155,01

TOTAL 764.538,29 3.995,51 101.418,57 39.956,88 73.900,00 25.400,00 9.153,10 150,00 200,00 1.206,00 13.899,20 269.279,26 1.033.817,55

Legislação SUBTOTAL

RECURSOS ADICIONAIS

ÓRGÃO NATUREZA DA DESPESA

RECURSOS ATUAIS Vigilância

Epidemiológica Combate ao vetor Integração com PACS/PSF

Saneamento ambiental

Educação em saúde,

comunicação e mobilização

social

MINISTÉRIO DA SAÚDE TFECD (*)

SMS E SES TFECD

TODOS

RECURSOS TOTAISCapacitação de

Recursos Humanos

FUNASA

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Sustentação política

Acompanhamento e avaliação Reserva Técnica

FUN

ASA

- julho/2002 - pág. 20

Page 96: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos

79

Anexo II

O

2 - Nome 3 - Ender Qd. __ 4 - Nome 5 - Fone ( 6 - Data d 7 - Sexo 8 - Grau d ( 1 ) Ana 9 - Casa P 10 - Tem 11 - No d 12 - No d

SETOR CENSITÁRIO __________ DISTRITO CENSITÁRIO __________ (DC)

LOTE ____________ QUADRA __________

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO

SC ( )

LOTE ( )

QUADRA ( )

1- EtiquetaCódigo

Questionário Domiciliar

Doc - 1Investigação de Dengue em Goiânia – 2002

Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia UFG/IPTSP/DMTSCD

IDENTIFICAÇÃ

: _______________________________________________________ eço:Rua _________________________________________________

___ Lt. _____ No ___

do Bairro: _______________________________________________

contato): ___________________

e Nascimento ______ / _____ / _______Idade________(anos).

( 1 ) Masculino ( 2 ) Feminino

e Instrução do Chefe de família.

lfabeto ( 2 ) 1o Grau ( 3 ) 2o Grau ( 4 ) Superior ( 9 ) Não sabe

rópria: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 9 ) Outros

po que mora no Bairro? ______anos ______ meses.

e cômodos fechados, fora os banheiros ________.

e moradores permanentes no domicílio ________.

NOME ( )

END ( )

BAIRRO ( )

FONE ( )

IDADE ( )

SEXO ( )

INSTR ( )

CASAP ( )

TMOR ( )

NCOM ( )

NMORA ( )

Page 97: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos 80

13 – Você est 14 – Você já t 15 – Se SIM, 16 – Se SIM, 17 – O último ( 1 ) Méd 18 – Foi vacin 19 – ( 1 ) Info 20 – Houve c ( 1 ) Sim Se Sim, q 21 – Casos de ( 1 ) Sim

22 – Concorda e2 ) Não 23 – Sangue col2 ) Não 24

25 – Entrevistad Data da entrevis Observações:__ __________________________

ANTECEDENTES DE DENGUE

á com dengue? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 9 ) Não sabe

eve Dengue Antes: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 9 ) Não sabe

Quantas vezes você já teve dengue antes? __________

Onde: Munic/Estado. __________________________ Ano______

Onde: Munic/Estado. __________________________ Ano______

diagnóstico de dengue foi por: ico ( 2 ) Laboratorial ( 3 ) Outros

ado contra a Febre Amarela: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 9 ) Não sabe

rmação da carteira _____/ ____/_______ ( 2 ) Verbal

asos de dengue entre os residentes da Casa? ( 2 ) Não ( 9 ) Não Sabe

uantos casos ___________ ( 9 ) Não sabe

dengue nos Vizinhos? ( 2 ) Não ( 9 ) Não Sabe

TADEN ( )

TDEN ( )

NDEN ( )

MUN1 ( )ANO1 ( )MUN2 ( )ANO2 ( )

CRIDEN ( )

FAMA ( )

DV ( / / )IFAMA ( )

CDEN ( )

QCAS ( )

VDEN ( )

CONC ( )A

COLET

SCOL.....................

DCOL( / / )

RECU ( )

ENTR ( )

DTENTR( / / )

OBS ( )

m participar da coleta de sangue. ( 1 ) Sim (

etado? Hora/Data _____ h ____/____/_____ ( 1 ) Sim (

– Motivo da recusa

or _________________________

ta: ____/____/____

_________________________________________________________

__________________________________________________________

Page 98: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos 81

Investigação de dengue em Goiânia -2002

Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia – IPTSP/UFG Estudo de percepção sobre dengue, seu vetor e medidas de prevenção

Anexo III Etiqueta

1. Você sabe o que é dengue? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não

PARA AS PRÓXIMAS PERGUNTAS, VOCÊ PODE MARCAR TODAS QUE ACHAR CORRETO

2. Como a doença dengue é transmitida? (1) Pessoa a pessoa (2) pelo ar

(3) por mosquitos (4) pela água

(5) pela saliva (99) não sei

3. Quais são os sintomas mais comuns que uma pessoa com dengue tem? (1) febre (2) dor de cabeça (3) tosse (4) dor nos ossos e corpo

(5) dor por trás dos olhos (6) manchas no corpo (7) inchaço nas pernas (8) náusea e vômitos

(9) diarréia (10) sangramento (11) pressão alta (99) não sei

4. Você pode citar forma(s) de controlar a transmissão de dengue pelo mosquito? (1) lavar periodicamente os reservatórios de

água (2) usar cortinados (3) usar inseticida de queimar (espiral)

(4) usar inseticida de bater / borrifar (spray em lata, bomba )

(5) destruir depósitos que juntem água (99) não sei

5. Aonde você ficou sabendo destas medidas? (1) rádio (2) televisão (3) centro de saúde (4) material educativo (cartazes, panfletos,

etc)

(5) profissional de saúde (médico, enfermeiro, etc)

(6) jornais e revistas (7) agente do dengue que visitou sua casa (8) professores da escola

6. Em que lugar o mosquito do dengue se reproduz? (1) em água suja / barrenta (2) no lixo (3) em vasos ou plantas com água (4) em caixa d´agua destampada

(5) em água limpa (6) vasos de plantas sem água (7) em depósitos com água (latas, garrafas, copos)

7. Como você evita a presença de mosquitos na sua casa? (1) Lavando os depósitos que armazenam ou contêm água toda semana (2) Destruindo depósitos úteis e inúteis de água (3) Usando inseticida em spray ou bomba (4) Usando inseticida de queimar (espiral) (5) Não faço nada (99) Não sei 8. O que você faria se você achar que alguém da sua família está com dengue? (1) Tomaria remédio por conta própria (2) Iria à farmácia (3) Iria ao médico ou posto de saúde

(4) Tomaria remédio caseiro (5) Não faria nada

9. Na sua opinião, o dengue é uma doença que pode levar a morte? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 10. A vacina contra Febre Amarela protege contra a Dengue? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não (99) Não Sei

Page 99: Conhecimento e Percepção da população sobre

Anexos 82

Anexo IV

Investigação de dengue em Goiânia -2002 Etiqueta Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia – IPTSP/UFG

Investigação Entomológica

Recipientes: 1. Tambor / Tonel / Depósito de barro ( 1 ) Sim ( 2 ) Não

Se sim, é um reservatório de água: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 2. Pneus ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 3. Latas ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 4. Vasos de plantas com água: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 5. Garrafas vazias: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 6. Caixa d´água destampadas: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 7. Cisterna / poço sem tampa: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 8. Copos descartáveis: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 9. Outros: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Especificar:

TT ( )

RA ( )

PN ( )

LT ( )

VP ( )

GV ( )

CD ( )

CP ( )

CO ( )

OUT ( )ESO ( )