concílio de nicéia

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O Concílio de 1

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ORIGEM DA BÍBLIA QUE CONHECEMOS

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O

Conclio

de

Niceia

O Conclio de Niceia - Parte 1

O Primeiro Conclio de Niceia ocorreu em 325, durante o reinado do imperador romano Constantino I, o primeiro a aderir ao cristianismo. Considerado como o primeiro dos trs conclios fundamentais na Igreja Catlica, foi a primeira conferncia de bispos ecumnica (do Grego oikumene, "mundial") da Igreja crist.Lidou com questes levantadas pela opinio Ariana da natureza de Jesus Cristo: se uma Pessoa com duas naturezas (humana e Divina) como zelava at ento a ortodoxia ou uma pessoa com ...apenas a natureza humana. Foi um dia na histria que marcaria, nos sculos vindouros da Histria Ocidental, o princpio do fim de conceitos como o da pr-existncia e da reencarnao, e de importantes conceitos Cosmognicos como a distino entre o Deus Ignoto e o Logos, ou Demiurgo, ao mesmo tempo que promovia o distanciamento entre o Homem e o Cristo. Ao mesmo tempo, afirmava a ideia de uma humanidade passiva, corrompida pelo pecado original, qual restava e bastava acreditar na literalidade dos factos histricos da vida de Jesus Cristo e obedecer cegamente aos padres da Igreja exclusivos intermedirios entre Deus e o povo para ser salva.Constantino desejava um Imprio forte e unido. Naturalmente que, para manter o seu domnio sobre o povo e estabelecer uma ditadura religiosa, as autoridades eclesisticas teriam que promover o obscurecimento e a ignorncia do conhecimento existente nas brilhantes escrituras e filosofias arcaicas (e perenes), que constituam um obstculo aos objectivos da nova religio imperial.Foi no Conclio de Niceia que se deram dados passos decisivos no sentido de criar uma nova religio unificada, engendrada de forma a servir ao Imperador como forma de domnio poltico e social.O Deus do Imprio deveria ser suficientemente forte para se opor aos Deuses do Olimpo, ao Jeov dos Hebreus e ao Buda do Oriente. Misturando as divindades arcaicas orientais com as antigas histrias de Moiss, Elias e Isaas, foram assim convenientemente criados os smbolos da nova Igreja Romana. De igual modo, para a fabricao desta nova religio, assimilaram-se as prticas do paganismo mais convenientes, enquanto, em paralelo, todas as filosofias contrrias aos interesses da Igreja e do Imprio eram suprimidas ou ocultadas. O Conclio de Niceia constituiu-se como o primeiro de vinte e um conclios (oficialmente reconhecidos) realizados ao longo dos sculos com o fim de fabricar e consolidar a teologia de uma nova religio concebida para o fcil controlo das populaes.Embora tenham havido conclios anteriores, o de Niceia foi o primeiro considerado como Conclio Ecumnico e o primeiro que foi alvo de convocao. E, certamente, o mais celebrado pela Igreja Catlica Romana, em toda a sua histria. Iremos ver como nele foram institudas as primeiras ferramentas facilitadoras da criao do profissionalismo religioso e do afastamento entre o Homem e o ideal de Cristo; como foram criados os fundamentos da teologia da nova Igreja Crist, alicerados na deificao de Jesus e sua consubstanciao com o Deus Pai, bem como na escolha dos Evangelhos que, a partir deste Conclio, passaram a ser os nicos textos considerados como sagrados no Cristianismo.

A Conjuntura

Vejamos ento o conjunto de circunstncias que levou a este acontecimento decisivo da nossa histria e cultura. At Constantino, Roma exigia uma obedincia total ao estado mas tinha bastante abertura livre expresso da liberdade do pensamento religioso. Em Roma coexistiam grupos que professavam a Tradio Hermtica Egpcia, o Zoroastrismo Persa, o Budismo Oriental, o Monotesmo Judeu, bem como grupos Gnsticos, Filsofos Platnicos, e outros. Esta confluncia de diversidade religiosa e filosfica permitia o intercmbio de tradies e ensinamentos, contribuindo assim para o desenvolvendo de uma teologia bastante rica. Alexandria era o centro de aprendizagem deste imprio (que ento integrava) e a sua biblioteca era a mais famosa da antiguidade. Alm do mais, a sua localizao geogrfica proporcionava a congregao de pessoas grupos de vrias culturas e credos. Entretanto, a acumulao de riqueza nos estratos sociais mais altos, a cobrana de impostos injustos aos pobres, a escravatura disseminada e o desrespeito pela vida humana, tinham chegado a um ponto de decadncia que se tinha alastrado, e que estava agora a corromper o corao do imprio.Neste contexto vrios grupos Gnsticos2 floresciam em Alexandria. Simultaneamente, nasciam escolas filosficas e grandes instrutores religiosos que procuravam despertar, nos seus alunos, ideais mais nobres.Grupos Gnsticos foram aos Cristos primitivos, verdadeiros herdeiros da Religio-Sabedoria. At 250 DC, as suas ideias difundiram-se e foram amplamente toleradas. Eles ensinavam que o caminho para a libertao se encontrava pela obteno da Gnose, o conhecimento das verdades sagradas do Universo Espiritual. Para os cristos dos primeiros sculos, Cristo era o smbolo vivo da centelha divina em cada Homem; e Jesus, o Homem sublimado, era o Chrstos, ou discpulo no Caminho ascendente, (que) havia chegado a ser um poder maior, Christos, ao realizar a unio permanente com o seu Esprito, a Mnada Divina, o Pai. Neste estado crstico, Jesus volveu-se apto para ser o veculo de uma Entidade (ainda) mais excelsa, um Mestre de Mestres o Cristo manifestado em Jesus3. Atravs da sua vida e morte, era demonstrada a via da libertao e ensinavam-se os segredos da ascenso espiritual.Em contraste com a cultura Romana, estes grupos de Cristos ensinavam a simplicidade, muitas vezes levando vidas ascticas. Denunciavam a escravatura, a opresso e a brutalidade dos Jogos romanos, onde se sacrificavam os desfavorecidos, s centenas, em espectculos de carnificina. Roma tinha sido at ai bem sucedida a silenciar protestos populares por meio da morte ou suborno. Estes grupos Cristos, porm, no eram permeveis a ameaas: no tinham medo da morte, no eram tentados por suborno, e continuavam a aumentar.Entretanto, paralelamente, as faces Crists mais literalistas, mais fanticas e que se vieram a tornar Ortodoxas, viram o seu poder confirmado por Constantino. Em 314, um ms depois da morte de Miltiades, Bispo de Roma, o Imperador Constantino nomeou publicamente Silvestre como o sucessor daquele. Silvestre foi o primeiro bispo de Roma a ser coroado como um prncipe. Constantino doou-lhe terras, palcios, poder judicial, dinheiro, fora poltica e at controlo sobre o exrcito, estendendo assim o seu poder e autoridade sobre todo o Imprio. Ao ter aceite a aliana entre o Estado e a Igreja, Silvestre foi o primeiro Papa a ter verdadeiro poder temporal. Em troca, promovia-se o papel divino do Imperador Constantino.Em sequncia, dois anos antes da realizao do Conclio de Niceia, o Imperador Constantino declara oficialmente o Cristianismo (Ortodoxo) como a religio do imprio Romano. Consequentemente, toda a Igreja passou tambm a receber grandes poderes, promovendo assim o apetite pela riqueza da classe eclesistica. Toda a nova classe de lderes da Igreja Romana deixou ento de ser estrangeira no mundo, para ser parte activa no sistema poltico vigente, acumulando riqueza e dominando congregaes. Os Bispos tornaram-se homens de poder e de poltica, assim como conselheiros do Imperador, alguns gozando de grande prestgio e cooperando com o Imperador na construo da nova religio, como foi um exemplo Eusbio de Cesareia.Localizao e participantes

Niceia (hoje Iznik), uma cidade da Anatlia (hoje parte da Turquia). No vero de 325, os bispos de todas as provncias foram chamados ao primeiro conclio ecumnico em Niceia: um lugar facilmente acessvel maioria dos bispos, especialmente aos da sia, Sria, Palestina, Egipto, Grcia, Trcia e Egrisi (Gergia ocidental). O nmero dos membros no pode exatamente ser indicado; Atansio contou 318, Eusbio somente 250. Foram oferecidas aos bispos as comodidades do sistema de transporte imperial - livre transporte e alojamento de e para o local da conferncia - para encorajar a maior audincia possvel. Constantino abriu formalmente a sesso. A religio crist nesses tempos era majoritria unicamente no Oriente. No Ocidente era ainda minoritria, especialmente entre os pagos, vilas rsticas. Da o nome de pagos para os gentios. Uma exceo era a regio de Cartago ou Tnis. Portanto, os bispos orientais estavam em maioria; na primeira linha de influncia hierrquica estavam trs arcebispos: Alexandre de Alexandria, Eustquio de Antioquia, e Macrio de Jerusalm, bem como Eusbio de Nicomdia e Eusbio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, Bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi).O ocidente enviou no mais de cinco representantes na proporo relativa das provncias: Marcus de Calbria de Itlia, Cecilian de Cartago de frica, Osio de Crdoba (Hispnia), Nicasius de Dijon, na Frana, e Domnus de Stridon da provncia do Danbio. Estes dignitrios eclesisticos naturalmente no viajaram sozinhos, mas cada qual com sua comitiva, de modo que Eusbio refere um grupo numeroso de padres acompanhantes, diconos e aclitos.Entre os presentes encontrava-se Atansio, um dicono novo e companheiro do Bispo Alexandre de Alexandria, que se distinguiu como o "lutador mais vigoroso contra os arianos" e similarmente o patriarca Alexandre de Constantinopla, um presbtero, como o representante de seu bispo, mais velho.O Papa em exerccio na poca, Silvestre I, no compareceu ao Conclio. A causa de seu no comparecimento motivo de discusses: uns falam que recusou o convite do imperador esperando que sua ausncia representasse um protesto contra a convocao do snodo pelo imperador, outros que Silvestre j ancio estava, impossibilitado, portanto de comparecer. Silvestre j fora informado da condenao de rio ocorrida no Snodo de Alexandria (320 a 321) e para o Conclio de Niceia enviou dois representantes Vito e Vicente (presbteros romanos).Ao que parece, quem presidiu o Conclio foi o Bispo Osio. Que Osio presidiu o Conclio afirma-o Atansio, contemporneo de fato (Apol. de fuga sua, c. 5), afirmam-no implicitamente os prprios arianos escrevendo que ele "publicara o snodo de Niceia" (Ap. Athnas, Hist. arian. c. 42)".Outra fonte da influncia, apesar do no comparecimento do Bispo de Roma, que as assinaturas dos trs clrigos - Osio, Vito e Vicente - esto sempre em primeiro lugar, bem como a citao de seus nomes pelos historiadores do Conclio, o que seria estranho, dado que o Conclio se deu no Oriente, e os trs clrigos eram ocidentais - o primeiro um Bispo espanhol e os outros dois sacerdotes romanos. S o fato de serem representantes do Papa explicaria tal comportamento.Portanto, mais provvel a impossibilidade do comparecimento de Silvestre, do que um protesto contra o imperador

As questes doutrinrias

Este Conclio deliberou sobre as grandes controvrsias doutrinais do Cristianismo nos sculos IV e V. Foi efetuada uma unio entre o extraordinrio eclesistico dos conselhos e o Estado, que concedeu s deliberaes deste corpo o poder imperial. Snodos anteriores tinham-se dado por satisfeitos com a proteo de doutrinas herticas; mas o conclio de Niceia foi caracterizado pela etapa adicional de uma posio mais ofensiva, com artigos minuciosamente elaborados sobre a f. Este conclio teve uma importncia especial tambm porque as perseguies aos cristos tinham recentemente terminado, com o dito de Constantino.A questo ariana representava um grande obstculo realizao da ideia de Constantino de um imprio universal, que deveria ser alcanado com a ajuda da uniformidade da adorao divina.Os pontos discutidos no snodo eram:A questo arianaA celebrao da PscoaO cisma de MilcioO baptismo de herticosO estatuto dos prisioneiros na perseguio de Licnio.

Embora algumas obras afirmem que no Conclio de Niceia discutiu-se quais evangelhos fariam parte da Bblia no h meno de que esse assunto estivesse em pauta, nem nas informaes dos historiadores do Conclio, nem nas Atas do Conclio que chegaram a ns em trs fragmentos: o Smbolo dos apstolos, os cnones, e o decreto senoidal. O Cnone Muratori, do ano 170, portanto cerca de 150 anos anterior ao Conclio, j mencionava os evangelhos que fariam parte da Bblia. Outros escritores cristos anteriores ao Conclio, como Justino, Ireneu, Papias de Hierpolis, tambm j abordavam a questo dos evangelhos que fariam parte da Bblia. um fato reconhecido que o anti-judasmo, ou o anti-semitismo cristo, ganhou um novo impulso com a tomada do controle do Imprio Romano, sendo o conclio de Niceia um marco neste sentido. Os posteriores Conclios da Igreja manteriam esta linha. O Conclio de Antioquia (341) proibiu aos cristos a celebrao da Pscoa com os Judeus. O Conclio de Laodiceia proibiu os cristos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer po zimo nos festejos judaicos.

A Crescente Controvrsia

Naturalmente, as vozes dos Gnsticos, cujos valores no se coadunavam com os do Imprio Romano, e que recusavam a interpretao literal da vida de Jesus promovida pela faco ortodoxa, constituam sum perigo para a Igreja de Constantino. Os Gnsticos entendiam Deus a um nvel metafsico e mstico, e sugeriam uma relao com o Divino bem mais madura qdo ue a promovida pelos ortodoxos-literalistas. Em consequncia, comearam a surgir verdadeiros focos de discrdia e diferendos vrios, que vinham a causar grande ressentimentos na comunidade ortodoxa e a contribuir para debilitar cada vez mais a relao entre estes grupos.Diferentemente da faco ortodoxa, os Cristos originais, Gnsticos, consideravam o Deus Jeov dos Judeus como o Demiurgo, o Criador ou Governante do mundo imperfeito, do mundo inferior, e no como o Pai de que falava Jesus ou muito menos como o Absoluto,. Pretendiam ainda alguns dos grupos Gnsticos cortar a ligao a este Deus caprichoso, ou melhor, separar o Cristianismo das noes de um Deus ciumento e vingativo que aparece em tantas pginas do Antigo Testamento 4.Em acrscimo, nos primeiros tempos do Cristianismo discutia-se na Igreja Ortodoxa a segunda vinda de Cristo (Parusia). Acreditava-se e a Igreja continua at hoje a subscrever esta ideia - que a humanidade estava prestes a entrar numa idade gloriosa em que Cristo voltaria para recompensar os que nele acreditavam, castigar os que no acreditavam nele e voltar a dar vida fsica queles que tinham morrido em seu favor. Por contraste, a generalidade dos Gnsticos no defendiam essas crenas literalistas. Tal como a crucificao, a ressurreio fsica no significava nada para eles, pois a verdadeira vitria estava em transcender o corpo fsico (e a natureza animal), no em transporta-lo depois da morte. A ressurreio de Cristo no era interpretada de uma forma literal mas sim simblica, referindo-se a uma transformao interior levada a cabo na Iniciao nos Mistrios.Outros diferendos, como a Doutrina das Emanaes, e as doutrinas sobre a Criao do Universo, suscitavam de igual modo feroz reaco nos Cristos ortodoxos, tendo-se atingido o ponto mximo de controvrsia que levou convocao do Conclio de Niceia por Constantino com a discusso em torno da Doutrina da Trindade.

A Controvrsia Ariana

Discutida pela primeira vez no Conclio de Antiquia em 269 DC, as divergncias sobre Doutrina da Trindade alcanam o seu climax no Conclio de Niceia, quando do diferendo entre Arius (e seus seguidores, os Arianos) e o Bispo Alexandre de Alexandria (e seu protegido Atansio), relativamente consubstancialidade de Jesus com Deus Pai, defendida por este(s) ltimo(s).At ento, em muitas comunidades Crists, era o ensinamento preponderante que Jesus fora um homem que, em virtude da sua vida perfeita e sem pecado, recebera pelo baptismo a Iniciao, tornando-se (um) Salvador do Mundo. Este tinha sido tambm o ensinamento da Igreja at ento, nomeadamente atravs de Paulo de Samosata (260 272 DC), Bispo de Antioquia.Esta concepo foi seguida por Arius, um presbtero da Igreja de Alexandria. Comeava, no entanto, a surgir a tendncia materializante da faco ortodoxa. Deste modo, e ao contrrio de Arius, Alexandre, Bispo de Alexandria, afirmava nos seus sermes que, em relao ao mistrio da Trindade, o Filho era igual ao Pai, que o gerara, e da mesma substncia. Dava-se incio, assim, formulao das trs pessoas da divindade crist ortodoxa, uma trindade antropomorfizada e que no admite divindade superior.Arius, tendo sabido dos sermes do Bispo, declarou-lhe oposio e afirmou publicamente a sua deduo lgica: se o filho era gerado pelo Pai, tem que ter havido um tempo, um momento em que o Filho no existia, ou seja, o momento anterior sua criao. O Filho tinha, portanto, tido um comeo, um incio. Antagonizando o Bispo Alexandre, Arius iniciou uma forte campanha ensinando em Igrejas e assembleias pblicas a doutrina de que Jesus Cristo era filho do Pai, criado pelo Pai e, portanto, uma criatura. Em resposta o Bispo Alexandre escreveu a vrios Bispos, incluindo ao Bispo Alexandre de Constantinopla, denunciando Arius e os seus seguidores por tentarem evitar a deificao de Cristo.

O verdadeiro propsito do Conclio de Niceia

Constantino ter percebido que a controvrsia entre os seus Bispos podia constituir uma ameaa e ser um impedimento unidade do Imprio Romano. Ou, talvez ainda mais provavelmente, Constantino ter visto nesta conjuntura uma oportunidade para a unidade da religio que ele pensava impor ao imprio (e como forma de controlar a populao), e que acabou por assentar na faco que se opunha a Arius a faco que veio a ser a ortodoxa.A nova religio imperial, assente numa mistura confusa das ideologias dos vrios grupos Cristos e Pagos, permitia a difuso desejada. A adaptao (desvirtuadora, embora) das tradies do passado, facilitaria tambm a sua aderncia pelos povos de Roma.Adicionalmente, ao atribuir origens divinas Igreja Crist de Roma, garantia-se que Deus ficava acessvel apenas hierarquiaeclesistica controlada por Constantino e no ao indivduo comum. Constantino estendia ento e reforava o seu poder poltico atravs de todo o Ocidente, garantindo tambm que, como Imperador defensor da Igreja, se revestia ele prprio de uma manto divino.Quanto moralidade que Jesus teria ensinado, esta seria gradualmente modificada de acordo com interesses do Imprio e da Igreja, que impunha que fora da igreja no h salvao, evitando focos de dissidncia.Por ltimo, e de modo a garantir a adeso da populao a um catecismo pouco credvel, a Igreja postulou a ideia que acreditar nos eventos histricos da vida de Jesus era o suficiente para a salvao, fundando-se assim a Religio Imperial Catlica Apostlica Romana ou, por outras palavras, o Cristianismo Imperial de Constantino.

O Conclio de Niceia - Parte 2

Historiadores do Conclio de Niceia - Uma boa fonte para o estudo deste perodo histrico -nos apresentada hoje sob a forma da obra de Edward Gibbon, um historiador representativo do iluminismo ingls do sculo XVIII, ainda hoje lida e traduzida para vrias lnguas: A histria do declnio e queda do imprio romano. H diversas obras a respeito do Conclio de Niceia, mas de fato os historiadores que gozam de mais credibilidade e so a fonte desse perodo histrico para os demais autores so os prprios contemporneos do Conclio de Niceia: Eusbio, Scrates de Constantinopla, Sozomenes, Teodoreto e Rufino, ...junto com algumas informaes conservadas por Atansio e uma histria do Conclio de Nicia escrita em grego no sculo V por Gelsio de Ccico.O carcter, a sociedade, e os problemas

A cristandade do sculo II no concordava sobre a data de celebrao da Pscoa da ressurreio. As igrejas da sia Menor, entre elas a importante igreja de feso, celebravam-na, juntamente com os judeus, no 14 dia da primeira lua da primavera (o 14 Nisan, segundo o calendrio judaico), sem levar em considerao o dia da semana. J as igrejas de Roma e de Alexandria, juntamente com muitas outras igrejas tanto ocidentais quanto orientais, celebravam-na no domingo subsequente ao 14 Nisan. Com vistas fixao de uma data comum, em 154 ou 155, o bispo Policarpo de Esmirna, entrou em contato com o papa Aniceto, mas nenhuma unificao foi conseguida e o assunto permaneceu em aberto.Foi no conclio de Niceia que se decidiu ento resolver a questo estabelecendo que a Pscoa dos cristos seria sempre celebrada no domingo seguinte ao plenilnio aps o equincio da primavera. Apesar de todo esse esforo, as diferenas de calendrio entre Ocidente e Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Pscoa em toda a parte no mesmo dia continuasse sendo um belo sonho, e isso at os dias de hoje.Alm desse problema menor, outra questo mais sria incomodava a cristandade catlica: como conciliar a divindade de Jesus Cristo com o dogma de f num nico Deus?Na poca a inteligncia dos cristos ainda estava procura de uma frmula satisfatria para a questo, embora j houvesse a conscincia da imutabilidade de Deus e da existncia divina do Pai, do Filho e do Esprito Santo. Nesse quadro, um presbtero de nome rio passa a defender em Alexandria a ideia de que Jesus uma "criatura do Pai", no sendo, portanto, eterno. Em suas pregaes, rio por vrias vezes insistia em afirmar em tom provocativo que "houve um tempo em que o Filho no existia". Dizia que Cristo teria sido apenas um instrumento de Deus mas sem natureza divina. A esse ensinamento de rio aderiram outros bispos e presbteros. Sobretudo, o bispo Eusbio de Cesareia, conhecido escritor da igreja, que se colocou do lado de rio.Por outro lado, a doutrina de rio, ou arianismo, foi prontamente repudiada pelo restante dos cristos, que viam nela uma negao do dogma da Encarnao. O repdio mais radical talvez rio tenha encontrado no bispo Alexandre de Alexandria e no dicono Atansio, que defendiam enfaticamente a divindade de Cristo. Um snodo foi convocado e a doutrina do rio foi excluda da igreja em 318. Mas o nmero de seus adeptos j era to grande que a doutrina no pode ser mais silenciada. A situao se agravava cada vez mais e, desejoso de resolver de vez a questo, o imperador Constantino, que recentemente, no ano de 324 d.C., havia se tornado o imperador tambm do oriente convoca um conclio ecumnico.Dado este importante, pois apesar de Constantino agora ser o imperador tambm do oriente mostra a independncia que os Bispos orientais (a maioria no Conclio) tinham do seu recente imperador.

Os procedimentos

O conclio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palcio imperial, ocupando-se com discusses preparatrias na questo ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusbio de Nicomdia, Tegnis de Nice, e Maris de Chalcedon, parecem ter sido os principais lderes; as sesses regulares, no entanto, comearam somente com a chegada do imperador. O imperador abriu a sesso na condio de presidente de honra e, depois, assistiu s sesses posteriores, mas a direo das discusses teolgicas ficou com as autoridades eclesisticas do Conclio.Nem Eusbio de Cesrea, Scrates, Sozomenes, Rufino e Gelsio de Ccico, proporcionam detalhes das discusses teolgicas. Rufino nos diz to somente que se celebraram sesses dirias, as opinies de Ario eram escutadas e discutidas com seriedade, apesar que a maioria se declarava energicamente contra suas doutrinas.No incio os arianos e os ortodoxos mostraram-se incondescendentes entre si. Os arianos confiaram a representao de seus interesses a Eusbio de Cesareia, cujo nvel e a eloquncia fez uma boa impresso perante o imperador. A sua leitura da confisso dos arianos provocou uma tempestade de raiva entre os oponentes.No seu interesse, assim como para sua prpria causa, Eusbio, depois de ter cessado de representar os arianos, apareceu como um mediador. Apresentou o smbolo (credo) baptismal de Cesareia que acabou por se tornar a base do Credo niceno.A votao final, quanto ao reconhecimento da divindade de Cristo, foi um total de 300 votos a favor contra 2 desfavorveis. A doutrina de Ario foi anatematizada e os 2 Bispos que votaram contra e mantiveram sua posio contrariando a posio do Conclio foram exilados pelo imperador.

A profisso de F e os cnones do Conclio de Niceia

O Conclio de Nicia estabeleceu 20 cnones, os quais daro seqncia ao Credo. Um breve resumo de seu contedo:Cnon I - Eunucos podem ser recebidos entre os clrigos, mas no sero aceitos aqueles que se castram.Cnon II - Aqueles que provieram do paganismo no podero ser imediatamente promovidos ao Presbiterato, pois no de convenincia um nefito sem uma provao de algum tempo. Mas se depois da ordenao constatou-se que ele anteriormente pecara, que seja afastado do Clero.Cnon III - Nenhum deles dever ter uma mulher em sua causa, exceto sua me, irm e pessoas totalmente acima de suspeita.Cnon IV - Um bispo deve ser escolhido por todos os bispos da provncia ou, no mnimo, por trs, apresentando os restantes seu assentimento por carta; mas a escolha deve ser confirmada pelo metropolita.Cnon V - Quem foi excomungado por algum bispo no deve ser restitudo por outro, a no ser que a excomunho tenha resultado de pusilanimidade ou contenda ou alguma outra razo semelhante. Para que esse assunto seja resolvido convenientemente, dever haver dois snodos por ano em cada provncia - um na Quaresma e o outro no outono.Cnon VI - O bispo de Alexandria ter jurisdio sobre o Egito, Lbia e Pentpolis; assim como o bispo Romano sobre o que est sujeito a Roma. Assim, tambm, o bispo de Antioquia e os outros, sobre o que est sob sua jurisdio. Se algum foi feito bispo contrariamente ao juzo do Metropolita, no se torne bispo. No caso de ser de acordo com os cnones e com o sufrgio da maioria, se trs so contra, a objeo deles no ter fora.Cnon VII - O bispo de Alia seja honorificado, preservando-se intactos os direitos da Metrpole.Cnon VIII - Se aqueles denominados Ctaros voltarem, que eles primeiro faam uma profisso de que esto dispostos a entrar em comunho com aqueles que se casaram uma segunda vez, e a dar perdo aos que apostataram. E nessas condies, aquele que estava ordenado continuar no mesmo ministrio, assim como o bispo continuar bispo. quele que foi Bispo entre os Ctaros permita-se que, no entanto, seja um corepscopo ou goze a honra de um presbtero ou bispo. No dever haver dois bispos numa nica igreja.Cnon IX - Quem quer que for ordenado sem exame dever ser deposto, se depois vier a ser descoberto que foi culpado de crime.Cnon X - Algum que apostatou deve ser deposto, tivessem ou no conscincia de sua culpa os que o ordenaram.Cnon XI - Os que caram sem necessidade, ainda que, portanto, indignos de indulgncia, no entanto lhes ser concedida alguma indulgncia, e eles devero ser "genuflectores" por doze anos.Cnon XII - Aqueles que sofreram violncia e indicaram que resistiram, mas depois caram na maldade e voltaram ao exrcito, devero ser excomungados por dez anos. Mas, de qualquer modo, a maneira de fazerem penitncia deve ser examinada. O bispo poder tratar mais brandamente algum que est fazendo penitncia e se mostrou zeloso em seu cumprimento do que quem foi frio e indiferente.Cnon XIII - Os moribundos devem receber a comunho. Mas se algum se recupera, deve ser posto no nmero daqueles que participam das preces, e somente com eles.Cnon XIV - Se alguns dos catecmenos caram em apostasia, devero ser somente "ouvintes" por trs anos; depois podero orar com os catecmenos.Cnon XV - Bispos, presbteros e diconos no se transferiro de cidade para cidade, mas devero ser reconduzidos, se tentarem faz-lo, para a igreja para a qual foram ordenados.Cnon XVI - Os presbteros ou diconos que desertarem de sua prpria igreja no devem ser admitidos em outra, mas devem ser devolvidos sua prpria diocese. A ordenao deve ser cancelada se algum bispo ordenar algum que pertence a outra igreja, sem consentimento do bispo dessa igreja.Cnon XVII - Se algum do clero praticar usura ou receber 150% do que emprestou deve ser excludo e deposto.Cnon XVIII - Os diconos devem permanecer dentro de suas atribuies. No devem administrar a Eucaristia a presbteros, nem tom-la antes deles, nem sentar-se entre os presbteros. Pois que tudo isso contrrio ao cnon e correta ordem.Cnon XIX - Os Paulianistas devem ser rebatizados. Se alguns so clrigos e isentos de culpa devem ser ordenados. Se no parecem isentos de culpa, devem ser depostos. As diaconisas que se desviaram devem ser colocadas entre os leigos, uma vez que no compartilham da ordenao.Cnon XX - Nos dias do Senhor e de Pentecostes, todos devem rezar de p e no ajoelhados.

Nas atas do Conclio de Niceia, assinadas por todos os bispos participantes, com exceo dos dois seguidores de Ario, constou o texto da seguinte profisso de F:"Cremos em um s Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visveis e invisveis; E em um s Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unignito, isto , da substncia do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, no criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no cu e na terra, o qual por causa de ns homens e por causa de nossa salvao desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos cus e vir para julgar os vivos e os mortos; E no Esprito Santo. Mas quantos queles que dizem: 'existiu quando no era' e 'antes que nascesse no era' e 'foi feito do nada', ou queles que afirmam que o Filho de Deus uma hipstase ou substncia diferente, ou foi criado, ou sujeito alterao e mudana, a estes a Igreja Catlica anatematiza".

O Conclio

Segundo Helena Blavatsky uma nvoa de mistrio envolve este conclio, o qual pode muito bem ser chamado de misterioso. Havia mistrio, em primeiro lugar, no nmero mstico dos seus 318 5 bispos, a que Barnab deu muita importncia; alm disso no h concordncia entre os escritores antigos quanto poca e ao local de realizao dessa reunio, nem mesmo sobre quem seria o bispo que a presidiu 6. No obstante, os frutos da realizao deste conclio marcaram de forma indelvel o curso da nossa civilizao.Segundo a histria oficial da Igreja Catlica, o concilio ter sido presidido pelo prprio Imperador Constantino, e nele ter estado presente Eusbio de Cesareia, um dos maiores apoiantes da Ortodoxia, que mais tarde reescreveu a histria da Igreja, segundo a perspectiva do Cristianismo Imperial de Constantino.Deve-se a este conclio duas ferramentas chave da teologia da igreja Catlica:A deciso de quais, entre os muitos Evangelhos existentes, eram inspirados pelo Divino, ou seja, a seleco dos Evangelhos oficiais (e a subsequente erradicao de todos os escritos considerados apcrifos);A formulao Oficial da Doutrina da Trindade, em que a Igreja rejeita o principio Ariano (de Arius) e afirma que Jesus da mesma substncia (ou seja, a mesma entidade) que Deus.Consequentemente, o Credo de Niceia foi redigido e modificado (nele se inserindo vrias redundncias) de forma a identificar o Pai com o Filho. Quem discordou, foi pura e simplesmente perseguido pelo imperador.Ainda durante os vrios sculos posteriores, os conclios defenderam as vises mais antagnicas e contraditrias sobre a Doutrina da Trindade, visando reforar cada vez mais a ideia da identidade de Jesus como Deus Absoluto, e o consequente afastamento do Homem e do ideal do Cristo. exemplo a proclamao de Maria, me de Jesus, como Theotokos me de Deus no Conclio de feso realizado em 431 DC.

O Conclio a seleo dos Evangelhos

Quanto seleco dos Evangelhos, diz-nos HBP na sua obra sis sem Vu:Todo o atual dogmatismo religioso da Igreja se deve Sortes Sanctorum, a prtica de lanar sorte alguma coisa com o fim da adivinhao, exercida pelo clero cristo primitivo e medieval. No sendo capazes de concordar quais dos numerosos Evangelhos seriam os mais divinamente inspirados, foi resolvido no conclio de Nicea deixar a deciso nas mos da interveno milagrosa 7. Como tal, os actuais Evangelhos Cannicos so estes e no outros devido Sortes Sanctorum.Curiosamente esta prtica de adivinhao era considerada uma prtica sagrada, se feita pelo clero cristo primitivo e medieval. Porm, se exercido por leigos, hereges ou pagos o sortes sanctorum convertia-se, se acreditarmos nos piedosos padres, em sortes diabolurum ou sortilgio (feitiaria) 8.Ainda segundo Helena Blavatsky, Pappus diz-nos no seu Synodicon daquele Concilio: Depois de terem promiscuamente colocado todos os livros que tinham sido referidos para determinao ao Conclio sob a mesa de comunho de uma Igreja, eles (os Bispos) imploraram ao Senhor para que os livros inspirados fossem parar em cima da mesa, e assim sucedeu () Com base na autoridade das testemunhas eclesisticas, portanto, tomamos a liberdade de dizer que o mundo cristo deve a sua Palavra de Deus a um processo adivinhatrio, pelo qual a Igreja, em seguida, condenou vtimas infelizes como conjuradores, encantadores, mgicos, feiticeiros e vaticinadores e os queimou aos milhares. Falando desse fenmeno verdadeiramente divino da escolha dos manuscritos, os padres da Igreja dizem que o prprio Deus preside ao Sortes 9.Refira-se que, nos primeiros sculos do Cristianismo. os Evangelhos teriam chegado a ser mais de 300. A sua reduo para somente 4, decorrente do Conclio de Niceia, e o facto de se conhecerem hoje mais de 60 Evangelhos ditos apcrifos (como os de Tom, de Pedro, de Filipe, de Tiago, dos Doze Apstolos, dos Hebreus, etc.) vem demonstrar o papel preponderante da Igreja Catlica na eliminao e adulterao dos primeiros escritos cristos. Adicionalmente, sabe-se que os diversos grupos de Cristos Gnsticos, de que so exemplo os Ebionitas e os Nazarenos, tinham os seus prprios Evangelhos, muito diferentes dos textos seleccionados sob os auspcios de Constantino.Reforando a incoerncia de todo este processo, e de acordo com um dos compiladores da obra Apcrifos, os Proscritos da Bblia, houve textos que, no obstante eliminados da Bblia Romana, viriam mais tarde a ser nela reintegrados, como so exemplos o Livro da Sabedoria (atribudo a Salomo), o Eclesistico ou Sirac, as Odes de Salomo, o Livro de Tobias, o Livro de Macabeus, e outros mais. Outra parte de escritos veterotestamentrios ficou, no entanto, de fora, como o famoso Livro de Enoch, o Livro da Ascenso de Isaas, e os Livros III e IV dos Macabeus.

O Conclio o Credo Niceno

Para prover a nova religio de origens divinas, os Bispos reconstruram um credo existente, enfatizando a consubstanciao do Filho com o Pai, de Jesus com Deus:Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do Cu e da Terra, e de todas as coisas visveis e invisveis;E em um Senhor Jesus Cristo, filho unignito de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os tempos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado e no criado, consubstancial ao Pai ()De facto, como j foi dito, um dos dois pontos na agenda do Conclio, foi a discusso sobre a natureza de Cristo e a natureza da sua relao com Deus: se o Pai tinha existido antes do Filho, e se Pai e Filho eram da mesma natureza ou apenas de natureza semelhante. A discusso centrou-se volta de uma variao da palavra grega homos: em grego a palavra homos significa da mesma natureza ou substncia, consubstancial. No entanto, adicionando um i palavra homoios passa a significar de natureza semelhante. Decidiram os Bispos que o termo correcto para designar Jesus seria, na lngua Grega, homos, ou seja, consubstancial.A Trindade de Hipstases divinas existente no Hindusmo e no antigo Egito, assim como em todos os sistemas religiosos e filosficos arcaicos 10, foi assim decalcada e antropomorfizada. Consequentemente o Conclio decidiu que a Trindade Crist seria constituda por Trs Pessoas: o Pai, o Filho (Jesus) e o Esprito Santo, e que Jesus, o Filho, era consubstancial a Deus.Nos Mistrios e religies arcaicas que antecederam a Cristandade, era bem conhecido que o termo Filho de Deus se usava para designar o grau de Iniciao nos mais altos Mistrios, a realizao da sua natureza divina por parte do iniciado. Quando um aspirante alcanava, atravs da Iniciao, de grandes provas e sofrimentos, um elevado estado de perfeio, o seu nome era transformado em Christos, o purificado 11. Para a generalidade dos grupos Gnsticos, Jesus era a Sabedoria e a palavra de Deus em virtude da sua indissolvel unio com o Verbo. Cristo, filho de Deus, corresponde analogicamente ao segundo Aspecto do Logos e o princpio Cristico, ou Buddhi, no homem.Como bvio, estas consideraes metafsicas por muito enriquecedoras do ponto de vista do conhecimento religioso-filosfico que fossem, no beneficiavam em nada o poder e a autoridade da classe eclesistica, que se comeava a formar no Imprio atravs do domnio da faco ortodoxa nas parquias.Se os padres da Igreja Ortodoxa fizessem a distino entre a preexistncia da alma de Jesus (ou Jesus homem) e o Cristo ao qual ele ascendeu, isso implicava obviamente que qualquer alma podia, da mesma forma que Jesus, vir a identificar-se com o Filho e, portanto, a progredir na direco de uma Unio com a Divindade. O poder e a autoridade do Clero, como nicos mediadores entre Deus e o Homem, seriam, desta forma, ameaados.Os padres tomaram portanto a direco contrria uma direco que lhes permitisse o controlo absoluto dos seus crentes, um movimento na direco da absoluta deificao de Jesus.Em oposio, vrios Bispos favorveis s teses de Arius apresentaram um outro credo ao concilio, o qual foi rasgado, resultando na excomunho de Arius. O livro de Arius foi igualmente queimado no prprio conclio. Uma confisso de f (o Credo Niceno) foi ento escrita no conclio e assinada por todos os presentes, de acordo com ordem dada por Constantino. Todos os que se recusaram a assinar o Credo, foram banidos.O Credo subscrito em Niceia muito mais do que a afirmao da Divindade de Jesus: tambm a afirmao da nossa separao de Cristo e do Divino.Entretanto, curiosamente, o Credo Niceno tambm visto por alguns estudiosos como um simples (mas pouco lcido) desenvolvimento da frmula O Buddha, A Lei, A Comunidade Monstica (Buddha, Dharma, Sangha), tendo sido o Conclio o momento em que o Cristianismo rompeu definitivamente com o Budismo eclesistico, visto que os Essenos, os Terapeutas e os Gnsticos so identificados como o resultado da fuso entre o pensamento Indiano e Semtico, demonstrado por comparao entre a vida de Jesus e Buddha. Na parte lendria, ambas as histrias so idnticas. A parte lendria contrastada com a caracterstica correspondente noutras religies, principalmente com a histria Vdica do Visvakarman 12.Alis, so patentes as similaridades do Credo Niceno com a antiga doutrina Hindu. Krishna era considerado como a incarnao de Visnhu, cuja funo era anloga Segunda Pessoa da Trindade Crist. No Bhagavad-Gita (datado aproximadamente de 250 AC), o mesmo Krishna representado como a suprema personificao de Brahman a divindade suprema que desce para iluminar o homem e contribuir para a sua salvao. Isto vem evidenciar, uma vez mais, que o Credo proposto pela faco ortodoxa e feito assinar pelos Bispos em Niceia resultou de uma amlgama fabricada com elementos de outras doutrinas mais antigas, adaptadas aos interesses e objectivos da nova religio imperial.Posteriormente, ao longo da Histria da Igreja Catlica, e no decorrer de vrios conclios, foram tambm adicionadas ao Credo Niceno diversas outras referncias reflectindo a constante adaptao da religio fabricada, nomeadamente a incluso da passagem e encarnou pelo Esprito Santo na Virgem Maria e tambm por ns foi crucificado e sob Pncio Pilatos, numa clara tentativa de enfatizar um elemento Histrico na vida literal de Jesus, justamente por ser um elemento controvertido 13.ConclusoComo vimos, a poltica do Imprio Romano foi lentamente assimilada na Igreja, sendo formulada uma religio totalitria com o nome de Catolicismo Romano. A ascenso de Constantino foi um perodo de grande crescimento da Igreja, com o criar da religio oficial do Imprio.Vimos tambm que no concilio de Niceia se do os primeiros passos no sentido de construir os alicerces da teologia desta igreja oficial: so sorteados os Evangelhos Divinamente inspirados, e Jesus Cristo oficialmente declarado como Deus.Aps este acto, haver sempre, para muitos, um abismo entre a humanidade e Cristo. De acordo com os padres ps-Niceia, Jesus o prprio Deus Eterno Imanifestado e Absoluto. Tambm a noo de Iniciao eliminada. As doutrinas gnsticas e esotricas, cujos ensinamentos incidiam na evoluo espiritual, tornaram-se suprfluas e indesejveis. A teologia resultante do Credo Niceno promoveu uma passividade em que, de acordo com aquela frmula, qualquer pessoa tem apenas que aceitar o credo, partilhar dos sacramentos, obedecer aos Bispos e Igreja, bem como s decises dos conclios, e ser salvo.Este conclio e as doutrinas da advenientes prepararam tambm o terreno no qual floresceram as doutrinas do pecado original e do Inferno Eterno, contribuindo para a degradao e aviltamento da humanidade.Vimos ainda que o triunfo do Cristianismo no pode ser separado da influncia politica do Imprio Romano. Ao promover o casamento entre igreja e estado, os lderes da igreja tornaram-se monarcas e Constantino foi quase foi considerado um santo. Consequentemente, uma das grandes preocupaes da Igreja foi (no a teologia) mas a eliminao de todos os elementos que se atravessaram na obteno do poder absoluto. A partir daqui e at 1798 (quando os exrcitos de Napoleo entraram em Roma), o Papa e as Monarquias governaram em unssono.Quando Constantino morreu, em 337, foi Baptizado (ironicamente s no seu leito de morte e por um seguidor de Arius) e enterrado na considerao que se tornara um dcimo terceiro apstolo. Na iconografia eclesistica foi representado como recebendo uma coroa da mo de Deus

O Concilio de Nicia - outra viso

Por Paty Witch Maeve 09/04/2010 - 325 D.C ? realizado o Conclio de Nicia, atual cidade de Iznik, provncia de Anatlia (nome que se costuma dar antiga sia Menor ), na Turquia asitica. A Turquia um pas euro-asitico, constitudo por uma pequena parte europia, a Trcia, e uma grande parte asitica, a Anatlia. Este foi o primeiro Conclio Ecumnico da Igreja, convocado pelo Imperador Flavius Valerius Constantinus (285 - 337 d.C), filho de Constncio I. Quando seu pai morreu em 306, Constantino passou a exercer autoridade suprema na Bretanha, Glia ( atual Frana ) e Espanha. Aos poucos, foi assumindo o controle de todo o Imprio Romano. Desde Lcio Domcio Aureliano (270 - 275 d.C.), os Imperadores tinham abandonado a unidade religiosa, com a renncia de Aureliano a seus "direitos divinos", em 274. Porm, Constantino, estadista sagaz que era, inverteu a poltica vigente, passando, da perseguio aos cristos, promoo do Cristianismo, vislumbrando a oportunidade de relanar, atravs da Igreja, a unidade religiosa do seu Imprio. Contudo, durante todo o seu regime, no abriu mo de sua condio de sumo-sacerdote do culto pago ao "Sol Invictus". Tinha um conhecimento rudimentar da doutrina crist e suas intervenes em matria religiosa visavam, a princpio, fortalecer a monarquia do seu governo.Na verdade, Constantino observara a coragem e determinao dos mrtires cristos durante as perseguies promovidas por Diocleciano, em 303. Sabia que, embora ainda fossem minoritrios ( 10% da populao do imprio ), os cristos se concentravam nos grandes centros urbanos, principalmente em territrio inimigo. Foi uma jogada de mestre, do ponto de vista estratgico, fazer do Cristianismo a Religio Oficial do Imprio : Tomando os cristos sob sua proteo, estabelecia a diviso no campo adversrio. Em 325, j como soberano nico, convocou mais de 300 bispos ao Conclio de Nicia. Constantino visava dotar a Igreja de uma doutrina padro, pois as divises, dentro da nova religio que nascia, ameaavam sua autoridade e domnio. Era necessrio, portanto, um Conclio para dar nova estrutura aos seus poderes.E o momento decisivo sobre a doutrina da Trindade ocorreu nesse Conclio. Trezentos Bispos se renem para decidir se Cristo era um ser criado (doutrina de Arius) ou no criado, e sim igual e eterno como Deus Seu Pai (doutrina de Atansio). A igreja acabou rejeitando a idia ariana de que Jesus era a primeira e mais nobre criatura de Deus, e afirmou que Ele era da mesma "substncia" ou "essncia" (isto , a mesma entidade existente) do Pai.Assim, segundo a concluso desse Conclio, h somente um Deus, no dois; a distncia entre Pai e Filho est dentro da unidade divina, e o Filho Deus no mesmo sentido em que o Pai o . Dizendo que o Filho e o Pai so "de uma substncia", e que o Filho "gerado" ("nico gerado, ou unignito", Joo 1. 14,18; 3. 16,18, e notas ao texto da NVI), mas "no feito", o Credo Niceno, estabelece a Divindade do homem da Galilia, embora essa concluso no tenha sido unnime. Os Bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos e exilados. Com a subida da Igreja ao poder, discusses doutrinrias passaram a ser tratadas como questes de Estado. E na controvrsia ariana, colocava-se um obstculo grande realizao da idia de Constantino de um Imprio universal que deveria ser alcanado com a uniformidade da adorao divina.O Conclio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palcio imperial, ocupando-se com discusses preparatrias na questo ariana, em que Arius , com alguns seguidores, em especial Eusbio , de Nicomdia; Tegnis, de Nice, e Maris, de Chalcedon, parecem ter sido os principais lderes. Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria. Na primeira linha de influncia hierrquica estavam trs arcebispos : Alexandre, de Alexandria; Eustquio, de Antioquia e Macrio, de Jerusalm, bem como Eusbio, de Nicomdia e Eusbio, de Cesaria. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi). O ocidente enviou no mais de cinco representantes na proporo relativa das provncias : Marcus, da Calabria (Itlia) ; Cecilian, de Cartago (frica) ; Hosius, de Crdova (Espanha); Nicasius, de Dijon (Frana) e Domnus, de Stridon (Provncia do Danbio). Apenas 318 bispos compareceram, o que equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do Imprio. Dos 318, poucos eram da parte ocidental do domnio de Constantino, tornando a votao, no mnimo, tendenciosa. Assim, tendo os bispos orientais como maioria e a seu favor, Constantino aprovaria com facilidade, tudo aquilo que fosse do seu interesse. As sesses regulares, no entanto, comearam somente com a chegada do Imperador. Aps Constantino ter explicitamente ordenado o curso das negociaes, ele confiou o controle dos procedimentos a uma comisso designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos participantes mais proeminentes desse corpo.O Imperador manipulou, pressionou e ameaou os partcipes do Conclio para garantir que votariam no que ele acreditava, e no em algum consenso a que os bispos chegassem. Dois dos bispos que votaram a favor de Arius foram exilados e os escritos de Arius foram destrudos. Constantino decretou que qualquer um que fosse apanhado com documentos arianistas estaria sujeito pena de morte. Mas a deciso da Assemblia no foi unnime, e a influncia do imperador era claramente evidente quando diversos bispos de Egito foram expulsos devido sua oposio ao credo. Na realidade, as decises de Nicia foram fruto de uma minoria. Foram mal entendidas e at rejeitadas por muitos que no eram partidrios de rio.Posteriormente, 90 bispos elaboraram outro credo (O "Credo da Dedicao") em, 341, para substituir o de Nicia. (...) E em 357, um Conclio em Smirna adotou um credo autenticamente ariano. Portanto, as orientaes de Constantino nessa etapa foram decisivas para que o Conclio promulgasse o credo de Nicia, ou a Divindade de Cristo, em 19 de Junho de 325. E com isso, veio a conseqente instituio a Santssima Trindade e a mais discutida, ainda, a instituio do Esprito Santo, o que redundou em interpolaes e cortes de textos sagrados, para se adaptar a Bblia s decises do conturbado Conclio e outros, como o de Constantinopla, em 38l, cujo objetivo foi confirmar as decises daquele. A concepo da Trindade, to obscura, to incompreensvel, oferecia grande vantagem s pretenses da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia a Jesus, que ela chama seu fundador, um prestgio, uma autoridade, cujo esplendor recaia sobre a prpria Igreja catlica e assegurava o seu poder, exatamente como foi planejado por Constantino. Essa estratgia revela o segredo da adoo trinitria pelo conclio de Nicia. Os telogos justificaram essa doutrina estranha da divinizao de Jesus, colocando no Credo a seguinte expresso sobre Jesus Cristo : ?Gerado, no criado?. Mas, se foi gerado, Cristo no existia antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele no Deus, pois Deus eterno!Espelhando bem os novos tempos, o Credo de Nicia no fez qualquer referncia aos ensinamentos de Jesus. Faltou nele um "Creio em seus ensinamentos", talvez porque j no interessassem tanto a uma religio agora scia do poder Imperial Romano. Mesmo com a adoo do Credo de Nicia, os problemas continuaram e, em poucos anos, a faco arianista comeou a recuperar o controle. Tornaram-se to poderosos que Constantino os reabilitou e denunciou o grupo de Atansio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exlio. Agora, Atansio que foi banido. Quando Constantino morreu ( depois de ser batizado por um bispo arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e condenou o grupo de Atansio. Nos anos seguintes, a disputa poltica continuou, at que os arianistas abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvrsia poltico/religiosa causou violncia e morte generalizadas. Em 381 d.C, o imperador Teodsio (um trinitarista) convocou um conclio em Constantinopla. Apenas bispos trinitrios foram convidados a participar. Cento e cinqenta bispos compareceram e votaram uma alterao no Credo de Nicia para incluir o Esprito Santo como parte da divindade. A doutrina da Trindade era agora oficial para a Igreja e tambm para o Estado. Com a exclusiva participao dos citados bispos, a Trindade foi imposta a todos como "mais uma verdade teolgica da igreja". E os bispos, que no apoiaram essa tese, foram expulsos da Igreja e excomungados.Tudo isso nos leva a crer que o homem chamado "Jesus Cristo" na maneira descrita nos Evangelhos nunca existiu. Suas peripcias so fictcias; no padeceu sob nenhum Pncio Pilatos; no foi nem poderia jamais ser a nica Encarnao do Verbo; e qualquer Igreja, seita ou pessoa que diga o contrrio ou est enganada ou enganando. No quero dizer com isto que um homem assim no pudesse ter nascido, pregado e padecido. Segundo a Doutrina Teosfica, teria existido um homem chamado Joshua Ben Pandira. Tais homens nascem continuamente, e continuaro a nascer por todos os tempos: Encarnaes do Logos, Templos do Esprito Santo, Cruzes de Matria coroadas pela Chama do Esprito.Direi mais: Houve, em certa ocasio, um homem que alcanou no mais alto grau a conscincia de sua prpria Divindade; e este homem morreu em circunstncias anlogas (porm no idnticas!) quelas narradas nos Evangelhos. Seu nascimento perdeu-se na noite dos tempos: ele foi o original do "Enforcado" ou "Sacrifcio" no Tar, e os egpcios o conheciam pelo nome de Osris. Foi esse Iniciado quem formulou na carne a frmula do Deus Sacrificado. Esta a frmula da Cerimnia da Morte de Asar na Pirmide, que foi reproduzida nos mistrios de fraternidades manicas da tradio de Hiram, das quais o exemplo mais perfeito foi o Antigo e Aceito Rito Escocs. O Grau 33 desse rito indicava uma Encarnao do Logos, a descida do Esprito Santo; a manifestao, na carne, de um Cristo; a presena do Deus Vivo. Por volta do sculo IX, o credo j estava estabelecido na Espanha, Frana e Alemanha. Tinha levado sculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina da Trindade "pegasse". As polticas do governo e da Igreja foram as razes que levaram a Trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja. Como se pode observar, a doutrina trinitria resultou da mistura de fraude, poltica, um imperador pago e faces em guerra que causaram mortes e derramamento de sangue. As Igrejas Crists hoje em dia dizem que Constantino foi o primeiro Imperador Cristo, mas seu "cristianismo" tinha motivao apenas poltica. altamente duvidoso que ele realmente aceitasse a Doutrina Crist. Ele mandou matar um de seus filhos, alm de um sobrinho, seu cunhado e possivelmente uma de suas esposas. Ele manteve seu ttulo de alto sacerdote de uma religio pag at o fim da vida e s foi batizado em seu leito de morte. ************ OBS.: Em 313 d.C., com o grande avano da "Religio do Carpinteiro", o Imperador Constantino Magno enfrentava problemas com o povo romano e necessitava de uma nova Religio para controlar as massas. Aproveitando-se da grande difuso do Cristianismo, apoderou-se dessa Religio e modificou-a, conforme seus interesses. Alguns anos depois, em 325 D.C, no Conclio de Nicia, fundada, oficialmente, a Igreja Catlica...

O Concilio de Nicia - Parte 3

H que se ressaltar que, "Igreja" na poca de Jesus, no era a "Igreja" que entendemos hoje, pois se lermos os Evangelhos duma ponta outra veremos que a palavra Igreja, no sentido que hoje lhe damos, nem sequer neles mencionada exceto por aproximao e apenas trs vezes em dois versculos no Evangelho de Mateus (Mt 16, 18 e Mt 18, 17), pois a palavra grega original, usada por Mateus, ekklsia, significa simplesmente assemblia de convocados, neste caso a comunidade dos seguidores da doutrina de Jesus, ou a sua reunio num local, geralmente em casas particulares onde se liam as cartas e as mensagens dos apstolos.Sabemo-lo pelo testemunho de outros textos do Novo Testamento, j que os Evangelhos a esse respeito so omissos. Veja-se, por exemplo, a epstola aos Romanos (16,5) onde Paulo cita o agrupamento (ekklsia) que se reunia na residncia dum casal de teceles, ...quila e Priscila, ou a epstola a Filmon (1, 2) onde o mesmo Paulo sada a ekklsia que se reunia em casa do dito Filmon ; num dos casos, como lemos na epstola de Tiago (2, 2), essa congregao crist designada por sinagoga. Nada disto tem a ver, portanto, com a imponente Igreja catlica enquanto instituio formal estruturada e oficializada, sobretudo a partir do Conclio de Nicia, presidido pelo Imperador Constantino, mais de 300 anos aps a morte de Cristo. Onde termina a IGREJA PRIMITIVA dos Atos dos Apstolos e comea o Catolicismo Romano?Quando Roma tornou-se o famoso imprio mundial, assimilou no seu sistema os deuses e as religies dos vrios pases pagos que dominava. Com certeza, a Babilnia era a fonte do paganismo desses pases, o que nos leva a constatar que a religio primitiva da Roma pag no era outra seno o culto babilnico. No decorrer dos anos, os Lderes da poca comearam a atribuir a si mesmos, o poder de "senhores do povo" de Deus, no lugar da Mensagem deixada por Cristo. Na poca da Igreja Primitiva, os verdadeiros Cristos eram jogados aos lees. Bastava se recusar a seguir os falsos ensinamentos e o castigo vinha a galope. O paganismo babilnico imperava a custa de vidas humanas. No ano 323 d.C, o Imperador Constantino professou converso ao Cristianismo. As ordens imperiais foram espalhadas por todo o imprio:As perseguies deveriam cessar! Nesta poca, a Igreja comeou a receber grandes honrarias e poderes mundanos. Ao invs de ser separada do mundo, ela passou a ser parte ativa do sistema poltico que governava. Da em diante, as misturas do paganismo com o Cristianismo foram crescendo, principalmente em Roma, dando origem ao Catolicismo Romano. O Conclio de Nicia, na sia Menor, presidido por Constantino era composto pelos Bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por Lderes Religiosos das diversas comunidades. Tal Conclio consagrou oficialmente a designao "Catlica" aplicada Igreja organizada por Constantino : "Creio na igreja una, santa, catlica e apostlica". Poderamos at mesmo dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se v claramente, a Igreja Catlica no foi fundada por Pedro e est longe de ser a Igreja primitiva dos Apstolos...Os documentos includos no assim-chamado "Novo Testamento" (a saber, os Quatro Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse) seriam falsificaes perpetradas pelos patriarcas da Igreja Romana na poca de Constantino, por eles chamado "o Grande" porque permitiu esta contrafao, colaborando com ela.Constantino no teve sonho algum de "In Hoc Signo Vinces". Tais lendas teriam ento sido inventadas pelos patriarcas romanos dos trs sculos que se seguiram, durante os quais todos os documentos dos primrdios da assim-chamada "era Crist" existentes nos arquivos do Imprio Romano foram completamente alterados. O que realmente aconteceu na poca de Constantino, foi que, aliados os presbteros de Roma e Alexandria, com a cumplicidade dos patriarcas das igrejas locais, dirigiram-se ao Imperador, fizeram-lhe ver que a religio oficial era seguida apenas por uma minoria de patrcios, que a quase totalidade da populao do Imprio era crist (pertencendo s vrias seitas e congregaes das provncias); que o Imprio se estava desintegrando devido a discrepncia entre a f do povo e a dos patrcios; que as investidas constantes de seitas guerreiras essnias da Palestina incitavam as provncias contra a autoridade de Roma; e que, resumindo, a nica forma de Constantino conservar o Imprio seria aceitar a verso Romano-Alexandrina do Cristianismo. Ento, os bispos aconselhariam o povo a cooperar com ele; em troca, Constantino ajudaria os bispos a destrurem a influncia de todas as outras seitas crists! Constantino aceitou este pacto poltico, tornando a verso Romano-Alexandrina do Cristianismo na religio oficial do Imprio.Conseqentemente, a liderana religiosa passou s mos dos patriarcas Romano-Alexandrinos, que, auxiliados pelo exrcito do Imperador, comearam uma "purgao" bem nos moldes daquelas da Rssia moderna. Os cabeas das seitas crists independentes foram aprisionados; seus templos, interditados; e congregaes inteiras foram sacrificadas nas arenas das provncias de Roma e Alexandria. Os gnsticos gregos, herdeiros dos Mistrios de Elusis, foram acusados de prticas infames por padres castrados como Orgenes e Irineu (a castrao era um mtodo singular de preservar a castidade, derivado do culto de tis, do qual se originou a psicologia Romano-Alexandrina). Os essnios foram condenados atravs do hbil truque de fazer dos judeus os viles do Mistrio da Paixo; e com a derrota e disperso finais dos judeus pelos quatro cantos do Imprio, a Igreja Romano-Alexandrina respirou desafogada e pode dedicar-se completamente ao que tem sido sua especialidade desde ento: AJUDAR OS TIRANOS DO MUNDO A ESCRAVIZAREM OS HOMENS LIVRES.Em resumo: Por influncia dos imperadores Constantino e Teodsio, o Cristianismo tornou-se a religio oficial do Imprio Romano e entrou no desvio. Institucionalizou-se; surgiu o profissionalismo religioso; prticas exteriores do paganismo foram assimiladas; criaram-se ritos e rezas, ofcios e oficiantes. Toda uma estrutura teolgica foi montada para atender s pretenses absolutistas da casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiis com a draconiana afirmao : "Fora da Igreja no h salvao". Alm disso, Constantino queria um Imprio unido e forte, sem dissenses. Para manter o seu domnio sobre os homens e estabelecer a ditadura religiosa, as autoridades eclesisticas romanas deviam manter a ignorncia sobre as filosofias e Escrituras. A mesma Bblia devia ser diferente. Devia exaltar Deus e os Patriarcas mas, tambm, um Deus forte, para se opor ao prprio Jeov dos Hebreus, ao Buda, aos poderosos deuses do Olimpo. Era necessrio trazer a Divindade Arcaica Oriental, misturada s fbulas com as antigas histrias de Moiss, Elias, Isaas, etc., onde colocaram Jesus, no mais como Messias ou Cristo, mas, maliciosamente, colocou Jesus parafraseado de divindade no lugar de Jezeu Cristna, a segunda pessoa da trindade arcaica do Hindusmo. Nesse quadro de ambies e privilgios, no havia lugar para uma doutrina que exalta a responsabilidade individual e ensina que o nosso futuro est condicionado ao empenho da renovao interior e no simples adeso e submisso incondicional aos Dogmas de uma Igreja, os quais, para uma perfeita assimilao, eram necessrios admitir a quintessncia da teologia : "Credo quia absurdum", ou seja, "Acredito mesmo que seja absurdo", criada por Tertuliano (155-220), apologista Cristo.Disso tudo deveria nascer uma religio forte como servia ao imprio romano. Veio ainda a ser criados os simbolismos da Sagrada Famlia e de todos os Santos, mas as verdades do real cnone do Novo Testamento e parte das Sagradas Escrituras deviam ser suprimidas ou ocultadas, inclusive as obras de Scrates e outras Filosofias contrrias aos interesses da Igreja que nascia. Esta lgica foi adotada pelas foras clericais mancomunadas com a poltica romana, que precisava desta religio, forte o bastante, para impor-se aos povos conquistados e reprimidos por Roma, para assegurar-se nas regies invadidas, onde dominava as terras, mas no o esprito dos povos ocupados. Em troca, o Cristianismo ganhava a Universalidade, pois queria se tornar "A Religio Imperial Catlica Apostlica Romana", a Toda Poderosa, que vinha a ser sustentada pela fora, ao mesmo tempo em que simulava a graa divina, recomendando o arrependimento e perdo, mas que na prtica, derrotava seus inimigos a golpes de espada. Ento no era da tolerncia pregada pelo Cristianismo que Constantino precisava, mas de uma religio autoritria, rgida, sem evasivas, de longo alcance, com razes profundas no passado e uma promessa inflexvel no futuro, estabelecida mediante poderes, leis e costumes terrenos. Para isso, Constantino devia adaptar a Religio do Carpinteiro, dando-lhes origens divinas e assim impressionaria mais o povo o qual sabendo que Jesus era reconhecido como o prprio Deus na nova religio que nascia, haveria facilidade de impor a sua estrutura hierrquica, seu regime monrquico imperial, e assim os seus poderes ganhariam amplos limites, quase inatingveis. Quando Constantino morreu, em 337, foi batizado e enterrado na considerao de que ele se tornara um dcimo terceiro Apstolo, e na iconografia eclesistica veio a ser representado recebendo a coroa das mo de Deus.Resumindo, isso a prpria histria de terror abafada pela f crist. E... ns somos o lado negro da histria?Os 21 Conclios EcumnicosA guisa de recapitulao de toda a histria da Igreja, apresentamos uma sntese da histria dos Conclios.

1 - Conclio de Nicia I (325)

O primeiro Conclio Ecumnico foi o de Nicia I, reunido de 26/05 a 25/07/325. Desde o Sculo II, os cristos voltaram a sua ateno para as verdades da f reveladas pelo Evangelho, procurando penetrar-lhes o sentido. Sem dvida, uma das que mais se impunham a reflexo dos fiis, era a questo do relacionamento de Jesus Cristo com Deus Pai ou com o nico Deus (revelado no Antigo Testamento): seria Jesus realmente Deus ou apenas criatura?&& Aps correntes que concebiam Jesus como inferior ao Pai, o presbtero Ario de Alexandria em 312 comeou a ensinar que o Logos (ou o Filho) era, como criatura, subordinado ao Pai; da os nomes de sua escola: arianismo ou subordinacionismo. O Imperador Constantino, que concedera a paz aos cristos mediante o Edito de Milo em 313, quis contribuir para a soluo da controvrsia teolgica assim originada, convocando um Conclio universal para Nicia (sia Menor) em 325. O Papa S. Silvestre, idoso como era, fez-se representar na assemblia, dando-lhe a autoridade legtima. Os padres conciliares, aps acalorados debates.1) definiram que o Filho de Deus consubstancial (homoousious) ao Pai - o que significa que no criado, mas compartilha a essncia do Pai (ou a Divindade). Esta verdade foi expressa no Smbolo de Nicia;2) fixaram a data de Pscoa, que seria celebrada no primeiro domingo aps a primeira lua cheia da Primavera;3) estabeleceram a ordem de dignidade dos Patriarcados:Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalm. O Papa S. Silvestre confirmou as decises do Conclio.

2 - Conclio de Constantinopla I (381)

Aps a controvrsia sobre a divindade do Logos, os cristos se voltaram para a do Esprito Santo: houve quem professasse ser o Esprito Santo mera criatura. O arauto principal desta tese foi Macednio, bispo de Constantinopla; donde o nome de Macedonismo ou Pneumatomaquismo que Ihe foi dado. O lmperador Teodsio (379-395), zeloso da reta f, houve por bem convocar novo Conclio Ecumnico desta vez para Constantinopla. Esta assemblia reuniu-se de maio a julho de 381. Firmou trs decises principais:1) O Esprito Santo Deus, da mesma substncia que o Pai e o Filho. Em conseqncia, o Smbolo de f Niceno foi completado com as palavras: Cremos no Esprito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos Profetas.2) Foram condenados todos os defensores do arianismo sob qualquer das suas modalidades.3) A sede de Constantinopla ou Bizncio foi atribuda uma preeminncia sobre as demais logo aps a de Roma, pois Bizncio era considerada a segunda Roma. O Conclio de Constantinopla I no contou com a presena do Papa ou de algum legado deste. Todavia foi reconhecido explicitamente pela S de Roma a partir do sculo VI, no que concerne s suas proposies de f (divindade do Filho e do Esprito Santo).

3 - Conclio de feso (431)

Aps o estudo da SS. Trindade, os cristos se detiveram sobre Jesus Cristo: como poderia ser Deus e homem ao mesmo tempo? Levando adiante idias de autores anteriores, Nestrio, bispo de Constantinopla, ps-se a combater o ttulo Theotokos, Me de Deus, que os cristos desde o sculo III atribuam a Maria SS... Tal ttulo significava que em Jesus havia uma s pessoa - a divina -, que, alm de possuir tudo o que Deus possui, dispunha de verdadeira natureza humana. Para Nestrio, a humanidade de Jesus seria apenas o templo ou a revestimento do Filho de Deus; a divindade teria passado par Maria, mas no nascera de Maria, a que implicava uma pessoa humana em Jesus distinta da segunda pessoa da SS. Trindade. Tal doutrina causou celeuma entre as cristos, de modo que a lmperador Teodsio II (408-450) convocou um Conclio Ecumnico a se realizar em feso (sia Menor) de junho a setembro de 431. O Papa S. Celestino I (422-432) fez se representar par S. Cirilo de Alexandria. O Conclio de feso:1) condenou e deps Nestrio, rejeitando a sua doutrina. No elaborou frmula de f, mas aprovou a segunda carta de S. Cirilo a Nestrio;2) condenou a pelagianismo (doutrina excessivamente otimista no tocante a natureza humana) e o messalianismo (corrente de espiritualidade que apregoava a total apatia ou uma Moral indiferentista).O Papa S. Celestino I confirmou as decises do Conclio de feso.

4 - Conclio de Calcednia (451)

O pensamento teolgico, tendo superado a Nestorianismo (que cindia Jesus Cristo, atribuindo-lhe dois eu ou duas pessoas) esteve sujeito a movimento pendular. A tese de ortodoxia, que rejeitava a dualidade de pessoas, foi exageradamente enfatizada no chamado monofisismo ou monofisitismo. Com efeito, Eutiques de Constantinopla, adversrio de Nestrio e seguidor de S. Cirilo, ultrapassou o seu mestre, ensinando o seguinte: em Cristo, no havia apenas uma s pessoa (um s eu), mas havia tambm uma s natureza, visto que a natureza divina absorvera a humana. Tal posio suscitou ardente controvrsia, pois se lhe opunham Teodoreto de Ciro, Domno de Antioquia e a prprio Papa Leo I (440- 461). O Imperador Marciano (450-457) convocou ento um Conclio Ecumnico para feso, o qual, iniciado nesta cidade, foi transferido para Calcednia (junto a Constantinopla); durou de 8 de outubro a novembro de 451. So Leo Magno, Papa, enviou seus legados, assim como uma carta que definia a doutrina ortodoxa: em Cristo h uma s pessoa, mas duas naturezas (a divina e a humana) no confundidas entre si. Tal doutrina foi aclamada pelos padres conciliares, que condenaram Eutiques e a monofisismo aos 25/10/451. O Conclio de Calcednia tambm se voltou para questes disciplinares, condenando a simonia, os casamentos mistos e proibindo as ordenaes absolutas (isto , realizadas sem que o novo clrigo tivesse determinada funo pastoral). Em seu famoso cnon 28, a Conclio reconheceu a S de Constantinopla, a cidade imperial, os mesmos privilgios que de Roma. O Papa S. Leo Magno recusou-se a aprovar este cnon, visto que Roma a sede dos Apstolos Pedro e Paulo, ao passo que Constantinopla no foi sede de Apstolo, mas derivava sua importncia do simples fato de ser sede do lmperador.

5 - Conclio de Constantinopla II (553) O Conclio de Calcednia no conseguiu pr termo s controvrsias cristolgicas. Em 527 subiu ao trono imperial de Bizncio Justiniano I, que muito se interessava por assuntos teolgicos; em conseqncia, julgou que serviria a causa da verdade e da Igreja se condenasse trs autores do Sculo V tidos como nestorianos: Teodoro de Mopsustia, Teodoreto de Ciro e Ibas de Edessa. Originou-se assim a controvrsia dos Trs Captulos, visto que os bispos orientais e ocidentais assumiram atitudes diversas diante da posio de Justiniano. Este constrangeu o Papa Viglio a ir de Roma a Constantinopla para apoiar o Imperador. Finalmente Justiniano resolveu convocar um Conclio Ecumnico para dirimir a controvrsia. Este, reunido em Constantinopla de 5/05 a 2/06/553, condenou os Trs Captulos. O Papa Viglio aprovou tal condenao depois de proclamada pelo Conclio, dando assim foros de legitimidade tanto ao Conclio de Constantinopla II quanto ao seu decreto condenatrio. O Papa S. Gregrio I, em 591, confirmou o mencionado Conclio, que foi fortemente agitado par causa da indevida ingerncia do lmperador.

6 - Conclio de Constantinopla III (680/1) O monofisitismo, que no se extinguiu aps a Conclio de Calcednia, assumiu nova forma (assaz sutil) chamada monotelitismo. Este ensinava que em Cristo havia uma s vontade (a divina) e um s princpio de atividade ou energia (o divino) - o que redundaria em unidade de natureza ou monofisismo. O protagonista desta tese era a Patriarca Srgio de Constantinopla, ao qual se opunha Sofrnio de Jerusalm. A disputa suscitou, da parte do lmperador Constantino IV Pogonato (668-685), a convocao de bispos, inclusive legados papais, para Constantinopla; assim teve origem mais um Conclio Ecumnico (7/11/680 a 16/09/681). O monotelitismo foi ento condenado e afirmou-se a existncia, em Cristo, de duas vontades (a divina e a humana) moralmente unidas entre si, e de dois princpios de atividade. Os Papas S. Agato (678-681) e So Leo II (682-683) confirmaram as sentenas do Conclio.

7 - Conclio de Nicia II (787) O Conclio de Constantinopla III encerrou a srie de controvrsias teolgicas sobre Jesus Cristo, sua Divindade e sua humanidade; os pontos essenciais referentes SS. Trindade e Encarnao do Filho estavam definidos. Todavia os telogos no cessaram de estudar as verdades da f. Novo motivo de disputas veio a ser o uso de imagens nas igrejas, dando ocasio controvrsia iconoclasta. Desde os primeiros sculos os cristos costumavam pintar e esculpir as figuras de Cristo a dos santos, no a fim de ador-las, mas no intuito de melhor poder voltar sua ateno para o Senhor a seus irmos mrtires ou confessores da f. Todavia, sob a influncia do judasmo a do islamismo, houve cristos no sculo VIII que se puseram a combater o uso das imagens; os lmperadores Leo III o Isurico (717-741), Constantino V Coprnimo (741-775), Leo IV (775- 780) favoreceram o iconoclasmo. O principal defensor das imagens foi So Joo Damasceno (749), que, juntamente com outros cristos, padeceu rdua perseguio por causa de sua fidelidade Tradio crist. Morto Leo IV, a rainha-me regente, que patrocinava o culto das imagens, resolveu, de comum acordo com o Papa Adriano I. (772- 795), convocar um Conclio Ecumnico para Nicia. Este realizou-se de 24/09 a 23/10/787; foi ento lida a carta do Papa ao Patriarca Tarsio de Constantinopla e a Irene em favor das imagens; o Conclio declarou outrossim que reconhecia a intercesso de Maria, dos anjos e dos Santos, assim como o culto da Cruz e das imagens; tal culto seria relativo ao Senhor Jesus e aos santos, de modo tal que ao primeiro (Jesus Cristo) se prestaria adorao e aos santos venerao. Aps o Conclio, a luta ainda continuou salientando-se ento o patriarca Nicforo de Constantinopla e o monge Teodoro Studita como defensores das imagens. No Ocidente o Imperador Carlos Magno (800-814) mostrou-se propcio ao iconoclasmo, o que no teve graves conseqncias na vida do povo cristo.

8 - Conclio de Constantinopla IV (869/870) A exposio at aqui mostra como os cristos orientais eram propensos a discusses teolgicas, As vezes de ndole sutil. Tais controvrsias punham no raro o Oriente em confronto com o Ocidente, especialmente com a s de Roma, onde havia menos acume dialtico. As tenses foram, a partir de 859, alimentadas pela atitude do patriarca Fcio de Constantinopla. Este em 867 reuniu um Snodo em Constantinopla, que, sob a inspirao de Fcio, proferiu a condenao da S de Roma. Ento o Papa Adriano II (867-872) e o lmperador Baslio I (867-886) entenderam-se sobre a convocao de um Conclio Ecumnico, que teve lugar em Constantinopla de 5/10/869 a 28/02/870; os padres conciliares assinaram um documento que prescrevia a todos a Submisso Igreja de Roma, na qual a f sempre se conservou sem mancha. Fcio foi condenado por fomentar o cisma. O Conclio reafirmou outrossim a ordem de precedncia das ctedras patriarcais: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalm. O culto das imagens foi confirmado. O Papa Adriano II aprovou as decises do Conclio.

9 - Conclio do Latro I (1123) Com o Conclio de Constantinopla IV termina a Srie dos Conclios Ecumnicos realizados, no Oriente. Em 1054 deu-se o cisma de Constantinopla, que perdura at hoje (excetuados breves perodos de reatamento). De ento por diante, os Conclios Ecumnicos sero todos celebrados no Ocidente. Nos Sculos X e XI, a Igreja latina sofreu do mal da ingerncia do poder poltico na distribuio dos bispados; os Imperadores e os senhores feudais queriam nomear os prelados de acordo com os seus interesses polticos, praticando assim o que se chama a investidura leiga; A autoridade eclesistica tocaria apenas dar a ordem sacra ao candidato designado exclusivamente pelo poder civil. Como se compreende, desta prtica resultavam bispos sem vocao pastoral e, conseqentemente, o clero se ressentia. de relaxamento da respectiva disciplina; havia outrossim simonia, e nicolasmo. Em Roma, a prpria ctedra de Pedro era cobiada pelas famlias nobres da cidade e das redondezas, que tentavam impor-lhe os seus favoritos. Com o Papa Gregrio VII (1073-85) comeou a forte rplica da Igreja a tal situao ou a luta do sacerdcio e do Imprio, que redundaria em fortalecimento do Papado. Em 1122 o Papa Calixto II (1119-1124) e o lmperador Henrique V assinaram a Concordata de Worms, que assegurava igreja plena liberdade na escolha e ordenao de seus bispos. Tal resultado foi promulgado pelo Conclio do Latro I, convocado pelo Papa Calixto II para Roma e celebrado de 18/03 a 16/04/1123 por cerca de trezentos bispos e abades. Os cnones definidos pelo Conclio versavam todos sobre a disciplina eclesistica. Com efeito, voltaram-se contra a simonia, o nicolasmo e proibiram a ordenao de bispos que no tivessem sido escolhidos canonicamente. Em particular no tocante ao celibato sacerdotal, note-se que desde os primeiros sculos foi abraado espontaneamente pelos clrigos; o Conclio de Elvira (Espanha), por volta de 306, foi o primeiro a promulgar tal praxe em mbito regional; no decorrer dos sculos, subseqentes Conclios regionais confirmaram o celibato dos clrigos. O Conclio do Latro I no criou a lei do celibato, mas apenas corroborou a legislao vigente nas diversas regies da lgreja, usando os seguintes termos: Proibimos expressamente aos presbteros, diconos e subdiconos viver com concubinas e esposas como coabitar com outras mulheres, excetuam-se apenas aquelas com as quais o Conclio de Nicia permitiu habitar unicamente por motivo de necessidade, a saber: me, irm, tia paterna e outras a respeito das quais no pode haver suspeita. As decises do Conclio do Latro I foram confirmadas pelo Papa Calixto II.10 - Conclio do Latro II (1139) Este dista do anterior apenas dezesseis anos. Foi convocado pelo Papa lnocncio II (1130-1143) para reafirmar a unidade e a disciplina da Igreja aps o cisma do antipapa Anacleto II. Na verdade, em 1130, quando morreu o Papa Honrio II, foi eleito o Papa legtimo Inocncio II; todavia uma faco elegeu ilegitimamente Pedro de Leo como antipapa Anacleto II. Este conseguiu prevalecer em Roma - o que levou lnocncio II a deixar a cidade eterna. So Bernardo, tendo reconhecido lnocncio como Pontfice legtimo, moveu reis, nobres e todo o povo de Deus a apoiarem o Papa. Este conseguiu voltar a Roma em 1133; finalmente, Anacleto faleceu aos 25/01/1138. Foi ento que lnocncio, desejoso de consolidar a unidade da Igreja, reuniu mais de quinhentos bispos e abades no Conclio do Latro II, de 4 a 30/04/1139. Esta assemblia corroborou os cnones dos Conclios regionais anteriores, proibindo a simonia e o nicolasmo; aos clrigos vetou outrossim o exerccio da medicina e da advocacia. Rejeitou a usura ou os juros; quem cedesse a esta prtica, seria tido como infame. Os decretos do Conclio foram confirmados por Inocncio II

.11 - Conclio do Latro III (1179) A luta da lgreja medieval contra os lmperadores, de um lado, e contra males internos, de outro lado, prosseguiu mesmo aps os Conciliares anteriores. Alexandre III teve um pontificado longo (de 1159 a 1181), durante o qual quatro antipapas se sucederam por instigao dos lmperadores germnicos, especialmente de Frederico I Barbarroxa (1152-1190). Eram Vtor IV (1159-64), Pascoal III (1164-68), Calixto III (1168-78), Inocncio III (1178-80). Durante o mesmo pontificado agravou-se o movimento dos Ctaros ou albigenses, hereges dualistas, que assolavam regies do Norte da Itlia e do Sul da Frana. No final do seu pontificado Alexandre III quis reunir um Conclio Ecumnico para tomar as providncias exigidas pelas circunstncias. Tal assemblia se reuniu na baslica do Latro de 5 a 19 de maro de 1179. Entre outras medidas promulgadas ento, destacam-se:A - a regulamentao das eleies papais; doravante seriam exigidos 2/3 dos votos, ficando excludo qualquer recurso a autoridades leigas para dirimir dvidas oriundas no processo eleitoral;B - rejeio do acmulo de benefcios ou funes dentro da Igreja por parte de uma s pessoa;C - recomendao da disciplina da Regra aos monges e aos cavaleiros regulares, que interferiam indevidamente no governo da Igreja;D - promoo e organizao do ensino, em favor de estudantes que no pudessem pagar seus mestres;E - condenao das heresias da poca, que tinham um fundo dualista (catarismo) ou de pobreza mal entendida (a Pattria, o movimento dos Pobres de Lio ou Valdenses). O Papa Alexandre Ill, confirmou as decises do Conclio.

12 - Conclio do Latro IV (1215) O pontificado de lnocncio III (1198-1216) representa o apogeu do prestgio papal em toda a histria da Igreja. Ao termo da sua gesto, marcada, entre outras coisas, pelo surto das Ordens mendicantes, pelo combate aos albigenses, pela interveno em questes da lgreja da lnglaterra. Inocncio III quis reunir um Conclio Ecumnico. Convocado desde 19/04/1213 para abrir-se a 19/11/1215, o Conclio teve sua primeira sesso aos 11/11/1215, com a presena de 412 bispos, 800 abades e Superiores de Ordens Religiosas, embaixadores de reis e nobres, que perfaziam uma bela imagem da grandeza da Igreja governada por Inocncio. O Conclio decretou:1- a condenao dos albigenses e valdenses, assim como a dos erros de Joaquim de Fiore, que esperava o fim do mundo para breve, apoiando-se em falsa exegese bblica; o Conclio professou a existncia dos demnios como sendo anjos bons que abusaram do seu livre arbtrio pecando;2 - a realizao de mais uma cruzada para libertar o Santo Sepulcro de Cristo, que se achava nas mos dos muulmanos;3 - a profisso de f na Eucaristia, tendo sido ento usada a palavra transubstanciao;4 - a obrigao da confisso e da comunho anuais. O Conclio legislou ainda sobre vrios pontos da disciplina e da Liturgia da lgreja, abrangendo ampla rea da vida eclesial. Aprovado pelo Papa lnocncio III, o mais importante dos Conclios antes do de Trento.13 - Conclio de Lio I (1245) Ao grande Papa Inocncio III sucederam-se Honrio III (1216- 1227), Gregrio IX (1227-1241), Celestino IV (1241), lnocncio IV (1243-1254). Este perodo foi, sem dvida, glorioso para o Papado, mas caracterizou-se pela recrudescncia da luta entre o Sacerdcio e o lmprio. Na Alemanha, o lmperador Frederico II (1215-50) foi pessoa marcante; afilhado do Papa Inocncio III, teve uma Corte de soberano oriental ou sulto, dada ao luxo desenfreado e um tanto recoberta pelo vu do mistrio. Inocncio IV, sentindo-se inseguro em Roma, transferiu sua resistncia para Lio na Frana, onde poderia contar com a tutela do rei So Lus IX. L o Papa quis reunir os bispos da Igreja universal para considerar o procedimento do Imperador, as invases dos rabes e dos mongis no Oriente e a reunio dos cristos gregos com os latinos. O Conclio durou de 28/06 a 17/07/1245, limitando-se quase unicamente a ouvir o depoimento de Tadeu de Suessa, delegado do lmperador; aps o que o monarca foi excomungado.

14 - Conclio de Lio II (1274) Aps Frederico II a luta entre o Sacerdcio e o Imprio declinou - o que levou Gregrio X (1271-1276), um santo Pontfice, a procurar o reatamento de cristos bizantinos e ocidentais. Para tanto, escreveu ao Imperador Miguel VIII o Palelogo, de Constantinopla, mostrandolhe que a reunio de todos os cristos fortalecidos fortaleceria a presena dos mesmos no Oriente. O lmperador Miguel mostrou-se disposto a aceitar a unio com Roma, apesar dos protestos de dignitrios da Corte bizantina. Por isto, enviou legados a Lio, aonde o Papa convocara todos os bispos da lgreja. O Conclio durou de 7/05 a 17/07/1274. Conseguiu realmente a reunio de latinos e bizantinos sob o primado do Papa. A fim de evitar as constantes intervenes polticas de Imperadores e nobres na eleio dos Papas, o Conclio promulgou novas medidas para garantir a liberdade dos eleitores, entre as quais a prescrio de permanecerem em local fechado a chave ou conclave. O Papa Gregrio X abriu e encerrou o Conclio dando plena aprovao aos seus atos.

O Concilio de Nicia - Parte 4

15 - Conclio de Viena-Frana(1311-12) O Papa Clemente V (1305-1314) teve que enfrentar o rei da Frana Filipe IV o Belo, que representava, na poca, o surto do absolutismo dos monarcas independentes do Sacro Imprio Romano. O rei cobiava os bons da Ordem dos Templrios. Esta era constituda por cavaleiros que, mediante votos religiosos, se consagravam a Deus a se comprometiam a defender os peregrinos de Terra Santa. No fim do sculo XIII os Templrios haviam perdido a sua finalidade especfica de cavaleiros; enriquecidos por doaes, comearam a provocar a ambio do rei.Este ento ps-se a pressionar o Papa, levando-lhe acusaes contra os Templrios, a fim de obter a extino da Ordem. Clemente V, no querendo assumir a ss a responsabilidade de tal atitude, convocou para 16 de outubro de 1311 o Conclio Ecumnico de Viena (Frana); o local se deve ao fato de que os Papas residiam em Avinho desde 1305. - A assemblia se reuniu at 6/05/1312.Acabou cedendo as instncias de situao criada pelo rei, declarando supressa a Ordem dos Templrios. Estiveram na pauta conciliar tambm os Franciscanos, dos quais uma corrente, dita dos Espirituais, alimentava idias exageradas ou mesmo herticas sobre a maneira de viver a pobreza. O franciscano Pedro Olivi foi outrossim condenado por sua doutrina, que admitia no ser humano elementos intermedirios entre a alma e o corpo. O Papa Clemente V confirmou as decises do Conclio.16 - Conclio de Constana (1417) , A crescente ingerncia da Frana na histria do Papado levou no somente ao exlio de Avinho (1305-1378), j mencionado anteriormente, mas tambm ao Grande Cisma do Ocidente. Com efeito, quando o Papado voltou a fixar residncia em Roma no ano de 1378, o primeiro conclave realizado na Cidade Eterna elegeu o Papa Urbano VI (1378-89), ao qual um grupo de Cardeais, influenciado pelo rei da Frana, ops o antipapa Clemente VII (1378-94), que ocupou a sede de Avinho. Houve ento, da por diante, duas obedincias na lgreja: a de Roma, autntica, e a de Avinho, espria. Desejosos de remediar a este mal, vrios Cardeais e bispos se reuniram em Pisa num pseudo-Conclio Ecumnico de 1409; declararam depostos o Papa e o antipapa a elegeram Alexandre V, que se tornou o segundo antipapa, com sede em Pisa. A situao perplexa assim oriunda foi superada aos poucos pela interveno do lmperador Sigismundo (1410-37). Este resolveu convocar um Conclio para Constana em 1414. Tal assemblia no era legtima, pois se reunia sem a aquiescncia do Papa ou do bispo de Roma; os bispos e telogos reunidos comearam por afirmar o conciliarismo ou declarar (ilegitimamente) a supremacia do Conclio Ecumnico sobre. o Papa, de tal modo que o Romano Pontfice deveria submeter-se s decises do Conclio. Em conseqncia, depuseram o antipapa Joo XXIII. Quanto a Gregrio XII, o Papa legtimo, resolveu convocar os Padres Sinodais reunidos em Constana, para que doravante pudessem constituir autntico Conclio Ecumnico; tendo os referidos bispos aceito o mandato, Gregrio XII renunciou as funes papais, de modo que a ctedra de Pedro ficou vacante. Por sua vez, Bento XIII, o antipapa residente na Catalunha, foi deposto pelo Conclio. Estava assim aberta a via para a legtima eleio do sucessor de Gregrio XII. O novo Papa foi finalmente escolhido aos 11/11/1417 com o nome de Martinho V. O Conclio de Constana s se tornou legtimo a partir de sua 36a. sesso, ou seja, depois que Gregrio XII lhe conferiu autoridade para agir. Donde se v que a apologia de conciliarismo feita anteriormente no tem valor teolgico ou jurdico. Aps a eleio de Martinho V, os padres conciliares ainda condenaram a doutrina de Joo Wiclef, Joo Hus e Jernimo de Praga, que eram precursores de Lutero. Tomaram medidas relativas disciplina do clero a estipularam que periodicamente se realizariam Conclios Ecumnicos para atender ao governo de Igreja.17 - Conclio de Ferrara-Florena (1438-1445) Martinho V, desejoso, de continuar a obra dos Conclios anteriores, convocou um Conclio Ecumnico para Basilia (Sua) em 1431. Eis, porm, que os padres em Basilia reafirmaram o conciliarismo, rejeitado anteriormente - o que provocou conflitos entre a assemblia de Basilia e o sucessor de Martinho V, que era Eugnio IV. Em conseqncia, este Papa resolveu dissolver o Conclio de Basilia e convocar outro para Ferrara em 1438; esta assemblia teria por principal objetivo promover a reunio de gregos e latinos.O Conclio de Ferrara, aberto aos 10/01/1438, contou com a presena do lmperador bizantino Joo o Palelogo e de sua comitiva. Desabonou as resolues do Conclio de Basilia. A peste tendo surgido em Ferrara, o Papa Eugnio IV transferiu a assemblia para Florena. O tema principal dos estudos foi a extino do cisma: aps prolongadas conversaes, os conciliares puseram-se de acordo sobre os pontos teolgicos e disciplinares controvertidos, assinando a Bula Laetentur caeli de 06/07/1439. Tambm voltaram unidade da lgreja cristos monofisitas (coptas, etopes a armnios). Em fins de 1442, j tendo partido os gregos, o Papa transferiu o Conclio para Roma. Neste cidade, ainda voltaram a unidade da lgreja os monofisitas da Mesopotmia, alguns grupos de nestorianos (caldeus) e de maronitas (monotelistas) da ilha de Chipre. Infelizmente, a unio com Bizncio foi efmera, pois os prelados do Patriarcado de Constantinopla se recusaram a aceit-la.18 - Conclio do Latro V (1512-1517) A vida da Igreja, aps o Conclio de Ferrara-Florena, viu-se agitada por causas de diversas: persistncia de correntes conciliaristas, que eram fomentadas pelos monarcas desejosos de criar lgrejas nacionais independentes de Roma..., alm do que, havia necessidade de srias medidas disciplinares. Diante disto, o Papa Jlio II convocou mais um Conclio Ecumnico que foi inaugurado aos 03/05/1512 e s se encerrou aos 16/03/1517 sob o pontificado do Papa Leo X. Condenou a Pragmtica Sano de Bourges, declarao que favorecia a criao de uma Igreja Nacional de Frana. Com isto o conciliarismo foi mais uma vez rejeitado. Em lugar de tal documento, a Santa S e a Frana assinaram uma Concordata que regulamentava as relaes entre os dois Estados. No setor doutrinal, o Conclio tomou posio de grande importncia, condenando a tese segundo a qual a alma humana mortal e uma s para todos os homens; tal tese, segundo o seu autor Pietro Pomponazzi, seria verdica no plano filosfico, ainda que falsa no plano teolgico. - Foram outrossim tomadas medidas disciplinares relativas ao clero (seus estudos a sua formao) e a pregao; exigiuse o Imprimatur para livros que versassem sobre f ou teologia; seria queimado todo livro no munido de devida permisso. Infelizmente, as resolues do Conclio, oportunas como eram, no encontraram eco nos diversos pases catlicos, pois o clima da poca, bafejado por cultura pag, dificultava uma sria e profunda converso dos cristos. Como quer que seja, o Conclio do Latro V preparou a grande Reforma da lgreja, promulgada pelo de Trento.19. Conclio de Trento (1545-47, 1551-52, 1562-63) Este foi o mais importante Conclio de toda a histria, importncia esta que se explica pela problemtica que enfrentou (a Reforma protestante) e as solues que adotou. Pouco depois de lanar o seu brado de protesto contra a lgreja em 1517, Lutero apelou para a realizao de um Conclio Ecumnico que considerasse os pontos por ele lanados em rosto Igreja. Todavia este apelo s comeou a encontrar resposta sob o pontificado de Paulo III (1550-55). As razes do adiamento eram vrias: o Papa Leo X no deu grande importncia ao gesto de Lutero; alm disto, havia certa resistncia, de parte dos clrigos, a uma reforma dos costumes na Igreja; ademais a situao geral da Europa era de agitao poltica. Foi precisamente a agitao religiosa e poltica da Europa que cindiu a realizao do Conclio em trs etapas na cidade de Trento: A primeira fase (1545-47) definiu mais uma vez o cnon das S. Escrituras a declarou a Vulgata latina isenta de erros teolgicos. Abordou as questes discutidas sobre o pecado original, a justificao, os sacramentos, a residncia dos bispos nas respectivas dioceses. A peste tendo comeado a grassar em Trento, o Papa transferiu o Conclio para Bolonha. O Imperador Carlos V tendo-se oposto a esta determinao, foi necessrio suspender o Conclio. A segunda fase continuou em Trento (1551-52) sob o Papa Jlio III (1550-55). Promulgou longa exposio a cn