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Jorge Barbosa, 2013 1. Descrição e Interpretação da Actividade Cognoscitiva IV Conhecimento e Racionalidade Científica e Tecnológica Adaptação do Manual: “Pensar Azul”

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Texto de apoio para o ensino secundário (De acordo com manual "Pensar Azul")

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Page 1: Conhecimento 2

Jorge Barbosa, 2013

1.  Descrição  e  Interpretação  da  Actividade  Cognoscitiva

IV Conhecimento e Racionalidade Científica e Tecnológica

Adaptação do Manual: “Pensar Azul”

Page 2: Conhecimento 2

Sumário

Realidade  versus  aparência

Cérebro  e  mente

Elementos  constitutivos  do  conhecimento

Que  é  o  conhecimento

O  conhecimento  no  Teeteto  (Platão)

Da  Vinci    Estudo  de  Embriões

1.1  Estrutura  do  Acto  de  Conhecer  

Page 3: Conhecimento 2

Problema

O  que  é  conhecer?

Page 4: Conhecimento 2

Que  conhecemos?

A  experiência  dos  sentidos  será  apenas  um  sonho?  

1A  realidade  será  aquilo  de  que  temos  experiência  sensível?2

É  legítimo  perguntar:

O  que  chamamos  realidade  não  será  apenas  uma  elaboração  da  nossa  mente  ou  uma  realidade  virtual?

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Page 5: Conhecimento 2

O  processo  de  conhecer

Saber  se  o  mundo  exterior  é  real  e  qual  a  consciência  e  o  conhecimento  que  temos  dele  é  um  dos  problemas  fundamentais  acerca  do  processo  de  recolha  e  tratamento  de  informação  a  que  chamamos  conhecimento. Barnard  68,  B68  (nuvem  negra)  

ESO  (European  Organisation  for  Astronomical  Research  in  the  Southern  Hemisphere)

Page 6: Conhecimento 2

O  processo  de  conhecer

Se,  por  exemplo,  num  dia  quente  nos  colocarmos  próximo  de  uma  pedra,  sabemos  que  somos  capazes  de  sentir  o  calor  e  ter  consciência  do  aumento  de  temperatura  no  nosso  corpo;  a  pedra,  embora  também  aqueça,  não  sabe  que  está  a  aquecer.

Os  seres  humanos,  ao  contrário  das  pedras,  apercebem-­‐se  das  suas  experiências  porque  têm  mente.

Page 7: Conhecimento 2

O  cérebro  e  a  mente

Temos  uma  mente;  mas  o  que  é  a  mente?  Como  é  que  a  mente  e  o  cérebro  interagem?

O  cérebro  (melhor,  o  encéfalo)  é  um  conjunto  de  neurónios  interligados,  um  órgão  biológico.

A  mente  é  a  faculdade  que  nos  permite  tomar  consciência  da  realidade  interior  ou  exterior,  ter  pensamentos,  sentir  felicidade,  angústia,  dor,  prazer,  tomar  decisões…

Page 8: Conhecimento 2

O  problema  filosófico

Há  uma  profunda  interdependência  entre  cérebro  e  mente  (um  comprimido  para  a  dor  de  cabeça  faz  desaparecer  a  experiência  chamada  dor.  Quando  o  meu  corpo  está  desidratado,  o  cérebro  recebe  a  informação,  a  mente  toma  consciência  e  induz  uma  resposta  do  corpo  –  beber).

Mas  qual  é  a  natureza  da  mente?  

A  mente  reduz-­‐se  ao  cérebro  ou  é  algo  mais?

Page 9: Conhecimento 2

Qual  é  a  natureza  da  mente?  

Há  duas  respostas  para  esta  pergunta:

A  mente  é  parte  do  mundo  físico,  e  os  pensamentos,  sensações,  emoções  e  experiências  são  processos  bioquímicos  que  ocorrem  no  cérebro

A  nossa  mente  é  algo  mais  do  que  a  actividade  neurológica  do  cérebro.                                      Os  pensamentos,  sensações,  emoções  e  experiências  ocorrem  no  cérebro,  mas  não  resultam  dos  seus  processos  bioquímicos

hipótese

ahipótese

b

Page 10: Conhecimento 2

Qual  é  a  natureza  da  mente?  

Pensemos  na  seguinte  situação:

Vamos  tomar  uma  refeição,  os  alimentos  têm  odores  agradáveis:    

Um  defensor  da  hipótese  a.  dirá:  

«A  passagem  de  micro-­‐partículas  pelo  nosso  aparelho  olfactivo  (nariz)  gera  um  impulso  eléctrico

que  é  transmitido  ao  cérebro,  que  o  descodifica  e  identifica  como  "cheiro  a...",  devido  às  experiências  que  teve  desde  o  nascimento.»

Um  defensor  da  hipótese  b.  responderá:  

«Alto  lá!  Eu  concordo  que  quando  tenho  uma  experiência  algo  se  passa  no  meu  cérebro.  

Reconheço  que  a  experiência  neurológica  ocorre  no  cérebro,  mas  daí  não  se  conclui  necessariamente  que  o  cérebro  seja  a  sua  causa.»

Todos  os  processos  mentais  se  resumem  a  um  processo  bioquímico  ocorrido  nos  neurónios  do  cérebro.

Page 11: Conhecimento 2

Monismo  e  dualismo

Cada  uma  das  respostas  que  vimos  corresponde  a  uma  perspectiva  filosófica:  monismo  e  dualismo.

Perspectiva  a.    Tudo  é  matéria  (o  materialismo  filosófico,  ou  fisicalismo).

Há  um  só  princípio  de  realidade  (o  monismo  filosófico).

Perspectiva  b.Há  dois  princípios  de  realidade  (dualismo  de  substância):  matéria  e  espírito.

Além  da  matéria,  existe  aquilo  que  tradicionalmente  se  chama  «alma»  (a  concepção  do  dualismo  corpo-­‐alma,  tão  importante  na  história  do  pensamento  filosófico  e  também  nas  doutrinas  religiosas).

Consequência:  se  há  um  só  princípio  e  tudo  é  matéria,  a  mente  reduz-­‐se  às  conexões  e  às  redes  neuronais  do  cérebro,  dotadas  de  uma  extraordinária  complexidade  de  funcionamento.

Page 12: Conhecimento 2

Argumentos  a  favor  do  monismo  e  do  dualismo

A  favor  do  monismo    As  experiências  realizadas  por  neurologistas,  e  a  ausência  de  provas  irrefutáveis  a  favor  da  existência  da  alma.  Muitos  neurocientistas  defendem  esta  perspectiva,  como  António  Damásio  no  livro  O  Erro  de  Descartes,  por  exemplo.

A  favor  do  dualismoOs  relatos  de  dois  tipos  de  experiência:

dos  «membros  fantasma»  

Pessoas  sujeitas  à  amputação  de  uma  perna,  por  exemplo,  queixam-­‐se  de  dores  nos  dedos  do  pé.  Como  explicar  que  o  paciente  sinta  dor,  quando  o  pé  já  não  existe?

da  «quase-­‐morte»  

Relatos  de  pacientes  que  estiveram  em  estado  de  coma  profundo  descrevendo  situações  ocorridas  nas  proximidades  e  mesmo  a  uma  certa  distância  das  suas  camas.

Page 13: Conhecimento 2

Que  conhecemos?

A  simulação  tecnológica  de  situações  reais  reforça  as  dúvidas  sobre  a  existência  do  mundo  exterior.

Nos  jogos  digitais  ou  em  instrução  num  simulador  de  voo,  os  cenários,  os  heróis  e  vilões  são  virtuais  (não  têm  existência  fora  do  software  instalado  e  da  mente  do  jogador  –  um  erro  numa  manobra  de  pilotagem  não  causa  desastres)  e,  no  entanto,  parecem-­‐nos  reais.  

O  mundo  em  que  vivemos  poderá  ser  também  uma  criação  gerada  pela  nossa  mente.

Page 14: Conhecimento 2

O  cérebro  e  a  mente  –  como  interagem?  

Hipótese  a.

A  mente  é  parte  do  mundo  físico.  As  nossas  experiências  são  processos  bioquímicos  que  ocorrem  algures  no  nosso  cérebro,numa  espécie  de  sobreposição  mente-­‐cérebro.

Perspectiva  filosófica  

Há  só  um  princípio  da  realidade  (posição  monista);  tudo  é  matéria  (materialismo  filosófico).

Segundo  esta  hipótese,  a  mente  reduz-­‐se  às  conexões  neuronais  e  às  redes  que  se  estabelecem  no  cérebro.

Page 15: Conhecimento 2

O  cérebro  e  a  mente  –  como  interagem?  

Hipótese  b.A  nossa  mente  é  algo  mais  do  que  a  actividade  neurológica  do  cérebro.  As  nossas  experiências,  embora  ocorram  no  cérebro,  não  resultamdos  processos  bioquímicos:  são  qualquer  coisa  que  se  lhes  acrescenta.

Perspectiva  filosófica  Dualismo  de  substância,  admitindo  a  existência  do  que  tradicionalmente  se  chama  «alma».  

Segundo  esta  hipótese,  há  um  dualismo  corpo-­‐alma.

Argumentos  a  favor:  a  sua  permanência  ao  longo  da  história  do  pensamento  filosófico  e  nas  doutrinas  religiosas;  a  experiência  dos  «membros  fantasma»  e  da  «quase-­‐morte».

Page 16: Conhecimento 2

Conhecimento,  sujeito  e  objecto  

No  debate  acerca  do  conhecimento,  a  argumentação  gira  em  torno  de  dois  eixos  principais:  

a  existência  de  algo  (real,  ou  virtual)  que  pode  ser  investigado  

o  sujeitoo  objectoe  a  existência  de  alguém  que  quer  conhecer  

Page 17: Conhecimento 2

Objecto  

A  palavra  objecto  pode  designar:

o  objecto  externo,  

que  existe  fora  da  mente  –  uma  pedra,  um  processo  natural  ou  social,  etc. o  objecto  percebido  

ou  construído  pela  mente,  isto  é,  aquilo  (coisa,  acção,  evento,  processo  interno  ou  externo  ao  corpo)  que,  sendo  percepcionado  pelo  sujeito,  pode  ser  investigado  e  explicado  (ou  seja,  pode  constituir  o  objecto  de  conhecimento  ou  objecto  de  estudo)

Page 18: Conhecimento 2

Sujeito  e  conhecimento

Sujeito  é  a  entidade  humana  que,  dotada  de  capacidades  receptivas  e  cognitivas,  percepciona  a  realidade  e  que  se  empenha  na  investigação  da  parcela  da  realidade  que  designa  por  objecto.  Aquilo  a  que  chamamos  conhecimento  pressupõe  uma  relação  entre  o  objecto  e  o  sujeito:  o  sujeito  tem  o  papel  activo  de  recolha  e  interpretação  da  informação  acerca  do  objecto.

Page 19: Conhecimento 2

Interpretações  /  crenças                            e  conhecimento

Há  interpretações  do  mundo  que  não  são  muito  fiáveis  (crenças  em  sentido  amplo)  e  outras  que  merecem  a  nossa  confiança,  porque  estão  justificadas.  Por  exemplo,  não  acreditamos  que  o  nosso  cérebro  esteja  fora  do  nosso  corpo,  mas  há  quem  acredite  que  o  Sol  se  move  em  volta  da  Terra.

Podemos  chamar  conhecimento  às  interpretações  não  justificadas?  

Perspectiva  Analítica

Page 20: Conhecimento 2

Epistemologia

É  preciso  distinguir  crença  e  conhecimento;  mas  o  nosso  problema  não  é  discutir  se  acreditamos  ou  não,  mas  como  é  que  justificamos  a  nossa  crença.  No  domínio  da  Ciência  e  da  Filosofia  não  basta  acreditar  (crer),  é  preciso  justificar  as  crenças.  

É  por  isso  que  se  pode  dizer  que  a  epistemologia  é  o  estudo  do  conhecimento  e  a  justificação  da  crença.

Perspectiva  Analítica

Page 21: Conhecimento 2

As  perguntas                  da  epistemologia

«As  perguntas  centrais  [da  epistemologia]  incluem:  quais  as  crenças  que  são  justificadas  e  quais  não  o  são?  O  que  podemos  conhecer?  (...)  Qual  a  diferença  entre  conhecer  e  ter  uma  verdadeira  crença?  (...)  São  estes  os  problemas  que  condicionam  a  reflexão  epistemológica  –  o  problema  da  justificação  do  conhecimento,  da  sua  possibilidade,  da  sua  estrutura  e  da  sua  relação  com  a  experiência.»

Dancy,  J.,  Epistemologia  contemporânea.  Lisboa,  Edições  70

Perspectiva  Analítica

Page 22: Conhecimento 2

Que  é  o  conhecimento?  

objectos  a  conhecer1

sensações  que  apreendam  os  objectos  captados  pelos  nossos  sentidos

2

Conhecimento  (ou  cognição)  é  um  processo  que  engloba  um  conjunto  de  actividades  através  das  quais  o  sujeito  organiza  e  procura  significação  para  a  informação  obtida.  O  processo  cognitivo  pressupõe:

percepção,  isto  é,  descodificação,  classificação  e  organização  dos  dados

3

cognição,  isto  é,  interpretação  lógico-­‐-­‐racional  da  informação

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Perspectiva  Analítica

Page 23: Conhecimento 2

Dois  tipos  de  conhecimento

Há  dois  tipos  distintos  de  conhecimento:  

o  conhecimento  

práticoo  conhecimento  

teóricoo  saber  fazer,  ou  o  saber  como  (resulta  da  experiência  quotidiana)

o  saber  que  (resulta  da  actividade  científica  e  filosófica)  

Perspectiva  Analítica

Page 24: Conhecimento 2

descreve,  explica  e  prediz  uma  realidadea

analisa  o  que  ocorre  e  explica  porque  ocorre,  permitindo  antecipar  ocorrências  futuras  

b

Características  do  conhecimento  teórico:

conjunto  das  informações  que  descrevem  e  explicam  o  mundo  natural  e  social  que  nos  rodeia

c

Dois  tipos  de  conhecimento

Perspectiva  Analítica

Page 25: Conhecimento 2

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Há  quem  defenda  que  a  epistemologia  começou  com  Platão  –  muitas  das  suas  obras  debatem  a  interligação  entre  as  perguntas  sobre  a  realidade  e  sobre  o  conhecimento.

Platão  apresentou  a  sua  filosofia  sob  a  forma  de  «diálogos»,  como  se  os  dialogantes  estivessem  a  conversar.  É  o  caso  do  diálogo  Teeteto,  onde  Sócrates  conduz  um  debate  com  o  objectivo  de  definir  o  conceito  de  conhecimento  (episteme).  

Perspectiva  Analítica

Page 26: Conhecimento 2

Metodologia  usada

Sócrates  pratica  a  maiêutica

Sócrates  (porta-­‐voz  de  Platão)  apresenta-­‐se  como  alguém  que  ajuda  os  outros  a  descobrir  (maiêutica)  o  conhecimento;  propõe,  com  carácter  provisório,  uma  definição,  examina-­‐a  e  tenta  refutá-­‐la.  

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Perspectiva  Analítica

Page 27: Conhecimento 2

Tema:  o  que  é  o  conhecimento?

Sócrates  pratica  a  maiêutica

Platão  pergunta  «O  que  é  o  conhecimento  (episteme)?»  e  procura  

debater  a  diferença  entre  crença,  ou  opinião  (doxa),  e  conhecimento,  

definindo  crença  como  um  determinado  ponto  de  vista  subjectivo  

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Perspectiva  Analítica

Page 28: Conhecimento 2

Três  definições  provisórias

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

O  conhecimento  é  sensação.1

O  conhecimento  é  opinião  verdadeira.2

O  conhecimento  é  a  opinião  verdadeira  acompanhada  de  razão  (logos).

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Perspectiva  Analítica

Page 29: Conhecimento 2

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Argumento  de  Protágoras  

o  «ser  humano  é  a  medida  de  todas  as  coisas»,  sendo,  então,  

«cada  coisa  para  mim  do  modo  como  a  mim  me  parece;  (...)  e  para  ti  do  modo  como  a  ti  te  parece».

1.    O  conhecimento  é  sensação  

Page 30: Conhecimento 2

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Refutação  de  Sócrates  (Porta-­‐voz  de  Platão)  

Premissas:  

se  cada  ser  humano  só  acede  às  suas  próprias  percepções

se  a  realidade  que  percepcionamos  (e  da  qual  fazemos  parte)  está     sempre  em  movimento  e  nenhuma  percepção  se  repete

então,  a  realidade  (e  nós  próprios)  é  reduzida  à  percepção  que  temos  dela  e  não  a  podemos  conhecer  nem  afirmar  a  sua  existência.

1.    O  conhecimento  é  sensação  

Perspectiva  Analítica

Page 31: Conhecimento 2

1.    O  conhecimento  é  sensação  

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Refutação  de  Sócrates  

Se  a  realidade  é  reduzida  à  percepção  que  temos  dela,  então:  

cada  indivíduo  tem  a  sua  versão  da  realidade  (subjectivismo)

o  próprio  sujeito  que  conhece  é  apenas  o  conjunto  das  sucessivas     percepções  sempre  diferentes  que  vai  tendo  de  si  próprio,  não  havendo     uma  entidade  humana  que  permaneça  continuamente

Por  estas  razões:  

o  argumento  de  Protágoras  nega-­‐se  a  si  mesmo  por  conduzir  a  um  subjectivismo  extremo

a  sensação  não  pode  ser  tomada  como  conhecimento

Perspectiva  Analítica

Page 32: Conhecimento 2

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Argumentação  

Se  a  sensação  (ou  percepção)  não  podem  ser  consideradas  conhecimento,  então  o  saber  deve  ser  buscado,  «naquilo  em  que  a  alma  (...)  se  ocupa  das  coisas  que  são»  e  «a  isso  se  chama  opinar».  

A  opinião  é  falsa  «sempre  que  alguém  opina  o  que  não  é».

A  opinião  é  verdadeira  sempre  que  alguém  diz  «o  que  é».

2.    O  conhecimento  é  opinião  verdadeira

Perspectiva  Analítica

Page 33: Conhecimento 2

2.    O  conhecimento  é  opinião  verdadeira

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Argumentação  

Mas  opinião  verdadeira  ainda  não  é  conhecimento,  pois  podemos  dizer  «o  que  é»  sem  saber  justificar.  Por  exemplo,  no  domínio  forense,  se  alguém  persuadir  um  juiz  acerca  de  uma  ocorrência,  o  juiz  fica  com  uma  opinião  verdadeira.  Mas,  só  a  testemunha  presencial  tem  justificação  para  a  sua  opinião  (verdadeira),  portanto,  só  ela  tem  conhecimento.  

Perspectiva  Analítica

Page 34: Conhecimento 2

3.    O    conhecimento  é  a  opinião  verdadeira   acompanhada  de  razão  (logos)

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Argumentação  (resumo)  

Sócrates  recusou  o  conhecimento  perceptivo  e  a  opinião  (crença)  verdadeira  não  justificada,  admitindo  a  hipótese  de  que  o  conhecimento  é  discurso  verdadeiro,  pois  diz  o  que  «as  coisas  são»,  e  justificado,  porque  «é  capaz  de  dar  e  receber  uma  explicação».

Perspectiva  Analítica

Page 35: Conhecimento 2

3.    O  conhecimento  é  a  opinião  verdadeira   acompanhada  de  razão  (logos)

Conhecimento  como  crença                                          verdadeira  e  justificada

Conclusão  na  perspectiva  analítica  (provisória  para  Platão):  só  é  conhecimento  a  opinião  verdadeira  acompanhada  de  razão  (logos),  isto  é,  a  opinião  justificada.

«Quando  alguém  chega  à  opinião  verdadeira  sobre  alguma  coisa,  sem  explicação,  a  sua  alma  encontra-­‐se  na  verdade,  [possui  a  verdade]  a  respeito  disso,  mas  não  a  conhece.  (...)  Aquele  que  não  for  capaz  de  dar  e  receber  uma  explicação  sobre  algo  ignora-­‐o.  [Mas]  se  chegou  a  uma  explicação,  (...)  tem  completamente  o  saber.»  

Platão,  Teeteto.  Lisboa,  Fund.  Calouste  Gulbenkian,  2005

Perspectiva  Analítica

Page 36: Conhecimento 2

Glossário

Page 37: Conhecimento 2

Realidade  virtual  

Simulação  de  um  mundo  real,  ou  imaginário,  gerada  por  computador.

Page 38: Conhecimento 2

Mente  

Faculdade  que  nos  permite  tomar  consciência  da  realidade,  quer  interior  (pensar  e  sentir)  quer  exterior  (mundo  dos  objectos),  explicá-­‐la  racionalmente,  solucionar  problemas  e  prever  acontecimentos  futuros.

Page 39: Conhecimento 2

Monismo  filosófico  

Concepção  segundo  a  qual  existe  um  só  princípio  de  realidade,  que  pode  ser  quer  a  matéria  (tudo  é  matéria)  quer  o  espírito  (tudo  é  espírito).  Opõe-­‐se  ao  dualismo,  que  aceita  a  existência  de  dois  princípios:  matéria  e  espírito.

Page 40: Conhecimento 2

Dualismo  filosófico  

Concepção  segundo  a  qual  existem  dois  princípios  de  realidade,  matéria  e  espírito.  Opõe-­‐se  ao  monismo,  que  apenas  aceita  a  existência  de  um  princípio,  matéria  ou  espírito.

Page 41: Conhecimento 2

Materialismo  filosófico  (ou  fisicalismo)  

Concepção  acerca  da  natureza  da  realidade,  segundo  a  qual  há  um  só  princípio  de  realidade,  reduzindo-­‐o  às  conexões  e  às  redes  neuronais  do  cérebro,  sempre  em  movimento  e  em  transformação,  o  que  origina  uma  extraordinária  complexidade  de  funcionamento.  

Page 42: Conhecimento 2

Dualismo  de  substância  

Concepção  acerca  da  natureza  da  realidade,  segundo  a  qual  há  dois  princípios  de  realidade.  Exemplo:  o  dualismo  corpo-­‐-­‐alma,  defendido  por  René  Descartes.

Page 43: Conhecimento 2

Objecto  

(sentido  geral)  Designa  o  que  se  contrapõe  ao  sujeito,  quer  seja  uma  coisa  do  mundo  físico,  um  acontecimento  já  passado  ou  até  uma  característica  do  próprio  sujeito  (objecto  externo).  Designa  o  mundo  ou  as  coisas  tal  como  julgamos  que  são.  A  representação  (do  objecto  externo)  que  temos  na  nossa  mente  constitui  o  que  chamamos  objecto  percebido.

Page 44: Conhecimento 2

Objecto  de  estudo  

(de  uma  ciência)  Área  da  realidade  que  pretendemos  estudar  e  conhecer,  ou  que  uma  determinada  ciência  investiga,  utilizando,  para  isso,  um  determinado  método.  A  relação  do  sujeito  com  o  objecto  externo  é  feita  através  do  objecto  percebido.

Page 45: Conhecimento 2

Sujeito  

Designa  o  que  serve  de  suporte  às  representações  formadas  na  mente  do  indivíduo  humano.  Traduz  uma  idealização  dos  indivíduos  humanos  capazes  de  conhecer  e  de  ser.  No  quadro  do  modelo  cognitivo  da  consciência,  o  termo  designa  o  suporte  para  a  faculdade  que  conhece  (mente  ou  consciência),  que  recebe,  organiza  e  configura  os  dados  dos  sentidos  e  constrói  uma  representação  mental  do  objecto  que  foi  captado  sensorialmente.  

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Epistemologia  

(episteme,  «ciência»  +  logia,  «estudo»)  Palavra  de  origem  grega  que,  a  partir  do  século  XVIII,  veio  substituir  a  palavra  gnosiologia  para  referir  o  ramo  da  filosofia  que  se  dedica  ao  estudo  dos  problemas  do  conhecimento  científico.

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Maiêutica

Arte  de  parteira(o),  que  ajuda  as  mulheres  a  dar  à  luz.  Sócrates  dizia  que  não  ensinava  nada,  apenas  ajudava  os  outros  a  descobrir  (dar  à  luz,  metaforicamente)  o  conhecimento  que  cada  um  já  tinha  dentro  de  si.

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Subjectivismo  

Perspectiva  que  reduz  o  conhecimento  às  experiências  individuais  de  cada  pessoa.

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Percepção

Uma  das  etapas  do  processo  cognitivo:  construção  de  uma  representação  mental  (o  objecto  percebido,  ou  percepcionado)  a  partir  da  descodificação,  classificação  e  organização  dos  dados  dos  sentidos.

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Logos  

Designa  o  elemento  racional  da  comunicação  orador  /  auditório  que  é  próprio  do  discurso.

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Logos  

Designa  o  elemento  racional  da  comunicação  orador  /  auditório  que  é  próprio  do  discurso.

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Atenção aos Exercícios no Moodle