concurso da pm - geografia produção e organização do espaço paraibano

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CURSO PREPARATÓRIO CONCURSO da PM - DISCIPLINA: GEOGRAFIA Prof. Vando Félix – [email protected] www.geograficamentecorreto.com Geografia Da Paraíba Produção e Organização do Espaço Paraibano. O conhecimento da geo-história da Paraíba é indispensável para se compreender, em sua totalidade, a maneira de viver do homem paraibano, incluindo suas formas de comportamento, ideias, folclore, produção de objetos para suas necessidades. O homem se distingue no reino animal não apenas pelas mutações biológicas, mas, principalmente, por características culturais. Dotado de um potencial de sensibilidade e consciência, conseguiu desenvolver a capacidade de produzir suas ferramentas, utensílios e todo um instrumental de defesa, ataque e proteção, necessários à sobrevivência, iniciando-se, deste modo, o processo de produção e alteração da natureza. Quando o homem trabalha, modifica a natureza e produz bens para viver. E ao trabalhar, estabelece relações com os outros homens, transformando o seu esforço numa atividade social que vai criar vínculos econômicos, sociais, políticos e ideológicos. Assim é que, obedecendo a esta ordenação, o espaço geo-histórico vai se produzindo e se organizando. É necessário recordar um pouco a nossa história, para entendermos a organização política atual e a ocupação do espaço geográfico. Pedro Álvares Cabral chegando ao Brasil, no dia 22 de abril de 1500, encontrou o Continente Americano dividido por uma linha imaginária que passava 370 léguas a oeste de Cabo Verde, resultante do Tratado de Tordesilhas. Segundo esse Tratado, as terras a oeste pertenciam à Espanha e a leste, a Portugal. Em 1534, o Brasil foi dividido em 15 lotes de terra, doados a pessoas da corte que passaram a se chamar Donatários. Os lotes, por herança, iam de pai para filho, daí a denominação de Capitanias Hereditárias. A Capitania de Itamaracá foi entregue a Pero Lopes de Souza e estendia-se desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igarassu) em Pernambuco, até a Baía da Traição, na Paraíba, com trinta léguas de frente. Nas terras da Capitania de Itamaracá, viviam índios de dois grupos: no litoral, os Tupis, formados pelas tribos Tabajara e Potiguara; no interior, os Tapuias, formados por tribos de índios Cariris e Tarairius. Pero Lopes de Souza governou a Capitania de Itamaracá de 1534 a 1539, quando morreu em um naufrágio. Depois veio um português substituí-lo, chamado João Gonçalves. Aqui chegando, ficou amigo dos índios. Construiu em Itamaracá a vila Conceição, tornando-a sede de seu governo. Segundo relato de Frei Vicente Salvador, houve grande crescimento na Capitania, nesse período, em razão da admirável direção de João Gonçalves. Porém, após sua morte, tudo mudou; os índios passaram a ser maltratados e dominou uma grande desorganização. Com a invasão dos franceses, muitos índios tornaram-se seus aliados. O rei de Portugal, preocupado com os sucessivos ataques de indígenas e franceses, resolveu tomar posse efetiva ria terra, criando a Capitania Real da Paraíba em janeiro de 1574. Após várias tentativas de conquistas fracassadas feitas pelos portugueses, partiram da Bahia, em março de 1584, Diogo Valdez, Felipe Moura, Martim Leitão e Frutuoso Barbosa, numa grande expedição com mais ou menos mil homens. Aqui chegando, lutaram contra os franceses e os índios. Após desentendimentos havidos entre eles próprios, foi organizada uma nova expedição chefiada por Martim Leitão, que lutou contra os índios e seus

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Page 1: Concurso da PM - Geografia Produção e Organização do Espaço Paraibano

CURSO PREPARATÓRIO CONCURSO da PM - DISCIPLINA: GEOGRAFIA

Prof. Vando Félix – [email protected] – www.geograficamentecorreto.com

Geografia Da Paraíba

Produção e Organização do Espaço Paraibano.

O conhecimento da geo-história da Paraíba é

indispensável para se compreender, em sua totalidade, a

maneira de viver do homem paraibano, incluindo suas

formas de comportamento, ideias, folclore, produção de

objetos para suas necessidades.

O homem se distingue no reino animal não apenas

pelas mutações biológicas, mas, principalmente, por

características culturais. Dotado de um potencial de

sensibilidade e consciência, conseguiu desenvolver a

capacidade de produzir suas ferramentas, utensílios e

todo um instrumental de defesa, ataque e proteção,

necessários à sobrevivência, iniciando-se, deste modo, o

processo de produção e alteração da natureza.

Quando o homem trabalha, modifica a natureza e

produz bens para viver. E ao trabalhar, estabelece

relações com os outros homens, transformando o seu

esforço numa atividade social que vai criar vínculos

econômicos, sociais, políticos e ideológicos.

Assim é que, obedecendo a esta ordenação, o

espaço geo-histórico vai se produzindo e se

organizando.

É necessário recordar um pouco a nossa história,

para entendermos a organização política atual e a

ocupação do espaço geográfico.

Pedro Álvares Cabral chegando ao Brasil, no dia

22 de abril de 1500, encontrou o Continente Americano

dividido por uma linha imaginária que passava 370

léguas a oeste de Cabo Verde, resultante do Tratado de

Tordesilhas. Segundo esse Tratado, as terras a oeste

pertenciam à Espanha e a leste, a Portugal.

Em 1534, o Brasil foi dividido em 15 lotes de

terra, doados a pessoas da corte que passaram a se

chamar Donatários. Os lotes, por herança, iam de pai

para filho, daí a denominação de Capitanias

Hereditárias.

A Capitania de Itamaracá foi entregue a Pero

Lopes de Souza e estendia-se desde a foz do rio Santa

Cruz (hoje Igarassu) em Pernambuco, até a Baía da

Traição, na Paraíba, com trinta léguas de frente.

Nas terras da Capitania de Itamaracá, viviam índios

de dois grupos: no litoral, os Tupis, formados pelas

tribos Tabajara e Potiguara; no interior, os Tapuias,

formados por tribos de índios Cariris e Tarairius.

Pero Lopes de Souza governou a Capitania de

Itamaracá de 1534 a 1539, quando morreu em um

naufrágio. Depois veio um português substituí-lo,

chamado João Gonçalves. Aqui chegando, ficou amigo

dos índios. Construiu em Itamaracá a vila Conceição,

tornando-a sede de seu governo. Segundo relato de Frei

Vicente Salvador, houve grande crescimento na

Capitania, nesse período, em razão da admirável direção

de João Gonçalves. Porém, após sua morte, tudo mudou;

os índios passaram a ser maltratados e dominou uma

grande desorganização. Com a invasão dos franceses,

muitos índios tornaram-se seus aliados.

O rei de Portugal, preocupado com os sucessivos

ataques de indígenas e franceses, resolveu tomar posse

efetiva ria terra, criando a Capitania Real da Paraíba em

janeiro de 1574.

Após várias tentativas de conquistas fracassadas feitas

pelos portugueses, partiram da Bahia, em março de 1584,

Diogo Valdez, Felipe Moura, Martim Leitão e Frutuoso

Barbosa, numa grande expedição com mais ou menos mil

homens. Aqui chegando, lutaram contra os franceses e os

índios. Após desentendimentos havidos entre eles

próprios, foi organizada uma nova expedição chefiada

por Martim Leitão, que lutou contra os índios e seus

Page 2: Concurso da PM - Geografia Produção e Organização do Espaço Paraibano

aliados franceses. Martim Leitão, sabendo de um problema havido

entre os Potiguara e Tabajara, escolheu o Capitão João

Tavares, homem de espírito conciliador, para propor as

pazes ao valente Piragibe, chefe dos Tabajara.

Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um

acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio

Sanhauá, onde construíram um forte de madeira. E

assim, foi oficializada a conquista e fundação da Paraíba.

Em virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a

Nossa Senhora das Neves, a nova cidade recebeu o nome

de Nossa Senhora das Neves, passando depois a chamar-

se Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em homenagem

ao Rei Felipe da Espanha. Naquela época, a riqueza vegetal da Paraíba era a

base inicial de sua economia. As madeiras exploradas

eram o pau-brasil e outras, como o cedro, o jacarandá,

resistentes e duráveis, que se destinavam ao fabrico de

barcos e móveis para a nobreza.

Logo a cana-de-açúcar, plantada nas várzeas da

Capitania Real da Paraíba, foi sendo reconhecida como

da melhor qualidade.

O florescimento da cultura açucareira deu-se

durante todo o século XVI e primeira metade do século

XVII, quando veio a crise da produção regional,

provocada pela concorrência do açúcar das Antilhas.

Ainda no século XVII, a ocupação do sertão foi

determinada pela necessidade de pro- ver a área

açucareira de animais para o trabalho e alimento para a

população. Foi então que a pecuária sertaneja surgiu,

revestindo-se de grande importância geoeconômica, à

medida que extensa faixa territorial pôde ser ocupada por

reduzida população. Nesta área, o grande proprietário

'baseou sua economia em duas atividades: pecuária e

cultura do algodão.

Entre as grandes regiões que se formavam - Litoral

e Sertão - começou o Agreste a se estruturar, com base na

agricultura de alimentos (milho, feijão, batata-inglesa,

fava e mandioca), em pequenas propriedades,

Constantemente, o Agreste era atravessado pelo

gado nos seus percursos em direção à zona açucareira, o

que provocou o surgimento de pousos para descanso e

abastecimento. Deles surgiram "currais" que logo se

transformaram em feiras de gado, algumas chegando a

originar cidades, a exemplo de Itabaiana e Campina

Grande.

O Brejo, embora tenha sido, de início, ocupado por

culturas de subsistência, somente teve seu povoamento

efetivado com a cotonicultura e, posteriormente, com a

cana-de-açúcar.

Os caminhos definidos anteriormente pelo

primitivo processo de ocupação foram reforçados com a

implantação das ferrovias que somente facilitaram o

escoamento dos produtos.

No início do século XX, de forma generalizada, o

espaço paraibano estava assim ocupado:

LITORAL - cana-de-açúcar

AGRESTE - pecuária, algodão e culturas

alimentícias

BREJO - cana-de-açúcar SERTÃO - pecuária, algodão e culturas de subsistência. O Mapa em Anexo sintetiza esta ocupação.

A Paraíba surgiu primeiro como uma Capitania

Hereditária. Em seguida passou a Capitania Real, depois

a Província e, finalmente, a Estado da República

Federativa.

Durante a fase imperial brasileira, foi feita a

Constituição de 1824, que dividia o Império em

províncias, organização esta que se manteve até 1889,

quando foi proclamada a República. Hoje, a Paraíba é um

dos 26 Estados que compõem a República Federativa do

Brasil. É dividido, como todos os outros Estados, em

municípios. O município pode ter um ou mais distritos. O

distrito-sede de cada município corresponde à sua cidade

e as sedes dos demais são vilas. Portanto, o Estado da

Paraíba possui 223 municípios e igual número de

cidades.

A Paraíba obedece, no plano nacional, à

Constituição Brasileira, isto é, ao conjunto de leis

supremas do país que compreendem os direitos e deveres

do governo e do povo. Ao nível estadual, a Paraíba

cumpre a sua Constituição, aprovada em 1989. Com base

nas Constituições, o Governo deve garantir condições

dignas de vida à população.

Fonte: Atlas Escolar da Paraíba – Coordenadora:

Janete Lins Rodriguez. 2ª edição. p. 17-20. 2000.

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Anexo.

Porto de Cabedelo, porta de entrada da Paraíba.