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CONFIGURAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA LAGUNA DA JANSEN: SÃO LUIS DO MARANHÃO Ricardo Henrique de Sousa Costa Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional/UEMA . Email: [email protected] 1. INTRODUÇÃO Com o crescimento das cidades e o desenvolvimento das atividades econômicas, ampliaram-se as consequências negativas ao meio ambiente e para aqueles que nele habitam. Isso porque o modo de produção atual e predominante – da forma em que estar posto – privilegiou, e ainda vem privilegiando, estratégias de acumulação de capital que requer, dentre outras coisas, incremento de matéria prima e energia em suas metabolizações. Apresenta-se, em paralelo, como realidade inerente a esse crescimento econômico, desigual e segregador dos sujeitos e do espaço, o aumento da urbanização – processo esse mundial e antigo, porém intensificado após a revolução industrial – que na forma como vem se apresentando, tem transformado costumes, posturas, interações ambientais e relações das pessoas entre si e com o ambiente. A evidência de transgressões dos limites do crescimento material e da urbanização desorientada contribuiu para despertar preocupação, sobretudo, com a limitação dos recursos naturais (MEADOWS, 1972). Portanto, quando as questões ambientais entraram em voga, a atenção com a insustentabilidade econômica estava muito presente (BELLEN, 2006): continuar produzindo e crescendo economicamente necessitava de novas posturas em relação ao cuidado com o meio ambiente. Entendemos que não mais se admite a busca de um desenvolvimento focando apenas no crescimento da economia. Celso furtado (2002) já mostrara – a partir do estudo histórico e econômico brasileiro e suas relações sociopolíticas – que o desenvolvimento requer muito mais que crescimento econômico ou acúmulo de capital. Outros autores como Maria Célia Coelho (2001) e Francisco Mendonça (2004), vêm

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CONFIGURAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA LAGUNA DA JANSEN: SÃO LUIS DO MARANHÃO

Ricardo Henrique de Sousa Costa

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional/UEMA . Email: [email protected]

1. INTRODUÇÃO Com o crescimento das cidades e o desenvolvimento das atividades econômicas,

ampliaram-se as consequências negativas ao meio ambiente e para aqueles que nele

habitam. Isso porque o modo de produção atual e predominante – da forma em que

estar posto – privilegiou, e ainda vem privilegiando, estratégias de acumulação de

capital que requer, dentre outras coisas, incremento de matéria prima e energia em suas

metabolizações.

Apresenta-se, em paralelo, como realidade inerente a esse crescimento

econômico, desigual e segregador dos sujeitos e do espaço, o aumento da urbanização –

processo esse mundial e antigo, porém intensificado após a revolução industrial – que

na forma como vem se apresentando, tem transformado costumes, posturas, interações

ambientais e relações das pessoas entre si e com o ambiente.

A evidência de transgressões dos limites do crescimento material e da

urbanização desorientada contribuiu para despertar preocupação, sobretudo, com a

limitação dos recursos naturais (MEADOWS, 1972). Portanto, quando as questões

ambientais entraram em voga, a atenção com a insustentabilidade econômica estava

muito presente (BELLEN, 2006): continuar produzindo e crescendo economicamente

necessitava de novas posturas em relação ao cuidado com o meio ambiente.

Entendemos que não mais se admite a busca de um desenvolvimento focando

apenas no crescimento da economia. Celso furtado (2002) já mostrara – a partir do

estudo histórico e econômico brasileiro e suas relações sociopolíticas – que o

desenvolvimento requer muito mais que crescimento econômico ou acúmulo de capital.

Outros autores como Maria Célia Coelho (2001) e Francisco Mendonça (2004), vêm

abordando a importância dos cuidados ambientais que contemplem as demandas sociais,

afim de que se tenha um desenvolvimento amplo.

Dessa forma, a busca por um desenvolvimento economicamente sustentável que

esteja aliado a melhores condições de qualidade de vida – onde é imprescindível um

ambiente saudável – tem sido bandeiras políticas de ações sociais, na atualidade. Mas, a

despeito desse despertar ao cuidado ambiental, os rumos estratégicos tomados em

relação a esse tema, como observa Carlos Mota (2011), na prática, ainda continua se

orientando mais no sentido da resolução de problemas imediatos de ajuste ao sistema

capitalista, que para nova consciência quanto a sustentabilidade planetária que inclua

justiça social.

Compartilhamos da idéia de que os impactos ambientais ocorrem tanto em

ambientes rurais como urbanos. No entanto, nesta oportunidade, abordaremos aqueles

apresentados em áreas urbanas, mais especificamente aqueles referentes à poluição das

águas; problema que atinge a maioria das cidades brasileiras, com especificações que

dependem, dentre outros, do contingente populacional, do nível de industrialização e

grau de saneamento ambiental.

As águas dos rios, lagoas e oceanos, como abordara Pierre George (1973, p. 112)

“são tradicionalmente encaradas como o meio natural de evacuação de parte dos detritos

das sociedades humanas”; da década em que este autor assim escreveu, até os dias

atuais, a tecnologia para o tratamento químico de águas poluídas obteve um relativo

avanço. Porém, os costumes de lançar detritos líquidos sem tratamento nas águas

naturais, perduram em tempos atuais.

O quadro socioambiental de São Luís, capital do estado do Maranhão, não é

diferente da realidade de outros grandes centros urbanos brasileiros, apresentando

significativos impactos ambientais urbanos. Neste contexto, chamou-nos a atenção o

caso da Laguna da Jansen, a qual está, e ainda vem sendo fortemente degrada

ambientalmente; também levamos em consideração o fato de os projetos que visam sua

recuperação não chegarem nem mesmo ao estancamento do lançamento constante de

esgotos, quanto mais a sua despoluição.

Conhecida como Lagoa da Jansen, tal ecossistema apresenta uma importância

ecológica relevante para a cidade, além de uma beleza paisagística imponente e

peculiar, haja vista seus específicos traços e contrastes aquáticos, vegetativos e

antrópicos em meio ao urbano. No entanto, sua situação ambiental tornou-se um

problema social, uma vez que, mesmo com sua contaminação, um número considerável

de pessoas continua a utilizá-la em práticas como as de pesca, lazer, turismo, esporte

banho recreativo, e extrativismo, gerando, desta forma, uma questão de saúde pública já

que não há os devidos cuidados em despoluí-la, antes o contrário; apresenta-se uma

constante ocupação desordena – em conseqüência, sobretudo, de uma intensa

especulação imobiliária – ocasionando a diminuição do seu espelho d’água e o

lançamento de esgoto in natura.

2. OBJETIVOS

Este artigo pretende realizar uma breve caracterização do espaço social

construído na área de entorno da Lagoa Jansen. Destacando os principais sujeitos que

estão envolvidos com aquele ambiente. Objetiva-se, ainda, apresentar os principais

impactos ambientais sofridos e aqueles que atualmente ainda agridem sua vegetação,

fauna, espelho d’água e drenagem natural. Será demonstrada a importância do

embricamento entre os potenciais socioeconômicos e ecológicos daquele ecossistema.

Tais questões fazem parte de uma pesquisa mais ampliada que ainda está em

andamento. Para esse trabalho, nossa intenção ainda não será a busca pela compreensão

dos problemas econômicos, políticos, jurídicos ou sociais que levam a permanência do

lançamento de esgoto in natura em sua lâmina d’água. Isto faremos no trabalho de

dissertação que ainda esta em fase de construção. Por hora, nos propomos, em suma, a

realizar uma caracterização socioambiental da laguna e da área de seu entorno levando

em consideração alguns de seus problemas socioespaciais e ambientais atualmente; e

como estas ações interferem negativamente no convivência do homem com a natureza

ali representada.

3. METODOLOGIAS

A proposta deste trabalho converge para uma caracterização socioespacial e

ambiental da Laguna da Jansen; a qual reunirá um emaranhado de ações metodológicas

bem diversificadas, devido principalmente a natureza complexa da área que a

compreende e suas adjacências assim como das relações humanas ali estabelecidas.

Nosso desafio teórico e metodológico, neste trabalho, será o de articular num

modelo coerente e sistêmico as análises dos processos naturais e sociais com a

interligação dos âmbitos econômicos, políticos e ecológicos; tendo como base

metodológica o materialismo histórico e, como campo de reflexão, alguns pressupostos

da economia política no momento em que esta apresenta a indissociabilidade entre

natureza e sociedade.

No campo teórico nos apoiaremos nas contribuições de autores como Hans

Bellen (2006), Maria Célia Coelho (2001) e Francisco Mendonça (2004) que discutem

as complexidades dos impactos ambientais e abordam a problemática ambiental urbana,

não apenas como uma questão natural e inevitável, mas como uma indissociável relação

social, política e econômica, em outras palavras, uma problemática socioambiental.

Já as práticas metodológicas incluem desde o levantamento bibliográfico junto

as Universidades Federal e Estadual do Maranhão (UFMA, UEMA), em suas

bibliotecas centrais, setoriais e laboratórios bioquímicos. Visitas a órgãos públicos nas

três esferas (SEMOSP, SEMA, CAEMA, IBGE) para a coleta de dados oficiais e ainda

visitas in loco para investigação empírica da situação dos níveis de degradação

ambiental, visualização e registro de informações para o confronto com os projetos de

recuperação executados pelos órgãos públicos, para aquele ambiente.

4. RESULTADOS PRELIMINARES

4.1 Caracterização Socioambiental e Localização A Laguna da Jansen localiza-se na região noroeste da Ilha do Maranhão, mais

precisamente no município de São Luís (Figura 1), em sua zona urbana, distante 4,0km

do seu Centro Histórico, entre as coordenadas 02° 29' 07'' S e 44° 18' 02'' W

(TARGINO, 1999, p. 16). A Noroeste limita-se com o Ponta do Farol; ao Sul limitando-

se com o bairro do São Francisco; a Leste com os conjuntos habitacionais renascença I e

II e a Oeste com a praia da Ponta D'Areia.

Sua formação ocorreu na década de setenta, porém, em continuo processo de

transformação em seu entorno até os dias atuais. Tratamos de um forte impacto

ambiental urbano que teve como marco a construção das avenidas Maestro João Nunes

e Colares Moreira – no contexto da expansão de São Luis na década mencionada – as

quais interromperam os cursos naturais de drenagem de dois igarapés naquela área,

eliminando grande parte da vegetação que lá existia, alagando cerca 140 hectares de

manguezal (COELHO, 2001), e assim concretizando sua formação.

Nas décadas de 1960 e 1970 o Brasil atravessou um forte processo de

urbanização. As massas populacionais deslocaram-se com grande intensidade para os

centros urbanos. Na mesma época, a vinda de migrantes para São Luis intensificou-se

com a implantação de projetos e empresas de grande porte como a Alumínio do

Maranhão (ALUMAR) e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), dentre outras

empresas menores. Porém boa parte dessa massa de interioranos não conseguiu se

engajar no mercado de trabalho (MENDES et. al. 2008).

Uma das consequências desse processo seriam as ocupações espontâneas, sobre

este processo no entorno daquele ambiente, Rio Branco (2012, p.157) menciona que:

[...] as autoconstruções comprimidas logo se multiplicaram, sendo habitadas por famílias predominantemente carentes do ponto de vista material, alijadas do processo de inclusão efetiva na vida urbana. Possuidoras de proles numerosas, conformam espaços densamente povoados, transformando a paisagem local e contribuindo para a formação de profundos paradoxos socioespaciais, dentre eles a construção das palafitas, que ainda perduram, próximas aquele ambiente [...]

Fonte: <http://www.cbers.inpe.br/galeria_imagens/sao_luis.jpg>, 2008

Figura 1: Localização da área.

As ações antrópicas, que outrora contribuíram para sua formação (como já

vimos), atualmente causam visíveis desajustes no funcionamento habitual de seu

sistema: seus fluxos de energia são afetados, assim como a sua capacidade de auto-

regulação regenerativa, chegando inclusive a criar naquele ecossistema novas

propriedades (negativas) como a eutrofização de sua água devido à quantidade de

nutrientes ali acumulados (LABOHIDRO, 2002), advindos em grande parte do

lançamento de esgotos ricos em material orgânico.

Ao longo de apenas quatro décadas de existência, a poluição, a diminuição da

área ocupada pelo antigo igarapé, a destruição da maior parte de sua fauna e flora,

aliado ao lançamento indiscriminado de detritos como lixo doméstico e esgoto in

natura. Alteraram violentamente o traçado, a paisagem (figura 2) e as características

originais daquele ecossistema.

Fonte: http://kamaleao.com/saoluis/4219/lagoa-da-jansen

Figura 2: Urbanismo no entorno da Laguna da Jansen.

Foi observado neste estudo que as desigualdades socioeconômicas fazem parte

da constante construção e reconfiguração daquele espaço, no qual a prioridade de

investimentos tem sido alheios à qualidade ambiental, e mesmo existindo um conjunto

de leis, até certo ponto abrangente, são de inadequada aplicabilidade, tendo em vista a

ineficiência em sua fiscalização. Soma-se a isso a predominância de políticas

burocráticas e sem planejamento amplo e efetivo; resultando em um constante aumento

de seus impactos ambientais.

4.2. A questão política no trato ambiental

O conteúdo político no contexto do processo de recuperação de áreas ambientais

degradadas, diz respeito, principalmente, ao papel e às estratégias do Estado como

sustentáculo da ordem, além de regulador e implementador de políticas públicas

(COELHO, 2001). Podendo o poder público, então, ampliar estas políticas e torná-las

mais eficientes também sob a ótica socioambiental; uma vez que os financiamentos de

projetos de recuperação e revitalização de áreas degradadas – embora causadas em sua

maioria por empresas privadas – apresentam-se planejados e executados, sobretudo,

pelo Estado.

No Brasil, em paralelo ao processo de urbanização, as políticas e serviços

ambientais – falando-se de maneira geral – ainda são precárias. Em se tratando de

Maranhão, também há uma enorme carência e desigualdade na promoção e distribuição

de serviços essenciais à qualidade de vida, dentre estes as demandas por saneamento

básico e melhores condições de moradia; dentre outros problemas como ocupação

desordenada do solo e a especulação imobiliária, que colaboram para que serviços

básicos à vida sejam ainda mais precários e mal distribuídos, contribuindo para o

aumento e permanência da pobreza.

Conforme Villaça (2004, p. 171) “O Estado brasileiro tem atuado sobre as

cidades, enquanto organismos físicos, de várias maneiras”. Como exemplo temos a

legislação federal (Lei nº 9985) ) que buscou minimizar impactos ambientais criando as

Unidades de Conservação (UC’s) que são áreas protegidas legalmente e visam à

conservação e/ou preservação da diversidade biológica.

No entanto as primeiras propostas para criação de um "sistema nacional de

unidades de conservação" e para a ampliação das UC’s surgiram na década de 1980.

(Brito, 1995). Por essa época, também foi adotado no Maranhão a criação de algumas

UC’s. O Parque Estadual Ecológico da Lagoa da Jansen foi criado neste contexto,

através do Decreto Lei nº. 4878 de 23 de junho de 1988 (SEMA, 2012,).

Torna-se importante a criação das Unidades de Conservação no contexto

ambiental. Porém, contestamos a forma, administração e a quantidade de Unidades que

em tese deveriam ser protegidas ambientalmente, principalmente em áreas urbanas,

onde os números de UC’s ainda são modestos. Acredita-se ser igualmente importante

um planejamento urbano mais democrático, articulado e responsável, que faça frente a

uma urbanização avulsa e inconsequente.

O desafio estaria na complementação de ações como recuperação de áreas

urbanas degradadas aliadas a criação de novas UC’s em grandes centros urbanos, bem

como o correto manuseio das já existentes, uma vez que na prática, grande parte das

Unidades que são criadas, “não dizem a que vieram”; haja visto que não contemplam,

em grande numero, o que a legislação competente exige para a sua formação e

permanência.

Apresenta-se como tal realidade o nosso próprio campo de estudo, que se

constituindo em Parque Estadual Ecológico em 1988 (SEMA,2012) passou a ser

Unidade de Uso Sustentável em 2012 por meio de Decreto Estadual, porém, após

denuncia da Promotoria de Justiça de Proteção ao meio ambiente, a justiça determinou o

re-enquadramento do ecossistema em Parque Ecológico, e no meio dessa disputa

judicial, a Laguna continua a receber diariamente detritos líquidos através das

tubulações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CAEMA. O que em tese

demonstra ausência de orientação e/ou fiscalização por parte de outro órgão também

estadual: a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA.

Interessante destacar, a quantidade significativa de discursos sobre o que se

fazer com o novo ecossistema natural em meio urbano. Dos mais absurdos aos mais

sensatos, a grande maioria pensava em aproveitar a beleza paisagística da laguna como

forma viável de embelezamento da cidade.

Alguns discursos do Estado do Maranhão sobre suas ações , no entanto, se

confundiram com políticas públicas urbanas. Os projetos executados até agora na

Laguna (1991 à 2014), não foram suficientes, por exemplo, para interligar o seu entorno

na rede de esgoto já existente naquela região (SEMA, 2012). Transparecendo assim, que

as obras executadas até então, mais serviram para discursos estatais que nos causam a

falsa sensação de resolução do problema do que parte de um planejamento urbano de

fato. De acordo com Flávio Villaça (2004, p.173): “É comum entre nós, por exemplo,

considerar como sendo política pública urbana o discurso do Estado acerca de sua ação

sobre o urbano”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou, a partir da apresentação de alguns problemas ambientais,

realizar uma caracterização socioespacial da Laguna da Jansen, levando em

consideração algumas peculiaridades inerentes a sua formação, ocupação, configuração

geoambiental.

Chamou-nos atenção o fato de, cada vez mais, a ocupação urbana das margens

dos rios, córregos e das lagoas das cidades estão gerando inúmeros problemas

ambientais que são sentidos negativamente no meio urbano, e de que mesmo com o

despertar para as questões ambientais, o crescimento econômico e urbano não vêm

necessariamente acompanhados de desenvolvimento humano, o contrário, geralmente

vem seguido de desigualdade de acesso à itens e serviços básicos, como condições

salubres de moradia para a sobrevivência digna e usufruto socioespacial da maior parte

da população.

Ocupações sem planejamento advêm como uma prática comum por todo o

território nacional, somando-se a carência de planos para e implantação e expansão de

saneamento. Para a Laguna da Jansen existem projetos para sua revitalização, e

praticamente todos os programas que propõe sua recuperação abordam a necessidade de

se implantar um sistema de saneamento básico em seu entorno para que haja a

interrupção do lançamento de esgotos in natura em sua água, e a partir daí se buscar a

despoluição de todos os elementos de seu sistema. Porém estes projetos (quando muito)

saíram do papel de forma incompleta, desvinculada de estudos mais aprofundados e

específicos e focando primordialmente a questões urbanísticas e paisagísticas focada no

visual e estética.

Diante do exposto, acreditamos que as soluções para o revestimento de tal

problemática passariam pela efetiva implantação dos projetos já existentes, seguindo,

obviamente, os limites ditados pelos estudos de impactos ambientais já realizados

naquele ecossistema.

Uma das questões seria pensar a cidade com respeito ao meio ambiente, através

de uma releitura do espaço urbano e ambiental, abordando questões sobre políticas

públicas, para a possibilidade de reavaliar antigos e novos projetos para este local.

Tendo em vista a necessidade de resgatar este potencial de ambiente natural que as

lagunas ainda oferecem.

REFERÊNCIAS

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