o conhecimento da população e a prevenção e combate a incêndios residenciais

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1 O conhecimento da população e a prevenção e combate a incêndios residenciais Thiago Ahrons Vianna (UNISINOS – [email protected]) Orientador: Luíz dos Anjos (UNISINOS – [email protected]) Resumo: Os objetivos da LC 420/98 de Porto Alegre e da NR 23 são reduzir a possibilidade de incêndio, proteger a vida dos ocupantes de edificações em caso de incêndio e pânico, minimizar a probabilidade de propagação do incêndio e reduzir os danos causados as estruturas e o número de vitimas, provocados por um incêndio. Para que estes objetivos sejam atingidos, é necessário que os responsáveis pelas edificações implantem as adequações e sigam as recomendações estabelecidas. A população em geral não possui preocupação quanto aos perigos de um incêndio, assim como não possui o conhecimento básico de como agir caso necessite enfrentar uma ocorrência com fogo. Este artigo apresenta os principais meios de propagação do fogo, as formas de extingui-lo e através de pesquisa qualitativa, encontrar o grau de preocupação e conhecimento dos responsáveis pelos condomínios residenciais perante uma possível ocorrência de incêndio. Palavras-chave: Incêndio, Prevenção, Extintores. 1. INTRODUÇÃO Frequentemente os periódicos do Brasil informam sobre incidentes envolvendo incêndios residenciais e industriais, sendo que nos meses de inverno ocorre um aumento dos casos, principalmente na região Sul do País. Este aumento nos casos de incêndio é causado pela queda da temperatura, o que favorece para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas e a utilização de sistemas de aquecimento, tanto os elétricos como os por queima de combustíveis, como por exemplo, o papel, a madeira e o álcool. Estas informações veem de encontro a uma pesquisa americana que aponta os meses de inverno, como os que registram o maior número de ocorrências de incêndio (Flynn 2010). Aonde é apontado o frio e o aumento do consumo de bebidas alcoólicas como os responsáveis por cerca de 40% de mortes por incêndio residencial, conforme Smith (1999). Em Porto Alegre, no ano de 2011, o Primeiro Comando Regional de Bombeiros registrou 944 ocorrências de incêndio em residências, cerca de 75% do total de ocorrências (1.116) envolvendo fogo. No mesmo período o Corpo de Bombeiros realizou cerca de 1.830 vistorias em empreendimentos na cidade de Porto Alegre, advertindo 1.220 por irregularidades ou desconformidades em relação ao Plano de Prevenção e Combate a Incêndio – PPCI. O PPCI é exigido por órgãos públicos para qualquer tipo de imóvel, desde as residências até as indústrias, obedecendo a suas características e necessidades. Seus objetivos

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Artigo que fala sobre a conscientização da população e a prevenção e combate a incêndio

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Page 1: O Conhecimento Da População e a Prevenção e Combate a Incêndios Residenciais

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O conhecimento da população e a prevenção e combate a incêndios residenciais

Thiago Ahrons Vianna (UNISINOS – [email protected]) Orientador: Luíz dos Anjos (UNISINOS – [email protected])

Resumo: Os objetivos da LC 420/98 de Porto Alegre e da NR 23 são reduzir a possibilidade de incêndio, proteger a vida dos ocupantes de edificações em caso de incêndio e pânico, minimizar a probabilidade de propagação do incêndio e reduzir os danos causados as estruturas e o número de vitimas, provocados por um incêndio. Para que estes objetivos sejam atingidos, é necessário que os responsáveis pelas edificações implantem as adequações e sigam as recomendações estabelecidas. A população em geral não possui preocupação quanto aos perigos de um incêndio, assim como não possui o conhecimento básico de como agir caso necessite enfrentar uma ocorrência com fogo. Este artigo apresenta os principais meios de propagação do fogo, as formas de extingui-lo e através de pesquisa qualitativa, encontrar o grau de preocupação e conhecimento dos responsáveis pelos condomínios residenciais perante uma possível ocorrência de incêndio.

Palavras-chave: Incêndio, Prevenção, Extintores.

1. INTRODUÇÃO

Frequentemente os periódicos do Brasil informam sobre incidentes envolvendo

incêndios residenciais e industriais, sendo que nos meses de inverno ocorre um aumento dos

casos, principalmente na região Sul do País. Este aumento nos casos de incêndio é causado

pela queda da temperatura, o que favorece para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas

e a utilização de sistemas de aquecimento, tanto os elétricos como os por queima de

combustíveis, como por exemplo, o papel, a madeira e o álcool.

Estas informações veem de encontro a uma pesquisa americana que aponta os meses

de inverno, como os que registram o maior número de ocorrências de incêndio (Flynn 2010).

Aonde é apontado o frio e o aumento do consumo de bebidas alcoólicas como os responsáveis

por cerca de 40% de mortes por incêndio residencial, conforme Smith (1999).

Em Porto Alegre, no ano de 2011, o Primeiro Comando Regional de Bombeiros

registrou 944 ocorrências de incêndio em residências, cerca de 75% do total de ocorrências

(1.116) envolvendo fogo. No mesmo período o Corpo de Bombeiros realizou cerca de 1.830

vistorias em empreendimentos na cidade de Porto Alegre, advertindo 1.220 por

irregularidades ou desconformidades em relação ao Plano de Prevenção e Combate a Incêndio

– PPCI.

O PPCI é exigido por órgãos públicos para qualquer tipo de imóvel, desde as

residências até as indústrias, obedecendo a suas características e necessidades. Seus objetivos

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são: (i) saídas suficientes para retirada do pessoal em serviço e moradores, em caso de

incêndio; (ii) equipamento suficiente para combater o fogo em seu início; (iii) pessoas

capacitadas ao uso dos equipamentos, proporcionando maior segurança às pessoas.

Em busca de maior segurança e comodidade, o homem do presente busca o melhor

aproveitamento econômico do solo urbano, surgindo então os condomínios, tanto horizontais

como verticais, residenciais e/ou comerciais, visto que o temor dos assaltos, acompanhados da

violência, faz com que as pessoas procurem por locais com maior sensação de segurança, o

que os condomínios propiciam (Souza, 1999).

Neste contexto de segurança em condomínios, é importante ressaltar a necessidade da

elaboração, acompanhamento e efetivação do PPCI em condomínios residenciais, pois fazer o

plano apenas para obter o alvará do Corpo de Bombeiros, pode futuramente colocar a vida de

todas as pessoas residentes ou trabalhadoras do empreendimento em perigo.

Para confeccionar um PPCI se faz necessário utilizar a Norma Regulamentadora 23

(NR 23) e no município de Porto Alegre a Lei Complementar 420/98 (LC 420) que dispõem

das informações básicas pra prevenção e combate ao incêndio. O ambiente deve ter saídas

para a retirada imediata das pessoas que estão no local, equipamentos suficientes para

combater um princípio de fogo, e pessoas treinadas para a utilização correta desses

equipamentos. Para combater um principio de incêndio, a NR-23 e a LC-420 focam em dois

pontos, sendo eles, os exercícios de alerta e os extintores de incêndio.

Conforme Karter (2012), cerca de 85% de todas as mortes envolvendo fogo nos

Estados Unidos em 2011 ocorreram em residências, sendo que a maioria das vitimas de

incêndio morreram em decorrência da fumaça e/ ou gases tóxicos e não das queimaduras.

Conforme Ahrens (2011), cozinhar é a principal causa de incêndios residenciais,

seguido por sistemas de aquecimento elétrico e o tabagismo. Sendo que as condições críticas

durante uma ocorrência com incêndio ocorrem quando a temperatura se eleva para mais de

75ºC e/ ou as concentrações de monóxido de carbono ultrapassam 5.000 ppm e/ ou a

concentração de oxigênio cai para menos de 10% (SEITO et. al., 2008).

Godoy (2005) ressalta que prevenir custa muito pouco em relação à reconstrução de

algo destruído pelo fogo, inúmeros são os casos aonde o valor gasto para reconstruir bens

perdidos em um incêndio é mais de dez vezes o valor gasto para prevenir.

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O tema deste trabalho é descrever os princípios e tipos de incêndio que podem ocorrer

em condomínios residenciais e analisar o grau de segurança da população em geral, relatando

os princípios da Norma Regulamentadora 23 e da Lei Complementar 420.

A justificativa deste trabalho esta relacionada com a falta de conhecimento da

população civil em relação à NR 23 e a LC - 420 do município da Cidade Porto Alegre, que

juntas visam relacionar os procedimentos, equipamentos e quantidades necessárias para a

prevenção e possível combate de um principio de incêndio em condomínios. A falta de

conhecimento e preocupação da população pode estar relacionada com a falta de divulgação e

destaque dos órgãos competentes sobre as ocorrências de incêndio e os principais motivos que

ocasionam um sinistro, tais como aquecedores, velas, vazamentos de gás, fios elétricos e o

tabagismo. Entretanto, é necessário avaliar o grau de conhecimento da população que reside

em condomínios para entender seu preparo em eventuais ocorrências.

Este trabalho tem como objetivo principal relacionar a NR–23 e a LC–420 na

prevenção de sinistros de incêndio em condomínios residenciais.

Os objetivos secundários deste trabalho são: (i) Identificar e relacionar as diretrizes da

NR-23 e da LC-420 em relação às ações e procedimentos para a prevenção de sinistros em

residências; (ii) Apresentar o resultado de uma pesquisa feita com moradores de condomínios;

Este trabalho apresenta as seguintes delimitações: (i) Não será feita a estruturação do

problema da aplicação prática; (ii) A ênfase será dada a estruturação das necessidades e

obrigações em condomínios residenciais; (iii) Não serão abordados os métodos e os cálculos

para definição de riscos e necessidades especiais de prevenção por tipo de edificação.

A estrutura deste trabalho, além da presente seção de caráter introdutório, é composta

por mais 5. A seção 2 apresenta o referencial teórico sobre a Teoria do Fogo e os métodos

para a extinção de incêndios, apresenta ainda as classes de extintores existentes, suas

funcionalidades e a formação de uma brigada de incêndio. Na seção 3 é realizado o

desdobramento da metodologia da pesquisa. A seção 4 descreve os resultados encontrados em

uma pesquisa sobre prevenção de incêndio e realiza uma avaliação estatística sobre os

resultados obtidos. Por último, são apresentadas as conclusões sobre os assuntos abordados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Secco (1982), o fogo é uma necessidade à vida moderna, sendo inicialmente

usado exclusivamente para o aquecimento do homem que vivia nas cavernas. Atualmente o

fogo possui várias utilidades para as indústrias, transportes, produção de energia, elaboração

de alimentos entre outros.

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2.1. Definição de Fogo

O fogo, também chamado de combustão, é um processo químico, decorrente da

transformação de materiais combustíveis e inflamáveis que possui como resultado a produção

de calor e luz. Os elementos necessários para que haja fogo são: (i) o combustível; (ii) o

oxigênio; (iii) e o calor. A combinação destes três elementos recebe o nome de Triângulo do

Fogo. (CAMILLO JR, 2010). A Figura 1 abaixo ilustra o Triangulo do Fogo.

Figura 1 – Triangulo do Fogo.

Fonte: Adaptado de WIKIPÉDIA. (2012)

O Combustível é o elemento que alimenta o fogo e auxilia na sua propagação, sendo

que o combustível pode ser um sólido, um líquido ou um gás (CAMILLO JR, 2010).

O oxigênio, segundo Secco (1982), também chamado de comburente, é o elemento

que possibilita a intensificação das chamas e da combustão, portanto, em ambientes pobres de

oxigênio o fogo não tem chamas, e nos ambientes ricos em oxigênio, as chamas são intensas,

brilhantes e com elevada temperatura.

Contudo, o inicio do fogo se dá através de uma fonte de calor, através dele o fogo se

propaga pelo combustível (CAMILLO JR, 2010).

Para que o fogo se mantenha, é necessário que os elementos presentes no triângulo do

fogo tenham uma reação em cadeia que gera mais calor, o chamado Quadrilátero do Fogo

(CAMILLO JR, 2010), apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Quadrilátero do Fogo.

Fonte: Adaptado de WIKIPÉDIA. (2012)

Porém, é importante ressaltar que o fogo fora de controle, pode vir a se transformar em

um incêndio.

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2.1.1. Definição de Incêndio

Um Incêndio pode ser definido como sendo uma ocorrência de fogo fora de controle,

que possui grandes possibilidades de ser extremamente perigosa para as estruturas e aos seres

vivos, podendo até mesmo causar a morte (CAMILO JR, 2010).

Um incêndio pode se propagar de quatro formas: (i) por Irradiação, aonde ocorre o

transporte de energia através do ar suportada por infravermelho e ondas eletromagnéticas; (ii)

por Convecção, aonde a energia é transportada pela movimentação do ar aquecido durante a

combustão; (iii) por Condução, onde a energia é transportada através de um condutor de calor;

(iv) pela projeção de partículas inflamadas que pode ocorrer na presença de explosões e

fagulhas transportadas pelo vento (Secco, 1982).

2.1.2. Classes de Incêndio

Para facilitar os estudos sobre os tipos de incêndios encontrados e determinar a melhor

ação para extinção de cada um, se adotou uma classificação com quatro classes gerais

denominadas: (i) Incêndio de Classe A, que são os incêndios que se verificam em corpos

combustíveis comuns como madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plásticos, que

quando queimam deixam cinzas e brasas, e para sua extinção necessita de resfriamento para

que se reduza a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição; (ii)

Incêndio de Classe B, que são os incêndios que se verificam em líquidos inflamáveis ou

combustíveis, tais como: óleo, querosene, gasolina, tintas, álcool, etc., que quando queimam

não deixam brasas ou resíduos, sendo também estão incluídos os gases inflamáveis, que para

sua extinção, são utilizados o principio do abafamento; (iii) Incêndio de Classe C, que são os

incêndios que se verificam em equipamentos elétricos e instalações, e que para sua extinção é

necessário um meio extintor não condutor de eletricidade; (iv) Incêndio de Classe D, são os

incêndios que se verificam em metais pirofóricos (magnésio, titânio e lítio), e para sua

extinção são necessários agentes extintores especiais, que isolem o ar atmosférico

interrompendo a combustão, que tenham por base cloreto de sódio, cloreto de bário, mono

fosfato de amônio ou grafite.

Sendo que o que difere o tipo de incêndio basicamente, é o tipo de combustível

utilizado para efetuar sua queima; (v) Incêndio de Classe K, são os incêndios que ocorrem em

cozinhas industriais, de restaurante e/ ou residências, com produtos como: gordura, banha,

óleos, etc., são incêndios difíceis de lidar, uma vez, que o combustível se encontra em elevada

temperatura e no estado líquido. Na Figura 3 é apresentado as cores e imagens utilizadas para

cada Classe de Incêndio.

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Figura 3 – Tipos de Incêndio

Fonte: Adaptado de CAMILLO JR. (2010)

Da mesma forma que existem tipos de incêndio, houve a criação de diferentes formas

de extingui-los, através de elementos capazes de romper com o triangulo do fogo.

2.1.3. Métodos de Extinção de Incêndio

Um incêndio só irá ocorrer se houver presente os três elementos do triangulo do fogo,

portanto, para extinguí-lo, deve-se desfazer o triangulo, isto é, retirar um de seus lados, a

retirada do material, o resfriamento e o abafamento. Há também a extinção química. (Secco,

1982).

O método de Retirada do Material, segundo Secco (1982), não exige aparelhos

especializados, apenas a força física e consiste em retirar e/ou afastar o material que ainda não

foi atingido pelo incêndio, causando a diminuição ou interrupção do fornecimento de

combustível. Conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 – Método de Retirada de Combustível.

Fonte: Adaptado de CAMILLO JR. (2010)

O método de Abafamento consiste na eliminação do oxigênio ou comburente das

proximidades imediatas do combustível. Nos pequenos incêndios é possível utilizar como

abafador, tampas, panos, cobertores e etc. Para incêndios de maiores proporções se faz

necessário o uso de aparelhamento e produtos específicos, tais como extintores do tipo

espuma, pó químico seco (P.S.Q.), dióxido de carbono (CO2) ou água sob a forma de neblina.

Abaixo, na Figura 5, é apresentado o Triangulo do Fogo com a retirada do comburente.

Figura 5 – Método de Abafamento.

Fonte: Adaptado de CAMILO JR. (2010)

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O método de resfriamento é mais utilizado e consiste em roubar o calor do material

incendiado, para que não emita mais vapores, que por efeito do aquecimento reagem com o

oxigênio produzindo a combustão. Agentes extintores tais como a água, o dióxido de carbono

e a espuma atuam principalmente desta maneira. A Figura 6 apresenta o Triangulo do Fogo

com a retirada da fonte de calor.

Figura 6 – Método de Resfriamento.

Fonte: Adaptado de CAMILO JR. (2010)

Conforme Godoy (2005), os agentes extintores de uso mais difundido são os

Extintores de Incêndio, porém estes agentes são para uso em princípios de incêndio, que são

aqueles com até 1m³, uma vez que sua carga e seu tempo de utilização são de curta duração.

Os extintores de incêndio seguem a mesma classificação dos tipos de incêndio, conforme

segue: (i) Extintor de Água: A água é o agente extintor de uso mais comum, podendo ser nas

formas de jato ou neblina, produzido à alta pressão, por meio de um esguicho com orifício

circular de descarga. É o meio por excelência para extinção de incêndios da classe "A"

(GODOY, 2005); (ii) Camillo Júnior (2010) informa que os extintores a base de espuma são

expecificos para incêndios de classe B. A espuma atua na extinção do fogo agindo

inicialmetne por abafamento, entretanto por conter moleculas de água, secundariamente, atua

também por resfriamento. Conforme Camillo Júnior (2010) há duas formas de produção de

espuma: (i) Química, que é resultante da combinação de duas substâncias, o Bicarbonato de

Sódio e o Sulfato de Alúminio; (ii) Mecanica, que é a resultante da mistura de água com um

agente espumogêno. (iii) O extintor de CO2, é um gás que não alimenta a combustão, quando

liberado abaixa rapidamente a temperatura até – 70ºC. É um agente extintor por abafamento,

pois cria uma atmosfera rica em CO2 e, logo, pobre em oxigênio. Não é um gás venenoso,

contudo, do mesmo modo que não suporta a combustão, também não consegue dar suporte a

vida humada, causando sufocamento. É indicado para incêndios do tipo C, uma vez que, não

conduz eletricidade, motores ou máquinas, combustiveis e produtos quimicos. Não deve ser

usado em produtos quimicos que possuam sua propria fonte de oxigênio, e incendios da classe

D. O CO2 é também utilizado em extintores portáteis, sendo empregado em incêndios das

classes "B" e "C". (iv) O Pó Químico Seco (P.Q.S.) é utilizado principalmente na extinção de

incêndios do tipo “B” e “C”, porém deve-se evitar o uso junto a equipamentos eletrícos e/ou

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eletrônicos, visto provocar danos nos mesmos. Pode ainda ser utilizado na extinção de

incendios do tipo “A”, pois possui ação eficiente nas chamas, contudo por não possuir ação

por resfriamento, acaba não sendo eficaz. Sua ação principal é por quebra da cadeia de reação,

ou seja, realiza a quebra do tetraedro do fogo, fazendo com que a combustão seja eliminada.

O PQS age ainda por abafamento, uma vez que, quando aquecido, forma um residuo fundido

e pegajoso, formando uma camada isolante na superficie do combustivel. Possui pouca

propriedade extintora por resfriamento e por radiação, não sendo muito indicado nestes casos.

Pode ser fabricado à base de três substancias: (i) Bicabonato de Sódio, eficiente no combate

aos incendios do tipo “B” e “C”; (ii) Sais de Potássio, eficiente no combate aos incendios do

tipo “B”; (iii) Monofosfato de Amônia, sendo eficiente para os incêndios do tipo “A”, “B” e

“C” (CIEB, 2012); (v) Incêndios em metais combustíveis e pirofóricos utilizam a ação de

extintores à base de cloreto de sódio para realizar a extinção da chama através do isolamento

entre o metal e a atmosfera, são chamados de incendios de classe D; (vi) Utiliza uma solução

de Acetato de Potássio, que realiza o resfriamento do material em chamas, além de realizar

um efeito de abafamento. É indicado para incêndios de classe K, seu uso é indicado para

Hospitais, praças de alimentação, escolas, restaurantes (PROTEGE, 2012). Abaixo, na figura

7, segue esquema de como funciona um extintor de incêndio.

Figura 7 – Esquema de um extintor.

Fonte: Adaptado de CAMILO JR. (2010)

Conforme a NR-23, em empreendimentos com risco de fogo pequeno como é o

apresentado em condomínios residenciais, se faz necessário o mínimo de 2 unidades

extintoras por pavimento, sendo que sua localização não pode ser superior a 20 metros de

distância de qualquer ponto do mesmo. Abaixo na Figura 8, se visualiza a representação de

um extintor em relação a uma unidade extintora.

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Figura 8 – Tabela de Unidade Extintora.

Fonte: Adaptado de NR 23 (2011)

É importante ressaltar que os extintores de incêndio devem estar em locais de fácil

visualização, fácil acesso e aonde haja a menor probabilidade do fogo bloquear o seu acesso.

A localização dos mesmos deve estar sinalizada por uma seta ou circulo da cor vermelha e

bordas amarelas. A parte superior dos extintores não pode estar acima de 1,60 m (um metro e

sessenta centimetros) do solo, os mesmos não podem estar localizados em escadas e não

podem ficar obstruidos por materiais.

Outro meio exitente para o combate de incêndios é o Sistema de Hidrantes, que é

composto por reservatórios de água, bombas de incêndio, tubulações, hidrantes, abrigos,

registros de recalque, mangueira, chave de mangueira e esguichos. Possuem como objetivo

dar continuidade à ação de combate a incendios até seu domínio e possível extinção. Possui

básicamente a utilização de água, sendo que atua na extinção das chamas por resfriamento.

Conforme a LC-420, um sistema de hidrantes se faz necessário sempre que o empreendimento

possuir altura superior à 12m e/ou área total superior à 800m². É importante atentar para que

seja desligada a chave de distribuição de energia, a fim de evitar acidentes com descarga

elétrica (CAMILO JR., 2010). Na figura 9, é apresentado o sistema de hidrante.

Figura 9 – Sistema de Hidrante.

Fonte: Adaptado de Godoy (2005)

Quando o empreendimento possuir altura igual ou superior a 12 metros de altura e/ou

800 m² deverá ser instalado um sistema de iluminação de emergência, sistema esse que possui

a finalidade de fornecer o mínimo de iluminação necessária para que ocorra a evacuação do

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empreendimento de forma segura. Sua instalação deve ser feita em locais que facilitem a

orientação e visualização de obstáculos e mudanças de direção (LC 420, 2001).

Ainda é possível utilizar sistema de aviso sonoro, que tem por finalidade avisar aos

ocupantes do empreendimento sobre uma situação de emergência. Cada pavimento do

condomínio deverá ser provido de um número suficiente de pontos capazes de por em ação o

sistema de alarme adotado, o som emitido pelo alarme deve ser distinto em tonalidade e altura

de todos os outros dispositivos acústicos existentes. É importante ressaltar que os botões de

acionamento dos dispositivos devem estar nas áreas comuns do condomínio (NR 23, 2011).

Será ainda necessário, caso o empreendimento possua altura superior à 12m e/ou 800

m² a existência de escadas enclausuradas e acima destas medidas, escadas enclausuradas à

prova de fumaça (LC 420, 2001).

O empreendimento deve ainda possuir uma equipe treinada e capacitada para prevenir

e/ ou atuar em casos de emergência com fogo, a prestar os primeiros socorros e abandonar o

empreendimento se necessário. Essa equipe recebe a denominação de Brigada de Incêndio,

conforme a NR 23, deve ser formada por funcionários do condomínio e/ou pelos responsáveis

pela administração do mesmo. O Apêndice A apresenta o Fluxograma recomendado para

guiar a Brigada de Incêndio em caso de uma ocorrência.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Metodologia é a parte que descreve como o projeto será realizado (ROESCH, 2009, p.

125). Este capítulo visa apresentar a metodologia adotada para a execução da pesquisa de

conhecimento da população, em relação a prevenção e combate a incêndios.

3.1 Caracterização do tipo de estudo

Segundo Roesch (2009, p. 154), pesquisas qualitativas servem para uma avaliação

formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um programa, plano ou mesmo

quando se trata de selecionar metas de um programa e construir uma intervenção. Na pesquisa

qualitativa o enfoque foi o exploratório, que segundo Gil (2002, p. 41) tem como objetivo

principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Segundo Gil (2002, p. 130)

a etapa exploratória tem o objetivo de descobrir o que as variáveis significativas parecem ser

na situação e que tipos de instrumentos podem ser usados para obter as medidas necessárias

ao estudo final.

Os entrevistados foram questionados sobre o conhecimento que possuem sobre o que

fazer em caso de incêndio.

Page 11: O Conhecimento Da População e a Prevenção e Combate a Incêndios Residenciais

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Este trabalho se desenvolveu por meio de pesquisa do conhecimento dos moradores de

condomínios exclusivamente residenciais em relação à prevenção e combate a incêndios.

3.2 População alvo de estudo

A pesquisa foi aplicada em pessoas que residem em condomínios exclusivamente

residenciais e assim deter informações pertinentes para esta pesquisa científica.

3.3 Coleta de dados

O plano para coleta de dados foi realizado através de questionário, que segundo

Lakatos e Marconi (2005), é um instrumento de coletas de dados constituído por uma série

ordenada de perguntas, que devem ser respondidas sem a presença do entrevistador. Para

McDaniel e Gates (2006, p. 322) o questionário é um conjunto de perguntas que geram os

dados necessários para que se possam atingir os objetivos do projeto de pesquisa.

Os questionários foram enviados aos síndicos de condomínios residenciais para que

através do levantamento dos dados da pesquisa, se possa analisar e apresentar os resultados.

Deste modo, utilizando o critério escolhido pelo pesquisador de escolher os síndicos

de condomínios a fim de atingir o objetivo específico: relacionar a NR–23 e a LC–420 na

prevenção de sinistros de incêndio em condomínios residenciais; utilizou-se a técnica de

entrevista conforme. A partir destes resultados foram analisadas as vantagens e possíveis

desvantagens do serviço.

3.4 Plano de análise de dados

Para analisar os dados da pesquisa, foi utilizada a análise de conteúdo, segundo

Roesch (2009, p. 157), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas utilizado por meio das

respostas obtidas do pesquisador, sendo muito utilizada para estudar e analisar material

qualitativo. A figura 10 apresenta o fluxograma da pesquisa.

Figura 10: Fluxograma da pesquisa

Fonte: Autoria própria, 2012.

Page 12: O Conhecimento Da População e a Prevenção e Combate a Incêndios Residenciais

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta seção tem como objetivo apresentar a descrição e a análise de dados obtidos a

partir da aplicação da pesquisa qualitativa, buscando atingir os objetivos específicos propostos

para este projeto.

A pesquisa foi realizada por intermédio de um questionário, conforme o Apêndice B, e

realizada através de pesquisa na internet, resultando em uma amostra com 57 respostas.

Questão 1) Em caso de necessidade, você sabe onde estão localizados os extintores de

incêndio em seu condomínio?. O principal objetivo para a aplicação desta questão era obter a

informação do grau de conhecimento das pessoas sobre a localização dos extintores dentro do

condomínio em que residem. A figura 11 demonstra como os entrevistados definiram

conhecer a localização dos extintores dentro dos condomínios.

Figura 11: Localização dos extintores dentro do condomínio

Fonte: O Autor.

Conforme apresentado, 91% dos entrevistados conhecem a localização dos extintores

dentro do condomínio, caso seja necessário seu uso. Por tratar-se de um item fixo e que sua

localização segue a NR 23, deveria ser de conhecimento dos outros 100% a localização dos

mesmos.

Questão 2) Você sabe para que serve cada um dos tipos de extintores existentes?. O

objetivo desta questão é saber se os entrevistados possuem o conhecimento necessário para

utilizar o tipo de extintor de incêndio correto, de acordo com a ocorrência encontrada,

evitando que o problema se torne maior.

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Figura 12: Tipos de Extintores de Incêndio

Fonte: Coleta de Dados, 2012.

Através da figura 12, foi constatado que 25% dos entrevistados não possuem

conhecimento sobre qual extintor utilizar perante uma ocorrência de incêndio, o que em um

eventual sinistro, pode contribuir para o agravamento da situação.

Questão 3) Você sabe operar um extintor de incêndio?. Esta questão tem por

finalidade identificar se os entrevistados possuem conhecimentos básicos sobre a forma

correta de operar cada um dos quatro tipos de extintores existentes.

Figura 13: Manuseio de Extintor de Incêndio

Fonte: O Autor.

A figura 13 refere-se aos dados coletados dos entrevistados da pesquisa em relação ao

conhecimento requerido para operar um extintor de incêndio, o resultado mostra que 32% dos

entrevistados não sabem a correta forma de operar um extintor de incêndio. Este número é

considerado elevado, visto que, dependendo da ocorrência, em questão de segundo o fogo

pode fugir ao controle e se transformar em uma situação emergencial. Outro exemplo, que

pode ser citado é o fato que o conhecimento quanto à operação de um extintor de incêndio

pode auxiliar na evacuação de um empreendimento em chamas, e ajudar a salvar vidas.

Questão 4) Os extintores de incêndio estão dentro da data de validade?. O objetivo

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14

desta questão era identificar se a população do condomínio possuia conhecimento real sobre o

estado dos extintores encontrados em seu empreendimento.

Figura 14: Nível Geral de Satisfação com os serviços oferecidos pela empresa Azenha

Fonte: O Autor.

Ao analisar a figura 14, é possível verificar que em 92% das respostas, os extintores de

incêndio estão dentro do prazo de validade, Os responsáveis pela conservação do

empreendimento está realizando as verificações e substituições necessárias, visando a

segurança da população e a conservação do empreendimento.

Questão 5) Seu empreendimento possui Brigadistas de Primeiro Combate?. Nesta

questão se buscou esclarecer quanto ao conhecimento dos responsáveis pela administração

dos empreendimentos, quanto à existência e o número de brigadistas presentes no

empreendimento, seja ele de cunho profissional e/ ou residencial.

Figura 15: Brigada de Primeiro Combate.

Fonte: O Autor.

Conforme a Figura 15, apenas 14% dos empreendimentos possuem Brigadistas de

Primeiro Combate e/ ou os entrevistados não possuem conhecimento da formação de um

grupo de prevenção. Saber como agir ou possuir a ajuda de uma pessoa treinada em casos de

emergência pode fazer uma grande diferença no momento de uma ocorrência, sendo que a

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15

existência de brigadistas é obrigatória conforme a NR-23 e a LC-420.

Seito et. al. (2008), ressalta que a Brigada de Primeiro combate deve ser capaz de

executar o plano de abandono do condomínio, prestar os primeiros socorros e combater o foco

do incêndio em seu principio.

Questão 6) As saídas de emergência (se existentes) estão identificadas?/ Existem luzes

de emergência?. O objetivo desta questão é obter informações sobre a sinalização, para a

evacuação do empreendimento em caso de sinistro, uma vez que, o tempo neste caso, conta

muito.

Figura 16: Saídas de Emergência

Fonte: O Autor.

Visualizando os dados obtidos na figura 16, é possível verificar que em 65% das

respostas, existe sinalização das saídas de emergência, porém 35% dos entrevistados

informam que seus LC-420, o que favorece para a potencialização do perigo perante uma

situação de emergência com fogo.

Questão 7) Você verifica regularmente os itens de sua residência que podem causar

um incêndio (mangueira do gás, instalação elétrica, tomadas, aquecedores, fogão, etc.)?.

Nesta questão, o objetivo foi descobrir qual a importância que o pesquisado dá para

sua segurança e a prevenção individual de uma ocorrência.

Figura 17: Verificação de Segurança.

Fonte: O Autor.

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16

Por meio da Figura 17 percebe-se que existe um equilíbrio entre aqueles que realizam

a prevenção individual e aqueles que não a fazem. Tal verificação apesar de rápida e de fácil

execução, normalmente passa despercebida pela população em geral, dentre os motivos,

estima-se que a falta de conhecimento e interesse das pessoas estão entre os de maior

relevância, visto que a prevenção raramente é apresentada a população em geral.

Questão 8) Você sabe como proceder em uma situação de emergência de incêndio?.

Através desta questão, tenta-se verificar se a população que reside dentro de condomínios está

preparada para atuar em uma situação de emergência, agindo de forma rápida e correta a fim

de minimizar os possiveis danos causados por um incêndio.

Figura 18: Você sabe como proceder em caso de uma situação de emergência de incêndio.

Fonte: Coleta de Dados, 2012.

Através dos resultados obtidos na figura 18, percebe-se que 70% dos entrevistados

acredita saber como agir em caso de uma emergencia de incendio.

Sendo que a maioria das pessoas que sobrevive à uma ocorrencia com fogo não é a

mais jovem e/ou com maior força física, mas sim aquels que possui o conhecimento de como

proceder em tal situação (SEITO et. al., 2008).

Questão 9) Você sabe como prestar os primeiros socorros à uma vitima de incêndio?.

Através desta questão, tenta-se verificar se a população que reside dentro de condomínios

possui alguma instrução de como proceder para auxiliar uma pessoa vitima de uma ocorrência

de incêndio.

Page 17: O Conhecimento Da População e a Prevenção e Combate a Incêndios Residenciais

17

Figura 19: Conhecimento de Primeiros Socorros.

Fonte: Coleta de Dados, 2012.

Através dos resultados obtidos na figura 19, percebe-se que 65% dos entrevistados não

possuem o conhecimento básico para auxiliar uma vitima de incêndio em caso de uma

ocorrência, relacionam-se neste caso, as ocorrências de inalação de gases tóxicos, parada

cardíaca, queimaduras, etc. O conhecimento de como auxiliar em uma emergência é de

grande importância, visto que, o atendimento imediato muitas vezes pode ser a diferença entre

a vida e a morte.

Questão 10) Você sabe o número do telefone do Corpo de Bombeiros?. Esta questão

tem como objetivo distinguir o número da Central dos Bombeiros com o número da Central

da Polícia.

Figura 20: Telefone dos Bombeiros.

Fonte: O Autor.

Analisando a Figura 20 percebe-se 70% da população pesquisada sabe para qual

central deve ligar em casos de emergência com incêndio.

Questão 11) Você já passou por alguma situação de emergência com incêndio?. Esta

questão tem como objetivo avaliar se os entrevistados já viveram alguma situação de

emergência com incêndio.

Page 18: O Conhecimento Da População e a Prevenção e Combate a Incêndios Residenciais

18

Figura 21: Vivência de Emergência com incêndio.

Fonte: O Autor.

Através da figura 21, se verifica que 23% dos entrevistados já vivenciaram situações

de emergência com incêndio, o que representa um grupo pequeno, dentro do total de

entrevistados, porém um número representativo, visto que com toda a tecnologia existente e

formas de prevenção, em um grupo pequeno de análise (57 pessoas), cerca de 13 já passaram

por alguma situação de emergência com fogo.

Questão 12) Você possui algum conhecimento sobre a Lei Complementar de

Prevenção à Incêndio de seu Município? Com esta questão, quer-se avaliar o grau de

conhecimento da população pesquisada, com a legislação do município de sua residência/

trabalho, a fim de cumprir com o estabelecido na mesma.

Figura 22: Lei Complementar Municipal.

Fonte: O Autor.

A Figura 22 mostra que um pequeno percentual da população analisada possui

conhecimento sobre a Legislação Municipal, que rege as regras para prevenção e combate a

incêndios em condomínios. Este fato é preocupante, visto que, diariamente somos informados

pelos noticiários de ocorrências de incêndio.

Questão 13) Ao final desta pesquisa, você se sente seguro no caso de uma ocorrência

envolvendo incêndio? A última questão da pesquisa visa traçar um perfil da população

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entrevistada, a fim de, identificar o grau de segurança da população, em relação a sua

segurança quanto a ocorrências que envolvam incêndio.

Gráfico 23: Segurança perante Sinistro de Incêndio

Fonte: O Autor.

Na Figura 23, se visualiza que mais de 80% dos entrevistados não se sente seguro caso

venha a sofrer com uma emergência de incêndio em seu condomínio. Este último dado reflete

o contexto total apresentado nesta pesquisa.

4.7 Análise do resultado final

Ao final da pesquisa, se verificou que a população analisada possui grande

insegurança em relação aos procedimentos de prevenção de emergências com incêndio, visto

a grande variação entre as questões 8, 9 e 13. Se o resultado da questão 8 aponta que 70% dos

entrevistados consideram saber como proceder em uma possível ocorrência com incêndio, o

resultado da questão 9 e 13 não poderia ser de 65% e 80% respectivamente. Pois, uma pessoa

que se considera preparada para agir em caso de incêndio não poderia não saber como prestar

os procedimentos básicos de primeiros socorros e deveria se sentir segura caso uma

ocorrência ocorra.

Conforme Seito et. al. (2008), a população possui diferentes reações ao sentirem sua

integridade física ameaçada. Em incêndios é comum um comportamento de tensão nervosa ou

estresse, e não uma situação de pânico. As pessoas acabam por demorar a compreender a

situação e a ação que a mesma requer.

Outro dado importante foi obtido por intermédio do uso de uma ferramenta estatística,

utilizando a regressão linear que, segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), é uma técnica de

previsão de demanda utilizada para definir um relacionamento entre duas ou mais variáveis

correlacionadas, na qual o relacionamento entre as variáveis é representado por uma linha reta

que mostra a tendencia da equação: Y = a + bX, onde: (i) Y = Variável dependente que

estamos resolvendo; (ii) a = Intersecção no eixo Y; (iii) b = Inclinação; (iv) X = Variável

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independente. Pelo intermédio do uso da regressão, se obteve a equação: Y = -0,0997.X +

2,7773, que representa que a cada resposta, existe uma redução de -0,0997 do percentual de

pessoas com confiança em ações contra incendio, sendo que a medida que a pergunta possui

maior relevância, este número é maior. Estes dados podem ser visualizados pela figura 24,

abaixo.

Figura 24: Regressão Linear

Fonte: O Autor.

Justifica-se este comportamento com o fato de a grande maioria da população não

pensar na prevenção, atuando somente sobre a emergência quando a mesma ocorre, além de

que, a grande maioria considera a ação “sair correndo”, como forma de atuar em uma

emergência com incêndio.

O comportamento humano perante uma situação de emergência com fogo é

diretamente influenciado pelo seu conhecimento de como agir em tal situação e pelo

conhecimento e familiaridade com procedimentos possíveis de serem tomados. (SEITO et. al.

2008).

Outro fato de grande relevância é o desconhecimento dos entrevistados perante a

existência de uma Brigada de Incêndio dentro dos condomínios, que conforme a NR-23, é

obrigatória, assim como, a não existência de luzes de emergência, caso seja necessário,

conforme visto nos itens anteriores.

5. CONCLUSÃO

Procurou-se com este artigo levantar a discussão sobre a prevenção e uma possível

necessidade de ação perante incêndios em condomínios residências, e a necessidade do

compromisso do responsável pelo condomínio e de seus moradores, em manter tanto os

equipamentos de segurança, quanto a brigada de incêndio, sempre atualizados para exercer

suas funções perante uma ocorrência.

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Ressalta-se neste estudo, a falta de atenção e cuidado com um assunto extremamente

importante e que diariamente é exposto através da mídia, os danos que pode causar, tanto em

bens materiais, em pessoas e animais.

A falta de conhecimento sobre o assunto, conforme mostrado na analise do

questionário, que foi aplicado pelo período de 3 meses, entre Junho e Agosto de 2012,

apresentando anteriormente, aliado com a falta de dados para analise e estatística por parte do

Corpo de Bombeiros, contribui para o surgimento de casos de emergência com incêndio e o

crescimento do número de casos. Sendo que o presente estudo não conseguiu extrair todos os

dados necessários, visto os dados não existirem junto às autoridades competentes.

Observa-se ainda, um grande interesse por parte dos entrevistados em aprofundar o

assunto e corrigir as falhas encontradas pelos próprios entrevistados, visto entenderem o risco

ao qual estão expostos, atrelados com a visão de que prevenir é mais barato e fácil do que

corrigir o problema após a ocorrência.

Para trabalhos futuros, cita-se a necessidade de conhecer o perfil da população

residente em condomínio residencial, e o seu conhecimento e interesse com o assunto

prevenção contra incêndios, sendo possível estender o estudo para condomínios mistos e

comerciais. Sugere-se ainda a realização de uma pesquisa sobre a quantidade de condomínios

residenciais que possuem e mantem atualizado o PPCI, assim como age a fiscalização do

Corpo de Bombeiros sobre estas edificações.

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